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QUARTA-FEIRA 18 DE NOVEMBRO DE 2020 • ANO XX • Nº4653
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
LINHAS DE ACÇÃO GOVERNATIVA
PRAGMATISMO SABE A POUCO PÁGINA 5
DOCUMENTÁRIO
CASO SAUTEDÉ
SEMANA CULTURAL
PÁGINA 7
EVENTOS
SENTENÇA EM DEZEMBRO
JHO LOW EM MACAU PÁGINA 6
ARTE AO VIVO
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ANOS
Caminho da salvacao ˜ ´ Para Ho Iat Seng não há volta a dar. Os apoios sociais têm um impacto limitado e só a descoberta de uma vacina contra a covid-19 pode trazer a recuperação económica e a confiança à população. O Chefe do Executivo esteve ontem na Assembleia Legislativa, onde respondeu às perguntas dos deputados, na sequência da apresentação das Linhas de Acção Governativa para 2021. GRANDE PLANO
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AUSCHWITZ AMÉLIA VIEIRA
VERDADEIRO REI XUNZI
COM A NOSSA LETRA NUNO MIGUEL GUEDES
2 grande plano
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Á vários funcionários públicos que evitam cargos de chefia por terem medo de serem criticados ou interpelados pelo deputados. O cenário da Administração Pública foi traçado pelo Chefe do Executivo, ontem, depois de ter sido questionado sobre um regime de responsabilização pela deputada Agnes Lam. “Temos dificuldades em encontrar directores para os serviços. Muitas vezes não temos pessoas que estejam disponíveis para virem à Assembleia Legislativa serem criticadas ou interpeladas, por isso vemos que muitas vezes as pessoas não têm essa disponibilidade ou perfil”, admitiu o líder do Governo. “Quando os deputados fazem críticas aos funcionários públicos há várias interpretações que são feitas... Mas é importante que não resultem em situações em que os directores ficam de mãos atadas
e sem condições para no futuro tomarem as decisões necessárias”, acrescentou. Ho Iat Seng mencionou depois o caso entre os Serviços de Saúde e o Instituto de Desporto que levou a que na sexta-feira fossem exigidos testes de ácido nucleico a todos os praticantes de desporto inseridos nas associações locais. No entanto, horas depois, e no mesmo dia, acabou por haver um recuo: “Houve pessoas que disseram que este caso foi uma descoordenação interna e isso tem implicações. Mas, mesmo nestas situações, o responsável sou sempre eu e tenho de assumir as responsabilidades”, atirou. Ho Iat Seng defendeu ainda que a criação de um sistema de recompensa e sanções para os funcionários públicos deve ter sempre em conta o desempenho geral, em vez de focar situações particulares, como erros pontuais.
ASSOCIAÇÕES ACÇÃO SOCIAL DO GOVERNO “PRESA” POR 35 HORAS DE TRABALHO
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Chefe do Executivo defendeu a entrega de grandes subsídios a associações locais e apontou que estas assumem muitas vezes uma função social, que não pode ser assumida pelo Governo devido à limitação das 35 horas de trabalho semanais. Após ter sido questionado por Sulu Sou sobre o facto de haver grandes associações a receberem milhares de milhões patacas em subsídios, sem obrigação de prestarem contas, Ho Iat Seng negou que são “várias”. “Não podemos dizer que o Governo está a dar subsídios só às grandes associações, nem que há várias a receber milhares de milhões de patacas em subsídios”, começou por contestar o Chefe do Executivo. “São associações que prestam
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ADMINISTRAÇÃO FUNCIONÁRIOS FOGEM DE CARGOS DE CHEFIA
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várias horas de serviço à população, enquanto os serviços públicos só trabalham 35 horas por semana. São associações que prestam um serviço público”, realçou. Ho Iat Seng negou ainda ter poder para obrigar as associações a apresentar contas. Porém, neste capítulo, o Chefe do Executivo acabou desmentido, já no final do Plenário, pelo deputado, que citou a lei que regula o direito de associação: “As associações que beneficiem de subsídios ou de quaisquer outros contributos de natureza financeira de entidades públicas, em montante superior ao valor fixado pelo Governador, publicam anualmente as suas contas no mês seguinte àquele em que elas forem aprovadas”, consta no artigo citado por Sulu Sou.
Ho Iat Seng, Chefe do Executivo “É o problema do ovo e da galinha. Por um lado, os residentes não querem mais TNR em Macau. Por outro, querem acelerar os trabalhos de
PANDEMIA HO IAT SENG AFIRMA QUE CRISE ECONÓMICA SÓ É
A ESPERA DO `
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Chefe do Executivo considera que os apoios sociais têm um impacto limitado na mitigação dos efeitos da crise gerada pela pandemia e acredita que a recuperação só vai acontecer com a inoculação. As declarações foram prestadas ontem por Ho Iat Seng, na sessão de perguntas e respostas com os deputados, no âmbito das Linhas de Acção Governativa. A versão do líder do Governo foi apresentada depois de ter sido questionado por Ella Lei, deputada dos Operários, sobre como iria combater a crise económica: “Mesmo com os apoios
O líder do Governo esteve ontem na Assembleia Legislativa e explicou que os apoios sociais são incapazes de resolverem o problema do desemprego no território. Pra Ho Iat Seng, a vacina é a solução para todos os problemas
não conseguimos resolver o problema do crescimento da taxa de desemprego. Temos de esperar pela retoma económica e ter confiança. Mas, a recuperação depende de encontrar uma vacina”, avisou Ho. “Se toda a população for
vacinada, e se a vacina tiver os efeitos desejados, podemos ver uma saída para esta situação e recuperar”, acrescentou. Ho Iat Seng não apresentou soluções para o desemprego e sublinhou que a indústria do turismo está preparada
para receber 40 milhões de pessoas, mas que o fluxo actual de turistas está longe de corresponder. “A procura actualmente é diferente. Temos a capacidade para 40 milhões de pessoas, mas faltam pessoas. É também por isso que defendo a
Grande Prémio de 2021 em risco Lista de 12 eventos internacionais desportivos e culturais para o próximo ano
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construção da habitação económica.”
MILAGRE
ULTRAPASSADA COM VACINA
diversificação da economia”, indicou. Ainda em relação ao desemprego, Ho Iat Seng afirmou que é um problema mundial e que mesmo o Interior está a lidar com uma queda da procura interna, como teve oportunidade de verificar em Setembro numa deslocação a Hainão.
QUATRO PAREDES
Outros dos temas em foco na sessão de ontem das LAG foi a habitação. Uma das poucas críticas que se ouviu na sessão partiu de Leong Sun Iok, deputados dos Operários, que apontou ao facto da venda de habitações económicas ser feitas aos
poucos, em vez de haver um megaconcurso, um processo que comparou a “espremer a pasta de dentes”. Em reposta, Ho Iat Seng recusou fazer promessas que não sejam para cumprir: “As promessas que deixar nesta casa vão ser honradas. Temos de respeitar os prazos para a construção [...] caso contrário, surgirão várias acções judiciais. Poderia dizer que vou fazer os concursos de uma vez, mas não posso”, explicou. No seguimento da construção de habitação económica, o Chefe do Executivo recusou ainda críticas face à importação de trabalhadores não-residentes (TNR) para as obras públicas. “É o pro-
blema do ovo e da galinha. Por um lado, os residentes não querem mais TNR em Macau. Por outro, querem acelerar os trabalhos de construção da habitação económica”, explicou. Ainda na questão de habitação, Ho Iat Seng deu entre três a três anos e meio ao secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, para construir duas torres de habitação para idosos. O projecto é um programa piloto para pessoas com mais de 65 anos que não querem viver em prédios antigos e necessitam de apoios sociais. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
Chefe do Executivo admitiu ontem que ainda está a decidir se vai haver Grande Prémio de Macau no próximo ano, devido ao contexto da pandemia. Na sessão de perguntas e respostas com os deputados, Ho Iat Seng admitiu que tem uma dor de cabeça para resolver, uma vez que não consegue antever o futuro e não sabe se haverá condições para se garantir a participação dos pilotos estrangeiros. “Em relação ao Grande Prémio assinámos os contratos no ano passado e queríamos mesmo avançar. É um evento que nos permite fazer publicidade a Macau. Mas, está na altura de tomar uma decisão sobre a realização da edição do próximo ano e tenho pensado e repensado sobre o tema”, confessou o Chefe do Executivo. “Não podemos tratar dos contratos em cima da hora e tudo tem de ser feito com antecedência. Se fosse a questão de os pilotos dizerem que correm num dia e no outro irem logo para a pista... Mas, não é desta maneira [...] também não sabemos como vai estar a situação da pandemia no próximo ano [...] Não sabemos se no próximo ano a cidade vai continuar morta”, acrescentou. Face a este dilema, Ho Iat Seng admitiu que tem tido várias “dores de cabeça” que também se prendem com um plano mais ambicioso, de criar
todos os meses um evento de grande dimensão desportivo ou de cariz cultural. Estes eventos, como a Maratona de Macau ou o Torneio Mundial de Ping Pong, vão ser apoiados pelas concessionárias do jogo, dois eventos por cada operadora, mas estão em causa devido ao impacto da pandemia. “As concessionárias aceitaram financiar os eventos. Este ano já houve actividades que foram suspensas e outras que vamos realizar como a competição de ping pong e a maratona. Mas, temos de pensar nos eventos do próximo ano. A secretária [para os Assuntos Sociais e Cultura] já apresentou a lista com 12 eventos, só que temos de considerar os efeitos da pandemia. Por exemplo, na Europa e nos EUA regressaram os confinamentos e sabemos que os eventos não se organizam num mês, mas em vários”, explicou sobre a dificuldade de tomar uma decisão. “Vai ser uma decisão minha e eu vou ser responsável pelas consequências”, sublinhou. O Grande Prémio de Macau está integrado na edição do próximo ano do Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCR), e de acordo a informação no portal da competição chancelada pela Federação Internacional do Automóvel (FIA), vai realizar-se no fim-de-semana de 19 a 21 de Novembro. J.S.F.
