DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
QUINTA-FEIRA 15 DE DEZEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3717
hojemacau
Altura de explicações PÁGINA 4
OPINIÃO
Olongapo city Tábua rasa LEOCARDO
RUI FLORES
HO CHIO MENG
Vapores da sauna
h PÁGINA 7
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A grande festa
ANTÓNIO CONCEIÇÃO JÚNIOR
Exército para quê?
HOJE MACAU
ANTÓNIO CABRITA
CORRENTES D’ESCRITAS
MACAU NA PÓVOA EVENTOS
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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TIAGO ALCÂNTARA
CALÇADA DO GAIO
URBANISMO
Mar adentro Um estudo da Universidade de Tsinghua e do Gabinete de Estudo de Políticas sugere a criação de um “quarto espaço” conquistado ao mar. A nova zona deverá ser construída a sul de Coloane ou perto do novo campus da UM. GRANDE PLANO
2 GRANDE PLANO
URBANISMO MACAU TERÁ “QUARTO ESPAÇO” EM COLOANE OU NA ILHA DA MONTANHA
Além dos novos aterros, Macau deverá ter uma nova zona reclamada ao mar, que foi ontem intitulada de “quarto espaço”, construída a sul de Coloane ou perto do actual campus da Universidade de Macau. A ideia surge no estudo da Universidade de Tsinghua e do Gabinete de Estudo de Políticas, ontem apresentado no Conselho do Planeamento Urbanístico
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AQUI a alguns anos, Coloane poderá não ter mais um mar a perder de vista, ou a zona do campus da Universidade de Macau poderá dar acesso a um novo pedaço da cidade com casas e jardins. Segundo o documento “Estratégia de Desenvolvimento Urbanístico da RAEM 20162030”, elaborado pelo Gabinete de Estudo de Políticas (GEP) e pela Universidade de Tsinghua, está prevista a construção de um “quarto espaço” além dos futuros novos aterros. “Vamos ter um quarto espaço, um novo conceito que desenvolvemos”, disse ontem o consultor principal do GEP, Mi Jian, na apresentação do documento na reunião de ontem do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU). “Esperamos que, além das três zonas existentes, e através da criação de um quarto espaço, se possam coordenar e aproveitar melhor os recursos de solos. O desenvolvimento de Macau é limitado e poderão ser necessários mais aterros e terrenos. Temos algumas ideias sobre o quarto espaço e já apresentámos esta ideia ao Governo Central.” A localização ainda não está decidida, mas foram debatidas algumas ideias. “Poderemos ver se nos próximos 20 anos este quarto espaço terá ou não viabilidade, tendo como ponto de partida a zona sul de Coloane. Não quer dizer que iremos fazer um aterro mesmo em frente à praia de Hac-Sá, iremos fazer um pouco mais longe para não trazer impacto à paisagem.” Mi Jian falou ainda da possibilidade de construir o “quarto espaço” na zona da Ilha da Montanha, até porque “um aterro perto da zona A pode influenciar os voos e os custos são mais elevados. O ideal para fazer o aterro é uma zona um pouco distante de Coloane, mais a sul. Junto à zona A há também várias rotas marítimas.” A ideia de construir junto à zona A partiu de Leong Chong, também membro do CPU, que defendeu que o “quarto espaço” deveria ser construído junto ao aeroporto”. “Fala-se que poderia ser construído em frente à praia de Hac-Sá, mas
TIAGO ALCÂNTARA
LINHAS MESTRAS DO será que queremos ver o mar à nossa frente ou construções? Isso vai ser determinante para o futuro de Macau, e acho que esse não seria o local apropriado. Podemos pensar em construir junto ao aeroporto ou à zona A. Qual vai ser o desenvolvimento futuro?”, questionou.
A ESPERANÇA NO HORIZONTE
Jorge Neto Valente, membro do CPU e presidente da Associação dos Advogados de Macau, elogiou
a ideia da construção de um “quarto espaço”. “Tenho esperança no quarto espaço, mas tenho dúvidas se vou ficar bem tratado a olhar para mais uns aterros em Coloane. No quarto espaço podemos começar do princípio, tal como se fez em Hengqin, com o campus da UM. Quanto ao resto da cidade, já não podemos começar do início.” “Na Taipa, o que há mais para desenvolver além do Cotai? Está tudo comprometido. A minha espe-
O desenvolvimento de Macau é limitado e poderão ser necessários mais aterros e terrenos. Temos algumas ideias sobre o quarto espaço e já apresentámos esta ideia ao Governo Central.” MI JIAN CONSULTOR PRINCIPAL DO GABINETE DE ESTUDO DE POLÍTICAS
rança fica no quarto espaço, penso que é muito importante e pode ser alguma coisa para um futuro mais risonho. Eu mudo-me para lá”, prometeu Neto Valente. O advogado e membro do CPU alertou ainda para a elevada destruição da ilha de Coloane. “O ideal era não se ter destruído Coloane como já se destruiu, e Seac Pai Van é uma desilusão. Há compromissos assumidos, direitos das pessoas, e não podemos limpar isso como se não existisse. Coloane ainda tem muito para preservar, mas não apenas na orla marítima, onde houve destruição e compromissos. Na montanha foram feitas muitas barbaridades.” Outro membro do CPU referiu ainda que a construção de um “quarto espaço” no território poderia entrar em conflito com a
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DO FUTURO Lei Básica, que apenas faz referência à composição do território pela península de Macau, Taipa e Coloane. “A Lei Básica faz referência a Macau e a duas ilhas, e será que quando falamos de um quarto espaço estamos a ir contra o preâmbulo da Lei Básica? Temos de aprofundar mais.” Mi Jian rejeitou qualquer violação constitucional. “Sabemos que Macau é constituída por três zonas. Não podemos dizer que depois de
definir Macau não podemos ter mais espaços. A Lei Básica foi implementada há muitos anos. Uma ordem do Conselho de Estado de 2015 diz que Macau pode ter mais espaços e terrenos. O ‘quarto espaço’ não contraria a Lei Básica, do ponto de vista jurídico não há contradições.” Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, confirmou que o documento ontem apresentado servirá
“Tenho esperança no quarto espaço, mas tenho dúvidas se vou ficar bem tratado a olhar para mais uns aterros em Coloane. No quarto espaço podemos começar do princípio, tal como se fez em Hengqin.” JORGE NETO VALENTE PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS ADVOGADOS DE MACAU
NETO VALENTE “ESTUDO É DEMASIADO TEÓRICO”
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ÃO foi o único membro do CPU a referir tal facto, mas Jorge Neto Valente declarou ontem que o documento apresentado pelo Governo e pela Universidade de Tsinghua é vago e que são necessárias maiores clarificações quanto ao futuro urbanístico do território. “Este estudo é demasiado teórico. Não sei quais os princípios científicos e quem os define. Incorpora princípios das Linhas de Acção Governativa, do Plano Quinquenal, mas é um catálogo de desejos e de coisas boas que toda a gente gostaria de ver aqui.” Neto Valente falou da necessidade de recuperar os bairros antigos. “Quanto às zonas antigas da península, a área funcional que está desenvolvida, há que fazer a renovação urbana e fazer alterações pontuais. Temos uma comissão dos bairros antigos que, ao longo de vários anos, não produziu qualquer resultado. Não temos maneira de obrigar as pessoas a deitar os prédios abaixo e renovar. As pessoas já não querem viver naqueles bairros, que têm tendência para a degradação. Se os bairros se esvaziarem e se os prédios se continuarem a degradar, como vamos fazer a renovação dessas zonas? Não vejo nenhum instrumento aqui. Vivemos numa economia de mercado e as pessoas movem-se pelo seu interesse.” Em relação ao trânsito, o também presidente da Associação dos Advogados falou da necessidade de criar medidas no plano imediato. “Não há ninguém em Macau que não queira isto, mas como se cria fluidez? É com
de linhas mestras para a elaboração do futuro Plano Director de Macau, que só deverá estar concluído em 2020. Os trabalhos relativos a este documento tiveram início no ano passado. “A consulta já terminou, estas são as conclusões. Este documento vai servir na hora de adjudicarmos o serviço a uma empresa para desenvolver o Plano Director. Este documento vai servir de base ao futuro desenvolvimento e são grandes linhas orientadoras, e é com base nelas que a futura entidade adjudicada vai desenvolver o Plano Director”, apontou o secretário. Andreia Sofia Silva
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as bicicletas, percursos especiais para autocarros? Antes havia 70 mil bicicletas e era um horror. Não vamos voltar a isso. Como vamos viver até ao futuro? Neste momento, com 250 mil veículos, estamos muito apertados e as estradas não aumentam. Vamos esperar até 2020? Vamos esperar que o metro ligeiro esteja pronto para podermos controlar a importação dos veículos?”, questionou. Neto Valente elogiou ainda o plano da Baía da Praia Grande, que caiu por terra em 2009. “Na Baía da Praia Grande a paisagem foi alterada, mas tinha lógica, porque foi feito um plano urbanístico, que era bastante abrangente e que existiu até 2009. Depois foi revogado e aí começaram a aparecer edifícios disformes e torres. Em Macau qualquer buraco é para aumentar a construção. Há muita preocupação em construir e, no caso dos edifícios, estamos cheios de caixotes, porque querem é mais área de construção.” Mi Jian, consultor principal do GEP, deixou claro que a renovação dos bairros antigos não é para abandonar. “Não quero dizer que vamos desistir, mas vamos ver quais as possibilidades para a renovação urbana. Sabemos que há limitações legais para esses trabalhos e vão ser um grande desafio para nós, mas não vamos desistir.” Quanto ao trânsito, muita coisa ficou por responder. “Isso tem que ver com um planeamento mais concreto e não é o momento oportuno para desenvolvermos mais, então só damos umas linhas orientadoras.” A.S.S.
“O BELO LAR” QUE MACAU QUER UM DIA SER
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ÃO vários os princípios orientadores traçados para Macau, que deve desenvolver-se além-fronteiras, tornar-se numa cidade inteligente e manter as suas diferentes culturas e tradições. A ideia foi deixada pelo consultor principal do think-tank do Governo, Mi Jian, que fez o alerta: os terrenos devem ser devidamente aproveitados em prol da população, para que o território se transforme num “Belo Lar” para todos. “Temos de fazer uma distribuição razoável das áreas urbanas e uma boa utilização dos terrenos. Deve ser feito um aperfeiçoamento da reserva dos terrenos. No futuro vamos ter novos aterros que po-
dem proporcionar mais recursos de solos e temos de ver quais são as formas de concepção científica para maximizar os recursos de solos que temos. No futuro temos de criar mais condições para uma melhor gestão das áreas marítimas.” Pensar no futuro deve ser prioridade: “Quando estamos a fazer o planeamento não podemos pensar apenas no presente. Este foi um grande presente que o Governo Central deu a Macau, já que, além da área terrestre, temos a área marítima. Além do aproveitamento dos novos aterros, temos de pensar em como desenvolver a área marítima, bem como desenvolver mais zonas verdes”.
