HOJE MACAU
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
CINEMATECA PAIXÃO
CHUVA DE INCÓGNITAS
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HOJE MACAU
PÁGINA 5
ESCOLA PORTUGUESA
QUAL É O SALDO? ÚLTIMA
CASINOS
QUEBRAS DE 94,5 POR CENTO PÁGINA 7
QUARTA-FEIRA 2 DE SETEMBRO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4603
hojemacau
Apanhado na rede Detentor de dupla nacionalidade, portuguesa e chinesa, Kok Tsz Lun foi detido pelas autoridades chinesas quando seguia a bordo de uma lancha, juntamente com outras 11 pessoas, com destino a Taiwan. Segundo a polícia de Hong Kong, os detidos estiveram envolvidos em várias activida-
des ilegais e estavam impedidos de sair da RAEHK. São agora acusados de travessia ilegal de fronteira. As autoridades portuguesas estão em contacto com as congéneres chinesas, mas a sua actuação é limitada, uma vez que a China não reconhece a dupla nacionalidade.
GRANDE PLANO
HAMILTON AGUIAR
h A OBSESSÃO DA SOLIDÃO NUNO MIGUEL GUEDES
HÁ OS HOMENS JOÃO PAULO COTRIM
MÚSICA
ROOTZ NO LMA EVENTOS
MOP$10
2 grande plano
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M cidadão português foi detido pelas autoridades da China Continental depois de ser apanhado a bordo de um barco que tinha como destino Taiwan. Kok Tsz Lun, que é natural e residente de Hong Kong, foi detido por travessia ilegal da fronteira. O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong disse à Lusa que “em coordenação com a Embaixada de Portugal em Pequim e com o Consulado Geral de Portugal em Cantão, estão em curso contactos com as autoridades competentes da República Popular da China”. No entanto, Paulo Cunha Alves alertou para limites à intervenção das autoridades portuguesas, porque Kok Tsz Lun tem também nacionalidade chinesa. O jornal The Washington Post noticiou que o jovem de 19 anos que estudava na Universidade de Hong Kong, fazia parte de um grupo que comprou uma lancha rápida com o intuito de aprender a navegar para fugir de Hong Kong. Horas depois de partirem da Região Administrativa Especial vizinha, no dia 23 de Agosto, viram o seu objectivo interrompido pela guarda costeira de Guangdong, que interceptou o barco a cerca de 50 milhas a sudeste do ponto de partida. Daí resultou a detenção de 11 homens e uma mulher, com idades entre os 16 e 33 anos, que foram acusados de entrada ilegal na China. Kok Tsz Lun possui não só passaporte português, como também um passaporte emitido pela Região Administrativa Especial de Hong Kong da República Popular da China. À Lusa, o consulado recordou que a China reconhece “o pas-
Oito fugitivos
Existem outros oito suspeitos acusados e procurados pela polícia de Hong Kong, avançou o South China Morning Post. Estão acusados de crimes ligados à entrada no Conselho Legislativo a 1 de Julho e o encontro não autorizado de 31 de Agosto no ano passado. As autoridades estarão a apostar na recolha de informação e reforço de patrulhas marítimas para evitar fugas da cidade. De acordo com o jornal, especialistas jurídicos têm alertado que o número crescente de fugitivos pode levar a decisões mais rígidas em pedidos de fiança.
2.9.2020 quarta-feira
JUSTIÇA
O PIOR DE DOIS PORTUGUÊS COM DUPLA NACIONALIDADE DETIDO EM SHENZHEN
Kok Tsz Lun tem dupla nacionalidade: portuguesa e chinesa. Foi detido pelas autoridades da China Continental por travessia ilegal da fronteira, quando tentava chegar a Taiwan de barco. A actuação das autoridades portuguesas está limitada porque a China não reconhece a dupla nacionalidade e tem em conta apenas a chinesa. Segundo o Embaixador de Portugal em Pequim, o detido já tem advogado
saporte português apenas enquanto documento de viagem não atributivo da nacionalidade”, o que limita a intervenção das autorida-
des portuguesas “ao domínio humanitário, procurando assegurar que o detido se encontra bem, que lhe seja dispensado um tratamento digno e que possa ser defendido por um advogado”. Em declarações ao HM, o Embaixador de Portugal em Pequim, José Augusto Duarte, revelou que o caso é, “neste momento, um assunto de apoio e protecção consular e está por isso mesmo a ser acompanhado pelo Consulado Geral de Portugal em Macau e pelo Consulado Geral de Portugal em Cantão”. O diplomata acrescentou que “o senhor em causa também dispõe de um advogado”. Para além disso, nas regras internacionais que “regem as relações consulares entre os Estados no que respeita
O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong está “em coordenação com a Embaixada de Portugal em Pequim e com o Consulado
grande plano 3
quarta-feira 2.9.2020
MUNDOS
à protecção consular de cidadãos detentores de dupla nacionalidade, a assistência consular por parte deste Consulado Geral fica formalmente excluída nos casos em que os indivíduos em questão se encontrem no país da sua outra nacionalidade”.
ACOMPANHADO DESDE SEGUNDA
Em declarações à TDM Rádio Macau, Paulo Cunha Alves disse que o consulado tem tentado assegurar que o detido se encontra bem desde segunda-feira. Os contactos com as autoridades do Interior da China são no sentido de alertar para o caso e perceber “até que medida eles podem dar uma resposta àquelas nossas questões – confirmar se está em Shenzhen, se se encontra bem e assegurar que terá a defesa por parte de um advogado”. O advogado Leonel Alves frisou que tendo cidadania chinesa, “em território nacional chinês não pode invocar nacionalidade estrangeira, nem protecção consular”. “Para a China, o passaporte português não é um documento que confira nacionalidade estrangeira. Sendo ele cidadão chinês, em território chinês só é reconhecida essa nacionalidade”, disse ao HM. Por outro lado, observou a necessidade de distinguir duas situações.Aquem for aplicada pena de proibição de saída de Hong Kong, é aplicada a lei dessa região, num tribunal de Hong Kong. Já uma entrada ilegal em território chinês é da competência da China Continental. São situações ilícitas de “natureza completamente diferentes” e têm de ser julgadas cada uma na jurisdição competente para o fazer.
PONTO DE PARTIDA
Geral de Portugal em Cantão, estão em curso contactos com as autoridades competentes da República Popular da China”
Vários dos jovens que seguiam a bordo com Kok Tsz Lun tinham sido anteriormente detidos durante protestos em Hong Kong. Um dos tripulantes era o activista Andy Li, detido em Agosto ao abrigo da nova lei da segurança nacional. De acordo com o The Washington Post, a polícia de Hong Kong disse que os 12 detidos estiveram envolvidos em diversos casos na RAEHK, incluindo posse de armas, posse de explosivos, motim e conluio com um país estrangeiro ao abrigo da lei de segurança nacional. Na sequência de processos, 11 dos tripulantes estavam impedidos de sair de Hong
Histórias de apelos sem resultados A falta de margem de manobra em casos de dupla nacionalidade ficou visível com o caso de Lau Fat Wai, residente de Macau com nacionalidade portuguesa. Foi detido depois de atravessar a fronteira para a China Continental em 2006, e condenado à morte por tráfico de droga e posse de arma proibida cerca de três anos depois. Quando a sentença foi conhecida, tanto o Governo e o Parlamento português como a Amnistia Internacional (AI) tentaram repetidamente reverter a pena de morte. De acordo com o jornal Público, um dos argumentos
O Conselho de Assuntos do Continente de Taiwan disse que se pessoas de Hong Kong e Macau quisessem procurar ajuda de Taiwan por motivos políticos devem seguir os mecanismos legais existentes Kong devido a medidas de coacção decretadas judicialmente e três eram procurados pelas autoridades. De acordo com uma notícia publicada no South China Morning Post na sexta-feira, a polícia de Hong Kong estava em contacto com as autoridades da China Continental para providenciar o regresso dos 12 detidos à RAEHK. A fonte do jornal de Hong Kong desconhecia se seriam julgados do lado de lá da fronteira por entrarem ilegalmente no Continente. A nova lei de segurança nacional entrou em vigor a 30 de Junho, depois de um
“Para a China, o passaporte português não é um documento que confira nacionalidade estrangeira. Sendo ele cidadão chinês, em território chinês só é reconhecida essa nacionalidade.” LEONEL ALVES ADVOGADO
invocados foi não haver pena de morte em Portugal e Macau. No entanto, a detenção ocorreu na China e aos olhos das autoridades chinesas era um cidadão chinês. Lau Fat Wai acabou por ser executado em Fevereiro de 2013. Nesse ano, o Ponto Final indicava que a coordenadora da secção China da AI Portugal, Maria Teresa Nogueira, sugeria que a demora da execução da sentença podia ter sido motivada pela pressão diplomática sobre o caso e interesses chineses em Portugal.
