Hoje Macau 19 AGO 2016 #3639

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

AL | COMISSÕES

Abram as portas PÁGINA 4

OPINIÃO

SEXTA-FEIRA 19 DE AGOSTO DE 2016 • ANO XV • Nº 3639

hojemacau

Morde ISABEL CASTRO

Machadada

SÉRGIO DE ALMEIDA CORREIA

Chão que deu Uber

INOVAÇÃO

NOTÁVEL CHINA GRANDE PLANO

São mais de 10 milhões de patacas pagos em multas desde a sua vinda para Macau. A Uber assegura que gostaria de continuar a oferecer os seus serviços mas sob outras condições. Ao contrário do continente, que legalizou recentemente o serviço, Macau parece não querer dar tréguas e a empresa poderá abandonar o território já em Setembro.

TURISMO

Viagens inteligentes

h PÁGINA 8

Estratégia chinesa JOSÉ SIMÕES MORAIS

Sonho com efeito

GRANDE PLANO

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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ANABELA CANAS

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MOP$10


2 GRANDE PLANO HONG KONG À FRENTE MAS A DESCER

Macau está de fora do índex, mas Hong Kong conseguiu arrecadar o 3º lugar na liderança dos países do Sudeste Asiático mais inovadores. No ranking geral, ainda assim, a região vizinha desceu face a anos anteriores. Se em 2015 conseguiu a 11ª posição, está agora no 14º lugar. Mantém-se à frente do continente e no Top25. “No que ao conhecimento e tecnologia diz respeito, Hong Kong está em 30º. Mas consegue boas posições em instituições e infra-estruturas [de inovação], com um quarto e segundo lugar. Também na sofisticação de mercado consegue um segundo lugar. O seu desempenho é superior em termos de sofisticação do mercado, onde a maioria das forças individuais da economia são identificadas: a protecção dos investidores minoritários, a capitalização de mercado e o valor total de acções são todos primeiros classificados. Por outro lado, apesar de melhorar na classificação em dois indicadores na Educação, os gastos com a educação e as despesas públicas em educação por aluno são áreas com oportunidades de melhoria.”

TOP 25 1. Suíça (número 1 em 2015) 2. Suécia (3 em 2015) 3. Reino Unido (2 em 2015) 4. EUA (5 em 2015) 5. Finlândia (6 em 2015) 6. Singapura (7 em 2015) 7. Irlanda (8 em 2015) 8. Dinamarca (10 em 2015) 9. Holanda (4 em 2015) 10. Alemanha (12 em 2015) 11. Coreia do Sul (14 em 2015) 12. Luxemburgo (9 em 2015) 13. Islândia (13 em 2015) 14. Hong Kong (11 em 2015) 15. Canadá (16 em 2015) 16. Japão (19 em 2015) 17. Nova Zelândia (15 em 2015) 18. França (21 em 2015) 19. Austrália (17 em 2015) 20. Áustria (18 em 2015) 21. Israel (22 em 2015) 22. Noruega (20 em 2015) 23. Bélgica (25 em 2015) 24. Estónia (23 em 2015) 25. China (29 em 2015)

RELATÓRIO “UMA FAIXA, UMA ROTA” COLOCA CHINA PELA PRIMEIRA VEZ NO TOP25

O SONHO DE XI

A implementação da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e o facto de estar aberta a colaborar com economias mais desenvolvidas no ramo da investigação colocaram a China no Top25 dos países mais inovadores. É a primeira vez que tal acontece não só com o país, mas com uma economia considerada “média”, como a do Império do Meio. São os resultados do Global Innovation Index, que classifica o continente como “um caso notável”

A

China entrou pela primeira vez no Top25 dos países mais inovadores. Os resultados são do Global Innovation Index (GII) e a posição também coloca o continente como o primeiro país do grupo das “economias médias” a integrar a tabela das mais desenvolvidas em nove anos. O documento, lançado pela Cornell University, The Business School for the World e a World Intellectual Property Organization (WIPO), foi dado a conhecer na quarta-feira. “A entrada da China no Top25 marca a primeira vez que um país com uma economia mediamente desenvolvida se junta às economias mais desenvolvidas do mundo e que dominaram, historicamente, o top do GII durante os nove anos de pesquisa sobre as capacidades de inovação de mais de uma centena de países em todo o mundo. A evolução da China reflecte a forma como o país melho-

rou a sua performance ao nível da inovação”, pode ler-se no relatório, que alerta, ainda assim, para ainda existente divisão entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. “Mas há também mais atenção dos políticos para o facto de que a inovação é crucial para uma economia vibrante e competitiva.” Xi Jinping pode ser o homem responsável por esta subida do 29º lugar em 2015, que já provocou diversas reacções nos média nacionais (ver textos ao lado). Em 2013, a implementação da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” pelo Presidente chinês – que a concretizou no ano passado - fez com que a China se posicionasse ainda mais estrategicamente no mundo. Especialmente, porque o que a iniciativa promove – a integração económica de países asiáticos, africanos e europeus – conta já com mais de 60 países e foca-se nas principais áreas que

dão um empurrão à economia: infra-estruturas, trocas comerciais, educação, investigação e inovação. “A diversidade entre os países que fazem parte de ‘Uma Faixa, Uma Rota’, apesar de desafiante, é um dos factores mais apelativos nesta iniciativa.As vantagens dos diversos países podem ser aproveitadas e o potencial para o progresso é extremamente alto. O aprofundamento da integração económica, melhores infra-estruturas e cooperação em domínios como a educação, pesquisa e inovação têm o potencial de levar os [participantes] a níveis mais elevados e, consequentemente, maior desenvolvimento económico”, indica o GII.

A APRENDER

A abrir a tabela deste ano surgem a Suíça (com 66,28 pontos numa escala que vai até cem), a Suécia (63,57) e o Reino Unido (61,93). Hong Kong não fica numa má

posição, conseguindo o 14º lugar dos mais inovadores (ver texto secundário), ainda que demonstre uma queda. Macau não aparece. Apesar de ficar atrás de Singapura, que arrebata o sexto lugar, a China consegue com o seu 25º lugar (50,57 pontos) ultrapassar países europeus como Portugal (30º), Itália e Espanha. Em último, na posição 128, surge o Iémen. Mas, em que apostou a China para subir na tabela? Segundo o GII, no investimento. “Inovação requer um investimento contínuo. Antes da crise de 2009, os gastos com a investigação e o desenvolvimento subiram cerca de 7% anualmente. Os dados deste ano mostram que estas despesas mundiais subiram apenas 4% em 2014, resultado de um crescimento económico mais lento nas economias emergentes e orçamentos mais apertados para a investigação nas economias mais desenvolvi-


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DOS PAÍSES MAIS INOVADORES

JINPING “A evolução da China reflecte a forma como o país melhorou a sua performance ao nível da inovação” “A diversidade entre os países que fazem parte de ‘Uma Faixa, Uma Rota’, apesar de desafiante, é um dos factores mais apelativos nesta iniciativa”

das. O que, aliás, se mantém um motivo de preocupação”, explica o relatório. “Mas, ainda que os EUA liderem, a China demonstrou um crescimento rapidíssimo nos seus gastos de investigação e desenvolvimento. O [país] sozinho foi responsável por 21% das despesas globais em investigação, ficando apenas atrás dos EUA.” Estudos citados no GII mostram que a China está também a elevar o número de investigadores e de publicações científicas: entre 128 países, a RPC consegue o 46º lugar no número de países com mais investigadores. Isto tendo apenas em conta o continente, já que Hong Kong ocupa a 27ª posição nesta área. “A investigação na inovação é crítica para conseguir elevar o crescimento económico a longo-prazo”, refere Francis Gurry, director-geral do WIPO. “Neste clima económico descobrir novas formas de crescimento e conseguir

“Ainda que os EUA liderem, a China demonstrou um crescimento rapidíssimo nos seus gastos de investigação e desenvolvimento. O [país] sozinho foi responsável por 21% das despesas globais em investigação” “A forma como a China se abre à cooperação internacional é cada vez mais estratégica” GLOBAL INNOVATION INDEX

novas oportunidades que surgem com inovação ao nível global deve ser a prioridade para todos.” Nota positiva acontece também com o registo de patentes, onde “os EUA estão a ver a sua liderança a diminuir”, com a China a conseguir, entre os países de “Uma Faixa, Uma Rota”, o primeiro lugar nesta área, ao lado do fabrico de produtos de alta tecnologia e de exportações. A China consegue ainda o 17º lugar na qualidade de inovação entre as quatro economias que se realçam nessa área – Japão, EUA, Reino Unido e Alemanha. “Esta posição torna o país o líder entre as economias médias, seguido da Índia, que ultrapassou o Brasil.”

UM CASO “NOTÁVEL”

Com uma posição não tão satisfatória (88ª) no que à “estabilidade política” diz respeito, a China consegue ser “um caso notável”, como refere o GII. E tudo devido à sua abertura para o mundo. “A forma como a China se abre à cooperação internacional é cada vez mais estratégica. Desde o processo de abertura do país, em 1978, a política externa tem sido utilizada como um avanço no desenvolvimento da economia. E, mais recentemente, a intensificação da rede de colaborações internacionais espalhou-se em todos os aspectos da inovação chinesa – desde a investigação académica conjunta, ao licenciamento tecnológico e ao investimento directo e aquisições estrangeiros”, indica o relatório, que acrescenta que o resultado destas apostas é um sistema densamente conectado a fontes cujo ‘expertise’ é elevado. O país está ao lado da Malásia, Bulgária, Costa Rica, Roménia e Montenegro no Top10 dos melhores países com uma economia mediana e ocupa também uma posição invejável nos países com melhor rácio de inovações mais eficazes. E, como o HM analisou, no grupo dos países asiáticos o Império do Meio assume também um lugar de destaque: o quarto, atrás apenas da Coreia do Sul, Hong Kong e Japão. Precisamente graças à sua abertura. “Uma coisa que distingue a China do Japão ou da Coreia no caminho da inovação é a sua abertura

RPC, O FUTURO

ALTOS ELOGIOS

G

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U Qingyang, professor associado da Escola de Políticas Públicas de Lee Kuan Yew da Universidade Nacional de Singapura, considera que esta entrada da China no Top25 é uma notícia incentivadora. Num editorial escrito no Diário do Povo, jornal que dedicou diversos artigos a este resultado, o académico considera este um momento de viragem decisiva para o desenvolvimento na inovação da China. Gu Qingyang crê que o plano nacional da inovação tecnológica do 13º plano quinzenal publicado pelo Conselho de Estado do Governo Central da China contribuiu imensamente para que se saiba qual o plano de inovação tecnológica da China nos próximos cinco anos. “No passado, a inovação era definida como o fruto das tecnologias de ponta, mas agora na China a inovação está entre a população”, refere. O “The Economist” publicou recentemente um artigo de capa em que considera que a China e o mundo ocidental já entraram numa fase de “referência mútua de inovação” no sector tecnológico. Um texto do Financial Times relata que os investidores aguardam com expectativa que o potencial da tecnologia chinesa possa ultrapassar os Estados Unidos da América, como relembra ainda o académico. O Diário do Povo frisa ainda um artigo da CNN norte-americana, que realça a inovação como um motor crucial para a economia chinesa. “Os gastos de pesquisa e desenvolvimento das empresas chinesas está a crescer a um ritmo de 20% enquanto o das empresas americanas é de 1 a 4%. A China está a tornar-se um país repleto de produtos e ideias inovadoras”, indicava. Também o director-geral da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, Francis Gurry, fez questão de frisar que a inovação que a China está a prosseguir serve como um elemento essencial para a transição do produto “Made in China” a “Created in China”. A.K. / J.F. para ‘comprar experiência que está na prateleira’ quando necessário”, ou seja procurar o que já é tido como de qualidade. “Uma e outra vez, exemplos de colaborações são evidentes. Como Adam Segal, um especialista em China no Conselho de Relações

S 25 primeiras posições do GII são ocupadas por um conjunto estável de países de alto-rendimento que consistentemente lideram na inovação. Nos últimos anos, quase nenhum país mudou dentro ou fora deste grupo de melhor desempenho, mas este ano algumas mudanças notáveis tiveram lugar dentro do Top25, em parte devido à inclusão de novos indicadores. Notavelmente, pela primeira vez, um país de economia média – a China - está nesse top. Esta inclusão é impulsionada não apenas pelo desempenho na inovação, mas também por considerações metodológicas, como a adição de quatro novos indicadores em que a China fez particularmente bem”, realça o relatório. “Por exemplo, o país tem uma nota particularmente elevada no número de empresas que mais investem em pesquisa, tem rankings de inovação com pontuações mais altas e indicadores altos em pedidos de patentes, bem como nas exportações de alta tecnologia e bens criativos.” A China ainda não está a par de qualquer um dos dez países de topo, mas consegue pontuações mais altas em sofisticação empresarial e exportação de conhecimento e tecnologia do os seus pares no grupo do 11º ao 25º lugar, como indica o GII. Assim, está mais próxima de países de economia alta, com a Malásia agora em maior distância, quando no ano passado os dois países foram as duas únicas economias de economia mediana perto do grupo superior. A China tem demonstrado uma melhoria mais forte ao longo dos anos em vários indicadores.” J.F.

Exteriores dos Estados Unidos, descreveu ‘uma das grandes vantagens da China tem sido o seu foco em moldar as interacções com os estrangeiros para servir os seus objectivos’”, remata o GII. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

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ACIDENTE “ALERTA PARA POSSÍVEL LIMITE DE CAPACIDADE” TURÍSTICA

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É dado a título ilustrativo o exemplo do parque de estacionamento para a zona das Ruínas de S. Paulo, que oferece cerca de 30 lugares para autocarros turísticos, o que faz com que os veículos só possam deixar que os seus passageiros saiam e entrem do transporte em paragens temporárias situadas nas vias circundantes

à zona central. O mesmo editorial atenta ainda no facto de que, aquando do pico de visitas à RAEM, para além dos problemas com os autocarros, surgem ainda excessos de lotação no trânsito, nos espaços de restauração e mesmo nos hotéis. O relatório acerca da capacidade de acolhimento do

turismo de Macau publicado pelo Instituto de Formação Turística (IFT) em 2015 afirma que já em 2014 a capacidade de acolhimento tinha atingido o seu ponto de saturação. O Governo também já entregou um relatório a Pequim de modo a que seja debatido um “melhoramento de viagem” com destino à RAEM. A.K. (revisto por SM)

O Executivo está a rejeitar pedidos de renovação de blue cards para permitir acesso de mais residentes locais a posições de chefias nas operadoras de jogo. São explicações dos Serviços para os Assuntos Laborais à deputada Ella Lei, citadas pelo jornal Ponto Final. “Se houver trabalhadores locais com qualificações para assumirem posições de topo, a DSAL não vai aprovar os novos pedidos de importação de mão-de-obra nem os pedidos de renovação”, respondeu Teng Ng Kam. A publicação adianta ainda que, em Dezembro de 2015, havia um total de 29.840 trabalhadores em posições de chefia nos casinos, sendo que 24.763 eram locais (83%). Já o número de trabalhadores de fora era de 17%, pouco mais de cinco mil pessoas.

