Hoje Macau 16 MAR 2016 #3533

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

RUI ZINK

“A escrita não depende do poder

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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QUARTA-FEIRA 16 DE MARÇO DE 2016 • ANO XV • Nº 3533

CHAN MENG KAM

Defender filhos maiores PÁGINA 5

ENTREVISTA

BOCAGE

RECORDAR E SABER

hojemacau LÍNGUA PORTUGUESA UM JUSTIFICA ENCERRAMENTO DE CURSOS

As voltas da normalidade Para a Universidade de Macau a redução de cursos no segundo semestre é algo natural e as disciplinas ministradas em 2016 são as que foram “planeadas e propostas pelo De-

partamento de Português em 2015, de acordo com a estimativa do número de estudantes a inscrever.” Por explicar fica, no entanto, a exclusão de 70 alunos pré-inscritos no curso.

PÁGINA 7

HOTEL ESTORIL

A casa vai abaixo PÁGINA 8

h

Que o céu me esmague WANG CHONG

Longe de casa

JOSÉ DRUMMOND

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EVENTOS


2 ENTREVISTA

RUI ZINK ESCRITOR

Findo o século da predominância da cultura americana, assistimos ao brotar da cultura e literatura chinesa. É assim que pensa Rui Zink, escritor português que regressou ao Rota das Letras e que pôde, por fim, descobrir Macau. Sobre o Portugal de hoje, Rui Zink fala de um país que pode ser um “farol de luz e bom senso” em relação à Europa É a segunda vez que está neste Festival e este ano teve a oportunidade de ajudar na escolha dos convidados. O meu plano secreto é tomar o lugar do Hélder Beja e do Ricardo Pinto e daqui a dois anos ser eu a fazer o Festival. Mas foi uma grande honra e, pela primeira vez, estou a ver Macau e o Festival. Porque na primeira vez somos peixes de outro aquário. Já me sinto mais dentro e ficarei muito zangado se não me convidarem para uma terceira vez. Macau, e sobretudo a comunidade portuguesa, está a aceitar mais o evento, a participar mais?

“Acho que Portugal é um país democrático a sério” Não posso comparar as cinco edições, mas posso dar como exemplo o maior evento do género em Portugal, que é o Festival Correntes D’Escritas, que levou dez anos até se tornar no menino querido das gentes do norte e dos jornais. Um festival leva tempo a crescer e penso que este [Rota das Letras] tem elementos base para ser um grande festival. Tem escritores variados, participação com instituições locais e idas às escolas, que são fundamentais. Tive a oportunidade de ler muitos livros de autores que conheci aqui, como é o caso de “I love my mum”, de Chen Xiwo. Fiquei espantado com a sua franqueza. Tinha aquela ideia de que os chineses são delicados de mais e nós, portugueses, é que somos directos. Acho que nós portugueses é que somos pouco directos.

“Tinha aquela ideia de que os chineses são delicados de mais e nós, portugueses, é que somos directos. Acho que nós portugueses é que somos pouco directos”

A literatura chinesa está a tomar as rédeas da literatura mundial e vai ser cada vez mais falada? Os escritores chineses estão a começar a ter essa garra para escrever sobre outros assuntos? É natural que tenham. Há um mito muito simpático, que é o dizer que a arte está contra a política e a economia. É mentira. Se há coisa que a história prova é que esse bonito mito é uma fraude. O poder da arte acompanha o poder económico e político. Passámos metade do século XX a ver cinema americano, a ler literatura americana e a ouvir música americana. O século XX foi o século americano. A cultura resiste enquanto o dinheiro dura e isto é um facto. Agora falo do século chinês. Que é este que está agora a começar. Sim. Está a começar e não tem mal nenhum, porque já houve um século português. Temos é de ser sexy, seja quando estamos por cima ou por baixo. Há uma grande curiosidade, os [autores chineses] começam a ser traduzidos, a China é um gigante. Mas os escritores americanos do princípio do século liam literatura francesa e inglesa, os clássicos, e assimilaram. Neste momento o que vejo em muitos escritores traduzidos [é que] já escrevem usando os truques dos

“Passámos metade do século XX a ver cinema americano, a ler literatura americana e a ouvir música americana. O século XX foi o século americano. A cultura resiste enquanto o dinheiro dura e isto é um facto. Agora falo do século chinês” escritores que lêem. Tenho um livro que está aos poucos a ser traduzido pela Europa fora: “A instalação do medo”. E é interessante porque saiu agora na Alemanha e vai sair em França e cada país vê aquela história de forma diferente. Este livro foi traduzido porque diz algo ao gosto francês e alemão. Há livros meus que são muito inteligentes e que não podem ser traduzidos, porque em Alemão, por exemplo, os leitores não iriam compreender.


3 hoje macau quarta-feira 16.3.2016 www.hojemacau.com.mo

Os seus livros conseguem ser compreendidos em Chinês? Sim. Tenho os elementos de humor e franqueza que o público chinês adoraria ler. Falta humor na China, na literatura? Não, pelo contrário. O que acho é que o humor é muito difícil de traduzir. É eminentemente cultural. Escrever em Portugal é mais difícil nos dias de hoje? Porque é que haveria de ser mais difícil? Por questões económicas e sociais. Há uma censura escondida? Não. Usar a censura como desculpa para não escrever é uma cobardia. É como se o escritor desistisse? Escrever é a única arte em que não dependemos dos poderes, é papel e caneta. Depois o que há é preguiça ou trabalho. Mas a crise económica trouxe constrangimentos ao mercado editorial. Há, e é natural, um maior fechamento do mercado editorial, quer a nível de livros e de distribuição, quer a nível de jornais. Houve jornalistas despedidos e há menos gente a ganhar dinheiro a escrever para jornais. Mas isso não tem a ver com censura. Se fosse jornalista sentia-me censurado e perseguido, por estarem a dar cabo do meu ganha-pão. Mas não sou jornalista, e como sou escritor, não posso usar o argumento da censura económica para escrever o que me apetece. Sobre a questão de, em Portugal, mostrarmos aquilo que o turista quer... Em Lisboa vão fechar bares que fazem parte da sua geração, como o Jamaica e o Tóquio. Catarina Portas, empresária, fez há dias uma forte crítica sobre o fim de negócios tradicionais na cidade. A Lisboa que conheceu e que está no imaginário de muita gente está a desaparecer? Não. Não gosto de muitas coisas que estão a acontecer. Mas havia mais coisas na minha infância que não gostava que estivessem a acontecer. Nasci no Bairro da Pena e aí as varinas andavam descalças. As pessoas atiravam urina para a rua. Lisboa cheirava a mijo e as pessoas escarravam na rua. Na casa onde morava não havia casa de banho, havia uma pia e um penico e tomávamos banho

“Quando a porcaria da Europa tiver 200 anos seguidos de paz, nem que seja no seu território, então começa a ter autoridade moral. Acho muita presunção e pouca água benta a Europa como dadora de lições a este encantador adolescente chamado China” uma a duas vezes por semana. Não havia água quente. Vendo as coisas cruamente, a minha infância foi maravilhosa, mas foi em ditadura. A nostalgia é sempre perigosa. O Jamaica vai fechar, tenho pena, mas a verdade é que só já ia ao Jamaica uma vez por ano e era quando estava muito bêbedo. Gosto muito do Jamaica, há algumas memórias minhas que se vão perder, mas amigos meus morreram e isso é muito mais grave. A natureza da vida humana é desaparecermos um dia. Chateia-me os tuk tuk, mas chateavam-me mais as varinas irem para casa descalças, para sítios que não eram casas. Participou numa palestra que tenta estabelecer uma comparação entre a Revolução Cultural na China e o 25 de Abril em Portugal. Que ligação é possível estabelecer aqui? (Risos). Se há uma coisa que este debate prova é que uma palavra pode ser usada para dizer uma coisa e o seu contrário. Obviamente que a Revolução dos Cravos foi boa,

“A revolução portuguesa deu-nos um país normal. Tanto quanto sei, a Revolução Cultural na China foi uma experiência que correu mal”

talvez não tenha sido para muita gente, mas para mim foi maravilhosa. A verdade é que a minha imagem da revolução portuguesa é isto: é termos uma democracia que funciona e uma sociedade onde não damos tiros uns nos outros. Acho que somos um país democrático a sério, se calhar um dia seremos um farol de democracia e bom senso na Europa. Já estivemos mais longe. Neste momento somos um país menos estúpido do que a França, porque somos mais tolerantes com o casamento gay, por exemplo. Sabemos construir um Governo, coisa que os idiotas dos espanhóis não conseguem (risos). Em Portugal temos um Governo que funciona. Como é que se forma um Governo? É contar o número de deputados, só isso. Não nos tornámos um país fechado e perigoso como a Hungria. Neste momento Portugal é um farol de luz e bom senso na Europa e talvez no mundo. E os portugueses têm essa percepção? Está aqui um português que tem. A revolução portuguesa deu-nos um país normal. Tanto quanto sei, a Revolução Cultural na China foi uma experiência que correu mal, um acto de violência, que tem a ver também com o espírito do tempo. O importante aqui é não repetir os erros. A Alemanha é hoje um dos países menos racistas do mundo e, no entanto, há 70 anos fizeram umas chatices, houve uns desacatos e alguns exageros. Os países devem olhar de frente para os seus erros, para não os repetir tão cedo. Talvez a China não os queira voltar a repetir. Não sou um especialista em China e não venho aqui dar lições de moral. Vejo com muita atenção o que se passa na China e vejo contradições diferentes daquelas que se passam em Portugal. Mas claro, é um bicho diferente. Mas todos temos contradições e ninguém tem tantas como os agentes culturais. Nós europeus temos de ter muito cuidadinho quando damos lições de moral e quando dizemos aos outros: “porque não fazem a paz?”. Quando a porcaria da Europa tiver 200 anos seguidos de paz, nem que seja no seu território, então começa a ter autoridade moral. Acho muita presunção e pouca água benta a Europa como dadora de lições a este encantador adolescente chamado China. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 16.3.2016

Pensões ilegais GOVERNO REÚNE COM DEPUTADOS PARA REVISÃO DA LEI

se houver crime de acolhimento de pessoas ilegais no território.

Vamos lá falar outra vez

O

S deputados da Assembleia Legislativa (AL) vão voltar a debruçar-se sobre a revisão da Lei de Proibição de Prestação Ilegal de Alojamento. De acordo com uma nota de agenda do hemiciclo, há já uma reunião marcada para dia 21 deste mês entre a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública e representantes do Executivo.

