Hoje Macau 15 AGO 2020 #4591

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FRONTEIRAS

TUDO SOB CONTROLO

RESERVA FINANCEIRA

MULTIPLICAR PATACAS PÁGINA 5

CINEMA

REFUGIADOS EM MACAU EVENTOS

TCR CHINA

SOUZA NA CORRIDA ÚLTIMA

hojemacau

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PÁGINA 4

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 17 DE AGOSTO DE 2020 • ANO XIX • Nº4591

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

Sem direito à vida Macau assistiu este fim-de-semana a mais um trágico acontecimento. O corpo em decomposição de um feto foi descoberto dentro de uma caixa na margem do lago artificial perto do Wynn. O caso está agora a ser investigado pela Polícia Judiciária. Exclusão social ou falta de recursos económicos são alguns dos factores apontados como possíveis explicações para um acto desta natureza. GRANDE PLANO

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GOVERNADOR OCUPA A PENÍNSULA JOSÉ SIMÕES MORAIS

BARCOS DE FLORES DUARTE DRUMOND BRAGA


2 grande plano

17.8.2020 segunda-feira

PJ

PROCURA-SE C N O sábado foi encontrado o corpo de um feto, com cordão umbilical, na margem do lago artificial perto do hotel Wynn na Avenida de Sagres. De acordo com as autoridades, o bebé foi encontrado dentro de uma caixa por um trabalhador de limpezas do Instituto para os Assuntos Municipais. A Polícia Judiciária (PJ) disse que o género é desconhecido e que o corpo se encontrava em decomposição. “Tem de ser determinado por análise forense e o caso ainda está sob investigação”, respondeu a PJ quando questionada se há suspeitas de aborto ilegal ou quais as penalidades que podem estar em causa para os pais. Não foi a primeira vez que se descobriu no território um bebé abandonado, apesar de o cenário ser distinto (ver texto secundário). O que levanta a pergunta: que circunstâncias podem levar ao abandono de uma criança? A directora do Centro Bom Pastor observou que a mãe pode estar a enfrentar diferentes problemas que a levaram a abandonar o bebé, equacionando que “pode ser uma pessoa ilegal em Macau, ou uma mãe solteira (talvez seja uma rapariga menor de idade), e depois de o bebé nascer não sabe como enfrentar a situação”. Além disso, Debbie Lai disse ao HM que se a mãe for estrangeira pode “ter menos ou ‘zero’ recursos sociais e não saber como pedir ajuda”. Para que estas mulheres saibam as opções existentes, aponta que o Governo e as Organizações Não Governamentais (ONG) precisam de promover regularmente informação para o público, especialmente trabalhadores migrantes,

TIAGO ALCÂNTARA

Foi na margem do lago artificial perto do hotel Wynn que no sábado se descobriu o corpo de um feto, dentro de uma caixa. O caso está sob investigação e, para já, desconhecem-se os pormenores da situação. Dificuldades económicas e exclusão social são apontados como factores que podem levar alguém a abandonar um bebé

INVESTIGADO CASO DE CORPO DE UM BEBÉ ENCONTRADO PERTO DO WYNN

uma vez que a barreira linguística pode dificultar o acesso à informação. Deixou assim a mensagem: “quem enfrentar uma situação de gravidez e não souber como tomar

conta do bebé ou tiver problemas financeiros, pode ir ao Instituto de Acção Social de Macau (IAS), NGOs ou à Caritas Macau para pedir ajuda”.

Reconhecendo que é comum o Centro Bom Pastor receber pedidos de ajuda de mulheres grávidas ou que foram mães recentemente, Debbie Lai deu o exemplo de

ASSISTÊNCIA ASSOCIAÇÃO RECEBE “VÁRIOS” PEDIDOS DE AJUDA DE ADOLESCENTES

A

O longo do ano a Associação Geral da Mulheres de Macau já recebeu “vários” pedidos de ajuda por parte de adolescentes grávidas. A revelação foi feita no sábado por Cheung Iok Kei, assistente social que trabalha no Centro de Serviços para a

Família da associação, horas depois de ter sido tornado público o caso do feto abandonado, em declarações aos órgãos de comunicação social em língua chinesa. Segundo Cheung, a maior parte dos pedidos parte de adolescentes que engravi-

dam fora de uma relação formal, o que faz com que os parceiros não queiram assumir a paternidade acabando por abandonar as jovens. Além das dificuldades de ter de lidar com uma situação desconhecida, em muitos casos as futuras mães têm ainda

dificuldades económicas, por não serem financeiramente independentes. Em alguns casos, as adolescentes quando pedem ajuda à associação fazem-se acompanhar pelas respectivas mães. Segundo a assistente social, a associação responde a estas

solicitações com consultas de planeamento familiar e apoio emocional. O serviço está igualmente disponível para trabalhadores não-residentes, mas ao longo do ano só houve pedidos de ajuda por parte de residentes.


grande plano 3

CONTEXTO

“Quem enfrentar uma situação de gravidez e não souber como tomar conta do bebé ou tiver problemas financeiros, pode ir ao Instituto de Acção Social de Macau, NGOs ou à Caritas Macau para pedir ajuda.” DEBBIE LAI DIRECTORA DO CENTRO BOM PASTOR

apoio para quem tivesse menos posses, para garantir segurança.

CAMINHOS DE MUDANÇA

“No cenário de a criança ter nascido saudável e os pais terem decidido abandoná-la, não é aceitável porque Macau tem um bom sistema, alguém vai tomar conta da criança”, comentou Melody Lu. Segundo a académica, as raparigas jovens que não queiram que a criança cresça num orfanato, mas que não têm condições para tomar conta dela, podem optar por abandonar a criança. Neste âmbito, a docente descreve que muitas crianças nos orfanatos de Macau não podem ser adoptadas, apesar de existirem várias famílias com capacidade e disponibilidade para as ajudar. Motivo pelo qual Melody Lu sugere que o Governo considere que possam vir a ser adoptadas. No seu entender, há menos probabilidades de uma criança ser abandonada desta forma se as pessoas acreditarem que pode vir a crescer noutra família.

“Não sabemos se morreu durante o nascimento, ou se nasceu saudável e o deixaram para morrer. São dois cenários diferentes.” casos de adolescentes, que se os pais não quiserem apoiar a tomar de um bebé não têm capacidade financeira para o manter. Nessa situação, é sugerido dar o bebé ao IAS que o coloca como candidato à adopção. Se a família as apoiar, as adolescentes podem manter o bebé e continuar a estudar até se graduarem e conseguirem um trabalho. Explicando a necessidade de preparação psicológica para uma adolescente ser mãe, a directora do Centro descreveu que fornecem aconselhamento para ajudar as jovens a assumir esse papel.

CAMPO DAS HIPÓTESES

Comentando de forma geral a situação, Melody Lu observou que

a tendência vai ser “condenar os pais, especialmente a mãe” pelo abandono do bebé, mas frisou que se desconhece o contexto em que isso aconteceu. “Não sabemos se morreu durante o nascimento, ou se nasceu saudável e o deixaram para morrer. São dois cenários diferentes”. Caso a criança tenha nascido saudável e o abandono causado a sua morte, nota que “claro que é inaceitável, é matar uma criança”. No entanto, a professora do departamento de sociologia da Universidade de Macau (UM) observou a possibilidade de a criança ter morrido durante o nascimento sem que houvesse apoio médico durante o parto, motivando a necessidade de se pensar também na mãe.

Uma ideia que se mantém perante a hipótese de um aborto numa gravidez em estado avançado. “O que leva uma mulher a dar à luz ou fazer um aborto num cenário tão perigoso?”, questionou. É com esta pergunta em mente que a académica considera “que há a possibilidade de [a mulher] ser economicamente ou socialmente excluída”. Se for migrante, descreve que a pessoa pode não ter acesso a cuidados de saúde públicos por implicar o pagamento de taxas elevadas. Já a nível social, disse que se pode tratar de vergonha por parte de raparigas adolescentes ou também migrantes que não conseguem procurar ajuda. Ressalvou ainda assim que em Macau haveria

MELODY LU PROFESSORA DO DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA DA UM

Questionada sobre o impacto do fecho das fronteiras no acesso a abortos seguros no Interior da China, a professora observou que não é permitido aos assistentes sociais e ONGs “encorajar ou sequer partilhar informação sobre aborto na China”. Aponta o aborto como “um tabu” em Macau devido à influência católica, e que a maioria das raparigas o fará sozinhas, desconhecendo-se sequer se quando vão à China Continental “procuram ajuda médica adequada”. No seu entender, na eventualidade de ter sido um aborto, a

RÓMULO SANTOS

segunda-feira 17.8.2020

ABANDONO RESULTOU EM CONDENAÇÕES

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última vez que teve lugar um caso mediático envolvendo o abandono de recém-nascidos foi em 2017. Na altura, uma trabalhadora da empresa de recolha de lixo encontrou um recém-nascido vivo, debaixo de um caixote do lixo.As investigações levaram as autoridades até dois trabalhadores não-residentes que acabaram por admitir o abandono, tendo sido condenados, com o juiz Lam Peng Fai a considerar que não tinham respeitado “o valor de vida” do recém-nascido. O casal vivia uma relação extraconjugal, uma vez que ambos eram casados nos países de origem. O pai, de 30 anos, foi considerado culpado de tentativa de homicídio, em Maio de 2018, uma vez que desde o início recusou a paternidade e pressionou a mãe para matar o bebé. “O primeiro arguido sabia bem que a segunda arguida tinha dado à luz um bebé, mas para evitar ter de suportar despesas e cuidar do bebé, sugeriu o homicídio, o que levou a que a segunda arguida abandonasse criança na rua”, considerou o tribunal. A condenação resultou numa pena efectiva de quatro anos de prisão. Por sua vez, a mãe foi considerada culpada do crime de abandono com uma pena suspensa de 2 anos e 6 meses, o que fez com que pudesse sair imediatamente da prisão, onde se encontrava preventivamente. O tribunal teve em conta o arrependimento da mulher, na altura com 25 anos, que afirmou que queria reaver a custódia do filho. discussão sobre as mudanças de política varia em função da identidade da mãe. Se fosse migrante, haveria “a possibilidade de dar aconselhamento e apoio”, mas se for uma mulher local era um caso mais indicado para pedir que o Governo e os serviços médicos ou a assistência social dessem aconselhamento e colocassem a opção do aborto. “Se não se começar a falar disto não há estrada para mudanças de política”, disse. “Uma decisão informada deve ser parte da saúde reprodutiva”, concluiu. Salomé Fernandes e J.S.F.

