Hoje Macau 17 JUN 2016 #3594

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MOP$10

SEXTA-FEIRA 17 DE JUNHO DE 2016 • ANO XV • Nº 3594

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

CARTÓRIO NOTARIAL

FUNÇÃO PÚBLICA

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‘‘

No reino do medo Chefes inflexíveis, abusos de poder, ouvir e calar, “espiões” em almoços. Trabalhar para a administração poderá não ser o paraíso que muitos anseiam alcançar. Funcionários queixam-se de viver sob constante pressão num clima onde o medo é quem mais ordena.

Rombo sem misericórdia PÁGINA 7

FRC

FITAS DE ADVOGADOS EVENTOS

NOVO MACAU

O suspeito do costume PÁGINA 5

Moçambique

ENCONTRO DE POVOS PÁGINA 8

VOLEIBOL

Estrelas no feminino ÚLTIMA

OPINIÃO

A doença e a virtude GRANDE PLANO

CARLOS MORAIS JOSÉ


2 GRANDE PLANO

Um ambiente de medo e pressão. É assim que alguns funcionários públicos relatam o seu dia-adia. Chefes inflexíveis que só ouvem “amigos” prejudicam um local que deveria ser bom. Com consequências graves, é a estabilidade da família que os faz ouvir e calar

FUNÇÃO PÚBLICA

É

inegável. Trabalhar na função pública parece ser bastante bom. “Na nossa cultura é normal querermos ir trabalhar para o Governo. Os nossos pais passam-nos essa ideia, que trabalhar na função pública é mais estável, ganhamos mais dinheiro e não há muitos riscos. Não temos de trabalhar muito”, diz-nos Weng, jovem residente de Macau, que, como tantos outros, anseia o momento da publicação dos resultados da candidatura para a função pública. Tem 23 anos e não quer fazer outra coisa. “Quero trabalhar no Governo”, reforça. Como ela, “quase todos” os seus amigos seguem-lhe os passos. A própria Weng está a fazer aquilo que muitos outros também fizeram. Mas será assim tão bom trabalhar na função pública? Um salário chorudo, horário fixo e leveza na densidade de trabalho serão motivos suficientes para dizer que este é o melhor emprego do mundo? “É horrível! As pessoas não imaginam o que é trabalhar nos departamentos do Governo. Basta ir perguntar às pessoas, é normal que ninguém queira falar, mas as famílias, a sociedade sabe: não é bom trabalhar na função pública”, responde Ku, funcionário público há 10 anos, que prefere ocultar o departamento onde trabalha.

SILÊNCIO, POR FAVOR

Ku começa por explicar que “nem todos os departamentos são maus” mas a realidade mostra que em “quase todos” os sectores registam casos de “abuso de poder”. “O que reina, entre os funcionários, é o medo. Não podemos dizer nada, não nos é dada a hipótese de expormos as nossas ideias, darmos as nossa opiniões. Já para não falar das queixas. Se o fazemos sofremos consequências, já todos ouvimos histórias dessas e muitos de nós já sentiram as consequências na pele”, continua, afirmando que o próprio é um exemplo disso. “O meu trabalho é bastante metódico. Escrevo muitos documentos. O nosso sistema informático é antigo, e não há vontade de actualizar, temos de trabalhar com o que há. Não é raro na escrita as vezes darmos erros, normalmente os softwares dão aviso de erro. O nosso não, portanto torna-se ainda mais comum que os documentos possam ter, por vezes, alguns erros. Aconteceu-me comigo, várias vezes. E com os meus colegas. Éramos constantemente repreendidos por uma coisa que podia ser facilmente resolvida. Resolvi apresentar uma sugestão à direcção para instalar um dicionário no nosso software e

FUNCIONÁRIOS FALAM DE AMBIENTE DE MEDO E PRESSÃO

resolver o problema”, recorda o funcionário público. A sugestão não foi bem vista pelas chefias que sem tolerância perante o funcionários decidiram atribuir-lhe um castigo, por este ter admitido que errou outras vezes. “Fui castigado, tiraram-me três dias de vencimento alegando que eu tinha errado. Não ouviram a minha sugestão e continuam a acontecer erros. Isso nota-se, por exemplo, nos comunicados à imprensa, ou em qualquer outro documento interno”, aponta, frisando que “fazer o bem quando se têm um chefe que se acha superior e perfeito não adianta”. “É melhor estar calado e deixar a máquina andar sem condutor”, lamenta.

PRESSÕES E TRAGÉDIA

Com a equipa do HM estão 10 funcionários públicos. Todos eles com relatos mais ou menos graves. O pior caso é a de uma jovem funcionária pública, contada pela boca de Lao, colega de trabalho da vítima. “É muito vulgar os superiores hierárquicos ralharam de forma indiscriminada. Por tudo e por nada, com ou sem razão. A nossa colega estava grávida e todos os dias era alvo de berros e a fúria do chefe. Todos os dias eram berros e mais berros. Muitas vezes lá ia ela para a casa-de-banho chorar. Um dia depois de uma sessão de berros foi para a casa-de-banho uma vez mais, mas demorou muito. Fomos ver o que se passava, estava desmaiada no chão. Infelizmente perdeu o bebé”, relata. O silêncio invadiu a sala e as caras não pareceram surpresas. “Há muitas histórias como esta”, remata, Cheong, funcionário público com mais de 30 anos de serviço. Leong acrescenta que “seja homem ou mulher, um dia todos cedem e

“Ás vezes em jantares de trabalho e convívios há um espião, o dois cinco, enviado pelos chefes para tentar saber coisas” “Se erramos vamos ouvir berros, é-nos tirado parte do ordenado” LEONG FUNCIONÁRIO PÚBLICO

BICHO

acabam por chorar, de nervos ou de estar farto”.

AMIGOS À PARTE

Leong relata ainda situações em que o chefe se torna “altamente inflexível”. “Nós que trabalhamos no terreno sabemos mais do que eles [chefes] e como vamos dar uma opinião ou uma sugestão se eles são inflexíveis? Não querem ouvir? Só se for amigo da pessoa, ou filho de alguém importante”, aponta. Uma postura de chefe e nunca de líder, os funcionários descrevem um ambiente de pressão laboral. “Todos os dias vamos para o trabalho com medo. Se erramos vamos ouvir berros, é-nos tirado parte do ordenado”, partilha. Questionados sobre uma possível mudança de trabalho, olham-nos com ar de surpresa. “Não há ordenados como na função pública. Como vamos alimentar as nossas famílias?”, responde Lao.

O “2 5”

Falar para a comunicação social é sempre “um grande problema” e a participação na vida social e política é melhor manter bem longe. Quase todos tinham marcado presença em

pelo menos uma manifestação do 1º de Maio. Recordam o ano em que muitos foram de máscaras. “Sabemos que temos consequências se formos para as manifestações”, frisa Leong. Muitas vezes concordam com o que leva as pessoas à rua, mas é melhor ficar a ver, ao longe, para garantir a renovação do contrato de trabalho. Pior que é isso é método “espião”, mais conhecido por “dois (2) cinco (5)”. “Ás vezes em jantares de trabalho e convívios há um espião, o dois cinco, enviado pelos chefes para tentar saber coisas. Nós pensamos que estamos num ambiente de amigos e até podemos desabafar sobre qualquer coisa, ou criticar os chefes e o espião vai contar tudo. Temos sempre de ter cuidado. Depois fazem-nos a vida negra”, conta um dos funcionários que preferiu não ser identificar.

INFLUÊNCIA CHINESA

Questionados sobre as possíveis diferenças entre a governação antes e depois da transferência da soberania, aqueles que trabalharam nos dois sistemas não têm dúvidas: “era muito melhor”. “Com os portugueses podíamos debater assuntos, dar opiniões, havia estímulo, agora não, é mais


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PAPAO ˜

estilo chinês, ordem e respeito ao chefe”, apontou um dos funcionários que conta com mais de 32 anos de serviço. Questionado sobre as acusações António Katchi, ex-funcionário público, jurista e docente de Administração Pública no Instituto Politécnico de Macau (IPM), fundamenta a possível mudança de comportamento. “Depois da transferência do exercício da soberania, Macau continuou a ter um regime político local formalmente semelhante, mas subordinado agora a um regime político nacional estalinista putrefacto, o qual reforçou aqui o poder da sua velha parceira de negócios, a oligarquia local. Tendo em conta este pano de fundo, creio podermos considerar compreensível - o que não significa “aceitável” - a evolução negativa que se registou, quer na faceta liberal do regime político de Macau - que está permanentemente sob ameaça e sofre frequentes facadas -, quer no ambiente interno da função pública”, afirmou ao HM. Com a transição o ensino primário e secundário continuou a ser “esmagadoramente dominado por escolas privadas diversas

obediências, qual delas a mais conservadora: escolas católicas, escolas protestantes, escolas pró-Pequim, escolas pró-Taipé. Muitos dos alunos saídos dessas escolas foram estudar para universidades da China continental e de Taiwan (e recordemos que Taiwan vivia sob uma ditadura militar fascista até ao início dos anos 90)”. “Ora, é deste caldo político-cultural que saíram muitas das pessoas que, a partir dos anos 90, começaram a ser apressadamente içadas para os altos cargos da

“É horrível! As pessoas não imaginam o que é trabalhar nos departamentos do Governo” “O que reina, entre os funcionários, é o medo” KU FUNCIONÁRIO PÚBLICO

Administração Pública, no âmbito do processo conhecido como ‘localização de quadros’. Algumas outras eram mesmo oriundas da China continental e, de entre estas, uma ou outra vinha directamente das fileiras ou do submundo do Partido ‘Comunista’ Chinês. Estes novos dirigentes, normalmente muito jovens e cheios de vontade de impor a sua autoridade a pessoas mais velhas, mais experientes e amiúde mais qualificadas, vieram substituir pessoas oriundas de Portugal, de onde vinham imbuídas, em maior ou menor grau, dos valores que se tornaram dominantes em Portugal após a Revolução de 1974. A tudo isto acresceu uma especial admiração do primeiro Chefe do Executivo, Ho Haw Wah, por vários aspectos - em geral, os mais negativos - do regime político e da Administração Pública de Singapura. Essa sua admiração, pelos vistos partilhada pela então Secretária para a Administração e Justiça, inspirou o Governo a iniciar uma política indiscriminada de “formação” de funcionários públicos, sobretudo de pessoal de direcção e chefia, em Singapura. Foi como se o farol da Administração Pública de Macau tivesse passado de Portugal para Singapura”, argumentou.

PARA NADA

As diferenças são então inegáveis, como por exemplo, no apoio à formação. Cheong conta que ele e os seus colegas são obrigados a frequentar formações que em nada lhes são úteis e, sempre, em horários pós laboral. Este é também um dos exemplos que António Katchi partilha. “(...) Nos anos 90, [os] dirigentes encaravam muito positivamente a decisão dos trabalhadores de

tirarem um curso de licenciatura e faziam o possível, dentro dos limites da lei e tendo em conta as necessidades dos serviços, para lhes facilitarem essa acumulação do trabalho com os estudos. A maioria dos actuais magistrados, quer judiciais, quer do Ministério Público, e muitos dos titulares de altos cargos na Administração Pública, beneficiaram desse encorajamento e dessas facilidades. Após a transferência do exercício da soberania, os novos governantes e muitos dos dirigentes da Administração Pública passaram a tentar barrar a ascensão educacional e profissional dos trabalhadores da Administração Pública: não só deixaram de os encorajar, como passaram a dificultar-lhes o estudo por diversas formas - impondo-lhes a prestação frequente de trabalho extraordinário, obrigando-os a frequentar cursos de “formação” inúteis ou de fraca utilidade para o serviço, impedindo-os de sair do serviço um pouco mais cedo para poderem comer e chegar às aulas a tempo e horas, proibindo-os de estudar no local de trabalho mesmo quando não têm nada para fazer, entre outros - , chegando mesmo ao ponto de violar direitos consagrados na lei, como as faltas para exame”, relata.

