Hoje Macau 16 JAN 2016 #3734

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 16 DE JANEIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3734

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MANUEL PORTO | PROFESSOR E EX-EURODEPUTADO

SOFIA MOTA

O mundo será multipolar

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Coutinho quer mais PÁGINA 4

GRIPE DAS AVES

TEM, NÃO TEM? PÁGINA 9

CHINA

Só há uma e nada mais PÁGINA 13

Rimbaud e os assassinos PUB

h AMÉLIA VIEIRA

hojemacau RECUSADA RESIDÊNCIA A CRIANÇA ADOPTADA POR CASAL PORTUGUÊS

Filho de um sangue menor O Tribunal de Última Instância recusou a residência permanente a uma criança adoptada por um casal português. O recurso foi interposto pela Secretária para a Administração e Justiça, depois da Segunda Instância ter opinado de modo diferente, contra

uma primeira decisão dos Serviços de Identificação. É que, argumenta o TUI, os pais biológicos não eram residentes. E o que importa é o sangue. A adopção por cidadãos de Macau, pelos vistos, não conta para o efeito.

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

AJUDAS DE CUSTO

ENTREVISTA


2 ENTREVISTA

MANUEL PORTO

Vivemos tempos de mudança de paradigma, tanto em termos económicos, como políticos. O HM falou com Manuel Porto, especialista em assuntos europeus e antigo eurodeputado, sobre os principais desafios que se avizinham Macau é tida como a ponte entre a China, o mundo lusófono e a Europa, através de Portugal. Acha que esta ponte é real, que é um papel assim tão importante ou mero protocolo? Realmente, não parece ser preciso, porque nada impede que haja mesmo uma relação entre Pequim e Lisboa. Mas é bom que haja uma entidade como Macau, com a História que tem. Vale a pena lembrar que os dois países do futuro vão ser a China e a Índia. Neste momento a China ainda está a crescer 6,7 por cento ao ano, enquanto a Índia cresce 7,7 por cento. Pouca gente presta atenção a isto, mas o último país da Europa a deixar de estar na China e na Índia, as duas grandes potências do futuro, foi Portugal. A Índia tornou-se independente da Inglaterra em 1947, mas Goa, Damão e Diu só foram integrados na Índia em 1961. O caso de Macau é um caso extraordinário. Quando se deu o 25 de Abril, a ideia proposta pelo MFA era imediatamente entregar a independência de Angola, Moçambique e todos os territórios ultramarinos. Na altura, o chefe de Estado da China era um senhor chamado Mao Zedong, muito conhecido cá no sítio. Na sequência da vontade expressa por Portugal, Mao mandou um recado para Lisboa a dizer que nós saíamos quando ele quisesse. Acabámos por ficar cá mais 25 anos. Vivemos tempos interessantes, de mudança de paradigmas. Considera que estamos numa era perigosa?

“O mundo nunca esteve tão bem como agora” Há uma tendência para achar que o mundo está pior, o mundo nunca esteve tão bem como agora. Hoje não morre ninguém de fome na Índia, por exemplo. Conheço muito bem a Índia, aliás, a minha mulher é indiana, a obra da Madre Teresa de Calcutá em Bombaim foi montada na paróquia de um tio meu, um irmão do meu sogro, o tio Paulo. Vou sempre passar uma semana, ou duas, à Índia nos últimos 30 anos, desde 1987, e posso-lhe dizer que não se pode comparar a pobreza de Bombaim há 30 anos e agora. A China também teve um progresso incrível. Sei que estes dois países não são o mundo inteiro, mas, o facto é que têm um terço da população mundial. Parece que o século XXI traz uma nova ordem mundial. Sim, dentro deste quadro global estamos a entrar num mundo diferente, há muitos poderes. O mundo do século XX era relativamente simples, era um mundo tripolar economicamente. Tínhamos os Estados Unidos, a Europa no seu conjunto e o Japão. Militarmente era bipolar, com os dois grandes blocos da União Soviética e dos Estados Unidos, a Europa não contava neste âmbito. Este mundo que se avizinha será multipolar, temos de ter noção disso, não haverá uma nação prevalecente, em vez disso teremos várias, seis ou sete. Agora, o problema que se põe é dentro dos países haver um certo sentimento de rejeição dos outros. Acho que o maior problema é a xenofobia e a falta de acolhimento. Por exemplo, com a crise dos refugiados na Europa, isso era algo que não era próprio da Europa, e é talvez aquilo que mais me preocupa.

Como vê a inoperância europeia em relação à crise dos refugiados? Não é drama nenhum acolher aquela gente, eles podem, perfeitamente, ser integrados. Neste plano era de esperar maior abertura dos países da Europa. Se pensarmos no caso particular dos refugiados sírios, eles são pessoas que se integram com facilidade, não são assim tão diferentes de nós, assim como as pessoas provenientes dos

“O último país da Europa a deixar de estar na China e na Índia, as duas grandes potências do futuro, foi Portugal.”

países todos ali da zona. Acho que Europa aí não está a andar bem e está-se a criar uma tremenda má vontade contra os refugiados. Porque, apesar de tudo, somos um continente muito rico. Enfim, sempre temos as nossas limitações, o desemprego é grande, mas está na casa dos seis, sete por cento. Ainda assim, penso que temos todas as condições para assumir uma posição de abertura. Claro que a melhor solução seria resolver o problema na origem, evitar a existência de refugiados. A Europa até tem uma história recente de integração, por exemplo, um dos êxitos da política europeia foi a forma como lidou com a emigração dos países da periferia para o centro. Algo que, praticamente, deixou de haver, começando por Portugal e Espanha. Emigraram de Portugal, entre 1960 e 1976, 1,5 milhões de pessoas, grande parte para a Europa, e houve esse acolhimento. Aí, mais uma vez, Portugal deu ao mundo um belo exemplo, não sei se na história da Humanidade há algum caso como o português de 1975, quando vieram do Ultramar português 800 mil pessoas para uma população de nove milhões. Nessa altura não havia tanto emprego como isso e esse fluxo, quase dez por cento da população, foi integrado. Portugal tem muitos méritos na história, creio que este é um deles. Como vê o crescimento do populismo na Europa? A eleição de Donald Trump e o Brexit são sinais preocupantes. O eleitorado americano e britânico não votou em função dos candidatos, ou da pergunta do referendo. Em vez disso, exprimiram através do voto um sentimento de revolta,

de angústia, de mal-estar. Nesse domínio é de salientar que há um país na Europa que não permite referendos, a Alemanha. A ilustre Alemanha, que dominou a cultura europeia no século XX, teve uma experiência desastrosa, a pior que há no século XX, nascida de um referendo. Isto é horrível de se dizer, em particular para um democrata convicto, mas uma pessoa começa a ter medo quando o povo vai todo votar desta forma. Votaram para se verem livres dos emigrantes, porque não querem acolher pessoas, com um profundo sentimento xenófobo. A eleição de Donald Trump foi a mesma coisa. Como é que ele ganhou aquilo? A senhora Clinton é uma pessoa sensata, com experiência dada, fez um bom lugar na administração Obama. É preocupante. Como chegámos a este estado? Olhe, eu vivia na Inglaterra quando foi o referendo de 1975 e, na altura, o voto foi de 67 por cento a favor da integração europeia, ou seja, mais de dois terços a favor. Na altura, um discurso de um antigo primeiro-ministro inglês, Macmillann, onde falou, celebremente, do “efeito de chuveiro frio”, motivou muita gente a votar pela integração na Europa. A ideia é que o isolamento faria o Reino Unido perder competitividade mundial, mesmo face à Alemanha e a França. Ou seja, a entrada na Europa seria preponderante para estimular a economia. O problema agora voltará a ser esse. Como é que a indústria inglesa compete? Neste momento, o Reino Unido tem o maior deficit na balança de pagamentos correntes de toda a Europa, 146 mil milhões. Apesar de ter superavit nos serviços bancários, os saldos das transacções de mercadorias são um desastre. Nesse aspecto interessa à Europa estudar o êxito orçamental alemão, que tem o maior superavit do mundo, acima do chinês. Isto apesar de ter uma mão-de-obra muito cara. Poderá o ambiente de instabilidade política ser consequência de grandes desigualdades económicas? É evidente que há muita desigualdade na China, por exemplo, até porque antigamente viviam sob o signo da grande igualdade. Fui educado a sofrer por ver pobres a morrer de fome, penso que estamos muito melhores hoje em dia. Quanto às desigualdades económicas, elas são naturais, mas depois do crescimento virá o equilíbrio. Basta ver quais são os países com maior igualdade do mundo, os nórdicos europeus, que são, actualmente, os melhores países do mundo em vá-

SOFIA MOTA

PROFESSOR DE DIREITO


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rios indicadores socioeconómicos. Por exemplo, há uma indicação das Nações Unidas para que seja afectado ao apoio ao desenvolvimento 0,7 por cento do PIB. Ora, os únicos países do mundo que cumprem esse desiderato são os países do Norte da Europa, Suécia, Noruega, etc. Com possibilidade de ganhar, Marine Le Pen já ameaça com um referendo à permanência de França na União Europeia. Como vê esta possibilidade? Isso seria o fim da União Europeia. A Europa tem, com os seus 500 milhões de habitantes, sete por cento da população mundial, com alguns países na casa dos 400 mil habitantes, como é o caso de Luxemburgo e Malta. Se não nos unirmos como é que podemos competir no mundo

“O mundo que se avizinha será multipolar, não haverá uma nação prevalecente, em vez disso teremos várias, seis ou sete.” do futuro? Mas deixe-lhe contar uma estória interessante. Nunca conheci a Marine Le Pen, mas fui colega do seu pai, Jean-Marie Le Pen, no Parlamento Europeu, até tínhamos gabinete no mesmo andar. Um dia estava com o meu neto em Estrasburgo, e cruzámo-nos com o

Le Pen, quando íamos a passar, ele fez uma festa na cabeça do meu neto e disse: “Il est mignon, Il est mignon”, ou seja, “ele é doce, ele é um doce”. Como vê as relações que se avizinham entre os Estados Unidos e a Rússia? Confesso que tenho dificuldade em prever algo nesse aspecto porque não consigo perceber a lógica das atitudes do Sr. Trump. É muito preocupante, porque os Estados Unidos são uma potência militar impressionante. Até há pouco tempo, agora não sei, a América tinha mais potência militar que todo o resto do mundo junto. Muitas vezes disse “oxalá que o país que tem mais de metade da potência militar continue a ser uma democracia”, porque existe uma ponderação institucional, as decisão

“Confesso que tenho dificuldade em prever algo nesse aspecto porque não consigo perceber a lógica das atitudes do sr. Trump. É muito preocupante, porque os Estados Unidos são uma potência militar impressionante.”

têm de passar pelo Senado. Mesmo em caso de escalada bélica, nem consigo imaginar contra quem. Não sei quem são os inimigos do Sr. Trump. Depois existe todo aquele amor ao Putin. Ter o apoio do Sr. Putin é algo que não abona a favor de ninguém. Aquele homem perpetua-se no poder, vai ficar a vida toda. Como é que é possível criar estas situações? A Rússia, em termos de população, nem é um país assim tão grande quanto isso, tem 120 milhões de habitantes, menos que o Brasil. Mas, voltando ao Donald Trump, como é que é possível um homem destes chegar a Presidente dos Estados Unidos? Ainda por cima depois de um bom Presidente, que vai ficar na história, com actos políticos históricos como, por exemplo, a abertura com Cuba. João Luz

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Números de ontem Execução orçamental de 2015 votada amanhã

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Viagens oficiais COUTINHO PEDE ACTUALIZAÇÃO DE AJUDAS DE CUSTO

As pataquinhas de bolso O deputado José Pereira Coutinho concorda com as novas exigências para as viagens ao exterior feitas por funcionários públicos, mas defende uma actualização das ajudas de custo. Os valores são os mesmos de há mais de 20 anos

O

ca, as ajudas de custo variam entre 700 a 1600 patacas por dia, consoante os destinos sejam a China, Hong Kong, Portugal ou outros países. “[Há casos] em que os próprios funcionários públicos têm de pagar do seu bolso quando as ajudas de custo não chegam para suportar as despesas de alimentação. Isto é degradante e desmoraliza os trabalhadores. Tenho recebido queixas de intérpretes que recebem centenas de patacas por dia que não chegam para cobrir as deslocações e alimentação”, acrescentou Coutinho.

INFORMAR OS MEDIA

Questionado sobre as novas exigências decretadas pelo Chefe do Executivo acerca das viagens ao exterior, o qual inclui a publicação de relatórios com acesso público, Coutinho fala de um “primeiro passo” em prol da transparência. “É um primeiro passo que deve ser complementado com a publicitação dos relatórios. Quando alguém representa Macau, ou o seu serviço público, os meios de comunicação social devem ter acesso a essas viagens, os seus resultados e o que foi falado fora de Macau sobre determinada matéria. Isso porque é graças ao erário público que essas deslocações são feitas.”

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

GCS

S funcionários públicos que participam em viagens oficiais ao exterior recebem poucas ajudas de custo quando estão no estrangeiro a representar a RAEM, sobretudo em dias de feriados, o que faz com que tenham de pagar despesas de alimentação e deslocação do seu próprio bolso. A acusação é feita pelo deputado José Pereira Coutinho, também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). Desde 1995 que os valores pagos em termos de ajudas de custo se mantém inalterados. “As ajudas de custo não são actualizadas há cerca de 20 anos. Há funcionários públicos que dizem que, em dias de feriados obrigatórios em que estão a participar em deslocações ao exterior, as ajudas de custo rondam as centenas de patacas, o que é uma miséria. Não se pode considerar que os funcionários públicos são máquinas para uso industrial e merecem a sua dignidade ao nível das ajudas de custo”, disse ao HM. Coutinho não avança valores específicos de actualização das ajudas de custo, mas defende que estas “devem ser actualizadas de acordo com a realidade actual da sociedade”. Segundo o Estatuto dos Trabalhadores da Função Públi-

O deputado eleito pela via directa afirma que tal medida “faz parte da transparência governativa”, sendo que “esta não se alcança apenas com um passo em frente”. “Vai-se alcançando à medida que o Governo perceba que é preciso dar satisfação às pessoas e explicar melhor este tipo de deslocações. Deve ser feito mais e melhor, porque só explicando por dentro não chega, é necessário explicar por fora. É preciso saber quantas pessoas foram e quais os custos para os cofres públicos.” Coutinho não consegue explicar porque é que só agora é que o Governo adoptou estas medidas, após vários abusos denunciados no passado. “Talvez se deva ao facto do Comissariado da Auditoria (CA) se ter esforçado para que o Governo saiba que tem de prestar contas.” Em Fevereiro de 2011 o CA divulgou um relatório que mostrou os elevados gastos com viagens ao exterior.Ainda Florinda Chan era secretária para a Administração e Justiça quando afirmou que o Governo iria “rever as normas de ajudas de custo de deslocações ao exterior em missão oficial de serviço” e, “antes de concluída a revisão, definir algumas orientações ou critérios, que sirvam para consulta dos serviços” durante as viagens. Foi também nessa altura que foi criado um grupo de trabalho para analisar novas medidas, que entraram em vigor em 2011.Aobrigatoriedade da publicação de relatórios é mais uma regra, publicada em despacho do Chefe do Executivo a semana passada.

já amanhã que a Assembleia Legislativa (AL) irá votar na especialidade a execução orçamental de 2015, sendo que os deputados irão também debruçar-se sobre o parecer da 3ª Comissão Permanente, encarregue da análise da execução orçamental, a qual chegou às mãos do hemiciclo em Outubro do ano passado. O parecer dá conta de uma taxa de execução do orçamento de 85,9 por cento, sendo “susceptível de ser considerada como bastante razoável em termos de relação de despesa paga com a dotação final do orçamento de 2015, embora não se apresente uniformemente favorável quando analisada individualmente por serviço ou organismo público”. No plenário de Outubro do ano passado, aquando da votação da execução orçamental na generalidade, o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, garantiu que iria analisar todos os organismos públicos, devido às baixas taxas de execução dos orçamentos atribuídos. “A minha tutela também está preocupada quanto às taxas de execução de zero por cento. Já enviámos cartas aos serviços e após termos os dados vamos apresentá-los à AL. Poderá haver diferentes razões para que as taxas de execução sejam de zero, poderá haver várias situações, tal como atrasos nas obras. Esperamos que todos os serviços, quando fizerem o seu orçamento, avaliem a execução orçamental ou possam elevar a taxa de execução do seu PIDDA. A futura lei de enquadramento orçamental [votada hoje na AL], poderá aumentar essa taxa de execução”, frisou Lionel Leong. A.S.S.


