DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
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QUINTA-FEIRA 2 DE FEVEREIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3744
ESTADOS UNIDOS
Entrada reservada
JOGO BONS AUSPÍCIOS PARA O ANO DO GALO
A CANTAR EM JANEIRO
O primeiro mês do novo ano lunar vem confirmar a tendência de recuperação no sector do Jogo. Pelo sexto mês consecutivo as receitas dos casinos voltaram a subir, atingindo em Janeiro um crescimento de
3,1 por cento, face ao mesmo período de 2016. Para o presidente da SJM, Ambrose So, este deverá ser um ano em que o galo vai despertar os mercados e acabar com o rumo descendente dos últimos dois anos.
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GRANDE PLANO
SALÁRIO MÍNIMO
Promessa que brada PÁGINA 5
SÓNAR
BARCELONA AQUI AO LADO EVENTOS
CHINA
Onde pára o milionário? PÁGINA 10
As janelas roubadas h ANTÓNIO CABRITA
2 GRANDE PLANO
Donald Trump começa a cumprir uma das mais polémicas promessas de campanha, numa hierarquia difícil de realizar: proibir a entrada de muçulmanos em território americano. O HM analisa as reacções que esta ordem executiva suscitou
“D
AI-ME os teus fatigados, os teus pobres, as tuas massas encurraladas ansiosas por respirar liberdade”, pode ler-se no pedestal da Estátua da Liberdade, em Nova Iorque. A citação, retirada do poema “The New Colossus” de Emma Lazarus, resume o espírito de ‘melting pot’que caracteriza não só Nova Iorque, mas os inteiros Estados Unidos desde a sua génese. Pode dizer-se que, com a proposta do Presidente para banir muçulmanos de pisarem solo americano, parte desta mensagem perde-se. Donald Trump já havia prometido barrar a entrada de quem professe o Islão “até percebermos o que se passa”, uma condição enigmática que vê agora concretização. A ordem executiva, assi-
ESTADOS UNIDOS PRESIDENTE BARRA CERTOS MUÇULMANOS
TRUMP
O PORTEIRO nada na semana passada, proíbe a entrada de mais de 218 milhões de pessoas, impedindo também a possibilidade de asilo a refugiados oriundos de determinados países predominantemente islâmicos. A acção temporária aplica-se durante 90 dias e proíbe a entrada de nacionais oriundos do Sudão, Irão, Iraque, Líbia, Somália e Iémen. Para acrescentar insulto à injúria, os refugiados provenientes destes países serão barrados por 120 dias. A segurança nacional é apontada como a razão principal de tal acção, sendo de salientar que a larga maioria dos atentados terroristas em solo americano tem sido cometida por cidadãos americanos, em grande parte com ligações a milícias de extrema-direita. Brancos, cristãos e muito bem armados. Outra incongruência na medida da nova Administração é não abarcar a Arábia Saudita, o país de origem de Osama Bin Laden. Isto apesar de a maioria dos terroristas responsáveis pelo ataque de 11 de Setembro às torres do World Trade Center terem sido sauditas. Nem mesmo a exportação do wahabismo – uma vertente extremista sunita que tem inspirado terrorismo um pouco por todo o mundo – colocou a Arábia Saudita na lista negra. De fora da proibição também ficaram o Egipto, a Indonésia e os Emirados Árabes Unidos, tudo países onde Donald Trump tem negócios.
CONSEQUÊNCIAS E REACÇÕES
A ideia inicial seria proibir a entrada de quem vem dos países visados para os Estados Unidos à procura de trabalho, para lá se fixar.
A larga maioria dos atentados terroristas em solo americano tem sido cometida por cidadãos americanos. Brancos, cristãos e muito bem armados
Mas a verdade é que esta medida tem directo impacto em famílias de norte-americanos com raízes nestes países. Um dos rostos dos visados é o de Abubaker Hassan, médico, que ficou separado da esposa e da filha recém-nascida em sequência do selectivo fechar de portas a muçulmanos. Há um par de meses, a sua mulher, Sara Hamad, levou a filha do casal a visitar familiares ao Qatar. Apesar de ambos terem visto para trabalhar e viver em Detroit,
De fora da proibição também ficaram o Egipto, a Indonésia e os Emirados Árabes Unidos, tudo países onde Donald Trump tem negócios
são de origem sudanesa, uma das nacionalidades afectadas pelo banimento. O rebento do casal, Alma, nascida em Detroit, tem cidadania norte-americana. Na passada segunda-feira, mãe e filha tentavam regressar a casa e foram impedidas de embarcar no aeroporto do Qatar, apesar da recém-nascida ter cidadania norte-americana, e a mãe ter visto de permanência. Mas como Hamad não é cidadã, ou residente permanente, ficaram em terra. Em desespero, a mãe disse à ProPublica que não pode “reunir a família”, nem o marido se pode juntar a elas. Uma das reacções mais visíveis à proibição de entrada de muçulmanos em solo americano veio de Sally Yates, Procuradora-geral do Estado de Nova Iorque, que ordenou ao Departamento de Justiça que ignorasse o decreto
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presidencial. Em questão estava a constitucionalidade da medida, e a “garantia da justiça e a luta pelo que é certo”, disse Yates em entrevista à Reuters. A oposição não caiu bem em Donald Trump, que a despediu quase imediatamente. Em comunicado, a Casa
Branca justifica a demissão acusando a Procuradora-geral de “ter traído o Departamento de Justiça ao recusar aplicar uma ordem legal feita para proteger os cidadãos dos Estados Unidos”. A Administração Trump adiantou ainda que a “insubordinação [de Yates] demonstra pouco rigor a lidar com assuntos
fronteiriços e falta de firmeza na resposta à imigração ilegal”. Além dos protestos que se fizeram sentir em vários aeroportos norte-americanos, as reacções à proposta do Presidente chegaram de todos os quadrantes. Dez dias depois de passar o testemunho presidencial, Barack Obama reapareceu na cena política para repudiar o polémico decreto assinado por Trump. Em comunicado, o porta-voz de Obama declarou que o antigo ocupante da Casa Branca “discorda da discriminação com base em crença religiosa”. Acrescentou ainda que “espera ver os cidadãos a exercer o seu direito constitucional de protesto, uma
Hong Kong assistiu ontem a protestos contra as medidas de Donald Trump. Foram poucos, cerca de 20, mas fizeram-se ouvir vez que os valores americanos estão em causa”.
A VOZ DO DINHEIRO
Dificilmente o Presidente escutará a opinião do seu antecessor. Porém, as vozes dos directores de grandes empresas não costumam passar ao lado do magnata nova-iorquino. Este pode ser o mais eficaz travão a abrandar o comboio anti-imigração da Administração Trump. Os homens máximos da Apple, Ford e Goldman Sachs emitiram comunicados categorizando o decreto que bane muçulmanos de entrar nos Estados como “antiamericano e mau para os negócios”. Na mesma linha, a Google anunciou a entrega de donativos a organizações que apoiem imigrantes. Também a Starbucks se manifestou prometendo tudo fazer para ajudar empregados que sejam afectados pelo decreto, assim como contratar refugiados. Ouvido pela Associated Press, o director executivo da Apple, Tim Cook, alertou para o facto de a empresa “não existir se não fosse a imigração”. Cook refere-se não só ao carácter multiétnico da multinacional, mas também ao facto de o fundador da Apple, Steve Jobs, ser filho de um refugiado sírio que conseguiu asilo nos Estados Unidos.
ÁSIA EM PROTESTO
Nos protestos que ocorreram no aeroporto de São Francisco, marcaram presença duas figuras de destaque de Silicon Valley: Sergey Brin, co-fundador da Google, e o presidente da Y Combinator, Sam Altman. Não só o mercado de mais de 1,5 mil milhões de muçulmanos
é algo que as empresas das tecnologias não querem desperdiçar, como uma parte considerável da sua mão-de-obra é proveniente de países de maioria islâmica. Também a área jurídica se fez ouvir no coro de protestos contra a acção executiva da Casa Branca, nomeadamente associações que representam advogados oriundos do sul da Ásia. As duas maiores associações que reúnem juristas da região declararam em comunicado que “as ordens, baseadas em preconceitos que preconizam que determinados grupos étnicos estão mais dispostos à violência, são incompatíveis com os valores americanos”. O comunicado acrescentou ainda que a medida não tornará as comunidades mais seguras, nem fortalecerá a nação. No comunicado, o presidente dos Associação dosAdvogados do Sul da Ásia, Vichal Kumar, acrescentou que “a criminalização e estigmatização de um grupo de pessoas devido às suas crenças, ou origem, viola o espírito de igualdade, justiça e princípio da presunção da inocência”. Hong Kong assistiu ontem a protestos contra as medidas de Donald Trump. Foram poucos, cerca de 20, mas fizeram-se ouvir. Os manifestantes, ligados a vários grupos políticos como a Liga dos Sociais Democratas (LSD) e a International Migrant Alliance, seguiram em cortejo até ao consulado norte-americano no centro de Hong Kong. Empunhavam cartazes com mensagens que diziam “Fazer aAmérica odiar novamente”, ou “Uma desgraça para a humanidade”. Em declarações à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong, Avery Ng, dirigente da LSD, declarou que “desde que Donald Trump assumiu a presidência, conseguiu desafiar a Constituição norte-americana, desafiar os direitos humanos e os valores que todos nós, como cidadãos globais, defendemos”. Avery acrescentou ainda que, “se isto continuar, a divisão entre religiões, etnias e nacionalidades será cada vez maior”. Esta parece ser a rota trilhada pela actual Casa Branca, que tem espalhado brasas um pouco por toda a comunidade internacional. Nem antigos aliados escaparam, como os países da Europa Central, Japão e México. Aguardam-se novos desenvolvimentos na frente chinesa. João Luz
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4 POLÍTICA
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A bater com o nariz na porta
Deputado de Hong Kong impedido de entrar em Macau
O
deputado pró-democracia de Hong Kong Raymond Chan disse na sua página de Facebook que foi impedido de entrar em Macau na passada segunda-feira, por poder constituir uma ameaça para a estabilidade interna da região, informou a imprensa local. Raymond Chan disse que viajava sozinho para visitar alguns amigos e afirmou não compreender como é que ele poderia representar uma ameaça para a segurança em Macau. Citado pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), o deputado disse que o seu colega de partido, Christopher Lau, tinha sido autorizado a entrar em Macau um dia antes, no domingo. O impedimento de entrada em Macau acontece com alguma regularidade, com a grande maioria dos casos a serem tornados públicos pelos próprios visados, muitos dos quais políticos ou activistas da região vizinha. A Polícia de Segurança Pública (PSP) não tem por hábito apresentar motivos concretos. Depois de confirmar à Agência Lusa que uma pessoa foi impedida de entrar no território na segunda-feira, a PSP disse não ter “nada a referir e comentar” sobre “um caso particular”. Entre os últimos casos divulgados pela imprensa está o do ex-deputado pela Association for Democracy and People’s Livelihood (ADPL) Frederick Fung, que foi impedido de entrar em
Macau em Dezembro passado. Na altura, Frederick Fung disse que já tinha sido impedido de entrar em Macau três vezes. Em Outubro de 2016, quando o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, esteve em Macau, dois ex-activistas e um cineasta de Hong Kong foram igualmente impedidos de entrar na cidade, com o mesmo argumento de que representam uma ameaça à segurança. Outros casos conhecidos de figuras impedidas de entrar em Macau são os de membros do Partido Democrático de Hong Kong, incluindo da antiga deputada e ex-presidente do Partido Democrático de Hong Kong Emily Lau. As autoridades recusam-se a revelar o número de pessoas que proibiram de entrar no território, as razões pelas quais o fizeram ou a sua procedência, sob o argumento de que essas informações são confidenciais. “Os dados estatísticos de ‘recusas de entrada’ são classificados como dados e informações ‘reservados’, pelo que não há lugar para a sua divulgação”, afirmou a PSP, no início de Janeiro, em resposta escrita enviada à Lusa. Contudo, nem sempre foi assim. Pelo menos durante o mandato do anterior secretário para a Segurança, a PSP chegou a divulgar dados sobre as pessoas proibidas de entrar em Macau, a pedido dos jornalistas.
