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QUINTA-FEIRA 20 DE ABRIL DE 2017 • ANO XVI • Nº 3796
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hojemacau
SOFIA MARGARIDA MOTA
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
ISABEL CAPELOA GIL REITORA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA
“Macau tem tudo a ganhar com a aposta nas indústrias criativas” AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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ENTREVISTA
ELEIÇÕES
TRABALHO
RENOVAÇÃO URBANA
Faltas de Coutinho Dá-me tempo, educação pressiona dá-me espaço PÁGINA 4
PÁGINA 5
PÁGINA 8
Bussaco mundial
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MICHEL REIS
Do nada e da morte
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ANTÓNIO CABRITA
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ISABEL CAPELOA GIL REITORA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
A reitora da Universidade Católica Portuguesa está de visita a Macau para estreitar laços com o Governo e com a Universidade de São José. Na calha está a criação de pós-graduações em Direito, bem como um mestrado em Ensino de Português Língua Estrangeira. Isabel Capeloa Gil destaca a boa gestão da instituição levada a cabo por Peter Stilwell, mas assume que o caminho ainda está a ser construído
“USJ precisa de muito para crescer” Veio a Macau para ter encontros com o Governo e também para acompanhar o progresso da Universidade de São José (USJ). Que planos concretos traz na bagagem? Temos uma relação forte com a USJ, que foi criada há 20 anos através de uma participação entre a Universidade Católica Portuguesa (UCP) e a Diocese de Macau. É importante para nós acompanharmos o desenvolvimento dos cursos e também desenvolvermos novas iniciativas. Estamos num momento em que a universidade já tem o seu rumo autónomo, e interessa estudar possibilidades de ligação em áreas específicas entre aquilo que se faz em Macau e as iniciativas que se fazem em Portugal. É isso que estamos a estudar em algumas áreas em particular, como o Direito e a Economia.
A USJ pode ter uma licenciatura em Direito? Não está nada explorado, nem discutido. Neste momento estamos sobretudo a trabalhar na área das pós-graduações, em articulação com a escola de Direito da UCP no Porto. Depois há outras áreas, como o ensino do português, e outras que ainda estão a ser estudadas. Há uma cooperação muito forte com a Faculdade de Indústrias Criativas [da USJ]. Em Macau, a qualidade dos cursos de Direito tem sido questionada. Seria importante para a UCP, através da USJ, marcar uma posição nesse sentido? Se houver interesse da parte do território e das autoridades locais, estamos disponíveis. Queremos
SOFIA MARGARIDA MOTA
ENTREVISTA
que essa necessidade surja da parte das autoridades locais. A UCP tem vindo a inovar no ensino do Direito em Portugal. Criámos, há dez anos, a Global School of Law, que internacionalizou o ensino do Direito. A Católica mudou o paradigma em Portugal, mas não só. Tem vindo a ser considerada pelo Finantial Times como uma das dez universidades mais inovadoras no ensino do Direito em todo o mundo. Temos interesse em estudar parcerias na área do Direito Internacional e se houver de facto uma abertura... Para que haja licenciatura em Direito, além das pós-graduações. Para já, o que está estudado com a USJ são apenas pós-graduações. Quando podem arrancar? Creio que para o ano poderão ser oferecidas. Que outras iniciativas, em termos de cooperação, estão a ser pensadas? Estamos a estudar também possibilidades em áreas alvo, como é o caso da área das ciências, no sentido de termos parcerias ao nível da investigação com um dos centros que temos no Porto, na área da biotecnologia. Posso dizer também que uma das iniciativas que estamos a desenvolver em Macau, e que é uma das áreas prioritárias, é o lançamento de um novo curso de mestrado do Ensino de Português Língua Estrangeira, entre a UCP e a USJ. Os alunos de Macau que estão em Portugal a estudar português na UCP vão ter um ano curricular em Portugal e, depois, o
“Se houver interesse da parte do território e das autoridades locais, estamos disponíveis. Queremos que essa necessidade [de cursos de Direito da USJ] surja da parte das autoridades locais.”
acompanhamento do estágio será feito em Macau. É um projecto-piloto, com dupla titulação, e no fundo vai testar possibilidades de termos outras licenciaturas e mestrados com dupla titulação. A UCP vem também à procura de uma maior internacionalização, à procura do que tem sido feito por outras universidades portuguesas? Pretendemos ter contactos com outras universidades locais porque a UCP tem um plano de desenvolvimento estratégico muito ligado à internacionalização. É feito através da captação de alunos e da possibilidade de intercâmbio dos
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ções.AChina é um grande potentado, não só na área da economia, mas também tem um enorme potencial na área do ensino superior. O que é que o Instituto Confúcio da UCP pode trazer de novo em termos do ensino do chinês e de investigação nessa área? Estamos ainda a desenvolver o plano de actividades do instituto, que vai estar sediado no Porto. Será importante para a universidade, que já tem um Instituto de Estudos Orientais e um mestrado de Estudos Asiáticos de grande sucesso. Com a presença do Instituto Confúcio vamos ter uma maior capacidade de desenvolver iniciativas ao nível do estudo das relações entre Portugal e a China, mas também um conhecimento muito maior da cultura chinesa e o desenvolvimento político nos últimos anos. O instituto não se vai confinar só à língua. Falando da USJ. A universidade passou por um grande processo de reestruturação em 2009, mudou de reitor, fechou cursos, despediu professores. Era fundamental esse processo? A vinda do professor Peter Stilwell ocorreu muito tempo antes de me tornar reitora. Mas devo dizer que o trabalho do padre Peter Stilwell tem sido importante. As universidades são instituições aprendentes, moldáveis. À medida que o tempo evolui, elas vão-se transformando e adequando às necessidades. Esse trabalho mostra que a universidade está viva. Muitas vezes é necessário fazer um ajustamento para que haja um desenvolvimento. Foi isso que o reitor da USJ fez e agora a universidade passa por uma nova fase de desenvolvimento.
nossos alunos para fora. Já temos várias iniciativas com a USJ e também com a Universidade de Macau. Temos estado cada vez mais a desenvolver parcerias de investigação com Macau, Hong Kong e a China. A UCP vai ter um Instituto Confúcio, porque a China é uma área muito importante para o desenvolvimento da universidade. Já o era no passado, neste momento também é, pois temos muitos parceiros aqui em Macau. Sobre o Instituto Confúcio. É importante para a UCPuma aproximação à China, uma tendência que se tem verificado no ensino superior em Portugal?
A UCP tem uma aproximação à China desde a sua fundação. Essa aproximação foi feita, inicialmente, através de Macau, sendo que as primeiras parcerias com universidades chinesas remontam ao final dos anos 90. Entretanto, essas parcerias têm sido alargadas e posso falar de uma cooperação muito forte na área do Direito, com a Universidade Tsinghua e com a Communications University, onde somos parceiros estratégicos. Estamos presentes em feiras na China, temos um contingente bastante razoável de estudantes chineses, e também alunos nossos que vão para a China. Com a criação do Instituto Confúcio vamos alargar ainda mais as possibilidades ao nível das coopera-
“Muitas vezes é necessário fazer um ajustamento para que haja um desenvolvimento. Foi isso que o reitor da USJ fez e agora a universidade passa por uma nova fase de desenvolvimento.”
Uma fase que inclui a construção de um novo campus, que tem vindo a sofrer alguns atrasos no projecto. Isso tem sido um entrave? O novo campus é certamente muitíssimo importante para a afirmação da universidade. Todos nós precisamos de uma casa para viver. E a USJ vai finalmente ter uma casa sua. Temos acompanhado à distância todas estas vicissitudes, mas estamos com grande interesse em ver o novo campus e vai ser muito importante para o futuro desenvolvimento da universidade. Encaro os atrasos como sendo normais, isso acontece com todos os projectos de construção. A que se refere concretamente quando fala de um novo desenvolvimento da USJ? Creio que as unidades [educativas], depois deste trabalho que o professor Peter Stilwell fez, terão novas iniciativas.Aunidade que conheço melhor é a Faculdade de Indústrias Criativas,
que está com uma enorme pujança. Há uma vontade de desenvolver iniciativas na área da criatividade, que é muito importante. Foi sinalizada pelas autoridades chinesas como uma das áreas de aposta no último Plano Quinquenal. No mundo inteiro, a área das indústrias criativas é muitíssimo importante para o Produto Interno Bruto (PIB) dos países. Em Portugal acordámos para esta questão há cerca de quatro anos e o discurso político começou a dar enorme importância a esse sector. Há uma mudança de ‘mindset’ e a Ásia é uma zona do globo absolutamente pujante ao nível do financiamento das indústrias criativas. Olhamos para Hong Kong, Singapura e o Japão, e Macau tem tudo a ganhar com a aposta nesta área de desenvolvimento. A USJ, ao contrário de outras universidades locais, não pode receber alunos vindos da China. É outro constrangimento? Acredito que o reitor da universidade tem desenvolvido uma série de iniciativas para tentar desbloquear esta questão. Certamente que receber alunos da China trará maiores possibilidades de desenvolvimento à universidade, como em todas as universidades de Macau. O mercado da China Continental é enorme, o diálogo tem vindo a ser desenvolvido e vai continuar. É uma questão que tem sido acompanhada com grande cuidado, mas estou confiante de que a universidade vai conseguir desbloquear este desafio. Um desafio que tem implicado uma grande ginástica financeira por parte da USJ. Sobretudo ao nível de finanças sustentáveis. O importante é sermos responsáveis pelo financiamento que se recebe, com as propinas dos alunos, e a actual gestão tem sabido fazer isso com grande coerência. É uma situação semelhante à que se vive em Portugal: a UCP não recebe fundos públicos e tem feito uma gestão eficiente enquanto instituição pública não estatal. Exige uma enorme responsabilidade de gestão. Acho que há bastante semelhança no modelo de gestão. Mas se a UCP não recebe fundos públicos, a USJ, sendo uma universidade privada, tem apoios do Governo e da Fundação Macau. Sem essa ajuda financeira teria sido mais difícil erguer este projecto? Se calhar, sim. Esta é uma questão a colocar ao reitor, mas asseguro que sim. [A USJ] é uma instituição pequena que ainda precisa de muito para crescer e para se desenvolver, mas o percurso das universidades é mesmo assim. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
4 POLÍTICA
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Eleições CONSELHO DE EDUCAÇÃO PROPÕE CHUMBO NO RECENSEAMENTO DE DUAS ASSOCIAÇÕES
PUB HM • 1ª VEZ • 20-4-17
ANÚNCIO EXECUÇÃO ORDINÁRIA nº
CV3-16-0082-CEO
3º Juízo Cível
CHEONG IM WAN, residente em Macau, nas Moradias Económicas Bloco de Realojamento C, 10º andar, Apartamento 11. CHEUNG MAN KEI, com a última residência conhecida em Macau, na Rua de Francisco António, nº 100, Edf. Veng On, ora ausente em parte incerta. *** FAZ-SE SABER que, pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos, correm éditos de TRINTA (30) dias, a contar da segunda e última publicação dos anúncios, citando, o executado CHEUNG MAN KEI, acima identificado, para no prazo de VINTE (20) dias, decorridos que sejam os dos éditos, pagar à exequente a quantia de MOP$28.840,00 (Vinte e oito mil, oitocentas e quarenta patacas) e demais acréscimos legais, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de, não o fazendo, ser devolvido à exequente o direito de nomeação de bens à penhora, seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia, com a advertência de que é obrigatória a constituição de advogado, do citado diploma, caso sejam opostos embargos ou tenha lugar a qualquer outro procedimento que siga os termos do processo declarativo. Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 3º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente. RAEM, aos 17 de Fevereiro de 2017. Exequente: Executado:
***
proposta para o Chefe do Executivo. “Informámos o Chefe do Executivo que o Conselho não aceitava o reconhecimento dessa pessoa colectiva. O Chefe do Executivo concordou e comunicámos a recusa”, explicou Wong Kin Mou, um dos responsáveis da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). “Um dos critérios [para o reconhecimento como pessoa colectiva] tem que ver com os titulares dos corpos gerentes: se são da área da educação, especia-
listas ou trabalhadores do sector educativo”, explica o chefe do departamento de Estudos e Recursos Educativos da DSEJ. “No caso desta pessoa colectiva, não era preenchido este critério. Nenhum titular dos corpos gerentes era da área da edu-
cação, não havia sequer um especialista.”