TIAGO ALCÂNTARA

Que a lei das pensões ilegais não é, já, efectiva ninguém tem dúvidas, mas desde há quatro anos que deputados e Executivo ainda analisam uma forma de a rever. Na próxima semana há nova reunião para fazer o acompanhamento da situação

O Governo tem vindo a falar da revisão da Lei de Prestação Ilegal de Alojamento desde, pelo menos, 2012. Helena de Senna Fernandes voltou este ano a repetir a necessidade de alterar o diploma, como parte do programa anual da Direcção dos Serviços de Turismo, que dirige. A Lei de Proibição de Prestação Ilegal deAlojamento entrou em vigor em 2010 e um dos maiores problemas apontados tem a ver com o facto da lei já não ser suficientemente dissua-

sora. Prova disso é que grande número de fracções cujos proprietários são multados é reincidente, algo que indica

TIAGO ALCÂNTARA

Outro dos problemas apontados é que não se sabe, muitas vezes, quem é o proprietário ou responsável pelas fracções. A última reunião entre a Comissão e membros do Executivo aconteceu em 2014, com Chan Meng Kam, presidente do grupo da AL encarregue de acompanhar os trabalhos, a dizer que a baixa taxa de execução da lei se deve ao facto de “a maioria dos prevaricadores serem da China, ausentarem-se de Macau, não terem património aqui e não regressarem”. Na mesma altura, Helena de Senna Fernandes apontava que não se conseguia contactar as pessoas que estão registadas como arrendatários. A DST dizia ainda que é necessário aperfeiçoar a lei do arrendamento urbano, “nomeadamente o registo do arrendamento”, de modo a resolver esse problema da identificação dos culpados. Chan Meng Kam frisou ainda ser urgente alterar a lei, já que as pensões ilegais estão, nesta altura, a ser “controladas por máfias”. Em 2012, dois anos após a entrada em vigor da lei, o Executivo considerava, em comunicado, que a execução da lei continuava por melhorar, muito por esta estar “dependente da optimização da cooperação e sincronização entre os diferentes departamentos”, por exemplo autoridades policiais e DST, responsável pela punição. Uma das sugestões tem sido a criminalização das pensões ilegais, ao invés de manter esta actividade como uma infracção administrativa. A reunião da próxima semana está agendada para as 10h00. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

SEMINÁRIO CHINA E MACAU DEBATEM POLÍTICAS DE INVESTIMENTO

Si Ka Lon pede mais países com isenção de vistos para residentes

O

para os deputados que as sanções não são altas. As punições para os proprietários de fracções ilegais vão das 200 às 800 mil patacas, podendo ser agravadas apenas

O Governo tem vindo a falar da revisão da Lei de Prestação Ilegal de Alojamento desde, pelo menos, 2012. Helena de Senna Fernandes voltou este ano a repetir a necessidade de alterar o diploma

Entrada livre deputado Si Ka Lon quer saber como estão os trabalhos relativamente à isenção de vistos para mais países para os portadores do passaporte de Macau. A lista de países isentos de visto deve, a seu ver, ser mais extensa. Numa interpelação escrita, o deputado questionou o Governo sobre os seus planos para o futuro nesta área. “O Governo planeia obter mais isenções de vistos [para os portadores] de passaporte de Macau em países estrangeiros? E pretende expandir o lista de países ou regiões estrangeiras isentas de visto de entrada para Macau?”, indagou o deputado. Actualmente, cerca de 121 países e regiões permitem a entrada de pessoas portadoras de passaporte

QUEM É O DONO?

de Macau sem necessidade de visto. Mas existem alguns países, tais como Marrocos e África do Sul, em que tal não acontece. Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), mais de 39 mil pessoas do interior da China abdicaram dos seus passaportes chineses para obter o de Macau. No entanto, este passaporte nem sempre é aceite à entrada de outros países e, apesar do Governo já ter negado, os deputados apontam que tem trazido vários problemas aos seus portadores. “Quais são os países que não permitem a entrada de passaportes de Macau sem visto? E porque é que isto acontece? Quais as razões? Como é que o Governo pretende melhorar e facilitar os processos?”, questionou o deputado. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

É já amanhã que decorre o Seminário sobre Política de Investimento da China 2016, organizado pelo Ministério do Comércio da China e pela Secretaria para a Economia e Finanças de Macau. O evento irá decorrer na Torre de Macau e contará com a presença de Lionel Leong, Secretário da tutela, e Liu Haiquan, adjunto do Ministro do Comércio chinês. Liu Haiquan fará um discurso para apresentar às “organizações e associações empresariais de Macau a estratégia de desenvolvimento macro e a nova política de aproveitamento de investimentos estrangeiros do país”, lê-se num comunicado. “Este seminário contribuirá para ajudar os sectores empresariais de Macau a saberem a estratégia macro de desenvolvimento da China, promovendo o desenvolvimento conjunto do interior da China e Macau na área comercial e económica”, aponta o mesmo documento.

O HM ERROU No artigo com o título “Tem destino?”, sobre a eventual candidatura de Rita Santos à Assembleia Legislativa, onde se lê “presidente do Fórum”, deve ler-se “secretária-geral adjunta do Fórum”. Pelo erro, e para não ferir susceptibilidades, o HM pede desculpa aos visados e aos leitores.


5 hoje macau quarta-feira 16.3.2016

Filhos maiores CHAN MENG KAM PEDE A PEQUIM PARA AUTORIZAR RESIDÊNCIA

Novos e frescos O deputado Chan Meng Kam entregou uma proposta ao Governo Central que pede a autorização de residência para os chamados filhos maiores, cujos pais – idosos – têm vindo a reivindicar a autorização de permanência dos seus familiares na RAEM. Estes, diz, podem ser a mão-de-obra de que Macau precisa

O

deputado Chan Meng Kam entregou uma proposta à Assembleia Popular Nacional (APN) relativamente à questão dos filhos maiores, sugerindo que seja aprovada residência em Macau para os jovens das províncias de Guangdong e Fujian que tenham “formação e experiência de vida de nível elevado”. Segundo o Jornal do Cidadão, o deputado indicou que há muitos filhos maiores que não viram a sua residência aprovada por razões “muito complicadas”. “Segundo os dados fornecidos pelas famílias, existem 1200 agregados de Macau com filhos maiores, sendo que 2323 desses filhos estão na meia idade e 1710 têm entre 25 a 44 anos. Relativamente à origem, os dados

indicam que 1718 são da província de Guangdong e 595 de outras províncias, sendo que a maioria deste último grupo é originária de Fujian. Este filhos maiores têm uma educação e experiência de vida de nível elevado, portanto, eles podem ser um novo recurso para o mercado laboral”, argumentou o deputado, em Pequim, onde participa na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

PRIORITÁRIOS

Chan Meng Kam acredita que a prioridade para a importação de trabalhadores para Macau devem ser estes filhos maiores, tal como é defendido pelo Relatório do Estudo sobre a Política Demográfica de Macau, lançado em Julho do último ano. Assumir este grupo

Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

Diversificação à vista

GP Costa Antunes mantém-se na Comissão. Promoção da marca é aposta

S

no Fundo de Desenvolvimento Desportivo. Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, também faz parte da Comissão, acompanhada por Chan Wai Sin, dos Serviços de Saúde, e Chiang Ngoc Vai, representante da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT).

MARCA GANHA SUBCOMISSÃO

No dia em que foi anunciada a nova Comissão realizou-se também a primeira reunião do grupo de trabalho. Alexis Tam, também presidente do grupo, referiu que espera que este ano, “com o novo

“Precisamos ainda de um estudo para aprovação da residência dos filhos maiores, com base no humanismo, história e realidade social, para que se possa garantir a harmonia em Macau, evitando uma disputa social desnecessária” como prioritário é atribuir-lhe um significado positivo, diz. O facto das pessoas destas províncias terem uma ligação com Taiwan, com a sua cultura, língua, hábitos e história, pode ajudar, acredita, no reforço da função da plataforma entre Macau e a Ilha Formosa. “Precisamos ainda de um estudo para aprovação da residência dos filhos maiores, com base no humanismo, história e realidade social, para que se possa garantir a harmonia em Macau, evitando uma disputa social desnecessária”, rematou o deputado. Recorde-se que os encarregados de educação dos chamados “filhos maiores” reivindicam há anos a residência para estas pessoas. Algumas delas foram autorizadas a vir para cá, mas a maioria não, ainda que os pais – idosos – sejam já residentes da RAEM.

À mesa com amigos ÃO 29 os membros da nova Comissão Organizadora do Grande Prémio, oficializada na passada segunda-feira em Boletim Oficial. Na lista dos membros, a que o HM teve acesso, o nome de João Costa Antunes, ex-coordenador da anterior Comissão, surge novamente, como membro do grupo de trabalho, sendo um dos três representantes do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. Costa Antunes é acompanhado também por Rafael Gama, assessor jurídico do Secretário, e Ip Peng Kin, Chefe do Gabinete. O coordenador é o próprio director do Instituto de Desporto (ID), Pun Weng Kun, tendo como coordenador-adjunto, Lau Cho Un, também do ID e Lam Lin Kio como coordenadora-adjunta. A secretária-geral é Lei Si Leng, com trabalhos desenvolvidos

POLÍTICA

Economia Pedidos vistos para empresários da China

modo de funcionamento”, os membros da Comissão possam “empenhar-se em realizar ainda melhor o Grande Prémio”. O grupo, que tem várias subcomissões, criou ainda uma outra dedicada à expansão de marcas. “Pretende-se reforçar o efeito de marca do Grande Prémio. O trabalho da expansão de marcas vai integrar elementos culturais e criativos e, através da sinergia do desporto, cultura e turismo, o Grande Prémio irá reflectir-se num grande evento que combina os elementos supramencionados, para reforçar o apoio e atenção dos fãs locais e do exterior”, indica um comunicado da própria Comissão à imprensa. Já com os trabalho iniciados, a 63ª Edição do Grande Prémio irá realizar-se entre os dias 17 e 20 de Novembro deste ano. Filipa Araújo

filipa.araújo@hojemacau.com.mo

L

IONEL Leong, Secretário para a Economia e Finanças, disse que o relatório entregue a Pequim sobre a diversificação da economia local contém o pedido de criação de vistos destinados a empresários do interior da China que queiram investir em Macau. “O relatório menciona muitas coisas e uma das questões é como podemos atrair mais empresas, estatais e privadas, para investirem em Macau”, disse Lionel Leong, segundo o canal chinês da Rádio Macau. O Secretário relembrou ainda que, neste momento, caso os empresários do interior da China queiram conhecer melhor a situação do mercado ou contratar um advogado para um negócio, só podem vir a Macau com visto de turista. “Há alguns vistos comerciais para as empresas do interior da

China que estão ligados a actividades de grande envergadura, relacionados com exposições e convenções, como é o caso da Feira Internacional de Macau. Mas para além disso, os empresários só podem entrar em Macau na qualidade de turistas”, referiu. O governante garantiu que o pedido de facilitação da entrada de empresários já foi entregue, sendo ainda necessário obter mais apoio junto de mais figuras do Governo Central. “Entregámos o relatório ao Chefe do Executivo em Janeiro e já foi entregue ao Governo Central. A China está a apoiar de forma sustentável a diversificação da economia e espero que o Governo Central apoie este pedido”, rematou. T.C.


6 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 16.3.2016

ANÚNCIO 【N.º 18/2016】

ANÚNCIO 【N.º 19/2016】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar as representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicadas, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo DecretoLei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome WONG SIO CHAN KAM HEONG CHENG*

N.º do boletim de candidatura 31201301302 31201305586

Por causa das representantes dos agregados familiares acima mencionadas não apresentarem os documentos mencionados no prazo fixado, pelo que, estes não reúnem os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009. Este Instituto informou-as por meio de ofício, com os n.os 1510060010/DHS, datada de 7 de Outubro de 2015 e 1511230039/ DHS, datada de 24 de Novembro de 2015, a solicitar às interessadas acima mencionadas para apresentarem por escrito as suas interpretações pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção dos referidos ofícios, entretanto não os fizeram dentro do prazo indicado. De acordo com as competências delegadas pela alínea 12) do n.º 3 do Despacho n.º 06/IH/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 7, II Série, de 18 de Fevereiro de 2015, e com artigo 5.º, nº. 3 do artigo 9.º e alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, e em conformidade com os despachos do signatário e do chefe substituto do Departamento de Habitação Pública, exarado nas Propostas n.os 0814/DHP/DHS/2015 e 0846/DHP/ DHS/2015, as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera por IH. *Simultaneamente, foi cessada a concessão de abono de residência por o agregado familiar beneficiário ter sido excluido da lista geral de espera, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social), as competências delegadas pela alínea 16) do n.º 3 do Despacho n.º 06/IH/2015 e a decisão do despacho do chefe substituto do Departamento de Habitação Pública, exarado na proposta acima mencionada. Caso queiram contestar a respectiva decisão, de acordo com o artigo 155.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, podem interpor recurso hierárquico necessário da respectiva decisão adminstrativa, ao Presidente do Instituto de Habitação, no prazo de 30(trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo. Instituto de Habitação, aos 14 de Março de 2016.

Nome

N.º do boletim de candidatura

FANG JINHAI

31201301275

KUONG CHAI FUN

31201300987

LEI KUOK WENG

31201304155

LEI CHI HOU

31201305335

Por causa dos representantes dos agregados familiares acima mencionados não apresentarem os documentos mencionados no prazo fixado, pelo que, estes não reúnem os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos dos n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, devem apresentar, por escrito, as suas interpretações e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Se não apresentarem as interpretações no prazo fixado ou as mesmas não forem aceites por este Instituto, as respectivas candidaturas serão excluídas da lista geral de espera por IH, nos termos dos artigo 5.º, n.º 3 do artigo 9.º e alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009. No caso de dúvidas, poderão dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Wong através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 372), para consulta do processo. Instituto de Habitação, aos 14 de Março de 2016.

