MOP$10
TEATRO
GRANDE PRÉMIO
D’AS ENTRANHAS NO TRIBUNAL
ÁVILA DE VOLTA À GUIA
ASEAN
ACORDO COLOSSAL
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TERÇA-FEIRA 17 DE NOVEMBRO DE 2020 • ANO XX • Nº4652
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
PÁGINA 11
EVENTOS
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GCS
GRANDE PLANO
hojemacau ANOS
Todas as farpas Na apresentação das Linhas de Acção Governativa para 2021, Ho Iat Seng não poupou nas críticas. Acusou a Administração Pública de excesso de conservadorismo, de falta de iniciativa e os residentes locais de não quererem fazer trabalhos duros. O Chefe do Executivo garantiu ainda a comparticipação pecuniária, mas deixou em aberto a hipótese de transformar o cheque num cartão de consumo.
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PÁGINAS 6 A 9
MALLARMÉ AMÉLIA VIEIRA
FÁBULA
PAULO JOSÉ MIRANDA
OBRA INCOMPLETA
MICHEL REIS
2 grande plano
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ARCERIA Económica Abrangente Regional (RCEP, na sigla em inglês). Este é o nome do histórico acordo comercial assinado no domingo, enquanto o resto do mundo, em particular o ocidente, está mergulhado em assuntos internos, debates infinitos entre ciência e direitos fundamentais no combate à pandemia e o ressurgimento de movimentos políticos radicais. O maior acordo comercial do mundo em termos de Produto Interno Bruto (PIB) junta os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), agregando 2,2 mil milhões de pessoas oriundos de países que representam 28 por cento de todo o comércio global. O RCEP, que abre caminho para a criação de uma zona livre de comércio, abrange dez economias do sudeste asiático (Indonésia, Tailândia, Singapura, Malásia, Filipinas, Vietname, Birmânia, Camboja, Laos e Brunei), China, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Austrália. Após cerca de oito anos de negociações, o acordo foi assinado no domingo, durante a cimeira anual da ASEAN. Numa cerimónia por vídeo conferência, que acabou por não incluir a Índia na lista de signatários, depois da saída do Governo de Narenda Modi, os líderes dos países signatários acolheram o acordo como uma nova esperança de recuperação das economias fortemente afectadas pela pandemia. No final das negociações, o primeiro-ministro do Vietname, Ngueyen Xuan Phuc, era um homem satisfeito. “Estou muito feliz por poder anunciar que, depois de oito anos de trabalho intenso, conseguimos concluir as negociações do RCEP, que está pronto para ser assinado. Este é o maior acordo de comércio livre do mundo e é uma mensagem forte na afirmação da ASEAN como líder no apoio aos sistemas de mercado multilateral. Cria uma nova estrutura de comércio na região, permite a facilitação comercial, revitaliza as cadeias de abastecimento destabilizadas pela covid-19 e é instrumental na recuperação pós-pandemia”, apontou o líder do país anfitrião da
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MUDANCA DE MARE ASEAN
PAÍSES DA ÁSIA-PACÍFICO ASSINAM UM DOS MAIORES ACORDOS COMERCIAIS DE SEMPRE
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No domingo foi assinado um dos maiores acordos de comércio de sempre abrangendo uma área com 2,2 mil milhões de habitantes e quase 30 por cento do comércio mundial. O acordo junta a China e 14 países da região, incluindo Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia e estabelece regras para transaccionar bens e serviços, investimento externo e regulação de mercados de comércio electrónico e propriedade intelectual
cimeira, citado pela agência Associated Press.
OUTROS TRATADOS
Numa declaração conjunta, os líderes dos países-membros afirmaram que o RCEP seria um ponto crucial nas estratégias nacionais para recuperar economicamente, depois da paralisia global ditada pela pandemia da covid-19. “O acordo demonstra o nosso forte compromisso em implementar políticas de recuperação económica, com o apoio ao desenvolvimento, criação de emprego, ao fortalecimento das cadeias de abastecimen-
to regionais, assim como o nosso empenho em garantir um acordo de comércio e investimento baseado em regras claras, aberto e inclusivo”, aponta a declaração. Feitas as contas, os PIBs dos países signatários juntos
representam 30 por cento do PIB global, valor que poderia ser ainda mais substancial caso a Índia tivesse permanecido nas negociações, alargando a aplicação do tratado a mais 1,4 mil milhões de pessoas. Porém, o
Governo de Narendra Modi levantou dúvidas quanto aos riscos que o acordo poderia representar para a indústria e o sector agrícola da Índia. Ainda assim, a declaração conjunta dos signatários deixou uma porta aberta para
“O acordo cria uma nova estrutura de comércio na região, permite a facilitação comercial, revitaliza as cadeias de abastecimento destabilizadas pela covid-19 e é instrumental na recuperação pós-pandemia.” NGUEYEN XUAN PHUC PRIMEIRO-MINISTRO DO VIETNAME
a Índia se juntar ao RCEP no futuro, sublinhando que seria “bem-vinda”. Apesar de não conferir o mesmo nível de integração verificado na União Europeia, ou mesmo no Acordo entre Estados-Unidos, México e Canadá, o RCEP dá passos importantes na remoção de barreiras comerciais, assim como na expansão da influência de Pequim na economia mundial. O acordo irá baixar as tarifas de importações entre os países-membros, que já por si eram reduzidas, ao longo do tempo, mas, acima de tudo, tem implicações de grande
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cia de Pequim pode levar os Estados Unidos a firmar acordos “avulsos” com países do sudeste asiático.
VANTAGEM DE XI
Outra consequência mencionada pelo Governo chinês é que o RCEP marca a primeira vez que a China e o Japão chegam a um acordo bilateral de redução de tarifas, “alcançado um progresso histórico”
carácter simbólico, depois da saída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífica, uma das primeiras medidas da Administração Trump. O novo tratado materializa a afirmação regional de que o compromisso nos esforços multilaterais é para manter, com vista a estabelecer o mercado livre como a fórmula para a prosperidade. Em contrapartida, ao contrário de outros tratados, como o estabelecido com a UE, o RCEP não define padrões unificados de direitos laborais e de metas ambientais, nem obriga os signatários a abrir os seus mercados
em áreas económicas vulneráveis internamente.
NA SOMBRA DAS ELEIÇÕES
O momento da assinatura do RCEP é algo que também merece atenção, pouco depois da vitória de Joe Biden nas
eleições presidenciais, de quem se espera uma mudança de 180 graus na gestão da política externa dos Estados Unidos, depois de Trump ter relegado a posição geoestratégia de Washington para segundo plano.
Durante a campanha eleitoral, e tendo em conta o discurso de Biden muito virado para a reconstrução e “salvação” interna dos Estados Unidos, fortemente assolados pela pandemia, foram muitos os analistas a mostrar cepticis-
“O proteccionismo e o unilateralismo estão em crescimento, provocando sérios impactos na economia mundial, desafiando os regimes de comércio multilateral e expondo fraquezas económicas.” LI KEQIANG PRIMEIRO-MINISTRO CHINÊS
mo perante a possibilidade de o democrata querer restituir o tratado transpacífico, ou mesmo revogar sanções aplicadas à China. Uma das críticas mais comuns aos acordos de comércio livre é que resultam em desemprego em países mais desenvolvidos, à medida que os centros de produção são deslocados. Depois de recuperar os votos do Michigan e da Pensilvânia, é improvável que Biden deite a perder a fé depositada pelos eleitores nestas zonas altamente industrializadas regressando à Parceria Transpacífica. No entanto, a crescente influên-
“É a vitória do multilateralismo e do mercado livre”, foi assim que o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, descreveu o RCEP. “O proteccionismo e o unilateralismo estão em crescimento, provocando sérios impactos na economia mundial, desafiando os regimes de comércio multilateral e expondo fraquezas económicas”, disse, citado pela agência Xinhua. O governante teceu rasgados elogios à capacidade da ASEAN para ocupar o centro decisório económico, com base em regras e princípio, como a não interferência em assuntos internos, a construção de consensos ou respeitando os níveis de conforto de cada país-membro. Li Keqiang destacou o papel da ASEAN para os avanços na região em termos políticos e de cooperação em segurança, economia e desenvolvimento social. “Este acordo também demonstra que perante desafios, os países devem escolher a via da solidariedade e cooperação, em vez da confrontação e conflito. Devem encarar-se uns aos outros com um espírito de parceria e não recorrendo a políticas económicas egoístas, que apenas favorecem um lado”, acrescentou Li. Também o vice-ministro do Comércio, Wang Shouwen, adiantou que “o acordo é um novo marco na integração económica do Ásia oriental”, em declarações citadas pela Xinhua. O representante considera que o tratado irá injectar confiança nos mercados da região, melhorar a capacidade dos países-membros para combater com a pandemia e promover a prosperidade. Por outro lado, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, afirmou que o acordo “irá abrir novas portas aos investidores, empresas e agricultores”. Este acordo cimenta a posição da China enquanto parceiro económico dos países do sudeste asiático, a Coreia do Sul e Japão, colocando Pequim ao leme do comércio regional. Outra consequência mencionada pelo Governo chinês é que o RCEP marca a primeira vez que a China e o Japão chegam a um acordo bilateral de redução de tarifas, “alcançado um progresso histórico”. João Luz com agências info@hojemacau.com.mo
4 política
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CANÁBIS WONG SIO CHAK CONSIDERA QUE LEGALIZAÇÃO “NEGATIVA”
Shenzhen vai disponibilizar cinco vagas destinadas aos residentes de Macau e Hong Kong para a função pública da região. A informação foi revelada na sexta-feira no portal do Departamento de Recursos Humanos e Segurança Social de Shenzhen. Para concorrer aos cargos, os candidatos têm de ter entre 18 e 35 anos, nacionalidade chinesa, bem como defender a constituição da China e a liderança do Partido Comunista Chinês. As vagas abrangem áreas como a supervisão médica, administração, planeamento urbano e desenvolvimento financeiro. O prazo de apresentação de candidaturas acaba na quinta-feira.
Biblioteca Central IC já recolheu mais de 140 opiniões
A vice-presidente do Instituto Cultural (IC), Leong Wai Man, indicou que já foram acolhidas mais de 140 opiniões sobre a nova Biblioteca Central de Macau, que será construída no terreno do antigo Hotel Estoril, na Praça do Tap Seac. De acordo com o jornal All About Macau, a responsável indicou que a maioria das opiniões está relacionada com o bom aproveitamento do espaço e a cobertura oferecida pelos transportes públicos. Questionada sobre quando será anunciado o projecto vencedor de entre os quatro revelados em Setembro, Leong Wai Man prevê que a decisão final será anunciada em 2021, sendo que os dois anos seguintes serão dedicados à construção da obra. Frisando que o modelo de construção, o design e a operação foram traçadas no sentido da poupança, a responsável referiu que irá colaborar de forma estreita com o Governo para controlar o orçamento do projecto, estimado em 500 milhões de patacas.