MECANISMO A CAMINHO

Em reacção, o director dos Serviços de Administração e Função Pública, Kou Peng Kuan garantiu que “criar um bom ambiente de trabalho para os trabalhadores da função pública foi desde sempre uma preocupação do Governo”, daí o Executivo ter apresentado uma proposta para a criação de um mecanismo de tratamentos de queixas dos trabalhadores. “Este mecanismo serve para fomentar o diálogo entre os trabalhadores e os serviços, resolver atempadamente os eventuais desentendimentos e conflitos entre as partes, criando, deste modo harmonia no ambiente de trabalho”, continuou. O director explica ainda que o mecanismo prevê a criação de uma entidade imparcial, uma comissão, que “vai acompanhar o resultado do tratamento dos serviços das questões apresentadas pelos trabalhadores, com o objectivo de garantir a justiça e a imparcialidade no tratamento das queixas, e determinar que o trabalhador não pode ser prejudicado em virtude de ter apresentado queixa”. Compete aos SAFP a formação de recursos humanos para essa averiguação. “O SAFP vai proporcionar formação e orientações aos trabalhadores dos serviços públicos responsáveis pelo trata-

mento de queixas assegurando um tratamento adequado das queixas, para que, desta forma, seja implementado o mecanismo de queixas e criado um bom e harmonioso ambiente de trabalho”, explicou o director. “Quer dizer, é o próprio serviço que está a ser acusado que trata da queixa, ou que pede a alguém para tratar da queixa? Não, isto está errado. Este mecanismo de queixas tem que ser efectuado por outra entidade, uma de confiança. Que garanta a segurança do trabalhador. É preciso justiça. O que tem acontecido em Macau, nos seus serviços públicos, é que muitas vezes, quando há um problema a ser analisado, os directores já sabem o que vai acontecer, qual a decisão. Dizem que estão a avaliar mas não”, reagiu Cheong, trabalhador. Com ou sem mecanismo, no fim, aponta, os mais prejudicados são os cidadãos. “O medo reina na função pública. Eu admito, se vir alguma coisa a acontecer a um colega de trabalho, nunca serei testemunha dele. Tenho medo de represálias e de perder o emprego. Temos medo, temos medo. Quem sofre mais são os próprios cidadãos. Se nós prestamos mal o serviço, como é que vai chegar à sociedade? Pior! O que acontece é que dados errados e informações incorrectas são atribuídas aos cidadãos por causa de todos estes erros e falhas no sistema”, rematou Cheong. Filipa Araújo

Filipa.araujo@hojemacau.com.mo

ATFPM RECEBE 50 QUEIXAS POR DIA

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osé Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), não se mostrou admirado quando confrontado com os casos. “É o prato de cada dia”, afirmou. A associação que dirige, conta, recebe “uma média de 50 casos por dia”. “Os trabalhadores da função pública sofrem muitas pressões desnecessárias, deixou de existir um diálogo honesto de olhos para olhos entre superiores e inferiores. A maioria dos trabalhadores são considerados como máquinas. Isto resulta pelo facto de que as pessoas escolhidas para cargos de direcção, e chefia, terem sido escolhidos sem preparação. Isto porque são, normalmente, amigos de amigos”, acusa. Em reacções ao mecanismo a ser criado, Pereira Coutinho não tem dúvidas: “é inútil”.


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FUNÇÃO PÚBLICA RECRUTAMENTO CENTRALIZADO JÁ A PARTIR DE JULHO

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Notários privados ADVOGADOS CONTRA PROPOSTAS DO GOVERNO

Querida Comissão O Governo quer, mas os advogados não concordam. A 2ª Comissão Permanente recebeu uma carta dos profissionais que apresenta uma postura contra as limitações ao concurso para notários. Kwan Tsui Hang quer mais explicações

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O todo são 23, os advogados que assinaram uma carta, entregue à 2ª Comissão Permanente, presidida por Kwan Tsui Hang, que mostra uma posição contra as condições propostas para as alterações ao Estatuto dos Notários Privados. Em causa está a alteração avançada pelo Governo de colocar uma barreira na candidatura ao cargo de notário a todos os advogados que tenham sido condenados com pena disciplinar acima da censura. Há advogados que estão contra a alteração por entenderem que foram multados com frequência pela Associação dos Advogados. Kwan Tsui Hang explica, em declarações à Rádio Macau, que “quando se trata de uma pena de advertência ou de censura, as pessoas podem candidatar-se ao curso de formação de notários privados. Mas acima de

“Quando se trata de uma pena de advertência ou de censura, as pessoas podem candidatar-se ao curso de formação de notários privados. Mas acima de censura, se for multa, já não podem” KWAN TSUI HANG DEPUTADA censura, se for multa, já não podem. Segundo esta carta, há muitos casos de multa a advogados. Por isso, quando se impõe esse requisito, não é tão adequado”.

Os dados oficiais, avançados pelo Governo, dizem que em dez anos, entre 2006 e 2016, houve 17 casos de sanções disciplinares, envolvendo dez advogados, um deles, estagiário.

MAIS ESCLARECIMENTOS

Em reacção, a Comissão pediu mais informações, pedindo ao Governo para revelar a razão das sanções disciplinares, percebendo se foram justas ou não. “Sabemos que o exercício de funções de notário privado requer o cumprimento de certas regras de deontologia. Há advogados que nunca foram penalizados e outros que foram. Temos de ver porquê”, explicou Kwan Tsui Hang. Actualmente existem 57 notários, sendo que o último concurso de formação de notários privados foi aberto há 13 anos. Tal como confirmou Kwan Tsui Hang no início desta semana, o Governo não sabe quantas vagas irá abrir, nem quando acontecerá o concurso. Além da ausência de sanções disciplinares graves, a proposta do Governo limita o exercício da profissão aos advogados com mais de cinco anos de experiência.

Lacunas incomportáveis

Académicos pedem rapidez no processo de criação dos órgãos municipais

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EONG Wan Chong, docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), defendeu, segundo o canal chinês da Rádio Macau, que o Governo deve agilizar o processo de criação dos órgãos municipais sem poder político. “A Lei Básica exige que haja órgãos municipais sem poder político depois da transferência de

soberania, e esses órgãos ainda não foram criados. Por isso o Governo deve preencher esta lacuna o mais depressa possível”, referiu, defendendo a criação dos órgãos com base no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Zhu Shihai, docente da Faculdade de Direito da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau

(MUST), defendeu que o Governo pode adoptar o modelo já existente nos conselhos distritais em Hong Kong, com a eleição dos respectivos membros. Zhu Shihai acredita que este sistema poderia dar lugar a opiniões minoritárias nos futuros órgãos municipais.Aconsulta pública sobre a criação destes órgãos será realizada ainda este ano.

já a partir do dia 14 de Julho que entra em vigor o novo sistema de recrutamento centralizado na Função Pública. Segundo um comunicado ontem emitido pela Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), o novo modelo terá em consideração “a vontade do candidato e as necessidades dos serviços públicos interessados no recrutamento”. Os SAFP vão assumir “um papel predominante e orientado para o serviço interessado”, sendo que este novo modelo “tem em consideração os aspectos comuns às diversas carreiras e diferentes exigências”. O novo modelo será posto em prática através de duas etapas. As competências integradas do candidato serão avaliadas em primeiro lugar pelos SAFP, tendo uma duração de três anos. Segue-se uma segunda avaliação das suas competências profissionais e funcionais por parte dos serviços públicos, aplicáveis às 14 carreiras gerais e 20 carreiras especiais na Função Pública. Os SAFP prevêem, já este ano, realizar “a avaliação das competências integradas para os grupos de pessoal técnico superior, técnico de apoio e operário”.

Quanto à revisão da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa (AL), Ieong Wan Chong apontou que a sociedade ainda não amadureceu politicamente para compreender o sufrágio, um assunto que, disse, tem uma ligação muito estreita com o a eleição do Chefe do Executivo. Ieong Wan Chong considerou que o Governo não lançou ainda um sistema completo para a compreensão deste tipo de eleição. Tomás Chio (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo


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DSE PREÇOS DE GÁS CONTINUAM A SER DECIDIDOS NO PRIVADO

Uma mão invisível Os Serviços de Economia afirmam que o sistema de gás butano nos prédios não é um serviço público e que, por isso, os preços vão continuar a ser fixados pelas empresas de fornecimento

QUEM CONTROLA?

Na sua interpelação escrita, apresentada em Março, Zheng Anting questionou a fiscalização feita pelo Governo. “Muitos prédios dispõem de gás butano centralizado. A segurança dos sistemas de abastecimento, as tarifas de manutenção e as tarifas mensais mínimas, a precisão dos contadores e o nível de concentração de gases são regulamentados pela Administração?”, questionou o deputado, que falou da existência de um oligopólio. “Até agora o mercado da gasolina e do gás butano ainda funciona sob o modelo de oligopólio. Mesmo com a queda do preço internacional do petróleo, a população ainda tem de continuar a consumir gás caro. Actualmente o ajustamento dos preços pelo sector petrolífero de Macau é feito com base no mecanismo de fixação trimestral de preços aplicado em Hong Kong”, pode ler-se. O director da DSE confirmou, contudo, que o Governo criou um grupo departamental para analisar a questão dos preços, com dados publicados regularmente relativos à importação e venda dos produtos petro-

A

Direcção dos Serviços de Economia (DSE) confirmou ao deputado Zheng Anting que não cabe ao Governo fixar os preços do gás butano centralizado nos prédios, por não ser um serviço público. Por essa razão os preços são fixados pelas próprias empresas fornecedoras. Tai King Ip, director da DSE, falou da existência de um regulamento que refere quais as condições a ter em conta na elaboração de projectos, a execução das obras de instalação das redes de gás e a montagem dos aparelhos, sem esquecer as questões de segurança.

EXTRADIÇÃO EXECUTIVO AINDA SEM DATA PARA PROPOSTA

Liu Dexue, director dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ), referiu que ainda não há uma data para a conclusão da lei sobre a entrega de infractores em fuga de Macau para a China, Hong Kong e Taiwan. Segundo a Rádio Macau, Liu Dexue disse que será muito difícil referir uma data para a apresentação da proposta ao hemiciclo.

CONTAS PÚBLICAS COM SALDO POSITIVO

Entre Janeiro e Maio o Governo teve menos receitas e gastou mais, mas o saldo das contas públicas continua positivo e acima das expectativas. O saldo é de 16,355 milhões de patacas, representando uma descida de 35,8% face ao período homólogo. Ainda assim, o saldo já é quase cinco vezes superior ao orçamentado para todo o ano (3469 milhões de patacas). No capítulo das receitas, a Administração arrecadou 39.946 milhões de patacas. Trata-se de uma descida anual de 14,2 por cento. Os impostos directos sobre o jogo continuam também em queda. Nos primeiros cinco meses do ano totalizaram 33.033 milhões, menos 14,1 por cento comparado com o mesmo período de 2015. As despesas subiram para 23.590 milhões de patacas nos primeiros cinco meses do ano. Trata-se de um acréscimo de 11,6 por cento. Até Maio, o Governo gastou, no entanto, apenas 26,6 por cento do orçamentado para todo o ano.

Esse regulamento, segundo o director da DSE, não estabelece quaisquer exigências sobre os preços, sendo que as empresas podem fixar preços consoante o panorama do mercado. O director da DSE disse ainda que, caso os residentes apresentem dúvidas sobre a contagem dos contadores, ou temam estar a pagar mais do que o devido, podem reclamar junto do Conselho de Consumidores (CC).

POLÍTICA

“Até agora o mercado da gasolina e do gás butano ainda funciona sob o modelo de oligopólio. Mesmo com a queda do preço internacional do petróleo, a população ainda tem de continuar a consumir gás caro” ZHENG ANTING DEPUTADO líferos, por forma a garantir a transparência. Tai King Ip referiu ainda que será estudada por este grupo interdepartamental a possibilidade de obtenção de mais terrenos para introduzir outras empresas petrolíferas, para que haja um mercado mais competitivo. O deputado, número dois de Mak Soi Kun no hemiciclo, disse na sua interpelação que a população sempre criticou o facto de não haver um valor fixo decretado pelo Governo. “As críticas sobre este mecanismo de fixação de preços nunca pararam, e há queixas de que esse mecanismo, criado pelos próprios abastecedores, é pouco transparente e que as informações não são divulgadas na totalidade, sendo que há falta de fiscalização no mercado da gasolina.” Tomás Chio (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

ANM SCOTT CHIANG CONSTITUÍDO SUSPEITO DE DESOBEDIÊNCIA

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presidente da Associação Novo Macau (ANM) foi na manhã de ontem prestar declarações após ter sido convocado pela Polícia de Segurança Pública (PSP). Em causa está a alegação de que Scott Chiang não acatou ordens das autoridades em relação ao percurso da manifestação do passado dia 15 de Maio, num protesto em que era pedida a demissão do Chefe do Executivo devido à recente doação de cerca de 100 milhões de patacas da Fundação Macau à Universidade de Jinan, na China. A PSP terá apresentado uma queixa-crime ao Ministério Público relativamente a incidentes durante

a manifestação do passado 15 de Maio, em que argumenta que terá havido desobediência por parte dos activistas que organizaram o protesto. Foi aberto um inquérito que envolve o presidente da ANM e membros da mesma, todos por suspeita de crime de desobediência pública. Scott Chiang confirma ao HM ser considerado suspeito após o interrogatório e reafirma as declarações anteriores em que “estamos perante uma intimidação” visto não ter existido qualquer desrespeito à lei. Para já o activista diz “não posso adiantar mais informações” sendo que “há que esperar para ver a continuidade do processo”.


