DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ PUB
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
LAG 2017
Duelo de palavras PÁGINA 5
h
Contra o vórtice ANTÓNIO CABRITA
MANUEL AFONSO COSTA
hojemacau HABITAÇÃO CHUI SAI ON SEM SOLUÇÕES
Nada e coisa nenhuma Os deputados questionaram e Chui respondeu com uma mão-cheia de nada. Embora saiba das dificuldades da classe média em
arrendar casa, o Chefe do Executivo não apresentou quaisquer medidas para resolver a questão. A insatisfação continua.
PÁGINA 4
ARNALDO GONÇALVES
REGRESSO AO SAGRADO EVENTOS
CHINA
Não digam mal do Kim PÁGINA 13
ECONOMIA CRESCE. BRUXELAS GOSTA
MÁRIO, MADURO MÁRIO GRANDE PLANO
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Denúncias da ilusão
MOP$10
QUINTA-FEIRA 17 DE NOVEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3698
2 GRANDE PLANO
PORTUGAL ORÇAMENTO PARA 2017 APROVADO. PAÍS REGISTA CRESCIMENTO ECONÓMICO
GERINGONCA A TODO O VAPOR ´
Bruxelas deu ontem luz verde ao orçamento português para 2017, numa altura em que o país regista o maior crescimento da zona euro e atinge níveis de recuperação económica de há três anos. A geringonça afinal funciona
P
ARECEM ser bons resultados após um período de incerteza. O Governo português, de coligação entre o Partido Socialista (PS), o Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda (BE), viu ontem seu o Orçamento de Estado para 2017 ser aprovado pela União Europeia. Na terça-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que a economia portuguesa cresceu 1,6 por cento no terceiro trimestre deste ano em termos homólogos e 0,8 por cento face ao trimestre anterior, acima das previsões dos analistas. Estes valores, de acordo com o Eurostat, para os 21 Estados-membros relativa-
mente aos quais há dados disponíveis, colocam Portugal com o maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano face ao trimestre anterior, juntamente com a Bulgária (0,8 por cento), enquanto o crescimento da economia portuguesa em termos homólogos esteve precisamente em linha com a média da zona euro (1,6 por cento). A Comissão Europeia disse ontem acreditar que os riscos de incumprimento que identificou no plano orçamental português para 2017 “não se materializarão” e saudou os dados sobre crescimento económico conhecidos na véspera.
Na conferência de imprensa de apresentação dos pareceres da Comissão sobre os projectos de orçamento para 2017 dos Estados-membros da zona euro, o vice-presidente responsável pelo Euro, Valdis Dombrovskis, e o comissário dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, congratularam-se também com a “boa notícia” que representa a decisão de Bruxelas de não propôr uma suspensão parcial de fundos a Portugal devido ao défice excessivo. Moscovici apontou que, de acordo com a análise da Comissão, o esboço orçamental de Portugal para o próximo ano “coloca um risco de incumprimento” tendo em conta as exigências para 2017 a que o país está obrigado, mas o desvio encontrado tem uma “margem muito estreita”. “E aí entram os dados que conhecemos ontem (terça-feira), que mostram claramente que os riscos parecem contidos, desde que as necessárias medidas orçamentais sejam tomadas. Em termos concretos, isso significa que Portugal não precisa de apresentar medidas adicionais para 2017 desde que os riscos identificados não se materializem, e temos hoje uma esperança razoável de que não se materializem”, declarou Moscovici. O comissário dos Assuntos Económicos acrescentou que, de resto, a evolução que vê “é mais no sentido ascendente, com bons números
A Comissão Europeia disse ontem acreditar que os riscos de incumprimento que identificou no plano orçamental português para 2017 “não se materializarão”
para o crescimento para o quarto trimestre” de 2016. Quanto à decisão da Comissão de não propor qualquer suspensão parcial de fundos (a Portugal e Espanha), Moscovici afirmou que, embora já fosse esperada, não deixa de constituir “boas notícias para ambos os
países, nos quais o financiamento da UE desempenha um papel importante” para apoiar o investimento e ajudar a retoma económica.
PAÍS DENTRO DOS LIMITES DO DÉFICE
A Comissão Europeia afirmou ainda que Portugal
deverá “respeitar o valor de referência” para o défice orçamental de três por cento “este ano”, podendo encerrar o Procedimento por Défices Excessivos (PDE) se realizar uma correcção «atempada e sustentável». Apesar de avaliar o esboço orçamental para 2017 como contendo um “risco de incumprimento” das regras orçamentais a que o país está obrigado, a Comissão Europeia refere, numa comunicação divulgada ontem, que o desvio encontrado tem “uma margem muito estreita” e admite que Portugal “respeite
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PORQUE CRESCEMOS ASSIM
S
o valor de referência” para o défice orçamental, de três por cento do Produto Interno Bruto (PIB), “este ano, como recomendado”. O executivo comunitário defende ainda que Portugal, que está actualmente no braço correctivo do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) por ter um défice orçamental superior a 3%, “poderá ficar sujeito ao
braço preventivo a partir de 2017, se for alcançada uma correcção do défice excessivo atempada e sustentável». Na prática, isto quer dizer que a Comissão Europeia acredita que Portugal poderá encerrar o PDE com base na execução orçamental de 2016.
CENTENO VS. GASPAR
Antes da aprovação do Orçamento de Estado para 2017, o ministro das Finanças português, Mário Centeno, tinha admitido que “foram e são enormes os desafios” orçamentais de 2016 e de 2017. Esta terça-feira admitiu que Portugal “sairia do Procedimento por Défices Excessivos” (PDE)”. Centeno reconheceu que “foram e são enormes os desafios relacionados com os exercícios orçamentais
de 2016 e 2017” e sublinhou uma “responsabilidade acrescida” do Governo neste período: “retirar Portugal do processo de sanções e de cancelamento dos fundos”. “Conseguimos também esses sucessos para a nossa economia e para o nosso país. E o país sairá do Procedimento por Défices Excessivos, algo que almejávamos há tanto tempo”, reiterou o ministro. Numa intervenção pública, o ministro referiu-se, sem o nomear, a Vítor Gaspar para argumentar que a sua proposta orçamental para o próximo ano “consagra o princípio da estabilidade”. “Recentemente, um antigo responsável das Finanças concluía, talvez tarde de-
“Recentemente, um antigo responsável das Finanças concluía, talvez tarde demais, que não se consegue controlar a dívida com aumentos de impostos” MÁRIO CENTENO MINISTRO DAS FINANÇAS
mais, que não se consegue controlar a dívida com aumentos de impostos. Pois bem, este orçamento consagra o princípio da estabilidade que tantos vinham pedindo há tanto tempo, que visa a promoção do investimento e a criação de novos postos de trabalho”, afirmou. Num texto assinado com o economista Julio Escolano e publicado no final de Agosto deste ano, Vítor Gaspar, que foi ministro das Finanças do governo de Pedro Passos Coelho até Julho de 2013 e que é actualmente director do Departamento de Assuntos Orçamentais do Fundo Monetário Internacional (FMI), defendeu que, “após um elevado aumento do rácio da dívida, os impostos devem ser aumentados apenas na medida necessária para estabilizar a dívida”, uma vez que “aumentar a carga fiscal mais que o necessário, apenas para reduzir a dívida, não seria eficiente”. HM/LUSA
EJA qual for a interpretação dada aos números divulgados pelo INE, a conclusão é sempre a de que se trata de resultados muito impressionantes. É necessário recuar até ao último trimestre de 2013 para encontrar uma taxa de crescimento trimestral mais forte dos que os 0,8% agora conseguidos. O crescimento homólogo de 1,6%, que subiu dos 0,9% da primeira metade do ano, é também o mais elevado desde o segundo trimestre de 2015, quando a economia atingiu com 1,7% o valor mais alto desde o início da crise financeira internacional. Além disso, o desempenho mais forte da economia portuguesa ocorre num período em que, no resto da zona euro, o cenário foi de estabilização. Como é que um resultado destes foi possível? Ao divulgar os dados, o INE deixa algumas pistas: a subida da variação do PIB em cadeia deve-se ao “forte aumento das exportações de bens e serviços, enquanto a procura interna registou um contributo negativo”. Paula Carvalho, economista-chefe do BPI, explicou ao jornal Público o que pode querer isto dizer. “Na primeira metade do ano, as
exportações foram muito afectadas pelas quebras na produção de combustíveis e pela queda da procura proveniente de Angola. Tudo o resto estava a correr bem. Tudo indica que o que aconteceu no terceiro trimestre foi que esses dois factores negativos desapareceram da equação”, afirmou. A aumentar ainda mais o contributo das exportações líquidas (exportações menos importações) terá estado o aumento das receitas com turismo (que contam como exportações de serviços) e um crescimento muito reduzido das importações. O facto de o consumo ter crescido mais nos bens não duradouros e menos nos bens duradouros (que são em geral importados, como os automóveis) contribuiu para esse resultado. Animado por esta mudança rápida de conjuntura, o Governo garantiu, através de um comunicado das Finanças, que “estes dados não surpreendem” e que se devem às “políticas orçamentais e económicas adoptadas” pelo executivo. HM/Público
COELHO PESSIMISTA
O
líder do Partido Socialista Democrata (PSD) considerou ontem “positivo” que a Comissão Europeia tenha dado ‘luz verde’ à proposta de Orçamento para 2017, mas reiterou que existem “riscos de incumprimento que são efectivos”. “Isso é sempre positivo e deve-
-se saudar que seja assim”, afirmou o presidente social-democrata, Pedro Passos Coelho, quando questionado sobre a decisão da Comissão Europeia anunciada ontem. Contudo, acrescentou, apesar da ‘luz verde’, a Comissão Europeia chama a atenção para “alguns riscos de incumprimento que são efectivos” e que também já tinham sido apontados pelo Conselho de Finanças Públicas e pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). “Mas o importante é que o projecto de orçamento não tivesse sido rejeitado, como poderia ter chegado a acontecer”, frisou o líder do PSD. HM/Lusa
4 POLÍTICA
hoje macau quinta-feira 17.11.2016
É
LAG 2017 HABITAÇÃO E CLASSE MÉDIA DOMINARAM DEBATE COM DEPUTADOS
Sanduíches sem molho
A maioria dos deputados directos questionou o Chefe do Executivo sobre a necessidade de mais medidas de apoio à classe média, além de mais e melhores habitações públicas. Chui Sai On admitiu que os actuais salários são incapazes de comportar a elevada inflação residentes pediram-me para lhe entregar uma carta. A qualidade das habitações económicas é algo que merece a nossa preocupação”, lançou o deputado.
GCS
chamada a classe média ou a classe sanduíche. A ela pertencem as famílias com rendimentos de 20 mil a 40 mil patacas que, por auferirem esses salários, não têm direito a apoios sociais ou a uma habitação do Governo. Ainda assim, não conseguem comprar casas no mercado privado. Foi a essas famílias que a maioria dos deputados directos prestou atenção ontem no debate com o Chefe do Executivo, um dia depois da apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Chan Meng Kam deu o pontapé de saída. “Nos últimos anos os residentes [ao nível do agregado familiar] ganharam em média 50 mil patacas por mês e é uma classe sanduíche que não consegue aceder aos apoios sociais concedidos pelo Governo. Existe apenas o conceito de índice mínimo de subsistência. Tem medidas para apoiar os trabalhadores pobres?”, questionou. Zheng Anting foi outro dos deputados que questionou Chui Sai On sobre o assunto. “Os preços elevados da habitação são as grandes razões do descontentamento dos jovens. Os que vivem apenas dos seus rendimentos não conseguem comprar casa.” O líder do Governo admitiu as pressões financeiras sentidas pela maioria das famílias de classe média que arrendam uma casa e que estão sujeitas à mobilidade do mercado imobiliário. “O peso dos rendimentos destinados à habitação é elevado e é de facto uma grande pressão para as famílias. Os valores são superiores ao que esperávamos, pois cerca de 40 por cento dos rendimentos vão para uma casa”, disse o Chefe do Executivo que, no entanto, não apresentou novas medidas, tendo-se baseado na redução do imposto profissional, medida anunciada em 2012
“O peso dos rendimentos destinados à habitação é elevado”, disse o Chefe do Executivo que, no entanto, não apresentou novas medidas.
e que se mantém inalterada para 2017. “O Governo vai fazer todos os esforços para reservar terrenos para a habitação pública e privada, espero que haja equilíbrio na procura e oferta. Espero que haja um maior equilíbrio e que os preços possam descer. Estamos a estudar a revisão da lei de habitação econó-
mica e temos de encontrar terrenos suficientes, fazer uma avaliação efectiva para resolver este problema a longo prazo.” Em resposta à deputada Melinda Chan, o Chefe do Executivo garantiu ainda uma revisão dos regulamentos sobre o imposto profissional e o imposto do selo. “A classe média está
sujeita a estes impostos, mas o seu rendimento não é elevado. Vamos estudar como é que os trabalhadores da classe média podem ter acesso a alguns apoios com a redistribuição da riqueza.”