4 POLÍTICA
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ÁREAS MARÍTIMAS RELATÓRIO DA CONSULTA DIVULGADO EM 2017
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relatório da consulta pública sobre a lei de bases de gestão das águas marítimas deverá ser divulgado no primeiro semestre do próximo ano.Ainformação é avançada através de um comunicado oficial, que dá conta que o grupo de trabalho se encontra ainda a “analisar as opiniões e sugestões, procurando concluir os trabalhos no primeiro trimestre do próximo ano para posterior publicação do relatório, com vista à sua divulgação junto da população”. O mesmo comunicado aponta que as opiniões apresentadas versaram sobre “diversas vertentes em relação ao planeamento da utilização e gestão das áreas marítimas”, sobretudo em relação à “utilização das áreas marítimas para
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Associação Novo Macau (ANM) disse que a UNESCO vai pedir explicações ao Governo de Macau sobre a altura de um edifício que coloca em causa a vista do Farol da Guia, classificado como património mundial. “A directora do Centro de Património Mundial da UNESCO [Mechtild Rossler] disse que ia acompanhar o caso e que ia pedir esclarecimentos ao Governo de Macau”, diz um comunicado da ANM, após a reunião em Paris na passada terça-feira do presidente e vice-presidentes daquela associação com representantes da UNESCO, a agência das Nações Unidas para a Educação e Cultura. A Novo Macau tem contestado a decisão da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) de que o edifício embargado desde 2008 pode manter a altura actual, superior a 80 metros, uma vez que a cota milimétrica para a zona está fixada em 52,5 metros.
“A directora do Centro de Património Mundial da UNESCO disse que ia acompanhar o caso e que ia pedir esclarecimentos ao Governo de Macau.” ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU EM COMUNICADO A construção do edifício, na Calçada do Gaio, foi embargada após um despacho do anterior chefe do Executivo, Edmund Ho, que limita a altura dos imóveis à volta do Farol da Guia, que integra a lista do património de Macau classificado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) desde 2005. Embora a medida não tivesse efeitos retroactivos, as autoridades embargaram a
promover o desenvolvimento da diversificação adequada da economia, a protecção do meio marinho ecológico, o controlo da qualidade das águas, a situação de execução da lei no mar, bem como a concretização do planeamento e do controlo da utilização do mar”. Não é conhecida, para já, uma data sobre o arranque do processo de elaboração da lei de bases de gestão das águas marítimas, sendo este um trabalho da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, Direcção dos Serviços de Economia, Direcção dos Serviços de Turismo, Direcção dos Serviços deAssuntos Marítimos e de Água e Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental.
NOMEAÇÃO LIONEL LEONG TEM NOVA CHEFE DE GABINETE
Teng Nga Kan vai substituir Lok Kit Sim na chefia do gabinete do secretário para a Economia e Finanças. A sucessão ocorre por vontade expressa da ainda chefe que, a 19 de Dezembro deste ano, passa a desempenhar funções de assessora do mesmo gabinete. Lionel Leong manifestou-se grato pelas contribuições prestadas por Lok Kit Sim, e reconheceu a alta responsabilidade e competência demonstradas pela antiga chefe de gabinete. A nomeação será oficializada, com comissão de serviço de um ano, a partir de 20 de Dezembro. Teng Nga Kan é mestre em Direito pela Universidade de Macau e licenciada em Direito pela Universidade de Sun Yat-Sen. Já passou pela Direcção dos Serviços de Trabalho e Emprego, pelo Gabinete do Procurador, pelo Departamento de Assuntos Jurídicos do Gabinete do Procurador, entre outros cargos, com particular relevo para o cargo de secretária-geral do Conselho Permanente de Concertação Social.
Calçada do Gaio UNESCO VAI PEDIR EXPLICAÇÕES AO GOVERNO
De Paris com amor
Os dirigentes da Associação Novo Macau, de visita a Paris, garantem que a UNESCO vai pedir explicações sobre a altura do edifício construído na Calçada do Gaio, numa altura em que o Governo se prepara para o fim do embargo da obra
obra. No início de Novembro, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, afirmou na Assembleia Legislativa que o edifício embargado vai poder ficar com 80 metros de altura.
FALAR AO MUNDO
No comunicado, o presidente da ANM, Scott Chiang, diz que “expôs o ‘background’ da revogação do decreto-lei 69/91/M sobre os limites de altura no NAPE [Novos Aterros do Porto Exterior] e a promulgação do despacho do Chefe do Executivo 83/2008 impondo novos limites nas zonas-tampão em redor do Farol da Guia, em resposta à atenção da comunidade internacional”. Já Sulu Sou, vice-presidente da associação, considerou que “o plano do Governo de permitir a retoma da construção do edifício na Calçada do Gaio e a manutenção da altura actual é uma violação do limite de 52,5 metros fixado no despacho do Chefe do Executivo e do espírito da Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural”. O também vice-presidente Jason Chao disse que, “em linha com a convenção, esforços para preservar o património mundial são partilhados pelas comunidades em todo o mundo”, e que a Novo Macau “considera necessário falar à comunidade internacional sobre as ameaças à conservação do património mundial em Macau”. O comunicado indica ainda que “Chao manifestou esperança em que a comunidade internacional continue a acompanhar a ratificação das leis internacionais a que a China está vinculada em Macau”. A ANM já tinha pedido à UNESCO para investigar a conservação e protecção do património local classificado, por considerar que o Governo não tem trabalhado para proteger os monumentos dos interesses dos promotores imobiliários. Outra associação – o Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia – também se manifestou contra a decisão do Governo e está a preparar uma petição para enviar à UNESCO, entre outras organizações internacionais.
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Aperfeiçoar a lei laboral, aprofundar os mecanismos de concertação social e preparar as eleições legislativas são os objectivos dos Operários para 2017. A FAOM fez o balanço dos últimos três anos: salienta o sucesso no trabalho para o futuro salário mínimo e o empenho na defesa dos direitos dos trabalhadores
POLÍTICA
Operários PLENÁRIO DITA O FUTURO NO SEGUIMENTO DO PASSADO
Para a frente é o caminho
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A reunião plenária da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), organismo que representa a classe laboral local, o destaque andou entre os sucessos dos últimos três anos e os planos para o futuro. Chiang Chong Sek, secretário-geral da federação, fez questão de salientar as metas definidas para os trabalhos a começar em 2017. “Impulsionar o aperfeiçoamento da lei laboral, estabelecer mecanismos de negociação entre os lados patronal e laboral, publicar uma análise da situação actual do mercado laboral e preparar as eleições para a Assembleia Legislativa (AL) são alguns dos objectivos do próximo ano”, disse ontem, no discurso apresentado na 34.ª Assembleia de Representantes da FAOM. Os representantes dos trabalhadores, através do secretário-geral, fizeram saber que, nos próximos três anos, a organização vai continuar a ter como base o aperfeiçoamento da lei laboral de modo a ter “sempre em conta o seu interesse”. Para concretizar este objectivo, Chiang Chong Sek enumerou “a definição do salário mínimo, a recompensa da sobreposição dos feriados com folgas semanais, a licença de paternidade remunerada, o aumento do tempo da licença da maternidade e o empenho na garantia de prestação de serviços de saúde aos trabalhadores”. No que respeita à comunicação entre patronato e o sector laboral, o secretário-geral dos Operários pretende, no próximo ano, aperfeiçoar os mecanismos
de coordenação entre o Governo, patronato e trabalhadores. Para manter a informação actualizada, é ainda objectivo da FAOM a publicação de um relatório anual que analise o desenvolvimento da protecção dos interesses dos trabalhadores, as suas reivindicações e o trabalho da própria associação. No que diz respeito à formação profissional, Chiang Chong Sek garantiu que vai alargar a cobertura da formação profissional e aumentar a sua qualidade de modo a promover a progressão nas carreiras e a mobilidade horizontal. A meta é pensada tendo em conta possíveis colaborações com os sectores do jogo e dos transportes, bem como com empresas da China Continental. Quanto às legislativas, que se realizam no próximo ano, Chiang Chong Sek sublinhou a intenção de “participar plenamente no processo eleitoral tendo como tarefa principal a consolidação e expansão dos seus eleitores”. O secretário dos Operários pretende assegurar o contacto directo entre os membros da FAOM e os eleitores para auscultar as reivindicações
públicas, classificar os potenciais votantes e estabelecer uma rede de comunicação eficaz.
DO PASSADO REZA A HISTÓRIA
Ao fazer um balanço do trabalho realizado nos últimos tês anos, Chiang Chong Sek salientou o sucesso obtido no andamento da lei laboral, destacando a importância da definição do salário mínimo para os sectores predial, da segurança e da limpeza. A defesa dos interesses dos Operários, ao longo dos últimos três anos, foi marcada por sete mil casos relacionados com conflitos entre patrões e trabalhadores que contaram com o apoio da FAOM.
A defesa dos interesses dos Operários, ao longo dos últimos três anos, foi marcada por sete mil casos relacionados com conflitos entre patrões e trabalhadores O Dia Internacional do Trabalhador foi ainda assinalado duas vezes com protestos pela defesa dos direitos da classe laboral, sendo
que as manifestações contaram com mais de mil participantes. Em relação à estrutura actual da federação, Chiang Chong Sek referiu que, nos últimos três anos, foi estabelecida uma nova associação que se dedica à função pública e houve a adesão de novos membros, entre eles a Associação dos Operários da Companhia Nova Era e a Associação dos Empregados de Aviação Civil. Actualmente, a FAOM está ligada a 78 organismos, o que representa que tem associadas mais de 20 mil pessoas. Angela Ka (revisto por SM)
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GOVERNO NOMEIA VOGAIS DA COMISSÃO DAS MULHERES E CRIANÇAS
Pansy Ho
Foi ontem publicado em Boletim Oficial (BO) o despacho que dá conta da nomeação dos membros da nova Comissão das Mulheres e Crianças. A empresária Pansy Ho é uma das escolhidas no grupo de individualidades” ao lado de mais quatro nomes, onde consta Tina Ho, presidente da Associação Geral das Mulheres. As restantes 15 vogais representam entidades como a Caritas, Obra das Mães, Centro do Bom Pastor, Associação de Luta Contra os Maus Tratos às Crianças de Macau e ainda a Associação Berço da Esperança.
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7 hoje macau quinta-feira 15.12.2016
Ao terceiro dia de julgamento, o antigo responsável pelo Ministério Público de Macau foi confrontado com o arrendamento de salas e a relação com os proprietários de fracções usadas pelo gabinete do procurador. Ho Chio Meng continua a dizer que não cometeu qualquer crime. E alega estar cansado
Justiça HO CHIO MENG QUER SABER POR QUE O ACUSAM DE ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
Onde estão as provas?
Discutidas foram também as mais de 1300 adjudicações do MP, entre 2006 e 2014, às referidas empresas, a maior parte das quais assinadas pelo antigo procurador. Ho Chio Meng reiterou que nunca, directa ou indirectamente, deu instruções para essas adjudicações, até por existir um procedimento habitual – que prevê diversas etapas até chegar ao procurador –, comparando a máquina burocrática a “um veículo com mudanças automáticas”.
