MOP$10
SEGUNDA-FEIRA 17 DE FEVEREIRO DE 2020 • ANO XIX • Nº4467
LUÍS BARRA
RÓMULO SANTOS
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
PORTUGAL
SOFRER POR FORA PÁGINAS 2-3
APOIOS FINANCEIROS
DEPUTADOS QUEREM MAIS PÁGINA 5
COVID-19
DUAS ALTAS CONFIRMADAS PÁGINA 4
FMI
CRESCIMENTO AFECTADO PÁGINA 10
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hojemacau
Sinais de vida Não será ainda o regresso à normalidade, mas Macau começa a dar os primeiros passos rumo a um quotidiano mais saudável. A partir de hoje, são vários os serviços públicos que abrem portas, embora com medidas de segurança reforçadas. Quem quiser aceder aos departamentos reactivados, além do uso obrigatório de máscara, tem de apresentar uma declaração de saúde. PÁGINA 7
2 coronavírus
MEDOS E PRECONCEITOS COVID-19
EMPRESÁRIO LANÇA NOVA CAMPANHA DE APOIO À COMUNIDADE CHINESA EM PORTUGAL
A imagem da Torre de Belém e o título “Força China” são o mote da mais recente campanha de apoio à comunidade chinesa promovida pelo empresário Han Zheng e apoiada por Y Ping Chow, presidente da Liga dos Chineses em Portugal. O objectivo da campanha é explicar aos portugueses que as lojas e restaurantes geridos por empresários chineses estão livres do novo coronavírus, numa altura em que a quebra nos negócios se faz sentir cada vez mais
O
surto do novo coronavírus, que recentemente ganhou o nome oficial de Covid-19, tem vindo a afastar cada vez mais portugueses dos espaços comerciais geridos por chineses em Portugal. A fim de explicar aos clientes portugueses que é seguro frequentar restaurantes e lojas, o empresário Han Zheng lançou ontem uma nova campanha intitulada “Força China! - A China precisa do apoio do povo português”, que será divulgada nas redes sociais. O lançamento oficial foi feito na tarde de ontem, na zona do Parque das Nações. Junto à imagem da Torre de Belém, em Lisboa, surge um texto
que tenta desmistificar ideias que têm afastado os portugueses dos negócios geridos por chineses. “Nos restaurantes e nas lojas que te-
“Os chineses que vivem em Portugal dedicam-se, na sua maioria, aos negócios. Agora, por causa do coronavírus, alguns portugueses começam a ter medo dos chineses.” HAN ZHENG EMPRESÁRIO
mos e gerimos em Portugal, os bens alimentares e os artigos comerciais são adquiridos em Portugal e os nossos trabalhadores também são pessoas saudáveis residentes em Portugal”, pode ler-se. A mensagem diz ainda que vários membros da comunidade chinesa que regressaram recentemente da China têm cumprido um período de quarentena voluntária, além de terem adoptado outras medidas de protecção. “O nosso Governo e o novo povo estão a esforçar-se activamente por adoptar todo o tipo de providências para controlar a doença. Aos compatriotas que voltaram recentemente da China para Portugal, a comunidade chinesa também está a tomar a iniciativa de apelar e promover com empenho o isolamento profilático durante 14 dias.”
SEM DISCRIMINAÇÃO
Esta não é a única campanha de sensibilização a decorrer em Portugal, uma vez que há várias mensagens de apoio a circular nas redes sociais, sobretudo através da plataforma WeChat. Ao HM, o empresário Han Zheng explicou porque decidiu criar esta campanha. “Tomei esta decisão por se tratar de uma iniciativa urgente, após ter constatado que os negócios da comunidade chinesa em Portugal estão a ser gravemente prejudicados. Estou ciente de que Portugal é um país amigo e tolerante e compreendo perfeitamente a frequência reduzida dos portugueses aos estabelecimentos comerciais dos chineses.” Para Han Zheng, a campanha “Força China!” tem como objectivo o fim da discriminação que se tem verificado em relação à comunidade chinesa a residir em Portugal. “Esta epidemia, apesar de acontecer numa certa zona, é um problema
“Espero que toda a humanidade esteja unida para combater este surto. Ele deve ser encarado com justiça, tolerância e compreensão, nada de discriminação nem de preconceito.” HAN ZHENG EMPRESÁRIO
que toda a humanidade deve enfrentar. Mais tarde poderão ocorrer outras desgraças a acontecer com outros países ou outros povos. Espero que toda a humanidade esteja unida para combater este surto. Ele deve ser encarado com justiça, tolerância e compreensão, nada de discriminação nem preconceito.” O empresário, que tem uma filha já nascida em Portugal, diz que os portugueses começaram a ter medo dos chineses. “Os chineses que vivem em Portugal dedicam-se, na sua maioria, aos negócios. Agora, por causa do coronavírus, alguns portugueses começam a ter medo dos chineses. O coronavírus é terrível e até nós,
os próprios chineses, temos medo dele e, naturalmente, os portugueses também.” Han Zheng não tem dúvidas de que “o que podemos fazer, neste momento, é adoptarmos, activa e empenhadamente, todas as medidas anti-vírus sem deixarmos que o vírus ataque residentes em Portugal”. O empresário destaca ainda de forma positiva o papel que as autoridades portuguesas têm desempenhado neste processo. “Estamos gratos à carta de solidariedade que o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou ao nosso Presidente Xi Jinping. As autoridades portuguesas de saúde estão a promover medidas de prevenção e controlo do vírus, incluindo o
“Aconselhamos as pessoas que vieram há pouco tempo da China a não frequentarem os restaurantes, e isso leva logo a uma quebra dos clientes chineses.” Y PING CHOW PRESIDENTE DA LIGA DOS CHINESES EM PORTUGAL
Benfica Solidariedade em jogo frente ao Braga
O SL Benfica levou a cabo uma acção de solidariedade para com o povo chinês no encontro de sábado frente ao Sporting de Braga face ao surto do novo coronavírus. De acordo com o Jornal Económico, que ouviu uma fonte do clube, tratou-se de uma “acção de solidariedade para com o povo chinês motivada pelo coronavírus e também pelo facto de o Benfica ter neste momento na China vários parceiros, como por exemplo as escolas”. Nesta iniciativa participaram 44 crianças, das quais 22 de nacionalidade chinesa que entraram lado a lado com os jogadores de ambas as equipas, usando t-shirts com mensagens em mandarim. O embaixador da China em Portugal, Cai Run, assistiu ao jogo junto do presidente benfiquista Luís Filipe Vieira.
LUÍS BARRA
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segunda-feira 17.2.2020
OMS É “IMPOSSÍVEL” PREVER DIRECÇÃO DO VÍRUS
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controlo sanitário no aeroporto. Os chineses que viajam da China para Portugal estão a colaborar activamente para cumprir essas medidas”, adiantou ao HM.
“QUEBRA GENERALIZADA”
Y Ping Chow, presidente da Liga dos Chineses em Portugal, diz concordar com esta campanha de sensibilização. “Temos feito tudo através do WeChat porque temos
muitos grupos de trabalho que lançam estes apelos.” “A quebra [nos negócios] é generalizada e não está directamente ligada ao coronavírus, mas pode haver alguma influência. Há uma quebra, mas não gostaria muito de a ligar com o coronavírus. Nós próprios aconselhamos a comunidade a não fazer festas ou reuniões com grandes grupos em restaurantes chineses, para não gerar receios
nos frequentadores portugueses e estrangeiros.” Com ou sem culpa do Covid-19, a verdade é que na área da restauração tem havido uma quebra na ordem dos 30 por cento. “Aconselhamos as pessoas que vieram há pouco tempo da China a não frequentarem os restaurantes, e isso leva logo a uma quebra dos clientes chineses. Os restaurantes trabalham muito com os turistas,
e também se reflecte a quebra dos clientes que são turistas orientais.” Y Ping Chow não quer relacionar esta quebra de lucros nos restaurantes chineses apenas com a clientela portuguesa. "Não gostaria de dizer que os clientes portugueses são os principais porque também temos o apoio dos turistas. Não queremos dar essa má imagem dos clientes habituais portugueses.” Além das campanhas de sensibilização em prol da segurança dos negócios da comunidade, também têm sido angariados fundos para a compra de máscaras e outro material médico, dinheiro esse enviado para a China. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
Nota- O artigo contou com a ajuda na tradução da docente da Universidade de Aveiro Wang Suoying
director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse no sábado que é “impossível” prever a direcção do coronavírus e manifestou “preocupação” perante o “crescente número de casos” na China. Tedros Adhanom Ghebreyesus, que falava aos jornalistas à margem da 56.ª Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, referiu ainda que os especialistas da organização estão a trabalhar em “estreita colaboração” com a China e lamentou os “rumores e a desinformação” sobre a epidemia. “Na OMS estamos preocupados com a potencial crise que o coronavírus pode causar em países com sistemas de saúde mais fracos” do que a China, sublinhou. O representante sublinhou que a actuação das autoridades chinesas possibilitou algum tempo de vantagem para o resto do mundo combater a doença, mas ressalvou que não é possível prever “quanto tempo”. Assim, vincou, todos os países devem estar preparados para a chegada do coronavírus, designado Covid-19, de modo a “tratarem os doentes com dignidade e compaixão”, bem como para prevenir a transmissão da doença. Ghebreyesus expressou também preocupação face à “falta de urgência” detectada em relação ao financiamento para o controlo da disseminação da epidemia.