ANTÓNIO FALCÃO

acidente ocorrido com um autocarro de turismo voltou a levantar questões relativamente ao limite da quantidade de turistas que Macau pode receber. É pelo menos o que considera o Diário do Povo, que no seu editorial de ontem diz que este pode “servir de alerta para o problema da sobrecarga no sector”.

GOVERNO REJEITA BLUE CARDS PARA CHEFIAS

ATFPM BALANÇO DE ANO LEGISLATIVO PEDE MAIS TRANSPARÊNCIA

Abram alas aos media José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai querem mais transparência nas Comissões da AL. A sugestão é que estas passem a ter presentes a comunicação social para que não exista manipulação ou omissão de dados importantes

D

EIXAR entrar os jornalistas durante as reuniões das Comissões que analisam na especialidade as propostas de lei ou outros assuntos é a sugestão dos deputados José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai. O desejo foi mais uma vez manifestado ontem, em conferência de imprensa promovida por ambos e que teve como objectivo fazer um balanço do ano legislativo de 2015/16. Mais transparência nos trabalhos da Assembleia Le-

gislativa é a solicitação feita pelos deputados, que consideram que a presença dos jornalistas durante as reuniões das Comissões é importante. “Abram as portas à comunicação social”, pede José Pereira Coutinho. Para o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) não se entende porque é que as reuniões de Comissão são “à porta fechada”, porque “não se está a falar de bombas, nem de sexo”, mas sim de assuntos que a todos dizem respeito.

Para Pereira Coutinho, “há deputados que dizem uma coisa na Comissão e outra na AL” porque o encontro que dá a saber aos jornalistas os conteúdos abordados nas

“Há deputados que dizem uma coisa na Comissão e outra na AL” JOSÉ PEREIRA COUTINHO DEPUTADO

reuniões por parte do presidente desta não é suficiente. O presidente de cada Comissão não tem tempo para fazer um relato completo do que foi falado porque isso até é “humanamente impossível”, afirma. A solução passa por abrir as portas aos jornalistas, para assim a transparência ser total.

PARA DORMIR

O dirigente associativo afirma ainda que as sessões de perguntas e respostas da AL são “mornas, sonolentas e sem interesse”. O motivo é óbvio

para o deputado, sendo que depois de entregues previamente as perguntas a Chui Sai On não é dado tempo durante estas sessões para que sejam questionadas as respostas que vêm preparadas. Tal, não dá motivação aos deputados. Pereira Coutinho pede que sejam dados nas sessões de perguntas e respostas “mais dois ou três minutos”, para que possa ser feito “o follow up” às respostas do Chefe do Executivo. A participação fraca dos deputados e política à margem da sociedade também fizeram parte do balanço. “É necessário que o Governo incentive ao recenseamento eleitoral”, afirma Coutinho, enquanto adianta a necessidade de esclarecer os funcionários públicos que se podem candidatar sem que com isso percam os seus direitos. O presidente da ATFPM mostra-se preocupado com a escassez de interesse pela política por parte dos trabalhadores da Função Pública. Sofia Mota

info@hojemacau.com.mo

CAMPANHAS CAMUFLADAS

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ereira Coutinho não foi também de falas mansas com o que diz ser pré-campanha. Tendo como exemplo um caso de um programa da Associação de Conterrâneos de Jiangmen transmitido pela TDM, o deputado diz que é óbvio que se trata de deslealdade no que respeita a campanha eleitoral e o dedo é apontado por um lado à TDM, que produziu o programa. Para o dirigente associativo se a televisão “tem uns tem que ter outros” e lamenta o facto de nunca ter sido convidado para fazer um programa também. Por outro lado, ressalva que cabe também ao Governo supervisionar este tipo de conteúdos. Os doces e vales que andam a ser distribuídos por determinadas associações também são condenados pela ATFPM, pois “representam uma forma de pré-campanha também desleal por parte daqueles que mais podem”. Cabe ao Governo pôr mão na situação e estar atento ou mesmo sancionar quem comete este tipo de “falta de respeito” ou ilegalidade, diz.


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Aprender primeiro

POLÍTICA

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AMCM diz que Fundo de Investimento avança mas só com formados

Curso de formação previsto no Regime de qualificações nos domínios da construção urbana e do urbanismo

O Fundo para o Desenvolvimento e Investimento vai mesmo avançar, mas não sem antes se formar pessoas na área financeira, diz a AMCM

I. Destinatários: Os profissionais não inscritos ou inscritos há menos de um ano na DSSOPT, e a todos os restantes técnicos inscritos, nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 67.º da Lei n.º 1/2015 de 5 de Janeiro de 2015, que aprova o Regime de qualificações nos domínios da construção urbana e do urbanismo e no artigo 36.º do Regulamento Administrativo n.º 12/2015 de 10 de Agosto de 2015, que aprova a Regulamentação do regime de qualificações nos domínios da construção urbana e do urbanismo. II. Local de realização da formação Estrada de D. Maria II, n.º 33, 5.º andar, Macau. III. Prazo de inscrição: De 01 a 31 de Agosto de 2016. IV. Local de inscrição: Os interessados devem efectuar a entrega na Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, situada no résdo-chão da Estrada de D. Maria II, n.º 33, Macau, do boletim de inscrição devidamente preenchido, juntamente com a fotocópia do bilhete de identidade de residente da RAEM, durante o horário de expediente. V. Levantamento do boletim de inscrição: O boletim de inscrição está disponível na página electrónica da DSSOPT (http://www.dssopt.gov.mo) ou pode ser levantado pessoalmente nas instalações da DSSOPT acima referidas.

O

Governo vai mesmo avançar com o Fundo para o Desenvolvimento e Investimento, anunciado em 2015, mas não sem antes formar pessoal. O assunto tinha sido alvo de debate em sede da Comissão de Acompanhamento para as Finanças Públicas da Assembleia Legislativa (AL), onde os deputados questionaram o Executivo. Um porta-voz da Autoridade Monetária de Macau (AMCM) confirmou ao HM que o projecto é para avançar. Ontem, também o Jornal Tribuna de Macau tinha avançado que estão já em marcha os trabalhos “preparatórios” para o Fundo, que se prevê estar concluído em 2019. Um relatório da Comissão da AL publicado esta semana e analisado pelo HM indicava que “os pormenores do Fundo estavam em fase de estudo”, mas a AMCM disse ao diário que os trabalhos arrancaram após a conclusão desse estudo de avaliação interno feito pelo organismo. O Fundo será semelhante a um fundo soberano, “exclusivamente para gerir os investimentos das reservas” financeiras, sendo que a AMCM alertou os membros do hemiciclo de que está a ter uma atitude prudente face ao dinheiro público. “A AMCM adoptará apenas uma política de aplicação financeira mais prudente, face à previsão de uma maior oscilação

VI. Horário: TURMAS C - CANTONÊS P - PORTUGUÊS A1 C

ÁREAS DE ESPECIALIZAÇÃO

A1 Arquitectura; A Arquitectura paisagística; Planeamento urbanístico

O Fundo será semelhante a um fundo soberano, “exclusivamente para gerir os investimentos das reservas” financeiras no mercado financeiro mundial este ano de 2016.”

A QUALIFICAR

Os deputados tinham sugerido que o Governo avançasse com uma política de investimento “mais agressiva”, com investimentos no continente e a compra de imóveis de “alta qualidade em Macau”. Esse não é o desejo do Executivo, que quer, contudo, maior aposta na formação. “Seja em termos de política de gestão financeira, ou em termos de normação legal, a aplicação dos fundos públicos tem de ser sempre rodeada da maior cautela para se manter, pelo menos, a estabilidade dos activos. (...) Contudo, a tarefa primordial do Governo, enquanto este [Fundo] não for criado, é a formação de mais quadros qualificados para a área financeira.”

Os números apresentados pelo Governo sobre a taxa de retorno dos investimentos da Reserva Financeira em 2015 mostram que o 0,7% não agrada e é menor que todas as taxas nos últimos quatro anos. “Pode até dizer-se que o seu valor é mais baixo do que os rendimentos de depósitos obtidos por particulares”, avisam os deputados. O Executivo diz que a baixa taxa se deve “às turbulências verificadas no mercado mundial bolsista e à depreciação do yuan”. O valor dos activos ascendeu a 345,05 mil milhões de patacas em 2015. Chui Sai On tinha anunciado que iria proceder a um estudo sobre a aplicação de determinada percentagem da actual reserva financeira na criação do Fundo. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

B2 B3

Engenharia de segurança contra incêndio; Engenharia electrotécnica; Engenharia electromecânica; C Engenharia mecânica; Engenharia quimíca; Engenharia industrial e Engenharia de combustíveis.

17 e 24 de Setembro de 2016

09:30 – 12:45 E 14:45 – 17:00

22 e 29 de Outubro de 2016

09:30 – 12:45 E 14:45 – 17:00

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HORÁRIO

A2 C A2

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Engenharia civil; Engenharia do ambiente; Engenharia de transporte

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DATAS

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26 de Novembro de 2016 e 03 de Dezembro de 2016 17 e 24 de Setembro de 2016 22 e 29 de Outubro de 2016 26 de Novembro de 2016 e 03 de Dezembro de 2016 17 e 24 de Setembro de 2016 22 e 29 de Outubro de 2016 26 de Novembro de 2016 e 03 de Dezembro de 2016

09:30 – 12:45 E 14:45 – 17:00 09:30 – 12:45 E 14:45 – 17:00 09:30 – 12:45 E 14:45 – 17:00 09:30 – 12:45 E 14:45 – 17:00 09:30 – 12:45 E 14:45 – 17:00 09:30 – 12:45 E 14:45 – 17:00 09:30 – 12:45 E 14:45 – 17:00

NOTAS: (1) – Os candidatos devem sinalizar, no boletim de inscrição, por ordem de prioridade, as três turmas de acordo com a respectiva especialidade; (2) – Os candidatos devem sinalizar, por ordem de prioridade, a língua veicular do curso (chinesa e portuguesa) ou apenas a língua veícular pretendida. VII. Taxa de inscrição: Gratuita VIII. Admissão: Devido ao número limitado de vagas, os candidatos inscritos serão admitidos de acordo com a seguinte prioridade: - profissionais inscritos há menos de um ano, à data da entrada em vigor da Lei n.º 01/2015, de 05 de Janeiro; - profissionais não inscritos anteriormente mas que já exerçam funcões na RAEM à data de entrada em vigor da Lei n.º 01/2015, de 05 de Janeiro; - profissionais inscritos há menos de 10 anos na DSSOPT; - os restante profissionais, segundo a ordem de chegada do pedido de inscrição no curso. IX. Certificado de frequência: Aos formandos que terminem o curso com a presença de 100%, será atribuído um certificado de frequência emitido pela DSSOPT. X. Observações: (1) - Os boletins de inscrição entregues fora do prazo de admissão só serão prioritariamente considerados no próximo curso de formação a organizar pela DSSOPT; (2) - Os candidatos que frequentaram os dois anteriores cursos de formação especial organizados pela DSSOPT, não serão aceites; (3) As turmas referidas em VI só serão abertas se tiverem um mínimo de 20 candidatos confirmados; (4) - Nas turmas que não preencham um mínimo de 20 candidatos, estes serão distribuídos pelas outras turmas, de acordo com a respectiva especialidade, língua veicular e a prioridade sinalizada; (5) - À DSSOPT reserva-se o direito de decisão final, em caso de litígio e no cancelamento de turmas por questões de logística; (6) - Para demais informações sobre o curso ou o ponto de situação do pedido, queiram contactar o Centro de Informações da DSSOPT através do telefone n.º 8590 3800 ou consultar a nossa página electrónica (http://www.dssopt.gov.mo).


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SOCIEDADE

Uber EMPRESA PODERÁ DEIXAR MACAU NO INÍCIO DE SETEMBRO

Insustentável peso das multas Mais de dez milhões de patacas. São estes os valores referentes às multas passadas à Uber que “uma fonte credível” dá ao deputado Pereira Coutinho e que podem justificar a possível saída da empresa de Macau. A empresa não desmente e pede um sistema regulador amigável

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Uber pode vir a sair de Macau já no próximo mês. É o que garante José Pereira Coutinho ao HM. O presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) cita “uma fonte credível” próxima da empresa para assegurar que a empresa de serviço de transporte privado “está a considerar suspender os seus serviços em Macau no início de Setembro”. Questionada pelo HM, a directora-geral da Uber em Macau não desmente a notícia. Mas deixa uma declaração que indica que a empresa poderá estar a pensar adoptar esta estratégia. “Gostaríamos de continuar a fornecer serviços convenientes aos utilizadores e oportunidades económicas aos condutores que contam com a Uber todos os dias. Mas isso, sob um regime inovador e amigável, sem as multas proibitivas”, admite Trasy Lou Walsh. Desde o seu lançamento em Outubro de 2015 que a Uber tem vindo a levantar polémica. Apesar de ser utilizada por residentes e turistas – “milhares” como assegura o presidente da ATFPM – e de ter mais de dois mil condutores a tempo inteiro que receberam em retorno “21 milhões de patacas”, ainda segundo informações prestadas por José Pereira Coutinho,

a empresa não é bem-vinda. Pelo menos da parte do Governo. O serviço de transporte privado Uber é, de acordo com o Governo, mesmo ilegal e o porta-voz do Governo, Leong Heng Teng, prometeu fazer de tudo para impedir, “de forma séria”, que estes veículos circulem. A directiva vinha este ano do Gabinete do porta-voz do Governo, que referia estar muito atento à entrada da Uber em Macau. O assunto foi discutido por diversas vezes por deputados no hemiciclo, que pediram inclusivamente a legalização do meio de transporte. As multas passadas aos condutores podem ir até às 30 mil

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Doenças a atacar

ONTINUARAM a aumentar os casos de escarlatina em Julho em Macau face ao mesmo mês do ano passado. Dados ontem enviados aos média pelos Serviços de Saúde (SS) mostram que foram declarados 18 casos da doença, mais quatro do que no ano passado. Tal como o HM tinha avançado no final do mês passado, desde 2010 que Macau não via tantos casos de escarlatina. Só este ano, já contabilizou quase 300 casos da doença respiratória que atacou

patacas. “Desde o lançamento que a PSP multou já 300 condutores num montante total de dez milhões de patacas. A média semanal é de um milhão de patacas em multas. Estaremos mesmo perante crime organizado ou terrorismo?”, ataca Pereira Coutinho.

