Hoje Macau 19 MAI 2020 # 4528

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TERÇA-FEIRA 19 DE MAIO DE 2020 • ANO XIX • Nº4528

MOP$10 PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

ZHUHAI

CERTIFICADOS MANIPULADOS RÓMULO SANTOS

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SUBSÍDIOS

PORTUGAL

SAÚDE COM REGRAS

OS OITO RETORNADOS

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hojemacau

Minha triste casinha Os telhados de zinco há muito que fazem parte da paisagem urbana de Macau. Gente dos mais variados contextos sociais habita em estruturas ilegais e sem condições para enfrentar as diferenças de temperatura ou resistir aos tufões que anualmente assolam o território.

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GRANDE PLANO


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19.5.2020 terça-feira

HABITAÇÃO

MORADORES DO É RÓMULO SANTOS

o primeiro andar a partir do céu, mas não é o paraíso. E os lances de escadas com corrimões pintados a vermelho e amarelo não culminam num terraço onde se servem cocktails. As paredes construídas ilegalmente no topo do edifício albergam sete pessoas que vivem entre extremos de temperaturas. A entrada dá directamente para a sala, um espaço aberto tanto pela dimensão, como pela ausência de janelas. A brisa fresca do meio da manhã vai gradualmente dando lugar ao calor abafado típico de Macau. Ainda assim, as ventoinhas espalhadas pela divisão estão desligadas. A sombra do espaço de convívio é providenciada pelo telhado improvisado, feito de zinco, e o terraço é denunciado pela tijoleira laranja que preenche o chão. Há tudo o que é preciso para uma casa funcionar, excepto o isolamento térmico. Iris (nome fictício), reconhece que o espaço é demasiado quente no Verão, e demasiado frio no Inverno. Descreve como “no Inverno passado não podia ficar aqui (na sala) por causa do vento, por não haver protecção. Depois do trabalho ia diretamente para o quarto”. Em todo o caso, as 12 horas que passa a trabalhar como empregada doméstica – ou “gerente em casa” como descreve de forma bem-humorada – não lhe dava tempo para ficar na sala. O cansaço levava a melhor depois da jornada laboral e do esforço de subir vários andares sem elevador. Apesar de a protecção do quarto ser maior, não é um abrigo com a solidez necessária para se ter uma noite de sono descansada. Iris dorme no beliche de cima numa divisão onde vivem quatro pessoas. Por cima dela devia estar apenas o tecto, mas os dias de chuva obrigaram ao reforço com uma camada de plástico para proteger o colchão onde dorme. As 4500 patacas que recebe são já a contar com o subsídio de alojamento, definido em 500 patacas mensais. Valor que não chega para pagar uma cama. Ter o próprio quarto e privacidade que isso permite é uma vontade ainda mais distante de satisfazer em Macau. “Agora tenho de partilhar, porque não consigo pagar a renda de um quarto, que é

cerca de 3.500 patacas (...). É preciso fazer sacrifícios”, conclui. “É muito difícil trabalhar arduamente e depois o salário ser demaHOJE MACAU

Além do skyline luminoso dos casinos e hotéis, a vista panorâmica em altitude de Macau revela um mar de telhados de zinco de casas construídas ilegalmente nos terraços de prédios, onde vivem pessoas de contextos diferentes. Apesar de convenientes, as estruturas nem sempre estão preparadas para lidar com variações de temperatura e tufões. Iris (nome fictício) e Ricardo partilharam com o HM como é viver mais perto das nuvens

RELATOS DE QUEM VIVE EM CASAS CONSTRUÍDAS EM TERRAÇOS

siado pequeno”, lamenta. Do magro salário que recebe consegue enviar cerca de mil patacas para casa. Mas defende que a remuneração “não é

“No Inverno passado não podia ficar aqui (na sala) por causa do vento, por não haver protecção. Depois do trabalho ia directamente para o quarto.” ÍRIS (NOME FICTÍCIO) EMPREGADA DOMÉSTICA

suficiente”. “Tentamos guardar algum dinheiro para nós, mas às vezes não resta nada. Também é preciso comprar roupa, e especialmente comida. Sem comida não há força para trabalhar”, descreve.

LEVADO PELO HATO

“Dei um encontrão e qual não foi o espanto quando abro a porta e olho para aquilo que seria o meu tecto… e vi o céu”. As palavras são de Ricardo Pereira, um português que viveu quatro dos 10 anos que esteve em Macau numa casa ilegal, até ter sido forçado a mudar por culpa do tufão Hato. A decisão de se mudar para uma habitação ilegal surgiu dois anos depois de chegar a Macau, motivada


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terça-feira 19.5.2020

RÉS-DO-CÉU pela vontade de ter o seu próprio espaço e poupar algumas patacas. O cenário, típico. O intermediário, contra todas as expectativas, uma agência imobiliária. O preço, 2.800 patacas mensais, praticamente menos mil do que pagava quando dividia casa. Como tantas outras que podem ser identificadas a olho nu a partir de qualquer ponto com vista privilegiado sobre Macau, a casa onde Ricardo Pereira viveu era protegida por um tecto de zinco e suportada por paredes plantadas no terraço de um edifício de quatro andares. O falso quinto andar do edifício situado perto da Escola Portuguesa de Macau “não estava propriamente em condições”, conta Ricardo. No entanto, apesar de admitir que “o

barato às vezes sai caro”, o português referiu que não existia nada que o incomodasse particularmente. O preço que pagava “era quase como viver de borla”. “Eventualmente, se não fosse o tufão [Hato], ainda lá tinha ficado, mas há males que vêm por bem. A casa era bastante quente no Verão e fria no Inverno. No Verão, apesar de ter ar condicionado, quando o sol batia na chapa de zinco, não se podia estar lá dentro e o aparelho demorava até fazer efeito. No Inverno, era bastante frio porque o vento entrava pelas frestas. O material não era o melhor e era impossível fugir dos ratos e das baratas”, conta Ricardo Pereira. O dia em que o Hato decidiu entrar-lhe casa adentro, sem pedir

TRATO CLANDESTINO

Iris trabalhou em Hong Kong durante o tempo que uma pessoa demora a atingir a maioridade. Passados 18 anos, regressou ao país de origem,

“Foi como se entrasse um camião pela casa adentro. Com a pressão do vento, as janelas que já estavam a abanar acabaram por sair do sítio e o tufão entrou e levou tudo à frente… foi uma questão de 30 ou 45 segundos.” RICARDO PEREIRA PROFESSOR

até que decidiu procurar trabalho em Macau. Uma emigração motivada pelas dificuldades para encontrar trabalho nas Filipinas e pela vontade de ajudar a família. Uma pessoa amiga falou-lhe da casa, mas originalmente o espaço foi encontrado para arrendar num anúncio online, que permitiu poupar o mês de renda que habitualmente se paga à agência imobiliária. Para efeitos oficiais, Iris dá como morada outro andar do mesmo prédio. O fenómeno não é recente e levou o Governo a criar uma equipa de combate às construções ilegais, HOJE MACAU

licença, começou de forma branda e sem deixar pistas do que vinha aí. Afinal de contas, outros tufões tinham já lá passado em anos anteriores e a casa ficou sempre de pé. Eram 8h30 da manhã, quando a mulher de Ricardo Pereira, que, entretanto, passou a viver com ele, chegou a casa vinda do trabalho. O tufão estava no nível 3 e havia ordem para não sair de casa. “Sabíamos que ia ser uma coisa forte, mas não achávamos que fosse o suficiente para acontecer o que aconteceu. Eram aí umas 11 da manhã quando o vento começou efectivamente a ficar mais forte. O telhado começou a abanar e as janelas a querer saltar do sítio”, conta. Tentando conter a força do vento com as próprias mãos, segurando como podiam as janelas da habitação, rapidamente a situação ficou fora de controlo quando o vento finalmente encontrou forma de entrar. “Foi simplesmente como se entrasse um camião pela casa adentro. Com a pressão do vento, as janelas que já estavam a abanar acabaram por sair do sítio e o tufão entrou e levou tudo à frente… foi uma questão de 30 ou 45 segundos. Só tive tempo de agarrar na minha mulher e no portátil que por acaso estava ali à mão e fugimos para as escadas”. Quase três horas depois, quando o tufão finalmente deu sinais de abrandar, o casal decide subir os degraus para regressar à habitação. Depois de meter a chave na fechadura, o peso do entulho acumulado dificultou a entrada em casa. Por fim, quando a porta abriu, à força, havia apenas o céu. O prédio voltava a ter quatro andares. “O facto de a minha casa ter ido ao ar durante o Hato é uma coisa perfeitamente normal, pois havia construções bem mais sólidas que foram destruídas também”, referiu Ricardo Pereira. Vale a pena lembrar que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos preveem que este ano haja quatro a seis tempestades tropicais a passar a menos de 800 quilómetros do território, com alguma a poder chegar ao nível de tufão severo ou super tufão.