O presidente do TUI, Sam Hou Fai, não escondeu a estranheza por Ho Chio Meng estar acompanhado às duas da madrugada por uma pessoa que afirmara não conhecer bem
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TIAGO ALCÂNTARA
ex-procurador da RAEM pediu ontem em tribunal provas da sua suposta ligação às empresas que funcionariam em fracções arrendadas pelo Ministério Público (MP) e que alegadamente fazem parte da associação criminosa que é acusado de chefiar. No terceiro dia do julgamento no Tribunal de Última Instância (TUI), questionado sobre se sabia que fracções arrendadas pelo MP no 16.º andar do edifício Hotline – onde também funciona o gabinete do procurador –, estavam a ser usadas por essas empresas, Ho Chio Meng declarou que até ficou “muito surpreendido” e garantiu que “não existe burla alguma”. Ho Chio Meng afirmou que pensava que o MP tinha arrendado todo o 16.º andar, pois havia um “contrato global”, e que só agora, no âmbito do processo, percebeu que isso não era assim no caso da fracção R, que a acusação refere que seria usada pelo gabinete do procurador para trabalhos de microfilmagem e que associa aos endereços registados dos telefones dessas empresas. “O MP não arrendou esse espaço [e] há outro facto: em cerca
SOCIEDADE
de dez anos eu nunca fui àquela sala. Eu também não sabia para que servia”, afirmou. Quando questionado como poderia não saber, dado que esteve em salas contíguas, pediu a planta do piso, que disse estar desactualizada porque existia uma separação física que não constava da imagem exibida em tribunal. O MP diz haver imagens de pessoas próximas do procurador, como o motorista, o irmão e o cunhado, no local.
Quanto à sua relação com um dos proprietários de fracções do 16.º andar, Ho Chio Meng referiu que não era “nada de especial”.
SAUNAS E DESCONHECIDOS
O nome do proprietário em questão surge em listas de convidados para momentos familiares de Ho Chio Meng, incluindo o do 90.º aniversário do seu pai, que o antigo procurador alegou nunca ter visto, perguntando quem a elaborou.
Além disso, foram mostradas imagens – de Agosto de 2015, altura em que já não era procurador – em que surge a sair de uma sauna, de madrugada, acompanhado por esse homem e Mak Im Tai, responsável, segundo a acusação, por criar as referidas empresas de fachada para ganhar adjudicações. O presidente do TUI, Sam Hou Fai, não escondeu a estranheza por Ho Chio Meng estar acompanhado às duas da madrugada por uma pessoa que afirmara não conhecer bem.
Na audiência de ontem falou-se ainda de despesas, como bilhetes de avião e alojamento, suportadas pelo erário público, em proveito de pessoas que não pertenciam ao MP, incluindo mulheres, tendo o juiz Sam Hou Fai indagado sobre uma eventual relação íntima com alguma, algo que o antigo procurador negou. Ho Chio Meng responde por mais de 1500 crimes, incluindo burla, abuso de poder, branqueamento de capitais e promoção ou fundação de associação criminosa, em autoria ou co-autoria com outros nove arguidos (que serão julgados num processo conexo). O julgamento prossegue amanhã e, ontem, só decorreu da parte da manhã, depois de o antigo procurador ter afirmado estar “cansado” e que o seu estado de saúde “não está bom”.
PISA ESCOLA PORTUGUESA BATE TUDO E TODOS A Escola Portuguesa de Macau (EPM) teve resultados superiores a Macau e a Portugal no Programme for International Student Assessment (PISA, na sigla inglesa), ficando também à frente da OCDE. Os dados sobre a EPM referentes ao relatório internacional de avaliação de desempenho dos alunos foram ontem divulgados pelo estabelecimento de ensino. Em literacia científica, a EPM obteve 541 pontos
(Macau teve 529 e Portugal 501, sendo a média da OCDE 493). No parâmetro da leitura, a EPM conseguiu 533 pontos, enquanto Macau obteve 509 e Portugal 498 – o resultado global da OCDE foi 493. O melhor resultado dos três critérios que contam para a avaliação foi conquistado a matemática: a Escola Portuguesa conseguiu 556 pontos, mais 12 do que os 544 de Macau e mais 64 do que Portugal,
ficando bastante à frente da média da OCDE (490). Contactado pelo HM, Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, preferiu não tecer qualquer comentário sobre os resultados obtidos pelo estabelecimento de ensino, remetendo explicações para um comunicado de Roberto Carneiro, presidente do Conselho de Administração da Fundação Escola Portuguesa.
8 SOCIEDADE
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Seminário INDÚSTRIA DO JOGO EM ANÁLISE NO INSTITUTO DE ESTUDOS EUROPEUS
O crescimento não é eterno Os casinos são o sustento da economia de Macau, logo é essencial traçar estratégias de futuro para a indústria. Hoje à tarde, há alternativas a serem discutidas por quem pensa o sector
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ÃO é uma abordagem meramente económica, mas sim uma tentativa de pensar a principal indústria do jogo de forma inovadora. A promessa é deixada pela académica Hester Cheang, responsável por um seminário que acontece hoje, ao final da tarde, no Instituto de Estudos Europeus de Macau. Desde 2006 que a RAEM ultrapassou as receitas de Las Vegas, Nevada, tornando-se na capital mundial do jogo, com uma subida fenomenal em termos de crescimento económico. Houve uma altura em que parecia que o céu seria o limite, mas os últimos dois anos vieram mostrar que a realidade é outra. Nesse sentido, a académica irá dirigir-se à audiência “não só numa perspectiva puramente económica, mas também para explorar outras abordagens mais inovadoras ao sector do jogo”. Para tal, é necessário encorajar os estudantes a pensar em formas de melhorar a qualidade da oferta, assim como desenvolver os recursos humanos. A directora do Centro de Pesquisa e Ensino do Jogo do Instituto Politécnico de Macau considera que também se deve ter uma “visão global do mercado, e enquadrar o sector das apostas na economia mundial”. Neste quadro é importante perceber o que se passa no Sudeste Asiático, especialmente com a liberalização do jogo no Japão e com o crescimento do sector no Vietname. A professora considera que, no que toca ao Japão, ainda haverá um ajustamento temporal, enquanto não surgirem formas novas de
apostas comerciais disponíveis. “Já temos muita competição de outros países da região e é nesse sentido regional que considero a concorrência, não por países específicos”. Hester Cheang aponta o caminho da diversificação para seduzir mais turistas. “Não queremos atrair apenas apostadores VIP, mas mais jogadores de recreio, no fundo, diversificar o tipo de pessoas que vêm a Macau jogar”. Para tal será essencial ter uma maior oferta no ramo do entretenimento, assim como no ramo da hotelaria. A diversidade será essencial, oferecendo maior gama de preços e qualidade. Outra das preocupações prende-se com a aposta na formação de quadros qualificados, assim como na inovação de serviços. Pensar em formas de reinventar as slot machines, encontrar novos jogos, e diversificar as ofertas complementares ao jogo.
OLHAR PARA A TERRA
A oradora, local de Macau, considera que a cidade tem condições únicas que não devem ser desperdiçadas no contexto do mercado do jogo. “Temos de aproveitar a história da cidade, em harmonia com os sectores do jogo, turismo e cultura”, acrescenta. Nesse sentido, a RAEM está repleta de atracções e o território tem um conjunto classificado como património mundial da UNESCO. “Todos trabalhamos, ao fim ao cabo, para o sector do turismo.” As palavras de ordem devem ser complementaridade e colaboração, aproveitando estas ofertas culturais como um chamariz natural, principalmente tendo em conta a inversão
INVESTIGAÇÃO POLÍCIAS SUSPEITOS DE AUSÊNCIA SEM LICENÇA
De acordo com um comunicado divulgado ontem pela Polícia de Segurança Pública, estão sob investigação 19 polícias suspeitos de se ausentarem do serviço sem pedirem licença para tal. Estes casos dizem respeito ao período do Ano Novo Chinês, e foram descobertos durante uma investigação interna. Encontram-se também em investigação, que poderão resultar em processos disciplinares, 130 polícias suspeitos de permanecerem na copa durante o tempo de serviço.
“Temos de aproveitar a história da cidade, em harmonia com os sectores do jogo, turismo e cultura” na procura. “As receitas de jogo dos sectores VIP e apostadores de massa estão, neste momento, mais equiparadas”, comenta a palestrante. O importante é atrair um público mais diversificado e abrangente, de todas as zonas do globo. Não in-
teressa que sejam clientes habitais de casinos, “alguns podem até não vir com a intenção de jogar”, mas uma vez em Macau terão essa possibilidade disponível. A académica vê o segmento dos apostadores de massa como “uma tendência”.
No que diz respeito ao crescimento das receitas do sector, Cheang está optimista. Em especial nesta altura, com a cidade animada pelas festividades natalícias, as paradas, os inúmeros festivais e o ano novo chinês. O frenesim fará aumentar o fluxo de turismo, e isso é um factor de excitação para a indústria do jogo. No entanto, é preciso um “optimismo cauteloso porque estamos sempre sujeitos a factores externos que não podemos prever”. A académica não sabe se iremos assistir a um ponto alto de receitas como houve em 2013, nem espera que o sector cresça eternamente. Circunstâncias como o ambiente económico global, especialmente na China e no Sudeste Asiático, serão determinantes, porque nem só de oferta vive a equação económica. Obviamente, “as pessoas têm de ter o mesmo crescimento económico para vir a Macau jogar”. J.L.
9 hoje macau quinta-feira 15.12.2016
Macau termina 2016 com o sector do jogo em recuperação, que deverá manter-se no próximo ano, a não ser que variáveis como Donald Trump destabilizem a China, a principal fonte de clientes para os casinos do território
Expectativas ANALISTAS ACREDITAM QUE A RETOMA DOS CASINOS VEIO PARA FICAR
Para o ano é que vai ser
Ao fim de dois anos de contracção, a economia voltou a crescer no terceiro trimestre deste ano, com o PIB a aumentar quatro por cento face ao mesmo período de 2015. O Fundo Monetário Internacional estimou em Outubro que o PIB de Macau irá cair 4,7 por cento este ano, uma contracção menor do que os 7,2 por cento estimados em Abril. Em 2017, espera um regresso ao crescimento (0,2 por cento).
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O FACTOR TRUMP
Confiante na manutenção do “ciclo positivo” em 2017, o académico
A QUESTÃO DA BOLHA
“O único risco que vejo é interno, é a bolha do imobiliário”, diz Albano Martins
Davis Fong considera que “há um risco para o ambiente macroeconómico se houver uma ‘guerra económica’ entre a China e os Estados Unidos”, dizendo que “se a mensagem de Trump for muito forte” e “pressionar a subida do renminbi, isso vai prejudicar a economia na China”. “Em especial, [vai afectar] os negócios orientados para as exportações”, afirmou, dizendo que para além da questão da moeda, também é preciso saber qual vai ser a mensagem e atitude de Trump em relação à Ásia-Pacífico. O pior cenário, segundo Fong, seria a concretização das previsões conservadoras do Governo de Macau e que em 2017 as receitas dos casinos rondem 200 mil milhões de patacas, um valor já superado este ano. Já o economista Albano Martins aponta como maior risco para o jogo em Macau as operadoras estarem a terminar os contratos de concessão e “ninguém saber exactamente o que é que o governo quer”. “Toda a gente suspeita, ou o bom senso aconselha que as seis
operadoras se mantenham, mas (...) não se sabe muito bem o que é que o Governo está a preparar para a negociação com as operadoras, que comandam praticamente o PIB em Macau”, observou.