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SOCIEDADE

Cartório Notarial SANTA CASA PROPÔS RENDA MAIS BAIXA AO GOVERNO

António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia, confirma que chegou a propor ao Executivo baixar a renda para 800 mil patacas, uma redução de 40%, para o espaço onde ainda se situa o Cartório Notarial, mas não voltou a ser contactado

O

provedor da Santa Casa da Misericórdia (SCM), António José de Freitas, já tinha proposto uma redução da renda do rés-do-chão da SCM, onde funciona o 1º Cartório Notarial. Ao HM, Freitas referiu que propôs uma redução do actual valor de 1,2 milhão de patacas para 800 mil patacas mensais, ou seja, menos 40%. “Falei com a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, num evento informal, e disse que a irmandade estaria disposta a reduzir a renda, caso o Governo tivesse intenção de continuar com o espaço. Mas esta intenção da SCM caiu em saco roto, até que, há dois dias, soube pela comunicação social da retirada do 1º Cartório Notarial. A SCM nunca foi tida nem achada. Também abordei o assunto com o Chefe do Executivo (Chui Sai On). Falei-lhe para reconsiderar a decisão, uma vez que a irmandade tem arrendado

“Para além (da saída do cartório) representar um rombo às receitas da SCM, representa um menosprezo total pela história e tradições de Macau” ANTÓNIO JOSÉ DE FREITAS PROVEDOR DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA

o espaço aos vários governos de Macau como cartório. É um espaço pioneiro para este tipo de serviços prestados à população”, disse António José de Freitas ao HM. Com esta decisão, não são apenas as finanças da instituição que ficam afectadas. “Para além (da saída do cartório) representar um rombo às receitas da SCM, representa um menosprezo total pela história e tradições de Macau. Do ponto de vista da irmandade da SCM perdemos a confiança para com o Governo, porque não estamos a brincar. Temos a cargo responsabilidades para com a sociedade. Estamos a pagar mensalmente acima de dois milhões de patacas para salários do pessoal que trata de idosos, crianças e cegos. É um golpe muito forte e duro para as nossas receitas”, acrescentou.

DE PÉ

O provedor lembra que a SCM sempre foi uma entidade que serviu sobretudo a comunidade chinesa e as suas necessidades. “A SCM vai continuar a existir e não é com o fim desta renda que vai acabar. Enquanto provedor vou fazer tudo para que se mantenha viva a instituição, que nasceu quase ao mesmo tempo que Macau e que é a única sobrevivente em toda a Ásia”, concluiu. Em comunicado, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) já confirmou que esta foi uma saída ponderada e que na zona norte o Governo não terá necessidade de pagar renda pelo espaço. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

INDIGNAÇÃO NAS REDES SOCIAIS U

ma breve visita a páginas do Facebook ou fóruns online permite chegar à conclusão de que a saída do 1º Cartório Notarial está a gerar muitas dúvidas junto da população. “Uma doação de 100 milhões para a China é pouco, mas uma renda anual de 14 milhões que vai para os residentes não é, quem é que o Governo serve afinal? As zonas do centro e sul têm falta de instalações”, lê-se num comentário na página de Facebook da publicação Macau Concelears, fazendo referência à doação feita à Universidade de Jinan. “A entidade vai ser prejudicada porque não tem fins lucrativos. A saída deste cartório é porque o Governo tem recebido queixas sobre os gastos com as rendas de escritórios”, lê-se no fórum iDREAMx.

SOFIA MOTA

“Não fomos tidos nem achados”

Apagar a memória?

Coutinho diz que saída do Cartório se deve a símbolos portugueses

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OSÉ Pereira Coutinho, na qualidade de conselheiro do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), disse ao HM que a saída do 1º Cartório Notarial das instalações da SCM se deve à presença dos símbolos portugueses no edifício. “O Governo tem de ser mais transparente e apresentar uma razão mais fundamentada. Algumas pessoas que estão no poder não gostam do edifício da SCM porque mantém sinais de colonialismo (é o único edifício que em Macau cujo frontão ostenta ainda as quinas de Portugal). Deve ser uma razão forte para o Governo retirar de lá um serviço público”, disse Coutinho ao HM. “Algumas das associações tradicionais e alguns extremistas radicais do Governo têm inveja do prestigio e da credibilidade da SCM, porque nunca foi um órgão subalterno do Governo que quer controlar tudo. Algumas associações tiveram que se render devido à

falta de recursos financeiros”, acrescentou. “Se assim for lamentamos que ainda existam extremistas radicais que pensam desta maneira, o que em nada abona para a ligação das várias comunidades”, destacou. António José de Freitas não confirma que esta possa ser uma das razões, mas recorda-se das pressões que sentiu após a transição. “Recebi várias chamadas de pessoas anónimas a reclamar a ostentação de símbolos portugueses na fachada e diziam-me que não deviam lá estar as armas de Portugal. Falei com o dr. Edmund Ho (ex-Chefe do Executivo) sobre isso, que me disse para não levar isso em conta pelo facto da irmandade da SCM existir há muito tempo. E o assunto ficou por aí, nunca mais ninguém reclamou”, disse.

MARREIROS NÃO ACREDITA

Carlos Marreiros, que foi provedor da SCM antes de António

José de Freitas, diz não acreditar nesta possibilidade. “Não acredito, mas a confirmar-se tenho de me mostrar muitíssimo preocupado e triste, porque está em causa a milenar amizade luso-chinesa. Caso seja essa razão pode-se tornar num incidente diplomático, o segundo sistema está a ser posto em causa e a população tem toda a razão para se insurgir e vir para a rua. Isto não afecta só a população lusófona mas também a chinesa, porque há muitos chineses que estão em Macau porque acreditam no segundo sistema”, referiu. Marreiros adiantou ainda que o Governo poderia abrir um novo cartório notarial na zona norte sem transferir o actual. “A população está a crescer e vão ser necessários mais cartórios. Se é preciso um novo cartório não é necessário fechar um que funciona bem”, concluiu.


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MAIS DE UMA DEZENA DE CANDIDATURAS PARA OBRAS

O concurso público para a construção de estadas na zona de aterro para resíduos de materiais de construção da Taipa recebeu 17 candidaturas. Aberto pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), o projecto em causa prevê o quarto trimestre deste ano, para inicio da obra, com duração de 330 dias. A zona foi alvo de vários fogos e por isso a construção passa também pela aplicação de um sistema contra incêndios.

CASAL DETIDO POR ENGANAR EMPRESÁRIO DA CHINA O canal chinês da Rádio Macau noticiou ontem que um casal de Macau foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) por alegadamente terem burlado um empresário do interior da China em 17 milhões de patacas. O homem, de 28 anos, ter-se-á juntado à sua namorada e um amigo para convencer o empresário a depositar o dinheiro para a criação de uma empresa e obtenção de licenças de gestão dos parques de estacionamento. A alegada vítima terá esperado um ano pelos resultados, tendo feito queixa à polícia. A PJ já encontrou cerca de 410 mil patacas na casa do casal, sendo que as autoridades suspeitam de que mais dinheiro esteja depositado numa conta que o casal tem no interior da China.

INFILTRAÇÕES PEDIDA REVISÃO DA LEI PARA SIMPLIFICAR CASOS

O deputado Zheng Anting defendeu que o Governo deve rever a actual legislação para facilitar os casos de infiltrações em edifícios. Segundo o jornal Ou Mun, as ideias foram defendidas no âmbito de um encontro realizado entre a Associação dos Conterrâneos de Kong Mun e a Associação para Diagnóstico de Edifícios de Macau. Zheng Anting lembrou que, desde a criação do Centro do Tratamento da Infiltração dos Prédios que vários casos foram resolvidos de forma eficaz, mas que há ainda proprietários que não permitem a entrada dos funcionários, o que não possibilita a resolução dos casos. A actual lei não permite que estes trabalhadores entrem nestes imóveis ou edifícios sem uma autorização. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) já referiu que está a rever o Código do Processo Penal em relação a esta matéria, mas não foi adiantado nenhum calendário para a conclusão desta iniciativa.

Lusofonia SEMANA DE MOÇAMBIQUE NA RAEM ESTÁ AÍ

Venham de lá mais uns

Moçambique está quase a celebrar a sua independência e assinala a data com uma semana de gastronomia para “promover um encontro povo a povo”, explica o cônsul do país na RAEM. Para já, são apenas 50 os moçambicanos em Macau mas o diplomata espera que no futuro mais possam vir

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OÇAMBIQUE celebra a independência dia 25 mas as celebrações começam já coma organização de uma semana gastronómica. Para Rafael Marques, cônsul geral do país no território, “as relações entre Moçambique e Macau são excelentes”. A presença no Fórum de Macau é vista como crucial para as relações bilaterais com a China mas também como uma oportunidade para impulsionar a cooperação com a própria RAEM. Segundo Rafael Marques, Moçambique tem beneficiado no

âmbito dos diversos protocolos assinados, nomeadamente na área do turismo e da tributação fiscal evitando a taxação dupla. A participação de moçambicanos em diversos colóquios e acções de formação do Fórum de Macau é outro dos pontos que o cônsul de Moçambique considera relevantes. “Temos tido diversos bolseiros nas universidades de Macau e até cooperação na área da comunicação com o treino de quadros da televisão de Moçambique na TDM”. Na perspectiva do cônsul, também a China tem beneficiado desta aproximação especialmente no âmbito das trocas comerciais, “que têm sido substanciais”, com diversas empresas chinesas a investirem no país. “Há vantagens e benefícios mútuos”, garante o diplomata que desvaloriza a instabilidade política no país pois “não tem afectado o investimento estrangeiro” até porque “é localizada na zona centro e o governo está a trabalhar a todo gás para resolver pelo diálogo”.

MAIS MOÇAMBICANOS

Entre estudantes, trabalhadores e corpo diplomático existem apenas 50 moçambicanos registados no consulado. Um número que o cônsul não se importaria de ver aumentado até porque não têm tido dificuldades na obtenção de vistos.

“Quanto mais moçambicanos mais experiência se colhe em Macau, especialmente na área do turismo que está bem desenvolvido”, explica Rafael Marques, adiantando mesmo que “é uma boa ideia virem para aqui mais moçambicanos para ganharem experiência com os locais”. A possível vinda de mais nacionais para o território será, então, um processo normal faltando “mais divulgação das oportunidades que Macau oferece”, ainda numa fase precoce pois, explica, “o consulado é recente”, mas, acredita, “com o

“É uma boa ideia virem para aqui mais moçambicanos para ganharem experiência com os locais” RAFAEL MARQUES CÔNSUL-GERAL DE MOÇAMBIQUE NA RAEM

tempo e a circulação de pessoas, mais ficarão a saber e poderão vir à procura de oportunidades”.

CONQUISTAR PELO ESTÔMAGO

A semana de divulgação que agora começa vai ser essencialmente dedicada à gastronomia. “Trazer os sabores do país. Será um encontro povo a povo”, explica Rafael Marques que não vê com maus olhos a fundação de um restaurante moçambicano no território. “As perspectivas estão abertas e, se alguém quiser enveredar por esse caminho, terá todo o apoio do consulado e do governo moçambicano”, garante. No curto prazo, o cônsul espera “utilizar cada vez mais Macau como plataforma de cooperação com a China” e que mais empresas do território invistam em Moçambique.

GÁS TÓXICO NA ZONA NORTE INCOMODA MORADORES

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MA máquina de mistura e queima de betume está a incomodar os moradores da Avenida General Castelo Branco, na Zona Norte. Apontam os residentes que a máquina em causa produz um gás irritante e liberta um fumo branco que se espalha entre ruas e residências. Um responsável da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong) pede ao Governo que retire a máquina e que a lei defina a proibição da instalação dos locais industriais perto de zonas residências. Gou Yeung, responsável do Centro Lok Chon dos Kaigonf, da área, afirmou, em declarações ao

Jornal Ou Mun, que as pessoas que ali trabalham, não ousam abrir as janelas. O responsável entende que a intenção inicial do Governo passava pela instalação da máquina num local longe das residências, mas com o tempo foram construídas escolas, creches e mais casas. Gou Yeung acredita que com a conclusão da habitação pública na Ilha Verde vai provocar um grande movimento dos residentes para esta zona, por isso é essencial que o Governo retire de lá a máquina. “O Governo precisa de tomar conta disto, a queima de betume causa poluição do ar e ameaça a saúde dos cidadãos,” frisou.

Este não é o primeiro aviso ao Governo. Há dois anos o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) garantiu que ia procurar um lugar melhor, mas até agora nada. “A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) só emitiu uma orientação sobre a questão da emissão da gás produzida pela máquina de queima de betume, mas não se definiu a distância necessária para a área de residência,” referiu, adiantando que “espera que o Governo possa legislar para reforçar a fiscalização, assegurando que sítios industriais possam ficar afastados das áreas de residência”. A.K. (revisto por F.A.)

O HM ERROU Na breve publicada na edição de ontem do HM, onde se lê “Seac Pai Van vai receber cinco centros de saúde”, deve ler-se que vão abrir cinco consultórios e não cinco centros de saúde, conforme refere o comunicado divulgado em língua portuguesa. Aos leitores e às entidades visadas as nossas desculpas.


9 hoje macau sexta-feira 17.6.2016

CHINA

DÍVIDA DA CHINA É MAIS DO DOBRO DO PIB

Dores de crescimento A semana passada o FMI tinha alertado para o perigo da dívida chinesa. Esta semana é um próprio economista do Governo que veio a público confirmar os receios. O sector estatal é o que mais contribui para o caos. A culpa é do facilitismo dado ao crédito para promover crescimento

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montante total de empréstimos na China atingiu mais do dobro do Produto Interno Bruto (PIB), em 2015, afirmou ontem um economista do governo, considerando que o crédito disponibilizado

pelo Estado ao sector corporativo pode revelar-se “fatal”. A dívida da China tem explodido à medida que Pequim tornou o crédito mais barato e acessível, num esforço para incentivar o crescimento económico. Enquanto o estímulo é visto como positivo para melhorar os números de crescimento a curto prazo, muitos analistas apontam para a insustentabilidade deste modelo. No final do ano passado, o endividamento do “gigante” asiático atingiu os 168,48 biliões de yuan, o equivalente a 249% do PIB, segundo Li Yang, investigador da Academia de Ciências Sociais da China. Fontes ocidentais estimam um valor superior. Em meados de 2014, a consultora McKinsey Group afirmou que, no conjunto, o endividamento da China atingiu os 28 biliões de dólares.

