Hoje Macau 20 AGO 2020 #4594

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˜ HOJE MACAU

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

QUINTA-FEIRA 20 DE AGOSTO DE 2020 • ANO XIX • Nº4594

LEI DE TERRAS

O céu pode esperar PÁGINA 6

CENTRO CULTURAL

“Mira-monte” até domingo PÁGINA 7

OPINIÃO

Covid-19 e a economia JORGE RODRIGUES SIMÃO

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hojemacau

Ruas do desassossego PÁGINAS 2-6 E CENTRAIS

MOP$10


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DEPOIS DA TEMPESTADE TUFÃO TESTEMUNHOS APONTAM PARA AUSÊNCIA DE DANOS GRAVES

Houve quem não dormisse com o vento e a chuva que afectaram o território durante a passagem do “Higos”, e ao final da manhã eram visíveis os trabalhos de limpeza. O cenário, após a tempestade, é de uma destruição inferior à deixada por outros tufões de nível semelhante

“Eu também moro nesta zona, o vento foi muito forte. Desta vez as inundações não foram muito altas, na loja a água chegou a cerca de 20 centímetros de altura.” LEONG PROPRIETÁRIO DE LOJA

altos – uma táctica que impediu perdas. “Depois da limpeza, podemos voltar a fazer negócio”, lançou. Chang mora no Jardins do Oceano, na Taipa, onde ouviu bem alto o som do vento e sentiu a casa a tremer. Depois de o tufão atravessar o território e voltar a sentir-se seguro, pediu aos funcionários para voltarem ao trabalho nas lojas. Na mesma rua, o dono de uma loja de marisco seco chegou mesmo a descrever a ocorrência como algo sem grande importância. “Não foi muito grave, foi um bom tufão”, disse o proprietário de apelido Leong. Quando a tempestade tropical chegou já estava tudo preparado para a receber. “Não tive problemas na preparação, se tivesse já estaria a chorar. (...) Eu também moro nesta zona, o vento foi muito forte. Desta vez as inundações não foram muito altas, na loja a água chegou a cerca de 20 centímetros de altura”, disse. Não muito distante, no Estabelecimento de Comidas Veng Meng, as comportas anti-inundações foram pedidas, mas ainda não tinham sido instaladas. Foi o que contou um funcionário que não quis divulgar o nome. No entanto,

a altura a que as coisas foram arrumadas evitou maiores prejuízos. De acordo com a sua descrição, houve marisco, num valor de cerca de mil e cem patacas, a morrer por causa do aquário ficar em baixo.

ACORDAR ESTREMUNHADO

Poucos minutos tinham passado desde que o sinal 8 deu finalmente lugar a algum início de paz, quando a zona da Barra acordava também ela desordenada. A espaços algumas sirenes. Mas tudo aparentemente calmo. As bancas de fruta junto ao mercado de São Lourenço estavam desmebradas ou pareciam ter ficado por arrumar do dia anterior, mas sem fruta para vender. Na Travessa dos Vendilhões, as barreiras de protecção contra inundações começam aos poucos a ser desmontadas. Gary, tem 40 anos e admitiu ter ficado assustado com o comportamento do tufão Higos durante a madrugada. Contudo, prevê abrir as portas da clínica que gere, como habitualmente. “Tivemos medo durante a noite e chegámos a tirar os equipamentos mais valiosos para outro local, mas agora está tudo bem e não prevemos encontrar estragos quando abrirmos as portas”, contou ao HM enquanto

dá uso à chave inglesa para aliviar as trancas das barreiras de protecção, com a ajuda da mulher. Já há estabelecimentos abertos para servir alguma normalidade a quem ganhou coragem de sair, entretanto, à rua. Debaixo das arcadas da Rua do Almirante Sérgio, vassouradas empurram água acumulada em excesso, mas não parecem motivar grandes preoHOJE MACAU

água, enquanto a outra escapou ao problema. “Elevámos o chão quando fizemos remodelações porque previmos a hipótese de inundações”, indicou o proprietário de 63 anos ao HM. Quando recebeu as notícias de que o tufão ia passar por Macau, teve entre cinco a seis horas para mudar a arrumação dos produtos. Foram deixados em locais mais HOJE MACAU

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S avisos do nível de tempestade tropical foram aumentando ao longo da madrugada, e com eles o volume das rajadas do vento que soprou entre as ruas e testou a resistência das janelas. O nascer do dia tornou visíveis as marcas da passagem do “Higos”: árvores que cederam, lojas onde a água não pediu licença para entrar e lixo disperso. Os alertas apontavam para cheias até à hora de almoço, mas nessa altura já algumas zonas baixas da cidade começavam a regressar à normalidade. Nos negócios afectados pela torneira que o céu abriu sobre a cidade durante a madrugada, viam-se funcionários munidos de vassouras a expulsar a água para a estrada. Ainda assim, perto da rua Cinco de Outubro, várias lojas mostravam danos inferiores aos provocados por tufões de anos anteriores. As barreiras anti-inundações deram luta à força da natureza. “O impacto não foi grande, nomeadamente as inundações. Só houve algumas fugas de água que precisamos de limpar”, disse Chang , responsável por três lojas. Duas delas tiveram infiltrações de

“Tivemos medo durante a noite e chegámos a tirar os equipamentos mais valiosos para outro local.” GARY PROPRIETÁRIO DE UMA CLÍNICA

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cupações, embora as máquinas estejam ainda desligadas. “Entrou alguma água dentro da loja, mas não houve estragos de maior”, confirmou a funcionária de um restaurante. “Agora, temos de tratar disto”, atirou visivelmente atarefada. No chão, há ainda pedaços de néons que não voltarão a anunciar mais nada. O painel onde estavam, ainda abana e quem passa, olha para cima e repara que falta ali qualquer coisa. Subindo a Escada Quebra-Costas, o Largo do Lilau está mais verde do que o habitual, fruto dos ramos e folhas caídas e que decoram agora o chão. Em cima deles, um contentor do lixo tombado. Por entre entulho e roupa caída dos estendais, a Rua do Padre António termina numa igreja de São Lourenço onde as folhas também estão onde não deviam estar. Junto à entrada principal uma árvore foi arrancada do chão, enquanto do outro lado da rua, vários ramos impedem o acesso às escadas. Um bombeiro, que estava na zona, confirma a manhã atarefada com a ocorrência de “várias operações de limpeza”. Apesar disso, considera que a situação está “bastante controlada”.

Mais abaixo, a Sede do Governo está também com ar de quem pouco dormiu. Várias funcionárias vestidas de azul esfregam as portadas das janelas com vassouras e os jardineiros afastam os ramos das árvores com a água atirada das mangueiras. À frente da entrada principal, uma equipa munida com uma grua móvel tenta remover um tronco que quase fugiu para a Avenida da Praia Grande. Um agente, que coordenava a operação, assegura que a normalidade está assegurada. “Há muitas árvores e troncos que caíram, mas está tudo bem. Os estragos são ligeiros”, confirmou.

NOITE MAL DORMIDA

Com 84 anos, a senhora Ip seguiu a recomendação das autoridades, que na noite de terça-feira apelaram a que voltasse para casa em vez de ficar na loja. “Claro que nós saímos porque este edifício é muito velho”, disse. Durante a noite, dormiu um pouco e viu televisão. E foi alternando entre as duas opções até saber que tinha sido içado o sinal 10. À semelhança da sua casa, o tufão não teve impacto no negócio das Frutas Tong Vo Chan, gerido pelo filho. “Desta vez não houve inundações na loja. Além disso,

já tínhamos deixado os produtos nos lugares mais altos”, comentou. Para a senhora Au Ieong, da loja em frente, foi uma noite passada em branco. “Este tufão foi muito forte. Eu moro numa fracção que fica acima do vigésimo andar, na Taipa, e senti que a fracção estava a tremer e as luzes [piscavam], não dormi toda a noite e estive atenta às novidades do tufão. Às cinco horas começou a ficar mais forte, e às seis começou a acalmar”, descreveu. Algumas janelas deixaram entrar água, mas a casa resistiu à tempestade sem danos maiores.

“Este tufão foi muito forte. Eu moro numa fracção que fica acima do vigésimo andar, na Taipa, e senti que a fracção estava a tremer e as luzes [piscavam], não dormi toda a noite e estive atenta às novidades do tufão.” AO IEONG MORADORA

O vento impressionou, mas o negócio do marido – a loja de Frutas Kung Loi Fu Kei – conseguiu resistir às inundações. Se ainda é visível na parede o nível que a água atingiu durante o tufão Hato, desta vez o chão estava praticamente seco. “Não tivemos perdas. Estávamos preocupados com as inundações e deixámos os bens em lugares mais altos”. O empregado voltou à loja às quatro da manhã, acompanhado de amigos, para colocar os produtos em lugares mais altos e ajudar a evitar o impacto de inundações, explicou.

