Hoje Macau 20 NOV 2020 #4675

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SEXTA-FEIRA 20 DE NOVEMBRO DE 2020 • ANO XX • Nº 4655 GCS

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

hojemacau www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

ANOS

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

O QUE FAZ FALTA PÁGINAS 4-5

De quem é a vida?

THIS IS MY CITY

MÚSICA PARA FILMES

EVENTOS

DESFRUTAR MACAU

GRANDE PRÉMIO INÉDITO CENTRAIS

RIR PARA EXISTIR SARA F. COSTA

MULHERES DE ITÁLIA GONÇALO M. TAVARES

REALIDADE

h

ANTÓNIO DE CASTRO CAEIRO

O GATO DESEJÁVEL PUB

VALÉRIO ROMÃO

A eutanásia continua a provocar debates em todo o mundo. Por cá, o assunto mantém-se longe da agenda do Governo, que não mostra qualquer intenção de legislar sobre a matéria, argumentando que a questão, já de si controversa, ganha contornos ainda mais complexos na sociedade chinesa. Se para a Igreja o tema não levanta dúvidas, sendo liminarmente rejeitado, já no campo da saúde, não faltam profissionais a apoiarem a morte assistida. PUB

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SER OU NAO SER EUTANÁSIA

O FIM DA VIDA ANALISADO POR GOVERNO, MÉDICOS E IGREJA

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GCS “Não existe qualquer consenso na sociedade de Macau sobre a questão da eutanásia e o Governo da Região Administrativa Especial de Macau não tenciona, neste momento, legislar a matéria.”

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eutanásia tem sido debatida em várias partes do mundo, com alguns países a permitirem a prática ou o suicídio assistido, embora com condicionantes diferentes. Em 2002, a Bélgica legalizou a eutanásia para algumas situações, que envolvem sofrimento constante e intolerável, tendo alargado em 2014 essa possibilidade para menores de idade. Na Suíça admite-se o suicídio assistido. ANova Zelândia aprovou recentemente a eutanásia depois da lei ter obtido luz verde através de referendo. A lei, que permite a morte assistida a pacientes terminais adultos, com expectativa de vida inferior a seis meses, deve entrar em vigor em Novembro do próximo ano. Já em Macau, o tema mantém-se longe da esfera pública e o Governo não tem intenção de o legislar. “A questão da eutanásia é um assunto relativamente complicado, especialmente na sociedade chinesa. Ela envolve não apenas a vida e a morte

A falta de consenso sobre a eutanásia faz com que o Governo não tenha intenções legislar o tema. Porém, o Executivo abre a hipótese ao testamento vital, um mecanismo que permite aos doentes terminais “um fim de vida com menos dor”. A presidente da Associação de Médicos de Macau considera que a maioria dos médicos apoia a eutanásia do paciente, mas também os direitos humanos, código deontológico dos médicos, leis, recursos sociais, ética e religião. Há muita controvérsia na comunidade local e não há consenso, portanto, o Governo da RAEM não tem

intenções legislativas nesta fase”, respondeu ao HM o gabinete da secretária dos Assuntos Sociais e Cultura. Apesar da falta de consenso, não faltam profissionais da saúde a favor. A presidente da Associação

“Quando uma pessoa estiver gravemente doente e o valor médico não for alto, o hospital deve tratar o doente segundo a sua vontade e apoiá-lo neste assunto. Caso o doente tenha vontade, acho que é aceitável” CHEONG LAI MA PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE MÉDICOS DE MACAU

de Médicos de Macau disse ao HM que “a maioria dos médicos apoia a eutanásia”. A falta de certeza quanto à eficácia da intervenção médica na situação clínica dos doentes, ou quanto ao tempo de vida que lhes resta, são argumentos que pesam na opinião favorável. “Quando uma pessoa estiver gravemente doente e o valor médico não for alto, o hospital deve tratar o doente segundo a sua vontade e apoiá-lo neste assunto. Caso o doente tenha vontade, acho que é aceitável”, comentou Cheong Lai Ma. Relativamen-

te à legislação, a representante considera necessário que a eutanásia seja tema de debate social, para que os cidadãos expressem a sua opinião de forma informada. Outras associações de médicos no território contactadas pelo HM não quiseram tomar uma posição sobre a eutanásia ou explicaram que de momento não têm uma posição definida sobre o tema. O director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, disse na Assembleia Legislativa que o número de suicídios relacionados com doenças crónicas aumentou

significativamente nos primeiros nove meses do ano. A informação foi avançada num debate no final de Outubro, em que Agnes Lam destacou o número de suicídios registados em 2020, ano de pandemia, tentando perceber se as pessoas que se suicidaram estavam a ser acompanhadas por assistentes sociais. De acordo com dados apresentados pelo director dos SS, nos primeiros nove meses deste ano registaram-se 56 casos de suicídio, um aumento em comparação com os 48 casos detectados no mesmo período de 2019. Lei Chin Ion destacou o número de casos em que o suicídio foi associado a doenças crónicas – que no período em análise subiu de 13 para 19 – algo que descreveu como “um aumento bastante elevado”. Por outro lado, comentou que o suicídio devido a doenças com problemas psicológicos aumentou de 12 para 13. “Segundo estes números, devido às doenças crónicas houve um aumento do número de suicídios. Mas quanto às doenças psicológicas apenas aumentou um caso”, afirmou Lei Chin Ion.


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No início do mês, este jornal procurou saber junto dos SS quais as principais doenças crónicas em causa, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta.

LEI DA VIDA

Em Macau, a eutanásia não está tipificada como crime, mas isso não significa que não seja censurável do ponto de vista penal. Já em 2001, uma crónica publicada pela Polícia Judiciária, explicava que tirar a vida a alguém a seu pedido também constitui um crime e que a eutanásia viola o Código Penal.Alei determina uma punição até cinco anos de prisão para quem matar outra pessoa a pedido da vítima. Para ilustrar, a PJ deu o exemplo de uma “vítima” que pede ajuda para “atenuar o tormento resultante de doença” e que declara por escrito que não deseja procedimento criminal nem civil contra quem a auxilia, e depois de um pedido sério, repetido e expresso “o agente decide desligar o equipamento médico que é indispensável para a sobrevivência da vítima, ou não lhe fornece

medicamentos apropriados, o que resulta na morte”. No ano passado foi conhecido em tribunal que uma vítima de violência doméstica ponderou a eutanásia para se libertar do sofrimento depois de um ataque com óleo a ferver e ácido cometido pelo marido. Em tribunal, o pai da vítima revelou que esta lhe pediu para escrever uma carta ao Chefe do Executivo de Macau a pedir permissão para morrer. Perguntas do HM sobre se o actual Chefe do Executivo alguma vez recebeu pedidos para o recurso à eutanásia, ou se tem conhecimento de cartas enviadas aos seus antecessores nesse sentido, ficaram sem resposta. O Gabinete de Comunicação Social disse apenas que “actualmente, não existe qualquer consenso na sociedade de Macau sobre a questão da eutanásia e o Governo da Região Administrativa Especial de Macau não tenciona, neste momento, legislar a matéria”.

FUTURO PRECAVIDO

A situação muda quando se fala sobre a criação de

legislação para o registo do testamento vital – documento onde é manifestada, antecipadamente, a vontade consciente, livre e esclarecida sobre os cuidados de saúde que se deseja receber, caso se verifique uma situação em que seja impossível expressar vontade pessoal e autónoma. O gabinete da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura indicou que Macau tem uma sociedade cada vez mais envelhecida em que os tumores são a principal causa de morte. Em resposta, aponta que a criação de um sistema de directivas médicas antecipadas e de serviços para doenças irreversíveis “proporciona aos doentes terminais um fim de vida mais pacífico e com menos dor”. Neste contexto, a Comissão Ética para as Ciências da Vida de Macau tem, ao

longo do tempo, discutido e pesquisado se deve ser criada legislação sobre directivas antecipadas, os regulamentos mais práticos a ser adoptados com base no princípio ‘evitar a morte e salvar vidas’ e a forma como alterar as leis conflituantes. Sobre o testamento vital, Cheong Lai Ma considera importante que as decisões sobre tratamentos sejam tomadas em consciência. “Quando uma pessoa estiver em estado crítico, as medidas de socorro não salvaguardam realmente a vida. Neste sentido, acho que pode ser expressa a vontade de aceitar, ou não, estas medidas quando ainda tem consciência”, disse a presidente da associação.

OLHAR RELIGIOSO

A postura da Diocese de Macau é de oposição à eutaná-

“Ao participar voluntariamente no sofrimento e morte de Cristo, este sofrimento torna-se numa forma de participar no projecto de salvação de Jesus.” COMISSÃO DIOCESANA DA VIDA

sia, ainda que a intenção seja eliminar sofrimento. “Não interessa qual o motivo ou método usado, é para acabar com a vida de portadores de deficiência, ou doentes à beira da morte. A eutanásia é eticamente inaceitável. Se a morte é um meio para aliviar sofrimento, uma acção ou inacção, independentemente da intenção, constitui homicídio, o que é uma séria violação da dignidade humana e desrespeito por Deus e a sua criação”. Em resposta ao HM, a Comissão Diocesana da Vida frisou que a “verdadeira compaixão” não deve matar, mas sim aliviar sofrimento através de “carinho, companhia e oração”. De acordo com a diocese, a mensagem de Jesus de “amar o próximo como a ti próprio”. Apesar de reconhecer que a doença e o sofrimento criam desafios, sentimento de impotência, limitações ou mesmo a morte, os ensinamentos da Igreja recordam que o sofrimento também tem valor de expiação para os outros. “Ao participar

voluntariamente no sofrimento e morte de Cristo, este sofrimento torna-se numa forma de participar no projecto de salvação de Jesus”, disse. A Comissão Diocesana da Vida observou que os pacientes terminais e doentes crónicos têm o direito de ser aceites e tratados, e que a família e pessoal médico são responsáveis ao nível dos cuidados médicos e companhia espiritual. “Não deixem que os doentes sintam que são um fardo para os outros”, apelou. Além disso, recordou a mensagem do Papa no Dia Mundial do Doente. Na ocasião, o líder da Igreja Católica pediu para se ter constantemente em vista a dignidade e vida da pessoa, “sem qualquer cedência a actos de natureza eutanásica, de suicídio assistido ou supressão da vida, nem mesmo se for irreversível o estado da doença”. Salomé Fernandes e Nunu Wu info@hojemacau.com.mo


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período dedicado às intervenções antes da ordem do dia. Perante o actual contexto, a deputada considerou ainda “ridículo” que seja permitida a entrada no território a pilotos estrangeiros do Grande Prémio, com 14 dias de isolamento, por provar que o Executivo tem capacidade para prevenir a epidemia em relação a quem vem do exterior. “O Governo preferiu levantar as referidas restrições para aumentar o ‘brilho’ do Grande Prémio, em vez de dar luz verde aos familiares que estão no estrangeiro. Muitas famílias locais estão a sofrer por causa da separação ou com dificuldades de sobrevivência”, referiu Agnes Lam. Assim sendo, a deputada sugere que o Governo permita que os familiares dos residentes de Macau que estão no estrangeiro possam fazer um registo preliminar que possibilite ao Governo, de acordo com a situação concreta de cada um, autorizar a entrada “por motivos humanitários, de emergência ou de reunião familiar”, mediante observação médica e sob o pressuposto “de se ter realizado todo o trabalho de inspecção, de isolamento (...) e de negociação com as regiões vizinhas de Macau”. Sobre a organização de eventos e actividades, Agnes Lam acusou o Governo de tratar os organizadores com “duplo critério”, acabando umas vezes por “condenar” e outras por “apelar” à realização das actividades. “O Governo pode organizar diversas actividades com grande número de participantes e muita publicidade, mas limita o número de pessoas noutras actividades organizadas por entidades privadas”, sublinhou. Por seu turno, lembrando que “os governos estão a procurar o equilíbrio

ADMINISTRAÇÃO COUTINHO ACUSA ALTOS CARGOS DE NÃO ASSUMIREM RESPONSABILIDADES O seguimento das críticas apontadas por Ho Iat Seng quanto ao “conservadorismo” e “falta de iniciativa” daAdministração Pública, José Pereira Coutinho questionou o hemiciclo sobre se não devem ser os titulares dos principais cargos os primeiros a “assumir as ditas responsabilidades”.

