hojemacau Jogo alto
Só no mês de Abril, entraram nos cofres do Governo 4,95 mil milhões de patacas em impostos sobre o jogo, valor que representa praticamente metade das receitas arrecadadas no primeiro trimestre deste ano. Os números dos primeiros quatro meses de 2023, revelam também um crescimento anual de quase 50 por cento. PÁGINA
CARTAS ÂNUAS NARRATIVAS ÉPICAS ENTREVISTA
TRÊS ENSAIOS DE PROSA CHINESA Tradução de André Bueno
TRÊS PROSAS AVULSAS
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 QUINTA-FEIRA 18 DE MAIO DE 2023 • ANO XXI • Nº5252 www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau MATERNIDADE PATRÕES A CHORAR VOZES ELECTRA CHINA UM ACTOR GLOBAL PÁGINA 5 FLÁVIO TONNETTI
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PÁGINAS
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MIGUEL RODRIGUES LOURENÇO
CO-AUTOR DE “CARTAS ÂNUAS DA CHINA (1619-1635)”
“As Cartas Anuas são um ˆ
“Cartas
da autoria do historiador Miguel Rodrigues Lourenço e do linguista António Guimarães Pinto, é a mais recente obra editada pelo Centro Científico e Cultural de Macau em parceria com a Universidade de Macau sobre a expansão da missão dos jesuítas na antiga Cochichina, actual sul do Vietname, aquando da sua expulsão do Japão. Macau
desempenhou
um papel importante neste processo
Antes de mais, o que são e qual a importância das Cartas Ânuas na missão jesuíta?
As Cartas Ânuas são o resultado de um processo de maturação das formas de comunicação da Companhia de Jesus entre si, por um lado, e entre si e a sociedade, por outro.
As Cartas Ânuas sucederam-se a outras práticas de comunicação escrita dentro da Companhia de Jesus, cuja função era manter os membros da ordem a par do que as diferentes províncias iam fazendo. Além disso, eram também um dos
espaços importantes de construção da imagem da Companhia de Jesus. Depois havia também as Cartas Ânuas de missões, como é o caso da Cochinchina, que acompanha os progressos dos missionários. Com estes relatos, os seus autores procuram cativar os jovens noviços da ordem para pedirem licença para missionar nesses espaços, mas também sensibilizar quem detinha recursos para apoiar financeiramente a missão.Estas cartas pretendem mostrar o trabalho de expansão dos jesuítas na antiga
região da Cochinchina, a partir de 1615, onde a Companhia de Jesus esteve 14 anos, algo que se dá após a sua expulsão do Japão.
O processo de expulsão teve um profundo impacto na ordem. Eles conseguiram adaptar-se com sucesso?
A expulsão do Japão foi bastante problemática a vários níveis. Em primeiro lugar, porque a Companhia de Jesus tinha criado um capital simbólico em torno do Japão a respeito de uma expectativa de
“Foi a partir de Macau que se pensou uma parte da estratégia missionária em relação ao Japão, mas também do Vietname. Era a partir de Macau que se geriam os recursos da Província e se planeava o envio ou regresso de missionários.”
conversão total muito rápida. Não é por acaso que Camões escreve que o Japão será “ilustrado coa lei divina” n’Os Lusíadas. Em segundo lugar, porque a chegada ao Japão de outras ordens religiosas nos finais do século XVI, como os franciscanos, dominicanos e agostinhos, gera uma tensão terrível entre todos, com acusações de parte a parte sobre os respectivos métodos missionários. No que toca à missão, quando a expulsão ocorre em 1614, a Companhia de Jesus fica com um problema em
2 entrevista 18.5.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo
Ânuas da China (16191635)”,
repositório de emoções”
mãos bastante difícil de resolver: como assegurar a assistência aos cristãos japoneses que ficaram no Japão – no fundo, como salvar a missão. Uma das estratégias passou por procurar um espaço indirecto de contacto com o Japão – indirecto para quem chegava ao Japão a partir de Macau, bem entendido – que foi a Cochinchina. Concretamente, as comunidades japonesas estabelecidas na Cochinchina. Portanto, a Cochinchina foi, antes de mais, pensada como solução de acesso ao Japão num contexto de proibição das missões.
Qual o papel de Macau neste processo de reorganização da actividade missionária no Extremo Oriente com esta expulsão? Gaspar Luís, a quem coube a expansão da missão para a Conchichina, chegou a estar no território, por exemplo.
Para os missionários jesuítas expulsos do Japão, Macau desempenhou um papel fundamental. Apesar de ter permanecido no Japão um superior da missão na clandestinidade, Macau passou a ser o centro logístico da Província do Japão (assim chamada, mas que foi, também, responsável pelas missões da Cochinchina e do Tonquim, no Norte do actual Vietname). Portanto, foi a partir de Macau que se pensou uma parte da estratégia missionária em relação ao Japão, mas também do Vietname. Era a partir de Macau que se geriam os recursos da Província e se planeava o envio ou regresso de missionários. Era em Macau que tinham lugar as Congregações Provinciais que discutiam as questões fundamentais das missões. Gaspar Luís, de facto, foi um jesuíta que deu muito da sua vida à missão da Cochinchina e onde passou o essencial da sua experiência missionária. Passou pouco tempo em Goa depois de chegar à Ásia e daí transitou para Macau e depois para a Cochinchina. Na história de Macau, curiosamente, é mais recordado pela sua gestão catastrófica de um braço-de-ferro que manteve com governador do bispado, então o padre Frei Bento de Cristo. Gaspar Luís ascendeu à condição de vice-provincial da Província do Japão e foi comissário (representante local) da Inquisição de Goa em Macau. Quando quis estender a sua protecção a um clérigo do bispado, que tinha sido alvo de um processo judicial na justiça do bispado, abusando das suas
“As Cartas Ânuas são um tipo de documentação que, apesar de serem pensadas para formar uma narrativa edificante, nos apresentam um quadro interessantíssimo das estratégias adoptadas, uma vez no terreno, pelos missionários para se manterem nele.”
competências como comissário da Inquisição, explodiu um conflito na cidade entre a Companhia de Jesus, de um lado, e franciscanos, dominicanos e agostinhos, do outro, uns por Gaspar Luís, os outros por frei Bento de Cristo. A situação esteve tão tensa que o capitão-geral da cidade, que apoiou notoriamente o lado de Gaspar Luís, esteve quase a abrir fogo sobre o convento de Santo Agostinho. Ainda o conflito não estava resolvido, Gaspar Luís saiu de Macau com destino a Goa e perdemos-lhe o rasto pouco depois.
Quais os autores dessas Cartas Ânuas que pode destacar como sendo as mais importantes ou significativas deste processo?
Há autores aos quais é feita a referência na introdução, nomeadamente o padre António Vieira ou o poliglota Alexandre de Rhodes, por exemplo. Na missão da Cochinchina eu destacaria, precisamente, o Padre Gaspar Luís. Ele foi o autor que mais cartas escreveu durante o período que estudámos, mas o seu nome nunca teve a projecção merecida, apesar da qualidade literária dos seus escritos. Isso deve-se, por um lado, à projecção que a historiografia francesa viria a dar a indivíduos como Alexandre de Rhodes (nascido em Avinhão) e aos missionários das Missions Etrangères de Paris, que contribuiu para lançar uma certa penumbra sobre a produção intelectual dos missionários portugueses; por outro lado, a uma certa relutância da historiografia portuguesa em envolver-se de forma profunda nos estudos sobre as missões da Ásia dos séculos XVII e XVIII, e que fez com que estes escritos em português tenham permanecido marginalizados.
O que é que estas cartas nos dizem deste período relativamente às mais diversas áreas, tal como a económica, social, política e de ligações à presença dos jesuítas na China e Macau?
As Cartas Ânuas são um tipo de documentação que, apesar de serem pensadas para formar uma narrativa edificante, nos apresentam um quadro interessantíssimo das estratégias adoptadas, uma vez no terreno, pelos missionários para se manterem nele. Revelam as resistências das populações e das autoridades locais, ilustram as situações e os contextos que possibilitam as conversões. Reportam-se aos contactos mantidos com os ambientes cortesãos, as tensões existentes nestes espaços e o fio da navalha em que se encontravam permanentemente. Importa pensar que a presença dos missionários é mais tolerada que desejada e uma boa parte do favor ou protecção que lhes é dispensado depende de factores exteriores, como a capacidade de Macau corresponder às expectativas mercantis e políticas dos Nguyen, neste caso. De modo que as Cartas Ânuas, quando lidas em sequência, são também um repositório de emoções, apresen-
PROJECTO A QUATRO MÃOS
Aideia para este livro partiu de António Guimarães Pinto, professor catedrático de línguas clássicas da Universidade Federal do Amazonas, Brasil, no contexto de um estudo sobre jesuítas que estava a preparar, onde se incluíam os manuscritos do padre Gaspar Luís. Este já tinha sido analisado por Miguel Rodrigues Lourenço na sua tese de doutoramento sobre a vida religiosa de Macau nas primeiras décadas do século XVII. Aí, o padre Gaspar Luís era citado, sobretudo, “por uma série de conflitos que manteve com autoridades religiosas responsáveis pelo governo da diocese de Macau”. Miguel Rodrigues Lourenço chamou então a atenção de António Guimarães Pinto para a existência das Cartas Ânuas, escritas entre os anos de 1619 e 1635, num total de 14, três das quais em latim e as restantes em português. “Imediatamente surgiu-me a ideia de publicarmos esta colecção, uma vez que o seu interesse literário, histórico, etnográfico e religioso era manifesto”, contou António Guimarães Pinto ao HM. Com este livro, descreve o co-autor, coloca-se a possibilidade “de levar ao conhecimento de um público, não necessariamente especializado, os contactos e relações, relativamente constantes, que a vários níveis (sobretudo religioso e comercial) existiram, entre homens ocidentais, sobretudo portugueses e com base de actuação em Macau, e populações do Sul do actual Vietname, quer as indígenas, quer as importantes colónias de japoneses católicos”. As Cartas Ânuas revelam que “havia um contacto regular, com fins sobretudo comerciais, entre Macau e esta região, contacto que interessava às próprias autoridades governamentais vietnamitas, e no qual era importante a mediação dos jesuítas, que à sombra do mesmo se foram infiltrando no interior do país, tentando ganhar seguidores entre as diversas camadas sociais”, aponta Guimarães Pinto.
tando narrativas quase épicas dos seus protagonistas e dos avanços e recuos da missão, e podem também ser estudadas deste ponto de vista. Como foi o processo de pesquisa histórica destas cartas, tendo em conta que havia o risco, como é referido na introdução, destas caírem no esquecimento?
Felizmente, em Roma, o Arquivo Romano da Companhia de Jesus (ARSI, na sua sigla de Archivum Romanum Societatis Iesu) encontra-se muito bem organizado, e as Cartas Ânuas encontram-se em três dos seus volumes, bastante esquecidas, de facto. Os exemplares que em tempos existiram em Macau, foram copiados no século XVIII e enviados para Portugal, de modo que algumas também se conservaram na Biblioteca da Ajuda. Após o trabalho de transcrição dos documentos o que tentámos fazer foi ler a outra correspondência sobre a missão enviada do Vietname ou de Macau para Roma, de modo a tentar formar um quadro mais geral do que se estava a passar na missão e, sobretudo, daquilo que as Cartas Ânuas não referiam.