ano marcado por protestos pró-democracia no território e confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas. Depois da imposição da nova legislação, Taiwan criou um gabinete para ajudar pessoas a fugir de Hong Kong. Começou a operar em Julho, altura em que o ministro Cheng Ming-tong descreveu o projecto como um marco do Governo no apoio aos cidadãos de Hong Kong na busca por democracia e liberdade. A entidade tem como objectivo apoiar quem planeia estudar, trabalhar, investir ou estabelecer-se em Taiwan, mas também pode ajudar pessoas de Hong Kong cuja segurança e liberdade estão em risco devido a motivos políticos. De acordo com o The Washington Post, pelo menos, desde Novembro barcos transportam manifestantes na travessia marítima entre Hong Kong e Taiwan. É a opção que resta para aqueles que foram obrigados a entregar o passaporte às autoridades da RAEHK. Fontes do jornal norte-americano revelam que as viagens de barco são combinadas com contactos em Taiwan. O China Times reportou que um barco com cinco manifestantes de Hong Kong recebeu assistência das autoridades de Taiwan depois de ficar sem combustível perto de ilhas controladas por Taipé, sem que os passageiros fossem detidos. Na semana passada, o Conselho de Assuntos do Continente de Taiwan disse que se pessoas de Hong Kong e Macau quisessem procurar ajuda de Taiwan por motivos políticos devem seguir os mecanismos legais existentes. Hoje Macau com Lusa info@hojemacau.com.mo
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RÓMULO SANTOS
2.9.2020 quarta-feira
Zero absoluto
IPIM não aprovou nenhum pedido de residência no primeiro trimestre
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“A questão dos arrendatários trapaceiros afecta muito os senhorios, porque uma vez findo o contrato de arrendamento [...] o proprietário não pode arrendar o estabelecimento a outra pessoa”
RESTAURAÇÃO DEPUTADOS QUEREM SENHORIOS COM PODER PARA CANCELAR LICENÇAS
A lei do mais forte
Chan Chak Mo afirma que muitos arrendatários de restaurantes e bares exigem dinheiro aos senhorios para permitirem que os espaços possam ser arrendados a outras pessoas
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S deputados querem aproveitar a nova lei da actividade dos estabelecimentos hoteleiros para reforçar os poderes dos senhorios dos espaços onde funcionam os restaurantes e bares. O desejo foi revelado pelo presidente da 2.ª Comissão da Assembleia Legislativa, Chan Chak Mo, que aponta que é necessária uma solução para lidar com os “arrendatários trapaceiros”. Em causa está a morada da licença dos restaurantes e bares que faz com que os espaços não possam ser arrendados para outros negócios, sem que a morada da licença seja alterada ou cancelada. “A questão dos arrendatários trapaceiros afecta muito os senho-
rios, porque uma vez findo o contrato de arrendamento, se a licença continuar em vigor e se o titular da licença não pedir o cancelamento, o proprietário não pode arrendar o estabelecimento a outra pessoa”, defendeu Chan Chak Mo. “Por este motivo, o proprietário acaba por ter de negociar com o arrendatário, a quem pede para cancelar a licença [...] O proprietário acabam sempre por ter de pagar algum [dinheiro ao arrendatário para poder arrendar o espaço a outra pessoa], acrescentou. O deputado considerou ainda que este problema tem uma dimensão muito maior do que aquela que é conhecida porque “muitos [senhorios] nem notificam o Governo” sobre a situação uma vez que já sabem
que o Executivo “não consegue resolver a situação”.
RECUO DO EXECUTIVO
Na versão votada na generalidade da lei actividade dos estabelecimentos hoteleiros, o Governo tinha incluído uma alínea que permita ao proprietário cancelar a licença do restaurante. Para este efeito, tinha de ser provado que o contrato de arrendamento tinha chegado ao fim e que o dono do restaurante já não podia usufruir do espaço. Porém houve um recuo do Executivo por motivos burocráticos. Segundo a explicação do Governo ao deputados, as licenças dos restaurantes não podem ser canceladas a pedido do senhorio sem que os donos da licença sejam avisados, para
poderem contestar. Ao mesmo tempo, o Governo admitiu que não consegue notificar os donos das licenças em tempo útil, principalmente quando se tratam de empresas ou pessoas no exterior. Foi por este motivo que deixou cair esta proposta. Face a este cenário, os deputados da comissão insistem que o Governo tem de arranjar uma solução e o Executivo comprometeu-se a ponderar uma alternativa. “O Governo disse que vai ponderar e que talvez na próxima versão apresente uma solução”, indicou Chan. João Santos Filipe
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URANTE os primeiros três meses de 2020, o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) não aprovou qualquer pedido de fixação de residência de investidores, quadros dirigentes e técnicos especializados. Além disso, dados do IPIM, mencionados numa interpelação escrita de Chan Hong, revelam que no primeiro trimestre foram submetidos 131 pedidos de renovação, sem informação quanto ao número de pessoas autorizadas a permanecer. O IPIM não aprovou 15 pedidos de residência, dois deles submetidos por investimento considerável, uma rejeição de quadros dirigentes ou técnicos especializados, 11 de renovação de pedido e dois de extensão de residência para familiares. Ao longo do primeiro trimestre todos os pedidos aprovados, 34, foram respeitantes a renovações. Em interpelação, Chan Hong destacou a “falta de clareza na regulamentação relativa a importação de talentos do exterior e de rigor na apreciação e autorização dos pedidos”, e questionou como o Executivo reduzir irregularidades. O IPIM referiu que para os casos de investimento relevante serão realizadas inspecções ao local onde a empresa labora, para verificar se estará efectivamente activa e a funcionar de forma correspondente ao processo.
Em relação aos quadros especializados, a fiscalização será feita em cooperação com a entidade patronal. Uma das preocupações demonstradas pela deputada é relativa aos requerentes de renovação que submeteram documentos que já passaram do prazo, sem terem sido notificados da decisão do IPIM. Chan Hong alerta para a possibilidade de Macau se arriscar a perder talentos por deixar estas pessoas numa situação indefinida, sem saberem se podem permanecer no território.
COM OS PRÓPRIOS OLHOS
Por outro lado, o IPIM vai permitir que os candidatos acompanhem o processo de candidatura pela internet. Em resposta à interpelação do deputado Pang Chuan, o organismo que se encontra debaixo de fogo num dos processos judiciais mais polémicos do momento referiu que o sistema vai ser refinado, permitindo ao candidato saber se tem de submeter documentos adicionais e entrega-los pela internet. O deputado interpelou o Executivo para a necessidade de acelerar a renovação de bilhetes de identidade, lamentando que se “descure a importância dos quadros já importados” e “deixando preocupados os que podem pensar vir a contribuir para o desenvolvimento de Macau”. João Luz
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quarta-feira 2.9.2020
Parque dos Pneus Abertura dentro de um ano
NOVOS ATERROS EDIFÍCIO DA POLÍCIA CUSTARÁ PELO MENOS 888 MILHÕES
encontro do conselho consultivo onde se revelaram outros pormenores do projecto como o facto de os trabalhos irem durar cerca de 270 dias úteis e envolverem 1.700 pneus. Foi ainda adiantado que vão ser construídos campos de futebol no parque e uma área para skate.
TDM Lorman Lo nomeada presidente da comissão executiva Lorman Lo Song Man foi nomeada presidente da comissão executiva da TDM e vice-presidente do conselho de administração da emissora pública, de acordo com a Macau News Agency. A veterana jornalista vai substituir Manuel Pires, que se reformou, na
sequência da decisão tomada ontem na reunião do conselho de administração. Lorman Lo trabalha na TDM desde 1990, onde foi chefe de redacção da informação em chinês e directora de informação dos canais em chinês. Em 2012, entrou para a comissão
executiva da TDM. António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau, também viu confirmada a nomeação, a tempo parcial, como membro da comissão executiva, assim como Frederico do Rosário, Cristina Ho e John Lai.
HOJE MACAU
O parque recreativo com pneus que está a ser construído na Taipa deverá estar pronto dentro de um ano, segundo afirmou ontem Si Nei Na, coordenadora-adjunta do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, citada pelo canal chinês da Rádio Macau. As declarações foram prestadas no
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Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) recebeu 17 propostas no âmbito do concurso público para a construção do novo edifício de comando do Corpo de Polícia de Segurança Pública e Unidade Táctica de Intervenção Policial na Zona E1 dos novos aterros. Segundo um comunicado, as propostas apresentaram valores aproximados entre 888 milhões e 1,172 mil milhões de patacas. Os prazos para a realização da obra variam entre os 850 e 980 dias de trabalho, estando o início das obras marcado para o primeiro semestre do próximo ano. O Novo Edifício de Comando do Corpo de Polícia de Segurança Pública e Unidade Táctica de Intervenção Policial terá uma área de implementação de cerca de 7.000 metros quadrados. O edifício é constituído por três blocos, dispondo de uma sala de comando operacional, centro de controlo operacional 999, salas de conferência de imprensa, de equipamentos do sistema de videovigilância em espaços públicos de Macau, de actividades multifuncionais, de armas, munições e recolha de armamento, cena de detenção e gabinetes, dispondo ainda de espaço público, como um campo de treino.
Maxim Bessmertny, realizador “Esta é a cidade do mistério, por isso temos de ver o que vai acontecer”
CINEMATECA EXPERIÊNCIA PASSADA CONTINUA A SER TABU EM DIA DE REABERTURA
O mistério da Casa Paixão
A Cinemateca Paixão voltou ontem a abrir portas com uma programação dedicada aos clássicos. “Singin’ in the Rain” fez as honras, numa reabertura onde a falta de informação sobre a nova gestão na área do cinema continuou a ser tabu. Cineastas presentes no evento consideram que é preciso “dar o benefício da dúvida” e que o mistério faz parte de Macau
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ÃO sei se já viram o Casablanca? Macau tem uma história de 500 anos de relações entre Portugal e a China, com intervenções holandesas, inglesas e vários períodos de guerra. Esta é a cidade do mistério, por isso temos de ver o que vai acontecer”. As palavras são do realizador Maxim Bessmertny, após ter sido questionado sobre as expectativas que tem para “o filme que aí vem”, tendo em conta os primeiros “minutos” misteriosos da nova gestora da Cinemateca Paixão, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada. Apesar das dúvidas, o realizador espera que a In Limitada exiba uma programação de qualidade, capaz de unir o público que gosta de cinema, sobretudo num contexto difícil, marcado pela pandemia. “Esperamos ver cinema e filmes que nos juntem a todos. Nestas alturas é que as gentes precisam de
algo que as junte, porque o cinema sempre foi uma força. Em tempos difíceis, como aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, o cinema consegue mostrar o que temos em comum”, referiu Bessmertny. Intitulado “Uma carta de amor ao Cinema: Produção cinematográfica nos grandes ecrãs”, o primeiro evento desde que a In Limitada assumiu as rédeas da Cinemateca Paixão, inclui uma selecção de clássicos e obras-primas de diferentes países e Eras. O primeiro dia do festival começou com a versão remasterizada de “Singin’ in the Rain” e inclui também obras de Fellini (“Otto e Mezzo”) e Woody Allen (“The Purple Rose of Cairo”).