Para o gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, a legalização da canábis em alguns países constitui uma “influência negativa”, sobretudo numa altura em que a pandemia está a aumentar o grau de sofisticação dos circuitos de tráfico e dos próprios estupefacientes
GCS
Shenzhen Vagas na função pública para residentes de Macau e Hong Kong
Atenção redobrada
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ARA o gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, a implementação de políticas de legalização da canábis em alguns países e regiões constitui “sem dúvida, uma influência negativa” sobre as medidas de controlo da canábis e os seus efeitos noutros países. A informação, avançada pela TDM-Rádio Macau, foi publicada ontem na rubrica “Tu e a segurança”, no portal do gabinete de Wong Sio Chak e pretende alertar para a importância de melhorar a eficácia do combate à droga no território, sobretudo em tempos de pandemia. Afirmando que as polícias de Macau estão atentas à conjuntura criminal das regiões de vizinhas e no resto do mundo, a nota faz
DESAFIO AUMENTADO
referência ao Relatório Mundial da Droga do UNODC 2020, apresentado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, para dizer que, em 2018, existiam 200 milhões de consumidores de canábis. Para o gabinete de Wong Sio Chak o registo é “muito grave”. Assim, e apesar de a quantidade de canábis apreendida em
Em 2018, existiam 200 milhões de consumidores de canábis. Para o gabinete de Wong Sio Chak o registo é “muito grave”
CUIDADORES RECEBIDAS 18 CANDIDATURAS A SUBSÍDIOS
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O fim de três dias, foram recebidas 18 candidaturas ao subsídio para cuidadores do Instituto de Acção Social (IAS). A informação foi revelada pela chefe da Divisão de Serviços para Idosos, Kam Kit Leng, avançou ontem o jornal Ou Mun.
A mesma responsável revelou ainda que foram recebidos, no total, 850 pedidos de informação que se debruçaram, sobretudo, sobre os limites do montante do rendimento mensal dos agregados familiares. A maioria dos pedidos de informação foram apresentados por fami-
liares de idosos que se encontram permanentemente acamados. Já segundo o jornal All About Macau, apesar de aplaudir a medida, o secretário-geral da Cáritas, Paulo Pun, referiu que, no futuro, o IAS deverá fazer uma aposta maior ao nível dos recursos humanos, de forma a
é o terceiro tipo de droga mais consumido em Macau (11,3 por cento). Em primeiro lugar estão as metanfetaminas (Ice), com 34,8 por cento e em segundo está a cocaína, com 20,9 por cento. Recorde-se que entre Junho e Outubro, o Governo participou em três sessões online organizadas pelas Nações Unidas sobre seis recomendações de ajustamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre canábis e respectivas substâncias. Uma das recomendações feitas pela OMS no ano passado era retirar a canábis da Lista IV da Convenção Única das Nações Unidas sobre os Estupefacientes, de 1961.
que seja dado maior apoio aos cuidadores. Recorde-se que o valor do subsídio do projecto-piloto foi fixado em 2.175 patacas mensais, sendo destinado a indivíduos com deficiência intelectual grave ou profunda, e a quem se encontre permanentemente acamado.
Macau não ter oscilado nos últimos tempos, o gabinete do secretário considera necessário continuar a apostar na prevenção. “Mesmo que não se registem mudanças notáveis na quantidade de canábis apreendida em Macau, para evitar que os jovens negligenciem os danos provocados pelo consumo da canábis, ou violem a lei por terem informações erradas, para além das acções que já desenvolvem junto da juventude, as polícias, desde o ano passado, acrescentam a palestra ‘Conhecer a Lei de Combate à Droga e à cannabis’”, pode ler-se no comunicado. Segundo os dados divulgados na passada sexta-feira durante uma reunião plenária da Comissão de Luta contra a Droga, a canábis
Na nota publicada ontem, o gabinete de Wong Sio Chak alerta ainda para o facto de, a par da tendência de sofisticação dos estupefacientes e do narcotráfico, a pandemia veio a assumir-se como um desafio na área do combate à droga. “Devido à pandemia de covid-19, registaram-se novas mudanças na conjuntura do narcotráfico transfronteiriço, e o impacto económico e as respectivas influências irão fazer com que as quadrilhas de narcotráfico possam, de forma mais fácil, angariar elementos, o que piora ainda mais a situação do abuso de droga (…) e toda esta conjuntura representa um grande desafio para o nosso trabalho”, aponta o gabinete do secretário para a Segurança. Perante “um perigo mundial”, refere o gabinete de Wong Sio Chak, as autoridades de segurança vão continuar a “intensificar a comunicação e a cooperação policial com o resto do mundo e as zonas vizinhas, com vista a melhorar a eficiência do trabalho de combate, local e regional, à droga” e colaborar com as associações e organizações comunitárias e educativas de Macau. O objectivo é que a comunidade “fique longe da droga” e que a saúde e a segurança dos cidadãos seja salvaguardada. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
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M coordenação com a polícia de Zhuhai, a Polícia Judiciária (PJ) deteve na madrugada de domingo, junto à Torre de Macau, cinco imigrantes ilegais e dois membros da organização criminosa responsável pelo seu transporte. Os cinco imigrantes detidos tinham entre 25 e 49 anos, eram naturais de Jiangxi, Fujian e Guangdong e vieram a Macau por motivos de “entretenimento”. Um dos detidos estava a tentar sair do território. Os dois membros envolvidos no caso, uma mulher e um homem, são residentes de Macau e estavam responsáveis, respectivamente, pela recepção dos imigrantes ilegais e pela condução da embarcação utilizada nos trajectos. Segundo informações avançadas ontem em conferência de imprensa pela PJ, a operação foi lançada através do mecanismo de comunicação com a directoria municipal da segurança publica de Zhuhai, que permitiu às autoridades de Macau tomar conhecimento de que uma rede de imigração ilegal estaria a ajudar pessoas a entrar e sair do território. A operação conjunta, que contou também com os serviços de Alfândega de Macau, foi iniciada por volta das 4h da madrugada de domingo, altura em que uma embarcação de madeira de estilo chinês, apelidada de sampana, com três homens e uma mulher estava a aproximar-se da zona costeira da Torre de Macau. Em terra, um dos membros do grupo estava de vigia, enquanto o quinto imigrante ilegal aguardava a vez de ser transportado de volta para o Interior da China. Mal atracaram, os três homens e a mulher precipi-
IMIGRAÇÃO ILEGAL DETIDAS 14 PESSOAS EM OPERAÇÃO CONJUNTA COM ZHUHAI
Uma vontade de ir
Cinco imigrantes ilegais e dois membros de uma organização criminosa foram detidos na zona costeira da Torre de Macau. No Interior da China, a polícia de Zhuhai deteve outros sete membros da rede de tráfico, três dos quais seriam os cabecilhas do grupo. Cada imigrante ilegal desembolsou entre 15 a 30 mil renminbi pelo serviço
dos principais membros da rede criminosa, com idades compreendidas entre os 33 e 39 anos. Adicionalmente, foram detidos outros quatro membros envolvidos no caso.
PRECIOSOS VISTOS
De acordo com a PJ, o que terá levado a maioria dos imigrantes a embarcar ilegalmente rumo a Macau será a dificuldade acrescida na obtenção dos vistos turísticos para entrar no território, dado o contexto da pandemia. Em conferência de imprensa, o porta-voz da PJ revelou que, a cada imigrante ilegal, era cobrado um montante entre 15 mil e 30 mil renminbis pelo serviço de transporte.
Os três homens e a mulher precipitaram-se em corrida para o interior de um táxi, que não chegou a iniciar a marcha devido à acção da polícia Quanto ao condutor da embarcação e ao membro responsável pela vigilância do local de chegada, recebiam ambos 2.000 renminbis por cada serviço. Após a detenção, os suspeitos admitiram ainda já ter cometido o crime, pelo menos, noutras duas ocasiões. Os dois suspeitos foram apresentados ontem ao Ministério Público (MP) pela prática dos crimes de associação criminosa, auxílio à imigração ilegal e de acolhimento. taram-se em corrida para o interior de um táxi, que não chegou a iniciar a marcha devido à acção da polícia.
Zona A Operário ferido em acidente
Um acidente com uma grua na Zona A dos Novos Aterros causou um ferido, um trabalhador do Interior, que teve de ser transportado para o hospital. A notícia foi avançada ontem pelo canal chinês da Rádio Macau, e terá sucedido às 10h de ontem, quando um viga se soltou da grua e atingiu a cabine da máquina. O homem, com cerca de 30 anos, conseguiu sair da grua pelos seus meios, e estava consciente, com lesões na cabeça e nas costas, quando foi hospitalizado. Não corre perigo de vida. Após o acidente, as obras no local foram suspensas para investigação, e os bombeiros, segundo a Rádio Macau, suspeitavam que nem todas as normas de segurança tivessem sido respeitadas.
Também nas imediações da Torre de Macau, a PJ acabaria por interceptar o condutor da embarcação,
a residente da RAEM que estava de vigia e ainda, o imigrante que se preparava para sair do território.
Ao mesmo tempo, a polícia de Zhuhai iniciou a operação no Interior da China, onde foram detidos três
Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
AMCM MAIORIA DOS INVESTIMENTOS EXTERNOS DE RESIDENTES FOI NA ÁSIA
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AIS de 50 por cento (57,7 por cento) dos investimentos externos de residentes de Macau foi feito no continente asiático, apontam dados ontem divulgados pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), relativos à carteira de investimentos feitos pelos residentes em títulos emitidos por entidades não residentes independentes. A nível global, os investimentos, à data de 30
de Junho, foram de 964,2 mil milhões de patacas, um aumento de 4,6 por cento face a 31 de Dezembro de 2019 e mais 19,3 por cento face ao período homólogo de 2019. A seguir ao continente asiático, os residentes investiram sobretudo no Atlântico Norte e Caraíbas (18,9 por cento), Europa (10,5 por cento), América do Norte (9,8 por cento) e Oceânia (1,9 por cento).
O investimento nos títulos emitidos por entidades no Interior da China (incluindo títulos listados em bolsas no exterior) continuou a ser predominante, representando 36,8 por cento da carteira de investimentos externos aplicados pelos residentes de Macau. O respectivo valor de mercado atingiu 354,4 mil milhões de patacas, ou seja, menos 1,7 por cento face ao
final de 2019. Já a carteira de investimentos emitidos por entidades no Atlântico Norte e Caraíbas registou um crescimento de 4,5 por cento, no valor de 181,8 mil milhões de patacas. Nas Ilhas Caimão houve um aumento de 11 por cento relativamente ao valor de mercado da carteira de investimentos nesta offshore, cifrando-se em 89,9 milhões de patacas.
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A olhar para o O Chefe do Executivo apresentou ontem as Linhas de Acção Governativa para 2021, e fez um balanço dos trabalhos desenvolvidos ao longo de quase um ano em que não poupou críticas à Administração – desde um excesso de conservadorismo à falta de iniciativa para reformas que acompanhem a evolução da sociedade
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ORAM várias as críticas apontadas ontem pelo Chefe do Executivo aos trabalhos daAdministração Pública, cuja reforma se mantém como uma prioridade do Governo. Ao apresentar as Linhas de Acção Governativa para o próximo ano na Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng apontou insufi-
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA HO IAT SENG ACUSA SERVIÇOS DE “EGOCENTRISMO”
ciências ao nível da coordenação e cooperação interdepartamental, algo que atribui a “um certo egocentrismo dos serviços”. “Verifica-se constantemente um excessivo conservadorismo e uma insuficiente consciência inovadora, uma falta de assunção de responsabilidades e riscos e de iniciativa em termos de concepção e
de realização de reformas de acordo com a evolução social, um descurar das aspirações dos residentes e da sociedade, uma assunção superficial de deveres, um desfasamento da realidade e um discurso vazio de conteúdo”, criticou Ho Iat Seng. Fazendo o balanço de quase um ano do novo Governo, o Chefe do Executivo reconheceu ontem que há
ainda “insuficiências” nos trabalhos desenvolvidos, nomeadamente calendarizações que não foram cumpridas e acções que não podem ser implementadas a curto prazo. “Ainda há espaço para melhoria dos resultados globais da nossa acção governativa, existindo um certo fosso em relação às expectativas da população”, disse Ho Iat Seng.