“Não são estes titulares dos principais cargos públicos que avaliam todos os anos os directores dos serviços públicos e homologados pelo Chefe do Executivo? Alguma coisa não ‘bate certo’ ou as avaliações do desempenho são feitas ‘sobre os joelhos’ dos secretários ou então [os titulares

de principais cargos públicos] são ‘conservadores’, ‘incompetentes’ e sabem de antemão que RÓMULO SANTOS

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não precisam de assumir quaisquer responsabilidades de acordo com seus Estatutos e Regras de Condutas”, partilhou o deputado no espaço dedicado às intervenções antes da ordem do dia. Apontando que o problema já vem de trás, Pereira Coutinho acusa as tutelas sucessivas da área

da Administração Pública de agirem “como avestruzes, escondendo as ‘cabeças debaixo da areia’" e de ignorarem “os graves problemas” da máquina administrativa. Caso não haja mudanças, o deputado antevê que o Chefe do Executivo repita em breve “as mesmas críticas”.

“Para cumprir com as exigências do actual Chefe do Executivo exige-se (…) o bom exemplo dos titulares dos principais cargos públicos, pressupondo elevados domínios de competências e experiências para conseguir reformar, inovar e coragem de tomar decisões acertadas”, acrescentou. P.A.

TIAGO ALCÂNTARA

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GNES Lam considera que existe margem para aligeirar as exigências nas fronteiras, de forma a permitir a entrada de estrangeiros em Macau que se encontrem em dificuldades, cabendo ao Governo definir com urgência quem são esses estrangeiros. “Nos últimos meses, o Interior da China, Taiwan e Hong Kong admitiram, uns a seguir aos outros, requerimentos para entrada de estrangeiros, por razões como o reencontro ou emprego. De facto, o Governo da RAEM também pode permitir, em virtude de uma autorização excepcional, a entrada de estrangeiros em necessidade, que devem submeter-se a quarentena adequada após a entrada em Macau. Quem são os ‘estrangeiros em necessidade’? Está em questão uma ordem de prioridade que a Administração tem de decidir”, apontou a deputada durante o

Uma questão d FRONTEIRAS AGNES LAM DEFENDE ENTRADA DE ESTRANGEIROS EM CASOS ESPECIAIS

RÓMULO SANTOS

A pandemia continua no centro das preocupações dos deputados, com Agnes Lam, Song Pek Kei e Mak Soi Kun a defenderem o relaxamento de restrições. A nível económico, Ho Ion Sang e Ip Sio Kai pediram uma terceira fase do plano de apoio às PME, ao passo que Ella Lei espera que o Governo cumpra a palavra e não reduza benefícios sociais

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de prioridade “Muitas famílias locais estão a sofrer por causa da (...) separação ou com dificuldades de sobrevivência.” AGNES LAM DEPUTADA

entre a prevenção da epidemia e a retoma económica”, Song Pek Kei defendeu que, a longo prazo, deve ser ponderado o levantamento adequado das medidas de prevenção para acelerar a recuperação do mercado. A título de exemplo, a deputada sugeriu que sejam relaxadas as medidas sobre a obrigatoriedade de apresentar o teste de ácido nucleico para residentes e estrangeiros que entram nos casinos e que seja revisto o limite máximo de três pessoas por mesa de jogo. Também Mak Soi Kun defendeu a simplificação das regras de apresentação do certificado de ácido nucleico, sob pena de afastar turistas de Macau. “Porque é que se considera que [os turistas] não estão seguros depois de expirar o certificado do teste de ácido nucleico e têm de o fazer novamente para poderem entrar nos casinos? Os turistas entendem que, assim, mais vale não vir a Macau”, apontou o deputado.

CONTINUAR A APOIAR

Sobre o impacto da pandemia a nível económico, Ho Ion Sang espera que o Governo e defina “o quanto antes” o modo de distribuição do cheque pecuniário e que estude o terceiro plano de apoio económico às PME, para que “sobrevivam”. Partilhando a mesma opinião, Ip Sio Kai propõe que a terceira fase

seja aplicada no “apoio a bancos comerciais e outras instituições financeiras”, permitindo-lhes ter a liquidez necessária para responder aos pedidos das PME. Importa referir que o deputado é presidente da Associação de Bancos de Macau e vice-director-geral da sucursal de Macau do Banco da China. Por seu turno, Ella Lei espera que o Governo não reduza os apoios destinados à população. Mais concretamente, a deputada espera que se encontre solução para assegurar que cerca de 70 mil idosos e deficientes continuem a receber 7 mil patacas nas contas do regime de previdência central não obrigatório, medida que não consta nas LAG para o próximo ano. Quanto ao emprego dos residentes, a deputada pretende que o Chefe do Executivo esclareça as medidas a adoptar, dado que Ho Iat Seng se limitou a dizer na passada terça-feira que “a recuperação económica está dependente da vacina”. Pedro Arede

Pedro.arede.hojemacau@gmail.com

RÓMULO SANTOS

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Leis Mais três propostas aprovadas na generalidade

A Assembleia Legislativa (AL) aprovou ontem, na generalidade e por unanimidade, mais três propostas de lei a saber: alteração ao estatuto do pessoal docente, regime das carreiras dos trabalhadores dos serviços públicos e regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios e recintos. Durante a discussão do diploma sobre o estatuto dos docentes, apesar de aplaudido pela maioria dos deputados por prever a redução da carga horária dos professores, foram levantadas questões quanto ao aumento da componente não lectiva dos docentes, o processo de avaliação de desempenho ou o aumento das diferenças entre os professores das escolas públicas e os das privadas.

MERCADOS PÚBLICOS REGIME QUE PREVÊ ALTERAÇÕES DE FUNDO COM LUZ VERDE

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OI ontem aprovado na generalidade, com 29 votos a favor, a proposta de lei sobre a gestão dos mercados públicos, que prevê a realização de concursos públicos, como mecanismo para atribuição de bancas, em substituição do actual regime de sorteio. Durante a apresentação do diploma no he-

miciclo, André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, apontou que a proposta de lei surge para resolver “muitos problemas” na exploração e gestão dos mercados, que afectam, não só “a apetência dos cidadãos para fazer compras”, mas também a actividade dos arrendatários.

Durante a discussão, deputados como Au Kam San e Zheng Anting mostraram-se apreensivos quanto ao facto de a introdução do concurso público poder vir a colocar em risco a sobrevivência dos vendilhões com menor capacidade económica, caso seja dada primazia ao valor das propostas.

Por seu turno, Agnes Lam questionou o secretário se não se estaria “a regular a mais” quando abordou o facto de o diploma prever a transmissão das bancas pelos arrendatários, a partir dos 65 anos. “Conheço uma vendedora de arroz com 80 ou 90 anos que não

tem problema nenhum. Como não é funcionária pública ela não tem de se reformar com 65 anos. Como é?”, partilhou. Na resposta aos deputados, André Cheong esclareceu que, apesar do concurso público, o Instituto para os Assuntos municipais (IAM) pode atribuir bancas por

ajuste directo e que os critérios concretos de selecção vão ser definidos depois por regulamento administrativo complementar. Sobre a transmissão do contrato de arrendamento aos 65 anos, o secretário apontou que esta é apenas uma possibilidade. P.A.


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sexta-feira 20.11.2020

ISENÇÕES DEPUTADOS PEDEM EXPLICAÇÕES SOBRE PODERES DO DIRECTOR DAS FINANÇAS

As dúvidas públicas

Trabalho Wong Kit Cheng quer reforma em programas de estágio

A 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa questiona vários aspectos da proposta de lei que vai permitir que empresas ligadas à inovação científica e tecnológica obtenham benefícios fiscais RÓMULO SANTOS

A deputada Wong Kit Cheng defende que os programas de estágios para recém-licenciados devem ser reformados, porque muitos dos estagiários acabam em áreas diferentes da sua formação, ou não chegam a ter oportunidade de ficar com o emprego. Em interpelação escrita, a deputada ligada à Associação das Mulheres, mencionou que de 720 vagas para estágios apenas 436 foram ocupadas. No entanto, Wong perguntou ao Executivo se é possível as empresas prologarem o tempo dos estágios e, caso os estagiários não sejam contratados, se pode haver uma segunda oportunidade. A deputada pediu ainda que o Governo crie mais cursos profissionais subsidiados que incluam um estágio, para aumentar a experiência dos participantes.

Imobiliário Joey Lao acredita no abrandamento do mercado

A redução do rendimento dos residentes devido à pandemia e a perspectiva de circulação automóvel entre Macau e Zhuhai apenas com uma matrícula podem influenciar a queda do preço da habitação. Foi esta a opinião defendida pelo deputado e presidente da Associação das Ciências Económicas de Macau, Joey Lao, em declarações ao jornal Ou Mun. Segundo Lao, como não há um cenário claro de recuperação económica, é previsível que o mercado da habitação sofra de instabilidade. Esta semana, o Chefe do Executivo admitiu que os preços das casas em Macau são demasiado caros e que pretende utilizar recursos públicos para resolver a situação. Joey Lao concorda com a abordagem e apoia a ideia do Governo. Sobre a circulação automóvel de veículos só com uma matrícula, o deputado e economista disse que pode fazer com que mais gente viva em Zhuhai, o que vai reduzir o preço das casas em Macau.

AAM Centro de Arbitragem adere a organização internacional

O Centro de Arbitragens Voluntárias da Associação dos Advogados de Macau (AAM) é um dos membros fundadores da Organização de Prevenção e Resolução de Disputas Comerciais Internacionais. A organização foi fundada em Pequim em meados de Outubro e conta com a participação de quase 50 países e regiões. A informação foi avançada num comunicado da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, que visitou recentemente a Nam Kwong União Comercial e Industrial, com responsáveis do Centro de Arbitragem do WTC de Macau e do Centro de Arbitragens Voluntárias da AAM. De acordo com a nota, o presidente do Conselho de Administração da Nam Kwong disse que o grupo pretende “unir e impulsionar a coesão das forças jurídicas de Macau” e promover o desenvolvimento da arbitragem comercial no território.

