Hoje Macau 16 NOV 2016 #3697

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QUARTA-FEIRA 16 DE NOVEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3697

MOP$10 AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

RUI RASQUINHO

hojemacau

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

METRO LIGEIRO

Faz-me um caminho PÁGINA 6

ANABELA CAMPOS

Negócios da China LAG2017

IDEIAS FIXAS PÁGINAS 4-6

HONG KONG

HO CHIO MENG | ADVOGADOS SEM CONFIANÇA DO PROCESSO

Missão impossível Julgamento marcado para 5 de Dezembro. Mais de 30 mil páginas para a defesa ler durante o horário de funcionamento do TUI. Das nove às seis. EVENTOS PÁGINA 9

O FIM DA AVENTURA PÁGINA 11

GCS

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ENTREVISTA


2 ENTREVISTA

ANABELA CAMPOS JORNALISTA E CO-AUTORA DE “NEGÓCIOS DA CHINA”

H

Á quem diga que é uma obra para “memória futura”. Anabela Campos e Isabel Vicente, jornalistas de economia e finanças do semanário Expresso, escreveram um livro que explica como foram feitos os grandes negócios em Portugal, na sequência da entrada da troika. A venda de activos em sectores estratégicos não aconteceu com os parceiros estrangeiros habituais: Pequim chegou a Lisboa para investimentos que já provaram ser altamente rentáveis. Macau não entra nestas contas – existe sobretudo na retórica política e agora nos media, um interesse que Anabela Campos tem dificuldade em perceber.

Começando pela pergunta clássica: como é que surgiu a necessidade e a oportunidade de escrever este livro? Surgiu na sequência de uma série de acontecimentos. A crise de 2008 expôs totalmente a fragilidade dos bancos e o ‘esquema’ que usavam de financiamento da economia: os empresários portugueses eram sobretudo empresários a crédito. Quando a crise veio, as acções começaram a desvalorizar e os empresários começaram a ter de pagar os créditos – até porque os bancos começaram a fazer pressão de um modo como antes não acontecia –, todas as fragilidades da economia sobressaíram. Isto acontece em simultâneo com a entrada da troika em Portugal: os bancos são pressionados a obrigar os empresários a pagar. O país estava à beira da bancarrota, era preciso ganhar dinheiro e teve de se privatizar algumas empresas um pouco à pressa. Percebe-se que as empresas estavam superendividadas. Tudo isto abre caminho para que um conjunto de coisas aconteça, nomeadamente o colapso do Banco Espírito Santo, que também pôs a nu a forma como o banco vivia e algumas empresas à volta, nomeadamente a PT, que tinha colocado quase 900 milhões de euros no BES, e que os perde. Ou seja, há aqui um conjunto de circunstâncias negativas que mostram as fragilidades da economia e das empresas portuguesas, e que abre a porta para que, depois, as grandes empresas sejam vendidas a investidores que nem sempre foram aqueles que mais aplicaram dinheiro em Portugal. A grande novidade é o investimento chinês. Antes de 2011, era irrisório; dispara com a entrada no sector eléctrico, a partir do momento em que investidores chineses se tornam o maior accionista da Energias de Portugal (EDP). De-

“Os chineses entram com pezinhos de lã” pois, compraram a REN - Redes Energéticas Nacionais. O livro chama-se “Negócios da China” e temos aqui uma dupla leitura: a conotação que se dá, em português, a esta expressão e também pelo facto de serem negócios feitos com investidores ao quais Portugal não estava habituado...

espalhada por vários países, era a nona cimenteira do mundo e era muito cobiçada por várias cimenteiras internacionais – duas delas tinham tentado comprá-la. Quem o faz são dois brasileiros e compram-na para a desmantelarem. A Cimpor estava a fazer concorrência no Brasil e compram a empresa porque estava frágil – os donos estavam endividados. É

“O que é extraordinário é que, no mundo ocidental, os investidores chineses não estão em mais nenhum país como estão em Portugal.” Achamos que são negócios da China não só por causa da novidade da entrada dos chineses, mas também porque muitas das empresas que foram vendidas são monopólios naturais ou são empresas com grande poder de mercado em Portugal. Nesse sentido, quando se compram essas empresas está-se quase a comprar uma renda, ou seja, o lucro é praticamente garantido. O melhor exemplo é a EDP: dá mil milhões de euros de lucro há quatro anos consecutivos. É o caso também da ANA, que era a detentora de todos os aeroportos portugueses, e que foi comprada por franceses, pela VINCI. O lucro da ANA nas mãos da VINCI aumentou 50 por cento. Como não há mais aeroportos em Portugal e são os únicos gestores dos aeroportos, se quiserem subir as taxas, sobem – foi o que já fizeram umas quatro vezes. No fundo, é termos vendido as empresas que são mais lucrativas: são óptimas empresas. Outro exemplo é a venda da Cimpor aos brasileiros, que foi motivada por uma série de acontecimentos e não propriamente pela entrada da troika. A Cimpor era a melhor multinacional portuguesa, estava

Anabela Campos

um caso de estudo interessante. Não somos contra o investimento estrangeiro, nem este livro é uma crítica ao investimento estrangeiro, mas não há aqui uma visão. Os investidores aproveitaram uma oportunidade interessante, ainda por cima porque algumas empresas estão noutros mercados, como o da lusofonia, que interessa bastante aos chineses. A EDP está

nos Estados Unidos e no Brasil, pelo que foi uma forma rápida de entrarem nestes mercados. Referia que a China é a grande novidade destes últimos anos. Além do caso da EDP, há outros, com investimento chinês em sectores fulcrais. Recentemente, assistimos também à entrada nos media, através de Macau.


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O que é extraordinário é que, no mundo ocidental, os investidores chineses não estão em mais nenhum país como estão em Portugal. Estão na energia, no mercado financeiro – na Fidelidade, podem vir a ser o maior accionista do BCP, que é o maior banco privado português, e são um forte candidato à compra do Novo Banco –, estão na TAP, estão nos media, estão na saúde (no Hospital da Luz), estão no imobiliário. Estão em sectores estratégicos: finanças e energia. O que é mais significativo – e para nós, de certa maneira, preocupante – é o facto de o sector eléctrico ser controlado por duas empresas estatais chinesas. Um dos argumentos para vender foi, além da crise, que o Estado não pode estar nas empresas mas, depois, a EDP e a REN foram vendidas a duas empresas estatais chinesas.

“Há uma relação muito boa com Portugal e, se o anterior Governo começou este caminho, António Costa está a trilhá-lo.” Quando estávamos a escrever o livro percebemos que também podem vir a entrar no capital da Galp – é muito provável que isso aconteça. Não há nenhum país ocidental onde isto se passe: os investimentos chineses estão a ser questionados em alguns países da Europa e houve até recuos. Na Áustria, tinham entrado numa eléctrica, o negócio já estava fechado e não se concretizou,

porque são sectores estratégicos e os países têm alguma dificuldade em vender a capital estrangeiro. Há duas ou três semanas surgiram notícias de que havia investidores chineses interessados em comprar uma grande tecnológica alemã e o Governo opôs-se. Os investidores chineses são muito bem-vindos em Portugal e entraram em força – é uma questão que merece bastante atenção. Não há hostilidade ao investimento chinês, mas começam-se a levantar algumas questões, sobretudo por causa do sector eléctrico. Há a sensação de que estão com demasiado poder. É um país pouco transparente e não temos acesso a muita informação, não sabemos o que pensam. Mas houve aceitação por parte do Governo português, nomeadamente pelo Executivo anterior, altura em que aconteceram estes negócios da China com a China. Sentem que, em termos de opinião pública, a contestação que terá havido na altura ficou circunscrita ao momento das aquisições? Na visita recente do primeiro-ministro António Costa à China – e depois aqui a Macau – foi muito enfatizada a ideia de um reforço das relações económicas com Pequim, sendo certo que também foi dito na altura que este fortalecimento não passará necessariamente pela aquisição de activos. Como é que vêem agora a situação? O Governo de Pedro Passos Coelho e de Paulo Portas foi aquele que permitiu a entrada – também

SOBRE AS AUTORAS

J

Isabel Vicente

ornalista desde 1994, Anabela Campos começou a trabalhar na Agência Lusa, depois de se ter licenciado em Ciências da Comunicação. Esteve nas redacções do Diário Económico e no Público, tendo passado para o Expresso em 2008. Venceu três prémios de jornalismo económico, sozinha e em co-autoria. Destaque para “PT é o euromilhões dos accionistas” (2010) e “Cimpor, o fim de uma multinacional” (2013). Isabel Vicente é licenciada em Direito e é jornalista do Expresso desde 1991. A partir de 2000, começou a acompanhar a área financeira, sobretudo os sectores da banca e dos seguros. Conta com prémios em co-autoria no currículo, com os artigos “Quem é o accionista do BPN?” (2009) e “O Diabo que nos impariu” (2015). “Negócios da China” conta com prefácio do director-adjunto do Expresso, Nicolau Santos, e é uma edição da Oficina do Livro.

não havia uma razão para não permitir. Imagino que depois da entrada na EDP houvesse algumas reticências para a entrada nas restantes empresas, que pudesse ter havido um pensamento mais estratégico. Mas não houve, porque havia uma pressão enorme para se conseguir dinheiro. Não houve grande polémica em Portugal, na verdade – há algumas pessoas que acham arrepiante um país controlar não só a rede eléctrica, que é a REN, como também a produção e distribuição de energia. Aparentemente ainda não há qualquer resistência ao investimento chinês. Os investidores têm entrado de forma pouco visível, no sentido em que não mudam as coisas quando entram: mantêm a gestão, não fazem despedimentos, mantêm os investimentos. Têm entrado de uma forma muito apaziguadora, muito tranquila. Não há uma atitude hostil, é uma entrada com pezinhos de lã – ao contrário do que aconteceu na PT, com a entrada da Altice, que cortou 30 por cento dos contratos com fornecedores e começou a despedir trabalhadores. Foi muito significativa a visita do primeiro-ministro à China: foi recebido pelo primeiro-ministro e pelo Presidente. É um reconhecimento de uma boa relação. Há duas semanas, o vice-chanceler alemão foi à China, tinha encontros marcados e foram todos cancelados por ter sido considerada hostil a OPA sobre a empresa tecnológica. Pelo que se consegue perceber, há uma relação muito boa com Portugal e, se o anterior Governo começou este caminho, António Costa está a trilhá-lo. Aparentemente, Portugal quer posicionar-se como um parceiro relevante para a China na Europa, e isso está a acontecer. Portugal interessa sobretudo por ser um acesso? Nalgumas conversas que tive, percebi que os chineses querem estar em Portugal, mas não é por causa do nosso mercado, que é minúsculo. O que vêm aqui buscar é o know-how, porque as empresas que compraram são boas, têm muito know-how, mas também porque lhes reforça a presença nos mercados de língua portuguesa. Os chineses não precisam de nós para entrarem em Angola ou Moçambique, mas estas empresas estão há muitos anos nestes mercados e também são interessantes nesse sentido. Por outro lado, abre-lhes a porta na Europa. Quando se compra bancos em Portugal, começa-se a abrir caminho para se entrar no

mercado financeiro europeu de forma mais fácil. O Banco Central Europeu tem de lhes dar autorização – estando em Portugal será provavelmente mais fácil. Outro aspecto muito curioso é o grande interesse na Base das Lages: nos últimos três anos houve quatro visitas do primeiro-ministro e do Presidente. Os americanos estão de saída – ou estão a reduzir a presença – e é como se os chineses estivessem a aproveitar essa oportunidade. Falei com algumas pessoas especialistas nesta matéria e elas não acreditam que se vá substituir os americanos pelos chineses – seria hostilizar um parceiro histórico –, mas o Governo chinês tem feito questão em marcar presença.

“Não se percebe muito bem este interesse [na Global Media] e é o único que vem via Macau.” Conhece Macau, está a par do modo como o território tem estado envolvido nesta relação entre a China, Portugal e a lusofonia. Macau foi apresentado como uma plataforma para os negócios entre Pequim e a lusofonia mas – com excepção do que aconteceu recentemente no caso da Global Media –, não parece que tenha qualquer relevância, certo? Nos discursos, Macau é sempre apontado como uma plataforma importante para esta relação. Apesar dessa referência, aparentemente nenhum destes grandes negócios tem passado por Macau. Os media não são um grande negócio. As pessoas que conhecem bem o investimento chinês não percebem este interesse pelos media, porque são um péssimo negócio – são um perdócio, um negócio em que se perde dinheiro. Por isso não se percebe muito bem este interesse – e é o único que vem via Macau. Agora fala-se também que as participações dos privados na Lusa estão disponíveis para vender e que há investidores chineses que podem entrar, via Macau. Parece que Macau tem estado mais nos media, não dos grandes negócios, que têm vindo dos grandes grupos como a Fosun ou directamente do Estado chinês. Mas, de facto, Macau é sempre apontado como um ponto de referência da relação ao nível político. Isabel Castro

isabel.castro@hojemacau.com.mo


4 GOVERNO MANTÉM VALORES DOS APOIOS SOCIAIS E DOS CHEQUES PECU

Sem surpresas, as Linhas de Acção Governativa para o próximo ano são parcas em novidades. Chui Sai On optou por manter os montantes dos apoios sociais e dos cheques pecuniários, bem como as devoluções do imposto profissional. Os aumentos salariais na Função Pública são os mais baixos dos últimos cinco anos

O

relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2017 é um documento de continuidade e com poucas novidades. Chui Sai On, Chefe do Executivo, acaba o seu segundo mandato dentro de dois anos e quis manter as políticas que têm vindo a ser desenvolvidas. Os apoios sociais não registam aumentos, tal como os valores dos cheques pecuniários. Não há novas datas para a conclusão de grandes obras públicas e os aumentos salariais na Função Pública são dos mais baixos dos últimos cinco anos (ver reacções). O Governo propõe-se elevar o valor de cada ponto do índice da tabela salarial das actuais 81 para 83 patacas, o que corresponde, na prática, a uma actualização salarial de 2,46 por cento, ligeiramente aquém da actualização aplicada este ano (2,53 por cento). O Chefe do Executivo foi ontem à Assembleia Legislativa (AL) apresentar um relatório cujo lema para Macau é a “Implementação progressiva do planeamento e a construção conjunta de um bom lar”. O planeamento urbano será a chave mestra para esse “bom lar”, mas como o Plano Director de Macau só estará concluído em 2020, resta-nos olhar para os apoios que a população vai continuar a receber. Os residentes permanentes continuam a ganhar nove mil patacas anuais com o programa de comparticipação pecuniária, enquanto os residentes não permanentes continuam a ter direito a 5400 patacas. As pensões para os idosos mantêm-se nas 3450 patacas; já o subsídio para idosos continua a ser de oito mil patacas. Os estudantes continuam a receber os mesmos montantes de apoio para propinas e estudos. No total, o Governo prevê gastar com todos os apoios sociais um total de 12,352 mil milhões de patacas. A classe trabalhadora vai também continuar a receber a

LAR DOCE

GCS

LAG2017

“Precisamos de continuar com os planos que já lançámos. O aspecto mais fraco é o das leis relacionadas com o sector da economia e finanças, espero que possa haver mudanças. O mais importante é a construção de mais habitações e devemos acelerar os planos de construção. O Chefe do Executivo não foi capaz de falar muito detalhadamente sobre o metro ligeiro por falta de tempo e focou-se nas medidas relacionadas com o bem-estar da população. Há mais a fazer para além disso, nos sectores do jogo e da economia. Vamos avançando passo a passo.”