RÓMULO SANTOS
grande plano 3
quarta-feira 18.11.2020
Vitor Cheung ficou em silêncio
Na sessão de ontem, intervieram 32 os deputados com perguntas ao Chefe do Executivo. Se for excluído o presidente da Assembleia Legislativa, que normalmente não dirige questões ao Governo, todos os deputados questionaram Ho Iat Seng sobre as Linhas de Acção Governativa e as políticas para o próximo ano, à excepção de Vitor Cheung Lap Kwan. O empresário e deputado mais velho, com 82 anos de idade, tem faltado consistentemente às sessões plenárias do hemiciclo.
Propinas vão subir
Ho Iat Seng deixou ontem no ar a possibilidade de as universidades públicas de Macau aumentarem o preço das propinas, pelo menos para os não-residentes. “Neste momento, 75 por cento das despesas com as universidades públicas são sustentadas pelo erário público, por isso é importante encontrar um ponto de equilíbrio”, afirmou Ho. “Mas não podemos afectar os alunos locais, será mais para pensar nos alunos que vêm do exterior. Temos de ver que as universidades de Macau têm aulas com professores famosos do exterior e têm propinas mais baratas que jardins-de-infância no Interior da China”, considerou.
5G pode custar 3 mil milhões
A instalação da rede 5G em Macau pode custar 3 mil milhões de patacas, segundo Ho Iat Seng. O Chefe do Executivo foi questionado sobre o andamento dos trabalhos e explicou que os postos de transmissão da tecnologia 5G têm um cobertura muito inferior ao postos das gerações anteriores, o que faz com seja necessário instalar em maior número, com custos maiores. Face a este cenário, Ho colocou mesmo em cima da mesa a possibilidade criar uma empresa com capitais públicos para desenvolver os trabalhos. No entanto, antes será necessário actualizar a legislação.
4 política
LAG 2021 RELATÓRIO COM SOLUÇÕES PARA PROBLEMAS, MAS SEM VISÃO DE FUTURO
Ler nas entrelinhas
já referiram que esta não é a altura certa para falar do concurso público até o mercado estar mais estável.”
GCS
As Linhas de Acção Governativa para o próximo ano apresentam algumas soluções práticas para problemas socioeconómicos causados pela pandemia, dizem analistas ouvidos pelo HM, embora Eilo Yu pense que pecam pela falta de orientação de futuro. A ideia de transformar o cheque pecuniário em cartão de consumo é bem acolhida
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CHEQUE VS CARTÃO CONSUMO
Os três analistas contactados pelo HM consideram que a ideia de transformar o cheque pecuniário em cartão de consumo é boa, mas sugerem alternativas. Larry So pede a criação de dois cartões diferentes. “A maior parte das pessoas necessita do dinheiro não apenas para gastar no supermercado, mas em outras coisas onde não pode usar o cartão, tal como o pagamento da renda. Temos de olhar para as diferentes necessidades da população.” Para Eilo Yu, alterar a forma do apoio pode conduzir os residentes a gastar o dinheiro exclusivamente na economia local. “Penso que o Governo quer apostar mais no cartão de consumo do que no cheque, porque isso faz com que se gaste o dinheiro apenas na economia local, uma vez que há pessoas que usufruem do dinheiro do cheque, mas vivem no estrangeiro. Acredito que é essa a aproximação que Ho Iat Seng quer fazer.”
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RÊS analistas políticos ouvidos pelo HM consideram que as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano apresentam medidas concretas para a resolução da crise socioeconómica causada pela pandemia. No entanto, Eilo Yu, professor de ciência política da Universidade de Macau, desejava ver orientações mais abrangentes para o futuro do território. “Podemos dizer que estas são umas boas LAG para responder aos problemas actuais”, começou por dizer. “São uma aproximação pragmática às dificuldades sociais e apresentam uma forma para lidarmos com a pandemia e a crise económica, mas estas são as primeiras LAG depois de um ano de mandato [de Ho Iat Seng] e esperava-se alguma projecção para o futuro de Macau. Nestas LAG, não vemos direcções”, apontou. O analista político Camões Tam disse não ter grandes críticas a apontar ao plano de acção do Governo, apresentado num ano atípico. “Estou satisfeito com estas LAG, porque neste ano duas questões afectaram Macau seriamente. Uma foi a guerra comercial entre a China e os EUA, e depois a covid-19. As receitas de Macau baixaram e não sei se no próximo ano iremos recuperar.” Nesse sentido, Camões Tam esperava respostas mais conclusivas sobre a potencial crise de desemprego no sector do jogo. “A questão das licenças de jogo vai afectar muita gente”, disse, frisando que a estabilidade do sector foi posta em causa.
MUDAR MENTALIDADES
“As concessionárias de jogo vão despedir trabalhadores. Todos sabem isso, mas nestas LAG não se faz menção a essa questão. Como a poderemos resolver?”, questiona. Para Larry So, analista político, o relatório das LAG para 2021 “é apropriado para resolver os
problemas dos próximos anos”. No entanto, a questão essencial é “como vamos recuperar a nossa economia, pois está muito dependente dos sectores do jogo e do turismo”. Larry So, ao contrário de Camões Tam, defende que as LAG apresentadas por Ho Iat Seng
“São uma aproximação pragmática à pandemia e à crise económica, mas são as primeiras LAG depois de um ano de mandato [de Ho Iat Seng] e esperava-se alguma projecção para o futuro. Nestas LAG, não vemos direcções.” EILO YU ACADÉMICO
“tentam lidar com estes problemas de uma forma lógica”. Ho Iat Seng deixou a promessa de apresentar no próximo ano, na Assembleia Legislativa, a revisão do regime jurídico da exploração de jogos de fortuna e azar em casinos, mas a mesma está ainda dependente da consulta pública. Para Eilo Yu, não é a altura ideal para mexer no diploma. “Acredito que o Governo queira adiar a discussão sobre o concurso público [para a atribuição de novas licenças], porque, neste momento, há muita incerteza no mercado. No próprio sector do jogo, há vozes que
A apresentação das LAG ficou também marcada pelas críticas do Chefe do Executivo ao funcionamento da Administração Pública e da falta de iniciativa de alguns funcionários e dirigentes. Para Eilo Yu, não é a primeira vez que um governante é directo a apontar os problemas existentes, lembrando as críticas já feitas por Edmund Ho. “O Chefe do Executivo e os restantes líderes devem melhorar a comunicação para resolver os problemas que têm pela frente, ao invés de transferirem os problemas para as camadas de base da Administração. Esta tem sido a abordagem dos últimos Governos e, se esta mentalidade continuar, não creio que consigamos resolver os problemas da falta de coordenação e de pró-actividade”, frisou. Ho Iat Seng alertou também para o facto de os residentes não gostarem de realizar trabalhos pesados, posição também defendida por Larry So. “Penso que, nos próximos anos, a nossa população tem de ser mais realista e tentar ajustar-se a uma nova realidade, pois as indústrias do jogo e do turismo podem não ser tão prósperas como no passado.” Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
política 5
quarta-feira 18.11.2020
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S deputados da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) que se encontram a discutir a proposta de lei do “Estatuto dos agentes das Forças e Serviços de Segurança” estão preocupados com os moldes em que podem vir a ser feitas as nomeações dos instrutores para os casos de processos disciplinares considerados “excepcionais” ou processualmente complexos.
Questões excepcionais Nomeação de instrutor em processos disciplinares levanta dúvidas aos deputados
POR RESPONDER
“Vamos (…) perguntar quais os casos excepcionais em que será o Chefe do Executivo a nomear o instrutor.” VONG HIN FAI DEPUTADO
Segundo a proposta de lei, “por razões de complexidade do processo, de impedimento, de relações de hierarquia, de garantias de isenção e de transparência”, a entidade que instaura o processo pode nomear para o instruir um agente de uma corporação diferente das forças e serviços de segurança e, em casos excepcionais, um instrutor afecto a PUB
a população vai estar mais atenta. Vamos também perguntar quais os casos excepcionais em que será o Chefe do Executivo a nomear o instrutor que não pertence à carreira do presente estatuto”, explicou ontem o deputado.
outro departamento. Neste último caso, a nomeação deverá ser feita pelo Chefe do Executivo. Apesar de afirmar que, o facto de o instrutor nomeado poder provir de outro departamento ser um “avanço” rumo à imparcialidade, Vong Hin Fai,
que preside à comissão, defendeu que o Governo deve dar mais explicações sobre a matéria. “Isto é um avanço, pois impede que os residentes duvidem da imparcialidade do processo. No entanto, há-que reflectir ainda mais
sobre a imparcialidade. Temos de perguntar ao Governo o que quer dizer com ‘razões de complexidade do processo’ porque a maioria dos casos são complexos. Será que não se trata de complexidade, mas sim de gravidade? Se o caso for grave,
Segundo Vong Hin Fai, houve ainda membros da comissão a sugerir que o instrutor fosse nomeado pela comissão de fiscalização de disciplina, ou até, que o instrutor pudesse ser um deputado. “Alguns deputados sugeriram que, durante a nomeação do instrutor, deve existir uma relação mais estreita com a comissão de fiscalização de disciplina das forças de segurança, que deve ter mais competências”, acrescentou. Sobre o artigo que refere que os relatórios afectos a processos disciplinares, a serem tratados por órgãos de controlo externos, devem ser enviados antes de proferida a decisão, alguns deputados mostraram-se preocupados sobre o facto de o parecer daí resultante ser ou não vinculativo. “Se o parecer for diferente da decisão será que todo o procedimento volta para trás? Temos de ouvir o Governo”, vincou Vong Hin Fai. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
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18.11.2020 quarta-feira
Crime Duas mulheres detidas por acusações falsas
A Polícia Judiciária (PJ) deteve duas mulheres oriundas do Interior da China, por suspeita de fazer acusações falsas, após terem alegado que foram burladas em cerca 500 mil renminbis por dois homens. De acordo com o jornal Ou Mun, a falsa participação ocorreu no passado dia 11 de Novembro e dela constava que as duas mulheres tinham sido levadas a investir 500 mil renminbis na sala VIP de um casino de Macau, sob a promessa de virem a obter lucros de 5,0 por cento. Contudo, após investigar, a PJ deu como provado que não houve qualquer acordo entre as partes.
