Hoje Macau 18 MAI 2016 #3573

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

QUARTA-FEIRA 18 DE MAIO DE 2016 • ANO XV • Nº 3573

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

RUA DOS MERCADORES

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OPINIÃO

Bolha RUI FLORES

SPORTING DE MACAU

PÁGINA 16

FAM

BRILHOS FINAIS

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EVENTOS

Presos por fios GRANDE PLANO

hojemacau EDIFÍCIO DE DOENÇAS CUSTOS DESCONHECIDOS. RELATÓRIO AMBIENTAL NO PRIVADO

O PRECO INCERTO

A polémica à volta do futuro edifício de doenças infecto-contagiosas continua. Sabe-se agora que o relatório de impacto ambiental foi adjudicado a uma empresa privada

ficando a DSPA encarregue de analisar as conclusões. Quanto a prazos e orçamentos apenas se sabe que os custos vão ser maiores do que estava inicialmente previsto.

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Dois leões fora do grupo

EUA | PRESIDENCIAIS

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A tristeza dos moradores


2 GRANDE PLANO WYNN AMIGO DE HILLARY CLINTON?

Dentro da política é habitualmente conhecido o papel de Sheldon Adelson como um dos grandes doadores, mas Steve Wynn também pondera apoiar alguém. Ainda que o nome do empresário do jogo, dono do Wynn em Macau e com um novo complexo a nascer no Cotai, não seja tão sonante nos meandros da candidatura, duas coisas são bem conhecidas: Steve Wynn “desaprova Barack Obama”, ao ponto de o comparar ao ex-presidente Richard Nixon, envolto num escândalo de escutas. Mas, ao contrário de Adelson (ver texto principal), o facto de Wynn não gostar de Obama pode não o impedir de apoiar Hillary Clinton, candidata pelos Democratas. Wynn assegura ter tido um “jantar charmoso com Clinton”, ainda que social e “não político” e que não descurava a eventualidade de apoiar a candidata, numa entrevista ao canal de televisão PBS. Do conhecimento público é também que Wynn não está nos melhores termos com Adelson ou Trump. Muito por causa dos negócios de casinos, já que o candidato republicano foi considerado, em tempos, provável competição de Wynn em Atlantic City.

QUEM APOIA QUEM? • HILLARY CLINTON: apoiada por Ben Affleck, Christina Aguilera, Tony Bennett, Drew Barrymore, Bon Jovi, Mary J. Blige, George Clooney, Bryan Cranston, Leo Dicaprio, Ellen Degeneres, Cher, Jesse Eisenberg, Morgan Freeman, Lady Gaga, Robert De Niro, Richard Gere, Tom Hanks, Ben Harper, Elton John, Beyoncé, Katy Perry • DONALD TRUMP: apoiado por Hulk Hogan, Sarah Pallin, Stephen Baldwin, Azealia Banks, Kid Rock, Dennis Rodman, Mike Tyson • BERNIE SANDERS: Rosario Dawson, Danny De Vito, Mark Ruffalo, Danny Glover, Spike Lee, Seth MacFarlane, Michael Moore, Susan Sarandon, Red Hot Chilly Peppers,

EUA | PRESIDENCIAIS SHELDON ADELSON VAI DOAR “CEM MILHÕES OU MAIS” A TRUMP

MARIONETAS E CORDELINHOS

O magnata da Sands disse publicamente estar disposto a contribuir com mais dinheiro para eleger Donald Trump do que aquele que doou em qualquer outra campanha. E a ajuda não se fica por mais de cem milhões de dólares: o magnata da Sands diz que este é o homem que os EUA precisam, mesmo que “não se concorde” com algumas coisas que ele diz

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S EUA precisam de alguém “forte” na liderança e esse alguém é Donald Trump. É a opinião bem vincada de Sheldon Adelson, o magnata dos casinos da Sands, com casinos em Macau, que justifica assim a doação de mais de cem milhões de dólares que poderá atribuir àquele que é um dos candidatos mais polémicos da corrida presidencial norte-americana. Em 2012, Sheldon Adelson tornou-se o maior dador republicano de sempre, depois de doar entre 98 e 150 milhões de dólares americanos aos candidatos do partido que apoia. Mas este montante incluiu a corrida ao congresso e à presidência. Agora, o magnata está disposto a bater um novo recorde: mais de cem milhões de dólares apenas para Trump e a sua candidatura presidencial, como reportou o New York Times a semana passada. E Sheldon Adelson explica, ele próprio, porquê. “[Entre tantos candidatos], um ganhou a corrida e agora os Republicanos têm de se juntar de forma a garantir que ele vença na etapa seguinte. Enquanto as primárias ainda têm algumas eleições importantes pela frente, está claro que Donald Trump será o Republicano nomeado para presidente”, começou por escrever numa coluna de opinião no jornal Washington Post. “Eu apoio publicamente Trump para a presidência e recomendo fortemente os meus colegas Republicanos – especialmente os oficiais eleitos através do Partido Republicano, os leais ao Partido e aqueles que fornecem um importante apoio financeiro – a fazerem o mesmo.”

- 0,01% é o valor do apoio de Adelson a Trump quando comparado com o valor das receitas totais do ano passado da Sands, já que só a Sands China obteve lucros líquidos de 1,45 mil milhões de dólares em 2015

A opinião de Adelson continua, considerando “assustador” a alternativa à presidência se não Trump. Num longo parágrafo onde critica Barack Obama – o homem que “conseguiu atingir os seus objectivos em muitos assuntos, ainda que estes não fossem os objectivos dos EUA” -, Adelson diz que é preciso colocar na Casa Branca alguém com um “R” (de Republicano) atrás. Esta é, assegura, a única forma de melhorar a situação. E essa oportunidade “ainda existe”. “Sinto realmente que alguém com nível de experiência como CEO está suficientemente bem treinado para o trabalho de pre-

sidente. Isso é exactamente o que temos com Trump: ele é um candidato com experiência como CEO, moldado pelo compromisso e risco de utilizar o seu próprio dinheiro em vez do do público. Ele é um CEO com uma história de sucesso, que exemplifica o espírito de auto-determinação americano, compromisso para uma causa e boa gestão de negócios.” Sheldon Adelson não menciona, por exemplo, as mais de duas dezenas de negócios montados por Donald Trump que não foram, de todo, “bem geridos”. Notícias correntes na imprensa norte-americana mostram esses casos – aliás motivo de chacota nos mais populares programas de comédia na televisão. São os bifes de Trump (um ano em funcionamento), o Trump Game (igual ao Monopólio, mas versão Trump, menos de um ano em produção), um restaurante (três meses), um motor de busca de viagens (um ano), água Trump Ice (menos de um ano), uma revista que durou dois anos e até uma universidade que acabou processada por diversos alunos porque, durante os seis

“Apoio publicamente Trump para a presidência e recomendo fortemente os meus colegas Republicanos (...) a fazerem o mesmo” “É um CEO com uma história de sucesso, que exemplifica o espírito de auto-determinação americano, compromisso para uma causa e boa gestão de negócios” SHELDON ADELSON


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Que interesses estão por trás dos apoios? Jogo, Israel e o ódio a Obama

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anos em que funcionou, nunca conseguiu cursos acreditados.

COMER NO PRATO QUE CUSPIU

Apesar de alguns problemas nos negócios, a verdade é que Donald Trump foi sempre, de acordo com ele próprio e com média norte-americanos, “auto-financiado” na sua corrida à Casa Branca. Até porque “ele conseguiu alienar muitos dos seus doadores” devido a comentários menos próprios, como realça a imprensa dos EUA. “Para começar a ter mais recursos [financeiros], Trump terá de ser mais activo em conseguir conquistar doadores que isolou durante as primárias”, escreve a CNN. “Charles e David Koch (dois dos maiores apoiantes das presidenciais) não parecem querer apoiar Trump. Charles Koch, em particular, foi publicamente crítico sobre a forma de candidatura de Trump durante as primárias.” Esses comentários não passam sequer pela forma como Donald Trump fala das mulheres, ou da contínua ideia de construir um muro que separe o México do país. Os comentários foram dirigidos precisamente às figuras que agora poderão apoiar o candidato. “Trump foi claro durante a campanha, criticando os oponentes que esperam os ‘super PACS’ e dizendo que eles estavam a ser comprados por doadores ricos”, relembra o Wall Street Journal, referindo-se aos comités organizados para receber somas de dinheiro ilimitadas de empresas, indivíduos e uniões sem contribuírem directamente com o Partido ou os candidatos. Trump dizia mesmo que o poder da sua campanha centrava-se no facto de ser “auto-financiado” e que isso acontecia porque as contribuições “têm um efeito de corrupção nos oficiais do governo”. Palavras que justificava com o facto de ser “um dos maiores doadores ricos a fazer essa compra”, como relembra o site MSNBC. Nem Sheldon Adelson escapou. Quando o magnata apoiou Marco Rubio, Donal Trump não foi meigo. “Ele está a apoiar Marco Rubio para moldá-lo, para que ele seja a sua pequena marioneta”, escrevia o candidato em Novembro do ano passado, acrescentando no início deste ano que “os america-

“Ele [Adelson] está a apoiar Marco Rubio para moldá-lo, para que ele seja a sua pequena marioneta” DONALD TRUMP EM NOVEMBRO DE 2015 nos não têm de se preocupar com esses ricos a dizer ao Trump o que fazer, porque ele não quer – e não recebe – o dinheiro deles”. Apesar da retórica, a ira contra os ‘super PACS’ parece ter amainado, tal como a contra os “doadores ricos”: Donald Trump vai ser apoiado em “cem milhões de dólares ou mais” por Sheldon Adelson e a contribuição deverá ser feita precisamente através de ‘super PACS’. A reacção de Trump quando confrontado pelos jornalistas? “Eu sei que as pessoas gostam de mim e formam um super PAC, mas eu

não tenho nada a ver com isso. Vamos ser o que acontece”, disse à NBC News. O dinheiro, escrevem analistas citados pela imprensa americana, é agora um ponto vital na corrida de Trump. É que, para combater Hillary Clinton na corrida geral à Casa Branca, Donald Trump deverá precisar de “700 milhões a mil milhões de dólares”. Trump tem neste momento cerca de 11 milhões de votos, precisando de cerca de 50 a 60 para vencer. As eleições são em Setembro. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

encontro entre Adelson e Trump de onde surgiu a notícia do apoio aconteceu há duas semanas em Manhattan. Desde então, o magnata do jogo tem insistido na necessidade de se juntarem a ele todos os republicanos possíveis, que ainda estão de pé atrás com Trump. “Apesar de ter sido o neto de um mineiro e filho de um taxista, tenho muito experiência em ser parte de quase meia centena de diferentes negócios nos meus mais de 70 anos de carreira. (...) Ganhei o direito de falar sobre liderança e sucesso. Podem não gostar do estilo de Trump, ou daquilo que ele diz no Twitter, mas este país precisa de uma liderança executiva forte hoje em dia, mais do que em qualquer outro período na sua história”, escreveu Adelson na opinião publicada no Washington Post. Mas, que interesses estão por trás do apoio a Trump? Primeiro, o “ódio” que Sheldon Adelson já manifestou contra Obama e a visão de que Hillary poderá ser a sua substituta mais parecida. “Se os Republicanos não se juntarem no apoio a Trump, Obama vai, basicamente, ter algo que a Constituição não permite – um terceiro mandato em nome de Hillary Clinton. Passei algum tempo a falar com Donald Trump. Se concordo com ele em todos os pontos? Não. Mas é natural que nenhum americano concorde com o seu candidato preferido em todos os assuntos”, defendia Adelson na semana passada. Outra das razões pode ser o interesse de Trump nos casinos. Como recorda a NewsWeek, Adelson é conhecido por apoiar políticos que poderão ajudar nos seus negócios de jogo, ainda que os casinos não pareçam ser o ponto forte do candidato à presidência. Trump declarou falência de três propriedades emAtlantic City: primeiro o casino Trump Taj Mahal, em 1991, depois de um ano em operação. Depois, em 2004, foi a vez do Trump Marina e o Trump Plaza. Depois disto, a Trump Hotels e Casino Resorts decidiu mudar para Trump Entertainment Resorts. Quatro anos depois, também esta empresa faliu.

E depois há a questão de Israel. Um dos cavalos de batalha de Adelson, judeu, a segurança de Israel é uma das maiores preocupações do magnata e parece ser, agora, também a de Trump, que Adelson considera ser “bom para Israel”. Mas a situação é confusa. “Durante toda a corrida vimos reviravoltas que não eram suposto acontecer. Uma das maiores razões de Adelson para apoiar Trump é o grande apoio a Israel, ainda que Trump tenha feito comentários no passado que deveriam fazer os zionistas preocupar-se com tal presidência. Mas também já vimos as ideias de Trump mudar em diferentes eventos públicos”, frisou Myles Hoenig, activista e analista político, em declarações à Press TV.