O PESO DOS MATERIAIS
Chui Sai On voltou a ser confrontado com os atrasos sentidos pelos candidatos
a uma habitação pública, bem como com a falta de qualidade de muitos dos edifícios. Au Kam San falou do exemplo do Edifício do Lago, na Taipa, que tem elevadores que não funcionam e azulejos a cair das paredes. “Qualquer comerciante que tenha ética presta serviços pós-venda, nem vamos falar do Governo! Alguns
O Chefe do Executivo lembrou que o peso dos materiais é algo a ter em conta na altura de construir casas públicas. “Queremos criar um bom ambiente de habitação e encontrar as soluções para reduzir os problemas. Quanto à queda de tijolos, há que ter em conta o peso e o tamanho desses materiais e vamos proceder aos testes de resistência. O Governo vai trabalhar nos materiais para melhorar as condições dos edifícios para que as obras sejam da melhor qualidade. Se se verificarem problemas com o empreiteiro vai ser imputada a responsabilidade nos termos contratuais”, concluiu. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
PEARL HORIZON GOVERNO À ESPERA DA DECISÃO DO TUI
O
caso do Pearl Horizon foi ontem abordado por vários deputados no debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG). Enquanto isso, e pelo segundo dia consecutivo, os proprietários que adquiriram as fracções em regime de pré-venda manifestavam-se à porta da Assembleia Legislativa (AL), clamando
por uma iniciativa por parte do Governo. Ainda assim, o Chefe do Executivo admitiu que o Governo só poderá adoptar medidas mais concretas após a decisão final do Tribunal de Ultima Instância. “O Governo tem acompanhado o caso desde a declaração de caducidade do terreno, que gerou um processo
em tribunal. Este já se pronunciou sobre essa questão mas não sobre a decisão final sobre a caducidade. A nossa equipa solicitou um parecer ao procurador da RAEM sobre a lei de terras, a concessão caducou e nem o Chefe do Executivo tem o direito de a renovar. Antes de haver uma sentença como é que o Governo
poderá ter condições para negociar ou mesmo dialogar com os compradores? Não estou a dizer que não nos preocupamos, o que não podemos é não seguir as leis. Não sou eu que quero ou não lidar com o problema mas tenho de lidar com as minhas próprias capacidades”, apontou Chui Sai On. A.S.S.
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MACAU E CHINA COM OS MESMOS LIVROS DE HISTÓRIA EM 2019
POLÍTICA
LEONEL ALVES QUER RAEM COM CENTRO DE ARBITRAGEM
O deputado Mak Soi Kun questionou Chui Sai On sobre a necessidade de se reforçar o ensino da história de Macau nas escolas. O Chefe do Executivo confirmou a criação de novos materiais escolares em conjunto com o interior da China, já a partir do ano lectivo de 2019/2020. “A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude entrou em contacto com os serviços homólogos do interior da China no sentido de produzir materiais uniformes para a disciplina de História. Em conjunto vão produzir livros para o ano lectivo de 2019/2020”, disse ontem na Assembleia Legislativa.
O deputado Leonel Alves defendeu ontem que Macau deve servir de ponto de encontro na área jurídica, nomeadamente ao nível da criação de um centro de arbitragem virado para os mercados lusófono e chinês. “A última edição do Fórum Macau foi um êxito e o papel de Macau ficou reforçado como plataforma. Mas Macau poderá e deverá ser o ponto de encontro entre o Direito chinês e o Direito dos países lusófonos. Deve servir de centro de diálogo para magistrados e juristas, para que se possam criar as bases para fazer do território um local de celebração de negócios, e que possa também ser um centro de arbitragem.” O Chefe do Executivo disse que a ideia levantada pelo deputado “merece o profundo estudo e reflexão” do Governo. “A plataforma de cooperação está a surtir efeitos e a plataforma em termos de serviços jurídicos estará na ordem do dia”, referiu ainda.
LAG 2017 CHUI SAI ON NEGA QUE SE ATRIBUAM “RÓTULOS POLÍTICOS E JUDICIAIS”
“O que afirmou são coisas graves”
A
A deputada Song Pek Kei falou da ausência de responsabilização no Governo e lamentou que alguns governantes atribuam “rótulos políticos e judiciais” na resolução dos problemas. O Chefe do Executivo negou e disse tratar-se de acusações “graves” Na resposta, o Chefe do Executivo reagiu: “O que acabou de afirmar são coisas graves”. “A boa governança é a filosofia que temos vindo a desenvolver. Os meus colegas merecem elogios, mas se cometerem erros tenho de assumir responsabilidades políticas. A primeira parte que temos de fazer é concretizar o nosso plano de desenvolvimento
GCS
segunda intervenção do debate de ontem sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano ficou marcada por uma ligeira troca de palavras entre a deputada Song Pek Kei e o Chefe do Executivo. Ao questionar Chui Sai On sobre a ausência de um regime de responsabilização na Administração, a deputada acusou muitos dirigentes de atribuírem “rótulos políticos e judiciais” na hora de resolver os problemas. “Em relação à racionalização dos quadros e à simplificação administrativa, os residentes querem que o Governo pare de afiar as facas e comece a cortar. Querem ver melhorias nas acções, mas os resultados são decepcionantes. A acção arbitrária que dá origem a rótulos políticos e judiciais não é útil.” A número três da bancada de Chan Meng Kam defendeu a necessidade de começar a “aprofundar a reforma administrativa para haver uma maior eficácia”, para que se evite “afectar a sociedade”. “Como é que isso vai ser feito? Não há nenhum mecanismo de reformulação e muitos governantes continuam na mesma”.
“Determinados dirigentes podem ter o seu feitio para resolver os problemas, mas devem trabalhar em conjunto para resolver os problemas.”
quinquenal e as LAG. As acções governativas têm de estar de acordo com as opiniões da população, caso contrário estamos a afastar-nos das pessoas.” As acusações da deputada Song Pek Kei surgiram no seguimento de vários relatórios do Comissariado contra a Corrupção e Comissariado da Auditoria que apontaram a existência de derrapagens orçamentais ou actos ilegais. O último apontou o dedo à gestão danosa da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) em relação aos parques de estacionamento públicos. “Enquanto responsável máximo pela equipa devo ouvir todos e podem entrar em contacto comigo pessoalmente. Depois de ouvir as afirmações da deputada, determinados dirigentes podem ter o seu feitio para resolver os problemas, mas devem trabalhar em conjunto para resolver os problemas. Não nos podemos afastar dos factores não humanos. Todos nós estamos a comungar do mesmo objectivo para servir melhor toda a população”, garantiu Chui Sai On. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
CHUI SAI ON CHEFE DO EXECUTIVO
ANGELA LEONG QUER REFORÇAR EDUCAÇÃO PATRIÓTICA NAS ESCOLAS
A
deputada Angela Leong questionou ontem o Chefe do Executivo sobre a necessidade de reforçar os currículos escolares em prol de uma aposta na educação patriótica, por forma a evitar uma crise política como a que está a acontecer em Hong Kong. Recorde-se que dois deputados
eleitos pró-independência foram impedidos de tomar posse no Conselho Legislativo após ter sido feita uma interpretação da Lei Básica pelo Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, por terem feito discursos contra a China durante a tomada de posse.
“A polémica originada pelos deputados de Hong Kong originou um debate sobre a formação dos jovens. Após vários anos a educação patriótica deve passar para outro patamar para além da sensibilização. Será feito um reforço do ensino primário ao superior? E para os jovens que já trabalham,
como será feito?”, questionou. O Chefe do Executivo disse compreender que “temos de começar essa educação desde o ensino primário até ao universitário e fazer uma implementação efectiva da Lei Básica”. “Espero que haja uma maior divulgação da Lei Básica”, disse ainda. A.S.S.
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hoje macau quinta-feira 17.11.2016
HM • 1ª VEZ • 17-11-16
HM • 1ª VEZ • 17-11-16
HM • 2ª VEZ • 17-11-16
ANÚNCIO
ANÚNCIO
ANÚNCIO
Execução por custas/ multa/ FM1-12-0088-CDL-B indemnizações n.º ___________________
Juízo de Família e de Menores
Exequente: MINISTÉRIO PÚBLICO Executada: CHEONG UT MEI, titular do BIRM, ora au sente em parte incerta, com última residência conhecida em Macau, na Rua do General Galhardo, EDF. Sang Heng, 4.º Andar E. Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos para, no prazo de quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado abaixo referido sobre que tenham garantia real e que é o seguinte: BENS PENHORADOS Quantia de Comparticipação Pecuniária do ano 2015 e do ano 2016. Macau, aos 03 de Novembro de 2016. A Juiz de Direito
Execução Ordinária n.º
CV2-09-0130-CEO
2º Juízo Cível
EXEQUENTE: Hang Seng Bank Limited (恒生銀行有限公司), com sede em Hong Kong e sucursal em Macau, na Avenida Panorâmica do Lago Nam Van, nº 810, Edf. Fortuna Business Centre, 11º andar E-H, registo comercial nº 17558. EXECUTADA: Fábrica de Malhas Três Estrelas (Macau) Limitada (三星針織廠(澳門)有限公司), com sede em Macau, na Rua Dois do Bairro da Concórdia, nº 62, Edifício Industrial Vang Tai, 6º andar, “A6”, “B6”, “D6” e “E6” e “F6”, registo comercial nº 2516. Nos autos supra identificados, foi designado o dia 06 de Dezembro de 2016, pelas 09:30 horas, neste Tribunal, para a venda por meio de propostas em carta fechada, o bem penhorado abaixo identificado. Imóvel penhorado Denominação: Fracção autónoma “D12” do 12º andar “D”. Situação: Macau, na Avenida da Concórdia, nºs 159 a 199, no Patio da Concórdia, nºs 4 a 48, na Rua do Conselheiro Borja, nºs 156 a 176 e na Travessa Norte do Patane, nºs 25 a 31. Fim: Para indústria. Número de matriz: 070593. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: 21915 a fls. 106v do Livro B106. Número de inscrição da propriedade horizontal: 26447 a fls. 52 do Livro F34. O valor da base da venda: MOP14.492.100,00 (Catorze Milhões, Quatrocentas e Noventa e Duas Mil, Cem Patacas). O preço da proposta deve ser superior ao valor da base da venda acima indicado. *** Os interessados na compra devem entregar a sua proposta em carta fechada, com indicação nos envelopes das propostas, a seguinte expressão “proposta em carta fechada”, “2º Juízo Cível” e o “Processo Número: CV2-09-0130-CEO”, na Secção Central deste Tribunal, até o dia 05 de Dezembro de 2016, até 17:45 horas, podendo os proponentes assistir ao acto da abertura das propostas. É fiel depositária o Sr. Chan Kai Ying, com domicílio profissional na Avenida Panorâmica do Lago Nam Van, nº 810, Edf. Fortuna Business Centre, 11º andar E-H, Macau, que está obrigado, durante o prazo do edital e anúncio, a mostrar o bem imóvel a quem pretenda examiná-lo, podendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção. Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação dos imóveis supra referidos, podem, querendo, exercerem o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite, nos termos do artº 787 do C.P.C.M. Macau, em 11 de Novembro de 2016.
