SEXTA-FEIRA 20 DE JANEIRO DE 2017 s ANO XVI s Nº 3738
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10 SOFIA MOTA
hojemacau
Labirintos do desencanto EVENTOS
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JOSÉ DRUMMOND
ESTADOS UNIDOS
SUPER TRUMP GRANDE PLANO
CASO HO CHIO MENG
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Em Conta-me histórias do modo de que não vi perguntar PÁGINA 7
PAULO JOSÉ MIRANDA
OPINIÃO
Pesar doentio SÉRGIO DE ALMEIDA CORREIA
Mário Soares ISABEL CASTRO
2 GRANDE PLANO
Hoje é a cerimónia de tomada de posse de Donald Trump como 45.º Presidente dos Estados Unidos da América. Entretanto, tornam-se evidentes as ligações ao Kremlin, as relações com Pequim aquecem e, internamente, as nomeações para o Executivo fazem correr tinta mundo fora. O HM faz uma análise ao que aí vem nos próximos quatro anos
ESTADOS UNIDOS DONALD TRUMP TOMA POSSE
HOTEL CASA BRANCA T
OMA hoje posse o Presidente norte-americano com a mais baixa popularidade desde que se fazem sondagens do género. De acordo com várias pesquisas (Gallup, CNN/ ORC, ABC News/Washington Post) Donald Trump tem uma taxa de aprovação na casa dos 40 por cento, o que bate todos os recordes de impopularidade. Se fizermos uma comparação, Obama tinha 84 por cento de aprovação nestas sondagens na altura em que jurou defender a Constituição americana em frente ao Capitólio. George W Bush tinha 61 por cento de aprovação, enquanto Bill Clinton tinha 67 por cento. Trump reagiu à publicação destes números no Twitter, claro, afirmando que foram manipulados. É de salientar que, apesar de estar constantemente a declarar que esmagou a sua adversária, Hillary Clinton teve mais de três milhões de votos que o magnata de Nova Iorque. Até ao nível de convidados para a cerimónia que lhe dá posse a impopularidade de Trump se fez notar, com um desfile de negas
de artistas que se recusaram a associar-se ao controverso Presidente eleito. Elton John, Céline Dion, Garth Brooks, só para citar alguns nomes. De qualquer forma, o juramento de posse acontecerá hoje em Washington, apesar de muitos congressistas, senadores e outras figuras políticas de peso terem declinado a presença na cerimónia. Também muitos líderes religiosos declinaram o convite por não quererem ficar associados ao acto oficial que terá lugar no Capitólio.
Trump nomeou para posições chave na sua Administração muitos operacionais de K Street, o coração das empresas de lóbi da capital política norte-americana
DA RÚSSIA COM AMOR
Na ordem do dia tem estado a relação entre Trump e Putin, num volte-face geopolítico que vira do avesso a história do século passado. Quem diria que assistiríamos à direita musculada, a roçar a extrema, a amigar-se com o ocupante do Kremlin? Não tocando no escândalo, não consubstanciado em factos, publicado pelo site Buzzfeed, as relações com Moscovo parecem cada vez mais próximas e reais. Em declarações ao Times de Londres, Donald Trump equacionou levantar as sanções impostas
à Rússia na sequência da anexação da Crimeia. “A Rússia tem sanções que estavam a prejudicar muito a economia, veremos se podemos fazer um bom negócio”, comentou o magnata à publicação britânica. No outro prato da balança está a
possibilidade de uma redução do arsenal nuclear russo. É de salientar que os Estados Unidos e a Rússia são as duas maiores potências nucleares, com 1367 e 1796 ogivas, respectivamente. De acordo com o tratado New Start, assinado em 2010, as duas potências concordaram em diminuir a capacidade nuclear de longo alcance, o perigo iminente que ameaçou o mundo durante a Guerra Fria. Outra situação suscitada pelo levantamento de sanções prende-se com a nomeação de Rex Tillerson para o cargo de secretário de Estado, o equivalente a ministro dos Negócios Estrangeiros. Tillerson era, até recentemente, o CEO da gigante ExxonMobil, e angariou dinheiro da indústria petrolífera para as campanhas de candidatos republicanos desde George W. Bush até Mitt Romney. É de salientar que o nomeado não tem qualquer experiência política. Ainda assim, opôs-se publicamente à imposição de sanções à Rússia aquando da invasão da Crimeia. O que não é de estranhar, uma vez que as imposições das Nações Unidas puseram fim ao negócio que a ExxonMobil tinha
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com Moscovo, no valor de 500 mil milhões de dólares. A cereja no topo do bolo geopolítico é a condecoração com que Vladimir Putin distinguiu Rex Tillerson em 2013, pelos contributos prestados no desenvolvimento do sector da energia russo.
GOVERNANTES ANTI-GOVERNO
Depois de meses a partilhar o #DTS nas redes sociais, drain the swamp, numa alusão à suposta luta contra a corrupção e in u ncia de lobbies em Washington, Trump nomeou para posições chave na sua Administração muitos operacionais de K Street, o coração das empresas de lóbi da capital política norte-americana. Na realidade, há um movimento autodestrutivo no que toca ao funcionamento do Governo americano nos dias que correm. Por exemplo, a nomeação de Trump para a g ncia de Protecção Ambiental é Scott Pruitt, um homem que processou ezes a mesma ag ncia que agora vai liderar. O mais bizarro é que muitos destes casos ainda estão nos tribunais, ou seja, Pruitt está a processar a ag ncia para a qual á oi confirmado pelo Senado para
liderar. Questionado por senadores se iria desistir dos processos, o político de Oklahoma disse que “se for obrigado a isso”, assim o fará. Depois, o nomeado de Trump para a ag ncia que de ende o am iente nega que as alterações climáticas sejam uma preocupação real. Outra nomeação na mesma linha é a de Betsy DeVos, que tem feito uma cruzada pelo aumento
A nomeação de Trump para a Agência de Protecção Ambiental é Scott Pruitt, um homem que processou 13 vezes a mesma agência que agora vai liderar
do peso das escolas privadas no sector educativo, em detrimento da escola pública. Durante anos foi o rosto dos lobbies que lutaram, unha e dente, contra o ensino público. omo l gico, oi confirmada perante o Senado como a nova secretária da Educação. Na sua audição perante os senadores, DeVos não afastou a possibilidade de retirar fundos à educação pública, seguindo uma linha que já defendia enquanto lobista. Talvez a escolha mais polémica de Trump seja Jeff Sessions, um ex-senador do Alabama que tem demonstrado ao longo dos anos uma posição contra a igualdade de direitos dos homossexuais, e que falhou uma nomeação para juiz de um tribunal de instância intermédia por se suspeitar das suas visões raciais. Sessions demonstrou, várias vezes, uma visão tolerante acerca do Ku Klux Klan. Além disso, apelidou de contrárias aos valores americanos, e comunistas, organizações que lutaram pelos direitos civis dos afro-americanos como a NAACP e ACLU. O político do Alabama, notoriamente anti-imigração, será o homem
“A corrida ao armamento irá aumentar com Trump na Casa Branca.” SHI YINHONG ANALISTA
escolhido para a pasta da Justiça. Terá em mãos a defesa dos direitos e garantias de norte-americanos de todas as cores.
CORRIDA ÀS ARMAS
Apesar de ter a maior força militar do mundo, com um orçamento que supera todos as outras forças armadas juntas, durante a campanha Trump não parou de declarar que os Estados Unidos t m o sector da de esa em declínio. Do outro lado do espectro, a segunda maior economia, com o
segundo maior exército, tem vindo a reforçar o investimento na defesa. inda assim, o orçamento c in s afecto às forças militares em 2015 era quase um terço do norte-americano. Mas com a aproximação de Trump a Taiwan e, mais recentemente, com as declarações de Rex Tillerson a tomar partido na disputa das Ilhas Diaoyu, tudo aponta para que a China acelere o reforço das suas capacidades militares. Ouvido pelo South China Morning Post, Shi Yinhong, director do Centro de Estudos Americanos em Pequim, previu que “a corrida ao armamento irá aumentar com Trump na Casa Branca”. Entretanto, o Presidente que hoje toma posse prometeu expandir a frota da marinha americana de 272 navios para 350, incluindo a construção de mais tr s porta-aviões. Este é o maior investimento que se tem visto no ramo das últimas décadas. Por outro lado, a marinha chinesa tem vindo a crescer a um ritmo avassalador desde 2013, com cerca de 20 embarcações de grande porte construídas anualmente. É expectável que a segunda maior força militar passe a ter o seu segundo porta-aviões, desta vez made in China. De acordo uma projecção do Centro de Análises Navais, um think-tank americano, até 2020 Pequim terá uma força naval com 279 navios. Entretanto, os Estados Unidos assinaram um acordo com a Austrália para estacionar os seus caças F-22, os aviões de guerra mais avançados do momento, no norte do país. Esta é a resposta directa àquilo que a nova Administração considera como a postura agressiva de Pequim no Mar do Sul da China. É também mais do que sabido que Donald Trump pretende reforçar a Força Aérea, apesar de ter reclamado que a Lockheed Martin tem derrapado nos orçamentos de construção dos novos F-35. Em contrapartida, a China tem dois caças de última geração em construção doméstica. O Chengdu J-20, que entrou ao serviço no ano passado, e o Shenyang J/FC-31, que fez a sua primeira aparição pública num espectáculo aéreo em 2014. O reforço das capacidades militares é uma prioridade de Pequim, mas de uma forma faseada, constrita. As autoridades chinesas não querem exagerar em gastos com as forças armadas, de forma a evitar o abismo orçamental em que caiu a União Soviética, e que viria a culminar no seu colapso. Resta saber quem vai cair nesta luta titânica. Para já, Trump é uma realidade incontornável num xadrez mundial que se reorienta de dia para dia. Uma realidade que começa hoje. João Luz
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Quem entra no território até pode trazer um milhão de patacas na mala. Mas tem de declarar o dinheiro e explicar de onde vem. Ontem houve reunião na Assembleia para esclarecer dúvidas sobre as novas regras na fronteira. Os deputados parecem satisfeitos com as explicações do Executivo
AL GARANTE QUE GOVERNO NÃO QUER IMPOR LIMITES NAS FRONTEIRAS
As razões do dinheiro
Houve deputados que quiseram saber se o Executivo pretende adoptar medidas semelhantes em relação aos metais preciosos. “O Governo diz que, de acordo com as exigências internacionais, só é preciso regulamentar o numerário e os instrumentos negociáveis ao portador”, disse a deputada, aditando que já existe legislação aplicável a metais preciosos que não sejam para uso pessoal.
TIAGO ALCÂNTARA
POLÍTICA
“As pessoas têm de declarar quanto trazem. Até pode ser um milhão ou dez milhões.”
A
reunião correu tão bem que o próximo encontro dos deputados até vai ser cancelado. A Assembleia egislati a ai ficar à espera de uma nova versão sobre a proposta de lei de controlo do transporte transfronteiriço de numerário e de instrumentos negociáveis ao portador. O Governo tem agora em mãos “um ajustamento por causa de questões técnicas”. Quando o articulado revisto for entregue, explicou Kwan Tsui Hang, presidente da 1.a Comissão Permanente da AL, então os deputados voltam a reunir-se. Kwan Tsui Hang falava depois de uma sessão de trabalho que contou com a presença de representantes do Executivo. “A discussão correu bem”, começou por dizer. A deputada acrescentou que foram esclarecidas as dúvidas levantadas pela comissão na semana passada. Pelo que deu a entender, os deputados ficaram elucidados A presidente da comissão recordou que, com esta nova legislação, o Governo procura, sobretudo, ir
O
diploma é simples e foi feito com um só objectivo, mas ainda assim os deputados da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa têm várias dúvidas que gostariam de ver esclarecidas pelo Governo. O grupo de trabalho liderado por Chan Chak Mo esteve ontem reunido para analisar a proposta de lei que visa a extinção do Gabinete Coordenador de Segurança, cujas funções deverão passar para os Serviços de Polícia Unitários (SPU).
KWAN TSUI HANG DEPUTADA
ao encontro das exigências internacionais. Quando o diploma for aprovado, os visitantes e os residentes de Macau não podem entrar em Macau com mais de 120 mil patacas sem declararem na fronteira o valor que transportam, em numerário ou em instrumentos negociáveis ao portador. De resto, o montante definido segue tam m as práticas internacionais sobre a matéria.
Os deputados quiseram saber das diferenças à entrada e à saída em relação aos montantes transportados e procedimentos a adoptar. Kwan Tsui Hang citou o Governo para explicar que, quando se chega ao território, é obrigatória a declaração quando o montante for igual ou superior a 120 mil patacas. “Mas, à saída, as pessoas só têm de revelar o valor se forem
interpeladas nesse sentido, não precisam de tomar a iniciativa.”
FICAM OS ANÉIS
Da lista de dúvidas fazia ainda parte a questão dos dados pessoais. “O Governo vai criar uma base de dados de acordo com a legislação em vigor”, indicou a presidente da comissão. “Os dados não vão ser divulgados publicamente.”
Foi deixada ainda a garantia de que “o Governo não pretende proibir” a entrada de dinheiro no território. “As pessoas têm é de declarar quanto trazem. Até pode ser um milhão ou dez milhões”, e emplificou wan Tsui ang, sublinhando que o propósito da legislação é o combate ao branqueamento de capitais. De resto, há questões técnicas para acertar: a comissão permanente da AL espera que o proponente possa incluir o valor na proposta de lei, “por uma questão de clareza”, indicou Kwan. Os deputados quiseram saber ainda por que razão a proposta prevê que a lei entre em vigor seis meses depois da sua publicação. Os representantes do Executivo alegaram que a Administração “precisa de tempo”.
As complicações da simplicidade AL quer explicações sobre fim do Gabinete Coordenador de Segurança No final do encontro, o presidente da comissão explicou que os deputados compreendem que a alteração proposta se destina à simplificação da Administração. “Trata-se de uma proposta de lei muito simples. Será que com apenas estes poucos artigos se consegue atingir o objectivo desejado?”, lançou. Os membros da 2.ª Comissão Permanente têm
dúvidas quanto à possibilidade de os agentes dos SPU acumularem novas tarefas. Depois, não encontram no diploma garantias em relação aos funcionários do gabinete que se propõe extinguir. “São 27 trabalhadores. Gostaríamos de saber como é que vai ser tratado o pessoal do Gabinete Coordenador de Segurança”, afirmou an a o
O deputado explicou que estas questões vão ser passadas a escrito num documento a enviar hoje ao Governo. A ideia é que seja feita uma reunião na próxima terça-feira, em que os representantes do Executivo possam esclarecer a comissão. Chan Chak Mo acredita que, desfeitas as dúvidas, serão necessárias, no máximo,
duas reuniões para que a análise ao diploma esteja concluída e possa regressar ao plenário para o debate na especialidade. A extinção do Gabinete Coordenador de Segurança e a atribuição de novas competências aos SPU implicam alterações a duas leis. Quando a proposta em questão for aprovada, os Serviços de Polícia Unitários passam
Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
a ser responsáveis pela protecção civil, com competências de planeamento, coordenação e controlo das actividades desta área. Os SPU terão ainda de prestar apoio técnico, administrativo e logístico ao Conselho de Segurança. A proposta de lei agora nas mãos da comissão presidida por Chan Chak Mo foi aprovada na generalidade, por unanimidade, no passado dia 4. I.C.