HOJE MACAU
alerta, no entanto, para os reflexos que pode ter na China a imprevisibilidade da presidência norte-americana, a partir de Janeiro. “Macau é uma cidade muito pequena e dependente do ambiente económico externo, obviamente da China (....). E a economia chinesa é baseada na relação entre a China e os Estados Unidos”, afirmou.
GONÇALO LOBO PINHEIRO
NALISTAS contactados pela Lusa estão optimistas em relação às receitas dos casinos em 2017, depois de a retoma iniciada em Agosto ter quebrado um ciclo de 26 meses consecutivos de descidas, que arrastaram a economia para a recessão. Sophie Lin, da S&P Global Ratings, estima um crescimento entre zero e 10 por cento das receitas do jogo em 2017, o académico da Universidade de Macau Ricardo Siu uma subida entre cinco por cento e oito por cento, e o director do Instituto de Investigação sobre o Jogo da mesma universidade, Davis Fong, crescimentos entre dez por cento e 15 por cento. “Em Agosto e Setembro abriram dois novos casinos. No próximo ano, a MGM também vai ter um novo. Penso que, nos próximos nove a 12 meses, ainda vamos ter o efeito da abertura dos novos casinos”, disse Davis Fong. Além de ter coincidido com a abertura de casinos, o início da retoma do sector surgiu num cenário de maior controlo dos ‘junkets’, os angariadores dos grandes apostadores – o chamado segmento VIP, que apesar de ter perdido terreno para o mercado de massas, continua a gerar mais de metade das receitas dos casinos de Macau. “Depois de dois anos de ajustamento, os ‘junkets’ têm mais confiança para fazer negócio, especialmente nos últimos quatro meses”, disse Davis Fong.
SOCIEDADE
Davis Fong considera que “há um risco para o ambiente macroeconómico se houver uma ‘guerra económica’ entre a China e os Estados Unidos.”
Para Albano Martins, a recuperação do jogo era “normal e expectável” no segundo semestre de 2016, ano que considera “positivo” para Macau. Atendendo à dependência dos casinos da China, diz que ajudou o país ter mantido um crescimento próximo do previsto e não ter imposto mais restrições à saída de capitais para a região. Antecipando que “a fase ascendente do jogo seja agora mais calma, não a ritmos tão violentos como no passado”, não vê grandes riscos para a economia de Macau em 2017. “O único risco que vejo é interno, é a bolha do imobiliário”, observou. Albano Martins recordou que a queda do jogo baixou os preços do imobiliário, mas já se nota uma subida no quarto trimestre. A escassez de terrenos é um dos principais problemas de Macau e a cidade é uma das que tem maior densidade populacional do mundo. Até Setembro, o Governo recuperou o equivalente a cerca 40 campos de futebol em terrenos não aproveitados pelos privados a quem tinham sido concessionados. Para Albano Martins, a recuperação de terrenos “vai criar problemas”, como o reinício da subida dos preços, porque haverá “menos nova oferta no mercado privado e o Governo não vai fazer casas para toda a gente”, sendo que haverá entrada de novos trabalhadores nos próximos dois anos com a abertura de mais casinos.
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Literatura CARLOS MORAIS JOSÉ CON
EVENTOS
Tecnologia e cerâmica Creative Macau com exposições em dose dupla
U
MA escultura feita pelo público e concebida por Geralde Estadieu e uma mostra da cerâmica de Kristina Mar são as exposições que a Creative Macau propõe a partir de hoje. O caractere de pessoa – 人–vai ser produzido com peças impressão em 3D e a ceramista vai mostrar a imperfeição. Geralde Estadieu é o autor da exposição interactiva que estará aberta à apreciação e participação do público a partir de hoje na Creative Macau. A ideia é a construção do caractere 人 (ren), que significa pessoa, com peças impressas em 3D. “Uma ideia que junta o criador e o público num projecto comum”, explicou o autor ao HM. “A ideia de produzir este caractere numa escultura de grande dimensão e totalmente feita com peças impressas ‘in loco’ partiu de uma iniciativa de Maio do ano passado também aqui em Macau. Foi a primeira vez que o público foi convidado a ver o processo de produção e a Creative acabou por me convidar a fazer um projecto”, referiu Geralde Estadieu. Chegar à ideia de pessoa não foi complicado. O autor queria, acima de tudo, “uma coisa simples e directamente relacionada com a cultura chinesa”. Por outro lado, é um caractere que, pela sua forma, pode facilmente
ser associado ao Homem e entendido pela maioria das pessoas de Macau. “Pode ser reconhecido por chineses e por outras comunidades que também vivem cá. A própria forma remete para o ser humano, o que ajuda muito e faz com que as pessoas se identifiquem.” O objectivo era ainda aliar a criatividade que está implicada num processo de produção artística à tecnologia, e o 人 expressa isso
mesmo: “a relação entre humanos e produção de ponta”. Paralelamente à unicidade de cada ser humano, cada peça será única na forma e no tamanho. “Outra característica para conferir o caractér único de cada um é a possibilidade que o público vai ter de, se quiser, personalizar as peças com que vai construir o caractere. Estamos a gerar um padrão em que cada peça é única, assim como cada humano o é. Como tal, cada
pessoa que participar, pode decorar a peça como bem entender”, explicou o artista e criador ao HM. A apresentação começa com peças previamente impressas, mas a ideia é manter o produção enquanto a escultura ganha forma. A instalação estará em construção até o próximo dia 30, sendo que o autor prevê que a forma final seja concluída no Natal.
O REGRESSO DA IMPERFEIÇÃO
人 À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA
A exposição de Kristina Mar vai decorrer em simultâneo na Creative Macau. Para a directora da organização, Lúcia Lemos, faz sentido ter estes trabalhos ao mesmo tempo. “Ambas são construções e ambas têm um cariz artesanal” disse ao HM. “Tanto na escultura em 3D como nas peças da Kristina Mar, os trabalhos partem do nada e é possível perceber, de formas diferentes, a sua construção”, sendo que, apesar de as peças de cerâmica não serem produzidas ao vivo, o seu carácter artesanal está presente”, concretizou a directora. Kristina Mar é ainda destacada por Lúcia Lemos pela sua insistência na mostra da imperfeição. “O trabalho dela deixa visíveis as falhas, as quebras, as imperfeições, para que a própria peça possa respirar porque a artista quer que a cerâmica fale por si.” Sofia Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
A VEZ F É inédito: em 2017, o mais importante festival literário de Portugal vai contar com um autor do território. “O Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja” é o bilhete que leva Carlos Morais José até à Póvoa do Varzim. O escritor quer que, com ele, sigam todos os outros que não são devidamente reconhecidos
OI com surpresa que Carlos Morais José recebeu o convite: o autor vai participar na edição de 2017 do festival literário Correntes d’Escritas, um evento que se realiza na Póvoa do Varzim e que conta, ano após ano, com os principais nomes da literatura em português. “Estou surpreendido porque não é habitual Macau ser considerado como ponto literário da lusofonia. Por outro lado, sinto-me muito honrado com o convite, na medida em que este é o mais importante festival literário de Portugal, com extensões ao Brasil e aos países de língua castelhana”, explica. Pela importância do evento, Morais José espera poder “representar bem a RAEM, mostrando que por aqui existe um forte movimento cultural lusófono, cujas raízes mergulham numa relação secular entre duas grandes civilizações: a chinesa e a portuguesa”. Porque vive em Macau há 26 anos, o autor fala numa “escrita de exílio”, que é agora reconhecida, o que o deixa “muito satisfeito”. “Mais por Macau do que por mim”, diz. “Esta cidade é, em si mesma e na sua mitologia literária, praticamente inesgotável e há ainda muito por descobrir e explorar.” Quanto à importância que poderá ter a participação no festival da Póvoa do Varzim, Carlos Morais José confessa-se “algo eufórico” com o facto de, pela primeira vez, um autor de Macau ser convidado a participar.
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ORAÇÕES PARA TODAS AS OCASIÕES • Thereza Ameal, Raquel Pinheiro
A MINHA BÍBLIA EM HISTÓRIAS • Renita Boyle, Melanie Florian
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AMinha Bíblia em Histórias dá a conhecer aos mais novos os episódios mais importantes da Bíblia. Perfeita para a hora do conto ou para ler antes de deitar em pequenas histórias onde ficamos a conhecer Adão e Eva, David e Golias, Moisés, Isaías, Maria, José, Jesus e seus amigos e muitos outros.
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NVIDADO PARA O CORRENTES D’ESCRITAS
DE MACAU
hoje macau quinta-feira 15.12.2016
Filmes no feminino Extensão do Douro Filme Festival no consulado
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“Parece-me que a minha novela também interroga o leitor de uma forma extrema, na medida em que apresenta um personagem cheio de defeitos e malícias, ou seja, como todos nós.” CARLOS MORAIS JOSÉ ESCRITOR
“como um espaço longínquo onde o português acaba e o nada começa”. “Se Pequim pretende fazer desta terra uma ponte para a lusofonia, será sobretudo através da cultura que a nossa comunidade poderá desempenhar um papel útil a esta região”, defende. “A minha escrita, apesar de compulsiva e individual, gostaria de ser uma chave para abrir portas até hoje fechadas, e espero que
o foco sobre o meu trabalho seja suficiente para iluminar as obras de outros autores locais que escrevem em português e mesmo a de alguns autores chineses locais, cuja obra se encontra imbuída de características únicas, no contexto da Grande China”. É que, entende, “Macau precisa de ser conhecido no mundo lusófono, além dos casinos e do exotismo bacoco”.
