Hoje Macau 20 SET 2016 #3660

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

TERÇA-FEIRA 20 DE SETEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3660 PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PAINÉIS SOLARES

O LADO LUNAR

FUNÇÃO PÚBLICA

Ajustes faseados

GRANDE PLANO

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OPINIÃO Pompoar TÂNIA DOS SANTOS

CINEMA

FESTA DE FITAS www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

EVENTOS

HOTELARIA

hojemacau USJ EDUCAÇÃO ESPECIAL É OPÇÃO DE MESTRADO

A Universidade de São José tem desde ontem um novo mestrado dirigido à Educação Especial e Inclusiva. O plano visa colmatar a falta de profissionais na

área e melhorar a formação daqueles que já trabalham com crianças “excepcionais”. Um passo para ultrapassar medos e preconceitos que persistem na sociedade.

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Filmes do Século XXI Tragédia grega BOI LUXO

PAULO JOSÉ MIRANDA

PUB

Mestres da integração

Receitas em queda


2 GRANDE PLANO

PAINÉIS SOLARES PEDIDOS DE INSTALAÇÃO JUNTO DO GOVERNO CONTINUAM A SER RAROS

MEDIDAS ` A SOMBRA Há três anos foi implementada a legislação para a instalação de painéis solares nos edifícios, mas desde então que os pedidos têm sido quase inexistentes. À DSSOPT, responsável pela aprovação dos projectos, chegou apenas um pedido de informações. Maria José de Freitas e Joe Chan pedem que sejam criadas medidas de incentivo

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ÃO raros, muito raros os edifícios em Macau que tenham instalados painéis solares, que produzem energia solar fotovoltaica. A lei existe desde 2014, mas a verdade é que a adesão de construtores, casinos, famílias e até do próprio Governo tem sido quase nula. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), entidade responsável pelo tratamento dos pedidos de instalação, confirmou ao HM que nestes três anos apenas recebeu um pedido sobre o assunto, no âmbito do Regulamento de Segurança e Instalação das Interligações de Energia Solar Fotovoltaica. Apesar de confirmar que já existe este tipo de tecnologia instalada, não há números oficiais. “Alguns edifícios concluídos recentemente já incluem os sistemas de produção de electricidade com recurso a energia solar fotovoltaica, como escolas, habitação pública ou edifícios dos serviços públicos, por isso essas informações não são integradas na estatística individual referente aos

pedidos de instalação”, confirmou o organismo. O HM tentou ainda saber quais os projectos públicos que contêm este tipo de tecnologia, mas, segundo o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), “não foi recebido nenhum pedido apresentado pelo utilizador para colocar as instalações de energia solar no empreendimento de habitação pública ou outros projectos”. Numa apresentação pública feita em 2014, Lei Chun San, do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE), falou da instalação de projectos piloto em alguns edifícios públicos, como é o caso do edifício que alberga o Instituto da Habitação. Lei Chun San falou ainda das dificuldades na promoção dos painéis solares, por existir uma “falta de investimento de capital”, um “longo período de retorno” e uma “falta de motivação”.

PACOTE PRECISA-SE

Para a arquitecta Maria José de Freitas, não basta a existência de um regulamento administrativo. É necessário estabelecer um pa-

cote de medidas para garantir a construção de edifícios amigos do ambiente, à semelhança do que já acontece na Europa. “Essa situação deveria ser pensada como um pacote de medidas destinadas a melhorar a performance energética dos edifícios. Há outras medidas que deveriam ser tomadas em conjunto com a introdução dos painéis solares para melhorar a resposta dos edifícios, tal como a instalação de vidros duplos ou triplos e a espessura das paredes exteriores. Não havendo uma legislação que obrigue a que haja uma carta energética, como já acontece na Europa, as pessoas não estão muito preocupadas em fazer essas instalações porque vão traduzir-se num maior investimento”, disse ao HM. Também o ambientalista Joe Chan considera que o Governo poderia fazer mais nesta matéria. “O maior problema em Macau é que o Governo não tem uma direcção firme em relação a esta matéria e as empresas e construtores não vão assumir o risco, porque não vêem quaisquer benefícios. O Governo poderia

“Não havendo uma legislação que obrigue a que haja uma carta energética, como já acontece na Europa, as pessoas não estão muito preocupadas em fazer essas instalações porque vão traduzir-se num maior investimento” MARIA JOSÉ DE FREITAS ARQUITECTA criar algum tipo de encorajamento, como subsídios, para esta instalação.”

CONSTRUTORES DESINTERESSADOS

Joe Chan alertou para o facto de Macau estar muito próximo da China e Tailândia, dois grandes produtores de painéis solares. O maior problema é que a maior parte dos construtores não estão interessados em investir numa

tecnologia que não traz retorno imediato. “Muitos dos construtores estão mais interessados em obter lucros o mais depressa possível, porque o Governo não tem uma política para forçar as empresas a construírem edifícios mais amigos do ambiente. Os construtores não têm qualquer motivação, enquanto que não é fácil para as famílias fazerem este tipo de instalações,


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“CASINOS TÊM IMENSO POTENCIAL”

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vaga mais recente de inovação em termos de painéis solares mostra que é possível construir edifícios cujas fachadas têm incorporado este tipo de tecnologia. Para Joe Chan, os casinos “têm imenso potencial” para este tipo de construção, para além das “muitas vantagens no seu uso”. “O maior problema é que têm de pagar um montante inicial e demora tempo até que se possam ver resultados. Os casinos apenas estão preocupados com os seus interesses e o Governo só se preocupa com os impostos que recebe. Não há qualquer ligação em como os casinos podem contribuir mais para que tenhamos uma região amiga do ambiente”, acusou o ambientalista. Joe Chan defende ainda a criação de um subsídio para incentivar este tipo de instalações. Este poderia ser atribuído nos primeiros cinco anos, para depois ser retribuído caso houvesse a produção de energia solar. “Os casinos são responsáveis por um terço do consumo de energia de todo o território, então têm o dever de contribuir para que haja uma redução”, apontou Joe Chan.