5 FÓRUM MACAU DING TIAN FALA EM EVOLUÇÃO
POLÍTICA
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O
secretário geral ad unto do Fórum Macau, recentemente nomeado pelo Governo Central, disse ontem ao HM que vê uma evolução no percurso feito pela entidade, por comparação aos anos anteriores. “Vemos que o Fórum conseguiu grandes sucessos e á foram realizadas cinco conferências ministeriais. Este secretariado desempenhou o seu papel de forma excelente. Em comparação com a situação de á tr s anos, penso que a situação di erente á uma evolução”, declarou Ding Tian. “Como podemos seguir, fazer o Fórum avançar nas relações entre a China e os países de língua portuguesa? Esse é um grande desafio para o secretariado permanente”, apontou o representante de Pequim à margem de um encontro com os órgãos de comunicação social. Questionado sobre a transferência da sede, de Pequim para Macau, do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento, Ding Tian assumiu não ter ainda quaisquer informações sobre a data certa em que essa mudança se irá concretizar Entretanto, foi ontem anunciado que será eita uma sessão de apresentação do fundo por parte do Instituto de Promoção do Investimento e Comércio de Macau (IPIM), por forma a “promover o desenvolvimento da cooperação empresarial no âmbito do investimento”. A sessão está agendada para o próximo dia 25. Neste momento, o undo á deu financiamento a tr s pro ectos ligados ao universo da lusofonia. Ding Tian domina a língua portuguesa, tendo desempenhado funções no departamento de a uda e terna do inist rio do Comércio da República Popular da China. “Possui vasta experiência em assuntos da economia e comércio externo”, aponta um comunicado oficial Ding Tian desempenhou também funções em Cabo Verde, Brasil e Timor-Leste. A.S.S.
Rua da Barca
Património DEZ EDIFÍCIOS VÃO SER PROTEGIDOS PELO INSTITUTO CULTURAL
História para sempre
á está concluída a análise lista de classi icação e protecção de dez edi ícios proposta pelo Instituto Cultural, num processo que arrancou em 2014. Um prédio na Rua da arca não será protegido
O
Conselho Executivo terminou ontem a discussão do regulamento administrativo relativo à “classificação de monumentos e edifícios de interesse arquitectónico e criação de uma zona de protecção”. A lista de protecção proposta pelo Instituto Cultural (IC) inclui um total de nove monumentos e edifícios com interesse arquitectónico, tais como quatro templos Foc Tac, espal ados por árias zonas da cidade, as antigas muralhas da cidade e a antiga armácia ong Sai. A antiga residência geral Ye Ting, a Casa Azul, onde funciona o Instituto de Acção Social, o antigo está ulo municipal de gado o ino e o canil municipal de Macau também estão abrangidos.
Segundo a ádio acau, fica de ora um edi ício centenário localizado na Rua da Barca, que poderá ser demolido por alta de protecção Ung ai eng, que está
“Está muito claro que o trabalho do Instituto Cultural já terminou. Pode ser feito o planeamento urbanístico.” GUILHERME UNG VAI MENG PRESIDENTE DO INSTITUTO CULTURAL
de saída da presidência do IC, disse ontem na conferência de imprensa do Conselho Executivo que não se conseguiu atingir um consenso. stá muito claro que o tra al o do nstituto ultural á terminou Pode ser feito o planeamento urbanístico”, apontou. Leong Wai Man, chefe do departamento do património cultural do IC, disse na conferência de imprensa de ontem que os proprietários sempre quiseram deitar o prédio abaixo. “Pusemos [o edifício] no primeiro lote de classificação epois de uma s rie de consultas públicas, foram ouvidas muitas vozes. Recebemos opiniões dos proprietários, que mani estaram que discordam completamente da preser ação onsultámos o
Conselho do Património Cultural. Tam m discordaram que se a um monumento. De acordo com estas opiniões, o Instituto Cultural sugeriu que não fosse incluído nesta lista”, disse, segundo declarações reproduzidas pela ádio acau A lista em causa faz parte de um trabalho de pesquisa de edifícios iniciado pelo IC em 2014, que resultou numa análise a imóveis. De um grupo de setenta, restaram os dez edifícios ontem anunciados na conferência do Conselho Executivo, que reúnem agora “condições preliminares necessárias para a ertura de procedimentos de classificação
GASTRONOMIA CANDIDATURA À UNESCO É PRIORIDADE, DIZ ALEXIS TAM
D
ECORREU ontem a primeira reunião da Comissão de Trabalho para a Candidatura de Macau, China à Rede de Cidades Criativas da UNESCO. Segundo um comunicado oficial, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, referiu que “a candidatura de Macau para integrar a Rede das Cidades Criativas da UNESCO é um dos trabalhos importantes do Governo para este ano”.
Alexis Tam referiu ainda que, “se a candidatura for em sucedida, adicionará a Macau uma importante marca internacional, dando um significati o e a rangente impulso para a transformação da cidade num centro mundial de turismo e lazer”, contribuindo também “para uma di ersificação adequada e um desen ol imento sustentá el da economia”. Durante este ano, a comissão ficará encarregue de
realizar todo o trabalho de documentação para a apresentação da candidatura, bem como da preparação de um website e um vídeo sobre gastronomia. O encontro serviu ainda para debater algumas ideias sobre a “direcção e estratégia concretas” a seguir, incluindo “o plano de desenvolvimento futuro de Macau e o contributo que poderá dar para a ede de Cidades Criativas”, conclui o comunicado.
6 SOCIEDADE
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CENTROS DE EXPLICAÇÕES DEPUTADA WONG KIT CHENG EXIGE RAPIDEZ NA LEI
A
deputada Wong Kit Cheng entregou uma interpelação ao Governo onde de ende uma fiscalização mais rigorosa dos centros de explicações para crianças, tendo-se mostrado preocupada com o caso recente que envolveu um centro que funcionava como atelier de tempos livres (ATL) mas que também dava explicações às crianças sem possuir licença para tal. A lei em vigor determina punições entre três mil e 20 mil patacas, sendo que, caso se trate de uma violação à lei pela primeira vez, a pena pode ser reduzida para metade desse valor. O Governo já anunciou a vontade de rever o decreto-lei, que data de 1988. “Obviamente que as punições já são desactualizadas e a sociedade defende que são leves de mais,” referiu a deputada.
Wong Kit Cheng lembrou ainda que houve pais que se dirigiram à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) para apresentar queixas sobre a alegada falta de licença do referido centro de explicações, mas a DSEJ terá dito que não tem poderes para fiscalizar os espaços que funcionam como ATL. Em 2015, a DSEJ realizou a terceira ronda da consulta pública para a revisão do regime dos centros de explicações, tendo publicado o relatório em Junho, mas até hoje a revisão da lei ainda não avançou. “O Governo precisa de concluir a revisão do regime do licenciamento e fiscalização dos centros particulares de apoio pedagógico complementar o mais rapidamente possível, para poder regular plenamente os serviços”, rematou a deputada. A.K.
RUA DA ENTENA MORADORES E COMERCIANTES PODEM REGRESSAR
E
STÁ concluído o relatório técnico que determina o regresso dos moradores e do comerciante às fracções e loja do edifício da Rua da Entena, afectado por um acidente com um autocarro de turismo. Segundo um comunicado oficial ontem divulgado, “estão reunidas as condições para a reutilização dos referidos espaços, pelo que os moradores e comerciante podem voltar” aos espaços em questão. O relatório da inspecção realizada pelo Laboratório de Engenharia Civil de Macau e pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e
Transportes (DSSOPT) será afi ado no edi ício e enviado por correio aos moradores. No mesmo comunicado, a DSSOPT assegura que “vai continuar a monitorizar o estado do edifício, de forma a garantir a qualidade da o ra , que ficou concluída entre Setembro e Dezembro do ano passado. O acidente com o autocarro de turismo danificou um dos pilares do edifício, tendo sido decretado que as fracções situadas entre o primeiro e o quinto andares do prédio, bem como a loja situada no rés-do-chão, não estavam em condições de utilização.
Motoristas ASSOCIAÇÃO PROMOVE MAIS UM PROTESTO NO DOMINGO
Volantes ao alto Este domingo acontece mais um protesto contra a importação de condutores profissionais, promovido pela Associação das Funções de Motorista. O aumento das taxas dos veículos é também uma das razões da manifestação
A
Associação das Funções de Motorista anunciou ontem em conferência de imprensa que vai promover este domingo mais um protesto contra a possibilidade de vir a ser importada mãode o ra para a profissão de motorista. O responsável da associação adiantou ainda que o protesto acontece por culpa do aumento “irracional” das taxas de veículos, que foi feito “sem consultar as opiniões dos cidadãos”. Para o grupo, o Governo poderia aumentar as taxas dos veículos e motociclos a cada cinco anos, sugerindo mesmo um aumento de 20 por cento. Tal seria uma melhor opção do que aumentar tudo de uma só vez.
“Temos ouvido queixas de que, para os residentes de Macau, é cada vez mais difícil ganhar dinheiro devido à importação excessiva de mão-de-obra. Se quisermos trabalhar noutra área também não vai ser fácil”, apontou o mesmo responsável, cujo nome preferiu não divulgar. A disparidade de salários também foi abordada durante a conferência. “Comparando com a remuneração dos funcionários públicos, um polícia em início de carreira pode receber aproximadamente 30 mil patacas por mês, mas um motorista de entregas recebe apenas 13 mil patacas. Um croupier ganha apenas 20 mil patacas, mas actualmente a renda de um apartamento T2 custa mais de sete mil patacas por mês. Como é
Para o grupo, o Governo poderia aumentar as taxas dos veículos e motociclos a cada cinco anos que os residentes conseguem viver com salários tão baixos?”, questionou o mesmo responsável.
EXIGIDA INVESTIGAÇÃO
A associação pede ainda que o Governo investigue a situação dos motoristas e croupiers não residentes, tendo frisado que o serviço de procura de emprego junto
PODER DO POVO CONTRA IMPORTAÇÃO
A
Associação Poder do Povo realizou ontem uma conferência de imprensa em que se mostrou firme contra a importação de mão-de-obra para a profissão de motorista. A associação considerou que a actual política laboral, que não permite a importação, levou a que o salário dos motoristas se mantenha num “nível razoável”, sendo “melhor do que os salários pagos nos sectores que permitem importação de trabalhadores não residentes”. Contudo, trata-se de salários que “não conseguem acompanhar a inflação”.
A Associação Poder do Povo considera ainda, segundo um comunicado, que a importação de trabalhadores trará uma maior sobrecarga às vias públicas. “Essa também é uma das razões pelas quais a sociedade se opõe à introdução de mão-de-obra não residente”, defendeu Cheong Weng Fat, vice-presidente da associação. A Poder do Povo pede ainda uma maior fiscalização aos preços da carne, legumes, comércio a retalho e sector da restauração, bem como um controlo da inflação e unificação dos preços de venda. A.K.
da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais possui apenas nove vagas para 300 candidatos a motoristas. “Se a vida dos residentes de Macau se tornar difícil, será um período muito difícil no território. O Governo tem prestado atenção às opiniões dos residentes e das associações, mas a lei sindical foi rejeitada e sentimo-nos desapontados com a Assembleia Legislativa. Vamos juntar a nossa força e expressar as nossas queixas para fazer exigências ao Governo.” A associação sublinhou ainda que o Executivo pode ouvir as vozes de diferentes áreas na manifestação de domingo, que deverá contar com mil participantes, segundo estimativas dos organizadores. O protesto começa às 14h junto ao jardim do Iao Hon, na zona norte, terminando em frente à Sede do Governo. Os responsáveis garantem que, caso o Executivo não ouça as suas reivindicações, poderão organizar mais manifestações. Vítor Ng (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo
7 hoje macau sexta-feira 20.1.2017
O
Ho Chio Meng MESES SEM SABER QUE HAVIA SAUNA NO MP
Atrás da parede falsa A chefe-adjunta do Gabinete do Procurador passou ontem pelo Tribunal de Última Instância e contou como é que se descobriu que, nas instalações do Ministério Público, havia uma sauna. Ho Chio Meng não gostou da descrição detalhada TIAGO ALCÂNTARA
procurador da RAEM, Ip Son Sang, só descobriu que havia uma sauna no andar onde funciona actualmente o Gabinete do Procurador quando decidiu fazer obras no local, meses depois de ter dado uma oportunidade ao antecessor, Ho Chio Meng, para deixar de usar o espaço como armazém pessoal, contou ontem a Rádio Macau. A emissora, que tem estado a acompanhar o julgamento do antigo líder do Ministério Público (MP), deu conta do depoimento de Wu Kit I, chefe-adjunta do Gabinete do Procurador, chamada ontem a testemunhar no Tribunal de Última Instância (TUI). A funcionária explicou que, já com a sala limpa de objectos, foi durante a remodelação do espaço que o construtor se apercebeu de uma parede falsa que dava acesso a uma suite, onde o ex-procurador receberia massagens. Wu Kit I apresentou ao tribunal uma descrição detalhada da chamada “sala de descanso para docentes do MP”. Este espaço, no 16.º andar do edifício Hotline, seria usado por Ho Chio Meng para entretenimento, de acordo com a acusação. Ip Son Sang teve conhecimento desta sala cerca de um mês depois de ter tomado posse, na sequência de um contrato de microfilmagem Wu Kit I, recém-chegada ao MP vinda do Instituto de Menores, estranhou que o Gabinete do Procurador estivesse a gastar mais de 40 mil patacas de renda para a prestação deste serviço e decidiu investigar o que se passava, inicialmente sem sucesso, por não encontrar a sala de microfilmagem O piso estava todo ele arrendado pelo MP, mas a testemunha diz que foi informada por funcionários de que alguns andares eram privados e decidiu consultar os contratos de arrendamento. Dos cinco proprietários à altura, dois eram do MP – um será Wang Xiandi, arguida no processo. Wu decidiu voltar ao local e forçar a entrada. “Fiquei estupefacta”, declarou. Estava dentro da “sala de descanso”, onde havia um bar e também uma área com vários objectos valiosos em exposição. Ip Son Sang e o chefe de Gabinete, Tam Peng Tang, foram ao local, assim como Ho Chio Meng. “Apareceu de repente (...). Não sei quem o avisou. Chegou ao local e estava muito assustado. Disse: ‘Tudo o que está aqui é da minha pertença’”, contou a testemunha, citada pela rádio. Ip Son Sang terá dado um prazo a Ho Chio Meng para retirar os objectos pessoais. Nas duas visitas que o Gabinete do Procurador fez à sala não encontrou a sauna construída na “sala de descanso”. Só mais tarde, em Abril de 2015, durante a remodelação do espaço, é que foi informado pelo mestre de
SOCIEDADE
CASO DO CÃO AGENTE DA PJ FAZ MEA CULPA
O agente da Polícia Judiciária (PJ) Chan Veng Meng, que foi filmado a espancar um cão no passado dia 17, emitiu ontem uma declaração a pedir desculpas ao público através do porta-voz da PJ, noticiou o canal chinês da Rádio Macau. Na declaração, Chan Veng Meng explicou que tratou o animal de forma indevida porque o cão lhe roeu os seus sapatos favoritos. Contudo, o agente da PJ assumiu que tudo se deveu a uma negligência da sua parte, pois deixou a caixa de sapatos aberta. Após ter tomado consciência de que o vídeo da agressão se tinha tornado viral nas redes sociais, Chan Veng Man lamentou o seu “mau comportamento”, afirmando estar disposto a assumir as consequências judiciais do caso.