O Chefe do Departamento de Habitação Pública,

O Chefe do Departamento de Habitação Pública,

Chan Wa Keong

Chan Wa Keong


7 hoje macau quarta-feira 16.3.2016

SOCIEDADE

A vitória é certa

Pearl Horizon Polytec garante que vai vencer em tribunal

O Língua Portuguesa MAIS DE 30 TURMAS ENCERRADAS NA UM

Sim e não, mais ou menos O jornal Plataforma avança que há menos cursos, menos docentes e mais pressões no ensino da Língua Portuguesa na Universidade de Macau. A instituição tenta justificar-se e diz que tudo é “normal”

A

Universidade de Macau (UM) terá, afinal, encerrado mais de três dezenas de cursos de Português. A notícia é avançada pelo semanário Plataforma, que indica que, do primeiro para o segundo semestre do ano lectivo em curso, encerraram 35 turmas de Português como disciplina obrigatória do regime de General Education. A UM disse no início do ano que pretendia terminar com a disciplina opcional de Língua Portuguesa e, depois da polémica estalar, o Governo veio tranquilizar a sociedade afirmando a pés juntos que a aposta na língua de Camões é prioritária. Contudo, o semanário assegura que houve outros encerramentos. “No que toca aos cursos opcionais, de fora ficaram 70 alunos que já tinham feito a pré-inscrição e que, com o encerramento de seis turmas, tiveram de escolher outra cadeira. Apesar da UM garantir que tudo está dentro da normalidade, fontes da publicação admitem mudanças estruturais dentro do departamento, alterações como a não contratação de docentes em tempo parcial e a redução do número de horas a outros [professores].” Mudanças que, segundo as fontes do jornal trouxeram “instabilidade” e “excesso de trabalho e pressão”. Feitas as contas, neste momento existem 252 alunos a estudar Português, seja em “minor” - em aulas que não pertencem à licenciatura – seja em General Education. Mas, avança o Plataforma, poderiam existir mais 70 alunos a frequentar o curso, não tivessem visto negada a sua oportunidade para estudar Língua Portuguesa por, alegadamente, não existirem turmas suficientes.

TUDO NORMAL

Em resposta ao HM, a UM garante que “todas as disciplinas ministradas no semestre da Primavera de 2016 são as que foram

planeadas e propostas pelo Departamento de Português e aprovadas pela Faculdade, em Novembro de 2015, de acordo com a estimativa do número de estudantes a inscrever no respectivo semestre”. “A UM não cancelou, nem cancelará, qualquer disciplina ou turma de Português, sem cumprir os respectivos requisitos e processos”, escreveu numa resposta ao HM. Para Fernanda Gil, directora do Departamento de Português da UM, a queda no número de cursos é algo natural. “Sempre reduzimos no segundo semestre o número de cursos, porque os nossos alunos do terceiro ano [da licenciatura] vão para o estrangeiro. Temos sempre menos cursos do que no primeiro [semestre]”, cita o jornal.

“A UM não cancelou, nem cancelará, qualquer disciplina ou turma de Português, sem cumprir os respectivos requisitos e processos” RESPOSTA DA UM Relativamente às mudanças no departamento, a directora indica que tudo não passa de decisões estratégicas. “Tem a ver com os recursos que temos e como podemos geri-los”, explicou ao semanário, acrescentado que os docentes a tempo parcial não se podem “dedicar da mesma maneira” do que uma contratação a tempo inteiro permite e, por isso, o departamento quer ter o “menor número possível destes docentes”.

Ainda assim, a UM esclareceu ao HM que “na Primavera de 2016 foram canceladas três turmas devido à falta de número de estudantes inscritos”, sem conseguir explicar os 70 alunos pré-inscritos, a quem foi negada a participação no curso. Ao jornal, a directora do Departamento diz ainda que são precisos mais recursos, a tempo inteiro, a todos os níveis. “Queremos bons docentes jovens, mas também professores [doutorados], sobretudo se queremos ajudar os docentes da China continental [a ensinar Português] a crescer nas suas carreiras”, cita. Fernanda Gil justifica ainda a não renovação dos serviços de alguns docentes em tempo parcial devido à menor necessidade do ensino de Português no curso de Direito.

PLATAFORMA DE ESFORÇO

Questionado sobre o assunto pelo HM, o Gabinete para o Secretário para os Assuntos Sociais, Alexis Tam, garantiu que “tem vindo a exigir às instituições do ensino superior públicas para se envolverem mais no projecto de transformar Macau num centro de excelência na formação da Língua Portuguesa”, apoiando e promovendo o desenvolvimento do ensino do Português. Em contrapartida, também a UM assegura o reforço a investimento na língua de Camões. “A UM está sempre disponível para fazer o seu melhor esforço para contribuir para o ensino de Português em Macau e continuará a dedicar-se à formação de quadros bilingues em Chinês e Português, contribuindo assim para a implementação da política nacional ‘uma faixa e uma rota’ e para o reforço do papel da plataforma no intercâmbio cultural entre a China e o mundo lusófono”, refere. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

R Wai Sheun, presidente do Grupo Polytec, assegura que “a Polytec não vai perder no processo judicial do caso do Pearl Horizon contra o Governo”, porque simplesmente “não pode perder”. Em Pequim, onde participa na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, o presidente da empresa apelou aos investidores do edifício para manterem a “racionalidade” e perceberem que a Polytec é “a maior vítima do caso”. O edifício Pearl Horizon, na Areia Preta, ficou por construir depois de ter sido prometida a sua entrega este ano e, posteriormente, em 2018. Agora, a empresa viu-se sem o terreno, que lhe foi retirado pelo Executivo por esta não ter cumprido o prazo para aproveitamento do terreno. Or Wai Sheun diz que a Polytec tentará ganhar o processo em tribunal o “mais depressa possível”, para que possa concluir o edifício “com uma exigência rigorosa e qualidade elevada”, algo que, diz, é a melhor resposta a dar às questões dos promitentes-compradores, que pedem o dinheiro investido de volta. O responsável mostra-se confiante e diz que o “projecto só parou temporariamente”. “A Polytec não vai perder, também nem pode perder o processo” frisou Or Wai Sheun, indicando que “a demora para aprovação do projecto [pelo Governo] é um facto absoluto” e que há “testemunhos escritos” que o provam. “Por isso, só espero um resultado positivo, para manter a harmonia social.” Or Wai Sheun diz mesmo que a Polytec é a maior vítima no caso do Pearl Horizon e relembra que os investidores estão constantemente a sabotar eventos da empresa. “Os nossos funcionários foram feridos por eles durante manifestações”, afirmou. O presidente diz ainda que a empresa está apta a aceitar “qualquer proposta que possa melhorar o caso”, como “uma transação ou negociação com o Governo”. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo.


8 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 16.3.2016

Edifício de Doenças PRESSÃO PELA TRANSFERÊNCIA PARA COLOANE

“Alexis Tam que more aqui” HOJE MACAU

Moradores e deputados continuam a exigir a construção do edifício de doenças infecto-contagiosas em Coloane e dizem aos membros do Governo que passem eles a residir junto do futuro edifício

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M grupo de moradores dos edifícios Ka On Kuok e Kam Lai realizou ontem uma visita ao futuro edifício de doenças infecto-contagiosas que será construído ao lado do hospital público. A visita contou com a presença dos deputados Ng Kuok Cheong, Au Kam San e José Pereira Coutinho. Todos exigiram que o edifício seja construído em Coloane, devido à actual proximidade com escolas e habitações, e ainda pelo facto da construção exigir a destruição de edifícios históricos. “Segundo informações dadas pelo Governo, o futuro edifício de doenças infecto-contagiosas vai ter uma altura de 60 metros e mais de cinco mil metros quadrados de área. Achamos que a altura é muito exagerada. O plano do Governo não só vai afectar o meio ambiente como também as habitações, escolas e creches, que estão a uma distância inferior a 30 metros. Preocupamo-nos imenso com as crianças que possam ser infectadas com alguma doença quando pas-

sarem na zona”, apontou Cheong, porta-voz dos moradores do local. O deputado José Pereira Coutinho garantiu que o princípio fundamental é a construção deste edifício fora das zonas populosas. “Está a ser levado a cabo um abaixo assinado que já tem mais de três mil assinaturas e não só de pessoas que vivem cá. Temos de respeitar o princípio de isolamento das zonas populosas e isso não está a ser respeitado”, apontou. “O Governo sempre deu garantias que em Macau não havia corrupção e o procurador foi preso. Esta é mais uma coisa para acrescentar à lista

de coisas que o Governo promete e depois não consegue cumprir. O que não podemos aceitar é que brinquem com a vida das pessoas. São mais de 20 famílias que vão estar perto todos os dias do edifício”, disse ainda Pereira Coutinho. Au Kam San considera que é urgente construir o edifício, mas que a localização não é a ideal. “Se este projecto fosse feito há dez anos seria bom construí-lo ao lado do São Januário, porque na altura só tínhamos um hospital público. Mas agora que estamos a construir o hospital no Cotai, porque é que os doentes têm de ser isolados ao lado do São Januário? É duvidoso”, referiu. O deputado considera que no Cotai vão existir critérios mais exigentes para garantir a segurança dos doentes. Também Ng Kuok Cheong defende que as novas instalações não devem estar junto ao velho hospital público, localizado numa zona antiga da cidade. “A expansão e o desenvolvimento do São Januário deve ser feita apenas para manter a sustentabilidade do hospital, para aperfeiçoar as instalações e garantir a segurança. O edifício de doenças infecto-contagiosas vai ter novas funções e não deve ser construído num bairro antigo”, disse.

UMA CASA PARA ALEXIS

Chan Sut Lan, que mora com a família naquele lugar há mais de 20 anos, mostrou-se preocupada com

Há fracções neste prédio que podiam ser ocupadas por membros do Governo, para terem a experiência de viver aqui ao lado e sentir na pele as preocupações psicológicas de viver ao lado de um edifício destinado à separação de pessoas com doenças infecciosas” PEREIRA COUTINHO DEPUTADO

um eventual contágio. “Nenhum morador do prédio concorda com esta construção. Se o Governo diz que o edifício é tão seguro, então o Secretário Alexis Tam poderia trocar de casa comigo e vir viver para cá”, disse mesmo. Pereira Coutinho falou de “pressões psicológicas” que vão ser sentidas por moradores aquando da abertura do edifício. “Há fracções neste prédio que podiam ser ocupadas por membros do Governo, para terem a experiência de viver aqui ao lado e sentir na pele as preocupações psicológicas de viver ao lado de um edifício destinado à separação de pessoas com doenças infecciosas”, disse o deputado. Pereira Coutinho alertou ainda para o facto de o Governo ter concedido o projecto de concepção ao arquitecto Eddie Wong, autor de vários projectos do Executivo. Edmund Ho, antigo Chefe do Executivo, chegou a assinar o despacho sobre um contrato orçado em 54 milhões de patacas com Eddie Wong, no ano de 2005. Mas segundo o jornal Cheng Pou, Chui Sai On assinou, em 2014, um novo contrato, com um orçamento reduzido para 31 milhões de patacas. Depois da visita realizada pelos moradores e deputados foi feita uma visita por membros do Governo ao mesmo local, liderada por Chou Kuok Hei, coordenador de infra-estruturas dos Serviços de Saúde (SS). O HM acompanhou a visita, onde foi explicado que vão existir 44 camas e 22 quartos na unidade de isolamento. Na visita, destinada aos cidadãos, foi garantido que o novo hospital público nas ilhas também terá unidades de isolamento. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

HOTEL ESTORIL DEMOLIÇÃO À VISTA

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decisão está tomada. O edifício do antigo Hotel Estoril não será submetido ao processo para classificação. A decisão foi tornada pública por Guilherme Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural (IC), depois da reunião de ontem do Conselho do Património Cultural. Numa votação secreta, 13 dos 15 membros do grupo mostraram estar contra a classificação devido há falta de valor arquitectónico que o edifício apresenta. Em declarações à Rádio Macau, o arquitecto Carlos Marreiros não afastou a hipótese de demolição. “A demolição poderá ser uma realidade, mas isso já é outra história. Ao não se iniciar o processo [de classificação], acabou aqui. Portanto, fica em aberto à equipa projectista desenvolver o projecto, segundo o programa funcional que o Governo lhe irá propor (...) Agora o Governo pode e deve consultar a população em relação ao programa a encaixar lá dentro”, disse ao meio de comunicação. Tomada a decisão, o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro, questionado pela Rádio Macau, diz que o próximo passo passa pela aposta na qualidade arquitectónica para a zona. “É preciso dar vida e uso aquela zona. E tem que se pensar num projecto mais abrangente, que inclua Tap Seac e São Lázaro que também está meio às moscas. A zona do Tap Seac é uma zona charneira e de comunicação entre as duas zonas do Património Mundial de Macau”, afirmou.