O livro termina em 1635. É a data para a saída dos jesuítas da região da Cochinchina? Como foi esse processo? Gradual, complexo?
A história da Companhia de Jesus na Cochinchina não termina em 1635. Essa é a data da última carta assinada por Gaspar Luís que, na realidade, foi o nosso ponto de partida para este livro, por ser uma figura estudada tanto pelo meu colega António Guimarães Pinto (no que respeita à sua produção latina e percurso biográfico), como por mim (no que respeita à Inquisição). Simplesmente, pareceu-nos um desperdício não aproveitar a oportunidade para incluir as Cartas Ânuas anteriores às de Gaspar Luís, por serem poucas. De maneira que temos, neste livro, um panorama da missão até à saída deste missionário. Mas, no limite, poderíamos ter avançado até a década de 1660, quando a missão da Cochinchina, que os jesuítas foram mantendo com muita dificuldade devido às perseguições e com o apoio de catequistas vietnamitas, sofre um rude golpe com a concorrência das Missions Etrangères de Paris e com a promoção de uma estratégia missionária autónoma em relação à Coroa de Portugal, por parte da Santa Sé, através da Congregação de Propaganda Fide. Andreia Sofia
entrevista 3 quinta-feira 18.5.2023 www.hojemacau.com.mo
“No que toca à missão, quando a expulsão ocorre em 1614, a Companhia de Jesus fica com um problema em mãos bastante difícil de resolver: como assegurar a assistência aos cristãos japoneses que ficaram no Japão – no fundo, como salvar a missão.”
Silva
Segurança Au Kam San diz ser impossível criminalizar a memória
O ex-deputado Au Kam afirmou que irá continuar a divulgar os acontecimentos de 4 de Junho de 1989, porque não acredita que a lei relativa à defesa da segurança do Estado irá criminalizar a história. A lei deve ser aprovada esta tarde na especialidade na Assembleia Legislativa, e vai entrar em vigor no dia seguinte à publicação em boletim oficial. Au Kam San acredita que em Macau continua a imperar o estado de direito e que vai poder mencionar os acontecimentos, desde que siga a linha oficial do Governo Central, ao evitar o uso de algumas palavras. “O Governo Central nunca negou os acontecimentos desta ocasião histórica, só tem uma conclusão específica. Quando divulgar gradualmente ao longo dos dias o incidente, não vou fazer qualquer discurso que contrarie a conclusão do Governo Central, por isso, não vejo qualquer hipótese de violar a lei”, justificou o ex-deputado.
Taipa Leilão de terreno deverá avançar em breve
O secretário para os Transportes e Obras Pública, Raimundo do Rosário, prometeu que a situação do terreno no centro da Taipa, onde chegou a ser projectada a construção de um parque de pneus provisório, será resolvida em breve. À margem da Cerimónia Comemorativa do Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade da Informação, o governante revelou que no ano passado o Governo não teve tempo para avançar com o leilão, mas o processo será concluido este ano. Citado pela TDM – Rádio Macau, Raimundo do Rosário não adiantou uma data concreta para o leilão, mas indicou que irá acontecer em breve.
DSF Iong Kong Leong mais dois anos como director
A comissão de serviço de Iong Kong Leong, como director dos Serviços de Finanças (DSF), foi renovada pelo período de dois anos, de acordo com a informação publicada ontem em Boletim Oficial. A decisão foi tomada pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, e produz efeitos a partir 1 de Julho deste ano. A opção foi justificada com o facto de Lei considerar que Iong tem “capacidade de gestão e experiência profissional adequadas para o exercício das suas funções”. Iong Kong Leong está à frente da DSF desde 2015, tendo substituído na altura Vitória da Conceição.
CRIME PEDIDAS MEDIDAS CONTRA EXCESSO DE PERMANÊNCIA
Um tempo extra
A deputada dos Operários associa os turistas que ficam em excesso de permanência no território aos crimes de troca ilegal de dinheiro e homicídio, e quer saber as medidas que o Governo vai tomar para combater o fenómeno
casinos, como lutas nas zonas de jogo e homicídios, praticados por turistas que estavam em excesso de permanência e que pernoitavam em pensões ilegais”, escreve Ella Lei. “Apesar de as autoridades detectarem casos de turistas em excesso de permanência com operações de grande escala, realizadas com alguma frequência, prevê-se que a criminalidade vá aumentar, com a facilitação da entrada de turistas em Macau”, acrescentou.
Mudar as leis
A deputada quer saber se o Governo vai intensificar as medidas de controlo do excesso de permanência e troca ilegal de moeda, que muitas vezes são resolvidos com a expulsão do território e proibições de entrada. “Nos últimos meses têm sido registados crimes graves, como homicídios que tiveram por base disputas monetárias resultantes de trocas de dinheiro ilegais. Normalmente, as questões são tratadas com a proibição de entradas das pessoas que trocam dinheiro”, aponta Ella Lei. “Será que o Governo vai estudar mudar as leis em vigor, para tomar medidas mais viáveis e reforçar a luta contra estes crimes”, questionou.
“A população sente que o fenómeno [das pensões ilegais] é bem mais abrangente do que a estatística mostra.”
ELLA Lei pede ao Governo que tome medidas para combater o fenómeno dos turistas que ficam no território em excesso de permanência. O apelo da deputada consta de uma interpelação divulgada ontem, em que o excesso de permanência é ligado a crimes como homicídios e troca ilegal de dinheiro nos casinos.
Segundo a legisladora da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), com o regresso do turismo, depois de três anos em que a mobilidade esteve seriamente afectada devido à política de zero casos de covid-19, espera-se o retorno de “problemas antigos de segurança”. Entre as questões indicadas pela deputada constam a “troca
VISITA ELSIE AO IEONG VAI A PORTUGAL APÓS REUNIÃO DA OMS
Asecretária para os Assuntos Sociais e Cultura vai participar na reunião plenária da Organização Mundial de Saúde, que decorre em Genebra, Suíça, entre 19 e 27 de Maio. A presença no encontro da OMS foi confirmada por fonte do gabinete da secretária à TDM-Rádio Macau. Depois da deslocação à Suíça,
está igualmente confirmada a visita de Elsie Ao Ieong U a Portugal, para firmar intercâmbios nas áreas de saúde, educação e cultura.
Na agenda para os encontros em Portugal, a secretária deverá levar a possibilidade de recrutamento de médicos em Portugal para integrarem os serviços de saúde da RAEM.
No âmbito deste objectivo, haverá um encontro com o Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes. De acordo com a Rádio Macau, a última vez que a RAEM lançou um processo de candidaturas para o recrutamento de médicos em Portugal foi em 2017, quando o secretário era Alexis Tam.
ilegal de dinheiro”, prostituição ou o trabalho ilegal.
A legisladora atribui também parte da criminalidade violenta ao regresso do turismo, através dos visitantes que ficam além do tempo permitido pelo visto de entrada e que se dedicam a actividades lucrativas, como troca ilegal de dinheiro. “Recentemente aconteceram crimes violentos nos
A deputada ligada à FAOM quer ainda saber como as autoridades vão controlar o problema do alojamento ilegal, onde as pessoas em excesso de permanência costumam pernoitam. “Entre Janeiro e 26 de Março deste ano, as autoridades detectaram sete casos suspeitos de alojamento ilegal. No entanto, a população sente que o fenómeno é bem mais abrangente do que a estatística mostra”, aponta Ella Lei. “Que avaliação fazem as autoridades da lei?”, pergunta. João Santos Filipe
A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura vai também a Coimbra, onde participará numa cerimónia de assinatura de um novo protocolo de cooperação entre a Universidade de Macau e a Universidade de Coimbra. Em Lisboa, Elsie Ao Ieong deve ainda reunir-se com o ministro da Educação, João Costa.
SOFIA MARGARIDA MOTA RÓMULOS SANTOS 4 política 18.5.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo
ELLA LEI DEPUTADA
Ip Sio Kai, Chui Sai Peng e Wang Sai Man são contra a suspensão do subsídio que ajuda a pagar 14 dos 70 dias de licença de maternidade no sector privado. Os deputados pedem que a política seja adiada para uma altura mais oportuna
OS deputados e empresários Ip Sio Kai, Chui Sai Peng e Wang Sai Man defendem que o Governo deve continuar a subsidiar a licença de maternidade, além de 25 de Maio. Em declarações ao jornal Ou Mun, os legisladores consideraram que o subsídio só deve terminar, quando o assunto for discutido totalmente no Conselho Permanente de Concertação Social.
Em 2020, quando a licença de maternidade no sector
LICENÇA DE MATERNIDADE DEPUTADOS PEDEM CONTINUAÇÃO DE SUBSÍDIO
Amparo aos patrões
por trabalhadores com as grandes empresas, capazes de oferecer condições laborais mais atractivas.
No entanto, se não houver alternativa ao fim do subsídio, os deputados defendem que o Governo deve criar benefícios fiscais ou isentar as empresas de alguns impostos.
Quando a licença de maternidade no sector privado foi estendida para 70 dias, o Governo assumiu o compromisso de pagar os 14 dias extra
privado foi estendida de 56 dias para 70 dias, o Governo assumiu o compromisso de pagar o aumento de 14 dias durante três anos. Contudo, o prazo termina a 25 de Maio, e os deputados e empresários defendem o prolongamento da atribuição do subsídio.
Segundo Ip Sio Kai, Chui Sai Peng e Wang Sai Man a continuação do subsídio é fundamental para proteger
as pequenas e médias empresas (PME), que actualmente enfrentam dificuldades.
Por isso, o aumento dos custos com a mão-de-obra devido ao eventual pagamento de licenças de maternidade é encarado como mais um problema, porque vai levar ao aumento dos custos de exploração dos negócios.
Neste sentido, os três legisladores defendem a
continuação do subsídio de 14 dias da licença de maternidade como medida temporária, para dar tempo às PME para recuperarem da crise económica e reforçarem a capacidade de resistência a potenciais riscos.
Dificuldades de contratação
Para justificarem o ponto de vista de prolongamento
Uma Baía maior que o mundo
Ho Iat Seng realça discursos de Xi em evento com chineses ultramarinos
OChefe do Executivo, Ho Iat Seng, participou ontem na conferência da Grande Baía Guangdong-Hong-Kong-Macau de chineses ultramarinos. O líder do Governo da RAEM enfatizou “a conjugação do desenvolvimento de Macau com a construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e da Zona de Cooperação
Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”. Além disso, adiantou que os projectos de integração podem “criar uma nova plataforma de desenvolvimento para todos os sectores, e partilhar novos benefícios do desenvolvimento com os chineses ultramarinos e amigos de todos os sectores”.