Petição VOTO ELECTRÓNICO PODERÁ SER CRIADO
Passo a passo se faz o caminho Os mentores da petição “Também somos portugueses” acreditam que o recenseamento automático e o voto electrónico para emigrantes vai mesmo ser implementado. O Ministério da Administração Interna em Portugal “já está a estudar” a medida
F
OI no passado dia 25 que a Assembleia da República de Portugal recebeu a petição da plataforma “Também somos portugueses”, que apela à introdução do recenseamento automático para emigrantes, bem como a implementação do voto electrónico. Em declarações ao HM, Paulo Costa, um dos mentores da petição e representante da “Migrantes Unidos”, confirmou que esse pedido deverá ser mesmo uma realidade. “Acreditamos que muito vai mudar. Foi-nos comunicado oficialmente que o Ministério da Administração Interna já está a estudar como implementar o recenseamento automático dos portugueses que vivem no estrangeiro. Foi-nos também comunicado em primeira mão que tanto o PSD (Partido Social-Democrata), como o Bloco de Esquerda preparam alterações nesse sentido. Portanto, estamos confiantes que essa parte da petição vai mesmo ser implementada”, apontou o responsável. Não obstante, Paulo Costa refere que ainda persistem resistências em relação ao voto online. “Há um reconhecimento dos problemas do voto presencial para os emigrantes e dos problemas do voto postal. Mas há algum receio da segurança
do voto via Internet. Pensamos que as condições técnicas estão maduras para isso. O que pedimos é que a legislação seja aberta para permitir que tal aconteça, que sejam consultados especialistas e efectuados testes para comprovar que, à semelhança dos modernos sistemas bancários, também o voto electrónico pode ser seguro”, acrescentou. Paulo Costa lembra ainda que “há sempre a dificuldade de se obter a maioria de dois terços para alterar a legislação”, além do “receio da incerteza dos resultados eleitorais com muitos mais portugueses
“Foi-nos comunicado oficialmente que o Ministério da Administração Interna já está a estudar como implementar o recenseamento automático.” PAULO COSTA REPRESENTANTE DA “MIGRANTES UNIDOS”
emigrantes a votar”. “Esperamos com este movimento possa ultrapassar estes dois obstáculos, tendo provado que os portugueses no estrangeiro pedem e merecem uma mudança do sistema eleitoral”, frisou.
POLÍTICA AINDA INTERESSA
Sobre o facto de, em Macau, apenas 17 pessoas terem assinado a petição, Paulo Costa acredita que tal se deve a uma maior proximidade das pessoas em relação aos serviços consulares. “Talvez os cidadãos de Macau não sintam os problemas da distância aos postos consulares que se sentem noutros territórios.” Em declarações ao HM, Tiago Pereira, coordenador da secção do Partido Socialista em Macau, defendeu isso mesmo, refutando a possibilidade de tais números representarem um afastamento das pessoas em relação à política do seu país. Uma ideia também partilhada por Paulo Costa. “Notámos que ainda existe essa ligação. Não em todos, mas particularmente nos que emigraram há menos tempo”, rematou. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
5 POLÍTICA
hoje macau quinta-feira 2.2.2017
Salário mínimo ELLA LEI QUESTIONA ATRASO ANUNCIADO PELO GOVERNO
A promessa que faltou
N
TUDO POR FAZER
Um dia após a reunião do CPCS, o secretário Lionel Leong garantiu que o objectivo da Administração é atingir o consenso possível. “O Governo vai respeitar as opiniões da sociedade e da Assembleia Legislativa, iniciando de forma pragmática os trabalhos de consulta e os procedimentos legislativos”, apontou, acrescentando que a data de entrada em vigor do salário mínimo universal “tem de respeitar as opiniões da sociedade e o processo legislativo, designadamente as opiniões dos deputados”. Apesar das declarações de Lionel Leong, Chui Sai On, Chefe do Executivo, disse aos jornalistas que
O Governo já anunciou que o salário mínimo universal poderá não ser implementado em 2018 ou 2019, o que faz Ella Lei questionar as razões para esse atraso. A deputada quer saber do andamento dos trabalhos sobre a legislação TIAGO ALCÂNTARA
A última reunião do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, deixou no ar a ideia de que o salário mínimo universal não deverá ser implementado em 2018, nem sequer em 2019. A falha de mais uma meta levou a deputada Ella Lei a entregar ao Governo uma interpelação escrita. O Executivo tinha apontado como objectivo a entrada em vigor da medida aquando do terceiro aniversário da implementação do salário mínimo para as profissões de limpeza e segurança dos edifícios habitacionais. “Vários deputados questionaram porque é que o Governo não implementou o salário mínimo em todas as áreas. O Governo prometeu o prazo de três anos para a implementação do salário mas, infelizmente, no espaço de um ano mudou de ideias para a realização dessa lei. Como é que os cidadãos podem confiar no Executivo?”, questionou a deputada eleita pela via indirecta, que no hemiciclo representa a Federação das Associações dos Operários de Macau. “Se o Governo continua a não cumprir as suas promessas vai destruir a imagem da RAEM. Como é que o Executivo vai punir os responsáveis que não fazem bem o seu trabalho?”, questionou ainda Ella Lei, que deseja saber tudo o que já foi feito em termos de análise e estudo em prol do salário mínimo universal. “Durante o ano de 2016, que trabalhos foram feitos neste sentido? Quais as conclusões e o processo? As autoridades podem oferecer um calendário exacto sobre os trabalhos concretizados, incluindo os trabalhos que já estão a ser realizados? Qual o calendário para a consulta pública e a entrega da proposta de lei para que, em 2019, o salário mínimo possa ser concretizado plenamente?”, escreveu.
Escolas na neblina Wong Kit Cheng quer instruções claras sobre qualidade do ar
A
deputada Wong Kit Cheng sugere ao Governo a criação de regras claras para as escolas adoptarem nos dias de má qualidade do ar. Citada pelo Jornal do Cidadão, a deputada considera que “as instruções dadas pelas autoridades em relação às actividades ao ar livre são apenas conselhos, e as escolas não são obrigadas a cumpri-las”. Sendo assim, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos, em conjunto com os Serviços de Saúde, Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), deveriam, na opinião da deputada, “criar um sistema conjunto para coordenar e reagir à situação da má qualidade do ar”. “A DSEJ deveria estudar e criar uma série de instruções para as escolas seguirem no caso de má qualidade do ar, para suspender a totalidade ou parcialidade das actividades ao ar livre”, acrescentou Wong Kit Cheng. A deputada, que representa a União Geral das Associações de Moradores (UGAMM) e a Associação Geral das Mulheres, referiu ainda que o Governo deveria instalar mais equipamentos para medir a qualidade do ar nas várias zonas do território.
“Só há cinco postos de verificação da qualidade do ar e na zona de maior densidade populacional só existem dois postos de verificação. Neste sentido, se os aparelhos não conseguem mostrar o estado da poluição de cada zona, os cidadãos não conseguem saber a situação real. Sugiro que se aumentem os postos de verificação do ar e mudança de qualidade do ar, a fim de conseguir alertas de forma pontual”, defendeu. A deputada acredita que, apesar de o Governo continuar a dizer que os dias de má qualidade do ar se têm mantido estáveis, Macau continua a sofrer a influência do smog vindo do Continente. “Sugiro que os serviços do Governo devem reagir o mais depressa possível para prevenir os impactos causados pela poluição atmosférica. Embora os SMG tenham declarado que os dias de má qualidade do ar têm sofrido um retrocesso, Macau fica no Delta do Rio das Pérolas e sofremos a influência da poluição registada em Shenzhen ou Zhongshan. O vento poluído passa por Macau, por isso também há a possibilidade de termos dias com smog”, concluiu.