O ENCANTO DA FICÇÃO
O convite para a participação no Correntes d’Escritas surge depois de ter sido lançado em Lisboa o livro “O Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja”, uma obra que foi apresentada esta semana em Macau. É um texto que foge ao que têm sido as incursões literárias de Carlos Morais José. “Estou surpreendido pela aceitação que o livro está a ter, mas o facto de ser uma novela ajuda muito, pelos vistos, à sua divulgação e aceitação –
muito mais do que a poesia ou outras formas literárias, geralmente consideradas mais elitistas e destinadas a um público muito específico”, observa. “A minha obra é diversificada mas, até agora, não incluía este tipo de ficção. Por isso, de certo modo, não me espanta que a prosa ficcionada tenha mais aceitação do que o resto. As pessoas adoram ouvir histórias porque as fazem sair do seu próprio mundo e entrar num outro reino.” Mas não é só isto: “Parece-me que a minha novela também interroga o leitor de uma forma extrema, na medida em que apresenta um personagem cheio de defeitos e malícias, ou seja, como todos nós. Só uma estrutura moral muito forte nos afasta do Mal e, mesmo assim, crescem dúvidas. Assumem a forma de ervas daninhas na nossa mente mas, ao mesmo tempo e pelo contrário, são essas mesmas dúvidas que instituem a riqueza dos indivíduos e a sua capacidade questionadora e criativa”. Carlos Morais José é licenciado em Antropologia e vive em Macau desde 1990. É director do Hoje Macau e proprietário da editora Livros do Meio. A 18.a edição do Correntes d’Escritas acontece entre 21 e 25 de Fevereiro de 2017. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
CONTECE hoje no auditório do consulado-geral em Macau a extensão do Douro Filme Festival, um festival de cinema mudo em Portugal que, pela primeira vez, chega ao Oriente, com o apoio da Casa de Portugal em Macau (CPM). Criado há dez anos, no Porto, o festival traz este ano um conjunto de películas no feminino, filmadas por 11 realizadoras com películas de super oito milímetros. Os filmes serão acompanhados pela música de Miguel Andrade e Paulo Pereira. A vinda do festival a Macau pela primeira vez visa celebrar os 120 anos do cinema português, na pessoa de Aurélio da Paz dos Reis, e recordar a realizadora portuguesa Noémia Delgado, que faleceu este ano. Para Cristiano Pereira, actor e um dos responsáveis pelo projecto, o Douro Filme Festival é um “festival com características únicas”, sendo “único em Portugal e um dos poucos exemplos no mundo”. “Os filmes são todos rodados em película, temos o apoio da Kodak, e são todos rodados com o
equipamento de uma nova produtora do Porto, a OPPIA (Oporto Picture Academy). É talvez o festival em todo o mundo que é projectado em película.” Cristiano Pereira confirmou ainda ao HM que a ideia é estabelecer um curso de filmes feitos com estas películas e criar um festival com base nas películas realizadas pelos alunos. “Queremos trazer um curso de cinema em películas de super 8mm, que inclui um curso completo, cinematografia, revelação dos filmes e rodagem, e um festival local. Estamos em Macau neste momento a trabalhar nessa possibilidade, através da amabilidade da CPM e consulado. A ideia é que, no âmbito desse curso os filmes realizados possam levar a um festival local”, apontou. A vinda a Macau pretende ainda ser uma ponte para o mundo lusófono. “É nossa ambição levar o festival aos países lusófonos, e também apresentaremos este projecto à CPLP”, rematou Cristiano Pereira. O festival decorre apenas hoje, a partir das 19h. A.S.S. HOJE MACAU
“Espero levar comigo a literatura lusófona de Macau e farei um esforço no sentido do seu reconhecimento. Escritores como Alberto Estima de Oliveira, Henrique de Senna Fernandes, Luís Gonzaga Gomes, Deolinda da Conceição, Fernando Sales Lopes, Manuel Afonso Costa, Fernanda Dias, António Conceição Júnior, Yao Feng, entre outros, sem nunca esquecer Camilo Pessanha, precisam de ser referenciados e divulgados no espaço lusófono, impondo a RAEM como um lugar extremo da lusofonia onde vivificam de forma singular as letras em português”, explica. O escritor não deixa de salientar que “é espantoso que em Macau subsista uma tradição muito própria de escrita que, fugindo ao mero exotismo, tenha um lugar na universalidade da nossa língua”. Por isso, pretende que a participação no Correntes d’Escritas consiga contribuir para a divulgação do território
EVENTOS
12 CHINA
hoje macau quinrta-feira 15.12.2016
Taiwan PEQUIM DIZ QUE DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA É “VIA SEM SAÍDA”
Caminho bloqueado
O
A
China avisou ontem Taiwan que uma declaração de independência seria uma “via sem saída”, depois de a líder da ilha ter telefonado ao Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. A posição de Pequim em opor-se e bloquear a “independência separatista de Taiwan” é “firme e inabalável”, afirmou ontem An Fengshan, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan, citado pela imprensa oficial. “Temos uma irresolúvel vontade, grande confiança e capacidade suficiente”, disse. “Os factos mostrarão a essas pessoas que a independência de Taiwan é uma via sem saída”, apontou. Os comentários surgem depois de o próximo Presidente dos EUA ter aceitado na semana passada a chamada telefónica da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, quebrando com 40 anos de protocolo da diplomacia norte-americana. A China considera um insulto grave qualquer referência ao líder de Taiwan como “chefe de Estado”, visto que considera a ilha parte do seu território.
OUTROS CAPÍTULOS
No domingo, Trump foi mais longe e afirmou que não entende por que motivo é preciso estar “amarrado à política ‘Uma só
A posição de Pequim em opor-se e bloquear a “independência separatista de Taiwan” é “firme e inabalável” AN FENGSHAN PORTA-VOZ DO GABINETE PARA OS ASSUNTOS DE TAIWAN China’”, a menos que seja feito “um acordo com a China sobre outras coisas, incluindo no comércio”. Na segunda-feira, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, avisou Trump de que quem desafiar a posição de
Pequim na questão de Taiwan “levantará uma pedra para apenas esmagar os seus próprios dedos”. Depois de a guerra civil chinesa ter acabado, em 1949, com a vitória do Partido Comunista da China (PCC), o
O
antigo Governo nacionalista (Kuomintang) refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China. Pequim defende a “reunificação pacífica” com Taiwan, mas ameaça “usar a força” se a ilha declarar independência. As relações entre Taipé e Pequim atravessam um período de renovada tensão, desde de Tsai, a primeira presidente mulher da ilha e céptica face à aproximação com a China, ter assumido o cargo, em Maio passado.
S produtores de vídeos pessoais difundidos na internet chinesa serão, a partir de Janeiro, obrigados a registar-se com a sua identidade real antes de publicarem conteúdos, segundo uma nova regulação emitida pelo ministério chinês da Cultura. De acordo com a agência oficial Xinhua, a norma força os ‘vídeo bloggers’ a solicitar licenças às autoridades e a “identificarem-se através de entrevistas ou videochamadas”. Os produtores estrangeiros que difundem vídeos na rede chinesa, assim como os oriundos de Macau, Hong Kong e Taiwan, devem pedir uma permissão especial, detalha a regulação, publicada depois de meses em que a censura chinesa tem atingido aquele tipo de conteúdos. As plataformas que alojam os vídeos “devem supervisionar em tempo real as actuações e manter um registo” assim como estabelecer um mecanismo de “emergência”, caso
ANTIGO LÍDER DO PCC EM NANJING CONDENADO antigo líder do Partido Comunista Chinês (PCC) em Nanjing foi ontem condenado a 12 anos e meio de prisão por ter aceitado subornos no valor total de 16 milhões de yuan. O tribunal intermédio de Ningbo, cidade portuária da província de Zhejiang, decidiu ainda confiscar dois milhões de yuan em activos no nome de Yang Weize, segundo a agência oficial Xinhua. “Os seus ganhos ilícitos devem ser devolvidos ao Estado”, lê-se no comunicado emitido pelo tribunal e citado pela agência chinesa. Sede de um município com cerca de 8,5 milhões de habitantes, Nanjing é a capital da província de Jiangsu, uma das mais prósperas da China, situada no leste do país.
O nome das coisas
Autores de vídeos na internet obrigados a registarem-se com identidade real a emissão viole as normativas, e reportar às autoridades a infracção. O Ministério da Cultura chinês anunciou também a criação de uma “lista negra” de ‘vídeo bloggers’ incumpridores, “visando assegurar o crescimento ordenado e saudável do sector”. Nos últimos meses, as autoridades cancelaram várias contas e detiveram alguns autores, argumentando que emitiam conteúdo “vulgar” erótico ou violento.
CAMPANHA ACTIVA
Em Abril, a censura chinesa eliminou da Internet os vídeos da famosa
Em Outubro de 2013, o então presidente da câmara de Nanjing (a segunda figura do poder local, a seguir ao secretário do PCC), Ji Jianye, foi também afastado por corrupção e posteriormente preso. Mais de uma centena de quadros dirigentes com a categoria de vice-ministro ou superior foram afastados desde que o actual presidente Xi Jinping assumiu a chefia do PCC, em Novembro de 2012 Trata-se de uma das mais persistentes campanhas anti-corrupção de que há memória na China e, pela primeira vez em 65 anos de governo comunista, atingiu um ex-chefe da Segurança (Zhou Yongkang) e um antigo vice-presidente da Comissão Militar Central (general Xu Caihuo).
blogueira Papi Jiang, que difundia vídeos onde descrevia situações do quotidiano na China, em jeito de crítica social, através de uma linguagem directa e mordaz. Desde que ascendeu ao poder, em 2012, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou em várias ocasiões aos agentes culturais para obedecerem aos “valores socialistas” nas suas criações. A mensagem traduziu-se num reforço da censura para níveis não vistos há décadas. Nos últimos meses, as séries de televisão foram proibidas de incluir personagens homossexuais e vários jornalistas e editores de órgãos de comunicação chineses foram despedidos ou censurados por criticarem decisões do Governo, mesmo que de forma subtil.
13 hoje macau quinta-feira 15.12.2016
CHINA
Turismo INVESTIMENTO DE DOIS BILIÕES DE YUAN
Passeio vermelho
A
China anunciou ontem um investimento no ramo do turismo de dois biliões de yuan (270.000 milhões de euros), até 2020, num plano que inclui a participação do sector privado. O plano contempla um aumento das receitas do sector para sete biliões de yuan, durante este período, anunciou em comunicado a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), o organismo máximo chinês encarregado da planificação económica. Caso o país cumpra aquela meta, o sector do turismo contribuirá então para mais de dez por cento do crescimento anual da economia chinesa.
No total, o turismo deverá então dar emprego a cerca de 50 milhões de pessoas, cerca de dez por cento da população empregada no país. Entre as principais medidas, a NDRC propõe o aumento da construção de infra-estruturas para o turismo e o estímulo dos investimentos privados no sector.
O desenvolvimento do turismo permitirá retirar da pobreza dois milhões de pessoas por ano
A China prevê ainda explorar mais activamente os produtos que já dispõe, como o denominado “turismo vermelho” centrado nos principais locais da revolução que deu origem à República Popular. Pequim quer também promover o turismo rural, visando retirar da pobreza os habitantes das áreas menos desenvolvidas. O desenvolvimento do turismo permitirá retirar da pobreza dois milhões de pessoas por ano, realça o comunicado. Em Julho do ano passado, o Governo chinês aprovou medidas para impulsionar o turismo nas zonas rurais, de forma a impul-
sionar a criação de emprego e o consumo nas partes menos desenvolvidas da China. O país asiático está a encetar uma transição no seu modelo
económico, visando transformar o consumo interno no principal motor de crescimento, em detrimento das exportações e indústria pesada.
Região
Assim se fazem as cousas Duterte diz que já matou criminosos para dar exemplo à polícia
O
Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, disse que ele próprio matou alegados criminosos quando liderava a cidade de Davao, no sul do país, para dar o exemplo à polícia. Duterte fez estes comentários num discurso na noite de segunda-feira perante empresários, quando abordou a sua campanha anti-drogas, que levou já polícias e outros cidadãos a matarem milhares de pessoas desde que se tornou Presidente, a 30 de Junho. Depois de falar sobre a morte de suspeitos pela polícia durante a actual campanha contra as drogas, Duterte disse que ele mesmo liderou esforços similares quando foi presidente da câmara de Davao, a maior cidade do sul do país, que governou durante a maior parte dos últimos 20 anos. “Em Davao eu costumava fazê-lo pessoalmente. Só para dar o exemplo aos homens [polícia]: se eu o posso fazer, por que é que vocês não podem?”, disse. “E eu costumava andar de mota por Davao, com uma grande mota, e patrulhava as ruas, à procura de problemas também. Eu andava mesmo à procura de confrontação para poder matar”, afirmou. Duterte também respondeu às críticas das organizações de Direitos Humanos e do Presidente norte-americano, Barack Obama, sobre as suas estratégias
de combate ao crime, prometendo que vai continuar com elas. “Desculpem, eu não estou prestes a fazer isso”, disse em inglês. Organizações de defesa dos Direitos Humanos acusaram
Duterte de dirigir esquadrões da morte em Davao, que mataram mais de mil alegados criminosos. Duterte negou várias vezes o seu envolvimento nos esquadrões da morte. Enquanto Presidente,
Duterte instou a população filipina e as forças de segurança a matarem toxicodependentes e traficantes. Mas também disse que ele próprio e as suas forças de segurança não iriam violar a lei. Em Outubro, Duterte comparou-se a Adolf Hitler e disse que ficaria “feliz em matar” três milhões de toxicodependentes e traficantes de droga. Mais tarde pediu desculpas pela referência a Hitler, mas manteve a parte sobre querer matar milhões de pessoas com ligações à droga.
