Hoje Macau 20 FEV 2016 #3756

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 20 DE FEVEREIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3756

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MANIFESTAÇÃO | TAXAS CASO HO CHIO MENG

Protesto Sessão a passo pouco de caracol conexa PÁGINA 7

PÁGINA 6

GRAFFITI RISCOS RAROS EVENTOS

INSTITUTO CULTURAL

Caminhos do novo presidente PÁGINA 4

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PROFISSIONAIS DE CONSTRUÇÃO LÍNGUA COMPLICA RENOVAÇÃO DE LICENÇAS

Perdidos na obrigação GRANDE PLANO


2 GRANDE PLANO

Não há cursos de formação suficientes em português ou inglês para arquitectos, engenheiros ou urbanistas, apesar de ser obrigatória a sua frequência para a renovação das licenças profissionais. Arquitectos falam de uma situação “lamentável”, que pode afastar muitos do mercado de trabalho “É um problema com que todos os profissionais de língua não chinesa se debatem, porque não há acções de formação suficientes para completar os créditos exigidos.” RUI LEÃO ARQUITECTO

CONSTRUÇÃO MAIORIA DOS CURSOS DE FORMAÇÃO SÃO EM CHINÊS

NO BECO DAS O O

novo regime de acreditação de arquitectos, engenheiros e urbanistas, implementado em 2015, passou a obrigar estes profissionais a frequentarem cursos de formação por forma a conseguirem renovar as suas licenças. Cabe à própria Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), ou a associações do sector, como aAssociação dos Arquitectos de Macau (AAM), a realização de acções de formação, mas estas têm sido escassas e insuficientes para atingir o número de créditos exigido. Asituação é preocupante ao nível das acções de formação em português ou inglês.As novas regras constantes no “regime de qualificações nos domínios da construção urbana e do urbanismo” está a deixar os não falantes de chinês de mãos atadas, por não conseguirem cumprir algo que é obrigatório e que os pode afastar da assinatura de projectos. Maria José de Freitas, arquitecta, considera a situação “lamentável”. “Infelizmente é o que está a acontecer. Para quem já está inscrito na DSSOPT só em 2018 é que vai ter a necessidade de apresentar essa formação contínua. Pode ser que até lá existam outros cursos que providenciem o número de pontos necessários”, disse ao HM. A arquitecta considera que a própria AAM “tem de estar ciente de que as pessoas, para terem a carteira profissional e exercerem, têm de renovar a licença na DSSOPT, e para isso têm de ter um certo número de pontos. Tem de haver uma entidade que proporcione estes cursos.” A situação tanto afecta os profissionais com anos de carreira em Macau como os que acabaram de chegar ao território, já que todos têm de renovar a sua licença profissional de dois em dois anos. É necessário chegar às 50 horas de formação, metade na área de trabalho, outra metade em áreas relacionadas com a profissão.

DSSOPT EM CHINÊS

Rui Leão, arquitecto e presidente da Docomomo Macau, defende

que “estão a criar-se condições bastante desagradáveis para uma coisa que sabemos ser uma situação de Macau, ou seja, a existência de profissionais que usam línguas diferentes e o facto de termos duas línguas oficiais. Está a criar-se um desequilíbrio numa coisa que é obrigatória”.

“Se não há cursos suficientes em língua inglesa ou portuguesa, então que alternativas há?” MARIA JOSÉ DE FREITAS ARQUITECTA Para o responsável, o ónus da culpa não recai apenas na AAM. “É um problema com que todos os profissionais de língua não chinesa se debatem, porque não há acções de formação suficientes para completar os créditos exigidos. É muito complicado para as associações conseguirem assegurar tradução simultânea.” Do lado da DSSOPT, a maioria das acções tem sido realizada em cantonês. “Não tenho sequer

“Vários membros [da AAM] têm manifestado o facto de não terem muitas horas de formação, e por isso estamos a tentar fazer mais do que aquelas com as quais nos comprometemos.” NUNO SOARES ARQUITECTO E MEMBRO DA DIRECÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS ARQUITECTOS DE MACAU

conhecimento de que haja cursos em português”, explicou Rui Leão. “Penso que são em chinês e é uma coisa que estranho, porque se os cursos são obrigatórios, deveriam ser assegurados para todos os profissionais. Acho que há vários ateliers de arquitectura e engenheiros que têm de fazer a formação em português ou inglês e que têm uma dificuldade especial em conseguir cumprir [os requisitos]”, adiantou o arquitecto. A Docomomo Macau, enquanto entidade internacional que debate a arquitectura e a preservação de edifícios, com presença em vários países e regiões, fez o ano passado formações viradas para a renovação da licença profissional. Rui Leão assegura que é quase impossível ter acesso a tradução. “Tentei de várias maneiras ter apoio e não consegui. Não há essa preparação.”

AAM QUER FAZER MAIS

Até ao fecho desta reportagem não foi possível chegar à fala com o presidente da AAM, mas Nuno Soares, arquitecto e membro da direcção da associação, assegura que a AAM tem de realizar, por ano, oito acções de formação, e que o objectivo é fazer mais do que isso. “Nem todos os cursos são em português ou inglês, e a regra é que a maior parte deles sejam em inglês, para permitir que todos os membros possam assistir. Há algumas formações em chinês, mas serão a excepção. Sempre que pudermos, faremos em português”, frisou Nuno Soares. As queixas já chegaram à associação mais representativa do sector. “Todos nós queremos fazer mais formações, a AAM já tinha essa preocupação. Vários membros

“Alguns colegas, sejam arquitectos ou engenheiros, sentem que o tempo está a esgotar-se e que os cursos não são suficientes para preencher todos os requisitos. Não houve uma grande consideração pela realidade e pode haver muita gente desqualificada.” DOMINIC CHOI PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO ARQUITECTOS SEM FRONTEIRAS têm manifestado o facto de não terem muitas horas de formação, e por isso estamos a tentar fazer mais do que aquelas com as quais nos comprometemos. Estamos a tentar aproximarmo-nos de um curso por mês. O programa está activo e estamos a tentar intensificá-lo”, apontou. Segundo a página oficial da AAM, o ano passado foram realizadas sete acções de formação. Muitas delas foram realizadas em inglês ou com recurso a legendas.

“TEM SIDO DIFÍCIL”

Dominic Choi preside à associação Arquitectos sem Fronteiras, é falante nativo de chinês e reconhece


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BRIGACOES ˜

“Pessoas que fazem outros cursos, em universidades por exemplo, não sei como vêem o reconhecimento das suas formações. É algo que ainda não está devidamente explicado. Se não há cursos suficientes em língua inglesa ou portuguesa, então que alternativas há? Tudo isso tem de ser ponderado.” A arquitecta que não acredita que esta situação vise prejudicar os não falantes de chinês. “Não me parece que haja qualquer intuito de prejudicar os arquitectos de língua portuguesa. Será antes uma questão que ainda não foi devidamente ponderada sobre as suas implicações.”

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Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

APROVAÇÕES DEMORADAS

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a falta de formações para todos. “Sei que há falta de cursos em inglês ou português. É algo novo em Macau e obter 50 horas em dois anos tem sido difícil para muitos profissionais. As pessoas estão a tentar obter créditos. Há quem só consiga obter 20 horas, mesmo falantes de chinês.” Para o dirigente da Arquitectos sem Fronteiras, “há um elevado risco” de muitos profissionais não verem a sua licença profissional renovada. “É um problema crucial. Neste momento alguns colegas, sejam arquitectos ou engenheiros, sentem que o tempo está a

esgotar-se e que os cursos não são suficientes para preencher todos os requisitos. Não houve uma grande consideração pela realidade e pode haver muita gente desqualificada.” Dominic Choi fala ainda das consequências do lado de quem investe. “Se estou a construir um edifício agora, com contrato assinado [e depois não tenho a licença renovada], do ponto de vista dos investidores será difícil encontrar um arquitecto.” Para além disso, “não houve planeamento, porque quando estabeleceram esta regra deveriam ter pensado nas condições do

mercado para realizar as acções de formação”, remata Dominic Choi.

QUE SOLUÇÕES?

Rui Leão considera fundamental a criação de um website com todas as informações dos cursos a realizar. “A informação está dispersa. Seria uma plataforma à qual todos tivessem acesso. As associações esforçam-se por realizar este tipo de iniciativas mas metade dos associados acaba por não saber o que acontece.” Para Maria José de Freitas, é ainda necessário clarificar de que forma é que outras acções de formação contam para a obtenção de créditos.

ão só o número de cursos não é suficiente, como o Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo leva tempo a aprovar as acções de formação a pedido das associações. A entidade “demora algum tempo a aprovar as acções de formação, e tem sido prática a realização de acções cujos créditos ainda não estão aprovados. Só quando se recebe a aprovação dos créditos é que os certificados são emitidos aos participantes”, disse Rui Leão. Dominic Choi alerta ainda para o facto de os “critérios quanto à aceitação dos cursos não serem claros”. “Tínhamos sempre de submeter os pedidos e não havia uma explicação clara se iriam ou não aprovar essas acções. Iríamos demorar muito tempo a preparar um ou outro curso e depois poderia não ser aprovado, e conheço casos de cursos que não obtiveram aprovação antes.” É por esse motivo que a Arquitectos sem Fronteiras só foca as suas atenções em projectos humanitários, neste momento.