METRO LIGEIRO EXECUTIVO DIZ QUE ESTÁ TUDO A ANDAR o salário mínimo universal “será uma realidade, no ano de 2019”. Segundo a Rádio Macau, Chui Sai On frisou que essa “é uma das prioridades e objectivos deste Governo”. Ella Lei lembrou que, desde 1999, o Executivo não realizou quaisquer
“No espaço de um ano, o Governo mudou de ideias. Como é que os cidadãos podem confiar no Executivo?” ELLA LEI DEPUTADA
consultas ou estudos quanto à implementação de um salário mínimo, com excepção para os trabalhos relativos aos limites mínimos a pagar a quem trabalha na área da segurança e limpeza dos edifícios. “De acordo com a lei laboral, o Governo deve assegurar o salário mínimo e mobilizar essa política. A lei já define claramente que Macau precisa de implementar uma política de salário mínimo. Desde a transferência de administração, o Governo não começou qualquer trabalho relativo à implementação da lei, e o sector laboral solicita que o Governo dê mais atenção aos grupos de pessoas que recebem salários baixos e que ofereça medidas de apoio”, rematou a deputada. HM
H
O Cheong Kei, coordenador do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), avançou ao canal chinês da Rádio Macau que já está a ser pensado e preparado o funcionamento do metro ligeiro na Taipa, algo que deverá ser uma realidade em 2019. O responsável salientou ainda que o Governo também já está a planear a criação da empresa pública que será responsável pela gestão do metro ligeiro, bem como os trabalhos de consulta pública sobre a legislação relativa a este sistema de transporte. Quanto às obras no segmento da Taipa, Ho Cheong Kei referiu que estão quase
concluídas, incluindo o viaduto principal e as 11 estações. O GIT promete focar ainda as suas atenções na conclusão do parque de materiais e oficinas, cuja obra está bastante atrasada e que é fundamental para o funcionamento do metro ligeiro, por ser o lugar onde vão ficar as carruagens. Resolvido o impasse com a empresa responsável pelo parque de materiais e oficinas, o responsável do GIT garantiu que foi criado um sistema de recompensa e punição para as empresas, tendo sido fortalecida a coordenação dos trabalhos e as medidas de vigilância, “por forma a melhorar o funcionamento das obras”.
6 SOCIEDADE
hoje macau quinta-feira 2.2.2017
Jogo RECEITAS SUBIRAM 3,1 POR CENTO EM JANEIRO
Auspicioso início de ano A tendência da recta final de 2016 manteve-se no primeiro mês de 2017. Janeiro chegou ao fim com os casinos a darem sinais positivos sobre a recuperação do sector do jogo. Ambrose So acredita que o Galo vai despertar a indústria
O
S casinos fecharam em Janeiro com receitas de 19,255 mil milhões de patacas, uma subida de 3,1 por cento face ao período homólogo de 2016, indicam dados oficiais ontem divulgados. Este é o sexto mês consecutivo em que as receitas dos casinos registam uma subida, após 26 meses de quedas anuais homólogas da principal indústria do território, segundo as informações publicadas pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).
Os casinos de Macau fecharam 2016 com receitas de 223,210 mil milhões de patacas, uma queda de 3,3 por cento face ao cômputo de 2015. O ano passado foi o terceiro ano consecutivo de quebra depois de uma diminuição de 34,3 por cento em 2015 e de 2,6 por cento em 2014.
É o sexto mês consecutivo em que as receitas dos casinos registam uma subida
A IMPORTÂNCIA DO BICHO
Os resultados de Janeiro foram anunciados poucos dias depois de o presidente executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM),
O que vem a seguir é melhor AMCM prevê crescimento da economia de 0,2 por cento
A
economia de Macau deverá voltar a crescer a um ritmo sustentável em 2017, após dois anos de contracção e de ter retomado o crescimento no terceiro trimestre do ano passado, prevê a Autoridade Monetária de Macau (AMCM). “A economia de Macau é susceptível de voltar a crescer a um ritmo sustentável depois de oito trimestres de ajustamento negativo. O crescimento económico positivo foi iniciado no terceiro trimestre [de 2016], sobretudo devido a uma melhoria no ‘net trade’”, refere o Boletim de Estudos Monetários da AMCM. A AMCM cita as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), de que a economia em Macau vai crescer 0,2 por cento este ano e 0,4 por cento em 2018, depois de uma contracção de 4,7 por cento em 2016. A queda da economia esteve associada à diminuição das receitas dos casinos, que caíram continuamente entre Junho de 2014 e Julho de 2016, arrastando o PIB da cidade. Mas a parte final do ano mostrou sinais de recuperação da indústria, com Dezembro a marcar o quinto mês consecutivo
de subida das receitas em termos anuais homólogos. O relatório da Autoridade Monetária observa que as receitas da indústria do jogo retomaram a trajectória de crescimento, apontando também as novas aberturas de ‘resorts’ integrados previstas para este ano e para o próximo. Além disso, refere que “os projectos de infra-estruturas transfronteiriças, como a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e o novo terminal marítimo na Taipa serão concluídos, sustentando o crescimento económico”.
INFLAÇÃO, MAS POUCA
A AMCM refere que “a fraca procura interna (…) pode continuar em 2017”, mas que “não deverá prolongar-se para 2018”, quando é esperada “a retoma do crescimento do consumo privado a par da recuperação económica”. “No entanto, os riscos associados ao ajustamento da política monetária dos Estados Unidos, o ritmo de valorização da pataca em relação às moedas não estão indexadas ao dólar, o desempenho económico dos parceiros comerciais da região, e a direcção do ajustamento do
Ambrose So, ter dito que espera que o Ano do Galo traga “crescimento renovado e prosperidade”. No jantar anual de ano novo da SJM, Ambrose So lembrou como a indústria do jogo viu o início de 2016 acompanhar a “tendência descendente dos dois anos anteriores”, mas no final do ano verificou-se “a refrescante retoma de algum crescimento”, referindo-se à subida das receitas dos casinos. “O mercado precisa de despertar e, para isso, o galo chega mesmo a tempo. Como toda a gente sabe o galo é o despertador do reino animal. Antecipamos que vai trazer crescimento renovado e prosperidade para Macau”, afirmou. Em relação ao Grand Lisboa Palace, aquele que
preço da propriedade, terão um papel importante em influenciar as perspectivas de crescimento de Macau a curto prazo”, adverte a Autoridade Monetária. O regulador antecipa que “a inflação irá permanecer em níveis baixos em 2017, principalmente devido a vários factores externos e internos, incluindo a estabilidade dos preços das propriedades e
rendas, e a valorização da pataca”. “Contudo, a esperada recuperação na procura agregada deverá conduzir a um ligeiro aumento da inflação”, refere. Também estima que “o mercado de trabalho continue robusto”, com pouco espaço para o crescimento da taxa de desemprego, que foi de 1,9 por cento em 2016. “A grande proporção de trabalhadores estrangeiros num contexto de pleno emprego forneceu ao Governo uma ‘almofada’ suficiente para ajustamentos na política e o Governo tem uma posição clara, sustentada na preservação do emprego para os residentes locais”, acrescenta. Além de referir o contributo da estabilidade financeira e monetária para a resiliência da economia, o relatório refere também que Macau “manteve a sua competitividade graças à contínua valorização das moedas dos seus principais mercados turísticos”, nomeadamente o interior da China, Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e Japão. A Autoridade Monetária observa ainda que a cooperação regional com o interior da China e Hong Kong “vai ser um factor de sucesso do desenvolvimento” de Macau, e que “as pequenas e médias empresas e os jovens empreendedores devem participar activamente” neste processo.
deverá ser o último projecto a inaugurar na vaga de novos casinos, em 2018, o responsável fez referência a “progressos positivos na construção”. Os dados mais recentes da SJM indicam uma queda de 11,1 por cento nas suas receitas de jogo no terceiro trimestre de 2016, comparando com o mesmo período de 2015. A SJM não esteve sozinha na diminuição do dinheiro arrecadado. A Wynn Macau anunciou há dias que os lucros da operadora caíram 26,6 por cento, para 46,6 milhões de dólares norte-americanos, no último trimestre de 2016, em comparação com o mesmo período de 2015. Os dois projectos da Wynn em Macau – um no centro da cidade que opera desde 2006 e o novo Wynn Palace, que abriu a 22 de Agosto no Cotai – geraram receitas de 917,1 milhões de dólares nos três últimos meses do ano, mais 65 por cento em termos anuais. Este foi o primeiro trimestre completo a contar com os ganhos do novo projecto.
ANO NOVO CHINÊS MAIS TURISTAS NAS RUAS
Entre os dias 27 e 30 de Janeiro, entraram em Macau 457.296 pessoas. De acordo com o site GGRAsia, que cita dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), o número indica um aumento anual de 4,8 por cento. Do número total de visitantes, 65,3 por cento eram provenientes da China Continental, o que representa um aumento de 4,9 por cento neste grupo específico de entradas. Os dados deixam de fora trabalhadores não residentes e estudantes que vivem fora do território. Ontem, a Rádio Macau dava conta de que quase 200 mil visitantes tinham entrado esta quarta-feira nas fronteiras da cidade, sendo que a grande maioria, mais de 129 mil pessoas, era proveniente do Continente. A fronteira mais utilizada continuou a ser a das Portas do Cerco, onde se registaram 128 mil entradas.
7 hoje macau quinta-feira 2.2.2017
Foi aluno do Politécnico de Leiria e esteve um ano em Macau. Luís Lino é o tradutor e intérprete da equipa de André Villas-Boas, o antigo treinador do FC Porto que agora comanda o Shanghai SIPG. Estudar mandarim abriu-lhe as portas para o mundo do futebol
Línguas TRADUTOR DE ANDRÉ VILLAS-BOAS ESTUDOU UM ANO EM MACAU
Remate para golo
diz em cantonense, enquanto agora já é possível associar algumas expressões, depois de seis, sete anos de estudo”, refere. De qualquer modo, “perder, não se perde”, ressalva. “Continua a ser melhor estar aqui do que em Portugal, onde não há referência diária absolutamente nenhuma. Depois, o nosso horário era muito intenso, com quatro a seis horas diárias só de chinês compreensivo, excluindo as aulas de leitura, de audição e de História da China.”
