Hoje Macau 16 JUN 2015 #3352

Page 1

www.hojemacau.com.mo

Mop$10

t e r ç a - f e i r a 1 6 d e j u n h o d e 2 0 1 5 • ANO X I V • N º 3 3 5 2

Agência Comercial Pico • 28721006

pub

Director carlos morais josé

hojemacau doação de órgãos macau sem transplantes

Colheitas de fora

Nos últimos cinco anos foram enviadas para o exterior mais de duas dezenas de pessoas necessitadas de transplantes. Macau, segundo os Serviços de Saúde,

“não está preparado” para o processo, apesar de há mais de 15 anos contar com uma comissão responsável por emitir pareceres e estudos sobre a matéria.

grande plano página 3

al | Lei sindical

A` sexta não foi de vez política página

4

opinião

Um só planeta

jorge rodrigues simão Páginas 18-19

Mudança de paradigma fernando eloy Página 17

segurança

CFD quer mais poder sociedade página

7

A ópera no FIMM

h

pedro lystmann


2

diário de bordo

‘‘

hoje macau terça-feira 16.6.2015

por carlos morais josé

Amores mais baixos se levantam

ontem macau

gonçalo lobo pinheiro

A entrevista que Konstantin Bessmertny deu ontem a este jornal coloca o dedo numa ferida muito importante deste Macau do crescimento desenfreado: o Governo deixa as concessionárias do Jogo fazerem tudo o que lhes apetece e assim inundar a RAEM de cópias baratas do que têm em Las Vegas, sem lhes exigir nada, sem controlar nada, sem dizer uma palavra sobre o que por aqui é erguido. E assim temos um Venetian (já decadente), igual ao americano, bem diferente do que a Sands fez em

Singapura, ou seja, uma reprodução ao invés de um edifício singular que já se tornou num marco turístico da Ásia. E assim casinos Wynn iguaizinhos aos que existem no Nevada. E assim vamos ter uma ridícula Torre Eiffel, também copiada da que existe em Las Vegas. O mau gosto e a avareza (compreensível) dos casineiros inundou esta cidade perante a indiferença governamental. É difícil compreender a apatia do Governo perante a destruição estética da cidade. Não lhe terão amor? Ou nem sequer o assunto

lhes passou pela cabeça? É certo que, numa primeira fase, os novos casinos deram muito dinheiro. Mas será que o dinheiro e só o dinheiro é a coisa mais importante do mundo? Não será que para a qualidade de vida e do turismo de Macau, bem como para o seu renome internacional, não seria importante construir uma cidade esteticamente original, irrepreensível, e não a cópia de um sítio decadente e ultrapassado como Las Vegas? Macau, enquanto Monte Carlo do Oriente, era uma cidade charmosa, com qualidade de vida, excessiva

A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) anunciou que a sonda Philae finalmente acordou, após sete meses de hibernação, e já recuperou o contacto com a Terra. A ESA comunica que a sonda enviou cerca de 300 pacotes de dados de memória através da sua nave mãe Rosetta, que está na órbita do cometa. ESA/Rosetta

“Se há 15 anos me dissessem que iríamos ter uma Torre Eiffel em Macau.. é horrível. Não é apenas o facto de não envolver artistas locais, mas tudo deveria ser por concurso e aprovado pelas instituições e pelas pessoas de Macau”,

édito e libertária. Esta Las Vegas da Ásia é kitsch, é foleira, não tem glamour nem mistério. Não é nada. Porque deixou de ser original. E isto perante a passividade governamental, entretido que estava a contar as patacas e a fazer maus investimentos. Espera-se que o actual Governo siga por outros caminhos, que se interesse mais pela cidade em si, que mostre realmente amor por ela, até porque “amar Macau” é também “amar a Pátria”. O problema é que, bem sabemos, pelo menos no Conselho Executivo, amores mais baixos se levantam...

horah

Konstantin Bessmertny • Artista de Macau

“Nenhuma lei pode prejudicar os direitos de proprietários de fracções e este é um princípio que tem que persistir”, Kwan Tsui Hang • Deputada, sobre a Lei da Habitação Económica

“A Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças de Segurança poderia desempenhar um maior papel, por forma a aumentar a qualidade do pessoal e a sua capacidade de fiscalização” Kun Sai Hoi • Presidente da Associação dos Técnicos da Administração Pública

www. hojemacau. com.mo

“Os SS ainda não estão em condições para prestar o serviço [de transplante de órgãos]” Resposta dos Serviços de Saúde | P. 3

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo

l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s e

hojeglobal w w w. h o j e m a c a u . c o m . m o facebook/hojemacau twitter/hojemacau


hoje macau terça-feira 16.6.2015

Mais de duas dezenas de pessoas saíram de Macau para poderem receber transplantes, mas nem esse número leva a que os SS reúnam “condições” para activar o sistema de transplante de órgãos na RAEM. O organismo não se mostra aberto a isso, não diz quantos dadores existem e não desvenda se Macau tem médicos especialistas para o efeito. Ainda que sem solução à vista, os SS continuam a permitir a existência de um grupo que tem “efectuado estudos e pareceres” desde 1999

O

s Serviços de Saúde (SS) ainda não estão preparados para levar a cabo transplante de órgãos, nem para implementar um regime de doação. É o que confirma o director do organismo ao HM, que indica ainda que, até hoje, nunca foi possível efectuar qualquer transplante em Macau. Mais de duas dezenas de pessoas foram para o estrangeiro para o efeito. Apesar de existirem uma lei e um decreto que “regulam claramente o acto de doação de órgãos”, como se pode ler numa resposta dos SS ao HM, a verdade é que um regime sobre a doação e transplante de órgãos tem vindo a ser pedido há vários anos pelos deputados da Assembleia Legislativa. Ainda recentemente Leong Veng Chai voltou a frisar a necessidade de se implementar este tipo de legislação na RAEM. Contudo, para os SS há muito a fazer e a questão do transplante de órgãos ainda não é bem recebida na sociedade. “A legislação de Macau que se encontra em vigor regula que a morte cerebral é a condição relevante da doação de órgãos de origem

grande plano

3

Doação de Órgãos Serviços de Saúde “não estão preparados” para processo

Tabus de uma cultura

sete casos a transplantação de rim”, diz o organismo ao HM. Apesar da lei que existe desde 1996 e de um decreto-lei de 1998, que regula o registo de dadores e implementa a emissão individual de dador, os SS não desvendam ao HM quantos dadores estão inscritos no REDA, o registo de dadores de órgãos em Macau, ou sequer se este sistema ainda está activo. Quase quatro meses depois do HM ter enviado as perguntas ao organismo, fica ainda outra pergunta por responder: se a RAEM dispõe de profissionais médicos especializados para proceder ao transplante de órgãos, tal como pede a lei. De acordo com o que o HM conseguiu apurar, a licença existe, mas nenhum médico na RAEM é licenciado para que não seja possível efectuar transplantes.

Comissão para que te quero?

humana. No entanto, a definição de morte cerebral é um processo rigoroso. Considerando não haver nenhum mecanismo e condição que evite eventuais e desnecessárias controvérsias relativas à doação, os SS ainda não efectuam este tipo de procedimentos”, pode ler-se na resposta do organismo ao HM. Também numa resposta a uma interpelação sobre o tema, Lei Chin

“Considerando não haver nenhum mecanismo e condição que evite eventuais e desnecessárias controvérsias relativas à doação, os SS ainda não efectuam este tipo de procedimentos” Comunicado dos SS

Ion explica que a definição de morte cerebral é um dos motivos para que existam obstáculos – já que este “é um tema rigoroso e altamente científico, cheio de controvérsia e [que conta] com os impactos de vários factores, como ciência, tecnologia, religião, cultura e região”. Contudo, o HM sabe que, em Macau, a doação de órgãos ainda é encarada como tabu pela cultura chinesa, algo que poderá estar relacionado com a decisão dos SS em não activar este sistema. “Em Macau, presentemente, ainda não há nenhuns critérios e regras a respeito da morte cerebral. Quer dizer, na prática, ainda não existiu qualquer autorização para a colheita de órgãos em cadáver”, escreve o director dos SS.

Fígados e dadores

Nos últimos cinco anos, de 2009 ao ano passado, os SS enviaram 23 pessoas para serem submetidas à transplantação de órgãos no exterior. O fígado é o órgão mais procurado. “No caso de existirem doentes com necessidades de transplante de órgãos, os SS, através de deliberação legal em regime de diagnóstico

e terapêutica no exterior, a efectuar pela Junta para Serviços Médicos no Exterior, enviam os utentes para tratamento no exterior de modo a que os casos elegíveis possam obter o tratamento mais adequado. Desde 2009 e até 2014, foram enviados e submetidos à transplantação de órgãos no exterior 23 casos. Entre estes, 16 casos referem-se a situações de transplantação de fígado e

“Em Macau, presentemente, ainda não há nenhuns critérios e regras a respeito da morte cerebral. Quer dizer, na prática, ainda não existiu qualquer autorização para a colheita de órgãos em cadáver” Comunicado dos SS

“Considerando não haver nenhum mecanismo e para evitar uma eventual controvérsia ao doar, os SS ainda não estão em condições para prestar o serviço relacionado.” Em resposta ao HM, o organismo admite então não estar ainda preparado para que este tema seja regulado e activado. Contudo, ainda continua a existir um grupo de trabalho responsável pela emissão de pareceres e estudos sobre o assunto. Grupo que viu entrarem novos membros no ano passado e que existe desde 1999. Mas, se ainda não é possível levar a cabo transplantes em Macau, porque é que está activa a Comissão de Ética para as Ciências da Vida? E porque é que esta ainda se mantém a estudar as regras para a morte cerebral desde que foi criada? E emite pareceres sobre quê, se não é possível o transplante em Macau? Os SS não conseguiram responder. “No passado mês de Outubro de 2014, o Governo nomeou os novos membros da Comissão de Ética para as Ciências da Vida. Esta Comissão irá discutir as matérias relacionadas com o transplante, estudar os critérios e as regras de cada um dos temas, emitir os pareceres para legislação a respeito da dádiva, colheita e a transplantação de órgãos de origem humana”, dizem apenas em resposta ao HM. Deste grupo fazem parte representantes dos serviços públicos, associações religiosas, sector jurídico e de saúde e representantes de universidades. Entre eles, estão o próprio director dos SS, Lei Chin Ion, o ex-Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, que preside e o advogado e deputado Vong Hin Fai. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo


política

O projecto de Lei do Direito Fundamental de Associação Sindical voltou a ser chumbado na Assembleia Legislativa. Deputados votaram contra mas pediram ao Governo para apresentar o diploma. Lam Heong Sang lembrou que o hemiciclo “tem a sua quota-parte de responsabilidade” por a lei não existir. Pereira Coutinho diz que vai voltar a apresentá-la

J

osé Pereira Coutinho viu ontem pela sexta vez o seu projecto de Lei do Direito Fundamental de Associação Sindical ser chumbado pelos colegas da Assembleia Legislativa (AL). No total, apenas oito deputados votaram a favor da criação

hoje macau terça-feira 16.6.2015

Lei Sindical de Pereira Coutinho de novo chumbada

E eles dizem que não gcs

4

Pereira Coutinho Deputado

da Lei Sindical, tendo os restantes 14 - incluindo sete abstenções - invocado a não auscultação do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), a não inclusão de prévias opiniões dos deputados ou a repetição de conteúdos para a não aprovação da lei.

meu amigo Leong Veng Chai A sessão plenária de ontem na AL foi sobretudo dedicada à discussão e votação na generalidade dos seis projectos de lei de Pereira Coutinho, que pretendiam legislar questões como a discriminação em favor da raça ou sexo, confidencialidade, tutela de personalidade do trabalhador, a promoção dos tratados ratificados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) ou a área ecológica protegida de Coloane. Talvez com uma sensação de déja-vu, foram poucos os deputados que pediram a palavra, tendo o número dois de Pereira Coutinho, Leong Veng Chai, sido dos poucos que falou em prol dos diplomas do parceiro político. Coutinho foi acusado de não ouvir o CPCS, a Associação dos Advogados de Macau, de legislar temas já constantes noutras leis e de não incluir as anteriores opiniões dos deputados. A todos, Pereira Coutinho responde que se tratam de “argumentos falaciosos”, já que os seus projectos de lei “são tecnicamente bons”.