LIÇÃO AOS TREINADORES
O caso da National Conditions Education Association (Macau) não é único: há outra organização que pediu o reconhecimento como pessoa
O Conselho analisou o pedido da Sociedade de Treinadores de Macau e “achou que também não corresponde à natureza do sector educativo”
colectiva na área da educação, mas também não deverá conseguir realizar a sua pretensão. O Conselho analisou o pedido da Sociedade de Treinadores de Macau e “achou que também não corresponde à natureza do sector educativo”. Wong Kin Mou indicou que ainda há formalidades administrativas para tratar, para depois se submeter a decisão do Conselho ao Chefe do Executivo. “É preciso verificar se todos os documentos estão em ordem e, depois, tem de se ver se os fins prosseguidos pela pessoa colectiva correspondem à natureza ou às características do sector educativo”, descreveu o responsável da DSEJ. “Por isso, fomos verificar os estatutos publicados pela pessoa colectiva em Boletim Oficial. Depois, foi ainda preciso ver se têm realizado actividades que correspondem à finalidade da associação.” A Sociedade de Treinadores de Macau não convenceu a maioria dos membros do Conselho, que entende que a finalidade da associação não tem que ver com o sector em causa. Os pedidos destas duas pessoas colectivas estiveram em análise ontem na reunião plenária do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior (ver página 7). Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
LEGISLATIVAS MAIS LOCAIS DE VOTAÇÃO PARA MAIS ELEITORES
A
S eleições para a Assembleia Legislativa (AL), agendadas para 17 de Setembro, vão decorrer em mais assembleias de voto e locais de votação do que as de 2013, informou ontem a comissão eleitoral. O aumento do número de assembleias de votos foi justificado como forma de evitar a concentração de eleitores nos locais de votação, disse o juiz Tong Hio Fong, que preside à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), em declarações aos jornalistas. Apenas 14 dos 33 deputados à AL são eleitos pela população, com 12 a serem eleitos por associações num sufrágio indirecto e sete a serem nomeados pelo Chefe do Executivo. No total, vão estar dispostos 35 locais de votação para o sufrágio directo, nos quais os eleitores vão poder exercer o direito de voto em 36 mesas.
Já a votação por sufrágio indirecto vai decorrer num local de voto onde vão estar dispostas cinco assembleias de voto, o mesmo número do que nas eleições realizadas há quatro anos. GCS
C
HAMA-SE National Conditions Education Association (Macau) e queria ser reconhecida como pessoa colectiva do sector da educação, um requisito essencial nos termos da Lei do Recenseamento Eleitoral para que possa participar no sufrágio de base corporativa para a constituição da Assembleia Legislativa. Sucede que esta associação – com estatutos publicados em Boletim Oficial apenas em língua chinesa – não tem, entre os seus corpos dirigentes, ninguém com ligações ao sector da educação. A constatação foi feita pelo Conselho de Educação para o Ensino Não Superior, que ontem esteve reunido. O caso desta associação já tinha sido analisado pelo organismo, que enviou uma
GCS
Querer ser quem não é
Duas associações que se apresentavam como estando ligadas ao sector da educação não vão poder participar nas legislativas deste ano. Num dos casos, não há um único membro dos corpos sociais com ligações ao mundo das escolas
Em 2013, a votação no sufrágio directo foi realizada em 30 locais de votação com igual número de assembleias de voto. No final de Dezembro, Macau contava com 307.020 eleitores inscritos. O universo global de eleitores resulta da entrada de 25.138 novas inscrições, em relação a Dezembro de 2015, e da saída de 4117, que viram cancelado o recenseamento eleitoral ao longo do ano passado, por óbito, sentença judicial ou doenças do foro psiquiátrico. Relativamente ao universo total de eleitores registados no final de 2012 (277.153), ou seja, que podiam votar nas eleições de 2013 para a Assembleia Legislativa, houve um aumento de 10,78 por cento.
5 POLÍTICA
hoje macau quinta-feira 20.4.2017
Trabalho GOVERNO EXORTADO A DIVULGAR TRATADOS INTERNACIONAIS
Usar os últimos cartuchos “Parece claro que as entidades internacionais há muito tempo que não acreditam nas promessas sem cumprimento da RAEM. Quantas vezes foram chumbados neste hemiciclo os projectos de lei sindical?”
GONÇALO LOBO PINHEIRO
O deputado José Pereira Coutinho entregou na Assembleia Legislativa um projecto de lei que visa obrigar o Governo a divulgar os tratados ratificados pela RAEM ao abrigo da Organização Internacional do Trabalho, bem como os relatórios que façam referência ao território
A
meses de terminar a actual legislatura, e em ano de eleições legislativas, o deputado José Pereira Coutinho decidiu entregar na Assembleia Legislativa (AL) um projecto de lei intitulado “Promoção, sensibilização e divulgação dos tratados de Direitos Humanos e Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT)”. O objectivo é obrigar o Governo, através de uma lei, a divulgar os tratados internacionais na área do trabalho já ratificados, bem como os relatórios internacionais que fazem referência a Macau.
PEREIRA COUTINHO DEPUTADO
O projecto de lei determina que a RAEM “tem o dever geral perante a população de residentes e de não residentes de, activamente e amplamente promover, sensibilizar e divulgar os tratados de Direitos Humanos e Convenções da OIT, e os direitos
COLOANE, NOVA TENTATIVA
O
deputado José Pereira Coutinho apresentou ainda um projecto de lei para garantir a protecção de Coloane enquanto zona verde de Macau, sendo esta a quarta vez que apresenta um articulado com este teor no hemiciclo. Todos os anteriores projectos de lei foram chumbados pelos deputados. Com este diploma, Pereira Coutinho quer garantir a preservação do ambiente da ilha, sem que seja permitida a edificação de projectos de construção nas zonas protegidas.
J
ASON Chao, promotor da plataforma “Just Macau”, disse ontem em conferência de imprensa que já recebeu no website três queixas enviadas por cidadãos relativas às eleições. As informações remetem para a existência de casos em que as escolas estão a apresentar aos seus professores e funcionários formulários de apoio a determinados candidatos às legislativas, agendadas para 17 de Setembro. “As queixas revelam preocupações quanto à corrupção exercida no período
que estes tratados e convenções atribuem às pessoas”. A divulgação dessas informações deve ser feita “através dos media e das novas tecnologias”, ou então “outros que se revelem adequados, como a publicação de panfletos, esclarecimentos, jogos ou concursos”, lê-se no articulado. Além da utilização das duas línguas oficiais de Macau, o deputado propõe que sejam usados outros idiomas, que sejam da compreensão de todos os que fazem de Macau a sua casa. “Devem ser utilizadas outras línguas adequadas para a promoção, sensibilização e divulgação
dos tratados de Direitos Humanos e Convenções da OIT, em especial junto das diversas comunidades de imigrantes”, esclarece o documento.
CONHECER É PRECISO
Na nota justificativa, o deputado, que também preside à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), afirma que “é preciso que a população de Macau, gente que aqui mora e trabalha, tenha um melhor conhecimento dos seus direitos e das leis internacionais” em vigor. Pereira Coutinho dá o exemplo da lei sindical, cujos projectos de
Três, a conta que ele fez Queixas sobre eleições alertam para envolvimento de escolas
de recolha de assinaturas, [que envolvem] professores nas escolas”, disse Jason Chao. “Na história de Macau, o significado de formação de uma candidatura é muitas vezes esquecido. Mas, para mim, é uma questão política”, acrescentou. O ex-vice-presidente da Associação Novo Macau alega que os docentes e funcionários de algumas escolas estão a sofrer pressões para
assinar estes documentos. “Em Macau as pessoas não dizem ‘não apoio este candidato, não vou pôr o meu nome no formulário’. As pessoas são próximas umas das outras e sofrem muitas retaliações. Se alguém recusa assinar um documento, poderá sofrer consequências”, defendeu. Jason Chao promete enviar estas queixas para a Comissão dos Assuntos
Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), o órgão oficial para a recepção deste tipo de casos, bem como para outras entidades. “O ‘Just Macau’ exige à DSEJ, Instituto de Acção Social e CAEAL, bem como outras autoridades, que deixem mensagens claras junto de todos os receptores de subsídios para que haja uma proibição do abuso de relações de trabalho, suportadas
lei foram chumbados oito vezes na AL. “Parece claro que as entidades internacionais há muito tempo que não acreditam nas promessas sem cumprimento da RAEM. Quantas vezes foram chumbados neste hemiciclo os projectos de lei sindical? E acabar com a discriminação das mulheres no tocante à licença de maternidade?”, questionou. Para o autor do projecto, a OIT e a Organização das Nações Unidas (ONU) “prestam cada vez mais atenção à RAEM e são cada vez mais duras nas apreciações que fazem, sendo que tem havido situações de clara actuação contra os tratados dos Direitos Humanos e da OIT”, rematou.
por fundos públicos, para pedir uma afiliação política”, lê-se no comunicado.
DETALHES CÁ FORA
O também ex-candidato às eleições afirma, contudo, que se nada for feito sobre as queixas, mais detalhes serão revelados. “Neste momento não vou divulgar os detalhes das queixas e vou dar espaço às autoridades para fazerem as investigações. Se esta questão continuar, irei revelar os dados sobre as escolas que estão envolvidas.” Jason Chao falou ainda do financiamento público dado à
Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
maioria das escolas privadas, sendo que muitas delas pertencem a associações como a União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong), que tem ligações ao deputado Ho Ion Sang. “Há uma linha ténue entre entidades educativas e associações. Há uma espécie de conluio em associações como os Kaifong, que são muito grandes e que abrangem várias áreas. A maioria dos seus serviços é paga pelo Governo e os seus funcionários são pagos pelo Governo, ainda que de forma indirecta”, lembrou. A.S.S.
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Educação SUBSÍDIOS DEVERÃO SER AUMENTADOS NO PRÓXIMO ANO LECTIVO
Riqueza para a sala de aula A economia local voltou a um desenvolvimento estável, pelo que é possível regressar à lógica da distribuição dos ganhos. A ideia foi deixada ontem numa reunião do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior. Há planos para reforçar os apoios às escolas
N
O próximo ano lectivo, os principais subsídios dados pelo Governo às escolas deverão subir 0,5 por cento. É pelo menos esta a intenção da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e do Fundo de Acção Social Escolar, que ontem apresentaram uma proposta neste sentido, durante uma reunião plenária do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior. Em termos gerais, se a intenção foi por diante, o Governo deverá gastar 4,9 mil milhões de patacas em subsídios, mais 400 milhões de patacas do que no presente ano lectivo. Deverão ser revistos em alta os subsídios de escolaridade gratuita, propinas, financiamento de optimização dos rácios turma/ professor e professor/aluno, subsídio para aquisição de manuais escolares e os apoios para actividades extracurriculares. Também será reforçado o apoio dado ao desenvolvimento profissional do pessoal docente e subsídios directos a atribuir aos professores, sendo que vai crescer igualmente o dinheiro destinado ao programa de bolsas de estudo para o ensino superior e subsídios para pagamento de propinas, de alimentação e de aquisição de material escolar. Esta proposta de aumento está “em linha com o regresso da economia local ao desenvolvimento estável e após um ajustamento profundo”, justificou Sit Weng Tou, chefe da Divisão de Apoios
Socioeducativos da DSEJ. “Há que ter em conta as instruções de investimento do Governo da RAEM. O Chefe do Executivo publicou um despacho sobre a aplicação de fundos públicos e, por isso, temos de estabelecer os subsídios em conformidade”, ressalvou. “Mas atendendo às despesas de cada escola – que são inadiáveis, de necessidades reais –, temos de ajustar os subsídios.”