ESPERANÇAS E AUSÊNCIAS
Sobre a experiência da nova equipa na área do cinema, Jenny Ip, a nova gestora de operações da Cinemateca voltou a frisar que a confidencialidade dos clientes é a
principal razão para não se saber mais sobre o passado da empresa. “Gostávamos de revelar mais mas, como o público está a prestar muita atenção à nossa experiência passada e projectos, os nossos clientes pediram confidencialidade. Esperamos que o público vire o foco para a nossa nova equipa, porque agora somos nós os responsáveis pela Cinemateca Paixão. Esperamos trazer uma nova energia e uma boa programação para o público”, afirmou Jenny Ip. Sobre o que esperar da actuação da In Limitada e as críticas acerca da falta produções locais e independentes, o produtor Jorge Santos, que também marcou presença no evento de reabertura, afirma que é preciso “dar o benefício da dúvida” e que ficou curioso com o facto de a programação de Setembro ser dedicada ao cinema clássico. “Não sei se falta cinema independente ou local, isto começou hoje [ontem], portanto não faço
ideia qual será a programação para o futuro. Suponho que a dada altura vão passar cinema local, não vejo razão para não passar”, apontou. Sobre o trabalho da anterior gestão, Jorge Santos não tem dúvidas que a CUT “fez um trabalho muito interessante”, com ciclos originais “de todo o mundo”. Já Bessmertny lembra que a CUT “continua a fazer bons eventos para a comunidade” e espera que a nova gestora apresente bons e novos filmes para oferecer “aos amantes do cinema de Macau”. Questionada sobre se os proprietários da In Limitada marcaram presença na reabertura da Cinemateca, Jenny Ip referiu que não vieram “porque têm outros negócios a tratar”, apesar de “terem apoiado muito a reabertura”. Pedro Arede
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6 sociedade
2.9.2020 quarta-feira
Droga Dois detidos por comprarem LSD online
Dois residentes, com 28 e 30 anos, foram detidos em flagrante delito na segunda-feira, quando levantaram nos correios uma encomenda que continha 0,52 gramas de LSD no interior. O caso foi revelado pela Polícia Judiciária que foi alertada para o conteúdo da encomenda pelas autoridades de Zhuhai. A quantidade de droga apreendida foi avaliada em 3 mil patacas. Após a detenção, os indivíduos admitiram ter encomendado o LSD através da internet e afirmaram que tinham por hábito consumir este tipo de droga. Os homens confessaram também ter utilizado o mesmo método para comprar marijuana em Julho. Os dois foram reencaminhados para o Ministério Público e estão indiciados pelos crimes de tráfico de estupefacientes, com uma pena que pode chegar a 15 anos, e de consumo, que tem uma moldura penal máxima 1 ano.
PJ Alerta para fraude com compra de acções
Hon Wai, presidente do IAS “Caso se confirme que existe erro do pessoal da creche, vamos aplicar uma suspensão preventiva.”
A
creche Sun Child Care Centre, na Praia Grande, pode vir a fechar portas, caso venha a ser confirmado que os três casos reportados na instituição desde o início de Julho estão relacionados com maus tratos, ficando assim provada a negligência, falta de experiência ou intenção de magoar as crianças. A garantia foi dada ontem pelo presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai, à margem da cerimónia de abertura do centro de dia, Ji Cing do Povo. “A instituição ainda está em funcionamento, porque aguardamos os resultados da investigação que está a ser levada a cabo pela polícia. Caso se confirme que existe erro do pessoal da creche, vamos aplicar uma suspensão preventiva, mas precisamos de ter provas suficientes que confirmem ser esse o caso”, referiu Hon Wai. Recorde-se que desde o passado fim-de-semana que circula nas redes sociais o caso de uma criança alegadamente ferida na creche Sun Child Care Centre, sendo que os maus tratos foram revelados pela própria mãe, através de uma fotografia onde podem ser vistas várias nódoas negras nos braços da criança. Na sequência do eco provocado pela situação nas redes sociais,
VIOLÊNCIA CRECHE PODE FECHAR SE SE CONFIRMAREM MAUS TRATOS
É ver para crer
O presidente do IAS, Hon Wai admitiu ontem encerrar a creche Sun Child Care Centre, na Praia Grande, se a investigação policial confirmar que os três casos reportados na instituição estão relacionados com maus tratos em crianças. Desde o início do ano, foram registadas, no total, quatro queixas de maus tratos em creches veio a confirmar-se que se trata do terceiro caso a ser reportado no mesmo estabelecimento de ensino, que pertence ao Grupo Sun City, sendo que as primeiras queixas foram feitas no início de Julho.
SEGUIR O PADRÃO
Aos jornalistas Hon Wai revelou ainda que, desde o início do ano, o IAS recebeu, no total, sete queixas relacionadas com creches. Destas, quatro dizem respeito a suspeitas de maus tratos em crianças, sendo que já veio, entretanto, a ser confirmado que uma das situações está relacionada com “a queda de uma criança no chão”.
As outras três queixas estão ainda a ser investigadas e dizem respeito à Sun Child Care Centre. “Ainda precisamos de avaliar se as queixas têm fundamento. Não somos a polícia e, por isso, só podemos analisar as situações sob o nosso âmbito de trabalho. Como a polícia ainda está a investigar os casos, não é apropriado fazer mais comentários”, acrescentou o presidente do IAS. Hon Wai disse ainda que, no presente ano lectivo, as atenções estão sobretudo viradas para as creches privadas, dado que as creches subsidiadas estão parcialmente abertas, desde que foi anunciado que as crianças com menos de três
anos não podem frequentar estas instituições. Recorde-se que na passada segunda-feira Melody Lu, professora do departamento de sociologia da Universidade de Macau (UM) disse ao HM considerar a situação “alarmante” por terem aparecido vários casos na mesma creche, sem que nada tivesse sido feito, defendendo que devia ser implementado um mecanismo centralizado para lidar com este tipo de situações. Pedro Arede e Nunu Wu
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A Polícia Judiciária (PJ) lançou ontem um alerta para uma plataforma promovida nas aplicações móveis que alegadamente recolhe dinheiro para investimentos colectivos em acções. Apesar de não ter recebido nenhuma queixa sobre a plataforma, a PJ explicou que nas regiões vizinhas houve esquemas semelhantes que resultaram em burlas, pelo que apelou à população para que faça investimentos e transferências de dinheiro apenas através das instituições financeiras registadas junto das autoridades legais. Por outro lado, foi igualmente pedido aos cidadãos que evitem fazer scan de códigos QR cuja origem desconheçam, porque podem resultar em transferências de dinheiro indesejadas.
Alfândega Interceptadas 27 acções de contrabando com alimentos
Os Serviços de Alfândega (SA) detectaram, desde Agosto, 27 casos de contrabando relacionado com produtos alimentares importados, que envolvem 21 residentes e seis cidadãos da China. As autoridades verificaram que os alimentos, a maioria carne e marisco com um peso total de 240 quilos, chegaram a Macau sem que tenham sido sujeitos a controlo sanitário. Depois de uma investigação, os SA concluíram que a maior parte da encomenda se destinava a uso próprio, enquanto que outros envolvidos terão recebido dinheiro para a entrega. As autoridades estão a levar a cabo mais investigações e os indivíduos podem vir a ser acusados de violar a lei do comércio externo.
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quarta-feira 2.9.2020
ONLINE POKERSTARS DE SAÍDA DE MACAU, CHINA E TAIWAN
A
gigante plataforma PokerStars está de saída de Macau, China continental e Taiwan, de acordo com o portal CalvinAyre e outras publicações dedicadas ao sector do jogo. Na passada segunda-feira, foi publicado num fórum de póquer online uma mensagem do apoio ao cliente da PokerStars onde se referia que a plataforma “iria sair da China, Taiwan e Macau no dia 1 de Setembro”. A mensagem foi divulgada escassos dias após a empresa-mãe, a The Stars Group, ter anunciado planos para “desligar” mercados que não cumprissem com os padrões de conformidade legal. A mensagem diz que a PokerStars fez alterações operacionais que permitem aos clientes levantar dinheiro mais facilmente, por exemplo, diminuindo o valor mínimo de transferências bancárias e permitindo levantamentos
através plataformas online como a Skrill e a NETELLER para jogadores de Taiwan. Importa realçar que em nenhum dos três mercados referidos é legal jogar póquer online com apostas reais, com particular destaque para os esforços das entidades chinesas no combate ao jogo ilegal online transfronteiriço. Aempresa-mãe das operações asiáticas da PokerStars emitiu um comunicado a anunciar medidas para tornar as apostas mais seguras e combater a lavagem de dinheiro. Além disso, revelou que a saída destes mercados representa perdas anuais na ordem de 65 milhões de libras, preço que a empresa está disposta a “pagar” para assegurar que não tem problemas com entidades reguladoras de outras jurisdições mais significativas em termos operacionais, como os Estados Unidos.
Guangdong Residentes de Hong Kong e Macau podem partilhar propriedade de imóveis
Entrou ontem em vigor uma nova medida relativa à compra de habitação na província de Guangdong por parte dos residentes de Hong Kong e Macau. A medida, lançada pelo Departamento de Habitação e Infra-estruturas Urbanas e Rurais da província Guangdong, prevê que os residentes de Hong Kong e Macau que vivam e trabalhem em Guangdong possam comprar um imóvel com o direito de propriedade conjunta. Cada família só poderá comprar uma casa neste regime que não deva ultrapassar os 120 metros quadrados. A quota de propriedade de cada comprador não pode ir além dos 50 por cento, sendo que a restante pertence ao Governo. Além desta medida, os proprietários podem ainda gozar do direito de residência e de poderem inscrever os filhos em escolas locais. No caso de os compradores quererem ceder a sua quota de propriedade, só o poderão fazer a outras pessoas abrangidas pelo mesmo regime. Os compradores não poderão arrendar a habitação ou mantê-la devoluta sem autorização.