DOS NÚMEROS
“Em Davao eu costumava fazê-lo pessoalmente. Só para dar o exemplo aos homens [polícia]: se eu o posso fazer, por que é que vocês não podem?” RODRIGO DUTERTE PRESIDENTE DAS FILIPINAS
Desde a sua eleição, a polícia reportou a morte de 2.086 pessoas em operações anti-droga. Outras 3.000 morreram em circunstâncias não explicadas, segundo dados oficiais. Frequentemente homens encapuzados irrompem em casas e bairros e matam pessoas que foram marcadas como traficantes ou consumidores de drogas. Grupos de defesa dos Direitos Humanos apontaram a ruptura do Estado de Direito com a polícia e assassinos contratados a operar com total impunidade. Duterte insistiu que a polícia está a matar apenas em legítima defesa e que os grupos criminosos estão a matar as outras vítimas. Mas também disse que não permitirá que polícias vão para a prisão se forem considerados culpados de homicídio na execução da sua guerra contra o crime.
DESMANTELADA REDE QUE VENDIA CRIANÇAS
A polícia chinesa desmantelou uma rede que raptava crianças para as vender, numa operação que resultou na detenção de 157 suspeitos e no resgate de 36 menores, informou ontem a imprensa oficial. A rede é suspeita de ter sequestrado dezenas de crianças desde 2014 e operava em sete províncias e municipalidades da China, detalhou a agência oficial Xinhua. Em Maio deste ano, polícias da província de Fujian, no sudeste da China, obtiveram as primeiras pistas sobre a existência da rede, ao investigar um suspeito chamado Tan, que seria um dos principais mediadores na venda das crianças. Esta prática persiste, sobretudo em áreas rurais, onde algumas famílias estão dispostas a pagar por uma criança, sobretudo rapazes, devido à tradição chinesa em que são os pais que transmitem o nome da família à geração seguinte. Na China, o apelido das mães não passa para os filhos. O ministério chinês da Segurança Pública assegurou no comunicado, onde anunciou esta operação, que continuará a perseguir estas redes e prometeu “tolerância zero”.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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António Conceição Júnior
A grande festa
PEQUENO GUIA PRÁTICO PARA O SPECTACULUM
E
STÁ patente na sala maior de exposições temporárias do Museu de Arte de Macau uma mostra chamada Ad Lib, de Konstantin Bessmertny. Independentemente da etimologia latina e da linguagem musical, Ad Lib representa a convergência dos discursos plásticos e da criatividade patente num autor proveniente da escola russa de pintura. Porém, para saber é necessário aprender. Depois, opera-se a decantação do aprendido, eliminando o excesso, para que, então, se possa partir para o caminho da identidade e afirmação artística. Se tivesse vivido na Paris dos finais do século XIX, talvez Konstantin tivesse uma atracção idêntica a Degas ou a Toulouse-Lautrec. Como vive em Macau, é aqui que encontra inspiração para a elaboração de algo que apetece chamar de Espectáculo, para um olhar sobre alguns espectáculos da vida. Esta não é uma instalação nem uma mera exposição de pintura. É, antes do mais, a apropriação e um retrato plural denotativo de todos os elementos da realidade, com a capacidade de recuperar toda a envolvência para a sua/nossa festa. Espectaculum vem do latim spectare, ver, e de specere, olhar, e aí caímos no caminho também desejável da semiótica que Konstantin nos oferece. Entre o olhar e o ver vai a distância dos signos.
A MORTE DA LIBIDO E O APETITE
O apetite é essencialmente insaciável e, quando opera como critério de acção e prazer (isto é, em todo o mundo ocidental desde o século XVI), infalivelmente descobrirá modos de expressão (mecânicos e políticos). Marshall McLuhan Não sendo nem Degas nem Lautrec, afastadas as hipóteses de Bosch e Peter Breughel o Velho, resta admitir que Konstantin só pode ser ele mesmo, elevado à potência que a ele próprio se conferiu nesta exposição. Entre o Spectaculum e a Grande Boeuffe que é este evento, sente-se patente a libido criativa do artista, que aborda a carne como carne, liquidada que está a subtileza da sensualidade e do erotismo para apenas ficarem mulheres reduzidas a figurantes, que assim os homens querem e anseiam ter à disposição para consumo, sem preliminares que desconhecem, bem como cenas onde a boçalidade e o burles-
teligentes, intervindo na simulação de uma outra linguagem através da sua. Artur Bual, quando nos finais dos anos 1960 profetizou que a linguagem do futuro seria o cinema, estaria muito longe de imaginar que hoje qualquer um pode filmar com um telemóvel. Todo o passado converge, assim, para esta interpretação do fotograma, congelamento do kinético, afirmação profética de inquestionáveis e inconvenientes verdades. É neste constante deambular, nestes saltos entre temáticas onde reside a irrequietude de um espírito culto, lúcido e, consequentemente, crítico, escondido sob a aparente paródia dos excessos e dos gostos kitsch, que emerge o confronto entre a(s) obra(s) e o público, aqui mais habituado ao culto do politicamente inócuo, esse sim, por omissão, ignorância ou auto-censura, falhado.
ASSAMBLAGES
co presidem. Há, nestes mundos retratados por Konstantin Bessmertny, um apetite insaciável, um elogio à ganância das sensações e à gula dos momentos. Estas grandes pinturas, não no tamanho mas sobretudo no alcance, de escárnio e sarcasmo, retratam o grotesco e o trágico social, oriundas de uma imaginação toda ela alimentada pelo
impenitente e impertinente olhar de Konstantin Bessmertny.
A KINETOGRAFIA E A PINTURA
Em formato panorâmico, Konstantin apresenta uma série de pinturas nas quais transporta para a tela cenas do grande écran e onde introduz subtítulos, mais uma vez provocatórios e in-
Assambler, juntar, junta. Não de bois, mas do carro outrora de luxo que, para além de objecto recuperado e de desfile de ostentação, nos remete para aquilo em que se tornou: carcaça ferrugenta, passeando cacos de gesso clássico, memórias de outros séculos. Mais além, um escocês funde-se com um samurai, de mergulho, operando-se a fusão do absurdo, metáfora outra que mereceria mais do que provocar riso ou estupefacção. A arte com conteúdo, perdoe-se-me a redundância, é em si uma afirmação a ser degustada, analisada, reflectida.
VICTORIA, BAKUNIN E RASPUTIN
Três grandes retratos ocupam uma parede da sala de exposições. A rainha Victoria apresenta pechisbeques, unhas de silicone na mão direita, e um sem número de condecorações, cada uma delas merecedora de análise. O olhar deve percorrer toda a tela, porque a cada centímetro quadrado se depararão insólitas surpresas. E se este retrato é assim, os de Bakunin e Rasputin devem merecer o mesmo escrutínio. Konstantin Bessmertny estabelece, com esta exposição, um marco na História da arte de Macau difícil de igualar. Na sua mostra estão contidos todos os ingredientes para uma análise e crítica dos costumes que por aqui e em toda a parte reflectem uma porção da natureza do ser humano.
15 hoje macau quinta-feira 15.12.2016
diários de próspero
António Cabrita
Para que serve um exército 29/11/2016 Titula-se, no matutino O País, de Maputo: «Nakume (o Ministro da Defesa) ameaça de demissão comandantes que falharem metas», e lê-se no seguimento:«Ministro da Defesa quer que todos os ramos e unidades militares produzam comida para fazer face à crise que o país atravessa. Os comandantes que falharem estas metas devem colocar o seu lugar à disposição.». Vejo por uma vez que os militares podem ser realmente úteis, num país esfacelado por uma guerra civil estúpida e cretina. Raras vezes percebi a utilidade e a necessidade absoluta dos exércitos. Quando Xerxes invadiu a Grécia com um exército tão grande que secava os rios à passagem (e é indubitavelmente uma coisa que assombra: um exército tão grande que sorva os rios por inteiro), Esparta mandou contra ele um primeiro (pequeno) contingente de 300 homens, que travaram os persas em Termópilas – aí percebe-se a absoluta necessidade de um exército. O mundo de hoje seria muito pior e mais triste se Xerxes tivesse vencido; os déspotas demoram sempre mais tempo a morrer que os liberais, é uma verdade dramática. A existência de Hitler tornou evidentemente obrigatória a existência de exércitos, ou nacionais ou em coligação, que degolassem o perigo do fascismo. Portanto, há causas e causas. Mas em setenta por cento dos casos não é assim. Agora, para que quer Portugal um exército, com aquele “volume”? Para se defender de quê? Que proveito tem um país tão pequeno e dependente em ter um exército que lhe devora uma fatia substancial do bolo que devia ser gasto em cultura, em bibliotecas, em educação, numa melhor distribuição social? Claro que há compromissos internacionais a respeitar, mas à tal Europa cínica e estritamente económica não deviam os pequenos países entregar a factura pela obrigação de estarem envolvidos em compromissos que lhes exigem um dispêndio desproporcional em relação às suas pequenas economias? E a questão é: Quantas consultas em oncologia custa uma bazuca? Quantos ginásios custa um submarino?
Quantas bolsas de estudo se pagavam com um tanque? Quantos carros de bombeiros se pagavam com um avião de combate? Quantas peças de teatro custa um simples Tatoo Militar? Não quero ser mal interpretado, mas constato que ou as mulheres portuguesas e moçambicanas não sabem onde têm a cabeça, ou não têm lido muito. Pelo menos não têm lido a Lisístrata, do Aristófanes. É uma simples história de mobilização das mulheres contra o prolongamento da guerra do Peloponeso, que, face à teimosia dos homens em mantê-la, impulsionadas pela lucidez de Lisístrata, fazem uma letal greve de sexo. A guerra não durou muito mais! Aí está uma forma clara de atenuar as dívidas portuguesa e moçambicana: enquanto Portugal e Moçambique mantiverem um exército desproporcionado para as suas reais necessidades, as mulheres deviam vestir as calças quan-
do fossem para a cama. Convictamente: calças sem fecho-éclair. Ao fim de três meses julgo que teríamos os militares de gatas, voluntariamente, a pedir demissão. Isto também vale para a posse das armas. PISTOLA EM CASA: PERNAS CRUZADAS! Se a boa metade da humanidade, tomando o exemplo de Lisístrata, fizesse o seu trabalho e não caísse na ladainha de um mundo congeminado pelo imaginário masculino haveria menos escolas ameaçadas por fanáticos. Eia as palavras de ordem que escolheria para uma campanhia anti-bélica: « Minha amiga: acorde a Lisístrata que há em si! Time out: pernas cruzadas, mulheres do meu país. É o futuro que está em jogo, não o engravide!». Mas nunca me perguntam a opinião! E as mulheres, de facto, não têm feito o seu trabalho. As mulheres na Líbia eram mais voluntárias. Só que em sentido contrário.