“Não consigo pagar a renda de um quarto, que é cerca de 3.500 patacas (...). É preciso fazer sacrifícios. É muito difícil trabalhar arduamente e depois o salário ser demasiado pequeno.” ÍRIS (NOME FICTÍCIO) EMPREGADA DOMÉSTICA

o “Grupo Permanente de Trabalho Interdepartamental para Demolição e Desocupação das Obras Ilegais”. Integrado na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), o grupo faz inspecções e indica como casos prioritários as obras mais recentes, de renovação e aquelas que “impedem as operações de salvamento dos bombeiros ou constituam perigo para a salubridade pública ou coloquem em risco a vida e os bens das pessoas”. A viver actualmente no Vietname, Ricardo Pereira recorda como acabou a morar numa habitação ilegal em Macau. Tudo começou online, num anúncio publicado por uma agência imobiliária, que prontamente destacou um colaborador para mostrar o espaço. Quanto ao proprietário, nunca foi visto e os pagamentos eram feitos através de depósito bancário. “Em quatro anos, nunca sequer vi ou tive uma relação directa com o dono. Tudo o que eu precisava foi feito através da agência imobiliária que foi quem fez sempre a ligação com o dono, que nunca lá foi. Nem sei quem era. Tinha apenas um papel com o nome e o número da conta. Ao fim de cada mês, apresentava o papel e o dinheiro e a renda era depositada”, conta. Ainda abrigados nas escadas do edifício, enquanto esperavam que o tufão tratasse de reduzir a sua casa a vento, o casal ligou para a agência imobiliária. Do outro lado, ficou a garantia de transmitir ao dono o que se estava a passar e que tudo seria resolvido. Apesar de ainda hoje estar na dúvida “se terá sido de boa-fé ou por receio de queixa” por se tratar de uma habitação ilegal, a verdade é que tudo o que ficou destruído foi pago e, desde logo, assegurado novo alojamento. “O dono pediu-me para fazer uma lista das coisas que foram destruídas (...) e pagou-me tudo. Além disso, enquanto não me arranjou sítio para viver ficámos três dias num hotel. Depois disso, arranjou-me outra casa no mesmo prédio e ainda me deu dois meses de renda de borla”. Cerca de um ano depois, explica o português que continuou a viver no mesmo edifício, foi afixada uma ordem de demolição da DSSOPT para remover a habitação ilegal (ou o que restava dela) estabelecendo um prazo para o efeito. Caso contrário seria o próprio Governo a fazer a demolição, apresentando posteriormente as despesas ao dono. O proprietário acabou por remover tudo e o terraço voltou à forma inicial. Mas não por muito tempo. Segundo Ricardo Pereira, um amigo que vive em Macau e com quem mantém contacto, contou-lhe que uma casa com tecto de zinco voltou a nascer no terraço onde viveu. Salomé Fernandes e Pedro Arede info@hojemacau.com.mo


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19.5.2020 terça-feira

(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)

TOP 20 DOS PAÍSES

COM MAIS CASOS (total cumulativo)

EUA Rússia Espanha Brasil Reino Unido Itália França Alemanha Turquia Irão Índia Peru China Canadá Arábia Saudita Bélgica México Holanda Chile Paquistão

1529144 290678 277719 244052 243695 225435 179569 176807 149435 122492 96492 92273 82954 77002 57345 55559 49219 44141 43781 42125

PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)

Portugal 29209 Brasil 244052 Moçambique 137 (total cumulativo) Angola 48 Guiné-Bissau 990 Timor-Leste 24 Cabo Verde 328 São Tomé e Principe

235

PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)

China China | Macau China | Hong Kong China | Taiwan Coreia do Sul Japão Vietname Laos Cambodja Tailândia Filipinas Myanmar Malásia Indonésia Singapura

82954 45 1056 440 11065 16285 324 19 122 3031 12718 187 6941 18010 28343

Borneo

141

4833350 317223 1871816 Infectactos (total cumulativo)

Mortos

Curados

Alvis Lo, médico no Hospital Conde São Januário“As autoridades [de Zhuhai] afirmam que as fotos que foram postas a circular são falsificadas e que não correspondem às instalações do hospital.”

ZHUHAI AUTORIDADES NEGAM VENDA DE CERTIFICADOS DE SAÚDE FALSOS

É tudo mentira

Imagens manipuladas que nem foram captadas no Hospital de Zhuhai. Foi desta forma, e com base nos relatos à imprensa do Interior, que Alvis Lo respondeu à alegada venda de certificados de saúde falsos no outro lado da fronteira

A

S autoridades de Zhuhai negam a existência de venda de certificados de saúde com resultados negativos para entrar na RAEM, ao contrário do que foi noticiado e partilhado nas redes sociais no domingo. Os responsáveis da cidade vizinha abordaram o caso e negaram a sua veracidade falando de manipulação de imagens, de acordo com Alvis Lo, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário. “Hoje na imprensa do Interior e de Macau, as autoridades de Zhuhai reagiram a essas informações e a desmentirem a situação. O Hospital de Zhuhai fez uma inspecção e não detectou nenhuma venda de

certidões”, disse Alvis Lo. “As autoridades também afirmam que as fotos que foram postas a circular são falsificadas e que não correspondem às instalações do hospital”, acrescentou. Por outro lado, o representante do Governo de Macau apelou à população para denunciar às autoridades locais e do Interior qualquer situação de certificados falsos. “Aconselhamos os cidadãos a utilizarem os meios disponíveis para denúncias. Até podem reflectir estas denúncias às autoridades de Zhuhai e ao Hospital. Se houver queixas, eles vão inspeccionar”, aconselhou. Na mesma ocasião, o médico negou ainda a possibilidade de os residentes de Zhuhai virem a

Macau só para fazerem os testes de ácido nucleico. “Não há visitantes que vêm só para fazer os testes, eles vêm devido às suas necessidades. Os tipos de testes são iguais”, sustentou.

EDUCAÇÃO MAIS TEÓRICA

Na conferência diária do Executivo sobre a covid-19, Leong I On, chefe de Divisão de Ensino Secundário e Técnico-Profissional da Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), recordou que as aulas para os alunos do quarto ao sexto anos recomeçam as aulas na próxima semana, mas pediu à população para não se preocupar com o aumento de pessoas a atravessar diariamente a fronteira. “Há muitas pessoas preocupadas com

os estudantes transfronteiriços. São mais de 3 mil alunos, mas com o apoio das autoridades do Interior e dos Serviços de Saúde de Macau já todos foram encaminhados para fazer o teste do ácido nucleico”, explicou Leong I On. Entre o número apontado de estudantes que vão atravessar diariamente a fronteira, 583 são do ensino nuclear complementar, 647 do ensino secundário geral e 731 do ensino primário. Ainda no que diz respeito ao regresso à escola, o responsável da DSEJ afirmou que, neste momento, não é recomendada a utilização de máscara para as aulas de educação física, mas que se pede às escolas que apostem principalmente no exercício em casa. “Em relação às aulas pós-epidemia aconselhamos as escolas a focarem-se principalmente na teoria, que ensinem os estudantes a fazer exercício em casa e que leccionem conteúdos sobre a prevenção da covid-19”, reconheceu. Finalmente, em relação ao facto de algumas escolas não fornecerem almoços aos alunos, Leong I On pediu compreensão, afirmou que as decisões são tomadas com base nas orientações da DSEJ e garantiu que os estudantes terão tempo suficiente para almoçar fora das escolas. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


política 5

terça-feira 19.5.2020

SUBSÍDIOS ESTABELECIDAS REGRAS DO APOIO PARA SEGURO DE SAÚDE NO INTERIOR

Segurança nacional

As regras do subsídio para o pagamento do seguro de saúde disponível para alguns residentes de Macau que vivem no Interior da China estão definidas. O apoio pode ir até 490 patacas no caso de idosos e portadores de deficiência

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ORAM oficializadas as regras do programa de subsídio para seguro de saúde de residentes de Macau que vivem no Interior da China. De momento, os requerentes têm necessariamente de viver em Zhuhai, mas o regulamento, publicado ontem em Boletim Oficial, deixa a porta aberta para que no futuro sejam abrangidos residentes que vivam noutras regiões. São abrangidos como beneficiários do subsídio os residentes da RAEM que sejam idosos, crianças até 10 anos, alunos do ensino primário e secundário ou portadores de deficiência. De acordo com o regulamento, têm de viver em “determinadas zonas do Interior da China”, aderido ao seguro básico de saúde dessas regiões e ter a autorização de residência no Interior da China para residentes de Hong Kong e Macau. “As zonas do Interior da China referidas no número anterior são definidas por despacho do Chefe do Executivo”, determina a publicação em Boletim Oficial. Para idosos e portadores de deficiência o apoio é de 490 patacas, enquanto que crianças e estudantes podem beneficiar de um montante de 220 patacas.

O subsídio do seguro de saúde é atribuído anualmente, e os requerentes têm de ter pago o prémio do seguro. Entende-se que o regulamento produz efeito desde 1 de Janeiro de 2020.

EXPERIÊNCIA NA MONTANHA

Em Julho do ano passado, foi lançado um programa piloto em Hengqin para ajudar os residentes de Macau no acesso sem obstáculos ao sistema de seguro básico de saúde do Interior da China. No caso deste programa, os processos que se encontrem pendentes continuam a reger-se pelo regulamento aprovado no ano passado. Desde então, passou a ser permitida também a adesão ao seguro básico de saúde em Zhuhai. Desde o dia 1 de Janeiro que os residentes de Macau podem beneficiar do sistema de seguro, com o financiamento necessário a ser suportado de forma pelo Governo de Zhuhai e pelo próprio residente. O “programa do subsídio para seguro de saúde dos residentes da Região Administrativa Especial de Macau no Interior da China” agora aprovado tem como objectivo ajudar no pagamento individual. Para idosos e portadores de deficiência o apoio é de 490 patacas, enquanto que crianças e estudantes podem beneficiar de um montante de 220 patacas

Seguros de terem dúvidas

Deputados pedem critérios para taxa de fiscalização paga pelas seguradoras

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AIS de um ano depois da última reunião, as alterações ao regime jurídico sobre a actividade das seguradoras e resseguradoras voltaram ontem à análise da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. Está previsto que a taxa de fiscalização destas empresas passe a variar entre 30 mil e um milhão de patacas, e os membros da comissão querem que o Governo defina como se vai fixar a taxa para cada seguradora. Actualmente, as seguradoras e resseguradoras pagam anualmente uma taxa de fiscalização entre vinte mil patacas e cem

mil patacas. O Executivo quer aumentar este valor, mas permanece incerto como o valor vai ser calculado. “A comissão pretende saber como o Governo vai fixar esta taxa de fiscalização para cada seguradora. (...) Alguns membros perguntaram se é necessário definir alguns critérios para a AMCM (Autoridade Monetária de Macau) fixar a taxa de fiscalização a pagar”, explicou Vong Hin Fai, presidente da Comissão. De acordo com o presidente da comissão, o Governo explicou que, de momento, cada seguradora paga à Autoridade Monetária de Macau (AMCM) 30 mil patacas,

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outro factor a gerar dúvidas. Note-se que o organismo tem poder discricionário para fixar a taxa. “Porque é que a taxa de fiscalização é igual para todas as seguradoras? É diferente da taxa de licenciamento. Ou seja, temos de ter em conta o volume de negócios de cada seguradora, de apólices da seguradora, e a situação de exploração. Alguns membros da comissão entenderam que quando os volumes de negócios são mais elevados, então a taxa de fiscalização deve ser maior”, descreveu. E frisou que o objectivo dos deputados é a fixação de critérios. Da parte do

Salomé Fernandes

info@hojemacau.com.mo

Governo, ficou apenas a indicação de que vai estudar o assunto.