Banca Activos internacionais cresceram no segundo trimestre
QATAR AL JAZEERA REVELA QUE JHO LOW VIVE EM MACAU
Casa do segredo
A emissora do Qatar Al Jazeera apresentou um documentário sobre o escândalo 1MBD e a fuga de Jho Low onde afirma que o empresário malaio se encontra a viver em Macau, ao contrário do que foi dito pelas autoridades da RAEM
A
viver em Macau desde Fevereiro de 2018, numa casa que é propriedade de um “alto quadro” do Partido Comunista Chinês. É este o paradeiro do fugitivo Jho Low, procurado pelas autoridades da Malásia, segundo um documentário emitido ontem pela estação televisiva Al Jazeera. A emissora pública do Qatar diz que a informação foi avançada por fontes na Malásia e em Macau, que não são identificadas. O mesmo acontece com o membro do partido, cuja casa estará a acolher o fugitivo. Como tal, não é possível saber se o proprietário é de Macau ou do Interior da China. Jho Low é procurado pela justiça da Malásia, depois de em 2015 ter rebentado o escândalo
que envolve a empresa com capitais públicos 1MBD. Esta companhia foi criada pelo então primeiro-ministro Najib Razak, para investir reservas do país, mas acabou por resultar em perdas de 4,5 mil milhões de dólares norte-americanos. Najib e Low são acusados de se terem apropriado de dinheiros públicos. No documentário da Al Jazeera, são publicadas conversas telefónicas entre Jho Low e o Ministério da Justiça da Malásia, nas quais o empresário tenta chegar a um acordo para evitar ser preso. Também nas escutas, Low admite estar na China, por mais do que
uma vez, e propõe como lugares de encontro para negociações com o Ministério da Justiça Macau ou Hong Kong. De acordo com a emissora, Low chegou mesmo a marcar um encontro em Macau, mas depois fugiu, no dia anterior ao encontro, para os Emirados Árabes Unidos.
TENSÕES À SOLTA
Anteriormente, o inspector-geral da polícia da Malásia, Tan Sri Abdul Hamid Bador, já havia acusado as autoridades da RAEM de estarem a proteger um fugitivo.Aacusação foi inclusive feita mais do que uma vez.
A emissora pública do Qatar diz que a informação foi avançada por fontes na Malásia e Macau, que não são identificadas
No entanto, a secretaria para a Segurança de Macau negou esse cenário, em Julho do ano passado. “A Polícia da Malásia, contrariando as regras e as práticas no âmbito de cooperação policial internacional, divulgou unilateralmente que o Lao XX [Jho Low] se encontra em Macau, informação que não corresponde à verdade”, defendeu o gabinete do secretário Wong Sio Chak, num comunicado, emitido em Julho do ano passado. Na altura, Wong negou ainda que a Malásia tivesse pedido qualquer assistência com o caso, apesar de afirmar o contrário publicamente. “Desde o ano 2018 até ao presente, a Polícia da Malásia não efectuou qualquer comunicação para as Autoridades de Macau, nem formulou qualquer pedido”, foi frisado, no mesmo comunicado. O secretário elogiou ainda a postura local: “É de salientar que a Polícia de Macau cumpre sempre a lei e os procedimentos, tomando uma atitude pragmática e franca e de acordo com os princípios de igualdade, reciprocidade e de respeito mútuo no que toca ao desenvolvimento de uma cooperação policial efectiva com todos os países e regiões”, foi dito. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
A actividade internacional do sector bancário de Macau reagiu no segundo trimestre à crise, registando bons resultados. Segundo a Autoridade Monetária de Macau, no final de Setembro, o total dos activos internacionais cresceu 1,2 por cento relativamente ao trimestre anterior e 13,1 por cento em relação ao ano anterior, totalizando 1.897,5 mil milhões de patacas. Sendo de assinalar um crescimento de 11,3 por cento, correspondendo a 1.414,2 mil milhões de patacas das disponibilidades sobre o exterior e um crescimento de 18,9 por cento, para um total de 483,2 mil milhões de patacas dos activos locais em moedas estrangeiras. Quanto à actividade bancária internacional de Macau, os principais interlocutores tiveram lugar na Ásia e na Europa. Até ao final de Setembro, as quotas das disponibilidades do sistema bancário de Macau na China corresponderam a 37,2 por cento e para Hong Kong 28,1 por cento. A quota de disponibilidades para Portugal correspondeu a 1,2 por cento do total de activo exterior.
DSPA ZAPE vai ter estação de tratamento de água
A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) planeia construir uma estação provisória de tratamento de água residual em frente do Casino Oceanus, na ZAPE, segundo o canal chinês da Rádio Macau. A intenção é assegurar a qualidade de água na zona, através da intercepção e tratamento de água residual, sendo depois desviada para outro local. Também no âmbito das águas residuais, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes está a construir uma tubagem com cerca de 2,4 quilómetros, da estação elevatória de águas residuais do Centro UNESCO de Macau para a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Península. A obra terá de ser realizada em cerca de 800 dias úteis. A chefe do Departamento de Controlo da Poluição Ambiental, Chan Mei Pou, apontou que a estação provisória pode resolver o problema da água residual até ao final de 2021, antes de a tubagem estar concluída. Além disso, frisou que o problema de descarga na ZAPE não está relacionado com a capacidade da ETAR da Península de Macau.
Bitcoins Residente burlado em 78 mil dólares de Hong Kong
Um residente de Macau foi burlado em 78 mil dólares de Hong Kong após ter sido convencido a investir em bitcoins por um homem que alegou ter nacionalidade chinesa e estar a viver na Suécia. De acordo com o canal chinês da TDM-Rádio Macau, a vítima terá conhecido o homem através de uma rede social da qual recebeu várias solicitações para transferir dinheiro. Após obter lucros, a vítima procurou levantar o montante, mas a operação foi bloqueada pelo sistema, juntamente com um predido para transferir mais dinheiro. Após suspeitar que estava a ser alvo de burla, a vítima apresentou queixa à Polícia Judiciária (PJ).
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quarta-feira 18.11.2020
JUSTIÇA SENTENÇA DO CASO SAUTEDÉ VS USJ CONHECIDA EM DEZEMBRO
Uma carga de trabalhos
A
S alegações finais do caso sobre o despedimento de Éric Sautedé da Universidade de São José (USJ), em 2014, foram apresentadas ontem no Tribunal Judicial de Base. O advogado do académico argumentou que o despedimento se deveu a motivos que colocaram em causa direitos fundamentais. Do outro lado, a USJ alegou que a legislação de Macau prevê a possibilidade de despedimento sem justa causa, mesmo quando houver motivos para rescindir o contrato. A sentença vai ser conhecida dia 1 de Dezembro. Miguel Quental, advogado de Sautedé, apontou que o despedimento “não é aceite nem juridicamente, nem socialmente”. Em tribunal, indicou que as razões que levaram ao afastamento do académico eram ilícitas por não respeitarem a Lei Básica que estabelece garantias como a liberdade de expressão, de investigação académica e que ninguém pode ser discriminado em função de convicções políticas ou ideológicas. Por outro lado, o mandatário da universidade argumentou que o sistema legal de Macau está construído de outra forma e que o despedimento sem justa causa não é ilícito. O advogado Filipe Regêncio Figueiredo explicou que foi paga uma indemnização pelo fim do vínculo laboral e que, portanto, “nada mais é devido”. “Até podia haver factos para justa causa”, acrescentou Filipe Regêncio Figueiredo, explicando que a universidade decidiu não optar por esse caminho. Em Abril, a TDM - Rádio Macau indicou que o Éric Sautedé recorreu ao tribunal para pedir uma indemnização de, pelo menos, meio milhão de patacas por danos morais, bem como uma compensa-
ção de 885 mil patacas por danos patrimoniais. O impacto do caso na imagem do académico e da USJ foi um dos focos da sessão de julgamento de ontem. Miguel Quental disse que na sequência da saída da USJ, circularam informações que causaram danos à reputação de Sautedé, ao ponto de o académico não conseguir arranjar trabalho no território. Por seu lado, Filipe Regêncio Figueiredo referiu que a opinião pública se revoltou contra a universidade.
