Hoje Macau 17 FEV 2016 #3513

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MOP$10

QUARTA-FEIRA 17 DE FEVEREIRO DE 2016 • ANO XV • Nº 3513

hojemacau

RECICLAGEM

Uma luta inglória

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA GOVERNO DITA CRIMINALIZAÇÃO PÚBLICA

PÁGINA 7

ANATOMIA DO CRIME

ÓBITO

LUÍS XAVIER, A OUTRA PRÁTICA PÁGINA 8

h

Heroínas e outras estórias JULIE O’YANG

ENSINO SUPERIOR

GANHOS ´ SINICOS

A nova proposta de lei do Governo, a ser apresentada na AL na próxima segunda-feira, vem de encontro ao que era há muito pedido por inúmeros sectores da sociedade. A violência doméstica vai ser finalmente crime público. PÁGINA 4

FESTIVAL

Fitas de elite

É cada vez maior o número de alunos estrangeiros a estudar em universidades do continente. Por cá, as instituições de ensino superior tentam também beneficiar deste afluxo. GRANDE PLANO

OPINIÃO Para que serve a TDM?

EVENTOS

FERNANDO ELOY

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ


2 GRANDE PLANO

ENSINO SUPERIOR

MACAU BENEFICIA DA POLÍTICA DE INTERNACIONALIZAÇÃO NA CHINA

VINDE A NOS OS ESTRANGEIROS ´

A China pretende ter meio milhão de estudantes estrangeiros nas suas universidades até 2020. Poderá esta medida entrar em conflito com a necessidade que Macau tem de ir buscar alunos lá fora? Analistas dizem que não e frisam que a internacionalização das universidades chinesas até pode beneficiar a RAEM

A

edição desta segunda-feira do diário China Daily dava conta das intenções do Governo Central em internacionalizar o seu sistema de ensino superior e atrair, até 2020, meio milhão de alunos estrangeiros, numa altura em que a China é dos

370 mil alunos estrangeiros estudavam na China em 2014, vindos de 203 países

países mais procurados a nível mundial para estudar. Macau, com pouco cerca de uma dezena de universidades públicas e privadas e com quase 700 mil habitantes, necessita de recrutar todos os anos alunos de fora para manter o seu sistema de ensino. Poderá, assim, a política do Governo Central entrar em conflito com as necessidades locais? Para José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), uma entidade de ensino privada, esse conflito não deverá existir. “Não vai afectar muito, porque estamos a falar de movimentos distintos em relação a Macau, embora

algumas universidades procurem atrair estudantes estrangeiros. A Universidade de Macau (UM) tem programas de cooperação com outras universidades, da Europa e de alguns países de expressão portuguesa, mas o grosso dos alunos vindos de fora é proveniente da China”, disse ao HM. Carlos Ascenso André, director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM), também fala de uma medida que não trará problemas a Macau. “A China, quando está a fazer essa opção, está a querer internacionalizar o seu ensino, porque tem candidatos ao ensino superior para dar e vender, ao contrário do que acontece em Macau. Se o sistema de ensino superior de Macau só recrutar em Macau está condenado a diminuir drasticamente. As duas situações não vão entrar em conflito e até podem ser vantajosas”, defendeu.

UM MUNDO LIGADO

Para os dois analistas, o facto da China querer atrair mais estrangeiros até poderá beneficiar o sistema de ensino superior local. “Haver mais gente a querer vir estudar para a China pode ser benéfico para Macau. É China, mas é uma China um bocado diferente e até pode ser uma mais valia. Mas tudo depende das opções dos alunos. Querem vivenciar a experiência na

China ou o multiculturalismo em Macau?”, questionou José Sales Marques. O também economista lembrou que existem cerca de 230 mil alunos chineses a estudar na Europa e ainda mais a estudar nos Estados Unidos. “Ter esse número de alunos estrangeiros na China, num país de tão grande dimensão, e que não ficarão apenas em Pequim ou Xangai, mas em outras universidades, não me parece que possa servir como uma ameaça para a internacionalização do ensino superior em Macau. Por várias razões, mas por uma razão de escala. Há cada vez mais alunos a irem para a China


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“A China, quando está a fazer essa opção, está a querer internacionalizar o seu ensino, porque tem candidatos ao ensino superior para dar e vender, ao contrário do que acontece em Macau. (...) As duas situações não vão entrar em conflito e até podem ser vantajosas” “Haveremos de chegar a um momento em que o princípio da aldeia global não se aplica apenas aos produtos comerciais mas também ao conhecimento. A internacionalização do ensino superior na China vai certamente dar uma dimensão diferente do ponto de vista da qualidade e da abertura” CARLOS ASCENSO ANDRÉ DIRECTOR DO CENTRO PEDAGÓGICO E CIENTÍFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA DO IPM

pela questão da língua e porque sabem que é uma questão de futuro. Em certa medida, a China ao atrair mais alunos estrangeiros, também ajuda a promoção de Macau como destino universitário para o resto do mundo”, ressalvou o presidente do IEEM. Carlos Ascenso André diz que o futuro da China passa por uma maior ligação com o mundo também ao nível do ensino. “O caminho futuro é a internacionalização que leva a uma abertura total do sistema. E haveremos de chegar a um momento em que o princípio da aldeia global não se aplica apenas aos produtos comerciais mas também ao conhecimento. A internacionalização do ensino superior na China vai certamente dar uma dimensão diferente do ponto de vista da qualidade e da abertura”, apontou. Já José Sales Marques acredita que as universidades de Macau têm elas próprias de se internacionalizar. “Macau teve sempre uma duplicidade. Por um lado é importante reforçar as ligações com a China, mas também com o resto do mundo. Macau deve procurar atrair mais alunos de fora, da Europa, EUA, Américas, porque é essa diversidade de alunos que tornam o meio académico mais rico. E também os professores ficam com uma oportunidade de conviver com os seus alunos. Deve-se internacionalizar o meio para um patamar superior do que aquele que já existe, só assim é que podemos tornar o sistema mais interessante”, rematou. O HM contactou ainda Rui Martins, vice-reitor da UM, que referiu apenas que a política do continente “em princípio” não trará um conflito para Macau, tendo remetido mais explicações para a área dos assuntos académicos da universidade.

ALDEIA GLOBAL

Segundo a notícia do China Daily, a China recebeu mais de 370 mil alunos estrangeiros em 2014, vindos de 203 países, o que tornou o país no terceiro mais procurado, a seguir aos EUA e Reino Unido. Fang Jun, vice-director do departamento de cooperação internacional e intercâmbio do Ministério da Educação chinês, referiu que “é necessário fazer mais esforços para diversificar a origem e o tipo de estudantes internacionais que vêm para a China estudar”. Apesar das intenções do Governo Central, ainda há muitas barreiras a ultrapassar para que se

“Haver mais gente a querer vir estudar para a China pode ser benéfico para Macau. É China, mas é uma China um bocado diferente e até pode ser uma mais valia” “Macau deve procurar atrair mais alunos de fora, da Europa, EUA, Américas, porque é essa diversidade de alunos que tornam o meio académico mais rico. (...) Deve-se internacionalizar o meio para um patamar superior do que aquele que já existe, só assim é que podemos tornar o sistema mais interessante” JOSÉ SALES MARQUES PRESIDENTE DO INSTITUTO DE ESTUDOS EUROPEUS DE MACAU atinja o nível desejado de internacionalização. Fang Jun falou da necessidade de criar mais cursos em inglês e materiais educativos, algo onde os Estados Unidos, Austrália ou Reino Unido têm vantagens. Recentemente, Alexis Tam entregou uma proposta ao Governo Central para que autorize mais estudantes estrangeiros a integrar as universidades de Macau, mas ainda não há qualquer conclusão. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

De fora para dentro “Universidades devem captar alunos locais e melhorar ensino”

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PESAR de muitas universidades locais terem alunos chineses e estrangeiros nas suas salas de aula, a verdade é que as instituições de ensino privado continuam em desvantagem. A Universidade de São José, por exemplo, continua a aguardar pela aprovação oficial para poder recrutar alunos do continente. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, já entregou uma proposta a Pequim para que o ensino superior local possa ter mais estrangeiros. Contudo, nem todos concordam com esta medida. Em declarações ao Jornal do Cidadão, a deputada Kwan Tsui Hang diz que a grande responsabilidade das universidades locais é formar aqueles que são de Macau, já que recebem fundos públicos e terrenos. “Resolver a questão da origem dos estudantes é uma responsabilidade das universidades e o Governo não deve intervir através de políticas. É provável que assim se transforme num Governo que presta serviços como uma ama”, afirmou a deputada. O facto de se registar uma diminuição das admissões não tem só a ver com a pequena dimensão da população mas também com o facto dos estudantes optarem por tirar o seu curso lá fora. Por isso, Kwan Tsui Hang acredita que as universidades locais devem esforçar-se para que mais alunos de Macau escolham estudar no território, incluindo neste esforço o reforço da qualidade dos cursos.

“As universidades não podem escapar-se a estas questões e o Governo não deve pensar na ideia de permitir o alargamento da admissão de estudantes estrangeiros pelo facto de não existirem estudantes suficientes”, frisou.

QUALIDADE, PRECISA-SE

Já o deputado Au Kam San referiu que a actual qualificação dos professores do ensino superior não é elevada e que isso não ajuda ao aumento da qualidade académica. Au Kam San explicou que a maioria dos docentes formou-se nas universidades onde dá aulas, defendendo uma forma do sistema de ensino e uma melhoria do ambiente académico para que mais professores com reputação internacional possam ter interesse em ensinar em Macau. O sociólogo Larry So considera que as universidades não correspondem ao desenvolvimento da sociedade, sendo necessária uma melhor orientação ao nível do ensino e dos conteúdos. Para que os alunos locais optem por estudar em Macau, Larry So diz que devem ser criados colégios para formação técnica ou cursos de ciências práticas. F.F./A.S.S.


4 POLÍTICA

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Á muito que se procura a resposta para a pergunta de um milhão de patacas. Violência doméstica: crime público ou semi-público? Crime público, sabe o HM. Agendada para análise e discussão em sede de especialidade na Assembleia Legislativa (AL) já na próxima segunda-feira, o novo texto referente à proposta de Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica elaborado pelo Governo, ao qual o HM teve acesso – na versão chinesa - , cresceu e trouxe algumas alterações. A começar pelo primeiro artigo que define o objecto da lei. “A presente lei define as medidas de protecção e apoio às vítimas de violência doméstica, os tipos de crime, o regime de penalização e o quadro normativo de intervenção de entidades públicas”, pode ler-se no documento, que contraria a anterior, que ditava que a lei era de “prevenção e correcção”. Quanto ao objectivo da proposta é claro: “promover o respeito pelos direitos básicos, sobretudo dignidade pessoal, igualdade e o princípio da não descriminação”. As alterações continuam. Em caso de aprovada, a lei define, no terceiro artigo, as medidas para atingir o objectivo, sendo elas: o trabalho conjunto entre departamentos, a prevenção na educação para promover o respeito e a igualdade entre géneros, “criando pensamentos de valor de igualdade” e defendendo ainda os direitos dos grupos vulneráveis. Mantém-se a medida de reparação, que permite que através de uma medida de mediação entre vítimas e violadores, deve apelar-se à harmonia familiar.

Violência doméstica PROPOSTA DO GOVERNO DITA CRIME PÚBLICO

Mudam-se os tempos

Crime público. A pergunta do ano está respondida. A nova proposta do Governo dita que a violência doméstica será crime público, conforme confirma a DSAJ. Em análise e discussão já na próxima segunda-feira, o documento traz algumas alterações há muito pedidas casa de morada do ofendido ou dos membros da famílias que com ele coabitem e que sejam afectados por acto de violência doméstica, do local de trabalho destes ou da instituição de ensino que estes frequentem. Poderá ser proibido de ter em sua posse armas, objectos ou utensílios capazes de facilitar a prática de actos de violência doméstica, proibido de exercer determinadas profissões e passa a ter a obrigação de participar em programas especiais de prevenção de violência doméstica ou submeter aos respectivo aconselhamento psicológico. O incumprimento destas penas acessórias poderá levar a dois anos de prisão.