4 coronavírus
COVID-19 GOVERNO ANUNCIOU A RECUPERAÇÃO DE MÃE E FILHO INTERNADOS EM JANEIRO
Cinco casos de sucesso RÓMULO SANTOS
Com os resultados apresentados ontem, sobem para cinco os casos curados na RAEM de pacientes infectados pelo coronavírus de Wuhan. Até agora, todos os recuperados são da província de Hubei, uma vez que os três casos locais continuam internados
17.2.2020 segunda-feira
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número de infectados com o coronavírus e de recuperados no território subiu para cinco, após uma mãe, de 39 anos, e um filho, de 15 anos, terem tido alta. Nesta altura, permanecem cinco pessoas internadas devido ao vírus, entre as quais três residentes, e contabilizam-se cinco casos curados. Apesar dos resultados positivos, ontem na conferência de imprensa, Lo Iek Lon, médico do Centro Hospitalar Conde São Januário, avisou que a epidemia ainda está longe de ter chegado ao fim e pediu às pessoas para ficarem em casa o maior tempo possível.
CPSP Mais de 2 milhões de entradas e saída
Entre o dia 22 de Janeiro e 15 de Fevereiro, quando surgiu o alerta para a epidemia de Wuhan, mais de 2,08 milhões de pessoas entraram e saíram do território. Os números foram fornecidos ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e representa uma quebra de 81 por cento face ao mesmo período do ano passado. Entre este número a quebra de turistas é mais representativa, e alcançou a proporção de 90 por cento.
“O facto de não haver novos casos há 12 dias dá-nos grande satisfação. É o resultado das medidas do Governo e do esforço da população”, afirmou o médico. “Mas não podemos relaxar. As pessoas não devem ir jantar juntas e conviver porque há risco de contágio [...] Às vezes parece que se fala como se a epidemia tivesse chegado ao fim. Mas não chegou ao fim”, acrescentou. Em relação aos casos com alta ontem, ambos os pacientes estavam internados desde 25 de Janeiro, depois de terem chegado à RAEM no dia 21 do mesmo mês. A mãe foi a primeira a apresentar sintomas e acabou mesmo por ser internada, o que levou a que o filho também fosse, por ser uma pessoa de contacto próximo. Posteriormente, confirmou-se que ambos estavam infectados. O tratamento dos dois casos cifrou-se em 43.400 patacas e 22.300 patacas, para mãe e filho, respectivamente, e o pagamento ficou adiado uma vez que os afectados não tinham dinheiro suficiente para efectuar o mesmo. Além disso, pediram para ser isentos das quantias em causa, tal como já havia acontecido com outras duas vítimas. Até este momento, o hospital público apresentou uma despesa
conjunta a todas as vítimas de 176,7 mil patacas, das quais apenas uma mulher fez o pagamento, no caso de 52 mil patacas. Os não-residentes pagam as despesas do hospital a dobrar, pelo que o valor verdadeiro das despesas de todas as afectadas foi de cerca de 88,4 mil patacas, até ao momento.
QUARENTENA PARA CRUZEIROS
Além dos cinco casos recuperados, há outros cinco internados, entre os quais três residentes. Ontem, Lo Iek Lon afirmou que entre as pessoas internadas houve uma situação mais grave,
“O facto de não haver novos casos há 12 dias dá-nos grande satisfação. É o resultado das medidas do Governo e do esforço da população”, afirmou o médico. “Mas não podemos relaxar. As pessoas não devem ir jantar juntas e conviver porque há risco de contágio.”
que precisou de assistência para respirar, mas que mesmo assim as autoridade estão confiantes que todos vão ter alta. Já em relação aos residentes de Macau que se encontram em cruzeiros infectados como o Diamond Princess, no Japão, e o Westerdam, que está atracado no Camboja, estes terão de cumprir um isolamento de 14 dias assim que regressarem à RAEM. “Todos os residentes de Macau que estiverem nesses cruzeiros vão ter de cumprir um período de 14 dias de quarentena”, explicou Inês Chan, Chefe do Departamento de Licenciamento e Inspecção da Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Segundo os números do Executivo, neste momento há dois passageiros no Westerdam e cinco no Diamond Princess. A forma como vão regressar à RAEM ainda não é conhecida, mas será revelada posteriormente.
MAIS DE 14 MILHÕES DE MÁSCARAS
Outro dos assuntos abordados durante a conferência de imprensa diária sobre a epidemia, foi a situação da venda de máscaras. Segundo o números revelados por Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e
Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença: “Nesta terceira fase de venda de máscaras, que ainda está em curso, já vendemos cerca de quatro milhões de máscaras. No total vendemos 14,6 milhões de máscaras, desde o início da venda”, revelou. Por outro lado, há ainda máscaras em stock e mais deverão ser recebidas. Porém, o Executivo não sabe se serão suficientes para garantir uma quarta e quinta fases da venda. “Temos encomendas feitas, mas as máscaras ainda não chegaram. Do nosso lado a aquisição de máscaras nunca parou”, disse Leong. “Quanto a uma quarta ronda vamos ter em conta o desenvolvimento da situação, mas haverá uma comunicação atempada”, indicou. Mesmo se uma quarta fase não está garantida, para já o Executivo sublinha que as diferentes entidades podem impedir a entrada em espaços fechados, se as pessoas não estiverem a utilizar a máscara. “O responsável por uma entidade pode impedir a entrada das pessoas sem máscara em espaços fechados”, vincou. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
política 5
segunda-feira 17.2.2020
FICAR DE FORA
HOJE MACAU
As medidas anunciadas pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, passam pela isenção do pagamento de água e de electricidade durante três meses, pela concessão de vales de consumo no valor de três mil patacas para residentes e ainda a criação de uma linha de empréstimos destinada
COVID-19 DEPUTADOS CONSIDERAM INSUFICIENTES MEDIDAS DE APOIO À POPULAÇÃO
Hoje soube-me a pouco
José Pereira Coutinho, Agnes Lam e Sulu Sou defendem que as medidas de apoio anunciadas pelo Governo para fazer face à crise causada pelo novo coronavírus pecam por insuficientes, uma vez que não abrangem as rendas elevadas e não dão resposta a muitos dos problemas laborais ocorridos nos últimos tempos
VALORES IRRISÓRIOS O
utra das medidas anunciadas pelo Governo na quinta-feira passa pelo aumento da devolução da colecta do imposto profissional para 70 por cento, até ao limite de 20 mil patacas, procedendo-se ainda a um aumento da dedução fixa ao rendimento colectável para os 30 por cento. O economista Albano Martins fez as contas e diz que são irrisórios os valores a receber por quem trabalha por conta de outrem, à excepção dos “indivíduos que ganham 75 mil patacas por ano”, pois, na maioria dos casos, o montante “é muito reduzido, sendo, salvo erro, de duas mil e tal patacas por ano”. “As medidas tomadas são sempre de apoiar, mas para quem trabalha por conta de outrem não são nada de especial. O Governo deveria acabar com todos os impostos [pagos por trabalhadores e empresas], porque, em 2018, representaram no total 14 mil milhões de patacas, menos do que os 20 mil milhões do que vão gastar agora”, frisou Albano Martins. O economista acrescentou também que “há um grande desequilíbrio nos impostos e os trabalhadores por conta de outrem são, neste momento, os menos beneficiados com o actual sistema de impostos directos”.
RÓMULO SANTOS
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pacote de medidas anunciado pelo Governo na última semana, e que vai custar aos cofres públicos cerca de 20 mil milhões de patacas, peca por não dar resposta a vários problemas sociais e económicos gerados pela crise do novo coronavírus. Para três deputados ouvidos pelo HM, faltam medidas que consigam resolver o crónico problema das rendas elevadas, da falta de diversificação económica e dos problemas laborais que atingiram muitos trabalhadores nos últimos tempos. “Penso que estas medidas dão resposta às necessidades de muitas pessoas, mas ainda é preciso tempo para perceber a reacção da população. No entanto, estas medidas não incluem as rendas e os subsídios salariais”, frisou o deputado Sulu Sou. “Macau tem bases económicas que suportam estas medidas, mas persistem alguns problemas como os elevados preços do imobiliário, a existência de uma única indústria, uma única fonte de turistas e as dificuldades de sobrevivência das Pequenas e Médias Empresas (PME), que não são resolvidas com dinheiro. Estas medidas devem ser tidas em conta e melhoradas no futuro”, acrescentou o deputado do campo pró-democracia. Sulu Sou recordou as sugestões para lidar com esta crise, que passam por aumentar o limite máximo do empréstimo sem juros concedido pelo Governo ou criar um fundo de 10 mil milhões de yuan para subsidiar de forma directa as rendas e salários ao encargo das PME.
