Hoje Macau 19 MAI 2016 #3574

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

QUINTA-FEIRA 19 DE MAIO DE 2016 • ANO XV • Nº 3574 PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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G2E ASIA CHINESES DO SÉCULO XXI DEVEM MUDAR TURISMO

OS NOVOS DE OURO

Macau deve mudar de rosto para satisfazer a nova geração chinesa. É o que dizem analistas da Bloomberg, para quem uma cidade centrada no Jogo é insuficiente para atrair os nascidos neste século, com gostos mais

sofisticados e que procuram coisas novas, diferentes e únicas. Descartando a ideia de um local de turismo mundial de lazer, dizem ser urgente a criação de um plano para a RAEM e maior colaboração entre operadoras.

PÁGINA 6

IFT

Enredado no processo PÁGINA 9

CANÍDROMO

CHUVA DE QUEIXAS PÁGINA 9

MORTE CEREBRAL

Formados pelos SS PÁGINA 8

Utilidade da morte

h MANUEL AFONSO COSTA

Longe de casa JOSÉ DRUMMOND

Encontro em Samarra AMÉLIA VIEIRA

ELEIÇÕES

GONÇALO LOBO PINHEIRO

CAMILO PESSANHA

O lugar do corpo GRANDE PLANO

Ella contra a corrupção PÁGINA 5

CINEMA

Espelhos de Thomas Lim EVENTOS


2 GRANDE PLANO

CAMILO PESSANHA

A hipótese está em discussão em Portugal: trasladar o corpo de Camilo Pessanha para o Panteão Nacional. A família afasta de imediato a hipótese e há quem sugira que a aposta deve ser na promoção do seu trabalho. Os restos mortais devem ficar onde estão

TRASLADAÇÃO DE CORPO NÃO AGRADA A

E AQUI O SEU LUGAR ´

“E

U sou da cultura oriental, para mim ninguém mexe. É não.” É esta a reacção imediata de Ana Jorge, bisneta do poeta Camilo de Pessanha, quando questionada sobre a possível trasladação do corpo do bisavô para o Panteão Nacional, em Lisboa. Quem discute o assunto é a Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto que, esta semana, decidiu adiar o seu parecer final, até conhecer melhor os motivos do pedido. A presidente da Comissão, a socialista Edite Estrela, afirmou que Camilo Pessanha foi “um grande poeta, nomeadamente do simbolismo” e “justifica-se” a trasladação para o Panteão Nacional, mas alertou para a necessidade de se encontrar uma estimativa dos custos, antes do parecer ser entregue à conferência de líderes parlamentares. Já Gabriela Canavilhas, deputada socialista, defendeu que o túmulo do poeta em Macau “é um marco da presença e da memória portuguesas”, acrescentando que “é algo de tangível”. “Não me parece, absolutamente, imprescindível”, rematou.

Por cá a família é clara: é um processo que não deve acontecer. “É a minha mãe que tem que dar a palavra, mas conhecendo o seu pensamento não acredito que ela concorde”, explicava ao HM Vítor Jorge, filho de Ana Jorge e tetraneto do poeta. De facto, a mãe não podia estar mais decidida. “Não concordo. Já não concordei em mexerem na campa dele, também não concordo que o tirem daqui”, frisou.

UM PORTUGUÊS NO ORIENTE

A comissão parlamentar quer ouvir agora o Instituto Cultural (IC) de

“Fico muito dividida em relação a essa ideia, embora perceba que isso constituiria indiscutivelmente uma homenagem nacional” AMÉLIA ANTÓNIO PRESIDENTE DA CASA DE PORTUGAL


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FAMÍLIA E VOZES DE MACAU

ESCRITORES A FAVOR DA TRASLADAÇÃO

GONÇALO LOBO PINHEIRO

“Não concordo. Já não concordei em mexerem na campa dele, também não concordo que o tirem daqui”

A

ANA JORGE BISNETA DO POETA Macau e a Academia de Ciência de Lisboa, mas até ontem o organismo de Macau “não recebeu nenhuma informação relevante”, como disse ao HM. Durante a sessão da comissão, Gabriela Canavilhas explicou que em alternativa o Governo de Portugal devia apostar no “aumento da visibilidade [do poeta], mantendo o túmulo nas diferentes rotas e tornar o poeta mais conhecido em Macau”. Ideia que agrada a quem por este lado está. Para Amélia António, presidente da Casa de Portugal, essa devia ser a aposta: divulgar e promover a obra do poeta, seja cá ou lá. Viver e morrer em Macau foi uma escolha de vida de Camilo Pessanha e, por isso, deve ser respeitada. “Por um lado é uma homenagem, mas por outro, Camilo Pessanha adoptou Macau, adoptou a China, fez aqui a sua vida, foi uma escolha sua. Fico muito dividida em relação a essa ideia, embora perceba que isso constituiria indiscutivelmente uma homenagem nacional”, argumentou. Ideia também partilhada por Carlos Ascenso André, director do Centro de Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM), que não duvida que o “poeta quereria ficar em Macau”. “Camilo Pessanha quis ser um português no Oriente. Quis juntar em si essa dupla realidade, que é uma realidade cultural de Macau. Ele é verdadeiramente um símbolo dessa convergência de culturas, porque ele é simultaneamente um oriental e um português”, argumentou o director, frisando que o “respeito pela memória de Camilo Pessanha recomenda que os restos mortais estejam em Macau”.

RECORDAR É VIVER

Yao Jingming, professor associado do Departamento de Português da Universidade de Macau (UM) que traduziu vários poetas, incluindo Pessanha, é outra voz contra a possibilidade de trasladação. “Acho que não é justificável levar o corpo

dele para Portugal”, apontou o também poeta. Camilo Pessanha “pertence a esta terra”. A concordar com a ideia está a directora Departamento de Português da Universidade de São José, Maria Antónia Espadinha, apesar de admitir perceber o pe-

“Camilo Pessanha quis ser um português no Oriente. Quis juntar em si essa dupla realidade, que é uma realidade cultural de Macau. Ele é verdadeiramente um símbolo dessa convergência de culturas” CARLOS ASCENSO ANDRÉ DIRECTOR DO CENTRO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO IPM

dido de trasladação. “Não tenho nada contra que o poeta vá para o Panteão, mas o que me parece é que viveu tanto tempo aqui, devia estar aqui”, explicou. Em termos simples, para Maria Antónia Espadinha nem sequer “é importante onde o corpo está”, mas sim onde é lembrado. “Compreendia se a família quisesse, mas não é o caso, portanto deixe-se estar onde está”, explicou. A obra, essa, claramente devia ser “mais conhecida” e isso é a única coisa que interessa. “Devemos sim lembrá-lo, a obra e a pessoa”, defende. Apesar das suas excentricidades, diz, há uma tendência actual para conhecer quem foi este poeta. “O que vale é a obra e a pessoa que fez a obra. Onde estão os restos mortais, não interessa”, reforçou, acrescentando que o pensamento português “é bonito”, mas não faz sentido neste caso.

CAIR NO EXAGERO

Carlos Ascenso André levanta ainda outra questão, relativa à escolha das personalidades para o Panteão Nacional. “Sou uma daquelas pessoas que entendem que o Panteão Nacional não pode

“Acho que não é justificável levar o corpo dele para Portugal” YAO JINGMING POETA E PROFESSOR DA UM ser, agora, demasiado banalizado. Apesar de todo o respeito que tenho por Camilo Pessanha, no conjunto de todos os poetas portugueses, este poeta não será dos primeiros a justificar ir para o Panteão”, argumentou. Esta decisão teria de ser “muito discutida”, caso contrário Portugal começa a correr o risco de “toda a gente ir parar ao Panteão Nacional”. “Têm de ser grandes símbolos de portugalidade”, apontou, dando como exemplo Amália Rodrigues e Eusébio da Silva Ferreira. “Quantos grandes escritores há, de Língua Portuguesa, que não vão para o Panteão Nacional? Acho que o próprio Camilo Pessanha não o quereria. Acho que Camilo queria ficar ligado para sempre a Macau”, rematou. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

proposta para a trasladação recolhe a assinatura de seis homens das letras. António Feijó, vice-reitor da Universidade de Lisboa, o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Guilherme de Oliveira Martins, e os escritores António Mega Ferreira, Fernando Cabral Martins, Fernando Luís Sampaio e Gastão Cruz são os nomes que fazem o pedido. “Se não estou em erro essa proposta foi avançada pelo António Mega Ferreira”, começa por explicar ao HM o poeta Gastão Cruz. “Foi pensado que faria mais sentido [Camilo Pessanha] estar aqui, condignamente sepultado do que aí [em Macau], no cemitério, um bocado desligado da cultura portuguesa e da literatura”, explica. Apesar de apoiar o processo, Gastão Cruz admite que o tema é “sempre” discutível. “Haverá sempre argumentos para o manter aí, dada a ligação dele a Macau, mas por outro lado também faz sentido estar em Portugal, como grande figura que era”, continua. Ainda assim, a família tem sempre uma palavra a dizer, mesmo sendo uma família de grau afastado. O poeta acredita que até seria possível discutir o assunto com a bisneta e tetranetos de Pessanha, mas a família seria sempre a última a decidir. O mesmo acontece com a Assembleia da República (AR). Fonte do parlamento indicou ao HM que em última instância é “sempre a AR que decide”, mas que em “tempo algum existiu um caso em que a decisão da AR fosse contra a da família”. “Este seria o primeiro caso”, rematou. O Ministério da Cultura indicou ainda ao HM, através do gabinete de comunicação, que deu um parecer positivo à proposta, sendo que agora tudo depende da comissão parlamentar que a avalia. Este ano assinalou-se o 90º aniversário da morte do autor. Durante o mês de Março, Camilo Pessanha, que viveu em Macau 32 anos, foi recordado através de várias iniciativas, algumas organizadas pelo Festival Literário Rota das Letras, que dedicou parte do evento ao poeta. F.A.


4 POLÍTICA

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TIAGO ALCÂNTARA

Bailarico de Verão

Junho como mês português é “excelente ideia”, diz Alexis Tam

“É

uma excelente ideia.” As palavras são de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que disse ontem aos jornalistas concordar com a ideia de tornar Junho o mês de Portugal na RAEM. Depois de uma reunião com alguns representantes de associações portuguesas e com Vítor Sereno, Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Tam disse apoiar a ideia. “Para mim a ideia para alargar as celebrações do dia de Portugal para um mês inteiro, em Junho, é excelente. Gostei muito desta ideia. Disse ao Cônsul que eu, como governante, e os meus colegas de [outros] serviços [vamos] apoiar esta iniciativa e projecto de celebração do mês de Portugal”, afirmou Alexis Tam. O Secretário acredita que actualmente muitos jovens chineses e turistas, chineses ou não, “não conhecem muito bem a cultura portuguesa”, portanto esta será uma boa oportunidade para “divulgar a herança da cultura de matriz [de Macau]”. A divulgação do que

DSAL ENCARREGUE DA CONTRATAÇÃO DE TNR A PARTIR DE 28 DE MAIO

Fusão necessária

O

Gabinete de Recursos Humanos (GRH) vai ser agora parte integrante da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). A decisão foi ontem anunciada pelo Conselho Executivo, que indica que a DSAL vai agora ficar encarregue da contratação de trabalhadores não-residentes (TNR). “O projecto propõe manter basicamente inalteráveis as actuais atribuições da DSAL”, indica o Governo num comunicado, onde refere que uma das únicas diferenças é a de que a DSAL passa “também a tratar dos pedidos de contratação dos TNR”. Este era um pedido que já tinha sido feito por diversos deputados, dado que é a DSAL

que gere também os conflitos entre estes trabalhadores e os seus empregadores. Com o ajustamento, a DSAL continua a ser dirigida por um director coadjuvado por dois subdirectores, mas vai aumentar o quadro de pessoal, que passa dos actuais 228 trabalhadores para 320.

GANHOS E PERDAS

O organismo perde ainda quatro secções existentes, mas passa a ter o Departamento de Contratação de TNR, que integra as atribuições do GRH. Conta ainda com o Departamento de Estudos e Informática, o Departamento de Inspecção do Trabalho - que compreende a Divisão das Relações Laborais, a Divisão de Protecção da Actividade Laboral e a

nova Divisão de Licenciamento e de Apoio Técnico – que trata dos pedidos de licenciamento de agências de emprego e trata também do trabalho de consulta jurídica na área do trabalho. Surge ainda o Departamento de Segurança e Saúde Ocupacional, que compreende a Divisão de Promoção e Formação e a Divisão de Fiscalização de Riscos, o Departamento de Formação Profissional e o Departamento de Emprego, alguns destes tendo apenas pequenos ajustes nos nomes e funções. A DSAL vai passar a funcionar com a nova estrutura a 28 de Maio, sendo que esta foi feita através de um Regulamento Administrativo. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

PARA DURAR

Com 18 eventos agendados para Junho, Vítor Sereno não duvida que este será um mês positivo. “Estou inteiramente convencido que este mês de Portugal será um sucesso”, afirmou, frisando que gostava que “este epíteto Junho, mês seis, mês de Portugal na RAEM, ficasse e perdurasse”. Ideia que não é deitada fora por Alexis Tam que disse considerar que eventos destes deveriam acontecer não só num mês, mas sim durante todo o ano. “Este projecto deverá ser mais alargado no futuro, não apenas num mês, talvez um ano inteiro. Vai ser bom”, afirmou. Com um orçamento de um milhão de patacas, o “Junho, mês de Portugal” começa logo no dia 2 com um concerto da banda portuguesa The Gift, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

EXIGIDA ISENÇÃO DE IMPOSTO DE SELO PARA EDIFÍCIOS VELHOS

D

Já tinha sido pedido por diversos deputados e agora foi aceite pelo Governo. O Gabinete de Recursos Humanos vai passar a estar sob a alçada da DSAL, numa reestruturação que entra em vigor no fim do mês

é a cultura portuguesa e mostrar aos turistas esta ligação de Macau com Portugal dever ser prioritária, considera ainda Alexis Tam.

