DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
HOJE MACAU
GCS
TERÇA-FEIRA 15 DE DEZEMBRO DE 2020 • ANO XX • Nº 4671
hojemacau ANOS
ELEIÇÕES LEGISLATIVAS
ALTO RISCO
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VACINA COVID-19
AS TRÊS ESCOLHAS TIAGO ALCÂNTARA
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ENSINO
LÍNGUA OPCIONAL PUB
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A missionária JULIANA DEVOY (1937-2020) GRANDE PLANO
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O DESCONHECIDO MICHEL REIS
PONTUAÇÃO, POESIA PAULO JOSÉ MIRANDA
2 grande plano HOJE MACAU
15.12.2020 terça-feira
UMA LUZ QUE Após uma vida dedicada aos direitos das mulheres e à acção social, a irmã Juliana Devoy morreu ontem aos 83 anos. Há mais de três décadas em Macau, a bondade e o trabalho no Centro Bom Pastor ficará para sempre na memória daqueles que tiveram o privilégio de a conhecer. Entre batalhas ganhas por Juliana Devoy destaca-se a criminalização da violência doméstica
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ALECEU ontem de manhã no Centro Hospitalar Conde de São Januário, a irmã Juliana Devoy, antiga directora do Centro do Bom Pastor, após uma vida dedicada aos direitos das mulheres e a outras causas como o tráfico humano. Tinha 83 anos e era natural do Nebraska, nos Estados Unidos da América. Reconhecida pelo trabalho desenvolvido há mais de 30 anos desde que chegou a Macau ao Centro Bom Pastor, Juliana Devoy foi louvada pelo Governo de Macau em duas ocasiões. A primeira em 1997,
quando a administração portuguesa atribuiu a medalha de mérito filantrópico e a segunda em 2012, quando o Executivo da RAEM lhe destinou a medalha de mérito altruístico. Contactada pelo HM, a actual directora do Centro do Bom Pastor, Debbie Lai, ressalva que a missão e a atitude da irmã Juliana “contribuiu muito para mudar a mentalidade das pessoas de Macau”, especialmente sobre os direitos das mulheres e das crianças e a respectiva consciencialização desses mesmos direitos. “Ela deu inúmeros contributos para mudar a sociedade, mas talvez
o maior tenha sido ao nível da lei da violência doméstica, situação que antes da sua intervenção não era considerada crime público”, lembrou Debbie Lai. Importa ressalvar que para a criminalização da violência doméstica em Macau muito terá contribuído a deslocação de Juliana Devoy às Nações Unidas em 2014, para falar no Comité de Direitos Humanos sobre o tema.
LUTA DE CAUSAS
Quem também conviveu de perto com a irmã foi Agnes Lam. Ao HM,
a deputada conta que a morte de Juliana Devoy “é uma grande perda para toda a sociedade de Macau”, mas também para as mulheres e as minorias que apoiou. Agnes Lam partilhou que, para além de ser encarada como um símbolo de justiça para as mulheres, e em termos de igualdade de género, “era também um símbolo de bondade”. “Conheci a irmã Juliana nos anos 90, quando começou no Centro do Bom Pastor e, por isso, acho que devo ter sido a primeira jornalista chinesa a entrevistá-la sobre as lutas que estavam a travar. Ao longo do
tempo, falámos muitas vezes acerca de casos de violência doméstica e adolescentes grávidas que foram abandonadas e ela ajudou todas essas mulheres. Mais tarde, fui escolhida para ajudar no Centro do Bom Pastor e durante alguns anos mantivemos uma reunião mensal para falar de problemas que se passavam na sociedade e para colocar na agenda temas como a criminalização da violência doméstica”, partilhou a deputada. Uma das situações mais marcantes para a qual Juliana Devoy mobilizou esforços, recorda Agnes Lam, diz respeito ao caso de Lam Mong Ieng, mulher atacada pelo marido com óleo a ferver e ácido, deixando-a desfigurada e com lesões permanentes que lhe custaram a visão. “Da primeira vez que a família da vítima contactou comigo, falei com a irmã Juliana para ver como podíamos ajudar. Ao princípio não sabíamos o quão grave eram os ferimentos e não havia reacção do Governo. A irmã esteve em silêncio
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mulher, estava a preparar-se para a morte. No meu entender, ela preparou-se, o que se explica com o desejo de estar intimamente ligada à Deus”, partilhou. Segundo Luís Sequeira, esta “inconsciente” preparação para a morte, materializa “uma aspiração profunda de conhecer totalmente Deus”, característica da experiência fulcral das irmãs do Bom Pastor, em que a morte é sentida “como o encontro com Deus de uma mulher crente”. O sacerdote da Companhia de Jesus lembra ainda que Juliana Devoy “tinha um dom especial para acompanhar e ajudar pessoas em grandes dificuldades” e que, mais recentemente, o seu trabalho estava mais orientado para o tráfico humano, apesar de o foco ter sido sempre “a problemática da família e, mais especificamente, da mulher”.
ÓBITO
E SE APAGA IRMÃ JULIANA DEVOY MORREU AOS 83 ANOS
“Ela deu inúmeros contributos para mudar a sociedade, mas talvez o maior tenha sido ao nível da lei da violência doméstica.”
DEBBIE LAI CENTRO DO BOM PASTOR
ao longo de toda a reunião e um pouco zangada comigo até, pois achava que não devíamos esperar por ninguém e avançar com a angariação de fundos o mais cedo possível”, conta a deputada. De todas as pessoas com quem travou contacto no Centro do Bom Pastor, Agnes Lam ressalva que “todas mencionaram a forma como a irmã Juliana as ajudou ao início, numa altura em que havia poucas verbas”, tendo chegado a angariar dinheiro “a título pessoal”. “Ela tomava
genuinamente conta das pessoas, de uma forma personalizada. Dava todo o seu tempo e devoção para ter a certeza que todos à sua volta sentiam amor”, rematou Agnes Lam.
SEM HESITAR
Meses depois de terminar o ensino secundário, Juliana Devoy integrou a Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor em Los Angeles. Estávamos em 1954, Juliana Devoy tinha 17 anos e vontade de ser missionária longe de casa. “Quando me despedi da minha família sabia que eles me podiam visitar, mas sabia também que nunca mais voltaria a casa. Somente a graça de Deus e a alegria que experimentei podem explicar como fui capaz de tal sacrifício”, pode ler-se no perfil de Juliana Devoy escrito na primeira pessoa e que consta no portal da Congregação para a região da Ásia-Pacífico. Daí rumou a Hong Kong em 1963, onde ficou até 1988, ano em que veio para Macau.
“Quem quereria ir viver para Macau? Não se passa lá nada. Nunca pensei que os mais de 20 anos que passei em Macau seriam, na verdade, o período dourado da minha vida enquanto missionária. Aqui em Macau tive a oportunidade de criar, inovar e de fazer coisas que não poderiam ser feitas noutros lugares. No nosso Centro do Bom Pastor fomos capazes de receber muitas mulheres e meninas, desde adolescentes grávidas a vítimas
“Ela tomava genuinamente conta das pessoas, de uma forma personalizada. Dava todo o seu tempo e devoção para ter a certeza que todos à sua volta sentiam amor.” AGNES LAM DEPUTADA
de violência doméstica, passando por vítimas menores de tráfico humano (…) e tantas outras que não encaixam em nenhuma categoria”, pode ler-se no mesmo perfil. “Tem sido uma enorme alegria ser um instrumento de Deus para intervir em tantas vidas”.
REGRESSO A CASA
Objecto de uma “amizade profunda de muitos anos”, o Padre Luís Sequeira conta que conheceu Juliana Devoy mesmo antes de ser padre e que teve o privilégio de a acompanhar no último retiro que fez, há cerca de duas semanas. A morte, conta, já estaria nos seus pensamentos. “Diria que tive o privilégio de estar no último retiro que ela fez, há poucos dias antes de falecer, e posso dizer que durante esse caminho, que é um período de oito dias muito intenso (…) a linha de orientação foi a intimidade com Deus. Sinto que a irmã Juliana que tanto deu ao serviço das pessoas em grandes dificuldades e na problemática da
“Sinto que a irmã Juliana que tanto deu ao serviço das pessoas em grandes dificuldades e na problemática da mulher, estava a preparar-se para a morte.” LUÍS SEQUEIRA PADRE
“Concretamente em Macau, é cada vez mais claro que o tráfico humano se faz e está muito ligado à diversão, prostituição e tudo isso. São situações que trazem grandes angústias às pessoas”, conta Luís Sequeira. Sobre os marcos alcançados ao longo dos anos, o sacerdote não tem dúvida que o que fica, e que maior retorno terá dado a Juliana Devoy, foi o impacto que a sua obra teve na criação de “legislação mais condizente com a condição da mulher”. “O que lhe poderá ter dado mais consolação como consequência da sua dedicação foram, em certo sentido, essas manifestações do tipo legal que promovem a protecção da mulher, pois houve uma evolução nos últimos anos (…) que ajuda pessoas em extrema dificuldade a melhorar as suas vidas”, apontou. Questionado sobre a forma como irá recordar Juliana Devoy, o sacerdote destaca que, para sempre, sobressairá “o grande vigor interior na ajuda às pessoas em grande angústia”. “Por vezes não se nota nem se vê, mas a angústia é uma realidade da vivência humana que está a aumentar cada vez mais. Ela com a sua vocação e perspicácia profundamente humana e espiritual foi ao encontro dessa angústia que vai tomando conta das nossas sociedades”, rematou. Pedro Arede e João Santos Filipe pedro.arede.hojemacau@gmail.com
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IMPOSTOS BENEFÍCIOS SÓ COM PARECER POSITIVO DA COMISSÃO DE AVALIAÇÃO
Prendas no sapatinho Os deputados querem que o Governo explique muito bem todos os passos para a atribuição de benefícios fiscais às empresas. O pedido de clarificação é justificado com a necessidade de “transparência” e de informar os interessados
sector industrial e comercial e dois académicos. No caso de uma empresa ver o seu processo recusado e querer contestar a decisão tem duas vias: um recurso para o Governo ou para os tribunais. “Há uma deliberação sobre se é aprovado ou recusado o pedido. A notificação é depois enviada ao interessado, que tem 15 dias para apresentar reclamação ou recurso contencioso”, explicou o deputado e presidente da comissão.