“São as LAG tradicionais que não trazem quase nada de novo. Além de manter quase todos os subsídios, é evidente que se esqueceu de uma parte essencial: não há novidades quanto à reserva de terrenos para casas destinadas aos funcionários públicos. Esqueceu-se ainda de actualizar os subsídios de antiguidade e como o Governo vai elevar a qualidade dos serviços prestados à população. Temos uma das mais baixas actualizações salariais e não levou em consideração o total da inflação acumulada desde o estabelecimento da RAEM até à presente data.”

“Não há novas surpresas, mas vimos que há algumas ideias novas em termos de reforma administrativa, sobretudo no que diz respeito às divisões das competências dos serviços públicos. Esta é uma boa forma para tratar dos problemas que existem na Administração Pública. Os idosos vão ficar desapontados, pois estariam expectantes em relação ao aumento das pensões.”

“O relatório não difere muito das nossas expectativas, porque já foi feito o Plano de Desenvolvimento Quinquenal e é preciso que haja um seguimento. Não há grandes novidades. A habitação seria o aspecto mais importante mas o relatório não aborda muito isso. As informações sobre a habitação pública não são novas e só foi referida a construção de oito mil fracções na Avenida Wai Long. Estamos mais desapontados com as medidas preventivas do controlo dos preços das casas. Macau vai ser o único sítio desta região sem medidas e isso vai levar a uma rápida recuperação dos preços pelos privados.”

LAM HEONG SANG VICE-PRESIDENTE DA AL

JOSÉ PEREIRA COUTINHO

SONG PEK KEI

HO ION SANG


5 NIÁRIOS

LAR

hoje macau quarta-feira 16.11.2016

Chui Sai On foi ontem à Assembleia Legislativa apresentar um relatório cujo lema para Macau é a “Implementação progressiva do planeamento e a construção conjunta de um bom lar” devolução do imposto profissional em 60 por cento, com um limite máximo de devolução de 12 mil patacas. Permanece a redução de 30 por cento do imposto profissional, com o limite de isenção em 144 mil patacas.

ECONOMIA ALEGRE

Na apresentação do relatório perante os deputados, Chui Sai On mostrou optimismo em relação à economia para o próximo ano. “Para a conjuntura económica de 2017, pese embora o impacto dos factores incertos da economia mundial, o facto de, nos últimos tempos, as diversas economias asiáticas se terem confrontado com vários desafios. De acordo com um relatório recente do Fundo Monetário Internacional, e segundo a Autoridade Monetária de Macau, prevê-se a possibilidade de, no próximo ano, a economia de Macau regressar a um crescimento positivo”, defendeu. Ainda assim, o Governo mantém um “optimismo cauteloso”. Sem novidades em relação à renovação dos contratos de jogo, dossier que já será assumido pelo próximo Chefe do Executivo, em 2020, Chui Sai On deixou claro que “neste mandato [irá manter] a posição de não importação de croupiers não residentes”.

LAG2017

AS GRANDES MEDIDAS • Mantêm-se os apoios sociais e os cheques pecuniários, sem aumentos • Aumentos salariais para a Função Pública na ordem dos 2,46%, os mais baixos desde a transição • Contratação de mais 3900 trabalhadores para a área das obras públicas e transportes • A extinção do Gabinete de Infra-estruturas de Transportes e a criação de uma empresa pública que irá gerir a construção do Metro Ligeiro e a sua exploração futura • Conclusão da fusão da Direcção dos Serviços de Regulação das Telecomuni cações com a Direcção dos Serviços de Correios • Conclusão das obras do aterro da Zona A • Conclusão das obras de construção do hospital de Ka-Hó, em Coloane, no quarto trimestre • Transformação do “Pavilhão dos produtos e serviços dos países de língua portuguesa numa feira independente” • Realização de uma auditoria dos registos dos depósitos temporários e créditos dos clientes, por forma a analisar o rácio da movimentação financeira de cada promotor de jogo • Início da revisão do regime de licenciamento das agências de emprego e do seu funcionamento, em processo legislativo há vários anos • Revisão do estatuto dos funcionários públicos • Implementação do regime de acreditação e inscrição para assistentes sociais • Entrada em funcionamento de quatro novos auto-silos, que irão disponibilizar 3600 lugares • Início da revisão do Código do Processo Civil

ORÇAMENTO VAI DIMINUIR 0,29 POR CENTO

O

Orçamento de Macau vai diminuir 0,29 por cento em 2017, apesar de o Governo estimar um aumento em 0,77 por cento dos impostos directos, após as quedas associadas às receitas do jogo. No projecto de Orçamento para o próximo ano, revelado durante a apresentação das LAG, para 2017, o Executivo prevê que as receitas globais da Administração ascendam a 102,944 mil milhões de patacas, menos 0,29 por cento do que o previsto para 2016. Dentro dessas receitas globais esperadas em 2017, 80 mil milhões de patacas correspondem a impostos directos, o que traduz um aumento de 0,77

por cento em relação ao estimado para este ano. Já no lado dos gastos, a despesa global pública vai aumentar 12,56 por cento em 2017, prevê o Governo, que estima assim terminar o ano com um superavit de 7,218 mil milhões de patacas, menos de metade do saldo positivo que calculou para este ano (18,213 mil milhões de patacas). Apesar de a despesa global aumentar 12,56 por cento, a despesa ordinária integrada do Governo cai 3,7 por cento. O corte de 0,29 por cento em 2017 segue-se a uma diminuição de 13,9 por cento no Orçamento que foi aprovado para este ano. HM/LUSA

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

GOVERNO AUMENTOU SUBSÍDIO DE RESIDÊNCIA “Podemos ver que há um corte de orçamento em muitos aspectos. Queria que o apoio ao ensino superior continuasse. Partilho essa alegria [a manutenção dos cheques pecuniários] com os nossos cidadãos. Se o Governo estiver numa situação muito difícil, não será possível continuar a distribuir. Mas a distribuição [dos cheques] é fruto da nossa sociedade. A economia não está tão má. Podemos contar ainda com o bem-estar da sociedade.”

“Não há nada de novo, sobretudo em relação à reforma política. Parece-me que tudo vai parar em Macau nos próximos três anos. Não há datas para a abertura de novos concursos para a habitação económica e social. Algumas propostas de lei, como a do assédio sexual, foram já a consulta pública, mas, de acordo com este relatório, não vai ser apresentada nenhuma proposta em 2017, 2018 e 2019.”

“A Assembleia aprovou recentemente o regime dos notários privados e o primeiro curso vai realizar-se já no próximo ano. Tenho confiança nessa área. Não há grandes surpresas e, tendo em conta as medidas políticas, há uma continuação. Há a continuação do programa de comparticipação pecuniária que atinge toda a população, que pode gozar desse fruto.”

GABRIEL TONG

NG KUOK CHEONG (À RÁDIO MACAU)

VONG HIN FAI

O Chefe do Executivo anunciou ontem o aumento que será feito ao nível do subsídio de residência para funcionários públicos, que passa a ser de 3320 patacas mensais. “A acção governativa depende dos esforços e da dedicação dos trabalhadores da Administração Pública. Após a auscultação das opiniões e sugestões das associações dos trabalhadores dos serviços públicos e da Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública, o Governo irá propor, em Janeiro do próximo ano, a actualização do valor do multiplicador indiciário para 83 patacas. Além disso, no intuito de reforçar as medidas de carinho aos trabalhadores dos serviços públicos, o subsídio de residência será ajustado para um valor correspondente a 40 pontos do índice salarial, sendo a respectiva proposta de lei remetida à Assembleia Legislativa.” O Conselho Executivo já concluiu a análise à proposta.


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CHUI SAI ON ADMITE TRAJECTO PELA ORLA COSTEIRA, MAS DECISÃO NÃO ESTÁ TOMADA

Indecisão a metro Transportes, trânsito, terras e habitação, cheques para continuar ou para acabar um ano destes. Na conferência de imprensa anual do Chefe do Executivo foram mais as promessas de estudo do que as certezas dadas

É

um impasse que deverá terminar em breve, a acreditar na promessa do Chefe do Executivo. O secretário para os Transportes e Obras Públicas já tinha anunciado que, até ao final do ano, haverá uma decisão sobre o trajecto do metro ligeiro de superfície na península de Macau; ontem, Chui Sai On manteve o calendário. O Governo tem um mês e meio para escolher um caminho: manter o trajecto inicial ou fazer uma linha pela orla costeira, seguindo-se assim parcialmente uma sugestão deixada há pouco tempo por alguns influentes deputados à Assembleia Legislativa (AL). Num momento de incerteza, há um dado que parece adquirido: “Não há um cancelamento total do metro em Macau”. A sugestão deixada na AL fazia com que o metro ligeiro fosse um exclusivo da Taipa, sendo que, na península, seria construído um monocarril. Chui Sai On garantiu ontem que a ideia não é viável. “Em pormenor, depende das opiniões e dos estudos”, disse, recordando que,

NÃO MEXE

ao longo destes anos, foram sendo manifestadas “opiniões diferentes” acerca das passagens do metro pelo NAPE e pelas Portas do Cerco. “Vamos finalizar a parte da Taipa e, depois, fazer a ligação a

CÁ EM CASA TUDO BEM

S

ques deixarem de ter um carácter avulso, o líder do Governo não respondeu. Chui fez alusão às várias opiniões que foram sendo manifestadas sobre o assunto durante estes anos e fez referência à capacidade financeira do Governo, para concluir que há que pensar sobre a manutenção, conversão ou até mesmo extinção de alguns apoios sociais – ressalvando, no entanto, que tem noção das “reacções negativas” com que seria recebido o fim de algumas medidas. “Temos de ter em conta a situação geral. É altura para se fazer um estudo acerca de uma série de medidas”, concluiu. Também ainda não se sabe – ou, pelo menos, não é tomada uma posição pública – sobre o que vai acontecer ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, órgão estabelecido em 2002 com o fim das câmaras municipais provisórias e que corre o risco de ficar esvaziado com a transferência de competências, nos últimos tempos, e a criação de um órgão municipal já no próximo ano. “Os estudos e o trabalho [para a criação de um órgão municipal] já estão em andamento”, apontou. No que toca ao fim do IACM, Chui Sai On limitou-se a dizer que “é uma possibilidade”.

em fazer referência a Hong Kong e ainda antes de terem sido colocadas quaisquer questões na conferência de imprensa que ontem se realizou, o Chefe do Executivo decidiu fazer uma abordagem à questão da interpretação da Lei Básica pela Assembleia Popular Nacional (APN). Chui Sai On começou por dizer que “se trata de uma competência da APN e está afixada na Constituição, e todas as interpretações feitas pela APN produzem o mesmo efeito e a mesma eficácia de todas a estipulações que estão afixadas na Lei Básica”. Citando o documento fundamental de Macau, o líder do Governo sublinhou que “temos de continuar a assegurar a soberania, a unificação e a segurança do nosso território e, mais ainda, do país”. “Ao longo do tempo, o Governo tem cumprido e executado a Lei Básica de uma forma firme e séria. Temos sempre divulgado o espírito do amor à pátria e a Macau”, recordou.