JOGO CASINOS REGISTAM QUEBRA DE 94,5% EM AGOSTO
Entrada no pódio
Apesar da retoma na emissão de vistos turísticos, primeiro de Zhuhai e depois de Guangdong, as receitas brutas dos casinos de Macau totalizaram em Agosto 1.330 milhões de patacas, o terceiro pior registo do ano até agora
de Agosto desde a província de Guangdong, não se reflectiu nas receitas de jogo do mês passado, tal como previram alguns especialistas do sector. Recorde-se ainda que a China está a planear autorizar a emissão de vistos turísticos para Macau a todo o país, a partir de 23 de Setembro. Na altura dos anúncios, feitos no início de Agosto, analistas citados pela agência Lusa disseram que apesar de ser “uma grande notícia” para o sector, avisaram que a recuperação ainda vai demorar. “Vai ser uma grande ajuda para Macau. É uma grande notícia, mas vai ser um longo caminho para chegar ao nível dos resultados de 2019”, antes da pandemia do novo coronavírus, sublinhou na altura Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix.
ANO PERDIDO
De acordo com dados divulgados na segunda-feira por analistas da Sanford C. Bernstein Ltd e citados pela TDM-Rádio Macau, no final de 2020, as receitas brutas de jogo dos casinos de Macau devem registar perdas anuais de 71 por cento.
Feitas as contas, Agosto assume-se até agora como o terceiro pior mês de 2020
É
mais um capítulo do lento e penoso caminho rumo à recuperação. De acordo com dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em Agosto de 2020, as receitas brutas dos casinos de Macau registaram uma queda de 94,5 por cento relativamente ao mesmo período do ano passado, totalizando cerca de 1.330 milhões de patacas. Isto, dado que emAgosto de 2019, as receitas brutas mensais foram de 24.262 milhões.
O registo de Agosto de 2020, apesar de semelhante em termos percentuais quando comparado com Julho, é ainda assim, ligeiramente pior ao nível da receita bruta mensal, já que a facturação do mês anterior foi de 1.344 milhões de patacas. Feitas as contas, Agosto assume-se até agora como o terceiro pior mês de 2020, depois de Abril, quando as receitas foram de 754 milhões de patacas e Junho, quando os resultados indicaram 716 milhões de Patacas.
Quanto à receita bruta acumulada de 2020, segundo os dados da DICJ, registaram-se perdas de 81,6 por cento, nos primeiros oito meses do ano. Isto, dado que o montante global gerado de Janeiro a Agosto de 2020 foi de 36.394 milhões de patacas, ou seja menos 161,824 milhões de patacas do total acumulado nos primeiros oito meses de 2019 (198,218 milhões). De notar que o impacto da retoma de emissão de vistos turísticos, individuais e de grupo, a 12 deAgosto desde Zhuhai e a 26
A previsão corrobora também as perspectivas mais conservadoras relativamente ao impacto para o sector da abertura das fronteiras e da retoma da concessão de vistos turísticos, sobretudo quanto à recuperação do segmento de massas e premium, que será feito a um ritmo lento Até chegar ao ponto em que a emissão de vistos turísticos passou a ser uma realidade, Macau sofreu uma quebra sem precedentes, tanto na exploração dos casinos como na entrada de visitantes desde final de Janeiro, quando se verificou a primeira vaga de casos de covid-19 detectados no território. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
8 eventos
2.9.2020 quarta-feira
“A música em Macau MÚSICA BETCHY BARROS, CANTORA E UMA DAS CRIADORAS DO EVENTO “ROOTZ”
A pandemia da covid-19 fê-la regressar de Londres mais depressa do que estava à espera. Depois de um curso em ciências biomédicas que ficou por terminar, Betchy Barros deu ouvidos à sua paixão de sempre e foi estudar música no Reino Unido. De regresso à sua Macau, a cantora e compositora está a dar os primeiros passos nos palcos, estando também envolvida na criação do evento “Rootz”
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A música de Cesária Verde, cantada à capella com 16 anos, até aos palcos mais profissionais foi um longo passo, mas que fez e que continua a fazer todo o sentido. Betchy Barros, guineense que vive em Macau desde bebé, regressou há pouco de Londres onde estudou música. Assume-se como cantora neo-soul, mas não só, apostando na diversidade. O nome Betchy Barros tem surgido em vários eventos com artistas locais nos últimos tempos. Primeiro, foi a convite do colectivo Dark Perfume, agora é com o evento “Rootz”, que acontece esta sexta-feira no espaço Live Music Association. Um evento que ela própria ajudou a criar em parceria com o seu irmão, o rapper Tony Barros, e outros artistas de Macau. "Estamos a tentar incorporar noites que sejam divertidas para as pessoas saírem da rotina e conhecerem novos artistas. Em Macau faltava
muito o valor dado aos artistas locais, porque normalmente eram sempre bandas que vinham de fora. Agora estamos a focar-nos no que temos em casa. Está a ser uma experiência fantástica porque isso está a abrir portas para outros eventos”, confessou ao HM. Com as fronteiras praticamente fechadas, Macau olha então para si própria no que ao mundo da música diz respeito. “Não tínhamos valor e as pessoas vão começar a dar-nos uma maior oportunidade. Está a haver uma grande mudança no meio artístico de Macau para melhor. Todos devem ter o seu devido valor, tanto os artistas locais como os de fora”, disse Betchy Barros. A cantora não tem dúvidas ao afirmar que a música em Macau “está boa, está incrível”. Com o “Rootz”, Betchy Barros e os restantes organizadores querem também apostar na música africana, um estilo musical “que as pessoas de todo o mundo têm estado à procura”. “Queremos fazer uma noite de hip-hop, o que vai
atrair estudantes e muitas pessoas com um background lusófono”, frisou.
ARETHA, ETA, ALICIA
Muito antes de interpretar temas de Cesária Évora, a diva de Cabo Verde, já Betchy Barros cantava de forma amadora. Aos 18 anos, cantou com o músico local Fabriccio Croce. Quando chegou a
altura de entrar para a universidade ignorou a sua paixão e entrou no curso de ciências biomédicas em Portugal. Mas foi sol de pouca dura. Acabou por abandonar o curso e foi estudar música para o Reino Unido. “Escrevo as minhas próprias músicas, mas também canto músicas de outros artistas. Tenho mais influên-
cia do soul, algum jazz, mas comecei por cantar músicas tradicionais de Cabo Verde e da Guiné-Bissau”, adiantou. As suas influências passam por nomes como Alicia Keys, Eta James ou Aretha Franklin, mas Betchy assume não querer assumir-se exclusivamente como uma cantora de neo-soul. “Gosto muito de pop jazz também. Oiço um pouco de tudo e
por isso não gosto de me meter numa só categoria, de que sou uma artista de neo-soul. Sou mais influenciada por isso, e a maior parte das músicas que canto são desse género, mas estou sempre disposta a cantar todo o tipo de estilos de música.” Betchy Barros tem vindo a ser convidada para vários espectáculos e confessa que
eventos 9
quarta-feira 2.9.2020
u está incrível”
timos com muitas pessoas ao mesmo tempo. Aqui, devido ao coronavírus, tenho tido imensas oportunidades e sinto-me valorizada. Sinto-me como se estivesse a fazer algo que não há muitas pessoas a fazer.”
O IRMÃO RAPPER
Tony Barros é irmão de Betchy e outro dos criadores do evento “Rootz”, estando a sua actuação prevista para o evento de sexta-feira. No entanto, o artista é peremptório ao afirmar que o rap é apenas uma forma de “alívio”, “uma forma de terapia”. “Se der, deu, mas não olho para o rap como sendo o meu caminho. O meu caminho é ser actor”, aponta.
“Estou a sentir o valor que Macau me está a dar, e sabe bem. Em Londres e em Portugal competimos com muitas pessoas ao mesmo tempo. Aqui, devido ao coronavírus, tenho tido imensas oportunidades.” BETCHY BARROS CANTORA
está a ter “uma experiência interessante”. “É algo que me deixa extremamente feliz porque achei que não ia ter oportunidade de cantar, por estar tudo parado. Mas as coisas têm corrido bem e conto cantar na Lusofonia, que é uma coisa que me deixa muito entusiasmada, porque sempre foi um sonho meu”, adiantou.
Com um EP gravado no âmbito do curso e com uma música disponível na plataforma Spotify, Betchy Barros quer ter a sua própria banda. “Torna-se difícil cantar ao vivo todas as minhas músicas porque acho que elas ficam melhor com uma banda. Faço alguns covers, mas também canto algumas músicas minhas. No futuro quero fazer as duas coisas, porque também
gosto de cantar as músicas de outras pessoas. Mas o que mais interessa é que eu sinta a música e que o público goste”, acrescentou. Para Betchy Barros, estar em Macau constitui uma oportunidade de construir uma carreira como cantora. “Estou a sentir o valor que Macau me está a dar, e sabe bem. Em Londres e em Portugal compe-
As suas composições são também algo muito pessoal. “Escrevo sobre o que estou a sentir no momento, e geralmente relaciona-se com as coisas que pesquiso. Gosto muito de psicologia do inconsciente, as reacções humanas. Os meus tópicos preferidos são a família, o self-improvement e a psicologia.” Com o evento “Rootz”, Tony Barros pretende “re-introduzir a música africana em Macau”. “Quando era mais novo os meus pais saíam à noite para o New Century, onde havia festas de música africana. Hoje em dia as pessoas estão a ouvir mais o afrobeat e acho que vai ser um bom começo para nós”, rematou. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
ARTES VISUAIS EXPOSIÇÃO COLECTIVA RECEBE MAIS DE 300 INSCRIÇÕES
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Instituto Cultural (IC) recebeu até agora mais de três centenas de obras candidatas a participação na Exposição Colectiva das Artes Visuais de Macau 2020. O comunicado do IC, divulgado ontem, recorda que o prazo de recolha de obras termina a 14 de Agosto e revela uma novidade no processo de avaliação das obras admitidas. Este ano, parte da análise do júri será feita virtualmente, facto que obriga os candidatos aprovados, cujas obras sejam tridimensionais, a enviar imagens ou vídeos de alta definição até 10 de Setembro. Esta foi a solução encontrada pelo IC para a avaliação de obras de cerâmica, escultura e instalações, contornando o facto de parte do júri ser oriundo “de diferentes regiões do país e do exterior”
e ter ficado impedido de se deslocar a Macau, devido à pandemia da covid-19. As fotografias devem ser submetidas em formato JPG, com tamanho não inferior a 3500x2300 pixels e resolução de 300 pixels/polegada, com tamanho entre 5 a 10 MB. Os vídeos devem ser em “MP4, MOV,AVI ou WMV, com duração não superior a 1 minuto e 30 segundos”. Após a avaliação online, o processo avança para a análise ao vivo das obras, pessoalmente, por parte dos membros do júri que se encontrarem em Macau, ao mesmo tempo que os júris exteriores acompanham o processo em directo pela internet. Cerca de 80 peças (e/ou conjuntos) de trabalhos serão pré-seleccionados para o evento, que ainda não tem data estabelecida. J.L.