“Não basta falar e dizer que se organizam as feiras do ambiente, é preciso que nos seus próprios edifícios o Governo tenha esse tipo de preocupações”

“O Governo poderia criar algum tipo de encorajamento, como subsídios, para esta instalação”

“Muitos dos construtores estão mais interessados em obter lucros o mais depressa possível, porque o Governo não tem uma política para forçar as empresas a construírem edifícios mais amigos do ambiente” JOE CHAN AMBIENTALISTA

porque precisam de espaço”, disse o ambientalista e responsável pela associação Macau Green Student Union. Também a arquitecta Maria José de Freitas fala do pouco interesse por parte dos construtores. “Em Macau há muitos edifícios em altura e colocar painéis solares na cobertura pode ser uma medida eficaz, mas talvez só vá beneficiar as pessoas que vivem

nos apartamentos do último piso. É muito difícil e seria necessária uma grande extensão para rentabilizar a instalação dos painéis solares. Isso não acontece nos edifícios do Governo nem a nível particular, porque o que os empreiteiros querem é minimizar os custos de construção e maximizar o custo de venda.” Para a arquitecta, o Governo podia ter esse tipo de iniciativas, para

dar o exemplo. “Não basta falar e dizer que se organizam as feiras do ambiente, é preciso que nos seus próprios edifícios o Governo tenha esse tipo de preocupações”, acrescentou. Maria José de Freitas tenta, com grande parte dos projectos que realiza, que haja o lado da protecção ambiental, mas muitas vezes é difícil que a DSSOPT aprove os projectos, dadas as burocracias existentes.

“Mesmo que, como arquitectos, queiramos proteger o ambiente, não vamos conseguir implementar nada. Temos sempre a preocupação de, nos nossos projectos, introduzirmos materiais recicláveis e com boa performance energética, mas isso é porque é a nossa consciência profissional, não porque existe um carácter de obrigatoriedade.” Também Joe Chan acredita que o próprio conceito de energia

renovável está muito atrasado. “O Governo não considera que esta seja um grande mercado e há a ideia de que não se consegue fazer muito dinheiro com isso, mas este tipo de tecnologia irá trazer benefícios para as futuras gerações. Tem de haver um papel mais activo para promover estas tecnologias”, concluiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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DSAL PROTESTO POR DESPEDIMENTOS INJUSTIFICADOS

Eles têm e nós não

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ASSOCIAÇÃO PODER DO POVO

Prometeram e cumpriram: os trabalhadores da área da construção civil que dizem ter sido substituídos por não-residentes queixaram-se ontem à DSAL. O organismo assegura ajuda na procura de trabalho, mas estes dizem receber menos dos que os não-residentes EZENAS de trabalhadores locais da área da construção civil protestaram ontem em frente à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). Os motivos da manifestação estão associados a queixas relativas a alegados despedimentos do trabalho injustificados por parte do Lisboa Palace e do Wynn Palace, projectos das operadoras no Cotai. Segundo a deputada Ella Lei que se deslocou ao Lisboa Palace na semana passada para saber o que se passava e auxiliar trabalhadores que protestavam sentados numa grua a cerca de 60 metros de altura - assegura que a manifestação de ontem contou com cerca de

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área do turismo cultural não reúne consenso entre académicos do território. A atenção a ser dada diverge, com diferentes analistas a defenderem a preservação de diferentes aspectos. Para Lam Fat Iam, presidente da Associação de História Oral de Macau, é fundamental que a tarefa principal seja “a conservação dos edifícios históricos e espaços comunitários construídos em diferentes épocas no território”. O responsável diz que a preservação do património cultural e a adição das novas actividades não

A manifestação de ontem contou com cerca de 90 pessoas residentes (...) a sua maioria trabalhadores contratados depois do dia 12 deste mês e que foram informados do seu despedimento dois a três dias após a contratação

90 pessoas residentes que tinham como função prestar os serviços de auxiliar de limpeza. Na sua maioria eram trabalhadores contratados depois do dia 12 deste mês e foram informados do seu despedimento dois a três dias após a contratação.

RESIDENTES DE LADO

Ella Lei refere ainda que o estaleiro do Lisboa Palace conta com cerca de 3700 trabalhadores não residentes e que o despedimento

destes trabalhadores vai contra o princípio de contratação prioritária a locais. Na base destas afirmações está a constatação de que muitas das pessoas agora a exercerem funções nestas obras estão a ocupar os lugares daqueles que foram dispensados. Ao HM, Hong, porta-voz do grupo de operários de construção desempregados, referiu que os cerca de cem trabalhadores do Lisboa Palace se reuniram com a ajuda da

Ideias para todos

Focos no turismo cultural não reúnem consenso

“deverão ser opostos, mas sim compatíveis”, como frisou em declarações ao Jornal de Cidadão. Lam Fat Iam considera que o princípio de desenvolvimento tem que ser a manutenção do património cultural e dos costumes tradicionais que actualmente existem e, de modo a operacionalizar esta sugestão, o presidente da Associação de História Oral de Macau sugere que

Associação Poder do Povo, grupo criado recentemente que já tratou de casos semelhantes. Quase todos os trabalhadores desempregados conseguiram ter acesso a entrevistas de emprego com ajuda da DSAL, mas os trabalhadores dizem que o salário proposto pelas empresas é apenas metade do salário daquele que está a ser dado aos não residentes, pelo que estes não pretendem aceitar o trabalho.

em primeiro lugar deverá ser feita “a protecção da textura da cidade que inclui as ruas, becos, calçadas e travessas”. Paralelamente, diz, deverão ser conservadas as demarcações das diferentes zonas tendo em conta a linha litoral e do horizonte do território. “Fazendo bem a integração destes elementos, sob uma visão macro, a história, a cultura e as construções de Macau poderão usufruir

A Sociedade de Jogos de Macau, responsável pelo Lisboa Palace, assegura que já contactou com as empresas. Angela Leong, número um da operadora, diz que o caso já provocou até atrasos na obra, enquanto a DSAL assegura que ter reunido com os representantes das empresas de construção e que estes garantiram que iam averiguar a situação. Caso os residentes locais tenham as mesmas capacidades que os não residentes, então tomarão o lugar destes, asseguram as construtoras.

de um controlo e protecção favoráveis”, conclui.

HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA

A académica e presidente da Associação Energia Cívica e membro do Conselho para as Indústrias Culturais Agnes Lam considera que um aspecto de relevo é a atenção dirigida aos monumentos contemporâneos. O Governo continua a “colocar mais ênfase no passado do que o presente e aqueles que já entraram na lista do património são tratados generosamente”, considera, acrescentando que o património contemporâneo

Angela Ka (revisto por S.M. e J.F.) info@hojemacau.com.mo

e datado do séc. XX não está a ser devidamente tido em conta. Agnes Lam ilustra a situação com o exemplo das instalações dos estaleiros de Lai Chi Vun que integram “um vasto espectro da história do território”.