Ao Kadhafi, sempre invejei os penteados e a guarda-pessoal de moçoilas. E elas disputavam a primazia de fazerem parte da Guarda de Honra de Kadhafi. Depois do Kadhafi ter sido despachado como foi, acidentalmente (nunca soube como se produziu esta maravilha), recebi este mail: «Saheera Mohamed Jamila, de 26 anos, virgem, 1,85 m, versada nas técnicas de tortura suava e mandarim, cinturão negro quarto dan em karaté-suc, especialista em estrangulamentos com arame, c/ nano pistola-metralhadora hk mp5 dissimulada nas axilas, carta para pesados e para merkava 3, patton M47, m-60, Leopard, domínio de quatro línguas europeias, para além do árabe, do swaali e do chinês, expert em amaciar detractores com uma culinária alucinogénica, ex-membro do body guard de Kadhafi, a quem partia as nozes; com carta de recomendação de Berlusconi, amiga de Mugabe, procura emprego compatível, de preferência a sul do Sahara, em país laico e firme em aplicar as leis e a sua defesa e dá desconto nos primeiros três meses de serviço». Virgem? Hum. Mas, confesso que fiquei agitado. E por quê a mim, confessado pacifista? Com um remorso antecipado reencaminhei o mail para o Ministério da Defesa, espero que tenham dado provimento, é sempre triste ver alguém tão competente de mãos a abanar. Porém ficam as perguntas: Quanto custa manter um exército? Desmantelar um exército sai mais caro que mantê-lo? É prioritário para Portugal, neste momento, manter um exército? Não é possível reconverter a indústria do armamento? De que dívidas se fala se não se tem a força moral de se abater nas balas para se injectar no crédito às pequenas e médias empresas? E em nome de quê as tão judicativas instâncias do mercado internacional, quando avaliam em recessão a economia de um país, não preconizam de imediato: querem crédito, abatam primeiro o exército? Está para além do meu entendimento que depois de escolher a entropia um país peça emprestado para pagar o diligente serviço das carpideiras. Todos os anos, pelo ano novo, cresce-me nas costas um bocado de asa e tenho de a meter para dentro, deve ser disso.
16 PUBLICIDADE
hoje macau quinta-feira 15.12.2016
17 hoje macau quinta-feira 15.12.2016
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O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje
INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE KRISTINA MAR E GERALDE ESTADIEU Creative Macau, 18h
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FESTIVAL THIS IS MY CITY (Até 13/12) EXPOSIÇÃO “ONLOOKERS” DE ALLEN WONG Art Garden (Até 18/12)
O CARTOON STEPH
PROBLEMA 140
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 139
C I N E M A
ROUGE ONE: A STAR WAR STORY SALA 1
SALA 3
Filme de: Gareth Edwards Com: Felicity Jones, Diego Luna, Ben Mendelsohn, Donnie Yen 14.15, 16.45, 19.15, 21.45
ALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Ryota Nakano Com: Rie Miyazawa, Joe Odagiri, Tori Matsuzaka, Hana Sugisaki 14.15, 16.45, 19.15, 21.45
ROUGE ONE: A STAR WAR STORY [B]
HER LOVE BOILS BATHWATER [B]
UM LIVRO HOJE
FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Shinsuke Sato Com: Tatsuya Fujiwara, Kenichi Matsuyama, 14.15, 16.45, 19.15, 21.45
SALA 3
ROUGE ONE: A STAR WAR STORY [B] Filme de: Gareth Edwards Com: Felicity Jones, Diego Luna, Ben Mendelsohn, Donnie Yen 16.30, 21.30
1.12
Faço, posso e mando. Não sou o melhor felino em matemática mas, das sete vidas de que disponho, acho que ainda posso queimar uns quantos cartuchos. Como isso me dá gozo, viver em perpétua morte adiada. Posso portar-me terrivelmente sempre que me der na real telha, e usar dos meus truques de charme para apaziguar as inevitáveis travessuras. Sou um gato, não se esqueçam. Portanto, se me apetecer urinar num pilha de jornais, assim o farei e faço. Se os humanos com quem partilho este espaço não gostarem, paciência, tudo isso será arrumado na categoria do “azarito”. Mesmo que, ao passarem por outros andares, sintam o aroma asséptico da limpeza, estou-me nas tintas. Eu uso a minha língua para tomar banho, ok?! A mesma língua com que desejo ardentemente lamber tudo o que é comida, copos com água, mãos que querem escrever, tudo o que me apetecer. E depois arqueio as costas, rebolo-me no chão com a minha preguiça irresistível, e derreto o corações destes humanos carentes de afecto de um bully com pêlo. Pu Yi
KURT VONNEGUT – “MATADOURO CINCO”
Um dos filmes em competição no Festival Internacional de Cinema de Macau baseia-se num romance de Philip Roth e é uma película sobre a guerra e os padrões sociais de uma época, mas é, sobretudo, um filme sobre o amor puro e genuíno, inocente até. Quando um jovem judeu, virgem, se apaixona por uma menina loura na faculdade, onde estuda Direito, o mundo ganha novos contornos, mas depressa se vê obrigado a deixar o amor de uma vida por força das regras sociais impostas à força. HM
SALA 2
DEATH NOTE: LIGHT UP THE NEW WORLD [C]
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)
Cineteatro
YUAN
O DITADOR
EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT
EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau
0.21 AQUI HÁ GATO
Diariamente
EXPOSIÇÃO “O TEMPO CORRE” DE LAI SIO KIT Casa Garden (Até 08/01)
(F)UTILIDADES
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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
18 OPINIÃO
hoje macau quinta-feira 15.12.2016
bairro do oriente
FRANK MILLER, ROBERT RODRIGUEZ, QUENTIN TARANTINO, SIN CITY (2005)
Olongapo city
M
ACAU:paraque se possa continuar permanentemente a amá-la, é preciso por vezes deixá-la, e depois de uma boa dose de “mordidelas do real” (reality bites, em estrangeiro) as reconciliações sabem sempre melhor. Esta terra não existe. Por isso sempre que se proporciona um tempo de férias superior aos três dias que compõem um fim-de-semana prolongado, convém dar um pulinho a uma das muitas exóticas paragens que temos mesmo aqui à mão de semear. O destino dos quatro dias da “ponte” entre o feriado do dia 8 e o fim-de-semana passado foi Olongapo, no arquipélago das Filipinas. Outra vez as Filipinas. Existe entre a maior parte da população de Macau mais ou menos informada uma noção completamente absurda de que as Filipinas “são um lugar perigoso”, e onde as probabilidades de se apanhar com um tiro vindo de direcção incerta. Com uma área três vezes maior que o território de Portugal continental e ilhas, e uma população de mais de 100 milhões, o país tem muito mais para oferecer do que a sua capital, Manila, que é o único lugar que não recomendo. A duas, três, ou se valer mesmo a pena cinco horas de carro daquela infernal cidade (conte com duas horas só para sair de Metro Manila, se chegar durante o dia) existem lugares para-
“Riquíssima e diversificada em recursos naturais e humanos, minada até ao caroço pela corrupção, as Filipinas são o exemplo acabado de uma nação falhada, que tinha tudo para ombrear com o Japão e a Coreia no topo das economias asiáticas.” disíacos, onde a festa não acaba na hora de se pagar a conta – divide-se tudo por seis, o câmbio da pataca – e até parece dado! Eu sei que é desagradável capitalizar os ganhos de uma economia desafogada como é a nossa às custas da miséria alheia, mas no fundo não é isso que TODA a gente faz? Falando do mais importante: Olongapo. A174 km e 3 horas de automóvel de Manila encontramos a cidade de Olongapo – a sensação é a mesma de quando se conduz de Lisboa ao Algarve. O nome desta “cidade de 1ª classe, altamente urbanizada”, estatuto que adquiriu em 1983, deriva do tagalog “ulo ng apo”, ou “a cabeça do velho”, e tem origem numa velha lenda que não vou aqui contar por incluir decapitações e outras imagens pouco agradáveis. Durante os anos 60 e 70 foi considerada a “Sin city” das Filipinas, muito por culpa da base naval norte-americana estacionada na baía de Subic, que fez de Olongapo uma espécie de bordel privativo. A base foi encerrada em 1992, e as suas instalações aproveitadas para se criar a Subic Bay Freeport Zone (SBFZ),
o “pulmão” da economia da cidade, que se transformou na 12ª mais populosa do país em pouco mais de uma década. Tirando a pequena nota histórica, o que procuramos quando vamos de férias em Dezembro para um lugar com sol e praia? Sopas e descanso, naturalmente, e em Olongapo a combinação das duas resulta na perfeição. Gostei de poder comer um “lugaw”, um primo filipino da canja, logo que cheguei na madrugada de quarta-feira, e numa loja quase ao lado do hotel. Apetece-lhe comer um bife da vazia às 5 da manhã? Em Olangapo pode-se comer isso e muito mais a qualquer uma das 24 horas do dia. Os “go-go bars” e os “gringos” pançudos e velhotes estavam lá, também, mas eram uma mera distracção no caminho da praia, ou de mais uma aventura pelo cosmopolita centro da cidade e os seus “shopping malls”. Olongapo estende-se por 8 km da costa de Subic, mesmo no sopé das montanhas de Zambales, de onde se ergue o Pinatubo, o maior vulcão do mundo ainda em actividade. Uma das suas erupções, em 1991, deixou Olongapo completamente coberta de cinza. Depois de tudo usufruir, a sensação com que se volta a Macau de um país como as Filipinas é a de um grande “e se...”. Riquíssima e diversificada em recursos naturais e humanos, minada até ao caroço pela corrupção, as Filipinas são o exemplo acabado de uma nação falhada, que tinha tudo para ombrear com o Japão e a Coreia no topo das economias asiáticas. O novo presidente do país, o controverso e inflamado Rodrigo Duterte, propõe resolver com pulso firme alguns dos maiores problemas com que o seu povo se debate. Enquanto isso vai criando outros muito piores que ficarão para resolver depois dele. Tem sido assim, nas Filipinas, desde o tempo em que os “yankees” faziam de Olongapo a sua “bitch”. Depois é só baralhar e voltar a dar.