A conferência da Grande Baía Guangdong-Hong-Kong-Macau de chineses ultramarinos de 2023, organizada pelo Gabinete para os Assuntos dos Chineses do Ultramar do Conselho de Estado e o Governo Popular da Província
de Guangdong, começou na terça-feira e termina hoje em Jiangmen na Província de Guangdong. As sessões em online realizam-se, simultaneamente, em 11 países e regiões, incluindo a RAEM.
Ho Iat Seng “indicou que todos os chineses ultramarinos são membros importantes da grande família da nação chinesa, que possuem a vantagem única de elo entre a China e o mundo”. Como tal, podem ajudar a “grande estratégia nacional planeada, coordenada e promovida pelo Presidente Xi Jinping” da construção da Grande Baía.
O governante da RAEM salientou que os chineses ultramarinos devem congregar forças para apoiar a construção da
do apoio às empresas, os deputados argumentaram também que actualmente as PME estão a aumentar muito os custos com a mão-de-obra, para conseguirem contratar trabalhadores.
Com a recuperação económica, Ip Sio Kai, Chui Sai Peng e Wang Sai Man indicam que as PME têm dificuldades em competir
Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau para servir melhor a estratégia do desenvolvimento nacional.
Espiritismo político
Ho Iat Seng salientou que o Governo da RAEM está concentrado no posicionamento do desenvolvimento de Macau enquanto «Um Centro, Uma Plataforma e Uma Base», e em impulsionar a estratégia de desenvolvimento da diversificação adequada «1+4».
Ao discursar perante as autoridades do Interior e representantes das comunidades ultramarinas de chineses, Ho Iat Seng vincou a esperança de que “todos implementarão com seriedade o espírito dos discursos e instruções importantes do Presidente Xi Jinping, e, de acordo com a nova realidade, escreverão boas coisas sobre os chineses ultramarinos na nova era”.
Actualmente, a licença de maternidade no sector privado é de 70 dias, enquanto no público é de 90 dias. Apesar de empresários e deputados ligados ao patronato se mostrarem contra o pagamento extra da licença de maternidade, no sector laboral há quem defenda o prolongamento da licença no sector privado para 90 dias.
Wong Kit Cheng, ligada à Associação Geral das Mulheres de Macau, e Lei Chan U, da Federação das Associações dos Operários de Macau, apelaram recentemente ao Governo para que defina 90 dais como licença de maternidade única.
Nunu Wu e João Santos Filipe
DSAL Feira oferece mais de 400 empregos
A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e a Federação das Associações dos Operários de Macau vão organizar uma feira de emprego com 364 vagas, na quarta-feira (24 de Maio). As inscrições online arrancam hoje, pelas 09h, e estendem-se até às 12h da próxima terça-feira. Na manhã de dia 24, são disponibilizadas 95 vagas para as funções de condutor de autocarro, encarregado de estação, acompanhante de veículos, empregado de estação, pessoal de atendimento ao cliente e empregado de limpeza. No mesmo dia, à tarde, realiza-se outra sessão com 206 ofertas de emprego, para trabalhos como agente de angariação de investimento, agente de planeamento de marketing, empregado de loja, empregado de decoração entre outras. Finalmente, no dia 25 de Maio, a sessão tem 63 ofertas de emprego que incluem gestor de balcão de atendimento, chefe de limpeza e arrumação de quartos, supervisor, terapeuta, empregado de ginásio e cozinheiro.
política 5 quinta-feira 18.5.2023 www.hojemacau.com.mo
GCS
Comunicações Alerta para fraudes de falsas empresas
A Polícia Judiciária (PJ) emitiu ontem um comunicado a alertar a população para prestar atenção a fraudes que começam com um email enviado por falsas empresas de telecomunicações. “Nos últimos dias, a PJ recebeu denúncias de burlas através de email com factura electrónica, supostamente de uma empresa de telecomunicações. O mesmo email, pedia para clicar num link, falso, de um banco online para fazer o pagamento. Foram assim roubados os dados da conta bancária ou de cartão de crédito”, detalham as autoridades. Tendo em conta que fraudes que envolviam alegadas empresas de telecomunicações já ocorreram anteriormente, a PJ apelou novamente aos cidadãos para estarem atentos, quando receberem emails deste género devem estar atentos e confirmar a veracidade com a respectiva entidade. A polícia desaconselha a abertura de “emails ou anexos de fontes desconhecidas para evitar que telemóveis ou computadores sejam infectados por vírus”.
ID Piscina Tamagnini
Barbosa encerrada
A piscina do Centro Desportivo Tamagnini Barbosa foi encerrada temporariamente por não cumprir os “padrões de qualidade de água”. A informação foi divulgada ontem pelo Instituto do Desporto. O encerramento vai prolongar-se até uma data a ser “comunicada posteriormente”, para “garantir a segurança da população e proceder aos trabalhos de desinfecção e de limpeza”. Face à notícia, o ID apelou à “melhor compreensão pelo inconveniente causado”. “Os indivíduos que compraram os bilhetes da piscina do Centro Desportivo Tamagnini Barbosa através da marcação online serão reembolsados pelo Instituto do Desporto, por via electrónica, para a conta electrónica associada ao meio de pagamento electrónico usado”, foi ainda prometido.
Gripe Registados quatro casos colectivos
Os Serviços de Saúde anunciaram ontem o registo de quatro casos colectivos de gripe na terça-feira, que envolveram 30 pessoas. Os surtos foram registados no Colégio de Santa Rosa de Lima (Secção Chinesa), com 11 infectados, Colégio Perpétuo Socorro Chan Sui Ki (Sucursal), 6 infectados, Escola Ilha Verde da Associação Comercial de Macau, 7 infectados, e Colégio Diocesano de São José 5 (Secção Chinesa), com 6 infectados. Após o surgimento dos casos colectivos, os SS informaram que as escolas “aplicaram medidas de controlo, como o reforço na desinfecção, limpeza e manutenção da ventilação de ar no interior das instalações”.
Burla Mulheres perdem 2 milhões de patacas
Duas residentes locais foram burladas em 2 milhões de patacas em esquemas de investimentos falsos. Segundo o jornal Ou Mun, estes dois casos aconteceram nos últimos dias. No primeiro caso, a vítima de 60 anos aceitou um pedido de amizade enviado por um desconhecido, e foi convencida para investir acções de uma empresa no Interior da China. O amigo desconhecido conseguiu levar a mulher a investir ao afirmar que tinha “informações privilegiadas”. A vítima investiu 50 mil renminbis, através de uma aplicação, e lucrou mil renminbis, com o primeiro investimento. Deslumbrada, aumentou o investimento, até se aperceber que não conseguia que lhe devolvessem o dinheiro. Quando apresentou queixa, a mulher de 60 anos afirmou ter sido burlada 1,97 milhões de patacas. Num outro caso, a vítima de 30 anos investiu em moedas virtuais, seguindo as instruções de um internauta que tinha conhecido há um mês. Como resultado perdeu 130 mil patacas.
CARROS DE ALUGUER RECONHECIMENTO DE CARTAS BEM-VINDO
Pela estrada fora
O reconhecimento mútuo de cartas de condução poderá trazer um novo alento ao sector do aluguer de automóveis de Macau. Apesar de os primeiros dias de entrada em vigor da medida não terem trazido novas reservas, as previsões apontam para o crescimento do negócio
RESPONSÁVEIS pelo sector de aluguer automóvel em Macau prevêem um crescimento de 10 a 20 por cento do negócio, graças ao acordo de reconhecimento das cartas de condução com o Interior da China, que entrou em vigor na terça-feira.
“Estamos optimistas com este mercado e acreditamos que vai crescer mais do que antes. Com o reconhecimento mútuo das cartas de condução entre o Interior da China e Macau deverá haver mais turistas [chineses] a alugar carros”, começou por dizer à Lusa Rain
Lin, administrador do Burgeon Car Rental Service.
Os detentores de cartas de condução da China continental podem conduzir desde ontem em Macau. Por outro lado, também os residentes permanentes de Macau, incluindo de nacionalidade estrangeira, vão poder conduzir do outro lado da fronteira.
O reconhecimento das cartas de condução pode “beneficiar directamente pessoas que viajam e que visitam familiares”, apontou na segunda-feira, em comunicado, o Ministério da Segurança Pública chinês.
“O negócio de aluguer de veículos sem motorista normalmente representa 20 por cento
Caso a procura registe um crescimento significativo, a Burgeon Car Rental Service admitiu a possibilidade de importar veículos com volante à esquerda, à semelhança do Interior da China onde a condução é feita à direita
dos nossos negócios e esperamos que cresça em torno do mesmo número”, acrescentou Lin.
Do lado certo
Já a Vang Iek Rent-A-Car Service, fundada em 1935, espera um aumento “no máximo de 10 por cento”. “Não chegarão muitos turistas do continente chinês a Macau para conduzir”, admitiu à Lusa o responsável da empresa,Alan Peng.
Apesar de entenderem que o reconhecimento dos títulos de condução pode aumentar a carteira de clientes, tanto a Burgeon Car como a Vang Iek admitem não terem recebido reservas até à data.
Por outro lado, caso a procura registe um crescimento significativo, a Burgeon admitiu a possibilidade de importar veículos com volante à esquerda, à semelhança do Interior da China onde a condução é feita à direita. Em Macau, conduz-se à esquerda.
De acordo com dados facultados pela PSP à Lusa, no primeiro dia em que a medida entrou em vigor 67 pessoas do Interior da China receberam permissão para conduzir na região administrativa especial.
Por sua vez Zhuhai, a cidade vizinha de Macau, disponibiliza 280 quotas diárias, que, de acordo com o jornal ‘online’ Guan Hai Rong, estão esgotadas até sexta-feira.
6 sociedade 18.5.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo
Sobe e desce
Turistas gastam menos do que em 2022
Adespesa total dos visitantes, excluindo os gastos com o jogo, cifrou-se em 14,98 mil milhões de patacas no primeiro trimestre. A revelação foi feita ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), através da publicação dos resultados do inquérito às despesas dos visitantes referente ao 1.º trimestre.
O montante de quase 15 mil milhões de patacas significa um aumento de 127,1 por cento face ao montante gasto no trimestre homólogo de 2022, e é explicado com um crescimento do número de visitantes de 163,7 por cento, igualmente em comparação com o primeiro trimestre de 2022.
A despesa total dos turistas com visto individual (12,34 mil milhões de patacas) e a dos excursionistas (2,64 mil milhões de patacas) cresceram 131,5 por cento e 108,7 por cento.
Apesar do aumento das despesas dos visitantes, cada pessoa gastou menos do que entre Janeiro e Março de 2022. É o que se depreende da despesa per capita, que se situou nas 3.027 patacas, menos 13,9 por cento, em termos anuais.
A queda dos gastos foi mais significativa a nível dos turistas que viajam para Macau com visto individual, onde se registou uma diminuição de 40,3 por cento (4.677 patacas). No entanto, os
excursionistas aumentaram os gastos em 8,1 por cento (1.141 patacas).
Festival de compras
Mais de cinquenta por cento da despesa dos visitantes foi realizada em compras (57,6 por cento da despesa per capita), seguindo-se as despesas em alojamento (20,1 por cento) e em alimentação (17,4 por cento).