MISSÃO PÓS-TUFÃO

O interior tranquilo da loja contrastava com o exterior, onde os bombeiros tentavam resolver a queda de um painel. Em causa, estava uma estrutura de zinco e ferro que os donos instalaram no edifício da loja por ter mais de cem anos e fugas de água. “Não conseguimos preencher todas as lacunas, por isso instalámos este quadro para cobrir o edifício”, explicou Au Ieong. Acabaria por ser arrastado pelo vento e quando chegou ao local de manhã, já os bombeiros estavam a cortar ferro. Como uma oficina a céu aberto – que não parou apesar da chuva

que decidiu voltar a cair sobre o território a meio do dia – a equipa de bombeiros trabalhava para retirar o painel que caiu durante a tempestade. As fagulhas laranjas para o cortar contrastavam com as fardas escuras, e as veias dos braços sobressaiam com o esforço físico necessário para dobrar o metal. Oito bombeiros e muito barulho depois, a estrutura mudou de forma e tornou-se passível de ser transportada com mais facilidade. Lam era um dos bombeiros em acção. Encara a sua profissão como uma forma de servir a população: “é uma missão”. Explica que foram várias as zonas a sofrer o impacto do tufão e que o volume de trabalhos aumentou. “Esperamos ajudar os residentes o mais possível para limpar e recuperar os sítios que sofreram com o tufão. Todo o pessoal faz os maiores esforços para ajudar a sociedade”, disse. O soldado da paz, de mais de 40 anos, comentou que estavam no Corpo de Bombeiros de alerta para os pedidos de ajuda. Hoje Macau

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Crónica de um susto Durante a noite e madrugada as autoridades registaram 274 incidentes e, no final das operações, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak deixou elogios às equipas envolvidas nas operações de protecção civil

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S abrigos da Sociedade Protectora dosAnimais de Macau (ANIMA) destinados a cães e gatos ficaram ontem severamente danificados pela passagem do tufão Higos, afectando, no total, 700 animais. O prejuízo total dos estragos deverá situar-se entre as 400 e as 500 mil patacas, apontou ontem ao HM o ex-presidente da Anima, Albano Martins. O objectivo passa agora por reparar os estragos, o quanto antes, e angariar fundos para as reparações. “Pelo que vi, o valor dos estragos deve situar-se entre as 400 a 500 mil patacas. Era bom que conseguíssemos angariar esse valor. Até numa zona mais resguardada houve uma porta que foi arrancada”, começou por dizer Albano Martins. "Fomos afectados no abrigo dos cães e no paraíso dos gatos. Só no primeiro temos cerca de 400 animais e no abrigo dos gatos temos 300 animais”, acrescentou. Essencialmente, explicou Albano, os estragos resultaram da queda de árvores que destruíram várias estruturas, como vedações e telhados que acabaram arrancados. Além disso, houve também zonas que ficaram inundadas porque as árvores obstruíram as

GCS

TUFÃO CONFIRMADOS 15 FERIDOS E RETIRADOS 2.722 RESIDENTES

Rajadas de prejuízo Abrigos da Anima severamente afectados pela passagem do Higos

canalizações de saída das águas. “Muitas casas individuais dos animais foram destruídas”, vincou. Apesar de admitir ser ainda difícil fazer um ponto

de situação, o ex-presidente garante que “nenhum animal ficou ferido”. Sobre o tufão Higos, que motivou o içar do sinal 10 durante a madrugada de ontem, Albano

afirma que a Anima não foi apanhada de surpresa, apesar da intensidade inesperada. “Quando saímos ontem [terça-feira] deixámos tudo preparado. Já sabíamos que

havia tufão e, portanto, o pessoal já tinha alinhado quem vinha, sendo esperado um tufão de nível 8. No entanto, as medidas que tomámos, tomaríamos também para um tufão de nível 10, que foi o que acabou por acontecer”, explicou. Sobre a reparação que está a ser feita, as dificuldades são muitas, sobretudo

no que toca à remoção de árvores e limpeza de entulho. Tendo em conta que os animais não podem sair do espaço “porque não têm alternativa”, o objectivo imediato passa agora “por limpar e dar mais decência ao espaço para os animais ficarem bem”.

AJUDA PRECIOSA

Já Zoe Tang, representante da Anima, espera que, através da campanha de angariação de fundos, o organismo consiga reunir “pelo menos 400 mil patacas”. Até porque, antecipa, este ano, devido à situação gerada pela covid-19, a Anima “vai passar dificuldades adicionais”, porque não existe a mesma ajuda por parte dos casinos. Tang espera ainda que possam “aparecer mais voluntários” para ajudar nos trabalhos de reparação, estimando que sejam necessárias três semanas, para retirar as árvores tombadas nas instalações da Anima. Após a passagem do Hato, recorda, foi necessário um mês, para reparar os estragos. P.A.


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O período mais intenso decorreu entre as 05h e as 07h30, quando o vento registou uma velocidade máxima média de 138 km/h, com a rajada mais forte a atingir os 215 km/h Ao longo da passagem do Higos, as autoridades registaram ainda 274 incidentes, entre os quais 138 ligadas à queda de reboco, reclamos, janelas, toldos ou outros objectos, 61 por queda de candeeiros e árvores, 16 por quedas de andaimes, gruas ou outros equipamentos para obras. Já oito ocorrências, foram motivadas por problemas com fios de electricidade e antenas, houve ainda dois incêndios, o caso de uma pessoa presa num elevador e uma ocorrência de fumo numa caixa de electricidade. Os restantes 47 casos foram classificados como “outros”.

ELOGIOS AOS TRABALHADORES

Durante o período em que esteve activo, o Centro de Operações de

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OS NÚMEROS DOS TUFÕES

Nos últimos 4 anos o sinal número 10 foi içado em 3 ocasiões, com a passagem do Tufão Hato, em 2017, Mangkhut, em 2018, e ontem com o Higos. TUFÃO HATO

GCS

• DATA: 22 A 23 DE AGOSTO DE 2017 Velocidade Máxima do Vento: 132 km/h (média de 10 minutos) Rajada Máxima: 217,4 km/h na Estação da Taipa Grande Nível Máximo de Água: 1,55 metros de altura Ponto mais próximo: a 40 km Duração dos sinais de alerta: 34h30m Duração do sinal número 10: 3h30m Duração do sinal número 9: 0h45m Duração do sinal número 8: 4h30m Número de Mortos: 10 Número de Feridos: 244 Número de Incidentes: 640 Prejuízos: 12,55 mil milhões de patacas (9,05 mil milhões directos e 3,5 mil milhões indirectos)

GCS

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passagem do Tufão Higos resultou em 15 feridos e na retirada de 2.722 cidadãos das respectivas casas, sobretudo das situadas nas zonas baixas do território e que, por isso, são mais susceptíveis de sofrerem inundações com a subida do nível da água. Além disso, foram ainda registados 274 incidentes. O período mais intenso decorreu entre as 05h e as 07h30, quando foi içado o sinal n.º 10 de tufão e o vento registou uma velocidade máxima média de 138 km/h, com a rajada mais forte a atingir os 215 km/h. Este último valor é o mais alto de sempre registado em Macau, desde que há dados, à excepção da passagem do Hato, quando a rajada mais forte chegou aos 217,4 km/h, uma diferença de apenas 2,4 km/h. Quanto ao estado dos 15 feridos, segundo os Serviços de Saúde, três apresentaram ferimentos médios e 12 ligeiros, o que foi considerado pelo Governo, em comunicado, “um bom estado”. Todas as lesões estavam relacionadas com “cortes e arranhões”. O rescaldo da operação do Centro Operacional de Protecção Civil contabilizou também a evacuação de 3.338 casas, num total de 2.722 residentes. Ao mesmo tempo, os centros de abrigo acolheram 192 pessoas, entre os quais 93 residentes, 80 turistas do Interior, três de Hong Kong e 16 de outros países.

TUFÃO MANGHKUT • DATA: 15 A 17 DE AGOSTO DE 2018 Velocidade Máxima do Vento: 137 km/h (média de 10 minutos) Rajada Máxima: 188,6 km/h na Ponte da Amizade Norte Nível Máximo de Água: superior a 1,90 metros de altura Ponto mais próximo: a 65 km Duração dos sinais de alerta: 55h00m Duração do sinal número 10: 9h00m Duração do sinal número 9: 2h00m Duração do sinal número 8: 14h00m Número de Mortos: 0 Número de Feridos: 18 Número de Incidentes: 182 Prejuízos: 1,74 mil milhões de patacas (520 milhões directos e 1,03 mil milhões indirectos)

Protecção Civil (COPC) recebeu a visita do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng. Segundo um comunicado emitido pelo Governo, Ho prestou especial atenção às operações de retirada das pessoas das zonas baixas e pediu aos membros das forças de segurança que fizessem o trabalho de forma rápida e rigorosa. Por sua vez, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que coordenou os trabalhos, deixou elogios ao desempenho de todos os envolvidos principalmente o pessoal “da linha da frente”. Wong destacou também que a 15 de Setembro vai entrar em vigor a nova Lei de Protecção Civil, que criminaliza as “informações falsas”, por considerar que vai permitir criar “alicerces mais sólidos nas actividades” de protecção civil.

TUFÃO HIGOS • DATA: 17 A 19 DE AGOSTO DE 2020 Velocidade Máxima do Vento: 138 km/h (média de 10 minutos) Rajada Máxima: 215 km/h Nível Máximo de Água: 0,8 metros de altura Ponto mais próximo: a 20 km Duração dos sinais de alerta: 42h30m Duração do sinal número 10: 2h30m Duração do sinal número 9: 2h30m Duração do sinal número 8: 8h00m Número de Mortos: 0 Número de Feridos: 15 Número de Incidentes: 274 Prejuízos: Sem dados disponíveis

João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

Ilha da Montanha Novo posto fronteiriço sofreu danos no tecto

O novo posto fronteiro da Ilha da Montanha abriu na terça-feira e com a passagem do Tufão Higos sofreu os primeiros danos. Segundo as fotografias colocadas a circular online, parte do tecto voou com a força do vento que se fez sentir ao longo da madrugada de ontem, com a rajada mais rápida a atingir os 215 Km/h. O posto fronteiriço funciona 24 horas por dia, tem capacidade para a passagem diária de 220 mil pessoas, com 69 corredores de entrada e saída, e o preço de arrendamento pago pela RAEM nunca foi tornado público.