Interdição
Nº
CV1-16-0093-CPE
1º Juízo Cível
-----REQUERENTE: O Ministério Público. ---------------------------------REQUERIDO: Leong Weng, solteira, nascida a 06/10/1983, em Macau, filha de Leong Man Kai e da Wu Chao Lan, titular do B.I.R.M. n.º5166XXX(X) e residente, na Rua de Concórdia n. 53, Edf. Wang Fat 5º andar L, em Macau.--------------------------------------------*** -----O MERITÍSSIMO JUIZ DO 1º JUÍZO CÍVEL DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M. -----------------------------------------FAZ SABER QUE, foi distribuída neste Tribunal, no dia 12 de Outubro de 2016, uma Acção Especial de Interdição com o número acima indicado que o Ministério Público move contra Leong Weng, a fim de ser decretada a sua interdição por ser portadora de anomalia psíquica, mostrando sintomas de autismo com ligeiro atraso mental. ------------------------------------------------------------------Tribunal Judicial de Base de R.A.E.M., ao 31 de Outubro de 2016.--
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SOCIEDADE
ECONOMIA FMI CONCORDA COM CRIAÇÃO DE FUNDO SOBERANO
A
A
NALISTAS de jogo consideram que o plano do Governo de Macau de, em 2017, auditar as contas dos angariadores de grandes apostadores para os casinos manterá o segmento VIP sob pressão, mas que é “positivo” para regular o negócio. Segundo as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, o Governo de Macau vai “desencadear uma auditoria específica” às contas de cada promotor de jogo, termo pelo qual são oficialmente designados os angariadores de jogadores VIP comummente conhecidos como junkets. A auditoria deverá iniciar-se em Fevereiro e terminar em Dezembro e surge no quadro do reforço da regulamentação e fiscalização das contas dos junkets. “Não conheço as especificidades do que estão a planear fazer diferente, mas penso que é seguro dizer que há uma razão pela qual nós prevemos que o [o segmento] VIP [dos casinos] continue a decrescer em 2017”, disse à agência Lusa Grant Govertsen, analista da Union Gaming, à margem de uma conferência sobre jogo integrada na Macau Gaming Show. Embora sem o fluxo de outrora, o jogo VIP ainda gera mais de metade das receitas dos casinos de Macau, capital mundial do jogo e o único lugar na China onde os casinos são legais. “A nossa previsão actual é de um declínio de cerca de quatro por cento nas receitas, apesar de o segmento VIP estar potencialmente a crescer um pouco. Por isso, a nossa previsão assume, de facto, que há um risco adicional para o segmento VIP de
Jogo AUDIÇÃO A CONTAS VAI TRAZER PRESSÃO AO SECTOR VIP
“Uma certa dor” para os junkets O Chefe do Executivo anunciou nas Linhas de Acção Governativa para 2017 que serão feitas auditorias às contas dos promotores de jogo. Analistas defendem que a medida é positiva mas que vai ter repercussões no segmento VIP dos casinos uma perspectiva reguladora”, observou Grant Govertsen. “Em última análise, os investidores gostariam de ver mais transparência, mas isso ganha-se à custa das receitas e do dinheiro dos impostos. Mas, claramente, isso é algo que o Governo pensou”, acrescentou Govertsen, para quem “a boa notícia é que o segmento de massas parece ter entrado numa boa fase de crescimento”.
DORES DE REGULAMENTAÇÃO
Já Marcus Liu, analista da CLSA, disse que a medida “vai ser positiva” para o mercado “sub-regulamentado durante muito tempo”. “Apesar de inicialmente poder implicar
alguma ‘dor’ para os junkets, a longo prazo vai ser bom para o negócio destes”, afirmou, à margem da mesma conferência. Nos últimos dois anos, têm sido noticiados desfalques em salas de grandes apostas, com os fundos desviados a envolverem milhões de euros. “Vimos todos estes incidentes com as dívidas de jogo que deram uma má imagem [dos junkets], por isso é bom haver mais regulação; isso vai proteger um pouco mais o mercado”, acrescentou. Macau tem 141 promotores de jogo autorizados a exercer actividade durante 2016, o número mais baixo desde 2006, um reflexo da
A auditoria deverá iniciar-se em Fevereiro e terminar em Dezembro e surge no quadro do reforço da regulamentação e fiscalização das contas dos junkets.
conjuntura dos casinos e, em particular, do mercado de grandes apostadores.
E AS LICENÇAS?
Na abertura da Macau Gaming Show, na terça-feira, o director da Inspeção de Jogos, Paulo Martins Chan, disse que 19 junkets têm de melhorar os respectivos sistemas de contabilidade, sob pena de perderem as licenças para operar, segundo o jornal Tribuna de Macau. Para Marcus Liu, o risco de alguns promotores perderem as licenças pode não ter um impacto significativo. “O negócio dos junkets é muito fragmentado, mas os quatro ou cinco grandes detêm uma quota de mercado de 80 por cento ou 85 por cento. Não penso que faça uma grande diferença se esses 19 saírem do mercado. Assumo que estes 19 em risco de desaparecer estarão no final da ‘tabela’ dos cerca de 140 junkets actuais”, explicou. HM/LUSA
Autoridade Monetária de Macau (AMCM) deu ontem conta do relatório preliminar elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), depois da passagem de um grupo do organismo pelo território. Os técnicos do FMI estiveram cá ao durante 12 dias para fazerem uma avaliação geral à economia da região administrativa especial. Na última reunião de trabalho com a AMCM, lê-se num comunicado enviado pela autoridade, os especialistas manifestaram que Macau “já iniciou o importante processo de transição da sua economia, para um modelo económico de estabilidade e sustentabilidade”. O FMI constatou que “o Governo da RAEM tem uma sólida situação financeira, o sector financeiro tem capital e liquidez suficientes, bem como um sistema de taxa de câmbio confiável”. Este quadro traduz-se
em benefícios para “a transição da economia” nesta fase. O grupo de trabalho do organismo concorda com os planos do Executivo em relação à criação de um fundo soberano – o Fundo de Desenvolvimento e Investimento previsto, de resto, no Plano Quinquenal – “em vez de melhorar a gestão da reserva financeira”. Também é vista com bons olhos a taxa de câmbio da pataca em relação ao dólar de Hong Kong, por “manter as suas funções de ajuda ao desenvolvimento económico” do território. A AMCM aponta ainda que a RAEM tem suficientes reservas financeiras, um sistema bancário robusto, uma moderada política financeira e um mercado laboral flexível, “tudo elementos que também suportam o sistema da taxa de câmbio”. O relatório final do FMI sobre a avaliação a Macau vai ser publicado no espaço de três meses.
CASAS-MUSEU ENCERRADAS NO PRÓXIMO SÁBADO
Na sequência da realização do 63º Grande Prémio de Macau, o Instituto cultural dá a conhecer, em nota de imprensa, que as Casas-Museu da Taipa estarão encerradas no sábado, a partir de 12h. A interdição abrange toda a área das Casas-Museu, incluindo o Museu Vivo Macaense, a Galeria de Exposições, a Casa Criativa, a Casa de Nostalgia e a Casa de Recepções. A Avenida da Praia estará temporariamente encerrada ao público, sendo apenas permitido o acesso a autoridades e veículos específicos.
PASSE ELECTRÓNICO PARA CERTIDÃO DA SEGURANÇA SOCIAL
Os residentes de Macau podem, desde ontem, requerer a certidão de conta corrente de beneficiário do regime da segurança social através do ePass. No ano passado, o Fundo de Segurança Social deu início à informatização do serviço de segurança social através do ePass, com a colaboração da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública. Até à data, foi implementado o serviço de requerimento de certidão de conta corrente de beneficiário, permitindo aos cidadãos requerer a certidão on-line. Por outro lado, mediante o ePass, os residentes podem proceder à consulta sobre os dados pessoais registados no Fundo de Segurança Social, incluindo as contribuições dos últimos cinco anos e prestações do regime da segurança social, o registo de prova de vida, a atribuição de verba da conta individual de previdência e os saldos da conta.
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hoje macau quinta-feira 17.11.2016
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 601/AI/2016
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 603/AI/2016
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora KHUAT THI HAO, portadora do Passaporte da Vietnam n.° B7819xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 128.1/DI-AI/2013 levantado pela DST a 11.11.2013, e por despacho da signatária de 01.11.2016, exarado no Relatório n.° 690/DI/2016, de 31.10.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Bruxelas N.° 169, Jardim Nam Ngon, Bloco 4, 7.° andar Q.----------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.---------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------------------
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor MA JIANXIN, portador do Passaporte da RPC n.° E27104xxx e Salvo-Conduto para deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W95995xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 15/DI-AI/2015 levantado pela DST a 01.02.2015, e por despacho da signatária de 31.10.2016, exarado no Relatório n.° 693/DI/2016, de 18.10.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Luis Gonzaga Gomes, n.os 210 - 212, Kam Fung Tai Ha, Bloco 2, 5.° andar N onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.---------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------------------
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 01 de Novembro de 2016.
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 31 de Outubro de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 607/AI/2016
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 608/AI/2016
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LAU, Kai Wing, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Hong Kong n.° H1258xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 89/DI-AI/2014 levantado pela DST a 21.07.2014, e por despacho da signatária de 27.10.2016, exarado no Relatório n.° 696/DI/2016, de 20.10.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Travessa da Amizade n.° 82, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 8, 2.° andar C, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.---------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------------------
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LIU, JIANXIANG, portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W85169xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 89.1/DI-AI/2014 levantado pela DST a 21.07.2014, e por despacho da signatária de 27.10.2016, exarado no Relatório n.° 697/DI/2016, de 20.10.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Travessa da Amizade n.° 82, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 8, 2.° andar C, Macau.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ---------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------------------
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 31 de Outubro de 2016.
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 27 de Outubro de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 609/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHEANG KAI VENG, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 50810xx(x), que na sequência do Auto de Notícia n.° 91/DI-AI/2014 levantado pela DST a 25.07.2014, e por despacho da signatária de 31.10.2016, exarado no Relatório n.° 698/DI/2016, de 20.10.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua do Terminal Marítimo n.os 93-103, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 4, 5.° andar B, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.---------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 31 de Outubro de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 610/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora HE DAYU, portadora do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W85405xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 91.1/DI-AI/2014 levantado pela DST a 25.07.2014, e por despacho da signatária de 31.10.2016, exarado no Relatório n.° 699/DI/2016, de 20.10.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua do Terminal Marítimo n.os 93-103, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 4, 5.° andar B, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.---------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 31 de Outubro de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
9 hoje macau quinta-feira 17.11.2016
A Bee Sports e a Garsland foram duas das quatro startups locais que estiveram presentes na Web Summit, em Lisboa, embora como participantes apenas. Ao HM relatam a experiência de poderem ir além do mercado chinês e de estarem num evento tão diferente da MIF
SOCIEDADE
Web Summit DUAS STARTUPS LOCAIS RELATAM A EXPERIÊNCIA EM LISBOA
Tecnologia além-fronteiras
F
ORAM quatro as empresas locais que se deslocaram a Lisboa para a recente edição do Web Summit, após a participação num concurso de startups que se realizou em Macau, em Outubro. Conforme o HM noticiou, o grupo de empresários não contou com o apoio do Instituto de Promoção e Comércio (IPIM) mas, ainda assim, a ida a Portugal deixou uma porta aberta para o futuro. A Bee Sports, criada este ano tinha, até à edição do Web Summit em Lisboa, os contactos e parcerias limitados à China. O projecto tem como objectivo o “despertar a área do jogo electrónico em Macau”, explicou Sunny Kam. A empresa, que tenciona tirar partido da diversificação do turismo local, tem como meta trazer as grandes competições do sector a Macau. De Lisboa trazem uma mão cheia de contactos com os mercados europeus e americanos. Apesar destes destinos de negócio estarem adiantados no que respeita ao jogo electrónico, “a sua popularização é ainda inferior à que se regista no mercado chinês”, explica Sunny Kam. Para o responsável do projecto, com a experiência em Lisboa, “os europeus vêem a China como a galinha dos ovos de ouro, pelo que demonstram muito interesse em estabelecer negócios com o país”, mas do Web Summit a Bee Sports traz uma outra perspectiva em que, dos conhecimentos feitos no evento, é realmente possível vir a obter ajuda para os projectos da empresa.
Sunny Kam considera ainda que a participação de projectos locais no Web Summit deveria ser prioritária nos apoios e incentivos por parte do Governo. Ao contrário de outro tipo de eventos, a cimeira tecnológica ainda não é caracterizada pela “galinha dos ovos de ouro chinesa” e em que é proposto um intercâmbio diferente entre os participantes. Por outro lado, Sunny Tam considera que os contactos directos entre empresas estrangeiras e empresas da China não são fáceis. Se Macau for a ponte no meio de tudo isso, as possibilidades de entendimento são maiores. “Os investidores e empresas que desejam entrar no mercado chinês podem encontrar possibilidades através de nós.”
VENHAM MAIS DE MACAU
Para o representante da Bee Sports, um evento como o Web Summit é fundamental para criar a possibilidade de apoios por parte de empresas europeias ou americanas, pelo que recomenda que Macau possa estar representado com mais projectos. “Penso que mais companhias deviam ir para ver o evento e para estarem
expostas. Ser expositor, na prática, até se revela mais frutífero no que respeita a contactos”. Sunny Kam lamenta ainda a fraca adesão de Macau nesta edição do evento. “Este ano não encontrei expositores de Macau. As companhias locais que foram ao evento eram apenas quatro (incluindo a minha) e só enquanto participantes, o que acabou por ser uma pena”, explica.
