Hoje Macau 16 NOVEMBRO 2022 #5132

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hojemacau Vai correr tudo bem

As Linhas de Acção Governativa para 2023 estão lançadas. Sem surpresas, o Chefe do Executivo reafirmou a continuação da política de “zero casos” covid-19 e antecipou dificuldades económicas para o ano que aí vem. Mas Ho Iat Seng não desarma e faz um apelo à população: “acreditem em mim porque eu confio na recuperação da economia”.

GCS DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 QUARTA-FEIRA 16 DE NOVEMBRO DE 2022 • ANO XXI • Nº5134 www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau COVID-19 SÓ MAIS UM CASO XI | BIDEN LINHAS TRAÇADAS OBRAS PÚBLICAS INVESTIR PARA QUÊ? VOZES SEIO DO BACALHAU PÁGINA 7 PÁGINAS 8-9 PÁGINA 6 DUARTE DRUMOND BRAGA CINEMATECA PAIXÃO É TUDO DELAS EVENTOS
PÁGINAS 2 A 6 RAIVA DE UM SOLITÁRIO

E para amanhã

À espera que as dificuldades se prolonguem para 2023, o Chefe do Executivo antecipou o relaxamento de restrições de circulação. Quanto à economia, a nova estratégia “1+4” passa por investir o capital obtido pelo jogo para financiar saúde de alta tecnologia, indústria financeira, sector das exposições e indústria cultural e desportiva

PRINCIPAIS APOIOS SOCIAIS

Comparticipação Pecuniária (sem alterações)

• 10.000 patacas para residentes permanentes

• 6.000 patacas para residentes não permanentes

Vales de Saúde (sem alterações)

• 600 patacas para residentes permanentes

Subsídio de Nascimento (aumento de 100 patacas)

• 5.418 patacas

Pagamento da Conta da Electricidade (sem alterações)

• 200 patacas por mês

Regime de Previdência Central (sem alterações)

• 10.000 patacas para residentes qualificados

IDOSOS

Subsídio para Idosos (sem alterações)

• 9.000 patacas

Pensão para Idosos (sem alterações)

• 3.740 patacas por mês (13 meses)

Índice Mínimo de Subsistência (sem alterações)

• 4.350 patacas por agregado familiar com uma pessoa

Apoio para actividades de aprendizagem (sem alterações)

• entre 300 e 750 patacas por mês

Apoio aos cuidados médicos (sem alterações)

• entre 1.000 e 1.200 patacas por mês

Apoio de invalidez (sem alterações)

• entre 700 a 1.000 patacas por mês

Subsídio de Invalidez (sem alterações)

• 9.000 ou 18.000 patacas por ano

Subsídio para cuidadores (sem alterações)

• 2.175 patacas por mês

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FAMÍLIAS CARENCIADAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS
DE ACÇÃO GOVERNATIVA 2023
AL HO PROMETE FUTURO “PROMISSOR” E FIDELIDADE À POLÍTICA NACIONAL DE COVID-19
LINHAS
´

OChefe do Executivo vai continuar a se guir as políticas de covid-19 do Interior no próximo ano. A garantia foi deixada ontem na Assembleia Legis lativa, durante a apresentação das Linhas deAcção Governa tiva para 2023, em que Ho Iat Seng prometeu à população um futuro “mais promissor”.

“Devido às incertezas que ainda perduram relativamente à tendência de evolução mun dial da pandemia, o Governo da RAEM continuará a manter a coerência com a política nacional de prevenção e con trolo da pandeia”, afirmou Ho Iat Seng. “Iremos persistir na prevenção e controlo regular, científico e preciso, no sentido de garantir a saúde e a segu rança da vida dos residentes de Macau por forma a criar con

ESTUDANTES

Subsídio de Aquisição de Manuais (sem alterações)

• 3.500 patacas (ensino secundário)

• 3.000 patacas (ensino primário)

• 2.400 patacas (ensino infantil)

Subsídio de Propinas para Estudantes Carenciados (sem alterações)

• 9.000 patacas (ensino secundário complementar)

• 6.000 patacas (ensino secundário geral)

medida que a prevenção e o controlo da pandemia se tornam cada vez mais eficazes, as restrições à circulação de pessoas serão progressivamente relaxadas.”

dições para o funcionamento normal da sociedade e para a recuperação económica”, prometeu.

Ho Iat Seng afastou a possibilidade de o território seguir uma política de saúde

diferente da aplicada no In terior. A afirmação significa também que a reabertura ao mundo, ou seja, a circulação sem restrições como exigência de quarentena, só vai ser reto mada quando o cenário entrar em vigor no Interior.

O PIOR CENÁRIO

A nível de políticas de segurança, Ho Iat Seng quer a população preparada para “os piores cenários”, devido a uma “conjuntura de segurança que se torna cada vez mais severa e complexa”. “O Governo da RAEM irá consolidar o «conceito geral de segurança nacional», reforçar o sentido de alerta, persistir numa filosofia de estar preparado para eventuais emergências e para os piores cenários”, indicou. Além disso, Ho apontou a necessidade de “defender a soberania, a segurança e os interesses do desenvolvimento do país, prevenir e conter firmemen te a interferência de forças externas nos assuntos de Macau”.

trições sejam levantadas e que haja um aumento do número de turistas.

“À medida que a preven ção e o controlo da pandemia se tornam cada vez mais efica zes, as restrições à circulação de pessoas serão progressi vamente relaxadas, o número dos turistas será gradualmente retomado e o ambiente exter no para o desenvolvimento de Macau será, previsivelmente, cada vez melhor”, indicou.

Eleições Revisão à lei para reforçar nacionalismo

Segundo as Linhas de Acção Governativa, no próximo ano o Governo vai avançar com uma proposta de revisão da Lei Elei toral da Assembleia Legislativa, para criar fundamentos legais para excluir candidatos que não são considerados “patriotas”.

O anúncio foi feito ontem por Ho Iat Seng, que defendeu a necessidade de implementar o princípio ‘Macau governada por patriotas”. “Iremos aperfeiçoar o sistema eleitoral, e iniciar os trabalhos da revisão do ‘Regime Eleitoral da Assembleia Legis lativa da Região Administração Especial de Macau’”.

AL Lei Sindical e Subsídio de Maternidade na calha

Até ao final do ano vai entrar na Assembleia Legislativa a proposta de Lei Sindical. O anúncio foi feito ontem pelo Chefe do Executivo.

que o território atravessou ao longo do ano “uma pressão descendente sem preceden tes” e que “os principais indicadores económicos caí ram significativamente”. No entanto, recusou comparações com o passado, por considerar que as condições são muito melhores. “As condições que Macau tem no presente, designadamente a dimensão e o nível do desenvolvimento da economia geral, as finanças públicas, as bases industriais e as capacidades das empre sas, são incomparáveis com Macau no passado”, vincou. No mesmo sentido, o Che fe do Executivo apontou que “a orientação geral da acção governativa” no próximo ano passa por “revitalizar a econo mia, promover a diversifica ção, aliviar as dificuldades da população, prevenir e contro lar a pandemia e desenvolver Macau de forma estável e saudável”.

Proteger empregos do jogo

• 4.000 patacas (ensino infantil e primário)

Subsídio para Aquisição de Material Escolar (sem alterações)

• 3.3000 patacas (residentes)

No que diz respeito à situação económica, o Chefe do Executivo antecipou mais um ano difícil, à semelhança do actual. “Prevê-se que em 2023 [...] a situação da pan demia continue a provocar impactos profundos e que a recuperação económica mundial seja pouco dinâmica, pelo que as perspectivas do desenvolvimento são ainda incertas”, reconheceu. “O aperto das políticas monetá rias nas principais economias avançadas terá um certo im pacto negativo nos mercados financeiros e na circulação dos capitais internacional. Por isso, Macau deve manter-se altamente alerta e aumentar a consciência de prevenção de riscos”, avisou.

Previsivelmente melhor

Apesar de o cenário ser difícil a nível económico, com a subida da taxa de desempre go, redução da população e aumentos do número de suicídios, Ho Iat Seng deixou sinais de esperança, ao afirmar que espera que algumas res

O Governo pretende utilizar o dinheiro das novas concessões do jogo para diversificar a economia, numa estratégia que apelidou “1+4”

Outro dos motivos para o líder do Governo manter a confiança no futuro é o apoio do país. “Devemos manter -nos convictos de que, com o firme apoio da grande pátria e, ainda, com as sólidas ga rantias proporcionadas pelo princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, e em conjugação de esforços com os diversos sectores sociais e a popula ção em geral, o futuro de Macau será certamente mais promissor”, atirou.

Ao longo do discurso, Ho Iat Seng reconheceu ainda

“Iremos assegurar a estabilidade do emprego dos trabalhadores do sector do jogo após a nova atribuição das concessões.”

“A proposta da «Lei Sindical» vai ser submetida à apreciação da Assembleia Legislativa no final do corrente ano”, indicou o líder do Governo. Contudo, outros diplomas que protegem direitos sociais deverão ser alterados.

“Vão ser iniciados os trabalhos de revisão a outros diplomas, nomeadamente o Regulamento Administrativo relativo às ‘Medi das do subsídio complementar à remuneração paga na licença de maternidade’, revelou Ho Iat Seng.

IH Habitação económica com novo concurso

Ao longo deste ano vai abrir um novo concurso de habitação económica. A promessa foi deixada ontem por Ho Iat Seng. “Promover-se-á a construção de habitação económica na Zona A e dar-se-á início, em 2023, a um novo concurso para habitação económica”, afirmou o Chefe do Executivo. O próximo ano poderá ser igualmente funda mental para definir o futuro do terreno na Avenida Wai Long: “No primeiro semestre de 2023, será concluído o estudo sobre a proposta de implementação da construção de habitação intermédia no terreno da Avenida Wai Long”, foi explicado.