UNIDOS POR MUROS

Trump chegou a fazer comentários contrários sobre a questão Israel-Palestina, mas a última declaração pública é favorável à ideia de Sheldon Adelson. E mais uma vez, Trump usa-se a si próprio como exemplo. “Acontece que eu tenho um genro e uma filha que são judeus ok? E dois netos que são judeus.” Para Hoenig, a liderança republicana sempre foi muito pró-Israel, mas também os democratas o têm sido, como refere, frisando que Hillary Clinton até é a candidata que mais apoia o país e que é activa nas suas acções para tal. Mas, para o activista, a dúvida não existe: por que razão Adelson apoia Trump? “Não é só para promover a conversa sobre Israel, mas para mostrar a oposição a todos os aspectos levantados por Obama nestes últimos oito anos. Obama é visto como uma oposição a Israel nas decisões que toma, mas ele apoiou o país em tudo o que fez e até cobriu crimes israelitas contra o povo palestiniano”, diz o analista, assegurando que, seja como for, a política dos EUA face a Israel não deverá mudar. Uma das coisas que os dois milionários parecem ter certamente em comum é a ideia de construir um muro: Trump tem um planeado para o México. Adelson sugeriu construir “um grande”, maior do que já existe, para manter os palestinianos fora de Israel. J.F.


4 POLÍTICA

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JINAN GOVERNO ACUSADO DE PRESSIONAR JORNALISTAS

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Associação de Jornalistas de Macau emitiu um comunicado onde acusa o Governo de atentar contra a liberdade de imprensa no âmbito do caso da doação de cem milhões de reminbi à Universidade de Jinan. O comunicado fala de alegadas “pressões” sentidas por jornalistas que reportaram o caso, sendo que muitos foram pressionados ou até obrigados a não publicar os nomes dos dirigentes envolvidos. Muitos dos conteúdos das notícias terão sido “alterados ou mesmo eliminados” e os jornalistas afastados do caso. A associação fala ainda da existência de uma lista com nomes de pessoas que teriam

de ser entrevistados sobre o caso, os quais teriam uma opinião positiva sobre a doação. O comunicado garante que não se tratam de casos individuais ou pontuais e que os meios de comunicação social chineses realizaram auto-censura e foram alvo de um maior controlo por parte do Governo. A associação aconselha os jornalistas a manterem a sua atitude profissional e a defender a liberdade de imprensa e alerta que este é o segundo caso de auto-censura nos meios de comunicação locais depois de 2012, quando o Governo levou a cabo o processo de reforma política. T.C./A.S.S.

MEIA CENTENA DE DEPARTAMENTOS EM AVALIAÇÃO

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Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) vai começar a avaliar 50 departamentos públicos em meados deste ano, uma medida que faz parte da primeira fase do sistema de avaliação do desempenho dos funcionários públicos. Numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Chan Meng Kam, Kou Peng Kuan, director dos SAFP, relembrou que já foi feito o pedido a uma instituição do ensino superior para elaborar esse sistema de avaliação. Na mesma resposta, os SAFP confirmaram ainda que

já começaram o processo de simplificação de 18 serviços de emissão de licenças para as Pequenas e Médias Empresas (PME), estando prevista a simplificação de mais 27 serviços no próximo ano. Kou Peng Kuan garantiu que a simplificação desses processos vai permitir um reforço da cooperação entre serviços públicos e uma maior transparência no processo de emissão das licenças. O director dos SAFP confirmou que vão ser criadas plataformas on-line para os serviços mais procurados pela população entre os anos de 2017 e 2019. Chan Meng Kam questionou o Executivo sobre a necessidade de revisão dos processos burocráticos considerados dispensáveis, questionando ainda o mecanismo de avaliação por uma terceira entidade. T.C./A.S.S.

PS REFORÇO NA COOPERAÇÃO ECONÓMICA E COMERCIAL

Durante a breve visita a Macau, Ana Catarina Mendes, secretáriageral adjunta do Partido Socialista, reuniu com os Conselheiros das Comunidades Portuguesa Rita Santos, José Pereira Coutinho e Armando Jesus, onde defendeu que é preciso reforçar a cooperação económica e comercial entre Portugal e Macau. A socialista acredita ainda que é preciso existir uma “presença maior de turistas em Portugal”, frisando a necessidade de uma linha aérea directa entre Pequim e Lisboa, ideia já anteriormente defendida por várias entidades. A secretária abordou ainda temas como a imigração através da compra de imóveis e a imigração através de investimentos em actividades culturais, em pequenas e médias empresas.

Plano Quinquenal ASSOCIAÇÕES CONTINUAM A CRITICAR CONTEÚDO

Farpas a gosto

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Governo voltou a ser acusado de colocar poucos detalhes sobre as políticas que pretende desenvolver até 2020, no âmbito do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM. Segundo comunicados oficiais, três representações ouvidas no processo de consulta apresentaram críticas. Do lado dos conselhos consultivos na área da Administração e Justiça considerou-se que o “projecto do Plano Quinquenal carece de uma descrição sistemática sobre o conteúdo do desenvolvimento do sector financeiro característico e faz pouca alusão aos problemas e dificuldades existentes em Macau”. Foi ainda dito que a elaboração do Plano, para além de se orientar para o futuro, deveria orientar-se para os problemas. As representantes da Associação Geral das Mulheres de Macau defenderam que “se deve definir um calendário para os projectos

traçados no Plano Quinquenal, dando a conhecer periodicamente à sociedade o andamento da respectiva realização”. Quanto aos membros da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), alguns referiram que o projecto do Plano não faz referência aos indicadores relativos à garantia de emprego dos trabalhadores locais e à resolução das questões relacionadas com o tráfego, que podem ser aperfeiçoadas e tomadas em consideração. O Executivo ouviu ainda as opiniões dos representantes do sector da logística, os quais defenderam que “a parte do Plano reservada ao transporte não descreve as perspectivas de desenvolvimento” desta área. Os 20 representantes das associações do sector esperam que o Governo “reforce o apoio e a assistência ao desenvolvimento do sector local nos próximos cinco anos”, tendo sido sugerida a inclusão da logística como

uma das industrias importantes a desenvolver na diversificação adequada da economia de Macau”.

IDEIAS FEITAS

Os membros dos conselhos consultivos na área da Administração e Justiça pediram a inclusão da Lei Básica como disciplina obrigatória na Educação Cívica, bem como a “introdução do ensino de três línguas escritas (Chinês, Português e Inglês) e quatro faladas (Cantonense, Mandarim, Português e Inglês) nas escolas primárias e secundárias”. Já as Mulheres pedem “o aperfeiçoamento do regime de fiscalização do uso do erário público” e a “reinício da construção do metro ligeiro”, para além do “planeamento do transporte”. “Houve também opiniões que esperam que o Governo adopte medidas de imunidade tributária, de forma a incentivar as Pequenas e Médias Empresas (PME) a implementarem a política favorável à família”, lê-se. A.S.S.


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dramento e só depois, com a concordância da DSPA, avançamos para o concurso público. Fizemos tudo de acordo com as formalidade e a empresa fez a avaliação com base em sete vertentes”, explicou.

MURALHA PROTEGIDA

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relatório de impacto ambiental alerta para a necessidade de proteger a muralha histórica que está localizada perto do Hospital Conde de São Januário, e Alexis Tam garantiu que essa sugestão vai ser seguida. “Quanto à muralha, já fizemos uma visita ao local. Vai haver uma certa distância entre o edifício e a muralha, e esta não vai ser prejudicada. Já adoptamos todas as medidas e podem ficar descansados”, alertou o Secretário.

O deputado José Pereira Coutinho questionou a adjudicação do trabalho a uma empresa privada. “O relatório de impacto ambiental diz que a 12 de Maio a DSPA elaborou as opiniões a esse pretexto. Porque é que o hospital incumbiu uma empresa privada para elaborar esse relatório, que depois foi encaminhado para a DSPA?”.

POUCOS ESTRAGOS

Edifício de Doenças PRIVADA FEZ ANÁLISE AMBIENTAL

Estudos de fora

Os Serviços de Saúde decidiram contratar uma empresa privada para realizar o relatório de impacto ambiental do futuro edifício de doenças infecto-contagiosas. À DSPA apenas coube o trabalho de analisar as conclusões. Um relatório diz que o futuro edifício não trará grandes impactos ambientais

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construção de um edifício de doenças infecto-contagiosas foi o tema discutido na tarde de ontem na Assembleia Legislativa (AL), num debate marcado pela repetição de argumentos e dúvidas sobre o projecto (ver texto secundário). O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, entregou aos deputados o “relatório de avaliação do impacto ambiental no edifício de serviços médicos especializados (doenças

transmissíveis)”, o qual foi elaborado por uma empresa privada, uma adjudicação feita pelos Serviços de Saúde (SS). À Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) coube apenas o trabalho de análise das conclusões. A 12 de Maio, este organismo, liderado por Raymond Tam, referiu que “o conteúdo do relatório de avaliação do impacto ambiental sobre a primeira fase das obras de ampliação do Centro Hospitalar Conde

de São Januário está em conformidade com os pareceres técnicos constantes nos ofícios desta Direcção e as exigências técnicas relativas à avaliação em questão”, lê-se no relatório. Questionado durante o debate sobre o assunto, Alexis Tam, não referiu o nome da empresa e garantiu tratar-se de um procedimento normal na Administração. “Cada serviço faz dessa maneira e tem de se fixar primeiro o conteúdo e o enqua-

O relatório confirma que o futuro edifício de doenças “não terá um impacto global significativo em relação à qualidade do ar”. “Aquando do funcionamento do edifício o aumento de concentração de poluição provocada pelo aumento do tráfego não será evidente, julgando-se um impacto mínimo conforme o estudo”, garante o documento. “Os principais edifícios ao redor do presente projecto são altos e desenvolvidos com alta densidade. A compatibilidade e a integridade com o ambiente em geral são boas (…). Devido ao impacto de bloqueio dos edifícios construídos em redor, o grau de impacto no miradouro não é evidente, mas haverá alterações na vista para quem se encontra no Centro Hospitalar Conde de São Januário, algumas estradas de transito, parques, praças e demais áreas”, acrescenta o relatório. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

POLÍTICA

Dúvidas no ar Deputados querem calendário e orçamento, que não existem

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S deputados continuam a ter dúvidas em relação ao futuro edifício de doenças infecto-contagiosas que será construído junto ao Complexo Hospitalar Conde de São Januário. Os membros do hemiciclo questionaram Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, sobre a ausência de um orçamento concreto e até de um calendário para a conclusão do projecto. O projecto, sabe-se agora, vai custar mais do que o orçamento previsto inicialmente, de mais de 600 milhões de patacas. O Secretário foi ainda acusado de não dispor de um plano concreto em relação ao número de camas ou de ter levado a cabo “falsas” auscultações públicas. O deputado Ng Kuok Cheong chegou mesmo a entregar uma carta a Alexis Tam com dúvidas de residentes sobre o projecto. Alexis Tam manteve até ao fim do debate a ideia de construir o edifício na península de Macau e não no Cotai, como muitos têm vindo a defender. “A auscultação não foi falsa, nunca parámos de trabalhar. Só dois moradores dos edifícios é que levantaram dúvidas nas sessões que organizámos. A maior parte da população concorda com a decisão do Governo e sabe que o São Januário tem de ser ampliado. Nunca mudámos as nossas informações. O projecto não vai afectar as residências e o que estamos a fazer é correcto”, garantiu. O Secretário disse ainda “lamentar” o facto de não dispor de um orçamento concreto para o edifício, que deverá ser superior a 630 milhões de patacas. “A minha tutela não é responsável pela construção, orçamento ou data de finalização, terão de perguntar ao Secretário Raimundo do Rosário (das Obras Públicas e Transportes). A outra tutela conhece a situação melhor que nós e lamento isso”, apontou. “Passados dois ou três meses poderemos entrar noutra fase e poderemos avançar com mais informações sobre o custo e prazo de conclusão da obra”, disse Alexis Tam.

TROCA DE GALHARDETES

O debate ficou ainda marcado pela intervenção do deputado nomeado Fong Chi Keong. “O senhor Secretário não é especialista e tem de ouvir as opiniões dos moradores. Na imprensa só há opiniões de apoio ao Governo mas essas informações são falsas. Não fique contente com isto, parece que tem sempre razão e nós só dizemos palavras inúteis. As preocupações da população são falsas? Naturalmente que vive em Sai Van, junto da Penha, mas os que vivem junto do hospital têm outras preocupações. Eu também vivo numa casa grande e não tenho preocupações mas temos de ouvir as opiniões dos outros”, acusou. Alexis Tam respondeu à letra: “Não sou especialista mas o senhor deputado também não é. Esta não foi uma decisão pessoal. Um total de 57 associações da área da saúde mostraram apoio ao projecto do Governo. Não fomos nós que pedimos às pessoas para nos apoiar. Se calhar devemos mudar a nossa posição e pensar que em cada quilómetro temos cerca de 20 mil residentes. Precisamos de construir este edifício junto ao São Januário. A população apoia o nosso projecto e a sua posição é errada”, assumiu. O deputado Chan Iek Lap, eleito pela via indirecta e médico, aplaudiu a intervenção do Secretário. A.S.S.


