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t e r ç a - f e i r a 2 d e j u n h o d e 2 0 1 5 • ANO X I V • N º 3 3 4 2
hojemacau urbanismo profissionais pedem mudanças no cpu
exposição
Uma sala com memória clube militar centrais
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Katerina Izmailova
Traça-me um novo perfil O Conselho do Planeamento Urbanístico não funciona, afirmam profissionais do sector. A falta de objectividade e um grande volume de
trabalho face à dimensão do organismo são algumas das razões apontadas por arquitectos que pedem uma restruturação do Conselho.
boi luxo
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assembleia
Coutinho vezes sete política Página
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opinião
A bola menos redonda fernando eloy Página 15
jogo
mar do sul
As ilhas mais bicudas china página
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Processos por dívidas disparam grande plano Página
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diário de bordo
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hoje macau terça-feira 2.6.2015
por carlos morais josé
O regresso da política
ontem macau
António Falcão
Viriato Soromenho-Marques proferiu ontem uma conferência sobre a União Europeia, os erros cometidos e o seu eventual futuro. Para o orador, que tem uma visão desassombrada do percurso da UE, desde os seus “pais fundadores” até aos nossos dias, são incompreensíveis e inaceitáveis algumas das políticas que têm sido postas em prática, políticas essas que demonstram o desconhecimento que os actuais dirigentes parecem ter da História. Nomeadamente, certos aspectos das políticas económicas e financeiras. Para VSM, resta à UE dar um passo
José Luís Sales Marques • Economista, sobre o relatório da Bloomberg que coloca Macau numa situação pior do que a Grécia
em frente, em termos políticos, e avançar para um federalismo, que propõe como dos cidadãos, por oposição ao das instituições. Na assistência surgiram duas linhas de interrogações: 1) Quem poderia assumir o protagonismo destas alterações deste passo em frente federalista; 2) Se os “erros” cometidos foram realmente erros ou modos de favorecer determinados interesses, nomeadamente das entidades financeiras. Parece-me interessante reflectir brevemente sobre estes dois vectores. É que, tudo indica, o sistema
financeiro implantado na Europa (e não só) tende, de forma drástica, a eliminar qualquer protagonismo, seja ele político ou social. Veja-se o caso Hollande, em França, ou Obama, nos EUA. A política extingue-se aos poucos para dar lugar aos negócios que há muito ultrapassaram os limites das nações e seus eventuais interesses. A prova deste estado de coisas está nos pontos comuns entre os programas dos pólos opostos dos panoramas políticos, como está na similitude entre os programas dos partidos do chamado arco da governação ou tradicionais.
O Secretário de Estado da Defesa norte-americano, Ashton Carter ouve o Ministro da Defesa do Vietname, Phung Quang Thanh, falar durante uma conferência de imprensa no Ministério da Defesa, em Hanói. Carter sugeriu ao Vietname que desista dos projectos de reclamação de ilhas no Mar do Sul da China EPA/LUONG THAI LINH
“É perfeitamente ridícula [a análise], nem vale a pena comentar mais”
édito Como seria possível imaginar que a Frente Nacional e o Podemos iam propor medidas semelhantes para ultrapassar a crise? Certamente porque os partidos tradicionais estão de tal modo comprometidos com o sistema financeiro que recusam, cegamente, alterar as políticas de austeridade que levam a Europa (e os Estados) para o desastre. O que falta realmente na Europa é o regresso da política, o regresso dos ideais fundadores, a força das convicções, a importância da ética. O resto é just business, ou seja, caos e o fim de um mundo.
horah
“Não é qualquer pessoa que pode avaliar a nossa profissão. Se vamos continuar a ouvir muitas opiniões, a discutir, nunca mais acaba o nosso trabalho” Mónica Cordeiro • Membro do Conselho para os Assuntos Médicos, sobre o regime de acreditação profissional
“Os bichos aqui são os nossos medos, podem ser os nossos sustos, os preconceitos, os nossos eus todos”
“Os dois médicos que diagnosticaram esta doença cumpriram os funcionamentos de saúde comuns de forma séria e responsável e não violaram os regulamentos médicos durante os processos de tratamento” Comunicado de quatro associações do sector da saúde sobre os dois médicos acusados de negligência no Kiang Wu | P. 6
Ana Jacinto Nunes • Sobre a sua exposição no Albergue
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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
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hoje macau terça-feira 2.6.2015
Os promotores de Jogo de Macau têm mais de duas centenas de acções intentadas por dívidas de jogadores e a tendência é de aumento. A maioria dos processos chegou depois da primeira quebra nas receitas, há um ano
grande plano
Jogo Mais de 200 processos por dívidas interpostos por ‘junkets’
Tempo de crise, trancas na porta Das acções intentadas, 110 do total foram-no depois de Abril de 2014. Ou seja, segundo o macaugamingwatch.com, 46% de todos estes processos deram entrada no último ano.
Desconhecidos
Exactamente há um ano começava a primeira descida nas receitas do jogo e os primeiros sinais de abrandamento do jogo VIP. Enquanto os procedimentos em tribunal aumentam, mantêm-se quase desconhecidos quem são os que devem dinheiro aos promotores do território. Um facto que o macaugamingwatch.com atribuiu à própria informação disponibilizada pela Justiça. “Os tribunais da RAEM só fornecem informação limitada sobre o número de casos que deram entrada na Primeira Instância. A informação inclui a natureza do caso, a data de entrada e a identidade do queixoso”, pode ler-se nos documentos acessíveis no website. “O site não revela informação sobre o alegado réu ou a quantia envolvida.” Contudo, alguns destes processos obrigam a que sejam publicados na imprensa local avisos de comparência em tribunal. Exemplo disso são três casos que foram recentemente introduzidos em formato de publicidade no Jornal Tribuna de Macau. Todos indicam o nome dos réus do processo, que demonstram que são indivíduos naturais do continente, e todos dizem que estão “ausentes em parte incerta”. As dívidas ascendem a mais de 40 milhões de patacas em alguns casos. Recorde-se que muitos promotores de Jogo se queixam de não poderem ver cobradas as dívidas que têm pendentes quando os jogadores fogem para o continente, por não haver acordos entre as duas regiões para tal.
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á deram entrada nos tribunais de Macau mais de duas centenas de processos relativos a dívidas de Jogo. Os processos são interpostos por promotores de Jogo e ascendem aos 240. De acordo com o site macaugamingwatch.com, formado pela União Internacional de Engenheiros do Nevada (IUOE) e dedicado a investigar casos relacionados com o Jogo em Macau, especialmente face à actuação de promotores, o grupo Golden Palace Promotion é o que mais processos tem em tribunal. Registos e informações que podem ser encontradas no site indicam este ‘junket’ tem 24 acções intentadas em tribunal, ficando no top 10 dos promotores de Jogo com mais processos. Seguem-se a Jenny Feng Yi (com 19), a Chu Yuet Wah, com 14, a Tak Chun Gaming Promotion, que intentou 13 acções, a San Chao Gaming Promotion com uma dezena, a Macao Golden Group (10), a Ama International e a Sai Tai Wu Entertainment, com nove cada uma, a Ocho e a Sociedade de Investimento San Ip Seng, com sete acções em tribunal cada. “Estes contabilizam 50% de todos os processos interpostos por ‘junkets’ que conseguimos identificar”, revela o site.
Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
Tempos difíceis
Os processos dão entrada em tribunal em diferentes datas, que vão desde o ano 2008 a 2015. Mas, segundo os dados do macaugamingwatch.com analisados pelo HM, a tendência para a interposição de acções pela parte dos ‘junkets’ tem aumentado desde que Macau começou a registar quebras nas receitas do Jogo e no segmento VIP dos casinos. Segmento onde os promotores de Jogo são mais procurados. Por exemplo, a partir de meados do ano passado até este ano, o número de acções em tribunal subiu de 46 (entre Maio de 2013 e Abril de 2014), para 102 proces-
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sos contabilizados entre Maio de 2014 e Abril de 2015. Só em 2014, foram 93. Recorde-se que foi em Junho do ano passado que as receitas começaram a descer pela primeira vez. Os casinos de Macau fecharam com receitas de 27.215 milhões de
patacas, registando uma quebra de 3,7%, a primeira em cinco anos. Quedas de mais de 20% nos jogos VIP têm marcado estes 12 meses. “Os promotores de jogo estão a virar-se mais para os tribunais nestes anos recentes”, começa por analisar também o site da IUOE.
“Os promotores de jogo estão a virar-se mais para os tribunais nestes anos recentes” Site da IUOE
Dados de Dezembro de 2003 mostram que esta era uma “época dourada para os ‘junket’”, muito devido ao seu aparecimento com a liberalização do Jogo e, nestes primeiros anos, não eram comuns os processos, sendo que o primeiro só foi interposto em 2008, ano em que apenas seis deram entrada nos tribunais. “Identificámos 37 processos que foram iniciados por promotores desde 2008 a 2011. Menos de um por mês”, indicam os dados.
Receitas caem 37,1% em Maio
As receitas dos casinos de Macau caíram em Maio 37,1% para 20.346 milhões de patacas, cumprindo o 12.º mês consecutivo de diminuição homóloga das receitas, indicam dados oficiais ontem divulgados. Em termos acumulados, os casinos de Macau encaixaram receitas de 104.289 milhões de patacas – também menos 37,1% - face aos primeiros cinco meses do ano passado, de acordo com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos.