A nível económico, o Gover no pretende utilizar o dinheiro das novas concessões do jogo para diversificar a economia, numa estratégia que apelidou “1+4”.

“O ‘1’ refere-se à pro moção do desenvolvimento diversificado do sector de turismo e lazer de acordo com [...] uma indústria de turismo e lazer integrado excelente, dedicado e for te”, justificou Ho Iat Seng.

“O ‘4’ representa a perse verança na promoção do desenvolvimento das quatro principais indústrias de de senvolvimento prioritário: a indústria de big health, a indústria financeira moder na, de tecnologia de ponta, de convenções, exposições e comércio, e de cultura e desporto”, adicionou.

No capítulo da indústria do jogo, e face aos receios do aparecimento de uma onda de desemprego após a atribuição das novas concessões, o Chefe do Executivo prometeu prote ger os empregos locais. “Ire mos assegurar a estabilidade do emprego dos trabalhadores do sector do jogo após a nova atribuição das concessões [...] e a manutenção do número de trabalhadores locais nos quadros de gestão de nível intermédio ou superior das empresas de turismo e lazer numa percentagem não infe rior a 85 por cento”, prometeu.

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“À

O Chefe do Executivo promete não aumentar os impostos apesar do cons tante recurso à Reserva Financeira.Aos jornalistas, Ho Iat Seng desvalorizou a inflação por comparação com outros países europeus, e garantiu: “precisam

Respirar

DESDE o início da pande mia, e com a quebra dos impostos cobrados sobre as receitas de jogo, que o Executivo tem recorrido às injecções de fundos da Reserva Financeira para equilibrar o orçamento anual. Essa deverá continuar a ser a postura caso se mantenha o cenário de crise eco nómica decorrente da pandemia, sem aumento de impostos directos pagos pela população.

“Nos últimos anos mantive mos inalteradas as políticas de dedução e isenção de impostos. Se aumentarmos os impostos isso poderá trazer um grande impacto às empresas e cidadãos. Mesmo com um orçamento deficitário teremos de manter o desenvolvimento

estável da sociedade”, adiantou Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, na conferência de imprensa que se seguiu após a apresentação do relatório das Linhas de Acção Go vernativa (LAG) para o próximo ano (ver pags 2-3).

Afirmando que continua a acompanhar a situação do eleva do desemprego, Ho Iat Seng não esqueceu que mais vagas foram ocupadas por residentes à medida que os trabalhadores não residentes (TNR) foram saindo do território.

“Temos mais de 100 mil TNR e agradeço aos cidadãos de Macau que assumiram os trabalhos que eram prestados pelos TNR, dando oportunidades a mais de 40 mil residentes. Temos postos de traba lho e profissões para residentes e

neste momento há mais de quatro mil postos à espera dos cidadãos. Já proporcionamos entrevistas de emprego a mais de cinco mil residentes”, adiantou.

Ainda sobre os TNR, o Chefe do Executivo insistiu no facto de não poder ser cometido o erro de definir uma proporção exacta de

residentes e TNR. “Se cortarmos todos os TNR isso será mau para as pequenas e médias empresas. Há restaurantes que só têm um ou dois trabalhadores e, sem eles, entram em falência. Não podemos insistir numa regra de proporção.”

Em resposta aos jornalistas, Ho Iat Seng desvalorizou a actual taxa de inflação, que “não é assim tão inaceitável”, pois “vemos que em cidades europeias os produtos são muito mais caros do que em Macau”.

Ainda assim, “todas as empresas estão a esforçar-se, juntamente com o Governo, em prol do controlo dos preços dos produtos”, disse.

Ano da mudança?

“Se aumentarmos os impostos isso poderá trazer um grande impacto às empresas e cidadãos.”

o dirigente máximo da RAEM voltou a dizer que o próximo ano poderá ser o da grande viragem. “Estes três anos de combate à pandemia têm sido lon gos, e com o aumento gradual da taxa de vacinação temos tentado aliviar as medidas. [Tivemos a quarentena] de 14 dias, depois de sete dias e agora de cinco mais três. Passo a passo estamos a aliviar. Acredito que no próximo ano a situação irá melhorar e “Acredito que no próximo ano a situação irá melhorar e poderá contribuir para a recuperação económica de Macau.”

Respondendo a questões sobre as res trições relacionadas com a pandemia,

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LINHAS DE ACÇÃO GOVERNATIVA 2023
ORÇAMENTO GOVERNO RECUSA SUBIR IMPOSTOS. DESVALORIZA INFLAÇÃO
de acreditar em mim porque confio na recuperação da economia”
IAT
DO EXECUTIVO
HO
SENG CHEFE

confiança

poderá contribuir para a recuperação económica de Macau.”

Ainda assim, fica para já de fora o alívio das restrições com Hong Kong. “Nunca fechamos as portas a quem vem de Hong Kong e diariamente recebemos cerca de 1500 pessoas, que vêm para Macau viajar e que muitas vezes passam por cá para irem para o Interior da China. Se abrirmos com Hong Kong será com a medida 0+0 e diariamente na cidade há cinco a seis mil casos. Isso representa uma certa pressão para Macau. Esperamos que possamos, o mais rapidamente possível, suavizar as medidas”, disse o Chefe do Executivo.

Mesmo com a manutenção da política dinâmica de zero casos,

Ho Iat Seng diz que os turistas estrangeiros “são sempre bem -vindos”, tendo dado o exemplo da vinda dos pilotos estrangeiros para o Grande Prémio de Macau. “Es pero que possam vir mais amigos do estrangeiro para as exposições e convenções”, adiantou.

Questionado sobre a possi bilidade de implementar a obri gatoriedade da vacinação, Ho

Iat Seng não deu uma resposta directa, optando por fazer um novo apelo em prol da toma da vacina contra a covid-19. “Temos esperado pelo aumento da taxa de vacinação e temos feito in centivos. Sabemos que há idosos que não receberam sequer uma dose da vacina. Apelo a todos que se vacinem o mais depressa possível”, disse apenas.

Ho Iat Seng não resistiu ainda a deixar umas palavras de optimismo e, ao mesmo tempo, um apelo: “Tenho toda a confiança na eco nomia. Precisam de acreditar em mim porque confio na recuperação da economia.” Andreia Sofia Silva

Saúde para dar e vender

Ho Iat Seng diz existir “um sector do jogo muito saudável”

MESMO com as frequentes notícias dos problemas financeiros que as opera doras de jogo enfrentam, o Governo mostra-se irredutível e mantém a postura de que es tas continuam a ter capacidade de investir e obter retorno no mercado. Como? Recorrendo aos enormes ganhos dos anos anteriores. “As empresas, nos últimos três anos, têm tido ad versidades e dificuldades, mas nos últimos 20 anos consegui ram grandes resultados, tendo em conta o fluxo de capitais e o investimento envolvido. Se pesquisar poderá ver que as re ceitas foram abundantes. Penso que não haverá esse problema [de dificuldades financeiras], existem informações na Internet de que existe uma má situação, mas temos um sector do jogo muito saudável que pode contri buir para um desenvolvimento sustentável de Macau”, rematou o Chefe do Executivo.

Questionado sobre o fim dos “ciclos viciosos” respeitantes à gestão de surtos de covid, que afectam a vinda de turistas, o líder de Macau frisou que “nenhum

Apoios Cheques todos os anos?

Confrontado com o regime de comparticipação pecuniária, Ho Iat Seng assegurou que o apoio se vai manter. “Não existe um diploma legal, mas é uma medida que beneficia toda a população e que vai continuar. Se teremos todos os anos, isso ainda merece a nossa avaliação e análise.” Sobre a ausência da injecção das sete mil patacas nas contas individuais dos idosos do Regime de Previdência Central, desde o começo da pandemia, o governante não deu uma resposta sobre o regresso da medida. “Quanto aos grupos carenciados e idosos temos me canismos especiais para assegurar a sua vida e apoio financeiro.”

Casinos Legislação sobre jogo ilícito

Uma das propostas de lei que sur ge no relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano é a lei do combate ao crime do jogo ilícito. No relatório, ontem apresentado, o Executivo promete “supervisionar e promover con tinuamente o jogo responsável para garantir o desenvolvimento saudável e ordenado da indústria do jogo nos termos legais”.

local do mundo, neste momen to, tem medidas que resolvam um surto pandémico”. “Mesmo com medidas não tão rigorosas o número de turistas não vai subir porque a pandemia está em todos os lugares do mundo”, disse.

Trabalho assegurado

Ho Iat Seng deixou ainda claro que o emprego nas concessionárias será assegurado. “O que mais se espera de um Governo é que garanta a estabilidade dos trabalhadores. Os termos contratuais são rigorosa mente expressos e garantem essa estabilidade, e se houver despedi mentos quer dizer que algo correu mal. Esse regime ou garantia será estendido à nova lei do jogo e será um objectivo no qual o Governo irá persistir”, assegurou. A.S.S.

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“Espero que possam vir mais amigos do estrangeiro para as exposições e convenções.”
HO IAT SENG CHEFE DO EXECUTIVO
ISTOCKPHOTO ISTOCKPHOTO

Turismo Pedidas medidas para atrair estrangeiros

O deputado Cheung Kin Chung defende que com a futura ampliação do Aeroporto Internacional de Macau vai ser necessário criar medidas para tornar Macau um centro mundial de lazer. O objectivo passa assim por atrair não só visitantes do Interior, mas também do estrangeiro. Ouvido pelo jornal Ou Mun, o também presidente da Associação

AU Kam San questio nou ontem a política de aumentar o inves timento público no sector da construção civil, como forma de promover a recuperação eco nómica. A crítica ao caminho seguido pelo Governo de Ho Iat Seng prende-se com o facto de o investimento estar a ser canalizado principalmente para empresas do Interior, que o antigo deputado considera pouco contribuírem para a economia local.