CANÍDROMO ESCOLAS ENTREGAM ABAIXO-ASSINADO
Cinco presidentes de escolas estiveram ontem reunidos com o Chefe do Executivo, em conjunto com os deputados Lam Heong Sang e Ella Lei. Em causa está a falta de espaço de muitas das escolas localizadas na zona norte, sobretudo para a prática de desporto. Por essa razão, Chui Sai On recebeu oito mil assinaturas de pais que desejam ver o espaço do Canídromo destinado à área da educação ou do desporto, excluindo as finalidades industrial, habitacional ou de casinos.
UNIONPAY VALOR DAS TRANSACÇÕES ILEGAIS DISPAROU EM 2016
obras da existência de uma parede falsa, que dava acesso a uma suite. Além da sauna, a suite tinha uma cama de casal, duas mesas-de-cabeceira e um guarda-roupa. No tecto, havia suportes metálicos. A testemunha preparava-se para continuar a descrever o espaço quando foi interrompida por Ho Chio Meng. “Não precisa de usar esses termos”, afirmou, e altado, o arguido Wu retomou o depoimento, disse que estava com “medo de falar”, mas acabou por sugerir que os suportes metálicos seriam usados para prestação de massagens shiatsu.
CONTRATOS EM ORDEM
A mesma testemunha fez ainda uma apresentação de uma série de otografias tiradas na moradia de Coloane que, durante o mandato de Ho Chio Meng, foi arrendada pelo MP como vivenda de hospedagem.
“Além da sauna, a suite tinha uma cama de casal, duas mesasde-cabeceira e um guarda-roupa. No tecto, havia suportes metálicos.” O ex-procurador tinha já dito já em tribunal que, depois de cessar funções, usou a casa durante ano e meio, sem pagar renda. A chefe-adjunta do Gabinete do Procurador, Wu Kit I, explicou também que o sistema de adjudicações do MP foi alterado logo após a tomada de posse de Ip Son
Sang, a 20 de Dezembro de 2015. O processo demorou alguns meses até que, em Junho do ano seguinte, os contratos de aquisição de bens e serviços começaram a ser feitos “de formal normal”. Wu Kit I disse ainda que, dos 24 tipos de contratos que constam da acusação contra Ho Chio Meng, apenas sete se mantêm – após concurso por consulta, foram entregues a outras empresas, nalguns casos “quatro vezes mais baratas”. Recorde-se que o ex-procurador acusado de ter eneficiado sempre as mesmas empresas com milhares de contratos, durante o tempo em que esteve em funções. As companhias seriam controladas por um irmão, um cunhado e dois empresários próximos da família.
O valor das transacções ilegais com recurso a terminais portáteis da UnionPay International em Macau disparou no ano passado, atingindo 4,995 mil milhões de patacas, segundo dados facultados pela Polícia Judiciária (PJ) à Agência Lusa. O valor – quatro vezes superior ao apurado em 2015 – diz respeito a 25 inquéritos abertos pela PJ ao longo do ano, dos quais 20 foram encaminhados para o Ministério Público (MP). Os restantes cinco não seguiram para o MP por “falta de provas”. As operações em causa são ilegais porque efetuadas em Macau através das máquinas POS (point of sale) da UnionPay China ou outras fornecidas por terceiros, o que faz com que a UnionPay International não receba a percentagem a que tem direito por a transacção ter sido realizada, de facto, fora da China continental. A PJ diz que 53 suspeitos (46 homens e sete mulheres) foram entregues ao MP: 14 são residentes de Macau, 38 do interior da China e um de Hong Kong.
8 CHINA
hoje macau sexta-feira 20.1.2017
Hong Kong JOHN TSANG ANUNCIA CANDIDATURA A CHEFE DO EXECUTIVO
“Confiança, unidade e esperança” afirmando que os que a de endem “não sabem o que é Hong Kong, porque a China tem sido sempre o núcleo da identidade dos residentes da cidade”. Além disso, acrescentou que Hong Kong não seria o que é hoje se não fosse parte da China.
EPA
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antigo secretário para as Finanças de Hong Kong John Tsang anunciou ontem que vai concorrer às próximas eleições para chefe do Executivo, juntando-se na corrida a outros três candidatos, informou a imprensa local. John Tsang anunciou formalmente a sua candidatura às eleições de 26 de Março tendo como pano de fundo um cartaz com o slogan onfiança, unidade e esperança Se não ou er confiança, se os residentes de Hong Kong não estiverem unidos, os nossos jovens não terão esperança no nosso futuro”, disse numa conferência de imprensa, segundo o jornal South China Morning Post. Tsang disse que Hong Kong enfrenta “tempos de grande incerteza e afirmou não querer er mais residentes a emigrarem. O ex-secretário das Finanças, cuja renúncia ao cargo realizada em Dezembro recebeu luz verde na segunda-feira, relacionou a actual situação na antiga colónia britânica com o ano de 1982, quando a sociedade de Hong Kong, segundo disse, en rentou uma crise de confiança “Nessa altura, muitas pessoas queriam emigrar”, disse. “Agora a emigração tornou-se o tema de conersa na cidade outra ez , afirmou Tsang disse não querer ouvir falar em “emigração” motivada pelo descontentamento social, razão que o inspirou a candidatar-se a líder da cidade. O antigo secretário para as Finanças, que integrou os gover-
“Se não houver confiança, se os residentes de Hong Kong não estiverem unidos, os nossos jovens não terão esperança no nosso futuro” “Uma grande cidade tem um grande país (por detrás). Sem a Grã-Bretanha não haveria Londres. Sem os estados Unidos não haveria Nova Iorque. Hong Kong pode tornar-se melhor porque está a abraçar uma grande mãe pátria”.
JUNTA-TE AO GRUPO nos de dois chefes do Executivo, incluindo o do cessante CY Leung, considerou “correcta” a política de habitação do ainda líder de Hong Kong e prometeu trabalhar para
continuar a encontrar terrenos para construir casas e resolver o problema da falta de habitação. Tsang deixou claro que não é adepto da ideia de independência,
O anúncio de John Tsang surge dias depois de Carrie Lam, antiga número dois do governo de CY Leung, ter anunciado a sua candidatura formal ao cargo. Regina Ip, antiga secretária para a Segurança e membro do Novo Par-
XI JINPING APELA PARA UM MUNDO SEM ARMAS NUCLEARES
O
Presidente chinês, Xi Jinping, apelou esta quarta-feira a todos os países para construírem um mundo sem armas nucleares e para a destruição de todos os ‘stocks’ existentes, num discurso nas Nações Unidas, em Genebra. “As armas nucleares deveriam ser totalmente interditas e destruídas para
construir um mundo sem armas nucleares”, num discurso proferido perante 800 pessoas, entre as quais o novo secretário-geral da ONU, António Guterres. Num longo discurso na sede da ONU na Europa, Xi Jinping defendeu também um sistema de governação mundial baseado na igualdade entre todas as nações.
“Devemos rejeitar o domínio de apenas um ou vários países”, defendeu o chefe de Estado chinês, salientando que as grandes potências devem respeitar os interesses de cada um. Para Xi Jinping, os “países grandes devem tratar os mais pequenos de forma igual em vez de agirem como uma hegemonia, impondo
a sua vontade aos outros”, disse. No discurso, o Presidente chinês salientou que o seu país está comprometido com a construção da paz no mundo. Na terça-feira, em Davos, Suíça, Xi Jinping tinha afirmado a necessidade de reequilibrar a globalização para a tornar “mais forte, mais inclusiva e duradoura”.
tido Popular (New People’s Party), o juiz na reforma Woo Kwok-hing, e Wu Sai-chuen, um ex-membro da Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong [DAB, na sigla inglesa], são os restantes três candidatos que formalizaram as candidaturas ao cargo. O impopular líder da cidade, Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, e considerado por muitos dos seus críticos como um “fantoche” de Pequim, disse a 9 de Dezembro que deixaria o cargo em Julho e não voltaria a concorrer ao lugar de chefe do Executivo. Ao abrigo do actual sistema eleitoral, o líder do Governo de Hong Kong é seleccionado por um colégio eleitoral de 1.200 membros representativos dos vários sectores sociais. Em 2014, Pequim avançou com uma proposta de reforma política que previa a introdução de voto universal para o líder do Governo, mas só depois de os candidatos (dois a três) serem pré-seleccionados por uma comissão de 1.200 membros, vista como próxima de Pequim. A proposta, que ainda em 2014 esteve na origem do movimento Occupy, que durante 79 dias bloqueou as ruas da cidade, foi rejeitada pelo Conselho Legislativo em Junho de 2015. O pacote de reforma política proposto por Pequim acabou por ser chumbado pelo voto contra dos democratas.
9 hoje macau sexta-feira 20.1.2017
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China anunciou que vai proibir, ou escrutinar, os investimentos além-fronteiras realizados pelas empresas do Estado em determinados sectores, em mais uma decisão de Pequim visando travar a fuga de capitais e gastos “irracionais”. Segundo o comunicado difundido ontem pelo organismo que tutela os 102 conglomerados directamente controlados pelo governo central chinês, será elaborada uma lista com os sectores em que o investimento passará a ser interdito ou escrutinado. O organismo, conhecido como SASAC (State-ownedAssets Supervision and Administration Commission), não detalhou quais os sectores
ESTATAIS PROIBIDAS DE INVESTIR EM ALGUNS SECTORES ALÉM-FRONTEIRAS
Aplicações racionais que serão abrangidos, nem quando entrarão em vigor as restrições. ornal oficial em língua inglesa China Daily noticia que a lista pode incluir indústrias poluentes ou ulnerá eis utuação dos preços mundiais das matérias primas, como os ramos da energia, minas, imobiliário ou petróleo. E cita a vice-presidente do S S , uang an ua, afirman-
ECONOMIA ALGUMAS MELHORAS
O
Governo chinês afirmou ontem que a saída de capitais abrandou no início do ano, em termos homólogos, e assegurou que tem planos e reservas cambiais “abundantes”, que permitem gerir o problema. “Os números mostram que a pressão do fluxo de capitais para o exterior abrandou significativamente, face ao início de 2016”, disse a porta-voz da Administração Estatal de Divisas, Wang Chunying, em conferência de imprensa. As autoridades chinesas revelaram ontem que, ao longo de 2016, os bancos chineses registaram um défice de 316.666 milhões de euros (ME) nas transacções de moeda. Em 2015, aquele défice fixou-se em 436.748 ME, o valor mais alto de sempre. Porém, a evolução por trimestres revela um abrandamento da saída de capitais, a partir do segundo trimestre do ano, disse Wang, reconhecendo que, no quarto trimestre, voltou a subir, devido ao aumento das taxas de juro da Reserva Federal (FED) norte-americana.
do que o governo irá, no entanto, encorajar os investimentos em sectores como a alta velocidade ferroviária, estradas, telecomunicações ou energia nuclear.
CUIDADOS COM FUGAS
O ‘boom’ das aquisições no estrangeiro por empresas chinesas tem dificultado os es orços de equim em travar a fuga de capitais, que levou à desvalorização da moeda chinesa, o yuan. Em 2016, os investimentos c ineses ora do país su iram por cento, para 165 mil milhões de dólares, ultrapassando o valor in estido por outros países na China - 111.000 milhões de euros. m ortugal, o país asiático tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores, comprando participações em áreas da energia, seguros, saúde e banca. Os investidores chineses correspondem tam m a dos istos ‘gold’ emitidos desde a criação do programa, em Outubro de 2012.
No entanto, este mês, o Banco de Portugal escolheu o fundo de investimento Lone Star como o candidato mais bem posicionado para comprar o Novo Banco, em detrimento do China Minsheng Financial Holding, que não apresentou as garantias necessárias dentro de prazo. O ‘boom’ das aquisições no estrangeiro por empresas chinesas levou à desvalorização da moeda chinesa, o yuan, face ao dólar
Região
Os perseguidos Países islâmicos pedem à Birmânia acções para proteger os ‘rohingya’
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Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) pediu ontem à Birmânia mais medidas para proteger a minoria muçulmana rohingya, cuja região onde residem se encontra desde Outubro sob uma operação de segurança do exército. “Acreditamos que é preciso muito mais para resolver o problema no estado de Rakhine”, no oeste da Birmânia e onde reside a maior parte dos ‘rohingya’, disse o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, no discurso de abertura da reunião extraordinária da OIC convocada pela Malásia. Najib, que anunciou um fundo de apoio aos ‘rohingya’, instou as autoridades birmanesas a levar aos tribunais os responsáveis dos alegados abusos denunciados contra a dita minoria. De seguida os 57 ministros
CHINA
dos Negócios Estrangeiros que integram a organização reuniram-se à porta fechada para abordar o assunto na reunião de um só dia que decorre em Kuala Lumpur.
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No início de aneiro, o escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos
Humanitários (OCAH) disse em comunicado que cerca de 65.000 membros daquela minoria muçulmana fugiram para o Bangladesh desde que foi iniciada a ocupação militar. No passado dia 9 de Outubro, um ataque contra tr s postos da polícia da localidade de Maungdaw, no
norte de Rakhine e na fronteira com o Bangladesh, atri uído a insurgentes rohingya’ desencadeou uma campanha de represálias por parte do Exército. Organizações a favor dos direitos humanos denunciaram desde então numerosas violações, torturas, roubos e execuções perpetradas por militares contra a população ‘rohingya’. Mais de um milhão de rohingya vivem em Rakhine, onde sofrem uma crescente discriminação desde o surto de violência sectária em 2012, que causou pelo menos 160 mortos e deixou cerca de 120.000 pessoas confinadas em campos. A Birmânia não reconhece a cidadania aos rohingya – considerados pelas Nações Unidas uma das minorias mais perseguidas do planeta – considerando-os imigrantes bengaleses, e impõe-lhes restrições, incluindo a privação de movimentos.
norte americano, para o ní el mais baixo em quase oito anos. A agência Bloomberg estima que o país asiático ten a registado uma fuga de capitais privados recorde em 2015, estimada em um bilião de dólares. Em Dezembro passado, as autoridades chinesas advertiram as empresas do país so re in estimentos “irracionais” além-fronteiras e anunciaram recentemente medidas que visam atrair investimento externo.