NÃO DÁ

“Desde o lançamento que a PSP multou já 300 condutores num montante total de dez milhões de patacas. (...) Irão suspender os serviços pois a situação é insustentável” JOSÉ PEREIRA COUTINHO DEPUTADO

É precisamente esta “perseguição” que deverá levar a empresa a sair de Macau. “Eles irão suspender os serviços pois a situação é insustentável e lamentam que os residentes fiquem com menos uma opção de transporte e os condutores com menos uma fonte de rendimento. Eles preferiam não tomar esta decisão, mas infelizmente sentem que não têm outra solução a menos que se conclua que a discussão sobre a regulamentação irá ocorrer e que durante tal período se proceda de boa-fé e sem este nível de multas”, indica ao HM. O Governo considera esta actividade ilegal por não ser “um

Escarlatina aumenta novamente. Sobem infecções por VIH

em força no século XIX e que foi erradicada, mas que regressou recentemente em todo o mundo. No ano passado, o número de casos de escarlatina chegou aos 268, tendo atacado especialmente crianças do sexo masculino. Este ano, o número de infecções pela mesma doença foi superior a todo o ano de 2015, ascendendo aos

285. Somam-se agora mais 18 casos registados o mês passado, ainda que muito menos do que em Junho, que totalizou mais de 50. Em Julho, os Serviços de Saúde registaram 406 situações em que foi efectuada a declaração obrigatória de doenças e “verificou-se que existe uma mudança mais evidente em algumas

meio eficiente para colmatar a insuficiência de automóveis de aluguer”, pois será difícil “regular o funcionamento e a remune-

“Gostaríamos de continuar a fornecer serviços convenientes aos utilizadores e oportunidades económicas aos condutores que contam com a Uber todos os dias. Mas isso, sob um regime inovador e amigável, sem as multas proibitivas” TRASY LOU WALSH DIRECTORA-GERAL DA UBER EM MACAU

doenças”, como a escarlatina, a papeira (sete casos), a varicela (56 casos) e as salmoneloses (11 casos). “Estes números significam que houve um aumento de casos quando comparados com o período homólogo do ano passado”, admitem os SS, depois de no mês passado terem dito que a escarlatina estava a diminuir, mas comparando de mês para mês em vez de anualmente. Foram ainda declarados 225 infecções por enterovírus e oito

ração do serviço cobrado”. Mas a verdade é que já foram vários os residentes que asseguram usar a Uber, até devido à escassez de táxis no território. “De acordo com a sondagem dos Kaifong 80% dos inquiridos consideram esta tecnologia necessária em Macau. Outros 90% dos inquiridos consideram que regulamentação para partilha de transporte é necessária para dar mais opções de transporte.” Nem o facto da China ter abraçado esta nova forma de serviço teve qualquer impacto no território, como nota Pereira Coutinho. Recorde-se que a Uber está disponível para reunir com o Secretário para os Transportes e Obras Públicas e o Chefe do Executivo para discutir regulamentação, mas até agora não houve novidades. “As soluções da China podem servir como referência”, remata Pereira Coutinho. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

casos de influenza, ainda que tenha havido uma diminuição do número de casos, em comparação com o período homólogo do ano passado e com o passado mês de Junho. Durante o mês de Julho foram também registados 32 casos de tuberculose pulmonar, “um número inferior ao período homólogo do ano passado”. Já casos de infecção pelo VIH foram registados oito e três de SIDA, “o que significa um ligeiro acréscimo relativamente ao período homólogo de 2015”. J.F.


8 SOCIEDADE

hoje macau sexta-feira 19.8.2016

MAIS DOIS CASOS DE DENGUE IMPORTADO

O

S Serviços de Saúde (SS) deram conta de dois novos casos de dengue importados, diagnosticados depois de um homem e uma mulher terem viajado para o Camboja e Filipinas, respectivamente, elevando o número destes casos para sete. Em comunicado divulgado na quarta-feira à noite, os SS informam que um homem de 24 anos foi diagnosticado depois de ter estado no Camboja, entre 31 de Julho e 6 de Agosto, para fazer voluntariado. No

dia 12, já depois de ter regressado a Macau, manifestou sintomas de febre e dores musculares, recorrendo ao hospital. Como a febre não passou, voltou ao hospital no dia 15, acabando por ficar internado e ser diagnosticado. O outro caso diz respeito a uma mulher de 44 anos que tinha estado nas Filipinas entre 3 e 12 de Agosto. Foi ainda no país que, após sintomas, foi diagnosticada. Após regressar a Macau, voltou a ser internada e come-

PREÇO DO METRO QUADRADO DIMINUI FACE A 2015

çou a apresentar erupções cutâneas, tendo-lhe sido diagnosticado dengue de tipo III. Segundo os SS ambos apresentam melhorias. Estes dois diagnósticos elevam o número de casos de febre de dengue importado para sete desde o início do ano.

O preço médio do metro quadrado em Macau atingiu 78.532 patacas no segundo trimestre, menos 17,6% face a igual período de 2015, indicam dados oficiais ontem divulgados. Em termos trimestrais, o preço médio do metro quadrado subiu 7,6% face ao período entre Janeiro e Março (72.955 patacas), segundo os dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos. Entre Abril e Junho foram transaccionadas 3882 fracções e lugares de estacionamento, no valor de 19,13 mil milhões de patacas. A ilha de Coloane apresentou o preço médio mais elevado (102.366 patacas), seguida da ilha da Taipa (80.729 patacas) e da península de Macau (76.215 patacas). Em termos mensais, o preço médio do metro quadrado aumentou 0,68% de Maio para Junho, segundo as estatísticas disponibilizadas no portal dos Serviços de Finanças respeitantes às transacções de imóveis destinados a habitação que foram declaradas para liquidação do imposto de selo.

Turismo FEIRA INTERNACIONAL CHEGA EM SETEMBRO

Viajar é palavra de ordem

E

STÁ marcada para Setembro aquela que é a quarta Feira Internacional da Indústria de Turismo de Macau. O anúncio foi feito ontem por Maria Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST), que explicou que o objectivo do evento é facilitar negócios. A Feira acontece entre os dias 2 e 4 de Setembro, no Venetian, sendo a primeira vez que a DST surge como entidade organizadora. A explicação veio da por parte Helena de Senna Fernandes, que frisa “que houve a necessidade de tornar esta feira mais profissional e de lhe dar um brilho diferente”. “Achámos que, estando presentes enquanto entidade organizadora, poderíamos dar uma dimensão maior e facilitar as oportunidades de negócio quer para as operadores internas quer para as externas.” Sete milhões de patacas é o dinheiro aqui investido por parte do Executivo. Este ano o certame internacional vai receber expositores de várias partes do mundo, num total de 15 países e regiões representados, onde se incluem China continental e Portugal. “Pretendemos criar parcerias e simbioses de mercado com operadores destes dois países que nos são próximos”, referiu a directora da DST. A Feira tem vindo sempre a crescer e este ano tem o maior número de expositores, sendo que 169 é o número avançado pela

organização. Tem-se revelado importante pólo para a promoção do turismo de Macau, assegura Senna Fernades. O presidente da Associação das Agências de Viagens de Macau, Alex Lao, referiu a propósito “que a Feira tem feito um percurso de sucesso e continuamos a ter o compromisso de promover Macau e os seus produtos, criar oportunidades de negócio e permitir que se transforme numa importante plataforma para trocas e transacções na área do turismo”. O subdirector da DST, Cheng Wai Tong, acrescentou que o objectivo é o de “continuar a melhorar a oferta e saber explorar os recursos

de Macau tornando-o num centro de turismo e lazer”.

de mercado”, acrescentou o subdirector da DST.

PERCURSOS INTELIGENTES

PORTUGAL VAI CÁ ESTAR

Um dos temas da feira será o do conceito de viagem ou do viajante inteligente. Esta temática assenta no incentivo à utilização das plataformas digitais, das aplicações e de tudo o que possa enriquecer uma viajem e que possa ser encontrado no mundo virtual. Isto aplica-se também aos serviços disponibilizados por estas aplicações web, que são cada vez mais utilizados, sobretudo pelas faixas etárias mais novas. “Queremos focar a nossa atenção em nichos

Quanto a participantes: Portugal será um dos países representados com 14 operadores turísticos já garantidos. Doze têm por objectivo levar o melhor de Macau e dois o de organizar pacotes de viagens, para levar população local a visitar Portugal. Uma comitiva portuguesa virá participar neste evento. “Vamos ter um representante do Turismo de Portugal, João Rodrigues Pires, representantes da Câmara Municipal de Aveiro e da Associação da Agências de Turismo de Portugal”, explicou Helena de Senna Fernandes. No espaço físico desta mostra internacional, Macau vai ter uma rua. Mais uma vez esta responsável explica que “é uma simulação do que podemos encontrar numa qualquer rua de Macau, com vários serviços e lazer. É mostrar um pouco desta realidade”. Durante três dias haverá oportunidade de negócio sobretudo entre operadores turísticos, mas o público também está convidado a participar uma vez que também poderão adquirir viagens, quer internacionais quer regionais. Estarão também presentes elementos essenciais da indústria turística: alimentação, alojamento, transporte, entretenimento, tecnologia relacionada com o turismo, entre outros. Haverá ainda seminários onde serão abordados temas como as análises das novas tendências do

“Achámos que, estando presentes (DST) enquanto entidade organizadora, poderíamos dar uma dimensão maior e facilitar as oportunidades de negócio quer para as operadores internas quer para as externas” HELENA DE SENNA FERNANDES DIRECTORA DOS SERVIÇOS DE TURISMO turismo individual na rede ferroviária de alta velocidade, pontos turísticos mais visitados em 2016 e desenvolvimento do Turismo inteligente, entre outros temas. Hoje Macau

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TRÂNSITO CONDICIONADO

Q

uestionada sobre a possibilidade de haver condicionamento aos autocarros de turismo na zona das Ruínas de S. Paulo, Helena de Senna Fernandes fez saber que o caso está a ser estudado com as entidades responsáveis pela situação, mas até ao momento ainda não há uma solução. “Como o que aqui importa é garantir a segurança das pessoas, talvez os turistas tenham de andar um pouco mais. Pode ser que os autocarros tenham de estacionar no parque da Tap Seac, mas tal como disse, ainda estamos a estudar as soluções.”


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A

S obras de pavimentação das vias públicas no centro da cidade vão ser realizadas também à noite de modo a diminuir os efeitos da construção. A informação é dada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que adianta que a partir da próxima terça-feira, e durante três dias consecutivos, as obras de repavimentação das vias que fazem a junção da Avenida da Praia Grande com a Almeida Ribeiro vão acontecer à noite. Para diminuir a perturbação que possa gerar ao público, o IACM decide realizar a pavimentação das vias públicas às horas mais calmas que acontecem durante a noite e os trabalhos vão preencher o horário compreendido entre as 20h00 e as 6h00 da manhã seguinte. A empresa encarregue da empreitada já foi informada desta medida e foi-lhe também exigido que acabe depressa com as obras que possam produzir ruído mais forte. A empresa também tem na sua alçada a responsabilidade de recuperar

Isto é dia e noite Obras nocturnas para acelerar trabalhos da Praia Grande

SOCIEDADE

as condições de trânsito antes das seis da manhã.

MENOS DANOS

A decisão de ocupar a noite com as obras foi feita de modo a equilibrar o movimento com a passagem de transportes públicos, a vida do quotidiano da população e ainda para evitar mais problemas provocados por sucessivos condicionamentos provisórios ao trânsito. O IACM está ainda a realizar repavimentações a outras vias adjacentes e o tempo total dos trabalhos está previsto para 20 dias úteis. Durante a execução das obras, o movimento do tráfego estará condicionado com a proibição de movimento de veículos nas vias atingidas, bem como nas adjacentes. Neste momento estão a ser levadas a cabo cerca de 99 obras nas vias da cidade e que têm sido alvo de críticas por parte dos residentes. O Conselho Consultivo do Trânsito revelou ainda que “é impossível terminar algumas das obras de grande escala antes do final das férias de Verão”.

CASAS-MUSEU FECHADAS PARA RENOVAÇÃO

O Instituto Cultural (IC) fechou temporariamente as cinco CasasMuseu da Taipa de modo a proceder à optimização das instalações culturais e funcionalidades desta zona. O encerramento destes edifícios está agendado para 22 de Agosto não havendo data prevista para a sua reabertura. No entanto, o IC adianta que será realizada após a conclusão dos trabalhos e garante “uma nova imagem”.

Angela Ka (revisto por S.M.) info@hojemacau.com.mo

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MANUEL DA CONCEIÇÃO CASIMIRO LOPES Falecimento A família enlutada de Manuel da Conceição Casimiro Lopes, vem comunicar o falecimento do seu ente querido. No dia 20 de Agosto de 2016 pelas 20:00 horas será rezada uma missa pela sua alma na Casa Mortuária Diocesana. No dia seguinte, 21 de Agosto de 2016, pelas 11:00 horas, será realizado um funeral e uma missa no Cemitério S. Miguel Arcanjo. Antecipadamente se agradece a todos quantos queiram participar no piedoso acto. PUB

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10 CHINA

hoje macau sexta-feira 19.8.2016

LÍDER DA BIRMÂNIA DE VISITA A PEQUIM COM AGENDA PREENCHIDA

Barragem na mira

A líder da Birmânia, Aung San Suu Kyi, iniciou ontem uma visita oficial a Pequim, onde abordará vários assuntos com os líderes chineses, incluindo o projecto da barragem de Myitsone, suspenso pela Birmânia em 2011

S

UU Kyi, que recebeu o prémio Nobel da Paz em 1991, foi recebida com uma cerimónia de boas-vindas e com honras de chefe de Estado pelo primeiro-ministro Li Keqiang. Durante o dia de hoje Suu Kyi irá reunir-se com o Presidente chinês, Xi Jinping e leva na agenda a possibilidade de a China participar na reconstrução da barragem Myitsone, um projecto que foi travado e que desagradou a Pequim. Apesar de liderar a Birmânia, Suu Kyi é oficialmente ministra dos Negócios Estrangeiros e Conselheira de Estado, estando impossibilitada de assumir o cargo de presidente, por estar casada com um estrangeiro.