TRANSPARÊNCIA E FLUXOGRAMA
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A altura de decidir as empresas que vão ter acesso a benefícios fiscais, o director dos Serviços de Finanças está obrigado a seguir a opinião da Comissão de
Avaliação, que é vinculativa. A explicação foi avançada ontem aos deputados da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, pelo Governo, no âmbito de uma reunião para discutir a nova lei de benefícios fiscais para o PUB
exercício das actividades destinadas à inovação científica e tecnológica. “O Governo disse-nos que o director das Finanças tem de ouvir a comissão e ter em conta o parecer. O parecer tem efeito vinculativo”, afirmou Ho Ion Sang, deputado presidente da comissão. A comissão vai ser constituída pelo director ou subdirector da Direcção dos Serviços de Finanças, que preside, outro membro da DSF, um membro do Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau (CPTTM), duas personalidades ligadas ao
Incêndios Governo admite clarificar locais de risco especial
O Governo admitiu ontem ceder sobre alguns tópicos da proposta de lei sobre a segurança contra incêndios em edifícios e recintos, que está a ser analisada pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). De acordo com Chan Chak Mo, deputado que preside à Comissão, exemplo disso é o artigo dedicado às “medidas de protecção”, cuja redação os deputados consideraram “pouco clara”, nomeadamente quanto aos locais de risco especial. O Governo afirmou que “vai tentar redigir de forma mais clara a regra” e que será definido através de norma técnica, quais os locais que caem no âmbito de risco especial, como instalações eléctricas, elevadores, ar-condicionado, zonas de caldeiras ou frigoríficas, entre outras.
Segundo a proposta de lei, os empresários e companhias podem receber benefícios fiscais desde que tenham efectuado o registo comercial; exerçam actividades de inovação científicas e tecnológica há mais de um ano e estejam classificados como contribuintes do Grupo A, ou seja tenham capital social de pelo menos 1 milhão de patacas ou uma média de lucros nos últimos três anos superior a 1 milhão de patacas. Na discussão dos procedimentos para este processo, os deputados pediram ao
“Queremos que haja um fluxograma para podermos estar a par de todo o procedimento de forma clara.”
Governo para elaborar um fluxograma e que descreva muito bem todos os procedimentos, com o objectivo de aumentar a transparência junto das empresas. “Trata-se de um regime transparente para que o interessado possa saber o andamento do seu pedido e as razões da aceitação, ou recusa, do pedido”, clarificou Ho Ion Sang. A proposta foi aceite. O pedido dos deputados para que os procedimentos sejam muito bem definidos vai impedir situações como a que resultou no julgamento do ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Jackson Chang. Em tribunal, a burocracia dos pedidos de fixação de residência foi amplamente discutida, em aspectos como se os candidatos deviam ser informados sobre o andamento dos processos e os critérios de avaliação. Ho recusou traçar um paralelo com a situação do IPIM. “Tentámos analisar a proposta de lei. Com o apoio da assessoria, foi feita uma análise e elaborada uma lista com questões. O Governo aceitou muitas das nossas sugestões. É a metodologia habitual”, apontou. “Queremos que haja um fluxograma para podermos estar a par de todo o procedimento de forma clara. [...] É para os interessados no futuro poderem saber todo o procedimento”, acrescentou. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
HO ION SANG DEPUTADO
DSSOPT SINERGIA DE MACAU CRITICA CONCLUSÕES DO CCAC
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ON Lam, presidente da Associação da Sinergia de Macau, criticou a avaliação do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) sobre o desempenho da Direcção de Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) na aplicação das instruções para apreciação, aprovação, vistoria e operação de elevadores. Segundo as conclusões do CCAC, considerou-se que a DSSOPT não teve falhas nem cometeu irregularidades nos
procedimentos com elevadores. No entanto, Ron Lam afirmou que a investigação foi demorada e a DDSOPT não executou rigorosamente as instruções. Por exemplo, com base na investigação do CCAC, apurou-se que em 2018 só 40 por cento dos elevadores foram sujeitos a manutenção anual, o que preocupou a associação. Por outro lado, em 58 por cento dos casos de pessoas presas nos elevadores, as ocorrências foram em edifícios que não estavam sujeitos a inspecções das autoridades competentes. Face a este cenário, Ron Lam apontou sinais de infracções administrativas que deviam ter sido identificado.
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terça-feira 15.12.2020
ELEIÇÕES WONG SIO CHAK DIZ QUE EXISTE “RISCO” PROVENIENTE DE HONG KONG
Perigo de contágio
O secretário para a Segurança considera que o facto de as eleições de Macau e Hong Kong decorrerem em simultâneo acarreta riscos que devem ser antecipados e eliminados. À margem de uma reunião na Assembleia Legislativa, Wong Sio Chak anunciou que a consulta pública sobre a lei de substâncias perigosas será feita em Janeiro
O
secretário para Segurança Wong Sio Chak considera que existem riscos para Macau, resultantes do facto de as próximas eleições coincidirem com a realização do sufrágio para o Conselho Legislativo de Hong Kong. Sem concretizar que tipo de riscos Macau poderá atravessar em Setembro, o secretário afirma apenas que os “trabalhos a realizar” terão como base a troca de informações com as autoridades de Hong Kong. “Acho que há um risco porque as duas eleições vão influenciar-se uma à outra (…) e talvez os criminosos possam aproveitar para praticar alguns crimes.Acho que conhecem bem a situação”, sublinhou ontem Wong Sio Chak à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa (AL) sobre as alterações ao regime de segurança contra incêndios. Questionado sobre o tipo de riscos que podem afectar Macau, o secretário afirmou tratar-se “principalmente de crimes” que visem “influenciar o bom funcionamento das eleições”. “Estamos a falar, por exemplo, das pessoas que querem entrar em Macau para perturbar a ordem pública, iremos através de troca de informações resolver essas questões”, acrescentou. Fazendo questão de esclarecer que “nem todos os que entram
eleições, referindo apenas que é preciso um “plano B” por causa da pandemia
OUVIR A POPULAÇÃO
Wong Sio Chak, secretário para a Segurança “Acho que há um risco porque as duas eleições vão influenciar-se uma à outra (…) e talvez os criminosos possam aproveitar para praticar alguns crimes.”
em Macau vindos de Hong Kong, vêm perturbar a ordem pública”, Wong Sio Chak apontou será mantida a comunicação com as autoridades de Hong Kong, sempre que se justificar, para que a tutela da Segurança esteja pronta “para receber esses riscos”. “Vamos pensar em problemas mais complexos para fazer uma boa preparação. Isso não significa que esses riscos estejam iminentes, mas temos de estar prepara-
dos, porque essa é uma das nossas funções (…) e as eleições são um trabalho muito importante para o Governo local”, disse Wong Sio Chak. “Vamos fazer tudo de acordo com a lei, não vamos fazer nada além da lei. Esse é o nosso princípio”, acrescentou. Recorde-se que, recentemente, o secretário para aAdministração e Justiça,André Cheong disse que não existem preocupações políticas em relação às próximas
Wong Sio Chak revelou ainda que será lançada uma consulta pública em Janeiro sobre a lei de gestão e armazenamento de combustíveis e substâncias perigosas. A informação surge no seguimento de a directora dos Serviços de Solos Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Chan Pou Ha, ter avançado no plenário que o armazém de substâncias perigosas vai ser construído em Coloane, mais precisamente em Ká-Hó, onde antes estava previsto o centro para jovens. “Depois da consulta pública vamos analisar as opiniões da sociedade e (…) proceder ao trabalho legislativo. Mas, mesmo que essa lei ainda não exista, temos de fazer o controlo das substâncias perigosas e, por isso, vamos construir o armazém. Vamos reunir todas as substâncias dispersas [por Macau] e depositar nesse armazém. Vamos fazer esse trabalho por fases, começando pelas mais perigosas”, detalhou Wong Sio Chak. Recorde-se que a construção do armazém estava inicialmente prevista para o Cotai, perto do bairro residencial de Seac Pai Van. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
NACIONALISMO ESTUDO DIZ QUE ALUNOS DEVEM VALORIZAR CONSTITUIÇÃO
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Aliança de Povo de Instituição de Macau anunciou ontem os resultados de um estudo sobre a divulgação da Constituição entre os jovens. Entre as conclusões da pesquisa são destacados como valores fundamentais a transmitir à juventude a indivisibilidade e união do país e a exclusividade do poder Executivo do Partido Comunistas da China. No mesmo documento é ainda indicado que dois terços dos jovens com idades entre os
13 e 18 anos têm consciência dos valores da Constituição, adquiridos no âmbito formações que promovem o amor à pátria. Contudo, foi deixado um alerta: o ensino tradicional da Constituição não consegue cativar um terço dos alunos, o que sublinha a necessidade de pensar em formas alternativas. Por este motivo, a equipa responsável pelo estudo, apontou que seria mais importante que fosse antes pedido aos alunos que fizessem apresentações
sobre o tema, para terem uma postura mais activa, em vez de se limitarem a ouvir os professores sobre este assunto. A equipa também apontou que os programas de intercâmbio com o Interior têm efeitos positivos no conhecimento da Constituição. No entanto, foram levantadas reservas, uma vez que se concluiu que muitos jovens não têm oportunidade de participarem. Finalmente, a equipa sugeriu que a história da política
chinesa, os conhecimentos sobre a Constituição e Lei Básica possam ser material de exame e avaliação em candidaturas ao ensino superior ou entrevistas de emprego na função pública. O estudo da Associação Aliança de Povo de Instituição de Macau, que tem como membros os deputados Song Pek Kei e Si Ka Lon, contou com 932 inquéritos válidos. N. W.