ESPAÇO DE FUSÃO

Já a dedicação ao espaço criado pela fusão oriental e ocidental ao longo de 500 anos é, para o presidente da Associação para Protecção do Património Histórico e Cultural, Cheang Kok Keong, a prioridade a ter em conta no âmbito da explora-

ELLA LEI CRITICA DEMORA DE REGIMES AMBIENTAIS

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deputada Ella Lei criticou ontem o Governo por não ter ainda avançado com quaisquer regimes de protecção ambiental que prometeu há anos. A deputada considera que, apesar de nos últimos anos terem sido sugerido muitas propostas e estudos para implementar medidas ambientais que visam problemas como os resíduos de construção, a cobrança dos sacos plásticos e a emissão dos gases, até hoje ainda não se conseguiram concretizar as medidas relacionadas. No programa Fórum Macau, Ella Lei criticou o facto de que, mesmo com o relatório final sobre a consulta pública sobre a cobrança dos sacos plásticos a ser positivo, o Governo referiu que iria entrar em procedimentos legislativos daqui a um ou dois anos. “Isso quer dizer que ainda precisa de discutir com a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ). Não disse nada sobre quando poderá ser feito”, criticou. Quanto ao regime de gestão de resíduos de materiais de construção, que já foi proposto há mais de dez anos, o Governo só no ano passado iniciou a consulta pública e até hoje ainda não está feito o relatório da consulta. Ella Lei considera que o Governo não tem confiança na implementação dos regimes ambientais e está a continuar a “atrasar o progresso”.

ção do turismo cultural de Macau, dada a sua raridade, especialmente na China. Por outro lado Cheang Kok Keong defende que o Governo tem que procurar um equilíbrio entre o espaço turístico cultural criado pelo investimento de capital e as novas tecnologias características das grandes empresas sendo que ambas fazem parte do turismo cultural da região. “O património mundial é outro cartão para atrair turistas e não se deve ceder a projectos demasiado comerciais”, defende. A.K. (revisto por S.M.)


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Função Pública AJUSTAMENTO DE SALÁRIOS POR FASES

Mistérios que perduram

SCMP diz que morte de Lai Man Wa está relacionada com lavagem de dinheiro

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AI Man Wa estaria a ser paga ou forçada, ou até as duas, para fechar os olhos a transacções de dinheiro sujo e ilegal. É o que diz o jornal South China Morning Post que, na rubrica “This Week in Asia”, cita “diversas fontes” que indicam que a antiga directora dos Serviços de Alfândega (SA) sofreu com as mudanças que Pequim queria ver em Macau. “Diversas fontes dizem que a responsável, de 56 anos, estaria ou a ser paga, pressionada ou forçada – talvez uma combinação das três – a fechar os olhos a um mercado altamente lucrativo”, defende a publicação, num artigo que marca quase um ano desde a morte de Lai Man Wa. O mercado alternativo seria, então, “aviões que chegavam ao Aeroporto Internacional de Macau carregados de dinheiro do continente para ser lavado em Macau, através dos casinos, para depois ser enviado para diversos destinos asiáticos, naquilo que é uma brecha às políticas restritas da China”. O jornal de Hong Kong relembra a campanha anti-corrupção de Xi Jinping e o limite de 20 mil yuan em dinheiro que pode ser transferido para Macau para dizer que todos os focos de atenção estariam virados para estes esquemas de lavagem de dinheiro.

“Ou Lai [Man Wa] não conseguia aguentar [essa pressão] e viu no suicídio a única saída, ou a directora dos SA foi calada para proteger pessoas com mais poder na cadeia do dinheiro sujo – e de uma maneira que serviu para enviar uma mensagem clara para todos os que quisessem ouvir”, defende o artigo. Recorde-se que Lai Man Wa estava a caminho de uma reunião com oficiais do Governo Central em Zhuhai precisamente sobre as fronteiras entre Macau e o continente. A morte da directora dos SA foi imediatamente rotulada como sendo “suicídio”, apesar de diversas dúvidas em torno da forma como Lai Man Wa morreu: saco na cabeça, cortes nos pulsos e medicamentos calmantes e numa casa de banho pública, além de não haver qualquer indicação de que a directora estivesse com algum tipo de problema. O jornal diz ainda que é amplamente reconhecido que o Aeroporto Internacional de Macau é um elo fraco no que à segurança das fronteiras diz respeito e cita uma fonte que diz que “o aeroporto é um ponto cego quando se trata de saber quem chega e parte” e que as ilegalidades que durante muito tempo se mantiveram escondidas “não poderiam ser mais toleradas”.

Mais lá para o ano Cada carreira na Função Pública merece um salário diferente, mas esse ajustamento só pode começar a ser feito em 2017. É o que diz Sónia Chan, referindo que, primeiro, tem de se fazer a revisão do Regime das Carreiras dos Trabalhadores dos Serviços Públicos

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ajustamento de salários consoante a carreira onde os funcionários públicos se inserem será uma realidade, mas não para já. A Secretária para a Administração e Justiça frisou ontem que este sistema só pode ser introduzido depois da revisão das carreiras na Administração, algo que ainda está em progresso. Num comunicado que cita Sónia Chan, o Governo explica que há “a possibilidade de ajustamento de salários de acordo com diferentes níveis” mas só para o ano. “O Governo pretende rever o Regime das Carreiras dos Trabalhadores dos Serviços Públicos de acordo com as competências para as diferentes carreiras. Sob esta base, será definido o critério de ajustamento segundo o plano, que será iniciado no próximo ano já que presentemente as autoridades irão focar as atenções no estudo e na revisão das carreiras”, frisou Chan. Já em Março do ano passado, a Secretária para a Administração e Justiça tinha referido como uma das prioridades a revisão deste regime de carreiras, que chega 18 anos depois do diploma ter entrado em vigor. O Executivo diz ter feito já estudos para apresentar uma proposta, que pretende incluir todos os trabalhadores dos serviços públicos sob o mesmo sistema.

Alargar categorias e escalões, criar melhores condições de promoção e ajustar o índice de vencimentos são algumas das alterações, a par de mudanças nos requisitos de ingresso para determinadas carreiras, como as habilitações académicas, formação e experiência de trabalho. A Comissão de Deliberação das Remunerações dos PUB

Trabalhadores da Função Pública estava a fazer um estudo sobre o regime de actualização das remunerações dos trabalhadores da Administração Pública por categorias, algo que deverá ser utilizado para esta revisão da lei.

