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WYNN PALACE
KIM JONG-NAM
Contratos Operários O PRECO vistos em busca DE UMA à lupa de salário VIDA ´
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
CASO HO CHIO MENG
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GRANDE PLANO
hojemacau JOÃO PALLA EXPÕE NA CASA GARDEN
Linhas cruzadas ENTREVISTA
MOP$10
QUINTA-FEIRA 2 DE MARÇO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3764
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
Pelas crianças AMÉLIA VIEIRA
Arquitectura e poética ANTÓNIO CABRITA
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Insistem que são inocentes, que foram enganadas, mas arriscam a pena de morte. Já há duas acusações formais em relação ao homicídio de Kim Jong-nam mas, para já, os mentores do ataque continuam a monte. Ou protegidos pelo regime de Kim Jong-un. O uso de uma arma química altamente mortífera deve ser entendido como um aviso, dizem os vizinhos do Sul e quem trabalha na defesa dos direitos humanos na Coreia do Norte
KIM JONG-NAM SUSPEITAS ACUSADAS DE HOMICÍDIO. SEUL PROPÕE SUSPENSÃO DE PY
QUANTO VALE U A
S duas mulheres alegadamente envolvidas na morte de Kim Jong-nam foram ontem formalmente acusadas de homicídio. A indonésia Siti Aisyah, 25 anos, e a vietnamita Doan Thi Huong, de 28, foram presentes a tribunal em Sepang. Além das duas mulheres, foram acusados quatro homens de nacionalidade norte-coreana que se encontram em paradeiro desconhecido, depois de terem saído da Malásia em meados do mês passado. As arguidas são acusadas de terem atacado Kim Jong-nam no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, no dia 13 de Fevereiro, ao colocarem-lhe no rosto um gás tóxico asfixiante – o VX, um agente nervoso letal. Ao abrigo da legislação da Malásia, as duas jovens poderão ser condenadas à morte, por enforcamento, se forem consideradas culpadas. Não foi interposto qualquer recurso após a leitura da acusação. Ambas disseram aos representantes diplomáticos dos seus países que foram pagas para participarem no que acreditaram ser uma brincadeira para um programa de televisão. As agências internacionais de notícias relataram que o dispositivo policial nas imediações do tribunal era grande, com cerca de 200 agentes presentes. A polícia conduziu as mulheres algemadas para o tribunal. À saída, envergavam coletes à prova de bala, um reflexo da preocupação das autoridades malaias em relação à possibilidade de que outros envolvidos no crime queiram silenciar as arguidas.
ESPERA DE MÊS E MEIO
Ainda antes do início da audiência, em declarações aos jornalistas, o advogado de Siti Aisyah, Gooi Soon Seng, mostrou-se preocupado com questões processuais prévias ao julgamento. Está marcada uma nova sessão no tribunal para 13 de Abril, altura em que a acusação vai pedir que as duas mulheres sejam julgadas em simultâneo, num só processo. À porta do tribunal, o advogado de Doan Thi Hong afirmou aos jornalistas que a sua cliente lhe disse
LUSA
GRANDE PLANO
estar inocente. “Negou, negou tudo. Disse ‘sou inocente’”, relatou Selvam Shanmugam. “Claro que está obviamente muito nervosa porque arrisca a pena de morte.” Ontem, as acusações contra Siti Aisyah foram lidas em primeiro lugar, seguindo-se o processo relativo a Doan Thi Huong. Há um homem norte-coreano detido, identificado pela polícia como sendo Ri Jong Chol, mas ainda não foi acusado de qualquer crime. A polícia malaia deteve as duas mulheres nos dias que seguiram
“Esperamos que o princípio da presunção da inocência seja respeitado. Desejamos que tenha um julgamento justo (...) e que não seja julgada pela opinião pública.” PORTA-VOZ DA DIPLOMACIA INDONÉSIA
ao ataque. As imagens do circuito de segurança do aeroporto, que tiveram uma ampla divulgação pelos media, mostrava as arguidas a abordarem Kim Jong-nam, com uma delas a colocar-lhe um objecto sobre o rosto. O filho mais velho de Kim Jong-il, que se preparava para apanhar um voo com destino a Macau, morreu 20 minutos depois. Em declarações feitas em Jacarta, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros manifestou a esperança de que Siti Aisyah possa ser julgada de forma justa.
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ONGYANG NA ONU
MA VIDA
químicas alguma vez criadas. O VX é muito mais potente do que o gás Sarin, usado na Síria em 2013 e no metro de Tóquio em 1995. Os especialistas dizem que umas gramas de VX são suficientes para causar a morte a muita gente. Existem fortes dúvidas sobre o modo de manuseamento do VX pelas arguidas, uma vez que, sem as devidas precauções, também elas teriam morrido.
O investigador Ken Kato acredita que a Coreia do Norte entrou num “comportamento que demonstra a incapacidade de tomar decisões racionais”
“Esperamos que o princípio da presunção da inocência seja respeitado. O advogado de defesa de Siti fará o seu melhor e desejamos que tenha um julgamento justo, em que sejam respeitados os seus direitos, e que não seja julgada pela opinião pública.” Doan Thi Huong, a mulher vietnamita, foi detida 48 horas depois do homicídio no mesmo terminal do aeroporto onde Kim Jong-nam foi assassinado. Será a mulher que usava uma t-shirt branca com o acrónimo “LOL” estampado, e que foi captada pelas
imagens do circuito de segurança enquanto esperava um táxi, já depois do ataque. A suspeita indonésia, Siti Aisyah, foi apanhada no dia seguinte. A polícia explicou que, na prisão, teve ataques de vómitos, admitindo que se tratará de efeitos secundários da exposição ao VX. Os diplomatas indonésios que a visitaram depois disseram que se encontra bem.
SEGUNDAS INTENÇÕES
Kim Jong-nam morreu vítima de uma das mais mortíferas armas
De acordo com os serviços secretos sul-coreanos, a Coreia do Norte tem centenas de toneladas de armas químicas, incluindo VX, espalhadas por todo o país. Pyongyang nega que assim seja. Parece não haver dúvidas, entre os analistas, de que o regime de Kim Jong-un, o meio-irmão mais novo de Kim Jong-nam, é o responsável pelo que aconteceu. “É impossível a uma associação criminosa vulgar obter VX, pelo que é uma prova de que o Estado norte-coreano está envolvido”, assinalou ao HM o activista e investigador japonês Ken Kato. O director da Human Rights in Asia vinca que “não há outro país, além da Coreia do Norte, com razões para matar Kim Jong-nam”. A utilização deste tipo de químico levanta questões acerca dos verdadeiros motivos de Pyongyang num dos homicídios mais estranhos dos últimos anos. Há quem entenda que a escolha do VX teve que ver com a necessidade de os autores terem a certeza de que não haveria falhas. Outros analistas especulam que, ao matar um homem – aquele
homem – num aeroporto internacional, a Coreia do Norte quis mostrar ao mundo o que é capaz de fazer com armas químicas, facilmente esquecidas pela comunidade internacional, que está preocupada com os avanços nucleares do regime. Depois, existe ainda a teoria de que Pyongyang não pretendia que o VX fosse descoberto, por não querer arriscar mais sanções impostas pelas Nações Unidas. Ken Kato acredita que a Coreia do Norte entrou num “comportamento que demonstra a incapacidade de tomar decisões racionais”. Se assim não fosse, prossegue o activista, não teria entrado em conflito directo com a Malásia, um dos poucos aliados do regime. “Isto é extremamente perigoso para a comunidade internacional porque o Norte pode vender armas nucleares, químicas e biológicas a terroristas”, sublinha o activista, com vasto trabalho desenvolvido sobre o regime. “Não é um assunto que diga respeito à Malásia, mas sim ao mundo todo.”
O CASTIGO
Os estados que assinaram a Convenção sobre Proibição de Armas Químicas podem invocar que existiu uma violação da legislação internacional no caso Kim Jong-nam. A Malásia faz parte deste pacto desde 1993 – que proíbe a produção, a transferência e a utilização deste tipo de armamento –, mas a Coreia do Norte não. As autoridades policiais de Kuala Lumpur já deram indicações de que estão disponíveis para fazerem chegar os resultados da autópsia e das investigações às Nações Unidas. Resta agora saber se o Conselho de Segurança da ONU irá tratar o caso como altamente prioritário.