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17.8.2020 segunda-feira

FRONTEIRAS POLÍTICA DE CONTROLO RECEBE ELOGIOS DO GOVERNO CENTRAL

Aprovados com distinção O Chefe do Executivo termina hoje uma visita a Pequim, onde tem recolhido elogios para Macau sobre as políticas de imigração, implementação do princípio “Um País, Dois Sistemas” e da defesa da Segurança Nacional

imigração “têm colaborado efectivamente na política de imigração, no modelo alfandegário e no combate aos crimes transfronteiriços” com “resultados notáveis”. O responsável do Interior sustentou ainda que este desempenho conjunto é “uma garantia” para as populações. No entanto, os elogios não se ficaram pelas políticas de imigração. Xu Ganlu louvou também o compromisso de Macau para com os desejos do Go-

CUSTOS “ELEVADOS”

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O Executivo recusa haver qualquer interferência a nível editorial na TDM, de acordo com a resposta a uma interpelação do deputado Sulu Sou, que perguntava como era garantida a autonomia da emissora. “O Governo da RAEM não participa no seu funcionamento diário e gestão, e os departamentos de informação da TDM gozam de autonomia editorial e redactorial”, poder ler-se na resposta ao democrata. Na interpelação, o Executivo nega ainda que esteja a criar cada vez mais obstáculos à imprensa local no acesso a políticas e defendeu-se com a realização de “340 conferências de imprensa” entre Janeiro e Junho.

Túnel da Guia IC promete estudar criação de espaço para artistas

A

política de controlo das fronteiras de Macau foi elogiada pelo vice-ministro da Segurança Pública e director da Administração Nacional de Imigração, Xu Ganlu, que sublinhou também a determinação das autoridades locais na defesa da segurança nacional. O encontro entre Xu e o Chefe do Executivo aconteceu na sexta-feira, no âmbito da visita de Ho Iat Seng a Pequim, que termina hoje, com o objectivo de debater o desejo de diversificação da economia através da Ilha da Montanha. Segundo um comunicado emitido pelo Governo da RAEM, no encontro entre os dois, Xu considerou que as autoridades de

TDM Governo recusa interferências

o que diz respeito ao investimento de Macau na Ilha da Montanha, Ho Iat Seng deixou a entender que uma das grandes vantagens vai passar pela contratação de trabalhadores do Interior. No encontro com Ni Yuefeng, director da Administração Geral da Alfândega, Ho definiu Macau como um “terreno pequeno mas muito populoso” e ainda com “custos relativamente elevados no que concerne a recursos humanos”. Porém, em nenhuma parte do comunicado surge qualquer referência ao valor das rendas, uma das principais despesas das Pequenas e Médias Empresas.

verno Central, no que diz respeito ao compromisso com as políticas “Um País, Dois Sistemas”, Defesa da Segurança Nacional, onde disse haver “uma firme implementação”. Sobre o futuro, Xu afirmou esperar o reforço da cooperação no combate aos “crimes transfronteiriços” e no “aperfeiçoamento do ambiente e das condições da passagem entre fronteiras e no mecanismo de troca de informações”. Por sua vez, o Chefe do Executivo deixou um pedido ao Governo Central: quer ser apoiado na “facilitação de passagem transfronteiriça” entre Macau e Hengqing, porque considera que esse vai resultar num “melhor desenvolvimento dos dois territórios”.

COMPORTAS EM RISCO

Já no dia anterior, Ho Iat Seng encontrou-se com

o ministro dos Recursos Hídricos, E Jingping, com o qual discutiu a segurança do abastecimento de água a Macau. Contudo, o comunicado emitido pelo Governo da RAEM, mostra que o actual Executivo está com muitas dúvidas sobre as comportas

No encontro com o ministro dos Recursos Hídricos, Ho Iat Seng “considerou que se deve fazer uma análise bem fundamentada” e perceber se as comportas [de marés] vão mesmo “cortar o mal pela raiz”

de marés. Por isso, no encontro com o responsável do Interior, E Jinping, Ho Iat Seng “considerou que se deve fazer uma análise bem fundamentada” e perceber se as comportas vão mesmo “cortar o mal pela raiz”. Além deste aspecto, o Chefe do Executivo pediu ao Ministério dos Recursos Hídricos que auxilie a RAEM com “opiniões técnicas”. Ho Iat Seng foi ainda recebido por Ni Yuefeng, director da Administração Geral da Alfândega, Yi Gang, vice-governador do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, director da Administração Estatal de Divisas Estrangeiras e Wang Ju, director da Administração Tributária do Estado. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

O Instituto Cultural ainda não sabe se o futuro túnel pedonal que atravessa a Colina da Guia reúne condições para ser embelezado com elementos artísticos e culturais. Foi desta forma que o IC respondeu a uma interpelação do deputado Leong Sun Ion, ligado aos Operários, que pretendia saber se o túnel pedonal que vai fazer a ligação entre a Avenida Horta e Costa e a ZAPE, ia ter paredes pintadas por artistas locais. Neste momento, ainda não foi escolhida a empresa responsável pela construção da ligação, mas o Executivo recebeu 10 propostas no concurso público para a adjudicação da obra com valores entre 208,6 milhões de patacas e 338 milhões de patacas para completar os trabalhos. Apesar de não se comprometer com a sugestão, o IC frisou que apoia fortemente os artistas locais.

Veterinários Mak Soi Kun defende certificação

O legislador Mak Soi Kun, que encabeçou a lista mais votada nas últimas eleições para a Assembleia Legislativa, defende que é necessário criar urgentemente um sistema de certificação para as clínicas veterinárias. Segundo o deputado, ligado à comunidade de Jiangmen, as pessoas com animais domésticos sentem-se confusas com o facto de algumas clínicas veterinárias utilizarem a denominação “hospital”. Por outro lado, Mak quer saber como são protegidos os direitos dos donos dos animais quando as clínicas cometem erros.


política 5

segunda-feira 17.8.2020

Alfandega Sulu Sou apela a combate ao comércio paralelo

O deputado Sulu Sou pede ao Governo que intensifique os meios para combater o comércio paralelo, ou seja a prática em que várias pessoas passam a fronteira para o Interior, onde estes bens não são vendidos ou são mais caros, devido aos impostos e taxas alfandegárias. Numa interpelação divulgada ontem, o deputado diz que apesar de desde o início do ano terem sido detectados 43 casos, que as pessoas que vivem junto das Portas do Cerco se continuam a queixar de ter a vida afectada por esta prática. Isto porque segundo a interpelação, estas pessoas ocupam o espaço junto à fronteira com caixas dos produtos comprados, que dificultam a circulação de pessoas, ou porque estão constantemente a atravessar a fronteira, o que aumenta o tempo de espera na passagem entre Macau e Zhuhai, e vice-versa.

AMCM Reservas cambiais sobem 2,9 por cento

As estimativas preliminares da Autoridade Monetária de Macau (AMCM) quanto às reservas cambiais apontam para um valor de 195,1 mil milhões de patacas no final de Julho, de acordo com uma nota divulgada na sexta-feira. O montante registado representa um aumento de 2,9 por cento relativamente aos dados rectificados de Junho, que atingiram 189,6 mil milhões de patacas. Quanto à taxa de câmbio, a pataca caiu em termos mensais mas subiu em termos anuais, face às moedas dos principais parceiros comerciais de Macau. Detalhando, a taxa de câmbio efectiva da pataca foi de 107,2 em Julho de 2020, registando um decréscimo de 1,05 pontos em relação ao mês passado e um acréscimo de 0,31 pontos, relativamente a Julho de 2019.

Crédito Ng Kuok Cheong questiona “hipoteca invertida”

No ano passado o Governo prometeu fazer um estudo de viabilidade sobre a hipoteca invertida que seria apresentado na primeira metade do ano. No entanto, o prazo já foi ultrapassado e continua sem haver notícias sobre o desenrolar dos trabalhos, pelo que o deputado Ng Kuok Cheong escreveu uma interpelação a questionar o progresso do estudo. No documento, o democrata pergunta também pelas conclusões e a forma como este tipo de crédito vai ser aplicado. A hipoteca invertida é um empréstimo feito a pensar nas pessoas na terceira idade, em que o dono de uma casa recebe prestações num determinado montante, dando como garantia o imóvel. Quando a pessoa morre, ou deixa de viver na casa, se o dinheiro não for reposto pelo próprio, ou por herdeiros, a casa passa a pertencer à entidade que fez o empréstimo.

