Hoje Macau 17 MAI 2016 #3572

Page 1

MOP$10

TERÇA-FEIRA 17 DE MAIO DE 2016 • ANO XV • Nº 3572

hojemacau

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

EMMA RUNYUN ZHANG

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

BENFICA

Campeão sem fronteiras De Los Angeles a Macau, por todo o lado se celebrou a vitória do Benfica, um clube português cada vez mais global. AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

CENTRAIS

LAI CHI VUN

MANIFESTAÇÃO

GALGOS

SOFITEL

GRANDE PLANO

PÁGINAS 4-5

PÁGINA 9

EVENTOS

A ferida aberta

Doações e demissões

Uma viagem interrompida

Electrónica no terraço


2 GRANDE PLANO

David Marques, portavoz dos moradores da povoação de Lai Chi Vun, diz que a reconstrução do estaleiro em ruína pela DSAMA é apenas um trabalho preventivo e pede um plano concreto até chegarem os tufões. Marques pede ainda a união das várias povoações de Coloane para que a ilha continue a ser o que é e fala em problemas de propriedade com os terrenos

LAI CHI VUN MORADORES QUEREM PLANO DE RECUPERAÇÃO ESTE ANO

“UM PENSO NUMA FERIDA A SANGRAR” H

Á mais de 20 anos o pai de David Marques, macaense, decidiu juntar esforços e construir uma casa na povoação de Lai Chi Vun. Ajudou também a criar a Associação dos Moradores da Povoação de Lai Chi Vun para recuperar uma zona histórica onde um dia existiu uma indústria naval de construção de juncos. Hoje é o jovem David Marques quem dá a cara pelos cerca de 30 moradores que não querem deixar as suas casas e a sua própria cultura. Em entrevista ao HM, David Marques pede um plano de recuperação concreto para os estaleiros de Lai Chi Vun que seja posto em prática ainda este ano. Os Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) prometeram reconstruir um estaleiro em ruína no prazo de 20 dias, mas o porta-voz exige algo mais. “O Governo apenas está a reagir ao inevitável. Estão a tentar garantir a segurança no local por enquanto, mas assim que houver uma chuva mais forte ou um tufão aquilo vai cair. O que eles estão a fazer é pôr um penso numa ferida que está a sangrar. É certo que estão a evitar a queda da estrutura, mas isso não vai resolver o problema”, disse David Marques, que agradece o trabalho

de comunicação entre os moradores e os departamentos do Executivo. David Marques considera que não há uma ideia geral para a reconstrução dos estaleiros. “Aquilo pode colapsar de outra forma”, reiterou. E é por isso que o porta-voz quer que algo seja feito até ao Verão. “Quero que algo seja feito até Junho, porque a época dos tufões vem aí e não sei o que vai acontecer. Estamos habituados a inundações, sei o que fazer para lidar com isso, mas há coisas a cair em cima da minha casa”, ironizou. O porta-voz garantiu que já há propostas à espera de aprovação governamental. “O Governo enviou trabalhadores para resolverem a queda da estrutura apenas num estaleiro. Um proprietário de outro estaleiro já enviou uma proposta de reparação mas tem de passar por outros departamentos do Governo, como a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Este caso acabou por se tornar numa emergência e foi por isso que os Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) tiveram de intervir”, explicou David Marques.

PROBLEMAS DE PROPRIEDADE

Actualmente em Lai Chi Vun existem cerca de 16 estaleiros

mas não é clara a propriedade de todos eles e por isso é que o Executivo apenas interveio em três. David Marques fala de uma situação que vem desde os idos tempos de 1999. “Em primeiro lugar não há documentos. O Governo disse que poderia recuperar três estaleiros a partir dos proprietários e, segundo os contratos, estão apenas como gestores dos estaleiros e esse contrato está assinado com apenas uma pessoa que tem o direito de usar o terreno com aquela finalidade. Mas com a transferência de soberania essa pessoa decidiu vender o terreno a outra para receber dinheiro. O dono vendeu ao cliente A. Esse cliente acreditou que o terreno lhe pertencia e vendeu ao cliente B, que depois vendeu ao cliente C. O cliente C ainda está vivo. Este vai ao Governo porque quer reabilitar a zona, mas o Governo pergunta: ‘quem é o senhor?’” O porta-voz dos moradores traça dois cenários possíveis. “Ou se espera pela morte dos proprietários ou os estaleiros ficam completamente destruídos com um tufão e aí o Governo pode recuperar os terrenos. O Governo legalmente não pode fazer nada


3 hoje macau terça-feira 17.5.2016 www.hojemacau.com.mo

GOOGLE MAPS: STREET VIEW

“Estão a tentar garantir a segurança no local por enquanto, mas assim que houver uma chuva mais forte ou um tufão aquilo vai cair” “Estamos habituados a inundações, sei o que fazer para lidar com isso, mas há coisas a cair em cima da minha casa” “Queixamo-nos porque a nossa vida está em perigo e alguém tem de fazer alguma coisa”

enquanto os estaleiros tiverem a cobertura e a estrutura, por causa dos contratos, mas pode reaver os terrenos. Assim que toda a estrutura cair, os terrenos vão para as mãos do Governo. Por isso é que este caso está a gerar tanta tensão. Nós queixamo-nos porque a nossa vida está em perigo e alguém tem de fazer alguma coisa.”

APENAS CINCO ANOS

“Podemos preservar a memória, há poucos homens que ainda sabem como fazer barcos e trabalhar a madeira, mas não ensinam mais ninguém e já têm cerca de 60 anos” DAVID MARQUES PORTA-VOZ DOS MORADORES DA POVOAÇÃO DE LAI CHI VUN

servem de locais de exposição dos artifícios com dispositivos de interacção, uma zona cultural e criativa animada; Zona D como zona de exposição geral de construção de juncos”, lê-se. Seria ainda “reservado espaço para realizar acções de formação e workshops”. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Saída dará origem a protestos

A

petição assinada por 30 moradores levou o Executivo a agir e a reunir, após vários gritos de alerta. O Instituto da Habitação (IH) chegou a disponibilizar casas sociais na Ilha Verde, mas a proposta foi recusada. O futuro da zona é uma incógnita. A povoação de Lai Chi Vun é, segundo David Marques, “uma zona muito atraente, em frente ao mar” e estamos perante um “mercado livre”. Poucos sabem o que poderá nascer ali e o Governo até deu mostras de querer preservar os estaleiros e ali construir um museu, mas David Marques pede a união das várias povoações da ilha. “Há muitas coisas a serem construídas em Coloane e queremos fazer parte de uma espécie de fórum ou grupo. Fala-se muito nos problemas de Coloane, mas apenas na vila de Coloane, não se fala da vila de Lai Chi Vun ou de Ká Ho. São áreas diferentes e há grupos diferentes.” Enquanto os trabalhos de reconstrução do estaleiro não chegam ao fim, há cinco famílias que não podem estar em Lai Chi Vun. David Marques garante que vai haver um protesto caso os moradores tenham um dia de deixar a povoação. “Eu gosto de lá viver, todos gostam. A questão que se coloca é onde é que os moradores vão ser colocados. Como é que vão olhar para nós? Estamos a falar de uma vila de pescadores com muitos anos, com a sua própria cultura. A minha mãe fala uma língua diferente, fala o dialecto dos pescadores. Claro que vai haver um protesto se um dia os moradores forem obrigados a deixar Lai Chi Vun. Eu vou fazer para que isso aconteça”, rematou. A.S.S. TIAGO ALCÂNTARA

Em 2012 o Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos, já extinto, chegou a apresentar um plano para o desenvolvimento de Lai Chi Vun, mas nada mais foi feito. David Marques prevê que daqui a cinco anos os estaleiros possam vir a desaparecer por completo. “Os estaleiros estão construídos como se fossem um dominó, então a ruína do primeiro causou estragos aos restantes. Esses estaleiros foram bem construídos e por isso têm durado tanto tempo. Penso que talvez daqui a cinco anos vão acabar por cair todos, devido às condições climatéricas. Para haver preservação dos estaleiros já deveria ter sido feita, agora estamos numa fase em que não conseguimos preservar nada.

Podemos preservar a memória, há poucos homens que ainda sabem como fazer barcos e trabalhar a madeira, mas não ensinam mais ninguém e já têm cerca de 60 anos”, acrescentou. O estudo do conselho consultivo propunha dar ênfase à cultura de construção de juncos, tendo como destinatário a população local, preservando-se assim a atmosfera cultural e costumes locais da Vila de Coloane. Esse plano teria “como destinatário principal a população e os turistas”, olhando para a “manutenção das mesmas instalações, ambiente de construção, estrutura de textura da beira-mar, sistema rodoviário, características da antiga zona da indústria, condições turísticas e os usos e costumes locais”, aponta um comunicado publicado em 2012. O planeamento seria feito por quatro zonas. “A Zona A como praça portal que é o acesso e o nó de trânsito da povoação de Lai Chi Vun, e com uma galeria de exposição do estaleiro naval; Zona B como zona de restauração de lazer e galeria de exposição da fábrica de cal; Zona C como zona de lazer em que os estaleiros de juncos e a fábrica de serralharia

Unir Coloane


POLÍTICA A manifestação de domingo contra a doação de mais de cem milhões de patacas à Universidade de Jinan juntou mais de mil nas ruas para pedir a demissão de Chui Sai On

JINAN MAIS DE MIL PEDIRAM RETIRADA DA DOAÇÃO E DEMISSÃO DE CHUI SAI ON

Para que o dinheiro HOJE MACAU

4

M

AIS de mil pessoas saíram à rua no domingo para protestar contra a doação de cem milhões de yuan (123 milhões de patacas) à Universidade de Jinan. O grupo – que contava, de acordo com a organização, com 3300 pessoas e com 1100 de acordo com a PSP – pedia, entre gritos e cartazes, a demissão de Chui Sai On, a retirada da doação e uma reforma do regime de donativos do Governo. Chui Sai On, Chefe do Executivo, foi confrontado com a acusação de tráfico de influências devido a ser presidente do Conselho de Curadores da Fundação e vice-presidente do Conselho Geral da Universidade de Jinan. O líder do Governo não pediu escusa da apreciação do pedido de doação, ainda que tenha indicado ser membro desses cargos. A polémica doação da FM sem consulta aos residentes e sem comunicação oficial antes da imprensa do continente deu o mote para a saída à rua da Associação Novo Macau (organizadora), da Love Macau, da Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, da Associação de Activismo para a Democracia e da Associação de Mútuo Auxílio dos Operários. Eram três da tarde, quando o Jardim Vasco da Gama foi ocupado pelos participantes no protesto. A marcha “vermelha” da Associação de Mútuo Auxilio de Operários de Macau começou primeiro, em direcção à Sede do Governo, onde foi entregue uma petição para a retirada da doação de cem milhões, mas os manifestantes levantaram também cartazes que pedem a implementação do “ensino superior gratuito”. O deputado Au Kam San, que se juntou à marcha da Associação Love Macau, criticou a falta de “razoabilidade” da doação, porque a FM é composta por “amigos” do Chefe do Executivo e por si próprio, o que permite que a decisão para a entrega de subsídios para entidades “que tenham boas relações com Chui Sai On” seja

“DESOBEDIÊNCIA” CRITICADA

Q

uando a marcha da ANM chegou à Praia Grande a confusão instalou-se: depois do TUI ter impedido o grupo de usar a estrada porque o passeio era suficientemente grande para todos, a Novo Macau deparou-se com metade do passeio bloqueado com barreiras, tendo por isso pedido à PSP para continuar a marcha na faixa de rodagem. Mas as autoridades proibiram a passagem, pelo que as duas parte entraram em conflito durante 15 minutos. A PSP diz que a falta de cumprimento do combinado afectou o trânsito e que não se exclui a possibilidade de haver acusados pelo crime de desobediência qualificada.

fácil, diz o deputado. “Quem dá e recebe os subsídios é a mesma pessoa”, criticou ainda. Cloee Chao, líder da Associação Love Macau, defendeu que a manifestação não foi só contra a doação de cem milhões, mas também para evitar que o Governo conceda mais dinheiro a entidades de fora de Macau sem consultar os residentes.

PORCOS E PÉROLAS

Como já é hábito, foi a Novo Macau, que contou com a participação do deputado Ng Kuok Cheong, a associação mais interventiva: um cartaz com a imagem da cabeça de Chui Sai On com orelhas de porco e um carimbo vermelho na testa com o número 380 – o número de votos com que conquistou a reeleição, em 2014 - foi levantado durante toda a manifestação, com o presidente Scott Chiang a explicar que o cartaz significa que “Chui Sai On está a engordar com o dinheiro do

AVIÕES EM SANTA SANCHA

O

protesto da ANM não acabou até Sou Ka Hou, Scott Chiang e cerca de cem manifestantes terem tentado chegar ao Palácio de Santa Sancha, na Colina da Penha, para deixar na caixa do correio da residência oficial do Chefe do Executivo uma carta com as reivindicações. Depararam-se com a estrada cortada, pelo que a manifestação terminou com os participantes a transformarem as reivindicações impressas em pequenos aviões de papel que foram lançados, por cima do muro, para o interior da residência. O presidente da Novo Macau, Scott Chiang, prometeu que as iniciativas não vão parar enquanto não forem cumpridos os objectivos da marcha.