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política
Carlos Marreiros defende que o Conselho do Planeamento Urbanístico deve ser “reestruturado, porque não funciona, quer pelo tamanho, quer pela falta de objectividade”. Rui Leão, membro, concorda, e diz que deveria ir-se além da análise das plantas de edifícios. Manuel Wu Iok Pui Ferreira diz que é preciso esperar pelo plano director de Macau
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m cada reunião do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), criado em 2013, assiste-se a um desfilar de Plantas de Condições Urbanísticas (PCU), por norma de edifícios de pequena dimensão. Ao HM, Carlos Marreiros, arquitecto e membro de vários conselhos consultivos e comissões do Governo, considera que o CPU, tal como existe actualmente, não funciona. “[O CPU] é um dos conselhos que devia ser reestruturado, porque não funciona, quer pelo tamanho quer pela falta de objectividade, e também devido ao facto do volume de trabalho ser muito grande. Tem que se separar o trigo do joio e tem que haver priorização de metas.” Para o arquitecto, o CPU deve “ser mais funcional, de menor dimensão e com um regulamento interno, para que as pessoas sejam objectivas [nas suas intervenções]. Deve escolher-se o que é verdadeiramente prioritário para ser discutido e não levar coisas
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CPU Profissionais defendem reestruturação
António Falcão
Atolados em plantas “[O CPU] é um dos conselhos que devia ser reestruturado, porque não funciona, quer pelo tamanho quer pela falta de objectividade, e também devido ao facto do volume de trabalho ser muito grande” Carlos Marreiros Arquitecto
de edifícios sem importância, que não interferem na vida citadina nem em termos ambientais, do património”. Para Marreiros, o Conselho deve focar-se nas “grandes questões pendentes”, como são as de trânsito, estacionamento, habitação, planeamento urbano, jardins e espaços abertos. “Que têm a ver com a melhoria das condições de vida da população”, remata. Rui Leão, arquitecto e um dos membros do CPU, concorda com a opinião de Marreiros. “Há que agilizar a agenda, porque não há nenhum mecanismo de filtragem. Muitos vogais têm levantado essa questão, porque as PCU caem todas em cima da mesa e ficamos sem tempo para resolver outras questões mais ligadas ao urbanismo”, disse ao HM. Rui Leão diz que, além do trabalho de análise das PCU, há mais
trabalho que deveria ser objecto de estudo. “Não devia haver uma concentração única nas PCU, deveria haver um sistema de filtragem, para que as reuniões não se esgotem numa quantidade enorme de plantas para analisar”, defendeu Rui Leão, que pede uma diferenciação de funções. “Sendo o CPU repartido em comissões de trabalho, estas deveriam ter funções diferentes, porque há comissões que se debruçam mais sobre questões legais e outras que se preocupam mais com o planeamento em geral.”
Esperar o plano director
Manuel Iok Pui Ferreira, outro membro do mesmo Conselho, concorda com Carlos Marreiros, mas adverte para o facto de Macau ainda não possuir um plano director, determinado pela Lei do Planeamento Urbanístico.
“De forma geral, concordo com a opinião de Carlos Marreiros, porque um planeamento urbanístico deve ter uma visão macro, isso é óbvio. Mas como o Governo só deverá concluir o plano director para Macau daqui a três ou cinco anos, estamos num período de transição e é necessário discutir cada projecto. O desenvolvimento da cidade não pode ser controlado e muitos edifícios que queremos proteger poderiam ser destruídos ou alterados. Por isso não concordo que agora se altere o funcionamento do CPU”, disse ao HM. Para o responsável, é necessário criar alguns critérios, “tal como disse Raimundo do Rosário”, como a necessidade de criar um grupo especializado para discutir as fachadas dos edifícios antigos na zona do Porto Interior. Manuel Iok Pui Ferreira lembrou o facto de em Hong Kong a entidade
Terrenos Criticada falta de planeamento para casos que envolveram Ao Man Long
K
wan Tsui Hang criticou ontem o Executivo por considerar que este não tem planos traçados para os terrenos que estiveram envolvidos no escândalo de corrupção deAo Man Long, ex-Secretário para as Obras Públicas e Transportes. Numa interpelação escrita, a deputada aponta ainda que alguns destes se mantêm sem que a sua situação seja explicada. No total, relembra Kwan, são 17 os terrenos que o Tribunal de Última Instância diz terem sido alvo de corrupção por parte do antigo responsável. Mas a
deputada diz não perceber porque é que nem todos foram ainda recuperados e porque é que o Governo não avançou com qualquer planeamento. “Segundo a sentença, em três lotes já foram construídos edifícios privados e cinco não conseguiram [ser aproveitados] devido à descoberta da situação. Entre os outros nove terrenos, até ao momento, apenas foram recuperados dois lotes, foi declarada a caducidade em três e um foi declarado nulo, enquanto a situação sobre os outros quatro lotes nunca foi explicada.”
A deputada diz ainda que o Executivo não tem nenhum planeamento para esses terrenos e aponta que “só recuperando o mais rápido possível os terrenos desocupados e fazendo um planeamento é que se consegue satisfazer a necessidade de habitações.” Assim, Kwan Tsui Hang questiona como está o acompanhamento e planeamento dos terrenos envolvidos neste caso de corrupção e pede explicações ao público “de forma periódica”. F.F.
“Não devia haver uma concentração única nas PCU, deveria haver um sistema de filtragem, para que as reuniões não se esgotem numa quantidade enorme de plantas para analisar” Rui Leão Arquitecto
homóloga do CPU já estar a trabalhar segundo um plano director. “Aí os membros também discutem o planeamento ou alterações de utilização de cada prédio. Acredito que o plano director de Macau vai ser implementado mais cedo do que o previsto, o que poderá acabar com a preocupação de Marreiros”, concluiu. Desde a sua criação que os membros do CPU já reuniram dez vezes, por entre workshops e reuniões ordinárias. Por reunião analisam-se, na sua maioria, mais de dez projectos, ligados a terrenos ou a pequenos edifícios situados em zonas históricas. Andreia Sofia Silva (Com Flora Fong) andreia.silva@hojemacau.com.mo
política 5
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J
Toca a acelerar
Além da Lei Sindical, que é apresentada pela sexta vez no hemiciclo, Pereira Coutinho apresenta ainda projectos que têm que ver com a protecção das zonas verdes de Coloane, ao abrigo da Lei de Terras, e outros que, como explica ao HM, estão intimamente relacionados com trâmites burocráticos laborais. “Dizem respeito aos direitos dos trabalhadores [da Função Pública e do privado], nomeadamente formas mais expeditas e céleres de processar questões processuais relativamente aos direitos dos trabalhadores, quando em juízo”, disse.
AL Pereira Coutinho entregou sete projectos de lei
Os sete projectos de Pereira Coutinho
Tudo boas intenções
Há dois meses, José Pereira Coutinho apresentou sete novos projectos de lei à Assembleia Legislativa. Entre estes, estão diplomas que pretendem facilitar os processos burocráticos na Função Pública, a conservação dos espaços verdes de Coloane e um maior controlo das rendas “A [lei] que diz respeito à protecção das zonas verdes é extremamente importante face à cimentação de Coloane, ou seja, o facto da ilha estar a ser destruída pelas edificações que lá estão a ser construídas”, explicou. O também presidente da ATFPM lembra que a actual lei em vigor – que determina quais os espaços daquela ilha que são protegidos – data dos anos 80 e está por isso desactualizada. “Havendo um decreto-lei já dos anos 80, que instituía deveres e obrigações ao Governo no sentido de proteger as zonas verdes e tendo em consideração que foi regulamentada a Lei de Terras, é preciso regulamentar, de uma forma mais precisa, o facto de que há áreas que devem ser totalmente protegidas para o bem-estar da população de Macau”, continuou o deputado.
gonçalo lobo pinheiro
osé Pereira Coutinho apresentou ao hemiciclo sete projectos de lei. Além do da Lei Sindical, o deputado decidiu também apresentar um projecto sobre o controlo dos preços das rendas, semelhante ao que o grupo de trabalho liderado por Song Pek Kei pretende apresentar. “O Governo tem o dever de incutir no Instituto da Habitação a responsabilidade do cumprimentos do contratos de arrendamento e nessa óptica, tanto os antigos como os novos contratos, estariam sob alçada do IH para evitar abusos de toda a natureza que acontecem aqui”, esclarece Pereira Coutinho. O colectivo de Song conta com o apoio jurídico do seu colega de hemiciclo, Gabriel Tong, e do académico Alexander Lai. Questionado sobre a eventual entrada em conflito dos dois projectos de lei, Pereira Coutinho respondeu apenas que “há mais de dois anos que [outros deputados] falam disso, mas nunca foram para além das boas intenções”. Contrariamente, o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) foi já entregue à Assembleia Legislativa. Ainda assim, Pereira Coutinho diz que não entrarão em conflito e poderão mesmo “completar-se” um ao outro. Com este diploma, o deputado pretende ver o fim da especulação imobiliária, do aumento do preço das rendas nos contratos e a exigência de comissões na renovação destes documentos. “São acções abusivas sobre as quais o Conselho dos Consumidores não tem jurisdição para intervir, nem a responsabilidade recai sobre o Instituto da Habitação”, continua o deputado. Questionado sobre a capacidade do IH para tutelar estas questões, respondeu apenas que “está confiante que tem”, já que considera ser um departamento que “só se limita às questões de cumprimentos de contrato”. Por outras palavras, o deputado considera que este é o departamento mais indicado para isso mesmo.
Em processo de tradução
Já no que diz respeito à conservação de Coloane, o intuito é, segundo declarações de Pereira Coutinho, impedir que seja feita
uma construção massiva de edifícios naquela zona, actualmente uma das únicas zonas verdes do território.
Os projectos foram todos entregues há cerca de dois meses, mas não foram ainda admitidos na Assembleia Legislativa. A justificação dada pelo hemiciclo ao deputado é de que os documentos ainda se encontram em “processo de tradução”, visto que foram redigidas em Língua Portuguesa pelo
• Processo Especial de Tutela dos Trabalhadores com base na igualdade e não discriminação em função do sexo e da orientação sexual • Acção de impugnação da confidencialidade de informações ou da recusa da sua prestação ou da realização de consultas • Processo especial de tutela da personalidade do trabalhador • Norma interpretativa do Decreto-Lei nº 33/81/M • Promoção, sensibilização e divulgação dos tratados de Direitos Humanos e Convenções da OIT • Lei do Direito Fundamental de Associação Sindical • Regime da Actualização das Rendas de Bens Imóveis Destinados a Habitação
próprio e os projectos devem ser obrigatoriamente apresentados nas duas línguas oficiais. “As últimas informações que obtivemos é que como apresentei as informações todas em Português, elas estariam a ser traduzidas para Chinês para serem passadas ao presidente da Assembleia e aos deputados para análise antes de ir a votação em plenário”, argumentou. Leonor Sá Machado
leonor.machado@hojemacau.com.mo
Língua Portuguesa Primeiro encontro de Subcomissão termina hoje
Uma referência mais aprofundada A
Subcomissão da Língua Portuguesa e Educação, grupo criado o ano passado no âmbito da Comissão Mista Macau-Portugal, está reunida em Lisboa num encontro que começou ontem e termina hoje. O Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, explica, num comunicado à imprensa, que esta Subcomissão tem como objectivo “abordar, ao nível técnico, temas relacionados com a cooperação entre instituições de ensino superior”, tais como, o reconhecimento de habilitação e o ensino e formação de professores de Língua Portuguesa. A notícia já tinha sido anunciada pelo HM, numa entrevista com o cônsul-geral de Portugal em Macau Vítor Sereno. No comunicado, Alexis Tam explica que, com o encontro, a intenção é que Macau “se
afirme como um centro de referência para o ensino da Língua Portuguesa, para o qual dispõe de condições únicas”. O Secretário, explica o documento, considera que o ensino do Português “é complementar e essencial para a concretização do papel que a RAEM desempenha como plataforma entre a China e os países de Língua Portuguesa”. Por isso, entende, é necessário apostar na formação de professores, na mobilidade de estudantes e docentes bem como nos talentos bilingues, “que podem ser maximizados através de uma cooperação mais aprofundada com Portugal”.