“A comunidade internacional não está habituada a lidar com um país como a Coreia do Norte. Devia perceber que o regime norte-coreano é uma associação criminosa.” KEN KATO DIRECTOR DA HUMAN RIGHTS IN ASIA No limite, os estados que ratificaram a convenção podem invocar o pacto e tomar medidas colectivas em relação a Pyongyang que poderão mesmo resultar na suspensão dos direitos e privilégios da Coreia do Norte no âmbito das Nações Unidas. Seul defende este caminho: esta semana, numa convenção sobre desarmamento em Genebra, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Yun Byung-se, afirmou que a utilização de armas químicas é um aviso, pelo que a comunidade internacional deve agir. O diplomata entende que o regime de Kim Jong-un deve ficar temporariamente impedido de ocupar o assento que detém nas Nações Unidas. “A comunidade internacional não está habituada a lidar com um país como a Coreia do Norte”, considera o japonês Ken Kato. “Devia perceber que o regime norte-coreano é uma associação criminosa. Deve ser tratado como tal e não como um país em desenvolvimento, em fase de aprendizagem das normas internacionais. De outro modo, o regime jamais mudará.” Isabel Castro (com agências) isabelcorreiadecastro@gmail.com
SÓ PYONGYANG PEDE O CORPO
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embros do Governo da Malásia estiveram reunidos com uma delegação norte-coreana que chegou a Kuala Lumpur esta semana para um encontro de alto nível sobre a libertação do cidadão da Coreia do Norte que se encontra detido, bem como para a entrega do corpo de Kim Jong-nam. O ministro da Saúde, Subramaniam Sathasivam, disse aos jornalistas que não esteve presente no encontro, mas adiantou que terá de ser tomada uma decisão acerca do que fazer com o corpo, uma vez que não apareceu qualquer parente próximo para identificar formalmente a vítima do ataque do passado dia 13. A Coreia do Norte diz que o morto é um cidadão norte-coreano, mas nega que
seja o meio-irmão do líder Kim Jong-un. Logo a seguir ao assassinato ter sido tornado público, o regime exigiu que o corpo lhe fosse entregue e tentou evitar a realização da autópsia. A morte de Kim Jong-nam desencadeou o pior conflito diplomático entre Kuala Lumpur e Pyongyang de que há registo, com a Malásia a insistir que o corpo do homem assassinado no aeroporto internacional da capital só será entregue a um familiar próximo após exame de ADN. As agências internacionais de notícias ainda chegaram a dizer que o filho mais velho de Kim Jong-nam, Kim Han-sol, estava a partir de Macau para a Malásia, para resgatar o corpo do pai. Até à data, tal não se verificou.
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Eleições COMISSÃO CRIA MECANISMO PARA COMUNICAÇÃO DE INFRACÇÕES
Denúncias com linha directa GCS
A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa vai colocar ao dispor dos residentes um número de telefone para que possam informar as autoridades de qualquer irregularidade que detectem no processo eleitoral. A ideia é conseguir umas eleições mais transparentes
POLÍTICA
É
uma linha telefónica para que os residentes possam denunciar infracções que detectem no processo eleitoral. A novidade foi anunciada ontem pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). O mecanismo resulta da cooperação com o Comissariado contra a Corrupção (CCAC). A informação foi dada ontem pelo presidente da CAEAL, Tong Hio Fong, após uma reunião com o organismo liderado por André Cheong. “A comissão e o CCAC chegaram a consenso numa questão: depois de termos trocado várias opiniões, vamos disponibilizar uma linha uniformizada para facilitar à população a denúncia de qualquer irregularidade”, disse Tong Hio Fong. Para o responsável, estão reunidas as condições para implementar o serviço que irá “evitar a repetição do uso nos recursos despendidos”. O mecanismo de comunicação pretende dar respostas rápidas aquando do surgimento de qualquer acção que possa ser tida como irregular dentro da legislação vigente. “Basta um telefonema e o CCAC irá dar resposta imediata no que respeita ao acompanhamento do caso”, referiu. A linha telefónica insere-se num conjunto de mecanismos de comunicação entre as duas entidades. No entanto, não foram divulgadas mais acções, sendo que o foco dos trabalhos conjuntos é conseguir uma rede de comunicação eficaz. “Chegámos a consenso para que, aquando do começo dos procedimentos eleitorais, tenha início o funcionamento de uma rede de comunicação para assinalar qualquer
irregularidade que possa acontecer nas eleições. Vamos trocar informações e, sempre que for detectada alguma infracção, estaremos em comunicação estreita com base nesse mecanismo”, disse Tong Hio Fong.
TUDO ÀS CLARAS
Para o comissário do CCAC, André Cheong, a reunião resultou num entendimento do agrado de ambas as partes. “Estou satisfeito com a comunicação realizada com a comissão de forma a trabalharmos juntos na identificação e resolução dos problemas”, afirmou. Os mecanismos a serem adoptados demonstram, de acordo com o comissário, o empenho numa “cooperação estreita e feita de forma atempada”. Caberá também ao CCAC a comunicação com as entidades responsáveis pela execução da lei. “O objectivo é fazer uma boa divisão dos trabalhos e distinguir as infracções detectadas para que possamos reforçar a nossa coope-
ração, e para que todo o processo eleitoral possa ser justo e claro”, disse André Cheong. O responsável do organismo não deixou de sublinhar o trabalho que tem vindo a ser feito desde que a Lei Eleitoral foi alterada, no ano passado, e salienta que, agora, é altura de prestar atenção essencialmente a dois aspectos. “Um dos pontos em que nos temos de concentrar é a campanha e a propaganda eleitoral, porque envolve regras específicas que se destinam a
“Basta só um telefonema e o CCAC irá dar resposta imediata no que respeita ao acompanhamento do caso.” TONG HIO FONG PRESIDENTE DA CAEAL
reforçar a justiça e a integridade das próprias eleições”, diz. Por outro lado, e não menos importante, é “a execução da lei que resultará da comunicação com a própria comissão”, esclareceu. Para um melhor resultado das estratégias ligadas à execução legal, André Cheong afirma que irá ser criado um guia de trabalho para dar a conhecer à população a legislação sobre as eleições, de modo a que seja devidamente cumprida. “No que diz respeito à execução da própria lei, contamos com a organização dos recursos, pessoal e equipamentos para a garantir”, acrescentou, sendo que mais revelações ficam para outra altura. “Não vou revelar concretamente a execução legal no caso de registo de infracções, mas seguiremos as disposições que estão no Código Penal”.
O PAPEL DA POLÍCIA
Após o encontro com o CCAC, a CAEAL reuniu com as forças de segurança. De acordo com Tong Hio Fong, a reunião versou essen-
cialmente nos mecanismos de troca de informação entre os organismos durante o processo eleitoral de modo a identificar “irregularidades, infracções e crimes”. Qualquer infracção será comunicada às entidades competentes ou à comissão. Ao Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP) caberá, por exemplo, o controlo do tráfego e de qualquer problema que possa surgir “nestas circunstâncias especiais”. “Durante um determinado período de tempo poderá haver uma maior mobilidade de pessoas e situações, o que pode gerar alguma confusão, pelo que contamos com o trabalho da PSP”, afirmou o presidente da CAEAL. A Polícia Judiciária vai colaborar no tratamento das queixas e crimes que eventualmente sejam cometidos e denunciados através da linha a criar. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
6 SOCIEDADE
hoje macau quinta-feira 2.3.2017
Wynn Palace OPERÁRIOS RECLAMAM SALÁRIOS EM ATRASO
ascendem aos 2,5 milhões de patacas.
Um bico de obra
JOGO DO EMPURRA
Um grupo de trabalhadores da construção civil da obra do Wynn Palace reclamam salários em atraso. Em causa estão dois meses, Setembro e Outubro, e um empurrar de responsabilidades de empresa para empresa
O
NTEM de manhã, uma pequena comitiva de trabalhadores da construção civil manifestou-se perto do Wynn Palace a exigir o pagamento de salários em atraso. Apesar de serem apenas cinco, representaram 60 operários que reivindicam vencimentos devidos desde o ano passado. “Os salários de Julho e de Agosto foram pagos, mas
o resto ainda não”, revelou Chao Tong Fong, gerente de uma empresa subempreiteira da obra. Segundo o gerente, das várias vezes que exigiram o dinheiro devido à empreiteira geral, a resposta que obtiveram foi que ainda estavam a calcular o valor dos salários em atraso. O chefe e representante dos trabalhadores em protesto suspeita que poderá estar a ser alvo de fraude.
CASINOS RECEITAS SUBIRAM 17,8 POR CENTO EM FEVEREIRO
Os casinos de Macau fecharam Fevereiro com receitas de 22,991 mil milhões de patacas, um aumento de 17,8 por cento face ao período homólogo de 2016, indicam dados oficiais ontem divulgados. Tratase da maior subida desde Fevereiro de 2014, segundo os dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos. Em termos acumulados, os casinos tiveram, nos primeiros dois meses do ano, receitas de 42,246 mil milhões de patacas, mais 10,6 por cento em comparação com o mesmo período do ano passado. Este é o sétimo mês consecutivo de subida das receitas da indústria do jogo, após 26 meses de quedas anuais homólogas. Os casinos de Macau fecharam 2016 com receitas de 223,210 mil milhões de patacas, uma queda de 3,3 por cento face ao cômputo do ano passado. O ano de 2016 marcou o terceiro ano consecutivo de quebra depois de uma diminuição de 34,3 por cento em 2015 e de 2,6 por cento em 2014.