Executivo”, criticando o papel do líder do Governo no caso da doação à Jinan. “Quais são as nossas três solicitações principais?”, questionava alto Scott Chiang. “Primeiro, a retirada dos cem milhões. Segundo, a demissão do Chefe do Executivo. Terceiro, a apreciação pública de grandes doações através da Assembleia Legislativa”, respondiam os participantes. Sou Ka Hou, ex-presidente da ANM que veio de Taiwan para participar na manifestação, recordou que no mesmo mês, há dois anos, aconteceu a manifestação contra o Regime de Garantias dos Titulares de Cargos Políticos, que juntou mais de 20 mil pessoas. Na altura, Chui Sai On afirmou “sou gordo mas não vou engordar com o dinheiro”, em tom de brincadeira. No entanto, o jovem activista leva a ideia a sério e diz o Governo ainda “não é suficientemente sério para corrigir as falhas do regime jurídico-político” e está a permitir


5 hoje macau terça-feira 17.5.2016

deixe de voar “Se o sistema realmente permite que qualquer pessoa deixe de estar em conflito de interesses por não receber salário então isto é um problema muito significativo porque mostra que o próprio sistema está errado” “Este caso que acontece actualmente demonstra muito claramente que a Fundação Macau não tem legitimidade para lidar com tanto dinheiro (...). Os residentes não acreditam nesta fundação, não têm confiança nela” NG KUOK CHEONG DEPUTADO que Macau continue a ser “um viveiro de corrupção”. “Não estamos a visar qualquer instituição, nem a convocar conflitos entre os ex-estudantes [da universidade] e os residentes. Mas o cofre público continua a ser usado por debaixo da mesa, sem uma fiscalização pública, ao mesmo tempo que os assuntos sociais e da população ainda não foram tratados. Nenhum residente de Macau aceita isso, é preciso defender os recursos financeiros públicos de Macau”, continuou. Para Ng Kuok Cheong, um dos fundadores da Novo Macau, existe conflito de interesses e um problema que radica na própria FM. “Se o sistema realmente permite que qualquer pessoa deixe de estar em conflito de interesses por não receber salário então isto é um problema muito significativo para Macau porque mostra que o próprio sistema está errado. Este caso que acontece actualmente demonstra muito claramente que a FM não tem legitimidade para lidar

com tanto dinheiro (...). Os residentes não acreditam nesta fundação, não têm confiança nela”, sublinhou à agência Lusa. Ng Kuok Cheong indicou que irá propor um mecanismo, como um “debate aberto na Assembleia Legislativa”, onde sejam tomadas decisões sobre a atribuição de fundos para fora de Macau.

E OS LOCAIS?

Vestidos com camisolas brancas, a maioria dos manifestantes da ANM era jovem, mas havia também crianças com as famílias. Leong, uma dos manifestantes, afirmou ao HM que saiu à rua porque mais pela falta de transparência do que pelo dinheiro por si. Criticou o facto de o Governo não utilizar o dinheiro que deu à Jinan para “fazer bem os trabalhos na área do ensino”, mas justificar a doação pela formação de alunos de Macau naquela instituição. Outras três jovens, incluindo duas estudantes e uma trabalha-

dora, decidiram juntar-se por não apoiar o donativo, defendendo que os fundos públicos deviam ser usados em prol da população de Macau. Isabel Neves, outra participante e funcionária pública, juntou vários argumentos: “Esse montante que foi doado não percorreu os caminhos correctos (…). Um montante tão grande devia passar através da Assembleia para eles autorizarem. Esse dinheiro pertence à população de Macau”, frisou à Lusa. Recorde-se que, para o Governo, Macau está numa altura de crise económica que levou à diminuição de algumas despesas. O protesto, sob o ‘slogan’ de três R (“Refund, Resign e Reform”, “Reembolso, Resignação e Reforma), seguiu-se a uma petição lançada online contra a atribuição do apoio. Flora Fong (com Joana Freitas) flora.fong@hojemacau.com.mo

POLÍTICA

Venha cá Sr. notário Contratos de arrendamento vão ficar mais caros

S

ENHORIOS e inquilinos vão pagar mais pela assinatura de contratos de arrendamento, com a nova Lei das Rendas, actualmente em discussão na Assembleia Legislativa. O diploma vai obrigar a que as assinaturas sejam reconhecidas por um notário, avança a Rádio Macau, que indica que a medida força os proprietários a pagarem impostos sobre o arrendamento, numa altura em que quase ninguém declara os contratos ao fisco, como reconhece o deputado Cheang Chi Keong. Cheang Chi Keong, presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, explicou na semana passada que “qualquer contrato de arrendamento está sujeito ao imposto de selo, mas passa despercebido à Administração quantos contratos foram celebrados”. Assim, “com o reconhecimento das assinaturas, é exigido que se prove, com antecedência, o pagamento do imposto de selo”. A Rádio indica que com esta medida “já não se consegue deixar de pagar” os impostos, sendo que com a declaração às Finanças, os senhorios não só pagam o selo de verba, como uma contribuição predial de 10% sobre o valor anual das rendas.

Cheang Chi Keong afasta uma eventual subida no valor dos contratos já que os arrendatários só terão de pagar as despesas com o notário. Os impostos são pagos pelo senhorio. “Entendemos que não vai afectar o aumento das rendas. O pagamento do imposto de selo é da responsabilidade do senhorio. De certeza que o senhorio e o arrendatário têm de pagar os custos do notário. Como vão repartir os custos? Ainda não sabemos”, esclarece. Apesar da despesa, o deputado diz que “vale a pena pagar” em troca de mais garantias em relação à validade dos contratos. Cheang Chi Keong diz que os encargos serão baixos, mas em Macau, relembra a rádio, há apenas três notários públicos.

APOMAC REUNIU COM EDMUND HO

Francisco Manhão e Jorge Fão, dirigentes da Associação dos Reformados, Aposentados e Pensionistas de Macau (APOMAC), reuniram com Edmund Ho, ex-Chefe do Executivo e actual vice-presidente do Comité Nacional da República Popular da China. O encontro, que contou com uma delegação da APOMAC composta por nove pessoas, serviu para “trocar impressões e opiniões sobre a estratégia social e, em particular, dos aposentados e da terceira idade”, aponta um comunicado.

RESIDENTES ACEITAM PAGAR MAIS PARA APOIAR COMÉRCIO JUSTO

S

EGUNDO o Jornal Ou Mun, a Oxfam Macau lançou, na semana passada, os resultados de um estudo sobre o comércio justo. Os dados indicam que a maioria dos residentes contemplados pelo estudo não conhece o conceito de comércio justo, mas, depois de explicado, 95% dos inquiridos aceitaria pagar mais em prol da promoção do mesmo. No estudo estiveram envolvidas 579 pessoas, com mais de 15 anos. Cerca de 31% dos entrevistados disse já ter “ouvido falar” do comércio justo e 8,8% afirmaram que já compraram produtos deste tipo comércio. Mais de 80% dos entrevistados disse ter vontade de

comprar este tipo de produtos a outros e 95% disse sim quando questionado se concordava em comprar a preços mais altos estes produtos. O estudo sugere que Macau aposte mais no tipo de comércio em causa, para atrair a atenção dos consumidores, a fim de que os residentes possam adquirir os produtos de forma mais fácil. Como exemplo, o estudo considera que os restaurantes podem ser agentes activos assumindo estes produtos nos seus menus. O estudo indica ainda que Macau está numa fase inicial da aplicação deste tipo de comércio. T.C./F.A.


6 POLÍTICA

hoje macau terça-feira 17.5.2016

GCS

PS VISITA DE SECRETÁRIA-GERAL ADJUNTA COM SALDO “MUITO POSITIVO”

Rápida passagem Ana Catarina Mendes aproveitou uma visita a Pequim para conhecer a secção do PS em Macau. A secretária-geral adjunta Socialista foi recebida por Alexis Tam e reuniu com o PS e os Conselheiros das Comunidades Portuguesas. Apesar dos “desabafos individuais”, Tiago Pereira traça um balanço positivo

U

M encontro “muito positivo” é como Tiago Pereira, secretário-coordenador da secção de Macau do Partido Socialista (PS), descreve a visita de Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do mesmo partido, a Macau, no passado fim-de-semana.

A visita, sem agenda oficial, tinha como grande motivação a troca de opiniões da secretária com a secção do PS local. “[O encontro] correu muito bem. Debatemos sobre a nossa visão em Macau das comunidades portuguesas e sobre a realidade local [dessa comunidade]. Passámos ainda algumas sugestões daquilo que eventualmente consideramos ser proveitoso em termos de política para as comunidades portuguesas em geral e para a comunidade portuguesa de Macau, em específico. E comprometemo-nos também a estar presentes no Congresso do Partido – a decorrer de 3 a 5 de Junho”, explicou Tiago Pereira ao HM. Ao endereçar o convite na participação do Congresso, Ana Catarina Mendes afirmou serem precisas “todas as vozes”, sendo que será um momento aberto à sociedade” e “terá a participação de militantes e simpatizantes nos vários debates”.

AVISO DADO

A visita de Ana Catarina Mendes foi motivo de crítica por parte de alguns militantes na redes sociais, mas Tiago Pereira diz que não passam de “desabafos a título individual”, não sendo representativos da secção local. “O que aconteceu foi que a secção foi contactada, antes da visita, mas não havia nenhuma agenda estabeleci-

do PS, que contou com a presença de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

CHINA AMIGA

da”, explicou, indicando que aproveitando a presença em Pequim para o Fórum, o partido contactou a secção de Macau por vontade própria. Sobre a visita, Tiago Pereira garante que “os militantes foram avisados” e que a reunião com a secção se realizou no sábado, não tendo sido possível, por questões logísticas, acontecer na sexta-feira. O secretário do PS Macau diz ainda que a própria secção soube da visita na semana passada. Questionado sobre o encontro de Ana Catarina Mendes com o Conselho das Comunidades Portuguesas, Tiago Pereira explica que foi algo combinado, em Portugal, quando os Conselheiros, José Pereira Coutinho, Rita Santos e Armando de Jesus, visitaram o país, no início deste mês. Coube também a este órgão agendar as boas-vindas dos representantes PUB

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS Aviso Torna-se público, de acordo com o n.º 1 do ponto 6.º dos Regulamentos para a prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, elaborados nos termos do artigo 18.º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei nº 71/99/M, de 1 de Novembro, do artigo 13º do Estatuto dos Contabilistas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, e da alínea 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 2/2005, de 17 de Janeiro, que se encontra afixada, na sobreloja da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida da Praia Grande nºs 575, 579 e 585, e colocado no respectivo “Web-site”, no local relativo à CRAC e para efeitos de consulta, a lista definitiva dos candidatos à prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como Auditor de Contas, Contabilistas Registado e Técnico de Contas no ano de 2016, elaborada e homologada por deliberação do Júri designado para o efeito. Mais se informa que a prestação de provas foi pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude reconhecida como um dos itens subsidiáveis no âmbito do “Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo” Os candidatos poderão pois optar por liquidar as taxas devidas deduzindo o respectivo montante da sua conta do “Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo” (adverte-se, no entanto, para o facto de que apenas se aceitará o pagamento integral do valor em causa). Em caso de dúvidas, agradecemos que contacte a CRAC, durante as horas de expediente, através dos números de telefone 85995342 ou 85995343. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 29 de Abril de 2016. O Presidente da CRAC Iong Kong Leong

Durante a sua visita, a secretária-geral adjunta frisou que é preciso “ter noção” de que Macau constitui um território “onde os partidos políticos estrangeiros não são uma normalidade”, pelo que “o facto de o PS estar a desenvolver a sua actividade, ter um X número de militantes, mas também um número significativo de simpatizantes diz bem do respeito que conquistaram aqui dentro e da capacidade que têm de passar a sua mensagem”, sustentou. A representante destacou ainda “a batalha comum” pela divulgação da Língua Portuguesa, “uma causa nas comunidades e no mundo”, e “situações de precariedade” de jovens que emigraram, às quais “é preciso dar resposta”. “O Partido Socialista foi convidado pelo Partido Comunista chinês para participar no fórum dos representantes de alto nível dos partidos europeus com relações com a China” e, neste âmbito, considerando “fundamental que se mantenha esta boa relação entre a Europa e a China”, “o papel de Portugal é absolutamente decisivo”, sustentou ainda Ana Catarina Mendes, à Agência Lusa. A dirigente socialista justifica esse papel com “a longa tradição” em Macau, que faz com que seja “a plataforma giratória para [se] poder melhorar as relações entre a Europa e a China”. “Também creio que nós, Portugal, temos um papel tão mais importante quando vi também com bons olhos que o Governo de Macau está neste momento a apostar muito” na Língua e Cultura Portuguesas, e na sua difusão, e que “temos hoje projectos muito interessantes liderados por portugueses por toda a China, mas que Macau foi essencialmente para isso”, acrescentou. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

LEI DO ENSINO TÉCNICO-PROFISSIONAL NO HEMICICLO SÓ PARA O ANO

A

Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) confirmou que a nova lei referente ao ensino técnico-profissional poderá estar na Assembleia Legislativa (AL) no próximo ano ou em 2018, sendo que a conclusão do processo legislativo esteve previsto para 2015. A elaboração do Plano de Desenvolvimento Quinquenal levou ao atraso da revisão da lei. Segundo o jornal Ou Mun, Ng Wai Hong, chefe da divisão do ensino secundário e técnico da DSEJ, confirmou que a nova lei vai aumentar a flexibilidade da estrutura dos actuais currículos, dos participantes das empresas e dos professores. Ng Wai Hong disse que actualmente existem 1300

estudantes a tirar cursos técnicos e profissionais em Macau, sendo que 5% diz respeito ao estudantes do ensino secundário. O responsável da DSEJ lembrou que nos últimos anos o Fundo de Desenvolvimento Educativo implementou um subsídio especial para educação técnico-profissional por forma a serem elaborados estágios. O responsável confirmou ainda a criação de um “Centro de Prática de Educação Profissional” em Seac Pai Van para a formação na área da cozinha e indústrias culturais e criativas, estando prevista a oferta de exames de credenciação. O seu funcionamento deverá começar em 2018. F.F. (revisto por A.S.S.)