Recorde-se que o deputado tinha, em troca da sua anuência a um projecto de lei do arrendamento, o apoio de outros deputados da AL. Mas nem isso adiantou. Chan Meng Kam e Song Pek Kei, dois dos que iriam, conforme foi noticiado, apoiar a iniciativa, acabaram por se abster. Já Si Ka Lon, da lista destes dois deputados, votou a favor, a par de Ng Kuok Cheong, Kwan Tsui Hang, Lam Heong Sang, Leong Veng Chai, Ella Lei e Au Kam San. À margem do debate, Pereira Coutinho voltou a acusar o Governo e deputados de estarem ao lado das grandes empresas e prometeu apresentar os mesmos projectos de lei para o ano (ver caixa). “O Governo está aliado com as empresas e até hoje não submeteu a Lei Sindical. Esta AL é composta por diferentes interesses que saem por

Seguro para trabalhadores durante tufões já é obrigatório

F

oi ontem aprovado na especialidade a revisão ao Regime de Reparação dos Danos Emergentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, o qual torna obrigatório o seguro a pagar ao trabalhador em alturas de tufões de sinal oito ou superior. O período de abrangência do seguro será de três horas. Quanto ao montante a pagar em caso de consultas médicas advindas do acidente, foi aumentado o montante por consulta de 270 para 300 patacas, uma vez que o Governo considerou que o

“O Governo está aliado com as empresas e até hoje não submeteu a Lei Sindical. Esta AL é composta por diferentes interesses que saem por detrás de cada um dos deputados”

anterior valor não correspondia à realidade. Apesar da proposta ter sido aprovada por unanimidade, muitos deputados, como Ella Lei ou José Pereira Coutinho, chamaram à atenção de possíveis injustiças, pedindo que os percursos a caminho do emprego, com veículos privados, também sejam abrangidos pelo seguro. “Apelamos ao Governo para realizar melhor os trabalhos de sensibilização e clarificar os direitos e deveres dos trabalhadores. Muitas

vezes é arrastado o processo de indemnização. Apelamos que o Governo realize melhor os trabalhos de acompanhamento, sendo necessário rever atempadamente os montantes de indemnização e rever globalmente a lei”, disse a deputada Ella Lei, numa declaração subscrita também pelos deputados Kwan Tsui Hang e Ho Ion Sang. Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, prometeu “melhorar as matérias quando se proceder à revisão global da proposta de lei”. A.S.S.

detrás de cada um dos deputados. Como os projectos tecnicamente têm óptima qualidade, e não tendo como pegar, utilizam-se argumentos falaciosos, tais como opiniões que não foram contidas no diploma. Respondo que havendo uma aprovação na generalidade, os deputados e associações vão ser ouvidos nas comissões”, disse aos jornalistas.

A hora errada

Muitos deputados disseram mesmo que esta não é a melhor altura para aprovar a lei que iria regular e pro-

“Este projecto de lei não foi aprovado, o que lamentamos. É uma lei que se aplica em quase todos os países e territórios. Sem a lei, é reduzida a capacidade das associações na defesa dos direitos dos seus trabalhadores” Lam Heong Sang Vice-presidente da AL

teger os trabalhadores em caso de greve, devido à quebra das receitas do Jogo. “Há que ter uma lei sindical para proteger o exercício dos direitos. Será que neste momento a conjuntura sócio-económica é a melhor fase para legislar sobre a matéria?”, questionaram os deputados Chan Meng Kam e Song Pek Kei. Apesar de votarem contra, lamentou-se o facto do diploma não ter sido aprovado e voltou-se a exigir ao Governo a apresentação de uma Lei Sindical. O vice-presidente da AL, Lam Heong Sang, disse mesmo que o hemiciclo também tem responsabilidades nesta matéria. “Este projecto de lei não foi aprovado, o que lamentamos. É uma lei que se aplica em quase todos os países e territórios. Sem a lei, é reduzida a capacidade das associações na defesa dos direitos dos seus trabalhadores. A AL, como órgão legislativo, tem a sua quota parte de responsabilidade e deve-se esclarecer quais as razões para o projecto de lei ainda não ter sido aprovado. Há toda a necessidade de ter uma lei sindical”, disse, na declaração de voto subscrita com Kwan Tsui Hang e Ella Lei. O número dois de Pereira Coutinho, Leong Veng Chai, lembrou que, caso já existisse uma lei sindical, situações como a dos trabalhadores do Parisian, que só receberam a indemnização depois do protesto junto do Gabinete de Ligação do Governo Central, nunca teriam acontecido. “Os trabalhadores de um grande estaleiro queixaram-se à DSAL e não conseguiram vencer, e tiveram de ir ao Gabinete de Ligação para receberem todas as indemnizações. Uma lei de associação sindical é muito importante e o Governo da RAEM deve trabalhar para que haja uma lei dessas”, concluiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


política 5

hoje macau terça-feira 16.6.2015

S

emanas depois de ter sido o rosto de dois encontros entre associações do sector do Jogo e o Governo, o deputado Zheng Anting voltou a pedir ao Secretário Alexis Tam, da tutela dos Assuntos Sociais e Cultura, para rever a decisão de proibir o fumo nos casinos. Já Ella Lei manifesta-se sobre o mesmo tema, mas pedindo a implementação da proibição o mais breve possível. “Solicito aqui ao Governo que reveja a política de proibição do tabagismo e a sua calendarização, para não dificultar ainda mais a exploração das operadoras de Jogo”, disse o deputado directo na sua interpelação oral, apresentada no debate de ontem no período antes da ordem do dia. O fim do fumo nos casinos também mereceu a atenção da deputada indirecta Ella Lei, representante da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), e desde o início uma forte defensora do fim do fumo nos espaços de jogo. “Apesar do Governo da RAEM ter mencionado várias vezes a revisão da respectiva lei e a concretização da proibição total do tabaco em recintos fechados, se a revisão da lei não avançar e se esta não for aprovada pela Assembleia Legislativa (AL), a concretização da proibição total vai ser adiada indefinidamente. Exorto mais uma vez a Administração a honrar a sua promessa de revisão do Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo, concretizando a proibição total nos casinos”, apontou na sua interpelação oral.

Contraditório

Pelo contrário, o deputado Zheng Anting continuou a argumentar os seus pontos

Tabaco deputados divididos sobre a proibição total

Malefícios para todos os gostos Ella Lei quer a proibição total de fumo nos casinos já, mas Zheng Anting pediu ontem ao Executivo que volte atrás, numa manifestação clara de divergências na AL sobre o assunto

contra a medida anunciada por Alexis Tam, lembrando a possibilidade de desemprego e diminuição dos negócios locais. “Saliento novamente que, em termos teóricos, concordo

que o ideal seria criar um ambiente sem fumo, mas tenho de admitir que, em termos objectivos, se se proibir totalmente o fumo nos casinos, isso irá afectar gravemente as receitas de jogo, nomeadamente

“Solicito aqui ao Governo que reveja a política de proibição do tabagismo e a sua calendarização, para não dificultar ainda mais a exploração das operadoras de Jogo” Zheng Anting Deputado

os negócios das salas VIP. A proibição total constitui um grande perigo para as actividades negociais”, referiu. O deputado acrescentou ainda que segundo as previsões dos sectores profissionais, se for agora implementada a proibição total do fumo nos casinos, especialmente nas salas VIP, vai “haver novamente perdas de três mil milhões de patacas”. Segundo o deputado, os croupiers vão também “ver-se obrigados a tirar licença sem vencimento, vão ver as suas garantias reduzidas, ou até mesmo ter de

“Exorto mais uma vez a Administração a honrar a sua promessa de revisão do Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo, concretizando a proibição total nos casinos” Ella Lei Deputada

passar pelo risco de perder o emprego”. O encontro entre o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, e a Associação de Mediadores de Jogo e Entretenimento

Assembleia recusa debater investimentos em Guangdong

A

Assembleia Legislativa (AL) votou contra a proposta de debate do deputado Au Kam San, sobre os investimentos da reserva financeira de Macau que poderão vir a ser investidos por Guangdong, alegando que já existe um diploma que dá competências à Autoridade Monetária de Macau (AMCM) para regular e fiscalizar esse tipo de investimentos. Mak Soi Kun, da Comissão de Acompanhamento para

as Finanças Públicas da AL, referiu tratar-se de um debate desnecessário, uma vez que Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, e restantes membros do Executivo irão deslocar-se àALesta sexta-feira para prestarem esclarecimentos sobre o assunto. “Será que agora é o tempo oportuno para realizar um debate? Penso que só depois do Governo ter tomado uma decisão definitiva”, disse Mak Soi Kun. À margem do debate, Lionel Leong poucos pormenores

adiantou aos jornalistas sobre os investimentos na região vizinha. “Queremos investir em projectos de cooperação regional e ver como podemos utilizar bem a reserva do Governo. Não temos ainda um calendário para estes projectos. O nosso objectivo é ter alguns projectos de segurança para garantir que o investimento de Macau não seja afectado”, disse. Em comunicado, o Secretário para a Economia e Finanças salientou “ser muito provável que parte da reserva financeira

será investida através da cooperação regional”. Lionel Leong garantiu que o Governo “gere o dinheiro de forma cautelosa e que exige que o investimento seja seguro e eficiente”. No comunicado, o Secretário diz ainda que espera “que o investimento possa integrar o desenvolvimento da China” e que iria haver “investimento caso os projectos assegurem o retorno financeiro do investimento aplicado e estejam relacionados com a vida da população”. A.S.S.

de Macau, com o apoio de Zheng Anting, decorreu no início do mês, tendo Alexis Tam também reunido com estes responsáveis. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Tribunais Kwan Tsui Hang quer sentenças em duas línguas

A deputada directa Kwan Tsui Hang apresentou uma interpelação oral no período antes da ordem do dia do plenário de ontem exigindo que os tribunais criem um calendário para a publicação das sentenças nas duas línguas oficiais. “Nos últimos anos recorreu-se ao aumento do pessoal na área judiciária e à criação de juízos para elevar a eficácia e transparência judiciárias, mas para responder às expectativas da sociedade, ainda existe uma margem para melhoria. Devem ser definidos prazos para a publicação [das sentenças] nas duas línguas, nomeadamente na versão chinesa, para o público poder ter acesso. Espero que os serviços competentes continuem a envidar esforços para a criação de um ordenamento jurídico justo, de alta eficácia e transparente”, defendeu. A deputada criticava o facto de algumas sentenças serem emitidas em Português e outras em Chinês, não sendo, por vezes, feita a tradução.


6 publicidade

hoje macau terça-feira 16.6.2015

EDITAL

EDITAL Edital nº: Processo nº: Assunto: Locais:

3/E-BC/2015 167/BC/2013/F e 647/BC/2013/F Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Rua Central da Areia Preta S/N, Edf. Villa De Mer, Bloco IV, fracções 3.º andar A (CRP: IVA3), 4.º andar B (CRP: IVB4), 10.º andar A (CRP: IVA10), 10.º andar C (CRP: IVC10), 11.º andar A (CRP: IVA11), 14.º andar A (CRP: IVA14), 19.º andar A (CRP: IVA19), 23.º andar A (CRP: IVA23), 23.º andar B (CRP: IVB23), 26.º andar A (CRP: IVA26), 29.º andar B (CRP: IVB29), 30.º andar B (CRP: IVB30), 31.º andar B (CRP: IVB31), 37.º andar B (CRP: IVB37), 40.º andar A (CRP: IVA40), 40.º andar B (CRP: IVB40), 41.º andar B (CRP: IVB41), Macau.

Cheong Ion Man, subdirector substituto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), faz saber por este meio aos donos da obra e aos proprietários das obras existentes no local acima indicado, o seguinte: 1 Processo nº 167/BC/2013/F. O agente de fiscalização desta DSSOPT constatou no local acima identificado a realização de obra sem licença, cuja descrição e situação é a seguinte: Fracção Andar

2

CRP

A

3

IVA3 Instalação de portão metálico no corredor comum junto à fracção. Obs.2

1.2

A

14

IVA14 Instalação de portão metálico no corredor comum junto à fracção. Obs.2

1.3

A

19

IVA19 Instalação de portão metálico no corredor comum junto à fracção. Obs.2

Obs.1: Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício. Obs.2: Infracção ao nº 4 do artigo 10º, obstrução do caminho de evacuação. Processo nº 647/BC/2013/F. O agente de fiscalização desta DSSOPT constatou no local acima identificado a realização de obra sem licença, cuja descrição e situação é a seguinte: Infracção ao RSCI e motivo da demolição

4

IVB4

Fechamento da varanda com janela de vidro na parede exterior do Obs.1 edifício junto à varanda da cozinha da fracção.

2.2

A

10

IVA10

Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício junto Obs.1 à varanda da cozinha da fracção.

2.3

C

10

IVC10

Fechamento da varanda com janela de vidro na parede exterior do Obs.1 edifício junto à varanda da fracção.

2.4

A

11

IVA11

Fechamento da varanda com janela de vidro na parede exterior do Obs.1 edifício junto à varanda da cozinha da fracção.

A

23

Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício junto Obs.1 IVA23 à varanda da cozinha da fracção.