4 POLÍTICA

hoje macau segunda-feira 20.2.2017

AU KAM SAN QUESTIONA USO DE AUTOCARROS POR TRABALHADORES DO JOGO

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deputado Au Kam San interpelou o Governo sobre a utilização de autocarros, por parte das operadoras, que são utilizados como transporte de funcionários dos casinos para o seu local de trabalho. A interpelação escrita do deputado parte de queixas apresentadas pelos cidadãos. A situação não é proibida por lei, mas os residentes afirmam não

estar contentes com essa situação, pois consideram que o sistema de transportes públicos não tem correspondido às necessidades. Sobretudo nas horas de mais trânsito os autocarros circulam sempre em número insuficiente, escreveu Au Kam San. Segundo o deputado, os cidadãos demoram muito tempo à espera de um autocarro, os quais

estão sempre cheios. Para Au Kam San, “é óbvio” que as operadoras deveriam colocar mais autocarros a circular nas ruas. Nas palavras do deputado, muitos questionam porque é que as operadoras optam por transferir alguns autocarros da sua frota para o transporte de trabalhadores dos casinos, ao invés de colocarem mais veículos a circular.

O deputado quer, portanto, saber porque é que as operadoras de autocarros disponibilizam um serviço ao sector do jogo para ganharem benefícios extra, mas não conseguem fornecer mais transportes públicos aos residentes. Na visão de Au Kam San, as companhias de autocarros fornecem um serviço público, recebem recursos financeiros do Governo e devem funcionar exclusivamente

para fornecer transportes públicos para cidadãos e turistas. Au Kam San pretende saber se os custos destes autocarros são suportados pelo Governo ou se são separados dos apoios concedidos para o serviço de transporte público. O deputado pergunta ainda se há outras empresas disponíveis no mercado, sem subsídios públicos, que possam prestar este tipo de serviço aos trabalhadores. HM

Instituto Cultural BIBLIOTECA E ESTORIL SÃO PARA AVANÇAR

As prioridades do presidente

E

NQUANTO não houver um novo espaço na cidade para o ensino de dança, vai ser difícil elevar o nível do conservatório local. A dificuldade foi apontada por Leung Hio Ming, o novo presidente do Instituto Cultural (IC), em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia de tomada de posse. “Esperamos que o Estoril possa entrar em funcionamento”, explicou, quando questionado sobre a solução para colmatar as falhas no ensino de dança. “A escola precisa de novas instalações. Se forem lá, poderão ver que as instalações não estão de acordo com os padrões profissionais.” Já quanto ao ensino de música, as preocupações são outras. Leung Hio Ming conhece bem esta área – é músico de formação e foi director do conservatório local. “Todos os alunos [que fazem os exames e se candidatam] estão a conseguir entrar em universidades no estrangeiro. Acho que o sistema de educação está a funcionar bem. Se assim não fosse, a taxa de entrada na universidade não seria de 100 por cento”, destacou. Neste momento, o conservatório de música tem mais de 800 estudantes, acrescentou. A aposta passará, no futuro, por uma presença mais forte do ensino

GCS

Desde a passada sexta-feira que o Instituto Cultural tem um novo líder. Leung Hio Ming fazia já parte da equipa de Guilherme Ung Vai Meng e há mais de 20 anos que trabalha na casa. Defende que há áreas que só se podem ser melhoradas com novas infra-estruturas

de instrumentos chineses, “porque a percentagem é muito menor do que a dos instrumentos ocidentais”. Quando o antigo Hotel Estoril for convertido num centro de artes, também estes estudantes passarão a dispor de novas estruturas. Sobre o controverso projecto, o presidente do IC explicou que “o plano já está

definido”, sendo que, “em breve”, a concepção da obra começará a ganhar forma. Leung Hio Ming não tem, no entanto, um calendário, porque “o projecto está nas mãos dos Serviços de Educação e Juventude”. “O centro terá um auditório de tamanho médio. Haverá muito espaço para artes performativas, que será

partilhado pelas associações e residentes de Macau”, salientou. “Isto significa que, durante o período das aulas, as instalações vão ser usadas pelos alunos mas, depois, as outras associações vão poder utilizar o novo centro.

TRIBUNAL NUM MUSEU

O sucessor de Guilherme Ung Vai Meng falou tam-

bém da Biblioteca Central, projecto que, na semana passada, voltou a estar na ordem do dia por causa de um debate na Assembleia Legislativa (AL). Leung Hio Ming afasta que exista “uma grande polémica” em torno da reconversão dos edifícios onde, em tempos, funcionaram o Tribunal Judicial de Base e a Polícia Judiciária. O responsável recordou que foi organizada uma exposição sobre o projecto, sendo que a oportunidade serviu para o IC perceber que a maioria da população concorda com a ideia. Quanto aos custos, reconhece que se trata da “maior preocupação” da opinião pública. “O orçamento foi calculado com a taxa de inflação anual”, indicou. Na semana passada, Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, admitiu que os 900 milhões de patacas anunciados inicialmente poderão não bastar para concluir a obra. Em relação à localização – questão central do debate na AL –, o presidente do IC vincou que a decisão teve na base as recomendações internacionais do sector sobre este tipo de infra-estruturas. Leung não acredita que o turismo possa ter impacto no edifício e no modo como será utilizado, uma vez que, nos últimos anos, têm ali sido organizadas exposições e “não se verificou um grande número de visitantes”.

Questionado sobre a manutenção de peças que pertenceram ao antigo tribunal, Leung Hio Ming explicou que as antigas salas de audiência terão de ser reconvertidas, para poderem adaptar-se às novas finalidades. No entanto, existe “uma ideia preliminar para um museu judiciário, um espaço que sirva para exibir objectos do tribunal”. O novo presidente do Instituto Cultural admite que a “parte mais pesada” do trabalho do organismo tem que ver com a conservação do património. “Vamos continuar a trabalhar nesta área mas, ao mesmo tempo, vamos disponibilizar bons serviços culturais a todos os cidadãos de Macau”, prometeu. Além do património, há mais duas vertentes que entende serem de grande importância: as indústrias criativas e os serviços culturais.

O novo presidente do Instituto Cultural admite que a “parte mais pesada” do trabalho do organismo tem que ver com a conservação do património Além de Leung Hio Ming, tomou posse na passada sexta-feira o novo vice-presidente do IC: Ieong Chi Kin ocupa o lugar deixado vago pelo agora sucessor de Guilherme Ung Vai Meng. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com


5 POLÍTICA

hoje macau segunda-feira 20.2.2017

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E nada lhe adiantou explicar que a demolição dos estaleiros de Lai Chi Vun é uma decisão que se prende com questões de segurança e que está nas mãos das Obras Públicas. À margem da tomada de posse do novo presidente do Instituto Cultural (IC), Alexis Tam foi bombardeado com perguntas sobre a povoação de Coloane. As questões foram sempre as mesmas – e as respostas também. Mas ao secretário para os Assuntos Sociais e Cultura chegou ainda um apelo feito por uma jornalista veterana de um jornal chinês de Macau, que lhe pediu para transmitir ao Chefe do Executivo as preocupações da população acerca da descaracterização de Lai Chi Vun, caso a maioria dos estaleiros vá mesmo abaixo. Apesar de ter salientado que “cada serviço público tem as suas próprias competências e atribuições”, Alexis Tam assegurou que está atento ao que se passa com os estaleiros. O secretário recordou que a demolição de parte destas

Estaleiros ALEXIS TAM PROMETE PARECER SOBRE PLANEAMENTO DA POVOAÇÃO

Cultura para Lai Chi Vun estruturas tem que ver com “questões de segurança”, acrescentando que “vai ser lançado um concurso público para a realização de um estudo e planeamento da zona”.

DESEJO TRANSMITIDO

Ora, as questões no âmbito do planeamento são da competência do secretário para os Transportes e Obras Públicas, mas o responsável pelos Assuntos Sociais e Cultura prometeu que pretende colaborar “através da apresentação de um parecer no âmbito da salvaguarda da cultura”. Neste contexto, já demonstrou junto do secretário para os Transportes e Obras Públicas o desejo sobre a in-

tervenção do Instituto Cultural e da Direcção dos Serviços de Turismo no futuro planeamento da zona. Alexis Tam disse também que “valoriza muito tanto a preservação, como o futuro do local”. Espera, por isso, que “seja revitalizada a zona de Lai Chi Vun no pressuposto de uma preservação adequada da paisagem e do tecido urbano, a fim de melhorar não só a qualidade de

vida dos residentes daquela zona, como também torná-la num novo ponto de interesse turístico”. O secretário afirmou ainda que esteve duas vezes na povoação de Coloane, acompanhado por funcionários do IC e do Turismo. Falou com representantes dos residentes e titulares das licenças para exploração dos estaleiros, para se inteirar do ponto de situação e

Apesar de ter salientado que “cada serviço público tem as suas próprias competências”, Alexis Tam assegurou que está atento ao que se passa com os estaleiros

dos pedidos da população, tendo encaminhado estas solicitações aos serviços competentes. Tam lembrou ainda que o Instituto Cultural vai ser o responsável pela preservação de um conjunto em Lai Chi Vun, composto por um antigo estaleiro e duas habitações. Nas últimas declarações que fez enquanto presidente do IC, Guilherme Ung Vai Meng explicou que falta apenas a entrega das chaves para que se possam começar a fazer os trabalhos de reforço das estruturas, que se encontram muito degradadas.

