Matrículas proíbidas
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RÓMULO SANTOS
PÁGINA 5
UNIVERSIDADE DE MACAU
FRONTEIRA ZHUHAI
MOP$10
QUINTA-FEIRA 2 DE ABRIL DE 2020 • ANO XIX • Nº4500
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
CHUXIA DENG
NOVO FUNDO
ˆ CIENCIA QUE Milhões de SALVA VIDAS questões PÁGINAS 2 E 3
PÁGINA 7
RECEITAS | CASINOS
Mês para esquecer
hojemacau
Prego no caixão Sem ovos não se fazem omoletes e sem visitantes não há negócio. O HM visitou casas de penhor e encontrou um cenário desolador, resultado das restrições fronteiriças para combater a pandemia. Encerramentos, licenças sem vencimento e dias inteiros sem clientes nem comissões de vendas levam donos e funcionários ao desespero. Há quem reporte perdas de 90 por cento. PÁGINA 9
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PÁGINA 8
2 ENTREVISTA
CHUXIA DENG
“É possível prevenir o
Ao fim de quatro anos, uma equipa de 12 investigadores da Universidade de Macau (UM) descobriu um meio de travar a proliferação do cancro da mama e bloquear o aparecimento de metástases após cirurgia. Chuxia Deng, professor que liderou a investigação, aponta o caminho a percorrer e a razão porque Macau, assim como outros países asiáticos, regista muito menos casos que o Ocidente
Qual a importância deste estudo? A importância desta descoberta assenta sobre vários aspectos. O primeiro de todos é que o cancro da mama ocorre com maior frequência nas mulheres, afectando anualmente mais de dois milhões de pacientes do sexo feminino e provocando a morte a mais de 600 mil. O gene sobre o qual estivemos a trabalhar chama-se BRCA1, cuja mutação está relacionada com o aumento do risco
de desenvolver cancro da mama. O que isso quer dizer é que, estando a mutação deste gene relacionada com o aparecimento de cancro da mama de origem hereditária, as pessoas portadoras da mutação do gene BRCA1 têm muito mais possibilidades de contrair cancro da mama. Outro ponto de foco da nossa equipa foi o facto da mutação provocada pelo BRCA1 estar relacionado com os casos mais graves de cancro da mama, os do tipo triplo negativo (TNBC). Apesar deste tipo de cancro da mama ser muito difícil de tratar, descobrimos que o BRCA1 tem uma nova função que revelou ser de extrema importância. Isto porque antes, pensávamos que este gene estava apenas relacionado com a regeneração de ADN, mas no nosso estudo descobrimos que é também responsável por manter a integridade das mitocôndrias que, no caso de estarem danificadas, podem provocar inflamações e, consequentemente, a criação de tumores e metástases. Foi essa a nossa descoberta. Mas fomos mais longe e descobrimos que, ao utilizarmos inibidores contra inflamações, é possível parar a proliferação do cancro e bloquear o aparecimento de metástases. Portanto, esse é também um ponto muito importante desta pesquisa. O que é que na prática passa a poder ser feito de forma diferente no tratamento e prevenção do reaparecimento do cancro da mama? O nosso estudo aborda também um ângulo muito interessante porque em muitas pessoas, após serem operadas para a remoção dos tecidos cancerígenas, por vezes, volta a verificar-se a recorrência e o aparecimento de metástases. Isso quer dizer que após a cirurgia, mesmo que o cancro tenha sido removido, por vezes, ele pode voltar a aparecer. Nesse sentido, descobrimos que a ocorrência de inflamações desempenha um papel crucial porque, no nosso caso, ao conseguirmos tratar da inflamação, bloqueamos a formação de tecido cancerígena e também o aparecimento de metástases. Por isso, o nosso estudo sugere que, em alguns casos, após a cirurgia, o paciente seja tratado com inibidores inflamatórios para reduzir o risco do cancro voltar a aparecer. Isto é algo que temos muita vontade de aplicar.
“Este é um tipo de cancro em que é possível actuar de forma preventiva e essa mensagem tem de chegar às pessoas. Também é preciso estar atento às questões do sistema imunitário.”
UNIVERSIDADE DE MACAU
INVESTIGADOR E REITOR DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UM
Em que é que o vosso estudo se distância de outros sobre o cancro da mama e quais os próximos passos para futuras investigações? O nosso estudo abordou apenas uma pequena parcela daquilo que é o universo do cancro da mama, porque a maioria dos cancros da mama não estão relacionados com o gene BRCA1. Mas, na minha opinião, podemos começar por assumir uma pequena parte para entender o mecanismo inerente a este tipo de cancro e, assim, gradualmente, sermos capazes de entender uma regra que pode ser aplicável a outros tipos de cancro. Por isso, faseadamente, pretendemos expandir o nosso trabalho a outros tipos de cancro da mama e compreender se o mesmo mecanismo se aplica. Outro objectivo do nosso estudo é compreender se o microambiente tumoral implicado no cancro da mama, também pode ser estendido a outros tipos de cancro, generalizando-o a uma maior fatia da população. Acredita que a evolução do panorama do cancro da mama tem sido positiva? Existem actualmente muitas abordagens relativas ao cancro da mama. O cancro da mama pode
“O nosso estudo sugere que, em alguns casos, após a cirurgia, o paciente seja tratado com inibidores inflamatórios para reduzir o risco do cancro voltar a aparecer. Isto é algo que temos muita vontade de aplicar.”
ser de vários tipos e, para a maior parte, já estamos preparados para lidar com eles e curá-los. Mas o problema são aqueles que estão relacionados com a mutação do gene BRAC1 ou do tipo triplo negativo, que são os mais difíceis de tratar. Por isso, a nossa estratégia passa por “atacar” estes dois tipos de cancros. No entanto, para os cancros relacionados com a mutação de gene, muitas pessoas já estão sensibilizadas para a questão da prevenção, como são exemplo as doenças genéticas. Nestes casos, é possível fazer sequências para descobrir essas mutações e actuar
sobre elas. Um desses exemplos é o caso de Angelina Jolie, que em 2013, quando descobriu que tinha sofrido uma mutação do gene BRCA1, tomou a iniciativa de se sujeitar a uma cirurgia para remover a mama. Mais tarde, acabaria também por remover a outra mama como forma de prevenção. No entanto, existem muitos progressos que estão a ser feitos nesta área e outros factores de prevenção, nomeadamente ambientais e imunológicos relativos ao mecanismo inflamatório. Podemos tomar muitas acções para tentar impedir o aparecimento deste tipo de cancro.
3 quinta-feira 2.4.2020 www.hojemacau.com.mo
cancro da mama” Em Macau, apesar de a taxa de incidência ser inferior à dos países ocidentais, existem anualmente cerca de 150 casos de cancro da mama, acabando por morrer cerca de 30 mulheres. É o tipo de cancro mais comum entre as mulheres de Macau. É preciso actuar. Através da prevenção é possível reduzir, no futuro, os riscos relacionados com o cancro da mama.
“Em Macau, apesar de a taxa de incidência ser inferior à dos países ocidentais, existem anualmente cerca de 150 casos de cancro da mama, acabando por morrer cerca de 30 mulheres. É o tipo de cancro mais comum entre as mulheres de Macau.”
O que deve ser feito ao nível da sensibilização e prevenção do cancro da mama? Quais os sinais para os quais as pessoas devem estar atentas? Temos de transmitir que o cancro da mama afecta essencialmente as mulheres e que tem uma elevada taxa de frequência, causando muitas mortes. Mas também queremos que as pessoas saibam que é possível prevenir este tipo de cancro. É possível fazer uma detecção precoce. Em muitos países ocidentais, como os EUA, as mulheres a partir dos 50 anos devem fazer uma mamografia anual, de forma a actuar numa fase
inicial sobre um eventual problema. O mesmo deve ser feito também em relação aos casos em que existem antecedentes familiares de cancro da mama. Por isso, este é um tipo de cancro em que é possível actuar de forma preventiva e essa mensagem tem de chegar às pessoas. Também é preciso estar atento às questões do sistema imunitário. Um sistema imunitário forte pode reduzir o aparecimento de inflamações e, consequentemente, deste tipo de cancro. Quais os principais desafios que encontraram durante a investigação?
O principal desafio diz respeito à dificuldade na obtenção de amostras clínicas, isto porque Macau não tem assim tantos pacientes diagnosticados com cancro da mama. Por isso, para futuros trabalhos estamos a considerar proceder a ensaios clínicos fora de Macau. Por outro lado, as áreas circundantes têm vários exemplos como Zhuhai e, por isso, gostaríamos de examinar mais casos clínicos. Porque decidiu avançar com este estudo e quando começou a estudar o tema do cancro da mama?
Participei num estudo sobre o cancro da mama em 1992, na Universidade de Harvard. A partir desse ano, optei pelo estudo nesta área porque sinto que é muito interessante e porque a taxa de incidência é muito elevada. Nos EUA, a taxa de incidência do cancro da mama é muito maior do que a de Macau ou da China e, por isso, acho que é um grande desafio. Em 1994 comecei a trabalhar sobre o gene BRAC1, por isso já levo 26 anos de trabalho sobre este tema. Qual é o panorama do cancro da mama em Macau?
Qual a razão para o número de casos em Macau e noutros países asiáticos ser consideravelmente mais baixo que nos países ocidentais? O cancro da mama pode ter origem em múltiplos factores. Um diz respeito à própria genética e neste aspecto, os países ocidentais têm maior incidência entre a sua população, nomeadamente quanto à mutação dos genes BRAC1 ou BRAC2. Outro aspecto está relacionado com o estilo de vida, por exemplo, o tipo de alimentação dos países ocidentais pode promover a formação do cancro da mama. Existem estudos a relatar que a taxa de incidência do cancro da mama aumentou em mulheres asiáticas a partir do momento em que se mudaram para os EUA. Por isso, acredito que há uma forte possibilidade de estar relacionado com a alimentação. O mesmo acontece, por exemplo, com o cancro do cólon que é muito mais frequente no Ocidente que no Oriente. Pedro Arede
info@hojemacau.com.mo
4 publicidade
2.4.2020 quinta-feira
Notificação n.º 02/DLA/DHAL/2020
Aviso sobre as respectivas decisões sancionatórias Considerando que não se revela possível notificar os interessados, directamente, por ofício, telefone ou outra forma referida no artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, e no artigo 68.º e n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, para efeito do regime procedimental nos respectivos processos administrativos sancionatórios, notifico, pela presente, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do mesmo Código, os seguintes interessados, do conteúdo das respectivas decisões administrativas sancionatórias: Verificou-se que os abaixo discriminados interessados instalaram material publicitário sem requerimento, com antecipação, de licença emitida pelo IAM. Os respectivos factos ilícitos constam dos autos de notícia que as seguintes tabelas indicam. Os processos administrativos sancionatórios, seguindo o seu curso, garantiram aos infractores uma audiência e o exercício do seu direito de defesa; de acordo com as fotografias tiradas no local e as descrições feitas por testemunhas, anexadas aos autos de notícia, há provas bastantes da existência desses factos ilícitos. 1. O Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais, José Tavares, no uso das competências conferidas pela Deliberação n.º 01/CA/2019, do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais, de 1 de Janeiro, e de acordo com as disposições do n.º 1 do artigo 19.º, alínea d) do n.º 1 do artigo 27.º e alínea c) do artigo 31.º da Lei n.º 7/89/M, exarou despacho, relativamente aos seguintes interessados, sobre as respectivas decisões sancionatórias: N.o
Nome do interessado
N.º do Bilhete de Identidade/registo comercial
Nome do estabelecimento
Bilhete de 福尚康美容 Identidade de 休閒會所 Residente de Macau: 5054XXX(X) Bilhete de Identidade de CHANGLONG 2 CHOI KIT MENG Residente de Macau: TAKEOUT 1215XXX(X) Certidão de registo comercial LOJA (Conservatória dos MCPHERSON'S LOJA 3 MCPHERSON'S DE DOCE LIMITADA Registos Comercial DE DOCE e de Bens Móveis): 42077 SO 1
2.
N.o
1
KUAN CHI KIN
Nome do interessado
COMPANHIA DE INVESTIMENTO SKYMAC LIMITADA
DESENVOLVIMENTO DE RESTAURAÇÃO YIU LUNG, LDA.