TUFÕES COM SINAL NÚMERO N.º 10*

1964

RUBY

1974

HOPE

1983

ELLEN

1991

BRENDAN

1999

YORK

2017 HATO

(uma morte)

(18 mortes)

(10 mortes)

2018

MANGKHUT

2020

HIGOS

*desde 1964

5.000 MORTES EM 1874

• O tufão mais mortal da história de Macau foi registado em 1987 entre 22 e 23 de Setembro. Nesse ano, segundo a contabilidade do governo português morreram cerca de 5 mil pessoas, 3600 na Península de Macau, 1.000 na Taipa e 400 em Coloane. Este número foi o resultado dos ventos, ondas e incêndios que deflagraram pela colónia portuguesa e que causaram grandes danos em edifícios, barracas e embarcações. Na altura, Januário Correia de Almeida, Visconde de São Januário, era o Governador do território.

RECORDES DO HATO

• A passagem do Tufão Hato foi a altura mais negra da RAEM, desde a sua criação em 19 de Dezembro de 1999. Além das 10 vítimas mortais, o tufão deixou um rasto de destruição com a cidade à beira do caos, sem água nem electricidade em várias zonas. A força dos ventos ficou patente com a “Velocidade Máxima” a atingir 132 km/h e a “Rajada Máxima” a ser de 217,4 km/h. Os recordes anteriores eram do Tufão Becky (1993) com 124 km/h e Tufão Ruby (1964) com 211 km/h, respectivamente.


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Rendimentos Mais de 64% da população com perdas

Mais de 64 por cento da população terá sofrido quebras nos rendimentos, de acordo com um inquérito da Associação da Construção Conjunta de Um Bom Lar, apresentado ontem. Entre os 1.505 inquiridos, 64 por cento apontaram que sofreram quebras nos rendimentos devido à pandemia da covid-19, com reduções de 11 a 30 por cento. Já 70 por cento dos inquiridos, considerou que a sua vida sofreu impacto devido à covid-19, principalmente a nível das actividades sociais, mas também no trabalho e nos estudos. Face aos resultados, a presidente da associação, a deputada Wong Kit Cheng, considerou que o Executivo precisa de disponibilizar mais acompanhamento psicológico para a população.

Plano Director Consulta pública arranca a 4 de Setembro

Boletim Oficial “Apesar de terem sido construídos edifícios no terreno e nestes o Centro de Recuperação de Toxicodependentes exercer a sua actividade, não se mostra cumprido na íntegra o aproveitamento estipulado no contrato.”

CONCESSÕES CORPORAÇÃO EVANGÉLICA PERDE TERRENO EM COLOANE

Entre o céu e a terra A Corporação Evangélica “Assembleia de Deus Pentecostal”, com sede em Lisboa, perdeu a concessão por arrendamento de um terreno situado em Coloane, que iria albergar um centro de recuperação de toxicodependentes. As obras chegaram a arrancar, mas o contrato não foi cumprido na totalidade, pelo que o Executivo considera que não há razões que justifiquem uma concessão definitiva do terreno

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OI ontem publicado em Boletim Oficial (BO) um despacho que dá conta da declaração de caducidade, por parte do secretário para os Transportes e Obras Públicas, de um terreno situado em Coloane, anteriormente concessionado à Corporação Evangélica “Assembleia de Deus Pentecostal”, com sede em Lisboa.

A concessão, feita no início dos anos 90, previa que o terreno fosse aproveitado no prazo de 36 meses, o que não chegou a acontecer. Segundo o despacho, assinado por Raimundo do Rosário, o terreno seria destinado à construção “de um conjunto de edifícios para instalação do Centro de Recuperação de Toxicodependentes, sendo estes

edifícios afectados às finalidades de equipamento social (habitação, escola, escritórios e oficinas), com a área de 724 metros quadrados e o terreno adjacente aos mesmos para pomar, hortas, campo de jogos e jardim, com cerca de 7 044 metros quadrados”. A concessão por arrendamento terminou a 25 de Dezembro de 2015 sendo que, até essa data, o terreno

não estava aproveitado na totalidade conforme o que estava previsto no contrato de concessão. Segundo o despacho, “apesar de terem sido construídos edifícios no terreno e nestes o Centro de Recuperação de Toxicodependentes exercer a sua actividade, não se mostra cumprido na íntegra o aproveitamento estipulado no contrato, seja em relação à área bruta

de construção seja quanto aos usos (finalidades) nele especificados”.

SEM LICENÇA

O Executivo aponta ainda, no mesmo despacho, que os edifícios construídos “não possuem licença de utilização, uma vez que a sua construção não foi promovida pela concessionária, mas por um serviço autónomo da Administração, cujas obras carecem apenas de prévia aprovação, nos termos legais”. O Governo dá ainda conta de que a finalidade para a qual o terreno foi concessionado “deixou de ser prosseguida, pelo menos, desde 2019”. Desta forma, para que a concessão do terreno passasse a definitiva teriam de estar cumpridas todas as cláusulas do contrato, o que não se verifica. A entidade religiosa pode agora recorrer da decisão junto do Tribunal de Segunda Instância no prazo de 30 dias a partir da data da notificação feita pelo Governo. A.S.S.

A consulta pública relativa ao Plano Director de Macau começa a 4 de Setembro, aponta um despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO) e assinado por Chan Pou Ha, directora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). O período de divulgação, exposição e consulta pública sobre o Plano Director terá a duração de 60 dias, terminando a 2 de Novembro deste ano. O Plano Director de Macau foi elaborado pela Ove Arup & Partners, uma empresa de Hong Kong, que entregou o projecto ao Governo no Verão do ano passado. Além da consulta pública, a implementação efectiva do Plano Director está dependente de pareceres de outras entidades governamentais.

Seguros Fidelidade Macau com lucros de 41,7 milhões em 2019

A seguradora Fidelidade Macau registou lucros, o ano passado, no valor de 41,7 milhões de patacas, aponta a síntese do relatório do conselho de administração publicada ontem em Boletim Oficial (BO). O documento dá conta de que o “ano de 2019 foi marcado por um crescimento negativo da economia de Macau”, ainda que o mercado segurador tenha crescido 15,54 por cento na área dos seguros não-vida, com um volume de prémios no valor de 2,9 mil milhões de patacas. Enquanto isso, a seguradora registou um volume de prémios no valor de 164,6 milhões de patacas, “o que se traduziu num ligeiro acréscimo da sua quota de mercado, fixando-se agora em 5,7 por cento”, aponta o mesmo relatório. Relativamente à totalidade das provisões técnicas a Fidelidade Macau registou o valor de 238 milhões de patacas a 31 de Dezembro de 2019, das quais cerca de 61,8 por cento respeitavam a provisões para sinistros.


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quinta-feira 20.8.2020

CCM NOVO ESPECTÁCULO DA COMUNA DE PEDRA DECORRE ENTRE HOJE E DOMINGO

Aventura na montanha LIVRO NOVA OBRA DE J.K. ROWLING COM ILUSTRAÇÕES DE CRIANÇAS PORTUGUESAS SAI EM NOVEMBRO

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novo livro infantil da autora da saga de Harry Potter, J.K. Rowling, intitulado “O Ickabog”, chega a Portugal em Novembro e incluirá os desenhos das crianças que vencerem um concurso de ilustração lançado ontem para esse efeito. “O Ickabog” é um original infanto-juvenil de J.K. Rowling escrito há mais de dez anos e que foi publicado ‘online’, em Maio, para ajudar a entreter crianças, pais e cuidadores confinados em casa durante a pandemia de covid-19. A Editorial Presença, que edita a obra da autora em Portugal, anunciou ontem que a versão impressa chega às livrarias portuguesas em Novembro e traz “uma grande novidade”. Trata-se de “um desafio inédito lançado por J.K. Rowling, em todo o mundo”: um convite às crianças para participarem num concurso de ilustração, através do envio de um desenho, para ganharem a oportunidade de terem a sua ilustração na edição impressa dos respectivos países. Em Portugal, o concurso de ilustração “O Ickabog”, aberto desde ontem, é promovido pela Editorial Presença e pode ser consultado no ‘site’ português oficial, em www. presenca.pt/ickabogconcurso. “O Ickabog” é um conto de fadas que J.K. Rowling escreveu há mais de dez anos para ler aos seus filhos mais novos quando os ia deitar. Escrita para ser lida em voz alta, a história de “O Ickabog” passa-se numa terra imaginária e é uma história autónoma, sem relação com outros trabalhos da autora, não estando assim relacionada com o universo Harry Potter, mas contendo temas frequentemente explorados na escrita de J.K. Rowling.