FINANÇAS RESERVA SOBE PARA 597,85 MIL MILHÕES NO PRIMEIRO SEMESTRE

Fazer render o peixe

A Reserva financeira de Macau subiu para 597,85 mil milhões de patacas no primeiro semestre de 2020. Já as aplicações nos mercados financeiros internacionais renderam mais de 5,14 mil milhões de patacas, indicou a Autoridade Monetária de Macau

A

reserva financeira de Macau ascendeu a 597,85 mil milhões de patacas e as aplicações financeiras renderam 5,14 mil milhões de patacas no primeiro semestre de 2020, indicou na passada sexta-feira a Autoridade Monetária de Macau (AMCM). “No cenário internacional, apesar de vários fundos soberanos principais terem registado, no primeiro semestre de 2020, prejuízos e perdas de diferentes níveis, a reserva financeira da RAEM continuou a registar rendimentos de investimento, na ordem dos 5,14 mil milhões de patacas”, adiantou a AMCM numa resposta enviada à agência Lusa. “Por sua vez, até finais de Junho de 2020, a dimensão da reserva financeira da RAEM ascendeu a 597,85 mil milhões de

patacas”, pode ler-se na mesma resposta. Macau anunciou, no início do ano, que a reserva financeira fechou 2019 com 579,4 mil milhões de patacas, mais 13,9 por cento que o registado até 2018. Ou seja, em seis meses, a reserva financeira de Macau cresceu 18,45 mil milhões de patacas, enquanto que em todo o período de 2019 rendeu 30,2 mil milhões de patacas, quando se atingiu uma taxa de rentabilidade anual de 5,6 por cento, um novo recorde desde a criação da reserva financeira em 2012. A reserva financeira acumulada por Macau, que arrecadou

no ano passado 112,7 mil milhões de patacas em impostos directos sobre as receitas brutas do jogo, tem sido investida em depósitos e aplicações nos mercados financeiros internacionais ao longo dos anos. Além disso, o Governo tem “aplicações em títulos emitidos por determinados países de língua portuguesa”, salientou a AMCM, sem detalhar quais as nações ou os montantes investidos. A AMCM indicou apenas o facto de deter “Obrigações Panda emitidas pelo Estado português”, numa referência aos dois mil milhões de renmimbi

Em seis meses, a reserva financeira de Macau cresceu 18,45 mil milhões de patacas, enquanto que em todo o período de 2019 rendeu 30,2 mil milhões de patacas

em ‘Panda Bonds’, que Portugal colocou no mercado a três anos, na primeira emissão em moeda chinesa de um país da zona euro e a terceira de um país europeu.

APOSTAR COM CAUTELA

À agência Lusa, a mesma entidade sublinhou ainda que “as economias mundiais têm vindo a ser afectadas seriamente e com inúmeras flutuações acentuadas nos mercados financeiros internacionais” e que o facto de as taxas de juro baixas ou mesmo negativas nos mercados monetários “constitui, igualmente, um grande desafio para os investimentos das reservas”. Por essa razão, a AMCM “adoptou estratégias de investimento mais prudentes, consubstanciadas na redução do peso de determinados activos em acções com riscos elevados”.


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17.8.2020 segunda-feira

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Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa (AL) considera que, tendo em conta os prejuízos acumulados do Matadouro de Macau, exige-se que a empresa de capitais públicos seja mais transparente na divulgação de informações e que reveja o seu actual modo de funcionamento para “aumentar as receitas e diminuir as despesas”. Foi esta a principal conclusão do parecer assinado na passada sexta-feira pela comissão sobre a situação financeira do Matadouro, da Macau Renovação Urbana e do Centro de Ciência de Macau. Aos jornalistas, Mak Soi Kun, deputado que preside à comissão, disse ainda que o Matadouro de-

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ICOU concluída na passada sexta-feira a proposta de alteração de Lei da Polícia Judiciária (PJ). O diploma prevê que trabalhadores efectivos da PJ fiquem isentos de nomeação publicada em Boletim Oficial (BO), para os casos em que há razões de segurança do pessoal ou de necessidade de desempenho de funções especiais. No parecer assinado pelos deputados consta que o regime de dispensa de publicação de actos, “mereceu especial atenção”. À Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, o Governo

MATADOURO DEPUTADOS PEDEM TRANSPARÊNCIA E RENOVAÇÃO DE PROCESSOS

A elevação dos padrões veria acompanhar a evolução dos tempos, já que há cada vez menos interessados em trabalhar lá e a empresa falha em não ter presença online. “O Matadouro é a empresa que tem levantado maior preocupação à comissão, porque há cada vez menos pessoas interessadas em trabalhar lá. Por isso, alertámos o Governo para rever o modelo de funcionamento da empresa para que possa acompanhar a evolução dos tempos. Neste momento não conseguimos aceder a qualquer informação na internet e é necessário rever e reformular o modelo de funcionamento desta empresa

“Não conseguimos aceder a qualquer informação [do Matadouro] na net e é necessário reformular o modelo de funcionamento desta empresa de capitais públicos que tem prejuízos.” MAK SOI KUN DEPUTADO

de capitais públicos que tem prejuízos”, explicou Mak Soi Kun. O objectivo é que o público fique a par da situação real das operações, aumentando a transparência e possibilitando a fiscalização pública. “O Matadouro (...) tem como objectivo a prestação de serviços

relacionados com a vida da população, devendo, por isso, envidar esforços para aumentar a transparência, no sentido de possibilitar a fiscalização da sua actividade pelo público”, lê-se no relatório. A comissão verificou ainda que o Matadouro “raramente divulga a situação financeira”, limitando-se a

TIAGO ALCÂNTARA

Perante os prejuízos acumulados de 21,6 milhões de patacas, a comissão para os assuntos das finanças púbicas pede ao Matadouro mais transparência e “novos métodos operacionais”. Quanto ao PIDDA, dada a constante escavação e repavimentação das vias públicas, é exigida “mais qualidade” nas obras

AUMENTAR A QUALIDADE

No outro parecer assinado na sexta-feira, onde consta a análise financeira ao Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), Mak Soi Kun considera que a qualidade das obras de repavimentação e escavação das vias públicas deve melhorar, para reduzir o número de intervenções ao longo dos anos e melhorar a vida da população. Quanto aos projectos com baixa ou nenhuma taxa de execução orçamental, a comissão “pede que o Governo utilize adequadamente o erário publico” e reduza as situações de subaproveitamento do orçamento que “afectam negativamente a execução da política governativa, especialmente na actual situação de défice orçamental”. Pedro Arede

pedro.arede.hojemacau@gmail.com

Polícia de elite

Contratação “secreta” pronta para ser votada

esclareceu que o objectivo é “proteger (…) a segurança pessoal dos trabalhadores que se encontram a desempenhar funções secretas”, no âmbito da defesa da segurança do Estado, luta contra o terrorismo, combate ao crime organizado e relacionado com estupefacientes. Os casos terão de abranger “a gestão de informadores, seguimento de alvos, agentes infiltrados e análise especializada”. Outro ponto que levantou dúvidas à comis-

publicar, anualmente, no Boletim Oficial da RAEM, o relatório das contas do exercício. Recorde-se que só em 2019, as despesas totais do Matadouro foram de 23,76 milhões de patacas, registando-se uma perda de 1,47 milhões de patacas. O prejuízo acumulado é de 21,66 milhões de patacas. “Tendo em conta o envelhecimento do equipamento e com prejuízos acumulados durante o seu funcionamento ao longo dos anos, a comissão sugere que o matadouro reveja o seu actual modo de funcionamento, procurando entrar soluções para estes problemas com a maior brevidade possível”, sublinhou Mak Soi Kun.

são foi a “interconexão de dados”, já que a lei prevê o acesso à informação contida nos ficheiros da administração, entidades públicas autónomas e concessionárias. Perante as dúvidas dos deputados se isso “significaria a possibilidade de acesso directo a dados de outros departamentos” e se os dados estariam devidamente protegidos, o Governo esclareceu que o acesso terá de respeitar a Lei de Protecção de Dados Pessoais.

“Quando a PJ lida com dados pessoais através da interconexão com outros serviços, se na legislação orgânica de ambas as partes houver a disposição relativa à interconexão, as duas necessitarão de notificar o GPDP da primeira interconexão de cada sistema”, pode ler-se no parecer. Além disso, o registo de acesso da PJ acesso “será também gravado em tempo real”, em ambos os sistemas informáticos envolvidos.

EM NOME DA SEGURANÇA

O objectivo da revisão da lei é dotar a PJ das ferramentas necessárias para “fazer face à ten-

dente complexidade da segurança nacional”, de forma centralizada e uniformizada. “A conjuntura da segurança nacional tende a agravar-se particularmente pelas ameaças não convencionais, que estão gradualmente a ganhar destaque. Exige-se que durante todo o processo (…) seja garantida confidencialidade e uma execução eficaz”, pode ler-se na apresentação do parecer. A lei está pronta para ser votada na especialidade pela Assembleia Legislativa. P.A.

Crime Pedidas medidas contra fraudes informáticas

A deputada Song Pek Kei está preocupada com o crescente número de fraudes informáticas e quer saber como o Executivo vai combater o fenómeno. Numa interpelação escrita pela deputada ligada à comunidade de Fujian, é reconhecida a natureza transfronteiriça do crime que contribui para dificultar o combate. Neste sentido, Song quer saber o que o Executivo tem feito para agilizar a cooperação com a Interpol e com autoridades de outras jurisdições. Ao mesmo tempo, a legisladora aponta que são necessárias mais campanhas de educação para detectar fraudes, porque há cada vez mais crimes do género relacionados com a compra de equipamentos de protecção pessoal face à covid-19. A deputada sublinha ainda que no passado este tipo de crime ocorria principalmente devido a sites ou encontros amorosos marcados através da Internet ou aplicações móveis.


sociedade 7

segunda-feira 17.8.2020

COVID-19 AUTORIDADES DIZEM QUE COMIDA PODE SER FONTE DE CONTÁGIO

As asas do desejo

Depois de a OMS ter afirmado que a comida não é fonte de contágio, os Serviços de Saúde e Macau reforçaram que este é um meio de transmissão ao qual vai ser dada a máxima atenção, depois de terem sido encontradas asas de frango contaminadas. Os testes aos trabalhadores dos casinos devem terminar dentro de dias

A

PÓS terem sido encontradas carne contaminada com o novo tipo de coronavírus, nomeadamente asas de frango congeladas, importadas do Brasil para Shenzhen, os Serviços de Saúde (SS) reiteraram a continuidade de reforçar o número de análises feitas aos alimentos que entram em Macau. Isto, apesar de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter referido que as pessoas “não devem recear a comida ou as embalagens de comida” como fontes de contágio de covid-19. A garantia foi deixada na sexta-feira pela coordenadora do Núcleo de Prevenção e Vigilância da Doença,