DROGA WONG SIO CHAK DEFENDE AGRAVAMENTO DAS PENAS

O combate à droga “não pode relaxar”. As palavras são de Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança, que na passada sexta-feira, voltou a referir a necessidade do agravamento das penas na Lei da Droga. O Secretário reiterou que a “Lei de Combate à Droga em vigor não alcança os objectivos do legislador”, lembrando que ele próprio, enquanto director da Polícia Judiciária, já tinha defendido a necessidade de se proceder a uma revisão legislativa desta matéria com o agravamento das penas. Em comunicado à imprensa, o Gabinete do Secretário adianta que “as autoridades da segurança esperam que a referida proposta possa ser aprovada, o mais rápido possível, com o objectivo de reforçar o efeito de dissuasão e também atribuir às autoridades policiais maior poder de prevenção e combate a crimes relacionados com droga”.


7

REVOLUÇÃO CULTURAL

O

S incidentes em Macau provocados pela Revolução Cultural, como o “1,2,3”, tiveram “profundas consequências” nas relações entre Portugal e China, nomeadamente com a política externa portuguesa a ser condicionada pelos interesses de Pequim, defende o investigador Moisés Silva Fernandes. Como exemplos dados estão duas votações de Portugal favoráveis a Pequim na Assembleia-Geral das Nações Unidas no início da década de 1970 e a adopção de uma “política de silêncio” da diplomacia portuguesa em relação ao continente. O primeiro voto foi sobre o reconhecimento da República Popular em vez de Taiwan (República da China) na ONU em Outubro de 1971. “Portugal foi pressionado a apoiar a admissão da República Popular da China” por líderes da comunidade chinesa de Macau alinhada com Pequim, sustenta o professor universitário. “Em Portugal a questão não era falada, mas através do Governador da altura, Nobre de Carvalho, houve influências muito grandes, nomeadamente dos líderes chineses de Macau Ho Yin e Roque Choi, que foram claros na posição de que Portugal tinha que votar favoravelmente a questão chinesa”, para prevenir problemas no território. O voto a favor de Pequim causou “grande satisfação em Macau”, informou Nobre de Carvalho em comunicação para Lisboa, diz o investigador, que fala à Lusa a propósito dos 50 anos da Revolução Cultural. No ano seguinte, Pequim volta a marcar pontos na ONU, ao conseguir a aprovação da resolução que retira Macau e Hong Kong da lista de territórios a descolonizar – datada de Dezembro de 1960 –, na tentativa de evitar que fosse levantada a questão de uma eventual auto-determinação ou independência, refere Moisés Silva Fernandes. Mais uma vez, os líderes da comunidade chinesa de Macau transmitiram a mensagem de Pequim de que Portugal “não devia dizer nada, ou o mínimo possível”. A resolução foi aprovada, mas a postura do Reino Unido e de Portugal foi “bem diferente”: Londres rejeitou-a publicamente e Lisboa remeteu-se a um “silêncio hermético”.

INÍCIO PARA O 1,2,3

A Grande Revolução resultou, em Macau, nos chamados incidentes do “1,2,3” (3 de Dezembro de 1966). Para João Guedes, o eco da Revolução por cá foi um golpe de morte para a presença nacionalista no território, palco durante anos de uma “guerra surda” entre comunistas e nacionalistas.

hoje macau terça-feira 17.5.2016

EFEMÉRIDE

INCIDENTES EM MACAU TROUXERAM PROBLEMAS À RELAÇÃO LUSO-CHINESA

Consequências e lições

O jornalista e investigador da História de Macau assinala que, depois da proclamação da República Popular da China em 1949, “a luta entre comunistas e nacionalistas só continuou em Macau”, onde os dois grupos encontraram um refúgio. “Era uma situação difícil para a China resolver – dado que Macau era administrado por portugueses. Eles não podiam tocar em Macau, porque se não também tinham de tocar em Hong Kong. A diferença é que a Inglaterra era uma superpotência e, portanto, a China não tinha hipótese”, explica. No início dos anos 1960, com a fundação da Polícia Judiciária, os agentes lançaram uma série de raides e apreenderam “quantidades industriais” de armamento trazido pelos nacionalistas para Macau. “O ataque da PJ vem provocar o vazio que é ocupado pelos comunistas que começam a tomar conta” desses núcleos e ficam em pé de igualdade”, adianta João Guedes. Entre as exigências feitas ao governo português no âmbito do ‘1,2,3’ – além da expulsão de dirigentes, de pedidos de desculpas ou de indemnizações – figurava a “eliminação de todas as organizações nacionalistas”, uma reivindicação “menos falada, mas não

menos importante”. “E, de repente, Macau deixa de ser nacionalista e passa a ser comunista”, realça o historiador. Daí existirem em Hong Kong “aqueles partidos todos anti-comunistas e a bradar pela democracia”, algo que não existe por cá “porque

LIÇÃO PARA HK

H

ong Kong aprendeu com Macau “uma lição valiosa” sobre o que não fazer para reagir aos motins durante a Revolução Cultural chinesa, defende Peter Moss, antigo quadro dos serviços de informação da região. “Graças à humilhação infligida à administração portuguesa em Macau no ano anterior, o governo de Hong Kong aprendeu uma lição valiosa sobre como não tratar os esquerdistas quando tentaram os mesmos estratagemas em Hong Kong em 1967”, disse, referindo-se ao 1,2,3. “Sentimos que foi uma vantagem para Hong Kong que Macau tenha tido aquela experiência, porque ensinou-nos o que não devíamos fazer quando encontrássemos o tipo de oposição que Macau encontrou. Eles humilharam o vosso governador, fizeram-no ficar de pé no pátio. E nós aprendemos bastante com essa lição”, afirmou à Lusa.

os nacionalistas [cá] acabaram em 1966”, observa. “Isto da História não é uma coisa passada sem consequências. É por essa e por outras razões que um movimento como o Occupy seria absolutamente impossível cá”, avalia João Guedes.

O QUE ÉS?

Meio século depois continuam a existir divergências sobre as causas dos chamados incidentes do “1,2,3” em Macau. Na obra “Macau na Política Externa Chinesa (1949-79)”, publicada em 2006, o investigador Moisés Silva Fernandes divide em quatro as correntes de pensamento de autores portugueses sobre as causas do incidente, um assunto ainda hoje considerado “tabu” na comunidade chinesa local. A primeira atribui a ocorrência dos acontecimentos à tentativa gorada de reconhecimento e estabelecimento de relações diplomáticas com o regime de Pequim em 1964, a segunda às actividades subversivas do Kuomintang em Macau, a terceira remete para a “incompetência política” da administração portuguesa e a quarta “avalia os acontecimentos como um conflito entre uma classe média chinesa em ascendência e uma classe média macaense defensora do status quo”.

Para o jornalista José Pedro Castanheira, na obra “Os 58 dias que abalaram Macau”, tudo começou “com uma concentração de estudantes e professores junto ao Palácio do Governador” no dia 3 de Dezembro. A intervenção da polícia resultou em “manifestações um pouco por toda a cidade, acompanhadas de desacatos e tumultos de violência crescente, provocados pelos sectores comunistas mais extremistas e radicais”. Esses confrontos entre populares e polícia generalizaram-se, “edifícios públicos foram saqueados, estátuas derrubadas”, foram decretados a lei marcial e o recolher obrigatório. O saldo foi de oito mortos e de mais de uma centena de feridos. Fotos da época mostram marchas de jovens com o livro vermelho de citações de Mao Zedong, um dos símbolos da Revolução Cultural, em riste. “Durante 58 dias, os sectores comunistas mais radicais, inspirados pelos Guardas Vermelhos, impuseram a sua lei e a sua ordem no território até à satisfação integral das suas reivindicações e à capitulação do governador Nobre de Carvalho, obrigado a assinar um acordo humilhante para as autoridades portuguesas”, escreveu José Pedro Castanheira, resumindo o “1,2,3”. A Grande Revolução Cultural Proletária, que agitou a China de Maio de 1966 até à morte de Mao Zedong dez anos depois, pretendeu purgar a República Popular da “infiltração de elementos burgueses” nas estruturas do governo e da sociedade. Por todo o país, os Guardas Vermelhos, na larga maioria grupos de adolescentes e jovens sempre acompanhados pelo “livro vermelho” com os ensinamentos de Mao, ocuparam todas as estruturas da sociedade para impor o novo modelo, enquanto milhões de estudantes e intelectuais foram enviados para os campos para “reeducação” pelo trabalho. Milhões de pessoas sofreram humilhação pública, prisão arbitrária, tortura, confiscação de bens. A tradição cultural milenar foi renegada, museus, monumentos e livros foram destruídos. Estimativas falam em 750 mil mortos. Diana do Mar (agência Lusa) Editado por HM


8 SOCIEDADE

hoje macau terça-feira 17.5.2016

Fronteiras SEGUNDO PLANO DE CONTINGÊNCIA ATÉ SETEMBRO

A possibilidade de uma avaria do sistema das fronteiras já tinha sido detectado no ano passado, mas a implementação de um segundo plano de contingência não chegou antes de serem terminados testes à sua capacidade. Este vai agora ser implementado até Setembro e pode haver mesmo um terceiro subsistema

A

TÉ Setembro, Macau vai contar com um segundo sistema que controle as fronteiras, depois da avaria que levou milhares a ficar horas na fila para entrar e sair do território. De acordo com Wong Sio Chak, está até a ser estudada a implementação de um terceiro sistema, caso os dois anteriores falhem. “Para evitar situações semelhantes, no futuro, e assegurar a fluidez na passagem das fronteiras, está prevista a entrada em funcionamento do segundo subsistema de migração, entre os meses de Julho a Setembro, estando-se ainda a estudar a possibilidade de um terceiro subsistema”, frisou o Secretário para a Segurança, citado em comunicado. Wong Sio Chak voltou a assegurar que o plano de contingência foi activado de imediato, mas este, recorde-

GCS

Não há duas sem três?

-se, não foi eficaz, como admitiram as autoridades, sendo que o problema levou mais de duas horas a resolver-se em todas as fronteiras de Macau. “[Há] ainda espaço para melhorar todo o sistema de migração”, assumiu Wong Sio Chak. Para já, o segundo subsistema encontra-se em “fase de teste” e, depois de uma actualização do equipamento, este poderá entrar em funcionamento entre os meses de Julho e Setembro.

JÁ NECESSÁRIO

O subsistema irá funcionar em simultâneo com o sistema principal, com o objectivo de aliviar a sobrecarga deste. Caso o sistema principal falhe, o segundo subsistema continua a funcionar e há ainda a possibilidade da existência de um terceiro

ANUNCIADAS INFRA-ESTRUTURAS DA NOVA FRONTEIRA

O

Governo Central já aprovou o projecto para o posto transfronteiriço da nova ponte Hong-Kong - Macau – Zhuhai, sendo que o complexo terá não apenas os balcões de confirmação dos documentos de viagem como uma estação do metro, um centro de transportes para barcos e uma zona comercial. A informação foi confirmada pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) ao deputado Ho Ion Sang. O complexo vai ainda ter dois parques de estacionamento, um de cada lado da fronteira.

subsistema, que reforçará o sistema de passagem nas fronteiras, como garante o Executivo. Já no ano passado, garante Wong Sio Chak, “sentiu-se a urgência de se criar um segundo subsistema”. Mas este não chegou a tempo. “Antes da conclusão dos testes, registou-se a avaria do sistema [principal]”, frisou, admitindo que não existe calendarização para a criação

“Está prevista a entrada em funcionamento do segundo subsistema de migração, entre os meses de Julho a Setembro, estandose ainda a estudar a possibilidade de um terceiro subsistema” WONG SIO CHAK SECRETÁRIO PARA A SEGURANÇA

do terceiro do subsistema por “motivos técnicos, pois será necessário mais tempo para estudos e avaliações”. O caso foi uma falha informática mas a avaria “não se tratou de um ataque”, como garante o Executivo. Relativamente à aplicação de sanções ao fornecedor do sistema, Wong Sio Chak disse apenas que vai pedir responsabilidades conforme as disposições no contrato. “Contudo, neste caso, o fornecedor cumpriu com as suas obrigações e responsabilidades previstas no contrato. Se houver necessidade de elaborar disposições contratuais mais rigorosas, será necessário satisfazer e respeitar os respectivos regulamentos comerciais”, sublinhou. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Três regiões, um objectivo Operação de combate ao crime leva mais de noventa ao MP

M

AIS de noventa pessoas foram presentes ao Ministério Público pelas autoridades policiais de Macau, numa operação conjunta entre o território, Guangdong e Hong Kong. De acordo com os Serviços de Polícia Unitários (SPU), entre os vários crimes foi detectado um caso de exploração de prostituição transfronteiriça. As autoridades policiais das três regiões desenvolveram, de 9 a 13 de Maio de 2016, uma operação conjunta de combate à criminalidade organizada transfronteiriça. A Polícia Judiciária e o Corpo de Polícia de Segurança Pública realizaram uma série de acções de fiscalização, tendo sido ainda feitas operações de identificação de veículos nas principais estradas. “Durante esta operação, foi descoberto pelas autoridades policiais de Macau e de Zhuhai um

caso de exploração de prostituição transfronteiriça, tendo sido detidos três indivíduos (dois homens e uma mulher) do interior da China, suspeitos de exploração de prostituição, e um indivíduo do sexo masculino suspeito de venda de drogas às prostitutas. A polícia de Macau mobilizou 813 agentes, tendo identificado 2422 indivíduos (834 do sexo feminino), sendo que 255 (158 homens e 97 mulheres) foram conduzidos à polícia para efeitos de averiguação. Entre estes, 92 foram encaminhados ao Ministério Público por prática de crimes como associação criminosa, ofensa qualificada à integridade física, posse de armas proibidas, tráfico de droga, exploração de prostituição, usura, sequestro, passagem de moeda falsa, entre outros. Só 19 eram mulheres. J.F.