Têm hoje início as primeiras sessões do espectáculo “Mira-monte”, nome do novo espectáculo da companhia teatral Comuna de Pedra. O texto de Inês Kuan conta a história de Lumi e a sua aventura na montanha. O espectáculo insere-se na iniciativa CCM Artmusing Summer e destina-se aos mais pequenos

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companhia teatral Comuna de Pedra está de regresso aos palcos, desta vez com um espectáculo destinado aos mais pequenos e inserido no cartaz CCM Artmusing Summer. “Mira-monte” é o nome do espectáculo que começa hoje no Centro Cultural de Macau (CCM) e que poderá ser visto até domingo, dia 23 deAgosto. Diariamente decorrem três sessões às 11h, 14h30 e 17h, com a duração de 45 minutos cada. Com direcção artística e coordenação de Jenny Mok, “Mira-monte” conta a história de Lumi e o seu percurso desafiante até ao topo de “uma bela montanha nevada”. Segundo uma nota divulgada pelo CCM, trata-se de um “adorável espectáculo sem palavras, mas repleto de efeitos visuais para miúdos a partir dos quatro anos”. O público poderá assistir a uma apresentação que combina “movimento corporal e manipulação de marionetas ao doce som do grupo Water Singers, as alegres artistas vão interagir num fantástico acampamento, montado pertinho do público”. O texto e a encenação do espectáculo está a cargo de Inês Kuan, que decidiu explorar a vida de Lumi depois da sua subida à montanha. “Qual será a próxima aventura? Será que Lumi vai explorar novas paisagens e fazer novos amigos? A conquista da

montanha é a primeira de muitas histórias. A energia criativa leva-nos sempre muito para além dos sonhos mais audaciosos”, descreve o CCM.

DE VOLTA

Trata-se de um “adorável espectáculo sem palavras, mas repleto de efeitos visuais para miúdos a partir dos quatro anos.”

Este espectáculo marca o regresso da Comuna de Pedra ao activo, depois de uma paragem forçada devido à pandemia da covid-19. Fundada em 1996, a companhia teatral tem-se dedicado a produções de dança e teatro físico bem como a trabalhos multimédia, explorando elementos diversos para desenvolver uma gama alargada de possibilidades artísticas. A companhia criou mais de 50 trabalhos tendo sido convidada para espectáculos e intercâmbios culturais com outros países, tendo também organizado uma série de projectos de colaboração, convidando artistas internacionais de renome. Nos últimos dez anos, a Comuna de Pedra tem trabalhado muito na área do teatro para a infância, tendo produzido, além de “Mira-monte”, o espectáculo Kidult Man. A companhia liderada por Jenny Mok tem-se dedicado também a vários projectos educacionais para os mais jovens, tendo organizado workshops e divulgado histórias na comunidade, palestras e seminários sobre a educação teatral das crianças.

São Tomé Evento de solidariedade na Doca dos Pescadores A Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa (Somos — ACLP) está a organizar uma campanha de solidariedade para com os jovens da província de Cantagalo em São Tomé e Príncipe. O Sunset solidário tem lugar no próximo dia 29 no terraço do restaurante Vic’s, na Doca dos Pescadores, e conta com música dos djs D-HOO, Charivari, Cuco, Minchi, RyomA (BE-ATS/JP), Soneca e Nelson Azevedo. A entrada tem

um custo de 100 patacas, com direito a uma bebida de cápsula. O valor das entradas e das bebidas vendidas será doado às crianças mais desfavorecidas de São Tomé e Príncipe para a compra de material escolar na zona de Cantagalo, localizada a sul do país. Nessa província há 14 escolas e 6030 alunos. Além disso, a Somos! está também a recolher donativos para a mesma campanha, que marca o terceiro aniversário da associação.


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FOTOS HOJE MACAU

FOTOS RÓMULO SANTOS

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HONG KONG EDITORES DE LIVROS ESCOLARES APAGAM CONTEÚDOS DOS MANUAIS

A marcha do lápis azul É já no próximo ano lectivo que os alunos terão acesso a manuais escolares em Hong Kong alvos de alterações, que passam pela eliminação de conteúdos relacionados com matérias de desobediência civil ou sufrágio universal. Tudo devido à implementação da nova lei de segurança nacional no território

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S escolas secundárias de Hong Kong vão começar o próximo ano lectivo com manuais escolares revistos em que foram alterados ou eliminados temas como a desobediência civil ou o sufrágio universal, em aplicação da nova lei de segurança. PUB

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 625/AI/2020

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor QU BAOHUI,portador do passaporte da RPC n.° E22494xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 162.1/DI-AI/2018, levantado pela DST a 23.08.2018, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 29.05.2020, exarado no Relatório n.° 292/DI/2020, de 12.05.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua Cidade de Sintra n.° 422, Praça Wong Chio, 13.° andar W, Macau.-------------------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-----------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 13 de Agosto de 2020. O Director dos Serviços, Subst.°, Cheng Wai Tong

mostra manifestantes a segurar bandeiras ou a criticar Pequim desapareceu de alguns livros. O conceito de "identidade" também foi alterado: enquanto nos livros anteriores os textos eram acompanhados de fotografias de cartazes com as palavras "Sou um 'Hong-Konger'" e "Libertem a comunidade", nas versões actuais as imagens foram substituídas. As escolas podem escolher entre as ofertas dos editores ou utilizar o seu próprio material para ensinar a disciplina, que desde 2009 é obrigatória para os alunos do ensino secundário, visando "reforçar o seu pensamento crítico, alargar os seus conhecimentos gerais e aumentar a sua consciência dos problemas contemporâneos”.

APLAUSOS OFICIAIS

Os seis editores responsáveis pela maioria dos manuais utilizados na disciplina "Estudos Liberais" aceitaram submeter-se a um programa de revisão voluntário, efectuado pelas autoridades educativas locais, que resultou na supressão de conceitos democráticos como separação de poderes, noticiou ontem o diário em língua inglesa South China Morning Post. A disciplina cobre seis tópicos, incluindo Hong Kong, China contemporânea e globalização, participação política, o sistema jurídico da cidade e a identidade dos seus residentes. O agora eliminado princípio democrático de que os poderes executivo, legislativo e judicial devem funcionar de

forma independente tinha sido objecto de críticas por parte de sectores pró-Pequim, incluindo do antigo líder do território Tung Chee-hwa, que no ano passado acusou o sistema educativo de Hong Kong de encorajar os jovens a participar nos protestos anti-governamentais. Sobre a questão da desobediência civil, os novos textos enfatizam as consequências legais em que os participantes incorrem, enquanto o material gráfico que

Sobre a questão da desobediência civil, os novos textos enfatizam as consequências legais em que os participantes incorrem, enquanto o material gráfico que mostra manifestantes a segurar bandeiras ou a criticar Pequim desapareceu de alguns livros

O jornal estatal chinês Global Times aplaudiu ontem as mudanças, destacando que sublinham que "os manifestantes serão responsabilizados se abusarem da lei" e defendendo que "reforçam a identidade dos estudantes" como sendo "de Hong Kong e chineses". O jornal aponta o caso da editora Aristo Educational Press, que acusa de anteriormente fornecer "informação venenosa" e "pró-secessionista", e que concordou com a revisão. Em 6 de Julho, uma semana após a aprovação da polémica lei da segurança nacional imposta pela China ao território, o Governo de Hong Kong pediu às escolas que "examinassem o material didáctico, incluindo livros", e "os retirassem" caso tivessem "conteúdos desactualizados ou provavelmente semelhantes aos quatro tipos de delitos" definidos pelo diploma. A directiva enviada às escolas foi anunciada dois dias depois de as bibliotecas terem também sido avisadas para retirar das prateleiras obras susceptíveis de violar a lei da segurança nacional, incluindo de figuras do movimento pró-democracia, como o activista Joshua Wong ou a política Tanya Chan.

BIELORRÚSSIA/ELEIÇÕES PEQUIM ESPERA ESTABILIDADE EM MINSK

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China disse ontem esperar que a Bielorrússia possa "manter a estabilidade política e social através dos seus próprios meios", opondo-se a que "forças estrangeiras criem divisões e instabilidade" naquele país. "A China sempre respeitou o caminho de desenvolvimento escolhido pelo povo bielorrusso de acordo com as suas circunstâncias nacionais, bem como os esforços que fez para proteger a sua independência, soberania, segurança e desenvolvimento", disse o porta-voz do Ministério do Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, numa conferência de imprensa. Zhao reconheceu que "o país está envolvido em protestos maciços" após as eleições de 9 de Agosto, que segundo

dados oficiais foi vencida pelo Presidente Alexander Lukashenko com 80,1 por cento dos votos. "Tomamos nota da situação complicada na Bielorrússia. Como um bom amigo e parceiro confiável, não queremos que caia no caos. Opomo-nos às forças estrangeiras que criam

divisão e instabilidade no país", disse o porta-voz, acrescentando que espera que o país possa “manter a estabilidade política e social através dos seus próprios meios”. Na terça-feira, a oposição, que não reconhece o resultado das eleições, criou um conselho coordenador para a trans-

ferência pacífica do poder na Bielorrússia, iniciativa à qual Lukashenko, que governa o país com mão de ferro há 26 anos, respondeu com a ameaça de medidas suficientes para "acalmar algumas cabeças quentes". Além disso, numa demonstração de que mantém o controlo das forças armadas, o Presidente bielorrusso anunciou inesperadamente que as tropas na fronteira ocidental do país, que a Bielorrússia partilha com países do bloco da NATO, foram colocadas em alerta. Os líderes da União Europeia realizaram ontem uma reunião por videoconferência para abordar a situação na Bielorrússia, na qual se espera que apoiem as manifestações populares naquela ex-república soviética.