3
NEBULOSA ENTRETENIMENTO LIMITADA
4
NG WAI MENG
6
COMERCIO DE PRODUTOS ALIMENTARES SAN HONG I, LIMITADA DESENVOLVIMENTO SAN SENG CHIN (MACAU) LIMITADA
COMPANHIA DE TRANSPORTES E 7 LOGISTICA SATELITE LIMITADA 8
WAN SAM
9
COMPANHIA DE GRUPO MING MEN, LIMITADA
10
CHEANG IO MENG
11
LAM TENG TENG
N.º do Bilhete de Identidade/registo comercial Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 58973 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 31306 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 65110 SO Bilhete de Identidade de Residente de Macau: 7418XXX(X) Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 45837 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 39471 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 25292 SO Bilhete de Identidade de Residente de Macau: 5118XXX(X) Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 31384 SO Bilhete de Identidade de Residente de Macau: 1275XXX(X) Bilhete de Identidade de Residente de Macau: 5179XXX(X)
Nome do estabelecimento
HOLY CHEESE
14
信合蟲草 燕窩專門店 有限公司
15
信合蟲草 燕窩專門店 有限公司
COMPANHIA DE INVESTIMENTO E 16 DESENVOLVIMENTO WEI YUAN, LIMITADA
N.º do auto de notícia
Data do auto de notícia
237/DFAA/SAL/2017
03/03/2017
26/07/2019
MOP 2.000,00
17
CHAN WAI IP
201/DFAA/SAL/2017
03/02/2017
23/07/2019
MOP 2.000,00
18
CHAN WAI IENG
408/DFAA/SAL/2017
06/04/2017
10/12/2019
MOP 3.000,00
19
TOU LAK HONG
20
ARTISTA PRO MAQUIAGEM LIMITADA
21
KUAN MAN KEI
O então Vice-Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais Lei Wai Nong, no uso das competências conferidas pelo Despacho n.º 01/PCA/2019, do Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais, José Tavares, de 1 de Janeiro, e de acordo com as disposições do n.º 1 do artigo 19.º, alínea d) do n.º 1 do artigo 27.º e alínea c) do artigo 31.º da Lei n.º 7/89/M, exarou despachos, relativamente aos seguintes interessados, sobre as respectivas decisões sancionatórias:
2
5
Data em que foi exarado o despacho de Valor da multa aplicação da multa
13
利達車行 有限公司
N.º do auto de notícia
10/DFAA/SAL/2017
Data do auto de notícia
13/01/2017
Data em que foi exarado o despacho de Valor da multa aplicação da multa 13/06/2019
COMPANHIA DE CASA PENHORES 22 ZHONG TAI CHUANG ZHAN (MACAU), LIMITADA
MOP 2.000,00 23
ESTABELECIMENTO DE COMIDAS MEI WONG
281/DFAA/SAL/2017
23/02/2017
05/07/2019
MOP 2.000,00
ESTABELECIMENTO DE COMIDAS KISS MANNER
803/DFAA/SAL/2018
11/06/2018
14/08/2019
MOP 2.000,00
新益燒味 快餐美食
42/DFAA/SAL/2017
05/01/2017
09/08/2019
MOP 2.000,00
DIM SUM ICON
1382/DFAA/SAL/2016
ESTABELECIMENTO DE COFFEE COMIDAS SAN SENG CHIN
1172/DFAA/SAL/2017
01/12/2016
09/11/2017
17/05/2019
02/09/2019
25 純美古法養生館一人 有限公司
26
COMPANHIA DE GESTÃO DE RESTAURAÇÃO PORCHA, LIMITADA
27
AFTER 5 GRUPO LIMITADA
MOP 2.000,00 COMPANHIA HUA YI 28 FOMENTO PREDIAL LDA.
101/DFAA/SAL/2017
天之川刺身 壽司外送
425/DFAA/SAL/2017
22/03/2017
20/08/2019
MOP 2.000,00
ESTABELECIMENTO DE COMIDAS CHIU OX MING MEN
125/DFAA/SAL/2017
24/01/2017
02/09/2019
MOP 5.500,00
92/DFAA/SAL/2017
24/01/2017
09/08/2019
MOP 2.000,00
754/DFAA/SAL/2017
19/06/2017
20/08/2019
MOP 2.000,00
375/DFAA/SAL/2017
10/03/2017
21/08/2019
MOP 2.000,00
Certidão de registo comercial ADMINISTRAÇÃO DE (Conservatória dos LOJA LANCHE DE TIN 12 RESTAURAÇÃO TIN Registos Comercial TIN LOK TIN LOK, LIMITADA e de Bens Móveis): 64524 SO
SOCIEDADE DE ZOI UNG 24 COMÉRCIO INTERNACIONAL MACAU LIMITADA
MOP 2.000,00
COMPANHIA DE TRANSPORTES E LOGISTICA SATELITE LIMITADA
IO FAT AIRCONDITION ELECTRICAL ENGINEERING CENTRO DE EXPLICAÇÕES ESTUDIOSOS 10/ CENTRO DE EDUCAÇÃO ESTUDIOSOS 10
FONG SOU IENG
18/01/2017
02/08/2019
MOP 2.000,00 29
CHE WA
Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 65177 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 62245 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 62245 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 61103 SO Bilhete de Identidade de Residente de Macau: 5084XXX(X) Bilhete de Identidade de Residente de Macau: 7374XXX(X) Bilhete de Identidade de Residente de Macau: 5106XXX(X) Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 53039 SO Bilhete de Identidade de Residente de Macau: 7388XXX(X) Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 60325 SO Bilhete de Identidade de Residente de Macau: 1411XXX(X) Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 41921 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 53135 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 53108 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 55061 SO Certidão de registo comercial (Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis): 65298 SO Bilhete de Identidade de Residente de Macau: 1239XXX(X)
利達車行 有限公司
519/DFAA/SAL/2017
02/05/2017
16/08/2019
MOP 2.000,00
信合蟲草燕窩海味煙 176/DFHAL/DHAL/2019 12/02/2019 酒專門店
18/10/2019
MOP 2.000,00
信合蟲草燕窩海味煙 酒專門店
740/DFAA/SAL/2018
11/06/2018
18/10/2019
MOP 2.000,00
FRUTARIA ALEGRE
612/DFAA/SAL/2017
18/05/2017
23/10/2019
MOP 2.000,00
泰和湘廚菜館
941/DFAA/SAL/2017
04/08/2017
15/10/2019
MOP 2.500,00
ANSON BEAUTY
611/DFAA/SAL/2017
18/05/2017
14/10/2019
MOP 2.000,00
LENG HONG PROPERTY
202/DFAA/SAL/2017
03/02/2017
05/07/2019
MOP 2.000,00
ARTISTA PRO MAQUIAGEM LIMITADA
934/DFAA/SAL/2017
11/08/2017
02/12/2019
MOP 2.000,00
CHINÊS COMUNICAÇÃO
476/DFAA/SAL/2017
21/04/2017
29/11/2019
MOP 2.000,00
COMPANHIA DE CASA PENHORES ZHONG TAI CHUANG ZHAN (MACAU), LIMITADA
634/DFAA/SAL/2017
23/05/2017
31/10/2019
MOP 2.000,00
FUJIWARA TOFU SHOP
545/DFAA/SAL/2017
15/05/2017
07/11/2019
MOP 2.000,00
TOKYO LIFE
102/DFAA/SAL/2017
19/01/2017
16/08/2019
MOP 2.000,00
純美古法養生館一人 有限公司
685/DFAA/SAL/2017
01/06/2017
15/11/2019
MOP 2.000,00
ESTABELECIMENTO DE COMIDAS LEOCHARIS
702/DFAA/SAL/2017
02/06/2017
28/10/2019
MOP 2.000,00
BAR DEPOIS
629/DFAA/SAL/2017
08/06/2017
29/11/2019
MOP 3.000,00
COMPANHIA HUA YI FOMENTO PREDIAL LDA.
830/DFAA/SAL/2017
11/07/2017
06/11/2019
MOP 2.000,00
ESTABELECIMENTO DE COMIDAS WA KEI CHIU YUT
46/DFAA/SAL/2018
18/01/2018
19/11/2019
MOP 2.000,00
Os interessados podem, no prazo de 15 dias, contados a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, dirigirse ao Centro de Serviços do IAM, zona D, sito na Avenida da Praia Grande, n.os 762-804, Edifício China Plaza, 2.º andar, para efectuar o pagamento das referidas multas. De acordo com o artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M e artigo 29.º do Decreto-Lei n.º 30/99/M, caso não paguem, voluntariamente, dentro do prazo determinado, as multas referidas, o IAM emitirá uma certidão de título executivo à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças, para a cobrança coerciva. Relativamente às mencionadas decisões sancionatórias, nos termos dos artigos 145.º, 148.º, 149.º, do n.º 2 do artigo 155.º e dos n.os 1 e 3 do artigo 163.º do Código do Procedimento Administrativo, os interessados podem, no prazo de 15 dias, contados a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, apresentar reclamação para o autor do acto administrativo, e/ou, dentro do prazo previsto no artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, recurso hierárquico ao Conselho de Administração para os Assuntos Municipais do IAM, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 123.º do Código do Procedimento Administrativo. A impugnação administrativa não tem efeito suspensivo dos actos acima referidos. A pessoa com legitimidade para interpor o recurso contencioso pode ainda apresentar, face aos actos administrativos mencionados, nos termos do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, e no prazo e condição estipulados nos artigos 25.º a 28.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, recurso contencioso para o Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau. Para qualquer informação ou consulta do processo, podem dirigir-se à Divisão de Licenciamento Administrativo do Departamento de Higiene Ambiental e Licenciamento, sita na Avenida da Praia Grande, n.os 762-804, Edifício China Plaza, 2.º andar, Centro de Serviços do IAM, zona B. Aos 20 de Março de 2020. A Vice-Presidente do Conselho de Administraçãopara os Assuntos Municipais O Lam
www. iam.gov.mo
coronavírus 5
quinta-feira 2.4.2020
A
S autoridades de Zhuhai vão proibir a partir das 10h de hoje a entrada de viaturas com matrícula dupla, ou com a matrícula tripla (Macau, Interior da China e de Hong Kong). A informação foi avançada na madrugada de ontem e levou ao aumento significativo do tráfego para passar a fronteira. Na conferência de imprensa, Ma Chio Hong, chefe da Divisão de Operações e Comunicações do Corpo de Polícia Segurança Pública, pediu a compreensão aos condutores afectados pelas medidas adoptadas pelo Interior. “O que se pretende é evitar a circulação de veículos e pessoas. As autoridades de diferentes governos estão a tomar medidas de prevenção e algumas são cada vez mais apertadas”, afirmou o responsável. “Estamos num período muito crítico e espero que haja compreensão. O objectivo é reduzir os riscos de transmissão”, acrescentou. A decisão das autoridades de Zhuhai apenas foi conhecida em português às 01h25 de ontem, em chinês foi publicada às 23h29 do dia anterior. Ma Chio Hong justificou que a comunicação foi feita tão depressa quanto possível pelas autoridades locais. Como consequência, entre as 01h e o meio-dia de ontem, um total de 1.941 viaturas saíram de Macau, o que representa um incremento de 47 por cento nos movimentos de veículos em comparação com o período anterior. O número de saídas foi de 1.125, mas depois do meio-dia ainda havia viaturas concentradas para deixar Macau.
FRONTEIRAS ZHUHAI PROÍBE ENTRADA DE VIATURAS COM MATRÍCULA DUPLA
Eu cá, tu lá
A partir desta manhã, os residentes com veículos com dupla matrícula vão deixar de poder viajar para o Interior.Amedida partiu de Zhuhai e a CPSP pediu compreensão aos residentes
As novas restrições de Zhuhai não têm data limite, mas proíbe a circulação de veículos com excepção dos utilizados para transporte de mercadorias, serviços públicos de contingência, viaturas fúnebres e com matrícula única de Macau
RONDA 8
A
oitava ronda da venda de máscaras disponibilizadas pelo Executivo vai arrancar hoje em 84 postos de venda. Na fase anterior foram vendidas cerca de 6 milhões de unidades, o que em termos acumulados significa a venda de 40 milhões de máscaras desde o início da pandemia. A grande novidade nesta fase é a colaboração de cerca de 500 alunos voluntários para o empacotamento e distribuição de máscaras. As autoridades apelaram ainda para que se evitem filas, no caso de não haver necessidade urgente de máscaras.
para entrada em Hengqin e Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau.
SETE DIAS DE ISOLAMENTO
Nos próximos dias, um grande número de pessoas vai sair de quarentena, caso os últimos testes ao covid-19 sejam negativos. Por este motivo, Alvis Lo Iek Long, médico-adjunto da direcção do CHCSJ, apelou às pessoas que regressem a casa e que permaneçam isoladas durante mais sete dias. “Quando acabarem o isolamento, apelamos para que pensem nas famílias e na sociedade e se mantenham isolados mais sete dias e meçam a temperatura duas vezes por dia. Também vamos telefonar-lhes para saber como estão”, afirmou Alvis Lo. O mesmo médico afastou ainda a hipótese, por motivos técnicos, de Macau passar a publicar os dados sobre o número de pacientes que nunca desenvolvem sintomas,
apesar de estarem infectados pelo covid-19. “Nós temos publicado todos os números, mas não temos essa estatística. Como muitos dos nossos casos são detectados numa fase muito inicial, também porque as pessoas estão de quarentena, a detecção é feita sem que haja sintomas”, começou por explicar. “Mais tarde, já durante o tratamento, as pessoas depois apresentam sintomas, mas é muito difícil saber se são considerados com ou sem sintomas”, acrescentou.
CASOS SOBEM PARA 41
Ontem também foram reveladas mais informações sobre os 40.º e 41.º casos identificados em Macau. Ambos são residentes e são mãe, com 47 anos, e filho, com 20 anos. Segundo as informações disponibilizadas pela médica Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, ambos tinham estado no Reino Unido entre 15 e 26 de Março, altura em que regressam para Macau via Hong Kong. O transporte foi arranjado pelas autoridades e os dois infectados estavam de quarentena quando foram
“Quando acabarem o isolamento, apelamos para que pensem nas famílias e na sociedade e se mantenham isolados mais sete dias e meçam a temperatura duas vezes por dia.” ALVIS LO IEK LONG MÉDICO-ADJUNTO DA DIRECÇÃO DO CHCSJ
diagnosticados. Além deles, quatro familiares que os acompanharam na viagem foram levados para o centro de isolamento no Hospital das Ilhas. Actualmente, Macau regista 31 casos activos e 10 curados. Entre as pessoas isoladas e em tratamento há um paciente em estado grave, ligado ao ventilador, mas que registou melhorias. Por outro lado, há 16 pacientes com sintomas de pneumonia e outros 14 com sintomas mais leves. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
Quarentena Atrasos em resultados impediram altas Uma dezena de pessoas em quarentena no Alto de Coloane deviam ter tido alta ontem, mas atrasos na recolha e resultados dos últimos testes atrasaram a saída para hoje. A informação foi avançada ontem por Alvis Lo Iek Long, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ). Ainda em relação às pessoas
a cumprir quarentena em casa, foi revelado na conferência de imprensa que há cinco casos, cujo fim da quarentena também está para breve. Finalmente, foi esclarecido que as pessoas obrigadas pelos SSM a parar a quarentena em casa para serem transferidas para hotéis designados ficam isentas dos custos do hotel.