MAIS SEGURANÇA

AS NOSSAS VÍTIMAS

São ainda definidas as vítimas de violência doméstica. De fora continuam os homossexuais, mas actos de violência entre cônjuges, casais em união de facto, familiares indirectos, ex-casais, outros tipos de familiares, tutores de menores, encarregados de menores ou pessoas pertencentes a um grupo vulnerável, como portadores de deficiência ou idosos, são considerados violência doméstica. É violência doméstica também sempre que exista um caso de maus tratos físicos, mentais ou sexuais, no âmbito das relações anteriormente descritas. Respeitando a Lei de Protecção de Dados Pessoais, o Instituto de Acção Social (IAS) pode recolher os dados das vítimas e dos perpetradores, ou trocar com outras entidades públicas ou privadas, de qualquer forma, correio, internet, sendo contudo exigido o sigilo profissional às autoridades. Caberá também ao IAS fazer o planeamento de prevenção de violência doméstica contínuo,

incluindo medidas, causas e competências das entidades públicas neste âmbito social.

PENAS DE PRISÃO

No âmbito das penalizações, a proposta define que “qualquer agressão poderá ser punida entre um a cinco anos de prisão”. Esta penalização aumenta se o crime for

considerado perverso, ou seja, se o acto de violência for para com vítimas de grupos vulneráveis, como grávidas, doentes mentais, crianças, idosos - a prisão mínima é de dois anos e a máxima de oito. Caso o prejuízo de integridade seja grave a pena passa de dois a oito anos. No caso dos vulneráveis, de três a 12 anos. Caso a violência

leve a vítima à morte, o agressor poderá incorrer numa pena de entre cinco a 15 anos. A estas penas podem ser ainda adicionadas penas acessórias de seis meses a cinco anos. Por decisão do juiz, o agressor poderá ser proibido de contactar, importunar ou seguir o ofendido, permanecer nas áreas delimitadas próximas da

“A presente lei define as medidas de protecção e apoio às vítimas de violência doméstica, os tipos de crime, o regime de penalização e o quadro normativo de intervenção de entidades públicas” NOVO TEXTO DO GOVERNO REFERENTE À PROPOSTA DE LEI DE PREVENÇÃO E CORRECÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A proposta de lei indica ainda que “caso exista possibilidade de continuidade dos actos de violência, as autoridades policiais podem deter o autor do crime”, sem por em causa o Código do Processo Penal. Na ausência de artigos relativos a queixa e participação, e sem qualquer menção de crime privado ou semi-público, as leis são criadas tendo em conta o interesse do público, tornando assim esta proposta numa que define o acto como crime público. As associações que oferecem serviços de apoio às vítimas podem, neste diploma, ser ajudantes no processo criminal, excepto quando a vítima se mostrar contra. Está ainda definido que o juiz, em tribunal, pode decidir fazer perguntas a testemunhas, assistentes e vítimas, sem a presença do autor do crime, conforme a sua competência ou a pedido da vítima. Questionada pelo HM, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) – responsável pela elaboração da novo documento - confirmou que a mais recente proposta define a violência doméstica como crime público. “De acordo com a proposta de lei que foi aprovada na generalidade em plenário da AL, a violência doméstica é crime público. Segundo esta política legislativa, a versão alterada propõe manter a violência doméstica como crime público”, afirmou. Filipa Araújo (com F.F. e T.C)

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


5 POLÍTICA

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Comissariado contra a Corrupção (CCAC) terá feito uma proposta para criminalizar o tráfico de influências, mas a lei não avançou porque “não há qualquer obrigação internacional em legislar sobre a matéria”. A notícia foi ontem avançada pelo jornal Ponto Final, que indica que a proposta foi apresentada em 2013 ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, quando Vasco Fong ainda estava nos comandos do organismo. O objectivo do CCAC seria colmatar as “deficiências da ordem jurídica” contra a criminalidade de colarinho branco e “dar mais um passo em frente” na “efectiva implementação” da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. Contudo, de acordo com a explicação dada ao diário, é que a desistência aconteceu porque “não decorre

“Meio Macau ia preso. Macau fechava, tal é a promiscuidade no exercício de cargos públicos e privados” JOÃO MIGUEL BARROS ADVOGADO

da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção para a RAEM qualquer obrigação de legislar sobre a matéria”, como referiu o ex-director dos Assuntos de Justiça André Cheong, agora à frente do CCAC. A ONU não obriga, de facto, os países que ratificaram a Convenção a elaborar leis, dizendo que cabe a esses mesmos territórios adoptar medidas. Segundo o Ponto Final, o CCAC assegura estar atento e diz que o tráfico de influências é matéria “sob observação” – “sendo que se, e só quando, as circunstâncias o justificarem se ponderará avançar com a eventual elaboração de uma proposta [de lei]”. Mais ainda, avança o diário, se o diploma não avançou antes “terá sido por não se ter concluído pela oportunidade da mesma”.

CCAC TERÁ DESISTIDO DE FAZER LEI CONTRA TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS

Agora não dá jeito

TENDÊNCIAS

O jornal diz ainda que o que se acredita que é que é “impossível” fazer da cunha crime, numa terra onde toda a gente se conhece e esta é já uma “tendência”. Citando João Miguel Barros, advogado em Macau há mais de 20 anos, o jornal diz que a decisão de não tratar o tráfico de influências como crime autónomo revela “bom senso”: “Meio Macau ia preso. Macau

fechava, tal é a promiscuidade no exercício de cargos públicos e privados”, diz o jurista ao jornal, acrescentando que “o estranho” neste processo é o facto de uma proposta de lei deste género ter chegado a ser

considerada. “É impossível [criminalizar o tráfico de influências em Macau]. Não há maneira de o fazer, pelo modo como Macau está organizado”, declara. Numa peça que complementa esta notícia, o Ponto

Final cita ainda a organização contra a corrupção Transparência Internacional que diz que, se Macau não quer ter uma lei contra o tráfico de influências. deve, pelo menos, regulamentar a relação entre famílias,

grupos de pressão e poderes públicos. Apesar de falar em “nepotismo” e “favoritismo” no caso da RAEM, a organização assume que há claramente situações destas em Macau.

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Garantir supervisão

Pedida lei que licencie empresas de condomínios

C

HENG Son Meng, chefe da comissão de trabalhos de edifícios da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM, ou Kaifong) defendeu ao jornal Va Kio que apenas a criação de um regime de licenciamento de agências de condomínios poderá resolver a qualidade da gestão predial em Macau. O responsável explicou ao jornal de língua chinesa que a implementação de um salário mínimo trouxe conflitos na administração dos prédios, para além de ter causado um aumento das despesas dos condomínios. A UGAMM tem vindo a trabalhar na coordenação entre as empresas de gestão, comissões de condomínios e proprietários, tendo Cheng

Son Meng chegado à conclusão que muitos moradores não estão contra o aumento das despesas, desde que a qualidade da gestão dos condomínios aumente. A lei poderia, assim, tornar definitivas soluções temporárias no que diz respeito à coordenação, negociação ou consenso. “Poderia incluir duas partes: a garantia da qualidade e a supervisão sobre as empresas de condomínio. Também poderia criar um estatuto jurídico para as comissões de condomínio, com a responsabilidade do Instituto da Habitação”, explicou Cheng Son Meng. O responsável dos Kaifong disse que actualmente os trabalhadores das empresas de condomínio não têm formação e o Governo

Revogação de Procuração Revogada em 04/02/2016, no Cartório Privado Henrique Custódio, a procuração outorgada em 16/02/2015, por CHONG LAI CHUN 庄麗專, a favor de SUN CITY PROMOÇÃO DE JOGOS – SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA, relativamente à fracção autónoma designada por “H18”, do 18º andar “H”, para habitação, denominado por “VIOLET COURT; BAUHINIA COURT E AZALEA COURT”, com os nºs 6 a 200 da Rua do Jardim e 465 a 571 da Avenida dos Jardins do Oceano. também não supervisiona as empresas de forma eficaz. A criação da lei poderia permitir essa supervisão e a criação de multas, bem como criar um quadro legal para a

habitação privada, já que, ao nível da habitação pública, é o IH que tem responsabilidades na matéria. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

Henrique Custódio LAW OFFICE – PRIVATE NOTARY


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hoje macau quarta-feira 17.2.2016

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.º 7/P/16 DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS

Faz-se público que, por despacho de Sua Excelência, o Chefe do Executivo, de 27 de Agosto de 2015, se encontra aberto o Concurso Público para <<Fornecimento de Equipamentos Laboratoriais Cedidos Como Contrapartida do Fornecimento de Reagentes ao Serviço de Patologia Clínica dos Serviços de Saúde>>, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 17 de Fevereiro de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP41,00 (quarenta e uma pataca), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website do S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 17 de Março de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 18 de Março de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional” do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP800 000,00 (oitocentas mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 11 de Fevereiro de 2016 O Director dos Serviços, Substituto Cheang Seng Ip

EDITAL DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS DO IMPOSTO PROFISSIONAL RESPEITANTE AO EXERCÍCIO DE 2015

1.

2. 3.

Em conformidade com o disposto no artigo 10.º, n.º 1 do Regulamento do Imposto Profissional, avisam-se todos os contribuintes do 1.º Grupo (assalariados e empregados por conta de outrem) e do 2.º Grupo (profissões liberais e técnicas) – sem contabilidade devidamente organizada – do referido imposto, que deverão entregar, durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2016, na Repartição de Finanças de Macau, em duplicado, uma declaração de rendimentos, conforme o modelo M/5, de todos os rendimentos do trabalho por eles recebidos ou postos à sua disposição no ano antecedente, podendo os contribuintes inscritos como utilizadores do “Serviço Electrónico” destes Serviços declará-lo através da página electrónica da DSF (www.dsf.gov.mo.). Ficam dispensados da apresentação da referida declaração os contribuintes do 1.º Grupo cujas remunerações provenham de uma única entidade pagadora. Os contribuintes do 2.º Grupo (profissões liberais e técnicas) – com contabilidade devidamente organizada conforme n.º 1 do artigo 11.º do mesmo Regulamento – deverão entregar, a partir de 1 de Janeiro até 15 de Abril de 2016, na Repartição de Finanças de Macau, uma declaração de rendimentos, conforme o modelo M/5 e o Anexo A, em duplicado, juntamente com os seguintes documentos: a)

b)

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 6/P/16 Faz-se público que, por despacho de Sua Excelência, o Chefe do Executivo, de 19 de Novembro de 2015, se encontra aberto o Concurso Público para o «Fornecimento de Vacinas aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 17 de Fevereiro de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP 69.00 (sessenta e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 14 de Março de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 15 de Março de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional” do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP 100,000.00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/ Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 11 de Fevereiro de 2016 O Director dos Serviços, Substituto Cheang Seng Ip

4. 5. 6.

c)

Balanços de verificação ou balancetes progressivos do razão geral, antes e depois dos lançamentos de rectificação ou regularização e de apuramento dos resultados do exercício; Mapa modelo M/3 de depreciações e amortizações dos activos fixos tangíveis e intangíveis e mapa modelo M/3A da discriminação dos elementos alienados a título oneroso e dos abatidos a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos; Mapa modelo M/4 do movimento das provisões a que se refere a alínea e) do n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos.

Todas as entidades patronais deverão entregar nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2016, na Repartição de Finanças de Macau, uma relação nominal, em duplicado, conforme o modelo M3/M4, dos assalariados ou empregados a quem, no ano anterior, hajam pago ou atribuído qualquer remuneração ou rendimento. Conforme o Regulamento do Imposto Profissional, a falta da entrega da declaração de rendimentos e das relações nominais dos empregados ou assalariados, ou a inexactidão dos seus elementos, será punida com a multa de 500,00 a 5.000,00 patacas. Os impressos da declaração e das relações nominais são disponíveis no Núcleo do Imposto Profissional do Edifício “Finanças”, no Centro de Atendimento Taipa e no Centro de Serviços da RAEM. Aos 3 de Dezembro de 2015. O Director dos Serviços, Iong Kong Leong

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO PARA “OBRA DE PAVIMENTAÇÃO EM VOLTA DE HABITAÇÃO SOCIAL EM MONG HA” 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12.

13.

Assine-o

14.

TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo

16.

15.

www.hojemacau.com.mo 17.