Leong Iek Hou. “O IAM [Instituto para os Assuntos Municipais] tem feito testes às carnes importadas. Nós sabemos que, se os produtos estiverem infectados e contactarmos com eles, levando depois, por exemplo, as mãos aos olhos, podemos ser contaminados. Além disso, como esses produtos infectados podem também contaminar o local onde se encontram, caso as pessoas permaneçam nesse local e haja falta de circulação de ar, podem também contrair a doença. Por isso, neste momento, o Governo da RAEM dá grande importância aos produtos importados, nomeadamente aos congelados e refrigerados, aos quais continuaremos a fazer

Autocarros Av. Marginal Flor De Lótus com duas novas paragens

A partir de amanhã, passam a estar disponíveis duas novas paragens de autocarro na Avenida Marginal Flor De Lótus para a paragem das carreiras 52 e 55. Segundo a Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego, as paragens serão “Túnel da Universidade de Macau/Clube de Golfe” e “Túnel da Universidade de Macau/ Est. Do Dique Oeste”.

testes”, afirmou a responsável, por ocasião da conferência de actualização da covid-19. A tomada de posição aconteceu um dia depois de o Go-

“O Governo da RAEM dá grande importância aos produtos importados, nomeadamente aos congelados e refrigerados, aos quais continuaremos a fazer testes.” LEONG IEK HOU MÉDICA

verno anunciar a suspensão da importação de carne de frango proveniente do Brasil e após ter confirmado que em Macau existem produtos oriundos do mesmo fornecedor que vendeu as asas de frango contaminadas. Numa nota divulgada pelo IAM na quinta-feira, o organismo garantiu que a carne que que se encontra no território passou os testes de despistagem à covid-19. Quanto aos argumentos da OMS, recorde-se que a principal responsável técnica no combate à covid-19, Maria van Kerkhove, esclareceu, segundo a agência Lusa, que a China “testou cerca de cem mil embalagens” de comida à procura do novo coronavírus, mas que só o encontrou em “menos de dez”. Já Michael Ryan director executivo do programa de emergências sanitárias da OMS afirmou que “não há provas de que os alimentos ou a cadeia alimentar participem na transmissão deste vírus”. “As pessoas já estão suficientemente assustadas e com medo”, acrescentou.

A TEMPO E HORAS

Foi ainda anunciado que os testes de ácido nucleico que estão a ser feitos aos trabalhadores da linha da frente dos casinos devem terminar dentro de dias, depois de retomados na passada quinta-feira. “Ontem [quinta-feira] começámos a enviar os trabalhadores dos casinos para fazer o teste de ácido nucleico e, mais ao menos, 2.300 trabalhadores que já o fizeram. Dentro de 10 dias vamos concluir o teste de ácido nucleico para todos os trabalhadores da linha da frente dos casinos. Todos os dias vamos fazer cerca de 3.000 testes”, esclareceu Leong Iek Hou. Cumprindo-se a previsão, todos os trabalhadores dos casinos terão sido testados aquando do alargamento da emissão de vistos turísticos anunciado para toda a província de Guangdong a partir do dia 26 de Agosto.

SAÚDE AUTORIDADES APELAM AO NÃO CONSUMO DE “FIT FIT DAY”

O

S Serviços de Saúde (SS) lançaram um apelo aos residentes para que não adquiram ou consumam “Fit Fit Day”, um fármaco supostamente destinado a combater a obesidade. Segundo as autoridades locais, não existem registos de autorização para que este produto seja importado para Macau. Ainda assim, na sequência de um alerta da entidade congénere de Hong Kong, os Serviços de Saúde referem que foi detectada na região vizinha o produto “Leisure Slimming Capsule”, que tem composição as substâncias sibutramina, fluoxetine e orlistat. A fluoxetine é um antidepressivo que foi sintetizado há nos anos 70 e tornou-se num fenómeno cultural e de vendas através do famoso fármaco Prozac. O orlistat, também conhecido como xenical, é utilizado para tratar a obesidade, enquanto a sibutramina é uma anfetamina que pode levar a surtos psicóticos. Os SS alertam para os severos efeitos secundários da toma do “Fit Fit Day”, como a possibilidade de aumentar o risco de contrair doenças cardiovasculares, ter alucinações e insónias, problemas intestinais, dores de cabeça e graves danos hepáticos. J.L.

Pedro Arede

pedro.arede.hojemacau@gmail.com

IH Fundo de Reparação Predial atribuiu mais de 430 milhões Até ao fim de Julho, o Fundo de Reparação Predial (IH) concedeu mais de 430 milhões de patacas em apoio financeiro, o que corresponde a mais de 4300 casos que recorreram a este mecanismo. A informação foi revelada na sequência de uma palestra sobre administração de edifícios, que se realizou no sábado. O evento

organizado pelo IH, contou com a presença de juristas e engenheiros electromecânicos que elucidaram os mais de 100 representantes da administração de edifícios sobre a lei que regula as partes comuns do condomínio e questões de segurança. Foram abordados temas como a necessidade de manutenção

periódica de instalações eléctricas públicas, mas também boas práticas de uso doméstico de electricidade. O presidente do IH, Arnaldo Santos, revelou ainda que será constituída uma equipa de investigação para elaborar a um inquérito sobre a administração de edifícios e conhecer o envolvimento dos proprietários.


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A Casablanc CINEMA FILME SOBRE REFUGIADOS JUDEUS EM MACAU PODE SER RODADO EM PORTUGAL

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O livro “Strangers on the Praia”, do escritor britânico Paul French, sobre judeus refugiados em Macau durante a Segunda Guerra Mundial, vai dar origem a um filme, com planos para rodar em Portugal, disse à Lusa o autor

UI abordado por uma produtora australiana e chinesa que gostou da história e me pediu para escrever um guião”, contou à Lusa o escritor britânico, com dois livros já publicados em Portugal, “Meia-Noite em Pequim”, da editora Bertrand (2013), e “Coreia do Norte - Estado de paranoia”, da Desassossego (2019). “A pandemia atrasou as coisas, mas antes disso já fizemos algum levantamento de lugares de filmagem”, que incluem “exteriores em Portugal” e cenas em Xangai e em estúdios australianos, disse o escritor à Lusa. O livro “Estranhos na Praia: Uma história de refugiados e resistência em tempo de guerra em Macau” (no original, “Strangers on the Praia: A Tale of Refugees and Resistance in Wartime Macao”), da editora Blacksmith Books, conta “a história pouco conhecida” de refugiados judeus em Xangai, na China, que conseguiram chegar à então colónia portuguesa, território neutro durante a Segunda Guerra Mundial. Inspirado em casos reais, o relato, que mistura factos e ficção, surgiu depois de o escritor, residente em Xangai durante 20 anos, ter descober-

to arquivos de duas centenas de judeus, “a maior parte jovens mulheres”. “Como Macau era uma colónia portuguesa nessa época, muitas pessoas acreditavam que se conseguissem lá chegar poderiam ir para Lisboa, e daí apanhar um avião ou barco para Inglaterra ou os Estados Unidos”, contou. Xangai, onde “era possível chegar sem passaporte”, acolheu cerca de 25 mil judeus durante a Segunda Guerra Mundial, mas as condições para quem vivia no gueto da capital chinesa agravaram-se após um surto de tuberculose, em 1940. Nesse ano e no seguinte, chegaram a Macau centenas de refugiados judeus, não só de Xangai, como das Filipinas e Hong Kong, depois da queda da então colónia britânica nas mãos dos japoneses. “A maioria instalou-se na Aurora Portuguesa, uma pensão em Macau frequentada por homens de negócios e altos funcionários, que se converteu numa espécie de abrigo”, contou o escritor. A esperança que os levou a Macau acabaria, no entanto, por não se concretizar, e o território converteu-se num beco sem saída devido ao bloqueio naval.

O CERCO JAPONÊS

Macau recebeu milhares de refugiados durante a Segunda

FOTOGRAFIA CARLOS DIAS MOSTRA ONLINE “A MAGIA DAS RUAS DE MACAU”

DOKUFEST FILME DE CA

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partir de quarta-feira estará disponível online a exposição de fotografia de Carlos Dias, intitulada “A Magia das Ruas de Macau”. A mostra pode ser apreciada durante um ano na página electrónica e no Facebook da entidade organizadora, o Instituto Internacional de Macau (IIM). Aopção por exibir o trabalho do fotógrafo na internet é explicada pelo IIM com a “inconve-

niência de efectuar mostras no exterior, devido à epidemia que grassa em muitos locais”. Com um imaginário que tende a dar preferência a fotografias nocturnas de rua, em especial incidência pelos reflexos e efeitos de espelho resultantes da chuva, Carlos Dias tem trilhado um percurso conceptual onde predominam os ambientes de ruelas e travessas. Além das pequenas artérias e recantos da cidade,

o fotógrafo tem no repertório visual cenas de festividades e manifestações tradicionais típicas de Macau. “A Magia das Ruas de Macau” já esteve exposta em Macau, em Maio de 2018, no Pavilhão Chun Chou Tong no Jardim Lou Lim Ieoc. À altura, o IIM refere que mais de 5 mil visitantes tiveram a oportunidade de ver de perto a mostra com cerca de uma centena de fotografias de Carlos Dias.

filme português “A metamorfose dos pássaros”, de Catarina Vasconcelos, conquistou ontem o prémio de Melhor Filme do festival DokuFest, no Kosovo, anunciou a agência Portugal Film – Agência Internacional do Cinema Português. “Depois de ter vencido o prémio da Crítica Internacional - FIPRESCI, na Berlinale, onde teve a sua estreia mundial, o prémio de Melhor Filme no festival de Vilnius, na Lituânia, e o prémio Especial do Júri no Festival de Taipei, em Taiwan, a