GOOGLE STREET VIEW

Não lavou as mãos do assunto, mas espera que a opinião pública entenda que “cada secretário tem atribuições diferentes”. Alexis Tam já disse a Raimundo do Rosário que a sua tutela gostaria de intervir no futuro planeamento da zona

EM DEFESA DA HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO NAVAL

CALÇADA DO GAIO UNESCO NÃO DISSE NADA

S

A

ONG Pek Kei deslocou-se Lai Chi Vun para ouvir a população e, na sequência, fez uma interpelação oral ao Executivo. A deputada considera que os estaleiros navais, em Coloane, são património a manter, “um fóssil vivo, testemunho histórico da indústria de construção naval”, que interessa preservar, “mantendo o ambiente cultural do bairro antigo”. Em conversa com os habitantes, Song Pek Kei ficou com a ideia de que a população sente que há desarticulação entre as instituições que deviam

tratar do assunto. “O facto de o trabalho de planeamento e aproveitamento da zona ter estagnado, segundo alguns residentes, deveu-se à necessidade de intervenção de vários serviços públicos, tais como as Obras Públicas, Assuntos Marítimos, o Instituto Cultural, Turismo, etc”, relatou a deputada. Acrescentou ainda

que os habitantes têm a ideia de que entre os serviços há “divergências de opinião e falta de comunicação eficiente e aprofundada”. Como tal, Song Pek Kei interpelou o Executivo para saber se foi feito algum estudo de avaliação global de reordenamento e restauro, usando “suportes de aço inoxidável, ou substituição dos pilares principais” do mesmo material. A deputada inquiriu também o Governo sobre que estudos foram feitos pelos vários serviços encarregues de decidir o futuro dos estaleiros de Lai Chi Vun.

TÉ à data, a agência das Nações Unidas responsável pela classificação de Macau enquanto património mundial não pediu qualquer esclarecimento à China acerca de eventuais problemas com a protecção do Farol da Guia. A ideia foi deixada por Leung Hio Ming, o novo presidente do Instituto Cultural, em declarações à margem da cerimónia de tomada de posse. Em meados de Dezembro último, a Associação Novo Macau (ANM) anunciou que a UNESCO

iria pedir explicações sobre a altura de um edifício na Calçada do Gaio, uma vez que a torre coloca em causa a vista do Farol da Guia. Os dirigentes da ANM tinham então estado em Paris, para uma reunião com a directora do Centro de Património Mundial da UNESCO em que manifestaram preocupação com o desembargo do edifício em causa, que terá 81 metros. Na sequência da polémica, o Governo de Macau pediu um parecer às autoridades chinesas, uma vez

que a candidatura à UNESCO se processou através do Governo Central. Leung Hio Ming explicou que a resposta de Pequim já chegou: a China concorda com “a forma de tratamento adoptada por Macau”, pelo que deverá mantida a altura do edifício. “Mas ainda precisamos de ter a certeza se a UNESCO vai enviar uma carta formal ao Gabinete de Conservação Nacional”, ressalvou. “Até agora, não recebemos quaisquer pedidos de esclarecimento”, rematou o presidente do IC.


6 hoje macau segunda-feira 20.2.2017

Cinco dos nove arguidos do processo conexo ao do antigo procurador da RAEM faltaram à primeira audiência no Tribunal Judicial de Base. Entre os ausentes, contaramse três familiares de Ho Chio Meng. No total, há quatro pessoas que vão ser julgadas à revelia

FAMILIARES DE HO CHIO MENG FALTAM À PRIMEIRA AUDIÊNCIA DO JULGAMENTO CONEXO

Quatro julgados à revelia

irmão e do cunhado de Ho Chio Meng às empresas. O arguido, de 56 anos, disse que o irmão do ex-procurador não tinha nenhuma relação formal com as companhias, mas que chegou a servir de intermediário de um fornecedor da China; enquanto o cunhado trabalhou a tempo parcial, aparecendo às vezes para “ajudar” nas empresas, que teriam, no total, três funcionários.

TIAGO ALCÂNTARA

SOCIEDADE

FALHAS DE MEMÓRIA

U

M A das ausências foi a da mulher do antigo procurador – que responde pela prática, em co-autoria, dos crimes de falsas declarações e riqueza injustificada. Chao Sio Fu que faltou por estar a acompanhar um dos filhos menores do casal que foi hospitalizado, explicou a advogada, dando consentimento para o arranque do julgamento após garantir que Chao Sio Fu pretende comparecer em próximas sessões. Já Ho Chiu Shun, irmão mais velho de Ho Chio Meng, e Lei Kuan Pun, cunhado – acusados da prática, em co-autoria e na forma consumada, de participação em organização criminosa, de burla qualificada e de branqueamento de capitais –, encontram-se em parte incerta e vão ser julgados à revelia, tal como os arguidos Lam Hou Un e Wang Xiandi. Os restantes quatro arguidos – os empresários Wong Kuok Wai e Mak Im Tai (os únicos em prisão preventiva) e os antigos funcionários do Ministério Público António Lai Kin Ian e Chan Ka Fai – marcaram presença na primeira audiência do processo conexo ao do ex-procurador, que

está a ser julgado, desde o dia 9 de Dezembro, no Tribunal de Última Instância. Está acusado de mais de 1500 crimes, incluindo burla, abuso de poder, branqueamento de capitais e associação criminosa.

AS SUPER-EMPRESAS

Wong Kuok Wai, que responde pela prática, em co-autoria e na forma

DSPA ACUSADA DE VIOLAR REGULAMENTO DE CONSULTA PÚBLICA

A Associação Sinergia de Macau acusa a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) de ter violado os regulamentos da consulta pública, referente ao processo de consulta sobre o “regime de gestão de resíduos de materiais de construção de Macau”. Na opinião de Lam U Tou, presidente da associação, a DSPA não publicou o relatório da consulta pública 180 dias após a sua realização, conforme manda a lei, já que esta terminou em Dezembro de 2015. Apesar do relatório prever a introdução de taxas sobre os resíduos da construção civil, Lam U Tou defende que o regime deve entrar em vigor o mais depressa possível. Em declarações ao Jornal do Cidadão, o dirigente lembra que, a mesma regulação em Hong Kong, “reduziu para metade os resíduos de construção” na região vizinha. Para Lam U Tou, o facto do aterro destes resíduos estar cheio acrescenta urgência à medida. O presidente da Associação Sinergia de Macau defende ainda uma maior agilidade da DSPA em termos de fiscalização e punição das infracções.

Wong Kuok Wai, com um depoimento com falhas de memória, não conseguiu explicar como obteve todas as adjudicações

consumada, de participação em organização criminosa, de burla qualificada e de branqueamento de capitais, foi ouvido durante todo o dia sobre as dez empresas que criou, geriu ou administrou, que conquistaram milhares de adjudicações de obras, serviços e bens do Ministério Público (MP) durante anos. As empresas em questão constituiriam a alegada associação criminosa supostamente chefiada pelo antigo procurador que, de acordo com a acusação, tinha por objectivo ganhar, exclusivamente, e por meio fraudulento, todas as adjudicações do MP. Wong Kuok Wai negou a participação em associação criminosa, rejeitou ser conhecido como “capitão”, o seu nome de código segundo a acusação, e afirmou que o antigo procurador, que conhecia sensivelmente desde 1999, nunca o contactou. No entanto, confirmou ligações do

O presidente do colectivo de juízes, Lam Peng Fai, foi particularmente incisivo nas perguntas sobre como as empresas conquistaram milhares de contratos e de natureza muito distinta – desde fornecimento de vidros à prova de bala a serviços de desinfestação –, relativamente ao facto de usarem números de telefone e fax do MP (que funciona no mesmo edifício onde estava a sede das empresas) ou de algumas prestarem serviços exclusivamente ao MP. “Está a dizer que foi meramente por sua sorte que lhe calhava sempre o que quer que fosse? E de fora [do MP] nunca conseguiu arranjar nada?”, questionou o juiz, considerando o feito “extraordinário”. “Está à espera que eu acredite que foi só pela sua capacidade de [fazer] negócios?”. Wong Kuok Wai, com um depoimento com falhas de memória, não conseguiu explicar como obteve todas as adjudicações, nem por que razão, nos casos em que o MP fez consultas a três empresas, lhe telefonaram a pedir um orçamento da sua e de outras duas, que escolheu, na maioria das vezes, entre as que controlava. Também não foi capaz de identificar quem o contactava do MP a pedir as propostas com as cotações. “Não era sempre a mesma pessoa”, afirmou. “Nenhum serviço público vai pedir a uma empresa para encontrar duas concorrentes. Só um funcionário maluco ou anormal. Não achou isso estranho?”, perguntou o juiz, questionando por que motivo estaria o MP inclinado a seu favor, mas o empresário não soube responder. Wong Kuok Wai atestou ainda que, nos casos em que as empresas não tinham capacidade ou competência para executar as adjudicações que obtinham, contratava outras empresas, garantindo uma margem de lucro na ordem dos dez por cento. O julgamento continua hoje.


