Hoje Macau 16 FEV 2016 #3512

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“REFERENDO” JASON CHAO ACUSA GOVERNO DE PROTELAR INVESTIGAÇÃO

CONTA-ME HISTORIAS ´

O vice-presidente da Associação Novo Macau e um dos promotores do proclamado “referendo civil” de 2014 diz que o Governo poderá estar a “empatar” a investigação sobre o caso para evitar que a informação se torne pública. Ameaça com nova iniciativa para 2019, aquando das eleições para o Chefe do Executivo.

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TERÇA-FEIRA 16 DE FEVEREIRO DE 2016 • ANO XV • Nº 3512 PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

CENTRO DE DOENÇAS

Concurso público garantido PÁGINA 7

TERRORISMO

OS ALVOS SÍNICOS GRANDE PLANO

h Longe de casa JOSÉ DRUMMOND

PÁGINA 4

Heranças inexplicáveis EVENTOS


2 GRANDE PLANO

TERRORISMO

HUMAN RIGHTS DIZ SER DIFÍCIL AVALIAR EXTENSÃO NA CHINA

O QUE NAO TE DISSE SOBRE XINJIANG ˜

“Macau apresenta-se como um alvo [de um ataque terrorista] mais do que qualquer outro território na região” STEVE VICKERS CONSULTOR E EX-DIRECTOR DO GABINETE DE INTELIGÊNCIA CRIMINAL DA POLÍCIA DE HONG KONG

E

M Janeiro Steve Vickers, consultor e ex-director do Gabinete de Inteligência Criminal da Polícia de Hong Kong, temeu o pior: Macau poderá ser um alvo fácil do terrorismo. “Macau apresenta determinadas características em termos de jogo, de investimento norte-americano, em termos do envolvimento de algumas personalidades judaicas famosas na gestão ou propriedade de casinos, em termos de publicidade no caso de um incidente e do facto de se realizar em solo chinês. Por todas estas razões, Macau apresenta-se como um alvo mais do que qualquer outro território na região”, disse, citado pela imprensa local. Também em Janeiro, as autoridades chinesas alertavam para a possibilidade de aumento de ataques terroristas, com uma possível ligação à região de

Xinjiang, onde vive uma minoria étnica muçulmana. Mas poderão esses laços estender-se ao sul da China e às duas regiões administrativas especiais? Maya Wang, porta-voz da ONG Human Rights Watch, disse ao HM que é difícil avaliar a ocorrência de um ataque nos territórios, já que as informações vindas da China sobre o assunto são poucas e pouco claras. “É muito difícil avaliar a verdadeira ameaça do terrorismo na China, porque o Governo chinês não permite que jornalistas ou organizações não-governamentais possam ir a Xinjiang ver de perto a situação e fazer uma investigação independente. Pode haver terrorismo na China, mas o Governo chinês misturou o terrorismo com expressões e demonstrações religiosas. Então qualquer expressão que seja feita, seja falarem a sua língua ou outra, é alvo

Serão hoje Macau e Hong Kong alvos mais fáceis para um ataque terrorista, com ligações ao continente? Maya Wang, representante da Human Rights Watch em Hong Kong, diz que é difícil avaliar a extensão do terrorismo na China devido à falta de informações independentes. Para Jiang Jianwei, Hong Kong será um alvo em primeiro lugar, por se tratar de um centro financeiro na Ásia

de acusações pelas autoridades”, explicou Maya Wang.

ALI AO LADO

Jiang Jianwei, director do Instituto de Assuntos Públicos e Globais da Universidade de Macau (UM), diz que há maior possibilidade de um ataque terroristas ocorrer em Hong Kong. “Esse risco existe sempre, apesar de, provavelmente, se acontecer, Hong Kong ser um alvo maior, porque é um centro financeiro e está sob mais pressão e atenção por parte do mundo. Os terroristas conseguem atingir os seus alvos e tanto Macau como Hong Kong são territórios com abertura e as pessoas podem ter um acesso mais facilitado a estes territórios”, disse ao HM. “Estamos numa zona onde quase nunca ocorreram ataques terroristas e, por isso, as pessoas podem não conseguir identificar os alertas. A China tem vindo a tornar-se um alvo de ataques terroristas nos últimos anos e houve uma extensão dos interesses no estrangeiro.


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“Os terroristas conseguem atingir os seus alvos e tanto Macau como Hong Kong são territórios com abertura e as pessoas podem ter um acesso mais facilitado a estes territórios” JIANG JIANWEI DIRECTOR DO INSTITUTO DE ASSUNTOS PÚBLICOS E GLOBAIS DA UNIVERSIDADE DE MACAU

“É muito difícil avaliar a verdadeira ameaça do terrorismo na China, porque o Governo chinês não permite que jornalistas ou organizações não-governamentais possam ir a Xinjiang ver de perto a situação” MAYA WANG PORTA-VOZ DA ONG HUMAN RIGHTS WATCH

Também há terroristas internos vindos de minorias étnicas, como é o caso de Xinjiang e estão ligados a ataques terroristas na Turquia, por exemplo. Também de outras regiões da China”, apontou o académico.

DIREITOS HUMANOS?

Recentemente a Human Rights Watch publicou um relatório onde fala da China como sendo um dos países onde a repressão contra a sociedade civil tem aumentado. E a repressão contra os chineses muçulmanos de Xinjiang surge no topo das preocupações. “Estamos preocupados com o facto de existir uma mistura de liberdade religiosa e de expressão com terrorismo nas minorias éticas. Temos o problema de não sabermos a extensão do terrorismo na China, então suspeitamos que existam falsas acusações de pessoas que apenas expressam a sua religião”, disse Maya Wang ao HM. “Não sabemos com precisão onde estão [os terroristas], porque o Governo

controla de forma restrita os média em Xinjiang e não há informação independente divulgada desta região nem há advogados independentes que tenham acesso a estes suspeitos. Não sabemos muito mais do que aquilo que vem nos órgãos de comunicação oficiais”, acrescentou a responsável. Para Jiang Jianwei, não se deve misturar o combate ao terrorismo com a questão dos direitos humanos. “Não posso discordar disso, porque de facto a informação providenciada pelo Governo chinês nem sempre pode ser confirmada por entidades independentes. Mas alguns ataques terroristas são demasiado óbvios, como os que aconteceram em Cantão ou Pequim. É um facto que ataques terroristas em Xinjiang têm vindo a ocorrer com frequência e isto tem uma ligação com o terrorismo no resto do mundo”, disse o docente da UM. “O terrorismo em Xinjiang faz parte do que acontece em todo o mundo e espero que a questão dos direitos humanos não seja usada para dar cobertura aos ataques terroristas. Penso que não deveríamos usar duplos padrões para julgar se é ou não um ataque terrorista: se acontecer no Reino Unido, é terrorismo, mas se acontecer na China as pessoas vão dizer que é uma questão de direitos humanos. Não me parece justo”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Meus queridos anos 90 China Crónica de uma repressão anunciada

M

AYA Wang, representante da Human Rights Watch em Hong Kong, garante que a repressão na sociedade chinesa está na pior fase desde os acontecimentos de Tiananmen. “Diria que a actual situação é provavelmente das piores desde os movimentos ocorridos em 1989, no sentido em que depois de 1989 houve obviamente repressão mas também houve uma abertura com a utilização da internet, em 2000, e com o desenvolvimento da própria sociedade e a formação de advogados. A situação de repressão que a China vive neste momento é

talvez a pior desde meados dos anos 90”, explicou. “Desde que o presidente Xi Jinping assumiu o poder, em 2013, que estabeleceu de forma intensiva a repressão junto da sociedade civil, com especial foco na internet, meios de comunicação social, activistas de direitos humanos e ONG. Essa repressão inclui não apenas a prisão de membros da sociedade civil mas também aqueles que estão próximas de ONG. O seu Governo propôs a aprovação de uma série de leis em nome da segurança do Estado”, acrescentou Maya Wang, que garante que essa repressão não acontece apenas por receio de um ataque terrorista de maior dimensão no país.

“A repressão é mais um desejo de garantir que o partido comunista vai manter-se no poder, e em primeiro lugar tem razões políticas, face ao descontentamento social e abrandamento da economia e o desejo dos chineses de terem um Governo mais transparente. São, na maioria, factores internos que determinam a repressão que tem sido feita junto da sociedade civil. Mas não podemos negar as preocupações relativamente ao terrorismo. Nos últimos anos o Governo chinês, desde o 11 de Setembro, tem vindo a preocupar-se com o terrorismo e com a minoria de Xinjiang”, rematou a responsável. A.S.S.


4 POLÍTICA

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Referendo JASON CHAO ACUSA GOVERNO DE “EMPATAR” INVESTIGAÇÃO

Um frágil segredo

Jason Chao, um dos promotores do chamado ‘referendo civil’ em 2014, afirma que o Executivo poderá estar a “empatar” o processo de investigação para que as informações não sejam tornadas públicas, por forma a evitar uma situação de “humilhação”. Um novo ‘referendo’ pode voltar a acontecer em 2019

M

AIS de um ano e meio depois das cinco detenções que mancharam a realização daquilo que foi conhecido como o primeiro ‘referendo civil’ em Macau, por ocasião das eleições para o Chefe do Executivo, ainda não há qualquer novidade sobre o processo judicial. Para Jason Chao, um dos mentores do ‘referendo’ através da Sociedade Aberta de Macau, o Governo está “deliberadamente” a “empatar” a investigação. “Já passou um ano e meio, quase dois anos, e a investigação tem vindo a demorar mais tempo do que o período que consta no Código

do Processo Penal. Especulo que o Governo tenha, deliberadamente, parado a investigação para evitar que as informações se tornem públicas. Atrasando o processo, eles podem evitar passar por uma humilhação”, disse Jason Chao ao HM, defendendo que existem “três cenários possíveis” para o caso. “Se o Ministério Público (MP) decidir abrir o processo, vou deixar o caso ir a tribunal sem ter de passar pelo Juízo de Instrução Criminal. Tudo será tornado público e aí haverá, pela primeira vez na história, provas de abuso de poder por parte do Governo”, considerou o actual vice-presidente da Associação Novo Macau (ANM). “Se

“Já passou um ano e meio, quase dois anos, e a investigação tem vindo a demorar mais tempo do que o período que consta no Código do Processo Penal. Especulo que o Governo tenha, deliberadamente, parado a investigação para evitar que as informações se tornem públicas” JASON CHAO VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU

o MP desistir do processo, isso irá transmitir a mensagem de que a Polícia Judiciária, PSP e Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) estavam errados”, disse Jason Chao, referindo-se à segunda possibilidade. “Se o MP deliberadamente atrasar o caso e empatar o processo, tudo se mantém em segredo de justiça e não posso discutir as informações em público”, acrescentou ainda. Para Jason Chao, “o Governo sabe que as duas primeiras possibilidades não são boas, no que diz respeito à possibilidade de partilha de informação junto do público”.