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ca do Oriente “As autoridades portuguesas tinham um equilíbrio difícil de manter, e precisavam de negociar com os japoneses e os alemães, por isso algumas refugiadas judias acabaram na estranha situação de serem secretárias para empresas como o BNU...” PAUL FRENCH AUTOR

Guerra Mundial, “pessoas com nacionalidade portuguesa a viver em Hong Kong e noutras ex-colónias, muitas dos quais nunca tinham posto um pé em Portugal, além de britânicos”. Com os japoneses a bloquearem o mar do Sul da China, floresceram “o contrabando e

os negócios duvidosos”, “uma das únicas formas de o Governo português conseguir comida e combustível”, lembrou. “As autoridades portuguesas em Macau tinham um equilíbrio difícil de manter, e precisavam de negociar com os japoneses e os alemães, por isso algumas refugiadas judias aca-

baram na estranha situação de serem secretárias para empresas como o Banco Nacional Ultramarino, a traduzir documentos e escrever cartas para clientes alemães”, contou. Foi também neste contexto que o ex-magnata do jogo Stanley Ho, ele próprio refugiado em Macau após a

queda de Hong Kong, floresceu. “Ele era uma espécie de contrabandista autorizado, e fez muito dinheiro, que usou para comprar os primeiros casinos”, apontou. O livro explora este ambiente de “Casablanca do Oriente”, através da perspectiva de uma refugiada judia,

ATARINA VASCONCELOS CONQUISTA PRÉMIO DE MELHOR FILME primeira longa-metragem da realizadora Catarina Vasconcelos vence hoje o prémio de Melhor Filme no festival de cinema DokuFest, no Kosovo, um dos mais importantes festivais de documentário da região dos Balcãs”, refere a Portugal Film, num comunicado ontem divulgado. “A metamorfose dos pássaros”, uma ficção documental de traços biográficos, integrava a secção competitiva internacional de longas-metragens do Dokufest, cuja 19.ª edição está a decorrer desde 7 de

Agosto, ‘online’ devido à pandemia da covid-19. Segundo a Portugal Film, o júri, que inclui o realizador Patrick Bresnan, a programadora Rebecca de Pas e o escritor e programador Greg de Cuir, “destacou a elegante reconstrução de uma história intemporal e universal e as possibilidades criativas que o cinema de não ficção oferece”, bem como “a brilhante primeira longa-metragem e a vitalidade do cinema português contemporâneo”. A 19.ª edição do DokuFest termina em 25 de Agosto.

personagem compósita criada a partir de vários casos reais. Algumas “obtiveram passaportes portugueses através de casamentos de conveniência”, contou o escritor, enquanto outras “ajudaram agentes dos serviços secretos britânicos que fugiram de Hong Kong para Macau e queriam chegar à China continental, fingindo ser suas mulheres”.

DE NAM VAN A CASCAIS

Desde que escreveu o livro, divulgado em versão mais reduzida e igualmente na origem de um ‘podcast’nomeado

para os prémios do festival de rádio de Nova Iorque em 2020, muitos contactaram o escritor: “Várias pessoas me disseram o mesmo: viram fotografias da baía de Macau e pensavam que eram fotos do Mediterrâneo”. Essa é aliás uma das razões para a escolha de Portugal para as filmagens, explicou Paul French. “A passear em Cascais, pensei: ‘Isto pode funcionar’. As igrejas são iguais, [tem] o estilo especificamente português dos faróis [e] o estilo modernista das estações. Macau, nos anos 1930, era como Cascais hoje [risos]”. Actualmente a viver em Londres, onde nasceu em 1966, Paul French estudou chinês na Universidade de Xangai, na China, e admite o fascínio por Macau, que visitou várias vezes. No livro, French evoca as impressões do poeta anglo-americano W.H. Auden quando visitou o território, em 1938. A viagem deu origem ao soneto “Macau”, em que Auden chama à então colónia portuguesa “erva daninha da Europa católica” e cidade de “indulgência”. “Sempre houve grandes romances sobre Lisboa na Segunda Guerra Mundial, que foi um centro de atracção para refugiados, espiões e resistentes aos nazis, e Macau, a ‘Casablanca do Oriente’, era como uma versão asiática”, apontou.

Exposição DSI lança mostra de fotografia sobre assistência consular

A Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) inaugurou na passada sexta-feira a exposição fotográfica online “Protecção e assistência consular – os trabalhos da protecção consular chinesa nos últimos anos”, que pode ser acedida na página da DSI, na área de “os direitos e deveres fundamentais dos residentes, a protecção e o serviço consular”. A exposição organizada sob a orientação do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros na RAEM tem como objectivo aprofundar o conhecimento dos residentes sobre a protecção e o serviço consular disponibilizado aos cidadãos chineses no exterior pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. Numa abordagem pouco virada para a expressão artística, a DSI acrescenta a mostra pretende dar a conhecer “os riscos de segurança no exterior, e tornarem conscientes da prevenção e da auto-protecção”.


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Atribuição de subsídios aos pilotos locais que participem em corridas no exterior durante 2020 Requisitos do pedido de subsídio e critérios para atribuição do subsídio I.

Requisitos do pedido de subsídio e critérios de atribuição do subsídio: 1. Na sequência do disposto no n.o 1 do artigo 34.o do Decreto-Lei n.o 67/93/M, de 20 de Dezembro, o requerente deve satisfazer uma das seguintes condições: 1.1) Ser natural da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM); 1.2) Ser de nacionalidade portuguesa ou chinesa e ter na RAEM a sua residência há mais de 1 ano; 1.3) Residir na RAEM há, pelo menos, 3 anos. 2. O requerente deve, ainda: 2.1) Ser sócio da Associação Geral de Automóvel de Macau, China (AAMC); 2.2) Ser portador de todas as licenças legais e indispensáveis para a participação em corridas no exterior; 2.3) Obter a qualidade de estar em representação da AAMC; 2.4) Ter participado nas corridas oficiais do Grande Prémio de Macau (GPM) realizadas durante 2019 (com partida efectuada). 3. A atribuição de subsídio em 2020 é limitada à participação em corridas homologadas até ou antes de Outubro de 2020 pela Fédération Internationale de Motocyclisme (FIM), pela Fédération Internationale de L’Automobile (FIA), pela Federation of Automobile and Motorcycle Sports of People of China ou pela Associação Geral de Automóvel de Macau - China (até ao máximo de 4 corridas por cada piloto requerente), devendo estas competições no exterior ser do mesmo tipo e de nível equivalente ao da efectivamente participada pelo piloto requerente nas corridas do GPM em 2019 (motos, carros de turismo ou Fórmula 3). A atribuição está sujeita aos seguintes critérios de avaliação: (Tabela I) 3.1) Classificação geral numa das corridas do GPM de 2019, analisando-se o nível de competição do requerente nestas corridas; 3.2) Potencialidade de desenvolvimento do requerente no desporto motorizado (incluindo idade, etc.); 3.3) Importância e popularidade da corrida em que irá participar, analisando-se o nível de competição do requerente em diferentes tipos de corridas, internacionais ou regionais; 3.4) Efeitos promocionais e de divulgação de Macau. 4. A atribuição do subsídio é calculada com base em critérios de avaliação assentes em valorações percentuais correspondentes à participação efectiva nas corridas declaradas pelo piloto e aceites no pedido de atribuição de subsídio no ano de 2019.

II.

Procedimentos do requerimento: Os pilotos locais que satisfaçam os requisitos acima referidos do ponto I devem apresentar ao Instituto do Desporto, até ao dia 18 de Setembro de 2020, o formulário para a “Atribuição de subsídio aos pilotos locais participantes em corridas no exterior durante 2020” devidamente preenchido e com os seguintes documentos: 1. Pedido com indicação obrigatória do valor do subsídio requerido; 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.

Plano de actividades detalhado (incluíndo a designação, classe, datas, locais e o número de corridas no exterior da RAEM e respectivas mangas, até ao máximo de 4 corridas); Mapa pormenorizado das despesas previstas; Curriculum vitae do requerente; Cópia do B.I.R.M. do requerente; Cópia do cartão de sócio da AAMC; Cópia de todas as licenças legais e indispensáveis para a participação em corridas no exterior da RAEM; Documento comprovativo da qualidade de estar em representação da AAMC; Prova de participação obrigatória e obtenção de resultados oficiais das corridas do GPM de 2019.

III.

Os subsídios em 2020 são concedidos nos seguintes termos: 1. Os pilotos locais que satisfaçam os requisitos indicados no ponto II; 2. Uma vez que as corridas sejam aprovadas, todas as corridas terminadas e aceites que constam do plano de actividades da alínea 2) do ponto II (com partida efectuada), os pilotos locais devem entregar ao Instituto do Desporto, até ao dia 30 de Outubro de 2020, os relatórios de actividades sobre a participação nas corridas relacionadas, bem como os documentos comprovativos das informações relativas à promoção efectiva de Macau; 3. O subsídio só é atribuído após análise do relatório de actividades sobre a participação nas corridas declaradas no plano de actividades no n.o 2 deste ponto e o seu montante será calculado de acordo com a participação efectiva em cada um desses eventos; 4. Não será atribuído subsídio se o relatório de actividades for entregue fora do prazo previsto pelo requerente no n.o 2 deste ponto.

IV.