ZONA DE ATERRO DE RESÍDUOS SOFREU INCÊNDIO POR 11 HORAS

D

URANTE 11 horas, na madrugada de sábado, a zona de aterro de resíduos de construção, na Taipa, esteve a arder. A distância a fontes de água atrapalhou o trabalho dos Bombeiros, que só conseguiram apagar o fogo indo buscar água a três quilómetros de distância. Perante o cenário, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) não descarta a hipótese de instalar bocas de incêndio no local. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, os bombeiros receberam a chamada da ocorrência às seis da manhã. O ponto mais alto da zona de aterro de resíduos de construção, a 25 metros, começou a arder, causando fumo que alertou as pessoas. No local estiveram 14

carros que se uniram e conseguiram através de oito mangueiras chegar à fonte de água mais próxima, sendo ainda necessária a ajuda dos trabalhadores dos Serviços de Abastecimento de Água de Macau. Depois de 11 horas, com a avenida bloqueada e toda a zona fechada, os bombeiros conseguiram dominar as chamas. Esta não foi a primeira vez que deflagrou um incêndio naquela zona de aterro, levando a que as autoridades já tivessem pedido a instalação de equipamentos preventivos no local. Confrontada sobre o assunto, a DSPA diz esperar que os serviços das Obras Públicas adicionem uma boca de incêndio quando construírem a estrada pública. F.F. (revisto por F.A.)


9 hoje macau terça-feira 17.5.2016

O

S 24 galgos que iam chegar a Macau na semana passada foram parados no Reino Unido, depois de centenas de activistas e defensores de animais terem exercido pressão sobre as autoridades. Em Inglaterra, as autoridades barraram o envio dos cães devido às más condições de transporte – condições a que foram sujeitos os nove galgos que chegaram este ano ao território. “É uma grande vitória”, disse à Lusa o presidente da Anima – Sociedade Protectora dos Animais, que lançou a campanha internacional para encerrar o Canídromo. “O pessoal [do aeroporto] bloqueou, disseram que as condições de viagem não eram adequadas. Os nove cães que chegaram vieram em embalagens iguais, [o que revela que] estão a ser mais rigorosos”, diz o presidente da Anima. O bloqueio dos animais na origem foi a forma como os defensores dos animais conseguiram contornar a falta de acção das autoridades. O fornecimento da Austrália – principal região de exportação destes cães - já foi barrado em Dezembro, mas a Irlanda – que tinha bloqueado o processo para a China em 2011 – decidiu permitir agora a exportação para Macau. Estes 24 galgos iriam chegar na sexta-feira passada. Albano Martins explicou à Lusa que a campanha com organizações irlandesas e inglesas funcionou: no aeroporto de Man-

Galgos DEFENSORES DE ANIMAIS TRAVAM TRANSPORTE ATÉ MACAU

Activistas 1 Canídromo 0

chester, onde os cães chegaram de barco vindos da Irlanda e de onde partiriam para Macau num voo da Lufthansa, os animais foram recebidos por activistas que chamaram a atenção para as condições de acondicionamento.

ALTA PRESSÃO

Nas redes sociais, especialmente na página Stop Exportation From Ireland Greyhounds to China, as petições sucedem-se. Tanto o Chefe do Executivo de Macau, como a Lufthansa são alguns dos alvos,

“O pessoal [do aeroporto] bloqueou, disseram que as condições de viagem não eram adequadas” ALBANO MARTINS PRESIDENTE DA ANIMA

onde agora se acrescenta, como o HM apurou, a Qatar Airlines. De acordo com Albano Martins circula, actualmente, na Irlanda, um trabalho televisivo australiano que mostra as condições do Canídromo e que teve um impacto significativo na opinião pública da Austrália. As más condições do Canídromo e a morte de dezenas de cães por mês são o foco principal, depois de diversas notícias locais terem dado conta da mesma situação. O presidente da ANIMA vai deslocar-se à Irlanda a 2 de Junho, onde espera ser recebido pelo ministro da Agricultura do país, depois da petição para travar o envio de galgos para Macau ter reunido 350 mil assinaturas. De acordo com a Anima, entre 260 e 280 cães morreram no ano passado, alguns apenas um mês depois de chegarem à pista. Actualmente, há cerca de 720 galgos no Canídromo. O Canídromo opera há 50 anos e viu, naquele que deveria ter sido

o último ano de funcionamento, o seu contrato ser renovado. O Governo renovou a concessão por mais um ano, argumentando que não seria “justo” encerrar o espaço “de um dia para o outro” e justificou a necessidade de “estudar” o problema. J.F.

RICK GERVAIS ESTÁ CONVOSCO

O

actor e comediante Ricky Gervais juntou-se ao apelo para a proibição das exportações, por lhes esperar a “morte certa” quando são vendidos para corridas em Macau. “Todos os cães que são enviados para Macau vão morrer lá”, afirmou o humorista britânico e conhecido defensor dos direitos dos animais, em declarações publicadas no domingo pelo jornal Irish Mail. Ricky Gervais apelou, na noite de sábado, ao governo irlandês para banir as exportações evocando até a imagem do país.

Um é meu, outro de quem o apanhar Continua disputa sobre propriedade do Imperial Palace na Taipa

N

G Man Sun assegura que ainda detém o Hotel Imperial Palace (antigo New Century) e que a Empresa Hoteleira de Macau e uma empresa de Hong Kong estão a tentar influenciar o resultado de um processo em tribunal. O comunicado surge depois de dois outros, da Empresa Hoteleira de Macau e da Victory Success Holdings Limited de Hong Kong, onde a primeira declarava ter cedido a propriedade do Hotel na Taipa à segunda. Os comunicados surgem no jornal Ou Mun uns a seguir aos outros. Nos primeiros, datados de

SOCIEDADE

12 de Maio, a Victory Sucess declarava ter a propriedade do Hotel desde 22 do Outubro de 2015. A empresa da região vizinha assegurava ter assinado um contrato com a Empresa Hoteleira Macau, que dizia, por sua vez, ter transferido a propriedade do Hotel transferiu como pagamento

de dívidas. A Victory Sucess diz estar registada como proprietária do espaço desde o dia 27 do Outubro. Mas Ng Man Sun, conhecido também como Kai See Wai e Ng Wai, também publicou uma declaração no mesmo jornal assegurando que ainda tem a propriedade do Hotel, que o caso ainda está em fase de julgamento em tribunal e criticando a empresaVictory Success por esta querer, diz, “influenciar o julgamento do Tribunal”. O empresário foi detentor da Empresa Hoteleira de Macau desde 1996, anos antes de ter fundado o casino Greek Mithology dentro do hotel. Em 2012, depois de um

conflito com a ex-namorada, Chen Mei Huan, o empresário – que foi atacado por seis homens dentro da propriedade – terá ficado sem quase nada, uma vez que uma transferência “temporária” indicava que a mulher detinha 80%. De acordo com o jornal Macau Business Daily, Ng Man Sun detém agora 24,8% da empresa detentora do casino dentro do hotel. O Suncity Group, de Alvin Chau, terá comprado 70% da propriedade em 2014.

À ESPERA DE DECISÃO

Na declaração, o empresário revelou que o caso do Hotel está ainda

Rick Gervais

em processo jurídico, depois de em 2013 o Tribunal de Primeira Instância ter dado ordem de arresto da propriedade, por dívidas. De acordo com Ng, que diz ter pedido ao tribunal a reentrega da propriedade, ainda não há decisão do tribunal. O empresário critica, por isso, a Victory Success e diz que tem o direito de utilizar este hotel em qualquer situação. O casino Greek Mythology está ainda fechado para o que serão “obras de manutenção”, como garantiu a Direcção de Jogos ao HM, sendo que ainda opera com a licença da Sociedade de Jogos de Macau. Tomás Chio (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo


10 I LIGA

BENFICA TRICAMPEÃO

O

Benfica conquistou categoricamente o seu 35.º nacional de futebol, o primeiro ‘tri’ desde 1976/77, graças a 20 vitórias nas últimas 21 jornadas e à capacidade para aguentar a pressão, exercida de todas as formas, pelo rival Sporting. Com Rui Vitória no lugar de Jorge Jesus, que transitou para os ‘leões’, e uma mudança de paradigma, para uma clara aposta na formação, no Seixal, os ‘encarnados’ tiveram um começo de época muito complicado, criando desconfiança, mas deram uma resposta que ninguém, se calhar, pensava ser possível. Já foi há muito tempo, e a memória é curta, mas, após oito rondas, o Benfica era oitavo - com menos um jogo, que empataria -, a oito pontos do líder Sporting, que acabava de vencer na Luz por 3-0. Nessa altura, Jesus disse que “era fácil pôr o Rui Vitória deste ‘tamanhinho’ (muito pequeno, pelo forma como colocou os dedos). Estaria, certamente, longe de pensar que o treinador do Benfica ‘cresceria’ e faria ‘crescer’ a sua equipa, ao ponto de ser capaz de ir ‘roubar’a liderança a Alvalade. Com Novembro a chegar ao fim, houve um momento de mudança, a entrada do jovem Renato Sanches no ‘onze’ (a titularidade chegou antes, na ‘Champions’, com o Astana)

BENFICA MUNDIS • MACAU Dezenas de benfiquistas encheram o bar RoadHouse no Cotai para assistir ao jogo que deu o tri-campeonato aos encarnados. Depois de alguma inquietação enquanto não chegavam os golos, a festa foi-se fazendo à medida do desenrolar do encontro, acabando em autêntica euforia com os adeptos encarnados a entoar cânticos de “Campeões, Nós Somos Campeões”!

• MOÇAMBIQUE A praça Robert Mugabe, na baixa de Maputo, vestiu-se novamente

LUSA

HUMILDADE E BOM

A FESTA GLOBAL EM TONS DE VERMELHO de vermelho na noite do 35.º título do Benfica, e fez, pelo terceiro ano consecutivo, do mais antigo líder africano um Marquês. Centenas de pessoas juntaram-se na praça repetindo os cânticos, glorificando o Benfica, que voltaram a passar persistentemente na televisão por cabo em Moçambique. “As nações são feitas assim, não escolhemos, nascemos nelas e esta é envolvência delas”, justifica Gilberto Mendes, 50 anos, um actor moçambicano que ajudou a compor a festa vermelha no

centro de Maputo. “Benfica é o mundo inteiro”, declara Sarmento Fernandes. “Olha para aqui, é só olhar”, prossegue o hoteleiro moçambicano de 36 anos, apontando para a praça e avenidas adjacentes cheias.

• CABO VERDE Buzinões, batucada, gritos, cânticos, abraços, muita música e dança marcou a festa dos benfiquistas na cidade da Praia, em Cabo Verde, numa manifestação de orgulho pela conquista do tri-

campeonato nacional de futebol. Os sinais da festa benfiquista começaram a sentir-se mesmo antes do fim do jogo com o Nacional, com alguns buzinões, mas a animação ganhou mais força no final da partida após Luisão levantar a taça do 35º título de campeão do Benfica. Nas principais ruas e pontos de encontro da capital cabo-verdiana há crianças, jovens e adultos vestidos a rigor com o vermelho do Benfica, empunhando bandeiras e cachecóis, a pé ou dentro dos carros, entoando

gritos, trocando beijos e abraços e vibrando ao som do funaná, género musical do país.

• GUINÉ-BISSAU O Benfica deu a muitos guineenses uma razão para esquecer a crise política no país e festejar, com muitos gritos de vitória, cantigas improvisadas e abraços em vários locais de Bissau. “Hoje temos esta vitória para festejar. Estou muito, muito contente”, dizia em voz alta um adepto na sede do Sport Bissau e Benfica. Ali, como noutros pontos

da capital, um ecrã de televisão juntou dezenas de adeptos até ao apito final da partida em Lisboa, a 3.000 quilómetros de distância, mas para os benfiquistas da Guiné era como se lá estivessem. “Foi difícil, mas conseguimos”, dizia um dos presentes por entre a gritaria, enquanto uma das poucas mulheres no local referia que tinha sido “Jorge Jesus quem deu mais vontade para conquistar o título”. A festa continuou à porta do Benfica de Bissau, onde os carros passavam a apitar e onde os


11

M SENSO

e a colocação de Pizzi no lado direito do ataque. Foi um detalhe que revolucionou o futebol dos ‘encarnados’, num plantel castigado por lesões (Nelson Semedo, Luisão, Lisandro López, Júlio César, Salvio, Fejsa e, às vezes, Gaitán), mas que teve o mérito de se reinventar. Foram muitos os momentos em que o treinador Rui Vitória ganhou as apostas que fez, algumas de risco:AndréAlmeida, Lindelöf, Renato Sanches, Ederson, Carcela a espaços ou Raul Jiménez.

