Hoje Macau 18 ABRIL 2023 #5231

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À espera do sol

Em dia de visita do secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, ao hemiciclo para responder aos deputados, a questão do desemprego dominou a sessão de ontem. Se, por um lado, o governante assegurou que o pior já passou e a taxa de desemprego deverá descer para 3,9%, já os deputados não se mostraram tão optimistas e preferiram destacar as grandes dificuldades com que muitos ainda se debatem para sobreviver enquanto o sol tarda a brilhar.

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CARLOS MORAIS JOSÉ GRANDE PLANO
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 TERÇA-FEIRA 18 DE ABRIL DE 2023 • ANO XXI • Nº5231 www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau ASSOCIAÇÃO DE LUSO-CHINESES OS BONS INVESTIMENTOS EDITORIAL UMA VISITA HISTÓRICA PÁGINAS 4-5
JUYI A CANÇÃO DO ALAÚDE Tradução de António Graça de Abreu
BAI
DING YUNPENG GCS JESSE LE

ACILC RESIDÊNCIAS SENIORES DEVEM SER APOSTA DO INVESTIMENTO EM PORTUGAL

Pontes entre continentes

Lisboa e Pequim

Opresidente da Associação de Comerciantes e Industriais

Luso-Chineses (ACILC) afirmou

ontem que o sector das residências assistidas para idosos deve ser uma das novas apostas do investimento chinês em Portugal.

Numa entrevista à Lusa, a poucos dias da visita oficial a Portugal do Chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, Choi Man Hin, que foi também o braço-direito para o mercado português do empresário luso-chinês

e magnata do jogo Stanley Ho, defendeu que Portugal “é, sem dúvida, um país bom para turistas” e pode ser um bom destino “para criar um negócio de quintas com uma grande área para viverem os mais velhos”.

O dirigente da comunidade chinesa, que foi presidente do conselho de administração da Estoril Sol, empresa proprietária do casino de Lisboa e gestora do casino do Estoril, entre outros, lembrou que Portugal “tem calma, paz” e isso pode ser aproveitado para

atrair reformados. “Isto é positivo para os imigrantes e para o investimento” chinês, reforçou.

Depois do ouro

Outro sector em que vê a comunidade chinesa a continuar a investir no futuro, tal como já acontece hoje, é “no negócio do imobiliário, comprando prédios antigos para renovar e vender depois”. É um negócio “imobiliário diferente” do verificado no passado, até para compensar o fim dos vistos gold e que deixa uma

Choi Man Hin entende que a comunidade chinesa deve continuar a investir no futuro, tal como já acontece hoje, “no negócio do imobiliário, comprando prédios antigos para renovar e vender depois”

mais-valia para Portugal, defendeu Choi Man Hin, salientando que Portugal já “tem muitas empresas [chinesas] neste sector” a trabalhar.

Para o antigo responsável da Estoril Sol, a vida da comunidade chinesa em Portugal hoje é “melhor do que antes” e está mais integrada na sociedade portuguesa.

“Em especial as segundas e terceiras gerações já acabaram os seus estudos, desde o secundário até à universidade, em Portugal”, indicou. Além disso, já há

muitos advogados e pessoas da comunidade ligadas aos governos das Câmaras, porque também se ligaram a partidos, acrescentou. Por estes e outros motivos, o presidente da ACILC acredita que a comunidade chinesa em Portugal, que hoje já é a 10.ª no ranking das maiores no país vai continuar a crescer. “Eu acredito no destino”, afirmou, e muitas vezes o local que se escolhe para viver, na opinião do antigo gestor da Estoril Sol, tem a ver com o futuro da família, dos filhos, alguns que querem estudar na Europa.

Além disso, lembrou Choi Hin, o chinês “não é só trabalhador, ele tem uma coisa muito inteligente, cabeça para fazer negócio”.

Novas oportunidades

O obstáculo, para a comunidade chinesa em Portugal é a língua, mas “toda a gente tenta aprender português para melhorar a sua maneira de viver aqui e de se integrar na sociedade”, com negócios privados.

“Eu penso que o Governo Central também promove este tipo de tendência para as empresas [controladas pelo Estado] saírem do país para procurarem oportunidades

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O presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chineses, Choi Man Hin, considera que o sector dos cuidados de saúde para idosos é uma área ideal para o investimento chinês em Portugal. O dirigente salienta a importância da visita de Ho Iat Seng para as relações entre

Choi Man Hin foi o braço-direito para o mercado português de jogo de Stanley Ho, e presidente do conselho de administração da Estoril Sol, empresa proprietária do casino de Lisboa e gestora do casino do Estoril

de negócio fora. Muitas delas anteriormente eram do Estado, mas agora algumas também já têm muitos particulares”

E como “Portugal não é fácil para um negócio normal”, a associação a que Choi preside e outras entidades vão juntar num hotel de Lisboa, pessoas com interesses comuns, para fazerem residências seniores, ou escolas internacionais, por exemplo, para que haja novas oportunidades de negócios, durante a visita do Chefe do Executivo de Macau a Portugal.

Ligar mundos

O dirigente da comunidade chinesa em Portugal considera ainda que a visita oficial a Lisboa do Chefe do Executivo de Macau, esta semana, é “muito importante e construtiva” para as relações portuguesas com a China.

A visita de Ho Iat Seng “é muito importante e muito construtiva” das relações sino-portuguesas, afirmou Choi Man Hin.

Porque “este tipo de intercâmbio nas relações bilaterais faz falta” e “é muito útil” para “o relacionamento entre as duas zonas e para os dois países, China e Portugal”, acrescentou a propósito da visita a Portugal de Ho Iat Seng.

“Portugal é uma plataforma para extensão de investimento daqui para

outros países e até para a África”, realçou o antigo presidente do Conselho de Administração da Estoril Sol - empresa controlada na altura por Stanley Ho, que continua até hoje a ser a proprietária do casino de Lisboa e gestora, entre outros, do Casino do Estoril.

No seu entender, a visita do Chefe do Executivo a Portugal também “pode ser catalisadora” para que governantes portugueses “voltem a visitar Macau também”.

Ajustes e abertura

Choi realçou ainda que a visita de Ho Iat Seng ocorre

depois do 20.º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, o mais importante evento da agenda política da China.

Desse encontro, “o Chefe do Executivo de Macau também recebeu indicações de contar a história da China de uma maneira mais certa”, mostrando que Pequim pode continuar a colaborar com outros países do mundo, adiantou.

No seu entender, Portugal pode ser um aliado da China na Europa e África. “Por exemplo, se tiver qualquer situação económica que precisa de apoio do lado Macau, [o território] está preparado para ajudar [Portugal] para o seu bem”, exemplificou.

Choi não excluiu a possibilidade de “alguns ajustes”, ao longo do período da transição da administração do território de Macau para a China, definido no tratado entre Pequim e Lisboa, mas isso não será assunto desta visita.

O Chefe do Executivo visita Portugal entre 18 e 22

de Abril, estando previstos encontros com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

A acompanhar Ho Iat Seng está uma comitiva de 50 empresários locais, com várias visitas a parceiros portugueses, com foco nos sectores alimentar e farmacêutico.

Uma visita histórica

O CHEFE do Executivo de Macau inicia hoje uma visita a Portugal, a primeira ao estrangeiro do seu consulado tolhido pela pandemia. Este facto reveste-se de especial significado: indica o grau de importância que a China atribui às relações de Macau com o nosso país e com o mundo lusófono. É, claramente, um grau elevado. Mais do que nunca, Pequim deposita na RAEM a responsabilidade de aprofundar relações com a lusofonia em geral e, especialmente, com Portugal. Trata-se, por isso, de uma visita histórica a que convém reconhecer o simbólico significado.

Ora esta importância dada ao incremento das relações com os países lusófonos, que por desígnio nacional fatalmente assombrará Macau nas próximas décadas, só pode ser uma notícia positiva para a comunidade lusófona residente. Assistimos, nos últimos três anos, a um regredir da nossa presença, como assistimos a um regredir de tudo, por via das restrições impostas pela pandemia. Contudo, acreditamos que entrámos numa fase de recuperação, que não será imediata ou instantânea, na qual veremos alguns regressos e novas chegadas.

A visita de Ho Iat Seng a Portugal, com a carga simbólica que carrega, reafirma claramente o desejo de manutenção de boas relações e da presença em Macau da comunidade portuguesa, sem criação de conflitos e tentando evitar mal-entendidos.

Repare-se também que decorre, concomitantemente, a visita do presidente do Brasil à China. A mensagem parece ser clara: o papel

UNIÃO EUROPEIA HO IAT SENG NO LUXEMBURGO E BÉLGICA DEPOIS DE IR A PORTUGAL

DEPOIS da visita a Portugal, o Chefe do Executivo e uma delegação de representantes do Governo e empresários da RAEM vão passar pelo Luxemburgo e Bélgica, regressando a Macau no dia 27 de Abril. Segundo o Gabinete de Comunicação Social, as visitas têm como objectivo “reforçar e aprofundar a

cooperação e os contactos económicos, comerciais, turísticos, na área do ensino e da cultura, como também promover Macau junto da Europa”.

No Luxemburgo, Ho Iat Seng os membros da delegação terão um encontro com o primeiro-ministro e também ministro do Estado, das comunicações e da comunicação

social, dos assuntos religiosos, para a digitalização e da reforma administrativa, Xavier Bettel.