LEOCARDO
19 hoje macau quinta-feira 15.12.2016
dissonâncias
A
S declarações do presidente-eleito dos Estados Unidos da América (EUA) sobre a política de uma só China irritaram particularmente Pequim. As palavras usadas pelo porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês são prova do grau de perplexidade. É fácil perceber porquê. Donald Trump acaba de questionar uma política norte-americana com mais de 37 anos. Trata-se de uma espécie de linha de força da política externa de Washington, que esteve na base da aproximação dos EUA à China, iniciada por Richard Nixon e os esforços diplomáticos de Henry Kissinger. Desde 1971, um ano antes da histórica visita do então Presidente norte-americano a Pequim, que todos os presidentes americanos têm defendido a política de uma só China. Embora só tenha sido articulada oficialmente em 1979, com a adopção pelo Congresso Norte-Americano da Lei das Relações com Taiwan (Taiwan Relations Act, TRA), a política tem sido quase integralmente respeitada e reafirmada nas declarações públicas dos governantes norte-americanos. A política estabelece que há apenas um governo legítimo que representa a China, o da República Popular da China. Foi nessa altura que os laços formais dos EUA com o governo nacionalista de Taipé foram cortados. No entanto, embora reconheça a política de uma só China, para Washington, o estatuto de Taiwan está por ser definido. Quanto a isso, a política norte-americana defende uma resolução pacífica. Como não se trata de um Estado soberano com o qual os Estados Unidos mantenham relações diplomáticas, a lei estabelece que tipo de relações podem ser estabelecidas com Taiwan. Ao longo destes 37 anos, isto tem permitido todo o tipo de trocas comerciais entre a ilha e os EUA, incluindo a venda de equipamento militar e de armas a Taipé. Aliás, a TRA é clara sobre o assunto: cabe ao congresso norte-americano determinar que tipo de assistência deve ser dada a Taiwan “para manter uma capacidade suficiente de autodefesa”. Trata-se pois de uma política dúbia. Ou, utilizando a linguagem que se encontra expressa, por exemplo, na recente Estratégia Global da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, trata-se de pragmatismo baseado nos princípios. Outros diriam que se trata de realismo puro e duro, dos interesses, das trocas comerciais. Mas isto é o que tem, de facto, marcado as relações entre Taipé e Washington. Ao nível das visitas formais de representantes norte-americanos a Taiwan, o seu número tem sido escasso, de facto. De
Tábua rasa VICTOR FLEMING, DR. JEKYLL AND MR. HYDE
RUI FLORES
ruiflores.hojemacau@gmail.com
acordo com o levantamento efectuado pelo Congressional Research Service, um centro de estudos que dá apoio aos congressistas norte-americanos na elaboração de legislação, entre 1979 e 2014 apenas seis representantes de Washington visitaram Taiwan. Entre 1979 e 1992 não há registo de qualquer missão a Taipé; as visitas começaram apenas em 1992 e entre 2000 e 2014 nenhum responsável político norte-americano veio até este lado do globo. Nenhum destes dirigentes é oriundo dos chamados sectores sensíveis da governação: negócios estrangeiros, defesa, política externa ou assuntos internos. São de áreas específicas da administração, como o comércio, transportes, pequenas e médias empresas ou ambiente. A política norte-americana quanto a uma só China tem sido na prática respeitada quase ao milímetro. O que não quer dizer que não haja vontade de a mudar.Apesar de ser uma pedra basilar das relações com Pequim, recordada esta semana pelo ministro dos Negócios Estrangeiros chinês (“A política ‘uma só China’ é a fundação do relacionamento saudável nas relações sino-
Donald Trump parece não querer deixar pedra sobre pedra no actual sistema internacional. As declarações sobre a China mostram que a incerteza sobre o posicionamento dos EUA no mundo será a nota dos primeiros tempos da sua presidência. Uma espécie de caixa de pandora com consequências imprevisíveis
-americanas”, disse Wang Yi, na esperança que não venham a deteriorar-se), existe a intenção de mudar o conteúdo da TRA. Na tensão permanente que marca as relações entre o poder legislativo e o poder executivo nos EUA, há pouco mais de dois anos, um grupo de 29 membros da câmara de representantes escreveu a John Kerry sugerindo uma revisão da política que estava há mais de 20 anos sem ser alterada. As novas condições existentes em Taiwan, que havia passado por uma transformação estrutural, com a abertura democrática, permitiriam um outro tipo de relações com a ilha. Debalde. Apenas 21 Estados mantêm relações diplomáticas com Taiwan. Nações pequenas, fazendo parte, quase todas, do grupo de países em desenvolvimento económico, com as quais Taipé gasta 200 milhões de dólares norte-americanos em projectos de apoio ao desenvolvimento. É evidente que o conteúdo da política externa do Presidente Trump é ainda pouco claro. Mas as nomeações que tem feito pressagiam que tudo poderá vir a ser posto em causa. Por exemplo, no que diz respeito a Taiwan, Trump tem-se rodeado de pessoas, como um antigo embaixador de George W. Bush nas Nações Unidas, John Bolton, que advogam um outro tipo de relacionamento, menos próximo de Pequim. Donald Trump parece não querer deixar pedra sobre pedra no actual sistema internacional. Deu a entender isso na campanha eleitoral, quando insinuou uma retirada dos EUA da Europa, no âmbito da NATO, para desespero dos países que fazem fronteira com a Rússia; quando declarou que a Coreia do Sul e o Japão deveriam robustecer os seus orçamentos militares, mesmo recorrendo ao nuclear, para confrontarem a ameaça da Coreia do Norte; quando afirmou que com ele na Casa Branca a presença militar norte-americana seria reforçada no Mar do Sul da China. Estas primeiras declarações sobre política externa mostram que, de facto, a incerteza sobre o posicionamento dos EUA no mundo será a nota dos primeiros tempos da sua presidência. Uma espécie de caixa de pandora com consequências imprevisíveis.
OPINIÃO
O cartão de crédito é o seu traidor portátil Atlântido
quinta-feira 15.12.2016
PORTUGAL ESTADO DE SAÚDE DE MÁRIO SOARES SEM AGRAVAMENTO
O estado de saúde do antigo Presidente da República Mário Soares não se agravou nas últimas horas, mantendose na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital da Cruz Vermelha «numa situação crítica e com prognóstico reservado», revelou ontem fonte hospitalar. «O Hospital da Cruz Vermelha informa que durante a manhã não houve alteração significativa no estado de saúde do doutor Mário Soares, mantendo-se na Unidade de Cuidados Intensivos, numa situação crítica e com prognóstico reservado», disse aos jornalistas o porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha, José Barata. De acordo com o segundo boletim clínico do dia, revelado depois das 13:00, a situação de Mário Soares, de 92 anos, está «neste momento estável e não sofreu nenhum agravamento nas últimas horas».
TRUMP CONFIRMA RICK PERRY COMO FUTURO SECRETÁRIO DE ENERGIA
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PUB
presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou ontem que designou o ex-governador do Texas Rick Perry como seu futuro secretário de Energia, que terá como tarefa explorar os «enormes depósitos de recursos naturais» do país. A definição de Perry tinha sido antecipada ontem por vários jornais e foi confirmada ontem em comunicado oficial pela Equipa de Transição Presidencial. Na nota, Trump, que vai tomar posse em 20 de Janeiro, destacou que Perry, como governador do Texas, «criou um clima para os negócios que gerou milhões de novos empregos» e uma «queda nos preços dos produtos energéticos». «A minha administração vai assegurar que aproveitamos os nossos enormes depósitos de recursos naturais para fazer com que os Estados Unidos tenham independência
energética e tenhamos uma nova e vasta riqueza para a nossa nação», afirmou Trump no texto oficial. Rick Perry, de 64 anos, foi um dos rivais de Trump nas eleições internas do partido para conseguir a candidatura presidencial, mas retirou-se prematuramente da disputa devido ao pouco apoio que estava a ter nas sondagens. A nota incluiu ainda comentários de Perry lembrando que quando estava à frente do governo do Texas, de Dezembro de 2000 até Janeiro de 2015, soube que a energia é um recurso «crítico» para a economia e a segurança dos Estados Unidos. O Texas é o maior produtor de hidrocarbonetos do país. De acordo com o comunicado, Perry cumprirá com a missão de Trump de fazer o país independente em matéria de energia, criar «milhões de empregos» e proteger o ambiente. Em várias ocasiões, Trump mostrou-se céptico quanto aos efeitos das mudanças climáticas e recentemente anunciou que «estudará» se os Estados Unidos ficarão ou não no Acordo de Paris alcançado em Dezembro do ano passado.
Alepo MILÍCIAS IRANIANAS BLOQUEIAM EVACUAÇÃO
Retidos num inferno
C
ERCA de mil pessoas da cidade de Alepo, na Síria, que foram evacuadas depois do acordo de cessar-fogo de terça, foram retidas esta quarta-feira num posto de controlo das milícias iranianas nos arredores da cidade, avançou a agência estatal turca Anadolu, citando o líder do Crescente Vermelho turco. “Essas pessoas passaram pelo ponto de controlo russo, mas foram interrompidas num segundo posto, controlado pela milícia iraniana, e está-lhes a ser negada a passagem”, disse Kerem Kinik, citado na Reuters. As negociações continuam para permitir que os autocarros, que transportam civis, consigam seguir viagem em direcção à província de Idlib, controlada pelos rebeldes, acrescentou. Um cessar-fogo foi negociado na terça-feira pela Rússia, o aliado mais poderoso do Presidente sírio Bashar al- Assad, com a Turquia para acabar com os combates em Alepo, mas a evacuação programada dos distritos rebeldes ficou bloqueada quando ataques aéreos e bombardeamentos atingiram a cidade. O Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homónimo turco, Tayyip Erdogan, terão uma conversa telefónica esta quarta-feira para falar sobre Alepo, informou entretanto um porta-voz do Kremlin.
O exército sírio diz que o número de pessoas que querem sair de Alepo é 15 mil, embora os capacetes brancos da Síria estimem que estejam mais de 100 mil pessoas cercadas na parte da cidade que até terça-feira era controlada pelas forças opositoras do regime O exército sírio diz que o número de pessoas que querem sair de Alepo é 15 mil, incluindo quatro mil rebeldes, embora os capacetes brancos da Síria estimem que estejam mais de 100 mil pessoas cercadas na parte da cidade que até terça-feira era controlada pelas forças opositoras do regime. A verificação destas informações é difícil, pois não se encontra actualmente nenhum observador independente no terreno, apesar dos numerosos apelos das Nações Unidas e outras entidades internacionais.
Esta quarta-feira, a televisão estatal síria revelou que o bombardeamento do distrito de Bustan al-Qasr, recentemente recapturado pelo exército, matou seis pessoas. O Irão, um dos principais apoiantes do Presidente sírio na batalha deAlepo, está a tentar negociar uma evacuação simultânea de feridos das aldeias de Foua e Kefraya que estão sitiadas por rebeldes, segundo fontes rebeldes e da ONU – daí o bloqueio dos postos de controlo a caminho de Idlib. Uma emissora de televisão pró-oposição disse que a retirada planeada poderá vir a ser adiada até hoje. Segundo a agência Reuters, a Rússia justifica os ataques desta manhã dizendo que as forças do governo estavam a responder a ataques rebeldes. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, afirmou ainda que a resistência rebelde deve terminar nos próximos dois ou três dias. As pessoas no leste de Alepo estavam a fazer as suas malas e a queimar bens pessoais para se prepararem para a evacuação, temendo a pilhagem pelo exército sírio e seus aliados da milícia iraniana. No que se aparenta tratar de um desenvolvimento separado da evacuação, o Ministério da Defesa russo disse que seis mil civis e 366 combatentes haviam deixado os distritos controlados pelos rebeldes nas últimas 24 horas.