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A lua ilumina o meu feitio

Xunzi

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ERÁ possível, se o desejarmos, ir de inferior a nobre, de néscio a sábio, de pobre a rico? Eis como: só através do estudo. Se nos encarregarmos de tal estudo, podemos ser chamados de pessoa bem-criada. Se o abordamos com entusiasmo e dedicação, seremos então uma pessoa exemplar. Se deveras o compreendermos, seremos então um sábio. No melhor dos casos poderemos tornar-nos num sábio, no pior numa pessoa bem-criada ou exemplar – e quem nos poderia impedir de tal? No passado, eramos uma pessoa obnubilada na rua. De súbito, somos iguais a Yao e a Yu. Não será isto ir de inferior a nobre? No passado, ao ajuizar discussões na nossa casa, eramos obnubilados e indecisos. De súbito, conseguimos discernir a fonte de ren [humanidade] e yi [justiça], separar o bem do mal, medir o mundo e fazê-lo girar na palma da mão, distinguir o preto do branco. Não será isto ir de néscio a sábio? No passado eramos paupérrimos. De súbito, todos os instrumentos para a ordenação do mundo estão ao nosso alcance. Não será isto ir de pobre a rico. Imaginemos agora alguém que escondeu na sua pessoa um tesouro de mil yi1. Mesmo que tivesse de mendigar para comer,

As Realizações do Ru

todos ainda o chamariam rico. Mesmo que esse tesouro fosse impossível de comer, impossível de vestir, impossível de vender rapidamente, todos ainda o chamariam rico. E porquê? Não será porque o instrumento para conseguir grande riqueza ainda se encontra com ele? Assim, ser uma pessoa magnífica também é ser rico. Por isso, a pessoa exemplar é nobre sem deter qualquer título e é rica sem receber qualquer salário. É de confiança mesmo sem ainda ter falado, inspira temor sem ainda se ter irado. Habita a pobreza, mas é gloriosa, vive em retiro, mas é alegre. Não será isto porque as condições para a suprema honra, riquezas, importância e autoridade se reúnem nela? Por isso digo: uma reputação nobre não pode ser obtida por associação interesseira. Não pode ser obtida por gabarolice e engrandecimento. Não pode ser extorquida aplicando grande poder. É necessário possuir aquelas coisas para então o conseguir. Se o tentarmos agarrar o perderemos. Se o deixarmos ir então virá. Se seguirmos o Caminho, se acumulará. Se nos gabarmos e engrandecermos, se dissipará. Por isso, a pessoa exemplar cultiva o que é interior e abandona as coisas exteriores. Aplica-se

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Elementos de ética, visões do Caminho PARTE IV

na acumulação de virtude na sua pessoa e gere as coisas seguindo o Caminho. Se assim for, uma nobre reputação se erguerá brilhante como o sol e a lua e o mundo inteiro lhe responderá com um som forte como trovão. Por isso se diz: a pessoa exemplar é recôndita mas eminente, os seus movimentos são subtis mas admiráveis, é deferente e cede mas conquista. As Odes dizem: “A garça grita nos Nove Pântanos. A sua voz ressoa no Céu.” Isto exprime o que quero dizer. A pessoa rude é o oposto disto. Envolve-se em associações interesseiras, mas os elogios que recebe só diminuem. Lança mão dela com ganância, mas a sua reputação só piora. Labora buscando segurança e benefício, mas a sua pessoa só fica em maior perigo. As Odes dizem: Aqueles a quem falta toda a decência Olham-se com mútuo ressentimento. Lutando por estatuto e salário, Perecem por inflexibilidade. Isto exprime o que quero dizer. Assim, uma pessoa de poucas capacidades que tenta completar uma grande tarefa é como uma pessoa de poucas forças tentando carregar um pesado fardo: para

além de partir os ossos e rasgar os tendões, chegará a nenhures. Uma pessoa não meritória que finge ser meritória é como um corcunda que se estica para parecer mais alto: aqueles que apontam para a sua corcunda não param de aumentar. Assim, o governante esclarecido julga as virtudes das pessoas e as nomeia para cargos oficiais, desse modo evitando a desordem. O ministro leal assegura-se de que é deveras capaz, só depois se atrevendo a aceitar o cargo e assim evitando ultrapassar os seus limites. Quando as atribuições2 não estão desordenadas em cima, nem em ruptura em baixo, tal é o auge da boa ordem e da distinção apropriada. As Odes dizem: “À direita e à esquerda, tudo está equilibrado. E assim todos obedecem.” Isto diz-nos de como nem os superiores nem os subordinados trazem desordem uns aos outros. 1 Uma antiga medida de ouro. 2 A palavra aqui é fen 分, que significa literalmente “separação” ou “divisão”. Trata-se de um termo importante para Xunzi, que o usa para designar um sistema ideal de divisões sociais. Há, no entanto, alguns contextos em que “distribuir”, ou “distribuição”, parecem ser mais naturais.

Tradução de Rui Cascais Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE - 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.


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Holandeses voadores III

REtrovisor Luís Carmelo

JOSÉ M. RODRIGUES

ne todos os acasos. Como o de hoje. Por exemplo: o que fez com que hoje déssemos um com o outro no bar dum teatro ainda em obras? Continuou ela. E o que faz com que uma coisa seja o que é? perguntei eu. A sua essência. respondeu ela. Como vês, ganhei, concluiu ainda com todo o desplante.

6.

5.

Corria a passos largos com as musselinas a enfunar o fantasma que revia nas paredes. Um ombro que se levanta, um cotovelo que desce. A cabeça que rodopia, os dedos a macaquearem a boca de um lobo. Ou a cauda do diabo. A noite afoga todas as evidências. Por vezes, levantava muito alto uma das pernas para que a sombra amarelada e movediça se transformasse num cinema envolto pela poeira. Também eu, imbuído pelo marulho das coisas sombrias, me pus com gesticulações agitadas e o ecrã de caliça branca a desfazer-se reproduzia-as porventura à procura de ouro. Assim ficámos os dois em frente à enorme lanterna do candeeiro a provocar aquele teatro de sombras, de que éramos os únicos espectadores. A certa altura, estatelámo-nos com a dolência de um adágio. Os meus óculos voaram até à beira do canal e ela, vincada pela geada da noite, viu os cabelos submersos na pedra e nos musgos frios onde nos deitávamos. Por cima, a lua confluía num único traço entre as nuvens rápidas e as texturas

do breu. Era o sabre comprido que sucede ou precede a lua nova. Ou a cauda do diabo, como ela incessantemente repetia sem conseguir parar de rir. Haveria acasos na vida, sim, persistia eu, mas ela não queria acreditar. Preferia ver o destino inscrito até na forma das grades que nos protegiam da água sebenta do canal. Foi nesse ápice que me veio à cabeça a cavalgada - ou a motorizada - que Schubert compôs no mês em que morreu (tinha decorado a fórmula há muito: “trio número dois, ópus cem, andante con moto”). Tentei trautear, mas era um esforço inglório, semelhante ao de plantar uma buganvília no gume cortante

da lua. Ela continuou a rir, o combustível advinha da falta de nitidez das minhas bilabiais. Mas era verdade, pura verdade. Só o acaso permitiu que hoje se pudesse ouvir Schubert. Schumann desvendou uma sinfonia em casa do irmão e dois ingleses, os senhores Grove e Sullivan, desenterraram mais cinco na cave de uma editora. Também a sinfonia inacabada foi descoberta numa arca, enquanto, já no fim século XX, os esboços da décima sinfonia foram fortuitamente encontrados num arquivo de Viena. Não, não foi o acaso, afincava ela. O destino é o cume da cordilheira que reú-

Vi-a sentar-se no coração da intempérie com a concha da mão encostada ao ouvido. Fiquei atrás sem quase conseguir manter-me de pé. O chão mole de estornos e cardosmarítimos oscilava ao sabor das requebras do vendaval. Foi então que me revelou que, um dia, já tinha visto o paraíso

A mistura de moliço e enxofre embrenha-se nas dunas e o rufar das vagas irrompe subitamente. Foi nesse repente que o vento colocou os lóbulos temporais nas nuvens, quase que tocámos com os cabelos nos altos da siderurgia. Foi assim que chegámos à praia de Zandvoort. Três ou quatro gigantes agarram as cordas e içam os papagaios coloridos que desempenham o papel de planadores trágicos. Cada corpo é um rio compulsivo a preencher as margens que julga ocupar, segredou ela. Uma ópera rasgada pela forte ondulação. Se houvesse música seria a dos penhascos subterrâneos. Ela mantinha-se perfeitamente ciente de que a praia de Zandvoort é composta por destroços de um grande navio caído no fundo do oceano. Falava de facto como se passeássemos a quatro mil metros de profundidade, debaixo daquela água negra espurca azulada que se desfaz em espuma gelada. A sequência de prédios é uma imensa bigorna de betão com vidros granitados, esplanadas para astronautas e o amontoado final de escombros e taipais que se desvendam a partir do casco imaginário. A paisagem condiz com os despojos de guerra que terão submergido muito lentamente, acabando por assentar nas entranhas do talude, tomado por cracas e algas. A proa, a popa e os mastros desapareceram. Ficou apenas o âmago das varandas a cheirar a crude e ao verdete da ferrugem. Com extremidades pontiagudas, o perfil da cidade dá a ver uma ou outra faceta proeminente. É o convés de aço alimentado pelas patines da maquinaria e das caldeiras. Às janelas deste santuário oxidado, dia e noite, há sempre holandeses muito felizes a comerem batatas fritas com maionese. Ela admirava o horizonte e os rochedos submersos como quem avidamente pesquisa com sonar. A praia expunha-se ao avesso de todas as geografias, mas o mar é sempre o mar. Vi-a sentar-se no coração da intempérie com a concha da mão encostada ao ouvido. Fiquei atrás sem quase conseguir manter-me de pé. O chão mole de estornos e cardos-marítimos oscilava ao sabor das requebras do vendaval. Foi então que me revelou que, um dia, já tinha visto o paraíso. (continua)


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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 4

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PROBLEMA 5

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HUM

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3 1 3 9 2 6 4 7 0 4 7 8 9 4 5 1 Cineteatro SALA 1

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0 1 4 6 7 8 5 3 1 2 1 3 0 7 3 7 8

LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terrance Lau, Cecilia Choi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 2

1 5 2 9 0 3 4 6 6 7 5 4 8 0 9 2 2 1 3 7 7 8 0 5 9 4 8 1 5 2 7 0 3 www. 6 1 8 hojemacau. 4com.mo 9 6 3

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director da região do Pacífico Ocidental da OMS, Takeshi Kasai. “Na região da Ásia-Pacífico, a doença é actualmente disseminada por jovens que, às vezes, não sabem que estão infectados”, disse o responsável, destacando que este papel dos jovens, especialmente daqueles que viajam nas férias, também foi detectado na Europa e, sobretudo, em Itália.