Ensino IPM discutiu Constituição e Lei Básica na Escola Hou Kong

O Centro de Estudos “Um País, Dois Sistemas” do Instituto Politécnico de Macau (IPM) realizou na terça-feira uma palestra na Escola Secundário Hou Kong, perante 280 alunos. A coordenadora do centro, Lei Lei Na, destacou o facto de ser a primeira vez que o organismo do IPM discutiu com alunos do ensino secundário o princípio “Um País, Dois Sistemas”, e ficou esperançada que a palestra contribua para criar “filosofias positivas dos valores e da visão sobre o mundo, desenvolvendo a consciência nacional e de Macau”. Por seu lado, Chan Wai Tan, também do IPM, enalteceu os direitos gozados pelos residentes, como “eleger e ser eleito, as liberdades de expressão e de associação, bem como a liberdade e o sigilo dos meios de comunicação”. Em representação da Escola Hou Kong, a professora Chan Pui San afirmou a importância de conhecer a situação actual do país e “os requisitos para se tornar num cidadão qualificado”.

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S deputados da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa querem saber se o Director dos Serviços de Finanças está obrigado a seguir as opiniões da Comissão de Avaliação das Actividades de Inovação Científica e Tecnológica, quando decide autorizar isenções fiscais. Este é um dos assuntos em discussão no âmbito no novo regime de benefícios fiscais para o exercício das actividades destinadas à inovação científica e tecnológica, que tem como objectivo promover a diversificação da economia. O diploma está a ser discutido pela 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, mas a natureza da chamada Comissão de Avaliação não é clara para os deputados. “Sabemos que o director da Direcção de

Serviços de Finanças autoriza os benefícios para as empresas, mas não é claro se tem de ouvir a opinião da comissão de avaliação”, afirmou o deputado Ho Ion Sang, que preside à comissão. “Também não entendemos a natureza dos pareceres, será que são vinculativos? Ou será que o director das Finanças pode escolher não seguir as opiniões da comissão? Vamos questionar o Executivo sobre este aspecto”, acrescentou.

OS MEMBROS E O MÉRITO

Outro assunto que não é claro para os legisladores que ana-

lisam o diploma na especialidade é a nomeação dos membros da futura Comissão de Avaliação das Actividades de Inovação Científica e Tecnológica, assim como a renovação dos mandatos. Ho Ion Sang explicou que os deputados acham a proposta pouco clara nestes aspectos. “Diz-se que os mandatos têm duração de dois anos. E depois? Há renovação automática? Temos de ver esta questão esclarecida”, indicou. A composição da comissão suscita mais dúvidas aos legisladores. Segundo o texto da lei, haverá “dois representantes de

“Também não entendemos a natureza dos pareceres, será que são vinculativos? Ou será que o director das Finanças pode escolher não seguir as opiniões da comissão?” HO ION SANG DEPUTADO

reconhecido mérito no sector industrial e comercial, dentro da área da ciência e tecnologia”. A mesma terminologia é utilizada para dois representantes do sector académico. Contudo, os legisladores dizem que não percebem a utilização dos termos “representantes de reconhecido mérito”. “São termos muito vagos e amplos, não nos parecem muito claros”, considerou Ho Ion Sang. Finalmente, os deputados admitiram ainda questionar o Executivo sobre os pagamentos aos membros da comissão através de senhas, para perceberem como funciona o procedimento. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


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20.11.2020 sexta-feira

EXCURSÕES GOVERNO CENTRAL NÃO ESTÁ A CONSIDERAR RETOMA DE PROGRAMA PARA MACAU

Tirar o cavalinho da chuva TIAGO ALCÂNTARA

O Ministério da Cultura e Turismo da República Popular da China não está a ponderar a retoma das excursões transfronteiriças de turistas do Interior para vir a Macau. A revelação foi feita na quarta-feira pela Directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes

Inflação Taxa fixa-se em 1,4 % em Outubro

A taxa de inflação fixou-se em 1,4 por cento nos 12 meses terminados em Outubro, relativamente a igual período no ano passado, indicam dados oficiais. A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) informou que a subida do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) geral médio deveu-se, sobretudo, aos preços da educação (mais 4,34 por cento), dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas (mais 4,19 por cento) e da saúde (mais 4,37 por cento), em comparação com o período anterior. Em Outubro, o IPC desceu 0,75 por cento em relação ao mesmo mês de 2019, “devido à descida dos preços das excursões, dos serviços de telecomunicações e da electricidade, quer devido à descida dos preços da gasolina, bem como do vestuário e calçado”, indicou a DSEC.

Covid-19 Quarentena para quem vem de Donjiang, em Tianjin

A

responsável da DST avançou com a informação que afasta, para já, a vinda de grupos excursionistas para o território, durante a segunda reunião plenária de 2020 do Conselho para Desenvolvimento Turístico (CDT). “Devido ao mecanismo de prevenção e controlo conjunto por parte do País, por enquanto, não está a ser considerado o recomeço do turismo das excursões transfronteiriças, mas o Governo da RAEM irá entretanto continuar a esforçar-se para atingir esse objectivo”, pode ler-se numa nota oficial divulgada ontem. Durante a apresentação dos últimos dados do sector, a directora da DST frisou ainda que, deste a retoma da emissão de vistos turísticos a residentes de todo o Interior da China a 23 de Setembro, “verificou-se uma tendência contínua de

aumento do número de visitantes a Macau”, registando-se em Outubro um aumento de 26 por cento da média diária de turistas (19.000), relativamente a Setembro. Em Novembro, a tendência continuou a crescer tendo ultrapassado os 20.600 visitantes de média diária, com o dia 6 de Novembro a registar, até agora, o número mais elevado do mês (25.444). Quanto à ocupação hoteleira, segundo os dados provisórios for-

necidos à DST, a taxa de ocupação média dos estabelecimentos em Outubro foi de 38,1 por cento, e na primeira semana de Novembro esteve entre 33 e 45 por cento. Sobre a retoma de eventos e promoção turística como a plataforma de promoções “Macau Ready Go”, o programa de excursões locais “Vamos! Macau!” foi dito que os seus benefícios económicos e impacto promocional são “satisfatórios”. Já quanto ao “Plano de

“Devido ao mecanismo de prevenção e controlo conjunto por parte do País, por enquanto, não está a ser considerado o recomeço do turismo das excursões transfronteiriças, mas o Governo da RAEM irá entretanto continuar a esforçar-se para atingir esse objectivo.” MARIA HELENA DE SENNA FERNANDES DIRECTORA DOS SERVIÇOS DE TURISMO

alargamento das fontes de cliente, revitalização da economia e garantia do emprego”, que continua em curso, foi revelado que que foram usados 265.541 cupões de consumo offline, no valor de 4,13 milhões de renminbis que impulsionaram um consumo de cerca de 113,67 milhões de patacas.

DISCOS PEDIDOS

Durante a reunião, os membros do CDT verbalizaram, para além do desejo que o Governo continue a “mover esforços” para a retoma das excursões do Interior da China, a vontade de reactivar a emissão de vistos online, de aumentar a frequência de emissão de vistos para visitantes da província de Guangdong e a promoção de Macau enquanto cidade segura e onde são dispensadas medidas de isolamento junto das regiões de baixo risco do Interior da China. P.A.

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus avisou ontem que quem tenha estado nos últimos 14 dias na área do porto de Dongjiang, da Nova Área de Binhai, Tianjin, ficará obrigado a cumprir quarentena de 14 dias. A medida entrou em vigor hoje às 00h. Tijian, que fica a pouco mais 110 quilómetros de Pequim, registou duas infecções de covid-19 em trabalhadores portuários que lidaram com produtos como carne congelada.

Energia Consumo de gás de botija caiu 20%

O consumo energético registou um declínio de 12,7 por cento durante o terceiro trimestre, em comparação com igual período do ano anterior. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, a maior quebra foi no consumo de botijas de gás liquefeito de petróleo, que caiu 20,3 por cento, enquanto o consumo de combustíveis automóveis diminuiu 11,8 por cento no período em análise. A electricidade registou uma quebra de 5,2 por cento, segundo avançou o canal chinês da TDM – Rádio Macau. O preço médio da gasolina sem chumbo caiu no terceiro trimestre 20 por cento, em relação ao ano passado, enquanto o custo médio de uma botija de gás registou uma quebra de 2,6 por cento.


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sexta-feira 20.11.2020

CASO HUAWEI CANADÁ TEME POR SEGURANÇA DE TESTEMUNHA QUE ESTÁ EM MACAU

Acidente Menino de sete anos atropelado em portão do GP

Uma criança de sete anos foi ontem atropelada, na paragem de autocarro Avenida da Amizade/ Viaduto, junto a um dos portões do circuito do Grande Prémio. Segundo as declarações do condutor e do familiar que acompanhava o rapaz, o acidente foi causado pela entrada repentina do menino na zona de paragem do autocarro. O acidente aconteceu por volta 11h20. O menino sangrava de uma orelha e foi levado para o Hospital Conde São Januário. Na altura em que foi transportado, o rapaz, segundo o jornal Ou Mun, tinha tonturas.

MP Procurador vai para a Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues

O Gabinete do Procurador do Ministério Público vai mudar-se, a partir de amanhã, para o novo Edifício do Ministério Público, na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues. A mudança só afecta a estrutura de apoio a Ip Son Seng, sendo que no que diz respeito ao Serviço de Acção Penal não há alterações. Este serviço vai manter-se na localização actual, ou seja no Edifício Dynasty Plaza, 2.º andar, na Rua Cidade de Santarém, n.º 449, NAPE.

Crime Homem pinta o cabelo para fugir às autoridades

O homem que esfaqueou uma mulher num quarto do Hotel Fortuna, para lhe roubar 180 mil dólares de Hong Kong, apanhou três táxis diferentes na Taipa, comprou e mudou de roupas mais do que uma vez, trocou de óculos e pintou o cabelo, tudo na tentativa de fugir. Os pormenores do caso, que aconteceu na quarta-feira, foram divulgados ontem pela Polícia Judiciária, que conseguiu, através de recurso às câmaras de vigilância, deter o suspeito. A prisão do homem ocorreu duas horas depois do início da investigação e segundo as autoridades trata-se de um residente do Interior, da província de Jiangxi, que se encontrava em excesso de permanência em Macau, depois de ter entrado na RAEM a 14 de Outubro. Sobre a relação entre a vítima e o alegado criminoso, a PJ disse que a mulher se encontrava no quarto do homem porque queria trocar dinheiro.