A
De acordo com Chao Tong Fong, normalmente e como está estabelecido no contrato, os vencimentos são pagos a cada 45 dias. Mas, passados estes meses todos, os trabalhadores ainda não receberam os salários referentes a Setembro e Outubro. Neste aspecto, é de salientar que a empresa subempreiteira terminou a sua tarefa a 23 de Outubro. Num encontro entre o empreiteiro-geral da obra
Sociedade de Jogos de Macau (SJM) anunciou uma queda de 5,6 por cento nos seus lucros em 2016, que totalizaram 2,327 mil milhões de dólares de Hong Kong. Num comunicado enviado à bolsa de Hong Kong, a SJM reportou uma queda de 11,5 por cento no EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) para 3,417 mil milhões de dólares de Hong Kong, comparando com 2015. As receitas de jogo diminuíram 14,5 por cento, de 48,282 mil milhões de dólares de Hong Kong para 41,272 mil milhões em 2016. A SJM informou que em 2016 as receitas do grupo geradas pelo mercado VIP caíram 20,5 por cento e que as receitas no segmento de massas diminuíram 8,2 por cento.
do Wynn Palace e os trabalhadores que reclamam salários, foi negociada a verba a pagar, com um resultado que foi insatisfatório para os trabalhadores em questão. “A companhia queria dar-nos apenas 1,820 milhão de patacas, adiantando que o resto do dinheiro não seria pago”, comentou o representante dos operários. De acordo com os trabalhadores, os salários em atraso
Apesar de não terem concordado com a sugestão da empresa, como os trabalhadores precisavam dos vencimentos, ainda para mais com o Ano Novo Chinês à porta, Chao Tong Fong aceitou em Dezembro o pagamento do montante que o empreiteiro-geral estava disposto a pagar. Ficou com a intenção de solicitar, mais tarde, o remanescente que considera ter a receber. Até hoje, a situação mantém-se na mesma. Como resultado, o subempreiteiro diz que teve de pedir dinheiro emprestado a familiares para adiantar algumas verbas aos trabalhadores que ficaram em maiores dificuldades. No meio disto tudo, o gerente receia “ter de pagar os restantes salários”, no valor de 680 mil patacas. Chao Tong Fong teme que a sua empresa de construção
Um ano pouco VIP Lucros da SJM caíram 5,6 por cento em 2016
“Em 2016, o grupo representou 19,1 por cento das receitas dos casinos de Macau, no valor de 216,709 mil milhões de dólares de Hong Kong. A quota de mercado global do grupo diminuiu em relação aos 21,7 por cento registados em 2015”, adianta o comunicado. Até 31 de Dezembro, a SJM tinha 315 mesas de jogo VIP em operação (menos 71 em relação a 2015) e 20 promotores VIP (mais um do que no ano anterior). As receitas VIP do grupo passaram a corresponder a 17,3 por cento do total gerado pelos casinos de Macau nesse segmento, quando em 2015 a SJM detinha 20,2 por cento de quota no mercado VIP.
Segundo a informação divulgada à bolsa de Hong Kong, a construção do novo empreendimento da SJM – o Grand Lisboa Palace – iniciada a 13 de Fevereiro
Chao Tong Fong teme que a sua empresa de construção civil não sobreviva a este prejuízo e adiantou que, de momento, está com dificuldades para garantir dinheiro para subsistir civil não sobreviva a este prejuízo. Chegou mesmo a adiantar ao HM que, de momento, está sem trabalho e com dificuldades para garantir dinheiro para subsistir. João Luz e Vítor Ng
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de 2014, deverá estar concluída no final deste ano e abrir no primeiro semestre de 2018. A SJM disse em comunicado que “o desempenho do grupo em 2017 e no médio prazo é susceptível ao desempenho económico global da região envolvente, às políticas governamentais, e ao nível de visitantes, assim como ao ambiente de concorrência entre os operadores de casinos em Macau”. “Embora não seja claro por quanto tempo vão manter-se as condições que inibiram o crescimento da receita de jogo, o grupo mantém-se optimista quanto às suas perspectivas de futuro, tendo em conta o potencial de crescimento dos visitantes e despesa em Macau, o desenvolvimento de infra-estruturas que melhorem o acesso à região, e a prosperidade geral da região asiática”, acrescentou.
7 hoje macau quinta-feira 2.3.2017
N
AS últimas sessões do julgamento de Ho Chio Meng, o nome do antigo procurador não tem sido referido pelas testemunhas chamadas ao Tribunal de Última Instância. De acordo com o Canal Macau, que tem estado a acompanhar o julgamento, o empresário Wong Kuok Wai é o nome que tem sido apontado quando se fala na maior parte das transacções e contratos assinados. Segundo a estação de televisão, as testemunhas têm deixado a ideia de que era o empresário que contactava as empresas para a prestação de serviços, sendo que era também Wong Kuok Wai que cobrava comissões às companhias e o responsável pelo pagamento das despesas dos contratos. Nas últimas sessões, em que a acusação tem passado a pente fino os milhares de adjudicações, o nome de Ho Chio Meng não tem surgido.Aacusação tem sublinhado que as adjudicações foram autorizadas pelo antigo líder do Ministério
Ho Chio Meng ACUSAÇÃO PASSA CONTRATOS A PENTE FINO
O outro nome
As testemunhas ouvidas pelo Tribunal de Última Instância não têm feito referência ao ex-procurador. Wong Kuok Wai, empresário a ser julgado no processo conexo, é a pessoa de quem se fala quando em causa estão transacções e contratos Também nestes casos terá sido Wong Kuok Wai a encomendar os serviços, de acordo com o que foi dito em tribunal. Uma das testemunhas explicou que o empresário pediu para que a referência ao local das intervenções fosse retirada das facturas apresentadas ao MP.
EM SILÊNCIO
A
mulher de Ho Chio Meng compareceu ontem pela primeira vez no Tribunal Judicial de Base para ser julgada pelos crimes de riqueza injustificada e prestação de falsas declarações, noticiou a Rádio Macau. Arguida no processo conexo ao do antigo procurador, Chao Sio Fu faltou às primeiras semanas de julgamento para dar assistência a um dos filhos do casal que está em tratamento hospitalar. No tribunal, Chao Sio Fu permaneceu em silêncio.
Público, mas as testemunhas, com ligações às empresas subadjudicatárias, não reconhecem sequer o nome do ex-procurador. O Canal Macau conta ainda que ontem foi possível ver alterações a facturas de uma empresa de construção. O documento original faz referência a despesas de obras de decoração da residência oficial de
Ho Chio Meng, onde foi construída uma piscina para crianças que custou mais de 100 mil patacas. Foram também exibidas provas sobre obras na casa do irmão do ex-procurador e na residência de Cheoc Van que serviria para albergar convidados do MP, mas que Ho Chio Meng utilizaria para seu benefício.
As testemunhas têm deixado a ideia de que era o empresário que contactava as empresas para a prestação de serviços De resto, numa sessão em que foram ouvidas mais de dez testemunhas, três delas apontaram Roque Chan – funcionário do MP e irmão da antiga secretária para a Administração e Justiça –, como o outro nome de contacto.
EMPREGO OBRAS FEITAS, MALA NA MÃO
M
ACAU perdeu 3753 trabalhadores contratados ao exterior no intervalo de um ano, contando com 177.662 no final de Janeiro. De acordo com dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), disponíveis no portal da Direcção para os Assuntos Laborais, em termos mensais, ou seja, face a Dezembro de 2016, a diminuição foi ténue (menos 24 trabalhadores). A China continua a ser a principal fonte de mão-de-obra importada de Macau, com 112.884 trabalhadores (63,5 por cento do total), mantendo uma larga distância das Filipinas, que ocupa o
segundo lugar (26.932) num pódio que se completa com o Vietname (14.920). O sector dos hotéis, restaurantes e similares absorve a maior fatia de mão-de-obra importada (50.238), seguido do da construção (33.810) que foi, aliás, o ramo que registou o maior tombo. No intervalo de um ano, perdeu 8915
trabalhadores – de 42.755 passou a contar com 33.810. As actividades culturais e recreativas, lotarias e outros serviços agrupavam 13.497 trabalhadores contratados ao exterior – menos 351 face a Janeiro de 2016 –, dos quais 957 eram trabalhadores da construção civil contratados directamente pelas empresas de
lotarias e outros jogos de apostas, contra os 1756 do mesmo período do ano passado, segundo os mesmos dados. Já o ramo dos hotéis, restaurantes e similares ganhou 1955 trabalhadores no mesmo hiato temporal, um aumento que, contudo, não foi suficiente para compensar a diminuição sentida no sector da construção que abrandou nomeadamente com a conclusão de diversos novos projectos turísticos. A mão-de-obra importada equivalia a 45,5 por cento da população activa e a 46,5 por cento da população empregada, estimadas no final de Janeiro.