ARRUMAR O TURISMO
Fei Ng Tam foi outro dos participantes que esteve na Web Summit com a Garsland, um projecto que se dedica a uma nova distribuição de turistas. “A intenção é resolver o problema de alguns locais estarem sobrelotados, enquanto outros estão vazios.” A empresa não é apenas um site da internet sobre turismo, mas sim uma “oportunidade de dar a conhecer uma Macau diferente enquanto se resolvem problemas associados ao sector”, explica. Fei Ng Tam faz um balanço positivo do evento por ser um momento que “permite ter contacto directo com os residentes locais, experimentar a vida como
ela é noutra cidade”. O empresário considera ainda que é uma forma de “recrutar investidores e parceiros internacionais”. As diferenças entre um Web Summit e uma Feira Internacional em Macau (MIF) é que o primeiro “está cheio de inovação, investimento e tecnologia”. Para o empresário, que já marcou presença na MIF enquanto expositor, não sentiu que existisse nenhuma destas características no evento
“Penso que mais companhias deviam ir para ver o evento e para estarem expostas. Ser expositor, na prática, até se revela mais frutífero no que respeita a contactos”. SUNNY KAM EMPRESÁRIO
de Macau. “A MIF e o Governo precisam realmente de trabalhar mais nesse sentido”, afirma. Por outro lado, Fei Ng Tam sublinha a importância de mais medidas de incentivo às grandes empresas, como por exemplo ao sector do jogo, para que apoiem os pequenos projectos locais. “O Governo podia incentivar as companhias maiores e do sector do jogo a criarem um fundo de investimento rentável, porque apenas com o apoio do Governo é difícil motivar a conjuntura, cabe às grandes empresas conseguirem fazer mais alguma coisa”, remata. Para além da Bee Sports e da Garsland, participaram a IMMO, de Manuel Correia da Silva, e a Phantom. Tal como o HM noticiou, a IMMO pretende ser uma app que gere o tempo livre de cada um. A Phantom não respondeu às questões do HM até ao fecho da edição. Andreia Sofia Silva (com A.K.) andreia.silva@hojemacau.com.mo
Sofia Mota
sofia.mota@hojemacau.com.mo
10 EVENTOS
ARNALDO GONÇALVES
“Há um regresso do à preocupação das
O “Sagrado e o Profano – Diálogos no Delta do Rio” é o lema do ciclo de palestras que tem início no próximo dia 25, pelas 18h30, na Livraria Portuguesa. Uma iniciativa do Fórum Luso Asiático que pretende discutir a religião e o seu papel na sociedade contemporânea. Arnaldo Gonçalves fala ao HM da motivação que deu origem à iniciativa
De onde partiu a ideia para o tema do ciclo “O Sagrado e o Profano – Diálogos no Delta do Rio”? A ideia de fazer um ciclo de palestras acerca da religião veio de um sentimento que se foi acumulando ao longo do tempo. Achei interessante pegar numa temática que ainda não foi tratada em Macau mas, sobretudo, porque se sente que há uma grande inquietação. Enquanto cientista social, sinto que há um regresso do sagrado à preocupação das pessoas. Durante muito tempo, desde Weber no século XIX, que se começou a acreditar que as pessoas não precisavam da religião para nada e que a religião era uma coisa já acabada, de séculos anteriores, e que só através da ciência e do uso da razão é que as pessoas podiam descobrir a felicidade. Esta ideia, de alguma forma, revelou um mito com pés de barro, porque as pessoas procuram sempre algo. Que encontram na religião? Nesse aspecto assistimos, um pouco por todo o mundo, ao regresso das preocupações de foro religioso – num sentido diferente em relação a outros períodos, porque não é tanto um retorno às chamadas religiões institucionais que têm igreja, um corpo hierarquizado, um clero ou um dogma, mas sim um regresso a múltiplas formas de espiritualidade. Achei que era interessante trazer este tema que, no fundo, se trata do confronto entre o sagrado e o profano, isto é, o confronto entre o apelo à religião e um mundo material que é o que nos rodeia. É no cruzamento de ambos que foi associada uma outra ideia que, pessoalmente, sempre achei curiosa no budismo, e que é a questão do “rio”. O budismo é uma religião que acredita na reencarnação e que nós vamos num rio a atravessar de uma margem à outra. As próprias escolas do budismo são definidas de acordo com esta analogia da jangada pequena e da grande jangada. Aqui temos o Rio das Pérolas e, por outro lado, a metáfora ao rio também representa um caminho. Um rio é uma coisa que não pára, é uma fluência que não é estática porque nunca voltamos a repetir a mesma secção do trajecto e experimentamos sempre partes novas. Vamos também abordar as grandes
GONÇALO LOBO PINHEIRO
ESPECIALISTA EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
religiões monoteístas que são as que se impõem à nossa cultura, mas também outras não monoteístas e que estão muito enraizadas, especialmente aqui na Ásia, sem esquecer outras formas de espiritualidade que, se tivermos tempo e houver público, iremos tratar. Falou de um regresso às preocupações religiosas e ao sagrado. O que é que está a acontecer socialmente para que se esteja a assistir a essa transformação? Penso que é uma resposta, de certa forma, a uma instabilidade que se sente no mundo. O mundo nunca esteve tão instável como agora. Neste momento somos confrontados com surpresas praticamente todas as semanas acerca de coisas que acontecem e põem
em causa o que podemos chamar de uma certa normalidade. Isto traduz-se na tal intranquilidade vivida pelas pessoas. As pessoas não se sentem seguras, estão preocupadas com os problemas que possam ter. Por exemplo, quando viajam estão mais preocupadas com isso, no contacto com outras comunidades que desconhecem também não se sentem seguras e essa intranquilidade não é resolvida pelos governos, não é resolvida pelos sistemas políticos. E é uma coisa que fica no coração das pessoas. É aí que a religião tem um papel? Sim, acho que esse apelo à religião representa a procura de uma iluminação e de uma paz interior. É algo que as pessoas pouco a pouco têm
descoberto enquanto forma de usufruírem daquilo que têm, de se conhecerem a si próprias e de terem uma relação de abertura em relação ao outro que desconhecem e de que desconfiam, porque é diferente, porque ora dife-
“O regresso ao sagrado é uma resposta, de certa forma, a uma instabilidade que se sente no mundo. O mundo nunca esteve tão instável como agora.”
rente ou porque pensa diferente. Acho que esse apelo é consistente. O ciclo de palestras vai abrir com a temática do Islão. Alguma razão em particular? Não foi intencional, mas é a religião da maioria da população asiática. Por outro lado, há uma grande curiosidade pessoal em relação ao Islão que também passa pela formação em estudos internacionais e pelos actuais estudos que estou a desenvolver há três anos que abordam os estudos religiosos. O Islão é a religião mais praticada na Ásia, tem um bilião de seguidores nesta região do mundo. Acabou por se juntar o útil ao agradável e começar por tentar perceber o que é o Islão, como é que é uma doutrina que dá resposta à intranquilidade das pessoas,
11 hoje macau quinta-feira 17.11.2016
o sagrado pessoas”
como é que o apelo ao divino pode preencher uma parte desta inquietude. A seguir ao Islão o que é que vem? A segunda palestra vai debruçar-se no judaísmo. Vai ser dada por um professor da Universidade de Macau, judeu praticante e um fervoroso conhecedor do Antigo Testamento. Prevemos ter o evento no início de Janeiro, mas depende da disponibilidade do espaço. Depois seguem-se o cristianismo, o budismo e por aí fora. Como é que se vai organizar cada palestra? Queremos que seja uma conversa em que o convidado faz a exposição acerca da forma como vê a religião e em que há espaço para que o público
coloque as suas questões, de modo a suscitar um debate. Qual é a sua relação com a religião? Não tenho qualquer religião. Mas por exemplo o professor James D. Frankel, que vai abrir este ciclo de palestras, é uma pessoa muito interessante. Tem formação em Estudos Comparados na religião e é um convertido ao Islão. Pessoalmente acho curiosíssimo que um americano, formatado pela cultura em causa, branco, caucasiano, tenha sentido este apelo. O que é que o Islão lhe terá trazido para que se tivesse convertido? Comecei a viajar muito cedo por uma série de países islâmicos e, da experiência que tenho, a imagem que nos dão do Islão, nebulosa e bélica, não corresponde à realidade que vi
EVENTOS
HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho
Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com
Serpão
nestes países. É uma religião doce. Nunca senti a pressão de que tanto se fala. Como vê a religião em Macau? Em Macau, a religião cristã tem um peso muito forte e somos levados a pensar que é a única que existe, até porque é o fio ideológico da comunidade macaense. Mas também temos o budismo que é a doutrina praticada pela maioria. O Islão aqui é praticado por uma pequena comunidade que nem templos tem e é pouco visível, mas que integra pessoas de várias comunidades. Esta palestra só é possível com a ajuda da associação muçulmana local que me auxiliou na escolha do perito orador e nos contactos que fiz. Sofia Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
NOME BOTÂNICO: THYMUS SERPYLLUM L. FAMÍLIA: LAMIACEAE (LABIATAE). NOMES POPULARES: ERVA-URSA; FALSO-TOMILHO; PLANTA-URSA; SERPIL; SERPILHO; SERPOL; TOMILHO; TOMILHO-BRAVO; TOMILHO-DAS-SERRAS.
organismo e alivia a ressaca (mas o melhor mesmo é não beber…); tem sido administrado às crianças para eliminar os vermes intestinais. Tem ainda propriedades diuréticas e depurativas, úteis na inflamação da bexiga e cálculos renais. Estimula a menstruação quando atrasada, regulariza o período e combate os espasmos das dores menstruais.
Nativo das regiões temperadas da Europa Central, o Serpão é uma planta herbácea sempre-verde. Tem caules quadrangulares rasteiros, radicantes, e pode alcançar 40 cm de altura; as folhas são pequenas, ovais e planas, verdes em ambas as páginas e, as flores, de cor rosa ou purpúrea, agrupam-se em inflorescências terminais. Apreciada na cozinha e como remédio desde a Antiguidade, o Serpão foi referido por vários autores ao longo da História. Nicholas Culpeper, botânico e médico inglês do século XVII, mencionava que «reconforta e fortalece a cabeça, estômago, ureteres e ventre, expele gases e quebra pedras» e aconselhava-o no tratamento de hemorragias internas, tosse e vómitos. Já Lineu, o grande naturalista e botânico sueco do século XVIII, utilizava-o nas dores de cabeça e ressacas. O Serpão tinha também inúmeros usos domésticos, participando ainda em rituais de cariz pagão e até religioso. Actualmente, continua a ser uma planta muito válida. Em fitoterapia são usadas as partes aéreas floridas.
Outras propriedades Planta de múltiplos usos externos, o Serpão é fortemente anti-séptico, detém pequenas hemorragias e favorece a cicatrização de feridas e contusões; tem indicação nas afecções da pele (feridas e úlceras, infecções da pele), boca (aftas, chagas), garganta (amigdalite, faringite) e anogenitais (vulvovaginite, fissura anal). Os banhos de imersão são anti-reumáticos e relaxantes musculares, empregando-se nas mialgias, espasmos, nevralgias (ciática, do trigémio) e reumatismo em geral; são igualmente tónicos e revitalizantes, sendo utilizados em caso de depressão, astenia, esgotamento e debilidade das crianças.
Composição Óleo essencial (acetato de geranilo, alfa-pineno, cariofileno, carvacrol, cimol, geraniol, linalol, p-cimeno, terpineol, timol), taninos, flavonóides (derivados do quercetol, apigenol, diosmetol, escutelarenol, luteolol), ácidos fenólicos (cafeico, rosmarínico), saponinas, constituinte amargo (serpilina) e resina. Aroma agradável, cítrico, sabor amargo e aromático. Acção terapêutica Com composição, propriedades e usos semelhantes ao Tomilho (Thymus vulgaris), seu parente próximo, o Serpão é ligeiramente menos activo. Tem actividade antiespasmódica, acalma a tosse, dissolve as mucosidades, facilita a expectoração e é antibiótico, sendo recomendado na constipação e gripe, tosse seca, produtiva e convulsa, faringite, bronquite e infecções respiratórias em geral; na sinusite, congestão nasal ou dos ouvidos, esta erva diminui as secreções e descongestiona as mucosas inflamadas. O Serpão estimula o apetite, tonifica o estômago, favorece a digestão e auxilia a expulsão de gases, sendo indicado na atonia do estômago, digestões pesadas, flatulência e cólicas gastrintestinais; é tonificante do
Como tomar Uso interno: • Infusão das partes aéreas floridas: 1 colher de sobremesa por chávena de água fervente. Tomar 3 a 4 chávenas por dia, antes ou depois das refeições. • Também em ampolas, tintura ou xarope, em fórmulas de plantas para as afecções respiratórias e como tónico do organismo. • Mais delicado e aromático do que o Tomilho, o Serpão pode ser usado de forma semelhante como planta aromática na cozinha. Deve ser cozinhado durante algum tempo para desenvolver o seu aroma. Combina bem com carnes e peixes de sabor mais intenso, Couve, Tomate, Batatas salteadas e saladas. • É também um ingrediente importante em diversos licores, como por exemplo o Chartreuse. Uso externo: • Decocção das partes aéreas floridas: 50 gramas por litro de água. Em lavagens e compressas, bochechos e gargarejos. • Banhos de imersão: acrescentar à água do banho 2 a 3 litros duma decocção feita com 50 a 100 gramas de partes aéreas floridas por litro de água. Tomar quente. • O Serpão é ainda usado em almofadas de cheiro. Precauções Não são conhecidas contra-indicações ou efeitos adversos causados pela administração da planta. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.