IC ESPECTÁCULOS DE RUA PARA VER ATÉ 13 DE SETEMBRO
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Instituto Cultural (IC) promove até ao próximo domingo, dia 13 de Setembro, vários espectáculos de rua inseridos na iniciativa “Espectáculos no âmbito da Excursão Cultural Profunda nas zonas do Porto Interior e da Taipa”, lançada em Junho. Segundo um comunicado, os eventos vão decorre aos fins-de-semana, entre as 16h e 18h, “funcionando como um elemento de turismo cultural na zona do Porto Interior e na Taipa”, explica o IC. No Largo do Pagode da Barra, na zona do Porto Interior, a Orquestra Chinesa de Macau, a Brotherhood Art Association, a Associação de Teatro Long Fung, a Associação de Cultura e Arte Macau e o Miss White Dance Group irão apresentar diversos espectáculos de artes tradicionais chinesas, incluindo a interactivo Desfile Pui Sik (crianças vestidas como
heróis lendários e modernos são suspensas acima da multidão nas pontas de espadas e leques de papel). Enquanto isso, as Casas-museu da Taipa vão receber um espectáculo com danças e cantares, rock e canções folclóricas clássicas, onde actua a Orquestra de Macau, o grupo Concrete/Lotus, aAssociação de Danças e Cantares Portuguesa “Macau no Coração”, o Grupo de Danças e Cantares de Macau, a banda Js & I e a Tuna Macaense. Também na Taipa, mas na zona da Feira do Carmo, o mestre de caligrafia local, Choi Chun Heng, a Associação Internacional de Cerimónias do Chá de Macau, a Orquestra Juvenil Chinesa de Macau e a Associação de Bússola de Teatro Criativo irão apresentar espectáculos de cultura tradicional chinesa, como dança folclórica, caligrafia e teatro.
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ANÚNCIO Concurso Público n.o 008/DZVJ/2020 “Prestação de serviços de arborização e manutenção da zona da Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues de Macau”
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Faz-se público que, por autorização do Secretário para a Administração e Justiça, dada no dia 20 de Agosto de 2020, se acha aberto o concurso público para a “Prestação de serviços de arborização e manutenção da zona da Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues de Macau”. O Programa de Concurso e o Caderno de Encargos podem ser obtidos, durante o horário de expediente, no Núcleo de Expediente e Arquivo do IAM, sito na Avenida de Almeida Ribeiro, n.º 163, r/c, Macau, como também ser descarregados gratuitamente da página electrónica do IAM (http://www.iam.gov.mo). Os concorrentes que pretendam fazer o descarregamento dos documentos acima referidos assumem também a responsabilidade pela consulta de eventuais actualizações e alterações das informações na nossa página electrónica durante o período de entrega das propostas. O prazo para a entrega das propostas termina às 12:00 horas do dia 28 de Setembro de 2020. Os concorrentes devem entregar as propostas e os documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IAM e prestar uma caução provisória no valor de MOP 120.000,00 (cento e vinte mil patacas). A caução provisória pode ser prestada em numerário ou garantia bancária. Caso seja em numerário, a prestação da caução deve ser efectuada na Tesouraria da Divisão de Assuntos Financeiros do IAM ou no Banco Nacional Ultramarino de Macau, juntamente com a guia de depósito (em triplicado), havendo ainda que entregar a referida guia na Tesouraria da Divisão de Assuntos Financeiros do Instituto, após a prestação da caução, para efeitos de levantamento do respectivo recibo oficial. Caso seja sob a forma de garantia bancária, a prestação da caução deve ser, obrigatoriamente, efectuada na Tesouraria da Divisão de Assuntos Financeiros do IAM. As despesas resultantes da prestação de cauções constituem encargos do concorrente.
O Pedido do Projecto de Apoio Financeiro do FDCT para à 3ª vez do ano 2020 (1)
O FDCT foi estabelecido por Regulamento Administrativo nº14/2004 da RAEM, publicado no B. O. N° 19 de 10 de Maio, e está sujeito a tutela do Chefe do Executivo. O FDCT visa a concessão de apoio financeiro ao ensino, investigação e a realização de projectos no quadro dos objectivos da política das ciências e da tecnologia da RAEM.
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Faz-se saber que no concurso público n.o 26/P/20 para o «Fornecimento e Instalação de Um Sistema Simulador Para Ecografias e de Um Sistema de Gravação Vídeo À Academia Médica de Macau dos Serviços de Saúde», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 33, II Série, de 12 de Agosto de 2020, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 4.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo.
mento científico e tecnológico; (ii) Que contribuam para elevar a produtividade e reforçar a competitividade das empresas; (iii) Que sejam inovadores no âmbito do desenvolvimento industrial; (iv) Que contribuam para fomentar uma cultura e um ambiente propícios à inovação e ao desenvolvimento das ciências e da tecnologia; (v) Que promovam a transferência de ciências e da tecnologia, considerados prioritários para o desenvolvimento social e económico; (vi) Pedidos de patentes.
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O Director dos Serviços Lei Chin Ion
Valor de Apoio Financeiro (1) Igual ou inferior quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00) (2) Superior a quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)
Assine-o
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Data do Pedido Alínea (1) do número anterior Todo o ano Alínea (2) do número anterior A partir do dia 1 de Setembro até 6 de Outubro de 2020
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Forma do Pedido Preenchido o Boletim de Inscrição e os dados de instrução mencionados no Art° 6 do Chefe do Executivo nº 235 /2018,《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》, publicado no B. O. N° 40 de 3 de Outubro 2018, através do sistema informático - “online” do FDCT (website: www.fdct.gov.mo).
Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, e também estão disponíveis na página electrónica dos S.S. (www.ssm. gov.mo). Serviços de Saúde, aos 27 de Agosto de 2020
Projecto de Apoio Financeiro (i) Que contribuam para a generalização e o aprofundamento do conheci-
www. iam.gov.mo
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Alvos de Patrocínio (i) Universidades, instituições de ensino superior locais, seus institutos e centros de investigação e desenvolvimento (I&D); (ii) Laboratórios e outras entidades da RAEM vocacionados para actividades de I&D científico e tecnológico; (iii) Instituições privadas locais, sem fins lucrativos; (iv) Empresários e empresas comerciais, registadas na RAEM, com actividades de I&D; (v) Investigadores que desenvolvem actividades de I&D na RAEM.
O acto público do concurso realizar-se-á no Centro de Formação do IAM (sito na Avenida da Praia Grande, Edifício China Plaza, 6.º andar), pelas 10:00 horas do dia 29 de Setembro de 2020. O IAM organizará uma sessão pública de esclarecimento no Centro de Formação do IAM (sito na Avenida da Praia Grande, Edifício China Plaza, 6.º andar), pelas 10:00 horas do dia 11 de Setembro de 2020. Aos 27 de Agosto de 2020 A Administradora do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais Isabel Jorge
Fins
Endereço do escritória: Avenida do Infante D. Henrique N.º 43-53A, Edf. “The Macau Square ”, 11.º andar K, Macau. Para informações: tel. 28788777.
(7) TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo
www.hojemacau.com.mo
Condições de Autorizações Por despacho do Chefe do Executivo nº 235 /2018, processa o 《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》. O Presidente do C. A. do FDCT,
Ma Chi Ngai 2020 / 08 / 31
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COVID-19 HONG KONG INICIA CAMPANHA DE TESTES EM MASSA
Caça ao vírus
do vírus que possam estar a transmitir a doença. A expectativa do governo é de que cinco milhões de pessoas participem do programa, que pode ser prolongado por duas semanas, dependendo da procura.
ONG Kong realizou ontem milhares de testes de detecção da covid-19, como parte de uma campanha de testagem em massa que se tornou outro ponto de tensão política na região. Voluntários esperaram em fila em alguns dos mais de 100 centros de testes espalhados pela cidade, embora muitos residentes não confiem no equipamento e nas equipas enviadas pelo Governo central, e temam a recolha dos dados do seu ADN. O governo de Hong Kong rejeitou estas preocupações e a líder do Executivo, Carrie Lam, pediu ao público para avaliar o programa de forma justa e objectiva, apelando aos críticos para que parem de desencorajar as pessoas de serem testadas, uma vez que a participação é crucial para o sucesso do programa. Priscilla Pun, gestora de vendas, aceitou ser testada. "Não vejo razão para não o fazer e, assim, posso deixar a minha família no Canadá saber que estou bem", disse Pun, que foi testada num centro no bairro de Quarry Bay, no leste da cidade, citada pela agência
TRANSMISSÕES SILENCIOSAS
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Associated Press. Lam disse em conferência de imprensa que mais de 10.000 pessoas, incluindo a maioria dos quadros do Executivo local, foram testados na manhã de ontem em Hong Kong. "O programa de teste comunitário universal em grande escala é benéfico para combater a epidemia e benéfico para a nossa sociedade. Isto também vai ajudar
Hong Kong a sair ilesa da pandemia e é propício para a retomada das actividades diárias", disse Lam. Mais de 500 mil pessoas na cidade, que tem 7,5 milhões de habitantes, inscreveram-se com antecedência no programa, que vai ter a duração de pelo menos uma semana. O objectivo é identificar portadores assintomáticos
“Não vejo razão para não o fazer e, assim, posso deixar a minha família no Canadá saber que estou bem.” PRISCILLA PUN GESTORA DE VENDAS
O pior surto de Hong Kong, no início de julho, foi atribuído em parte à ausência de requisitos de quarentena na cidade para funcionários de companhias aéreas, motoristas de camião da China continental e marinheiros em navios de carga. No pico, Hong Kong registou mais de 100 casos de transmissão local por dia, após passar semanas sem novos casos, em junho. O surto diminuiu, com a cidade a relatar apenas nove novos casos ontem. No entanto, o governo e alguns especialistas afirmam que os testes comunitários podem ajudar a detectar portadores assintomáticos, visando impedir ainda mais a disseminação do vírus. O professor especialista em medicina respiratória David Hui disse que, embora as infecções tenham diminuído, a proporção de casos com fontes de infecção não rastreáveis permanece entre 30 por cento e 40 por cento. "Isto significa que há alguma transmissão silenciosa em andamento. Os testes na comunidade visam detectar esses transmissores silenciosos", disse Hui, que é conselheiro de saúde pública do governo da cidade.