SABER OUVIR

A proposta de lei sugere também mudar a definição de mediação de seguros.Alguns dos membros da comissão apontaram que os agentes de seguros e operadores do sector queriam saber o impacto desta alteração junto deles. O Governo respondeu que depois de se alterar o decreto de lei sobre as seguradoras o próximo passo é alterar o regime que regula a actividade de mediação de seguros. Mas ficou um aviso: “a comissão alertou para que o Governo ouça também as opiniões do sector”. S.F.

APN Ho Iat Seng em Pequim entre amanhã e sexta-feira

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng parte amanhã para Pequim para assistir à abertura da Terceira Sessão da 13ª Assembleia Popular Nacional. Segundo uma nota divulgada ontem, durante o evento que será realizado na sexta-feira, Ho Iat Seng será acompanhado pela chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, Hoi Lai Fong. “No período de ausência de Ho Iat Seng do território, será o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, a exercer, interinamente, as funções de Chefe do Executivo”, consta ainda na nota oficial.

IPIM LAU WAI MENG ELOGIA FUTURA EQUIPA SEM REVELAR PRIORIDADES

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AU Wai Meng, o futuro presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) teceu ontem elogios ao profissionalismo da equipa que vai dirigir. Segundo a informação avançada pela TDM - Rádio Macau, Lau Wai Meng não avançou, contudo, pormenores sobre as prioridades do mandato que irá iniciar no final do mês. De acordo com a mesma fonte, em declarações proferidas após participar no programa “Fórum Macau” da Ou Mun Tin Toi, o ainda subdirector dos Serviços de Economia afirmou que a equipa do IPIM “é muito enérgica e muito profissional” e que não espera encontrar dificuldades de comunicação. “O que temos de fazer é implementar em pleno as Linhas de Acção Governativa, nos próximos anos”, acrescentou. No programa propriamente dito, Lau Wai Meng revelou que, fruto do apoio às pequenas e médias empresas lançado pelo Governo em 2013, apenas 9 por cento das mais de 13.300 organizações apoiadas acabaram por fechar portas. Já durante a crise originada pelo novo tipo de coronavírus, foram 25 as empresas que encerraram depois de terem beneficiado do plano de apoio. Lau Wai Meng vai assumir o cargo de presidente do IPIM em substituição de Irene Lau. P.A.


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HABITAÇÃO VENDA DE IMÓVEIS CAI NO PRIMEIRO TRIMESTRE

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O primeiro trimestre de 2020 foram transaccionadas 1.455 fracções autónomas e lugares de estacionamento, no valor de 7,89 mil milhões de patacas. Os resultados, divulgados ontem pelos Serviços de Estatística e Censos, atestam ainda que, relativamente ao trimestre anterior, a queda foi de 43,4 por cento. O preço médio por metro quadrado das fracções autónomas destinadas à habitação fixou-se em 100.332 patacas, tendo diminuído 4,0 por cento, em termos trimestrais. Os preços médios por metro quadrado na Península de Macau (97.909 patacas), na Taipa (97.847 patacas) e Coloane (123.212 patacas) caíram 2,1 por cento, 11,5 por cento e 2,9 por cento, respectivamente. A trajectória descendente continuou em Abril. Segundo dados publicados ontem pelos Serviços de Finanças, foram transaccionados um total de 443 fracções destinadas à habitação, uma queda de 43,7 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, altura em que foram negociados 787 imóveis. Os dados dos Serviços de Finanças revelam ainda que o preço médio do metro quadrado em Abril decresceu em todo o território, fixando-se em 97,815 patacas. Em Abril de 2019, o preço médio do metro quadrado era de 107,430 patacas. Segundo os Serviços de Finanças, a península de Macau foi o lugar que registou maior número de transações (345), seguindo-se a Taipa (82) e Coloane (16).

Macau solidário Comunidade lusa oferece 25 mil fatos de protecção

A comunidade portuguesa em Macau vai enviar 25 mil fatos de protecção para hospitais portugueses, adquiridos com o montante angariado na campanha solidária realizada entre Março e Abril. O material entregue na representação diplomática de Portugal na China foi adquirido pelo montante de 4,8 milhões de patacas de acordo com um comunicado publicado na página de Facebook da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa de Macau. A campanha Covid-19 - Portugal Conta Solidariedade para os profissionais de saúde dos hospitais portugueses, resultou na angariação de mais de 4,66 milhões de patacas, “tendo o Banco Nacional Ultramarino [BNU] doado o montante em falta”, pode ler-se no comunicado. O material, que inclui 1,25 milhões de máscaras angariadas durante a campanha, foi adquirido a uma empresa chinesa e entregue no final da semana passada no centro logístico da Embaixada de Portugal em Pequim.

19.5.2020 terça-feira

PORTUGAL OITO COM ISENÇÃO DE QUARENTENA JÁ REGRESSARAM AO PAÍS

Licença para voltar De um total de 19 pedidos de ajuda enviados por cidadãos portugueses que pretendem voltar a Portugal, foi concedida isenção de quarentena em Hong Kong a oito pessoas que, entretanto, já estão em Portugal. Numa resposta enviada ao HM, o consulado fala num “processo complexo e moroso”

assinada por Paulo Cunha Alves, o Consulado Geral de Portugal esclareceu “não estar em curso uma operação geral de repatriamento de cidadãos portugueses” e que a isenção da obrigatoriedade de cumprir quarentena apenas poderá ser concedida “a título excepcional, e com base em argumentos devidamente fundamentados e documentados”. “Tal poderá acontecer quando o viajante apresentar, individualmente, razões de ordem humanitária, razões de saúde ou razões que sirvam o interesse público de Hong Kong. A isenção será baseada em necessidades genuínas e urgentes que devem ser devidamente justificadas”, detalha o comunicado divulgado na altura. O HM tentou apurar junto do consulado quais as razões que validaram a atribuição de isenções nos oitos casos referidos, mas a informação não pôde ser avançada “por razões de protecção de dados pessoais e de privacidade”.

PROCESSO COMPLEXO

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O total, oito portugueses que estavam em Macau e apresentaram pedidos de ajuda para regressar a Portugal, já conseguiram voltar ao país, depois de lhes ter sido concedida uma isenção de quarentena em Hong Kong. De acordo com dados enviados ontem ao HM, foram submetidos um total de 19 pedidos de ajuda ao Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, tendo sido concedidas menos de metade das autorizações de isenção. “Foi concedida isenção de quarentena a oito casos. Oito pessoas

regressaram a Portugal nas últimas semanas”, esclareceu por escrito o Consulado Geral de Portugal. Após a revelação, é possível constatar que o número de pedidos tem vindo a aumentar, desde que o tema foi abordado por Inês Chan, dos Serviços de Turismo, durante a conferência de imprensa diária sobre a covid-19. Assim, desde 4 de Maio até ao dia de ontem, e tendo em conta que os dados da responsável do Governo diziam respeito a pedidos de ajuda recebidos pelo Gabinete de Gestão de Crises de Turismo, o número de cidadãos portugueses

que pretendiam voltar a Portugal subiu de cinco para 19. Recorde-se que numa nota oficial emitida no dia seguinte e

“Foi concedida isenção de quarentena a oito casos. Oito pessoas regressaram a Portugal nas últimas semanas.” CONSULADO GERAL DE PORTUGAL EM MACAU E HONG KONG

Questionado acerca da articulação com as autoridades de Hong Kong, o Consulado Geral de Portugal respondeu que tudo tem corrido bem, embora se trate de “um processo complexo e moroso, que envolve também coordenação com as autoridades da RAEM”. Recorde-se que o panorama fronteiriço pode mudar a breve trecho, já que, recentemente, a Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, revelou ao jornal Ta Kung Pao que os Governos de Macau e de Hong Kong estão a negociar o levantamento de algumas das restrições de viagens entre as duas regiões e também com o Interior da China. Desde o dia 24 de Março que Hong Kong impõe a realização de uma quarentena obrigatória à entrada do território, pela via terrestre ou através do Aeroporto Internacional de Hong Kong, incluindo os detentores de BIR da RAEM. Pedro Arede

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RESIDÊNCIAS UM VAI DEVOLVER VALOR RELATIVO AO SEGUNDO SEMESTRE

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Universidade de Macau anunciou ontem de manhã que vai proceder à devolução do valor das residências universitárias relativas ao segundo semestre, noticiou o portal noticioso estudantil “Orange Post”. À excepção dos alunos que fiquem alojados durante todo o semestre, os que regressaram a casa até 28 de Janeiro só vão precisar

de pagar 22 noites desse mês, correspondentes ao período entre os dias 6 e 28. O restante valor do custo do alojamento vai ser devolvido a partir de Junho. Para os estudantes que não fiquem nas residências no segundo semestre do ano lectivo 2019/2020, mas que continuem a viver nas residências no próximo

semestre, a taxa de devolução vai ser usada para subtrair aos custos de alojamento do próximo semestre. Note-se que a taxa diária de um quarto é de 51 patacas para estudantes locais, 84 patacas para alunos do exterior e 97 para estudantes de intercâmbio. Em Abril, a Associação de Estudantes da universidade tinha mos-

trado descontentamento relativamente à ausência de dispensa de propinas, tendo em conta que as aulas se deram através de

plataformas online e não foram usadas as instalações escolares. Na altura, a instituição de ensino superior indicou que o valor das propinas se ia manter, mas que o custo do alojamento seria calculado com base no tempo real que os estudantes tinham permanecido.


sociedade 7

terça-feira 19.5.2020

DROGA DESCOBERTO CASO DE TRÁFICO POR ENCOMENDAS ONLINE

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MA investigação que teve início no mês passado culminou na apreensão de 12,5 gramas de ice, no valor de 41 mil patacas. A Polícia Judiciária (PJ) indica que no dia 4 de Abril recebeu informações das autoridades da China Continental que

motivaram a investigação e vigilância de uma encomenda suspeita enviada por uma companhia de correio rápido do Interior da China para uma empresa de recepção de encomendas de Macau. No dia 6 de Abril, uma residente local deslocou-se

aos cacifos automáticos da empresa em causa, na zona daAvenidaAlmeida Ribeiro, para levantar a encomenda. A metanfetamina foi descoberta dentro da encomenda e no seu domicilio, quando a mulher foi interceptada no regresso a casa. A detida

confessou ter encomendado droga por diversas vezes através de uma aplicação no telemóvel. O namorado da suspeita acabou por também ser capturado pela PJ. O teste toxicológico feito aos dois só deu positivo num deles.