Seac Pai Van, à Ilha da Montanha. A partir daí vamos estudar: se é pela orla costeira, se é [seguindo] outras soluções”, resumiu o Chefe do Executivo, deixando para Raimundo do Rosário a divulgação dos pormenores. “Se o metro vai ou não entrar na cidade, temos de ver a situação. Até ao final do ano haverá uma informação mais clara.” Da lista de assuntos sobre os quais ainda não há uma decisão fazem também parte os apoios sociais que, todos os anos, são apresentados como sendo temporários mas que, por via da repetição, se arriscam a ser permanentes. Desta lista de benesses faz parte o plano de comparticipação pecuniária – os cheques para os residentes –, uma herança deixada a Chui Sai On por

Edmund Ho, que o actual Chefe do Executivo tem mantido. Para o ano, não há aumento no valor desta ajuda, com o subsídio dado a todos os residentes a chegar às nove mil patacas para os permanentes e às 5400 para os não permanentes. Questionado sobre a possibilidade de os che-

O Governo tem um mês e meio para escolher um caminho: manter o trajecto inicial ou fazer uma linha pela orla costeira

No capítulo das certezas encontra-se a lei de terras – não vai haver alterações a um diploma que tem dado muito que falar, apesar dos pedidos que têm sido feitos nesse sentido. O Chefe do Executivo afirmou que, após a declaração de caducidade de alguns terrenos, há processos a correr em tribunal, pelo que as autoridades estão à espera das decisões judiciais. Sublinhando que o Governo tem cumprido a lei em vigor, deixou bem claro que não há qualquer intenção de se avançar para uma revisão do diploma. Também não faz parte dos planos de Chui Sai On pensar em novas disposições para controlar os preços do mercado imobiliário. O líder do Governo lembrou que, no passado, foram tomadas medidas nesse sentido, que são para manter em vigor. “As medidas têm de ter utilidade e efeito imediato”, defendeu. Confrontado com o facto de a China Continental e Hong Kong terem feito uma intervenção mais activa no sector, disse apenas que o Governo vai continuar a fazer “o melhor possível” e a “aprender com os vizinhos”. “Quando houver necessidade, vamos lançar outras medidas. Estamos sempre atentos”, afiançou. Isabel Castro

isabel.castro@hojemacau.com.mo


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SOCIEDADE

SEMINÁRIO FAZER CONTAS ÀS LAG

O Centro para os Estudos de Macau da Universidade de Macau (UM) organiza esta tarde um seminário sobre as Linhas de Acção Governativa para 2017. O debate acontece às 15h, à mesma hora a que o Chefe do Executivo se desloca à Assembleia Legislativa para debater com os deputados as políticas orientadoras para o próximo ano, depois de ontem ter apresentado o relatório. Em nota à imprensa, a UM não identifica os oradores da sessão: diz apenas que são “peritos e académicos”. A sessão vai ser feita em cantonês e mandarim.

PALESTRA PREVENÇÕES TECNOLÓGICAS

MIFF DIRECTOR DEMISSIONÁRIO ALEGA DIVERGÊNCIA DE OPINIÕES PARA A SAÍDA

A versão de Marco Mueller Não quer, para já, explicar em detalhe o que aconteceu para, em contagem decrescente para o Festival Internacional de Cinema de Macau, ter batido com a porta. Marco Mueller mostra-se, no entanto, surpreendido com a possibilidade de ter de responder em tribunal

O

italiano Marco Mueller confirmou que se demitiu do cargo de director do primeiro Festival Internacional de Cinema de Macau por causa de “divergência de opiniões”, mostrando-se, contudo, surpreendido com a ameaça de um processo judicial. “O que aconteceu foi o que foi confirmado por todas as fontes oficiais: foram meses e meses de divergência de opiniões sobre não só como um festival deve ser feito, mas como um festival inaugural deve ser feito”, afirmou em entrevista à revista Macau Closer, um dia depois de anunciada a sua demissão do cargo de director e a menos de um mês da realização do evento. Mueller, que dirigiu festivais de cinema como o de Veneza, Roma ou Locarno, sem querer aprofundar as “diferenças” em causa, lamentou, porém, a ameaça de um processo judicial. “Acho bastante chocante que, durante uma conferência de imprensa, responsáveis, que inicialmente me chamaram de amigo, digam – sem enviar uma carta – que estão a considerar uma acção judicial contra mim. Isso é completamente surpreendente”, apontou. A Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau (MFTPA), que co-organiza o festival, declarou na passada segunda-feira, em comunicado, que Marco Mueller “faltou ao compromisso assinado” como director do festival conforme acordo com a MFTPA, pelo que irá exigir “todas as responsabilidades decorrentes do incumprimento por todos os meios ao seu alcance, incluindo a via judicial”.

Também no início desta semana, na conferência de imprensa de apresentação do programa do festival – que decorre entre 8 e 13 de Dezembro –, a directora dos Serviços de Turismo e presidente da comissão organizadora do festival, Maria Helena de Senna Fernandes, recusou comentar o diferendo, precisamente com o argumento de que o caso pode chegar aos tribunais e porque a relação contratual é entre a MFTPA e Marco Mueller.

ESTÁ TUDO NO CARTAZ

À revista Macau Closer, Mueller diz ainda que “seria divertido ver como vão provar” o incumprimento da sua parte. “Trabalhámos como loucos para o sucesso do festival, trabalhámos com paixão pelo programa que é, de facto, muito forte. Seria interessante ver como poderão acusar-me de violar o contrato”.

“Foram meses e meses de divergência de opiniões sobre não só como um festival deve ser feito, mas como um festival inaugural deve ser feito.” MARCO MUELLER EX-DIRECTOR DO FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE MACAU

O italiano afirma que o cartaz do festival demonstra o nível de “paixão” e “dedicação”. “Temos sete estreias mundiais, e tirando outros eventos paralelos, tudo é estreia mundial, internacional ou asiática. Não estou a tentar ser presunçoso, mas não há muitos festivais que têm na sua primeira edição tantas premières mundiais e internacionais”, aponta. O Festival Internacional de Cinema de Macau foi anunciado em Fevereiro, na mesma altura em que Mueller foi indicado como director. Em Maio, Mueller apresentou detalhes da primeira edição do evento, afirmando querer mostrar filmes “‘mainstream’ mas com uma diferença” e tornar Macau num ‘hub’ cinematográfico. O cartaz do Festival Internacional de Cinema de Macau conta com 50 filmes de mais de 20 países e regiões. O filme português “São Jorge”, do realizador Marco Martins, que valeu a Nuno Lopes o Prémio Especial de Melhor Actor atribuído pelo júri da secção “Orizzonti” do Festival Internacional de Cinema de Veneza, em Setembro, é um dos 11 da categoria de competição do evento. Na mesma secção figura “Elon não acredita na morte”, do brasileiro Ricardo Alves Jr., que surge em estreia internacional. “Polina”, filme francês realizado por Valérie Müller e Angelin Preljocaj, marca a abertura do evento. O Festival Internacional de Cinema de Macau tem um orçamento de 55 milhões de patacas, dos quais 20 milhões são assegurados pelos Serviços de Turismo.

O especialista português Duarte Trigueiros está amanhã em Macau para um seminário sobre novas tecnologias e detenção de fraudes. A sessão é organizada pela Associação de Mestrado em Estudos Europeus que destaca, em nota à imprensa, a importância da prevenção de fraudes de diferentes tipos nas organizações públicas e privadas. A palestra, em que vão ser apresentados casos práticos para se abordar uma série de conceitos ligados ao tema, começa às 18h30, no Instituto de Estudos Europeus de Macau.

DEBATE A VIDA DEPOIS DE TRUMP

Está marcado para hoje, na Fundação Rui Cunha, um debate sobre as consequências da eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, particularmente nas relações Bruxelas-Washington. A iniciativa conta com a presença de José Luís Sales Marques, economista e presidente do Instituto de Estudos Europeus, Sérgio Correia de Almeida, advogado e especialista em Ciência Política, Rui Flores, investigador em Ciência Política, e Pedro Baptista, investigador da área da Filosofia. Organizado pela Fundação Rui Cunha e pelo Programa Académico da União Europeia para Macau, o debate é moderado por Filipa Guadalupe. Começa às 18h30.


8 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 16.11.2016

O envelhecimento da população e consequente aumento de casos de demência preocupam o deputado Ho Ion Sang. A situação de Macau no que respeita à consciência social e aos cuidados médicos prestados é precária. O Governo tem de tomar atitudes, defende o deputado

H

O Ion Sang está preocupado com o envelhecimento da população e o consequente aumento dos casos de demência dos idosos. O deputado manifestou, numa interpelação escrita ao Governo, o receio de que a demência associada ao aumento da população envelhecida venha a tornar-se um dos grandes desafios para os serviços de saúde e cuidados de geriatria no território. “Os problemas associados à demência afectam a qualidade de vida não só dos doentes,

Saúde HO ION SANG PEDE MAIS ATENÇÃO À DEMÊNCIA

Memória curta

proposta de lei sobre a alteração das disposições relativas aos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais previstos no Código Penal será apresentada em breve à Assembleia Legislativa. A garanta foi dada ontem ao início da noite pelo gabinete da Secretária para a Administração e Justiça. No comunicado, explica-se que o Governo “procedeu ao tratamento e análise das opiniões recolhidas”, sendo que “a proposta de lei já entrou no processo legisla-

SAÚDE DESINFORMADA

O deputado não deixou de referir os dados referentes à população local, uma vez que existem cerca de quatro mil doentes que sofrem de demência, sendo que a previsão é de aumento significativo devido também ao crescente número de idosos.

ESTUDOS NÃO ENGANAM

como da família que os rodeia e, consequentemente, da sociedade em geral”, refere Ho Ion Sang. No entanto, para o deputado, a consciência da população em relação à doença ainda é muito baixa: “Apenas 8,5 por cento dos idosos estão dispostos a fazer os testes de triagem no diagnóstico de demência e dez por cento das famílias estão dispostas a reconhecer o problema e aceitar medidas de tratamento”.

“Os problemas associados à demência afectam a qualidade de vida não só dos doentes, como da família que os rodeia.” HO ION SANG DEPUTADO

Ho Ion Sang faz referência a um estudo acerca da taxa de morbilidade da doença em que a China Continental, Hong Kong e Taiwan registam uma taxa de 19 por cento de incidência em pessoas entre os 80 e os 84 anos, aumentando para 32,1 por cento em idosos acima dos 85 anos. Nesta faixa etária, uma em cada três pessoas têm probabilidade de vir a sofrer de um quadro clínico associado à demência. Localmente, o deputado assinala outro estudo sobre o regime de aposentação e as políticas que o acompanham, que aponta que a doença é o principal desafio na área da saúde, no que diz respeito à população idosa. Ainda assim, a consciência da problemática continua a ser diminuta e abrange não só os residentes, como o pessoal médico que não tem conhecimento aprofundado acerca da sintomatologia, da administração de diagnósticos

LEI PROPOSTA SOBRE CRIMES SEXUAIS PARA BREVE

A

e dos tratamentos e cuidados de saúde mais adequados, sublinha o deputado.

tivo”. “Para acompanhar os trabalhos de apreciação da Assembleia Legislativa, o Governo da RAEM apresentará em breve a proposta de lei à mesma”, lê-se ainda no comunicado. A consulta pública sobre os crimes sexuais teve início em Dezembro do ano passado. Com a proposta, o Governo pretende rever as normas previstas no Código Penal, por entender que aas ctuais disposições não estão ajustadas para garantir a liberdade e a autodeterminação sexuais.

O Executivo pretende alterar vários crimes e criar figuras até agora inexistentes no ordenamento jurídico de Macau. No documento disponibilizado na consulta, estava prevista a criação do crime qualificado de coacção sexual e a introdução de três novos tipos de delitos: o recurso à prostituição de menor, o crime de pornografia de menor e crime de importunação sexual. A proposta do Governo pretende rever o crime de violação e também o de lenocínio, bem como a natureza dos crimes

Os serviços de saúde destinados a esta faixa da população ainda são poucos e estão numa fase inicial. Aliada à situação está a ausência de profissionais médicos especializados. Por outro lado, como são problemas cujos sintomas iniciais não são evidentes, muitas vezes o diagnóstico é dado em casos já em estado “muito avançado”. Ho Ion Sang destaca ainda a necessidade de “perder a vergonha”. Para o deputado um dos constrangimentos actuais é o receio, por parte da população, de poder “ser rotulada” se recorrer a testes de rastreio. Urge tomar medidas para promover o conhecimento público acerca da doença, considera o deputado, que questiona o Executivo acerca das acções que pretende tomar nesse sentido, nomeadamente nas áreas da educação e divulgação de informação. Paralelamente, Ho Ion Sang quer saber para quando a abertura de cursos de formação especializada dirigidos ao pessoal médico, de modo a garantir uma melhor detecção da doença, ainda em fase inicial. As famílias dos doentes não foram esquecidas e o deputado pergunta se o Governo vai dar algum tipo de apoio, tendo em conta que enfrentam, no cuidado dos seus doentes, “desafios difíceis e constantes”. Angela Ka (revisto por S.M.) info@hojemacau.com.mo

ESTUDO ÁRVORES ANTIGAS SÃO AS MELHORES PARA O AMBIENTE

sexuais (públicos ou semipúblicos). A consulta pública terminou em Fevereiro. O facto de o Executivo ainda não ter concluído o processo tem sido muito criticado pelos deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong que, em Janeiro deste ano, apresentaram, sem sucesso, um projecto no sentido de criminalizar o atentado ao pudor.

Um estudo do Technological and Higher Education Institute of Hong Kong (THEi) dá a conhecer que as árvores antigas são mais eficazes na melhoria da qualidade do ar do que as plantadas há pouco tempo. Numa pesquisa que contemplou as árvores de Macau, a equipa de investigação concluiu que 800 árvores antigas que estão no território são as responsáveis pela eliminação de 800 quilos de substâncias poluentes. Em declarações ao Jornal Apple Daily, Cheong Ho, professor adjunto do departamento de ecologia do THEi, deu a conhecer que a ajuda das árvores antigas na manutenção ambiental poupa gastos na ordem dos 200 mil a um milhão de dólares de Hong Kong. “Por outro lado, o benefício económico trazido por uma árvore recente é apenas de 150 dólares, pelo que as árvores antigas obviamente, são mais eficazes”, conclui o professor.