O périplo pela Europa termina com uma visita a Bruxelas, na Bélgica, onde a delegação do governo visitará a sede da União Europeia (UE) e terá encontros com o vice-primeiro ministro e ministro da

de Macau não abrangerá o domínio das trocas económicas entre os dois gigantes, mas deverá estimular sobretudo as relações com Portugal, Timor e os país lusófonos africanos. (Reconhecendo esta situação, há duas semanas nas páginas do Hoje Macau, o professor Flávio Tonnetti, defendia que, no entanto, a RAEM poderia desempenhar um papel relevante nas trocas culturais entre Brasil e China, posição que obviamente partilhamos.)

Mas a visita de Ho Iat Seng é também muito importante para o Governo de Macau. E é-o porque chegou o momento de mostrar capacidade de diálogo, de acção e, sobretudo, de eficácia. O modo como correr este périplo contará e muito para avaliação que posteriormente será feita por Pequim do modo como Macau cumpre ou não um dos mais importantes dos desígnios que lhe foram destinados pelo Governo Central: as relações com os países lusófonos.

Ho Iat Seng e a sua delegação terão de demonstrar capacidade para estabelecer pontes e relações com Portugal, saber evitar escolhos e dificuldades e compreender que Portugal é uma importante porta para a Europa e para África, muito mais aberta que a de outros países membros da União Europeia. Se não o fizer ou souber fazer, desapontará os líderes chineses. O difícil momento que o mundo atravessa é mais um desafio que dificulta o caminho a ser percorrido nesta visita histórica. Ho Iat Seng e os seus conselheiros terão de saber palmilhar. Assim se tenham preparado para isso. Afinal, “uma batalha é ganha antes de ser travada”.

economia e do trabalho da Bélgica, Pierre-Yves Dermagne, e o ministro presidente do governo da região de Bruxelas, Rudi Vervoort, e representantes da UE.

A delegação do Governo integra ainda o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, a chefe do

Gabinete do Chefe do Executivo, Hoi Lai Fong, a chefe do gabinete do secretário para a Economia e Finanças, Ku Mei Leng.

Durante a ausência de Ho Iat Seng, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, irá exercer interinamente as funções de Chefe do Executivo.

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“Penso que o Governo Central também promove este tipo de tendência para as empresas [controladas pelo Estado] saírem do país para procurarem oportunidades de negócio fora.”
CHOI MAN HIN
A vida da comunidade chinesa em Portugal hoje é “melhor do que antes” e está mais integrada na sociedade portuguesa

DESEMPREGO LEI WAI NONG DIZ QUE O PIOR JÁ PASSOU E TRAÇA CENÁRIO POSITIVO

O sol brilhará para todos

O secretário para a Economia e Finanças foi ontem à Assembleia Legislativa responder a questões de deputados sobre o panorama económico do território. O governante relevou que a taxa de desemprego deve cair para 3,9 por cento, depois de ter atingido 5,5 por cento entre Junho e Agosto do ano passado

Asituação do desemprego na sequência de uma das mais graves crises económicas sentidas no território foi um dos grandes temas que esteve em discussão ontem na Assembleia Legislativa, no âmbito de uma sessão de respostas a interpelações orais dos deputados por membros do Governo. No entanto, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, garante que Macau já ultrapassou a pior fase da recessão e que a taxa de desemprego está a ser reduzida gradualmente.

O tema foi trazido para a sessão por Ella Lei, deputada ligada aos Operários, que sublinhou os desafios encontrados por idosos e pessoas com deficiências no acesso ao mercado do trabalho.

No entanto, José Pereira Coutinho, legislador ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau, levou a questão mais longe ao destacar um problema transversal à sociedade. “Recebi muitas pessoas desempregadas com idades entre os 30 e os 40 anos. E estamos a falar de cerca de 40 famílias que envolvem cerca de 100 pessoas. Onde vão agora arranjar um emprego?”, questionou José Pereira Coutinho.

HONG KONG SECRETÁRIO DESTACA REGRESSO DE TURISTAS

O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, destacou ontem a importância do regresso dos turistas de Hong Kong e sequente impacto para a economia local, com o aumento do consumo.

“A data de 8 de Janeiro foi muito importante para nós, porque estivemos três anos sem muita

abertura. Mas, a 8 de Janeiro [com o fim das exigências de quarentena] surgiram novas oportunidades”, afirmou Lei Wai Nong.

“Com o regresso dos turistas, em comparação com 2019, temos uma recuperação de 58 por cento a nível do turismo. O regresso dos turistas de Hong Kong é satisfatório e contribuiu mais para a economia. Eles são

importantes porque compram mais lembranças”, acrescentou. Por outro lado, o secretário indicou que em algumas zonas da cidade até há mais turistas do que antes da pandemia.

“Acho que na Rua do Cunha, neste momento, temos mais turistas do que em 2019.

No último sábado foi registado um novo

recorde este ano, com a entrada de mais de 98 mil turistas num único dia”, informou.

Lei Wai Nong adiantou ainda que actualmente há um novo perfil do turista típico que visita Macau. “Sabemos que neste momento os turistas são mais jovens. A maior parte dos turistas tem entre 18 e 35 anos. E estes consomem mais em Macau”, revelou.

“No dia 16 de Abril, o Chefe do Executivo veio à Assembleia Legislativa e anunciou a distribuição da comparticipação pecuniária. Mas não chega, estas pessoas precisam de ajuda”, sublinhou.

O deputado considerou mesmo que o contrabando de produtos entre Macau e o Interior tem como motivação a falta de dinheiro da população para fazer face às despesas diárias. “As pessoas fazem contrabando nas Portas do Cerco porque precisam de viver. Até as

“Foi a época mais difícil para nós, porque a taxa de desemprego atingiu os 5,5 por cento.”

“O insucesso [dos idosos e pessoas com deficiências] na procura de emprego prende-se principalmente com a condição física.”

LEI WAI NONG SECRETÁRIO PARA A ECONOMIA E FINANÇAS

crianças têm de fazer contrabando porque têm de viver”, atirou.

Em resposta a Coutinho, Lei Wai Nong indicou que o pior período a nível do desemprego aconteceu no ano passado, entre Junho e Agosto: “Foi a época mais difícil para nós, porque a taxa de desemprego atingiu os 5,5 por cento”, reconheceu.

Contudo, Lei indica que a situação está a sofrer alterações para melhor. “Desde Janeiro a Março vimos que a taxa de desemprego sofreu uma redução para 4,1 por cento. E há uma nova tendência que pode levar a uma nova queda da taxa de desemprego para 3,9 por cento”, acrescentou. “Desde Março que começaram a ser contratados mais trabalhadores. Vemos esses dados diariamente para termos uma base científica para as nossas decisões”, reforçou.

Questões complicadas

Por sua vez, Lo Choi In perguntou se o Governo tinha planos para prolongar o subsídio de emprego, que actualmente tem um limite máximo de três meses por ano, para seis meses por ano.

A deputada justificou que a maior parte das pessoas que fica sem emprego demora, em média,

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RÓMULO SANTOS

quatro meses para conseguir um novo trabalho, pelo que fica sem rendimentos durante esse período e com despesas por pagar. A questão não teve uma resposta directa do secretário, que se

“As

contrabando nas Portas do Cerco porque precisam de viver. Até as crianças têm de fazer contrabando.”

limitou a responder que o Governo está empenhado em “criar oportunidades” de emprego para os desempregados.

Sobre a situação dos idosos e pessoas com deficiências, Lei Wai

SimplePay Deputado Ron Lam critica taxas do sistema

O deputado Ron Lam criticou ontem as taxas de 0,8 por cento que são cobradas em todas as transacções feitas com a aplicação móvel SimplePay. O legislador sublinhou a discrepância de taxas, argumentando o valor cobrado em Macau é quase o triplo do cobrado no Interior, onde a taxa

é de 0,3 por cento, sem que haja realmente alternativas. Ron Lam insistiu ainda que o valor prejudica em particular as pequenas e médias empresas do território. A posição foi tomada depois de Lei Wai Nong ter indicado que “os serviços SimplePay são utilizados em mais de 90 por cento dos

Nong apontou como solução um aumento das qualificações dessas pessoas e o reforço da “confiança”. “O problema do desemprego estrutural para estas pessoas [idosos e com deficiências] é resolvido quando se ajustar a mentalidade da sociedade e se elevar a sua capacidade profissional. Com uma maior capacidade vão ter mais oportunidades de emprego e uma maior confiança no acesso ao emprego”, afirmou Lei.

Por outro lado, o secretário reconheceu que a condição física deste segmento da população pode representar desafios no acesso ao mercado de trabalho. “Muitas

locais de venda a retalho”. Por sua vez, Ma Io Fong indicou estar preocupado com o facto de os turistas do exterior não estarem tão disponíveis para utilizar os meios de pagamento locais. Por isso, deixou o desejo que o Governo conseguia mudar os hábitos de quem visita a cidade.

“Recebi muitas pessoas desempregadas com idades entre os 30 e os 40 anos. E estamos a falar de cerca de 40 famílias que envolvem cerca de 100 pessoas. Onde vão agora arranjar um emprego?”

vezes os empregos exigem uma grande força física. O insucesso na procura de emprego prende-se principalmente com a condição física”, informou.