12 CHINA
hoje macau quinta-feira 17.11.2016
A “boa” América Xi Jinping na América Latina centrado na economia e investimentos
O PEQUIM DEFENDE O DIREITO DE CONTROLAR O USO DA INTERNET
Regras da navegação Na abertura da III Conferência Mundial sobre a Internet, Xi Jinping apela à coordenação internacional para melhorar a segurança da rede e promover uma utilização mais justa do ciberespaço
A
China defendeu ontem o direito de controlar e promover o uso “sensato” da rede, perante representantes de multinacionais da tecnologia, como a Microsoft, IBM ou Lenovo, durante a III Conferência Mundial sobre a Internet. O evento, organizado pelo Governo chinês, arrancou ontem em Wuzhen, na costa leste chinesa, depois de as edições prévias terem suscitado críticas por serem organizadas num país onde o uso da Internet é restringido. A censura imposta por Pequim no ciberespaço resulta no bloqueio de vários portais estrangeiros e alguns serviços de “gigantes” da Internet, como o Facebook, Twitter e Google. Numa mensagem gravada em vídeo e difundida na abertura da conferência, o Presidente chinês, Xi Jinping, apela à comunidade internacional para que coordene esforços no sentido de melhorar a segurança no ciberespaço. Xi disse ainda apoiar que cada país procure os seus modelos para um “desenvolvimento ordenado” da Internet. “A China trabalhará com a comunidade internacional para assegurar o bem comum da humanidade, manter a soberania do espaço ‘online’, promover uma governação global da Internet mais justa e equitativa e um ciberespaço aberto, inclusivo e seguro”, afirmou. O líder chinês insistiu na necessidade de alcançar “consensos” internacionais para aproveitar as
oportunidades que a rede oferece e enfrentar os desafios. “O desenvolvimento da Internet não tem fronteiras nacionais ou sectoriais. O uso, desenvolvimento e governação sensata da Internet apela à cooperação internacional e esforços conjuntos para construir uma comunidade de futuro comum no ciberespaço”, apontou.
PODER REFORÇADO
Na semana passada, a Assembleia Nacional Popular (ANP) chinesa aprovou a lei de segurança na Internet, que reforça os poderes do Governo para aceder a informação, obter registos de mensagens e
“A China trabalhará com a comunidade internacional para assegurar o bem comum da humanidade, manter a soberania do espaço ‘online’, promover uma governação global da Internet mais justa e equitativa e um ciberespaço aberto, inclusivo e seguro” XI JINPING PRESIDENTE CHINÊS
bloquear a difusão de dados que considera ilegais. A normativa foi alvo de duras críticas por grupos de defesa dos Direitos Humanos ou de associações de empresários. A lei representa “um recuo para a inovação no país e não contribuirá muito para aumentar a segurança”, comentou a Câmara do Comércio dos Estados Unidos daAmérica na China. Já a homólogo europeu advertiu para o “ambiente negativo e de incerteza” que se criou. Multinacionais como a Microsoft, IBM, Qualcomm, Amazon ou Linkedin e as chinesas Lenovo, Alibaba, Baidu ou Tencent encontram-se entre os participantes da conferência de Wuzhen. A Amnistia Internacional (AI) apelou a todos os grupos que enviem “uma mensagem clara ao Governo chinês de que não estão preparados para cumprir com os amplos abusos aos direitos de liberdade de expressão e de privacidade”. “Os comentários de Xi evidenciam que a China está a tratar de redefinir o significado da Internet, que foi criada para conectar os cidadãos de todas as partes do mundo”, refere em comunicado. Durante a reunião em Wuzhen, as empresas deverão exibir os seus últimos produtos nos sectores do comércio electrónico, transportes partilhados e processamento de grandes volumes de dados. A China é o país com mais cibernautas do mundo, cerca de 710 milhões de usuários - mais de o dobro de há cinco anos - 92,5 por cento dos quais acedem à rede através de smartphones, segundo dados oficiais.
Presidente chinês, Xi Jinping, partiu ontem para um périplo pela América Latina, que decorre até ao dia 23 de Novembro e inclui visitas a três países, visando dar novo impulso à cooperação económica. Xi partiu ontem de manhã de Pequim, acompanhado de Yang Jiechi, conselheiro de Estado chinês e responsável pela política externa do país, e vários altos quadros do Partido Comunista da China, informou a agência oficial Xinhua. Trata-se da terceira visita de Xi à América Latina, desde que ascendeu ao poder, em 2012, e será centrada nos países na costa do Oceano Pacífico, com os quais Pequim mantém uma importante relação económica e política. Xi visitará primeiro o Equador, tornando-se o primeiro chefe de Estado chinês a deslocar-se ao país, onde vai assinar acordos nas áreas de cooperação económica, cultura e judicial. O líder chinês tem previsto assistir, junto com o seu homólogo equatoriano, Rafael Correa, à inauguração da central hidroeléctrica Coca Codo Sinclair. Entre os dias 19 e 20, Xi Jinping participa, no Peru, da cimeira do Fórum de Cooperação Económica
Ásia Pacífico (APEC), onde estarão também os homólogos norte-americano e russo, Barack Obama e Vladimir Putin, respectivamente. Xi realizará ainda uma visita de Estado a Lima, estando prevista a assinatura de acordos nos sectores da mineração, energia, infraestruturas e financiamento. A China é o maior parceiro comercial do Peru e a primeira deslocação ao exterior do Presidente Pablo Kuczynski, após ser eleito em julho, foi a Pequim. Por fim, Xi Jinping desloca-se ao Chile, onde já esteve por duas vezes, antes de ascender ao cargo de Presidente. Xi vai reunir-se com a Presidente Michelle Bachelet, com quem assinará acordos nas áreas da economia, comércio e comunicações. A China tem acordos de livre comércio com o Peru e o Chile e durante o fórum da APEC, em Lima, os países vão discutir a criação de uma zona de Livre Comércio Ásia Pacífico (FTAAP, na sigla em inglês). Nos últimos anos, os países latino-americanos têm apelado a um investimento no tecido industrial e nas infraestruturas, algo que convém à China, que procura internacionalizar as suas empresas.
Lima, capital do Perú, onde vai decorrer a cimeira da APEC
INVESTIMENTO ESTRANGEIRO FINALMENTE SUBIU
O investimento estrangeiro directo da China aumentou 4,2% entre Janeiro e Outubro em comparação com igual período de 2015, para 666,3 mil milhões de yuans, informou a rádio estatal do país nesta quarta-feira. A informação foi atribuída ao Ministério do Comércio chinês. Trata-se do primeiro avanço no investimento estrangeiro directo não financeiro no país em dez meses.
13 hoje macau quinta-feira 17.11.2016
LIPPI ESTREIA-SE COM EMPATE COMO SELECCIONADOR CHINÊS
O
treinador italiano Marcello Lippi não conseguiu vencer na estreia como seleccionador chinês, após a sua equipa ter falhado várias ocasiões frente ao Qatar, num jogo da fase de qualificação para o Mundial de 2018 de futebol. O empate sem golos, em jogo disputado em Kunming, no sudoeste da China, deixa os chineses no último lugar do grupo A da zona da Ásia e Oceânia, somando dois pontos em cinco jogos. Lippi, que conduziu a Itália ao título de campeã do mundo em 2006, assumiu o comando técnico
da China em Outubro passado, substituindo Gao Hongbo. A selecção chinesa entrou motivada no jogo e criou várias oportunidades claras de golo, mas sem sucesso. O país asiático já assumiu o desejo de se tornar uma potência no futebol, mas a sua participação em mundiais resume-se à edição de 2002, disputada na Coreia do Sul e Japão, que terminou com zero pontos. Nação mais populosa do mundo, com cerca de 1.375 milhões de habitantes, a China figura em 84.º no ‘ranking’ da FIFA. Apenas os dois primeiros classificados do grupo se qualificam automaticamente para o Mundial que se disputará na Rússia.
CHINA
PROIBIDAS EXPRESSÕES IMPRÓPRIAS CONTRA KIM JONG-UN NA INTERNET
O gordinho de estimação
A
S autoridades chinesas proibiram o uso na internet e redes sociais da expressão “Gordinho Kim III” para se referir ao líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, embora insistiram nesta quarta-feira que não tenha se tratou de um pedido do governo de Pyongyang.
“Desautorizamos que se fale do líder de qualquer país com expressões insultantes”, afirmou ontem um porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Geng Shuang. Geng acrescentou que “o governo chinês está comprometido com a criação de um meio ambiente saudável e civilizado para as opiniões” na internet. No entanto, Geng
rejeitou a veracidade de informações que consideravam a decisão tomada a pedido do governo norte-coreano. O uso do citado termo e outros similares para se referir ao líder norte-coreano era muito comum nas redes sociais chinesas. No entanto, uma busca nestas redes chinesas da expressão “Gordinho Kim
III” (que faz referência a sua obesidade e a ser o terceiro membro da família que exerce o cargo de forma ininterrupta desde 1945) já não aparece hoje. Assim, a rede social Weibo (o equivalente chinês ao Twitter) oferece uma mensagem que diz que “segundo a legislação vigente, não há resultados para a busca”.
PRIMEIRO CARGUEIRO ESPACIAL EM 2017
A China vai lançar em 2017 o seu primeiro cargueiro espacial, o Tianzhou-1, com capacidade para transportar até cinco toneladas, e cujo objectivo é abastecer a sua futura estação espacial, informou ontem a imprensa oficial. O Tianzhou-1 permitirá multiplicar a capacidade de carga das actuais naves chinesas, preparadas para albergar um máximo de até três astronautas e 300 quilos de material, segundo o jornal China Daily. A estação espacial permanente que Pequim espera ter a operar em 2022, e que orbitará em redor da Terra, vai requerer grandes quantidades de alimentos, água, oxigénio e material e suprimentos para os astronautas. A estrutura preliminar da estação deverá estar pronta até 2020 e terá 88 toneladas. Desde Setembro, a China tem em órbita um novo laboratório espacial, o Tiangong-2, onde vivem actualmente os dois astronautas que no passado 17 de Outubro partiram para uma missão de 33 dias.
PEQUIM APERTA O “CINTURÃO DA FERRUGEM”
O Conselho Estatal da China, o gabinete chinês, prometeu acelerar a reestruturação de empresas estatais do chamado “cinturão da ferrugem”, área de intensa concentração de manufatura no nordeste do país, como parte de uma estratégia para impulsionar o crescimento económico local. Com base num programa-piloto, os governos das províncias de Liaoning, Jilin e Heilongjiang determinaram que entre 10 e 20 empresas de cada região procurem a consolidação por meio de acordos de fusão, informou o gabinete em mensagem publicada no portal do governo central. Os governos locais também venderão activos estatais “de forma gradual” para ajudar a cobrir défices de fundos de previdência, de acordo com o comunicado. Além disso, a redução do excesso de capacidade na indústria de carvão será acelerada. Em Maio, o governo central anunciou planos de gastar pelo menos 1,6 bilião de yuans nos próximos três anos para reavivar a economia do “cinturão da ferrugem”.
POLUIÇÃO SUSPENSAS ACTIVIDADES ESCOLARES AO AR LIVRE NA CAPITAL
O
governo da capital da China alertou nesta quarta-feira que a forte poluição que paira sobre a cidade irá persistir esta semana, suspendendo a realização de actividades escolares ao ar livre e também a actividade nos canteiros de obras.
Autoridades locais emitiram um alerta laranja, o segundo mais alto na escala de quatro, o que significa três dias consecutivos de fumo pesado sobre a cidade. Um alerta vermelho, o mais alto, significaria fumo persistente por mais de três dias.
Lançado três anos atrás, durante um forte questionamento local sobre os efeitos da poluição sobre a saúde, o sistema é uma das formas que as autoridades encontraram para remediar a situação do ar em grandes cidades após décadas de forte crescimento económico
alimentado pela construção de centenas de centrais termoeléctricas movidas a carvão, bem como a criação de uma imensa frota de automóveis. Esta semana, o grupo ambientalista Greenpeace publicou um documento afir-
mando que os níveis de metais pesados no ar, entre eles o arsénico, o cádmio e o chumbo, caíram rapidamente em Pequim desde 2013. O grupo ligou o movimento ao fechamento das centrais termoeléctricas em redor da cidade.