6 PUBLICIDADE

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RELATÓRIO DOS AUDITORES EXTERNOS SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS RESUMIDAS BANK OF COMMUNICATIONS CO., LTD. – SUCURSAL DE MACAU As demonstrações financeiras resumidas anexas do Bank of Communications Co., Ltd – Sucursal de Macau (a Sucursal) referentes ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2015 resultam das demonstrações financeiras auditadas e dos registos contabilísticos da Sucursal referentes ao exercício findo naquela data. Estas demonstrações financeiras resumidas, as quais compreendem o balanço em 31 de Dezembro de 2015 e a demonstração dos resultados do exercício findo naquela data, são da responsabilidade da Gerência da Sucursal. A nossa responsabilidade consiste em expressar uma opinião, unicamente dirigida a V. Exas. enquanto Gerência, sobre se as demonstrações financeiras resumidas são consistentes, em todos os aspectos materiais, com as demonstrações financeiras auditadas e com os registos contabilísticos da Sucursal, e sem qualquer outra finalidade. Não assumimos responsabilidade nem aceitamos obrigações perante terceiros pelo conteúdo deste relatório. Auditámos as demonstrações financeiras da Sucursal referentes ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2015 de acordo com as Normas de Auditoria e Normas Técnicas de Auditoria emitidas pelo Governo da Região Administrativa Especial de Macau, e expressámos a nossa opinião sem reservas sobre estas demonstrações financeiras, no relatório de 11 de Março de 2016. As demonstrações financeiras auditadas compreendem o balanço em 31 de Dezembro de 2015, a demonstração dos resultados, a demonstração de alterações nas reservas e a demonstração dos fluxos de caixa do exercício findo naquela data, e um resumo das principais políticas contabilísticas e outras notas explicativas. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras resumidas são consistentes, em todos os aspectos materiais, com as demonstrações financeiras auditadas e com os registos contabilísticos da Sucursal. Para uma melhor compreensão da posição financeira da Sucursal, dos resultados das suas operações e do âmbito da nossa auditoria, as demonstrações financeiras resumidas em anexo devem ser lidas em conjunto com as demonstrações financeiras auditadas e com o respectivo relatório do auditor independente. Cheung Pui Peng Auditor de contas PricewaterhouseCoopers Macau, 11 de Abril de 2016

RESUMO DO RELATÓRIO EXERCÍCIO Em 2015, o Bank of Communications Co., Ltd. Sucursal de Macau centrou-se firmemente no tema “inovação reformadora e desenvolvimento transformador” e continuou a concretizar a estratégia de desenvolvimento, determinada pela nossa empresa-mãe, no sentido de “encetar o caminho da internacionalização e multiplicação, de modo a implementar um grupo bancário de primeira classe, cujas acções são detidas pelo público, e que se caracteriza pela gestão patrimonial”, aderindo ao objectivo de “se integrar em Macau e servir Macau”. “Servir os clientes de todo o grupo bancário, reforçar as acções de intercâmbio com as entidades dentro e fora da China Continental, expandir activamente as empresas de Macau, salientar a característica de gestão patrimonial” têm sido os princípios adoptados para o desenvolvimento do negócio da sucursal, tendo consolidado constantemente a base dos clientes, desempenhado plenamente a função de plataforma integrada de gestão de património transfronteiriço, que caracteriza significativamente o negócio da sucursal, e melhorado sucessivamente a imagem de marca da gestão patrimonial do Banco. Fortalecemos a concepção empresarial de “exploração em conformidade com as normas relevantes e desenvolvimento estável”, controlámos em termos rigorosos a qualidade do património. Mediante o esforço conjunto de todos os funcionários da sucursal, e com o grande apoio de vários sectores da comunidade de Macau, as várias actividades desenvolveram-se em termos estáveis. Obtivemos um crescimento estável na economia de escala; no final do ano, as várias dimensões patrimoniais da sucursal atingiram o valor de 41.938.627.947,15 patacas, concretizando um lucro pós-imposto de 222.064.377,09 patacas. A qualidade do património é excelente, mantendo-se em zero o activo inadimplente. A sucursal de Macau, a par do desenvolvimento do seu negócio, tem reforçado sucessivamente os laços com os vários sectores da comunidade de Macau, participando activamente em actividades de solidariedade social e cumprindo a responsabilidade social da empresa. Em 2016, o Bank of Communications Co., Ltd. Sucursal de Macau continuará a desenvolverse em termos estáveis, aumentará sucessivamente a qualidade dos serviços financeiros, respondendo ao enorme afecto de toda a comunidade e dando o devido contributo para o desenvolvimento da diversificação económica e a prosperidade social de Macau. O Gerente-Geral Wu Ye 11 de Abril de 2016


7 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 18.5.2016

NOVO EDIFÍCIO MUNICIPAL EM SEAC PAI VAN QUASE PRONTO

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construção de um edifício municipal em Seac Pai Van que vai acolher um mercado, parque de estacionamento, biblioteca e um campo comunitário para a realização de várias actividades está quase concluída, faltando apenas a verificação final.

O jornal Ou Mun avança que a construção deste edifício surge depois de vários moradores se queixarem da falta de instalações socais naquela zona. Para responder a essas queixas o Governo começou a construir este edifício em 2013. O espaço

tem uma área bruta de 35 mil metros quadrados e seis pisos. A obra inclui ainda uma paragem para os serviços de transbordo de autocarros, mercado municipal, parque de estacionamento público e um centro de actividades comunitárias.

Num estudo feito aos moradores da zona, organizado pela União Geral das Associação dos Moradores de Macau (Kaifong) os resultados indicaram que as instalações públicas eram o que mais pediam os inquiridos.

“Para irmos ao mercado temos de ir a outra zona, apesar de existir um supermercado a oferta é muito pouca. Espero que o edifício abra o mais rápido possível”, apontou uma residente da zona ao jornal. O Governo está ainda a construir um Centro de Saú-

Rua dos Mercadores ESTACIONAMENTO EM VEZ DE PARQUE INFANTIL NÃO AGRADA

Centro mundial sem lazer

PRIVADOS À PARTE

O espaço é propriedade privada, conforme indicou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) ao HM e, por isso, nada há a fazer. Durante os últimos anos foi aproveitado para lazer com o consentimento do próprio proprietário. O dono concordou em disponibilizar o espaço, mantendo-o disponível para uso público, em troca de uma renda de apenas “várias patacas”. Terminado o contrato, no passado mês de Abril, o proprietário decidiu retomar o terreno para investimento. Para isso o IACM foi obrigado a retirar os equipamentos

FACEBOOK

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parque infantil e zona de equipamentos desportivos na Rua dos Mercadores, que acolhia várias pessoas durante as tardes, é agora um parque de estacionamento privado de dez lugares que poucas vezes são ocupados. Idosos e crianças, especialmente, foram trocados por veículos. Numa visita ao espaço, o HM percebeu o descontentamento dos residentes. “As crianças estão tristes porque já não podem brincar no seu parque”, começa por dizer Chan, moradora na zona. O neto olha atentamente a avó, enquanto esta continua o discurso. “Não concordo nada com a alteração, claro que preferia um parque de lazer e espaço para as crianças”, respondeu quando o HM lhe perguntou se concordava com a alteração. Chan continua a explicar que “as visitas ao parque com o neto” eram uma constante, algo que deixou de acontecer. E alternativas não existem. “Agora só podemos passear na rua”, frisa.

HOJE MACAU

Sorrisos, convívio e actividades desportivas foram trocados pelo silêncio de um parque de estacionamento. Aquela zona, no coração da Rua dos Mercadores, é agora olhada com tristeza. Nada se pode fazer porque se trata de uma propriedade privada

desportivos e os grafittis na parede que tornavam o espaço colorido. Lou, proprietário da loja mais próxima da área, lamentou a transformação. Para o vendedor de máquinas de costura é compreensível que não se possa fazer nada, sendo uma zona privada, mas é uma “pena que o parque tenha desaparecido”. “Ouvi algumas pessoas criticarem a mudança de zona de

“Não concordo nada com a alteração, claro que preferia um parque de lazer e espaço para as crianças” CHAN MORADORA

lazer para estacionamento, sobretudo as crianças e os idosos que passavam muito tempo por aqui. Qualquer pessoa gosta de ter espaços destes em cidades como esta”, explicou ao HM, apontando, entre sorrisos, que do ângulo comercial é inevitável que isto aconteça. “É natural que o proprietário queira fazer render o seu espaço”, frisou em jeito de cumplicidade. “É um espaço privado, não se pode fazer nada”, rematou.

EM ACORDO TOTAL

Para Lei Cheok Kuan, presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau Centro e Sul Distritos, são tão necessários espaços de lazer, como parques de estacionamento. Mas o presidente avançou ainda que, na realidade, o Complexo Municipal de S. Domingos tem um parque de estacionamento subterrâneo que nunca é utilizado pela população

por causa da falha de construção na saída. “O Governo explicou que a saída não é suficientemente grande para os carros. Mas quando construiu o complexo já se sabia que a rua era estreita. Então porque é que deixou aquele parque ao abandono? Mais vale resolver o problema para que aquele parque seja aproveitado”, argumentou. Com ou sem acordo, um espaço que era de lazer e convívio é agora um parque de estacionamento que, pouco ou nada rentável parece. Por hora o preço é de 15 patacas, mas há um desconto para aqueles que querem estacionar das oito da noite às oito da manhã, em 60 patacas. Flora Fong (revisto por F.A.) flora.fong@hojemacau.com.mo

de com serviços para idosos e residência para pacientes mentais. A Administração espera que o mesmo possa estar concluído em Novembro do próximo ano. T.C. (revisto por F.A.)

Mãos à obra

Construção de raiz do Sin Fong concluída até 2018

A

planta para a demolição e nova construção do edifício Sin Fong já foi aprovada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Quem o garante é Chan Po Sam, presidente da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau. A obra, diz, poderá começar em breve e prevê-se que esteja concluída em dois anos. Segundo o jornal Ou Mun, o presidente da Associação - que irá cobrir 60% das despesas totais da obra - disse que os trabalhos estão a correr “bem”, sendo que neste momento as equipas de trabalho estão à espera do despacho do Chefe do Executivo para iniciar a demolição. “O novo edifício não será nem maior nem menor que o anterior, o que queremos apenas é qualidade na construção”, garantiu Chan. O presidente explicou ainda que o processo de demolição poderá demorar um pouco, talvez meio ano, porque é preciso garantir que as obras não afectem os moradores ao redor, nem que haja ruído ou poluição.

INDEFINIÇÕES

Ao HM, Chan Pok Sam afirmou que as despesas da obra ainda não estão definidas, sendo que ainda é necessário fazer um concurso público. O presidente prevê um baixo número de empresas candidatas porque a obra é muito polémica. “As empresas podem não ter coragem para fazer a obra”, afirmou. Por este motivo, diz, não está afastada a hipótese de convidar directamente empresas para aceitarem a construção. Desde 2012 que o caso deste edifício tem sido muito polémico. Só no final de 2015 é que os proprietários chegaram a um consenso quanto à demolição e nova construção. Em ruína, o lote obrigou à saída de 200 famílias que têm sido apoiadas pelos Instituto de Acção Social (IAS), que já atribuiu 25 milhões de patacas em apoios aos moradores. Foi ainda colocada uma acção judicial pelo Governo à empresa construtora, a Companhia de Construção e Investimento Ho Chun Kei, para a recuperação das despesas. F.F. (revisto por F.A.)


8 SOCIEDADE

O

hoje macau quarta-feira 18.5.2016

presidente da Associação Americana de Jogo, Geoff Freeman, manifestou optimismo relativamente ao “potencial a longo prazo” da principal indústria de Macau, pese embora o declínio continuado das receitas dos casinos. A aposta no lado extra-jogo é apontada pelo especialista como uma medida brilhante. “O mercado em Macau está a estabilizar, estamos a ver isso. Os números ainda são bastante fortes, ainda é um mercado [que gera receitas brutas anuais] de 27/28 mil milhões de dólares norte-americanos – o maior do mundo”, afirmou Geoff Freeman, à margem da abertura da 10.ª edição da Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), que decorre até quinta-feira. Para o presidente da Associação Americana de Jogo (AGA, na sigla em inglês), o facto de as empresas estarem “a fazer investimentos a longo prazo” demonstra que pretendem estar em Macau “durante muitos e muitos anos” e estão, portanto, “muito optimistas em relação ao futuro”. Isto apesar da curva descendente das receitas dos casinos, encetada há aproximadamente dois anos. Incertezas sobre o futuro “há em todos os mercados”, com-

“Um futuro brilhante” Analista americano vê Jogo em Macau com potencial

“O primeiro trimestre do ano foi muito forte e estamos optimistas em relação ao segundo”, disse o presidente da AGA, para quem há bastante margem para crescimento do mercado de Macau e de outras jurisdições de jogo da Ásia em geral e em simultâneo, ao destacar o “óbvio interesse” que existe em torno da potencial legalização do jogo em casino no Japão. Os casinos de Macau encaixaram entre Janeiro e Março receitas de 56.176 milhões de patacas – menos 13,3% face aos primeiros três meses do ano passado.

O OUTRO LADO

preendendo-se que vivam “altos e baixos”, apontou. “Este mercado é único, há algumas questões que se têm de resolver, mas as empresas que estão a investir aqui têm confiança no potencial a longo prazo do mercado”, realçou o presidente

da AGA, ao assinalar que muitas decisões foram tomadas a pensar nisso, que “é o que se deve ter em consideração”. Além disso, Geoff Freeman vê já notas de que o mercado do jogo de Macau está “a estabilizar”.