A OPORTUNIDADE
S
Ó acreditou no dia em que chegou a Xangai. “É um sonho. Quando o André Villas-Boas me fez a proposta nem sequer queria acreditar.” Luís Lino acabou o curso há pouco mais de dois anos. O antigo aluno do Instituto Politécnico de Leiria viveu um ano no território, ao abrigo de um acordo com o Politécnico de Macau. Foi jogador do Sporting local e é um amante de futebol, pelo que entrar em campo para traduzir é a conjugação de duas paixões que, diz, jamais imaginaria que fosse possível. A equipa de André Villas-Boas – antigo treinador do Porto, do Chelsea e do Tottenham, entre outros clubes – chegou a Xangai em Dezembro. A experiência, conta Luís Lino, está a ser francamente positiva. “Mas estive dois anos em Portugal [desde que acabou o curso] a falar mandarim muito raramente. Não tinha contacto diário com a língua. Quando cheguei, senti que estava bastante enferrujado, isto já para não dizer que nunca falei chinês no contexto do futebol”, explica. “Há muitos termos que me estavam a faltar. É um trabalho do dia-a-dia que não posso negligenciar. Estou a trabalhar constantemente.” O tradutor tem como principais funções ajudar o treinador e os jogadores de língua portuguesa “na organização e em trabalho de back office”. Dá apoio em ques-
SOCIEDADE
tões burocráticas, na preparação de documentos e em “tudo aquilo que os jogadores precisarem”. Em campo, ajuda na comunicação entre jogadores chineses e técnico principal da equipa. “André Villas-Boas tem um adjunto, o Xie Hui, que é o David Beckham da China. Fala um inglês espectacular, já está no mundo do futebol há muitos anos, pelo que se apoia mais nele para dar instruções em campo. Mas estou lá, estou sempre atento e, quando é preciso complementar alguma coisa ou quando esse adjunto está ocupado a falar com outra pessoa,
O tradutor desempenha um papel importante nas conferências de imprensa. O Shanghai SIPG tem quatro jogadores de língua portuguesa
entro eu. Estou sempre pronto a ajudar”, descreve Luís Lino. Fora das quatro linhas, o tradutor desempenha um papel importante nas conferências de imprensa. O Shanghai SIPG, equipa da Super Liga Chinesa, tem quatro jogadores de língua portuguesa: os brasileiros Elkeson, Hulk e Oscar, e Ricardo Carvalho, defesa central português com 89 internacionalizações ao serviço da selecção nacional.
MELHOR AQUI DO QUE LÁ
Natural do Porto, Luís Lino viu na aprendizagem do mandarim um desafio. “A minha família também me dizia que seria a língua mais rentável na indústria da tradução, da interpretação. Foi sobretudo pelo desafio e pelo facto de ser muito exótico”, explica. Escolhido o curso, a opção foi o Instituto Politécnico de Leiria, que oferece um programa de quatro anos, sendo que dois são passados fora, o que “faz uma diferença abismal”. No segundo ano do curso, Luís Lino foi estudar para a Universidade de Língua e Cultura de Pequim, e de lá veio para Macau, onde esteve entre 2012 e 2013.
“Voltei para Portugal, fiz o primeiro semestre do quarto ano em Leiria e, depois, o estágio em Xangai.” No final do curso, decidiu “pensar no que queria mesmo fazer”. Em casa, foi intérprete freelancer, “ia fazendo traduções, interpretações, incluindo para a Federação Portuguesa de Artes Marciais”, e trabalhou no Museu do Futebol Clube do Porto. “Estava a leccionar mandarim no Porto quando recebi esta proposta”, diz. Em relação a Macau, onde esteve agora durante alguns dias de férias, diz olhar “com muito carinho, também por causa do Sporting”. O clube “ajudou a entrosar-me bem na cidade e conhecer muita gente de cá”, recorda Luís Lino, que veio viver para o território integrado numa turma de 16 estudantes. Sobre o ano a estudar no Politécnico, numa cidade onde o mandarim não é a língua que se ouve na rua, Luís Lino entende que, “de acordo com o processo, tem de se passar por aqui”. “Mas, na altura, os nossos conhecimentos de mandarim ainda não eram consolidados o suficiente para conseguirmos entender o que se
O novo desafio obriga o jovem tradutor a regressar ao estudo. “Durante os treinos tenho sempre o meu caderno comigo. Sempre que ouço uma expressão que não conheço, aponto-a. Tenho várias ferramentas que me ajudam a memorizar e a estudar”, relata, enquanto pega no telemóvel e mostra as melhores aplicações para consolidar a língua chinesa. “O importante é compilar o maior número de léxico possível e ter a certeza de que nunca se pára”. Apesar de ter vivido quatro meses em Xangai na recta final do curso, a experiência no Shanghai SIPG faz com que a capital económica da China seja olhada de outra forma. “Quando estou livre, há mais tempo para explorar. Somos um grupo, costumamos fazer muita coisa juntos, vamos passear e, geralmente, contam comigo para lhes dizer quais são os sítios a ir. Adoro Xangai, é mesmo o meu estilo. Não falta nada, tem muita coisa para ver, muitos lugares escondidos no meio da cidade.” De malas feitas e prestes a embarcar de regresso à equipa de André Villas-Boas, o jovem tradutor confessa que, quando terminou o curso, pensou que iria trabalhar “para um escritório de advogados ou ser freelancer o resto dos meus dias”. “Mas a vida tem destas voltas. Trabalhei, empenhei-me, dediquei-me, mas também tive sorte. Agora é aproveitar a oportunidade”, remata. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
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Hong Kong ORGANIZADORES DO CLOCKENFLAP APRESENT
EVENTOS
DO RITMO AS N `
CINEMA “SÃO JORGE” EM FESTIVAL DE HONG KONG
O
filme “São Jorge”, do realizador Marco Martins, vai representar Portugal no Festival de Cinema da União Europeia em Hong Kong, que arranca no próximo dia 8. O Festival de Cinema da União Europeia (EUFF, na sigla inglesa), que conta com 16 filmes, incluindo também um da Suíça, abre com a película “The Happiest Day in the Life of Olli Mäki” (Finlândia), no dia 8, e fecha, a 24 deste mês, com a longa-metragem “Cézanne et moi” (França). O filme “São Jorge”, do realizador Marco Martins, que valeu a Nuno Lopes o
Prémio Especial de Melhor Actor atribuído pelo júri da secção “Orizzonti” do Festival Internacional de Cinema de Veneza, em Setembro, vai ser exibido nos dias 18 e 22. “São Jorge” conta a história de um pugilista desempregado que se vê obrigado a trabalhar em cobranças de dívidas para sobreviver. Teve a sua estreia na Ásia em Dezembro, durante o primeiro Festival Internacional de Cinema de Macau, no qual conquistou dois prémios (melhor realizador e melhor actor). O cartaz completa-se com “Stefan Zweig, Farewell to Europe” (Áustria),
longa-metragem sobre o exílio do escritor judeu austríaco durante o nazismo filmada no Brasil; “Belgica” (Bélgica), “Family Film” (República Checa); “After Spring Comes Fall” (Alemanha); “Liza, the Fox-Fairy” (Hungria); “Pursuit” (Irlanda); “Sweet Dreams” (Itália); “The Day My Father Became a Bush” (Holanda); “Secret Sharer” (Polónia); “Palm Trees in the Snow” (Espanha); “Underdog” (Suécia); “A Decent Man” (Suíça) e “Ethel & Ernest” (Reino Unido). O festival dedica duas sessões a cada um dos filmes. PUB
Hong Kong recebe, em Abril, a primeira edição do Sónar, um festival criado há mais de 20 anos em Barcelona. A iniciativa é sobretudo para quem gosta de música electrónica, mas não só. As novas tecnologias vão ser tema de conversa
E
M Barcelona dura três dias; a estreia em Hong Kong é mais modesta. No próximo dia 1 de Abril, realiza-se na região vizinha o festival Sónar, um evento que junta música, criatividade e tecnologia. A organização está a cargo dos responsáveis pelo Clockenflap. “Respeitado por fãs de música de todo o mundo devido ao seu alinhamento ecléctico, a produção de grande qualidade e o apoio de artistas importantes da música electrónica, o Sónar representa mais um marco no panorama cultural de Hong Kong”, escrevem os organizadores na apresentação do festival.
Através da ligação entre música, criatividade e tecnologia, “o Sónar ganhou uma merecida reputação por juntar os amantes da música electrónica e pessoas criativas de diferentes disciplinas e comunidades, oferecendo uma plataforma única de colaboração cultural”, diz-se também. O festival foi lançado em Barcelona em 1994. Desde então que tem recebido uma diversidade de músicos e de criativos. No ano passado, contou com a presença
de 115 mil pessoas de mais de cem países. Aqui ao lado, o Sónar vai ser realizado no Hong Kong Science Park, em cinco palcos diferentes, ao ar livre mas também em recintos fechados. Começa às 11h de sábado e prolonga-se pelas primeiras horas de domingo. A organização ainda não divulgou o cartaz, mas promete desde já que o público pode
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TAM EVENTO DE MÚSICA ELECTRÓNICA
hoje macau quinta-feira 2.2.2017
NOVAS IDEIAS À semelhança do que acontece com o festival espanhol, o Sónar de Hong Kong integra o Sónar +D, um congresso de tecnologias criativas contar com “uma curadoria experiente que junta artistas de renome e novos talentos”. O festival vai ser composto por performances de diferentes géneros, de concertos a actuações de
DJs, com sets para quem gosta de dançar, mas também com abordagens à música electrónica experimental.
O ESPAÇO DOS CRIATIVOS
À semelhança do que acontece com o festival espanhol, o Sónar de Hong Kong integra o Sónar +D, um congresso
de tecnologias criativas que junta uma série de actividades ligadas à inovação. Assim, estão programados workshops, palestras e uma exposição. A organização promete ainda oferecer experiências de realidade virtual. “É uma oportunidade única para as pessoas trocarem ideias e explorarem o espaço onde a criatividade e a tecnologia se encontram, num ambiente divertido e inspirador”, prometem os responsáveis pelo evento. Ainda sem um alinhamento divulgado ao público, os organizadores do festival, que se realiza em Tai Po, garantem desde já que vai haver um sistema de transportes para tornar o destino mais conveniente a todos aqueles que se queiram juntar ao primeiro Sónar de Hong Kong.