O silêncio do inocente

O

Departamento de Justiça do Canadá teme que a segurança de um ex-polícia a viver em Macau esteja em causa, após o homem ter recusado testemunhar no processo de Meng Wanzhou, filha do dono da gigante tecnológica Huawei. A informação sobre o caso da magnata, detida no Canadá desde Dezembro de 2018, foi avançada ontem pelo South China Morning Post. O agente em causa chama-se Ben Chang, era responsável pelo departamento de “integridade fiscal” e depois de se reformar da Royal Canadian Mounted, em Janeiro do ano passado, veio trabalhar e viver para Macau. Era esse o seu paradeiro em 2019, quando foi contacto pela Royal Canadian Mounted. O homem é visto como uma testemunha com especial importância para o processo, porque no momento da detenção de Meng Wanzhou terá mantido conversações com as autoridades americanas. Os Estados Unidos fizeram um pedido para que o Canadá extradite a empresária e o processo está a ser decidido no Supremo Tribunal da Colúmbia Britânica. A defesa de Meng pretendia ter acesso ao registo das conversas entre Ben Chang e Kerry Swift, uma vez que Swift é trabalhador do Departamento de Justiça Americano, de onde partiu o pedido de extradição. O acesso ao documento foi garantido a 24 de Julho deste ano, mas inicialmente tinha sido recusado devido ao “interesse público”, especificado com a necessidade de garantir a segurança de Ben Chang, que se encontra actualmente em Macau.

Reformado da polícia do Canadá, uma das principais testemunhas do caso que envolve a vice-presidente da Huawei, Meng Wanzhou, está a viver em Macau e recusa ser ouvido. As autoridades do país norte-americano temem pela segurança do ex-polícia

Segundo o South China Morning Post, a defesa de Meng Wanzhou está preocupada com a recusa de Ben em testemunhar, porque considera que haverá “um número de consequências” imprevisíveis para o processo.

CENTRAL DE CONTACTOS

Apesar de ter recusado testemunhar, Ben Chang prestou anteriormente um depoimento, que consta nos autos do processo, com várias informações sobre contactos mantidos nas horas anteriores e posteriores à detenção. Chang terá afirmado ter a “crença” de que o FBI pediu dados para aceder aos equipamentos electrónicos de Meng. Porém, recusou ter sido ele o alvo dos pedidos do FBI ou de qualquer outra autoridade dos EUA e negou ter cometido qualquer ilegalidade. Porém, segundo a defesa de Meng, Chang trocou emails com o coordenador do FBI para a extradição em Vancouver, Sherri Onks, assim como com um polícia da mesma força de investigação, John Sgroi. Por outro lado, Chang terá também dito que um “ministro chinês” entrou em contacto consigo sobre a detenção. Um dos argumentos da defesa de Meng é a acção que levou ao acesso pelas autoridades americanas de informação confidencial, que terá violado a lei de protecção de dados. O Supremo Tribunal da Colúmbia Britânica vai continuar a ouvir testemunhas no âmbito do processo de extradição, que se pode arrastar por vários anos, devido à possibilidade de haver vários recursos. O agente em causa chama-se Ben Chang, era responsável do departamento de “integridade fiscal” e depois de se reformar veio trabalhar e viver para Macau

João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

IPIM FÓRUM DE INFRA-ESTRUTURAS ACONTECE ENTRE 2 E 3 DE DEZEMBRO

A

11ª edição do Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas acontece no Venetian entre os dias 2 e 3 de Dezembro. Com organização do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e da Associação

dos Construtores Civis Internacionais da China, este evento contará com a presença online e offline de “personalidades da esfera política, empresarial e académica”, tendo como tema “Enfrentar os desafios em conjunto e promover o desenvolvimento das infra-

-estruturas a nível global”. Estarão presentes 13 associações dos sectores da construção civil, financeiro e de serviços públicos, bem como dirigentes governamentais do Interior da China e dos países estrangeiros na China. Participam também 400 instituições financeiras

internacionais ou entidades multilaterais de desenvolvimento, entre outras. No mesmo período irá decorrer o 6.º Fórum para a Cooperação em Infra-estruturas entre a China e a América Latina, organizado pelo Ministério do Comércio do Estado chinês. Além

disso, será lançado o “Índice do Desenvolvimento de Infra-estruturas dos Países Abrangidos pela Iniciativa Faixa e Rota (2020)” e o “Relatório da Análise do Índice do Desenvolvimento de Infra-estruturas dos Países Abrangidos pela Iniciativa Faixa e Rota (2020)”.


10 carnaval para desfrutar macau

SÉRGIO FONSECA

O

programa do 67º Grande Prémio de Macau contempla cinco corridas de automóveis,

já que o Grande Prémio de Motos foi cancelado devido à falta de quórum, não tendo sido possível

20.11.2020 sexta-feira

Edição atí

encontrar uma prova substituta. Numa edição inédita, devido às perturbações causadas pela

pandemia da covid-19, não há Taças do Mundo da FIA para atribuir este ano e também não haverá

estrelas internacionais, com a excepção de Rob Huff, que assumirá o mesmo papel que Dieter

Quester há precisamente cinquenta anos. O facto de o nível competitivo não ser comparável ao

Grande Prémio de Macau de Fórmula 4

Dada a inexperiência da maior parte dos dezassetes participantes em circuitos citadinos, o favoritismo da corrida pesa todo nos dois pilotos locais: Andy Chang e Charles Leong. Será quase como um “tira-teima” entre os dois pilotos em quem a RAEM mais investiu na última década. Numa jornada que vale pontos a dobrar para o Campeonato Chinês de F4, para o qual os dois pilotos de Macau não pontuam, Zijian He lidera destacado e deverá sagrar-se campeão. Ainda à geral, há que contar com a inscrição de última hora de Kang Ling, um piloto chinês que fez quatro épocas de monolugares na Europa ao mais algo nível.

Taça de Carros de Turismo de Macau

A corrida para carros das categorias FIA GT3 e GT4 será um duelo entre os “veteranos” de Hong Kong Darryl O’Young e Marchy Lee, que terá como engenheiro Duarte Alves, e a nova geração de pilotos chineses, bem representadas por Leo Ye Hongli e David Chen. Será também um duelo a seguir muito atentamente em Ingolstadt e Affalterbach, as sedes dos departamentos de competição da Audi e Mercedes-AMG respectivamente.

Taça GT - Corrida da Grande Baía Na teoria, a menos interessante de todas as corridas, junta alguns carros da classe GT4 e carros da defunta Taça ID

Taça GT Macau

ID

ID

Praticamente um assunto entre pilotos de Macau este ano, a popular corrida para os pilotos locais irá coroar novamente os vencedores de duas categorias determinadas pela cilindradas das viaturas participantes: 1950cc e Acima e 1600cc Turbo. A corrida ,que por tradição costuma ser animada e ter a participação de vários pilotos macaenses e nomes portugueses, este ano não é excepção contando com a participação de Rui Valente, Sabino Osório Lei, Delfim Medonça Choi, Luciano Lameiras, Jerónimo Badaraco e Célio Alves Dias.

Lotus nas suas diferentes iteracções. O vencedor da edição passada, Kevin Tse de Macau, não está inscrito,


carnaval para desfrutar macau 11

sexta-feira 20.11.2020

ípica Corrida da Guia Macau

Talvez a corrida que terá maior cobertura além fronteiras este ano tem três motivos de interesse. Primeiro, Rob Huff irá tentar bater o seu recorde de nove vitórias em corridas no Circuito da Guia e para isso terá que triunfar na corrida de domingo. Segundo, há um enorme interesse para ver quem sai vencedor do duelo entre os dois gigantes da indústria automóvel chinesa - Lynk&Co (Geely) e MG (SAIC). E por fim, a decisão do título do campeonato TCR China, onde Ma Qing Hua (Lynk&Co) tem oito pontos de vantagem para Rodolfo Ávila (MG), sendo que ambas as corridas valem pontos. A prova, que teve o máximo de inscritos possível, contará com a presença dos pilotos macaenses Filipe Souza, Eurico de Jesus e o regressado Jo Merszei.

espectáculo, que deverá ser tão ou mais animado dentro de pista do que em anos anteriores, visto que

GCS

que estávamos habituados a ver nas últimas três ou quatro décadas, poderá não ter impacto no

ANTEVISÃO DE UM FIMDE-SEMANA INVULGAR

[6.2 km] 19 CURVAS

Volta mais rápida 2:06.317 • JÜRI VIPS • 2019

o factor imprevisibilidade é ainda maior. Ainda para mais quando é esperada a visita da chuva no sábado.

HOJE

6H00: FECHO DO CIRCUITO 6h30-7h00: Inspecção do Circuito 7h20-7h50: Carros de Segurança e Intervenção Rápida -Voltas de teste 8h00-8h35: Taça de Carros de Turismo de Macau - Treino livre 1 8h50-9h25: Taça GT - Corrida da Grande Baía - Treinos livres 1 9h40-10h15: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 - Treinos livres 1 10h30-11h05: Corrida da Guia Macau - Treinos livres 1 11h20-11h55: Taça GT Macau - Treinos livres 1 12h25-13h00: Taça de Carros de Turismo de Macau - Treinos Livres 2 13h15-13h50: Taça GT - Corrida da Grande Baía - Treinos livres 2 14h05-14h40: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 - Treinos livres 2 14h55-15h30: Corrida da Guia Macau - Treinos livres 2 15h45-16h20: Taça GT Macau - Treinos livres 2 18H00: ABERTURA DO CIRCUITO

AMANHÃ

6H00: FECHO DO CIRCUITO 6h30-7h00: Inspecção do Circuito 7h30-7h50: Taça de Carros de Turismo de Macau - Cronometrado 8h15-8h35: Taça GT - Corrida da Grande Baía - Cronometrado 9h00-9h20: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 - Cronometrado 9h45-10:05: Corrida da Guia Macau - Cronometrado 10h30-10h50: Taça GT Macau - Cronometrado 11h35-12h05: Evento Especial 12h30-13h00: Taça de Carros de Turismo de Macau (P. Classificativa) - 8 voltas 13h25-13h55: Taça GT - Corrida da Grande Baía (Prova Classificativa) - 8 voltas 14h20-14h50: GP de Macau de Fórmula 4 (P.zClassificativa) - 8 voltas 15h15-15h45: Corrida da Guia Macau (Prova Classificativa) - 8 voltas 16h10-16h40: Taça GT Macau (Prova Classificativa) - 8 voltas 18H00: ABERTURA DO CIRCUITO

DOMINGO

pois reside em Hong Kong e não teve disponibilidade para cumprir a quarentena obrigatória.