Sobre a crescente aposta – impulsionada pelo Governo – no segmento extra-jogo por parte dos operadores de casinos, com vista a uma evolução no sentido do modelo de Las Vegas, Geoff Freeman afirmou ver “um futuro brilhante”. “Macau está já a gerar milhares de milhões em receitas não-jogo”, sublinhou, dando o exemplo da Las Vegas Sands, em que “mais de 20% das receitas vêem do

não-jogo”, o que mostra que esse segmento constitui “um produto em desenvolvimento em Macau”. “Há um futuro brilhante pela frente, o não-jogo tem enorme potencial, mas tem de se mover em consonância com o cliente, para aquilo em que ele está interessado. Está a desenvolver-se aqui em Macau, as pessoas deviam sentir-se bem com o desenvolvimento que está já a acontecer no não-jogo”, sublinhou o presidente da AGA. Segundo dados do relatório da revisão intercalar sobre o setor do jogo em Macau após a liberalização – o primeiro estudo do tipo –, as seis operadoras geraram, em 2014, receitas operacionais de 23,2 mil milhões de patacas através de projectos não associados ao jogo. De acordo com o documento, apresentado na semana passada, “o montante total do consumo nas actividades não jogo efectuado pelos visitantes no território pode ser comparável com o apurado em Las Vegas”. Só que “com uma receita bruta do jogo tão elevada, a percentagem proveniente dos projectos não relacionado com o jogo foi diluída”, segundo ressalva o mesmo estudo. Esse valor representa pouco mais de 6,5% do total das receitas dos casinos apuradas no mesmo ano. LUSA/HM

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Direcção dos Serviços de Finanças - Concurso Público nº 9/CP/DSF-DGP/2016-

Direcção dos Serviços de Finanças - Concurso Público nº 10/CP/DSF-DGP/2016-

Objectivo: Prestação dos serviços da administração das partes comuns do condomínio e do estacionamento do Edifício Long Cheng Prazo de adjudicação: Pelo prazo de dois anos, com início até 30 dias após a data da adjudicação definitiva Prazo e local de entrega das propostas: Dia 3 de Junho de 2016, até às 17:30 horas Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579, 585, Edf. “Finanças”, Divisão de Administração e Conservação de Edifícios do Departamento de Gestão Patrimonial – 7º andar Fiscalização do local de trabalho: Dia 26 de Maio de 2016, às 15:00 horas Rua de Goa n.ºs 87 a 115, Edifício Long Cheng Data, hora e local de abertura do concurso: Dia 6 de Junho de 2016, às 10:30 horas Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579, 585, Edf. Finanças – Sala de Reunião Caução Provisória: Valor: MOP $60.000,00 Modo de prestação: garantia bancária ou depósito em numerário: - para prestação mediante garantia bancária deve apresentar documento conforme o modelo constante do ANEXO 5 do Programa do Concurso; - para prestação através de depósito em numerário, deve ser solicitada a respectiva guia de depósito na Divisão de Administração e Conservação de Edifícios destes Serviços e, posteriormente, proceder ao depósito no banco indicado na guia.

Objectivo: Prestação dos serviços da administração das partes comuns do condomínio e do estacionamento do Edifício Long Cheng Prazo de adjudicação: Pelo prazo de dois anos, com início até 30 dias após a data da adjudicação definitiva Prazo e local de entrega das propostas: Dia 3 de Junho de 2016, até às 17:30 horas Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579, 585, Edf. “Finanças”, Divisão de Administração e Conservação de Edifícios do Departamento de Gestão Patrimonial – 7º andar Fiscalização do local de trabalho: Dia 26 de Maio de 2016, às 16:00 horas Rua de Goa n.ºs 87 a 115, Edifício Long Cheng Data, hora e local de abertura do concurso: Dia 6 de Junho de 2016, às 15:00 horas Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579, 585, Edf. Finanças – Sala de Reunião Caução Provisória: Valor: MOP $60.000,00 Modo de prestação: garantia bancária ou depósito em numerário: - para prestação mediante garantia bancária deve apresentar documento conforme o modelo constante do ANEXO 5 do Programa do Concurso; - para prestação através de depósito em numerário, deve ser solicitada a respectiva guia de depósito na Divisão de Administração e Conservação de Edifícios destes Serviços e, posteriormente, proceder ao depósito no banco indicado na guia.

Consulta e compra do Programa do Concurso e do Caderno de Encargos: a) Durante o horário normal de expediente, na Divisão de Administração e Conservação de Edifícios (7º andar) do Edf. Finanças. Preço das cópias do referidos documentos: MOP$50,00; ou por b) Transferência gratuita de ficheiros pela Internet na Home page da DSF (website: http://www.dsf.gov.mo)

Consulta e compra do Programa do Concurso e do Caderno de Encargos: a) Durante o horário normal de expediente, na Divisão de Administração e Conservação de Edifícios (7º andar) do Edf. Finanças. Preço das cópias do referidos documentos: MOP$50,00; ou por b) Transferência gratuita de ficheiros pela Internet na Home page da DSF (website: http://www.dsf.gov.mo)

Nota: Em caso de encerramento destes serviços por motivos de tempestade ou outras causas de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e a hora estabelecidas de abertura do concurso serão transferidos de acordo com o artigo 13.º do Programa do Concurso. O Director dos Serviços Iong Kong Leong

Nota: Em caso de encerramento destes serviços por motivos de tempestade ou outras causas de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e a hora estabelecidas de abertura do concurso serão transferidos de acordo com o artigo 13.º do Programa do Concurso. O Director dos Serviços Iong Kong Leong

Critérios da adjudicação: A adjudicação deste concurso será efectuada através dos seguintes critérios e percentagens: a) Preço proposto – 50% b) Experiência do serviço de administração de imóveis- 30% c) Número dos trabalhadores (formação da empresa) – 10% d) Treino profissional realizado para os trabalhadores desde o ano 2015 até à presente data – 10%

Critérios da adjudicação: A adjudicação deste concurso será efectuada através dos seguintes critérios e percentagens: a) Preço proposto – 50% b) Experiência do serviço de segurança- 30% c) Número dos trabalhadores (formação da empresa) – 10% d) Treino profissional realizado para os trabalhadores desde o ano 2015 até à presente data – 10%


9 hoje macau quarta-feira 18.5.2016

SOCIEDADE

HOJE MACAU

Meia noite em Moscovo

Nova linha aérea liga Macau à Rússia

A Wong Kit Cheng QUATRO ENFERMEIROS PARA MIL PESSOAS É O IDEAL

Haja quem cuide de nós

A

deputada Wong Kit Cheng considera que o Plano Quinquenal não explica de forma clara qual o aumento na proporção de enfermeiros por habitante, dado importante para perceber o estado do serviço da saúde no território. Em declarações ao jornal do Cidadão, a também vice-secretária da Associação Promotora de Enfermagem de Macau, disse que o plano não consegue definir uma meta a curto ou médio prazo para aumentar o número da proporção de enfermeiros disponíveis por habitante. “Gostaria de saber como é que vai ser o processo de contratação de enfermeiros estrangeiros para Macau. O plano nada refere sobre isso. Também nada diz como é que o Governo pretende atrair mais estudantes de outros países para se formarem no curso de Enfermagem aqui em Macau. Depois de finalizar os estudos vão servir Macau? O plano também não

indica. Ou seja, não há um sistema criado para este assunto. Acredito que se o Governo se aplicar é possível aumentar o número de recursos humanos na área de enfermagem”, argumentou a deputada. Questionada sobre a proporção ideal de enfermeiros por habitante, Wong Kit Cheng recordou a opinião de várias associações sociais e de departamentos governamentais que dizem que o número ideal seria quatro enfermeiros por mil pessoas. Actualmente há 2,8 por cada mil. A deputada considera que

“Acredito que se o Governo se aplicar é possível aumentar o número de recursos humanos na área de enfermagem”

estes valores são “conservadores” e que esta deve é ser a primeira meta de Macau, para depois aumentar progressivamente. Para a deputada é preciso apostar na formação de locais sem fugir à contratação no estrangeiro. Ao mesmo tempo, defendeu, é preciso que o Governo estude e crie um plano viável a curto, médio e longo prazo. Confrontada com valores de 8,7 enfermeiros para mil pessoas noutros países, Wong Kit Cheng disse ser um número “irreal para Macau”, por isso os esforços devem estar concentrados na proporção anteriormente defendida, de quatro para mil.

ÀS CENTENAS

Ao jornal Ou Mun, Kuok U Cheong, subdirector dos Serviços de Saúde (SS), garantiu que serão contratados 328 profissionais de saúde durante o presente ano, grupo onde estão incluídos 120 enfermeiros. O subdirector indicou ainda que em 2015 o número destes profissionais aumentou em 20%, resultado da contratação de 188 novos enfermeiros. Actualmente existem 2276 enfermeiros, dos quais 86% trabalha no Hospital Conde São Januário. Na mesma publicação, Kuok apela ao jovens locais que vejam a saúde como uma área de aposta profissional. O subdirector pede ainda aos profissionais que estejam a pensar na reforma para adiar o pedido da mesma, enquanto a saúde lhes permitir trabalhar. Tomás Chio (com Filipa Araújo) info@hojemacau.com.mo

partir de agora é possível viajar directamente para Moscovo graças à nova linha aérea inaugurada ontem no aeroporto de Macau e que será operada pela companhia russa Royal Flight. Os voos iniciaram-se ontem, com um serviço charter bi-semanal entre as duas cidades. Gradualmente, a empresa espera que o serviço se transforme numa carreira regular. A empresa promete lançar três voos por semana a partir do dia 3 de Julho. Macau passa a ser o primeiro destino da empresa na região da grande China. Na cerimónia que marcou a partida do voo inaugural, Eric Fong, Director de Marketing do Aeroporto Internacional de Macau (CAM), disse que “com o aprofundamento dos laços económicos, culturais e de turismo entre a China e Rússia, esta linha aproxima as relações e o nível de cooperação entre os dois países”.

Fong destacou ainda “os recursos turísticos da Rússia” e o papel de Macau como “uma plataforma fascinante para as trocas culturais entre a China e Portugal”, o que, na opinião do executivo, “atrairá residentes de ambos os países a viajarem para o estrangeiro”. A Rússia é a terceira maior fonte de turistas para a China que, por contrapartida, assume-se como o segundo maior fornecedor de turistas para a Rússia. A CAM refere ainda em comunicado a sua vontade para “continuar a manter uma colaboração próxima com as companhias aéreas e expandir a rede de destinos”. A Royal Flight é uma empresa de charters fundada em 1993, com sede em Abakan, Rússia. Actualmente, opera voos charter entre várias cidades chinesas e destinos turísticos como Egipto, Turquia, Índia, Emiratos Árabes Unidos, Espanha, Itália, Tailândia e Marrocos.

LOU IENG HA NOMEADA JUIZ PRESIDENTE

A magistrada Lou Ieng Ha, do quadro local do Tribunal Judicial de Base, foi nomeada a título definitivo juiz presidente do Tribunal Colectivo dos Tribunais de Primeira Instância, sob proposta da Comissão Independente responsável pela indigitação de juízes. A nomeação foi oficializada em Boletim Oficial, num despacho assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo, com efeitos a partir de 23 de Maio.

MP ACUSOU ESTUDANTE DA MORTE DE GATOS EM TAIWAN

O Ministério Público de Taiwan acusou formalmente o estudante de Macau de violação da lei dos animais em vigor na Ilha Formosa. O jovem poderá agora enfrentar até um ano de prisão. O estudante de 23 anos, de apelido Chan, foi detido em Dezembro do ano passado pelas autoridades policiais por ter morto vários gatos, sendo que uma professora da Universidade Nacional de Taiwan, onde estuda Chan, foi testemunha dos actos cometidos. O jornal de Taiwan Apple Daily noticiou que o jovem acabou por admitir a prática do crime aquando da fase de inquérito, tendo mostrado arrependimento. Chan disse que estava apenas a brincar com um dos gatos, mas que este acabou por o arranhar. A professora referiu que Chan tentou sufocar os animais.

PJ ALERTA PARA AUMENTO DE ROUBOS EM RESIDÊNCIAS

Um comunicado emitido pela Polícia Judiciária (PJ) refere que nos primeiros quatro meses deste ano houve 26 casos de roubo em apartamentos, um aumento de quatro casos face a 2015. Dezasseis desses casos “ocorreram em edifícios altos e, na maioria destes casos, os autores dos crimes seguiram os moradores para poderem entrar nos edifícios e ali ficarem à espera da melhor altura para agirem. Houve dez casos de roubo que tiveram lugar em edifícios baixos e, normalmente, os criminosos actuam escolhendo os edifícios que têm a porta principal estragada”.


10 EVENTOS musicais desenhados por ele próprio e no dispositivo de som interactivo (Espanta Espíritos de Cordas Radiais) inventado por Barbosa. Podem também ouvir-se sons gravados na Península Antárctica, colocados para “transportar” o público para a magia natural daquele território.

AR LIVRE OU VIOLINO?