SIM AO SEGUNDO REFERENDO

Apesar da investigação sobre o primeiro ‘referendo’ ainda estar a decorrer, Jason Chao confirma que poderá ser realizada uma actividade semelhante quando Macau voltar a ter eleições para o Chefe do Executivo, em 2019. “Sim, é uma possibilidade. É quase certo que vamos continuar em Macau e, se não estivermos presos em 2019, ou se pudermos trabalhar de forma livre, vamos organizá-lo”, disse Jason Chao.

O ‘referendo’ de 2014 foi organizado também pela Macau Consciência e Juventude Dinâmica de Macau. Jason Chao e Scott Chiang, actual presidente da ANM, foram presos, juntamente com três voluntários, acusados de violarem a Lei de Protecção dos Dados Pessoais. Questionado sobre a ausência da Sociedade Aberta de Macau da esfera pública, Jason Chao garantiu que esta Associação funciona apenas como apoio legal. “Diria que, depois de Setembro de 2014, as visões dos jovens tornaram-se dominantes na direcção da ANM,

Vamos a votos

AL Inclusão do Zika e debate sobre contratos agendados para amanhã

A

inclusão do vírus Zika na Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento das Doenças Transmissíveis e o debate sobre cláusulas penais compensatórias pedido por Ella Lei vão amanhã a votos. De acordo com a agenda da Assembleia Legislativa (AL), os membros do hemiciclo vão avaliar e votar as duas propostas, sendo a segunda vez que a deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau leva este pedido ao plenário. Tal como o HM avançou esta semana, a Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento de Doenças Transmissíveis vai ser revista para que o vírus Zika possa estar

abrangido. O Governo diz que o mosquito Aedes, que transmite a doença, é muito comum no território e depois da ocorrência do primeiro caso de infecção pelo vírus na China, decidiu avançar para a legislação de combate ao vírus. A proposta de revisão da Lei, implementada em 2004, não previa os casos de infecção com o Zika, nem os modos de actuação. Com esta revisão, o Executivo propõe o isolamento dos infectados e faz do diploma um instrumento legal para que isto aconteça.

ELLA QUER SABER

Já no caso do debate pedido por Ella Lei, como avançou o HM na

semana passada, a deputada quer que o Governo vá ao hemiciclo responder sobre por que não inclui nos contratos públicos cláusulas que permitam indemnizações e sanções. A proposta versa sobre um assunto que tem sido defendido por outros membros do hemiciclo e que visa responsabilizar as empresas quando houver falhas nas obras públicas, sendo que Ella Lei relembra que a inclusão destas cláusulas – que

iriam fazer com que as empresas tivessem de pagar indemnizações ao Governo em caso de atrasos ou problemas – “é legalmente permitida pela legislação vigente”, sendo que estas foram mesmo propostas pelo Comissariado de Auditoria. Ella Lei relembra que a “sociedade se mostra a favor” destas cláusulas e critica o Executivo pela inércia demonstrada. “O Governo afirmou repetidamente que ia proceder ao

então pudemos regressar às nossas posições e levar de novo as nossas ideias à ANM, por isso vemos um declínio das actividades da Sociedade Aberta de Macau. Esta poderá ser usada como uma entidade de apoio, em termos legais, mas neste momento não precisamos disso”, rematou. Recentemente, Au Kam San, histórico fundador da ANM e pertencente a uma geração mais velha do campo pró-democrata, deixou a Associação por não se identificar mais com as suas ideias e valores. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

estudo sobre a viabilidade da inclusão e que, para o efeito, alguns governantes até se dirigiram a Hong Kong para troca de experiências. Em Novembro, o Chefe do Executivo disse que estavam em curso negociações e estudos, mas até ao momento ainda não respondeu.” Em Janeiro de 2015, um pedido semelhante da deputada foi chumbado devido à promessa de estudos do Governo. “Assim não nos conseguimos livrar do beco sem saída dos atrasos, excessos de despesa e má qualidade das obras”, diz Lei sobre a proposta que vai amanhã ser avaliada pelos deputados. O plenário tem início às 15h00 e a votação será antecedida de interpelações orais. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo


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Estradas PEDIDA REVISÃO À LEI E INSTRUÇÕES OBRIGATÓRIAS DE CONSTRUÇÃO

Buraquinhos perigosos

Quem constrói as ruas de Macau não tem de seguir orientações obrigatórias e isso não ajuda a evitar que mais de duas dezenas de estradas tenham crateras. Lee Hey Ip pede, por isso, a revisão ao Regulamento Geral da Construção Urbana, para que se acabe com o problema

É

preciso fazer uma Revisão ao Regulamento Geral da Construção Urbana, para que se evitem casos comuns de buracos nas estradas de Macau. É o que pede Lee Hey Ip, supervisor-geral da Associação para os Engenheiros Geotécnicos de Macau (Macau Association for Geotechnical Engineering), que sugere que se adicionem cláusulas específicas sobre as construções nas rodovias. Em declarações ao jornal Ou Mun, Lee Hey Ip diz que o Governo tem de preencher as lacunas judiciais nesta área da pavimentação das estradas “o mais rápido possível”, uma vez que o aluimento do chão e buracos nas estradas são comuns em Macau. Mas, o Governo, garante o responsável, poderia evitar que assim fosse. “No Regulamento Geral da Construção Urbana, o Governo pode adicionar artigos novos para especificar qual deve ser a durabilidade de resistência do pavimento e das ruas, para que se possa exigir às empresas uma determinada forma de construir as estradas”, apontou.

são apontadas como locais perigosos precisamente devido aos buracos - não estão na lista. Apesar de admitir que a pavimentação de ruas não é um trabalho fácil, Lee Hey Ip diz que o grande problema incide na ausência de leis específicas e exigências obrigatórias aos empreiteiros, o que pode fazer com que estes construam sem seguir essas instruções. “Durante o processo de construção é preciso garantir que as ruas, avenidas e estradas não sejam danificadas em tão pouco tempo de utilização. Portanto, é importante que os construtores considerem elementos tão importantes como as matérias a utilizar, o solo onde vai ser feita a pavimentação e até o número de veículos que por lá passam”, sugere Lee Hey Ip, que acrescenta que o Governo deve ter em conta a melhor proposta com base nestes tópicos.

“No Regulamento Geral da Construção Urbana, o Governo pode adicionar artigos novos para especificar qual deve ser a durabilidade de resistência do pavimento e das ruas, para que se possa exigir às empresas uma determinada forma de construir as estradas” LEE HEY IP SUPERVISOR-GERAL DA ASSOCIAÇÃO PARA OS ENGENHEIROS GEOTÉCNICOS DE MACAU

VÊ POR ONDE ANDAS

Actualmente, segundo dados do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), 21 ruas e avenidas de Macau estão na lista de estradas com “graves problemas” no que à existência de buracos no pavimento diz respeito. Estas incluem locais de elevado fluxo rodoviário, como a Avenida da Amizade, a Avenida Wai Long, a Estrada Governador Albano de Oliveira, a Avenida do Aeroporto e Avenida de Kwong Tung. Contudo, também a Estrada de Pac On e a Avenida Marginal do Lam Mau - que

ANTÓNIO FALCÃO

POLÍTICA

Lee Hey Ip, também consultor para o curso de Engenharia Civil da Universidade de Macau, sublinhou que embora o Regime de Qualificações nos Domínios da Construção Urbana e do Urbanismo esteja efectivo e este exija os engenheiros locais a participação em formação, ainda faltam profissionais locais. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

Caminhos para a vitória

APOMAC Francisco Manhão candidata-se com reformas como prioridade

O

actual presidente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), Francisco Manhão, vai recandidatar-se às próximas eleições que acontecem no final do próximo mês. Sem grandes alterações na lista, a prioridade, conta ao HM, será o aumento do valor da pensão de idosos para as 4000 patacas,

mais 750 patacas do que o valor actual. “Neste momento a nossa prioridade é actualização da pensão para idosos para 4000 patacas. É a coisa mais importante. Mas também é importante conseguirmos mais um piso para poder oferecer mais serviços aos nossos associados”, apontou, relembrando uma luta antiga que a Associação tem tido para conseguir

novo espaço, disponibilizando novos serviços como estomatologia e medicina tradicional Chinesa. “Estamos ainda à espera que o Governo nos ceda mais um espaço”, apontou. Outra das metas que a lista quer atingir é a inclusão dos “naturais de Macau” para a atribuição de habitação social. “Não existindo esta parte, estamos sempre em desvantagem em relação aos emigrantes”, apontou.

Para já não existe nenhuma lista concorrente, para lamento do actual presidente. “Gostaria de ter. Até porque já estamos há 15 anos. Não parece mas já é algum tempo. (...) Gostaria que existisse outra lista, sim”, rematou, acrescentando que não há grandes mudanças nos planos. “As nossas metas são as mesmas de anos anteriores, naturalmente não conseguimos tudo o que queríamos. Vamos insistir com o Governo para satisfazer com os nossos pedidos em prol da terceira idade”, apontou. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


6 SOCIEDADE

hoje macau terça-feira 16.2.2016

TIAGO ALCÂNTARA

VISITANTES MAIS DE UM MILHÃO NA SEMANA DOURADA

Mais de um milhão de turistas entraram em Macau durante a semana do Ano Novo chinês, mais 4,04% que no ano passado, de acordo com dados oficiais ontem divulgados. Entre os dias 7 e 14 de Fevereiro, 3,41 milhões de pessoas cruzaram as fronteiras de Macau, sendo que destes registos 1,22 milhões se referem a entradas de turistas. Tanto para entradas, como para saídas, o posto fronteiriço das Portas do Cerco foi o mais movimentado, registando 1,15 milhões de entradas e 1,13 milhões de saídas durante os oito dias. Apesar deste aumento durante o Ano Novo Lunar, em 2015 Macau recebeu 30,71 milhões de visitantes, menos 2,57% face a 2014 e a primeira queda anual desde 2009.