“O Governo da RAEM está a promover activamente a construção de mais obras públicas, que se pretende que levem a um aumento do con sumo”, começou por escrever Au Kam San, num comentário publicado na rede social Face book, “Mas será que não há um problema nesta aposta?”, questionou.

Para argumentar contra o caminho seguido pelo Execu tivo, o democrata recorre às teorias do economista britâ nico John Maynard Keynes. “Na economia Ocidental, Keynes é encarado como uma referência. Segundo as suas teorias, quando as pessoas gastam mais dinheiro das suas poupanças e aumentam o con sumo privado, espera-se que surja um efeito multiplicador nos outros factores da econo mia que vai assim contribuir para um maior crescimento”, justificou. “Contudo, existem dois pré-requisitos para que o efeito multiplicador possa actuar. É necessário que a economia seja relativamente fechada e tem de ter uma dimensão suficientemente grande para que surjam os efeitos desejados”, explicou.

Todavia, Au Kam San afirma que Macau está longe de possuir as condições para que as medidas surtam efeito.

dos Hoteleiros de Macau apontou que o sector hoteleiro local é bem-desenvolvido e pode oferecer acomodação com qualidade, com preços e activi dades diversificadas, sendo altamente competitivo. Mesmo assim, Cheung Kin Chung pediu que não se abdique do mercado do Interior e que também se tente fazer esse segmento crescer.

GP Macau Previstos 20 mil visitantes diários

Andy Wu, presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, prevê que cheguem ao ter ritório cerca de 20 mil turistas por dia, durante a realização do Grande Prémio de Macau. Ao jornal Ou Mun, Andy Wu explicou que a expec tativa está em linha com os números do ano passado, porque a principal fonte de visitantes é

a província de Guangdong. No entanto, como há um surto activo de covid-19 em Cantão, e Macau também tem casos importados, o presidente da associação reconheceu que o número diário de visitantes até pode ser menor do que o esperado. No ano passado, o número de visitantes no primeiro dia do Grande Prémio foi de 35 mil.

OBRAS AU KAM SAN QUESTIONA IMPACTO DO INVESTIMENTO PÚBLICO

A cavar buracos

“No caso de Macau, a econo mia não é fechada o suficiente para que o investimento seja retido no território. Também é uma economia demasiado pequena, o que em conjunto com a existência de um gran de número de trabalhadores não-residentes, faz com que osefeito multiplicador não tenha impacto”, apontou.

Do Interior

Além de duvidar do efeito multiplicador, Au Kam San indicou também que o dinheiro alegadamente investido na economia de Macau está a ser canalizado para o Interior, o que significa que a existir um impacto benéfico para a economia, acontece no outro lado da fronteira.

Para sustentar este ponto de vista, o ex-deputado avança com os exemplos da Univer sidade de Macau, na Ilha da Montanha, a construção da Ilha Artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e do Posto Fronteiriço de Qingmao, em que os projectos foram todos “entregues” e “construí dos” por empresas do Interior.

Nesta matéria, Au indicou também que a construção foi feita por trabalhadores do In terior, assim como os materiais para a sua execução, o que faz “sem dúvida nenhuma” com que “o efeito multiplicador em Macau tenha tido zero impacto”.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, mesmo que a construção seja entregue a empresas locais, os efeitos desejados não vão ser alcança dos, porque a maioria dos tra balhadores são não-residentes.

“A maior parte do tempo estes trabalhadores estão no Inte rior, onde comem, e gastam o dinheiro, principalmente nas suas terras”, justificou. João Santos Filipe (com N.W.)

PENSÕES PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA QUER COMPLEMENTO PARA REFORMADOS DE MACAU

OPartido Social Democrata (PSD) terá apresentado uma proposta para que os pensionistas residentes em Macau sejam abrangi dos pelo “complemento excepcional a pensionistas”.

A informação foi divulgada ontem por Rita Santos, presidente

do Conselho Regional da Ásia e Oceânia do Conselho das Comuni dades Portuguesas do Círculo China, Macau e Hong Kong, através de um comunicado.

“O deputado António Maló de Abreu respondeu à Comendadora Rita Santos que o PSD já apresentou

uma proposta no sentido de eliminar a discriminação no Decreto-Lei n.º 57-C/2022, de 6 de Setembro”, é revelado. Caso a alteração seja aprovada, os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações a residir no estrangeiro também poderão receber o complemento de pensão.

Rita Santos está actualmente em Lisboa para participar nas reuniões do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas que decorrem até hoje.Além disso, foram agendados encontros com os grupos parlamentares do Partido Socialista, Partido Social Democrata, Iniciativa

Liberal, Chega, Pessoas-Animais -Natureza e Livre. No âmbito desta deslocação, Rita Santos, enquanto membro do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas, deverá ainda ser recebida pelo pre sidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

OLGA SANTOS 6 sociedade 16.11.2022 quarta-feira www.hojemacau.com.mo
O antigo deputado argumenta que o investimento nas obras públicas tem pouco impacto, porque as empresas e os trabalhadores são do Interior, onde acabam por gastar o dinheiro que vem do território
Au Kam San indicou também que o dinheiro alegadamente investido na economia de Macau está a ser canalizado para o Interior, o que significa que a existir um impacto benéfico para a economia, acontece no outro lado da fronteira

FEIRA DE PRODUTOS IPIM SATISFEITO COM VENDAS DAS EMPRESAS

OInstituto de Pro moção do Comér cio e do Investimento de Macau (IPIM) in dicou ontem que a Feira de Produtos de Marca da Província de Guangdong e Macau (GMBPF) deixou parte das empresas exposito ras satisfeitas com os resultados alcançados a nível de vendas.

O evento que de correu no fim-de-se mana reuniu mais de 350 empresas “que exibiram e venderam no local produtos de qualidade de Guang dong, de Macau e dos países abrangidos pela iniciativa Uma Faixa, Uma Rota”.

Foram também organizadas mais de 140 sessões de bolsas de contactos físicas e virtuais e, ao longo dos três dias da feira,

as transmissões ao vivo de sessões de vendas e apresentações de produtos obtiveram mais de um milhão de visualizações.

“As empresas de Macau afirmaram que a venda foi bastante satisfatória, traduzida na reposição de merca dorias por várias vezes durante os três dias da exposição”, dando conta da “expansão da clientela e procura de oportunidades de negócio”.

O IPIM fez também questão de salientar que 118 expositores oriundos das nove ci dades da Grande Baía marcaram presença na edição deste ano do certame, o que re presentou uma subida de quase 50 por cento em relação à edição de 2021. J.L.

SJM Paul Baker demite-se de presidente do Grand Lisboa Palace

Paul Baker já não é o presidente do Grand Lisboa Palace, depois de cerca de quatro anos no cargo, noticiou ontem o portal GGR Asia. Para já, o responsável vai estar em “licença especial” até ao início do próximo mês. Paul Baker foi o rosto do resort, inaugurado em Julho do ano passado, marcando a entrada no Cotai da SJM Holdings Ltd, depois de ter passado quatro anos à frente de um casino do grupo Genting. A mesma fonte relata que mais executivos deixaram o Grand Lisboa Palace, entre eles responsáveis pelo marketing do resort.

O único a olhar o céu

jovem de 22 anos foi diagnosticado ontem com covid-19. As autoridades indicaram que a infecção é conexa com o caso positivo, referente a uma estudan te universitária portuguesa, revelado ontem. De resto, todos os testes de ácido nucleico recolhidos das zonas vermelhas deram negativo

AS autoridades de saú de anunciaram ontem que um residente de 22 anos foi diagnos ticado com covid-19.

O caso positivo está relacionado com a infecção da estudante, relevada na segunda-feira pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

O jovem havia sido classi ficado como contacto próximo da estudante de 21 anos e estava em observação médica. Para já, as autoridades de saú de indicam que não apresenta sintomas e, depois de ter acu sado positivo no teste de ácido nucleico, foi transferido para o Centro Clínico de Saúde Pública no Alto de Coloane.

Em relação às pessoas retidas nos edifícios que fo ram declarados como zonas vermelhas, todos os testes realizados deram resultado ne gativo. No prédio onde vive a família portuguesa, o Edifício “Tranquility” localizado na Avenida do Ouvidor Arriaga, nº 28-28B, foram recolhidas amostras de 104 pessoas, para um primeiro teste de ácido nucleico.

Como a jovem trabalha no restaurante Vista 38 no Hotel Four Seasons, entre funcioná rios do restaurante e pessoas alojadas na unidade hoteleira foram testadas 571 pessoas, sem terem sido encontradas novas infecções.

Quanto à morada de resi dência do outro caso positivo, relativo ao homem de 34 anos que mora no Bloco II do Edi fício Seng Hei Court da Rua de S. Lourenço, n.º 18C, foram testadas 24 pessoas, também todas com resultado negativo.

Além disso, foram recolhi das um total de 56 amostras ambientais no Four Seasons e nas duas zonas vermelhas, incluindo o Edifício Seng Hei Court e o Edifício “Tranquili ty”, com resultado negativo.

Encerrados e importados

As autoridades de saúde de Zhuhai anunciaram ontem te

rem detectado seis casos positi vos em pessoas que já estavam em quarentena nos últimos dois dias. Adicionalmente, o comando de prevenção e con trolo da covid-19 do distrito de Xiangzhou da cidade vizinha encerrou dois pisos do centro comercial subterrâneo do posto fronteiriço de Gongbei. A manter-se a situação actual,

Como a jovem trabalha no restaurante Vista 38 no Hotel Four Seasons, entre funcionários do restaurante e pessoas alojadas na unidade hoteleira foram testadas 571 pessoas, sem terem sido encontradas novas infecções

as lojas da muito concorrida su perfície comercial só reabrem no próximo sábado.

Além disso, foi também bloqueado o bloco 32 do edifício Huafa Shuian, em Xiangzhou, pelo menos até sábado.