O BURACO DAS ESTATAIS

Segundo Li, o maior risco reside no sector corporativo não financeiro, no qual a proporção da dívida em relação ao PIB é estimada em 156%, incluindo as dívidas contraídas por mecanismos de financiamento dos governos locais. “Muitas das companhias em questão são empresas estatais que contraíram grandes empréstimos em bancos

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públicos, podendo implicar riscos sistémicos para a economia”, acrescentou. “O mais grave na [dívida] corporativa não financeira da China é que, se houver problemas com esta, o sistema financeiro chinês sentirá problemas imediatamente”, realçou Li. O problema afectará também os cofres do Estado, porque os bancos chineses estão “estreitamente vinculados ao governo”. “É uma questão fatal para a China. Devido a esta ligação, é provavelmente mais urgente para a China do que para outros países resolver a questão da dívida”, afirmou.

FMI JÁ TINHA AVISADO

No início desta semana, o número dois do Fundo Monetário Internacional (FMI), David Lipton, referiu também a “grande preocupação” da entidade com a dívida corporativa da China. “Resolver esta questão é imperativo para evitar pro-

HK SEQUESTRADOR DE MILIONÁRIA CONDENADO

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M membro de um grupo que sequestrou uma herdeira de um milionário em Hong Kong foi ontem condenado a 12 anos de prisão. Queenie Rosita Law, de 29 anos, neta do falecido magnata dos têxteis Law Ting-pong, que fundou a cadeia de vestuário Bossini, foi levada de sua casa, na antiga colónia britânica, em Abril do ano passado. A mulher foi mantida numa gruta numa montanha e os familiares pagaram um resgate de 28 milhões de dólares de Hong Kong para que fosse libertada. Zheng Xingwang, de 30 anos, foi o único suspeito levado a tribunal em Hong Kong. Declarou-se culpado da acusação de levar/ deter uma pessoa à força, com a intenção de procurar obter um resgate. Outros oito homens foram levados à justiça no interior da China, onde também

MULHER E FILHO DE EX-MINISTRO CONDENADOS POR CORRUPÇÃO

se declararam culpados, estando a aguardar o veredicto. “O sequestro é um crime perverso e abominável”, afirmou o juiz Kevin Zervos, aquando da leitura da sentença. Zheng Xingwang, que é natural do interior da China, facultou apoio logístico e material para o resgate, segundo foi dito em tribunal. Queenie Rosita Law e o namorado estavam a dormir em casa quando um grupo de seis homens invadiu a propriedade, amarrou-os e colocou-lhes fita adesiva na boca, segundo a descrição ouvida em tribunal. Apesar de os sequestros serem raros em Hong Kong foram registados vários casos envolvendo altas figuras, incluindo o filho do magnata Li Ka-shing, em 1996, que foi libertado depois de o seu pai ter alegadamente pagado um resgate de mil milhões de dólares de Hong Kong.

blemas no futuro”, afirmou. A economia chinesa cresceu 6,9%, em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos. A prosperidade económica é vista como essencial para assegurar a estabilidade social, uma preocupação constante do governo de partido único na China. Após a crise financeira global de 2008, a China assumiu-se como o principal motor de crescimento da economia mundial.

mulher e o filho do ex-chefe da Segurança da China Zhou Yongkang, condenado no ano passado à prisão perpétua por corrupção, foram punidos com nove e 18 anos na cadeia, respectivamente, pelo mesmo crime. Zhou Bin, filho do mais alto líder chinês condenado por corrupção desde a fundação da China comunista, foi declarado culpado de aceitar subornos e realizar operações empresariais ilegais, segundo a agência oficial Xinhua, que cita um tribunal de Hubei. Terá ainda de pagar uma multa fixada em 350,2 milhões de yuan. A esposa de Zhou, Jia Ziaoye, de 46 anos, foi também multada em um milhão de yuan, por aceitar

subornos, segundo o jornal oficial Global Times. Zhou Yongkang, que entre 2002 e 2007 foi responsável pelo poderoso Ministério da Segurança Pública, incluindo polícia, tribunais e polícia secreta, foi condenado no ano passado. No início deste ano, Li Dongsheng, um antigo vice-ministro da Segurança e aliado de Zhou, foi punido com 15 anos de prisão por aceitar subornos. Li foi apresentador da televisão estatal CCTV durante muitos anos, tendo assumido directamente uma posição importante no ministério, apesar de não ter experiência em questões de segurança. Também a esposa de Zhou Yongkang trabalhou para a CCTV.

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Governo da Região Administrativa Especial de Macau DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO ANÚNCIO A Região Administrativa Especial de Macau faz público que, de acordo com o Despacho de 3 de Maio de 2016 do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, foi autorizado o procedimento administrativo para adjudicação dos “Serviços de Consultadoria de Gestão do Projecto para as Novas Instalações da Direcção dos Serviços de Turismo ”. 1. Entidade que põe a prestação de serviços a concurso: Direcção dos Serviços de Turismo. 2. Modalidade do concurso: Concurso público. 3. Local de execução dos serviços: Largo do Terminal do Porto Exterior em Macau. 4. Objecto dos serviços: O âmbito dos serviços compreende a consultadoria ao Dono da Obra, o estudo e a elaboração dos dados de base e recolha das condicionantes urbanísticas e preparação do processo de concurso público para a realização do projecto das Novas Instalações da Direcção dos Serviços de Turismo, bem como o seu seguimento até à fase de licenciamento pela DSSOPT. 5. Prazo máximo de execução: 540 dias a contar do dia seguinte ao da recepção de notificação da adjudicação (Serviço I: 180 dias, Serviço II: 360 dias) 6. Prazo de validade das propostas: 90 dias, a contar do acto público do concurso. 7. Caução provisória: Todos os concorrentes deverão prestar uma caução provisória, no valor de MOP100.000,00 (cem mil patacas), caso o depósito for entregue, nesta Direcção dos Serviços de Turismo, em numerário, em ordem de caixa ou cheque visado, deverão ser emitidos à ordem da “Direcção dos Serviços de Turismo”, sendo necessário apresentar o recibo emitido pela Direcção dos Serviços de Turismo (original); ou apresentar mediante garantia bancária. 8. Caução definitiva: 5% do preço total de adjudicação. 9. Valor dos serviços: Sem preço base. 10. Condições de admissão: Podem concorrer as entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) na modalidade de prestação de serviços de elaboração de projectos, devendo o coordenador da equipa (arquitecto licenciado) deter, pelo menos, 10 anos de inscrição na DSSOPT, com experiência em urbanismo e os engenheiros de todas as especialidades e/ou arquitectos deter, pelo menos, 4 anos de inscrição na DSSOPT, para a elaboração de projectos e direcção de obras. 11. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: 11.1 Os concorrentes devem entregar as suas propostas no Balcão de Atendimento da DST, no Edifício “Hot Line”, Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n.os 335-341, 12.° andar, Macau dentro do horário normal de expediente, sendo o prazo de entrega até às 17:00 horas do dia 19 de Julho de 2016, sob pena de não serem admitidas. 11.2 Caso os serviços públicos da Região Administrativa Especial de Macau, encerrem devido a tempestade ou motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas será adiado para o primeiro dia útil, imediatamente seguinte, à mesma hora. 12. Sessão de esclarecimento: Os interessados podem assistir à sessão de esclarecimento deste concurso público que terá lugar 10:00 horas do dia 23 de Junho de 2016, no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.º Andar, Macau. 13. Local, dia e hora do acto público do concurso: 13.1 Local: Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.º Andar; Dia e hora: 20 de Julho de 2016 pelas 10:00 horas. 13.2 Em caso de encerramento dos serviços públicos por motivo de força maior, a data do acto de abertura das propostas dos concorrentes será adiada para o primeiro dia útil, imediatamente seguinte, à mesma hora. 14. Reclamações Qualquer reclamação sobre preterição ou irregularidade nas formalidades do concurso, deverá ser enviada para: Direcção dos Serviços de Turismo Alameda Dr. Carlos D’ Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hot Line, 12.° andar, Macau 15. Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação: a) Preço: 40% b) Meios humanos a afectar à prestação de serviços: 25% c) Plano de realização da prestação dos serviços, com proposta de calendarização e afectação de meios para os serviços, com base nas cláusulas técnicas do caderno de encargos: 5% d) Experiência em prestações de serviços semelhantes: 30% 16. Local, data, horário para a obtenção da cópia e exame do processo do concurso: Local: Balcão de Atendimento da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.º Andar. Data e horário: Desde a data da publicação do respectivo anúncio até ao dia e hora limite para entrega das proposta e durante o horário normal de expediente. Preço: MOP500,00 (quinhentas patacas). A Direcção dos Serviços de Turismo, aos 06 de Junho de 2016 A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


10 FRC UM MÊS DE FILMES NA CASA GARDEN

EVENTOS

O III Ciclo de Cinema dedicado aos assuntos da lei avança para mais um mês em que o advogado é estrela. São seis os filmes que fazem parte do cartaz que vai encher o ecrã da casa Garden de 21 de Junho a 21 de Julho

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ADVOGADOS EM

Por outro lado também é “limitado aos que conheço melhor e que são os americanos, entre clássicos e contemporâneos”. As películas escolhidas para preencher este mês tocam questões delicadas e éticas que segundo Francisco Gaivão são aspectos fundamentais “principalmente quando se trata de advocacia criminal” sendo que da selecção constam produções que se passam essencialmente em casos de julgamento em que “algumas são situações reais”. É também no exercício da advocacia criminal que o profissional se vê mais envolvido em questões e dilemas éticos em que “tem mesmo que por de lado as suas convicções pessoais para que possa cumprir a sua função legal”.

sobre o filme e se discute algumas das coisas mais interessantes do que se esteva a assistir”. O mote escolhido para o ciclo foi inspirado na frase de Voltaire “ Eu queria ser advogado, é o mais belo estado do mundo” tendo em conta que o programador partilha da mesma opinião corroborando com “uma das mais nobres profissões de toda e qualquer sociedade.” As sessões têm lugar às 19h30, antecedido de um cocktail a partir das 19h00 e contam com entrada livre.

À CONVERSA

Cada sessão é seguida de dois dedos de conversa entre o público onde “se fala um bocadinho

A sétima arte tudo é possível. Da fantasia ao espelho da realidade, o grande ecrã a todos acolhe. O exercício de determinadas profissões não é excepção e a Fundação Rui Cunha, não alheia ao facto, pôs mãos à obra em mais um ciclo de cinema. Quem assume a rédea é o CRED-DM – Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau que numa parceria com a Fundação Oriente (FO) apresenta um mês de mão cheia de filmes em que a realidade do exercício legal está em destaque. Nesta edição, a programação ficou a cabo de Francisco Gaivão. Ao HM o advogado diz que escolheu essencialmente filmes de que gosta e que são “mais centrados na perspectiva do advogado dentro da teia do filme”.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA CRIANÇAS FELIZES • Magda Gomes Dias

Magda Gomes Dias, especialista em Coaching eAconselhamento Parental, através de uma linguagem prática e directa, e recorrendo a exemplos do dia-a-dia e muitas sugestões, apresenta-nos um livro fundamental para desfrutarmos a 100% da relação com os nossos filhos. Porque se a relação parental for equilibrada, pacífica e saudável, sobrar-nos-á tempo para vivermos em conjunto a felicidade de sermos pais e filhos.

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OS BEBÉS TAMBÉM QUEREM DORMIR • Constança Cordeiro Ferreira

O que nos diz o choro do bebé? Porque é que alguns bebés são tão difíceis de acalmar? Como podemos todos descansar melhor? A vida com um bebé ao colo não tem de ser feita de lutas para dormir, cólicas, choro permanente, inseguranças e medos. Há estratégias que fazem a diferença e técnicas para os momentos SOS, para que os pais e o bebé se entendam na perfeição, criando uma ligação única. Considerada a “Fada dos bebés”, Constança Cordeiro Ferreira mostra, neste livro, como cada bebé tem, dentro de si, um verdadeiro manual de instruções e ajuda-nos a compreender os sinais.