6 política
AL DEPUTADOS QUEREM PORMENORES SOBRE FUNDO DE 10 MIL MILHÕES
Alterar a alteração GCS
O deputado Chan Chak Mo prevê que depois de aprovada a alteração à Lei do Orçamento de 2020, sejam necessárias novas alterações. Em causa está o fundo de apoio de 10 mil milhões de patacas anunciado pelo Governo, que os deputados da 2ª comissão permanente da AL querem saber como vai ser usado
2.4.2020 quinta-feira
ALARGAMENTO DE APOIOS
Face à proposta actual, os deputados querem chamar representantes do Fundo de Turismo e do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, devido a uma verba sobre garantias dos créditos bancários e medidas de apoio a pequenas e médias empresas. O presidente explicou que o montante de 37 milhões de patacas, “não é um aumento significativo”, mas que também há uma verba destinada a apoiar o sector cultural e artístico, nomeadamente para produtoras que filmem Macau de forma a atrair visitantes depois da epidemia. Questionado se as medidas adoptadas são suficientes e sobre a não inclusão de trabalhadores do sector privado, Chan Chak Mo reconheceu que os trabalhadores por conta própria estão de fora da proposta de lei, dando o exemplo de taxistas e médicos do privado. E indicou que na reunião foi sugerida “a necessidade de contemplar esses trabalhadores”. “Também foi por causa disso que o Governo decidiu criar esse fundo de 10 mil milhões, para contemplar estes trabalhadores que ficaram fora nessa proposta de lei. Temos de discutir melhor como vai ser usada a verba desse novo fundo”, comentou.
O
Justiça Paula Ling de fora do Conselho da Reforma Jurídica
A advogada Paula Ling ficou de fora do Conselho Consultivo da Reforma Jurídica, onde era vice-presidente. De acordo com um despacho do Chefe do Executivo publicado ontem no Boletim Oficial, Ling não viu o mandato, que terminou na terça-feira, renovado. De fora ficaram igualmente Chan Tsz King, actual Comissário Contra a Corrupção, e Viriato Lima, juiz do Tribunal de Última Instância que se aposentou. No sentido contrário, passaram a integrar este órgão Carmen Maria Chung, subdirectora da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, e Tou Wai Fong, antiga adjunta do CCAC. Mantém-se no conselho o advogado Henrique Salda e Augusto Teixeira Garcia, professor da Universidade de Macau.
Salomé Fernandes
info@hojemacau.com.mo
Questionado se as medidas adoptadas são suficientes e sobre a não inclusão de trabalhadores do sector privado, Chan Chak Mo indicou que na reunião foi sugerida “a necessidade de contemplar esses trabalhadores”
E
M Março do ano passado, num debate na Assembleia Legislativa, o então secretário para a Economia e Finanças disse que havia um esboço de proposta de lei da concorrência leal em fase de aperfeiçoamento. Questionado sobre o ponto de situação da proposta, o gabinete do actual secretário, Lei Wai Nong, não avançou detalhes. Em resposta ao HM disse apenas que o Governo “tem vindo a empenhar-se na defesa dos direitos e interesses dos consumidores de Macau, tendo efectuado, de forma contínua e periódica, fiscalização quanto ao abastecimento dos produtos do uso quotidiano da população que se encontram comercializados no mercado, assim como aos respectivos preços praticados, esforçando-se, ainda,
Um punhado de nada Governo não avança detalhes sobre lei da concorrência leal e responde com clichés
pelo fortalecimento dos trabalhos de fiscalização com o apoio das leis estipuladas para as matérias em causa”. Indicando que o Executivo actualmente “presta principalmente a sua atenção” à produção legisGCS
S deputados da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa questionaram como vai ser utilizada a verba do fundo de apoio no valor de 10 mil milhões anunciado pelo Governo, que tem como objectivo combater o impacto causado pelo novo coronavírus. De acordo com Chan Chak Mo, que preside à comissão, esse fundo “provavelmente vai implicar uma nova alteração do orçamento”. Recorde-se que o fundo, criado através da Fundação Macau, se destina a residentes, empresas e estabelecimentos comerciais que devido ao impacto da situação epidémica “enfrentem dificuldades de sobrevivência ou de exploração dos seus negócios”.
Assim, os deputados que estão a analisar na especialidade a proposta de alteração à Lei do Orçamento de 2020 esperam dialogar com o Governo na próxima terça-feira para obter mais informações. “Como ainda nada sabemos em pormenor, primeiro temos de aprovar essa proposta de lei do orçamento rectificativo e dar continuidade ao prosseguimento das medidas que constam dessa proposta de lei”, disse Chan Chak Mo.
Lei Wai Nong
lativa sobre a protecção dos direitos e interesses do consumidor, “procurando concluí-la o mais depressa possível para alargar as competências de fiscalização”, acrescentou ainda que ao nível da concorrência empresarial se pretende “criar melhores condições e regimes para esse efeito”. Por outro lado, sobre as críticas dirigidas aos fornecedores de produtos de petróleo não acompanharem a descida de preços internacional de forma proporcional, e se o Governo considera que a lei dos direitos dos consumidores oferece protecção suficiente aos
cidadãos, foi respondido que “no tocante aos actuais preços dos produtos petrolíferos verificados em Macau, este é um assunto a que o Governo da RAEM tem atribuído uma elevada importância”. O gabinete do secretário explicou ainda que o Grupo de Trabalho Interdepartamental para a Fiscalização dos Combustíveis do Governo, na reunião com representantes do sector, “apelou a que a alteração dos preços dos produtos petrolíferos deveria ser feita em consonância com o ritmo de ajustamento internacional, com vista a assegurar os direitos e interesses legítimos dos cidadãos”. E que espera que a proposta sobre a lei dos consumidores seja aprovada com brevidade para permitir maior transparência dos preços dos produtos combustíveis. S.F.
política 7
quinta-feira 2.4.2020
A
E
NOVO FUNDO DIMENSÃO DAS EMPRESAS PODE SER CRITÉRIO DE DISTRIBUIÇÃO
As regras do jogo
DSAL Seminários atraíram 85 pessoas
O novo fundo deve ser distribuído pelas empresas de acordo com a sua dimensão, recomenda a Federação da Indústria e Comércio de Macau. Mak Soi Kun pede que sejam tidas em conta as características de cada sector. Já Ella Lei considera que o Governo se tem esquecido das licenças sem vencimento
lance mais do dobro das medidas avançadas na altura do tufão Hato”, afirmou. Também a deputada Ella Lei marcou presença no mesmo programa e defendeu que “as principais dificuldades dos trabalhadores vão além do desemprego”, passando
M resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, o Governo assegurou que tem lançado uma série de medidas, que incluem a atribuição de subsídios à contratação e a dispensa da prestação de serviço, com o objectivo de criar “um bom ambiente de trabalho para os docentes (…) de modo a reduzir o seu trabalho”. Na resposta assinada pelo director dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Sang, o Governo assegura que dá grande importância ao assunto e que, os tempos lectivos leccionados têm vindo a decrescer. “No ano lectivo de 2019/2020, foram em média, 20,8, 16,2 e 14,3 os tempos lectivos semanais que os docentes, respectivamente, dos ensinos infantil, primário e secundário,
também por cortes salariais de 50 por cento e licenças sem vencimento. Por isso mesmo, a deputada defende que o montante do novo fundo do Governo deverá ser distribuído de acordo com três níveis: universalidade, pertinência e formação contínua.
“Espero que o Governo lançe mais do dobro das medidas avançadas na altura do tufão Hato.” LEI CHEOK KUAN PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MACAU CENTRO E SUL DISTRITOS
Ella Lei referiu ainda que devem ser atribuídos apoios mais direccionados e que o Governo tem falhado no que toca à questão das licenças sem vencimento.
APOIOS INDIRECTOS
Também com o novo fundo de combate à epidemia como pano de fundo, através de interpelação escrita, o deputado Mak Soi Kun quer que sejam tidas em conta as características de cada
sector na definição do apoio a distribuir. “O Governo criou recentemente um fundo de apoio de 10 mil milhões de patacas. No entanto, existem ainda muitas micro e pequenas empresas de diferentes sectores de Macau que precisam de apoio específico para combater a epidemia. Será que as autoridades podem ter em conta as características dos diferentes sectores na definição da atribuição das medidas de apoio”, questionou Mak Soi Kun. Mak Soi Kun pede ainda ao Governo que considere a isenção do pagamento da taxa de 20 por cento de imposto de selo, prevista para a venda de imóveis adquiridos há menos de dois anos. Segundo o deputado, o pedido é justificado com a necessidade crescente da população encontrar liquidez em tempos de crise, traçando um paralelismo com a crise asiática de 1997. Pedro Arede
info@hojemacau.com.mo
A tapar buracos com patacas
Escolas receberam subsídio de 140 milhões de patacas para contratar pessoal leccionaram, traduzindo-se numa diminuição de 11 por cento, 9 por cento e 14 por cento (…) em comparação com o ano lectivo de 2011/2012, antes da implementação do ‘Quadro Geral’”, pode ler-se na resposta. Outra das questões esclarecidas na resposta a Sulu Sou diz respeito à prestação de serviço não lectivo, onde se incluem, segundo o “Quadro Geral”, as funções não pedagógicas dos docentes. “A DSEJ promove, anualmente, as ‘Instruções para a dispensa da componente lectiva do pessoal docente’, para que os docentes que prestem serviço
não lectivo, possam ficar dispensados da componente lectiva normal”, consta na resposta. O deputado questionou o Governo sobre a legitimidade das “horas extraordinárias gratuitas” a que os docentes estão sujeitos, sobretudo após a introdução das exigências curriculares de trabalhos não lectivos, previstas na lei.
APOIO DE 140 MILHÕES
Nos dias 26 e 27 de Março, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) realizou seminários sobre emprego que tiveram a participação de 85 pessoas, das quais 47 motoristas de autocarros de turismo e 38 guias turísticos. Os seminários para emprego visaram principalmente ensinar técnicas de entrevista e incentivar a “ajustar a mentalidade e tentar mudar de emprego, fornecendo informações sobre vagas e recrutamento e vagas oferecidas pelas grandes empresas de lazer”, comunicou a DSAL. O objectivo passa por atenuar as dificuldades no emprego devido ao impacto da situação epidémica. O organismo indica que no futuro vai organizar actividades semelhantes voltadas para outros sectores afectados. TIAGO ALCÂNTARA
Federação da Indústria e Comércio de Macau Centro e Sul Distritos considera que o novo fundo de 10 mil milhões de patacas de combate à epidemia deve ser distribuído pelas empresas, de acordo com a sua dimensão. A recomendação foi feita ao Governo e anunciada ontem pelo presidente da associação Lei Cheok Kuan, ao canal chinês da TDM – Rádio Macau. Mais concretamente, segundo o responsável, foi proposta ao Governo a distribuição de acordo com o número de trabalhadores de cada empresa. Empresas com mão-de-obra até 10 trabalhadores seriam apoiadas com 100 mil patacas, as que têm entre os 11 e os 25 funcionários seriam assistidas com 250 mil patacas, as empresas com quadros entre 26 e 36 trabalhadores seriam apoiadas com 350 mil patacas e, por fim, as empresas com mais de 36 colaboradores seriam apoiadas com 500 mil patacas. Lei Cheok Kuan espera que o Governo “continue a lançar mais medidas de apoio de acordo com as circunstâncias”, recordando que anteriormente o Executivo já tinha afirmado que não iria além do apoio inicial de 100 mil milhões de patacas. Na mesma entrevista, o presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau fez ainda referência ao tufão Hato para sublinhar que o impacto económico da epidemia é agora mais profundo do que em 2017. “Espero que o Governo
O Governo revelou ainda que no decorrer do ano lectivo de 2018/2019, as escolas foram subsidiadas no montante total de 140 milhões para a contratação de pessoal especializado.
De entre o pessoal especializado que pode ser contratado no âmbito deste Fundo de Desenvolvimento Educativo, estão colaboradores direccionados para a gestão de laboratório, o ensino das tecnologias de informação e comunicação, a promoção de actividades, promoção da leitura e promoção da saúde na escola. Segundo a DSEJ foi ainda criado no ano lectivo passado um subsídio de promoção de níveis para pessoal especializado com o objectivo de “estabilizar o pessoal”, tendo-se registado um aumento do pessoal especializado no ano lectivo 2020/2021. O número de pessoal especializado subiu assim de 2,5 para 3 nas unidades escolares até 15 turmas e aumentou de três para quatro nas unidades escolares que têm entre 16 a 25 turmas. P.A.
8 sociedade
2.4.2020 quinta-feira
Turismo Sector quer maior cooperação com Hengqin
milhões de patacas beneficie o sector. Por influência dos protestos em Hong Kong, houve o cancelamento de várias excursões que vinham a Macau ao longo da segunda metade do ano passado, e o alastramento da epidemia piorou a situação. Para além de não terem receitas, as agências de viagens também têm custos como rendas e salários dos empregados. Mais de 20 agência de viagens estão a mudar de mãos ou fecharam temporariamente devido à incerteza quanto ao futuro.