B

23

Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício junto Obs.1 IVB23 à varanda da cozinha da fracção. Instalação de portão metálico no corredor comum junto à fracção. Obs.2

A

26

IVA26

B

29

Fechamento da varanda com janela de vidro na parede exterior do Obs.1 IVB29 edifício junto à varanda da cozinha da fracção. Instalação de portão metálico no corredor comum junto à fracção. Obs.2

B

30

Instalação de portão metálico no corredor comum junto à fracção. Obs.2 IVB30 Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício junto Obs.1 à varanda da cozinha da fracção.

2.13

B

31

IVB31 Instalação de portão metálico no corredor comum junto à fracção. Obs.2

2.14

B

37

IVB37 Instalação de portão metálico no corredor comum junto à fracção. Obs.2

2.15

A

40

IVA40

B

40

Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício junto Obs.1 IVB40 à varanda da cozinha da fracção. Instalação de portão metálico no corredor comum junto à fracção. Obs.2

B

41

IVB41

2.7 2.8 2.9 2.10 2.11 2.12

2.16 2.17 2.18

6

Obra

B

2.6

5

CRP

2.1

2.5

4

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

1.1

Fracção Andar

3

Obra

Edital nº: Processo nº: Assunto: Local:

5/E-OI/2015 337/OI/2015/F Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento Geral da Construção Urbana (RGCU) Rua Central da Areia Preta S/N, Edf. Villa De Mer, Bloco IV, fracções 13.º andar A (CRP: IVA13), 29.º andar B (CRP: IVB29), 36.º andar A (CRP: IVA36), Macau.

Cheong Ion Man, subdirector substituto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), faz saber por este meio aos donos da obra e aos proprietários, o seguinte: 1. O agente de fiscalização desta DSSOPT deslocou-se ao local acima indicado e verificou a realização das obras abaixa indicadas que infringiram o disposto no nº 1 do artigo 3º do Decreto-Lei nº 79/85/M (RGCU) de 21 de Agosto, alterado pela Lei nº 6/99/M de 17 de Dezembro e pelo Regulamento Administrativo nº 24/2009 de 3 de Agosto, pelo que as obras são consideradas ilegais: Fracção Andar CRP Obra Instalação de pala metálica na parede exterior do edifício junto à 1.1 A 13 IVA13 varanda da cozinha da fracção. Instalação de suporte de vaso metálico na parede exterior do edifício 1.2 B 29 IVB29 junto à varanda da cozinha da fracção. Instalação de pala metálica na parede exterior do edifício junto à 1.3 A 36 IVA36 varanda da cozinha da fracção. 2.

Nestas circunstâncias e nos termos dos artigos 52º e 65º do RGCU, pode ser ordenado que os infractores procedam à demolição das obras ilegais referidas no ponto 1, e à reposição da parte comum afectada do edifício (parede exterior do edifício) de acordo com o projecto aprovado por esta Direcção de Serviços, pelo que, são sancionáveis com multa de $1 000,00 a $20 000,00 patacas.

3.

Nos termos dos artigos 93º e 94º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 de Outubro, os interessados podem apresentar a sua defesa por escrito e as demais provas para se pronunciar sobre as questões que constituem objecto do procedimento, bem como requerer diligências complementares no ponto 4 abaixo indicado, no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da data de publicação do presente edital.

4.

No entanto, os interessados podem proceder à demolição das obras acima indicadas por iniciativa própria, devendo entregar previamente nestes Serviços a declaração de responsabilidade do construtor incumbido da obra de demolição e a apólice de seguro contra acidentes de trabalho e doenças profissionais, no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da data de publicação do presente edital.

5.

O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, nº 33, 15º andar, Macau. (telefones nos 85977154 e 85977227)

Aos 28 de Maio de 2015 Pelo Director dos Serviços O Subdirector, Subst.º Eng.º Cheong Ion Man

Fechamento da varanda com janela de vidro na parede exterior do Obs.1 edifício junto à varanda da cozinha da fracção.

Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício junto Obs.1 à varanda da cozinha da fracção.

Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício junto Obs.1 à varanda da cozinha da fracção.

Obs.1: Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício. Obs.2: Infracção ao nº 4 do artigo 10º, obstrução do caminho de evacuação. Sendo as escadas, corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no nº 4 do artigo 10º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei nº 24/95/M, de 9 de Junho. Além disso, as varandas e janelas acima referidas são consideradas como ponto de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruído com elementos fixos ( gaiolas, gradeamentos, etc.) de acordo com o disposto no nº 12 do artigo 8º. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas nos pontos 1 e 2 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e ponto(s) de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. Nos termos do no 3 do artigo 87o do RSCI, a infracção ao disposto no no 4 do artigo 10o é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas, e nos termos do no 7 do mesmo artigo, a infracção ao disposto no no 12 do artigo 8o, é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o no 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou segurança do edifício. Considerando a matéria referida nos pontos 3 e 4 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 95º do RSCI. Os processos podem ser consultados durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, no 33, 15º andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227).

Aos 15 de Maio de 2015 Pelo Director dos Serviços O Subdirector, Subst.º Eng.º Cheong Ion Man

ANÚNCIO N.º40 /2015 Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar a representante do agregado familiar do concurso de habitação económica abaixo indicada, no uso da competência delegada pela alínea 20) do n.º 3 do Despacho n.º 06/IH/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 7, II Série, de 18 de Fevereiro de 2015 e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro: Nome N.º do Boletim de candidatura LAO KA LIN 81201313397 Após a averiguação realizada por este Instituto, verificou-se que o elemento do agregado familiar, Che Fo Lan e o cônjuge, devido ao regime matrimonial de bens escolhido, serem proprietários de fracção autónoma com finalidade habitacional na RAEM, nos 5 anos anteriores ao dia da apresentação da candidatura e até à data de celebração da escritura de compra e venda da fracção, nos termos das alínea 1) dos n.º 3 do artigo 14.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica), este Instituto informou-a por meio de ofício, com o n.o 1503110016/ DHEA, datada de 13 de Março de 2015, a solicitar à interessada acima mencionada para apresentar por escrito a sua contestação pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção do referido ofício, entretanto não o fez dentro do prazo indicado. Nos termos da alínea 1) do artigo 28.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica) e a decisão do despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 0186/DHP/DHEA/2015, a adquirente seleccionada foi excluída do concurso. E nos termos do n.º 24 do Despacho n.º 06/IH/2015 e no artigo 155.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, cabe recurso hierárquico necessário da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, o recurso hierárquico tem efeito suspensivo. O Chefe do Departamento de Habitação Pública, Subst.º Chan Kuan Kit 12 de Junho de 2015


sociedade

hoje macau terça-feira 16.6.2015

7

Forças de Segurança Comissão de Disciplina quer mais competências Mais poder para tomar decisões. É o que pede a Comissão de Fiscalização ligências necessárias para resolver rado, Leonel Alves escreve que as questões. A emissão de pareceres é possível fazer mais. “Será que e Disciplina e a promoção de melhorias junto olhando ao papel que a CFD repredas Forças de das autoridades são outras dessas senta (...) vislumbramos formas diligências. de evolução? Será que é possível, Segurança, que no “Na sequência da análise de sem ferir a harmonia do sistema, casos concretos, decorrentes de incrementar os poderes de interano passado recebeu venção da CFD? Pensamos que queixas de cidadãos, a Comissão recomendou que a abordagem ao mais de 40 queixas sim e talvez esteja em nós, CFD, cidadão deve ser sempre caractepelo menos em parte, a chave para contra agentes rizada por correcção e urbanidade, a remoção dos constrangimentos. devendo o agente policial abster-se A CFD pode, no âmbito do manda autoridade de quaisquer considerações ou dato que a constitui, ou quando

Um apelo ao Senhor Secretário

A

Comissão de Fiscalização e Disciplina das Forças de Segurança (CFD) quer ter mais competências e poder de decisão. Isso mesmo defende Leonel Alves, presidente da Comissão, no relatório anual da entidade, disponível no website da CFD. A Comissão indica que fez um estudo em 2014 sobre “as perspectivas de evolução das competências” e lança um apelo ao Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak. “[Que a CFD possa] propor ou sugerir o arquivamento do processo quando não forem obtidos indícios suficientes dos factos que lhes deram origem, a correcção do funcionamento ou ajustamento estrutural que entender mais adequados à melhoria da qualidade ou eficiência do serviço e ao cumprimento da lei, a sugestão de reconhecimento de actos meritórios quer colectivos quer individuais”, pode ler-se num texto assinado por Leonel Alves. Segundo o também advogado, estes pedidos podem ser autorizados assim que o Secretário para a Segurança divulgue um despacho, assinado por si, sublinhando as competências para averiguação que decorrem do despacho que constituiu a CFD. “É este o desafio que lançamos à tutela. Não obstante partilharmos a ideia de que o exclusivo da acção disciplinar deve centrar-se na hierarquia, muito particularmente quando estão em causa serviços de segurança e forças policiais, pensamos que existe margem de evolução no exercício das competências deste órgão de controlo externo”, assina Leonel Alves, presidente da CFD. Para já, esta entidade tem como competências emitir parecer sobre decisões dos serviços e corporações da área da segurança respeitantes a queixas dos cidadãos e remeter esses pareceres ao Secretário para a Segurança, além de elaborar um relatório anual relativo à sua actividade. Apesar de não considerar que o papel da Comissão está mino-

muito recebendo um reforço de reconhecimento por parte da tutela, designadamente, por despacho interno, proceder às averiguações sumárias que entender, por si ou por técnico para o efeito nomeado pelo Presidente.”

PSP na mira

No ano passado, a CFD recebeu 44 queixas, sendo a Polícia de Segurança Pública (PSP) a entidade que motivou mais indignações. Esta corporação foi alvo de 73% das queixas apresentadas, com a PSP a ser acusada de “procedimentos inadequados”, “má atitude dos agentes”, “abuso de poder” e “actuação indevida”. Em 2014, de acordo com o relatório analisado pelo HM, também a Polícia Judiciária (PJ) mereceu queixas dos cidadãos – nove ou 19% -, sendo que a Escola Superior das Forças de Segurança motivou duas reclamações e o Estabelecimento Prisional de Macau e os Serviços de Alfândega foram visados cada um numa queixa. “Houve casos que envolveram mais de uma entidade”, explica ainda a CFD. A maioria das queixas – 37 – foi apresentada directamente por

cidadãos à CFD, enquanto três dessas vieram de entidades externas (dois casos encaminhados pelo Comissariado Contra a Corrupção e um caso informado pelo EPM). Há ainda, de acordo com o documento, quatro casos investigados por iniciativa da CFD.

Mais amor por favor

De acordo com os dados disponíveis no relatório, as queixas subiram de 34 em 2010 para 46 em 2013, tendo descido para 44 o ano passado. A Comissão

ainda não conseguiu tratar de seis, por estarem ainda “em processamento em virtude da sua complexidade”, pelo que a CFD diz precisar de dados mais detalhados. Ainda assim, a Comissão de Fiscalização traça um balanço positivo pela “estabilização do número de queixas apresentadas” que, face ao desenvolvimento da sociedade, “é de salientar como positivo”. Segundo o documento, a Comissão levou ainda a cabo duas reuniões com queixosos, como di-

“Será que olhando ao papel que a CFD representa (...) vislumbramos formas de evolução? Será que é possível, sem ferir a harmonia do sistema, incrementar os poderes de intervenção da CFD? Pensamos que sim” Leonel Alves Presidente da CFD

comentários que possam induzir humilhação ou desconsideração quanto à origem e condição social, bem como quanto ao nível de instrução do interlocutor”, pode ler-se no documento. Na sequência da análise de casos concretos sobre as queixas contra os agentes de trânsito, a CFD recomendou à PSP que os agentes “não incutam nos cidadãos a ideia de tratamento desigual ou selectivo, de uns relativamente a outros infractores, em igual ou semelhante situação de infracção”. O facto de agentes policiais – “para obter reforço da sua posição, não só em assuntos comuns do seu quotidiano, mas também em situações de conflito de natureza pessoal”terem usado a sua autoridade também foi alvo de recomendações, a par de outras situações, como o atendimento a um cidadão portador de anomalia psíquica. “[Revelou] falta de preparação adequada dos agentes ou a falta das instruções necessárias para lidar com esta particularidade, pondo consequentemente em risco os direitos do interessado (...).” Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Pandas Mais de um milhão para orçamento suplementar

O

1º orçamento suplementar do Fundos dos Pandas ultrapassa um milhão e duzentas patacas e foi aprovado pelo Chefe do Executivo, no início deste mês, como indica a publicação em Boletim Oficial. O Fundo dos Pandas foi criado em 2010 e tem como objectivo criar uma plataforma para promover os trabalhos de conservação do casal dos pandas gigantes – oferecido pelo Governo Central – que permita “congregar esforços e o saber colectivo” para se empreenderem acções de apoio e de preocupação nos trabalhos de conservação dos pandas e se incutir uma nova dinâmica à divulgação e aprofundamento da política de sua conservação, como assim indica o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). O Regulamento Administrativo n.º 25/2010, referente a este fundo, indica ainda

que as receitas devem ser utilizadas na promoção da educação, estudo e apoios específicos entre outros que visem conservação do Panda Gigante. Constituem recursos do Fundo dos Pandas as dotações atribuídas pelo Governo, as receitas provenientes da venda de publicações, lembranças e bilhetes de entrada no Pavilhão dos Pandas, os subsídios, dotações, donativos, heranças, legados ou doações de pessoas colectivas ou singulares, públicas ou privadas, locais ou do exterior, as quantias provenientes do reembolso de apoios financeiros concedidos na prossecução dos seus fins, os juros ou outros rendimentos resultantes da aplicação de disponibilidades próprias, nos termos previstos na lei e, por fim, quaisquer outros recursos que lhe sejam atribuídos por lei, contrato ou a qualquer outro título.