GONÇALO LOBO PINHEIRO
O afastamento de Éric Sautedé da Universidade de São José em 2014 está a ser avaliado em tribunal. O advogado do académico argumenta que as razões para despedir foram ilícitas, enquanto a defesa da instituição entende que se pode optar pelo despedimento sem justa causa. A decisão é conhecida no próximo mês
OPINIÕES PÚBLICAS
Da parte da manhã foram ouvidas as testemunhas. Martin Chung recordou que quando soube da decisão da universidade ficou “chocado”, e encontrou-se com o ex-reitor saber os motivos do despedimento. Nessa reunião,
Peter Stilwell terá indicado que a universidade enfrentava pressões, que o Governo estava a reter fundos para o novo campus e que alguém
Miguel Quental disse que na sequência da saída da USJ, circularam informações que causaram danos à reputação de Sautedé, ao ponto de o académico não conseguir arranjar trabalho no território
na Fundação Católica indicou que se devia “fazer algo” em relação a Éric Sautedé. Também o Bispo de Macau terá mostrado preocupações. Na altura, Martin Chung tomou a iniciativa de fazer uma petição dirigida ao bispo a pedir que a decisão fosse revertida, por considerar que um padre português só conseguiria enfrentar tais pressões se tivesse apoio por parte do Bispo. Martin
Chung considera que a reputação da universidade saiu manchada com o caso, mas também que a exposição da situação podia afectar as perspectivas futuras de emprego de Sautedé. Uma outra testemunha, que falou enquanto amigo de Éric Sautedé, descreveu que na altura o académico ficou “profundamente chocado” e “desiludido” com o despedimento. Além do impacto psicológico, notou que o académico esteve em vias de ir trabalhar para a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, tendo chegado a receber um horário, mas que lhe foi subitamente comunicado que a contratação não ia avançar. O padre Luís Sequeira, membro da Fundação Católica, indicou não ter participado na decisão. No entanto, apontou que as declarações públicas de Éric Sautedé sobre determinados aspectos locais ou nacionais pouco a pouco começaram a ter repercussões na sociedade. Questionado por Filipe Regêncio Figueiredo sobre a postura da universidade em relação a posições políticas – fossem elas críticas ou de louvar – Luís Sequeira respondeu que a crítica tem uma implicação maior na sociedade de Macau e até nacional, e que “a Universidade tem de ter um certo equilíbrio”. Por sua vez, a antiga vice-reitora da USJ referiu dificuldades à continuidade da relação laboral. Disse que o docente “causou problemas” à universidade, deixou trabalhos por concluir, “não era bem-educado e não trabalhava bem”. Em tribunal, disse não se recordar porque razão não houve processo disciplinar. Salomé Fernandes
info@hojemacau.com.mo
TUI CASAL OBRIGADO A DEVOLVER 20 MIL PATACAS EM SUBSÍDIOS
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Tribunal de Última Instância (TUI) decidiu que um casal tem de devolver ao Governo 20 mil patacas relativas ao subsídio complementar de rendimentos atribuído pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) entre o quarto trimestre de 2009 e o segundo trimestre de 2010. A DSF cancelou a atribuição do subsídio a 28 de Abril de 2011, por
não conseguir verificar o número de horas de trabalho e o rendimento no impresso do requerimento entregue pelo casal. Os beneficiários recorreram da decisão ao secretário para a Economia e Finanças, mas a DSF descobriu que “o impresso do requerimento tinha sido preenchido por A [o recorrente], incluindo a parte que, conforme a lei,
deveria ser ‘preenchida pela entidade patronal’”. Além disso, a DSF também pôs um calendário com marcas assinaladas pelo recorrente, “sem dados sobre as horas de entrada e saída do trabalho, nem assinaturas apostas pela patroa e pelo empregado para comprovar a sua veracidade”. A DSF descobriu também que o casal mantinha
uma ligação com uma terceira figura, descrita no acórdão como C, a quem tinha sido facultada gratuitamente a casa arrendada para C “a registar como estabelecimento comercial”. O casal deu também a C “o contrato de arrendamento para efeito de declaração do imposto complementar de rendimentos”. O casal recorreu para o Tribunal de Segunda
Instância, que deu razão ao Executivo. O TUI manteve a decisão, considerando que a fundamentação da DSF suficiente para justificar a anulação do subsídio. Além disso, não se verificaram, para o TUI, “vícios próprios de actos discricionários” por parte da Administração. A.S.S.
8 eventos
18.11.2020 quarta-feira
TEATRO DOM PEDRO V LUZ VERDE PARA TRANSFERIR POSTO DE TRANSFORMAÇÃO ELÉCTRICA
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posto de transformação eléctrica localizado junto ao Teatro Dom Pedro V vai ser transferido para a entrada das traseiras do Seminário de S. José. A decisão foi tornada pública ontem, após a Reunião Plenária Ordinária do Conselho do Património Cultural, presidida pela Presidente do Instituto Cultural (IC), Mok Ian Ian. A realocação, que visa salvaguardar a paisagem do património cultural, será concretizada até ao final do ano. “A transferência do posto (…) terá um efeito positivo na manutenção da autenticidade do Teatro Dom Pedro V, depois do IC e da CEM [Companhia de Electricidade de Macau] terem estudado o local de transferência e
obtido o consentimento da Diocese de Macau, o posto de transformação mencionado será transferido para o Seminário de S. José, no lado perto do Teatro Dom Pedro V, prevendo-se que a obra esteja concluída ainda este ano”, pode ler-se numa nota oficial. Recorde-se que o posto foi construído em 2004 pela CEM e, desde então, fornece electricidade ao Teatro Dom Pedro V, à Biblioteca Sir Robert Ho Tung e ao edifício do Seminário de S. José. Os membros do conselho revelaram ainda que, após a conclusão do projecto de transferência do posto de transformação, o IC irá proceder à recuperação das paredes do Teatro Dom Pedro V. P.A.
ESPANHA PRÉMIO CERVANTES 2020 PARA FRANCISCO BRINES
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poeta espanhol Francisco Brines foi galardoado com o Prémio Cervantes 2020, o mais alto reconhecimento das letras em Espanha, anunciou segunda-feira o ministro da Cultura e Desportos, José Manuel Rodríguez Uribes. Adecisão deste prémio, no valor de 125.000 euros, foi tornada pública em conferência de imprensa, depois da deliberação do júri, onde alguns dos seus membros participaram por videoconferência, devido à pandemia de covid-19. O Prémio Miguel de Cervantes para a Literatura em Língua Espanhola, criado em 1975, reconhece a carreira de um escritor que, com a sua obra como um todo, contribuiu para valorizar o legado literário hispânico. Neste caso, o escolhido é um “grande poeta” cujo “ensino tem sido reconhecido por todas as gerações”,
segundo o ministro da Cultura espanhol. Francisco Brines Banó nasceu em Oliva, Valência, em 22 de janeiro de 1932, e é membro da Real Academia Espanhola desde 2001. Foi reconhecido com distinções como o Prémio Nacional das Letras Espanholas (1999) e o Prémio Rainha Sofia da Poesia Iberoamericana (2010). O seu primeiro livro, “Las Brasas”, foi publicado em 1959 e com ele ganhou o Prémio Adonais. Em seguida, publicou “Palabras en la oscuridad”, em 1966, que lhe valeu o Prémio da Crítica Nacional. Em 1987, recebeu o Prémio Nacional de Literatura pela publicação do “El Otono de las Rosas”, no ano anterior, um dos seus livros mais famosos e populares, composto por sessenta poemas escritos ao longo de dez anos. Em 1999, recebeu o Prémio Nacional das Letras Espanholas por toda a sua obra poética e, em 2000, foi eleito membro da Academia Real das Línguas de Espanha. Em Portugal, encontram-se publicados os livros “A Última Costa” e “Ensaio de Uma Despedida”, ambos com tradução de José Bento, publicados pela Assírio & Alvim.
Ao vivo e LUSOFONIA PINTURA E FOTOGRAFIA NO ARRANQUE “OFFLINE” DA SEMANA CULTURAL
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UMA época em que a distância é uma palavra detentora de novos contornos e significados, é sempre bom interagir com arte sem a ajuda de um ecrã. Após cerca 40 apresentações culturais online, oriundas de 11 países e regiões, chegou a vez de a 12.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa se encontrar no mesmo espaço físico que a sua audiência, para as exposições de pintura de Raquel Gralheiro (Portugal) e Alexandre Marreiros (Macau) e ainda de Bernardino Soares (Timor-Leste), na área da fotografia. Integradas no programa “1+3”, as exposições abrem ao público a partir de amanhã, podendo ser visitadas até 6 de Dezembro no edifício do Fórum Macau. Adicionalmente, explicando o “1” da equação que empresta o nome às actividades presenciais do evento, haverá lugar, segundo um comunicado oficial, a uma exposição sobre “as realizações do Fórum de Macau”, que apresenta não só a sua história e resultados obtidos, mas também “costumes e produtos culturais dos países de língua portuguesa”. Nascida em Viseu, Raquel Gralheiro é uma artista plástica formada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, cujas obras reflectem o seu fascínio pela figura feminina e a utilização do corpo como instrumento publicitário. Intitulada “Pop Pin”, a exposição pretende representar a mulher como elemento “congregador dos sentidos”, que emana energia positiva, materializada na infinidade de cores puras, patente nas suas telas. Já em “Whispering Rooms”, o arquitecto Alexandre Marreiros aborda a ideia de uma Macau vazia e silenciosa, com traços que
Depois de cerca de 40 apresentações onli e dos Países de Língua Portuguesa segue amanhã. As obras de Raquel Gralheiro, A podem ser apreciadas até 6 de Dezembro
Raquel Gralheiro é uma artista plástica (…) cujas obras reflectem o seu fascínio pela figura feminina e a utilização do co
eventos 9
quarta-feira 18.11.2020
e acores cores
ine, a 12.ª Semana Cultural da China e o seu caminho offline já a partir de Alexandre Marreiros e Bernardino Soares o no edifício do Fórum Macau
orpo como instrumento publicitário
procuram transpor para a tela, a realidade vivida nos primeiros tempos da pandemia da covid-19 no território. A ideia dos trabalhos apresentados é, segundo partilhou com o HM na semana passada, representar a “ideia fragilizada, isolada, permeável e visível aos nossos olhos dos espaços inocupados”, através de um registo temporal de Macau que, à semelhança de muitas outras, “se encontrou desabitada, assombrada pelo silêncio e pelo vazio”.