EVENTOS
HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho
Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com
Polígala Nome botânico: Polygala senega L. Também são usadas outras espécies aparentadas. Família: Polygalaceae. Nomes populares: POLÍGALADA-VIRGÍNIA; SÉNEGA; SERPENTÁRIA-DOSSÉNECAS. Nativa do Leste da América do Norte, onde habita em terrenos abertos, secos e pedregosos e em bosques, a Polígala é também cultivada como planta medicinal. Trata-se de uma herbácea, que cresce a partir de um rizoma nodoso e pode atingir cerca de 40 cm de altura; apresenta folhas lanceoladas de bordo dentado e belas flores brancas ou rosadas, pequenas e agrupadas em espiga na extremidade dos caules. O nome do género botânico, Polygala, teve origem na Antiga Grécia e provém de poly, muito, e gala, leite. Nessa altura, as espécies europeias de Polygala eram usadas para aumentar a produção de leite das vacas e cabras. Por outro lado, o nome da espécie, senega, alude a uma tribo de índios norte-americanos, os Sénecas, que usavam a raiz desta planta para tratar a tosse e as mordeduras de serpentes. A Polígala foi tão apreciada pelos povos indígenas da América como pelos colonos europeus. Actualmente, os investigadores já comprovaram os seus usos mais importantes. Em fitoterapia são usadas as raízes e rizomas. Composição Saponósidos triterpénicos em teor elevado (ácido poligálico, senegina), lípidos, glúcidos, poligalitol (um derivado do sorbitol), sais minerais, ácidos fenólicos (ácido salicílico), fitosteróis e traços de óleo essencial (salicilato de metilo). Sabor áspero e acre. Os saponósidos, com propriedades detergentes, tornam a água espumosa ao diminuir a sua tensão superficial. Acção terapêutica Em virtude do seu conteúdo em saponósidos, a Polígala dissolve as mucosidades, tornando-as menos viscosas e mais espumosas e abundantes, e facilita a expectoração, aliviando as dificuldades respiratórias. Além disso, desinflama e regenera as mucosas respiratórias e combate os espasmos; também estão descri-
tos efeitos moduladores do sistema imunológico. É muito recomendada para o catarro, tosse, tosse convulsa, bronquite, asma, gripe, pneumonia e enfisema; está igualmente indicada para as inflamações das vias respiratórias superiores, como constipação, faringite, laringite, traqueíte e rouquidão. Nas afecções febris, esta erva induz a sudação, favorecendo a eliminação das toxinas, e é depurativa; tem ainda propriedades tonificantes do organismo. Outras propriedades Popularmente, a Polígala é usada como anti-inflamatório para combater as doenças reumáticas. Tem propriedades diuréticas e pode ser benéfica em caso de retenção de líquidos e inflamação da bexiga. Como laxante é útil para os obstipados. Tem ainda efeitos benéficos para a mulher, pois estimula a menstruação quando atrasada e combate as dores associadas. Como tomar Uso interno: • Decocção: 1 colher de café por chávena de água fervente, 3 minutos de fervura. Tomar 3 ou 4 chávenas por dia. Nas afecções respiratórias, adoçar com mel. Precauções A Polígala está contra-indicada na úlcera gastroduodenal e colite ulcerosa. Respeitar as posologias – em doses elevadas pode ocasionar vómitos e diarreia. Como os saponósidos aumentam as secreções, esta erva, em tratamentos prolongados, em doses elevadas ou por hipersensibilidade individual, pode provocar irritação gastrintestinal. Tomar sob vigilância de um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde. Observações Embora a Polygala senega seja a espécie mais utilizada, devido à maior riqueza em princípios activos, existem outras espécies do mesmo género botânico com uma composição semelhante e também utilizadas: a Polygala amara L., nativa do Norte da Europa e Ásia Ocidental; a Polygala vulgaris L. da Europa Ocidental e do Norte; a Polygala rupestris Pourr. do Sul da Europa; e, a Polygala tenuifolia Willd. da China e Japão.
10 CHINA
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ECONOMIA ACTIVIDADE INDUSTRIAL CONTINUA A CRESCER EM JANEIRO
O
sector industrial da China expandiu pelo sexto mês consecutivo em Janeiro. A segunda maior economia do mundo continuou a beneficiar de empréstimos bancários recordes e de um boom da construção.
As melhoras no sector industrial podem dar ao governo mais espaço para lidar com os altos níveis da dívida em muitas partes da economia este ano, embora analistas não tenham a certeza se os actuais níveis de crescimento podem ser sus-
tentados face aos crescentes riscos tanto domésticos quanto externos. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial divulgado esta quarta-feira situou-se em 51,3 em Janeiro, abaixo dos 51,4 em Dezembro
mas ligeiramente melhor do que as expectativas dos economistas. A leitura permaneceu bem acima do nível 50 que separa a expansão da contracção, indicando que as fábricas da China iniciaram o ano em boa forma
depois de uma recuperação no segundo semestre de 2016. Os dados do PMI mostram que o crescimento da produção e das novas encomendas continuou sólido no mês passado, embora o ritmo de expansão tenha
desacelerado em relação a Dezembro. Já o PMI do sector de serviços mostrou que o ritmo de expansão acelerou em Janeiro face ao mês anterior. O PMI oficial de serviços ficou nos 54,6 em Janeiro, contra 54,5 em Dezembro.
Hong Kong MAIS UM DESAPARECIMENTO GERA ESPECULAÇÃO SOBRE INTERFERÊNCIA DA CHINA
Enigma do milionário desaparecido
Xiao Jianhua
O
mistério sobre um alegado novo desaparecimento em Hong Kong, desta vez de um milionário chinês, está a gerar desde o início da semana especulação sobre a interferência da China na cidade, segundo a imprensa local e internacional. O paradeiro do empresário Xiao Jianhua, um dos homens mais ricos da China, é incerto depois de os meios em língua chinesa publicados no estrangeiro terem noticiado que foi levado de Hong Kong por agentes de segurança do interior da China na semana passada. Estas notícias relacionam o desaparecimento de Xiao Jianhua com a campanha anti-corrupção, que muitos críticos acreditam estar a ser usada para visar os adversários políticos do Presidente chinês, Xi Jinping. Um anúncio de página inteira publicado ontem no Ming Pao –
um dos jornais em língua chinesa publicado em Hong Kong – e atribuído ao próprio empresário Xiao, diz que ele “sempre amou o partido [Comunista, no poder] e o país” e que irá encontrar-se em breve com a imprensa. “Eu pessoalmente acredito que o governo chinês é civilizado e respeita o Estado de Direito”, refere o anúncio. “Eu não fui raptado”, acrescenta. Xiao, que diz na declaração ser cidadão canadiano, insistiu que estava a receber tratamento médico por doença, rejeitando mais uma vez a informação - publicada na segunda-feira pela sua empresa numa conta da rede social WeChat - de que tinha sido raptado. O empresário já tinha anteriormente negado ser alvo de uma investigação e de que tinha ido viver para Hong Kong em 2014 para escapar à campanha anti-corrupção iniciada dois anos antes pelo Presidente Xi.
Xiao, de 46 anos, é o fundador do Tomorrow Group, sediado em Pequim, um conglomerado com negócios em sectores como a tecnologia, finanças ou energia, com ligações a líderes comunistas.
Xiao, de 46 anos, é o fundador do Tomorrow Group, sediado em Pequim, um conglomerado com negócios em sectores como a tecnologia, finanças ou energia, com ligações a líderes comunistas
Em 2014, Xian reconheceu à imprensa norte-americana que geria activos da família de Xi Jinping. É ilegal para agentes do interior da China operarem na região chinesa.
OUTROS CASOS
Em 2015, o desaparecimento de cinco livreiros com actividade em Hong Kong, e conhecidos por publicarem livros sobre a vida privada de líderes chineses, gerou preocupação sobre a alegada interferência da China na cidade. Um dos livreiros, Lee Bo, que desapareceu de Hong Kong, sem que exista qualquer registo da sua passagem na fronteira com a China, gerou a condenação internacional e protestos na cidade de que o Estado de Direito estava a ser violado. Lee insistiu sempre que passou a fronteira para a China voluntariamente. Já o livreiro Lam Wing-kee disse - que desapareceu depois de
passar a fronteira -, disse quando regressou a Hong Kong, oito meses mais tarde, que tinha sido sequestrado por “forças especiais” da polícia chinesa. “Depois do fiasco do caso de Lee Bo, as pessoas estão muito preocupadas e questionam-se se os residentes de Hong Kong ou as pessoas que residem legalmente em Hong Kong estarão protegidas”, afirmou James To, do Partido Democrático, à AFP. James To disse que há uma “suspeita credível” sobre a violação do princípio “Um país, dois sistemas”, que governa a região. O Financial Times escreveu que Xiao foi levado por agentes da segurança pública chineses de um apartamento do hotel Four Seasons, em Hong Kong. Outras notícias na imprensa local informam que Xiao vivia no hotel, em aluguer de longa duração, protegido por mulheres guarda-costas. O hotel disse ontem que estava em curso uma “investigação activa”, e que não podia fazer mais comentários. Questionada sobre o caso de Xiao, a polícia de Hong Kong disse que recebeu um pedido de assistência por causa de “um cidadão do interior da China” no sábado, mas que o familiar desistiu do pedido mais tarde. Disseram que a pessoa é referida como tendo passado o posto fronteiriço entre Hong Kong e a China na sexta-feira, escreve a AFP. O consulado do Canadá adiantou que estava a par das notícias e que os oficiais estavam “em contacto” com as autoridades. Xiao acrescentou no anúncio publicado no Ming Pao que era um residente permanente de Hong Kong, e que possuía passaporte diplomático. “Por favor, não se preocupem”, referiu Xiao.