Covid-19 Autocarros que transportaram doente deixaram de circular A Transmac suspendeu os dois autocarros, das rotas 26A e 26, pelo facto de terem transportado um doente com covid-19. De acordo com um comunicado publicado no Facebook, os dois motoristas que se encontravam a trabalhar nessas rotas também estão isolados em casa, além de que as duas viaturas foram desinfectadas. O doente em causa viajou duas vezes no autocarro 26A, entre a avenida Almeida Ribeiro/Rua Camilo Pessanha e a praia de Hac-Sá, em Coloane, por volta das 16h o doente regressou à península
no autocarro 26, e saiu na paragem da avenida Almeida Ribeiro / Weng Hang. Entre os dias 25 e 31 de Março, o autocarro 26 A K320 correu a linha do 25 (dia 25 a 28), AP1/25B (dia 26), 9A (dia 27), 51A (dia 29) e 33/25B (nos dias 30 e 31). Já o autocarro K205 correu a linha do 5X (nos dias 24 a 28 e entre 30 e 31), 26A (dia 26), 33 (dia 27), tendo sido suspenso o seu funcionamento no dia 29. A Transmac declarou ainda que em todos os percursos o indivíduo utilizou máscara.
RÓMULO SANTOS
Algumas agências turísticas correm o risco de fechar, segundo Leng Sai Vai, presidente da Associação de Federação da Indústria e Comercial de Turismo de Macau, que apela ao Governo a introdução de programas de apoio e o reforço da cooperação turística entre Macau e Ilha da Montanha. Em declarações ao “Ou Mun”, o dirigente indicou que apesar de o Executivo ter lançado uma série de medidas de apoio, isso não ajudou significativamente o sector do turismo, e que não há muitas expectativas que o fundo de 10 mil
Albano Martins, economista “Em Fevereiro os casinos estiveram fechados 15 dias, e em Março não estiveram fechados, pelo que a subida da receita não foi muito significativa”
D
EPOIS do período mais difícil no combate à pandemia covid-19, que decretou o encerramento de quase todas as actividades económicas e o fecho dos casinos, por um período de 15 dias, as receitas do jogo continuam no vermelho. Dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) revelam que as receitas dos casinos registaram no mês de Março uma quebra de 79,7 por cento, fixando-se em 5,2 mil milhões de patacas. Por oposição, no mês de Março de 2019 as receitas foram de 25,8 mil milhões de patacas. No que diz respeito ao terceiro trimestre, houve uma descida de 60 por cento nas receitas, para 30,48 mil milhões de patacas, menos 45,66 mil milhões de patacas do montante arrecadado nos três primeiros meses de 2019. Confrontado com estes dados, o economista Albano Martins não encontra grande diferença entre os números de Fevereiro e de Março. “Houve uma quebra de receitas à volta de 80 por cento no mês de
CASINOS RECEITAS DE MARÇO COM QUEBRAS DE QUASE 80 POR CENTO
Na corda bamba
O mês de Março continuou a ser negro para o sector do jogo com as receitas a caírem 79,7 por cento. No primeiro trimestre, as receitas sofreram uma quebra de cerca de 60 por cento. Albano Martins prevê que o jogo VIP seja mais forte este ano e que as medidas adoptadas nas fronteiras atrasem a recuperação do sector Março, quando em Fevereiro foi de 88 por cento. Em Fevereiro os casinos estiveram fechados 15 dias, e em Março não estiveram fechados, pelo que a subida da receita não foi muito significativa”, disse ao HM. O facto de Macau, Hong Kong e a província de Guangdong terem adoptado medidas restritivas nas fronteiras devido à covid-19 faz com que o início da recuperação
do sector do jogo não se faça já este mês, defende o economista. “Isto vai ter implicações muito grandes nas receitas do jogo, porque era suposto que emAbril e Maio essa quebra global de 60 por cento fosse reduzindo mais rapidamente, mas assim é de novo uma grande incógnita. Mas, acreditando que possa demorar mais um mês, as receitas do jogo vão recuperar e vai-se registar uma
quebra de 40 por cento face ao ano anterior, mas é tudo uma previsão.”
JOGO VIP MAIS FORTE
Ainda que os dados da DICJ não façam a diferenciação entre jogo de massas e jogo VIP, Albano Martins acredita que este último segmento continue a ser mais forte. “Até Fevereiro ou Março, o jogo VIP já tinha ultrapassado o jogo de massas,
o que é normal. O ano passado tinha ficado abaixo dos 50 por cento. O que pode acontecer é que o jogo VIP continue a ser mais forte do que o jogo de massas. O jogo VIP vai trazer mais receitas este ano para Macau.” No que diz respeito à quebra global de receitas, o economista acredita que os valores vão ficar, este ano, “razoavelmente abaixo dos 50 por cento”. “Acredita-se que em Maio e Junho as coisas estejam melhores que agora. A China já se começa a abrir, e, embora não venham [turistas] de outros países, Macau depende essencialmente do jogo da China. Portanto, é só uma questão de se abrir a torneira e os visitantes começarem a vir de novo, para que os valores fiquem razoavelmente abaixo de 50 por cento.” “Muitos analistas dizem que as receitas de jogo vão cair substancialmente, mas não vão cair muito mais do que isso, porque é difícil haver menos receitas do que 3,1 mil milhões [de patacas, valor das receitas de Fevereiro deste ano]”, rematou Albano Martins. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
sociedade 9
Fundo de Desenvolvimento Educativo EPM recebeu mais de três milhões
Foram ontem tornados públicos, através de despacho publicado em Boletim Oficial (BO), os subsídios atribuídos às escolas pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), no âmbito do Fundo de Desenvolvimento Educativo (FDE). No caso da Escola Portuguesa de Macau, o FDE concedeu mais de três milhões de patacas de subsídio, cerca de 111 mil patacas foram atribuídas para “a reparação urgente do edifício escolar”. Foram concedidas ainda 453 mil patacas no âmbito do Plano de Desenvolvimento das Escolas relativo ao ano lectivo de 2019/2020, e que inclui “as viagens de estudo ao Continente, o ensino especial e a transmissão da cultura chinesa”, entre outras despesas. O FDE atribuiu ainda cerca de dois milhões de patacas também no âmbito do mesmo plano, para actividades como “a reparação do edifício escolar, a aquisição dos equipamentos, a formação da própria escola, a aquisição de livros, jornais, publicações e a contratação de pessoal especializado”.
Covid-19 Associação pede encerramento de mesas públicas de xadrez
Cheang Lai Ha, vice-presidente da Associação de Confraternização dos Moradores do Bairro do Antigo Hipódromo Areia Preta e Iao Hon de Macau, lançou um apelo ao Governo para encerrar as mesas de xadrez chinês (Xiangqi) nos parques públicos. O objectivo da sugestão é evitar o surto do novo tipo de coronavírus na comunidade. A responsável pediu ainda a afixação de placas com avisos para os moradores não jogarem e evitarem aglomerações. Cheang Lai Ha considera que a população tem dado sinais de baixar a guarda em relação à prevenção epidémica, apontando que tem sido habitual ver muitos residentes reunidos a conversar e a jogar em torno das mesas de xadrez chinês, alguns deles sem máscara.
RÓMULO SANTOS
quinta-feira 2.4.2020
CRISE FALTA DE TURISTAS LEVA A PERDAS DE 90 POR CENTO EM CASAS DE PENHOR
Ficam os anéis nos dedos
As restrições dos governos das regiões vizinhas para combater a pandemia do covid-19 estão a ter impacto muito profundo nas casas de penhor. Nas imediações do Hotel Lisboa, há cada vez mais lojas para arrendar
A
descida do número de visitantes em Macau, relacionado com o covid-19, está a ter impacto muito forte nas casas de penhores do território, que se queixam de quebras nas receitas entre 80 a 95 por cento. Foi este o cenário traçado por três negócios nas imediações do Hotel e Casino Lisboa, uma área onde há cada vez mais lojas vazias e com anúncio de arrendamento. Na Casa-Penhores Pak Son terá havido uma perda superior a 90 clientes por dia, de acordo com um dos funcionários. “O nosso negócio vive dos turistas do Interior. Sem eles, não temos clientes e com isso não fazemos qualquer negócio”, afirmou Cheong, em declarações ao HM. “Antes da epidemia tínhamos mais ou menos 100 clientes por dia.Agora temos dias em que não entram clientes, ou em que há apenas um cliente”, apontou. Esta quebra nas receitas fez com que a gestão da Casa-Penhores Pak Son tivesse adoptado medidas para
cortar custos, como a redução do horário de funcionamento, implementação de licenças sem vencimento para trabalhadores não-residentes que não conseguem entrar em Macau ou precisam de cumprir quarentena de 14 dias, e o aumento do número de folgas não pagas. “Com esta situação, as receitas da loja não devem chegar a 300 patacas por dia, o que nos afecta directamente a todos. Mais de metade dos nossos ordenados resulta de comissões, sem receitas acabamos por ficar numa situação miserável, pior que os taxistas”, confessou o trabalhador de 39 anos. A falta de turistas do Interior é vista como a justificação para a crise também na Casa de Penhor Bit Seng, além dos visitantes vindos de Hong Kong, como explicou Cham, um empregado de 30 anos. “O grande problema é a falta de clientes, porque não há turistas do Interior nem de Hong Kong. Só temos clientes locais e o número é muito reduzido”, justificou. “Não
temos uma estatística feita, mas, por exemplo, normalmente havia sempre cerca de oito a 10 clientes, agora temos um ou dois. Se conseguirmos fechar o negócio com esses não é mau”, indicou Cham. Também na Casa Penhor Cheong Seng, onde as perdas de receitas superam 95 por cento, o cenário é semelhante, como contou ao HM uma funcionária de apelido Kou. Neste cenário, a renda acaba por ser um dos maiores desafios: “Não temos clientes, há dias em que não vem ninguém à loja ou só recebemos a visita de uma ou duas pessoas. As quebras de receitas são superiores a 95 por cento, estamos numa situação muito difícil”, descreveu. “Não temos clientes na loja, mas temos de pagar renda”.
ASSOCIAÇÃO À ESPERA
Apesar das dificuldades, não se encontra no sector uma resposta colectiva, como admite Leong, funcionária da Associação Geral dos Penhoristas de Macau.
Sem uma tradição de comunicação permanente, a associação desconhece mesmo o número total de lojas de penhores existentes no território. Neste momento, há mais de 100 lojas registadas na associação, mas o número total em Macau é desconhecido, porque nem todas se inscrevem. A Associação Geral dos Penhoristas de Macau desconhece igualmente o número de membros que terá fechado portas desde Janeiro, altura em que o impacto do covid-19 se começou a sentir. “Entre os nossos associados ainda não sabemos quantos foram obrigados a fechar devido ao impacto da ausência de turistas. É uma informação que só vamos ter em Agosto, quando formos recolher o pagamento das quotas”, informou a fonte associativa ao HM. Por outro lado, a associação reconheceu que ainda não foi feito qualquer pedido de ajuda financeira ao Executivo. Nuno Wu com João Santos Filipe info@hojemacau.com.mo
10 coronavírus
(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)
TOP 20 DOS PAÍSES
34857 Em estado crítico
912565
191826
Infectados (total cumulativo)
COM MAIS CASOS 205036
Itália
110574
Espanha
102136
China
815554
Alemanha
74508
França
52128
Irão
47593
Reino Unido
29474
Suiça
17137
Bélgica
13946
Holanda
13614
Turquia
13531
Áustria
10482
Coreia do Sul
9887
Canadá
8612
Portugal
8251
Brasil
5861
Israel
5591
Suécia
4947
Austrália
4864
Noruega
4828
Curados
Co novel
675198 Infectados
(total cumulativo)
E.U.A.