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ANÚNCIO Acção de Processo Comum do Trabalho n.º
LB1-16-0181-LAC
Juízo Laboral
AUTOR: UN KUOK FUN, nascido em 01 de Agosto de 1956, titular do BIRM nº 7425022(6), residente na Rua dos Pescadores, nº 428, Edifício Hantee, 2º andar N, em Macau.-------------------------------------------------------------------RÉ: COMPANHIA DE EMILIO MA YENG MASSA CONSTRUTOR CIVIL, com sede na Rua Pedro Nolasco da Silva nº 43, Edifício Lei Fung, 2º andarA, em Macau.-------------------------------------------------------------------------------*** FAZ-SE SABER que pelo Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do anúncio, citando a ré COMPANHIA DE EMILIO MA YENG MASSA CONSTRUTOR CIVIL, acima identificada, para no prazo de QUINZE DIAS, findo o dos éditos, querendo contestar a petição inicial dos autos, de ACÇÃO DE PROCESSO COMUM DO TRABALHO acima identificados, apresentada pelo autor, na qual o autor pede que a presente acção seja julgada procedente por provada e, em consequência, ser a ré condenada a pagar ao autor a quantia de MOP$95,726.03 (noventa e cinco mil e setecentas e vinte e seis patacas e três avos), a que acrescem os devidos juros de mora até integral e efectivo pagamento.-------------------------------------------------------------------Tudo como melhor consta da petição inicial, cujos duplicados se encontram nesta Secretaria à sua disposição, sob pena de não o fazendo no dito prazo, seguir o processo os ulteriores termos até final à sua revelia.--------------Aos 06 de Janeiro de 2017.
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hoje macau sexta-feira 20.1.2017
Notificação n.º 41/DLA/SAL/2016 Decisões sancionatórias Considerando que não se revela poss vel notificar directamente os interessados, por of cio ou outras formas, para efeitos de prosseguimento dos respectivos processos administrativos sancionat rios, nos termos dos artigos . e . do C digo do Procedimento Administrativo , aprovado pelo Decreto-Lei n M, de de Outubro, notifico, pela presente, nos termos do n. do artigo do Decreto-Lei no M, de de Outubro, e dos artigos . e . do C digo do Procedimento Administrativo , os seguintes empres rios de estabelecimentos, do conte do das respectivas decis es administrativas sancionat rias erificou-se que os abai o discriminados empres rios de estabelecimentos instalaram material publicit rio sem licença emitida pelo ACM. Os respectivos factos il citos constam dos autos de not cia que a tabela indica. Os processos administrativos sancionat rios, seguindo o seu curso, garantiram aos infractores uma audi ncia e o e erc cio do seu direito de defesa de acordo com as fotografias tiradas no local e as descriç es feitas por testemun as, ane adas aos autos de not cia, provas bastantes da e ist ncia desses factos il citos. De acordo com o disposto na al. d do n. do artigo . e al. c do artigo . da Lei n. M, o Presidente, substituto, no uso das compet ncias conferidas pela Proposta de Deliberação do Consel o de Administração n. PDCA , de de evereiro, e o signat rio, no uso das compet ncias conferidas pelo Despac o do Presidente do Consel o de Administração n. PCA , de de aneiro, e pelo Despac o do Presidente do Consel o de Administração n. PCA , de de evereiro, e araram, relativamente aos seguintes empres rios de estabelecimentos, segundo a seguinte ordenação n. ao n. , n. ao n. e n. ao n. , despac os sobre as respectivas decis es administrativas sancionat rias
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Os interessados podem, no prazo de dias, contado a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, dirigirse ao Centro de Serviços do ACM, sito na Avenida da Praia rande, n.os - , Edif cio China Plaza, . andar, para efectuar o pagamento das referidas multas. De acordo com o artigo . do Decreto-Lei n. M, de de Outubro, e artigo . do Decreto-Lei n. M, de de ul o, caso não apresentem impugnação contra as decis es da presente notificação dentro do prazo supramencionado para interposição de recurso administrativo e não paguem, voluntariamente, dentro do prazo determinado, as multas referidas, o ACM emitir uma certidão de t tulo e ecutivo à Repartição das E ecuç es iscais da Direcção dos Serviços de inanças para a cobrança coerciva. Relativamente às mencionadas decis es sancionat rias, os interessados podem, no prazo de dias, contado a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, apresentar reclamação para o autor do acto e ou, dentro de dias, apresentar recurso ier rquico necess rio ao Consel o de Administração do ACM. Salvo actos nulos, os interessados apenas podem, depois da interposição do recurso ier rquico necess rio, interpor recurso contencioso, sobre os actos sancionat rios referidos, para o Tribunal Administrativo, de acordo com os prazos previstos nos artigos . a . do C digo de Processo Administrativo Contencioso. Para qualquer informação ou consulta do processo, podem dirigir-se à Divisão de Licenciamento Administrativo dos Serviços de Ambiente e Licenciamento, sita na Avenida da Praia rande, n.os - , Edif cio China Plaza, . andar, ona . Lin a de consulta, através dos telefones, n.os Aos
de Dezembro de O ice-Presidente do Consel o de Administração Lei ai ong
11 hoje macau sexta-feira 20.1.2017
O edifício do antigo tribunal recebe a performance “Paisagem Entrelaçada: Maré da Noite” amanhã e domingo, pelas 20h. Fomos conhecer Jenny Mok, a coreógrafa que pisará o palco numa dança mais que plástica
Performance FESTIVAL FRINGE APRESENTA TRABALHO DE JENNY MOK
Danças com materiais rando até chegar a uma mensagem que transmite ao público usando a linguagem do movimento corporal. Macau foi uma das inspirações para a artista, uma vez que a manipulação de paisagens atinge uma intensidade muito grande, comparando com outras cidades do mundo. “Esta não é uma performance sobre as mudanças nos horizontes de Macau, mas a cidade tem um enorme impacto em mim, enquanto criadora”, explica Jenny Mok. A artista completa que impossí el não sentir a in u ncia do sítio onde vivemos”.
“E ´
uma coreografia pensada para materiais, em vez de ser para feita da forma tradicional, para o corpo humano.” As palavras são de Jenny Mok, a performer e coreógrafa que apresentará ao público do Festival ringe este fim de semana o seu espectáculo sobre paisagens naturais em movimento. Anteriormente, a artista de Macau já havia trabalhado com tecidos no seu processo criativo, nomeadamente o algodão. Neste espectáculo, “Paisagem Entrelaçada: Maré da Noite”, o material escolhido foi o plástico. Esta exibição foi preparada a meias com a sua amiga e designer visual Nip Man Teng. Há dois anos que a coreógrafa começou os seus trabalhos a solo. Primeiro começou por explorar a interacção entre corpo, som e luz, como partes iguais, que se fundiam numa linguagem única. Depois veio a preocupação com o que mais se poderia fazer em palco, além do trabalho físico com o corpo. Os materiais vieram por arrasto, naturalmente. uisemos azer coreografias para corpos não-humanos, foi o primeiro passo”, comenta a coreógrafa. Jenny
EVENTOS
explica também que tenta dirigir o material enquanto representa, “mas o material fi a o tom do que transmite, uma vez que a textura se conjuga com os restantes elementos em palco. Jenny Mok considera que o plástico, sacos em particular, carregam uma carga negativa nos dias de hoje, muito ligados à deterioração do ambiente e ao excesso de consumo, e são o resultado de manipulação, outra palavra com uma conotação negativa. Paradoxalmente, usa estes dois elementos para transmitir algo natural. “O que é engraçado é que, quando se tenta trabalhar com estes materiais manipulados, artificiais, em coreografia, eles dão uma im-
pressão de paisagem natural”, explica a performer. “Também Macau é muito trabalhado, em constante transformação, e pegámos neste conceito de paisagens alteradas para azer coreografia , e plica
MUNDO PLÁSTICO
Jenny Mok tem formação em literatura inglesa, algo que considera importante na sua formação como artista, uma vez que lhe deu perspectiva para melhor entender o processo artístico. Durante o seu tempo como estudante universitária, começou a interessar-se por artes performativas, algo que ao primeiro contacto lhe “acelerou o coração”. O arrebatamento chegou antes de ter iniciado
qualquer tipo de formação na área artística. A porta de entrada para a criação cultural foi como espectadora, mais precisamente no Festival Fringe de 2001. Sem ter compreendido muito bem o que tinha visto, enn ficou muito impressionada com a performance vanguardista a que assistiu. Um ano depois estaria a ter aulas de dança com a companhia que a tinha impressionado, depois de se voluntariar para ajudar no que fosse preciso. Na primeira vez que pisou o palco, a artista confessa que não sabia muito bem o que estava a fazer, apenas tentou expressar-se da melhor forma que conseguiu. O seu processo criativo foi-se apu-
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COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS Aviso Torna-se p blico que se encontra finalizada a correcção da segunda prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de nos termos do disposto na al nea do artigo do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia de evereiro, solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. ong, através do n ou , caso não recebam a mencionada notificação. Direcção dos Serviços de inanças, aos de aneiro de O Presidente do ri, ong ong Leong
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“Esta não é uma performance sobre as mudanças nos horizontes de Macau, mas a cidade tem um enorme impacto em mim, enquanto criadora.” JENNY MOK COREÓGRAFA Apesar do elemento de improviso, os espectadores terão uma visão de algo detalhadamente planeado. Ainda assim, “com este material nunca sei muito bem o que vai acontecer, eu tento manipular esse o plástico mas, por vezes, ele é que acaba por me manipular”. João Luz
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12 EVENTOS
JOSÉ DRUMMOND ARTISTA
otografia, ídeo, instalações e também poesia. José Drummond apresenta hoje na Casa Garden “I’m too sad to tell you”, uma exposição que é um exercício de re e ão so re o desencanto e a ausência do outro. Ao HM, o artista fala de in u ncias, de pós-colonialismo e do que é isto de se viver numa terra a que não se pertence, correndo o risco de perder as raízes
O que é que podemos ver nesta exposição? A exposição chama-se “I’m too sad to tell you”, que é o título de um vídeo de um artista holandês, chamado Bas Jan Ade, dos anos 70. É um vídeo muito famoso na história da videoarte. Ele está permanentemente a chorar, em angústia. A arte interessa essencialmente à arte e, apesar de a arte estar cada vez mais próxima da sociedade em que eita e de re ectir cada vez melhor os problemas que lhe estão à volta, o ponto de partida e o de chegada são sempre no domínio da arte. Todos os trabalhos que estão em exposição têm quer ver com o estado de desencanto, tristeza, ausência do outro. A exposição tem uma peça central – uma instalação ídeo , tr s s ries de otografias que se estendem pelas restantes salas e há outros objectos pontuais que ajudam a criar aquilo que, de início, pensei para esta exposição. Tentei criar algo que não fosse só pendurar umas coisas na parede, mas que pudesse envolver a audiência de um modo diferente, obrigando-a a ter uma atitude quase participativa pela forma como poderá descobrir os trabalhos. A arte interessa essencialmente à arte, mas também lhe interessa, enquanto artista, chegar a um público. o pú lico que, no final, az o tra alho. É só quando o artista decide que vai mostrar o que fez, e entretanto tem um público, que o trabalho se completa. Se não houver isso, o trabalho não passa de algo que aconteceu dentro do estúdio ou de uma ideia qualquer dentro de uma cabeça qualquer que não foi dita e que, depois, pode ser esquecida. Nesse sentido, é sempre o público que valida a arte e é isso que faz com que seja uma coisa tão importante, porque cada pessoa pode fazer a sua interpretação e podem criar-se narrativas muito mais para além do que a narrativa inicial do artista. Dizia também que a arte está mais próxima da realidade que a rodeia. Neste trabalho, em que foca a angústia, o desencanto, a solidão, há um reflexo da sociedade em que vive? De há uns anos para cá que o meu trabalho se alterou profundamente, no sentido em que comecei a fazer parte do meu trabalho. Especialmente nos tra al os em filme ou em vídeo, passei a fazer de personagem dentro dos meus trabalhos. Nessas narrativas, existe quase uma tentação pós-colonialista, há sempre a imagem do ocidental seduzido pela
SOFIA MOTA
“Não tenho problemas e
Ásia e que quer fazer parte de um mundo que não é seu. Isso é muito evidente no vídeo da máscara chinesa, como era na série “O Intruso”, e é também evidente agora, embora as narrativas andem à volta do falhanço, da ausência do outro, e haja mais personagens. Deixou de ser de mim para mim, passou a ser de mim para qualquer desejo continuado de fazer parte dessa sociedade e a impossibilidade, ao mesmo tempo, de fazer parte dela. Embora não esteja objectivamente a apontar problemas sociais ou políticos, algumas coisas importantes da nossa sociedade estão subtilmente reveladas lá. Um exemplo? O feminismo. Digo isto muitas vezes: o feminismo é o ‘ismo’ mais importante dos últimos 50 anos e
continuamos a ter esta enorme incapacidade de tentar um equilíbrio entre as mulheres e os homens. Continua a ser um mundo de homens e as mulheres continuam a não ter as mesmas oportunidades, sujeitas a condições de bonecas. Nestes últimos anos, houve um crescendo da ideia da mulher perfeita enquanto boneca nas capas das revistas, e a mulher real é cada vez mais sujeita a ter de se formatar
“O pós-colonialismo, no meu trabalho, é uma camada que quase poderíamos considerar que está virada ao contrário.”
a determinados modelos para poder existir dentro da sociedade. Esse problema existe nos meus trabalhos mais recentes, sendo que não digo ‘é isto’, correndo até o risco de ser mal compreendido, porque isso também é importante. Tento que a coisa seja ambígua: ‘Será que é a mulher que é o objecto ou é o sujeito?’. É uma das preocupações dos meus filmes na realidade, o objecto sou eu e não as mulheres. Elas são o sujeito. Essa ambiguidade também me interessa. Tem uma forma crítica de olhar para o seu trabalho, no sentido em que o analisa para identificar uma presença numa sociedade na qual não é um elemento natural. E faz referência ao pós-colonialismo. Como é que acontece este exercício de desconstrução?