Entidade que põe a obra a concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Modalidade de concurso: Concurso Público. Local de execução da obra: Junto à Rua do Padre Eugénio Taverna e Avenida de Venceslau de Morais. Objecto da Empreitada: Construção de viaduto e respectivas drenagens, a fim de aliviar o trânsito na zona da Areia Preta e também para facilitar o desvio dos peões. Prazo máximo de execução:350 dias úteis (trezentos e cinquenta dias úteis) (Na contagem do prazo de execução das empreitadas de obras públicas, somente os domingos e feriados públicos não serão considerados dias úteis). Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços. Caução provisória: $560 000 ,00 (quinhentas e sessenta mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou segurocaução aprovado nos termos legais. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). Preço Base: não há. Condições de Admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido ou renovado a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido ou da renovação de inscrição. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, R/C, Macau; Dia e hora limite: dia 9 de Março de 2016 (Quarta-feira), até às 12:00 horas. Em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Local, dia e hora do acto público do concurso : Local: Sala de reunião da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 5º andar, Macau; Dia e hora: dia 10 de Março de 2016 (Quinta-feira), pelas 9:30 horas. Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas mencionada de acordo com o número 12 ou em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora estabelecida para o acto público do concurso acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80º do DecretoLei n.º74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. Línguas a utilizar na redacção da proposta: Os documentos que instruem a proposta (com excepção dos catálogos de produtos) são obrigatoriamente redigidos numa das línguas oficiais da RAEM, caso os documentos acima referidos estiverem elaborados noutras línguas, deverão os mesmos ser acompanhados de tradução legalizada para língua oficial, e aquela tradução deverá ser válida para todos os efeitos. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo: Local: Departamento de Infraestruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau; Hora: horário de expediente (Das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas) Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $560,00 (quinhentas e sessenta patacas). Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação: - Preço da obra 60%; - Prazo de execução: 3% - Plano de trabalhos 10%; - Experiência e qualidade em obras 15%; - Integridade e honestidade 12%. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Infraestruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33,16º andar, Macau, a partir de 25 de Fevereiro de 2016 (inclusivé) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Macau, aos 5 de Fevereiro de 2016. O Director dos Serviços Li Canfeng


7 hoje macau quarta-feira 17.2.2016

SOCIEDADE

Reciclagem ASSOCIAÇÃO CONTINUA COM DIFICULDADES E PONDERA NOVA GREVE

Pouca luz ao fundo do túnel Já fizeram greve, mas de nada adiantou. A Associação que representa o sector da reciclagem em Macau diz que não houve qualquer mudança no apoio, ou falta dele, concedido às empresas e afirma que, sem ajuda do Governo, nada pode ser feito. Uma nova paralização é possível, mas a esperança já não é muita

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Associação de Confraternização de Reciclagem de Materiais Ecológicos de Macau diz que continua a ter muitas dificuldades no trabalho que desempenha. Depois de uma manifestação que levou à greve e a encontros com o Governo, a Associação que representa o sector diz que não houve qualquer mudança e assegura que há empresas que podem mesmo fechar as portas, caso o Executivo não intervenha. Chan Man Lin, presidente da Associação, afirmou ao HM que já reuniu “muitas vezes” com a Direcção dos Serviços de Solo, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e com a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) para expressar pedidos de ajuda. Chan diz, no entanto, que ainda está à espera de reacção do Governo.

“Ainda não respondeu ao nosso pedido para arrendamento de terrenos para fazermos separação e decomposição de lixo”, exemplifica. Foi em Setembro que a Associação realizou uma greve no sector da reciclagem. Durante uma semana, as empresas que se ocupam do pouco material reciclado em Macau acusaram o Governo de nada fazer para ajudar. A ideia era chamar a atenção para um sector que consideram “básico” e que, dizem, está a passar por muitas dificuldades. “Mais de cem lojas da Associação têm-se dedicado a trabalhos de reciclagem e reprodução de materiais ecológicos durante dezenas de anos, tratando todos os dias centenas de toneladas de resíduos abandonados por residentes de Macau, que podem ser reciclados. Ao longo dos anos, nós (já somos

da segunda ou terceira geração) temos trabalhado duramente pela protecção ambiental de Macau. No entanto, a indústria de Jogo teve um desenvolvimento dramático e os sítios arrendados e lotes vazios para o funcionamento desse sector já foram recuperados para construir edifícios altos. As rendas, as despesas de transporte e o salário pago aos funcionários aumentaram várias vezes, causando muitas dificuldades”, explicavam na altura, numa carta, onde acrescentavam que o Fundo para a Protecção Ambiental e de Conservação Energética já atribuiu mais de cem milhões de patacas de apoio, mas o sector de reciclagem já pediu muitas vezes o apoio do Governo nos últimos anos e “nem uma pataca ou um espaço oferecido pelo Executivo” conseguiu.

E SE?

Ontem, o presidente da Associação admitiu estar a pensar fazer uma nova demonstração, ou greve, ainda que

assuma que não tem muita esperança que isso venha a resultar. “Somos de grupos vulneráveis, muitos dos nossos membros estão desesperados e querem manifestar-se pelas solicitações. Mas já o fizemos e o Governo não ajudou, pelo que alguns até pensam em deixar o sector. O tempo não espera por nós”, afirmou. Chan Man Lin considera que, depois da transferência de soberania de Macau, o desenvolvimento da cidade foi demasiado rápido, sendo que são cada vez mais os visitantes e cada vez menos os terrenos, algo que veio dificultar o trabalho de reciclagem. “Os terrenos que arrendámos para colocar os materiais foram recuperados pelos proprietários para os construtores lá fazerem prédios, o que podemos fazer?”, frisou, acrescentando que as rendas altas, os salários dos funcionários e a “desvalorização face aos materiais reciclados” na RAEM são outros factores que dificultam o trabalho.

“Somos de grupos vulneráveis, muitos dos nossos membros estão desesperados e querem manifestar-se pelas solicitações. Mas já o fizemos e o Governo não ajudou, pelo que alguns até pensam em deixar o sector” CHAN MAN LIN PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE CONFRATERNIZAÇÃO DE RECICLAGEM DE MATERIAIS ECOLÓGICOS DE MACAU

Actualmente, explicou Chan Man Lin, os trabalhos diários do sector de reciclagem dependem da autorização para colocar os materiais em ponte-cais antigas, em alguns locais das colinas e em terrenos privados perto de Ká Ho e da Praia de Hac Sá, ainda arrendados pelo sector. No entanto, este enfrenta o risco de ter de sair a qualquer hora, caso os terrenos passem a ser desenvolvidos. Questionado sobre o que as associações e os cidadãos de Macau podem fazer para apoiar os trabalhos de reciclagem, além do Governo, Chan Man Lin considera “difícil” que algo possa ser feito sem ter de se recorrer ao Executivo. “Espaços é o mais importante para colocar os resíduos, mas não pode ser muito próximo de locais de habitação, que pode prejudicar os residentes”. Como o HM avançou em Outubro do ano passado, o Governo apresentou a ideia de conceder empréstimos a baixos juros para ajudar o sector na aquisição de máquinas e material. No entanto, a Associação de Confraternização de Reciclagem de Materiais Ecológicos de Macau mostrou-se contra e considera a acção inútil. Em Setembro 150 entidades onde trabalham mais de 1100 pessoas aderiram à greve. Flora Fong

Flora.fong@hojemacau.com.mo


8 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 17.2.2016

Óbito MORREU O PADRE LUÍS XAVIER, UM “EXEMPLO” PARA MUITOS

“Tinha uma maneira diferente de ver as coisas” Faleceu o padre chinês que sempre se dedicou aos portugueses. Um homem responsável e de ideias diferentes, que foi vítima de doença prolongada. É lembrado como alguém que trouxe “uma nova visão” e que esteve sempre muito disponível

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OS 66 anos de idade, vítima de doença prolongada, o padre Luís Xavier perdeu a vida. Uma perda de peso, daquele que trouxe “uma nova visão” a Macau, como é relembrado. “Quando éramos mais novos, ele tinha chegado de Portugal e foi nosso professor de Religião e Moral, foi a primeira vez que o vi. Não sei se antes do liceu já estava no Seminário. Era muito novo na altura”, começa por lembrar Miguel de Senna Fernandes, ex-aluno do padre Luís Xavier.

“Revolucionou as coisas, deu uma nova visão, uma visão de prática católica à juventude de Macau” MIGUEL DE SENNA FERNANDES, ADVOGADO E EX-ALUNO DO PADRE LUÍS XAVIER “Recordo que foi uma pessoa com uma outra postura, porque face a tudo o que seja de Religião e Moral, estávamos mais habituados aos padres da velha guarda. Ele não, ele era um sacerdote muito novo e tinha uma maneira diferente de ver as coisas”, acrescentou. Um homem que veio para ficar e mudar. “Revolucionou as coisas, deu uma nova visão, uma visão de prática católica à juventude de Macau”, indicou, explicando que “muita desta nova geração (...) foi bastante influenciada por ele”. O padre Xavier acumulou a medalha de Mérito Altruístico, por parte de Governo de Macau, em 2012, ano em que deixou a comissão instaladora e a administração da Universidade de São José (USJ). Foi ainda responsável, nos últimos anos, na paróquia de São Lázaro, local onde “foi colocar ordem” e amenizou os “ambientes”, tal “como era ca-

racterístico”, segundo relato do padre Luís Sequeira. “Era um homem muito responsável, tinha muito o sentido da lei, com algum legalismo, às vezes também era um bocadinho rigoroso no trato. Tinha um sentido de justiça um bocadinho legal. Sempre o senti como amigo, foi sempre amigo e atento ao meu trabalho”, apontou o padre.

SER MAIS

Luís Sequeira enaltece ainda a capacidade de entrega e amor ao

trabalho que caracteriza o padre Luís Xavier. “Sendo completamente de origem chinesa assumiu toda uma tradição e cultura própria da comunidade portuguesa. Isso é uma opção de fundo que vai até aos seus estudos de formação de padre. [O padre Xavier] assumiu muito esta responsabilidade dentro da comunidade portuguesa [apesar] de ser puramente chinês, assumiu inclusive a coordenação pastoral da comunidade católica da cultura portuguesa. Isto é uma doação da sua própria vida ao serviços de Macau e

“Assumiu inclusive a coordenação pastoral da comunidade católica da cultura portuguesa. Isto é uma doação da sua própria vida ao serviços de Macau e muito concretamente à comunidade portuguesa” PADRE LUÍS SEQUEIRA

muito concretamente à comunidade portuguesa”, relembrou. Miguel de Senna Fernandes lembrou ainda as “longas noites de conversa” que teve com o padre. “Podia conversar-se tudo com ele, recordo-me muito bem as noitadas que fazíamos quando ele ia a Portugal – quando eu estava lá a estudar”, aponta. O padre Xavier passou ainda pela paróquia da Sé, pelo Seminário e pela paróquia do Carmo na Taipa e ocupava actualmente o cargo de pároco de São Lázaro. Nasceu em Macau a 12 de Outubro de 1w949. A missa de corpo presente está marcada para este sábado, na Sé Catedral, às 11h00, seguida do funeral, avança a Rádio Macau. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

HOMEM MORRE A TENTAR CHEGAR ILEGALMENTE A MACAU

U

M homem que tentou entrar ilegalmente em Macau, por via marítima, acabou por morrer, informou ontem a polícia, que deu também conta de uma mulher que terá conseguido entrar no território e fugir. De acordo com a PSP, o homem, um ilegal da China com idade entre os 30 e os 40 anos, foi encontrado pelas 03h20 nas águas do Porto Interior. As autoridades foram chamadas por um grupo de pescadores que, por sua vez, foi alertado para a situação por uma mulher, que se encontrava com este homem e que terá gritado por ajuda. No entanto, quando as autoridades chegaram ao local, a mulher já tinha fugido, de acordo com relatos dos pescadores. “Vinham para Macau, ilegalmente, de barco. Um homem nesse barco obrigou-os a saltar para a água e disse-lhes para nadarem até Macau”, explicou à Lusa fonte da polícia, remetendo para as explicações que a mulher terá dados aos pescadores que as terão relatado às autoridades. O homem estava inanimado e foi transportado para o hospital, onde acabou por morrer. A polícia procura agora pela mulher, que acredita estar em fuga em Macau. Em Fevereiro de 2015, uma embarcação com imigrantes ilegais naufragou ao largo de Macau, com 18 pessoas a bordo que iam jogar nos casinos, de acordo com os esclarecimentos dos Serviços de Alfândega na altura. LUSA/HM

RECÉM-NASCIDA ENCONTRADA NO LIXO NO FLOWER CITY

Uma bebé recém-nascida foi ontem encontrada no caixote do lixo do 17º andar do edifício Flower City, na Taipa. A menina foi transportada para o hospital por apresentar sinais de vida e estará, agora, “estável”, segundo informou a PSP ao HM. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a criança não será de origem chinesa, mas “asiática”, mas não se conseguiu ainda apurar quem serão os pais. A bebé foi encaminhada para o hospital São Januário depois de ter sido encontrada por uma moradora que ouviu o seu choro ao lado do apartamento onde se encontrava. Eram cerca das dez da manhã quando a mulher deu o alerta à polícia. Junto ao caixote do lixo estava ainda uma mancha de sangue. Segundo dados do Instituto de Acção Social (IAS), entre 2011 e 2015, seis bebés foram abandonados em Macau, com idades compreendidas entre um mês a dois anos. Este mais recente caso está agora entregue à Polícia Judiciária.