Local e modo de entrega da documentação: O formulário do requerimento deve ser entregue devidamente preenchido e acompanhado dos documentos exigidos pelo requerente, por correio registado com aviso de recepção ou directamente contra recibo nas instalações da sede do Instituto do Desporto: Endereço: Av. Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, Macau Tel : (853) 87962204 Tabela I - Critérios de avaliação

1) 2) 3) 4)

Critérios de avaliação Classificação geral numa das corridas do Grande Prémio de Macau de 2019, analisando-se o nível de competição do requerente nestas corridas Potencialidades de desenvolvimento do requerente no desporto motorizado (incluindo idade, etc.) Importância e popularidade da corrida em que irá participar, analisandose o nível de competição do requerente em diferentes tipos de corridas, internacionais ou regionais Efeito promocional e de divulgação de Macau TOTAL

Percentagem 60% 10% 25% 5% 100%


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TAIWAN FINALIZADO GRANDE NEGÓCIO PARA AQUISIÇÃO DE AVIÕES CAÇA F-16 AOS EUA

Fronteira Modi avisa China que o país dá sempre "resposta adequada"

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, aproveitou sábado os 74 anos da independência da Índia para avisar a China e o Paquistão de que Nova Deli sempre deu "uma resposta adequada" aos seus desafios fronteiriços ou por Caxemira. "Desde a Linha de Controlo (LoC) até à Linha de Controlo Actual (LAC) - fronteiras de facto com o Paquistão e a China, respectivamente -, sempre que a Índia foi desafiada, os nossos soldados deram uma resposta adequada na linguagem que eles entendem", disse Modi no seu discurso mais importante do ano, no qual prometeu reforçar as capacidades militares indianas. "O que os nossos soldados conseguem fazer, o que o país é capaz de fazer, o mundo viu em Ladakh", disse o primeiro-ministro, numa referência à região fronteiriça dos Himalaias onde militares indianos e chineses tiveram um confronto em 15 de Junho, que fez 20 mortos e 76 feridos entre os soldados indianos e um número indeterminado de vítimas entre as forças chinesas.

Com asas americanas

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AIWAN finalizou o contrato para uma grande encomenda de aviões caças F-16 à fabricante de aviões norte-americana Lockheed Martin, com um valor que pode atingir 52,4 mil milhões de euros em 10 anos, foi sábado anunciado. O Pentágono revelou sábado o contrato, sem especificar o comprador dos aviões, mas uma fonte próxima do negócio confirmou à agência AFP que se trata de Taiwan. Taiwan recebeu no ano passado luz verde de Washington para efectuar esta compra que lhe permitirá modernizar a sua defesa, anúncio que provocou descontentamento a Pequim. A ilha já possui uma frota de caças F-16, adquirida em 1992, e o novo contrato cobre aeronaves mais recentes, equipadas com tecnologia e armamento moderno. Taiwan pretende que o acordo atinja os 90 aparelhos, destacou o comunicado de imprensa do Pentágono. A China considera Taiwan como parte do seu território. A ilha é governada por um regime rival que se refugiu naquele local após os comunistas terem tomado conta do território continental em 1949, no fim da guerra civil chinesa.

Já Washington, que em 1979 rompeu as relações diplomáticas com Taipé, reconhecendo Pequim como único representante da China, continua a ser agora o aliado mais poderoso da ilha

A ilha já possui uma frota de caças F-16, adquirida em 1992, e o novo contrato cobre aeronaves mais recentes, equipadas com tecnologia e armamento moderno

TIKTOK TRUMP OBRIGA GRUPO A VENDER OPERAÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS

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Presidente norte-americano deu, na sexta-feira, 90 dias ao grupo chinês ByteDance para vender as suas operações do TikTok nos Estados Unidos, segundo um decreto presidencial. Trump tem acusado nos últimos meses, sem apresentar qualquer prova, a popular plataforma de partilha de vídeos de usar os dados dos utilizadores norte-americanos para beneficiar Pequim. "Há provas credíveis que me levam a crer que ByteDance (...) poderá tomar medidas que ameaçam prejudicar a segurança dos Estados Unidos", de acordo com o decreto presidencial assinado por Trump. Num contexto de fortes tensões comerciais e políticas com a China, o Presidente norte-americano tinha já anunciado, há uma semana, medidas radicais contra o TikTok e o WeChat, rede social da chinesa Tencent.

Em 6 de Agosto, Trump proibiu as duas plataformas de efectuarem qualquer transacção com parceiros norte-americanos durante 45 dias, por as considerar uma ameaça à segurança, à política externa e à economia dos Estados Unidos. O documento de sexta-feira precisa que o comprador deverá ser norte-americano e "provar a vontade e capacidade de se conformar com este decreto". O gigante da informática norte-americano Microsoft está em negociação com o ByteDance para comprar a TikTok, pelo menos nos Estados Unidos. O ByteDance deverá também confirmar que destruiu todos os dados "de utilizadores norte-americanos, obtidos ou derivados da TikTok e da Musical.ly", uma aplicação norte-americana adquirida pela sociedade chinesa e fundida com a TikTok.

e o seu principal fornecedor de armas.

MATÉRIA ‘QUENTE’

O contrato foi finalizado numa altura em que a autoridade da China sobre Hong Kong causa preocupação em Taiwan, que tem 23 milhões

de habitantes. O negócio acontece também dois dias após a visita inédita a Taiwan de um alto governante norte-americano, que provocou irritação em Pequim. O secretário de Saúde e Serviços Humanos norte-americano, Alex Azar, ini-

ciou a visita de mais alto nível a Taiwan por um funcionário norte-americano, desde 1979, quando Washington e Pequim estabeleceram relações diplomáticas. Azar reuniu-se com a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, a quem transmitiu uma "mensagem de firme apoio", enviada pelo chefe de Estado norte-americano, Donald Trump. Este é mais um assunto ‘quente’ entre norte-americanos e chineses, tal como muitos outros temas, como a pandemia, Hong Kong, direitos humanos, rivalidades comerciais ou tecnológicas. A questão de Taiwan é vista por Pequim como a "mais sensível e importante" no seu relacionamento com os Estados Unidos.

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 623/AI/2020

INSCRIÇÕES PARA AS PROVAS DO 67.º GRANDE PRÉMIO DE MACAU Início das inscrições: 17 de Agosto de 2020 Fim das inscrições: 11 de Setembro de 2020 Local das inscrições: Associação Geral de Automóvel de Macau - China Avenida da Amizade Edf. Grande Prémio de Macau R/C Horário de funcionamento: De Segunda-feira a Sexta-feira, das 09:30h às 13:00h, 14:30h às 18:30h. (excepto aos Sábados, Domingos e feriados Públicos) Para mais informações poderá ligar para o seguinte número de telefone: (853) 28726578

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LAM SOI KAI, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 50456xx(x), que na sequência do Auto de Notícia n.° 158/DIAI/2018, levantado pela DST a 17.08.2018, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 29.05.2020, exarado no Relatório n.° 238/DI/2020, de 04.05.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Francisco Xavier Pereira n.° 3, Edf. Fu Yu, 4.° andar D, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ----------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 13 de Agosto de 2020. O Director dos Serviços, Subst.°, Cheng Wai Tong


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José Simões Morais

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Governador-Geral da Província de Macau, Timor e Solor, Conselheiro e Capitão-de-Mar-e-Guerra João Maria Ferreira do Amaral (1846-1849) vinha nomeado de Lisboa e não, como até então, por Goa. Tomou posse a 21 de Abril de 1846 e trazia o propósito de preparar a colónia a tornar-se independente do governo chinês. Assim, em provocação, logo contrariou pelos seus passeios a cavalo as chapas dos mandarins que advertiam serem os verdadeiros limites do fanfang as portas de Santo António e do Campo. Cinco meses depois, o Procurador Manuel Pereira propôs ao Governo que “as embarcações chinesas de passagem e carga, denominadas <faitiões>, fossem registadas na procuratura, e pagasse cada uma o imposto mensal de uma pataca à fazenda pública”, segundo A. Marques Pereira, que refere, o Governador, em sessão do Senado por ele presidida, “aprovou a proposta, - e, constando em seguida que as ditas embarcações se recusavam a obedecer ao edital do procurador que ordenava o registo, mandou que de 3 de Outubro [1846] em diante fossem retidas todas as que teimassem na recusa. Começaram desde logo os chineses dos faitiões a reunir-se a miúdo no Pagode Novo [mais tarde Templo Lin Fong], consultando aí com os principais do bazar sobre o modo de resistirem àquela determinação. Ao mesmo tempo moviam os mandarins a oficiar para Macau em seu apoio, e afixavam pelas ruas proclamações instigando à revolta. Amaral, o enérgico e venerando conquistador da autonomia portuguesa de Macau, não costumava hesitar. As medidas convenientes tinham-se tomado sem demora. A alfândega fortificara-se. A tropa estava em armas.” Na noite de 7 para 8 de Outubro, os faitiões encostados à cidade eram trinta e sete, de onde ao amanhecer “desembarcou grande número de lancháes, armados todos, e com três peças de artilharia. Engrossando com os de terra, a multidão hostil era em breve de mais de mil e quinhentos homens” e ao seu encontro logo marchou “uma força de quarenta soldados. Os chineses dispararam sobre ela as três peças, e avançaram pela travessa fronteira à igreja de Santo António, apesar do fogo vivo que se lhes fazia. Não tardou porém que recuassem, reforçados os nossos com uma peça da alfândega e vinte soldados, e outra da fortaleza do Monte com alguns soldados e muitos cidadãos.” Com grande perda de gente, abandonando o armamento os lancháes chegando “de roldão aos faitiões, trataram de fazer-se de vela para fugir, mas aí os

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Deixem-me livre por um momento em qualquer parte

Governador ocupa a península de Macau

esperava já uma escuna do governo, que naquele tempo servia de registo na Taipa, e várias embarcações armadas, de particulares, que todas romperam sobre eles um fogo activo. Alguns dos faitiões

Com a chegada do Governador Ferreira do Amaral, as atribuições da Procuratura do Leal Senado foram ampliadas, pois era o único tribunal em Macau para julgamento de chineses

foram abordados e tomados, muitos metidos a pique, e oito ficaram encalhados.” Nenhum português saiu ferido, mas nada sabemos sobre as baixas dos lancháes. “As lojas do bazar fecharam-se todas. Fora de antes sempre esta manifestação a grande arma dos chinesas, pois importava a subsistência da cidade. Quando os lojistas se conluiavam por este modo, o senado concedia o que lhe era exigido e amiudava as súplicas aos mandarins, que deliberadamente espaçavam a graça, fazendo sentir o valor dela. – Era esta prática mediocremente eficaz e aceitável para que Amaral a seguisse. Declarou por editais, na mesma tarde do dia 8, que, se no espaço de vinte e quatro horas as lojas se não abrissem, o bazar seria arrasado pela artilharia do Monte. Na manhã de 9 as lojas abriram todas, sem excepção de uma. No dia 10 apresentaram-se às portas da cidade dois mandarins, a quem o governador fez saber que deveriam deixar fora a sua comitiva armada. Retiraram-se, e no dia 11 tornaram sem comitiva. O objecto da sua visita era certificarem ao governador os seus sentimentos de amizade.” António Marques Pereira, que narrou esta história, refere ainda, ter em Macau fundeado na rada às sete horas da manhã do dia 9 de Outubro de 1846 a fragata a vapor Vulture, comandada por o capitão-de-mar-e-guerra Dougal com ordem do Governador de Hong Kong para se pôr à disposição do Governador Macau, “e, posto que à sua chegada tudo estivesse acabado, só em 12 regressou a Hong Kong.”