PELOS AJUSTES

Ontem, Sónia Chan voltou a referir que o Governo

pretende limitar o número de funcionários públicos, tendo como base os números deste ano. Uma das principais medidas, indica a Secretária, é “corresponder o número de pessoal à disponibilidade orçamental do Governo”. A racionalização de quadros e a simplificação administrativa foram outras políticas consideradas acções prioritárias do Executivo, uma vez que Macau está em “tempos de austeridade” e o Governo quer cortar nos custos. A reestruturação de alguns departamentos públicos já tem vindo a acontecer, a par da fusão de serviços. Mas a Administração assegura que os cortes vão acontecer apenas no futuro, não influenciando quem já trabalha na Função Pública. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo


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SOCIEDADE

Cinema no topo

Participação cultural de residentes a aumentar

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Turismo NÚMERO DE HOTÉIS AUMENTOU, MAS RECEITAS DESCERAM

Um novo panorama

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ADOS oficiais dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que o território tem mais oito hotéis em relação ao ano passado, mas isso não significa um aumento das receitas. Face a 2015, as receitas do sector hoteleiro baixaram cerca de 6,6% para 26,04 mil milhões de patacas. Estes números devem-se à quebra das receitas do alojamento, na ordem dos 12,21 mil milhões de patacas, as quais representaram quase metade das receitas do sector, ou seja, 46,9%. Em termos anuais, trata-se de uma quebra de 10,6%. Em relação às receitas do sector da restauração foram de 5,49 mil milhões de patacas, menos 2,4%. Os hotéis de cinco estrelas registaram uma quebra nas receitas de 7,1%, ou seja, conseguiram 21,43 mil milhões de patacas. Já os hotéis de categorias mais baixas, de três e duas estrelas, registaram

uma maior quebra, na ordem dos 9,7%, totalizando 1,83 mil milhões de patacas em lucros. Apesar da quebra nas receitas, as despesas do sector aumentaram, sobretudo com o pessoal, um aumento de 44,6%, mais 8,9% face a 2015. Neste momento o sector hoteleiro possui mais de 45 mil trabalhadores, um aumento de 14,7%. Só 12 destes hotéis possuem 64% dos trabalhadores. Contudo, as despesas de exploração e as compras de mercadorias e comissões pagas diminuíram 1,4% e 11,6%, respectivamente,

em termos anuais. Por seu turno, as despesas não operacionais, como sejam, a depreciação e os juros pagos, cifraram-se em 8,83 mil milhões de patacas, tendo aumentado 21,9%, em termos anuais. Com a quebra das receitas, também o sector hoteleiro acabou por ter uma menor contribuição para a economia local. A contribuição foi de 13,2 mil milhões de patacas, menos 9,2% em termos anuais. Quanto ao excedente bruto foi de ,76 mil milhões, uma “queda significativa” de 44,4%. A.S.S.

MAIS TURISTAS NO FESTIVAL DO BOLO LUNAR D

urante o período do Festival do Bolo Lunar, Macau recebeu a visita de 601,068 turistas, número que representa um aumento de 5,52%, segundo dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública. No total, entre os dias 15 e 18 de Setembro, entraram em Macau 910,578 pessoas. Já o número de movimentos nos postos fronteiriços foi de 1,816,660.

S residentes participam cada vez mais em actividades culturais e na ida ao cinema. É o que indica um inquérito sobre a participação dos cidadãos em actividades culturais divulgado ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O objectivo do inquérito era a recolha de informações sobre a participação em actividades culturais de indivíduos, com idade igual ou superior a 16 anos. Os dados mostram que 257.900 residentes participaram em actividades culturais no segundo trimestre de 2016 e a taxa de participação nestas actividades foi de 59,2%, uma subida de 1,2% em termos anuais. A actividade que registou um maior número de participação foi a ida ao cinema. Um total de 169.800 residentes optou pela sétima arte, concretizando um aumento em 7,6%, em termos anuais. Dos filmes escolhidos, 35.100 residentes assistiram a filmes/ vídeos produzidos em Macau, um número que cresceu 58,5%. Este aumento tem na sua origem, segundo o DSEC, a promoção da produção local de filmes/vídeos e de se ter organizado uma série de eventos para os exibir. A ida às bibliotecas também aumentou, com cerca de 114.400 residentes a frequentarem estes espaços, o que representa mais 3,1% em termos anuais. A taxa de participação dos residentes nesta actividade foi de 26,3% e a dos estudantes de 68%, sendo

superior à aderência dos não estudantes, que foi de 22%.

PATRIMÓNIO E ESPECTÁCULOS MANTÊM-SE

O número de residentes que visitaram museus ou locais do património mundial aumentou 19,1%, em termos anuais e cada participante efectuou em média 2,8 visitas a museus ou locais do património mundial, números idênticos aos do segundo trimestre de 2015. De entre os residentes que participaram nesta actividade, 72,4% visitaram locais do património mundial, com cerca de 82.500 visitantes, e 65,9% foram aos museus, num total de 75.100. Assistiram a espectáculos 90.500 residentes, menos 0,7% em termos anuais. Cada participante assistiu em média a 2,3 espectáculos, média idêntica à do segundo trimestre de 2015. De entre os vários espectáculos, os mais populares foram os musicais ou os de dança, com a participação de 65.500 pessoas que representam 72,3% do total.Aopção pelo teatro foi feita por 45.200 residentes. O número de residentes que assistiram a exposições de arte foi de 38.300, registando uma subida de 5,2% em relação ao trimestre homólogo de 2015. Destaca-se ainda o facto de que 95,7% destes participantes estiveram presentes em diferentes tipos de actividades culturais e 51,6% participaram em quatro ou mais tipos de actividades. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

PONTE SAI VAN OBRAS NO SISTEMA DE VENTILAÇÃO ADIADAS

O Governo não vai arrancar com as obras de melhoria do sistema de ventilação do tabuleiro inferior da Ponte de Sai Van. É o que indica uma resposta ao deputado Si Ka Lon, que se queixava que, desde que foi inaugurada em 2005, a Ponte nunca pôde funcionar em pleno porque o tabuleiro inferior apresenta problemas de ventilação, não permitindo a circulação permanente de veículos. O deputado dirigiu uma interpelação escrita ao Governo, onde pergunta se até ao momento este pensou no “erro”, que considera grosseiro, e também porque é que ao longo de todos estes anos “não executou nenhum trabalho de aperfeiçoamento”. O Executivo já tinha referido que as obras de melhoria no sistema de ventilação da ponte vão demorar cerca de dois anos, mas frisa agora que estas não vão acontecer até que estejam concluídas as obras de construção do metro ligeiro. Si Ka Lon diz que seria viável efectuar as duas obras ao mesmo tempo.

PSP SUBCOMISSÁRIO DESAPARECIDO FOI DEMITIDO

O subcomissário da PSP que desapareceu em Fevereiro por estar alegadamente envolvido em crimes foi demitido por despacho do Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, no dia 2 deste mês. A notícia foi anunciada no site oficial do Gabinete do Secretário para a Segurança. O caso remonta a 27 de Fevereiro, quando o subcomissário de apelido Iao telefonou afirmando que não podia ir trabalhar por motivo de indisposição física. Depois disso nunca mais compareceu. A PSP afirma que, até ao momento, ainda não conseguiu contactar com o subcomissário, que foi demitido “pelo facto de se ter constituído em ausência ilegítima por mais de cinco dias consecutivos e sem qualquer justificação”.