TUI Formalizada renovação de mandato de Sam Hou Fai
Uma ordem executiva assinada por Ho Iat Seng, e publicada ontem no Boletim Oficial, confirma que Sam Hou Fai tem o mandato de presidente do Tribunal de Última Instância renovado por mais três anos. A notícia já havia sido avançada pela TDM – Rádio Macau. No tribunal imediatamente abaixo na hierarquia judicial, Lai Kin Hong foi também reconduzido por três anos enquanto presidente do Tribunal de Segunda Instância. À frente dos Tribunais de Primeira Instância, a ordem assinada pelo Chefe do Executivo dita a renovação do mandato de Io Weng San. A ordem executiva entre em vigor no próximo dia 20 de Dezembro. PUB
2ª Vez publicado no dia 2012-12-15 ANÚNCIO Autos de Execução Fiscal n.º
2011/93/011667/90 REF ___________________
Exequente: Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, sito na Rua Dr. Pedro José Lobo, nº 1-3, Ed. Banco Luso Internacional, 6º andar, Macau. --------------------Executado: LEE IN LEONG, masculino, casado, titular do B.I.R.M., residente na Rua da Silva Mendes nº 33, Edif. Grand View Garden, 7º Andar “D”, Macau. -----------------------------*** ----FAZ-SE SABER que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos dos Executados para, no prazo de QUINZE DIAS, que começam a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenha garantia real e que é o seguinte: ------------------IMÓVEL PENHORADO ----Denominação da fracção autónoma: “D7” do 7º andar “D” (1/2 fracção). ----------------------------------------------------Situação: sito em Macau, N.º 33 da Rua da Silva Mendes, Edif. Grand View Garden. --------------------------------------------Finalidade: Habitação. --------------------------------------------Número de matriz: 37831. ----------------------------------------Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: n.º 19596 a fls. 63V do Livro B41. -----------------------A registada a favor do executado pela inscrição: n.º 6565 a fls. 149V do Livro G91A. ---------------------------------------* Na R.A.E.M., 2 / Dezembro / 2020
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Quarentena TNR e residentes vão para hotéis diferentes
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COVID-19 GOVERNO COMPROU VACINAS PRODUZIDAS NA CHINA, EUROPA E ESTADOS UNIDOS
Lei da oferta e da procura
As farmacêuticas Sinopharm, BioNTech e AstraZeneca foram as escolhidas para vacinar a população de Macau contra a covid-19. A cada uma foram compradas 400 mil doses, esperando-se que as primeiras cheguem antes de Março. Menores de 16 anos e grávidas não vão ser vacinados
O
Governo encomendou 400 mil doses de vacinas contra a covid-19 à Sinopharm, BioNTech e AstraZeneca, anunciou ontem a coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. Um dos aspectos destacados pelo Governo é o poder de escolha resultante da oferta que será disponibilizada. “A população pode escolher qual a vacina que quer que seja administrada”, avançou Leong Iek Hou, ressalvando que isso só será possível quando houver mais de um tipo de vacina disponível. Prevê-se que as vacinas do grupo Sinopharm – fabricadas em Pequim – cheguem até Março do próximo ano. Seguem-se as vacinas de RNA mensageiro, da BioNTech, adquiridas à Fosun Pharma e produzidas na Alemanha, França e Bélgica. Esta remessa tem data de chegada mais indefinida, primeiro semestre do próximo ano. A terceira vacina, feita com base num vector modificado de adenovírus, é da farmacêutica Astrazeneca e chega a Macau no
segundo ou terceiro trimestre de 2021. O agente de venda é de Hong Kong, e o produto é fabricado nos EUA. Por motivos de confidencialidade, Leong Iek Hou não revelou o orçamento para a compra destas vacinas. A sua administração é voluntária, e os residentes estão isentos de pagamento. No entanto, as autoridades continuam sem assegurar gratuidade para trabalhadores não residentes. Macau aderiu à aliança para vacinas e imunização da Organização Mundial de Saúde em Julho, e em
A vacinação é voluntária, e os residentes estão isentos de pagamento. No entanto, as autoridades continuam sem assegurar gratuidade para trabalhadores não residentes
Setembro adquiriu cerca de 200 mil doses, tendo já pago o depósito. Porém, prevê-se que as vacinas no âmbito da COVAX cheguem apenas entre Outubro e Dezembro do próximo ano.
UMA FATIA DE FORA
As autoridades adiantaram ontem novidades em relação aos indivíduos com prioridade para a administração da vacina. “Os grupos de pessoas altamente expostas ao risco e com maiores necessidades são os primeiros destinatários da vacina, nomeadamente o pessoal da linha da frente: profissionais de saúde, bombeiros, polícias”. As autoridades de saúde apontam também como “grupos altamente expostos no trabalho” funcionários na área do transporte de mercadorias ou que contactam com produtos congelados e refrigerados. O terceiro grupo são residentes que têm de sair de Macau para ir ao estrangeiro. “Depois da administração da vacina destes três grupos de pessoas com maior necessidade é que vamos efectuar a vacinação de toda a população”, disse Leong Iek Hou.
No entanto, dados recentemente conhecidos afastam uma parte da população do plano de inoculação. Assim sendo, ficam de fora menores de 16 anos, grávidas, e mulheres que pretendam engravidar nos três meses seguintes. A administração urgente de vacinas foi posta de parte. Já não se considera “premente” porque, entretanto, os ensaios clínicos estão finalizados. A coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença apontou que não será exigido às farmacêuticas que forneçam de uma só vez as 400 mil doses adquiridas, pelo que haverá fases de entrega diferentes. Também vai ser tido em conta o espaço para armazenamento e conservação das vacinas. Apesar de não haver planos para exigir vacinação a quem vier a Macau, o médico Alvis Lo Iek Long não afasta essa possibilidade. Salomé Fernandes
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partir de domingo passam a existir dois cenários para quem faz quarentena: hotéis designados e hotéis “à escolha” pelos interessados. No entanto, não vai ser dada opção aos trabalhadores não residentes, que ao contrário do que acontecia até agora ficam afastados dos hotéis designados. “Quanto aos hotéis designados só são destinados aos residentes de Macau e seus acompanhantes”, disse Lau Fong Chi, representante da Direcção de Serviços de Turismo (DST). O preço deste alojamento mantem-se. São abrangidos o Pousada Marina Infante, Hotel China Coroa d’Ouro, Hotel Tesouro, Regency Art, Grand Coloane Resort e o Royal Dragon. O outro grupo de hotéis abrange o Sheraton e o Lisboeta. É aqui que os trabalhadores não residentes vão ficar em observação médica à chegada, pagando o alojamento por conta própria. Os residentes de Macau que quiserem podem optar por ficar nestes hotéis também, tendo de pagar os custos. “Os dois hotéis vão fixar os preços de acordo com o mercado”, disse Lau Fong Chi, acrescentando que o custo por noite para um quarto normal, incluindo pequeno-almoço, vai rondar as 700 patacas. Se forem contabilizadas 13 noites, o valor total chega a 9.100 patacas. Note-se que a observação médica nos hotéis designados custa 5.600 patacas. Este novo regime, que começa dia 20 de Dezembro, será avaliado em finais de Janeiro. “Ao longo do tempo temos recolhido opiniões e muitas apelam à existência de outra modalidade de isolamento em hotéis, não apenas nos designados”, justificou a representante da DST. Além disso, indicou que foram tidas em conta experiências de territórios vizinhos e que se considera esta alternativa “pertinente”. Note-se que o Lisboeta, que ainda não abriu, em princípio só vai receber indivíduos para observação médica, enquanto o Sheraton vai separar blocos do hotel para não haver mistura com clientes. S.F.
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terça-feira 15.12.2020
A DSEJ diz que as escolas têm autonomia para escolher a língua de ensino, e que nunca foi obrigatório que as aulas fossem dadas em mandarim. O organismo defende que as exigências académicas passam pela “necessidade de equilíbrio” com o cantonense – que se diz ter “grande riqueza cultural”
ENSINO NEGADA OBRIGATORIEDADE DE AULAS EM MANDARIM
TIAGO ALCÂNTARA
Línguas livres
E
M resposta a uma interpelação escrita por Sulu Sou, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) nega que alguma vez tenha obrigado escolas a ensinar em mandarim. “A DSEJ nunca obrigou escolas a ministrarem o ensino da disciplina de Chinês, em mandarim, nem lhes exigiu que ensinassem outras disciplinas em mandarim”, afirmou o director da DSEJ, Lou Pak Sang. Em resposta, o director da DSEJ explica que as exigências de competências académicas destacam a “necessidade do equilíbrio entre o cantonense e o mandarim”, passando os objectivos curriculares pelo uso fluente do cantonense e utilização do mandarim para comunicação básica. Lou Pak Sang apontou que as escolas podem desenvolver os seus próprios currículos e escolher a língua de ensino, garantindo que as políticas do Ensino da Língua na Área do Ensino Não Superior “enfatizam a importância da conservação dos hábitos e das tradições na utilização da língua, falada e escrita, em Macau”. Neste âmbito, Lou Pak Sang disse que a DSEJ lançou vários materiais didáticos impressos em caracteres chineses tradicionais. Olhando para os últimos dez anos, o director aponta que foram organizados 450 cursos de formação e workshops para professores de chinês, com mais de 16 mil participantes. De entre estas iniciativas,
Imobiliário Cerca de 300 residentes burlados na Grande Baía
mandarim, e usarem pelo menos uma língua estrangeira, como o português ou inglês, para “aumentar a competitividade”.