9 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 17.2.2016

Seac Pai Van GOVERNO AUTORIZA PRÉDIO DE 25 ANDARES

A reversão que não aconteceu O terreno está localizado junto à Avenida de Ip Heng e foi concedido em 1989, sendo que o seu prazo de arrendamento chega ao fim em Junho

o direito de pedir a planta do projecto antes da concessão chegar ao fim, sendo que, em 2009, a finalidade do terreno foi alterada de industrial para habitação e comércio.

TIAGO ALCÂNTARA

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Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), emitiu a planta de condições urbanísticas para um terreno na zona de Seac Pai Van, o que significa a futura construção de um prédio de 25 andares. Segundo a edição de ontem do Jornal Tribuna de Macau, o terreno faz parte do conjunto de 16 lotes cuja caducidade de concessão não foi declarada pelo Governo, devido ao facto da responsabilidade pelo atraso de desenvolvimento do espaço não ser do concessionário. O terreno está localizado junto à Avenida de Ip Heng e foi concedido em 1989, sendo que o seu prazo de arrendamento chega ao fim em Junho. A DSSOPT publicou no seu website a planta que mostra a construção de um edifício de 75 metros, com 25 pisos. Um despacho publicado em Boletim Oficial (BO) dá conta que no terreno vai nascer uma fábrica de asfalto. A DSSOPT explicou ao jornal “All About Macau” que o concessionário tem

EM DEFINITIVO

O JTM escreveu ainda que a concessão de dois terrenos ao lado do Arco Oriente, na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, já se tornaram definitivas, tendo sido emitidas plantas de condições urbanísticas em Janeiro. A polémica aconteceu em 2006 quanto ao projecto a desenvolver num dos terrenos, pelo facto de poder afectar a visibilidade do Farol da Guia. Contudo, o Chefe do Executivo emitiu, dois anos depois, um despacho com o limite máximo das cotas altimétricas para as construções na zona, o que eliminou a polémica. Os dois terrenos foram concedidos entre as décadas de 40 e 50, sendo que, quando as concessões terminaram, em 1990 e 1998, foram tornadas definitivas pelo Governo, tendo sido automaticamente renovadas por períodos de dez anos.

RUA DA FELICIDADE PARTE DO TEATRO CHENG PENG DEVERÁ ABRIR AINDA ESTE ANO

W

ILLIAM Kwan, empresário responsável pela Companhia do Centro Cultural do Teatro Cheng Peng, garantiu que uma parte do teatro pode abrir ao público este ano, incluindo um pequeno museu sobre ópera cantonense. Tratando-se do primeiro teatro no sul da China, William Kwan referiu ao jornal Ou Mun que tem um valor histórico importante por se tratar de um espaço antigo para divulgar a ópera cantonense.

“Com a ajuda do Governo já foi feita a reparação da estrutura do teatro. A renovação interior do edifício continua e prevejo que partes do teatro, como a sala de ensaios e o museu, possam abrir já este ano”, disse o empresário. O responsável considerou que o teatro pode oferecer a possibilidade de grupos públicos e associações realizarem actividades culturais, enquanto podem divulgar mais informações sobre ópera cantonense.

William Kwan apela, contudo, que o Governo dê mais apoio à criação de mais instalações na Rua da Felicidade. “O Governo pode criar um parque de estacionamento na Praça da Ponte e Horta e deve discutir com Zhuhai quanto a um planeamento mais rápido do Porto Interior. O ideal seria criar um túnel entre Macau e Wanchai a funcionar durante 24 horas”, concluiu. T.C.

TALENTOS PENSADA COOPERAÇÃO A CINCO ANOS COM UC

A Comissão de Desenvolvimento de Talentos está a pensar criar diversas cooperações com universidades para a formação de locais. Segundo um comunicado, “estão em decurso os trabalhos preparatórios sobre um programa de cooperação com a Universidade de Coimbra (UC), com duração de cinco anos”. O assunto foi abordado na última reunião, tendo sido ainda sugerida a criação de um “Programa de Mentoria”, por forma a “cooperar com instituições locais de formação, seguindo o método de estudantes serem orientados por docentes”. Esta medida foi discutida com o subgrupo do Programa de Formação de Elites que faz parte da Comissão.

CURSOS DE CONTABILIDADE NA UM GANHAM CERTIFICAÇÃO

A Associação de Revisores Oficiais de Contas (Association of Chartered Certified Accountants – ACCA) atribuiu certificação a duas licenciaturas na área de contabilidade da Universidade de Macau. Segundo um comunicado, os estudantes que entraram no ano lectivo de 2013/2014 poderão ter acesso a uma qualificação da ACCA através da realização de exames e três anos de experiência prática, podendo ter acesso ao grau de “fellow” e ser membros da ACCA por um período de cinco anos.


10 EVENTOS SÓ PARA CHINESES

USJ CONFERÊNCIAS DO ANO DA MISERICÓRDIA

Para celebrar o Ano da Misericórdia, o Centro de Estudos Religiosos da Universidade de São José vai organizar uma série de quatro conferências dedicadas ao tema. A primeira acontece já amanhã e sob o tema “Ano da Misericórdia, Ano da Graça” apresentada pelo professor João Eleutério. Dia 25 segue-se o professor Roberto Ceolin, que debaterá a “Misericórdia e as Suas Origens”. Já no dia 3 de Março a “Celebração da Misericórdia” será o tema da palestra da professora Anna Chan, encerrando–se este ciclo no dia 10 de Março com o Professor Emérito Fausto Gomez, que apresentará conferência intitulada “Misericórdia e Virtudes”. Todas as sessões acontecerão no auditório do Seminário de São José e terão início pelas 18h30. À excepção da conferência da professora Anna Chan, que será proferida em Cantonês, todas as outras serão apresentadas em Inglês. As entradas são livres.

QUETZAL COM CRÓNICAS CINE

O Lugar das Fitas», organizado por M Dinis Machado sobre cinema. A ediç de cinema. De cinema, de fitas, de p de salas de cinema, de actores e de cronologia com a configuração da m Dinis Machado com o cinema. Muit comunicação social, poderiam contr conta numa crónica de “A Liberdad irmão deste “O Lugar das Fitas” – qu com Uma Ruga de Bogart») assim: cama ao colo da minha avó, levando de gente generosa. Não conseguia e a encontrá-los no cinema”, da nota

Cinema MACAU RECEBE FESTIVAL INTERNACIONAL COM M

• Se se deslocar ao Museu de Arte de Macau para desfrutar da exposição de mestres austríacos, patente até ao início de Abril, e quiser, para além de apreciar os quadros de Klimt, Shiele ou Koshka, contextualizá-los na época, ficará um pouco perdido: é que toda a informação sobre figuras e acontecimentos que tiveram lugar no princípio de século XX estão apenas descritos em Chinês. O alerta foi dado por uma cidadã, que levou a família ao Museu. Cidade internacional de cultura e lazer?

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA O COLECCIONADOR DE ERVA • Francisco José Viegas

Jaime Ramos, o investigador protagonista dos livros de Francisco José Viegas, vê-se a braços com duas investigações paralelas: a do assassínio de dois imigrantes russos (antigos militares soviéticos), cujos corpos são encontrados no interior de um carro semi-carbonizado, nos arredores do Porto, e o desaparecimento de uma jovem de vinte anos, oriunda de uma família tradicional do Minho. Se uma das investigações o transporta às suas memórias de militante comunista e a uma velha paixão pela literatura russa, a outra leva-o a um mundo onde coabitam velhas famílias do Minho ou do Porto, sexo, marijuana, espionagem a políticos, venda de armas, negócios em Angola e as memórias de um país que vive entre ruínas (as do império e as das fortunas recentes e antigas), corrupção e luta pelo poder, e que guarda os seus loucos no armário, para não parecer mal. Com capítulos perdidos nos quatro cantos do mundo (entre Portugal, Rússia, Angola, Brasil ou Cabo Verde) “O Coleccionador de Erva” funciona como uma montagem cinematográfica sem princípio, meio ou fim, onde vários crimes são cometidos sem nexo aparente, onde personagens aparecem e desaparecem sem justificação, e onde a solução nunca está à vista senão apelando à nossa imaginação, como num ‘road movie’.

Películas de M

Pode custar cerca de 80 milhões de patacas e pretende levar Macau para o grupo dos grandes festivais de cinema. Deverá acontecer em Dezembro deste ano entre o Centro de Ciência e o Galaxy. À frente, dois nomes de peso - Marco Mueller e Elvis Mitchell - e um programa que prevê 45 filmes, galas, prémios e muitas estrelas internacionais

ACAU vai albergar de 8 a 14 de Dezembro o seu “primeiro” Festival Internacional de Cinema, já baptizado como International Film Festival Macao (IFFM). A notícia é avançada por vários meios internacionais especializados e foi confirmada ao HM pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), ainda que não tenha havido qualquer anúncio oficial. Com um orçamento estimado em cerca de 80 milhões de patacas, valor considerado suficiente para que a organização possa transportar e albergar as delegações dos filmes e os principais média da Ásia, a maior parte da factura vai ser paga pelo Governo de Macau e o remanescente suportado por patrocinadores. Nesta edição inaugural do IFFM, o foco vai ser para o cinema comercial com diversos géneros em presença. Está

também prevista competição, galas e uma mostra temática. O Centro de Ciência de Macau constituirá o centro nervoso do evento, que se alargará para o

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

PORTO SEGURO • Danielle Steel

Uma história inesquecível de sobrevivência... De como duas pessoas que perderam tudo reencontram a esperança ... E dos actos extraordinários de fé e de coragem que motivam e mantêm as famílias juntas...
Com graça e compreensão Danielle Steel explora os laços ténues entre mães e filhas, maridos e esposas, membros da família e amigos ao longo da vida. Este romance leva-nos através da paisagem complexa da perda e do bem que também sempre surge associado às mais terríveis tragédias. Em síntese, uma história de triunfo e uma elegia comovente para aqueles que sofrem e sobrevivem, “Porto Seguro” é, talvez, seu romance mais poderoso de afirmação da vida.


11 hoje macau quarta-feira 17.2.2016

EVENTOS

KENDRICK LAMAR E TAYLOR SWIFT FORAM OS GRANDES VENCEDORES DOS GRAMMY

EMATOGRÁFICAS DE DINIS MACHADO

Marta Navarro, reúne um conjunto de crónicas de ição é da Quetzal. «“O Lugar das Fitas” é um livro personagens, de géneros e estilos, de cineastas, e crónicas e críticas que dão conta, numa memória, de uma espécie de história pessoal de tos outros, de entre os seus textos publicados na ribuir para esta história, que começou, como ele de do Drible” (o livro de crónicas sobre futebol, que também se podia intitular «Faço Um Filme só “Eu adormecia, alta noite, transportado para a o, no princípio do sono e dos sonhos, a grandeza encontrar esses homens à minha volta, começava introdutória de Marta Navarro».

O rapper norte-americano Kendrick Lamar, com cinco galardões, e a cantora Taylor Swift, com três, incluindo o melhor álbum por «1989», foram os grandes vencedores da 58.ª edição dos Prémio Grammy, entregues, ontem à noite, em Los Angeles. Kendrick Lamar foi distinguido pelo melhor álbum de rap («To Pimp Up a Butterfly»), melhor canção e actuação de rap («Alright»), melhor colaboração de rap («These Walls») e melhor ‘videoclip’, por «Bad Blood» (com Taylor Swift). Contudo, o galardão mais ambicionado -- o de melhor álbum do ano -- foi para Taylor Swift, que venceu também na categoria de melhor ‘videoclip’ («Bad Blood») e de melhor álbum de pop vocal.