UAS associações de moradores estiveram reunidas com os responsáveis da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), tendo sugerido a isenção do imposto de selo para que possam recuperar os edifícios antigos. Segundo o Jornal do Cidadão, Leong Keng Seng, director daAssociação de Mútuo Auxílio dos Moradores do Bairro de San Kio, disse que a actual cobrança do imposto de selo não é razoável porque devem ser consideradas as despesas pagas no acto de compra e venda do imóvel. O responsável considera que a recuperação dos prédios antigos poderá trazer pressão financeira aos seus proprietários, esperando que a DSF possa analisar a isenção do imposto de selo.

Leong Keng Seng, juntamente com o representante da Associação de Beneficência e Assistência Mútua dos Moradores do Bairro da Ilha Verde, explicou que um edifício já foi reconstruído por livre vontade dos proprietários, tendo sido concluídos os registos de propriedade horizontal. Contudo, como os proprietários cessaram as propriedades para que o construtor pudesse fazer a reconstrução do prédio, este teve de pagar o imposto de selo e despesas com o registo predial, pelo que os proprietários tiveram de pagar as mesmas despesas aquando da conclusão das obras. Segundo o jornal, a DSF não deu nenhuma garantia sobre a possibilidade de isenção do imposto. F.F./A.S.S.

HO CHEONG KEI CONTINUA NO GIT

O cargo de coordenador do Gabinete para as Infra-Estruturas de Transportes (GIT) continuará a ser ocupado por Ho Cheong Kei, por mais um ano. A extensão do contrato foi ontem publicada em Boletim Oficial, assinada pelo Gabinete do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, e tem início a 1 de Julho.

CHEONG SIO KEI POR MAIS UM ANO

“Por possuir capacidade de gestão e experiência profissional adequadas para o exercício das suas funções” Cheong Sio Kei vê renovada a sua função de director dos Serviços de Cartografia e Cadastro. A decisão, publicada em Boletim Oficial, tem efeitos a 29 de Junho do presente ano.


5 POLÍTICA

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F

OI uma farpa a evocar o que aconteceu nas eleições legislativas de 2013 e que visou de forma quase directa os colegas do hemiciclo Chan Meng Kam, Si Ka Lon e Song Pek Kei. A deputada Ella Lei defendeu ontem que um deputado eleito deve deixar de o ser caso se comprove que a associação à qual está ligado cometeu actos de corrupção eleitoral. “Quando há uma decisão do tribunal a dizer que os apoiantes de um candidato participaram em actos ilegais os votos a favor desse candidato não devem ser contabilizados. Há um vazio legal e quando esses apoiantes cometerem acções ilegais esse candidato não deve ser considerado como um deputado eleito, mesmo que não tenha participado de forma directa nesses actos. Temos de colocar em causa a legitimidade da eleição do deputado. Há procedimentos que devem ser incluídos para garantir a destituição do deputado”, disse Ella Lei no âmbito de uma sessão de auscultação de opiniões dos deputados sobre a revisão da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa (AL). Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), afastou a possibilidade de inserir essa punição na nova proposta de lei. “Isso está dependente da Lei Básica e do estatuto dos deputados. Mesmo em Hong Kong e Taiwan a perda do estatuto de deputado depende também se esse deputado estiver envolvido directa-

O

Corrupção eleitoral ELLA LEI EXIGE PERDA DO ESTATUTO DE DEPUTADO

Mais uma farpa lançada A deputada Ella Lei exigiu a perda do estatuto de deputado em casos semelhantes ao que envolveu membros da associação ligada a Chan Meng Kam, Si Ka Lon e Song Pek Kei, acusados pelo tribunal de compra de votos. Vários deputados dizem que a revisão da lei não contempla actos de corrupção fora do sufrágio directo mente nesses actos ilegais”, referiu. Chan Meng Kam e os seus parceiros políticos não estiveram presentes na sessão de auscultação. Em Julho do ano passado o tribunal considerou culpados do crime de compra

S deputados consideraram ontem que a Assembleia Legislativa (AL) deve ter mais assentos pela via directa e até indirecta, por forma a garantir uma maior representatividade. “Deve aperfeiçoar-se o regime do sufrágio indirecto para que seja reforçada a justiça nas eleições, mas não vejo nada neste texto”, alertou a deputada directa Angela Leong, referindo-se à revisão proposta pelo Executivo para a Lei Eleitoral. “Tendo em conta o crescimento demográfico há mais solicitações por parte da sociedade e deve ser aumentado o número de vagas do sufrágio indirecto e directo. O sufrágio indirecto tem como objectivo representar os diversos sectores da sociedade e estão a surgir mais sectores. Actualmente o sufrágio

“Há um vazio legal e quando esses apoiantes cometerem acções ilegais esse candidato não deve ser considerado como um deputado eleito, mesmo que não tenha participado de forma directa nesses actos” ELLA LEI DEPUTADA

de votos dois membros da Aliança do Povo de Instituição de Macau, base eleitoral e associativa dos três deputados. Chan Meng Kam queixou-se de “perseguição política”.

POR TODO O LADO

Vários deputados consideraram que a proposta de revisão apresentada pelo Governo não contempla os actos de corrupção no sufrágio indirecto e até no sistema de nomeação dos deputados pelo Chefe do Executivo. “Não são suficientes as alterações, pois a corrupção não existe apenas no sufrágio directo. Não há oferta de jantares no sufrágio indirecto e até mesmo na nomeação de deputados? Não houve casos, mas não se pode prever o futuro. Tem de haver normas para os três sufrágios”, disse Au Kam San. Leong Veng Chai, número dois de José Pereira Coutinho, questionou se para além da oferta de jantares e prendas não haverá mais problemas. “Os outros actos não são considera-

dos crimes eleitorais? Não vejo aqui uma revisão dos procedimentos do sufrágio indirecto, pois neste sufrágio também há possibilidade de ocorrer corrupção eleitoral, e o documento só prevê a existência de corrupção no sufrágio directo”, frisou.

Kou Peng Kuan negou essa acusação, referindo que é impossível controlar e proibir todas as actividades levadas a cabo pelas associações. “Não é possível proibir todas as actividades porque não podemos proibir o direito de associação. Se

O que é que a sociedade tem? Deputados exigem mais assentos no hemiciclo

indirecto apenas representa quatro sectores e isso é insuficiente. Temos de aumentar o profissionalismo e a representatividade na AL”, acrescentou. O deputado José Pereira Coutinho defendeu que a falta de novos assentos pela via directa levou a mais actos de corrupção. “Nos últimos anos verificou-se uma

maior participação da população e devem ser aumentados os assentos no sufrágio directo. A falta de assentos directos originou actos de corrupção que carecem de uma investigação profunda”, disse.

DEMOCRACIA AINDA NÃO

Os deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San voltaram a alertar o Governo sobre a necessidade de implementar o sufrágio universal nas eleições, mas os colegas eleitos pela via indirecta e nomeados garantem que Macau não é como Hong Kong. “Desde o retorno à pátria que toda a população conseguiu parti-

cipar nas eleições. O progresso gradual do sistema democrático satisfaz as solicitações da população. Não é adequado fazer uma reforma rápida do nosso sistema democrático. Em Hong Kong a situação é diferente e cada país tem o seu modelo. A Lei Básica não diz que temos de ter uma eleição universal. Temos de ver a situação real de Macau”, referiu Sio Chio Wai. Já Lau Veng Seng fez uma referência aos movimentos do Occupy Central. “ARAEM está a atravessar um período diferente na economia e não nos devemos envolver em conflitos ou disputas relacionadas com o desenvolvimento político.” A.S.S.

alguma associação quiser realizar essas actividades terá de pedir autorização à Comissão Eleitoral. O texto não se foca apenas nos actos ilícitos do sufrágio directo.” Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

COUTINHO DIZ NÃO ENTENDER “LIMITAÇÃO” A CARGOS

A nova Lei Eleitoral deverá prever que os “deputados à AL não podem ser titulares de cargo político de outro país durante o mandato”. O deputado José Pereira Coutinho, que foi candidato à Assembleia da República pelo partido português “Nós! Cidadãos” disse “não entender a limitação”, referindo que a Lei Básica nada prevê sobre o assunto. O deputado disse anteriormente que a nova alteração era uma perseguição política à sua pessoa.


6 SOCIEDADE

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G2E Asia COMO A NOVA GERAÇÃO CHINESA VAI MUDAR O TURISMO DE MACAU

Nem só de jogo vive o povo

U

MA das conferências do Global Asia Gaming Expo (G2E Asia) realizada ontem focou-se na geração chinesa do milénio e na forma como esta pode moldar o futuro do turismo de Macau. Duas analistas do sector de inteligência da Bloomberg, Catherine Lim e Margaret Huang, dizem que muita coisa terá de mudar no perfil de Macau para atender a uma geração mais sofisticada, hiperligada e que procura coisas novas, diferentes e únicas. “Os milenários querem uma imersão cultural, querem aprender algo”, diz Margaret Huang, avançando ainda que “Macau tem estado num lugar confortável como um destino de casinos e não tem pensado muito em criar elementos diferenciadores do produto”. Trazer o elemento cultural para a equação, é importante, refere a analista, que mostra dados de 7% dos rendimentos das operadoras no sector extra-jogo, que, no seu todo, cresceu 5%. “O Venetian lidera-o porque tem mais coisas para oferecer”, indica.

DESTINO MUNDIAL?

A ideia de transformar Macau num local de turismo mundial de lazer não parece a melhor ideia para as analistas. “Primeiro, é logisticamente difícil e ninguém na Europa ou noutro lugar pensará em vir para Macau a não ser para jogar”, diz Margaret Huang. “Como não jogadora”, acrescenta Catherine Lim, “mesmo estando em Singapura, levar quase quatro horas para vir a uma terra de casinos não é

SOUTH CHINA MORNING POST

A nova geração chinesa e as suas ambições como viajantes são factos importantes para Macau, que tem de mudar a face sob pena de alienar estes novos turistas. Mais colaboração entre as operadoras, um plano para a cidade e uma alteração na oferta são necessidades prementes, dizem analistas

muito atractivo. Macau precisa de algo único que atraia a atenção do público, para além do jogo”. O segredo é começar por apostar “no fruto mais à mão”, diz, e esse é a nova geração de milenários chineses. “Mas é preciso conhecê-los e perceber o que os motiva”.

“BALINGHOU” E “JIULINGHOU”

Em conjunto, “Balinghou” e “Jiulinghou” formam os milenários. Mas são muito diferentes e não gostam de ser confundidos. Os “Balinghou”, nascidos na década de 80, são a primeira geração pós-reforma. Mais consumistas, mais optimistas no futuro, mais focados no empreendedorismo e convictos do seu papel de transformarem a China numa superpotência. Os “Jiulinghou” são outra história: a primeira geração a

MARKETING , PLANEAMENTO E COOPERAÇÃO

viajar extensivamente, a ligar-se de forma quase plena na internet (90% tem telefones inteligentes) e que, como diz Margaret, “não querem billboards, querem histórias”. Além disso, têm um enorme sentido de individualidade pelo que, adianta a analista, “procuram coisas únicas, experiências diferentes para mostrarem aos amigos via internet”. No gostam de viajar em grupo e o seu grande objectivo é divertirem-se.

RETALHO SINGULAR

Actividades como jogos de computador e idas ao cinema conquistam grande parte das preferências, mas a compras em lojas também podem ser uma possibilidade apesar da permanente ligação à net os fazer adquirir produtos online. O segredo é uma oferta original.

“Macau já foi o paraíso do retalho”, diz Catherine Lim. Mas vai mudar. “Fiquei espantada ao saber que apenas agora vai abrir uma loja da Apple no Galaxy”, diz para ilustrar a ideia que o mercado de gadgets electrónicos é essencial para esta nova geração. Além disso, garante, as marcas de luxo estão a começar a pensar no número de portas que têm abertas na grande China. “A questão”, diz a analista, “é todos esses espaços novos que vêm para Macau terem de pensar muito bem no que vão lá colocar dentro”. Com a nova clientela que se avizinha, Catherine aposta no “premium affordable”, na exclusividade, no raro. “Algo mais funky, tech, lifestyle por oposição ao ‘high end’. O luxo não desaparecerá mas as marcas terão de repensar

WYNN SALA VIP FECHADA. FUNCIONÁRIOS SEM SALÁRIOS

U

MA sala VIP do grupo Goldmoon, localizada no casino Wynn, fecha portas este sábado, dia 21, estando previsto o despedimento de todos os seus trabalhadores. Segundo o canal Mastv, os funcionários queixam-se de salários em atraso desde Fevereiro. O fim do negócio terá sido comunicado através de uma circular interna colocada na sala VIP.

posicionamentos. “Talvez devam ser mais exclusivas e não iguais às que se encontram pela Ásia fora”, diz Margaret. Segundo Catherine Lim, até a Chow Tai Fook e a Lukfook, que têm invadido o centro da cidade, um dia poderão começar a fechar. “Sei que eles começam a pensar se o número de portas abertas em Macau é justificado”, diz, adiantando que “se ainda têm tantas é devido a compromissos que assinaram com os amigos.” Segundo a analista, “antes de 2014 o retalho de jóias e relógios cresceu mais rápido” mas isso já não se verifica, porque “há uma nova dinâmica nos gastos de chineses”.