A PRIMEIRA VEZ

Esta viagem acontece uma semana antes de a Birmânia celebrar a Conferência de Panglong, que promove a paz entre o Governo e as guerrilhas constituídas por minorias étnicas e é também a primeira visita à China desde assumiu o cargo . O apoio da China é visto como crucial para pôr fim a décadas de conflitos étnicos no país, algo em que Pequim está interessado, visto que em ocasiões passadas os confrontos com o exército da Birmânia ocorreram em zonas próximas à sua fronteira. A visita ocorre um mês antes de Suu viajar até aos Estados Unidos da América, o que é interpretado pela China como um sinal de boas relações bilaterais. Pequim foi o único apoio internacional da Junta Militar que governou a Birmânia (desde o final dos anos 1960 até 2011) e que manteve Suu 15 anos na prisão. Ainda assim, continuam a existir diferendos entre os dois países vizinhos. O fundamental diz respeito ao adiamento da construção da barragem de Myitsone, financiada pela China, numa decisão que contou com a influência de Suu Kyi. A aprovação, no passado fim de semana, por parte da Birmânia, de um comité para rever a situação do projecto despertou as esperanças da China de que este seja reactivado, segundo publicaram alguns jornais oficiais chineses.

A passo de caracol Recuperação do Mercado imobiliário abranda

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SUBIDA dos preços no mercado imobiliário sofreu um abrandamento em Julho, com o valor das casas a aumentar em um menor número de cidades, comparativamente aos meses anteriores, segundo dados oficiais divulgados. Os preços da habitação nova subiram em 51 das 70 principais cidades do país, face ao mês anterior, enquanto em Junho e Maio foram 55 e 60, respectivamente, as cidades que registaram uma subida nos preços. A China não divulga a percentagem global de variação dos preços da habitação em todo o país, limitando-se a revelar a mudança de preços, face ao mês e ao ano anterior, nas 70 principais cidades do país, como indicador da evolução do mercado. Em Julho, no entanto, os preços caíram em 16 cidades, seis a mais do que em Junho e doze mais do que em Maio. Em termos homólogos, 58 cidades registaram um aumento dos preços das habitações novas, enquanto 11 registaram quedas. A cidade de Shenzhen, localidade no sul da China, próxima

de Macau e Hong Kong, voltou a liderar o ranking e registou um aumento de 41,4% dos preços, em Julho, mantendo a tendência que regista desde o verão de 2015. Ainda assim, a subida foi inferior ao registado em Junho e Maio, 47,4% e 54%, respectivamente. Em Pequim e Xangai, as duas principais metrópoles da China, os preços subiram 33,1% e 22,7%, respectivamente. A cidade de Jinzhou, na província de Liaoning, no nordeste da China, voltou a liderar as quedas, ao registar um recuo dos preços de 3,8%, face ao mesmo período do ano passado, e de 3,5%, face a Julho. Após uma estagnação no sector imobiliário, entre a segunda metade de 2014 e a primeira de 2015, Pequim tomou várias medidas para impulsionar a compra de habitação. Entre estas, destacam-se a redução da taxa de juro para estimular o crédito bancário, a diminuição dos impostos sobre as transacções imobiliárias e a redução do pagamento inicial na compra de uma casa.

LACTICÍNIOS QUALIDADE ‘‘MELHORA’’, DESCONFIANÇA PERMANECE

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Durante o dia de hoje Suu Kyi irá reunir-se com o Presidente chinês Xi Jinping e leva na agenda a possibilidade de a China participar na reconstrução da barragem Myitsone, um projecto que foi travado e que desagradou a Pequim

qualidade dos lacticínios chineses “melhorou substancialmente”, garantiu ontem uma associação ligada ao sector. Apesar disso os consumidores chineses mantêm-se desconfiados e continuam a dar preferência aos produtos importados. Presente na memória ainda está o episódio do leite contaminado que em 2008 abalou a China e vitimou várias crianças. A Associação da Indústria de Lacticínios da China garante que 99,5% dos produtos testados no ano passado “obedecem aos padrões” e estão “livres de aditivos ilegais”, segundo um relatório citado pela agência oficial Xinhua. Em 2008, cerca de 300 mil crianças adoeceram e seis morreram na China após ingerirem leite em pó contaminado com melamina, composto químico usado na produção de plásticos. Após o incidente, que envolveu

então a empresa líder do sector na China, a Sanlu Group, com sede na província de Hebei, mais leite contaminado foi descoberto por todo o país, gerando uma enorme procura por lacticínios importados, especialmente para crianças. Em Lisboa, por exemplo, a passagem de navios da marinha chinesa, em 2013, deixou farmácias de prateleiras vazias, após os marinheiros chineses comprarem todo o leite em pó para bebés que encontraram, chegando a provocar rupturas no stock. Citada pela agência Xinhua, Yang Yang, que foi mãe recentemente, garante que, apesar das melhorias referidas no relatório, “irá continuar a não comprar leite em pó para o seu bebé”. “Ninguém arrisca a vida dos seus bebés para testar a segurança do leite chinês”, afirmou. Desde 2014, a China autoriza 31 empresas portuguesas a exportar os seus lacticínios para o país.


11 hoje macau sexta-feira 19.8.2016

Manobras de Verão

Seul realiza maior exercício de artilharia de sempre perto da fronteira com Norte

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Coreia do Sul levou ontem a cabo o maior exercício de artilharia com fogo real até à data perto da fronteira com a Coreia do Norte, numa acção descrita como podendo elevar as tensões entre os dois regimes. No exercício de ontem cerca de 300 peças de artilharia de 49 batalhões abriram fogo contra alvos simulados, disse à Efe um porta-voz do Ministério de Defesa de Seul. O exercício teve lugar na véspera do primeiro aniversário de um dos maiores episódios de tensão das últimas décadas entre ambas as Coreias, quando a 19 de Agosto os dois exércitos realizaram uma troca de tiros na Zona Desmilitarizada (DMZ), que separa os dois países. O incidente desencadeou acusações mútuas, mas sem resultar em danos humanos ou materiais. O exercício de ontem é interpretado como uma advertência de Seul de que está preparada para responder com firmeza a qualquer agressão. Não obstante, peritos citados pela agência Efe acreditam que as manobras de ontem poderão contribuir para elevar a tensão militar com a Coreia do Norte, num momento marcado pela

profunda deterioração nas relações bilaterais. Um dos maiores focos de tensão é a prevista

300

peças de artilharia de 49 batalhões abriram fogo contra alvos simulados

instalação do sistema antimísseis norte-americano THAAD na Coreia do Sul, projecto que, segundo advertiu na quarta-feira a Coreia do Norte, conduzirá à “catástrofe” das relações entre ambas as Coreias. A Coreia do Norte e Coreia do Sul permanecem tecnicamente em guerra desde a Guerra da Coreia (1950-53), que terminou com um armistício nunca substituído por um tratado de paz.

QUINZE SUSPEITOS DETIDOS POR ATENTADOS NA TAILÂNDIA

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exército tailandês anunciou ontem que deteve 15 suspeitos no âmbito de uma investigação sobre a recente série de atentados em zonas turísticas do país. “As autoridades detiveram 17 suspeitos, dois deles foram libertados”, disse o coronel Burin Tongprapai, representante da junta militar no poder. O responsável não precisou o número de dias que os suspeitos ficaram detidos, num país onde o exército pode fazer detenções com uma duração de até sete dias. O coronel Burin disse que as autoridades tinham

o objectivo de deter novamente os dois suspeitos libertados anteriormente e que todo o grupo devia ser acusado na sexta-feira. Pelo menos 11 bombas explodiram em cinco locais de províncias do sul da Tailândia na quinta e sexta-feira da semana passada, incluindo em estâncias turísticas, segundo a polícia. Ninguém reivindicou a responsabilidade dos atentados à bomba, que provocaram a morte de quatro pessoas e mais de 30 feridos. Entre os feridos há pessoas de diversas nacionalidades e países, como a Austrália e o Reino Unido.

O governo e a polícia da Tailândia descartaram a hipótese de terrorismo internacional, afirmando que os autores eram “sabotadores locais”. Os atentados e ataques na Tailândia são habituais no sul do país, devido a um conflito separatista que já matou mais de 6.500 pessoas desde 2004. A Tailândia é actualmente governada por uma junta militar que tomou o poder em 2014, num golpe de Estado.

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REGIÃO


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IC ACTIVIDADES PARA PROMOVER A COMUNICAÇÃO ENTR

EVENTOS

A Música ao som da cidade

“City Notes”, de Yves Etienne a 30 de Agosto na AFA

Y

VES Etienne inaugura no dia 30 de Agosto a exposição “City Notes”, na Art For All Society (AFA). A exposição do artista francês é aberta ao público e concentra-se em diversas artes, que vão da pintura à fotografia e ao vídeo e música, “numa simbiose perfeita com a cidade”. “City notes” não é apenas o que ouvimos no dia-a-dia da cidade. Não é o som dos peões, dos carros ou dos mercados. Nem sequer dos pássaros, dos aviões e da natureza. “É o som emitido pelas fileiras e fileiras de prédios ao longo das ruas. Aos olhos do artista, as camadas de edifícios são como a estrutura de uma pauta”, descreve a organização. Yves Etienne cria pautas musicais a partir de elementos que encontra na cidade. E foi o que fez em “City Notes”: imprimiu uma imagem panorâmica

da cidade e fez furos de acordo com os elementos que encontrou nos prédios representados na imagem, por exemplo aparelhos de ar condicionado. “Esses pequenos furos são posicionados como as notas musicais na pauta. Depois passa a imagem para uma pequena máquina de música onde o som é criado de acordo com os elementos existentes na fotografia ou na pintura. E é assim que nasce uma música para cada paisagem, edifício ou rua”, indica a AFA. Yves Etienne tem um mestrado em Belas Artes pelo Instituto Superior de Artes de Toulouse e vive na Ásia há já alguns anos. A mostra será diversificada uma vez que Yves Etienne trabalha com fotografia, pintura, música e vídeo. A exposição inaugura pelas 18h30 de dia 30 deste mês e pode ser visitada entre as 12h00 e as 19h00 até 18 de Setembro. A entrada é livre.

comunidade é um todo dinâmico e com necessidade de comunicar entre si e a arte pode ser um veículo ao serviço de todos. “Ligar as peças da comunidade” é o tema de um ciclo de actividades que teve início ontem e se prolonga até ao próximo domingo, dias em que vão ser debatidos e experimentados estes e outros temas. A iniciativa promovida pelo Instituto Cultural (IC) quer, através de um conjunto de palestras, seminários e workshops debater a forma como a comunidade no seu todo pode expressar as suas preocupações tendo em conta a via da criatividade e da arte. As actividades que têm lugar durante quatro dias vão dar a oportunidade a diferentes pessoas e entidades de partilharem as suas experiências de forma a que seja construída uma “plataforma de criação conjunta que ligue as pessoas”, informa o site do IC que anuncia o evento.

COMUNICAR MELHOR

Depois de ontem ter tido lugar o “Contador de histórias da cidade”, um espectáculo acompanhado de palestra acerca dos traços de memória locais, tem lugar hoje - das 10h00 às 17h00 - o workshop de formação de instrutores de arte para pessoas com deficiência. A iniciativa conta com a participação de professores experientes da “Associação de Arte com pessoas com deficiência de Hong Kong” e pretende que os cuidadores que prestam serviços nesta área possam aprofundar conhecimentos acerca dos diferentes tipos e formas artísticas e, ao mesmo tempo, estudar técnicas de comunicação mais eficazes no ultrapassar dos desafios que a área representa. O evento tem lugar na Escola de Música do Conservatório de Macau e é limitado a 15 participantes.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA REGRAS DA TRAIÇÃO • Christopher Reich

Em 1980, um B-52 norte-americano despenha-se numas montanhas na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. Quase trinta anos mais tarde, e percorrendo lugares por todo o mundo, uma verdade terrível será revelada. Jonathan Ransom regressa na qualidade de médico engenhoso que se vê lançado num mundo obscuro de agentes duplos e triplos onde não se pode confiar em absolutamente ninguém. Um romance magistral que faz jus à reputação de Christopher Reich de ser um dos mais admirados escritores de thrillers de espionagem da atualidade.

UM PUZZL Integrar artistas, agentes sociais e comunidade é o objectivo da iniciativa do IC “Ligar as peças da comunidade”. São quatro dias de trocas de conhecimentos e experiências que pretendem criar um mundo mais fácil e mais capaz de comunicar através da utilização da arte RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

BAR FLAUBERT • Alexis Stamatis

Yannis Loukas é um jornalista freelancer, filho de um prestigiado escritor, que aceita ajudar o pai a compilar uma autobiografia. Esquadrinhando o arquivo pessoal da família, Yannis descobre um misterioso manuscrito intitulado Bar Flaubert, cuja publicação o pai tinha recusado alguns anos antes. Ao lê-lo, a sensação de que alguém transpôs para o papel os seus sentimentos mais íntimos e secretos leva Yannis a querer encontrar o autor, um homem chamado Loukas Matthaiou. Mas quem é de facto esse homem e por que razão todos os que com ele se cruzaram parecem de alguma forma ter sido marcados pela sua personalidade carismática? Seguindo as pistas que Matthaiou foi deixando ao longo do seu livro, a vida de Yannis irá sofrer uma reviravolta imprevisível, numa demanda que cruza as fronteiras da ficção com a realidade.