Mais tarde, em conferência de imprensa, ressalvou que não considera haver um problema de atitude com todos os funcionários públicos. “Espero que não pensem que todos os funcionários públicos têm uma má atitude. A maioria tem um bom desempenho, só uma pequena parte é que tem uma atitude indigna e que não faz muito. Mas este problema
MANUAL DE INTENÇÕES INJECÇÃO DE 18,5 MIL MILHÕES DE PATACAS PARA ESTABILIZAÇÃO ECONÓMICA E GARANTIA DE EMPREGO
COMPARTICIPAÇÃO PECUNIÁRIA: 10.000 PATACAS RESIDENTE PERMANENTE E 6.000 PATACAS RESIDENTE NÃO PERMANENTE
CONTAS INDIVIDUAIS DO REGIME DE PREVIDÊNCIA CENTRAL NÃO OBRIGATÓRIO: 10.000 PATACAS POR RESIDENTE QUALIFICADO
COMPARTICIPAÇÃO NOS CUIDADOS DE SAÚDE: 6.000 PATACAS POR RESIDENTE PERMANENTE
QUARTA FASE DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO E APERFEIÇOAMENTO CONTÍNUO: 6.000 PATACAS
SUBVENÇÃO DE TARIFAS DE ENERGIA ELÉCTRICA: 200 PATACAS POR MÊS
PLANO PILOTO DE APOIO FINANCEIRO NA AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS AUXILIARES PARA DEFICIENTES: 30.000 PATACAS
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Pública é a revisão do regime da delegação de poderes e dos respectivos diplomas legais. Além disso, o mecanismo de mobilidade dos trabalhadores dos serviços públicos vai ser revisto. Ho Iat Seng anunciou ainda que haverá gestão do número de quotas de trabalhadores para cada serviço público.
“Verifica-se constantemente um excessivo conservadorismo e uma insuficiente consciência inovadora, uma falta de assunção de responsabilidades e riscos e de iniciativa em termos de concepção e de realização de reformas de acordo com a evolução social.” HO IAT SENG CHEFE DO EXECUTIVO
também tem a ver com os nossos mecanismos de avaliação, que afectam a motivação dos Serviços Públicos”, esclareceu. A fiscalização do uso do erário público também foi destacada como uma área com espaço para melhorias. O líder da RAEM considera que estes fenómenos são “problemas acumulados e de longa
CONCLUSÃO DAS OBRAS DA ESTRUTURA PRINCIPAL DE AMPLIAÇÃO DA BARRAGEM DE KÁ-HÓ
data” que não poderão ser resolvidos num curto espaço de tempo, mas mostrou-se comprometido em corrigir os problemas. “Nunca os ocultaremos, nem descuraremos as conflitualidades existentes”.
SERVIÇOS COM QUOTAS
Uma das metas para o próximo ano no âmbito da Administração
PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2021: CONCLUSÃO DA OBRA DA BOX-CULVERT DA ESTAÇÃO ELEVATÓRIO DO NORTE DO PORTO INTERIOR
Ao nível financeiro, prevêem-se melhorias ao regime jurídico das empresas de capitais públicos e um reforço da sua auditoria, nos casos em que a maioria das acções sejam detidas pela RAEM.Areforma deverá alargar-se aos fundos autónomos, nomeadamente ao sistema de gestão e aprovação dos apoios concedidos pela Fundação Macau. Note-se também que foi ontem anunciada a fusão do Fundo da Cultura e do Fundo das Indústrias Culturais. A medida foi justificada com o aperfeiçoamento do regime de subsídios e encorajamento de criação de peças culturais e artísticas locais. Outra promessa deixada pelo Chefe do Executivo, foi a salvaguarda da independência do poder judicial. Ho Iat Seng integra ainda nas Linhas de Acção Governativa o combate à corrupção – tanto no sector público como no privado. Salomé Fernandes e J.S.F.
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Eleições CCAC vai criar um grupo anti-corrupção eleitoral
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S eleições do próximo ano mereceram menção do Chefe do Executivo, que pretende um reforço do conhecimento da população sobre o sistema eleitoral. “Estamos empenhados em garantir que a eleição da sétima Assembleia Legislativa decorra num ambiente de equidade, justiça, abertura e integridade”, declarou Ho Iat Seng. As Linhas de Acção Governativa revelam que o Comissariado Contra a Corrupção vai criar um grupo anti-corrupção eleitoral, bem como uma plataforma online e uma linha telefónica para denúncias relacionadas com as eleições. Para divulgar o conceito de “eleições limpas” junto dos eleitores, vai ser lançado em 2021 o projecto “todos pela integridade”. O CCAC vai também apostar na formação do seu pessoal, para dar resposta “ao recurso generalizado à propaganda nas redes electrónicas no decorrer das eleições, com vista a enfrentar os novos tipos de corrupção que vão surgindo na sequência do desenvolvimento tecnológico”. Questionado sobre possíveis diferenças ao nível do sufrágio directo e indirecto, Ho Iat Seng respondeu que o Governo não pode tomar uma decisão sobre as alterações às eleições e composição da Assembleia Legislativa. O líder do Governo afirmou que a lei consta do terceiro anexo da Lei Básica e é a Assembleia Popular Nacional que pode mudar a distribuição dos lugares. Por outro lado, indicou que existe uma medida de “proporção” entre o volume da população e a quantidade de deputados, e que ao nível da alteração de representantes são precisos estudos. S.F. e J.S.F.
PIB Prevista contracção de 60,9 por cento
A previsão económica para o próximo ano é descrita como “tendencialmente positiva”, esperando-se uma recuperação gradual do crescimento. Apesar disso, o Chefe do Executivo alertou que o ritmo da recuperação económica se vai manter lento, pelo que se vão continuar a sentir dificuldades. As Linhas de Acção Governativa prevêem para este ano uma contracção real de 60,9 por cento do PIB. “Em relação às perspectivas para o ano de 2021, caso a situação da epidemia de Macau e das regiões vizinhas continue a estar controlada e melhorada, poderá o PIB vir a atingir um crescimento anual de dois dígitos”, descreve o documento. No geral, o desenvolvimento económico local entra nos principais problemas antecipados a nível de desenvolvimento, a par dos que decorrem da epidemia e da satisfação das necessidades da população.
Segurança nacional Alerta contra forças externas
“Iremos adoptar medidas eficientes de prevenção efectiva da infiltração e intervenção das forças externas e diligenciar no sentido de criar relações de desenvolvimento e segurança, de modo a garantir a estabilidade e segurança da RAEM e salvaguardar a segurança nacional”, declarou ontem o Chefe do Executivo. As Linhas de Acção Governativa indicam que o regime da defesa da segurança nacional vai ser aperfeiçoado de forma constante. Será ainda criada uma subunidade para executar a lei de segurança do Estado, e promovida a elaboração do projecto do regime do segredo da RAEM. O patriotismo está também associado às principais orientações para 2021. “Iremos maximizar a função da ‘Base de Educação Patriótica’ destinada aos jovens, conjugar os recursos pedagógicos nos âmbitos sociais, históricos e patrióticos, aprofundar o reforço da educação do amor pela Pátria e por Macau, o sentimento patriótico juntos dos estudantes e jovens, aumentando o seu sentido de orgulho e de responsabilidade em serem chineses”, descreveu Ho Iat Seng.
Saúde Planeada criação de hospital de campanha
As estratégias de prevenção e controlo da epidemia continuam a ser um foco do Governo. “Será iniciada a preparação do projecto de criação de um hospital de campanha”, adiantou ontem o Chefe do Executivo, sem avançar pormenores. A par disso, prevê-se um reforço da constituição de equipas e voluntários de combate à epidemia e uma reserva de profissionais de saúde, para trabalho clínico e de saúde pública, bem como em postos fronteiriços. Ho Iat Seng disse ainda que serão garantidas instalações de isolamento, de medicamentos e de materiais logísticos. No âmbito da aquisição de vacinas, observou que “assim que forem aprovadas e colocadas no mercado serão disponibilizadas ao público o mais breve possível”.
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Tudo se transforma APOIOS HO IAT SENG PONDERA TROCAR CHEQUE PECUNIÁRIO POR CARTÃO DE CONSUMO
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A decisão final é dos residentes, mas a distribuição das 10 mil patacas pode ser feita de forma diferente no próximo ano. Ho Iat Seng acusou ainda os residentes de não quererem trabalhar na construção civil, para justificar a necessidade de contratar não-residentes
MANUAL DE INTENÇÕES INÍCIO DA CONSTRUÇÃO DO GASODUTO SUBAQUÁTICO DE FORNECIMENTO DE GÁS
ESFORÇO PELA CONCLUSÃO DA OBRA INTERNA DO CENTRO DE SAÚDE DE SEAC PAI VAN
PREPARAR O PROJECTO PRELIMINAR PARA A CONSTRUÇÃO DE UM HOSPITAL DE CAMPANHA
REALIZAÇÃO DA “ARTE MACAU: BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE DE MACAU 2021”
TORNEIO DE FUTSAL U-20 POR CONVITE ENTRE A CHINA E OS PAÍSES E REGIÕES DE LÍNGUA PORTUGUESA 2021
REVITALIZAÇÃO PARCIAL E ABERTURA FASEADA AO PÚBLICO DA ANTIGA FÁBRICA DE PANCHÕES IEC LONG
FUSÃO DO FUNDO DE CULTURA COM O FUNDO DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS
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terça-feira 17.11.2020
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Chefe do Executivo está a ponderar transformar o cheque da comparticipação pecuniária em cartões de consumo para utilização no comércio local. A revelação foi feita ontem, na conferência de imprensa sobre as medidas previstas nas Linhas de Acção Governativa (LAG). Até este ano, o Governo distribuía um cheque no valor de 10 mil patacas para residentes permanentes e 6 mil patacas para não permanentes, que era utilizado livremente. Contudo, Ho Iat Seng considerou que os efeitos para o consumo local não foram alcançados e admite distribuir a verba numa nova fase do cartão de consumo. “Quando olhamos para este ano, parece que o programa de comparticipação pecuniária não trouxe grande incentivo ao consumo interno. O cheque acaba por ser apenas uma transferência do erário público para as contas privadas, mas parece que não é uma grande ajuda porque as pessoas preferem poupar, em vez de injectarem o dinheiro no mercado”, começou por explicar Ho Iat Seng. “Mas com o cartão, as pessoas preferiram gastar o dinheiro em restaurantes ou outras lojas. Com o cartão de consumo conseguimos promover as pequenas e médias empresas. Se as PME sobreviverem também vão ajudar os cidadãos com empregos”, acrescentou.
“O cheque [...] não é uma grande ajuda porque as pessoas preferem poupar, em vez de injectarem o dinheiro no mercado.” A decisão ainda não está tomada e o Chefe do Executivo prometeu ouvir a sociedade. A tendência é transformar o cheque em cartão de consumo, mas se a maioria da população se opuser, então até Julho será anunciado que o cheque é para manter. “Se na altura de decidir, a perspectiva de emprego e a economia estiverem estáveis, então a distribuição será em numerário... Mas nós não queremos incomodar os cidadãos, se preferem numerário, então a distribuição vai ser em numerário”, frisou. “Mas não se preocupem
HO PEDE EXCURSÕES
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Chefe do Executivo escreveu uma carta ao Governo Central a pedir a retoma das excursões do Interior. No entanto, Ho não espera alterações significativas brevemente porque a China não tem, nesta fase, planos para permitir excursões ao exterior. “É uma política de Estado e, neste momento, não vai sofrer alterações por isso não vai haver excursões ao exterior. Mas eles [Governo Central] estão atentos à nossa situação e se as políticas nacionais forem alteradas, vão apoiar imediatamente Macau”, indicou.