As razões apontadas pelo grupo Goldmoon alertam para o abrandamento da economia. A empresa terá prometido uma indemnização, mas um funcionário disse à Mastv que desde Fevereiro que não são pagos salários. A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) confirmou que recebeu queixas de 17 trabalhadores. Choi Kam

Fu, director da Associação de Empregados das Empresas de Jogo de Macau, disse estar preocupado que a empresa de junkets possa dividir os salários dos funcionários em várias partes para pagar apenas a base salarial aquando da definição das indemnizações. Choi Kam Fu considera “irracional” que o salário base de

A colaboração entre operadoras é outro dos pontos que consideram essencial. Para lá da impermeabilidade entre operadoras também “não está a ser feito um bom trabalho de marketing”, diz Margaret. “Em Hong Kong não estamos a par da maioria das coisas que aqui se passam e é tão perto...” lamenta, acrescentando ainda que “em Macau só se fala de casinos”. Uma opinião corroborada por Catherine que utilizou mesmo o sítio do Turismo de Macau como exemplo de má comunicação: “O património tem pouco conteúdo. A zona de comidas é pobre. Não há nada que nos transporte”, referindo ainda a apresentação “antiquada, com cores estranhas, onde há de tudo um pouco mas nada significativo”. A falta de planeamento urbanístico é outro dos pontos onde Macau tem de se focar para que “não apareçam coisas desconexas”. Um planeamento que, do ponto de vista da analista, deve ir além do urbanismo, incluindo entretenimento e cultura pois “facilita a estratégia de marketing que pode ser potenciada pela redes sociais tão importantes para os milénios”, explica. “Macau precisa de imagens fortes e de mais cultura, pois estamos perante uma nova clientela muito sofisticada”. Manuel Nunes

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cada funcionário seja de quatro mil patacas, quando na realidade cada trabalhador ganha entre 20 a 30 mil patacas mensais. “Esse é o ponto que trabalhadores e patrões não conseguem coordenar.” O responsável acredita que será fácil aos trabalhadores voltarem a ter trabalho no sector, mas aconselha-os a que façam formação noutras áreas, como contabilidade, técnicos de reparações ou manutenção de equipamentos. F.F./A.S.S.


7 hoje macau quinta-feira 19.5.2016

SOCIEDADE

Problema resolvido ainda este ano?

ANIMA não foi ouvida em estudo já concluído sobre Canídromo

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Galgos CERCA DE UMA CENTENA DE EMAILS A PEDIR ENCERRAMENTO

E a imagem lá fora? Só este mês chegaram ao Turismo mais de 50 pedidos para fechar o Canídromo. O mar de missivas para acabar de vez com o espaço não pára de aumentar

A

Direcção dos Serviços de Turismo (DST) já recebeu uma centena de emails a pedir o fim do Canídromo. Os dados, fornecidos ao HM pelo organismo, dizem respeito a correio enviado desde Julho do ano passado até este mês. “De Julho passado até agora, recebemos cerca de cem emails sobre o Canídromo e as corridas de galgos”, começa por indica a DST, numa resposta face à questão de quantos emails pediam o encerramento do Canídromo daYat Yuen. “ADST tem encaminhado, ou vai encaminhar, os pedidos à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) e ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) para informação e seguimento.” Ao que o HM apurou através do grupo Stop Exporting Ireland

Greyhounds to China, na rede social Facebook, têm sido vários os activistas que estão a enviar emails no sentido de pressionar o Governo de Macau para fechar o espaço de corridas, devido às contínuas alegações de maus tratos aos galgos e à eutanásia de mais de 30 destes cães por mês, como indicam associações de amigos dos animais e como se pode ver no site do próprio Canídromo.

PRESSÃO CONTÍNUA

Os activistas pedem na página que se continue a pressionar a DST, depois de terem conseguido impedir que 24 galgos chegassem a Macau na semana passada, vindos da Irlanda. AAustrália, recorde-se, baniu a exportação devido às más condições e a Irlanda seguiu o exemplo mas apenas para a China

STÁ quase concluído o estudo que prometeu ajudar a decidir sobre o encerramento do Canídromo, garantiu ontem Davis Fong da Universidade de Macau (UM), que diz que o “problema vai ser resolvido este ano”. Contudo, apesar de assegurar que todas associações de protecção animal foram ouvidas, a verdade é que a principal impulsionadora do movimento para encerrar o espaço, a ANIMA, ficou de fora. A Yat Yuen, companhia do Canídromo, viu o seu contrato expirado em 2015 ser renovado por mais um ano devido a um “estudo” pedido pelo Governo, que evocava a tradição de mais de 50 anos do Canídromo que dizia que este não podia fechar “de um dia para o outro”. Esse estudo está quase concluído, assegurou Davis Fong, director do Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da UM. Aproposta preliminar do estudo “já está basicamente concluída e o problema vai ser resolvido este ano”, disse no programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau. Fong não se descai sobre a conclusão da análise: sobre se o espaço é para manter ou encerrar, o académico nada diz, referindo apenas que “a proposta preliminar do estudo de avaliação tem agora de ser compreendida pelo Governo” e que é “preciso tempo” para tal. Mas Davis Fong nota que “o problema será resolvido este ano, uma vez que a prorrogação do contrato de concessão vai terminar” em Dezembro.

O director diz ainda que fez relatórios sobre as opiniões dos moradores da zona, investigação in loco, nas lojas, nos arquivos e recolheu ainda as sugestões e os comunicados das associações de protecção animal, bem como documentos de reclamação recebidos pelos departamentos governamentais”.

EXCLUSÕES

A verdade, contudo, é que a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais não foi ouvida pela UM, como confirmou o presidente, Albano Martins, ao HM. A ANIMA foi a grande impulsionadora do movimento para fechar o Canídromo. Para o responsável do organismo, que tem até estatuto de entidade pública, a razão é desconhecida. “Não sei. Não percebo, não sei dizer. Eles dizem que leram cartas e sugestões de associações, talvez tenham lido as nossas”, referiu ao HM. Este jornal tentou perceber a razão junto de Davis Fong, mas não foi possível estabelecer contacto. Albano Martins vai encontrar-se em Junho com o Ministro da Agricultura irlandês para tentar travar a exportação de cães. Já Angela Leong, directora-executiva da Sociedade dos Jogos de Macau (SJM) que detém a Yat Yuen, apresentou vários propostas para o desenvolvimento de pequenas e médias empresas e de indústrias culturais e criativas no Canídromo. Joana Freitas (com Tomás Chio)

joana.freitas@hojemacau.com.mo

MACAUPORT COM LUCROS DE 23,8 MILHÕES

continental, deixando Macau de fora. De acordo com a informação prestada pela DST, que respondeu rapidamente ao pedido do HM, a maioria dos casos chegou esta quarta-feira: até às 18h10 foram 51 os emails recebidos, mais do que de 13 de Julho a 31 de Dezembro do ano passado, quando chegaram à DST 37 emails. Ontem, mais alguns terão chegado. O transporte destes galgos para o território tem tomado conta das páginas de jornais em todo o mundo, numa pressão internacional sem precedentes para a imagem de Macau. Actores conhecidos, como Ricky Gervais, já pediram que se acabe com a exportação e que se feche o Canídromo. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

A MACAUPORT — Sociedade de Administração de Portos S.A. conseguiu em 2015 receitas de 23,8 milhões de patacas, mais 18,4 milhões de patacas do que em 2014. No balancete da actividade, ontem publicado em Boletim Oficial, a empresa diz que a subida nas receitas se deveu “sobretudo ao aumento em prestações de serviços”, na ordem de 26%, e ao retorno de investimentos. A MACAUPORT é administrada por Ambrose So e tem como presidente do Conselho Fiscal José Chui Sai Peng, deputado e empresário. É responsável pela operação do Terminal de Contentores do Porto de Ká-hó, em Coloane, tendo ainda como subsidiárias a Macauport Sociedade de Administração do Terminal de Contentores, Lda., a Companhia de Navegação Veng Lun Fat, Lda. e a Sociedade de Gestão do Terminal de Combustíveis de Macau.

PEARL HORIZON VINTE PROPRIETÁRIOS PROIBIDOS DE ENTRAR EM HK

Um grupo de 20 proprietários de apartamentos do edifício Pearl Horizon viram a sua entrada em Hong Kong ser recusada, ainda que outros 20 investidores tenha conseguido manifestar-se na região vizinha, numa altura em que Zhan Dejiang, presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), está a realizar uma visita oficial. Kou Meng Po, presidente da União dos Proprietários do Pearl Horizon, confirmou ao HM que 20 dos proprietários viram a sua entrada em Hong Kong recusada sem explicações por parte das autoridades. Kou Meng Po acredita que a recusa se deve à presença do alto responsável chinês em Hong Kong. Segundo o jornal online All About Macau, os protestantes vestiam camisolas e tinham guarda-chuvas pretos, enquanto empunhavam um cartaz que dizia “Governo Central salva o Pearl Horizon em Macau, por favor”. A ida a Hong Kong também visava um encontro com os responsáveis do Grupo Polytec.


8 SOCIEDADE

hoje macau quinta-feira 19.5.2016

TIAGO ALCÂNTARA

Morte Cerebral MÉDICOS VÃO TER DE FAZER CURSO A CARGO DOS SS EPM SI KA LON QUER QUE GOVERNO EVITE MAIS ATRASOS NA OBRA

O

deputado Si Ka Lon entregou uma interpelação escrita onde exorta o Executivo a evitar novos atrasos na construção do novo Estabelecimento Prisional de Macau (EPM), alertando que houve várias mudanças no projecto de concepção que levaram a esse atraso. Si Ka Lon lembrou que a primeira fase da obra teve início em 2011, tendo o Governo previsto a sua conclusão em 2014. O número dois de Chan Meng Kam questionou o Executivo sobre a não inclusão dos limites ambientais e geográficos no projecto na nova prisão. O deputado pediu ainda a garantia da utilização de bons materiais, razão que também fez atrasar a primeira fase da obra. Na resposta, o Governo garantiu que a “terceira fase será iniciada assim que terminar a segunda fase”, tendo apresentado várias explicações sobre as condições ambientais e geográficas do projecto. Entretanto o subempreiteiro ligado à construção continua a manifestar-se em frente à sede da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, acusando o organismo de ser responsável por atrasos nos pagamentos e exigindo uma indemnização de 60 milhões de patacas. T.C./A.S.S.

A

Macau Legend, de David Chow, ainda não vendeu o Hotel Landmark, na Avenida da Amizade. A informação foi confirmada ao HM pela porta-voz da empresa, no dia em que se soube que as receitas da Macau Legend ascenderam a 35,8 milhões de dólares de Hong Kong. A venda do Landmark foi anunciada no final de Março, quando a empresa referiu que a quebra nas receitas deu o mote para a venda da propriedade. O dinheiro arrecadado já tinha objectivo traçado, sendo este a expansão na península, no Sudeste Asiático e nos PLP.

Saber como definir o fim Depois de terem sido publicados os critérios sobre a morte cerebral, surgem novas directivas que exigem a formação dos médicos num mínimo de oito horas, em cursos dados pelos Serviços de Saúde

médicos que efectuam a determinação da morte cerebral não podem pertencer a equipas envolvidas no transplante de órgãos ou tecidos, nem devem pertencer ao serviço em que o doente esteja internado e há ainda novas regras dadas a conhecer: o intervalo entre os segundos exames para definir a morte, que são efectuados quatro horas depois do primeiro conjunto de testes, é alargado a 12 horas para doentes com idades entre o um e os três anos e é de 24 horas para doentes com idades inferiores a um ano. No caso das crianças, tem de ser um médico pediatra a definir a morte e os restantes ficam a cabo de um médico especialista em neurologia, neurocirurgia, anestesiologia, medicina interna, medicina de urgência ou com experiência de cuidados intensivos.

O

S médicos de Macau vão ter que tirar um curso para poderem determinar a morte cerebral. Um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, assinado por Lei Chin Ion, indica que só depois da formação é que estes profissionais são qualificados para tal. Os cursos terão de ter “não menos do que oito horas de duração” e têm de incluir, para além de formação prática e teórica, o domínio de conhecimentos, metodologias e técnicas como o conceito da morte cerebral e seu desenvolvimento, a anatomia do tronco cerebral, as dificuldades na determinação da morte cerebral, a determinação da morte cerebral em crianças e a legislação e critérios aplicáveis à morte cerebral, estes publicados recentemente. A formação fica a cargo dos SS, como indica o director do

“A qualificação é obtida após a conclusão, com aproveitamento, de um curso especializado de determinação da morte cerebral a realizar pelos SS” organismo no despacho. “A qualificação é obtida após a conclusão, com aproveitamento, de um curso especializado de determinação da morte cerebral a realizar pelos SS”, indica, não explicando, contudo, quem serão os médicos ou entidades responsáveis pelo ensino. No ano passado, os SS não responderam ao HM sobre a existência ou falta de médicos formados para o

transplante de órgãos, nem quantos existiriam.