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RE A COMUNIDADE

EVENTOS

hoje macau sexta-feira 19.8.2016

ZLE UTIL ´

“SINGING GIRL”, DE MACAU, CONSEGUE FINANCIAMENTO EM FEIRA DE CINEMA

O

filme de Macau “Singing Girl” foi o único a conseguir financiamento na Feira de Investimento na Produção Cinematográfica entre Guangdong–Hong Kong–Macau 2016. Co-organizada pelo Instituto Cultural, pelo Hong Kong Film Development Council e pela Administração de Imprensa e Publicação, Rádio, Cinema e Televisão da Província de Guangdong, a feira terminou esta quarta-feira. Entre os 25 projectos cinematográficos que procuravam chamar a atenção dos mais de 50 investidores foi “Singing

Girl”, de Lou Ka Hou, quem mereceu mais destaque. “O investidor de Guangdong Han Yuan Education Investment & Management Ltd., fechou negócio com um projecto cinematográfico de Macau, o Singing Girl, e três projectos cinematográficos de Guangdong, nomeadamente, “The Fist and Snows”, “The Same Fac”e e “Some stories about Love”. Realizou-se no local a cerimónia de assinatura de carta de intenção de cooperação de investimento”, indica a organização. À parte do investimento, nenhum dos sete projectos de

Macau arrecadou prémios. “Singing Girl” conta a história de uma rapariga que sonha ser cantora. Um dia participa num concurso com uma canção contendo linguagem imprópria. Esse episódio sai-lhe caro e acaba por ser expulsa da escola e repudiada pela família. Por outro lado, a música que entretanto foi parar à internet permitiu-lhe conquistar uma legião de fãs. Esta dualidade divide a rapariga, que se questiona: abandona o sonho e recupera a vida que tinha, ou deixa para trás o passado e segue rumo ao palco?

EDITORA PORTUGUESA DISTINGUIDA NO «ÓSCAR» DA BD DO BRASIL

A editora Polvo, devido a publicação de «Tungsténio» e «Talco de Vidro» em Portugal, ambos de Marcello Quintanilha e editados em 2015, foi distinguida com o Prémio Destaque Internacional do Troféu HQMIX, considerado o «Óscar» da BD no Brasil, um evento que já conta com 28 edições. O Troféu HQMIX foi criado em 1988 por JAL e Gualberto Costa e desde então tornou-se o principal prémio da BD brasileira. A cerimónia de entrega de prémios está agendada par o dia 3 de Setembro, no Teatro Sesc Pompeia, em São Paulo. «Os vencedores do prémio foram escolhidos entre os mais de 2.000 lançamentos da área da BD, em 2015, votados por ilustradores, professores, investigadores e jornalistas brasileiros, por meio da Associação dos Cartoonistas do Brasil (ACB) e do Instituto Memorial de Artes Gráficas do Brasil (IMAG)», podemos ler no site do evento. PUB

Para o serão está agendada a palestra “A viabilidade das artes intervirem na sociedade”, a partir das 20h00. O evento a ter lugar no edifício do IC tem como oradores Yeung Sau Churk, também vindo da vizinha RAEHK. A intenção da palestra é fomentar o debate acerca da participação da arte contemporânea que para muitos ainda é um “lugar vedado” à participação social. É objectivo ainda mostrar que é necessário pôr a arte ao serviços das causas sociais e serão abordadas algumas das possíveis formas de o fazer.

NÃO ESCOLHE IDADES

Amanhã tem lugar “A visita ao museu com velhos amigos”. A actividade que decorre no Museu de Macau é dirigida aos mais velhos com idade igual ou superior a 65 anos. Os 15

participantes serão orientados por monitores da “Arte no Hospital” de Hong Kong de modo a juntar “um grupo de velhos amigos” na visita a uma exposição. No final são todos convidados a partilhar as suas reflexões pessoais acerca do que viram numa demonstração de que a arte é para todos. A tarde será preenchida com a temática do teatro participativo. O evento tem lugar na Escola de Música do Conservatório de Macau com a realização de um seminário que demonstra a experiência já vivida em Taiwan entre a comunidade de Gouziwei e a iniciativa ShanDongYe. O objectivo é ilustrar como é que o teatro pode reunir a comunidade incluindo os moradores como actores e público, de modo a que possam sentir as dinâmicas

de cada um dos lados. Os exemplos serão dados com o que já aconteceu com a peça “Passeios nocturnos” e conta com a participação de uma das actrizes do espectáculo, Shu-chin Lai, e Li-hua Chang, uma residente da comunidade.

ENCONTROS CRIATIVOS

A iniciativa termina no domingo com uma edição de “Speed dating”. A actividade tem lugar das 15h00 às 18h00 no Conservatório de Macau. A intenção é colocar em contacto artistas e elementos da comunidade para trocar experiências e responder a questões que possam surgir de parte a parte. Sofia Mota

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h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Estratégia chinesa para Macau

“D

ESDE a fundação da Dinastia Ming (13681644), que a grande preocupação era a defesa contra qualquer tentativa restauradora da dinastia derrubada, a Yuan. Por esta razão, toda a defesa militar chinesa se concentrou no Norte, nas fronteiras com os Mongóis”, segundo Jin Guo Ping e Wu Zhiliang. A afirmação da dinastia Ming além-mar levou o Imperador Yong Le a enviar emissários ao Oceano Índico e para isso, promoveu as expedições marítimas comandadas pelo Almirante Zheng He, cortadas que estavam as fronteiras terrestres. Após o regresso da sétima e última viagem transcontinental da armada, que partira em 1431 comandada por Zheng He e que sem ele chegou dois anos depois, a dinastia Ming destruiu os barcos de navegação marítima e retirou-se para o interior, usando as águas do Grande Canal para o transporte das mercadorias. Assim, a China, sem interesse no comércio exterior, após 1433 voltou a fechar para o interior e desprotegeu as costas marítimas, passando a pirataria a dominar os mares. Segundo Rui Manuel Loureiro, por volta de 1430 a dinastia Ming desencorajava “abertamente quaisquer ligações marítimas de chineses com o estrangeiro, instituindo penas severas para os infractores, que no entanto, nunca deixaram de se multiplicar”. Toda a documentação oficial relacionada com as expedições marítimas do Almirante Zheng He, para que não servisse de estímulo a outras aventuras semelhantes, foi então destruída. Com a saída dos chineses do mar, o comércio ficou nas mãos dos muçulmanos que passaram a controlar todo o Índico e o Sudoeste do Pacífico. Cem anos depois, apareceram os barcos dos europeus que começam a dominar os Oceanos, devido às invenções e conhecimentos náuticos adquiridos aos árabes e muçulmanos, que por sua vez tinham aprendido com os chineses. Interessante é constatar que com cem anos de antecedência, o Almirante

Zheng He elegeu como portos estratégicos, Malaca, Ormuz e Adem, os mesmos que inicialmente Afonso de Albuquerque tinha planeado para controlar o comércio no Oceano Índico.

UM PROBLEMA DIPLOMÁTICO

De Malaca se abriu o Oceano Pacífico aos portugueses, que como novos mercadores entraram a comercializar. Após a primeira visita à China em 1513 por Jorge Álvares, apresentaram-se os portugueses numa embaixada em 1517, à frente da qual seguia o boticário Tomé Pires, mas como a entrada neste país só era permitida aos países e reinos tributários, facilitando na burocracia o embaixador chegou à terra chinesa como proveniente de Malaca. Tal era verdade porque os portugueses expulsaram o Sultão de Malaca, Mamude Xá, o verdadeiro tributário da China e cujos antepassados em 1409 se colocaram debaixo da protecção dos imperadores chineses da dinastia Ming, para conterem os ataques do reino do Sião (Siam). Malaca era após as viagens de Zheng He o único porto onde os chineses se forneciam de mercadorias do Índico. Tomé Pires e os seus companheiros guiados pelos intérpretes malaios, que reconhecendo o terreno souberam chegar à capital, foram desmascarados em Beijing como impostores pelos enviados do Sultão. Mas faleceu em 20 de Abril de 1521 o ainda jovem Zheng De e a China parou pela morte do Imperador. No Sul da China, os mercadores portugueses desrespeitando e não acatando a suspensão obrigatória de todas as actividades, provocaram ao largo do porto de Tunmen em Setembro de 1521 a primeira batalha naval entre portugueses e os chineses. Ocorreu muito devido à imagem de pirata que Simão de Andrade aí deixara e levou à prisão de muitos portugueses. Ficava irremediavelmente perdido o primeiro esforço dos portugueses ao serem banidos das terras chinesas.


15 hoje macau sexta-feira 19.8.2016

José Simões morais

A China, um país que nunca se interessou pelo comércio, tendo em baixo nível social a quem ele se dedicava, por um édito imperial de 1525 promoveu a destruição de todos os barcos que navegassem no mar e o aprisionamento dos mercadores que tivessem intenções de comercializar com outros países, ficando apenas os barcos e a indústria naval ligada à navegação pelos rios.

DO LIAMPÓ A CHINCHEU

“Sem embargo das sobreditas leis, não deixam alguns chineses de navegar para fora da China a tratar; mas estes não tornam mais à China. Destes vivem alguns em Malaca, outros em Sião, outros em Patane, e assim por diversas partes do Sul estão espalhados alguns destes que saem sem licença. Pelo que destes que já vivem fora da China, alguns tornam em seus navios a navegar para a China debaixo do amparo dos portugueses. E quando hão-de despachar os direitos de seus navios, tomam um português seu amigo a quem dão algum interesse, para que em seu nome lhe despachem os direitos. Alguns chineses, desejando ganhar o remédio para sua vida, saem muito escondidos nestes navios destes chineses a contratar fora, e tornam muito escondidos que o não saibam nem seus parentes, porque se não divulgue e não incorram na pena que os tais têm”, segundo refere Gaspar da Cruz. Com os mares despovoados de embarcações chinesas, os chineses ultramarinos encaminharam então os portugueses “a que fossem a Liampó fazer fazenda, porque não há naquelas partes cidades nem vilas cercadas, senão muitas e grandes aldeias ao longo da costa, de gente pobre, a qual folgava muito com os portugueses, porque lhes vendiam seus mantimentos, com que faziam seu proveito. Nestas aldeias eram estes mercadores chineses que com os portugueses navegavam aparentados e por serem conhecidos recebiam ali por sua causa melhor os portugueses, e por eles negociaram com os mercadores da terra trouxessem suas fazendas a vender aos portugueses”, do Tratado das Coisas da China, do dominicano

Almirante Zheng He

Frei Gaspar da Cruz. Já Fernão Mendes Pinto refere, terem-se “chegado a António de Faria os quatro principais do governo daquela povoação ou cidade de Liampoo, como os nossos lhe chamavam, que eram Mateus de Brito, Lançarote Pereira, Jerónimo do Rego e Tristão de Gaa”. Segundo Rui Loureiro, “Os portugueses, na realidade, mantiveram um estabelecimento mercantil nas ilhas de Shuang-hsü” (...) e esta povoação de Liampó, “como outras que surgiam ao longo da costa chinesa, era frequentada por navegadores de outras procedências, e normalmente siameses, léquios, chineses e japoneses. Não eram invulgares os conflitos com as populações ou com as autoridades chinesas dessas regiões, a propósito de questões mercantis.” Moltalto de Jesus refere, “Depois da destruição de Liampó, os portugueses asseguraram uma base em Chincheu, perto de Amoy (hoje Xiamen), por meio de pesados subornos. Também aí (actual Zhangzhou) a mesma horrível sorte os alcançou, dois anos mais tarde (1549), segundo Mendes Pinto, em consequência de uma disputa pelos bens de um arménio morto. Um administrador oficial, Aires Botelho de Sousa, com fama de homem sem princípios e ganancioso, tomou como fazenda parte dos bens e algumas mercadorias que dois comerciantes chineses diziam suas e que, como não lhes fossem restituídas, se queixaram aos mandarins –

Através desta medida de acomodação dos Portugueses em Macau, foram conseguidas, a nível militar, duas vitórias: a rápida repressão dos piratas chineses e o impedimento de qualquer ligação pública entre os Portugueses e os piratas japoneses”

Interessante é constatar que com cem anos de antecedência, o Almirante Zheng He elegeu como portos estratégicos, Malaca, Ormuz e Adem, os mesmos que inicialmente Afonso de Albuquerque tinha planeado para controlar o comércio no Oceano Índico que imediatamente proibiram as relações dos nativos com os portugueses, racionando o fornecimento de provisões. Levados pela fome, passaram a região a pente fino. Isto terminou em escaramuças que levantaram o distrito inteiro contra eles. Enquanto um exército acabava rapidamente com os portugueses, uma frota deitou fogo aos seus barcos; e de quinhentos portugueses apenas cerca de trinta escaparam a uma morte atroz”. (...) “Com estas horríveis hecatombes a China queria, evidentemente, impedir os portugueses de frequentarem as suas costas inóspitas. No entanto, nada intimidou estes esforçados navegadores. Os proscritos dirigiram-se agora para Sanchuan”, e pela frequência dos portugueses em peregrinação ao local onde morrera o Padre S. Francisco Xavier, os chineses em 1554 os impediram de voltar a frequentar essa ilha e para Lampacao os desviaram.

PLANO PARA MACAU

“O perigo em que esteve a Corte (com o incidente de Gengxu, protagonizado por Altan, em 1550, quando contornando a Grande Muralha, chegou ao pé de Pequim ameaçando tomar a cidade e saqueando os subúrbios do Noroeste) levou os Ming a reorganizar a defesa militar (...) e para fazer frente a outras rebeliões das minorias nacionais chinesas, tornou-se urgente resolver o problema de Macau. A si-

tuação no litoral do Sul também não era nada optimista. Em 1552, a <cabeça distrital> do Distrito de Huangyan caiu na mão de piratas japoneses, o que ficou conhecido na história como Renzi zhi bian (Incidente do ano Renzi, 1552). Foi um tremendo abalo para a Administração Ming. Eis o pano de fundo do <assentamento> entre Leonel de Sousa e Wang Bo. A invasão de Pequim em 1550 e Renzi zhi bian são as chaves para perceber a viragem da atitude chinesa, decidida por Pequim e executada por Guangdong, para com os Portugueses, que já tinham sofrido grandes reveses à mão de Zhu Wan, em Liampó e Chincheo respectivamente em 1548 e 1549. As campanhas expedicionárias de Zhu Wan contra os Portugueses conseguiram algumas vitórias militares, mas não resolveram o problema da pirataria, nem conseguiram acabar com a presença portuguesa”, segundo referem Jin Guo Ping e Wu Zhiliang: “Em termos globais, o poder militar chinês era superior ao dos Portugueses que frequentavam o litoral chinês”. “Macau começou a ser (em 1557) um entreposto para o comércio português entre Malaca e o Japão”, como refere Rui Loureiro e continuando com Jin Guo Ping e Wu Zhiliang, “o desenvolvimento desse comércio traria, mais cedo ou mais tarde, a praga da pirataria a Macau e a Guangdong. Após a repressão de alguns grupos de piratas chineses nas águas de Guangdong e instalados os Portugueses em Macau, as autoridades de Guangdong começaram a tentar resolver o problema dos Japoneses. Antes de mais, uma autorização de residência concedida aos Portugueses em Macau poderia obrigá-los a não se associarem publicamente aos piratas japoneses. De facto, sem os fixar num lugar, como se poderia sujeitá-los à legislação chinesa? Mais tarde, seriam tomadas medidas legais para proibir os Portugueses de ter Japoneses ao seu serviço. Através desta medida de acomodação dos Portugueses em Macau, foram conseguidas, a nível militar, duas vitórias: a rápida repressão dos piratas chineses e o impedimento de qualquer ligação pública entre os Portugueses e os piratas japoneses”.