6H00: FECHO DO CIRCUITO 6h30-7h00: Inspecção do Circuito 7h30-8h30: Carros de Segurança e Intervenção Rápida -Voltas de teste 9h00-9h40: Taça de Carros de Turismo de Macau - 12 voltas 10h05-10h45: Taça GT - Corrida da Grande Baía - 12 voltas 11h40-12h20: Corrida da Guia Macau - 12 voltas 12h45-13h25: Taça GT Macau - 12 voltas 13h40-14h30: Evento Especial 15h10-15h20: Dança do Leão 15h30-16h10: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 - 12 voltas 18H00: ABERTURA DO CIRCUITO

Factos • O PROGRAMA do 67º Grande Prémio de Macau é o mais PEQUENO de sempre desde 1966 • É a PRIMEIRA VEZ desde 1967 que NÃO HÁ uma corrida de MOTAS • É a PRIMEIRA VEZ desde 1983 que NÃO HÁ corrida de Fórmula 3 • É a PRIMEIRA VEZ desde 1986 que NÃO HAVERÁ pilotos PORTUGUESES residentes em PORTUGAL à partida em NENHUMA das corridas • Será a PRIMEIRA VEZ que Macau ACOLHERÁ uma prova de FÓRMULA 4

Curiosidades • LO PAK YU, LO KA CHUN e LO HUNG PUI são respectivamente filho, pai e avô, naquela que será a PRIMEIRA VEZ que TRÊS GERAÇÕES participam na MESMA CORRIDA (Taça GT Macau). • Antes de RODOLFO ÁVILA, outro português conduziu um MG no Circuito da Guia - MACEDO PINTO em 1954. No arranque, estava tão NERVOSO que ficou com as CALÇAS PRESAS na alavanca de velocidades e ESQUECEU-SE de desengatar o travão de mão. • O MERCEDES-AMG GT4 de e ERIC KWONG N.º23 da Taça GT Cup tem um autocolante a dizer “OBRIGADO PAI E MÃE”. Os pais do piloto de 38 anos eram CONTRA a sua participação na corrida de Macau e na sua primeira participação inscreveu-se "Eric K” para EVITAR ser apanhado em flagrante delito. • Os ÚNICOS dois pilotos ESTRANGEIROS que GANHARAM corridas na CHINA INTERIOR em 2020 foram dois PORTUGUESES e de Macau: RODOLFO ÁVILA, no TCR China, e RUI VALENTE, no GIC Challenge.


12 eventos

20.11.2020 sexta-feira

A segunda parte do festival This is My City acontece este fim-de-semana e traz às Oficinas Navais n.º2 cinema clássico do início do século XX musicado por bandas locais. O público poderá assistir, este sábado, ao filme “The Goddess”, realizado em Xangai em 1934 e musicado por Faslane e AKI. No domingo, será exibida uma série de curtas-metragens musicadas por Frog, Rui Rasquinho e Paulo Pereira, entre outros

N

UM ano diferente de todos os outros, o festival This is My City (TIMC) decidiu trazer uma nova componente que constituísse não só uma surpresa para o público mas também um desafio para os músicos locais. Foi com essa ideia em mente que surgiu a iniciativa de exibir filmes clássicos com uma nova roupagem musical. O evento decorre este fim-de-semana nas Oficinas Navais nº 2. Ao HM, Rui Simões, ligado à organização do festival, contou como surgiu esta iniciativa. “Estávamos a programar o festival numa altura em que ainda havia indecisões sobre o que iria acon-

TIMC FILMES CLÁSSICOS MUSICADOS POR ARTISTAS LOCAIS

Atrás do tempo

tecer, mas partíamos da premissa de que só poderiam ser artistas locais. Olhando para os músicos e artistas percebemos que todos eles já tinham tocado ao vivo, num formato conhecido do grande público. E começamos a pensar naquilo que poderíamos fazer de original e que fosse de alguma forma um desafio para os próprios artistas.”

De imediato se pensou em criar “um registo mais improvisado”. Quanto às películas, o objectivo não era escolher “filmes demasiado conhecidos, para as pessoas se sentirem atraídas”. “De uma maneira ou de outra são filmes que são uma referência, ou porque têm efeitos especiais ou porque têm algo de diferente. A maior parte dos filmes não tem sequer uma

O primeiro filme a ser exibido, já este sábado, a partir das 19h, é “The Goddess”, feito em Xangai em 1934, e que ganha uma nova composição musical da autoria da banda Faslane e de AKI, “que está bastante habituado a fazer bandas sonoras”

narrativa muito clara, são mais exercícios artísticos”, explicou Rui Simões.

SURREALISMO E EFEITOS ESPECIAIS O primeiro filme a ser exibido, já este sábado, a partir das 19h, é “The Goddess”, feito em Xangai em 1934, e que ganha uma nova composição musical da autoria da banda Faslane e de AKI, “que está bastante habituado a fazer bandas sonoras”. “Este filme retrata a vida de uma mulher, que é mãe, numa sociedade bastante fechada. É uma prostituta que tenta cuidar do seu filho e ela faz tudo por amor ao filho e estabelecem-se depois algumas relações com outros personagens.

COMUNIDADE MACAENSE 20 ANOS DA RAEM CELEBRADOS NA DIÁSPORA

O

Clube Lusitano de Hong Kong promove, no próximo dia 23, uma exposição de fotografias que marca os 20 anos da RAEM, bem como a exibição de vídeos, distribuição de livros comemorativos e uma mostra gastronómica da culinária macaense. A iniciativa conta com co-organização do Instituto Internacional de Macau

(IIM) e com o patrocínio da Fundação Macau (FM). O vigésimo aniversário da RAEM tem também sido lembrado em outros países onde residem macaenses, como o Canadá, onde foi transmitido no dia 15 um programa televisivo em cantonense com o artista Giulio Acconci sobre a cultura e o desenvolvimento de Macau nos últimos anos.

Segundo o IIM, o programa teve uma audiência de sete milhões de telespectadores. Será ainda exibido o mesmo programa, mas em inglês, com entrevistas à chefe de cozinha Florida Alves e ao advogado e presidente da Associação dos Macaenses Miguel de Senna Fernandes. Este programa foi promovido pelo IIM e patrocinado também pela FM,

contando com a colaboração do Club Amigo di Macau, em Toronto. O IIM promoveu ainda uma exposição de fotografias virtual com cerca de 100 imagens e que, inicialmente, seria exibida nas várias Casas de Macau espalhadas pelo mundo. A exposição virtual pode ser visitada no website do IIM até 20 de Agosto de 2021.

É uma história muito humana e com muita sensibilidade. A actriz do filme é uma das actrizes chinesas mais famosas da época e também tem uma história de vida trágica. Penso que as pessoas vão ficar apaixonadas por ela e pelo filme”, disse Rui Simões. No domingo, é dia de curtas-metragens. A primeira a ser exibida é “Alice no País das Maravilhas”, de Cecil Hepworth e Percy Stow, e que data de 1903. Este é um filme com muitos efeitos especiais, sendo esta a primeira adaptação feita para cinema da obra de Lewis Carroll. Segue-se “Ghosts Before Breakfast”, de Hans Richter, de 1928, que será musicado por Rui Rasquinho, artista e designer. “The Dancing Pig”, realizado em 1907, foi musicado por Paulo Pereira. Trata-se de um filme mudo com apenas quatro minutos de duração, e que teve produção da Pathé, conhecida empresa francesa. Nesta obra, “um porco gigante veste-se de roupas elegantes e dança com uma rapariga que, mais tarde, o deixa envergonhado quando tira as suas roupas.” Ainda no domingo serão exibidas mais duas curtas-metragens. Uma delas é “A Trip to Jupiter”, de Segundo de Chomón, realizado em 1909, musicado por Iat U Hong. Esta película não é mais do que uma “viagem gótica” feita com inspiração no “Voyage dans la Lune”, realizado em 1902 por George Meliés, quando o cinema dava os primeiros passos. Por último, será exibido “The Frog”, de Segundo de Chomón, de 1908, musicado por Dickson Cheong. Esta sexta-feira, também inserida na segunda parte do TIMC, acontece a inauguração da exposição multimédia de OS Wei, às 18h30. Será também realizada, às 19h30, uma performance de caligrafia com os artistas Elvis Mok e Aquino da Silva. Estão ainda agendadas sessões de yoga, que trazem, pela primeira-vez, a vertente do bem-estar a este festival. Andreia Sofia Silva

andrea.silva@hojemacau.com.mo


china 13

sexta-feira 20.11.2020

ECONOMIA XI JINPING REJEITA QUE A CHINA QUEIRA DESASSOCIAR-SE DOS EUA

Unidos para sempre

Após a assinatura no domingo do maior acordo comercial mundial, Xi Jinping refuta a ideia de que a China se poderia afastar dos Estados Unidos e de outros parceiros e promete manter o país ligado ao mercado mundial

O

Presidente da China, Xi Jinping, rejeitou ontem sugestões de que o seu país procurará desassociar-se economicamente dos Estados Unidos e outros parceiros comerciais, numa altura de crescentes tensões em torno do comércio e tecnologia. Numa intervenção ‘online' durante uma reunião com executivos da região Ásia Pacífico, Xi prometeu continuar a abrir o mercado chinês, mas não anunciou nenhuma iniciativa para responder às reclamações de que o Partido Comunista subsidia indevidamente as empresas chinesas, enquanto as protege da competição externa. Xi rejeitou as sugestões de que Pequim poderia responder às sanções dos EUA contra as suas empresas de tecnologia libertando-se da ligação a parceiros globais, visando a auto-suficiência. O Partido Comunista promoveu os seus

próprios padrões tecnológicos, ao bloquear o acesso de firmas estrangeiras à rede doméstica. Isto gerou temores de que os mercados mundiais se possam dividir em segmentos menores, com padrões industriais incompatíveis, prejudicando

a produtividade."Nós nunca iremos recuar na História e tentar separar-nos ou formar um ‘pequeno círculo' para manter os outros de fora", disse Xi. O evento de hoje ocorreu na véspera da reunião entre os líderes da Organização

HONG KONG MARCHA A EXIGIR LIBERTAÇÃO DOS 12 DETIDOS EM SHENZHEN

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ERCA de uma centena de estudantes marchou ontem em Hong Kong, exigindo a libertação de 12 manifestantes antigovernamentais que foram presos pelas autoridades da China continental em Agosto, entre eles um jovem luso-chinês. Segundo a imprensa de Hong Kong, os estudantes, todos eles finalistas da Universidade Chinesa de Hong Kong, marcharam mascarados pelo 'campus', entoando 'slogans' de apoio aos jovens que foram presos. Antes de dispersarem, um grupo de 12 manifestantes juntou-se erguendo cartazes com os nomes dos detidos, entre os quais está o estudante universitário Tsz Lun Kok, detentor de passaportes português e chinês. Os jovens, a maioria ligados aos protestos anti-governamentais do ano passado, em Hong Kong, estão

detidos há quase três meses em Shenzhen, cidade chinesa adjacente a Hong Kong, por "travessia ilegal" das águas continentais. Dois detidos são ainda suspeitos de organizar a passagem ilegal da fronteira. Segundo familiares dos detidos, desde a detenção nenhum dos activistas pôde contactar a família nem ter acesso a advogados mandatados pelos seus familiares, denunciando igualmente a nomeação de advogados oficiosos pelo Governo chinês. A campanha #save12hkyouths (“salvem os 12 jovens de Hong Kong”) anunciou ontem que familiares de sete dos detidos receberam cartas alegadamente escritas pelos activistas. A campanha confirmou à Lusa que a família de Tsz Lun Kok não recebeu ainda qualquer mensagem do jovem.

de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) organizada pela Malásia. Os comentários de Xi seguiram-se à assinatura, no domingo, do maior acordo de livre comércio do mundo, a Parceria Económica Com-

preensiva Regional, que inclui a China e 14 países asiáticos. O acordo atrai outros países em desenvolvimento porque reduz as barreiras ao comércio de produtos agrícolas, bens manufacturados e componentes. O documento é, no entanto, pouco abrangente para serviços e acesso de empresas estrangeiros nas economias de cada país, um objectivo dos Estados Unidos e outras nações desenvolvidas.