Feitas as contas, desde a sua criação, o Fundo dos Pandas já recebeu um total de quase cinco milhões de patacas, como avançou o Jornal Tribuna. O valor resultou da venda dos bilhetes de entrada no pavilhão, durante os últimos quatro anos, da compra de lembranças e ainda de doações de entidades privadas ou de pessoas singulares. Em paralelo, escreve a publicação, o fundo possui um orçamento privativo de 3,25 milhões de patacas, sendo que no capítulo das despesas destacam-se as 102 mil patacas gastas com os membros do Conselho, 1,46 milhões com associações, 300 mil com traduções e estudos e outras 300 mil no âmbito da cooperação internacional. Também nos últimos dos anos foram aprovados pelo Governo orçamentos suplementares em que o montantes variaram entre as 72 mil patacas e os quatro milhões de patacas. F.A.


8 publicidade

hoje macau terรงa-feira 16.6.2015


sociedade 9

Chui prolonga funcionamento do GDI

A existência do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI) foi prolongada por mais dois anos, conforme publicação em Boletim Oficial, assinado pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On. O GDI foi estabelecido em 2000 e é responsável pela promoção e coordenação de todas as acções na manutenção, modernização e desenvolvimento dos sistemas de infra-estruturas de Macau, tal como indica o gabinete no seu website. Sob a alçada deste gabinete estão obras como o metro ligeiro, o terminal marítimo da Taipa e, entre outros, a habitação pública. Recorde-se que o GDI seria um dos departamentos que poderia vir a ser alvo de uma reestruturação anunciada pelo Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário.

Menos dinheiro arrecadado com isenção de imposto alargada

O Governo arrecadou menos 274 milhões de patacas com o aumento do limite de isenção do Imposto Complementar de Rendimentos de 2014. De acordo com dados da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), as receitas fiscais caíram de 4,114 mil milhões de patacas para 3,84 mil milhões de patacas. O limite de isenção tem sido aumentado desde 2007. Actualmente, está fixado em 600 mil patacas, valor que fez com que o número de contribuintes sujeitos ao pagamento do Imposto Complementar de Rendimentos tenha descido de 44.819 para 1911, conforme avança a Rádio Macau.

tiago alcântara

hoje macau terça-feira 16.6.2015

O

Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) adiantou que o Governo está a planear “aumentar o número de pontos de venda a retalho [de alimentos] para elevar o nível de concorrência”. Em paralelo a este plano, o IACM informa ainda que em cima da mesa está também a possibilidade de cancelamento da norma que impede a emissão de licenças para a venda de pescado e carnes dentro do raio de acção dos mercados municipais. Num comunicado enviado à imprensa, o IACM explica ainda que os vogais do Grupo de Estudo de Construção Urbana do Conselho Consultivo do IACM, juntamente com o Grupo de Estudo da Sanidade Alimentar, concordam que para cancelar a norma relativa à exploração de outros pontos de venda de produtos alimentares frescos no raio de acção dos mercados é necessário “garantir a higiene ambiental e a segurança alimentar, bem como estudar e analisar os problemas inerentes ao funcionamento, gestão e factores

Alimentos Aumento de postos de venda na agenda

Mais e talvez maior

O mercado da Taipa poderá ficar maior, mas se esta é ainda uma hipótese em estudo, o IACM anuncia para já que vão aumentar as bancas de venda de alimentos em Macau e que estas podem vir a ser colocadas mais perto dos mercados municipais de preços dos produtos alimentares à venda nos mercados”.

Taipa maior

Durante a reunião, o Presidente do Conselho de Administração, Alex Vong, referiu que o IACM “vai desenvolver um projecto de expansão do mercado da Taipa e aumentar o número de bancas para satisfazer a procura de produtos alimentares frescos por parte dos cidadãos”, sendo que esta hipótese ainda está em estudo.

Assim, o mercado da Taipa irá incluir, além do átrio intermédio do rés-do-chão, uma zona verde no terraço. As decisões são resultado de um encontro em Maio passado. Recorde-se que, na semana passada, o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, esteve reunido com 20 associações do sector industrial e comercial, que pedem à Administração medidas para aumento de turistas que pos-

sam consumir no território. O sector de retalho, na sua generalidade, queixa-se que tem vindo a sofrer consequências devido à quedas das receitas do Jogo. As associações querem que o Governo crie planos promocionais trans-sectoriais ou realize actividades festivas e feiras, para atrair a visita a Macau dos turistas permitindo o reforço da dinâmica da economia. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Fai Chi Kei Mais de 40 milhões para alterar equipamentos sociais

A

Companhia de Decoração San Kei Ip vai receber mais de 45 milhões de patacas pela remodelação dos equipamentos sociais da habitação pública do Fai Chi Kei. Um anúncio ontem publicado em Boletim Oficial dá conta que a empresa vai ficar a cargo de alterar as estruturas em função de creches e outros espaços. Assim, durante este ano e o próximo, a San Kei Ip recebe um total de 46,3 milhões

de patacas para dividir o espaço dos actuais equipamentos sociais “em vários espaços de finalidades individuais conforme os requisitos de utilização dos respectivos serviços, criando creches, centros para idosos, lar e residência para pessoas com deficiência mental e instalações de serviços públicos”, como se pode ler num anúncio feito pelas Obras Públicas. O Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas

(GDI) atribuiu a remodelação por concurso público em Janeiro de 2015, sem preço base. Foram admitidas 16 concorrentes, mas a San Kei Ip foi a escolhida para remodelar a área com mais de cinco mil metros quadrados. O início das obras está previsto para o 2.º trimestre do ano, sendo o prazo máximo de execução de 360 dias. Prevê-se que a empreitada possa criar cerca de 80 postos de trabalho.


10

eventos

Cinema Fundação Rui Cunha apresenta ciclo sobre Corrupção

A Fundação Rui Cunha, organiza, na Casa Garden, o segundo ciclo de cinema, desta vez dedicado a películas relacionadas com o tema da “corrupção”. A exibição acontece todas as quartasfeiras até 22 de Julho, a partir de amanhã. O primeiro filme, intitulado “American Hustle”, foi realizado por David Russel e lançado em 2013. Seguem-se “Paths of Glory” e “Mr. Smith Goes to Washington”, dos génios cinematográficos Kubric e Kapra. O dia 8 do próximo mês fica assim reservado à exibição de “Chinatown”, de outro sonante nome do cinema: Roman Polansky. Este conta com uma figura relativamente jovem de Jack Nicholson e foi realizado em 1974. Os últimos dois dias do ciclo estão reservados para “Leviathan” e “Touch of Sin”, filmes de Andrey Zvyagintsev e Jia Zhang. A iniciativa, que tem início todos os dias às 19h00, tem entrada livre e todas obras terão legendas em inglês.

CRED-DM Livro sobre Direito de Cabo Verde

O Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau (CRED-DM) apresenta, às 18h30 horas de hoje, um livro de Direito intitulado “A Jurisdição Cautelar Civil em Cabo Verde, de Cândida da Silva Antunes Pires”. O lançamento da obra é feito juntamente com a Fundação Rui Cunha e a Associação de Divulgação da Cultural Cabo Verdiana, na sede da Fundação. A autora é professora na Faculdade de Direito de Macau, tendo com esta obra pretendido “dar mais um passo na concretização do propósito de firmar doutrina sobre a inovadora regulamentação adjectiva cabo-verdiana”, que está em vigor desde 2011. Embora foque uma área muito específica do Direito, a académica escolheu debruçar-se sobre o tema das Providências e Procedimentos Cautelares de forma a melhor esclarecer os trâmites da matéria. A apresentação será feita em português e conta com a participação do Grupo Humberto&Amigos.

Barcos-Dragão SJM, Wynn, Bombeiros e UM equipas vencedoras

As equipas da SJM Golden Jubilee (SJM), a Wynn Macau, o Corpo de Bombeiros e a Universidade de Macau venceram as provas das Regatas Internacionais de Barcos-Dragão de Macau do passado fim-de-semana, que tiveram lugar nos lagos Nam Van. As provas contaram com a participação de 68 equipas na categoria Open e 16 equipas femininas. Os vencedores levaram assim prémios das categorias Open, Senhoras, Pequenas Embarcações das Entidades Públicas e Regatas Universitárias Open, respectivamente. A iniciativa foi organizada pelo Instituto do Desporto e pela Associação de Barcos de Dragão de Macau China, contando com o apoio do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Foram também atribuídos prémios à SJM Prosperity, Galaxy Universe, ao Clube Desportivo Monte Carlo e à Associação Desportiva Ka I, entre outras equipas.

hoje macau terça

A próxima mostra do Museu de Arte de Macau prima pela experiência de vida do seu autor, o francês Robert Cahen. São 16 peças exclusivas feitas a partir de diferentes texturas sonoras e visuais, para construir vídeo e outros suportes multimédia. A exposição está integrada no festival Le French May

Audiobook ditado pela Companhia Nacional de Música sendo que a primeira parte – Álvaro de Campos, Fernando Pessoa (Ortónimo), Ricardo Reis (4 odes), Alberto Caeiro (Três poemas de “O Guardador de Rebanhos”) – é recitada por João Villaret e a segunda – Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos; Alguns «Poemas Inconjuntos” – por Mário Viegas.

Multimédia d

O

artista francês Robert Cahen apresenta “Traverse” no Museu de Arte de Macau (MAM), por ocasião do festival Le French May, que acontece em Macau e Hong Kong. A inauguração desta exposição de trabalhos de vídeo e multimédia acontece às 18h30 de dia 26 de Junho, na galeria do segundo andar do MAM. “Traverse” será composta por 16 peças - cinco vídeos e 11 instalações multimédia - e estará aberta ao público até 20 de Setembro. Cahen é natural de Valence e tem agora 70 anos. O artista tem vindo a desenvolver a sua carreira desde 1972, ocupando-se igualmente da área do cinema e da televisão. “No mundo imaginado de Cahen, documento e ficção são apresentados através de viagens metafóricas do imaginário, devaneios deliciosos que descrevem passagens de tempo, espaço, memória e percepção”, escreve a orga-

À venda na Livraria Portuguesa Fernado Pessoa por João Villaret e Mário Viegas (audiobook) • Fernando Pessoa

Le French May MAM acolhe mostra de Robert Cahen

nização no website oficial do Le French May. O artista tanto expõe trabalhos mais formais como “Cartes postales vidéo” – que datam de 1984 a 1986 –, ou transições intrincadas de aspectos musicais e visuais, como “Boulez-Répons”, de 1985. Os seus

trabalhos são caracterizados, de acordo com a mesma nota, pela aplicação de “sofisticadas” técnicas de manipulação de som e imagem, espaço e tempo. O intuito passa por fundir a realidade com a ilusão e ficção. A manipulação é feita na música e na imagem, com

recurso a diferentes texturas. O MAM está aberto das 10h00 às 19h00, de terça-feira a sábado e a mostra está disponível até 20 de Setembro.

A força da academia

Cahen licenciou-se no Conservatório Nacional de Mú-

Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • mail@livrariaportuguesa.net

1937 - O Atentado a Salazar • João Madeira

Esta é a extraordinária história, quase cinematográfica, do único atentado contra a vida de António de Oliveira Salazar, que o historiador João Madeira nos conta ao longo destas páginas. Por pura sorte, António de Oliveira Salazar escaparia sem um arranhão deste atentado. No final, enquanto uns lhe pediam repouso, mantendo a pose bem afivelada, sorriu e respondeu: «Como fiquei vivo terei de continuar a trabalhar». Reconstituindo factos, o livro segue a investigação policial que imediatamente foi montada com exames, inspeções, denúncias e teses contraditórias e se torna numa verdadeira caça ao homem. É preciso encontrar culpados, a todo o custo. E é então que surge o fantástico «grupo terrorista» do Alto do Pina.


eventos 11

a-feira 16.6.2015

hoje no prato

de Paris

Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Morango Nome botânico: Fragaria x ananassa Duch. Família: Rosaceae.