OLHARES DISCRETOS
Da visão perspicaz e cuidada de Bernardino Soares resulta a exposição “Discreto”, que tem a particularidade de não se traduzir numa mostra de “meros instantâneos e imagens de ocasião”, mas sim obras artísticas cuidadas que têm as singularidades de Timor-Leste e das montanhas de Tata Mailau como pano de fundo. “Descobre-se na arte fotográfica de Bernardino Soares os sonhos telúricos dos mitos arcanos timorenses cruzando várzeas de um verde imaculado à sabedoria ancestral dos catuas”, pode ler-se na nota de apresentação do artista que consta no portal 12ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa. Segundo a organização, durante as exposições, serão disponibilizadas visitas guiadas e sessões de intercâmbios com os artistas. Além disso, será ainda promovida a sessão “Encontro com os Delegados dos Países de Língua Portuguesa”, com o objectivo de “prestar apoio ao público no melhoramento do conhecimento sobre a cultura e a arte de Macau e dos Países de Língua Portuguesa”. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
Revista de cultura Mio Pang Fei em destaque A 63ª edição da Revista de Cultura já se encontra disponível para compra e tem como tema de abertura um ensaio centrado na vida e obra do artista plástico de Macau recentemente falecido, Mio Pang Fei. A nova edição aborda ainda temas como a variedade artística de Macau, a sua internacionalização e tendências, o papel de Portugal e Macau no estabelecimento da Rota Marítima da Seda, o combate ao tráfico do ópio na região, as conversações entre as autoridades chinesas e portuguesas e a
polémica Darwinista que estalou em Macau e Hong Kong nos finais do século XIX. Adicionalmente, no módulo sobre literatura clássica chinesa, é possivel aceder a um ensaio teórico dedicado ao “cânone e à escrita, à oralidade e à estilização da palavra”. A Revista de Cultura é uma publicação do Institudo Cultural (IC) e pode ser adquirida por 150 patacas na Livraria Yiwen, Arquivo de Macau, Centro Ecuménico Kun Iam, Plaza Cultural Macau, Lda. e no Centro de Informações ao Público.
FRC Shee Va “descobre” Wagner no livro “O Caso Metropolis” A Fundação Rui Cunha e a Associação dos Amigos do Livro em Macau recebem amanhã, às 18h30, mais uma sessão de “Ópera na Literatura” contada por Shee Va, que desta vez incide sobre o livro “O Caso Metropolis” de Matthew Gallaway e a sua relação com a obra musical “Tristão e Isolda” de Richard Wagner. Segundo um comunicado da Fundação Rui Cunha, a sessão terá particular incidência nas primeiras páginas do romance de Matthew Gallaway, numa viagem no tempo e no espaço,
através de uma partitura musical: a versão original de “Tristan und Isolde” que Richard Wagner quis estrear em Paris. A complexidade estrutural de ambas as obras será o fio condutor da sessão, com Shee Va a discorrer sobre a confusa trama que une as personagens de “O caso Metropolis” de Matthew Gallaway – Anna, Martin, Maria, Lucien, entre outros – para viver o fascínio da música de Wagner e, também, o dramatismo da eternidade de “O caso Makropolus” de Leos Janacek.
IC CENTRO CULTURAL RECRUTA NOVOS CANTORES PARA O CLUBE DAS CANTIGAS
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STÃO abertas as inscrições para o grupo de novos cantores do Clube das Cantigas do Centro Cultural de Macau. De acordo com o Instituto Cultural, o Centro Cultural procura pequenos talentos, entre os oito e os 16 anos, que pretendam “apurar técnicas vocais e enriquecer a cultura artística”. As inscrições estão abertas até 9 de Dezembro, enquanto as audições estão marcadas para os dias 12 e 13 de Dezembro. Os candidatos seleccionados são notificados individualmente e as propinas do Clube das Cantigas custam 1200 patacas por semestre. O IC marca assim o retorno do Clube de
Cantigas do Centro Cultural, depois da interrupção devido à pandemia, uma actividade que é caracterizada como uma boa forma para introduzir a juventude “ao mundo da música numa atmosfera de aprendizagem descontraída”. Após um período de ensaios de canto e artes performativas, ministradas em sessões semanais, os jovens terão oportunidade de mostrar os seus dotes vocais, uma vez que entre festivais e eventos locais, o Clube das Cantigas costuma marcar presença como, por exemplo, no concerto anual e na inauguração das luzes de Natal. J. L.
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18.11.2020 quarta-feira
HUAWEI ANUNCIADA VENDA DA HONOR FACE A SANÇÕES DOS EUA
Boia de salvação
São Tomé e Príncipe Grupo de chineses raptados de cargueiro
Um grupo de 14 tripulantes chineses foi raptado de um navio a 78 milhas náuticas de São Tomé e Príncipe, avançou a consultoria de segurança Dryad Global. Segundo uma nota, o navio multiusos para cargas pesadas “Zhen Hua 7”, de bandeira da Libéria, tinha 27 tripulantes a bordo quando foi abordado por alegados piratas na sexta-feira. Após o ataque, o navio detido pelo armador chinês Zhen Hua Shipping foi escoltado até à ilha de Príncipe pelo navio militar italiano Frederico Martiningo. A Dryad Global sublinhou que houve já nove incidentes do género no Golfo da Guiné só no mês de Novembro. Desde o início do ano, já se registaram 22 raptos na região, afetando 115 tripulantes, referiu a empresa. O anterior aconteceu na segunda-feira, com cinco tripulantes a serem raptados de um cargueiro ao largo da Nigéria, disse a Dryad Global, que considerou a situação de segurança no Golfo da Guiné como “crítica”. PUB
AVISO N.° 42/AI/2020 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se os infractoros abaixo discriminados:----------------------------- 1. Mandado de Notificação n.° 823/AI/2020: ZHOU HONG, portadora do Passaporte da RPC n.° E17470xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 151/DI-AI/2018 levantado pela DST a 29.07.2018, e por despacho da signatária de 23.07.2020, exarado no Relatório n.° 591/DI/2020, de 17.07.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Luis Gonzaga Gomes n.° 136, Edf. Lei San, 10.° andar G onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------------------------------------------- 2. Mandado de Notificação n.° 870/AI/2020: WANG ZHIYUE, portador do Passaporte da RPC n.° E47940xxx e portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C14237xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 63.1/ DI-AI/2018 levantado pela DST a 28.03.2018, e por despacho da signatária de 29.06.2020, exarado no Relatório n.° 420/DI/2020, de 04.06.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua Cidade de Santarém n.° 416, Edf. “Hot Line”, 4.° andar AB.-----------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-----------------------------------------------------------------------Desta decisão pode os infractoros, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.---------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Novembro de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
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grupo chinês de tecnologia Huawei vai vender a sua marca de telemóveis de baixo custo Honor, num esforço para salvar o negócio, face às sanções e bloqueios impostos pelos Estados Unidos, anunciou ontem a empresa. A medida visa reavivar a Honor, separando-a dos equipamentos de rede da Huawei, empresa que Washington acusa de estar ao serviço da espionagem chinesa, uma acusação que a Huawei nega. O grupo está sob sanções que bloqueiam o acesso a tecnologia norte-americana, incluindo componentes e programas essenciais para o fabrico e operacionalidade dos telemóveis, incluindo 'chips', semicondutores ou os serviços da Google. O anúncio da Huawei Technologies Ltd. não inclui detalhes financeiros, mas informou que a empresa não terá mais participação na Honor, assim que o negócio for consumado. A Huawei vai manter a sua marca de telemóveis principal, com o mesmo nome do grupo.
China, mas está no centro da tensão entre Pequim e Washington envolvendo tecnologia, segurança e espionagem. O Governo de Donald Trump tem pressionado os aliados, incluindo Portugal, para excluírem a Huawei e outros fornecedores das suas redes de telecomunicações. A Honor, fundada em 2013, é uma das marcas de telemóveis mais vendidas do mundo.
“A mudança foi feita para garantir a sobrevivência” da Honor, disse em comunicado a Huawei
O comprador é uma empresa formada em conjunto por uma empresa de tecnologia que pertence ao governo da cidade de Shenzhen, no sul do país, onde a Huawei tem sede, e um grupo de retalhistas da Honor. Notícias anteriores sobre uma possível venda fixam o
valor do negócio em 100 mil milhões de yuan. "A mudança foi feita para garantir a sobrevivência" da Honor, disse em comunicado a Huawei.
QUEDA EXTERIOR
As remessas totais de aparelhos Huawei e Honor caíram 5 por cento, em relação ao ano anterior, no trimestre encerrado em Junho, para 55,8 milhões de unidades, de acordo com a consultora Canalys. As vendas na China aumentaram 8 por cento, mas as vendas para o exterior caíram 27 por cento. As vendas de telemóveis da Huawei fora da China sofreram porque a empresa está impedida de pré-instalar serviços da Google, devido às sanções norte-americanas.
O grupo chinês é a primeira marca de tecnologia global da
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Aviso de pedido para junção de restos mortais em sepultura perpétua Eu, Lok Sok Wa (駱淑華), nos termos da alínea 5) do n.º 1 e dos n.ºs 2 a 4 do artigo 26.º-A do Regulamento Administrativo n.º 37/2003, alterado pelo Regulamento Administrativo n.º 22/2019, apresento o pedido relativo à junção das cinzas de Loc Hei Pui (駱喜培), que era cônjuge de Sin A Mui (冼亞妹), inumada na sepultura n.º CN-1CV-108 do Cemitério Van Ian de Coloane, nessa sepultura. Venho por este meio informar as pessoas indicadas no n.º 1 do artigo 26.º-A do Regulamento Administrativo acima referido de que podem apresentar objecção por escrito ao IAM no prazo de 30 dias, contados a partir da data da publicação do aviso. A objecção escrita deve ser entregue no escritório dos assuntos relativos a cemitérios da Divisão de Higiene Ambiental do IAM, sito no 3.º andar do Edifício Comercial Nam Tung, na Avenida da Praia Grande n.º 517. Se o IAM não tiver recebido objecção por escrito dentro do prazo determinado, o pedido de junção pode ser autorizado. Aos 18 de Novembro de 2020 Lok Sok Wa
HONG KONG ALTO FUNCIONÁRIO RETOMA APELO A REFORMA DO SISTEMA JUDICIAL
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M alto funcionário chinês retomou ontem os apelos para "reformar" a justiça de Hong Kong, sugerindo que Pequim quer reforçar o controlo sobre um sistema judicial que é, em teoria, independente. O vice-director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Governo chinês, Zhang Xiaoming, defendeu que chegou a altura de rever a forma como a justiça funciona em Hong Kong. "Mesmo nos países ocidentais, os sistemas judiciários devem actualizar-se e reformar-se constantemente", assegurou Zhang Xiaoming, no 30.º aniversário da aplicação da Lei Básica.