9 hoje macau quarta-feira 16.3.2016 PUB

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

Tribunal Superior do Nevada deu razão a um recurso interposto por Sheldon Adelson, que venceu agora contra Richard Suen, empresário de Hong Kong que acusava o magnata de não lhe ter pago a compensação pela ajuda prestada para que a Sands pudesse adquirir a licença de jogo em Macau. Suen acusava o líder da Sands de não ter cumprido uma alegada promessa – a de lhe pagar uma compensação pela sua alegada “intervenção junto das autoridades de Pequim e do Chefe do Executivo de Macau [Edmund Ho]” – e ainda conseguiu vencer, em 2013, um processo em tribunal. Mas, de acordo com a agência Reuters, o Tribunal Superior do Nevada considerou, na sexta-feira, “não haver provas suficientes” para dar razão a Richard Suen e a uma em-

Fraca ajuda Sands Richard Suen perde em tribunal

presa que este parcialmente detém, a Round Square Co. O tribunal resolveu, então, negar a decisão anterior que indicava que o magnata da Sands tinha de pagar cem milhões de dólares ao empresário de Hong Kong. Ainda que o tribunal dê como provada a ajuda de Suen a Adelson. “O Tribunal Superior do Nevada considerou que, apesar da Las Vegas Sands ter beneficiado da ajuda de Suen, haveria apenas uma ‘relação ténue’ entre o valor da ajuda e os benefícios que a companhia realmente obteve na operação em Macau”, frisa a Reuters, que acrescenta que a Las Vegas Sands tinha procurado, com o recurso, “derrubar o veredicto”, ou então passar a

indemnização para apenas um milhão de dólares.

DUPLA DERROTA

Richard Suen interpôs a acção judicial contra Sheldon Adelson em 2004 e esta é a segunda vez que o tribunal dá razão ao magnata do jogo em casos contra Suen. O advogado do empresário de Hong Kong negou à Reuters qualquer comentário do caso. Já a Las Vegas Sands diz que a decisão do tribunal “confirma a posição da empresa de que Suen não conseguiu apresentar provas substanciais de qualquer dano [contra si]”. A China manifestou-se em 2013 contra o processo, dizendo que a obtenção de licenças de jogo foi sempre feita “dentro da lei” e que era “um assunto interno de Macau”, onde Pequim não entrou. J.F.

VÍTOR SERENO REUNIU COM CONSELHO DAS COMUNIDADES

José Pereira Coutinho, Rita Santos e Armando de Jesus, do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), estiveram ontem reunidos com Vítor Sereno, Cônsul-geral de Portugal em Macau. Segundo um comunicado, o encontro serviu para “discutir os assuntos relacionados com a colaboração dos Conselheiros junto do Consulado bem como a participação da comunidade portuguesa nas actividades da comemoração do Dia de Portugal”. Para além disso, o CCP traçou o balanço da última visita realizada a Portugal, a qual serviu para analisar questões como os “salários dos trabalhadores do Consulado, pensionistas de Macau que recebem pensões junto da Caixa Geral de Aposentações e o contributo da comunidade portuguesa residente em Macau e Hong Kong na promoção da imagem de Portugal”.

SOCIEDADE


10 EVENTOS EDUARDO MARTINS

A nossa arte

Casa Garden Exposição “Colour Exchange” até 10 de Abril

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Na China é conhecido como “artista de características euro/luso/asiáticas” devido “ao seu estilo único de pintura” na qual mistura os três mundos.

Erotismo sim, pornogr Daniel Pires estará hoje a falar sobre o poeta português na sessão “Lembrando Bocage”, do Festival Rota das Letras. O autor confirma a reedição da obra completa este ano

A COR DO MÉRITO

Lei Wai Wa também se junta ao grupo. Entre óleos e guaches, a arte de Lei tem percorrido o mundo. Foi-lhe atribuído o título honorífico “Artista com Grande Mérito e Virtude”, em 2015. O “Eremita do Monte Huangyang”, ou seja William Chiu Vai Fu, marca também presença na mostra. Começou a estudar desenho, pintura a óleo, caligrafia e ornamentação de pintura no Instituto de Arte Teórica, em 1975, mas mais tarde dedicou-se à aguarela e à pintura a óleo no Instituto de Arte Chi Wa Tang. As suas obras fazem parte de colecções públicas e privadas do Museu de Arte de Macau, da Fundação Macau, do Centro UNESCO de Macau, da Universidade de Macau, entre outras. Licenciado em Belas Artes pela Universidade de Xangai, Lam Kin Ian encerra a lista de expositores. Com presença em várias exposições em Macau, o trabalho deste artista local é já bem conhecido pela população. A mostra tem entrada livre. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

EUGÉNIO NOVIKOFF SALES

ÃO seis os artistas locais que assinam a exposição “Colour Exchange”, que inaugurou ontem na Casa Garden. Patente até 10 de Abril, são muitas as peças expostas com diferentes traços, próprios de cada autor. Do grupo de artistas, faz parte Mak Kuong Weng, nascido em Cantão e a viver em Macau. Mak conta no currículo com vários prémios atribuídos, tais como o prémio de pintor de excelência, em Pequim, o prémio da melhor criação de pintura ocidental, em 2011, o prémio especial de melhor criação e melhor criação de pintura tradicional chinesa, em 2015, entre muitos outros. O pintor conta já com cinco participações em livros onde as suas obras são mencionadas. Leong Yuk Fei é outro pintor que participa na exposição. Em 1979 a sua obra “Descanso Curto” foi escolhida para ser apresentada na exposição das Obras de Belas Artes, na comemoração dos 30 anos da Fundação da República Popular da China. Depois de uma pausa entre 1986 a 2010, para se dedicar à área comercial, o artista retoma a pintura. O pintor Eugénio Novikoff Sales, nascido em Macau e criado entre Moçambique e Portugal, transpõe as experiências que presenciou no mundo para a sua obra.

Rota das Letras DANIEL PIRES FALA HOJE SOBRE O POETA BOCAGE

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Festival Literário Rota das Letras cumpre hoje o seu objectivo de homenagear, a par de Camilo Pessanha, outro poeta português que esteve em Macau: Bocage. Em “Lembrando Bocage”, Daniel Pires, que dirige desde 1999 o Centro de Estudos Bocageanos em Portugal, será um dos oradores. Ao HM, Daniel Pires falou da curta presença de Bocage

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA 10 HISTÓRIAS DE AMOR EM PORTUGAL • Alexandre Borges Este livro inclui dez histórias de amor portuguesas. Algumas mais distantes no tempo e, por isso, sendo baseadas em dados históricos, podem envolver-se numa atmosfera de lenda. No entanto, a maioria destas histórias são romances vividos no século XX e alguns permanecem até hoje. Seja pelas peripécias que envolvem várias destas paixões, seja pela relevância pública dos seus intervenientes, estas são algumas das grandes histórias de amor portuguesas.

no território e das poucas palavras que este escreveu sobre Macau. “Era oficial da Marinha e foi colocado em Goa, depois em Damão e a seguir desertou e veio parar a Cantão. Em Cantão encontrou um negociante que o trouxe para Macau. E de Macau seguiu para Portugal, por volta de 1790. Cá era muito pouco conhecido, ainda não tinha publicado nenhum livro, daí ter passado despercebido. Mesmo

assim escreveu alguma coisa, especialmente uma ode e um elogio às pessoas que o protegeram aqui, porque estava numa situação irregular. E escreveu também um soneto, esse sim talvez mais importante.” Nesse soneto, “há uma caricatura” de Macau. “Nesta altura Macau estava em profunda decadência e não está muito longe da verdade aquilo que ele disse. Mas ele era uma pessoa extremamente crítica

e teve consciência de aquela sociedade estava profunda decadência”. Daniel Pires garante que a curta passagem por Macau não teve qualquer influência na poesia que Bocage viria a escrever. “Esteve aqui meses, veio para aqui apenas para esperar por um navio que o levasse de regresso ao reino. Não é mais do que isso. Bocage é um grandíssimo poeta, esteve pouco tempo cá mas o suficiente para escrever

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A QUEDA DE WALL STREET • Michael Lewis Com apenas 24 anos, Michael Lewis foi contratado pelo banco Salomon Brothers. Recebia centenas de milhares de dólares por ano mas não percebia nada de acções. Três anos depois bateu com a porta e escreveu o Liar’s Poker a relatar a sua experiência. E ficou à espera: tinha a certeza absoluta de que Wall Street, mais cedo ou mais tarde, iria cair com estrondo. Provavelmente o maior bestseller de sempre sobre a actual crise, A Queda de Wall Street narra-nos a história dos visionários que previram a mudança de paradigma, e que ganharam milhões de dólares com isso, e mostra-nos um mundo que poucos conhecem – a alta finança, as agências de rating e os seus monstruosos equívocos.


11 EVENTOS

hoje macau quarta-feira 16.3.2016

Chegar e marcar

rafia não

bem sobre Macau. Passou por dificuldades aqui, encontrou pessoas que o protegeram. Mas não há nada escrito nem documentos oficiais que digam que ele esteve cá. Era um jovem dos seus 24 anos e não deixou rasto nos arquivos”, disse o autor de uma tese de doutoramento sobre o poeta.

DO EROTISMO

Daniel Pires lançou em Setembro do ano passado a

biografia ilustrada de Bocage, e este ano, numa altura em que se comemoram os 250 anos do nascimento do poeta, prepara uma reedição da obra completa em sete volumes, com a publicação da Imprensa Nacional. O autor, apaixonado por Bocage desde que foi viver para a sua terra natal, Setúbal, considera que há ainda um grande desconhecimento dos leitores sobre a génese

OBRAS CALIGRÁFICAS DE WU ZHAOYI INAUGURA HOJE

HK Eléctrico já circula com pinturas do português Vhils

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da poesia de Bocage e sobre o homem que foi. “Fala-se de Bocage em lugares comuns, sobre o facto de ter sido boémio e associaram Bocage à pornografia, o que não é verdade. Pode e deve ser associado ao erotismo, completamente diferente, mas alguns editores aproveitaram-se para vender livros, publicaram composições pornográficas e por baixo escreveram Bocage. Ele não publicou nenhum

Inaugura hoje a Exposição de Obras Caligráficas de Wu Zhaoyi. Pelas 18h30, na Sala de Exposições e Sala Multifuncional do Centro UNESCO de Macau, a mostra vai estar aberta ao público, contendo mais de 60 obras caligráficas do “famoso calígrafo do interior da China”, como indica a organizadora do evento, a Fundação Macau. Wu Zhaoyi é natural de Tong Cheng, da província de Anhui. Actualmente, desempenha os cargos de Presidente da Associação dos Artistas de Caligrafia e Selo da China Contemporânea, da Associação de Estudos de Grandes Calígrafos e Pintores da China e de vice-Presidente da Associação dos Calígrafos e Pintores da China, sendo ainda director do Instituto de Caligrafia e Pintura de Tong Cheng, entre outros cargos. O artista já viu as suas obras em exposições nacionais e ganhou vários prémios na área de caligrafia. A exposição estará patente até 18 de Março.

poema pornográfico. Depois também se associa Bocage às anedotas. Ele era uma pessoa irónica, mas daí até assinar as anedotas que correm por aí... ele tinha uma extrema sensibilidade e nunca poderia ter assinado esse tipo de anedotas”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

M eléctrico intervencionado pelo português Alexandre Farto, que assina como Vhils, começou esta semana a circular nas ruas de Hong Kong, no âmbito da primeira exposição individual do artista na região vizinha. A exposição “Derbis” é inaugurada apenas no dia 21, no Cais 4, mas já é possível apreciar-se a arte de Vhils a circular em Hong Kong, onde o artista português também realizou intervenções em paredes e onde está há a convite da HOCA - Hong Kong Contemporary Art. Em “Derbis”, que levou “meses de preparação”, Vhils apresenta uma “multidisciplinaridade de trabalhos”, de acordo com informação disponível no site oficial do artista. Com esta exposição, pretende-se “encorajar os visitantes a explorarem a cidade e reflectirem na natureza do ambiente urbano pela lente do artista”. Nos trabalhos apresentados, Vhils desconstrói imagens com recurso a várias técnicas, como perfuração, colagens de cartazes, caixas de néon e escultura. Alexandre Farto, de 29 anos, captou a atenção a escavar muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já o levou a vários cantos do mundo. A técnica que notabilizou Vhils consiste em criar imagens, em paredes ou murais, através da remoção de camadas de materiais de construção, criando uma imagem em negativo. Além das paredes, já aplicou a mesma técnica em madeira, metal e papel, nomeadamente em cartazes que se vão acumulando nos muros das cidades.