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POLÍTICA

AL GOVERNO JUSTIFICA ATRASO EM TRÊS PROPOSTAS DE LEI

Lei de bases dos direitos e garantias dos idosos, nova lei de habitação económica e ainda o regime jurídico de formação médica hospitalar. Eis os três diplomas que já deveriam estar no hemiciclo e não estão. À deputada Kwan Tsui Hang, o Governo explica as razões do atraso

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AS oito propostas de lei que o Governo pretendia apresentar àAssembleia Legislativa (AL) em 2016, apenas cinco foram entregues. Em resposta à interpelação escrita da deputada Kwan Tsui Hang, a Direcção dos Serviços para osAssuntos de Justiça (DSAJ) explica as razões que estiveram por detrás do atraso na entrega do diploma da lei de bases dos direitos e garantias dos idosos e do regime jurídico da formação médica hospitalar. Inclui-se ainda a revisão da lei de habitação económica. Em Novembro do ano passado a deputada, que no hemiciclo representa a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), havia criticado o atraso na entrega dos referidos diplomas. Quanto à lei de bases dos direitos e garantias dos idosos, anunciada em 2012, a DSAJ explica que o Conselho Executivo já concluiu a análise ao diploma, tendo sido

cumpridos os requisitos para que a proposta seja entregue no hemiciclo. Contudo, “tendo em consideração os factores objectivos dos actuais trabalhos de apreciação da AL e a mudança de legislatura no próximo ano (2017)”, o Governo garante que a nova lei deverá chegar à AL ainda este ano ou no próximo. No que diz respeito ao regime jurídico da formação médica hospitalar, a DSAJ apontou que “foi difícil” entregar o diploma no ano que agora findou, uma vez que está ligada ao regime legal da qualificação e inscrição para o exercício da actividade dos profissionais de saúde. Os Serviços de Saúde terão optado por alterar o processo legislativo ao decidir incorporar os regulamentos da formação médica hospitalar no regime de acreditação. Este último foi tido pela DSAJ como um projecto legislativo com um “conteúdo complicado” e

que envolve “regulamentos de vários aspectos”.

E AS OUTRAS?

Em relação à revisão da lei de habitação económica, a DSAJ disse não ser possível uma entrega em 2016 pelo facto do Instituto da Habitação (IH) ainda estar a aperfeiçoar o diploma, com base nas opiniões da própria DSAJ. “Tendo em consideração que o Governo poderá, no futuro, resolver os problemas de habitação através de um outro plano de arrendamento público de habitação, e por forma a aumentar a flexibilidade da política, optou-se pela elaboração de um regime básico para o arrendamento das habitações públicas aplicável a todos os tipos de habitação pública, incluindo a habitação social,” explicou o organismo liderado por Liu Dexue. A deputada Kwan Tsui Hang questionou ainda o Governo sobre o progresso da revisão do regulamento dos táxis e do regime jurí-

dico da defesa dos direitos e interesses do consumidor, os quais não foram incluídos no plano legislativo de 2016 e que têm, na sua opinião, sido alvo de atenção por parte da sociedade. A DSAJ garantiu que a revisão do regulamento dos táxis já entrou na fase de aperfeiçoamento final do seu conteúdo, enquanto que a nova lei dos consumidores deverá ser entregue na AL no “momento adequado”. Isto porque a proposta já estará elaborada mas ainda não está concluído todo o processo legislativo. Relativamente ao Regulamento Geral da Construção Urbana e Regulamento de Segurança contra Incêndios, a DSAJ referiu que segundo as informações oferecidas pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), é previsto que os diplomas possam entrar no processo legislativo no primeiro trimestre de 2017.

AULO Chan, director da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), confirmou, segundo a Rádio Macau, que as seis operadoras de Jogo vão ser ouvidas quanto à possibilidade de redução do imposto especial pago pelo sector. “Desde que seja benéfico para a actividade de jogo de Macau. Neste momento, ainda não temos qualquer acto concreto mas estamos atentos em ouvir as opiniões do sector e das várias áreas do sector”, apontou Paulo Chan. Quanto às questões relacionadas com a renovação das licenças do Jogo, o responsável referiu que o

organismo está a estudar a revisão da lei, sendo que o estudo está na fase inicial. A deputada e administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Angela Leong, defendeu recentemente que o território deveria implementar uma redução do imposto especial, por forma a que haja maior competitividade com os restantes países asiáticos onde o Jogo é legal.

Angela Ka (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

Exigências de domingo

JOGO OPERADORAS QUEREM PAGAR MENOS

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GCS

Três tristes tigres... de papel

Ella Lei pede calendário para revisão da lei laboral

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deputada Ella Lei e vice-secretária geral da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) pediu ontem, à margem da cerimónia de celebração do “Dia Sindical 2017” da FAOM, um calendário para a revisão da lei das relações do trabalho, no que diz respeito à compensação dos feriados obrigatórios que se sobrepõem aos dias de folga, bem como a implementação da licença de paternidade. Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, a deputada frisou que a sociedade já mostrou grande vontade quanto a esses aspectos. Para Ella Lei, as reuniões do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) já mostraram que as partes patronal e laboral já exprimiram plenamente as suas opiniões. “O Governo deve definir

já o calendário para impulsionar de forma ordenada os trabalhos de revisão da parte da lei laboral” referiu. “Houve muitos problemas em termos de relações laborais, os quais têm sido adiados por diversas vezes e que não foram resolvidos”, lembrou Ella Lei, tendo dado como exemplo os não residentes que estão em Macau a trabalhar com visto de turista. O Governo havia prometido a entrega do diploma no final do ano passado, mas Ella Lei aponta que a proposta “desapareceu”. “Enquanto não for avançado um calendário só vai continuar a adiar”, acrescentou a deputada. Na última reunião do CPCS, Lei Chan U, ligado à FAOM e representante da parte laboral na entidade, afirmou que seria desejável a implementação de cinco dias de licença de paternidade

no sector privado, bem como 90 dias de licença de maternidade. “Estamos a favor de cinco dias úteis, e insistimos porque os funcionários públicos também têm cinco dias de licença de paternidade remunerados. Em Hong Kong serão cinco dias e esta é uma tendência mundial. Quanto à licença de maternidade estamos a favor de 90 dias, porque assim podemos seguir as convenções internacionais, onde se estabelece 98 dias. Devemos seguir o Governo quanto à proposta dos 90 dias, e depois passo a passo chegar aos 98.” Na celebração do “Dia Sindical 2017”, os responsáveis da FAOM anunciaram a realização de mais estudos, seminários e actividades para envolver os associados e promover mais a união no seio da entidade que representa os trabalhadores. A.K./A.S.S.


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Notificação edital (05/FGCL/2017) Nos de pedido: 2016000367, 2016000368, 2016000370, 2016000371

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos números de pedido acima referidos, “Grupo Bullion (Macau) Sociedade Unipessoal Limitada”, com sede na Avenida da Praia Grande no 409, Edifício “China Law”, 21º andar, Macau, o seguinte: Relativamente aos 4 ex-trabalhadores do devedor (Shiu Mei Leng, Ao Ieong Wai Cheng, Iau Wai San, Lao Man I), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 30 de Dezembro de 2016, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos e dos juros de mora em causa para os ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $227 499,40 (duzentas e vinte e sete mil, quatrocentas e noventa e nove patacas e quarenta avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos para aqueles ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar os referidos processos. 12 de Janeiro de 2017 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong

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Notificação edital (06/FGCL/2017) Nos de pedido: 2016000365

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor do número de pedido acima referido, “Empresa Hoteleira de Macau Limitada (Titular do Hotel Palacio Imperial Beijing)”, com sede na Avenida Padre Tomás Pereira no 889 na Taipa, Macau, o seguinte: Relativamente ao ex-trabalhador Wong Ieok Chon do devedor, no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 30 de Dezembro de 2016, deliberou, nos termos do artigo 6. o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos e dos juros de mora em causa para o ex-trabalhador acima referido, no valor total de $78 656.80 (setenta e oito mil, seiscentos e cinquenta e seis patacas e oitenta avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos para aquele ex-trabalhador, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 12 de Janeiro de 2017 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong

Notificação edital (07/FGCL/2017) Nos de pedido: 2015000036, 2015000037, 2015000038, 2015000039, 2015000040, 2015000041, 2015000035, 2015000034, 2015000033, 2015000030, 2015000031, 2015000032, 2015000029, 2015000028, 2015000026, 2015000023, 2015000024, 2015000025, 2016000001, 2016000017, 2016000018, 2016000020, 2016000021

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos números de pedido acima referidos, “Grupo de Entretenimento Mitologia Grega (Macau) S.A.”, com sede na Avenida Padre Tomás Pereira nº 889 na Taipa, Macau, o seguinte: Relativamente aos 23 ex-trabalhadores do devedor (Mak Mei Tat, Tou Pou Hoi, Wong Iok Ieng, Wong Kin Cheng, Wu Ieok Leng, Lo Mei Lai, Lam Lai Keng, Leong Wa Wai, Leong Kuai Ieng, Iong Lai Ieng, Ko Bin Loi, Lei Sao Fong, Ho Sio Chan, Choi Kam Wun, Cheang Iong Mui, Chan Pui Chong, Choi Lai Ha, Chen Wai Ho, Iong Ngan Mui, Van Chu Keong, Wong Sio Pak, Ng Sio Chan, Wong Lei Hang), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 30 de Dezembro de 2016, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos e dos juros de mora em causa para os ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $1 323 025,30 (um milhão, trezentas e vinte e três mil e vinte e cinco patacas e trinta avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos para aqueles extrabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar os referidos processos. 12 de Janeiro de 2017 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong


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história tem já alguns anos, mas só agora terminou, com o Tribunal de Última Instância (TUI) a dar razão à Administração. O caso é contado pelo próprio TUI, através de um comunicado que chegou às redacções. A criança no centro da questão nasceu em Macau em 2011. É filho de uma mulher estrangeira, não portuguesa, sem direito de residência no território. Desconhece-se quem seja o pai. O menor acabou por ser adoptado por um casal português, ambos residentes permanentes da RAEM, tendo o processo de adopção sido concluído em 2014. No mesmo ano, em Agosto, o casal requereu à Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) a emissão do bilhete de identidade de residente permanente, mas a Administração entendeu que a criança não tinha esse direito. Inconformados com a decisão, os pais recorreram hierarquicamente para a secretária para a Administração e Justiça. A responsável pela tutela assinou por baixo a decisão da DSI. Estávamos já em Janeiro de 2015. O processo passou então para os tribunais: por se tratar de uma decisão de um governante, o casal apelou ao Tribunal de Segunda Instância (TSI), que anulou o despacho, dando assim razão aos recorrentes. Ora, a governante entendeu por bem que a história não deveria ficar por ali e levou o caso ao TUI. Para a secretária para a Administração e Justiça, o menor em causa não deve ter direito à residência permanente porque, à data do nascimento, nenhum

Justiça TUI NEGA RESIDÊNCIA PERMANENTE A CRIANÇA ADOPTADA

Secretária impiedosa dos pais biológicos detinha este estatuto. Além disso, alegou a governante, o argumento de que os pais adoptivos são ambos residentes permanentes também não tem qualquer importância para caso. “Os filhos biológicos não foram equiparados aos filhos adoptivos pela Lei Básica”, cita o comunicado do TUI.

GCS

Nasceu no território, mas a justiça entende que não tem direito à residência permanente, apesar de ser esse o estatuto dos pais adoptivos. Para o tribunal, conta mais o facto de a mãe biológica não ter, à data do nascimento, direito ao BIR

SOCIEDADE

OS ARGUMENTOS DO NÃO

O tribunal entendeu que a razão está do lado do Governo. Entre outros aspectos, o TUI cita a Lei Básica para explicar que o documento fundamental “atribui direitos de residência com base em vários factores atributivos: a nacionalidade dos interessados (chinesa, portuguesa e todas as outras), o local de nascimento dos

Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça

interessados, a residência habitual em Macau durante pelo menos sete anos consecutivos e a filiação dos interessados”. No que toca à nacionalidade, a Lei Básica “concede mais vastos direitos de residência permanente aos cidadãos chineses, num segundo patamar aos cidadãos de nacionalidade portuguesa e, num terceiro nível, aos cidadãos de outras nacionalidades”, escreve o TUI. A mesma lógica é aplicada aos filhos de residentes permanentes. O tribunal entende que a interpretação feita tanto pelos pais, como pelo TSI é “absurda”, porque mesmo “os filhos nascidos em Macau dos residentes permanentes chineses (não nascidos em Macau) e portugueses (mesmo que nasci-

dos em Macau), não têm direito à residência permanente se, à data do nascimento, os seus pais não tivessem direito de residência” no território.

A IMPORTÂNCIA DE COMO SE NASCE

O TUI acrescenta ainda que, na interpretação da Lei Básica, “o que releva é a filiação biológica”, porque é essa que existe à data do nascimento da criança.