9 hoje macau quarta-feira 16.11.2016

GCS

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Das nove às seis

Mandatários de Ho Chio Meng sem confiança do processo

O

S mandatários de Ho Chio Meng, antigo procurador da RAEM, só podem preparar o julgamento durante o horário de funcionamento do Tribunal de Última Instância (TUI). De acordo com o que apurou o HM, foi-lhes negada a confiança do processo, ou seja, os advogados não podem levar os volumes referentes ao caso para o escritório, de modo a prepararem o julgamento. “Temos o direito de requerer a confiança do processo”, apontou a advogada Lee Kam Iut, que confirmou que o pedido foi feito na semana passada, um dia antes de ter sido tornada pública a data de início do julgamento, marcado para 5 de Dezembro. “Só podemos consultar o processo nas instalações do tribunal.” O caso de Ho Chio Meng arrisca-se a entrar para a história judicial de Macau como sendo o maior de sempre, em termos físicos: são mais de 30 mil páginas, contando com os 36 volumes da acusação principal e os 81 volumes de apensos. Só o despacho de pronúncia tem mais de mil páginas. Ao todo, o ex-procurador responde por 1536 crimes. Atendendo à complexidade e tamanho do processo, o tempo escasseia para os mandatários. “Para defendermos um cliente, temos de estudar bem um processo. Se não o fizermos, não temos dados suficientes”, assinala a advogada, questionada sobre a possibilidade de a defesa de Ho Chio Meng estar, desde já, comprometida. As dificuldades sentidas pelos mandatários começaram logo na fase da instrução. Diz a lei processual de Macau que, após a notificação da acusação, o arguido tem dez dias para requerer a abertura da instrução. Durante esta fase, explica Lee Kam Iut, só foi autorizada a consulta do processo nas instalações do tribunal – mais uma vez, no horário de expediente

do TUI – sem que tivesse havido a possibilidade de serem tiradas fotografias ou cópias. Ou seja, as notas que os mandatários recolheram foram escritas à mão. “Não conseguimos analisar bem o processo”, diz Lee Kam Iut. “Até ao debate instrutório, não conseguimos consultar todo o processo.” A dimensão do caso e o facto de os volumes não saírem do edifício do TUI torna ainda mais difícil a existência de uma contestação à acusação, que teria de ser feita até ao próximo dia 29.

OUTRA VERSÃO

Os esclarecimentos de Lee Kam Iut surgem na sequência de uma nota à imprensa feita pelo TUI na passada segunda-feira, em resposta “a alguns órgãos de comunicação social portuguesa” que reflectiram “a preocupação de alguns advogados pelo facto de a audiência de julgamento do ex-procurador da RAEM se iniciar a 5 de Dezembro próximo”. No comunicado, o tribunal presidido por Sam Hou Fai não só explicava que os julgamentos com arguidos presos têm prioridade em relação aos restantes, como salientava que o TUI tem em mãos apenas um julgamento em primeira instância para fazer – aquele que tem, como único arguido, Ho Chio Meng. Foram também deixadas algumas datas sobre o processo: o arguido requereu a abertura da instrução no passado dia 29 de Agosto, tendo sido declarada a 6 de Setembro. Desde essa data que “os advogados [de Ho Chio Meng] têm tido pleno acesso ao processo” no TUI. “O processo foi consultado muitas vezes, simultaneamente, por vários advogados do arguido”, escreveu ainda o tribunal. “Aliás, até à data, nunca o arguido ou os seus advogados se queixaram de falta de acesso ao processo.” Isabel Castro

isabel.castro@hojemacau.com.mo

SOCIEDADE


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hoje macau quarta-feira 16.11.2016 HM • 1ª VEZ • 16-11-16

AVISO

ANÚNCIO

Faz-se público que, de harmonia com o despacho do Presidente do Tribunal de Última Instância, de 27 de Junho de 2016, e nos termos definidos na Lei n.º 12/2015, na Lei n.º 14/2009 e no Regulamento Administrativo n.º 23/2011, se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o recrutamento de cinco motoristas de ligeiros, 1.º escalão, e dos que vierem a ocorrer dentro do prazo de validade do presente concurso, da carreira de motorista de ligeiros, em regime de contrato administrativo de provimento, e dos que vierem a ocorrer dentro do prazo de validade do presente concurso.

Interdição

Os requisitos de admissão ao concurso, bem como a documentação necessária ao mesmo e mais informações sobre o concurso, encontram-se especificados no referido Boletim Oficial da RAEM. Para mais informações, podem os interessados dirigir-se ao balcão de atendimento do Gabinete do Presidente do Tribunal de Última Instância, sita na Praceta 25 de Abril, no rés-do-chão do “Edifício Provisório do Gabinete do Presidente do Tribunal de Última Instância”, dentro das horas de expediente, ou disponibilizadas no sítio dos tribunais (http://www.court.gov.mo).

TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo

www.hojemacau.com.mo

CV1-16-0093-CPE

1º Juízo Cível

-----REQUERENTE: O Ministério Público. ---------------------------------REQUERIDO: Leong Weng, solteira, nascida a 06/10/1983, em Macau, filha de Leong Man Kai e da Wu Chao Lan, titular do B.I.R.M. n.º5166XXX(X) e residente, na Rua de Concórdia n. 53, Edf. Wang Fat 5º andar L, em Macau.--------------------------------------------*** -----O MERITÍSSIMO JUIZ DO 1º JUÍZO CÍVEL DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M. -----------------------------------------FAZ SABER QUE, foi distribuída neste Tribunal, no dia 12 de Outubro de 2016, uma Acção Especial de Interdição com o número acima indicado que o Ministério Público move contra Leong Weng, a fim de ser decretada a sua interdição por ser portadora de anomalia psíquica, mostrando sintomas de autismo com ligeiro atraso mental. ---------------------------------------------------------------

Vai ser publicado o aviso no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 46, II série, de 16 de Novembro de 2016. Os interessados podem apresentar as suas candidaturas no prazo de vinte dias, contados a partir do primeiro dia útil imediato ao da publicação do aviso no Boletim Oficial da RAEM.

Assine-o

----Tribunal Judicial de Base de R.A.E.M., ao 31 de Outubro de 2016.--

Gabinete do Presidente do Tribunal de Última Instância, aos 15 de Novembro de 2016. A Chefe do Gabinete, Chan Iok Lin HM • 2ª VEZ • 16-11-16

EDITAL Notificação da decisão final relativa à reparação de prédio em mau estado de conservação Edital n.º : 55/E-AR/2016 Processo n.º : 45/AR/2016/F Local : Beco de Hu Ton Sin Tong n.º 2-6B, Edf. San Long, Macau Li Canfeng, Director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, faz saber que ficam notificados os condóminos, inquilinos ou demais ocupantes do edifício acima indicado, do seguinte: Em conformidade com o Auto de Vistoria da Comissão de Vistoria constante do processo em curso nesta Direcção de Serviços, o edifício acima indicado encontra-se em mau estado de conservação e carece de reparação, pelo que, nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (Regulamento Geral da Construção Urbana) de 21 de Agosto, foi instaurado um procedimento administrativo relativo à notificação da sua reparação. No uso das competências delegadas pela alínea 12) do n.º 2 do Despacho n.º 11/ SOTDIR/2016, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 21, II Série, de 25 de Maio de 2016, o Chefe do Departamento de Urbanização da DSSOPT, Lai Weng Leong, homologou o Auto de Vistoria acima indicado através de despacho de 3 de Agosto de 2016. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 15 de Agosto de 2016, a audiência escrita dos interessados, mas não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a reparação do edifício em mau estado de conservação acima indicado.

ANÚNCIO Execução Ordinária

FAZ-SE SABER, que foi designado o dia 07 de Dezembro de 2016, pelas 10:00, no local de arrematação deste Tribunal e no processo acima indicado, para venda por meio de propostas em carta fechada, do seguinte bem penhorado: Imóvel 1.

Na falta de pagamento voluntário da despesa, nos termos do n.º 1 do artigo 142.º do CPA, proceder-se-á à cobrança coerciva da quantia em dívida pela Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças.

RAEM, 01 de Novembro de 2016 O Director dos Serviços Li Canfeng

Fracção autónoma: “A7” do 7.º andar “A”. Situação: Estrada Lou Lim Ieok n.ºs 619 a 699. Fim: Habitação. Número de matriz: 040719. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: n.º 21986-I de fls. 168v do Livro B104A. Número de inscrição da propriedade horizontal: n.º 8061 do Livro F33K. Número de inscrição da propriedade: n.º 177340 do Livro G, aí hipotecada a favor de MELCO CROWN (MACAU), S.A., pela inscrição n.º 126378C. O valor base da venda: MOP$20.728.750,00 (Vinte Milhões, Setecentas e Vinte e Oito Mil, Setecentas e Cinquenta Patacas). ***

2.

Fracção autónoma: “B7” do 7.º andar “B”. Situação: Estrada Lou Lim Ieok n.ºs 619 a 699. Fim: Habitação. Número de matriz: 040719. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial n.º 21986-I de fls. 168v do Livro B104A. Número de inscrição da propriedade horizontal: n.º 8061 do Livro F33K. Número de inscrição da propriedade: n.º 177340 do Livro G, aí hipotecada a favor de MELCO CROWN (MACAU), S.A., pela inscrição n.º 126378C. O Valor base da venda: MOP$20.642.230,00 (Vinte Milhões, Seiscentas e Quarenta e Duas Mil, Duzentas e Trinta Patacas). ***

3.

Número de descrição na Conservatória do Registo Predial n.º 21853-V de fls. 151 do Livro B101A. Número de inscrição da propriedade horizontal: n.º 3359 do Livro F15K. Número de inscrição da propriedade: n.º 79346 do Livro G, aí hipotecada a favor de MELCO CROWN (MACAU), S.A., pela inscrição n.º 126378C. O Valor base da venda: MOP$2.619.465,00 (Dois Milhões, Seiscentas e Dezanove Mil, Quatrocentas e Sessenta e Cinco Patacas).

1º Juízo Cível

***

Findo o prazo acima referido, caso os interessados não tenham dado cumprimento à respectiva ordem, esta Direcção de Serviços aplicar-lhes-á a multa prevista nos artigos 66.º e 67.º do RGCU.

Nos termos do n.º 1 do artigo 59.º do RGCU e das competências delegadas pelos n.os 1 e 4 da Ordem Executiva n.º 113/2014, publicada no Boletim Oficial da RAEM, Número Extraordinário, I Série, de 20 de Dezembro de 2014, da decisão do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 15 dias contados a partir da data da publicação do presente edital.

CV1-13-0025-CEO

Exequente: MELCO CROWN (MACAU), S.A., registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 24325 SO residente em Macau na Avenida Dr. Mário Soares, n.º 25, Edifício de Montepio, 1.º andar, Com. 13. Executado: 1 AMA INTERNATIONAL SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA, registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 28410 SO, residente em Macau na Travessa da Misericórdia, n.º 6, 2.º andar B; 2 CHEN MEI HUAN, de sexo feminino, titular do Bilhete de Identidade de Residente de R.A.E.M. n.º 1xxx3xx(7), residente em Macau, Taipa, na Avenida Tomás Pereira, n.º 889.

Nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do RGCU e por despacho de 01 de Novembro de 2016, ordena aos interessados que procedam, no prazo de 60 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à reparação do edifício acima indicado. Para o efeito, de acordo com as disposições do RGCU, os interessados deverão apresentar nestes Serviços o Pedido da Aprovação de Projecto (de Alteração) da Obra de Reparação / Conservação, no prazo de 10 dias contados a partir da data da publicação do presente edital. O impresso do respectivo pedido está disponível na página electrónica da DSSOPT.

n.º

Fracção autónoma: “A3” do 3.º andar “A”. Situação: Estrada Governador Albano de Oliveira n.ºs 282 a 410, Avenida de Kwong Tung n.ºs 46 a 176, Rua de Braga n.ºs 1 a 107, Rua de Chaves n.ºs 3 a 11. Fim: Habitação. Número de matriz: 040709.

*** 4.

Fracção autónoma: “B3” do 3.º andar “B”. Situação: Estrada Governador Albano de Oliveira n.ºs 282 a 410, Avenida de Kwong Tung n.ºs 46 a 176, Rua de Braga n.ºs 1 a 107, Rua de Chaves n.ºs 3 a 11. Fim: Habitação. Número de matriz: 040709. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial n.º 21853-V de fls. 151 do Livro B101A. Número de inscrição da propriedade horizontal: n.º3359 do Livro F15K. Número de inscrição da propriedade: n.º 79346 do Livro G, aí hipotecada a favor de MELCO CROWN(MACAU), S.A., pela inscrição n.º 126378C. O Valor base da venda: MOP$2.619.465,00 (Dois Milhões, Seiscentas e Dezanove Mil, Quatrocentas e Sessenta e Cinco Patacas). ***

São convidados todos os interessados na compra daquele bem a entregar na Sessão Central deste Tribunal, as suas propostas, até ao dia 06 de Dezembro de 2016, pelas 17:45, sendo que o preço das propostas devem ser superior ao valor acima indicado, devendo o envelope da proposta, conter, a indicação de “PROPOSTA EM CARTA FECHADA” bem como o “NÚMERO DO PROCESSO: CV1-13-0025-CEO”. No dia da abertura das propostas podendo, querendo, os proponentes assistir ao acto. Durante o prazo dos editais e anúncios, os proponentes, a fim de proteger os seus interesses, podem, caso queiram, antes de apresentar quaisquer propostas dirigir-se ao fiel depositário, Sr. Ng Dik Hang Nestor, com domicílio profissional em Macau, na Alameda Dr. Carlos D`Assumpção, no. 255263, Edifício China Plaza, 6.º andar H / I, o fiel depositário, por sua vez, está obrigado a mostrar o bem a quem pretenda examiná-lo, podendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção. Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação do bem supra referido, podem, querendo, exercer o seu direito no próprio acto de abertura das propostas, se alguma proposta for aceite, nos termos do art. 787.º do C.P.C. *** Na R.A.E.M., 26/10/2016 O JUIZ


11 CHINA

hoje macau quarta-feira 16.11.2016

YUAN CAI PARA O VALOR MAIS BAIXO FACE AO DÓLAR EM OITO ANOS

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Hong Kong TRIBUNAL JÁ TOMOU DECISÃO

“Desqualificados” Assunto encerrado. Um tribunal de Hong Kong confirmou a posição do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional que impede os dois deputados pró-independência de tomar posse no Conselho Legislativo. O parlamento fica assim fica com dois lugares em aberto

U

M tribunal de Hong Kong decidiu ontem que dois deputados defensores da independência da cidade não podem assumir os seus assentos no parlamento local, seguindo uma posição assumida pela China na semana passada. A 12 de Outubro, à semelhança dos outros deputados, Baggio Leung e Yau Wai-ching, eleitos nas legislativas de 4 de Setembro, prestaram juramento, mas pronunciaram a palavra China de forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras suas, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”. Os juramentos foram considerados inválidos e na semana passada, o Comité Permanente da

Assembleia Popular Nacional, antecipando-se à decisão judicial que estava a ser aguardada, considerou que os dois deputados pró-independência não podiam repetir o juramento do cargo e tomar posse. A posição do tribunal foi anunciada ontem e confirma a posição assumida por Pequim na interpretação que fez da Lei Básica de Hong Kong.