às PME, sem esquecer medidas de apoio social para minimizar o impacto da crise junto dos mais desfavorecidos. A deputada Agnes Lam lembra que estes apoios não chegam aos trabalhadores em regime freelan-
ce, além de que, para as PME, “o Governo deveria fazer algo mais”, uma vez que “os problemas das rendas e de liquidez deveriam ser tidos em conta”. José Pereira Coutinho, por sua vez, destaca o facto de estas medidas
A deputada Agnes Lam lembra que estes apoios não chegam aos trabalhadores em regime freelance, além de que, para as PME, “o Governo deveria fazer algo mais”, uma vez que “os problemas das rendas e de liquidez deveriam ser tidos em conta”
Finanças Wong Kit Cheng elogia pacote de ajudas
A deputada Wong Kit Cheng elogiou as medidas financeiras de 20 mil milhões de patacas do Governo que têm como objectivo ajudar a população e as empresas do território. Segundo a legisladora da Associação Geral das Mulheres, as medidas abarcam todos os sectores da sociedade e permitem algum alívio nas despesas das famílias, numa fase em que todos atravessam dificuldades. A deputada elogiou ainda o Executivo por não ter tido medo de lançar medidas de segurança da população com um impacto muito negativo para a economia, mas ao mesmo tempo estar já a pensar no pós crise-epidémica e na necessidade de garantir a estabilidade do território. “Desta vez o Governo da RAEM está a julgar as situações nos tempos adequados e está a ser pró-activo nas respostas aos problemas”, sublinhou Wong, em comunicado.
“serem insuficientes para proteger muitos postos de trabalho”. “Esta crise pôs a nu as fragilidades dos contratos de trabalho assinados com base numa lei laboral que permite todo o tipo de abusos.” Além disso, “estas medidas provisórias não têm um alcance abrangente da sociedade, porque existem muitas organizações locais que prestam serviços gratuitos ou voluntários que têm empregados que não estão contemplados neste pacote de medidas”, afirmou. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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ANÚNCIO
Faz-se saber que, a Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) vai retomar o seu funcionamento e a prestação apenas de serviços básicos ao exterior a partir de 17 de Fevereiro de 2020, podendo o público efectuar uma marcação prévia através da página electrónica do acesso comum aos serviços públicos da RAEM ou por via telefónica no sentido de pretender obter os respectivos serviços: Marcação prévia para os serviços prestados no Edifício “Finanças”:28336886 Marcação prévia para os serviços prestados na Repartiçãodas Execuções Fiscais: 85995181 Horário de funcionamento do Edifício e da Repartição no período acima referido: Das 09:00 às 13:00 e das 14:30 às 17:45 de segunda a quinta feiras. Das 09:00 às 13:00 e das 14:30 às 17:30 de sexta-feira. Horário de funcionamento da Recebedoria: Das 09:00 às 13:00 e das 14:30 às 17:00 de segunda a quinta feiras. Das 09:00 às 13:00 e das 14:30 às 16:45 de sexta-feira. O Director, Iong Kong Leong
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17.2.2020 segunda-feira
Entradas Lam Lon Wai quer médicos com acesso a informação O deputado Lam Lon Wai defende a criação de um sistema que permita aos médicos saberem se um paciente esteve no Interior da China nos últimos 30 dias, caso o doente apresente sintomas ligados ao novo coronavírus, como febre ou tosse. O membro da Federação das Associações dos Operários (FAOM) e director da Associação Choi In Tong Sam considera que a base de dados disponível para os médicos poderia ter uma ligação aos dados dos Serviços
de Migração, tal como acontece em Hong Kong, para que este tipo de informação estivesse sempre disponível para os profissionais de saúde. Segundo Lam, o Executivo precisa de pensar no conceito de “cidade inteligente” e aproveitar as novas tecnologias para facilitar o diagnóstico. O acesso à informação sobre as entradas e saídas do território dos pacientes seria feito através da introdução do número de Bilhete de Identidade de Residente.
Autocarros Ng Kuok Cheong quer explicações sobre contratos O deputado à Assembleia Legislativa, Ng Kuok Cheong enviou uma interpelação escrita ao Governo onde pede esclarecimentos acerca da renovação dos contratos a curto prazo dos autocarros entre o Governo da RAEM e as duas empresas de transportes públicos. Recorde-se que os contratos resultaram da prorrogação dos acordos já existentes por apenas 14 meses, após o seu término a 31 de Outubro de 2019. Assim, tendo em vista a melhoria do serviço,
o deputado pede ao novo Executivo que se prepare para ouvir a população logo que a crise provocada pelo surto do novo coronavírus esteja atenuada. Na interpelação escrita enviada, Ng Kuok Cheong pergunta ainda se o novo Governo já tem planos específicos para lidar com a renovação dos contratos, de forma a melhorá-los, e se para esse efeito irá também recolher opiniões junto de condutores e funcionários das empresas de autocarros.
Os deputados apelaram ao Governo que comece um estudo de viabilidade sobre as formações pagas e que identifique as principais áreas que precisam de mão-de-obra
O
S deputados da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Ella Lei e Leong Sun Iok, defenderam a criação de mais subsídios para a requalificação dos trabalhadores locais. Este foi um dos principais pontos discutidos numa reunião entre os representantes dos Operários e a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais. Segundo o comunicado da FAOM, face ao novo coronavírus, baptizado Covid-19, muitos trabalhadores locais estão a ser afectados directamente devido ao encerramento temporário dos locais onde trabalham, que faz com que os seus rendimentos sejam penalizados, por terem de gozar licenças sem vencimento, ou mesmo por casos de despedimento. De acordo com os deputados, as indústrias mais afectadas até agora são a construção, o sector do turismo, centros e lojas de beleza, restauração, hotelaria e ainda os transportes.
EMPREGO OPERÁRIOS DEFENDEM SUBSÍDIOS PARA FORMAÇÃO
Muda de vida
Ella Lei e Leong Sun Iok estiveram reunidos com representantes da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais para discutir a criação de mais subsídios para a formação dos trabalhadores despedidos devido à epidemia do novo coronavírus Face à redução dos empregos, Leong Sun Ion e Ella Lei discutiram com a DSAL as dificuldades que muitos destes trabalhadores têm em trocar de emprego para áreas diferentes, devido a não possuírem as qualificações necessárias. Por isso, os legisladores estiveram a discutir a criação de mais subsídios para que as pessoas que
se vejam desempregadas possam ser pagas para receberem formação numa área nova, com outra saída profissional. Os deputados apelaram ao Governo que comece um estudo de viabilidade sobre a medida e que identifique as principais áreas que precisam de mão-de-obra, para que a requalificação seja feita a
pensar nas principais carências do mercado de trabalho.