Rede de ensino
Nesta Subcomissão marcam presença representantes do Gabinete de Apoio ao Ensino
Superior (GAES), do próprio gabinete do Secretário, da Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), da Universidade de Macau e do Instituto Politécnico de Macau e ainda da Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa. Recorde-se que esta é a primeira reunião desta Subcomissão. Na Comissão que teve lugar Outubro passado – e de onde saiu esta - foi ainda decidido a realização deste encontro, que pretende “analisar as especificidades pedagógicas decorrentes do contexto do ensino da Língua Portuguesa em Macau e de explorar as possibilidades de articular o ensino do Português entre as instituições de ensino superior de Portugal e da RAEM com a rede de ensino superior da China”. F.A.
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sociedade
hoje macau terça-feira 2.6.2015
Kiang Wu Associações ao lado de médicos acusados de erro
Defesa em causa própria Associações do sector da saúde, onde se inclui uma de pediatria, dizem-se chocadas com a decisão da condenação de dois médicos do Kiang Wu por erro médico, depois de um diagnóstico errado a uma criança de dois anos. Defendem que a situação vai fazer com que os médicos se protejam mais e temem que o caso possa vir a afastar jovens que se querem formar em Medicina
de Ciências Médicas Sun Yat-sen de Macau mostraram-se preocupadas com a decisão do TSI, por considerarem que os médicos em causa não cometeram qualquer erro. “Do ponto de vista médico, as doenças vão tendo processos [de desenvolvimento], sobretudo as atípicas, que são difíceis para obter diagnósticos definitivos. Os dois médicos que diagnosticaram esta doença cumpriram os funcionamentos de saúde comuns de forma séria e responsável e não violaram os regulamentos médicos durante os processos de tratamento. No entanto, agora precisam de assumir responsabilidades civis e penais. É assustador e difícil de aceitar”, pode ler-se.
hoje macau
Relações em causa
Além disso, três das quatro associações consideram que o resultado da decisão “pode obrigar os médicos a protegerem-se mais, assumindo uma posição de defesa”. Em termos práticos, esta decisão pode levar os médicos a considerar necessários mais exames e tratamentos para os pacientes, logo, defendem, isso pode destruir as relações entre médico e paciente, podendo levar até “a que os jovens percam a vontade de se formar na área”.
“De acordo com a lógica e julgamento da decisão deste caso, os médicos podem vir a ser acusados crimes penais todos os dias”
Afogamento Mulher morre durante aula de natação
Uma sexagenária faleceu ontem de manhã por afogamento na piscina pública Lin Fong, onde a mulher estava a fazer uma aula de natação. O corpo foi descoberto a flutuar pelo nadador-salvador, que o retirou da piscina e começou as manobras de reanimação. De acordo com a Rádio Macau, o óbito só foi declarado mais tarde, depois do corpo ter sido transportado para o hospital Conde de São Januário. As autoridades competentes já pediram um relatório à Associação de Natação de Macau sobre o incidente, uma vez que é esta a entidade responsável pela organização de aulas naquela piscina.
Sociedade Pediátrica de Macau
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ais quatro associações da área da saúde saíram ontem em defesa dos dois médicos do Kiang Wu acusados de erro médico e condenados pelo tribunal. As associações defendem que os dois profissionais dizem que a decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI) é “incompreensível” e pode influenciar o ambiente do sector da saúde local, ao ponto de afastar novos profissionais. Depois do vice-director do hospital privado, Chan Tai Ip, ter afirmado
perante os média que os dois médicos do hospital não cometeram qualquer erro médico, estas quatro associações fizeram questão de publicar cartas abertas no jornal Ou Mun em formato de publicidade. Em causa está a condenação por erro no diagnóstico a uma criança de dois anos. O caso remonta a 2002, quando os dois médicos atenderam a criança, que sofria de dores intensas na zona abdominal. Após feito o diagnóstico e aplicado o tratamento, as dores persistiram e os pediatras chegaram mesmo a pôr a hipótese
de outros quadros clínicos que não o diagnosticado, no entanto, como os exames que efectuaram não apontavam nesse sentido, decidiram não realizar testes específicos que confirmariam essas hipóteses, não tendo também recorrido a uma junta médica com especialistas de cirurgia. A criança acabou por ser levada para o hospital de Hong Kong, onde foi operada de urgência. Contudo, a Associação de Alumni de Macau da Faculdade de Medicina de Zhongshan, a Associação de Médicos de Macau e a Associação
A Sociedade Pediátrica de Macau concorda com as três associações: a decisão agrava o ambiente de trabalho do sector médico. Mostra-se “chocada com a decisão do TSI sobre os dois médicos”, declarando que durante os processos, a intussuspecção intestinal que o paciente sofreu foi por causa da própria doença e não foi causada por erro médico. “Pelo ângulo profissional, a intussuspecção intestinal nunca aconteceu durante a estadia no Hospital Kiang Wu, mas a natureza desta doença é que pode ter levado a isso”, garante a associação. A sociedade apontou ainda que a medicina é uma área muito especial e cheia de imprevisibilidade e risco. O grupo suspeita que “de acordo com a lógica e julgamento da decisão deste caso, os médicos podem vir a ser acusados crimes penais todos os dias”. Flora Fong
flora.fong@hojemacau.com.mo
Coloane Novo posto de migração na Ponte-Cais
Foi criado um novo posto de migração na Ponte-Cais de Coloane, conforme publicado ontem em Boletim Oficial. Num despacho assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo, fica a saber-se que o posto deverá funcionar 24 horas por dia e destina-se exclusivamente a pessoas que entrem ou saiam de Macau em embarcações de recreio. O HM tentou saber mais informações sobre o objectivo da criação do novo posto, mas não foi possível até ao fecho desta edição.
sociedade 7
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Comissariado contra a Corrupção (CCAC) arquivou o processo de investigação de alegada interferência judicial por parte de representantes do Governo, no caso das supostas promessas de não condenação dos condóminos do edifício. O organismo diz que não há provas que possam sustentar esta tese. O caso diz respeito à alegação feita por moradores do edifício que teve de ser evacuado em 2012 por estar em risco de ruína. Segundo
Sin Fong CCAC nega interferência judicial e diz que não houve promessas
Ninguém ouviu nada hoje macau
Questionados pelo CCAC, nem moradores do Sin Fong, nem representantes do Governo admitem ter ouvido promessas de não acusação de sete pessoas que ocuparam a via pública em frente ao prédio. O CCAC nega interferências judiciais e arquivou o processo
alguns condóminos, que se manifestaram na rua em frente ao prédio, representantes das Obras Públicas teriam prometido não fazer acusações judiciais como contrapartida da desocupação da via pública, mas alguns moradores acabaram por ser acusados de desobediência agravada pelo Ministério Público. O caso levou a Associação Novo Macau (ANM) a fazer uma queixa ao CCAC, onde apontava que “a promessa teria constituído uma séria interferência na independência judicial” e solicitando “a realização de uma investigação aprofundada por parte do CCAC”.
Sem fundamento
O CCAC assegura que após a investigação “não houve prova
Segurança Social Governo aumenta pensões e subsídios
O Governo aumentou o montante da pensão social geral para as 2200 patacas mensais, valor que contrasta com as 2083 oferecidas o ano passado. Subidas sofreram igualmente os valores das pensões atribuídas aos idosos, de invalidez, de desemprego, de funeral, entre outros. No caso da pensão para idosos, o valor foi actualizado, cifrando-se agora nas 3350 patacas mensais, enquanto o de invalidez passou das 3180 para as 3350 patacas. No caso dos subsídios de doença e desemprego, o Conselho de Concertação Social estabeleceu a atribuição de 101 e 134 patacas diárias, respectivamente. Aos residentes que tenham tido filhos são dadas 1900 patacas, sendo o mesmo valor dado a casais noivos. O subsídio de funeral – que em 2014 era de 2330 patacas – passou para as 2460 patacas. O anúncio, feito por despacho publicado em Boletim Oficial, mostra aumentos nos subsídios na casa das cem patacas. Estes novos valores entram em vigor a 1 de Julho.
de que dirigentes governamentais tivessem prometido que os proprietários do Edifício Sin Fong Garden detidos pela prática do crime de desobediência qualificada não seriam acusados”, pelo que a denúncia relativa à alegada interferência na independência judicial não está fundamentada. O CCAC procedeu ao arquivamento do processo, mas não sem antes explicar que, no decorrer da investigação, ninguém admitiu ter ouvido promessas. “Tanto os representantes da Comissão de Condóminos do Edifício Sin Fong Garden, como os proprietários que foram acusados por terem ocupado a via pública disseram que nunca tinham tido conhecimento de
qualquer promessa de não acusação feita por parte de dirigentes governamentais. Por outro lado, os membros do grupo interdepartamental do Governo para o acompanhamento do caso do Edifício Sin Fong Garden e os dirigentes dos serviços públicos envolvidos também afirmaram nunca ter feito qualquer promessa perante os proprietários em causa”, pode ler-se num comunicado do CCAC ontem enviado. O organismo diz ainda que foi apurado na investigação que antes da operação da polícia, os proprietários já tinham desocupado a via
pública e, a maioria, deixado o local, tendo ali permanecido apenas algumas dezenas dos proprietários que acamparam no auto-silo do edifício e nos passeios. “Além disso, o trânsito normal da via pública também foi retomado rapidamente após a operação de desocupação. Pelo exposto, a afirmação de que os dirigentes governamentais terão exigido a desocupação da via pública por parte dos proprietários, garantindo em troca que os mesmos não iriam ser acusados não é racional”, conclui o CCAC. Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
Associação não assegura reconstrução em caso de demora A Associação dos Conterrâneos de Kong Mun afirmou que não será possível manter a promessa de ajudar financeiramente na reconstrução do Sin Fong Garden, caso o prazo para a escolha do destino do prédio demore demasiado tempo. A associação defende a necessidade de ser determinado um prazo para o consenso entre os moradores. Recorde-se que a Kong Mun prometeu ajudar no pagamento de 60% das despesas da reconstrução do prédio. No entanto e segundo o jornal Hou Kong, o vice-presidente da associação, Chan Pou Sam, referiu na semana passada que a demora na tomada de uma decisão pelos moradores pode inflacionar o orçamento estabelecido da reconstrução, que por sua vez pode vir a dar prejuízo à Associação em causa. Assim, Chan revelou que vai implementar um prazo para os moradores.