ASSALTO AO LEÃO

• ANGOLA Algumas centenas de angolanos e portugueses festejaram, ao som do kuduro, num hotel de Luanda, o título de campeão nacional português do Benfica, esquecendo, por momentos, a crise que marca

o dia-a-dia de Angola. “Neste momento não há crise nenhuma. O Benfica faz esquecer tudo, a crise e os problemas”, disse o apresentador da televisão angolana Pedro N’zagi, que foi o animador de serviço da festa na conhecida “Casa 70”, local de concentração dos benfiquistas em Luanda. Ao ritmo do kuduro e regada com muita Cuca, a cerveja angolana, a festa foi animada ainda pelos cânticos de apoio ao Benfica, repetidos a uma só voz por angolanos e portugueses. “Uma das

coisas mais impressionantes é estar fora do país, fora de Portugal, fora da sede do clube e esta família estar aqui como se fosse ao estádio. Essa é a força do Benfica”, rematava Pedro N’Zagi, enquanto já lançava ao microfone da “Casa 70” o desafio: “Benfica dá-me o 36”. Numa ronda pela cidade de Luanda, em vários outros restaurantes era possível ver a festa de angolanos e portugueses, sobretudo no exterior, com todos equipados a rigor e entoando o cântico “Benfica campeão”.

EMMA RUNYUN ZHANG

Uma volta depois, de facto, tudo tinha mudado e, à 25.ª jornada, os ‘encarnados’ foram mesmo ‘assaltar’ a liderança ao reduto do Sporting. Um golo do grego Mitroglou, aos 20 minutos, selou o triunfo das ‘águias’, que, na frente, não mais perderam qualquer ponto, só parando no ‘35’. Nos derradeiros nove jogos, o Benfica teve, porém, de sofrer, e muito, nomeadamente para ganhar no Bessa (resolveu Jonas, aos 90+3 minutos) e em Coimbra e Vila do Conde, onde o mexicano Raúl Jiménez saltou do banco para marcar os golos da vitória, aos 85 e 73, respectivamente. A penúltima ronda, no reduto do Marítimo, também foi um teste imenso, com a expulsão de Renato Sanches ainda na primeira parte, com o resultado em ‘branco’, mas o Benfica foi ‘grande’ (2-0), para na última ronda, fazer o que, então, já parecia inevitável, bater o Nacional (4-1) e selar o título. O colectivo, a união do grupo, junto com o sempre poderoso ’12.º jogador’, os adeptos, foram determinantes na conquista do ceptro, selado sob o signo do ‘88’, um novo recorde de pontos e o melhor registo de golos desde 1990/91 (89 do Benfica, de Sven-Goran Eriksson, mas em 38 jornadas).

adeptos se começaram a juntar em maior número. “O Benfica deu-me 35, o Benfica já me deu 35”, foi o refrão de uma música improvisada no local pelo benfiquistas que desvalorizaram a conquista na última jornada.

I LIGA

hoje macau terça-feira 17.5.2016

AS FIGURAS RUI VITÓRIA

Treinador e Cavalheiro

Rui Vitória foi a grande figura entre os 27 treinadores que exerceram na I Liga portuguesa de futebol em 2015/16, ao levar o Benfica ao ‘tri’, superando Jorge Jesus e até José Mourinho. Numa luta que se dividiu entre o campo e as conferências de imprensa, onde nunca respondeu aos insultos e desconsiderações do treinador do Sporting, Vitória começou na mó de baixo, mas recuperou e foi buscar a liderança precisamente a ‘casa’ de Jesus, numa 25.ª ronda que marcou o campeonato. Depois desse encontro, o Benfica venceu tudo e selou o ‘tri’, com um novo recorde de pontos (88), superando os 86 do FC Porto, de Mourinho, em 2002/2003. A sua conferência de imprensa, na hora da vitória, foi de uma dignidade exemplar.

JONAS O Pistoleiro Implacável Jonas foi a grande figura da I Liga portuguesa de futebol no que respeita a golos, ao totalizar 32. O brasileiro, que a época passada perdeu ‘in-extremis’ o título de ‘rei’ dos marcadores, não deu hipóteses à concorrência, contribuindo decisivamente para os 88 do Benfica, o melhor registo colectivo desde a versão 1990/91 das ‘águias’, que, sob o comando de Eriksson, marcaram 89, em 38 jogos. O avançado logrou apenas um ‘hat-trick’, mas foi o ‘rei’ dos ‘bis’, com 10.

RENATO SANCHES

Revelação Explosiva

Renato Sanches entrou para a equipa principal do Benfica por volta do Natal e a sua presença mudou o modo de jogar da equipa. Foi nítida, sobretudo nos primeiros jogos que disputou, a forma como levava a bola para a frente e demonstrava um vigor físico que lhe permitia disputar o esférico durante todo o tempo de jogo. O jovem médio teve assim um papel fundamental na conquista deste campeonato. De tal modo deu nas vistas que Carlo Ancelotti pediu ao Bayern Munique a sua contratação por 35 milhões de euros (+ 45 milhões por objectivos). “Tendo em conta a sua idade e a sua qualidade, Renato Sanches tinha propostas de vários clubes europeus, mais concretamente de Inglaterra. Uma das principais razões pelas quais ele decidiu vir para o Bayern Munique foi, não só o clube, mas também o nosso novo treinador [Ancelotti] e o facto de ele o querer contratar», afirmou Karl-Heinz Rummenigge, director do Bayern à FCB.tv.

ASSISTÊNCIAS

O Outro Jogador

O Benfica dominou de forma ‘esmagadora’ o campeonato das assistências na I Liga portuguesa de futebol, tendo marcado presença nos 10 jogos mais vistos da edição 2015/16. Os nove encontros com maior número de espectadores realizaram-se no Estádio da Luz, e, a fechar o ‘top 10’, os ‘encarnados’ também estiveram presentes, na maior enchente da época no Estádio José Alvalade. A casa das ‘águias’, cuja capacidade oficial é de 64.642 lugares, foi o palco que contou maior assistência (855.474, à média de 50.322 por jogo). Além de dominar em casa, o Benfica também foi o clube mais visto em quase todos os campos, sendo excepções as deslocações a Braga, Tondela e Setúbal. A recepção do Benfica ao Nacional, na última jornada, foi o jogo mais visto do campeonato, com 64.642 espectadores, registo que superou os 63.534 do Benfica-FC Porto da época passada.

PAIXÃO ASIÁTICA H

á adeptos apaixonados e depois há... Emma Runyun Zhang. A chinesa havia viajado de Los Angeles, nos EUA, onde reside, para Portugal em Fevereiro especialmente para dar os parabéns a Nico Gaitán (seu jogador preferido) pelo seu 28.º aniversário e agora esteve novamente em Lisboa para ver o Benfica ser tricampeão.


12 EVENTOS

Sofitel MÚSICA ELECTRÓNICA “MAS NÃO COMERCIAL” ESTA SEXTA-FEIRA

CONTRACULTURA NO TERRACO ´

Trazer novos sons electrónicos à cidade fora do circuito comercial é a ideia. Unir pessoas de culturas diversas através da paixão pela música e pela dança, a proposta. A primeira edição desta experiência acontece já esta sexta-feira e conta, para além de vários dos afamados DJs locais, com a presença da portuguesa Sininho, do Porto, uma especialista na combinação de sons da Natureza com música electrónica

O

terraço do Sofitel volta à acção com a presença, esta sexta-feira, da DJ portuguesa Sininho, conhecida pela preferência pelo techno e electrónica. O evento, designado por “Contra Cultura – Volume I”, e organizado pelo colectivo local HI-TECH+TRIBE, o Sofitel, a TEK e o estúdio CAOBOX, pretende focar-se apenas no que a organização descreve como música electrónica “cool” e não comercial. Também previstos no elenco estão os DJs locais Kit Leong,

Gordon, D’Mond e Hellium, numa festa para “todas as culturas e credos”, diz a organização, que terá ainda um menu de comida incluído. “Nesta pequena e diversa cidade, estamos sempre a tentar fazer algo de novo, à procura de denominadores comuns e a abraçar o desconhecido”, diz a Hi+Tech Tribe, que quer com “contracultura” unir pessoas através de ritmos de dança e a paixão pela música.

VETERINÁRIA AOS COMANDOS

Sininho, nome de “guerra” nas lides musicais, é a principal atracção da

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA A ARCA DO TESOURO • João Fazenda

Texto de Alice Vieira AOrquestra Metropolitana de Lisboa encomendou a Alice Vieira um pequeno conto para Eurico Carrapato musicar. AArca do Tesouro, um texto sóbrio e sábio, que se insurge contra a ditadura imposta pelo relógio, conflui com uma música simples, bela e comunicativa e dá conhecer a história de Maria e da sua caixa azul.

noite. Além de Dj, é veterinária de profissão e especializada em animais exóticos. Nascida no Porto, onde ainda vive, começou a carreira musical como pianista clássica. Devido ao seu curso em Ciências da Vida (Biologia) começou a procurar “entendimentos” entre a Natureza e o som. Daí que os sons naturais sejam característica do seu repertório.

Como produtora de música electrónica, combinar o mundo natural com a música é, para Sininho, a receita para descobrir novos modelos e desenvolver algoritmos de som singulares. Este processo, que tem vindo a ser desenvolvido desde 2015, tem resultado em performances audiovisuais e no projecto “Kobayashi

2001” que explora a codificação ao vivo de som com visuais reactivos. “Contra Cultura – Volume I” acontece na próxima sexta-feira e tem um custo por pessoa de 150 patacas com direito a duas bebidas, sendo que os bilhetes são apenas adquiridos na porta. Manuel Nunes

Info@hojemacau.com.mo

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

O SENHOR DO SEU NARIZ E OUTRAS HISTÓRIAS • João Fazenda

Texto de Álvaro Magalhães Um conjunto de cinco contos encantadores e divertidos, que também nos deixam a pensar. Há a história de um rapaz condenado a carregar desde a nascença um nariz do tamanho de um chouriço e que, aos poucos, transforma a sua desgraça em graça. Há também a história de quatro ladrões que são enganados por uma luz esverdeada que lhes falava ao ouvido. E a história de Pedro e Inês, que se queriam bem, mas se desencontraram durante a vida inteira (e na outra também). E a história do Senhor Pascoal, que deu a volta ao mundo à procura da felicidade e só a encontrou quando deixou de a procurar. E ainda a história de um homem ambicioso e agitado que não dava descanso ao seu anjo da guarda. Tanto quis e tanto andou, que acabou onde tinha começado.


13 hoje macau terça-feira 17.5.2016

O

S The Gift iniciam em Macau, no dia 2 de Junho, a digressão celebrativa dos 20 anos, que passará por 16 palcos nacionais, até Setembro. A banda de Alcobaça, formada por Nuno Gonçalves, Miguel Ribeiro, Ricardo Braga e Sónia Tavares, prepara também um novo álbum, que será produzido pelo músico britânico Brian Eno, ex-Roxy Music. Em comunicado, a banda afirma que o novo disco será “o álbum das suas vidas”. A digressão intitula-se “20” e “terá um novo design de palco, novidades cénicas e a energia de sempre, num espectáculo que promete ser inovador e elegante, como a banda sempre tem feito ao longo dos últimos anos”, lê-se no mesmo comunicado. A 2 de Junho, os The Gift actuam em Macau no grande auditório do Centro Cultural, num evento que comemora o Dia de Portugal, Camões e das Comunidades e organizado pela Casa de Portugal

O álbum da vida deles

The Gift iniciam digressão que celebra 20 anos em Macau

em Macau e Fundação Oriente. O grupo segue depois para outros 16 palcos portugueses até Setembro.

COM HISTÓRIA

A banda iniciou-se em 1994, inicialmente como projecto paralelo dos Dead Souls, banda então de Nuno Gonçalves e Miguel Ribeiro, aos quais se juntou mais tarde Ricardo Braga e Sónia Tavares. O grupo tem editados oito álbuns, incluindo o duplo “20”, saído no ano passado, quando foi também lançada a “caixa premium”, que inclui uma biografia da banda, da autoria do jornalista Nuno Galopim, quatro CDs, um deles com o espectáculo realizado no Coliseu do Porto, em 2012, e um outro com “raridades e versões”, que a banda recuperou, e ainda quatro DVDs, que registam diferentes actuações.