7 hoje macau segunda-feira 20.2.2017

M

AIS de uma centena de carros e motos saíram à rua no sábado para uma marcha lenta contra o aumento de taxas administrativas relacionadas com os serviços de tráfego, exigindo a retirada do despacho que fez os valores subirem. A iniciativa, em protesto contra a actualização, a 1 de Janeiro, de uma série de taxas administrativas, como a de remoção de veículos que, a título de exemplo, passou de 300 para 1.000 patacas, e contra os aumentos acentuados também para licenças, inspecção de veículos ou exames de condução, durou aproximadamente uma hora e meia. A marcha lenta foi convocada por um grupo de cidadãos liderado pelos deputados Pereira Coutinho e Leong Veng Chai, mas o primeiro faltou à iniciativa. No final da marcha lenta, junto à sede do Governo, Leong Veng Chai explicou que Pereira Coutinho, que até pediu a demissão do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, por causa do aumento das taxas, não compareceu devido “a questões privadas relacionadas com a sua família”. Aos jornalistas, o “número dois” de Pereira Coutinho indicou que a adesão à marcha lenta “quase” correspondeu às expectativas iniciais, falando na participação de entre 250 a 300 veículos. Uma estimativa superior à dos jornalistas (cujas contas apontam para menos de 150) e aos números da polícia, já que, segundo a PSP, participaram na marcha lenta 111 veículos (57 automóveis e 54 motos), envolvendo cerca de 150 pessoas. Os veículos que participaram na marcha lenta tinham fitas verdes amarradas nos retrovisores e bandeirolas com os caracteres chineses para a palavra “retirar”, numa alusão ao objectivo do protesto. Aproximadamente meia centena de agentes foram destacados para acompa-

SOCIEDADE

Taxas MAIS DE 100 VEÍCULOS JUNTARAM-SE AO PROTESTO DESTE FIM-DE-SEMANA

Uma marcha, duas marchas A polícia separou os manifestantes, mas o protesto sobre rodas decorreu sem problemas. Os números da polícia e da organização são, como de costume, muito diferentes. A organização fica agora à espera da resposta do Governo

nhar a manifestação, ainda de acordo com a PSP, que destacou que o itinerário proposto foi cumprido e que as viaturas desfilaram de forma ordeira e pacífica. A marcha lenta partiu de perto da Praça da Assembleia Legislativa, com destino à Taipa, pela ponte de Sai Van, regressando à península, onde foi até ao Centro de Ciência e deu a volta, culminando no Lago Sai Van, onde representantes do grupo que convocou o protesto entregaram petições na sede do Governo. Os promotores da iniciativa queixaram-se, porém, do facto de a polícia ter separado a marcha lenta em pequenos grupos. Segundo constatou a Lusa no local,

os carros foram divididos em dois grupos e as motas saíram integrados num, partindo com uma ligeira diferença temporal.

SÓ AS TAXAS

Luís Machado, um polícia aposentado, foi um dos que participou no protesto. “Acho que o Governo deve pensar um pouco na parte do cidadão de Macau ou dos

condutores”, disse à agência de notícias, considerando os aumentos das taxas “muito exagerados”. “A gente está à espera que mude alguma coisa”, afirmou, quando questionado sobre se acha realista a possibilidade de o Governo recuar nos aumentos das taxas administrativas, um cenário que a Administração descartou poucos dias

Leong Veng Chai esclareceu que a manifestação apenas teve apenas como objectivo pedir ao Chefe do Executivo que retire o despacho que eleva as taxas e não pedir a demissão do secretário

após os primeiros sinais de contestação, ao sustentar que a maioria dos valores não sofria alterações desde o final da década de 1990. Leong Veng Chai adiantou que o grupo de promotores do protesto pretende agora “aguardar pelo ‘feedback’ do Governo”. Caso não chegue, o grupo planeia solicitar uma nova reunião com o secretário para os Transportes e Obras Públicas, depois do encontro “desanimador” que afirmou ter mantido a 25 de Janeiro com Raimundo do Rosário. O deputado esclareceu ainda que a manifestação deste fim-de-semana apenas teve apenas como objectivo pedir ao Chefe do Executivo

que retire o despacho que eleva as taxas administrativas e não pedir a demissão do secretário, como anteriormente. No passado dia 8, o grupo de cidadãos liderados pelos deputados Pereira Coutinho e Leong Veng Chai convocou uma marcha lenta para dia 11, mas acabaria por cancelar horas depois devido a divergências relativamente ao itinerário proposto pela polícia. Antes, no primeiro fim-de-semana a seguir à entrada em vigor das taxas administrativas, a 8 de Janeiro, uma manifestação juntou milhares de pessoas nas ruas (1600 segundo a polícia e cinco mil de acordo com a organização).


8 Graffiti ARTE DE RUA DÁ PASSOS TÍMIDOS EM MACAU

EVENTOS

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OR todo o mundo se pintam murais, paredes vazias, vagões de comboios, bancos de autocarros, tags assinados em todo o lado. Há cidades onde não há um centímetro quadrado de parede que escape ao graffiti. A arte de rua, que anteriormente era considerada vandalismo, saiu da obscuridade e chegou às galerias através de nomes que ganharam notoriedade mundial como Banksy ou Obey. Hoje em dia o graffiti foi acolhido em algumas das cidades mais cosmopolitas e acolhedoras de espírito artístico. Porém, Macau mantém-se limpa, muros brancos, paragens de autocarro imaculadas, sem vestígio deste tipo de expressão que procura emprestar arte aos locais públicos. Neste domínio, Pat Lam é um dos poucos que agita latas de spray e arrisca emprestar alguma cor à cidade. O jovem de 22 anos assina como Pibg, sigla para “Pat is bombing graffiti”, uma frase que dispensa tradução. Como acontece com muitos artistas, a vontade de criar nasceu em Pat a partir de uma noite de tédio. “Tinha 14 anos e estava aborrecido”, revela. Então, decidiu pegar no skate e sair à rua. Acabou por encontrar uns rapazes portugueses que estavam a fazer um graffiti numa parede. Não sabia muito bem o que era aquilo, mas agradou-lhe. Roubou uma das latas e a sua vida mudou. Além de ter feito amigos aprofundou a cultura de rua, que já tinha, juntando o elemento gráfico ao gosto pelo skate e breakdance. No entanto, Pat não tem muita companhia nas lides das latas de spray numa cidade limpa de graffitis. “Aqui não há pessoas que se interessem por isto, e os miúdos que gostam não querem pintar, é mais uma moda”, revela. Algo que o entristece. O jovem que assina paredes como Pibg, gostaria que Macau tivesse uma cultura que valorizasse e incentivasse o graffiti, como

SER SOLITARIO ´

Macau é uma cidade limpa. É raro ver-se um graffiti, um tag, um stencil, ou qualquer outra manifestação de street art. Não há muitas pessoas a agitar latas de spray, ou a fazer colagens por aí. Daí, a relativa solidão de Pibg nas lides da arte de rua

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA PROSAS APÁTRIDAS • Julio Ramon Ribeyro

Muitas vezes divertidos, às vezes melancólicos, mas sempre profundos e íntimos, os fragmentos que compõem estas Prosas Apátridas permitem-nos aceder ao universo de um narrador maravilhoso. O leitor tem nas suas mãos o testemunho espiritual de um dos grandes autores hispânicos do século XX.

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A CIDADE DE ULISSES • Teolinda Gersão

Um homem e uma mulher encontram-se e amam-se em Lisboa. A sua história, que é também uma história de amor por uma cidade, levará o leitor a percorrer múltiplos caminhos, entre os mitos e a História, a realidade e o desejo, a literatura e as artes plásticas, o passado e o presente, as relações entre homens e mulheres, a crise civilizacional e a necessidade de repensar o mundo.


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acontece noutras cidades como, por exemplo, Lisboa.

HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho

CHAMEM A POLÍCIA

Mesmo grandes nomes da graffiti já tiveram os seus dias de fugir da polícia, de pintar em sítios escuros e inacessíveis, longe dos olhares da autoridades. É uma ocupação que exige alguma agilidade a escapar à lei, mas já foi mais assim. Pat Lam não foi excepção a esta regra, tendo arranjado sarilhos bem maiores que as suas possibilidades. Na altura, com 16 anos, Pat pintava em todo o lado com um amigo oriundo do Interior da China. Uma noite meteram-se numa alhada de proporções difíceis de enfrentar. Estavam num edifício em construção, onde já costumavam pintar quando foram apanhados pela polícia. Foram agredidos e passaram dois dias na prisão. “Fomos a tribunal e deram-me uma multa impossível de pagar, só tinha 16 anos, e o meu amigo ficou proibido de voltar a entrar em Macau”. O problema só se resolveu quando os pais de Pat chegaram a acordo com o construtor da obra. Como resultado, foi obrigado a limpar o edifício durante uma semana. Este foi o mais grave de muitos episódios que teve enquanto graffiter. Mas a situação melhorou nos últimos anos. “Hoje em dia ninguém se importa, posso desenhar de dia, as pessoas passam por mim e não dizem nada”, conta.

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Tormentilha Nome botânico: Potentilla erecta (L.) Raeusch. Sinonímia científica: Potentilla tormentilla Stokes Família: Rosaceae. Nomes populares: CONSOLDAVERMELHA; POTENTILA; QUINQUEFÓLIO; SETEEM-RAMA; SOLDA; TORMENTILA; TORMENTINA.

“O amor é a minha inspiração, gosto de o pintar, a minha mensagem é muito aberta, não gosto de segredos, se aprecio de alguém também gosto de o dizer.”