RIQUEZA CULTURAL
Em interpelação escrita, Sulu Sou tinha pedido para o Governo estudar a inclusão do cantonense na lista do património cultural intangível. A DSEJ declarou que de acordo com a UNESCO, a língua não é incluída como património cultural imaterial, mas que o Instituto Cultural (IC) destaca ainda assim a função “transportadora” da língua e enquanto intermediária desse património. A lista de património intangível de Macau conta com 70 manifestações culturais, entre elas o teatro em Patuá e a Ópera Cantonense. “O dialecto de cantonense, na qualidade de uma língua regional de grande peso, cuja fonologia e vocabulário contêm uma grande riqueza cultural tradicional. É visto, portanto, como uma transportadora de tradição verbal e uma forma de expressão regional, muito caracterizado pela típica cultura local”, responde Lou Pak Sang. A resposta indica que as autoridades não fecham portas à inclusão no inventário do património intangível de outros projectos considerados tradicionais, com o IC a apontar que vai aproveitar para registar e estudar “lendas, baladas, enigmas e contos populares” expressos em cantonense. Salomé Fernandes
info@hojemacau.com.mo
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50 abrangeram “o estudo dos assuntos de Macau, o ensino das características do dialecto cantonense, a língua e cultura locais e a promoção do património cultural através de visitas de estudo e de aprendizagem a
Cerca de 300 residentes que compraram lojas em Zhongshan alegam ter sido vítimas de burla. As queixas foram feitas ontem, através de uma conferência de imprensa, em que foram deixadas críticas ao Governo de Zhongshan. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, uma representante dos proprietários, de apelido Chan, pediu ajuda ao Governo de Macau para negociar com o Governo Central com vista a devolver os montantes investidos ou assegurar que a compra de imóveis é efectivamente concretizada. Por outro lado, Chan criticou ainda o Governo de Zhongshan por ignorar a situação, apesar de os investidores se sentirem lesados. Ainda de acordo com a porta-voz, os quatro prédios em causa foram construídos pelo mesmo promotor e o valor desembolsado pelos burlados é superior a 100 milhões de renminbis.
diversos locais, que contaram com a participação de mais de 1.600 pessoas”. A DSEJ promete continuar a apoiar as escolas no sentido de permitir aos alunos aprenderem simultaneamente cantonense e
O director da DSEJ explica que as exigências de competências académicas enfatizam a “necessidade do equilíbrio entre o cantonense e o mandarim”, passando os objectivos curriculares pelo uso fluente do cantonense e utilização do mandarim para comunicação básica
DSEJ Três infracções no Programa de Aperfeiçoamento Contínuo
Desde que a fase mais recente do Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo começou, em Setembro, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) efectuou mais de 300 inspecções em 100 instituições educacionais. Durante as fiscalizações foram descobertas três infracções. Segundo o canal chinês da TDM, o chefe da Divisão de Extensão Educativa destes Serviços, Wong Chi Iong, informou que as infracções envolveram conteúdos de divulgação dos cursos, assim como discrepâncias entre os calendários das aulas e as mesmas, que tinham sido previamente aprovadas pelas DSEJ. O responsável apontou ainda que a nova medida de registo de presença com recurso ao BIR tem produzido efeitos positivos, sendo que 10 por cento dos alunos viram presenças anuladas, devido a chegadas antecipadas ou atrasadas.
AVISO N.° 51/AI/2020 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se os infractores abaixo discriminados:--------------------------------------------------1. Mandado de Notificação n.° 708/AI/2020: HU CHUANG, portador do Passaporte da RPC n.° G55059xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 48/DI-AI/2019, levantado pela DST a 04.03.2019, e por despacho da signatária de 26.11.2020, exarado no Relatório n.° 737/DI/2020, de 24.11.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua Cidade de Coimbra n.° 342, Edf. Kam Yuen, 13.° andar L onde se prestava alojamento ilegal.------------------------------------------------------------ 2. Mandado de Notificação n.° 867/AI/2020: HE RENYIN, portador do passaporte da RPC n.° G55110xxx e do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W52343xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 80/DI-AI/2019, levantado pela DST a 01.04.2019, e por despacho da signatária de 26.11.2020, exarado no Relatório n.° 881/DI/2020, de 23.11.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua Cidade de Coimbra n.° 416, Jardim Brilhantismo, 4.° andar Y, Macau onde se prestava alojamento ilegal. ----------------------------- 3. Mandado de Notificação n.° 868/AI/2020: LUO, HONGBING, portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C72608xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 58/DIAI/2019, levantado pela DST a 12.03.2019, e por despacho da signatária de 26.11.2020, exarado no Relatório n.° 882/DI/2020, de 23.11.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Avenida Sir Anders Ljungstedt n.os 297-303, L’Arc Macau, 47.° andar B, Macau onde se prestava alojamento ilegal. ----------------------------------------------------------------------Pelo mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 10 de Dezembro de 2020.
A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
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Olhares para d FRC CINCO ARTISTAS REFLECTEM O IMPACTO DA COVID-19 EM MOSTRA COLECTIVA
O impacto da covid-19 na sociedade estará amanhã em destaque na Fundação Rui Cunha, através da exposição colectiva “Safe As”. Cinco artistas apresentam uma reflexão sobre temas como o uso de máscara, vida enclausurada e comunicação virtual
A
Fundação Rui Cunha inaugura amanhã, às 18h30, a exposição colectiva “Safe As”, o resultado de um projecto de artes plásticas que reflecte sobre diferentes experiências da pandemia, com a assinatura da 10 MARIAS Associação Cultural. A mostra colectiva apresenta dez peças de cinco artistas: Bruno Oliveira, Célia Brás, Marieta da Costa, Mónica Coteriano e Patrícia Soares. “Desde o primeiro alerta sobre o vírus Covid-19, até à actualidade, o impacto em todas as nações tem sido intenso e revela consequências na forma como as pessoas vivem o seu dia-a-dia, como comunicam, como se deslocam, como trabalham, como lidam com os diferentes problemas e situações, nunca antes vividos. A exposição pretende dar continuidade às muitas reflexões sobre o tema”, descreve a Fundação Rui Cunha em comunicado (FRC). A mostra conta com diferentes formas de expressão artística, como instalações de peças, um mural com fotografias e recortes de jornais. Os espaços que compõem a mostra abrangem um camarote de projecção
com capacidade para duas pessoas, onde será exibido o vídeo “Mask off”, realizado ao longo dos últimos oito meses e que reflecte sobre a vida das máscaras. O trabalho foi “bastante colaborativo”, envolvendo a troca de opiniões, explicou Patrícia Soares ao Hoje Macau. O fio condutor entre os diferentes trabalhos é a escolha dos materiais, já que a máscara foi utilizada por todos. “Todas as máscaras foram recicladas, reutilizadas, devidamente desinfectadas e trabalhadas em cada uma das peças. E depois atendendo à simbologia, à mensagem, outros materiais foram sendo adicionados, mas sempre com
“Todas as máscaras foram recicladas, reutilizadas, devidamente desinfectadas e trabalhadas em cada uma das peças.” PATRÍCIA SOARES
Óbito Morreu o escritor John le Carré aos 89 anos
O escritor britânico John le Carré, um dos autores mais proeminente de ficção de espionagem em inglês, morreu, aos 89 anos, informou ontem o seu agente. De acordo com a agência do escritor, a Curtis Brown, David Cornwell, que assinava como John le Carré, morreu no sábado na Cornualha, no sul da Inglaterra. John le Carré trabalhou para os serviços de inteligência britânicos antes de levar a sua experiência para a ficção em obras como “A Toupeira” e “O Espião que Veio do Frio”. "É com grande tristeza que devo anunciar que David Cornwell, conhecido em todo o mundo como John le Carré, morreu, após uma breve doença (não relacionada a Covid-19) na Cornualha na noite de sábado, 12 de Dezembro de 2020. Ele tinha 89 anos. Os nossos pensamentos estão com seus quatro filhos, suas famílias e sua esposa, Jane", disse Jonny Geller, presidente da Curtis Brown Group, a agência do escritor.
uma coerência visual e de mensagem bastante forte”, explicou Patrícia Soares. De acordo com a nota da FRC, a curadora da instalação artística, Mónica Coteriano, apontou como principais temas a máscara, enquanto símbolo mundial deste ano, a nova realidade da vivência enclausurada e as suas consequências para a sociedade, bem como a comunicação virtual ao nível do relacionamento em termos laborais e pessoais. Além de ser dada voz à preocupação ambiental associada ao desperdício das máscaras, que se tornaram um bem essencial, são também abordadas outras problemáticas, como a saúde mental. Uma instalação representa os quatros
pilares da saúde mental a serem pensados. O objectivo é “a reflexão construtiva e importante, porque existem consequências na vida das pessoas”, observou Patrícia Soares.