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M ACCAO ˜

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CARTAZ

21 DE JUNHO - A Few Good Men, 1992, de Rob Reiner Após um soldado morrer acidentalmente numa base militar, depois de ter sido atacado por dois colegas da corporação, surge a forte suspeita de ter existido um “alerta vermelho”, uma espécie de punição extra-oficial na qual um oficial ordena a subordinados seus que castiguem um soldado que não tenha se comportado correctamente. Quando o caso chega aos tribunais, um jovem advogado (Tom Cruise) resolve não fazer nenhum tipo de acordo e tentar descobrir a verdade. 28 DE JUNHO - Philadelphia, 1993, de Ron Nyswaner Andrew Beckett (Tom Hanks) é um promissor advogado que trabalha para um tradicional escritório da Filadélfia. Após descobrirem que é portador de HIV, Andrew é despedido. Decide assim contratar os serviços de Joe Miller (Denzel Washington), um advogado negro e homofóbico. Durante o julgamento, é este advogado que é forçado a encarar seus próprios medos e preconceitos. 5 DE JULHO - Erin Brockovich, 2000, de Steven Soderbergh Erin (Julia Roberts) é a mãe de três filhos que trabalha num pequeno escritório de advocacia. Quando descobre que a água de uma cidade no deserto está a ser contaminada e a espalhar doenças entre os seus habitantes, começa a investigar a situação. Com astúcia consegue convencer os habitantes da cidade a cooperarem com ela, fazendo com que tenha em mãos um processo de 333 milhões de dólares. 12 DE JULHO - A Time to kill, 1996, de Joel Schumacher Em Canton, no Mississipi, dois brancos espancam e estupram uma menina negra de dez anos. São presos mas quando são levados ao tribunal para o devido julgamento, o pai da menina (Samuel L. Jackson) decide fazer justiça com as próprias mãos e mata os dois criminosas em frente a diversas testemunhas e fere seriamente um polícia. É este pai que vai a tribunal por assassinato numa sociedade ainda dividida do sul dos Estados Unidos. 19 DE JULHO - Reversal of Fortune, 1990, de Barbet Schroeder Em Dezembro de 1979, Sunny von Bülow (Glen Close), herdeira de 14 milhões de dólares, entra em coma irreversível. O seu marido, Claus von Bülow (Jeremy Irons), é acusado de ser o responsável por ter utilizados doses altas de insulina e contrata o professor de Direito Alan Dershowitz (Ron Silver) para provar a sua inocência. Baseado em factos reais, o filme recupera um dos julgamentos mais famosos da década de 1980. 21 DE JULHO - My cousin Vinny, 1992, de Jonathan Lynn Quando Bill Gambini (Ralph Macchio) e um amigo são acusados de assassinato decidem chamar Vincent La Guardia Gambino (Joe Pesci), um primo de Bill que é advogado, para os defender. Quando Vinny chega sabe-se que acabou de se licenciar e que nunca passou por nenhum processo.

hoje macau sexta-feira 17.6.2016

PINTURA SEM PINCEL NO CENTRO UNESCO

EXPOSIÇÃO DE PARABÉNS

Han Tianheng traz ao Museu de Arte de Macau (MAM) uma exposição em jeito de celebração dos seus 70 anos. A inauguração tem lugar hoje às 18h30 na Galeria de Caligrafia e Pintura do MAM e conta com 188 itens entre obras de caligrafia, pintura, entalhe de sinetes e artigos de estúdio. Os trabalhos correspondem a diferentes períodos de criação e vão desde cópias de inscrições em pagodes e sinetes do primeiros anos de criação às mais recentes obras de grande dimensão. Fazem ainda parte artigos de estúdio do artista dos quais constam pedras de tinta, bules de barro, etc., a fim de dar a conhecer as suas preferências estéticas sob diferentes perspectivas. A “ Exposição do 70Aniversário de Han Tianheng estará patente até 7 de Agosto e a entrada terá o valor de cinco patacas à excepção, dos domingos e feriados que contam com entrada livre.

Obras pintadas com os dedos é o mote do trabalho que abre hoje ao público no Centro UNESCO de Macau. “Traços de Tinta sem Pincel” reúne mais de 60 obras do artista do interior da China, Yang Yimo. O autor, natural de Tieling é actualmente Presidente do Instituto de Pintura com os Dedos local, e entre outros cargos, é também membro da Associação dos Artistas de Belas Artes da China. Segundo a organização, é desde a infância que gosta de pintar e caligrafar e iniciou o estudo de pintura com os dedos em 1993. As suas obras já conquistaram o Prémio de Ouro da 2ª edição de Exposições de Obras de Belas Artes dos Grupos Étnicos das Minorias da China e contam com múltiplas apresentações nacionais e internacionais. A inauguração tem lugar às 18h30, estará patente até 21 de Junho e conta com entrada livre.

WORKSHOP ABERTO DE PINTURA

Acha que tem jeito para a pintura? Gostava de participar na produção colectiva de um quadro? Então é assim: amanhã, sábado, pelas 15H, o artista plástico Alexandre Baptista, que esta semana estreou a sua exposição “Desenhar é Dar o Coração” no albergue da Santa Casa da Misericórdia, vai coordenar no mesmo local um workshop para a produção de um quadro numa tela com 3Mx1.5M. A pintura será efectuada com tintas acrílicas para a coisa não ficar tão difícil. Para já, sabe-se que participarão na obra Carlos Marreiros, Pakeong Sequeira, Wilson Lam, Erik Fok, Jason U, Alexandre Marreiros e, provavelmente, você que acabou de ler esta notícia. A sessão dura até às 19 horas.

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EVENTOS

TEATRO NO D. PEDRO V

O mês de Portugal continua, desta feita com as artes de palco pela mão de Manuel Wiborg e João Vaz. “O meu jantar com André” é a peça escrita por Wallace Shawn e André Gregory traduzida por Jacinto Lucas Pires e com encenação do também actor Manuel Wiborg que vai estar domingo no palco do Teatro D. Pedro V. Segundo a organização trata-se de “um apaixonante, volátil e bem-humorado encontro entre dois amigos que não se vêem há muito tempo e decidem pôr as suas vidas ao corrente, durante um jantar” Com entrada livre o evento tem lugar ás 20h00.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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O respirar de Portugal como território

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Bispo Idácio de Aquae Flaviae no século V mencionou a povoação de CALE, como o castro chamado Portucale, aparecendo documentalmente pela primeira vez este nome e onde não se faz referência a nenhum burgo ou povoação na margem direita e fronteira a Portugal. No concílio em Lugo, no ano de 568, Portugal, o Castelo antigo dos romanos, ficava sujeita à “Sé de Coimbra, a qual, jamais, superintendeu em igrejas além da margem esquerda do Douro”, Resenha Histórica de CALE, Vila de Portugal e Castelo de Gaia, na separata de Comunidades Portuguesas de 1970, onde não aparece o autor. No século III fora constituída a província romana de Gallaecia et Asturica na Península Ibérica, tendo em 409 os Suevos ocupado a Galiza, onde estiveram até 585, e a Lusitânia passava em 409 para os Alanos, que oito anos mais tarde, em 417, foram derrotados pelos Visigodos. Os suevos destruíram Conímbriga em 468, ano da morte do Bispo Idácio, o que faz Aeminium, situada na Via Olisipo-Bracara Augusta e a ocupar a Colina da Universidade, onde se situava o forum, ficar capital da região, ascendendo no século VI a sede do bispado de Conímbriga, ficando assim com esse nome. Os Visigodos, povos germânicos cuja civilização era dominada pela guerra e armas, aos poucos expulsaram do Norte da Península Ibérica os Suevos e as tropas Romanas, ficando os únicos senhores dos territórios da actual Espanha e Portugal. O rei visigodo Leovigildo (569-586) realizou a unificação peninsular, vencendo em 586 os suevos e os bizantinos ficaram reduzidos a uma estreita franja do litoral Mediterrâneo. Este rei visigodo dividiu o reino em seis províncias e centralizou os serviços reais em Toledo. Mas em 711, toda a Península Ibérica caiu em poder muçulmano. A reconquista do Portus aos mouros em 868 pelo conde Vimara Peres, referida no Códice de Lorvão, Liber Testamentorum, antecedeu a de Braga e seguiu-se à conquista e despovoamento

de Coimbra, cujos habitantes vieram repovoar a parte sul do Rio Douro. “Não muito tempo depois, foram enviados outros condes ou os seus delegados para reorganizarem novos territórios, como os de Braga, Orense, Chaves, Emínio (ou seja, Coimbra), Viseu e Lamego. Conhecemos o nome do conde Odoário, que tomou conta de Chaves, e o conde Hermenegildo Guterres, que ocupou Coimbra em 878”, e prosseguindo com José Matoso, “Reconstituíam-se assim as bases nucleares da rede administrativa na antiga província da Galécia e ocupavam-se algumas das cidades do Norte da Lusitânia, que outrora tinham pertencido ainda ao reino suevo”. “Transferida a corte régia para a cidade de León no início do século X, o agora reino de Leão (910-1037) foi-se expandindo e organizando muito para além dos limites asturianos iniciais. Em termos políticos, administrativos e militares o seu território dividia-se em condados, à frente dos quais se encontrava um conde (comes), com poderes delegados pelo rei. Isso mesmo ocorreu em Portucale, aí se formando um condado à frente do qual estiveram membros de uma mesma família, descendentes de Hermenegildo Gonçalves e de Mumadona Dias (926968?), até 1071”, citado de Bernardo Vasconcelos e Sousa.

DOAÇÕES DO REI AO BISPO DE COIMBRA

O segundo Rei de Leão, D. Ordonho II (914-924), que no ano de 913 realizou uma incursão com um grande exército até Évora, provavelmente fazendo pilhagens em grande escala, veio em 922 a Portugal e daqui em barcos foi até Crestuma, a fim de visitar o Bispo de Coimbra, D. Gomado, que se encontrava no seu Mosteiro. Seguindo a Resenha Histórica de CALE, “Estando o bispo no seu convento, veio o Rei (Ordonho) a Portugal, e mandou dizer ao próprio bispo que viesse ter, com ele, Rei. O mesmo bispo não saiu do seu convento, como manda a regra. E o próprio rei, para lhe fazer mercê, e a rainha, armou navios em Portugal (Gaia) e, com os seus condes Lucido, Vimarano e Rodrigo Luci, foram em barcos à ermi-

da do bispo, visitar o dito e fazer oração naquele lugar santo. Fizeram solenes festas em honra do bispo e de seus frades e sorores e permaneceu com sua comitiva no próprio mosteiro. Ainda naquele dia, o rei, com a sua comitiva reuniu em concílio, Mauro, os frades e a abadessa Elvira e se informou sobre a vida dos confessores e da congregação, onde eram servos pacientes no mesmo lugar. O rei e a sua comitiva decidiram oferecer-lhes a vila de Fermedo com os seus antigos limites. E deu-lhes o rei a navegação e portagem do rio Douro, no dia de sábado, do porto de qualquer rio e por todos os seus portos até à Foz do rio Douro, onde entra no mar, quanto o Senhor der naquele dia para remédio de suas almas e para as de sua geração. E no mesmo concílio, Lucido Vimarano deu vilas e igrejas ao mesmo mosteiro, na margem do rio Douro e outra, na margem do Mondego, creio, doada pelo Rei, que ali mesmo ofereceu-lhe muitas outras terras, tanto a Norte como a Sul do Rio Douro. Verifica-se, pois, em face do documento da doação feita no ano de 922, pelo monarca de Leão, D. Ordonho II (914-924), que, naquela época, existia a povoação Portugal, a qual, entre as outras terras, foi doada àquele prelado, o Bispo de Coimbra, D. Gomado. Segundo a Resenha, “A Vila de Portugal estava dividida, pelos seus antigos termos, com a Vila de Mafamude e daí, pelo monte, desde o termo de Coimbrões, até Gaia. Aquela foi metade de seus parentes, Fulderon e Palma, e a outra metade a comprou por seu preço e suas cartas”. Do Livro Preto da Sé de Coimbra, “Não, sofre dúvida e pelo contrário é bem manifesto e conhecido de muitos, que por ordem de Deus e para remédio da sua alma, o próprio Rei Ordonho deu ao grande Gomado o episcopado da Sé de Coimbra, com a sua diocese, como a obtiveram os outros bispos que antes dele tiveram o episcopado, por muitos anos, até Portugal. E, depois de algum tempo, foi o bispo à corte; e, ante o rei, despediu-se e deixou o grande episcopado para entrar no convento. E o próprio bispo procurou uma ermida, e a encontrou no lugar de

Crestuma, junto àquela foz em que o rio cai do Douro. E entrou nela por mão de Arias Abederahemem e de Mauro, confrades, e de Elvira, abadessa, para ali passar a vida religiosa, e onde repousasse, à sua vontade, seu corpo, no lugar em que são venerados Santo Estevam, São Martinho, Santa Marinha, Santa Maria Virgem e São Salvador; e onde, na mesma ermida, estão sepultados companheiros mártires. E o mesmo bispo adquiriu o termo da mesma vila e do próprio mosteiro, de Crestuma, cujas demarcações do grande centro se estendia à margem direita e esquerda do rio Douro no ano de 922. Fruela II (924-925) pouco tempo reinou e sucedeu-lhe D. Afonso VI (925931), o Monge, que reconduziu no mesmo cargo (Bispo de Coimbra), D. Sisnando. Já toda a região entre os rios Mondego e Douro, era conhecida e designada como território portugalense e, também, como território de Portugal, consoante se comprova com bastantes documentos de escrituras de doações espécies, inseridos no Porto Mon. Hist. Dip. et Chart”.