A despesa per capita dos visitantes em compras cifrou-se em 1.744 patacas, menos 29,2 por cento, em termos anuais. Esta despesa foi efectuada principalmente em jóias/relógios (405 patacas), em produtos cosméticos/perfumes (393 patacas) e em alimentos/ doces (340 patacas).
Em relação à avaliação feita dos turistas pela deslocação a Macau, acabaram menos satisfeitos do que no ano passado. De acordo com os comentários dos visitantes no primeiro trimestre de 2023, as proporções dos visitantes satisfeitos com os estabelecimentos hoteleiros (89,6 por cento), os estabelecimentos de jogo (86,6 por cento) e os transportes públicos (84,4 por cento) baixaram: 5,3; 7,8 e 5,3 pontos percentuais, respectivamente, em termos trimestrais. J.S.F.
AS receitas fiscais geradas pelo jogo têm subido progressivamente desde a abertura das fronteiras e do fim da política de zero casos de covid-19. A Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) revelou que em Abril os impostos gerados pelas receitas do jogo atingiram 4,95 mil milhões de patacas, quase metade dos impostos apurados nos primeiros três meses de 2023, quando as receitas totalizaram 10,1 mil milhões de patacas. Recorde-se que já no primeiro trimestre do ano, as receitas de impostos do jogo já registavam uma subida de 15,8 por cento em relação aos primeiros três meses de 2022.
No mês passado, as receitas brutas dos casinos de Macau atingiram 14,72 mil milhões de patacas, mais 15,6 por cento em relação a Março, valor que marcou o melhor registo em nível de receitas desde Janeiro de 2020
Desde o início do ano, até ao final de Abril, os cofres públicos amealharam cerca de 15,07 mil milhões de patacas em receitas fiscais do jogo, valor que representa uma subida de 47,6 por cento em termos anuais.
De acordo com as estimativas do Governo estabelecidas no Orçamento da RAEM para 2023, o ano deve terminar com receitas fiscais do jogo de cerca de
JOGO 4.95 MIL MILHÕES EM IMPOSTOS EM ABRIL
Ouro sobre azul
No passado mês de Abril, os cofres públicos arrecadaram 4,95 mil milhões de patacas em receitas fiscais do jogo, quase metade dos impostos recolhidos durante o primeiro trimestre do ano. Desde o início de 2023 até ao fim de Abril, os impostos gerados pelas receitas dos casinos cresceram quase 50 por cento ao ano
50,85 mil milhões de patacas. Até agora, nos primeiros quatro meses de 2023, as receitas fiscais apuradas representam 29,6 por cento da meta anual.
O melhor mês
À luz das novas concessões de jogo que entraram em vigor a 1 de Janeiro deste ano, e que vão vigorar durante os
próximos 10 anos, o imposto efectivo sobre as receitas brutas apuradas pelos casinos é de 40 por cento. Como tal, o incremento das receitas fiscais está directamente ligado às receitas brutas dos casinos, que atingiram nos primeiros quatro meses de 2023, ou seja, até ao final de Abril, 49,36 mil milhões de patacas, valor que representa
DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO QUASE 8 MILHÕES DE VISITANTES ATÉ 10 DE MAIO
DESDE o início do ano, até 10 de Maio, entraram em Macau mais de 7,92 milhões de turistas, com os visitantes oriundos do Interior da China a atingirem cerca de 5,11 milhões, de acordo com dados revelados pela Direcção dos Serviços
de Turismo (DST), citados pelo canal chinês da Rádio Macau. Em pouco mais de cinco meses, o número de turistas que entraram em Macau já ultrapassou o total registado em 2022. Nos primeiros dez dias de Maio, entraram no território mais
de 690 mil visitantes, quase 70 por cento oriundos do Interior da China (mais de 480 mil turistas), foi revelado pela DST.
É de salientar que no ano passado, as entradas anuais de turistas foram as mais baixas desde 1999.
Durante o mês de Abril, chegaram a Macau quase 2,29 milhões de visitantes, dos quais 1,39 milhões vieram do Interior da China. O registo do mês passado foi preponderante para o total de turistas que vieram à RAEM no primeiro tri-
uma subida de 141,4 por cento em termos anuais. No mês passado, as receitas brutas dos casinos atingiram 14,72 mil milhões de patacas, mais 15,6 por cento em relação a Março, valor que marcou o melhor registo em nível de receitas desde Janeiro de 2020, antes do início da paralisia económica nascida da pandemia da covid-19. João Luz
mestre do ano. Nos primeiros três meses, o número total de turistas quase chegou a 4,95 milhões, com os visitantes vindos do Interior da China a atingir 3,24 milhões, ou seja, 65,4 por cento do total de entradas. J.L.
sociedade 7 quinta-feira 18.5.2023 www.hojemacau.com.mo
GCS
KAYSHA ON UNSPLASH
Três ensaios de prosa chinesa
Tradução de André Bueno
INSCRIÇÃO DE UMA HUMILDE MORADA
AS MONTANHAS não obtêm fama por sua altura, mas porque nelas vivem algum imortal. Os rios não adquirem seu renome por sua correntes, mas sim porque algum dragão torna mágicas as suas águas. Esta humilde morada só tem o perfume da minha virtude. O musgo esmeralda cobre seus alpendres, e o verdor da erva invade suas cortinas. Mas aqui, são os grandes letrados que conversam e riem, não vem nenhuma pessoa que não tenha alguma importância. Podemos tocar a sensível cítara, podemos estudar os valiosos sutras. Não há orquestra alguma que estrague o ouvido, nem documentos oficiais que importunem a nós.
Confúcio disse: que há de mal nisso?
ELOGIO DA VIRTUDE DO VINHO
HÁ UM homem superior que considera a eternidade como uma manhã, dez mil anos como um abrir e fechar de olhos; o sol e a lua como suas janelas, os oito confins do mundo como seu pátio e ruas. Caminha sem seguir rotas nem deixa pegadas; vive sem casa e sem abrigo; o céu o serve de tenda, a terra o serve de esteira; onde quer que vá, seu desejo é seu guia. Quando pára, pega um copo e uma garrafa; quando se vai, leva uma jarra e um vaso. Só se ocupa de vinho, não conhece outra coisa.
Um jovem nobre e um letrado de renome ouviram falar de sua maneira de viver e o criticaram. Agitaram suas mangas, balançaram suas túnicas, rangeram os dentes e ficaram de olhos injetados. Falaram longamente dos ritos e das leis, e o bem e o mal povoam seus discursos como um enxame de abelhas. Enquanto isso, o mestre dispôs uma bandeja e sustenta-
va um jarro de vinho com as duas mãos. Levou a bandeja para a boca e derramou todo o vinho pela garganta. Despojou-se, e sentou cruzando as pernas. Sua cabeça descansava na terra, seu corpo jazia no pó. Já não tinha mais pensamentos nem sentimentos, sua felicidade era infinita. Assim permaneceu, ébrio e privado de sensações, até que recobrou por si mesmo os sentidos.
Por mais que escutasse, não ouvia o fragor da conversa; por mais que buscasse, não via as montanhas. Não sentia nem frio nem calor atacar seu corpo. Não o incomodava nem a alegria nem o desejo. Contemplava o mundo das alturas, como uma tumultuada confusão de seres, como algas boiando ao sabor da correnteza de um rio. Os dois homens que falavam com ele eram como abelhas, ou parasitas de uma amoreira.
Liu Ling (século 3 d.C.)
Liu Yuxi (772-842)
PREFÁCIO DA ANTOLOGIA DO PAVILHÃO DAS ORQUÍDEAS
INSTALAMO-NOS JUNTO ao um canto do arroio para lavar nossos copos, e todos nos sentamos em ordem. Nos faltava o deleite de uma orquestra, mas um copo de vinho e uma canção eram suficientes para dar rédea solta aos nossos sentimentos poéticos. O céu era luminoso e o ar puro; uma suave brisa soprava leve. Acima contemplávamos a imensidão do céu, abaixo examinávamos a riqueza da natureza. O espetáculo que se abria ante nossos olhos causava sensações bastantes para levar ao extremo a alegria de ver e ouvir. Era, na verdade, prazeroso. Quando os homens debatem acerca do tempo, alguns expressam o que trazem consigo e falam de sua casa; outros seguindo suas peregrinações, discorrem livremente sobre os acontecimentos externos. Mas, ainda que ambas as atitudes sejam opostas, ainda que alguns se agitem e outros permaneçam tranqüilos, todos se alegram em reencontrar-se e durante alguns instantes ficamos em paz, felizes, e esquecemos que a velhice nos acerca. Uma vez que conseguimos o que buscamos, nos cansamos dele; os sentimentos mudam de acordo com os acontecimentos; então vem a decepção. O que nos atraía num instante se converte em vestígio do passado; no entanto, não podemos impedir que nos assalte a emoção de pensar nisso por um momento. O que dura e o que é breve, tudo
muda e tudo chega ao fim no nada. Os antigos diziam: a vida e a morte são grandes questões. Isso não é triste?
Cada vez que penso nas causas que comoveram os homens de antigamente, encontro exatamente as mesmas que as nossas. Nunca li uma obra antiga sem suspirar com pesar, sem entender esta profunda emoção. No fundo, sei que a igualdade da vida e da morte, da longevidade ou da morte prematura, não são mais do que discursos mentirosos. E a posteridade considerará nosso tempo como nós consideramos os tempos passados! Que desgraça!
Por isso ordenei que as obras de meus contemporâneos fossem copiadas. Ainda que variem as épocas e condições, as coisas que suscitam a emoção humana são as mesmas sempre. E sei que os leitores dos séculos que virão sentirão ante estes escritos estas mesmas emoções.
Wang Xizhi (312 - 379)
VIA do MEIO 18.5.2023 quinta-feira 8
Três prosas avulsas
OS OSSOS
O LIVRO da dinastia Ming “A Criação dos Deuses” narra episódios interessantes. Um deles – na verdade em dois parágrafos – conta o seguinte: Dera o príncipe Wen ordens para que fosse construí- da uma piscina num dos terraços do seu palácio. Passava o monarca pelas obras quando reparou num estranho volume transportado por dois servos.
– O que é isso, que levais aí?, perguntou o príncipe.
Eram os ossos, já meio desirmanados, de um esqueleto antigo, anónimo, encontrado durante as escavações. Iam ser deitados fora.
– Tragam aqui os ossos – disse o soberano – , coloquem-nos numa pequena urna e enterrem-na na encosta. Seria um crime deixá-los assim expostos só porque resolvi construir uma piscina. Estas foram as ordens do príncipe que muito maravilharam as suas gentes:
– Que divina virtude – comentaram –A bondade do nosso senhor estende-se até aos ossos dos mortos. A sua benevolência em toda a parte é sentida e cada uma das suas acções está de acordo com a vontade do Céu.
DEZ MIL GERAÇÕES
“ENRIQUECER É glorioso”, terá dito Deng Xiaoping e muitos atribuem a esta frase o despontar do capitalismo na China contemporânea. Mas, ao que parece, enriquecer aqui significa enriquecer em conjunto, colectivamente, e não o enriquecimento individual, de acordo com o modelo das sociedades ocidentais.