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fichas de leitura
ARTES, LETRAS E IDEIAS
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E
SQUEÇAMOS o Alain Finkielkraut dos nossos dias e recordemos este notável livro escrito há trinta anos e que prometia um intelectual da estirpe de um Alain Renaut ou de um Luc Ferry. Não posso deixar de assinalar aqui que o livro que hoje me ocupa faz parte de uma curta lista de ensaios aos quais devo muito do que penso hoje em dia. Desses ensaios destaco, Racionalidade e Cinismo de Jacques Bouveresse de 1984, O Elogio do Cosmopolitismo de Guy Scarpetta de 1988, O Tempo do Indivíduo: Contribuição para uma História da Subjectividade de Alain Renaut de 1989, A Nova Ordem Ecológica de Luc Ferry de 1992, O Discurso Filosófico da Modernidade de Jurgen Habermas de 1990, Crítica da Modernidade de Alain Touraine de 1995. O Fim da Modernidade - Niilismo e Hermenêutica na Cultura Pós-moderna de Gianni Vattimo de 1986, Contingência, Ironia e Solidariedade de Richard Rorty de 1989, O Inumano de Jean François Lyotard de 1997, Para uma Crítica da Economia Política do Signo de Jean Baudrillard de 1995 (Entre outros). Todos eles foram importantes mas algumas por motivos opostos aos que consagrei no quadro das minhas convicções. O livro de Alain Finkielkraut foi até um dos mais importantes pela forma como coloca em oposição as luzes e o romantismo. Quem quiser adquirir a consciência da incompatibilidade radical entre a filosofia da Aufklarung e o ideário contra-revolucionário das ideologias dos Volkgeists, tem aqui um momento de ouro. Em cima disso só tem que ler o Proceso Civilizacional de Norbert Elias e fica definitivamente vacinado contra todas as formas de enraizamento e localismo. Seguramente, que depois destas lições, dificilmente quererá voltar aos lugare-
Manuel Afonso Costa
A denúncia da ilusão Finkielkraut, Alain, A Derrota do Pensamento, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1988 Descritores: Filosofia, França, Luzes, Romantismo, Modernidade, 145 páginas Cota: A-4-6-24
jos de que fala Steiner e só o Mundo poderá satisfazer a sede de humanidade e humanismo, universalidade e espírito livre e cosmopolita. O pretexto do livro é mostrar o triunfo da barbárie sob as suas diversas formas, desde o fanatismo ao kitsch. Desde o império do obscurantismo religioso e ideológico a coberto da massificação até ao relativismo ético e estético concentrado na expressão do populista russo de que Shakespeare vale tanto quanto um par de botas, a coberto da mesma massificação; é um novo paradigma que está em marcha. A atribuição do prémio Nobel a Bob Dylan é apenas o sinal mais recente da revolta contra o Espírito a coberto
ALAIN FINKIELKRAUT nasceu em Paris no ano de 1940, concretamente a 30 de Junho. É um normalien da Escola Normal de St. Cloud, onde entrou em 1969. Judeu de origem polaca ensina hoje em dia Cultura Geral na Escola Politécnica. Foi eleito membro da Academia Francesa em 10 de Abril de 2014. Vejo-o ligado e integrado no grupo dos novos filósofos, grupo esse a que pertenceram também Pascal Bruckner, André Glucksmann e Bernard-Henri Lévy. O mais intrigante no percurso de Alain Finkielkraut é que depois de La Défaite de la Pensée, que analiso neste meu texto, e de La Sagesse de l’Amour, obra dedicada a Emanuel Lévinas, veio por via de uma ligação militante ao judaísmo a cair em posições anti-modernas e até neo-reaccionárias como muito bem salientou o sociólogo Daniel Lindenberg no livro Le Rappel à l’Ordre. O mais grave é que Alain Finkielkraut involuiu até ao ponto de assumir pontos de vista racistas. Para mim, isso será o mais chocante mas não é menos chocante o facto de de-
agora já de uma ideologia populista e demagógica: ‘o politicamente correcto’. As massas chegaram finalmente ao poder que ambicionavam, ao poder intelectual e cultural, não porque se tenham alçado a ele mas porque pressionaram no sentido do rebaixamento do Espírito (volto a insistir), da genialidade, da excepção dos grandes pensadores e artistas, doravante atirados para uma situação de quase marginalidade. Há portanto que enaltecer esta obra como outras das quais destaco agora de passagem a Sociedade do Espectáculo de Guy Debord, O Sistema dos Objectos de Baudrillard ou a A Cultura Inculta de Allan Bloom. Este último foi particularmente truculento pois
fender hoje posições hostis à modernidade e ao progresso, chegando a criticar os direitos humanos, os quais pela paixão imoderado pelo ‘outro’ alteram, em sua opinião, a reflexão política. Criticar os direitos humanos não é proibido, nem os direitos humanos são da ordem do sagrado, mas nos termos em que o faz, de modo bem diferente do que faz por exemplo Slavoj Zizek, isso releva de uma atitude profundamente reaccionária, onde faço notar uma certa nostalgia pela pré-modernidade e por convicções orgânicas e holistas. É a negação completa das suas teses da Derrota do Pensamento, que li com tanto agrado. Mais do que um neo-reaccionário Alain Finkielkraut incorpora actualmente o exército dos inimigos da Modernidade. Saliento aqui apenas as suas obras mais antigas como é o caso de Le Nouveau Désordre amoureux (A Nova Desordem Amorosa), em colaboração com Pascal Bruckner de 1977, La Sagesse de l’Amour (A Sabedoria do Amor) de 1984 e La Défaite de la pensée (A Derrota do Pensamento) de 1987.
estendeu o fenómeno de decadência à educação partindo do facto de que sendo um ensaio sobre o declínio da cultura geral acabou por nos mostrar como a educação superior vem defraudando a democracia e empobrecendo os espíritos dos estudantes de hoje. A crise ocidental é sobretudo intelectual e depois decorrente da confusão estabelecida onde a razão se confunde com a criatividade acaba por se tornar uma crise moral pois o niilismo acaba por triunfar a soldo do relativismo axiológico, tudo isto debaixo do imenso cobertor ideológico da tolerância, uma tolerância sem princípios ou mesmo deletéria. Para lá da questão cultural e de mentalidade é particularmente importante a análise crítica que o autor faz à cultura do romantismo, estabelecendo uma dicotomia muito clara e pertinente entre o romantismo e a filosofia das luzes. Da artificialidade contra o naturalismo organicista, da razão contra o costume e o instinto, do universal contra o local, do espírito contra a irracionalidade, da modernidade contra a tradição, da Sociedade contra a Comunidade, do Indivíduo contra o Rebanho, da positividade legal contra o direito histórico, do cosmopolitismo contra o enraizamento. Volto a outro dos grandes objectivos do livro, a condenação do relativismo axiológico subordinado ao multiculturalismo. Desde a lição de Claude Lévy Strauss, pronunciado na Unesco em 1952 e intitulado sob a forma de livro, através da designação da conferência: Raça e História, que o relativismo multiculturalista viu as portas escancaradas relativamente à questão do Outro. A história mais recente tem vindo a mostrar a falência completa do multiculturalismo e a mostrar ainda a falência das ciências sociais e humanas relativamente ao tema. No quadro restritivo de um pensamento pretensamente científico sobre o Outro, o que aconteceu foi o triunfo do paternalismo ou do relativismo e em muitos casos o racismo manteve-se presente e vivo. É essa ilusão que Finkielkraut denuncia. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.
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diários de próspero
António Cabrita
A
CONTECEU em Maputo. Dois casais. Um deles tinha uma teleobjectiva e entretinham-se a tirar fotos em grupo. Estranho, faziam tudo para tapar a cara. Intrigava-me esse gesto de antepor um punho, três dedos abertos, a mão cerrada entre o clic e o rosto. Punham-se em pose para, afinal, ocultar a cara. Às duas por três, uma transpôs o murete que separa a esplanada do passeio e pediu à amiga, tira-me uma foto. E um segundo antes da outra carregar no botão ela disparou o braço para a frente com os dedos em vê a tapar o rosto e nomeou a coisa: Des-foto. Era um gesto pensado e por desconcertante que pareça tem atrás de si um conceito. A Des-foto é o oposto da Selfie ou a sua simétrica paródia? Não imagino se a Des-foto é invenção deles ou a imitação de uma vaga que pela primeira vez vi aflorar em solo moçambicano. A Des-foto organiza uma tensão na imagem: o sujeito aderiu à representação mas suspendendo-a, antepondo à sua imagem algo que a trunca. É uma espécie de burka da fotografia? Por outro lado, se isto for uma moda, corresponderá este novo rito a uma reacção epidérmica, contra-fóbica, à saturação de imagens em que naufraga o mundo - ainda que usando o pêlo do cão agressor para curar a mordidela? Gosto da foto que encima esta crónica. É de um fotógrafo moçambicano e chama-se….. O visado reage, como se avisasse: “eh, sou pobre mas resta-me o direito à minha imagem!”. E contra a imagem da sua pobreza contrapõe a dignidade de manter isso em reserva, exige o recato do silêncio. Uma vez viajei pelo Yémen com um realizador que para disfarçar o seu mal-estar, naquele mundo distintíssimo do nosso, se armava com duzentas máquinas a tiracolo. Por milhares de livros que tenhamos lido, por fotos que tenhamos visto, por volumosa que tenha sido a informação digerida, quando estamos no terreno é o corpo quem reage e não a nossa armação racional. Ele
MAURO PINTO, O MEU ROSTO É SAGRADO
Des-fotar: contra o vórtice das imagens
defendia-se com a brutalidade do seu aparato tecnológico. E só conseguia lidar com a fobia que o tomava através da mediação da imagem, do antídoto da distância. Atravessávamos Hadramouth, um longo oásis ligado às antigas rotas das especiarias, e vimos um grupo de pedreiros a amassar tijolos com a mesma técnica dos tempos bíblicos. Eu dispunha-me a fazer uma reportagem e parámos o carro. Ele correu, para despachar o serviço, e antes de qualquer conversa, do mínimo protocolo, rondou os pedreiros como um urubu e clic, clic, zás, catra-
pás, colheu duas dúzias de imagens em cima dos atónitos iemanitas. Instalou-se um clima de hostilidade que impediu qualquer conversa útil: os pedreiros dispensavam ser souvenires, e como tínhamos agido sem consentimento saímos dali de mãos vazias e, por sorte, vivos. Sem consentimento: é assim que mais de metade das imagens percorrem o mundo, através das redes sociais, das revistas, dos canais televisivos, formatando opiniões a partir de simulacros destituídos de contexto. É o modo mais perigoso de sobrepormos à realidade “um banco de irreais” que defor-
mam a nossa percepção e a embaraçam em estereótipos e lugares-comuns que nos coarctam o raciocínio. Temos de reaprender a pensar para-além das imagens, a desnaturalizá-las, mais ainda quando com o advento das imagens digitais se torna suspeita a velha máxima de que “uma imagem vale mil palavras”. Pior, não apenas proliferam as imagens em que não há nada que ver, como assistimos, como insinuou Braudillard, a uma escalada do politeísmo que tem agora nos objectos e nas suas imagens o seu avatar: «Hoje, todas as coisas querem manifestar-se. Os objectos técnicos, industriais, mediáticos, os artefactos de toda a classe, querem significar ser vistos, ser lidos, ser gravados, ser fotografados. Cremos fotografar tal ou qual coisa por prazer e em realidade é ela que quer ser fotografada nada mais somos que a figura que os põe em cena, secretamente movidos pela perversão auto-publicitária de todo o mundo circundante. (…) Já não é o sujeito quem representa o mundo (i will be your mirror!): é o objecto quem refracta o sujeito e, subtilmente, por meio de todas as nossas tecnologias, e lhe impõe a sua presença e a sua forma aleatória.» Dir-se-ia, estamos possessos. Será por isso que uma democracia apoiada sobretudo na retórica das imagens é uma democracia enlanguescida, que já não reflecte no significado das suas emoções colectivas e se limita a traduzi-las em espectáculo? Eis o triste ensinamento que nos trazem os “talk-shows”, cujo formato impede o raciocínio de desenvolver-se e obriga à lógica redutora do slogan, os “reality shows”, os últimos episódios da democracia-capturada-pelos-media, no Brasil, e a deprimente campanha para as eleições nos EUA. Temo que Des-fotar não passe de mais uma moda idiota, mas se trouxer a alguns a necessidade de reflectir sobre o que é uma imagem, o que é uma representação, e se os levar em conformidade a proceder a uma espécie de “economia das imagens”, constituirá, afinal, um acto ecológico. E talvez ajude aqui um dito de Blanchot, que podemos usar como lema: “todos os dias há uma coisa para não ver”.