2.4.2020 quinta-feira
(casos activos)
43 Curados
PORTUGAL
187 Mortos
PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)
Portugal
8251
Brasil
5861
Moçambique
8
Angola
7
Guiné-Bissau
4
Timor-Leste
1
Cabo Verde
6
São Tomé e Principe
0
PORTUGAL
países sem casos de nCov
Infectados (casos activos)
31 MACAU
PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)
China
81554
China | Macau
41
China | Hong Kong
765
China | Taiwan
329
Coreia do Sul
9887
Japão
2178
Vietname
218
Laos
10
Cambodja
109
Tailândia
1771
Filipinas
2311
Myanmar
8
Malásia
2908
Indonésia
1677
Singapura
1000
Borneo
131
8021
países com casos de nCov
Infectados (casos activos)
10 Curados
HONG KONG
614 Infectados
Macau
(casos activos)
4
HONG KONG
147 Curados
Hong Kong
Mortos
quinta-feira 2.4.2020
coronavírus 11
23411
ovid-19 l coronavírus
Casos suspeitos
45541 Mortos
0 1-9 10-99 100-499 500-999 FONTES:
+1000
• https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/ opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/pneumonia
Ocorrências nas áreas afectadas
Dados actualizados até à hora do fecho da edição
Covid-19 vs SARS
CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO
1000000 150000 100000 75000 50000 25000 12500 0
20
40
60
dias dias dias Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto
80
dias
100
dias
120
dias
REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi
INFECTADOS 67801 1475 1276 1254 1018 990 935 760 631 576 538 480 414 337 318 296 294
MORTOS 2641 7 20 1 4 6 1 6 5 6 3 13 5 3 6 1 2
REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete
INFECTADOS 245 174 168 146 132 136 121 91 91 76 75 71 162 77 18 13 1
MORTOS 2 2 5 2 0 3 1 2 1 2 0 0 3 1 0 0 0
12 china
2.4.2020 quinta-feira
HUAWEI VENDAS CRESCEM 19% EM 2019 APESAR DE BOICOTE
A
COVID-19 TAIWAN VAI DOAR 10 MILHÕES DE MÁSCARAS À UE E EUA
De Taipé, com amor
Taiwan prometeu ontem doar 10 milhões de máscaras aos países mais afectados pelo novo coronavírus, incluindo membros da União Europeia e os EUA
A
SSEGURANDO que o território travou a propagação do vírus, a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, lembrou que a pandemia nunca terminará a menos que seja contida a nível global. “No estágio anterior, formámos uma equipa nacional, e agora precisamos de uma acção concertada a nível internacional para combater a pandemia”, disse Tsai. A líder taiwanesa anunciou a doação de 10 milhões de máscaras como parte daquele esforço, entre as quais sete milhões serão destinadas à União Europeia, sobretudo aos países mais afectados, para além do Reino Unido e da Suíça. A doação é três vezes superior ao valor prometido pela China à UE. A resposta de Taiwan ao surto tem servido para afirmar o território como um dos Estados que melhor preveniu a doença. Embora a UE adira ao princípio “Uma Só China” e
não tenha relações políticas diplomáticas ou formais com Taiwan, mantém um “diálogo estruturado” com Taipé. A UE ainda aguarda a chegada de uma remessa de dois milhões de máscaras cirúrgicas, 200.000 máscaras de protecção respiratória N95 e 50.000 kits de testes de coronavírus da China, anunciados em 18 de Março pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
“No estágio anterior, formámos uma equipa nacional, e agora precisamos de uma acção concertada a nível internacional para combater a pandemia.” TSAI ING-WEN PRESIDENTE DE TAIWAN
A Comissão disse na terça-feira que os suprimentos seriam enviados “nos próximos dias” para Itália, o país europeu mais afectado pela Covid-19.
INTRIGA INTERNACIONAL
Excluído da Organização Mundial da Saúde por insistência de Pequim, Taipé quer agora usar o seu sucesso na contenção do vírus para impulsionar a cooperação internacional, especialmente com “países com ideias semelhantes”, como as democracias ocidentais. Com cerca de 23 milhões de habitantes, entre os quais mais de um milhão a viver e a trabalhar na República Popular da China, Taiwan contabiliza apenas 322 casos de infecção pela Covid-19, a grande maioria importados do exterior. A Academia Sinica, a principal instituição de investigação científica de Taiwan, realizou em 18 de
Março uma videoconferência sobre a crise do coronavírus com funcionários de várias instituições da UE. No mesmo dia, as autoridades de Taiwan assinaram um acordo com o Instituto Americano em Taiwan, a representação diplomática informal de Washington em Taipé, para a cooperação no combate contra o vírus. A China criticou o acordo como “uma conspiração política para conseguir a independência com a ajuda da epidemia”. O acordo inclui a promessa de que Taiwan fornecerá 100.000 máscaras de protecção respiratória por semana aos EUA em troca de materiais para a produção de fatos de protecção. Taipé anunciou ainda um acordo com a Austrália, segundo o qual Camberra fornecerá o álcool necessário para a produção de desinfectante para as mãos em troca de tecidos produzidos em Taiwan para a produção de máscaras.
Huawei anunciou esta semana que as vendas de telemóveis e outros produtos subiram 19,1 por cento no ano passado, apesar da ofensiva de Washington para boicotar o grupo chinês de telecomunicações, mas ressalvou que enfrenta agora um ambiente global “mais complexo”. As vendas aumentaram 19,1 por cento em 2019, em relação a 2018, para mais de 858 mil milhões de yuan, informou a empresa, que é a primeira marca global de tecnologia da China. Os lucros do grupo chinês aumentaram também 5,6 por cento para 62,7 mil milhões de yuan, depois de terem aumentado 25 por cento em 2018. A empresa chinesa disse que as vendas de telemóveis aumentaram 15 por cento, em 2019, para 240 milhões de unidades. Os negócios “permanecem sólidos”, apesar da “enorme pressão externa”, admitiu Eric Xu, um dos três presidentes rotativos do grupo, em comunicado. Xu advertiu, no entanto, que o
“ambiente externo” será “mais complicado daqui para frente”. Os Estados Unidos acusam a maior fabricante mundial de equipamentos para firmas de telecomunicações de cooperar com os serviços secretos chineses. A Casa Branca colocou o grupo chinês numa lista de entidades do Departamento de Comércio, o que implica que as empresas norte-americanas tenham de solicitar licença para vender tecnologia à empresa. A Huawei também é, juntamente com a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia, líder em redes de quinta geração (5G), destinada a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais eléctricas. Os Estados Unidos têm pressionado vários países, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei da construção de infra-estruturas para redes de 5G. Austrália, Nova Zelândia e Japão aderiram já aos apelos de Washington e restringiram a participação da Huawei.
COVID-19 AUTORIDADES IDENTIFICAM 130 NOVOS CASOS ASSINTOMÁTICOS
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Comissão Nacional de Saúde da China anunciou ontem que identificou 130 novos casos assintomáticos, portadores do novo coronavírus, mas que não revelam nenhum sintoma da doença da covid-19. A mesma comissão informara na terça-feira que, de um total de mais de 1.500 casos assintomáticos que estão a ser isolados e monitorizados, 205 vieram do exterior. As autoridades indicaram também que foram registados 36 novos casos confirmados da covid-19 no país continental. Todos, excepto um dos novos casos, foram importados. Nas últimas 24 horas fo-
ram ainda registadas mais sete mortes. Ontem, pela primeira vez, a China passou a contabilizar os casos assintomáticos na contagem oficial. Enquanto a proporção de pessoas que contraíram o vírus, mas permanecem assintomáticas, é actualmente desconhecida, os cientistas dizem que esses ‘portadores’ ainda podem transmitir a covid-19. Com o surto doméstico na China a diminuir significativamente, alguns especialistas questionaram se a dificuldade em identificar casos assintomáticos poderia levar ao ressurgimento de infecções.
região 13
quinta-feira 2.4.2020
Segundo a Associação da Ordem de Advogados do Supremo Tribunal de Caxemira, centenas de caxemires estão detidos dentro e fora do Estado, sobretudo desde que a Índia anulou em Agosto o estatuto de semiautonomia da região
CAXEMIRA INDIANA PRISÕES DESCONGESTIONADAS POR RECEIO DA COVID-19
Liberdade covid-cional
As autoridades da Caxemira indiana começaram a descongestionar as suas prisões, que albergam centenas de caxemires acusados de ligações ao movimento separatista da disputada região, com receio de que o novo coronavírus se espalhe nos centros prisionais
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S autoridades de Jammu e Caxemira, que conta com 48 dos 1.251 casos de covid-19 detectados em toda a Índia, formaram uma “comissão de alto nível” para libertar temporariamente condenados e detidos que aguardam julgamento, disse à agência noticiosa espanhola EFE
um funcionário local que não quis ser identificado. “O comité analisará a categoria dos presos que serão libertados condicionalmente, tendo em conta a natureza do seu crime, o número de anos a que foram condenados”, precisou. Outro responsável, que também não quis ser identificado, disse à
EFE que o departamento regional do Ministério do Interior ordenou para já a libertação de 31 pessoas. A 23 de Março, o Supremo Tribunal indiano apelou a todas as regiões para considerarem a libertação de presos para reduzir a sobrelotação das prisões. Segundo a Associação da Ordem de Advogados do Supremo Tribunal de Caxemira, centenas de caxemires estão detidos dentro e fora do Estado, sobretudo desde que a Índia anulou em Agosto o estatuto de semi-autonomia da região.
LEI SEM LEI
A decisão foi seguida de uma série de restrições sem precedentes e da detenção de um grande número de políticos, activistas e outros civis. Entre eles está a ex-chefe do Governo de Caxemira Mehbooba Mufti, que continua presa sob a controversa Lei de Segurança Pública, que permite deter uma pessoa durante meses sem a levar a tribunal e que foi classificada de “lei sem lei”. “A associação teve uma reunião à distância na qual pediu às autoridades a libertação de todos os presos políticos dentro e fora de Jammu e Caxemira, tendo em conta as recentes ordens do Supremo”, disse à EFE o porta-voz da organização, Muzaffar. A Índia e o Paquistão disputam a região de Caxemira, de maioria muçulmana, desde a sua independência do império britânico em 1947. A zona é palco desde os anos 1990 de um movimento insurgente com conotações separatistas.
INDONÉSIA IMPEDIDA ENTRADA DE ESTRANGEIROS ISOLA TIMOR-LESTE
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Indonésia anunciou ontem a proibição da entrada de cidadãos estrangeiros não residentes, mesmo em trânsito, com medidas idênticas às adoptadas na Austrália e em Singapura, deixando assim sem alternativas timorenses e estrangeiros em Timor-Leste. A nova restrição, que entra em vigor a partir de hoje, implica que para a Indonésia só podem viajar cidadãos ou residentes permanentes, medida que já estava em vigor em Singapura e na Austrália. Até agora cidadãos estrangeiros em Timor-Leste, incluindo portugueses, que quisessem sair do país,
poderiam ainda viajar através da Indonésia, mesmo que sendo exigido um atestado médico e um visto. Díli tem ligações aéreas para Darwin, na Austrália, para Bali, na Indonésia e para Singapura, ainda que actualmente com uma frequência mais reduzida. Devido às restrições implementadas nesses três países, passa a ser impossível sair de avião para timorenses e estrangeiros. Paralelamente, e no sentido inverso, Timor-Leste também fechou as suas fronteiras à entrada de cidadãos estrangeiros não residentes.
No caso das medidas anunciadas pela Indonésia são permitidos apenas diplomatas, pessoal envolvido em apoio médico ou humanitário, tripulações de aviões e quem esteja a trabalhar em “projectos estratégicos nacionais”. A Indonésia confirmou um total de 1.528 casos da covid-19, com 136 mortes. O Governo anunciou já um pacote de 24,6 mil milhões de dólares para responder à covid-19 no país, incluindo gastos em saúde, medidas económicas e apoios sociais. Em Timor-Leste, está confirmado um caso da doença.
MALÁSIA GOVERNO PEDE DESCULPA ÀS MULHERES POR RECOMENDAÇÕES SEXISTAS
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Governo da Malásia pediu desculpas após reacções a recomendações consideradas sexistas dirigidas às mulheres durante o período de confinamento devido à pandemia da covid-19, que causou três mortes e 2.766 infectados no país. Os conselhos, publicados segunda-feira pelo Ministério da Malásia para o Desenvolvimento da Mulher e da Família, visavam manter uma relação positiva no ambiente familiar e de trabalho, segundo os autores. Sob o lema “Kebahagiaan Rumahtangga” (Harmonia em casa), foram sugeridas às mulheres comportamentos para evitarem discussões com os maridos, tal como rir timidamente ou falar em um tom doce, semelhante ao do popular personagem de manga Doraemon, um gato robô. “Se o seu marido realiza uma
tarefa [doméstica] de uma maneira que não gosta, evite incomodá-lo” ou “conte de 1 a 20 antes de discutir”, são algumas dicas da lista mencionadas, que foram apagadas um dia após a sua publicação. Muitos malaios criticaram os conselhos nas redes sociais, apelidando-os de sexistas, fizeram com que o ministério emitisse um pedido de desculpas na noite de terça-feira. “Pedimos desculpas se houve conselhos inadequados e se ofendemos as sensibilidades de certos grupos. Seremos mais cuidadosos no futuro”, pode ler-se numa declaração publicada terça-feira à noite nas redes sociais.
PUB HM • 1ª VEZ • 2-4-20
ANÚNCIO Execução Ordinária n.
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CV1-19-0134-CEO
1o Juízo Cível
EXEQUENTE: Banco Industrial e Comercial da China (Macau) S.A., com sede em Macau, na Avenida da Amizade, n.o 555 – Macau Landmark, Torre ICBC, 18.o anda EXECUTADOS: Sun Kin Chong, de nacionalidade chinesa, titular do B.I.R.M. n.o 5xx5xx5(0), residente em Macau, na Rua da Vitória, n.os 6 – 12, Edifício “Ma Pou”, 1.o andar “B”, e sua mulher Yimnoi Wiraiporn, de nacionalidade chinesa, titular do B.I.R.M. n.o 1xx6xx1(7), residente em Macau, na Rua da Vitória, n.os 6 – 12, Edifício “Ma Pou”, 1.o andar “B”. *** FAZ-SE SABER que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos dos executados para, no prazo de QUINZE DIAS, que começam a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenha garantia real e que é o seguinte: Imóvel penhorado Denominação: fracção autónoma “B1”. Situação: sito em Macau, n.o 7 a 13 da Rua de Henrique de Macedo e n.o 6 a 12-A da Rua da Vitória. Finalidade: habitação. Número de matriz: 070813. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: n.o 10075, a fls. 72V do Livro B27. Número de inscrição da propriedade: n.o 108886, do Livro G. *** Na R.A.E.M., 24/03/2020
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retrovisor
“A eternidade. É o mar misturado ao sol.”