16

h Sonho com efeito

S

ER criatura e não saber de quê de quem. De que sonho. De que modelo, de que criação, de que mito ou de que lenda. Como uma nostalgia de raízes na terra. No outro. Como o sonho de demiurgia fatal. E o medo, proporcional à grandiosidade do. Medo… Do inteligível ao mundo sensível. O medo. À imagem isso sim sabe-se. Que se é. À imagem de qualquer imagem interior, a qualquer entidade humana ou supra-humana. Ser criatura e não se saber criada. Contornar o mistério da criação divina. Ou será esse mistério, o da expectativa do amor. A eterna nostalgia do olhar. Criador. Modelador. Como uma síndroma de Galateia. O renovar desse olhar inicial que nos edifica enquanto criaturas e esculpe. Sede lugar de um olhar e sede fome de corresponder a um olhar. Descer ao território etéreo como esse e inerente ao humano. Sempre o mistério e misterioso imperfeito, como o é o tempo, com memória e sonho. E que sem tudo, seria eterno. E acabado perfeito. A criatura e o criador. Ou, a criatura o criador. No diálogo. Ela em frente, a espera do fim. O fim da obra acabada. E todo o momento é aquele em que foge a criatura e duvida o criador. A dúvida é dele a fuga é da obra criada. Ramificada, camada sobre camada. Sobre camada e sobre camada e exponencial. Como ramos, o caminho. Bifurcado e não pensado, não sonhado. Mas é a natureza da obra e do humano. Amplo e humano. A criação é memória e a memória humanidade, olhar, experiência, tacto, vida e morte. Não há outro caminho na criação. Mas na criatura criada sim. Externa ao sonho de si, tornada

visível, escapa-se ao primeiro olhar, ao primeiro gesto, e sem que a si se lhe possa atribuir nada. Culpa, decisão ou determinação. Nudez muda abandonada no cavalete do escultor. A partir daí, uma respiração, uma vibração no ar, perguntas, questões. E a criatura passa a espelho e o espelho a criatura no espelho do outro. É depois, a fantasia da obra. Ou antes. Escrita, lavrada, esculpida. Bordada a ponto. Rebelde. A tecer outros tecidos e bordados. Mesmo a pedra. Nem sempre de acordo com o escultor. Terá ele que o desculpar a si próprio. Ou a ela. É indiferente. Está ali com todas as imperfeições de um e de outro. Sente-se a obra frente ao criador. Senta-se, sentada de pedra, obra e em frente, pedra de alquimia, terra de cultivo. Senta-se. Fitando com olhos de amor. E espera o sopro vital. Fitam-se os olhos. Do desconfiar. Rebela-se a obra. Duvida o criador. Deixar à poesia a função de encantar. No seu falar só. Solitário. E formar a obra. Pedra de formas. Sente. O frio que espera. O sopro. Criatura criada é um mundo. No universo da linguagem, nas suas camadas de sentido em aberto. Obra aberta. E mais o tempo. Senta-se a criatura criada em frente e senta-se o criador na frente e, no confronto, como estranhos. Afinal. Se um é o outro. Até ao toque final. Até ao sopro vital. E a criatura vai. Amante do criador e este, extasiado ou desiludido, ou estupefacto da criatura criada a partir de si. Por si para si no mundo fora de si e para o mundo além de si. A partir. Por outros sentidos. Sem sair do mesmo lugar. Ali. A obra espera serena e passiva a continuação do sonho. Julga. O criador, esse, desfaz-se em indecisão porque vê de fora

a criatura criada, meio criada mas já definida, conflituosa. Como uma personalidade a desenvolver-se. E há que entender e comparar e testar o direito de a reconduzir ao sonho inicial de a cercar de uma ideia firme e embrionária. Porque ela foge e noutros sentidos e talvez seja de deixar fluir. No seu caminho livre, agora. Depois do gesto inicial. Deixando de pertencer, ganhando vida própria. Num limbo em que depende do criador para o sopro vital, o rito de passagem. De inacabado a acabado. Familiar ou estranho. Ao criador. E se às vezes houve a paixão pela ideia, outra é a paixão pela pedra esculpida. A estranheza do encantamento. E a obra está pronta e o criador nem sempre para a obra criada. Exterior, autónoma e estranha na sua identidade recente. Mas ela devolve em reflexo. Perfeito ou imperfeito de uma intenção inicial. Ao espelho. Mas perfeito, é o paradigma do mito. No olhar de Pigmaleão, escultor da pedra à medida do sonho e do imaginado perfeito. Mas falta ao mito a fantasia do olhar sobre si. O olhar da criatura criada sobre o criador amante. O olhar que se fantasia refletido no olhar do outro. O olhar do outro que edifica monstros e anjos e por vezes o outro. Assim. Nunca do natural se pode imitar sem perda. Da natureza a arte deve assumir a competição. Imitar é ficar aquém, reformular é dar vida. Inventar a vida. O escultor, esculpe a figura à medida da sua utopia e a vê-a, como prémio, tornada viva e realidade. O poder da invenção na manifestação de realidade. O sonho a definir os troços do caminho. O de Pigmalião é um mito belo. Porque não se detém na fraqueza humana e no insucesso, mas

no poder de uma expectativa positiva, no engendrar da vida. O efeito de Rosenthal. Quanto mais se edifica uma imagem mais ela se concretiza. Ou, noutros termos e noutros estudos, profecia auto-realizável. E a consciência de si de cada um, já não obra criada, mas mesmo assim. Formulada no outro. Mesmo sem mais desígnio do que o do simples olhar. Espelho. Reflexão. Existência criada ou ignorada. Ou esquecida. Sim, o espelho como raízes estendidas de lado a lado do vidro, do estanho, da prata, da obsidiana negra que transtorna o olhar-raiz. Transtorna de lucidez ou transforma de embriaguez. E de novo, como o sopro vital. Aqueles em que nos fantasiamos como eles a nós. Uma coincidência mágica de identidade suavemente conseguida reconhecida e grata. O espelho ideal para uns o que retoca e regenera, para outros o que vai às entranhas do eu e as devolve delicadamente. Iguais. Sim a magia dos espelhos como a da criação artística ou de paradigmas. Nelas rever a essência do que somos que não a sós. Essa, quase sempre uma outra imagem e solitária. Criar um olhar que vê ou criar um olhar que não vê nem se mostra no ver e ser visto. Que nem passa pelos olhos, talvez. Como Modigliani deixava os olhares vazios…vazios ou cheios de todas as possibilidades interiores a um olhar. Sem limite. Talvez deixando para mais tarde o desafio de os entender ou talvez deixando-os como abertura franca, um rasgo directo à alma expressa na intimidade dos corpos, essa que lhes transmitia uma entrega de nudez para além da pele. Tudo. Como representação. O sonho com efeito. Ou a arte pela vida.


17 hoje macau sexta-feira 19.8.2016

de tudo e de nada

Anabela Canas

ANABELA CANAS


18 (F)UTILIDADES TEMPO

hoje macau sexta-feira 19.8.2016

?

TROVOADA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje CONCERTOS BLUE MAN GROUP (ATÉ 28/08) Venetian, 15h00 e 20h00

Diariamente

MIN

25

MAX

29

HUM

75-98%

EURO

9.03

BAHT

EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/ QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10) SOLUÇÃO DO PROBLEMA 62

PROBLEMA 63

UM LIVRO HOJE

SALA 1

BEN-HUR [C]

Filme de: Timur Bekmambetov Com: Morgan Freeman, rodrigo Santoro, Jack Huston 14.30, 19.15

BEN-HUR [3D][C]

Filme de: Timur Bekmambetov Com: Morgan Freeman, rodrigo Santoro, Jack Huston 21.30

DORAEMON: BIRTH OF JAPAN [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Shinnosuke Yakuwa 16.45 SALA 2

LINE WALKER-THE MOVIE [C] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS

Filme de: Jazz Boon Com: Nick Cheung, Louis Koo, Francis Ng, Charmaine Sheh 14.30, 19.30, 21.30

SUDOKU

DE

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

C I N E M A

1.2

JÁ NÃO HÁ PACHORRA

EXPOSIÇÃO “INNOCENCEPEDIA” DE KAY ZHANG Macau Art Garden (até 21/08)

Cineteatro

YUAN

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “THE RENAISSANCE OF PEN AND INK - CALLIGRAPHY AND LETTERING ART DE AQUINO DA SILVA Armazém do Boi (até 18/09)

EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

0.23

Eu sei que os humanos são naturalmente chatos: nunca estão bem com o que têm, com o que deixam de ter, com as decisões que se tomam. Também nunca fazem nada para melhorar: limitam-se a dar palpites (às vezes estúpidos) no Facebook e a chamar palhaços aos outros, em vez de olharem para os espelhos que poderão, eventualmente, ter em casa. Macau não é excepção e, como gato residente, acho que até é pior cá, que este pessoal nunca está bem com nada. Seja como for, já não há pachorra para as constantes pedras atiradas àquele que é o “último alvo a abater” - escolhido pela populaça e pelos ditos activistas, que às vezes activam é o sinal do que é ridículo. Epá, deixam o Alexis Tam em paz, por amor da santa. O homem não pode abrir a boca para dizer que gosta de dançar que é ridículo e é logo alvo de vexame em praça público. Um gajo que é dos poucos bons do Governo, especialmente se comparado com os anteriores (!) e que tenta – tenta, se bem que não manda em tudo – fazer mais e melhor é odiado por todos. Se o homem classificasse o Estoril vinham todos mandar vir com ele. Ele não o classifica, leva na mesma. Alexis Tam pode ter ideias um bocado exageradas, mas pelo menos tem-nas e lá vai fazendo algo. Mas o homem é constantemente assediado: é preso por ter cão e vai dentro na mesma por não o ter. É. A saúde estava melhor antes. O desporto e os eventos também. Meus amigos, o homem faz asneiras. Mas se fosse pelas vossas opiniões – tantas nas redes sociais, mas nunca construtivas quando é preciso, que fogem todos - Macau já se tinha tornado um centro mundial da má língua, sem ter saído da cepa torta. Pu Yi

“DO QUE FALO QUANDO FALO DE CORRIDA” (HARUKI MURAKAMI, 2010)

Haruki Murakami é um dos autores mais importantes da actualidade, com os seus livros traduzidos em 38 idiomas. Ao mesmo tempo, é também um maratonista e um triatleta. O seu interesse pela corrida surgiu em 1982, quando decidiu vender o seu bar em Tóquio para se dedicar à escrita. Nessa altura, para se manter em forma, começou a correr. Um ano depois, completou sozinho, com quase um dia de corrida, a rota entre Atenas e a Grécia. No livro que escreve sobre essa experiência reflecte sobre a influência que este desporto teve na sua vida e, sobretudo, nos seus textos. Este é um livro bem-humorado e sensível, filosófico e revelador, tanto para os fãs deste grande e reservado escritor, como para as inúmeras pessoas que encontram satisfação semelhante nas corridas. Angela Ka

CHIBI MARUKO CHAN - A BOY FROM ITALY [B] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Jun Takagi 16.30 SALA 3

ROBINSON CRUSOE [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Vincent Kesteloot, Ben Stassen 14.30, 19.30

THE BFG [B]

Filme de: Steven Spielberg Com: Mark Rylance, Ruby Barnhill, Penelope Wilton, Jemaine Clemente 16.30, 21.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 DESPORTO

hoje macau sexta-feira 19.8.2016

NEYMAR SUPERSÓNICO

MEDALHAS APÓS O 12.º DIA

Neymar entra para a história dos Jogos olímpicos ao marcar o golo mais rápido desta competição, logo aos 15 segundos, na meia-final frente às Honduras. Seria o primeiro dos seis marcados pela selecção do Brasil aos hondurenhos. Na final de sábado vai ter pela frente a Alemanha, o derradeiro obstáculo para conquistar o único título de futebol que falta ao país do samba.

1. Estados Unidos

30

32

31

93

2. Grã-Bretanha

19

19

12

50

3. China

19

15

20

54

4. Rússia

12

14

15

41

5. Alemanha

12

8

9

29

6. Japão

10

5

18

33

7. França

8

11

12

31

8. Itália

8

9

6

23

9. Holanda

8

4

3

15

10. Austrália

7

8

9

24

BRASIL E ALEMANHA NA FINAL DE FUTEBOL, QUENIANOS IMPARÁVEIS. LUSOS AFASTADOS

Os reis da corrida

P

ROSSEGUIU o ‘reinado’ queniano nos 3.000 metros obstáculos, agora com o ouro a ir para Conseslus Kipruto, à frente do surpreendente norte-americano Evan Jager. O anterior campeão, Ezekiel Kemboi, do Quénia, chegou em terceiro mas foi desclassificado, o que permitiu ao francês Mahiedine Mekhissi chegar ao bronze e assim ser triplo medalhado na especialidade, depois da prata nas duas edições anteriores. A jamaicana Elaine Thompson é a nova ‘raínha’ olímpica das provas de velocidade, após juntar o título dos 200 metros ao que já conquistara nos 100 metros. A prova dos 200 metros é a grande especialidade da ‘gigante’ holandesa Dafne Schippers, que correu no limite, mas foi impotente para a boa segunda metade de corrida de Thompson, que assim ‘vingou’ a sua derrota e da sua compatriota Veronica Campbell-Brown, batidas por Schippers no Mundial do ano passado. Elaine Thompson ganhou com 21,78 segundos, menos 10 centésimos do que Schippers, enquanto o bronze, em 22,15, vai para a melhor das norte-americanas esta época, Tori Bowie, já vice-campeã dos 100 metros.