O sistema judicial de Hong Kong, uma herança do domínio britânico na agora região semiautónoma da China, é amplamente reconhecido internacionalmente pela sua transparência, e constitui a base da prosperidade da cidade - um centro financeiro internacional. "Isto não altera a independência do sistema
judicial", apontou Zhang, que não deu detalhes sobre quais deveriam ser as reformas adoptadas em Hong Kong. O responsável citou, no entanto, Henry Litton, um magistrado já retirado, que escreveu várias colunas nos últimos meses a criticar o funcionamento da justiça em Hong Kong. "Toda a sociedade, especialmente o judiciário e os advogados, devem ouvir a opinião informada de uma figura tão respeitada", notou. Litton, que actuou no Tribunal de Última Instância de Hong Kong entre 1997 e 2015, recebeu elogios da imprensa estatal chinesa por pedir uma reforma da justiça na ex-colónia britânica.
quarta-feira 18.11.2020
A solidão é uma forma de silêncio e de intimidade
Amélia Vieira
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O Mercador de Auschwitz
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ODOS assistimos a um recrudescer ficcional do Campo de Extermínio mais doloroso que a mente humana pôde alguma vez conceber, que o Gólgota ao pé dele fora uma colina amena. Em grandes destaques o insólito mantém-se com narrativas e ousadas manobras de "diversão" para os embotados leitores que morrem de fausto fastio numa sociedade onde o capital das contas púbicas e públicas, acentuam a desgraça de leituras improváveis com uma gritante ausência de vergonha. Misturado com isto ainda há muito "ligth" muito Hitler, que agora a sua obra maior e única está por todos os escaparates, disparates, dispositores, editores... Na visão paradisíaca deste amontoado de «super-lixo» logo nos apercebemos das graves estruturas mentais, este anacronismo existe na lógica da usura que frouxamente interpreta riscas, meninos a brincar no dito Campo e pais mártires que tudo fazem para que não vejam onde estão: salta de lá muito improvável, como criancinhas espreitando por arames farpados e meninos bem-dispostos com tão insólitas amizades. Tudo isto à custa do terror, da mágoa calada (as grandes dores assim se manifestam) como se estivéssemos enlouquecidos, ou, pior ainda, incapazes de saber dos limites das coisas. E estamos em directo para o Mundo! Por vezes dá que pensar onde estamos metidos. Quem é esta gente que vive a nossa contemporaneidade, os nossos concidadãos aqui tão perto, o nível de suporte mental prestativo dos ensinos, as teorias, e a grande questão disto tudo, a usura.- Que mercadores são estes que ao lado Shylock, tão poético... agiota, fino como brasas ardentes, contemplado na obra como a vítima de uma voraz sociedade que catalogando e catolizando, mais não fez que dar corpo a uma ganância grosseira, oprimente e de pacotilha?! O curso da História também se inverte produzindo a obscenidade da mais valia à custa de uma época e de um local que devia não ser mencionado em vão, quanto mais alarvemente usado para fins comerciais! O oportunismo das sociedades "felizes" que viveram ao lado de um povo que teima em desconhecer, ou se o fez, foi apenas para confiscar-lhe os bens que as teorias mais tortuosas impulsionaram para sossego das inconcebíveis barbáries . O ouro nazi que andou de Banco em Banco por esta Europa fora produzindo tijolos em quilate, foi, por insuficiência mental de muitos nacionais dos países, tido como
uma arte mágica de alguns dos seus líderes, e os pobres povos a eles oravam ainda como se fossem Midas. Era uma espécie de edição sobre Auschwitz, mas sem nada para dizer, tudo para arrecadar. Seja como for, este foi um massacre que ainda rende! O mais tenebroso é o inqualificável despudor que nos ficou de uma supremacia qualquer que ousa tratar este tema para fins comercias e não haja ninguém que repare que estamos muito perto do inenarrável. O sombrio instante de tempo que nos é dado viver, chega-nos também por aqui, que até aqui, fôramos naturalmente silenciados por um mecanismo de respeito e dor que tal acontecimento nos trouxera. Se um povo, cinematograficamente usou e
abusou de o mostrar, dar a conhecer, transfigurar, só eles o puderam ter feito com toda a legitimidade, aos outros, impõem-se-lhes reservas. Os becos sombrios de Veneza ainda têm dentro a alma de Shylock que tem guardadas as suas mágoas e rancores, que perdoar é a última coisa a ser feita perante aqueles que pior que nos quererem mal, desdenharam dos nossos poderes e da ajuda que lhes foi dada, e perante assassinos não devemos ter nenhuma vontade de o fazer. A complexidade psíquica é um atributo de Shakespeare nesta sua obra que a suporta nos tons evanescentes de uma poeticidade sem par, e seria muito mau para o usufrutuário não ter a noção da sua falta no meio de um clima de falsos espelhos. Querem parecer maiores e melhores à cus-
O curso da História também se inverte produzindo a obscenidade da mais valia à custa de uma época e de um local que devia não ser mencionado em vão, quanto mais alarvemente usado para fins comerciais!
ta dos excluídos e dos que foram assassinados.- Pois não o serão!- Este é também um tema de integração e de reposição da justiça, da falsa riqueza insuflada e do ardil dos canibais. É um tema de que não desejei falar, e só a sobreposição alarmante de uma realidade me permite fazê-lo. Seremos ambivalentes no tabuleiro das estratégias, mas deixaremos de o ser quando se nos depara o interdito. -Também não gostaria que se estivesse a ganhar fama e proveito com as cinza dos meus avós, dos meus filhos, dos meus amigos- Que a usura não pode ser tanta que faça de Shylock um aguadeiro ao lado destes embustes por onde passou uma religião que tudo fez para mostrar também o que não tinha. Para Auschwitz também não irei. Mas quem quiser ser transportado poderá experimentar a "lúdica" equivalência das suas narrativas em tratados de abjecção consentida. Na vertente mais sinistra há ainda a assinalar a voz que entoa, a tendência para negação do Holocausto, o que provavelmente incita em acabá-lo de maneira mais ficcional. E com duas vertentes probabilísticas estas coisas ainda podem indicar o mote àquelas que haverão de resultar em laboriosas tentativas editoriais. Mercadores e mercadoria falhos de perspectiva, pois que em pouco tempo recuámos depressa: mas, como depressa e bem há pouco quem, acontece que as guelras deixadas há muito num mar de antanho começam a manifestar-se. Em Veneza é assim, um Dilúvio a puxa para baixo! E o ar do mundo é o que agora se vê. Posto isto, desejo boas leituras, que afinal talvez as coisas até nem sejam tão más como as "pintaram" que pintar certas coisas é descrença, e compor outras, um amontoado de lixo para as enciclopédias do esquecimento, talvez dos livros em chamas. Estamos em contramão para o mais improvável Humano. Se dele não ficar nada, ainda assim, a esperança de que venha uma máquina insuflada de alma, e se converta num ser em novas formas. Parece que vem ainda qualquer coisa do espaço a reboque de uma queda prometida, que seja em cima das cabeças humanas e que os faça esquecer tudo, desde a subida a bípede que produziu uma continuada dor de costas. Se nada houver para vender e para transacionar, a alma também já não é passível de ser adquirida pelo Diabo, que cansado disto tudo, foi pregar para freguesias mais sedutoras da Galáxia. Numa mensagem aos Vindouros acrescentemos que tudo não passou de ficção, e que a realidade, essa, foi como os segredos, não conseguimos contá-la.