Coronavírus SS tentam contactar com homem coreano
À procura do passageiro perdido O s Serviços de Saúde (SS) estão a tentar contactar um dos passageiros coreanos que esteve no mesmo voo do homem infectado com coronavírus e que está ainda em Macau. De acordo com um comunicado dos SS, além das cinco pessoas que estiveram em contacto com o doente, houve ainda 26 passageiros coreanos que se deslocaram ao território entre o dia 26 e o dia 28 de Maio. O homem infectado com a síndroma respiratório do Médio Oriente esteve num voo da Coreia do Sul para Hong Kong,
tendo entrado em Guangzhou sem autorização. Pelo menos 77 pessoas no continente estiveram em contacto com o homem, sendo que 64 delas foram colocadas em quarentena. No voo não havia residentes de Macau, mas cinco pessoas que estiveram em contacto com o doente vieram ao território e outros 26 coreanos entraram também na RAEM. Destas duas dezenas, 25 saíram de Macau entre os dias 28 e 29 de Maio, pelo que os SS vão contactar os departamentos de saúde para acompanhar o seu estado de saúde. Um deles ainda cá está.
“Em relação ao passageiro do mesmo voo que entrou em Macau no dia 26 e que ainda permanece no território, os SS estão a proceder às diligências para contactar com o passageiro e inteirar-se do seu estado de saúde. Os SS apelam que este turista deve imediatamente contactar com o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos SS”, pode ler-se num comunicado do organismo. Os SS explicam, contudo, que este passageiro ainda não foi classificado como tendo tido contacto próximo com o homem infectado, pelo que os
SS “não podem submetê-lo a isolamento”. Até domingo, não houve nenhum residente local que tivesse regressado da Coreia do Sul e necessitasse de recorrer ao hospital. Na Coreia do Sul, o número de casos aumentou para 15. Em Hong Kong, 18 pessoas que estiveram em contacto próximo com o homem infectado pelo coronavírus estão a ser observados num local de isolamento, mas nenhum deles apresentou ainda sintomas da doença. Uma dessas pessoas foi a que esteve também algumas horas em Macau no dia 28 de Maio. J.F.
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eventos Sands Estadia de Verão para residentes com preços mais baixos
O grupo Sands está a oferecer aos residentes locais estadias de Verão com descontos de 35%. A oferta, que teve início no final do mês passado, estende-se até 16 de Julho e pretende dar os residentes a oportunidade de experimentarem uma noite num dos luxuosos hotéis da região. Os estabelecimentos incluídos no pacote são o Venetian, o Sands, o Conrad e o Holiday Inn do Cotai Central. Assim, o preço por noite no Venetian e no Sands Macao custa 1108 patacas, no Conrad fica-se por 1498 e no Holiday Inn custa 718 patacas.
hoje macau terça
Arte Lusófona Exposição inaugura quinta-feira no Clube Militar
Cultura e memória
O Clube Militar vai celebrar os 20 anos de renovação do seu edifício c países de língua portuguesa. De Macau, Guilherme Ung Vai Meng apre a glória” de Carlos Marreiros e “Batalha de Macau” de Konstantin Bes
Eco Trailhiker Inscrições abertas
Correr pela caridade A
briram as inscrições para a corrida Eco Trailhiker deste ano. O evento volta a ser organizado pela Sands China e, este ano, vai aceitar candidaturas para 500 equipas não só de Macau, mas também de Hong Kong, China continental, Malásia e Taiwan. A Trailhiker deste ano enfatiza a importância da preservação ambiental, com o tema “explorando o lado mais verde de Macau consigo”. A caminhada acontece a 31 de Outubro e o dinheiro angariado vai servir para apoiar a Macau Special Olympics e a Associação de Deficientes Mentais de Macau. Esta é a sexta edição do Eco Trailhiker e vai contar, à semelhan-
ça do ano passado, com um prémio especial para a melhor equipa feminina “de forma a encorajar a participação das mulheres”. Ao contrário da sessão inaugural, este ano foram convidadas 500 equipas e um total de dois mil participantes. As inscrições estão abertas, podendo os interessados candidatar-se no site www. macautrailhiker.com. A aceitação das inscrições depende da lotação, não havendo por isso data limite.
Amigos do ambiente
Somadas, as últimas edições contaram com a participação de 6200 pessoas e o sucesso resultou na angariação de mais de 1,4 milhões de patacas distribuídas a instituições de solidariedade e outras entidades locais. Este ano, a Macau Special Olympics está a organizar equipas para participar no evento de forma a encorajar a inclusão social, enquanto a Associação de Deficientes Mentais de Macau vai ajudar a promover o conceito de amigo do ambiente na sociedade. Segundo o comunicado da organização, o próprio evento vai desencadear uma série de medidas ecológicas, como são a disponibilização de garrafões de água em vez de garrafas individuais e a chegada aos 40% do uso de água reciclada. Há ainda espaço para um buffet organizado pós-caminhada com “marisco sustentável” e “comida orgânica”.
À venda na Livraria Portuguesa Novas Receitas da Doçaria Portuguesa • João Luís
“Novas Receitas de Doçaria Portuguesa” é um conjunto de 156 receitas da melhor doçaria portuguesa. Desde os doces conventuais como os papos de anjo, as barrigas de freira, os pastéis de Santa Clara, passando pelos doces do Algarve, pelos travesseiros de Sintra, pelas compotas caseiras, pelos gelados, licores, pudins, até ao nosso tão tradicional arroz-doce, estão aqui reunidas as soluções para satisfazer o paladar mais exigente.
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Corpo Ideal em 8 Semanas • Pedro de Medeiros
Quer manter ou diminuir o seu peso? - Minimizar a celulite? - Combater aquele estado depressivo que teima em não a largar? - Manter ou melhorar a sua performance física? - Aperfeiçoar a sua silhueta? O seu preparador físico Pedro de Medeiros, com uma longa experiência na área do exercício físico e da saúde, irá acompanhá-la durante 8 semanas, dia a dia, explicando-lhe, passo a passo, os exercícios que deve executar e os alimentos que deve ingerir, de modo a atingir o seu objectivo.
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a numa sala
com uma exposição que reúne oito artistas de esenta a sua pintura, ao lado da “Corrida para ssmertny
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á 145 anos Macau via nascer o Clube Militar, criado muito por culpa da presença militar portuguesa no território. Há apenas 20, o icónico edifício cor-de-rosa e branco, localizado na avenida da Praia Grande, sofria uma renovação. As duas datas combinam-se e celebram-se com uma exposição, inaugurada já esta quinta-feira, às 18h30, intitulada “Exposição de Arte Lusófona”. A mostra estará patente até 14 de Junho. O público poderá olhar para quadros de oito artistas de países de língua portuguesa: Ana Silva, de Angola; Marco Túlio Resende, do Brasil; Kiki Lima, de Cabo Verde; Sidney Cerqueira, da Guiné-Bissau; Roberto Chichorro, de Moçambique; Maria João Franco, de Portugal; Malé, de São Tomé e Príncipe e Abel Júpiter, de Timor-Leste. Macau está representado com três artistas – Carlos Marreiros, Guilherme Ung Vai Meng e Konstantin Bessmertny. Ao HM, Lina Ramadas, curadora da exposição e responsável pela Associação para a Promoção de Actividades Culturais (APAC), explica o conceito por detrás deste evento. “Chegámos à conclusão que seria interessante uma exposição de artistas lusófonos e de Macau. O critério para a selecção dos artistas era que todos eles tivessem uma carreira internacional, mais consagrados ou jovens. Foi uma tarefa difícil, porque há países que, além de terem poucos artistas, [terem artistas] com carreira internacional é ainda mais difícil. Acho que conseguimos um conjunto de artistas com obra que se veja e com alguma representação e, apesar de ser uma exposição colectiva com todas estas divergências, penso que conseguimos algum equilíbrio”, explicou. Konstantin Bessmertny, um dos artistas locais a expor, falou ao HM da sua “Batalha de Macau”, uma obra que espelha os movimentos urbanos vividos hoje pelo território. “Terei um quadro de grande dimensão, que parte de uma batalha de holandeses passada no século XVII para o caso de Macau. Mas é uma brincadeira, uma confusão de movimentos”, referiu. Já Carlos Marreiros apresenta “Corrida para a glória”, o quadro onde o poeta Luís Vaz de Camões
surge “sereno a contemplar [o caminho], mas não corre para a glória”. “Achei adequado pôr este quadro mas não devia ser assinado como Carlos Marreiros, uma vez que eu tenho vários heterónimos e esta não é uma pintura figurativa. Mas acabou por ficar assim”, referiu.