CCM FESTIVAL DE ARTES DE MACAU AINDA MEXE

Aproveitar enquanto dura A entrar na recta final, o FAM ainda tem muito para dar nestas quase duas semanas que faltam para o encerramento: desde dança contemporânea japonesa a experimentações sonoras com sons do Antárctico, passando por espectáculos de rua. Mas há mais

A

27.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM) está prestes a terminar mas nem por isso o seu interesse. Fomos à procura no programa do que ainda está para vir e descobrimos, já nesta sexta-feira, uma “Obssessão”. Assim se chama a famosa obra do coreógrafo japonês Saburo Teshigawara, inspirada na curta-metragem surreal “Un Chien Andalou” de Luis Buñuel. Estreou-se em 2009 no Festival Rock Arte de Saint Brieuc (França) e desde então tem estado em vários festivais internacionais. Teshigawara formou o KARAS, o grupo que apresenta a peça, com Kei Miyata em 1985 com o objecti-

vo de procurar uma “nova forma de beleza” e assim desenvolveu uma nova linguagem artística, uma nova orientação para a dança contemporânea japonesa. Na interacção dos diversos elementos artísticos – música, movimento, belas-artes e filme, os KARAS criam espaços poéticos, em composições de grande sensibilidade escultural. Desejos impossíveis que se tornam realidade apenas através do amor irracional.

DE BECKETT À ANTÁRCTIDA

Sentado sozinho no seu pequeno quarto no dia do seu septuagésimo aniversário, um homem prepara-se para fazer uma gravação sobre o seu último ano de vida, um hábito de

juventude. Mas antes ouve a cassete gravada há 30 anos, provavelmente o ano mais feliz da sua vida. Assim está dado o mote para “A Última Gravação de Krapp”, a famosa obra de teatro do absurdo de Samuel Beckett e que surge em Macau encenada pelo mundialmente célebre Robert Wilson. Na breve hora que dura esta obra, Wilson apresenta o trabalho de Beckett em meia dúzia de traços simples que pintam uma visão do mundo muito particular e, ao mesmo tempo, universal. E se gravássemos uns sons da Antárctida? E se os combinássemos com música electrónica? E se inventássemos uns instrumentos para que a coisa saísse mais a preceito? Foi precisamente o que Álvaro Barbosa,

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA FERNANDO PESSOA, O MENINO QUE ERA MUITOS POETAS • João Fazenda Texto de José Jorge Letria

«Era uma vez um menino que era vários meninos e em cada menino morava um poeta e em cada poeta um outro poeta. Assim, nunca mais ninguém podia saber quantos poetas havia, ao certo, dentro daquele menino e quantos meninos havia, ao certo, dentro daquele poeta. A coisa começou a ficar confusa, porque nunca antes se vira uma coisa assim, nem havia notícia de outro caso igual, (para dar entrada à rima) dentro ou fora de Portugal.»

professor da Universidade de São José, junto com o desenhador de instrumentos musicais Victor Gama fizeram, dando origem a “Viagem à Última Fronteira”. Embarcados numa expedição de dez dias ao Antárctico num antigo barco oceanográfico dos anos 70 vaguearam pelas ilhas da Península e coligiram gravações áudio e vídeo. Barbosa ainda capturou a beleza natural dos gelos eternos em fotografia que deu origem a um livro. Depois saiu o concerto. O espectáculo apresenta peças musicais tocadas em conjunto por músicos locais e pelo Hong Kong New Music Ensemble, que incluem composições electrónicas originais de Gama tocadas em instrumentos

Para quem gosta de espectáculos de rua, o FAM inclui o que o que a organização designa por uma “caleidoscópica mostra de espectáculos”. Diversidade e emoção são as propostas para a Praça do Iao Hon, com uma série de espectáculos onde se incluem malabaristas, danças tradicionais tailandesas, música ao vivo, teatro infantil e marionetas, durante as três noites do próximo fim-de-semana. Mas a opção também pode ser teatro infantil e aí tem a possibilidade de entrar em “Círculos”, uma produção de Taiwan de Cheang Tong onde a Fundação de Educação dos Oceanos Kuroshio, do mesmo país, surge como consultora. Tudo começa um belo dia quando na biblioteca da zona surge um livro chamado “O Animal Mais Popular”. Assim começa a aventura. A vaca acha que é ela mas afinal são o panda e o golfinho. Curiosa, a vaca decide conhecê-los encetando um périplo à procura do “animal mais popular”. “Círculos” é uma peça criada para inspirar uma reflexão sobre a forma como a humanidade vive, usando o teatro de marionetas, a poesia infantil, livros a três dimensões, música ao vivo, uma exposição interactiva e visitas guiadas. Uma viagem educativa para pais e filhos. Para momentos mais clássicos, não dá para perder Shostakovich segundo o violino da lendária violinista russa Viktoria Mullova. Os concertos de Shostakovich, obras que revelam a influência do pós-romantismo e do neoclassicismo, estão permeados de elementos de discordância e cromatismo do séc. XX e podem ser considerados como uma experiencia singular. Convidada a actuar neste concerto, a Mullova valeu-lhe o título de “Rainha do Gelo” da música. Esta será a sua primeira colaboração com a Orquestra de Macau. Está dado o mote para um evento com diversos horários e bilhetes a preços diversos. Bom fim-de-semana. Manuel Nunes

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BIOGRAFIA INVOLUNTÁRIA DOS AMANTES • JOÃO TORDO

Numa estrada adormecida da Galiza, dois homens atropelam um javali. A visão do animal morto na estrada levará um deles — Saldaña Paris, um jovem poeta mexicano de olhos azuis inquietos — a puxar o primeiro fio do novelo da sua vida. Instigado pelas confissões desconjuntadas do poeta, o seu companheiro de viagem — um professor universitário divorciado — irá tentar descobrir o que está por trás da persistente melancolia de Saldaña Paris.


11 hoje macau quarta-feira 18.5.2016

Alexandre, o grande

Artista Vhils recebe prémio Personalidade do Ano da AIEP

O

artista Alexandre Farto, que assina como Vhils, recebeu em Lisboa o prémio Personalidade do Ano da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), por ter contribuído “para levar o nome do país ao exterior”, em 2015. “O país - e a grande Lisboa em particular - afirmou-se como um centro da Arte Urbana. O contributo do Vhils para isso foi essencial”, afirmou a presidente da AEIP, Alison Roberts, na sessão de entrega do prémio Martha de La Cal, que decorreu no IADE - Instituto de Arte e Design, em Lisboa. Alexandre Farto, de 28 anos, captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já levou o artista a vários cantos do mundo, como Hong Kong. Para Alison Roberts, no trabalho de Vhils “impressiona não só a sua habilidade com métodos e materiais, simbolicamente aliando a destruição à criação, mas a sua sensibilidade, a história do meio urbano e as vidas humanas nas comunidades onde ele trabalhou”. Alexandre Farto contou que recentemente esteve, com a sua equipa, no México, onde fez “uma série de intervenções em várias cidades”. “É interessante perceber como a arte tem o poder de criar uma relação com o ser humano e, a partir daí, criar diálogo e por o foco em situações nas quais a arte serve quase como uma arma para essas pessoas. É nesse sentido que o trabalho se tem espalhado e tem feito sentido em diversos sítios do mundo”, afirmou.

DO SEIXAL PARA O MUNDO

O prémio foi entregue pelo Ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, que disse ser “admirador da obra

de Vhils”. Segundo o governante, Vhils “encarna com grande brilho a dimensão internacional que os portugueses sabem assumir, não só pelas muitas exposições que tem feito, mas também pela obra notável” que espalhou pelas ruas de cidade como Nova Iorque, Berlim, Paris, Moscovo, Hong Kong e até a estação espacial internacional. “A forma como interpela os cidadãos e as cidades assume uma linguagem universal e essa capacidade para transformar a paisagem urbana degradada num espaço de diálogo sobre a condição humana, que a APEI lhe reconhece na atribuição do prémio, vai continuar a aprofundar-se cada vez mais e a engrandecer a nossa arte”, defendeu. Vhils cresceu no Seixal, onde começou por fazer graffiti em comboios, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins, depois de não ter conseguido média para uma faculdade portuguesa. A técnica que notabilizou Vhils consiste em criar imagens, em paredes ou murais, através da remoção de camadas de materiais de construção, criando uma imagem em negativo. Além das paredes, já aplicou a mesma técnica em madeira, metal e papel, nomeadamente em cartazes que se vão acumulando nos muros das cidades.

ANO MARCANTE

Em 2014, Alexandre Farto inaugurou a sua primeira grande exposição numa instituição nacional, o Museu da Electricidade, em Lisboa. “Dissecação/Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses. Esse ano ficaria também marcado pela colaboração com a banda irlandesa U2, para quem criou um vídeo incluído no projecto visual “Films of Innocence”, que foi editado em Dezembro de 2014, e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”. Em 2015, o trabalho de Vhils também chegou ao espaço, à Estação Espacial Internacional (EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes. No passado mês de Março, inaugurou a primeira exposição individual em Hong Kong, “Debris”, no topo do Pier 4 (Cais 4), uma mostra que reflecte a cidade e a identidade de quem nela habita para ver e, sobretudo, “sentir”. Paralelamente ao desenvolvimento da sua carreira criou, com a francesa Pauline Foessel, a plataforma Underdogs, projecto cultural que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, e exposições dentro de portas, em Lisboa. LUSA/HM

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EVENTOS


12 CHINA

hoje macau quarta-feira 18.5.2016

Um grande passo atrás

XI PEDE QUE AUTORIDADES LOCAIS AVANCEM REFORMAS NO LADO DA OFERTA

O

O Presidente chinês anda numa roda-viva em campanha para melhorar o ambiente económico no pais. Aperta com as autoridades locais e com todos os que possam apoiar a reforma estrutural da oferta. O objectivo é melhorar a qualidade da produção e reduzir a “ineficaz”

Jornal oficial diz Revolução cultural “nunca mais”

caos da Revolução Cultural “nunca se repetirá”, escreveu ontem um jornal oficial chinês, numa rara referência aos 50 anos desde o início de uma década vista actualmente como “o maior erro da história do socialismo na China”. Foi exactamente há meio século que o histórico líder chinês Mao Zedong lançou oficialmente aquela radical campanha política e social de massas, destinada a consolidar o seu poder absoluto. O Partido Comunista Chinês (PCC) continua, no entanto, a limitar o debate, com os comentários nas redes sociais chinesas sobre a Revolução Cultural a serem censurados, enquanto a imprensa local ignorou a efeméride. Críticos do regime consideram que as restrições potenciam uma repetição da catástrofe. “Nós despedimo-nos da Revolução Cultural”, afirmou, em editorial, o jornal oficial Global Times, proclamando que “hoje podemos dizer mais uma vez que a Revolução Cultural não pode e não voltará a acontecer. Não existe lugar para isso na China actual”. O Diário do Povo, o jornal oficial do PCC, que não fez qualquer referência ao aniversário, disse apenas que o país aprendeu uma lição e continuou em frente. A China “não vai e nunca mais deve permitir que um erro como a Revolução Cultural se repita”, afirmou, classificando aquela campanha como totalmente errada “em ambas teoria e prática”. A “História desenvolve-se sempre numa direcção progressiva”, sublinhou. Em 1981, a Revolução Cultural foi oficialmente considerada pelo PCC como um erro grave e “catastrófico para o Partido, o Estado e toda a população”, uma decisão que o Diário do Povo classifica de “científica e correcta”. A resolução atribuiu as culpas a Mao Zedong, evitando uma responsabilização directa do partido.

Para melhor te servir

O

Presidente chinês, Xi Jinping, exigiu “esforços inabaláveis” para avançar a reforma estrutural no lado da oferta e pediu que as autoridades locais e vários departamentos elaborem políticas para apoiar a campanha. “Podem existir dificuldades e riscos no processo, mas as autoridades locais não devem fugir da tarefa”, disse numa reunião do Grupo Dirigente Central para os Assuntos Financeiros e Económicos na segunda-feira.

dos negócios e fortalecer os elos mais fracos. O objectivo final da reforma é melhorar a qualidade da oferta e reduzir a oferta “ineficaz”, o que está essencialmente relacionado com aprofundar reformas nas empresas estatais, transformar funções governamentais e rever áreas como a fixação de preços, tributação, finanças e segurança social, de acordo com o presidente.

“O mercado e o governo devem desempenhar melhor os seus papéis para equilibrar as reformas” XI JINPING PRESIDENTE CHINÊS

Depois de escutar os relatórios sobre os esforços de reforma de Jiangsu, Chongqing, Hebei e Shenzhen, Xi reconheceu que alguns dos planos estão a dar frutos e a contribuir para o crescimento. “No entanto, algumas políticas precisam ser estudadas mais, e algumas regiões ainda não tomaram acções efectivas”, apontou Xi. Os governos locais da China tomam medidas detalhadas para implementar a reforma estrutural no lado da oferta,

pois as autoridades contam com o movimento para reagir os ventos económicos contrários em curso e lidar com os problemas notáveis, tais como excesso de capacidade, redundância de habitação e empresas estatais com baixa rentabilidade.

CHEGA DE PRODUZIR “LIXO”

Xi reiterou que o foco deve ser colocado em medidas para cortar o excesso de capacidade, diminuir os stoques, reduzir a alavancagem, baixar os custos

“O mercado e o governo devem desempenhar melhor os seus papéis para equilibrar as reformas”, acrescentou. Na reunião de segunda-feira, Xi também destacou os esforços para expandir a classe média, aperfeiçoar o mecanismo de distribuição dos rendimentos e intensificar a protecção da propriedade intelectual. A assistir à reunião esteve também o primeiro-ministro Li Keqiang, e vice-chefe do Grupo Dirigente Central para os Assuntos Financeiros e Económicos.