Por cá, as autoridades reve laram ontem que na segunda -feira foram registados seis casos importados referentes a dois homens e quatro mu lheres, provenientes de países como Estados Unidos, França, Índia, Singapura e Malásia.

sociedade 7 quarta-feira 16.11.2022 www.hojemacau.com.mo COVID-19 DETECTADO NOVO CASO POSITIVO RELACIONADO COM ESTUDANTE
Um
GCS
João Luz com Nunu Wu

Em pratos limpos

OPresidente chinês, Xi Jinping, avisou o seu ho mólogo norte-americano, Joe Biden, para não “cru zar a linha vermelha” em Taiwan, durante o encon tro bilateral que mantiveram na Indonésia, anunciou a diplomacia chinesa. “A questão de Taiwan está no centro dos interesses centrais da China, a base da fundação política das relações sino-americanas, e é a primeira linha vermelha a não ser atravessada nas relações sino -americanas”, disse Xi a Biden, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“A resolução da questão de Taiwan é da competência dos chineses”, advertiu o líder chinês, citado pela agência francesa AFP. Os dois presidentes estiveram reu nidos durante mais de três horas na ilha indonésia de Bali, à margem da cimeira do G20, o grupo das economias mais desenvolvidas e emergentes.

Xi disse que “é a aspiração comum do povo chinês de alcançar a reunificação nacional e salvaguar dar a sua integridade territorial”. “Qualquer pessoa que procure sepa rar Taiwan da China estará a violar os interesses fundamentais da China e o povo chinês nunca o permitirá. Esperamos ver paz e estabilidade

LÍDERES DA AUSTRÁLIA E CHINA TENTAM ESTABILIZAR RELAÇÕES

Oprimeiro-ministro aus

traliano, Anthony Alba nese, e o presidente chinês, Xi Jinping, reuniram-se ontem à margem da cimeira do G20, numa tentativa de estabilizar as relações diplomáticas en tre os dois países. “Tivemos as nossas divergências (...), mas o nosso relacionamento bilateral é importante”, disse Albanese, no início do encon tro. “Presidente Xi, espero que hoje tenhamos uma troca e um diálogo construtivos”, disse Albanese, insistindo na necessidade de respeitar o direito internacional e trabalhar por uma região do Indo-Pacífico “estável, próspera e pacífica”, num momento de “grande incer teza” no mundo.

No dia 13, tinha de corrido a primeira reunião frente-a-frente entre altos representantes da China e da Austrália em três anos, onde o primeiro-ministro chinês Li Keqiang disse, enquanto se reunia com Albanese, que “a China está pronta para se encontrar com a Austrália a meio caminho e trabalhar em conjunto para promover laços sustentados e saudáveis”, no meio de uma série de sinais positivos que Camberra en viou nos últimos dias.

Albanese disse a Li que o seu país está disposto a reforçar os intercâmbios de alto nível com a China e a promover conjuntamente o desenvolvimento saudável das relações bilaterais. “Tive

uma grande conversa com o primeiro-ministro Li. Foi muito positiva e construtiva”, disse Albanese aos repórteres no domingo após a reunião, informou a AFP.

Noutro esforço para ali viar as tensões com a China, a Ministra dos Negócios Estrangeiros australiana Penny Wong, no seu primei ro grande discurso político, culpou o anterior governo de coligação pela ruptura das relações com a China, dizendo que os Trabalhis tas “procurariam cooperar onde pudéssemos”, noti ciou a SBS News, com sede na Austrália, no domingo.

Desde que tomou posse, Wong reuniu-se duas vezes com o MNE Wang Yi para

restabelecer o mecanismo de diálogo. “Nessas reuniões, expressei francamente os pontos de vista da Austrália sobre uma série de questões de comércio bilateral, consular e de direitos humanos, bem como de segurança regional e internacional”, revelou Wong.

No entanto, o ministro australiano do Comércio, Don Farrell, disse que estão dispostos a discutir “fora das fronteiras” com a China,

no Estreito de Taiwan, mas a paz e a ‘independência’ de Taiwan são irreconciliáveis”, avisou.

O líder chinês disse esperar que Washington “honre a sua palavra” e “respeite a política de uma só China e os três comunicados conjuntos assinados” pelas duas partes. “São a base das relações entre os nossos dois países”, insistiu.

Xi recordou que Biden comen tou “em numerosas ocasiões” que os Estados Unidos “não apoiam a independência da ilha” e não têm intenção de “utilizar Taiwan como instrumento para ganhar vantagem na sua concorrência com a China ou

em vez de forçar uma deci são da OMC sobre as actuais disputas comerciais entre os dois países. O ministro disse que independentemente do que aconteça na OMC, as empresas australianas estão a procurar “minimizar a exposição ao risco”, diver sificando a sua actividade fora do mercado chinês.

“As observações de Far rell são de facto um eufe mismo para a ‘dissociação’

com a China, e isso em si mesmo cai novamente numa mentalidade de Guerra Fria. Não há forma de substituir um mercado tão grande como o da China, e é apenas sensato que a Austrália mostre a sua sinceridade em seguir na mes ma direcção que a China”, disse Chen Hong, presidente da Associação Chinesa de Estudos Australianos.

A China é o mercado de exportação nº1 de minério de ferro australiano, com mais de 60% a ir para o mercado chi nês, tornando o sector parte da espinha dorsal da economia australiana. A China é tam bém o principal mercado para outros produtos australianos que vão desde o vinho à carne de vaca e lagostas.

XINHUA 8 china 16.11.2022 quarta-feira www.hojemacau.com.mo
XI JINPING AVISA BIDEN QUE TAIWAN É “LINHA VERMELHA”
Xi avisou Biden de que iniciar uma guerra comercial e tecnológica, procurando a desvinculação económica ou o corte das cadeias de abastecimento, “não serve os interesses de ninguém”

para conter a China”. “Esperamos que os Estados Unidos cumpram as suas promessas e ponham realmente tudo isto em prática”, acrescentou.

A presidência norte-americana disse que, no encontro, Biden cri ticou as “acções coercitivas e cada vez mais agressivas” da China em relação a Taiwan. “Não creio que haja uma tentativa iminente da China de invadir Taiwan”, disse Biden, no entanto, na conferência de imprensa que deu em Bali após a reunião com Xi.

As tensões entre Pequim e Wa shington agravaram-se em Agosto, na sequência de uma viagem pro vocatória à ilha pela presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. A China respondeu à visita com os maiores exercícios militares em redor da ilha em décadas e com sanções comerciais contra Taipé. Os Estados Unidos são o principal fornecedor de armas de Taiwan e têm declarado que estarão do lado de Taipé em caso de um conflito militar com a China.

Ucrânia: Nuclear, não obrigado

Esclarecido este assunto, Xi Jin ping, reiterou ao seu homólogo norte-americano que a China está “muito preocupada” com a guerra na Ucrânia e que Kiev e Moscovo devem retomar as negociações. “Apoiamos e aguardamos com expectativa o reinício das con versações de paz entre a Rússia e a Ucrânia”, disse Xi. A China também espera que os Estados Uni dos, a União Europeia e a NATO “conduzam diálogos abrangentes com a Rússia”.

Xi disse a Biden que “conflitos e guerras não produzem nenhum vencedor” e defendeu que “não existe uma solução simples para uma questão complexa”. Xi e Biden concordaram em rejeitar a utilização de armas nucleares na guerra na Ucrânia.

Xi também disse a Biden que o mundo é suficientemente grande para que ambos os países se pos sam desenvolver e prosperar. “Nas actuais circunstâncias, a China e os Estados Unidos partilham mais, e não menos, interesses comuns”, disse. A China não procura desa fiar os Estados Unidos ou “alterar a ordem internacional existente”, disse também, apelando para que ambas as partes se respeitem mutuamente.

Não há “democracias perfeitas”

Xi defendeu ainda que “nenhum país tem um sistema democrático perfeito” e que as diferenças espe cíficas entre os dois lados podem ser discutidas, “mas apenas na condição prévia da igualdade”. “A chamada narrativa ‘democra cia versus autoritarismo’ não é a característica que define o mundo

de hoje, muito menos representa a tendência dos tempos”, afirmou.

No seu comunicado, a Casa Branca disse que Biden falou sobre a situação dos direitos humanos na China e, em particular, as acções de Pequim na região ocidental de Xinjiang, em Hong Kong e no Tibete.

Sobre a Coreia do Norte, Biden transmitiu as suas preocu pações sobre o comportamento do regime de Kim Jong-un, que intensificou o lançamento de mísseis e pode estar a preparar-se para realizar o seu primeiro ensaio nuclear desde 2017. Disse “ao Presidente Xi que penso que eles têm a obrigação de deixar claro à Coreia do Norte que não devem realizar testes nucleares”, revelou Biden após a reunião.

Xi avisou Biden de que iniciar uma guerra comercial e tecnoló gica, procurando a desvinculação económica ou o corte das cadeias de abastecimento, “não serve os interesses de ninguém”. A Casa Branca apenas aludiu às práticas chinesas que vão contra a economia de mercado e não fez qualquer menção às tarifas que o ex-presi dente Donald Trump (2017-2021) impôs às importações chinesas e que Biden manteve. Também não abordou as novas restrições que Washington colocou à venda de ‘microchips’ chineses.

INDONÉSIA APELA

AO FIM DA GUERRA

O Presidente da Indonésia, Joko Wi dodo, apelou esta manhã ao fim da guerra na Ucrânia, durante a abertura da cimeira do G20, que reúne na ilha de Bali as principais economias do mundo.