FUTURO DO JOGO FOI TABU
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oi uma das perguntas mais frequente, mas Ho Iat Seng manteve o tabu sobre o futuro da indústria do jogo. As actuais concessões expiram em 2022 e o Chefe do Executivo prometeu as explicações devidas no tempo oportuno. Contudo, realçou que a população vai ser ouvida: “Primeiro vamos lançar uma consulta pública sobre as alterações no quadro legal. Só depois vamos começar o processo legislativo, com a elaboração do articulado”, respondeu o líder do Governo.
que o dinheiro vai chegar aos cidadãos”, garantiu.
APOIOS POR DECIDIR
Por decidir ficou ainda o lançamento da terceira fase da medida de apoio à economia local. A decisão só será tomada posteriormente e vai depender da recuperação económica. “Se tivermos uma vacina, recebermos muitos turistas e a economia recuperar, então não vamos ter terceira ronda de apoio à economia. Se a situação difícil se mantiver, não afastamos essa ronda. Ainda estamos a estudar”, reconheceu. Afastada está a injecção extraordinário de uma verba de 7 mil patacas de comparticipação nas contas do regime de previdência dos cidadãos, ao contrário do que aconteceu nos
“Os residentes preferem trabalhos no sector terciário, nos serviços, no escritório e em salas com arcondicionado.”
últimos anos. Esta alteração prende-se com a legislação em vigor que só permite este tipo de apoio, para ser gozado depois dos 65 anos. “Segundo a lei, a injecção extraordinária só pode ser feita quando há excedente orçamental e sem base legal não podemos fazer sessa injecção nas contas de previdência”, clarificou Ho, sobre a decisão.
EMPREGOS INDESEJADOS
A situação do desemprego crescente em Macau foi também comentada por Ho Iat Seng. O Chefe do Executivo reconhece o problema, mas negou que os trabalhadores não-residentes (TNR) estejam a “roubar” postos de trabalho aos locais. “O sector da construção civil tem um salário alto, mas o trabalho é árduo e os residentes não querem fazê-lo [...] Os residentes preferem trabalhos no sector terciário, nos serviços, no escritório e em salas com ar-condicionado”, afirmou Ho. “Precisamos de TNR porque os locais não querem fazer estes trabalhos. Mas, se agora os residentes começarem a querer trabalhar na construção civil, então vamos reduzir o número de TNR”, prometeu.
“Se tivermos uma vacina, recebermos muitos turistas e a economia recuperar, então não vamos ter terceira ronda de apoio à economia.” Além do exemplo da construção civil, sector que Ho Iat Seng assegurou terá mais trabalho devido ao investimento de 18 mil milhões de patacas em obras públicas, outra profissão indesejada que destacou foi empregada doméstica. “Há vagas e por isso temos trabalhadores não-residentes como empregadas domésticas. Mas como o salário é baixo, os residentes também não querem estes trabalhos”, indicou. Ho Iat Seng comentou também os layoffs e os cortes salariais. “Muitas pessoas estão num dilema, numa situação sem vencimento, mas que mesmo assim não querem mudar de emprego. Sabem que se a situação piorar vão ter dificuldades em regressar a esses trabalhos e por isso preferem manter os actuais contratos de trabalho”, considerou. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
Agnes Lam e a diversificação
Agnes Lam considera que as Linhas de Acção Governativa para 2021 apresenta medidas mais claras para diversificar a economia por oposição às LAG para este ano. “As coisas parecem mais claras a Abril do ano passado, porque o Chefe do Executivo apresentou mais medidas para o sector financeiro e das novas tecnologias, bem da medicina tradicional chinesa.” A deputada destaca também “a abertura na política de captação de especialistas e trabalhadores qualificados do exterior”. Quanto à atribuição do cheque pecuniário, a deputada acredita que pode voltar ao formato original assim que a economia recuperar e desemprego descer. “O Governo tem de ser flexível porque as pessoas estão a perder o emprego. Penso que vão ser adoptados vouchers de consumo, mas se a economia melhorar o Governo pode atribuir o cheque pecuniário como antes."
Angela e concessionárias preparadas
Angela Leong disse que as concessionárias de jogo se estão a preparar para o novo regime de licenças de jogo, tendo em conta os critérios governamentais, ainda que o Executivo não tenha anunciado um calendário para apresentar o diploma no hemiciclo. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a deputada apontou que o Governo está dependente do desenvolvimento da pandemia. Sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, Angela Leong disse estar satisfeita e defendeu que as empresas de jogo devem olhar mais para a diversificação do turismo para impulsionar o desenvolvimento económico.
Coutinho e o sindicato
Pereira Coutinho tem “sérias dúvidas” que, até ao final do próximo ano, a lei sindical seja uma realidade. “Não há promessa nenhuma. A consulta pública é uma farsa e um argumento para adiar sine die esta legislação que é tão importante”, frisou à margem da apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Em relação à reforma da Administração pública, Coutinho destacou o facto de Ho Iat Seng ter reconhecido as dificuldades na sua aplicação e defendeu a saída de quadros que estão “na prateleira”. “Deixem os trabalhadores ir embora ao fim de 20 anos para que possam ir para casa e também para contratar novo pessoal da sua [dos secretários] confiança. O Governo disse que um houve empolamento de quadros nos últimos 20 anos e cada Chefe do Executivo traz a sua tropa, que fica depois na prateleira quando um novo Chefe do Executivo entra em funções”, rematou.
Sulu Sou e o jogo
Sulu Sou disse não concordar com o possível adiamento do concurso público para a atribuição de licenças de jogo, uma ideia já defendida por alguns analistas “Não é adequado porque o Governo levou muitos anos para preparar este concurso. O adiamento pode afectar a sociedade, o emprego e o desenvolvimento da economia”, referiu. Relativamente às LAG para 2021, Sulu Sou lamenta que não haja referências à reforma política nem calendários concretos para a reforma do sistema de gestão de fundos públicos. “O conteúdo da supervisão dos fundos públicos está apenas no papel e não vemos nenhum calendário. Continuo preocupado com a supervisão, como por exemplo na Fundação Macau, em que se menciona a revisão [da atribuição de subsídios], mas não há um calendário.”
Wong e a família ENTRADA EM FUNCIONAMENTO DE 100 TÁXIS ESPECIAIS, PREVISTA EM 2020, ADIADA PARA AGOSTO DE 2021
REGIME DE ACESSO À ACTIVIDADE DE TRANSPORTE AÉREO DE MACAU LEGISLADO EM 2021
LEI QUE PROÍBE A IMPORTAÇÃO DE ARTIGOS PARA REFEIÇÕES EM ESFEROVITE
Wong Kit Cheng espera que o Governo lançe apoios mais concretos para as famílias e idosos que mais têm sofrido com a crise gerada pela pandemia. Apesar disso, em comunicado, a deputada considera que as LAG para 2021, dão prioridade ao combate à pandemia, sem descurar a recuperação económica. Sobre temas como a habitação e apoio às mulheres, crianças e idosos, Wong Kit Cheng destaca a sua presença nas LAG para 2021.
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17.11.2020 terça-feira
DIPLOMACIA PEQUIM CONSIDERA VETO NORTE-AMERICANO ÀS SUAS EMPRESAS UMA “REPRESSÃO IRRACIONAL”
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Gabinete de Estatísticas “A produção está estável e a crescer, a procura recuperou e estabilizou, o emprego continuou a melhorar, os preços permaneceram estáveis e as expectativas do mercado estão a melhorar.”
INDÚSTRIA PRODUÇÃO CRESCE 6,9% EM OUTUBRO
A olhos vistos As previsões dos analistas foram mais uma vez ultrapassadas e o país volta a registar, pelo sétimo mês consecutivo, um crescimento superior ao do mês passado
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produção industrial da China cresceu 6,9 por cento, em Outubro, comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, e pelo sétimo mês consecutivo de crescimento, anunciou ontem o Gabinete de Estatísticas (GNE) chinês. O número superou, mais uma vez, as previsões dos analistas, que projectavam uma subida de 6,5 por cento para este mês. O indicador registou uma queda homóloga de 13,5 por cento, nos primeiros dois meses de 2020, enquanto em Março caiu 1,1 por cento, face às restritas medidas de controlo e prevenção da pandemia da covid-19.
Em Abril, depois de o Partido Comunista Chinês declarar vitória sobre a doença, a produção industrial da China cresceu 3,9 por cento, e, a partir daí, tem vindo a subir progressivamente. Entre as três principais categorias em que o GNE divide o indicador, destaca-se o crescimento da indústria de transformação, que cresceu 7,5 por cento, em relação a Outubro de 2019. Os sectores de produção e abastecimento de eletricidade, aquecimento, gás e água aumentaram 4 por cento, e o sector da mineração 3,5 por cento. A instituição também comparou os dados de 41 subsectores industriais,
entre os quais 34 registaram aumento de actividade, em Outubro passado, face ao mesmo mês de 2019. Entre os aumentos de produção, destacam-se veículos eléctricos (94,1 por cento), equipamento para geração de energia (86 por cento) e máquinas industriais (38,5 por cento).
BONS INDICADORES
O GNE também divulgou os dados das vendas a retalho, um dado importante para medir a procura pelo consumidor chinês e um dos pilares da mudança para um modelo económico baseado no consumo, em detrimento das exportações e do investimento público.
Esta secção registou o terceiro mês consecutivo de crescimento homólogo este ano, de 4,3 por cento, mas ainda longe dos valores de 2019, que oscilavam entre 7 por cento e 8 por cento, até que a pandemia do novo coronavírus provocou uma queda de 20,5 por cento, nos primeiros dois meses de 2020. A taxa de desemprego urbano, outro dos indicadores agora divulgados, caiu ligeiramente para 5,3 por cento, com média de 46,7 horas semanais de trabalho, acrescentou. O mesmo organismo garantiu que “a produção está estável e a crescer, a procura recuperou e estabilizou, o emprego continuou a melhorar, os preços permaneceram estáveis e as expectativas do mercado estão a melhorar”. No entanto, destacou que “a economia continua em processo de recuperação, mas que a plena recuperação ainda enfrenta muitos desafios”, devido ao impacto da pandemia nos parceiros comerciais internacionais.
China pediu ontem aos Estados Unidos que pare com a “repressão irracional” sobre as empresas chinesas, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter assinado um decreto que proíbe investimentos em 31 firmas do país asiático. A medida de Trump impede empresas ou cidadãos norte-americanos de comprarem acções, directamente ou através de fundos de investimento, em empresas identificadas pelos EUA como colaboradoras do Exército de Libertação do Popular, as forças armadas chinesas. As empresas de telecomunicações China Telecom e China
Mobile constam da lista. “Rotular estas empresas como estando sob o controlo dos militares é ignorar factos. Não há base legal ou princípio. A China opõe-se veementemente. Instamos os EUA a parar a repressão irracional às empresas afectadas e a fornecerem um ambiente comercial justo e não discriminatório”, afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio chinês, em comunicado. De acordo com o comunicado, os “EUA costumam usar o pretexto da segurança nacional para vetar
empresas chinesas” ou impedir os investidores norte-americanos de entrarem no mercado chinês, o que qualifica como “grave violação” dos princípios de concorrência de mercado que os EUA “sempre defenderam”. O porta-voz acrescentou que “as empresas chinesas operam em outros países de acordo com as leis e regulamentos relevantes” e que as acções de Washington “não serão capazes de suprimir as forças do mercado”. A proibição dos EUA entrará em vigor em 11 de janeiro, anunciou Robert O’Brien, Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, na semana passada.