80 “première”

MARCO MUELLER E ELVIS MITCHELL

milhões de patacas, valor estimado para a realização do evento

Galaxy, onde as exibições para o mercado serão efectuadas. A data escolhida (8-14 Dezembro) surge como aposta numa transição lógica a partir da Convenção CineAsia, que acontece na semana anterior - de 6 a 8 - em Hong Kong,

LIBERDADE DE PROGRAMAÇÃO

À frente do certame estará Marco Mueller, que já dirigiu festivais como os de Veneza,

Locarno e Roma, e foi consultor artístico do Festival de Cinema de Pequim e do Festival Silk Road. Mueller terá o apoio de Elvis Mitchell, apresentador do programa de rádio “The Treatment”, leitor visitante de Harvard e crítico de cinema que ficará responsável pela selecção de títulos no mercado norte-americano. A chegada de Mueller a Macau acontece depois

deste ter trabalhado com os festivais de Pequim e Silk Road, e terá a ver com as restrições governamentais implementadas na China aos eventos competitivos, o que não acontece em Macau.

OS ÚLTIMOS A SABER

A notícia chegou claramente mais depressa aos meios internacionais do que mesmo a Macau, já que os departamentos

do Governo contactados pelo HM ou não sabiam do evento, ou sabem mas não estão prontos a anunciar. Todavia, as nossas fontes garantem que o evento cairá sob a alçada da Direcção dos Serviços de Turismo. Contactados estes serviços, foi-nos apenas autorizado a dizer que “os Serviços de Turismo estão a preparar a organização”, não confirmando em que papel, nem o orçamento, e prometendo uma divulgação com maior detalhe durante o próximo mês de Março. Contactado o Instituto Cultural, cuja assessoria de imprensa não tinha conhecimento de qualquer envolvimento do organismo no festival, quisemos apurar a hipotética constituição de uma Comissão de Cinema ou de um Sistema de Incentivos Financeiros – algo também anunciado pela imprensa internacional (ver caixa). Contudo, até ao fecho desta edição, não nos foi possível qualquer tipo de comentário. No fecho da edição, a Macau Films & Television Production and CultureAssociation enviou um comunicado, onde confirma o convite a Marco Mueller, as datas do Festival e uma conferência de imprensa para meados de Março. Manuel Nunes

info@hojemacau.com.mo

COMISSÃO DE CINEMA E APOIO FINANCEIRO EM ESTUDO?

S

egundo a revista Variety é ainda divulgado, sem referir fontes, que este evento enquadra-se na política do Governo de Macau de desenvolvimento da indústria do cinema, estando ainda previstas a constituição de um comissão de Cinema e da

criação de um Sistema de Incentivos Financeiros para a indústria. Recorde-se que há uns anos surgiu em Macau um festival intitulado “Macau Internacional Film Festival (MIFF)”, numa organização que suscitou muita celeuma por entre a comunidade

local do sector e muitas as interrogações sobre a apropriação da designação para um festival que segundo os seus críticos não tinha estatuto para isso, sendo que foi ainda questionado o apoio do Governo à iniciativa.

Lá se vai a loiça RUC Trinta anos de rádio celebrados na RAEM

A

Rádio Universidade de Coimbra (RUC) celebra 30 anos e, em Macau, um grupo de ex-DJs da estação prepara-se para assinalar a ocasião com uma festa onde vamos ouvir, garantem, “coisas que só se ouvem na RUC”. Uma sessão eclética, alternativa e independente é a promessa para o evento, que acontece na Live Music Association (LMA), no próximo dia 27. Corria o período que ficaria para a história como o das “Rádio Piratas” quando surgiu a RUC. Uma estação intimamente ligada com o movimento estudantil de Coimbra, alternativa e por onde passaram muitos profissionais actuais dos média portugueses. “A única rádio local de Coimbra, a única rádio-escola da Península Ibérica e uma das últimas rádios verdadeiramente livres” assim se define a RUC no seu site, ao introduzir as comemorações do aniversário. Celebrar os 30 anos vai merecer a realização de uma série de actividades durante o ano, que vão de concertos a emissões especiais, passando pela edição

de livros. O lema? “Há 30 anos em todo o lado” - um slogan que surge do facto da RUC, adianta o site, “ter sócios pelo mundo fora, através dos mais diversos e abrangentes cargos, muitos dele de responsabilidade.” Ecletismo independente Alguns desses sócios estão em Macau e é por isso que o aniversário da estação também aqui será lembrado mais uma vez. Os suspeitos por detrás do desafio chamam-se José Carlos Matias (jornalista da TDM) e Rui Farinha Simões (advogado) ambos ex-DJs da RUC. Na primeira mensagem ao “auditório macaense”, via Facebook, a organização afirma que “há coisas que só se ouvem na RUC e que se vão voltar a ouvir em Macau” garantindo ainda que “um contingente de DJs RUC (Macau-based) vai partir a loiça.” Portanto são de esperar sons que irão dos Pixies ao Kid Loco, passando por rock independente e “quiçá alguma música étnica”, confessa ao HM José Carlos Matias. M.N.


12 CHINA

hoje macau quarta-feira 17.2.2016

ONG NÚMERO DE PRESOS POLÍTICOS TRIPLICOU EM TRÊS ANOS

Cuidado com a língua

O

número de presos políticos na China quase triplicou desde que o Presidente Xi Jinping ascendeu ao poder, em 2012, segundo uma das Organizações Não Governamentais (ONG) de defesa dos direitos humanos mais activas no país. No mesmo período, a China consolidou o seu papel no plano internacional, com iniciativas como o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII) ou a nova Rota da Seda, nota a Chinese Human Rights Defenders (CHRD), num relatório ontem difundido. Aorganização indica que as autoridades chinesas detiveram 22 activistas dos direitos humanos no ano passado por “crimes políticos”, acusados de incitar à subversão contra o poder do Estado, uma cifra igual à soma dos três anos anteriores (quatro em 2014, dez em 2013 e oito em 2012). Em Janeiro passado, a CHRD confirmou 11 casos de detenção de cidadãos por “subversão”. O número diz respeito unicamente aos acusados de crimes “políticos”, enquanto a cifra total de detenção de activistas de direitos humanos ascendeu a mais de 700 no ano passado, incluindo aqueles que passaram, no mínimo, cinco dias sob custódia.

A

China vai deslocar quase dez mil pessoas para abrir espaço para a construção do maior radiotelescópio do mundo, com o objectivo de detectar sinais de vida extraterrestre, avançou ontem a imprensa estatal. A estrutura, com 500 metros de altura, será erguida na província de Guizhou, sudoeste do país, e irá começar a operar este ano. Os funcionários locais deverão realojar 9.110 residentes dentro de uma área de cinco quilómetros em redor da construção, de acordo com a agência oficial chinesa Xinhua. O objectivo é “criar um ambiente seguro para a difusão de ondas electromagnéticas”, escreve a Xinhua, citando um funcionário local, Li Yuecheng. Os residentes serão recompensados em 12 mil yuan e

A

22

activistas dos direitos humanos detidos em 2015 acusados de incitar à subversão contra o poder do Estado

Xi recorreu a nova legislação para justificar a redução de liberdades, como a lei de Segurança Nacional ou a emenda da Lei Criminal, nota a CHRD. Um dos casos mais mediáticos envolveu a condenação a três anos de prisão de Pu Zhiqiang, activista e defensor dos direitos humanos, por “incitação ao ódio étnico” e “provocação de distúrbios” por comentários que publicou numa rede social.

China ameaçou os EUA com “graves consequências” se aquele país der o nome do dissidente chinês e Nobel da paz, Liu Xiaobo, a uma praça em Washington, exigindo que o Congresso e Governo norte-americanos rejeitem a proposta. O senado norte-americano avançou com o projecto de lei que visa baptizar uma praça situada em frente à embaixada chinesa em Washington com o nome de Liu Xiaobo. Liu foi condenado em 2009 a 11 anos de prisão pela autoria de um documento em que pedia profundas reformas políticas na China, tendo sido galardoado com o Nobel no ano seguinte. Pequim opõe-se “firmemente” ao referido projecto de lei, que considera violar as “normas de governação básicas das relações interna-

INTERNET MAIOR CONTROLO SOBRE CONTEÚDOS DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS China vai reforçar a censura A na internet através de uma normativa que entrará em vigor no próximo mês que visa controlar o conteúdo publicado no espaço cibernético chinês por empresas estrangeiras e suas associadas. O documento, designado “regulação para a

alguns receberão subsídios extra para alojamento, indica a agência. O radiotelescópio a ser construído em Guizhou deverá custar 1,2 mil milhões de yuan e superará o actual maior do mundo, localizado no Observatório de Arecibo, em Porto Rico, e que tem 300 metros de diâmetro. Citado anteriormente pela Xinhua, o director da Sociedade Astronómica da China referiu que a alta sensibilidade do aparelho “ajudará a procurar vida inteligente fora da galáxia”. Pequim tem um plano de exploração espacial orçamentado em milhares de milhões de euros, que prevê a construção de uma estação espacial permanente na órbita da Terra e, possivelmente, uma missão humana na Lua.

PEQUIM AMEAÇA WASHINGTON POR MUDANÇA DE NOME DE PRAÇA

LEQUE ALARGADO

Sob o mandato de Xi, a repressão estendeu-se a grupos que anteriormente contavam com a aprovação do Governo, como feministas ou trabalhadores de ONG que defendem os grupos mais frágeis da sociedade, indica o relatório. O documento acrescenta que no ano passado se registou um “ataque sem precedentes” contra advogados que trabalham em casos sensíveis. Só em Julho, uma campanha resultou na detenção para interrogatório ou “desaparecimento” de mais de 300 advogados, entre os quais mais de vinte continuam nas mãos das autoridades, alguns acusados de subversão, o que na China pode resultar em penas até prisão perpétua.

MAIOR RADIOTELESCÓPIO DO MUNDO VAI PROCURAR VIDA EXTRATERRESTRE

gestão dos serviços publicitários ‘online’” abrangerá as “indústrias criativas”, como jogos, animação, banda desenhada e gravações de áudio ou vídeo, avançou ontem o jornal de Hong Kong South China Morning Post. As empresas ficam assim proibidas de difundir

os seus conteúdos “criativos” directamente no espaço cibernético chinês, estando dependentes de aprovação pela Administração Estatal de Imprensa, Publicações, Rádio, Cinema e Televisão, um organismo do Governo. A mesma normativa, que entrará

em vigor em Março, dá também poder aos governos locais para que controlem e vigiem as publicações das empresas na rede. A regulamentação anterior, que data de 2002, permitia às empresas estrangeiras difundir conteúdo “criativo” directamente no espaço cibernético.

cionais”, assinalou ontem um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei. Hong exigiu que o Congresso e Governo dos EUA interrompam a discussão em torno do projecto de lei. Liu é o único prémio Nobel da Paz que se encontra preso. O Senado dos EUA aprovou na passada sexta-feira o projecto de lei, que dependerá agora da ratificação pela Câmara dos Representantes, ainda que a Casa Branca teria sempre a opção de vetar a lei, visto que a sua aprovação depende da assinatura do Presidente. A proposta foi apresentada por um dos actuais aspirantes à candidatura presidencial nos EUA, Ted Cruz, membro da ala mais conservadora do Partido Republicano.


13 hoje macau quarta-feira 17.2.2016

BANCOS VALOR RECORDE DE CRÉDITO EM JANEIRO

REGULAMENTOS DA OMC SÃO CUMPRIDOS “FIELMENTE”

Pequim contra-ataca

Os bancos chineses concederam em Janeiro um valor recorde de crédito de 2,52 biliões de yuan, num período em que a segunda maior economia mundial cresce ao ritmo mais lento desde 1990.O valor, quatro vezes superior ao registado em Dezembro, foi revelado ontem pelo Banco do Povo da China (Pboc, Banco Central) e supera o anterior recorde, de 1,89 biliões de yuan fixado em Março de 2009. Este aumento do crédito coincidiu com a decisão do banco central de realizar uma série de injecções no sistema financeiro, visando aumentar a liquidez, e que terão começado a 19 de Janeiro, dia em que foram publicados os dados sobre o crescimento da economia chinesa em 2015 - 6,9%. Ainda que neste período do ano seja normal haver um aumento do crédito, o valor representa um crescimento de 70,2% face ao mesmo mês de 2015.