JUIZ DECIDE

Leung e Yau “foram desqualificados” e ficam assim vagos dois lugares no Conselho Legislativo, anunciou o juiz Thomas Au, num comunicado, sem abrir a possibilidade de os dois deputados repetirem os juramentos. Os juramentos que ambos fizeram a 12 de Outubro “são inválidos”

BRAD PITT VOLTA PROMOVER FILME NA CHINA

e “não têm efeito legal”, acrescenta-se na mesma nota, considerando-se que os juramentos de Leung e Au mostraram “claramente que não tinham a intenção real e sincera” de respeitar a Lei Básica de Hong Kong. “Com ou sem a interpretação [de Pequim], o tribunal teria chegado à mesma conclusão”, garante ainda o juiz. Yau já disse a meios de comunicação social locais que a deliberação do tribunal não a surpreendeu. “O Governo já usou tantos pequenos actos para condicionar os tribunais e os tribunais foram tão pressionados que tomaram esta decisão”, afirmou. A antecipação de Pequim ao tribunal gerou protestos na cidade contra e a favor da China.

O actor norte-americano Brad Pitt realizou na segunda-feira a sua primeira acção de promoção na China depois de ter alegadamente sido proibido de entrar no país há 20 anos, devido ao filme “Sete anos no Tibete”. Brand Pitt esteve em Xangai para uma sessão de autógrafos e um encontro com a imprensa, segundo os jornais locais. O Governo chinês terá alegadamente banido o actor, devido ao filme “Sete anos no Tibete”, de 1997, sobre a amizade entre um explorador austríaco e o jovem Dalai Lama, que retrata a intervenção militar chinesa naquela região dos Himalaias, em 1950. Durante o evento em Xangai, apenas o organizador teve direito a fazer perguntas, todas sobre o mais recente filme do actor, “Allied”, que estreia na China a 23 de Novembro.

Banco Central chinês anunciou ontem a desvalorização do yuan para a cotação mais baixa em quase oito anos face ao dólar norte-americano, num momento de incerteza após a eleição de Donald Trump para próximo Presidente dos EUA. Segundo as cotações do Banco do Povo Chinês, ontem de manhã, um dólar valia 6,8495 da moeda chinesa, mais 0,3% do que na segunda-feira. Desde 8 de Dezembro de 2008, quando em plena crise financeira internacional um dólar chegou a valer 6,85 yuan, que a moeda chinesa não atingia um valor tão baixo face à divisa norte-americana.

O yuan não é inteiramente convertível, sendo que o seu valor face a um pacote de moedas internacionais pode variar até 2% por dia. A moeda chinesa subiu ontem 0,18% face ao euro e 0,1% face à libra esterlina. Apesar da eleição de Donald Trump ter causado volatilidade nos mercados financeiros internacionais, as praças financeiras da China permanecem estáveis. Já o yuan continua a desvalorizar e ontem registou a oitava jornada consecutiva de queda, face ao dólar norte-americano. Desde 4 de Novembro, a divisa chinesa registou uma queda acumulada de 1,45%. Durante a campanha eleitoral norte-americana,

a China foi um dos alvos preferidos de Trump, que acusou o país asiático de “manipulação da moeda”, ou “batotice”, e ameaçou taxar os produtos chineses em 45%. Alguns analistas especulam que, caso Trump cumpra as suas promessas eleitorais, se poderá iniciar uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, hipótese desvalorizada por Pequim, que considera que as relações são marcadas pelo “benefício mútuo”. Na segunda-feira, o Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou, na sua primeira conversa com Trump, que para a China e os Estados Unidos da América “a cooperação é a única via correcta”.

COMÉRCIO ENTRE PORTUGAL E CHINA SUBIU 23,5%

A

S trocas comerciais entre Portugal e China aumentaram 23,5% nos primeiros nove meses deste ano, quando comparadas com a totalidade do ano passado, para 3,7 mil milhões de euros, anunciou ontem o embaixador chinês. “Isto aconteceu mesmo num período difícil a nível mundial”, vincou Cai Run na abertura do primeiro Fórum Económico Portugal-China, que decorre em Lisboa. O embaixador destacou alguns dos grande negócios feitos por empresas chinesas em Portugal, como a entrada no capital da EDP, o que levou o administrador da eléctrica e presidente da Câmara de Comércio luso-chinesa a dizer que sente uma “responsabilidade acrescida”. A primeira privatização a arrancar, durante o governo de Pedro Passos Coelho, foi a da EDP, em Dezembro de 2011, com o anúncio da venda de 21,35% da eléctrica portuguesa à China Three Gorges, por 2,69 mil milhões de euros.

Em Fevereiro de 2012, foi a vez da venda da REN, com os chineses da State Grid a ficarem com 25% do capital, pagando 387 milhões de euros pela posição na empresa gestora das redes energéticas nacionais. Posteriormente, a Fosun comprou a seguradora Fidelidade e a Espírito Santo Saúde. No ano passado, o Haitong Bank concluiu a compra do banco de investimento português BESI. Em Outubro, o grupo de Macau KNJ Investment Limited, fundado em 2012, assinou um memorando de entendimento com a Global Media, que prevê que a empresa macaense passe a controlar, no próximo ano 30% da dona do Diário de Notícias (DN) e da TSF, entre outros títulos, através de uma injecção de capital de 17,5 milhões de euros.

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 611/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora QUINTO ROSEMARIE ROMERO, portadora do Titulo de Identificação de Trabalhador Não-Residente n.° 12697xxx e portadora da Passaporte da Filipinas n.° EB1349xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 93/DI-AI/2015, levantado pela DST a 12.08.2015, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 30.06.2016, exarado no Relatório n.° 423/DI/2016, de 14.06.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Largo do Aquino n.os 15-17, Sanpuku Court, 1.° Cave J.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.--------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício Centro Hotline , 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 27 de Outubro de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai


12 CHINA

hoje macau quarta-feira 16.11.2016

CAMPONÊS EXECUTADO POR HOMICÍDIO MOTIVADO POR DEMOLIÇÃO FORÇADA

O homem que tudo perdeu

A

S autoridades chinesas executaram ontem Jia Jinglong, o camponês que matou um funcionário local depois de a sua casa ter sido demolida, num caso que suscitou o debate na China sobre o abuso de poder. Jia Jinglong foi executado em Shijiazhuang, a cerca de 300 quilómetros de Pequim, após receber a última visita dos familiares, noticiou a agência oficial chinesa Xinhua. O recurso do camponês foi rejeitado pelo Tribunal Supremo do Povo no mês passado. O homicídio, em Fevereiro de 2015, suscitou a simpatia dos chineses vítimas de abuso do poder e dois jornais estatais difundiram editoriais apelando a que Jia fosse poupado. “Jia não teria provavelmente agido daquela forma se a sua perda tivesse sido devidamente tratada”, escreveu então o jornal oficial em língua inglesa China Daily. Em 2013, o camponês opôs-se à demolição da sua casa, que visa-

va a construção de um complexo residencial, argumentando que não recebeu a compensação justa. O seu casamento, já marcado, acabou por ser cancelado e Jia começou a planear o assassinato do chefe local do Partido Comunista Chinês, He Jianhua. No ano passado, Jia dirigiu-se ao homem de 55 anos, durante uma reunião entre os funcionários

locais, e deu-lhe um tiro na cabeça. O seu acto foi “extremamente cruel e o seu efeito na sociedade extremamente negativo”, referiu a Xinhua, que cita o Tribunal Supremo.

FONTE DE TENSÃO

O caso ilustra a frequente tensão entre moradores e autoridades em torno das demolições forçadas na China, onde o sistema legal

continua a ser débil e o cidadão comum tem poucas hipóteses de obter justiça em casos envolvendo as autoridades. A venda de terrenos é uma fonte importante de rendimentos para os governos locais, o que fomenta o uso da força para expulsar os moradores. Vários casos dão conta de subornos pagos pelos construtores de

imobiliário às autoridades locais, visando a expulsão dos residentes de suas casas. Em Maio, um aldeão chinês foi abatido a tiro pela polícia, na província de Henan, centro da China, após ter matado um funcionário do Governo e dois homens quando resistia a uma demolição forçada. Segundo relatou a imprensa chinesa, Fan Huapei, de 36 anos, terá matado um responsável pelo gabinete administrativo do distrito de Huiji, na cidade de Zhengzhou, e dois trabalhadores da equipa de demolição e ferido um terceiro trabalhador. De acordo com o jornal Beijing News, centenas de locais compareceram no funeral de Fan, enquanto 150 aldeões e um grande número de pessoas não identificadas contribuíram com donativos para a família. “A China carece de uma supervisão efectiva em casos de demolições forçadas. As pessoas com propriedades que são demolidas reagem violentamente, e os seus actos são vistos como heróicos”, afirmou na altura ao jornal oficial Global Times Hu Xingdou, professor do Beijing Institute of Technology e especialista em questões sociais.

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PEQUIM DIZ QUE NÃO AJUDARÁ GOVERNOS LOCAIS A PAGAR DÍVIDAS

O

Governo chinês anunciou ontem que não vai ajudar as autoridades locais a pagar as suas dívidas, apelando a que reduzam as despesas caso não consigam assumir os seus compromissos. Pequim inclui este princípio no “Plano de contingência dos riscos da dívida dos governos locais”, divulgado ontem, e que detalha que cada administração deve assumir a responsabilidade pela sua situação financeira. “Os governos locais têm de assumir as suas dívidas. O Governo central tem como princípio não ajudar”, refere o documento. O plano visa definir mecanismos de resposta, caso surjam riscos financeiros, e manter a estabilidade e segurança económica e social. O elevado nível de endividamento dos governos locais é considerado um dos maiores riscos sistémicos para a economia chinesa, a segunda maior do mundo. “Os governos locais devem reforçar a sua gestão diária dos riscos e gerir adequadamente o

reembolso das dívidas”, lê-se no mesmo plano. No caso de risco de incumprimento, o Governo central pede às administrações locais que renegoceiem os termos da dívida com os credores e recomenda, entre outras medidas, converter a dívida em títulos.

Caso não haja um acordo, as autoridades devem então reduzir os seus gastos e investimentos. O Ministério das Finanças estabelecerá um mecanismo para alertar com antecedência face a possíveis emergências resultantes do nível de endividamento.


SOFIA MOTA

DE 8 A 13 DE DEZEMBRO

MIFF U M M U N D O D E F I L M E S


MIFF

HELENA DE SENNA FERNANDES, representante do MIFF

“É fundamental esta a de que realizadores in a região para os seus

Helena de Senna Fernandes assumiu a representação da primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. Uma posição repentina que vem na sequência da demissão de Marco Mueller da direcção do evento. A também directora dos Serviços de Turismo fala da sua “inesperada” função e do acontecimento pelo qual dá a cara Herdou a representação repentina da primeira edição do Festival de Cinema Internacional de Macau. Como é estar neste papel? É verdade. Foi uma situação inesperada mas, depois de termos recebido a notícia da demissão de Marco Mueller na noite de sexta-feira, impunha-se a manutenção da estabilidade da organização. A demissão do director não é positiva, nesta altura do campeonato, sobretudo numa altura em que estamos na fase final de preparação do evento. Depois de falarmos com os consultores internacionais do festival, era necessário transmitir confiança aos nossos parceiros e ao nosso público. Era necessário alguém que substituísse Mueller na direcção e não seria justo convidar outro director para continuar o trabalho que outra pessoa já tinha feito. Não seria agora que iríamos mudar alguns dos conceitos que foram deixadas por Marco Mueller. Neste sentido, a melhor solução foi a presidência da comissão organizadora assumir a representação do evento. Não tenho experiência na área do cinema, mas considero que a minha responsabilidade é dar estabilidade e continuidade aos trabalhos que ainda têm de ser realizados de modo a garantir o sucesso do projecto.

SOFIA MOTA

“A minha responsabilidade é dar c

Quais são, agora enquanto representante, as expectativas para o MIFF? Para já, o mais importante é dar continuidade ao evento, principalmente no que respeita à promoção dos jovens de Macau que têm o sonho de fazer os seus próprios filmes. A intenção é avançar com a ideia de tornar a iniciativa numa plataforma em que os cineastas locais consigam ter uma oportunidade para darem a conhecer ao exterior os seus trabalhos. Penso que esta é uma forma privilegiada de dar a conhecer as in-

dústrias criativas de Macau. Também tencionamos, através do festival, dar uma oportunidade para que seja criado um público local, ou seja, para que os residentes possam ter acesso a mais géneros de cinema. A ideia é que o público conheça, não só o cinema comercial, mas que também tenha acesso e comece a apreciar filmes mais artísticos. Esta é uma altura em que as pessoas de Macau podem abrir mais os olhos para que, eventualmente, esteja aberta a possibilidade de criar uma indústria nesta área. Queremos também criar

os consumidores destes produtos que são os filmes. Tem de existir gente que assista e compre, nós temos de criar esta componente referente às audiências de Macau. Falou de indústria do cinema mas Macau não tem essa dinâmica. Em que é que o MIFF vai ajudar, concretamente? Acho que essa ajuda não se vai verificar já. Esta é a primeira edição e não se pode esperar esse tipo de retorno imediatamente. Quando olhamos para este festival, temos

de estar conscientes de que não estamos só a projectar filmes ou a dar prémios. Estamos também a criar espaço para que a indústria internacional venha a Macau e possa conhecer o território. Existe também uma componente formativa e que é concretizada pela realização, por exemplo, de masterclasses. Para que haja uma indústria a funcionar tem de existir conhecimento e faz parte do evento promover isso também. Os jovens locais não devem ter apenas o sonho em ser realizadores, têm de ter conhecimento. Por outro


aposta no sentido nternacionais escolham s cenários.”