COVID-19 DETECTADO VÍRUS EM CARNE DE PORCO IMPORTADA DE FRANÇA
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China anunciou ontem ter encontrado vestígios do novo coronavírus em embalagens de carne de porco importadas de França, noticiou a imprensa local. Uma inspecção aleatória a uma embalagem de uma remessa de carne suína oriunda de França, e armazenada na cidade de Xiamen, no sudeste do país, deu positivo, após um teste de ácido nucleico. As autoridades sanitárias indicaram que a remessa, de 25 toneladas no total, entrou no país pelo porto de Yangshan, em Xangai, a “capital” económica da China, e que a carne ainda não tinha sido colocada no mercado. As autoridades lacraram e desinfectaram o local onde a carga estava armazenada. Nos últimos meses, as autoridades chinesas detectaram vestígios
do novo coronavírus (em várias embalagens de produtos refrigerados, incluindo carne brasileira e camarão equatoriano, o que levou Pequim a apertar os regulamentos e medidas de controlo aplicadas sobre a importação de produtos congelados. As autoridades disseram que um surto na cidade portuária de Qingdao, no nordeste do país, deveu-se ao contágio de dois estivadores que estiveram em contacto com mercadoria importada. Para minimizar os riscos, desde ontem, Xangai anunciou que passa a ser obrigatório submeter todos os produtos congelados importados a análise e a desinfecção. Nos últimos meses, testes a peixe congelado oriundo da Índia e da Indonésia ou a carnes brasileiras deram positivo para o novo coronavírus em inspecções realizadas pela China.
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terça-feira 17.11.2020
TCR CHINA RODOLFO ÁVILA REGRESSA AO CIRCUITO DA GUIA APÓS CINCO ANOS DE AUSÊNCIA
TÓQUIO2020 COMITÉ “MUITO CONFIANTE” NA PRESENÇA DE ESPECTADORES
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presidente do Comité Olímpico Internacional (COI) declarou-se ontem “muito confiante” sobre a presença de espectadores nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, previstos em 2021, depois do adiamento de Março devido à pandemia da covid-19. No final de um encontro em Tóquio com o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, Thomas Bach disse à imprensa estar “muito, muito confiante na presença de espectadores nos estádios olímpicos no próximo ano”. O chefe do COI elogiou as medidas de luta contra o novo coronavírus em preparação pelo comité organizador local e pelo Governo japonês. “Estamos a criar uma imensa caixa de ferramentas na qual vamos meter todas as medidas que possamos imaginar”, declarou. “Vamos tirar [no próximo ano] essas ferramentas da caixa para usar e garantir um ambiente seguro para todos os participantes nos Jogos”, acrescentou. Numa visita de dois dias a Tóquio, Bach afirmou que o COI está a “desenvolver grandes esforços” para garantir que o maior número possível de participantes e de espectadores sejam vacinados antes de chegarem ao Japão, caso haja uma vacina disponível no mercado até Julho próximo. O responsável do COI deslocou-se a Tóquio para reforçar a confiança dos atletas, dos japoneses e dos patrocinadores quanto à realização efectiva destes Jogos Olímpicos. O aumento das infecções em grande parte do mundo e a renovação das medidas de confinamento voltaram a levantar questões sobre a realização dos Jogos no próximo ano, caso a pandemia não estiver controlada. Mais de 60 por cento dos patrocinadores japoneses ainda não se comprometeram a prolongar os contratos para mais um ano, noticiaram no fim de semana os meios de comunicação locais. Mas os organizadores olímpicos e os responsáveis japoneses insistiram que um novo adiamento ou uma anulação dos Jogos Olímpicos não eram viáveis, nem estavam a ser debatidos.
Advinha quem voltou
Na luta pelo campeonato do TCR China, Ávila vai medir forças com Ma Qing Hua, piloto que também conhece muito bem o traçado da Guia. No domingo, só um leva a taça a casa para casa, mas o piloto de Macau acredita num “bom resultado” dade de voltar a conduzir naquela loucura que é o traçado do Circuito da Guia”, acrescentou.
EM DESVANTAGEM
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com olhos no título do campeonato TCR China que Rodolfo Ávila vai regressar a Macau, desta feita para participar na Corrida da Guia. Após cinco anos de ausência, Ávila (MG6 XPower TCR) tem de recuperar oito pontos ao piloto Ma Qing Hua para poder sagrar-se campeão. Apesar deste cenário, o piloto de Macau prefere focar na expectativa de regressar ao Circuito da Guia: “Aguardo com expectativa o meu regresso àquela que é a minha ‘corrida caseira’ após cinco anos de ausência. Acho que temos uma boa hipótese de obter
um bom resultado com o MG6 XPower TCR este ano”, afirmou Ávila, em comunicado. No entanto, o piloto refreia as eventuais expectativas em relação a uma corrida muito empolgante, devido às provas que foram escolhidas para o programa, mas também pelas especificidades da Guia, circuito
muito dado a acidentes e à entrada do Safety Car, devido à ausência de escapatórias para remover veículos acidentados. “Provavelmente este não será o mais empolgante dos Grandes Prémios, em termos competitivos e da oferta de corridas, mas estou entusiasmado por ter a oportuni-
“Aguardo com expectativa o meu regresso àquela que é a minha ‘corrida caseira’ após cinco anos de ausência. Acho que temos uma boa hipótese de obter um bom resultado com o MG6 XPower TCR.” RODOLFO ÁVILA PILOTO
Por outro lado, Ávila aponta como desvantagem o facto do MG6 da XPower TCR fazer a estreia na Guia e num circuito citadino: “O MG6 XPower TCR tem estado bastante competitivo no campeonato TCR China, mas não podemos esquecer que esta é uma pista nova para o nosso carro e a primeira corrida que fará num circuito citadino”, indicou. A estreia do carro em Macau é mesmo um aspecto que poderá colocar a equipa em desvantagem face à concorrência. “Ao contrário dos nossos adversários, teremos que conhecer pista e investir tempo a trabalhar nas afinações. Esta é uma pista muito especial e o trabalho de equipa será essencial para conseguirmos obter um bom resultado este fim-de-semana”, atirou Rodolfo Ávila. A corrida está agendada para as 11h40 de domingo com um total de 12 voltas. No sábado, às 15h15, decorre a corrida de qualificação, que decide a grelha de partida para o dia seguinte. À entrada da última ronda, Ma Qing Hua (Lynk & Co 03) lidera o campeonato com 139 pontos, segue-se Rodolfo Ávila (MG6 XPower TCR), com 131 pontos, e Rainey He (MG6 XPower TCR), com 89, este último é colega de equipa do piloto local. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
Andebol Noruega retira-se da organização conjunta do europeu feminino A Noruega retirou-se da organização conjunta com a Dinamarca do Campeonato da Europa de andebol feminino de 2020, a pouco mais de duas semanas do início do torneio, anunciou ontem a federação norueguesa da modalidade. O organismo federativo invocou razões de saúde pública, motivadas pela pandemia de covid-19, para abdicar da organização da prova, que está prevista
realizar-se entre 3 e 20 de Dezembro, permanecendo em aberto a possibilidade de se disputar exclusivamente na Dinamarca. “Com base em avaliações aprofundadas das autoridades de saúde norueguesas, bem como nas exigências das autoridades políticas, torna-se evidente que a Noruega não pode ser anfitriã do Europeu feminino de andebol”, justificou a federação.
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17.11.2019 terça-feira
INDÚSTRIAS CULTURAIS RECEITAS CRESCERAM 8,7% EM 2019
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S receitas dos serviços das indústrias culturais em 2019 fixaram-se 7,85 mil milhões de patacas, ou seja um aumento de 8,7 por cento face ao ano anterior. De acordo com dados revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), em 2019 havia também mais 209 organismos, totalizando 2.454 instituições, divididas pelas áreas de “Design Criativo” (1.397), “Exposições e espectáculos culturais” (281), “Colecção de obras artísticas” (138) e “Mídia digital” (638.) Ao nível do pessoal, a DSEC revelou que existiam 13.659 indivíduos empregados nas diferentes áreas, isto é, mais 6,8 por cento, em termos anuais. Já as despe-
sas com pessoal alcançaram 2,18 mil milhões de patacas, ou seja, mais 10,2 por cento. O contributo das receitas para o valor acrescentado bruto (VAB) fixou-se em 2,98 mil milhões de patacas, ou seja mais 13,9 por cento em relação a 2018, representando 0,7 por cento do VAB de todos os ramos de actividade económica de Macau em 2019. A formação bruta de capital fixo das indústrias culturais atingiu 610 milhões de patacas, subindo 115,1 por cento, em termos anuais, devido ao facto de “alguns organismos terem adquirido equipamentos novos e terem efectuado melhoramentos em instalações durante o ano de referência”, pode ler-se na nota da DSEC.
CINEMA FILME DE CATARINA VASCONCELOS DUPLAMENTE PREMIADO NA POLÓNIA
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filme português “A metamorfose dos pássaros”, de Catarina Vasconcelos, foi duplamente premiado no Festival New Horizons, na Polónia, vencendo o Grande Prémio e o Prémio do Público, foi domingo anunciado. De acordo com a Portugal Film, num comunicado domingo divulgado, Catarina Vasconcelos recebeu, na 20.ª edição do New Horizons, “o mais importante festival polaco, o Grande Prémio do Festival e também o Prémio do Público”, com “A Metamorfose dos Pássaros. A realizadora, citada no comunicado, mostrou-se “profundamente agradecida” pelos dois prémios, considerando o Prémio do Público “uma enorme
comoção, sobretudo nos tempos que correm”. “Fico muito comovida por saber que o filme foi recebido de forma tão bela e sensível”, partilhou, lembrando que “a Polónia passa neste momento por um período terrível onde as liberdades e garantias estão a ser postas em causa e onde a comunidade LGBTQ é alvo de uma política homofóbica que tem vindo a escalar”. Para a realizadora, “os filmes só podem existir através da liberdade: liberdade para sermos o que queremos ser e liberdade para amar quem quisermos amar”. “Que o cinema possa sempre ser mais forte do que a barbárie e que os filmes possam ser sempre gestos de liberdade”, defendeu. A 20.ª edição do New Horizons, que terminou domingo, decorreu exclusivamente ‘online’. “A Metamorfose dos Pássaros”, uma produção da Primeira Idade que deverá ter estreia em Portugal no primeiro trimestre de 2021, é a primeira longa-metragem de Catarina Vasconcelos e tem estado em circulação internacional por festivais e mostras de cinema, onde tem colhido vários prémios.