Lei Wai Nong defendeu também os trabalhos feitos pela Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) na busca de uma solução para o desemprego estrutural. “A DSAL tem lançado muitas acções de apoio, para elevar a capacidade profissional dos desempregados. Também tem prestado formações técnicas, para que as pessoas se inteirem da situação actual do mercado laboral”, considerou. João Santos Filipe

Consumo Pereira Coutinho preocupado com subida dos preços

O deputado José Pereira Coutinho mostrou-se ontem preocupado com a subida dos preços, principalmente o gás, e considerou que são alterações que estão a obrigar os mais velhos a regressarem ao mercado do trabalho. “Com a impossibilidade de arranjar emprego e a perda de fontes de rendimento, o aumento constante

do índice de preços no consumidor agravou ainda mais a situação dos residentes”, atirou. “Por exemplo, segundo os dados oficiais, em 14 de Fevereiro de 2023, o preço do gás natural (para os clientes residenciais) aumentou mais de 8 por cento, e o preço das botijas de gás butano (13,5 kg) aumentou 36 por cento, de 199

patacas, em 2018, para 270 patacas”, exemplificou. Neste contexto, Coutinho revelou que “muitos funcionários públicos da linha da frente e das categorias mais baixas têm de procurar emprego depois de se aposentarem aos 65 anos, só para conseguirem parcos rendimentos para suportar as despesas do dia-a-dia”.

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PEREIRA COUTINHO DEPUTADO
pessoas fazem
PEREIRA COUTINHO DEPUTADO RÓMULO SANTOS

Os seis veteranos

O novo gabinete para os assuntos de Hong Kong e Macau do Comité Central do Partido Comunista da China começa a ganhar forma. Xia Baolong irá transitar para o novo órgão que será liderado por Ding Xuexiang. O novo gabinete deverá incluir o ministro dos Negócios Estrangeiros Qin Gang, o ministro da Segurança Pública Wang Xiaohong e os membros do politburo

Shi Taifeng e Chen Wenqing

Onovo gabinete para os assuntos de Hong Kong e Macau do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) vai ganhando contornos, depois da sua criação ter sido anunciada em Março. O órgão que irá substituir o anterior gabinete, que estava sob a alçada do Conselho de Estado, reforça o controlo do Comité Central do partido sobre as regiões administrativas especiais.

Segundo notícia avançada no domingo pelo South China Morning Post (SCMP), Pequim deverá nomear seis veteranos do PCC com as missões de

VIETNAME CÔNSUL-GERAL REUNIU COM HO IAT SENG

supervisionar as questões relacionadas com segurança e desenvolvimento.

Como o jornal da região vizinha já havia indicado, Ding Xuexiang, membro do Comité Permanente do Politburo, irá liderar o novo organismo. Xia Baolong, que já ultrapassou a tradicional idade da reforma, irá transitar do antigo

gabinete para a nova estrutura enquanto número dois de Ding Xuexiang, para garantir uma transferência suave do controlo do órgão da esfera ministerial para o núcleo-duro do PCC.

O SCMP acrescenta que o novo gabinete irá integrar mais quatro altas personalidades partidárias, duas do Politburo do PCC e duas do Conselho de Estado.

“O desenvolvimento será o tema principal deste organismo, e a principal tarefa de Ding

Xuexiang será impulsionar a integração de Hong Kong e Macau no Interior da China, ao abrigo do projecto da Grande Baía.” SCMP

Os dois membros do Politburo são Shi Taifeng, director do Departamento de Trabalho da Frente Unida e vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e Chen Wenqing, secretário da Comissão Central de Política e Assuntos Jurídicos (o principal órgão que supervisiona as autoridades de segurança responsáveis pela aplicação da lei).

Figuras de peso

Os dois conselheiros de Estado que vão integrar o gabinete serão o ministro da Segurança Pública e número dois de Chen Wenqing, Wang Xiaohong, e o ministro das Relações Exteriores Qin Gang.

Fonte ouvida pelo SCMP aponta a integração como uma das prioridades para o novo órgão. “O desenvolvimento será o tema principal deste organismo, e a principal tarefa de Ding será impulsionar a integração de Hong Kong e Macau no país, ao abrigo do projecto da Grande Baía”, refere a fonte ouvida pelo SCMP. Outra das funções do gabinete será prestar atenção próxima aos aspectos de segurança das regiões administrativas especiais.

O jornal da região vizinha cita uma fonte que, apesar de confirmar o elenco que deverá compor o novo gabinete, indica que ainda não foi tomada uma decisão final quanto a todos os nomeados. João Luz

do Vietname em Hong Kong e Macau, Pham Binh Dam, esteve em Macau no fim-de-semana e reuniu com o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, na primeira visita do diplomata ao território desde a reabertura pós-pandemia. Em comunicado, o diplomata adiantou que em cima da agenda estiveram assuntos como comércio externo, trabalho, turismo e investimento.

OCônsul-geral

se encontrar com os dirigentes associativos que representam vietnamitas, que revelaram que a comunidade conta actualmente com 7.000 pessoas, menos de metade do verificado antes da pandemia, e que auferem salários médios entre as 5.000 e as 10.000 patacas mensais.

Pham Binh Dam considera que a população de Macau tem uma predilecção especial por produtos vietnamitas, e que os trabalhadores oriundos do Vietname têm dado uma contribuição positiva para a economia de Macau e participado activamente nas actividades culturais da região. O diplomata aproveitou a ocasião para agradecer ao Governo de Macau pelas condições favoráveis que beneficiaram os vietnamitas que trabalham e vivem na RAEM, em especial durante os tempos árduos da pandemia.

O responsável aproveitou ainda para

O cônsul terá também feito algumas sugestões às autoridades de Macau, que passam pelo aumento do número de trabalhadores vietnamitas na RAEM, o reforço da cooperação económica, com eventos organizados nos dois territórios, e a coordenação para resolver problemas urgentes relacionados com vistos de trabalhadores e visitantes oriundos do Vietname.

Participaram também nos encontros representantes do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau. O diplomata reuniu ainda com responsáveis da Galaxy Entertainment Group e da Melco Resorts & Entertainment Limited. J.L.

Convenções Esperança numa recuperação de 70 por cento

Alan Ho, presidente da Associação dos Sectores de Convenções, disse ao jornal Ou Mun que esta área económica poderá ter uma recuperação, em termos anuais, de cerca de 70 por cento em comparação com o período pré-pandemia. O responsável lembrou que esta previsão excede os 50 a 60 por cento de recuperação feita no início do ano, sendo que Alan Ho confia que o número de convenções internacionais realizadas este ano poderão ultrapassar as 20. No entanto, o dirigente associativo disse que a falta de recursos humanos constitui um entrave ao desenvolvimento desta área, o que tem originado um aumento dos preços dos quartos de hotel e dos custos de organização. Alan Ho confessou que o sector tem organizado cursos e acções de formação dirigidos aos residentes que possam trabalhar na área das exposições e convenções.

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PCC REVELADOS DIRIGENTES PARA OS ASSUNTOS DAS RAES
Xia Baolong Ding Xuexiang Qin Gang Wang Xiaohong Shi Taifeng Chen Wenqing

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACAU FREDERICO MA ALERTA PARA FALTA DE RECURSOS HUMANOS FREDERICO

Ma Chi

Ngai, presidente da Associação Comercial de Macau, defendeu, segundo o jornal

Ou Mun, que o projecto de diversificação económica “1+4” deverá ter uma orien-

tação industrial, estabelecendo ainda um plano de acção para fomentar determinados sectores sociais.

O responsável espera que continue a ser garantida a prioridade dos residentes no

Excursões Governo recebeu 2300 pedidos de subsídio

O Governo recebeu 2.300 pedidos de subsídio para a realização de excursões até domingo, sendo que 14 pedidos são referentes a excursões de turistas oriundos de países do sudeste asiático. A informação foi avançada ontem por Hoi Io Meng, director substituto da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), em declarações ao canal chinês da Rádio Macau. O responsável referiu que as primeiras excursões subsidiadas são da Malásia e Tailândia e chegaram a Macau no sábado. Tendo em conta o facto de o programa de oferta de um bilhete entre Hong Kong e Macau na compra de outro não incluir os autocarros dourados, o dirigente da DST disse que foi convidada a Sociedade de Autocarro Pendular Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, S.A., que opera estas viagens na ponte HKZM, para participar no programa, mas que esta recusou a proposta.

Ourivesarias Sector recuperou quase 80%

Lee Koi Ian, presidente da Associação de Ourivesarias de Macau, defende que o sector recuperou o volume de negócios em quase 80 por cento devido ao fluxo de visitantes que tem passado pelo território, ainda que o número de jogadores VIP, um importante grupo de clientes, tenha diminuído. Em declarações ao jornal Ou Mun, o responsável frisou estar preocupado com a escassez de recursos humanos, uma vez que todos os sectores sentem actualmente essa necessidade e estão a contratar, o que dá menor margem de manobra às ourivesarias que também querem recrutar funcionários. Lee Koi Ian indicou que recentemente muitos residentes venderam joias para fazer face às dificuldades geradas pela crise e que os principais compradores actualmente são turistas e grupos. O responsável indica que a actual proporção entre compradores e vendedores no mercado é de sete para três.

acesso ao mercado laboral, com os trabalhadores não-residentes a terem um papel de complementaridade.

Ainda assim, pediu maior celeridade na aprovação dos pedidos de blue card em prol

da recuperação do sector turístico. Frederico Ma acredita que só desta forma se pode recuperar plenamente a economia, um elemento base para a implementação da política “1+4”.

O dirigente garantiu também que a associação estará disponível para cooperar com o Governo assim que o plano final da estratégia “1+4” for divulgado, o que deverá acontecer no Verão.

O responsável sublinhou que o território enfrenta actualmente uma crise de recursos humanos, tendo em conta que Macau a natureza da economia local, muito vocacionada para os serviços.

JUSTIÇA NG KUOK SAO PERDE RECURSO DE REVISÃO DE SENTENÇA

É o fim do caminho

OTribunal de Segunda Instância (TSI) recusou um recurso extraordinário para a repetição de parte do julgamento do caso Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). A decisão foi tomada na quarta-feira, e o empresário Ng Kuok Sao pretendia que o julgamento voltasse à primeira instância, por considerar que vários dos contratos de emprego utilizados como prova contra si têm assinaturas que não são efectivamente suas.