O TUI alega ainda que, na interpretação da Lei Básica, “o que releva é a filiação biológica”, porque é essa que existe à data do nascimento da criança “A filiação adoptiva não existe no momento do nascimento. Os cidadãos portugueses, que adoptaram o menor, só são legalmente seus pais a partir da data do trânsito em julgado da sentença que decretou a adopção. À data do nascimento do menor, os seus pais eram os seus pais biológicos”, constata o tribunal. “Nenhuma norma do ordenamento jurídico de Macau permite fazer retroagir os efeitos da adopção ao momento do nascimento, sendo que a adopção dos autos teve lugar mais de três anos depois do nascimento.” Há um aspecto, porém, em que o TUI não dá razão à secretária, sendo que tal não muda, porém, o resultado final: diz a justiça que “é completamente irrelevante discutir a equiparação ou não do estatuto de filho adoptivo ao filho biológico na Lei Básica, porque não é isso que está em causa de acordo com as normas pertinentes”. O tribunal remata dizendo que “se trata de um acto administrativo vinculado, em que a Administração não tem margem de livre apreciação”. I.C.


8 SOCIEDADE

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Ho Chio Meng ANTIGO CHEFE DE GABINETE FALA SOBRE VIAGEM À EUROPA

Ele disse que sim

O antigo chefe de gabinete do ex-procurador de Macau confirmou que a viagem de Ho Chio Meng à Europa com familiares, cujas despesas foram pagas pelo Ministério Público, teve o aval de Edmund Ho.

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NTÓNIO Lai Kin Ian foi ouvido na passada sexta-feira pelo segundo dia na qualidade de testemunha no Tribunal de Última Instância (TUI) no julgamento de Ho Chio Meng, que responde por mais de 1500 crimes, incluindo burla, abuso de poder, branqueamento de capitais e promoção ou fundação de associação criminosa em autoria ou co-autoria com outros nove arguidos (incluindo o seu antigo chefe de gabinete), os quais vão ser julgados num processo conexo a partir do próximo mês.

Ho Chio Meng, que liderou o Ministério Público (MP) entre 1999 e 2014, deslocou-se a Copenhaga, no Verão de 2005, para participar na Reunião Anual da Associação Internacional de Procuradores. E, segundo a acusação, aproveitou a oportunidade para usar o erário público para levar familiares, nomeadamente a sua mulher, para realizar viagens privadas na Holanda, Alemanha e nos quatro países nórdicos. “Eu ouvi o conteúdo da conversa. (…) Certas partes, não ouvi tudo”, afirmou António Lai, precisando que foi até ele próprio quem chamou a atenção do seu superior de

que era preciso falar com o Chefe do Executivo, Edmund Ho, sobre a viagem à Europa. “Do meu entendimento, o Chefe [do Executivo] sabia que o procurador ia levar a esposa para a reunião e visita aos países nórdicos”, sublinhou, dando conta de que bastava um telefonema, pois o antigo procurador e o ex-líder do Governo tanto comunicavam verbalmente, como por escrito.

VERSÕES DIFERENTES

O testemunho de António Lai confirma a versão de Ho Chio Meng que anteriormente afirmou ter tido o aval, por telefone, do então Chefe do Executivo.

Ho Chio Meng disse também na altura que o convite que lhe foi endereçado pela Associação Internacional de Procuradores abrangia a mulher e fez questão de sublinhar que foi a única vez que levou a mulher consigo durante o período em que foi procurador.

Contudo, António Lai respondeu afirmativamente quando questionado relativamente à existência de outras deslocações em que Ho se fez acompanhar por familiares, mas não soube especificar quantas vezes tal sucedeu. Sobre quem arcou com esses gastos, o ex-chefe de gabinete afirmou: “Do meu conhecimento, as coisas ligadas a missões oficiais foram pagas pelo MP”. Um documento exibido em tribunal sobre a referida viagem à Europa incluía cinco nomes: o de Ho Chio Meng, o da sua mulher, Chao Siu Fu, do sobrinho Ieong Chon Kit (que o antigo procurador afirmou ser menor e cujas despesas garantiu ter pagado, pelo menos parcialmente), bem como o de Lee Kin Kei – funcionário do

“Do meu entendimento, o Chefe [do Executivo] sabia que o procurador ia levar a esposa para a reunião e visita aos países nórdicos.” ANTÓNIO LAI EX-CHEFE DE GABINETE

MP e também sobrinho de Ho Chio Meng – e o do seu cunhado Zhou Wen Sheng. No encontro na Dinamarca participaram outros membros do MP, nomeadamente magistrados, mas que não partiram na mesma data para a Europa e essas viagens não foram organizadas pela mesma empresa, mostrando dois tratamentos para a mesma reunião. António Lai explicou que “essa situação existia”, revelando que, quando foi criado o grupo de administração geral, Ho Chio Meng deu a “indicação” para que em “tudo o que tivesse que ver com deslocações ao estrangeiro ou missões de serviço [dele] não se identificar os nomes das pessoas”, embora não se recorde quando foi dada a referida instrução. “Acho que era por ser confidencial”, afirmou António Lai. Por causa das despesas de viagem para indivíduos não pertencentes ao MP, envolvendo mais de 227 mil patacas, o antigo procurador responde por um crime de valor consideravelmente elevado ou um crime de abuso de poder. O julgamento continua hoje.


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SOCIEDADE

Baralha e volta a dar

MULHER COM VÍRUS DE GRIPE DAS AVES AFINAL NÃO ESTÁ INFECTADA

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Empresa do Hotel New Century não desiste da licença Direcção dos Serviços de Turismo (DST) anunciou o cancelamento da licença do Hotel Palácio Imperial Beijing, antigo New Century, a pedido do detentor da mesma. Contudo, em comunicado, a empresa responsável pelo empreendimento, a Empresa Hoteleira de Macau Limitada, confirma que irá pedir uma nova licença de operação do espaço hoteleiro à DST, assim que todos os problemas forem resolvidos. “Temos planos para desenvolver, renovar e voltar a pedir a licença de operação do hotel assim que as irregularidades causadas pela antiga direcção da empresa forem rectificadas e assim que tudo esteja em conformidade. A nova direcção da empresa está empenhada em manter uma relação profissional com a DST e todas as entidades reguladoras”, lê-se no comunicado. O mesmo documento explica todos os problemas que a empresa tem vindo a enfrentar nos últimos meses. “A Macau Hotel Developers Limited, liderada por Ng Man Sun, criou equipas de engenheiros e pediu uma licença de trabalho à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes por forma a permitir a remoção de estruturas ilegais que neste momento estão a sobrecarregar o hotel e também para outros trabalhos de remodelação. Contudo, como resultado de severas e problemáticas irregularidades causadas por e herdadas de Chen Mei Huan e Xu Jiaoji (antigos gestores), as licenças de trabalho estão ainda sob análise e com a aprovação pendente.” Para além disso, “as autoridades levantaram preocupações quanto à posse da propriedade do terreno do hotel”. “Tendo

em conta o iminente fim do prazo do fecho temporário do empreendimento, a 22 de Janeiro, e a inviabilidade dos trabalhos de renovação serem concluídos antes da aprovação das licenças de trabalho, a Macau Hotel Developers Limited vê-se forçada a retirar o pedido de licença junto da DST”, afirma a empresa. A DST determinou a 22 de Julho o encerramento provisório do hotel de cinco estrelas – um facto que sucedeu pela primeira vez no território – “por graves infracções administrativas, ameaça da segurança pública e da imagem da indústria turística”, uma medida com a duração de seis meses, que previa a possibilidade de reabertura no fim do prazo no caso de corrigidas as irregularidades. Contudo, na quinta-feira, a DST recebeu uma carta do detentor da licença do hotel – a Empresa Hoteleira de Macau Limitada – a solicitar o cancelamento da mesma, pelo que, no dia seguinte, a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, emitiu um despacho para o cancelamento da licença do hotel, “ficando assim sem efeito os procedimentos de encerramento aplicados ao estabelecimento”. Desde 2014 até Julho de 2016, foram abertos procedimentos sancionatórios e aplicadas multas com um valor global de 55.570 patacas, segundo indicou Helena Senna Fernandes. O hotel abriu portas em 1992 sob o nome de New Century, tendo sido alterado, em 2013, para Hotel Palácio Imperial Beijing. O hotel tem estado envolvido numa série de problemas, desde conflitos laborais a outras disputas que chegaram aos tribunais. H.M.

Diagnóstico hesitante mulher de 72 anos que na quinta-feira que teve um resultado positivo para H7N9, tornando-se no primeiro caso importado de infecção humana com o vírus da gripe aviária em Macau, já não está infectada. Segundo os Serviços de Saúde, os resultados dos exames realizados este sábado à paciente, internada sob regime de isolamento, nomeadamente das amostras recolhidas da faringe, sangue e urina, “revelaram-se negativos à presença do vírus de gripe aviária H7N9”. A mulher é de Macau, mas reside na China, onde cria galinhas e fez compras em mercados de aves. Por ter sido diagnosticada com pneumonia, a idosa ficou em isolamento. Já na quinta-feira, os Serviços de Saúde indicavam que, apesar de o primeiro resultado do teste ao vírus H7N9 ter sido positivo, o segundo foi negativo. Nesse dia, os Serviços de Saúde deram conta que, no total, desde

que entrou em Macau, a idosa teve contacto com 43 pessoas, incluindo 32 profissionais de saúde, quatro doentes, quatro bombeiros e três familiares, dois dos quais residentes na região, em acompanhamento. Considerava-se que o risco de contágio não era elevado porque “a infecção de aves para humanos é mais alta do que entre humanos no vírus H7N9”, além de que a doente foi transportada imediatamente para o hospital, explicou na altura o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion. A mulher, que também sofre de diabetes e hipertensão, foi trazida por via terrestre por familiares para Macau na terça-feira, depois de ter sido hospitalizada no interior da China no domingo e de ter tido alta na segunda-feira, explicaram as autoridades de saúde aos jornalistas. À entrada em Macau, a mulher não apresentava febre, mas foi chamada uma ambulância que a transportou

desde o posto fronteiriço das Portas do Cerco, explicaram. Em Dezembro, um homem de 58 anos residente no local e dono de uma banca de venda de aves por grosso, foi diagnosticado com H7N9, sendo, de acordo com os Serviços de Saúde, o primeiro caso de uma infecção de gripe aviária em humanos em Macau. Este caso levou ao abate pelas autoridades de Macau de cerca de 10 mil aves de capoeira e à suspensão da sua venda por três dias depois de detectarem o vírus da gripe aviária no mercado abastecedor. O vírus foi detectado num ‘stock’ de 500 galinhas sedosas, mas por motivos de segurança foram abatidas todas as aves que se encontravam no mercado abastecedor, incluindo 6.730 galinhas normais e cerca de 3.000 pombos, segundo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Esta foi pelo menos a terceira vez em 2016 que o vírus da gripe aviária foi detectado em Macau.

CONTAS TURISMO EM 2016 FICOU MAIS EM CONTA

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turismo em Macau ficou mais barato em 2016, com o índice que reflecte a variação de preços dos bens e serviços adquiridos pelos visitantes a recuar pelo segundo ano consecutivo. O Índice de Preços Turísticos (IPT) sofreu uma diminuição de 5,44 por cento no cômputo do ano passado em termos homólogos, prolongando a tendência decrescente assinalada em

2015 (-0,86 por cento), segundo dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Os decréscimos mais significativos foram registados nas secções de alojamento (-21,20 por cento) e transportes e comunicações (-9,82 por cento). Essas quedas foram atenuadas pela subida nos índices de preços da restauração (2,27 por cento), bens

diversos (2,20 por cento), produtos alimentares, bebidas alcoólicas e tabaco (1,91 por cento). Só no quarto e último trimestre de 2016, o IPT diminuiu 4,48 por cento em termos anuais homólogos, devido principalmente à redução de preços do alojamento em hotéis e dos bilhetes de avião. Contudo, em termos trimestrais, ou seja, face ao período compreendido entre

Julho e Setembro, cresceu 6,39 por cento. Tal deveu-se nomeadamente à subida do índice de preços da secção de alojamento – cresceu 24,41 por cento graças ao aumento dos preços dos quartos de hotéis verificado nomeadamente nos feriados da implantação da República Popular da China (a 1 de Outubro); no período do Grande Prémio (em meados de Novembro) e nos feriados do Natal, indica a DSEC.


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O cinema moçambicano vai estar em destaque do dia 21 a 26 na Fundação Rui Cunha. A iniciativa é organizada pela Associação dos Amigos de Moçambique. A ideia é permitir a quem vive cá conhecer o cinema e a cultura daquele país

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ÃO cinco os filmes que vão integrar a terceira edição do ciclo de cinema feito em Moçambique. O evento tem lugar entre 21 e 26 deste mês no auditório da Fundação Rui Cunha e no cartaz traz quatro filmes de Licínio Azevedo e um da realizadora Teresa Prata. “Não podemos chamar a iniciativa de festival”, disse ao HM Helena Brandão, “porque não é uma coisa grande”. Para a responsável pela Associação dos Amigos de Moçambique, entidade organizadora, esta é antes “uma forma de alargar as actividades de forma sustentável”. “O dinheiro não é muito e fazemos o que podemos”, explicou. A iniciativa teve a primeira edição em 2012 e a ideia de projectar filmes surgiu como sendo a mais viável, de modo a que possam ser levadas a cabo outras actividades além da semana gastronómica. Para a organizadora, “basta ter cerca de 15 pessoas a assistir que podemos considerar um sucesso”. Mas certo é que a adesão tem vindo a crescer a cada edição. A ideia é mostrar à população de Macau um pouco mais da cultura moçambicana. Vasta e diversificada, Helena Brandão lamenta que não seja possível trazer mais actividades. “Gostava muito de ter cá teatro, que é uma área de relevo em Moçambi-

Moçambique CICLO DE CINEMA PARA CONHECER PAÍS REAL

Ver para crer Desobediência

que, mas é difícil trazer os actores, é muito dispendioso.” Com empenho, a associação consegue trazer, mais uma vez a Macau, o realizador Licínio Azevedo. Brasileiro de origem, Licínio Azevedo está radicado em Moçambique há mais de 40 anos e é hoje uma das maiores referências da sétima arte do país. O reconhecimento internacional aconteceu no âmbito do programa “Open Doors” do Festival de Cinema de Locarno, com o destaque que foi dado a “Comboio de Sal e Açúcar”. A película conta a história de um comboio e dos seus passageiros, que embarcam numa viagem perigosa durante a guerra civil moçambicana.