Prata da casa

Io Lou Ian e Emily Chan entre os premiados do Macau Indies

F

ORAM apresentados este domingo os filmes vencedores do Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau. O “Prémio do Júri” foi atribuído a “Projecto Miúdos” de Io Lou Ian, uma ficção sobre um grupo de crianças do jardim de infância que participa num show de talentos. A obra é uma reflexão sobre o sistema educativo e os valores que lhe estão associados. Io Lou Ian volta, assim, a receber um primeiro depois de a sua curta metragem “A Senhora Cogumelo” ter recebido a “Menção Honrosa do Júri” em 2012. O “Prémio de Louvor para Melhor Longa-Metragem” coube a Emily Chan com “Uma Década de Blademark”, um filme que regista o percurso artístico da banda rock liderada por Fortes Pakeong Sequeira. A “Melhor Curta-Metragem” foi para Hong Heng Fai com o filme “Choque”, uma ficção baseada na perda e no reconhecimento social. “Leno”, de Leong Kin e Cobi Lou, foi considerada “A Melhor Animação”. Uma brincadeira onde se falam de temas sérios como a protecção ambiental da cidade. O Macau Indies distinguiu ainda o “Melhor Argumento”, com o prémio a ser entregue a Hugo Cheong pelo filme “Orpheus”, uma história à volta da conquista de sonhos e da percepção da realidade. O júri foi composto por Sunny Luk, cineasta e argumentista de Hong Kong, Song Wen, fundador do FIRST - Festival Internacional

EVENTOS

de Cinema do continente chinês, e Derek Tan, impulsionador da plataforma para curtas-metragens asiáticas Viddsee, sediada em Singapura. A concurso estiveram 25 produções, do cinema de animação às curtas, das longas-metragens aos projectos experimentais e documentais. O Festival Internacional de Cinema e Vídeo 2016 prossegue com o desafio vídeo “Filme a La Minute”, onde os participantes têm 24 horas para criar um filme com a duração máxima de um minuto utilizando um telefone inteligente. Continua agendada a projecção de sete filmes internacionais de 1 a 5 de Junho.

Em 2011, os The Gift publicaram “Explode”, um álbum que foi disponibilizado no site da banda ao preço que o consumidor desejasse pagar, em termos físicos. O CD chegou às lojas em meados de Março de 2011, ano em que voltaram a ser nomeados para os prémios MTV Europe Music Awards, na categoria “Best Portuguese Act”. No início do ano 2012, o site Art Vinyl elegeu o disco “Explode”, como uma das melhores capas do ano 2011, tendo o álbum ficado em 27.º lugar, numa lista das 50 melhores capas. Desde 2012, quando editaram o CD “Primavera”, os The Gift realizaram mais de 120 concertos, segundo números avançados pelos músicos, preparam agora o novo álbum e estão de volta à estrada.

SOM DO CINEMA EM PALESTRA NA CINEMATECA PAIXÃO

O

cinema é muito mais do que apenas a imagem, existindo muitos a defenderem que constitui mesmo 50% de qualquer filme. Por isso, dominar a técnica de produção e aplicação dos efeitos sonoros é essencial no processo de construção de um filme. Assim, se pretender entrar neste mundo aproveite a palestra intitulada “O Encanto dos Efeitos Sonoros Cinematográficos”, proferida por Phyllis Cheng Wing-Yuen, veterana do design sonoro e da mistura de som de Hong Kong. Vai acontecer na Cinemateca Paixão no próximo dia 21 de Maio, sábado, pelas 15h00. Nesta palestra, Phyllis vai abordar os efeitos sonoros em

cinema desde a sua criação ao fluxo de trabalho requerido, apresentando vários exemplos. Phyllis Cheng possui uma vasta experiência no domínio do design acústico e da mistura de som no processo de pós-produção, tendo participado na produção do som dos filmes Full Strike, Angel Whispers, To The Fore, Insanity, As The Light Goes Out, The Four

II, Out of Inferno, Little Cheung e Durian Durian, entre outros. Em 2012, ganhou o prémio Best ADR Recordist no âmbito dos Golden Reel Awards. Estão disponíveis apenas 60 lugares, pelo que se estiver interessado deve apressar-se com a inscrição que pode ser efectuada online gratuitamente no sítio do Instituto Cultural.

DST EM CANNES PARA “DIVULGAR” A RAEM

I

NTERCÂMBIO, absorção de experiências, divulgação do Festival Internacional de Cinema são os objectivos da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) que, em conjunto com a Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau, participa no 69.° Festival de Cannes que se iniciou no passado dia 11 e termina a 22. A delegação, que não conta com a participação de cineastas ou produtores locais, está representada com um stand no Mercado do Filme (Marché du Film) para promover Macau como um local ideal para filmagens. O Mercado do Filme

reúne milhares de profissionais da indústria de cinema de várias partes do mundo, como produtores, realizadores e outro agentes. Segundo a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, pretende-se com esta iniciativa “elevar o nome de Macau nos circuitos internacionais de cinema”. Assim a DST, garante que vai “encetar um intercâmbio directo com a indústria internacional de cinema” e “divulgar as características únicas e o ambiente cultural de Macau como um local ideal para cinema”. Foi também já anunciada a presença da DST no Festival In-

ternacional de Cinema de Xangai e no Festival Internacional de Cinema de Busan, “entre outros festivais de renome”, segundo a nota divulga à imprensa. O objectivo destas presenças, segundo a DST, passa por “intensificar as ligações de Macau com a indústria internacional de cinema, impulsionando o desenvolvimento da indústria turística de Macau e promovendo o turismo cultural, beneficiando o desenvolvimento sustentável da indústria turística de Macau no longo prazo”.


14 CHINA

hoje macau terça-feira 17.5.2016

O

S chineses tornaram-se, em 2015, nos principais investidores no sector imobiliário dos Estados Unidos da América, reflectindo o crescente desejo em adquirirem activos seguros além-fronteiras, de acordo com uma pesquisa divulgada no passado domingo. Nos últimos cinco anos, o fluxo do investimento chinês em propriedade residencial e comercial norte-americana somou 110.000 milhões de dólares, detalha o estudo conjunto da organização não-governamental Asia Society e da consultora Rosen Consulting Group. A mesma pesquisa prevê que aquele valor duplique nos próximos cinco anos, para 218.000 milhões de dólares. “O que distingue a China e vale a pena salientar é a combinação do alto volume de investimento e a sua distribuição por todas as categorias de imobiliário”, incluindo “uma tendência única para comprar propriedade residencial”, segundo o estudo. Os autores ressalvam que os números, que têm como base dados de instituições públicas e entidades do sector imobiliário, subestimam o valor total ao excluir os investimentos realizados por grandes empresas e fundos de investimentos chineses. Em 2014, por exemplo, a Anbang, que foi candidata à compra do Novo Banco em Portugal, tornou-se mundialmente famosa ao comprar o icónico hotel de Nova Iorque Waldorf Astoria, por 1.950 milhões de dólares.

MAIS CARO VENDE MAIS

O pequeno investidor chinês escolhe, sobretudo, propriedade residencial.

EUA MAIORES INVESTIDORES EM IMOBILIÁRIO SÃO CHINESES

PEQUIM CONFIRMA CASO DE ZIKA DE IMPORTAÇÃO

Senhorios orientais Entre 2010 e Março de 2015, os chineses compraram 93 mil milhões de dólares em propriedade residencial norte-americana, com 30% daquele valor a corresponder a transacções realizadas nos últimos 12 meses. Já o imobiliário comercial recebeu 17 mil milhões de dólares em investimento, metade feito no ano passado. A mesma pesquisa indica que os compradores chineses optam pelos mercados mais caros: Nova Iorque, Los Angeles, São Francisco e Seattle. Chicago, Miami e Las Vegas também atraem compradores. Em média, os chineses pagam 832.000 dólares por cada casa adquirida nos EUA, bem acima do valor médio

“O que distingue a China e vale a pena salientar é a combinação do alto volume de investimento e a sua distribuição por todas as categorias de imobiliário” ESTUDO DA ASIA SOCIETY E DA ROSEN CONSULTING GROUP

de 499.600 dólares do investimento estrangeiro no seu conjunto. As motivações variam entre o desejo de comprar uma segunda casa, a obtenção de um visto de investimento EB-5 - uma espécie de visto ‘gold’ e a procura por um activo rentável. O estudo sublinha que a maior parte do dinheiro chinês investido em propriedade norte-americana é oriundo de poupanças privadas. “O costume de usar imobiliário como investimento ou forma de preservar riqueza é mais prevalente na China e reflecte a confiança que existe entre as famílias e indivíduos chineses em comprar uma segunda casa nos EUA”, nota.

DESVALORIZAÇÃO DO YUAN AJUDA

Desde o último ano, a desvalorização da moeda chinesa, o yuan, face ao dólar norte-americano estimulou ain-

da mais o desejo de adquirir activos além-fronteiras. A pesquisa indica que é de esperar um aumento do investimento por empresas chinesas em propriedade comercial dos EUA. No último mês, o conglomerado chinês HNA, futuro accionista da TAP, anunciou a compra da cadeia hoteleira norte-americana Carlson Hotels, que detém 1.400 hotéis. No mesmo período, aAnbang esteve perto de realizar o maior investimento de sempre de uma empresa chinesa nos EUA, ao oferecer 14 mil milhões de dólares pela rede hoteleira Starwood. Em Portugal, os chineses compõem 87% dos estrangeiros que investem no âmbito da Autorização de Residência para Investimento (ARI) - os chamados vistos ‘gold’ - instituída em 2012. Quase todos fazem-no por via do requisito da aquisição de bens imóveis.

O primeiro caso de infecção pelo vírus Zika em Pequim foi registado neste domingo, informou a Comissão de Saúde e Planeamento Familiar em comunicado. A paciente, uma mulher de 29 anos natural da província de Shandong, desenvolveu brotoejas na pele e febre do dia 11 de Maio, enquanto estava na Venezuela. No dia 13, voltou à China. Foi examinada e o vírus foi detectado no domingo. Neste momento, encontrase internada num hospital onde recebe tratamento médico. Apesar da notícia, especialistas da Comissão disseram que as hipóteses de a doença se espalhar na capital chinesa são baixas.

PUB

DEPUTADO ALEMÃO BARRADO POR APOIAR INDEPENDÊNCIA TIBETANA EDITAL

EDITAL

Edital nº : 11/E-OI/2016 Processo nº : 786/OI/2015/F Assunto : Início do procedimento de audiência pela infracção às disposições do Regulamento Geral da Construção Urbana (RGCU) Local : Rua de Francisco Xavier Pereira n.º 90, Edf. Va Lok, fracção 1.º andar F (CRP: F1), Macau. Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados Chan Iong Heng e Loi Fong, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as obras não autorizadas abaixo indicadas, as quais infringiram o disposto no n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (RGCU) de 21 de Agosto, alterado pela Lei n.º 6/99/M de 17 de Dezembro e pelo Regulamento Administrativo n.º 24/2009 de 3 de Agosto, pelo que as mesmas são consideradas ilegais:

Edital n.º : 59/E-BC/2016 Processo n.º :989/BC/2015/F Assunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Local : Rua de Francisco Xavier Pereira n.º 90, Edf. Va Lok, fracção 1.º andar F (CRP: F1), Macau. Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados Chan Iong Heng e Loi Fong, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que nos locais acima indicados realizaram-se as seguintes obras não autorizadas:

1.1

Obra 1.1 1.2 1.3 1.4

Alteração da rede de abastecimento de água na fracção. Demolição de uma parte da parede em alvenaria de tijolo no quarto da fracção para ampliação do vão da janela. Demolição da porta de correr em vidro existente na varanda da fracção e alteração do estilo do gradeamento da varanda. Demolição de uma parte da parede do quarto da fracção para abertura do vão.

2. Nestas circunstâncias e nos termos dos artigos 52.º e 65.º do RGCU, ordena aos infractores que procedam à demolição das obras ilegais referidas no ponto 1 e à reposição da parte afectada do edifício de acordo com o projecto aprovado por esta Direcção de Serviços, e informa que incorrem em infracção sancionável com multa de $1 000,00 a $20 000,00 patacas. 3. Nos termos dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os interessados podem apresentar a sua defesa por escrito e as demais provas para se pronunciarem sobre as questões que constituem objecto do procedimento, bem como requerer diligências complementares, no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. 4. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 11 de Maio de 2016

1.2

Infracção ao RSCI e motivo da Obra demolição Construção de um compartimento com Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, cobertura metálica, chapa metálica e pavimento obstrução do acesso aos pontos de em betão na varanda e pátio em frente do quarto penetração no edifício. da fracção. Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, Fechamento da janela na cozinha da fracção obstrução do acesso aos pontos de com paredes em alvenaria de tijolo. penetração no edifício.

2. A varanda acima referida é considerada acesso em caso de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruído com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.) de acordo com o disposto no n.º 12 do artigo 8.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto pontos de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. 3. Nos termos do n.º 7 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 12 do artigo 8.º é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas. 4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. 5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 11 de Maio de 2016

Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man

Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man

U

M porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Chinês disse na quinta-feira que a China rejeita a visita de um legislador alemão ao país devido à sua “posição errada sobre a independência tibetana”. Michael Brand, presidente do Comité sobre Direitos Humanos e Assistência Humanitária do Bundestag alemão, a câmara baixa do Parlamento, “não é bem-vindo na China”, disse Lu Kang, porta-voz do ministério, na conferência de imprensa diária. Lu criticou o deputado alemão por violar às claras a posição do governo alemão na política de “Uma Só China” e insistir na posição errada de apoiar a força de “independência tibetana”. “Brand não é bem-vindo pela parte chinesa devido à sua posição sobre o Tibete,

não por causa dos seus comentários sobre a situação dos direitos humanos na China”, assinalou Lu, dizendo que o deputado “confunde o preto com o branco”. “A China dá importância a intercâmbios e cooperação com o Bundestag alemão assim como seus comités, incluindo o Comité sobre Direitos Humanos e Assistência Humanitária”, segundo Lu. A parte chinesa, argumenta Lu, “fez preparações extensivas para a visita do Comité à China, acrescentando que “o diálogo entre as partes deve ser baseado no respeito mútuo”. “Não é inteligente para o Comité lançar um comunicado criticando a decisão chinesa de rejeitar a entrada de Brand”, disse ainda o porta-voz chinês. Michael Brand é membro da CDU, o partido correntemente no poder na Alemanha.