Os dois detidos foram encaminhados para o Ministério Público, por crimes que envolvem tráfico e consumo ilícitos de estupefacientes e de substancias psicotrópicas. Ainda decorrem investigações sobre a origem da droga.

CRIME USO DE DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO ALHEIOS AUMENTA MAIS DE 100 POR CENTO

A nova criminalidade No primeiro trimestre deste ano a criminalidade sofreu, no geral, uma grande quebra. O impacto do fecho das fronteiras e das medidas de confinamento foi tão grande no sector do jogo que o Governo não avaliou o impacto da indústria na segurança pública do território. Há, no entanto, um crime que se destaca: o uso de documento de identificação alheio, com um aumento de 152,9 por cento face a 2019

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S medidas de confinamento e de encerramento das fronteiras devido ao surto de covid-19 trouxeram números relativos à criminalidade do primeiro trimestre nunca antes vistos. Os dados ontem revelados mostram uma quebra de 28,3 por cento no número de casos de inquérito criminal instaurados nos primeiros três meses do ano. São menos 952 casos face a igual período de 2019. Os números foram revelados através de um comunicado, uma vez que, devido à pandemia, o gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, não realizou a habitual conferência de imprensa. Apesar da ocorrência de menos crimes, o uso de documento de identificação alheio teve um aumento significativo de 152,9 por cento, com a ocorrência de 43 casos no primeiro trimestre por oposição aos 17 do ano passado. Outro crime a registar um aumento, embora ligeiro, foi o de tráfico de droga de Hong Kong para Macau, com a ocorrência de mais dois casos face a 2019. No total, registaram-se nos primeiros três meses do ano 79 casos, o que corresponde a mais 2,6 por cento. O aumento da criminalidade também se verificou ns casos de excesso de permanência relativos a pessoas de outras nacionalidades que não a chinesa. Houve mais 12 casos de excesso de permanência no primeiro trimestre, um aumento de 2,6 por cento. Ainda assim, em termos gerais, os casos de excesso

de permanência no território registaram uma queda de 14,4 por cento, num total de 975 ocorrências.

JOGO COM IMPACTO NULO

Por norma, a criminalidade associada ao sector do jogo é um dos pontos

fortes dos balanços feitos pelo Governo em termos de segurança, mas o fecho temporário dos casinos e das fronteiras alterou este panorama. “Em consequência da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus, o número de entrada de turistas

diminuiu significativamente, o que provocou um enorme impacto no sector do jogo. Por conseguinte, tendo em conta que os dados estatísticos relacionados com o sector do jogo no primeiro trimestre do ano 2020 não são relevantes, não se procede à avaliação do impacto que o desenvolvimento da indústria do jogo tem relativamente à segurança pública de Macau”, aponta o gabinete do secretário Wong Sio Chak, em comunicado. De destacar, no entanto, o aumento de casos de troca de dinheiro fora do casino.As autoridades detectaram mais 24 casos no primeiro trimestre, num total de 48 casos contra 24 registados em 2019.

A criminalidade violenta, onde se incluem crimes como o tráfico de droga, violações ou abuso sexual de criança, teve uma quebra de 50 por cento Em termos gerais, foram instaurados 2.142 casos de inquérito criminal, menos 28,3 por cento face a 2019, com uma redução de 952 casos.Acriminalidade violenta, onde se incluem crimes como o tráfico de droga, violações ou abuso sexual de criança, teve uma quebra de 50 por cento. No caso do tráfico de droga, a quebra foi de 32,1 por cento. Os crimes contra o território tiveram uma quebra de 38,8 por cento, enquanto que os crimes contra a pessoa registaram uma queda de 29,7 por cento. No total, o número de indivíduos presentes ao Ministério Público foi de 937 entre Janeiro e Março, enquanto que no igual período de 2019 foi de 1631 pessoas. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

TSI SANDS CHINA ILIBADO EM CASO DE SUICÍDIO

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Tribunal de Segunda Instância (TSI) voltou a ilibar a operadora de jogo Sands China pelo pagamento de uma indemnização superior a três milhões de patacas aos familiares de uma mulher do interior da China que cometeu suicídio num quarto de hotel do Sands Cotai Central em 2016. Segundo o acórdão ontem divulgado, a mulher “alojou-se num quarto de hotel no Sands Cotai Central depois de ter jogado numa sala VIP do casino, após se ter hospedado por duas noites nesse hotel”. A mulher não chegou a sair do quarto nem fez o check-out, tendo sido encontrado o corpo já sem vida por volta das 16h59 do dia 29 de Julho. A Polícia Judiciária “descobriu que [a mulher] morrera, por enforcamento, na casa de banho do quarto alugado”, tendo sido confirmado que tinha pedido dinheiro emprestado a quatro homens com juros elevados para jogar no casino. Além disso, a mulher foi sequestrada por dois desses homens. O Ministério Público acusou-os do crime de usura e de sequestro, mas acabariam ilibados. Mediante recurso apresentado pelo marido da falecida, o TSI entendeu que havia erro na decisão e que o julgamento contra os alegados agiotas deveria ser repetido. Relativamente ao processo colocado contra a Sands China, o Tribunal Judicial de Base entendeu que “o hospedeiro é responsável pela morte ou lesão corporal sofridas pelo hóspede ou pelos seus acompanhantes, durante o período de permanência destes dentro da pousada e seus acessórios, salvo se resultarem de causa que não lhe seja imputável”. Ficou confirmado que a mulher “se suicidou por enforcamento e que não houve homicídio”, pelo que “foi excluída a responsabilidade civil” da operadora. O TSI veio agora confirmar esta decisão. A.S.S.


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Novas plataformas Christie’s e Sotheby’s promovem leilões de arte ´online´

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M leilão internacional de arte e design do século XX vai ser realizado ´online´ pela Christie´s em Julho em Hong Kong, Paris, Londres e Nova Iorque para prevenir os riscos da pandemia, anunciou ontem a leiloeira. O leilão, marcado para 10 de Julho, incluirá algumas obras de arte de artistas de renome, como Picasso e Roy Lichtenstein, e decorrerá regional e globalmente, em sessões consecutivas, começando em Hong Kong. De acordo com o sítio ´online´ da leiloeira internacional, “o novo formato visa criar uma plataforma adaptável e inclusiva para apresentar importantes obras de arte a licitadores globais”, como o quadro de Picasso “Femmes d´Alger” (versão F, 1955) estimado em 23 milhões de euros. Devido à pandemia, a leiloeira está

a “reconfigurar novos formatos para fazer convergir os mundos real e virtual”, afirma Alex Rotter, um dos responsáveis da Christie´s. O novo formato é descrito como “híbrido” pela leiloeira, e decorrerá pela primeira vez em “live-streaming”, e também presencialmente, naquelas cidades, seguindo as normas das autoridades locais. O leilão global apresentará peças de arte impressionista e moderna, pós-guerra e contemporânea, e também de design. A casa de leilões está ainda a reunir as obras que irão à praça, mas anuncia já ainda o quadro de Lichtenstein “Nude with joyous painting” (1945), avaliado em cerca de 27 milhões de euros.

OUTRAS VENDAS

Por seu turno, a leiloeira internacional Sotheby’s irá realizar um leilão de arte do século XX em Nova Iorque a 29 de Junho, “sob certas restrições sanitárias exigidas pelas autoridades”, indica a publicação The Art Newspaper. “Os clientes podem ter garantidas precauções extra para assegurar a sua segurança e dos funcionários”, indicou a leiloeira, que também pretende oferecer o formato ´online´ aos compradores de arte. No leilão, a Sotheby’s irá apresentar, entre outras obras, um triptíco de Francis Bacon “Oresteia of Aeschylus” (1981), avaliado em 55 milhões de euros, e a obra de Roy Lichtenstein “White Brushstroke” (1965), estimada entre 18 e 27 milhões de euros.

IC Abertas candidaturas para bolsas de investigação O Instituto Cultural (IC) está a aceitar candidaturas para bolsas de investigação académica até ao dia 31 deste mês. Segundo um comunicado, podem inscrever-se “académicos qualificados” tal como “doutorados locais ou estrangeiros com comprovada experiência em investigação académica”, bem como “investigadores, locais ou estrangeiros, com ampla experiência de investigação e que tenham produção académica de nível reconhecido”. A atribuição de bolsas visa

“estimular o desenvolvimento de estudos académicos originais sobre a cultura de Macau e sobre o intercâmbio cultural entre Macau, a China e outros países”, aponta um comunicado do IC. As candidaturas devem ser feitas de forma presencial ou por correio registado e devem incluir documentos como o curriculum vitae, o plano do projecto de investigação e cópias dos documentos comprovativos das habilitações académicas devidamente autenticadas.