O papel mais cultural do clube
Com uma histórica presença em Macau ligada aos militares portugueses que aqui desempenhavam serviço e permaneciam, o Clube Militar soube, com a transferência de soberania, manter-se como uma entidade cada vez mais social e cultural. “O facto de ser um clube militar poderia ter limitado o papel e retirado dinâmica ao clube após 1999, uma vez que a maioria dos militares portugueses saiu do território. mas ter-se mantido o nome foi uma atitude brilhante”, disse Carlos Marreiros. Além disso, diz, terem transformado o Clube Militar numa associação que serve na área cultural, com exposições, ciclos de concertos e seminários, “alargada aos chineses, é importante porque é junto dos chineses que devemos divulgar a nossa cultura”, acrescentou o também arquitecto. Marreiros não quis deixar de recordar o facto do edifício do Clube Militar ser um dos maiores exemplos da escola de arquitectura neo-clássica de Macau, que mistura elementos chineses, portugueses e de Macau, iniciada em 1850 por José Tomás de Aquino e Alexandre Melo. Para Konstantin Bessemertny, o Clube Militar significa, sobretudo, boas memórias. “Sou membro do clube há muitos anos, desde 1995. Sempre tive boas memórias de estar lá e uma das minhas primeiras exposições também foi lá, só tenho pena de não terem mantido a galeria permanente. Mas apesar de tudo guardo boas memórias e queria contribuir da melhor maneira para celebrar o aniversário do clube. Penso que é um dos melhores clubes privados da Ásia, e de certeza o mais antigo, e significa a sobrevivência da cultura portuguesa”, concluiu ao HM. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
CCM Projecto “Tributo a Macau” apresentado amanhã
Uma dedicatória aos poetas que amaram a cidade O Centro Cultural de Macau abre amanhã portas ao projecto “Tributo a Macau”, da autoria de Felipe Fontenelle, Tomás Ramos e Miguel Andrade, pelas 20h00. O momento conta com a participação de outros músicos. “Temos convidados musicais, músicos de Portugal e até de Macau. O Diogo Santos que gravou [o álbum] connosco, que é de Portugal. Temos também o Isaac Achega na bateria e o Paulo Pereira, que é um músico português que reside em Macau, no saxofone”, conta Felipe Fontenelle ao HM. Do trabalho fazem parte 14 músicas originais gravadas todas em Macau, que contaram com a participação de outros artistas. “Não vão estar todos na apresentação do álbum”, esclarece Felipe Fontenelle. Uma das participantes é Qi Shen, instrumentista de erhu, uma espécie de violino chinês. “Vamos apresentar os temas todos do disco, um trabalho
que foi feito ao longo de dois meses com o apoio da Casa de Portugal, e estamos muito felizes com o resultado”, conta o músico.
Sons do mundo
O espectáculo “tem uma certa dinâmica”, como explica Fontenelle ao HM. “Tem músicas bastante diferentes umas das outras, podemos dizer que o género é mais virado para a música do mundo, se quisermos estar a definir o género. Todos as letras são de poetas de Macau ou que passaram por cá, ou até com alguma ligação com o território”, esclarece. Para Maria Amélia António, presidente da Casa de Portugal, o projecto é também uma forma de se dar um testemunho da História. Numa dedicatória feita pela responsável na página do evento no Facebook, Maria Amélia António descreve como justo o objectivo do projecto. “Acrescentar a força, o encanto ou a doçura da música à palavra tra-
balhada pelos poetas para que mais rapidamente seja apreendida, exige criatividade, saber, sensibilidade, um grande espírito de equipa e muita dedicação de quantos lançam mãos à obra. Porque Macau não é apenas um ponto no mapa da grande China, mas a cidade com memória que sabe acolher, encantar e fazer-se gostar, é justo que este projecto inicial lhe faça uma homenagem através de alguns dos poetas que, tendo aqui nascido ou vivido, amaram Macau. Assim o sentiram os músicos que deram corpo e voz a este Tributo a Macau. Assim o sente a Casa de Portugal”, frisa. A entrada é gratuita, mas os interessados têm que garantir o seu lugar através de Casa de Portugal ou do próprio Centro Cultural. Felipe Fontenelle conta-nos que os lugares estão quase esgotados e a banda está a contar ter uma plateia de 500 pessoas. “Estamos à espera de sala cheia”, remata.
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hoje macau terça-feira 2.6.2015
NOTA: O Balanço Anual e a Demonstração de Resultados do Exercício foram preparados a partir dos registos contabilísticos auditados.
Síntese do Relatório de Actividade Em 2014, sob as correctas orientações da Autoridade Monetária de Macau e a liderança da sede do Banco de Guangfa, e cumprindo o princípio “Ter por base a população e desenvolver as actividades com sinceridade para alcançar a perfeição”, o Banco de Guangfa, Sucursal de Macau desenvolveu, de forma empenhada, a actividade bancária no território, assim como as actividades transfronteiriças, tendo obtido um resultado satisfatório com o respectivo exercício. Com os esforços contínuos de todos os trabalhadores, em finais de 2014, os activos e passivos desta Sucursal totalizaram o valor de trinta mil milhões de patacas (daqui por diante, a mesma moeda monetária), tendo registado um valor recorde do lucro líquido anual, sendo o lucro de 155 milhões após deduzido de impostos, representando um aumento de 52%, em comparação com o ano anterior. As características do exercício das actividades no ano de 2014: 1. Entrada em funcionamento do Sistema Básico Online no exterior com sucesso, nenhuma queixa foi apresentada pelos clientes: Em virtude do grande apoio da sede e dos esforços dos trabalhadores desta Sucursal, o Sistema Básico Online no exterior, entrou em funcionamento com sucesso a partir de 18 de Outubro de 2014 em Macau! Este sistema não só presta um melhor serviço aos clientes, bem como proporciona uma boa base para os serviços de caixa multibanco, banco móvel, actividades de “online banking” de particulares e de empresas que serão implementados por esta Sucursal no futuro. 2. Bom aproveitamento das oportunidades de mercado e excelentes resultados de exercício: Esta Sucursal tem-se empenhado na concretização do espírito das reuniões de trabalho da Sede, aproveitámos a diferença de custos de financiamento entre o território e o exterior para desenvolver as actividades de garantia de empréstimos e as actividades transfronteiriças, atraindo mais depósitos e tendo aprovado empréstimos de uma forma rigorosa, de modo que se conseguem obter um valor recorde de lucro, um crescimento sustentável de depósitos e empréstimos de boa qualidade.
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Bons resultados de exercício revelados com o controlo de custos e eficiência: Desde 2011 até à data, antes da inauguração de novas sucursais, os depósitos e o lucro per capita desta Sucursal duplicaram em virtude de um controlo eficiente da renda dos espaços e de despesas. Controlo rigoroso de riscos: Com o aumento da mobilização de capitais em todo o mundo, o abrandamento do crescimento económico do Interior da China e o alto preço dos imóveis, esta Sucursal manteve um baixo nível de empréstimos malparados, representando apenas 0.01% até finais do ano, tendo conseguido um bom equilíbrio entre a expansão de actividades e a gestão de riscos. Ao mesmo tempo, esta Sucursal tem participado com os trabalhadores, de forma empenhada, nas diversas actividades de caridade e nas diversas actividades realizadas pela Associação de Bancos de Macau, tendo vindo a granjear, gradualmente, um maior prestígio e fama, assim como tem criado uma boa imagem empresarial em Macau, de modo que ganhámos uma boa reputação tanto junto do sector bem como junto dos nossos clientes. Além disso, esta Sucursal ciente da importância dos recursos humanos para o desenvolvimento empresarial, tem atribuído uma importância significativa à formação dos trabalhadores e ao incremento do sentimento de pertença. Aqui, aproveito para endereçar, em representação do Banco de Guangfa, Sucursal de Macau, os agradecimentos ao Governo da RAEM, às entidades de fiscalização, aos colegas do sector, aos estimados clientes e a todos os trabalhadores, pelo apoio incondicionado prestado a esta Sucursal no ano anterior! Neste ano novo, iremos prestar um serviço de melhor qualidade para retribuir o apoio depositado em nós pelos sectores da sociedade. Ao 15 de Maio de 2015. O Gerente Geral,Hu Min (胡敏5170-2404)
Síntese do Parecer dos Auditores Externos Para o presidente do Banco de Guangfa da China, S.A., Sucursal de Macau (Sucursal de um banco comercial de responsabilidade limitada, incorporado na República Popular da China) Procedemos à auditoria das demonstrações financeiras do Banco de Guangfa da China, S.A., Sucursal de Macau relativas ao ano de 2014, nos termos das Normas de Auditoria e Normas Técnicas de Auditoria da Região Administrativa Especial de Macau. No nosso relatório, datado de 15 de Maio de 2015, expressámos uma opinião sem reservas relativamente às demonstrações financeiras das quais as presentes constituem um resumo. As demonstrações financeiras a que se acima se alude compreendem o balanço, à data de 31 de Dezembro de 2014, a demonstração de resultados, a demonstração de alterações nas reservas e a demonstração de fluxos de caixa relativas ao ano findo, assim como um resumo das políticas contabilísticas relevantes e outras notas explicativas. As demonstrações financeiras resumidas preparadas pela gerência resultam das demonstrações financeiras anuais auditadas e dos livros e registos da Sucursal. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras resumidas são consistentes, em todos os aspectos materiais, com as demonstrações financeiras auditadas e os livros e registos da Sucursal. Para a melhor compreensão da posição financeira do Banco de Guangfa da China, S.A., Sucursal de Macau e dos resultados das suas operações, no período e âmbito abrangido pela nossa auditoria, as demonstrações financeiras resumidas devem ser lidas conjuntamente com as demonstrações financeiras das quais as mesmas resultam e com o respectivo relatório de auditoria.
Ieong Lai Kun, Auditor de Contas KPMG Macau, 15 de Maio de 2015
china
hoje macau terça-feira 2.6.2015
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O
almirante Sun Jianguo, vice-chefe de gabinete do Exército de Libertação Popular da China, alegou no domingo que as novas ilhas artificiais que o seu país está a construir no Mar do Sul da China irão beneficiar a região, sublinhando que tais actividades “ficam bem dentro do espaço de soberania da China”. Sublinhando a utilidade das ilhas que a China está a construir nas disputadas Ilhas Spratly, o almirante disse que estas irão principalmente habilitar a China a fornecer “serviços públicos internacionais”, incluindo pesquisa e resgate marítimos, ajuda humanitária e pesquisa científica. “Não há nenhuma razão para as pessoas se preocuparem com a questão do Mar do Sul da China”, disse Sun neste domingo na cimeira de segurança Diálogo de Shangri-La, em Singapura, onde as discussões que envolveram ministros de defesa regionais e militares de alta patente foram completamente dominadas pelas implicações do programa de construção de ilhas da China. As novas ilhas “não têm como alvo quaisquer outros países nem afectam a liberdade de navegação”, assinalou. As Filipinas e outros países do Sudeste Asiático manifestaram alarme com a velocidade e o alcance das actividades da China na região. O chefe das Forças Armadas da Malásia, general Zulkifeli Mohd. Zin, disse também no domingo que a China deveria fazer mais para explicar suas acções e intenções no Mar do Sul da China. “Nós não sabemos o que eles estão a tentar fazer”, disse Zulkifeli. “Seria bom se a China puder vir a público e anunciar o que está a fazer para que possa ser vista como mais transparente.” Entretanto, elogiou a vontade da China de manter o diálogo com outros países. “Fui tranquilizado pelo que (Sun) disse, porque ele afirmou que a China vai continuar a trabalhar num Código de Con-
Pequim defende implantação de ilhas em área disputada
Soberania em construção duta - o que significa que a China não rejeitou essa ideia”, disse o general. “Cabe á Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) e aos Estados requerentes ajudá-los nesse projecto.”