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8 3 9 2 5 4 1 7 0 6 4 12 7 07 6 8 29 3 98 5 0 56 13 39 7 DREAMBUILDERS 9 67 45[A] 80 2 FALADO EM CANTONÊS 6 8 4 9 2 LEGENDADO 5 3EM CHINÊS1 7 0 Um filme de: Kim Hagen Jensen, Tonni Zinck BEYOND THE DREAM [C] FALADO EM JAPONÊS 21.15 29 91 8 40 1514.30, 0316.30,719.00, 8 6 56 37 7 04 5 68 30 27 42 8 15 9 3 6 2 82 0 1 93 5 4 7 1 73 05 5 9 3 8 22 67 4 5 4 3 7 8 6 0 9 2 1 9 2 6 11 46 78 55 0 3 8 3 5 4 2 1 6 9 0 FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Mankyu 14.30, 16.00, 17.30, 19.30, 21.00

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EURO

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C I N E M A

SUMIKKOGURASHI:GOOD TO BE IN6THE CORNER [A]

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou ontem para uma mudança detectada nas características do coronavírus que provoca a covid-19, referindo que as pessoas mais jovens estão cada vez mais na origem de surtos e contágios. “A pandemia está a mudar. Pessoas na faixa dos 20, 30 e 40 anos estão cada vez mais na raiz da ameaça”, afirmou o

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8 UMA SÉRIE HOJE

3 1 4 7 6 9 8 5 0 0 futuro 5 8distante 2 3em6que7o planeta 4 1 Num foi6 destruído, os humanos sobreviven2 0 4 9 1 3 7 8 tes descobrem como viajar no tempo. 9 8 é7peculiar: 3 1uma 2 inteligência 5 0 4 O método artificial envia a consciência 5 9 2 0 7 4 6 de1pes-3 soas para o século XXI. O objectivo é 1 4 missões 5 9 para 8 3 0 o2rumo6 completar mudar das7coisas 6 e1garantir 5 0um8futuro 9 melhor 3 2 para a humanidade. É nas reações das 8 3 6à natureza 1 2 e7experiências 4 9 5 personagens que2actualmente 0 9 6se dão 4 por 5 garantidas, 1 8 7 como um simples passeio pelo parque, 7 revelando 3 8 5as diferenças 0 2 6entre9 que4se vão as sociedades deste século e a do futuro. Mas apesar dos séculos que as separam, as10 pessoas continuam a ser falíveis. Há momentos 6 2 em 8 que 7 o4lado9 humano 0 3 das5 personagens põe em risco o sucesso da 4 3 Salomé 9 5 Fernandes 0 1 7 2 8 missão.

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TRAVELERS | DE BRAD WRIGHT

3 4 6 8 0 7 1 8 7 5 9 2 1 6 1 2 3 0 8 9 5 1 3 6 2 8 4 9 0 7 6 1 4 3 DREAMBUILDERS 7 5 0 9 1 8 3 6 5 7 2 4 0 5 9 4 6 8 7 8 0 4 6 2 3 1 9 5 9 6 2 1 3 4 2 7 6 9 5 4 8 0 1 3 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 7 Colaboradores 3 0 2Anabela 5 Canas; 6 António Cabrita; António 9 de5Castro 2 Caeiro; 1 António 7 Falcão; 3 6Ana Jacinto 8 4Nunes;0Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Lobo Pinheiro; 4 Gonçalo 8 1 6 9Gonçalo 3 M.Tavares; João Paulo1Cotrim; 4 José7Drummond; 0 8José5Navarro2de Andrade; 6 3José9Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; 2 João9Romão; 7 Jorge 5 Rodrigues 4 0Simão; Olavo Rasquinho; 3 Paul0Chan4Wai Chi; 2 Paula 1 Bicho; 7 Tânia 9 dos5Santos 6Grafismo 8 Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 5 Morada 0 Calçada 8 7deSanto 1 Agostinho, 2 n.º19,CentroComercial 8 6Nam5Yue,6.º3andar9A,Macau 0 Telefone 1 428752401 7 Fax228752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítiowww.hojemacau.com.mo

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14 opinião

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A Covid-19 “If you know the enemy and know yourself, you need not fear the result of a hundred battles. If you know yourself but not the enemy, for every victory gained you will also suffer a defeat. If you know neither the enemy nor yourself, you will succumb in every battle.” Sun Tzu, The Art of War

A

pandemia que atingiu a Europa do Sul com muito mais força abre algumas possibilidades para se definir, e partindo da sua própria ideia de desenvolvimento para influenciar positivamente as outras economias e sociedade nacionais. Que a Europa do Norte tenha sido menos infectada e tenha menos mortos que a Europa do Sul não é um acidente. Apesar dos muitos incêndios, apesar da taxa de congestionamento nas suas cidades, o ar da Europa do Sul está menos poluído, a matéria particulada atmosférica, que muitos estudos demonstraram, ser um veículo importante para a propagação do vírus, está menos presente. Em todo o mundo, a Covid-19 atingiu as áreas onde o crescimento económico tem sido mais forte. Também aí os mais afectados foram os pobres, e se tudo voltar um tipo de parecer quase “normal” serão ainda os pobres de todo o mundo que mais pagarão, mas talvez pela primeira vez na história, a possibilidade está a abrir-se para imaginarem um novo tipo de desenvolvimento. Mesmo na Europa do Sul um desenvolvimento baseado nas riquezas que possui. A terra, a cultura, os seus jovens instruídos que terão cada vez menos oportunidades de migrar e que terão de tentar inventar ali as suas vidas. Pensar no seu território como uma ideia diferente de estar no mundo. Talvez olhando para a Europa do Norte, em vez do Norte que não cresce, para o Sul, onde há países cujas possibilidades de desenvolvimento são mais promissoras. Se houver paz, fim à dependência do petróleo e da mineração; se a energia da água, do sol e do vento for utilizada; se a diversidade biológica e cultural for preservada, a agricultura pode ser uma alavanca decisiva para a recuperação económica. Homologa monoculturas com o objectivo de exportar as próprias especificidades de cada país para o mundo em vez de seguir os modelos que outros impõem. É uma agricultura que regressa a ser de proximidade, o mais perto possível na produção e consumo, e precisamente por esta razão capaz de exportar os seus produtos como as muitas cooperativas fazem nos territórios retirados dos latifúndios, e aqueles onde os escravos dos campos se libertam para produzir um orgânico livre de pesticidas e de corporações.

E na Europa do Sul é possível e realista criar cadeias energéticas limpas e locais para fornecer energia às indústrias de transformação de alimentos de qualidade e às pequenas e médias empresas localizadas nos sectores de inovação mais elevados, digitais e não, explorando no território o conhecimento que as universidades e os centros de investigação produzem e cuja maior inovação poderia ser gerar bens que duram e são reparáveis por muito tempo, e cujos componentes são concebidos para serem reciclados. Um desenvolvimento local verdadeiramente circular, porque não polui e produz o mínimo de resíduos possível. Um modelo de desenvolvimento local que também pode falar aos países, aqueles que terão de pensar de novo e regenerar-se, depois de terem prosseguido um crescimento que envenenou o ar e a terra, e se reduziu ao desperdício produzido, mulheres e homens que também terão de repensar como dar valor às suas áreas internas e de pobreza e marginalidade que também existem dentro das fronteiras. Neste contexto, é também necessário tirar o turismo dos velhos termos do turismo de massas, que tem esmagado as cidades de arte ao ponto de pôr em perigo a sua sobrevivência, o que as tem desertificado como cidadãos, transformando bairros inteiros em lugares para alugar a cada dia; retomar esse modelo seria não só um desastre do ponto de vista ambiental e climático, mas também profundamente irrealista. Durante algum tempo, não teremos exércitos de turistas vindos de todo o mundo para fazer visitas controladas por agências, nem navios de cruzeiro cheios de pessoas que se aglomeram em visitas rápidas às cidades mais badaladas e depois são desviados para alguma saída ou aeroporto usado por algumas nacionalidades desejosas por aterrar na Europa. Os aeroportos, que os fortes poderes, continuam a invocar quererem construir deixou de ser importante. Quando os europeus começarem a mover-se, terão de ir para lugares onde o ar esteja limpo, a distância entre as pessoas possível, a arte e a beleza ancoradas à vida dos cidadãos e à paisagem que os acolhe. As pequenas cidades no interior serão o destino, mais do que os endereços canónicos e as grandes cidades. Se quiserem entrar nos novos tempos que nos esperam, terão de recuperar a beleza da vida que perderam. O vazio dos turistas nos centros históricos das grandes cidades é preocupante, mas o que importa e deve inquietar mais do que qualquer outra realidade é o vazio dos cidadãos. Também deste ponto de vista, a Europa do Sul e as áreas interiores poderiam ensinar algo aos lugares mais ricos e mais “desenvolvidos”. A agricultura, indústria jovem e de qualidade, energia limpa, ar saudável, turismo generalizado, diálogo com os países do Sul e hospitalidade para aqueles que vêm do mar em busca de um futuro. Estes são os elementos para um desenvolvimento local que redime a Europa do Sul e a torna um ponto de referência para o desenvolvimento de toda a Europa.