OFERTAS DE EMPREGO
No mesmo encontro, que apenas foi divulgado ontem, apesar de ter decorrido na semana passada, os representantes dos Operários terão ainda questionado o Executivo sobre o impacto do novo corona-
vírus para o sistema de oferta de empregos da DSAL. Na resposta a esta questão, a comitiva liderada por Wong Chi Hong, director da DSAL, terá reconhecido que houve empresas que tiraram os anúncios, uma vez que as operações estão suspensas. No entanto, o sistema vai ser actualizado tão depressa quanto possível com o regresso ao funcionamento normal do Governo. Por outro lado, Wong garantiu aos deputados partilhar das mesmas preocupações ao nível dos eventuais desempregados e afirmou que as áreas que vão merecer uma maior aposta para a formação são a construção, restauração e hotelaria. Em relação às pessoas que procuram emprego, a DSAL explicou aos deputados que é possível fazer um registo online na página electrónica, que mostra igualmente as ofertas disponíveis. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
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segunda-feira 17.2.2020
É
o primeiro passo para um regresso tímido a alguma normalidade. Os serviços públicos de Macau reabrem hoje (ver coluna) com o objectivo de responder a algumas necessidades da população, depois de terem estado encerrados durante duas semanas, devido ao surto do novo tipo de coronavírus, baptizado de Covid- 19. Contudo, no anúncio feito na passada sexta-feira pelos Serviços da Administração e Função Pública (SAFP), o Governo assegurou que apenas serão prestados serviços mínimos e básicos, sendo que o regresso ao trabalho da função pública vai ser alvo de muitas restrições para reduzir o risco de contágio do novo tipo de coronavírus. Além do uso de máscara e de serem sujeitos a monitorização da temperatura corporal, vai ser exigido a quem recorrer aos serviços públicos, uma declaração de saúde electrónica que comprove que a pessoa não tem febre ou tosse. Caso contrário, as pessoas serão barradas à entrada. A declaração não é um atestado médico, mas o mesmo documento que tem sido utilizado nos postos fronteiriços para entrar em Macau, sendo voluntário e passível de ser preenchido online através de um portal denominado “Sistema electrónico para Declaração de Saúde”. A declaração pode ser preenchida e apresentada no telemóvel, tendo apenas de ser feita no próprio dia pelo visitante. Através de um comunicado oficial, o Governo alerta ainda que, apesar do regresso ao trabalho, “os serviços públicos irão reduzir (…) o número de balcões de atendimento e de pessoal”, apelando ao máximo para que os interessados contactem previamente os serviços, efectuem marcações prévias ou que evitem para já estes locais, se tal for possível. “As deslocações, durante este período, aos serviços públicos para tratamento de formalidades não urgentes ou desnecessárias devem ser evitadas”, pode ler-se na nota oficial. Sobre o número de trabalhadores da Administração Pública que reiniciam hoje funções, o director dos SAFP, Kou Peng Kuan, não adiantou, segundo informações da TDM Rádio Macau, qualquer estimativa, tendo partilhado apenas que a decisão deve ser tomada de acordo com as necessidades de cada departamento. Quando questionado se os funcionários públicos que vivem em Zhuhai também regressariam hoje ao trabalho, o responsável não negou essa eventualidade, afirmando, no entanto, que “não é aconselhável estarem na linha da frente”. “Vamos tentar evitar a prestação
FUNÇÃO PÚBLICA SERVIÇOS REABREM GRADUALMENTE A PARTIR DE HOJE
Regresso à vida
Pode muito bem ser o primeiro sinal de regresso à normalidade em Macau. A partir de hoje, os serviços públicos voltam a abrir portas em regime de serviços mínimos e com medidas de controlo reforçadas. Quem quiser entrar terá de usar máscara e apresentar uma declaração de saúde
SETE SERVIÇOS A REABRIR Ao todo são sete os serviços públicos que irão prestar serviços essenciais a partir de hoje. Assim, no seguimento do anúncio feito pelo Governo é aconselhável que aqueles que tiverem de tratar de assuntos essenciais ou urgentes optem por efectuar marcações prévias através do telefone ou online: • Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) • Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) • Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) • Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) • Fundo de Pensões (FP) • Imprensa Oficial (IO) • Centro de Formação Jurídica e Judiciária
Comunicado dos SAFP “Além do uso de máscara e de serem sujeitos a monitorização da temperatura corporal, vai ser exigido a quem recorrer aos serviços públicos, uma declaração de saúde electrónica que comprove que a pessoa não tem febre ou tosse”
SETE MIL JÁ ASSINARAM
C
erca de 7 mil residentes já assinaram entre as 09h00 e as 15h00 de ontem a declaração de saúde que permite a entradas nos serviços públicos, que voltam a reabrir esta manhã. Sem assinarem este documento de forma electrónica, as pessoas podem ser barradas à entrada. “A reacção das pessoas à medida é muita positiva. É uma declaração para todos os cidadãos e
que até pode ser implementada para os hotéis e outros espaços”, afirmou ontem Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. Em relação ao facto de os funcionários dos serviços públicos terem de assinar a declaração, Leong afastou esse cenário e atirou a decisão para os directores e superiores de cada serviço.
dos serviços desses trabalhadores que vivem em Zhuhai, para poder reduzir o risco de contacto com o público e outros trabalhadores”, disse o responsável de acordo com a mesma fonte.
CASINOS NA MIRA
A medida que obriga o público a preencher uma declaração de saúde deverá ser estendida ao sector privado, pelo menos foi isso que
defendeu na passada sexta-feira, Leong Iek Hou, do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças. De acordo com a mesma fonte, o responsável afirmou que os Serviços de Saúde (SS) já se encontram a desenvolver uma aplicação “que também pode vir a ser utilizada por empresas”. Leong Iek Hou sugeriu mesmo que a medida seja aplicada a bancos, espaços nocturnos e casinos, quando estes reabrirem. Recorde-se que a abertura gradual dos serviços públicos acontece na mesma semana em que terminam os 15 dias decretados pelo Chefe do Executivo para o encerramento dos casinos. “Para os casinos sugerimos uma redução do número de trabalhadores em 50 por cento para evitar a concentração de pessoas”, afirmou Leong Iek Hou, de acordo com informações da TDM Rádio Macau. Sobre a possível reabertura dos casinos terminado o prazo de encerramento decretado pelo Governo, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong referiu na passada quinta-feira que a decisão ainda não está tomada. “A suspensão terminará no dia 19 de Fevereiro, mas será prolongada ou não dependendo da decisão administrativa e também da avaliação do risco. Só se avaliarmos a situação como segura é que vamos abrir os estabelecimentos. Temos estado em comunicação estreita com as concessionárias e respectivas entidades.” Pedro Arede com Lusa info@hojemacau.com.mo
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69267 Infectados
11272 Em estado
Covi novel cor
8228
crítico
Casos suspeitos
FONTES: • https://gisanddata.maps.arcgis.com/ apps/opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/ emergencies/diseases/novelcoronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019ncov/index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/ geographical-distribution-2019-ncovcases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/ new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/ pneumonia
OUTROS
INFECTADOS POR PAÍS / REGIÃO 68508 72 57 43 33 29 22 20 16 16 15 15 12 10
Interior da China Singapura Hong Kong Japão Tailândia Coreia do Sul Malásia Taiwan Alemanha Vietname Austrália EUA França Macau
9
Reino Unido
8 7 3 3 3 2 2 1 1 1 1 1 1 1
Emiratos Árabes Unidos Canadá Itália Filipinas Índia Rússia Espanha Nepal Cambodja Bélgica Egipto Finlândia Sri Lanka Suécia
355 Cruzeiro Dream Princess
países com casos de nCov países sem casos de nCov
Infectados
7
MACAU
Infectados
3 Curados
Macau
57 HONG KONG
Infectados
1
HONG KONG
1
Curado
Hong Kong
Morto
coronavírus 9
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Curados
Mortos
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Dados actualizados até à hora do fecho da edição
Covid-19 vs SARS
CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO
68,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0
20
dias
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dias
60
dias
Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto
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dias
100
dias
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dias
REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Jiangsu Chongqing Shandong Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi
INFECTADOS 56249 1316 1231 1167 1004 962 925 617 547 537 481 445 380 328 300 287 237
MORTOS 1596 2 13 0 3 6 1 0 5 2 3 11 4 1 3 0 2
REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Ningxia Mongólia Interior Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete
INFECTADOS 236 171 162 144 128 124 121 90 89 71 70 70 57 20 18 8 1
MORTOS 1 0 4 1 0 3 1 2 1 1 0 0 1 0 0 0 0
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17.2.2020 segunda-feira
REUTERS
haver uma pequena queda e uma recuperação muito rápida”, reiterou ontem, lembrando que o peso da China na economia mundial aumentou, desde então, “de 8 por cento para 19 por cento hoje”. Quanto ao crescimento do país, já estava a abrandar naturalmente, disse Georgieva, sublinhando, no entanto, que “o abrandamento das tensões comerciais” entre Washington e Pequim, com a assinatura em Janeiro de um acordo comercial preliminar, tinha permitido ao FMI prever uma melhoria na sua projeção de crescimento para este ano.
RECUPERAÇÃO ANUNCIADA
A
directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) admitiu ontem que a previsão de 3,3 por cento para o crescimento da economia mundial possa descer 0,1 ou 0,2 pontos percentuais devido à propagação do coronavírus. “Por enquanto, a nossa previsão é de 3,3 por cento e pode haver uma redução de 0,1 ou 0,2 pontos percentuais”, disse Kristalina Georgieva durante uma intervenção no Fórum Global das Mulheres, que decorre no Dubai. “Este é um caso especial e peço a todos que não tirem conclusões precipitadas”, acrescentou a responsável, notando que “há muita incerteza e estes são cenários, não são projecções” do FMI. Para Kristalina Georgieva, ainda é “muito cedo”
COVID-19 FMI ADMITE QUE CRESCIMENTO MUNDIAL DESÇA PARA 3,1%
Economia infectada para se conseguir estimar com alguma precisão o impacto da propagação do coronavírus Covid-19, mas deverá ter consequências
mais profundas nos sectores do turismo e do transporte. “Não conhecemos a natureza exacta deste vírus, não sabemos a que veloci-
dade a China será capaz de contê-lo e se ele se espalhará mais pelo mundo, o que sabemos é que afectará as cadeias de valor globais”,
Comércio Primeira fase do acordo EUA / China entra em vigor A primeira fase do acordo comercial sino-norte-americano entrou sexta-feira em vigor, apesar de a epidemia do novo coronavírus criar dúvidas sobre a capacidade de Pequim cumprir o compromisso de aumentar as compras aos EUA. O acordo foi alcançado em Janeiro, o que representou o início de uma trégua entre os dois Estados ao fim de 18 meses de disputa comercial. Esta fase, que entrou em vigor na madrugada de sexta-feira, implicou a
redução das tarifas alfandegárias aplicadas pelos EUA a um grupo de importações provenientes da China, entre 15% a 7,5%, cujo valor ronda os 120 mil milhões de dólares, mas mantém a taxa de 25% aplicada a outras importações, com um valor próximo de 250 mil milhões de dólares. Por seu lado, a China reduz para metade as tarifas aplicadas a importações vindas dos EUA, com um valor de 75 mil milhões de dólares.