Óbito Morreu o actor francês Michel Piccoli

O actor francês Michel Piccoli, protagonista, entre outros, de “Vou para casa”, de Manoel de Oliveira, morreu na semana passada, aos 94 anos, avançou ontem a Agência France Presse (AFP). O actor, a quem a agência de notícias francesa chama “monumento do cinema francês”, morreu “em 12 de Maio nos braços da mulher, Ludivine, e dos seus filhos Inord e Missia, após um derrame cerebral”, refere a família de Michel Piccoli, num

comunicado citado pela AFP. Da vasta filmografia de Michel Piccoli fazem parte obras do realizador português Manoel de Oliveira, como “Vou para casa”, “Party” e “Belle Toujours”. Piccoli é também o actor de filmes como “A Bela de Dia” e “O Charme Discreto da Burguesia”, de Luis Buñuel, de Luis Buñuel, “A Grande farra”, de Marco Ferreri, e “ O Desprezo”, de Jean-Luc Godard. “Linhas de Torres Vedras”, de Valeria Sarmiento, e “Vocês ainda Não Vira Nada”, de Alain Resnais, estão entre os seus derradeiros trabalhos no cinema.

A idade d AFA EXPOSIÇÃO DE TONG CHONG PARA VER ATÉ 7 DE JUNHO

A AFA - Art for All Society, exibe até ao próximo dia 7 de Junho um conjunto de trabalhos do pintor Tong Chong, nascido em Fuzhou, mas residente em Macau desde 1984. Eis uma oportunidade para ver obras de pintura chinesa contemporânea de um artista que foi aluno do conceituado artista Mio Pang Fei

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MA mistura de alegria com simplicidade e até ingenuidade. São estes os adjectivos que Alice Kuok, presidente da AFA - Art for All Society, usa para descrever os trabalhos do artista Tong Chong. A exposição, composta por um total de 22 obras com curadoria de Alice Kuok, intitula-se “Somniloquence” e pode ser vista até ao dia 7 de Junho. Esta é a 11ª exposição individual do autor e faz parte de uma série de exposições a que a AFA deu o título

“Perpetual Impermanence”. “Este conjunto com os seus mais recentes trabalhos reflectem uma exploração do artista com as cores nos últimos dois ou três anos”, descreve a curadoria numa nota publicada no website da AFA. “Tong Chong, que tem hoje 40 anos, disse que havia uma ausência de cores claras nas suas pinturas anteriores. Mas como chegou à meia idade, parece ter iniciado um novo entendimento em relação ao uso da cor. Resolveu recorrer a pigmentos usados na pintura tradicional chinesa, porque as cores das plantas e

dos minerais são mais naturais, e o uso das cores combinam com a arte tradicional do corte do papel.” Para Alice Kuok, o estilo de Tong Chong “exige uma grande atenção”, ao mesmo tempo que “aparenta ser livre e fácil”. “Sempre que tem tempo ele corta papel em diferentes formas e depois classifica esses pedaços em diferentes categorias, e usa imagens recortadas para criar, colocar e pintar sobre eles”, descreve Alice Kuok. Este processo de experimentação durou alguns meses, nos quais Tong Chong “explorou vários tipos de


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da cor papel, cola, tipos e marcas de pintura para chegar ao actual método [de criação]”. A curadora aponta que, além da importância de olhar para a forma dos quadros é fundamental olhar “para o estado mental da criação artística”. “Se ele não está num estado mental adequado ele não pinta. Ele disse que o estado mental aqui referido está relacionado com a psicologia e o subconsciente”, acrescentou Alice Kuok.

CARREIRA EM MACAU

Nascido em Fuzhou, na província de Fujian, em 1977, Tong Chong veio para Macau em 1984, não sem antes ter regressado à sua terra natal, com a idade de 13 anos, para estudar pintura. Um ano mais tarde voltaria ao território para ter aulas de pintura moderna na Escola de Artes Visuais do Instituto Politécnico de Macau. Entre os anos de 1991 e 1996, Tong Chong estudou pintura com o conceituado artista Mio Pang Fei. Assumindo ter uma “especial afinidade” com o lado da arte primitiva e folk, o artista assume-se como sendo alguém de poucas palavras. O actual estilo começou

“Tong Chong, que tem hoje 40 anos, disse que havia uma ausência de cores claras nas suas pinturas anteriores. Mas como chegou à meia idade, parece ter iniciado um novo entendimento em relação ao uso da cor.” ALICE KUOK CURADORA

a ser definido na adolescência. “A sua pintura nunca se transformou em outras formas da cultura dominante. Ele dedicou-se a explorar a plasticidade de transformar a realidade em padrões e imagens, o que o levou ao caminho da escultura.” Nesse sentido, a exposição patente na AFA contém também alguns trabalhos de escultura do autor. A.S.S.


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ESTUDO NOVO CORONAVÍRUS JÁ CIRCULAVA NO PAÍS DESDE O MÊS DE OUTUBRO

Assassino silencioso

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novo coronavírus já circulava silenciosamente em Wuhan, no centro da China, em Outubro passado, e alastrou-se “aleatoriamente e sem mostrar sinais epidémicos”, de acordo com os resultados de um estudo publicado pela revista Frontiers in Medicine. O estudo conclui que, embora o surto tenha sido oficialmente anunciado em Dezembro de 2019, depois de dezenas de casos de infecção ligados a um mercado terem sido diagnosticados em Wuhan, análises da filogenética indicam que o coronavírus estava em dormência desde Outubro naquela cidade na província chinesa de Hubei. “Nesta fase de latência, a infecção seguiu o seu curso silencioso”, afirmou a equipa de investigadores, formada por Jordi Serra-Cobo e Marc López, da Faculdade de Biologia e do Instituto de Pesquisa em Biodiversidade da Universidade de Barcelona, Roger Frutos, do Centro de Cooperação Internacional em PesquisaAgronómica para o Desenvolvimento, de França, e Christian A. Devaux, do Centro Nacional de Investigação Científica. O estudo analisa a conjunção única de eventos que permitiram a expansão global do novo coronavírus, que tem um longo período de incubação, um alto número de casos assintomáticos e beneficiou da alta mobilidade internacional.

pessoas em contacto com outras pessoas, inicialmente infectadas, o que proporcionou a fase de amplificação necessária”. Os autores consideram que “outro passo importante foi a mobilidade”.

MERCADO SELVAGEM

Segundo Serra-Cobo, para que uma doença infecciosa se espalhe, três condições devem ser atendidas: o patógeno deve ser capaz de infectar e reproduzir-se em seres humanos, entrar em contacto com pessoas através de um reservatório natural e espalhar-se através de um amplo circuito social. No caso da covid-19, todas essas condições foram reunidas em Wuhan, no final de 2019.

Segundo os autores, a pandemia é o resultado de um “alinhamento” excepcional a nível global, ou seja, uma coincidência específica de factores biológicos e sociais que lhe permitiram emergir e expandir-se por todo o mundo. “O que desencadeou a epidemia foi o aparecimento, em simultâneo, de duas importantes celebrações no mesmo local - as férias em família e o Ano Novo Chinês - que colocaram muitas

Segundo os autores[do estudo], a pandemia é o resultado de um “alinhamento” excepcional a nível global, ou seja, uma coincidência específica de factores biológicos e sociais que lhe permitiram emergir e expandir-se por todo o mundo

O estudo lembra que “as mudanças ambientais e a acção do ser humano sobre os sistemas naturais afectam a perda de habitats e biodiversidade, afectam a dinâmica das espécies em reservatórios de patógenos e aumentam a probabilidade de contágio da espécie humana”. “Este fenómeno é especialmente importante no sudeste da Ásia, onde se originaram as epidemias da SARS [síndrome respiratória aguda grave] e da covid-19”, aponta. A SARS teve origem na província de Guangdong, sul da China, em 2002. O estudo defende que é essencial proibir a posse e o uso de espécies protegidas e oferecer alternativas para evitar o impacto do mercado negro na vida selvagem. “Mesmo que o surto se tenha originado inesperadamente em Wuhan, poderia ter sido evitado”, defendem os autores, que lembram que o início desta pandemia é comparável ao de surtos anteriores de coronavírus, como a SARS e Síndrome respiratória do Oriente Médio, ou MERS.

COVID-19 PEQUIM ANUNCIA ASSISTÊNCIA FINANCEIRA AOS PAÍSES AFECTADOS

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Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou ontem, na reunião anual da Organização Mundial da Saúde (OMS), que a China vai oferecer dois mil milhões de dólares em assistência aos países afectados pela pandemia da Covid-19, sobretudo aos mais pobres. O líder chinês apontou ainda que potenciais vacinas que a China consiga desenvolver contra a doença, que causou já mais de 300.000 mortes em todo o mundo, “vão estar disponíveis como um bem público globalmente para que sejam acessíveis a todos os países em desenvolvimento”. Xi Jinping garantiu que a China vai trabalhar em conjunto com as restantes econo-

mias do G20 para acordar uma moratória da dívida dos países mais pobres, como parte das medidas para superar a actual crise económica provocada pela pandemia do novo coronavírus. O apoio financeiro (cerca de 1,85 mil milhões de euros) será distribuído num prazo de dois anos, numa altura em que o Governo norte-americano suspendeu os pagamentos à OMS, por alegada má gestão na pandemia da covid-19. No seu discurso na assembleia da OMS, Xi assegurou que a China forneceu todos os dados relevantes sobre a doença à OMS e a outros países, incluindo a sequência genética do vírus, “da forma mais oportuna”.

“Compartilhamos a experiência sobre o controlo e tratamento com o mundo sem reservas. Fizemos tudo ao nosso alcance para apoiar e ajudar os países atingidos”, apontou. O bloco dos 27 membros da União Europeia e outros países pediram durante a assembleia uma avaliação independente da resposta inicial da OMS à pandemia do novo coronavírus “para rever a experiência adquirida e as lições aprendidas”. A resolução da UE propõe que a avaliação independente seja iniciada “o mais rapidamente possível “ e deve, entre outras questões, examinar “as acções da OMS e os seus cronogramas referentes à pandemia».