Após as manifestações europeias em protesto contra a alegada prática de “dumping” pelas empresas chinesas, Pequim responde que tudo o que faz está de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio

A

China assegurou ontem que “cumpre fielmente” com os regulamentos da Organização Mundial do Comércio (OMC), face aos protestos em Bruxelas, que acusam Pequim de praticar concorrência desleal nas suas exportações de aço. Representantes do sector na Europa saíram na segunda-feira às ruas em Bruxelas para protestar contra a prática de “dumping” produção subsidiada que mantém o preço abaixo do custo de fabrico - pela China. Os manifestantes apelaram ainda à União Europeia (UE) para que não conceda o estatuto de economia de mercado ao país asiático. PUB

AChina luta pelo reconhecimento de que a “economia de mercado socialista” - um modelo em que os sectores chave da economia permanecem estatais, mas geridos sobre uma base comercial - funciona em pleno, segundo as regras capitalistas. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hong Lei, assegurou, entretanto, que Pequim “cumpre fielmente” com as suas obrigações perante a OMC, mas que, por outro lado, também pode exercer os seus “direitos” como membro daquela instância reguladora.

INVESTIGAÇÃO EM CURSO

Por seu lado, a Comissão Europeia anunciou que usará todos os instru-

mentos para defender a indústria na Europa. Na passada sexta-feira, colocou em marcha investigações sobre três produtos siderúrgicos importados do país asiático, para determinar se foram introduzidos no mercado comunitário recorrendo a concorrência desleal. Os produtos envolvidos são tubos, chapas grossas e produtos de aço planos laminados a quente, com origem na China. Pequim anunciou no início deste mês planos de reduzir o excesso de produção na indústria do aço chinesa, ao longo dos próximos cinco anos, com um corte anual de entre 100 a 150 milhões de toneladas - 12,5% do total produzido pelo país.

CHINA

O excesso de capacidade levou nos últimos anos à imposição de sanções comerciais à indústria siderúrgica chinesa por “dumping” em vários mercados de exportação.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Critico as passagens incompreensíveis dos seus escritos. Perguntas a Confúcio – 3 & 4

Q

UANDO Confúcio se referiu sarcasticamente aos instrumentos de cordas e aos cânticos [prescritos por] Ziyou, este último, em jeito de objecção, o recordou de suas palavras anteriores. Um exame do texto dos Analectos mostra que muitas palavras de Confúcio são sarcásticas, mas raros foram os discípulos que, como Ziyou, emitiram objecções. Por essa razão, há muitas reflexões do Mestre que são hoje incompreensíveis. Por causa da ausência de espírito crítico dos setenta discípulo de Confúcio, os nossos letrados não se encontram em condições de verdadeiramente decidir sobre o que é justo ou falso [na doutrina de Confúcio]. * * *

O principal obstáculo ao saber não é a falta de gente capaz, mas a dificuldade que têm em libertar-se de seus mestres, em interrogar-se sobre as suas doutrinas e em nelas separarem o verdadeiro do falso. Para interrogar e criticar, não é forçoso dirigir-se ao próprio sábio enquanto este vive. Os actuais exegetas não esperam que um sábio os instrua para ousarem exprimir-se. Se os pontos da doutrina de Confúcio nos parecem incompreensíveis, que mal virá de fazer perguntas e criticar? Se alguém é verdadeiramente dotado para perpetuar a antiga sabedoria, em que se oporá aos justos princípios se se opuser a certas noções de Confúcio? Dizem que me interrogo sobre as palavras de Confúcio, que critico as passagens incompreensíveis dos seus escritos: mas os letrado dotados de grandes talentos e grande inteligência, e eles próprios capazes de responder a questões, de resolver problemas, me elogiarão decerto por conseguir, com as minhas críticas, separar o verdadeiro do falso [nas ideias de Confúcio]. Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


15 hoje macau quarta-feira 17.2.2016

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

Heroínas e outras estórias N

A sequência do meu trabalho como romancista e argumentista, nestes últimos tempos tenho lido bastante sobre a temática das “heroínas”. Um estudo recente revela que de 1989 a 1999 – a década do “renascimento” da Disney - os filmes de princesas são estranhamente dominados pelas personagens masculinas. Para além da heroína, não existem praticamente mais personagens femininas poderosas, respeitadas, úteis, ou com sentido de humor. Passo a citar: “Na Pequena Sereia os homens falam durante 68% do filme; na Bela e o Monstro 71% ; no Aladino 90% ; na Pocahontas 76% e, finalmente, em Mulan, 77% do “tempo de antena” vai para as personagens masculinas. Na versão da Disney de Mulan, que conta a história de uma jovem chinesa, os homens dominam mais de três quartos dos diálogos, mesmo quando ela está disfarçada de homem. Por isso, todos os “tipos” passam a perna à heroína, o que não devia ser permitido. E será que estes filmes são mesmo recomendados para meninas? A Balada de Mulan (木兰辞) circulou na China durante o período das dinastias do Norte e do Sul (420–589 AD). Nesta popular balada yuefu em14 cantos, <http://www.tsoidug.org/Papers/ Mulan_Ballad_Simp.pdf>, Mulan é descrita como uma rapariga comum que, em circunstâncias extraordinárias, se subleva para poupar o pai às agruras da guerra contra os bárbaros, que habitavam territórios para lá da Muralha da China. Qualquer rapariguinha chinesa conhece as famosas palavras de Mulan: “As patas da lebre macho levantam-se e saltam, O olhar da lebre fêmea é sombrio e esquivo. / Duas lebres saltam lado a lado, perto do chão, / Quem pode dizer qual é ela ou qual é ele?” Em Mulan existe, provavelmente, o primeiro registo conhecido de uma jovem travestida de rapaz a salvar toda uma nação. A China antiga deveria ser um local fantástico para se viver, com espaço para a diferença <https://www.youtube.com/ watch?v=pTsX05bsKDA>! Não sei se Mulan foi ou não baseada em factos reais, mas pessoalmente acredi-

TONY BANCROFT, BARRY COOK, MULAN

forma de endireitar o mundo, mas eu não quero que a democracia em Taiwan seja fictícia. Taiwan está confiante porque é real.

to que a imaginação é a única arma capaz de proteger a liberdade. Já agora, gostava de vos convidar a subir para o dorso do cavalo de Mulan e, num galope, virem comigo a Taiwan, conhecer a tímida Tsai Ing-Wen que, recentemente, chamou a atenção do mundo ao tornar-se a primeira mulher Presidente de Taiwan. Passamos a dar a palavra a uma mulher que subiu a pulso na primeira democracia do universo cultural chinês. Dêem um passo atrás e observem!

RETRATO DE TSAI ING-WEN

Tsai Ing-Wen, 蔡英文nascida em 1956 é uma política de Taiwan e a primeira mulher a ser eleita Presidente da República da China < https://www.youtube.com/ watch?v=BGKX9cVUUsA>. É também o primeiro Presidente de origem Hakka e Aborígene, o primeiro Presidente solteiro e o primeiro que nunca tinha sido anteriormente eleito para nenhum cargo político. Tornou-se a primeira Chefe de Estado de um país do Este asiático, sem qualquer ligação a antigos Presidentes. O que é Taiwan? A primeira coisa que é necessário fazer, quando se trata de realçar a importância de um país, é preservar a sua identidade, quer do ponto de vista económico quer do ponto de vista cultural. Uma visão correcta implica ser cuidadoso com os meios que temos ao nosso alcance – sem nunca nos separar-

mos deles. A identidade cultural de Taiwan não é folclore para turistas. Também não passa por embarcarmos em ideologias erradas. Quero ver Taiwan como um presente que ofereço ao meu povo e a mim própria! Criámos uma democracia com o nosso próprio esforço – a primeira nesta região – o que quer dizer que não existem outros exemplos para nos guiar, o que pode ser simultaneamente libertador e limitativo. Significa que o povo de Taiwan vai construindo uma democracia internamente, e não para satisfazer exigências e pressões externas. Crescer em Taiwan fez-me acreditar que todas as coisas partem de dentro de nós! Como vê o equilíbrio entre a RPC e Taiwan? Taiwan é independente, mas a ligação ao passado não pode ser ignorada. O povo deu-me, enquanto Chefe de Estado, o poder de “desenhar” o futuro, baseado em novos valores. Quero assumir até ao limite a responsabilidade pelas nossas acções e afirmar a democracia que criámos como uma ideia única e coerente. Enquanto mulher e profissional, a independência é tudo o que me interessa. Como advogada e cidadã, assisti a muita injustiça e vi muita corrupção. A ficção é uma

Como quer que os Taiwaneses se sintam quando falam de Taiwan ? Para mim a simples sonoridade de “Taiwan” é a expressão de nós próprios. Sendo a Democracia um organismo vivo, iremos enfrentar inevitavelmente problemas complicados e dores de crescimento. Quero que as pessoas sintam e reflictam sobre quem são. Não podemos ser verdadeiramente livres se não pensarmos quem somos. Por vezes é necessário que nos sintamos desconfortáveis e estranhos. Torna-nos conscientes da nossa existência e reafirma o nosso relacionamento com a sociedade em que nos inserimos. A liberdade é assustadora, mas de facto trata-se de qualquer coisa mais profunda, um pavor solidamente enraizado na cultura chinesa e no seu povo. E quanto ao tabu da mulher auto-suficiente no universo chinês ? Na medida em que estou a fazer algo que nunca tinha sido feito, estou à vontade. O que é a democracia? Eu penso que, à semelhança da beleza, a democracia deve criar entusiasmo! Termino a minha primeira “Ordem do Dia” com uma chamada de atenção para o trabalho da artista Fan Xiaoyan e as suas esculturas provocadoras. As esculturas representam humanóides femininos e estiveram em exposição num Festival de Arte na Coreia há alguns anos atrás, causando grande impacto. Desta vez Fan Xiaoyan apresenta “Sou Yugong”, baseado numa antiga fábula chinesa sobre um velho louco chamado Yugong que removeu duas grandes montanhas da frente da sua porta de sua casa. É uma história sobre fé e força de vontade. Tenho orgulho em ti, Taiwan! Vamos fazer-lhe uma entrevista a sério em breve! Em: Fan Xiaoyan, I’m Yugong <http://history.culturalchina.com/Wise/wise75.html>


16 DESPORTO

hoje macau quarta-feira 17.2.2016

A

moda pegou. A corrida do Campeonato FIA de Fórmula E nas ruas de Hong Kong no próximo mês de Outubro poderá ter uma corrida de celebridades para encher o programa, com viaturas eléctricas conduzidas por artistas e vedetas do mundo social e recreativo da região especial vizinha. A informação foi confirmada ao HM por fonte oficial do campeonato de carros eléctricos promovido pela federação internacional. “Na nossa prova anterior em Buenos Aires também foi realizada uma corrida de celebridades usando pequenos carros eléctricos. Como campeonato que promove a mobilidade sustentável e tecnologias verdes, qualquer corrida de suporte ou categoria terá que usar carros eléctricos ou outros veículos de energias alternativas”. Na última conferência de imprensa, dada antes do Ano Novo chinês, a organização do Hong Kong ePrix deu a conhecer os preços dos bilhetes e também deu conta que o evento poderá ter a duração de dois dias, em vez de um só, como na maior parte dos eventos da Fórmula E. “Neste momento estamos em discussão com os organizadores de Hong Kong sobre o formato do evento. Ainda não tomamos qualquer decisão se o Hong Kong ePrix será disputado em um ou

PROVA DA FÓRMULA E EM HONG KONG TERÁ CORRIDA EXTRA

Celebridades para encher “O objectivo do campeonato é minimizar as disfunções da cidade, causadas pelo evento em si, e é por isso que o formato da Fórmula E consiste em ter os treinos-livres, qualificação e corrida a acontecer no mesmo dia” FONTE OFICIAL DA ORGANIZAÇÃO DA FÓRMULA E dois dias”, disse fonte oficial da organização da Fórmula E ao HM. “O objectivo do campeonato é minimizar as disfunções da cidade, causadas pelo evento

MAIS FAMOSOS NA GUIA?