OS NORMANDOS NA PENÍNSULA

O Rei Ramiro II (931-951) de Leão protagoniza uma história, cerca de 932 com o mouro Al Boazar al Bucadan, emir de Gaia. Época já do Califado de Córdoba, da dinastia dos Banu Umayya (Omeya) (912-1031) cujo seu primeiro califa foi Abd al-Rahman III al-Nasir (912-961). Cristãos e muçulmanos mantinham uma boa convivência realizando festas e torneios em que participavam cavaleiros de ambas as fés. Certa vez, em 932, D. Ramiro II disfarçado de trovador numa dessas festas, raptou a irmã do emir, Zahara e converteu-a em cristã. Quando Al Boazar soube, resolveu fazer o mesmo e disfarçado também de trovador vai a Leão e rapta a esposa de Ramiro, D. Urraca. Esta enamorou-se verdadeiramente pelo emir muçulmano e com ele ficou a viver em Gaia. Só muito mais tarde o Rei Ramiro ficou a saber do paradeiro da sua esposa e chegado a Gaia, disfarçado entrou no castelo e após um enredo de filme, conseguiu-o conquistar num ataque surpresa. Aqui a lenda reconstituída pelo brazão da


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José Simões Morais

cidade, que tem um corneteiro no castelo. Entre duas colinas na margem esquerda do Rio Douro, reconhecidas como Castelo de Gaia (Gaia) e Serra do Pilar (Vila Nova), ficava a vila denominada Portugal. Segundo José Matoso, “Os principais factores desta multiplicação da violência foram, em primeiro lugar, as incursões normandas, que se iniciaram já em meados do século IX, se intensificaram entre os anos de 961 e 971, e se prolongaram depois durante dezenas de anos, até meados do século XI. Os Normando trouxeram a insegurança a toda a antiga Galécia, penetrando ao longo dos rios, roubando, incendiando e matando sem dó nem piedade, e obrigando todos os chefes militares e eclesiásticos a organizar a defesa e a construir novas fortificações. Em segundo lugar, as revoltas de vários condes e magnatas contra os reis de Leão, ao longo da segunda metade do século X, e as guerras civis entre os pretendentes ao trono, que se intensificaram entre 953 e 960. Estas lutas atingiram o nosso território com as revoltas do conde Gonçalo Mendes de Portucale contra o rei de Leão, por volta de 962, e do conde Gonçalo Moniz de Coimbra, algum tempo depois” e cujos seus descendentes, depois vieram a colaborar activamente com Almançor, tendo com ele participado nas pilhagens a Santiago de Compostela, que foi incendiada.

“O reino de Leão estava profundamente desorganizado e foi necessário ao rei Afonso V (999-1028, o Nobre) reunir uma grande cúria na cidade de Leão” segundo refere Matoso, que segue, “o chamado Concílio de Leão de 1017, cujas decisões foram promulgadas em 1020 e que emitiram numerosas prescrições com

o evidente intuito de reordenar uma sociedade perturbada por transformações profundas. Nesse ano de 1017, os Portucalenses davam provas da sua capacidade de reacção, pois o conde Mendo Luz (...) estabeleceu a sua autoridade efectiva sobre a região do Vouga e da Terra de Santa Maria”.

REINO DE CASTELA E LEÃO

“Não foram só os delegados régios asturianos e depois leoneses que impuseram uma certa organização às comunidades humanas do território português. O clero monástico e diocesano também contribuiu para isso”, segundo Matoso, mas refere que, “a vigilância episcopal sobre as igrejas paroquiais devia ter sido quase inexistente, antes da restauração definitiva destas dioceses (Porto Coimbra, Viseu e Lamego), nos séculos XI e XII”. No reinado de Ramiro III (966-985), refere Matoso, “A partir de 978, prevaleceu de novo a guerra externa, com os violentos e destruidores ataques de Almançor, o hachib do califa Hisham II, às principais cidades dos reinos cristãos. Estes ataques atingiram o nosso território com a sua conquista de Coimbra, em 987, e com a sua grande expedição a Santiago de Compostela, em 997, com o apoio de vários magnates portugueses. Esta fase da guerra cessou praticamente com a morte de Almançor e pouco tempo depois, em 1008, com a morte do seu filho Abd al-Malik”. A assinalar, como caso curioso, o conflito sobre a tutela do condado de Portucale entre Afonso V e o conde Sancho Garcia de Castela ter sido arbitrado por Abd al-Malik. Ainda anteriormente, Bermudo II (985-999, o Gotoso) foi reconhecido no ano 982 Rei da Galícia e do Norte de Portugal.

A reconquista do Portus aos mouros em 868 pelo conde Vimara Peres, referida no Códice de Lorvão, Liber Testamentorum, antecedeu a de Braga e seguiu-se à conquista e despovoamento de Coimbra, cujos habitantes vieram repovoar a parte sul do Rio Douro

O Rei D. Fernando I (1035-1065), o primeiro do Reino de Castela e Leão (1035-1157), com as suas agressivas campanhas, fez a ocupação definitiva de Coimbra e “só a partir de então a fronteira se deslocou de maneira decisiva para além do vale do Douro e se iniciaram expedições de grande envergadura com o propósito de ocupar definitivamente as principais cidades do território andaluz e os seus respectivos alfozes. Se os primeiros reis asturiano-leoneses sempre se haviam ocupado intensamente da guerra, é duvidoso que se considerassem investidos na missão de recuperar para o Cristandade a maior extensão possível da Hispânia islâmica e tomassem tal missão como o mais importante dos seus deveres”. Coimbra, que caíra em poder muçulmano no ano de 711, fora em 878 reconquistada pelo Conde Hermenegildo Mendes, mas logo aí apareceu em 987 o Almançor a caminho da Galiza, que varreu com o seu grande exército os cristãos que se aventuraram a instalar a Sul do Rio Douro. O Rei D. Fernando, o Magno, após reconquistar Coimbra em 1064, deu ao conde D. Sisnando a mesma jurisdição territorial, da Sé de Coimbra, que governava, eclesiasticamente, em todas as terras desde o Mondego a Portugal, e entregou-lhe o governo da cidade de Coimbra. Já os combates para Sul do Rio Douro iam fazendo variar o tamanho do condado de Portugal à medida dos avanços e recuos dos cristãos e partindo das margens desse rio variava o território nos seus limites até Coimbra. Afonso VI (1072-1109) reinava Leão, Castela, Galiza e Portucale, quando em 1073 dividiu o seu reino pelos filhos. Em 1096, após o conde D. Henrique (sobrinho do Conde de Borgonha e do monge Hugo, o Abade dos Abades da comunidade do mosteiro de Cluny) casar no ano anterior com D. Teresa, filha ilegítima de Afonso VI, este Rei de Castela e Leão (1035-1157) incumbiu-o como seu vassalo da governação da Galiza, esta dividida em Condados, sendo um deles o Condado Portucale. Pelo que acima ficou registado, a terra entre os rios Douro e Mondego era já conhecida como território portugalense e de Portugal, muitos anos antes da fundação da nacionalidade portuguesa. Tal é corroborado por Alexandre Herculano, que refere estar demonstrado, por autênticos documentos, que a região entre Coimbra e a margem esquerda do Douro, era conhecida e designada como território de Portugal e também que a margem direita do rio Douro limitava a Galiza, antes da fundação da nacionalidade portuguesa. «É vulgarmente sabido que desta povoação veio o nome do nosso país».


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h Obsessão e vulgaridade

RUBEM FONSECA nasceu em 1925 em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais. É filho de emigrantes portugueses da região de Trás-os-Montes. Desde a infância que reside no Rio de Janeiro. É assim carioca por adopção. Formou-se em Direito e Ciências Sociais na Universidade Federal

do Rio de Janeiro na Faculdade de Direito. Em 31 de Dezembro de 1952 iniciou sua carreira na polícia, como comissário, no 16º Distrito Policial, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. A sua obra literária deve muito à sua experiência profissional. Foram poucos os anos em que esteve

na Polícia, mas intensos. Também a sua narratividade é seca, directa mas intensa, retratando como poucos a selva urbana com a sua violência e luxúria. Das obras destacaria: O Caso Morel (1973); A grande arte (1983); Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos (1988); Agosto (1990); O Selvagem

da Ópera (1994); Os prisioneiros (1963); A coleira do cão (1965); Feliz Ano Novo (1975); O cobrador (1979); Romance negro e outras histórias (1992); O buraco na parede (1995); Histórias de amor (1997); Secreções, excreções e desatinos (2001); Axilas e Outras Histórias Indecorosas (2011).


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fichas de leitura

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ARA mim, quer dizer, literalmente, o que a literatura é como qualquer coisa que me é endereçada e enquanto direito de apropriação que pode ser vitalista, ao ponto de, glosando a Natália Correia, se poder comer. Para mim, dizia, escrever sobre ela é, por esse motivo, em larga medida vomitar. Meu deus, que coisa chocante! Agora a literatura dá vómitos, … Em que é que ficamos? Nada disso, o que eu quero dizer é que a literatura não é nunca um entretenimento, um fait divers para passar (consumir) o tempo, pelo contrário, é sempre coisa orgânica e vital. Fiquemos assim entendidos. E regresse-se ao Para mim. O que a expressão quer dizer é que não há neutralidade e pelo contrário, puro egoísmo, pura expressão, quase doentia de uma posse, de uma exclusividade, eventualmente até infantil, se se quiser, no sentido do carácter egocêntrico e do sentimento de posse da criança. Em resumo, na maior parte das vezes e dos casos, a obra foi escrita essencialmente para mim. Ora se foi criada para mim, expressamente, então é minha, posso fazer dela o que bem entender, até comê-la como dizia, (…) O Para mim não significa portanto Em minha opinião, é algo de muito mais metabólico, aliás essencialmente metabólico e por vezes mesmo exclusivamente metabólico. Perceberam!? Voltemos ao vómito. Há aqui uma ambiguidade estrutural que é preciso dilucidar. Penso que serei capaz de demonstrar que o vómito é da ordem das sinestesias básicas, ou seja dos sentimentos ambivalentes. Eu não vomito a literatura, nem o autor, nem a obra, em particular ‘os’ ou ‘as’ de que mais gosto. Eu vomito o facto de ter de partilhar com idiotas a literatura e o facto de que hoje em dia a literatura se confunde com o que é digno de vómito e passa por ser literatura. E o mesmo acontece com muitas outras manifestações culturais ou pseudoculturais. O que em geral provoca o vómito é biblicamente como se sabe, o morno, o que não é quente nem frio, o que é por natureza neutro. A Vox Populi costuma dizer de qualquer coisa que provoca desprezo, quiçá mesmo náusea, que não aquece nem arrefece. O fundamento é seguramente o mesmo que no Apocalipse:

demais. Citemos o autor: “Um homem apaixonado é uma espécie de louco. É tipicamente um sentimento doloroso e patológico, porque, via de regra, o indivíduo perde a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio”. O pensamento do narrador do conto “A Mulher do CEO”, um dos dezoito contos incluídos na antologia Axilas e Outras Histórias Indecorosas, resume bem a obra de Rubem Fonseca. As narrativas de Rubem Fonseca exploram o pathos do calor e do frio, não são nunca mornas, tépidas, vomitáveis, e o que é mais importante impregnam no leitor a sua visão extrema, sem contemplações. É quando lemos obras como estas que melhor percebemos os estereótipos delicodoces, melodramáticos, abusivamente cheios de retórica sentimentalóide e nesse sentido indecente. É a pretensa decência que esconde e branqueia, que ignora a enorme miséria do mundo, que é a autêntica indecência. É o politicamente correcto que é criminoso nas suas mentiras descaradas, é a retórica artificial da bondade e da beleza que escamoteia as imensas pústulas, visíveis no entanto a céu aberto, que provoca desdém e re-

Manuel Afonso Costa

Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Apocalipse 3:15,16

pugnância, é o romantismo serôdio dos Nicolas Sparks, ou o erotismo burguês e de pacotilha das Sombras de não sei o quê e que afinal nem são sequer sombrias, que representam hoje a pornografia disfarçada. Perante uma obra como a de Rubem Fonseca, apetece dizer, eu vos vomito, vós que não sois nem frios, nem quentes, mas somente mornos. Falemos agora do estilo. Dizer que é certeiro, rápido, incisivo, talvez se adeque. O autor cultiva a economia, de recursos e de páginas. Todos os contos são curtos. E não são assim os melhores contos desde Tchekhov a Raymond Carver? Os contos ao mesmo tempo que são curtos, directos e sucintos, são porém quase sempre desconcertantes. Contudo o que mais me atraiu neste conjunto de contos foi a vulgaridade estrutural dos personagens, protagonistas de quotidianos enviesados mas banais. Nem um só que fosse, poderia servir para ilustrar uma enciclopédia moral e de bons costumes. Eles não são paradigmas de coisa nenhuma, a não ser de uma certa indigência. A antologia é no fim de contas um bestiário não moral nem exemplar, tão somente de gente vulgar, às quais podem, no entanto, acontecer coisas invulgares, mas como se o não fossem; mas não é isso que as pessoas são na generalidade? Então perguntar-se-á porque razão, sendo aparentemente morno, este universo, nem frio em excesso e muito menos exaltante, não será a justo título vomitável. Por uma razão que em pleno o justifica: a autenticidade. Aqui não há modelos de plástico, caricaturas, aqui há a vida tal como ela é ou pode ser e na maior parte das grandes metrópoles, é mesmo, imenso universo de seres claudicantes, para não lhes chamar coxos ou rengos, e também de corcundas, vesgos, prostitutas, proxenetas, enfim deficientes numa panóplia de deficiência de largo espectro. E esse realismo sem dó, nem compaixão, nem mentiras é de uma luminosidade tão intensa que queima. Para bom entendedor, meia palavra basta. Não há na prosa de Rubem Fonseca digressões intelectuais, fluxos de consciência, que valha a verdade são por vezes tão aborrecidos e até mornos, não há também problematizações sociais de conveniência e morais muito menos. Pouca carne e muito osso, e um estilo direito à dor, que se faz tarde. Nós os leitores ficamos com os ossos moídos e com a alma cabisbaixa, mas literariamente exaltados, em fogo; com algumas cintilações obscenas, para quê negá-lo.