A fundamentação da decisão tomada pelo colectivo de juízes constituído por Choi Mou Pan, Vasco Fong Man Chong e Ho Wai Neng ainda não foi publicada. Porém, a possibilidade de haver uma segunda repetição de um dos casos mais mediáticos dos últimos anos na RAEM está afastada.

Quando foi julgado pela primeira vez, à revelia, Ng Kuok Sao foi condenado a uma pena de 18 anos de prisão, pela prática de um crime de associação criminosa e 23 falsificação de documentos. O tribunal deu como provado que Ng liderava uma associação criminosa para garantir que várias pessoas do Interior da China conseguiam o estatuto de residente em Macau, através do IPIM.

Apesar dos vários recursos, a pena foi confirmada pelo Tribunal de Última Instância, significando que se tornou definitiva.

No entanto, em Dezembro do ano passado Ng Kuok Sao veio apresentar “um recurso extraordinário da revisão de sentença transitada”. Este mecanismo especial permite que em condições extremas se recorra de um acórdão transitado em julgado. Neste caso, a defesa do empresário

considerou que foram “descobertos novos factos ou meio de prova” que “suscitam graves dúvidas sobre a justiça da condenação”.

Perícia forense

A defesa do empresário pretendia no recurso que o julgamento fosse

repetido e Ng Kuok Sao libertado, enquanto aguardasse por uma nova decisão.

Para argumentar a existência de “novos factos ou meio de prova”, a defesa recorreu aos depoimentos de testemunhas que recusaram que certas assinaturas em contratos de trabalho simulados fossem de Ng Kuok Sao.

Para provar que várias das assinaturas não pertenciam ao condenado foi igualmente apresentado um relatório de perícia de escrita manual, elaborado pelo Centro de Ciência Forense de Guangdong Tianjain. Na perícia foram analisados vários documentos atribuídos ao empresário, e foi concluído que algumas das

assinaturas diziam respeito a diferentes pessoas.

Quanto ao facto de estes argumentos apenas terem sido apresentados nesta altura, a defesa salienta que Ng foi julgado à revelia, pelo que não teve oportunidade de se debruçar sobre as provas apresentadas até ser preso.

O empresário foi julgado à revelia, mas foi entregue em Abril de 2022 pelas autoridades do Interior às congéneres de Macau, estando a cumprir pena no Estabelecimento Prisional de Coloane.

Negada a revisão da sentença, Ng Kuok Sao fica agora impedido de apresentar um novo pedido do recurso. João Santos Filipe e Nunu Wu

sociedade 7 terça-feira 18.4.2023 www.hojemacau.com.mo
O empresário pretendia que o julgamento do caso IPIM fosse repetido, por recusar que a sua assinatura conste em vários dos contratos de trabalho que serviram como prova para condená-lo a 18 anos de prisão
A defesa do empresário considerou que foram “descobertos novos factos ou meio de prova” que “suscitam graves dúvidas sobre a justiça da condenação”

BAI JUYI

A Canção do Alaúde

Tradução de António Graça de

琵琶行并序

元和十年,予左遷九江郡司馬。明年秋,送客 湓 浦口,聞船中夜彈琵琶者,聽其音,錚錚然 有京 都聲;問其人,本長安倡女,嘗學琵琶於 穆曹二 善才。年長色衰,委身為賈人婦。遂命酒,使快 彈數曲,曲罷憫然。自敘少小時歡樂事,今漂淪 憔悴,轉徙於江湖間。予出官二年恬然自安,感 斯人言,是夕,始覺有遷謫意,因為長句歌以贈 之,凡六百一十六言,命曰琵琶行。

潯言江頭夜送客 楓葉荻花秋瑟瑟 主人下馬客在船 舉酒欲飲無管絃 醉不成歡慘將別 別時茫茫江浸月 忽聞水上琵琶聲 主人忘歸客不發 尋聲暗問彈者誰 琵琶聲停欲語遲 移船相近邀相見 添酒回燈重開宴 千呼萬喚始出來 猶抱琵琶半遮面 轉軸撥絃三兩聲 未成曲調先有情 絃絃掩抑聲聲思 似訴平生不得志 低眉信手續續彈 說盡心中無限事 輕攏慢撚抹復挑 初為霓裳後六么 大絃嘈嘈如急雨 小絃切切如私語

嘈嘈切切錯雜彈

大珠小珠落玉盤 間官鶯語花底滑 幽咽泉流水下灘 水泉冷澀絃凝絕 凝絕不通聲漸歇 別有幽愁暗恨生

此時無聲勝有聲 銀瓶乍破水漿迸 鐵騎突出刀鎗鳴

曲終收撥當心畫

四絃一聲如裂帛

東船西舫悄無言

唯見江心秋月白

沈吟放撥插絃中

整頓衣裳起斂容

自言本是京城女

曲罷曾教善才服 妝成每被秋娘妒 五陵年少爭纏頭 一曲紅綃不知數 鈿頭銀篦擊節碎 血色羅裙翻酒汙 今年歡笑復明年 秋月春風等閑度 弟走從軍阿姨死 暮去朝來顏色故 門前冷落車馬稀 老大嫁作商人婦 商人重利輕別離 前月浮梁買茶去 去來江口守空船 繞船月明江水寒 夜深忽夢少年事 夢啼妝淚紅闌干 我聞琵琶已嘆息 又聞此語重唧唧 同是天涯淪落人 相逢何必曾相識 我從去年辭帝京 謫居臥病潯陽城 潯陽地僻無音樂 終歲不聞絲竹聲 住近湓江地低濕 黃蘆苦竹繞宅生 其間旦暮聞何物 杜鵑啼血猿哀鳴 春江花朝秋月夜 往往取酒還獨傾 豈無山歌與村笛 嘔啞嘲哳難為聽 今夜聞君琵琶語 如聽仙樂耳暫明 莫辭更坐彈一曲 為君翻作琵琶行 感我此言良久立 卻坐促絃絃轉急 淒淒不似向前聲 滿座重聞皆掩泣 座中泣下誰最多 江州司馬青衫濕

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家在蝦蟆陵下住 十三學得琵琶成 名屬教坊第一部

Alaúde Abreu

Esta Canção do Alaúde é um dos mais famosos poemas de toda a vastíssima poesia chinesa. Escrito por 白居易Bai Juyi (772-846), quando seu exílio em Jiujiang, no ano de 816, permanece como uma das obras-primas saída da pena, do entendimento, da sensibilidade e do engenho do grande Bai Juyi. Eis uma possível tradução do poema.

CANÇÃO DO ALAÚDE1

No décimo ano do período Yuanhe2 fui despromovido e afastado da corte, com o cargo de intendente militar em Jiujiang. No Outono do ano seguinte, em Penpu, quando me despedia de um amigo, ouvi ao longe o tanger de um alaúde, tocado da maneira utilizada na capital. Procurei a pessoa que descuidadamente dedilhava as cordas e encontrei uma antiga cantora de Chang’an que, esgotada a sua beleza, era agora companheira de um mercador. Mandei vir vinho e pedi à antiga cortesã que tocasse um pouco mais. Depois, ela falou-nos do tempo feliz da sua juventude e de como agora era obrigada a viajar, em terras distantes, por rios e lagos. Desde a minha partida da capital jamais me sentira tão triste e infeliz. Compreendi nessa noite o real significado da palavra exílio. Escrevi então este longo poema, com 616 caracteres3w e ofereci-o a essa mulher.

À noite, um adeus ao amigo nas margens do rio, as folhas do ácer, o vento de Outono sussurrando nos juncais. Desmontei do cavalo, meu amigo já na barca, prestes a partir, bebemos taças de vinho, sem música para nos acompanhar. Brindámos tristes, por cada taça, mais próxima a separação, adeus, as águas do rio já humedecendo a lua.

Eis, de súbito, o som de um alaúde sobre as águas, esqueço o regresso, meu amigo esquece a partida.

Ambos seguimos a música, em busca de quem toca, a melodia extingue-se, diante de nós uma mulher em silêncio. Aproximamos da sua a nossa barca, convidamo-la a mostrar-se, vamos buscar mais vinho, avivamos a luz das lanternas, recomeçamos o banquete.

Mil vezes pedimos que venha até nós, aparece por fim, o rosto meio escondido atrás do alaúde.

Afina a guitarra, dedilha as cordas ao acaso, não toca ainda, eis-nos mergulhados em enlevo e magia.

Um repassar de emoções em cada som, em cada nota, acordes manchados de tristeza e nostalgia.

De olhos baixos, os dedos acariciando as cordas de seda 4 transmitem a amargura que lhe vai no coração.

Melodias suaves, um canto vibrante, uma súbita paragem, ouvimos o “Vestido de Arco-Íris”, a “Ronda dos Seis Tambores”. As notas altas ressoam como chuva em noite de tempestade, as notas baixas como um ciciar segredado de amantes.

Tons graves e agudos entrechocando-se, mesclando-se, como pérolas grandes e pequenas tombando num prato de jade. A música saltitante como um pintassilgo entre as flores, gotejante como água das fontes caindo sobre areia. Depois, acordes como cristais de gelo, as cordas parecem romper, a música fria, sussurrante, extinguindo-se pouco a pouco. Agora um silêncio mais eloquente que todos os arpejos, melancolia, a água correndo após o quebrar do jarro de prata. Outra vez o tinir de espadas e lanças, uma zoada de armaduras, os acordes finais brotando do coração do alaúde, quatro cordas emitindo um único som, o do rasgar da seda. As barcas, a leste, a oeste, mergulhadas em silêncio, apenas a lua de Outono prateando o leito do rio. Suspirando, ela prende a varinha nas cordas do alaúde, alisa o vestido, ajeita o rosto, levanta-se e fala.