Jetstar QUESTÕES POLÍTICAS APONTADAS PARA SUSPENSÃO DE VOOS PARA VIETNAME

Comadres zangadas A companhia australiana não voa mais para o Vietname, pelo menos até 26 de Março. Hong Kong também tem grande parte dos seus voos suspensos. A Jetstar alega “questões de calendarizações”, mas especialistas em aviação não têm dúvidas: são questões políticas entre a China e o Vietname

U

MA visita ao site da companhia aérea australiana Jetstar faz-nos perceber que todos os voos de Macau para o Vietname foram suspensos. A tentativa para falar com a assistente online também não nos leva a bom porto. A confirmar está também o comunicado da operadora à CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau, que indica que os voos para a cidade de Da Nang e Ho Chi Minh foram suspensos. O período de suspensão varia de acordo com a cidade, visto que para Da Nang o período sem voos começa a 22 de Fevereiro e termina a 26 de Março, e para Ho Chin Minh começa hoje, terminando no mesmo período. Numa pesquisa maior percebe-se que algumas cidades chinesas e a região vizinha de Hong Kong também estão com voos suspensos. “Recebemos esta tarde [segunda-feira] o comunicado da companhia a explicar que ia suspender os voos de Macau para Da Nang

de 22 de Fevereiro a 26 de Março por questões de calendarização”, explicou António Barros, director da CAM, ao HM. Menos de uma hora, depois o responsável explicou que recebeu um novo comunicado a indicar que também os voos para a cidade de Ho Chin Minh seriam suspensos a partir do dia de hoje. Questionado sobre as possíveis causas, António Barros indicou não saber mais nada do que a própria explicação da companhia.

QUESTÕES ANTIGAS

A suspensão acontece depois do Ministério das Relações Exteriores de Hanói, em Janeiro passado, ter anunciado o seu descontentamento quanto à posição da plataforma de exploração de petróleo, a HYSY 981, por parte das autoridades chinesas, supostamente instalada entre a costa vietnamita e a ilha chinesa de Hainão. Também já em 2014 esta mesma plataforma foi o centro de um momento de tensão entre os países,

levando a vários conflitos e protestos em que cinco pessoas perderam a vida. Na altura, várias indústrias e propriedades chinesas, e de outras nacionalidades, sofreram vários danos devido às manifestações. Na altura, em resposta, a China acabou por retirar a plataforma. Também nesse ano, a Jetstar suspendeu os voos para Hanói alegando falta de segurança. Em Janeiro deste ano, o Vietname acusava ainda a China de “ameaçar a segurança dos voos civis neste mar, ao realizar voos de teste não anunciados para uma ilha artificial que Pequim construiu numa área reivindicada pelas duas nações”, conforme noticiaram vários meios de comunicação internacionais.

POLITIQUICES

Ao HM, trabalhadores da área da aviação explicaram que “toda esta situação é muito estranha e está com certeza relacionada com questões políticas”. Preferindo manter o anonimato, os dois especialistas do

sector apontam que “aquela zona sempre foi muito complicada”. São várias as hipóteses que poderiam justificar a suspensão. Custos extra no período em causa, possivelmente relacionados com as flutuações do petróleo, ou algum problema técnico detectado – sendo o prazo de suspensão o de arranjo estipulado pelas autoridades de aviação. “Há sempre a hipótese de uma das entidades reguladoras aeronáuticas de um dos países ter descoberto alguma não conformidade durante uma auditoria ou algo do género e dar esse prazo para a respectiva correcção com o cancelamento dos voos até estar sanado”, indicou um dos trabalhadores. Certo é, apontam, que “por ser nesta zona e com estes dois países específicos o motivo político será mais plausível”. “Podem estar a fazê-lo só para tentar obter algo do outro lado”, apontou um dos trabalhadores ao HM. Ainda assim, o facto de ser uma suspensão provisória e envolvendo

apenas regiões ou cidades chinesas torna as coisas “muito claras”. Facto é que “não será do interesse [da operadora] que se torne público a suspensão da linha aérea neste caso para o Vietname, porque atrás da suspensão vem o motivo que poderá ser político, económico ou técnico através da entidade de aviação reguladora responsável nesta situação”.

“Recebemos esta tarde [segunda-feira] o comunicado da companhia a explicar que ia suspender os voos de Macau para Da Nang de 22 de Fevereiro a 26 de Março por questões de calendarização” ANTÓNIO BARROS DIRECTOR DA CAM No entanto, nada obriga a companhia a justificar a suspensão das rotas. Estranho é também a autoridade local não saber de nada, ainda que para os analistas não seja assim tão novo. “Especificamente na China, em que o espaço aéreo é controlado pelos militares, isso tudo é possível”, apontou. Os utentes com viagens marcadas para o período de suspensão foram informados via email e serão reembolsados, conforme garantiu a operadora. À Rádio Macau, a Autoridade de Aviação Civil (AACM) afirmou ter apenas sido informada da suspensão por um telefonema da representação da companhia aérea em Macau, não tendo sido recebida qualquer “notificação oficial” da transportadora. A AACM disse ainda que a informação que recebeu não faz referência ao período da suspensão, nem quanto aos motivos. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


7 hoje macau terça-feira 16.2.2016

Técnicas de sedução

CONSTRUÇÃO DO CENTRO DE DOENÇAS VAI A CONCURSO PÚBLICO

Dentro da normalidade O Centro de Doenças Infecciosas poderá custar mais de 600 milhões de patacas mas ainda não se sabe qual é a empresa que o vai construir. Pereira Coutinho pediu a intervenção do CCAC alegando possível troca de influências, mas o Governo garantiu que vai haver concurso público para a construção

S

ABE-SE que estará pronto em 2019, que as obras deverão começar no terceiro trimestre deste ano e que foi o gabinete de Eddie Wong quem o projectou. Mas não se sabe ainda quem vai ser a empresa responsável pela construção do Centro de Doenças Infecciosas ao lado do hospital Conde de São Januário. José Pereira Coutinho, deputado, pediu na segunda-feira uma investigação do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) ao que, alega, possam ser “troca de influências” para a construção do Centro - mas o Executivo veio ontem esclarecer que “vai haver concurso público” para a obra e que não há razão para pensar que o plano surgiu de repente. “Desde 2003 que os SS deram início ao planeamento da ampliação do edifício. A fase preliminar, da sua concepção, foi estudada com peritos da Organização Mundial da Saúde, do Japão, da Singapura, de Hong Kong, da China continental, entre outras entidades que concluíram pela sua viabilização.Aconcepção da construção começou em 2005 e foi concluída em 2008, contudo pelo facto do edifício ultrapassar o limite da altura de salvaguarda do património cultural, foi necessário efectuar uma nova concepção o que levou ao adiamento da ampliação”, começa por indicar o organismo. Apesar de dizer, num comunicado de Janeiro, que “a firma de construção” se encontra a elaborar os documentos para o concurso público, um porta-voz dos SS explicou ao HM que o problema é de tradução – será a firma que concebe o projecto e não a construtora. Resposta semelhante tem o GDI: “ainda não há empresa construtora e vai ser aberto concurso público”. Ainda assim, já há uma perspectiva sobre o orçamento da obra: “mais de 603 milhões de patacas”.

o projecto para o Centro, para o Edifício Administrativo, Edifício Residencial Hospitalar e Edifício da Fase I do Centro Hospitalar Conde de São Januário. A celebração do contrato foi autorizada pelo então Chefe do Executivo, Edmund Ho, mas acabou reduzida no que ao Centro dizia respeito, porque não teve em conta as quotas altimétricas permitidas por lei em frente ao Farol da Guia. Segundo outro despacho, o montante global desceu para 32 milhões de patacas. No entanto, Eddie Wong, que é membro do Conselho Executivo e deputado de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, ficou na mesma responsável pela nova concepção. O HM tentou perceber qual o pagamento para o novo projecto, mas não foi possível receber resposta até ao fecho desta edição.

GATOS ESCALDADOS

NOS CONFORMES

O pedido de Pereira Coutinho vem no seguimento da decisão de entregar, sem concurso público, a concepção da obra ao arquitecto Eddie Wong, que foi alvo de críticas também da parte de Au Kam San. Isto porque, em 2005, a concepção do projecto para a empreitada de alargamento deste Centro foi entregue ao seu Gabinete deArquitectura - pelo montante de 55 milhões de patacas, o arquitecto teria de fazer

Num comunicado enviado ontem, e em resposta às acusações, os SS asseguram que não há qualquer precipitação até porque foi em 2003 que Chui Sai On, então Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, sugeriu esta construção. “Há mais de dez anos que os SS começaram o planeamento do edifício e a concepção da planta encontra-se na fase final. Após esta

SOCIEDADE

603 milhões de patacas, previsão sobre o orçamento da obra

conclusão serão iniciados os procedimentos de concurso público da obra e da ampliação. A decisão da ampliação do edifício das doenças transmissíveis não é precipitada.” Da mesma forma, o organismo diz que a escolha do local – que tem levantado polémica – é a ideal. “Durante o transporte de pessoas com doenças transmissíveis, a contaminação e disseminação do vírus é muito fácil sendo, por isso, necessário proceder rapidamente ao tratamento de casos suspeitos ou confirmados em isolamento. De acordo com as recomendações da OMS, os doentes devem ser rapidamente colocados em enfermarias de isolamento. Em caso de surto prevê-se que a maior parte de casos ocorram ao São Januário, daí que a localização do edifício tenha sido definida para estar anexo ao [hospital].” Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Porto Interior Pedido novo planeamento para estimular a economia

Y

U Kon Shing, director da Associação de Estudos da Política Sócio-económica de Macau, sugere que a zona do Porto Interior seja reconstruída com maior enfoque no comércio para atrair turistas e residentes. O director considera que o Governo deve assumir uma iniciativa de cooperação com os proprietários dos imóveis da zona para trabalharem em conjunto. Yo Kon Shing afirmou que o encerramento do posto fronteiriço do Porto Interior veio prejudicar de “forma clara o comércio” da zona, especialmente agora no Ano Novo Chinês. O responsável considera que o Governo deve repensar de forma global o planeamento da zona entre a Rua da Praia do Manduco e a Rua do Patane, ao lado do Porto Interior. “O Governo deve assumir a iniciativa de cooperação com os proprietários dos prédios nesta zona, explicando-lhe os seus planos, para que sejam reforçadas as actividades comerciais”, apontou. O director sugeriu ainda que o Governo escolha algumas localizações no Porto Interior como pontos experimentais, restaurando alguns prédios para formar lojas atractivas, estimulando ao mesmo tempo a economia da região. O director deu como exemplo a Fábrica de Panchões Kwong Hing Tai no Porto Interior, que, diz, poderia ser transformada num museu ou no restaurante subordinado ao tema. “O Governo pode manter a fachada do prédio e renovar a construção e decoração dentro dos edifícios”, apontou. Yu Kon Shing rematou dizendo esperar que o Governo resolva o problema das inundações no Porto interior, sempre que o nível do rio sobe, melhorando ainda o transporte marítimo e terrestre do local. T.C.