DAS REGRAS

O despacho ontem publicado indica ainda que a determinação da morte cerebral deve ser realizada, conjuntamente, por dois médicos especialistas qualificados, “um dos quais tem de ser médico de categoria igual ou superior à de médico consultor”. Os

Segundo o despacho, as novas directrizes entram em vigor a partir de dia 23 de Outubro deste ano. Recentemente, foram dadas a conhecer as regras para determinar a morte cerebral no que foi um passo em frente face à implementação de transplante e doação de órgãos.

Investimento sem retorno

Macau Legend ainda não vendeu Landmark. Receitas de 35,8 milhões

O Hotel, que viu quebras de 20,7% nas receitas no ano passado, ainda se mantém à venda, bem como o casino que lá dentro opera, sob licença da Sociedade de Jogos de Macau. O dinheiro ainda não chegou, mas os investimentos da Macau Legend prometidos já começaram: esta semana, a empresa anunciou ter comprado o Hotel Casino Savan Vegas no Laos por 326 milhões de dólares de Hong Kong.

Num comunicado enviado aos média, a empresa referia que o projecto – detido totalmente pelo Ministério das Finanças do Laos – tinha mesas de jogo e slot-machines, tendo um contrato exclusivo de 50 anos com adicional prorrogação possível até 49 anos. O hotel conta ainda com mais de 600 quartos.

EM QUEDA

Ontem, o jornal Macau Business Daily dava conta

que o valor pela qual foi feita a compra foi de apenas 16,8% do valor total estimado para o espaço. A Sanum Investment, parte do projecto antes de David Chow, diz que o negócio foi feito “à porta fechada” e que o anúncio do investimento da Macau Legend foi feito à Sanum ao mesmo tempo que foi feita aos média. Segundo a publicação inglesa, a empresa deverá tomar medidas por consi-

derar que foram violados acordos. A venda do Landmark acontece devido ao facto da performance de operação ter “decrescido”, como admitia a Macau Legend em Março. Ontem, a empresa deu a conhecer as receitas

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

do primeiro trimestre deste ano, que ascenderam a 350,6 milhões de dólares de Hong Kong, menos 3,7% do que no mesmo período do ano passado. Os resultados com o EBITDA ajustado (resultados depois dos impostos, juros e amortizações) foram de 35,8 milhões de dólares de Hong Kong, uma descida de 52,2%. O casino Pharaoh’s Palace, cuja compra chegou a ser ponderada por um accionista, rendeu 258 milhões, menos 15,5%. J.F.


9 hoje macau quinta-feira 19.5.2016

IFT ALUNO INDIANO OBRIGADO A DEIXAR MACAU SEM CONCLUIR CURSOS

CORRIDA A ESTÚDIO DO MACAU DESIGN CENTER

Nas malhas do processo

O

TIAGO ALCÂNTARA

O cidadão indiano inscrito em dois cursos de curta duração no Instituto de Formação Turística viu-se obrigado a deixar Macau por problemas com o visto de estudante. As autoridades chegaram a aprovar o visto, mas depois recuaram na decisão. Governo nunca reagiu

caso do cidadão indiano inscrito em dois cursos de curta duração no Instituto de Formação Turística (IFT) não teve um desfecho feliz. Tendo concluído um curso com o visto de turista, o cidadão enfrentou uma primeira recusa na atribuição do visto de estudante, precisamente por se tratarem de cursos de curta duração. Pouco tempo depois, as autoridades aprovariam o visto de estudante para, passados uns dias, voltarem a negar o pedido. Ao HM, o cidadão indiano, que não quis ser identificado, nunca escondeu a sua indignação. Neste momento já não se encontra em Macau, pois foi obrigado a deixar o território pelo facto do visto de turista estar a chegar ao fim, tendo deixado um dos cursos a meio. O jovem apresentou um recurso da decisão junto dos Serviços de Migração e uma queixa formal a 17 de Abril, pouco tempo antes do segundo curso terminar. Um mês depois, ainda não teve qualquer informação sobre o seu caso, que parece ter caído no esquecimento das autoridades. “Primeiro os Serviços de Migração garantiram a extensão da minha permanência até 18 de Abril. Na semana seguinte decidiram [usar] outra lei para rever o meu processo e reduziram o meu tempo de permanência até 29 de Março. Para me candidatar à extensão do prazo, tive que o fazer três

SOCIEDADE

Pela primeira vez desde a abertura em 2014, o Macau Design Centre (MDC) abriu um concurso para o arrendamento de um estúdio, o único dos 17 que estava disponível, e a resposta, na óptica do MDC, foi massiva. No total, foram 13 as propostas de áreas tão diversas como o design gráfico, produção multimédia, design de produto, animação, efeitos especiais, fotografia, design de interiores, produção de vídeo e artesanato. As propostas foram avaliadas por um painel de selecção constituído por membros do MDC e do Fundo das Indústrias Culturais que analisou portefólios, áreas de negócio e propostas. No final, a escolha recaiu no Cliffs Studio Co. Ltd. Segundo indica a nota distribuída à imprensa, “não foi um trabalho fácil dada a qualidade dos proponentes”. O concurso esteve aberto entre os dias 2 e 25 de Abril. O MDC disponibiliza os espaços a preços controlados por um período máximo de três anos e, a partir daí, o contrato será renovado anualmente com base no estado de desenvolvimento dos projectos.

SERVIÇOS PÚBLICOS INVESTIGADOS PELO GPDP

vezes. Cada funcionário que encontrei no departamento de migração tinha diferentes respostas para o meu processo”, contou ao HM por e-mail. A resposta final para a obtenção de um visto de estudante que foi aprovado e depois negado nunca chegou. “Deixo Macau sem uma boa

experiência. Não entendo a ideia de permitir a candidatura de estudantes estrangeiros se não há qualquer noção de acolhimento. Provavelmente haverá problemas internos na Administração que me forçaram a estar fora de Macau pela segunda vez em dois meses sem que tal tenha acontecido por minha culpa.

“Deixo Macau sem uma boa experiência. Não entendo a ideia de permitir a candidatura de estudantes estrangeiros se não há qualquer noção de acolhimento” CIDADÃO INDIANO

A minha única culpa foi a decisão de escolher Macau para tirar cursos profissionais para reforçar os meus conhecimentos sobre a indústria hoteleira”, frisou.

SITUAÇÃO INÉDITA

A primeira nega dada pelos Serviços de Migração foi justificada pelo facto dos cursos em questão, um de Cantonês para não chineses e outro de vinhos e bebidas, “não se enquadrarem no padrão do ensino superior” local, como referiram as autoridades. O cidadão indiano, com larga experiência profissional na Suíça na área da hotelaria e turismo, lembrou que já realizou diversos cursos de

curta duração em Hong Kong e que nunca passou pela mesma situação. “A minha candidatura uma extensão da permanência não é nada de especial. Em Hong Kong os serviços recebem cem processos numa base diária e são tratados pelos funcionários da linha da frente. Digo isto porque realizei lá cursos de curta duração e não tive quaisquer problemas.” Tanto o IFT como o Gabinete para o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, nunca responderam às questões do HM, apesar de semanas de espera. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Serviços de Saúde, Gabinete de Infra-Estruturas e Transportes, Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, Direcção dos Serviços de Educação e Juventude. São estas algumas das entidades públicas que receberam “chamadas de atenção” do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP). A lista continua, mas o GPDP só divulgou alguns nomes. Em resposta ao HM, o Gabinete não apresenta qualquer esclarecimento sobre as causas que levaram a que as entidades fossem investigadas por incumprimento da protecção de dados. A única coisa que o organismo garante é que “algumas das entidades públicas aceitaram as condições de melhoria” apresentadas pelo GPDP.

JUIZ MÁRIO SILVESTRE PEDIU APOSENTAÇÃO

Mário Augusto Silvestre, Juiz Presidente do Tribunal Colectivo dos Tribunais de Primeira Instância, pediu a aposentação. Segundo um despacho publicado ontem em Boletim Oficial, a saída do juiz será oficializada a partir do dia 23 deste mês.


10 EVENTOS

O

mais recente filme de Thomas Lim, “Sea of Mirrors”, vai ser lançado no próximo ano. A película, realizada em Macau, narra a história de Riri Kondo, uma ex-actriz japonesa, que viaja para Macau com a filha, Nana, para reunir com um potencial investidor que afirma ser seu fã. A proposta feita foi a de investir num filme realizado por ela, mas a verdade é que a questão tem mais a ver com sexo do que com filmes. Riri desmarca uma reunião com o investidor mas, em retaliação, a filha é raptada e a tentativa para a salvar leva-a à beira da loucura. Foi no final de Abril que Thomas Lim, que filmou “Sea of Mirrors” com um iPhone 6, terminou as gravações. Um trabalho que, para o produtor do filme, também de Macau, não foi nada fácil. “O maior desafio foi a contínua mudança de horários, devido ao tempo horrível. Tivemos também

I

NAUGURA hoje e está patente até dia 26 de Maio a exposição de pintura chinesa “Visualização de um Pintor Embriagado”. A mostra, da autoria de Van Keng Vai, está integrada no Projecto de Promoção de Artistas de Macau e patente no Centro UNESCO de Macau. A exposição reúne cerca de 60 obras de pintura chinesa deste pintor, um artista de Macau. Van Keng Vai nasceu em 1942 e graduou-se no Colégio Diocesano de São José e na Universidade Yuet Hoi. Desde a infância que mostra ter um gosto especial

de ser muito flexíveis porque foram diversos os novos actores que entraram no filme diariamente e o nosso tempo de filmagem foi muito curto”, desabafa Jess Hao, que refere ainda que muitas das gravações no exterior foram canceladas e tiveram de ser substituídas. Ainda assim, o produtor diz que os obstáculos foram ultrapassados e não foram vistos como uma derrota. “O stress constante só fez a experiência mais enriquecedora e fiquei surpreendido em como Thomas Lim conseguiu reunir uma equipa tão diversa, com tantos backgrounds diferentes. Só mostra como o próprio background dele, vindo de Singapura e tendo vivido em diferentes partes do mundo, ajudou.”

PREFERÊNCIAS

As diferentes origens dos actores estão bem vincadas em “Sea of Mirrors”: a australiana, ainda que quase local, Sally Victoria Benson,

Cinema “SEA OF MIRRORS” DE THOMAS LIM LANÇADO EM 2017

Thriller mais que psico

Está terminado o novo filme do realizador Thomas Lim, o segundo total Macau. “Sea of Mirrors” é lançado em 2017, depois de muitos obstáculo uma pós-produção nos EUA e em Tóquio do Japão chega a actriz e produtora Kieko Suzuki e da Coreia do Sul o actor Jay Lim. No total foram 25 as pessoas que fizeram parte do filme – mais de 15 eram de Macau. “Uma das protagonistas, Sally, cresceu em Macau e considera-se local. Tão local que foi ela quem deu algumas das direcções aos condutores para chegarmos a determinados locais”, brinca Thomas Lim.

“Um pintor embriagado” Exposição de Van Keng Vai até dia 26 no Centro UNESCO

por Belas Artes, nomeadamente por pintura chinesa e cerâmica. Começou a sua formação em Belas Artes com Chiu Meng San na década de 50. No ano de 1993, um dos seus trabalhos venceu o 3.º prémio no Concurso de Design de Bandeira e Emblema Regionais da RAEM e em 2005 foi inaugurada uma exposição individual do artista na Galeria Milénio de Macau. As suas obras são muitas vezes seleccionadas,

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA O BOM INVERNO • João Tordo

Quando o narrador, um escritor prematuramente frustrado e hipocondríaco, viaja até Budapeste para um encontro literário, está longe de imaginar até onde a literatura o pode levar. Coxo, portador de uma bengala, e planeando uma viagem rápida e sem contratempos, acaba por conhecer Vincenzo Gentile, um escritor italiano mais jovem, mais enérgico, e muito pouco sensato, que o convence a ir da Hungria até Itália, onde um famoso produtor de cinema tem uma casa de província no meio de um bosque, escondida de olhares curiosos, e onde passa a temporada de Verão à qual chama, enigmaticamente, de O Bom Inverno.

A verdade é que, para o realizador do filme “Roulette City”, também filmado em Macau, desta vez foi “mais difícil” arranjar actores no território. “Acredito que se deveu ao facto dos nossos personagens não serem a típica mãe de dois filhos ou polícias. Muitos dos papéis eram de mulheres que eram personagens não tão positivas (anti-heróis). Apesar de ser comummente

tanto para a Exposição Anual de Arte Visual do Instituto Cultural, como para a Exposição Colectiva de Caligrafia e Pintura de Macau organizada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau.