“Nasci na capital, cresci junto à Colina das Rãs, aos treze anos meus dedos brincavam sabiamente com o alaúde.

Era a aluna mais distinta na escola de música, professores, mestres aplaudiam meu engenho e destreza. As mais belas da cidade invejavam meu porte, minha formosura. Os jovens de Wuling disputavam a honra de me ver, 5 depois de uma canção ofereciam-me incontáveis peças de seda. Alfinetes, pentes de prata quebrados descuidadamente, o vinho caindo ao acaso sobre minha saia cor de sangue. Escoavam-se os anos entre festas, risos, alegria, sucediam-se brisas de Primavera, luares de Outono.

Um dia meu irmão partiu para a guerra, minha mãe morreu, mês após mês, ano após ano desvanecendo-se minha beleza, diante da porta, carruagens e cavaleiros cada vez mais raros. Para sempre perdida a mocidade, casei com um mercador, que, em busca do lucro e do negócio, me deixa abandonada. Partiu o mês passado para comprar chá em Fuliang, desde então permaneço nesta barca vazia, na foz do rio, vogando ao luar sobre águas geladas.

A meio da noite, em sonhos, recordo minha juventude, vejam como as lágrimas avermelham meu rosto pintado.”

Ao ouvir esta mulher tocar o alaúde, já os soluços se me prendiam na garganta. Agora, escutando sua história, em mim uma emoção imensa, nós dois, destroços encalhados nas margens do céu, finalmente próximos através de um encontro fortuito. O ano passado fui obrigado a abandonar a capital, a viver exilado nesta cidade de Xunyang. Doente por terras estranhas, sem guitarras nem flautas, minha casa em Penjiang, ao lado do rio pantanoso, rodeada de canaviais amarelecidos, de bambus amargos. Nesse lugar, ao nascer o dia, ao entardecer, à noite ouve-se apenas o guincho dos macacos, o piar triste dos cucos. Em tempo de Primavera e de flores, de Outono e de luar, ergo muitas vezes a minha taça e bebo solitário. Sim, há cânticos camponeses e flautas aldeãs, mas as notas estridentes magoam meus ouvidos.

Esta noite chegou até mim o harmonioso tanger de um alaúde, música celestial retocada por mãos de fada.

Silenciosa, sentada, a mulher ouve minhas palavras, digo-lhe que vou escrever um poema, a “Canção do Alaúde”. Ela pega, de novo, na guitarra, acaricia tristemente as cordas e vai arrancando notas intensa, saudosamente magoadas. Eu escondo os olhos, o pranto mancha nossas faces.

Quem mais chorou?

A cabaia azul do intendente de Jiujiang inundada de lágrimas.6

1 A pipa, muito semelhante a um alaúde, ainda hoje é usada para tocar música tradicional chinesa.

2 O ano de 815.

3 A “Canção do Alaúde” tem 88 versos de sete caracteres, isto é, seiscentos e dezasseis caracteres.

4 As cordas da pipa são em seda.

5 Wuling ou “Cinco Tumbas”, nos arredores da capital, era um lugar habitado pelas famílias mais ricas e poderosas do Império.

6 O intendente de Jiujiang, cidade nas margens do rio Yangtsé, era o próprio Bai Juyi.

VIA do MEIO 18.4.2023 terça-feira 8-9
DING YUNPENG, CANÇÃO DO ALAÚDE, 1585

IMOBILIÁRIO MARÇO DE RECUPERAÇÃO

OS preços das casas novas na China subiram, em Março, ao ritmo mais rápido em 21 meses, no mais recente sinal positivo para a segunda maior economia do mundo, após três anos de isolamento.

Os preços das casas novas subiram 0,5 por cento, em relação ao mês anterior, de acordo com dados oficiais divulgados ontem.

Os dados sinalizam algum alívio para o sector imobiliário da China, que sofreu uma crise de liquidez nos últimos dois anos. Várias construtoras entraram em incumprimento. Com um passivo superior a 300 mil milhões de dólares, o grupo Evergrand tornou-se emblemático da crise que atingiu o sector imobiliário da China.

Também os dados sobre as exportações chinesas divulgados na semana passada foram melhores do que o esperado, já que o comércio da China foi impulsionado pela venda de veículos eléctricos e um aumento do comércio com a Rússia.

SUDÃO EMBAIXADA CHINESA PEDE AOS SEUS CIDADÃOS “ALTA VIGILÂNCIA”

De olhos bem abertos

Aembaixada chinesa em Cartum pediu ontem aos cidadãos e às empresas chinesas no Sudão que permaneçam “altamente vigilantes” e evitem sair à rua, à medida que a violência na capital sudanesa entra no terceiro dia.

Os confrontos entre as forças militares rivais sudanesas deixaram cerca de uma centena pessoas mortas e mais de 1.000 feridos, incluindo dezenas de civis, segundo o mais recente balanço das autoridades.

Não há relatos de cidadãos chineses mortos ou feridos.

“A embaixada lembra urgentemente aos cidadãos chineses e às instituições chinesas no Sudão para permanecerem altamente vigilantes, evitarem sair à rua e reforçarem as precauções de segurança”, lê-se no comunicado.

“[Os cidadãos] devem permanecer longe de janelas ou espaços ao nível da rua, para evitar serem feridos acidentalmente por balas perdidas”, acrescentou.

O ministério dos Negócios Estrangeiros da China instou

as facções rivais a cessarem os combates.

“A China apela às duas partes em conflito no Sudão para que cessem o fogo o mais rapidamente possível, a fim de evitar uma escalada adicional da situação”, disse um porta-voz do ministério, no domingo. “A China espera que todas as partes no Sudão fortaleçam o diálogo e promovam em conjunto o processo de transição política”, acrescentou.

Boas parcerias

A China tem uma forte presença económica no Sudão, apesar da contínua turbulência política no país islâmico, desde que se dividiu em dois, em 2011, após a formação do Sudão do Sul, ao fim de décadas de guerra civil.

Mais de 130 empresas chinesas investem e operam no Sudão, que também abriga uma grande força de trabalho chinesa. A China é também o maior parceiro comercial do Sudão, com um volume de comércio total de 2,6 mil milhões de dólares, em 2021.

As empresas chinesas no Sudão estão envolvidas na cons-

trução de infra-estruturas, tendo uma participação de mercado de mais de 50 por cento em contratos de obras.

De acordo com o Ministério do Comércio da China, foram assinados 40 novos contratos por empresas chinesas no Sudão em 2020, e o número de trabalhadores chineses no país ascendeu a 1.330, no final do mesmo ano.

O Comité dos Médicos Sudaneses afirmou, na sua última avaliação, que os combates entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RFS, na

“A embaixada lembra urgentemente aos cidadãos chineses e às instituições chinesas no Sudão para permanecerem altamente vigilantes, evitarem sair à rua e reforçarem as precauções de segurança.” COMUNICADO

sigla em inglês, língua oficial a par do arábico) deixaram até agora 97 civis mortos e 942 feridos, a maioria dos quais na capital sudanesa. Apelou de novo a “uma paragem imediata desta guerra” e garantia de “uma passagem segura” para transportar os feridos e encurralados.

As principais organizações da sociedade civil e partidos políticos do Sudão apelaram em uníssono, durante o fim de semana, não só ao fim dos combates, mas também ao fim da “militarização” que dominou o “espaço público” no país durante décadas e, em particular, desde o derrube, há quatro anos, do ditador Omar Hassan al-Bashir.

O país africano foi governado, antes do início dos combates, por uma junta liderada pelo general Abdelfatá al Burhan, cujo “número dois” era o líder militar das RFS, Mohamed Hamdan Dagalo.

Os desacordos entre os dois sobre a integração paramilitar num futuro exército unificadoum acordo anterior à formação de um novo governo de unidade liderado por civis - acabaram por degenerar neste conflito, que começou no sábado.

A China vai divulgar os dados referentes ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), no primeiro trimestre, na sexta-feira. Economistas projectam um crescimento de 4 por cento nos primeiros três meses do ano. Pequim definiu como meta para este ano um crescimento de “cerca de 5 por cento”.

“Se o relatório do PIB [para o primeiro trimestre] se aproximar das expectativas do mercado, então a velocidade da recuperação económica está no caminho certo”, escreveu Iris Pang, economista para a China do grupo financeiro holandês ING.

Taiwan Passagem de navio dos EUA condenada

O Exército chinês condenou ontem a passagem do contratorpedeiro norte-americano Arleigh Burke USS Milius pelo Estreito de Taiwan, no domingo. “O Arleigh Burke USS Milius navegou através das águas do Estreito de Taiwan [no dia] 16 de Abril, causando distúrbios”, disse ontem Shi Yi, o porta-voz do Comando Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação Popular, as Forças Armadas da China. Shi adiantou que o Exército chinês organizou “tropas para seguir e vigiar” o navio de guerra dos EUA. “As forças do Teatro Oriental estão sempre em alerta máximo, prontas para defender a soberania nacional, a segurança e a paz e estabilidade regional”, acrescentou o porta-voz.