Patrulhas australianas
O governo da Austrália reafirmou o seu direito de fazer patrulhas militares aéreas sobre as ilhas do Mar do Sul da China reivindicadas por Pequim, mas disse este domingo que não tinha feito negociações formais com os Estados Unidos sobre missões navais. O ministro
da Defesa da Austrália, Kevin Andrews, disse, em entrevista ao The Wall Street Journal de Singapura, que Camberra tinha
“Não há nenhuma razão para as pessoas se preocuparem com a questão do Mar do Sul da China” Almirante Sun Jianguo Vice-chefe de gabinete do Exército de Libertação Popular da China
enviado aeronaves de patrulha marítima de longo alcance ao Mar do Sul da China e Oceano Índico, e continuaria a fazê-lo, apesar do potencial de obstrução da China. “Já fazemos isto há décadas, estamos a fazê-lo actualmente... E vamos continuar a fazê-lo no futuro”, disse Andrews, numa das suas primeiras entrevistas à imprensa estrangeira desde que assumiu a responsabilidade pelas Forças Armadas da Austrália durante uma mudança no gabinete do primeiro-ministro Tony Abbott no ano passado.
Exército de Libertação Exercícios com fogo real perto da fronteira com a Birmânia
O
Exército de Libertação Popular da China vai realizar exercícios com fogo real perto da fronteira com a Birmânia, onde persiste o conflito entre a guerrilha da etnia kokang e as forças armadas daquele país, informou ontem a Xinhua. A agência oficial chinesa, que cita fontes militares não identificadas, indica que as manobras vão ter início esta terça-feira, na província de Yunnan, mas sem facultar mais detalhes nomeadamente sobre o tipo de artilharia que vai ser utilizada. O anúncio surge depois de uma série de incidentes no quadro do conflito étnico, que obrigou a Birmânia a declarar, em Fevereiro último, o
estado de emergência na região de Kokang, ter afectado directamente território chinês. Em Março, uma bomba provocou a morte de cinco agricultores em Yunnan, levando a China a declarar zona de emergência nas proximidades da fronteira. Além disso, o conflito provocou a massiva chegada de refugiados birmaneses à China ao longo dos últimos meses. As manobras vão ser levadas a cabo depois do Exército de Libertação Popular chinês ter realizado outro exercício similar na semana passada próximo dos 2.000 quilómetros de fronteira que separam os dois países.
Comandantes de alta patente da Marinha dos EUA e dos países do Pacífico têm incitado a Austrália desde o ano passado a avaliar a possibilidade de se juntar a missões multilaterais de policiamento naval no Mar do Sul da China. Mas esta pressão intensificou-se desde que a China iniciou a construção das ilhas artificiais. Andrews, que se reuniu com o secretário de Defesa dos EUA, Ash Carter, e o ministro da Defesa do Japão, general Nakatani, nos bastidores da cimeira, disse que a possibilidade de a Austrália exercer um papel em patrulhas navais multilaterais não tinha sido discutida com as autoridades norte-americanas. “Os EUA não falaram connosco sobre isso”, assinalou. “Nesta fase, não houve um pedido dos EUA a esse respeito.”
Mau tempo força “Solar Impulse 2” a aterrar no Japão O avião movido a energia solar “Solar impulse 2” vai ser forçado a aterrar na cidade japonesa de Nagoya, com o mau tempo a adiar a tentativa para a aeronave atravessar o Oceano Pacífico.“O tempo deteriorou-se no Pacífico, tomada a decisão de uma paragem intermédia em Nagoya à espera de melhores condições”, informou ontem Bertrand Piccard, um dos dois pilotos suíços da aeronave, através da rede social Twitter. O avião “Solar impulse 2” descolou na madrugada de domingo da cidade de Nanquim, no leste da China, em direcção ao Havai, para a fase mais perigosa da viagem que realiza à volta do mundo. A aeronave estava na China desde 21 de Abril, depois de a partida ter sido várias vezes adiada também devido a condições meteorológicas adversas.
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luz de inverno
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Boi Luxo
ady Macbeth do distrito de Mtsensk é a única ópera de Shostakovich. Foi apresentada ao público em 1934 e conseguiu uma boa carreira até à altura em que a reacção, muito negativa, de Estaline, obrigou a que a sua representação ficasse interditada durante cerca 30 anos. Katerina Izmailova é uma versão mais recente de Lady Macbeth do distrito de Mtsensk. É a mesma ópera mas não a versão de 1934, antes a reformulação que foi autorizado a Shostakovich fazer nos anos 60. É significativamente mais curta que a versão que Estaline não aprovou, e é visto como um sinal da reabilitação permitida ao compositor durante esta década. O filme de Shapiro, Katerina Izmailova, é uma versão cinematográfica da reformulação dos anos 60. Não é a filmagem de uma ópera, é um filme, com cenas de interior e exterior e algumas ousadias visuais.* A história tece-se em torno de uma mulher aborrecida. É uma proposta difícil de recusar. O início é tentador, quase diabólico: a mulher, Katerina Izmailova, diz-se tão aborrecida que pensa em suicidar-se. A ópera não tem abertura ou prólogo e, assim, no primeiro minuto, ficamos a saber que esta mulher bela, casada com um mercador de província aparentemente pouco interessado em sexo, pensa em matar-se. O filme contém imagens muito russas, lentas, contemplativas e dramáticas. Mas não é, contudo, mais sério que a ópera. É menos brutal na sua sexualidade, uma das razões que terá tornado esta primeiro reprimida e depois apetecida. Mantém-se, todavia, a extrema importância geral da sexualidade e do retrato ambivalente de Katerina. 1966 foi um ano bom, realizaram-se igualmente Andrei Rublev, de Tarkovski (o dia em que me atrever a escrever sobre ele será o anúncio de uma catástrofe) e Wings, the Larisa Sheptko, um que, causando menos receio, já aqui foi comentado. Paralelamente às passagens dolorosas, que exprimem a melancolia da heroína, insinua-se o poder masculino de um novo trabalhador da casa, Sergei, expulso de uma outra casa senhorial por se ter dado a impropriedades com a antiga patroa. Sergei é forte e belo mas nunca se percebe se verdadeiramente apaixonado ou apenas carnal. A exibição da lubricidade não se estende apenas a Sergei e a Katerina que, finalmente, se abandona às intenções de Sergei. O velho, pai do marido de Katerina, acometido de insónias, recorda os tempos de juventude e a sua vida libertina (ao contrário do filho, que se encontra ausente em trabalhos da propriedade, que é um homem apagado e sem apetites – o elemento estéril deste triângulo). As recordações de juventude do velho levam-no a cobiçar a nora para vir a descobrir que esta se encontra nos braços do poderoso trabalhador. Entre o aborrecimento e a sedução Shapiro não deixa de inserir (assim como acontece na ópera) uma linha de humor nonsense. A coexistência destes registos diferentes será uma das atracções mais firmes do filme – que se realizou, lembre-se, na era Brezhneviana (na China começava a Revolução Cultural e acabava o cinema). As cenas com o padre, com o bêbedo da aldeia num dia de casamento, ou
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artes, letras e ideias
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Katerina Izmailova, 1966, de Mikhail Shapiro
as cenas que se referem ao regresso do marido enganado ilustram esta tendência satírica. Shostakovich fala de Lady Macbeth do distrito de Mtsensk como de uma obra trágico-satírica. Mas, para lá do tom humorístico nonsense, e do tom sério, Shapiro mostra-nos passagens líricas florais e convincentes, quase orientais no uso dos pomares e da protecção da noite. Há uma parte inesquecível. Em poucos minutos o autor passa dos deleites do amor para os temores da culpa (Katerina entretanto assassinara o velho Boris), para logo em seguida se representar uma cena cómica com o regresso do marido, Zinovi, e, subitamente (quando o registo leve não o faria esperar), se abrir um desenvolvimento trágico. A certa altura impõem-se uma imobilidade bela mas passageira em que nada parece perturbar os amantes. Mais se não desvenda da trama. Apenas que esta continua a surpreender, a transformar-se subitamente, um percurso pleno de situações diversas que começam com o aborrecimento, atravessam uma fase de lascívia e se desenvolvem em tons negros e em violências de vários tipos. Geoffrey O’Brien (ver em baixo) lembra o percurso aborrecimento–luxúria–assassínio de The Postman Always Rings Twice (curiosamente – o romance de James M. Cain - de 1934, o ano da primeira récita de Lady Macbeth do distrito de Mtsensk ).** A ópera de Shostakovich foi representada em 2014 em Nova Iorque, uma produção de Graham Vick com Eva-Maria Westbroek (que parece estar a especializar-se no papel). Num artigo da edição de Janeiro 8/Fevereiro 5 deste ano da NYRB, Geoffrey O’Brien chama a atenção para a raridade do acontecimento e re-conta a história do desgosto de Estaline e de um famoso artigo anónimo no Pravda (atribuído ao ditador) que descreve a música de Shostakovich como “inquieta, barulhenta e neurótica”.