PROFESSORES E BOLSAS
Esta proposta de aumento está “em linha com o regresso da economia local ao desenvolvimento estável e após um ajustamento profundo”
O responsável indicou ainda que há despesas que têm que ver com “os professores que frequentaram acções de formação”. São docentes que deverão subir na carreira e que, por isso, deverão passar a ter melhores vencimentos. “Com esta promoção, as escolas vão ter despesas relacionadas com a variação salarial. Temos de atender às necessidades dos estabelecimentos de ensino”, assinalou Sit Weng Tou. O subsídio de escolaridade gratuita dos vários níveis de ensino vai ser revisto, com o montante por turma a ser aumentado. A DSEJ prevê, com este apoio, gastos que podem ultrapassar 1,4 milhões de patacas. Como forma de incentivo dos alunos que estão a terminar o ensino secundário complementar em relação à frequência universitária, o número de bolsas especiais para o ensino superior vai ser aumentado, de 390 para 460. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
INTERNET CTM ASSUME “TOTAL RESPONSABILIDADE” PELO APAGÃO
U
MA avaria no software da Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) na noite da passada terça-feira, durante cerca de quatro horas, deixou sem Internet cerca de 30 mil clientes, informou ontem a empresa. Em declarações aos jornalistas, o director executivo da CTM, Vandy Poon, disse que a operadora de telecomunicações assume “total responsabilidade” pelo incidente, e que a intervenção no sistema iria continuar durante a noite passada, devendo os trabalhos de reparações estar totalmente concluídos hoje à noite.
A CTM recebeu cerca de 3500 queixas de clientes, incluindo particulares e empresas, durante o período em que o acesso à Internet registou problemas – entre as 19h30 e 23h49 de terça-feira. “A maioria das queixas foi de clientes particulares e, dado que o incidente ocorreu a partir das 19h30, a maioria das pequenas e médias empresas já tinha encerrado as operações diárias, e a maioria dos negócios que operam 24 horas [incluindo os casinos] opera com IP [Internet Protocol] fixos”, explicou Vandy Poon. A empresa registou no passado outras interrupções no serviço de Internet, nomeadamente
em 2012, em que um apagão cortou ou limitou as comunicações em todo o território durante cerca de seis horas. Um comunicado da Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT), divulgado ontem, referiu a ocorrência de “uma avaria em dois servidores de Internet, estimando, preliminarmente, que 30 mil utentes do serviço de banda larga tenham sido afectados”. Os CTT exigiram à CTM a resolução do problema, “com a maior brevidade possível (…) e a apresentação de um relatório preliminar do incidente no prazo de 24 horas”.
SOCIEDADE
BALANÇO BOMBEIROS COM MENOS TRABALHO ESTE ANO
O Corpo de Bombeiros recebeu menos solicitações nos primeiros três meses de 2017 do que em igual período do ano passado. De acordo com dados ontem apresentados, em termos gerais, houve uma diminuição de 5,85 por cento nas acções operacionais levadas a cabo. Entre Janeiro e Março, a corporação acudiu a 11.008 casos, sendo a grande maioria (9432) o transporte em ambulâncias. Registou-se uma descida anual em todas as vertentes do trabalho dos Bombeiros: os incêndios (239) diminuíram quase 20 por cento e nas operações de salvamento (316) verificou-se uma queda de 4,53 por cento.
CASINOS QUASE CEM PEDIDOS DE EXCLUSÃO ATÉ MARÇO
A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ registou, no primeiro trimestre do ano, um total de 97 pedidos de exclusão de acesso aos casinos. Do total, 80 pedidos foram de auto-exclusão, enquanto os restantes 17 foram submetidos a pedido de terceiros, indicam publicados no site da entidade reguladora. No ano passado, foram registados 351 pedidos de exclusão de acesso aos casinos, contra 355 em 2015, 280 em 2014 e 276 em 2013. Ao abrigo da lei, que condiciona a entrada, o trabalho e jogo nos casinos, o director da DICJ pode interditar a entrada em todos os casinos, ou em apenas alguns, pelo prazo máximo de dois anos, às pessoas que o requeiram ou confirmem requerimento apresentado para este efeito por cônjuge, ascendente, descendente ou parente em segundo grau.
MONTANHA RUSSA MORADORES DENUNCIAM MORTE DE GATOS
Os moradores da zona do Jardim da Montanha Russa publicaram ontem um comunicado no Jornal do Cidadão em que pedem ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais que seja colocado no local um sistema de videovigilância. Os residentes argumentam que é impossível garantir, apenas com funcionários, a segurança no jardim, dada a extensão do local. Dizem que não se sentem tranquilos no espaço, frequentado por quem vive nas imediações, uma vez que, com frequência, são encontrados gatos mortos. Os animais vivem no jardim e, segundo a denúncia feita, foram mortos de forma violenta. Os autores do comunicado recordam que o Jardim da Montanha Russa é um local muito frequentado por idosos e crianças, que não deverão ser expostos a um cenário desta natureza.
8 SOCIEDADE
hoje macau quinta-feira 20.4.2017
CRU RAIMUNDO DO ROSÁRIO PEDE TEMPO PARA CONCLUSÕES
“O que está a acontecer é que, nas últimas reuniões, não têm havido conclusões e apenas tem sido reportado o andamento dos trabalhos.”
Obras de Santa Engrácia Após a terceira reunião do Conselho de Renovação Urbana, continuam a não existir conclusões da parte das comissões especializadas. Raimundo do Rosário nega que o órgão esteja a falhar e diz que estão em causa questões “complicadas”
O
Conselho de Renovação Urbana (CRU) ainda não chegou a qualquer conclusão face à necessidade de melhor aproveitamento dos edifícios industriais vazios. Também não há consenso quanto à percentagem ideal de condóminos para a aprovação das obras de renovação dos edifícios degradados. À saída da terceira reunião do CRU, realizada ontem, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, pediu mais tempo para a resolução de questões “complicadas”. As três comissões especializadas que compõem o órgão não têm qualquer calendário para a apresentação de conclusões.
“O que está a acontecer é que, nas últimas reuniões, não têm havido conclusões e apenas tem sido reportado o andamento dos trabalhos”, explicou o secretário, afastando a possibilidade de falta de eficiência do CRU. “Talvez não tenhamos de ser tão pessimistas. Os temas são de facto complicados. Esta questão da percentagem de concordância dos condóminos para alterar a finalidade não é uma questão fácil e acho que não foi por acaso que a comissão anterior [dos bairros antigos] não terá chegado a um acordo. É necessário [tempo], e talvez seja demasiado. Mas só quando as comissões chegarem
a uma conclusão é que se pode avançar. Se o consenso não é possível, não se pode forçar”, disse o governante aos jornalistas. O conselho consultivo para o reordenamento dos bairros antigos foi a entidade que antecedeu o CRU e acabou por ser extinto pelo Executivo sem que tenham sido apresentadas grandes medidas sobre a renovação dos velhos edifícios. O CRU entrou em funcionamento no ano passado.
PERCENTAGENS PRECISAM-SE
Raimundo do Rosário disse ainda que os edifícios industriais não
terão obrigatoriamente de servir para futuras habitações. “Os edifícios já não têm a utilização que tiveram no passado e pretende-se que sejam adaptados para outras finalidades, e não tem de ser necessariamente para habitação. A ideia é revitalizar.” A lei em vigor determina que a totalidade dos moradores de um edifício tenha de dar o aval para a sua reconstrução e alteração de finalidade, sendo que a Assembleia Legislativa (AL) tem actualmente em mãos uma proposta de revisão. A proposta visa definir uma percentagem ideal de condóminos
LOK KWOK SEM LICENÇA DE OBRA
L
i Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, disse ontem à margem da reunião do CRU que o organismo ainda não emitiu qualquer licença de obras para o edifício do antigo restaurante de “dim sum” Lok Kwok, localizado na Avenida Almeida Ribeiro. Vários órgãos de comunicação noticiaram que a fachada do histórico edifício terá sofrido alterações. “Respondo o que sei. Este edifício não tem ainda uma licença para obras. A planta baixa foi aprovada e, durante esse processo, ouvimos a opinião do Instituto Cultural (IC), que apresentou algumas restrições. Vamos mantendo a comunicação com o IC e hoje [ontem] fizemos uma inspecção no local”, disse Li Canfeng, que afirmou também não ter conhecimento da possibilidade das obras já efectuadas serem ilegais.
RAIMUNDO DO ROSÁRIO SECRETÁRIO PARA OS TRANSPORTES E OBRAS PÚBLICAS que dêem o seu aval, para que os projectos de reconstrução possam avançar mais rapidamente, sem que haja a necessidade da concordância de todos os moradores. “Ainda estamos à espera de um consenso. Pode ser discutida, por exemplo, uma percentagem de 80 ou 90 por cento, mas estamos à espera da orientação para fazer essa alteração legislativa”, adiantou Raimundo do Rosário. O regime jurídico da administração das partes comuns do condomínio foi votado na generalidade na AL em 2015, estando actualmente a ser analisado na especialidade pela 2ª Comissão Permanente. Há cerca de um ano que a comissão não se reúne para debater o diploma.
A
o rg a n i z a ç ã o “Our Plan, Our Land” entregou ontem uma carta na Sede do Governo com o objectivo de impedir a construção de habitação pública na Avenida Wai Long. De acordo com Amy Sio, representante da organização, em causa está o facto de não ter sido feita uma análise satisfatória por parte do Governo que tivesse em conta a existência de substâncias químicas produzidas pelo centro de incineração. “Os visitantes só ficam no território por um curto período de tempo, os alunos universitários também permanecem em Macau no máximo três a quatro anos, mas os moradores podem viver ali durante muito tempo e, como tal, vão ficar mais expostos aos malefícios provocados por estas substâncias”, sustentou. Amy Sio questiona quem irá, caso venham a existir consequências nefastas para a saúde pública, assumir as responsabilidades. Para a representante da “Our Plan Our Land”, o Governo deve ter em conta outros terrenos
Um plano sem terra
“Our Plan, Our Land” sublinha o perigo de Wai Long para moradores
para a construção de habitação pública uma vez que, observa, existem no território vários terrenos vazios. No entanto, e caso seja inevitável o avanço do projecto social em Wai Long, Amy Sio apela para que o centro de incineração seja deslocado para outro local,
sendo que, considera, é fundamental que o Executivo divulgue uma proposta concreta acerca de uma possível mudança.
KWAN E A PERFEIÇÃO
No sentido inverso está a opinião da deputada Kwan Tsui Hang, que apoia a
proposta de construção habitação pública em Wai Long. De acordo com Jornal do Cidadão, a deputada defende que as preocupações dos residentes podem ser resolvidas com o recurso a estratégias adequadas. Para Kwan Tsui Hang, a prioridade do Executivo
dever ser, neste momento, este tipo de infra-estrutura, que corresponde às necessidades e vontades dos residentes. Em causa está a insuficiência de fracções de habitação económica, uma vez que o Instituto de habitação (IH) recebeu mais de 40 mil pedidos no último período de candidaturas. Apesar de o projecto de 28 mil fracções da habitação pública na zona de novos
Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
aterros estar na agenda do Governo, Kwan Tsui Hang prevê que o processo ainda possa demorar vários anos até ao início da construção. A deputada destaca ainda que o número de terrenos que podem vir a ser aproveitados para habitação económica é limitado. Quem fica a perder, refere, são as famílias que continuam a viver precariamente. Em resposta às opiniões contra a construção da habitação pública na Avenida Wai Long, Kwan Tsui Hang contrapõe com a ausência de críticas aquando do destino daquele terreno para o projecto La Scala, um empreendimento de luxo. Para esclarecer as dúvidas da sociedade, Kwan Tsui Hang quer que o Governo avance com o estudo sobre a capacidade do terreno e a possibilidade de albergar oito mil fracções habitacionais. V.N. com S.M.M.