CAMINHO NOSSO

“D hoje macau quarta-feira 16.11.2016

continuidade aos trabalhos” “Esta é uma altura em que as pessoas de Macau podem abrir mais os olhos para que, eventualmente, esteja aberta a possibilidade de criar uma indústria nesta área.” cinema, ou seja, que Macau se torne capaz de chamar os cineastas internacionais para que cá venham fazer, por exemplo, a rodagem das películas. É fundamental esta aposta no sentido de que realizadores internacionais escolham a região para os seus cenários e, desta forma, projectar Macau para audiências internacionais. O embaixador do MIFF é Jang Keun Suk, um actor coreano essencialmente conhecido pelo seu trabalho em novelas. Qual foi o critério para esta escolha? Também estamos a falar de turismo e, desse ponto de vista, a Coreia é o nosso mercado mais importante. É uma estratégia de marketing turística? Sim. É uma estratégia para atrair os olhos dos coreanos para Macau. Na óptica do turismo, e agora falo enquanto directora do organismo, é importante ter um forte representante

lado, esta é uma indústria que deve desenvolvida passo a passo e não de um dia para o outro. Como estamos a iniciar este caminho, temos ainda de ter em conta que é importante trabalharmos muito com a China e mesmo com Hong Kong. A China, por exemplo, representa uma grande parcela de público de cinema e como tal, ao pensar na criação da indústria em Macau, temos de ter em atenção as perspectivas de entrada no mercado chinês e as colaborações que possamos vir a ter com cineastas da China Continental. É lá que está o

grande público que irá consumir os produtos do cinema de Macau. É a directora do Turismo de Macau. Qual é o impacto do MIFF no sector? Claro que é importante utilizar este evento enquanto plataforma para promover Macau. Uma das questões é a promoção do território internacionalmente de modo a que seja mais conhecido e que mais pessoas queiram vir de visita. Por outro lado, e de muita importância, é a promoção da terra enquanto espaço de produção de

“A intenção é avançar com a ideia de tornar a iniciativa numa plataforma em que os cineastas locais consigam ter uma oportunidade para darem a conhecer ao exterior os seus trabalhos.”

coreano porque é que aí que está o nosso grande alvo internacional. Neste momento, é um mercado que está a crescer na ordem dos dez por cento e, como tal, não foi ao acaso que escolhemos Jang Keun Suk como embaixador. Cannes ou Locarno são conhecidas precisamente devido aos festivais de cinema que acolhem. Poderiam ser desconhecidos, mas estão nas bocas do mundo e são destinos por muito apetecidos por serem uma referência da sétima arte. Acha que Macau pode vir a fazer parte dos destinos culturais associados ao cinema e com o contributo do MIFF? Locarno, Cannes e mesmo Hong Kong já são festivais com uma forte afirmação no mercado e já existem há muitos anos. Sim, acho que podemos pensar nisso como um objectivo a atingir no futuro. Não vamos pensar nisso como um objectivo que se atinge dentro de pouco tempo, mas podemos começar agora a criar um nicho próprio. Espero que com o tempo e com a continuação do trabalho possamos conseguir um lugar de relevo. Disse na conferência de imprensa de apresentação que o MIFF ainda iria ter algumas surpresas... Não posso ainda dizer quais serão porque a comissão ainda está em fase de contactos e negociações. Mas estamos a falar de convidados especiais que, esperamos, vão fazer do festival um evento mais completo. Gosta de cinema? Infelizmente não tenho possibilidade nem tempo para ir ao cinema. Vejo essencialmente através da internet, mas a altura em que dedico mais tempo a ver filmes é, realmente, dentro dos aviões. E sim, gosto de filmes e de diferentes géneros de cinema. Quais são os filmes da sua vida? O primeiro filme que me lembro de ver é o “Música no Coração” e este é realmente um filme de que gosto. É um filme que tenho sempre presente. Como é que vê este festival no futuro? Penso que vai ser estabelecido como um dos festivais de referência a nível mundial. Espero que seja, num primeiro passo, um festival obrigatório, primeiro dentro da Ásia, e com o tempo vá ganhando terreno ao nível internacional.

aqui a 30 anos falamos.” A afirmação vem do presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), Jorge Neto Valente, que integra a organização da primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. Na opinião do advogado, só o tempo poderá ditar o sucesso ou fracasso do MIFF. “Há 20 anos, Las Vegas era o sítio mais importante do mundo para tratar do jogo e hoje é Macau”, afirma. Para Neto Valente, não faz sentido querer comparar o festival, que está prestes a estrear no território, aos eventos análogos existentes noutros locais. “Porque é que hei-de querer comparar Veneza ou Roma? E na Ásia? Que importância têm estes festivais para esta região?”, lança. “Nós estamos na Ásia e fazemos o nosso caminho.” Sucesso ou fracasso só para mais tarde e, “se daqui a 20 anos verificarmos que não existiram resultados, aí podemos dizer que foi um fracasso, mas se por ventura as coisas caminharem, como é costume em Macau, se calhar será um festival conhecido nesta zona, da Índia para cá”.

COM PERNAS PARA ANDAR

C

arlos Marreiros, que também integra a organização, manifesta-se “moderadamente optimista” com a realização do primeiro MIFF. Para o arquitecto o importante é começar, até porque “Macau tem uma energia própria e isso obriga à formação de gente local”. Não deixando de lamentar a saída de Marco Mueller da direcção do evento, Marreiros vinda que, contudo, “o seu desenho e concepção já cá estão”. A procura de um modelo próprio adaptado ao território também é um objectivo que considera de relevo: “Temos de encontrar um modelo próprio, baseados na experiência internacional, mas temos pernas para andar”. Carlos Marreiros refere ainda o Festival Internacional de Música de Macau, ao qual também esteve ligado, e que com três décadas é um marco no panorama cultural local. “Há 30 anos, ninguém acreditava no festival de música e hoje é o sucesso que é”, ilustra o arquitecto. Esta edição do MIFF é “o pontapé de saída e irá crescer”, mas o que é importante para Carlos Marreiros é a oportunidade que a iniciativa pode dar aos profissionais de Macau “para se tornarem bons realizadores, quer no sentido da realização de autor, como também em filmes comerciais, mas de qualidade, essa tem de ser garantida”. “Macau tem pinta, alma e substância histórica e oxalá que possamos ver Macau no cinema, e que possamos ser bons”, remata o arquitecto.


MIFF

SEIS DIAS PARA A SÉTIMA ARTE

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“Polina, danser sa vie”

S

ÃO 11 os filmes que vão estar em competição na primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau (MIFF, na sigla inglesa). Divididas as projecções entre o Centro Cultural e a Torre de Macau, as películas vão disputar nove prémios, entre os quais o melhor filme, o melhor realizador, os melhores actor e/ actriz e o melhor argumento. O júri é presidido por Shekhar Kapur, cineasta indiano que conta com um vasto currículo, de onde se destaca “Elisabeth”, nomeado para sete Óscares e vencedor de dois, e galardoado com cinco BAFTA, entre os quais o prémio para melhor filme. Da secção de competição fazem parte “150 miligrams” (França); “Free Fire” (Reino Unido); Gurgaon (Índia); “Hide and Seek” (China); “Queen of Spades” (Rússia); “Survival Family” (Japão); “The Winter” (Argentina) e “Trespass Against Us” (Reino Unido). Os filmes juntam-se a “Elon não acredita na morte”, do brasileiro Ricardo Alves Jr, em estreia internacional e que tem como protagonistas Rômulo Braga e Clara Choveaux, e a “São Jorge”, do realizador Marco Martins, que valeu a Nuno Lopes o Prémio Especial de Melhor Actor atribuído pelo júri da secção “Orizzonti” do Festival Internacional de Cinema de Veneza, em Setembro. É a primeira vez que “São Jorge”, que conta a história de um pugilista desempregado que se vê obrigado a trabalhar em cobranças

Um festival transversal Filmes em competição e fora dela, bailarinas que sonham maior, prémios e estatuetas, masterclasses e galas. Aqui fica uma ideia do que vai poder ver entre 8 e 13 de Dezembro de dívidas para sobreviver, pode ser visto na Ásia. De destaque nesta secção é ainda a realização da local Tracy Choi, “Sisterhood”, que tem agora a sua estreia marcada.

ESTREIA A DANÇAR

“Polina”, filme francês realizado por Valérie Müller e Angelin Preljocaj, marca a abertura do Festival Internacional de Cinema de Macau. O filme

conta a história de uma jovem russa que sonha desde a infância com uma oportunidade no Bolshoi. Cansada da disciplina a que está submetida, a bailarina vai para França onde abandona o ballet clássico para se aventurar no mundo da dança contemporânea. “Polina” conta com as interpretações de Juliette Binoche e Anastasia Shevtsova. O MIFF é composto por mais quatro secções de competição:

Para os jovens talentos, essencialmente os locais, o MIFF tem, desde segunda-feira, as inscrições abertas para um concurso de curtas-metragens

“Gala”, “Dragões Escondidos”, “Crossfire” e “Cinefantasy”.

MOMENTO DE OPORTUNIDADE

Ainda no programa está o “Crouching Tigers Project Lab” que integra, entre 9 e 11 de Dezembro, palestras, oficinas e painéis destinados ao debate entre profissionais do sector. É aqui que poderão ser criadas alianças para avançar com projectos cinematográficos. As ideias em cima da mesa são 12 e estão divididas em três categorias: género, autor e parceiros associados. Os vencedores serão distinguidos com prémios monetários: um no valor de 20 mil dólares — atribuído pela Fox International Productions — e outro de 10 mil, concedido pela Ivanhoe Pictures e Huace Media. Entre os candidatos estão dois projectos portugueses, “Peregrinação”, de João Botelho, e “San Ma Lo 270”, de João Pedro Rodrigues e Rui Guerra da Mata. Para os jovens talentos, essencialmente os locais, o MIFF tem,

desde segunda-feira, as inscrições abertas para um concurso de curtas-metragens. Os candidatos interessados têm até 30 de Novembro para enviar os seus projectos.

A CONVERSAR É QUE SE APRENDE

Não há festival de cinema sem masterclasses e Macau não é excepção. Apesar da tímida estreia com duas sessões agendadas, consta do programa a master com Gianni Nunnari, e outra com Tom McCarthy e Bobby Cannavale. Ambas agendadas para 10 de Dezembro, sabe-se já que o tema abordado por McCarthy será o uso de histórias pessoas na arte de contar, enquanto Cannavale irá abordar a relação entre realizadores e actores. O MIFF é organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo de Macau e pela Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau (MFTPA). Conta com um orçamento de 55 milhões de patacas, dos quais 20 milhões são garantidos pelo Governo.


na ordem do dia 热风

Julie O’yang

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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17

O presente de Hitler ao Extremo-Oriente A

História dos Judeus na China vem de longe, remonta pelo menos ao séc. VIII. Também durante o Nazismo muitos vieram à procura de refúgio na “terra dos dragões”. A economia mercantil da antiga China atraiu muitos comerciantes judeus. Viajando através da Rota da Seda, muitos deles instalaram-se na parte ocidental do País. Os judeus foram oficialmente aceites em 960 DC na cidade de Pien-Liang (Kaifen nos dias de hoje). Construíram a Sinagoga da Pureza e da Verdade, a primeira na região, em 1163. A comunidade foi crescendo nos oito séculos que se seguiram, atingindo o seu auge no séc. XVII, com 5.000 membros. Contudo, o período que se seguiu trouxe guerras, pobreza e isolamento religioso, provocando um declínio significativo da comunidade. Mas em Xangai a história dos judeus é totalmente diferente. Conhecida como a “Pérola do Oriente”, Xangai recebeu, durante a II Guerra Mundial, cerca de 30.000 refugiados judeus, dados que deveriam ser acrescentados ao Registo da Memória do Mundo da UNESCO. Em 1845 Xangai foi forçada a abrir as suas portas ao comércio externo, por imposição dos Tratados unilaterais que se seguiram às Guerras do Ópio, e uma rede de proeminentes famílias de Judeus Sefarditas – os Kadoories, Hardoons, Ezras, Nissims, Abrahams, os Gubbays, e, muito especialmente, os Sassoons – rumaram à cidade. Na altura, faziam parte da elite dos muitos ocupantes ocidentais da zona. Pequena, mas poderosa, esta classe de comerciantes financiou muitas das Mansões Belle Époce construídas no distrito de Bund, numa versão local da Ringstrasse, em Viena. O Cathay Hotel, propriedade de Victor Sassoon, foi concluído em 1929 e tornou-se

SAM SANZETTI‘S SHANGHAI

犹太人在中国 a “jóia da coroa” do Bund, o centro da vida social dos judeus da cidade. Neste sentido, Xangai é possivelmente a Maior Cidade Judaica Alguma Vez Construída. Pouco depois, em meados dos anos 30, chegaram os refugiados, fugidos da Alemanha Nazi. Nessa altura a comunidade judaica de Xangai aumentou consideravelmente, atingindo um número próximo dos 30.000 membros. Embora os refugiados que se instalaram em Xangai vivessem certamente bastante melhor do que os seus familiares e amigos que ficaram para trás, na Europa, a vida no Extremo-Oriente não deixava de ser conturbada. Em Xangai, inicialmente tudo parecia promissor aos olhos dos judeus alemães acabados de chegar, pouco depois da subida ao poder de Hitler. Muitos deles eram médicos e dentistas. Aparentemente Xangai ficou tão grata pela vinda de pessoas com estas qualificações profissionais que um jornal escreveu num destaque: “O presente de Hitler ao Extremo-Oriente”. Sam Sanzetti não era médico. O seu verdadeiro nome era Semyon Liphshitz e era fotógrafo. Chegou a Xangai em1922. Depois de trabalhar como aprendiz, abriu o seu próprio estúdio em1927 e tornou-se um dos mais famosos fotógrafos de Xangai. Trinta anos depois mudou-se para Israel, onde permaneceu até à sua morte em 1986. Sanzetti fez cerca de 20.000 retratos de habitantes da cosmopolita Xangai. Fotografou a sépia e a cores trabalhadores, figuras da alta sociedade, mulheres, famílias, crianças, enviados diplomáticos, figuras públicas famosas, etc. A imagem de marca de Sanzetti foi composta pela compleição suave dos seus modelos, pelo olhar intenso, a postura marcada, a beleza feminina e a inocência infantil. Os seus retratos deram origem a uma nova marca “O Xangai look”.