13 hoje macau sexta-feira 20.1.2017
EVENTOS
em olhar ao espelho” da existência. Há um problema de existência, na medida em que não se sabe de onde se é e de se começar a perder as raízes por se querer fazer parte de qualquer coisa. Sente isso? Veio para Macau há já muitos anos. Começa a sentir as raízes distantes e, ao mesmo tempo, que não pertence aqui? Sinto essa batalha quase diariamente, com a agravante de ter feito a parte mais importante da minha educação em inglês, e de ler e escrever muito em inglês. É quase a minha língua diária. Enquanto pessoa e autor, torna-me ainda mais fragmentado. Um dos aspectos que os curadores em Berlim e Nova Iorque apontam no meu trabalho é precisamente esse nível de fragmentação e de os trabalhos serem um híbrido estranho, porque já não são ocidentais, mas também não são asiáticos. Esse estado de fragmentação acaba por ser uma ajuda à forma como se expressa do ponto de vista artístico, ainda que de modo inconsciente? Não sei. Há coisas que podemos escolher como é que as fazemos, mas há outras que não necessariamente, que nos acontecem e levam-nos a tomar decisões em função daquilo que nos aconteceu. Essa fragmentação não é uma coisa forçada, não penso muito nela, mas se olhar para determinadas coisas que me interessam ao nível das artes, na literatura e no cinema, os autores que mais me in uenciam fazem parte de uma escola qualquer de fragmentação. Se calhar é natural, por ser o rio ou a corrente onde estou.
Não tenho problemas em olhar ao espelho, aliás, os espelhos fazem parte do meu trabalho. Nesse sentido, também digo muitas vezes que os meus trabalhos são existencialistas, não exclusivamente por uma via do existencialismo tradicional do Sartre ou de Heidegger, mas um existencialismo beckettiano, kafkiano, onde a coisa é psicológica. Não tenho problemas em olhar ao espelho, da mesma forma em que não tenho problemas em autocriticar-me, sendo que isto não é forçosamente mau. O pós-colonialismo, no meu trabalho, é uma camada que quase poderíamos considerar que está virada ao contrário. Aquilo a que se chama pós-colonialismo resultou do facto de uma série de escritores e de artistas ter começado a virar os olhos para África, chamando a atenção para esse
mundo e para os seus problemas. Ao utilizar a palavra, é porque estou a fazê-lo ao contrário. Não estou a chamar a atenção para os problemas da Ásia, até porque só agora é que se fala de Macau como colónia. No tempo da Administração portuguesa era proibido falar de Macau como se fosse uma colónia, escreveu-se sempre como sendo ‘o território’. Foi através da língua inglesa, no
“O teatro reapareceu no meu trabalho de uma forma que nunca imaginei que pudesse ter tanta importância.”
pós-transferência, que se começou a ver mais o termo ‘colónia’. Também a China não assume que tenha sido alguma vez colonizada, pelo que há aqui um problema que também acho interessante. Ao utilizar o termo, estou a forçar a nota de que houve aqui qualquer coisa. Estou a tentar baralhar as cartas e a tentar apresentar as coisas pelo outro lado. Neste actor, sou muito in uenciado por vários autores e alguns têm coisas comuns – uma delas é o isolamento. Essa é também uma condição dos ocidentais que estão na China. Poderá não se sentir tanto em Macau porque a comunidade portuguesa é, ainda assim, bastante grande e entreajuda-se, mas quando se vai para dentro da China existe um isolamento maior, com a sua carga de solidão e com a questão do sentido
que influ ncias são essas Não quero saber muito daquilo que se passa na arte contemporânea, para não ser in uenciado por ela, porque sinto que as min as in u ncias maiores m do cinema e da literatura. Quando estou muito c ateado, enfio me em casa e ponho-me a ver Fassbinders atrás de Fassbinders. Há pessoas que comem gelado, outras bebem whisky, eu vejo Fassbinders. E não me canso de ver sempre os mesmos, apesar de Fassbinder ter uma obra vasta. Há qualquer coisa que me atrai especialmente, e penso que as pessoas vão sentir isso na exposição, que é uma tentação de teatro iz cenografia quando era muito no o, estudei cenografia e tra al ei no Teatro Aberto em duas ou três peças, e o teatro, nestes últimos dez anos, reapareceu no meu trabalho de uma forma que nunca imaginei que pudesse ter tanta importância. Não só as s ries otográficas são encenadas, como os vídeos são encenados. É tudo forçado e, nesse sentido, é um bocado como Fassbinder, que levava
a tragédia e o drama de várias questões, mas fazia-o com uma classe e, ao mesmo tempo, com uma rudeza que me interessa muito. As pessoas, ulgarmente, apontam os filmes dele por outras razões completamente diferentes e dizem que é um autor político, mas o que me fascina mais é a forma como os seus personagens são sempre derrotados, falhados, e há em todos eles uma história de amor. Poder-se-á dizer que são clichés, mas são esses clichés que fazem com que a obra dele seja realmente imortal. São os mesmos clichés do Bergman, por exemplo. São os clichés das pessoas. São os clichés dos humanos. Nesse sentido, há outro fundamental para mim, que é Beckett. Sendo uma coisa ainda mais desconstruída do que Fassbinder, Beckett é quase como se fosse um bocadinho de Bergman e de Fassbinder, mas fá-lo pela ausência e pela repetição. A repetição é muito importante, porque a vida é feita de repetições e é nelas que vamos alterando e falhando. E, de repente, temos a morte, que é um ponto comum entre estes três autores que aqui temos o destino final, o que me le a filosoficamente a pensar se não será a morte a grande realização, sendo que nunca podemos falar sobre ela, porque é sempre demasiado tarde para falarmos sobre a nossa morte. Esta exposição é organizada pela Babel. Como é que está a ser esta parceria? A Babel é uma associação fantástica. Tem conseguido fazer coisas impressionantes para o mundo de Macau. É, talvez, a associação que tem a perspectiva mais contemporânea, ao tentar criar diálogos sobre arte contemporânea que são os mais importantes do momento. Todo o trabalho que tem feito também ligado à educação faz com que se esteja a tornar numa das associações mais importantes do território. A minha experiência está a ser óptima. Tanto a Margarida Saraiva, como o Tiago Quadros têm um conhecimento bastante vasto sobre arte contemporânea e acaba por ser mais fácil trabalhar com pessoas que sabem o que estás a dizer. Depois, é difícil recusar a oportunidade de poder expor na Casa Garden, de ter aquele espaço todo para fazer uma exposição. Estou a gostar imenso de trabalhar com a Margarida Saraiva enquanto curadora, porque dá bastante espaço ao artista para que ele se encontre. Vai sugerindo coisas mas tem uma capacidade de diálogo bastante interessante. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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A
CREDITA-SE ser esta ave originária da Índia, onde foi domesticada e a sua presença na China é pelo menos de 1400 a.n.E., pois aparece já registado nos ossos gravados da dinastia Shang. Em chinês, ( ) GongJi significa Macho Galo, já que Ji ( ) serve para designar as aves da espécie Gallus gallus. “O galo é um dos signos do zodíaco e um animal auspicioso por excelência porque se relaciona com o nascer do Sol, e com o princípio yang pelo que, de acordo com as concepções tauistas, se crê ter o poder de afastar os maus espíritos. É ainda usado como emblema de promoção social devido à sua crista vermelha ser em forma dos barretes de mandarim usados na China Imperial”, como refere Ana Maria Amaro. Segundo B. Videira Pires, “O galo é, no Ocidente e no Oriente, um arauto do sol, não apenas pelo seu canto alegre, golpeando a noite, mas ainda pela sua crista ou coroa afogueada. O galo é um demonífugo, pois às <almas do outro mundo>, que se crê vaguearem pelas sombras da noite, ele grita pelo dia, cada vez mais próximo, incute-lhes medo e espanta-as”. No Daoismo é símbolo de fortuna e é um mensageiro dos deuses. Já para o Budismo o galo representa o desejo, que nesta religião é um dos três factores que envenenam a humanidade e a encaminha para o erro. O caractere significa Galo, em mandarim Ji, é homófono de ‘bom augúrio’ (Ji Li, ), de ‘esperto’ (Ji Ling, ), assim como ‘com fome’ (Ji, ). Com o caractere encontram-se as expressões ‘não perder a oportunidade’ (JiBuKeShi, ) e mente brilhante (ShenJi-MiaoSuan, ). Já ‘mulher que vende o corpo, prostituta’, tem o mesmo som e caractere (Ji, ). Galo em cantonense é Kai e há uma série de expressões a ele ligado. Zhao Kai significa ‘perder a oportunidade e se a ‘pessoa for ansiosa’ diz-se Tan Kai; Tchan Kai refere-se a uma pessoa predisposta ao confronto. Tao Kai, roubar a galinha, significa retirar tempo ao que se tem de fazer; Zhap Sei Kai, conseguir algo muito barato. Ao valor a pagar inferior a cem junta-se no final o som Kai. No português há uma série de expressões ligadas ao galo: ‘Sentir como um galo na capoeira’, significa estar confortável, mas há quem ‘cante de galo’ e ‘onde há galo, não canta a galinha’. ‘Outro galo cantaria’ significa, melhor teria corrido.
O GALO NA MITOLOGIA
Uma antiga canção do grupo étnico Miao menciona o galo com a seguinte história: “Os quatro avôs Bod, Xongt, Qid e Dangt (Gao Bao, Gao Xiong,
JOSÉ SIMÕES MORAIS
O Galo
Gao Qie e Gao Dang) esculpiram pilares usando o ouro e prata. Com colunas de fumo como modelo, trabalharam eles doze dias e doze noites e fizeram doze enormes pilares para suporte do Céu, que foram erguidos por Fux Fangb (Fu Xi), ficando assim como suportes do Céu. Desde então Céu e Terra tornaram-se estáveis. Mas não havia Sol, Lua e estrelas. Então Bod, Xongt, Qid e Dangt fizeram fogueiras em três buracos e em três colinas, trabalharam por 12 dias e 12 noites e fundiram 12 sóis de ouro e 12 luas de prata tendo como modelo pedras furadas. Os sóis ficaram nomeados depois dos 12 Ramos Terrestres, de acordo com a ordem da sua fundição. Lix Gongb e Xongx Tinb tentaram colocar os sóis no Céu, mas ambos falharam. Mais tarde, Bangx Yangx Bongl Yongl finalmente conseguiu colocar os sóis no Céu, mas esqueceu-se de os informar sobre as ordens de saída. Por isso, Wangx Senb foi ao Céu para as transmitir. Vid Daif abriu uma estrada no Céu para eles e assim apareceu a divisão do dia, em dia e noite. Mas os sóis e as luas não obedeciam às ordens e saiam todos juntos, tornando a Terra muito quente, os rios secavam e as rochas fundiam-se. Os avôs Bod, Xongt, Qid e Dangt cortaram a madeira divina para fazer arcos e o avô Xongt fundiu 22 flechas. Hsangb Zad subiu ao topo da árvore Masang, que chegava às nuvens e daí disparou contra onze sóis e onze luas, deitando-os abaixo. O Sol e a Lua que
restaram, muito assustados recusaram-se a sair das caves do Céu e por isso, todos os seres vivos ficaram sobre a ameaça de extinção. Os deuses enviaram a abelha, o búfalo, a cigarra, o pato, o gato, o cão e o ganso em sucessão a pedirem ao Sol e à Lua para saírem, mas todos eles falharam e por tal receberam várias punições. Por fim, o galo, com 12 riscas a simbolizar as 12 divisões do dia na sua cabeça foi
“O galo é um dos signos do zodíaco e um animal auspicioso por excelência porque se relaciona com o nascer do Sol, e com o princípio yang” “A estatueta de um galo, no cimo dos telhados velhos de Macau, protege a casa contra a formiga branca, que rói as madeiras, acobertada pela escuridão do tunelzinho de serradura em que se introduz e trabalha.” BENJAMIM VIDEIRA PIRES
chamar o Sol e a Lua. O cantar do galo era tão bonito que o Sol e a Lua vieram espreitar à porta da cave e lentamente foram saindo do seu refúgio. Os deuses ficaram muito satisfeitos com o galo e recompensaram-no com uma crista vermelha e uma plumagem colorida”. “Os caldeus pensavam que o galo, e só ele, recebia, de madrugada, um fluxo divino emanado do planeta Mercúrio, pelo que foi consagrado a Hermes-Thot, consagração depois retomada pelos gnósticos e pelos alquimistas”, como refere Ana Maria Amaro, que prossegue, “Na mitologia clássica grega, Alektruon cujo nome significa galo, era o companheiro de Marte, com o qual partilhava as libações e os amores clandestinos. Quando Marte passava a noite com Vénus, ele chamava-o ao nascer do Sol. Um dia, deixou-se adormecer e não preveniu Marte, sendo este e a sua companheira surpreendidos pelo Sol. Para castigar Alektruon da sua negligência, Marte metamorfoseou-o em galo, completamente armado como estava e com vistoso capacete emplumado na cabeça”. Aves domésticas foram importadas para a Grécia no século V a.n.E. “O galo é universalmente conhecido como um símbolo de vigilância e de ressurreição e, por conseguinte, de imortalidade. Foi por isso consagrado a Hermes, Apolo e a Esculápio. O próprio Pitágoras proibia os seus adeptos de comerem esta ave, tão carregada de simbolismo ela era”. Jesus “disse a São Pedro: <Esta noite, antes que o galo cante, negar-me-ás três vezes>. Esta cena foi muitas vezes representada sobre os sarcófagos paleocristãos, passando, talvez por isso, a constituir um símbolo de ressurreição entre os povos que seguiam o Cristianismo. Era também frequente representar-se um combate de galos nos primeiros monumentos cristãos, simbolizando a luta do Bem contra o Mal e da Morte contra a Vida Eterna”, Ana M. Amaro, “Os maometanos acreditavam, também, que seria um galo gigantesco, a ave que acordaria os mortos no dia do julgamento final. Pelo contrário, para os Escandinavos, seria um galo vermelho que anunciaria o fim do mundo”. “Em Portugal, no cata-vento de grande número de igrejas, o galo de metal recorda ao clero e fiéis a vigilância e a oração, a fim de não caírem em tentação. Várias quadras populares lembram-nos também que o galo é vigilante e profeta, ao mesmo tempo. Gregos e Romanos empregavam os galos na decifração dos seus presságios, que eles ansiavam fossem de vitória”, segundo Benjamim Videira Pires, que refere, “A estatueta de um galo, no cimo dos telhados velhos de Macau, protege a casa contra a formiga branca, que rói as madeiras, acobertada pela escuridão do tunelzinho de serradura em que se introduz e trabalha.”