MULTIFUNÇÕES

Hoje em dia, Van Keng Vai trabalha na área de administração de empresas, desempenhando ainda várias cargos em instituições sociais como o de Vice-Presidente do Instituto Mundial de Caligrafia e Pintura da Família Yin, Director da Associação Cultural e Arte de Chong Fong,

defendido que estes personagens são mais memoráveis, os actores em Macau, geralmente, não gostam de fazer esses papéis. Ficámos admirados com este fenómeno.”

O TELEMÓVEL COMO ARMA

Como refere Thomas Lim, o filme é quase todo em Inglês e Japonês, sendo que a equipa chegou também de Hong Kong, além da Austrália,

Vice-Presidente da Associação de Amadores de Arte de Macau, membro da Associação dos Artistas de Belas-Artes de Macau. É também formador do Curso de Pintura Chinesa do iCentre do Centro Amador de Estudos Permanentes de Macau e do Curso de Pintura Chinesa do Centro de Actividades da Ilha da Taipa da Federação das Associações dos Operários. Com organização da Fundação Macau, a exposição estará patente ao público entre 19 e 26 de Maio, todos os dias das 10h00 às 19h00 e no último dia até às 15h00. Tem entrada livre.

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

ANATOMIA DOS MÁRTIRES • João Tordo

Um jornalista insensato e ambicioso quer provar ao seu editor - um comunista irascível, alcoólico e com bastante desprezo pelos jovens - que não é só mais um na redacção. Escolhido para ir a Berlim entrevistar o biógrafo de um mártir religioso, aproveita a deixa para fazer, no seu artigo, uma analogia com a história de Catarina Eufémia, a camponesa que se tornou um ícone do Partido Comunista, mas de quem, na verdade, pouco ou nada sabe. Quando, porém, o artigo é publicado, as reacções de indignação por parte dos leitores não se fazem esperar, algumas das quais bastante ameaçadoras; e, na noite em que o editor é encontrado na rua em coma, aparentemente brutalizado, o jornalista pergunta-se se não terá sido por defender publicamente o seu artigo e começa a suspeitar de que existe muito mais em jogo do que a simples memória de uma camponesa assassinada pela GNR durante a ditadura. É então que decide investigar obsessivamente a vida de Catarina, desbravando por entre o nevoeiro que paira sobre os mártires e os transforma em mitos de que sempre alguém se apodera. E encontra realidades bem distintas - e mais tenebrosas - do que podia esperar.


11 hoje macau quinta-feira 19.5.2016

ológico

lmente feito em os “enriquecedores” Japão e Coreia. O realizador, que já assumiu que o território é um dos seus sítios favoritos para filmar, não deixa de apontar como é que algumas cenas tiveram de ser, simplesmente, reescritas. “Não acredito que três semanas passaram a voar assim. Tivemos tantos desafios, como o tempo, com nevoeiro e chuva. O filme era suposto começar e acabar num terraço que ia

olhar para o horizonte de Macau, repleto de casinos. Em todos as vezes que tentámos filmar, estava nevoeiro, não dava para ver nada. Filmámos na mesma, mas depois começou a chover. Quando revi as cenas desse dia, decidi que não funcionavam: resultado, tive de as rescrever e filmámos, então, num hotel assustador. Tivemos de usar o único dia de folga para refazer essas cenas”, confessa Lim. Além de todas as mudanças, uma das características da película é ser totalmente filmada em iPhone. Uma decisão que necessitou da colaboração de Thomas Lim com o cinematógrafo Santa Nakamura, do Japão. Algo que despertou duas coisas: o interesse pelo aparelho como câmara e a visão de alguém que vem de fora. “Na primeira semana, foi basicamente eu a dizer-lhe o que queria para as gravações. Mas depois descobri um elemento que elevou a nossa cooperação: por ser esta a

primeira viagem dele a Macau, ele não sabia as regras culturais do território e, por isso, tinha ideias que eu não tinha, sendo que, apesar de não ser de Macau, já aí vivi”, afirma Thomas Lim. Já no que ao aparelho diz respeito, a utilização do Iphone vai “maravilhar as pessoas, assim que estas compreenderem como é que uma longa-metragem pode ser feito com alta tecnologia, mas com um equipamento pequeno e disponível em qualquer loja”, frisa Lim. Também Santa Nakamura explica o processo de filmar com um smartphone. “Como cinematógrafo tentei algumas coisas diferentes. Thomas Lim queria contar uma história através da composição do enquadramento e isso é uma forma muito visual e psicológica de fazer um filme. às vezes tínhamos de sacrificar uma boa luz, ou um background

“O stress constante só fez a experiência mais enriquecedora e fiquei surpreendido em como Thomas Lim conseguiu reunir uma equipa tão diversa, com tantos backgrounds diferentes” JESS HAO PRODUTOR

EVENTOS

bonito, pelo que, para compensar, tive de usar o carregador de bateria como estabilizador. Senti que era uma extensão do meu corpo, como se tivesse mais um par de olhos ou dedos. Tentei, assim, pegar no que o iPhone pode fazer e outras câmaras convencionais não deixam.”

O PRÓXIMO PASSO

Para o produtor Tan See Kam, de Macau e Singapura, as gravações da película, caracterizada como um “thriller psicológico” foi não só uma boa experiência, como foi algo que ajudou o território. “Macau tem uma comunidade cinematográfica que está a crescer e fico satisfeito por ver que as pessoas dessa indústria de Macau foram generosas com o seu tempo, energia e recursos. O projecto permitiu também oportunidades para as pessoas de Macau crescerem e desenvolverem-se em termos de exposição e experiência”, frisou. Nakamura partilha da opinião, dizendo que não é nada usual ter pessoas de tantas partes do mundo juntas num filme independente como este, algo muito “gratificante”. O mesmo sentimento tem Sally Victoria Benson, que diz que ter participado num filme feito no sítio onde cresceu foi mais do que um momento feliz. “Representar nas estradas em que brinquei quando era pequena e usar a minha cidade, que amo, como fonte de inspiração é algo que não vou esquecer.” Jay Lim, pela primeira vez no território, caracteriza Macau como

um lugar de fantasia, “bonito de dia ou de noite” e que combina bem, “tal como Sea of Mirrors”, o tradicional com o moderno. A opinião parece ser partilhada pela actriz japonesa Kieko Suzuki, que descreve Macau como “fotogénico” e “de tirar a respiração”. Tanto, que filmar em Macau durante três semanas foi para ela “um dos maiores projectos” de vida. As gravações estão feitas e fazer um filme não é suposto ser fácil, como admite o realizador da Island Man Picures. Mas Thomas Lim não fecha os olhos aos próximos desafios, que passam “pela pós-produção do filme” - algo que está a ser feito em Los Angeles e que depois será finalizado em Tóquio. Esta fase termina no final do ano e o filme é, então, lançado em 2017. Joana Freitas

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JUNTOS A DANÇAR COM A MDMA E JOHN-E MDMA (Macau Dance Music Association) vai voltar ao Pacha no próximo sábado com os DJs locais Erick Leong, D-Hoo e Sérgio Rola, membro do colectivo Flipside. Mas, esta sessão traz um convidado: fala-se de John-E, a.k.a. João Reis, iniciado por cá mas agora radicado em Portugal. Com “Together we Dance”, assim se chama, esta será a terceira sessão organizada pela MDMA no Pacha, continuando assim a associação a afirmar-se com uma das principais potências do território no estabelecimento de uma base local de disc-jockeys, o seu grande objectivo. Mas a novidade para a próxima noite de sábado é mesmo a presença de John-E que começou a sua carreira como DJ precisamente aqui em Macau, corria o ano de 1994 e tinha ele apenas 17 anos. A coisa correu bem e um ano depois já actuava no Club UFO, onde viria a assentar arraiais como residente. Considerado um dos pioneiros da música de dança em Macau, João também tocou nas

FACEBOOK

A

conhecidas festas I-Spy de Hong Kong vindo mais tarde a passar pelo Club Santa Fé, em Ko-Samui, Tailândia. Entre 1997 e 2000 viveu em Londres tocando regularmente em clubes como o 414 e o George IV (Brixton) e nalguns festivais

underground. Esta experiência deu-lhe uma acentuada raiz electrónica britânica evoluindo com sons que vão do break-beat, ao techno minimal, passando ainda pelo house progressivo. Sábado, 21 de Maio a partir das 21h00.


12 CHINA

hoje macau quinta-feira 19.5.2016

A

associação de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch disse ontem que as autoridades de Hong Kong “limitaram fortemente” a oportunidade da população expressar as suas críticas durante a visita do “número três” do regime chinês. A organização disse também que as autoridades locais deviam desafiar Zhang Dejiang a “assumir compromissos concretos para respeitar a autonomia de Hong Kong em matéria de direitos humanos e democracia”. Zhang Dejiang, que preside à Assembleia Nacional Popular, o parlamento chinês, chegou na terça-feira a Hong Kong para uma visita de três dias, naquela que é a primeira deslocação de um importante responsável chinês ao território desde os protestos pró-democracia que paralisaram partes da cidade em 2014. Zhang falou ontem de manhã num fórum económico e vai reunir-se com 10 deputados, incluindo quatro membros do campo pró-democrata. Várias organizações pró-democracia convocaram uma marcha para ontem contra a crescente influência de Pequim, mas durante a manhã cerca de 100 pessoas já se manifestaram para pedir o “fim da ditadura”, eleições livres e a libertação de Liu Xiaobo, o Nobel da paz chinês preso no interior da China. Grupos rivais de manifestantes pró-China agitaram bandeiras nacionais e gritaram palavras de ordem. O número de manifestantes era bastante inferior ao dos polícias destacados para a segurança da visita oficial.

Hong Kong HRW CRITICA LIMITAÇÕES A MANIFESTANTES NA VISITA DE DIRIGENTE

Verdades e consequências A organização disse também que as autoridades locais deviam desafiar Zhang Dejiang a “assumir compromissos concretos para respeitar a autonomia de Hong Kong em matéria de direitos humanos e democracia” de convenções que acolhe a conferência económica foram isoladas por barricadas e os manifestantes encaminhados para áreas assinaladas, longe da vista. Três pessoas, incluindo Nathan Law, do novo partido político Demosito, foram imobilizadas pela polícia, quando lançaram um protesto em Wan Chai, à passagem da comitiva de Zhang a caminho do Centro de Convenções e Exibições de Hong Kong (HKCEC, na sigla inglesa). A visita de Zhang Dejiang ocorre numa altura em que aumenta a preocupação na região de que as liberdades possam estar em risco e em que a falta de reformas políticas gerou novos grupos que defendem a ideia da independência da cidade, um movimento condenado pelas autoridades em Hong Kong e Pequim. Na terça-feira, à chegada a Hong Kong, Zhang prometeu ouvir as reivindicações políticas dos vários quadrantes da sociedade.

BLOQUEIOS E DETENÇÕES

Na terça-feira, a polícia deteve sete membros do partido pró-democracia Liga dos Sociais Democratas por colocarem faixas de protesto em espaços públicos, incluindo colinas e viadutos. As estradas junto ao hotel onde Zhang está hospedado e o centro

C

OM o aproximar de Junho multiplicam-se as petições ‘online’ a apelar ao fim do Festival de Carne de Cão, que decorre anualmente no sul da China, as quais reúnem centenas de milhares de subscritores em todo o mundo. Yulin, na província de Guangxi, organiza o festival de carne de cão pelo solstício de verão, desencadeando uma onda de revolta em todo o mundo, com grupos de defesa dos direitos dos animais a procurarem travar

Amargas tradições Milhares em todo o mundo subscrevem petições contra festival de carne de cão o que designam de “festival da crueldade”. Actualmente, à semelhança de anos anteriores, encontram-se ‘online’ diversas petições para apelar ao fim do festival, durante o qual são cozinhados milhares de cães. Segundo uma petição, que já reuniu mais de um

milhão de subscritores (disponível em www.thepetitionsite.com) mais de 10 mil cães – incluindo cachorros – foram mortos em 2014 e 2015 do festival de Yulin. Outra petição, divulgada através da plataforma Avaaz, que promove campanhas na Internet, igualmente endereçada ao Presidente da China,

Xi Jinping, mas também ao governador da província de Guangxi, Chen Wu, reunia mais de 600 mil assinaturas até ontem.

TORTURA INSUPORTÁVEL

Este texto coloca a tónica, em particular, no sofrimento “insuportável” pelo qual devem passar os animais, fazendo uma descrição pormenorizada: “São pendurados de cabeça para baixo em ganchos”, “é-lhes feito um golpe a partir do ânus e são esfolados e vendidos para serem comidos” ou “são

espancados” e “sangram até à morte”. Para garantir o abastecimento do festival de Yulin, muitos cães são roubados aos donos, como anualmente reportam organizações de defesa dos direitos dos animais. “Milhares de cidadãos chineses já se manifestaram contra o festival, mas as autoridades não vão agir até verem o quanto está a prejudicar a imagem global da China, a qual estão a trabalhar arduamente para melhorar”, refere uma das petições.

À luz das regras, em Yulin, a carne de cão é normalmente servida com líchias, uma fruta muito fresca, típica da China, e regada com “bai ju”, uma aguardente à base de cereais, sendo “muito fortificante”, melhorando a circulação sanguínea e combatendo a impotência, segundo crenças locais. A ‘tradição’ de comer carne de cão na China já não é o que era, parecendo estar a perder adeptos, mas o festival de Yulin continua a realizar-se.