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WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

A proximidade vale mais do que o afastamento, e a visão directa vale mais do que o ouvir dizer.

O exame dos livros – 2

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Zuozhuan [NT – Comentário aos Anais do Senhor Zuo; início da época dos Reinos Combatentes] foi provavelmente descoberto nas paredes da casa de Confúcio. Na verdade, à época do Imperador Wudi, o príncipe Gong de Lu fez destruir a escola de Confúcio para aí construir um palácio, tendo assim descoberto os Anais em 30 capítulos, ou seja, o próprio Zuozhuan. Gongyang Gao, Guliang Zhi e Humu Zidu redigiram todos comentários aos Anais, constituindo assim escolas e correntes divergentes, mas só o Zuozhuang está verdadeiramente em linha com os Anais. Gostaria de o demonstrar pelo facto de estar em linha com as Memórias sobre os Ritos, redigidas pelos discípulos de Confúcio, e com as Memórias Históricas do Grande Historiador, que foi um dos grandes sábios da Dinastia Han. Os comentários de Gongyang Gao, de Guliang Zhi e de Humu Zidu, ao contrário, não estão em linha com estes dois textos. Por outro lado, foram redigidos numa época muito afastada da de Confúcio e, neste domínio, a proximidade vale mais do que o afastamento, e a visão directa vale mais do que o ouvir dizer. Liu Xiang apreciava tremendamente o Zuozhuan, ao ponto

dos seus servos, sua esposa e seus filhos serem todos capazes de recitar o livro. À época do Imperador Guangwudi, Chen Yuan e Fan Sheng se debateram em várias memórias dirigidas à Corte, tendo sido de novo criadas cadeiras doutorais para o estudo do Zuozhuan. Pouco depois, após um erro, Fan Sheng foi destituído. Chen Yuen e Fan Sheng contam-se entre os letrados mais dotados do Império, tendo consagrado muita energia a este debate. Por fim, Chen Yuan conseguiu que as memórias de Fan Sheng fossem rejeitadas. Isto demonstra que o Zuozhuan é mais justo do que os outros comentários aos Anais. Discutir prodígios, como é o caso desses comentários, é pôr-se em desacordo com Confúcio, que “não tratava nem de prodígios, nem de violência” [nem de rebeliões ou espíritos]. E o mesmo se passa com o Lushi chunqiu [NT – Anais de Lu Buwei]. O Discurso dos Principados é o comentário exterior do Zuozhuan, o qual comenta com concisão e economia o texto dos Anais e deve ser completado com o Discurso dos Principados. Assim, o Zuozhuan e os Discursos são dois textos extremamente preciosos para os nossos letrados. Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


19 hoje macau quarta-feira 16.11.2016

diário de um editor

João Paulo Cotrim

A pele de um independente HORTA SECA, LISBOA, 12 NOVEMBRO Sempre em dúvida, sempre em dívida. Podia tatuá-lo no braço só para me poupar ao trabalho de responder à quotidiana pergunta: como vais? Ou nos cada vez mais frequentes debates sobre edição: defina lá o trabalho do editor independente, se faz favor. Independente tornou-se a minha segunda pele – ainda que não perceba de quê, tantas são as dependências –, do mesmo modo que abysmo passou a primeiro nome: abysmo de joão paulo cotrim. Estaremos sempre em dívida para com os autores. Cabe-nos ajudá-los a apurar o veneno do texto, a desenvolver o invólucro certo capaz de inocular a potencial multidão dispersa. Não basta um qualquer, tem que ser o leitor: inteligente e conhecedor ou emocional e dedicado, se possível uma hábil mistura de ambos. Capaz de admirar a vanguarda, sem esquecer as tradições, esforçado para reconhecer a explosão das estruturas narrativas, ainda que aceitando dançar com a frase fulgurante, enfim, prazer e esforço algures no cruzamento de físico teórico com groupie ou de bailarina clássica com adepto de futebol. Além dos direitos, claro, no confronto da prática que dá corpo ao livro, esperam ainda que os ajudemos no despertar da vocação: levá-los à frase, ao género, ao tema em que se cumpram. Duvidaremos sempre do caminho. Isto não é tanto um negócio, mas uma maneira de ver o mundo, de estar no centro das ideias, da criação, da discussão, das coisas. Duvidamos da estratégia, dos tempos, das parcerias. Se corremos contra o tempo, se não devíamos olhar para trás na vez de procurar o futuro. Duvidaremos se não haveria ainda mais uma volta a dar, se não deixámos escapar uma gralha (e deixámos, pois). Se o recusado não era merecedor de segunda alternativa. Se o editado não era merecedor de recusa. Duvidaremos sempre de que tenhamos feito tudo, de que os argumentos oferecidos eram exactos, se estavam afiados como x-acto. Servirá isto para alguma coisa? Azar. Se estamos, como Wile E. Coyote, no meio do precipício, o melhor é seguir em frente na vez de olhar para baixo. E cair. A TOUT LIVRE, PARIS, 23 SETEMBRO As rentrées tendem a ser infernais. O ano passa a correr e parece que uns bons dez meses se espatifam contra a

todo o país, para perceber que não foi caso único. As apresentações de Quentin Shoëvaërt-Brossault foram de uma profunda simplicidade. Era apenas um leitor, em modo partilha. Fazem-nos tanta falta os leitores.

montra do Natal. O ano dos livros há anos que dança a mesma dança. Dos pleonasmos, portanto, uma das mais graves maleitas do mundo editorial. Esta reentrada foi quente como bólide celeste rasgando a atmosfera. Contudo, não poderíamos ter tido melhor maneira de comemorar cinco anos de abysmo do que a edição da Chandeigne, por via do empenho da Anne Lima, da bela tradução de Autismo, do Valério, assinada por Elisabeth Monteiro Rodrigues. Foi muito bem recebido pela crí-

Duvidaremos sempre do caminho. Isto não é tanto um negócio, mas uma maneira de ver o mundo, de estar no centro das ideias, da criação, da discussão, das coisas. Duvidamos da estratégia, dos tempos, das parcerias. Se corremos contra o tempo, se não devíamos olhar para trás na vez de procurar o futuro

tica, nomeado para o Prix Femina, que só não venceu, confirmado por várias fontes, devido às movimentações politicamente correctas que o entregaram a um jordano. Os prémios vivem bastante de correntes de ar, e constipam-se. Saltemos. Este contacto com o sistema editorial francês, que lançou por esta altura quatrocentos e tal romances e mais de uma centena de romances, sublinhou-me mais as fragilidades do português. Descontemos por ora a diferença estrondosa de um país que gosta de livros, campeonato que Portugal perdeu há anos. Ali, veja-se, os distribuidores e os livreiros lêem os livros. Em Maio, em encontro dos editores com as principais distribuidoras, todas ao barulho, grandes, médias ou pequenas, foram apresentadas as novidades, algumas delas já impressas. Autisme circulou em pdf, mas foi o suficiente para tocar a parte fria da cadeia antes de chegar aos entusiastas: os livreiros. A eles se deve, estou em crer, a fortuna que o romance está a ter [a entrar em segunda edição, por estes dias]. Fui testemunha de um exemplo desse entusiasmo, logo no dia do lançamento, em conjunto com novos títulos do Gonçalo M. Tavares e do Valter Hugo Mãe, mas basta percorrer, no mural das Editions Chandeigne as inúmeras fotos de montras e dos coup-de-coeur, um pouco por

CENTRE POMPIDOU, PARIS, 24 SETEMBRO As filas já eram grandes, mas agora são enormes para garantir que não levamos kalashnikovs para os museus, enfim, além das que já lá moram. Pensei que a exposição pop, Beat Generation – New York, San Francisco, Paris, acrescentaria ainda mais culpas do que Magritte, a sua parceira no andar mais rente ao céu, na mais bela panorâmica da cidade. Pisamos os telhados antes de entrar nos subterrâneos da arte, parece-me programa. Estava errado. As multidões abarrotavam as salas do Magritte, afinal pop. Paris reconciliou-se com o ignorado de há umas décadas? Que poder de atracção possui este óbvio inimigo do óbvio? As imagens dizem muito mais do que mostram e inteligência pode bem ser espectacular e lúdica. Que prazer ler primeiro os títulos e procurar a copa a partir desta raiz! Ou vice-versa. A Beat apresentava-se com um eixo em torno do qual orbitava tudo o resto, que foi muito e variado: On the road, de Jack Kerouac, feito estrada sobre uma mesa. Ao longo de dezenas de salas podíamos atender telefones e ouvir Giorno, ver filmes com Dylan, gastar horas nas legendas das fotografias de Ginsberg, ler e ouvir Burroughs, Ferlinghetti, Corso, passear por instalações, pinturas, documentários, cartazes, fanzines, colagens, cut ups, perder o olhar nas fotos de Robert Frank, até à Dreamachine, de Brion Gysin, que nos põe a sonhar acordados. Desde o dadaísmo, mais coisa, menos coisa, se pensarmos em movimento literário temos que contar com as outras linguagens. E que cada uma conte as outras. S. LUIZ, LISBOA, 13 NOVEMBRO Arnaldo Antunes em concerto. A energia é arrebatadora e o tom metálico estica os sentidos da língua tuga até altos penhascos. De súbito, uma declaração de amor ao leitor: «Se sou voraz, me sacie./Se for demais, atenue./Se fico atrás, assobie./Se estou em paz, tumultue.//Você é que me continua.»


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TEMPO

POUCO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente VAFA - SALÃO DE OUTONO Casa Garden

?

NUBLADO

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29

HUM

65-98%

EURO

8.61

BAHT

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11)

O CARTOON STEPH

PROBLEMA 122

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 121

INFERNO

YOUR NAME [B] FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Makoto Shinkai 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 2

INFERNO [B] Filme de: Ron Howard Com: Tom Hanks, Felicity Jones, Irrfan Khan 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 3

TROLLS [A]

FALADO EM CANTONENSE Filme de: Mike Mitchell, Walt Dohrn 14.15, 16.00, 19.30

UM LIVRO HOJE

SUDOKU

DE

SALA 1

YUAN

1.16

UM PESADELO DE TRÁFEGO

EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

C I N E M A

0.22

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “SE EU ESTIVESSE EM SÃO FRANCISCO/MACAU” Fundação Rui Cunha

Cineteatro

(F)UTILIDADES

Uma caminhada em prol da caridade ou um Desfile por Macau, Cidade Latina. Qualquer um destes eventos consegue pôr as pessoas a sentirem-se como sardinhas em lata. A pequena dimensão de Macau pode ser considerada chocante, pois dá para ir a pé a praticamente todos os cantos da região. Gosto de contar aos outros como a dimensão de Macau é, de facto, algo único. Olhando para o mapa do Google, parece que demoramos apenas 20 minutos de um lugar ao outro mas, na verdade, são apenas três minutos. Aos fins-de-semana, lugares como o Leal Senado e o Venetian, onde se podem fazer compras, estão sobrelotados. É um cenário chato, mas que se tornou no nosso dia-a-dia. Diz-se que Macau é o lugar com maior densidade populacional do mundo e eu, sendo um pequeno gato, já sabia disso, mas nunca acreditei que pudesse mesmo ser verdade. Já ninguém pode negar esse facto. Mas esperem, que vem aí mais um pesadelo para os que cá moram: mais uma edição do Grande Prémio de Macau. Nunca sabemos onde andam os autocarros ou quantas horas temos de aguardar até ir para casa ou para o trabalho. Pu Yi

“NÃO HUMANO” | OSAMU DAZAI

“Não-Humano” é o último romance escrito por Osamu Dazai. Antes de pôr termo à vida, o autor japonês faz uma reflexão, em forma de romance, da sociedade que o viu nascer. O livro faz eco dos sentimentos da geração que vive a dolorosa passagem para uma nova sociedade individualizada e tecnológica. O protagonista é Yozo, uma personagem falhada e à margem que se refugia na solidão como a única fuga possível ao seio de uma “humanidade” que não entende. “Não humano” é o desenho violento da sociedade japonesa, dos desafectos que a compõem e do caminho que faz rumo à ausência. Sofia Mota

TROLLS [A] [3D] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Mike Mitchell, Walt Dohrn 17.45

DOCTOR STRANGE [B] Filme de: Scott Derrickson Com: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Rachel McAdams 21.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