15 hoje macau sexta-feira 20.1.2017
em modo de perguntar
PAULO JOSÉ MIRANDA
Vasco Gato
Tens 12 livros de poesia publicados, em outras tantas editoras, tão diferentes como o podem ser a institucional Assírio & Alvim (que faz parte do grupo Porto Editora) e a provavelmente mais “underground” de todas as editoras de poesia, a Tea for One. E acabas agora de editar o teu Contra Mim Falo (o conjunto dos teus 12 livros anteriores) noutra editora onde nunca editaras antes, a Plural. Essa contínua mudança de editoras é algo que procuraste, ou que foi acontecendo desse modo? Quais os lados positivos e os lados negativos desse teu percurso único, do ponto de vista editorial? Essa vadiagem editorial tem a sua génese na recusa de um segundo livro por parte da Assírio & Alvim, onde julgava ter encontrado à primeira a minha casa. Era, na verdade, um conjunto precipitado de poemas. Ainda bem que me fecharam a porta. Tive de seguir caminho e procurar outros lugares. Ganhei-lhe o gosto, a essa sensação de não ter morada, de ter de construir a própria possibilidade do livro a partir do zero. Desde então, publiquei com editoras e pessoas que procurei e que me procuraram. Nunca houve um programa, até porque pende sempre a ameaça de não mais escrever, de não mais publicar. Não vejo lados negativos neste percurso. Não me interessa se a editora é grande ou pequena, se tem canais de distribuição bem oleados. Interessa-me a árvore genealógica do seu catálogo, a cumplicidade que se gera, o empenho a várias mãos para que o objecto cumpra tanto quanto possível o seu fim: ser testemunho de uma recusa do artifício. Há umas semanas atrás escrevi aqui no jornal acerca do teu precioso livro Fera Oculta, Douda Correria, 2014. Além de muito bom, é um livro muito particular. Gostava que falasses sobre ele, como o escreveste e como depois o levaste a editar. Esse livro foi escrito da forma mais despojada de intenção. Isto é, os poemas foram escritos como uma espécie de correspondência a um destinatário que se anunciava. São uma sondagem da minha situação no momento, da concomitância de uma angústia material com uma promessa que abrange tudo, que guinda tudo a uma exigência de humanidade — e que humanidade? com que terminações nervosas? Essa iminência da paternidade trouxe, não um elogio ou exaltação do próprio facto do nascimento, mas o pressentimento de uma relação que nos interpela na nossa mais funda solidão. De que materiais nos munimos ao longo dos anos para receber alguém que, não se cingindo à concha das nossas mãos, surgirá como invenção nossa? O livro, parece-me, faz ecoar esse tactear no próprio sangue,
“Se há território que não me apetece pisar é o da qualidade poética” essa dificuldade em admitir que traremos o cúmulo do nosso amor para um lugar que, sabemo-lo já, tem um enorme talento para nos confundir e esmorecer. A publicação só foi equacionada posterior e inesperadamente. Aliou-se dentro de mim um convite-desafio que o Nuno Moura me fizera ao desaforo de quebrar o sigilo e dar circulação a essas
Se a pergunta for: tentas escrever diferente? Sim, tento. Sem garantias dessa diferença. Mas essa é a derrota que tem de se aceitar como um pequeno veneno. Está perdido, ponto. Agora começa
palavras que, tendo destinatário, não eram mais do que a fractura do esterno para ver o que ainda por lá palpitava. Para quem, como tu, já publica há quase duas décadas (sim, o tempo passa), encontras alguns pontos de ruptura na tua poesia? Ou vês antes os teus livros como uma continuidade? Essa é uma questão que me transcende. Ainda agora, na preparação da colectânea, dei por mim a fazer algumas reformulações, sobretudo nos poemas mais antigos. Não queria de todo realizar uma purga, mas também não pude evitar a exigência de confrontar cada poema com o seu centro de gravidade. Isto para dizer que a escrita e a reescrita se focam numa experiência de desassossego, de inabilidade com as palavras, sem um horizonte programático ou uma aspiração de coerência. Quando digo que a questão me transcende não quero dizer que me passem ao lado temas recorrentes, obsessões, certas tendências discursivas. Quero dizer que nada disso é uma preocupação, que nada disso tem importância no momento em que se parte para o poema. É possível não querer repetir-se e ainda assim repetir-se clamorosamente. Se a pergunta for: tentas escrever diferente? Sim, tento. Sem garantias dessa diferença. Mas essa é a derrota que tem de se aceitar como um pequeno veneno. Está perdido, ponto. Agora começa. E quais as diferenças que encontras entre o tempo em que começaste a publicar e hoje, em relação à poesia em Portugal?
A escrita sempre foi uma caixa de ressonâncias, sempre teve variadíssimos pretextos, mais ou menos conscientes. Prevalece a maravilha de ir encontrando os poemas alheios nas línguas que conheço e de poder contrabandeá-los Julgo que a principal diferença é a fragmentação. Quando comecei a publicar havia grandes ilhas editoriais que chegavam a ser uma espécie de calafetagem a ventos nascentes. De seguida, houve entre os mais recentes publicados uma arregimentação quase bipolar, com um aparato crítico posto ao serviço dessa urina territorial. Felizmente, tudo se estilhaçou: as editoras são hoje várias e os nomes circulam em caminhos de cabras sem uma tangente ao desfiladeiro. Se há território que não me apetece pisar é o da qualidade poética. Será maior hoje? Serão tempos de mediocridade? Assumo nesse âmbito uma posição cautelar: não estou em condições de o aferir, não é esse o propósito e será a lâmina da história a cortar as goelas que tiver de cortar. Com toda a injustiça, com toda a falência. És também tradutor, não só de poesia, mas principalmente de poesia. É uma actividade que favorece a tua própria poesia? Sou um tradutor de poemas por obstinação e sobrevivência. Fascina-me esse exercício de endireita, de tentar compor músculos e ossos para que, nessa sua nova somatização, o poema possa andar. Claro que há a possibilidade de contaminação com o que escrevo, mas não é nada que me intimide. A escrita sempre foi uma caixa de ressonâncias, sempre teve variadíssimos pretextos, mais ou menos conscientes. Prevalece a maravilha de ir encontrando os poemas alheios nas línguas que conheço e de poder contrabandeá-los.
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OMO se acreditasse, só porque não faz mal. A inventar uma força para o feitiço. Descrente mas empenhada. À procura de algo que dizer por dentro. Ora. Talvez. Chorei-lhe no colo pela última vez. A arrefecer, já. Ia dizer que o instante é fundamental no decurso do caminho. Hesitei. E depois pensei: falível. Não fundamental. Aleatório e de tão determinante, absurdo. E depois, de novo, fundamental. No criar de fundamentos. Fundações, alicerces. No colocar lento afinal de uma pequena pedra alinhada num sentido. Na berma. Pedra densa, pequena mas pesada contra o chão. Pesada contra o tempo. E pesada contra um simples sopro. Mas falível se tudo nesse pequeno instante que podia não ser, for apostado sem mais tempo. Quando é assim, coloca-se-nos a vida entre a espada e a parede do inevitável. Sempre dependente de maneira absoluta do instante. Irrelevante. Desprezável e ínfimo para tão grande desígnio. E os instantes não se cruzam facilmente com as intenções. São volácteis. Pequenas plumas à mercê de aragens múltiplas. Desencontradas da meteorologia. Há que ser pedra pequena, o instante. Esperar o tempo. Colocada firme e pesada no seu lugar. À beira do caminho. A desenhar. O. No intervalo lembrei-me de “Run Lola run”, esse filme em várias versões sucessivas de uma mesma história, em que se vê como um ínfimo detalhe no seu âmago, podia de forma exponencial derivar para desfechos progressivamente mais divergentes. Esse peso do detalhe insignificante e quase sem dimensão, a determinar todo curso de uma história. A ramificação do real possível, encarnado em cada pequena partícula. E depois Oscar Wilde: os nadas. Os pequenos nadas sem relevância de sentido. Ia dizer prisão, essa, mas não quero esta palavra. A das palavras. Enleio insolúvel de amor e raiva. Enleados nelas como em pedras que se derramam encosta abaixo e penosamente voltamos a emburrar carinhosamente, penosamente, carinhosamente, pela vertente do dia de cada dia. E da noite de cada noite. E do corpo de cada corpo que se revela no espelho de cada espelho, de cada dia. E no estanho cansado de cada noite. Como prática de vodu. Beber num copo bonito de cristal fino, tocar com as pontas dos dedos e fazê-lo tilintar de alegria melódica, e verter sem hesitação o melhor líquido. Bebê-las até que contaminem todo o corpo de torpor bom de calor ígneo e desinfectante. Deixá-las invadir sem defesa todo o espaço imaterial das sensações a recobrir fantasmas de pensamentos oportunistas. Palavras de viajar sempre mesmo que não se possa viajar nunca. Nelas, embarcar de bagagem leve ou nenhuma. De mãos livres para escolher tocar de tacto ligeiro e olhar apurado. Tocar aquelas de que se gosta a perder a razão. Não existe razão que ganhe à desarrazoada ilógica do querer. Na verdade, penso aqui nelas como em amantes saudosos e desejados. Porque a tudo prestam o seu
ANABELA CANAS
Ora
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de tudo e de nada
ANABELA CANAS
descrente corpo corrompido. A tudo se vendem alegremente. Mas usar com rigor as tontas. Dar um lanche açucarado às mentirosas convictas e deixá-las para aí a entreter-se gulosamente de outras possibilidades. Já bastam as que dizem sem querer. As que pronunciam bombas num fogo de vista para encantar os olhos. Para empatar o tempo, para iludir umas da realidade que também poderiam ser outras. Eu sofro a tirania às palavras mansas e doem-me mais ainda as palavras tiranas. Sofro da angústia da palavra mas, e da palavra ébria. Mas é delas que se tecem caminhos para fora e para dentro de alguma coisa que se deixa distrair. Estranhos lugares, os do tempo. O de hoje, por exemplo. Já não bastaria dizer a estranheza de um momento pendurado e periclitante entre outros de igual e furtuita deriva, como sobrepor-lhe o peso imponderável de uma mutação imperceptível que nos abala confunde e desorienta. Como os eixos XYZ a girar sobre si. Diria. Mas em pior. Sem rotação de rotina. O puro caos. Somos os mesmos num mundo outro de outros que nos tornámos na perda. Sem saber. Sem sentir e um dia estamos ali sentadas à mesa a sós, como estranhas que acabaram de se encontrar. A definir uma vida a dois. Uma e a perda da outra. Dela. O meu alguém-raíz. Transportamos a nossa própria gaiola e há que cuidar para que a porta não se feche connosco lá dentro. Lá fora. Disperso bem, talvez. O da perda. O lugar da perda. Porque ninguém perde o que nunca teve de seu. O que é verdade perdi e não entendo. Às vezes, nada. Já o disse. Do que se enrola em torno dos meus passos. Volutas tresloucadas e espirais barulhentas e é isto vida que fala comigo o tempo inteiro de mim. E eu entendo cada coisa e o seu contrário e, às vezes mesmo, sinto. Como se viesse de um outro planeta e saltasse a escola primária. Uma falha estruturar para sempre na capacidade de leitura e escrita. Nas contas. Como se não pertencesse. Agora mais. Não por estar acima, abaixo. Talvez de lado. Sim aquela pedra. A ver tudo de perfil. Eu que gosto de ver tudo de frente. E não entendo o todo. E aquilo que é maior do que eu tende a sair por todos os poros desta escrita. Mas não saindo continua a intoxicar de dentro. E depois eu danço. Hei-de dançar. Danço para embalar esta morte oferecida. Danço para a enganar. Porque não a quero mas foi-me presente de quem quero. Alimento-a como a um bicho de estimação. Não a quero mas não a posso devolver a quem ma deu. Alimento-a para não me tornar nela. E danço. Para a enganar. Não lhe procurar o colo interdito e os beijos expirados. Para sempre. A ter que escrever. Preencher o lugar do tacto puro com outras matérias. Esquecer o frio da fronte. A cor doentia e falsa. Pontual no tempo. Quando parou. Ou então só falece quem nunca existiu. Mesmo se todos os corpos voltam ao pó. À existência, não. E a existência nunca volta ao pó. Porque nunca foi.