MAOISMO CONTINUA

Reminiscências do maoismo continuam, no entanto, patentes na segunda maior economia do mundo. No início do mês, um concerto que marcou o aniversário da Revolução Cultural, no Grande Palácio do Povo, em Pequim, reanimou o debate sobre aquele período, ao entoar música e exibir imagens da propaganda ideológica de então. Numa reacção, o Global Times procurou afastar os receios de um ressurgimento neo-maoista, apontando que a China aprendeu uma lição com a “dor permanente”, causada por aquela década caótica. A Revolução Cultural ensinou a sociedade chinesa a “manter-se vigilante contra os perigos acarretados por qualquer tipo de desordem . Ninguém teme tumultos e deseja mais a estabilidade do que nós”, realçou.

PESCA ENTRA NO DEFESO

A

pesca no Mar do sul da China está banida entre 16 de Maio e 1 de Agosto no, uma medida tomada que já tomada pelo 18º ano consecutivo. Cerca de 8,000 barcos de pesca pertencentes à província de Hainão voltaram ao porto na segunda-feira, dando início à 18ª pausa das pescas no Mar do Sul da China. No período prescrito, não é permitida a pesca em todas as regiões marítimas sob jurisdição chinesa, excepto com o uso de redes com malha de camada única ou outros métodos aprovados, incluindo a pesca convencional à cana.

De acordo com o departamento provincial das pescas, os 7,952 pesqueiros afectados pela proibição perfazem 32% dos barcos da província, abarcando uma população de 36,000 pescadores. Durante a proibição, os pescadores recebem treino sobre as regulações, novas tecnologias e segurança de navegação. As proibições pesqueiras no Mar do Sul da China tiveram início em 1999 e, embora tenham reduzido o rendimento de alguns pescadores, protegem as zonas pesqueiras, assegurando a sustentabilidade da indústria. As proibições anuais de pesca começaram no rio Yangtzé e no lago Poyang em Março.

UM ABRAÇO, DUTERTE

O Ministério dos Negócios Estrangeiros felicitou na segunda-feira o presidente eleito das Filipinas, Rodrigo Duterte, pela sua putativa vitória. A contagem não oficial dos votos mostra que o alcaide da cidade de Davao ganhou as eleições presidenciais filipinas, indicou o porta-voz da chancelaria chinesa Hong Lei numa conferência imprensa de rotina, assinalando que a China notou que as eleições desenrolaram-se sem contratempos e felicita Duterte pelo resultado. “Desenvolver uma relação sólida e estável entre a China e as Filipinas está nos interesses fundamentais de ambos os países e está em conformidade com as aspirações comuns dos povos dos dois países”, afirmou Hong. A porta voz da diplomacia chinesa disse ainda que “a China valoriza a manutenção das relações com as Filipinas”, manifestando também a esperança do país de que “o novo governo filipino trate de forma adequada as diferenças através do diálogo amistoso e leve os laços bilaterais de volta a caminho”.


13 hoje macau quarta-feira 18.5.2016

A

China criticou na segunda-feira a resolução recente do Parlamento Europeu que nega ao país o estatuto de economia de mercado, dizendo mesmo que a medida não é construtiva. “Como a segunda maior economia do mundo e o maior parceiro comercial de mais de 130 países, a China tornou-se numa base para proteger o livre comércio mundial”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi. A China ofereceu um mercado estável e confiável e abundantes empregos para a União Europeia (UE) e espera que o bloco possa ver o desenvolvimento do país de maneira objectiva, respeitar as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e cumprir suas obrigações da OMC, indicou Wang numa conferência de imprensa conjunta com seu homólogo francês, Jean-Marc Ayrault. “Os membros da OMC devem pôr fim à prática antes de 11 de Dezembro de 2016 conforme o acordo

CHINA

PORTUGAL E CHINA ENTENDEM-SE NA JUSTIÇA

P

Comércio é aqui

Pequim critica Europa por não reconhecer economia de mercado

assinado quando a China se juntou à OMC. É uma obrigação para todos os membros da OMC que não está sujeita aos critérios internos de nenhum membro”, acrescentou Wang.

NAMORO COM FRANÇA

Os dois ministros dos Negócios Estrangeiros assinalaram que a China e a França continuarão a ampliar a cooperação e pretendem explorar novas oportunidades na área das finanças, desenvolvimento

sustentável, agricultura, alimentos e mercados terceiros. Os dois países têm grandes expectativas quanto à cooperação bilateral na área das mudanças climáticas e em assuntos internacionais, incluindo no âmbito do G20 e na questão síria, segundo os dois ministros. Wang disse que a China continuará a apoiar uma solução política para a crise síria. Ayrault afirmou que o presidente François

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CENTRO DE FORMAÇÃO JURÍDICA E JUDICIÁRIA

AVISO Faz-se público que se encontra aberto o concurso comum de ingresso externo para admissão de 70 formandos ao curso de habilitação para ingresso nas carreiras de oficial de justiça judicial e de oficial de justiça do Ministério Público, cujo aviso foi publicado no Boletim Oficial da RAEM, n.º 20, II Série, de 18 de Maio de 2016, e se encontra afixado no CFJJ, sito na Rua Dr. Pedro José Lobo, n.º 1-3, Edifício Luso Internacional, 18.º andar, Macau, bem como disponibilizado na página electrónica do CFJJ, em http://www.cfjj.gov.mo. Centro de Formação Jurídica e Judiciária, aos 18 de Maio de 2016. O Director ________________________________ Manuel Marcelino Escovar Trigo

Hollande está ansioso para a reunião do G20 em Setembro em Hangzhou e que a França está disposta a trabalhar com a China para garantir o sucesso do evento. A vice-primeira-ministra da China Liu Yandong e o conselheiro de Estado, Yang Jiechi, também se reuniram com Ayrault no mesmo dia e prometeram maior cooperação em economia, comércio, tecnologia e intercâmbio entre pessoas.

ORTUGAL e a China assinaram esta segunda-feira, em Pequim, um memorando de entendimento que prevê o combate ao crime transnacional e a protecção da propriedade intelectual, informou ontem a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. O documento foi assinado pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça português, António Silva Henriques Gaspar, e o presidente do Supremo Tribunal Popular da China, Zhou Qiang. Em declarações à Xinhua, o responsável chinês afirmou esperar que os tribunais superiores de ambos os países aumentem o intercâmbio de pessoal, mantenham visitas de alto nível e cooperem na formação de magistrados. Zhou Qiang disse ainda que Portugal e a China mantêm relações amigáveis e que a cooperação tem sido aprofundada em todas as áreas, sobretudo após a assi-

natura do acordo de parceria estratégica global, em 2005. Por outro lado, enalteceu o processo de transferência da soberania de Macau para a China, referindo que o território constitui hoje uma prova de sucesso da fórmula “um país, dois sistemas”. Segundo aquela fórmula, Macau mantém uma soberania a vários níveis, incluindo o direito de matriz portuguesa, considerado um dos maiores legados deixados por Portugal. A agência chinesa cita também Henriques Gaspar, que expressou a vontade das mais altas instâncias judiciais dos dois países reforçarem a cooperação em várias vertentes. No mês passado, a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, esteve também em Pequim, a convite da Suprema Procuradoria da China.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Os ventres são verdadeiros poços de comida, os intestinos são sacos de vinho – o que nos iguala aos outros seres.

Da erudição – 7 & 8

P

OR natureza, o homem está desde a nascença dotado de cinco virtudes; consagra-se à Via e ama estudar, distinguindo-se, assim, dos outros seres. Mas tal já não sucede nos nosso dias: agora, empanturramo-nos e bebemos à saciedade, desejamos logo ir dormir após o mínimo esforço de reflexão, os ventres são verdadeiros poços de comida, os intestinos são sacos de vinho – o que nos iguala aos outros seres. Das trezentas espécies de animais nus, o homem é a mais digna De entre os seres que recebem a sua natureza do Céu e da Terra, o homem é o mais nobre, uma superioridade que deve ao seu conhecimento e inteligência. Porém, se se fecha na sua ignorância e embota o espírito, em que difere das trezentas espécies de animais nus, em que merece ser considerado o mais digno e o mais nobre dos seres? * * * Os chineses são superiores aos bárbaros graças à sua cultura impregnada de benevolência e justiça, e pelo seu estudo do passado e do presente. Mas na verdade não são melhores do que esses selvagens, que se contentam em utilizar a inteligência para se alimentarem e vestirem e que, no final de suas vidas, de cabelos brancas e desdentados, se descobrem sem o mínimo saber, sem a menor sabedoria. A aranha tece sua teia para atrair os insectos: porque seria melhor que ela, o homem que apenas utiliza a sua inteligência para enganar os outros? Aplicar a sua inteligência apenas com o fito do poder e do lucro, tendo por único objectivo a longevidade e a felicidade, abandonando o estudo dos Antigos e dos Modernos, é comportar-se como as aranhas. Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


15 hoje macau quarta-feira 18.5.2016

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

China

Um olhar desassombrado C

1972年 CHUNG KUO, CINA

HUNG Kuo, Cina é um filme realizado por Michelangelo Antonioni. Em 1972, o primeiro-ministro Chu En-lai convidou o realizador italiano, conotado com a esquerda, a deslocar-se a Pequim para produzir um documentário que viria a ter uma duração de 217 minutos. Em declarações posteriores Antonioni afirmou: “Pretendi focar-me nas relações humanas e nos comportamentos, no povo, nas famílias e na vida comunitária. Este objectivo foi a minha linha condutora durante a realização do documentário. É uma observação material e cultural a partir do olhar de um estrangeiro vindo de muito, muito longe.” Antonioni e a sua equipa filmaram em cinco locais diferentes, Pequim, Lin County, Suzhou, Nanjing e Xangai. Encarados com desconfiança, durante as deslocações foram constantemente vigiados e controlados e foram necessários três dias para discutir o guião com as autoridades chinesas. Por fim, o realizador desistiu do plano inicial de filmar durante seis meses e terminou o projecto em apenas 22 dias. Contudo, o documentário oferece-nos uma visão clara e detalhada das escolas, das fábricas, dos jardins de infância e dos parques. O rigor dos exercícios matinais, pessoas a correr, mulheres a trabalhar, rostos jovens iluminados por sorrisos confiantes e crianças entregues aos seus cânticos. Descobrimos ainda, no pátio de uma fábrica, um grupo de operários têxteis que após um dia de trabalho árduo em vez de irem para casa ficam para aprender citações de Mao e para discutir a situação política. Antonioni também nos leva a visitar uma sala de cesarianas onde as parturientes são sujeitas a anestesia por acupunctura, com detalhes vi-

rem avaliado o meu filme de forma tão ríspida e me terem sujeitado a críticas tão intensas, compararam-me mesmo aos “maus da fita”, como Confúcio e Beethoven!” Em baixo transcrevo um poema chinês dos anos 70 que ilustra a desilusão chinesa com o simpatizante de esquerda Antonioni: 红小兵,志气高, 要把社会主义祖国建设好。 学马列,批林彪, 从小革命劲头高。 红领巾,胸前飘, 听党指示跟党跑。 气死安东尼奥尼, 五洲四海红旗飘。 Somos jovens Pioneiros Vermelhos com enormes ambições, Iremos construir a nossa Pátria socialista. Aprendemos Marxismo e Leninismo e condenamos Lin Biao, Somos jovens, mas o nosso espírito revolucionário é indomável. Com os lenços vermelhos ondulando ao peito, Escutamos as instruções do nosso Partido e seguimos o seu caminho. Faremos com que Antonioni fique verde de raiva, Até ao dia em que ele veja bandeiras vermelhas desfraldadas, por esse mundo fora.

suais extraordinários. A câmara dá-nos imagens tão verdadeiras como se dum filme científico se tratasse, pormenorizadas e respeitadoras. O documentário termina com uma exibição de acrobatas ao longo de 20 minutos. O filme de Antonioni, um diário da vida chinesa, foi posteriormente proibido pelas autoridades por ser considerado uma apresentação injusta do “atraso” nacional. Antonioni contrapôs nunca

ter sido sua intenção ser ofensivo. Afinal de contas o realizador italiano não sabia nada sobre a China nem sobre a sua História. Este projecto tinha uma perspectiva puramente etnográfica. Podemos por isso concluir que, para Antonioni, Chung Kuo foi uma forma de compreender a China, de aprender sobre o País e o povo através da sua câmara. Antonioni: “Fiquei muito desapontado por as autoridades chinesas te-

Penso que para nós, que vivemos num mundo assombrado por “glamorosas” selfies, assistir ao realismo fotográfico de Antonioni é de certo modo outra forma de “violência”. O REAL torna-se um mito que fere como uma mentira. Esse mundo, essa raça, há muito que morreram. Veja fragmentos em: bit.ly/1Ou55rr bit.ly/1TeuIyr


16 DESPORTO

hoje macau quarta-feira 18.5.2016

Sporting de Macau DOIS JOGADORES SAEM DO CLUBE, UM DELES DESPEDIDO

Cisões nos leões

D

E uma assentada, saltaram dois jogadores do Sporting Clube de Macau (SCM). Um foi despedido, o outro despediu-se há umas semanas. Um não queria tomar banho, o outro não aceitava ordens, segundo apurámos junto de João Maria Pegado, treinador dos leões. Os jogadores em causa são o defesa central Vítor Almeida e o avançado Taylor Gomes. A notícia foi veiculada ontem em comunicado da direcção do clube, que se escusou a fazer comentários remetendo-os para o treinador. Da direcção ficou-se apenas a saber a decisão de “terminar o vínculo” com Almeida e a “desvinculação por livre vontade” de Taylor Gomes, por “motivos semelhantes”: não se enquadrarem “nos valores de disciplina, respeito hierárquico, pelo clube e respectiva camisola”. “Foram diversos actos de indisciplina, no campo, a nível táctico e nos treinos. Não dava”, diz João Maria Pegado. Segundo o treinador, Almeida “recusava-se a participar em várias actividades dos treinos” e o jogador “isolou-se

Vítor Almeida

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Governo da Região Administrativa Especial de Macau

Fundo de Segurança Social Aviso

Faz-se público que, por despacho do Exmo. Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 15 de Março de 2016, se acha aberto, concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de nove lugares de assistente técnico administrativo de 2.ª classe, 1.º escalão, área de oficial administrativo, em regime de contrato administrativo de provimento do Fundo de Segurança Social. As condições de candidatura podem ser consultadas no Boletim Oficial da RAEM, n.° 20, II Série, de 18 de Maio de 2016 e estão disponíveis nas páginas electrónicas da Imprensa Oficial, do SAFP e do FSS (www.fss.gov.mo). Fundo de Segurança Social, aos 11 de Maio de 2016.