Os filósofos e a escrita
EL BLOQUEO DEL ESCRITOR, LEONID PASTERNAK
Luís Carmelo
2.4.2020 quinta-feira
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S filósofos não gostam de se saber escritores. Provavelmente porque a palavra “escritor” designa uma função especulativa em que a criatividade assenta mais no jogo puro da palavra ou na construção de aparatos ficcionais sem critérios que sejam os filosóficos. É assente que assim é. Provavelmente ainda porque o ofício do escritor se prende mais com a literatura e com a poesia. E, no entanto, vasta é a tradição filosófica que mergulha no universo da poesia e nas mais variadas tipologias literárias (narrativas, epístolas, exercícios, fragmentos, etc.). É assente que assim também é. Colocando estas duas hipóteses entre parêntesis - vamos, pois, suspendê-las - haverá uma terceira que soa de um modo talvez mais convincente. Dir-se-á então que a escrita é entendida pelos filósofos mais como um meio
de “representar” factos e pensamentos e não tanto como uma máquina que cria e visa os seus próprios mundos. Esta suposição não deixa de ter interesse, na medida em que houve filósofos que se sentiram obrigados a moldar a linguagem, provando assim que ela não era, à partida, apenas um utensílio transparente. Não foi por acaso que Heidegger, evitando contaminações, criou uma linguagem própria, aliás bastante compósita e até artificiosa, e que Wittgenstein fez praticamente o mesmo (entregando-se a uma lógica de fragmentos e a processos metonímicos que lhes serviam de leme). A pergunta seria: quando se ‘pensa’, haverá alguma coisa fora do texto? No fundo, o que se faz é escrever. Os filósofos pensam, mas escrevem. Pensar não teria fim (nem sintaxe duradouramente controlada), mas escrever tem sempre um fim e uma
Posso contemplar o rosto de um familiar, posso amaciar o ramo da nespereira, posso auscultar a gata a lamber as patas, mas esses actos apagar-se-ão, já se apagaram. Retê-los e albergá-los é procurar o sentido, mas não resistirão se não corarem à luz da linguagem
geometria que vistoria e que permite reexaminar. Por isso, os filósofos são escritores, ainda que alguns possam crer na relação entre o que representa e o que seria representado e outros creiam no sentido enquanto pura fonte de intersubjetividade (lançado na interação com o outro). Mesmo devaneando sobre a escrita na sua função de seta (índices que alegadamente apontariam para coisas concretas), os filósofos não deixam de se conter dentro do mapa da escrita. Fora do mapa da escrita, haverá outros textos, inúmeras camadas de uma longa linhagem que a história (em jeito de vendaval) atirou sobre o nosso presente. Até porque tudo aquilo que não se gravou em escrita, fosse em que escrita fosse, foi esquecido, foi removido da experiência, simplesmente desapareceu. Como seria bela a totalidade da ‘Poética’ de Aristóteles, se a pudéssemos pensar. E que tributo deveríamos prestar todos os dias a Andronico de Rodes (Séc I a.C.) que fez perdurar até nós a obra de Aristóteles (sem desmerecer o trabalho dos tradutores siríacos e árabes a partir do séc. IX d.C.). Perdurar significa aqui, de qualquer maneira, manter por escrito. A escrita, sempre a escrita. Pensar e salvaguardar o pensamento é, de facto, escrever. A escrita é um móbil específico do humano. Por outras palavras: ela é aquilo em que nos movimentamos, em que habitamos, em que vivemos e jamais um par de ferramentas para tratar do jardim. As ferramentas e o jardim somos nós mesmos, sem separações, impelidos ao dia-a-dia do mundo. Coisas despidas de palavras existem e são inúmeras, mas não ficam. São como uma sombra que se despede de nós, até que a escrita as reflicta, as hipnotize e as coloque no meio do nosso tumulto. Os arqueólogos, quando descem ao fundo da terra, o que procuram são inscrições, traçados, casos, ou seja: escritas. É verdade que um signo, qualquer signo, pode ser sempre usado fora da linguagem (olho à noite para a lua e prevejo que amanhã vai chover), mas diluir-se-á no nosso devir. Posso contemplar o rosto de um familiar, posso amaciar o ramo da nespereira, posso auscultar a gata a lamber as patas, mas esses actos apagar-se-ão, já se apagaram. Retê-los e albergá-los é procurar o sentido, mas não resistirão se não corarem à luz da linguagem. Razão por que os filósofos, os semióticos, os botânicos, os biólogos são, ao fim e ao cabo, escritores. Escritores de literatura? Não. Mas escritores, sim. E sem mácula alguma.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
quinta-feira 2.4.2020
Rosa Coutinho Cabral
La poesie ne rytmera plus l’action. Elle sera en avant Rimbaud
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OJE apetece-me ser uma mão, um pincel, um escopo, um martelo. Ser o que faz. O acto de fazer. Poeticamente ser o pensamento matérico a rondar abusivamente o mundo. Pensei descer em Franfurt e falar com Heidegger sobre a arte. Falo de pesca artesanal no meio das florestas que bordejam os lagos. Não considero menor o problema deixado pelo seu silêncio relativo ao nazismo mas, por bizarra ironia, ele legou ao pensamento estético a possibilidade contemporanea de reflectir sobre um pensamento feito à mão. Melhor que ele tenho Duchamp, o meu amante preferido. Quero sempre falar com ele. Quererei sempre dormir com ele, escutando uma interioridade que me acolha na revolução absoluta. A abertura, a clareira se quisermos, é que Duchamp retira a arte da colonização do óptico e do háptico, num passe que a Estética não equacionara. Nem Kant, na tentativa de a resgatar, como acção desinteressada, de qualquer propósito ou objectivo logocentrico. Nem Hume e Diderot, ao acrescentar-lhe uma grelha nova: o juízo de valor e o gosto. Adiante. Descanso dentro de uma mala de Duchamp e convido-me para quê? Perceber? Compreender? Aceitar? Viajar, seguramente numa nova constelação antropológica. Ao tremor romântico de Blake, acrescentamos as paixões alegres de Espinoza, as paixões arrebatadoras de Descartes, os remates semânticos no voo de borboleta da arte dita moderna, num funambulismo miraculoso mas perigoso, desde: o desfazer da perspectiva; juntar num mesmo suporte culturas visuais distintas, provocando um choque perceptivo; nomear ceci n’est pas une pipe, no desacordo surrealista com o sentido linear da representação; esvanecer o espaço abstratamente com todas as suas consequências... Caminhos, trajectos para encontrar uma nova pergunta sobre a arte, entre a repetição e a diferença dos canones, oscilando numa feroz tensão entre as mãos, os sentidos e o cérebro, mas, sobretudo, desenterrando-os da ocultação metafísica da tradição ocidental até ao auge do modernismo. Continuando. As mãos são do corpo e, gosto de imaginar, que o corpo pensa com as mãos quando faz arte. É obviamente uma mão que espalha os dedos todos pelo mundo e cria, neste caso, mundo. Mas cheira-me ainda a ontoteologia. Este caminho não me
Pela mão de Duchamp convém. Preciso ir mais longe. Perguntar melhor. Dou a mão a Duchamp e sinto-lhe as veias dilatadas e alguma rugosidade. Caminho ao seu lado, ele ainda é novo e, sobretudo, preguiça. Não é uma preguiça qualquer. É uma vontade: não quer repetir, repetir-se, quer fazer o novo de novo (Nietzche, esse delicioso fantasma, anda sempre por aí). Encosto a cabeça no seu ombro. Heidegger, não muito longe, sorri trocista. Sinto-me perdida. Eu sou apenas uma mulher loucamente apaixonada pelo contemporâneo. Por aquilo que é próprio do contemporâneo, ouviu? Mas ele já desapareceu sem tomar posição e afasta-se silenciosamente como um espectro. Sou percorrida por um arrepio gelado. Os pés pisam o tempo onde os tempos se insurgem e se abespinham por baixo de mim. O tempo não tem cor. É vazio. É uma ilusão. Pode ser de qualquer dimensão. Posso inventá-lo. Sinto medo de o surfar, como quando estou no mar e a onda empurra e faz descer depressa demais a prancha e eu travo a descida e páro o movimento. É um medo infundado porque se cair nem me magoo. Então o que é que me assusta? O desvão inclinado do chão mole que pode não manter o meu peso à tona. Ali, dum cantinho seguro do Todo, plana um tapete voador. De vez em quando percorre veloz a velocidade. Ri-se de mim e manda-me umas luvas mágicas. Tenho a certeza que é Nietzsche. Só pode ser. Também gosto dele. Posso dizer que não sou uma maria-vai-com as-outras, sou mais uma maria-vai-com-eles, quando são geniais. Apaixonadamente geniais. Admiro-os e não há melhor amor que a admiração. Qualquer outro comentário da ordem da intimidade não adianto porque nunca faria parte do que que quero contar nestas minhas teorias do céu: o que é próprio da arte no tempo contemporâneo. Atenção, não te distraias! Duchamp quererá largar-me da mão, por ter secumbido a uma vontade universal? Deixar-me pendurada no devir sem resposta? Raios e coriscos, neblinas e chuva MARCEL DUCHAMP
Teorias do Céu
miudinha, estrelinhas fulgentes, beijos coloridos, carícias perdidas, palavras sacudidas, deuses marxistas, diabos, anjos, fantasmas, ruínas, nadas - tudo num vórtice medonho que nunca mais termina. A mão de Duchamp, afinal agarra-se mais à minha e salva-me daquela escalada negativa, daquela queda para lugar nenhum. O sorriso enigmático, o desenterrar das obras – porque se trata sempre de criar obras, não mundo. Nelas está a origem da arte. A sua essência, não é, Sr. Heidegger? Não brincamos aos deuses, mas aos homens que podem jogar os dados de Deus, se calhar. É divertido. Se calhar Duchamp convida-me para uma partida de xadrez. Vou perder claro, a não ser que ele desconheça a entrada à Leonel Pias, inventada anos mais tarde por um português. Talvez tenha sorte, mais sorte do que tinha quando jogava com a minha filha: ela ganhava sempre. Mas não. A ideia dele era outra. Enfiou-me numa pintura que fez muito novo. Não me consegui concentrar dentro dela: algum naturalismo, algum impressionis-
Descanso dentro de uma mala de Duchamp e convido-me para quê? Perceber? Compreender? Aceitar? Viajar, seguramente numa nova constelação antropológica
mo... Perdi a jogada e fui cuspida daquele quadro para outro. Uau! Que diferença: estava dentro de puro movimento. Trepidante. Eu era um corpo que se desdobrava em tempo. Que estranho e que bom. Era a mão de Duchamp que me pensava enquanto corpo de mulher em movimento. Mas, chegando ao topo, fui atirada para outra coisa. Fiquei presa a um vidro que se estalava. O ruído do acaso ficou congelado na minha perceção. Escorreguei num urinol que afinal estava num museu, porque este meu amigo decidiu que era uma obra de arte. Depois numa caixa que se fechava e abria como uma pequeno museu, neste caso não imaginário, mas matérico. Miniaturizado. Com obras incompletas. E depois fui cuspida para o vazio da vida. A mão de Duchamp não tinha mais nada a dizer. Mas tinha dado o pontapé de saída do grande jogo contemporâneo da arte. O novo campo de forças estava traçado: as obras podiam não ser retinianas, o desouvrement do gesto contemporâneo podia desfazer, ou não, os contemporâneos de todo o tempo, como Giotto, Rembrant, Delacroix, Courbet, Manet, Degas, Cezanne, Picasso, Braque... Apesar da admiração que sinto por eles, por me raptarem ao mundo, nenhum deles fez a pintura como algo mais que a pintura e o seu suporte, nenhum deles me libertou da pintura retiniana. O meu grito de fuga escapava-se noutros gritos dentro do arquivo dos gestos contemporâneos de todos os tempos. A revolução está a postos para desacralizar, re-utilizar, destruir e libertar o gesto do exercício de um poder exterior. Doravante o poder origina-se na obra. Não há nada a legitimar porque cada obra é uma viagem de diferenças, distinções, novidades, refutações, explorando o avesso dos arquivos, os arquivos por existir ou destruindo-os, tão somente. Neste fazer/desfazer, a instalação e a performatividade espreita, aqui e ali. Um quadro de Marx Ernst anuncia o dripping de Pollock, a história contemporânea da pintura anuncia-se a ela mesma, pintando-se, fazendo-se, corpo-a-corpo com o corpo. Cada obra é uma mónade, um pensamento mas não um conceito. Já não agrega, nem ensina. Antes viaja sózinha. É tempo de fechar o assunto. A porta do abysmo abriu-se. A floresta é cada vez mais densa. Heidegger recorta-se lá ao fundo. Eu experimento com as minhas mãos e pinto os planos da natureza naturante, separando-os da síntese retiniana, e gostaria ainda de experimentar o meu corpo naturans, pelo meio, a bailar ao ritmo da poeisis silenciosa de Rimbaud. Outro mestre da revolução contemporânea. Serei por isso contemporânea?