O

programa da 62ª edição do Grande Prémio de Macau incluiu uma corrida de celebridades, com viaturas da marca Lotus e apoio do distribuidor local. Apesar da corrida em pouco contribuir em termos desportivos para o evento e ter sido motivo de chacota nas redes sociais, o HM sabe que o promotor da ideia tem vontade de assegurar novamente a “slot comercial” do programa da edição deste ano. A prova do ano passado foi ganha por Sin Ling Fung de Hong Kong, piloto que não é uma celebridade, mas que aproveitou a oportunidade da prova estar igualmente aberta a quem pudesse comprar um lugar e para subir ao degrau mais alto do pódio do evento.

em si, e é por isso que o formato da Fórmula E consiste em ter os treinos-livres, qualificação e corrida a acontecer no mesmo dia”, acrescentou. O evento irá custar cerca de 300 milhões de dólares de Hong Kong, mas o apoio do governo cinge-se apenas à promoção e facilitação no erguer do circuito. A organização espera conseguir vender 40 mil bilhetes, sendo que 30 mil darão apenas acesso à “eVillage”, localizada em Central, mas não terão vista para a pista, tendo os espectadores que seguir a prova pelos ecrãs gigantes ali colocados.

Estes bilhetes custarão entre 500 e mil dólares de Hong Kong. De acordo com Alan Fang, chefe executivo da Formula Electric Racing (Hong Kong), os bilhetes VIP para a bancadas irão superar os dez mil dólares de Hong Kong.

PEQUIM EM DÚVIDA

O evento de Hong Kong tem já data, 9 de Outubro. Contudo, a prova do território vizinho poderá não ser a prova de abertura do calendário, como inicialmente se esperava. Alejandro Agag, o CEO do campeonato, afirmou a semana transacta à imprensa especializada que o calendário do próximo ano

poderá sofrer alterações, estando as provas de Pequim e Punta del Este, no Uruguai, em dúvida. “Se nós formos a Pequim, essa será a prova de abertura”, verbalizou Agag. “O ano passado tivemos que atrasar a data da prova e quase que gelámos. Tivemos grande sorte em termos uma janela de bom tempo. Não queremos regressar a Pequim em Outubro, a ser, terá que ser em Setembro”. O Canadá, país candidato a entrar no calendário da temporada 2016/2017, é outra forte possibilidade a abrir as hostilidades. Sérgio Fonseca

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FC PORTO ACUSA LIGA DE QUERER “SILENCIAR A LIVRE EXPRESSÃO DA OPINIÃO”

O

FC Porto acusou ontem a Liga Portuguesa de Futebol Profissional de querer “silenciar a livre expressão da opinião” com a abertura de um “procedimento disciplinar” após uma publicação da ‘newsletter’ do clube. A edição de ontem do Dragões Diário explica que o processo da Comissão de Instrução e Inquérito foi instaurado pelo que foi escrito na ‘newsletter’ “sobre a arbitragem do jogo com o Arouca”, a cargo de Rui Costa, da Associação de Futebol do Porto. “Que este diário é muito lido já sabemos, que irrita muito os nossos adversários também sabemos, mas que a Liga de Clubes queira agora silenciar a livre expressão da opinião é que

não imaginávamos”, pode ler-se na edição de hoje do Dragões Diário. A 8 de Fevereiro, um dia depois da derrota, no estádio do Dragão, do FC Porto com o Arou-

ca, por 2-1, da 21.ª jornada da I Liga, foi referido na ‘newsletter’ que a equipa portista “foi muito penalizada por uma arbitragem de apito leve para os jogadores do FC Porto e que anulou um golo

legal, que na altura daria o 2-1 a favor dos Dragões”. A publicação referia-se ao lance protagonizado pelo argelino Brahimi na segunda parte, minutos antes do segundo golo do Arouca, que daria vantagem aos ‘dragões’, mas que acabou por ser anulado devido a fora de jogo. Para além do golo anulado, a ‘newsletter’oficial do FC Porto foi mais longe na altura e abordou o vínculo familiar entre Rui Costa e Paulo Costa (irmão), membro do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), bem como o facto de um dos adjuntos do treinador do Arouca, Lito Vidigal, ser filho do presidente do CA, Vítor Pereira, falando de “coincidências familiares”.

SAPONJIC «BENFICA É MESMO MUITO GRANDE»

O avançado sérvio Saponjic, contratado pelo Benfica em Janeiro, falou ao portal sérvio Novosti sobre as primeiras impressões do universo encarnado. «A primeira coisa é que o Benfica é mesmo muito grande. A cada passo se sente isso. Até agora não tenho nada a reclamar. Joguei até ao momento em cinco jogos pela equipa B, aos poucos vou ganhando ritmo, como era a ideia inicial», disse, elogiando também o futebol praticado em Portugal: «Todos os jogos são disputados no limite. Este campeonato é uma boa rampa para a Liga principal, onde estão alguns dos clubes mais fortes do mundo».


17 hoje macau quarta-feira 17.2.2016

TEMPO

C H U VA

?

FRACA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje EXIBIÇÃO 3D DE VÍDEO-MAPPING Casas-Museu da Taipa, 19h00 Entrada livre

MIN

9

MAX

16

HUM

55-90%

EURO

8.93

BAHT

Domingo CONCERTO MADONNA “REBEL HEART TOUR” Studio City, 20h00 Bilhetes entre as 2600 e as 10.600 patacas

Diariamente

O CARTOON STEPH

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “MANUEL CARGALEIRO” (ATÉ 3/03) Casa Garden Entrada livre HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau Entrada livre EXPOSIÇÃO “CAIXA DE MÚSICA” (ATÉ 3/04) Museu da Transferência Entrada a cinco patacas SOLUÇÃO DO PROBLEMA 29 “LONGRUN”, DO GRUPO DE TEATRO HUI KOK KUN Edifício do Antigo Tribunal, 20h00 Bilhetes a 150 patacas

Cineteatro

C I N E M A

YUAN

1.22

PARADOXOS HUMANOS

CONCERTO MADONNA “REBEL HEART TOUR” Studio City, 20h00 Bilhetes entre as 2600 e as 10.600 patacas

EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau Entrada livre

0.22 AQUI HÁ GATO

Sábado

ESPECTÁCULO DE LUZES (ATÉ 29/02) Casas-Museu da Taipa, 18h00 às 22h00

(F)UTILIDADES

PROBLEMA 30

UM FILME HOJE

Estava farto de estar sozinho na redacção nestes dias que vós humanos dedicam ao laréu e também me decidi ao mesmo. É claro que no meu plano não estavam destinos exóticos como Phuket mas sim uma modesta passagem pelo mercado de São Domingos à procura de algum carapau distraído. É claro que, mesmo com os meus dotes atléticos, que me permitem fazer grande parte do percurso pelos telhados, há sempre uma altura em que tenho de me fazer ao rés-do-chão e aí meus amigos, aí foi o caos. Nem eu, que sou pequeno, me conseguia safar do mar de pés que invadiam o Leal Senado. Polícias a controlarem o trânsito de pessoas que mais parecia um desfile de gado para o matadouro, gritos, confusão... pisaram-me a cauda umas duas vezes até que, num salto improvisado, alcancei o murete de uma janela e lá consegui voltar ao aconchego dos telhados. Claro que a ida à Praça ficou adiada para dias melhores mas aproveitei para admirar o espectáculo. Era inacreditável visto de cima, um autêntico formigueiro louco, pelo que não deixei de ficar com pena vossa: foi fácil imaginar o que seria se todos os gatos de Macau resolvessem usar a minha caixinha das necessidades e imaginei que devem sentir algo parecido. Mas enquanto olhava para a mole de gente, reparei também na disparidade entre o espaço dedicado aos carros e o que sobra para as pessoas. Não me entra na cabeça, mesmo. Se há mais pessoas do que carros, porque é que os passeios são menos do que as estradas? Vocês humanos e as vossas aberrações são mesmo muito divertidos, verdadeiros paradoxos. Pu Yi

“YVES SAINT-LAURENT” (JALIL LESPERT, 2014)

O filme biográfico sobre o grande costureiro francês Yves Saint-Laurent é também um retrato da sua difícil personalidade para lá dos esboços de vestidos e da tumultuosa mas cúmplice relação com o seu companheiro de uma vida, Pierre Bergé. Genial mas sempre em confronto consigo próprio, Yves Saint-Laurent foi, afinal, o homem talentoso que, sem Bergé, não teria ido tão longe.

Andreia Sofia Silva

THE GOOD DINOSAUR SALA 1

ALVIN AND THE CHIPMUNKS: ROAD CHIP [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Walt Becker 14.00, 17.30

MERMAID [B]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Stephen Chow Com: Deng Chao, Show Lo, Zhang Yu Qi Jelly Lin 15.45, 19.30, 21.30 SALA 2

FROM VEGAS TO MACAU III [B] FALADO EM CANTONÊS

LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Andrew Lau, Wong Jing Com: Chow Yun Fat, Andy Lau, Nick Cheung, Jacky Cheung 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3

THE GOOD DINOSAUR [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Peter Sohn 14.30,16.30, 19.15

THE MONKEY KING 2 [B][B]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Pou-Soi Cheang Com: Li Gong, Aaron Kwok, Shaofeng Feng 21.15

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18 hoje macau quarta-feira 17.2.2016

chá (muito) verde

Para que serve a TDM?

V

ÁRIAS vezes me interrogo e nunca chego a nenhum resultado conclusivo. Não percebo qual a missão da TDM. Não produz entretenimento nem ficção, não encomenda aos produtores locais, dá poucos meios aos seus jornalistas, não tem um arquivo de imagem organizado, serve para quê? Sempre que entra uma nova administração espero a proverbial lufada de ar fresco mas, venho invariavelmente a descobrir, que não passa de mais uma corrente de ar que nos deixa cada vez mais obstipados e menos refrigerados. Na volta, e é o que parece, o problema é menos das administrações e mais da tutela que ainda não percebeu para que serve a TDM. Canais abrem com fartura mas os conteúdos originais continuam a faltar não se compreendendo como a instituição que mais poderia contribuir para o desenvolvimento das indústrias relacionadas com a produção de vídeo e cinema no território continue a passar ao lado do fenómeno. Mas nos tempos que correm, passa tão desapercebida como um elefante a tentar escapar-se de fininho de uma loja de conveniência. Ao que parece, este ano viram o orçamento reduzido o que, a confirmar-se, é a manifestação do absoluto contra-senso, se pretendermos levar a sério a política do governo de desenvolvimento das indústrias criativas locais. A TDM pode, e deve assumir-se como o principal comprador do território, que assim veria surgirem mais lugares fixos para a produção de vídeo no sector privado, mais possibilidades para actores, decoradores, carpinteiros, para um sem número sem número de actividades que a indústria da produção de televisão e cinema requerem para funcionar. Isto já para não falar no papel que a TDM poderia, e deveria, ter na distribuição de conteúdos “made in Macau” para os países de língua portuguesa. Mas nem tudo requer orçamentos sólidos. A capacidade de ‘network’ com outras televisões na China, a abertura de pontes entre os produtores locais e as televisões chinesas poderia também ser algo para a TDM se entreter enquanto o governo não entende a necessidade, ou a TDM não souber pedir, de uma dotação orçamental condigna. Também tenho alguma dificuldade em compreender como é possível a TDM ainda não ter um arquivo de imagem e continuar a esquivar-se da sua responsabilidade de prover Macau de memória. Há uma série de exemplos que a TDM poderia seguir para se afirmar como um centro produtor; a RAI, o Canal+, a Arte, até a própria RTP que tem participado na produção de várias ficções originais já para não falar em programas

FERNANDO ELOY | 义來

GEORGE CLOONEY, GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK

OPINIÃO

“Canais abrem com fartura mas os conteúdos originais continuam a faltar não se compreendendo como a instituição que mais poderia contribuir para o desenvolvimento das indústrias relacionadas com a produção de vídeo e cinema no território continue a passar ao lado do fenómeno” de entretenimento de autoria que poderiam ser exportados. Parece que a TDM já se resignou ao facto das pessoas preferirem ver os canais de Hong Kong e as cadeias internacionais e então resume-se a cumprir calendário sem criar grandes ondas. Como o elefante, na esperança de passar pelos espaços da chuva. Especialmente agora que se anuncia um festival de cinema com 80 milhões orçamento, ao que parece em grande parte suportado pelo governo, esta apatia da TDM torna-se ainda mais ofensiva. É certo que o festival de cinema enquanto tiver a torneira dos cifrões aberta vai manter-se e trazer até Macau muitas estrelas, mas se o

tecido local não for fortalecido e entidades como a TDM que deveriam estar a apoiar activamente a produção local continuarem de braços caídos, se os produtores locais continuarem sem capacidade de gerarem e escoarem produto, nenhum festival fará sentido.