Região FILIPINAS PRESIDENTE RODRIGO DUTERTE ORDENA PUBLICAMENTE MORTE DE TRAFICANTES DE DROGAS
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Presidente filipino, Rodrigo Duterte, ordenou publicamente ao principal responsável da alfândega do país que atirasse e matasse traficantes de drogas, numa das suas mais contundentes ameaças na campanha contra as drogas, que resultou em milhares de mortos. Duterte deu a ordem ao comissário da Alfândega, Rey Leonardo Guerrero, durante uma reunião do gabinete sobre a pandemia do novo coronavírus na noite de segunda-feira, que foi transmitida pela televisão. Guerrero, um general reformado do exército e ex-chefe do Estado-Maior militar, não estava por perto quando Duterte falou sobre o assunto,
mas o Presidente disse que se havia encontrado com Guerrero e dois outros oficiais na segunda-feira no palácio presidencial em Manila. “A droga ainda está a entrar no país pela alfândega”, disse Duterte, acrescentando que já havia aprovado o pedido de armas de fogo de Guerrero. “Eu aprovei a compra de armas de fogo e até agora não matou ninguém? Eu disse-lhe (a Guerrero): Limpe-os”, afirmou Duterte.
“Eu disse-lhe directamente: ‘As drogas ainda estão a entrar. Eu gostaria que matasse (…) Eu vou apoiá-lo e não vai ser preso. Se forem drogas, atire e mate. Esse é o acordo’”, sublinhou Duterte, sem entrar em mais detalhes. A campanha antidrogas promovida por Duterte tem sido uma peça central da sua Presidência. Mais de 5.700 suspeitos de delitos de drogas, na sua maioria pobres, foram mortos sob a repressão antidrogas de Duterte, que alarmou grupos de direitos humanos e os Governos ocidentais, motivando um inquérito a supostos crimes contra a humanidade no Tribunal Criminal Internacional.
Taiwan Líder checo arranca aplausos ao dizer "eu sou taiwanês" O presidente do Senado da República Checa arrancou ontem aplausos dos deputados de Taiwan, durante um discurso no qual disse "eu sou taiwanês", em mandarim, numa visita que Pequim considerou um "acto odioso". Milos Vystrcil invocou especificamente no seu discurso a memória do ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy que, durante a Guerra Fria, em 1963, afirmou em alemão "Ich bien ein Berliner" ("Eu sou um Berlinense", em português) aos
residentes da parte ocidental de Berlim, então preocupados com a ameaça do bloco soviético. Kennedy "usou a frase para mostrar o seu apoio ao povo de Berlim e aos valores mais elevados da liberdade", disse Vystrcil. "Talvez eu possa ser mais humilde, mas permitam-me usar a mesma frase para concluir o meu discurso no parlamento do vosso país", acrescentou. A frase foi dita em mandarim, rendendo ao representante checo uma ovação de pé das autoridades de Taipé.
Fronteira Pequim acusa tropas indianas de cruzarem Linha Real de Controlo O exército chinês exigiu ontem que a Índia “retire imediatamente as tropas que cruzaram ilegalmente” a chamada Linha Real de Controlo, a fronteira de facto entre os dois países, avançou a agência noticiosa oficial Xinhua. “Os soldados indianos minaram o consenso alcançado nas negociações anteriores. É uma provocação flagrante”, acusou Zhang Shuili, porta-voz do Comando do Teatro Oeste do
Exército de Libertação Popular, na noite de segunda-feira. Pequim negou na segunda-feira que as tropas chinesas tenham cruzado a fronteira disputada com a Índia, depois de Nova Deli ter denunciado “movimentos militares provocadores” na área, e observou que ambos os exércitos têm estado “em comunicação” sobre “questões territoriais”, algo que o lado indiano também reconheceu.
PUB HM • 1ª VEZ • 2-9-20
ANÚNCIO Acção Ordinária nº.
CV2-20-0041-CAO
號
2º juízo Cível
Autores: 1. O MAN VO (柯萬和), masculino, de nacionalidade portuguesa, residente em Macau, na Rua de Tai Lin, n.º 412, Edifício Lei Man, 15.º andar “H”; 2. O MAN SENG, masculino, de nacionalidade portuguesa, residente em Macau, na Calçada da Barra, n.º 29, 2.º Andar Dt.º; 3. O MAN KUOK, masculino, de nacionalidade portuguesa, residente em Macau, na Avenida da Praia Grande, n.º 405, Edifício dos Serviços Jurídicos da China, 27.º andar “C”; 4. O MAN PENG, masculino, de nacionalidade portuguesa, residente em Macau, na Rua de Coimbra, 148, Prince Flower City, Bloco 2, 29.º andar “J”, Taipa; e 5. IRENE O BRUNO SOARES, feminino, de nacionalidade portuguesa, residente em Macau, na Rua de Francisco Xavier Pereira, n.º 133, 5.º Andar “B”. Réus: 1. HERDEIROS INCERTOS DE O TIN TAI (O TIN TAI 的不確定的繼 承人) ; 2. HERDEIROS INCERTOS DE O-TIN-HO (O-TIN-HO的不確定的繼承人) ; 3. HERDEIROS INCERTOS DE O U CHI (O U CHI 的不確定的繼承人) ; e 4. DEMAIS INTERESSADOS INCERTOS (其他不確定利害關係人). *** Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio, citando os réus HERDEIROS INCERTOS DE O TIN TAI, HERDEIROS INCERTOS DE O-TINHO, HERDEIROS INCERTOS DE O U CHI, e DEMAIS INTERESSADOS INCERTOS, para, no prazo de 30 (TRINTA DIAS), findo dos éditos, contestar a acção supra identificada, instaurada pelos fundamentos constantes da petição inicial, cujo pedido consiste em: Nestes termos e nos mais de Direito, deve a presente acção ser julgada procedente por provada e, em consequência, serem os Autores declarados, para todos os efeitos legais, nomeadamente de registo, os únicos beneficiários vivos dos Bens de Sacrifícios de Família de O Loc. Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2.º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta secretaria nas horas normais de expediente, de que a falta da contestação, não implica o reconhecimento dos factos articulados pelo Autor e ainda que é obrigatória a constituição de advogado caso contestar (nos termos do art.º 74.º do C.P.C.M.). Macau, em 28 de Julho de 2020.