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ANÚNCIO 【N.º 80/2016】 Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se, por este meio, o representante do agregado da lista de candidatos a habitação social abaixo indicado: Nome HO CHI MENG

N.º do boletim de candidatura 31201305292

Após averiguações efectuadas por este Instituto, verificou-se, antes da recepção de chave, a prestação de declarações inexactas, por parte do representante do agregado familiar candidato a habitação social acima referido, para o arrendamento de habitação. A par disso, verificou-se que o total do património líquido do agregado familiar supracitado, no dia 18 de Agosto de 2013, era superior ao valor constante da Tabela II, do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 179/2012, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 23/2013, constante do aviso de abertura do concurso geral para atribuição de habitação social, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 21, II Série, de 22 de Maio de 2013, ou seja, o total do património líquido do agregado familiar com um elemento ultrapassou o valor de MOP 168,920, Verificou-se também que o total do património líquido, no dia 11 de Maio de 2016, era superior ao valor constante da Tabela II, do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 179/2012, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 473/2015, ou seja, o total do património líquido do agregado familiar com um elemento ultrapassou o valor de MOP 206,500, não se encontrando de acordo com o n.º 2 do artigo 6.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, nem com a Tabela II do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 179/2012, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 23/2013, nem com a Tabela II do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 179/2012, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 473/2015, e não cumprindo o disposto na alínea 3) do artigo 2.º e no n.º 1 do artigo 3.º do Regulamento Administrativo n.º 25/2009 (Atribuição, Arrendamento e Administração de Habitação Social). De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, poderá apresentar contestação, por escrito, e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de dez dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Se não for apresentada contestação no prazo fixado ou a mesma não for aceite por este Instituto, a respectiva candidatura será excluída da lista geral de espera pelo Instituto de Habitação (IH), nos termos dos artigo 5.º, n.º 2 do artigo 6.º e da alínea 2) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009 e n.º 2 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012. Simultaneamente, se o agregado familiar beneficiário for excluído da lista geral da candidatura, será cancelada a concessão do abono de residência, implicando ainda a restituição do abono recebido a partir do mês seguinte ao da verificação da respectiva ocorrência, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1, e n.º 3 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social). Para consulta do respectivo processo, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane n.º 102, Ilha Verde, Macau ou contactar o Sr. Wong através do n.º 2859 4875 (ext. 372). Instituto de Habitação, aos 15 de Setembro de 2016. O Presidente, Arnaldo Santos


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USJ NOVO MESTRADO INCLUI EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

Especialistas em integrar Um plano curricular que inclui o ramo de Educação Especial enquanto opção de mestrado foi ontem aprovado para a Universidade de S. José. O objectivo é colmatar a lacuna de profissionais na área e formar para uma atitude capaz de incluir a diferença res que trabalham em escolas que aceitam crianças com dificuldades de aprendizagem, deficiências ou outras características que as tornam ‘excepcionais’.”

TIAGO ALCÂNTARA

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OI ontem aprovado um novo mestrado em Educação, a ser ministrado pela Universidade de S. José (USJ), que inclui especialização na área de Educação Especial e Inclusiva. A aprovação do novo plano curricular foi publicada ontem em Boletim Oficial e foi recebida com alegria pela professora Ana Correia, responsável pelo curso e directora da Faculdade de Psicologia e Educação da USJ. Ana Correia explica ao HM que “o facto de se dividir e especializar o grau académico teve a ver com áreas que foram identificadas com uma grande necessidade de formação de professores educadores e profissionais no geral”. A área da Educação Especial “é uma área muito querida” pela USJ e o estabelecimento tem vindo a desenvolver trabalho, nomeadamente no que respeita à investigação. Mas não só. “É uma área que necessita de muita atenção por parte das políticas da educação

AINDA ESTE ANO

em Macau”, adianta ainda a académica. “De um ponto de vista legal é também uma área que está em fase de transição e mais do

que educação especial estamos a falar aqui de educação inclusiva, pelo que o presente grau pretende melhorar a formação dos professo-

OBRAS NA CASA DE VIDRO COMEÇAM EM OUTUBRO

V

ÃO ter início as obras de remodelação da chamada Casa de Vidro do Tap Seac. Foi ontem oficialmente autorizada a celebração do contrato com a Companhia de Construção Urbana J & T Limitada que, de acordo com despacho publicado em Boletim Oficial, recebe 30,3 milhões de patacas pelo serviço. Foi em Fevereiro que mais de uma dezena de empresas concorreram ao concurso público para a remodelação do Centro Comercial. A obra, posta a concurso pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), pretende transformar o espaço em

algo multifuncional dedicado às indústrias criativas, “onde os empresários da indústria criativa poderão expor as suas obras”. Em 2014, o Governo já tinha anunciado a ideia, tendo inclusive dito que em Novembro desse ano o edifício da autoria de Carlos Marreiros iria sofrer obras de restauração. Mas o espaço, que tem estado vazio desde que ficou concluído em 2007, só agora vai ver iniciadas as alterações. A obra de modificação do Centro Comercial compreende cinco pisos, com uma área total de cerca de 5200 metros quadrados. Todo o espaço será projectado para lojas para a indústrias

criativas, estúdios e oficinas para fins educativos. As obras começam em Outubro e duram 330 dias, podendo vir a criar, estima a DSSOPT, cem postos de trabalho. O Governo assegura que o ambiente vai ser tido em conta, com as obras a usarem produtos amigos do meio natural. “Na obra será utilizado tinta de baixos compostos orgânicos voláteis, equipamentos de iluminação eco-eficientes, dispositivos para a economia de água e aparelhos de ar-condicionado que utilizem gás refrigerante ecológico, de modo a firmar assim os princípios da protecção ambiental”, refere o Governo. J.F.

As aulas já começaram mas o facto do plano de estudos ter sido aprovado vai permitir a entrada de alunos que assim o desejem ainda neste ano lectivo. “Isto é possível porque o módulo inicial do presente mestrado ainda é idêntico ao antigo, o que vai permitir aos alunos uma sequência normal e depois, sim, poderão ter as opções agora aprovadas”, explica Ana Correia. A Universidade vai transferir directamente os alunos do módulo antigo para o agora aprovado e esta possibilidade já estava. Neste momento, o mestrado em Educação tem “uma turma pequenina constituída por 12 alunos”, mas Ana Correia espera que esta abertura a novos conhecimentos possa acrescentar alunos já nos próximos dias. Os professores se-

SOCIEDADE

rão “de topo na área da Educação Especial”, afirma a professora, na medida em que o corpo docente foi previamente preparado para a possibilidade de integração no ensino deste novo grau académico. Dos elementos destacados está a australiana Chris Forlin, especialista em Educação Especial e Inclusiva e que já trabalha com a USJ enquanto consultora.