Este suceder de acontecimentos marca o início de um período de repressão das artes que se tornou mais conhecido que a ópera que o promoveu. Aparentemente, o retrato negativo da fealdade da classe rural abastada não foi suficiente para agradar a Estaline. Geoffrey O’Brien chama-lhe uma obra de “vaudeville grotesca”. Eu gosto do padre, bêbedo e lúbrico; da polícia, cómica mas assustadora; da diversidade de registos; da franqueza e da brutalidade da música e da ambivalência a que a ópera (e o filme) nos obriga na apreciação das figuras de Katerina e Sergei. A cena do abuso sexual de Aksinya pelos trabalhadores de Zinovi é brutalmente reproduzida na música da versão original. No filme de Shapiro a sugestão musical está reduzida a pouco mais que uma perturbação. Na produção de Martin Kusej, a única versão operática que conheço, de 2006, a encenação é bastante explícita, pouco usual numa ópera***. Mesmo que a produção original, nos anos 30, tivesse mostrado uma encenação menos brutal, a música mostra de modo muito explícito o acto de agressão sexual. É Katerina quem interrompe a violação e censura os homens pelo seu comportamento. Fá-lo directamente junto de Sergei e aproveita para fazer um elogio ao poder e às capacidades, até físicas, das mulheres, uma das partes em que mais claro se torna o seu programa feminista. No final do primeiro acto, a cena de amor entre o possante trabalhador, Sergei, e a senhora aborrecida, Katerina, é também musicalmente voluptuosa. A música de Shostakovich é moderna mas longe de ousadias atonais. Esta é uma das mais sedutoras óperas da primeira metade do século XX, que serve perfeitamente a um gosto mais conservador mas também deleita um ouvinte preparado para outros atrevimentos. Lulu, de Alban Berg, mais ou menos da mesma
altura, tem ousadias atonais, assim como a outra ópera de Berg, Wozzeck, bastante anterior, que Lady Macbeth do distrito de Mtsensk (perto da Ucrânia) não revela. Antes, apresenta uma sonoridade (como diz o artigo do Pravda), inquieta e saborosamente incerta, entre o trágico e o cómico, que o uso frequente do clarinete e do fagote inspiram. Alguns dos interlúdios instrumentais têm uma atraente força explosiva. No fim, é difícil de perceber se queremos que Katerina e Sergei permaneçam juntos ou sofram os efeitos das suas acções condenáveis sobre dois sujeitos repugnantes. Mesmo mesmo no fim não deixa de causar prazer que o causador da punição sobre os amantes (até que ponto é que Sergei já está farto de Katerina ?) seja o bêbedo da aldeia mas isto apenas porque este acaso nos leva a aceitar com mais conforto que não sabemos bem o que fazer com eles dois. * O livro realista de Nicolai Leskov (1865), causador de tudo isto, está editado em português na Editorial Hispéria. Existe um filme de Andrej Wajda, de 1962, muito mais austero e monocórdico (mas suficientemente atraente para merecer um pequeno favor) que contém passagens inexistentes no filme de Shapiro, como o da cena do ritual de fertilidade com uma égua. Há uma versão de um realizador chamado Petr Weigl, de 1992, que desconheço, que usa a música de uma versão de Rostropovich, e, contam algumas línguas, é meramente exibicionista. Finalmente, existe pelo menos um dvd da produção operática de Martin Kusej de Lady Macbeth do distrito de Mtsensk - representada em Amesterdão em 2006 que também está disponível em Youtube. (ver***) ** Não seria despropositado falar de Madame Bovary, de Flaubert, 1856, ou de Effi Briest, de Theodor Fontane, 1894, de que existe uma deliciosa versão para cinema de Fassbinder. Anna Karenina (de que há mais de 10 versões para cinema) facilmente caberia neste grupo. *** para um útil artigo académico sobre a produção de Martin Kusej recomenda-se: http://www.academia. edu/447500/Reading_Shostakovich_Texts_Images_ and_Music_in_Martin_Ku%C5%A1ejs_Staging_of_ Lady_Macbeth_of_Mtsensk_Amsterdam_2006_
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Cineteatro
O que fazer esta semana Hoje
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Cinema
Filme “Saint Laurente” (Le French May) Galaxy Cinemas, 20h40 Bilhetes a 90 patacas
Exposição “Um Estado Sem Limite”, de Zhang Dase Centro UNESCO, 18h30 Entrada livre
Quarta-feira
san andreas
Filme “Renoir” (Le French May) Galaxy Cinemas, 21h10 Bilhetes a 90 patacas
Diariamente Exposição “Ao Risco da Cor Claude Viallat e Franck Chalendard” Galeria do Tap Seac (até 9/08) Entrada livre Exposição “3 Black Suits” (até 14/06) Fantasia 10, Calçada de São Lázaro, 15h00 Entrada livre
Exposição “Valquíria”, de Joana Vasconcelos (até 31 de Outubro) MGM Macau, Grande Praça Entrada livre
Sala 2
Sala 3
Filme de: Elizabeth Banks Com: Anna Kendrick, Skylar Astin, Rebel Wilson, Adam DeVine 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
Filme de: Brad Peyton Com: Dwayne Johnson, Kylie Minogue Carla Gugino 19.30
san andreas [b]
2 de JUNHO
Morre Giuseppe Garibaldi
Filme “Clouds of Sills Maria” (Le French May) Galaxy Cinema, 20h40 Bilhetes a 90 patacas
Exposição “A Última Fronteira: Mistérios do Oceano Profundo” (até 31/05) Centro de Ciência de Macau
tdragon ball z: resurrection “f” [b]
Aconteceu Hoje
Quinta-feira
Exposição de Artes Visuais de Macau (até 2/8) Pintura e Caligrafia Chinesas Edifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00 Entrada livre
falado em japonês legendado em chinês e inglês Filme de: Tadayoshi Yamamuro 14.30, 16.30, 21.30
pitch perfect 2 [b]
Espectáculo “Tributo a Macau” pela banda Sunny Side Up Centro Cultural de Macau, 20h00 Entrada livre
Exposição “De Lorient ao Oriente Cidades Portuárias da China e França na Rota Marítima da Seda” Museu de Macau (até 30/08) Entrada livre
Sala 3
Filme de: Brad Bird Com: George Clooney, John Walker, Britt Robertson 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
tomorrowland [b]
Exposição “Agora os bichos não dormem”, de Ana Jacinto Nunes Albergue SCM, 18h30 (até 26/06) Entrada livre
Exposição “Who Cares” (até 28/07) Armazém do Boi, 16h00 Entrada livre
Sala 1
h o j e h á f i l m e “Seven Pounds” (Gabriele Muccino, 2008) Ele dá a sua própria vida para salvar a de sete estranhos. O motivo? Tim Thomas (Will Smith) sente-se responsável pela morte de sete pessoas, depois de um acidente de viação da sua responsabilidade. Entre depressão e perda – já que a sua noiva morre também -, Thomas começa a delinear um plano que lhe vai permitir, secretamente, dar vida a outros. Fazendo-se passar pelo irmão, que trabalha para o Estado norte-americano, ele consegue reunir informações suficientes para escolher quem vai salvar. Um filme de cortar a respiração, com um actor que desempenha tão bem o papel que faz qualquer um chorar. Joana Freitas
• A 2 de Junho de 1882, morre Giuseppe Garibaldi, um homem decisivo na unificação da Itália. Denominado como “herói de dois mundos”, este general participou em conflitos na Europa e na América do Sul. Foi uma das mais notáveis figuras da unificação italiana, projectada pela organização republicana Jovem Itália, da qual fazia parte ao lado de Giuseppe Mazzini e do Conde de Cavour. Em Fevereiro de 1834 tomou parte da fracassada insurreição de Génova, sendo condenado à morte por uma corte genovesa. Refugiou-se em Marselha e, em 1835, fugiu para a Tunísia, chegando depois ao Rio de Janeiro. Com 28 anos iniciava o seu primeiro exílio. De 1836 a 1848, Garibaldi exilou-se na América do Sul, aderindo à Revolução Farroupilha, no sul do Brasil. Em 1860, comandou a Expedição dos Mil, quando conquistou a Sicília e Nápoles. Em 1879, fundou a “Liga da Democracia”, propondo o sufrágio universal, a abolição da propriedade eclesiástica e a emancipação feminina. A vida de Garibaldi, dedicada à luta pela libertação do seu país do domínio estrangeiro, levou o seu nome ao reconhecimento na Itália e no mundo. Cinco navios da marinha italiana receberam o seu nome. Apesar de eleito para o parlamento italiano, Garibaldi passou a maior parte dos seus derradeiros anos em Caprera. A 2 de Junho de 1882, aos 74 anos, Giuseppe Garibaldi morreu na sua casa, na ilha de Caprera. Embora tenha deixado instruções detalhadas para sua cremação, o seu corpo foi enterrado. Em 2012, foi decidido que o corpo vai ser exumado para pôr fim às dúvidas acerca da verdadeira localização do cadáver. Neste dia, em 1888, é fundado o Jornal de Notícias, no Porto e, anos depois, em 1897, comentando rumores de que estaria morto, o escritor Mark Twain afirma no New York Journal: “a notícia de minha morte foi um exagero”.
João Corvo
fonte da inveja
A imprudência é o motor da evolução.