Região FC SEOUL DESCULPAS POR COLOCAR BONECAS SEXUAIS A SIMULAR ADEPTOS

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clube de futebol sul-coreano FC Seoul pediu ontem desculpa por ter colocado bonecas sexuais nas bancadas no jogo de domingo, em substituição dos adeptos, que decorreu à porta fechada devido à covid-19. As bonecas foram colocadas sentadas nos lugares dos espectadores, com máscara, e ‘assistiram’ à vitória por 1-0 do FC Seoul na recepção ao Gwangju FC, para a segunda jornada da liga sul-coreana, com um golo de Han Chan-Hee, aos 67 minutos “Lamentamos ter criado uma situação desconfortável para os nossos adeptos. Garantimos que as bonecas não tinham nada a ver com brinquedos sexuais”, refere o clube em comunicado, após os adeptos se terem insurgido contra a iniciativa. O clube refere que a empresa responsável pelas bonecas, distribuídas pelas bancadas de acordo com as regras de distanciamento social, assegurou que eram manequins sem qualquer conotação sexual, mas o facto é que ostentavam cartazes com publicidade a sítios porno. O FC Seoul referiu que era sua intenção adicionar um elemento de diversão e incentivo sem qualquer conteúdo erótico, neste período difícil de pandemia, mas durante a transmissão foram chegando perguntas relacionadas com o facto de os manequins parecerem bonecas sexuais. As bonecas mantinham a distância de segurança adequada nas bancadas, usavam máscara de protecção e as roupas oficiais do clube e mantinham os braços levantados simulando fazer ondas ou carregando sinais de encorajamento para a equipa. Alguns dos cartazes que as bonecas apresentavam, ainda de acordo com um ‘tweet’ na rede social do clube, faziam referência, num tamanho de letra menor, a sítios na Internet com transmissão ao vivo de conteúdos de cariz sexual. O clube sul-coreano admitiu que esse erro é injustificável e foi devido à falta de atenção por parte de toda a equipa responsável ao conteúdo dos cartazes.


terça-feira 19.5.2020

Tu tens na tua mão as rédeas dos caminhos

Compositores e Intérpretes através dos Tempos Michel Reis

Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1770-1827)

A sinfonia “patética” Sinfonia no 6 em Si menor, Op. 74

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MA das obras mais conhecidas do compositor russo do período romântico Pyotr Tchaikovsky é a Sinfonia no 6 em Si menor, Op. 74, a sua última sinfonia, composta entre Fevereiro e Agosto de 1893. Foi também a sua última obra publicada ainda em vida e a última que o compositor dirigiu. A estreia ocorreu em São Petersburgo, no dia 28 de Outubro de 1893, uns escassos dias antes da sua morte, de causas até hoje não comprovadas. A sinfonia é dedicada ao seu sobrinho Vladimir “Bob” Davydov. As circunstâncias que a envolvem e as próprias características da composição – quase sempre sombria com explosões de fúria e de grande lirismo, atribuem-lhe um significado quase autobiográfico. Os poucos factos que se conhecem e que podem ajudar na procura de uma verdade mais factual, ainda que porventura menos romântica, são relativamente escassos. Sabe-se que o compositor a intitulou “pathétique”, apesar de ter sido aparentemente sobre proposta do seu irmão Modest. Tchaikovsky queria dar com esta indicação a noção de que esta era uma obra para ser ouvida “com o coração”, uma obra que pretendia desencadear emoções fortes. O primeiro andamento (Adagio–Allegro non troppo), em Si Menor, começa com um adagio e é uma verdadeira montanha russa de emoções, cheia de tensão, com passagens sombrias lentas, outras igualmente sombrias mas rápidas que formam um conjunto notável com duas belíssimas melodias, sobretudo o segundo tema do desenvolvimento. O segundo andamento (Allegro com grazia), em Ré Maior, apresenta uma extraordinária melodia que contrasta com o primeiro andamento e que serve de contraponto à tensão exercida. É um andamento de tom relativamente alegre, mas que nunca deixa a sensação do destino que se pode abater a qualquer instante. Acalma mas não o suficiente para nos tranquilizar completamente. O terceiro andamento (Allegro molto vivace), em Sol Maior, é uma espécie de marcha, sem no entanto ser verdadeiramente triunfante, tal como o segundo andamento poderia ser uma alegre valsa sem nunca realmente o ser, nem pelo tempo, que não é exactamente o de uma valsa, nem pelo espírito. Dir-se-ia que Tchaikovsky, nestes dois andamentos, procura transmitir-nos metaforicamente a instabilidade, o frágil equilí-

Tchaikovsky estava mais que satisfeito e confiante com esta sinfonia - mas, como era tantas vezes e com tanta crueldade o caso, a recepção crítica que recebeu foi decididamente abafada. Descrita por alguns como a sua despedida da vida, na realidade nunca saberemos exactamente o que inspirou a obra

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brio em que repousa a nossa felicidade e o todo poderoso destino ao qual nos abandonamos. Aliás, este andamento acaba de tal forma que faz parecer que a sinfonia terminou. O quarto andamento (Finale. Adagio lamentoso), em Si Menor, retoma assim, novamente, o tom lúgubre do primeiro, anunciando a vitória do implacável destino. É claramente uma sinfonia que admite múltiplas leituras. Uns autores estudam-na do ponto de vista de uma válvula de escape da homossexualidade reprimida de Tchaikovsky. Ao que parece, o compositor tinha uma relação platónica nada menos que com o seu sobrinho “Bob”, o dedicatário da sinfonia. A sensualidade que a sinfonia desprende é interpretada como uma sublimação desse amor proibido. A ninguém escapa que a sinfonia trata o tema do destino. A obra parece alimentar a ideia de que, de alguma maneira, quem sabe na nossa ingenuidade, podemos desafiar, até apostar, com o destino. Oscilamos entre uma compreensão clara do nosso destino, como nos temas do desespero do quarto andamento, até ao optimismo cego, como na marcha do terceiro andamento, passando por uma profunda compaixão pela nossa condição, como no tema da consolação do último andamento. Com a Sexta, Tchaikovsky cria uma nova forma para a sinfonia, numa das mais audaciosas e ousadas jogadas musicais do séc. XIX. O lento e lúgubre finale vira de pernas para o ar todo o paradigma sinfónico, e muda com uma penada a possibilidade do que uma sinfonia deveria ser: em vez de terminar num tom jubiloso e de alegria, a Sexta Sinfonia termina com uma dor pessoal, privada e íntima. Tchaikovsky estava mais que satisfeito e confiante com esta sinfonia - mas, como era tantas vezes e com tanta crueldade o caso, a recepção crítica que recebeu foi decididamente abafada. Descrita por alguns como a sua despedida da vida, na realidade nunca saberemos exactamente o que inspirou a obra. No entanto, podemos ter a certeza de que se trata de uma das criações mais adoradas do compositor, sem o exemplo da qual muitos compositores que se lhe seguiram, como Mahler, Shostakovich, Sibelius e muitos outros, não poderiam ter composto as sinfonias que compuseram.

SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Pyotr Ilyich Tchaikovsky: Symphony No. 6 in B minor, Op. 74 • Russian National Orchestra, Mikhail Pletnev – Virgin Classics, 1991


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Cartografias Anabela Canas

19.5.2020 terça-feira

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Imperturbável finitude

ANABELA CANAS

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O tempo tem que encontrar lastro para se segurar em terra, em cima da mesa. A luz baixa para não perturbar e numa vela o precário sopro como a magia do tempo. Apenas dois lugares se enfrentam lentamente. Como gostaria que fosse para sempre quando fosse. Olhar-te o rosto a encher o olhar e sem mais, digo sem dizer

HEGAM como um ímpeto irreprimível de afirmação. Mal a luz se anima imperceptivelmente e os dias se acrescentam. Chegam como uma família grande à beira do verão e que vai avisando. Ou alguns, nem sempre os mesmos, alguns anos, não chegam. Não podem. Mas quando abrem, como se a abrir a porta de casa quando toca a campainha, mas tudo ao contrário, enchem os olhos da casa. Chegam e irrompem elas a abrir. Invadem de um deslumbramento, que de existencial tem a qualidade de se saber finito e que vai desembocar no desapontamento. Chegam, de passagem, e vão. Mas naqueles dias em que se instalam no máximo da cor, a invadir espaço e a virar-se intencionais para a luz, são. É preciso aproveitar a curta estadia. Então, junto as flores que me habitam a casa e faço jantares de família - retratos, digo - com janela para o rio. Ou ponho a mesa para jantar a dois, o que sempre se justifica. Hoje, para a flor gigante e túrgida, silenciosa e possante. Que mais interrogar a tamanha afirmação de estar? Seria ingratidão, até. E antecipar a queda, também. Às vezes tombam pelo pescoço alto, outras enrugam e tornam-se de uma pele fina e delicada, com a cor mais saturada, em canto de últimos dias de cisne colorido de rosa. E ficam os braços ainda firmes e dramáticos para o alto, mas sem já possibilidade de retorno. A última prece. Ponho a mesa de vidros delicados da avó. Guardanapos de pétalas bordadas. Das mulheres já extintas, da família. Saudosas, em suaves respirações inaudíveis nos objectos que guardavam em gavetas, envoltos em panos de branco puro. Toalha bordada porque é a família. Talheres de desenho antigo e intemporal. Colheres de curva mais côncava e facas de cabo mais pesado. O tempo tem que encontrar lastro para se segurar em terra, em cima