É PRECISO ATITUDE

O caminho ainda é longo para uma maior inclusão da diferença, mas já está a ser feito. Passa efectivamente pela educação, não só a escolar mas, “e sobretudo”, por educar as famílias, quer as que têm crianças especiais, quer as restantes que, por vezes, mostram alguma preocupação em relação à possibilidade de que os seus filhos “partilhem a escola e a sala de aula com meninos com necessidades educativas especiais”. Por outro lado, é preciso formar as escolas e professores e ter profissionais que adicionem à formação experiência e, acima de tudo, atitude. “É necessário retirar medos e preconceitos”, afirma a professora enquanto adianta que “a desculpa de ‘eu não sei nada disto, ou de não é a minha área ou não tenho conhecimento científico’, apesar de ser elemento importante não é o fundamental”. Para Ana Correia é claro que é atitude com que se desempenha esta função na área da Educação Especial e Inclusiva é “meio caminho andado para um bom desempenho”. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

IACM NÃO DETECTA ANOMALIAS NO LEITE DA ARBOREA

O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) assegura que já procedeu à recolha de amostras de leite produzido pela empresa Arbórea e que não foi encontrada nenhuma anomalia. De acordo com notícias veiculadas pela imprensa italiana, país de origem da empresa, havia suspeitas da existência da aflatoxina M1, substância cancerígena, fora dos padrões normais num lote de pacotes de leite produzidos por esta cooperativa. O Centro de Segurança Alimentar do IACM estava a acompanhar a situação, mas até ao momento não há informação de que o lote no qual foram identificados os níveis elevados da substância tenham entrado no mercado local. O Centro diz que “também não verificou, ainda, no sistema de fiscalização de incidentes de produtos alimentares correntes no mercado qualquer comunicação sobre devolução dos respectivos produtos”.


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Cinema FESTIVAL YING E CHI ARRANCA QUINTA-FEIRA E VA

EVENTOS

MACAU ORIGINAL MELODIES APOIA NOVA CAUSA SOLIDÁRIA

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Entretenimento da Torre de Macau. Artistas como David Chan, Anabela Ieong, Fanny Cheong, Hyper Lo, Cherry Ho, AJ, Josie Ho e José Rodrigues aceitaram dar as mãos para participarem na gravação do álbum. Esta iniciativa que acontece pelo terceiro ano consecutivo já atingiu um importante patamar de reconhecimento pelo impacto social na área dos grupos menos privilegiados. “Este ano, o grupo continua a espalhar amor e

carinho, não se limitando à composição de temas para ajudar a Associação de Síndrome de Down de Macau, mas também dando a oportunidade aos membros da referida Associação de mostrar os seus talentos de diversas maneiras. Como? Convidando os utentes a cantarem um dos dez temas que incluem o disco.” Os lucros vão reverter para a Associação e o cd estará à venda em lojas locais e de Hong Kong e plataformas de música online.

INSTITUTO CULTURAL

ELO terceiro ano consecutivo vai ser lançado o álbum “Macau Original Melodies” que conta com a participação de cantores locais e cujos lucros das vendas revertem para a Associação de Síndrome de Down de Macau. Esta iniciativa é financiada pela Fundação Macau, pelo Gabinete dos Assuntos Sociais e Cultura e é produzido pelo músico Hyper Lo e pela SP Entertainment. A cerimónia de lançamento é no dia 24, às 17h00, no Centro de Convenções e

ACADEMIA JAO TSUNG-I ABRE ESPAÇOS A ASSOCIAÇÕES CULTURAIS

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Academia Jao Tsung-I vai abrir ao público alguns dos seus espaços. A ideia é estimular a divulgação, a investigação e o intercâmbio cultural e artístico, pelo que o Instituto Cultural (IC) lançou o Plano de Utilização dos Espaços da Academia, que possibilita a organizações locais registadas utilizarem os espaços desta Academia para a realização de actividades culturais e artísticas não lucrativas. As inscrições já estão abertas. O IC disponibiliza os espaços da biblioteca do rés-do-chão e do auditório do 1º andar

da Academia, que poderão ser utilizados por quaisquer organizações sem fins lucrativos e cujas iniciativas estejam abertas ao público. A prioridade será dada às actividades relacionadas com a cultura e arte chinesas. Para utilizarem estes espaços, os requerentes devem preencher os formulários na página da Academia. Os períodos disponíveis para a utilização dos espaços são das 10h00 às 12h00 ou das 15h00 às 17h00 de terça a sexta-feira, e das 15h00 às 17h00 aos sábados.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA FERNANDO PESSOA DITO POR SINDE FILIPE • Fernando Pessoa Este livro acompanhado por um CD reúne um conjunto de 28 poemas de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos que podem ser ouvidos na voz do actor Sinde Filipe. O arranjo musical de Laurent Filipe animou alguns dos mais belos poemas de sempre.

INDEPENDEN

Dos filmes locais aos de Hong Kong e pass de Macau Ying E Chi. A mostra arranca na

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RRANCAna quinta-feira o Festival de Cinema de Macau Ying E Chi. Da mostra de filmes, aos workshops e conversas, a organização promete mais de uma semana dedicada inteiramente à Sétima Arte na Cinemateca Paixão. O Festival começa com “The Kids Project”, um filme inserido na categoria Macau Indie Power e realizado por Io Lou Ian. A película da residente local versa sobre o costume de ver as crianças no infantário a seguir ordens de adulto e questiona: então e o que sentem os mais pequeninos? E se pudessem falar por eles? Io Lou Ian traz, então, ao ecrã Ted, um novo professor de Arte que se vê dividido entre o que o reitor da escola quer e o que os alunos sentem. Licenciada no Instituto Politécnico de Macau, a realizadora já fez três filmes – “The Last Happiness”, “Neighbour” e “Miss Mushroom”, tendo este último vencido o prémio do Júri no Festival Internacional de Filme e Vídeo de Macau em 2012. A sua última curta-metragem, “Give Music a Hug”, foi seleccionada pelo International Student Film Festival da Academia de Cinema de Pequim. Seguem-se “Crash” e “Two Sides”, também de realizadores locais. O primeiro é realizado por Hong Heng Fai e retrata a vida de Cai, um

homem que se depara com o desaparecimento da mãe, diagnosticada com Alzheimer. A procura começa, mas a mãe de Cai não aparece. Numa noite, a vida do jovem muda para sempre. Hong Heng Fai foi o director do Horizons Theatre de Macau, estando envolvido na área das Artes já há mais de uma década. Licenciado pela Universidade de Taiwan em Publicidade, o realizador causou sensação com um projecto documental chamado “Rice for THe Dead”, em 2006, e fundou Day Day Studio, em 2014. O primeiro trabalho desta produtora fê-lo saltar para a ribalta, quando “Before Dawn” venceu o Rush48. “Caged”, “In Memory of Her” e “Crash” foram nomeados para o Festival Internacional de Filme e Vídeo de Macau. Já “Two Sides” faz parte do currículo de Benz Wong. Também local, Wong escolhe retratar a melancolia sentida por um jovem que vê a sua avó falecer de um momento para o outro. Mike decide, então, partir à descoberta e escalar o Monte Evereste.