O Presidente do Conselho de Administração, Iong Kong Io

do grupo, recusou-se desde o início a tomar banho após os treinos, o que é obrigatório, e também evitou participar nalguns jantares da equipa”. Opinião diferente tem Taylor Gomes, que diz “ter sido sempre bem acolhido por Vítor Almeida”, que até o “ajudou bastante na recuperação de uma lesão”, garantindo que é “um jogador acolhedor”. Taylor acha normal a recusa em tomar banho, pois “as equipas de Macau não têm balneários próprios” e às vezes “têm de ser divididos com outras equipas”, razão pela qual “muitos prefiram ir para casa relaxar”. Face aos jantares, Taylor acha “um argumento falacioso” já que “o Sporting não paga muitos dos jantares (ao contrário de outras equipas) e Vítor esteve sempre nos que o clube pagou”, diz, acrescentando que “para um jogador emigrado, com responsabilidades familiares em Portugal, é natural ter outras prioridades mais importantes do que pagar jantares do bolso só porque o treinador os marcava”. Já Vítor Almeida prefere, para já, o silêncio. “Neste momento não quero falar sobre isso. Direi tudo o que me vai na alma na altura certa. Nunca pensei que passasse por isto e nunca vi isto no futebol. Estou de consciência tranquila e tudo fiz pelo Sporting de Macau e só sei estar de uma forma no futebol e na vida que é respeitar o próximo e ter princípios, mas muitas pessoas desconhecem esses valores”, disse ao HM.

ORDENS E DESORDENS

No comunicado, o SCM aproveitou também para oficializar a desvinculação de Taylor Gomes ocorrida há já algumas semanas. “Foi chamado à atenção no jogo do Benfica e no treino seguinte e teve o descaramento de me dizer que não obedecia a ordens nem dos pais nem dos patrões”, disse João Pegado a propósito do jogador. No caso desse jogo, a ordem era uma técnica de futebol e Taylor terá dito ao treinador para ter calma. O jogador assume as respostas mas chama a atenção para o contexto: “No jogo contra o Benfica, [o treinador] andava descabelado a chamar por mim a toda a hora e, de facto, mandei-o ter calma para que me deixasse jogar futebol.” Após o jogo, diz Taylor, “talvez por não assumir o papel de treina-

dor como deve ser”, terá mandado o treinador-adjunto dizer-lhe que estava aborrecido com ele. “Como não tinha problemas em pedir-lhe desculpa, dirigi-me a ele na primeira oportunidade e ele virou-me a cara”. Depois dessa atitude Taylor confessa ter ficado sem vontade de pedir desculpas mas percebeu que o clima estava estragado mais não fosse por ter ido parar ao banco no jogo seguinte. Numa reunião geral, o treinador terá demonstrado o desagrado, garantindo Taylor ter aproveitado a oportunidade para “demonstrar surpresa por ele ter virado a cara”. Confrontado com a recusa em aceitar ordens, Taylor confirma que o fez, apelando de novo ao contexto. Segundo ele, Pegado perguntou se estaria disponível para acatar ordens. Taylor terá dito “se quiseres dás orientações técnicas, agora ordens não recebo, nem tuas nem de ninguém”, assume. Questionado João Pegado se estas atitudes de indisciplina não teriam sido possíveis de prever antes de contratar os jogadores, o treinador diz que “Taylor já tinha indícios”. “Saiu do Benfica, do Ka I, mas como treinador achei que podia fazer mais dele”, frisa ao HM. Confrontado com estas declarações, Taylor manifesta-se estupefacto: não saiu a mal de nenhum clube, diz, mas sim por opção. Salienta que quando o Sporting foi ter com ele “estava a analisar uma proposta do Ka I mas entendeu que o Sporting seria uma nova experiência”, adiantando ainda ter recebido uma proposta deste clube, na pessoa do treinador Josicler, já depois de representar a equipa leonina, para disputar o Interpor Hong Kong-Macau para os vencedores da “bolinha” dos dois territórios. No caso do Vítor Almeida, José Maria Pegado garante que não tinha essas indicações e foi uma surpresa. “Talvez tivesse sido mal aconselhado. Andava sempre com pessoas de outros clubes”, diz, acrescentando: “quando se apanham boleias para os treinos com um treinador de outro clube, está tudo dito”. Manuel Nunes (com G.L.P) info@hojemacau.com.mo


17 hoje macau quarta-feira 18.5.2016

dissonâncias ruiflores.hojemacau@gmail.com

A

Estou na bolha

ideia de que vivemos numa bolha censória que nos protege de tudo o que é diferente daquilo que habitualmente vemos e lemos não é nova. Ganhou destaque, no entanto, nos Estados Unidos, nos últimos dias, com notícias de que o Facebook teria apagado estórias de cariz marcadamente conservador da secção dos posts mais vistos e comentados (trending). A ideia seria a de que o Facebook estaria apostado em favorecer visões mais liberais. Com um congresso maioritariamente conservador, a notícia levou o presidente da comissão do comércio a requerer explicações à empresa de Mark Zuckerberg, que as negou. Naturalmente. O conceito da filter bubble, de uma bolha protectora online que estabelece por nós aquilo que consideramos ser mais relevante, foi uma constatação a que chegou Eli Pariser, presidente da MoveOn. org (uma plataforma online de discussão política), após ter estudado a forma de funcionamento do Facebook e do Google. As suas conclusões tornaram-se virais em 2011, quando participou numa TedTalk. O conceito é muito simples e explica-se num parágrafo. Os motores de busca na internet e outras aplicações registam os nossos hábitos de pesquisa, de navegação, avaliando as páginas que abrimos e o conteúdo dos posts que gostamos e que comentamos. Quando fazemos uma nova pesquisa, os resultados obtidos são influenciados pelo registo do nosso histórico. Isso é evidente não apenas na forma como os resultados são ordenados, mas também na publicidade associada a páginas que visitamos. Por exemplo, se através do Agoda ou do Booking.com pesquisarmos um destino de férias, quando visitamos páginas em que estas empresas promovem os seus produtos somos confrontados com propostas – normalmente a preços imbatíveis – feitas à medida para a cidade, praia ou destino que procurámos anteriormente. Trata-se de publicidade feita à nossa medida. Para os nossos gostos. Para as tendências que preferimos. Para a ideologia com a qual estaremos mais identificados tendo em conta os textos que lemos online. Faz isso o Google. Faz isso o Facebook. Se nas nossas pesquisas anteriores – por exemplo de notícias – preferimos em várias ocasiões o The Guardian ao The New York Times, a BBC à Russia Today ou

BLAIR HAYES, BUBBLE BOY

RUI FLORES

o Público à Folha de São Paulo, quando voltamos a fazer uma pesquisa de notícias, os resultados serão ordenados pela tendência das nossas preferências anteriores. Se assim continuarmos, chegamos a um momento em o que The New York Times, a Russia Today e a Folha deixam de aparecer nos resultados da nossa pesquisa. Por uma questão de irrelevância. Se não vemos o que têm para nos dizer, acabam por desaparecer ou ficam muito para baixo da lista de resultados. Quem tem tempo para ver mais do que os dez primeiros? No caso do Facebook, a forma como esta bolha opera – uma bolha construída por algoritmos e incluída na parte não contratual da plataforma – é igualmente bastante visível. Os amigos cujos posts raramente comentamos ou a quem nunca colocamos um gosto deixam simplesmente de aparecer na nossa news feed. Isto afunila consideravelmente o nosso mundo. É como se vivêssemos num espécie de redoma, inócua, asséptica, em que nos é mostrado apenas aquilo que não vai contra os nossos valores, os nossos ideais. Embora não o tenhamos pedido a ninguém – recorra-se uma vez mais ao exemplo inicial das notícias – não nos deixam ver a visão alternativa plasmada nos artigos da Russia Today. E deixam de aparecer no nosso news feed no Facebook opiniões contrárias às nossas.

“É como se vivêssemos num espécie de redoma, inócua, asséptica, em que nos é mostrado apenas aquilo que não vai contra os nossos valores, os nossos ideais”

Esta não é uma questão de somenos. O Facebook é cada vez mais a principal fonte de informação para milhões e milhões de pessoas. Segundo o reputado centro de estudos de opinião norte-americano Pew Research Center, 63 por cento dos utilizadores do Facebook usam a plataforma para saberem o que se passa no mundo. Se parte do que se diz e que está a acontecer nos é escondido, estamos todos cada vez mais a fazer leituras do mundo em que várias cores possíveis estão omissas. As horas passadas no Facebook servem apenas para reforçar as ideias que já tínhamos e não para nos questionarmos a nós próprios. Por razões de “relevância”, somos forçados a concordar connosco próprios. A não nos desafiarmos. Vivemos pois tempos em que os algoritmos substituíram o trabalho do censor prévio. E por mais que Zuckerberg diga que não há censura no Facebook, é fácil concluir que, sempre que nos ligamos à plataforma, os posts que surgem no topo da news feed são os dos amigos com quem mais interagimos – aqueles que mais comentamos e que mais gostamos – e não aqueles cujos posts apenas comentamos ocasionalmente ou raramente gostamos. Isto tem consequências profundamente nefastas. Estamos pois fechados numa bolha, na qual apenas vemos os queridos amigos que bajulamos e com os quais temos um forte relação de proximidade, alegadamente intelectual. A diferença, o sal da vida, vai sendo substituída pelos sorrisos dos que constituem a nossa tribo, que nos tornam alheados em relação ao extraordinário. E deixamos de nos indignar, pois somos cada vez menos confrontados com aquilo que nos deveria fazer objectar, criticar. Tal qual o pai que acompanha o filho ao parque infantil e tenta garantir que ele não caia ou se magoe. No fundo, esse pai não quer perder o mundo perfeito em que as crianças são pequeninas e podem ser protegidas por um mero abraço. Um mundo em que as crianças não crescem e hão-de para sempre precisar da ajuda do progenitor.

OPINIÃO


18 (F)UTILIDADES TEMPO

hoje macau quarta-feira 18.5.2016

?

AGUACEIROS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Sexta-feira

DANÇA “OBSESSÃO” DE SABURO TESHIGAWARA E RIHOKO SATO (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as 120 e as 300 patacas

MIN

23

MAX

25

HUM

75-95%

EURO

9.04

BAHT

Sábado

TEATRO “CÍRCULO” (FAM) Edifício do Antigo Tribunal, 20h00 Bilhetes a 180 patacas

O CARTOON STEPH

TEATRO “A ÚLTIMA GRAVAÇÃO DE KRAPP” (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes a 150 e 200 patacas

Domingo

“VIAGEM À ÚLTIMA FRONTEIRA” (FAM) Teatro Dom Pedro V, 15h00 Bilhetes entre as 150 e 180 patacas

CONCERTO DE MULLOVA COM ORQUESTRA DE MACAU (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as cem e as 350 patacas “CÍRCULO” (FAM) Edifício do Antigo Tribunal, 20h00 Bilhetes a 180 patacas

Diariamente

EXPOSIÇÃO “MACAU ID” (ALUNOS DA USJ) Fundação Rui Cunha (até 21/05) EXPOSIÇÃO “O SONHO DO PAVILHÃO VERMELHO”, DE ZHANG BIN Casa Garden (até 19/05) EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06) EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 12/06) EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin (até 20/06)

Cineteatro

C I N E M A

SALA 1

SALA 2

Filme de: Anthony & Joe Russo Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson 14.30, 21.15

Filme de: Jodie Foster Com: George Clooney, Julia Roberts, Jack O’connell 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR [B]

BOOK OF LOVE [B] FALADO EM MANDARIM E CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Xue Xiaolu Com: Tang Wei, Wu Xiubo 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 89

PROBLEMA 90

UM DISCO HOJE

SUDOKU

DE

“TOGETHER WE DANCE” (FESTA DA MDMA COM DJ JOHN-E) Pacha Macau, 22h00

“A ÚLTIMA GRAVAÇÃO DE KRAPP” (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as 150 e as 200 patacas

1.22

ESCONDIDO QUE NEM UM...