acrescentou a directora-geral do FMI. Na quarta-feira, Georgieva já tinha dito à estação televisiva CNBC que o cenário mais provável passava por uma forte queda da actividade económica na China, seguida de uma rápida recuperação, tal como aconteceu durante a crise do SARS (vírus da síndrome respiratória aguda grave, responsável pela doença conhecida como gripe das aves), que matou quase 300 pessoas em 2002 e 2003. Se a China conseguir conter a epidemia, “poderá
O FMI tinha revelado as suas mais recentes previsões para a economia mundial em 20 de Janeiro, esperando uma recuperação de 3,3 por cento, acima dos 2,9 por cento registados em 2019, devido, em particular, a uma pausa na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, mas o relatório ressalvava que a recuperação era ainda frágil e que a incerteza poderia abrandar a recuperação. O Fórum Global da Mulher decorreu no Dubai com a participação de muitas personalidades, incluindo Ivanka Trump, filha e conselheira do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, e a ex-primeira-ministra britânica Theresa May. O número de mortes na China causadas pelo coronavírus subiu para 1.670 depois de a Comissão Nacional de Saúde daquele país ter anunciado ontem mais 146 casos fatais nas últimas 24 horas.
Região
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ÁRIAS nações e regiões decidiram neste fim de semana retirar os seus cidadãos do navio de cruzeiro Diamond Princess, que está em quarentena devido ao coronavírus (Covid-19), atracado próximo a Yokohama, no Japão. Ontem, as autoridades locais informaram que são 355 os casos de contágio pelo coronavírus neste navio, mais 70 em relação a sábado, dia em que 67 novos casos já haviam sido confirmados.
Abandonar o navio
Vários países decidem retirar cidadãos do Diamond Princess
Hong Kong anunciou ontem que vai fretar um avião para fazer regressar 350 residentes daquela região administrativa especial chinesa que se encontram sob quarentena no navio de cruzeiro. Segundo a informação disponibilizada pelo operador do navio, encontram-se 350 residentes de Hong Kong a bordo: 260 com
passaporte daquela região administrativa e 70 com passaporte estrangeiro. Cerca de 380 norte-americanos que se encontram no navio deverão também ser repatriados, segundo a embaixada dos Estados Unidos da América no Japão. As autoridades canadianas avançaram com uma iniciativa semelhante “devido às circunstâncias
extraordinárias enfrentadas pelos passageiros da Diamond Princess e para aliviar a carga sobre o sistema de saúde japonês”, conforme referido num comunicado oficial. Aproximadamente 250 canadianos embarcaram neste cruzeiro. Os ‘media’ australianos informaram que Canberra também está a considerar a
opção de retirada dos seus cidadãos nacionais. As primeiras partidas de aviões especialmente fretados para a retirada de passageiros deverão ocorrer entre a noite de ontem e a madrugada desta segunda-feira.
POR CONFIRMAR
Nem todas as 3.711 pessoas a bordo do navio foram já submetidas aos exames que permitiriam estabelecer a sua possível contaminação. “Até agora, testámos 1.219 pessoas”, disse o ministro da Saúde do Ja-
pão, Katsunobu Kato, na televisão pública japonesa NHK, acrescentando que várias dezenas de pessoas entre os 355 contaminados não apresentavam sintomas da doença. Os casos confirmados são desembarcados e transferidos para hospitais japoneses especialmente equipados. Aquarentena de passageiros da Diamond Princess está programada para terminar em 19 de Fevereiro, mas desenvolvimentos recentes podem afectar este calendário.
segunda-feira 17.2.2020
Deixem-nos o planeta descarnado e áspero
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Cartografias Anabela Canas
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ENSAR como as palavras são difíceis e no mesmo mecanismo reflexo ocultar as difíceis, de dizer. Simples e límpido. Na infância, palavras difíceis, eram as desconhecidas a ver no dicionário. Mas não por serem duras ou por magoarem. Mudou quando crescemos. Agora, difíceis são as que custamos a dizer para fora desse limbo em que nos assolam de dentro. A construir ou a corroer. Ou as que abrem caminho na carne, sem anestesia, vindas de terra estranha. O que procuro nas palavras que se acercam quando escrevo, senão pacificar o desconhecido, o conhecido, é talvez difícil de decifrar. Um mapa. Surpreender um novo ângulo que o simples pensar não teria abarcado. As palavras são exigentes. Não se resignam com imprecisões. Perguntam na sua afirmação se estão no lugar certo do sentir do pensar. Mas num grau de exigência tocado de humildade. Elas pedem licença para ficar e dispõem-se a deixar lugar vago a outras, se vieram inconvenientemente. Se nos entenderam mal. São educadas. De bom feitio. E no entanto capazes de cortar a respiração de tão incisivas quando tocam a pele. A alma. Pergunto sempre, nesse caso, de que lado sem piedade saíram de mim. Quando as deixo aflorar o ecrã luminoso. Não posso deixar que me façam mal. As minhas, pelo menos. Hoje as palavras difíceis são as difíceis de escrever. As difíceis de pensar a dimensionar um julgamento sumário em si, e sobre quem, simplesmente pensadas, nos tornam. Às vezes correr no dia e nas coisas feitas e a fazer somente para chegar à noite. Entrar, descansar nela, essa interna terra de ninguém. Intervalo na voragem até mesmo quando demasiado lenta, amadurecida e penosa, dos dias. Penso que desperdício correr. Penso que desperdício tanto do que faço e tanto do que haveria a fazer. Penso. Que desperdício tão grande viver a pensar em vez de pensar a viver. E outras contas coloridas. Que faço aqui? Que caminho é este? Quando se sabe de antemão onde se vai terminar mas não como, e quando. Em pleno ou com a consciência pela metade. Serenamente ou em agonia. Comigo, com quem? A sós. Quase de certeza. Palavras a apagar. Coisas que não se devem dizer. Aprender a escrever silêncios. A viver palavras melhores - como? Mudá-las de lugar na casa do dicionário. Significados a dois, sinónimos a dois. Sentidos em grupo. Famílias de palavras com quem jantar à semana. Umas, que acariciem as outras.