Contudo, será necessário investimento público para preencher a lacuna da cidadania nas áreas interiores e não apenas nas grandes metrópoles. As pessoas fugiram das zonas interiores porque não havia maneira de chegar e sair; porque muitas vezes as grandes infra-estruturas, as auto-estradas, os caminhos-de-ferro de alta velocidade, faziam um vazio à sua volta; porque as estações e os caminhos-de-ferro periféricos fecharam. E pouco a pouco as bibliotecas, escolas, lojas, farmácias, em muitos casos até as estações de correios desapareceram. As lojas locais são as que tornam a vida possível em regiões de muitos países, mas são também as que precisam de ser defendidas na periferia das nossas cidades. Apoiando para que o vírus não os mate, mas pensando para mais tarde num regime fiscal de apoio, talvez financiado pelo que a Amazon deveria pagar, e desencorajando a propagação de híper e supermercados, que têm sido as únicas realidades em muitas cidades que preencheram os espaços deixados vazios pelas indústrias fechadas.

As primeiras obras para as quais se deve dar a mão terão de ser aquelas que servem para consertar o território ferido, para voltar a tornar habitável o que se deixou ir para o abismo. E os primeiros grandes investimentos culturais terão de ir para os municípios e associações que mantiveram viva a cultura e história desses territórios, que redescobriram e fizeram descobrir o prazer de visitar os bosques, o campo, o conhecimento e a vida passada e presente da sua natureza. Antes dos museus e das grandes exposições devemos reabrir a possibilidade de experimentar arte e cultura em lugares cheios de história mas esquecidos. Haverá necessidade de jovens arqueólogos e historiadores de arte, biólogos, jovens capazes de desenhar estradas e escolas e de interligar o seu pequeno mundo renascido com o grande mundo, jovens, e há muitos deles, não em busca de riqueza e consumismo, entre outras coisas cada vez menos possíveis, mas de um trabalho que dê sentido às suas vidas e às vidas dos outros.


opinião 15

quinta-feira 20.8.2020

perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

e economia (III)

E assim tentar inverter o curso que levou ao abandono de países e territórios interiores para aglomerar os megalópoles, com o resultado de ter em conjunto o crescimento da poluição urbana e a desertificação de territórios inteiros. Para a Europa do Sul é talvez mais decisivo do que para qualquer outro país que o New Deal inventado em Bruxelas mas que se verá insuficiente possa reiniciar a economia e a sociedade verde. São os países em que as consequências seriam mais graves se a necessidade de um novo começo fosse ofuscada pela indispensabilidade de uma reconversão ambiental da economia. A começar pela indústria deverá colocar-se dinheiro público para reiniciar os negócios. Mario Draghi tem razão pois sem nova dívida pública, há falência. Mas precisamente por esta razão, porque uma lógica pura de mercado não se mantém; porque mesmo os mais teimosos dos liberalistas apelam à intervenção do Estado, é possível e necessário colocar condições

sobre a transferência de recursos públicos para o sistema empresarial. Nem todas as dívidas são iguais. A saúde, investigação e educação são investimentos decisivos se quiser construir um sistema industrial capaz de escolher qualidade e inovação. E por isso deve ser legítimo contrair dívidas, garantir direitos constitucionais essenciais, mas ao mesmo tempo planear um desenvolvimento de qualidade, e não de pura concorrência, limitando ainda mais o custo do trabalho e dos direitos. E nas empresas, esta pode ser uma das condições, encorajando também com recursos públicos percursos de aprendizagem ao longo da vida, por um lado ligados às transformações organizacionais e de produto das empresas, e por outro ao desejo de crescimento civil e cultural dos trabalhadores. A superação de toda a discriminação de género pode e deve ser também uma condição, intervindo tanto nas diferenças salariais que ainda penalizam as mulheres, como nos bloqueios dos percursos profissionais. As empresas devem ser obrigadas a fazer um balanço energético, e a explicitar as acções que pretendem empreender para poupar energia, e a utilizar energias renováveis. A este respeito, serão necessárias iniciativas para facilitar o crédito às empresas, reforçando as garantias estatais para os bancos que optam por suspender o crédito aos poluidores e deslocar a sua actividade para o apoio aos que se convertem às energias renováveis e à sustentabilidade, para o ambiente e para os trabalhadores. Outra condição possível e necessária é o compromisso de não despedir e de não deslocalizar a sua produção e os seus escritórios fiscais para fora de cada país; de não utilizar a externalização de partes da produção para dar trabalho a empreiteiros com contratos e direitos inferiores aos que seriam devidos aos trabalhadores ao abrigo de contratos nacionais. As transformações produtivas necessárias para garantir a saúde daqueles que trabalham, tais como as resultantes de reconversões, devem ser obrigatoriamente negociadas e partilhadas com os sindicatos de trabalhadores. Mas será também decisivo redefinir as empresas com participação pública, colmatando as pesadas omissões do passado. O fim da política industrial de muitos países data do tempo em que foi decidido privatizar para ganhar dinheiro e reduzir a dívida pública, sem qualquer projecto de desenvolvimento industrial na base. A venda de algumas indústrias públicas significou também o encerramento de importantes centros de investigação industrial, que constituíram a interface quase única entre as universidades, a investigação e o sistema industrial. Raciocinar em termos de mercado puro e simples significava encerrar e reduzir as actividades que seriam decisivas para uma conversão verde. Historicamente, em todo o mundo, a maior parte do investimento público em investigação passou dos militares para os militares, aquele para o qual os recursos não eram medidos e para o qual todas as dívidas

eram permitidas com repercussões importantes também em outros campos. Sem um forte investimento estatal destinado a gerir o sistema de defesa americano de uma forma mais descentralizada e menos vulnerável, a Internet nunca teria nascido. O desafio é ver se somos capazes de tornar a saúde, a luta contra o aquecimento global, a mobilidade inteligente uma alavanca pública para a investigação e a inovação produtiva tão importante e mais relevante do que qualquer tema militar ou geoestratégico. Este não é um desafio pequeno, e no qual uma grande parte do nosso futuro e do futuro do mundo está a ser jogado. E esta poderia ser a missão fundamental na Europa do Sul para redefinir o futuro de uma indústria pública esmagada pelo extractivismo e pela guerra de outros. Há esperança, mas uma das realidades que se tem dificuldade em aceitar, emocionalmente, é que estamos apenas no início desta crise. Em muitos países as taxas de mortalidade estão a diminuir, mas noutros estão a começar a subir e vice-versa. Há países que conseguiram controlar aparentemente o vírus isolando-se a si ou do resto do mundo, mas é difícil ver outros a fazê-lo, a longo prazo.

O desafio é ver se somos capazes de tornar a saúde, a luta contra o aquecimento global, a mobilidade inteligente uma alavanca pública para a investigação e a inovação produtiva tão importante e mais relevante do que qualquer tema militar ou geoestratégico Até obtermos uma vacina eficaz, vamos ter de encontrar formas de viver com este vírus. Uma abordagem, para os países que o podem controlar, significa distanciamento social, uso de máscaras em público, muitos testes, e rastreio extensivo. Testes generalizados, juntamente com rastreio, significam que as pessoas que foram infectadas podem ser detectadas, isoladas, e tratadas antes de o espalharem a outras pessoas. Mas fazê-lo envolve grandes questões de privacidade. Uma lei de emergência como da Coreia do Sul significa que as entidades oficiais podem localizar os movimentos utilizando câmaras de vigilância e acedendo a dados a partir do nosso telefone. Quem se tiver cruzado com alguém que tenha testado recentemente positivo, é-lhe enviado um texto e é-lhe dito para reportar a um centro de testes. Se o teste for positivo, pode ser enviado para um abrigo governamental ou mandado para casa, dependendo das circunstâncias. Se o teste for negativo, ainda tem de se auto-isolar e descarregar uma aplicação