N tr TEATRO
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terça-feira 17.11.2020
Na fronteira da ragicomédia D’AS ENTRANHAS APRESENTA MEDEIA NO EDIFÍCIO DO ANTIGO TRIBUNAL
A companhia teatral D’As Entranhas apresenta, nos próximos dias 26 e 28, quinta-feira e sábado, a tragédia grega Medeia, da autoria de Eurípedes. Vera Paz interpreta este monólogo desconstruído e criado a partir de uma tradução de Sophia de Mello Breyner. Nos dias 27 e 29, sexta-feira e domingo, sobe ao palco o espectáculo “I’ll Be Your Mirror”, com Mónica Coteriano
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EDEIA, tragédia grega escrita por Eurípedes no ano de 431 a.c., será representada em Macau na próxima quinta-feira, dia 26, numa adaptação feita pela companhia teatral D’As Entranhas Macau – Associação Cultural. A actriz Vera Paz, também directora artística da companhia, protagoniza um monólogo criado a partir da tradução de Sophia de Mello Breyner e que estará em cena no espaço Black Box do edifício doAntigo Tribunal nos dias 26 e 28 deste mês, às 20h30. “Fizemos uma adaptação livre do texto clássico, porque este tem 1419 versos e 11 personagens. Desconstruímos porque é uma tragédia muito pesada, um espectáculo sobre o amor, mas mais sobre a morte do amor, a vingança e a traição”, contou Vera Paz ao HM. A sua personagem “é uma mulher que é um monstro”. “Na primeira cena ela é enganada, perseguida, e volta-se contra tudo. Ela escolhe o seu destino, pois é um coração partido, e mata tudo o que se coloca à sua frente”, adiantou. Por forma a aliviar a carga dramática deste texto, a companhia teatral D’Entranhas resolveu criar uma tragicomédia, pois
além da personagem principal há uma outra, que apresenta a peça. “É uma tragédia cómica. Nós trabalhamos sempre nesta fronteira, não é uma paródia, mas é um limite. Dentro da personagem da Medeia ela tem uma outra personagem que apresenta a peça, e que é uma forma de cortar aquele horror todo.” Vera Paz revela os desafios enfrentados para levar a cabo este espectáculo em tempos de pandemia, uma vez que a encenação foi feita a partir de Portugal via Zoom, além de que outros actores também estão no país e trabalharam neste projecto à distância. “São os novos tempos. Mas é uma honra fazer este texto. Pegámos numa tradução de Sophia de Mello Breyner, que é uma referência poética. Está muito bem escrito e traduzido.” Para Vera Paz, a Medeia “é um espectáculo sobre a condição humana, sobre estas coisas irracionais, que não se explicam”. “Foi escrito há 2500 anos e acho que é das tragédias mais encenadas até hoje”, frisou. A actriz reconhece que transmitir a mensagem do teatro clássico ao público chinês nem sempre é fácil. “A peça vai ser em português embora tenha sempre uma componente visual
muito forte, como têm sempre os nossos espectáculos. Tenho essa dificuldade de como chegarmos ao público chinês, de como se traduzem os clássicos. A parte plástica e visual está lá,
mas a linguagem é sempre uma barreira e neste caso é.” Este espectáculo tem direcção artística, autoria e criação de Vera Paz e Ricardo Moura, enquanto que a interpretação e dramaturgia está a cargo de Vera Paz.
O CORPO E O ESPELHO
A Medeia “é um espectáculo sobre a condição humana, sobre estas coisas irracionais, que não se explicam.” VERA PAZ ACTRIZ
A companhia teatral D’As Entranhas Macau – Associação Cultural apresenta ainda outro espectáculo, nos dias 27 e 29 de Novembro, intitulado “I’ll Be Your Mirror”, protagonizado por Mónica Coteriano, que tem formação de bailarina. “Este é um espectáculo conceptual, sobre o corpo físico e humano. Colocámos este nome porque é um espectáculo sobre como nos espelhamos, como é que nos projectamos no outro e como nos relacionamos com o nosso corpo”, disse Vera Paz. “I’ll be Your Mirror” terá uma transmissão em directo da interpretação de Mónica Coteriano numa tela de grandes dimensões, para que o público possa ter uma melhor percepção “dos detalhes do corpo”. O espectáculo será será apresentado no espaço Black Box do edifício do Antigo Tribunal. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
FRC Plano Director em debate a 26 de Novembro
Numa organização conjunta com o centro Docomomo, a Fundação Rui Cunha realiza no próximo dia 26 de Novembro uma mesa redonda sobre o Plano Director. De acordo com uma nota oficial emitida ontem, a mesa redonda intitulada “Plano Director de Macau: Que visão e que regras?” tem como objectivo “avaliar criticamente o plano director de Macau proposto em consulta pública e apontar questões que possam contribuir para a sua melhoria”. O debate será moderado pelo arquitecto e presidente do Centro Docomomo Macau, Rui Leão, e irá contar com as intervenções de Rhino Lam (urbanista), José Isaac Duarte (Economista) e Wei Wen Huang (Arquitecto).
Realidade Virtual Pavilhão da Criatividade de Macau na ICIF
O Pavilhão da Criatividade de Macau foi ontem inaugurado na 16ª Feira Internacional das Indústrias Culturais (ICIF) da China (Shenzhen), podendo ser visitado com recurso à tecnologia de realidade virtual (RV). “O Pavilhão em RV tem uma área total de 150 metros quadrados, com um conceito de design que combina as características arquitectónicas de Macau e elementos modernos e populares, apresentando o encanto urbano de Macau, onde a modernidade se encontra com a tradição e a cultura oriental e ocidental coexistem através de realidade virtual”, pode ler-se numa nota publicada ontem peli Instituto Cultural (IC). A ICIF decorre até à próxima sexta-feira.
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17.11.2020 terça-feira
O passado é inútil
Mallarmé
EDOUARD MANET, STÉPHANE MALLARMÉ
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TÉPHANE era um homem extremamente bonito. Olhamo-lo com respeito e inspiração, como àquelas paisagens por onde um deus abriu caminho e nele nos mostrou locais encantados que até aí desconhecíamos. A sua função pioneira é em si a sua força, o engenho do desbravar tecendo o acaso, que os dados mesmo lançados estão sujeitos a essa estranha partitura. Se ao escutar o poema ele o adensa numa floresta alfabética é porque sabia que ela desliza até à saciedade na sua extraordinária plasticidade. Vamos no seu encalce nesse efeito de ressonância e tudo é símbolo, tudo é convite, tudo é singular (que o Simbolismo nem tudo explica das cargas fonéticas desta mestria) é a sua palavra que gera o Movimento e todos os outros que hão de vir agarrados à entrada do século vinte que para sempre será eterno Modernismo. Mallarmé media o tempo na composição do seu verso. Há nele uma roda giratória perfeita que sabe trabalhar no ínfimo infinito do que escuta e entende, e se nele nada é fácil, também nada é óbvio: que sentir pode ser maior que escutar com palavras graus finíssimos de um som galáctico? Que sistema desenvolvem certos
humanos que lhes permite captar coisas tamanhas? É este Mallarmé o que mais interessa, o poeta como agente delicado de acordes inexplicáveis. Hoje ele não seria possível! Esta espécie morreu, o barulho da perturbação do mundo e do seu enredo fez que para sempre se esgotassem certas saídas de emergência. Padecemos por isto, e não por tudo aquilo que julgamos perturbar-nos. O verso gera aqui um redentor estado de lúcida compreensão ao atalhar para a «linguagem suprema» onde todas, sem ela, são imperfeitas, e como conduzir ao entendimento sem a consciência do mantra que se desfaz em todos os recreios onde quiséramos que existisse?
Para onde vão as almas destes homens que voltam de quando em vez para nos interpelarem de formas tão surpreendentes «musicienne du silence»?
Amélia Vieira
Aguardar! - Temos de aguardar. Sabemos que não estão lá os signos que faltam para este magistério, e que, a poeira dos ensaios incita à obscura análise e ao estéril desejo. Não deve o ser esforçar-se demasiado por aquilo que nunca será o seu caminho, que caminhar assim, é uma espécie de feliz resolução tendo à espreita todas as dores «La chair est triste, hélas! et j´ai lu tous les livres... des oiseaux sont ivres» e mais tarde, até o barco de Rimbaud. Estamos todos embriagados às portas do Inferno! No dia 7 de Setembro nasceu Camilo Pessanha e temos dele o mais melodioso emblema nacional do Simbolismo e da música que desejou reter da corrente que assim corria a um tempo como uma suave nortada. Mallarmé morreria a 9 de Setembro, quase a findar o século. Pessoa persegui-os na marcha e todas as coisas alcançam intimidade quando estão no “verso” de um mesmo Ovo. Que o Ovo não tem re(verso) é certo, e os que dele nascem são considerados na maior parte das vezes, aves. Da própria beleza dos dois, ninguém diz, mas podemos afirmá-lo que trajavam qualquer essência habitada, toda corrigida pela tinta negra da palavra, olhá-los é já contemplar um poema em corpo num raro acaso que os próprios dados já lançados não prevêem. Equilíbrios frágeis, fazem dos seres acordes lindíssimos! Choveu nas palavras em verso de Mallarmé! Elas lançavam-se livres e desenlaçadas no alaúde da composição, tão visual, quanto melodiosa, por que a língua encontra todos os planos quando dança! E quando deixa a dança, e ao não encontrar os seus arautos, morre, asfixia. Os exegetas judeus talvez tenham razão quando se debruçam anos infindos numa frase só e encontram frases outras, que nós lemos tudo na horizontal com as páginas em crescendo até ao fim, e grande parte não vê mais que um filamento de ideias nas letras. Querer ser entendido é a maior praga que se instalou na linguagem! Deveria ter calado isto tudo, mas não sei, não sei como calar. Mallarmé morreu amargurado. Fora um grande anfitrião e pela sua casa passaram os que a História reservou, qualquer coisa se esgotara neste belo ser que anteviu dias antes o seu fim. Talvez estivesse cansado e com pressa de regressar ao diálogo alargado das suas competências. Para onde vão as almas destes homens que voltam de quando em vez para nos interpelarem de formas tão surpreendentes «musicienne du silence»? Um Mallarmé talvez um pouco desconhecido este que aqui ficou.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
terça-feira 17.11.2020
como um trapo
A fábula do humano e do tigre uma assa no Além Paulo José Miranda
O