Em Julho de 2014, Alexandre Farto inaugurou a sua primeira grande exposição numa instituição nacional, o Museu da Electricidade, em Lisboa. “Dissecação/ Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses.

MAIS ALÉM

Esse ano ficaria também marcado, na carreira do artista português, pela colaboração com a banda irlandesa U2, para quem criou um vídeo incluído no projecto visual “Films of Innocence”, que foi editado em Dezembro de 2014, e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”. No ano passado, o trabalho de Vhils chegou ao espaço. Em Setembro, uma obra do artista esteve na Estação Espacial Internacional (EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes. Foi a primeira vez que um artista português colaborou com a Estação Espacial Internacional, com uma instalação artística que esteve colocada na cúpula da EEI e que retrata o astronauta dinamarquês Andreas Mogensen. Apesar de trabalhar e expor em todo o mundo, e até fora dele, Alexandre Farto não se esquece de Portugal. Em 2015, criou, entre outros, o rosto de Amália Rodrigues, em calçada portuguesa, em Alfama, Lisboa. LUSA/HM

RETRATOS DE “FAZEDORES DE VINHO” NO SOFITEL

Está patente até 1 de Abril, no Hotel Sofitel Macau no Ponte 16, a exposição de fotografia “Gueules de Vignerons”- retratos dos “fazedores de vinho” - do francês Yves Bardin, numa colaboração entre a entidade anfitriã e a Alliance Française Macao. O autor trabalhou com os produtores de vinho da zona de Anjou, França, desde 2011, sendo que o foco deste projecto incide nos processos ecológicos de produção, salientando também a preocupação ambiental da indústria vinícola. “Gueules de Vignerons” é também título do último livro de Bardin que foi premiado com o “Best French Wine Book in the world” pela Yantai Gourmands Awards em 2015. Esta exposição conta com 24 obras do projecto e a entrada é livre.


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hoje macau quarta-feira 16.3.2016

Aviso (195/2016)

ANÚNCIO (N.º 17/2016)

Faz-se saber que em relação à abertura do concurso público para “Arrendamento dos espaços para exercício de actividades comerciais na Habitação Pública na Taipa”, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 8, Série II, de 24 de Fevereiro de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do ponto n.º 4.2 do programa do concurso, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso.

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar o representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicado, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro: Nome TAM MAN CHONG

N.º do boletim de candidatura 31201304844

Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta, durante o horário de expediente, no Instituto de Habitação (IH), sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, e as respectivas informações também se encontram disponíveis na página electrónica do IH (http:// www.ihm.gov.mo).

Por causa do representante do agregado familiar acima mencionado se recusar a assinar o contrato de arrendamento, sem motivo justificativo, este não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos da alínea 3) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, com as alterações introduzidas pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º141/2012. Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 9 de Novembro de 2015, a solicitar ao interessado acima mencionado para apresentar por escrito a sua interpretação pelo facto acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, entretanto não o fez. De acordo com as competências delegadas pela alínea 12) do n.º 3 do Despacho n.º 06/IH/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 7, II Série, de 18 de Fevereiro de 2015, e com a alínea 3) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, com as alterações introduzidas pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, e em conformidade com o despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 0762/DHP/ DHS/2015, a respectiva candidatura foi excluída da lista geral de espera por IH. Simultaneamente, foi cessado a concessão de abono de residência por o agregado familiar beneficiário ter sido excluido da lista geral de espera, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social), e a decisão do despacho do signatário, exarado na proposta acima mencionada.

Instituto de Habitação, aos 9 de Março de 2016. O Presidente, Arnaldo Santos

Aviso Avisam-se os interessados que se encontram abertos os concursos de ingresso (concurso interno especial), de prestação de provas, para o preenchimento dos seguintes lugares de pessoal docente da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, de acordo com as condições referidas no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.° 11, II Série, de 16 de Março de 2016, cujo o prazo terminará no dia 5 de Abril de 2016. O respectivo concurso destina-se, exclusivamente, aos docentes da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude:

Caso queira contestar a respectiva decisão, de acordo com o artigo 155.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, pode interpor recurso hierárquico necessário da respectiva decisão adminstrativa, ao Presidente do Instituto de habitação, no prazo de 30(trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo.

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Três lugares da carreira de docente do ensino secundário de nível 1, por contrato administrativo de provimento;

-

Três lugares da carreira de docente dos ensinos infantil e primário de nível 1 (primário), em lugar do quadro;

- Três lugares da carreira de docente dos ensinos infantil e primário de nível 1 (primário), por contrato administrativo de provimento; -

Dois lugares da carreira de docente dos ensinos infantil e primário de nível 1 (infantil), em lugar do quadro;

- Seis lugares da carreira de docente dos ensinos infantil e primário de nível 1 (infantil), por contrato administrativo de provimento.

Instituto de Habitação, aos 14 de Março de 2016. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, aos 3 de Março de 2016.

O Chefe do Departamento de Habitação Pública, Chan Wa Keong

A Directora, Leong Lai


13 hoje macau quarta-feira 16.3.2016

Hong Kong ADMITIDA ENTRADA DE “JOVENS RADICAIS” NO PARLAMENTO

É preciso “amadurecer” “Vamos ver muitas caras novas nos ecrãs da televisão. Vai ser normal que vários jovens radicais se tornem deputados [em Setembro].”

CHINA

SEGUNDO EDIFÍCIO MAIS ALTO DO MUNDO ABRE “EM BREVE”

O Shanghai Tower, o edifício mais alto da China e o segundo mais alto do mundo, vai abrir “em breve” no distrito de Pudong, em Xangai, a “capital” financeira do país, avançou ontem a imprensa local. Com 632 metros de altura, aquela construção é apenas superada pelo Burj Khalifa (828 metros), no Dubai. O edifício inclui um elevador com uma velocidade máxima de 18 metros por segundo, e capaz de levar os visitantes à plataforma panorâmica instalada no 119.º andar em menos de um minuto.

FENG WEI DIRECTOR ADJUNTO DO GABINETE DOS ASSUNTOS DE HONG KONG E MACAU EM PEQUIM

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M dirigente do gabinete dos assuntos de Hong Kong e Macau em Pequim diz-se preparado para ver “jovens radicais” no Conselho Legislativo de Hong Kong, esperando no entanto que “amadureçam”. “Vamos ver muitas caras novas nos ecrãs da televisão. Vai ser normal que vários jovens radicais se tornem deputados [em Setembro]. A política é o processo de transformar teorias em prática. Os jovens a participar na política, incluindo radicais, vão gradualmente ama-

durecer”, disse Feng Wei, director adjunto daquele gabinete, ao jornal South China Morning Post. Nas eleições intercalares para o Conselho Legislativo de Hong Kong, no mês passado, o candidato ‘localist’ Edward Leung conquistou 66 mil votos, defendendo que a independência de Hong Kong é “uma das opções” da cidade em comentários após os motins no início de Fevereiro que o seu grupo foi acusado de instigar.

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Divisões do Estreito

MA sondagem divulgada ontem indica que 81,6% dos taiwaneses rejeitam que ambas as partes do Estreito da Formosa pertençam a uma mesma China. A sondagem, realizada pela Taiwan Indicators Survey Research (TISR), na quinta e na sexta-feira da passada semana, mostra que apenas 9,2% dos inquiridos apoia que Taiwan e China pertençam a um mesmo território. Os taiwaneses mostram-se, por outro lado, divididos sobre a exigência chinesa à Presidente eleita de Taiwan, Tsai Ing-wen, para que aceite o Consenso de 1992, ao abrigo do qual as duas partes reconhecem a existência de apenas uma China, mas cada

DAS CAUSAS

Feng disse que o Governo Central chinês está “muito preocupado”

com o aumento da radicalização em Hong Kong e está a analisar os motivos que levam a esse fenómeno. O abrandamento da economia, com a mediana salarial praticamente inalterada em duas décadas, ao mesmo tempo que o preço da habitação disparou, foi um dos motivos avançados pelo dirigente chinês. “Problemas com a economia afectam certamente a subsistência das pessoas e geram conflitos sociais”, comentou. Além disso, os jovens de hoje, “egocêntricos”, e que sublinham “a

Taiwan Mais de 80% não considera ilha parte da China

lado faz a sua própria interpretação desse princípio. Para 38% dos inquiridos, Tsai Ing-wen não deve aceitar esse consenso, ainda que tal suponha uma deterioração dos laços com Pequim, enquanto 33,4% considera que deve ceder e quase 29% não expressou a sua opinião a este respeito. A Presidente eleita de Taiwan afirmou que a sua política relativamente à China procurará a estabilidade e a paz, manterá o ‘status quo’, respeitará a Constituição e seguirá a opinião pública.

A Constituição da ilha refere-se à China continental e a Taiwan como “zonas ou áreas” de uma China, o que supõe um apoio indirecto ao Consenso de 1992.

PRESSÃO À PEQUIM

Contudo, o Presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro, Li Keqiang, não se contentam com as promessas de Tsai e no passado dia 5 de Março exigiram-lhe uma rejeição explícita da independência e a aceitação do Consenso de 1992. “Contestaremos resolutamente qualquer tipo de actividade se-

importância do indivíduo” através da Internet, “estão mais propensos a desafiar a autoridade e a agir por impulso”, considerou. Ainda assim, para Feng, “a esmagadora maioria das pessoas de Hong Kong é patriota”. “As pessoas de Hong Kong são pragmáticas e cheias de sabedoria. Adopto sempre uma atitude positiva e optimista em relação a Hong Kong. Temos paciência a lidar com os assuntos de Hong Kong”, disse. O responsável defendeu que “o grau de democracia é muito elevado” na cidade, mas que esta foi praticada “durante um período curto”, sendo a “qualidade das pessoas que participam na política democrática não muito alta”. “Quando exercem os seus direitos democráticos, muitos não respeitam o suficiente os direitos dos outros e não dão atenção aos interesses gerais da comunidade”, afirmou.

paratista pela ‘independência de Taiwan’”, disse Xi, acrescentando que a posição chinesa é “clara e constante e não mudará pese embora a alteração da situação política na ilha”. “Circunscrever-nos-emos ao Consenso de 1992 como pilar da nossa política e continuaremos a fomentar o desenvolvimento pacífico das relações através do Estreito”, afirmou o Presidente chinês. O independentista Partido Democrata Progressista (PDP) conquistou a maioria absoluta no parlamento de Taiwan nas eleições de 16 de Janeiro, nas quais a sua candidata, Tsai Ing-wen, também obteve a Presidência, que assume a 20 de Maio.

PEQUIM POLUIÇÃO DE NÍVEL MÉDIO E ELEVADO

Vagas de poluição do nível médio e elevado deverão afectar os municípios de Pequim e Tianjin e a província de Hebei, ao longo dos próximos três dias, informou ontem o Ministério da Protecção Ambiental da China. As províncias de Shandong e Henan serão igualmente afectadas, disse a mesma fonte, citada pela agência oficial Xinhua. Na segundafeira, a poluição atmosférica atingiu 100 das 338 cidades chinesas sujeitas a medições da qualidade do ar.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

“Se agi de forma indigna, que o Céu me esmague!”