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REGIÃO
Fraco castigo
Nova Deli diz que prisão domiciliária de terrorista no Paquistão é “insuficiente”
O
governo indiano considerou esta terça-feira insuficiente a prisão domiciliária decretada pelas autoridades paquistanesas contra Hafiz Saaed, o alegado cérebro dos ataques que mataram 166 pessoas na cidade indiana de Bombaim, em 2008. “Apenas um castigo credível contra o cérebro dos ataques de Bombaim e em organizações terroristas envolvidas no terrorismo transfronteiriço seria uma prova da sinceridade do Paquistão”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano, Vikas Swarup, em comunicado. As autoridades paquistanesas colocaram Saeed em prisão domiciliária na noite de segunda-feira. Saeed é o líder do grupo islamita Jamaat-ud-Dawa (JuD), considerado uma fachada da organização terrorista Lashkar-e-Taiba (LeT), que a Índia e os Estados Unidos consideram o responsável pelos ataques de Bombaim e outras cidades. O porta-voz indiano argumentou que esta não é a primeira vez que o Paquistão, que Nova Deli acusa de patrocinar grupos que cometem atentados em solo indiano, toma decisões “como as ordens de ontem contra Hafiz Saeed e outros”.
DO OUTRO LADO
A
Amnistia Internacional (AI) denunciou ontem “crimes contra a humanidade” na campanha anti-droga do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, assegurando que esta encobre assassínios a soldo, falsificação de atestados e roubos levados a cabo pela polícia. “A polícia estabeleceu como principal alvo as pessoas pobres e indefesas de todo o país, colocando ‘provas’, recrutando assassinos a soldo, roubando quem mata e falsificando atestados”, disse a organização não-governamental num novo relatório intitulado “Se és pobre matam-te: execuções extrajudiciais nas Filipinas”. Para elaborar este documento, a AI examinou 33 casos em que foram assassinadas 59 pessoas em diversas partes do país e entrevistou 110, incluindo testemunhas, familiares de vítimas e agentes das forças de segurança. Um dos agentes confessou à organização que a polícia lhes paga entre 8.000 e 15.000 pesos (entre 150 e 280 euros) por cada execução, e ainda
Filipinas AI DENUNCIA ASSASSÍNIOS A SOLDO E CORRUPÇÃO
A lei da bala recebem uma comissão nas funerárias mais próximas. A organização afirma que “se não forem tomadas imediatamente medidas decisivas, a comunidade internacional deve recorrer ao Tribunal Penal Internacional para uma investigação preliminar a estes homicídios, incluindo a participação de altos funcionários do Governo”.
VOLTAMOS DENTRO DE MOMENTOS
O relatório foi publicado dois dias depois de Duterte ter suspenso temporariamente a sua campanha anti-droga para se centrar em “limpar” a polícia, depois do escândalo do assassínio de um sul-coreano ter evidenciado a corrupção e arbitrariedade das forças de segurança. O Presidente comprometeu-se, no entanto, a retomar a campanha em breve e admitiu
Um dos agentes confessou à organização [Amnistia Internacional] que a polícia lhes paga entre 8.000 e 15.000 pesos (entre 150 e 280 euros) por cada execução, e ainda recebem uma comissão nas funerárias mais próximas
mesmo prolongá-la até 2022 (inicialmente estava previsto terminar em junho). Esta “guerra contra as drogas” matou, em sete meses, 7.000 pessoas, 2.527 às mãos de agentes, em alegados confrontos com suspeitos. Segundo a AI, em muitos casos as vítimas renderam-se sem resistência mas ainda assim foram baleadas. A organização também assegurou que as listas de traficantes e viciados – ou seja, potenciais vítimas – incluem indivíduos que não têm relação com drogas, tendo os seus nomes sido adicionados por “vinganças pessoais ou devido aos incentivos para matar muitas pessoas”. “Não é uma guerra contra as drogas, mas uma guerra contra os pobres. Com provas fracas, as pessoas acusadas de consumir ou vender drogas são assassinadas por dinheiro”, resume o relatório.
No Paquistão, cerca de 300 pessoas protestaram em Multan contra a prisão domiciliária de Saeed, queimando a bandeira indiana e acusando o governo de ceder às pressões dos Estados Unidos. Outras manifestações estão previstas para grandes cidades como Islamabad, Karachi, Muzaffarabad (em Cachemira), ou Lahore. Saaed já tinha estado em prisão domiciliária em 2001 e 2008. Os Estados Unidos oferecem uma recompensa de 10 milhões de dólares por Saeed e existe um alerta vermelho junto da Interpol para a sua captura devido aos atentados de Bombaim, mas o líder islamita tem vindo a movimentar-se livremente pelo Paquistão, participa em cerimónias, profere discursos e o seu grupo, o Jamaat-ud-Dawa, tem conquistado popularidade devido ao seu trabalho de caridade. Segundo a Índia, Saeed é o fundador e líder do Lashkar-e-Taiba, grupo que realizou ataques terroristas na parte indiana de Caxemira (norte), região pela qual Nova Deli e Islamabad travaram duas guerras. O ataque em Bombaim, em 2008, prolongou-se por três dias. Os terroristas usaram espingardas de assalto e granadas contra uma estação de comboios, um centro judeu e o emblemático hotel Taj Mahal, matando 166 pessoas e ferindo outras 237.
BAN KI-MOON NÃO SERÁ CANDIDATO PRESIDENCIAL NA COREIA DO SUL
O antigo secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon anunciou ontem que não será candidato às presidenciais do seu país, a Coreia do Sul. Ban regressou à Coreia no mês passado, gerando expectativas que se candidatasse às eleições deste ano, no entanto ontem afastou essa possibilidade: “Vou afastar-me da política. Peço desculpa por desiludir muitas pessoas”, disse aos jornalistas numa conferência de imprensa.
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hoje macau quinta-feira 2.2.2017
AVISO Faz-se saber que, em relação ao concurso público para «Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas – Empreitada de construção do Instituto de Enfermagem», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 2, II Série, de 11 de Janeiro de 2017, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.2 do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta, durante o horário de expediente, no Gabinete para o Desenvolvimento de Infraestruturas, sito na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, Macau. Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 24 de Janeiro de 2017. O Coordenador, Substituto Cheong Ka Lon
Anúncio Faz-se saber que no concurso público n.o 1/P/17 para o «Fornecimento e instalação de dois reprocessadores de endoscópios aos Serviços de Saúde», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 2, II Série, de 11 de Janeiro de 2017, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 4.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, e também estão disponíveis no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Serviços de Saúde, aos 24 de Janeiro de 2017. O Director dos Serviços Lei Chin Ion
diários de próspero
António Cabrita
As janelas roubadas 28/01/2017 As janelas roubadas: um esboço para um projecto que alia texto e fotografia, que achei num caderno, e adoraria concretizar com a minha filha Maria Leonardo (é dela a foto desta crónica). A coisa é simples: flanaríamos por Lisboa e, escolhidas algumas janelas que nos parecessem sugestivas, pediríamos delicadamente aos donos das casas que nos deixassem fotografar a partir das suas janelas. Inspirado por tais “vistas” eu escreveria algumas micro-narrativas que juntas (como os favos de uma colmeia) dessem “um clima” de Lisboa. Mas a minha filha está em Munique e eu em Maputo – a vida não é exactamente, ou só, o «processo de decomposição» de que se lastimava Fitzgerald, mas às vezes parece. 31/01/2017 “Era uma vez um ilhéu que gostava muito de uma mulher que vivia noutra ilha. Gostava tanto dela que lhe escrevia todos os dias. Ela acabou por casar com o carteiro. O carteiro era o meu avô”: eis um tipo de narrativas que eu já não julgava possível desenvolver com credibilidade por causa do progresso. Hoje o e-mail dispensaria o papel do carteiro - o tremendo charme do meu avô ficaria a ver navios. Mas há um lugar onde a sua história ainda se encaixa: a maravilhosa lagoa do Bilene, a 200 km de Maputo. A primeira vez que cá vim foi em 95. E vi um lugar paradisíaco, com condições para um crescimento exponencial rapidíssimo… embora os tempos fossem de vacas magras. Nessa altura fiz três amigos: o Chico, o Artur e o Momed, três miúdos que palmilhavam diariamente doze quilómetros pela praia para irem à povoação comprar sal ou arroz, ou fósforos, coisas básicas. Entretanto Moçambique, antes da crise actual, teve uma década de boom económico. E esta semana voltei, com a filharada. Foi uma reinação. E, em casa, alto incremento da sueca. Nos breves momentos à solta que nos deixam três crias + o namorado da mais velha, observo o movimento dos pescadores, da população autóctone, das mulheres e crianças que circundam a lagoa pela praia para ir buscar farinha, arroz, ovos, material para o remendo das redes, sei lá. E penso nas duas horas que eles perdem nisto, para lá, e nas duas da volta, quatro horas extraviadas
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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mais próxima, a 200km) cresceu à custa dos moçambicanos! Sou de imediato varado pelo enigma, inconveniente, pertinaz: mas porque não cresce Bilene à custa dos moçambicanos? E porque não cresce Moçambique a outra velocidade, apesar do labor com que os moçambicanos fizeram crescer Nellspruit? Talvez porque quando os moçambicanos começaram a ir largar o dinheiro a Nellspruit os sul-africanos tiveram «uma visão» em relação ao que fazer com essa mina. Não basta ter o dinheiro, é preciso ter uma estratégia... começar por oferecer bicicletas à população e montar bibliotecas itinerantes – é um exemplo.