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9 SOCIEDADE
hoje macau quinta-feira 20.4.2017
ECONOMIA ACELERA ESTE ANO, ABRANDA EM 2018
O
Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve a projecção de que a economia de Macau vai voltar a crescer este ano, mas antecipou uma desaceleração para o próximo, indicou a instituição no World Economic Outlook. Aprevisão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em termos reais de 2,8 por cento em 2017 foi conhecida, em Fevereiro, num relatório da instituição financeira sobre a RAEM. Nesse documento, o FMI reviu em alta a projecção de crescimento, avançada em Outubro, que era de 0,2 por cento. Para o próximo ano, o FMI antecipou um abrandamento, com um aumento do PIB de 1,7 por cento em termos reais. Já para 2022, o World Economic Outlook previu uma recuperação, ao calcular um crescimento de 3,8 por cento para esse ano.
A economia de Macau contraiu-se em 2016 pelo terceiro ano consecutivo, apesar da recuperação da indústria do jogo. O documento do FMI reiterou previsões anteriores relativamente à taxa de desemprego de Macau, calculando que se mantenha na ordem dos dois por cento este ano e no próximo. As taxas de inflação também se deverão manter baixas: dois por cento em 2017, 2,2 por cento em 2018 e três por cento em 2022. No World Economic Outlook, publicado em Washington, o FMI melhorou ligeiramente a previsão de crescimento económico mundial para os 3,5 por cento em 2017 (contra os 3,4 por cento anteriormente previstos), projectando um crescimento de 3,6 por cento em 2018.
HABITAÇÃO METRO QUADRADO SUBIU 19 MIL PATACAS NUM ANO
O
preço médio do metro quadrado das casas em Macau atingiu 91.801 patacas em Março, um aumento de 19.060 patacas no intervalo de um ano. De acordo com o portal dos Serviços de Finanças, a subida do preço do metro quadrado não travou as transacções, cujo número subiu significativamente de 591 para 1120 em termos anuais homólogos. Das três áreas de Macau, a península foi onde se verificou o maior número de vendas (832 contra 476 em Março de 2016), onde o preço médio do metro quadrado foi de 87.528 patacas, contra 70.688 patacas em igual período de 2016. Na ilha da Taipa, o número de fracções autónomas
destinadas à habitação transaccionadas subiu de 88 para 211, apesar de o preço médio por metro quadrado também ter aumentado de 74.302 para 95.775 patacas. O preço das casas também se manteve em alta na ilha de Coloane, com o valor médio a atingir 120.229 patacas – o mais elevado das três zonas –, onde foram vendidas em Março 77 fracções, mais 50 do que no mesmo mês do ano passado, segundo os mesmos dados. Desde a liberalização de facto do jogo em Macau, ocorrida em 2004, o sector imobiliário tem estado sempre em alta. Os preços começaram a cair no início de 2015 e registam, desde então, flutuações. No ano passado, o preço médio do metro quadrado das fracções autónomas habitacionais foi de 86.342 patacas, uma queda ligeira de 0,6 por cento, depois de, em 2015, terem caído 13 por cento em relação ao ano precedente.
Jogo RECEITAS DO SECTOR VIP CRESCERAM 16,8 POR CENTO
Grandes de volta É o regresso aos tempos em que as apostas que contavam se faziam nas salas longe dos olhares públicos. O sector VIP dos casinos está em recuperação
A
S receitas do jogo VIP dos casinos de Macau cresceram 16,8 por cento no primeiro trimestre, em termos anuais homólogos, atingindo 35,491 mil milhões de patacas, indicam
dados oficiais divulgados ontem. De acordo com o site da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), os lucros do jogo VIP (angariados nas salas de grandes apostas) representaram 55,9 por cento das receitas brutas arrecadadas pelos casinos entre Janeiro e Março, contra 54 por cento no primeiro trimestre de 2016. A percentagem de crescimento das receitas do segmento VIP nos primeiros três meses do ano foi o dobro do registado no mercado de massas. As receitas do jogo de massas, incluindo as das slot machines, subiram 8,5 por cento, em termos anuais homólogos, para 27,988 mil milhões de patacas. Trata-se de um sinal positivo para o segmento VIP que, apesar de deter a ‘fatia de leão’, tem visto a
proporção nas receitas totais da indústria do jogo a diminuir nos últimos anos: em 2016 foi de 53,2 por cento, em 2015 55,3 por cento, e em 2014 em 60,4 por cento – isto quando chegou a ser superior a 77 por cento. Os casinos de Macau fecharam o primeiro tri-
A percentagem de crescimento das receitas do segmento VIP nos primeiros três meses do ano foi o dobro do registado no mercado de massas
mestre do ano com receitas de 63,479 mil milhões de patacas, mais 13 por cento em termos anuais homólogos, de acordo com os dados publicados no passado dia 1. Na classificação de todo o sector surgem, depois dos casinos, as receitas das apostas nos jogos de futebol que, nos primeiros três meses do ano, foram de 102 milhões de patacas e, em segundo lugar, as do basquetebol (58 milhões de patacas). Seguiram-se as corridas de cavalos, com 31 milhões de patacas, e as de galgos, com 10 milhões de patacas, segundo os dados da DICJ. No final de Março, Macau contava 6423 mesas de jogo e 16.018 slot machines, distribuídas por 39 casinos.
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Celebração MUSEUS NO MERCADO VERMELHO MAIS PRÓXIMOS DA COMUNIDA
EVENTOS
Dragão embriag O ambiente em destaque Dia dedicado a museus dá relevo à natureza
O
Museu Natural Agrário é uma das 17 instituições envolvidas na celebração local do Dia Internacional dos Museus. O primeiro espaço museológico sobre a natureza de Coloane é um lugar que pretende manter vivas as características que, um dia, pertenceram à ilha. “Como o primeiro museu sobre a natureza da Ilha de Coloane, [o local] oferece um toque de nostalgia com exposições que mostram o estilo de vida que seria único nos ilhéus”, lê-se num comunicado. O museu serve ainda para mostrar o tempo em que havia agricultura em Macau, com destaque dado para a ligação das pessoas à terra, e o respeito pela flora e fauna locais. A ideia é proporcionar aos residentes e turistas um contacto mais directo com a história recente daquele lugar e das suas tradições, ao mesmo tempo que alerta para a importância da biodiversidade do território.
CULTIVAR EM CASA
A mesma instituição vai promover, perto do Mercado Vermelho, na próxima quarta-feira, a exposição “Hortaliças indispensáveis à vida”.Aideia é juntar a botânica à saúde e dar a conhecer os legumes que são fundamentais para se ser saudável.
“Nos mercados encontram-se hortaliças e legumes de diversas espécies. No 8.º dia da quarta lua do calendário lunar, Dia do Buda e aniversário do deus Tam Kung, e também o dia do festival do dragão embriagado, [procura-se saber] quais as melhores hortaliças para se consumir”, refere o comunicado. Está também programada a realização de um workshop que ensina o cultivo de legumes e que tem como título “plantação doméstica, faça você mesmo”. No final, os participantes podem levar para casa aquilo que aprenderam a cultivar, para que “sintam a responsabilidade e alegria no cultivo e na sua manutenção”. O espaço museológico sobre Coloane vai, durante o mês de Maio, realizar o workshop “Educação agrícola doméstica”, para ensinar a promover a plantação sazonal de acordo com os 24 termos solares chineses. Para celebrar a integração de Macau nas dez terras húmidas da China, e de modo a chamar a atenção para a sua conservação, a instituição vai organizar passeios para a observação de aves que habitam o território e que dependem da manutenção destas terras para sobreviver. S.M.M.
O Dia Internacional dos Museus celebra-se a 18 de Maio. No entanto, dada a temática e o feriado que se aproxima, a próxima quarta-feira é o dia em que muitas das actividades vão ter lugar. A ideia é juntar a efeméride às tradições locais. Na sua concretização estão 17 museus
M
ACAU escolheu como tema para este ano do Dia Internacional dos Museus “O museu móvel – Mercado Vermelho e Festival do Dragão Embriagado”. Na edição de 2017 da iniciativa, o Mercado Vermelho e as suas imediações são o grande palco do evento. A intenção é dedicar cada edição a um local com relevância para o território, sendo que o Mercado Vermelho “é um espaço com significado arquitectónico que tem testemunhado as mudanças da cidade”, disse ontem a chefe de Departamento de Museus do Instituto Cultural (IC), Lei Lai Kio, na sessão de apresentação de actividades. O “Festival do Dragão Embriagado” junta-se ao espaço de eleição e acom-
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA TUBARÃO 2000 • António Victorino d’Almeida Portugal é governado pela primeira vez por uma maioria absoluta. Marcelino passa de herói do romance Coca-Cola Killer a narrador. O excêntrico embaixador, à partida com a queda que se lhe conhece para um comportamento menos escrupuloso do que seria desejável, assiste em Tubarão 2000 a novas formas de corrupção e ao desenvolvimento de outros poderes sobre os quais não tem qualquer influência.
panhará as iniciativas com a mostra de tradições associadas à distribuição do arroz do barco do dragão. Em dia de feriado, muitas das bancas do edifício da Horta e Costa estarão vazias, mas a actividade de venda não será interrompida e será estabelecida uma ligação com as exposições. A organização destaca a exibição referente à distribuição do arroz, que irá alternar com as bancas do interior do mercado. As imediações do edifício vão misturar as habituais tendas de vendedores a outras que contam histórias do passado. Uma exposição sobre a história dos vendilhões irá misturar-se com as frutas e legumes do quotidiano.
DOS WORKSHOPS
Ainda com o Mercado Vermelho como palco, os cidadãos são
convidados a fazerem peças que poderiam estar expostas num qualquer museu. Isto porque o IC vai promover uma
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
PORTUGAL DEFINITIVO • António Victorino d’Almeida «Em “Portugal Definitivo” voltamos a encontrar Marcelino Bandeira, com a única diferença de que se trata agora de um homem velho. Este é o último livro da trilogia que mergulha com graça e inteligência na sociedade portuguesa, que ousa entrar nos bastidores e faz subir ao palco as verdades incómodas do nosso país. Sem hipocrisias nem cinismos.»
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ADE
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gado à solta está agendado um conjunto de visitas guiadas dedicadas ao próprio Mercado Vermelho.
É UM FESTIVAL
Da história também consta o vinho e o Museu do Grande prémio e o Museu do Vinho juntam-se à iniciativa. O dia 3 de Maio é também o dia escolhido para a realização de provas gratuitas, a terem lugar numa das tendas nas imediações do Mercado Vermelho.