18 OPINIÃO
hoje macau sexta-feira 20.1.2017
Chui Sai On, chief executive of China’s Macao Special Administrative Region (SAR), on Sunday expressed his deep sorrow for the passing of former Portuguese president Mario Soares and great condolences to his family. Soares had deep relations with Macao and he would be remembered forever, Chui said, noting that Soares had visited Macao three times. (...)” “XINHUA NEWS AGENCY | SUN, 2017-01-08 MACAO, JAN. 8 (XINHUA)
ROGER CORMAN, PREMATURE BURIAL
Um pesar “Xi expressed deep grief over the passing of Soares and his heart-felt condolences to the relatives of the former president. The Chinese president hailed Soares as a great statesman and an old friend of the Chinese people, who had made great contributions to the establishment of China-Portugal diplomatic relationship and its growth, as well as the settlement of the Macao issue. China pays great attention to developing relations with Portugal, and is willing to work together with the Portuguese side to enhance cooperation in different fields, and further promote bilateral ties, Xi added. (...)” (XINHUA NEWS AGENCY, 10/01/2017, 22:11:47) “Chinese Premier Li Keqiang on Tuesday sent a message of condolences to his Portuguese counterpart, Antonio Costa, over the death of former Portuguese President Mario Soares. On behalf of the Chinese government and the Chinese people, Li expressed deep grief to the Portuguese side and extended sincere condolences to Soares’ family. Soares was a highly respected statesman in Portugal and made great contributions to ChinaPortugal friendship and cooperation, Li said. (...)” (XINHUA NEWS AGENCY, 10/1/2017, 22:37:52)
N
A sequência do falecimento de Mário Soares, homem de Estado, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Primeiro-Ministro e Presidente da República portuguesa, que entre outras coisas nomeou os últimos três governadores de Macau, isto é, aqueles que prepararam e conduziram a transferência de administração de Macau para a R. P. China, José Pereira Coutinho, deputado da Assembleia Legislativa, achou por bem apresentar um voto de pesar pelo falecimento daquele português. Tratava-se de através dessa forma singela, aliás prática normal nos parlamentos dos estados civilizados, de homenagear alguém que em vida foi importante pelas suas acções, enquanto político e homem de Estado, manifestando o reconhecimento pelo seu papel, pela amizade, a solidariedade e o acompanhamento na dor àqueles que acabaram de sofrer a perda. À partida, nada faria prever aquilo que aconteceu. Em especial, depois do Presidente chinês, do Primeiro-Ministro da R.P.C. e do próprio Chefe do Executivo da RAEM terem transmitido as suas condolências, a sua “profunda tristeza” (“deep sorrow”) e “profunda dor” (“deep grief”) pelo falecimento de Soares, aproveitando a ocasião para
sublinharem o seu papel no aprofundamento das relações com a China e com Macau, enaltecendo o seu contributo para a resolução de uma questão legada pela história, que era a questão de Macau. Recorde-se que em todos os momentos a R.P.C. enfatizou a forma exemplar como a transição foi conduzida e a questão de Macau resolvida, pelo que seria da mais elementar justiça que a Assembleia Legislativa de Macau, pela iniciativa de Pereira Coutinho, do seu presidente ou de qualquer outro deputado, a começar pelos nomeados pelo Chefe do Executivo, tomasse a iniciativa de apresentar esse voto de pesar. stran ei, pois, quando ao final do dia de ontem (16/01/2017) ao ouvir as notícias me apercebi de que o voto de pesar apresentado pelo deputado Pereira Coutinho na sessão plenária da Assembleia Legislativa de Macau fora votado por apenas 20 deputados, de um universo de 33, e que daqueles que
O morto serviu enquanto serviu os seus interesses. Enquanto lhes propiciou honrarias, negócios, obras e contratos. Agora que morreu já não serve otaram s o fizeram a ora elmente Ou seja, menos de 40% dos deputados da Assembleia Legislativa de Macau votou favoravelmente o voto de pesar por Mário Soares. E, coisa nunca vista em relação a um morto que foi só o mais importante homem de Estado português do pós-25 de Abril, o único a quem Portugal concedeu, desde 25/04/1974, um funeral com honras de Estado, o voto de pesar conseguiu reunir cinco manifestações contra e fez com
que faltassem à votação tantos quantos os que entenderam votar favoravelmente o pesar (13 deputados). Gostasse-se ou não do cavalheiro, Soares foi um dos que teve um papel mais decisivo para que a transição de Macau se processasse em termos susceptíveis de aplauso internacional e em termos que cimentassem a credibilidade dos Estados envolvidos no plano das relações internacionais. Para além das inexplicáveis ausências e votos contra, houve duas abstenções. uanto a estas erificar se á que ieram de deputados ligados à Associação dos Operários (Kwan Tsui Hang e Lei Cheng I). Abstiveram-se mas podiam também ter votado contra, visto que os cinco votos contra também vieram todos de sectores tradicionais ligados aos interesses comerciais, ao empresariado mais conservador, às associações de operários, aos moradores, à associação de educação e das mulheres e
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OPINIÃO
SÉRGIO DE ALMEIDA CORREIA
doentio
s ricas e poderosas associações de eneficência, como as do Hospital de Kiang Wu e da Tung Sin Tong. Compreendo que para quem cresceu e singrou no o scurantismo, som ra dos poderes tradicionais, enredado e prisioneiro de um sistema semifeudal como este que ainda hoje vigora nas margens do Rio das rolas, se a di ícil compreender o significado das sinceras mensagens de condolências enviadas a Portugal, aos seus representantes e ao seu povo, pelo Presidente da R.P.C., pelo Primeiro-Ministro Li e pelo Chefe do Executivo da RAEM. Mas mais aberrante e inexplicável é entender o que leva o presidente da Assembleia Legislativa, que é membro do 12.º Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, a abster-se e o Vice-Presidente, Lam Heong Sang, a votar contra. Eu não quero pensar que aquela gente que votou contra e a que se absteve num voto de
O voto de pesar que a Assembleia Legislativa de Macau aprovou com 13 ausências, 5 votos contra e 2 abstenções ficará para sempre registado como um dos mais tristes episódios daquela casa que durante tantas décadas foi um símbolo da autonomia de Macau e da vontade das suas gentes
pesar de tão grande significado a ecti o para as relações entre Portugal e Macau e entre aquele país e a R.P.C. não tenha percebido que em causa não estava a revogação da lei eleitoral ou a marcação de eleições por sufrágio directo, mas apenas uma coisa tão simples quanto um voto de pesar. Uma manifestação de dor, de sofrimento e de solidariedade para com um povo amigo. Mas ainda mais censurável foi a atitude dos treze deputados que resolveram arranjar outra coisa para a azer ora da otação, entre os quais quatro deputados nomeados, mais cinco vindos do sufrágio indirecto e quatro do sufrágio directo. De alguns destes á se sa ia que o seu apego a acau, amizade luso-chinesa, e o seu apregoado patriotismo tinham tanto de sincero quanto t m de amor s patacas, aos d lares ou a qualquer outra moeda cuja cotação esteja em alta e seja susceptível de entrar nos seus olsos as quanto a outros ficará apenas a
marca da ingratidão e da hipocrisia. O morto serviu enquanto serviu os seus interesses. Enquanto lhes propiciou honrarias, negócios, obras e contratos. Agora que morreu já não serve. Tanto quanto me apercebi não houve sequer sugestões de alteração na redacção do voto ou nos seus fundamentos, de maneira a que pudesse haver consenso na hora de votar e não fosse transmitida para o exterior a triste imagem (mais uma) que deixaram. O voto de pesar que a Assembleia Legislativa de Macau aprovou com 13 ausências, otos contra e a stenções ficará para sempre registado como um dos mais tristes episódios daquela casa que durante tantas décadas foi um símbolo da autonomia de Macau e da vontade das suas gentes. Hoje, a Assembleia Legislativa de Macau não passa de uma câmara anódina de composição de interesses sectoriais, onde a vontade e os interesses do povo de Macau ficam porta para não pertur arem os interesses das elites instaladas que vivem conta da sua e ploração e consideram que a perpetuação de sistemas iníquos de injustiça e afronta aos seus cidadãos serve os interesses da R.P.C.. Não serve. E para além de não servir opõe-se ao que é pretendido pela R.P.C. para Macau. Na otografia que fica não a que sai mal. Porque foram eles, deputados, e não a R.P.C., que não compreenderam o sentido do voto de pesar. Foram eles quem faltou na hora da chamada, quem votou contra e quem se absteve. Foram eles que quiseram ser mais papistas do que o Papa. Podiam ter manifestado a sua discordância, esclarecido as suas razões. Uma vez mais preferiram o silêncio e a fuga. Com isso mostraram quão alsas são as suas pr prias uras de fidelidade a acau e amizade luso c inesa como não são representativos nem dos interesses da população em geral, que preza a relação com Portugal e muitos estão-lhe agradecidos, em especial a Soares, por lhes ter proporcionado a oportunidade de viverem em Macau, evitando que fossem recambiados quando não tinham documentos para aqui permanecerem, nem as comunidades residentes com raízes macaenses e portuguesas, que não poderão deixar de encarar a atitude daqueles senhores deputados como mais um sinal de ingratidão. Não para com Mário Soares, mas para com os portugueses em geral. Para com o povo português e para com todos os que falando português aqui vivem, trabalham e contribuem para a riqueza e diversidade de Macau. Mesmo os portugueses que não otaram ou que podem ter ficado com razões de queixa do Mário Soares político não deixarão de sentir esse voto de pesar que a A.L. aprovou como um voto pastoso e de falsa dor na hora de ser transmitido. Um voto de pesar doentio e sem qualquer significado, sinal de uma maior miséria moral como a que diariamente, até nestes pequenos gestos, se abate sobre a RAEM.
20 OPINIÃO
hoje macau sexta-feira 20.1.2017
um grito no deserto
PAUL CHAN WAI CHI
LGUNS pais estacionam as motas nos passeios quando vão buscar os fil os escola á pouco tempo uma transeunte denunciou um estacionamento ilegal a um polícia que esta a nas imediações No entanto o agente afirmou que a zona onde os eículos estavam estacionados não l e pertencia Acrescentou ainda que, tanto quanto l e era dado er, as motos não estavam a loquear a passagem, at porque tin a aca ado de er um grande grupo de estudantes a passar sem dificuldade, s ti eram de contornar os motociclos ortanto, não l e parecia grande pro lema Todos os dias muitos pais estacionam as motos para irem uscar os fil os escola No entanto o polícia in ormou a transeunte que, se mesmo assim, quisesse apresentar quei a, poderia ligar para o Departamento de Trânsito ou que ele o poderia azer em seu nome Se a sen ora decidir a ançar com a reclamação, os proprietários dos eículos terão de pagar uma multa e, na pior das ip teses, ver as suas motos apreendidas. Nesta situação, não podemos acusar o polícia de irresponsa ilidade, porque cumpriu o seu dever e esteve atento ao que se passa a sua olta Se or necessário culpar algu m, terá de ser a transeunte isto porque nunca ningu m se quei ou dos estacionamentos ilegais, nem os estudantes, nem os pro essores, nem a escola, considera se que estas situações azem parte do seu dia a dia uando se trata de col gios caros, então para al m das motos, temos tam m grandes carros, alguns deles de uncionários do o erno, estacionados ilegalmente em rente aos portões de entrada como os a itantes de acau á estão acostumados a estas situações, a maioria considera-as naturais s poucos que ainda se indignam acabarão por desaparecer se tudo continuar na mesma e amos agora outro e emplo Na paragem da raça de erreira do maral estão uncionários cu a unção azer com que as pessoas açam fila para entrar nos autocarros No entanto, quase ningu m o edece s lugares reser ados para idosos, deficientes, grá idas e crianças, são sempre ocupados por quem não precisa s idosos á se a ituaram a ir em p porque não querem arran ar discussões ladrão dos lugares reser ados está
PEARRY REGINALD TEO, THE CURSE OF SLEEPING BEAUTY
A
Grande anestesia é o hábito
Para acordar as pessoas em Macau é necessário mudar-lhes os hábitos. E para mudar os hábitos é necessário alterar o estilo de vida fácil, de um conforto sufocante, sob o risco de entrarem num coma prolongado que irá sobrevir a uma situação continuada de “mente em estado letárgico”
geralmente de ol os ec ados, ou ai a azer uma soneca, ou a ou ir música de auscultadores postos, ou a ogar um oguin o no telem el Todos t m uma coisa em comum, não dão por nada que se passa sua olta or seu lado o condutor vai concentrado na condução, e deixa que os passageiros resol am as questões entre si ste en meno das mentes letárgicas tornou se parte integrante da ida em acau as tempo de aca ar com estas práticas inque rantá eis Em Macau as pessoas aceitam o que t m S quando os seus interesses são postos em causa que protestam um pouco Ningu m quer sa er se não e iste controlo do a u o crescente de turistas, as pessoas s se quei am dos engarra amentos e das ruas congestionadas o erno distri ui anualmente din eiro aos residentes para l es adormecer os espíritos e az los esquecer os aumentos constantes das rendas de casa, para não alar do alor dos apartamentos para enda, inacessí el maior parte das olsas ara acordar as pessoas em acau necessário mudarl es os á itos para mudar os á itos necessário alterar o estilo de ida ácil, de um con orto su ocante, so o risco de entrarem num coma prolongado que irá sobrevir a uma situação continuada de mente em estado letárgico Segundo os dados pu licados pela Direcção dos Serviços de Administração e unção ú lica, e istiam mais de eleitores recenseados em acau em finais de , o que representa um aumento de eleitores em comparação com stes números terão certamente impacto nas pr imas eleições para a ssem leia egislati a, agendadas para Setem ro pr imo Mas se os padrões de comportamento a ituais não se alterarem, a prática de comprar otos atra s da concessão de a ores que continuará a determinar quem eleito Numa pequena cidade como acau, com relações interpessoais muito pr imas, as pessoas acostumadas a uma ida con ortá el optam por ec ar os ol os a pro lemas de ordem social, desde que não sejam demasiado evidentes ou demasiado s rios ste g nero de toler ncia não en fico para o progresso social Se esta situação se manti er, toda a cidade poderá ficar re m do populismo o que será um camin o sem retorno s á itos ormam o nosso carácter e o nosso destino determinado pelo nosso carácter Temos de alterar as nossas práticas se quisermos mudar acau Temos de nos interessar e ser participativos para a sociedade mudar e e oluir ai ser o ano para nos li rarmos dos maus á itos Ex-deputado e membro da Associação Novo Macau Democrático
21 hoje macau sexta-feira 20.1.2017
OPINIÃO
contramão
ISABEL CASTRO
isabelcorreiadecastro@gmail.com
V
INDO de onde vem, não surpreende. Mas ainda assim ofende, fica mal, de lamentar um gesto pequenino, completamente desnecessário, que c ega a ser insultuoso á quem entenda que tão insignificante que nem alerá a pena perder tempo a alar ou a escre er so re ele Terá razão quem pensa assim, mas uma orma de encai ar a realidade di erente da min a or mais que con eça as personagens, por mais que sai a o que significam, á momentos muitos, tal ez em demasia em que não consigo passar ao lado de tão rasteira orma de estar na ida sta semana, por iniciati a do deputado os ereira outin o, oi su metido a apreciação na ssem leia egislati a um oto de pesar pela morte de ário Soares Surpreendentemente, ou não, ou e quem ti esse otado contra oram cinco os deputados que decidiram c um ar a omenagem ao antigo e e de stado e primeiro ministro portugu s l m disso, duas deputadas decidiram a ster se, aquela
Soares (outra vez)
orma de oto que, em certas situações, estran a, de tão í rida que pode ser o contrário do que á ito naquele plenário, os cinco que fizeram acender a luz ermel a mais as duas compan eiras não fizeram declaração de oto ssim sendo, não se ficou a sa er, naquela sala, de onde em a amargura destes deputados, todos eles com ligações s duas associações mais tradicionais com representação no rgão legislati o os ai ong e os perários as á lá amos ntes, a pr pria postura da ssem leia egislati a oi necessário um deputado propor um oto de pesar porque o rgão não tomou uma iniciati a nesse sentido, o que s l e ficaria em e iria na lin a do que aconteceu um pouco por toda a parte, a começar por equim e a aca ar no e e do ecuti o de acau o at Seng não se terá lem rado de semel ante gesto, ereira outin o não se esqueceu e ainda em deu aos colegas a possi ilidade de saírem compostin os no retrato as ou e quem não esti esse interessado em semel ante otografia de grupo ste ornal tentou perce er a razão do sentido de oto dos ai ong e a alta de pudor não poderia ter sido maior ou e quem ti esse otado contra simplesmente porque o oto de pesar pela morte de uma pessoa repitam, o oto de pesar pela morte de uma pessoa oi proposto por aquele deputado e não por outro qualquer ntre os que disseram não intenção de ereira outin o este e o ice presidente da