Se for esse o significado pretendido por Deng, mais não fez que repetir Confúcio pois o Mestre afirmou que para se crescer é preciso que ao lado os outros também cresçam.
Para caçar o rato, ou seja enriquecer, não importa a cor do gato, disse também o Grande Arquitecto. Por isso, a China enveredou pela existência de empresas pri- vadas capazes satisfazer o mercado interno e mesmo de rivalizar com as suas congéneres mundiais.
E este gato preto foi ganhando cada vez mais poder, mais espaço, mais influência, enquanto o gato branco definhava sem, no entanto, perder o controlo da nação. Entretanto, gatos cinzentos surgiram um pouco por toda a parte e a China enriqueceu.
Carlos Morais José
O ORIENTALISTA ACIDENTAL
EM OUVIDOS europeus o termo Ásia desperta uma série infindável de ressonâncias que, geralmente, remetem para o âmbito de um imaginário impregnado de fantasmas cujas características vão do terrível ao sedutor. Afinal, a Ásia, o Oriente, são, antes de mais, invenções de uma Europa que necessita da diferença para afirmar a sua identidade.
“A bondade do nosso senhor estende-se até aos ossos dos mortos.” Na verdade, foi esta frase que me chamou a atenção.
É que o governante não deve estar em demasia alheado do que não é de hoje se quiser tomar boas decisões para o amanhã. Deve ter em consideração “os ossos dos mortos”, respeitá-los, pois quem respeita será respeitado.
Isto é verdade na China, como é verdade nesta sua pequena parte chamada Macau. Wen e Wu foram dois grandes soberanos (c. 1000 a.C.); neles se incarnaram algumas das principais virtudes que devem assistir quem detém o poder.
Segundo Xi Jinping, não o fez de forma harmoniosa pois abriu-se um fosso entre os pobres e os muito ricos, alimentando a corrupção, que urgia eliminar. Assim se fez. E é uma China mais harmoniosa que prepara a sua entrada numa Nova Era em que o sonho chinês se irá realizar.
Algures, neste reino maravilhoso, Deng Xiaoping joga go com Confúcio e, ao terceiro copo de vinho de arroz, confessa-lhe a sua admiração: “Mestre, estou preocupado com a persistência da sua sabedoria. Devíamos limitar a sua influência a dez mil gerações.”
É algo fruste limitar a sua compreensão à questão geográfica: Ásia como continente, massa de terra imen- sa, na medida em que as distinções culturais são radicais. O que tem em comum o asiático do Líbano com o asiático japonês? Poderemos falar numa unidade cultural asiática? É claro que não. A adoptarmos a mera definição geográfica, a Europa seria então uma mera península asiática. O termo Ásia é muito antigo e a sua origem tem sido explicada de variadas formas. Os Gregos utiliza- vam-no para designar as terras que ficavam a Leste da sua própria terra, num momento do saber Europeu em que a maior parte daquilo a que hoje chamamos Ásia era completamente desconhecida. É também possível que o termo tenha chegado ao grego a partir do Assírio «asu» que também quer dizer Leste. Seja qual for, na realidade a sua origem, a verdade é que se trata de um termo Ocidental para designar algo de não-Ocidental e nenhum povo dos que hoje consideramos asiáticos o criou e reconheceu nele a sua identidade. Não existe nenhum termo equivalente em nenhuma língua asiática, nem sequer no domínio do discurso geográfico. É que, ao contrário da Europa onde é clara a existência de uma identidade claramente homogénea, baseada em idênticas características raciais, religião, hábitos e ex- pressões artísticas, a Ásia não é de todo homogénea em nenhum destes pontos de vista e no seu seio existe uma enorme diversidade racial, étnica, religiosa e comporta- mental, que a Europa esqueceu, na medida em que em jogo estava a afirmação da sua própria identidade pelo confronto com a diferença. Se esta diferença englobava em si diferenças talvez ainda mais radicais, isto não foi tomado em conta, nem determinante para que se verificasse uma exclusão do conceito. Para os Europeus não importava se os asiáticos se reconheciam enquanto tal porque eles eram essencialmente não-Europeus. Basta recuarmos até ao século XVII, quando a Ásia era pouco mais que a Turquia, na qual se pensava quando foi forjado o conceito de “luxo asiático”, estando muito distante, então, da imaginação europeia a existência de um “luxo extremo-oriental”.
Assim, como diz Edward Said, o Oriente é praticamente uma invenção europeia e foi, desde a Antiguidade, um lugar de romance, de seres exóticos, de experiências estranhas e bizarras. Este facto aparece registado em milhares de páginas de literatura ocidental , especialmente em certos períodos como por exemplo o romântico século XIX. O Oriente terá sido produzido pela Europa, através de discursos que se alargam às mais variadas áreas: política, sociologia, etnologia, ideologia, literatura, etc..
A ideia do Oriente reveste-se assim de uma história e de uma tradição própria, com um vocabulário próprio, e que constitui parte do corpus teórico ocidental. De certo modo, com a propagação das colónias europeias pela a Ásia do século XIX, o Oriente foi orientalizado pela própria Europa que aí aplicou as suas categorias do que era suposto esse Oriente ser. Mas há mais. Ainda segundo Said, a questão acaba também por ancorar, por se basear, numa relação de poder e de domínio, com variadas formas de hegemonia. O Oriente terá sido orientalizado não porque se descobriu ser «oriental», tal qual era concebido e imaginado por um europeu do século XIX, mas porque podia de facto ser tornado «Oriental» através agora de uma aplicação concreta das categorias ocidentais do orientalismo às colónias do Oriente.
O caso mais flagrante é a imagem da mulher oriental na sua relação com o homem do Ocidente. A oriental não fala do homem, não comenta a sua virilidade, não exprime as suas emoções, não tem história pessoal, é submissa. O homem ocidental descreve essa mulher, cria-lhe atributos, de certo modo fala por ela. Este imaginário revela muito mais uma projecção do desejo europeu de domínio óbvio dos povos asiáticos, do que propriamente uma realidade factual.
No entanto, por muito que isso custe a Said, o discurso sobre o Oriente não deve ser encarado como uma amálgama de mitos e mentiras. A verdade é que ele se instituiu como um corpo teórico e prático, tornado consistente ao longo de várias gerações do pensamento ocidental e cuja importância é crucial, sobretudo para compreender esse próprio pensamento e práticas, mais do que o que elegeu como objecto.
Mas foi também este discurso que, durante o século XX, na sua autocrítica, introduziu a Razão como categoria para a análise da História e do Poder, algo que muito surpreendeu e atemorizou os regimes orientais, por um lado, e por outro lhes permitiu enfrentar decisivamente o século XXI.
VIA do MEIO 18.5.2023 quinta-feira 9
NAUFRÁGIO TRIPULAÇÃO DE 39 PESCADORES DESAPARECIDA
UMbarco de pesca chinês a operar no Oceano Índico afundou e todos os 39 tripulantes a bordo estão desaparecidos, avançou ontem a imprensa estatal.
A cadeia televisiva CCTV noticiou que o naufrágio aconteceu por volta das 03:00 de terça-feira. A tripulação era constituída por chineses, indonésios e filipinos, segundo a mesma fonte.
O Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, ordenaram que os diplomatas chineses no exterior, assim como os ministérios da Agricultura e dos Transporte, apoiem os trabalhos de busca e resgate.
A CCTV não identificou o local exacto do naufrágio, mas apenas que ocorreu no centro do vasto Oceano Índico, que se estende do sul da Ásia e da Península Arábica até ao leste da África e ao oeste da Austrália.
O Centro de Comando da Guarda Costeira das Filipinas disse ontem que está a monitorar a situação e a coordenar com a embaixada da China em Manila e as equipas de busca e resgate que estão a operar perto do último local conhecido da embarcação.
O barco Lupenglaiyuanyu Número 8 estava baseado na província costeira oriental de Shandong e era operado pela empresa Penglaiyingyu, de acordo com a imprensa chinesa. Também foi identificado pelos números de casco 18 e 028.
Acredita-se que a China opere a maior frota pesqueira do mundo. Muitas embarcações permanecem no mar durante meses ou mesmo anos seguidos, apoiados por agências estatais de segurança marítima chinesas e uma extensa rede de embarcações de apoio.
Não há informações sobre a causa do naufrágio.
Processo de Execução Ordinária n.º CV1-22-0077-CEO 1º Juízo Cível
EXEQUENTE: Keng Seng Sociedade Unipessoal Limitada, com sede em Macau “宋玉生廣場335-341 號 獲多利大廈 17 樓 W”.
EXECUTADOS: 1. Ieong Lai Sim, de nacionalidade chinesa, titular do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Macau, residente em Macau;
2. Qin Rui, de nacionalidade chinesa, titular do salvo-conduto da R.P.C., ora ausente em parte incerta.
FAZ-SE SABER que pelo Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do anúncio, citando o 2º EXECUTADO acima identificado, para, no prazo de VINTE DIAS, findo o dos éditos, pagar a dívida exequenda ao exequente no montante de MOP2.454.879,18 (Dois Milhões, Quatrocentas e Cinquenta e Quatro Mil, Oitocentas e Setenta e Nove Patacas e Dezoito Avos), juros e custas, ou nomear bens à penhora, ou, querendo, deduzir oposição à execução no mesmo prazo, sob pena de se considerar devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora, tudo como melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra nesta secretaria à disposição do citando.
Aos 04 de Maio de 2023.
UCRÂNIA PEQUIM QUER SER POTÊNCIA INTERNACIONAL, DIZEM
ANALISTAS
Afirmação global
O diplomata chinês Li Hui continua no seu périplo europeu, que inclui visitas a Kiev e Moscovo, além de Berlim e Paris, com vista a alcançar uma rota para a paz
Achegada de um enviado chinês a Kiev esta semana sintetiza os esforços de Pequim para afirmar a sua liderança nos assuntos internacionais, visando contrariar a ordem estabelecida por Washington, que considera hostil aos seus interesses, apontam analistas.
O enviado chinês Li Hui está em Kiev desde terça-feira e deverá também visitar a França, a Alemanha e a Rússia, com vista a “uma resolução política da crise ucraniana”, segundo Pequim.
Li, o representante especial para os assuntos euro-asiáticos encarregado
de discutir a resolução da guerra russa contra a Ucrânia, deverá ainda visitar Varsóvia na sexta-feira para discutir a situação na Ucrâ-
O enviado chinês
Li Hui está em Kiev desde terça-feira e deverá também visitar a França, a Alemanha e a Rússia, com vista a “uma resolução política da crise ucraniana”, segundo Pequim
nia, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco.
Desde Março passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu em Pequim os líderes do Brasil, Espanha, Singapura, Malásia, França e União Europeia, enquanto altos funcionários chineses viajaram para a Europa, Ásia Central ou sudeste asiático.