“Devemos acabar com a guerra”, disse Widodo na abertura oficial do evento. “Não devemos transformar o mundo numa nova guerra fria”, acrescentou o líder indonésio, que espera que o encontro seja um espaço de diálogo entre todas as partes. Esta é a primeira cimeira do G20 desde que começou a guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano, e a falta de consenso entre os participantes poderá refletir-se na de claração final conjunta, como aconteceu na cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), realizada no domingo, em Phnom Penh, capital do Camboja. Sob o lema “recuperar juntos, recuperar mais fortes”, a cimeira deveria concentrar-se nos riscos globais da pandemia de covid-19, na recessão económica e no desenvolvimento sustentado, como previa a presidência indonésia do G20.

Em nome dos povos

Presidente chinês quer resolver dívida soberana dos países mais pobres

OPresidente chinês, Xi Jin ping, pediu ontem que as instituições financeiras internacionais e credores comerciais “participem” e fa çam “esforços” para reduzir e suspender as dívidas dos países em desenvolvimento.

Durante a sua participação na cimeira do G20, Xi assegurou que essas organizações “são os principais credores dos países em desenvolvimento” e instou espe cificamente o Fundo Monetário Internacional (FMI) a “acelerar” os empréstimos aos países mais pobres.

“A China lançou a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida do G20 (DSSI) e, no seu âmbito, suspendeu a maior quan tia em empréstimos entre todos os membros”, afirmou o líder chinês. Xi Jinping disse ainda que a “China também trabalhou com alguns membros do G20, no âmbito do Quadro Comum para o Tratamento da Dívida, ajudando assim os países em desenvolvi mento a ultrapassar um momento difícil”.

A reestruturação da dívida dos países em desenvolvimento deve ser um dos temas na cimeira, que se realiza na ilha de Bali, na Indonésia. Os parceiros latino -americanos do G20 (Argentina, México e Brasil), em particular, estão interessados em criar as condições que lhes permitam reestruturar a sua dívida de longo prazo.

Mundo frágil

Xi enfatizou ainda que a econo mia mundial está numa posição “frágil” devido à “tensa situação geopolítica, governação global inadequada e a sobreposição de

múltiplas crises em áreas como alimentos e energia”. Pediu que se “evitem divisões e políticas de confronto entre blocos”, apelan do aos líderes dos vários países que “trabalhem de mãos dadas para abrir novos horizontes de cooperação”.

O Presidente chinês realçou que a China propôs a Acção do G20 sobre Inovação e Cooperação Digital e que está “ansiosa para trabalhar com todas as partes para promover um ambiente aberto, equitativo e não discriminatório para o desenvolvimento da eco nomia digital, visando reduzir o fosso digital entre os hemisférios Norte e Sul”.

Xi manifestou assim o seu apoio à adesão da União Africa na ao G20, e disse que o grupo deve “ter sempre em mente as dificuldades dos países em de senvolvimento e atender às suas preocupações”. “Dados os retro cessos sofridos pela globalização económica e os riscos de recessão enfrentados pela economia mun dial, todos estamos a atravessar um momento difícil, sendo que os países em desenvolvimento são os mais afetados”, acrescentou.

Comércio mundial mais aberto

O líder chinês também pediu que se promova “activamente” a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) para avan çar com a “estruturação de uma economia mundial aberta”. “O comércio global, a economia digi tal, a transição verde e o combate à corrupção são fatores relevantes que impulsionam o desenvolvi mento global. Devemos avançar na liberalização e facilitação do comércio e do investimento”, acrescentou.

Xi apontou que a sua proposta para assuntos de segurança, de signada Iniciativa de Segurança Global (GSI), visa “manter o espírito da Carta da ONU, agir de acordo com o princípio da indivisibilidade da segurança e persistir no conceito de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável “.

A China “advoga a neutra lização de conflitos por meio de negociações, a resolução de disputas por meio de consultas e o apoio a todos os esforços que levem à resolução pacífica de crises”.

Em relação às alterações climáticas, Xi indicou que é necessário fazer uma transição para o desenvolvimento verde e com baixas emissões de carbono, mas que para isso “é imperativo cumprir o princípio de respon sabilidades comuns, mas dife renciadas, e fornecer apoio aos países em desenvolvimento em termos de fundos, tecnologias e capacitação”, disse.

O líder asiático também se pronunciou sobre o que con siderou o “desafio mais pre mente para o desenvolvimento global”: a segurança alimentar e energética, cuja crise ele atribuiu às cadeias de forne cimento e falta de cooperação internacional.

“Devemos fortalecer a coope ração na supervisão e regulação do mercado, estabelecer parcerias na áreas das matérias-primas, desenvolver um mercado de matérias-primas aberto, estável e sustentável, além de trabalhar em conjunto para desbloquear cadeias de fornecimento e esta bilizar os preços no mercado”, apontou.

china 9 quarta-feira 16.11.2022 www.hojemacau.com.mo
REUTERS

UMA PERSPECTIVA a longo termo e um olhar penetrante são indispensáveis aos peritos da arte política. Sem estes instru mentos, não poderão descobrir os motivos escondidos; do mesmo modo, a inflexibi lidade e a verticalidade são apanágio dos letrados obstinados, permitindo-lhes corri gir os seus erros. Estes dois tipos de servi dores do Estado, incapacitados pelas qua lidades que os incitam a conformarem-se às leis e cumprir os seus deveres, nunca poderão tornar-se homens de influência. O homem de influência é aquele que age segundo o seu juízo e que esquece as leis quando se trata de agir em interesse pró prio. Está pronto a sacrificar o seu país se tal aproveitar à sua família; tal é a sua au toridade que tudo consegue obter do seu mestre. Eis o homem de influência. Mas assim que se pede luz aos especialistas na arte política e a rectidão dos que zelam pela lei, as suas torpezas correm o risco de serem reveladas e a sua conduta criticada. Quando estes dois tipos de servidores do Estado entram na vida pública, os minis tros poderosos e considerados passam a estar fora da paliçada dos regulamentos: os que zelam pela lei e os dignitários que obstruem os corredores do trono são ini migos irreconciliáveis.

A partir do momento em que os altos dignatários detêm as chaves do governo, a administração interior e as potências exteriores tornam-se seus instrumentos: nenhum assunto político estrangeiro pode ser regulamentado sem o seu aval, e os príncipes feudais apressam-se a entoar elogios; nenhuma tarefa pode ser inicia da sem a sua intromissão, e os magistra dos rivalizam em servidão; os secretários privados não podem mais aproximar-se do soberano sem passar por eles e todo o palácio conspira para lhes barrar o cami nho; os letrados, que se veriam votados à pobreza e ao desprezo sem a sua interven ção, multiplicam-se em elogios. E, graças ao apoio destes quatro tipos de aliados, os nossos ministros conseguem mascarar os seus lucros. Como a pouca lealdade dos homens de influência chega ao ponto de recomendar ao príncipe os seus inimigos jurados, e como o próprio príncipe não consegue penetrar a barreira levantada pe las suas maquinações para tomar claro co nhecimento da situação real, este fica dia após dia mais de parte enquanto cresce cada dia mais o peso dos altos dignitários.

É raro que estes homens, que obs truem os corredores do poder, não gozem do afecto e da confiança do príncipe, ad quiridas por uma relação prolongada. Souberam chegar próximo do seu amo, conformando-se aos seus gostos e aos

VIA do MEIO 16.11.2022 quarta-feira 10

Raiva de um solitário

seus desejos. Gozam de gordas bolsas e de posição elevada; apoiam-se em numero sos partidários e todo o principado canta o seu elogio. Quereriam entrar em contac to com o seu soberano, como os legistas rigorosos - que não o conseguiriam, pois sem gozar da sua amizade ou da sua con fiança, nem beneficiar da simpatia que se obtém a frequência assídua ou o hábito, tal é impossível –, propondo retratarem -se das suas más inclinações falando-lhe de instituições e princípios políticos? Mas aqueles ocupam uma posição humilde e desprezada. Não podem lutar com armas iguais, nem no plano da confiança, eles que são estranhos, nem no plano da fami liaridade, eles os desconhecidos, nem no da conformidade de sentimentos, eles os polémicos, nem no da nobreza e do pres tígio, eles cuja posição é modesta, nem no plano do crédito, eles cuja única voz se tem de opor aos elogios de todo um povo.

É por isso que um país enfraquecido tem particulares prósperos, e um príncipe fraco, dignitários poderosos. Ao deixar os dignitários abusar e ocupar-se dos seus assuntos privados, um príncipe perderá o seu reino a favor dos ministros, será renegado ao papel de senhor privilegiado, abandonando a distribuição dos feudos ao seu primeiro-ministro

Afligidos por estas cinco inferiorida des, os guardiães da lei nem sequer são recebidos em audiência depois de resol vidas as contas anuais, enquanto que os ministros, que fazem cerco ao sobe rano, fazem render as suas cinco vanta gens, podendo estar a seu lado de dia e de noite. Nestas condições, qual o meio através do qual os peritos em política po derão fazer-se ouvir e em que momento

poderá finalmente o príncipe ser aborda do? Não dispondo de nenhuma vanta gem sobre os seus rivais, e a existência de cada parte ameaçando a outra, seria miraculoso que os dias dos servidores da lei não se encontrassem em perigo. Na verdade, aqueles que não são feitos de saparecer sob o golpe de uma inculpação capital são discretamente eliminados pe los assassinos. Os homens íntegros que incitam o príncipe, desejando promover o reinado da lei, caem sob o ferro dos es padachins, quando não a cabeça cortada pela lâmina da justiça.

Todos os intriguistas que formam gru púsculos para se encobrirem abusam do soberano, os elogiosos que praticam discursos especiosos em benefício de in teresses partidários podem estar seguros de obter a confiança dos homens de in fluência. Os facciosos que se conseguem auto-elogiar recebem cargos e dignida des e as nulidades sem sombra de ta lento são investidas de um poder oculto assegurando-se o apoio de uma potên cia estrangeira. Assim, os súbditos cuja única actividade consiste em manter o príncipe na obscuridade e cuja preocu pação é ganhar a protecção das grandes famílias, tomam o ascendente graças a apoios exteriores quando não conse guem obter um cargo.