SOCIEDADE
ACESSOS EDIFÍCIOS SEM BARREIRAS EM DISCUSSÃO
O
S problemas de acessibilidade de pessoas com deficiência estiveram em debate no programa de antena aberta do canal chinês da Rádio Macau. O representante da Associação de Apoio aos Deficientes de Macau, Ho Kuok Meng, que usa uma cadeira de rodas para se deslocar, é da opinião que a qualidade dos acessos tem melhorado muito. No entanto, considera que ainda há alguns edifícios públicos que causam inconvenientes para pessoas com deficiências motoras. Em relação a este aspecto, o vice-presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai, espera que até ao fim deste ano as autoridades possam criar instruções que correspondam aos critérios internacionais e à situação real de Macau. Nesse sentido, o Governo prevê a conclusão, até Setembro, de um conjunto de normas que visam regular a construção de equipamentos sem barreiras nos edifícios dos serviços públicos. Quando se completarem os trabalhos de regulação, o IAS irá fiscalizar as obras dos equipamentos. Espera-se que a sociedade civil siga o exemplo. Hon Wai referiu que se deve promover a sensibilização, de forma a eliminar os obstáculos à acessibilidade das pessoas com deficiência em estabelecimentos comerciais. O vice-presidente do IAS acha que tal iniciativa não só trará mais clientes, como vai melhorar a imagem destes estabelecimentos.
NAM VAN ABERTO CONCURSO PÚBLICO PARA LOJAS E RESTAURANTES
O Governo decidiu avançar com o concurso público para o arredamento de seis lojas na zona Anim’Arte Nam Van, espaço que, neste momento, é gerido em conjunto por vários serviços sob a alçada do gabinete do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Há quatro lojas culturais e criativas, bem como dois restaurantes que vão passar a ser explorados por privados. Em nota à imprensa, explica-se que o período de arrendamento é de quatro anos. A entrega de propostas termina no dia 13 de Abril. O Anim’Arte Nam Van abriu oficialmente em Junho do ano passado, revitalizando uma zona que se encontrava subaproveitada. Desde a abertura, várias entidades culturais e criativas estabeleceram aí lojas, com o local a servir como plataforma de exibição e venda para mais de 180 entidades e profissionais das indústrias culturais e criativas.
8 ENTREVISTA
JOÃO PALLA
“Macau inspira b ARQUITECTO
“Comecei a olhar para as linhas e a achar que tinham qualidades gráficas e pictóricas muito especiais.”
Que suportes usou nesta exposição? Uso a fotografia para registo, uso instalação na rua que, como não pôde ser transferida para a galeria, foi novamente fotografada. A fotografia volta com um sentido diferente, uma coisa é a observação do que lá está, outra coisa é o sentido de registo daquilo que foi feito. Depois há o trabalho que foi feito com os próprios homens que desenham as linhas, que se traduz em pintura e vídeo. São estes quatro veículos que foram usados para exprimir o conceito exposto, uns que ajudam à observação e outros que são de dispersão. Enquanto arquitecto, como vê a evolução de Macau? Vivo cá há quatro anos e meio, estive cá nos anos 1980 e 1990. Sou,
mais ou menos, daqui. Sou também, mais ou menos, dali. Em termos arquitectónicos e urbanísticos, não sendo demasiado saudosista, acho que muito do bom património arquitectónico de Macau acabou por ficar sucumbido. Aquilo que restou é uma arquitectura de cariz religioso, ou fortalezas, coisas mais institucionais. Da arquitectura civil pouco, ou nada, restou. Com a avalanche e o advento do betão dos anos 1970/1980, que ainda aconteceu nos anos 1990, a parte do património que era muito interessante, a escala da cidade, transformou-se por completo. Lamento, porque havia uma escala humana que hoje em dia não me parece tão sustentável e que tem implicações ao nível do clima e temperatura, dos ventos que acabam por não correr.
“Há aqui arquitectos e designers com criatividade suficiente que podiam ter tornado Macau num sítio único, que já era, e não um sítio de repetições.” Mas nem tudo é mau. Não, por outro lado Macau viu um desenvolvimento brutal que também tem lados positivos, que trouxe uma certa internacionalização ao território com pessoas com know-how. Pessoas que vêm de todo o mundo e que, neste momento, coexistem nesta terra, valorizam-na e têm iniciativas. Nesse sentido, acho que Macau melhorou. Mas se formos para os lados dos casinos, acho aquilo um absurdo. Não tanto a escala, mas a arquitectura que se fez, o mimetismo de coisas que já existiam, pastiches. Na minha escola de arquitectura nunca aprendemos a apreciar este tipo de atitude de projecto arquitectónico. Como arquitecto europeu no Oriente, como é que coabita com as réplicas da Torre Eiffel ou, por exemplo, com a Doca dos Pescadores? Não convivo muito bem, mas uma pessoa aprende a conviver. Mas, à partida, não é uma coisa com que esteja de acordo. Há
aqui arquitectos e designers com criatividade suficiente que podiam ter tornado Macau numa cidade única, que já era, e não num sítio de repetições. Esse mimetismo, essa redundância é a tal ponto que julgo que os próprios chineses preferem ir aos sítios originais. Eles já têm poder de compra para ir às cidades originais, em vez de virem para aqui. Antes havia uma certa fantasia desses lugares, isso justificava-se, hoje em dia não se justifica de todo. Os chineses que SOFIA MARGARIDA MOTA
É inaugurada amanhã a exposição “Tracing * Liners”, de João Palla, na Casa Garden. Falámos com o arquitecto e multifacetado artista sobre a beleza de linhas pintadas no alcatrão, acerca de mosaicos urbanísticos, assim como da paradoxal relação entre os mimetismos e a autenticidade de Macau
De onde vem o nome desta exposição? A exposição intitula-se “Tracing * Liners”. Baseia-se no ‘tracing’, que é o acto de delinear, o delineamento. São feitos pelos ‘liners’, os homens que fazem os traços nas estradas. De certa maneira, a exposição também é uma homenagem, um tributo, aos homens que fazem esse trabalho, que são bastante invisíveis na sociedade. Acabei por trabalhar com eles num sentido evolutivo, tudo começou com a observação da realidade das linhas que nos rodeiam. Uma pessoa todos os dias conduz e vê os traços contínuos, linhas amarelas, linhas brancas, por aí fora. Também no passeio há sinais que, ao mesmo tempo que nos guiam, também nos baralham. Uma pessoa vai ao aeroporto e também é bombardeado com sinalética, linhas no chão, não pode passar aqui, nem ali. Nos museus a mesma coisa, não se podem pisar as linhas porque se não fica-se demasiado próximo das pinturas. Alguém pensa nessas linhas, alguém as faz, comecei, simplesmente, a olhar para elas e achar que tinham qualidades gráficas e pictóricas muito especiais. Porque elas variam, se uma pessoa estiver na China elas são feitas de uma maneira, com um código próprio, mas se estiver em Macau elas são feitas com outra forma. Em Taiwan as linhas de proibição são desenhadas a vermelho, aqui são a amarelo. A tinta, em si, também tem muito que se lhe diga, precisa de ser aquecida a 300 graus para ser aplicada, tem cristais reflectores. Essas qualidades da tinta, e de quem a faz, interessaram-me muito e essa é a base da exposição.
podem não vão ao Venetian, vão a Veneza. Penso que as repetições são sítios que se vão esgotar e terão de ser reinventados mais tarde. Talvez tenham servido um propósito durante algum tempo. Acha que Macau corre o risco de perder autenticidade, no meio desta mutação constante, ou isso é a sua própria identidade? Uma das coisas que tem caracterizado Macau nas últimas décadas é a sua transformação rápida. A sua
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brutalmente” identidade depende disso, mas também das pessoas que cá moram. O que vemos hoje em dia é que Macau está a perder essa identidade também pelas pessoas que a habitam, não são só pessoas de cá. Há um factor transitório na cidade. Costuma-se dizer que Macau é um ‘melting pot’ de culturas. De facto, foi durante estes 500 anos, mas era a mistura da cultura portuguesa e da cultura chinesa, assim como de
poucas outras que não tinham expressão. Hoje em dia há mais pessoas de várias nacionalidades que vivem em Macau. Mais tarde, ou mais cedo, também será interessante ver como as coisas se vão modificar, o poder de Macau se metamorfosear noutra coisa. Desse ponto de vista nada está perdido. Tudo se transforma, uma espécie de Lei de Lasoivier urbanística. O que está feito hoje não quer dizer que fique. Interessa-me muito
“Há sempre motivos para uma pessoa se inspirar aqui. Não preciso de ir a lado algum. Macau é uma terra suficientemente rica de sinais para extrair qualquer coisa.”