QUATRO HISTÓRIAS

Do cineasta serão exibidos em Macau “A Ponte”, “Ferro em Brasa”, “A Ilha dos Espíritos” e “Desobediência”. “APonte” é a história do esforço colectivo para fazer uma travessia. De acordo com a apresentação da película, na estação das chuvas os rios enchem, e Chimanimami, uma das mais bonitas regiões de Moçambique, fica isolada do resto do país. No entanto, com a intenção de criar ali uma reserva natural, cuja principal atracção é o Monte Binga, o ponto mais alto de Moçambique, é necessário construir uma ponte e é a aldeia que se une para contribuir para a concretização do projecto. Um documentário sobre o fotojornalista Ricardo Rangel é a proposta de “Ferro em Brasa”. O fotógrafo, de 80 anos, é o símbolo vivo da geração que, no fim dos anos

40, iniciou as primeiras denúncias contra a situação colonial. Enquanto fotografava a cidade dos colonos, “Ricardo revelava a desumanidade e a crueldade do colonialismo”, lê-se na mesma apresentação. Desde então, e até ao fim da guerra civil pós-independência, o protagonista fotografou 60 anos da história de Moçambique. Neste filme, o fotógrafo conduz o público pela sua vida e obra, onde a cidade de Maputo, a boémia e o jazz têm um lugar especial. Também em formato documental é “A Ilha dos Espíritos”. Muito antes de dar nome ao país, a ilha de Moçambique teve um papel fundamental no Oceano Índico. “Foi um ponto de paragem de caravelas, de encontro de piratas, lugar de mistura de raças.” Os seus habitantes, orgulhosos do passado glorioso da ilha, são aqui personagens excêntricas que deambulam pelas ruas. Ainda de Licínio Azevedo é “A Desobediência”. Um filme real interpretado pelos protagonistas da história que conta. A película documenta a saga de Rosa, uma camponesa moçambicana que é acusada pela família do marido de ser a causadora do seu suicídio, por se recusar a obedecer-lhe. Para provar a inocência, e recuperar os filhos e os poucos bens que o casal possuía, Rosa submete-se a dois julgamentos: o primeiro num curandeiro e o segundo num tribunal. É absolvida em ambos. Durante a filmagem, o realizador decidiu instalar uma segunda câmara para seguir a história até ao fim. Segundo a apresentação da película, “uma montagem desta

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA ACABEM COM ESTA CRISE JÁ! • Paul Krugman

“Acabem com Esta Crise Já!” é um autêntico “apelo às armas” do Nobel de Economia e autor bestseller Paul Krugman, perante a profunda recessão que estamos a viver e que se prolonga já há mais de quatro anos. No entanto, como o autor refere nesta obra brilhantemente fundamentada, “as nações ricas em recursos, talentos e conhecimento, que possuem todas as condições para gerar prosperidade e um padrão de vida decente para todos, permanecem num estado que acarreta um intenso sofrimento para os seus cidadãos”. Como é que chegámos a este ponto? Como é que ficámos atolados no que agora só pode ser considerado como uma das maiores depressões desde 1929? E acima de tudo, como podemos libertar-nos dela? Krugman responde a estas perguntas com a lucidez e perspicácia tão características dele. A mensagem que aqui transmite é sem dúvida poderosa para qualquer pessoa que tenha suportado estes últimos, penosos anos: uma recuperação rápida e forte está apenas a um passo, se os nossos líderes encontrarem a “clareza intelectual e vontade política” para acabar com esta depressão agora.

A Ponte

complexidade não tem paralelo no cinema africano.” Todas as projecções contam com a presença de Licínio Azevedo, que vai estar em Macau para falar não só dos filmes que faz, mas também da situação actual do país onde vive, do cinema que por lá existe e da cultura que o acolhe.

A VIDA NA TELA

Realizado por Teresa Prata é “Terra Sonâmbula”, uma longa-metragem premiada. Entre outras distinções, ganhou, em 2008, o FIPRESCI do International Film Festival Kerala, na Índia.

Terra Sonâmbula

O filme conta a história do velho Tuahir que encontrou Muidinga ainda com vida enquanto ajudava a enterrar crianças assassinadas numa aldeia. Tuahir cuidou da criança e viajou com ela para fugir da guerra. Cansados e com fome, encontraram um autocarro atacado pouco tempo antes, onde descobriram um diário. O achado leva as personagens à história de Kindzu, um jovem que teve a família assassinada e que estava em viagem à procura de uma criança. De acordo com a organização, “com o correr dos anos o cinema moçambicano ganhou experiência, tornou-se maduro e hoje, ainda sem actores profissionais, mais do que cinema político, conta histórias de factos como o drama humano, em histórias de ficção baseadas em factos reais, e é um cinema que, acima de tudo, revela a sociedade moçambicana pós-colonial e as suas contradições”. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

EVENTOS

Um novo alfabetismo Linguista responsável pelo pinyin morre aos 111 anos

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linguista chinês Zhou Youguang, considerado o pai do “pinyin”, a forma romanizada do mandarim mais popular, morreu ontem em Pequim, um dia depois de fazer 111 anos, informou o portal da Internet Sina.com. Nascido na China, na dinastia Qing, a 13 de Janeiro de 1906, Zhou é o responsável pelo sistema que facilita o estudo intricado do mandarim tanto para as crianças como para os estudantes estrangeiros e cuja existência foi vital para que os milhares de caracteres do mandarim pudessem ser introduzidos facilmente em computadores e telemóveis. O perito licenciou-se em Economia na Universidade de Saint John de Xangai nos anos 20 do século XX e só depois se interessou pelos estudos linguísticos. Viveu no Japão e nos Estados Unidos e regressou à China, em 1949, quando se fundou a República Popular e Mao Zedong confiou a Zhou a liderança de uma comissão para reformar o idioma e o tornar mais acessível à população para reduzir o analfabetismo. O linguista passou três anos a desenvolver o sistema “pinyin”, que foi publicado em 1985 como um complemento de ajuda para o estudo dos caracteres chineses. Apesar de não ter estatuto de escrita oficial numa China onde se considera que os caracteres chineses são património cultural insubstituível, o “pinyin” com alfabeto latino é muito habitual na vida diária e pode ver-se em lugares como os mapas do metro, sinais de trânsito ou manuais escolares para crianças. Antes do “pinyin”, cerca de 85% da população chinesa era analfabeta, mas a reforma do idioma contribuiu, juntamente com as política educativas, para que na actualidade praticamente toda a população do país saiba ler e escrever. A partir da década de 1980, Zhou trabalhou em áreas como a tradução da Enciclopédia Britânica para mandarim e publicou vários livros sobre o idioma e outras matérias, alguns dos quais proibidos no seu país, já que nos últimos anos de vida se converteu num crítico à repressão cultural do regime comunista.

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LUKA E O FOGO DA VIDA • Salman Rushdie

Numa bela noite estrelada, na cidade de Kahani, em terras de Alifbay, aconteceu uma coisa terrível: o pai de um rapaz de doze anos chamado Luka, o contador de histórias Rashid, mergulhou súbita e inexplicavelmente num sono tão profundo que não havia quem conseguisse acordá-lo. Para o salvar de se sumir por completo, Luka tem de empreender uma jornada pelo Mundo Mágico, deparando pelo caminho com um sem-número de fantasmagóricos obstáculos, a fim de roubar o Fogo da Vida, uma tarefa aparentemente impossível e extremamente perigosa. Com Harun e o Mar de Histórias, Salman Rushdie creditou-se como um dos melhores contadores de fábulas contemporâneas, e o livro revelou-se uma das suas obras mais populares junto de leitores de todas as idades. Se Harun foi escrito como presente para o seu primeiro filho, Luka e o Fogo da Vida, a história do irmão mais novo de Harun, é uma prenda para o segundo filho, por ocasião do seu décimo segundo aniversário.


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Aviso

Aviso

Candidatura para Projectos de Investigação Científica Co-financiados pelos “Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia de Macau” e “Fundação para a Ciência Natural da República Popular da China” para o ano de 2017 Conforme com o “Memorando de Entendimento sobre a Cooperação e o Intercâmbio Científica e Tecnológica entre a Fundação para a Ciência Natural da China e o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia de Macau”, anexo no memorando supramencionado “Plano de Trabalho sobre o Desenvolvimento do Apoio Financeiro em Conjunto para a Investigação Científica”, o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia de Macau (FDCT) e a Fundação para a Ciência Natural da República Popular da China (NSFC) elaborar conjuntamente, o programa de co-financiamento de projectos de investigação para o ano de 2017.

(1.)

Destinatários de apoio A fim de apoiar financeiramente os projectos de investigação, propostos em conjunto pelos investigadores científicos do Interior da China e da RAEM, relacionados com investigação básica e aplicação, serão prioritariamente apoiados projectos relacionados com a informática, a investigação da Medicina Tradicional Chinesa bem com os seus estudos farmacêuticos, oceanografia, protecção do meio ambiente, biociência, materiais inovadores, e ciências de gestão (gestão pública e políticas públicas).

(2.) Método e requisitos de candidatura (i) A entidade candidata de Macau deve negociar com o parceiro do Interior da China

De acordo com o Despacho do Chefe do Executivo n.° 109/2005, os requerimentos visando a renovação de licenças anuais, a emitir pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, devem ser tratados, anualmente, entre Janeiro e Fevereiro, salvo se outro prazo estiver fixado em disposição legal. Na falta de regime especial, a não renovação da licença anual no supramencionado prazo implica a cessação da actividade licenciada, salvo se o interessado proceder à respectiva regularização no prazo de 90 dias. Caso efectue o pedido de renovação da licença anual no período de regularização de 90 dias, fica sujeito a uma taxa adicional calculada nos seguintes termos: • • •

Dentro de 30 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 30% da taxa da licença em causa; Dentro de 60 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 60% da taxa da licença em causa; Dentro de 90 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 100% da taxa da licença em causa.

Para um melhor conhecimento dos titulares de licença, é apresentada a seguinte tabela descritiva com o tipo de licenças a renovar entre 1 de Janeiro e 28 de Fevereiro de 2017 Local de tratamento das formalidades

Tipos de Licença Licença para estabelecimentos de venda a retalho de aves de capoeira vivas Licença para estabelecimentos de venda a retalho de animais de estimação Licença de venda a retalho de carnes frescas, refrigeradas ou congeladas Licença de venda a retalho de vegetais Licença de venda a retalho de pescado Licenciamento para animais de competição Licenciamento de outros animais – cavalos Licença anual de lugares avulsos no mercado Licença de vendilhões Licença de afixação de publicidade e propaganda Licença de reclamos em veículos

Centro de Serviços / Todos os Centros de Prestação de Serviços ao Público / Postos de Atendimento e Informação / Núcleo de Expediente e Arquivo

os conteúdos, plano e divisão de tarefas da investigação, preenchendo o Plano de Candidatura, assinando o acordo ou memorando de cooperação e apresentando a candidatura ao FDCT no prazo indicado. (ii) O formulário de candidatura deverá apresentar o título “Projecto FDCT-NSFC”. (iii) O valor máximo de candidatura de projectos é de 2,6 milhões de patacas, com o prazo máximo de 3 anos, sendo atribuído periodicamente. A entidade de Macau financiada deverá realizar o projecto de acordo com o disposto na Declaração de Aceitação do Financiamento assinada com o FDCT. (iv) O investigador principal (PI) do projecto de candidatura, que actualmente esteja envolvido em outro projecto apoiado conjuntamente pelo FDCT e por outras instituições, apenas se poderá candidatar ao presente apoio financeiro depois de entregar o relatório de conclusão do respectivo projecto, não ficando sujeitos a esta restrição os membros do projecto que não sejam o PI. (v) O parceiro do Interior da China deverá simultaneamente entregar à NSFC, podendo as instruções relativas ao formato da mesma ser consultadas em detalhe da NSFC.

Os locais e as horas de expediente, para o tratamento de requerimentos de renovação de licenças, são os seguintes:

(3.) Processo de avaliação (i) Findo o prazo de candidatura, o FDCT e a NSFC irão verificar em conjunto a

Centro de Serviços do IACM: Avenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza, 2° andar, Macau. - 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 18:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).

lista dos projectos, sendo aceites como “Projectos FDCT-NSFC” os projectos alistados simultaneamente pelo FDCT e pela NSFC. (ii) O FDCT e a NSFC procedem separadamente à avaliação dos projectos aceites, sendo o processo de avaliação do FDCT igual ao actual processo de avaliação dos projectos de investigação científica e tratado com prioridade. (iii) O FDCT e a NSFC irão organizar a banca de júri, composta por especialistas do mesmo domínio do Interior da China e da RAEM e dar a última avaliação sobre os projectos candidatos, levando em consideração o resultado anterior feito por ambas as partes. Após a conclusão do processo de avaliação, o FDCT e a NSFC seleccionam conjuntamente, a partir dos projectos aprovados, os projectos cofinanciados, sendo a lista dos mesmos publicada simultaneamente por ambas as entidades.

(4.)

Data do requerimento A partir de 16 de Janeiro até 10 de Março de 2017.

(5.)

Forma de preenchimento e Apresentação dos elementos Os candidatos podem descarregar o “Formulário de Candidatura” e o “Plano de Candidatura” na página electrónica do FDCT (www.fdct.gov.mo), preenchendo os mesmos directamente, em conformidade com os devidos requisitos de formato e de número de palavras. Conforme disposto no artigo 6.º do Capítulo II do Despacho do Chefe do Executivo n.º 273/2004, os elementos relevantes devem ser apresentados ao Serviço de Apoio Financeiro do FDCT no prazo indicado. Endereço: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, nº 411-417, edifício Dynasty Plaza, 9.º andar. Telefone: 28788777; Fax: 28722680 Correio electrónico: saf@fdct.gov.mo

O Presidente do Conselho de Administração do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia Ma Chi Ngai, Frederico 12 de Janeiro de 2017

Centro de Serviços / Todos os Centros de Prestação de Serviços ao Público

Licença de pejamento de carácter permanente Centro de Serviços / Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas

Licença de esplanada

Centros de Prestação de Serviços ao Público: Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Norte Rua Nova da Areia Preta, n.º 52, Centro de Serviços da RAEM, Macau. Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas Rua da Ponte Negra, Bairro Social da Taipa, n.º 75K, Taipa. Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Central Rotunda de Carlos da Maia, Nos .5 e 7 , Complexo da Rotunda de Carlos da Maia, 3º andar, Macau. - 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 18:00 horas (Funciona durante as horas de almoço). Postos de Atendimento e Informação: Posto de Atendimento e Informação Central Avenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza, 2° andar, Macau. Posto de Atendimento e Informação Toi San Avenida de Artur Tamagnini Barbosa n.º 127, Edf. Dona Julieta Nobre de Carvalho, Torre B, r/c, Macau. Posto de Atendimento e Informação de S. Lourenço Rua de João Lecaros, Complexo Municipal do Mercado de S. Lourenço, 4°andar, Macau. - 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 19:00 horas (Funciona durante as horas de almoço). Núcleo de Expediente e Arquivo: Avenida de Almeida Ribeiro, n.°163, r/c, Macau. - 2.ª a 5.ª feira: das 9:00 às 13:00; das 14:30 às 17:45 horas. - 6.ª feira: das 9:00 às 13:00; das 14:30 às 17:30 horas. Os formulários de pedido de renovação das supramencionadas licenças (excepto para a Licença de Vendilhões) poderão ser obtidos no website do IACM (www.iacm.gov. mo). Para mais informações, queira ligar para a Linha do Cidadão do IACM, através do telefone no 2833 7676. Macau, 07 de Novembro de 2016 O Presidente do Conselho de Administração, José Maria da Fonseca Tavares


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Governo chinês reiterou que a política ‘Uma só China’ é “inegociável”, depois de o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltar a ameaçar que não a respeitará se Pequim não aceitar negociar os laços comerciais bilaterais. “Instamos os Estados Unidos a darem-se conta da elevada sensibilidade da questão taiwanesa e a respeitarem os compromissos tomados pelos anteriores governos norte-americanos”, assinalou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado citado pela agência oficial Xinhua. O Governo da China é o único com legitimidade para representar essa nação, algo que é “reconhecido internacionalmente e que ninguém pode mudar”, sublinhou a fonte. Trump deu a entender, na sexta-feira, numa entrevista ao jornal Wall Street Journal, que não respeitará o princípio de ‘Uma só China’, que implica não reconhecer Taiwan como um Estado, a menos que Pequim altere práticas comerciais e políticas monetárias que considera prejudiciais aos Estados Unidos. “Tudo está em negociação, incluindo o princípio de ‘Uma só China’”, sublinhou Trump, algo que já tinha dito em Dezembro durante uma entrevista à televisão Fox News, e que também despertou críticas e preocupação de Pequim. A China obriga todos os países com quem mantém laços diplomáticos a res-

PEQUIM REITERA A TRUMP QUE POLÍTICA ‘UMA SÓ CHINA’ É INEGOCIÁVEL

Só há uma e mais nada

peitarem esse princípio, segundo o qual o Governo de Taiwan – nascido do exílio da ilha na guerra civil entre comunistas e nacionalistas – não é legítimo e não é possível ter laços diplomáticos oficiais com ele. Trump, que em Novembro aceitou uma chamada telefónica da Presidente taiwanesa, Tsai Ying-wen, um gesto que também foi condenado pelo regime comunista chinês, tem mostrado, desde a sua vitória eleitoral, que pretende ter uma política dura face à China, tanto em termos políticos como comerciais. Os meios de comunicação oficiais chineses alertaram na semana passada que os Estados Unidos caminham para um “confronto devastador”, levantando até a hipótese de um conflito bélico, incluindo nuclear, entre as duas maiores economias mundiais, caso as ameaças de Trump se materializarem.