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diário de Próspero
António Cabrita
27/03/2020 O gladiador que vai morrer saúda o Corona-César com um manguito porque também ele joga e julga e ri-se às gargalhadas dos Césares e dos que vão cuspir sobre o seu cadáver: saudades que me dão dos pépluns, a meio da noite, depois de um mosquito ter rompido de auriga a rede para me vir ferrar, quebrando-me o sono. Sentado de perna aberta na preia-mar, cogito em como o relativo jeito com que me sirvo da Parker não me torna destro no manejo do sílex e do carbono – ou seja, convém pouco que uma regressão civilizatória exceda os limites do tolerável. Ainda que a semana tenha sido deprimente e sinais apontem para aí, como o Bolso-onagro ter decretado que de entre as aglomerações desculpáveis, porque segundo ele essenciais, está a ida às salas de loto. É usar a roleta russa contra a população, ou idêntico a engolir um moscardo para o ver sair incólume, o seu verde iridescente e impoluto, pelo rabo, como se mais não fossemos - aos olhos da aleatoriedade do poder que ambos (insecto e Bolso) representam - do que o Homem Invisível. Entretanto, corroborando o “chefe”, o presidente do Banco do Brasil afirmou que “a vida não tem valor infinito“. Tem sim. Mais que não seja porque isso abriria o campo à discriminação, que é absolutamente destituída de siso. 28/03/20 Adormeci ontem a ver The Banker, um filme de George Nolfi, onde Bernard, um miúdo negro com queda para os números e os negócios se torna um empresário de tal sucesso que, contornando as omissões das leis, se tornou o primeiro negro dono de um banco no Texas, em
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Do retiro
1965, ainda que a coberto de um testa-de-ferro – branco. Só três anos depois dele e do sócio, Joe (um brilhante Samuel L. Jackson, como aliás, sempre) terem sido denunciados e condenados a prisão por puro racismo, é que se decretou finalmente uma lei nos States que proibia a recusa de vender propriedades por razões de raça, religião ou género. Cansa a desmedida da irracionalidade humana, mas a tragédia que o filme projecta é verificarmos como cinquenta anos depois não saímos do natural ressentimento e das clivagens entre raças. Como diz Joe a Bernard, que neste aspecto lhe parece ingénuo: «eu consigo ser amigo de brancos, “mas há sempre um extra”». A inversa, nesta terra em que habito, é igualmente verdadeira: eu consigo ser amigo de negros, “mas há sempre um extra” – esgotada a motivação de um “interesse” qualquer ou a “vantagem” passageira que eu possa ofe-
Um pato rasa o telhado da casa, a grasnar. Há uma hora andaram por lá os macacos. A lagartixa trepa pela parede amarela. A brisa leva o espantaespíritos a responder aos pássaros. Em fundo o mar nunca se engasga, como um piano de manivela
recer ao outro, a amizade volatiza-se, de repente. E agora há um “novo extra” associado à ignorância que rege a xenofobia: há quinze dias uns miúdos numa escola de primeiro ciclo fugiram de mim chamando-me “coronavírus!”. Hoje uma amiga contou-me como ontem, também num bairro popular de Maputo, o Alto Maé, a apontaram chamando-lhe “coronavírus!” e sentiu uma certa agressividade no ar. Que sejam casos esporádicos! Talvez esta tensão não decorra de um racismo de pele, mas de haver um entendimento popular de que seja esta doença uma enfermidade trazida pelos “ricos”, aqueles que têm possibilidade de viajar - aqueles que noutra crise foram apelidados de “chupa-sangue”. 29/03/20 De comum, tropeço em certas palavras a que sou alérgico, dado que por mais que as conheça não as uso nunca. Como “escopo”: o olhar é o escopo da luz, a larva é o escopo da borboleta, o seu sorriso com covinhas é um escopo de vagina, da brama do mar ao trilar das estrelas para além deste alpendre sobre o jardim tudo é escopo de um deus que se retira; o Índico tem cada vez menos peixes, lastimam-se os pescadores, que face às marés vivas olham para a faina como um escopo de ataúde, etc., etc. Não me escorrega facilmente pelo estreito, o vocábulo, nem em “escopo”. 30/03/20 Um belíssimo livro que devia ser obrigatório traduzir para português, Em Defesa do Fervor, do polaco Adam Zagajewski, que arranjei na tradução espanhola: uma defesa da poesia em tempos de cinismo e um hábil resgate do Belo e do Sublime, que Zagajewski leva a cabo sem padecer de qualquer recaída no idealismo.
Um excerto: «A poesia e a dúvida necessitam uma da outra, coexistem como o carvalho e a hera, o cachorro e o gato. Mas a sua união não é harmónica nem simétrica. A poesia precisa de duvidar da poesia. Graças à dúvida a poesia é purificada da insinceridade retórica, da verborreia e falsidade, da sua fixação prematura e da euforia vazia (não a verdadeira). Sem o olhar severo da dúvida, a poesia – especialmente no nosso tempo sombrio – poderia degenerar numa canção sentimental, num cântico exaltado embora estulto ou num louvor impensado de qualquer coisa inorgânica no mundo» 31/03/20 Um pato rasa o telhado da casa, a grasnar. Há uma hora andaram por lá os macacos. A lagartixa trepa pela parede amarela. A brisa leva o espanta-espíritos a responder aos pássaros. Em fundo o mar nunca se engasga, como um piano de manivela. Estou embutido na natureza, esta benigna, já a do vírus é da predação, como a nossa. Mas por enquanto sinto-me distante das crónicas de desmoronamento. Bebo o terceiro chá da manhã, resolvi fazer uma dieta-intermitente e passo catorze horas sem levar uma bucha à boca, a ver se estou mais magro seis ou sete quilos quando o bicho me apanhar porque devido ao peso sinto os pulmões opresos. Hoje sonhei. No meu sonho, bizarro, aparecia uma miúda de carrapito e aspecto modesto; o aprumo e a procissão, merda, merda, caiavam-na por dentro, como se lhe forrassem de papel de parede o verso da pele. Espreito as notícias, tantos motivos para execrar o mundo. Mas de duas coisas sei: que nunca se deve apostar contra o mistério e que nunca me conseguirão inflamar o ódio. Tenho esta fraqueza.
(f)utilidades 17
quinta-feira 2.4.2020
TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 17 MAX 20 HUM 80-95% • EURO 8.72 BAHT 0.24 YUAN 1.12 ´
NAÇÕES MESMO UNIDAS ANADOLU AGENCY/ANADOLU AGENCY VIA GETTY IMAGES
Na capital do Irão, a Torre Azadi iluminou-se com as bandeiras dos países que mais sofrem com a pandemia do novo coronavírus. Além do sentido de unidade, a torre de Teerão também reflecte uma mensagem de gratidão aos profissionais de saúde.
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33 Cineteatro 2 8 BLOODSHOT 32[C] 4 1 5 9 6 BIRDS OF PREY [C]6 3 5 1 2 8 7 FANTASY ISLAND [C] 4 6 9 1 5 4 7 3 6 SALA 1
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Um filme de: Cathy Yan Com: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell 18.00
Um filme de: Jeff Wadlow
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C I N E M A
Um filme de: David S. F. Wilson Com: Vin Diesel, Eiza Gonzalez, Sam Heughan, Toby Kebbel, Guy Pearee 15.30, 21.00
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 30
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4 1 7 5 9 5 3 6 THE 7INVISIBLE MAN [C] 3 8 2 4 3 8 9 1 7 2 7 THE 7 TURNING 6 [C]5 8 3 1 2 6 9 1 7 9 5 3 4 2 2 7 9 3 6 2 5 6 4 8 1
Com: Michael Peña, Maggie Q, Lucy Hale, Austin Stowell 14.30, 19.30
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Um filme de: Leigh Whannell Com: Elisabeth Moss, Adis Hodge, Storm Reid 17.00 SALA 3
Um filme de: Floria Sigismondi Com: Mackenzie Davis, Finn Wolfhard, Brooklynn Prince, Barbara Marten 15.00, 17.45, 20.15
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Irónico e multifacetado. “Office Politics” é um álbum com enredo e personagens que fazem lembrar uma sitcom britânica. É rebuscado, atrevido e conta com arranjos sonoros inesperados que tanto nos colocam perante uma balada sonhadora, uma batida “robotizada” a atirar para os Kraftwerk ou um musical bem encenado. Embora possa soar estranho, e não propriamente melódico a espaços, é uma obra cuidada e um bom garante de diversão. Pedro Arede
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VIDA DE CÃO
ANDAR PARA TRÁS Um homem sobe a rua do Lilau de costas enquanto entoa, a tempos, cinco gritos de cada vez, perfeitamente sincronizados com os passos que dá. Tem máscara e calções. À distância, o palreio parece vir das árvores. Mas não! Deve ser só exercício físico para descomprimir. O esforço é admirável, mas parece perfeitamente escusado. A casa do Mandarim está de (algumas) portas abertas, interditando os seus visitantes de aceder aos pisos superiores. Sentado ao pé do quiosque do Lilau, imagino-me num qualquer largo em Lisboa a cogitar um daqueles planos para cruzar uma Europa sem fronteiras de caravana ou comboio. É fácil sentir a vida a andar para trás nos dias que correm. A possibilidade de não podermos fazer o que nunca fizemos, mas que está lá guardado na nossa velha lista de desejos, pode ser só por si uma angústia. Mas talvez sejam só as circunstâncias a toldar o sentimento. Depois disto tudo (o que quer que isso seja) seremos exactamente os mesmos, com os mesmos vícios, aspirações, vontades, curiosas rotinas e qualidades. Cabe-nos, desde já, arregaçar as mangas e lembrarmo-nos destes dias mais lá para a frente, talvez apenas para não hesitarmos perante essas tais coisas que nunca fizemos, mas temos inexplicavelmente saudades de fazer. Não sei que mundo será o da Primavera de 2021. Mas pelos vistos, às vezes, para ir para a frente, até pode ser mais fácil seguir um caminho se o fizermos a andar para trás. Sem ver para onde vamos. Mesmo que esse caminho seja uma subida bem inclinada. Pedro Arede
OFFICE POLITICS | DIVINE COMEDY
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18 opinião
2.4.2020 quinta-feira
A política global “As the coronavirus began to spread across the United States, President Trump repeatedly insisted that it was nothing to worry about. Two months later, the United States became the first country in the world with more than 100,000 cases, the economy has ground to a near standstill, and the virus has killed more than 1,000 people in New York state alone. As cases increased and stocks tumbled, the president’s attitude toward the threat of covid-19, the disease caused by the novel coronavirus, has evolved from casual dismissal to reluctant acknowledgment to bellicose mobilization.” Harry Stevens and Shelly Tan
O
Iraque aperfeiçoou-se no “eixo do mal”, mas o Irão e a Coreia do Norte continuam a ser os bichos-papões dos Estados Unidos e adicionando a Venezuela e a Síria à lista, ter-se-á um grupo de adversários empenhado dos americanos. Mas, ao contrário da lista original do ex-presidente George Bush, que precipitou a mudança de regime no Iraque, o presidente Trump não fará muito para derrubar os seus adversários e, portanto, é improvável que os Estados Unidos comecem uma nova guerra em 2020 até porque a COVID-19 vai minar por completo a energia e ânimo do país. O Irão é o maior desafio e após o assassinato de Suleimani pelos Estados Unidos, necessitava de retaliar, incluindo uma aceleração mais rápida do seu programa nuclear, a expansão da sua guerra e provavelmente até ataques directos contra os Estados Unidos e seus aliados. Sucede que nem o presidente Trump nem o Irão querem a guerra. O presidente dos Estados Unidos abomina empreendimentos estrangeiros e um conflito com o Irão seria grande e poderia prejudicá-lo durante a campanha eleitoral. Apesar de toda a sua arrogância, as elites iranianas mantêm um respeito saudável pelo poder dos Estados Unidos. Todavia, os aliados dos Estados Unidos (especialmente a Arábia Saudita e Israel) são castigados pela falta de apoio dos americanos ao confronto. A Arábia Saudita, em particular, está a procurar formas de aliviar as tensões e uma solução diplomática continua a ser um tiro no escuro, mas ainda é de acreditar contra uma grande guerra entre os Estados Unidos e o Irão, mais quando a COVID-19 está a enfraquecer de forma brutal ambos os países. A Coreia do Norte jogará “difícil” nos próximos meses, pois sabe que o presidente Trump está desesperado por uma vitória na política externa que o favoreça melhor que qualquer outro candidato e daí será seguro avançar com a escalada de demonstrações/ provocações com o programa de mísseis e talvez até um lançamento de satélite ou um teste intercontinental de mísseis balís-
ticos. Ainda assim, trata-se de garantir o alívio das sanções, não levando os Estados Unidos à beira do abismo. Se comparado com o Irão e a Coreia do Norte, o presidente Trump importa-se pouco com a sorte da Síria ou da Venezuela e continuará a aliciar tropas na Síria, apesar das consequências inevitáveis de que a Rússia e o Irão beneficiarão e o Estado Islâmico possa ter a capacidade improvável de se reorganizar. O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, continuará a presidir um governo que destruiu o seu país, mas apresenta pouco risco para alguém, além dos seus vizinhos. As possibilidades do presidente Trump tomar acções militares na Venezuela são próximas do zero. O populismo continua a crescer em todo o mundo, capturando mais atenção da média durante o seu percurso. No entanto, apesar de toda a retórica agressiva e os personagens coloridos, as democracias mais solidificadas do mundo permanecem mais bem posicionadas para enfrentar a tempestade populista pelo menos em 2021, ainda que por razões diferentes. O processo de formulação de políticas nos Estados Unidos permanece aprisionado tanto por interesses especiais, quanto pelo corpo político profissional do país (o que Trump chama de “estado profundo”, mas na verdade é uma “burocracia profunda”). Na Europa, os países continuam a sofrer uma onda de populismo a nível nacional, mas a sua perturbação foi limitada pela arquitectura supranacional da União Europeia (UE), com um conjunto durável de instituições legisladoras com os trabalhadores mais tecnocráticos. O Reino Unido ao sair da UE é a excepção, mas sob a liderança maioritária de um Boris Johnson maximamente não ideológico, obtém uma pausa de curto prazo, mas por seu lado, o Japão contornou o fenómeno político do populismo, o resultado de uma combinação única de baixa desigualdade, migração limitada, aversão à aventura militar e o alcance comparativamente pequeno de “notícias falsas”. Os políticos populistas a curto prazo criarão pouco impacto nas políticas, o que não significa que esses países sejam isolados de políticas populistas indefinidamente. A desaceleração do crescimento económico global acelerado pela pandemia da COVID-19, as alterações climáticas e o deslocamento dos trabalhadores fortalecerão os políticos populistas ao longo do tempo, mas para 2020, não haverá muito impacto político. O Reino Unido faz uma interrupção, o que constitui uma grande vitória para Boris Johnson e para o seu Partido Conservador, sendo uma perda ainda mais histórica para os simbólicos esforços eleitorais de Jeremy Corbyn, dando aos britânicos algum espaço necessário para respirar. O Reino Unido (finalmente!) saiu da UE a 31 de Janeiro de 2020, após quase quatro anos de incerteza política sem precedentes. A nova maioria conservadora de Boris Johnson votou no acordo de retirada e na “declaração política” para formalizar a saída do Reino Unido,
fazendo que o primeiro-ministro lidere um “governo de divergência”, que dê prioridade à liberdade regulatória do Reino Unido na Europa, fazendo tudo de forma diferente, mesmo que limite o acesso ao mercado único e crie ventos contrários substanciais para a economia do Reino Unido e seus sectores industriais. Apesar disso, é improvável que haja um forte impacto em 2020. O Reino Unido permanecerá em uma transição paralisada durante todo este ano, mesmo quando as negociações se tornarem difíceis (o que invariavelmente ocorrerão), o que oferecerá aos investidores um certo grau de certeza com todo o ruído produzido. Boris Johnson apesar de ter pontuado na UE não está disposto a arriscar qualquer sindicância eleitoral. Ainda que a Escócia também seja ruidosa, não existe qualquer possibilidade de um referendo para a independência. É verdade que a forte manifestação do Partido Nacional Escocês de Nicola Sturgeon nas eleições de 12 de Dezembro de 2019, reforçou a sua alegação
de que os interesses da Escócia estavam a ser ignorados, mas é apenas com o tempo que a economia do Reino Unido reforça o seu impulso pela independência, pelo que 2020 não será um ano de alto risco para o Reino Unido. A COVID-19 não irá acabar com a vida quotidiana como a conhecemos, mas também é a política global invertida. Antes da intensificação da pandemia da COVID-19 existiam várias preocupações a nível mundial, e uma era a legitimidade das próximas eleições presidenciais americanas, devido às consequências do processo de “impeachment” mais politizado da história, à quase certeza de interferência estrangeira e aos candidatos à presidência que atiçavam chamas da teoria da conspiração. Era uma mistura potente de factores que garantiam que aproximadamente metade do país, sentiria como se as eleições lhes fossem “roubadas” se o candidato preferido não vencesse. Tudo continua a ser verdade e agora a COVID-19 abre uma nova avenida para recriminações políticas e lavagem de
opinião 19
quinta-feira 2.4.2020
perspectivas
JORGE RODRIGUES SIMÃO
invertida
dinheiro, ao mesmo tempo que complica o acto físico de ir às urnas. Os Estados Unidos nunca tentaram uma votação por correio em todo o país ou uma votação electrónica nacional, e em um ambiente político tão polarizado quanto este, a COVID-19 aumenta esse risco. A outra preocupação era de que a guerra tecnológica por mais nociva que seja entre os Estados Unidos e a China, ainda havia algo pior, pois essa divisão entre os dois países espalhar-se-ia para outras áreas económicas. A COVID-19 acelerou consideravelmente essa linha do tempo, pois os sectores de manufactura e serviços foram forçados a começar a reorganizar as cadeias de fornecimentos e de actividades. As medidas, por enquanto, são temporárias, mas quanto maior se tornar a actual crise global da saúde, mais empresas serão forçadas a considerar e tomar medidas permanentes, aprofundando a divisão entre os Estados Unidos e a China. A COVID-19 aumenta significativamente esse risco. À medida
que a disputa económica entre os Estados Unidos e a China se intensifica, a luta entre as duas únicas superpotências económicas do mundo, transformar-se-ia em uma luta mais ampla de influência e valores, juntamente com elementos de segurança nacional, o que também foi acelerado pela COVID-19, ao qual o presidente dos Estados Unidos e membros do seu partido começaram a referir-se como sendo o “vírus Wuhan” e o “vírus chinês”.