PROCURADOR REMUNERADO

Após a revolta dos faitiões [da qual não conhecemos a versão chinesa], o Governador Ferreira do Amaral a 17 de Outubro de 1846 organizou o Batalhão Provisório de Macau para resistir a qualquer ameaça e destinado a auxiliar a Força mista de 1ª linha, ou Batalhão de Artilharia de Primeira Linha, criado por decreto a 13 de Novembro de 1845 para substituir o Batalhão Príncipe Regente.

Aprovado por Portaria Régia de 12-31847, o Batalhão Provisório de Macau foi instalado no extinto Convento de S. Domingos e por Decreto de 10-12-1847 “teve como Major-Comandante o macaense Francisco José de Paiva, Comendador da Ordem de Cristo e Cônsul Português em Hongkong”, segundo Beatriz Basto da Silva. O denominado Batalhão de Macau conjugava o Batalhão (de 1.ª linha de Infantaria) de Macau e o Batalhão Provisório, que durante vinte anos prestou bons serviços. O Batalhão de Infantaria de Macau seria extinto a 184-1876 e estava já desde 30-12-1866 instalado no quartel construído no local do antigo Convento de S. Francisco. “Em Macau, a maioria das vias públicas, eram conhecidas, pelos nomes dos seus principais moradores não havendo, nomenclatura oficial. Assim, podia haver mais de um nome para a mesma rua”, segundo Ana Maria Amaro. Para solucionar possíveis confusões, o Governador a 23 de Novembro de 1847 mandou dar o nome às ruas que não o tinham e mudar muitos dos repetidos. Já anteriormente, a 27 de Fevereiro de 1847 Ferreira do Amaral manifestara uma posição de poder, sem se importar com os interesses chineses, e tomou posse das terras para além das muralhas a envolver a cidade cristã portuguesa. Mandou rasgar três estradas nos terrenos fora das muralhas da cidade, onde se situavam antigas campas chinesas e por onde constantemente os britânicos se passeavam a cavalo. A primeira estrada, desde a Porta de S. João até ao Pagode; outra rodeando a colina de Mong-Há e a terceira, desde a Porta de St.º António até às Portas do Cerco, ligando-se junto ao Pagode Novo com a primeira. Para construir a terceira estrada deu um prazo até ao fim de Março para os chineses removerem desse local todas as sepulturas. Nesse mesmo dia 27, o Leal Senado enviou para Lisboa uma queixa, reclamando contra a obra governativa do Governador. Com a chegada do Governador Ferreira do Amaral, as atribuições da Procuratura do Leal Senado foram ampliadas, pois era o único tribunal em Macau para julgamento de chineses, e a 20 de Agosto de 1847 passou a estar anexa à Secretaria do Governo, no que respeitava a negócios sínicos. Para o ano de 1847 era Procurador Lourenço Marques, filho do Comendador Domingos Pio Marques, que exerceu ininterruptamente o cargo até 1855. Como Procurador passou desde 20 de Agosto de 1847 a ser remunerado e a estar subordinado ao Governador e no Senado apenas tratava dos assuntos puramente municipais.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

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Crónico Oriente Duarte Drumond Braga

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Barcos de flores

A poesia de Camilo Pessanha há um défice de China, ao contrário da prosa, onde ela aparece claramente dita. Mesmo pesando o contexto de escrita macaense: os poemas deveriam de alguma forma dizer a China, mas não a dizem. Há só um conjunto de referências pouco óbvias em “Viola chinesa” e “Ao longe os barcos de flores” e, como se vê, é pela música que isso acontece. Hoje sabemos que Pessanha delegava o Império do Meio para a prosa por outras razões, que explica cuidadosamente em A Gruta de Camões. A pouca China que nos resta naqueles dois poemas é uma China sugerida, desconstruída, desagregada até. Alguns fantasmas de outras eras, como confessa em carta a Ana de Castro Osório. E é um fantasma o que encontramos em “Ao longe os barcos de flores”: “Só, incessante, um som de flauta chora,/ Viuva, gracil, na escuridão tranquilla”. Mas o poema tem uma história: a da visita aos barcos de prostitutas em Guangzhou. Também os livros portugueses de viagens ao Império do Meio falam quase todos desses floridos barcos, como refere Manuela Delgado Leão Ramos em António Feijó e Camilo Pessanha no Panorama do Orientalismo Português (2001). Em 1852, Carlos José Caldeira, nos Apontamentos d’uma viagem de Lisboa à China e da China a Lisboa, descreve essas verdadeiras casas flutuantes e, no seu Cousas da China, Callado Crespo fala dos Kwating ou luxuosos bordéis flutuantes. Já em «O rio de Cantão» (1889), Wenceslau de Morais começa justamente por dar uma olhada da «varanda deliciosa do Canton Hotel», donde se deslocou aos “tankás-flores”. Também do próprio paratexto do rondel de Pessanha (“Cantão, Hotel em Ilha-Min, 1899”), isto é, das informações que

o acompanham, se podem retirar informações sobre o sujeito poético. Trata-se de alguém que está hospedado num hotel, supõe-se que na concessão europeia de Cantão. Identificável a um europeu, não se encontra, portanto, liberto da condição de intruso que vem assistir aos lampejos visuais e sonoros de um espectáculo “Ao longe”. Cantão era então uma cidade que colocava vários problemas à visitação de europeus, sobretudo no que tocava à frequentação dos bordéis flutuantes, os barcos das flores, isto é, das “putas chinas” de que fala numa carta de Macau, do ano de 1917. “Ao longe os barcos de flores” é então a versão muito particular de Camilo de um tema sínico do manancial do orientalismo europeu: o macho heteros-

O tópico retrabalhado por Pessanha neste rondel é precisamente o do Oriente feminizado, o “inescrutável Oriente’” de que fala Edward Said. O oriente seria uma mulher, nocturno e irracional, e o ocidente um homem, diurno e racional e o coito entre eles é muitas vezes a metáfora da própria relação colonial

sexual europeu e o seu “comércio”, como se dizia no tempo dos missionários, com a prostituta oriental. Mas no rondel tudo isto aparece suspenso, dissolvido. Não conseguimos identificar, apenas supor, estas personagens. O tópico retrabalhado por Pessanha neste rondel é precisamente o do Oriente feminizado, o “inescrutável Oriente’” de que fala Edward Said. O oriente seria uma mulher, nocturno e irracional, e o ocidente um homem, diurno e racional e o coito entre eles é muitas vezes a metáfora da própria relação colonial. Como o referido livro de Manuela Ramos já mostrou, são aqui disseminados símbolos convencionais chineses para o feminino, como hu-a (flor), que designa a cortesã e o espaço onde esta se encontra. Há ainda a animação orgíaca do fogo-de-artifício, e a referência à fálica flauta e aos lábios de carmim, o que sugere a felação: “Na orgia, ao longe, que em clarões scintilla / E os labios, branca, de carmim desflora… Só, incessante, um som de flauta chora…” No entanto, o poema promove uma indistinção da diferença de género (“viúva, grácil”), figurada no objeto, e não na mulher, a partir de obscuras alusões sexuais (“flauta”, “desflora”) que permite supor a quebra, em um só gesto, da produção da diferença sexual e cultural, na desarticulação do que se poderia chamar a cena do desejo. Assim, as próprias categorias da narrativa desse episódio – personagens, tempo, espaço, ação – encontram-se desagregadas. Desde o início, o texto impõe toda uma confusão entre as categorias percetivas de exterior e de interior, bem como de sujeito e objeto, fonte de toda a distorção agenciada pelo poema, que não permitem ler um quadro tão linear como o daqueles outros autores referidos no início deste texto.


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17.8.2020 segunda-feira

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SUMIKKOGURASHI:GOOD TO BE IN THE CORNER [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Mankyu 14.30, 16.00, 17.30, 19.30, 21.00 SALA 2

FALADO EM JAPONÊS

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O secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, disse ontem que o acordo de normalização entre Israel e os Emirados Árabes Unidos

C I N E M A

BEYOND THE DREAM [C]

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LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terrance Lau, Cecilia Choi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 3

DREAMBUILDERS [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Kim Hagen Jensen, Tonni Zinck 14.30, 16.30, 19.00, 21.15

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BAHT

(EAU) é uma "adaga envenenada" no coração dos palestinianos. Segundo a agência EFE, Saeb Erekat afirmou que a Palestina tentará impedir que outros países árabes

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façam o mesmo acordo. O anúncio, no dia 13, de que Israel e EAU iriam estabelecer relações diplomáticas caiu muito mal entre os palestinianos, refere a EFE.