Hap

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Benz Wong é um realizador freelancer que participou em diferentes produções no Nepal, Japão e Pequim. Conseguiu o prémio de ouro no One-Show Festival com o filme “Man VS Wild”. “The Kids Project”, “Crash” e “Two Sides” podem ser vistos às 19h30 desta quinta-feira ou às

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

DIÁRIO DE INVERNO • Paul Auster Pensas que nunca te vai acontecer, que não te pode acontecer, que és a única pessoa no mundo a quem essas coisas nunca irão acontecer, e depois, uma a uma, todas elas começam a acontecer-te, como acontecem a toda a gente. Paul Auster, incansável criador de ficções e de personagens inesquecíveis, vira agora o olhar para si próprio e para o sentido da sua vida. As descobertas da infância e as experiências da adolescência, o compromisso com a escrita - que marcou a sua entrada para a idade adulta -, as viagens, o casamento, a paternidade, a morte dos pais... Uma vida que transborda das páginas deste Diário de Inverno, um definitivo auto-retrato construído com a paixão e a transbordante criatividade literária que são as marcas distintivas da identidade deste escritor amado pelos leitores e admirado pela crítica.


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AI ATÉ FINAL DO MÊS

hoje macau terça-feira 20.9.2016

The Kids

EVENTOS

ENTEMENTE REALIZADOS

sando pelo Japão, são diversas as películas trazidas este ano pelo Festival de Cinema a quinta-feira na Cinemateca Paixão

15h00 de dia 30 de Setembro, na Cinemateca Paixão.

VIZINHOS DO LADO

Além de filmes locais “recomendados e premiados”, como indica a Ying E Chi, este ano o Festival vai buscar “as mais recentes longas-metragens” a Hong Kong. É assim que

começa a série “Indie Vision” do Festival. Tang e Gold são dois artistas forçados a mudar de estúdio para um local onde um amigo de profissão já se instalou antes. Aquilo que começa por ser um documentário à volta dos dilemas que os artistas têm de enfrentar diariamente transforma-se num drama, depois da descoberta de segredos e histórias mal contadas. É “Out of Frame”, de Wai-Lun Kwok, realizador que é também um dos fundadores do Ying E Chi, e que está marcado para as 15h00 desta sexta-feira. Segue-se, pelas 19h30, a obra de Alvin Tsang, realizador de Hong Kong radicado nos EUA. “Reunification” passa-se em 1982, quando os governos britânico e chinês começam as negociações sobre a transferência de Hong Kong e muitos decidem emigrar devido à insegurança que sentem para o futuro. A história acaba por ser mais do que um filme, já que a própria mãe e irmãos de Tsang

Reunification

emigram para Los Angeles, enquanto ele e o pai ficam em Hong Kong. Quando a família se reúne, as coisas mudaram. “Relações cheias de arrependimentos e traições mostram como foi a pressão sentida pelas famílias de Hong Kong, em termos políticos, económicos e emocionais.” Esta é a primeira longa-metragem de Alvin Tsang, formado pela Universidade da Califórnia e a viver em Hollywood. Vencedor do IFVA Gold Award, no ano passado, “Reunification” assegura uma carga emocional pesada.

CINCO HORAS “FELIZES”

Para dia 25 está agendada apenas uma sessão: é “Happy Hour”, um filme de cinco horas realizado por Ryusuke Hamaguchi, japonês “jovem e talentoso”, como o caracteriza a organização. Nascido em 1978 em Kanagawa, Hamaguchi é formado pela Faculdade de Letras da Universidade de Tóquio. Depois de trabalhar como assistente de direcção de programas de televisão, tem vindo a ganhar reputação em festivais de cinema nacionais e internacionais, constantemente trabalhando em filmes como “The Depths” e “The Sound of Waves”. Em “Happy Hour”, debruça-se sobre a história de quatro mulheres com a sua própria carreira e família, que são amigas próximas sem segredos umas das outras. Até que um dia, Jun conta um segredo escondido por muito tempo e as mudanças começam a ocorrer no relacionamento entre as mulheres, algo que fica ainda pior quando Jun desaparece. “Depois de assistir a esse filme, vai sentir-se profundamente preocupado com os sentimentos [nele representados]. São 317 minutos de tensão e intensidade, mas que vão fazer com que se queixe de ser um filme tão curto”, promete o

realizador. O filme começa às 15h00.

ISTO AQUI NÃO É SÓ FILMES

A Ying E Chi é uma organização sem fins lucrativos de Hong Kong que existe desde 1997. Foi formada por um grupo de realizadores independentes cujo objectivo é não só promover o cinema, como permitir a inclusão dos cidadãos nesta arte. Surge, em 2010, a sede da associação em Macau e desde há dois anos que acontece o Festival de Cinema. Este ano não vai ser excepção no que à ideia de aproximar

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público e realizadores diz respeito. Por isso mesmo, a Ying E Chi convida a masterclasses e conversas pós-visualização, com os realizadores de “The Kids Project” – dia 22 às 19h30 – e de “Out of Frame”, à mesma hora de dia 30. Mas há mais, ainda que estas actividades estejam apenas agendadas para o final de Outubro e início de Novembro. Mary Stephen chega a Macau para uma aula de “edição criativa”. A editora sino-canadiana colaborou com o realizador francês Éric Rohmer. “É uma oportunidade de

ouro para poder desenvolver o sentido de edição”, indica a organização. Jacques Tati é um dos realizadores sobre o qual se vai falar antes de Rohmer e da sua visão do clássico. Os bilhetes para o Festival de Cinema Ying E Chi estão já à venda e custam entre as 50 e as 80 patacas, sendo possível comprar um passe para todos os dias por 200 patacas. Os bilhetes podem ser adquiridos em www.easyticket-mo.com ou à porta da Cinemateca Paixão, uma hora antes do filme. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo


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14 CHINA

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Dívida RÁCIO ENTRE CRÉDITO E PIB ACIMA DOS 30% COLOCA ECONOMIA EM RISCO

Mais sinais de alerta

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O principal indicador de dívida da China atingiu um nível recorde no primeiro trimestre de 2016, dando um sinal de alerta para os riscos iminentes no sistema bancário da segunda maior economia do mundo, avançou ontem uma agência financeira suíça

E

NTRE Janeiro e Março, o desvio do rácio entre o crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) atingiu 30,1%, o nível mais alto de sempre e bem acima dos 10%, o patamar que “acarreta riscos para o sistema bancário”, segundo o relatório difundido ontem pelo Bank for International Settlements (BIS) que alertou também para a possibilidade de uma crise financeira na segunda economia mundial, nos próximos três anos. A dívida da China tem aumentado à medida que

Pequim tornou o crédito mais barato e acessível, num esforço para incentivar o crescimento económico. Analistas chineses e estrangeiros alertam, no entanto, que o rápido aumento da dívida e do crédito mal parado poderá resultar numa

crise financeira. A agência suíça coloca o nível da dívida chinesa, entre Janeiro e Março, acima de todos os outros 41 países analisados, incluindo os Estados Unidos da América, Grécia e Reino Unido. No final do ano passado, o endivida-

A agência suíça coloca o nível da dívida chinesa, entre Janeiro e Março, acima de todos os outros 41 países analisados, incluindo os Estados Unidos da América, Grécia e Reino Unido

mento da China atingiu o valor total de 168,48 mil milhões de yuan, o equivalente a 249% do PIB, segundo a Academia de Ciências Sociais da China.