10 china www.hojemacau.com.mo 18.4.2023 terça-feira

AUTOMOBILISMO RODOLFO ÁVILA CORREU DE FÓRMULA 4 EM XANGAI

Corrida de treino

Open Formula Challenge em Xangai,

Opiloto de Macau conduziu o único Tatuus F4-T421um monolugar de Fórmula 4 de última geração já com sistema de segurança halo - na competição chinesa, organizada pela TopSpeed Shanghai, que espera juntar os monolugares da Fórmula Regional e da Fórmula 4.

Ávila não tem nos planos de regressar às corridas de monolugares, mas aproveitou a oportunidade para conduzir um monologar que a sua equipa Asia Racing Team espera colocar a correr no futuro, tanto na China, como no continente asiático.

“Foi uma grande oportunidade para conduzir um novo Fórmula 4, especialmente para compreender o seu comportamento e trabalhar nas afinações”, explicou Ávila que passou por várias competições de monolugares como o Campeonato Asiático de Fórmula Re-

de Fórmula 3 ou a Fórmula International Masters. “Visto que vamos correr e treinar pilotos com este carro de Fórmula 4 no futuro, é muito importante compreendê-los muito bem”.

Estes Tatuus F4-T421 de motor Abarth, que deram corpo ao campeonato

de Fórmula 4 do Médio Oriente nos meses de Janeiro e Fevereiro, depois de realizarem quatro provas na China, deverão ser utilizados mais tarde no Campeonato do Sudeste Asiático de Fórmula 4. Segundo a imprensa britânica, a TopSpeed Shngnhai encontra-se em negociações com as entidades desportivas da RAEM para que estes carros realizem uma corrida no programa do 70º Grande Prémio de Macau.

Boa aposta para Macau

RODOLFO ÁVILA PILOTO

MotoGP Alex Rins vence nos EUA.

Miguel Oliveira foi quinto classificado

O piloto espanhol Alex Rins (Honda) venceu ontem o Grande Prémio das Américas de MotoGP, terceira prova do Mundial de velocidade, em que o português Miguel Oliveira (Aprilia) foi quinto classificado. Oliveira, que partiu de 15.º, cortou a meta a 9,989 segundos do vencedor, com o italiano Luca Marini

Nos últimos três anos, a prova principal do programa do Grande Prémio de Macau foi disputada com monolugares de Fórmula 4, mas da geração ante -

rior, que têm vindo a ser utilizados desde 2015 no Campeonato da China de Fórmula 4. Após condu -

“Estes são os carros que os jovens pilotos querem conduzir e, se correrem em Macau, podemos vir a ter uma corrida com os melhores pilotos do mundo da especialidade, uma final ao estilo da Fórmula 3.”

RODOLFO ÁVILA PILOTO

(Ducati) a ser segundo, a 3,498, e o francês Fábio Quartararo (Yamaha) em terceiro, a 4,936. O italiano

Marco Bezzecchi (Ducati), que foi sexto, aproveitou a desistência do italiano

Francesco Bagnaia (Ducati) quando liderava, por queda, para cimentar o comando do campeonato, com 64 pontos.

zir o “novo F4”, Rodolfo Ávila acredita que estes são carros mais apropriados para o Circuito da Guia.

“Para além de serem carros mais evoluídos e esteticamente mais apelativos para o público, se Macau quer continuar a ser uma referência no automobilismo mundial, precisa de ter corridas com carros de última geração e com os mais altos padrões de segurança”, explicou Ávila ao HM. “Estes são os carros que os jovens pilotos querem conduzir e, se correrem em Macau, podemos vir a ter uma corrida com os melhores pilotos do mundo da especialidade, uma final ao estilo da Fórmula 3”.

Entretanto, perante a ameaça da concorrência, o Campeonato da China de Fórmula 4 anunciou na pretérita semana que irá estar presente novamente no Grande Prémio de Macau no mês de Novembro e que irá introduzir um novo monolugar da segunda geração, neste caso o modelo Mygale M21-F4, a partir da temporada de 2024. Sérgio Fonseca

Anúncio Substituição de Notário Privado

Nos termos e para os efeitos previstos nos artigos 6.º, 22.º e 25.º do Decreto Lei n.º 66/99/M, de 1 de Novembro, faz-se público que o Notário Privado licenciado Henrique Saldanha, aceitou substituir o licenciado Alexandre Correia da Silva na prática de actos notariais que, por sua natureza ou por força da lei, só possam ser praticados pelo notário substituído, designadamente, nos averbamentos e na emissão de certificados, certidões e documentos análogos.

A substituição é exercida no domicílio profissional do notário substituto, sito na Avenida da Praia Grande, n.º 429, 25.º andar, Macau.

Macau, aos 17 de Abril de 2023. – O Notário Privado, substituto, Henrique Saldanha.

desporto 11 www.hojemacau.com.mo terça-feira 18.4.2023
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Vinte anos depois de ter conquistado o seu primeiro título em competições de monolugares, Rodolfo Ávila fez uma aparição surpresa na prova de abertura do
aos comandos de um Fórmula 4
nault, Campeonato Britânico
“Visto que vamos correr e treinar pilotos com este carro de Fórmula 4 no futuro, é muito importante compreendê-los muito bem.”

A primeira fusão

Veio trabalhar para o território em 2013 e considera que a gastronomia macaense foi a primeira cozinha de fusão do mundo. Fausto Airoldi, chefe de cozinha português, defende que os melhores pratos são aqueles que ainda se servem à mesa das famílias, de forma tradicional

“TESOUROS DE MACAU” EXPOSIÇÃO DE AGUARELAS ABRE HOJE NA FRC

Éhoje inaugurada, na Fundação Rui Cunha, a exposição de aguarelas intitulada «Tesouros de Macau” da autoria do arquitecto e pintor português Vasco Bobone, um evento inserido no programa de comemorações do 11.º aniversário da Fundação Rui Cunha (FRC). Serão exibidas 39 aguarelas comissionadas pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau ao artista para a composição de um

livro intitulado “Tesouros de Macau”, publicado em 2012, e que mais tarde foram adquiridas pelo advogado Rui Cunha.

“O convite para pintar os tesouros patrimoniais de Macau em aguarelas, que me foi dirigido pela Direcção dos Serviços de Turismo da RAEM, representou um desafio que passou por diferentes etapas. Tudo começou com a visita à cidade, e sobreveio então o interesse em aprofundar

a sua História. Não foi difícil, tanto pelas interessantes leituras para que fui remetido, como pela oportunidade de inesquecíveis conversas com personalidades que tive o gosto de conhecer, que aqui vivem ou viveram. Senti então com intensidade a dimensão mais profunda do que constitui a beleza, diria mágica, de Macau, que resulta de tão extraordinários acontecimentos históricos e culturais”, revelou no livro o autor. Vasco d’Orey

Bobone nasceu em 1944. Licenciado em arquitectura, fez estudos de Pintura e História de Arte em Itália. Como arquitecto e como professor universitário especializou-se em restauro e adaptação de edifícios históricos. A pintura de aguarelas, a que se dedica, levou-o a fazer exposições individuais em Portugal e no estrangeiro, tendo trabalhos publicados já em vários livros. As obras vão estar expostas até 6 de Maio de 2023.

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COMIDA MACAENSE CHEFE FAUSTO AIROLDI FALA DE UMA GASTRONOMIA A PRECISAR DE MODERNIZAÇÃO

Ochefe Fausto Airoldi considera que a culinária macaense é das primeiras cozinhas de fusão do mundo, dadas as várias origens que assimilou, e acredita que os melhores dos seus pratos são ainda servidos à mesa das famílias.

“A cozinha macaense não mete só a cozinha portuguesa; mete a cozinha da Índia, da Malásia. Tem a influência de Hong Kong, inglesa”, afirmou à agência Lusa.

Considerado pelos pares como um dos cozinheiros mais conceituados em Portugal, Fausto Airoldi conheceu a cozinha macaense na juventude, quando a mãe foi trabalhar para Macau. Mais tarde, em 2013, seria ele a trabalhar na região, onde integrou a equipa do Galaxy Macau como chefe executivo de R&D - Research and Development (investigação e desenvolvimento) com 120 restaurantes para gerir. Na sua opinião, quase todos os pratos da cozinha macaense “têm essa fusão espelhada, de uma forma ou de outra”.

E dá exemplos: “Têm um arroz de pato que fica do tipo da nossa cabidela. Usam pato em vez de galinha. Têm um porco à bassafá que leva tamarindo, com mais influência da Malásia. Têm a nossa feijoada e, obviamente, alguns pratos de bacalhau, que eles também usam”.

“A cozinha macaense tem muito a ver também com a cantonesa, que é uma cozinha muito saborosa, com cebolas, alhos. Em algumas coisas metem o gengibre e o picante. Depois, também usam produtos daquelas zonas, como o açúcar e o açafrão da Índia. Têm muitas ervas diferentes das nossas”, referiu.

Caminhos da modernização

Para Airoldi, “infelizmente, ou felizmente, a cozinha macaense ainda é muito cozinha de casa. A boa cozinha macaense ainda está nas famílias de Macau”.

“Aquilo que se vê nos restaurantes é uma coisa que é vendável, diga-

ÓBITO AHMAD JAMAL, MORRE AOS 92 ANOS

AHMAD Jamal, considerado um dos mais importantes pianistas da história do jazz e que actuou várias vezes em Portugal, morreu no domingo aos 92 anos, revelou a sua mulher.

Laura Hess-Hey confirmou ao jornal Washington Post a morte do músico, que começou a sua carreira profissional aos 14 anos na sua terra natal, Pittsburgh, Estados Unidos da América, mas não adiantou mais informações.