URGÊNCIA NA REFLEXÃO
A 10 MARIAS Associação Cultural é um projecto sem fins lucrativos, nascido em 2016, com iniciativas ligadas às artes visuais, performativas, dança, música ou novas tecnologias. Esta exposição surge de uma “necessidade ou até de uma certa imposição que a questão da pandemia trouxe a todos nós: o olhar para dentro”. A impossibilidade de trazer artistas de fora e a introspecção a que os tempos conduzem potenciou o
projecto “Safe As”.“A questão da pandemia foi unânime para todas nós porque achamos que é um tema absolutamente urgente em termos de reflexão”, disse Patrícia Soares, acrescentando o destaque da natural aposta no talento local. Com este olhar para dentro surgiu uma percepção: “havia de facto em todas nós uma forte vertente artística”. Um factor transversal às criadoras é a ligação a contextos de design, arquitectura, moda, expressões artísticas e dança. A artista reconheceu ainda o apoio da Fundação Rui Cunha, onde a exposição está patente ao público até ao dia 8 de Janeiro. Salomé Fernandes
info@hojemacau.com.mo
PALESTRA VARGAS LLOSA E FERNANDO SAVAT
O
filósofo Fernando Savater, o escritor Mario Vargas Llosa e a eurodeputada Maite Pagaza criticaram ontem o nacionalismo e o populismo, numa cerimónia que celebrou os 20 anos da entrega do prémio Sakharov à organização espanhola “BastaYa!”. Numa palestra que será divulgada na Internet (bastaya2020.info), o prémio Nobel da Literatura Mario Vargas Llosa defendeu que União Europeia é um projecto “profundamente democrático” que se encontra ameaçado
por movimentos nacionalistas que “conspiram contra essa democracia inspirada na legalidade e na liberdade”. O Nobel peruano falava numa cerimónia que recorda a entrega, em 2000, do prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento ao movimento espanhol BastaYa!, que une pessoas de vários quadrantes políticos contra o terrorismo e a violência e contra a proposta de um estatuto autónomo para o País Basco. Varga Llosa disse que o movimento Bas-
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dentro
ATER CRITICAM NACIONALISMOS taYa! é a prova de que “um grande número de bascos que defendem a democracia, que são pela liberdade, mas que de forma alguma aceitam a imposição de um nacionalismo étnico, que, pela violência, quer mostrar a identidade do País Basco perante o mundo”. Contudo, o escritor Fernando Savater acredita que, se fosse hoje, o movimento BastaYa! não teria recebido o prémio Sakharov, por causa do “grande número de populistas”, pessoas que
“não acreditam na cidadania, mas sim na adesão cega a massas mais ou menos amorfas, a que eles chamam de povos, e contradições inventadas”. Aeurodeputada e porta-voz do partido União Progresso e Democracia do Parlamento Europeu Maite Pagaza disse que, perante o aumento dos “partidos de identidade de extrema direita, mas também dos partidos bolivarianos”, é necessário reivindicar “a Europa dos cidadãos, dos indivíduos, com direitos e obrigações”.
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15.12.2020 terça-feira
CÔNSUL DE PORTUGAL APELA A INTERESSE EMPRESARIAL PELO SUDESTE DA CHINA
A ver passar navios
O cônsul de Portugal em Cantão, a terceira maior cidade da China, lamentou ontem o “desconhecimento e desinteresse” dos empresários portugueses pela sua área de jurisdição, uma das mais prósperas e populosas do país asiático
“P
ORTUGAL está muito pouco representado na província de Guangdong e, particularmente, muito pouco representado na cidade de Shenzhen”, explicou André Sobral Cordeiro à agência Lusa. O diplomata falava à margem de um evento de promoção do vinho português realizado num hotel de luxo, situado no distrito financeiro de Cantão, a capital da província de Guangdong. “Alguns países europeus da nossa dimensão, e até mais pequenos, têm 30 ou 40 empresas em Shenzhen”, explicou Sobral Cordeiro. “Isto, economicamente, faz a diferença”, apontou. As declarações do diplomata português surgem numa altura em que a China é a única grande economia mundial a operar em pleno, após ter controlado com sucesso a pandemia de covid-19. O país está também a empreender uma campanha de erradicação da pobreza extrema, que inclui a transferência de grande parte da população rural para áreas urbanizadas, aumentando a necessidade de importar bens alimentares. “O que a China diz é que quer comprar e a China, de facto, precisa de comprar, no sector agroalimentar, onde é mais do que óbvio, mas não só”, afirmou o cônsul. Wolfgang, presidente da Associação de Importação de Alimentos de Guangdong, considerou que, na área dos vinhos, a China passou de um período em que a indústria era controlada por alguns grandes distribuidores, com monopólio nacional, para um período de fragmentação. “Os consumidores procuram agora a diferença, algo novo e com boa relação preço-qualidade”, explicou. Os alimentos embalados são outra área promissora,
defendeu Wolfgang. “Há cada vez mais jovens chineses caseiros, que gostam de consumir ‘snacks’ enquanto assistem televisão ou jogam jogos de computador”, contou.
SER BOM DE BOCA
O líder da Associação de Importadores de Alimentos de Guangdong lembrou que os cantoneses “adoram comer” e que Guangdong é uma província voltada para o comércio externo, com vários
portos de grande dimensão. “Somos uma província muito populosa e temos uma função como centro de distribuição para toda a China”, descreveu. Na ausência de mais iniciativa por parte dos empresários portugueses, investidores chineses desenvolveram nos últimos anos propriedades vinícolas e marcas em Portugal, que são agora vendidas na China. É o caso do empresário de Macau Wu Zhiwei, proprietá-
“Portugal está muito pouco representado na cidade de Shenzhen. Alguns países europeus da nossa dimensão, e até mais pequenos, têm 30 ou 40 empresas em Shenzhen. Isto, economicamente, faz a diferença.” ANDRÉ SOBRAL CORDEIRO CÔNSUL DE PORTUGAL EM CANTÃO
rio da Quinta da Marmeleira, em Alenquer. Lançada em 2015, a Marmeleira produz mais de 200 mil garrafas de vinho, a cerca de 50 quilómetros a norte de Lisboa. Para Carmen Wu, assessora do presidente do conselho de administração da Quinta da Marmeleira, é preciso trazer mais produtos portugueses para a China e promover “vigorosamente” a cultura portuguesa no país asiático. A propriedade vinícola conta já com cem hectares de área de cultivo e pretende continuar a expandir, através da aquisição de terrenos anexos. “O nosso foco não é apenas na província de Guangdong ou Xangai” a “capital” económica do país, explicou. “Queremos vender em toda a China”, disse.
Pena leve a pesos pesados
Regulador multa gigantes de Internet por infracção às leis antimonopólio
O
r e gulador de mercado da China anunciou ontem multas no valor de 500.000 yuans aos gigantes da Internet Alibaba e Tencent, por infringirem leis antimonopólio na aquisição de outras empresas. Em comunicado, a Administração Estatal de Regulação do Mercado apontou que os grupos não reportaram correctamente às autoridades as operações que resultaram na concentração de agentes de mercado em determinados sectores. No caso do gigante de comércio electrónico Alibaba, a investigação centra-se na ampliação da sua participação, através de uma subsidiária, na operadora de centros comerciais Yintai (Intime), em Fevereiro de 2018. O caso da Tencent, detentora do aplicativo Wechat, refere-se à compra do produtor audiovisual New Classics Media, através da subsidiária China Literature, uma plataforma que conecta escritores e leitores, e que tem mais de 200 milhões de usuários. As autoridades concluíram que ambas as empresas não enviaram, conforme exigido pela legislação antimonopólio do país, documentos a especificar as operações, que representaram uma concentração de agentes do mercado, embora “não tenham tido efeito de exclusão ou restrição da concorrência”. O regulador aplicou assim a multa máxima, apesar de o valor ser insignificante, face à dimensão destas empresas - a Alibaba e a Tencent estão avaliadas em mais de 700 mil milhões de dólares. No entanto, trata-se de um sinal de maior supervisão sobre as operações
de mercado do emergente sector digital da China, um dos mais dinâmicos e lucrativos do mundo. “Embora o valor das multas seja relativamente baixo, sinaliza uma fiscalização mais forte sobre o sector da Internet, removendo a mentalidade de ‘esperar para ver’ de algumas empresas, o que produz um efeito dissuasor”, explicou um porta-voz do regulador. A mesma fonte alertou que todas as empresas digitais devem ser fiscalizadas pelas autoridades ao realizarem fusões ou aquisições, inclusive as pequenas e médias empresas, visando evitar a formação de monopólios e o “afogamento” de outras empresas, o que “dificultaria a inovação”.
RELAÇÃO AZEDA
Nos últimos meses, o relacionamento de Pequim com grandes empresas digitais parece ter-se deteriorado. Este mês, o presidente da Comissão Reguladora de Bancos e Seguros (CBIRC) e o número dois do banco central da China, Guo Shuqing, garantiram que a China vai fiscalizar de forma “especial” as ‘fintech’ - empresas de tecnologia que inovam e optimizam serviços do sistema financeiro. Guo afirmou que estas firmas detêm um controlo ‘de facto’ sobre grande quantidade de dados, o que “tende a travar a concorrência e gera lucros excessivos”. Em alguns casos, estas empresas atraem cidadãos com poucos recursos a contraírem empréstimos. As autoridades suspenderam, no mês passado, a entrada em bolsa do Ant Group, operadora da Alipay, no que estava para ser a maior operação de sempre deste tipo.
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terça-feira 15.12.2020
Covid-19 China com 16 casos em 24 horas A Comissão de Saúde da China anunciou ontem ter identificado 16 casos de covid-19 entre domingo e ontem, incluindo dois locais, na província nordeste de Heilongjiang, que registou um novo surto nos últimos dias. Os restantes 14 casos foram diagnosticados em viajantes provenientes do estrangeiro no município de Xangai (leste) e em Pequim (norte) e nas províncias de Sichuan (centro), Mongólia Interior (norte), Zhejiang (leste) e Guangdong. As autoridades chinesas disseram que nas 24 horas entre domingo e ontem, nove pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país se fixou em 313, incluindo sete doentes em estado grave. A Comissão de
Saúde da China não anunciou novas mortes devido à covid-19, pelo que o número permaneceu em 4.634, o mesmo desde maio passado. O país somou, no total, 86.741 infectados desde o início da pandemia, dos quais 81.794 recuperaram da doença.