Interessa-me guardar este sentido, de que a literatura se pode vomitar, pois não sendo o meu, acaba por se insinuar em mim, através dos outros, das suas sabedorias estultas, das suas auto-satisfações académicas ou coloquiais, sabedorias essas,

*No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.

que não vislumbram sequer a maldição da poesia. A poesia e a arte em geral é e será sempre a única praga capaz de conspurcar as boas consciências e lançar dúvidas demoníacas em todos os crédulos. Por outro lado interessa-me reter também uma outra dimensão ainda mais radical, embora já implícita no que acabei de dizer. Como o cão torna ao seu vómito, assim o tolo repete a sua estultícia. Provérbios 26:11. Assim vós que falais de literatura como coisa morna, nem quente, nem fria, acabais por ser os verdadeiros apóstatas da beleza, da arte e da poesia. Eu vos vomito. Podeis, como os cães voltar ao vosso vómito, ou como os porcos voltar a revolver de novo na lama. Vem isto a propósito da leitura dos contos de Axilas e outras histórias indecorosas do escritor brasileiro, autor de uma obra prima designada a Grande Arte. Uso aqui esta citação de propósito e de forma acentuadamente irónica, pois a grande arte de que fala o autor é o homicídio. Adiante. Estes contos mostram uma obsessão com a decadência física e com a deficiência nas suas mais variadas formas, sempre assumidas por personagens impiedosos consigo mesmo e principalmente com os

Fonseca, Rubem, Axilas & Outras Histórias Indecorosas. Sextante Editora, Porto, 2012 Descritores: Literatura Brasileira Contemporânea e Urbana, Contos, 144 p.:24 cm, ISBN: 9789720071743 Cota: 821.134.3(81)-34 Fon


16 DESPORTO

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Novos horizontes

Rodolfo Ávila irá fazer mais provas do CTCC

R

ODOLFO Ávila foi o primeiro português a competir no Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC), quando no primeiro fim-de-semana de Junho alinhou na prova da classe Super 2.0T disputada no Circuito Internacional de Zhuhai. O piloto que defende as cores do território deixou uma boa impressão na estreia e vai repetir a experiência já este fim-de-semana, em Xangai, regressando assim à competição de velocidade mais importante do continente chinês. Quando no final da conferência de imprensa de sábado uma jornalista chinesa perguntou ao piloto português que tal se sentia no CTCC e qual a sensação de estar a disputar esta corrida em Zhuhai e vir a realizar também a sexta prova do ano, Ávila sorriu e respondeu: “julgo que saberá mais do que eu sobre o assunto”. Afinal, o piloto da RAEM apenas foi inicialmente convidado para conduzir em Zhuhai e após a qualificação do seu primeiro fim-de-semana no campeonato desconhecia os intentos da SVW333 Racing, a equipa oficial do construtor SAIC Volkswagen no CTCC. “Acho que a equipa gostou do meu trabalho em Zhuhai

e a oportunidade de voltar a conduzir por eles chegou ainda mais cedo do que eu esperava. Não estou a disputar o campeonato, porque faltei à primeira corrida, nem sequer posso realizar todas as provas até ao final do ano por motivos profissionais, mas nas provas que possa disputar, lá estarei”, disse Ávila ao HM, isto depois de ter anunciado os seus planos para este fim-de-semana nas redes sociais Facebook e Weibo. Uma das razões para o piloto luso querer repetir a experiência no CTCC é o facto de não ter conseguido em Zhuhai traduzir a sua rapidez em resultados, muito por culpa das condições meteorológicas e da ausência

O piloto que defende as cores do território deixou uma boa impressão na estreia e vai repetir a experiência já este fim-de-semana, em Xangai

de uma pontinha de sorte. Segundo na qualificação, Ávila teve uma primeira corrida inglória, pois arrancou com pneus de chuva e ao fim de duas voltas a pista inicialmente molhada praticamente secou e assim teve que abdicar da liderança da corrida para terminar num desapontante sétimo lugar, ficando sem direcção assistida no processo. Na segunda corrida, quando lutava pela vitória com um dos Ford Focus de fábrica, Ávila acabou por ser um dos vários pilotos apanhados incautos pelo torrencial aguaceiro que se abateu sobre o circuito quando a corrida se aproximava do fim. Para todos os efeitos e frustrações à parte, o vice-campeão do TCR Asia Series de 2015 admite que “foi uma experiência diferente de tudo aquilo que já tinha feito até aqui. É um campeonato com um projecção mediática na China enorme e tem vários construtores presentes de forma oficial. O resultado de Zhuhai não foi o que eu gostaria que fosse, portanto gostava de tentar de novo e provar que também aqui posso terminar entre os primeiros, apesar da prioridade ser sempre ajudar a equipa”. A SVW333 Racing inscreve quatro VW Lamando GTS a tempo-inteiro no CTCC este ano, um deles para o popular piloto-escritor Han Han, autor do blogue mais lido na República Popular da China, que por ter uma agenda bastante ocupada nem sempre pode participar em todas as corridas do campeonato. Sérgio Fonseca

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a outra face

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A doença e a virtude

“Um Estado sem Virtude não durará muito.” Xi Jinping

S cem milhões de patacas que a Fundação Macau doou à Universidade de Jinan saíram do bolso da população mas estão a custar cada vez mais caro ao Governo. Em causa está, uma vez mais, a sua imagem, a sua transparência e, sobretudo, os critérios de transferência de dinheiros públicos. Numa palavra, a sua credibilidade e virtude ( 德 de), conceito tão caro ao actual presidente chinês. Poderão não ter violado a lei. Mas que lei é essa e quem a fez? E de que modo essa mesma lei facilita este tipo de “transferência”, com a mera aprovação daqueles a quem, de algum modo, se destinava? A população, claramente, não gostou. A manifestação, organizada pela Associação Novo Macau, contou com cerca 3000 pessoas. É significativo para a RAEM. Sobretudo se tivermos em conta o grau de educação dos participantes, bastante mais elevado, em média, dos que participam na marcha do Ou Mun. Ou seja, pessoas com que Pequim tem de contar no futuro. É bom dar-lhes razões para virem para a rua gritar? Parece que não. Não satisfeitos com a gritaria, as forças de segurança resolveram intimidar os organizadores da manifestação, fazendo-os comparecer na esquadra para prestar declarações e, eventualmente, encontrarem um modo de os acusarem de desobediência. Do lado da ANM, devem ter batido palmas. Ninguém poderia pedir melhor publicidade. Lá voltaram a Universidade de Jinan, os cem milhões, os curadores da escola, o pessoal da Fundação Macau e as acusações de perseguição política para as páginas dos jornais, para as rádios, para a televisão e, sobretudo, para as redes sociais, onde este Governo e a oligarquia que o rodeia é tratado com notável pouca consideração. Ao invés de enterrarem o assunto, as autoridades de Macau, num arguto movimento, fazem questão de o trazer de novo à superfície. Se o haviam de fazer esquecer, empenham-se em relembrá-lo a toda a gente. Houve desobediência? Dos manifestantes? A sério? Soubesse a ANM organizar-se e tinham tido 500 pessoas a acusarem-se ontem, na mesma esquadra, do mesmo crime dos organizadores. Desta vez, estes esqueceram-se de carregar no botão...

CHARLIE CHAPLIN, MODERN TIMES

CARLOS MORAIS JOSÉ

Um dos problemas é que a ANM mudou. Ng Kuok Cheong e Au Kam San são hoje o que pode chamar de “democratas gordos”. Mexem-se pouco, é-lhes difícil actuar. Na sua história têm muito de protesto contra a falta de democracia mas, raramente, colocaram em questão os interesses da oligarquia ou fizeram-no de forma suave e pouco eficaz. Ou não percebiam o que estava realmente em jogo ou fingiam não perceber.

“Gostará Pequim de arriscar tanta insatisfação, tanta desarmonia, tanta tinta a escorrer, tanta língua a dar a dar, tanta contestação, aparentemente desnecessária, na terra dos milhões?”

Os novos líderes parecem ser de outra loiça. Daquela que se parte no choque com os que querem legislar e governar de acordo com o boletim meteorológico do seu mercado e, nesse sentido, pressionam sem maneiras o Governo. Passando as ditas “causas fracturantes” (cuja resolução, aliás, seria um sinal de progresso para a RAEM) para Jason Chao, outros poderão tratar do que realmente interessa à população, criando algum mal-estar em certos meios. Que força realmente terão é difícil de dizer. Tal dependerá da conjuntura, talvez de mais um extraordinário evento. Mas gostará Pequim de arriscar tanta insatisfação, tanta desarmonia, tanta tinta a escorrer, tanta língua a dar a dar, tanta contestação, aparentemente desnecessária, na terra dos milhões? Também graças aos esforços das autoridades, o caso dos cem milhões doados à Universidade de Jinan teima em não desaparecer. É um caso perigoso. Está colado ao modo como por aqui se governa como uma doença má. Veremos até que ponto este corpo governativo a consegue rejeitar e com que cara lhe sobreviverá.

OPINIÃO


18 (F)UTILIDADES TEMPO

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AGUACEIROS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje MÚSICA “NOITE DE PIANO” Fundação Rui Cunha, 20h00

MIN

26

MAX

31

HUM

70-95%

EURO

8.93

BAHT

EXPOSIÇÃO “ EXPOSIÇÃO DO 70º ANIVERSÁRIO” - HAN TIANHENG Centro Unesco de Macau – (até 07/08)

Amanhã MÚSICA ““RAPSÓDIA CHINESA - OBRAS DE PENG XIUWEN” – ORQUESTRA CHINESA DE MACAU Teatro D. Pedro V, 20h00

O CARTOON STEPH

Diariamente EXPOSIÇÃO “UNAMED” E CONCERTO DE SYLVIE XING CHEN Fundação Rui Cunha (até 25/06) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau EXPOSIÇÃO “ARTS FLY” Broadway Macau (até 28/06)

EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 19/06) EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin (até 20/06) EXPOSIÇÃO DOS ALUNOS DE ARQUITECTURA DA USJ Creative Macau (até 18/06) EXPOSIÇÃO DOS ALUNOS DE DESIGN DA USJ Creative Macau (até 18/06) EXPOSIÇÃO “DINOSSAUROS EM CARNE E OSSO” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) EXPOSIÇÃO “REMINESCENT – PORTUGAL MACAU” Galeria Dare to Dream (até 22/07)

Cineteatro

C I N E M A

SALA 1

NOW YOU SEE ME 2 [B] Filme de: Jon M. Chu Com: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Lizzy Caplan 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2

ALICE THROUGH THE LOOKING GLASS [B] Filme de: James Bobin Com: Johnny Depp, Anne Hathaway, Mia Wasikowska 14.30, 16.30, 21.30

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 108

PROBLEMA 109

UM FILME HOJE

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “ARTES VISUAIS DE MACAU” Instituto Cultural (até 07/08)

1.21

HÁ DIAS E DIAS

EXPOSIÇÃO “TRAÇOS DE TINTA SEM PINCEL” - YANG YIMO Centro Unesco de Macau – (até 21/06)

TEATRO “ O MEU JANTAR COM O ANDRÉ” DE WALLACE SHAWN E ANDRÉ GREGORY Teatro D. Pedro V, 20h00

YUAN

AQUI HÁ GATO

MÚSICA “ SERENATA ROMÂNTICA” - ORQUESTRA DE MACAU Teatro D. Pedro V, 20h00

Domingo

0.22

Nunca percebi porque é que os humanos dizem que “há dias de cão”. Eu sou gato, confesso que não me sinto ofendido. Mas por solidariedade animalesca levanto-me em prol de uma luta que me parece inglória. Vocês humanos têm essa mania insuportável de nunca ouvir outras espécies. Vejam lá, como se vocês fossem superiores a qualquer outra. Pobres tolos. Tenho amigos cães. Esqueçam essa ideia de que gatos e cães não se dão. No fundo é uma relação como a dos amigos benfiquistas e portistas. Picam-se, mas adoram-se, acima de tudo. Fora disso é só estupidez. Voltando aos seres de quatro patas. Há vidas de cão muito boa. Vidas vividas em colos de meiguice, com comidas gourmet e carícias a toda a hora. Há vidas de brincadeira no parque, de spa’s e campos de férias. Há cães heróis, brincalhões e meigos. Há uma velha estória que conta que os cães morrem mais cedo que os humanos porque nasceram a saber amar. Ao contrário de vocês que precisam de provas infindáveis e consecutivas para saber o que é o amor. Há cães vadios, abandonados e esquecidos. Assim como os humanos. Olhai para vós povo. Há dias de cão mais felizes que de humanos. Olhai para vós que deixam o outro ao abandono, esquecido na praça do Leal Senado. Há dias de humano. Ai se há. Pu Yi