Yoga Loft celebra Dia Internacional da modalidade

P

sica de Partis e foi membro do Grupo de Investigadores Musicais l’ORTF, de 1971 a 1974. Nos anos 70, foi ainda director de Vídeo Experimental do mesmo colectivo. O artista de Valence já expôs no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, no Festival de Vídeo do Instituto Nacional de Filme Americano, na

Bienal de Paris, no Centro de Fotografia de Nova Iorque e em vários outros países, como na Alemanha, no Brasil, em Tóquio e Itália. O artista continua a viver em Paris, onde ainda desenvolve a sua mestria, mesmo já na casa dos 70. Leonor Sá Machado

leonor.machado@hojemacau.com.mo

ela primeira vez será comemorado o Dia Internacional do Yoga, agendado para o dia 21 de Junho. Para marcar o dia em Macau, o estúdio Yoga Loft vai organizar uma série de eventos. Assim, no próximo domingo decorrerá uma sessão aberta sobre yoga e meditação, seguindo-se uma palestra sobre a história e os benefícios da modalidade. O dia termina com a exibição do documentário “Enlighten Up”. As comemorações estendem-se até dia 27, no sábado seguinte, com um workshop sobre Ayurveda e Yoga orientado por uma especialista convidada de Hong Kong, Shal Motwani. “É óptimo ver o Yoga ter o reconhecimento que merece”, diz Rita Gonçalves, responsável do espaço. “Se há uma prática que pode ajudar a Humanidade neste momento, é o Yoga”, acrescenta. “Recentemente um aluno confessou-me que, fazendo o balanço de um ano de trabalho em Macau, uma das coisas mais preciosas que ele levava daqui era o que tinha vivido nas aulas de Yoga, porque sentia a melhoria na sua saúde e bem-estar. Esta simples constatação ilustra a questão em poucas palavras”, salienta Rita, “porque o Yoga tem esse dom, de nos afastar da poluição e do consumismo e de nos trazer de volta a nós”. O dia comemorativo foi declarado pela Assembleia das Nações Unidas (ONU) em Dezembro do ano passado.

Com mais de 600 variedades cultivadas actualmente por todo o mundo, distintas no tamanho, textura, cor e sabor, o Morango é um híbrido de uma espécie norte-americana e de outra oriunda do Chile e Peru. Deste cruzamento, obtido em França no século XVIII, resultou um Morango de fácil cultivo, grande, doce e sumarento! Alimento muito apreciado e popular, o Morango é considerado pela botânica como um pseudofruto. Na realidade, os verdadeiros frutos (aquénios) são os grãozinhos amarelados incrustados na parte carnuda e suculenta que ingerimos (receptáculo carnudo). Além de um deleite para os sentidos, o seu consumo proporciona inúmeros benefícios, sendo estes cada vez mais conhecidos. Composição Muito nutritivo, o Morango contém diversos açúcares em quantidade moderada, sais minerais (magnésio, potássio) e oligoelementos (ferro, manganésio, silício), vitaminas (A, ácido fólico e C), ácidos orgânicos, compostos fenólicos em variedade e quantidade (flavonoides, taninos, ácidos fenólicos, antocianinas responsáveis pela sua cor), óleo essencial em quantidades vestigiais, enzimas e fibras. Aroma adocicado e requintado, sabor delicioso. Acção terapêutica Uma das frutas com maior poder antioxidante, o Morango impede a oxidação do colesterol LDL prevenindo a sua acumulação nas paredes das artérias e a subsequente arteriosclerose; tem actividade anti-inflamatória, melhorando o funcionamento das artérias e a circulação; inibe a agregação das plaquetas, reduz os níveis de homocisteína no sangue e a tensão arterial elevada. Excelente para a saúde cardiovascular, é útil não só em caso de angina de peito, enfarte do miocárdio, hipertensão e arteriosclerose, como ainda na deficiente circulação das artérias cerebrais ou dos membros inferiores, fragilidade capilar e varizes. Com acção diurética, depurativa e alcalinizante do sangue, este fruto aumenta a eliminação dos resíduos do metabolismo, como o ácido úrico,

beneficiando casos de cálculos renais, artritismo, gota e reumatismo. Com efeitos laxantes, facilita o trânsito intestinal e a evacuação. Outras propriedades O Morango é tonificante e remineralizante, abre o apetite e estimula as funções do organismo, sendo recomendado na falta de apetite, estados de convalescença de doenças febris ou debilitantes, bem como na anemia. Reforça as defesas naturais, protege contra determinados tipos de cancro e pode auxiliar a combatê-los. Como consumir Os Morangos devem ser firmes e secos ao toque, encorpados, com os pés verdes no topo e aromáticos. Devem apresentar uma cor vermelha viva e homogénea – partes brancas ou verdes próximas do pedúnculo é um indício de menor sabor do fruto. Despreze os esfacelados ou bolorentos. Como são muito perecíveis, podem ser conservados no frigorífico mas por poucos dias – não os lavar nem retirar o pé e guardá-los num recipiente fechado. Deve lavá-los imediatamente antes do os consumir e só depois retirar-lhes os pés, evitando assim a absorção de água em excesso, o que pode alterar o seu sabor e textura. Devem ser ingeridos no início das refeições, como aperitivo. Evite o açúcar. Sugestões Como fruta: combinam bem com Maçã, sumo de Laranja, cereais e iogurte. Em sumos e batidos: combinam bem com sumo de Laranja e bebida de Soja. Em saladas de frutas, doces e compotas. Em regime de monodieta (Cura de Morangos): ingerir 1 a 1,5 kg de Morangos maduros diariamente, durante 3 ou 4 dias. Não consumir nenhum outro alimento. É a forma mais medicinal. Precauções Em pessoas sensíveis, a ingestão de Morangos pode provocar uma reacção alérgica (comichão, erupção cutânea ou urticária) devido ao seu conteúdo em ácido salicílico. Por conterem ácido oxálico, devem ser ingeridos com moderação por pessoas com tendência para a formação de cálculos urinários (oxalatos). Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


china

12

D

hoje macau terça-feira 16.6.2015

Consumo on-line abala gigantes

epois de desfrutar quase 30 anos de um crescimento estável nos seus negócios na China, a Unilever viu as suas vendas no país cairem no ano passado. A fabricante das linhas de shampoo e sabonetes Dove e Lux e dos gelados Kibon, entre outras marcas, alertou em Outubro que as suas vendas na China cairiam 20% no terceiro trimestre face ao ano passado. No trimestre seguinte, anunciou uma nova queda de 20%. A Unilever culpou a desaceleração da economia chinesa e o subsequente declínio no consumo. Mas uma análise mais atenta das tendências do retalho na China sugere que a Unilever também estava a ser abatida pela migração de centenas de milhões de consumidores chineses para as compras on-line. A Unilever não foi a única a subestimar a importância das lojas físicas para o retalho dos seus produtos na China. A suíça Nestlé tem incinerado café instantâneo que não conseguiu vender nas lojas do país. A

Admirável venda nova empresa disse recentemente ao The Wall Street Journal que não percebeu a rapidez e a amplitude da mudança no comércio na China. A Colgate-Palmolive e a alemã Beiersdorf, que fabrica os produtos para a pele Nivea, também já citaram problemas com excesso de stock.

Reacção tardia

As empresas de bens de consumo na China, em geral, foram “muito lentas para reagir às mudanças no mercado”, disse Jean-Marc Huët, director financeiro da Unilever, numa entrevista ao WSJ em Abril. O êxodo dos consumidores das lojas tem afectado os negócios de retalho tradicionais no mundo todo, com o comércio electrónico mundial a superando US$ 1,3 bilião em 2014. Mas na China a transição para as compras on-line aconteceu pub

HM-2ª vez 16-6-15

Anúncio

Proc. FALÊNCIA N.º

CV3-14-0001-CFI

3º Juízo Cível

REQUERENTE: MELCO CROWN (MACAU) S.A., com sede em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, nºs 411-417, Edifício Dynasty Plaza, 15º andar O. REQUERIDO: LAM PAK KEI, ausente em parte incerta, com última domicílio conhecido em Macau, na Estrada Nordeste da Taipa 86, Edifício Hoi Wan Garden, 12º andar M, Taipa. *** FAZ SABER que, pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos, correm ÉDITOS DE TRINTA (30) DIAS, contados da segunda e última publicação do anúncio, citando o requerido acima identificado, para no prazo de DEZ DIAS, decorrido que seja o dos éditos, deduzir Embargos, à declaração da falência, nos autos de Falência nº CV3-140001-CFI, cujos termos corem pelo 3º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base da RAEM (artº 1091 nº 1 al.a) e nº 3 do CPC). Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 3º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente. Macau, 26 de Maio de 2015 ***

com maior força, em parte por causa da rápida penetração dos smartphones. A estimativa é que 461 milhões de consumidores chineses, ou um terço da população, fazem agora compras on-line, comparado com 46 milhões em 2007, quando o comércio on-line começou a crescer. O mercado de vendas on-line da China expandiu-se 49% no ano passado, depois de registar ganhos nos três anos anteriores de 59%, 51% e 70%, respectivamente. Em 2013, a China ultrapassou os Estados Unidos como o maior mercado de comércio electrónico do mundo e, no ano passado, o país movimentou US$ 453 mil milhões em vendas on-line, 11% de todas as vendas do retalho. Quase metade dos consumidores chineses já compra produtos on-line, em comparação com apenas 25% dos consumidores globais, de acordo com uma pesquisa da Nielsen com 30 mil consumidores. No ano passado, 42% das vendas de bens para cuidados da pele foram feitas on-line, informou a empresa de pesquisa de mercado. A mudança está a alastrar por todo o país. Centros comerciais, como o mercado de produtos electrónicos de Zhongguancun, em Pequim, que costumava ficar abarrotado de vendedores ambulantes e compradores, hoje está vazio. Alguns analistas advertem sobre a escassez de mão de obra relacionada com a mudança, culpando as “aldeias Taobao”, onde moradores que, no passado, teriam ido para cidades maiores em busca

Quase metade dos consumidores chineses já compra produtos on-line, em comparação com apenas 25% dos consumidores globais

chinês em 1923, a vender sabão em Xangai. Foi expulsa quando o Partido Comunista assumiu o controlo, em 1949, mas retornou em 1986. Nas décadas seguintes, desenvolveu uma das maiores redes de distribuidores de varejo do país. Uma porta-voz da Unilever atribuiu o declínio na China a uma queda no consumo, em geral, e acrescentou que a empresa não está a ser lenta em adaptar-se à venda on-line. As vendas on-line da empresa na China mais que duplicaram a cada ano desde 2012, disse. Para muitas marcas, a procura no país tem vindo a cair acentuadamente. A campanha do presidente Xi Jinping, lançada em 2012, para limitar a corrupção e o desperdício em estatais eliminou os presentes a executivos e funcionários dessas empresas, baixando as vendas. Quando outras empresas divulgavam alertas de quedas nas vendas na China no primeiro trimestre do ano passado, os executivos da Unilever encolheram os ombros. Para piorar a situação da Unilever e outras empresas nesse período, dizem pessoas do sector, elas não dispunham de informações precisas para verificar que os produtos estavam a ser vendiddos mais lentamente. Quando o tráfego de clientes nas lojas caiu, dizem as fontes, alguns retalhistas discretamente despejaram produtos por atacado, que passaram a ser vendidos on-line. Isto tornou muito difícil para empresas como a Unilever obter dados correctos sobre a procura.

Minorar estragos

de empregos de baixa qualificação hoje ficam nos seus municípios. O Alibaba tem a meta de oferecer entregas no dia seguinte em 50 cidades do país até ao fim deste ano. “O comércio electrónico vai mudar nosso negócio, quer gostemos ou não”, diz Reinhold Jakobi, diretor-gerente de bebidas e alimentos da Nestlé na China. “Se você vai à web, todo mundo tem o mesmo espaço na tela.”