ssem leia egislati a, um omem que s con eço do que leio e que não me inspira curiosidade ice presidente do rgão legislati o otou contra o oto de pesar pela morte de uma pessoa repitam, o oto de pesar pela morte de uma pessoa e, claramente, tem uma certa alta de noção do que representa o cargo que, por certo, tão orgul osamente ostenta no seu cartão de isita epois, o resto s ai ong e os perários, a esquerda e a esquerda menos esquerda, o comunismo da mãe pátria que á nem sequer são capazes de identificar, as cartil as que á leram mas não perce eram, o dia o a quatro e o raio que os crucifique porque não t m qualquer interesse, não á uma ideia política que dali en a, ac am se políticos porque algu m os p s lá na maior parte dos casos, os amigos das associações a que pertencem , mas nem o regimento da ssem leia onde se sentam con ecem Não interessam
Todos estes deputados têm uma enorme dificuldade em lidar com o passado de Macau – que, por falar nisso, não lhes pertence
No entanto, quase todos eles t m idade suficiente para se lem rarem da acau dos outros tempos, aquela que eu s con eço das ist rias que se contam s que não t m anos de ida para sa erem o que era acau no final dos anos e início dos anos , t m pais e a s e primos e tios a quem podem perguntar ário Soares te e um papel importante para acau quando a ina era ainda um mundo dentro do mundo, uma realidade parte, uma nação que i ia so re ela pr pria ário Soares, diz quem cá esta a, te e um papel importante para que mil ilegais que escaparam ome na ina passassem a ter documentos no territ rio uito pro a elmente, alguns destes deputados sem grande interesse pelo passado, que acau para eles s e iste á anos, eneficiaram, directa ou indirectamente, do modo como ário Soares reagiu questão da legalização om toda a certeza, estes deputados t m algu m que l es pr imo que eneficiou do processo de legalização om toda a certeza, por causa deste epis dio e de outros a que á assistimos, todos estes deputados t m uma enorme dificuldade em lidar com o passado de acau que, por alar nisso, não l es pertence as nada disto interessa aprendi cedo, e senti na pele mais tarde, que o nascimento e a morte são momentos que e igem todo o respeito S o pode demonstrar quem sa e o que isso
22 (F)UTILIDADES TEMPO
hoje macau sexta-feira 20.1.2017
NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente
EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1
MIN
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13
MAX
18
HUM
60-85%
s
EURO
8.52
BAHT
EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02) EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02)
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)
PROBLEMA 161
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 160
UM FILME HOJE
SUDOKU
DE
C I N E M A
1.16
INSPIREM, EXPIREM
EXPOSIÇÃO “ART FOR ALL , 9º ANIVERSÁRIO” Macau Art Garden (Até 22/01)
Cineteatro
YUAN
AQUI HÁ GATO
EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT
EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau
0.22
meu p lo preto e lustroso, cuido dele todos os dias numa meticulosa cerim nia de asseio as consta que esta cidade su a as pessoas e os edi ícios, torna tudo escuro, como que lançando um manto de uligem ao qual nada escapa Não coisa única no mundo mas, num sítio com uma das mais altas densidades populacionais do planeta, este ar em carregado de males in i sí eis para uma grande concentração de pares de pulmões izem que são partículas que nos c egam da ina, mas que tam m se azem aqui, cus pidas pelos tu os de escape dos carros, camiões, autocarros, motas s tantas, a poluição sai da terra para o ar, ou de dentro das pessoas para a atmos era Não sei a pro eni ncia, não me interes sa, sou um gato que i e no interior, no con orto medido do ar condicionado as ocorreu me que o ar de dentro em capaz de ser o mesmo de ora Não que me preocupe por aí al m, sou da cor da uligem odia ser transportado para a nglaterra da re olução industrial que isso não me aria mossa no p lo, quanto muito ficaria com os igodes um pouco mais escuros odia estar numa nu em de poeira ulc nica sem gran des pro lemas, sem grandes c atices l m disso, quero er o mundo a arder, como so e amente sa ido, quero que tudo se consuma numa umarenta pira ue su a aos ares em grossos no elos e penetre nas correntes sanguíneas de todas as criaturas ace da terra Nada me importa, do alto pedestal do meu niilismo elino nspirem, umanos, inspirem Pu Yi
FILME | A GRANDE FARRA | 1973
ste filme um ino aos e cessos e ao edonismo sem limites produção ranco italiana de , realizada por arco erreri, narra uma escapadela de quatro amigos at ao campo para comerem at morrer anquete de proporções picas, que en ol e uma orgia com prostitutas, pode ser encarado como uma analogia ao declínio moral e ísico do capitalismo, para quem queira er mais al m ar regado de com dia, o filme conta com as interpretações de arcello astroianni, ic el iccoli e Ugo Tognazzi leno de escatologia, este filme este e en olto em po l mica e oi censurado um pouco por todo o mundo ais de anos depois, um clássico do cinema europeu João Luz
A STREET CAT NAMED BOB SALA 1
SALA 3
Filme de: Denis Villeneuve Com: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
FALADO EN MANDARIM LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Simon Hung Com: Yuan Huang, Megan Lai, Darren Wang 14.30, 21.30
ARRIVAL [B]
SALA 2
A STREET CAT NAMED BOB [B] Filme de: Roger Spottiswoode Com: Luke Treadaway, Joanne Froggatt, Ruta Gedmintas 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
10000 MILES [B]
SING [A] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Garth Jennings 16.30, 19.30
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23 hoje macau sexta-feira 20.1.2017
PERFIL
OSZKAR FULOP, SEGURANÇA NUM CASINO
“Apaixonei-me por esta terra”
O
SZKAR sempre teve um fascínio com a Ásia, um continente que o aliciava e o chamava de forma surda, numa voz que chegou ao centro da Europa. Na altura, essa voz chegou através de uma proposta de emprego que não soube como recusar. Assim começava a expedição de um húngaro, oriundo da Transilvânia, a terra do Drácula. Antes da Primeira Grande Guerra, o território pertencia à Hungria, mas com a queda do Império Austro-Húngaro, seria anexado pela Roménia. Oszkar faz parte de uma família húngara numa região com apenas dois mil húngaros. Oriundo de uma nação fracturada por múltiplos impérios, entalada entre blocos políticos, Oszkar desde criança que sentiu o chamamento dos países asiáticos. Com a queda do muro, e a chegada do capitalismo, as coisas melhoraram mas não tanto. “Tivemos um período difícil, e parecia impossível termos um trabalho e ganhar dinheiro que nos permitisse ser turistas”, recorda o segurança. Com a vida enleada num marasmo, em 2013 foi a uma agência
de emprego e, por acidente, acabou por conseguir um trabalho na longínqua Macau. Seria um guarda imperial no Hotel Grand Emperor. “Apesar das condições salariais não serem espectaculares, esta era a melhor oportunidade que tinha para conseguir estar na Ásia, e Macau pareceu-me, desde logo, um bom sítio para começar”, lembra. Dessa forma o húngaro estaria a escassas duas ou três horas de voo de países que queria muito conhecer, tais como a Tailândia, o Japão, e a China interior. “Cheguei ao aeroporto de Hong Kong e sabia zero sobre o que me esperaria, não sabia que Macau tinha sido uma colónia portuguesa”, confessa o segurança. Veio sozinho, e só tinha os representantes da empresa que o contratara à distância à sua espera no ferry. Depois de conhecer o sítio onde iria morar, de ter formação no trabalho que iria desempenhar, restava-lhe conhecer a cidade onde passou a morar. No entanto, o primeiro impacto foi difícil de encaixar. “Nos primeiros seis meses tinha a certeza de que ia apanhar o primeiro avião para deixar
Macau para sempre, mas depois apaixonei-me por esta terra”, explica.
PRIMEIRO ESTRANHA-SE
Macau foi-se entranhado em Oszkar, lentamente. Levou tempo a perceber aquilo que não gostava. O principal problema a barreira da linguagem, a comunicação. Não tinha nada a ver com o local, nem com a cultura. Hoje em dia, o húngaro é feliz no território, vive num bairro tradicional, São Lázaro. Um dos episódios marcantes que mudou tudo aconteceu por acaso, foi uma feliz coincidência. Numa tasca tradicionalmente chinesa, conheceu um grupo de locais. “Comecei a passar mais tempo com eles, e aí conheci mais locais. Percebi que estava a fazer uma aproximação estúpida e que eu é que estava errado”, confessa Oszkar. O húngaro percebeu que se demonstrasse que estava a aprender a língua, a fazer um esforço, os chineses gostavam de si, incondicionalmente. Foi aí que o amor lhe bateu à porta. “Conheci uma rapariga portuguesa que já vivia aqui desde 1994, com uma paragem
pelo meio, e aí fui descobrindo a comunidade portuguesa, um grupo mais alternativo”, recorda. Essa foi mais uma porta aberta para mergulhar na vida da cidade, assim como para conhecer Portugal. “No Verão de 2014 visitei Portugal, conheci o Algarve e o Alentejo, adorei os cenários naturais, as barragens e a comida”, explica. Hoje em dia, Oszkar considera-se um cidadão do mundo. Apesar das saudades imensas da família, o húngaro olha para a Europa com imensa preocupação. “Existe muito racismo a vir à superfície na maior parte dos países europeus”, comenta com alguma tristeza. Tal facto, levou o segurança a sentir o velho continente como um território onde se espalha a ignorância, o medo, o que faz com que não se sinta seguro por lá. Porém, em Macau sente-se em paz. João Luz
info@hojemacau.com.mo
“
Não importa se não passaste do vestíbulo/porque real/foi a tua dádiva/quando ajoelhaste/no templo de Amá/e católica veneraste/a deusa forasteira/da mesma forma pia/que existe em tua crença/chamando-lhe Maria.” Josué da Silva
TAIWAN CRITICA “MESQUINHEZ DE ESPÍRITO” DA CHINA SOBRE POSSE DE TRUMP
Adivinha quem vem falar
A
S autoridades de Taiwan criticaram ontem a “mesquinhez de espírito” da China, depois de Pequim ter pedido a Washington que não permita a presença oficial dos representantes da il a na cerim nia de in estidura de onald Trump O ex-primeiro-ministro de Taiwan u S i un lidera na se ta eira a delegação de Taiwan em Washington para o juramento do novo Presidente norte americano as a ina pediu aos Estados Unidos para recusar a presença nesta cerim nia de representantes da il a que considera uma província re elde “Pedimos novamente ao lado norte americano que não autorize uma delegação oficial de Taiwan a assistir cerim nia de investidura do Presidente e a não manter contactos oficiais com Taiwan , declarou ontem imprensa a porta oz do inist rio dos Neg cios strangeiros, ua un ing e acordo com a ag ncia oficial de Taiwan, o representante do Partido Democrático Progressista (PDP) no poder, e contrário a Pequim, Yu Shyi-kun reagiu: Não se am tão mesquin os Nunca se iu em qualquer dinastia chinesa dirigentes de tamanha mesquinhez de espírito”, disse, numa referência à equipa do residente c in s, i inping
e Taipé, já muito tensas devido à eleição, no ano passado, para a presid ncia da il a de Tsai ng wen, do
“Nunca se viu em qualquer dinastia chinesa dirigentes de tamanha mesquinhez de espírito.” YU SHYI-KUN REPRESENTANTE DO PDP
No início de Dezembro, onald Trump ignorou quatro d cadas de política norte americana e alou ao tele one com Tsai, apesar de a China proibir qualquer contacto oficial entre os seus parceiros estrangeiros e os dirigentes de Taiwan Numa entrevista ao diário all Street ournal, na passada semana, o Presidente eleito norte americano, onald Trump, indicou estar pronto a questionar a unidade da China, de endida por equim stá tudo so re a mesa, incluindo a ina única , disse as ington
rompeu as relações diplomáticas com Taip em sta não a primeira ez que uma delegação de Taiwan está presente na investidura de um novo presidente norte americano A China nunca renunciou à possi ilidade de recorrer orça para resta elecer a sua so erania na il a equim intensi icou recentemente as manobras militares perto de Taiwan, o que foi interpretado como uma demonstração de orça
PYONGYANG PREPARADA PARA TESTAR MÍSSEIS DE LONGO ALCANCE
ALIBABA TORNA-SE PATROCINADOR OFICIAL DOS JOGOS OLÍMPICOS
PUB
O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, chamou “hipócritas” aos sacerdotes e bispos que se opõem à sua campanha anti-droga no âmbito da qual já morreram mais de 6.200 pessoas desde Junho, e instou-os a consumirem drogas.“Alguns padres deviam também consumir ‘shabu [de origem química] para entendê-la [a guerra contra as drogas]. Também o recomendo a um ou dois bispos”, disse Duterte em referência à metanfetamina mais consumida no país, segundo a estação ABS-CBN. O Presidente filipino argumentou num discurso proferido na quarta-feira que “a igreja sabe que [o problema das drogas] é pior, e ainda assim mantém que não são boas as execuções extrajudiciais”, em linha com a sua ideia de que a dependência da droga ameaça o futuro das novas gerações e há que acabar com ela a qualquer preço. Segundo a Epa, agência participada pela espanhola Efe, vários toxicodependentes ou narcotraficantes perderam a vida em Manila na madrugada de ontem, às mãos da polícia ou de patrulhas de moradores no âmbito da “guerra contra as drogas” promovidas pelo Presidente.
O avançado argentino Carlos Tevez foi ontem recebido por centenas de pessoas no aeroporto de Xangai, cidade na qual irá representar o Shangai Shenhua, depois de se ter tornado o futebolista mais caro do mundo. Tevez, de 32 anos, atravessou o aeroporto acompanhado por polícias, sem fazer qualquer declaração, enquanto centenas de pessoas gritavam o seu nome.No final de Dezembro, o argentino, que alinhava no Boca Juniors, tornou-se o futebolista mais bem pago do mundo ao assinar um contrato de dois anos por 78.8 milhões de euros.Segundo a imprensa argentina, Boca Juniors recebeu 10,5 milhões de euros pela transferência. O Shangai Shenhua é orientado pelo antigo internacional do Uruguai Gus Poyet, que substituiu em Novembro o espanhol Gregorio Manzano, afastado após terminar o campeonato em quarto lugar. A outra grande equipa da cidade, o Shanghai SIPG, é treinada pelo português André Villas-Boas.
eleição de Trump, em Novembro, contribuiu para agra ar as relações entre equim
empresa chinesa de comércio electr nico li a a tornouse ontem patrocinador oficial dos ogos límpicos, depois de fechar um acordo com o Comité límpico nternacional A empresa chinesa informou, através de comunicado, que o patrocínio irá durar até 2028 e que se irá con erter no distri uidor oficial dos
DUTERTE INSTA PADRES E BISPOS A CONSUMIREM DROGA
TEVEZ RECEBIDO POR CENTENAS DE PESSOAS EM XANGAI
ESPONJA SOBRE A HISTÓRIA
A
sexta-feira 20.1.2017
ser iços de armazenamento digital e com rcio online, assim como num co undador do anal límpico om este acordo, li a a passará a fazer parte da reduzida lista de patrocinadores incluídos na T e l mpic rogram T , que representa o ní el mais alto de cola oração entre empresas e o mo imento olímpico
O acordo foi também abordado na Suíça pelo presidente do , T omas ac , e por directores da li a a, entre os quais se encontravam o fundador e proprietário do rupo li a a, ac a uma aliança re olucionária e inovadora e vai ajudar-nos a impulsionar a efici ncia na or-
ganização dos ogos límpicos at , e plicou o presidente do ara o undador da li a a, que é um dos homens mais ricos da ina, esta cola oração oi eita com ase em alores partil ados e na isão comum de “conectar o mundo e enriquecer a ida das pessoas
A Coreia do Norte construiu e está preparada para lançar dois mísseis balísticos intercontinentais, disseram ontem fontes da Defesa de Seul à imprensa sul-coreana, acrescentando que Pyongyang poderia testar os projéteis no curto prazo. Os serviços secretos têm imagens que mostram dois mísseis nas suas respectivas plataformas de lançamento, que foram captadas por radares norte-americanos no início da semana, explicaram as mesmas fontes em declarações citadas pela imprensa sul-coreana. O regime de Kim Jong-un teria preparado as suas novas armas de longo alcance para enviar “uma mensagem estratégica” perante a aproximação da tomada de posse do Presidente eleito norteamericano, Donald Trump, disseram as fontes da Defesa à agência Yonhap.