WARCRAFT (DUNCAN JONES,2016)

Azeroth é um reino liderado pela civilização humana que enfrenta uma raça invasora, os Orcs. Esta raça de guerreiros abandona Draenor para procurar um outro lugar para colonizar. Guldan, o feiticeiro dos Orcs, encontra um portal que liga Azeroth e Draenor e começa aqui a guerra contra a humanidade. Entretanto, um dos supostos inimigos do Homem, Durotan, queria apenas encontrar um lugar de recolhimento e sobrevivência e acaba por reunir amigos e família que se aliam aos humanos. O filme é baseado num jogo popular de computador com o mesmo nome. Tomás Chio

ALICE THROUGH THE LOOKING GLASS [B][3D]

Filme de: James Bobin Com: Johnny Depp, Anne Hathaway, Mia Wasikowska 19.30 SALA 3

WARCRAFT: THE BEGINNING [C] Filme de: Duncan Jones Com: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster 14.30, 16.45, 21.30

WARCRAFT: THE BEGINNING [C][3D] Filme de: Duncan Jones Com: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster 19:15

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 PERFIL

hoje macau sexta-feira 17.6.2016

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MARTA SILVA, ESTUDANTE DO CURSO DE TRADUÇÃO PORTUGUÊS/CHINÊS

C

“Em Macau sinto-me perto de casa”

HE GOU aos 18 anos com a vontade de abraçar um mundo que não era o seu, mas que acabou por fazer parte da sua vida. Marta Silva, estudante do curso de tradução e interpretação em português/chinês, viveu um ano em Pequim e tem estado em Macau e não se arrepende da decisão que tomou: a de conhecer uma cultura totalmente diferente da sua. “Encarei isto como sendo a minha oportunidade, porque nunca tinha tido a oportunidade de viajar até tão longe. Este curso era perfeito pois estaria a estudar tradução e ao mesmo tempo estaria a vivenciar uma cultura completamente diferente”, contou ao HM. Marta Silva viveu no meio do rebuliço que é Pequim. Apesar das dificuldades constantes, a estudante retirou o máximo da experiência de situações boas e menos boas. “Conheci pessoas espectaculares e outro tipo de consciencialização acerca do mundo e das pessoas. Mas ao início senti que tudo era estranho, porque nunca tinha andado de avião na vida. Fascinou-me estar num sítio que literalmente nunca pára, mas

depois numa outra fase começou a ser chato tanta confusão, filas para tudo. Começou a ser chato não ter espaço para mim. Muitas vezes fiquei chateada por não perceber ou ver o sentido em certos procedimentos da cultura chinesa e a forma de pensar dos chineses. Mas depois acabei por me habituar a tudo isso”, frisa a estudante. “Numa experiência deste tipo temos muitas situações em que sentimos medo, queremos desistir e temos muitas saudades de casa. Mas esses momentos são necessários. Quando saímos da nossa zona de conforto é quando começamos a conhecer-nos a nós mesmos. Há quem diga que um curso destes não é para toda a gente, e de certa forma concordo com isso”, aponta. Para além do desafio de viver na capital chinesa, Marta Silva começou a ter os primeiros contactos mais directos com os caracteres chineses, depois do arranque do curso em Portugal. “O mandarim não é mesmo nada fácil. Requer muito estudo e muita prática diária. As palavras têm sons muito curtos, o que nos pode deixar bastante

perdidos quando ouvimos um chinês falar, porque parece uma maratona.”

OÁSIS PORTUGUÊS

Se em Pequim Marta Silva sentiu saudades da comida portuguesa e dos produtos típicos, a verdade é que em Macau acabou por se sentir no seu país. “Em Macau sinto-me perto de casa”, recorda. “Vivi nos dois sítios e percebi logo os contrastes. Temos as ruas com as típicas tascas e bancas de rua, onde se percebe que vivem as famílias mais pobres, e depois temos edifícios altamente luxuosos. Gostei um pouco mais de Macau pelo facto de ser o contrário de Pequim, por ser mais pequeno, por ter menos poluição, pelo facto das pessoas serem mais simpáticas.” “Aqui sinto-me mais perto da minha cultura, dos meus sabores, podendo continuar na China”, acrescentou. Marta Silva destaca ainda a presença do património português. “Gosto de passear em Macau e ver o rasto da nossa história deixado por aqui. Por momentos esqueço-me que estou na China, pois muitas das ruas fazem-me lembrar a Lisboa antiga”, conta a estudante.

De Macau guarda a memória de um caso em que a polícia não a ajudou, mas confessa que um dia até gostava de ficar a viver neste pequeno território. “Identifico-me mais com Macau do que com Pequim. Não me importava nada de ficar aqui a viver.” Com o curso ainda por acabar, a cabeça de Marta Silva já fervilha com alguns projectos que pretende realizar. Mas os entraves ainda existem. “Sinto que ainda preciso de melhorar muito o meu chinês se quiser mesmo trabalhar com este idioma. Quatro anos de curso não são suficientes para obtermos um bom nível. Gostava de trabalhar como tradutora freelancer ou ser intérprete de grupos de pessoas em viagens de negócios”, aponta. Da Macau quase portuguesa Marta Silva leva também a percepção do lado mau das mesas de Jogo. “Há os esquemas da noite, os negócios ocultos, a lavagem de dinheiro, a corrupção, o crime, os contactos que são feitos por interesse. Mas penso que o facto de Macau ser uma cidade de Jogo lhe traz mais benefícios”, conclui. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


“ ARRAIAL VENHA MAIS UM BALÃO COM O S. JOÃO

A

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festa já conta com 10 anos de existência e S. Lázaro recebe mais uma vez o arraial de S. João a 25 e 26 de Junho para comemorar não só o dia do santo que já foi padroeiro de Macau como ainda para fazer referência histórica à mesma data que celebrava a derrota da frota Holandesa que no Séc XVII tentou a sua sorte em invadir a actual RAEM. Apesar do feriado já ser coisa doutros tempos o arraial de S. João está mais vivo que nunca, disseram ontem Amélia António e Miguel Senna Fernandes em conferência de imprensa. Este ano a festa vai contar com 35 tendas , sensivelmente mais dez do que no ano passado e é alargada a outras ruas do bairro de S. Lázaro. O palco da igreja, muito cobiçado pela organização é ainda incerto e aguarda-se autorização da diocese. Miguel de Senna Fernandes diz que “era muito bom, a festa pode ganhar outra dimensão se conseguirmos esse espaço pretendido” Na música, a festa conta com João Melo a par de uma lista de convidados em que a exigência, nesta edição, foi a conformidade da música com a ambiente de arraial. Apesar dos cada vez mais adeptos do arraial, Miguel de Senna Fernandes adianta que “um dos sonhos ainda não está realizado” referindo-se ao gosto que sentiria de ver maior adesão da comunidade chinesa. Salienta, no entanto, a conquista evidente que a festa tem tido junto da comunidade. Relembra que “Há dez anos atrás quisemos revitalizar esta tradição, havia muita resistência nessa altura. Julgo que dez anos depois deu para as pessoas entenderem e pusemos esta festa no calendário de festas de Macau”. Este ano a novidade vai ainda para a estreia do pedido por parte da Direcção dos Serviços de Tráfego que pede à organização uma compensação pelos parquímetros das áreas da festa que estarão sem utilização. A festa tem lugar sábado e domingo das duas da tarde às onze da noite.

Amor / porque te invento / e no amanhã manhã / se não te trouxer a alborada / ou te perder no tempo / saberás então mulher / imaginada / ou amada / que me volvi no vento / ou em nuvem / ou em nada.”

sexta-feira 17.6.2016

Josué da Silva

Voleibol Feminino GRANDE PRÉMIO MUNDIAL ARRANCA HOJE

A caminho do Rio

Pela 19ª vez algumas das melhores equipas do mundo chegam a Macau para o Grande Prémio Mundial da FIVB. Mas, desta vez, existe o atractivo especial de estarmos em ano Olímpico. Ou seja, para as equipas este torneio servirá como rampa de lançamento para os Jogos esperando-se embates de primeiro nível, com o Brasil a procurar a terceira medalha de ouro consecutiva

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AS quatro equipas presentes na perna de Macau este ano, apenas a Bélgica não estará no Jogos Olímpicos. A equipa Brasileira, a grande vencedora do Grande Prémio Mundial da FIVB, oito vezes campeã, entre as quais três consecutivas, será a principal atracção logo seguida China, mas esta pelo facto de jogar em casa, pois apenas venceu uma única vez, em 2003. Além disso, o Brasil é também bicampeão Olímpico esperando-se que este ano, pelo facto de jogar em casa, consiga a terceira medalha de ouro consecutiva. Para o técnico Zé Roberto o Grand Prix, é mesmo ideal para dar ritmo a todas as jogadoras. “A ideia é ir mudando”, diz, adiantando ainda que “também teremos uma ideia de como estão as outras selecções, para encontrarmos os melhores caminhos para os Jogos Olímpicos”. Até à estreia Olímpica contra os Camarões, a 6 de Agosto, Zé Roberto espera estar com a selecção “a 100%”, tanto no aspecto físico como no ritmo de jogo das suas atletas. “O que preocupa sempre é o sistema defensivo. Essa relação bloqueio e defesa precisa de estar apurada, porque

é o que faz a diferença numa equipa. Precisamos de volume de jogo.”

APELO ASIÁTICO

Desde a primeira edição realizada em 1993 até 2011, já aconteceram dezanove edições do Grande Prémio Mundial da FIVB, tendo as primeiras ocorrido na Ásia Oriental, o que se deve à existência, nesta zona do mundo, de um enorme mercado da modalidade com inúmeros espectadores, assim como patrocinadores que financiam o evento. Pouco a pouco, os torneios da fase preliminar começaram a realizar-se

na Europa e no continente americano, tendo as grandes finais sido realizadas, em 2003, pela primeira vez em Itália. Em termos de estatuto, o Grande Prémio Mundial da FIVB não tem a importância dos três grandes torneios internacionais que se realizam de quatro em quatro anos (a Taça Mundial, o Campeonato Mundial e os Jogos Olímpicos). Oferece, porém, um prémio pecuniário muito mais volumoso do que os outros três. Sendo um torneio de natureza puramente comercial, o Grande Prémio Mundial decide a lista para a participação nas finais mediante os resultados dos torneios da fase preliminar realizados nas diferentes cidades. A equipa vendedora das finais obtém o título de campeã. Sendo assim, a equipa que conquista o ouro neste torneio normalmente não é considerada a campeã mundial. O Grande Prémio Mundial da FIVB contribui principalmente para a promoção do voleibol feminino à escala mundial. Macau organiza este evento desde 1994, excepto nos anos de 2003 e 2004. As finais também já por aqui passaram nos anos de 2001 e 2011. Manuel Nunes

info@hojemacau.com.mo

CALENDÁRIO (Sexta Feira) 17/06/2016

(Sábado) 18/06/2016

(Domingo) 19/06/2016

16:00 BRASIL - SÉRVIA

14:30 BRASIL vs BÉLGICA

13:00 BÉLGICA vs SÉRVIA

19:00 CERIMÓNIA DE ABERTURA

17:00 CHINA vs SÉRVIA

15:30 CHINA vs BRASIL

20:00 CHINA - BÉLGICA

Cerimónia de Encerramento

FÓRUM MACAU CHANG HEXI ESTÁ DE SAÍDA

Chang Hexi, actual secretário-geral do Fórum Macau, está de saída do cargo. A notícia foi confirmada pelo Jornal Tribuna de Macau na sua edição de ontem, sendo que Chang Hexi não quis prestar quaisquer declarações. A saída deverá concretizar-se em meados de Outubro ou Novembro.

BENFICA NO SORTEIO DA AFC CUP

Tricampeão da Liga Elite, o Benfica vai representar a RAEM pela segunda vez consecutiva na AFC Cup. O sorteio para o Playoff de qualificação acontece hoje numa cerimónia a ter lugar na sede da Confederação Asiática de Futebol, em Kuala Lumpur, na Malásia. O Playoff decorrerá de 21 e 27 de Agosto e vai ser disputada em três grupos de três equipas, sendo os anfitriões o Dordoi (Quirguistão), o FC Tertons (Butão) e o Erchim (Mongólia). Nesta edição da AFC CUP participam ainda os clubes campeões do Nepal, Bangladesh, Taiwan, Cambodja e Guam. O Benfica de Macau estará representado no sorteio pelo seu dirigente Duarte Alves que, em declarações à imprensa, disse que “será um passo importante não só para elevarmos o nível do futebol local como também para encará-lo de um modo mais sério”. De acordo ainda com o mesmo dirigente, a oportunidade será ainda aproveitada para “dar a conhecer aos dirigentes da AFC a realidade do futebol da RAEM, e a vontade que os nossos clubes têm de elevar o nível do desporto e as suas condições desde a formação ao nível sénior”.


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