AINDA OS “MACAIOS”

Tenho perfeita consciência da conotação negativa que a expressão “macaios” encerra e daí a ter utilizado. Lembrar-se-ão muitos, com certeza, de como a expressão “tuga” também já foi mal vista. Limpar os sótãos faz sempre bem.

MÚSICA DA SEMANA (...) The little piece in me, Will die (this is not a miracle) For this is not America Blossom fails to bloom this season,

David Bowie – “This is Not América” Promise not to stare, Too long (this is not America) For this is not the miracle There was a time, A storm that blew, so pure For this could be the biggest sky

And I could have the faintest idea For this is not America Shalalalala Shalalalala Shalalalala (...)


19 hoje macau quarta-feira 17.2.2016

ÓCIOSNEGÓCIOS

“THE ONLY WEDDING STUDIO”, LOJA DE NOIVAS SUKI CHENG E ANNA NG, PROPRIETÁRIAS

“O importante é a qualidade” FACEBOOK

“Fazemos excursões pré-casamento para o Japão a cada Abril e Novembro. Apresentamos a informação aos clientes, atraindo o interesse deles e damos desconto aos clientes que participem nas actividades ao estrangeiro. Os clientes também podem pedir à nossa equipa para organizar o casamento no estrangeiro”, explica Anna. O “The Only Wedding Studio” não tem só clientes de Macau, contando também com pessoas do interior da China. “Os clientes do continente não confiam nos serviços de casamento lá, têm muito mais confiança nas empresas de Macau e Hong Kong, por causa da qualidade”, diz ao HM.

Emprestam vestidos de casamento, prestam serviços de maquilhagem, tiram fotografias e decoram o espaço. Suki Cheng, Elaine Sam e Anna Ng montaram o “The Only Wedding Studio”, que oferece até excursões aos noivos

“Os clientes do continente não confiam nos serviços de casamento lá, têm muito mais confiança nas empresas de Macau e Hong Kong, por causa da qualidade”

P

ARA quem vai casar, o “The Only Wedding Studio” pode ser o local que precisa. Desde roupa a maquilhagem, o espaço permite o aluguer de itens para aquela que será a cerimónia mais importante na vida de alguém. Suki Cheng, uma das proprietárias, explica como tudo começou. “Sou maquilhadora e a maquilhagem para as noivas é uma das facetas do meu trabalho, interessa-me e também é importante para a minha carreira. Decidi, então, começar um negócio. Procurei algumas parceiras que também tinham interesse nisso e organizámos a empresa”, explica a jovem ao HM. O número dos registos de casamento em Macau ascende a “mais de quatro mil casais” por ano, mas “cerca de 60%” deles realizam uma festa para celebrar o casamento, assegura Suki, que diz ainda que a competição nesta área é elevada. “Em Macau, há mais de cem empresas como nós, portanto a competição do sector é muito intensa. Outro problema

é que é muito difícil sabermos quantos produtos precisamos, como os vestidos, pelo que é sempre possível vermos aumento de custos, ao mesmo tempo que não podemos definir preços muito altos para os nossos serviços, por causa da competitividade”. Também Anna Ng, um das outras proprietárias, explica que, apesar dos custos dos vestidos não serem nada baixos, “o importante é manter a qualidade”. Em conjunto com Elaine Sam, as duas jovens abriram o “The Only Wedding Studio” por considerarem, ainda assim, que as perspectivas de negócio são positivas. Aberto há pouco mais de um ano, o espaço costuma ter agenda cheia nos meses “com números par”, sendo que Janeiro e

Julho são “mais folgados”, como refere Anna Ng.

LÁ FORA E CÁ DENTRO

O investimento na qualidade é uma aposta da empresa, que diz que não há vestidos como os seus. Mas não só.

Por isso mesmo, a promoção nas redes sociais como o Weibo e WeChat são importantes para a empresa, que também já participou em exposições de casamento em Macau. Apesar de estar num espaço comercial, na Rua das Lorchas no décimo andar do Edifício Comercial Si Toi, o “The Only Wedding Studio” começou sem espaço físico, até porque o processo de criação da empresa levou o seu tempo. “Não acho que seja bom os jovens pedirem os subsídios ao Governo logo quando criam o seu próprio negócio, porque é possível que se gaste mais do que propuseram. Não devemos sentir-nos impacientes durante o processo de criação”, diz-nos Suki Cheng, apoiada pela parceira. O “The Only Wedding Studio” empresta vestidos de casamento, presta serviços de maquilhagem e fotografia e até aluga decoração para o espaço onde se vai realizar o seu casamento. Ao HM, as proprietárias garantem que os serviços são prestados a um “preço ideal” e estão até disponíveis na página do Facebook da empresa, com o mesmo nome. Suki eAnna referem ainda que, mesmo que não tenham o que procura, encontram, já que “a diversidade de produtos” é outras das promessas do “The Only Wedding Studio”. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo


“ TAILÂNDIA DOIS ACUSADOS DO ATENTADO DE AGOSTO EM TRIBUNAL

O

S dois acusados pelo atentado à bomba de Agosto passado em Banguecoque, que causou 20 mortos e uma centena de feridos, foram ontem presentes a um tribunal militar da Tailândia. Os suspeitos – Mohamad Bilal e Yusufu Mieraili – chegaram com as mãos e os pés algemados ao tribunal, onde, em Novembro último, receberam dez acusações, incluindo conspiração, homicídio premeditado e posse de explosivos. Segundo a polícia, durante a investigação ambos admitiram a sua participação no atentado de 17 de Agosto, mas na segunda-feira o seu advogado disse à imprensa que as confissões foram obtidas sob tortura. Os acusados, identificados pelas autoridades como uigures, a minoria muçulmana da região chinesa do Xinjiang, são os únicos detidos pelo atentado que a polícia considera ter sido uma represália de grupos de crime organizado relativamente a uma suposta campanha contra o tráfico de seres humanos. A investigação, com irregularidades e declarações contraditórias por parte da polícia e da junta militar, alimentou uma série de especulações sobre os motivos por detrás do atentado, cuja autoria não foi reivindicada. Uma das teorias ligava o acto terrorista à deportação para a China, semanas antes, de uma centena de uigures que esperavam poder viajar para a Turquia em busca de asilo, hipótese alimentada por o templo onde ocorreu o ataque ser muito popular entre os turistas chineses.

Deste jardim o que levo comigo / é um ramo de bambu para servi / de espelho ao resto dos meus dias.” Eugénio de Andrade

Cabo Verde GOVERNO CONTRA “INTERESSES POUCO

CLAROS” NA OPOSIÇÃO A PLANO DE DAVID CHOW

Contestação contestada

O

ministro do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território cabo-verdiano disse ontem que é preciso ter “muita atenção e muito cuidado” com os “interesses pouco claros” que se insurgem contra a construção de um complexo turístico no país. “Precisamos ter muita atenção e muito cuidado com a movimentação de interesses que são poucos claros, interesses outros, que não coincidem com as opções de desenvolvimento do país. Temos de tomar muito cuidado com isso”, alertou Antero Veiga, respondendo assim à comunidade científica que disse não ter acesso a nenhum estudo de impacto ambiental do complexo turístico do empresário chinês David Chow. A estância turística no ilhéu de Santa Maria e na Gamboa, situado defronte da cidade da Praia, e orçado em 250 milhões de euros, prevê a construção de um hotel-casino no ilhéu, uma marina, uma zona pedonal com comércio e restaurantes, um centro de congressos, infra-estruturas hoteleiras e residenciais na zona da Praia da Gamboa e uma zona de estacionamento. Trata-se do maior empreendimento turístico no país, que cobrirá uma área de 152.700 metros quadrados e inaugurará a indústria de jogo no arquipélago. Deverá estar pronto dentro de três anos e durante a construção

poderá gerar milhares de postos de trabalho. “Naturalmente que há muita boa gente que teria grande satisfação em acolher este tipo de projecto nos seus respectivos países. Nós aqui em Cabo Verde respeitamos toda a legislação, foram feitos três estudos de impacto ambiental, tendo em conta as valências do investimento, a autoridade ambiental fez o seu pronunciamento, não hesitei em homologar esses estudos de impacto ambiental, de modo que não há razão para esse tipo de observação”, esclareceu o ministro, que não especificou, porém, os interesses que estão na base das contestações.

FALA A CIÊNCIA

Domingo, um grupo de 12 cientistas e paleontólogos, coordenado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, insurgiu-se contra a construção do complexo, após visitarem o local no âmbito da componente lectiva da terceira edição do Programa de Pós-Gradução Ciência e Desenvolvimento (PGCD), com apoio de Portugal. O grupo de cientistas recomendou que qualquer projecto no local tivesse um estudo muito aprofundado de impacto ambiental e histórico, considerando que o “Djéu” [ilhéu] simboliza um local de importância extraordinária do ponto de vista ambiental e histórico. Para Antero Veiga, a comunidade científica “está um pouco

“Naturalmente que há muita boa gente que teria grande satisfação em acolher este tipo de projecto nos seus respectivos países. Nós aqui em Cabo Verde respeitamos toda a legislação” ANTERO VEIGA MINISTRO DO AMBIENTE, HABITAÇÃO E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO PUB

quarta-feira 17.2.2016

PORTUGAL PRESIDENTE DO INEM DEMITIDO PROCESSA AGENTES

O presidente do INEM, demitido pelo ministro da Saúde, anunciou ontem que vai agir administrativa e criminalmente contra os agentes que actuaram no processo, que conduziu ao seu afastamento do cargo, incluindo anterior equipa ministerial. Em conferência de imprensa, Paulo Campos, que segunda-feira foi afastado do cargo de presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), por recomendação da Inspecção Geral das Actividades em Saúde (IGAS), disse aos jornalistas que tenciona agir administrativa e criminalmente contra todos os agentes que actuaram no processo. Paulo Campos assegurou que, pelos factos provados, se verifica que actuou bem e diz não ter dúvidas de que foi vítima de um processo conduzido politicamente, e que este é um “saneamento político”. Entre os vários agentes que Paulo Campos tenciona processar, encontra-se a anterior equipa do Ministério da Saúde, dirigida por Paulo Macedo.

SEUL PROMETE APLICAR MAIS SANÇÕES À COREIA DO NORTE

desatenta”, porque todos os estudos estiveram em consulta pública de acordo com os prazos legais no país. “Alegar que não tiveram acesso já não é o nosso problema”, prosseguiu. “Naturalmente que não tem cabimento vir agora alegar que alguém não teve acesso aos estudos”, insistiu Veiga, para quem não se pode promover o desenvolvimento de Cabo Verde sem ter impacto ambiental. “O que fazemos com os estudos é ver de que forma é que podemos mitigar os efeitos negativos. Os técnicos estarão melhor posicionados para responder a essa questão”, indicou, dizendo que há outros locais onde se pode encontrar espécies que abundam no país. Após o lançamento da primeira pedra, o empresário David Chow considerou ser normal as várias vozes que têm manifestado o seu desagrado perante o projecto, dizendo que não se consegue satisfazer toda a gente e que, no futuro, os críticos irão ver o complexo de outra forma.

A Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, prometeu ontem aplicar mais sanções à Coreia do Norte pelos ensaios nuclear e de mísseis, depois de numa primeira represália Seul ter encerrado o complexo industrial conjunto de Kaesong. “Com os métodos convencionais e boa vontade é impossível acabar com o desenvolvimento nuclear da Coreia do Norte e apenas se consegue que fabriquem armas atómicas mais avançadas”, declarou Park Geunhye, num discurso transmitido pela televisão diante da Assembleia Nacional. A chefe de Estado afirmou que Pyongyang “apenas irá acelerar o seu colapso” se continuar a aposta nas armas nucleares. Park Geunhye manifestou a intenção de tomar medidas mais duras e eficazes como represália pelos testes nuclear e de mísseis da Coreia do Norte, realizados, respectivamente, em Janeiro e Fevereiro.


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