PAPA MEDALHAS

Nas meias-finais dos 200 metros, o jamaicano Usain Bolt foi o mais rápido, fazendo o seu melhor registo da temporada 19,78 segundos, à frente de Andre de Grasse, do Canadá, e parece bem encaminhado para uma histórica ‘tripla dupla’ em 100 e 200 metros. E ainda haverá os 4x100 metros. Com surpresa, fica fora da final o norte-americano Justin Gatlin, segundo mais rápido na distância

entre os presentes nos Jogos, mas também os outros jamaicanos, Nickel Ashmeade e Yohan Blake, e o campeão da Europa, o espanhol Bruno Hortelano.

HÉLDER SILVA FALHA NA PIOR ALTURA

O português Hélder Silva falhou a qualificação para a final de C1 200 metros, depois de ter estado nas regatas decisivas dos últimos três Mundiais e de ter feito o melhor registo nas eliminatórias (40,578 segundos). O canoísta do Clube Náutico do Prado terminou a sua série nas

e Xu Xin na vitória por 3-1 sobre Jun Mizutani, Koki Niwa e Maharu Yoshimura.

JAPÃO ARRASA

meias-finais no quinto lugar, em 41,162, o 14.º tempo desta fase, sendo relegado para a final B.

sul-coreana Kim Sohui à sérvia Tijana Bogdanovic, com vitória da asiática por 7-6.

BRAGANÇA PERDE NOS QUARTOS

MO FARAH TENTA BISAR

O português Rui Bragança perdeu nos quartos de final da categoria -58 kg do taekwondo, ao não fazer frente ao dominicano Luisito Pie, por 3-1, e acabou no nono lugar. Era esperança de medalha mas acabou por ser afastado nos ‘quartos’ e não foi repescado. Na final, o chinês Shuai Zhao bateu o tailandês Tawin Hanprab, por 6-4. A final feminina de -49 kg opôs a

OURO PRATA BRONZE TOTAL

Depois de renovar o título olímpico nos 5.000 metros, o britânico Mo Farah tenta reeditar o feito nos 10.000. Para chegar à final, marcada para sábado, Farah superou facilmente a qualificação, com o terceiro registo na sua série (13.25.25 minutos).

As japonesas entraram imbatíveis na luta livre feminina e arrecadaram o ouro em 48kg, 58kg e 69kg, enquanto no pugilismo, na final dos 69 kg, o cazaque Daniyar Yeleussinov ganhou ao atleta do Uzbequistão Shakhram Giyasov. No dia em que o Brasil e Alemanha asseguram presença na final do futebol masculino, ficaram por realizar as regatas das medalhas da classe 470, tanto de masculinos como de femininos, por falta de tempo. Quinta-feira haverá nova tentativa na Baía de Guanabara.

SALTAR OBSTÁCULOS

Nos 100 metros barreiras, os Estados Unidos apareceram desfalcados de Keni Harrison, a recordista nacional, que não conseguiu qualificar-se. Em termos de medalhas, nada influenciou, já que as outras três deram muito bem conta do recado, com 12,48 para Brianna Rollins (campeã mundial em 2013), 12,50 para Nia Ali e 12,61 para Kristi Castlin. A festa norte-americana já tinha começado no salto em comprimento, com Tianna Bartoletta e Brittney Reese a ficarem com ouro e prata. Bartoletta começou estes jogos com um registo decepcionante ao cair nas meias-finais dos 100 metros. Mas na prova de comprimento esteve ao seu melhor com 7,17 metros, dois centímetros mais longe que Reese, que era a campeã de Londres e que conta com três títulos mundiais. Acima dos sete metros ficou também a medalhada com bronze, Ivana Spanovic, com um novo recorde sérvio a 7,05.

CHINA BATE BOLA

No ténis de mesa por equipas, o surpreendente Japão chegou à final, mas não conseguiu estragar o ‘tri’ à China, que alinhou com Ma Long (campeão individual), Zhang Jike

ONDE PÁRA A VERDADE?

A

polícia brasileira impediu o embarque dos nadadores norte-americanos Gunnar Bentz e Jack Conger no Rio de Janeiro quando estavam prestes a viajar para os EUA, no âmbito da investigação ao alegado assalto aos dois atletas. Os nadadores norte-americanos alegam que foram vítimas de um assalto à mão armada por homens vestidos de polícias. Gunnar Bentz e Jack Conger disseram que estavam com o nadador norte-americano Ryan Lochte e com o membro da selecção norte-americana James Feigen quando foram roubados. Estes já saíram do Brasil. O Comité Olímpico Internacional começou por negar esta ocorrência e assinalou lacunas na versão dos desportistas. O vídeo da chegada dos atletas às instalações da Vila Olímpica, horas depois do alegado assalto, levaram a polícia brasileira a abrir uma investigação sobre a veracidade das suas declarações. Os passaportes foram retirados e os nadadores norte-americanos estão impedidos de sair do país.


20 PUBLICIDADE

hoje macau sexta-feira 19.8.2016


21 hoje macau sexta-feira 19.8.2016

contramão

isabelcorrreiadecastro@gmail.com

Morde aqui a ver se eu deixo

A

coisa acontece assim: eu, residente de Macau, perfeita conhecedora dos níveis de tolerância da polícia local, entro ali num prédio abandonado e decido pendurar uma faixa com um insulto a uma figura pública da terra. Como sei que há vários sentidos que não abundam na cidade – incluindo o de humor, se de uma piada se tratasse –, tenho a certeza de que responderei, pelo menos, por um crime. Ou por dois ou três. A polícia não brinca em serviço e alimenta as gordas dos jornais, pelo que amanhã estarei, sem dúvida alguma, na capa deste matutino. E nas dos outros, ora pois, que as notícias não abundam. Com sorte, entro no próximo relatório sobre a falta de liberdade de expressão em Macau. Mas eu, que até dei a entender ter estado na origem do acontecimento, não assumo o que fiz, porque há o segredo de justiça e coisa e tal. E, já agora, quem me conhece como jornalista que escreva a notícia sem fazer referência à profissão pela qual meia dúzia de gatos-pingados me identifica: chamem-me outra coisa qualquer que eu às vezes sou isto, outras vezes sou aquilo. O acontecimento Scott Chiang versus Alexis Tam, com o Hotel Estoril como pano de fundo, tem entrada directa no anedotário político local. Por várias razões, a começar pelo formato e a acabar na intenção. O rapaz da Associação Novo Macau – que, neste episódio, não quer ser conotado com a Novo Macau, embora a Novo Macau aplauda o sucedido – não se ensaia nas palavras e nos actos, diz não ter medo de nada, nem de ninguém, mas não assume a autoria da intervenção activista da semana. No plano das intenções, Scott Chiang está apreensivo com o património da terra, preocupação que só lhe fica bem e que é partilhada pelas gentes que amam a cidade. Recusa ser protagonista de manobras eleitoralistas, fez a coisa que afinal-não-diz-que-fez por amor à camisola, neste caso o edifício do antigo Hotel Estoril, acusa o secretário de falta de debate público, de homicídio dos bens valiosos da urbe. Como membro de uma associação que, independentemente de gostos e preferências, até há bem pouco tempo era levada a sério por pessoas com diferentes posturas na vida, o activista não debate, não organiza mesas redondas, não chama dois ou três especialistas para uma troca de ideias, não sugere uma alternativa. O activista age. Age mais ou menos – não sabemos se foi ele que agiu, que o protagonista alega o silêncio que a justiça impõe.

COLIN HIGGINS, FOUL PLAY

ISABEL CASTRO

Em suma: andam todos a trabalhar para os jornais. Os novos da Novo Macau e a polícia de enraizados costumes. A malta da comunicação social agradece, é assunto para uns dias valentes e daqui a uns tempos volta a ser notícia, quando se for ver o que aconteceu ao processo. Além de estarem a trabalhar para os jornais, uns e outros contribuem para que o debate não aconteça, porque nestas linhas que escrevo o património fica de fora, se ainda houvesse alguma coisa para discutir em torno do Estoril. Assunto mais debatido – para a esquerda e para a direita, por dentro e por fora – não há. Certo é que estes episódios de provinciana política vêm aumentar a estranha fogueira em que se quer colocar Alexis Tam – e é aqui que Scott Chiang e os parceiros poderão estar a desempenhar um papel mais ou menos consciente e mais ou menos perigoso. Percebeu-se desde o início que o secretário

Um dia destes ainda vamos todos perceber o que efectivamente se está a passar, que interesses maiores se erguem por aí. Ou talvez não, talvez não nos contem e a gente nem dê pela ausência de explicação, entusiasmados que estamos, de pipoca na mão, a achar que é com episódios como o do Hotel Estoril que o mundo pula e avança

para os Assuntos Sociais e Cultura não ia ter a vida facilitada. A gestão pública de um ou outro processo não ajudou à missa: o caso Estoril não foi particularmente bem dirigido e esta condução atribulada tem resultados à vista. Goste-se ou não do estilo, simpatize-se ou não com Alexis Tam: num exercício de distanciamento, é visível, a olho nu, que existe interesse (ou vários interesses) em colocar pedras num caminho já cheio de buracos, por via da inacção do passado e da sobrecarga de tarefas do presente. Goste-se ou não do secretário, basta ler os títulos dos jornais para se perceber que não há movimento respiratório que Alexis Tam faça que não seja alvo de críticas. Se foi é porque não devia ter ido, se consultou não devia ter ouvido, se não ouviu devia ter falado. Se vai fazer é porque vai gastar dinheiro, se deixar tudo como está é porque não se interessa, não faz, é igual aos outros. Se agrada a uns é porque é mais isto, se satisfaz outros é porque é mais aquilo. Em suma: não há pachorra. Não haveria pachorra se tudo isto não fosse sério, talvez mais sério do que aparenta ser. Pensar que Scott Chiang é um menino nas artes políticas não é um erro total, mas pode corresponder a uma análise pouco aprofundada. Atribuir às eleições do próximo ano a culpa pelos dedos em riste é uma explicação plausível, mas só em parte. Em Macau, há sempre mais qualquer coisa, qualquer coisa mais opaca do que aquilo que nos é mostrado. Andamos todos entretidos com o burburinho activista e, às tantas, o que importa passa serenamente ao lado, entre os pingos da chuva que abunda e é forte. Um dia destes ainda vamos todos perceber o que efectivamente se está a passar, que interesses maiores se erguem por aí. Ou talvez não, talvez não nos contem e a gente nem dê pela ausência de explicação, entusiasmados que estamos, de pipoca na mão, a achar que é com episódios emocionantes como o do Hotel Estoril que o mundo pula e avança.

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hoje macau sexta-feira 19.8.2016

“There’s no regret more painful than the regret of things that never were.” (Fernando Pessoa, Portuguese poet translated by Richard Zenith, Lisbon 2006)

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matutino Ponto Final destacou, no passado dia 16 de Agosto (cfr. pág.ª 5), uma sugestão apresentada ao Executivo de Macau pelos membros da Assembleia Legislativa (AL) que integram a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas, no sentido de haver uma maior utilização da língua inglesa e de ser ponderada a “atribuição de um estatuto legal a esta língua”. Desconfiado do sentido da notícia, porque um tipo não se deve fiar em tudo o que lê, tomei a iniciativa de ler o relatório da referida Comissão para confirmar a sua veracidade. E, de facto, lá estava, preto no branco, a sugestão, na página 12, formulada nos seguintes termos: “8. incentivo a uma maior utilização da língua inglesa, ponderando a atribuição de um estatuto legal a esta língua”. Em resposta a esta sugestão, “os representantes do Governo concordaram que o inglês deve ter uma maior preponderância em Macau”. O relatório está assinado por Ho Ion Sang, que é também o presidente da Comissão, e pelos deputados Melinda Chan, Kwan Tsui Hang, Kou Hoi In, Leonel Alves, Tsui Wai Kwan, Au Kam San, Chan Iek Lap, Ma Chi Seng e Song Pek Kei. No dia seguinte, o jornal HojeMacau publicou uma reportagem pela qual dava a conhecer mais alguns contornos da proposta. A deputada Melinda Chan, que assinou o relatório pelo qual se sugeria ponderar a atribuição de estatuto legal à língua inglesa, veio esclarecer que afinal “não seria sequer bom para Macau considerar oficialmente a língua inglesa”. Não percebi o que a levou a assinar o relatório, nem porque a senhora acrescentou que encorajava os jovens ao estudo do português, mas logo compreendi haver um vasto consenso sobre a matéria quando li que também o “nosso” deputado Pereira Coutinho, ex-candidato à Assembleia da República, comendador da Nação por graça e obra de um sujeito de Boliqueime e conselheiro das Comunidades Portuguesas desde 2003, se mostrou a favor de uma maior utilização da língua inglesa

nos serviços públicos e na sinalização das ruas de Macau. Não vou aqui comentar as posições proteiformes de alguns, sempre prontos a mostrarem trabalho aos descendentes dos novos senhores feudais de Macau, mas seria bom que todos tivéssemos a noção de que a realidade não é a cores, o português tem vindo a perder o estatuto de língua oficial e só a muito custo sobrevive nestas paragens. De facto, bem podem os responsáveis do IPOR e alguns falantes acomodados do português dizerem que nunca houve em Macau tantos alunos do idioma de Camões, quando o facto é que a sugestão que partiu dos senhores deputados da AL, e que pelos vistos foi bem recebida pelo representantes do Governo, só veio confirmar aquilo que de há muito se sabia. O estatuto de língua oficial que o português ainda detém é fruto de um compromisso internacional entre a China e o Estado português, acolhido como muitas outras coisas de que ninguém quer saber na Lei Básica da RAEM, e cujo estatuto está consagrado no Decreto-Lei n.º 101/99/M, de 13 de Dezembro, estranhamente ainda em vigor. E digo estranhamente porque na prática o inglês já é língua “oficial” da RAEM e só não é ainda no papel por duas razões: porque ainda há quem se preocupe com o cumprimento das leis vigentes e, por outro lado, porque tem havido uma grande hipocrisia e falta de coragem política para afirmá-lo. Como afinal em quase tudo e sempre que não se trata de perseguir os jovens residentes permanentes que exprimem uma opinião desalinhada, porque aí e para lixar o mexilhão coragem é coisa que não lhes falta. Não é, aliás, a primeira vez que se fazem propostas destas para depois se dar o dito por não dito. Como que a ver se a coisa passa não havendo ondas. Ainda recentemente, numa polémica que está em