Acidente Três mortos em embate entre navios
SEGURANÇA PEQUIM CONFIRMA DETENÇÃO DE ASSISTENTE DA AGÊNCIA BLOOMBERG
A pena e a espada
As autoridades chinesas confirmaram ontem a detenção de Haze Fan, assistente da agência Bloomberg, por motivos de segurança nacional. A funcionária do grupo de media, de nacionalidade chinesa, esteve incontactável desde 7 de Dezembro
A
China confirmou ontem que uma assistente da agência de notícias Bloomberg foi detida, por suspeita de “pôr em perigo a segurança nacional”, numa altura de crescente pressão sob os órgãos estrangeiros no país. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin disse que o caso de Haze Fan está actualmente sob investigação e que os seus “direitos e interesses legítimos estão totalmente garantidos”. A agência revelou na semana passada que Fan está incontactável desde 7 de Dezembro e que só foi informada da sua detenção depois de ter perguntando por várias vezes aos departamentos do Governo em Pequim e à embaixada chinesa em Washington.
A União Europeia e a Clube de Correspondentes em Pequim emitiram declarações a expressar preocupação com a detenção de Fan. Wang disse que a UE deve “respeitar a soberania judicial da China e parar de fazer comentários irresponsáveis”. A China só permite que os cidadãos chineses trabalhem como tradutores, pesquisadores e assistentes para organizações de notícias estrangeiras, e não como jornalistas registados, com o direito de realizarem
reportagens de forma independente.
DE ACORDO COM A LEI
Os meios de comunicação chineses são quase inteiramente estatais e rigidamente controlados, e a China é dos países que mais jornalistas prende. “Pelo que sei, Fan é uma nacional chinesa suspeita de se envolver em actividades criminosas que colocaram em risco a segurança nacional da China”, disse Wang, em conferência de imprensa. “O caso está
A China só permite que os cidadãos chineses trabalhem como tradutores, pesquisadores e assistentes para organizações de notícias estrangeiras, e não como jornalistas registados, com o direito de realizarem reportagens.
actualmente sob investigação de acordo com a lei”, acrescentou. Fan começou a trabalhar para a Bloomberg em 2017, após passar por uma série de outras organizações estrangeiras na China. A China deteve assistentes de notícias no passado por reportagens susceptíveis de danificar a imagem do Partido Comunista. As autoridades também têm punido a imprensa estrangeira de forma mais geral, limitando as suas operações, ao expulsar jornalistas, ou emitindo apenas vistos de curto prazo. A China expulsou este ano 17 jornalistas do The Washington Post, The Wall Street Journal e outros órgãos norte-americanos.
Equipas de resgate acorreram ontem à foz do rio Yangtse, no leste da China, para procurar cinco marinheiros desaparecidos, após um embate entre dois navios de carga, que fez pelo menos três mortos. A emissora estatal CCTV difundiu imagens de tripulações a retirar 11 dos 16 marinheiros que estavam a bordo do porta contentores Xinqisheng 69, três dos quais não apresentavam sinais de vida. O Yangtse, o rio com maior tráfego da China, desagua no mar do Leste da China, a norte de Xangai, a “capital” económica do país asiático. A imprensa estatal PUB
noticiou que o motor do navio Oceana deixou de funcionar na noite de domingo, provocando um embate contra o Xinqisheng 69, que se virou e afundou. Este último navio carregava 650 contentores de carga, segundo o jornal oficial China Daily.
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15.12.2020 terça-feira
Quanto a ti, meu amor, podes
Max Bruch (1838-1920)
Compositores e Intérpretes através dos Tempos Michel Reis
O concerto desconhecido CONCERTO PARA VIOLINO E ORQUESTRA NO 3 EM RÉ MENOR, OP. 58
M
AX Bruch manteve um relacionamento constante com dois dos grandes violinistas da sua época, o húngaro Joseph Joachim e o espanhol Pablo de Sarasate. Joachim, uma estrela de grande influência no firmamento musical alemão, claramente respeitava-o, pois deu-lhe muitos conselhos e incentivo ao longo dos anos e ajudou-o a editar as partes a solo, até mesmo de obras destinadas ao seu rival Pablo de Sarasate. Foi para Joachim que Bruch compôs o Concerto para Violino e Orquestra nº 3 em Ré menor, Op. 58, trabalhando nele nos últimos meses da sua estadia em Breslau (hoje Wrocław na Polónia), cidade que deixou em Abril de 1890, antes de se mudar com a sua família para Berlim em Setembro do mesmo ano. Numa carta datada de 12 de Dezembro de 1890 ao seu editor Fritz Simrock, Bruch escreveu: “Voltei do meu descanso de Verão com, entre outras coisas, um Allegro de Concerto em Ré menor... e pensei em dedicá-lo a Joachim. Imediatamente antes da minha partida para a Rússia, estive com Joachim para analisar a obra com ele, e foi decidido expandir a peça para um concerto completo.” Joachim executou os dois primeiros andamentos do Concerto na Hochschule für Musik em Berlim, onde leccionava, em Fevereiro de 1891. Bruch estava presente e pôde fazer ajustes, mas não houve tempo para ouvir o finale até toda a obra ser executada na Hochschule no dia 21 de Abril seguinte. Joachim fez a estreia em Düsseldorf no dia 31 de Maio e posteriormente tocou-a em Hamburgo, Berlim, Frankfurt, Estrasburgo, Breslau, Leipzig, Colónia e Londres. A obra foi publicada por Simrock com uma dedicatória a Joachim, apesar de uma rixa ridícula entre o editor e o violinista, que estava quase loucamente ciumento e injustamente suspeitou que a sua esposa Amalie estivesse a ter um caso com Simrock. Esse comportamento, que resul-
Joseph Joachim, 1890
“O Adagio, inesperadamente em Si bemol maior, é um romance maravilhosamente simples: uma melodia de respiração longa é apresentada pelo solista e elaborada de encontro a um fundo orquestral tranquilo.”
tou no divórcio dos Joachim, provocou um distanciamento entre o violinista e Johannes Brahms e também fez com que a sua amizade com Bruch esfriasse durante algum tempo. O Concerto para Violino e Orquestra no 3 nunca alcançou a proeminência do Primeiro Concerto de Bruch, apesar de ser advogado tanto por Joachim como por Pablo de Sarasate. Excepcionalmente, Bruch inicia o opulento primeiro andamento da obra, marcado Allegro energico, com um tutti orquestral e constrói o andamento na forma-sonata: o primeiro tema, como uma fanfarra, é seguido de forma clássica por um segundo tema lírico, e o violino solo, tendo entrado com um vistoso floreado, reapresenta essas ideias. O motivo da fanfarra é usado de forma bastante portentosa, até mesmo ameaçadora, no desenvolvimento, e o segundo tema oferece muitas oportunidades para o violino voar em arrebatamentos líricos antes do primeiro tema conduzir o andamento a um final dramático. No Inverno de 1890-91, Bruch acrescentou os dois andamentos extras que Joachim havia sugerido. O Adagio, inesperadamente em Si bemol maior, é um romance maravilhosamente simples: uma melodia de respiração longa é apresentada pelo solista e elaborada de encontro a um fundo orquestral tranquilo. No meio, há uma declaração orquestral particularmente adorável dessa melodia, que é então retomada pelo violino solo, e o solista termina o andamento silenciosamente na corda Mi. O finale é um rondó com um tema principal lúdico, quase como uma canção folclórica: dois dos episódios intermediários são muito líricos, proporcionando o máximo contraste, e o solista é obrigado a executar algumas cordas duplas atmosféricas. A conclusão é muito satisfatória, sem ser de todo bombástica.
SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Max Bruch: Violin Concerto No. 3 in E minor, Op. 58 Jack Liebeck, violin, BBC Scottish Symphony Orchestra, Martin Brabbins – Hyperion Records, 2014
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
terça-feira 15.12.2020
vir às quintas-feiras
Paulo José Miranda
A
jovem Margarida Maldonado Mota escreveu um livro «sui generis» entre o ensaio e a poesia. Talvez se possa qualificar «Uma Vírgula no Coração» de ensaio poético e cujo título muito me alegra, pois trata-se de uma migalha de verso meu, no livro «A Arma do Rosto». O poema de onde a migalha lhe caiu no título é precisamente o que dá título ao meu livro, que começa e termina com este verso: «Trazias uma vírgula no coração e o cabelo de modo a mostrar a arma do rosto». Verso que aparece em epígrafe no livro da jovem escritora. Margarida Maldonado Mota – a partir de agora, MMM –, ao longo do seu pequeno livro, 89 páginas, mostra-nos vários modos de nos relacionarmos com a pontuação. Escreve logo no início: «Não se pontua apenas com regras, pontua-se com o coração.» O livro está dividido em vários capítulos: Ponto, Vírgula, Ponto e Vírgula, Dois Pontos, Ponto de Interrogação, Ponto de Exclamação, Reticências. Comecemos pelo fim, por citar um longo excerto do livro, de modo a compreender a escrita de MMM: «As reticências, mais do que silêncio, mais do que um não saber, mais do que interrupção ou tentativa de cortar uma frase, expressam uma tristeza. “Ai, se a vida...” ou “Estivesses tu aqui...” ou ainda “Talvez um dia...”. Exceptuando o primeiro exemplo, que não podia ter outra pontuação, os outros dois poderiam ter, quer ponto final, quer exclamação, mas isso alterava tudo. “Estives tu aqui!” mostra-nos a alegria a querer espreitar pela frecha da exclamação. “Talvez um dia.” é impossível não ver a resignação que aquele ponto de final confere. Mas as reticências não admitem dúvidas de que há ali tristeza com que se coçar. «Estivesses tu aqui...», mas não estás e tudo é triste como andar na vida. «Talvez um dia...», eu possa vir a ser quem não sou, a conseguir fazer o que não faço, mas sei no fundo que nunca vai acontecer e a tristeza com que calamos o que pensamos diz muito bem acerca desta evidência fúnebre. Por isso, não tenhamos dúvidas: onde há reticências há tristeza, ainda que possamos não saber o que dizer acerca dela. Mas para que a tristeza se faça sentir, não podemos usá-la continuamente, como fazemos com o ponto de final. Um texto povoado de tristeza não é nem texto nem tristeza, é alguém exageradamente maquilhado». Julgo que neste excerto conseguimos vislumbrar o que MMM faz ao longo do livro. Não apenas uma especulação reflexiva em torno dos sinais de pontuação, mas também uma especulação poética. Aliás, a própria poesia é reflexiva, como
Pontuação, poesia MARIE KAZALIA, DRAGON
uma asa no Além
escreve a autora: «Os versos devem pensar. E devem fazê-lo tanto com as palavras quanto com a pontuação.» Depois MMM leva-nos por uma curta análise a um verso de Tiago Moledo, de o poema 7 de «Primeiro Livro»: «Leia-se o verso de Tiago Moledo, com que termina o poema 7 do seu “Primeiro Livro”: “Morte, é matar.” Aquela vírgula destabiliza o modo usual de lermos. Inicialmente parece que a vírgula comete o mais alto dos pecados contra a gramática: separa o sujeito do predicado. E, é sabido, nenhum mortal deve separar o que a gramática uniu. Mas é só a um primeiro instante que parece pecado. Rápido nos damos conta de estarmos perante uma construção gramatical que nos obriga a parar e
“Parar de andar sem reparar, parar de ler sem ver. Pensar, no fundo, é começar a ver ou ver de novo ou simplesmente pôr em causa o que dávamos por certo.”
a pensar. Mais do que encontrar o significado daquela vírgula ou do verso, o que importa é fazer-nos parar, fazer-nos pensar. Somos parados por uma vírgula. Só um poeta é capaz de parar alguém com uma vírgula.» Aqui, MMM destrói a ligação entre pensar e encontrar significado. Pensar para a autora não se reduz a encontrar uma direcção, um sentido, a resolver um problema, a encontrar um significado, pensar é parar. Parar de andar sem reparar, parar de ler sem ver. Pensar, no fundo, é começar a ver ou ver de novo ou simplesmente pôr em causa o que dávamos por certo. E autora mostra-nos isso através do uso da vírgula no último verso de um poema de Tiago Moledo. «A pontuação é mais do que a respiração do texto ou a organização lógica do mesmo, é parte do pensamento, parte do pensar.» Acerca do ponto de exclamação, que usualmente lemos como surpresa, efusividade, entusiasmo ou até uma ordem, MMM escreve, parafraseando Edward Albee: «Quem tem medo do ponto de exclamação? Quem vê na sua “falocidade” uma ordem ou um exagero vocal ou encontro entre duas tias de Cascais. Mas o ponto de exclamação pode ser delicado e preciso. Vejam-se estes exemplos: “Que vinho!” Conseguem pensar em mais algum elemento
de pontuação para precisar o sabor que atingiu o sujeito daquela frase? Haverá maior precisão que aquele ponto de exclamação? Um ponto final ali dava cabo do vinho. As reticências seriam capazes de trazer algum mistério, é verdade, mas os três pontos seguidos não se livram de alguma tristeza... Vinho bom tem exclamação, sim. “Que vinho!” E o mesmo podemos dizer de uma mulher – ou de um homem – acerca de outra: “Que mulher!” Mas veja-se um outro exemplo onde além da precisão se introduz delicadeza: “Essa tua toalha de mesa é tão bonita!” ou “Estás tão elegante!” Conseguem imaginar um ponto de final a dar cabo da delicadeza com que a frase é dita e a emoção com que é recebida? O problema não é o ponto de exclamação, mas o seu uso. Parafraseando o poeta: todo o ponto de exclamação vale a pena se a delicadeza não for pequena.» Muitos são os exemplos com que a autora nos vai alegrando ao longo do livro. Muitas as reflexões. É um livro ímpar. Saímos dele a respirar melhor, a pensar mais, a ver de novo muitas coisas que tínhamos há muito deixado de ver, apesar de olharmos para elas diariamente. Resta-me agradecer a Margarida Maldonado Mota por este maravilhoso livro e por ligar um verso meu a ele.
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No meio de uma manifestação na capital da Guatemala, uma criança indígena chora, ilustrando na perfeição a revolta popular contra as autoridades suspeitas de corrupção. Junto às portas da residência presidencial, multidões de manifestantes pedem a demissão do Presidente Alejandro Giammattei, da Procuradora-geral, María Consuelo Porras, e do Ministro do Interior, Gendri Reyes.
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S8 1U7 2D6 O K U 5 3 9 4 19
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PROBLEMA 22
9 6 5 3 1 2 6 7 4 1
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9 3 6 5 1 8 4 7 2
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FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Sotozaki Haruo 14.30, 16.45, 17.15, 21.30
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6 2 7 9 7 3 8 5 4 1 1
1 8 3 5 4 6 7 9 2 9
8 9 6 8 3 1 7 4 2 3 5 1 4
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7 4 2 6 8 5 8 1 3 7 9 4
3 7 5 8 3 2 9 4 6 1 6
4 1 8 9 7 6 3 2 9 2 5
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 21
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4 7 8 2 5 1 THE RENTAL [C] 7 4 2 6 3 9 1 3 6 8 9 5
C I N E M A
THE MOVIE DEMON SLAYER: KIMETSU NO YAIBA MUGEN TRAIN [C]
Um filme de: Dave Franco Com: Dan Stevens, Alison Brie, Shiela Vand 14.30, 16.30. 19.30, 21.30
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Cineteatro 20 SALA 1
6 1 7 5 4 9 3 7 5 2 8 3 7 6 9 1 2 8 5 4 3 4 1 2 9 7 6 8 1 www. 5 2 6 hojemacau. 8com.mo 3 4 9 24
SALA 2
1 8 2 3 7 5 4 1 3 2 9 8 FIND YOUR VOICE [B] 9 1 3 6 8 3 7 9 4 6 5 2 2 7 6 5 5 9 1 4 6 4 8 7 i WeirDO [B]
FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Liao Ming-yi Com: Austin Lin, Nikki Hsich 14.30, 21.30
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FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Adrian Kwan Com: Andy Lau, Lowell Lo, MArk Lui, Hugo Ng 16.30, 19.30
UM JOGO HOJE The Last of Us Part II era um dos jogos mais antecipados do ano e desde Junho que tem polarizado as opiniões dos jogadores. É indesmentível que a mais recente aventura de Ellie e Joel foi trabalhada ao ínfimo pormenor, a jogabilidade está mais desafiante e o enredo é uma montanha russa emocional. Ao contrário do primeiro jogo, que deixava os julgamentos morais de fora, Part II acaba por ter uma mensagem bem mais explícita e de confronto com o próprio jogador. Talvez seja por isso que não é tão consensual. Mas, não deixa de ser um jogo tremendo. João Santos Filipe
THE LAST OF US PART II I NAUGHTY DOG I 2020
8 2 3 4 9 1 6 5 2 8 9 4 7 6 1 3 8 2 5 THE4RENTAL 6 9 1 3 7 7 5 8 6 Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Propriedade Fábrica9 de Notícias, Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; 2 4 1Gonçalo5M.Tavares;JoãoPauloCotrim;JoséDrummond;JoséNavarrodeAndrade;JoséSimõesMorais;LuisCarmelo;MichelReis;NunoMiguelGuedes;PauloJoséMiranda; Gonçalo3 Lobo Pinheiro; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Namora; David 4 7 Romão; 9 Jorge 8Rodrigues 3 Simão;OlavoRasquinho;PaulChanWaiChi;PaulaBicho;TâniadosSantos GrafismoPauloBorges,RómuloSantosAgênciasLusa;XinhuaFotografiaHoje Chan; João Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 5 6deSanto 7 Agostinho, 2 n.º19,CentroComercialNamYue,6.ºandarA,Macau Telefone28752401Fax28752405e-mailinfo@hojemacau.com.moSítiowww.hojemacau.com.mo Morada1 Calçada
opinião 15
terça-feira 15.12.2020
macau visto de hong kong
DAVID CHAN
O
O seu a seu dono
S jornais financeiros anunciaram, no passado dia 11, que o Bank of England, o Banco Central do Reino Unido, acabou de declarar que o sector bancário britânico tem liquedez suficiente para sustentar o impacto negativo da pandemia. Assim sendo, o Reino Unido aprovou a distribuição de dividendos pelos accionistas da entidades bancárias. AAutoridade Cautelar do Banco de Inglaterra acredita, baseada na situação actual, que não há necessidade de prolongar as restrições anunciadas em Março deste ano. E isto porque, após dois testes de esforço, percebeu-se que os bancos estão capacitados para lidar com diferentes condições económicas, incluindo algumas mais graves do que a actual. Como tal, as restrições podem ser suavizadas e os bancos passam a ter espaço para proceder à distribuição de dividendos, embora com algumas cautelas. Depois deste anúncio, pudemos verificar que o preço das acções de dois dos maiores bancos, o HSBC e o Standard Chartered, que cancelaram a distribuição de dividendos em Março, subiram ligeiramente, pelo que os accionistas deverão ter apreciado esta decisão. Embora tenham sido tomadas medidas para permitir o pagamento de dividendos, o Banco de Inglaterra continua a aconselhar prudência neste processo. Antes de os bancos anunciarem os resultados provisórios para 2021, a Autoridade Cautelar continua a fornecer directrizes ao sector bancário e espera que sejam cumpridas. Os dividendos só podem ser distribuídos sob determinadas condições. Obviamente, seguir as directrizes da Autoridade Cautelar implica cumprir condições na distribuição de rendimentos. É lógico que é preferível pagar dividendos sob certas condições do que não os pagar de todo. Ainda nos lembramos do descontentamento dos accionistas de Hong Kong e de Macau, quando em Março o decidiu cancelar estes pagamentos. Alguns deles, fizeram este investimento para usar os dividendos como complemento às suas pensões de reforma. Ao contrário do que se passa em Macau, o Governo de Hong Kong não garante uma boa assistência social à população. Se as pessoas não tomarem medidas atempadamente e ficarem apenas à espera de receber a pensão do Mandatory Provident Fund,
vão ter problemas para sobreviver. Para os pensionistas que investiram nas acções do HSBC o não pagamento do dividendos representou um grande transtorno, por isso o descontentamento foi inevitável. Espera-se que esta distribuição condicional volte aos poucos a reforçar a confiança no HSBC. É evidente que o descontentamento com o sector bancário representa um choque financeiro. Quanto mais subirem os juros, mais desce a confiança nos bancos e maior será o impacto negativo na sociedade. Agora, a Autoridade Cautelar baixou as restrições e permitiu a distribuição de dividendos. Esta medida está obviamente relacionada com o surgimento das vacinas
“É evidente que o descontentamento com o sector bancário representa um choque financeiro. Quanto mais subirem os juros, mais desce a confiança nos bancos e maior será o impacto negativo na sociedade.”