À medida que a disputa económica entre os Estados Unidos e a China se intensifica, a luta entre as duas únicas superpotências económicas do mundo, transformar-se-ia em uma luta mais ampla de influência e valores
Os dois países têm líderes que se preocupam muito com a forma como a sua resposta ao COVID-19 está a ser vista e sentida pelas pessoas a nível interno e internacional e colocar a culpa de um país no outro não os ajuda a conter o vírus de forma alguma, mas sim ajuda a desviar as consequências políticas. As relações entre os sectores público e privado raramente foram fáceis. Mas, à medida que os problemas do mundo começaram a aumentar e os governos se esforçavam para os acompanhar, as pessoas iniciaram a procurar “Empresas Multinacionais (EMNs na sigla inglesa)” para ajudar a resolver muitos dos problemas que atormentavam as sociedades nas quais operavam e obtinham lucro. Antes do COVID-19, era de esperar que 2020 fosse um ano em que as EMNs enfrentariam pedidos de mais acções em questões sociais, como as alterações climáticas e a luta contra a pobreza, enquanto lutavam para satisfazer os accionistas em um ambiente económico global em desaceleração. Essa desaceleração da economia global continua a ser um grande desafio, devido ao COVID-19 e às novas preocupações da cadeia de fornecimentos, mas, por enquanto, os governos têm outras preocupações além de responsabilizar as multinacionais. Os desafios que a COVID-19 traz oferece oportunidades para as empresas de tecnologia e produtos farmacêuticos intensificarem e ajudarem as pessoas a viver o mais normal possível durante estes tempos difíceis. Houve um nervosismo com o regresso do primeiro-ministro indiano Narendra Modi ao nacionalismo hindu, por se tratar de uma orientação política que teve ramificações significativas na sociedade indiana e no progresso do país em direcção a reformas económicas. A Índia até agora conseguiu lidar muito bem com o surto da COVID-19, mas não há garantias de que será assim no futuro, especialmente porque o país é três vezes maior que a China em termos de densidade populacional e não tem nem o mesmo tipo de capacidade de resposta política e de saúde e se houver uma irrupção de COVID-19 que atravesse o país poderá causar um dano social ainda maior. Antes da acometida da COVID-19, a UE, sob a liderança da recente nova presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, estava a preparar-se para adoptar uma abordagem mais assertiva ao relacionamento com a China e os Estados Unidos, que se tornaria aparente, através do aumento da regulamentação tecnológica, aplicação mais estrita das regras e tarifas comerciais e ainda maior cooperação militar entre os demais estados membros do bloco europeu. A chegada da COVID-19 à Europa mudou fundamentalmente essa orientação e ao invés de combater os Estados Unidos e a China na esfera geopolítica, a UE está focada em combater o coronavírus no seu espaço geográfico. É difícil atingir esse objectivo dado o monstruoso número de infectados e mortos, onde sobressaem a Itália, Espanha, França e Alemanha.
As alterações climáticas começaram inalteradamente a passar das margens políticas para a o quotidiano político, e 2020 foi o ano em que o momento da acção climática forçaria um choque entre activistas, governos e empresas, e embora as alterações climáticas ainda representem a maior ameaça física e existencial que o mundo enfrenta, o imediatismo que o problema estava a ser tratado foi suplantado pela crise da COVID-19. O isolamento social e a diminuição brutal da actividade industrial é um beneficio para as alterações climáticas. A política equivocada dos Estados Unidos em relação aos países liderados por xiitas no Médio Oriente (Irão, Iraque, Síria) estava a levar a região à instabilidade, mas, apesar da retórica, nem os americanos, nem os iranianos querem um confronto militar genuíno (não obstante, o assassinato de Soleimani). Tanto os Estados Unidos como o Irão estão a lutar para combater os seus surtos domésticos de COVID-19, o que significa que ambos os países têm menos incentivo para entrar em guerra. Ao mesmo tempo, um surto significativo de COVID-19 no Iraque e na Síria pode causar golpes reais a dois países que lutam para se estabilizar, e que a política dos Estados Unidos não os ajudou. Ainda que a COVID-19 diminua os riscos da política dos Estados Unidos em relação ao Irão, aumenta-os na Síria e no Iraque. AAmérica Latina estava em crise política antes mesmo do surgimento da COVID-19, com uma classe média recém-criada a exigir melhores serviços públicos e menos corrupção dos seus líderes e não conseguindo obtê-los. A América Latina começou a ser atingida tanto pela COVID-19 quanto a Ásia e a Europa, mas será apenas uma questão de tempo a sua evolução. Assim, combinados com o recente colapso dos preços do petróleo, após a decisão da Rússia e da Arábia Saudita de entrar em uma guerra de preços do petróleo, os líderes de países produtores de petróleo como o Brasil, Colômbia, Equador e México necessitam de se preparar para algumas semanas difíceis que terão pela frente. O mesmo acontece com o restante da América Latina, cujo sistema de saúde e infra-estrutura subjacente serão testados como nunca nas próximas semanas e meses. A Turquia rapidamente recuperou a desvantagem de infectados por COVID-19 ocupando a décima terceira posição dos países com mais infectados. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan tem um historial de agir de forma irregular quando sente a pressão política e económica. Tal pressão estava a aumentar devido às deserções de alto nível do seu partido, o AK, no poder, uma economia turca amolecida e a cara aventura militar na Síria, que prejudicaram seriamente as relações da Turquia com a Rússia e a UE. É de acrescentar a tensão iminente da COVID-19, e é possível que Erdogan actue de forma nova e imprevisível, lutando para manter o poder e a popularidade.
“E Deus limpará dos seus olhos todas as lágrimas; e não haverá mais morte, nem pranto,nem clamor, nem dor.” Apocalipse 21:4
DIÁRIO SEM BORDO
O
ITO da manhã e o toque para o pequeno-almoço. Às vezes preferia não acordar tão cedo. Mas sabendo que a intenção é comer o repasto quente, não consigo passar sem, pelo menos, abrir a porta, dizer bom dia e agradecer. Já trato o desconhecido simpático pelo nome. E ele a mim. Há duas semanas que me vê acordar, a aparecer-lhe à frente desgrenhada e a andar aos esses de sono. A soltar um bom dia rouco, e a acrescentar no mesmo tom “estou com sono, obrigada e até já”. Dez da manhã, e está na hora da temperatura. Descansada com aqueles 35 e picos, 36, tento voltar ao sono. Apetece-me ver o dia passar mais rápido. Pouco depois, mais três toques para a entrega de um envelope. Era do Hotel. Na carta lia-se: “Agradecemos a sua colaboração nesta quarentena e esperamos ter tornado a sua estadia o mais confortável possível nestas circunstâncias difíceis”. Mais adiante continuava. “Agora que se aproxima o momento da sua saída, o regresso à vida normal e à PUB
PALAVRA DO DIA
Manhãs ocupadas
sua família e amigos queremos demonstrar a nossa gratidão e deixar o convite para uma visita futura”. Este convite vinha fundamentado por dois vouchers de consumo com validade até ao final do ano. Um gesto bonito. Uma validade assustadora. Até Dezembro de 2020. A inconstância do momento alarga o tempo para uma eventual utilização das coisas. Ainda estava eu a reler a carta, principalmente “o momento da sua saída e regresso à vida normal e à
sua família e amigos”, e a tentar perceber esse conceito de normalidade que não me parece existir do outro lado do vidro, e sinto passos lá fora. Assinalam-se com o som de quem anda vestido em plásticos ou coisa parecida. Era a equipa médica. Afinal, a dois dias de uma saída, é preciso verificar outra vez. Cotonete acima, menos doloroso, mas também menos simpático. E lá foi a amostra. Preciso de chocolates. Acabaram-se. Não por serem poucos.
Mas porque não passo sem eles, principalmente pela noite dentro. Tenho que agradecer devidamente ao Mário. “Tens chocolate?” Perguntei-lhe ontem lá para a meia-noite. “Claro”. “Manda cá para baixo” “Quarto?”. Respondi no mesmo tom de telegrama e minutos depois apareceu-me o segurança, visivelmente risonho com um kit kat de chocolate negro dentro de um saco. Rimos bastante naquela entrega. Hoje ouvi os bons dias da redacção da rádio. Tantas vozes bonitas do outro lado. Obrigada Marta por teres servido de pombo correio entre os beijos de cá para lá e vice-versa. Ontem falei com o João, de quem não sabia nada há anos. Senti-lhe a rebeldia que antes lhe saltava até dos caracóis do cabelo, o humor ácido que queima a realidade. E o carinho. Até amanhã. Macau, 1 de Abril de 2020 M.M.
quinta-feira 2.4.2020
Medicina China exige documentação adicional a exportadores
O Governo chinês disse ontem que vai exigir documentação adicional às empresas do país para lhes permitir exportem equipamento médico, incluindo testes de detecção do novo coronavírus, máscaras, fatos de protecção ou termómetros de infravermelhos. Pequim informou que as empresas chinesas que exportam equipamento médico devem fornecer evidências de que os produtos são licenciados pelas autoridades do país e atendem aos padrões de qualidade dos países de destino. As alfândegas chinesas só permitirão a saída de produtos com licença atribuída pelas autoridades da saúde. A mesma nota indica que foi tomada a decisão de "garantir a qualidade e a segurança" dos produtos, para que se "cumpram os requisitos" e os padrões dos países de destino. A medida foi tomada dias depois de Espanha ter informado que testes de detecção rápida para a Covid-19 comprados à empresa chinesa Shenzhen Bioeasy Biotechnology eram defeituosos e que teve de devolve-los.