15 hoje macau terça-feira 17.5.2016

Agitação no Mar do Sul

Laos atingiram consenso sobre o assunto do Mar do Sul da China durante reunião de chanceleres não reflectia a posição do governo do Laos.

Pequim acusa imprensa japonesa de difamação

A

China refutou na sexta-feira notícias da imprensa japonesa de que Tóquio está a reunir o apoio de cada vez mais países. “A parte japonesa tem vindo a tentar formar facções sobre o assunto do Mar do Sul da China e difamando a China. No entanto, precisamos escutar a voz oficial do governo kuwaitiano em vez da Agência de Notícias Kyodo”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang. Lu fez o comentário numa conferência de imprensa em resposta a uma notícia publicada na quinta-feira pela Kyodo, que dizia que os primeiros-ministros do Japão e de Kuwait concordaram que o ambiente de segurança no Leste Asiático está a tornar-se cada vez mais severo devido ao intento unilateral da China de alterar o status quo dos mares do Leste e do Sul da China.

“CONCORDAM É CONNOSCO”

O porta-voz chinês disse que funcionários de alto nível kuwaitianos parPUB

“Precisamos escutar a voz oficial do governo kuwaitiano em vez da Agência de Notícias Kyodo”

ticiparam da 7ª Reunião Ministerial do Fórum de Cooperação Chinesa-Estados Árabe em Doha na quinta-feira. Na reunião foi emitida uma declaração de que os países árabes participantes apoiam os esforços da China para resolver pacificamente as diferenças territoriais e marítimas através do diálogo e da negociação.

Os países árabes também concordaram que devem respeitar os direitos das nações soberanas, assim como dos assinantes da Convenção das Nações Unidas (ONU) sobre o Direito do Mar de decidir como resolvem suas disputas. Lu disse que uma informação da Kyodo neste mês de que o Japão e o

O porta-voz também indicou que a Venezuela e a Mauritânia emitiram declarações pedindo a solução da questão do Mar do Sul da China através de negociações e consultas. O chanceler de Gabão, Emmanuel Issoze Ngondet, também enviou uma carta ao homólogo chinês, Wang Yi, com apoio à posição da China. “A posição da China tem vindo a acolher o entendimento e o apoio de cada vez mais países. A declaração de Doha e a posição desses países corresponde à prática internacional de solução de disputas através de consultas e negociação, o que manifesta a essência do regime da lei internacional e representa a opinião justa da comunidade internacional”, comentou Lu.

CHINA

ALIBABA E POLÍCIA COMBATEM CONTRAFACÇÃO

O Alibaba, o gigante chinês do comércio electrónico, e a polícia chinesa começaram a colaborar em casos concretos envolvendo a venda de produtos contrafeitos através dos portais da empresa, informou ontem o South China Morning Post. Segundo o diário, propriedade do Alibaba desde Dezembro passado, o grupo assinou um memorando de entendimento a 28 de Abril com a polícia de Putian, da província de Fujian, para combater o comércio de artigos falsos. O primeiro resultado desta colaboração, que remonta a 2015, mesmo antes de ter sido formalizada, foi a investigação a quatro fabricantes de calçado desportivo falsificado das marcas Nike e Adidas. No conjunto, aquela operação detectou produtos avaliados em 10 milhões de yuan. Na semana passada, o Alibaba foi afastado da Coligação Internacional de Antifalsificações, após o grupo Kering, que detém marcas como Gucci ou Balenciaga, se ter retirado em protesto, por considerar a empresa chinesa como o seu “adversário mais perigoso e nocivo”.


16 PUBLICIDADE

hoje macau terรงa-feira 17.5.2016


a revolta do emir

N

Pedro Lystmann

UMA edição recente do Financial Times aparece um artigo de David Tang sobre as piores cidades do mundo chamado Are these the world’s worst cities?. Macau figura nele e na fotografia de maior impacto, entre as várias que ilustram o texto, vê-se a zona do Grand Lisboa. Estas linhas não vêm especificamente em condenação do artigo de Tang mas em condenação da aceitação, por parte do FT, e de outras publicações mais ou menos especializadas e/ou de créditos formados, de incluir artigos mal feitos. A melhor maneira de avaliar a qualidade de um guia de viagem é ler a edição que diz respeito ao sítio onde vivemos. Como exemplo, o guia Lonely Planet, em edições antigas, listava como restaurantes a patrocinar em Macau nomes absurdos e de interesse gastronómico muito duvidoso. Hoje em dia já não é assim e parece, no geral, equilibrado e feito com profissionalismo. O mesmo se pode fazer com artigos de viagem, constantes em revistas da especialidade, sobre cidades ou países que conhecemos bem. É divertido identificar os erros e o modo como nós, os residentes, somos retratados. Em certos retratos de Lisboa todos os seus habitantes andam de eléctrico, cantam fado e comem Pastéis de Belém diariamente enquanto lamentam a perda do Império. Menos agradável é pensar que artigos sobre cidades ou países que nos propomos visitar são escritos com a mesma leviandade ou a mesma carga de ignorância. O conselho que este vosso servo dispensa é o de que se deve mandar os articulistas todos à merda.* Em Dezembro de 1999, vários jornalistas portugueses aterraram em Macau para cobrir a transferência de soberania do território para a R.P.C. Foi muito divertido e esclarecedor. Muitos deles juntavam-se ao fim do dia num bar/café da cidade - que hoje em dia é muito mais bem frequentado - e eu percebi que, ao fim de dois dias, todos eram especialistas de Macau. Achei que esta gente dos jornais e da rádio era uma gente extraordinária. Por outro lado não se pode esperar que um articulista, cronista ou repórter possa, em uma visita de 4 ou 5 dias, munir-se de material que rivalize com o que um residente possui. O que David Tang diz está bem, Macau tem uma quantidade imensa de sítios pirosos e imensamente feios, maioritariamente construídos após

A falha

1999, edifícios que espelham a instalação - acarinhada pela administração local - de uma ganância sino-americana sem limites no mau gosto e no desprezo pela cidade e seus residentes. Não poderia estar mais de acordo. O edifício do Grand Lisboa, dentro e fora, é horrível. A parte do Cotai que

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

hoje macau terça-feira 17.5.2016

17

se estende do Galaxy ao novo Studio City é um pavor de mau gosto e baixa qualidade de construção e algumas das unidades hoteleiras que estão em fase de acabamento, por trás do City of Dreams, são uma adição de horrores. O que está menos bem é que Tang não diga que há ainda lugares em Macau que mantêm um charme próximo ao que terá tido há 30 anos, que há uma geração nova em Macau que tem introduzido subtis alterações positivas no comércio local e que se tem mantido um conjunto histórico que é único na Ásia. As duas primeiras coisas ele não diz porque não sabe e a terceira não diz, sabendo-o, porque quer mostrar irritação. Sir David sabe perfeitamente que entre as cidades da Ásia Extrema onde permanece um conjunto monumental sincrético ou de matriz ocidental, como Malaca, Jacarta (o centro histórico abandonado), Penang, Xangai, Bandung ou mesmo Hong Kong, Macau é um exemplo superior. O que é menos bom, e quem leu coisas escritas por Tang não estranha, é que este insista, pedantemente, na ideia de que Manila ou Bangkok deveriam ser parecidas com Viena ou Florença, exactamente da mesma maneira que Eduardo Prado Coelho (que tem obra e provas dadas em outras áreas, ao contrário de David Tang) se queixou de Macau por não ser mais parecida com Paris (... aquilo que é o encantamento parisiense (ruas com belíssimos cafés com espelhos e madeiras) não existe por estas bandas). Ainda hoje faz rir, mesmo àqueles que, como eu, deploram a falta de esplanadas (cafés já há, mesmo que não haja nenhum antigo). O artigo de Prado Coelho, que já estava bastante debilitado na altura, é um exercício de desonestidade por parte de um nome com provas dadas na sua área de especialização mas que para ganhar uns cobres escreve apressadamente para um jornal (o Público) que aceita placidamente as suas linhas mal informadas porque se trata de um nome famoso. Fica a consolação de que a Macau que ele queria ter encontrado (e como português teria de ser um cenário nostálgico e passadista à In the Mood for Love) existe e continua bem pastosa e húmida como no filme. Que ele não a tenha visto é culpa dos que não lhe mostraram essa parte da cidade. Tal como Tang, também EPC gosta da palavra hordas: Que é que eu fui descobrir? Milhares de chineses que invadiam o hotel em hordas ruidosas. De que estava ele à espera? De milícias curdas?

Sir David, que não precisa do dinheiro, devia estar quieto ou entretido com os seus trapinhos saudosistas, cuja filosofia espelha o provincianismo dos artigos que por vezes exporta num jornal que não o devia publicar, e que há bem pouco tempo se desembaraçou de modo pouco airoso de um cronista como Harry Eyres, autor da informada coluna The Slow Lane, enquanto mantém, sem sinal de vergonha, The Fast Lane, da autoria de Tyler Brûlé, talvez a coluna mais inútil e vazia de interesse para o mundo de que me lembro. Estas linhas não são em defesa de Macau, onde a completa ignorância, infantilismo, provincianismo, falta de visão e de gosto das fracas almas que a têm administrado a transformaram em grande parte (falo da parte turística) num cacófato composto por obras intermináveis, ausência de arte e esplanadas, edifícios completamente pacóvios, lojas de sabonetes e relógios, um sistema de transportes públicos caótico, altos níveis de poluição – demonstração de uma completa falta de sentido de qualidade de vida.** Um dos prazeres de escrever para um jornal é o de dizer mal, o de exibir a irritação ou a indignação junto de um público vasto, e qualquer articulista sabe que por vezes este desejo irresistível e saboroso de maldade faz esquecer o rigor. Felizmente que assim é, a favor do excesso. David Tang exercita-o com gosto, é pena que este se não complemente com mais rigor. Fiquei com muita vontade de ir a Leeds. * Num livro publicado pela Lonely Planet chamado The Cities Book: A Journey Through the Best Cities in the World, que lista 200 cidades, Macau aparece em 121° lugar, depois de Copenhaga. Nele diz-se que os habitantes de Macau gostam de prazeres simples, such as smoking a pipe or having their palm read in Mediterranean-style cafés filled with caged birds. Também informa que a viagem para Hong Kong leva 4 horas (o livro não é muito antigo) e que entre as principais exportações de Macau se conta mobiliário de ráfia, moedas antigas e cigarros especializados. Nas páginas dedicadas a Hong Kong diz-se que os seus habitantes têm muito orgulho nos sucessos da China. ** Uma cidade que não tem um museu de arte a sério (o M.A.M. é uma anedota) e que em vez de trazer ao público local exposições ou peças de Baselitz, Richter, Anselm Kiefer, Baldessari, Barceló, Tapiés (houve há muito tempo, no Fórum), Paula Rego, David Hockney, Kapoor, Muniz, Abramovic, Beuys, Twombly, Koons ou Ai Wei Wei traz um pato de borracha só pode ser objecto de irrisão. Acrescente-se que o mesmo se passa em Hong Kong. Se vários destes nomes aparecem exibidos em galerias é por razões comerciais e não porque haja uma vontade da administração local de as mostrar aos residentes. Proponho que o Pato fique, permanentemente, em companhia dos Patos Bravos que o trouxeram.