ainda a questão do património vernacular, ou seja, tudo aquilo que as pessoas normais fazem pela sua própria cultura. Isso inclui os vendedores de rua, as farmácias antigas, as mercearias, a ourivesaria antiga já não existe, assim como o homem que fazia as sedas, o alfaiate. Este património pode ser engolido pelo fenómeno globalizante que está a acontecer um pouco por todo o mundo como, por exemplo, em Lisboa. Considero esse património a base da
ENTREVISTA
identificação e da autenticidade, esse valor diferente que Macau tem sente-se quando uma pessoa anda na rua e vê as pessoas que vendem maçãs. Esse aspecto está-se a perder, não está a ser cuidado, ninguém toma conta disso e isso é lamentável. Depois há as técnicas de construção tradicionais, algumas ainda se mantêm, como a construção em bambu que é um aspecto a valorizar, como é valorizado o fado. No fundo é um conhecimento empírico que vai de geração em geração. Se essas pessoas que sabem fazer hoje não passarem esse conhecimento, essa arte, também vai morrer. Trabalhei muito em bambu com os mestres carpinteiros, a fazer cenários para peças de teatro e instalações. Interessam-me estas artes antigas de como se fazem as coisas. Esta exposição, de alguma maneira, também está relacionada com isto. Qualquer dia também já não existem os homens que pintam as ruas, são substituídos por máquinas. Eles fazem aquilo manualmente, quase à unha, pintam delicadamente. No meio disto tudo, Macau ainda é uma cidade que o inspira? Inspira brutalmente, porque Macau é uma cidade onde há muitas actividades de rua, pessoas de passagem, onde ainda há muita tradição, muitas sobreposições. Além disso, é uma cidade muito fotogénica. Há sempre motivos para uma pessoa se inspirar aqui. Não preciso de ir a lado algum. Macau é uma terra suficientemente rica de sinais para extrair qualquer coisa, é uma cidade que inspirou, desde há muito tempo, artistas e acho que vai continuar a inspirar. Macau sempre teve muita diversidade. Vais à Praia Grande, que era a cidade onde viviam os portugueses, passas da cidade cristã para a cidade chinesa, onde é hoje em dia o Bazar e a Nossa Senhora do Amparo. Ainda hoje se consegue perceber pela textura da cidade, pelo desenho urbano, se vires o tamanho dos quarteirões, as ruazinhas em contraponto com as avenidas mais largas, isso é reflexo daquilo que já estava desenhado há muito tempo. Esse urbanismo é muito interessante, assim como o crescimento sempre evolutivo da cidade com os sucessivos aterros desde o século XVI até hoje, sempre em mosaico. João Luz
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Hong Kong REGINA IP DESISTE
DE CANDIDATURA A CHEFE DO EXECUTIVO
Ex-secretária fora de jogo
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ruas contra uma polémica proposta da lei anti-subversão no território. A presidente do partido pró-Pequim New People’s Party disse que iria regressar na quinta-feira ao Conselho Legislativo (parlamento) para continuar o seu trabalho de deputada, escreveu a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
PEQUIM QUER ENVIAR SONDAS A TRÊS ASTERÓIDES
CORRIDA A TRÊS
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Os outros três – Carrie Lam, John Tsang e Woo Kwok-hing – submeteram as suas nomeações e foram confirmados como candidatos oficiais à eleição para o chefe do Executivo. A antiga número dois do actual governo, Carrie Lam, foi a que conseguiu maior apoio entre os membros do comité eleitoral, tendo visto aprovadas 572 das 579 nomeações que submeteu na terça-feira.
antiga secretária para a Segurança de Hong Kong Regina Ip anunciou ontem a desistência das eleições para o cargo de chefe do Executivo da cidade, depois de não ter conseguido as necessárias 150 nomeações do comité eleitoral. Regina Ip disse que não só não conseguiu mais nomeações como perdeu algumas para outros candidatos a chefe do Executivo, depois de alguns membros do comité eleitoral terem mudado de ideias e desistido de apoiá-la. Qualquer candidato a chefe do Executivo de Hong Kong tem de conseguir o apoio de pelo menos 150 membros do comité eleitoral para concorrer às eleições. O comité eleitoral composto por cerca de 1.200 membros vai escolher o próximo líder de Hong Kong a 26 de Março. “Não posso continuar a minha campanha”, disse, segundo o jornal South China Morning Post. Regina Ip foi a primeira mulher secretária para a Segurança de Hong Kong, tendo apresentado a sua demissão em Julho de 2003, depois da contestação nas
A presidente do partido pró-Pequim New People’s Party disse que iria regressar na quinta-feira ao Conselho Legislativo (parlamento) para continuar o seu trabalho de deputada PUB
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 9/P/17 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 10 de Fevereiro de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Arquivos Deslizantes Modulares», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 1 de Março de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP37,00 (trinta e sete patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Os concorrentes devem estar presentes no Departamento de Instalações e Equipamentos do Centro Hospitalar Conde de São Januário, no dia 7 de Março de 2017, às 15,00 horas para visita de estudo ao local da instalação do equipamento a que se destina o objecto deste concurso.
As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 31 de Março de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 3 de Abril de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP50.000,00 (cinquenta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/ Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 23 de Fevereiro de 2017 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
Já as candidaturas de Tsang e de Woo obtiveram o apoio de 160 e de 179 membros do comité eleitoral, respectivamente. Nos últimos meses houve outros interessados nas eleições, mas que desistiram antes de apresentarem a respectiva candidatura oficial. É o caso de Leung Kwok-hung, o activista e deputado da League of Social Democrats (Liga dos Sociais Democratas), também conhecido por ‘long hair’ (cabelo comprido), que no sábado disse que não iria tentar a corrida eleitoral.
S autoridades chinesas planeiam enviar sondas espaciais para estudar os movimentos de três asteróides e aterrar num deles para recolher amostras, informou ontem a imprensa oficial. Ji Jianghui, investigador do Observatório Montanha Púrpura, da Academia de Ciências da China, revelou estes planos, com que os cientistas aspiram a conhecer melhor as características dos asteróides e estudar a sua formação e evolução para compreender as origens do sistema solar e da vida na Terra. “O plano dos especialistas é que uma sonda voe
próximo de um asteróide e de outro asteróide durante algum tempo e aterre num terceiro, para desenvolver análises de amostras na superfície”, afirmou Ji. A prioridade dos cientistas nestas missões é detectar asteróides próximos da Terra, para calcular as probabilidades de colisão com o nosso planeta. “A China enviará a sonda lunar Chang E-5 à Lua e trará de volta amostras este ano. Se essa missão for bem-sucedida significa que a China, como o Japão, serão capaz de trazer amostras de asteróides para as estudar em laboratórios na Terra”, afirmou Ji. A China espera enviar outra sonda ao lado oculto da Lua, em 2018, e prevê também levar a cabo, em 2020, a sua primeira missão de exploração a Marte, que aterrará no planeta vermelho e recolherá amostras geológicas do terreno que trará posteriormente à Terra.
XANGAI ALARGA RESTRIÇÕES AO CONSUMO DE TABACO
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cidade de Xangai alargou ontem a proibição de fumar em espaços públicos, numa tentativa de reduzir a ameaça para a saúde humana, apesar dos conflitos de interesse com a indústria estatal do tabaco. Quase um quarto dos adultos da metrópole com 24 milhões de habitantes são fumadores, segundo o jornal oficial Diário do Povo, que cita dados da Associação Chinesa de Controlo do Tabagismo. Desde 2010 que é proibido fumar em alguns espaços públicos da cidade, como escolas e bibliotecas. As novas regras alargam a interdição a todos os espaços públicos fechados e alguns espaços ao ar livre. Em Junho de 2015, o município de Pequim adoptou a regulação antitabagismo mais dura do país, ao proibir o consumo de tabaco em escritórios, restaurantes, hotéis e hospitais. Shenzhen, no sul da China, adoptou regras parecidas. Em Novembro passado, o porta-voz do Go-
verno chinês Mao Qunan afirmou que as autoridades iam adoptar regras a nível nacional até ao final do ano passado. No entanto, as medidas ainda não entraram em efeito, ilustrando um dilema das autoridades. Por um lado, o consumo de tabaco gerou uma enorme pressão no sistema de saúde público chinês e, só em 2010, causou um milhão de mortes no país, segundo um estudo do jornal de medicina The Lancet. Mas a indústria do tabaco, controlada pelo Estado, é uma importante fonte de receitas para o Governo: 1,1 bilião de yuan em impostos e lucros, em 2015, segundo os dados mais recentes, uma subida de 20% face ao ano anterior. O regulador da indústria do tabaco partilha as instalações e altos funcionários com a estatal China National Tobacco Corp, a maior produtora de cigarros do mundo e que monopoliza a indústria no país.
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DESENVOLVIMENTO CHINÊS CRIA EMPREGO NOS ESTADOS UNIDOS
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Governo chinês assegurou ontem que o desenvolvimento do país sustenta a criação de emprego nos Estados Unidos, em resposta às criticas feitas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, às políticas comerciais de Pequim. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros
chinês Geng Shuang censurou ontem Trump pelas suas declarações no Congresso norte-americano, onde afirmou que os EUA perderam “60.000 fábricas desde que a China se juntou à Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001”. “Desde que se juntou à OMC, a China participou
de forma activa na cooperação económica e internacional, o que impulsionou não só o desenvolvimento externo do país, como também o comércio global”, defendeu Geng, em conferência de imprensa, assegurando que o papel da China foi “elogiado” em todo o mundo.