Durante o mesmo período, Irão e a Arábia Saudita anunciaram, em Pequim, um acordo para restabelecerem as relações diplomáticas. A China expressou ainda a disponibilidade para mediar as negociações para um acordo de paz entre Israel e Palestina. Na Ucrânia,
10 china 18.5.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo
JUIZ HM • 1ª vez • 18-5-23
PUB.
O
ANÚNCIO
RIA NOVOSTI/REUTERS
Pequim diz querer negociar um acordo político que ponha fim à guerra, que dura há 15 meses.
“A China está a entrar no oceano”, disse metaforicamente o coronel reformado chinês Zhou Bo, numa entrevista à revista Time. “Não há como voltar atrás”, apontou.
Este esforço surge numa altura em que o país está a emergir de três anos de isolamento, imposto pela estratégia ‘zero covid’, para um ambiente externo mais hostil, à medida que os Estados Unidos solidificaram as suas alianças de segurança na região da Ásia Pacífico e Europa.
“É óbvio: A China quer contrariar a pressão de Washington para isolar o país”, escreveu Tianyi Wu, especialista da Universidade de Oxford nas relações entre China e Estados Unidos.
Em causa, estão também considerações económicas, à medida que fricções geopolíticas motivaram os principais parceiros comerciais da China a procurar
alternativas para reduzir as vulnerabilidades nas cadeias de fornecimento.
Wu frisou, no entanto, uma visão mais ampla por detrás dos esforços da diplomacia chinesa: promover uma ordem mundial multipolar, que afrouxe o domínio norte-americano estabelecido após a II Guerra Mundial.
Caminho seguro
Nos últimos anos, Pequim avançou com fóruns e organizações multilaterais próprias, incluindo a Iniciativa
“Uma Faixa, Uma Rota”, o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas ou a Iniciativa de Segurança Global, que visa construir uma “arquitectura global e regional de segurança equilibrada, eficaz e sustentável”, ao “abandonar as teorias de segurança geopolíticas ocidentais”.
A China vai “promover uma nova forma de relações internacionais”, proclamou Xi Jinping. “Ao avançar no seu processo de modernização, a China não vai trilhar o caminho antigo da colonização e pilhagem, nem o caminho sinuoso escolhido por alguns países para alcançar a hegemonia”, assegurou o líder chinês, no mês passado, na apresentação de mais uma iniciativa, designada Civilização Global.
O líder chinês advertiu ainda outros países para se “absterem de impor os seus próprios valores ou modelos aos outros”, numa referência à ordem democrática liberal liderada por Washington.
HK TREINADOR E 11 FUTEBOLISTAS PRESOS POR CORRUPÇÃO
Otreinador e 11 futebolistas de uma equipa da primeira divisão de futebol de Hong Kong estão entre os 23 detidos num caso de corrupção por manipulação de resultados, disse na terça-feira o órgão anticorrupção do território.
“Esta operação é a mais importante realizada nos últimos anos pela Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC) no combate à manipulação de resultados. É também a que resultou no maior número de detenções”, especificou a chefe de investigação do ICAC, Kate Cheuk.
Cerca de 100 agentes da polícia estiveram implicados na operação em que os suspeitos são acusados de corrupção, manipulação de resultados e de participar também em apostas ilegais.
O nome do clube em causa não foi divulgado, contudo a imprensa local sugere que o visado seja o histórico Happy Valley, com vários títulos de campeão em mais de 70 anos de existência.
Os corruptores pagariam a cada atleta cerca de 1.200 euros por jogo.
“A questão não era se eles jogavam bem, mas se eram bons a fingir [o seu desempenho] ou se podiam ajudar a manipular os resultados”, disse Cheuk.
A responsável recordou que os resultados improváveis são mais bem recompensados nas apostas, que alguns visados também faziam, através de testas-de-ferro.
Os valores envolvidos na manipulação não foram revelados, até porque a investigação continua em curso.
APPLE EX-FUNCIONÁRIO ACUSADO DE ROUBO
Ajustiça
dos Estados Unidos acusou ontem um antigo funcionário da Apple de roubar tecnologia para veículos autónomos desenvolvida pelo grupo tecnológico, para vender a uma empresa chinesa. O Departamento de Justiça anunciou o indiciamento de Wang Weibao, de 35 anos, por roubo e tentativa de roubo de segredos comerciais, parte de um esquema para aceder e usurpar tecnologia da Apple utilizada em sistemas de veículos autónomos.
De acordo com o documento judicial, Wang trabalhou como engenheiro informático na empresa, que tem sede na Califórnia, entre 2016 e 2018. Durante esse período, teve acesso a bancos de dados acessíveis apenas a 2.700 funcionários em toda a empresa, que tem mais de 130.000 trabalhadores.
Os investigadores reviram o histórico de acessos de Wang nos arquivos da Apple um dia depois de ter deixado a empresa e descobriram que ele acedeu a “grande quantidade” de informação confidencial nos “dias anteriores à sua saída”. “Infelizmente, vai sempre haver quem engana o sistema, roubando e lucrando com o fruto do trabalho dos outros. A acusação de Wang é apenas um exemplo”, disse o procurador Ismail Ramsey, num comunicado emitido pelo Departamento de Justiça.
Se for considerado culpado, Wang pode ser punido com pena máxima de 10 anos de prisão e uma multa de até 250.000 dólares, por cada acusação de roubo ou tentativa de roubo, lê-se na mesma nota.
HERMINIA DA CRUZ SOARES DOS SANTOS CU (ROSITA)
PARTICIPAÇÃO DE FALECIMENTO
Friolan António Cu, esposo, Idalina Augusta Chantres da Cruz Carvalho e Rego, Mãe, irmãos João e Augusto da Cruz Fernandes, tia Violante João de Sousa, cunhada, sobrinhos e primo, cumprem o doloroso dever de participar o falecimento do seu ente querido, ocorrido inesperadamente no dia 13 de Maio.
Informam que as exéquias fúnebres se realizam hoje, dia 18, na Casa Mortuária Diocesana, a partir das 18 horas, seguida de Missa.
Na sexta-feira, antes do corpo seguir para cremação, será celebrada missa às 9 da manhã.
A família agradece a todos que se associarem a estes piedosos actos.
china 11 quinta-feira 18.5.2023 www.hojemacau.com.mo
“A China está a entrar no oceano”, disse metaforicamente o coronel reformado chinês Zhou Bo, numa entrevista à revista Time.
“Não há como voltar atrás”
XIAOMEI CHEN
DIA DA CRIANÇA ARRAIAIS, PRENDAS E VISITAS AO MUSEU DO EXÉRCITO ANIMAM MAIS NOVOS
É de pequenino
A partir de domingo, até ao final de Junho, Macau vai-se desdobrar em actividades para assinalar o Dia da Criança. Passeios em família, oferta de prendas a crianças hospitalizadas, jogos sobre direitos das crianças e visitas ao Museu do Exército do Quartel Militar da Taipa, para aprofundar o sentimento patriótico de alunos do ensino primário, são algumas das actividades programadas
DURANTE mais de um mês, o Governo, com a colaboração de algumas associações tradicionais, vai organizar uma panóplia de actividades para celebrar o Dia da Criança, que se assinala a 1 de Junho.
O cartaz de celebrações arranca já no próximo domingo, 21 de Maio, com o Concurso de Passeio na Comunidade, organizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau para animar a pequenada, incentivar a interacção entre pais e filhos e “construir em
300 alunos do ensino primário vão assistir a uma apresentação feita por militares para “aprofundar o conhecimento sobre o Exército de Libertação do Povo Chinês estacionado em Macau e o sentimento patriótico”
conjunto uma relação positiva e saudável entre familiares e um estado físico e mental saudável”, anunciou ontem o Instituto de Acção Social (IAS). O passeio tem início nas Ruínas de São Paulo, às 13h30 e termina às 18h no Centro de Actividades Juvenis da Federação das Associações dos Operários de Macau.
Como não poderia deixar de ser, uma das actividades em destaque que promete alimentar a imaginação das crianças é a visita ao Museu do Exército do Quartel Militar da Taipa da Guarnição do
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18.5.2023 quinta-feira
Exército de Libertação do Povo Chinês estacionado em Macau.
A visita, marcada para o dia 27 de Maio, irá levar cerca de 300 estudantes do ensino primário a assistir a uma apresentação feita por militares com o intuito de “aprofundar o conhecimento dos estudantes sobre o Exército de Libertação do Povo Chinês estacionado em Macau e o sentimento patriótico”.
Jogos e prendas Grande parte das actividades programadas para celebrar o Dia da Criança são de cariz pedagógico. Uma das principais é a exposição itinerante de placards que explicam os direitos das crianças, nomeadamente os consagrados em convenções internacionais, e a evolução dos mesmos. A mostra irá percorrer várias escolas de Macau, assim como centros da FAOM.
No dia 1 de Junho serão distribuídas prendas a 199 crianças internadas no Centro Hospitalar Conde de São Januário e no Hospital Kiang Wu, “como forma de lhes transmitir as saudações festivas e votos de felicidades apresentados pelo Governo da RAEM e pelos diversos sectores da sociedade”
No dia 1 de Junho serão distribuídas prendas a 199 crianças internadas no Centro Hospitalar Conde de São Januário e no Hospital Kiang Wu, “como forma de lhes transmitir as saudações festivas e votos de felicidades apresentados pelo Governo da RAEM e pelos diversos sectores da sociedade”. As prendas são patrocinadas pela Comissão Organizadora do Dia Mundial das Crianças (que reúne um leque variado de instituições públicas, órgãos do Governo e associações tradicionais) e pela Obra das Mães.
O Governo acrescenta ainda que a Federação das Associações dos Operários de Macau, a União Geral das Associações dos Moradores de Macau, a Cáritas de Macau e a Associação Geral das Mulheres de Macau, vão realizar vários arraiais, sem que sejam especificadas as actividades que vão acontecer.
Ao longo do mês de Junho será ainda organizado o sorteio de jogos online sobre a Convenção sobre os Direitos da Criança. João Luz
Albergue SCM Celebrar Mio Pang Fei a partir 24 de Maio
Na próxima quarta-feira, dia 24 de Maio, o Albergue SCM acolhe a cerimónia de abertura da exposição “Remembering Master Mio Pang Fei - CAC Young Artists Exhibition”, que estará patente ao público até ao dia 10 de Junho na A2 Gallery. A cerimónia de abertura está
marcada para as 18h30. A mostra organizada pelo Círculo dos Amigos da Cultura de Macau reúne obras de Alexandre Marreiros, Ka Ieng Lei, Ho Weng Chi, Sisi Wong, Wang Tou Kun e Wu Xixia. A curadoria é da responsabilidade de Carlos Marreiros e Lam Kong Chuen.
Um mundo mais amordaçado
Salman Rushdie alerta que a liberdade de expressão está gravemente ameaçada
Oescritor Salman Rushdie avisou que a liberdade de expressão no Ocidente está sob a maior ameaça que já assistiu em toda a sua vida, naquele que foi o seu primeiro discurso público após ter sido atacado.
O escritor britânico enviou uma mensagem em vídeo para o British Book Awards, que lhe atribuiu, na segunda-feira à noite, o prémio Freedom to Publish, que “reconhece a determinação de autores, editores e livreiros que se posicionam contra a intolerância, apesar das ameaças que enfrentam”, noticia a AP.