A tradição será chamada à rua para que os museus cheguem mais perto das pessoas e saiam das quatro paredes onde habitualmente estão inseridos
série de workshops em que o festival do barco do dragão é protagonista. A criação de postais será uma das actividades. Com recurso à cianotipia, técnica fotográfica de impressão do séc. XIX que recorre ao sol para fazer aparecer a imagem em tons de azul, os interessados são convidados a criar história com história. Os leques também fazem parte do programa, através da pintura de telas com motivos as-
sociados aos dragões, de modo a juntar o objecto do Oriente a uma tradição que o acompanha. Como a história também é feita no presente, a construção em legos e a sua pintura pretende juntar pais e filhos no Museu da Ciência. Da vasta agenda consta também a produção de objectos úteis e decorativos. Para o efeito está marcado um workshop de gravação de porta-chaves e de pulseiras com peixes. Paralelamente,
O convite é dirigido aos residentes e turistas para que se juntem aos peritos e possam adquirir um conhecimento mais aprofundado sobre o vinho e a sua degustação. Cada um dos 17 museus participantes vai organizar exposições, workshops e palestras de modo a que exista um “pretexto para promover junto da população as características culturais e comunitárias das festividades de Macau”, acrescentou Lei Lai Kio. Este ano, a organização conta ainda com o apoio da Associação do Peixe Fresco de Macau, sendo que a ligação ao evento inclui as cerimónias tradicionais da associação. A agenda prevê também a realização de oferendas aos deuses, danças do dragão e do leão e desfiles pelas ruas da cidade, bem como a distribuição de arroz.Atradição será chamada à rua para que os museus cheguem mais perto das pessoas e saiam das quatro paredes onde habitualmente estão inseridos. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
EVENTOS
HOJE TERAPIA Paula Bicho
Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com
Dor nas costas • DESCRIÇÃO Dor nas costas é um termo abrangente, referindo-se a qualquer tipo de dor que possa ocorrer na região cervical, dorsal, lombar ou sagrada. A dor, de intensidade variável, pode surgir súbita ou gradualmente, causar rigidez e dor ao movimento ou irradiar para a perna ou pescoço; pode ser aguda ou crónica, muitas vezes é recorrente. Pode envolver só os músculos, ou ainda os ligamentos, tendões, nervos, vértebras ou discos intervertebrais. Trata-se de um dos problemas de saúde mais comuns, constituindo a segunda causa mais frequente de idas às urgências hospitalares. Em Portugal, estima-se que 72,4% das pessoas sofrem ou já sofreram de dores nas costas; 70% das queixas são relativas à região lombar. As pessoas obesas e as mulheres grávidas, devido à sobrecarga do esqueleto e da estrutura muscular, têm dores nas costas com maior frequência.
CAUSAS As causas são diversas. A dor nas costas pode ser um sintoma de uma patologia específica do aparelho músculo-esquelético ou duma afecção noutros órgãos; pode ser ainda consequência de um desvio na coluna, um esforço exagerado ou uma lesão desportiva, mas, normalmente, resulta de uma acumulação de erros de postura. Também os estados de ansiedade e stress provocam uma contracção muscular e podem originar dor nas costas. É importante identificar a causa e corrigi-la de forma a evitar a dor; caso persista, torna-se essencial proceder ao seu correcto diagnóstico. COMO O TRATAMENTO NATURAL PODE AJUDAR Fitoterapia Numerosas plantas podem aliviar a dor nas costas. Além das sugeridas Hoje, muitas outras podem ainda ser úteis, destacando-se as futuramente abordadas para outras afecções do aparelho locomotor. ARNICA, Arnica montana L., flores (Asteraceae): Utilizada como planta medicinal desde o século XII. A presença de lactonas sesquiterpénicas, flavonóides e óleo essencial justifica as suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e anti-reumáticas. Activa ainda a circulação sanguínea. Aplica-se em creme ou óleo, em massagens na zona afectada. HIPERICÃO, Hypericum perforatum L., sumidades floridas (Hypericaceae): Conhecido como planta medicinal desde a Antiguidade. Tem propriedades anti-inflamatórias, antiespasmódicas, analgésicas e antioxidantes, devido ao conteúdo em flavonóides e proantocianidinas. Possui ainda um suave efeito anestésico local, embora de acção mais prolongada relativamente a alguns fármacos de síntese. É usado o óleo medicinal em massagens; também pode ser tomado internamente em infusão ou suplemento alimentar. SALGUEIRO, Salix spp., cascas (Salicaceae): É usado como anti-inflamatório e analgésico desde a Antiguidade. Estas
propriedades são atribuídas aos derivados salicílicos (salicina), proantocianidinas e flavonóides. A salicina é um precursor natural do ácido acetilsalicílico de síntese (vulgo aspirina), no entanto, como necessita ser metabolizada no organismo para que se liberte o ácido salicílico, o seu efeito é mais lento. Toma-se em decocção ou suplemento alimentar. ALIMENTAÇÃO Aumentar a ingestão de: • Água: é essencial para hidratar os tecidos e as articulações. • Frutas e vegetais: além de ricos em água, são também uma fonte de antioxidantes, essenciais para combater a inflamação. • Ácidos gordos essenciais ómega-3: são anti-inflamatórios. Salmão, atum, cavala, arenque, sardinha, óleo de linho, sementes de linho e de chia, nozes, beldroegas, espinafres e brócolos são algumas das fontes. Evitar ou reduzir a ingestão: • Gorduras saturadas (carnes e lacticínios), açúcar e álcool: são pró-inflamatórios, contribuindo para a exacerbação da inflamação e dor associada. HIGIENE DE VIDA • Combata o stress: estabeleça metas e prioridades. Viva de forma equilibrada, dedicando tempo para si, família e amigos, além do trabalho. • Fortaleça os músculos abdominais e dorsais. Faça exercício físico adequado à sua condição física. Aqueça e alongue os músculos antes da prática, de forma a evitar lesões. Caminhar e nadar são boas opções. • Seja vigilante sobre a sua postura: endireite as costas, apoie-se em ambas as pernas quando está de pé, quando está sentado mantenha ângulos de 45º nas articulações, apoie os pés no chão e não cruze as pernas. Reserve os saltos altos. • Verifique se o colchão é demasiado mole e se a almofada é do tamanho adequado. Evite os esforços. Mas… perante um esforço, lembre-se: é melhor empurrar do que puxar. Ao levantar algo pesado, dobre os joelhos e faça a força nas pernas, abdómen e braços e não na coluna.
ADVERTÊNCIAS: Este artigo tem como objectivo apenas a divulgação e não deve substituir a consulta de um profissional de saúde, nem promover a auto-prescrição. Além disso, algumas plantas têm contra-indicações, efeitos adversos ou interacções com medicamentos.
12 CHINA
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Pequim LI KEQIANG QUER UMA UE UNIDA, ESTÁVEL E PRÓSPERA
Para o bem de todos
O
primeiro-ministro chinês encontrou-se com Federica Mogherini, alta representante da UE para as relações exteriores e política de segurança, bem como vice-presidente da Comissão Europeia, em Pequim, esta terça-feira. A China apoia firmemente a integração europeia e intercede a favor de uma União Europeia unida, estável e próspera, segundo palavras do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. Li fez a declaração durante o encontro com Federica Mogherin. O primeiro-ministro chinês reiterou a elevada importância atribuída às relações sino-europeias e ao compromisso da UE em cumprir com as suas obrigações internacionais, sendo que, como tal, a China volta a manifestar a sua disponibilidade para promover a cooperação entre ambas as partes. “A China está disponível para colaborar com a UE dentro do espírito do respeito mútuo, visando o avanço das conversações no sentido de fechar um tratado de investimento bilateral e garantir um estudo da possibilidade de firmar um acordo de livre comércio”, disse Li. “A China irá continuar a trabalhar com a UE para gerir de modo apropriado as divergências entre ambas as partes, melhorar as relações sino-europeias dentro das normas da ordem internacional, e contribuir de modo contundente para o desenvolvimento económico mundial”, disse Li. Atendendo à complexidade e volatilidade do cenário internacional e ascensão de movimentos anti-globalização e de proteccionismo, a China e a UE devem reger-se pelos princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas, disse Li.
TUDO EM ORDEM
Por seu turno, Mogherini afirmou que a UE e a China partilham a responsabili-
“A China está disponível para colaborar com a UE dentro do espírito do respeito mútuo, visando o avanço das conversações no sentido de fechar um tratado de investimento bilateral e garantir um estudo da possibilidade de firmar um acordo de livre comércio.” LI KEQIANG PRIMEIRO-MINISTRO CHINÊS dade de manter a ordem internacional, actuando em diversas ameaças globais, tais como o terrorismo, alterações climáticas e a promoção da paz global e do desenvolvimento. A UE atribui grande importância à manutenção do sistema multilateral e
ao cumprimento das suas obrigações internacionais, sendo que irá trabalhar juntamente com a China para reforçar a cooperação e gerir as divergências entre ambas as partes, por forma a facilitar o progresso no investimento bilateral e negociação de tratados, frisou Mogherini.
IVANKA TRUMP REGISTOU TRÊS MARCAS NA CHINA
A
empresa de Ivanka Trump, a filha mais velha do Presidente norte-americano, Donald Trump, obteve autorização das autoridades chinesas para registar três marcas na China, durante a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, aos Estados Unidos. Segundo a cadeia de televisão CNN, Ivanka foi autorizada a registar a sua linha de malas, jóias e um serviço de SPA na China, na mesma noite em que se sentou junto a Xi e à sua esposa num jantar no ‘resort’ de Trump na Florida. A empresa da filha de Trump, que desde há algumas semanas trabalha como assistente do pai, tem já 16 marcas registadas no país asiático. A advogada de Ivanka, Jamie Gorelick, argumentou que a filha do Presidente “não participou nas solicitações de registo da marca apresentadas pela sua empresa” ao Governo chinês, desde que renunciou à direcção da empresa.
Gorelick defendeu ainda que as normas étnicas não obrigam a sua cliente a abdicar das responsabilidades na Casa Branca, em questões de política externa, só porque a sua empresa solicitou o registo num determinado país. O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês qualificou ontem de “coscuvilhice” as informações de que Ivanka obteve autorização para registar novas marcas na China. “Alguns órgãos de comunicação estão interessados em coscuvilhice e em tentar exagerar as coisas”, disse em conferência de imprensa o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Lu Kang. A China “protege os interesses dos donos das marcas de forma igual”, acrescentou. O porta-voz chinês lembrou que “este processo é desenvolvido de acordo com a lei e não deveria dar-se excessiva importância ao assunto”.
LANÇADO ALERTA PARA CAPTURA DE BILIONÁRIO
A China disse ontem que a Interpol emitiu um “alerta vermelho” para a captura de Guo Wengui, um bilionário chinês que ameaçou tornar pública a corrupção ao mais alto nível no Partido Comunista Chinês. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lu Kang avançou com aquela informação, mas recusou detalhar quais os crimes de que Guo é acusado. A Interpol não comentou, entretanto, aquela informação. Guo também não surge no ‘site’ da organização. O bilionário do sector estatal deixou de ser visto em público, em 2014, mas voltou a aparecer recentemente, em duas entrevistas a órgãos de comunicação publicados em chinês além-fronteiras e numa série de mensagens difundidas através da rede social Twitter, em que diz deter informações comprometedoras para a liderança chinesa. Guo viverá actualmente em Londres. O empresário está ligado a Ma Jian, antigo vice-director dos serviços de inteligência da China, que foi condenado por corrupção em Fevereiro passado.
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Aviso
AVISO Informa-se que se encontra publicada no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 16, II série, de 19 de Abril de 2017, e afixada na sede da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), sita na Estrada de D. Maria II, n.os 11 a 11-D, Edf. dos Correios, r/c, Macau, a lista classificativa final para o preenchimento de 3 lugares do quadro de pessoal e 6 lugares em regime de contrato administrativo de provimento, de fiscal técnico de 2.ª classe, 1.º escalão, área de actividade de obras públicas, da carreira de fiscal técnico desta Direcção de Serviços, podendo a mesma ser consultada na página electrónica da DSPA http://www.dspa.gov.mo.
O Director, Tam Vai Man Aos 11 de Abril de 2017
Venho por este meio informar a V. Exa. que a Direcção dos Serviços de Finanças irá realizar no dia 28 de Abril de 2017 um seminário de esclarecimento sobre “NORMA COMUM DE COMUNICAÇÃO E PROCEDIMENTOS DE DILIGÊNCIA DEVIDA PARA INFORMAÇÕES SOBRE CONTAS FINANCEIRAS”. No seminário, dar-se-ão a conhecer o enquadramento, o objectivo e as questões-chaves da consulta, esperandose recolher comentários e sugestões de todos os sectores que possam auxiliar no aperfeiçoamento da “NORMA COMUM DE COMUNICAÇÃO E PROCEDIMENTOS DE DILIGÊNCIA DEVIDA PARA INFORMAÇÕES SOBRE CONTAS FINANCEIRAS”. O seminário será realizado pelas 15h00-17h00, na Sala Flor de Lótus, localizada no 5.º andar do Centro de Comércio Mundial de Macau. O seminário será ministrado em Cantonês e Inglês, sendo disponibilizada, tradução simultânea para Português. Gostaríamos de convidar representantes das instituições financeiras e outros interessados inscrever-se e a estar presente. Poderá inscrever-se através dos telefones número 8599 0686 ou 8599 0424 até 27 de Abril de 2017 (por ordem cronológica). Em conformidade com a política de protecção ambiental, os documentos de consulta “NORMA COMUM DE COMUNICAÇÃO E PROCEDIMENTOS DE DILIGÊNCIA DEVIDA PARA INFORMAÇÕES SOBRE CONTAS FINANCEIRAS” encontram-se já disponíveis no sítio da internet da Direcção dos Serviços de Finanças (www.dsf.gov.mo). Desde já se informa que os mencionados documentos não serão facultados em suporte de papel no seminário. Obrigado pela atenção! Aos 7 de Abril de 2017.