13 hoje macau quinta-feira 19.5.2016

O

Governo angolano autorizou o Banco da China a abrir uma sucursal em Angola, para desenvolver actividades financeiras bancárias, indica um documento do Executivo a que a Lusa teve esta terça-feira acesso. A autorização consta de um decreto assinado pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, de 13 Maio, que adianta que a instituição detida pelo Estado chinês vai operar no país com a designação Banco da China - sucursal em Angola. A decisão sobre a abertura da sucursal angolana do Banco da China surge numa altura de fortes constrangimentos no país devido à crise da cotação do petróleo, nomeadamente no acesso a divisas, colocando em causa transferências para o estrangeiro ou a importação de matéria-prima. O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, reconheceu já este mês que a banca do país está a ser colocada “à margem” do sistema financeiro mundial, numa aparente alusão à falta de acesso dos bancos angolanos ao circuito internacional de divisas, por dúvidas dos reguladores internacionais sobre credibilidade das instituições angolanas.

O renminbi já mora aqui Banco da China autorizado por Luanda a abrir sucursal em Angola

Para Valter Filipe, é necessário colocar “ética e moral” na banca angolana, devendo esta ser colocada ao “serviço do bem comum”. “Devemos fazê-lo implementando em Angola as normas prudenciais e as boas práticas

nacionais e internacionais, e todas as normas de combate ao branqueamento de capitais e de financiamento ao terrorismo, porque estamos a ficar numa situação em que está a ser colocado o sistema financeiro angolano à margem do sistema financeiro mundial. E isto

é grave para a prosperidade das nossas famílias”, apontou na altura.

EM EXPANSÃO

Criada em 1912, o Banco da China funcionou até 1949 como banco central chinês. Após várias transformações, ainda nas mãos do Estado

CHINA

mas já como banco comercial, tem vindo a concentrar atenções no apoio às empresas e comunidades chinesas fora do país, com destaque para as economias emergentes. Estima-se que a comunidade chinesa em Angola ascenda a cerca de 230 mil pessoas e centenas de empresas. O Governo chinês aprovou em 2015 uma nova de linha de crédito ao Estado angolano, no valor de 5,2 mil milhões de euros para obras a executar por empresas chinesas. A Lusa noticiou a 12 de Outubro que os bancos centrais de Angola e da China estão a acertar os pormenores de um acordo que para permitir o uso das moedas nacionais de ambos os países, nas trocas comerciais bilaterais. O acordo, cujo anúncio da sua negociação foi feito em Agosto passado, pela então ministra do Comércio de Angola, Rosa Pacavira, vai permitir que os agentes económicos de ambos os países possam usar a moeda chinesa em Angola e a angolana na China, facilitando as trocas comerciais. O objectivo passa por garantir que as transacções entre a China e Angola se faça sem recurso a uma terceira moeda. EmAgosto, a ministra Rosa Pacavira anunciou que o kwanza angolano ia valer na China e o renminbi (moeda chinesa ou yuan) em Angola.

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 237/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LI CHUNMEI, portadora do passaporte da RPC n.° E25571xxx, que, na sequência do Auto de Notícia n.° 25.1/DI-AI/2014 levantado pela DST a 17.02.2014, e por despacho da signatária de 27.04.2016, exarado no Relatório n.° 273/DI/2016, de 22.04.2016, em conformidade com o disposto no n.° 2 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $20.000,00 (vinte mil patacas) por angariar pessoas com vista ao seu alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua Cidade de Coimbra n.° 416, Edf. Jardim Brilhantismo, 9.° andar AB.--------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.--------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 27 de Abril de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 238/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LI CHUNMEI, portadora do passaporte da RPC n.° E25571xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 25/DI-AI/2014 levantado pela DST a 17.02.2014, e por despacho da signatária de 27.04.2016, exarado no Relatório n.° 274/DI/2016, de 22.04.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua Cidade de Coimbra n.° 416, Edf. Jardim Brilhantismo, 9.° andar AB.---------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 27 de Abril de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

E

STA obra evolui através de três tempos bem demarcados. Num primeiro instante a surpreendente constatação de que ninguém morre. Este fenómeno, a todos os títulos incrível e inesperado provoca uma série de elocubrações intelectuais bastante interessantes e bem logradas por parte do autor. Trata-se enfim de explorar as consequências imprevisíveis de um acontecimento provocatório. Qualquer pessoa pode pensar, eu pelo menos já pensei, nos termos de como seria a existência se a morte não existisse. Todos podemos compreender que é a temporalidade e a finitude que conferem à vida o seu carácter de urgência e a sua importância radical. Tudo, as carreiras, as preocupações com a saúde, tão em voga hoje em dia, as ambições, o amor, tudo mesmo, se relativiza e perde a sua dimensão de necessidade, transformando-se em desejo muito vago se a morte não existisse e se portanto a vida fosse eterna. A vertigem existencial só existe porque a vida é breve, porque o tempo passa, porque o fim espreita. Em boa verdade a grandeza dos projectos, a própria ideia de projecto, a beleza, o sublime esvair-se-iam e tudo se tornaria redundante. O autor não deixa de explorar o tema, desta forma: Sendo a vida eterna, um dos desejos mais constantes e antigos da humanidade, o da vida eterna, porque é que afinal o seu desaparecimento pode ser tão conflituoso e provocar tanto desassossego. Porque como já salientei o grande sentido da

fichas de leitura

Manuel Afonso Costa

A utilidade da morte Saramago, José, As Intermitências da Morte, Caminho, Lisboa, 2005. Descritores: Morte, Sentido da Vida, Igreja, Estado, Ordem, 214 páginas, ISBN: 972-21-1738-6.

vida reside na sua brevidade e a condição ontológica mais estável esteja afinal na finitude. Contudo, ainda que José Saramago, aflore também, este tipo de explorações do tema, centra mais o seu texto, nas questões ideológicas de vária ordem, relacionadas com outro tipo de assuntos, estou a pensar nas preocupações dos políticos e dos dignitários da Igreja, por exemplo. E centra também a narrativa nas questões práticas e processuais inerentes ao tema, ou seja nas instituições que seriam afectadas com o fim da morte: As companhias de seguros, os agentes funerários, os asilos, os hospitais, por motivos, mais ou menos óbvios. Mas sobretudo, convenhamos, as religiões. O que seria das igrejas, seja de que credo

JOSÉ SARAMAGO, poeta (Os Poemas Possíveis, 1966, Provavelmente Alegria, 1970, O Ano de 1993, 1975; dramaturgo ( A Noite, 1979, Que Farei com Este Livro?, 1980, A Segunda Vida de Francisco de Assis, 1987, In Nomine Dei, 1993, Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido, 2005 e romancista (Terra do Pecado, 1947, Manual de Pintura e Caligrafia, 1977, Levantado do Chão, 1980, Memorial do Convento, 1982, O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984, A Jangada de Pedra, 1986, História do Cerco de Lisboa, 1989, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991, Ensaio Sobre a Cegueira, 1995, Todos os Nomes, 1997, A Caverna, 2000, O Homem Duplicado, 2002, Ensaio Sobre a Lucidez, 2004, As Intermitências da Morte, 2005, A Viagem do Elefante, 2008, Caim, 2009, Claraboia, 2011), sobretudo, conduziu uma vida intelectual e cultural, marcada pelo auto didactismo e pelo comprometimento social e político. Nasceu no distrito de Santarém, na província geográfica do Ribatejo, no dia 16 de Novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e foi director-adjunto do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias. Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.

forem, sem a presença benigna da morte. Como salienta Saramago: “(…) a aceitação explícita de que a morte era absolutamente fundamental para a realização do reino de deus e que, portanto, qualquer discussão sobre um futuro sem morte seria não só blasfêmia como absurda, porquanto teria de pressupor, inevitavelmente, um deus ausente, para não dizer simplesmente desaparecido”. Depois, numa segunda parte, mais à frente, a morte anuncia o seu regresso, mas agora com novas regras: “a partir da meia-noite de hoje se voltará a morrer tal como sucedia, sem protestos notórios (...) ofereci uma pequena amostra do que para eles seria viver para sempre (...) a partir de agora toda a gente passará a ser prevenida por igual e terá um prazo de uma semana para pôr em dia o que ainda lhe resta na vida”. Durante 50 páginas o autor diverte-se a explorar este novo sistema e as suas implicações controversas. Mas em boa verdade escapa-lhe de novo a ideia nu-

clear e que consiste no facto de que a morte só vale pelo seu carácter inesperado. O sentido existencial, na sua precariedade constitutiva não aceita nenhum tipo de previsões empíricas. A componente trágica da vida exige que ela conviva (paredes meias) com uma ideia difusa de eternidade. Todos somos apanhados de surpresa, independentemente de todas as variáveis prudenciais e de lucidez relativa. A vida é uma aventura carregada de perigos, mas que é vivida como se cada momento fosse eterno, apesar da consciência lúcida da finitude. É de um paradoxo que se trata e não adianta exacerbar as certezas ontológicas. Sabe-se da certeza da morte, mas a vida possui esse poder avassalador de a adiar sempre até ao derradeiro instante. Depois finalmente a terceira parte: Para muitos leitores e críticos a terceira parte do romance, a partir do capítulo 10, chamemos-lhe assim, constitui o momento mais alto do texto, o momento da personificação da morte, que é aliás a personagem maior desta ficção. Compreende-se que o autor a queira personificar, isto é, humanizar. Ela é no fim de contas a heroína, até porque diante dela não haverá heróis dignos desse nome. Uma nota pessoal: Os livros de José Saramago, nesta fase mais recente, muitos deles posteriores à atribuição do Prémio Nobel, resolveram o que para mim era um dos problemas maiores na obra de José Saramago, o da economia de processos narrativos. Os livros da sua primeira fase, eram invariavelmente livros muitos volumosos, estou a pensar no Memorial do Convento, no Levantados do Chão, na Jangada de Pedra, na História do Cerco de Lisboa, no Ano da Morte de Ricardo Reis, etc. Nesse livros, a par de páginas de génio José Saramago dava por vezes a sensação de obedecer a um formato. Ora, curiosamente a partir de uma certa época, os seus livros tornaram-se mais ágeis e em larga medida mais objectivos, não perdendo porém a sua capacidade de efabulação. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


15 hoje macau quinta-feira 19.5.2016

a saga da taipa

José Drummond

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 13. O ESTRIPADOR

E

u não sou nada. Nada. Sinto-me como alguém lançado ao mar. À noite. Flutuando sozinho. Estendo a mão, mas não existe ninguém. Ninguém. Grito. Mas ninguém responde. Não encontro qualquer nexo em mim. Não me sinto em mim. Lembro-me que houve um momento em que tive uma família. Um momento, no qual, existia uma esperança, existia um carinho, existia um porto. Segredos. Como segurar um segredo? Não tenho forças. Como segurar um segredo? Enquanto isso, nesta cidade à beira-rio, a minha memória passa por altos e baixos. Sinto um arrepio. Hoje tudo parece repetido. Constantemente. Tudo se deteriora a cada dia. A memória. A verdade. Tudo se perde. O conhecimento. Tudo é monótono. Tudo é um pouco mais silencioso do que antes. Não sei quando tudo começou. Tudo é um névoa. Sei apenas que só me sinto bem nesta caça. À procura dela. Eu sei que ela está em algum lugar. Eu sei que devo ser obstinado e continuar a procurá-la. Esta foto dela que me serve de amuleto. Um qualquer encantamento. Estou cansado de viver em ódio e ressentimento. Estou cansado de viver incapaz de amar alguém. Não tenho um único amigo. Nem um. E, pior de tudo, não me posso amar. Porque é que não me posso amar? Porque é que não posso amar ninguém? Uma pessoa aprende a amar-se a si própria quando se ama e se é amado por alguém. Uma pessoa que é incapaz de amar outro não se pode amar a si mesmo. Não. Não. Não. Todas estas mulheres que me fazem lembrar-me dela. Estas vítimas servem apenas para me acalmar. Fechado em silêncio. Os lábios fechados. Já não há modo de voltar atrás. Uma brisa sopra pela janela. Agita as cortinas desbota-

das pelo sol e as pétalas delicadas das flores. O cheiro que vem da colina é hoje mais forte do que nunca. O som suave das minhas agulhas. O som suave das minhas facas. O som do vento nas árvores. O som que se escoa e que se mistura. Os sons todos misturados uns com os outros e com os gritos das cigarras. O sons todos profundamente encharcados em tristeza.