RISCOS COM MENSAGEM

Pat é um amante dos animais e as relações que se estabelecem entre humanos e a bicharada, são para o graffiter uma fonte de inspiração. Daí, ter graffitis de corpos humanos com cabeças de raposa, pássaros, além dos tradicionais bombings – palavras escritas com o design mais tradicional da arte de rua. Porém, hoje em dia, a maior fonte de inspiração é o seu filho, não só mudou-lhe a vida, como alterou a forma como pinta. Mas o significado mantém-se. “O amor é a minha inspiração, gosto de o pintar, a minha mensagem é muito aberta, não gosto de segredos, se aprecio alguém também gosto de o dizer”, explica o graffiter. Seguindo esse mantra de abertura e comunhão, Pat Lam fala de Macau com alguma emoção. “Sinto-me em casa aqui, adoro as pessoas e a forma aberta como se relacionam”, conta. O artista revê-se no trato fácil, na forma

EVENTOS

“Aqui não há pessoas que se interessem por isto, e os miúdos que gostam não querem pintar, é mais uma moda.” orgânica como faz amigos de forma natural. “Quando ando pelas ruas sinto-me mesmo em casa”, confessa. Uma abertura que não sente noutras cidades que visitou. Recentemente, Pat abriu um loja muito especial e multi-facetada ao lado da Igreja de São Francisco Xavier. Chama-se Roomage 30. O espaço conjuga um café, uma

loja dedicada ao “lifestyle” e uma galeria. Pegando no mantra que lhe serve de inspiração, dos lucros feitos pela loja 30 por cento revertem para instituições de protecção animal e instituições que apoiam crianças desfavorecidas. Um amor que o inspira a pintar e que é devolvido. João Luz

info@hojemacau.com.mo

Herbácea penugenta com menos de meio metro de altura, a Tormentilha tem caules erectos, embora frágeis, e ramificados, e folhas com três folíolos de bordo serrado; as flores são terminais, pequenas e com quatro pétalas amarelas; o fruto é seco (aquénio), e o rizoma, espesso, curto e nodoso, castanho por fora e branco-esverdeado por dentro, tornando-se rapidamente avermelhado após o corte. É nativa das regiões temperadas da Europa e Ásia, crescendo em lugares húmidos, prados e bosques. Recomendada desde a Idade Média para aliviar os “tormentos” (de tormentu, em latim) – forma como eram referidas as cólicas intestinais e origem do seu nome –, a Tormentilha é actualmente pouco usada. No entanto, o nome do género botânico, Potentilla (do latim, potentia) atesta a eficácia atribuída às suas propriedades medicinais. Esta planta foi ainda útil como remédio contra a peste e, já no século XVI, foi empregue em diversas dores violentas, como as dores de dentes. Segundo Nicholas Culpeper, botânico e médico inglês do século XVII, esta planta «é excelente para parar todos os tipos de derrames de sangue ou de humores no homem ou na mulher, quer sejam do nariz, quer da boca, do abdómen ou de qualquer ferida nas veias ou qualquer outra parte». Das suas raízes escorre um suco de cor avermelhada antigamente empregue como corante. Em fitoterapia são usados os rizomas desprovidos das raízes, frescos ou secos. Composição Taninos em elevada quantidade (catequinas, elagitaninos, galhotaninos proantocianidinas), um flobafeno, diversos flavonóides (caempferol), ácidos fenólicos, uma saponina triterpénica (tormentósido) e vestígios de óleo essencial. Inodoro, sabor adstringente. Acção terapêutica Fortemente adstringente, em virtude da sua abundância em taninos, a Tormentilha é um potente anti-

diarreico e hemostático (detém as hemorragias). Além disso, estimula as defesas imunitárias, combate os radicais livres, bem como as bactérias e vírus, desinflama os tecidos e tonifica o organismo. Tem indicação nas afecções acompanhadas por diarreia, como síndrome do cólon irritável, gastroenterite, enterocolite, colite, colite ulcerosa e disenteria, acalmando as cólicas e reduzindo a sua duração. Também é útil para as hemorragias rectais (após o diagnóstico). Outras propriedades Em uso externo, a Tormentilha é empregue na cicatrização de feridas, queimaduras e frieiras, para desinfectar e desinflamar a mucosa orofaríngea (aftas, gengivites, estomatites e faringites) e vaginal (leucorreia), e para deter o sangramento em caso de hemorróidas e epistaxe. Em cosmética, é recomendada para as peles seborreicas e inflamadas, tonificar e dar firmeza à pele (tecidos mamários) e como protector solar. Como tomar Uso interno: • Infusão dos rizomas: 1 colher de chá por chávena de água fervente, 10 a 15 minutos de infusão. Tomar 2 ou 3 chávenas por dia, até que passe a diarreia. • Também em tintura (a planta) ou em cápsulas (fórmula de plantas) para a diarreia. Uso externo: • Decocção dos rizomas: 50 a 100 gramas por litro de água. Aplicar em bochechos e gargarejos, lavagens e compressas, como loção e em irrigações vaginais ou nasais. • Banhos de assento: acrescentar 1 a 2 litros da decocção anterior à água do bidé. • Tamponamento nasal: embeber uma gaze na decocção e aplicar como um tampão. • A tintura diluída em água também pode ser usada externamente (ver indicações no rótulo ou bula). • A Tormentilha entra na composição de dentífricos. Precauções Não são conhecidas contra-indicações para a planta. No entanto, por precaução, não deve ser administrada durante a gravidez e lactação. Em doses não terapêuticas, ou em pessoas de estômago sensível, pode irritar a mucosa gástrica devido ao seu conteúdo em taninos. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


10 CHINA

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PEQUIM SUSPENDE IMPORTAÇÕES DE CARVÃO DA COREIA DO NORTE

O aperto continua

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China vai deixar de importar carvão da Coreia do Norte até final de 2017 – anunciou este sábado Pequim, após um novo teste de um míssil por Pyongyang e de um apelo dos EUA para a aplicação de sanções. “A China vai cessar momentaneamente as importações de carvão proveniente da Coreia do Norte até ao final do ano”, uma interrupção que será aplicada a partir de domingo e será válida até 31 de Dezembro, indicou o Ministério chinês do Comércio. Esta suspensão “inclui cargas em relação às quais os procedimentos aduaneiros não estejam concluídos”, precisou o comunicado, citado pela agência France Press. A decisão de Pequim é tornada pública menos de uma semana depois de um novo teste de um míssil balístico por Pyongyang, o Pukguksong-2, que percorreu, no passado dia 19, cerca de 500 quilómetros antes de cair no mar do Japão, o suscitou fortes reacções tanto na Ásia com em Washington. O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, que se encontrou na passada sexta-feira pela primeira vez com o seu homólogo chinês, Wang Li, apelou a Pequim para usar “todos os meios” no sentido de “moderar” os ímpetos turbulentos do seu vizinho e aliado tradicional. Em resposta, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros apelou para o restabelecimento das negociações a seis (as duas Coreias, Japão, Rússia, China e Estados Unidos), considerando imperioso ultrapassar-se o ciclo viciosos dos ensaios nucleares e das sanções.

A interrupção das importações “mete em execução a resolução 2321 do Conselho de Segurança das Nações

A decisão de Pequim é tornada pública menos de uma semana depois de um novo teste de um míssil balístico por Pyongyang, que percorreu, no passado dia 19, cerca de 500 quilómetros antes de cair no mar do Japão

Unidas”, explicou sábado o Governo chinês num comunicado breve, no que parece ser uma decisão de Pequim assumir a política do ‘pau e da cenoura’. A resolução do Conselho de Segurança, adoptada no passado dia 30 de Novembro, resulta no apertar da rede das sanções contra a Coreia do Norte, em resposta aos avanços no seu programa nuclear com objectivos militares. A resolução estabelece, nomeadamente, um ‘plafond’ das vendas norte-coreanas de carvão nos 400,9 milhões de dólares, ou 7,5 milhões de toneladas, por ano, a partir de 1 de Janeiro de 2017, o que representa uma redução de 62% em relação a 2015. Pequim suspendeu as importações em Dezembro de carvão norte-coreano por

TAIWAN DETÉM BARCO PESQUEIRO CHINÊS PERTO DA ILHAS MATSU

Barcos de patrulha taiwaneses detiveram sábado um barco pesqueiro chinês com três tripulantes perto das ilhas Matsu, localizadas a 19 quilómetros da China, anunciou a Administração da Guarda Costeira. O barco chinês não respondeu às ordens de detenção e foi abordado e retido, juntamente com os três tripulantes, que “foram transportados para se realizar uma investigação”, acrescenta o comunicado. Taiwan lançou uma operação de protecção dos recursos pesqueiros em torno das ilhas Matsu e Kinmen, situadas a poucos quilómetros da China. Nas últimas semanas, navios e aviões militares chineses aumentaram as suas patrulhas em águas internacionais próximas de Taiwan, incluindo o único porta-aviões chinês.

METADE DOS 2.000 CHINESES MAIS RICOS NÃO FREQUENTOU ENSINO SUPERIOR

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três semanas, mas retomou-as no início de Janeiro.

PARCEIRO DE RELEVO

A China é o único parceiro económico relevante de Pyongyang praticamente o único interessado no carvão norte-coreano. Ao abrigo do anterior regime de sanções, o Conselho de Segurança autorizava a compra de carvão e de minerais de ferro à Coreia do Norte, desde que os ganhos comerciais não fossem utilizados por Pyongyang para financiar o seu programa nuclear ou de armamento. Esta possibilidade permitiu a Pequim, sob o argumento da sua boa-fé, aumentar fortemente as suas importações de carvão, que ascenderam a 24,8 milhões de toneladas no período de Março a Outubro de 2016, três vezes mais do que o ‘plafond’, entretanto, imposto pelas Nações Unidas.