Para Airoldi, a modernização deve ser feita, mas “respeitando a tradição”, seja em Macau ou em Portugal, onde este passo já foi dado

mos, a um público mais chinês, que vem à procura de comida macaense, como o minchi, o bassafá, que são pratos que as pessoas vêm comer a Macau porque acham que é cozinha macaense”, disse. “Os restaurantes, infelizmente, não fazem uma cozinha macaense tão boa como na casa das pessoas”, lamentou, ressalvando algumas excepções. Por esta razão, acredita que a modernização vai chegar a Macau.

“O que eu senti quando lá cheguei [a Macau] foi o que senti em Portugal quando cá cheguei, há 30 anos.

[A cozinha] estava um bocadinho estagnada, não havia modernização, e a cozinha macaense vai

passar por essa modernização nos próximos anos”, observou.

Uma modernização que terá de levar em conta a especificidade da região da China, “onde há muitas pessoas de todo o mundo” e que são “muito sensíveis culturalmente”. O chefe exemplifica com o universo do Galaxy Macau, onde trabalhou nove anos, que tinha 18.000 empregados: “Europeus, americanos, da Malásia, Tailândia, Filipinas, indianos, vietnamitas, obviamente muitos chineses e alguns macaenses”.

“Havia restaurantes de quase todas as nacionalidades e obviamente macaenses e portugueses porque em todos os casinos tem de haver

um restaurante macaense e um outro português, por lei”, contou. Para Airoldi, a modernização deve ser feita, mas “respeitando a tradição”, seja em Macau ou em Portugal, onde este passo já foi dado.

“Temos de inovar respeitando a tradição. Se fizermos isso, conseguimos chegar a um ponto em que o estrangeiro, quando come cá, percebe os nossos sabores”, indicou o chefe de cozinha, actualmente a trabalhar num projecto na Comporta, em Portugal.

E recorda o que aconteceu com a cozinha portuguesa que, “é muito saborosa, mas há 30 anos era muito mal apresentada”.

“Olhamos para uma açorda e sabemos o que é, mas um estrangeiro olha para uma açorda com um ovo cru em cima e questiona-se sobre o que ele vai comer”, observou.

E concluiu: “Temos de ter essa noção. Vivemos num mundo turístico, em que os turistas vêm de todo o mundo e temos de apresentar as coisas de uma forma mais profissional”.

UM ESCRITOR SU TONG DÁ HOJE PALESTRA SOBRE ESCRITA CRIATIVA

Oescritor chinês Su Tong estará hoje em Macau onde dará uma palestra, às 15h, aberta ao público, sobre escrita criativa na Universidade de Macau. Su Tong é um escritor chinês contemporâneo amplamente reconhecido pelos seus romances, onde se incluem os títulos “Esposas e Concubinas” e “O Barco para a Redenção”, pelos quais recebeu prémios literários de prestígio, como o Prémio

Literário Homem Asiático e o Prémio Mao Dun de Literatura. Foi também indicado ao Prémio Internacional Man Booker. As suas obras estão traduzidas em diversos idiomas, incluindo inglês, francês, português, alemão e italiano.

O autor irá compartilhar as suas experiências de escrita, técnicas e maneiras na escrita criativa. Será uma oportunidade preciosa para os estudantes

e professores universitários interagirem com o escritor de perto e aprender com a sua experiência. De frisar que esta é a segunda vez que Su Tong vem ao território, uma vez que, em 2011, foi um dos convidados da primeira edição do festival literário Rota das Letras. A conversa de hoje decorre no centro de actividade de estudantes E31-G001, em mandarim e conta com tradução para inglês.

Esta iniciativa insere-se no rol de actividades programadas pela UM que visam “melhorar as capacidades de escrita e a alfabetização literária dos estudantes”. A instituição de ensino superior pretende oferecer “diversas oportunidades de aprendizagem e intercâmbio, ampliando os horizontes literários e o conhecimento do mesmo”. Desta forma, a UM tem desenvolvido séries de actividades e concursos

nos últimos anos, como por exemplo o “Concurso de Resenha de Livros Portugueses para Alunos da UM” com o objectivo de fortalecer compreensão e apreciação das obras literárias portuguesas dos alunos, e o “A4 Fiction Contest” promovido pela sociedade literária da associação dos estudantes que fornece uma plataforma aos estudantes para mostrar o talento e criação de escrita.

O pianista tocou por diversas vezes em Portugal, em festivais como Estoril Jazz, que encerrou em 1994, na sua primeira atuação em Portugal, Loulé, em 2001, e em Guimarães, em Novembro de 2007, no seu último concerto no país, alguns dias depois de se ter apresentado no Centro Cultural de Belém. Ahmad Jamal tocou também na Culturgest, em Lisboa, em 1996.

Nos últimos anos, o guitarrista português Pedro Madaleno, com o contrabaixista Yuri Daniel e o baterista Alexandre Frazão, tem levado o “Tributo a Ahmad Jamal” a diferentes palcos, revistando a sua música.

Frederick Russell Jones, conhecido na infância como Fritz, nasceu em Pittsburgh em 02 de Julho de 1930, e começou a tocar aos 3 anos, quando um tio o desafiou a imitá-lo no piano da família.

Em 1950 mudou-se para Chicago, onde se converteu ao Islão, assumindo o nome de Ahmad Jamal. Foi considerado o Mestre do Jazz em 1994 pelo National Endowment for the Arts e ganhou um Grammy Lifetime Achievement já em 2017.

Tendo como formato musical preferido o trio ao longo da sua carreira de cerca de sete décadas, gravou, em 1958, “Ahmad Jamal at the Pershing: But Not For Me”, um álbum que atingiu um milhão de cópias vendidas e permaneceu nas tabelas da revista Billboard por mais de 100 semanas.

Um dos músicos contemporâneos mais proeminentes a reconhecer Jamal como uma influência foi o trompetista Miles Davis e pianistas tão diversos como McCoy Tyner, Cedar Walton e Bill Charlap também admitiram a sua influência.

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“Os restaurantes, infelizmente, não fazem uma cozinha macaense tão boa como na casa das pessoas,”
FAUSTO AIROLDI CHEFE DE COZINHA

SUDOKU

“Jail Bait” é um filme mau. Mas não é apenas mau, é terrível num grau que o torna óptimo. Da autoria de Ed Wood, um cineasta de culto, esta película repleta de elementos de film noir conta a história de um criminoso que foge às autoridades mascarando a sua verdadeira identidade recorrendo a uma cirurgia plástica de emergência. Protagonizado por Lyle Talbot, Dolores Fuller e Timothy Farrell, “Jail Bait” tem todos os ingredientes de um policial filmado nos anos 1950. Repleto de zooms ultradramáticos e interpretações exageradas, “Jail Bait” é uma pérola na filmografia de Ed Wood. João Luz

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

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UM FILME HOJE
14 [f]utilidades 18.4.2023 terça-feira
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JAIL BAIT | ED WOOD
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TERRORISMO ALIMENTAR

RECENTEMENTE, em Osaka, dois homens usaram os seus pauzinhos para comer directamente do recipiente do self-service, onde se encontrava gengibre vermelho em pickles, num restaurante japonês de nomeada. Enquanto comiam, gravaram e transmitiram as imagens nas redes sociais. Os dois são suspeitos de terem cometido “danos criminais” e de terem praticado “obstrução ao funcionamento de uma empresa através de uma infração coerciva” (OBOBFO, sigla em inglês). Os dois foram detidos pela polícia.

Um dos suspeitos disse em sua defesa: “Só queria fazer as pessoas rir”; o outro acrescentou: “Queria que toda a gente visse uma coisa engraçada, por isso carreguei o vídeo.”

Uma situação semelhante ocorreu no passado mês de Janeiro num famoso restaurante de sushi no Japão. Um cliente começou por lamber a tampa do frasco de molho de soja, depois agarrou numa chávena de chá e também lambeu o rebordo, voltando de seguida a pô-la no lugar, e depois pegou numa peça de sushi e cuspiu no tapete rotativo, onde os pratos de sushi são servidos. Este incidente incomodou os outros clientes que ficaram com má impressão das condições de higiene do restaurante. Afectou directamente a reputação do restaurante.

Usar os próprios pauzinhos para comer do recipiente de onde todos os clientes se servem, lamber o frasco do molho de soja, etc., é danificar os objectos do restaurante, que servem para ser utilizados por toda a clientela e o arguido deve ser acusado de danos criminais. Não é surpreendente que este crime seja identificado na legislação penal de muitos países e regiões.

Vale a pena salientar que é o crime de OBOBFO está contemplado no Artigo 233A do Código Penal japonês. O uso da força pelo arguido para obstruir o funcionamento comercial de terceiros será tratado nos termos deste Artigo. O Artigo 233A estipula que pessoa que espalhe rumores ou use meios fraudulentos para prejudicar a reputação de outros ou para prejudicar os negócios alheios pode ser sentenciada a uma pena de prisão até três anos ou a uma multa que pode ir até aos 500.000 yen.

O Artigo 223A tem duas vertentes

a. Aquele que espalhar rumores ou usar meios fraudulentos para prejudicar a reputação de outras pessoas é culpado

b. Aquele que espalhar rumores ou usar meios fraudulentos para prejudicar a reputação de outras pessoas ou para prejudicar os negócios alheios é culpado

O crime de “atentar contra a “reputação de terceiros” identificado no Artigo 233A, é conhecido em Hong Kong e em Macau, como crime de difamação. O crime de difamação refere-se a comportamentos que prejudiquem

Usar os próprios pauzinhos para comer do recipiente de onde todos os clientes se servem, lamber o frasco do molho de soja, etc., é danificar os objectos do restaurante, que servem para ser utilizados por toda a clientela e o arguido deve ser acusado de danos criminais

a reputação das vítimas através da difusão de rumores ou de informações falsas, mas, em geral, não contempla o uso de meios fraudulentos. É raro contemplar os “meios fraudulentos” em “acções que causem danos à reputação”; mas não é difícil de entender. Porque, em última análise, os meios fraudulentos são métodos para enganar as pessoas, e “agir de forma enganadora para prejudicar a reputação de outras pessoas” é considerado crime no Japão. São leis diferentes e têm normativas concretas diferentes, mas pretendem atingir o mesmo resultado.