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Xunzi
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QUELE que procura tornar-se um verdadeiro rei lança mão das pessoas certas. Aquele que procura tornar-se um hegemon lança mão de boas relações. Aquele que procura governar pela força bruta lança mão de território. Aquele que lança mão das pessoas certas faz dos senhores feudais seus ministros. Aquele que lança mão de boas relações lança mão faz dos senhores feudais seus amigos. Aquele que lança mão de território faz dos senhores feudais seus inimigos. Aquele que consegue fazer dos senhores feudais seus ministros é um verdadeiro rei. Aquele que consegue fazer dos senhores feudais seus amigos é um hegemon. Aquele que faz dos senhores feudais seus inimigos coloca-se em perigo. Ao usar força bruta para esmagar alguém que defende as suas cidades, ou sai a pelejar, causarei grande dano ao seu povo. Se for grande o dano causado ao seu povo, é certo que será grande o seu ódio por mim. Se grande for o seu ódio por mim, dia após dia desejará lutar contra mim. Por outro lado, ao usar força bruta para esmagar alguém que defende as suas cidades, ou sai a pelejar, causarei grande dano ao meu próprio povo. Se for grande o dano causado ao meu próprio povo, é certo que será grande o seu ódio por mim. Se for grande o seu
18.11.2020 quarta-feira
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O Governo do Verdadeiro Rei
ódio por mim, dia após dia desejará cada vez menos lutar por mim. O facto de o seu povo dia após dia desejar cada vez mais lutar contra mim, e o meu próprio povo desejar cada vez menos lutar por mim, enfraquece aqueles que pretendem governar pela força bruta. Poderão mesmo conquistar território, mas o povo os abandonará. Podem acumular muito, mas pouco conseguem. Assim, mesmo que aumente a terra que têm de defender, os meios de a defender diminuem, e é por isso que quem se dedica à expansão apenas se vê contraído. Todos os senhores feudais recordam negociações passadas, guardam ressentimentos e nunca esquecem seus inimigos. Procuram brechas num estado grande e forte e aproveitam-se dos erros de um estado grande e forte. Para um estado grande e forte isso é um perigo. Aquele que compreende verdadeiramente como ser grande e forte não trabalha para ser forte. As suas deliberações orientam-se no sentido de obter o mandato de um rei. Mantém a sua força indivisa e reforça a sua virtude. Ao manter a sua força indivisa, os senhores feudais não o conseguem enfraquecer. Ao reforçar a sua virtude, os senhores feudais não o conseguem diminuir. Se no mundo não houver verdadeiro rei, ou líder hegemónico, [ele] será sem-
Elementos de ética, visões do Caminho PARTE III
pre vitorioso – assim é quem compreende a via de ser forte. O hegemon não é assim: expande as terras de cultivo, enche os celeiros e prepara provisões. Depois, recruta e escolhe cuidadosamente homens de talento e capacidade. Então, oferece honrarias e recompensas de modo a encorajá-los e estabelece severas penas e castigos para os conter. Salva aqueles que estão preste a perecer e restabelece linhagens que tinham sido interrompidas. Protege os fracos e suprime os violentos. Se fizer isto sem que o coração deseje suplantar os outros, os senhores feudais sentirão afecto por ele. Se cultivar formas de fazer amizade com os seus rivais, e tratar os senhores feudais com reverência, os senhores feudais nele se regozijarão. A razão por que lhe têm afecto é por não tentar suplantá-los. Ao mínimo sinal disso, os senhores feudais dele se distanciarão. A razão por que se regozijam nele é por fazer amizade com os seus rivais. Ao mínimo sinal de que deseje submetê-los, os senhores feudais o abandonarão. Assim, torna claro que a sua conduta realmente não pretende suplantar os outros, fazendo-os confiar que deseja realmente fazer amizade com os seus rivais. Não havendo no mundo um verdadeiro rei, ou um líder hegemónico,
[ele] será sempre vitorioso. O Rei Ming foi destruído pelos cinco estados e o Duque de Huan foi dominado pelo Duque de Lu. Estas coisas sucederam apenas porque por não terem seguido esta via tendo, ao invés, escolhido a senda de quererem tornar-se reis. O verdadeiro rei não é assim: a sua ren [humanidade] eleva-se acima do mundo. A sua yi [justiça] eleva-se acima do mundo. Inspiradora de espanto, a sua autoridade eleva-se acima do mundo. Como a sua ren se eleva acima do mundo, ninguém no mundo deixa de lhe ter afecto. Como a sua yi se eleva acima do mundo, ninguém no mundo deixa de o honrar. Como a sua autoridade inspiradora de espanto se eleva acima do mundo, ninguém no mundo se atreve a confrontá-lo. Usa a sua autoridade inspiradora de espanto e inquestionada para o ajudar a que as pessoas se submetam e, assim, é vitorioso sem pelejar e prospera sem atacar ninguém. Sem o clangor de armas ou armaduras, todo o mundo se lhe submete. Esse é alguém que compreende a via do verdadeiro rei. Aquele que compreende estes meios se tornará um verdadeiro rei se assim o desejar. Se desejar tornar-se um hegemon, nisso se tornará. Se desejar ser forte, forte se tornará.
Tradução de Rui Cascais Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE - 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
quarta-feira 18.11.2020
Divina Comédia Nuno Miguel Guedes
Com a nossa letra
A
cidade ficou deserta, outra vez. Ou melhor: tornou-se uma espécie de bonita colónia penal onde os reclusos gozam de saídas precárias para logo regressarem às celas segundo o horário imposto. Pelas melhores razões, quero acreditar. Mas uma privação da liberdade, mesmo em casos de força maior e de bem comum, como este é, será sempre retirar a única coisa que me levaria a pegar em armas para a preservar. E sim, dói um bocadinho. Existe a vantagem triste, no entanto, de já termos conhecido esta sentença ainda há poucos meses; e embora o cansaço seja maior, consegue-se lidar melhor com a solidão que é sempre estar confinado – mesmo que o estejamos numa casa cheia de gente. Arranja-se artimanhas, artifícios para melhor suportar o torpor invisível das horas de chumbo. Não sou excepção, amigos. E sem surpresa dei por mim a fazer arrumações há muito adiadas de memorabilia pessoal. Não por uma questão de nostalgia, apenas por motivos práticos. Enfim, a intenção pelo menos foi boa: mal olhei as fotos do prefácio de mim que um dia fui, artigos amarelados de jornal e bilhetes esquecidos de concertos as memórias dispararam sem filtro. Suponho que seja sempre assim quando confrontados com dias que julgávamos arrumados e etiquetados há muito. É por isso que devemos ter cuidado com estas arqueologias afectivas. Mas de toda a parafernália de objectos avulsos que reencontrei os que mais me tocaram foram as cartas que recebi de amigos e amores. Ali, naqueles papéis, estavam estendidas pessoas, almas, juras de romance eterno, vontades de dominar o mundo, a certeza alegre e serena de que éramos imortais. As cartas possuem esse dom, de facto, e muito da civilização ocidental deve à forma epistolar: São Paulo, Abelardo e Heloísa, Séneca (Cartas a Lucílio). Os amores de Mariana Alcoforado ou do jovem Werther, que embora trágicos tiveram correspondência, sendo este meu trocadilho fraquinho mas intencional. E muitos outros testemunhos que nos devolvem o olhar de quem os escreveu, porque das cartas não existe muita distância: Sophia e Sena, Amis e Larkin, Beckett com quem lhe apetecia. Mas ali, nas minhas mãos, estava algo que desapareceu e que faz toda a diferença. Confere humanidade, sentido e tempo ao que se escreve: a caligrafia. Não falo de grafologias ou outras “logias” que por mim fecharia de vez. É porque acho que a nossa letra também é parte do que somos. E essa a tragédia, amigos: já não me lembro como escrevo.
Algo do que me é único e transmissível está em vias de se afogar no mar destes tempos. Não me posso queixar: a culpa é minha porque sem querer me rendi à
Num mundo dominado pela literalidade do comentário impulsivo, a caligrafia é um dos redutos possíveis. Longe de precisar de bonecos a reiterar emoções, o modo como se desenha a letra e o próprio acto de nos dispormos a tal já diz quase tudo
forma anónima e instantânea como comunicamos hoje uns com os outros. Num mundo dominado pela literalidade do comentário impulsivo, a caligrafia é um dos redutos possíveis. Longe de precisar de bonecos a reiterar emoções, o modo como se desenha a letra e o próprio acto de nos dispormos a tal já diz quase tudo. “Toda a palavra é fruto vivo”, avisava D. Francisco Portugal há quatro séculos. É verdade porque dizer “amo-te” continua a não ter a mesma força de escrever “amo-te” a alguém que amamos. A caligrafia assegura de forma espantosa a presença longínqua de quem escreve para quem lê. É um rosto que não se vê, uma voz que não se ouve – mas que percebemos e sentimos. Um dos poemas de amor portugueses de que mais gosto foi escrito por Fernando Assis Pacheco e termina com este verso belíssimo e absoluto: “Porque tudo se escreve com a tua letra”. Continuarei a acreditar nisto, sempre. Mas entretanto, e para me reencontrar, terei de voltar a aprender a escrever, com a minha letra.
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18.11.2020 quarta-feira
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Os desastres naturais relacionados com as alterações climáticas causaram mais de 410 mil mortos na passada década e afectaram 1,7 mil milhões de pessoas,
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alertou ontem um relatório da Cruz Vermelha. Desde os anos de 1990, estes desastres ligados ao aquecimento global aumentaram cerca de 35 por cento em cada
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década, indica-se no documento, no qual se destaca a diferença entre o financiamento de respostas às alterações climáticas e o tipo de países que o recebem.
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S4 5U3 8D2 O K U 6 1 9 7 1 4
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PROBLEMA 4
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FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Sotozaki Haruo 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 3
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THE MOVIE DEMON SLAYER: KIMETSU NO YAIBA MUGEN TRAIN [C]
SALA 2
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C I N E M A
Cineteatro 2 SALA 1
6 2 9 5 4 8 5 9 1 7 3 2 5 3 2 1 7 9 4 8 8 1 6 4 3 5 7 6 9 www. 6 8 7 hojemacau. 2com.mo 4 1 3 6
Um filme de: Jacob Chase Com: Azhy Robertson, Gillian Jacobs, John Gallagher Jr. 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
1 8 5 9 3 1 6THE WITCHES 2 8[B] 3 1 2 2 4 3 7 5 9 8 6 4 5 7 6 4 9 7
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9 6 2 4 8 5 7 3 1
Um filme de: Robert Zemeckis Com: Anne Hathaway, Octavia Spencer Stanley Tucci, 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
3 1 8 6 4 2 7 Está2aí 4 a tão 9 esperada 3 5 quarta 7 8 temporada da aclamada série 6 5 1 da3 The7 Crown, que 9 conta8parte história da família real britânica 9 8 7 5 1 6 2 desde a chegada da rainha Isabel 6trono. 5 Nesta 1 4temporada, 2 3 o9 II ao príncipe Carlos começa a na4 com 2 Diana, 3 7depois 9 de 8ser5 morar pressionado para2 deixar 5 3 4 6 Camila 9 1 Parker Bowles, e assistimos tam7 relação 2 8entre 3a rainha 4 6 bém1 à tensa e a primeira-ministra Margaret 8 9 6 1 7 5 4 Thatcher, brilhantemente inter-
8 CROWN | PETER MORGAN | NETFLIX THE
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7 SÉRIE HOJE UMA
pretada por Gillian Anderson. A qualidade da série de Peter 9 promete ser igual ou Morgan maior em relação às temporadas anteriores. Andreia Sofia Silva
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opinião 15
quarta-feira 18.11.2020
sexanálise
TÂNIA DOS SANTOS
MA sexualidade inclusiva, igualitária e centrada no prazer precisa de um repertório que me é difícil oferecer de forma sistemática. Vou só aqui experimentar uma amostra da diversidade de conceitos e da sua importância na promoção de um diálogo normalizado de identidades, orientações sexuais e práticas. Numa outra ocasião já escrevi sobre a importância do uso de pronomes - e sobre a necessidade de questionar as pessoas dos pronomes que querem ver utilizados. Para além disso, com um repertório mais rico, é possível integrar no nosso dia-a-dia o tipo de sexo e sexualidade que todos deveríamos querer. Uma distinção importante para se ter em conta é de que a identidade de género e a orientação sexual são duas categorias distintas e que não estão necessariamente conectadas. A identidade de género refere-se à forma de se perceber os genitais, o sexo que lhe é (ou não) atribuído, os papeis sociais que são esperados, a expressão de género e a relação entre estes factores (que pode ser de concordância ou não). A orientação sexual ajuda a nomear por quem é que determinada pessoa se sente atraída, romântica ou sexualmente (apesar do foco no romance e no sexo já ser contestado também). Queer era uma palavra insultuosa que foi re-apropriada e transformada para nomear todas as formas de se viver o corpo, o sexo e as relações fora da norma que rege o mundo actual (vêem o poder transformador da linguagem?). É uma espécie de conceito guarda-chuva onde se legitima a experiência das pessoas fora da - aqui vai outro conceito-chave - heteronormatividade, i.e., a expectativa de que só existem dois géneros e um tipo de relação amorosa e sexual. Queer veio trazer uma visão muito menos conformista, muito mais ampla e flexível da sexualidade. Já bem sabemos que as identidades de género se estendem muito para além do tradicional binário do sexo. Quem conta a sua história fora da “norma” pode ser transgénero, intersexo, de género fluido, não-binário, queer, entre outros. Quem experiência a sua vulva como um indicador de uma suposta feminilidade e que age de acordo com a expectativa do que é ser mulher, é considerada cisgénero, o mesmo para os homens e os seus pénis. Mas há muita gente que não se identifica com o género que é atribuído pelos seus genitais. As pessoas trans não vão nessa conversa redutora. Há mulheres trans e homens trans que passam por um processo de transição e transformação. É importante ressaltar que este processo não precisa ser uma transição perfeita de “um lado para o outro”. O resultado é que há homens que menstruam e
mulheres que ejaculam esperma. Os intersexo, por sua vez, são uma situação diferente. Há pessoas que nascem com genitais indefinidos e dada a tendência binária, os médicos acham por bem definir estes genitais logo desde início. Agora discute-se a desumanidade da prática pelos olhos do direito a habitar esse espaço que não precisa de ser definido entre pénis e vulvas. Outras formas não-binárias e fluidas de se estar ou expressar a subjectividade de género são formas de viver que põem cada vez mais em causa a sua visão binária.