“Vivemos num momento em que a liberdade de expressão e a liberdade de publicação nunca estiveram, em todo o meu tempo de vida, tão ameaçadas nos países ocidentais”, disse.
“Agora que estou aqui sentado nos Estados Unidos, tenho de olhar para o extraordinário ataque às bibliotecas e aos livros para crianças nas escolas. O ataque à ideia das próprias bibliotecas. É extremamente alarmante e temos de estar muito atentos e lutar muito contra isso”, acrescentou.
Durante o seu discurso, Salman Rushdie criticou também os editores que alteram livros com décadas de existência para adaptá-
OFestival de Cinema de Cannes, que começou esta terça-feira no sul de França, conta com um filme de Pedro Costa na selecção oficial e outros filmes portugueses em programações paralelas.
Numa edição em que vão estrear-se filmes de Martin Scorsese, Wes Anderson, Pedro Almodóvar, Ken Loach ou Nanni Moretti, Cannes contará com sete realizadoras em competição - um número recorde -, com Alice Rohrwacher, Jessica Hausner, Kaouther Ben Hania, Justine Triet, Catherine Breillat, Ramata-Toulaye Sy e Catherine Corsini.
Fora de competição, Pedro Costa fará a estreia do filme “As Filhas do Fogo”, sendo a quinta vez que o realizador português marca presença em Cannes.
Segundo a produtora Clarão Companhia, “As filhas do fogo” é uma curta-metragem interpretada
-los às sensibilidades modernas, como aconteceu com os cortes e as reedições em grande escala feitos nas obras do autor infantil Roald Dahl e do criador de James Bond, Ian Fleming.
Os editores devem permitir que os livros “cheguem até nós do seu tempo e sejam do seu tempo. E se isso for difícil de aceitar,
não o leiam, leiam outro livro”, considerou o autor.
Prémios e ataques
Salman Rushdie, de 75 anos, apareceu no vídeo visivelmente mais magro do que antes do ataque e usava óculos com uma lente colorida. O escritor ficou cego do olho direito e sofreu danos nos ner-
vos da mão, na sequência de um esfaqueamento por um homem de 24 anos, quando iniciava uma palestra em Chautauqua, Nova Iorque, em agosto do ano passado.
O alegado agressor, Hadi Matar, declarou-se inocente das acusações de agressão e tentativa de homicídio.
Salman Rushdie passou anos escondido e com proteção policial, depois de o fundador da República Islâmica, ayatollah Rouhollah Khomeini, ter emitido uma ‘fatwa’ (decreto religioso) em 1989, apelando à sua morte devido ao que considerava blasfémia, do romance “Os Versículos Satânicos”.
O escritor regressou gradualmente à vida pública depois de, em 1998, o governo iraniano se ter distanciado da ordem, afirmando que não apoiaria alguma tentativa de o matar, embora a ‘fatwa’ nunca tenha sido oficialmente revogada.
Salman Rushdie ganhou o Prémio Booker em 1981 pelo seu romance “Os filhos da meia-noite” e, em 2008, foi eleito o melhor vencedor de sempre daquele prestigiado prémio literário.
O seu romance mais recente, “Victory City”, concluído um mês antes do atentado, foi lançado internacionalmente em Fevereiro deste ano, pela Penguin Random House, e chegará a Portugal no final do ano, editado pela Dom Quixote.
Portugal em Cannes
Festival tem um filme de Pedro Costa na selecção oficial pelas cantoras Elizabeth Pinard, Alice Costa e Karyna Gomes, com Os Músicos do Tejo, dirigidos pelo maestro e cravista Marcos Magalhães.
Também fora de competição, Cannes vai exibir “Eureka”, do
argentino Lisandro Alonso, coproduzido pela Rosa Filmes.
A 76.ª edição do Festival de Cannes abre com “Jeanne du Barry”, da realizadora francesa Maiwenn, com o actor Johnny Depp no papel de Luís XV.
Na secção “Un Certain Regard” vai estar o filme “A Flor do Buriti”, da realizadora brasileira Renée Nader Messora e do português João Salaviza, que voltaram a filmar com o povo indígena Krahô, do Brasil, depois de “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”.
Na Quinzena de Cineastas, Filipa Reis e João Miller Guerra vão estrear a segunda longa-metragem de ficção de ambos, “Légua”, e vai assinalar-se os trinta anos da estreia de “Vale Abraão”, de
Manoel de Oliveira, com as presenças da actriz Leonor Silveira e do produtor Paulo Branco. Curtas e carreiras Também nesta programação, na iniciativa “La Factory des Cinéastes”, estarão em foco quatro curtas-metragens, coproduzidas pela Bando à Parte com jovens estruturas, técnicos e realizadores do norte de Portugal.
“Corpos Cintilantes”, uma primeira obra da realizadora Inês Teixeira, sobre a adolescência, está integrada na competição de curtas-metragens da Semana da Crítica.
O júri da competição oficial é presidido pelo realizador sueco Ruben Ostlund.
O actor Michael Douglas receberá um prémio de carreira e o actor Harrison Ford será homenageado com a estreia de “Indiana Jones e o Marcador do Destino”, dirigido por James Mangold. O festival de Cannes termina no dia 27.
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quinta-feira 18.5.2023
RICHARD BURBRIDGE | THE NEW YORKER
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UM DOCUMENTÁRIO HOJE AS CANÇÕES | EDUARDO COUTINHO (2011)
O cenário é simples, uma cadeira num palco vazio. E cidadãos comuns vão entrando, sentando-se e abrindo o coração, ao falar sobre as canções que mais marcaram as suas vidas. O realizador – Eduardo Coutinho, um dos maiores documentaristas brasileiros, tragicamente desaparecido em 2014 – convida pessoas a virem dar o seu depoimento, deixando-as discorrer sobre as memórias mais pessoais, cantarolar as músicas que invadiram as suas histórias, alegres ou tristes, purgar os sentimentos que as consumiram uma vida inteira. O resultado é tocante, divertido, inesperado, fazendo do espectador um cúmplice próximo destas personagens reais e das suas imprevisíveis confissões. Hoje Macau
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo
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NO FESTIVAL de Artes de Macau, a tragédia grega antiga escrita por Sófocles ganha novos contornos na montagem chinesa proposta pelo Centro de Artes Dramáticas de Xangai, dirigida pelo grego Michail Marmarinos. Ainda que dirigida por um grego, a peça parte de uma abordagem cultural completamente diferente da do berço civilizacional do Ocidente, nos permitindo, pela via do Oriente chinês, iluminar alguns aspectos da peça grega, que ficam mais evidentes devido ao contraste intercultural.
A tragédia grega conta a história de Electra, filha do meio do rei Agamenon, que está empenhada em buscar a vingança contra sua mãe, Clitemnestra, e seu padrasto, Egisto, responsáveis pelo assassinato de seu pai, Agamenon. Com a ajuda de seu irmão mais novo, Orestes, que retorna disfarçado para vingar a morte do pai, Electra planeja o assassinato de Clitemnestra e Egisto. A complexidade aumenta quando lembramos que a mãe Clitemnestra também tinha motivações legítimas para assassinar seu marido, que na condição de rei havia sacrificado a filha primogênita Ifigênia em busca de boa fortuna no curso da guerra.
A partir desse enredo privado e familiar, a história alcança discutir questões universais, como o conflito entre justiça e vingança, a complexidade das relações entre pais e filhos, e a crise no amor e na lealdade que se instaura após um ato criminoso.
Estamos diante de uma das peças teatrais mais significativas no que diz respeito a expressão de dilemas éticos, representado por conflitos para sempre irresolutos, que constituem a marca da condição humana. Sobretudo no que diz respeito às tensões entre indivíduo e sociedade, a peça nos faz refletir sobre como uma tragédia pode conduzir qualquer um à irracionalidade, conduzindo nosso estado de ser a transbordamento excessivo e descontrolado, que se caracteriza na língua grega pela palavra hybris.
Em relação à experiência da tragédia, podemos nos perguntar de que modo a cultura chinesa poderia acrescentar camadas de sentido à dramaturgia grega. Da montagem da companhia de Xangai, gostaria de examinar alguns elementos que nos permitiriam situar melhor os níveis de complexidade da obra, numa perspectiva cultural comparada.
Inicialmente, podemos retomar a importância que a família tem na cultura chinesa. Honrar pai e mãe – mandamento que conhecemos pela via cristã – é um valor que segue sendo absolutamente central mesmo na vida dos chineses mais jovens. Tensões e rupturas no seio familiar significam a negação da ancestralidade e a perda completa do chão existencial. Fazer parte de um clã, como signo de um poder maior e anterior que ultrapassa o indivíduo e o supera, segue sendo algo extremamente importante. Tendo isso em vista, podemos dimensionar o peso que essa tragédia grega assume no seio da cultura chinesa. Nada pode ser mais terrível do que desejar – mais do que isso, precisar – matar a mãe, no caso de Electra, ou ao marido, no caso de Clitemnestra. Nenhuma maldição pode ser maior do que a de pertencer a uma família em que a crimes contra o próprio sangue foram cometidos em nome do poder ou da glória. Os crimes paterno e materno, como um pecado original, geram uma mácula sobre toda a linhagem, que passa a ser condenada a uma eterna repetição da atitude criminosa, como efetivamente se dará. O genitor que sacrifica a
ELECTRA UM TRAGÉDIA GREGA EM CHINÊS
Ainda que dirigida por um grego, a peça parte de uma abordagem cultural completamente diferente da do berço civilizacional do Ocidente, nos permitindo, pela via do Oriente chinês, iluminar alguns aspectos da peça grega, que ficam mais evidentes devido ao contraste intercultural
própria filha, e a mãe, assassina do pai, condenam o futuro de seus descendentes, jogando-os num círculo vicioso de vingança. A tragédia, na Grécia como na China, ultrapassa a dimensão da existência individual, projetando uma sombra de infortúnio sobre o tempo expandido das gerações. A tragédia grega ganha um sentido adicional ao incorporar a forma de sentir chinesa. Aqui se sente um arrebatamento que talvez já não se sinta na Europa ou na América atuais, em culturas nas quais a família tem menor valor que o indivíduo.
Na língua chinesa, os substantivos usados no cotidiano para designar irmão e irmã, diferenciam a ordem de nascimento dos filhos. Não se usa um termo geral para irmão ou irmã, mas sempre um termo que especifica irmãos e irmãs como sendo mais velhos ou mais novos. A palavra que usamos, portanto, informa nossa ordem hierárquica no interior da nossa família. Nesse sentido, a tragédia encenada em chinês nos ajuda a iluminar uma das dimensões presentes na tragédia de Sófocles: a percepção mais clara de que Electra é a filha do meio – numa encenação que se passa na Terra do Meio. Isso significa que ela não está nem tão próxima da defesa cega e absoluta do clã, como sua irmã mais velha Chrysothemis, nem tão distante da tradição como seu irmão Orestes, criado em outra cidade. É justamente esse distanciamento que conferirá a Orestes as condições morais para que seja ele o executor da vingança dos filhos contra a própria mãe. A hybris de Electra, portanto, não é nem o sentimento da passividade inerte, nem o da agressividade assassina, embora precise ser invadida por estes dois sentimentos extremos na elaboração da sua tragédia, que longe de ser uma tragédia meramente pessoal, busca expressar uma condição social mais ampla, como signo de uma sociedade que se degenerou. É como se no centro do Tao, ela se equilibrasse por entre violentas forças contraditórias, buscando elaborar um sentido de paz e libertação que não sirvam apenas de si, mas que possam restaurar toda uma sociedade, atualmente corrompida pelos mal feitos da nobreza.