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Só por dentro de ti rebentam flores
A obsessão da solidão
Divina Comédia
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M dos meus ídolos - Nelson Rodrigues – celebraria o seu aniversário no passado dia 23 de Agosto. Fui lê-lo. E lembrou-me que só os imbecis não são obsessivos. O génio, o santo, o pulha, o herói: segundo ele terá de sempre haver obsessão na vida. Ele sabia e quem leu as suas magníficas crónicas – e vamos deixar de fora o resto – percebe a mesma nota que ecoa nos mais variados acordes. A escrita é formulaica na forma, livre e convicta no conteúdo. Um génio de várias notas só. Todas as semanas, caso não exista um acontecimento extraordinário que justifique uma epifania e a legitimidade de maçar os leitores há para quem vos escreve um exercício que não pode passar da cortina: o tema, os artigos, a disposição – isso é com quem está deste lado. Mas e quando acontece que o assunto aparece fluido, natural, com tanto para dizer que as palavras encolhem ainda mais? Bom, isso é porque nessa altura quem escreve choca de frente com a vida ou no mínimo com algo que há muito tempo acha que a vida é ou necessita. Não se trata de urgências confessionais – o que provavelmente não seria mau para a conta bancária mas péssimo para o estilo e para vós – mas sim de algo que nunca nos deixou e só quando nos desafiam a regressar às cavernas da alma pode aparecer. Uma obsessão, uma ideia fixa. Como isto da solidão. Por questões profissionais fui levado a escarafunchar a definição de soidão, algo que para mim seria tão pacífico. Mas não é e nunca foi. Apenas um visionamento da pomposa France Culture ajudou – por uma vez que seja – a discernir em modo contemporâneo algumas nuances do que aqui não queria saber. Num pequeno clip tantas conjugações. O grande Omar Sharif, como belíssimo jogador de bridge que foi, esconde o jogo com uma quase tautolgia : “Não sei se gosto se não gosto – mas sei que quando não a tenho me faz falta” Juliette Gréco, musa existencialista do seu tempo e com a força da flor da idade faz o que qualquer musa existencialista francesa na flor da idade faria: tergiversa e não diz nada, contando com as pestanas filosóficas para falarem por ela, o que nessa altura, sim, a deixam sozinha. Nesta antologia de pretensiosismo só Renoir e Cocteau escapam. Renoir : a nossa época tem inconvenientes- a solidão é uma delas. E a forma de lutar contra isso é a arte – o que não deixa de ser contraditório, já que a criação é uma actividade solitária. Cocteau prefere os aforismos, território que lhe é mais familiar e que do-
HAMILTON AGUIAR, SOLITUDE BLACK
Nuno Miguel Guedes
Gosto de estar sozinho mas a verdadeira solidão, para mim, parte de uma vocação mística, desejada. Ou ainda mais difícil, aceitada
mina com prazer e razão. “A falsa solidão é a torre de marfim”, para a logo a seguir completar: “A torre de marfim é sempre um desejo de espectáculo”. Tudo não passaria de exercícios de paradoxos elegantes se não rematasse com um lugar-comum – logo, verdadeiro: “A verdadeira solidão está no meio de muita gente”. De facto: a solidão é não estar sozinho. Muitas vezes nem sequer é ser solitário, porque esta ontologia da solidão pode existir derivada a uma escolha do individuo. Melhor ainda: a sua ostentação é muito sedutora. Como descobri por mim próprio e de forma involuntária, o tipo sozinho no fundo do balcão desperta mais curiosidade do que o rei da pista de dança. Mas não quero falar outra vez de Sinatra. Está tudo registado, felizmente. Desde os tempos bíblicos até agora são tantas as declinações que é impossível aferir uma definição – e por extensão, uma qualquer pureza – do que é a solidão. Eu e o leitor temos sorte. A nossa solidão, qualquer ela que seja, é feita de costas quentes, de família, amizades, escolhas. Mesmo quando confundimos estar só com ser livre – e agora falo por mim – sabemos balizar a geografia da ausência do Outro, isso sim comum a todas solidões. Estes dias pandémicos ofereceram-nos violentamente a verdade desta proposição. E também a forma como fugimos desse espelho como o diabo da cruz. Gosto de estar sozinho mas a verdadeira solidão, para mim, parte de uma vocação mística, desejada. Ou ainda mais difícil, aceitada. Escrevo não só pela obsessão, que a tenho – nascemos sós, morremos sós etc – mas que é uma afectação trivial quando comparada com a vida que nos atiram à cara. Explico: li a história de um cidadão nonagenário que perdeu a mulher que amou e com quem partilhou os dias até ao fim. Agora não tem nada. Arrasta-se pelos lugares que lhe são familiares com um vazio irreversível. Quando perguntado diz que já nada lhe interessa, mesmo rodeado de quem o estima. À excepção de um momento ritual e ansiado: aqueles instantes diários em que com um ramo de flores se dirige à campa da mulher e com ela fala. Sem ninguém a rodeá-lo, absolutamente sozinho e sim, repito: todos os dias. É uma história que parece triste mas não conheço uma solidão que desejasse tanto, que tanto me obceca. Esta vontade de estar perto da ausência do Outro que amamos ou louvamos, sem ruído, sem mundo. Saber enfim que a solidão nunca estará sozinha.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
quarta-feira 2.9.2020
Diário de um editor João Paulo Cotrim www.torpor.abysmo.pt
SANTA BÁRBARA, LISBOA, QUINTA, 13 AGOSTO O mundo não acabou para a Notre Dame de Paris, mas algo se perdeu nas chamas. Assim o mundo rural não acabará, apesar de morrer a cada verão incendiado. Se nas ondas revoltas se naufraga, que palavra espelha o afogamento em mar de chamas? Ardência? Nem todos os finais são abruptos, há formas de ir soltando ser, deixar pele nas silvas, aguentar o amargo do fracasso, o fel da injustiça, a banalidade da desorientação. A Notre Dame não perdeu o seu anjo, aquele que sopra trompa como continuação do corpo, seta disparada ao chão na vez de atirada aos céus, e assim se toca anunciando, a graça ou o fim. Aquando do incêndio do ano passado circularam fotos nas quais com olhar se infantil se vislumbrava anjo de fumo abraçando o pináculo em chamas, figura interpretando o tema derradeiro do instrumento. Blaise Cendrars não desdenharia a potência da imagem, a profecia do gesto. Afinal, já no final de outro século, em 1917 (o século extingiu-se na Grande Guerra e não na folha do calendário) nos dava a ver «O Fim do Mundo Filmado pelo Anjo N(otre) - D(ame)» (edição da Assírio & Alvim, com tradução de Aníbal Fernandes). Os desenhos de Fernand Leger no original fazem paisagem com corpos e letras, palavras, fazendo com elas catedral, cidade, caos. Desfazendo o cima e o baixo, as orientações e os sentidos, brotando em cores básicas do vale das páginas. As letras são estilhaços do fim do mundo. E o Anjo ergue-se sobre o seu sopro, desloca-se empurrado pelo som. Blaise intuiu que o cinema havia acabado de se criar para registar o epílogo, como a revolução foi televisionada e este apocalipse quedo brotou das redes e do santo algoritmo. Mas aquele mundo de antanho havia de ser superprodução com figurantes sem conta e a natureza a recriar-se perante os olhos dos espectadores por haver. No tradicional lugar comum do finamento a vida de cada um passa-lhe em filme, revisão da matéria vivida. Neste do Anjo N.-D. tratou a natureza de se rever em jogo de formas geométricas e orgânicas. «Tudo espirra. Tudo se mistura. Pan. Demónio. O mar oleoso, pesado como asfalto. A terra enegrecida, sangrenta, a liquefazer-se. As ondas transformam-se em montanhas e os continentes afundam-se. Torvelinho.» O crescendo termina quando «o último raio de luz corta o espaço caótico como a barbatana de um tubarão...» Cabe à luz, parceira do verbo nos inícios bíblicos, o papel de ultimar. Um fogo largado à
Há os homens
aparelhagem põe o filme a correr às arrecuas. E o Deus-pai de todos os princípios e também deste fim do mundo regressa, capitalista de charuto e automóvel de luxo que havia espoletado tudo com uma grande feira de religiões em Marte. Retrato dos dias nossos nos dai hoje, veja o leitor se não somos de Marte. «A multidão dos Marcianos comprime-se à frente da cavalgada. Vemo-los nas bolas de sabão que lhes servem de habitáculo, como imponderáveis fetos metidos em frascos. Matizam-se como camaleões e adquirem cores, de acordo com os sentimentos que os agitam.» Só que Deus excedeu-se e a feira apresenta-se «demasiado vulgar», uma orgia de anúncios e música em altos berros, o horror dos espectáculos, de certas cenas, dos sacrifícios dos animais, a repugnante exposição dos mártires, a fixidez das máscaras, a crueldade das danças, «todos os meios ferozmente sensuais explorados nesta grande parada das religiões» assustam os marcianos que fervem e explodem empurrando Deus para o deserto onde resolve concretizar as profecias. O homem certo para o «trabalhinho» é o da câmara de filmar, que assim começa a descrever-erguer a cidade-mundo . Aliás, as cidades ajuntam-se frente a Notre Dame de Paris até que o Anjo incha as bochechas. «Tudo o que os homens construiram desaba imediatamente sobre os vivos e soterra-os. Só que ainda tem um resto de vida mecânica resiste mais dois
segundos. Vemos comboios andar sem comando, maquinas rodar em vazio, aviões cair como folhas mortas.» Depois o cinema, «acelerado e ao retardador», o da natureza. São frases curtas, lâminas em torvelinho. Descrições exactas, que me fazem hesitar entre Godard e Malick para assistentes de realização. Desnecessários, que o texto revela-se bem, boa companhia neste deserto atravessado a nada. Blaise pariu-o de jacto, «a minha mais bela noite de escrita», sem emenda nem remédio, para nunca se desfazer em luz projectada. Além do brilho próprio, claro. Tinha 30 anos, era editor e estava a fazer contas à vida. «Hoje, que já não acredito em nada, a vida não me suscita mais horror do que a morte, e vice-versa. Fiz a pergunta a todos os meus amigos: “Estás pronto a morrer agora mesmo?” Nunca nenhum deles me respondeu. Eu estou pronto; mas também estou pronto a viver mais cem mil anos. Não será a mesma coisa? (...) Há os homens. Não nos devemos levar muito a sério.» SANTA BÁRBARA, LISBOA, QUINTA, 27 AGOSTO Homens há que semeiam no deserto. Dia 8 de Setembro nascerá, ali para Alvalade, novo lugar de cultura, sobretudo fotográfica, com foco e desfoque no fotojornalismo. Francisco Leong, Luís Filipe Catarino, Jérôme Pin e o Bruno [Portela] são as al-
mas penadas que assombrarão o CC11, começando com a exposição «Diário de uma pandemia». Pediram a este escriba que olhasse para dúzia e meia de (façanhudas) capas de jornais e revistas tugas. «A coreografia revela confrontos, ou melhor, idas e vindas, aproximações e cruzamentos, enfim, dança entre drama e quotidiano, apelos tonitruantes ao épico e a voz baixa do trivial, o dentro e o fora, a vista de longe e o íntimo, heróis e líderes, o tudo na mesma no miolo da excepção. Torna-se fascinante acompanhar os olhares dos fotógrafos sobre o vazio. Os viadutos, lugar de passagem, canal para o sangue que alimenta a grande máquina em movimento contínuo, tornaram-se traços na paisagem. O homem só em plano próximo repete-se à exaustão. Não apenas como metáfora brilhando sobre a humana condição, mas ligando-o ao acontecimento, essa notável mestria do fotojornalismo. O primeiro plano daquele que passa tem como fundo um santuário das multidões. Que lugar para a fé neste instante? O indivíduo que cruza infindável passeio sob viadutos e prédios altos de cidade futurista leva de sacos de compras, a única razão de saída, e, está bem de se ver, máscara.» MOURISCAS, ABRANTES, SÁBADO, 30 AGOSTO Alguém passa na estrada e o Cão Tinhoso, depois de coçar com a pata de trás a pulga das obsessões, estica ao máximo a coleira da ignorância e rosna a quem passa, a tudo o que mexe. Baba-se no gesto que lhe parece absoluto e vocacional, ao serviço da mais alta missão moral. Meio cego com a febre da carraça, não distingue a motoreta velha do assaltante ágil, cospe latidos que ecoam pestilentos no quintal a que chama mundo. Há sempre uma alma caridosa que lhe atira restos, não tanto para lhe matar, mas por apreciar o grande circo do patético. Que bem fica a cambalhota da dissonância no deserto!