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hoje macau quinta-feira 17.11.2016
José Drummond
Qualquer coisa que possa correr mal, irá correr mal E
XISTE uma diferença substancial entre culpa e vergonha. Existe uma diferença substancial entre sentirmo-nos culpados de algo e sentirmo-nos com vergonha de algo. Para nos sentirmos culpados não precisamos necessariamente de sentir vergonha e para termos vergonha não precisamos necessariamente de ser culpados. É exactamente aquilo que parece se passar com o caso da demissão de Marco Muller da direcção do Festival internacional de Cinema. O culpado não tem vergonha de como se porta, e nós, pessoas da cultura de Macau, sentimos vergonha. Sentimos vergonha que Macau protagonize continuadamente o desrespeito por qualquer ideia de dignidade para com quem trabalha e dá o melhor de si pela evolução da cultura em Macau. O pior de tudo é que olhamos para o que aconteceu sem surpresa, ora porque somos - também nós programadores e artistas locais repetidamente tratados de forma semelhante, ora porque o vimos acontecer vezes sem conta em relação a tudo. A oligarquia muito específica de Macau e à qual eu me referia no texto da semana passada antes de passar à situação dos Estados Unidos está, em Macau, sempre descaradamente em prática e quem tiver o assombro de a desafiar sofre com isso. E sofre porque quem beneficia desse estado oligárquico tudo faz para destruir ou apagar quem tem o arrojo de questionar o establishment da cidade. Repugnância existe mais ou menos em oposição a atracção. Isto para dizer que se o Festival Internacional de Cinema era atraente por ter uma figura de tanta importância na sua direcção torna-se agora repugnante pelo modo como se trata essa pessoa. E este sentimento de repulsa associa-se ao da vergonha quando se pensa no modo como uma determinada associação (MFTPA – Macau Film and Television Production
Association) se acha no direito de interferir, manipular, abusar, e ultrapassar as decisões de quem foi contratado para dirigir o festival. Vergonha pelo modo como Macau mais uma vez falha e se maltrata pelo modo como trata uma pessoa com tanta qualidade e que tantos benefícios poderia trazer à cultura de Macau. Vergonha pelo desrespeito para com a pessoa e por não se mostrar ter um pingo de carácter no processo avançando para tribunal em vez de tecer um agradecimento pelo trabalho feito agindo de forma adulta independentemente da diferença de opiniões. As pessoas que, num processo como este, avançam para tribunal não merecem ser chamadas profissionais. São pessoas que mostram não ter maturidade nem classe para fazer aquilo que estão a fazer. As pessoas que fazem este tipo de coisas são exemplos do vírus continuado do amadorismo existente debaixo da capa do talento local onde apenas se enriquecem a si e que em nada beneficiam a sociedade. Estas pessoas não têm lugar em organizações
de eventos culturais. Estas pessoas não respeitam o outro. A estas pessoas não pode ser conferido poder numa área tão importante como a cultura. Agora voltamos aquilo que conhecemos. Voltamos àquele estado umbilical onde somos olhados de fora com desconfiança e até desprezo por aquilo que representamos. E é esta a santa sina de quem faz cultura em Macau. Para poder ambicionar a ser-se minimamente reconhecido fora de Macau tem-se que: ou dizer que não se é de Macau, para não levar logo com a etiqueta do jogo, do mau ou muito mau, e para evitar aqueles sorrisos condescendentes de quem se controla para não rir directamente na cara; ou tem-se que, através de um trabalho de excelência, conseguir ultrapassar o estigma local do benefício de uns em detrimento da qualidade - prática que durante décadas tem prejudicado a sociedade. Poucos conseguem ser reconhecidos fora de portas e os que conseguem quando voltam à terrinha voltam a ser tratados da mesma forma porque são uma ameaça para quem beneficia financeiramente com
todo o circo oligárquico, numa pantominice que exaspera qualquer pessoa séria. A cidade do entretenimento, onde se confundem todos os valores da ética e onde se força a verdadeira cultura e arte a definhar, é nesse sentido uma vergonha. Macau não está 50 ou 100 anos atrasado culturalmente. Macau simplesmente não existe. E não são patos gigantes, paradas ou carrinhos de choque que a colocam no mapa. Macau não existe porque não quer existir. Porque se quisesse existir percebia que há artistas e programadores de Macau com desempenhos elevados ao nível do discurso contemporâneo, que se tornam internacionais devido ao seu talento, que são apreciados e reconhecidos em festivais, prémios prestigiantes, bienais e Museus no ocidente, na ásia e no continente, e que em Macau são tratados da mesma forma que se tratam diletantes ou estudantes do secundário. Macau não existe porque há já muito tempo que deveria ter percebido que num mundo global os directores de Museus e festivais são pessoas com cartas dadas na área e não funcionários públicos. Macau não existe porque não respeita uma lenda do cinema mundial e ao não a respeitar não se respeita a si própria. Para terminar há-que recordar que o mesmo grupo económico que está ligado à MFTPA está também ligado à estranha saída do coordenador do Grande Prémio de F3, que estava no lugar desde 1983, a cerca de dois meses do evento. O mesmo grupo económico que gere os fundos de 55 milhões para o Festival Internacional de Cinema dos quais 20 são das finanças públicas. Coincidência ou piadas de mau gosto que custam muito dinheiro? A cultura em Macau é um cálice que antes de ficar cheio se estilhaça pelo ar. Macau é o perfeito exemplo da Lei de Murphy: “Qualquer coisa que possa correr mal, irá correr mal”.
17 hoje macau quinta-feira 17.11.2016
TEMPO
MUITO
?
NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente VAFA - SALÃO DE OUTONO Casa Garden
MIN
22
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26
HUM
75-90%
•
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8.53
BAHT
EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12) ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)
O CARTOON STEPH
PROBLEMA 122
UM DOCUMENTÁRIO HOJE
SUDOKU
DE
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 121
C I N E M A
YUAN
1.16
TUDO OU NADA
EXPOSIÇÃO “O ARAUTO DOS TEMPOS: O POETA F. HUA-LIN” Academia Jao Tsung-I (até 13/11)
Cineteatro
0.22 AQUI HÁ GATO
EXPOSIÇÃO “SE EU ESTIVESSE EM SÃO FRANCISCO/MACAU” Fundação Rui Cunha
EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11)
(F)UTILIDADES
Do não se passar nada ao se passar tudo de uma vez, é um circuito mais rápido do que o que agora recebe o Grande Prémio. Macau, depois do marasmo da época de Verão, faz uma rentrée onde espectáculos e iniciativas se sobrepõem. Alguns ainda se queixam que por cá não há nada para fazer, ou por ignorância ou como bode expiatório da própria preguiça. Não é Lisboa ou Hong Kong, mas é Macau, à sua maneira, ainda que por vezes atabalhoada e a precisar muito de ser limada. É Macau que continua a mostrar que até pode existir vontade, mas que não está disposto a integrar know-how para fazer agendas que não colidam, que se distribuam e que continuem a insistir na diversidade. Ou não há nada, ou num sábado à tarde acabo por me sentir deprimido por não me conseguir dividir. Uma atençãozinha ao calendário, uma distribuiçãozinha melhor, e uma não menos importante, boa vontade do potencial público, e todos nós sairíamos a ganhar. Pu Yi
YANN ARTHUS-BERTRAND “HUMANO”
“Humano” é um documentário que pretende ir mais além na alma. Um conjunto de testemunhos de anónimos ou não, recolhidos pelo realizador Yann Arthus-Bertrand, que retrata o que é que nos torna “nós”, ao mesmo tempo que convida a uma reflexão, que acompanha cada palavra, acerca do futuro. Andreia Sofia Silva
FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM SALA 1
SALA 3
FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Makoto Shinkai 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
Filme de: Ron Howard Com: Tom Hanks, Felicity Jones, Irrfan Khan 14.15, 21.30
SALA 2
FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B] [3D]
YOUR NAME [B]
FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B] Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Erza Miller 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
INFERNO [B]
Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Erza Miller 16.30, 19.00
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18 OPINIÃO
hoje macau quinta-feira 17.11.2016
SÉRGIO FONSECA
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RON HOWARD, RUSH (2013)
É a FIA quem manda aqui
E
STÁ aí mais um Grande Prémio de Macau, um motivo de orgulho para os locais que, ao longo de gerações, construíram um dos maiores, se não mesmo o maior, cartaz automobilístico do Sudeste Asiático. O 63º Grande Prémio será o primeiro sob a batuta da recém-criada Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau (COGPM), com o Instituto do Desporto à cabeça, aproveitando o que absorveu à defunta Comissão do Grande Prémio de Macau e assessorado, na parte desportiva, pela Associação Geral do Automóvel de Macau-China (AAMC). Se, em termos organizativos, nada de especial transpirou cá para fora, já o mesmo não se pode dizer em termos desportivos. Este início de funções da COGPM, que tem os mesmos 200 milhões de patacas de orçamento para o evento deste ano, tem sido atribulado. Primeiro, o histórico Barry Bland bateu com a porta e a imprensa internacional, principalmente a de língua inglesa, não perdeu tempo para crucificar Macau e as suas gentes. A COGPM foi apanhada de calças na mão e não foi capaz de dar uma resposta construtiva a tempo e horas. Depois, foi a troca de pneus Yokohama pelos Pirelli na prova de F3, numa manobra da exclusiva responsabilidade da FIA e em que a inocente RAEM apanhou novamente por tabela, sem saber mais uma vez defender-se na praça pública. Por fim, nos bastidores, é cozinhada a saída do TCR International Series da Corrida da Guia no
final deste ano e, para não variar, a resposta da COGPM foi um mutismo frouxo. João Costa Antunes já cá não está, pelo menos numa função tão visível. Gostasse-se ou não da personagem, uma coisa é certa: dava o corpo às balas e não se escondia atrás de ninguém. Não era um homem dos automóveis mas, ao fim de décadas à frente do evento, aprendeu como o sistema funcionava e sabia como jogar nos bastidores. Agora, o homem do leme é o presidente do Instituto do Desporto, Pun Weng Kun, que, pelas entrevistas já dadas, pouco sabe da matéria-prima do evento, está a tentar aprender e refugia-se em respostas evasivas quando o assunto não domina. Pun está assessorado, em termos desportivos, pelo AAMC, uma associação envelhecida que sempre se pautou por uma postura austera, fechada, adversa à imprensa e a qualquer tipo de opinião do exterior. Também ela, para fugir a qualquer responsabilidade gorda, se esconde atrás de alguém – neste caso dos homens das camisas azuis e sotaque francês. Bland é há muito uma “persona non grata” pela FIA de Jean Todt. Saiu Bland e
FIA deu um rebuçado a Macau, chamou “Taça do Mundo” à corrida de F3, algo que, a bem da verdade, não traz nenhuma maisvalia à corrida, mas que fica bem na fotografia
a FIA deu um rebuçado a Macau, chamou “Taça do Mundo” à corrida de F3, algo que, a bem da verdade, não traz nenhuma mais-valia à corrida, mas que fica bem na fotografia. Lotti, outra “persona non grata” na Praça da Concórdia, e o seu TCR estão de saída e o FIA WTCC parece que é novamente bem-vindo a Macau. Em 2017, as três maiores corridas de automóveis do Grande Prémio de Macau poderão estar entregues à FIA e aos seus desejos. Ficam à mercê do AAMC duas corridas de suporte, apenas duas, a Macau Road Sport e a Taça CTM. Isto porque a Taça da Corrida Chinesa só visita o Circuito da Guia porque “outro valor mais alto se levanta”, como diria o poeta. No meio disto tudo, salve-se o 50º Grande Prémio de Motociclismo que, parecendo passar pelos pingos da chuva, festeja um Jubileu de Ouro em plena forma. Num circuito pensado para corridas de automóveis, a única corrida de motociclismo de velocidade de estrada no continente asiático continua de boa saúde e este ano apresenta-se como uma das corridas mais interessantes de seguir. Não é por acaso que é a corrida favorita do público. Mas como o que realmente importa para o espectador e será lembrado daqui a 50 anos são os episódios que se passarão nestes próximos quatro dias dentro de pista, vamos todos torcer para que o São Pedro também ajude e que a 63ª edição seja memorável pela positiva, por todos aqueles que anonimamente tornam este evento possível todos os anos, e por todos os que hoje e no passado lutaram e lutam para o que o Grande Prémio de Macau chegasse ao patamar de reputação em que hoje está.
19 hoje macau quinta-feira 17.11.2016
bairro do oriente
Anónimo ? Não Leocardo!