QUEIXAS E PROMESSAS

A administração de Donald Trump cortou o acesso do grupo chinês de tecnologia Huawei à maioria dos componentes e tecnologia dos Estados Unidos, por motivos de segurança. A Casa Branca

“Nunca iremos recuar na História e tentar separar-nos ou formar um ‘pequeno círculo’ para manter os outros de fora.” XI JINPING PRESIDENTE DA CHINA

está ainda a pressionar o proprietário chinês do serviço de vídeo TikTok a vender a sua operação nos Estados Unidos. Xi prometeu reduzir taxas alfandegárias, mas não deu detalhes. "Vamos reduzir ainda mais as taxas alfandegárias e custos burocráticos, cultivar uma série de zonas de inovação e promoção do comércio de importação, e expandir as importações de produtos e serviços de alta qualidade de vários países", prometeu. As repetidas promessas da China de estabelecer zonas de comércio livre e aliviar as restrições às importações geraram reclamações por parte dos Estados Unidos, Europa, Japão e outros parceiros comerciais, de que Pequim está a usar essas medidas isoladas para evitar cumprir com as promessas feitas quando aderiu à Organização Mundial do Comércio, em 2001, de permitir às empresas estrangeiras competirem livremente na sua economia, nos sectores bancário, financeiro e outros serviços.

COVID-19 QUASE UM MILHÃO VACINADO NO PAÍS

Q

UASE um milhão de pessoas foram testadas com uma das vacinas em desenvolvimento na China para o novo coronavírus, até à data, "sem efeitos adversos significativos", disse Liu Jingzhen, presidente da farmacêutica estatal Sinopharm. Liu apontou numa entrevista divulgada ontem pela imprensa

local que "a vacina foi testada em quase um milhão de pessoas" e que "apenas um pequeno grupo teve efeitos adversos leves". O responsável acrescentou que "diplomatas e estudantes que viajaram para mais de 150 países não apresentaram teste positivo para o coronavírus após serem vacinados".

Embora Liu não tenha detalhado se a vacina testada foi em todos os casos a da Sinopharm, indicou que este grupo está prestes a concluir a terceira fase de testes clínicos, realizados em dez países, com a participação de cerca de 60 mil pessoas. "Terminamos a coleta de sangue de 40 mil pessoas 14 dias depois de receber as duas injecções necessárias para vacinação. O resultado é muito bom", afirmou. As autoridades chinesas não revelaram quando poderão comercializar as vacinas em larga escala, mas o director do Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Comissão Nacional de Saúde, Zheng Zhongwei, indicou no final de Outubro que o país planeia fabricar 610 milhões de doses, antes do final deste ano, e mil milhões em 2021.


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Expectoracão

Sara F.Costa

20.11.2020 sexta-feira

Ver-te é como ter à minha

Rir para existir

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Arthur começou a rir-se aos três meses. Foi uma das suas primeiras formas de comunicação. Nessa altura, ainda não conseguia coordenar movimentos, não tinha força nas pernas, não percebia que tinha de fechar as mãos para agarrar coisas. Começava há pouco tempo a virar-se para olhar em direção às vozes que o rodeavam. O seu riso precoce derretia o coração dos seus cuidadores. Era quase interpretado como um sinal de gratidão perante o nosso esforço. O riso, perguntava-me, seria uma ferramenta genética de sobrevivência que fazia com que quem cuidava, tivesse mais prazer no processo, tivesse mais paciência? Um riso é uma forma de despontar ligações, é um sinal de paz. É das ferramentas mais eficazes que possuímos na nossa expressão corporal para criar empatia. Mas o riso é também a compreensão de que, em determinado contexto, algo não bate certo, é absurdo e por isso é engraçado. Para filósofos como Platão, Aristóteles, Hobbes ou Descartes, o riso é essencialmente uma forma de superioridade. Rimo-nos de situações ridículas porque nos sentimos superiores a elas. Rimo-nos de pessoas que consideramos inferiores. Por vezes, rimo-nos até dos nossos líderes políticos ou ícones populares porque o humor é também uma forma de colocar em causa todos os que possuem alguma forma de poder. Freud, por sua vez, dizia que rimos para nos libertarmos do stress. Uma anedota costuma começar com uma situação de tensão que depois se resolve: “O que acontecerá se o Pai Natal morrer?”, “– Ele não estará mais em trenós.” As nossas expectativas fomentam tensão porque o Pai Natal pode eventualmente morrer - mas logo de seguida percebemos que a situação apresentada não é válida porque, reduzindo-se a uma piada, não há nada a temer. É nesse momento que, segundo Freud, libertamos tensão acumulada. Henri Bergson vai mais longe na sua interpretação da função do riso. Para este, o riso é uma forma de manter a sociedade funcional. Bergson declara que qualquer tipo de mecanização do ser humano é uma forma de ameaça à existência. Defende a durabilidade de um impulso vital baseado na fluidez das pessoas. Sem o humor, que coloca todas as formas de poder vigente em causa, não teríamos flexibilidade suficiente para questionar

Um riso é uma forma de despontar ligações, é um sinal de paz. É das ferramentas mais eficazes que possuímos na nossa expressão corporal para criar empatia. Mas o riso é também a compreensão de que, em determinado contexto, algo não bate certo, é absurdo e por isso é engraçado

as narrativas vigentes. Para além disso, o humor absurdo, baseado em situações imaginárias extremadas, é também essencial para se compreender o que é estar à margem de qualquer contributo para o desenvolvimento social. Estes dois tipos de humor podem corrigir aquilo a que o filósofo chamou de “automatismo fácil dos hábitos adquiridos”, ou seja, seguir um hábito de forma automática, sem o questionar. Conduzir a existência através de tarefas que não requerem o pensamento, é mais característico das máquinas do que das pessoas. Por exemplo, quando alguém age sempre da mesma forma, ou repete sistematicamente as mesmas frases, é fácil imitar essa pessoa. Quando outra pessoa imita essa, vai procurar o riso na audiência que conhece a pessoa imitada. A pessoa, ao repetir-se, tornou-se mecânica e o instinto humano é o de corrigir esse aspeto mecânico do nosso comportamento. Neste caso, segundo Bergson, através do riso. Mas será essa a função do riso do meu bebé? Dificilmente ele se conseguirá sentir superior a algo. Muito menos poderá satirizar alguma figura do poder para a colocar em causa. No entanto, a teoria de Bergson pode ser aplicada a um bebé. O bebé consegue já reconhecer situações absurdas como caras estranhas e barulhos esquisitos. Também consegue libertar tensão através do riso quando eu finjo desaparecer atrás de um pano para logo reaparecer - afinal não desapareci, ainda estou ali e, tal como o problema criado pela possibilidade do Pai Natal morrer, a criança também se apercebe que eu não desapareci realmente. Um adulto que se aproxima muito do seu frágil corpo pode constituir uma ameaça mas não quando ele percebe que ele só está muito próximo para lhe dar beijos na barriga ou fazer-lhe cócegas e, por isso, ele ri – libertando tensão. Quando ele vê a mãe demasiado séria, durante demasiado tempo, decide sorrir e isso faz-me sorrir também. Com esse sorriso, o bebé está já a demonstrar a sua existência neste mundo irremediavelmente integrada numa comunidade, está a dizer-me “mãe, não estejas tão séria a trabalhar ou a pensar em algo, não caias na repetição desses hábitos mecanizados. Sê humana. Sorri para mim”. Eu já suspeitava que o Arthur fosse um bebé erudito mas nunca pensei que andasse por aí a citar Bergson ainda sem falar! (Estão a ver o que eu fiz aqui?)


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

sexta-feira 20.11.2020

frente todo o tempo

FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO

entre oriente e ocidente Gonçalo M. Tavares

Mulheres de Itália (11) Capitolina está deitada enquanto lhe fazem a depilação. Queria pensar noutra coisa, mas não consegue, e como vê mal debruça-se muito sobre si própria porque ela quer ver tudo como se estivesse no cinema. Carina está na aula de grego e diz sinfonia em grego e fica contente porque lhe ensinaram que, entrar em sinfonia em grego, significa concordar com outra pessoa. Carla está a dar indicações ao serralheiro sobre como ele deve fazer a janela, e como ele não percebe bem a língua, Carla faz muitos gestos e quem a vir de fora pode pensar que o serralheiro é surdo. Carlotta está contente a cozinhar para o marido, e a pensar que não devia estar a gostar de fazer aquilo porque já fez vezes demais. Carmela tem um bilhete para nova Iorque de avião num envelope, dentro da gaveta, e olha para ele todos os dias como se fosse o retrato de um namorado. Carmen está a cortar as unhas num banco junto à sanita. Carola está a chamar nomes a Domenico e a dizer-lhe: és um maricas, não sabes o que é uma mulher.

Carolina acabou de ter relações sexuais com o amigo do namorado e está a sentir-se estranha por não estar arrependida. Mas quando ela se está a vestir, é ele que começa a chorar. Casilda está a fazer uma tatuagem e como não quer que ninguém perceba pede ao tatuador para só fazer meia cruz suástica. Um traço horizontal, um vertical maior, e depois outro horizontal. Quando fizer dezoito anos faço o resto, pensa Casilda. Casimira está a cantar na igreja e está tão contente por o pai também ter vindo que até se esquece da letra da canção e por isso fica o resto da melodia a abrir a boca a fingir que está a dizer alguma palavra. Cassandra vai chegar de novo atrasada e está a pensar que talvez diga que o avô está outra vez doente. Cassiopea pede aos alunos que repitam correctamente a pronúncia em inglês. E está tão farta deles que diz para repetirem a palavra stupids bem devagar e de forma correta. Catena está a fazer jogging com Cordelio mas o que queria é que ele fosse seu namorado.