ASSOCIAÇÃO PEDE MAIS ESTÍMULOS

W

ong Kin Chong, presidente da Associação Industrial e Comercial da Zona Norte de Macau, disse ao jornal Ou Mun que devem ser criados novos elementos turísticos para estimular a economia da zona norte, pelo facto do volume de negócios ter diminuído em 20%. Para Wong Kin Chong, as razões para esse decréscimo prendem-se não apenas com o abrandamento da economia mas também com o prolongamento dos horários dos funcionários nos postos transfronteiriços. Isso fez com que parte dos consumidores tenha ido para Zhuhai, sobretudo trabalhadores imigrantes do interior da China.


8 EVENTOS

O INEXPLI ´ POR VARIO

Pintura, Fotografia e Multimédia [X], DE RHYS LAI, DI

Brincadeiras e Matisse

Henri Matisse

Creative Macau Workshops de arte com Ana Maria Pessanha

A

Creative Macau vai organizar dois workshops ministrados pela artista plástica Ana Maria Pessanha. Um incidirá sobre a importância da brincadeira no desenvolvimento infantil, o outro levará os participantes para um mergulho na obra do impressionista Matisse. As acções decorrerão em Abril mas as inscrições já estão abertas, sendo que o primeiro worskhop, agendado para 5 a 9 de Abril, convidará os participantes a redescobrirem o conceito artístico de Matisse e compreenderem a personalidade de um dos mais representativos artistas do séc. XX. A parte prática também vai ser privilegiada com o ensino de técnicas de pintura, de entre elas o processo que Matisse começou a aplicar no final da sua vida - o método de colagens de diversos papéis coloridos. Para a monitora, este curso “permitirá aos participantes descobrirem não apenas o legado de Matisse, mas também o conhecimento de diversas técnicas de composição com colagens e técnicas mistas e

a utilização de a materiais novos e reciclados”.

BRINCAR É PRECISO

No segundo workshop, de 11 a 15 deAbril, pretende-se revelar a importância da brincadeira no desenvolvimento das crianças ao promover a literacia derivada das actividades lúdicas. Segundo a artista, “brincar e jogar desenvolvem diversos campos cognitivos possíveis e proporcionam uma reflexão cuidada sobre a selecção dos jogos e dos brinquedos educacionais que permitem a promoção de uma educação harmoniosa”. No curso, os participantes vão aprender a produzir vários brinquedos e jogos para crianças por via de técnicas como recortes, montagens e pintura. Uma acção que visa ainda enfatizar o papel dos pais na promoção de momentos de educação não formal para assim abrirem espaços para a interacção familiar, essenciais para atenuar pressões e proporcionar momentos de prazer

BILHETE DE IDENTIDADE

Ana Maria Pessanha frequentou os primeiros três anos da Escola de Pintura da Faculdade de Belas Artes do

Porto e, em 1970, viria a concluir o seu grau em pintura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Actualmente é professora de Arte e coordenadora do programa de Mestrado da Escola Superior de Educação Almeida Garrett da Universidade Lusófona. Como artista participou em diversas exposições colectivas e, em 2011, apresentou a exposição a solo “Eu Vejo o Mar”, entre outras nos anos seguintes. Mais recentemente, em 2014, realizou outra exposição a solo, desta feita na Casa Garden da Fundação Oriente, em Macau, intitulada “Atravessando o Mar”. O workshop de “Jogos, Brincadeiras e a Importância da Brincadeira no desenvolvimento Infantil terá sessões de segunda a sexta das 14h30 às 17h30 ou das 18h30 às 21h30. O de Matisse acontecerá de terça a sexta-feiras das 14h30 às 17h30 e sábado das 09h30 às 12h30 ou então de segunda a sexta das 18h30 às 21h30 e sábado das 14h30 às 17h30. Ambos os cursos têm um custo de 1200 patacas, um limite de dez lugares disponíveis e são destinados a pessoas com mais de 12 anos. M.N.

Quebrar a tradição e explorar novas possibilidades é a proposta do artista local Rhys Lai, que inaugura já esta semana a exposição [X], na Fundação Rui Cunha. Em Março, o artista volta à carga com um workshop de pintura acrílica para pais e filhos

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA A IRMÃ DE FREUD - LIVRO AUTOGRAFADO • Goce Smilevski

Prémio União Europeia de Literatura 2010.
Em 1938, numa Áustria ocupada pelo regime nazi, Sigmund Freud recebe um visto para fugir para Londres e, assim, escapar à ameaça de terror. Da lista de 16 pessoas que pretende levar consigo fazem parte a cunhada, o médico, as criadas e até o seu pequeno cão, mas nenhuma das suas quatro irmãs. É pela voz de uma delas, Adolfine, que conhecemos esta história assombrosa sobre a família Freud. Deportada para o campo de concentração de Terezín, «a melhor e mais doce irmã» do psicanalista conhece Ottla, a irmã amnésica de Franz Kafka, a quem confidencia as suas memórias. Emerge o retrato de uma menina sensível e doente que vive a infância em simbiose com o irmão Sigmund, o mentor que a guiava na descoberta da vida. O retrato de uma jovem inconformada com o papel que a sociedade lhe impõe, amargurada pelo desprezo da mãe e pela partida do irmão. Por fim, o retrato de uma mulher só, que se sente apenas meia mulher por nunca ter sido mãe. O cenário da história da família é a Viena da viragem do século, uma época de incomparável esplendor artístico e intelectual, que serviu também, e ironicamente, de pano de fundo a alguns dos acontecimentos mais traumáticos do século XX.

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HYS Lai inaugura no sábado a exposição [X], na Fundação Rui Cunha. A designação da mostra fica a dever-se, segundo o artista, “ao desconhecido, a algo misterioso, ao inexplicável e, por outro lado, à pronúncia em Chinês de [X] - lê-se “乘”(Cheng), que tem o mesmo som de “ 承”que significa herança.” Quebrar a tradição e explorar as possibilidades das artes em diferentes formas de apresentação da mesma, tais como pintura, fotografia, ou outros meios, é o objectivo desta exposição que vai ser montada em diferentes zonas da galeria, sendo uma delas intitulada “Eu Penso e Tu Reflectes”, onde o artista pretende estimular a interacção com o público. A exposição abre dia 20 de Fevereiro de 2016, pelas 17h00 horas e a entrada é livre. A mostra estará patente até 13 de Março.

MÃOS À OBRA

Como jovem artista local, e membro activo da Asso-

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

OS ALFERES • Mário de Carvalho

Numa distante picada de África, um jovem alferes vê-se confrontado com um dilema de vida ou de morte e com o absurdo da própria guerra. No Leste de Angola, urde-se uma trama de sedução, ciúme, traição e morte. Num Timor mítico, ecoam os feitos e os sofrimentos da saga universal dos portugueses. Três histórias onde um fio de humor, não raro amargo, percorre todas as cenas, mesmo as mais violentas ou sombrias. Três narrativas, três sobressaltos, três momentos ímpares da literatura portuguesa.


9 hoje macau terça-feira 16.2.2016

ICAVEL OS MEIOS

IA 20 NA FRC

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ciação de Desenvolvimento Artístico da Juventude de Macau, Rhys Lai tem a ambição de herdar e divulgar a arte e cultura de Macau. É também nesse sentido que dedica grande parte do seu tempo à formação e que no dia 5 de Março, pelas 16h00, vai promover um workshop de pintura acrílica destinado a pais e filhos, para que ambos possam explorar a sua expressão e a própria relação através da pintura, mas também para sensibilizar as crianças para as artes. ‘Técnicas básicas da pintura acrílica’ é o tema do workshop que é totalmente gratuito (incluindo material de pintura). Além disso, os participantes podem ficar com o produto do seu trabalho e com um livro de colecção das obras do artista. A lotação máxima é de dez pares – sendo aberto a crianças entre os três e os dez anos de idade - e é obrigatório inscrição. Manuel Nunes

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UM POÇO DOS DESEJOS A FAVOR DA ANIMA

A partir de ontem e durante um mês, o Albergue SCM, no Bairro de São Lázaro, abriu um poço para uma acção de caridade para com os animais. No pátio da instituição, o “Poço dos Desejos” e as “Árvores do Casamento” recolhe os pedidos de desejo em forma de moeda. O Albergue acolhe a actividade e a Sociedade Protectora dos Animais - Anima, que receberá os proveitos, agradecerá.

EVENTOS

Da acústica ao sintetizadores USJ Palestras sobre tecnologias de ponta e música electrónica

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já nos próximos dias 25 e 26 deste mês que estarão entre nós Martin Kaltenbrunner e Miha Ciglar, académicos que chegam à Universidade de São José para duas conferências onde a música assume o papel central, mas onde numa se fala da interacção tangível entre pessoas e computadores na produção de música electrónica e na outra das últimas tecnologias áudio onde expressões como “acústica não linear” e “sensibilidade táctil ultrasónica” fazem sentido. Kaltenbrunner, que toma o lugar no dia 25, é professor do interface Culture Lab da Universidade de Arte e Design de Linz, foi investigador e docente na universidade Pompeu Fabra de Barcelona, entre outras instituições, e é um dos fundadores da Reactable Systems, empresa que tem sido responsável pela integração de conceitos de design desenvolvidos para PUB

o Reactable, um sintetizador modular tangível. O instrumento tem vindo a ser mostrado em diversas feiras de arte e festivais de música e recebeu o Nica de Ouro para Música Digital conferido pelo importante festival Prix Ars Electronica.