ETADE dos 2.000 mais ricos da China não frequentou o ensino superior, segundo um relatório elaborado pelo Hurun, unidade de investigação com sede em Xangai e conhecida como a Forbes chinesa. O estudo enumera os 100 bilionários chineses que nunca frequentaram uma universidade, numa lista encabeçada por Zong Qinghou, o fundador do grupo Wahaha, um dos maiores produtores de bebidas do país. Segundo o critério da Hurun, um bilionário tem pelo menos 2.000 milhões de yuan (281 milhões de euros) em activos. “Estas pessoas não alcançaram o sucesso segundo as normas vigentes, mas conseguiram criar grandes empresas, o que me ensinou que um herói pode ascender do nada”, escreveu Rupert Hoogewerf, director do Hurun, no relatório. Zong Qinghou, 72 anos, começou a tra-

balhar após terminar o ensino médio e abriu a primeira fábrica de bebidas em 1998. Nos últimos anos, ergueu um império avaliado em 19.000 milhões de yuan e ascendeu a delegado na Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China. Da mesma lista faz ainda parte o empresário Jia Yueting, presidente da gigante de tecnologia LeEco, que começou a trabalhar no ramo da Internet depois de concluir um curso profissional. O magnata do sector imobiliário Pan Shiyi, presidente do grupo SOHO China, também integra aquele ‘ranking’. Em média, a fortuna dos mais ricos da China que não frequentaram o ensino superior está fixada em 24,9 mil milhões de yuan, menos 9,6 mil milhões yuan do que os bilionários que concluíram cursos universitários.

DETIDO GESTOR DE MINA SUSPEITO DE ENCOBRIR MORTE EM EXPLOSÃO

A

polícia da província chinesa de Hunan deteve o gestor de uma mina de carvão por suspeitas de relatar de forma insuficiente o número de mortos devido a uma explosão a semana passada. A agência oficial Xinhua noticiou sábado que o número de mortos subiu para 10 depois de os investigadores encontrarem um mineiro que tinha sido listado como “ferido” na explosão de terça-feira. A agência informou que a polícia deteve um homem de apelido Liu por suspeitas de encobrir a morte. Inicialmente as autoridades da mina de carvão Zubao disseram que nove das 29 pessoas

que trabalhavam na mina tinham morrido. Explosões de gás em minas ocorrem frequentemente quando uma chama ou uma faísca eléctrica se geram na camada carbonífera. Três membros do governo local estão também em investigação. As minas na China, o maior consumidor e produtor de carvão do mundo, são pouco seguras, apesar das promessas do Governo de melhorar os padrões de segurança no trabalho e encerrar instalações desactualizadas. Mais de 500 trabalhadores morreram em acidentes em minas em 2016, de acordo com estatísticas do Governo.


11 REGIÃO

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ILHARES de católicos filipinos manifestaram-se ontem em Manila contra o restabelecimento da pena de morte e para condenar a enorme quantidade de vítimas mortais causadas pela guerra contra as drogas promovida pelo presidente do país, Rodrigo Duterte. “Não podemos ensinar que é errado matar se o fizermos matando aqueles que matam”, afirmou o presidente da Conferência de Bispos Católicos das Filipinas, o arcebispo Socrates Villegas, aos manifestantes, através de um comunicado, citado pela agência Efe. “Os criminosos têm de ser detidos, acusados, condenados e presos para que possam corrigir-se. O delito de que são acusados tem que ser provado em tribunal, não executado à lei da bala”, acrescentou Villegas. O arcebispo de Manila, Luis Antonio Tagle, afirmou, pelo seu lado, que “combater a violência com violência é duplicar a violência”. Entre 50 mil pessoas, de acordo com os organizadores, o grupo Sangguniang Laiko ng Pilipinas, e 10 mil, de acordo com a polícia, juntaram-se durante mais de três horas no Parque de Rizal, na zona antiga de Manila, para participar na Marcha pela Vida. Villegas instou os manifestantes a rejeitarem outros “pecados” contra a vida, como o aborto, as drogas, a corrupção ou a blasfémia e pediu-lhes que não vivam subjugados pelo terror, apesar de rodeados de violência e da tentativa de restabelecimento da pena capital, porque “o sol voltará a brilhar”. “Há esperança. Não tenham medo da sombra. Nunca vivam em medo”, sublinhou o clérigo. “A Marcha pela Vida não é um protesto, mas uma afirmação da sacralidade da vida humana, que provém de deus”, acrescentou.

DO EXTERMÍNIO

Mais de sete mil alegados toxicodependentes e narcotraficantes foram mortos na campanha contra

O

Filipinas MILHARES CONTRA RESTABELECIMENTO DA PENA DE MORTE

A vida saiu à rua

as drogas lançada por Duterte no próprio dia da sua investidura, em 30 de Junho de 2016. Desse número, cerca de 2.500 mortos resultaram de operações policiais e o resto às mãos de grupos civis que tomaram a justiça por sua conta. A Amnistia Internacional denunciou no início de Fevereiro que foram cometidos “crimes contra a humanidade” durante a guerra contra as drogas, para além do encobrimento de homicídios a soldo, provas falsas e roubos levados a cabo pela polícia.

filho de Kim Jong-nam corre “grande perigo” após a morte do seu pai, alertou Koh Young-Hwan, ex-diplomata norte-coreano, que hoje comenta assuntos da Coreia do Norte em Seul. “À medida que o reino de terror de Kim Jong-un continua, algumas elites em Pyongyang começaram a pensar em possíveis alternativas. Por isso Kim Jong-un deve ter preocupações com tais figuras. Agora que Kim Jong-nam morreu, podemos

A campanha encontra-se de momento suspensa, com a finalidade de “limpar” a polícia de agentes corruptos, mas o chefe de Estado já manifestou a intenção de retomá-la o quanto antes e de prolongá-la até ao final do mandato único de seis anos, em 2022. Duterte, fiel a si mesmo, investiu já contra a posição da Igreja Católica filipina, tratando os bispos por “filhos da puta”, no passado dia 19 de Janeiro. “Vocês, católicos, se quiserem acreditar nestes sacerdotes e bispos,

fiquem com eles. Se quiserem ir para o céu, fiquem com eles. Agora, os restantes, os que quiserem erradicar as drogas, venham comigo, ainda que

“Combater a violência com violência é duplicar a violência” SOCRATES VILLEGAS PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA DE BISPOS CATÓLICOS DAS FILIPINAS

Herança pesada Diplomata diz que filho de Kim Jong-nam pode correr “grande perigo” dizer que o seu filho corre também em grande perigo”, afirmou. O assassínio de Kim Jong-nam, meio-irmão mais velho do líder da Coreia do Norte, na Malásia, está a levantar receios em relação a outros membros da família, em particular Han-Sol, que viveu com a família em

Macau e é visto como um potencial alvo de uma purga familiar. Han-Sol, de 21 anos, estudou na prestigiada universidade francesa de Science Po, mas terá regressado depois a Macau. Alguns analistas acreditam que a China estava a proteger a família, considerando a pos-

eu vá até ao inferno”, disse o Presidente no passado dia 5 de Fevereiro. As Filipinas contam com 86% de católicos entre uma população de 100 milhões de habitantes, o que confere à Igreja uma grande influência no país”, tendo sido fundamental na revolta popular pacífica que derrubou o regime de Ferdinand Marcos, em 1986, e no movimento que destituiu o Presidente Joseph Estrada em 2001.

sibilidade de Kim Jong-nam vir a substituir o irmão. “A China tem protegido Kim Jong-nam e a sua família. Por isso, ele era ainda mais detestado pelo líder do Norte”, disse Kim Sung-Min, um desertor que trabalha numa estação de rádio anti-propaganda de Pyongyang em Seul. Em 2012, quando Han-Sol estudava na Bósnia, apelidou o seu tio Kim Jong-un de “ditador”, numa entrevista. “Sempre sonhei que um dia vou voltar e fazer as coisas

melhores, tornar mais fácil para as pessoas lá viverem”, disse sobre a Coreia do Norte. “O meu pai não estava interessado em política”, respondeu quando questionado sobre as razões de o seu pai ter sido ‘ultrapassado’ na sucessão pelo irmão mais novo. Também Ahn Chan-Il, antigo dirigente do exército norte-coreano e líder do Instituto Global para Estudos Norte-coreanos em Seul, disse que após a morte de Kim Jong-nam, o seu filho carrega agora um alvo nas costas.


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Aviso De acordo com o Despacho do Chefe do Executivo n.° 109/2005, os requerimentos visando a renovação de licenças anuais, a emitir pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, devem ser tratados, anualmente, entre Janeiro e Fevereiro, salvo se outro prazo estiver fixado em disposição legal. Na falta de regime especial, a não renovação da licença anual no supramencionado prazo implica a cessação da actividade licenciada, salvo se o interessado proceder à respectiva regularização no prazo de 90 dias. Caso efectue o pedido de renovação da licença anual no período de regularização de 90 dias, fica sujeito a uma taxa adicional calculada nos seguintes termos: • • •

Dentro de 30 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 30% da taxa da licença em causa; Dentro de 60 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 60% da taxa da licença em causa; Dentro de 90 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 100% da taxa da licença em causa.