Perguntas a Confúcio – 20, 27 & 28

Q

UANDO julgamos alguém, a norma diz que esqueçamos a sua eloquência se sublinhamos a sua boa conduta e que, inversamente, não nos esqueçamos desta última se insistirmos na sua eloquência. A Zai Yu faltava certamente vigor no seu comportamento, mas era dotado de uma grande eloquência: a sua conduta não era perfeita, mas tinha, ainda assim, qualidades. Como dormia em pleno dia, Confúcio julgava ao mesmo tempo a sua conduta e a sua eloquência, afirmando que actos e palavras devem coincidir numa pessoa para que a possamos dizer capaz. Isto mostra que Confúcio exigia a perfeição. Que faria ele do princípio [do duque de Zhou] segundo o qual “não se deve esperar tudo de uma pessoa”?. * * * “Confúcio dirigiu-se a Nanzi, o que irritou Zilu. O Mestre disse: ‘Se agi de forma indigna, que o Céu me esmague! Que o Céu

me esmague!’” Nanzi, esposa do duque Ling de Wei, tinha convocado Confúcio. A irritação de Zilu sugere que teria desconfiado que Confúcio mantivera relações ilícitas. Confúcio justifica-se invocando o Céu para mostrar a Zilu que é completamente sincero e não lhe está a mentir. * * * A isto tenho a objectar o seguinte: Confúcio procura justificar-se. Mas será que o consegue invocando o Céu? Se soubéssemos da existência de alguém que tivesse sido esmagado pelo Céu, poderíamos compreender que assim se exprimisse para persuadir Zilu da sua boa fé. Contudo, jamais vimos o Céu comportar-se assim e, logo, a resposta de Confúcio não convenceu Zilu. Conhecemos exemplos de gente atingida por relâmpagos, mortas por inundações e incêndios e esmagadas pelas paredes das suas casas. Se Confúcio tivesse dito: “Que um raio me atinja! Que uma inundação

ou um incêndio me puna. Que as paredes me esmaguem!”, Zilu talvez tivesse acreditado. Mas invocando uma desgraça que nunca se produziu para provar a sua boa fé, como poderá esperar convencer Zilu da sua inocência. Há pessoas que sufocam e morrem durante o sono, mas terá sido o Céu que os esmagou? E, de qualquer forma, nem todas as pessoas que assim morrem são corruptas. Zilu não terá sido o mais avançado dos discípulos de Confúcio, mas devia pelo menos saber o que estava em causa: ao invocar algo de contrário à realidade para se justificar, Confúcio pensou que tal não levantaria dúvidas ao seu discípulo.

Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


15 hoje macau quarta-feira 16.3.2016

a saga da taipa

José Drummond

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 4. O HOMEM SEM ROSTO

T

u tens dois olhos enormes. Duas consonantes que acompanham as vogais das lágrimas. As minhas mãos são, neste momento, as de um pianista. Um pó de morcego com voo inquieto. O teu coração faz tic-tac, tic-tac, tic-tac. Mas não é por amor. Não é por amor. O teu coração faz tic-tac porque as flores murcham. E o coração murcha. Porque os quartos são obscuros. Porque o coração é obscuro. Porque os fantasmas não são esperança. Porque o coração é um fantasma. Porque o amor não é esperança. Não é mais esperança. Tu tens dois olhos enormes e o teu coração faz tic-tac porque as minhas mãos procuram um piano. Em crescendo lamento tanto digo amor como digo morte. Tanto digo choro como digo que as flores murcham. Tanto digo que o teu pescoço é um piano como é um caminho que se destrói. Um caminho que se destrói porque te tornaste numa mulher de vertigem. Tornaste-te numa vertigem. Eu era indiferente. Fui indiferente. Fechei os olhos. Não quis saber. Mas não agora. Mas não aqui. Aqui... Aqui e agora as minhas mãos tocam piano. O som da tua voz inaudível, com o seu encanto próprio, roda misteriosamente pelo lamento crescente dos teus olhos. Consonantes esticadas que olham as vogais. Os teus olhos já foram vogais soltas e rebeldes. Agora são consonantes que acompanham a melodia que imponho no teu pescoço. Esse pescoço que tem teclas desenhadas. Os teus olhos apagam-se. Será a porta do inferno que oiço na melodia que imponho? Será a cor do mal? Será o teu rosto uma pluma ao vento? Uma pluma que se desintegra com o crescendo do martelar no piano a que eu obrigo. Foi assim. Disto não sabe a viúva. Esta velha que parece saber tanto sobre nós. Antes disto a última coisa que me lembro é de estar ao balcão de um bar. Não me consigo mexer e não faço ideia sobre o que irá ela fazer-me? Recordome dos teus olhos. Essas consonantes naquela tarde. Que consigo eu saber só

de olhar para ela? Sinto a cabeça dormente. Retornar depois de vinte anos para isto. Retornei por ti. Ela não sabe que os teus olhos apagaram-se porque eram consonantes. Porque não eram mais vogais. Ela não sabe que depois de os teus olhos se apagarem foram os meus que se tornaram em consonantes. Que possibilidade haveria de me reconhecerem? Assim pensava eu. A plástica deu-me vários rostos. Mas agora sei que não. E que poderia eu fazer? Deixar-te ir sem fazer nada? Deixar-te fugir com ele? Poderia te ter dito algo. Poderia te ter dito antes de fazer aquilo que fiz qual a razão. Poderia te ter dito apenas uma palavra. Poderia. Apenas uma palavra. Desejo. Vingança. Ciúmes. Os teus olhos a apagarem-se. Os teus olhos enormes a apagarem-se todos os dias e todas as noites. Duas consonantes a apagarem-se. A transferirem-se dos teus olhos para os meus. Com vogais em cada lágrima. Já me resignei.

Tive que o fazer. Mas se, por acaso, me tivesses dito, cara-a-cara, honestamente, que tudo não tinha passado de um devaneio. Se, por acaso, me tivesses dito que gostarias de deixar tudo no passado. E havia tantas coisas que eu te poderia ter dito. Mas nada. Nem uma palavra. Nada. Não me disseste nada. Nem uma palavra. Nada. As consonantes nos teus olhos e as vogais das tuas lágrimas não foram mais que sons. Ainda me lembro de me estares a apertar o braço naquela tarde de primavera enquanto as minhas mãos tocavam piano no teu pescoço. Os teus olhos aflitos. Ainda me lembro de me teres dito que querias ser minha amiga. Mas, na verdade, simplesmente não podia fazê-lo. Aquela tarde... Talvez seja melhor não desejar que alguma coisa fosse diferente. Aconteceu aquilo que tinha que acontecer. Se estivesses viva e se tivéssemos ficado juntos talvez continuasses desapontada.

Talvez te tivesses transformado numa aborrecida trabalhadora de escritório com aparência cansada. Talvez te tivesses tornado numa mãe frustrada a gritar com os filhos. Talvez nem sequer tivéssemos algo em comum para falar. Esta é a possibilidade mais real. E eu, por outro lado, perderia algo precioso que guardei todos estes anos. A imagem dos teus olhos enormes em lamento. Duas consonantes que estenderam a ideia de que o amor é para sempre. Até que a morte nos separe. Se houvesse outra possibilidade teria que ser para sempre. Mas não, eu tinha certeza de que não seria assim. Intrépidos movimentos perdidos num desvario de temperamento. Uma determinação que o tempo poderia ter desgastado. Aquela viagem foi para me dizeres que era o fim. Lembrome daquela palavra. Amantes. Uma palavra que não sei o que significa mais. Ambos insanamente apaixonados. Talvez isto seja agora apenas a minha imaginação. Talvez esta viúva seja um fantasma. Talvez seja um sonho mau. Aquela pintura com aquela árvore de ameixa. Reconheço-a. Uma pintura com pigmentos minerais, fortemente sobrepostos, com a árvore um pouco abaixo e à esquerda do centro da imagem. O estranho espaço luminoso dessa porção sobreposta. Essa pintura estava no nosso quarto. Como aparece ela aqui nesta sala? Sabes que sempre a detestei. Esta pintura quase sem ramos, nem tronco. Deixa-me olhar apenas para aquela última flor de ameixa. Uma flor com duas pétalas vermelhas e duas pétalas brancas. Cada uma das pétalas vermelhas foi pintada numa estranha combinação de tons claros e escuros de vermelho. “Notícia de Última Hora! A polícia prendeu um homem de 23 anos suspeito de estar ligado aos assassinatos das mulheres. O suspeito estava num bar a causar desordem quando terá confessado ser o responsável. A polícia foi chamada ao local e o homem foi levado para interrogações.”


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hoje macau quarta-feira 16.3.2016

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 2/P/16 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 3 de Março de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Material de Consumo Clínico para a Divisão da Farmácia dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 16 de Março de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP 48,00 (quarenta e oito patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 9/P/16

destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 17 de Maio de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 18 de Maio de 2016, pelas 10,00 horas, na sala do «Auditório» situada junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP 24,200.00 (vinte e quatro mil e duzentas patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 11 de Março de 2016. O Director dos Serviços Lei Chin Ion

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 10/P/16 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 3 de Maçro de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para o «Fornecimento de Medicamentos e Outros Produtos Farmacêuticos para a Convenção das Farmácias (2ª parte)», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 16 Maçro de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP64,00 ( sessenta e quatro patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral

destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 5 de Abril de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 6 de Abril de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional” do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP100.000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 10 de Maçro de 2016. O Director dos Serviços, Lei Chin Ion

Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 <<Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Localização dos terrenos: - - - - - - - - - - -

2.

3.

Avenida da Praia Grande, n.ºs 572 a 594, em Macau, (Edifício B.C.M.); Rua de Pequim, n.ºs 2A a 54F e Rua de Cantão, n.ºs 86J a 86L, em Macau, (Edifício I Chan Kok); Avenida da Amizade, n.ºs 711 a 733N e Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 552 a 606F, em Macau, (Edifício Chung Fu); Avenida da Amizade, n.ºs 747A a 779E e Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 606G a 606K, em Macau, (Edifício Chung Yu); Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 82 a 122, Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 113 a 123, Rua de Londres, n.ºs 10 a 116 e Rua de Madrid, n.ºs 9 a 117, em Macau, (Edifício Wan Yu Villas); Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 160 a 206, Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 159 a 207, Rua de Londres, n.ºs 7 a 115 e Rua de Roma, n.ºs 8 a 116, em Macau, (Edifício Tong Nam Ah Central Comércio); Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 238 a 286, Avenida do Governador Jaime Silvério Marques n.ºs 237 a 285, Rua de Roma, n.ºs 7 a 117 e Rua de Bruxelas, n.ºs 6 a 116, em Macau, (Edifício Kin Heng Long Plaza); Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 322 a 362, Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 315 a 365, Rua de Paris, n.ºs 10 a 118 e Rua de Bruxelas, n.ºs 33 a 119, em Macau, (Edifício Jardim Fu Tat); Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 238 a 286, Avenida Xian Xing Hai, n.ºs 237 a 285, Rua de Bruxelas, n.ºs 148 a 262 e Rua de Roma, n.ºs 147 a 261, em Macau, (Edifício Jardim Hang Kei); Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 392 a 438, Avenida Xian Xing Hai, n.ºs 391 a 439, Rua de Berlim, n.ºs 148 a 218 e Rua de Paris, n.ºs 147 a 261, em Macau, (Edifício Magnificent Court); Avenida Xian Xing Hai, n.ºs 81 a 121, Avenida do Governador Jaime Silvério Marques, n.ºs 80 a 120, Rua de Madrid, n.ºs 147 a 225 e Rua de Londres, n.ºs 148 a 254, em Macau, (Edifício Comercial Zhu Kuan Mansion).

Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situada no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para os efeitos do respectivo pagamento. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada. Aos, 20 de Janeiro de 2016.

O Director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong

Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 8 de Abril de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 11 de Abril de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional” do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP62.400,00 (sessenta e duas mil, quatrocentas patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 11 de Março de 2016. O Director dos Serviços Lei Chin Ion

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 11/P/16

AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL 1.

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 3 de Março de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para a «Prestação de Serviços de Pulverização do Óleo Larvicida aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 16 de Março de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP33,00 (trinta e três patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 4 de Março de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Reagentes exclusivos para o Laboratório de Hematologia dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 16 de Março de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP52,00 (cinquenta e duas patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral

destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 14 de Abril de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 15 de Abril de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional” do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP150 000,00 (cento e cinquenta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 11 de Março de 2016 O Director dos Serviços Lei Chin Ion


17 hoje macau quarta-feira 16.3.2016

TEMPO

C H U VA

?