Sobre a relação comercial com os EUA, o porta-voz assegurou que o desenvolvimento chinês beneficia Washington e citou um relatório recente da Oxford Economics e do Conselho Empresarial EUA-China, que concluiu que o investimento e o comércio chinês sustentaram 2,6 milhões de
postos de trabalho no país, em 2015. “A China gostaria de trabalhar com os Estados Unidos para continuar a expandir a cooperação comercial e económica, para benefício de ambos os países e do resto do mundo”, acrescentou o porta-voz chinês.
Após tomar posse, Trump assegurou que centrará toda a sua política económica e comercial em “devolver” empregos aos EUA, ao assegurar que muitos dos postos de trabalho, em particular no sector da manufactura, foram para países como a China ou o México e devem “regressar”.
ACTIVIDADE INDUSTRIAL CRESCE EM FEVEREIRO
A
actividade da indústria manufactureira (PMI, na sigla em inglês) da China expandiu em Fevereiro, enquanto o ritmo de crescimento do sector dos serviços abrandou, segundo dados ontem divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE). O índice que mede a actividade nas fábricas, oficinas e minas do país asiático aumentou para 51,6 pontos, três décimas mais do que em Janeiro, e o segundo registo mais alto em quase cinco anos, depois de em Novembro se ter fixado nos 51,7 pontos. Quando se encontra acima dos 50 pontos, o PMI sugere uma expansão do sector, pelo que abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção de actividade. O sector dos serviços continua a registar um crescimento sólido, mas quatro décimas abaixo do ritmo alcançado em Janeiro, de 54,6 pontos. O Gabinete Nacional de Estatísticas chinês destacou, num comunicado, que o sector manufactureiro continuou a registar um “desenvolvimento estável” e que os serviços, apesar da sua menor expansão, mantêm um “crescimento rápido”. Estes números são conhecidos nas vésperas do Governo chinês divulgar as metas de crescimento económico para 2017. No ano passado, a economia chinesa, a segunda maior do mundo, cresceu 6,7%, o ritmo mais lento desde 1990.
MAIS DE 12 MILHÕES SAEM DA POBREZA EM 2016
A China retirou da pobreza 12,4 milhões de pessoas, no ano passado, segundo dados oficiais divulgados na terça-feira, parte de uma campanha do Governo para erradicar a pobreza até 2020. Um total de 43,35 milhões de pessoas continua, no entanto, a viver abaixo do limiar da pobreza, estabelecido pelo Governo chinês em 2.300 yuan anuais. Com cerca de 1.375 milhões de habitantes, a China prevê erradicar a pobreza até ao final desta década. Segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, em 2016, o rendimento anual per capita nas zonas rurais subiu 8,4%, para 8.452 yuan. Um programa liderado pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma permitiu ainda transferir 2,49 milhões de residentes de áreas pobres para regiões mais prósperas do país.
ONU PEQUIM E MOSCOVO REJEITAM SANÇÕES CONTRA DAMASCO
Um veto permanente
A
Rússia e a China vetaram terça-feira um projecto de resolução da ONU que previa sanções contra a Síria pela utilização de armas químicas no conflito que afecta aquele país há quase seis anos. Na votação realizada terça-feira no Conselho de Segurança da ONU, o projecto de resolução, apresentado pelo Reino Unido, França e Estados Unidos, recebeu nove votos favoráveis e três votos contra (China, Rússia e Bolívia). O Cazaquistão, Etiópia e o Egipto abstiveram-se. Washington, Paris, Londres, Pequim e Moscovo são os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e têm todos poder de veto.
Na semana passada, a Rússia, aliada tradicional do regime de Damasco, já tinha anunciado o seu veto ao projecto de resolução. É a sétima vez que Moscovo utiliza o seu poder de veto para proteger o regime de Bashar al-Assad de sanções da ONU. Em seis dessas ocasiões, a China apoiou o veto russo. Algumas horas antes da votação, o Presidente russo,
Vladimir Putin, afirmou que era inoportuno impor sanções à Síria em pleno processo de negociações de paz entre a oposição síria e o regime de Damasco. A guerra na Síria já fez mais de 310.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados, desde 2011. “Esta resolução é muito oportuna”, afirmou a embaixadora dos Estados Unidos junto da ONU, Nikki Haley, diante
É a sétima vez que Moscovo utiliza o seu poder de veto para proteger o regime de Bashar alAssad de sanções da ONU. Em seis dessas ocasiões, a China apoiou o veto russo
dos membros do Conselho de Segurança, após a votação. “É um dia triste para o Conselho de Segurança quando os membros começam a encontrar desculpas para outros Estados-membros que matam o seu próprio povo. O mundo está definitivamente mais perigoso” após esta rejeição, acrescentou a embaixadora. O projecto de resolução rejeitado terça-feira previa sanções contra 11 responsáveis sírios, principalmente chefes militares, e 10 organismos, todos com ligações a pelo menos três ataques com armas químicas, em 2014 e 2015. Estes ataques visaram as cidades sírias de Tell Mannas, Qmenas e Sarmin.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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Amélia Vieira
Do superior interesse das crianças
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ÃO foram passados séculos desde o tempo em que uma criança pelo facto de o ser lhe era negado o querer. De forma mais branda ou rigorosa, a voz delas era uma expressão paralela onde se rasurava de vez a vontade própria, caso tivessem a ousadia de se insurgirem. Elas faziam parte de uma estrutura onde não devia entrar as suas vontades e tanto quanto possível haver mundos separados, onde, felizmente, e por sensatez ambiental, os adultos também não participavam. Passaram-se poucas décadas e toda esta aparente e, quiçá, condenáveis práticas foram revertidas no seu oposto com comportamentos obsessivamente antagónicos de modo a aparecer um memorando da criança-deus, que emerge carregada de quereres, elaborada para centro, estimulada para o todo, opinativas entre coisas, onde para que tudo corresse bem e não se criassem traumas convinha responder de forma obsessionalmente afirmativa também. Tornámo-nos sem querer “entreteiners” da pequenada a quem devíamos amestrar com parcimónia e muitas cautelas. Veio muito recentemente a público o superior interesse das instituições que, pasme-se, deve ser um núcleo infantil mais abrangente dado que por cabeça o Estado paga bem a quem os realojar num Jardim Escola esperando aí a tão benemérita adopção que porá fim aos seus pesares e alegria institucional, dado que jamais se saberá da dor das mães nestes tão programáticos interesses. Uma mãe pobre é metade de nada! A lei pune a pobreza como anátema tal como se deu no caso da lepra romana e esquece-se que os fios que ligam a progenitura são bem mais vastos que este exercício da regência do “bem estar”. É que uma criança que nasça nestes pouco interessantes ambientes pode estar ligado a ela, mas nada continua a ser-lhe perguntado por causa dos seus superiores interesses. Amputada ao seu ambiente que, mau ou bom, é onde está a sua mãe, ela parte, depois fica lá aos cuidados pedagógicos e interessados dos tratadores que as mantêm anos a fio até à clivagem final da adopção. O amor nada tem a ver com os interesses e um lar completamente destruturado terá a sua maneira de o expressar que não devemos censurar ou
mesmo esquecer no meio, também ele agreste, desta azáfama bem-dita. Chegou-se ao desregramento inquisitorial de se poder ouvir uma criança a chorar na casa ao lado e chamar-se o “Santo Ofício” sem que se pergunte primeiro se alguém precisa de um conselho ou de uma ajuda. É aqui, nestes superiores contextos, que aparecem os paragonais casais das personalidades públicas com as suas crianças. As crianças dos casais economicamente fortes estão ilesas de tão brutais e desonrosos tratamentos, mas os seus poderosos pais nem sempre as tratam melhor no contexto humano a que presidem, dado que as crianças sabem ler, andam na escola, observam como ninguém, e, quantas vezes, elas mesmas são o elemento de arremesso entre estes factos, o que as torna sem dúvida extremamente vulneráveis. Mas