problema aqui são dois: a possibilidade ou impossibilidade de verdade numa biografia, a despeito de se amar ou odiar o biografado, e erigir uma vida à volta do dinheiro. A primeira faceta do problema torna-se agudo porque se vai tornando claro ao longo do livro que podemos trocar biógrafo por escritor, biografado por personagem e verdade por conhecimento. Assim, a pergunta pode ser reformulada no seguinte modo: o escritor pode produzir conhecimento através da criação de personagens? Qual o sentido de escrever um livro de ficção? Ecoa como um baixo continuo ao longo do livro esta resposta: aprender. O acto de escrever ganha a sua legitimidade se aquele que o escreve aprender. E aprender não é aprender factos como se aprende na preparação para escrever uma biografia, mas aprender sobre si mesmo e sobre o mundo; escrever como quem inventa, não a sobrevivência, mas a sua vida. Lê-se à página 19 que «tudo se inventa para sobreviver», e escutamos como contraponto que tudo deveríamos inventar para viver, para sermos nós mesmos a nossa vida. Leia-se ainda à página 30: «Mas não saio desta história como entrei.» Esta fala é, evidentemente, a da escritora Mónia Camacho. Ou, pelo menos, é também a dela. A de quem sabe ou suspeita que escrever é, antes de mais, um exercício de caminhar na direcção de si e do mundo. A escritora enquanto escreve é a Princesa. E aquele que aprende enquanto escreve pode legitimamente esperar que outros possam rever-se nessa aprendizagem. É esta a legitimidade da escrita e que se interliga com o sentido da conversão, porque aprender é uma espécie de conversão. Nessa mesma página 19 ficamos a saber que o Biógrafo está na posição em que a Princesa de Marrocos estava antes de entregar-se à conversão, isto é, a dar-se conta de que a sua vida lhe estava a escapar. Leia-se: «A vida estava a escapar por onde podia. E ele estava a deixar, por não saber o que fazer com ela.» O que aqui está em causa é ver como as nossas vidas estão sempre soterradas de tudo o que não somos e de «tudo o que se inventa para sobreviver» (19), como escrever uma biografia por dinheiro e deixar de fazer o que deveríamos fazer. Como escreve Aristóteles na Ética a Nicómaco, e cito de memória, a vida de um comerciante é uma violenta forma de vida. Violenta, porque acima da sua vida está o ganhar dinheiro, ele troca o tempo que é pelo dinheiro que tem de ganhar,
Um Tigre À Porta Da Sé é uma fábula sobre a nossa condição humana quando nos damos conta de tudo isto, da possibilidade de desistirmos de nós e continuarmos a viver ou de nunca chegarmos a ser nós mesmos, no sentido de darmo-nos conta da falha que nos habita
pelas trocas comerciais que tem de fazer. Através da personagem de o Biógrafo, fica claro, em Um Tigre À Porta Da Sé, que um escritor pode ser um comerciante. Não apenas porque sempre o foi, no sentido em que sempre escreveu livros com o intuito de vender, mas no sentido em que em algum momento da vida isso pode passar a acontecer, de repente. Ou seja, a despeito de se ser escritor, no sentido de se estar preocupado com aprender enquanto se escreve, a qualquer momento podemos inverter esse sentido. Ninguém está a salvo de deixar de ser quem é, de desistir de si, ou de nunca vir a ser quem é. A Princesa, que em algum momento desistiu de si, passando a ser quem não é, de repente dá-se conta disso, o que a leva até Portugal. O Biógrafo está no caminho inverso, a deixar de ser quem é. E quase no final
(II)
do livro, o Biógrafo dá-se conta dessa diferença, deste modo: «A resistência daquela mulher enxovalhava-o. Mostrava-lhe que a coragem dele era rasteira e sem cor. Plana.» (33) Por conseguinte, esta pergunta retórica à página 23, «Quem somos quando não somos nós?», torna-se uma espécie de centro gravítico do texto. Trata-se de uma situação semelhante à de Alice, em «As Aventuras de Alice no País das Maravilhas», de Lewis Carroll, quando ela diz para si mesmo: «“Meu Deus! Meu Deus! Como hoje está tudo tão estranho! E ontem tudo se passou como de costume! Gostava de saber se fui eu que mudei durante a noite? Deixa-me cá pensar: quando me levantei esta manhã seria eu a mesma pessoa? Parece que me lembro de me sentir um bocadinho diferente. Mas, se não sou a mesma pessoa, a questão então é saber quem sou? Ah! Esse é o grande mistério!”» Pois o livro de Camacho, a fábula, é acerca desta situação humana. E esta situação humana não precisa de fazer-se sentir no seu modo mais radical, isto é, o da conversão de nos tornarmos outro. O trágico é que mesmo aquele que não se converte a si mesmo, que continua afastado da sua própria vida, do que poderia ser a sua vida, também deixa de ser esse que não é a sua vida, embora vá vivendo. Escreve Camacho: «Deverá ter havido sempre uma diferença entre a pessoa que somos em casa, quando estamos com pantufas de leopardo, e a pessoa que somos na rua.» (23) Ou seja, qualquer que seja a apresentação da situação humana, na conversão ou no esquecimento de si, temos sempre situações que nos lembram, que nos mostram que somos outro que não nós. Quem somos? Assim a pergunta também se inverte, não é apenas «quem somos quando não somos nós?», mas «quem somos quando somos nós?». Porque a falha contínua que se opera de nós para nós não apenas se faz sentir, mas tem de ser indicador de algo. Indicador do desconhecido que somos de nós mesmos e da desatenção que se opera de nós para nós. Não somos mais distraídos de nós do que somos dos outros. A distracção é o nosso ponto de vista usual. É assim que estamos na vida, distraídos, esquecidos. Um Tigre À Porta Da Sé é uma fábula sobre a nossa condição humana quando nos damos conta de tudo isto, da possibilidade de desistirmos de nós e continuarmos a viver ou de nunca chegarmos a ser nós mesmos, no sentido de darmo-nos conta da falha que nos habita. O dar-se conta, evidentemente, é o caminho da conversão, como escrever um livro que nos mostre isto. Um tigre à porta da Sé é o humano a dar-se conta de si e querer transformar-se. Ou como escreve Mónia Camacho a meio do livro acerca da Princesa: «Ela era o tigre à porta da Sé».
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17.11.2020 terça-feira
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Compositores e Intérpretes através dos Tempos Michel Reis
Béla Bartók (1881-1945)
A derradeira obra incompleta BÉLA BARTÓK (1881-1945): CONCERTO PARA VIOLA E ORQUESTRA, SZ. 120
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URANTE os últimos anos da sua vida, Béla Bartók viveu frugalmente num apartamento minúsculo no Upper West Side de Manhattan. Mas dificilmente sozinho ou negligenciado, como comentaristas com inclinações românticas querem fazer crer. Teve a companhia da sua esposa, a pianista Ditta Pásztory-Bartók, e teve trabalho, ou seja, encomendas de alguns pesos pesados da música. Se também pudesse ter tido saúde, poderia ter vivido para ver a aclamação que a sua música receberia no final dos anos 50, para não falar da quase adoração que inspira hoje, quando o seu nome está ligado aos de Stravinsky e Schoenberg, como um dos três gigantes invioláveis da música moderna. Quando Bartók faleceu em Setembro de 1945, deixou um concerto para viola parcialmente concluído, encomendado pelo famoso violista escocês William Primrose. Embora não exista uma versão definitiva da obra, este concerto tornou-se indiscutivelmente o concerto para viola mais executado no mundo. Após a morte de Bartók, a sua família pediu ao amigo do compositor, o violista, violinista e compositor húngaro Tibor Serly, que examinasse os esboços do concerto e o preparasse para publicação. Serly levou anos para montar os esboços numa peça completa. Em 1949, Primrose finalmente revelou a obra numa apresentação de estreia com a Orquestra Sinfónica de Minneapolis. Durante quase meio século, a versão de Serly gozou de grande popularidade entre a comunidade de viola, mesmo enfrentando acusações de inautenticidade. Na década de 1990, surgiram várias revisões e, em 1995, o filho do compositor, Peter Bartók, divulgou uma revisão e um fac-símile do manuscrito original, abrindo caminho para um debate intensificado sobre a autenticidade das múltiplas versões. Este debate continua enquanto violistas e estudiosos de Bartók procuram a versão definitiva desta obra final do maior compositor da Hungria. O Concerto para Viola e Orquestra, Sz 120, uma das últimas obras compostas por Bartók, foi encomendado por Primrose no Inverno de 1944, que sabia que o compositor produziria uma obra desafiante para ele executar. A obra viria apenas a ser estreada no dia 2 de Dezembro de 1949, pela Minneapolis Symphony Orchestra, sob a direcção do maestro Antal Doráti, aluno de Bartók, com Primrose como solista. O concerto, que apresenta um forte cunho autobiográfico, tem três andamen-
William Primrose (1904-1982)
Quando Bartók faleceu em Setembro de 1945, deixou um concerto para viola parcialmente concluído, encomendado pelo famoso violista escocês William Primrose. Embora não exista uma versão definitiva da obra, este concerto tornou-se indiscutivelmente o concerto para viola mais executado no mundo
tos, e Bartók afirma numa carta datada de 5 de Agosto de 1945 que o conceito geral é “um Allegro sério, um Scherzo, um andamento lento (bastante curto) e um finale que começa Allegretto e desenvolve o andamento para um Allegro molto. Cada andamento, ou pelo menos 3 deles, (será) precedido por uma (curta) introdução recorrente (principalmente um solo para viola), uma espécie de ritornello.” O primeiro andamento foi composto na forma-sonata livre. O segundo andamento lento é significativamente mais curto e termina com um andamento scherzo muito curto que é um attacca directamente no terceiro andamento. O primeiro e o terceiro andamentos do concerto contêm uma frase que lembra a melodia escocesa “Gin a Body Meet a Body, Colmin 'Thro' the Rye”, provavelmente em homenagem às origens escocesas de Primrose. A obra começa com um solo de viola acompanhada por leves batidas rítmicas. A aceleração do solo, como se fosse uma cadência, revela os primeiros treze compassos como uma introdução, após a qual o tema propriamente dito se faz ouvir... O segundo sujeito é um tema fantasticamente cromático e contrapontístico, sem paralelo em qualquer outra música de Bartók. As escalas sobem, descem e entrelaçam-se. No entanto... o efeito real é de uma calma repousante. Um breve interlúdio, Lento parlando, precede o segundo andamento... trazendo à mente a improvisação de um chantre... Um motivo do fagote solo liga-o ao segundo andamento propriamente dito. A expressiva simplicidade desta música é determinada pela forma-canção ternária ABA... Bartók conseguiu aqui explorar todos os registos da viola... No final, o motivo do primeiro andamento é ouvido novamente, acelerando para uma cadência que leva, sem pausa, a uma introdução allegreto ao terceiro andamento. Em contraste com o que precedeu, o finale é uma dança alegre, em forma rondo... mais romena do que húngara no que diz respeito ao carácter. A viola solo move-se a um ritmo sem fôlego, tornando-se ligeiramente mais lenta com a melodia folclórica do trio... A partir daqui, as formações de escala cromática ascendente e descendente lembram um uso semelhante da cromática no segundo tema do primeiro andamento. Um fortissimo tutti de quatro compassos, seguido por uma passagem em escala ascendente para a viola ... conduz o Concerto a um final de cortar a respiração. SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Béla Bartók: Viola Concerto, Sz. 120 Yehudi Menuhin, viola, Philarmonia Orchestra, Antal Dorati – Warner Classics, 1967
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Um foguetão Falcon 9, que transporta a cápsula Dragon com quatro astronautas a bordo, foi lançado com êxito, no domingo, a partir do Centro Espacial Kennedy, rumo à Estação Espacial Internacional
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(EEI). O lançamento ocorreu às 20:27, no Central Espacial Kennedy, na Florida (sudeste). Menos de três minutos depois, a 90 quilómetros de altitude e quando o foguetão atingia sete mil quilómetros por
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hora, o primeiro andar do foguetão separou-se, para regressar à Terra e ser reutilizado. O segundo andar com a cápsula prosseguiu viagem, numa trajectória correcta, anunciou a Space X.