UM LIVRO HOJE É uma compilação de histórias sobre o que acontece quando se trabalha em televisão – mas que não aparece naquilo que vai para o ar. As entrevistas a personalidades que nem sempre correspondem às expectativas, a falta de controlo sobre o que acontece, as poucas horas de sono, o ser-se voluntária de manhã e jornalista à noite. É a forma de Emily Maitlis, jornalista da BBC e apresentadora do Newsnight, dar um pouco de acesso aos bastidores do trabalho dela – que já passou pela cobertura de ataques em paris, 7 ao incêndio de Grenfell, entrevistas a Donald Trump e ao Dalai Lama. 8 3Fernandes 9 2 5 4 1 7 0 6 Salomé

YUAN

AIRHEAD: THE IMPERFECT ART OF MAKING NEWS | EMILY MAITLIS

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opinião 15

segunda-feira 17.8.2020

JOANA MORTÁGUA in Esquerda.net

Os invisíveis do espectáculo

P

OR vontade deles, seriam invisíveis mas, como não podem, vestem-se de preto para serem discretos. Quando vamos a um concerto ou um festival nem damos conta da existência de um miniexército de técnicos que, com precisão cirúrgica, se move no fundo do palco. São esses e outros profissionais do espetáculo que fazem tudo acontecer. Técnicos de som, iluminação, vídeo, riggers, stage hands, roadies e tantas outras coisas que muitos de nós não sabemos sequer o que querem dizer. No palco, são essenciais mas, na crise, a invisibilidade prejudica-os. Com a proibição e o cancelamento de festivais, conferências, produções audiovisuais e concertos, sem casamentos, nem bailes, nem festas ou romarias, ficaram sem trabalho. Os concertos em casa e os espetáculos online, ainda que pagos aos artistas, dispensam muitos destes profissionais vocacionados para montar palcos, luzes,

som em eventos maiores ou menores mas, geralmente, ao vivo. Num sector onde os apoios escasseiam, muitos ficaram simultaneamente sem rendimento e sem acesso a apoios. Segundo um inquérito realizado pelaAssociação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE), “durante o mês de maio, 93% das empresas associadas não efetuaram despedimentos até à data, mas 60% recorreram ao layoff”. São muitos meses sem rendimento num sector em que a retoma não se prevê para breve. Não há horizonte de esperança que não seja o da erradicação da pandemia e ninguém sabe quando isso vai acontecer. Com muitos trabalhadores já a passar dificuldades, a preocupação aumenta quando ouvimos que “56% das empresas disseram-nos que a partir de Julho não terão capacidade para assegurar os pagamentos”. São mais de 1500 postos de trabalho directos e cerca de 3 mil indirectos, muitos

São mais de 1500 postos de trabalho directos e cerca de 3 mil indirectos, muitos em situação de precariedade, que não lhes permite aceder a apoios sociais de desemprego

em situação de precariedade, que não lhes permite aceder a apoios sociais de desemprego. Num país onde trabalhar para a cultura é ser precário, a pandemia veio recordar a necessidade de lutar por estatutos profissionais dignos, regimes contributivos justos e apoios para aguentar esta gente enquanto a retoma não chegar. Se não há horizonte para o regresso ao trabalho dos profissionais do espectáculo, cabe ao Governo garantir que a sua única perspectiva não é passar fome. É preciso direccionar apoios para preservar estes empregos, até porque, um dia, tudo isto vai resolver-se, ou talvez reinventar-se, e todos vamos querer voltar aos Santos Populares, às festas e aos festivais. “Queremos um dia voltar” foi o mote do protesto organizado pelos técnicos do espetáculo que, na passada terça-feira, encheu o Terreiro do Paço de flight cases (as caixas pretas usadas para transportar equipamento). Centenas de pessoas, trabalhadores independentes ou das empresas, empresários e gente solidária juntaram-se para reivindicarem “apoios governamentais que nos ajudem a sobreviver”. Estão certos. Para que, um dia, todos possamos voltar aos espectáculos é preciso impedir que este sector sufoque lentamente, o que seria um desastre para a cultura em Portugal.


O sexo alivia a tensão. O amor cria-a. Woody Allen

segunda-feira 17.8.2020

PALAVRA DO DIA

Cheoc Van Golfinho branco encontrado morto na praia

O canal chinês da TDM Rádio Macau noticiou ontem que foi encontrado o corpo de um golfinho branco chinês na praia de Cheoc Van. Depois de análises preliminares, o Instituto para os Assuntos Municipais indicou que era um golfinho com 2,45 metros de comprimento, e que não era visível nenhum trauma. Tendo em conta o estado de decomposição, estima-se que tenha morrido e dado à costa com a ondulação. O cadáver foi queimado por motivos de higiene.

Future Bright Perdas de 110 milhões

O grupo Future Bright registou perdas de 110,3 milhões de dólares de Hong Kong na primeira metade do ano, de acordo com um comunicado enviado na sexta-feira à bolsa. Os resultados mostram um agravar face ao período homólogo, quando as perdas tinham sido de 69,7 milhões de dólares de Hong Kong. Macau é o mercado que mais penalizado a empresa do deputado Chan Chak Mo com perdas de 37,1 milhões e 53,5 milhões, no primeiro e segundo trimestres do ano, respectivamente. Por outro lado, Taiwan foi o melhor segmento para a Future Bright, que revê um ganho de 5,7 milhões no segundo trimestre, depois de perdas de 2,5 milhões no primeiro. O grupo Future Bright tem como principal actividade a restauração, venda de bolos e ainda investimento imobiliário.

ATFPM Seminário sobre dores de costas

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A Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) organizou no Sábado um “Seminário sobre Prevenções e tratamentos da Dorsalgia”, com a presença do médico Chong Yiu Leung. De acordo com o comunicado da ATFPM, participaram na actividade mais de 50 associados, que ouviram Chong a falar de vários métodos para prevenir as dores de costas, como a adopção de uma posição correcta quando se passa várias horas sentado ou a realização de mais exercício físico.

TCR CHINA FILIPE SOUZA NÃO ABDICA DE PARTICIPAÇÃO NAS ÚLTIMAS QUATRO PROVAS

Faltou mas não desistiu

U

MA das ausências mais notadas do evento de abertura do campeonato TCR China foi a de Filipe Souza. O piloto macaense previa realizar a temporada completa da competição chinesa, mas as limitações de circulação dos residentes de Macau na China Interior impediram que o experiente piloto do território se pudesse deslocar a Zhuzhou, na Província de Hunan, para as primeiras quatro corridas do ano. Agora que as restrições foram levantadas, Souza espera estar à partida das quatro provas que faltam em Xangai, Zhejiang e Zhuhai. “Como agora já posso ir a todo o lado na China quero estar presente, por isso estou a preparar com a equipa a minha participação”, esclareceu Souza ao HM, ele que prevê conduzir o Audi RS 3 LMS TCR da equipa T.A. Motorsport, viatura que conduziu o ano passado, quando venceu a classe TCR dos “Pan Delta Super Racing Festival” na cidade de Zhuhai. O piloto está ciente das dificuldades que terá de enfrentar, pois está arredado das pistas há várias meses e a concorrência no campeonato TCR China, onde também corre o conterrâneo Rodolfo Ávila, está este ano ainda

mais forte. Porém, Souza encara os obstáculos que terá pela frente com positivismo e quer aproveitar a oportunidade para evoluir como piloto e assim melhor preparar a sua participação na 67ª edição do Grande Prémio de Macau, no mês de Novembro. “Já vi que este ano o campeonato conta com a equipa oficial da Lynk & Co e que também a MG entrou no TCR China com bons pilotos. Isto é bom para mim e por isso estou a preparar-me para fazer o máximo de dias de testes possíveis no circuito de Zhuhai antes de fazer a minha primeira corrida este ano”, explicou Souza que a temporada transacta fez duas incursões neste campeonato. “O meu objectivo é ter mais corridas e começar um bom ritmo para preparar o Grande Prémio de Macau este ano. Não será nada fácil para

“Como agora já posso ir a todo o lado na China quero estar presente, por isso estou a preparar com a equipa a minha participação.” FILIPE SOUZA PILOTO

mim este ano, porque já parei de guiar há quase nove meses. Claro que estou um pouco apreensivo, pois tenho que ganhar ritmo e velocidade.” Apesar das dúvidas existentes, pois ainda não foi realizada qualquer competição automóvel Circuito Internacional de Xangai desde o início da pandemia, após terem cumprido duas jornadas duplas das seis que compõem a temporada, os concorrentes do campeonato TCR China regressam ao activo no fim-de-semana de 12 e 13 de Setembro, no circuito chinês construído para receber a Fórmula 1.

CORRIDA DA GUIA PONTUA PARA O TCR ÁSIA

Após o triunfo em 2019 na classe “1950cc ou Superior” da Taça de Carros de Turismo de Macau do Grande Prémio de Macau, Souza mantém o seu plano inicial inalterado e vai regressar à Corrida da Guia. Este ano a prova não será pontuável para a Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA (WTCR) e os moldes de como será disputada ainda não são do conhecimento público. Contudo, a semana transacta ficamos a saber que a prova irá pontuar para o “TCR Asia Series”, competição que será este ano decidida pela combinação de

resultados da prova do Circuito da Guia e de uma corrida a disputar no mês de Dezembro, no circuito malaio de Sepang. É desconhecido para já o interesse de concorrentes estrangeiros na Corrida da Guia, estando vários interessados na expectativa, aguardando por mais informações, principalmente da circulação de pessoas e quarentenas a aplicar. “Será complicado para pilotos de fora participarem este ano, portanto não sei se haverá muita gente interessada. No entanto, acredito que é possível reunir uma grelha de partida com cerca de vinte carros”, reconhece Souza, que vai para a sua sexta participação na Corrida da Guia, após se ter estreado em 2011. Mas o programa desportivo de Souza para 2020 não se fica por aqui, pois o piloto macaense quer alinhar nas provas organizadas pela Associação Geral Automóvel Macau-China (AAMC). O calendário e a localização destas corridas ainda não foi tornado público, mas tudo indica que serão realizadas duas provas no Circuito Internacional de Guangdong, nos meses de Agosto e Setembro. Sérgio Fonseca

info@hojemacau.com.mo


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