Hoje, em dias nos quais os amos dos homens aplicam castigos sem efectuar in vestigações e dão recompensas sem que lhes tenham sido mostradas provas, não será vão esperar que os guardiães da lei tenham ocasião de expor as suas opi niões, mesmo com risco de vida, e que as facções se retirem abandonando as suas vantagens?

É assim que o príncipe fica cada vez mais aviltado e as grandes famílias mais florescentes. Os príncipes dos estados centrais são todos capazes de reconhecer que a potência e a prosperidade de Yue não lhes aproveitam e dizer: “que me im porta, se não posso controlar nada”. Mas um país, por grande e populoso que seja, não se torna tão estrangeiro ao seu amo como o de Yue, se for abusado e afastado dos assuntos, enquanto os altos dignitá rios monopolizam o poder?

Esses soberanos não manifestam a mais profunda ignorância da lógica, ao não verem que o seu próprio país já não é seu, enquanto ao mesmo tempo sabem reconhecer a diferença do pais de Yue?

Quando se fala do fim do país de Qi, não quer dizer que as suas terras e casas tenham desaparecido, mas que a família Liu perdeu o controle para a casa dos Tien; assim, a desaparição de Qin não

implica que o mesmo suceda ao país, mas apenas a despossessão do clã Ki a favor das seis grandes famílias. E trata-se de uma bela prova de cegueira do prínci pe não saber que as suas possessões es tão nas mãos de outrem, quando os seus dignitários seguram as rédeas do Estado e dispõem do poder soberano de decisão.

Um doente não sobrevive a uma in fecção que tenha tido noutro doente um desenlace mortal. Uma dinastia não se mantém seguindo a política de um Esta do que foi votado ao desaparecimento: é vão esperar por paz e segurança seguin do as pisadas de Qin e de Qi.

Não é só nos grandes reinos mas tam bém nos pequenos principados que a lei e as técnicas de governação encontram obstáculos. A escolta de um príncipe não sendo composta de gente notável, quando este, depois de ter escutado uma opinião sensata a submete à aprovação do seu conselho, está a fazer julgar um homem inteligente por idiotas. O mesmo sucede com a probidade: os familiares do sobera no não são todos santos; assim, quando o soberano toma a elevação moral de um súbdito e a discute com eles está a pedir ao vício para se erigir em juiz da virtude. Os homens de inteligência superior vêem, assim, os seus planos postos por terra por imbecis e os sábios a sua conduta avalia da por devassos. A inteligência e a virtude saem disto conspurcadas e o juízo do so berano falseado.

Entre os súbditos que desejam servir o Estado, aqueles que cultivam a perfeição moral fazem um escudo da sua probida de e aqueles que cultivam a inteligência sobem graças à sua competência. Mas os homens íntegros não podem subornar os funcionários com jarros de vinho pela simples razão que estes contam com a sua probidade para ser bem-sucedidos, enquanto que os administradores com petentes se recusarão a mutilar a lei na sua gestão.

Nem uns nem outros podem subornar os que rodeiam o soberano ou a aceitar pedidos de recomendação. Quando os pe didos ficam sem efeito e os jarros de vinho não chegam, os méritos da integridade e da competência desaparecem e o prínci pe perde toda a clarividência. Enquanto não se medir a inteligência pelos resulta dos, enquanto não se julgarem os delitos através do confronto de testemunhas, en quanto se preferir escutar as palavras dos que estão próximos apenas, os incapazes pululam na corte e os imbecis e devassos ocupam todos os postos.

A desgraça de um grande principado depende do peso dos dignitários. A des

graça de um pequeno fica a crédito de quem rodeia o soberano. Eis o que cor rói todos os príncipes sem excepção. E aos grandes crimes dos ministros respon dem os erros monumentais dos sobera nos, pois convém saber que os interesses do amo e dos súbditos são antagónicos. Querem a prova? Eis: o interesse do prín cipe é de dar emprego aos que tem ca pacidade; o dos ministros de estar a car go dos assuntos do estado sem ter dado prova de nenhum talento; o interesse do príncipe é que dignidades e emolumen tos coroem o mérito, o dos súbditos que chovam honras sem que façam nada; o interesse do soberano está na exploração das capacidades de homens notáveis; o dos sujeitos na formação de facções que promovam os seus interesses pessoais.

É por isso que um país enfraquecido tem particulares prósperos, e um príncipe fraco, dignitários poderosos. Ao deixar os dignitários abusar e ocupar-se dos seus assuntos privados, um príncipe perderá o seu reino a favor dos ministros, será re negado ao papel de senhor privilegiado, abandonando a distribuição dos feudos ao seu primeiro-ministro. É por isso que, na época actual, não existem dois digni tários em dez que tenham sobrevivido a uma mudança de reinado. E porquê? Por que foram acusados de crimes. E os seus crimes consistiam nada mais nada menos que de terem abusado do seu amo, algo punível com a morte.

Os peritos em política vêem a longo prazo e prevêem a sorte que os aguarda, por isso se recusam a seguir homens in fluentes: quanto aos letrados virtuosos, o seu sentido de probidade revoltada, ante essa chusma de funcionários que enganam o seu amo, fá-los recusarem -se a conviver com dignitários influentes. Assim, os clientes desses potentados são homens vis, que não hesitam a fazer con luio com escroques quando não são im becis ao ponto de não verem o perigo.

Rodear-se de imbecis e de canalhas com os quais se convive alegremente para enganar o soberano em cima e apanhar gordos lucros por baixo, formar facções que falam a uma só voz, abusar do prín cipe e cuspir aos pés da lei, semeando o caos entre o povo, mesmo que a nação esteja de rastos e o soberano à beira da humilhação, não são estes os maiores cri mes que um súbdito pode cometer? Mas não será também gravíssimo erro de um príncipe não ver como os ministros acu mulam poder? Como pode um Estado es perar escapar à ruína enquanto o prínci pe, no alto, comete tais erros e o ministro, em baixo, se permite tais crimes?

VIA do MEIO 16.11.2022 quarta-feira 11

A Selecção de Novembro da Cinemateca Paixão é marcada por uma lista eclética de cinco filmes que variam entre produções europeias, africanas e asiáticas. As obras escolhidas têm como epicentro personagens femininas e foram todas reconhecidas em festivais internacionais de cinema

CANNES, Palm Springs, Toronto, Hong Kong, Sundance e mais um rol de festivais de cinema re conheceram os seis filmes que fazem a Selecção de Novembro da Cinemateca Paixão.

A primeira película a ser apre sentada na Travessa da Paixão é “1982”, do realizador libanês Oua lid Mouaness, no próximo sábado às 19h30. Celebrado em Cannes, Hollywood e Singapura, “1982” tem como pano de fundo o início da guerra da Líbano. Protagoniza do pela actriz Nadine Labaki, que atingiu um patamar mundial com o filme “Caramel”, e que em “1982” dá o corpo a uma professora de uma escola de Beirute. A docente vê-se envolvida numa cândida estória de amor entre dois alunos, que esparra em timidez infantil, enquanto as forças militares israelitas invadem o Líbano.

O filme reflecte a infância do realizador e a escola em que estu dou, num cenário montanhoso e pitoresco. Escrito e realizado por Oualid Mouaness, “1982” levou oito anos a ser produzido, en quanto o autor trabalhava noutros projectos.

“1982” volta a ser exibido na próxima terça-feira, às 19h30, na quinta-feira 25 de Novembro, às 21h, e depois no dia 27 de Novem bro, às 19h.

A obra que se segue no cartaz da Cinemateca Paixão é “Anaïs in Love” da realizadora francesa Charline Bourgeois-Tacquet, que é apresentada no próximo domingo, às 19h30. A inquietação e extrema emotividade são os pilares da obra de Charline Bourgeois-Tacquet, que retrata a vertiginosa vida de Anaïs,

CINEMATECA PAIXÃO NOVEMBRO COM HISTÓRIAS NO FEMININO

Mulheres de armas

aceitando outro resultado que não seja a vitória, apesar dos elevados custos económicos que a prática do culturismo implica.

Sem margem para erro, e com as despesas e sacrifícios a amontoarem-se, a desportista aca ba por se prostituir para continuar a competir.

Realizado por László Csuja e Anna Nemes, “Gentle” volta a ser exibido no dia 26 de Novembro, às 21h, e no dia 2 de Dezembro, às 19h30.

Da Hungria para o Chade, a Selecção de Novembro da Cine mateca Paixão propõe um drama familiar, que coloca uma jovem mulher no centro da discussão se cular entre fé religiosa e autonomia e independência.

“Lingui, The Sacred Bonds” tem a primeira exibição agendada para o dia 23 de Novembro, às 21h30. Realizado pelo cineasta do Chade Mahamat-Saleh Haroun, este filme centra-se em torno da vida frágil de Amina, que vive sozinha com a filha de 15 anos na capital N’Djamena.

um turbilhão de pessoa, que no fim de uma relação amorosa acaba por despertar o interesse de outro ho mem, comprometido. Adicionando gasolina ao fogo, a protagonista acaba por se envolver com a mulher do seu novo interesse amoroso.

O charme efervescente de Anaïs suaviza o comportamento narcisista e a busca incessante pela próxima nova excitação.

“Anaïs in Love” é um bom filme para ver no Inverno, pois faz brilhar um sol cinematográfi co onde quer se seja projectado. Com uma cadência dramática suave, apesar das desventuras da

protagonista, a produção francesa flui de uma forma estranhamente positiva para um filme repleto de circunstância dramáticas.

Cannes, Palm Springs, Toronto, Hong Kong, Sundance e mais um rol de festivais de cinema reconheceram os seis filmes que fazem a Selecção de Novembro da Cinemateca Paixão

A obra volta a ser exibida na próxima terça-feira, 21h30, no dia 24 de Novembro às 21h30 e no dia 25 de Novembro às 19h.