Já basta o outro menino Xi Jinping quer projectar a imagem de “potência responsável”

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Presidente chinês quer projectar a imagem da China como “potência responsável” na sua primeira viagem ao exterior neste ano, que decorre na Suíça desde ontem e até quarta-feira, onde irá participar também do Fórum Económico Mundial de Davos. A Suíça será a primeira viagem internacional em 2017 do Presidente chinês, Xi Jinping, mas para além da agenda bilateral da primeira parte da viagem, quase todo o interesse centra-se na sua presença nos fóruns e orga-

nizações internacionais entre terça e quarta-feira. O Fórum de Davos, ponto de encontro das elites económicas no mundo, receberá pela primeira vez, na terça-feira, um Presidente chinês e foi reservado para Xi Jinping o discurso inaugural, no qual se espera uma enérgica defesa

da globalização e do livre comércio. Na quarta-feira, na sede das Nações Unidas em Genebra, faz um discurso em que provavelmente abordará a aposta da China no multilateralismo e na sua oferta em redobrar o apoio a esta organização. Na ocasião, irá encontrar-se pela primeira vez com o novo secretário-geral da ONU, António Guterres. Estes dois discursos acontecem nas vésperas da tomada de posse do novo Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que ocorrerá na próxima sexta-feira.

Ainda que muitas autoridades chinesas não reconheçam explicitamente, muitos observadores consideram que a intenção de Xi é mostrar a Trump, que defende um maior proteccionismo, que está a romper os esquemas da diplomacia tradicional. “Na medida em que a agenda possibilite, a parte chinesa está aberta a reuniões bilaterais”, afirmou ainda o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Li Baodong, numa conferência de imprensa nesta semana. Na quarta-feira Xi Jinping, para além da ONU, irá visitar também as sedes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comité Olímpico Internacional (COI).

CHINESES FAZEM MAIOR MIGRAÇÃO HUMANA ANUAL

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ENTENAS de milhares de chineses iniciaram ontem as viagens de regresso à China para celebrar o Ano Novo Lunar, que este ano se comemora no dia 28 deste mês. Responsáveis chineses afirmaram esperar perto de três mil milhões de deslocações durante este período festivo, que começou ontem e se prolonga até 21 de Fevereiro. Estas viagens incluem voos intercontinentais e locais, deslocações de

comboio ou em autocarros para todas as localidades chinesas, um país com 1,4 mil milhões de habitantes. Todos os anos, o período das celebrações do ano novo chinês representa a maior migração sazonal de pessoas em todo o mundo, numa altura em que as famílias se reúnem nas localidades natais para a festa mais tradicional da China, também conhecida como festival da primavera. Esta manhã,

a estação ferroviária de Pequim estava repleta de viajantes a arrastar enormes malas e a preparar-se para ir “à terra”. Su Wenqi, estudante universitária em Pequim, aguardava numa fila o comboio com destino a Harbin, no nordeste do país. “Os meus pais e familiares regressam a casa e sentimo-nos seguros em casa, por isso devo ir. Depois de um ano atarefado, sinto a falta deles”, acrescentou.

CHINA

VIETNAME MAIS PRÓXIMO...

O mais importante assessor político chinês, Yu Zhengsheng, reuniu-se com o secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista do Vietname (PCV), Nguyen Phu Trong, na sexta-feira à noite, pedindo por comunicação estratégica e confiança política entre os dois países vizinhos. Yu, presidente do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), disse que os laços ChinaVietname entraram em uma nova fase de desenvolvimento saudável e firme sustentado. Yu pediu a ambos os países que tirem o maior proveito da oportunidade para promover a comunicação estratégica, fortalecer a confiança mútua política e a cooperação pragmática, e expandir os intercâmbios entre pessoas para injectar nova dinâmica na parceria estratégica abrangente de cooperação entre os dois. Trong, por sua parte, disse que é o consenso entre o Vietnam e a China impulsionar a amizade tradicional e a parceria estratégica abrangente de cooperação entre os dois países. Trong chegou a Pequim na quinta-feira para uma visita oficial de quatro dias.

... E MILITARMENTE TAMBÉM

O vice-presidente da Comissão Militar Central da China, Fan Changlong, reuniu-se com o ministro da Defesa do Vietnã, Ngo Xuan Lich na sexta-feira em Pequim. Fan disse que o exército chinês está pronto a trabalhar com os vietnamitas para implementar o consenso importante atingido pelos líderes do Partido Comunista da China e do Partido Comunista do Vietname. Os exércitos dos dois países devem continuar a reforçar a confiança mútua, administrar e controlar adequadamente as disputas, e ajudar a promover a parceria cooperativa estratégica integral China-Vietname para um novo nível, disse Fan. Lich disse que o Vietname está disposto a trabalhar com a China para expandir a cooperação pragmática e promover o desenvolvimento contínuo das relações entre os dois exércitos. Lich disse ainda que a parte vietnamita está disposta a continuar com a interacção frequente de alto nível, aprofundar a cooperação pragmática e impulsionar as relações entre os dois exércitos para uma nova etapa.

AIRBUS ENTREGOU 153 AVIÕES EM 2016

A Airbus entregou 153 aviões a operadores chineses em 2016, marcando o sétimo ano consecutivo com mais de 100 entregas, informou a Airbus China nesta sexta-feira. As entregas incluíram 141 aviões de corredor único da série A320 e 12 da A330. No âmbito mundial, o número de entregas de aviões comerciais da Airbus bateu o recorde em 2016, com 688 aeronaves, e a China respondeu a 22% desse total. A parte continental da China tem 1383 aviões da Airbus em serviço, que correspondem a cerca da metade dos aviões civis do país com mais de 100 assentos. Em 2 de Março de 2016, as obras começaram para um centro de montagem e entrega da A330 da Airbus China em Tianjin, onde aviões A330 serão completados e entregues aos clientes chineses. Sendo o primeiro centro do tipo para aviões de grande fuselagem da Airbus fora da Europa, o centro em Tianjin deverá entregar o primeiro avião A330 em 2017.

SEMPRE COM “IRMÃOS AFRICANOS”

A China disse na sexta-feira que o país continuará a associarse com seus “irmãos africanos” no futuro. A declaração foi dada no âmbito da visita do ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, a África no início do ano. A China segue há 27 anos a tradição diplomática de tomar a África como o primeiro destino dos seus ministros das Relações Exteriores cada ano. Durante a viagem de 2017, Wang visitou Madagascar, Zâmbia, Tanzânia, República do Congo e Nigéria. A visita mostrou que a cooperação mais próxima com países em desenvolvimento, incluindo o continente africano, é “a fundação da diplomacia chinesa”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lu Kan. Lu disse que a China e os cinco países africanos alcançaram consenso em aprofundar os laços bilaterais, implementar resultados da cimeira de Joanesburgo do Fórum de Cooperação China-África em 2015 e actualização da cooperação sino-africana. Lu afirmou ainda que os líderes dos cinco países africanos reafirmaram os seus compromissos para a política de Uma Só China e acolheram a China como tendo um papel na paz e no desenvolvimento da África.


14 CHINA

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FUTEBOL FEDERAÇÃO ALTERA REGRAS PARA JOGADORES ESTRANGEIROS

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Federação Chinesa de Futebol alterou neste fim de semana as regras para uso de atletas estrangeiros na Super Liga Chinesa. Na primeira modificação do regulamento desde 2009, a entidade tirou o privilégio de estrangeiros de outros países da Ásia e aumentou em um espaço o limite

de jogadores de fora do continente no plantel dos clubes do país, de acordo com o jornal “Marca”. Agora, as equipas chinesas poderão ter cinco jogadores estrangeiros no plantel, independentemente de nacionalidade. O que mudou? Anteriormente o padrão era 4+1, sendo

esse “+1” um asiático não-chinês. A regra também estabelecia que apenas quatro estrangeiros poderiam estar em campo ao mesmo tempo, sendo um deles obrigatoriamente o de origem asiática. Após a nova mudança, só três atletas de outros países poderão jogar juntos, sem distinção da na-

cionalidade.Na prática, as mudanças prejudicam os jogadores asiáticos, já que estes tinham um benefício pelo regulamento para ter pelo menos uma vaga garantida no elenco. Com as alterações e os altos investimentos dos clubes chineses, este espaço está ameaçado por principalmente euro-

QI CHEN, O PIONEIRO DO INVESTIMENTO CHINÊS NO FUTEBOL EM PORTUGAL

O primeiro a chegar

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empresário Qi Chen é o rosto dominante do investimento da China no futebol em Portugal, com ligações a vários clubes nacionais em nome do objectivo de promover o desenvolvimento dos jovens futebolistas chineses. Pinhalnovense e Torreense são desde 2015 pontos de passagem obrigatórios no projecto deste investidor, nos quais figuram vários jogadores oriundos do seu país, entre os 18 e os 21 anos. Porém, a ligação a Portugal começou a ser trilhada em 2006, quando intermediou a transferência para o Benfica de Yu Dabao, hoje com 28 anos, a jogar no Beijing Guoan. Pelo caminho registou-se ainda a criação, em 2011, do Oriental Dragon FC, um clube só com jovens jogadores chineses entre os 15 e os 18 anos, bem como a Future Stars Football League, uma prova que acolhia este emblema e equipas dos escalões de formação de Vitória de Setúbal e Belenenses, entre outros. Tudo sob o patrocínio da WSports Seven, a empresa de Qi Chen. Em entrevista à Lusa, Qi Chen explicou que o clube da Margem Sul “foi uma oportunidade que surgiu” para reforçar a sua aposta em Portugal, num investimento que quer juntar a componente desportiva à vertente de “formação dos jogadores chineses”. “O objectivo para o clube é obter bons resultados. O objectivo para os jogadores chineses é eles poderem dar valor a esta plataforma e às condições que lhes estão a ser proporcionadas,

aprendendo mais acerca do futebol em Portugal, da atitude profissional nos jogos e nos treinos, e que possam depois levar melhores ensinamentos para a China”, referiu. Sem querer quantificar os montantes já investidos desde que iniciou este projecto em Portugal, o empresário asiático assumiu que já gastou “algum dinheiro”, mas que contribuiu também para ajudar “clubes em dificuldades e receptivos a investimento estrangeiro”. “Aproveitei a oportunidade para poder dar continuidade ao projecto de formação dos nossos jovens. Não tem sido fácil. Tivemos vários obstáculos, como os problemas de comunicação e as diferenças culturais. Tudo isso foi causando contratempos ao longo dos anos. Neste caso, acho que mesmo assim tem valido a pena, porque já conseguimos que alguns jogadores do nosso projecto seguissem para grandes clubes na China”, acrescentou. A ambição da China de se tornar uma potência do futebol nas próximas décadas está ainda a dar os primeiros passos. Mas, se o recrutamento de grandes jogadores já se verifica, a colocação de futebolistas chineses em clubes europeus de relevo está por materializar. Porém, isso não é ainda uma prioridade, como revelou Qi Chen, quando questionado sobre a carreira destes jovens. “Tudo depende do jogador e do nível a que consegue chegar aqui em Portugal. Se conseguirem chegar a um patamar superior, a situação ideal seria

uma transição para uma equipa da I ou II Liga aqui em Portugal ou para um outro clube europeu. Se chegarem ao limite da idade e não tiverem o nível que é esperado neles, terão de regressar à China e jogar na primeira ou segunda divisão chinesas”, sublinha. Depois da investida deste empresário no futebol português, já outros compatriotas lhe seguiram as pisadas, sendo disso exemplo o patrocínio da II Liga de futebol pela empresa Ledman. Todavia, Qi Chen acredita que ainda há espaço e oportunidades no futebol em Portugal para mais investimento chineses. “Desde que comecei a investir aqui em Portugal já atraí muitas atenções de clubes e investidores do futebol chinês e isso é sempre um cartão de boas vindas para outros investidores começarem a apostar no futebol português”, concluiu.

UM JOGADOR E UM SONHO

A comunicação entre chineses e portugueses é apontada por todos como a maior barreira, mas um dos jovens já deu esse ‘grande salto em frente’. Lingfeng, de 19 anos, passou na época passada pelos escalões de formação do Sporting e, além do talento nos relvados, consegue já expressar-se em língua portuguesa. “O português é muito diferente do chinês”, começa por dizer o jovem médio, explicando também as profundas diferenças que encontrou dentro das quatro linhas: “É mais difícil jogar aqui em Portugal. Os jogos têm mais intensidade e também temos mais encontros do que na China. Aqui é tudo muito mais táctico do que aquilo que tínhamos no nosso país”. Cumprir uma carreira no futebol europeu é o “sonho” de Lingfeng, mas, para que tal se concretize, o jogador espera seguir as instruções de Qi Chen. “Pediu-nos para ajudar a equipa, para darmos o nosso melhor e que tínhamos de trabalhar muito para jogar. A adaptação não foi muito fácil, mas gosto muito desta equipa. Este clube é grande e tem muita história”, admitiu o médio.

peus e sul-americanos seduzidos pelos altos salários pagos no país. Houve mais uma alteração estabelecida pela federação: a escalação obrigatória em todos os jogos de pelo menos um atleta sub-23 e a presença de outro sub-23 entre os reservas, ou seja, ao menos dois sub-23 por equipe.