Incontornável

Para a Unilever, que depende dos mercados emergentes para cerca de 60%

da sua receita, a queda das vendas na China contribuiu para uma facturação global de menos 2,7% do que em 2014. A empresa anglo-holandesa entrou no mercado

“O comércio electrónico vai mudar nosso negócio, quer gostemos ou não” Reinhold Jakobi Director da Nestlé na China

Ao anunciar a queda de vendas de 20% em Outubro, James Allison, director de estratégia corporativa da Unilever na época, disse que não sabia com certeza o stock que a empresa tinha na China. No segundo semestre de 2014, a Unilever tentava reparar os danos. Com a procura a cair e o retalho a cortar stocks, tomou a decisão de reduzir a actividade promocional numa tentativa de se proteger, o que reduziu ainda mais o stock fornecido aos distribuidores. A Unilever informou que o resultado foi uma queda de 20% nas vendas por dois trimestres consecutivos. WSJ


china 13

hoje macau terça-feira 16.6.2015

Criado website de promoção turística para o mercado português

À descoberta da “bela China” “É tempo de descobrir a bela China” é a mensagem do website de promoção turística da China para o mercado português anunciado sexta-feira e que dá continuidade à sua aposta em trabalhar com operadores turísticos portugueses, “no sentido de aumentar o fluxo turístico entre os dois países”. Disponível em beautifulchina. pt, o website tem como um dos destaques “2015, o ano da Rota da Seda”, que, diz, “ajuda a China a dar-se a conhecer ao mundo de uma melhor forma e permite que o mundo compreenda melhor este País Oriental, um país com uma civilização colorida e com grande vitalidade”. O lançamento do website ocorre no âmbito do anúncio de que “pela primeira vez”, a CNTA (da Oficina Nacional do Turismo da China), faz “uma forte aposta em Portugal, tendo como principal parceira a Air China, companhia aérea membro da Star Alliance, a maior aliança de companhias aéreas do mundo onde também está a portuguesa TAP”. “O principal objectivo é posicionar a China como um dos destinos de eleição para os portugueses”, acrescenta a organização em comunicado, segundo o qual “Portugal passa agora a estar na rota da atenção do turismo da China”. A informação cita o director da CNTA em Espanha, Zhiyun Zhang, que adianta que no ano passado 52 mil portugueses visitaram a China, com um aumento em 5,9%, referindo que na passada sexta-feira esteve em Lisboa para um encontro com operadores turísticos portugueses, “para manifestar a

vontade do Turismo da China em captar turistas portugueses e de realizar parcerias com os operadores turísticos que trabalham no mercado nacional, no sentido de aumentar o fluxo turístico entre os dois países”.

mais bem conservado da China e o maior palácio ancestral do Mundo, símbolo da arquitectura tradicional chinesa”. Na lista “A descobrir” estão ainda o Mosteiro Shaolin, a Muralha da China, a Zhongshan Mountain,

Oito descobertas

Uma consulta ao website mostra que uma das áreas focadas na atracção de turistas é “A descobrir”, na qual apresenta oito sugestões de visitas no destino. A primeira dessas secções é a Cidade Proibida, apresentada como “o monumento imperial

Ex-director da PetroChina expulso do Partido Comunista

O ex-director geral da PetroChina, a maior petrolífera do país, Liao Yongyuan, foi ontem expulso do Partido Comunista por corrupção, dias depois de o ex-ministro e outrora magnata do petróleo Zhou Yongkang ter sido condenado a prisão perpétua. A expulsão foi anunciada pela comissão de disciplina do partido, que em Março revelou a existência de uma investigação contra Liao por “violações de disciplina”, um eufemismo usado pelo regime para casos de corrupção. Em comunicado, a comissão informou que ontem foi também expulso outro membro do partido, o ex-vice-ministro da Indústria e Comércio Sun Hongzhi, que estava igualmente sob investigação. Segundo a comissão, os dois “aceitaram enormes subornos, procuraram benefícios para si próprios e para outros, e cometeram adultério”.

“O principal objectivo é posicionar a China como um dos destinos de eleição para os portugueses”

o Vale Jiuzhai, o Museu dos Guerreiros e Cavalos de Terracota de Quin, as Grutas de Yungang e a Residência de Montanha e Templos Vizinhos de Chengde. Desenvolvido pela agência portuguesa Luvin, o website é apresentado como “a primeira porta de entrada para os portugueses despertarem a sua curiosidade para o País”. “Aqui será possível ter um primeiro contacto com alguns dos principais locais a visitar na China, disponibilizando uma série de informações úteis para o viajante”, acrescenta.

FMI Possibilidade de incluir o yuan na sua divisa interna

U

ma equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou à China para estudar a possível inclusão do yuan no cabaz de moedas em que se baseia a divisa interna da instituição, os Direitos Especiais de Saque. Segundo o jornal oficial China Daily, membros do FMI vão recolher dados e discutir com as autoridades chinesas os assuntos técnicos para uma possível incorporação da moeda do gigante asiático nesta divisa. A inclusão do yuan nos Direitos Especiais de Saque, um activo criado em 1969 e que actualmente inclui o euro, o dólar norte-americano, a libra esterlina e o iene japonês, é uma velha aspiração de Pequim. Este ano, a instituição com sede em Washington está a realizar uma revisão quinquenal das moedas em que se baseia esta divisa, que inclui duas fases: uma análise sobre se a moeda em questão cumpre os critérios, e uma votação do Conselho Executivo da instituição. Nos últimos cinco anos, o uso internacional do yuan aumentou significativamente e já é a sétima moeda mais usada no mundo, apesar de o Governo chinês ainda controlar a sua conversão.

Hong Kong Detidas nove pessoas suspeitas de planear detonar bomba

A

polícia de Hong Kong deteve ontem nove pessoas que, alegadamente, planeavam detonar uma bomba junto ao parlamento, dias antes da votação da polémica reforma do

sistema eleitoral. As forças de segurança realizaram as detenções depois de encontrarem, ontem de manhã, um explosivo numa zona de antigos estúdios noticiosos e de entretenimento, já abandona-

dos, em Sai Kung, onde agentes especializados fizeram explodir o artefacto de forma controlada, informa o South China Morning Post. Segundo o diário, que cita fontes policiais anónimas, foram detidos cinco homens e quatro mulheres, com idades entre os 21 e os 34 anos, todos de Hong Kong. O tipo de bomba encontrado consistia num explosivo de “forte potência” que já foi utilizado em diferentes atentados, como o de Julho de 2005 em Londres, em que morreram 52 pessoas e mais de 700 ficaram feridas.

As detenções aconteceram a poucos dias da votação, pelo conselho legislativo, da proposta de reforma eleitoral apresentada por Pequim, que define as regras para a primeira eleição via “sufrágio universal” na região. A proposta – que obriga a que os candidatos a chefe do Governo sejam seleccionados por uma comissão vista como próxima de Pequim – gerou meses de protestos nas ruas, com os manifestantes a pedirem uma “real democracia”. Para esta semana voltam a estar convocados protestos de ampla magnitude.


h

hoje macau terça-feira 16.6.2015

artes, letras e ideias

14

Ainda a ópera no F.I.M.M. (II)

T

erminara-se a primeira instalação deste artigo lembrando que a insistência no programa operático do século XIX – quase exclusivamente italiano – tem obstado a que o público local aprecie ópera de outras épocas e desenvolva um gosto eclético e sofisticado. Não foi nunca apresentada em Macau, durante o F.I.M.M., qualquer ópera do século XX (aliás, à excepção de duas obras de Mozart, todas as óperas representadas são do século XIX ou, como acontece com a Turandot, O Tríptico e Madame Butterfly, obras que tiveram estreias no séc. XX mas que pertencem ainda em parte a um universo operático oitocentista). Esta resistência leva-me a isolar uma deficiência geral na história do festival: a que se prende com a quase total ausência de peças de música contemporânea. Há algumas pequenas excepções mas estas são longínquas, presentes em edições dos anos 90. Durante a segunda metade do século XX, a produção de ópera decaiu acentuadamente em termos de número. Se nas primeiras décadas (e valho-me aqui de um longo companion de ópera do século em questão*) os números andam à volta de 100 óperas por cada período de dez anos (por exemplo 83 óperas nos anos 10 e 134 nos anos 20, uma produção que diminuiu, compreensivelmente, durante o período da Segunda Grande Guerra), nos anos 70, 80 e 90, o número reduz-se para cerca de 40 óperas por década. A esmagadora maioria das estreias continuou a oferecer-se na Europa. Das cerca de 680 óperas a que o citado companion se refere, apenas cerca de 10% foram estreadas fora do espaço europeu, aproximadamente sessenta nos E.U.A. (muito especialmente Nova Iorque) duas em Buenos Aires e Rio de Janeiro e uma em Seul. Mas isso não quer dizer que não haja um conjunto muito significativo de ópera estreada durante o século passado. Além disso trata-se de um conjunto diversificadíssimo a nível das suas propostas musicais, dos seus temas e das suas estéticas: absurdistas, surrealistas, apenas realistas, históricas, expressionistas, simbolistas, minimalistas, abertamente políticas, electrónicas, neo-clássicas, etc. O século XXI tem visto um renascer do interesse pela ópera (noto cerca de 200 óperas entre 2001 e 2014), o que não espanta se pensarmos que se vive numa época de excesso e benévola ostentação. A sua extrema diversificação temática (muitas vezes abordando temas da actua-

lidade), uso de formatos mais reduzidos (muitas óperas de câmara), e diversa proveniência, tornam-na num objecto definidor do nosso tempo. Mas trazer aqui também a ópera do século XXI tornaria este artigo demasiado extenso e ainda mais enumerativo, para além do facto do autor destas linhas conhecer apenas exemplos soltos, não suficientes a uma análise honesta. (Penso que Wenji: Dezoito canções de uma flauta nómada, 2002, de Lam Bun-Ching, uma compositora nascida em Macau mas naturalizada norte-americana, foi já apresentada em Macau num programa do Festival de Artes. Não me estendo sobre Tan Dun, que já esteve presente em edições passadas do F.I.M.M., porque gostava de lhe dedicar, no futuro, um artigo próprio.) Se nos primeiros anos do festival de música de Macau foi possível ouvir peças de Poulenc, Milhaud, Britten, Schoenberg, e até de John Cage, Ligeti, Berio, Schnittke, Gunther Schuller, Vitorino de Almeida ou Elliott Carter, ultimamente não me parece que o repertório contemporâneo conheça representação justa. Não custa muito desejar que no futuro esta insuficiência seja resolvida. No espaço operático há várias óperas do século XX cuja apresentação seria desejável. Wozzeck e Lulu, de Alban Berg como altos exemplos de peças expressionistas que influenciariam todo o século; a inquietante e envolvente Pelléas et Melisande, de Debussy, uma das óperas mais inovadoras do início de novecentos, que trata o legado wagneriano de maneira exemplar (construindo, no entanto, algo de completamente diferente) e se afasta, através de um programa simbolista, do naturalismo e do verismo fin de siécle; Moisés e Aarão e Erwartung, de Schoenberg (uma obra pefeitamente atonal mas muito pequena, facilmente apresentada, assim como as outras duas peças operáticas do autor); Katerina Izmailova do Distrito de Mtsensk, de Shostakovich ou as óperas de Kurt Weill, seriam obras certamente bem acolhidas.** Algumas, como As Mamas de Tirésias, de Poulenc ou O Amor das Três Laranjas, de Prokofiev, cumpririam um propósito pedagógico justo num lugar onde a oferta é escassa mas onde existem cada vez mais crianças e adolescentes nas salas de concertos - estas facilmente atingem um público jovem e menos poluído pela insistência no programa oitocentista. A este grupo poder-se-ia juntar a colorida e divertida, mas menos destinada a crianças, ópera do compositor húngaro Gyorgy Ligeti O Grande Macabro.

A enigmática peça simbolista O Castelo do Barba Azul, de outro autor húngaro, Bartók, integrado com outra obra pequena criaria certamente emoções fortes no público local. Um outro compositor da europa de leste que tem um conjunto apreciável de sedutoras e influentes óperas e que não tem tido representação local é Janáek. Seria muito desejável que fossem mostradas óperas e outras peças de autores contemporâneos de linguagem mais ousada, ligados ao período dos famosos cursos de Darmstadt, nos anos 50 e 60, como Stockhausen, Luigi Nono, Berio, Cage, Maderna, Boulez. Também a muito sedutora ópera curta de Xenakis, Oresteia, peças de Edgar Várese, Messiaen ou óperas de um dos mais prolíficos compo-

sitores de ópera contemporânea – Hans Werner Henze. Inês de Castro, de James Macmillan, encomendada pela Scottish Opera e estreada em 1996 em Edimburgo, sobre a triste história da pobre espanhola assassinada por um rei português, não seria desinteressante. O século XX e XXI são o século de Benjamim Britten (nascido em Lowestoft, Suffolk – ler imediatamente The Rings of Saturn, de W.G.Sebald) e Harrison Birtwistle, dois compositores britânicos que dedicaram grande parte do seu ímpeto criativo à ópera (com mais de 10 óperas cada um) e que têm estado ausentes dos programas locais. Britten, que tem uma linguagem bastante acessível, é, aparente-


artes, letras e ideias 15

hoje macau terça-feira 16.6.2015

a revolta do emir

mente, o compositor de óperas mais representado do século XX depois de dois autores que pertencem aos dois séculos: Puccini e Strauss. Finalmente, não deixo de achar Nixon in China, de John Adams, extremamente divertida e, no seu minimalismo bondoso, muito fácil de seguir. Muitas outras sugestões aqui poderiam ser feitas não fossem estas linhas tornar-se ainda mais maçadoras. Acrescente-se apenas que há, do século XXI, um conjunto significativo de óperas de compositores asiáticos. Acresce que algumas destas obras são relativamente curtas e, em alguns casos, usam poucos recursos vocais e instrumentais (Erwartung só tem uma cantora, O Castelo do Barba Azul e Love Counts, 2005, de Michel Nyman, apenas dois cantores. Os exemplos deste tipo de formato, ou formatos de teatro com música que se afastam de modelos tradicionais até na

O século XXI tem visto um renascer do interesse pela ópera (noto cerca de 200 óperas entre 2001 e 2014), o que não espanta se pensarmos que se vive numa época de excesso e benévola ostentação disposição dos instrumentistas e cantores em palco, são imensos.) O argumento de que algumas delas são de difícil compreensão para um público menos preparado desenterra antigas longas discussões. Estas actualizaram-se não há muito tempo em Lisboa, divertida e tristemente, aquando da histórica estreia mundial da ópera de Emmanuel Nunes, Das Märchen, no Teatro Nacional de São Carlos, em 2008.