BASES DA RELAÇÃO

Em Macau, Martin vai falar do Reactable, introduzir as bases do design tangível de interacção e abordar a relação humana com a música electrónica. Esta conferência surge numa época em que os interfaces tangíveis se tornaram no paradigma emergente na concepção de instrumentos musicais electrónicos.

No dia seguinte, 26, é a vez de Miha Ciglar nos falar da sua empresa, a Ultrasonic, sendo que vai apresentar produtos actuais e futuros e introduzir os tópicos da acústica não linear e sensibilidade táctil ultrasónica. Miha é compositor e investigador na área das tecnologias áudio e fundador do Instituto Pesquisa para Artes Sónicas (IRZU na designação inglesa) e do Festival Internacional de Artes Sónicas EarZoom, que acontece todos os anos desde 2009 em Ljubljana, na Eslóvenia. A Ultrasonic, que fundou em 2011, é uma ‘startup’especializada em tecnologias áudio produzindo controladores de interface sem contacto táctil ou altifalantes direccionais baseados em ultra-sons. As palestras têm início às 18h30 em ambos os dias 25 e 26 de Fevereiro, na USJ. Ambas têm duração estimada de duas horas e são abertas ao público. M.N.


10 CHINA

hoje macau terça-feira 16.2.2016

Conferência de Munique PARTICIPAÇÃO CHINESA CADA VEZ MAIS INTERVENTIVA

Pequim chega-se à frente A China desempenha um papel cada vez mais importante nos assuntos internacionais. A última conferência de Segurança de Munique foi bem exemplo disso

O

estilo da China nos assuntos internacionais tem vindo a mudar de forma consistente e isso ficou visível na Conferência de Segurança de Munique, pelos debates acalorados sobre as questões envolvendo a Síria, a Ucrânia e a crise dos refugiados na Europa. De acordo com Fu Ying, directora da C aomissão dos Negócios Estrangeiros da Assembleia Popular Nacional, o principal órgão legislativo do país, “a China não desafia a ordem internacional existente e considera-se parte do sistema baseado nas Nações Unidas, incluindo as suas instituições e os padrões globais” adiantando ainda que, “com a crescente globalização e com a fragmentação

PUB HM • 2ª VEZ • 16-2-16

ANÚNCIO Acção de Interdição n.º CV1-16-0004-CPE 1.º Juízo Cível Requerente:

MINISTÉRIO PÚBLICO.

Requerido:

LAM HON CHUNG. ***

A MERITÍSSIMA JUÍZA DO 1.º Juízo CÍVEL DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M. FAZ SABER que: Foi distribuída ao 1.º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base de R.A.E.M., a Acção acima mencionada, proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO contra LAM HON CHUNG, do sexo masculino, solteiro, natural da China, nascido a 05/05/1932, titular do B.I.R.M. n.º5xxx4xx(9), residente em Macau na Taipa na Rua do Minho no Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior “Pou Tai”, para efeitos de ser declarado a sua interdição por anomalia psíquica.

R.A.E.M., aos 4 de Fevereiro de 2016.

“Com a crescente globalização e com a fragmentação cada vez maior das políticas internacionais, a actual ordem mundial está sobrecarregada quando se trata de fornecer soluções novas e eficazes aos desafios que se apresentam nos dias de hoje” FU YING DIRECTORA DA COMISSÃO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS DA ASSEMBLEIA POPULAR NACIONAL

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cada vez maior das políticas internacionais, a actual ordem mundial está sobrecarregada quando se trata de fornecer soluções novas e eficazes aos desafios que se apresentam nos dias de hoje”. “É neste contexto que a China propôs mecanismos que complementam a ordem internacional existente, como a iniciativa “Uma

Faixa, Uma Rota” e o Banco Asiático de Investimentos em Infra-estruturas”, disse ainda a responsável chinesa. Para Fu, “estas iniciativas constituem os novos bens públicos que a China tem oferecido”, que, segundo ela, “têm um carácter inclusivo e em conformidade com os princípios das Nações Unidas”. O estilo diferenciado da China reflectiu-se debate fora, quando Sebastian Heilmann, presidente do Instituto Mercator de Estudos sobre a China, com sede em Berlim, perguntou se Pequim tinha perdido o “controlo’ sobre a República Popular Democrática da Coreia.” “Isso soa a algo bem ocidental...nunca controlamos outros países e nem queremos ser controlados”, respondeu a directora Fu Ying com um sorriso. Para Qu Xing, especialista chinês em relações internacionais, “a política externa da China distingue-se porque consiste em não interferir nos assuntos internos dos outros países e em reconhecer as diferenças entre eles.”

PAZ MUNDIAL E DESENVOLVIMENTO

Para Xu, a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, apresentada pelo presidente Xi Jinping em 2013, “serve para ilustrar como a China promove a paz e o desenvolvimento mundial. A ideia por trás deste projecto é que, se um país só pensa no seu próprio desenvolvimento enquanto os outros permanecem subdesenvolvidos, produz-se desigualdade e instabilidade económica e prejudica-se o desenvolvimento do país”. Gu Xuewu, director do Centro de Estudos Internacionais da Universidade de Bona, disse que, do ponto de vista geoeconómico, a implementação da “Uma Faixa, Uma Rota” vai ajudar a criar corredores económicos que cobrirão a Ásia, a Europa e África. Os projectos também poderão fazer a diferença em termos sociais e culturais, disse Gu. “Com a modernização económica, as pessoas terão uma atitude mais aberta e esse processo também vai ajudar a combater as raízes que geram o fundamentalismo”, disse ainda. Manuel Nunes

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TURISTAS CHINESES EM CONSUMO RECORDE NO ESTRANGEIRO

O

S turistas chineses gastaram fora do país em 2015 o valor recorde de 183 mil milhões de dólares, que beneficiou, sobretudo, o segmento de luxo conforme os dados de uma pesquisa revelada na imprensa oficial do país. O trabalho foi desenvolvido pelo Fortune Character Institute que estima que o consumo de luxo por chineses além-fronteiras ascende a 116.800 milhões de dólares, quase metade das vendas globais neste segmento. Pelas contas do Governo chinês, nos últimos dez anos, os gastos de chineses fora do país aumentaram a uma taxa anual média de 27,8%. Especialistas do sector atribuem o rápido crescimento à maior facilidade em viajar para fora da China, à valorização do yuan e ao alto custo dos produtos importados no país. O aumento do consumo de bens de luxo por chineses contrasta, contudo, com as dificuldades que o sector atravessa no mercado doméstico. Em 2015, mais de 80% das marcas de luxo internacionais encerraram lojas na China e o Fortune Character Institute prevê que no próximo ano essa cifra aumente para 95%.

ECONOMIA EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES EM QUEDA

O Gabinete Nacional de Estatísticas da China anunciou ontem que as exportações chinesas recuaram 6,6% em Janeiro, face ao mesmo mês do ano anterior, depois de terem registado uma ligeira subida de 2,3% em Dezembro de 2015. Mas as importações também caíram, com a China a comprar em Janeiro menos 14,4% ao exterior em termos homólogos, uma queda muito superior aos quatro por cento registados no mês anterior. Desta forma, a China registou um excedente comercial de 406.200 milhões de yuan durante o primeiro mês deste ano, superior aos 382 mil milhões de yuan alcançados em Dezembro.


11 CHINA

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Taiwan INVESTIMENTO NA PREVENÇÃO DE DESASTRES

Sistema de alerta 4G a caminho

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AIWAN, onde recentemente um terramoto de magnitude 6,4 na escala de Richter fez 116 mortos, anunciou ontem o lançamento para Abril, de um sistema de alerta imediato de desastres naturais para os utilizadores de 4G na ilha, informa a Lusa. A partir dessa altura, os assinantes de serviços de telecomunicações 4G vão começar a receber mensagens a partir do sistema de alerta público de desastres naturais, revelou o director do Departamento de Infra-estruturas de Redes da Comissão Nacional de Comunicações (CNC), Lo Chin-Hsien, em conferência de imprensa. A Ilha Formosa trabalha no desenvolvimento deste sistema desde o sismo de magnitude 9 na escala de Richter, seguido de um tsunami, ocorrido em 2011 no nordeste do Japão. O novo sistema – em fase de testes – permitirá às empresas de telecomunicações que operam o 4G o envio instantâneo de alertas a milhões de utilizadores nas zonas que vão ser ou estão a ser afectadas por catástrofes naturais, de modo a que possam tomar medidas de protecção. Até à data, Taiwan dispunha de um sistema para enviar um máximo de 2.000 mensagens a pessoas em zonas de perigo, que não responde às necessidades de alerta em caso de desastres naturais de grande dimensão, assinalou o mesmo responsável. Os alertas de emergências a nível nacional não poderão desactivar-se e serão recebidos em mensagens de texto, com som e vibração, explicou. No passado dia 6, um sismo de magnitude 6,4 na escala de Richter atingiu a cidade de Tainan, no sul da ilha, provocando o colapso de edifícios (ver caixa).

DIA DE LUTO NACIONAL

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Seja feita a vossa vontade Hong Kong Sede do HSBC mantém-se em Londres

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Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA) respeita a decisão do HSBC de manter sede em Londres” e quem o diz é o seu presidente Norman Chan, adiantando ainda que “a HKMA reconhece que para um banco internacional grande como o HSBC realocar a sua sede constitui uma tarefa muito importante e complicada.” Esta reacção surge na sequência da decisão unânime do conselho de administração do HSBC, anunciada depois de uma reunião realizada no domingo em Londres para avaliar a potencial mudança que poderia levar a base do grupo para Hong Kong. Criado em 1865 para financiar o comércio crescente

entre a Europa e a China, principalmente o de ópio, o Hongkong and Shanghai Banking Corporation mudou-se para Londres em 1992, contando com 257 mil funcionários em todo o mundo, dos quais 48 mil no Reino Unido.