A luz da tarde começou a enfraquecer e mistura-se com toques de noite. A brisa da colina continua a agitar as árvores. Por vezes tudo parece um vácuo. Cruzo-lhe as mãos e olho-lhe para o rosto uma vez mais. Esta mulher não é uma concha vazia. É um ser humano de carne e sangue. O sangue a escorrer que tanto me acalma. E este estar com alma teimosa. Este estar estreito. Estas memórias sombrias. Este sobreviver por entre trancos e barrancos sobre este pedaço de terra à beira-rio. Não tenho escolha senão convi-

ver com este vácuo que lentamente se espalha dentro de mim. Este vácuo e estas memórias em desacordo. O vácuo que tudo engole. Todas as memória engolidas. Ficam apenas os olhos assustados destas mulheres. Fica apenas o sangue destas mulheres que espirra quando aplico as minhas lâminas nos seus corpos. Quando lhes aplico as minhas agulhas. E apenas depois algo se acalma. Fica apenas esta eterna procura. Fica apenas o estrondo distante do rio misturado com a brisa do início da noite a escorregar por entre os ramos das árvores. Fica apenas a consciência do vácuo. E não preciso de médicos especialistas. Porque nada do que me possam dizer ou fazer altera quem me tornei. Os sintomas foram progredindo lentamente. E estas mulheres? Não te preocupes comigo. Tudo o que tens a fazer é morrer. No fundo só quero beber um pouco de amor. Uma última vez. Mas não a encontro. E assim não posso. Não existe mais. Porque não a encontro. Olho novamente para o telhado desta escondida cabana. A lua brilha. Uma luz que ocupa metade do céu. São agora três e meia da manhã e gostaria de poder ver cores. Mas já não vejo nenhuma cor. Depois de se chegar a uma certa idade, a vida torna-se apenas num processo contínuo de perda. Um constante perder uma coisa atrás da outra. Uma após o outra. As coisas que valorizamos a escaparem-se das nossas mãos da mesma maneira como um pente perde dentes. As pessoas que amamos a desaparecerem uma após a outra. E, uma dor é aliviada ou cancelada por outra dor. Mas a verdade é que ela estrava grávida e eu nunca mais a vi de novo. Mas eu sei que ela está aqui. Tenho que a encon-

trar. Porque existe um lado trágico no amor? Quando deixei a casa da minha mãe, para não mais voltar, passei o dia seguinte sozinho num quarto de hotel, de manhã até a noite. No dia seguinte voei para Kyoto. E tentei procurá-la. Em vão. E o tempo? Que fez o tempo? Que fez o tempo? Nada. Nada havia a fazer. Desaparecer. Nada mais. E o dia depois? E o dia depois do dia depois? E todos os dias depois do dia depois do dia depois? E o tempo? Que fez o tempo? Que fez o tempo? O último dia cheio de memórias e todos os outros dias sem nada. Nada mais que as mesmas memórias recorrentes. Nada mais. Quando nada mais havia a procurar em Kyoto voltei a esta cidade à beira-rio. Esta cidade tão pequena. Esta cidade que foi íntima um dia. Mas agora, que fez o tempo? Aquelas memórias de uma nuvem de ouro pálido, translúcida, por cima das colinas. Aquelas memórias em cor ténue, fria, e foi à noite, e foi à noite. E o tempo? Que fez tempo?


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hoje macau quinta-feira 19.5.2016

Amélia Vieira

Encontro em Samarra C

ONHECEMOS sem dúvida a velha fábula que é portadora deste título, bem como o aforismo de Balzac: “ A morte é certa. Esqueçamo-la.” A fábula é simples: um criado que tem um encontro com a morte num mercado e vendo-a fazer um gesto, aterrado, foge no cavalo de seu amo para Samarra, ao que o amo pergunta porque tinha feito ao seu criado um gesto ameaçador, ao que ela responde: “Não foi de ameaça, foi de surpresa por ele ainda estar em Bagdad, visto que temos um encontro esta noite em Samarra”. Ficamos a saber da rigorosa precisão desse encontro e de que não vale a pena fugir-lhe dado que parece estar inscrito mesmo quando não suspeitamos de nada. É um local com portas já que existe a ideia de passar o mural, uma condição seguida de triunfo; «O Triunfo da Morte», Petrarca. Pessoalmente gosto de a designar de «Grande Implosão» por oposição directa à explosão da Vida, que é de uma extrema plasticidade, suprema faculdade de arranque, pioneira em todas as associações de preenchimento automático numa ânsia de nada deixar vazio. Pensamos, sim, pensamos na morte, na morte mistério, na morte sem mistério, em desligar, no assombro... na causa... e no tecido desconhecido da grande implosão, dado que não temos uma só lembrança de nós mortos. Mas estamos talhados para ela como um íman gigante e bem-dizemos a existência de tal encontro, pois que faríamos no preenchimento de uma expansão sem fim?! Deixando de existir não entramos mais nessa condição e a diluição, seguida da transformação dos elementos, é um retorno à memória sagrada da Terra. Conseguimos ver para dentro quando o tempo de crescer parou, quando e depois de nada em nós mais expandir... esse caminho que começa estranhamente quieto e prossegue uma doce viagem de reconhecimento do todo e nos obriga a colher os melhores frutos... a não deixar fugir a “coisa exacta” e a permanecer tranquilos. Somos agora a melhor ficção científica de nós mesmos, um teletransporte em movimento saídos daqui para lugares descarnados, ser em outro lugar transfigurado, ter este lastro horizontal do outro em com-

primento, uma mescla heteronímica daqueles vários que depois de mortos nos sucedem... do lado de lá do Vitral... aparecendo em outro lugar, se não em forma, na ideia transfigurada do que já anunciáramos ser... um registo que nem nos ocorrera, pois que na voragem de todas as combustões nós fomos permanecendo não se sabe onde e em que modos vários. Sentimos agora por nós um carinho nunca dantes experienciado, um olhar apaziguador, indulgente, pois que sabemos que ardemos - ardemos, sim em tanta batalha, tanta paixão, tanto limite, tanta vontade, e nesse desgaste riscámos o vento e reconhecemos to-

das as cicatrizes. O limite da voragem até ao grande encontro! Resistimos a tudo, fomos duros a testar. Agora que o grande retorno nos resgata olhamos de fora para dentro este motor sadio que a fúria ainda não desfez e nos monitoriza, este corpo em transformação... há uma grave luz intensa que está correndo. O corpo! Ele sabe de tudo, pois é ele que nos informa dos factos muito antes da consciência, ele é tão fantástico que mesmo abandonado a favor da mente é ele afinal, que em nós nunca nos mente. Mediúnico, informa-nos, resistente, ele sofre, desamado, ele entristece; esquartejamos algumas partes, utilizamos outras( outros

O corpo encerra um sopro, sim, uma pura matéria alvíssima e animada, e quando implode os seus farrapos não se esquecem dele, pois que são parte em outros processos, e a Terra é um vale de fundas memórias quando outra coisa formos na matéria do tempo

em excesso) temos altares de “vísceras” mas ele só sossega se aquela “mão” tiver a força do amor. O amor cura, o amor é um tratamento celular do mais fino processo. Já andámos tanto, este caminho é tão longo, devíamos quando comemos carne, fazer uma oração, uma bênção de saber consubstanciar. Não reparar nisso torna-nos obscuros, medonhos de morte comida. A nossa psique não se dá conta tão irrigada anda em diques de absurdo, a nossa razão também não, pois que está assente na soberba, e as coisas que não experienciámos podem vir nesta fase como a mão de Deus, ajudando a ver o que não está desvendado. São processos simples, tão simples que arrepiam, reparamos nos ilustres desconhecidos que ora somos, perdoamo-nos tal qual já conseguimos perdoar a quem nos tem ofendido, e com todas estas benesses ainda somos visitados de conhecimento puro. Faz-se tarde para repetir e cedo para desistir, pois que no tempo curto dos maduros vinhos estamos vivendo para além das órbitas dos nossos olhos, que já cegaram, imponderados, magoados, fronteiriços... nós, que vamos para Casa, um lar que ainda não lembramos . Também aqui, e por que o corpo é outra fonte e a voz que tem nos faz cantar, lembro o belo poema de Kávafis: Lembra, corpo, não só o quanto foste amado, Não só os leitos onde repousaste. Mas também os desejos que brilharam Por ti em outros olhos, claramente. E que tornaram a voz trémula. Agora que isso se perdeu no passado É quase como a tais desejos te entregaras - e como brilhavam. Lembra, nos olhos que te olhavam. E como por ti na voz tremiam, lembra, corpo. O corpo encerra um sopro, sim, uma pura matéria alvíssima e animada, e quando implode os seus farrapos não se esquecem dele, pois que são parte em outros processos, e a Terra é um vale de fundas memórias quando outra coisa formos na matéria do tempo. Nas sociedades primitivas todos os anos o velho rei era simbolicamente morto para assegurar a fertilidade das novas colheitas, daí a frase: O rei está morto, viva o rei. Compete pois ao homem celebrar as folhas que caem antes do desvanecimento transitório.


17 hoje macau quinta-feira 19.5.2016

TEMPO

?

AGUACEIROS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Sexta-feira

DANÇA “OBSESSÃO” DE SABURO TESHIGAWARA E RIHOKO SATO (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as 120 e as 300 patacas

MIN

24

MAX

27

HUM

75-95%

EURO

9.01

BAHT

Sábado

TEATRO “CÍRCULO” (FAM) Edifício do Antigo Tribunal, 20h00 Bilhetes a 180 patacas

O CARTOON STEPH

TEATRO “A ÚLTIMA GRAVAÇÃO DE KRAPP” (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes a 150 e 200 patacas

Domingo

“VIAGEM À ÚLTIMA FRONTEIRA” (FAM) Teatro Dom Pedro V, 15h00 Bilhetes entre as 150 e 180 patacas

CONCERTO DE MULLOVA COM ORQUESTRA DE MACAU (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as cem e as 350 patacas “CÍRCULO” (FAM) Edifício do Antigo Tribunal, 20h00 Bilhetes a 180 patacas

Diariamente

EXPOSIÇÃO “MACAU ID” (ALUNOS DA USJ) Fundação Rui Cunha (até 21/05) EXPOSIÇÃO “O SONHO DO PAVILHÃO VERMELHO”, DE ZHANG BIN Casa Garden (até 19/05) EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06) EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 12/06) EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin (até 20/06)

Cineteatro

C I N E M A

SALA 1

X-MEN: APOCALYPSE [C] Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 14.30, 16.40, 21.50

X-MEN: APOCALYPSE [C][3D] Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 19.15 SALA 2

MONEY MONSTER [C] Filme de: Jodie Foster

Com: George Clooney, Julia Roberts, Jack O’connell 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 90

PROBLEMA 91

UM LIVRO HOJE

SUDOKU

DE

“TOGETHER WE DANCE” (FESTA DA MDMA COM DJ JOHN-E) Pacha Macau, 22h00

“A ÚLTIMA GRAVAÇÃO DE KRAPP” (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as 150 e as 200 patacas

YUAN

1.22

TURISMO SEM ALMA

“CÍRCULO” (FAM) Edifício do Antigo Tribunal, 20h00 Bilhetes a 180 patacas

PALESTRA “O ENCANTO DOS EFEITOS SONOROS CINEMATOGRÁFICOS” Cinemateca Paixão, 15h00 Livre mas com reserva de lugares

0.22 AQUI HÁ GATO

“COUNTERCULTURE” (FESTA DA HI+TECH-TRIBE COM DJ SININHO) Sofitel Hotel, Ponte 16, 19h00 Bilhetes a 150 patacas com duas bebidas

MÚSICA “VIAGEM À ÚLTIMA FRONTEIRA” (FAM) Teatro Dom Pedro V, 20h00 Bilhetes entre as 150 e 180 patacas

(F)UTILIDADES

Todas as vezes que vejo turistas estrangeiros - não chineses - a visitar Macau, fico contente. Porque é bom saber que nem todos vêm a Macau só para comprar bolachas, carne de porco assado ou produtos cosméticos. Ou só comer um Chu Pah Pao e pastel de nata. Gostam mais de conhecer as verdadeiras faces da cidade e coisas especiais. Mas fico curioso sobre porque é que eles escolhem conhecer esta região tão pequena? Sei que muitos marcam viagens para Hong Kong e apenas passeiam um dia ou várias horas em Macau, muitos deles não conhecem sequer quais os sítios onde vale a pena ir. Então, perguntar aos trabalhadores do Turismo é essencial e importante. Mas assisti recentemente a uma cena que não pareceu muito agradável. Uma turista dos EUA chegou ao centro de informações de turismo, no Leal Senado, questionou uma funcionária sobre o que esta recomendava para visitar. Sem sorriso, sem olhar directamente para a turista, com a cabeça baixa, a funcionária foi verificar os mapas e deu-os à turista. A mulher queria que a funcionária lhe recomendasse um restaurante, pergunta normal para quem cá vem pela primeira vez. Mas, em vez de lhe perguntar “comida chinesa, portuguesa ou macaense”, a funcionária, com vergonha, respondeu que não podia recomendar nada porque isso era “um acto comercial”. Acredito que quando um turista vem cá, quer mais do que ver mapas e guias. Quer falar com as pessoas locais, quer também ser tratado amigavelmente e conseguir aquelas dicas que só os locais conhecem. Será que assim conseguimos ser um verdadeiro Centro Mundial de Turismo e Lazer, sem que os espaços sejam mesmo de lazer e as pessoas sejam hospitaleiras Pu Yi

“PRIMARY PERCEPTION: BIOCOMMUNICATION WITH PLANTS, LIVING FOODS, AND HUMAN CELLS” (CLEVE BACKSTER, 2003)

Escreveu apenas este livro mas vai ficar na história. Uns discordam mas muitos acham uma descoberta revolucionária: Cleve provou que as plantas sentem. Fundador do departamento de polígrafos da CIA no pós-guerra, um dia quis descobrir como as plantas reagiam a situações de stress e o resultado ainda hoje espanta: ao queimar uma folha da planta as agulhas do polígrafo, concebidas para detectar stress, dispararam. Publicado no Jornal Internacional de Parapsicologia em 1968, a polémica nunca mais acabou. Até “MythBusters” entrou na liça repetindo a experiência e chegando à conclusão que Cleve é capaz de estar certo. O livro reúne o conjunto das experiências do autor. Manuel Nunes

SALA 3

TERRA FORMARS [C] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Takashi Miike Com: Hideaki Itô, Tomohisa Yamashita, Shun Oguri 14.30, 16.30, 21.30

CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR Filme de: Anthony & Joe Russo Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Sebastian Stan 18.45

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 PUBLICIDADE

hoje macau quinta-feira 19.5.2016

Open Tender Notice Request for Proposal – MIA - Replacement of Ceiling and Flooring at Arrival Airside of Passenger Terminal Building (RFQ-228) 1.