opinião
hoje macau terça-feira 2.6.2015
Fernando Eloy | 义來
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chá (muito) verde
T
enho quase a certeza que esta será a primeira vez que escrevo sobre futebol para um órgão de informação mas não podia deixar de ser depois do que aconteceu no Jamor este domingo, para além de dois outros eventos do mesmo mundo também ocorridos esta semana. O futebol não é a vida mas como a vida está em todo o lado, na minha modesta opinião estes três momentos servem de reflexão para questões muito mais abrangentes do que o próprio futebol. Começo pelo Jamor, claro. Naturalmente, não nego, é também uma oportunidade para puxar lustro ao meu orgulho verde que já andava a puxar para o verdete. Mas isso é de somenos porque o que se viu no Jamor está para além de qualquer clubismo. O que se viu no Jamor foi épico, um verdadeiro drama de um grau que poucos romances conseguem atingir, ao nível do melhor que o cinema (a minha outra paixão) consegue. Como nos ensinam as bíblias da escrita de filmes, o segundo acto termina quando tudo parece perdido (“Oh meu Deus porque me abandonaste?” – Mateus 27:46), quando a escuridão é mais negra (o Sporting perde por 2-0 a seis minutos do fim) é quando surge a grande ideia (tinha entrado o Montero) que salva o dia e a alvorada acontece. Assim foi no Jamor, para o lado sportinguista, naturalmente. Mas como uma boa história tem sempre pelo menos um torção ele aconteceu, literalmente, ao Rui Patrício que mesmo coxo conseguiu defender uma grande penalidade. Apoteose, drama do melhor! Todavia, o que me interessa realçar aqui é o facto deste jogo ter constituído uma demonstração clara do prazer que o desporto, como espectáculo, nos pode oferecer ao proporcionar momentos inolvidáveis. Foi também uma oportunidade para assistirmos ao trabalho de dois grandes treinadores como são Sérgio Conceição e Marco Silva. Um porque foi capaz de encostar o Sporting às cordas e manter a nação verde com o coração nas mãos durante 92 minutos. O outro por ter conseguido manter a frieza quando o momento era de pânico e pela capacidade de fazer a equipa acreditar que era possível. E não foi a primeira vez este ano que o fez, os jogos com o Schalke 04 foram outro exemplo e só um grande treinador consegue fazer isto, ou não será esse o segredo de Mourinho, essa grande capacidade de motivação dos seus jogadores? Uma mente focada, como alguém escreveu um dia, “é como um míssil teleguiado. Não tem como falhar o alvo.” Verosimilmente, a recordação terá sempre tons mais garridos para os vencedores mas mesmo os vencidos não irão esquecer este carrossel de emoções e muitos, provavelmente, até recordarão como um momento
BBC, The Royle Family
A bola e outras questões menos redondas à volta dela
marcante que valeu a pena viver. Tal como eu recordo, por exemplo, a derrota de Portugal contra a França por 3-2 quando Chalana, Jordão, Platini e outros que tais nos abençoavam com exibições de alto nível. Gostei de perder? Acho que nenhum português gostou mas foi um momento inolvidável e fico satisfeito por ter tido a oportunidade de o assistir. A vida não se faz apenas de vitórias e só se passarmos pelas derrotas conseguimos não apenas valorizar os sucessos mas também ter compaixão pelos vencidos. Parabéns ao Braga. Guerreiros, mesmo! Para encerrar este capítulo recordo a ideia do comentador da RTP que, ao introduzir o jogo, faz uma referência mais ou menos assim quando as imagens mostravam a taça: “Aqui está a razão pela qual estamos todos aqui”. Eu, como espectador, permito-me discordar porque não estava ligado no jogo pela taça mas sim pelo espectáculo, pelo prazer que
Quando perdermos o prazer do espectáculo desportivo independentemente do resultado transformamonos em seres abjectos e empedernidos. Eu não quero ser assim
é assistir a um bom jogo de futebol ou a qualquer outra manifestação desportiva de nível. A Taça, por si só, de pouco vale a não ser como memento de um dia em que as coisas correram bem. Quando perdermos o prazer do espectáculo desportivo independentemente do resultado transformamo-nos em seres abjectos e empedernidos. Eu não quero ser assim. Continuando em finais de Taça saltou-me à atenção um vídeo que corre pela internet do jogo disputado entre o Barcelona e o Real Madrid. Nesse vídeo, Neymar faz um “cabrito” (bloquear a bola com os dois pés e fazê-la saltar por trás das costas para iludir o adversário) ao defesa do Atlético de Madrid. Resultado? O defesa ficou completamente fora da jogada e o Neymar só não continuou para a baliza porque o defesa, furibundo, lhe aplicou uma placagem à futebol americano. Logo de seguida a equipa toda do Atlético caiu em cima do pobre do Neymar acusando-o de falta de respeito e eu fico de boca aberta. O defesa devia ter levado vermelho. Aliás, a equipa toda do Atlético de Madrid devia ter levado vermelho, não pela violência física mas pelo que significa como apologia da mediocridade. Nada nas regras do jogo impedem o Neymar de fazer o que fez. Ele fez porque consegue, porque tem capacidade, e nervo, para o fazer num jogo difícil como aquele. O defesa foi “papado” porque tinha de ser. Muito provavelmente, depois de reacções destas normalmente acolitadas por uns quantos “opinadores” politicamente correctos, o Neymar não volta a fazer o mes-
mo, tal como o Ronaldo deixou de driblar jogadores com toques de cabeça porque os medíocres, no futebol tal como no resto da vida, não suportam a excelência porque isso apenas revela as suas limitações. Quem perde? Perdemos todos. Até os medíocres que assim diminuem as suas próprias oportunidades para aprenderem a ser melhores. Termino com uma referência ao padrinho do momento, o tal de Blatter, pela incredulidade das suas declarações “caliméricas” quando diz estar ali por amor ao futebol e não por poder ou ganhos... Pode até ser inocente, tão inocente como uma criança acabada de nascer e eu recuso-me a condenar alguém antes de prova em contrário. Mas parece-me óbvio que a única atitude digna do senhor seria demitir-se até para não prejudicar as investigações, até para não sufocar o organismo que ele tanto diz amar. Mais uma vez a vida, ou seja, quem é ele, e outros como ele, para achar que sem ele é o caos? A FIFA acabava se ele se demitisse?... Mas quantos como ele não andam por aí? Que raio de amor é este?... Mais vale o amor mesmo descrito nos bonitos poemas de uma extraordinária cantora e compositora argentina.
PÉ DE PÁGINA
A sugestão musical para hoje é, portanto, “La Verdad” de Juana Molina. “una verdad se inventa con suma precisión y la labor inmensa de la imaginación. yo no quiero desganos, ni falta de passion” (...) Tenha uma óptima semana!
hoje macau terça-feira 2.6.2015
Gás Natural “Tudo é possível” com contrato da Sinosky
Um mar de dificuldades A Pequim Proibido fumar em locais públicos fechados
Desde ontem que é proibido fumar em todos os locais públicos fechados, incluindo escolas, hospitais e estádios, da cidade de Pequim, capital da China. As pessoas que não respeitarem a lei anti-tabagista incorrem numa multa de 200 yuan, porém os proprietários poderão ter de desembolsar até 10.000 yuan. «A chave do problema está nos proprietários. Eles têm a responsabilidade de assegurar que não se fuma dentro dos seus estabelecimentos», referiu o presidente de uma associação antitabagista municipal. O governo da China estima que as doenças provocadas pelo tabaco causam anualmente a morte a um milhão de pessoas. De acordo com um estudo do Centro de Controlo Sanitário de Pequim, os fumadores da cidade consomem em média 14,6 cigarros por dia. Os maços de tabaco em território chinês custam entre 4 yuan e 100 yuan.
Tóquio Encontrado corpo de mulher em mala numa estação
pub
A polícia japonesa encontrou o corpo, em estado de decomposição, de uma mulher no interior de uma mala deixada há um mês numa estação de Tóquio, informou ontem o jornal japonês Japan Times. O corpo, encontrado no domingo, pertence a uma mulher, de entre 70 e 90 anos, que ainda não foi identificada, detalhou a agência Kyodo, citando a polícia. A mala permaneceu numa sala de armazenamento de bagagens da estação de Tóquio durante um mês, período estabelecido para as reclamações, depois de ter sido retirada de um armário aberto na manhã de 26 de Abril, segundo o funcionário da empresa responsável fez a macabra descoberta.
s negociações entre o Governo e a Sinosky “não têm sido fáceis” e, segundo o contrato entre a RAEM e a empresa de gás natural, “tudo é possível” acontecer. Quem o admite é o coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE), Arnaldo Santos. O responsável, citado pela Rádio Macau, assegura, contudo, que a empresa ainda tem o vínculo contratual com o Governo. “A Sinosky ainda tem o vínculo contratual. Neste momento, estamos a negociar com a [empresa]. As negociações não têm sido fáceis, mas o Governo está empenhado em resolver um problema que já se arrasta há muitos anos”, começou por dizer Arnaldo Santos, à margem do programa da rádio Fórum Macau. Recorde-se que, como o HM avançou na semana passada, fonte próxima do processo assegurou que a rescisão do contrato já estaria autorizada pelo Chefe do Executivo, sendo que estaria em causa uma compensação de 200 milhões de patacas, apesar do contrato com a empresa não
“A Sinosky ainda tem o vínculo contratual. Neste momento, estamos a negociar com a [empresa]. As negociações não têm sido fáceis, mas o Governo está empenhado em resolver um problema que já se arrasta há muitos anos”
Arnaldo Santos Coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético
falar em indemnizações quando há responsabilidades a atribuir à Sinosky. Ao HM, o Governo não confirmou, nem desmentiu a notícia, mas dias depois, o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, disse não ter co-
nhecimento dos valores, nem da rescisão. Ontem, Arnaldo Santos fazia o mesmo discurso, mas afirmava que todos os cenários estão em cima da mesa. “De acordo com os termos contratuais, tudo é possível”, referiu.
CEM ainda não entregou proposta Sobre a intenção da Companhia de Electricidade de Macau (CEM) produzir energia eléctrica a partir de gás natural, o coordenador do GDSE revela que o processo está pendente. A empresa ainda não entregou uma proposta detalhada, avança a rádio. “O que recebemos da CEM, inicialmente, foi uma intenção, um documento, mas não extensivo, sem detalhes. Estamos a aguardar um relatório, uma proposta mais compreensiva da CEM. Depois, vamos tomar uma decisão. Claro que isto também está dependente do gás natural. Por isso, frisei que a questão do gás natural é complicada, mas nós estamos empenhados em resolvê-la”, insistiu Arnaldo Santos.
Audição SS oferecem rastreio a recém-nascidos residentes
O
s centros de saúde da Areia Preta e da Nossa Senhora do Carmo-Lago – na Taipa – passam a oferecer, gratuitamente, o serviço de rastreio auditivo a todos os bebés recém-nascidos na RAEM e que aqui sejam residentes. O agendamento deste serviço poderá ser feito até 28 dias após o parto da criança em nove diferentes centros de saúde, entre eles o de São Lourenço, do Fai Chi Kei, da Areia Preta, do Porto Interior e dos Jardins do Oceano. “Em Macau, o rastreio auditivo para os recém-nascidos constitui uma medida de cuidados de saúde importante, dado que a deficiência auditiva bilateral congénita é uma causa de transtornos no desenvolvimento infantil”, informam os Serviços de Saúde (SS) em comunicado. A entidade chama ainda a atenção para o facto desta doença não ser fácil de detectar e poder mesmo retardar as capacidades cognitiva e da fala em idade infantil. Além disso, os SS referem que o rastreio proporciona “diagnósticos de tratamento e treino adequado em tempo oportuno”, de forma a não interferir no desenvolvimento da criança.
“Flash mob” de amamentação no Jardim do Iao Hon • A Associação de Amamentação de Macau organizou no domingo passado uma “flash mob” de amamentação no Jardim Iao Hon. Mais de 40 mães amamentaram os seus bebés a ar livre, com o objectivo de atraiar a atenção do público e eliminar o tabu da amamentação. O evento teve ainda como ideia dar a entender ao Governo a necessidade de se criarem salas de amamentação públicas e nos estabelecimentos privados.