A orientação sexual também nos traz para uma conversa complexa. Dividir o mundo entre heterossexuais e homossexuais não basta. A bissexualidade e a panssexualidade vieram complementar a visão gradativa e fluída da sexualidade – mostrando que se pode ser os dois ao mesmo tempo e em momentos separados A orientação sexual também nos traz para uma conversa complexa. Dividir o mundo entre heterossexuais e homossexuais não basta. A bissexualidade e a panssexualidade vieram complementar a visão gradativa e fluída da sexualidade – mostrando que se pode ser os dois ao mesmo tempo e em momentos separados. A panssexualidade, em particular, tem como objecto de desejo todas as formas de identidade de género, muito para além do binarismo tradicional. Para além disso, ainda existem discussões sobre o teor da relação amorosa e sexual. Discute-se e nomeia-se a diversidade de formas de estar em relações que, por exemplo, não precisam de girar em torno do sexo, como os assexuais tentam defender; ou que o sexo, para algumas pessoas, só faz sentido quando se estabelece uma relação com o outro, como é para os demissexuais. Até a natureza monogâmica das relações é agora contestada pelos que preferem envergar por uma não-monogamia consensual ou constelações poliamorosas. Pronto, aqui está uma pequena amostra. Não se acanhem em usar conceitos para identificar e discutir o sexo, e procurar mais informação, caso haja dúvidas. O uso deste vocabulário é só um pequeníssimo passo no estabelecimento da diversidade como absolutamente normal, como parte integrante da norma. Fazendo isso, há sempre a possibilidade de se estar a visibilizar quem – um amigo ou um familiar – ainda se sinta invisibilizado.
ARMANDO CABBA
U
Glossário da sexualidade positiva
Pensar é fácil. Agir é difícil. Agir conforme o que pensamos, isso ainda o é mais.
Goethe
PALAVRA DO DIA
quarta-feira 18.11.2020
BRICS XI JINPING DEFENDE ACORDO DE PARIS E PROMETE AJUDA NA RECUPERAÇÃO ECONÓMICA
A união faz a força
Saúde Gastroenterite afecta 55 alunos e professores de infantários
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PUB
S Serviços de Saúde (SS) foram notificados na segunda-feira de uma suspeita de infecção colectiva de gastroenterite numa turma do Infantário Santa Rosa de Lima, na Rua Nova à Guia, que afectou nove crianças de dois anos de idade. O outro caso foi detectado no domingo, na classe K1 da Escola Santa Maria Mazzarello, afectando 44 crianças, um docente e um auxiliar. De acordo com os SS, no caso do Infantário Santa Rosa de Lima, as crianças começaram a manifestar sintomas como vómitos, febre, dores abdominais e diarreia na quinta-feira, dia 12, e três foram mesmo internados, sendo o estado clínico considerado estável. Os restantes apresentaram quadros clínicos ligeiros. Os serviços adiantaram ontem que a gastroenterite detectada no Santa Rosa Lima poderá estar relacionada com uma infecção viral, tendo em conta as horas de ocorrência da doença, sintomas e período de incubação. Quanto à situação na Escola Santa Maria Mazzarello, o caso foi descoberto na sexta-feira quando um auxiliar mudou as calças de um aluno. Na segunda-feira, os SS enviaram pessoal ao estabelecimento de ensino para dar orientações de tratamento e limpeza profunda das salas, ventilação, entre outras medidas de controlo de infecção.
O
Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu o Acordo de Paris sobre o clima e prometeu que o seu país se integrará mais activamente na recuperação da crise económica provocada pela pandemia de covid-19. Durante uma reunião por videoconferência dos líderes dos países BRICS (sigla em inglês para o grupo de países que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Xi Jinping disse acreditar que é necessário “cumprir o Acordo de Paris com base no princípio da responsabilidade comum”, duas semanas depois de os EUA se terem retirado oficialmente desse tratado. “Anunciei recentemente na ONU a decisão da China de aumentar as suas contribuições voluntárias nacionais para que as nossas emissões de CO2 diminuam até 2030 e sejamos um país neutro em carbono até 2060”, disse o líder chinês. “Temos de alcançar a harmonia entre o homem e a natureza. O aquecimento global não parou porque há uma pandemia”, explicou o Presidente chinês. Xi Jinping deixou ainda a promessa de que o seu país se aplicará no mercado global, “para impulsionar a recuperação económica”, perante os efeitos da pandemia de covid-19. “A economia global está a passar pela sua pior
buir para a recuperação”, disse o Presidente chinês, durante a cimeira dos BRICS.
ESTABILIDADE E SEGURANÇA
recessão desde a Grande Depressão, na década de 1930, e a abertura e a inovação são necessárias para alimentar a recupe-
ração global. A China estará mais activamente integrada no mercado global, para criar mais oportunidades e contri-
“Temos de alcançar a harmonia entre o homem e a natureza. O aquecimento global não parou porque há uma pandemia.” XI JINPING PRESIDENTE CHINÊS
Autocarros Paragem bloqueada por barreira de protecção A paragem de autocarro da CEM (Companhia de Electricidade de Macau), localizada na Avenida de Venceslau de Morais, encontra-se bloqueada por uma barreira de protecção do circuito do Grande Prémio de Macau. De acordo com uma publicação da página “Macau Buses and Public Transport Enthu-
siastic”, a paragem situada junto ao edifício da Direcção dos Serviços para os Assuntos e Tráfego (DSAT) está a obrigar os passageiros que saem dos autocarros que ali param a entrar no parque de estacionamento de um edifício industrial, já que é impossível aceder ao passeio a partir da estrada.
Xi também prometeu “aprofundar a solidariedade e a cooperação” para “enfrentar os desafios da pandemia”, e observou que várias empresas chinesas estão a participar na terceira fase dos testes clínicos das suas vacinas, na Rússia e no Brasil, acrescentando que espera também cooperar a esse nível com a África do Sul e com a Índia. “Temos de olhar para o futuro juntos”, concluiu o Presidente chinês, apontando para a necessidade de abordagens multilaterais para os grandes problemas mundiais. A 12.ª cimeira dos BRICS, que tem por tema a “estabilidade global, segurança comum e crescimento inovador”, esteve marcada para Julho, em São Petersburgo, na Rússia, mas foi adiada para agora, devido à pandemia, estando a realizar-se em formato de videoconferência. A cimeira é liderada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, contando ainda com a presença, para além de Xi Jinping, do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, do Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Imobiliário Vendas desceram no terceiro trimestre
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URANTE o terceiro trimestre deste ano, foram transaccionadas “2.542 fracções autónomas e lugares de estacionamento pelo valor de 14,94 mil milhões de patacas, tendo-se registado variações de -3,6 por cento e +1,6 por cento, respectivamente, face ao trimestre anterior”. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, deste universo de imóveis, 1.901 eram fracções autónomas habitacionais, vendidas por um valor total de 12,6 mil milhões de patacas, o que representou uma quebra de 70 por cento em relação ao segundo trimestre de 2020. As vendas de habitações em edifícios já construídos desceram 73 por cento, em termos trimestrais, para um total de 1.605 apartamentos, pelo valor total de 10,05 mil milhões de patacas. Já as fracções autónomas em edifícios em construção subiram 3 por cento, para um total de 296, vendidas por 2,55 mil milhões de patacas, um valor que cresceu 18,8 por cento. O preço médio por metro quadrado das fracções autónomas habitacionais globais foi de 103.987 patacas, uma quebra de 1,1 por cento, em termos trimestrais. A DSEC destaca o facto de os preços médios por metro quadrado das fracções na Península de Macau ter caído 3,8 por cento (para 100.859 patacas) e em Coloane 1,1 por cento (para 118.248 patacas). Na Taipa, o preço médio por metro quadrado subiu 4,9 por cento para 107.266 patacas.