da mesa. A luz baixa para não perturbar e numa vela o precário sopro como a magia do tempo. Apenas dois lugares se enfrentam lentamente. Como gostaria que fosse para sempre quando fosse. Olhar-te o rosto a encher o olhar e sem mais, digo sem dizer. Palavras. Só assim porque as plantas não se expressam e as flores preenchem ao olhar o silêncio. E eu fico ali por horas a tentar que esquecidas. Das perguntas de quem sou. Bebendo nas taças cristalinas, por mim, por elas e pelo rosto aberto na minha frente. Bebo até ao fim da garrafa. E depois, encosto o rosto à mesa e fico ali sob o olhar fixo e sereno. Quieta. Inalterável permanência que me conforta. O meu sobrinho entra com a chave e pouco ruído. Vem todos os anos deixar-me comida inútil e ver se está tudo em ordem, as contas, a roupa. Acho-lhe umas entradas que não tinha em pequeno, da última vez. Diz-me na sua maneira suave e meio sorridente não podes deixar o gás do forno aberto é para matar as baratas digo. Mas és tu que podes morrer. Penso que é uma criança que não entende que não sou eu uma barata e que gosto de ter a casa limpa e baratas são nojentas. Mas tens visto alguma, não, tem dado resultado. Sorrio-lhe também gosto de o ver no ano passado não veio. Volto para a semana, não voltes a abrir o gás, promete, diz de saída. Claro. Mas como julga ele que me tenho visto livre delas? Vou com ele à porta e vejo-me de passagem no espelho do corredor. A minha tia M. As pálpebras amolecidas a entristecer, o contorno mais sinuoso do queixo. Mas não sou ela. Sento-me. Ninguém. Foi uma breve visita do passado, do futuro. Querida tia-avó M. com o olhar leitoso das cataratas, antes da operação e antes do depois. Volto a encostar o rosto ao braço à mesa. E, de novo, a imperturbável finitude.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

terça-feira 19.5.2020

uma asa no além Paulo José Miranda

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mais recente romance de Anibal Antunes começa assim: «Lá em baixo na rua os carros buzinam na avenida em protesto ou apenas avisando outros veículos que o semáforo passou de vermelho a verde. Os turistas, vindos de terras distantes, de onde o sol foge, povoam as ruas, as praças e as esplanadas com os braços descobertos. Os humanos continuam a reunir-se à volta do sol como se a solidão não nos fosse natural. O sol de Inverno descobre em nós os restos de alegria ou de optimismo que nem sabíamos que ainda nos habitava. Dentro do apartamento, Afonso, esforça-se por querer viver, por encontrar uma migalha de sentido para continuar ao longo dos dias. Talvez o verbo esforçar não seja bem o que descreva a sua atitude. Talvez o verbo que melhor descreva a sua atitude neste dia de sol seja resistir. Nesta segunda-feira, aos 70 anos, Afonso resiste. E até ao fim é o que lhe resta.» É um começo que nos dá de imediato o tom do livro: a solidão. Que devemos fazer perante tão poderoso inimigo? E, completamente sós, devemos resistir para quê? Para quê prolongar os dias de trincheira? Para quê prolongar a vida, se ela se apresenta dia a dia como um inimigo a que temos de resistir e não

O inimigo

como alguém com quem partilhamos os dias? Afonso nem sempre fora assim, evidentemente. Ao longo de 70 anos não teve sempre a vida como um inimigo. Ao longo do romance, das suas trezentas e poucas páginas, acompanhamos a vida de Afonso ao longo de várias décadas. Na verdade, sempre fora um cretino. Um indivíduo que se preocupava apenas com o seu trabalho e com o seu prazer. Gastou a vida em noites. Até aos 50 anos, poucos foram os dias que viu amanhecer. Tinha sido jornalista e reformara-se há cinco anos (o romance começa em 2016). O seu ódio à vida – aparece escrito logo à página 19 «Afonso odiava ainda mais a vida que a alegria displicente e sazonal do turista» –, aparece depois da morte da mulher, Carmo. Afonso conhecera Carmo há quinze

anos e casaram-se pouco depois. «Afonso aceitou Carmo como um condenado aceita uma amnistia, a derradeira oportunidade de vida». E assim fez. «Agarrou-se à Carmo como a uma tábua em alto mar. Fez dessa mulher a razão de vida. Por ela foi capaz de deixar de dizer mal de tudo e de todos. Conseguiu perdoar-se a próprio em primeiro lugar, pois ninguém diz tanto mal sem que seja por não conseguir se suportar, por não ter sido quem gostaria de ser. Com Carmo passou a gostar de quem era.» Não é um livro de conversão. Quando o romance começa, nessa segunda-feira, faz um ano que Carmo morrera por atropelamento. E não podemos esquecer que o fundo do livro, como o próprio título indica, é o inimigo. «A minha solidão tomou forma, dizia Afonso

É a primeira vez que Antunes nos apresenta um herói verdadeiramente trágico. Um herói que enfrenta a morte com a dignidade de quem sabe que não merece continuar a viver. Porque, diz ele, quase no final do livro: «Todos merecemos viver. Mas só cada um sabe se merece.»

para si mesmo enquanto ia buscar outra garrafa. Era um modo irónico de falar da ausência. Mas a ausência é já em si mesma uma ironia. Ela ri-se de nós, da vida humana, deste estar aqui sem propósito aparente. A grande invenção humana é a ironia, não é a roda.» Afonso via agora a sua casa como um túmulo. Na verdade a palavra que Anibal Antunes usa para descrever a casa depois da morte de Carmo é «sarcófago». Lê-se à página 34: «Poucos minutos depois de ter ido até à mercearia, Afonso voltava para o sarcófago.» Mas veja-se também páginas a seguir, o modo como o narrador descreve a casa. A descrição começa como se ainda houvesse alegria ou, pelo menos, vida, terminando por mostrar-nos a situação actual. No fundo, a descrição começa como se Carmo ainda fosse viva e termina com Afonso no sarcófago, e tudo isto num pequeno parágrafo: «O apartamento, no quarto andar do prédio, é atravessado de lado a lado pela luz. Virada a oeste, uma das salas tem cinquenta metros quadrados e duas enormes portas de vidro que dão para a varanda. É aqui que estão os livros e onde ouve música. Hoje é apenas uma câmara onde habita a sua solidão maior. Nem o som de Orfeu de Monteverdi, uma das obras preferidas de Carmo, conseguia reconverter o sentido da vida. A morte de quem amamos é uma metáfora da vida.» O romance tem o tempo efectivo de uma semana. Vai de uma segunda-feira a domingo. E nesta semana andamos décadas para trás e para a frente, como se fosse a nossa memória, a nossa vida. Aos 70 anos, Afonso não era um homem velho e nem assim se sentia. «Ele não estava velho, estava ferido de morte e arrastava-se. Como um touro depois de uma lide, arfava no meio da arena com os ferros espetados no dorso, escorrendo sangue e espuma pela boca. Tudo à sua volta, era o inimigo.» Os romances de Anibal Antunes são sempre centrados em figuras únicas, que se arrastam sós ao longo dos romances. Lembremos a figura de André Jovial, em «E Depois Nada», político que salta de partido em partido até terminar os seus dias na prisão, por denuncia da filha acerca das suas traficâncias de poder e dinheiros; ou a figura de Anabela Viseu, em «O Sol Negro», acompanhante de luxo em Lisboa, que acaba por casar-se com um magnata árabe e se torna mais escrava do que era prostituta. Mas é a primeira vez que Antunes nos apresenta um herói verdadeiramente trágico. Um herói que enfrenta a morte com a dignidade de quem sabe que não merece continuar a viver. Porque, diz ele, quase no final do livro: «Todos merecemos viver. Mas só cada um sabe se merece.» Fiquemos por aqui.


14 (f)utilidades TEMPO

19.5.2020 terça-feira

TROVOADAS

DEBAIXO DO VULCÃO 55

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HUM

TROLLS WORLD 60 TOUR [A]

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SALA 2

Um filme de: Jeff Wadlow Com: Michael Peña, Maggie Q,

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YUAN

1.12

VIDA DE CÃO

MAIS TRÊS MILHÕES “(...) Mantendo-se inalterados durante cinquenta anos o sistema capitalista e a maneira de viver anteriormente existentes”. Antes de 1999, os democratas já colocavam exposições nas ruas com informação sobre o Massacre de Tiananmen, por isso esperava-se que pelo menos até 2049 este aspecto não fosse alterado. Argumenta-se que existe riscos de propagação da covid-19. A preocupação não é descabida, mas basta entrar nos autocarros, principalmente no 25 e 26A ao fim-de-semana, para perceber que a covid-19 não foi uma consideração. E em 2021, coincidência das coincidências, haverá obras em todos os espaços da exposição. Como sabemos, as obras não permitem que hajam condições de segurança. É uma desculpa que já foi utilizada antes. Sobre a questão quero ainda sublinhar as palavras de Joey Lao. A exposição viola o princípio um País, disse o académico sem conseguir explicar a teoria sem negar a Lei Básica. É nas crises que surgem as oportunidades, meus amigos. Joey Lao apenas utilizou o grande argumento que tudo pode abarcar e vai servir para a caçar as bruxas. Não concordas com o Massacre de Tiananmen? Estás a violar o princípio um País. A Lei Básica impede a aplicação do sistema socialista? Está a violar o princípio um País. Compraste um carro italiano em vez de chinês? Mais uma violação do princípio.... A liberdade de expressão da população é seriamente ameaçada, mas o deputado vai ser nomeado para um novo mandato. É certinho. E com uma salário próximo das 60 mil patacas por mês, Joey Lao assegurou quase três milhões de patacas até 2025, fora o salário como académico. A vida corre-lhe bem. João Santos Filipe

5 6 3 5 9 7 4

BAHT

vez desde 1960 que as quatro rotas para o topo deste vulcão japonês vão estar fechadas durante a temporada de escalada, entre 10 de Julho e 10 de Setembro.