que só deixam tempo para uma vida fisiológica, de resposta às necessidades e estímulos mais primários. Estou a lamentá-los e não é que de repente nesse magote de figurinhas ambulantes descubro o Chico, o Artur e o Momed? O Chiquinho já sem dentes, o Momed analfabeto como antes e o Artur (que era o mais bonito) com uma cicatriz na testa que se escusou a explicar. Se calhar foi o carteiro das cartas de amor de alguém para uma cachopa que vivia em Macia e um dia quis fazer de padrinho à italiana (como o meu avô) e lixou-se. O Chico vem com um filho, o Nelson, de cinco anos a quem ele inicia às longas estiradas. Interrogo-me se o rapazito depois das tarefas obrigatórias
para a comunidade familiar (ó Nelson, pede a mãe, vai-me comprar fósforos, ou arroz…) terá tempo para ir à escola, duas horas para lá, duas na volta, mas ofereço-lhe uma coca, felicito o Chico por estar vivo, e calo-me. Olho em volta, certifico as condições ideais para um crescimento explosivo em duas décadas e interrogo-me: como é possível que vinte anos depois as infra-estruturas sejam rigorosamente as mesmas e só os ricos tenham beneficiado das potencialidades do lugar? Encolho os ombros, peço um uísque no imemorial Estrela do Mar e sento-me diante da televisão a ver o telejornal, e então ao meu lado ouço, pela nonagésima vez, um Laurentino gabar-se: Nellspruit (a cidade sul-africana
1/02/2017 O Trump tem o ímpeto cavernícola e caprichoso de Calígula que um dia nomeou o seu cavalo senador. E assim mina involuntariamente até aquele mínimo em que poderia ter razão - creio que cava a passos largos a sua destituição por um país que se cansará de passar pelo ridículo. Mas, entretanto, a sua postura, que se pretendia técnica e pragmática, prova que não existe a neutralidade ideológica. O que pode ser o trampolim para o retorno da discussão política à mesa das necessidades elementares. Entretanto, a escolher uma máxima para o definir, mais à doença contemporânea que ele representa, seria a seguinte, de Rochefoucauld: “Preferimos falar mais de nós mesmos do que não falar em absoluto!”. É disso que acho que ele padece: do pânico ao silêncio. Se ele aceitasse calar-se teria de escutar os outros, teria de escutar-se a si mesmo e aí ponderaria algumas dúvidas. Mas não, ele é um indubitável filho da “sociedade espectáculo”, e, cromado dos pés até à alma, não se enxerga nele um milímetro de superfície onde a pulsação dos reflexos se torne reflexão. Eis o que devia ser uma regra universal: “ninguém com um espectro lexical de menos de quinze mil palavras pode ser candidato pois, como explicou Wittgenstein de forma convincente, a amplitude do nosso mundo/horizonte, depende do tamanho das janelas da nossa linguagem”. E ficam já a saber, e aqui sou um tirano: os candidatos a casar com as minhas filhas têm de ter lido pelo menos oito peças de Shakespeare. Não há nesta exigência uma ponta de snobismo – é apenas uma reserva ecológica.
14 (F)UTILIDADES TEMPO
POUCO
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C I N E M A PROBLEMA 167
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 166
UM DISCO HOJE
RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER SALA 1
RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C] Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 14.30, 21.30, 23.30
RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C][3D] Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 19.30
THE LEGO®BATMAN MOVIE [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Chris Mckay 16.30 SALA 2
POKÉMON THE MOVIE 19: VOLCANION AND THE
MECHANICAL MARVEL [A] FALADO EM CANTONÊS COM LEGENDAS EM INGLÊS Filme de: Kunihiko Yuyama 14.15, 16.00, 17.45
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “I’M TOO SAD TO TELL YOU”, DE JOSÉ DRUMMOND Casa Garden, (Até 24/02)
Cineteatro
1.16
EXPLOSÕES NO CÉU
EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02)
EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)
YUAN
AQUI HÁ GATO
EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT
EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau
0.22
Macau é uma cidade a abarrotar pelas costuras nos dias de hoje. O galo trouxe uma multidão de turistas que enchem as calçadas, os transportes, os templos, os restaurantes e a minha paciência. Isto só de os ver formigar das janelas do jornal. Mas se a algazarra ao nível do solo é muita, nos ares atinge proporções de disparos de bateria antiaérea. A toda a hora há rebentamentos, como se estivéssemos a querer encenar sonoramente uma zona de guerra. Panchões explodem como artilharia pesada. Por todo o lado, crianças atiram estalinhos para os pés de quem passa, como pequenas granadas festivas. Tudo rebenta, tudo se consome em fumo. Faixas de Gazas ilusórias surgem na minha imaginação, vertigem de corrida para bunkers, de procurar refúgio debaixo de mesas, de fugir a estilhaços que não existem. Pelos ares o cheiro da pólvora adiciona outro sentido ao eco que irá durar pouco, porque já aí vem mais uma bateria de rebentamentos, salvas de disparos em honra do renascimento da Fénix. Pelos vistos, o mítico pássaro ressuscitou das cinzas dos panchões. Na Torre de Macau uma multidão esperou ansiosamente o fogo-de-artifício. Quando os céus se pintaram de cor, ao som de música infantil. O espanto foi visionado através de ecrãs de poucas polegadas. Parece que amplitude é demasiado grande face à miopia tecnológica e sede de partilha imediata. Para quê olhar para o céu, quando se pode ver o mundo através de 5 polegadas de ecrã cheio de dedadas? Pu Yi
EXPLOSIONS IN THE SKY – “THOSE WHO TELL THE TRUTH”
O segundo, e mais inspirado, disco dos norte-americanos Explosions in the Sky marcou a cena post-rock progressiva do início do século. Com seis músicas totalmente instrumentais espalhadas por 50 minutos, a banda do Texas faz guitarras explodirem sem necessidade de vozes, num registo muito melancólico. Uma das pérolas deste registo é “Have You Passed Throught This Night”, com o sample do filme “A Barreira Invisível” de um discurso de Jim Caviezel movido ao ritmo da bateria. Outras grandes músicas do disco são “Yasmin the Light” e o tema de abertura “Greet Death”. João Luz
LA LA LAND [B] Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.30, 22.00 SALA 3
MOANA [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Ron Clements, John Musker 14.00,16.05, 18.10, 20.15
THE LEGO®BATMAN MOVIE [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Chris Mckay 22.15
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15 hoje macau quinta-feira 2.2.2017
OPINIÃO
bairro do oriente LEOCARDO
1) Limpeza da casa. Deve ser realizada ANTES do Ano Novo Lunar, até à véspera e não no primeiro dia, como alguns sugerem. Dessa forma afasta-se o azar que ficou do ano anterior, e que assentou em forma de poeira, e recebe-se o novo ano com a casa “limpa”. Antes da meia-noite do último dia do ano cessante, convém guardar os utensílios de limpeza, quer vassouras, esfregonas, panos ou espanadores num local fechado. Para quem acredita mesmo nestes miasmas do outro mundo, o melhor mesmo é deitá-los fora e comprar uns novos. 2) Panchões. Voltamos, portanto, ao fascínio da cultura chinesa pelos explosivos. Os estalos produzidos pelos panchões são uma forma de anunciar a chegada do novo ano, e nada como fazer um estardalhaço do caraças para que todos saibam, mas também servem para afastar os “maus espíritos”. Compreendo que os chineses não queiram entrar em detalhe sobre este assunto, especialmente com os estrangeiros, mas estes maus espíritos a que se referem é apenas um mau espírito – o Nian Shou! 3) Linguagem e atitude. Os chineses acreditam que a forma como correr o primeiro
NICK PARK, PETER LORD, CHICKEN RUN
O
que deseja você para este Ano Novo Lunar? Está aí o último dia do Ano do Macaco, e à meia-noite os panchões anunciam a chegada do Ano do Galo. Parece mentira que já tenham passado doze anos desde o anterior Galo. Tantas aventuras fantásticas que vivi, e que doces memórias guardo desse magnífico galináceo, e em todas elas estava plenamente consciente que “isto só me está a acontecer porque estamos no Ano do Galo”. Agora falando a sério ou talvez não. Nesta altura a televisão vai à rua saber o que querem os cidadãos para este Ano Lunar que amanhã começa. Os portugueses ainda confundem isto com o Natal, ou com o nosso Ano Novo, e dizem que querem “paz”, “saúde” e outras inaninades. Quem se interessa realmente por essas coisas, e quer saber o que se deve fazer e o que não se deve fazer por altura do Ano Novo Lunar para evitar que um mau Galo lhe cante. Este ano, e apenas por acaso, tropecei num artigo do Yahoo! News intitulado “As 10 principais superstições do Ano Novo Lunar”, que vou ter o prazer de partilhar aqui, numa versão adaptada. Para quem teve a paciência de ficar a ler estes cinco parágrafos cheios de “palha”, é agora finalmente recompensado. E afinal quais são as dez superstições e tabus deste festival que mais devemos ter em conta, nem que seja apenas para evitar ofender os nativos? Aqui estão elas:
Um grande galo
dia do ano, assim será o ano inteiro. Assim não é nada recomendável discutir, entrar em conflito, dizer obscenidades, transmitir pensamentos ou ideias negativas, falar de morte, doenças ou contar histórias sobre fantasmas, ou mencionar algo relacionado com os maus espíritos. Nesse dia devem ser todos bonzinhos, fazer votos de prosperidade, desejar saudinha e andar bem disposto (mesmo que lhe doa um dente). Este é um tabu levado muito a sério pelos chineses, e por acaso reparei como nos dias que antecederam o Ano Novo, os meus colegas tornavam-se bastante cautelosos e pouco receptivos a entrar em conflitos ou polémicas, e abstinham-se de fazer comentários depreciativos de qualquer espécie. Se tiver alguém a quem precisa de dizer “das boas”, pode sempre aguardar pelo terceiro dia do ano, que é reservado às discussões e quezílias entre amigos, cônjuges e familiares. 4) Lavar o cabelo. Os chineses têm por hábito não lavar o cabelo ou a cabeça no primeiro dia do ano, de modo a não sacudir as energias positivas que chegam da Lua. Portanto da mesma forma que se limpa a casa, a lavagem da cabeça deve-se realizar antes da chegada do ano.
Pode dar “lai-si” à vontade, pois como naquela canção dos Beatles, “o amor que você recebe é igual ao amor que você dá”. KUNG HEI FAT CHOI!