O Director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong
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CHINA
PEQUIM QUER APROFUNDAR REFORMA DO SISTEMA ECONÓMICO
O
“rei dos assaltos”, que cumpria 41 anos de prisão em Hong Kong por planear uma série de assaltos à mão armada a joalharias nos anos 1980, morreu no hospital, informou ontem a Rádio e Televisão Pública da região. Com 55 anos, Yip Kai-foon, sofria de cancro e estava internado no hospital desde 1 de Abril, segundo os serviços prisionais. Yip Kai-foon nasceu em Haifeng, província chinesa de Guangdong (sul), e nos anos 1980 liderou um gangue armado com espingardas PUB
Capítulo final
Morreu “rei dos assaltos” a joalharias de Hong Kong
automáticas “AK47” que tinha como alvos joalharias em Hong Kong. Em Maio de 1996 ficou paralisado da cintura para baixo na sequência de um tiroteio com a polícia, tendo sido acusado de possuir armas e explosivos e resistir às autoridades policiais. Em 1989, Yip Kai-foon fugiu do hospital onde se encontrava em tratamento,
para a província de Guangdong. Responsável por uma série de assaltos violentos a joalharias de Hong Kong, Yip Kai-foon foi visto na zona central da antiga colónia britânica e emboscado pela polícia, tendo sido preso após um tiroteio em que ficou gravemente ferido. Yip foi sentenciado a 41 anos de prisão em 10 de Março
de 1997. Em 2010, manifestou arrependimento pelos crimes cometidos numa carta para uma revista evangélica. A vida no mundo do crime inspirou o filme “The King of Robbery” (o rei dos assaltos, em inglês). O filme “Trivisa”, que no mês passado conquistou o prémio de melhor filme no Festival de Cinema de Hong Kong, também tem uma personagem que muitos dizem ter sido inspirada em Yip.
O Conselho de Estado da China aprovou um documento que destacou as principais tarefas no aprofundamento da reforma do sistema económico em 2017. O documento foi apresentado pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR), a agência de planeamento económico do país.A reforma no lado da oferta deve ser a principal tarefa do ano, e o mercado deve desempenhar um papel principal na actividade económica, pode ler-se. O governo deve simplificar os procedimentos administrativos e reduzir a burocracia para melhorar a eficiência. As empresas estatais devem aprofundar a reforma da propriedade mista. Os direitos de propriedade intelectual devem ser protegidos melhor para fomentar o empreendedorismo. A reforma fiscal, como as reformas do orçamento e do imposto sobre o valor acrescentado, deve ser avançada, informa ainda o comunicado. O documento destaca também a importância da reforma nas finanças, agricultura, inovação e urbanização.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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candidatura do “Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace do Bussaco” à classificação de Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) foi apresentada na Bolsa de Turismo de Lisboa no passado dia 16 de Março pelo Presidente da Câmara da Mealhada, Rui Marqueiro, que vaticinou que a elevação do Bussaco a Património Mundial permitirá duplicar em três anos o número de visitantes, registando-se ainda uma subida de 15 por cento no número de alojamentos e 30 por cento em dormidas, garantindo a auto-sustentabilidade financeira da Fundação que gere a Mata Nacional (Fundação Mata do Bussaco). Num espaço de dez anos, a previsão aponta para números ainda mais impressionantes: 300 por cento no número de visitantes (250 mil em 2016), 100 por cento nas dormidas e 50 por cento em alojamentos. Segundo o presidente da Câmara da Mealhada, este é o projecto mais importante da autarquia dada a sua grandiosidade, e o objectivo final deste investimento é fazer da Mata do Buçaco e do concelho um local não só de visita rápida, mas onde os turistas permaneçam mais tempo. Para o autarca, fazer parte da rede de património mundial será um atractivo para chamar pessoas e turistas. O Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace do Bussaco congregam um património de incomensurável valor cultural, histórico, patrimonial, religioso, militar e natural. A Mata Nacional do Bussaco situa-se no extremo noroeste da Serra do Bussaco, no concelho da Mealhada. Com 549 metros de altitude, a sua localização geográfica confere-lhe um microclima muito particular, com temperaturas amenas, elevada precipitação e frequentes nevoeiros matinais, que favorecem uma elevada biodiversidade. Nas encostas expostas a sul sobressai uma vegetação tipicamente mediterrânica e nas encostas mais a norte uma vegetação característica de clima temperado. Com 105 hectares, a Mata Nacional do Bussaco foi plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços no século XVII, encontrando-se delimitada por muros erguidos pela ordem para limitar o acesso. Possui uma das melhores colecções dendrológicas da Europa, com cerca
Bussaco candidato a Patrim de 250 espécies de árvores e arbustos com exemplares notáveis. É uma das Matas Nacionais mais ricas em património natural, arquitectónico e cultural, podendo ser dividida em quatro unidades de paisagem: Arboreto, Jardins e Vale dos Fetos, Floresta Relíquia e Pinhal do Marquês. A Mata Nacional do Bussaco encerra uma vasta diversidade de animais que, muitas vezes silenciosa, passa despercebida. Rodeada de monoculturas de pinheiro-bravo e eucalipto, a Mata providencia alimento, abrigo e refúgio para mais de centena e meia de espécies de vertebrados, entre as quais, algumas de grande valor conservacionista, como endemismos ibéricos ou espécies protegidas. A Fundação Mata do Buçaco (FMB) tem à disposição do público uma oferta base de visitas e trilhos temáticos, com percursos distintos orientados por monitores da Fundação. São quatro os trilhos que podem ser percorridos: Trilho Floresta Relíquia, Trilho Militar, Trilho Via-sacra, Trilho da Água. As visitas são orientadas por monitores da Fundação e disponíveis em português, inglês, espanhol e francês. Actualmente classificado como Imóvel de Interesse Público, o conjunto monumental do Bussaco apresenta um núcleo central formado pelo Palace Hotel do Bussaco (instalado desde 1917 num pavilhão de caça dos últimos reis de Portugal) e pelo Convento de Santa Cruz, a que se juntam as ermidas de habitação, as capelas de devoção e os Passos que compõem a Via-Sacra, a Cerca com as Portas, o Museu Militar e o monumento comemorativo da Batalha do Buçaco. O edifício onde se encontra instalado o Palace Hotel foi projectado no último
A empresa que gere a candidatura da Mata situada no concelho da Mealhada destaca vantagens de quatro tipos na classificação como Património Mundial da UNESCO: demográficas, ambientais, socioeconómicas e turísticas
quartel do século XIX pelo arquitecto italiano Luigi Manini, cenógrafo do Teatro Nacional de São Carlos, trazido para Portugal pela Rainha Maria Pia de Sabóia, mulher do Rei D. Luís I. Contou ainda com intervenções, em diferentes fases, dos arquitectos Nicola Bigaglia, Manuel Joaquim Norte Júnior e José Alexandre Soares. Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1996. O edifício, em estilo neo-manuelino, exibe perfis da Torre de Belém lavrados em pedra de Ançã, motivos do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, alguns arabescos e florescências do Convento de Cristo, alegando um gótico florido com episódios românticos em contraste com uma austera severidade monacal. No seu interior, destacam-se notáveis obras de arte de grandes mestres portugueses da época, desde a colecção de painéis de azulejos do mestre Jorge Colaço, evocando a Epopeia dos Descobrimentos Portugueses, nomeadamente Os Lusíadas, os Autos de Gil Vicente e a Guerra Peninsular, graciosas esculturas de António Gonçalves e de Costa Mota, telas de João Vaz ilustrando versos da epopeia marítima de Luís Vaz de Camões, frescos de António Ramalho e pinturas de Carlos Reis. O mobiliário inclui peças portuguesas, indo-portuguesas e chinesas, realçadas por faustosas tapeçarias. Destaque ainda para o tecto mourisco, o notável soalho executado com madeiras exóticas e a galeria real. Os jardins e parque envolvente, o Convento de Santa Cruz do Buçaco, o Deserto monacal, o Sacromonte simbolizando Jerusalém e a paixão de Cristo, com os seus passos da Via Sacra, a Cruz Alta, as inúmeras ermidas e capelas, constituem o mais vasto conjunto arquitectónico edificado pela Ordem dos Carmelitas Descalços; o Vale dos Fetos e seus lagos, a Fonte Fria com a cascata artificial, de forte influência italiana pela mão de Maria Pia, e os miradouros românticos, são outras atracções. Complementarmente, o Museu Militar do Buçaco convida a uma incursão no historial da Guerra Peninsular, com destaque para a batalha do Bussaco na qual, em 1810, as tropas anglo-lusas, lideradas pelo Duque de Wellington, derrotaram o exército napoleónico. A empresa que gere a candidatura da Mata situada no concelho da Mealhada destaca vantagens de quatro tipos na
15 hoje macau quinta-feira 20.4.2017
Michel Reis
ónio Mundial da UNESCO classificação como Património Mundial da UNESCO: demográficas, ambientais, socioeconómicas e turísticas. O aumento de visitantes é o impacto mais evidente, seguindo-se a “geração de valor identitário” das populações à volta da Mata e o crescimento da mobilidade e envolvimento das comunidades locais no eixo Luso-Buçaco-Mealhada. As vantagens ambientais passam pelo aumento da capacidade de preservação da riqueza florestal dos 105 hectares da Mata, pelo reforço das iniciativas de investigação, por uma maior capacidade na gestão dos recursos hídricos locais e pela potenciação da consciencialização ambiental. No processo de candidatura, é ainda destacada a capacidade de atracção que a Mata constituirá para a região, gerando riqueza através do consumo de produtos locais, fixando jovens com formação académica e profissional especializada e atraindo novos residentes e empreendedores. Por outro lado, a distinção da UNESCO vai contribuir para reforçar a posição da entidade regional Turismo Centro de Portugal, que hoje já conta com Coimbra, Batalha, Alcobaça e Tomar como membros da lista de Património Mundial da Humanidade. Estes tesouros culturais incluem o conjunto Universidade de Coimbra -Alta e Sofia, o Mosteiro da Batalha, o Mosteiro de Alcobaça e o Convento de Cristo, em Tomar. A autarquia da Mealhada é actualmente o principal sustento financeiro da Fundação Mata do Buçaco, que mantém o seu orçamento equilibrado através das receitas de bilheteira e do financiamento comunitário de projectos de requalificação do património e espaço arborizado. As regras de candidatura a património mundial da UNESCO obrigam à criação de uma comissão que avalie o conhecimento e os projectos da Fundação Mata do Buçaco, estrutura que, segundo o seu Presidente, António Gravato, deverá ser criada em Julho e que envolverá as várias entidades que estão presentes no Conselho Consultivo da FMB. Apesar do lançamento da candidatura a Património Mundial, a Mata do Buçaco continua a aguardar a aprovação do diploma de elevação a Monumento Nacional, que ficou pronto ainda durante a passagem de João Soares pelo Ministério da Cultura e que aguarda ho-
Apesar do lançamento da candidatura a Património Mundial, a Mata do Buçaco continua a aguardar a aprovação do diploma de elevação a Monumento Nacional, que ficou pronto ainda durante a passagem de João Soares pelo Ministério da Cultura e que aguarda homologação em Conselho de Ministros, mas já se encontra inscrita, desde 2004, numa lista nominativa da UNESCO para efeitos de candidatura a património mundial mologação em Conselho de Ministros, mas já se encontra inscrita, desde 2004, numa lista nominativa da UNESCO para efeitos de candidatura a património mundial. Em Junho de 2015, a FMB e a Câmara da Mealhada anunciaram que iriam aproveitar os fundos comunitários do Quadro Portugal 2020 para recuperar e restaurar o património edificado da mata nacional com a intenção de preparar a candidatura a património mundial da UNESCO, que agora foi apresentada. De acordo com estudos existentes, a execução desses projectos terá um custo a rondar os 9 milhões de euros e o Programa Operacional do Centro obriga a entidade a assumir os encargos da componente nacional do projecto numa percentagem de 15% do valor global, verba essa que será assumida pela autarquia da Mealhada. Na altura, o presidente da FMB, frisou que as intervenções prioritárias serão no Convento de Santa Cruz (2,2 milhões) e na Via Sacra (1,7 milhões), confirmando ainda a conclusão do Plano de Gestão Florestal, fundamental para a elegibilidade das candidaturas.