18 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

hoje macau terça-feira 17.5.2016

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje CONCERTO DE TERESA TENG’S CLASSICS COM LILY CHEN (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as 120 e as 300 patacas

MIN

21

MAX

27

HUM

70-90%

EURO

9.10

BAHT

“COUNTERCULTURE” (FESTA DA HI+TECH-TRIBE COM DJ SININHO) Sofitel Hotel, Ponte 16, 19h00 Bilhetes a 150 patacas com duas bebidas

O CARTOON STEPH

“TOGETHER WE DANCE” (FESTA DA MDMA COM DJ JOHN-E) Pacha Macau, 22h00 TEATRO “A ÚLTIMA GRAVAÇÃO DE KRAPP” (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes a 150 e 200 patacas

Domingo

Diariamente EXPOSIÇÃO “MACAU ID” (ALUNOS DA USJ) Fundação Rui Cunha (até 21/05) EXPOSIÇÃO “O SONHO DO PAVILHÃO VERMELHO”, DE ZHANG BIN Casa Garden (até 19/05) EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06) EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 12/06) EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin (até 20/06)

Cineteatro

C I N E M A

SALA 1

SALA 2

Filme de: Anthony & Joe Russo Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson 14.30, 21.15

Filme de: Jodie Foster Com: George Clooney, Julia Roberts, Jack O’connell 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR [B]

BOOK OF LOVE [B] FALADO EM MANDARIM E CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Xue Xiaolu Com: Tang Wei, Wu Xiubo 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 88

PROBLEMA 89

UM DISCO HOJE

SUDOKU

DE

CONCERTO DE MULLOVA COM ORQUESTRA DE MACAU (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as cem e as 350 patacas

1.22

EU E O MEU RIVAL

DANÇA “OBSESSÃO” DE SABURO TESHIGAWARA E RIHOKO SATO (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as 120 e as 300 patacas

PALESTRA “O ENCANTO DOS EFEITOS SONOROS CINEMATOGRÁFICOS” Cinemateca Paixão, 15h00 Livre mas com reserva de lugares

YUAN

AQUI HÁ GATO

Sexta-feira

Sábado

0.22

Esta semana cansei-me de estar na redacção e fui fazer uma coisa impensável. Fui visitar o meu rival. E perguntam vocês, qual é? É aquele pato amarelo enorme que está atracado junto ao Museu de Ciência. Como falaram tanto nele a semana passada e não de mim, fui lá enfrentá-lo. Bom, correu tudo bem e não fiquei surpreendido. O incrível é que eu, um gato preto espectacular, bonito e em forma, fui completamente ignorado. Aquilo era o pato em si, mais o balão com o pato, os bolos em forma de pato cheios de glúten e essas coisas más e a selfie com o pato. Eu, que estava lá, mas sozinho, com nome de imperador chinês, não tive direito a nada. Ter um pato de borracha gigante em Macau não é o fim do mundo. Também passou pelas grandes capitais mundiais, é uma criação de um artista holandês. Amigos, é a arte contemporânea: não banal mas mais acessível, mais identificável com o que temos no nosso dia-a-dia. O problema do pato não são os seis milhões mas o que representa: a ausência de uma população consciente culturalmente e a falta de apoio cimentado a quem faz coisas sérias. Olhemos para o Centro Cultural de Macau, que, localizado ao lado do pato, passou filmes críticos e que fazem pensar. Eles são um exemplo. Quem os fez não pôde sequer sonhar com seis milhões de patacas. Pu Yi

“DISFIGURED EP” (RAG’N’BONE MAN, 2015)

É o segundo EP, o terceiro disco e dos melhores de Rag’n’Bone Man. Mas a escolha não tem favoritismo especial: é que este homem é um talento tão grande que difícil é decidir o que não se gosta na sua música. A escolha de “Disfigured” é apenas uma, entre tantos outros álbuns que se poderiam apontar, muito pela música que dá o nome a este EP. Mas atenção também para “Hard Came The Rain” e “Bitter End”. Rag’n’Bone Man apresenta-se super calmo em palco para a voz incrivelmente poderosa que tem. O jovem músico de Londres traz uma outra versatilidade ao Soul, Blues e Hip Hop que vale bem a pena ouvir. Joana Freitas

MONEY MONSTER [C]

SALA 3

THE INERASABLE [C] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yoshihiro Nakamura Com: Yuko Takeuchi, Ai Hashimoto, Kentaro Sakaguchi 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau terça-feira 17.5.2016

OPINIÃO

sexanálise

Bananas

HELENA SOLBERG, CARMEN MIRANDA: BANANAS IS MY BUSINESS

TÂNIA DOS SANTOS

O

governo chinês proibiu o acto de ‘eroticamente’ comer bananas em videos de live-stream. Como se definirá o erotismo, ou ausência dele, quando se come banana para o mundo online, ficará ao critério dos oficiais chineses. A especificidade legal vai à banana e não ao pepino, batata doce ou courgette, onde o desespero sexual talvez fosse mais óbvio. Comer bananas até soa mais inocente se compararmos com a simulação de falacio num pepino. Mas para além da regulamentação nas frutas que se podem comer, há restrições indumentárias. Não se podem usar mini-saias, decotes, ligas nem nada que possa revelar pele a mais. Tudo para manter uma conduta social (online) exemplar, para não destruir a ciber-ecologia chinesa que já é censurada ao tutano, e que agora o será ainda mais. Pessoal será necessário para controlar o conteúdo dos

vídeos que são publicados pelas milhares de jovens chinesas que são seguidas por outros milhares de homens chineses. Esta tendência de acompanhar a vida online de jovens pelo seu dia-a-dia é justificada pela antiga política do filho único, que deixou jovens chineses na solidão por não encontrar companhia mais ‘real’. A indústria dos vídeos live-stream tem agradado as carteiras dos seus criadores e a das ‘entertainers’ (que já não podem comer bananas) que trabalham para eles. A procura por uma companhia, real ou virtual, é tanta, que a satisfação de acompanhar alguém a caminhar na rua, ou a beber um café através de um ecrã, é facilmente atingida. Os usuários deste tipo de serviço têm o hábito de gastar entre 500 a 800 yuan por semana a presentear as raparigas que os entretêm. Ramos de flores, bebidas e outras coisas, todas virtuais. As raparigas, que vêm a possibilidade de ganhar uns trocos fáceis ao exibirem-se numa webcam, ou a jogar uns jogos com os seus seguidores, têm agora que seguir as orientações do partido vermelho para promover a melhor comportamento. O facto de que a maioria das raparigas são menores de 18 anos e que expõem as suas vidas para todo o mundo (masculino e

chinês) ver, parece que faz menos confusão ao pessoal que dita as regras. A dependência virtual para satisfazer necessidades pessoais e sociais faz menos impressão ainda. Porque as redes sociais são o futuro e a China está sem dúvida na vanguarda de todo o desenvolvimento tecnológico e social de como nos relacionamos com o mundo e com os outros. Com ou sem bananas. No entanto, fica no ar como é que as necessidades de afecto e de sexo poderão ser colmatadas quando ainda são vistas como falta de decoro. Posso não ser 100% a favor de se comerem bananas, mas também não

“Se o sexo é uma indústria multimilionária e já se sabe disso, discursos sobre bananas soam a tentativas de mostrar que se está a fazer alguma coisa, mas só de fachada, para agradar os mais indignados”

sei se a restrição ao fruto trará educação. Educação gera educação, e a punição? Acaba-se por implicar com o sexo da forma mais bizarra, como se as bananas e as ligas fossem o perigo a ultrapassar por uma expressão saudável. Está-se a reprimir o quê, exactamente? Se o sexo é uma indústria multi-milionária e já se sabe disso, discursos sobre bananas soam a tentativas de mostrar que se está a fazer alguma coisa, mas só de fachada, para agradar os mais indignados. Mas pode só ser impressão minha. Como a imaginação alimenta a humanidade, certamente que outros objectos fálicos serão usados para substituir o tão temido fruto rico em potássio. E assim entre frutas, lingerie e censuras faz-se uma sexualidade, que se espera criativa, e muito virtual. A China que se prepare, porque o sexo está por aí e muitas mais restrições serão necessárias para limitar a sua naturalidade. O que foi feito: um activista manifestou-se à porta da Embaixada Chinesa no Reino Unido a comer uma banana, da forma mais sedutora possível, para reforçar a inocência da mesma. Certamente que foi uma manifestação vã, mas no mínimo caricata. Nunca uma banana será comida como dantes.


Por mais que me esforce não consigo / Escrever poesia em Macau. / Em Macau a poesia vive-se; / Não se escreve.”

José Maria Rodrigues

DST QUER APROVEITAR REDE FERROVIÁRIA PARA ATRAIR MAIS TURISTAS

CURSOS E ESCOLAS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL AUMENTAM

A

S cidades de Nanning e Guilin, na província de Guangxi, foram os locais escolhidos para a promoção do uso da rede ferroviária para o aumento de turistas para Macau. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST), em conjunto com a Administração do Turismo de Zhongshan e o Gabinete para a Cultura, Desporto e Turismo do Município de Zhuhai organizaram, na semana passada, uma promoção turística entre as três cidades, cuja intenção é “expandir as fontes de visitantes ao longo da rede ferroviária de alta velocidade”, numa iniciativa no âmbito da temática “Xiangshan no passado, Zhongshan e Zhuhai e Macau hoje”, visando o reforço da cooperação regional. “Dada a conveniência em viajar trazida pela linha ferroviária de alta velocidade, as autoridades do turismo prosseguem com a realização de iniciativas promocionais conjuntas, para atrair visitantes das cidades ao longo da rede e das regiões vizinhas a visitarem os três locais, expandindo em conjunto a diversificação do mercado de visitantes”, indica um comunicado à imprensa da DST. F.A.

Novela com novos capítulos Mar da China motiva acusações mútuas entre Washington e Pequim

A

China está a utilizar “tácticas coercivas” e a fomentar tensões regionais à medida que expande a sua presença marítima no sul do Mar da China, mas está a evitar desencadear um conflito armado”, assim falava o Pentágono na sexta feira. No relatório anual ao Congresso, o Departamento de Defesa traçou o rápido crescimento militar da China e descreveu como está a defender a sua reivindicação da soberania no Mar da China. Ontem, Pequim denunciou a “distorção” de factos e expressou “forte descontentamento” com o relatório americano. O porta-voz do Ministério da Defesa da China, Yang Yujun, citado pela imprensa oficial, acusou mesmo os EUA de exagero quando falam numa “ameaça militar chinesa” por causa da modernização do Exército de Libertação Popular

(ELP) anunciada no ano passado pelo Presidente Xi Jinping. “A China tem uma política de defesa nacional que é defensiva por natureza. Movimentos como o aprofundamento das reformas militares procuram manter a soberania, a segurança e a integridade territorial e garantir o desenvolvimento pacífico da China”, disse Yang.

MANO A MANO

Segundo o relatório de Washington, o ano passado, por exemplo, a China destacou para o sul do Mar da China navios da guarda costeira para manter uma presença “quase contínua” no local argumentando ainda que “a China destacou também aviões e navios para patrulhar um conjunto de ilhas conhecidas como Senkaku, em japonês, e Diaoyu, em chinês.

Do lado de Pequim, o porta-voz do Departamento de Estado respondeu dizendo que os EUA é que enviaram aviões e navios de guerra para o Mar do Sul da China, provocando uma “militarização” que tem objectivos “hegemónicos”.

AS ILHAS DA DISCÓRDIA

Recorde-se que Pequim reivindicou o direito soberano para quase todo o Mar do Sul da China e realizou grandes operações para a ocupação de ilhas e ilhotas, transformando recifes de corais em portos, construindo pistas de aterragem e outras infra estruturas. O Vietname, Filipinas, Brunei, Malásia e Taiwan também reivindicam uma parte daquela zona. Aqueles países e os Estados Unidos estão preocupados com a demonstração de força que a China tem feito naquela zona.

MEMBRO DO CPU FALA DE FALTA DE JUSTIÇA NO RAMAL DOS MOUROS

C

PUB

HAN Tak Seng, presidente da Aliança do Povo de Instituição de Macau, criticou o projecto aprovado na semana passada pelo Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) que inclui a construção de um edifício de 127 metros de altura na zona do Ramal dos Mouros. O também membro do CPU diz que a aprovação do projecto aconteceu “por obrigação” e “não é justa”.

terça-feira 17.5.2016

Ao Jornal do Cidadão, Chan Tak Seng revelou que votou contra o projecto na reunião da semana passada, mas foi um voto “obrigado” porque para o membro era necessário mais debate e mais relatórios que provem que aquela construção não irá afectar o tráfego e o ambiente. Para Chan a votação não foi feita de forma justa. “Era preciso que a Direcção dos Serviços de Protecção

Ambiental (DSPA) respondesse às questões sobre a influência ambiental”, frisou, mostrando um sentimento de “violação”. “Não percebo porque é que a maioria dos membros votou a favor. Os membros do CPU não foram eleitos, a maioria é representante do Governo e do sector imobiliário, para mim a votação de projectos é apenas uma falsa democracia”, frisou, apelando

ao Governo para não avançar com trabalhos que não reúnem o consenso dos residentes. O presidente da Aliança diz-se preocupado com os futuros projectos. Se este foi aprovado desta forma, outros podem sê-lo, defende, exemplificando com o projecto para o hotel de 90 metros na Doca dos Pescadores, do empresário David Chow. F.F. (revisto por F.A.)

O Inquérito à Formação Profissional referente ao ano de 2015 mostra que houve o ano passado um total de 42 instituições de formação profissional, um aumento de 11 face a 2014. Quanto ao número de cursos, foram realizados pouco mais de 1500, mais 9% face a igual período. Também o número de formandos aumentou 6%, tendo-se registado mais de 55 mil alunos. Segundo dados dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o número de alunos diminuiu nas áreas do “turismo, jogos, convenções e exposições”, bem como na “hotelaria e restauração”, enquanto nas áreas da informática e saúde houve um aumento. A taxa de aprovação foi de 87%, um decréscimo de 1%.

INFECÇÃO COLECTIVA DE GRIPE EM 31 CRIANÇAS

Foi uma sexta-feira negra para 31 crianças detectadas com infecção colectiva de gripe. Num comunicado à imprensa, os Serviços de Saúde (SS) indicam que se registaram casos de infecção colectiva na Escola da Ilha Verde, na Escola Keang Peng e na creche Missionária da Caridade. Ao todo estavam envolvidas 31 crianças, mas apenas duas precisaram de internamento. “Um dos alunos da Escola da Ilha Verde foi internado devido a bronquite, tendo já tido alta. Um outro aluno da mesma escola também foi internado por motivos de febre contínua e diarreia. O seu estado clínico é considerado estável”, pode ler-se no documento, que acrescenta que “alguns alunos infectos não tinham administrado a vacina contra a gripe sazonal”.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.