partindo do princípio que o dinheiro é o interesse em si mesmo, o estar que todos procuram, estas crianças estão então amplamente “defendidas” e aqui entramos na zona negra deste proteccionismo, a usura e a total insensibilidade perante os mais frágeis. Os filhos dos pobres, outrora, também eram retirados bem cedo para servirem as pessoas, para mão de obra, ninguém poria a questão em moldes afectivos, como hoje continua a não ser feito por razões ardilosamente mais polidas mas que servem interesses, mercado e grandes áreas de inférteis anónimos que, por vazio e descrença das suas vidas que nada têm de misantropo, se apoderam das vidas que lhes possam fazer sentir ainda as suas. É porventura ainda cedo para se fazer uma abordagem da revolta dos “defendidos” mas creio que a ver pela
revolta dos escravos não passarão muitos anos para deixarem ensanguentadas muitas áreas de benfeitorias ou, num processo psicótico mais que provável, termos uma percentagem de gentes que raiam o perigoso, dado que mesmo mau, o amor quando é, torna sempre melhores os seres. As boas intenções e as boas práticas podem não ser suficientes face a coisas maiores: teremos nós mais adiante a capacidade de nos metermos em causa? É cedo para sabermos, porém, creio que graves transtornos nos esperam. Rompida a fina película por onde as coisas importantes se inscrevem somos com o tempo personalidades ameaçadoras: lembro aqui Heiner Muller o dramaturgo e poeta alemão que escreveu assim no seu livro «O Anjo do Desespero»: .... depois do desaparecimento das mães o trauma do segundo nascimento e o que vi era mais do que podia suportar .... Este autor é quase um arauto terrível, mas nós precisamos da lucidez dos poetas e, talvez, da sua estranha prefiguração para desvendarem o fim provável dos mesmos terrores mostrando assim outros graus da nossa humanidade. O Homem não foi feito para se ajustar aos modelos económicos, mas os modelos económicos, esses, terão de se ajustar a cada pessoa, enquanto não fizermos isto de forma concertada deixando intacto o que une um ser ao outro, produzimos miséria e lixo que no ponto máximo da sua insuportabilidade desaparecerá da ordem das coisas. Tudo desaparecerá, é certo, na voragem do tempo, mas o amor manter-se-á como vínculo imperecível, e é desta matéria que serão possíveis os seres futuros que saberão de nós por este vínculo nos seus sonhos distantes e poderão algures em qualquer recanto do Universo sorrir-nos ainda. Orfeu o bardo era um homem que não sabia esperar. Depois de perder a mulher, porque a possui cedo demais a seguir ao parto ou porque olhou quando não devia ao tirá-la do mundo dos mortos depois de a libertar da morte pelo canto, fazendo-a regressar ao pó antes de ela novamente se fazer carne. Orfeu inventou a pederastia , que evita o parto e está mais perto da morte que o amor pelas mulheres. (Heine Muller)
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diários de próspero
António Cabrita
Arquitectura e poética E
M Maputo existe um hotel, o Taj Mahal, onde os mictórios do bar se localizam exactamente por trás do balcão da recepção. E a porta de tal fétido lugar tem de há muito os gonzos enferrujados pelo que a primeira visão que algum hóspede pode ter, quando faz o registo de entrada ou pede a chave do quarto, será a de uma morcela que urina. Será igualmente um modo insólito para se entrar no teor desta crónica que pretende dar conta de uma feliz exposição de arquitectura que inaugurou em Maputo, mas através do bizarro exemplo talvez se entenda a oportunidade de uma verdadeira lição de arquitectura numa terra que foi perdendo qualquer noção do que seja um plano urbanístico, a ordenação do território, o respeito pelos planos directores das cidades ou a adequação arquitectónica. A exposição é de José Forjaz, o arquitecto decano no país, que aos 84 anos, decidiu mostrar 40 projectos não edificados, no Instituto Camões. Numa nova deriva prévia, vou contar o que me aconteceu na ida à casa de uma amiga. Ela não estava e fiquei na sala à espera dela, a espreitar a estante. E então aí vi um livro que se chamava “How to think like Leonardo da Vinci”. Fiquei estarrecido. Eis que nos impingem métodos para chegar instantaneamente às vistas largas do Leonardo sem termos de passar pelo esforço de subir à montanha, aplainando de imediato o terreno. O que acontece é que o vale altíssimo a que ele chegou e a percepção que aí ganhou era indissociável do processo da subida, das dificuldades e dos conseguimentos na escalada e nenhum livro de 300 páginas, que se lêem em oito horas, supre os quarenta anos da subida, as vicissitudes, os méritos e os sentimentos frustres que tanto acompanharam o Leonardo no seu percurso. E só aí, na sua provação, pôde converter o estudo das topologias do terreno que tanto o cansaram em vantagens e conhecimento. Ora a lição que se tira destes projectos no papel de José Forjaz, considerado internacionalmente como um grandes arquitectos de África, é o seu flagrante aspecto totalizador. A relação com a arquitectura é aqui pensada de um modo
total – fazendo convergir no esquisso todos os aspectos da relação do homem com o ambiente e a paisagem, o corpo, o espaço físico, material, a memória tangível ou intangível dos lugares, o solo, a meteorologia, a antropologia, a economia, a energia, a estética, a funcionalidade, a geomancia, etc., etc. Ou seja, só a idade faz o arquitecto – não há recurso à mentira. Vamos agora ao aspecto poético. Não se confunda poético com estético, que pode ser a sua declinação em estereotipo, em cânone. O que em rigor é bom como aquisição vernacu-
A poética, nestes projectos, encontra-se no encontro entre a experiência sensível de estar diante da paisagem e de se tornar evidente que o espaço construído fala com ela, ou melhor que ele diz o que a paisagem queria dizer de si mesma
lar imediata mas é sempre mau quando uma conquista expressiva se torna hábito. O poético não é um mero jogo das formas, é uma relação mais profunda e exige, entre outras, duas características basilares. Uma delas, assenta naquilo que a arquitectura partilha com as outras artes, o ritmo. O ritmo está para a arquitectura como as estrofes, as rimas e as aliterações estão para o poema. Mas também acontece que de uma forma plástica a arquitectura nos traduza, por vezes, acordes musicais. Um poeta espanhol, o José Bergamin chamava à tourada a “música calada”. Não está mal visto, mas podemos deslocar esta definição, se calhar até com mais propriedade, para certas obras de arquitectura. Outro atributo da poética é especificamente arquitectónica e define-se pela empatia revelada entre o projecto e o lugar, numa espécie de co-nascimento retroactivo. Bom, o sentido de uma paisagem, o que estrutura o seu campo visual, não resulta de uma análise intelectual dos elementos que a compõem mas de uma apreensão sintética das relações que os unem. É como se a paisagem ajudasse o seu espaço construído a encontrar a sua verdade perceptiva.
O José Forjaz que num seu texto fala sobre as relações entre a arquitectura e a medicina não poderia deixar de ser sensível a este aspecto. A poética, nestes projectos, encontra-se no encontro entre a experiência sensível de estar diante da paisagem e de se tornar evidente que o espaço construído fala com ela, ou melhor que ele diz o que a paisagem queria dizer de si mesma. Este sentido inscrito no sensível é mais do que uma troca, ao mesmo tempo material e cultural, que se estabelece entre o homem e o seu meio, é entender o mundo como uma ressonância em que todos os elementos interagem para dar mais do que a soma do todo. Isto até pode acontecer de maneiras muitos diferentes. Pode dar-se por “substracção”, como na Casa de Chá, um projecto para o Japão, que ilustra a crónica, em que a transparência se funde no espaço em vez de lhe impor intrusamente um volume, ou noutro exemplo, este construído, no caso do Memorial de Mbuzini, erguido no lugar onde se deu o acidente de avião que vitimou Samora Machel, em que um dos elementos estruturantes para a idealização do memorial foi o vento, tão presente na colina. O que deve ter sido compreendido por muito poucos. Mas é por isso que uns são dotados de poética e outros não. O mais vulgar exemplo desta espécie de simbiose ou de sentimento-paisagem é a célebre Casa na Cascata do Lloyd Wright. Aquela casa enriquece a paisagem, era como se a cascata tivesse corpo mas lhe faltasse algo, houve a partir dela um co-nascimento, algo mais do que uma simples correcção sintáctica. A cascata e a vivenda mobilizam um traço de união entre o espaço e o espírito. È o mesmo que eu encontro por exemplo no projecto do Museu de Arte Tomihiro, no Japão, um museu destinado a duas artes quase intangíveis, a aguarela e a poesia (cf. em Caliban.pt) Aqui só lamento que a tecnologia não permitisse ainda ao José Forjaz ter posto o museu a levitar sobre a encosta, sendo aliás ao que o projecto propende.