contra a COVID. Esta infecção poderá vir a ser debelada aos poucos, pelo que se espera a retoma socio-económica. Desta forma, o abrandamento das medidas restritivas não é surpreendente. Mas como é lógico, também continuamos a precisar de fazer uma análise objectiva do sistema económico no seu todo. As vacinas não são medicamentos. As vacinas desempenham um papel preventivo, não servem para tratar quem já adoeceu. Só depois de aparecer um medicamento eficaz para tratar a pneumonia provocada pela COVID, é que a espécie humana pode respirar de alívio. Por enquanto a vacina é um passo, mas ainda falta um longo caminho para percorrer. Neste sentido, embora a economia vá recuperar, é um processo que vai levar algum tempo. É impossível que num curto espaço de tempo venhamos a assistir a uma recuperação em pleno. Neste cenário, e do ponto de vista social, os investimentos devem ser cautelosos. É preciso não esquecer que a recuperação económica vai levar algum tempo e a COVID ainda não está sob controlo. Os riscos durante esta fase são maiores; uma cuidadosa gestão financeira é boa cada um de nós e também para a sociedade no seu todo.
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
“O amor é o infinito ao alcance dos ‘caniches’. Louis-Ferdinand Céline
PALAVRA DO DIA
Ambiente Greta doou meio milhão de euros do Prémio Gulbenkian a ONGs
Portugal Desemprego nos 7,2% em 2020 e 8,8% em 2021
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activista sueca Greta Thunberg doou 500 mil euros que recebeu do Prémio Gulbenkian para a Humanidade a dez organizações ambientais. Ao agradecer a atribuição do Prémio Gulbenkian para a Humanidade, Greta Thunberg revelou que iria aplicar o montante do prémio, no valor de um milhão de euros, em projectos de combate à crise climática e ecológica, tendo agora decidido entregar meio milhão a organizações apoiadas pela sua fundação, do Brasil, Bangladesh, Índia, Maurícias e vários países africanos que se decidiam a causas ambientais e humanitárias. Em comunicado, a Fundação Gulbenkian revela que a SOS Amazonia campaign (da Fridays for Future Brazil) e o Stop Ecocide Foundation, que se têm destacado no combate à Covid-19 na Amazónia e no esforço para tornar o ecocídio um crime internacional, respectivamente, foram as duas primeiras organizações a receberem 100 mil euros, cada. Mais 100 mil foram doados para as vítimas das inundações na Índia e no Bangladesh através das organizações não-governamentais BRAC Bangladesh, a Goonj, e a Action Aid India e a Action Aid Bangladesh. O desastre ecológico provocado pelo derrame de petróleo nas Maurícias, no Verão, mereceu também a atenção da Fundação Greta Thunberg, tendo sido atribuídos 10 mil euros numa campanha de recolha de fundos para aquisição de equipamento capaz de remover o óleo da costa. A Fundação Thunberg doou também 150 mil euros, repartidos, em parte iguais, por três organizações não-governamentais que prestam apoio às vítimas das alterações climáticas em África.
terça-feira 15.12.2020
Na China foram presos 117 jornalistas (com título profissional ou não), no Egipto foram detidos 30, na Arábia Saudita 34, no Vietname 28 e na Síria 28
Atrás das grades
Desde Janeiro foram presos 387 jornalistas em todo o mundo - Repórteres Sem Fronteiras
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ESDE Janeiro foram presos 387 jornalistas em todo o mundo, um número que se manteve inalterado durante a maior parte do ano apesar do aumento das prisões arbitrárias ligadas à crise sanitária, refere o relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras. De acordo com os dados da organização não-governamental com sede em França, cinco países destacam-se pela pressão e pelo número de prisões de jornalistas pelo exercício da função de informar. Na República Popular da China foram presos 117 jornalistas (com título profissional ou não), no Egipto foram detidos 30, naArábia Saudita 34, no Vietname 28 e na Síria 28. “O número de jornalistas detidos em todo o mundo continua a manter elevados níveis históricos”, denuncia a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). “As mulheres, em número cada vez mais alto na profissão, não são poupadas”, refere o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, em comunicado.
De acordo com o relatório divulgado ontem, 42 jornalistas “estão actualmente privadas de liberdade”, quatro das quais na Bielorrússia, país marcado pelas pressões políticas do regime de Alexandre Lukashenko. Em 2019, 31 mulheres foram presas durante o exercício da profissão. Destaca-se também o número de prisões de jornalistas por causa de notícias ou investigações ligadas à actual crise pandémica. Neste caso, 14 jornalistas continuam “atrás das grades”, sete dos quais na República Popular da China.
O OUTRO VÍRUS
A organização lançou no passado mês de março o “Observatório 19”, dedicado a casos de perseguição, detenção e pressão contra jornalistas devido a notícias sobre o SARS CoV-2. O estudo refere em concreto “mais de 300 incidentes directamente ligados à cobertura jornalística da crise sanitária” entre Fevereiro e o fim de Novembro e que afectou directamente 450 profissionais.
“As interpelações e prisões arbitrárias” que representam “35 por cento dos abusos relatados “ (violência física e moral), “multiplicam-se por quatro entre Março e Maio”, indica o documento da RSF. As leis de excepção ou as medidas de urgência adoptadas na maior parte dos países para contenção da pandemia “contribuíram” para “confinar a informação”, alerta o relatório. Por outro lado, “pelo menos 54 jornalistas estão actualmente sequestrados” na Síria, no Iémen e no Iraque, um número que baixou 5 por cento em relação ao ano passado.De acordo com a organização não-governamental, quatro jornalistas desapareceram em 2020, ao contrário de 2019 em que não ocorreu nenhum desaparecimento. Os quatro profissionais desaparecidos foram identificados pela RSF e são originários do Médio Oriente, África e América Latina.
A taxa de desemprego deverá ficar nos 7,2 por cento em 2020, uma revisão em baixa face aos números anteriores, e subir para os 8,8 por cento em 2021, de acordo com as previsões do Banco de Portugal (BdP) ontem divulgadas no Boletim Económico. Os números do Banco de Portugal contrastam com os revelados em Outubro pela instituição, que esperava que a taxa de desemprego fosse de 7,5 por cento em 2020, ao passo que o Conselho das Finanças Públicas (CFP) aponta para 10 por cento, o Governo para os 8,7 por cento, o Fundo Monetário Internacional (FMI) para os 8,1 por cento, a Comissão Europeia (CE) 8 por cento e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) 7,3 por cento. Para 2021, além da previsão do BdP, a OCDE aponta para uma taxa de desemprego de 9,5 por cento, o CFP de 8,8 por cento, o Governo de 8,2 por cento, e o FMI e a Comissão Europeia de 7,7 por cento. De acordo com o banco central, depois do aumento, a taxa de desemprego deve reduzir para 7,4 por cento em 2023.
Terrorismo Pelo menos 27 pessoas morreram em ataque do Boko Haram
Pelo menos 27 pessoas foram mortas durante a noite de sábado num ataque do grupo ‘jihadista’ Boko Haram na região de Diffa, no sudeste do Níger, perto da Nigéria, disseram ontem as autoridades locais. “Há oficialmente 27 mortos, alguns feridos e vários desaparecidos neste atentado que é obra do Boko Haram”, disse um funcionário de Toumour, onde se realizou o ataque, no dia em que decorrem eleições municipais e regionais no Níger. “Algumas vítimas foram mortas ou feridas a balas, outras foram carbonizadas dentro das cabanas, ficando totalmente consumidas pelas chamas de um grande incêndio provocado pelos agressores”, disse a mesma fonte, que referiu ainda que entre 800 e 1.000 casas foram incendiadas, assim como o mercado central e diversos veículos. “Os agressores, cujo número é estimado em cerca de 70, chegaram a Toumour por volta das 18h45 de sábado, horário local (17h45 hora de Portugal continental) a pé, depois de atravessar a nado (as águas do Lago Chade)”, segundo o funcionário municipal.