Neste ponto podemos, certamente, fazer uma leitura confuciana, a partir da qual podemos debater de que modo a conduta moral dos mais poderosos produz impacto sobre quem está hierarquicamente abaixo. Nos permitindo derivar um complexo conjunto de reflexões políticas
sobre o significado da política na vida contemporânea, que é o tempo e o espaço representados pela cenografia: estamos em uma grande cidade com características metropolitanas. Como expressão do povo da cidade, o coro desempenha um papel importante nessa montagem. Na tragédia grega, o coro inflama a hybris e modula os humores, criando camadas de tensão. Na encenação de Xangai, o coro faz com que todos os sentimentos de tensão permaneçam contidos. Além disso, os personagens do coro, como signo da sociedade, dão suporte a Electra. Toda vez que seu corpo ameaça tombar ao chão, o coro vem socorrê-la, impedindo que desfaleça, oferecendo apoio para que suporte sua pena sem sucumbir à desgraça. O povo está com Electra. E sua busca por justiçamento é socialmente legítima. O sentido estrutural e de contenção afirmado pelo coro é possível graças a uma encenação que reelabora, em linguagem contemporânea, elementos provavelmente oriundos da ópera de Beijing e do teatro kabuki. Da ópera chinesa, a movimentação dos pés e a forma de disparar as ações; do kabuki, o modo de dizer e a forma de entoar as palavras. Na montagem chinesa, a tragédia está orientada para a interioridade, já que nenhuma manifestação de afetação exterior é capaz de comunicar uma dor que se experimenta em silêncio, na intimidade do ser. O que torna por exigir do espectador um grande nível de recolhimento e atenção, trazendo um grande desconforto para a audiência. O coro, com os rostos levemente caiados de pó branco, retoma a estética da máscara grega, mas também a das máscaras dos teatros orientais tradicionais ou a face branca do butô. Ocultar a face é a única forma de não perdê-la. Mostrando que tanto no Ocidente quanto no Oriente, o sentimento pertence a uma ordem mais obscura, a das emoções que nem sempre o rosto revela.
Os sentidos de fusão entre a Antiguidade Grega e a Antiguidade Chinesa também aparecem na escolha dos instrumentos executados ao vivo, que criam sua trilha espectral: a flauta dupla grega – o duplo aulo – junto ao sheng – instrumento tubular de sopro. Os dois instrumentos, igualmente antigos, dão um sentido arqueológico comum a essas sensações, reforçam a experiência imemorial de uma sensibilidade partilhada.
A cenografia também busca ressaltar essa dimensão temporal, estabelecendo camadas e níveis que nos permitem viajar por grandes tempos e espaços. Colocando em perspectiva a vida individual, finita, em relação à dimensão social, que a tudo conecta em escala expandida. Há um interessante recurso – que certamente poderia ser mais bem articulado do ponto de vista dramatúrgico – de projeção de vídeo ao vivo sobre o cenário, revelando a presença de elementos minúsculos no espaço da cena.
Através da projeção, nos damos conta de que existem pequeníssimos bonecos dispostos na borda do palco, modificando nossa percepção de escala, produzindo reverberações que nos fazem oscilar entre o micro e o macro, entre o privado e o público, transitando do individual ao social, do material ao espiritual. O que contribui para o desenvolvimento sutil de nossa percepção, chamando a atenção para pequenas coisas presentes que talvez não percebamos muito bem, como os micro-sinais emergindo na face inexpressiva de quem dissimula os próprios sentimentos.
vozes 15 quinta-feira 18.5.2023 www.hojemacau.com.mo
Flávio Tonnetti*
*Flávio Tonnetti é PhD pela Universidade de São Paulo e professor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal de Viçosa, no Brasil. Em Macau, é pesquisador pós-doutor na Universidade de Macau, trabalhando com temas de língua, cultura e arte contemporânea. Escreve em Português do Brasil.
IMOBILIÁRIO MAIS DE 1200 TRANSACÇÕES DE JANEIRO A MARÇO
NO primeiro trimestre do ano foram transaccionadas 1.207 fracções autónomas e lugares de estacionamento pelo valor de 6,93 mil milhões de patacas, de acordo com os dados revelados ontem pelos Serviços de Estatística e Censos.
Em comparação com o último trimestre do ano passado, as transacções de fracções autónomas registaram um crescimento de 14,8 por cento. Foram transaccionadas 848 fracções autónomas habitacionais (mais 199) pelo valor de 5,59 mil milhões de patacas (mais 33,8 por cento), das quais 843 eram fracções autónomas habitacionais de edifícios construídos (mais 33,8 por cento), com os negócios a serem fechados por um valor total de 5,57 mil milhões de patacas (mais 37,2 por cento). Foram ainda vendidas 5 fracções autónomas habitacionais de edifícios em construção (menos 73,7 por cento), cujo valor de venda foi de 27 milhões de patacas (menos 78,2 por cento).
O preço médio por metro quadrado (área útil) das fracções autónomas habitacionais globais (93.351 patacas) aumentou 2,6 por cento, em termos trimestrais.
O preço médio por metro quadrado (área útil) das fracções autónomas industriais (50.198 patacas) subiu 5,9 por cento, em termos trimestrais, contudo, o das fracções autónomas destinadas a escritórios (85.499 patacas) baixou 15,7 por cento.
Em termos de transacções de estacionamento, no primeiro trimestre de um ano houve um aumento de 17,5 por cento das transacções, face ao trimestre entre Outubro e Dezembro.
FRANÇA SARKOZY CONDENADO A TRÊS ANOS DE PRISÃO
Tempinho em casa
NICOLAS Sarkozy, ex-Presidente francês, foi condenado onytem a três anos de prisão, no caso de suborno e tráfico de influências, uma pena sem precedentes aplicada a um ex-chefe de Estado, em França.
Dos três anos, um ano tem de ser cumprido, neste caso em regime de prisão domiciliária.
No mesmo processo referente a factos ocorridos em 2014, o tribunal de Paris que se pronunciou sobre o recurso apresentado pelo ex-chefe de Estado condenou com a mesma pena Thierry Herzog, advogado de Sarkozy, e o magistrado Gilbert Azibert.
O tribunal impôs também uma proibição de três anos aos direitos cívicos de Sarkozy, tornando-o inelegível, e uma interdição de três anos às actividades profissionais de Herzog.
Os juízes confirmaram assim a mesma sentença em primeira instância e que data de 2021: Três anos de prisão, dois anos de pena suspensa e um ano de prisão efectiva.
Sarkozy é o primeiro chefe de Estado francês a ser condenado a
uma pena de prisão efectiva mas não vai cumprir os 12 meses num estabelecimento prisional porque o tribunal decidiu pela prisão domiciliária com recurso a uma pulseira electrónica.
É possível que Sarkozy, retirado da política desde 2016 mas muito influente entre os conservadores franceses, vá recorrer junto do Tribunal Supremo. Sendo assim, não precisa de cumprir a pena efectiva de imediato, caso venha de facto a apresentar recurso.
Casos e mais casos
O ex-presidente foi condenado em primeira instância em Março de 2021 por um delito cometido em 2014, dois anos após ter abandonado o poder quando, de acordo com o tribunal, utilizou influências para obter benefícios num outro processo.
Dois anos após ter abandonado o Palácio do Eliseu, Sarkozy obteve benefícios judiciais de um alto magistrado, uma situação que foi revelada na sequência de escutas telefónicas no quadro de uma outra investigação que decorria paralelamente.
Segundo a juíza do Tribunal de Paris, Sarkozy “beneficiou do estatuto de ex-presidente (...) para obter benefícios pessoais” atentando “contra a confiança que os cidadãos podem legitimamente esperar da Justiça”.
Nicolas Sarkozy que sempre negou culpabilidade tem agora cinco dias para recorrer ao Supremo, mas a decisão de ontem é mais um revés judicial para o ex-presidente (no cargo entre 2007 e 2012) condenado também a um ano de prisão, em Setembro de 2021, num outro caso referente ao financiamento ilegal da campanha para as presidenciais de 2012.
O ex-presidente também apresentou recurso sobre esta condenação que vai ser julgada em segunda instância no próximo mês de Novembro.
Sarkozy pode vir ainda a enfrentar um terceiro processo visto que a Procuradoria francesa solicitou na semana passada que viesse a prestar depoimentos sobre o financiamento da campanha presidencial de 2007 por alegadamente ter usado fundos do antigo regime líbio de Muammar Khadafi.
MIGRANTES PAPA LAMENTA QUE SE DEIXEM MORRER SERES HUMANOS NO MEDITERRÂNEO
OPapa Francisco lamentou ontem que, actualmente, os migrantes morram porque são deixados morrer no Mediterrâneo, numa referência aos que tentam chegar à Europa de barco.
Francisco dedicou a audiência de ontem, na Praça de São Pedro, ao missionário jesuíta espanhol São Francisco Javier, que percorreu vários pontos do Oriente, explicando que, naquela época, as viagens de barco eram “muito duras e perigosas” e “muitos morriam no caminho devido a naufrágios ou doenças”.
E depois acrescentou: “Hoje, infelizmente, eles morrem porque os deixamos morrer no Mediterrâneo”.
Na recente mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que a Igreja Católica celebra em 24 de Setembro, o Papa defendeu que, “onde as circunstâncias permitem escolher entre migrar ou permanecer, também deve ser garantido que essa decisão seja informada e ponderada, para evitar que tantos homens, mulheres e crianças sejam vítimas de perigosas ilusões ou de traficantes sem escrúpulos”.
Durante a audiência de ontem, explicou que o jesuíta São Francisco Javier, nascido em Navarra, é considerado “o maior missionário dos tempos modernos”.
“Enviado à Índia como Núncio Apostólico, Francisco Javier realizou um extraordinário trabalho evangelizador, catequizando crianças, baptizando e cuidando dos doentes. Mas o seu zelo apostólico levou-o a ir sempre mais além do que se sabia e, assim, viajou para outros lugares da Ásia, como as Ilhas Molucas e o Japão, até morrer com o desejo de anunciar o Evangelho na China”, recordou.
O pontífice argentino pediu ainda: “como São Francisco Javier, sejamos fiéis discípulos e missionários de seu Evangelho, até os confins da terra”.
quinta-feira 18.5.2023
“Cuidado com a fúria de um homem paciente.”
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John Dryden PALAVRA DO DIA
Dos três anos, um ano tem de ser cumprido, neste caso em regime de prisão domiciliária