“Na prática o inglês já é língua “oficial” da RAEM e só não é ainda no papel por duas razões: porque ainda há quem se preocupe com o cumprimento das leis vigentes e, por outro lado, porque tem havido uma grande hipocrisia e falta de coragem política para afirmá-lo”

banho-maria, deputados da mesma AL que aprovaram as alterações de 2013 à Lei de Terras vieram sacudir a água do capote dizendo que tinham sido enganados. Não se sabendo ainda quem anda a enganar quem, também não será de estranhar que amanhã todos os que assinaram o relatório da Comissão da AL que sugeriu a ponderação da atribuição do estatuto de língua oficial ao inglês se venham a demarcar da sugestão que unanimemente fizeram e do papel que assinaram. Porém, antes que o façam, convém dizer, como é evidente, e ao contrário do que meia dúzia de burocratas pensam, que não é o facto de haver muitos chineses a aprenderem português nas universidades ou a frequentarem os cursos promovidos pelo IPOR ou por qualquer outra instituição que vai alterar o estatuto de insignificância, desprezo e menorização a que na prática a língua portuguesa está actualmente votada em Macau. Não vale a pena disfarçar. Ainda há meses me dirigi aos balcões de vários serviços públicos, em português, sendo-me de imediato solicitado pelos funcionários que me atenderam que eu falasse em inglês. A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) enviou há semanas um questionário em chinês e inglês para ser respondido por escrito pelos advogados de Macau, documento que mereceu vivo repúdio por parte de alguns causídicos. Não tivesse havido esta reacção e não se teria enviado novo questionário em chinês e português. Nos estabelecimentos comerciais da Região, nos hotéis, nos restaurantes, nos avisos afixados em edifícios onde residem estrangeiros, nas comunicações recebidas de muitas entidades bancárias, na bilheteira do CCM quando se vai comprar um bilhete para um espectáculo, falando com os polícias, nas concessionárias públicas ou nas casas de massagens, seja em que circunstâncias for, é em inglês que em regra os não falantes de chinês se entendem, e tal acontece mesmo quando quem se dirige se expressa na segunda língua oficial de Macau. Noutra ocasião, um residente que só se expressa em português, na sequência de uma queixa por si apresentada junto do Ministério Público (MP), num processo de índole laboral, onde foi representado pelo MP, e que teve seguimento sendo proferida decisão final, foi notificado em Portugal, onde actualmente se encontra por razões de saúde, do sentido da decisão proferida, que até lhe era favorável, exclusivamente em língua chinesa. Nada disto é inocente. E tem merecido acolhimento inclusivamente por parte de responsáveis pelo poder judicial, no que pessoalmente considero – posição que tive oportunidade de transmitir a quem de direito pela vias próprias mas que há mais

FUN WITH HACKLEY: AXE MURDERER

A machadada que faltava

de um ano aguarda resposta – uma afronta à Declaração Conjunta entre Portugal e a China de Abril de 1987 e à própria Lei Básica de Macau. Refiro-me, para quem não sabe, é claro, ao permanente desrespeito pelo artigo 6.º do decreto-lei acima referido que consagrou o estatuto de igualdade das línguas portuguesa e chinesa. O facto de hoje em dia os mandatários portugueses em processos judiciais, não obstante a sua solicitação expressa para serem notificados em língua portuguesa, receberem notificações, despachos e sentenças em língua chinesa, língua que não dominam, constitui um grave atropelo aos direitos das


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OPINIÃO

SÉRGIO DE ALMEIDA CORREIA

partes e uma forma de se cercear o exercício de direitos de defesa. Repare-se que, ao contrário do que tem sido entendido (aliás mal) por alguns, não está em causa o direito indiscutível de quem profere as decisões a fazê-lo em língua oficial chinesa, mas apenas o direito dos destinatários dessas decisões serem notificados do seu conteúdo na língua que dominam, a qual tem (ainda) estatuto de língua oficial e é expressamente reconhecida em vários outros diplomas como o Código do Procedimento Administrativo. Perante este estado de coisas, eu pergunto se tem algum sentido que o português seja língua oficial da RAEM.

Provavelmente, para os senhores deputados que sugeriram ao Governo da RAEM que ponderasse a atribuição de um estatuto legal à língua inglesa, isto bate tudo certo. Se há duas línguas oficiais, até pode haver três ou quatro. Ou nenhuma, bastando o cantonense falado e romanizado. Para o Governo da RAEM também deverá fazer sentido, pois que, de outro modo, os seus representantes junto da Comissão que fez a sugestão não se atreveriam a manifestar de viva voz a sua concordância com a sugestão. Assim sendo, rendo-me às evidências. E quero, por isso mesmo, deixar aqui um repto, uma vez que isso também poderá facili-

tar a vida a muita gente e deverá ser rápida e definitivamente consumado, que passa pela consagração desse objectivo de elevação do inglês a língua oficial da RAEM, com a consequente confirmação da atribuição à língua portuguesa do estatuto de indecência de que oficialmente já goza. Estou certo que a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça anseia por enviar recomendações aos notários para a celebração de escrituras e a prática dos actos notariais em inglês, a Associação dos Advogados está ansiosa por mandar traduzir para inglês os seus estatutos e o respectivo Código Deontológico (para permitir a alguns uma melhor compreensão do seu

conteúdo), e os julgamentos e actos processuais judiciais poderão, finalmente, ser conduzidos em inglês, citando-se nas alegações Shakespeare e T. S. Eliot no original, e dispensando-se a sempre arreliadora tradução. O ideal seria mesmo que a proposta de lei fosse já apresentada em chinês e também em inglês, língua que não é estranha ao jornal oficial da RAEM. Com a unanimidade vigente na AL, onde pelas posições manifestadas até será possível colher os votos favoráveis dos deputados Leonel Alves e Pereira Coutinho, e com o sempre ajuizado, cómodo, economicamente compensador e subserviente silêncio das autoridades portuguesas sobre esta matéria, penso que será possível a apresentação, logo no inicio da próxima sessão legislativa, de uma proposta de lei que de uma vez por todas revogue o estatuto de igualdade entre o português e o chinês e confira o estatuto de língua oficial ao inglês. Com tantas assinaturas no relatório e o apoio do Governo deve ser fácil encontrar a coragem política que tem faltado para se avançar. Com tal proposta poder-se-ia dar consistência à máxima confuciana, constante da doutrina da rectificação (chêng ming), no sentido da administração do Estado reflectir a verdade das coisas, única forma da governação poder ter sucesso, o que pelo número de inquéritos judiciais, qualidade dos detidos, obras e imbróglios em curso se sabe que não tem acontecido. Oxalá que os senhores deputados sejam expeditos. E que o Chefe do Executivo lhes dê o indispensável ámen, antes mesmo de se deslocar a Portugal, para poderem avançar já com a iniciativa legislativa, aproveitando-se os dois meses estivais de paragem da AL. Uma proposta dessa natureza faria o pleno, beneficiaria do apoio unânime das concessionárias do jogo, das “subconcessionárias” reconhecidas e das putativas, dos junkets e até de muita da maltosa que gravita na esfera dos casinos e seus negócios e que só se entende em inglês ou em dialectos de Nápoles e do interior da Sicília quando negoceia com as autoridades dos Estados onde contribui para o PIB. Além de que, dar-se-ia a oportunidade a esse valorosos portugueses que beneficiam de subvenções vitalícias milionárias pelos “extraordinários” serviços que prestaram a Portugal, designadamente em defesa da língua portuguesa, para aproveitarem as suas reformas na aprendizagem de um inglês decente (patuá não tiveram tempo de aprender enquanto por aqui “governaram”), de maneira a que da próxima vez que voltarem a Macau possam explicar a toda a gente, a começar pelos “casineiros” e taxistas, o que andaram a fazer num idioma que os deputados entendam, lhes seja acessível e dispense tradução.


Se houvesse um deus, / um feiticeiro, / um santo, / Que para sempre vos quebrasse o encanto, / Os lagos silenciosos e parados / Morreriam de dor / inanimados! / Os cisnes exultavam de vaidade, / Mas choraria a Lua de saudade / E os poetas não cantavam, / nunca mais, / A poesia das noites orientais!” Maria Anna Acciaioli Tamagnini

NOVAS PARAGENS DE AUTOCARROS NA TAIPA E MACAU

IFT COM NOVO CURSO EM HORÁRIO PÓS LABORAL

O Instituto de Formação Turística (IFT) inaugura o ano lectivo no novo campus da Taipa – as antigas instalações da Universidade de Macau – já na próxima segunda-feira, 22 de Agosto. De acordo com a rádio Macau, entre as novidades deste ano lectivo está uma nova licenciatura em período pós laboral: Gestão de Venda Turística e de Promoção de Marketing. Segundo explicou à Rádio Macau António Chu, chefe do serviço de apoio técnico e académico da instituição, o curso “será em Chinês” e vai contar com “mais de 30 estudantes”. Com este novo curso, o número de estudantes do IFT aumenta ligeiramente para cerca de 1600 estudantes. “Este ano temos cerca de 400 novos estudantes nas seis licenciaturas em período diurno e nas três em horário pós laboral”, acrescenta António Chu.

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Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) reordenou algumas paragens nas ilhas, cancelando duas delas perto dos Jardins do Oceano. “Tendo em conta que as paragens Jardins do Oceano/Rose Court e Ponte de Sai Van/Av. do Oceano e as da Rotunda dos Jogos da Ásia Oriental e Avenida dos Jogos da Ásia Oriental/Ponte de Sai Van estão relativamente próximas serão canceladas as Rotunda dos Jogos da Ásia Oriental e Avenida dos Jogos da Ásia Oriental/Ponte de Sai Van”, explica um comunicado. Assim, as carreiras n.os 26 e MT4 passam a fazer escala nas paragens “Jardins do Oceano/Rose Court” e “Ponte de Sai Van/Av. do Oceano”, enquanto a carreira n.o 73 para também nestas duas paragens. A DSAT vai ainda criar a paragem “Centro de Santa Lúcia” na Estrada de Nossa Senhora de Ká Hó e a paragem “Parque de M. da Barragem de Ká-Hó” na Estrada da Barragem de Ká Hó, alterando o itinerário da carreira n.o 21A para fazer com que este autocarro pare nestas duas paragens. Já do lado de Macau, a carreira n.o 5X deixa de circular na Rua de Malaca, a partir de passando a seguir para o viaduto, através da Avenida de Marciano Baptista e faz escala na paragem “Av. R. Rodrigues/Rua Malaca”. Todas estas mudanças acontecem amanhã, dia em que se inaugura o novo terminal de autocarros do Vale das Borboletas, localizado no complexo de habitação pública de Seac Pai Van. As carreiras n.os 51, 52, 55, 56, H3 e N5 passam a sair daquele terminal, em vez do terminal provisório de Seac Pai Van. Entretanto, este terminal provisório é repartido em duas paragens para uso do público com as novas denominações de “AL. da Harmonia / Edf. Ip Heng” e “AL. da Harmonia / Edf. Lok Kuan”. O Terminal do Vale das Borboletas tem cinco vias de autocarros. J.F.

sexta-feira 19.8.2016

MORREU MARGARIDA DE SOUSA UVA, MULHER DE DURÃO BARROSO

AVIAÇÃO SÍRIA BOMBARDEIA ZONAS CURDAS

Acção inédita

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aviação síria bombardeou ontem, pela primeira vez desde o início da guerra em 2011, zonas controladas pelas forças curdas na província de Al Hasaka (nordeste), indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Fontes curdas e do regime de Damasco confirmaram ao OSDH, organização não-governamental com sede em Londres, que os aviões atacaram zonas do nordeste e leste da cidade, maioritariamente controladas pelos curdos, embora algumas áreas estejam nas mãos das autoridades.

Estes bombardeamentos decorrem ao mesmo tempo que operações das forças governamentais com artilharia e projécteis de morteiro contra outras posições dos curdos sírios. De acordo com a agência noticiosa ANHA, próxima dos curdos, o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, recorreu à aviação depois do fracasso dos ataques com granadas de morteiro. Os bombardeamentos visaram diversas zonas residenciais. Até ao momento, desconhecem-se informações sobre vítimas, acrescentou. O OSDH indicou que vários civis ficaram feridos nos con-

frontos, registados nas áreas do centro e sul da cidade, entre a milícia governamental Defesa Nacional e as forças de segurança curdas Asayish. Quatro milicianos do regime morreram nos confrontos.

PRIMEIRA VEZ

Os confrontos entre a Asayish e a Defesa Nacional começaram há dois dias, na sequência da detenção pela milícia governamental de civis curdos. O combate entre tropas governamentais e forças curdas tem sido pouco frequente durante a guerra síria e esta é a primeira vez que Damasco recorre a aviação de guerra contra os curdos. Os curdos representam 9% dos habitantes da Síria e vivem sobretudo na província de Al Hasaka, cuja capital é Qameshli, e nas regiões de Efrin e Al Yazira, no norte do distrito de Alepo.

Margarida de Sousa Uva, mulher de Durão Barroso, morreu esta quintafeira aos 60 anos, vítima de cancro. A mulher do ex-presidente da Comissão Europeia lutava contra um cancro no útero desde 2014. Morreu esta quinta-feira em casa. Aquando da condecoração de Durão Barroso pelo presidente da República, em Novembro de 2014, Margarida de Sousa Uva já estava doente. Em 2015 começou a recuperar da doença, tendo acabado os tratamentos de quimioterapia, mas quando Durão Barroso assistiu sozinho à cerimónia de canonização dos Papas, em Abril de 2015, muitos começaram a suspeitar sobre a gravidade do seu estado de saúde. José Manuel Durão Barroso era casado com Margarida Sousa Uva desde 1980 e têm três filhos. Vicepresidente da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas, Margarida de Sousa Uva tinha, tal como sublinhou numa entrevista à Flash Vidas, “uma enorme vontade de viver”.

WINDSURFER ENCONTRADO APÓS DUAS HORAS

Um jovem de 18 anos membro da equipa de windsurf de Macau foi ontem salvo após ter desaparecido no mar perto de Long Chao Kok, em Coloane, quando estava a praticar a modalidade. O desaparecimento estará relacionado com a quebra do equipamento, que deixou o jovem à deriva. Esteve na água durante duas horas e foi encontrado pela equipa de salvamento dos Serviços de Alfândega. Não veio a precisar de cuidados médicos.


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