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diários de próspero
António Cabrita
15/04/17
Numa dramaturgia respeitamos o ethos dos personagens mas introduzimos umas buchas. Como Os Pilares da Sociedade era para ser representada em Moçambique, onde campeia o machismo, eu puxei um pouco pelo feminismo já de si pioneiro de Ibsen e introduzi na emancipada Lona Hessel alguns juízos que lhe sublinham o carácter. Quem ia representar Lona era Graça Silva, uma das fundadoras do Mutumbela Gogo, que morreu de repente este fim-de-semana, aos 51 anos, sem que nada o adivinhasse, muito perto da estreia da peça. E eu tinha escrito algumas deixas para a voz dela e a clareza da sua dicção. Quem poderá agora projectar a voz, no tom e no timing certos, e explorando a fundo os seus efeitos no público, replicar com a mesma autoridade: «CÔNSUL BERNIK – Se olhares para dentro de qualquer homem, seja ele qual for, hás-de sempre encontrar pelo menos uma mancha que ele quer ocultar. LONA HESSEL (olhando-o bem de alto abaixo, alteando a voz, escarnecedora) – Um coalho! Um pobre coalho de sangue, urina, caca e presunção... E são vocês que se dizem os pilares da sociedade!». É lamentável ser ceifada assim, aleatoriamente, uma artista que há trinta anos se entregava ao palco e tão à vontade nas figuras populares como em Gertrudes, a mãe de Hamlet. Pior num país que não cultiva a memória ou patrocina tantas vezes o popularismo fácil e o embuste, negócio a que ela sempre se furtou, preferindo ganhar menos e fazer melhor – um percurso que nem todos entendem. Ou ainda: um percurso que nem todos merecem. Morreu uma senhora actriz, e apetece dizer: a vida é nesciamente merencória porque nos esmurra até que deixemos de distinguir entre o falcão e a garça!
16/04/17
O mecanismo do sorteio e a lógica do casino infiltraram-se no imaginário global. Talvez devido a que o homem, já não acreditando no equilíbrio das simetrias entre o trabalho e a recompensa, ou entre a boa-fé e a benignidade social, parece agora apostado em recuperar pelo jogo da sorte e do acaso uma ideia de destino. No entanto, o sistema de sorteio já teve efeitos positivos na História dos homens. Em Atenas, na Grécia antiga, os 500 membros do Tribunal dos He-
YASSMIN FORTE
A lotaria do nada e da morte
Graça Silva e Adelino Branquinho
liastas eram eleitos por sorteio entre os cidadãos livres. E para minimizar aí qualquer juízo imponderado, associado ao risco de que o cidadão com mais de 35 anos chamado para o desempenho de uma função pública fosse imprestável, deu-se um impulso galvanizador à educação, em todas as áreas. Hoje prefere-se produzir tele-sorteios ou programas de busca de “talentos”, promovendo a “lotaria genética”, a apostar previamente na formação. Na semana passada um grupo de hackers fiéis ao DAESH, o UCC (United Cyber Caliphate) divulgou uma lista de mais de 8700 nomes e endereços de norte-americanos que espera ver mortos pelas mãos dos lobos solitários. “Matem-nos onde os encontrarem!”, incita. A novidade é que a lista inclui nomes alegadamente escolhidos ao acaso, enquanto as listas anteriores se focavam em nomes de responsáveis, como políticos, chefes religiosos, etc. Agora não, veio o vento de Deus de que nos fala o Ezequiel e sopra de onde quer. Quando a culpa fica indeterminada, o que atacamos? A inocência. É estranho que tal se arrogue em nome de Deus. Que já não se busque nem a justiça, nem quem determina. E em nada diminui o crime saber que os ossos do defunto são a consolação das violetas.
Entretanto, se pensarmos no que declarou David Altheide, professor jubilado do Arizona, ao DN: «Trump apelou a um passado que nunca existiu. Com o seu slogan “Fazer a América grande de novo” (…) quando foi isso mesmo? (…) De certa forma, Trump apresentou uma espécie de quadro em branco e as pessoas podiam preencher as suas próprias ideias acerca do que o ser grande era.», compreendemos que nos situamos num sistema de lotaria em que cada um já “imagina” o seu próprio prémio. Miséria franciscana que redobra quando lemos: «A obra, intitulada “Votar nos Democratas: Um Guia Completo”, da autoria do jornalista Michael J. Knowles, tem 1235 palavras e 266 páginas... quase todas elas em branco. O livro tornou-se bastante popular no seio do Partido Republicano, incluindo junto do presidente Donald Trump», porquanto, sendo natural que a piada tenha tido sucesso, deprime constatar que isso celebra a suficiência com que se admite como ganho um zero de imaginação, tal e qual se depreende do que se segue: «O livro estará a ser um sucesso entre os conservadores americanos, depois de um outro livro de páginas brancas se ter tornado popular entre os liberais, de seu título: “Porque é que Trump merece confiança, respeito e admiração”.»
Afinal, entre os ganhos que só eu imagino, as páginas em branco, as convicções que eu alucino, a sorte e o descaso e o défice total de imaginação – rimos de quê quando a roleta rola?
18/04/17
Não era a lua quem cruzava a perna, era ela. E não havia nuvens naqueles joelhos. Que belo avental seria eu para a sua nudez, desejei. Chegou a minha filha ao café e baixou-me a gripa, desviando-me da sombra dos salgueiros, mangueiras e jacarandás, dos recônditos e miríficos leitos onde se escrutinam os buracos que existem numa agulha. Pai, posso ir passar o fim-de-semana a casa da minha amiga? A entrada da miúda já me tinha eliminado a vantagem inicial, agora, nas costas dela, via-la retirar-se, a dos joelhos cor de cobre, rompido o fio da oportunidade. Responde rápida, já estou atrasada; a minha amiga está no carro lá fora, com o pai, estão à minha espera. Percebo aí o sentido do verso de Rene Guy Cadou:”Je suis en retard sur la vie.” Crescer é isto: ficar em atraso com a vida. E então respondo: não, não podes! Mas porquê? Porque a prontidão do livre arbítrio é um dos direitos inalienáveis de ser pai! Quem é o porco-espinho que me bufa junto à prata dos cabelos?
17 hoje macau quinta-feira 20.4.2017
TEMPO
POUCO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO “I AM 038: UMA EXPOSIÇÃO DE UM ARTISTA AUTISTA”
?
NUBLADO
MIN
23
MAX
27
HUM
80-95%
•
EURO
8.58
BAHT
Art Garden | Até 23/4 EXPOSIÇÃO “AFTERWARDS – WORKS BY LEE SUET-YING” Armazém do Boi | Até 22/4 EXPOSIÇÃO “MAORGANIC - WORKS BY ALAN IEON, TKH, JACK WONG, RUSTY FOX” Armazém do Boi | Até 22/4
O CARTOON STEPH
Armazém do Boi | Até 7/5 INSTALAÇÃO “FLUXO DE TONS” DE PAN JIN LING E PAN JIN XIA Pavilhão de Chun Chou Tong | Até 7/5 EXPOSIÇÃO “VIAGEM SEM TÍTULO” Museu de Arte de Macau | Até 14/5 EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1 | Até 23/4 PROBLEMA 21
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 20
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY
YUAN
1.16
LEBRE ATRÁS DA ORELHA
EXPOSIÇÃO “OVERLOOK THE MACAU CITY” DE CAI GUO JIE
DE YEN-HUA LEE
0.23
AQUI HÁ GATO
Torre de Macau | Até 14/5
INSTALAÇÃO “SEARCHING FOR SPIRITUAL HOME II”,
(F)UTILIDADES
É mais um bicho que me irrita solenemente. Mais do que pura irritação, é um animal que me indigna, por ser bochechudo, fofinho, queridinho e, ao que dizem, saboroso. Anda aos pulos por entre arbustos, tem medo de tudo e de todos, anda com o rebanho de descendentes atrás, tem um olhar esquivo. Em suma: é um medricas. Ainda assim, na escala que os humanos inventaram, está acima dos da minha espécie. Presumo que esta excessiva qualificação tenha como único critério o factor gastronómico, mas não consigo deixar de me sentir eriçado ao pensar em tamanha sobranceria humana nesta escala que desvaloriza os felinos, bem mais subtis, elegantes e espertos. A lebre é apresentada como sendo uma grande senhora. O gato é uma espécie de falsificação do bicho. Dizem que se vende gato por lebre e eu percebo onde querem chegar com a frase, de tanto que já a ouvi, mas é altamente vexante para animais como eu. Como se levar um gato para casa fosse coisa má, de segunda categoria. Por mim, levem todas as lebres, fofinhas, tenrinhas e amorosas. Eu cá não caio na panela. Pu Yi
Museu de Arte de Macau (Até 05/2017) EXPOSIÇÃO “ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL” DE ANABELA CANAS Galeria da Livraria Portuguesa
Cineteatro
C I N E M A
SHOCK WAVE SALA 1
THE BOSS BABY [B] FALADO EM CANTONENSE Fime de: Tom McGrath 14.30, 16.30, 19.30
THE BOSS BABY [3D] [B] FALADO EM CANTONENSE Fime de: Tom McGrath 21.30 SALA 2
SHOCK WAVE [C] Filme de: Herman Yau Com: Andy Lau, Jiang Wu, Philip Keung, Ron
Ng, Song Jia 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
UM FILME HOJE
RAISE THE RED LANTERN | ZHANG YIMOU
Feito em 1991, este filme não é só um documento do quotidiano entre esposas e concubinas da China Imperial. É uma película que prima por uma fotografia cuidada que acompanha cada cena e por mais uma interpretação de Li Gong no papel de Songlian, a jovem de 19 anos que, depois do suicídio do pai, abandona os estudos e decide aceitar a proposta de casamento de Chen Zuoqian. Agora, como quarta esposa, faz parte do jogo de todas as noites em que uma lanterna vermelha é acesa defronte da porta daquela com quem o senhor decide dormir. É a intriga entre as quatro mulheres que vivem confinadas às relações entre elas, dentro dos muros cinzentos que lhes servem de casa e prisão. O filme é baseado no livro homónimo do escritor chinês Su Tong. Sofia Margarida Mota
SALA 3
FAST & FURIOUS 8 [C] Filme de: F. Gary Gray Com: Vin Diesel, Michelle Rodriguez, Dwayne Johnson 14.15, 16.45, 21.45
FAST & FURIOUS 8 [3D] [C] Filme de: F. Gary Gray Com: Vin Diesel, Michelle Rodriguez, Dwayne Johnson 19.15
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OPINIÃO
bairro do oriente
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A maior democracia do mundo