Agarrado ao Leixões

Shiao Wei, o chinês que não quer regressar

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avançado do Leixões Shiao Wei é o futebolista chinês mais utilizado pelos clubes das Ligas profissionais portuguesas e assume o objectivo de prosseguir a carreira na Europa, em detrimento do regresso ao seu país. Shiao Wei, de 21 anos, cresceu a sonhar com as Liga inglesa e espanhola, mas agora quer afirmar-se no Leixões e chegar à I Liga, preferindo a “qualidade do futebol europeu” ao “muito dinheiro” na Liga chinesa. Wei tem sido um raro caso de sucesso entre os seis jogadores chineses a alinhar nas competições profissionais em Portugal, somando 65% de utilização pelo Leixões na II Liga, Taça da Liga e Taça de Portugal. O avançado chegou ao futebol português em 2013/14, para representar os juniores do Boavista, período que em entrevista à agência Lusa, Wei recordou como tendo sido “muito difícil”. “No primeiro ano, nos juniores, apenas joguei meia época. O futebol português não é diferente do chinês mas foi mais difícil para mim porque era o único jogador chinês e não falava português”, explicou o internacional nos escalões de formação. Oriundo de um país onde não há campeonatos de formação, Wei encarou a vinda para Portugal como uma ponte “para jogar na Europa” e os esforços de adaptação são visíveis, exprimindo-se com algum desembaraço na língua portuguesa. “Queria jogar aqui, ser melhor jogador. A China tem muito dinheiro, mas eu gosto mais deste futebol”, confessou o avançado que soma 17

jogos pelo Leixões esta época, 12 deles na II Liga. Wei explicou depois a ambição dos jovens chineses que sonham um dia afirmar-se pela via do futebol, confirmando que também os chineses são bem pagos no seu país. “A nós também pagam muito dinheiro, todos os clubes. Há aqui muitos jogadores jovens que vem para cá aprender e depois voltam para lá, onde é fácil ganhar dinheiro”, disse. Wei jogou oito anos no Shandong Luneng e reafirma que agora quer é jogar no futebol europeu. “Eu não quero voltar para a China. Fui internacional sub-15, sub-16, sub-21 e sub-23 mas eu quero é jogar na I Liga. Antes de vir para cá queria jogar em Inglaterra ou em Espanha, mas agora tenho 21 anos, já não sou muito novo, e quero jogar no Leixões e depois na I Liga”, garantiu Wei, autor do golo da última vitória do clube de Matosinhos na II Liga, diante do Penafiel (2-1), no minuto 90+3. Afirmando sentir no futebol nacional “muito melhor do que se estivesse na China”, Wei não escondeu a preferência quando instado a dizer em que posição gosta de jogar. “Sinto-me bem a jogar a ponta de lança, foi assim quando cheguei ao Boavista. Nos seniores também joguei nessa posição ou a extremo, mas gosto é de jogar a ponta de lança”, assegurou. Com mais um ano e meio de contrato com o Leixões, Wei não hesitou quando convidado a desvendar qual é o seu ídolo, respondendo Cristiano Ronaldo.


Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

ZHANG YANYUAN «Lidai Ming Hua Ji»

Relação das Pinturas Notáveis Através da História Todos os registos escritos relatam os actos dos homens mas não transmitem as suas aparências. Os poemas e baladas cantam as suas virtudes mas não conseguem representar as suas imagens. Através da arte da pintura os dois lados podem ser combinados. Por isso Lu Shihheng1 disse: «O exercício da pintura pode ser comparado à recitação de baladas e cantigas exaltando a beleza das grandes acções. Nada melhor que as palavras para elogiar as coisas, e nada é melhor que pinturas para registar as formas». Estas palavras são bastante correctas. Cao Zhi2 disse: «Quando se veem pinturas dos Três Reis e Cinco Imperadores3, não é possível olhar para elas sem respeito e veneração, e quando se vê pinturas dos San Chi (os últimos governantes das três dinastias Xia, Shang e Zhou) não se pode deixar de ficar triste. Quando se veem

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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pinturas de rebeldes e filhos desrespeitadores dos pais, não se pode deixar de arreganhar os dentes. Quando se admiram pinturas representando homens de grandes princípios e sábios maravilhosos, quantas vezes não nos esquecemos das refeições. Quando se observam pinturas de súbditos fiéis que morreram no cumprimento do dever, não podemos deixar de nos sentir exaltados. Quando se olham pinturas de cidadãos exilados e filhos expulsos não nos podemos impedir de suspirar. Ao observar imagens de homens corruptos e mulheres invejosas não podemos deixar de olhar com desprezo. Quando se olha para pinturas de imperatrizes obedientes e boas esposas secundárias, não podemos deixar de sentir a mais profunda admiração. Por aqui podemos deduzir que as pinturas servem de modelos morais ou espelhos de conduta.»

1 - Nome de cortesia do famoso escritor e político Lu Ji (261-303), presidente da Universidade imperial durante o período dos Três Reinos, autor do Wenfu obra de análise crítica onde discute os princípios da composição literária. 2 - Cao Zhi (192-232) foi o terceiro filho de Cao Cao, que perdeu a disputa com o seu irmão Cao Pin para suceder ao pai na chefia do Estado de Wei devido ao seu comportamento excêntrico e apreço excessivo do vinho. No entanto a sua obra literária, de que hoje existem mais de noventa poemas mais de sessenta com cinco caracteres, perduraria. O seu poema «Ninfa do Rio Luo» esta transcrito na pintura com o mesmo nome de Gu Kaizhi (265-420), onde consta um retrato de corpo inteiro do poeta. Também está referido no Romance dos Três Reinos, novela histórica do século XIV, atribuída a Luo Quanzhong. 3 - Míticos heróis culturais do norte da China, referidos entre outros no Yijing, que teriam vivido entre 2800 a 2000 anos a. C.

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Amélia Vieira

O tempo dos assassinos E

M Outubro de 1955, no centenário de Rimbaud, Henry Miller dá a conhecer a sua obra mais tocante acerca do até aí seu desconhecido Arthur Rimbaud, « O Tempo dos Assassinos». Ele afirma tratar-se de uma tentativa falhada de não poder tido traduzir «Une Saison en Enfer». Rimbaud foi um prodígio de linguagem, de produção de signos linguísticos, de inventividade, de construção, apanágio sem dúvida da sua radical dimensão poética. Estes atributos vieram a ser para todos os poetas do século XX uma referência, um mistério, também uma fonte de inspiração que não se esgota, ele é quase uma voz telepática... um arauto... uma sinfonia perfeita na composição do verbo. Mas este Rimbaud, corolário de uma peça que faltava na destreza da estrutura poética, foi sempre a meus olhos o eterno fugitivo, parecendo ter-se soltado de um raio cintilante que tombara sem que fosse muito consequente ou pródigo na sua defesa. Aconteceu-lhe aquilo, talvez fulminantemente, e hoje, é ainda nas suas brasas que vamos analisar o mistério de se ser Rimbaud. Olho-o insolente, carente, agarrado a Verlaine para o torturar com a sua audácia, inseguro, ciumento, implorativo, provocando à escravidão aquele que amava e lhe fugia num labirinto de emoções desencontradas; e Verlaine, não menos saciado da sua própria fúria, salvaguardava para si a sua mais preciosa metade. Vejo-os ensinando, compilando, traduzindo, rindo, comentando, bebendo, saindo e, por fim, dilacerados de caos e talvez de fome, gritando. Vejo-o a fugir da morte como de um parente querido, a atirar-se a ela como um amante em fúria... A sua obra tinha terminado. Há tiros certeiros. Continuou, mas já nas “saisons” dos seus infernos. Rimbaud partiu e nessa fuga estava encerrada o ciclo do tempo criador, do amigo/inimigo que nenhum lugar do mundo voltaria a devolver, o seu par, e sem ele não há projectos: há fugas e para fugir continua uma estranha noção de caminho. Ninguém vai ser feliz em lado algum se o laço da revelação foi quebrado, nem creio que essas noções o inquietassem. Uma coisa é uma relação, outra é esta “coisa” que está muito para fora desse âmbito — o encontro — e sem o nosso par do destino não há futuros premeditados, ele far-se-á andando na fuga. Verlaine chorou esta ausência, ele que o desejou matar, foi aquele (e só ele o po-

deria fazer) que mais tarde, quando finalmente a morte veio, lhe reúne a obra, compila e publica. Ficara cá para acabar o que juntos não lhes foi possível concluir e no seu eterno cachecol vermelho suado, sugado, sujo, ele terá certamente entornado mais vinho, mais lágrimas, até ficar sevado de emocionante maravilha. Na sua redenção final, ele, que tinha o pódio do poeta da época, vai servir a quem o vencera, aquele que encarnou a linguagem fazendo quase tudo o que se pode fazer com ela. “Quando deixam os anjos de se parecer consigo próprios?”, pergunta Henry Miller pois que nunca tinha assistido a um espírito mais recalcitrante. Miller, que reflecte aqui o seu “plexus” de um sentido refinadíssimo da compreensão das componentes poéticas, pegando ao colo este ser que queima e aguentando-o numa magistral análise que nos faz esquecer o estereótipo que dele guardam alguns, faz-nos reflectir. Nós ficamos doentes. Parece que encolhemos ao lado deles... que nos roubaram o fígado, a alma, os dotes, que a ave devorou as entranhas do nosso génio criador, parece que as coisas que fazemos se volatizam, ridicularizam... Nada a obstar à liberdade de tais seres que deitaram fora tudo aquilo de que os outros andam atrás, rastejando. E esta fuga vai encontrar Rimbaud não num oásis de predestinados, mas na maior das devastações, e diz Miller: «não se pode imaginar o lugar: não há uma árvore, nem sequer ressequida, não há um tufo de erva. Era a cratera de um antigo

vulcão extinto onde um dos lados impediam o ar de entrar. Quer ser independente... como é que um homem de génio consegue enfiar-se num buraco onde vai assar, encarquilhar? Tem de novo medo de ser rejeitado e que o considerem inútil no mundo.» Não por acaso eles se encontram aqui: são duas personalidades escatológicas, cada uma à sua maneira. Mas há nele, sempre, uma recusa sombria na maturação, definindo-o como o agente do gesto supremo duma juventude triunfante. E assegura que lhe foi dado o privilégio de ver com o olho direito e com o esquerdo, metaforicamente, os olhos da alma. Ele permanecerá sempre marginal e mais desejoso de calcar o mundo de que o conquistar. Creio mesmo que a sua permanência na fonte da criatividade é uma antecipação magnética, telepática, da noção de uma linguagem futura... pois é Miller que acrescentado o diz: o futuro sempre pertenceu e há-de pertencer sempre.... ao poeta: e é tão surpreendente a forma como o reflecte que afirma: «em minha opinião, não existe qualquer discrepância entre a visão que ele tinha do mundo e da vida dos grandes inovadores religiosos. Nós que exortamos coisas sem nexo, perdemos o grande fio condutor daquelas que restam como códigos imperecíveis. » Creio que o título desta obra encerra toda a substância de uma deriva do mundo pela morte, morte essa, consubstanciada na vida de um poeta para quem os agentes sociais são meros assassinos. Assassinos sem mérito, dado que não há noção aparente dessa condição, assassino

“Começamos finalmente a compreender até que ponto é pouco moderna esta nossa alardeada era de ‘modernidade’. Quanto aos espíritos verdadeiramente modernos, fizemos o melhor que podíamos para os exterminar. E, de facto, os seus desejos mais profundos parecem-nos hoje românticos: é que falavam a linguagem da alma. Hoje falamos uma língua morta”

potencial seria mais Verlaine, pois eles partilhavam da fonte da criação e só esses têm essa inteira legitimidade, assim, uns assassinos obscuros, dementes, impróprios até para tais limites, a intransponível marca da besta que no Homem dorme como uma molécula parada. E também estou certa que ele mesmo, Miller, fez a sua prova de fogo a sua catarse na escrita desta natureza, pois todo o amor requer simpatia. E acrescenta o fundo empático e complementar: “Rimbaud restaurou a literatura convertendo-a em vida; eu esforcei-me por restaurar a vida restaurando-a em literatura.” Eles não pertenciam a sítio nenhum e há mãos que quando se apertam dão laços tais que não usamos contemplar a curva de cada uma. Paralelismos sem dúvida “assassinos” mais ainda e transfigura-se sempre o “amador na coisa amada”. E há ainda aquela mãe. E há os Natais. E o que há mais? Mais nada nesta fronteira onde sem dúvida será preciso fugir nem que seja para a cratera de um antigo vulcão já morto. “Começamos finalmente a compreender até que ponto é pouco moderna esta nossa alardeada era de ‘modernidade’. Quanto aos espíritos verdadeiramente modernos, fizemos o melhor que podíamos para os exterminar. E, de facto, os seus desejos mais profundos parecem-nos hoje românticos: é que falavam a linguagem da alma. Hoje falamos uma língua morta, e cada um de nós a sua. Acabou a comunicação; só nos falta entregar o cadáver.” A chave que fecha todos os Assassinos do outro lado onde moram. Aqui começa o dia. A quatre heures du matin, l´été, Le sommeil d´amour dure encore. Sous les bosquets l´aube évapore L´odeur du soir fêté. Mais là-bas dans l´immense chantier vers le soleil des Hespérides, En bras de chemise, les charpentiers. Déjà s´agitent. Ah! pour ses Ouvriers charmants Sujets d´un roi de Babylonne, Dont l´âme est en couronne. O Reine des Bergers! Porte aux travailleurs l´eau-de-vie. Pour que leurs forces soient en paix. En attendant le bain dans la mer, à midi.


17 hoje macau segunda-feira 16.1.2017

TEMPO

C H U VA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1

?