“CÍRCULO” (FAM) Edifício do Antigo Tribunal, 20h00 Bilhetes a 180 patacas

PALESTRA “O ENCANTO DOS EFEITOS SONOROS CINEMATOGRÁFICOS” Cinemateca Paixão, 15h00 Livre mas com reserva de lugares

YUAN

AQUI HÁ GATO

“COUNTERCULTURE” (FESTA DA HI+TECH-TRIBE COM DJ SININHO) Sofitel Hotel, Ponte 16, 19h00 Bilhetes a 150 patacas com duas bebidas

MÚSICA “VIAGEM À ÚLTIMA FRONTEIRA” (FAM) Teatro Dom Pedro V, 20h00 Bilhetes entre as 150 e 180 patacas

0.22

Tenho uma dúvida. Mas antes, devo dizer, por muito que me custe reconhecer, ser frequente descobrir traços nossos em vocês humanos. Umas vezes no bom sentido, como aqueles guarda-redes felinos, outras no mau como os interesseiros que apenas ronronam quando lhes fazem festas e arranham quando a coisa não é feita à maneira deles. Mas, tal como vocês, preferimos culpar outras espécies para nos livrarmos da humilhação das nossas fragilidades. É o caso de hoje. Eu sei, vocês sabem e eu sei que vocês sabem ser típico de nós gatos escondermo-nos quando fazemos asneira. Às vezes é mais forte, mesmo com unhas bem afiadas e a destreza de campeões. Mas escondemo-nos. Uma meia fuga, meia tocaia, normalmente prontos para atacar se a ameaça se concretizar. Vem daí a minha dúvida. Por uma questão de orgulho e por uma questão comportamental. Explicando: dando vazão ao orgulho, o título de hoje seria “... um rato”, mas depois, se olhar a comportamentos, por mais temerosos que sejamos, a maior parte da gataria não é cobarde. Aí teria de sair “... um gato”. Vem isto a propósito do Chefe refundido na sua toca cor-de-rosa quando a rapaziada foi lá entregar-lhe a carta. Rato ou Gato? Rato que se esconde e espera que nem se lembrem dele, ou gato escondido pronto para saltar se a coisa der para o torto? Não saiu, nem deixou o rabo de fora, apenas os cães à porta. Decidam vocês que sabem mais disto. Eu apenas sei uma coisa: se for gato, ao ficar na toca, perdeu a oportunidade por todos nós sonhada: a de nos tornarmos leões. Pu Yi

“WHAT’S GOING ON” (MARVIN GAYE, 1971)

Gravado em 1971, o álbum “What’s going on” trouxe uma nova alma à música soul norte-americana. Marvin Gaye imprime aqui novas sonoridades que conseguiram perdurar no tempo. Destaque para a canção que dá título ao disco, que nos faz pensar sobre o mundo contemporâneo, e a belíssima “Inner City Blues”. Considerado um dos melhores álbuns de sempre, “What’s going on” será sempre obrigatório. Andreia Sofia Silva

MONEY MONSTER [C]

SALA 3

THE INERASABLE [C] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yoshihiro Nakamura Com: Yuko Takeuchi, Ai Hashimoto, Kentaro Sakaguchi 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau quarta-feira 18.5.2016

ÓCIOSNEGÓCIOS

PORTUS CALE, RESTAURANTE HERLANDER FERNANDES, CHEF

“Reunimos as condições ideais” É preciso despachar-se, porque o menu vai mudar já este mês. Sem adiantar as surpresas que aí vêm, Herlander Fernandes garante que a carta será portuguesa, até porque essa é a essência deste espaço. “Comidas mais leves para o Verão e terá alguns pratos de assinatura”, diz-nos. É a única pista que conseguimos arrancar do chef. Desengane-se quem acha que é um restaurante só a olhar para a comunidade portuguesa. “Os nossos clientes são metade portugueses, metade chineses”, adianta o chef, sem esconder que às vezes é preciso adaptar o tempero ao cliente. É inegável, confirma, o diferente paladar que as duas culturas têm. “Por vezes corto um bocadinho no açúcar porque sei que a comunidade chinesa não gosta tanto, mas a verdade é que não posso fugir ao que a sobremesa é na sua raiz”, confirma.

PORTUS CALE

Ali, entre as distracções do Jockey Club, está o Portus Cale. Um restaurante português que reúne gastronomia, música, espaços abertos e a possibilidade de, no coração da Taipa, sentirmos o sabor a casa

SEM ENTRAVES

A

viagem começa logo no parque de estacionamento. Ao entrarmos no Jockey Club, bem lá no fundo, encontramos o Portus Cale, o restaurante do momento. Ao entrar no espaço sentimos que podíamos estar em qualquer outro restaurante, mas em Portugal. A verdade é essa, Portus Cale, aberto desde o final de 2014, quer trazer para Macau do melhor que se faz por lá. Somos recebidos na sala VIP, ideal para almoços ou jantares de trabalho, aniversários ou qualquer outra festa que queira organizar. A sala, que está separada da principal do restaurante, reúne as condições ideias para parecer que está na sala lá de casa. Confortável, com música de fundo, o espaço acolhe quem o visita. É Herlander Fernandes, o chef do Portus Cale, que nos dá as boas-vindas. Sorriso aberto e muita simpatia faz jus à representação de toda a equipa. Afinal de contas saber receber é das principais marcas de qualquer restaurante que queira ser uma segunda casa para o cliente. A olhar à volta o espaço convida a ficar. Se já se está a questionar se existe esplanada, dizemos-lhe: sim. Duas. Uma varanda no

primeiro andar, com mesas e possibilidade de almoçar ou jantar lá fora. “A verdade é que no Verão é mais difícil por causa do calor”, explica o chef, mas, garante, a decisão é do cliente. No andar de baixo há também uma esplanada, esta em cima da relva. “Ideal para festas”, diz Herlander. Nós confirmamos. O espaço fica virado para a pista de corridas, afastado mas com visibilidade. No lado direito estão os estábulos. “Quando há festas de aniversário de crianças, ou crianças em algum evento, podemos conciliar e oferecer passeios de pónei aos miúdos. É giro, a ideia é esta, as pessoas poderem aproveitar do espaço”, frisou.

SABOR LUSO

Mas vamos ao que interessa: a comida. O menu é só e apenas dedicado à comida tradicional portuguesa. “Temos alguns pratos de autor, criados por nós, mas são pratos portugueses, 100% portugueses”, apontou Herlander Fernandes ao HM. Prepare-se para ir provar aquelas que têm sido as jóias da casa: o arroz de marisco, a feijoada, o bacalhau à Portus Cale e a sopa, “o verdadeiro caldo verde”.

“Temos alguns pratos de autor, criados por nós, mas são pratos portugueses, 100% portugueses”

Preparar pratos que sejam verdadeiramente portugueses é mesmo possível. Os entraves da inexistência ou escassez de alguns produtos são fáceis de contornar nos tempos que correm. “É possível aqui arranjar os produtos que temos em Portugal. Temos muitos fornecedores que importam directamente de Portugal e é fácil arranjarmos, aceitando que às vezes o custo é um pouco mais elevado. Mas não é difícil arranjar, é algo muito acessível até”, desvenda. O jantar é a hora de ouro do espaço, principalmente ao fim-de-semana. Uma sala que tem capacidade para 50 pessoas está muitas vezes cheia. “Também temos o snack-bar que podemos usar como sala, temos a varanda e ainda temos o estacionamento que é uma coisa tão difícil de arranjar em Macau. Os clientes podem vir, sem chatices, estacionar no nosso parque que, por sinal, é muito grande. E temos vista, conseguimos ver o horizonte, que é coisa rara em Macau. Conseguimos ver as montanhas da China. Reunimos as condições ideais”, relata. Condições estas que têm feito os clientes voltar. “Sim, tenho notado que os nossos clientes repetem e isso é bom para a casa, é um bom sinal”, explica. O espaço é “meio escondido”, mas a qualidade e preço valem a procura. Por exemplo, Portus Cale funciona com um “set menu ao almoço, de terça a sexta-feira, com sopa, prato principal, bebida e sobremesa por 90 patacas”. “Um preço bastante acessível”, afirma Herlander Fernandes. De fundo ouve-se fado e outros géneros de música portuguesa, até porque esta é uma casa portuguesa, com certeza. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


Um velho, à sombra, discorre, /diante de muitos bocejos: / O meu espírito morre, / sem saudades sem desejos...”

FAOM CRITICA LACUNAS SOBRE DIREITOS LABORAIS NO RELATÓRIO DO JOGO

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Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) considera que o relatório de revisão intercalar do sector do Jogo apresenta poucas informações sobre a questão dos direitos laborais dos funcionários dos casinos, em termos de ambiente de trabalho, condições e regalias. Ao jornal Ou Mun, Leong Sun Iok, subdirector da FAOM, disse que embora as seis operadoras tenham diferentes vantagens e desvantagens, o relatório nada mostra quanto à avaliação feita às concessionários, o que faz com que o público não tenha dados concretos sobre isso. Leong Sun Iok diz que o relatório não faz qualquer referência a conflitos laborais, questões de segurança ocupa-

cional ou a implementação da proibição de tabaco nos casinos. Para o responsável, os critérios de avaliação das operadoras deveriam servir de base à futura renovação das licenças, à definição do número de mesas de Jogo ou as vagas necessárias para os trabalhadores não residentes (TNR). Caso contrário, o relatório “pode perder o seu significado”, apontou o subdirector da FAOM. Leong Sun Iok sugere ainda que o Governo olhe para a situação do cumprimento da responsabilidade social, para que seja um factor para analisar a continuação da isenção do imposto complementar de rendimentos. Tal seria uma forma de levar as concessionárias a cumprir a sua responsabilidade social. F.F./A.S.S.

INSTITUTO CULTURAL CANDIDATURAS A BOLSAS DE INVESTIGAÇÃO ATÉ TERÇA-FEIRA

O Instituto Cultural (IC) recebe até à próxima terça-feira, dia 31, as candidaturas para as Bolsas de Investigação Académica. O objectivo é “estimular o desenvolvimento de estudos académicos originais sobre a cultura de Macau e sobre o intercâmbio cultural entre Macau, o interior da China e outros países”. As candidaturas podem ser entregues no edifício do IC ou no Centro de Serviços da RAEM, localizado na Rua Nova da Areia Preta.

OFICIALIZADO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL NA UCM

O curso de licenciatura em Serviço Social, em Chinês, da Universidade da Cidade de Macau foi oficializado, ontem, em publicação no Boletim Oficial. O despacho assinado por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, indica que a licenciatura é de quatro anos, em regime de aulas presenciais, e conta com disciplinas como Política Social e Bem-estar Social, Serviço Social para a Família, Serviço Social e Serviços de Reabilitação, Técnicas e Estratégia de Comunicação Internacional.

NECESSIDADES SATISFEITAS NO JARDIM DAS FLORES

Segundo informação veiculada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), os sanitários do Jardim da Cidade das Flores passarão a funcionar 24 horas. A medida surge, segundo o organismo, para dar resposta às exigências da população e melhorar os serviços das instalações públicas. Por esta razão, o IACM vai proceder, durante o mês de Maio, a obras de melhoramento das instalações com a abertura de entradas novas no muro do jardim voltado para a Rua de Coimbra. Também vai ser colocada uma grade nova ao lado da zona de actividades no interior do jardim, cujo horário de abertura permanece sem alterações. A obra tem a duração prevista de 30 dias.

Benjamim Videira Pires

quarta-feira 18.5.2016

Hong Kong “NÚMERO TRÊS” CHINÊS PROMETE OUVIR REIVINDICAÇÕES

Sou todo ouvidos

O

“número três” do regime chinês, Zhang Dejiang, prometeu ontem ouvir as reivindicações políticas da população de Hong Kong, no primeiro dia de uma visita à antiga colónia britânica. Zhang, presidente da Assembleia Nacional Popular, o parlamento chinês, é o mais importante responsável chinês a visitar Hong Kong nos últimos quatro anos, numa altura em que aumenta a preocupação no arquipélago de que as liberdades do período britânico possam estar em risco.

“[Escutarei] as pessoas de todos os estratos da sociedade quanto às suas sugestões e petições sobre a aplicação do princípio ‘um país, dois sistemas’” A visita já foi aliás criticada pelo impressionante dispositivo de segurança mobilizado, que implica, nomeadamente, manter quaisquer manifestações longe do dirigente chinês. Várias organizações pró-democracia convocaram uma marcha para quarta-feira contra a crescente influência de Pequim. Zhang Dejiang chegou a meio do dia de ontem ao aeroporto, onde foi recebido pelo chefe do executivo, Leung Chun-ying. Num breve discurso na pista, o dirigente chinês disse iniciar a visita num “espírito de boa vontade” e transmitir “as saudações calorosas e bons votos” do presidente da China, Xi Jinping. “[Escutarei] as pessoas de todos os estratos da sociedade quanto às suas sugestões e petições sobre a aplicação do princípio ‘um país, dois sistemas’”, disse, referindo-se ao sistema de que gozam Hong Kong e Macau desde a reunificação com a China, respectivamente em 1997 e 1999, e que assenta numa ampla autonomia” em relação a Pequim. A visita de Zhang, oficialmente para uma conferência económica, é considerada por observadores como um gesto para acalmar as tensões e o dignitário tem nomeadamente previsto reunir-se com deputados pró-democracia.

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