ILUSTRAÇÃO ANA JACINTO NUNES


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tonalidades António de Castro Caeiro

20.11.2020 sexta-feira

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“Não vos inquieteis é a realidade que se engana”

A

frase estava escrita nos muros da NOVA FCSH na primeira metade dos anos 80. Antes de lá ter estudado, fazia de autocarro a Av. de Berna. Não havia hipótese dos 15 aos 17 de saber que ia passar lá as décadas seguintes até hoje, como estudante, primeiro, e, agora, como docente. A frase prendia a atenção para quem era sensível à metafísica. Como é que a realidade se pode enganar. A realidade é a realidade. As pessoas é que se enganam. E, no entanto, aquela Avenida metamorfoseia-se ao longo do tempo: antes de ter ido para a Faculdade, durante o meu tempo de estudante – com várias épocas – e a partir de 1990, quando comecei a dar aulas. E durante estes últimos 30 anos foi sem dúvida diferente, sofreu várias transfigurações e metamorfoses. A própria frase tem sentidos diferentes. A realidade da Avenida é diferente e é a mesma, como a cidade de Lisboa e os seus bairros, como Portugal e a Europa. Todo o mundo se alterou. Ou terá sido a vida que muda? No GPS é no mesmo sítio. E, ainda assim, é completamente diferente. E o que engana? A aparência de ser o mesmo, quando muda? E como é possível mudar a matéria da realidade. O envolvimento perceptivo, a percepção com que percebemos o que se passa tem em si implicadas diferentes realidades. A avenida percorrida é diferente consoante o local para onde vamos. Depende de estados de espírito, do que sentimos, da atenção que prestamos às coisas ou não. Quando olho através da janela do autocarro para o muro sou eu no passado lá sentado quem vê. E quem olha através desse olhar de então agora aqui sentado a olhar para o ecrã? Só coincide no olhar exterior e nem isso. O que eu via através da janela em percepção é o que vejo na lembrança, mas a fase da vida é inteiramente diferente. Tudo mudou. Pessoas que não havia na minha vida, há agora e as que havia já não moram cá. A mudança não está atestada objectivamente ou então muito pouco. Para mim é sempre enigmático como por um lado há uma “substituição” do “valor” do passado pelo “valor” do presente, a que chamamos actualidade. Portanto a realidade é a actualidade do presente, presente que empurra continuamente para o passado a sua própria actualidade. Converte-a sempre em in-actualidade ou, pelo menos, as-

sim percebemos a tendência da vida para o fazer. Por outro, parece que é a eficácia do passado que se sobrepõe à ineficácia do presente. Pensemos no impacto das primeiras impressões nas nossas vidas, sobretudo na “importância” da infância, da juventude, do tempo em que era tempo. Vi isso nos mais seniores. Vejo isso em mim. Como se o passado não fossem ruinas nem se tivesse desmoronado e a mansão do presente fosse composta de adereços postiços ou adornos cinematográficos. A vida resiste em ir-se. A realidade é o quê, então? É a realidade que se engana. Achamos que está sempre presente. Mas o rosto da cidade

muda em décadas. E não é como quando vemos filmes do passado e comparamos uma zona que frequentamos, por exemplo, as Avenidas Novas, com o presente dessa localidade. O filme antigo dá a sensação do tempo passado pela qualidade da imagem, do preto e branco ou então das cores do cinema scope. A substituição de edifícios por outros, o surgimento de espaços verdes ou a destruição deles, a reabilitação do tecido urbano ou a sua destruição, tudo isso é feito a um ritmo vital que não nos deixa perceber para onde foi o passado obliterado, bloqueado, inacessível pela percepção do presente, sem termos nenhuma sensação dele. A vida faz-nos crer

A realidade é o quê, então? É a realidade que se engana. Achamos que está sempre presente. Mas o rosto da cidade muda em décadas

que só há presente, actualidade, quando está ensanduichada entre um passado e um futuro, inactualidades, não presenças. O passado que se foi e o futuro que virá ou não. E a inquietação? Quer queiramos ou não é inexorável a passagem do tempo e parece que é só o presente que existe. A humanidade sempre foi enfeitiçada pelo presente. Tanto que a eternidade é um presente que existe para sempre, sem passado nem futuro. Ou então é esse o desejo. No fundo sabemos que o tempo verdadeiro, o tempo na sua autenticidade, o tempo da vida não é esse. É outro, completamente diferente. “Não vos inquieteis. É a realidade que se engana”. Esteve durante décadas nas paredes da NOVA FCSH. No princípio dos anos 80, quando fazia de autocarro a Avenida de Berna para ir treinar, estava longe de ir estudar filosofia para a Nova. Mais longe ainda de lá ter ficado e agora já dar aulas há 30 anos. É difícil de reconstituir esse passado. Não sei bem quem era eu aos 15 anos, quando começava a treinar artes marciais, tocava baixo, ia estudar engenharia. Os dados objectivos têm e não têm nada que ver comigo. Por outro lado, essa subjectividade e a realidade desse tempo não desapareceram ou então são meras curiosidades. Agora, porém, o sentido da Av. de Berna, Faculdade, é diferente, ainda que o referente seja o mesmo, como diz o lógico Frege. Chegou até mim. As duas realidades entram em conflito. Não sei se é porque me surgiu uma memória dessa frase, se rebentou em mim uma certa nostalgia por um qualquer motivo desconhecido. O que me deixa perplexo é que também a realidade que eu agora acho actual de 2020 vai com o meu eu de agora e o plano de fundo que lhe dá sentido para o ralo do passado, está a escoar-se. A actualidade está a desaparecer. Mas há uma avalanche de tempo que se aproxima sempre e é de onde vem o tempo, em ondas num afluxo maciço. E chega para ficar presente durante algum tempo ou instantes ou até décadas. E a Av. de Berna há-de perder a sua significância actual e eu agora com essa importância, o que eu cá faço transformar-se no que eu lá fazia, eu agora passo a ser quem eu fui outrora. Ou então, não. Persiste tudo algures, mas sem mim cá. Não vos inquieteis. É a realidade que se engana.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 17

sexta-feira 20.11.2020

OFício dos ossos

Valério Romão

O gato desejável

H

Á quem os deteste e a quem não possa passar sem eles. Há quem lhes seja alérgico e quem os ache a melhor companhia do mundo. Há quem assegure que são demoníacos. Há quem os acuse de serem falsos deuses; falsos, mas ainda assim, deuses. São capazes de provocar todo o tipo de reacções, excepto a indiferença. São, ao mesmo tempo, simples e imprevisíveis. São o exemplo mais cabal de que duas teses contraditórias podem ocupar o mesmo espaço e tempo. São gatos. Quem nunca teve um gato ainda é capaz de ir ao engano e pensar que ao adoptar um gatinho está na verdade a escolher uma espécie de cão menos dependente. Nada pode estar mais longe da verdade. Um gato não é um cão com casa de banho própria; não é uma versão

adolescente – acontece sem um propósito. Ao contrário do cão, que esbanja amor como um chinês em véspera de ano novo num casino, o gato e o adolescente são extremamente parcimoniosos na distribuição do afecto. Nunca o dão; trocam-no. Uma pessoa que tenha um gato ou um adolescente sabe sempre que por detrás do ronrom ou do carinho filial se encontra a perspectiva de uma latinha de whiskas ou de uns fones Bluetooth. Durante os poucos minutos que temos o bichano aparentemente desinteressado, no colo, expondo a barriga à mão gulosa de festas, ainda conseguimos ser enganados (ou enganarmo-nos a nós próprios), mas mal passa a névoa da surpresa, damos por nós a pensar: «será que tens água? Será que tens comida? O que terás escavacado agora?» Tal como um adolescente, um gato

Em termos de comportamento, talvez a criatura mais parecida com o gato seja o adolescente humano. Ambos têm uma capacidade estratosférica para a indiferença. Não reagem quando se chama por eles; fazem ouvidos moucos a qualquer reprimenda e são capazes de nos ignorar tão perfeitamente que nem aparecendo em chamas na sua presença conseguiríamos que eles levantassem os olhos do chão ou do ecrã do telemóvel um pouco mais moderada do amor infinito canino. É outra coisa, tão radicalmente diferente do cão que nem deviam estar ambos incluídos na mesma categoria de «animal de estimação». Em termos de comportamento, talvez a criatura mais parecida com o gato seja o adolescente humano. Ambos têm uma capacidade estratosférica para a indiferença. Não reagem quando se chama por eles; fazem ouvidos moucos a qualquer reprimenda e são capazes de nos ignorar tão perfeitamente que nem aparecendo em chamas na sua presença conseguiríamos que eles levantassem os olhos do chão ou do ecrã do telemóvel. O seu desinteresse por tudo quanto não lhe diga imediatamente respeito está ao nível de um funcionário das finanças. É claro que, tal como o adolescente, são capazes de generosidade. Melhor: são capazes de nos manipular ao ponto de nos fazer sentir gratidão pelo afecto que nos dispensam a troco daquilo que querem de nós. Nada no gato – ou no

não serve para nada. Ainda assim, tem algumas vantagens sobre o adolescente. Come menos, suja menos, ocupa menos espaço e tem uma manutenção muito mais barata. O gato, por outra parte, tem o defeito de ser adolescente enquanto dura, i.e., de nunca ultrapassar o estado em que indiferença e manipulação convivem no mesmo bicho em todos os momentos da sua vida. Alguns adolescentes ultrapassam essa fase e tornam-se criaturas remotamente suportáveis (têm ainda a grande vantagem de, acaso terem cursado outra coisa que não humanidades, acabarem por sair de casa lá pelos vinte e nove, trinta anos). Alguns gatos, já velhinhos, ficam mais permissivos na gestão do espaço próprio e são mais facilmente convocáveis ao carinho. Não se pense, no entanto, que ficam mais generosos ou pacientes com a idade. Na verdade, falta-lhes apenas a pachorra e a força para nos porem no nosso lugar com uma garfada de unhas precisa. Sigam-me para mais receitas.


18 (f)utilidades TEMPO

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A vacina que está a ser desenvolvida pela universidade de Oxford mostra ser segura e provocar uma resposta imunitária em pessoas mais idosas, segundo um estudo divulgado ontem pela revista científica Lancet. De acordo com os resultados preliminares da segunda fase de testes

BAHT

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clínicos ontem publicados, “a vacina britânica contra o SARS-CoV-2 mostra resultados de segurança e imunidade em adultos saudáveis com 56 anos ou mais semelhantes aos demonstrados em pessoas com idades entre os 18 e os 55 anos”.