BOAS NOTÍCIAS

A decisão foi bem recebida na bolsa de Hong Kong, onde as acções do maior banco europeu valorizavam mais de 3% a meio da sessão de ontem. Em Abril do ano passado, a duas semanas das eleições britânicas, o banco, o maior da

AIWAN viveu ontem um dia de luto nacional pelas vítimas do terramoto de magnitude 6,4 na escala de Richter que sacudiu o sul da ilha no passado dia 6, causando 116 mortos na cidade de Tainan. A bandeira nacional de Taiwan foi colocada a meia haste em todas as instalações governamentais da ilha e foram canceladas todas as actividades festivas em organismos oficiais previstas para ontem, o primeiro dia de trabalho depois dos nove feriados por ocasião do Ano Novo Lunar. Actualmente prosseguem as investigações sobre as causas do colapso, durante o sismo, do edifício Weiguan Jinlong, que levou à detenção do dirigente da empresa construtora, Lin Ming-hui, e a dois dos seus sócios, acusados de homicídio por negligência. O prédio, de 17 andares, com cerca de 200 apartamentos, desabou, tendo morrido no seu interior 114 pessoas. Durante as operações de resgate foram descobertas deficiências na construção, falhas que se consideram como potenciais causas do desmoronamento.

Europa, indicou que ponderava retirar a sua sede do Reino Unido para evitar uma regulação cada vez mais estrita. “No quadro de uma revisão estratégica mais ampla, o Conselho de Administração pediu à direcção para começar a trabalhar para saber qual é o melhor local para a nova sede neste novo contexto”, declarou na altura o presidente Douglas Flint, numa assembleia-geral de accionistas. O Reino Unido tomou medidas para uma regulação mais rigorosa do sector bancário na sequência da crise financeira. Os bancos vão ser obrigados a separar as actividades bancárias de retalho e de investimento. O Governo britânico também aumentou regularmente as taxas sobre os bancos. M.N.

MEDICINA TRADICIONAL EM PROMOÇÃO

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EGUNDO o Diário do Povo Online, o Conselho de Estado da China defendeu no passado domingo o estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento da medicina tradicional chinesa. De acordo com um comunicado divulgado no final da reunião executiva, presidida pelo primeiro-ministro Li Keqiang, a presença da medicina tradicional chinesa pode ser intensificada na lista nacional de medicamentos essenciais. “Mais recursos e políticas deverão focar-se no apoio ao desenvolvimento da medicina tradicional, incluindo as

compilações de textos antigos sobre esta prática,” refere o comunicado. A indústria farmacêutica será também estimulada a usar tecnologia moderna para pesquisar a medicina tradicional. Por seu turno, os hospitais e investigadores serão também encorajados a aplicar terapias tradicionais no tratamento de doenças crónicas. As práticas privadas gozarão de tratamento igual às instituições estatais. O país vai duplicar os esforços na luta contra o cancro, diabetes, e doenças cardiovasculares, apoiando o desenvolvimento e divulgação de novas variantes medicinais através do financiamento, impostos e contratos governamentais. O controlo de qualidade na indústria farmacêutica e a segurança dos medicamentos serão melhorados, segundo critérios de qualidade adequados aos padrões internacionais. O documento prevê ainda a abertura de um banco de dados de medicina, onde estarão incluídas informações relativas à avaliação de preços e qualidade destes produtos. M.N.


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ARTES, LETRAS E IDEIAS

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a saga da taipa

José Drummond

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 1. ELA

ão estás só. Mesmo que os dias cruéis nos separem. Mesmo que o aperto dos minutos nos tenha abreviado os encontros. Mesmo que nunca mais te tenha visto. Mesmo que as mãos trémulas se separem de nossos corpos. Não estás só. Mesmo que te não olhe, te não escute, te não aspire. Não estás só nem eu só estou. Apenas a memória resta. A memória amante. E os seus calabouços permanecem. Encarcerando tudo aquilo que não compreendo. Tudo aquilo que se quedou numa promessa. Não estás só e eu só não estou. Porque sei que todas os atalhos do pensamento nos unem. Apesar de tudo. Apesar de todas as minhas simuladas conquistas. Não estás só e eu nada percebo. Nada percebo deste mundo. Nem sequer uma coisa só. Não estás só e eu só não estou mas apesar disso todas as fontes desaguam em ti. As cortinas de renda branca cobrem as janelas do apartamento com vista para o rio. O apartamento que escolhemos para viver. Mas a vista de pouco vale. O nevoeiro, denso, não permite perceber a hora da manhã. Talvez um outro nascer de dia. Talvez um sopro de verão. Talvez um outro amor possa florir no meu coração. Mas isso não parece possível com este nevoeiro. Eu só não estou mas o céu apresenta-se assim desde aquela manhã em que desapareceste. E eu nada vejo. Nada mais que uma luz viúva, cansada, estranhamente enferma. Foste-te e contigo foram todos os espelhos. Contigo esta casa esvaziou-se. Contigo as imagens desapareceram. Existe apenas esta cama onde fomos felizes. Existe apenas aquela cadeira onde um dia me disseste que me irias amar para sempre. Mas nenhum espelho. O tempo passa e eu não sei se existe mundo lá fora. Nenhum espelho de nós. Nenhum espelho de mim. Deixo-me cair naquela cadeira. Uma vez por outra. E é uma cadeira grande.

Tenho que sair deste labirinto. Tenho que sair desta casa esvaziada. Sei que saio mas nunca me lembro como. Sigo até à ponte. Talvez se atravessar o rio. Talvez se desaparecer como tu. Talvez se me esconder no denso nevoeiro que não deixa ver o outro lado. Uma lágrima. Como assassinar a louca com o diabo? Olho de soslaio para o rio. Imagino-lhe um tom arroxeado mas na realidade não se vê nada. Apenas este nevoeiro desde aquela manhã. Quantos dias passaram? O que aconteceria se agora, de repente, eu decidisse saltar a meio da ponte? Iria alguém encontrar esta bolsa que me deste no meu aniversário?

ESCHER, RELATIVITY

N

Imito-te. Descanso o queixo na mão e repito as tuas palavras. Mas já não sei as palavras correctas. De cada vez que te imito acrescento ou modifico algo. Descanso o queixo na mão e repito as tuas palavras. Mas não as digo. Ouço-as. Ecoam em mim e fazem-me estremecer. Sinto os olhos encovados, como os teus. Sinto o pescoço mais enrugado, como o teu. Sinto os lábios sem cor, como os teus. Sinto as pontas das tuas sobrancelhas na minha cara. E, de cada vez que te imito, sinto desistir. De cada vez que te imito deixo de existir. De cada vez que te imito quero ser como tu. E penso se será possível desistir desta luta contra a gravidade da me-

mória. E quero saber sobre quem está no caminho mais curto para o inferno. Talvez a eficiência do meu sistema circulatório esteja a diminuir. Talvez o meu coração seja preguiçoso. Talvez. Mas não tenho espelhos para me ver. Contigo foram todos os espelhos. Agora recordo-me de como a tua pele mostrava bem a tua idade. Cheia de riscos e manchas. Naquela manhã em que desapareceste, na última vez que olhei para ti, vi um homem envelhecido. Agora, que perdi os dias em que te foste embora, isso já não parece incomodar-me. Agora a fadiga sou eu. Agora não tenho aparência para manter. Agora eu sou tu e o envelhecimento é meu. E pergunto se será este o dia do julgamento.

Tenho que sair deste labirinto. Tenho que sair desta casa esvaziada. Sei que saio mas nunca me lembro como

Desapareceste. Disseste que ias ter com amigos. Eu sabia que não era verdade. Que não ias ter com amigos. Mas tu não tens amigos. Tínhamo-nos aos dois e bastava. Senti a tua mentira. Foi a primeira vez que senti mentires-me. Agora não sei se me tinhas mentido antes. Disseste que tinhas que pensar. Eu quis acreditar. À noite telefonei-te e não respondeste. E liguei todos os dias e todas as noites depois. E não respondeste. Liguei ininterruptamente. E não respondeste. O que valeria agora um salto da ponte? Imagino o piquete da polícia a parar o trânsito. Imagino os fotógrafos dos jornais. Imagino a notícia, “Jovem salta para a morte por razões desconhecidas”. Quantas mulheres saltam para a morte por razões desconhecidas? E quantas mulheres são assassinadas? E se fosse um homicídio? Iria a polícia isolar a área? Iria a polícia fazer um relatório? Serei eu digna de uma investigação? E se não me encontrarem identificação irão perceber que tenho trinta anos? Imagino a voz das notícias no noticiário da noite na televisão. “Ontem de manhã a polícia recebeu um telefonema de uma testemunha que viu uma jovem a actuar de modo estranho na ponte. Quando a polícia chegou ao lugar não foi possível encontrar o corpo. Apenas uma bolsa.”


13 hoje macau terça-feira 16.2.2016

TEMPO

MUITO

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

EXIBIÇÃO 3D DE VÍDEO-MAPPING Casas-Museu da Taipa, 19h00 Entrada livre

MIN

9

MAX

14

HUM

45-80%

EURO

8.97

BAHT

Domingo

CONCERTO MADONNA “REBEL HEART TOUR” Studio City, 20h00 Bilhetes entre as 2600 e as 10.600 patacas

Diariamente

ESPECTÁCULO DE LUZES (ATÉ 29/02) Casas-Museu da Taipa, 18h00 às 22h00

O CARTOON STEPH

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “MANUEL CARGALEIRO” (ATÉ 3/03) Casa Garden Entrada livre HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau Entrada livre EXPOSIÇÃO “CAIXA DE MÚSICA” (ATÉ 3/04) Museu da Transferência Entrada a cinco patacas “LONGRUN”, DO GRUPO DE TEATRO HUI KOK KUN Edifício do Antigo Tribunal, 20h00 Bilhetes a 150 patacas SOLUÇÃO DO PROBLEMA 28

PROBLEMA 29

UM FILME HOJE

C I N E M A

THE GOOD DINOSAUR SALA 1

ALVIN AND THE CHIPMUNKS: ROAD CHIP [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Walt Becker 14.00, 17.30

MERMAID [B]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Stephen Chow Com: Deng Chao, Show Lo, Zhang Yu Qi Jelly Lin 15.45, 19.30, 21.30 SALA 2

FROM VEGAS TO MACAU III [B] FALADO EM CANTONÊS

YUAN

1.22

CONSTRUÇÕES AO CAIR DA NOITE

CONCERTO MADONNA “REBEL HEART TOUR” Studio City, 20h00 Bilhetes entre as 2600 e as 10.600 patacas