ANABELA CANAS
Dicionário das palavras difíceis
Há coisas difíceis de fazer. Mas há coisas ainda mais difíceis. Não há maneira mais infalível de fazer as primeiras, do que temer as segundas, adiar, fugir até ao limite do possível e nesse momento fazer uma série infinita de coisas fáceis e, para adiar mais um pouco as mais difíceis de todas, fazer as simplesmente difíceis. Tornadas, por magia da comparação, fáceis, afinal. Com a secreta satisfação de ver o que foi feito afinal. Mesmo por razões transversais. Mergulhar no covil de um monstro que se torna vizinho e cúmplice. Nunca se enfrenta serenamente um medo, senão em fuga de outra esquina atemorizante. Com as palavras, o mesmo. A escrita não é uma actividade voluntária. Não acontece quando quero, pelo contrário acontece quando não quero, quando não posso. Percorrer estes ténues limites da vontade é como equacionar a fila da confissão. Fujo do que me persegue mergulhando nisso. Não quero escrever isto que me assola. Na verdade é um soluço ou um vómito súbito. Uma
certa e secreta escrita. Depois, num miradouro sobre este espaço nu. E vamos a ver, e já somos nós. De lápis na mão, emprestado, azul. Aquele Atlas, de países fora de moda. Sempre gostei de mapas de percorrer e sonhar. E tenho o oráculo. De Borges. Aquele livrinho de folhas finas e azuis em que nunca leio mais do que uma palavra, apontada cegamente. E quando aponto uma página vazia, penso: o presente não fala comigo, de momento e o futuro indisponível. Sempre fez sentido assim. Como em qualquer leitura profética, projctamos o que desejamos ler. Assim, uma única palavra, sem os labirintos que a atiram para bifurcações naturais a qualquer linguagem. Explicando, confundindo. Mas entre os livros de mapas, gosto particularmente do dicionário. Essencial à leitura daqueles. De que servem os mapas sem palavras de ir, vir, gostar, sonhar, querer. De um nunca. Um de novo. Em cada entrada o mergulho a pique. As dicotiledóneas ou as diatomáceas, tão perto
De que nos servem tantas terras desconhecidas, a que ambição desmesurada abrem território, penso. Há um mapa pessoal a desenhar. Uma soma de caminhos, um sistema vascular
da dicotomia da disposição. A secura lisa da apresentação. A poética revelação das palavras bonitas, das comuns, surpreendentemente versáteis. As estranhas paisagens de desconhecido de umas e do reconhecido noutras. E pensar que todos os livros e todas as conversas, de uma miríade de vidas cabem ali. Desarrumadas como quem acabou de se levantar de uma noite. Dissimuladas, na sua ordem alfabética. Duas páginas em frente. Virar esquinas do grosso volume. Pejado de vida, mistério, sons abafados pela estridência de outros. Um mundo. Que sempre espreito com fascínio e terror. Quantas palavras por estrear…Um parque florestal pejado de seres vivos até à mais recôndita camada. Um dia de arrumações, reorganizar o dicionário. Arrancar as páginas cuidadosamente sem estragar a encadernação. Como cartas de Tarot dispostas sobre a mesa. Consultar o insólito e novo agrupar de impressões em soluções para a vida. Respostas em jeito de amigas que não nos conhecem e quase acertam de tão longe. E com tanto ou tão pouco sentido, quanto a coerência se revelou incapaz de definir. Como uma outra poética, sem espartilho. Recortar e colar tudo de outro modo. Reorganizar sentidos. Palavras gastas com outras mais jovens. Talvez. Umas que não se conheçam, para ver. Deitar fora as que têm demasiado uso e me cansam. Já. Tempo, matéria, mental, ilusão. Que aluada sou neste perscrutar escuridão. Quando a hora é de quem dorme cedo ou tem compromissos para a noite e aqui, do lado de fora se gera a quietude que teima em não entrar. Olho sempre pela janela porque dela vem a noite e em mim ainda oscila este fundo interior. A querer sair e acalmar. Há que sair deste fundo de mim. Unir com uma linha fina de lápis F, delicado, nas folhas do pesado livro, a palavra estranha da entrada x da página da esquerda, à palavra comum da entrada y da página da direita, num casamento desigual e ir daí por diante no universo que se esboça. A pensar, exultante na perplexidade, que tudo está em tudo, escrito ali. Somente a precisar de arrumação. Como um destino. Que se quer ler nas estrelas. Mas é de escrever. Ou um Atlas. De que nos servem tantas terras desconhecidas, a que ambição desmesurada abrem território, penso. Há um mapa pessoal a desenhar. Uma soma de caminhos, um sistema vascular. Como um corpo e o único amado.
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Os palácios e a memória de Yuan Jiang
Paulo Maia e Carmo texto e ilustração
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AO Yuanming (365?-427) que escreveu a utopia de um rio sem regresso e a meio da vida mudou o seu nome para Tao Qian, «o escondido», é considerado a fonte de uma especiosa corrente de poesia designada de «campos e jardins» (tianyuan shi), ela mesma um ramo da poesia de «montanhas e rios». Um tipo de poesia que não apenas partilha o nome com um género de pintura mas que se pode dizer que partilham a mesma origem, o mesmo espanto humano diante do infindável dinamismo das transformações da natureza. Neles se encontram alusões a jardins, a campos trabalhados pela mão humana, metáforas do desejo de perceber e participar dessa infinita mutação. Tao Qian fá-lo claramente na sua «Nascente das flores de pessegueiro». Pintores figuraram outras tantas evocações, foi o caso do pintor de Yangzhou, Yuan Jiang (1670?-1755?). Na sua pintura conhecida como «O monte Li escapando do calor», um rolo vertical em cores sobre seda (216,7 x 42 cm) que se encontra no Museu da Capital, em Pequim, ele refere-se a um lugar a nordeste da capital dos Tang, Changan, de grandes memórias culturais, que o tipo de pintura que utiliza as sedutoras cores verde e azul (qinglu) também evoca. Entre montanhas com formas de rochas de jardim, está minuciosamente representado um palácio. Era o tipo de valor cultural desejado pelas elites da próspera Yangzhou para quem Yuan Jiang fazia as suas pinturas. Mas mais do que a
beleza do seu aspecto, era o próprio processo de fazer que garantiria o seu valor aos olhos de conhecedores. Shitao escreveria sobre o modo de exprimir plasticamente uma montanha: «É necessário possuir a montanha para a criar, mas é preciso possuir as «rugas» (cun, a forma como se aplica o traço do pincel) para poder exprimir plasticamente essa criação.» (Huayulu, capítulo IX, O método das rugas) As linhas dos contornos das pinturas de Yuan Jiang que encerravam preciosas cores, evocavam reconhecidos protótipos em voga na dinastia Tang. Nos doze painéis da pintura «O palácio das nove perfeições» de 1691, rolos verticais de tinta e cor sobre seda (207 x 563,2 cm) que se encontram no Metmuseum de Nova Iorque, numa paisagem fantástica um mítico e extenso palácio do século sétimo destruído no fim da dinastia Tang, mas com um aspecto arquitectural contemporâneo. Envolto numa natureza luxuriante como um paraíso daoísta, possuía ainda uma discreta alusão. Dois anos antes de a pintura ser feita, o próprio imperador Kangxi, representado anacronicamente num dos painéis acompanhado do seu cortejo, fizera uma visita a Yangzhou, reconhecendo assim a importância da cidade situada perto do delta do grande rio Changjiang. O pintor com nome de rio mostrava assim como, não esquecendo o lugar aonde o rio nos levou, poderemos sempre ao evocar um sonho paradisíaco, transformar e tornar visíveis estranhas figuras da imaginação.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
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Os pagodes de Macau em 1867 José Simões Morais
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M 1867 reina na China o oitavo Imperador Qing, Tong Zhi (Mu Zong, 1862-1875), enquanto, desde 1861 em Portugal o Rei D. Luís (1838-1889), o Popular. O Governador da Índia é pela segunda vez José Ferreira Pestana (1864-70), cargo que exercera já entre 1844 e 1851, quando a 20 de Setembro de 1844 retirara Macau da subordinação a Goa, mas pela Reforma Ultramarina de 1863 voltara a cidade a ficar integrada no Estado da Índia. “Em Macau, com a ligação a Goa, o peso da máquina burocrática aumentou, cavando-se um fosso cada vez mais evidente, perante a descentralizada prática e alada prosperidade de Hong Kong”, segundo Beatriz Basto da Silva. Em 1864 a cidade começara a modernizar-se com a sua iluminação, sendo dados nomes às ruas e números às casas, havendo já uma regulamentação urbanística com o cadastro de todas as ruas divididas pelas zonas da cidade, freguesias da Sé, S. Lourenço e Sto. António e o Bazar, assim como das povoações da península fora da muralha da cidade. As muralhas estão a ser desmanteladas para permitir rasgar novas ruas e colocar canos de esgoto. O Governador de Macau é desde 26 de Outubro de 1866 José Maria da Ponte e Horta (1866-1868).
OS TEMPLOS
Macau em 1867 tem doze pagodes, encontrando-se três no Bazar, dois em Patane, seis em Mongh’a e um na povoação da Barra, o Templo de A-Má (a deusa Neang Ma) construído em 1488 e onde habitam dez bonzos, dos 26 que vivem em Macau. Quatro desses 26 bonzos acham-se suspensos do exercício de seu culto, residindo um no Bazar e os outros três nas hortas de Patane. Para os doze pagodes existem 40 empregados e na cidade há 39 benzedeiros. Na área do Bazar, dos três pagodes um é “Weng Neng Fong”, local de reuniões dos mercadores chineses que formam a Sociedade Weng Neng (Weng Neng Se) e conhecido por Sam Kai Vui Kun. Sam Kai significa Três Ruas referentes à Rua dos Mercadores, Rua das Estalagens e Rua dos Ervanários e fora construído entre 1665 e 1671, antes da proibição do comércio marítimo que em 1684 foi removida. Até 1792 era também o local onde os mandarins de Heungshan se reuniam, quando estes passaram para o templo Lin Fong, continuando a ser o local de reuniões dos comerciantes chineses. Em 1913, após o estabelecimento da Câmara do Comércio
de Macau, o templo perderá as funções originais e tornar-se-á o Templo de Kuan Tai, dedicado ao Deus da Guerra e da Saúde, achando-se na actual Rua Sul do Mercado de S. Domingos. O segundo pagode do Bazar é o Templo de Lin Kai, na actual Travessa da Corda, construído por volta de 1740 atrás do riacho de Lotus, que nasce próximo do actual Jardim da Flora, na parte Leste do Monte da Guia e corre pelas actuais Rua da Barca e Rua de João de Araújo até ao Porto Interior. Por volta de 1830 foi reconstruído, mas o tufão de 22 de Setembro de 1874 causar-lhe-á muitos estragos e por isso será reconstruído e ampliado. Já o terceiro pagode do Bazar é o Templo de Hong Kun construído antes de 1860 e localiza-se na actual Rua 5 de Outubro, no Largo do Bazar. Os dois pagodes de Patane são, o Fok Tak Chi construído em 1836 na actual Rua do Patane n.º 34, que será reconstruído em 1895. Serve como sala de convívio e de reuniões aos residentes da
zona, funcionando também como escola. O segundo é o Tou Tei Miu, no Largo do Pagode do Patane, entre a Rua da Palmeira e a Rua da Pedra, construído pelos seus residentes no reinado do Imperador Qianlong (1736-1796), mas essa data crê-se ser referente apenas ao actual edifício. Em Mongh’a existe o Templo Cihu (vulgarmente chamado Pagode Novo), situado na parte Norte da Colina de Mong Há, que em 1722 passara a ter esse nome após o anterior aí existente, o Tin Fei miu, construído entre 1573 e 1619 na dinastia Ming, ter sido ampliado com novas extensões. É o lugar onde se hospedam os oficiais mandarins quando vêm a Macau e a 3 de Setembro de 1839 o comissário imperial da dinastia Qing Lin Zexu, na sua visita de inspecção a Macau, aí teve um encontro com os governantes portugueses da cidade. Nele em 1867 vivem seis bonzos. O nome de Templo Lin Fong será dado no reinado do Imperador Guangxu (1875-1908).