5) Não usar cor preta. O preto é a cor (ou a ausência da cor, como preferirem) associada com a morte, portanto a evitar no dia da chegada do novo ano. Atenção a este detalhe, ó Carlos Morais José. 6) Hora de dormir/longevidade. Esta é talvez a superstição mais interessante. Na noite da chegada do novo ano, é suposto toda a gente ir dormir tarde, mesmo as crianças. Existe uma crença que nessa noite, enquanto as crianças estão acordadas estão a “guardar a vida” dos pais, e portanto quanto mais tarde forem para a cama, mais tempo os pais vivem. Se nesse dia o seu filho ou filha se quiserem ir deitar cedo, se calhar anda um Nian do fundo do mar atrás de si. O melhor é ir comprar uns panchões, nunca se sabe. 7) Não chorar. Quem chorar no primeiro dia do ano, vai chorar o ano inteiro, e por isso os pais evitam castigar as crianças, mesmo que elas façam algumas travessuras. Mas aqui pode-se dar um contra-senso; remeto ao ponto anterior por exemplo: e se a criança chorar porque está rabugenta de sono, pois ficou a pé até às cinco da madrugada para que os pais vivam mais? E já agora o ponto nº 3: e se a criança conta histórias de fantasmas, disser palavrões ou desejar que a família toda morra? Questões a levantar ao oráculo mais próximo. 8) Loiça partida. Não se deve começar o ano com loiça partida, rachada ou lascada, pois isso dá azar. No último dia de cada ano certifique-se da integridade de pratos, travessas, potes, canecas, etc., e se necessário vá às compras. 9) Cortes. Esta pode apanhar os mais distraídos: dá azar cortar seja o que for durante
o período do Ano Novo, pois isto pode-se reflectir na sorte e na fortuna. Torna-se complicado ter isto em mente, pois pode aparecer um pacote de leite que seja necessário abrir cortando uma das pontas, ou uma malha na roupa. O melhor mesmo é não levar esta regra muito à letra. 10) Vermelho. O vermelho é a cor da sorte, da prosperidade, da fortuna e tudo mais, por razões que já expliquei acima e que têm a ver com o tal Nian. Por isso é comum observar o vermelho vivo nas indumentárias, nas decorações nos envelopes de “lai-si”, em tudo o que esteja relacionado com o Festival. Para quem não gosta de vermelho, pode optar pelo amarelo-ouro, que também se aceita, a regra de ouro é esta: vermelho, bom; preto, mau. Entendidos? Uhn? Carlos Morais José? Ok. E depois há tudo aquilo que já se sabe: não oferecer livros, que em chinês têm uma sonoridade semelhante ao da palavra “perder”, comprar sapatos, pela mesma razão, mas neste caso o som é semelhante a uma interjeição de dor, e uma dica que vos deixo que aprendi por experiência própria: não tocar em alguém que esteja à mesa do jogo, nem que seja apenas mah-jong. Quanto aos “lai-si”, os tais envelopes vermelhos que contêm dinheiro “abençoado” e que se começam a distribuir esta semana, a regra é simples: os casados dão aos solteiros, os ricos dão a toda a gente, e as crianças recebem de todos. Pode dar “lai-si” à vontade, pois como naquela canção dos Beatles, “o amor que você recebe é igual ao amor que você dá”. KUNG HEI FAT CHOI! Artigo escrito a 26 de Janeiro
Ao brincar com farinha se apanha com o farelo. Atlântido
BMW ART CAR PROJECTADO POR CAO FEI NO GP
Arte e automobilismo
POLÍCIA ALEMÃ DETÉM SUSPEITO DE PERTENCER AO DAESH
A procuradoria de Frankfurt disse que mais de 1100 polícias fizeram parte da operação. Mais de 50 apartamentos, espaços empresariais e mesquitas na região foram alvo de buscas na madrugada de ontem. A investigação foi direccionada a 16 pessoas, com idades entre os 16 e os 46 anos. O principal suspeito, de 36 anos, foi detido em Frankfurt. As autoridades acreditam que tenha funcionado como recrutador e traficante para o Daesh desde Agosto de 2015. O homem esteve na Alemanha entre 2003 e 2013, e regressou ao país à procura de asilo em 2015. Segundo as autoridades, planos para um possível ataque estavam ainda em fase inicial e ainda não tinha sido escolhido um alvo concreto.
BURCA VAI SER BANIDA DOS ESPAÇOS PÚBLICOS DA ÁUSTRIA
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O uso do véu islâmico, que cobre integralmente a cara da mulher, vai ser proibido em locais públicos da Áustria, decidiu esta terça-feira o Governo de coligação. Ao abrigo da nova medida, a burca e o nicabe não poderão ser utilizados em escolas e tribunais, por exemplo. O Governo austríaco também está a ponderar proibir todos os funcionários públicos de envergarem o véu que cobre a cabeça e de exibirem outros símbolos religiosos no local de trabalho. As medidas estão a ser encaradas como uma tentativa para travar o crescimento do Partido da Liberdade, de extrema-direita, que quase ganhou as eleições presidenciais de Dezembro passado.
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O fim-de-semana passado, em Daytona Beach, nos Estados Unidos da América, a BMW Motorsport confirmou que o próximo “BMW Art Car” - que em 2015 foi concessionado à artista chinesa Cao Fei e que só este ano será apresentado ao público - será visto a competir, pela primeira e única vez, em Novembro no Grande Prémio de Macau. Apesar do enorme historial da BMW no Circuito da Guia, onde é o único fabricante a ter vencido provas de automóveis e motos, esta será a primeira vez que um “BMW Art Car” correrá no evento de automobilismo mais expressivo do Sudeste Asiático. A artista multimédia chinesa Cao Fei foi a escolhida para projectar este 18º carro da colecção BMW Art Car, juntando o seu nome a um rol de artistas famosos como Alexander Calder, Frank Stella, Roy Lichtenstein, Andy Warhol, Robert Rauschenberg ou David Hockney, que pintaram modelos BMW icónicos ao longo nas últimas quatro décadas. Com 39 anos, Fei, talvez mais conhecida por seu projecto online RMB City (um mundo virtual projectado para o jogo de realidade alternativa Second Life), vai tornar-se a artista mais jovem a fazer um trabalho desta natureza para a BMW. Por nunca ter trabalhado com automóveis antes, Fei debruçou algum tempo na investigação da relação intercultural entre o público e avanços na tecnologia de condução, especialmente na
Cao Fei
República Popular da China, de uma forma nunca antes vista. A escolha da artista chinesa coube a um painel de doze juízes, directores e curadores de alguns dos mais prestigiados museus de arte contemporânea do mundo, tais como o Museu Solomon R. Guggenheim ou o Museu Whitney de Arte Americana, ambos em Nova Iorque. Esta colecção nasceu em 1975 quando o piloto amador francês e apaixonado por arte, Hervé Poulain, em colaboração com o então director da BMW Motorsport, Jochen Neerpasch, pediram ao seu amigo e reputado escultor francês Alexander Calder para lhes desenhar um carro. O resultado foi um BMW 3.0 CSL, que em 1975 participou nas 24 horas de Le Mans e rapida-
mente se tornou o carro favorito dos fãs pela sua decoração desigual, assim nascendo a Colecção BMW Art Car. Para além de estarem expostos no museu da marca alemã em Munique, estes carros viajam um pouco por todo o mundo para exposições.
UM PORTUGUÊS AO VOLANTE?
O carro a apresentar por Cao Fei em Macau será um BMW M6 GT3 e até poderá ser conduzido por um piloto português. António Félix da Costa é um dos pilotos que pertence aos quadros da BMW Motorsport e provavelmente aquele que melhor conhece o Circuito da Guia. O jovem de Cascais venceu por duas vezes o Grande Prémio de Fórmula 3 e o ano passado deixou claro em declarações aos jornalis-
tas que queria regressar num futuro próximo à prova de Macau, não num Fórmula 3, mas sim num carro de GT. Sobre a participação no Grande Prémio, a BMW Motorsport ainda não decidiu se alinhará com a sua equipa oficial ou se fará representar por uma equipa privada. “Ainda não decidimos”, disse fonte oficial da BMW ao HM. “Como é sabido, o ano passado participamos com uma equipa-cliente, esta também pode ser uma opção em 2017”. Nenhum dos BMW Art Car até aqui produzidos para competição foi conduzido por pilotos portugueses. Sérgio Fonseca
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quinta-feira 2.2.2017
MOÇAMBIQUE PERDEU 5,9 MILHÕES DE EUROS DEVIDO À CORRUPÇÃO
Moçambique perdeu mais de 450 milhões de meticais (5,9 milhões de euros) e 160 pessoas foram detidas devido à corrupção, em 2016, divulgou o porta-voz do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), citado ontem pelo diário Notícias. Eduardo Sumana afirmou que foram instaurados 1.235 processos-crimes relacionados com corrupção, tendo sido arquivados 114 e 493 alvo de acusação. No total, foram detidas 160 pessoas no ano passado, incluindo 120 em flagrante delito.Do valor perdido devido a corrupção, de acordo com o porta-voz do GCCC, foi possível recuperar, na fase de instrução preparatória, mais de 220 milhões de meticais (2,9 milhões de euros). Os dados do GCCC indicam ainda que, durante o ano de 2016, as autoridades moçambicanas registaram 414 casos de corrupção passiva, 216 de corrupção activa, 135 de desvio de fundos, 68 de abuso de cargo ou função, e 22 casos de pagamentos de remuneração indevida e dois de enriquecimento ilícito.
FUTEBOL PATO ASSINA PELOS CHINESES DO TIANJIN QUANJIAN
O avançado brasileiro Alexandre Pato assinou esta terça-feira pelo clube chinês de futebol Tianjin Quanjian, oriundo dos espanhóis do Villarreal, numa transferência avaliada em quase 20 milhões de euros, segundo a imprensa chinesa. O internacional brasileiro, de 27 anos, escreveu na rede social Twitter que “está feliz” por se juntar ao Quanjian, clube recentemente promovido à Superliga da China. Ao serviço do Villarreal, Pato marcou seis golos, num total de 24 jogos disputados esta época. Na Europa, o brasileiro alinhou ainda pelos italianos do Milan e os ingleses do Chelsea, onde fez apenas dois jogos. No Quanjian alinha ainda o médio belga Axel Witsel, que jogou no Benfica na época 2012/13, contratado no mês passado aos russos do Zenit por 50 milhões de euros - a terceira contratação mais cara de sempre na China. No país asiático jogam três titulares da selecção do Brasil: Gil (Shandong Luneng), Paulinho (Guangzhou Evergrande) e Renato Augusto (Beijing Guoan). O avançado Hulk, ex FC Porto, compete também na Superliga chinesa, pelo Shanghai SIPG, conjunto orientado pelo português André Villas-Boas.