14 (F)UTILIDADES TEMPO
POUCO
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NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente TEATRO MUSICAL – “THREE PHANTOMS” Parisian Theater - Até 26/3
MIN
14
MAX
23
HUM
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EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)
O CARTOON STEPH
PROBLEMA 188
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 187
UM DISCO HOJE
THE GIRL WITH ALL THE GIFTS SALA 1
SALA 3
Filme de: Colm McCarthy Com: Gemma Arterton, Sennia Nanua, Paddy Considine 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
Filme de: Gore Verbinski Com: Dane DeHann, Mia Goth, Jason Isaacs 14.30, 21.00
SALA 2
SALA 3
Filme de: Chad Stahelski Com: Keanu Reeves, Ian Mcshane, Ruby Rose, Common 14.30, 21.30
Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.15
SALA 2
SALA 3
Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 16.45, 19.15
FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Filme de: Keizo Kusakawa 17.15, 19.15
THE GIRL WITH ALL THE GIFTS [C]
JOHN WICK: CHAPTER TWO [C]
LA LA LAND [B]
SUDOKU
DE
C I N E M A
1.13
APARENTEMENTE
EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau
Cineteatro
YUAN
AQUI HÁ GATO
EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1
EXPOSIÇÃO “ENTRE O OLHAR E A ALUCINAÇÃOO” DE JOÃO MIGUEL BARROS Creative Macau (Até 25/3)
0.22
A aparência é um jogo perigoso que os manhosos dominam com mestria, um kabuki de dramas que enfeitam a vida com pequenas conspirações, com maquilhagem de personalidade. Que um fulminante, invencível, feixe de luz rebente a treva e ilumine a sombra ardilosa. Não tenho nem paciência, nem feitio para aguentar tamanho esforço e seguir na parada carnavalesca da aparência. Por mais batom que se meta num porco, a essência suína sobressairá sempre, não há perfume no mundo que transforme a fragrância de uma pocilga. Um mascarado é um medroso que não consegue conviver com quem é, um profundo conhecedor da sua própria insuficiência para sobreviver no habitat em que vive, é um corpo sem amor à própria pele. É uma presa trasvestida de predadora, uma farsa adornada com rebiques de comiseração, um prato de bifanas que se quer filet mignon. Eu gosto de filet mignon, mas também gosto de um farto prato de honestas e autênticas bifanas. Os animais não sofrem destes achaques teatrais. OK, talvez os pavões e os camaleões, mas é por isso que não gosto de bicheza que se fantasia. Eu sou gato, arranho, mordo, esfrego-me e durmo em vigília permanente. Nunca quis ser outra coisa, nunca serei outra coisa, mesmo que o deseje muito. Sou um escravo feliz da minha natureza, causa e efeito em mim mesmo. Pu Yi
“OS SOBREVIVENTES” | SÉRGIO GODINHO
São temas que ouço desde que me lembro de mim. Palavras que, na altura, não eram mais do que sons que entravam bem no ouvido e enchiam canções saídas do gira-discos. “Os Sobreviventes”, de Sérgio Godinho, marca o início da carreira do músico português e foi gravado ainda em França, em 1971. O registo acompanha crescimentos e tende a permanecer para que nos lembremos de que a música é intemporal e as lutas também. Sofia Margarida Mota
A CURE FOR WELLNESS [C]
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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
15 hoje macau quinta-feira 2.3.2017
OPINIÃO
bairro do oriente
LEOCARDO
P
ASSAVAM alguns minutos das dez da manhã do último dia 1 de Agosto quando saí da minha casa na Rua Urritibide, em Bilbau, e minutos depois estava na estação de Casco Viejo, onde menos de meia hora de metro me levaram à estação do ajuntamento de Gernika-Lumo. A cidade de Gernika, completamente destruída em Abril de 1937 pelos bombardeamentos da Luftwaffe nazi, tem hoje 16 mil habitantes, e um outro tanto de histórias para contar. Situada na região de Basturialdea, no vale do rio Oka, a cidade ficou imortalizada naquele que é provavelmente o quadro mais famoso de Pablo Picasso, “Guernica” - o seu nome em castelhano. Cheguei pouco antes da hora de almoço, e depois de me deliciar com algumas guloseimas na conceituada pastelaria Bidaguren, fui visitar um pouco da cidade, sentir-lhe o pulso, e depois de queimar as calorias do “brunch”, arranjei lugar para os deliciosos pimentos verdes de Gernika os melhores do mundo, sem exagero. Era então altura de realizar um sonho de infância: ir ver a “Gernikako arbola” - o carvalho centenário de Gernika, símbolo vivo da identidade basca. A primeira “arbola” (“árvore”, em basco), conhecida entre os locais como “o pai”, foi plantada no século XIV, e ali ficou durante 450 anos, até dar lugar à “velha árvore”, cujo tronco se encontra rodeado de um pequeno gazebo perto da actual. A terceira, e provavelmente a mais famosa, foi plantada em 1860, sobrevivendo ao bombardeamento de Gernika e às tentativas das tropas falangistas de a destruir durante a Guerra Civil espanhola. Contudo não resistiu a um fungo, que acabaria por a matar já em 2004, mas o ajuntamento preservou algumas pernadas, entre elas a actual “arbola”, plantada em 2015. Quando cheguei às “juntas generales”, onde se encontra o carvalho de Gernika, deparei com o tal gazebo onde se encontra o tronco já ressequido e praticamente oco, e resolvi confirmar junto de um funcionário que se encontrava à porta do museu se era aquela a segunda encarnação da árvore. Não sei se me fiz entender, mas o simpático senhor colocou-me a mão no ombro, levou-me por uma pequena sala dedicada à heráldica basca, e deixou-me à porta do jardim onde se encontrava a “arbola”, dizendo em voz baixa, quase sussurrando: “esta é a nossa árvore, a original, e a alma do nosso povo”. Agradeci-lhe, e lá me deixou ali, completamente só, perante a famosa “arbola”, junto da qual e ainda hoje os mandatários do povo basco prestam juramento quando tomam posse de cargos públicos. Não me comovo com facilidade, e nem senti nada que se parecesse com um nó na garganta, mas antes uma espécie de apertão
Gernika
Não me comovo com facilidade, e nem senti nada que se parecesse com um nó na garganta, mas antes uma espécie de apertão no peito: perante mim estava a árvore que um dia Adolf Hitler quis para si, crendo que possuía poderes mágicos. Foi um momento especial, e ainda mais sabendo que aguardei tantos anos até estar perante aquele pedaço do meu imaginário no peito: perante mim estava a árvore que um dia Adolf Hitler quis para si, crendo que possuía poderes mágicos. Foi um momento especial, e ainda mais sabendo que aguardei tantos anos até estar perante aquele pedaço do meu imaginário. Não sou muito dado a nacionalismos de nenhum tipo, mas simpatizo com a causa basca, pois é um pretensão que além de justificada pela História, é também inclusiva – na eventualidade de um
dia ser criado o estado independente do Euskal Herria (País Basco espanhol e francês e Navarra), pode ser basco quem quiser, quem se sentir basco. Para quem ainda não o fez, recomendo a todos que incluam na lista de destinos a visitar enquanto ainda por cá andam a cidade de Gernika, e a sua “arbola”, o orgulho de um povo que resistiu às mais violentas intempéries da História. Denok Gernikako dira – somos todos cidadãos de Gernika.
O exagero de procurar querer queimar Atlântido
BENFICA JONAS RENOVA ATÉ 2019
Jonas renovou contrato com o Benfica por mais uma época, prolongando a ligação com os encarnados até 2019. «É uma alegria imensa!», regozijou-se o avançado brasileiro, de 32 anos, em declarações à BTV. Jonas chegou à Luz em 2014, proveniente do Valência.
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Duterte volta à carga Presidente filipino insta polícia a retomar a “guerra contra a droga”
O
Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, instou a polícia a servir novamente na “guerra contra a droga”, um mês depois de ter suspendido a campanha após a confirmação de corrupção no seio das forças de segurança. O Presidente filipino afirmou que deu ordens ao chefe da Polícia Nacional, Ronald dela Rosa, para “recrutar homens jovens e patriotas da Polícia Nacional como membros das forças de trabalho” nas operações anti-droga, em declarações reproduzidas ontem pela estação local ABS-CBN. “Tenho que fazê-lo porque me faltam homens”, disse Duterte, que não apontou uma data concreta ou mais detalhes sobre o reinício da campanha. O Presidente especificou, no entanto, que os polícias que integrem as futuras operações não devem estar envolvidos em corrupção. Duterte suspendeu a sua campanha anti-droga no final de Janeiro depois de reconhecer que, no âmbito desta, alguns agentes tinham
as operações que desde o passado mês de Junho até Janeiro custaram a vida a mais de 7.000 alegados narcotraficantes e toxicodependentes.
ÀS ARMAS
levado a cabo práticas abusivas, como o sequestro e homicídio de um empresário no quartel-general da Polícia Nacional na cidade Quezón.
Duterte prometeu então centrar-se em levar a cabo uma “limpeza” na Polícia Nacional e, uma vez finalizada, retomar
O Presidente filipino afirmou que deu ordens ao chefe da Polícia Nacional, Ronald dela Rosa, para “recrutar homens jovens e patriotas da Polícia Nacional como membros das forças de trabalho” nas operações anti-droga
quinta-feira 2.3.2017
Vários políticos apoiantes de Duterte e o próprio chefe da Polícia Nacional, Ronald dela Rosa, instaram nos últimos dias o Presidente a retomar o quanto antes a campanha. Dela Rosa disse na segunda-feira que se isso não acontecer vão “perder-se os avanços conseguidos nos primeiros sete meses”. Por outro lado, as Forças Armadas das Filipinas assinaram na terça-feira um acordo com a agência anti-droga (PDEA) que serviu para envolver os militares do país na campanha contra o narcotráfico de Duterte. Duterte, que chegou ao poder em Junho de 2016, prometeu ‘limpar’ as Filipinas de narcotraficantes e toxicodependentes, por considerar que a droga está a destruir as novas gerações do país. Vários países e organizações internacionais criticaram a sua política de linha dura, denunciando que viola os direitos humanos.