Para um melhor conhecimento dos titulares de licença, é apresentada a seguinte tabela descritiva com o tipo de licenças a renovar entre 1 de Janeiro e 28 de Fevereiro de 2017 Local de tratamento das formalidades

Tipos de Licença Licença para estabelecimentos de venda a retalho de aves de capoeira vivas Licença para estabelecimentos de venda a retalho de animais de estimação Licença de venda a retalho de carnes frescas, refrigeradas ou congeladas Licença de venda a retalho de vegetais Licença de venda a retalho de pescado Licenciamento para animais de competição Licenciamento de outros animais – cavalos Licença anual de lugares avulsos no mercado Licença de vendilhões Licença de afixação de publicidade e propaganda Licença de reclamos em veículos

Centro de Serviços / Todos os Centros de Prestação de Serviços ao Público / Postos de Atendimento e Informação / Núcleo de Expediente e Arquivo

Centro de Serviços / Todos os Centros de Prestação de Serviços ao Público

Licença de pejamento de carácter permanente Centro de Serviços / Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas

Licença de esplanada

Os locais e as horas de expediente, para o tratamento de requerimentos de renovação de licenças, são os seguintes: Centro de Serviços do IACM: Avenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza, 2° andar, Macau. - 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 18:00 horas (Funciona durante as horas de almoço). Centros de Prestação de Serviços ao Público: Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Norte Rua Nova da Areia Preta, n.º 52, Centro de Serviços da RAEM, Macau. Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas Rua da Ponte Negra, Bairro Social da Taipa, n.º 75K, Taipa. Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Central Rotunda de Carlos da Maia, Nos .5 e 7 , Complexo da Rotunda de Carlos da Maia, 3º andar, Macau. - 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 18:00 horas (Funciona durante as horas de almoço). Postos de Atendimento e Informação: Posto de Atendimento e Informação Central Avenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza, 2° andar, Macau. Posto de Atendimento e Informação Toi San Avenida de Artur Tamagnini Barbosa n.º 127, Edf. Dona Julieta Nobre de Carvalho, Torre B, r/c, Macau. Posto de Atendimento e Informação de S. Lourenço Rua de João Lecaros, Complexo Municipal do Mercado de S. Lourenço, 4°andar, Macau. - 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 19:00 horas (Funciona durante as horas de almoço). Núcleo de Expediente e Arquivo: Avenida de Almeida Ribeiro, n.°163, r/c, Macau. - 2.ª a 5.ª feira: das 9:00 às 13:00; das 14:30 às 17:45 horas. - 6.ª feira: das 9:00 às 13:00; das 14:30 às 17:30 horas. Os formulários de pedido de renovação das supramencionadas licenças (excepto para a Licença de Vendilhões) poderão ser obtidos no website do IACM (www.iacm.gov.mo). Para mais informações, queira ligar para a Linha do Cidadão do IACM, através do telefone no 2833 7676. Macau, 07 de Novembro de 2016 O Presidente do Conselho de Administração, José Maria da Fonseca Tavares WWW. IACM.GOV.MO


Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

ZHANG YANYUAN «Lidai Ming Hua Ji»

Relação das Pinturas Notáveis Através da História

Assim como nos tempos antigos as senhoras do palácio tinham dedos muito finos e cinturas estreitas, e os cavalos tinham focinhos pontiagudos e corpos esbeltos, e os velhos pavilhões se erguiam em terraços muito altos, e as roupas das pessoas eram muito largas e com cauda, consequentemente também as pinturas antigas, não só tinham uma aparência diferente das nossas mas as suas ideias são-nos estranhas e as formas dos seus objectos são bastante fora do comum. Quanto aos terraços e pavilhões, árvores e pedras, carruagens e utensílios; estes não precisam de ser representados com movimento vivo, também podem ser bem representados sem ressonância espiritual, eles requerem simplesmente uma representação correcta pela frente e por trás.

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Gu Kaizhi disse que as figuras humanas são o mais difícil de pintar; a seguir são as paisagens e depois cães e cavalos; os terraços, pavilhões e coisas imóveis podem ser tratados de forma mais livre. Esta observação é bastante verdadeira. Quanto a fantasmas e figuras humanas possuidoras de vida e movimento, eles devem mostrar a operação do espírito para serem perfeitas. Se elas não tiverem esta ressonância espiritual, é em vão que exibem formas correctas. E se o trabalho do pincel não for vigoroso, as suas belas cores são em vão. Não se poderá dizer que elas são maravilhosas. Por isso Hanzi1 disse: «Cães e cavalos são difíceis de pintar, fantasmas são mais fáceis; cavalos e cães foram vistos por toda a gente, mas os fantasmas são bastante exuberantes e estranhos.» Esta é uma observação verdadeira.

1 - Referencia a Han Gan (706-783), originário ou de Changan, actual Xian, Shanxi ou Daliang, actual Kaifeng, Henan. Reconhecido por Wang Wei (698-759) como poeta proeminente, e que o apoiou na aprendizagem das artes. Sendo aluno do pintor da corte Cao Ba, tornou-se ele próprio pintor da corte. Distinguiu-se na pintura de retratos e temas budistas. Mas foi como pintor de cavalos que ficaria para a história. Por influentes autores como Su Shi (1036-1101): «Quando Han Gan pintava um cavalo, este era verdadeiramente um cavalo», (citado em Osvald Sirén, op. cit., p. 56), até Dong Qichang (1555-1636), foi sempre apontado como modelo para a pintura de cavalos. (Sirén, op. cit. P.144)

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14 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

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NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente

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16

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21

HUM

70-95%

EURO

8.48

BAHT

EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “ENTER PLEASE” DE CATHLEEN LAU Armazém do Boi Até 26/02 EXPOSIÇÃO “WHAT HAPPENED LAST NIGHT? DE TIFFANY TANG Armazém do Boi Até 26/2

PROBLEMA 180

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 179

UM DISCO HOJE

A CURE FOR WELLNESS SALA 1

LOVE CONTRACTUALLY [B] FALADO EM CANTONÊS COM LEGENDAS EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Liu Guonan Com: Sammi Cheng, Joseph Chang 14.30, 16.15, 18.00, 21.45

Com: Keanu Reeves, Ian Mcshane, Ruby Rose, Common 14.30, 16.45, 21.30

SUICIDE – ST

Em 1977 saía para os escaparates um dos álbuns mais influentes da década de 1970: o homónimo disco de estreia dos Suicide, o duo composto com Alan Vega e Martin Rev. Pioneiros da electrónica minimal em contexto punk, os Suicide foram o tronco de onde nasceram muitos ramos musicais. A banda assentava numa sonoridade simples e crua, movida pelos sintetizador e caixa de ritmos de Rev e pela reencarnação fantasmagórica de Elvis Presley na voz de Alan Vega. A abordagem musical e presença em palco eram tão provocadoras que era comum os concertos terminarem em violência. O disco tem clássicos intemporais como Ghost Rider, Johnny, Frankie Teardrop e Cheree. Absolutamente lendário. João Luz

Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.15 SALA 3

Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 19.45

Filme de: Gore Verbinski Com: Dane DeHann, Mia Goth, Jason Isaacs 14.30, 21.12

SALA 2

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Chris Mckay 17.15, 19.15

Filme de: Chad Stahelski

Há um sítio em Macau que fica fora de Macau, que fica fora deste mundo, onde se respira mística e ausência de tempo, onde os relógios, telemóveis, contas de electricidade, deveres domésticos se dissipam com o nevoeiro, com a profusão de verde, com o canto dos pássaros. Falo do Alto de Coloane, uma pequena Sintra transplantada para o Oriente. Parece que algo fermenta na base da montanha, um caldeirão que borbulha grossos novelos de bruma a subir encosta acima. É um sítio onde o mistério mora, onde bruxas conjuram planos sobrenaturais e a natureza é demasiado fecunda, demasiado verde para uma terra onde o cimento impera soberano. No Alto de Coloane há um microclima, como aquela imagem do homem que anda com uma nuvem pessoal que o persegue e fustiga em pluviosidade vingadora.Ahumidade prevalece contra a secura e todos os corpos são possíveis vasos de germinação. Esta é a parte de Macau onde seria normal encontrar faunos e duendes a cantarem hinos sobrenaturais, é a morada fixa do ascetismo, a casa das fadas e dos feiticeiros, dos trilhos que se multiplicam como artérias onde corre sangue verde. É um sítio para contemplar a selva de betão e a negação da biologia, onde a natureza bruta coabita com a cimenteira e a central eléctrica, como um vago esquecimento de algo demasiado evidente para ser ignorado. É a montanha mágica que vigia a realidade. Pu Yi

A LA LAND [B]

RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C]

JOHN WICK: CHAPTER TWO [C]

SUDOKU

DE

C I N E M A

1.16

MONTANHA MÁGICA

EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02)

Cineteatro

YUAN

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1

EXPOSIÇÃO “I’M TOO SAD TO TELL YOU” DE JOSÉ DRUMMOND Casa Garden Até 24/02

0.22

A CURE FOR WELLNESS [C]

THE LEGO®BATMAN MOVIE [A]

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


15 hoje macau segunda-feira 20.2.2017

MIGUEL GUEDES in Esquerda.net

MICHAEL CIMINO, THE DEER HUNTER

Quem tramou o Pokémon GO?