Um longo artigo de Mário Vieira de Carvalho, “Macdonaldização da comunicação e arte como fast food: Sobre a recepção de Das Märchen”, in A Arte da Cultura (Homenagem a Yvette Centeno), sobre a enigmática reacção negativa da crítica portuguesa a esta ópera de Nunes (ao contrário do favor que lhe dedicou grande parte da crítica internacional), debruça-se sobre esta questão. Começa por citar um escrito de Lopes-Graça de 1940: “os fundamentos de uma séria política desta arte devem consistir não em servir ao povo exclusivamente aquilo que ele está de há muito habituado a ouvir (…) mas em esforçarmo-nos por o trazermos ao conhecimento e à aceitação do muito que ele não conhece.” Outro artigo, de 1945, do mesmo compositor comunista, refere que “Quando se pretende trazer a cultura até ao povo não se deve partir da ideia de que a cultura, para cumprir essa missão tem de baixar de nível, adaptar-se, democratizar-se (no mau sentido da palavra, claro

Pedro Lystmann

está) (...) A cultura, assim concebida, não passa de uma espécie de caridade que se faz ao povo (...) nem o povo ganha por aí além com a esmola, nem a cultura faz uma figura muito brilhante na sua generosidade de grande senhora.” Seria, segundo Vieira de Carvalho, “porventura indiferente para a humanidade se Beethoven tivesse desistido de compor a música que compôs, para compor apenas aquela que o mercado editorial do seu tempo absorvia por ser a mais procurada e vendível?”. Finalmente, Vieira refere Adorno*** e a ideia da perda da experiência nova em detrimento da repetição de sucedâneos, eliminando a mudança e a novidade, e o perigo do poder que o mercado exerce na formação do gosto através da imposição da lógica do lucro. Esta recusa da crítica local é admirável se lembrarmos que se trata de uma peça de extrema diversidade na linguagem musical que oferece, excitante, lírica, misteriosa, de seduções várias. Longe de pensar que alguma vez uma ópera contemporânea venha a destronar, no F.I.M.M., a de grande cartaz - que continuará teimosamente a ser oitocentista - não me parece impossível que se introduzisse um sumptuoso hábito (como acontece correntemente com a ópera barroca), e de largo alcance pedagógico e lúdico: o da apresentação de mais obras do repertório do século XX e XXI, ópera mas também outro tipo de concertos, algo que é também muito escasso em Hong Kong e que, repito, contribuiria para formar o público jovem que cada vez mais assiste a espectáculos de música, um público que, no que toca à ópera, continua obrigado a uma posologia de doses poderosas de melodramatismo romântico e sentimentalismo verista. *2005, The Cambridge Companion to Twentieth-Century Opera, ed. por Mervyn Cooke, Cambridge U.P. A listagem de ópera do século XX constante deste útil livro não é completa mas inclui certamente as obras mais importantes. ** o autor destas singelas considerações tem a noção de que não basta acenar para que produções de óperas do séc XX e XXI se desloquem imediatamente a Macau. Tem também noção que Macau não é Viena. Note-se que uma cidade rica e com quase oito milhões de habitantes, Hong Kong, que gosta de se propagandear como uma World City, não oferece igualmente um programa operático saudável e variado. Mas isto não esconde a tremenda falta de diversificação a que o público de Macau se tem visto condenado. Houve este ano em Hong Kong um concerto com a Staatskapelle Dresden dirigida por Christian Thielemann (um nome tipo como possível para substituir Simon Rattle na direcção da Orquestra Sinfónica de Berlim, um processo que está cada vez mais emaranhado e violento). O programa era excitante? Strauss, Bruckner, Lizst e Wagner. *** Adorno, Theodor W. (2008), Philosophische Element einer Theorie der Gesellschaft, eds. Tobias ten Brink e Marc Phillip Nogueira, Frankfurt a, M.: Suhrkamp, um conjunto de palestras dos anos 60 publicadas postumamente.


16

( F ) utilidades

tempo

pouco

?

nublado

min

28

max

hoje macau terça-feira 16.6.2015

33

hum

65-90%

euro

9.00

baht

0.23

Cineteatro

O que fazer esta semana

yuan

1.28

Cinema

jurassic world Sala 1

jurassic world [b]

Filme de: Colin Trevorrow Com: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Irrfan Khan 14.30, 16.45, 21.30

Amanhã

jurassic world [3d] [b]

Filme de: Colin Trevorrow Com: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Irrfan Khan 19.15

Exibição do filme “American Hustle” Casa Garden, 19h00 Entrada livre

san andreas [b] Filme de: Brad Peyton

“A Arte de Imprimir” (até Dezembro) Centro de Ciência de Macau Entrada livre

Filme de: Brad Peyton Com: Dwayne Johnson, Kylie Minogue Carla Gugino 19.30 Sala 3

force majeure [b]

Aconteceu Hoje

Exposição “Ao Risco da Cor - Claude Viallat e Franck Chalendard” Galeria do Tap Seac (até 9/08) Entrada livre

16 de JUNHO

Devolução do Canal do Panamá

Exposição “Who Cares” (até 28/07) Armazém do Boi, 16h00 Entrada livre Exposição “De Lorient ao Oriente - Cidades Portuárias da China e França na Rota Marítima da Seda” Museu de Macau (até 30/08) Entrada livre

U m l i v r o ho j e “O diário de Zlata” (Zlata Filipovic, 2002)

Exposição de Artes Visuais de Macau (até 2/8) Pintura e Caligrafia Chinesas Edifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00 Entrada livre

Zlata tem 11 anos e uma vida interrompida pela guerra. A morar na Bósnia-Herzgovina, a menina regista em dois anos o terror do que se vai passando em seu redor. Porque Anne Frank não foi a única jovem a viver os horrores da guerra, “O Diário de Zlata” traz-nos outra perspectiva do que as crianças têm de enfrentar quando o seu mundo se desmorona, quando o seu modo de viver passa a ser primitivo e a comida limitada. A família ficou junta e Zlata conseguiu sobreviver, vivendo actualmente em Dublin.

Musical “A Bela e o Monstro” (até 26/6, de quinta a domingo) Venetian Macau Bilhetes entre as 280 a 680 patacas

Joana Freitas

Exposição “Murmúrio da Impermanência”, Pinturas a óleo de André Lui Chak Keong (até 27/06) Fundação Rui Cunha Entrada livre Exposição “Valquíria”, de Joana Vasconcelos até 31 de Outubro) MGM Macau, Grande Praça Entrada livre

san andreas [3d][b]

Filme de: Ruben Ostlund Com: Johannes Kuhnke, Lisa Loven Kongsli 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Sala 2

Diariamente

Com: Dwayne Johnson, Kylie Minogue Carla Gugino 14.30, 16.30, 21.30

• A 16 de Junho de 1978, os EUA assina um tratado com o Panamá para a devolução do Canal do Panamá no ano de 2000. Estávamos em 1903 quando os norte-americanos obtiveram o arrendamento perpétuo sobre o Canal. Depois da Segunda Guerra Mundial, aumentam os protestos do lado do Panamá contra a presença norte-americana no seu território. O canal e a zona do Canal foram administrados pelos Estados Unidos até 1999, quando o controlo foi passado ao Panamá. O Panamá tem, desde então, melhorado o Canal, quebrando recordes de tráfego, financeiros e de segurança ano após ano. O Canal do Panamá foi declarado uma das sete maravilhas do Mundo Moderno. O Canal do Panamá é um canal de navios com 77,1 quilómetros de extensão, localizado no Panamá e que liga o Oceano Atlântico (através do Mar do Caribe) ao Oceano Pacífico. O canal atravessa o istmo do Panamá e é uma travessia chave para o comércio marítimo internacional. A França começou a construir o canal em 1881, mas teve que parar devido aos problemas de engenharia e pela alta taxa de mortalidade de trabalhadores devido a doenças tropicais. Os Estados Unidos assumiram o projecto em 1904 e levaram uma década para concluir o canal, que foi inaugurado oficialmente em 15 de Agosto de 1914. Um dos maiores e mais difíceis projectos de engenharia já realizados, o Canal do Panamá reduziu muito a quantidade de tempo de viagem necessário para que os navios cruzassem os oceanos Atlântico e Pacífico, o que lhes permitiu evitar a longa e perigosa rota do Cabo Horn, no extremo sul da América do Sul, através da Passagem de Drake ou do Estreito de Magalhães. A passagem mais curta, mais rápida e mais segura para a Costa Oeste dos Estados Unidos e para os países banhados pelo Pacífico, permitiu que essas regiões se tornassem mais integradas à economia mundial. O tempo aproximado para atravessar o canal varia entre 20 e 30 horas.

fonte da inveja

O FMI proíbe a Grécia de poupar na Defesa ao invés de cortar nas pensões. E a gente deixa que isto exista?

João Corvo


opinião

hoje macau terça-feira 16.6.2015

Fernando Eloy | 义來

chá (muito) verde

Mudança de paradigma

vulgo dizer-se que uma imagem vale por mil palavras, mas é vulgar porque assim é como julgo ser o caso desta. Por isso mesmo, hoje poupo palavras e coloco o foco neste instantâneo captado no passado domingo de manhã a caminho de Zhuhai. Mas

como qualquer pessoa que não passe a vida enclausurado no ar condicionado dos gabinetes ou dos automóveis vegetando em realidades alternativas, podia ter sido em outro dia qualquer... Para quem há pouco tempo cá está ela pouco dirá, mas para quem cá nasceu ou pelo menos aqui vive há meia dúzia de anos, sabe perfeitamente que uma foto destas há não muito tempo

atrás teria de ser captada no sentido Zhuhai – Macau. Mas o paradigma mudou: a realidade de hoje é que, apesar dos sustos constantes com a segurança alimentar e produtos de consumo na China, muitos cidadãos de Macau não vêem outra alternativa senão atravessarem diariamente a fronteira com os cestos vazios. São cada vez mais e cada vez mais apressados, mesmo quando

17

a Pataca já não vale mais do que o Reiminbi como em dias que já lá vão. A propósito, lembro-me de Shakespeare quando um dia escreveu que “Algo está podre no reino da Dinamarca” ou então estou completamente enganado, esta imagem é uma ficção e a realidade é que vivemos numa cidade virada para os seus habitantes e com eles preocupada. Se assim for, lamento a interpretação deturpada.

Música da Semana

Naturalmente, “Os Vampiros” de Zeca Afonso. Tenha uma boa semana caro leitor. (...) “São os mordomos do universo todo Senhores à força mandadores sem lei Enchem as tulhas bebem vinho novo Dançam a ronda no pinhal do rei Eles comem tudo eles comem tudo Eles comem tudo e não deixam nada” (...)


18 opinião

hoje macau terça-feira 16.6.2015

“The principal greenhouse gases are carbon dioxide (CO2), methane (CH4), nitrous oxide (N2O), and a collection of man-made halocarbons. Carbon dioxide accounts for more than 60 percent of atmospheric emissions and is therefore central to any mitigation strategy. The principal anthropogenic sources of CO2 emissions are consumption of fossil fuels (about 78 percent of the total) and land use changes, mainly deforestation. About half the carbon released from fossil fuel combustion goes into the atmosphere.’’ Economics and the Challenge of Global Warming Charles S. Pearson

John Huston, Moby Dick

Sete mil milhões de sonhos. Um só planeta.