O facto de os dois homens terem comido gengibre do recipiente público, implica que usaram as mãos a boca e que se impuseram às outras pessoas. Este comportamento, que impediu os outros clientes que usarem o

mesmo recipiente, prejudicou o negócio do restaurante. A obstrução e o uso da força para prejudicar actividades comerciais constitui o crime identificado na “OBOBFO”. A OBOBFO destina-se a proteger operações comerciais, mas este conceito é muito alargado, e, em casos concretos, é muito fácil abranger actos que não são deliberados. Por exemplo, numa loja, sem querer, deixei cair uma moeda ao chão porque uma pessoa chocou comigo e depois uma outra pessoa pisou a moeda, escorregou, caiu e magoou-se. Tive de esperar pela ambulância para o levar ao hospital. A moeda caiu devido à imprudência de outra pessoa, houve um elemento de força, e o outro indivíduo magoou-se por minha causa. Este último teve de espera pela ambulância dentro do estabelecimento, prejudicando o seu funcionamento. Considerando as duas acções, eu próprio infringi a OBOBFO. Mas claro que o propósito desta lei não é regular episódios como este. O Governo do Japão tem muito cuidado quando aplica esta legislação e não levanta processos à toa.

Os incidentes que ocorreram nos dois restaurantes japoneses, estão a ser investigados e ainda não se conhecem os resultados, mas é certo que o comportamento dos suspeitos ameaçou a segurança alimentar. O sushi é servido em tapetes rotativos, um formato que pode conduzir facilmente a este tipo de crimes. Por este motivo, os restaurantes de sushi precisam de reformular o sistema de monitorização desta zona ficar sempre sob vigilância, e para que se possa apurar responsabilidades caso seja necessário. A vigilância também serve para impedir que incidentes deste género voltem a acontecer. Neste caso a OBOBFO deve ser aplicada. Esta lei garante protecção aos comerciantes. Vale a pena que os Governos de Hong Kong e de Macau estudem a possibilidade da promulgação de lei semelhante. No entanto, o âmbito de aplicação da lei deve ser claro, a fim de evitar litígios desnecessários.

vozes 15 terça-feira 18.4.2023 www.hojemacau.com.mo Professor
Instituto Politécnico de
• Consultor Jurídico
para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/
Macau
da Associação
David Chan macau visto de hong kong
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VEÍCULOS ELÉCTRICOS XPENG QUER REDUZIR CUSTOS EM 25%

AXpeng, uma das maiores fabricantes de veículos eléctricos da China, anunciou ontem um plano para cortar os seus custos de produção em 25 por cento, até 2024, visando alcançar um saldo de caixa positivo no ano seguinte.

“A capacidade de desenvolver produtos atractivos a preços acessíveis tornou-se mais importante [no sector]”, disse o presidente da empresa, Brian Gu, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

O plano ilustra a acirrada competição entre as fabricantes de veículos eléctricos do país asiático, que estão a travar uma guerra de preços, após o governo chinês ter removido a atribuição de subsídios, oferecidos desde 2009 para este tipo de veículo.

A Xpeng baixou já os seus preços em 13 por cento em Janeiro, também apoiada pela queda nos preços do carbonato de lítio, o mineral utilizado no fabrico de baterias que pode representar 40 por cento do custo de um carro eléctrico. O preço do lítio caiu 60 por cento no espaço de um ano.

“Os fabricantes de eléctricos inteligentes precisam de ter cautela com a lucratividade daqui para a frente porque a concorrência vai aumentar com o lançamento de novos modelos”, explicou Gao Shen, analista do sector, citado pelo SCMP.

“As principais empresas emergentes do sector também vão ter que ser cuidadosas para se prepararem para a turbulência no sector eléctrico nos próximos anos”, acrescentou.

Da Praia para Macau

COMEÇAM amanhã na Universidade Politécnica de Macau (UPM) uma série de workshops intitulados “Novos Horizontes Sino-Lusófonos”. Marcado para as 18h30, o primeiro capítulo terá como destaque Cabo Verde e realizar-se-á de forma virtual.

A sessão “Cabo Verde, um País Arquipelágico: Desafios e perspectivas para o ordenamento e a gestão do território” será dirigida por Judite Medina do Nascimento, ex-reitora da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), que tem dedicado a sua investigação e actividade docente às áreas científicas: ordenamento do território, ordenamento e gestão urbanos, governança urbana, geografia urbana e crescimento e desenvolvimento urbano.

A intervenção da académica irá incidir sobre o contexto territorial de Cabo Verde, país que en-

COLO DO ÚTERO EQUIPA DA UPM PUBLICA ARTIGO

frenta desafios importantes para o seu desenvolvimento sustentável.

A UPM traça um perfil do país, indicando que é composto por “10 ilhas, nove das quais habitadas, onde as assimetrias são uma realidade, seja do ponto de vista da distribuição da população pelas ilhas, seja pelas suas características sócio económicas”.

A apresentação de Judite Medina do Nascimento inicia-se por uma caracterização geral das ilhas, ressaltando o potencial endógeno da cada uma. De seguida, será feito o enquadramento da estrutura e funcionamento do sistema nacional de ordenamento do território. Por último, a reflexão apresentará as perspectivas do desenvolvimento de Cabo Verde no quadro da integração regional e de relacionamento com a China.

A UPM indica que estão convidados professores e estudantes das instituições do ensino superior, peritos, académicos e outros

Myanmar Amnistia para mais de três mil detidos

A junta militar de Myanmar (antiga Birmânia) anunciou ontem uma amnistia para mais de três mil detidos, incluindo cerca de uma centena de estrangeiros, não se sabendo se na lista figuram presos políticos.vA junta, no poder desde o golpe de 2021, disse, numa declaração, que 3.015 detidos beneficiam da medida, impulsionada pelo ano novo birmanês, ou Thingyan, celebrado entre quinta-feira e domingo. Os militares

birmaneses apenas especificaram que cinco nacionais do Sri Lanka estão entre os estrangeiros amnistiados, sem dizer que outros cidadãos do exterior beneficiam da medida. A amnistia de presos, uma iniciativa comum em Myanmar em datas importantes, acontece depois de 168 pessoas, incluindo 40 menores, terem morrido, na sequência do bombardeamento do Exército, na terça-feira, de uma aldeia no noroeste do país.

interessados nas relações China-Países de Língua Portuguesa.

Abraço lusófono

A organização do evento descreve-o como uma oportunidade para “analisar e promover novas oportunidades motivadas pelas Linhas Gerais do Planeamento para o Desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, e uma forma de “apoiar o papel de Macau enquanto Plataforma de Serviços entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. O ciclo de conferências é organizado pelo Centro Internacional Português de Formação em Interpretação de Conferência (CIPF) da Universidade Politécnica de Macau (UPM) e a Academia Sino-Lusófona da Universidade de Coimbra (ASL-UC), e conta com a participação de convidados de diferentes geografias e percursos académicos e profissionais. J.L.

DOIS docentes da Universidade Politécnica de Macau (UPM) acabam de ver publicada numa conceituada revista científica um trabalho de investigação que visa desenvolver novas estratégias de diagnóstico e tratamento do cancro do colo do útero. O artigo, intitulado “HPV integration generates a cellular super-enhancer which functions as ecDNA to regulate genome-wide transcription” e publicado na revista “Nucleic Acids Research” é da autoria de Meng Li Rong, professora-coordenadora da Faculdade de Ciências da Saúde e Desporto da UPM, e Lang Bin, professor adjunto da Academia de Enfermagem do Centro de Ciência da Saúde da Universidade de Pequim e da UPM.

Nesta investigação, as equipas da UPM, da Universidade Sun Yat-Sen e da Companhia de Tecnologia Médica GeneRulor de Zhuhai, Ltd. procederam à análise conjunta de vários grupos de dados sobre as células cancerosas do endométrio de seis tipos de HPV [vírus do papiloma humano] positivo e três tipos de HPV negativo, recorrendo a técnicas de sequenciamento de alto rendimento, por exemplo o sequenciamento completo do genoma e o sequenciamento completo do transcriptoma, proporcionando novas possibilidades de diagnóstico e tratamento da doença.

O HPV é um dos vírus mais comuns causadores de tumores e pode provocar 15 tipos de cancro, incluindo cancro do colo do útero, cancro anal, cancro da orofaringe, cancro do esófago, cancro do pénis e cancro vulvar, no conjunto, representando 5,5 por cento de todos os tipos de cancro. A integração de células humanas com o HPV é um passo fundamental para o desenvolvimento do cancro, mas ainda não está claro qual o mecanismo cancerígeno do nível de transcrição após a integração do HPV.

terça-feira 18.4.2023
“A felicidade é como a saúde: se não sentes a falta dela, significa que ela existe.”
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Ivan Turgueniev
“Novos Horizontes Sino-Lusófonos” arranca amanhã na UPM
Workshop
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A sessão “Cabo Verde, um País Arquipelágico: Desafios e perspectivas para o ordenamento e a gestão do território” será dirigida por Judite Medina do Nascimento, ex-reitora da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV)

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