Corpos e sacrilégios

Também na próxima terça-feira, às 19h30, estreia “Gentle”, uma produção húngara que tem como epicentro a vida de Edina, uma das mais conceituadas culturista da Hungria, enquanto se prepara para competir num campeonato de culturismo.

O seu namorado, Adam, é tam bém o treinador que a puxa até aos limites físicos e psicológicos, não

A gravidez inesperada da filha adolescente lança a já instável vida familiar numa espiral descenden te cuja a mais óbvia solução é o aborto, caminho doloroso num país cujas leis e religião se opõem determinantemente contra a inter rupção da gravidez.

A luta contra forças desmesu radamente superiores, a coragem de Amina, a intensidade dramática que se esbate na vastidão de planos de grande-angular, são alguns dos ingredientes que dão sabor a “Lin gui, The Sacred Bonds”.

A filme de Mahamat-Saleh Haroun volta a ser exibido no dia 26 de Novembro, às 19h, e no dia 1 e Dezembro às 19h30.

Finalmente, no dia 24 de Novembro, às 19h30, a tela da Cinemateca Paixão exibe “Rehana Maryam Noor”, uma produção do Bangladesh realizada por Abdullah Mohammad Saad.

O título do filme é o nome da protagonista, uma professora de 37 anos de idade que lecciona numa faculdade privada de medicina. Apesar do cargo profissional, a vida de Rehana é um somatório de difi culdades. Um dia, vindo do nada, um facto aleatório coloca uma pedra na engrenagem existencial da Rehana: testemunha um colega de profissão a abusar de uma aluna.

O incidente muda a vida da protagonista, que decide denun ciar o comportamento do colega, levando Rehana para uma batalha por justiça.

O filme volta a ser apresentado no dia 27 de Novembro, às 21h, e no dia 30 de Novembro, às 19h30.

Como é habitual, o preço dos bilhetes é 60 patacas. João Luz

12 eventos 16.11.2022 quarta-feira www.hojemacau.com.mo
ANAÏS IN LOVE AS TEARS GO BY GENTLE 1982 REHANA
“Lingui, The Sacred Bonds” tem a primeira exibição agendada para 23 de Novembro, às 21h30. Realizado por Mahamat-Saleh Haroun, o filme centra-se em torno da vida frágil de Amina, que vive sozinha com a filha de 15 anos

O TERCEIRO SEIO DO BACALHAU

MANUEL DA SILVA Ramos é dos mais curiosos prosadores portugueses contempo râneos, longo tempo afastado (27 anos!) em França do convívio desses ásperos tugas que habitam para além dos Montes Hermínios, a que regressou em 1997. Há uma conhe cida e deliciosa história a propósito do seu primeiro livro, Os Três Seios de Novélia (1969), que obteve o premio Almeida Garrett em 1968 e que pôs a crítica em polvorosa. Óscar Lopes terá adorado, mas João Gaspar Simões (nessa altura conhecido como o Gas pas ou o Mamas, devido a certa disposição abnorme do seu corpo), talvez perturbado pela alusão ao terceiro seio, não gostou do livro. Na sequência da sua áspera critica, Silva Ramos passou a enviar regularmente, e durante um ano, carrinhas funerárias a casa do ilustre crítico, até que Simões terá pedido nos jornais para parar, pois já não suportava tamanha atenção.

Destaco a sua Trilogia Tuga, escrita em parceira com Alface – Os Lusíadas (1977), As Noites Brancas do Papa Negro (1982) e Beijinhos (1996) – que, segundo o próprio, em entrevista a António Cabrita (Expresso, 5 de junho de 1999): “Desconstrói entre outras coisas o conceito de lusitanidade, ficciona o fim do império e impõe outros valores, sexuais, literários, outro tipo de correias de transmissão. E tudo isto numa linguagem trabalhada, destrabalhada, corrosiva, com muito labor por detrás”, o que é de facto uma descrição muito precisa deste trabalho literário no seu todo.

O seu mais recente é Primeiras impres sões de um Homem Vestido de Bacalhau (2022), editado em Lisboa pela 50kg, e impresso, tal como a Bíblia de Gutenberg, em tipografia de caracteres móveis, mas esta com o diferencial de usar papel de embrulhar bacalhau (opção que não conveio a Johannes). Apresenta o flâneur tuga, que caminha pela cidade vestido de bacalhau, e que é obviamente uma alegoria do homem português. Depara-se ele com várias figuras típicas e atípicas: o engraxador, o homem agarrado a um melão, a velha que dá restos aos gatos e o guardador de entulhos, talvez primo do guardador de rebanhos. São fi guras (im)populares vistas a uma lente de aumentar ou diminuir (a porta da casa da velha é demasiado baixa), formando um bestiário luso dos últimos dias. Há neste e noutros livros do autor aquela leve tristeza indisfarçada acerca de um povo que está a desaparecer, como diz no impressionante adeusamália (1999): “Lembro-me do povo português” (p. 86).

Ora acontece que o homem-bacalhau não come, passa fome. Porém, e talvez por razões óbvias, corre muito o risco de ser comido: “Esta tarde engatei uma mulher à saída de um supermercado que me convidou logo para ir a sua casa. Quando cheguei vi que vivia sozinha com nove filhos. Tive logo medo

de me ‘pôr’ à mesa. Os comilões olharam -me com muito apetite. Só me restava uma solução: sair” (p. 9).

A sua comestibilidade é invejada por todos, como é o caso do Padre da Penha de França, e desejada por várias e vários. O homem-bacalhau vive assim a sua vida a medo, como alguns outros portugueses, mas este por razões mais felizes: tem medo de ser sumir nos estômagos alheios. Termina desta forma o livrinho: “A vida em Portugal são foguetes que estalam ao longe e não se sabe por que motivo”. Um livro sobre Portugal, como a trilogia tuga e como vários outros do autor? Certamente que sim.

A obrinha (são só umas 20 páginas), de pequenas impressões ou poemas em prosa, lembra um outro título do mesmo autor, Poe sia não-potável (Lisboa: el cônsul edições, 2016). Alguns leitores mais persistentes, como o filósofo sem obra Rui Lopo, asseve ram que ambos foram escritos em e sobre o bairro da Graça, à roda do início do milénio. É esse bairro lisboeta que aí se representa, contendo ainda poemas do regresso do seu longo exílio em França em 1997.

Este talvez mais interesse ao nosso leitor de Macau, por relatar sucessos e infortúnios naquele pequeno oriente intramuros que vai da Betesga à Rua da Palma e onde acontecem coisas que terei pudor de contar seja a quem

Há neste e noutros livros do autor aquela leve tristeza indisfarçada acerca de um povo que está a desaparecer, como diz no impressionante adeusamália (1999): “Lembro-me do povo português”

decentemente, sem vagas, à oriental. Isto é, à luz de um pessimismo andarilhoso” (p. 25). Merecem antes ser lidos como uma espécie de diário sexual com um cenário multímodo, hiper-realista e ao mesmo tempo surrealizante, como sucede em todos os seus livros. Um cenário em que os nepaleses, bangladeshis e paquistaneses são agora os novos portugueses, os que vieram fazer os trabalhos que os europeus já não querem: “Bastam sete leitores e um paquistanês que vende álcool a horas tardias para um poeta como eu se sentir vivo. Um para cada dia da semana.” (p. 8)

for: “garantem-me/ que no Cais do Sodré/ já te viram/ brochar um africano/ com garras de leoa/ e um chinês/ com luvas e pele de cabrão” (p. 43).

Numa linguagem derivativa da herança surrealista, estas pequenas explorações ao Oriente da baixa lisboeta pouco nos dirão acerca da imagem das comunidades asiáticas da capital portuguesa “continuo a trabalhar

Por representar, ou já ter representado, outros valores sexuais, que o fizeram fugir ao fascismo como sendo, nas suas palavras, um exilado sexual, é contudo pena que des cambe em coisas como esta: “De maneiras que eu penetrava-a mais por misericórdia” (p. 36) e outras mais que aqui não se podem reproduzir. Houve quem tenha recentemente defendido o direito de ser importunada como resposta ao me too, que diziam ser puritano. O tempo dirá quem são os puritanos, mas não esqueçamos que este poeta – para que a sua alma seja salva – não só importuna e apalpa, mas é felizmente também apalpado, como diz a abrir estas suas Primeiras impressões: “Caminho de molho por esta cidade como se Deus me apalpasse constantemente o cu”.

vozes 13 quarta-feira 16.11.2022 www.hojemacau.com.mo
crónico oriente Duarte Drumond Braga JN Manuel da Silva Ramos

UM DISCO HOJE

“VALTARI” | SIGUR RÓS

Há dias em que apetece ser teletransportado para outro mundo, em que apetece ouvir as auroras boreais da Escandinávia, sentir os verdes que não existem e admirar o inóspito. “Valtari” é o albúm que permite, com muita facilidade, tudo isso. Os islandeses Sigur Rós são exímios em conseguir o impossível e trazem às prateleiras da sala lá de casa uma viagem sempre singular. “Voltari”, não é excepção. É um disco obri gatório para fugas urgentes e inesperadas. Hoje Macau

E INGLÊS Um filme de: Gustavo Hernández Com: Paula Silva, Daniel Hendler 14.30, 19.30, 21.30

BLACK PANTHER: WAKANDA FOREVER [B] Um filme de: Ryan Coogler

Com: Letitia Wright, Lupita Nyong’o, Danai Gurira 16.30 SALA 3 TABLE FOR SIX [B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Sunny Chan Com: Dayo Wong, Stephy Tang, Louis Cheung Kai Chung, Ivana Wong 14.30, 19.15

BLACK ADAM [C] Um filme de: Jaume Collet-Serra Com: Dwayne Johnson, Pierce Brosnam, Aldis Hodge 16.45, 21.30

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22,

Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

Edital (12/FGCL/2022)

Nos termos do artigo 6.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), o Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais (FGCL) deliberou, em 11 de Novembro de 2022, autorizar a atribuição dos créditos requeridos a favor dos trabalhadores dos devedores abaixo mencionados (inclusive os eventuais juros de mora), pelo que, de acordo com a alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da lei acima referida, conjugada com o n.º 2 do artigo 72.º do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M de 11 de Outubro, os devedores abaixo referidos são notificados que o FGCL irá, no prazo de oito dias contados a partir da data da publicação deste edital, atribuir os montantes resultantes dos créditos a favor dos trabalhadores mencionados no quadro abaixo. Além disso, nos termos do artigo 8.º da mesma Lei, o FGCL fica sub-rogado nesses créditos, após a sua atribuição.