A

5 de Junho de cada ano, e desde 1973, é celebrado o “Dia Mundial do Meio Ambiente”, data estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a 15 de Dezembro de 1972, ao iniciar-se a “Conferência de Estocolmo”, que teve como pilar fundamental o ambiente. O “Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA na sigla em língua inglesa) ” definiu como tema para este ano, “Sete mil milhões de sonhos. Um só planeta. Consumir com cuidado”. O objectivo é o de conseguir que a população mundial tenha consciência e se aperceba de temas ambientais específicos, mas que também, os governos e empresas, que são actores fundamentais da mudança, possam promover transformações em termos de atitude, cooperação e acções responsáveis, que permitam o desenvolvimento sustentável global e um futuro possível para as próximas gerações. A sustentabilidade, converteu-se na última década, numa área fundamental a ter em conta pelas empresas, ainda que mais não seja, pela pressão que exercem os consumidores, cada vez mais atentos às suas acções e dispostos a premiar e castigar marcas e produtos, assim como de diferentes organismos da sociedade civil e, legislações específicas nos diferentes níveis supranacionais, nacionais e locais. Existem, empresas que há anos avançam pro-activamente, convertendo a sustentabilidade no eixo das suas estratégias, sendo as que vão de encontro às muitas oportunidades de negócios que oferece este novo paradigma. A empresa multinacional anglo-holandesa, Unilever, que fabrica bens de consumo, é por exemplo, uma das líderes em sustentabilidade à escala global e de consumo de massa. A empresa tem um “Plano de Vida Sustentável”, que compreende diferentes iniciativas ligadas à sustentabilidade, tendo anunciado recentemente a redução de um milhão de toneladas de dióxido de carbono na sua cadeia de produção à escala mundial, desde 2008. A empresa diminuiu ainda, em 20 por cento o consumo de energia, correspondente à utilizada para pôr em funcionamento quarenta fábricas. Os benefícios da sustentabilidade também se traduzem em poupanças económicas,

dado que conseguiu reduzir os custos em mais de duzentos e quarenta milhões de euros. A Unilever para ajudar a combater as alterações climáticas, fixou uma meta para 2020, que consiste em reduzir para metade o seu impacto ambiental, o que implica diminuir a emissão de “Gases de Efeito de Estufa (GEE) ” e proteger os recursos da água e energia ao longo do ciclo de vida dos seus produtos. O que distingue e marca a diferença nas políticas ambientais da Unilever, é que as acções não se reduzem a modificações nas suas fábricas, poupança energética e de recursos ou utilização de energias alternativas, mas também no lançamento

de produtos concentrados e que reduzem o impacto ambiental. A sua meta global é reduzir 40 por cento dos GEE por tonelada de produção, tentando assim, para além dessa redução, também diminuir a água e energia por parte do consumidor e na lavagem de roupa, tendo começado a desenvolver produtos concentrados de maior rendimento para diminuir o consumo de água e energia nas ditas operações. Se os consumidores utilizassem estes produtos, ao serem aptos para programar as máquinas de lavar roupa em ciclo curto de lavagem, teriam uma poupança de 60 por cento de energia, reduzindo os GEE libertados para a atmosfera. E, se acaso

comprassem sobressalentes económicos, o consumidor diminuiria 30 por cento de plástico e 35 por cento de cartão da geração de resíduos. A empresa multinacional americana “General Electric Company (GE)”, que presta serviços e tecnologia de vanguarda, destaca-se no mundo pelo desenvolvimento em matéria de eficiência energética e sustentabilidade. Através das suas diferentes áreas de negócios, avança a passo firme, e desde a “GE Energy Management”, que se destina à criação e distribuição de energia, a empresa desenvolveu a “GE Predictivity”, que é uma solução de Internet industrial para manutenção preventiva, que está a transfor-


opinião 19

hoje macau terça-feira 16.6.2015

jorge rodrigues simão

mar a indústria de criação de energia, que se complementa com um programa de mega dados que armazena e analisa a informação, para tornar mais eficiente a monitorização, planeamento e administração do serviço neste tipo de indústria. A área de negócios “Power & Water”, em matéria de gestão eficiente da água para uso industrial, desenvolve tecnologias químicas para o tratamento de águas de sistemas de arrefecimento, sistemas de geração de vapor, efluentes líquidos e processos industriais, tais como a produção e refinação de petróleo, mineração, petroquímica, alimentos e bebidas e criação de energia, entre os principais.

A sustentabilidade, converteu-se na última década, numa área fundamental a ter em conta pelas empresas, ainda que mais não seja, pela pressão que exercem os consumidores, cada vez mais atentos às suas acções

Estes sistemas garantem processos industriais mais limpos e sustentáveis e aumentam com a revolução da análise de dados, e a sinergia que se obtém pela integração de diversos sistemas, aplicando o desenvolvimento de tecnologia aplicada a processos para o tratamento de águas industriais, água potável e água para a agricultura. A empresa “Treasury Petroleum Fields” é uma das principais clientes da GE neste tipo de negócio. A empresa conseguiu importantes melhorias no processamento de efluentes pela aplicação da tecnologia americana para o tratamento e reutilização de água em processos industriais. A “GE Aviation”, como

perspectivas

fornecedor mundial de serviços de aviação e fabricante de turbinas para aviões, fornece turbinas e motores desenhados a partir de um conceito sustentável, dado que consegue reduzir as emissões poluentes, os níveis de ruído e melhora o rendimento e a eficiência do combustível. A “GE Lighting”, desenvolve tecnologia LED, que vai além da sua funcionalidade, para oferecer outro tipo de serviços, através de uma interconexão, entre todos os pontos de luz, a uma plataforma de dados, ligada à Internet industrial, que permite criar cidades e ambientes inteligentes. A tecnologia LED da GE consome entre 50 por cento e 80 por cento menos de energia, sem redução do rendimento luminoso. Têm uma vida útil de cinquenta mil horas, não necessitando de manutenção anual, e combinada com controlos inteligentes de iluminação pode atingir poupanças superiores. A empresa brasileira “Natura”, tem a particularidade da sustentabilidade fazer parte do núcleo central do seu negócio, pois trabalha com as comunidades locais na obtenção de recursos e factores de produção para os seus produtos, criando um círculo virtuoso comunidade - ambiente - negócios. A empresa é a primeira de capital aberto da América do Sul a receber a certificação como empresa B. A entrada no “Movimento B Corp”, que nasceu nos Estados Unidos há dez anos e que começa a instalar-se em outros países, incluindo Portugal, como sistema B, é uma referência aos benefícios sociais e ambientais que se propõem as empresas que dela fazem parte. A certificação foi outorgada pela organização sem fins lucrativos B Lab dos Estados Unidos, após um estudo exaustivo ao impacto causado pelas empresas candidatas, e garantida pelo seu representante na América do Sul Sistema B, por considerar a “Natura”, como uma empresa que associa o crescimento económico, com a promoção do bem-estar social e ambiental e pelo seu compromisso de criar impacto positivo nas sociedades e comunidades onde actua. As B Corps são um novo tipo de empresas que utilizam os seus negócios para resolver problemas sociais e ambientais. A certificação B Corp é considerada, como o mais elevado padrão de negócios socialmente responsáveis. Existem quase mil e duzentas empresas B certificadas no mundo. A “Natura”, dentro das iniciativas que desenvolveu é de destacar o seu compromisso com as alterações climáticas, a gestão de resíduos, a promoção da sociobiodiversidade e o cuidado da água, tendo atingido a meta de redução de 33 por cento das emissões relativas a GEE, em 2013. A partir dessa data, a “Natura”, tem-se consolidado como empresa de carbono neutro, compensando as emissões que não podem ser evitadas por meio da compra de projectos de crédito de carbono, que proporcionam benefícios socio-ambientais.


hoje macau terça-feira 16.6.2015

cartoon por Stephff

Alibaba prepara-se para lançar versão chinesa do Netflix

O Rui Vitória «Estou num clube de dimensão mundial»

O novo treinador do Benfica, Rui Vitória, em declarações à televisão do clube, abordou a sua chegada ao bicampeão nacional e revelou como tudo aconteceu. «É o começo de uma nova etapa e de um novo caminho. Cadeira de sonho? Não gosto dessa palavra. Estou num lugar que me agrada, mas a ambição tem de estar sempre presente e não quero que se sintam confortáveis, porque chegamos ao topo, visto que ainda temos muito para conquistar», afirmou Rui Vitória, em entrevista à Benfica TV. O novo técnico encarnado está muito orgulhoso por ter sido o escolhido. «Estou num clube de dimensão mundial e satisfeito por ser o próximo treinador do Benfica. Não foi difícil convencerme, porque quando surgiu o convite disse que queria e tudo correu bem.» Rui Vitória admitiu que a ligação com o presidente Luís Filipe Vieira facilitou as negociações.

Honda Morte devido a explosão de airbag

pub

A japonesa Honda deu conta de uma nova morte de um passageiro devido à explosão de um airbag, elevando o total de fatalidades para sete, o que obrigou à chamada às oficinas de milhões de veículos. O fabricante automóvel confirmou ontem que uma mulher morreu em Louisiana, Estados Unidos, em Abril, depois de o mecanismo do seu Honda Civic, de 2005, rebentar, projectando fragmentos metálicos na sua direcção. A confirmação surgiu depois de a unidade da Honda nos Estados Unidos ter informado a Administração Nacional de Segurança e Tráfego nas Auto-estradas da morte da mulher, na sexta-feira. A notícia vem agravar a crise do fabricante dos airbags, a empresa Takata, que no mês passado levou a que 34 milhões de veículos fossem chamados às oficinas. A Honda, que esta semana vai nomear um novo presidente, é a marca mais afectada por esta retirada dos veículos, que também atingiu a Toyota, Ford, General Motors, Nissan, e BMW.

Grécia Impossível prever consequências de incumprimento

Águas nunca navegadas O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, admitiu ontem, em Bruxelas, que é impossível prever as consequências a médio e longo prazo de um eventual incumprimento por parte da Grécia, já que se entraria “em águas desconhecidas”. Numa discussão na comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, a eurodeputada portuguesa Elisa Ferreira pergun-

tou a Draghi se, “tecnicamente”, tinha “a certeza absoluta de que há uma protecção relativamente a riscos de contágio”, caso os credores não alcancem um acordo com Atenas que permita à Grécia cumprir os seus pagamentos, pois “pessoalmente” não considerava essa opinião “sólida”, tendo o presidente do BCE retorquido que não é aconselhável especular, nem tão pouco é possível fazê-lo. “Não quero especular, não penso que seja produtivo especular sobre eventuais desenlaces (das negociações), e uma boa razão para não especular é porque estaríamos a entrar em águas desconhecidas” caso o cenário de incumprimento da Grécia se consumasse, respondeu.

Prognósticos só no final

Segundo Draghi, há “ferramentas para gerir a situação da melhor forma possível” em caso de eventos significativos inesperados, mas aquilo que seriam

“as consequências a médio e longo prazo para a construção e desenho da União, é algo que, hoje, ninguém está em posição de prever ou imaginar”. Na sua intervenção, Elisa Ferreira, porta-voz dos Socialistas Europeus para os Assuntos Económicos, questionou ainda Draghi sobre o papel que o BCE pode desempenhar com vista a tentar desbloquear um acordo entre a Grécia e os seus credores, frisando que “se houver um incumprimento, a zona euro «parte-se»”, e tudo devido a um desacordo alegadamente em torno de 2 mil milhões de euros, “o que representa 0,02% do PIB da UE”. Draghi sustentou que o BCE “não é uma instituição política e actua de acordo com regras já existentes”, apontando que as decisões devem ser tomadas em sede do Eurogrupo, acrescentando que também é da opinião de que, “neste momento, a bola está do lado das autoridades gregas”.

gigante chinês de comércio electrónico, Alibaba, vai lançar até Agosto um serviço de televisão pela internet na China similar ao Netflix. Esta aposta da empresa de Jack Ma coincide com o anúncio da Netflix estar em negociações com distribuidores de conteúdos chineses para tentar entrar no mercado chinês. Daqui a dois meses o grupo Alibaba vai lançar o TBO (Tmall Box Office) na China, um serviço de televisão pela internet que pretende “tornar-se num serviço como o Netflix ou o HBO nos Estados Unidos”, explicou Patrick Liu, responsável da divisão de entretenimento digital do grupo, citado pela Bloomberg. A plataforma irá disponibilizar conteúdos criados pela própria empresa, mas também terá outros comprados a nível internacional, tal como os rivais norte-americanos. No mercado chinês também vai enfrentar concorrência de serviços como o Tencent, Baidu ou Sohu. Porém, ao contrário destas plataformas, cerca de 90% da oferta do TBO será paga. “Queremos criar toda uma nova experiência de consumo de entretenimento em casa”, frisou Patrick Liu. A entrada do gigante de comércio electrónico neste segmento surge depois do anúncio do Netflix estar em conversações com distribuidores de conteúdos chineses para tentar entrar na China, um mercado com algumas barreiras devido às leis proteccionistas quer na televisão quer na internet.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.