Macau em 1867 tem doze pagodes, encontrando-se três no Bazar, dois em Patane, seis em Mongh’a e um na povoação da Barra, o Templo de A-Má (a deusa Neang Ma) construído em 1488 e onde habitam dez bonzos, dos 26 que vivem em Macau
Já na Rua dos Pescadores existia num pequeno promontório um altar à deusa A-Má, quando em 1865 aí foi construído o Tin Hau Seng Mou Miu (templo da Deusa Rainha Celestial), também conhecido por Pagode de Ma Kau Seak. Por fim, na actual Avenida Coronel Mesquita existem quatro pagodes, o Kun Iam Miu construído durante o reinado do Imperador Tianqi (1620-27) na parte Sudeste da montanha de Mong Há e em 1867 está a ser reconstruído e ampliado. Ao lado deste, em construção está o Templo de Seng Wong com a finalidade de os mandarins de Mong Há terem uma sala para reunir no primeiro e décimo quinto dia do mês lunar com o seu homólogo Deus Seng Vong. O Kun Iam Tong, ou Pou Chai Sim Un, edificado em 1632, apesar de muitos dos edifícios datarem de 1627, data gravada num dos altares de pedra, terá inúmeros aumentos entre 1689 e 1692. No pátio do templo existe uma mesa redonda de granito onde a 3 de Julho de 1844 foi assinado o Tratado de Wanghia entre a China e os EUA. O templo em 1867 está a ser ampliado e aí vivem seis bonzos. Ao seu lado, dedicado ao Deus Hong Kong (康公) o Templo Hóng Chan Kan, ou Hóng Kông Miu, construído em 1792 e no reinado de Daoguang (1820-1850) fora ampliado. Estes são os pagodes de Macau em 1867.
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MUITO
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NUBLADO
CLIMA DE GUERRA
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6 3 5 2 1 7
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 57
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PROBLEMA 58
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O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse ontem que a crise climática é o maior obstáculo à paz mundial, durante a visita ao Paquistão, um país em conflito com a Índia por causa do uso da água. “A crise climática é talvez o maior
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obstáculo à paz, estabilidade e prosperidade globais”, disse Guterres, durante uma conferência sobre desenvolvimento sustentável, no seu primeiro evento público em Islamabad, onde chegou ontem para uma visita oficial.
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VIDA DE CÃO
CORAGEM OU LÁ O QUE É ISSO O medo é um veneno que se intromete nos corações e determina vontades e acções. Mas, como todos os venenos, o medo pode ser útil se usado em doses sóbrias. Platão admite que só os estúpidos não sentem medo pois não compreendem o que lhes ameaça a vida. A sua e a dos seus. E define a coragem como a capacidade racional de enfrentar uma situação perigosa, pela análise comedida dos dados em questão e pela tomada de uma resolução que, no limite, salvaguarde o que para o sujeito existe de mais precioso: a sua vida, a sua família, o seu país... Portanto, a coragem não se define pela ausência de medo, mas pelo domínio racional desse mesmo medo, ele mesmo fundamental para o garante da sobrevivência. Os chamados “bravos” não sentem medo porque não têm consciência e a isso não se chama coragem mas estupidez. Corajosos, para o grego dos ombros largos, serão os que, tendo consciência total do perigo, sentindo medo, são capazes de racionalizar a situação, superar as suas emoções e controlar as suas acções. Eu preferiria dizer que: a guerra ganha-se antes de sair de casa – para parafrasear liberalmente Mestre Sun. Carlos Morais José
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“Wowee Zowee”, terceiro disco dos norte-americanos Pavement, surgiu como a confirmação do estatuto da banda no panorama do indie rock dos anos 1990. Este disco da banda liderada por Stephen Malkmus é algo esquizofrénico, principalmente tendo em conta a firme coesão dos restantes, mas uma delícia repleta de momentos de puro ouro pop-rock. Músicas como “Rattled by the Rush”, “Grounded”, “Extradition” 58 e “Grave Architecture” são alguns dos momentos altos de “Wowee Zowee”. Um belíssimo disco de uma das mais importantes bandas do indie rock que antecipou grupos como Deerhunter ou Vampire Weekend. João Luz
3 1 5 7 6 2 1 5 4 2 3 1 5 7 3 6 4 7 www. hojemacau. 4 2 6 com.mo 60
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WOWEE ZOWEE | PAVEMENT
4 1 3 6 2 5
6 7 2 4 3 1 4 5 7 6 3 2 4 5 7 6 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; ; João Santos Filipe; Pedro Arede Colaboradores 2 4 6 1 Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; 1 Rui2Cascais;5Rui Filipe3Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada 5 3 1 7 de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
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JOANA MORTÁGUA in esquerda.net
A
PESAR de ter aderido ao Bloco de Esquerda uns anos antes, considero que comecei a minha militância política no referendo pela legalização do aborto em 2007, através dos Jovens pelo SIM e do Movimento pelo SIM. Tenho muito orgulho nessa história, naquela campanha, e de ter contribuído para aquela vitória. Nunca esquecerei a noite de 11 de fevereiro de 2007 e os rostos emocionados de tantas mulheres que, ao contrário de mim, já tinham uma vida inteira de luta pelo direito ao aborto legal e seguro. Esta semana comemoraram-se 13 anos da despenalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG) em Portugal, a grande conquista do direito das mulheres à sua autodeterminação, à decisão sobre os seus corpos e a sua vida. Olhando hoje para os resultados, é até embaraçoso lembrar os mitos e apocalipses prometidos naquela altura pela campanha do não. Como disse Francisco George, ex-diretor-geral da Saúde, quando fez o balanço do seu mandato, “a [lei da] IVG foi um sucesso, um grande sucesso. Ao longo destes anos analisamos os registos e percebemos que, todos os anos, há menos interrupções do que no ano anterior”. Não vou aqui recuperar todos os argumentos da campanha pelo sim. Espero não ter de o fazer durante o resto da minha vida. Espero que a nenhuma mulher nascida depois de mim seja imposto o regresso aos tempos obscuros da “perseguição social e judicial às mulheres, de interrogatórios e exames ginecológicos forçados, de processos criminais, de condenações, de abortos clandestinos em vãos de escada e mortes de mulheres por abortos inseguros”.1 Ainda assim, é bom lembrar que, até 2008, o aborto clandestino era a terceira maior causa de morte das mulheres em Portugal. Até 2007, a IVG era um crime punível com até três anos de prisão. Entre 1998 e 2007 foram investigados 223 crimes de aborto. Num país em que uma em cada sete mulheres afirmava já ter abortado, a hipocrisia maior era a daqueles que, como Marcelo Rebelo de Sousa, recusavam mudar a lei alegando que “é proibido mas pode-se fazer” e dessa forma condenavam milhares de mulheres à clandestinidade e aos abortos de vão de escada. Desde 2012, mais nenhuma mulher morreu vítima de um aborto clandestino. Entre 2011 e 2018, as interrupções de gravidez por todos os motivos decresceram 24,2% e as realizadas apenas por opção da mulher até às dez semanas diminuíram 27,1%. As
PAULA REGO
Na despenalização do aborto escreveu-se direito por linhas tortas
instituições europeias indicam que o número de interrupções de gravidez por 1000 nados-vivos em Portugal está abaixo da média europeia desde, pelo menos, 2015. Claro que estes resultados seriam impossíveis se o Serviço Nacional de Saúde tivesse sido excluído do direito das mulheres a ter acesso ao aborto legal, seguro e gratuito, como propunha a direita. A lei da IVG encaixou como uma luva nas políticas de planeamento familiar que já estavam a ser desenvolvidas e nos avanços da contraceção. A sua complementaridade salvou muitas vidas e pôs Portugal na linha da frente na promoção da saúde e direitos das mulheres. Há paralelos que não podem ser estabelecidos. A história da legalização do aborto faz-se de décadas de cobardias de alguns e coragem de muitos. Cobardia, desde logo,