que informa a polícia se sair à rua. Pode ser preso ou enviado para a prisão por não cumprimento. Alguns países, como o Reino Unido, estão a experimentar o uso voluntário de aplicações de rastreio, para que as pessoas saibam quando tiverem sido expostas ao vírus. Mas especialistas dizem que para ser eficaz, pelo menos 60 por cento da população precisaria de descarregar e utilizar a aplicação. Será que um número suficiente de pessoas o faria voluntariamente? Agora que existem testes de anticorpos fiáveis, podemos também obter a utilização generalizada de passaportes de imunidade. Estes seriam documentos digitais, provavelmente guardados no telefone, que provam que foi infectado e que está imune (o que parece não ser o caso) . As pessoas com passaportes imunitários seriam autorizadas a regressar ao trabalho e a uma vida diária relativamente normal. Mas os passaportes de imunidade estariam abertos à fraude, e algumas pessoas, que testam negativo, poderiam ser tentadas a tentar ser infectadas para que possam obter um passaporte de imunidade. Seguindo em frente, teremos quase certamente de utilizar uma abordagem de “levantar, suprimir, levantar” ao distanciamento social. As crianças regressarão à escola, as universidades abrirão, e as restrições às reuniões sociais serão relaxadas. Mas assim que houver sinais de que o vírus se está a espalhar novamente, os travões continuarão a funcionar. A incerteza contínua será extremamente prejudicial para a economia. A par dos prejuízos para a economia, é provável que haja uma segunda e terceiras vagas como aconteceu no passado, não só mais infecções mas também mais doenças mentais. Durante a última recessão, de 2007 a 2009, o aumento do desemprego levou a um pico nas taxas de suicídio nos Estados Unidos e na Europa, que aumentou em mais de dez mil pessoas. Abraços, apertos de mão, e grandes encontros sociais são o menu inexistente para o futuro previsível. As pessoas estão a tornar-se intensamente ansiosas para sair de casa e conviver. O que irá acontecer às pessoas idosas? Como podemos mantê-los a salvo sem os conservarmos fisicamente isolados? Pelo lado positivo, espero que as pessoas continuem a lavar as mãos, o que poderá reduzir drasticamente o risco de outro grande surto. Espero que viajemos menos e trabalhemos mais a partir de casa. Apreciaremos mais os nossos profissionais de saúde e as pessoas que trabalham na assistência social. Esta crise pode, paradoxalmente, tornar-nos mais comunitários. Pode até fazer-nos preocupar mais com o estado do planeta, exercer pressão sobre os políticos para acabar com o comércio ilegal de espécies ameaçadas, que desempenharam um papel tão importante na actual crise. Vai ser um longo e difícil caminho de regresso a qualquer forma de normalidade. Mas se formos optimistas, temos de esperar que esta pandemia faça sobressair o melhor de nós e reúna o mundo para lidar mais efectivamente com os futuros desafios globais.


Acredito que estou no inferno, portanto estou nele. Rimbaud

PALAVRA DO DIA

Macau Taxa de inflação fixa-se em 2,19 por cento

CHINA CHEIAS OBRIGAM À RETIRADA DE MAIS DE 100 MIL PESSOAS

A taxa de inflação em Macau fixou-se em 2,19 por cento nos 12 meses terminados em Julho, relativamente a igual período no ano passado, indicam dados oficiais ontem divulgados. A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) informou que a subida do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) geral médio deveu-se, sobretudo, aos preços da educação (+5,22 por cento), dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas (+4,82 por cento) e da saúde (+4,6 por cento), em comparação com o período anterior, entre Agosto de 2018 e Julho do ano passado. Em Julho, o IPC subiu 0,27 por cento em relação ao mesmo mês de 2019, impulsionado principalmente pelo aumento “dos preços: das refeições adquiridas fora de casa; das consultas externas, dos serviços de cabeleireiro e beleza e da carne de porco fresca, bem como pelo aumento das rendas de casa”, referiu a DSEC, em comunicado.

A

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S inundações no sudoeste da China destruíram estradas e levaram à retirada de mais de cem mil pessoas das suas casas, informaram ontem os media estatais chineses, indicando ainda que a barragem de Três Gargantas está sob pressão. Os meios de comunicação chineses divulgaram imagens de soldados a retirar os moradores da cidade de Leshan, na província de Sichuan, a maioria deles idosos, vestidos com coletes salva-vidas laranja e a bordo de pequenos barcos. Cerca de 1.000 pessoas ficaram presas, muitas sem água potável ou alimentos, como resultado da enchente, disse a agência de notícias oficial Xinhua. No total, mais de 100.000 pessoas foram retiradas de Leshan e da cidade vizinha de Ya’an, na província de Sichuan, de acordo com a mesma fonte. Atelevisão pública CCTV mostrou imagens impressionantes de águas lamacentas que chegavam aos pés da estátua do Grande Buda de Leshan, com 71 metros de altura. Classificado como Património da Humanidade pela Unesco, o local religioso e turístico - localizado nas imediações de três rios - havia sido cercado por sacos de areia, mas estes não resistiram à subida das águas. Os media estatais transmitiram vídeos de aldeias inundadas, árvores parcialmente submersas e uma pequena construção de madeira que desmoronou e foi levada pelas águas. Também em Sichuan, a Reserva Natural do Vale Jiuzhaigou, também Património da Humanidade, anunciou o seu encerramento temporário para a segurança dos visitantes. A famosa barragem gigante de Três Gargantas, a maior hidreléctrica do mundo localizada na província de Hubei (centro), enfrentará o seu maior fluxo de água na quinta-feira, segundo a CCTV.

quinta-feira 20.8.2020

Lisboa Casa Fernando Pessoa reabre com nova exposição

Monções assassinas Em toda a Índia, as fortes chuvas já mataram 847 pessoas nesta temporada

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ERCA de 1.300 pessoas já morreram no sul da Ásia devido às enchentes e deslizamentos de terra causados pelas monções, fenómeno anual que atinge esta região do globo. As grandes monções de Junho a Setembro são cruciais para a vida e a agricultura do subcontinente indiano, mas causam danos significativos a cada ano e provocam centenas de mortes nesta região do mundo onde vive um quinto da população mundial. Em toda a Índia, as fortes chuvas já mataram 847 pessoas nesta temporada, de acordo com o Ministério do Interior indiano. No Bangladesh, já morreram 226 pessoas nesta estação de monções. Já no Nepal, as autoridades contabilizaram 218 mortos e 69 pessoas ainda desaparecidas após deslizamentos de terra. Chuvas torrenciais caíram ontem na capital indiana, Nova

Deli, forçando pessoas e veículos a circularem dentro de água, que às vezes chegavam aos joelhos. Na cidade de Jaipur, localizada 200 quilómetros a sul de Deli, os curadores do Museu Albert Hall tiveram que partir a janela que protegia uma múmia egípcia de 2.300 anos na sexta-feira para salvá-la das águas que inundaram a sala. “Os funcionários partiram o vidro da janela e tiraram a múmia”, disse Rakesh Cholak, um alto funcionário do museu, à agência de notícias AFP na quarta-feira. “O sarcófago ficou um pouco molhado, mas pusemo-lo a secar”, declarou ainda Cholak.

SEM ABRIGO

No Bangladesh, as águas das monções cobriram até 40 por cento do território. “Em termos de duração, essa é a segunda pior enchente da história do país”, disse Arifuzzaman Bhuyan, director do centro de previsão e alerta de enchentes.

Mais de seis milhões de habitantes de Bangladesh viram as suas casas danificadas pela água e dezenas de milhares de moradores permanecem em abrigos montados pelas autoridades. Outros dormem em cabanas construídas em áreas mais altas. Na aldeia inundada de Rupangar, fora da capital do Bangladesh, Daca, Shahanara Begum vive na estrada com sua família há mais de um mês. “Parece que a má sorte nos segue. A qualquer local para que nos desloquemos, as enchentes seguem-nos”, disse a mulher de 50 anos à AFP. “Não é seguro viver na estrada, mas não temos escolha”, disse Maya Saha, de 70 anos, outra pessoa que ficou sem abrigo devido às chuvas. “A maior parte das nossas reservas de alimentos e roupas já não tem mais proveito, afirmou.

A Casa Fernando Pessoa (CFP), em Lisboa, reabre no próximo dia 29 com uma nova exposição, um auditório relocalizado e uma biblioteca renovada, depois de 16 meses de obras que vão permitir o “funcionamento mais sustentável” do edifício. A CFP, no bairro de Campo de Ourique, onde Fernando Pessoa (1888-1935) viveu os últimos 15 anos de vida, encerrou em Março do ano passado para obras de remodelação. O projecto de remodelação é da responsabilidade do ateliê José Adrião Arquitectos e o projeto museográfico da empresa de design GBNT, assinado pelos designers Nuno Quá e Cláudio Silva, tendo sido executado a partir de uma proposta de Paulo Pires do Vale.

Liga NOS Bruno Varela reforça Vitória de Guimarães

O guarda-redes Bruno Varela vai reforçar o Vitória de Guimarães até ao final da época 2023/24, numa transferência sem custos, após ter-se desvinculado do Benfica, confirmaram ontem os dois clubes da I Liga portuguesa de futebol nos sítios oficiais. Cada emblema ficou na posse de 50 por cento dos direitos económicos relativos ao jogador de 25 anos, que, na última temporada e meia, esteve emprestado pelas ‘águias’ ao Ajax, clube holandês pelo qual realizou três jogos na equipa principal e dois jogos na equipa B. Formado no Benfica, Bruno Varela iniciou a carreira como sénior na equipa B ‘encarnada’, ao participar em 86 desafios entre as temporadas 2012/13 e 2014/15. O atleta de 1,91 metros foi o titular do Benfica na temporada 2017/18, ao realizar 35 jogos, repartidos pelo campeonato, pela Liga dos Campeões, pela Taça de Portugal, pela Taça da Liga e pela Supertaça.


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