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PROBLEMA 6

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Cineteatro 4 SALA 1

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FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Sotozaki Haruo 14.30, 16.45, 17.15, 21.30

FALADO EM KOREAN LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Kang Dae Kyu Com: Sung Dong Il, Ha Ji Won, Kim Hie Won, Park Soi 14.30, 16.30, 21.30

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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 5

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C I N E M A

THE MOVIE DEMON SLAYER: KIMETSU NO YAIBA MUGEN TRAIN [C]

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9 5 8 2 4 6 1 9 7 3 2 1 8 9 5 4 6 4 7 5 1 2 3 7 2 1 6 8 3 www. 7 4 6 hojemacau. 5com.mo 8 9 3

SHIROBAKO THE MOVIE [B]

3 1 7 4 8 6 7 1 3 2 432 MALASANA 8 9STREET5[C] 6 7 6 8 9 4 2SHIROBAKO 5 THE 6MOVIE 1[B]3 9 3 2 7 5 1 2 4 8 9 5 4 3 2 1 8 9 5 6 7

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9 LIVRO HOJE UM

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“PRA10 CIMA DE PUTA” I CRISTINA FERREIRA

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FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Tsutomu Mizushima 19.15 SALA 3

Um filme de: Albert Pinto Com: Begona Vargas, Ivan Marcos, Bea Segura 14.30, 19.30, 21.30

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Tsutomu Mizushima 16.30

8 7 1 5 4 2 9 Marco portuguesa, 9 da5literatura 4 1 6 3a 2 par de “Eu, Carolina” da Duque6 2Salgado 3 8e “Tás 9a ver” 7 5 sa Carolina de Big Mário, ex-concorrente 1 9 8 7 3 4do 6 primeiro Big Brother. Apesar de 4uma 2única 9 página 8 6de 7 não5 ter lido clássico instantâneo “Pra Cima 3 6destaco 7 2o facto 1 de5a 8 de Puta”, autoria 7 do1prefácio 5 3ser de2Valter 8 4 Hugo Mãe. Apetece-me gritar 2 3amigos: 6 “Eu 4 bem 5 vos 9 1 a alguns tinha dito!”. Agora a sério, não 4 8 9 6 7 1 3 percam tempo com as questões

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eternas sobre a natureza da existência e os tormentos morais do11 ser humano das obras de Dostoevsky, esqueçam Camus, Sade, Rimbaud, os poetas metafísicos e os existencialistas. Vão ao supermercado e comprem a Cristina. Ela está muito para lá de puta. João Luz

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opinião 19

sexta-feira 20.11.2020

confeitaria

JOÃO ROMÃO

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Turismo na economia (III)

ÃO se pode dizer que seja magnífico, o desempenho económico das zonas mais desenvolvidas do planeta, desde os finais do século XX, tempo de consensos mais ou menos alargados, académicos e políticos, em torno de agendas neo-liberais que foram promovendo sucessivas ondas internacionais de privatização de serviços públicos, desregulamentação do comércio internacional, flexibilização da mobilidade de capitais e outras artimanhas que enfraqueceram o valor do trabalho, reduziram o papel dos Estados sociais, fomentaram desigualdades e promoveram a concentração da riqueza global numa parte cada vez menor da população. A crise internacional de 2008 ou a pandemia que vivemos hoje apenas aceleraram e intensificaram características da economia da aldeia global em que vivemos que se têm vindo a consolidar ao longo das últimas três ou quatro décadas, que esta cronologia é sensível a variações geográficas e ciclos políticos nem sempre completamente sincronizados. À falta de soluções para uma população cada vez mais descrente dos sistemas económicos e dos processos democráticos, não têm faltado novos conceitos, ou pelo menos palavreado, com que se animam discussões e se desenham planos com aparente novidade, criatividade e mestria técnica – e que se vão sucedendo, cada vez mais magníficos, mas mantendo a mediocridade dos desempenhos das economias: não é por se falar em inovação se geram, de facto, novas tecnologias, processos produtivos, ideias, produtos, ou formas de organização social; nem é por se falar em desenvolvimento sustentável que se deixa de delapidar alarvemente os recursos do planeta ou de promover a aceleração da sua destruição. Já a coesão, a equidade ou a integração social - palavras caras ao jargão económico nos tempos em que se promoviam estados-providência – abandonaram o palco das conversas sobre economia política para dar lugar a outras, mais valorizadoras da eficiência do empreendedorismo, que afinal não se nota grande coisa, a não ser para uma muito ínfima minoria dos habitantes deste precário planeta. Nos últimos anos foi o termo “smart” que fez fulgurante aparição na linguagem dos economistas e das políticas económicas: “smart city”, “smart region” ou “smart specialization” são exemplos que esta novel

NEM INOVAÇÃO, NEM INTELIGÊNCIA

literatura técnica, sempre em inglês, nos foi oferecendo. Nas suas versões portuguesas, estas expressões foram adaptadas como “cidade inteligente”, “região inteligente” ou “especialização inteligente”, que é para eles verem o que é meterem-se com uma nação de poetas. Também ao turismo chegou este palavreado, o do “smart tourism”, com a sua correspondência lusa no “turismo inteligente”, que por aqui não se faz a coisa por menos. Tal como nos outros casos, a expressão designa em geral a potencial utilização intensiva de tecnologias digitais de comunicação para gerar, acumular e analisar grandes quantidades de informação (“big data”, no dominante linguajar anglo-saxónico) para se tomarem decisões melhor informadas, mais participadas e tecnicamente mais fundamentadas, quer ser trate da gestão de negócios privados, que se trate da implementação de políticas públicas. Não se pode dizer ser que sejam pequenos os impactos da digitalização das economias sobre os serviços turísticos: na realidade, foi dos sectores que mais se transformou durante as últimas três décadas: muito distantes já parecem esses tempos em que viajar nos parecia chegar a um lugar estranho, com a ajuda indispensável de profissionais especializados que nos atendiam em balcões decorados com fotografias de magníficas imagens

de paraísos diversos. Hoje preparamos tudo sem sair do sofá ou da secretária e viajamos a lugares que nos parecem familiares antes de lá chegar, já sabemos da reputação dos restaurantes, onde ficam os museus, quanto custam os transportes públicos, chegámos até a percorrer virtualmente algumas ruas, enfim, sabemos que não nos vamos perder, e fizemos tudo sem ajuda de profissionais, temos as ferramentas, escolhemos alojamentos e transportes, fazemos reservas e pagamentos. São ferramentas globais: sistemas internacionais para reservas e transações financeiras, iniciados e controladas pelas grandes operadores turísticos ou empresas internacionais de hotelaria e transportes aéreos, a que ocasionalmente se juntam novas plataformas. Na realidade, as inovações de sucesso nesta economia que tanto apela ao empreendedorismo são a excepção em relação à dominação e ao controle dos mercados e da informação por um grupo muito reduzido de empresas. Sendo verdade que há também algum espaço para o desenvolvimento de ferramentas digitais de apoio ao turismo a nível local – na realidade, continua a precisar-se de informação após chegar aos destinos, desde logo sobre alimentação, mobilidade e serviços de transporte, mas também sobre eventos vários, locais de interesse, contex-

Está por demonstrar como o turismo pode ter um papel relevante como catalisador de novas formas de desenvolvimento tecnológico suportadas por recursos endógenos e promovida por um suposto empreendedorismo da juventude local. Por enquanto, tem sido sobretudo depredação violenta e sistemática dos territórios

tualização e novos conteúdos informativos em suporte diverso que possam ajudar à interpretação e ao conhecimento dos lugares que se visitam ou se vão encontrando. Ainda assim, mesmo olhando para o singular caso de turismo bem sucedido que parece ser o português, há poucos sinais de que esse dinamismo turístico tenha contribuído significativamente para o desenvolvimento das tecnologias digitais. Apesar da retórica sistemática – e eventualmente das potencialidades concretas – o turismo que se faz em cada território (e respectivo sistema económico) pouco tem revelado dessa capacidade de inovação e de potencial “inteligência” associada à produção e utilização massiva de informação, com a inerente interação regular, sistemática e permanente que os dispositivos digitais móveis permitem. Os benefícios económicos do turismo continuam largamente concentrados nas empresas de hotelaria e transporte e, da mesma forma, também as plataformas digitais de apoio ao turismo são largamente dominadas por grandes empresas internacionais. Está por demonstrar como o turismo pode ter um papel relevante como catalisador de novas formas de desenvolvimento tecnológico suportadas por recursos endógenos e promovida por um suposto empreendedorismo da juventude local. Por enquanto, tem sido sobretudo depredação violenta e sistemática dos territórios (e respectiva mão-de-obra), assunto que rematarei na próxima crónica, com que irá terminar este conjunto de quatro textos dedicados à economia do turismo. Em todo o caso, é a estes temas que vou continuar a dedicar o meu trabalho de ensino e investigação e não é impossível que cá volte num futuro breve.


Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida. Seneca

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Lotes de risco Wuhan volta a detectar vírus em congelados do Brasil

U

MA análise realizada a carne bovina congelada importada do Brasil deu positivo para o novo coronavírus em Wuhan, cidade do centro da China, divulgou na quarta-feira à noite a Comissão de Saúde local. Num comunicado, a comissão afirmou que a análise a um lote de carne bovina importada do Brasil teve resultado positivo para a covid-19. A carne, com um peso total de cerca de 27 toneladas, foi processada no Brasil entre 10 e 27 de Junho. O lote chegou ao porto de Tianjin, um dos mais movimentados da China, em 17 de Setembro, tendo seguido para Wuhan seis dias depois. Após a detecção da covid-19, as autoridades isolaram o lote, desinfectaram o armazém, recolheram 115 amostras de outros produtos situados no mesmo local e 400 amostras no exterior do armazém e testaram 145 funcionários, sendo que todos deram negativo. Também na quarta-feira, uma análise realiza-

Visitantes Despesas com quebra de 93,3 por cento

No terceiro trimestre do ano, as despesas dos visitantes, excluindo o jogo, foram de 1,01 mil milhões de patacas, o que representa uma quebra de 93,3 por cento. Os números são justificados com as restrições de viagem relacionadas com a resposta à pandemia. No que diz respeito aos turistas, em visto de viagem individual, os gastos foram de 726 milhões de patacas, uma redução de 94 por cento, face ao período homólogo. Já as despesas com os excursionistas foram de 286 milhões de patacas, uma redução de 90,5 por cento face ao período homólogo. As despesas dos visitantes foram principalmente com compras, 66,9 por cento, alimentação, 15,8 por cento e alojamento, de 13,9 por cento. A despesa per capita dos visitantes em compras foi de 903 patacas, mais 30,2 por cento, em termos anuais, destacando-se que as efectuadas em produtos cosméticos/perfumes, de 409 patacas, e em alimentos/doces, de 302 patacas, aumentaram 86,7 por cento e 38,4 por cento, respectivamente.

da em Taiyuan, cidade do noroeste da China, a uma embalagem com carne congelada importada do Brasil tinha dado resultado positivo para o novo coronavírus. Citada pelo jornal Global Times, fonte da Comissão de Saúde da capital da província de Shanxi afirmou que três lotes de carne bovina importada do Brasil testaram positivo para a covid-19. Na semana passada, já tinha sido detectado o novo coronavírus numa outra embalagem com carne congelada importada do Brasil, também em Wuhan, cidade do centro da China onde foram detectados os primeiros casos.As amostras faziam parte de um total de 27 toneladas de carne importada do Brasil que saíram do porto de Santos, no estado de São Paulo. O Brasil é o país lusófono mais afectado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,9 milhões de casos e 167.455 óbitos), depois dos Estados Unidos.

Crises Ambientais Personalidades locais deixam sugestões

Lao Ngai Leong, presidente da Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau, defendeu que a pandemia da covid-19 tem afectado todos os países e regiões, pelo que deve ser estabelecido um mecanismo colectivo de prevenção e controlo da doença. Segundo o jornal Ou Mun, esta posição foi revelada no âmbito do Fórum Internacional de Gestão de Crises Ambientais, que arrancou ontem no Venetian. Por sua vez, Kevin Ho, empresário e presidente da Associação Industrial e Comercial de Macau, falou da importância de ter consciência dos riscos e da capacidade de reinventar o negócio em alturas de crise. Já Ma Chi Ngai, membro do Conselho Executivo, disse que a tecnologia de mega dados é importante para a prevenção de catástrofes ambientais, cujo trabalho deve ser desenvolvido em parceria com laboratórios da China.

PALAVRA DO DIA

sexta-feira 20.11.2020


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