Cineteatro

0.22 AQUI HÁ GATO

Sábado

EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau Entrada livre

(F)UTILIDADES

Sim, sobrevivi a mais uma Semana Dourada. Sim, passei o Dia dos Namorados sem uma namorada. Mas há uma coisa à qual não consigo sobreviver: a ausência de noções sobre o património e o urbanismo nesta cidade. Passeava ontem pelo Leal Senado quando me deparei com um grande projecto de construção bem junto à Casa de Lou Kau. Sim, essa casa tipicamente chinesa que quase ficou destruída devido à queda da parede de um antigo edifício naquele local. À entrada do estaleiro, um homem, que devia ser o empreiteiro, sorria. Um sorriso que quase me pareceu uma premonição, uma coisa assustadora. O seu rosto parecia dizer: aqui vai nascer mais um conjunto de lojas de jóias, relógios e roupa cara. Aqui vai nascer comércio só a pensar nos turistas chineses e os restantes que se lixem. E pensei: NÃO! Porque não se constrói com criatividade? Porque não fazer um andar com esplanadas bem ao lado da histórica casa chinesa? Porque não pôr pessoas em cafés a ler livros, quiçá sobre Macau e a sua história? Não queremos mais relógios de marcas caras no pulso, mas sobretudo não queremos esses relógios a povoar a nossa mente e o nosso dia-a-dia. Estas construções ao cair da noite deixam-me o pêlo eriçado. Pu Yi

“THE BIG SHORT” (ADAM MCKAY, 2015)

E se as crises fossem premeditadas, ou pelo menos previsíveis e ninguém lho dissesse? E se alguém decidisse apostar contra o sistema, contra o que normalmente corre bem? E se, afinal de contas, tudo o que acredita ser detalhadamente calculado é, ao fim e ao cabo, levado pelo dinheiro? Um filme que vai deixá-lo de cabeça à roda, quando Michael Burry (Christian Bale) decide investir muito – muito - dinheiro contra o sistema imobiliário dos Estados Unidos. As complicações de conseguir aliados, as implicações junto de investidores e o culminar de uma aposta num sistema que entra em crise. Tudo num filme que o leva a perceber que, no mundo do dinheiro, nem tudo o que parece, é. Joana Freitas

LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Andrew Lau, Wong Jing Com: Chow Yun Fat, Andy Lau, Nick Cheung, Jacky Cheung 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3

THE GOOD DINOSAUR [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Peter Sohn 14.30,16.30, 19.15

THE MONKEY KING 2 [B][B]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Pou-Soi Cheang Com: Li Gong, Aaron Kwok, Shaofeng Feng 21.15

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14 OPINIÃO

hoje macau terça-feira 16.2.2016

RUI COSTA

in Esquerda.net

Debate em torno do “Estado de Excepção” Nos 120 anos da proibição do anarquismo

II - O Governo de Hintze Ribeiro, integrando João Franco, e com este a capitanear a iniciativa, tratou de fazer aprovar a Lei de 13 de Fevereiro de 1896, a exemplo do que se vinha fazendo pela Europa, visando: Punir criminalmente aquele que publicamente (artigo 1.º), ou não (artigo 2.º), “defender, aplaudir, aconselhar ou provocar, embora a provocação não surta efeito, actos subversivos quer da existência da ordem social, quer da segurança das pessoas ou da propriedade, e bem assim que professar doutrinas de anarquismo conducentes à prática desses actos”, e isto se crime mais gravoso não resultasse dessa actividade (§ Único do artigo 1.º). A pena era de prisão e, uma vez cumprida, o condenado era desterrado para o Ultramar, apenas podendo voltar por decisão do Governo; O julgamento por esses crimes era feito em processo ordinário de querela (o que hoje chamamos tribunal colectivo), mas sem intervenção de júri, ao contrário do que era regra e entendido como garantia dos arguidos (artigo 3.º);

Agora, com o Decreto de 31 de Janeiro de 1908 (ironicamente publicado no dia do regicídio), o Governo estava livre para deportar para as então designadas colónias ou expulsar do País, sem julgamento prévio, os acusados destes crimes (artigo 1.º) e eliminando quanto à prática destes crimes a imunidade parlamentar (artigo 2.º). Resulta inequívoco, que a galope do combate e da ilegalização do “anarquismo”, sempre se visou diminuir a Democracia e as Liberdades Individuais. Talvez por isso um acto tão abominável como o magnicídio de que foi vítima D. Carlos, tenha encontrado tanto respaldo social, a ponto de passados dois anos ter mudado o regime.

KEN LOACH, LAND AND FREEDOM

I - Completam-se 120 anos da Lei de 13 de Fevereiro de 1896, sancionada por D. Carlos e proposta e defendida por João Franco, então Ministro do Reino e posteriormente Presidente do Ministério, actuando até a coberto de uma ditadura sancionada por D. Carlos, entre 1907 e 1908. Portugal vivia agitado em finais do Século XIX, inícios do Século XX, com um regime político que evidenciava a sua eminente falência, desprestigiado interna e externamente, com um rotativismo partidário assente na fraude eleitoral, em que o Governo era nomeado antes das eleições, manipulando os resultados de acordo com as suas conveniências e uma profunda crise económica e financeira. Pouco antes, e na sequência do Ultimatum de 1890, ocorrera a Revolta do 31 de Janeiro de 1891, no Porto, que tentava o derrube do regime e a implantação da República. De igual forma, um pouco por toda a Europa se viviam momentos de tensão, fervilhando grupos de anarquistas, com amplo debate e, por vezes, acção violenta. Um conjunto de atentados, habitualmente visando magnicídios, sucederam-se ao longo dos finais do Século XIX e dos primeiros anos do Século XX. Em Portugal, com excepção do 31 de Janeiro, de origem eminentemente militar, nenhum acontecimento de relevo havia acontecido que motivasse especiais preocupações de segurança, sendo o movimento anarquista muito débil e sem grande divulgação (veja-se, a título de referência, a publicação de Luís Bigotte Chorão “Para uma história da repressão do anarquismo em Portugal no Século XIX”, recentemente dada à estampa pela editora Letra Livre).

A lei de 13 de Fevereiro de 1896 não se limitava a proibir e perseguir o anarquismo. Esta questão tem grande actualidade. Em tempos em que o “Estado de Excepção”, enquanto mecanismo de supressão de liberdades individuais em nome da segurança pública ganha novo fôlego

Admissibilidade de prisão sem culpa formada e sem fiança até decisão definitiva (artigo 3.º, § Único); Proibição à imprensa de publicar notícias relacionadas com processos por “anarquismo”, com a cominação de apreensão das publicações e suspensão dos jornais (artigo 4.º); Aplicação retroactiva desta lei (artigo 5.º). Um traço claro desta lei é que a mesma não se limitava a proibir e perseguir o anarquismo. Ela visava toda e qualquer oposição ao regime, indo ao ponto de punir a mera opinião política. A cavalo dos anarquistas, atacavam-se os verdadeiros democratas, os republicanos, os socialistas e os marxistas, entre outros. Por aqui se vê a Democracia praticada na Monarquia Constitucional, que alguns ainda proclamam bom modelo, lembrando D. Carlos, Rei que não se limitou a promulgar este diploma como, pior ainda, veio a assumir em 1907, por sua livre decisão, um Governo Ditatorial liderado por este mesmo João Franco, e que endureceu estas medidas com o Decreto de 21 de Novembro de 1907 e com o Decreto de 31 de Janeiro de 1908, sempre com a assinatura de D. Carlos.

III – Esta questão tem grande actualidade. Em tempos em que o “Estado de Excepção”, enquanto mecanismo de supressão de liberdades individuais em nome da segurança pública ganha novo fôlego. Refiro-me a episódios passados, como o “Patriot Act” nos Estados Unidos, na sequência dos atentados de 11 de Setembro ou ao mais actual debate em França em torno do robustecimento do “Estado de Excepção”, por via da Revisão Constitucional em curso em França, prevendo o alargamento dos pressupostos de facto e de direito para a sua declaração e o alargamento do seu prazo. Com a defesa do robustecimento do “Estado de Excepção” e em nome de uma pretensa segurança, estarão em perigo os mais elementares Direitos, Liberdades e Garantias, como a experiência sempre nos demonstrou. O problema, é que o Estado de Excepção e as políticas securitárias nada resolvem, como se viu no exemplo das políticas de D. Carlos e de João Franco. Os factores que originaram a insegurança e a violência, ontem e hoje, têm de ser encarados de frente, solucionando os problemas que motivam as pessoas a práticas e actos que todos tendemos a classificar como indesejáveis. A repressão, apenas empurra com a barriga e varre para debaixo do tapete problemas que novamente surgirão. Em nota final, gostaria de lembrar que alguns pretensos iluminados deste País, e não só, foram ao longo do tempo introduzindo subliminarmente o conceito “Estado de Excepção Financeiro”, por esta via justificando a suspensão e supressão de Direitos Fundamentais, em especial dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Também nada resolverão: nem politicamente, nem economicamente, nem financeiramente, como se demonstrou com a intervenção da dita “troika”. Jurista. Membro do Comissão Nacional Autárquica do Bloco de Esquerda. Deputado municipal em São Pedro do Sul