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O Presidente norte-americano, Donald Trump, deslocou-se ontem a Kenosha (Wisconsin), onde um cidadão negro, Jacob Blake, foi baleado e gravemen-
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te ferido pela polícia, um caso que reacendeu os protestos anti-racismo e contra a violência policial nos Estados Unidos. O governador do Wisconsin, o de-
UM LIVRO HOJE O novo livro de um dos maiores nomes da literatura portuguesa contemporânea decidiu embrenhar-se pela poesia. “Regresso a Casa” é uma obra com palavras escritas sobre e em vários lugares do mundo, incluindo a Tailândia, a China e a Coreia do Norte. Às vezes são poemas, outras são escritos em forma de diário. Um projecto interessante do 19 que já passou por autor Macau. 6 4 Andreia 1 5 Sofia 3 Silva 7 2
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mocrata Tony Evers, pediu a Trump para reconsiderar a sua visita, receando um reacender dos protestos e de possíveis tumultos, pedido que foi rejeitado.
REGRESSO A CASA | JOSÉ LUÍS PEIXOTO (2020)
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JOSÉ MANUEL PUREZA in Esquerda.net
Tudo o que aprendemos com a crise anterior tem agora que ser firmemente trazido para o modo como vamos responder a esta crise Aprendemos tudo isto? Tenho dúvidas. Porque, no arranque para as escolhas que vamos ter que fazer e de que o próximo orçamento será uma primeira mostra, está a voltar em força o discurso de que a compressão dos salários (a começar pelo salário mínimo) é uma inevitabilidade. Está a voltar em força o discurso miserabilista de que exigir que se cumpra o investimento estratégico no SNS que ficou inscrito no orçamento para 2020 é um delírio. Os mesmos de sempre preparam-se para chamar de volta a austeridade chamando-lhe outra coisa qualquer. Chamando-lhe, por exemplo, “prova de responsabilidade”, que é uma coisa que fica sempre bem e dá ares de seriedade e de “sentido de Estado”. Cumprir o orçamento de 2020 antes de avançar para o de 2021, isso sim é um sinal de seriedade. E uma prova de que não desaprendemos tudo o que conseguimos fazer contra os profetas da crise como política. Chamo a isso sentido de Estado.
A MAN OF LEARNING, NE WELLCOME
C
ONFIRAMOS aos passatempos de Verão com que a silly season nos entreteve o estatuto que é o deles (puro entretenimento estival), mantenhamos toda a vigilância sobre o avanço das estratégias de normalização da abjecção política e social e foquemo-nos no desafio central destes dias: que respostas vão ser dadas ao país que mergulha numa crise social imensa sem sair da crise sanitária que sabemos que se arrastará? Que estratégias vamos adoptar para preservar o emprego, o salário, a pensão, o Serviço Nacional de Saúde, a escola para todos? O que temos que fazer e o que não devemos fazer? Num tempo curto, esta é, para a grande maioria, a segunda crise grave que se atravessa nas suas vidas. Essa tragédia vem em nosso auxílio. Porque tudo o que aprendemos com a crise anterior tem agora que ser firmemente trazido para o modo como vamos responder àquelas perguntas essenciais e a esta crise. O que aprendemos então com as políticas da troika e com as alternativas que lhes contrapusemos a partir de 2015? Aprendemos que a contracção do salário e da pensão contrai a economia e gera desemprego e emprego precário. Aprendemos que é em tempos de crise que o estímulo ao salário e à pensão se revela essencial para manter a economia a carburar. Aprendemos que a diminuição dos direitos não é uma fatalidade, mas sim uma estratégia animada pelos de cima contra os de baixo e que a cada passo de diminuição, sempre prometido como o último, se segue outro, e outro e mais outro, sempre no mesmo sentido. Aprendemos que o desinvestimento nos serviços públicos (o hospital, a escola, o tribunal) tira aos de baixo rendimento e vida e nos torna mais desiguais e deslaçados como sociedade.
Aprendemos?
Os homens são como as ondas, quando uma geração floresce, a outra declina. PALAVRA DO DIA
Homero
A
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ou portais online e faz com a informação seja encriptada e escondida com uma palavra passe. No entanto, para aceder à palavra de acesso o utilizador tem de pagar aos criadores do ransomware.
“Aproveitamos para informar que a base de dados do programa GIAE não contém dados de contas bancárias, nem cópia de assinaturas ou documentos de identificação.” CARTA DA DIRECÇÃO DA EPM
esta razão, foram de novo introduzidos os dados referentes à aplicação do aluno, designadamente identificação, turmas, disciplinas, docentes, horários, transferências e avaliações”, é acrescentado. Além dos vários desafios práticos, a EPM reconhece que não tem meios para saber o montante que os alunos tinham nos cartões electróni-
Governo admite contratar terapeutas da fala não residentes para fazer face à insuficiência destes profissionais no território. O anúncio foi feito em resposta a uma interpelação escrita apresentada pela deputada Lei Cheng I, questionando o Executivo sobre a escassez de terapeutas da fala. A questão surge numa altura em que os profissionais residentes em Hong Kong, contratados "para atenuar a carência", "não podem deslocar-se a Macau" por causa das restrições instauradas para combater a propagação da pandemia de covid-19. A deputada também questionou "a oferta e a procura" de terapeutas para os próximos cinco anos. Na resposta, o Governo admitiu que, "para fazer face a
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O preço certo EPM ESCOLA PEDE A PAIS QUE DECLAREM O SALDO DO CARTÃO INTERNO
TIAGO ALCÂNTARA
PÓS o ataque informático à Escola Portuguesa de Macau (EPM) em Abril, a direcção enviou, esta segunda-feira, o primeiro comunicado sobre o assunto aos pais dos alunos. Na mensagem, é sublinhado que os dados que foram encriptados não contêm informações sobre contas bancárias, cópias de assinaturas ou documentos de identificação e é pedido aos encarregados de educação que declarem à instituição o montante que os filhos tinham no cartão electrónico interno. Foi em Abril do ano passado que a base de dados do programa informático GIAE da EPM foi vítima de um ataque informático, que impediu o acesso aos dados. Face à incapacidade de descodificar a informação, os dados sobre os alunos ficaram inacessíveis e tiveram de voltar a ser colocados numa nova plataforma. Um aspecto reconhecido na missiva enviada aos encarregados de educação. “Com o objectivo de desbloquear a referida base e aceder aos dados ali armazenados, têm sido desenvolvidos esforços por empresas especializadas, contudo, até ao momento, sem sucesso”, é reconhecido, na carta a que o HM teve acesso. “Por
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cos e que são utilizados para os pagamentos internos. Neste sentido foi pedido aos encarregados de educação que declarem o montante: “Enquanto os dados se mantiverem encriptados não nos é possível conhecer os respectivos saldos [dos cartões electrónicos]. Por este motivo, solicitamos a V. Exa. que, até ao dia 11 de Setembro, declare nos
serviços administrativos da EPM o saldo do cartão do seu educando ou, caso o desconheça, o montante referente ao último carregamento”, é requerido.
COM TRANQUILIDADE
Apesar de o ataque ter acontecido em Abril, e sido comunicado às autoridades apenas meses depois, em Agosto, a carta datada de
Uma pequena ajuda Governo admite contratar TNR para colmatar falta de terapeutas da fala no território de Macau
essa insuficiência de terapeutas", o Instituto de Acção Social (IAS) "permite que, caso seja necessário, os equipamentos sociais possam solicitar e recrutar um número adequado de trabalhadores não residentes". O Executivo sublinhou, no entanto, que se trata apenas de "uma solução de curto prazo", na "condição de salvaguardar as oportunidades e os benefícios de emprego dos residentes locais". O Governo confirmou igualmente que, "devido ao impacto da pandemia do novo coronaví-
rus", os terapeutas recrutados em Hong Kong "não podem temporariamente vir prestar serviços no território". Por essa razão, o IAS encaminhou os "utentes afectados para receber tratamentos em entidades apropriadas no território".
CARÊNCIA A AUMENTAR
Até 31 de Julho havia 230 utentes, com idade igual ou inferior a três anos, "a receber os serviços do IAS e das instituições de intervenção precoce, não se encontrando de momento ninguém na lista de espera”. De acordo com dados
31 de Agosto é a primeira comunicação directa da direcção da EPM com os encarregados de educação. Neste documento, o ataque informático é explicado com um programa “ransomware” que fez com que a base de dados fosse encriptada. Normalmente, este tipo de programas informáticos é acedido através de mensagens de correio electrónico
do Governo, o território contava no último ano lectivo com 18 terapeutas da fala, além de 23 fisioterapeutas e 46 terapeutas ocupacionais, que prestaram serviços em escolas oficiais e particulares com turmas do ensino especial. O número de terapeutas da fala caiu este ano para metade, com apenas nove a prestar serviços até Abril. O Governo recordou que o Instituto Politécnico de Macau tem um curso de licenciatura em Ciências de Terapia da Fala e da Linguagem, "com o objectivo de formar quadros profissionais locais nesta área, aliviando a procura" em Macau. "Actualmente, o número de estudantes inscritos é de 68", informou o Governo, que prevê que os primeiros 16 licenciados concluam o curso em 2021.
Face à situação, a escola optou por pagar a especialistas para tentarem decifrar a encriptação, mas até agora sem sucesso. Porém, a direcção tenta deixar os encarregados tranquilizados em relação às informações que foram envolvidas no ataque: “Aproveitamos para informar que a base de dados do programa GIAE não contém dados de contas bancárias, nem cópia de assinaturas ou documentos de identificação”, é afirmado. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
Idosos Si Ka Lon e Chan Meng Kam inauguraram centro
Os deputados Si Ka Lon e Song Pek Kei e o empresário Chan Meng Kam estiveram presentes na inauguração do Centro Ji Cing do Povo, que abriu com um atraso de seis meses face à data prevista. Si Ka Lon foi o anfitrião de serviços e no discurso de inauguração elogiou o centro para idosos, porque permite responder ao fenómeno do envelhecimento da população. O deputado sublinhou também que o apoio à terceira idade é uma das prioridades da Aliança de Povo de Instituição de Macau, associação ligada a Chan Meng Kam e à comunidade de Fujian e que apoia os dois membros da Assembleia Legislativa presentes.