FRACA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

MIN

13

MAX

17

HUM

80-98%

EURO

8.87

BAHT

ABERTURA DE EXPOSIÇÃO DE PINTURA TRADICIONAL CHINESA Fundação Rui Cunha, 16h30

Amanhã

O CARTOON STEPH

CONFERÊNCIA SOBRE TECNOLOGIA COM RUI MARTINS Universidade de Macau, 17h00

Diariamente EXPOSIÇÃO “MA-BOA, LIS-CAU”, DE CHARLES CHAUDERLOT (ATÉ 19/03) Museu de Arte de Macau Entrada livre EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau Entrada livre

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 49

EXPOSIÇÃO “CAIXA DE MÚSICA” (ATÉ 3/04) Museu da Transferência Entrada a cinco patacas

Cineteatro

C I N E M A

PROBLEMA 50

UM FILME HOJE

SUDOKU

DE

HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau Entrada livre

YUAN

1.23

DÊEM-ME ESPAÇO!

LANÇAMENTO DA OBRA “DICIONÁRIO CRONOLÓGICO DA IMPRENSA PERIÓDICA DE MACAU DO SÉCULO XIX (1822-1900)”, DE DANIEL PIRES Academia Jao Tsung-I, 18h30 Entrada livre

ROTA DAS LETRAS: “LEMBRANDO BOCAGE” COM DANIEL PIRES, PEDRO BARREIROS E MARIA ANTÓNIA ESPADINHA Antigo tribunal, 19h00

0.22 AQUI HÁ GATO

ROTA DAS LETRAS: “WORKSHOP DE ESCRITA CRIATIVA” COM BENGT OHLSSON Universidade de Macau, Departamento de Inglês, 10h00

ROTA DAS LETRAS: “LITERATURA GUINEENSE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS” COM ERNESTO DABÓ Antigo tribunal, 18h00

(F)UTILIDADES

É incrível como sempre que há um pedacinho de terra livre aqui por Macau logo vêm deputados e população pedir mais habitação pública. Ninguém pensa num parque, num pedaço de verde nesta terra cinzenta, não. Só querem habitação pública, torres enormes – quanto maiores, melhor! -, gaiolas minúsculas e muita gente a coabitar o mesmo local. Não compreendo. Basta ver os meios de comunicação social a questionar as pessoas na rua: seja em que ano for, em que data, ocasião ou altura for – eles só querem cheques e habitação pública. É como se, no fundo, não faltasse nada e as pessoas fossem ensinadas – e incentivadas pelo próprio hemiciclo – a repetir: “habitação pública”. Será que, de facto, precisamos assim tanto de mais habitação pública? Ou será que se pede que se ergam estas torres pura e simplesmente para que não nasça no espaço um outro prédio? Macau é a terra das construções. Das altas, muito altas, que bloqueiam a vista. Como gato, estou bem me marimbando, porque salto de telhado em telhado. Mas e vocês, humanos? Será que falta assim tanta casa, realmente? Porquê pegar em todos os pedaços de terra – vazios e novos, os que cá estão e que ainda vão chegar – e enchê-los logo com habitação pública, se há fracções de habitação pública vazias? Ou sequer com quaisquer tipos de prédio? Dêem espaço, deixem a terra respirar. Ia ser tão mais giro ter um parque relvado no meio desta selva de cimento. Usem lá um dos aterros para um parque da cidade. Pode ser o mais pequenino. Pu Yi

“SCARFACE” (BRIAN DE PALMA, 1983)

Tony Montana (Al Pacino) é um osso duro de roer que depressa consegue vencer no mundo do crime e da droga. Até consegue uma bela mulher, interpretada por Michelle Pfeiffer. Mas subitamente tudo se desmorona e Tony faz aquilo que nunca se pensou que faria. Um grande filme cheio de cor, acção e pancadaria Andreia na dose certa. Sofia Silva

THE DIVERGENT SERIES: ALLEGIANT SALA 1

GODS OF EGYPT [B]

Filme de: Alex Proyas Com: Nikolaj Coster-Waldau, Brenton Thwaites, Gerard Butler 14.30, 16.45, 21.30

MERMAID [B]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Stephen Chow Com: Deng Chao, Show Lo, Zhang Yu Qi, Jelly Lin 19.30 SALA 2

THE DIVERGENT SERIES: ALLEGIANT [B]

Filme de: Robert Schwentke Com: Shailene Woodley, Theo James, Jeff Daniels, Naome Watts, Maggie Q 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 3

LONDON HAS FALLEN [C] Filme de: Babak Najafi Com: Gerard Butler, Aaron Eckhart, Morgan Freeman 14.15, 16.00, 17.45, 21.45

THE ROOM [B]

Filme de: Lenny Abrahamson Com: Brie Larson, Jacob Tremblay, Joan Allen, William H. Macy 19.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

hoje macau quarta-feira 16.3.2016

chá (muito) verde

ROB REINER, MISERY

E

RRAR é humano. É sempre o que surge quando se pensa em erro. Porque a realidade é que não gostamos de errar. Porque somos fixes, porque errar faz mal e sabe mal. Porque errar faz-nos mais pequeninos, quiçá desprezíveis. Ou, pelo menos, isso poderemos sentir se não formos feitos de calhaus. Errar é humano mas existem muito mais coisas acabadas em “ar” que também são humanas. Como amar. Errar não é só humano, é animalesco também. Em todos os sentidos. Porque os animais também erram e porque errar empurra-nos contra a parede porque, se não formos animalescos, temos de pedir desculpa. Errar comprime porque faz-nos perder a credibilidade. Mas há erros e erros. Podemos errar no caminho e, na pior das hipóteses, ficamos perdidos, isso pertence, portanto, à categoria “não vem mal ao mundo”. Depois existem os erros que implicam com a vida dos outros, portanto da categoria “pode vir mal ao mundo”. A seguir vêm as graduações: de “irrelevante” a “devias ser preso” ou “preso e processado”. A responsabilidade civil e moral. Uma classificação que pode ser atenuada se o autor do erro for irrelevante para os sujeitos passivos, as vítimas do erro, ou considerado inimputável porque, coitado, é tolo. Ainda assim, mesmo que o tolo seja inimputável, o erro pode ser suficientemente grave para estragar a vida a uma série de gente. Não é, portanto, coisa de somenos, coisa de humanos, esta coisa de errar. E eu errei. Muitas vezes. De várias formas. Portei-me que nem um anormal quando não devia, disse as piores coisas a quem não deveria, enfim... A semana passada também errei, por escrito, que é ainda pior pois nem sequer dá para dizer que não se disse. É esse o poder (e o contrapoder) da escrita. Por isso há tantos jornalistas e escritores perseguidos. A escrita pode matar o emissor mas também os alvos. É a natureza da coisa. Errei, talvez na categoria “não assim tão irrelevante” sem grande atenuação porque gerou algum descrédito aos sujeitos passivos, mas um pequeno bónus por ter sido emitido em coluna de opinião por autor pouco importante. Errei porque escrevi que a organização do Festival Literário de Macau tinha banido o português da cerimónia de abertura. Pois que assim não foi. Ouvi dizer (o que é sempre um mau princípio), liguei para a assessoria de imprensa do festival e foi-me confirmado (e até explicada a razão) e assumi por verdadeiro. Erro. Talvez a assessoria tenha confundido com a sessão de abertura com o Pacheco e a Lolita que, essa sim, foi maioritariamente em inglês, à qual assisti. Até se percebeu porquê (o equipamento de tradução não estava a funcionar pelo melhor no início) e não veio mal ao mundo.

O Erro

FERNANDO ELOY | 义來

O outro lado do erro surge quando ele prejudica alguém ou cria realidades alternativas que afectam outrem para além de nós: a sua reparação tem de ser efectuada. Corrigido, se possível, reconhecido se nada mais houver para fazer. Chama-se pedir desculpa. Pedir desculpa, às vezes, pouco resolve, pois o mal está feito. Pedir desculpa nem sequer nos garante que os ofendidos passem a gostar mais dos ofensores, se bem que muitos pensem que uma desculpa resolve o seu problema interior, o seu sentimento de culpa, a perda de um amigo, ou da credibilidade. Afinal de contas, pedir desculpa custa, e até os jornais, quando têm de o fazer, fazem-no vulgarmente num discreto rodapé. Está lá mas pode ser que ninguém veja, penso ser a estratégia. Enfim, seja o que for, aqui

“A semana passada também errei, por escrito, que é ainda pior pois nem sequer dá para dizer que não se disse. É esse o poder (e o contrapoder) da escrita. Por isso há tantos jornalistas e escritores perseguidos. A escrita pode matar o emissor mas também os alvos. É a natureza da coisa”

ficam as minhas desculpas à direcção do Rota das Letras e a todos nela envolvidos. Que continuem por muitos anos.

AS “VERDADES”

Começa a ser impossível ler os jornais desportivos, ou assistir aos debates da bola em Portugal. Não há uma reportagem realmente interessante, uma verdade que amanhã não seja mentira, um dia que passe sem que sicrano não acuse fulano, que acusa sicrano, que mata fulano, fulano que é mas depois deixa de ser, um vendaval de acusações, vulgaridades e dedos apontados, um tédio que nos leva à profunda irritação e depois à indiferença. Custa continuar a ver o poder político passar ao lado da batalha campal em curso sem pedir responsabilidades, virando a cara e tapando o nariz para não cheirar o fel. Custa ver um jovem Presidente da Liga manietado num caldo de poderes anacrónicos sem capacidade, ou coragem, para mostrar uns amarelos, mesmo uns vermelhos, aos cretinos de várias cores que mandam no futebol português. O descrédito é total e qualquer dia nem os jogos apetece ver.

A MACAÍNA PROTECÇÃO DOS FEUDOS

Lia esta semana, neste jornal, a notícia que indiciava estar o governo preocupado com os senhorios e, consequentemente, disposto a simplificar os processos de despejo para os incumpridores do pagamento de renda. Ninguém tem dúvidas que os proprietários têm todo o direito a receberem o que lhes é devido. Todavia, neste ambiente dominado por meia dúzia de gatos gordos, onde se sabe como os locatários têm sofrido com a sua especulação, numa terra onde, apesar dos sistemas, se está incluso num país que se proclama socialista, custa perceber como o governo continua sempre mais inclinado

a defender os poderes feudais do que os direitos dos mais desprotegidos, onde o direito a habitação deveria ser um valor fundamental. Porque, quando a coisa toca a tectos nos aumentos, aí o governo diz ao povo para se armar em David e arranjar uma boa fisga para negociar com os gatos gordos, esses Golias, sempre de faca e queijo na mão. Ainda neste âmbito, o dos feudos, apetece-me deixar uma nota para a presença de empresas ligadas à produção de vídeo na HK Filmart, que termina amanhã, surgindo pela primeira vez numa iniciativa apoiada pelo Governo. O propósito é de louvar, apesar de ser algo inexplicável surgir o Turismo a apadrinhar a iniciativa e continuarmos a ver a Direcção dos Serviços de Economia arredada do processo; como se filmes não fossem negócio, como se a diversificação da economia local não passasse pelas indústrias (pese o termo) culturais. Mas isso levaria a uma coluna inteira. O espantoso, neste caso, é a presença da Salon Films (Macau, claro) presente debaixo deste chapéu-de-chuva tão necessário para empresas mínimas, como são as de que se falam. Especialmente, quando todos sabem que a empresa, apesar de registada em Macau, é apenas um ramal do grande potentado de Hong Kong (também presente na feira com um stand enorme) e que, por algum bambúrrio do acaso, tem ganho imensos concursos do Turismo de Macau desde há uns 30 anos. Não vou entrar pela questão legal, pragmática, se aquela é, ou não, empresa de Macau. Deixo apenas um exemplo: a Coca-Cola (Macau) deixa de ser uma empresa americana apenas por ter uma delegação no território? Será que a Coca-Cola (Macau) pode representar-nos numa feira internacional como bebida local? Fica a interrogação.