Company: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM)

2.

Tendering method: Open tendering

3.

Objective: To select a Contractor for the replacement work of Ceiling and Flooring at Arrival Airside of Passenger Terminal Building at Macau International Airport.

4.

Request for tender documents: Tender Notice and Tender Document can be downloaded from the website www. camacau.com until 7 days prior to the deadline for submission of Bidders’ tenders. Please regularly check the website for any clarification or changes/ modification/ amendment in the Tender Document.

5.

Location and deadline for submission of Bidders’ tenders: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM) 4th Floor, CAM Office Building, Av. Wai Long, Taipa, Macau Before 12:00 noon on 24 June 2016 (Macau Time) The addressee of the tender shall be Mr. Deng Jun – Chairman of the Executive Committee. The tenders received after the stipulated date and time will not be accepted.

6.

CAM reserves the right to reject any tender in full or in part without stating any reasons. -END-


19 hoje macau quinta-feira 19.5.2016

OPINIÃO

bairro do oriente

Q

Ai de mim, que sou orgulhoso

UANTO mais anos me demoro por Macau – e tenho como quase garantido que estou aqui “radicado” – vou ficando cada vez mais chocado com o que vejo passar-se em Portugal, local onde me foi afixada a etiqueta de origem. O mesmo se passa cada vez que lá vou, e os intervalos de tempo em que isto acontece vão-se tornando maiores, também. Verdade seja dita, da última vez que lá estive deu-me mesmo a sensação que estaria... NUM PAÍS ESTRANGEIRO! UAH! AH! AH! Fora de brincadeiras, falando a sério. Não sei se acontece o mesmo com o leitor, mas aposto que pelo menos lhe saltam à vista algumas diferenças, nomeadamente no “toque”. Os empregados dos cafés, pastelarias e afins, por exemplo, e aproveito para abrir uma excepção para aqueles da restauração (pelo menos alguma), que na sua maioria são educados e respeitadores. Agora pensem como é aqui em Macau, quando vão lá tomar a bica e são atendidos pela “pina” da ordem, que vos pergunta quase a cantarolar “what do you wish, sir? ”. Mesmo que não tenha muito jeito para tirar cafés da máquina, ou traga a garrafa de água mineral já aberta para a mesa, a gente dá-lhe um desconto, lá está, pelo menos somos tratados como todo o Zé Pagante devia ser. Enquanto isso, em Portugal, não são raras as vezes que batemos de frente com um pinguim de avental, de mal com a vida, quem em alternativa a servir-nos, opta antes por nos “aturar”: - “Então vai ser o quê, diga lá”. - “Queria um folhado de salsicha, um sumol de...tem Sumol de limão”. - “O que temos é o que está à vista, e despache-se que não tenho o dia todo”. - “Ok, pronto, traga-me antes um copo de água”. - “Copos de água não temos, só copos com água. Nhe, nhe, nhe”. Nunca se cansam desta piada fatela, estes tristes, e nem vale a pena explicar que aqui “um copo de água” é entendido como uma medida. Deixem lá, é exactamente por ser assim que o gajo anda ali a fazer figura de imbecil. E não é só nos cafés, é claro, pois em quase tudo no dia-a-dia lá no “rectângulo” dou comigo de queixo caído de perplexidade, e acho que para me tornar num copinho de leite, tipo lorde inglês, já só me falta mesmo puxar de um monóculo e exclamar num carreegado sotaque “british”: “Say, I’d never”! Já vos contei aquela que me aconteceu uma vez no mini-mercado ao pé de casa? Fui comprar umas bebidas e uns “snacks”, e enquanto esperava pelo troco fui metendo os itens dentro dos sacos de plástico ao pé da caixa, quando de repente, e quando nada

JOSÉ COTTINELLI TELMO, A CANÇÃO DE LISBOA

LEOCARDO

o fazia prever, fui interrompido pela jovem caixista, que num misto de raiva e dores nos joanetes, arranca-me um dos sacos da mão e urra: “os sacos de plástico são 10 cêntimos cada!”. Que diabo, vejam lá, que venho eu de tão longe para roubar sacos de plástico, e nem a esse pequeno “plaisir” tenho direito. É o que dá, tantos anos a viver aqui, onde no início a passividade dos indígenas também nos causa alguma estranheza, dando-nos mesmo para sussurrar “inter pares” que os tipos de cá “têm sangue de barata”. E agora nós também, e se que lhe quiserem chamar isso, tudo bem, porreiro, eu antes prefiro pensar que cheguei aqui com uma casca dura,

que depois de uma temporada de molho, foi cuidadosamente escamada e substituída por uma outra. De seda. Sim, claro, modéstia à parte, porque não? Ainda no outro dia assisti num daqueles enlatados que a nossa RTP teima em pensar que “os emigrantes adoram”, a uma reportagem sobre um festival qualquer em Oliveira de Azeméis. Um festival qualquer mesmo, não me perguntem qual, pois o que me chamou a atenção mesmo foi a velocidade com que os populares se embruteciam ao ponto da humilhação quando se apercebiam da presença da televisão, acotovelando-se para se chegarem à frente e “mandar beijinhos”. Se fosse para

“Penso que os portugueses, e claro que não me excluo do lote, são um povo “orgulhoso”, se nos quisermos descrever numa palavra apenas. Mas a grande dúvida que subsiste é esta: orgulhoso, do quê, afinal?”

alguém longe, especialmente no estrangeiro, desatavam a chorar, a babar-se, em suma, não havia um fundo onde bater – era para a desgraça. E ai da jornalista (coitada...) que ignorasse um dos “beijoqueiros televisivos”, e não se pense que eram só senhoras de idade. Era um autêntico “tutti-frutti” rústico, como se aquela fosse a única oportunidade em toda uma vida para granjear os tais 15 minutos de fama de que Warhol falava. Sim, pela segunda semana consecutiva faço uma referência a Andy Warhol. Não estou com isto a renegar as minhas raízes, a trair a Pátria ou seja lá o que for que estão aí a pensar. Estou radicado, apenas, lembram-se? Sim, é grave e não tem cura, que tal terem pena de mim? Na verdade penso que os portugueses, e claro que não me excluo do lote, são um povo “orgulhoso”, se nos quisermos descrever numa palavra apenas. Mas a grande dúvida que subsiste é esta: orgulhoso, do quê, afinal?


Passou o tufão / ameaçou a rotinada calmaria. / Anunciado / depois / o seu regresso / de chuva e vento preenchido / tal não passou a tanta gente / de preocupação vulgar e indiferente / não foi um tufão de antigamente!” António Bondoso

De perseguidos a detidos Mais de mil refugiados retidos em centros há um ano

HELLO KITTY LAND AINDA SEM APROVAÇÃO

A

NGELA Leong, directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), diz que ainda não recebeu a aprovação do Governo para a construção do parque de diversões Hello Kitty Land. A também deputada disse ao Jornal do Cidadão que é urgente o Governo aprovar mais terrenos para o desenvolvimento das concessionárias, se quer que as receitas extra-jogo aumentem. “A planta da obra para o Hello Kitty Land ainda não foi aprovada pelo Governo desde há setes anos. Nos últimos sete anos quis criar e fazer muito com este parque temático, mas não pude”, referiu. Como noticiou a imprensa local a semana passada, o terreno do Hello Kitty Land situado na zona do Cotai, perto da Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, está cheio de lixo. Este é um dos 16 terrenos não aproveitados mas que não integram o âmbito da declaração de caducidade por falhas do Governo. Angela Leong diz que é necessária a aprovação da planta do projecto o mais breve possível, como forma de responder à necessidade de desenvolvimento. T.C./J.F.

M

AIS de mil refugiados continuam retidos em centros de detenção ou abrigos na Malásia, Tailândia e Indonésia um ano depois de ali desembarcarem após serem abandonados por traficantes no Oceano Índico, informam fontes oficiais. Dos 5.543 bengalis e rohingyas, minoria muçulmana birmanesa, que partiram no ano passado do Bangladesh e da Birmânia, 1.132 permaneciam, no final de Abril, nesses três países, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). A maioria dos que continuam retidos são rohingyas, minoria que foge de perseguição na Birmânia,

onde as autoridades não lhes reconhecem cidadania. Pelo menos 2.646 cidadãos do Bangladesh que durante Maio de 2015 desembarcaram na Malásia, Tailândia, Indonésia e Birmânia foram repatriados, indicou a OIM no seu último relatório. O maior contingente deste grupo de imigrantes ilegais encontra-se na Malásia, onde permanece o regime de detenção de 456 dos 1.107 que chegaram em duas embarcações. Na Indonésia, onde chegaram 1.807 imigrantes, 285 estão alojados em cinco campos de refugiados nas províncias de Aceh e Sumatra do Norte, ambas a norte da ilha de Sumatra.

Na Tailândia, a OIM indicou que assiste 372 rohingya e 19 bengalis, 58% dos quais são mulheres e crianças, que estão em diferentes centros de detenção. Os imigrantes ilegais chegaram a terra em Maio de 2015 após serem abandonados em alto mar por máfias, pressionadas por uma campanha contra o tráfico de pessoas na Tailândia e na Malásia. A operação foi desencadeada após terem sido encontradas valas comuns e campos clandestinos na selva que faz fronteira entre os dois países, onde os traficantes retinham os imigrantes até estes pagarem para poderem chegar à Malásia, o seu destino final.

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Quase 60% dos infractores da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo eram residentes, enquanto que apenas 35,7% dos infractores foram turistas. Apenas 4,5% dos infractores foram cometidos por trabalhadores não residentes. Os números dizem respeito aos primeiros três meses do ano e foram divulgados ontem pelos Serviços de Saúde. Entre Janeiro e Março foram realizadas mais de 113 mil inspecções a estabelecimentos. Um total de 102 casos de infracções obrigou à intervenção das Forças de Segurança. Desde a implementação da lei, em 2012, que mais de 30 mil pessoas foram multadas. De Janeiro a Março, foram 2500 as acusações.

DECISÃO DO TSI NÃO AGRADA À AAM

PROFESSOR DA UM DISTINGUIDO

desculpa nenhuma: tem de ser punido como os outros. Pode é estar numa situação em que detecta ou descubra o crime. Isso não é sério, não é honesto e não é próprio de um Estado de Direito”, disse à margem da conferência de imprensa de apresentação das actividades do Dia do Advogado, data assinalada entre esta sexta-feira e domingo. Já o director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), Paulo Chan, defendeu que a introdução da figura do “agente provocador” no sistema jurídico do Jogo “não

vai instigar a prática de crime”. Dois advogados ouvidos pelo HM na semana passada mostraram-se preocupados com que a medida, por poder provocar a prática do crime, falando de dificuldades de implementação. Mas Chan discorda. “É absolutamente impossível instigar uma pessoa que não tenha intenção de praticar o crime. Não podemos abordar as apostas ilícitas de propósito a alguém mas podemos fazê-lo a quem se mostre activo a fazê-las. Não vejo qualquer injustiça neste caso”, disse Paulo Chan ao programa Macau Talk da TDM.

Brian Hall, professor do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau (UM), vai receber o prémio jovem investigador da International Union of Psychological Science (IUPsyS). Segundo um comunicado da UM, Brian Hall será o segundo académico distinguido com este prémio. UM

presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), Jorge Neto Valente, não se mostrou muito favorável à criação da figura do “agente provocador” para combater apostas ilegais no sector do Jogo, algo proposto no último relatório de revisão intercalar do Jogo. Segundo a Rádio Macau, Neto Valente disse que é preciso ter “muito cuidado” com a implementação dessa medida. “É preciso ter muito cuidado com a linguagem. Se é agente provocador, não pode provocar o crime, nem ser parte do crime. Se fizer isso, não tem

RESIDENTES NÃO RESPEITAM PROIBIÇÃO DE FUMAR

A decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI) sobre a obrigação de admissão para exame da Associação de Advogados de Macau (AAM) de um licenciado em Direito de uma universidade chinesa é “profundamente errada”, considerou ontem Neto Valente, presidente da Associação à rádio Macau. “A pessoa em causa tirou o curso em três anos porque é muito inteligente. Até podia ter tirado em seis meses; é igual – o que não estudou foi Direito de Macau. A decisão é errada, profundamente errada. Mas não temos outro remédio se não cumprir as decisões dos tribunais”.

JUSTIÇA NETO VALENTE DISCORDA DE “AGENTE PROVOCADOR”

O

quinta-feira 19.5.2016


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