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THE MOVIE DEMON SLAYER: 4NO YAIBA MUGEN KIMETSU TRAIN [C]
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FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Sotozaki Haruo 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2
COME PLAY [B]
Um filme de: Jacob Chase Com: Azhy Robertson, Gillian Jacobs, John Gallagher Jr. 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3
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THE WITCHES [B]
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Um filme de: Robert Zemeckis Com: Anne Hathaway, Octavia Spencer Stanley Tucci, 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
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UM LIVRO HOJE
A HISTÓRIA DE FU TAK IAM | ADRIAN FU | 2018
A História de Fu Tak Iam é uma biografia oficial sobre o homem que tinha o monopólio do jogo até ao surgimento de Stanley Ho e a criação da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau. O livro pode ser adquirido em praticamente qualquer livraria do território e permite saber um pouco mais sobre um homem que nasceu pobre, mas que amealhou uma grande fortuna. O relato é escrito pelo neto Adrian Fu e apesar de a família ser muito discreta, ao contrário de uma certa tradição local, a verdade é que continua a ser muito influente na área do imobiliário em Hong Kong. João Santos Filipe
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18 opinião
17.11.2020 terça-feira
macau visto de hong kong
O
Protecção social
Governo tem uma política de injectar inicialmente 10 mil patacas nas contas do Fundo de Previdência Central não obrigatório dos residentes. No entanto, no próximo ano, a injecção financeira não será aplicada a quem já possuir uma conta deste tipo. Esta decisão vai ao encontro do Artigo 40 da Lei No. 7/2017 que regula o Fundo de Previdência Central não obrigatório. O Artigo estipula que o Governo deverá ter um excedente fiscal sempre que injecta verbas no Fundo de Previdência Central. Como é esperado um déficit orçamental no próximo ano, esta condição não se verificará; desta forma, os residentes de Macau não vão receber verbas adicionais através deste Fundo em 2021. Assim, com base na injecção de capital realizada em 2019, cada pensionista irá ter menos 7.000 patacas anuais. O sistema de segurança social de Macau inclui dois níveis. O primeiro decorre da Lei No. 4/2010, que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2011. Este nível de protecção destina-se principalmente a garantir pensões de reforma, de invalidez, subsídios de nascimento, de casamento, subsídios de desemprego, de funeral, baixas por doença, etc. Destina-se a garantir a protecção básica aos residentes de Macau. O direito à protecção social acarreta o dever de contribuir. As contribuições para este primeiro nível vêm sobretudo de taxas pagas pelos empregadores e empregados sobre os salários. Claro que existe outro tipo de receitas, como as que derivam do sistema arbitrário de contribuidores e ainda 1 por cento do orçamento anual do Governo da RAEM. Além disso, os residentes de Macau também podem contribuir, no quadro da legislação que regula esta matéria. O segundo nível de previdência é alimentado por contribuições facultativas, no quadro do Fundo de Previdência Central não obrigatório. Este segundo nível visa fortalecer a protecção dada na reforma aos residentes de Macau. Este sistema é regulado pela Lei No. 7/2017 do Fundo de Previdência Central não obrigatório. Por outras palavras, os empregadores e os empregados contribuem com um valor até 5 por cento do salário base. A contribuição minima é de 500 patacas e a máxima de 3.300. Quando atinge a idade da reforma, 65 anos, o trabalhador pode reaver a totalidade destas contribuições. E é precisamente neste Fundo não obrigatório
que o Governo não irá injectar capitais no próximo ano. Em Macau, um reformado pode receber o retorno da totalidade das suas contribuições, reforma, cheques pecuniários, dinheiro vindo da injecção de capital no Fundo Central de Previdência não obrigatório, etc., num total de cerca de 6.000 patacas por mês. O facto de, no próximo ano, o Governo não contribuir para o Fundo de Previdência Central não obrigatório, vai afectar sobretudo os reformados. Em média, no próximo ano, cada pensionista vai recebeer menos 580 patacas por mês. Para quem está no activo, 580 patacas por mês não é muito dinheiro, mas para os reformados, para quem cada cêntimo conta, esta perda de rendimento faz muita diferença. É inegável que o Governo de Macau implementou com sucesso o seu sistema
É inegável que o Governo de Macau implementou com sucesso o seu sistema de segurança social. Quantos países se podem gabar de garantir a todos os reformados uma pensão de 6.000 patacas por mês?
DAVID CHAN
de segurança social. Quantos países se podem gabar de garantir a todos os reformados uma pensão de 6.000 patacas por mês? Este ano, devido ao déficit orçamental o Governo não vai poder injectar capitais no Fundo de Previdência Central não obrigatório, mas, de futuro, quando a pandemia terminar e a economia de Macau se voltar orgulhosamente a erguer, devemos considerar subsidiar todos os anos este Fundo, para que os reformados possam vir a ter mais segurança? Macau tem uma população pequena, se pensarmos em 500.000 pessoas, a verba requerida é da ordem dos 3.5 mil milhões. Esta soma dificilmente representará um fardo pesado para o Governo, assim que a economia estiver restabelecida. É claro que a garantia das pensões de reforma não é apenas uma responsabilidade do Governo. Todos têm o dever de contribuir para assegurar a sua reforma. Quanto mais cedo nos começarmos a preparar, mais hipóteses teremos de desfrutar de uma velhice sossegada. As pensões de reforma não são apenas uma garantia de dinheiro, mas mais importante do que isso, são uma garantia de que as pessoas permanecem em Macau após a reforma, reforçando assim o seu sentido de pertença à cidade; desta forma todos nós amaremos Macau cada vez mais.
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
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A arrogância precede a ruína, e o espírito altivo, a queda.
Provérbios 16,18
Habitação Preço médio aumentou em Outubro
Jogo VIP Receitas sobem 55,7% no terceiro trimestre
A
A
PESAR da pandemia, o preço médio da habitação ficou mais caro em 6.719 patacas por metro quadrado em Outubro, quando comparado com o período homólogo. De acordo com os dados revelados ontem pela Direcção de Serviços de Finanças, no último mês o preço médio do metro quadrado foi de 108.532 patacas, quando em Outubro do ano passado tinha sido de 101.813 patacas. Quanto ao número de transacções, houve uma quebra de cerca de 12 por cento, de 632 transacções para 551, este ano. Em termos de localização, o preço das casas na Taipa foi o que mais subiu no espaço de um ano. Enquanto em Outubro do ano passado o metro quadrado custava em média 102.889 patacas, em Outubro deste ano o valor subiu para 121.118 patacas, ou seja 17,7 por cento. Além de uma subida de preço, houve igualmente uma maior procura por habitação na Taipa. Em 2019 tinha havido 110 transacções, que subiram para 162 em Outubro deste ano. Em termos das transacções na Península de Macau e de Coloane houve reduções do preço médio por metro quadrado de 99.879 patacas para 99.425 patacas e de 122.621 patacas para 116.750 patacas, respectivamente. Ainda na península, houve uma redução do número de trocas de habitação de 489 transacções para 360. Com uma tendência contrária, em Coloane houve um aumento do número de transacções face ao período homólogo, que cresceu de 24 transacções, em 2019, para 29, em Outubro deste ano.
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terça-feira 17.11.2020
PALAVRA DO DIA
Jogar em vários tabuleiros Bruxelas assina acordo com CureVac para garantir 5.ª vacina para a União Europeia
A
Comissão Europeia anunciou ontem um contrato com a farmacêutica alemã CureVac para assegurar a aquisição de 405 milhões de doses de uma potencial vacina para a União Europeia (UE), sendo esta a quinta no portefólio de Bruxelas. “Alguns dias depois da assinatura do nosso contrato com [as farmacêuticas] BioNTech e Pfizer, estou feliz por anunciar um novo acordo: amanhã vamos autorizar um novo contrato para assegurar mais uma vacina para a covid-19 para os cidadãos europeus, que nos vai permitir adquirir até 405 milhões de doses da vacina produzida pela empresa europeia CureVac”, anunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Num anúncio sem direito a perguntas em Bruxelas, a responsável observou que “este é o quinto contrato com uma empresa farmacêutica para o portefólio de vacinas” da UE. “E estamos a trabalhar num sexto [contrato de compra antecipada] com a Moderna”, apontou Ursula von der
Leyen, indicando que esse acordo também deverá ser oficializado “em breve”. “O coronavírus continua a espalhar-se rapidamente na Europa e precisamos de uma vacina segura e eficaz para acabar com esta pandemia”, concluiu a líder do executivo comunitário. O anúncio foi feito no dia em que a farmacêutica norte-americana Moderna disse que a sua vacina poderá ser 94,5 por cento eficaz, de acordo com dados preliminares dos estudos clínicos em curso. Este anúncio ocorreu uma semana depois de a norte-americana Pfizer e a alemã BioNTech terem revelado dados provisórios sobre a sua vacina contra o novo coronavírus, que indicam que pode ser eficaz em 90 por cento dos casos. Até ao momento, a Comissão Europeia já assinou contratos com quatro farmacêuticas para assegurar vacinas para a Europa quando estas se revelarem eficazes e seguras: a AstraZeneca (300 milhões de doses), a Sanofi-GSK (300 milhões), Johnson & Johnson (200 milhões) e BioNTech e Pfizer (300 milhões). O objectivo da
Comissão Europeia é conseguir uma carteira de seis potenciais vacinas para a covid-19, que além das já asseguradas abrangerá as das farmacêuticas CureVac e a Moderna.
PARA DAR E CEDER
Previsto está que as vacinas sejam disponibilizadas ao mesmo tempo para todos os Estados-membros da UE, sendo que a quantidade atribuída a cada será baseada na população. Acresce que os Estados-membros podem decidir doar as doses de vacina a si atribuída a outros países mais pobres ou redireccioná-la para outros países europeus. Fonte comunitária explicou à agência Lusa que a Comissão está a financiar estes acordos de compra antecipada com produtores de vacinas através do Instrumento de Apoio de Emergência, a partir do qual “foram disponibilizados até agora mais de dois mil milhões de euros de financiamento”. Sediada em Tübingen, na Alemanha, a CureVac é uma empresa europeia pioneira no desenvolvimento de uma classe de vacinas totalmente nova.
Hong Kong Pelo menos sete mortos e sete em estado crítico em incêndio num prédio Pelo menos sete pessoas morreram e sete estão em estado crítico, na sequência de um incêndio num edifício residencial em Hong Kong, noticiou ontem a imprensa local. As vítimas mortais foram três homens, três mulheres e uma criança de 9 anos, noticiou o jornal South China Morning Post (SCMP). Três homens e quatro mulheres foram hospitalizados, no domingo à noite, em estado crítico. Duas outras pessoas encontram-se em estado grave, indicou. O incêndio foi
o mais mortal em Hong Kong em quase uma década. O apartamento terá acolhido uma reunião familiar, mas as autoridades estão a investigar se funcionava no local um restaurante sem licença. A maioria das vítimas é nepalesa. Os bombeiros informaram ontem numa conferência de imprensa que não havia medidas de segurança contra incêndios no edifício e que um dos presentes durante o evento conseguiu salvar-se ao subir pela janela da casa de banho do apartamento.
S receitas brutas do jogo VIP no terceiro trimestre deste ano registaram uma subida de 55,7 por cento em relação aos três meses anteriores, indicaram dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). No segundo trimestre, as operadoras tinham arrecadado 1,5 mil milhões de patacas no segmento de altas apostas. Nos três meses seguintes contabilizaram 2,3 mil milhões de patacas. Ainda assim, muito longe dos resultados obtidos em anos anteriores, e dos primeiros três meses do ano, quando registaram receitas de 14,8 mil milhões de patacas, apesar das contas reflectirem já o impacto da crise provocada pela pandemia da covid-19. Os últimos dados do jogo em Macau mostraram que as receitas dos casinos em Macau subiram 228 por cento em Outubro, comparativamente a Setembro, mas, mesmo assim, com uma quebra de 72,5 por cento relativamente a igual mês de 2019. A subida no jogo VIP acompanhou os resultados globais do mercado do jogo. Em Outubro, as operadoras que exploram o jogo no território arrecadaram 7,27 mil milhões de patacas, mais 5,05 mil milhões de patacas que no mês anterior.