19 hoje macau quarta-feira 16.3.2016

ÓCIOSNEGÓCIOS

LOJA DAS CONSERVAS GABRIELA CHEANG E SARA COSTA, SÓCIAS

“Os produtos são genuínos,tradicionais e originais” muito ómega-3, são saudáveis e fáceis [de comer]. Mas os chineses precisam ainda de se habituar”, avançou Gabriela. A loja ainda não está completamente pronta, já que vai ainda importar vinhos portugueses para venda, para combinar com as refeições que contam com as latinhas de conserva. As sócias admitem existir um certo risco porque a renda e os custos das lojas em Macau são altas. Daí não ter sido escolhida uma loja perto das Ruínas de São Paulo, porque a renda mensal pode atingir um milhão de patacas. Como ainda está muito no início, Sara Costa diz que ainda é cedo para dar uma perspectiva de como é que as coisas vão correr, mas as sócias mostram-se confiantes. Gabriela Cheang, nascida em Macau mas que trabalhou num escritório de advocacia em Portugal há algum tempo, juntamente com o marido, recorda que viajou muito pela Europa e notou como o negócio das lembranças é algo tão comum em Macau.

HOJE MACAU

E se pudesse escolher além das tradicionais sardinhas e atum em lata? Agora pode, já que, a partir de dia 26 de Março, inaugura na Travessa do Aterro Novo a “Loja das Conservas”, directamente de Portugal para Macau

A

“A verdade é que beber-se um copo de vinho tinto combinado com as conservas é um prazer”

MAC

AU

Industriais de Conservas de Peixe de Portugal, Rubem Maia, são convidados para a cerimónia, entre outras celebridades. Gabriela Cheang explica ainda que, apesar de existirem cerca de 900 tipos de conservas em Portugal, esta loja escolhe primeiramente as espécies que os asiáticos aceitam mais. “Quando escolhi os produtos, deixei os meus amigos chineses provar alguns. O que eles não gostaram tanto, não escolhi. Outros, com uma embalagem menos delicada, também não escolhi. Mas escolhemos produtos de cada uma das fábricas.”

HOJE

LÉM das pastelarias de marcas de Macau que invadem a zona da Avenida de Almeida Ribeiro (San Ma Lou), surge agora uma loja grande, onde mais de 300 espécies de produtos portugueses estão disponíveis para a população. As latas de peixe não parecem ser estranhas às pessoas de Macau, mas com a “Loja das Conservas”, os clientes podem experimentar os alimentos em latinhas mais característicos de Portugal. “O desafio surgiu depois da abertura de uma loja com as mesmas características em Lisboa. Esta loja reúne todas as fábricas portuguesas de conservas e tem um protocolo com a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe de Portugal para promover os seus produtos genuínos, tradicionais, originais”, começa por contar Sara Costa, uma das sócias da “Loja das Conservas”, ao HM. Antes de chegar a Macau, Sara Costa – que agora trabalha lado a lado com Gabriela Cheang e João Manuel de Sousa Santos Reis - já trabalhava numa loja de conservas em Lisboa desde 2013. Mesmo que considere o trabalho um desafio, para Sara é “muito interessante” a abertura deste tipo de loja no território. Mais ainda, diz, faz todo sentido. “Sendo que as conservas portuguesas são produtos que já estão presentes em Macau há algum tempo, agora surgem de outra forma, com mais variedade, com mais marcas de qualidade. Achamos que poderia ser interessante apresentar o que é que as indústrias portuguesas produzem, não só sardinhas e atum, mas uma série de outras espécies que também são produzidas”. Localizada na Travessa do Aterro Novo, a loja foi aberta há pouco mais de uma semana e a inauguração oficial está marcada para o dia 26 de Março. Gabriela Cheang, outra das sócias da loja, natural de Macau, confessa que o Cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno, e o presidente Associação Nacional dos

Sara Costa admite que ainda não tem muito bem a noção de quais são os produtos que as pessoas do território mais gostam, mas afirma que quando os clientes provam “gostam imenso e compram bastante”. “Para já, acho que estamos a ter uma boa aceitação. Mas a loja ainda não foi muito divulgada e, portanto, as pessoas ainda não sabem da sua existência, apenas as pessoas que vão passando aqui. Mas, de forma geral, acho que as pessoas gostam de reconhecer as sardinhas portuguesas e depois de experimentar outras coisas. É uma experiência muito boa”, disse. Para Sara Costa, a loja não atrai apenas turistas mas também residentes de Macau, sobretudo macaenses. Já Gabriela acrescenta que, de acordo com o volume de negócio, os clientes são mais turistas, sobretudo de Hong Kong, já que estes, dizem as responsáveis, aceitam mais facilmente os alimentos estrangeiros. “Uns turistas do interior da China ainda desconheciam as conservas e pensavam que tinham conservantes, mas os nossos produtos são todos sem conservantes. Como os peixes de profundidade têm

“Estava sempre a procurar um produto muito característico para vender como lembrança em Macau. Quando trabalhei no escritório de advocacia, os meus colegas apresentaram-me o outro sócio da loja, João, e compreendi que a venda das conservas de peixe em Lisboa é muito procurada por turistas. Assim, penso que este produto de característica portuguesa é bastante apropriado para servir de lembrança para quem vem a Macau. Foi assim que constituímos a loja, que agora está aqui”. Tanto Sara, como Gabriela não vão ficar no território por um longo período, já que vieram a Macau apenas para acompanhamento inicial da loja até o funcionamento estar estável. Gabriela assegura que vai aventurar-se em Hong Kong, Japão, interior da China e Filipinas, onde vai tentar abrir mais lojas. E porquê? Porque estas latinhas podem ser um prazer. “Antigamente, os asiáticos comiam [das] latas só quando não conseguiam fazer compras no mercado. Mas a verdade é que beber-se um copo de vinho tinto combinado com as conservas é um prazer”. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo


U

MA em cada seis empregadas domésticas em Hong Kong está sujeita a trabalho forçado, trabalhando em média 71 horas por semana, nalguns casos mais de 15 horas por dia, segundo um estudo apresentado ontem por uma organização não-governamental. Realizado pelo Justice Centre Hong Kong, o estudo foi conduzido durante 12 meses, com entrevistas a mil trabalhadores domésticos migrantes - a maioria mulheres – provenientes de oito países e com base nos indicadores da Organização Internacional do Trabalho para o trabalho forçado adaptados ao contexto de Hong Kong. O inquérito conclui que 13% dos entrevistados trabalhavam 15 ou mais horas por dia e 7,7% eram acordados durante a noite para trabalhar. Mesmo nos dias de descanso, 35% tinham de realizar algum trabalho, enquanto 4,5% não usufruíam de dia de descanso. Dos que se enquadravam na categoria de trabalho forçado, 14% eram vítimas de tráfico. Apenas 5,4% não mostraram sinais de exploração laboral. Para melhorar as condições destes trabalhadores, o

quarta-feira 16.3.2016

Josué da Silva

Hong Kong UMA EM CADA SEIS EMPREGADAS DOMÉSTICAS VÍTIMA DE TRABALHO FORÇADO

As nódoas do sistema

Justice Centre Hong Kong recomenda o fim da obrigatoriedade de as empregadas domésticas viverem com os patrões e a abolição da “regra das duas semanas”, que obriga à saída do território 15 dias após o término dos seus contratos.

O PESO DA DÍVIDA

As dívidas são uma das razões apontadas para as empregadas procurarem trabalho em Hong Kong, mas

COREIA DO NORTE NOVOS TESTES COM OGIVA NUCLEAR

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, anunciou esta segunda-feira a realização de testes com uma ogiva nuclear e com “diferentes tipos” de ‘rockets’ balísticos “dentro de pouco tempo”, noticiou a agência de notícias norte-coreana KCNA. Kim Jung-un disse que os testes têm como objectivo melhorar a “capacidade de ataque nuclear” da Coreia do Norte, segundo a agência oficial nortecoreana. O aviso ocorre mais de uma semana depois de ter feito ameaças de ataques contra Seul e Washington, por causa dos exercícios militares entre Estados Unidos e Coreia do Sul. A Coreia do Sul e os Estados Unidos iniciaram há uma semana os seus maiores exercícios militares anuais da história, nos quais participaram cerca de 300.000 membros das tropas sul-coreanas e 17.000 soldados norte-americanos. A 8 de Março, o líder da Coreia do Norte afirmou que os cientistas norte-coreanos conseguiram miniaturizar ogivas nucleares para as colocar em mísseis balísticos e criar uma “verdadeira” defesa.

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Não importa se não / [passaste do vestíbulo / porque real / foi a tua dádiva / quando ajoelhaste / no templo de Amá / e católica veneraste / a deusa forasteira / da mesma forma pia / que existe em tua crença / chamando-lhe Maria.”

muitas acabam por acumulá-las quando encontram trabalho na cidade. Apesar de poderem encontrar trabalho sem recorrer a agências, estes intermediários são a forma mais habitual de colocação para as empregadas estrangeiras e requerem o pagamento de uma comissão pelo serviço. Na apresentação do estudo, a co-autora Victoria Wisniewski Otero disse que a resposta do governo

local tem-se pautado, em grande parte, pela negação do problema. “O trabalho forçado não é só um problema entre trabalhadores e patrões, envolve também os recrutadores”, disse. Também presente na apresentação do relatório, a deputada pró-democrata Emily Lau destacou a importância destas trabalhadoras para a economia de Hong Kong e que o governo local deve

fazer mais, mas é preciso haver queixas de casos para pressionar o governo a agir. Por outro lado, destacou que os próprios países de origem destes trabalhadores migrantes devem fazer mais para proteger os direitos dos seus cidadãos no estrangeiro. “Se elas já vêm para cá endividadas isso é um problema. (...) Isto é um problema multinacional. O Governo de Hong Kong tem responsabi-

Um caso imperfeito

AIPIM quer menos “complicações” para BIR de profissionais de imprensa

A

Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) entregou, ontem, uma moção às autoridades da RAEM, onde “se apela à aceleração dos processos de situação de residência ou autorização de trabalho, e suas renovações, para os profissionais dos órgãos de comunicação social”. Pela mão de João Francisco Pinto, presidente da AIPIM, e dos membros da direcção, a moção surge na sequência da Assembleia Geral que a Associação organizou no passado dia 3 de Março. O presidente

caracteriza o actual processo para a obtenção de residência e autorização de trabalho como “demorado” e “complicado”. “Estamos a falar de casos gerais e não só de portugueses. Estamos a falar de profissionais de comunicação social para os órgãos de comunicação social, sejam portugueses ou não”, esclareceu. “Considerando a inexistência de Macau de instituições de ensino superior que façam formação suficiente de jornalistas para os meios de comunicação em língua Portuguesa e Inglesa, considerando a escassez de qua-

dros profissionais em Macau, considerando que os órgãos de comunicação social (...) têm de recorrer à contratação de profissionais do exterior (...), considerando as dificuldades (...) em contratar profissionais em virtude dos obstáculos que lhes são colocados pelas autoridades (...)”, a AIPIM apela a que o Governo considere “o tratamento célere dos processos”, pode ler-se na moção.

CÓDIGO EM DEBATE

Foi Victor Chan, director do Gabinete de Comunicação Social (GCS), que recebeu a moção,

lidade, mas os estados que enviam os seus trabalhadores para cá também”, afirmou. Victoria Wisniewski Otero recordou o caso de Erwiana Sulistyaningsih, uma indonésia que foi violentamente maltratada pela sua empregadora, a qual foi condenada a seis anos de prisão, depois de ter sido declarada culpada de agressão, intimidação criminosa, não pagamento de salários e ausência de dias de descanso. O facto de a empregadora de Erwiana ter sido condenada por seis anos apenas “é porque Hong Kong não tem sequer uma lei para proteger as empregadas domésticas de trabalhos forçados e tráfico humano”, acrescentou Eni Lestari, do Asian Migrant’s Coordinating Body (AMCB). Hong Kong tem uma das mais altas taxas de trabalhadores domésticos migrantes do mundo, com 336 mil registados, a maioria mulheres oriundas das Filipinas e Indonésia. São 4,4% da população e a 10% da população activa. Lusa

responsabilizando-se pela entrega da mesma ao seus superiores. No próximo dia 9 de Abril, pelas 10h00, na Fundação Rui Cunha irá realizar-se uma reunião geral de jornalistas que pretende debater e aprovar o Código Deontológico e Estatuto de Jornalistas. “Isto não tem que ver com a Associação, é de facto a Associação que pega nisto mas não é uma reunião que não é só para os sócios. É para todos os jornalistas de Macau e vamos debater os dois documentos com vista à sua aprovação e adopção”, rematou João Francisco Pinto. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


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