6 KUAN HONG KUAI LAI SENG KAO 515/2022 $10,045.30 $26,502.50 CHO I KAI 517/2022 $8,228.60 SIN WA SAN 518/2022 $8,228.60

7 MACAU GRUPO DE MIDIA LDA. TANG, SHIWEI 519/2022 $25,647.60

Os devedores acima referidos podem comparecer, durante as horas de expediente, na sede da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos. 221 a 279, Macau, para consultar o respectivo processo.

14 de Novembro de 2022.

O Presidente do Conselho Administrativo do FGCL, Wong Chi Hong

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 21 MAX 24 HUM 70-98% UV 3 (MODERADO) • EURO 8.38 BAHT 0.21 YUAN 1.14
Edf.
www. hojemacau. com.mo SUDOKU SOLUÇÃO DO PROBLEMA 33 PROBLEMA 34 31 689125743 321467859 574938621 463719285 918256437 257384196 892673514 146592378 735841962 32 753981246 33 683154927 152397486 749682153 814923675 975861234 326475819 598716342 231549768 467238591 872643915 413795862 569218743 645921387 231487596 798356124 35 36 32 5914 286319 925 86 15 29 43 27 178 578631 8596 34 837 3891 764 7631 4382 6284 523 2476 952 36 71 1784 41927 4537 61 1782 36215 7398 93 PUB. 14 [f]utilidades www.hojemacau.com.mo
CINEMA BLACK PANTHER: WAKANDA FOREVER
1 BLACK PANTHER: WAKANDA FOREVER [B] Um filme de: Ryan Coogler Com: Letitia Wright, Lupita Nyong’o, Danai Gurira 14.30, 18.15, 21.15
2 VIRUS: 32 [C] FALADO EM ESPANHOL LEGENDADO EM CHINÊS
Tak Fok, R/C-B,
CINETEATRO
SALA
SALA
16.11.2022 quarta-feira
Número Devedor(es) Nome dos trabalhadores N.º do pedido Montante total dos créditos (MOP) 1 LAM CHIN HEONG WONG SIO CHEONG 106/2021 $21,367.70 2 MDCC TECHOLOGIA LIMITADA CHAN PAN TUN 500/2022 $121,531.80 3 POLYARD PETROLEO INTERNACIONAL LIMITADA CHIEN, YU-YUN 506/2022 $144,253.70 4 COMPANHIA DE CONSTRUÇÕES E ENGENHARIA VINCHI LDA. YAU CHI WAI 511/2022 $9,409.60 5 AKASAKA CAFÉ LIMITADA RABANG CAMILLE CARIASO 514/2022 $39,514.10
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“Saudade é amar um passado que ainda não passou.’’

Doca das artes

Semana Cultural da China e PLP inaugurada sexta-feira

A14.ª Semana Cul tural da China e dos Países de Língua Portu guesa é inaugurada esta sexta-feira num forma to híbrido de eventos online e presenciais, a maioria na Doca dos Pescadores.

De São Tomé e Prín cipe chegam represen tações de festividades folclóricas em come morações de santos, e de Timor-Leste é apresen tada uma demonstração de produção artesanal em sal.

Firmes e dinâmicos

Aimprensa oficial da China reafirmou ontem o compro misso do país com a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19, apesar de as autoridades terem relaxado as restrições, num período de rápido aumento do número de infecções.

A China registou 17.298 novos casos entre segunda e terça-feira, o maior número desde o final de Abril. A cidade de Cantão, uma das maiores da China e importante centro manufactureiro, responde pela maioria, com 5.124 casos. A cidade de Chongqing, no sudoeste, também registou um aumento do número de infecções, para 2.948.

Os surtos coincidem com uma redefinição significativa da estratégia de prevenção epidémica do país. Na sexta -feira passada, as autoridades chinesas anunciaram uma re dução do período de quarente na para viajantes oriundos do exterior e contactos directos de casos positivos, e o fim

da interrupção dos voos com casos a bordo.

Isto suscitou especulações de que uma grande mudança na estratégia chinesa estava em andamento, depois de blo queios altamente restritivos em algumas das principais cidades do país terem abranda do o ritmo de crescimento da economia chinesa para cerca de metade da meta oficial.

As autoridades agiram rapi damente para negar a especula ção. O Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, assegurou ontem, em editorial, que o país vai manter a política de ‘zero casos’.

A China vai “implementar firmemente a política geral de ‘eliminação dinâmica’” do novo coronavírus, afirmou o órgão oficial.

Futuro incerto

Na semana passada, o Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC), a cúpula do poder na China, apelou à “melhoria da eficácia do trabalho de

prevenção” e à “superação do formalismo e burocracia”, pe dindo uma abordagem “mais direccionada e decisiva” para lidar com surtos do novo co ronavírus, numa retórica visi velmente mais branda do que em comunicados anteriores.

Embora as autoridades tenham anunciado 20 medi das que visam calibrar a sua abordagem, não é ainda claro como vão ser implementadas no terreno.

A capital da China, Pequim, intensificou discretamente as restrições em alguns distritos, depois de ter registado 461 casos, entre segunda e terça -feira. Alguns supermercados, edifícios de escritórios e lojas no distrito de Chaoyang exi gem à entrada testes negativos feitos nas 24 horas anteriores, embora não exista um anúncio oficial sobre esta decisão.

Pequim anunciou ontem também que vai permitir o regresso à cidade de residentes oriundos de metrópoles onde existem surtos. Alguns dos residentes na capital chinesa

estão há várias semanas sem conseguir regressar a casa, depois de o código de saúde exigido para entrar na cidade ter sido bloqueado.

Os comités de bairro conti nuam sob imensa pressão para conter novos surtos, mas as orientações do governo cen tral tornaram-se mais difíceis de avaliar.

A Organização Mundial da Saúde disse, em Maio passado, que a abordagem extrema da China para conter a covid-19 é “insustentável”, devido à natureza altamente infecciosa da variante Ómicron.

Pequim recusou, no entan to, aprovar a importação de vacinas estrangeiras de RNA mensageiro no continente, já permitida nas regiões admi nistrativas especiais chinesas de Macau e Hong Kong desde o início da pandemia.

A taxa de vacinação entre os idosos com inoculações domésticas, menos eficazes na prevenção de morte e doença grave, é de apenas 86 por cen to, segundo dados oficiais.

Organizado pelo Se cretariado Permanente do Fórum para a Coo peração Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), a semana cultural reúne manifestações artísticas da China (representada pela Província de Zhe jiang), Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné -Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

O conjunto de acti vidades online arranca na sexta-feira, sob o tema das “Festas e Fes tividades tradicionais”. O público poderá apre ciar o clássico da ópera tradicional chinesa de conto folclórico “Len da dos Amantes Borbo letas” e a acrobacia de guarda-chuvas.

A representar a ex pressividade do sul de Angola será apresenta da “a festa da puberda de e o famoso baile das máscaras”, do Brasil será disponibilizado no site da Semana Cultural um rol de festividades folclóricas.

A participação de Cabo Verde é feita através dos espectácu los do Festival da Baía das Gatas da ilha de S. Vicente, enquanto que a Guiné-Bissau partici pa com um vídeo que retrata o carnaval e os seus carros alegóricos.

Moçambique mar ca presença com um concerto de mbira e batique, enquanto Por tugal apresenta um espectáculo de tunas académicas.

Fora da internet

Entre sexta-feira e do mingo, a Doca dos Pes cadores será palco para diversas demonstra ções culturais, incluin do de artesãos chineses que vão mostrar “téc nicas de artesanato de rotim de palma, pintura com açúcar e escultura de massa, entre outras”.

As associações so ciais dos Países de Língua Portuguesa em Macau irão realizar es pectáculos de música e dança de grupos artísti cos, enquanto chefs dos países lusófonos irão demonstrar as respec tivas artes culinárias.

A Doca dos Pesca dores terá ainda uma zona onde serão insta ladas feiras, realizados workshops e jogos tradicionais.

A Semana Cultural será também assinala da com o 2.º ciclo da exposição colectiva “Policromias Lusófo nas”, que irá exibir obras de pintura, escultura e fotografia dos artistas provenientes dos países participantes, nomea damente “Don Sebas Cassule de Angola, Luciano Dremher do Brasil, Leomar de Cabo Verde, Lemos Djata da Guiné-Bissau, Walter Zandamela de Mo çambique, Maria Leal da Costa de Portugal, Olavo Amado de São Tomé e Príncipe, Jafet Potenzo Lopes de Timor leste e Lio Man Cheong de Macau”. J.L.

quarta-feira 16.11.2022
Neruda PALAVRA DO DIA PUB.
Pablo
COVID-19 CHINA REAFIRMA ESTRATÉGIA ‘ZERO CASOS’ MAS RELAXA RESTRIÇÕES A China vai “implementar firmemente a política geral de ‘eliminação dinâmica’” do novo coronavírus, afirmou o Diário do Povo ANDY WONG ASSOCIATED
PRESS

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