FRACA

MIN

12

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15

HUM

80-98%

EURO

8.50

BAHT

EXPOSIÇÃO “PÓ E PEDRA” DE RAFAELA SILVA E FERNANDO SIMÕES Fundação Rui Cunha (Até 15/01)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02) EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02) EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017) PROBLEMA 157

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 156

ARRIVAL SALA 1

ARRIVAL [B] Filme de: Denis Villeneuve Com: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2

CHERRY RETURNS [C] FALADO EN CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Chris Chow Com: Song Jia, Lam Ka Tung, Cherry Ngan, Hu Ge 14.30, 21.30

A STREET CAT NAMED BOB [B] Filme de: Roger Spottiswoode

Com: Luke Treadaway, Joanne Froggatt, Ruta Gedmintas 16.30, 19.30

UM FILME HOJE

SUDOKU

DE

C I N E M A

YUAN

1.15

ANO DO GATO

E EXPOSIÇÃO “ÁRVORES E ARBUSTOS DE MACAU” DE CATARINA FRANÇA E MAFALDA PAIVA Instituto Internacional de Macau (Até 13/01)

Cineteatro

0.22 AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT

EXPOSIÇÃO “ART FOR ALL , 9º ANIVERSÁRIO” Macau Art Garden (Até 22/01)

(F)UTILIDADES

Pensava que já tínhamos passado por isto, mas não. O fascínio dos humanos com calendários e medidas de tempo é um poço sem fundo, nunca pára.Agora é o Ano Novo Chinês. As ruas começam a ser inundadas de lanternas, há um reforço em tudo o que é vermelho e dourado, como se isso fosse possível, prendas serão trocadas, banquetes serão preparados em honra dos deuses da alarvice. Já me estou a preparar para os sobressaltos da pirotecnia e para um rol de superstições que colocam em dúvida a ideia de animais racionais. Mas para quê a bicharada? E que escolhas são estas? Porco? Rato? Cabra? Boi? Galo? Cão? Devem estar a brincar comigo! Vá lá que não se lembraram de celebrar o ano da Lombriga. Cavalo, Serpente, Dragão e o primo Tigre percebo, não são escolhas assim tão ofensivas. Começo a achar que o ser humano é a minha provação social, algo que tenho de carregar como uma cruz, a via dolorosa da coabitação, a infantil impertinência bípede. Sinceramente, este calendário zoológico é uma ofensa à magnificência do reino animal, salva-se o Tigre, o mais elegante do cardápio da bicharada do horóscopo. Mas porque terei de seguir estas normas incompreensíveis? Não tenho, claro. É por isso que hoje, ao abrigo da autoridade que me concedo, decreto aberto o Ano do Gato. Pu Yi

THE ROOM | 2015 | LENNY ABRAHAMSON

Esta é uma espécie de homenagem ou um exercício de memória para todas as mães e mulheres que são obrigadas a viver em cativeiro durante anos a fio. Até que um dia a esperança rebenta com todos os medos. Um menino de cinco anos não conhece mais nada do mundo para além do pequeno quarto, onde vive com a mãe, presa há sete anos. Uma tentativa de fuga vai mudar o rumo das suas vidas. Um filme emocionante. Andreia Sofia Silva

SALA 3

10000 MILES [B] FALADO EN MANDARIM LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Simon Hung Com: Yuan Huang, Megan Lai, Darren Wang 14.30, 16.30, 21.30

SING [A] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Garth Jennings 19.30

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

hoje macau segunda-feira 16.1.2017

“President Xi Jinping emphasized that innovation; economic restructuring and consumption should be among the top priorities of China’s next stage of growth (the 13th Five-Year Plan for 2016–2020). The “Internet Plus” action plan seeks to drive economic growth by integration of internet technologies with manufacturing and business.” China’s Mobile Economy: Opportunities in the Largest and Fastest Information Consumption Boom Winston Ma, Xiaodong Lee and Dominic Barton

FRITZ LANG, METROPOLIS

A China empresarial

O

crescimento da economia chinesa parecia imparável. O antigo modelo de crescimento, que depende fortemente do planeamento estadual e de um imenso investimento em infra-estruturas e propriedades, prospera com um uso maciço de crédito fornecido pelo sistema financeiro dominado pelo Estado, que se está a esgotar a todo o vapor. O sucesso da transformação económica da China depende da capacidade de correcção das suas instituições. Muito pode ser alcançado se forem retiradas as lições correctas do passado recente, que permitiu o inigualável sucesso económico da China, e principiar o trabalho de fazer face aos problemas estruturais que têm algemado o espírito empreendedor do povo chinês. Apesar de todas as suspeitas que muitos analistas levantam sobre a economia chinesa, a imagem não é de pesar, antes pelo contrário, havendo muitas razões para ser confiante. Embora a taxa de crescimento anual do PIB tenha caído para menos de 7 por cento, ainda representa maior produção económica do que os 14 por cento de 2007, simplesmente, porque a economia se tornou muito maior, e ao longo do tempo, temos observado o surgimento de novos tipos de empresas na China. Os altamente disruptivos são os que mais agressivamente usam novas tecnologias, como a Internet móvel para desafiar operadores ineficientes, são globais em visão, mais dispostos a assumir riscos, e mais qualificados na administração do mercado de capitais, podendo aproveitar ao máximo as potencialidades da nova tecnologia e fornecer não só melhores produtos de fabrico, mas também serviços de qualidade cada vez mais sofisticados, sendo a esperança das grandes empresas da China. As pessoas estão curiosas em saber como se explica o crescimento da economia chinesa e a forma como tal aumento implicou para o resto do mundo. O surgimento da economia chinesa decorreu do espírito empreendedor dos executivos e fundadores corporativos que tinham sido incentivados e libertos devido à reforma da China e às políticas de abertura. As suas histórias de sucesso e fracasso tornaram-se gradualmente

assuntos de pesquisa de negócios e matéria de casos usados no ensino das escolas de negócios, e instrução de empresários e líderes de negócios pelo mundo. Após três décadas e meia de desenvolvimento económico, a China transformou-se de um país empobrecido na segunda maior economia do mundo. O pesquisador do Instituto de Tecnologia Computacional da Academia Chinesa de Ciências (CAS), Liu Chuanzhi, em 1984, decidiu aventurar-se no mundo dos negócios e com a ajuda de dez outros colegas, criou uma empresa de tecnologia em Zhongguancun, um distrito onde a maioria dos institutos nacionais de pesquisa estão localizados, tendo conseguido juntar RMB 200.000 como investimento inicial. O objectivo de Liu era humilde, pois tratava-se de desenvolver um sistema para acelerar a digitação de caracteres chineses em computadores e, se possível, ganhar algum dinheiro, e provavelmente estava além dos sonhos mais loucos de Liu, pensar que a sua pequena empresa se tornaria em uma das empresas de tecnologia mais bem sucedidas da China. A empresa, mais tarde

conhecida como Lenovo, foi classificada como a 231.ª maior empresa do mundo em vendas pela revista Fortune, em 2015. Liu não só se orgulha da maior quota de mercado de computadores do mundo, mas também desenvolveu uma base sólida em áreas como smartphones, tablets, megadados, computação em nuvem, private equity, venture capital investment e agricultura. A Lenovo era uma empresa totalmente doméstica, antes da aquisição da unidade de computadores da IBM, em 2005. A partir de 2015, os activos e as vendas no exterior ultrapassaram 50 por cento, e os executivos não chineses representam mais da metade dos executivos seniores da Lenovo. A Lenovo tem sido amplamente vista como a empresa mais orientada para o mercado e a mais internacional da China. Em 1980, Ren Zhengfei, um ex-oficial do exército, mudou-se para Shenzhen para tentar a sua sorte. Após algumas tentativas fracassadas, fundou a Huawai Technologies, em 1988. Em menos de trinta anos, a Huawai tornou-se a fornecedora e líder mundial de equipamentos de informação e telecomuni-

cações, exportando produtos e serviços para mais de cento e cinquenta países. As vendas totais da Huawei, em 2014, ultrapassaram duzentos e oitenta e oito mil milhões de RMB, e o seu lucro líquido foi de cerca de vinte e oito mil milhões de RMB. A Huawei tem vendas significativamente maiores do que os campeões tradicionais neste campo, como a Ericsson, Alcatel-Lucent e Siemens. A Huawei é também o terceiro maior produtor de smartphones do mundo, com mais de 9 por cento da participação no mercado mundial, desde do terceiro trimestre de 2015. A Sany Group, empresa sediada em Changsha, capital da província de Hunan, anunciou em 20 de Janeiro de 2012, a aquisição da Putzmeister, fabricante alemão de máquinas de engenharia e gigante industrial. Quando Liang Wengen fundou a Sany em 1994, possuir o “elefante” (apelido de Putzmeister) era apenas um sonho. A Sany, em menos de 20 anos, possuía o “elefante”, e também obteve acesso às tecnologias de ponta e canais de distribuição da Putzmeister em todo o mundo. O maior processador de carne da China, a Shuanghui International Holdings Ltd., em


19 hoje macau segunda-feira 16.1.2017

OPINIÃO perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

Maio de 2013, firmou um acordo de 4,7 mil milhões de dólares para adquirir a Smithfield Foods Inc., dos Estados Unidos. O negócio marcou a maior aquisição de uma empresa americana por uma empresa chinesa. A Smithfield Foods Inc. foi criada em 1936, juntamente com outras quatro empresas, e controla 73 por cento da indústria de transformação de carne de porco dos Estados Unidos. Enquanto a receita de Shuanghui foi de 39,7 mil milhões de RMB, em 2012, a Smithfield referiu uma receita duas vezes maior que o da Shuanghui, de aproximadamente de 80,3 mil milhões de RMB, em 2012. A aquisição aumentou significativamente a escala global em negócios da Shuanghui, estabelecendo uma base sólida para a sua Oferta Pública Inicial (OPI), em Hong Kong. A procura por carne de porco continua a aumentar na China, estando a Shuanghui a emergir como um império porcino. O empresário Lei Jun, em um pequeno escritório alugado em Pequim, juntamente com os seus seis parceiros, em Abril de 2010, anunciou a fundação de Xiaomi.com. Lei Jun tinha sido um empresário de sucesso

antes de fundar a Xiaomi.com e levou a Kingsoft, uma empresa de desenvolvimento de software, para o estatuto de OPI. Fundou também, a Joyo, uma plataforma de comércio electrónico que foi adquirida pela Amazon. O fundador da Xiaomi.com, estava predestinado a entrar no mercado de smartphones high-end. A Xiaomi.com, um ano mais tarde, lançou o seu telefone de primeira geração com um preço de retalho de 1999 RMB. Tendo

Transformando-se de simples unidades de produção sob a economia planeada para empresas orientadas para o lucro e mercado, a China empresarial concluiu com êxito a sua primeira metamorfose

por base as vendas na Internet e o marketing de boca-a-boca, as vendas de Xiaomi.com aumentaram rapidamente, vendendo mais de sessenta milhões de aparelhos em 2014, e tornando-se o sexto maior produtor mundial de telefones celulares. O telefone móvel, para Lei Jun, não é apenas um dispositivo simples. É um equipamento que engloba software, serviços de internet e hardware. O Xiaomi.com, desde o início, tem conseguido desenvolver um ecossistema que não só abriga aplicativos, mas vende também, uma ampla gama de artigos, desde entretenimento, passando por software até serviços. A sua mais recente avaliação, efectuada no final de 2014, fixou o valor da Xiami.com em quarenta e cinco mil milhões de dólares, sendo considerada uma das mais valiosas “startups” do mundo, e uma das dez maiores empresas de Internet, em valor estimado de mercado no mundo. Durante as últimas três décadas e meia, histórias como Lenovo, Huawei, Sany, Shuanghui e Xiaomi têm abundado na China. A China empresarial está a crescer, e juntamente com a surpresa improvável do impulso da China corporativa é o rápido crescimento da economia chinesa, desde que o governo chinês iniciou a reforma económica em 1978, a China conseguiu manter uma taxa média de crescimento do PIB de mais de 9 por cento. A China ultrapassou o Japão para se tornar a segunda maior economia do mundo, em 2010. A China ultrapassou os Estados Unidos para se tornar a maior fabricante do mundo, em 2012. A China produziu menos de 3 por cento da produção total mundial, em 1990. Esta proporção aumentou para quase um quarto. Considerando a indústria do alumínio como um exemplo. Os produtores chineses de alumínio representavam apenas 4 por cento da produção mundial, em 1990 e até 2014, a sua participação aumentou para 52 por cento. Ao longo do caminho do desenvolvimento, a China também se tornou o maior consumidor de bens de luxo do mundo, bastando caminhar pelas ruas de Pequim, Xangai, Shenzhen e muitas cidades costeiras, para se poder facilmente sentir o entusiasmo dos cidadãos chineses, em que muitos parecem viver uma preocupação optimista, falando pelos iPhones, carregando malas Rimowa, calçando sapatos Prada e usando relógios Piaget. Ainda que o crescimento do PIB tenha abrandado nos últimos anos e muitos tenham perdido a fé no discurso da China, esta continua a ser o mundo da manufactura e centro de exportação, e um dos motores de crescimento mais poderoso do mundo. Todos os anos, a revista Fortune publica uma lista das 500 maiores empresas do mundo, a Fortune Global 500. Este produto clássico da revista é muito valorizado pelos meios de comunicação chineses, bem como pelas empresas chinesas. O facto de constar desta lista, para muitos, tem o significado de se tornar em uma

empresa de classe mundialmente respeitada. Para a China empresarial, o real progresso deu-se em 1986, quando duas empresas chinesas entraram na lista pela primeira vez. O número de empresas chinesas na Fortune Global 500, desde então, tem aumentado, aparecendo cento e seis empresas, em 2015, em comparação com cento e vinte e oito nos Estados Unidos. A China já obteve mais empresas listadas na Fortune Global 500, desde 2011, do que a Alemanha e o Japão, tendo sido ultrapassada apenas para os Estados Unidos. As empresas chinesas, nos últimos trinta e cinco anos, transformaram-se com sucesso de acordo com a prática e os padrões de empresas como a GE, Toyota e Shell. A revista Fortune classifica as empresas globais de acordo com suas vendas totais. O limiar para a lista de 2015 foi de cerca de vinte e quatro mil milhões de dólares, correspondente a cerca de cento e cinquenta e quatro mil milhões de RMB, e mais de cem empresas relataram vendas acima dos cento e cinquenta mil milhões de RMB, em 2015, pelo que o aumento da China empresarial não poderia ser mais óbvio. Em grande medida, esta vaga simboliza o sucesso económico da China nos últimos trinta e cinco anos. Em 2015, entre as dez maiores empresas do mundo por receitas, estão três empresas estatais chinesas, a Sinopec, PetroChina e State Grid Corporation da China. A China não tinha uma única empresa no sentido moderno do termo, quando em 1978, foi forçada a iniciar a sua reforma económica. As denominadas por empresas, eram unidades de trabalho do tipo instalado na União Soviética, destinadas a cumprir as tarefas que lhes fossem atribuídas pelas agências de planeamento, em diferentes níveis. Até então, o Banco Central da China, o Banco Popular da China (PBOC na sigla em língua inglesa), sob a supervisão do Ministério das Finanças, também funcionava como um banco comercial. O PBOC desagregou as suas funções comerciais e deu forma ao Banco Industrial e Comercial de China (ICBC na sigla em língua inglesa) nos princípios da década de 1980. Desde então, o ICBC tornou-se um dos maiores intermediários finais do mundo. O ICBC, em 2015, foi considerada a décima oitava empresa mundial em termos de receita, o maior banco e a empresa mais rentável, batendo a Apple e a Exxon. Transformando-se de simples unidades de produção sob a economia planeada para empresas orientadas para o lucro e mercado, a China empresarial concluiu com êxito a sua primeira metamorfose. Estudar a ascensão rápida e inverosímil da China empresarial é trabalho fascinante, pois apresenta muitas perguntas, algumas preocupantes, tal como o facto de milhões de empresas chinesas, muitas vezes em larga escala, conduzirem negócios na ausência de infra-estrutura institucional bem desenvolvida e como se processa a aplicação da lei e a protecção dos direitos de propriedade.