15 hoje macau terça-feira 16.2.2016

OPINIÃO

sexanálise

TÂNIA DOS SANTOS

CAMERON CROWE, SAY ANYTHING

D

EPOIS da literatura há três semanas atrás, pareceu-me oportuno explorar o sexo na música. Porque, curiosamente, é uma forma artística de contornos sexuais pouco claros, ou seja, não há características óbvias sobre o que é música sensual/ erótica/pornográfica. Formas artísticas visuais são mais fáceis de ser entendidas como tal. Exemplo: pénis ou vulva à vista mais facilmente se encaixam na categoria. Só me vem à cabeça excepções relacionadas com aulas de anatomia, e isso, para a maioria das pessoas, not sexy at all. Parece-me que não há um mundo a descobrir de música potencialmente auxiliadora de actividades masturbatórias ou sexuais. E se ninguém anda à procura, não haverá oferta. O que poderia ser considerado como música pornográfica? Sons sexualmente excitados (à lá música do Serge Gainsbourg: Je t’aime, ohhhhhh, oui, je t’aime... moi non plus) E gemidos, muitos gemidos e, quiçá, um orgasmo. Talvez a calma sensual de um saxofone ou a brutalidade de uma percursão de sensação latejante, equiparada com aqueles momentos em que uma pessoa só quer ser encostada a uma parede e deixar-se levar por muito, mas muito, tesão. Pensei que a minha melhor hipótese fosse na procura de pornografia para invisuais: mas só encontrei descrições audio de filmes já existentes, nada de muito musical. Por isso, se não há um género claro, o pessoal possui imaginação suficiente para tornar música, até a menos óbvia, parte da sua sexualidade. Os mais arrojados consideram as suas listas de uma sensualidade indiscutível! E por isso publicam listas de músicas sensuais por aí. Ou... ‘a lista das melhores músicas para fazer striptease’, ‘lista das melhores músicas para aquecer corações’, ‘lista das melhores músicas para lubrificar o sexo’ e muitas mais. Eu que me julgo uma esquisita musical, de universal estas listas têm muito pouco. Mas uma coisa é certa, a música vive do sexo e da sensualidade para se tornar popular e rentável. Basta ligar aquele site com uma invejável colecção de vídeos de música e clicar em qualquer actual canção pop para nos depararmos com maminhas a

Sexo musical saltar de decotes, troncos nus de muito músculo, rabos semi à mostra, graciosamente, a fazer o twerk (movimentos de anca ultra rápidos) e os constantes eufemismos para sexo. Existem ainda os projectos musicais que se dedicam exclusivamente ao tema, nas suas letras de pormenorizada descrição sexual. Talvez não necessariamente sexualmente excitante mas sem dúvida classificada como ‘sexo na música’. O termo técnico é pornogrind que acompanha outros géneros bastante pesados usando uma linguagem bastante explícita. Para os que desejam algo menos óbvio, mas ainda bastante relacionado com sexo, existe o porn groove, um estilo de música bem estabelecido nos anos 70 durante o boom da indústria pornográfica, que precisava de uma banda sonora característica. Uma guitarra minimalista, mas com um bom feeling, acompanhada por um pedal wah-wah.

“É interessante pensar que há sons ou músicas que despertam uma sensualidade sem igual. Acredito que todos nós tenhamos ‘aquela’ música que cria uma sensação de friozinho na barriga e um lamentar por não ter um namorado ou namorada” É interessante pensar que há sons ou músicas que despertam uma sensualidade sem igual. Acredito que todos nós tenhamos ‘aquela’ música que cria uma sensação de friozinho na barriga e um lamentar por não ter um namorado ou namorada. Pode ser vista como construção muito personalizada de sexualidade, tipo, condicionamento clássico do cãozinho do Pavlov. O perigo é que estas nossas preferências podem chocar com os gostos musicais do parceiro ou de outras pessoas em geral. Quando o Rui Veloso canta ‘não se ama alguém que não ouve a mesma canção’, ganha todo um outro sentido se pensarmos que a incompatibilidade musical possa ser exposta em momentos de intimidade. Pensem nas vossas listas, peçam outra ao parceira/o, comparem-nas, ouçam-nas e desfrutem. E claro, quando acharem necessário, façam a vossa própria música.


“ Os combates intensificamse e ameaçam a cessação das hostilidades prevista para esta semana. Bombas mataram sete pessoas num hospital dos MSF e 14 numa clínica na estratégica cidade de Azaz

U

M hospital apoiado pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF) foi ontem atingido por um bombardeamento aéreo na província de Idlib (Noroeste), um dos campos de batalha mais intensos entre os rebeldes sírios e as forças do regime, que avançam com o apoio da aviação russa. Na província vizinha de Alepo, pelo menos 14 pessoas terão morrido num outro ataque aéreo em Azaz, cidade situada junto à fronteira da Turquia, na mira das milícias curdas. Esta deveria ser a semana em que entraria em vigor a “cessação de hostilidades” acordada na sexta-feira entre os grandes intervenientes internacionais na guerra síria. Mas o conflito parece intensificar-se a cada dia, com inúmeras frentes de batalha no Nordeste do país, onde se enfrentam, à vez, o Exército, a rebelião, os jihadistas do Estado Islâmico e as milícias curdas.

terça-feira 16.2.2016

Beatriz Basto da Silva

DOIS HOSPITAIS ATACADOS NO NOROESTE DA SÍRIA

Batalhas sem fronteiras

“Trata-se de um ataque deliberado contra uma estrutura de saúde”, denunciou Massimiliano Rebaudengo, chefe de missão dos MSF na Síria, revelando que o hospital de Marat al-Nouman foi totalmente destruído por quatro mísseis, disparados em duas vagas separadas por alguns minutos de intervalo. Segundo o presidente da organização, Mego Terzian “há pelo menos sete mortos entre funcionários e pacientes e pelo menos oito funcionários dos MSF estão desaparecidos, não se sabendo se estão vivos ou mortos”. A destruição deste hospital, que empregava 54 pessoas e tinha uma capacidade de 30 camas, “priva de acesso aos cuidados de saúde

BENFICA FEJSA E LISANDRO FALHAM ÚLTIMO TREINO ANTES DO ZENIT

O sérvio Fejsa e argentino Lisandro López falharam ontem o último treino do Benfica, antes de receber os russos do Zenit São Petersburgo, da primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões de futebol. O defesa central argentino voltou a ser ‘baixa’ no plantel às ordens de Rui Vitória, que o tinha convocado para a derrota caseira frente ao FC Porto, por 2-1, na sexta-feira, da 22.ª jornada da I Liga. Além de Fejsa e Lisandro López, o sítio do Benfica na Internet dá ainda conta de que Luisão e Nuno Santos «continuam entregues ao departamento médico a recuperar das respectivas intervenções cirúrgicas», enquanto o defesa central russo Vitali Lystsov, da equipa B, treinou com a formação principal.

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Miniatura / O poeta assinou com o velho carimbo chinês / e a criança contemplou / atraída / o sinal bonito / e a matriz / que o fez / Não se podia dizer / onde vibrava mais a poesia / se no papel de arroz / se nos olhos encantados/ do petiz”

40 mil pessoas que vivem numa zona de conflito aberto”, lamentou Rebaudengo assegurando que, como todas as unidades que a organização apoia na Síria, o hospital de Marat al-Nouman estava claramente identificado e a sua localização era conhecida dos beligerantes. Depois de num primeiro momento não ter atribuído culpas pelo ataque, a organização francesa diz que “o autor do ataque é claro”, apontando o dedo “às forças governamentais ou Rússia” – os aviões de Moscovo estão a dar cobertura à ofensiva do Exército sírio que, com o apoio de milícias xiitas vindas dos países vizinhos, avança sobre zonas em poder dos

rebeldes na região de Alepo, a segunda maior cidade da Síria, e na província de Idlib.

SEM DÓ

Mais a norte, 14 civis morreram em Azaz, onde na manhã de ontem pelo menos cinco mísseis atingiram vários alvos, incluindo um hospital pediátrico e uma escola, adiantaram residentes contactados pela agência Reuters. A cidade, o último reduto dos rebeldes antes da fronteira com a Turquia, recebeu nas últimas semanas milhares de pessoas em fuga de batalhas mais a sul, mas a situação agravou-se nos últimos dias. O Exército sírio avança vindo de sul, mas as atenções estão sobretudo focadas nas milícias curdas do

YPG, que lançaram uma ofensiva a partir de oeste. A Turquia teme que o grupo, que classifica como terrorista, se apodere da cidade, situada junto ao principal posto fronteiriço de Bab al-Salam e durante o fim-de-semana bombardeou as posições das milícias. “Os elementos do YPG foram rechaçados de Azaz. Se voltarem a aproximar-se a nossa reacção será ainda mais dura. Não permitiremos que Azaz caia”, afirmou ontem o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, ignorando os pedidos de contenção dos parceiros da NATO – receosos da entrada de um país membro no conflito sírio. As milícias curdas tomaram na semana passada a base aérea de Menagh aos rebeldes, beneficiando também do apoio da aviação russa, e asseguram que não vão parar a ofensiva que dizem ter como alvo os jihadistas do Estado Islâmico, detentores de territórios mais a leste. Ancara, que tem liderado as críticas à intervenção russa na Síria, acusou Moscovo pelo ataque desta segunda-feira contra Azaz. O Governo russo, principal aliado internacional de Assad, retalia acusando Ancara de estar a permitir a entrada de “novos grupos de jihadistas e de mercenários armados” através da fronteira, com o objectivo de desestabilizar a Síria. Público

Obras de Santa Engrácia USJ Mais atrasos em novo campus da Ilha Verde

O

campus que a Universidade de São José (USJ) está a construir na Ilha Verde está novamente atrasado.Aconfirmação foi feita ontem à Rádio Macau por Peter Stilwell, reitor da instituição. “Houve alguns atrasos, de facto, justificáveis. Mas isso está para ser discutido entre a empresa e o dono da obra, que é a Fundação Católica (de Ensino Superior Universitário). Neste momento, funcionamos com um planoA, que seria entregarem-nos

até fins de Maio e conseguirmos o licenciamento da obra até fins de Junho ou meados de Julho. Esse plano A significaria que começaríamos o próximo ano lectivo, pelo menos, com uma parte dos nossos cursos já a funcionar no novo campus”, explicou Peter Stilwell, à margem da apresentação de um novo curso da USJ. “O plano B é: recebemos quando recebermos (o novo campus) e vamos transferindo os cursos com o mínimo de pertur-

bação para os alunos, ao longo próximo ano lectivo. Mas, nos cálculos actuais, não imaginamos que o atraso seja tão significativo que ponha em causa a transferência no próximo ano”, acrescentou o reitor. Peter Stillwel frisou que não existem problemas com a Hsin Chong, construtora, e que não há planos para colocar a empresa em tribunal. “Para já, a nossa relação com a Hsin Chong é muito boa. Dialogamos, apesar

de às vezes haver controvérsias e discussão”, afirmou. Com a sua continuação à frente da USJ a ser alvo de uma consulta no seio da fundação, Peter Stilwell deverá ainda inaugurar no próximo ano lectivo o novo mestrado em comunicação e media, o qual já recebeu aprovação do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES).


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