L

ONGE vai o tempo em que pessoas desordenadamente agrupadas saíam à rua procurando pokémons, olhos vidrados em dois dedos quadrados de ecrã de mão. Desde Julho do ano passado, data em que o jogo foi lançado, assistimos ao vulgar passo da moda: febre, escaldão, rescaldo, escombros. Apesar de manter altos níveis de popularidade, nada foi como dantes para o jogo de captura de bonecos com nomes indizíveis sem um curso bem aviado de dragon-ball-manga-anos-90. Viverá este ano à sombra dos seus momentos áureos, tentando reinventar-se pela introdução das batalhas entre jogadores e pela troca dos seus pequenos monstros. O verdadeiro “gameplay cooperativo”. Quando António Costa aconselhou Passos a dedicar-se à caça de pokémons, Setembro do ano passado e em plena febre do jogo, sabia bem que o persuadia a entrar num jogo decadente: não tendo o Diabo comparecido à chamada,

o líder da oposição deveria entreter-se procurando os seus monstros. Infelizmente para Passos Coelho, a sua íntima vocação para pega-monstros não se revelou. Tantas vezes, tentou atirar à parede esperando que colasse. Agitava-se feérico com a proximidade das datas de anúncio dos “ratings”, fechava-se em copas no Orçamento, abria-se em alas na futurologia da desgraça. Foi atirando à parede mas... era barro. Partiu. Ao ponto de ter um partido em cacos, onde pouca gente se assume e em que cada vez menos eleitorado se revê. A oposição interna no PSD cresce, veladamente. O país perde o interesse no PSD, assustadoramente. Nem a “gerigonça” se desmembrou, nem o presidente

Quando António Costa aconselhou Passos a dedicar-se à caça de pokémons ... sabia bem que o persuadia a entrar num jogo decadente

da República ajudou, nem o segundo resgate apareceu, nem os índices económicos mataram ou a Europa disse esfola. Bruxelas revela agora que reviu em alta o crescimento do PIB em 2016, tendo em conta o forte desempenho da economia portuguesa na segunda metade do ano, alicerçado no turismo e no reforço do consumo privado e das exportações, prevendo que este ano os efeitos da recuperação económica devam ser ainda mais visíveis. A Comissão Europeia estima que a economia portuguesa crescerá 1,3% em 2016 e 1,9% em 2017, acima até das previsões do Governo. Sobre o Diabo, não há notícias. Nem vê-lo. As sondagens afundam a Direita e Passos leva em mãos a pedra ao fundo. Até que reapareceu a Caixa Geral de Depósitos (CGD). As comunicações pessoais de Mário Centeno confundem-se na solução perdida e na resolução encontrada para a CGD. Marcelo exige que Centeno fale, o ministro esconde-se nas entrelinhas e Costa respira. O PSD vai assistindo sem ir a jogo. Um bluff. Trama-se na sua trama. É impressionante a insistência deste PSD em tentar retirar dividendos políticos de problemas que nunca quis resolver.

OPINIÃO


A globalização só traz descaracterização

Atlântido

segunda-feira 20.2.2017

China DENG XIAOPING MORREU HÁ VINTE ANOS

Grande reforma em frente

V

INTE anos depois da morte de Deng Xiaoping, o líder que abriu a China à economia de mercado, resta em Pequim pouco de herança operária, arrasada para dar lugar a torres envidraçadas e complexos luxuosos. No centro da capital chinesa, porém, um prédio semi-devoluto de oito andares remete para a ortodoxia comunista que perdurou na China durante o reinado de Mao Zedong (1949 - 1976). O edifício ‘Fusuijing’ foi construído em 1958, inspirado no “Grande Salto em Frente”, uma campanha lançada por Mao para “acelerar a transição para o comunismo”, através da colectivização dos meios de produção. “Não importava qual a posição ou autoridade de quem vinha para aqui morar, as casas eram gradualmente ocupadas, sem olhar a classes”, conta Zhang Qiwei, 60 anos, que viveu quase toda a vida no prédio. Nenhum dos apartamentos tem cozinha: os habitantes comiam juntos numa cantina comum, segundo o espírito revolucionário da época. Espaços para ler, jogar xadrez ou para as crianças brincarem eram também partilhados. “Alguns populares viviam até em casas melhores do que membros da marinha, exército ou força aérea”, diz Zhang Qiwei. “Agora, os funcionários do partido moram em vivendas, enquanto o trabalhador não tem onde viver”. Hoje, emaranhados de fios eléctricos, paredes descascadas e tralha amontoada nas escadas ilustram a degradação do edifício, situado a

poucos quilómetros do bairro de Fuxingmen, sede de algumas das maiores empresas da China. Automóveis Porsche, Ferrari ou Maserati são ali às dezenas, enquanto espaços outrora associados a um estilo de vida burguês - centros comerciais ou lojas de luxo – se multiplicaram nos últimos anos a um ritmo ímpar. Mas para os chineses da geração de Zhang Qiwei, formados num ambiente de extrema politização, a realidade gerada pelas reformas económicas promovidas por Deng Xiaoping é difícil de aceitar. “O povo está dividido; existe um materialismo excessivo”, refere. “No período de Mao Ze-

dong, trabalhava-se arduamente sem pensar em dinheiro: lutava-se por um ideal comum”. “Hoje, as pessoas ganham dinheiro, mas não dão o litro”, diz Zhang.

PRÓS E CONTRAS

Para os maoístas, Deng Xiaoping, que morreu a 19 de Fevereiro de 1997, é culpado por problemas como a corrupção e desigualdade social, as duas principais fontes de descontentamento popular na China actual. Afastado duas vezes por Mao, Deng, um antigo “seguidor do capitalismo”, assumiu o poder poucos anos após a morte do fundador da República Popular.

O desenvolvimento económico - e não o “aprofundamento da luta de classes”, como no tempo de Mao - tornou-se “a tarefa central”. A pobre e isolada China, que vivia até então num universo à parte, mergulhada em constantes “campanhas políticas”, converteu-se em 40 anos numa potência capaz de disputar a liderança global com os Estados Unidos. “Após a China adoptar a política de reforma e abertura, o nível de vida do povo melhorou”, conta Zhang Yan, de 66 anos, e também residente de longa data no edifício. “Quem foi perseguido [durante o maoísmo] tem de agradecer muito a Deng Xiaoping”, acrescenta. Zhang e os pais foram vítimas da Revolução Cultural, uma radical campanha política de massas lançada por Mao para “aprofundar a luta de classes sob a ditadura proletária”. Entre 1966 e 1976, dezenas de milhões de pessoas foram perseguidas, presas e torturadas sob a acusação de serem “revisionistas”, “reaccionárias” ou “inimigos de classe”. Só no interior da China, estima-se que a violência tenha deixado 750.000 mortos. Após a morte de Mao, contudo, os seus mais fiéis seguidores, incluindo a mulher, Jiang Qing, acabaram na prisão, e o próprio Partido Comunista Chinês classificou aquele período como “o maior erro e o mais grave retrocesso da história do socialismo na China”. “Foi muito doloroso”, recorda Zhang Xiaoyan sobre a Revolução Cultural. “Sem a política de Deng Xiaoping, o meu pai ficaria para sempre marcado como um elemento negro”, conclui.

CINEMA CURTA PORTUGUESA GANHA URSO DE OURO EM BERLIM

O

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filme “Cidade Pequena”, de Diogo Costa Amarante, foi este sábado distinguido com o Urso de Ouro para melhor curta-metragem no Festival de Cinema de Berlim. Horas depois de ter sido anunciado que o filme ‘Os humores artificiais’, de Gabriel Abrantes, conquistou a nomeação do júri internacional do Festival de Berlim para o prémio de melhor curta-metragem europeia de 2017, nos European Film Awards, foi a

vez de outro português ser distinguido em Berlim, um ano depois de Leonor Teles. No curto discurso de aceitação do prémio, Amarante agradeceu à família e à equipa de curtas-metragens da Berlinale, “a mais acolhedora” que existe. “Quando Frederico, de seis anos, descobre na escola que as pessoas morrem quando os corações param de bater, não consegue dormir nessa noite. No dia seguinte, a sua mãe

pergunta na escola novamente: será que se deve contar sempre a verdade às crianças?”, pode ler-se na sinopse existente na página do festival de Berlim. O júri, composto pelo artista alemão Christian Jankowski, pela curadora norte-americana Kimberly Drew e pelo programador chileno Carlos Núñez, escolheu o filme cujos enquadramentos “lembram a atenção ao detalhe presente nos quadros do Renascimento italiano”.

MONGÓLIA COM EMPRÉSTIMO DE CINCO MIL MILHÕES DE DÓLARES O Fundo Monetário Internacional e outros parceiros acordaram os termos para um empréstimo de cinco mil milhões de dólares ao governo da Mongólia para ajudar a recuperar a economia do país asiático. O acordo tem de ser submetido à aprovação do conselho executivo do FMI. O Fundo Monetário Internacional disse ontem que iria fornecer 440 milhões de dólares nos próximos três anos. Segundo o FMI, o Banco de Desenvolvimento, Banco Mundial, Japão e Coreia do Sul deverão contribuir com até três mil milhões de dólares, e o Banco da China deverá estender a sua linha de dois mil milhões com o Banco da Mongólia por pelos menos outros três anos. A economia endividada da Mongólia foi duramente atingida por uma descida acentuada dos preços das ‘commodities’ e pela queda no investimento directo estrangeiro.

REAL MADRID E MAN. UNITED LUTAM POR BERNARDO SILVA

O jovem médio português Bernardo Silva (Mónaco) será um alvo referenciado pelo Real Madrid e Manchester United, segundo revela a Imprensa espanhola. De acordo com o jornal as, a espectacular temporada que Bernardo Silva, de 22 anos, tem vindo a realizar no Mónaco despertou em definitivo a atenção dos principais tubarões do mercado europeu. O Manchester United estará no topo da lista, isto porque a equipa inglesa terá garantido a opção preferencial sobre o seu passe, na sequência da contratação do francês Martial. O Real Madrid também estará muito atento ao jogador e recolhido informações dos seus jogos.


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