do Partido Socialista, que empurrou para um primeiro referendo, em 1998, o que poderia ter aprovado no Parlamento, o que acabaria por provocar a necessidade de um segundo referendo para corrigir o primeiro e que, mesmo assim, não seria vinculativo. A lei do aborto acabaria finalmente por ser aprovada no Parlamento com os votos de PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV. E coragem de muitas e muitos, incluindo a dos católicos que aceitaram dar a mão para acabar com a vergonha da perseguição às mulheres. Treze anos depois, o país olha para a lei do aborto como se ela sempre tivesse existido, e já nem os partidos que se lhe opuseram, como o CDS, conseguem defender a criminalização das mulheres. A sociedade não aceitaria. Mas o sucesso da lei do aborto em Portugal pode e deve levar-nos a outras reflexões sobre
Podemos questionar se a legalização do aborto alguma vez deveria ter sido submetida a referendo, se valeu a pena esperar tantos anos, roubando a dignidade, a saúde e a vida a tantas mulheres
o país que queremos. Podemos questionar se a legalização do aborto alguma vez deveria ter sido submetida a referendo. Devemos perguntar se valeu a pena esperar tantos anos, roubando a dignidade, a saúde e a vida a tantas mulheres. Em qualquer circunstância, e apesar da vitória em 2007, mantenho o que muitos de nós sempre achámos: os referendos devem aplicar-se a matérias em que a vitória da maioria não se transforme numa ditadura moral sobre os direitos individuais, muito menos sobre direitos humanos. Há coisas que não são referendáveis. A morte assistida, como o aborto, é uma decisão que deve ser limitada apenas pela opção livre, informada, consciente e ponderada de cada um de nós. Submeter essa autodeterminação a uma moral que lhe é estranha seria o mesmo que condenar as consciências à clandestinidade. Elas não desaparecem, apenas continuam a existir em sofrimento. 1. Intervenção da deputada do Bloco de Esquerda Sandra Cunha sobre os 13 anos da despenalização do aborto
O mais importante na comunicação é ouvir o que não é dito. PALAVRA DO DIA
Peter Drucker
Sector paralisado M MICE EMPRESÁRIO DIZ QUE “SITUAÇÃO É DRAMÁTICA” NA ÁREA DOS EVENTOS
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ULU Sou voltou a insistir no reforço das medidas de controlo fronteiriço antes que a situação epidémica se venha a agravar. Com o anúncio do Governo de retomar gradualmente os seviços públicos e, consequentemente, com o aproximar de uma eventual reabertura da actividade dos casinos, o deputado pediu ao Executivo que seja mais proactivo no reforço das medidas de controlo fronteiriço e nos esforços para alojar no território trabalhadores estrangeiros. Numa interpelação escrita dirigida ao Governo, Sulu Sou diz mesmo que se não forem tomadas as medi-
que tem sido uma das mais afectadas pelo surto em número de infectados, o negócio vive muito das multinacionais que trabalham na Ásia. Por ano organizavam cerca de duas centenas de eventos. Agora, sem trabalhos, sem conferências, sem eventos e com encargos mensais fixos na ordem das 300 mil patacas, a esperança é que
em Abril ou Maio “as empresas, que têm os seus calendários e têm de os executar” consigam devolver algum oxigénio à indústria. Até lá, precisamente para acudir a pequenas e médias empresas como aquelas geridas pelo português, o Governo de Macau anunciou na quinta-feira benefícios
fiscais e empréstimos bonificados, bem como apoios financeiros e sociais para a população no valor de 20 mil milhões de patacas.
REACÇÃO IMEDIATA
“O sector dos eventos das empresas é muito rápido na reacção”, para o bem e para o mal, salientou Bruno
HOJE MACAU
AL regressara de férias no início deste ano, Bruno Simões foi ‘atropelado’ pelas más notícias: as suas empresas de eventos de Macau estavam ‘infectadas’pela paralisação da indústria turística e perdera todos os contratos até Abril. Com o fecho dos casinos na capital mundial do jogo, com a paralisação da economia e com o mercado chinês turístico ‘contaminado’ pelo coronavírus Covid-19, “a situação é dramática”, desabafou. “Até no Vietname cancelaram coisas para Abril”, disse à agência Lusa. À semelhança do Governo de Macau, que enviou alunos e funcionários públicos para casa, que trabalham à distância, Bruno Simões foi obrigado a tomar medidas excepcionais na DOC DMC e na SmallWORLD Experience. “Teve de se mandar as pessoas já para casa até Abril e negociámos um mês de licença sem vencimento com os funcionários, com a esperança ainda de que a partir de Março as coisas animem”, explicou. Com escritório também na vizinha cidade chinesa de Zhuhai, numa província
Reforços, precisam-se
Sulu Sou pede mais medidas para evitar “esforços em vão”
das adequadas antes que a situação piore, “todo o trabalho de prevenção feito até aqui pode ter sido em vão”. “Se, tal como o secretário para a Economia e Finanças [Lei Wai Nong] disse, e apenas quando a situação epidémica se deteriorar, serão tomadas medidas mais rigorosas em relação aos controlos fronteiriços, esta espera pode tornar-se num arrependimento e, todo o trabalho de sucesso na prevenção epidémica feito até aqui, pode ter sido em vão”, referiu o deputado.
Sulu Sou faz ainda referência ao facto de o perigo de contágio poder vir a aumentar nas próximas semanas com a reabertura dos serviços públicos e o possível regresso à actividade dos casinos a partir do dia 19 de Fevereiro. Lembrando que “basta uma pessoa infectada” entrar para elevar o perigo de contágio e que a população acedeu ao apelo feito pelo Governo de “evitar deslocações desnecessárias”, mesmo sem a aplicação de medidas mais rigorosas nas fronteiras, o deputado afirma ainda
que os residentes querem saber se “o alerta para ficar em casa vai ficar activo indefinidamente”. Apontando que o número de casos confirmados na província de Guangdong é de mais de 1200 e que só na cidade vizinha de Zhuhai já foram confirmados cerca de 100, Sulu Sou dirige-se a Ho Iat Seng, pedindo que o Chefe do Executivo “previna, assim que possível, um surto epidémico em Macau (…) através da aplicação de medidas especiais para impedir temporariamente a en-
trada de não-residentes (excluindo trabalhadores estrangeiros), provenientes do Interior da China”.
QUARENTENA OBRIGATÓRIA Dado que alguns residentes e trabalhadores estrangeiros continuam a ter necessidade de cruzar a fronteira, Sulu Sou questiona o Governo sobre a possibilidade de adoptar medidas de quarentena obrigatória para os que vêm do Interior da China. O deputado espera ainda que o Governo possa “fornecer unidades de habitação e alojar temporariamente funcionários de hotéis e empresas privadas” para reduzir a necessidade de cruzar a fronteira durante a epidemia. P.A.
segunda-feira 17.2.2020
“Teve de se mandar as pessoas já para casa até Abril e negociámos um mês de licença sem vencimento com os funcionários, com a esperança ainda de que a partir de Março as coisas animem.” BRUNO SIMÕES DOC DMC E SMALLWORLD EXPERIENCE
Simões. “As empresas não enviam os seus empregados para os eventos e os convidados também não vêm”, sublinhou, para concluir: “O medo é o pior que há”. A retoma “vai acontecer, mas a que ritmo é que não se sabe”, afirmou, mostrando-se apreensivo com algumas notícias mais recentes do sector. Enquanto isso, e mesmo fora da Ásia, foi cancelado o Mobile World Congress (MWC), a maior feira de telecomunicações móveis, cujo início estava previsto para dia 24, em Barcelona, precisamente perante as sucessivas desistências dos participantes face ao receio associado ao coronavírus. E em Macau, por exemplo, a realização do Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), o maior evento de jogo do continente asiático, que junta operadores, jogadores e empresários ligados ao sector, previsto para Maio, está depende da evolução do surto.
IC Projectos cancelados serão reembolsados
O Instituto Cultural (IC) irá reembolsar as despesas incorridas nos projectos subsidiados, que foram cancelados devido ao surto do novo tipo de coronavírus. A informação foi divulgada através de um comunicado oficial que detalha que o mecanismo de isenção, previsto no “Programa de Apoio Financeiro para Actividades/Projectos Cultural das Associações Locais” do IC, pode ser activado em caso “de força maior”. “As associações podem indicar no relatório o cancelamento da actividade por causa de influência da epidemia e apresentar as cópias dos documentos de despesas incorridas. Após a revisão, as despesas incorridas serão reembolsadas dentro do valor concedido de subsídios, de acordo com o procedimento original de subsídio”, pode ler-se na nota oficial. As associações podem apresentar o relatório no prazo de 30 dias após o cancelamento das actividades.