OLTEI no Domingo de uma semana de férias na Índia, onde fiquei dois dias em Nova Deli, três em Varanasi, à beira do rio Ganges, e mais um dia e meio na capital, antes do regresso a este “same same” – faz sempre bem mudar de ares de quando em vez. Só que desta feita não foram as habituais “férias de luxo na miséria dos outros”, nem tanto mais ou menos um relaxante e reparador interlúdio do quotidiano. Digamos que foi antes um “partilhar da miséria alheia”. Se me perguntarem se gostei, vou dizer que sim, claro, mas não vou recomendar. Não é tudo “lindo”, e uma maravilha, antes pelo contrário. Eu gostei porque sou um tipo esquisito, a atirar para o excêntrico. Na Índia está bem à vista dos olhos tudo o que há a lamentar naquele país, o segundo mais populoso do planeta depois da China: o lixo, a pobreza, as gritantes insuficiências em termos de estruturas que possam dar uma vida decente a toda a população. Sendo que ali vigora um regime de governo parlamentar eleito por sufrágio directo e universal, posso dizer que estive na maior democracia do mundo. Tecnicamente é assim, e pensarem-se em medidas de controlo da natalidade não faz sentido. Afinal que democracia é essa onde não se pode ter o número de filhos que se quiser? Ali o melhor é ter uns nove ou dez, pois se morrerem metade, ainda se fica com a descendência assegurada. Valha isso o que valer àquela pobre gente. Estava ainda no carro a caminho do minha sede em Deli, e deparei com um aviso em inglês por cima de um muro de arame farpado, onde se lia: “Propriedade privada. Os intrusos serão ABATIDOS”. Isso mesmo, ou “trespassers will be shot”, na versão original. Realmente, na maior democracia do mundo o melhor mesmo é resolver as coisas da forma mais simples, do que recorrer a tribunais por algo de tão pífio como entrar em propriedade privada. Já pensaram o que seria se centenas de milhões de pessoas tivessem a noção de que poderiam processar alguém, do que simplesmente limpar-lhe o sebo? O que também não faz falta e só atrapalha são as regras de trânsito. Na Índia não há uma, duas ou três faixas de rodagem – há as que calharem, desde que sejam na direcção certa. É preciso ter atenção mesmo quando se anda pelo passeio, pois existe a possibilidade de se pisar num cão, em bosta de vaca, ou em alguém a dormir no chão. Na Índia é normalíssimo encontrar pessoas a dormir na rua, e não se pode aqui sequer aplicar o conceito de “sem abrigo”. Pode ser que ainda haja por lá quem considere que estes “têm sorte”; se estão a dormir, é
JENNIFER BAICHWAL, EDWARD BURTYNSKY, FOUR STARS OUT OF FIVE
LEOCARDO
sinal que estão vivos. Quantos às vacas na via pública, sim, confirmo: vacas em toda a parte, e contem com isso se estiverem a pensar em lá ir. Contudo são falsos os relatos que dão conta de comboios paralisados devido à presença de uma vaca nos carris, ficando os passageiros a depender da vontade do ruminante em sair dali para fora. Na eventualidade disto acontecer (e não é de todo improvável), enxota-se o animal e ele vai embora. Reparei que a Índia não é um mau sítio para se nascer vaca ou cão, pois tudo o que fazem é comer lixo e dormir. E lixo é coisa que ali não falta. Mas deixarei agora Deli de lado, e vou falar de Varanasi, a outra capital da Índia, mas esta espiritual. É uma cidade à beira do Ganges, e conta-se que foi nela que o príncipe Siddharta decidiu mudar de
vida, e passou a ser conhecido apenas por “Buda”. Eu chamaria-lhe uma espécie de cruzamento entre Fátima e Meca, mas “on acid” e aberto 24 por dia todos os dias. Uma coisa completamente louca, um “hippie trail” que só visto. Varanasi foi fundada por Lorde Shiva, um dos elementos da santíssima trindade hindu, e que passava o dia “a fumar marijuana e a beber veneno”, e à conta disto “era azul”. As pessoas que morrem envenenadas pela picada de uma cobra “ficam azuis”, assim me contaram. Por falar em morrer, é ali mesmo no leito do rio Ganges que se realizam diariamente cremações de mortos, cujas cinzas são deitadas na água. Excepção feita a um grupo de casualidades, onde se inclui a lepra, onde nesse caso o cadáver é simplesmente deitado ao rio. Não, não vi
Da Índia tirei algumas conclusões pessoais; eis um povo que vive a sua democracia, a maior do mundo, alimentada pelo veneno da religião e da idolatria, que não deixa ninguém azul, mas antes conformado
nenhum cadáver a flutuar nem nada que se parece. Aquele é um dos maiores rios do mundo, sabiam? Assim sendo, da Índia tirei algumas conclusões pessoais; eis um povo que vive a sua democracia, a maior do mundo, alimentada pelo veneno da religião e da idolatria, que não deixa ninguém azul, mas antes conformado. Vigora ainda hoje, em pleno século XXI, um sistema milenar de castas, que determina que a percentagem da população que nasça no seio de determinada casta considerada “impura” esteja condenado a pedir esmola ou limpar latrinas, mal saia do ventre maternos. Os colonizadores britânicos acabaram com muitas práticas consideradas “barbáricas” pelos indígenas, mas curiosamente não tocaram nesta, que é está em prática de forma bem evidente – porque será? Adorei a Índia, mas mais uma vez, não recomendo a ninguém. Já agora, comida é óptima, um “must” para os aficionados. E não, não contraí nenhuma doença tropical, apesar dos 42º sequinhos que se aguentavam bem melhor que os vinte e qualquer coisa ensopados de Macau. Que nem é democracia sequer, quanto mais a maior do mundo.
“
E se vires que pode merecer-te/alguma coisa a dor que me ficou/ da mágoa/sem remédio/de perder-te”
Luiz Vaz de Camões
Maus princípios Apresentadas 70 queixas contra forças e serviços de segurança de Macau em 2016
SAÚDE FRANCISCO GEORGE AFASTA PERIGO EPIDÉMICO DE SARAMPO
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Á, neste momento, 21 casos de sarampo confirmados em Portugal e 18 casos em investigação. Francisco George falou ontem de manhã depois de confirmada a morte de uma adolescente de 17 anos que não estava vacinada, reforçando que o país tem uma reserva estratégica «confortável» de 200 mil vacinas, de acordo com o Infarmed. O Director-Geral da Saúde voltou a alertar para o facto de não acreditar que o país venha a ter uma epidemia, como noutros países da Europa, uma vez que a cobertura «é muito alta». «A questão do sarampo não constitui um fenómeno inesperado. Tínhamos sido alertados para importantes bolsas de não vacinados em determinados países europeus que permitiram a circulação do vírus. Estamos mais serenos porque os movimentos não têm grande expressão em Portugal. O vírus propaga-se desde que grupos não estejam vacinados e isso não acontece aqui. Todos consideram que os níveis de cobertura de vacinação é de tal maneira alto que o sarampo encontra resistência para progredir - de cerca de 96, 97 por cento. Não temos terreno favorável para a propagação do sarampo, não tememos cenários de grande epidemia como a que acontece em Itália - que acaba de notificar 1500 casos, 10 por cento em enfermeiros e médicos. Os outros 90% não estavam vacinados», sublinhou, ao lado do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e depois de lamentar a morte da jovem, dizendo que o hospital tudo fez perante um quadro grave. «Anossa situação motiva inveja no exterior: querem saber como conseguimos assegurar uma cobertura tão alta. Os meus homólogos perguntam como o conseguimos sem estatuto obrigatório», disse ainda.
A
Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças de Segurança (CFD) de Macau recebeu no ano passado 70 queixas, a maioria das quais visando a PSP, incluindo por abuso de poder policial e por má conduta. De acordo com o relatório de 2016, recentemente publicado no portal da CFD, das 70 queixas recebidas 64 visaram o Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP), seis a Polícia Judiciária (PJ). O Estabelecimento Prisional de Macau e o Corpo de Bombeiros receberam uma queixa cada um e dois casos envolveram mais do que uma entidade. A CFD notou o “aumento significativo (de 63%) de queixas relacionadas com a actividade policial da PSP”, sinalizando “procedimentos de execução impróprios, má atitude, lentidão nos procedimentos de aplicação da lei, denegação de justiça, má conduta, abuso de poder policial e uso indevido de força”. Neste conjunto, a comissão destacou “o abuso de poder policial e a má conduta, que aumentaram mais significativamente”.
quinta-feira 20.4.2017
“Todas as queixas recebidas em 2016 foram devidamente acompanhadas e concluídas pela CFD”, que efectuou três pedidos
A CFD notou o “aumento significativo (de 63%) de queixas relacionadas com a actividade policial da PSP”, sinalizando “procedimentos de execução impróprios, má atitude, lentidão nos procedimentos de aplicação da lei, denegação de justiça, má conduta, abuso de poder policial e uso indevido de força”
de informações adicionais, mas não manteve reuniões com queixosos no âmbito das diligências relativamente às queixas recebidas, as quais podem envolver múltiplas acusações.
NEGLIGÊNCIA E PROXIMIDADE
A CFD, que não possui competências para averiguação disciplinar, apresentou um conjunto de dez recomendações, além de reiterar o dever dos órgãos da polícia criminal “de informar os cidadãos chamados a prestar declarações da qualidade em que o fazem logo no primeiro contacto”. O organismo recomendou que sejam emitidas instruções para que “os agentes sejam diligentes na recolha e preservação” de provas, dado que “os cidadãos se queixam frequentemente de negligência dos agentes policiais”, e outras para que os agentes se inibam de intervir na resolução de conflitos a título pessoal, prática que a CDF repudia e para a qual propõe sanções disciplinares. A CDF sugeriu ainda a criação de “equipas de proximidade, dotadas de pessoal com formação específica”, que “garantam uma primeira linha de intervenção”, sobretudo em casos de violência doméstica, que passou a crime público há meio ano. O órgão pediu ainda um reforço da formação ao nível de competências linguísticas – dado que a cidade se “assume como cosmopolita e voltada para o turismo internacional” –, e recomendou “a constituição de um ‘call center’” para “esclarecimento de dúvidas sobre procedimentos, designadamente na área da migração”. As 70 queixas recebidas pela CFD – menos três relativamente a 2015 – foram todas apresentadas directamente pelos cidadãos à excepção de duas, procedentes de entidades externas, nomeadamente do Comissariado Contra a Corrupção, de acordo com o relatório da CFD, constituída por sete membros nomeados pelo chefe do Executivo. Desconhecem-se eventuais consequências decorrentes das queixas formuladas. Lusa
JACARTA GOVERNADOR CRISTÃO DERROTADO
O
muçulmano Anies Baswedan ganhou as eleições para governador de Jacarta ao candidato cristão Basuki Tjahaja Purnama, conhecido comoAhok, na segunda volta de ontem, segundo as primeiras estimativas das empresas de sondagens. Baswedan terá obtido 56 a 57% dos votos contra 41 a 43% para Ahok, quando estão apurados mais de 80% dos votos e no final de um escrutínio marcado por fortes tensões religiosas no país muçulmano mais populoso do mundo. Ahok foi o segundo governador cristão de Jacarta desde que a Indonésia declarou independência em 1945 e o primeiro de etnia chinesa a governar a cidade com 10 milhões de habitantes, tendo ganho a primeira volta destas eleições a 15 de Fevereiro, com 43% dos votos. Foi acusado de blasfémia contra o Islão devido a uma declaração que fez no final de Setembro, em que classificou como errada a interpretação de alguns ulemás (teólogos muçulmanos) de um versículo do Alcorão, segundo o qual um muçulmano só deve eleger um dirigente muçulmano. As acusações ao governador cristão são um exemplo da intolerância religiosa que cresceu nos últimos anos na Indonésia, com um forte aumento dos ataques visando as minorias e uma influência crescente dos islamitas radicais. Cerca de 7,2 milhões de eleitores foram chamados às urnas para esta segunda volta e mais de 60.000 elementos das forças de segurança foram mobilizados. Os resultados oficiais serão anunciados no início de Maio.
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Theresa May