Quanto menos se pensa Macau mais graça têm as suas gentes. Atlântido

O Portugal dos crescidinhos

DUTERTE ORDENA BOMBARDEAMENTO DE EXTREMISTAS E REFÉNS

Ser português em Londres além de “passar o dia no café”

D

UAS jovens portuguesas lançaram um projecto multimédia intitulado “Little Portugal” para promover a comunidade portuguesa em Londres, recolhendo testemunhos em vídeo que disponibilizam numa página de Internet. A equipa inclui uma ‘designer’ portuguesa, um compositor de música romeno e uma operadora de câmara checa, mas a cara do projecto lançado no final do ano passado são as portuguesas Catarina Demony e Ana Có. “O projecto começou para ser uma celebração do que os portugueses estão a fazer aqui em Londres. Há muitas gerações, há todo o tipo de pessoas da comunidade portuguesa a viver em Londres e temos o objectivo de dar a voz a essa comunidade portuguesa”, disse Ana Có, responsável pelo programa de actividades de uma organização não-governamental em Londres. Formada em Ciências Política, Ana Có considera que existe mais para além do “estePUB M01 M02 M03 M04 M05 M06 M07 M08 M09 M10 M11 M12 M13 M14 M15 M16 M17 M18 M19 M20 M21 M22 M23 M24 M25 M26 M27 M28 M29 M30 M31 M32 M33 M34 M35 M36 M37 M38 M39 M40 M41 M42 M43

reótipo que passa o dia no café português. Há cada vez mais portugueses com qualificações e com cargos importantes que lideram na comunidade inglesa”. A ideia surgiu em conversa com a jornalista Catarina Demony, cuja amizade remonta à vida em Portugal e que reataram durante os estudos universitários em Inglaterra. Sendo ambas jovens, possuem uma experiência diferente do que é o Portugal contemporâneo e pretendem mostrar um lado mais moderno do país, que, além de profissionais da limpeza, construção ou restauração, também produziu criativos e empreendedores. “Quando começámos o projecto não sabíamos muito sobre a comunidade portuguesa”, admitiu Catarina Demony, para quem o primeiro passo foi convencer as pessoas da validade do projecto. Entretanto, já publicaram nove entrevistas, incluindo de políticos, empresários, activistas ou profissionais de várias gerações, incluindo um professor inglês que dá aulas de língua inglesa a portugueses.

segunda-feira 16.1.2017

O

“Eu e a Ana já nos conhecemos há muitos anos e temos as duas uma grande paixão por contar histórias”, afirmou. Na sua opinião, “há uma necessidade de, tanto para os britânicos como para os portugueses em Portugal, que a vida de emigrante não é um conto de fadas”, por isso quer mostrar tanto os casos de sucesso como as histórias de dificuldades. O projecto é independente e, garantem, sobrevive do próprio esforço e financiamento. O envol-

vimento dos restantes membros da equipa veio por amizade, o que as obriga a explicar o contexto de algumas entrevistas e comportamento dos portugueses, como os encontros para beber café ou para ver futebol. “Ter amigos que não são portugueses a trabalhar neste projecto faz-me sentir que estou a conhecer Portugal um bocadinho mais porque temos de explicar-lhes estes detalhes”, brincou.

Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, anunciou ter ordenado às suas tropas que bombardeiem os extremistas que fogem com reféns, de modo a travar a onda de sequestros no mar, apelidando a perda de vidas civis como “dano colateral”. Duterte já tinha dito anteriormente que aconselhou os seus homólogos indonésios e malaios a fazerem explodir os militantes que sequestram marinheiros nas águas onde os três países convergem e a trazer os reféns para o sul das Filipinas. O Presidente disse ter dado as mesmas ordens às forças filipinas. O chefe de Estado Filipino disse à marinha e guarda costeira que “se houver raptores e estiverem a tentar fugir, bombardeiem-nos a todos”. “Falam de ‘reféns’. Desculpem, (são) danos colaterais”, afirmou num discurso para empresários em Davao. Segundo Duterte, tal abordagem vai permitir que o Governo acerte contas com os militantes que pedem resgates. “Não podem ganhar pontos pela sua má conduta. Vou mesmo rebentar com vocês”, disse. O seu conselho para potenciais vítimas? “Na verdade, não se deixam sequestrar”. Os comentários de Duterte surgem perante as dificuldades do seu país, juntamente com a Malásia e a Indonésia, de travar uma série de raptos levados a cabo por grupos extremistas como o Abu Sayyaf.

Local de recolha de lixo de grandes dimensões antes do Ano Novo Chinês 【14/01/2017 - 27/01/2017, 20H00 - 23H00】

Depósito de lixo na Rua do Canal das Hortas n°47 Depósito de lixo na Rua Norte do Canal das Hortas n°235 Depósito de lixo na Alameda da Tranquilidade n°103 Contentor de compressão de lixo, Rua Seis do Bairro Iao Hon n.º 18 Depósito de lixo na Av. de Artur Tamagnini Barbosa (perto do auto-silo do edf. Tamagnini Barbosa) Contentor de compressão de lixo, sito na Rua Seis do Bairro Iao Hon (ao lado das zonas de vendilhões) Depósito de lixo no Mercado de Tamagnini Barbosa Depósito de lixo fechado da Zona de Lazer da Rua Quatro do Bairro Iao Hon Depósito de lixo na Rua Nova de Toi San n°12 Depósito de lixo na Estrada Marginal do Hipódromo Depósito de lixo na Travessa Norte do Patane n°16 Depósito de lixo na Estrada Marginal da Ilha Verde (lado oposto do Matadouro) Depósito de lixo na Rua da Ilha Verde n°51 Depósito de lixo na Rua do General Castelo Branco n°67 Depósito de lixo na Rua do Templo Lin-Fong n°89 Depósito de lixo na Rua Sul do Patane (ao lado do Edf. Fai Tat) Depósito de lixo na Rua Sul do Patane n°181 Depósito de lixo na Rua dos Estaleiros Contentor de compressão de lixo, na Avenida de Horta e Costa Depósito de lixo na Rua de Kun Iam Tong n°63 Depósito de lixo no Beco do Pagode do Patane, n.º 11 Contentor de compressão de lixo, Rua de Francisco Xavier Pereira n.º 131 Depósito de lixo na Rua do Coronel Mesquita, n.º 5 Depósito de lixo na Rua de Entre-Campos Depósito de lixo da Rua de Silva Mendes nº1 (Próximo da Casa Memorial do Dr. Sun Yat-Sen) Depósito de lixo na Rua de Tomás Vieira n°80 Travessa do Pau n°19 Depósito de lixo no Beco dos Faitiões n°21 Depósito de lixo na Rua da Esperança Depósito de lixo na Calçada de S. Francisco Xavier n°1 Depósito de lixo na Travessa do Armazém Velho n°1 Depósito de lixo no Largo do Pagode do Bazar Depósito de Lixo na Av. do Coronel Mesquita n°85 Depósito de lixo na Rua de Luís João Baptista n°13 Depósito de lixo na Rua de Henrique de Macedo n° 2 Depósito de lixo na Rua do Pato n°12 Depósito de lixo no Pátio de S. Domingos nº 2 Depósito de lixo no Pátio de Hó Chin Sin Tong n°1 Contentor de compressão de lixo, Rua do Almirante Sérgio n.º 13B Depósito de lixo na Zona de Lazer do Largo do Aquino Contentor de compressão de lixo, na Rua Nova à Guia nº. 276 Contentor de compressão de lixo, Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques n.º 49 Depósito de lixo no Miradouro de Henry Dunant

M44 Contentor de compressão de lixo, Rua das Alabardas, em frente ao nº 10 D M45 Depósito de lixo fechado na Avenida da Praia Grande nº 291 (Cruzamento com o Pátio do Pagode) M46 Depósito de lixo fechado na Praceta de 1 de Outubro M47 Depósito de lixo fechado na Rua do Almirante Sérgio nº 209 M48 Depósito de lixo na Calçada da Paz n°4 M49 Depósito de lixo naTravessa do Bom Jesus n°16 M50 Depósito de lixo na Travessa da Prosperidade n°26 M51 Depósito de lixo na Av. da República n°2A M52 Depósito de lixo na Rua de S. Tiago da Barra n°15 M53 Depósito de lixo na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.º 745 (ao lado do Jardim Comendador Ho Yin) M54 Contentor de compressão de lixo, no Mercado Provisório do Patane M55 Depósito de lixo na Rua Seis do Bairro da Areia Preta n°152 M56 Contentor de compressão de lixo, na Rua de Francisco Xavier Pereira n.º 61 M57 Contentor de compressão de lixo, na Rua de Francisco Xavier Pereira n.º 149 M58 Contentor de compressão de lixo, no exterior do Templo Chok Lam M59 Contentor de compressão de lixo, na Saída do Auto-Silo de Automóveis Pesados da Avenida 1º de Maio M60 Contentor de compressão de lixo, na Estrada Marginal da Areia Preta n.º 87 M61 Contentor de compressão de lixo, na Rua Cidade de Braga M62 Alameda Dr. Carlos d’Assumpção 403 - 439 (Centro Unesco de Macau) M63 Depósito de lixo na Travessa de S. Domingos, n.º 16B M64 Contentor de compressão de lixo, Rua das Estalagens nº. 110A M65 Depósito de lixo na Avenida do Comendador Ho Yin M66 Contentor de compressão de lixo, Estrada de Adolfo Loureiro nº 12J M67 Contentor de compressão de lixo,Rua de Martinho Montenegro nº 13 M68 Depósito de lixo na Rua da Harmonia n°129 M69 Depósito de lixo na Rua do Matapau, n.º 83 M70 Depósito de lixo na Rua das Lorchas n°357 M71 Depósito de lixo na Travessa das Hortas n°3 M72 Contentor de compressão de lixo, no local de encontro da Avenida do Ouvidor Arriaga n.º 4 com a Rua de Silva Mendes M73 Contentor de compressão de lixo, no local de encontro da Avenida do Ouvidor Arriaga n.º 41 com a Rua do Almirante Costa Cabral M74 Contentor de compressão de lixo, no local de encontro da Avenida do Ouvidor Arriaga n.º 99 com a Rua da Madre Terezina M75 Contentor de compressão de lixo, na Avenida da Longevidade nº. 49 M76 Contentor de compressão de lixo, na Rua Nova à Guia nº. 119 M77 Contentor de compressão de lixo, na Rua de Francisco Xavier Pereira, em frente ao nº 19 C M78 Contentor de compressão de lixo, na Rua da Madre Terezina, em frente ao nº 4 A M79 Depósito de lixo na Rua do Lu Cao, n.º 68 M80 Contentor de compressão de lixo, Rua do Bispo Medeiros nº. 24 M81 Contentor de compressão de lixo, Estrada Marginal da Ilha Verde nº. 1162 M82 Depósito de lixo na Praça de Luís de Camões M83 Depósito de lixo na Rua de Luís Gonzaga Gomes (Jardim da Rua de Malaca) M84 Contentor de compressão de lixo, Avenida do Almirante Lacerda nº 72

M85 No local de encontro da Rua Central da Areia Preta com a Rua da Pérola Oriental M86 No local de encontro da Rua Rua Central da Areia Preta com a Rua 1º de Maio M87 Contentor de compressão de lixo, Rua do Padre João Clímaco n.º 23 M88 Contentor de compressão de lixo, na Estrada da Vitória, em frente ao n.º18 M89 Contentor de compressão de lixo, na Rua de S. Lourenço nº. 8 M90 Contentor de compressão de lixo, na Rua do Almirante Sérgio n.º 165 M91 Contentor de compressão de lixo, na Travessa dos Bombeiros n.º 3ª M92 Contentor de compressão de lixo, na Rua da Ribeira do Patane n.º 159 M93 Contentor de compressão de lixo, na Rua do Infante, em frente ao nº 11 M94 Contentor de compressão de lixo, na Rua de Coelho do Amaral nº 3 M95 Contentor de compressão de lixo, na Rua de Tomás Vieira nº 68B M96 Contentor de compressão de lixo na Rua de João de Araújo nº 68 (Travessa dos Cules) M97 Em frente da Avenida do Nordeste nº 244 (Edf. TONG WA SAN CHUN, bloco X) M98 Em frente da Rua Nova da Areia Preta nº 213 (Edf. U WA, bloco II) M99 Depósito de lixo na, Rua do General Ivens Ferraz M100 Contentor de compressão de lixo, na Avenida do General Castelo Branco(à frente do Edf. Cheng) M101 Contentor de compressão de lixo, na Avenida do Governador Jaime Silvério Marques nº 203 M102 Contentor de compressão de lixo, no lado oposto do Estrada de Coelho do Amaral nº 40 M103 Contentor de compressão de lixo, Travessa dos Calafates T01 T02 T03 T04 T05 T06 T07 T08 T09 T10 T11 T12 T13

Contentor de compressão de lixo, no Largo dos Bombeiros, Taipa Depósito de lixo fechado na Rua de Évora, Taipa (Jardim da Cidade das Flores) Contentor de compressão de lixo, na Avenida de Kwong Tung, Taipa Depósito de lixo fechado na Rua de Lagos nº 90, Taipa Depósito de lixo fechado na Avenida dos Jardins do Oceano nº 147, Taipa (Ao lado do Centro de Saúde) Avenida Dr. Sun Yat Sen, Taipa (Próximo da estação de autocarros do Edifício Chun Leong) Depósito de lixo na Travessa da Rebeca, Taipa Depósito de lixo fechado na Rotunda do Estádio, Taipa Depósito de lixo fechado no Caminho das Hortas, Taipa Depósito de lixo na Estrada Lou Lim Ieok, Taipa Contentor de compressão de lixo, na Rua de Pequim, Taipa (Edf. Do Lago bloco IV) Depósito de lixo, no Largo da Ponte, Taipa Depósito de lixo na Rua de Viseu, Taipa (ao lado do Edf. De Servicos Socials de Pou Tai)

C01 C02 C03 C04 C05 C06 C07 C08 C09

Depósito de lixo na Rua dos Navegantes, Coloane Depósito de lixo fechado no Largo da Cordoaria, Coloane Depósito de lixo na Avenida da República, Coloane Depósito de lixo na Estrada do Campo, Coloane Depósito de lixo na Estrada de Hac Sá, Coloane Depósito de lixo no Caminho da Povoação de Ká Hó, Coloane Contentor de compressão de lixo, na Alameda da Harmonia, Coloane (Edf. Ip Heng bloco IX) Contentor de compressão de lixo, na Alameda da Harmonia, Coloane (Edf. Lok Kuan bloco III) Contentor de compressão de lixo, na Rua Um de Koi Nga, Coloane (Edf. Koi Nga, entre os blocos III e V)


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