1

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Lucy Hale, Austin Stowell 14.30, 16.45, 21.30

9 6 8 5 9 A GOOD DOCTOR [B] 6 2 4 2 EMMA [B]7 FANTASY ISLAND [C] 2 9 8 1 5 1 3 2 4 9 6 Um filme de: Tristan Seguela Com: Michel Blanc, Hakim Jemili 21.15

EURO

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C I N E M A

SALA 1

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Cineteatro FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Walt Dohrn 14.30, 16.30, 19.00

80-99%

ontem as autoridades. A prefeitura de Shizuoka anunciou que não vai abrir nenhuma das estradas, tal como tinha indicado anteriormente a prefeitura de Yamanashi. É a primeira

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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 58

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PROBLEMA 59

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S 6U3 D 7 9O 1 5K8 U 4 5 4 3 4 7 8 3 1 2 6 9 7

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MAX

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O icónico monte Fuji, símbolo do Japão, vai fechar as quatro principais rotas de escalada neste Verão para impedir a disseminação da covid-19 entre os montanhistas, anunciaram

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SALA 3

A GOOD DOCTOR [B]

Um filme de: Tristan Seguela Com: Michel Blanc, Hakim Jemili 19.30

Um filme de: Autumn de Wilde Com: Anya Taylor-Joy, Bill Nighy, Johnny Flynn, Callum Turner 15.00, 18.30, 21.00

UMA SÉRIE HOJE

DIRTY MONEY | NETFLIX | 2018-2020

Ao longo de vários episódios esta série documental aborda vários escândalos relacionados com o mundo dos negócios. Desde o episódio da VW, que fazia carros para enganar os testes de poluição, às praticas predatórias do banco Wells Fargo, que vendia serviços a clientes sem autorizações destes, Dirty Money mostra-nos algumas das práticas mais erradas da ganância. A série não aborda directamente o papel dos políticos nos casos, mas deixa muito claro que os prevaricadores, apesar dos profundos impactos negativos que geraram, saem das situações com uma leve chapada e um sorriso maroto. João Santos Filipe

EMMA

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 15

terça-feira 19.5.2020

macau visto de hong kong

DAVID CHAN

N

O passado dia 15, o Conselho Legislativo de Hong Kong aprovou o Orçamento para 2020/21, com 42 votos a favor, 23 contra e 1 abstenção.Apopulação acolheu com bastante agrado a decisão do Governo de entregar a cada residente, com mais de 18 anos, a quantia de 10.000 dólares de Hong Kong. O Governo local prevê que as candidaturas deverão ser aceites em Junho e que os pagamentos serão efectuados em Agosto. Quer o Governo de Hong Kong, quer o Governo de Macau têm vindo a distribuir dinheiro pela população, mas a situação difere bastante nas duas cidades. Macau começou com esta política em 2008, quando o então Chefe do Executivo Edmund Ho propôs o "plano de partilha de rendimentos". O objectivo era permitir que os residentes de Macau partilhassem os benefícios do desenvolvimento económico, que pudessem fazer face à inflação e era também uma forma de diminuir o impacto da crise financeira que assolava o mundo. Nessa altura, cada residente permanente de Macau recebia 5.000 patacas e os residentes não permanentes 3.000. Desde então, todos os anos se tem efectuado a distribuição de verbas pelos residentes, e os montantes têm vindo a aumentar; este ano o valor ascende a 10.000 patacas. Assim sendo, cada residente permanente de Macau recebeu entre 2008 e a presente data um total de 104.000 patacas; e cada residente não permanente recebeu no mesmo período 62.400 patacas. Esta política conferiu valor aos cartões de residência em Macau. Embora Hong Kong apresente todos os anos o seu Orçamento Anual, não procedeu à distribuição de verbas em todos eles. O primeiro plano de partilha de rendimentos teve lugar em 2011. Nessa época, o secretário das Finanças, Zeng Junhua, na proposta do Orçamento de 2011-2012, sugeria que fosse injectado o montante de 6.000 dólares de Hong Kong na conta do Fundo de Previdência Obrigatório dos residentes, para reforçar a protecção na reforma. No entanto, esta opção foi muito criticada, porque, segundo a sabedoria popular "não se deve deixar para amanhã o que se pode fazer hoje". Depois da contestação, os 6.000 dólares por residente acabaram por ser disponibilizados de imediato nesse ano. Em 2020, o Governo colocou na proposta de Orçamento o montante de 10.000 dólares de Hong Kong, sendo esta a segunda vez que a distribuição vai ser feita na antiga colónia britânica.

ANNA SALENKO

Partilha de rendimentos em Hong Kong

Embora este ano Hong Kong tenha seguido o exemplo de Macau, o Governo tem continuado a ser alvo de críticas, acusado de ter tomado uma decisão tardia. No entanto, como é sabido, mais vale tarde que nunca. Mas, ao contrário de Macau, para Hong Kong esta distribuição de verbas representa um grande esforço. As reservas financeiras de Hong Kong são muito inferiores às de Macau. Há algum tempo atrás, um economista salientou que as reformas pagas aos idosos estavam a estrangular as reservas financeiras e, além disso, o Governo recorreu a parte destas reservas para minimizar o impacto negativo na economia provocado pela Covid-19. É possível que as reservas financeiras do Governo de Hong Kong se esgotem nos próximos dez anos. No entanto, o que acabo de afirmar não passa de uma suposição. Mas uma coisa é certa, desde há muito que as receitas do Governo de Hong Kong provêm principalmente

da taxação sobre a venda de terrenos, cujos preços são muito elevados. Os residentes de Hong Kong gastam a maior parte dos seus rendimentos nas prestações das casas. Basicamente trabalham para “ter um tecto”. A vida é dura e as pessoas revoltam-se facilmente. E, mais importante do que tudo, vai chegar o dia em que os terrenos se vão esgotar. Quando isso acontecer, vão também acabar as receitas do Governo de Hong Kong. Quando Tsang Yin-quan foi Chefe do Executivo, quis taxar a venda de todos os produtos para garantir receitas certas ao Governo da cidade. Só se puder contar com um rendimento certo, o Governo pode levar a cabo obras importantes, como o plano de pensões de reforma universal e o apoio à saúde. Sem um rendimento estável, esses projectos são irrealizáveis. É inegável que em Hong Kong é mais difícil disponibilizar apoios do que em Macau. Hong Kong tem cerca de 8 milhões de

Hong Kong não deve apenas seguir o exemplo de Macau no que respeita à partilha de rendimentos e ao plano de segurança social. Mais importante do que tudo é desenvolver uma indústria própria e criar receitas que alimentem o Governo da cidade

habitantes, enquanto que em Macau existem apenas 600.000 pessoas, uma percentagem de 13 para 1. Quando o Governo de Hong Kong gasta 13 dólares, o Governo de Macau só precisa de gastar 1 e, para além disso, o rendimento per capita das duas cidades tem sinal contrário. Segundo o relatório publicado pelo Fundo Monetário Internacional em 2019, o rendimento per capita anual em Macau era de 81.151 US dólares, ou seja, 651.967 patacas, enquanto em Hong Kong era de 49.334 US dólares, ou seja 396.349 patacas. Portanto, o rendimento anual per capita em Macau é 1,64 vezes superior ao de Hong Kong. Com muito menos população e mais rico, Macau está sem dúvida em melhor posição para implementar a política de partilha de rendimentos do que Hong Kong. Hong Kong e Macau estão separados pelo mar e as políticas das duas cidades têm valores e referências comuns. Hong Kong não deve apenas seguir o exemplo de Macau no que respeita à partilha de rendimentos e ao plano de segurança social. Mais importante do que tudo é desenvolver uma indústria própria e criar receitas que alimentem o Governo da cidade, para que este possa implementar todas as medidas necessárias. É sobre estas matérias que o Governo de Hong Kong deve reflectir.

Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


É inútil contradizer; basta contrapensar. Jacinto Benavente y Martinez

Carne de porco Governo diz que o fornecimento já está estável

O secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, disse que o fornecimento de porcos vivos nos últimos dias se encontrou estável. Este mês vai entrar em funcionamento a estação de transporte de Doumen, para assegurar que existe fornecimento suficiente. Motivo pelo qual André Cheong solicitou que o sector estabeleça um preço da venda a retalho razoável. Além disso, o secretário apontou que na semana passada foram vendidos cerca de 200 porcos vivos, um aumento de 20% em comparação com o início deste mês. Ontem, o secretário encontrou-se com empresas e vendilhões do sector, indicando que “o governo não vai cruzar os braços e nada fazer quando há acções que distorcem gravemente os preços alimentares frescos e vivos e prejudicam o direito legal de consumidores”. PUB

PALAVRA DO DIA

terça-feira 19.5.2020

A

irmã de Ho Iat Seng, Tina Ho Teng Iat, uma das representantes do território no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), vai levar a Pequim sugestões para melhorar a educação patriótica dos residentes de Macau. O assunto foi abordado ontem pela presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau numa conferência de imprensa que serviu para fazer um lançamento das celebrações dos 70 anos da agremiação tradicional. “Vou apresentar uma proposta para que seja feita uma melhor educação juvenil para promover o amor à pátria”, afirmou Tina Ho, à margem da conferência. “Mas também tenho uma proposta para aprofundar a cooperação entre Macau e Cantão, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento da Ilha da Montanha”, acrescentou. A vertente económica foi uma das preocupações partilhadas por Tina Ho que reconheceu que a pandemia da covid-19 mostrou mais do que nunca a necessidade de “diversificar a economia de Macau”. Tina Ho vai participar nas duas sessões magnas como representante de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Uma das exigências para os participantes, que também

Mais e mais amor Tina Ho propõe em Pequim melhorias na educação patriótica

envolve os membros da Assembleia Popular Nacional, é a necessidade de todos fazerem testes de ácido nucleico. Porém, Tina Ho destacou

“Vou apresentar uma proposta para que seja feita uma melhor educação juvenil para promover o amor à pátria.” TINA HO TENG IAT

o significado do evento, nesta fase da pandemia da covid-19: “Significa que o País já controlou a pandemia”, frisou.

70 ANOS, 70 ACTIVIDADES

A Associação Geral das Mulheres de Macau celebra o 70.º aniversário e ontem organizou uma conferência de imprensa para apresentar as comemorações que assinalam a data. Apesar das condicionantes provocadas pela pandemia da covid-19, a associação

tem como objectivo realizar 70 eventos para os membros e população sobre o marco histórico. As actividades vão decorrer nos últimos três meses do ano, quando se espera que as medidas de isolamento sejam menos restritivas, e vão incluir eventos como uma exposição sobre a história da associação, um concurso de música, a criação de documentários, a celebração do dia da família, entre outras. O evento contou com a participação da deputada que representa a associação, Wong Kit Cheng. A deputada afirmou que ao longo deste ano vai continuar a trabalhar no hemiciclo com o objectivo de proteger os direitos das mulheres. N. W. / J.S.F.


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