26 OPINIÃO

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RUI TAVARES

DENNIS DUGAN, HAPPY GILMORE

in Público

A autoridade moral do trumpismo

O

que os trumpistas desejam não é que a esquerda ouça. Eles querem que a esquerda se cale. Não lhes façamos o favor. Em 2008, quando Obama ganhou a presidência, o Partido Republicano iniciou um exame de consciência e admitiu que teria de fazer melhor para ouvir as pessoas que tinham votado nos Democratas. Prometeu considerar os problemas dos negros, dos latinos e da comunidade LGBT quando tivesse oportunidade de legislar no Congresso. A direita americana encarou o novo Presidente com espírito construtivo e deu o seu melhor por ajudar naquilo que fosse bom para o país, a começar pela reforma do sistema de saúde. No resto do mundo, os opositores do “politicamente correcto” de Barack Obama concederam, apesar de tudo, que havia bons argumentos a favor de uma linguagem mais inclusiva e tolerante. E é por isso que a direita americana, tal como a europeia, tem agora autoridade moral para pedir aos progressistas que deixem Trump governar. Certo? Errado. Uma das primeiras declarações do líder dos republicanos no Senado foi que o seu trabalho seria garantir que Obama não fosse reeleito. O sistema de seguros de saúde muitíssimo moderado que Obama apresentou aos republicanos, inspirado numa experiência republicana a nível estadual, foi sumariamente rejeitado e combatido até ao fim como um exem-

plo do regresso do comunismo. Passado poucos meses, o Tea Party tomava de assalto o Partido Republicano e foi abraçado pelos canais de televisão conservadores até ao ponto em que entrou no Congresso e impediu Obama de legislar. No fim do mandato ainda conseguiram a proeza de deixar o Supremo Tribunal incompleto só para que Obama não pudesse nomear qualquer juiz que não fosse ultraconservador. E por tudo isso é mais do que evidente que não, — os trumpistas não têm qualquer autoridade moral para exigir “abertura de espírito” no acolhimento ao Presidente Trump. Mais, a direita moderada deve deixar de utilizar esse argumento para esconder o seu próprio processo de normalização do fenómeno que venceu as eleições nos EUA. Enquanto candidato presidencial, Trump prometeu deportações em massa, assassinar as famílias de terroristas e perseguir judicialmente a sua opositora, entre outras medidas atentatórias do estado de direito. É obrigação de toda a gente que defende o estado de direito — na esquerda, no centro ou na direita — não o normalizar enquanto ele não renunciar a essas políticas. E quem se recusar a denunciá-lo é cúmplice da degradação da democracia em curso no mundo ocidental. Para falar a verdade, as queixinhas com a suposta arrogância do progressismo são o

O que os trumpistas desejam não é que a esquerda ouça. Eles querem que a esquerda se cale. Não lhes façamos o favor

cume da hipocrisia num momento em que o candidato presidencial mais arrogante que o pós-guerra já viu ganhou as eleições no país mais poderoso do mundo. Ou pelo menos é uma nova fasquia na falta de sentido das proporções. Ou os conservadores acham mesmo que foi modéstia aquilo que faltou para ganhar estas eleições? O mesmo se pode dizer dos apelos a que os democratas façam agora uma interrupção na defesa da sua base eleitoral para ouvir “o outro lado”. Os democratas não fizeram outra coisa nos últimos anos do que ouvir o outro lado — tanto que muitas vezes se esqueceram das suas próprias convicções. O que os trumpistas desejam não é que a esquerda ouça. Eles querem que a esquerda se cale. Não lhes façamos o favor. Na vozearia dos últimos dias, os trumpistas e os seus acólitos pretendem disfarçar a sua maior fraqueza: é que eles não são sequer maioritários na sociedade americana. Hillary Clinton tem neste momento quase dois milhões de votos a mais do que Donald Trump, que tem menos votos do que o candidato republicano derrotado em 2012, Mitt Romney. Uma boa estratégia geográfica e a carambola do colégio eleitoral — com uma diferença de cem mil votos em três estados — deu a Trump a Casa Branca. Não nos devemos queixar de um sistema eleitoral que era conhecido e é legítimo. Mas também não podemos comportar-nos como se a tolerância, a inclusão e cosmopolitismo fossem agora valores de que nos devêssemos envergonhar. Não são. São valores que têm ainda a maioria do povo com eles, e que só passarão a ser minoritários quando desistirmos de os defender.


27 hoje macau quarta-feira 16.11.2016

ÓCIOSNEGÓCIOS

CRIAMACAU, PROJECTO DE MARKETING, BRUNA PICKLER, CRIADORA

Este projecto embrionário nasceu nos corredores da Universidade de Macau e pretende desenvolver no mercado o chamado “marketing de guerrilha” junto de empresas locais. A ideia correu tão bem na prática que poderá continuar fora do meio universitário

H

Á muito que as empresas usam redes sociais como o Facebook, o Youtube ou o Instagram para fazerem publicidade aos seus produtos e serviços, mas a CriaMacau entende que isso já não chega. Para que o público faça a sua opção em prol daquilo que a marca pretende, é preciso inovar. E é aí que a CriaMacau quer trabalhar. Criado em Setembro, este projecto é uma iniciativa de quatro académicos ligados ao mestrado em Comunicação e Novos Media da Universidade de Macau (UM). Bruna Pickler explicou ao HM como tudo funciona. “A CriaMacau é um espaço onde abordamos o conceito muito pouco falado de marketing de guerrilha. Explicamos as melhores ideias criativas, as que não correram tão bem, a diferença do que se faz em cada parte do mundo.” Além disso, “é também um canal onde pretendemos criar alguma ligação com o público, daí termos a nossa página aberta a

todos aqueles que nos quiserem questionar sobre o tema e ao mesmo tempo disponíveis para ajudar quem pretenda melhorar a sua visibilidade junto do público”, disse ainda Bruna Pickler. Para a académica, “as marcas precisam de chegar aos consumidores e os canais tradicionais estão sobrecarregados”. “Há cada vez mais uma completa cegueira para os anúncios a que todos estamos habituados. É a pensar nisso que pretendemos compilar as acções mais disruptivas e inspirar todos os que por aqui passam”, acrescentou Bruna.

FACEBOOK

“Saber comunicar é o pilar de tudo”

AJUDAR AS PME

A CriaMacau foi criada a pensar também nas dificuldades sentidas pelas Pequenas e Médias Empresas (PME) no seu dia-a-dia, já que muitas vezes as dificuldades em pagar uma renda acabam por pôr uma estratégia de marketing em segundo plano. “Foi com essa intenção que a página foi criada, para descobrir o que os pequenos negócios locais precisam, o que falta para que essas empresas se desenvolvam melhor. Auxiliamos com alternativas criativas. Acreditamos que as acções de baixo custo podem trazer benefícios para qualquer negócio que precise de ampliar resultados. Isto é válido para Macau e para o resto do mundo. Saber comunicar é o pilar de tudo”, defendeu Bruna Pickler. Depois, o marketing pode ainda chamar a atenção para várias questões sociais. “Percebemos que Macau tem muito foco na indústria do entretenimento e algumas questões sociais ficam de lado. Com o marketing de guerrilha, podemos gerar acções que beneficiam as grandes e pequenas empresas integrando a comunicação com projectos sociais e culturais. E é isso que queremos ensinar aos utilizadores.”

CONTINUAR NO MERCADO

A CriaMacau é apenas um projecto universitário com existência através de uma página na rede social Facebook, mas poderá ser bem mais do que isso. Apesar dos seus membros ainda estarem a avaliar a viabilidade do projecto, há uma forte possibilidade de a CriaMacau se transformar numa empresa a operar no mercado. “Com o decorrer da página temos percebido que pode ir além do âmbito universitário. Gostamos da pesquisa exploratória, de andar na rua à procura do exemplo mais básico, e por isso, e dependendo do avanço do projecto, será para continuar.” A gestão de páginas nas redes sociais poderá ser um ponto de partida, sendo que muitos dos que trabalham na CriaMacau já estiveram ligados a empresas

“Macau tem muito foco na indústria do entretenimento e algumas questões sociais ficam de lado. Com o marketing de guerrilha, podemos gerar acções que beneficiam as grandes e pequenas empresas.”

estrangeiras. “Alguns dos membros da CriaMacau trabalharam individualmente com projectos de marketing de diferentes empresas de todo o mundo. Este é um projecto muito jovem e ainda estamos à procura de negócios locais em Macau, ou então de gestores que queiram contactar-nos para desenvolverem um projecto de marketing”, concluiu. O projecto da CriaMacau poderá ser conhecido na página www.facebook.com/criamacau. Andreia Sofia Silva (com S.M.) andreia.silva@hojemacau.com.mo


O Chefe do Executivo não se lembra dos alicerces de Macau

quarta-feira 16.11.2016

Atlântido

ALEMANHA MEGAOPERAÇÃO ANTITERRORISTA EM DEZ REGIÕES

Cerca de 200 localidades em dez regiões da Alemanha estiveram esta terça-feira sob uma megaoperação antiterrorista contra um grupo islâmico. Segundo um porta-voz do Ministério do Interior, o ministro Thomas de Maiziere proibiu, desde ontem, o grupo ‘Die wahre Religion’. Na megaoperação estiveram envolvidos centenas de agentes alemães que tentam desmontar o grupo suspeito de propagar o ódio. «Não toleramos fanáticos que tentam radicalizar jovens. Aqueles que espalham mensagens de ódio não podem esconder-se atrás da liberdade religiosa», disse Peter Beuth, ministro do Interior de Hesse. As buscas decorreram em apartamentos e mesquitas.

EGIPTO TRIBUNAL ANULA CONDENAÇÃO À MORTE DE MORSI

Um tribunal de recurso egípcio anulou ontem a condenação à pena de morte do antigo Presidente islamita Mohamed Morsi e ordenou um novo julgamento num tribunal criminal, indicou à agência France Presse uma fonte judicial. Morsi foi condenado à pena de morte em Junho de 2015 num processo por violência contra polícias durante a revolta de 2011. O tribunal de recurso anulou igualmente as condenações de cinco dos co-acusados de Morsi, entre os quais o antigo guia supremo da Irmandade Muçulmana Mohamed Badie.

Portugal RELAÇÕES COMERCIAIS COM A CHINA VÃO REFORÇAR-SE

Palavra de ministro

O

ministro da Economia considerou ontem que as relações comerciais com a China vão reforçar-se no futuro, destacando que “a China vê Portugal como um parceiro estratégico” não só para investimentos no país, mas também na lusofonia. “As relações com a China vão reforçar-se ainda mais nos próximos anos; a China vê Portugal como um parceiro estratégico e

Portugal vê a China como um grande mercado com muitas oportunidades”, disse Manuel Caldeira Cabral à margem do primeiro Fórum Económico Portugal-China, que decorre até esta quarta-feira em Lisboa. Para o ministro, uma das grandes vantagens de Portugal passa por ser uma porta de entrada não só para outros mercados europeus, mas também para os mercados lusófonos, com o Brasil, Angola ou Moçambique.

“Há oportunidades muito interessantes na cooperação tripartida para projectos em países africanos, no Brasil e no desenvolvimento de Portugal como plataforma de entrada para as empresas chinesas no mercado europeu, podendo juntar a capacidade técnica e o conhecimento de Portugal dos mercados lusófonos com a capacidade financeira e a dimensão das empresas da China”, acrescentou o governante.

BENFICA INTER PREPARADO PARA BATER CLÁUSULA DE LINDELOF

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O clube italiano pretende reforçar o sector defensivo e estará preparado para pagar os 30 milhões de euros correspondentes à cláusula de rescisão de Victor Lindelof. De acordo com o TransferMarketWeb, o Inter não quer perder Lindelof para outros interessados como, por exemplo, o Manchester United, e irá accionar a cláusula do defesa-central. Lindelof, de 22 anos, tem contrato com o Benfica até 2020.

ESTÁ NA MODA

Manuel Caldeira Cabral concordou que “Portugal está na moda em áreas como o turismo ou o imobiliário”, mas destacou que o país “é e quer afirmar-se como um país aberto que acolhe investimento não só da China, mas de todo o mundo, porque é um factor importante para o nosso crescimento”.

“A China vê Portugal como um parceiro estratégico e Portugal vê a China como um grande mercado com muitas oportunidades”

CHERNOBYL UM ARCO PARA PROTEGER GERAÇÕES FUTURAS

Um arco gigante, destinado a cobrir lixo radioactivo do acidente nuclear de Chernobyl de 1986, começou terça-feira a ser colocado no local, com o objectivo de proteger as próximas gerações. O Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, o principal patrocinador do projecto, deverá concluir a instalação no próximo dia 29, representando um custo total de 1,5 mil milhões de euros. Pelo menos 30 pessoas morreram no local do acidente, na Ucrânia, à data uma república soviética, mas o maior acidente causado pelo Homem causou a morte a milhares de pessoas devido à radiação, que atingiu vastas áreas da zona ocidental da antiga União Soviética.”O início da colocação do arco sobre o reactor 4 na central nuclear de Chernobyl é o princípio do fim de uma luta de 30 anos com as consequências do desastre de 1986”, disse o ministro do Ambiente ucraniano, Ostap Semerak.

A vantagem para as empresas portuguesas, salientou Caldeira Cabral, é a possibilidade de juntar o conhecimento técnico português com o músculo financeiro chinês, a segunda maior economia do mundo, que apesar da fase de abrandamento do crescimento económico, não tem problemas de liquidez. A junção das empresas “permite alavancar e fazer grandes investimentos em países como o Brasil, Angola e Moçambique, para os quais as empresas portuguesas têm capacidade técnica mas podem não ter capacidade financeira para investir e responsabilizar-se pelos investimentos”, defendeu o governante.

Portugal, disse, é olhado pelos investidores como um país que é “um bom lugar para investir, seguro, que garante estabilidade, competitivo e com trabalhadores qualificados que são capazes de dar resposta aos avanços tecnológicos”.

GUINÉ-BISSAU PRESIDENTE DEMITE GOVERNO DE BACIRO DJÁ

O

Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitiu ontem o Governo do primeiro-ministro Baciro Djá por este não ter conseguido aprovar no Parlamento o seu programa de acção e o Orçamento Geral do Estado. No decreto presidencial lido na rádio nacional guineense, José Mário Vaz justificou a sua decisão com o respeito pelos

preceitos constitucionais que mandam a que o Governo seja demitido caso não possua os dois instrumentos de governação. O chefe do Estado guineense considerou ainda que o Governo de Baciro Djá não foi capaz de ultrapassar o bloqueio que se assiste no Parlamento onde os dois principais partidos, PAIGC e PRS, não se entendem há mais

de um ano. José Mário Vaz disse ainda que o país vive “uma grave crise” que requer a intervenção do chefe de Estado. O Presidente guineense sustentou também a sua decisão com a necessidade de cumprir com o acordo de Conacri, segundo o qual a crise deve ser ultrapassada a partir da formação de um novo Governo inclusivo, cujo

primeiro-ministro deverá ser uma figura de consenso entre os partidos representados no Parlamento e que tenha ainda a confiança do chefe do Estado. Não foi ainda divulgado o decreto que nomeia o novo chefe do Governo.


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