H
OJE gostaria de aproveitar este espaço que o HM me concede graciosamente há mais de quatro anos para me debruçar sobre questões de um foro mais pessoal. Passaram-se dez anos em Março último que criei a personagem do Leocardo, quando criei o entretanto extinto blogue “Leocardo em Macau”, e no próximo dia 1 de Dezembro o seu sucessor, o “Bairro do Oriente” assinala o 9º aniversário. Mas se não escolhi nenhuma destas efemérides para tratar deste tema, é porque qualquer dia é dia para que certas coisas sejam ditas e fiquem esclarecidas. Como deveis saber, vivemos tempos conturbados no que toca ao confronto de correntes ideológicas – possivelmente o pior período dos últimos 80 anos – e numa era que as gerações vindouras bem poderão chamar “da contra-informação”. De tudo o que o evento da internet, cada vez mais concorrido – por letrados e outros que nem por isso – nos permite saber, há aquilo que tomamos por factos, e há todo o resto, a “ficção”. Ultimamente surgiu pelo meio uma espécie de “faça você mesmo as suas notícias”, na forma de páginas onde o cibernauta pode ir ler não a verdade verdadinha, mas a sua verdade – são entrepostos de validação de opiniões e convicções, por assim dizer. O pior é que os ávidos consumidores da realidade paralela onde decidiram ir morar não se ficam por aí, e acham seu dever partilhar com o resto do mundo a sua visão muito única do mesmo. Infelizmente esta é uma visão nada recomendável, todos sabemos, já passámos por isso, e dessa forma quem nos quiser convencer do contrário recorre normalmente a expedientes nada ortodoxos. O que nos vai valendo é o bom senso que ainda prevalece, e por um lado é bom que vá escasseando, pois desta forma é valorizado, torna-se mais apetecível e volta a estar na moda qualquer dia – assim espero, pelo menos. Por enquanto há quem vá tentando combater a contra-informação, e sendo esta propagada por agentes que alegam defender valores mais tradicionais, ou “conservadores”, a retaliação é feita na forma de ataques “ad hominem”. Quem ousa interferir no carnaval da infâmia e do degredo arrisca-se a ser referenciado, ver a sua vida privada devassada, mais à da sua família, é ameaçado, e se for necessário difamado, podendo-se mesmo ir buscar episódios irrelevantes do passado com a intenção de se minar a sua credibilidade. Lembram-se da PIDE? Mais ou menos assim, “and then some”. Sendo que o meu único compromisso é com a verdade, doa a quem doer (e a verdade normalmente dói), abstenho-me completa-
WOLFGANG PETERSEN, THE PERFECT STORM
LEOCARDO
mente de falar do que desconheço, ou se há verdades de que não me apetece falar, opto por não o fazer. Quais? Isso é lá comigo, e penso que todos sem excepção transportam consigo uma pequena arca dos tabus. Os meus cabem no porta-moedas da carteira, ou no bolso da frente da camisa. Talvez por este motivo, e graças à minha queda para a libertinagem moral e intelectual, até se pode dizer que me safo relativamente bem dos tais ataques “ad hominem” dirigidos por pessoas que pensam ser boa ideia atacar o carácter em vez dos argumentos. O que tenho visto de quem encontro na liça argumentativa e imediatamente se recolhe à defesa é a acusação, ou insinuação, de que “cometi ataques pessoais a cobro do anonimato”.
“Enquanto andar por cá e não me faltar arte, o meu Boletim Meteorológico vai anunciar sempre um temporal” Em primeiro lugar, se aquilo que entendeis por “ataques” é aquela chuva que mando para cima da parada da mentira, preconceito, fraude e cabotinismo que teimais em desfilar sem pudor, obrigado, e hoje são mais do que no tempo em que permanecia “a cobro a anonimato”. Podem crer que enquanto andar por cá e não me faltar arte, o meu Boletim Meteorológico vai anunciar sempre um temporal. A própria oração pronunciada em tom acusatório, denotando também um elevado grau de desespero, peca por ser completamente falsa: não sou nem nunca fui anónimo. Se agora o caro leitor ficou com os olhos abertos de espanto, e/ou soltou uma gargalhada cínica seguida de um comentário do tipo “ah, não foste o (introduzir obscenidade da sua preferência)”, recomendo-lhe antes de continuar que vá consultar no
dicionário as definições de “anonimato” e “pseudónimo”. Vai ver que isso lhe passa logo, e ainda fica com mais saúde. E agora vamos então colocar os pontos nos outros “ii”, visto que nestes dois não é necessário: ninguém sabia quem era o Leocardo, até ao dia em que o próprio resolveu revelar a sua identidade. Pois é, mas também ninguém me perguntou; podem procurar onde quiserem, de alto a baixo, que não vão encontrar em parte alguma uma questão dirigida à minha pessoa nestes termos, ou semelhantes: “Quem é você?”, “Quem é o Leocardo?”, “Qual o seu nome de registo?” (volto a recordar que não sou baptizado). O que me chegava eram palpites sobre onde trabalho, os lugares que frequento ou em que estive determinado dia, e claro que pelo meio não faltava o “bluff” de quem garantia ter conhecimento da minha identidade, bem como ameaças, provocações e insultos, vindos na sua quase totalidade de... anónimos. Quando se quer saber o nome de alguém, não se desata a recitar todos os nomes próprios que nos vêm à cabeça, nem coagimos a pessoa a identificar-se “caso contrário fica sem dentes”. O Leocardo permanceu ali, indiferente, sem que ninguém lhe perguntasse quem coabitava na sua pele, até ao dia em que ele próprio tomou a iniciativa de vos dizer. Se eu responderia caso a pergunta me fosse colocada de forma directa, inteligível e civilizada? Claro que sim! E mesmo que duvidem, nunca vão poder ficar a saber ao certo, pois não? É o mundo que temos, este, um mundo cão. Ainda bem que sou um felino. PS: Como deve ser do conhecimento geral, participei na semana passada de uma tertúlia consagrada ao tema “Fórum Macau: Quo Vadis”, levada a cabo por um media da concorrência. Queria agradecer aos meus companheiros do painel, e colegas de blogosfera, Pedro Coimbra e Arnaldo Gonçalves, por se terem aprestado a conferir substância ao debate, recorrendo para tal aos seus conhecimentos técnicos. Sobretudo obrigado por não me terem deixado ficar ali sozinho a dizer disparates. Bem hajam!
OPINIÃO
Feliz a ideia de criar mais três mil lugares de estacionamento para uma importação de seis mil.
quinta-feira 17.11.2016
Atlântido
MARCELO FAZ VISITA RELÂMPAGO A LONDRES PARA FALAR DO BREXIT
Em terras de Sua Majestade A saída do Reino Unido da União Europeia levanta dúvidas e receios aos mais de 200 mil emigrantes portugueses e aos muitos investidores lusos no país
A reunião acontece poucos dias depois de um relatório obtido pelo jornal “The Times” ter revelado “caos, desorganização e divisão” no seio do Governo britânico sobre os planos desconhecidos - para a saída do Reino Unido da União Europeia
O
Presidente da República viajou esta quarta-feira para Londres, numa visita curta, mas de “particular importância”. Na agenda, estão marcados encontros com a rainha Isabel II e com a primeira-ministra Theresa May. Numa altura em que o Brexit levanta mais questões do que respostas, os olhos de mais de 200 mil emigrantes portugueses no Reino Unido e de muitos investidores lusos estarão postos em Marcelo Rebelo de Sousa, indica a Renascença. Segundo o comunicado da Presidência, o Presidente da República pretende “abordar a ancestralidade e importância das relações luso-britânicas, tanto a nível político-diplomático como económico, e valorizar o papel da comunidade portuguesa e luso-descendente residente no Reino Unido.” Nesta visita rápida de 24 horas, o ponto de maior destaque na
agenda de Marcelo é o encontro de trabalho com a primeira-ministra britânica, Theresa May, no número 10 de Downing Street. A reunião acontece poucos dias depois de um relatório obtido pelo jornal “The Times” ter revelado “caos, desorganização e divisão” no seio do Governo britânico sobre os planos - desconhecidos - para a saída do Reino Unido da União Europeia. Segundo o Observatório da Emigração, mais de 200 mil portugueses vivem no Reino Unido e são a sexta maior comunidade
de emigrantes no país. Contudo, grande parte destes emigrantes chegaram há menos de cinco anos, não estando habilitados a pedir cidadania britânica e, portanto, em risco de serem afectados por eventuais leis de emigração mais restritas depois do Brexit.
MONARCAS E FINANÇAS
Ainda na agenda da visita presidencial - a primeira ao Reino Unido desde a visita de Estado de Mário Soares em 1993 - está um encontro com a rainha Isabel II e um almoço
com investidores da City, o centro financeiro de Londres. Segundo dados oficiais, o Reino Unido é o quarto maior cliente e sexto fornecedor de comércio internacional de bens para Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa tem ainda planeada uma visita ao ateliê da artista Paula Rego e um encontro com membros da comunidade portuguesa e luso-descendente em Londres. Acompanham Marcelo Rebelo de Sousa o ministro das Finanças, Mário Centeno, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, e o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís.
TERRORISMO FEZ MENOS 10% DE MORTOS EM 2015
O terrorismo fez menos 10 por cento de mortos em 2015, com recuos dos grupos Estado Islâmico e Boko Haram, embora tenha sido o segundo ano mais letal de sempre, segundo o índice do terrorismo mundial. A redução da mortalidade, que representa menos 3.389 mortos do que em 2014, é a primeira desde 2010, segundo o índice publicado hoje pelo Instituto para a Economia e a Paz (IEP). «O declínio do número de mortes causadas pelo terrorismo é atribuído principalmente a um enfraquecimento do Boko Haram e do grupo Estado Islâmico (EI) na Nigéria e no Iraque devido às operações militares realizadas contra eles», escrevem os autores do índice.
HILLARY COM MAIS UM MILHÃO DE VOTOS QUE TRUMP
A candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton tem mais de um milhão de votos que o presidente eleito, Donald Trump, que se impôs no sistema de Colégio Eleitoral e que qualificou ontem como «genial». A contagem de boletins, que prossegue, já dá uma vantagem de mais de um milhão de votos a Hillary Clinton (61,964 milhões) em relação a Donald Trump (60,961 milhões). Donald Trump conseguiu 290 dos 538 votos do Colégio Eleitoral, mesmo sem ter o maior número de votos a nível nacional.
ÁGUIAS TENTAM AUMENTAR CLÁUSULA DE LINDELOF
O Benfica pretende renovar com o defesa-central Victor Lindelof para aumentar a sua cláusula de rescisão, segundo refere A BOLA. Resta saber se o jogador, que tem contrato até 2020, estará disponível para aceitar aumentar a sua cláusula de rescisão de 30 para 60 milhões de euros, isto numa altura em que tem vindo a ser associado a clubes como, por exemplo, o PSG, Nápoles, Wolfsburgo, Juventus, Chelsea, Inter e Manchester United.
FILIPINAS DUTERTE VOLTA A FELICITAR TRUMP E MOSTRA ENTUSIASMO POR PUTIN
O
PUB
Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, voltou a felicitar Donald Trump pela sua “bem merecida vitória” nas eleições dos Estados Unidos e disse estar “entusiasmado” por ir conhecer o homólogo russo, Vladimir Putin, dentro de dias. Questionado numa conferência de imprensa na terça-feira à noite sobre se as relações com os EUA vão melhorar com Trump na Casa Branca, Duterte respondeu: “Tenho a
certeza, não temos qualquer querela. Posso ser amigo de qualquer pessoa, especialmente de (...) um Presidente, chefe de Governo de outro país”. Duterte afirmou que o Presidente eleito dos EUA foi escolhido “pelo povo do país mais poderoso do mundo”. “Confio no seu julgamento”, disse Duterte, acrescentando que espera que Trump seja justo na questão da imigração ilegal.
Os filipinos constituem uma das maiores comunidades estrangeiras nos Estados Unidos da América. Duterte, de 71 anos, teve uma relação conturbada com o actual Presidente norte-americano desde que Barack Obama criticou a política anti-droga do filipino, que já provocou mais de 4.000 mortes desde Julho. O Presidente filipino chegou a mandar Obama “para o inferno” e a anunciar a sua “separação” dos
Estados Unidos, um aliado das Filipinas, apesar de depois ter recuado e feito declarações menos radicais. O afastamento dos EUA foi acompanhado por aproximações à China e à Rússia. Na mesma conferência de imprensa, Duterte afirmou que quer conhecer Putin, e está “entusiasmado” por isso, na cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia Pacifico (APEC), no Peru, a
19 e 20 deste mês. “Não vou pedir nada. Quero ser amigo dele, só quero que os dois países sejam melhores amigos”, afirmou. Na cimeira da APEC estarão também, entre outros, os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Barack Obama.