EM COMBATE

Em Agosto, todos os quatro maiores bancos estatais chineses anunciaram um aumento do crédito mal parado, no primeiro semestre do ano. Um funcionário do regulador bancário chinês

estimou, em Junho, que os bancos do país amortizaram mais de 269 mil milhões de euros, um valor superior ao PIB português, em crédito mal parado, desde 2013. Pequim anunciou, entretanto, medidas para combater o problema, incluindo a conversão das dívidas em títulos, enquanto analistas defendem que as reservas cambiais da China, as maiores do mundo, e o controlo do Estado sobre o sistema bancário podem ajudar a atenuar o impacto de uma crise financeira.

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EDITAL Edital n.º :114/E-BC/2016 Processo n.º :257/BC/2014/F Assunto :Demolição de obra não autorizada pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Local : Rua Cidade do Porto n.º 341, Rua Cidade de Coimbra n.º 342, Edf. Kam Yuen e escada comum do 3.º andar do pódio (que dá acesso ao rés-do-chão da Avenida Sir Anders Ljungstedt n.º 183), Macau. Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados o(s) dono(s) da obra ou seu(s) mandatário(s) e os utentes do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Obra 1.1

2.

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

Demolição da parede do pódio.

Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

1.2

Instalação de suporte e chapa metálicos no pódio.

1.3

Instalação de portão metálico na entrada e saída do caminho de evacuação.

Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

1.4

Fechamento da escada comum com parede e cobertura em betão.

Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

1.5

Instalação de tubo metálico de abastecimento de água na escada comum.

Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

1.6

Instalação de tubo plástico de drenagem na escada comum.

Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

1.7

Instalação de portão metálico na escada comum.

Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

1.8

Instalação de portão metálico, chapa de madeira e cobertura de madeira na escada comum.

Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

De acordo com o n.º 1 do artigo 95.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 11 de Março de 2016, a audiência escrita dos interessados, mas estes não apresentaram a resposta no prazo indicado e não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição das obras não autorizadas acima indicadas. 3. Sendo as escadas, corredores comuns e pódio do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI. Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 88.º do RSCI e no uso das competências delegadas pela alínea 6) do n.º 1 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, e por meu despacho de 13 de Setembro de 2016 exarado sobre a informação n.º 07405/DURDEP/2016, ordeno ao(s) dono(s) da obra ou seu(s) mandatário(s) que proceda(m), por sua iniciativa, no prazo de 8 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à demolição das obras acima indicadas e à reposição do local afectado, bem como aos interessados e aos utentes que procedam à remoção de todos os materiais e equipamentos nele existentes e à desocupação do local acima referido, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar nesta DSSOPT o pedido da demolição das obras ilegais, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. 4. Findo o prazo da demolição e da desocupação, não será aceite qualquer pedido de demolição das obras acima mencionadas. De acordo com o n.º 2 do artigo 139.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se ainda que nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 89.º do RSCI, findo o prazo referido, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos acima referidos, sendo as despesas suportadas pelos infractores. Além disso, findo o prazo da demolição e da desocupação voluntárias, a DSSOPT dará início aos trabalhos de demolição e de desocupação, os quais, uma vez iniciados, não podem ser cancelados. Os materiais e equipamentos deixados no local acima indicado ficam aí depositados à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abandonados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro. 5. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício. 6. Nos termos do n.º 1 do artigo 97.º do RSCI e das competências delegadas pelo n.º 4 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, da decisão referida no ponto 3 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 13 de Setembro de 2016 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man

PREÇO DAS CASAS CONTINUA A SUBIR

MAIOR ELEVADOR DE BARCOS DO MUNDO JÁ ESTÁ A FUNCIONAR

O elevador de barcos da barragem das Três Gargantas na China, a maior infra-estrutura do tipo a nível mundial, começou a funcionar este fim de semana, 22 anos após o início da construção da barragem. Trata-se do “maior e mais sofisticado” elevador de barcos do mundo, segundo o comunicado difundido pela China Three Gorges (CTG), o grupo que gere as Três Gargantas e principal accionista da Eletricidade de Portugal, (EDP).Projectado por uma equipa de engenheiros chineses e alemães, a estrutura permite elevar barcos, com um peso total de até 3.000 toneladas, a 113 metros.Idealizada ainda pelo líder comunista Mao Zedong durante a década de 1950 para acabar com o défice energético de Xangai e do delta do rio Yangtze, a barragem das Três Gargantas começou a ser construída em 1993 e as obras foram concluídas 17 anos depois. Em 2015, a central hidroeléctrica daquela barragem tornou-se a maior geradora de electricidade do planeta, superando a de Itaipú, que é partilhada pelo Brasil e Paraguai.

tentativa de travar os preços das casas na segunda maior economia mundial não está a ter o resultado pretendido. Se comparados os dados agora revelados, referentes ao mês de Agosto, com os dados do mês anterior, verifica-se uma subida do preço. O risco de uma bolha no sector do imobiliário aumenta. O preço médio da habitação nas 70 principais cidades chinesas continuou a aumentar impulsionado pela subida na grande maioria das principais urbes da segunda maior economia do mundo. No total, 64 das 70 cidades de dimensão grande e média da China registou um aumento dos preços, um número superior a Julho, 51, e Junho, 55, segundo dados oficiais do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês (GNE). Apenas quatro cidades registaram uma queda, face ao mês anterior. Os dados revelam que não estão a ter efeito as medidas adoptadas nos últimos meses pelas principais cidades do país para travar a subida dos preços e travar uma possível “bolha” no sector. O imobiliário é chave na economia chinesa, a segunda maior do mundo e motor da recuperação económica global. Em Agosto, o número de casas vendidas disparou 33%, face ao mês anterior, constituindo o ritmo de crescimento mais rápido dos últimos quatro meses. Em termos homólogos, os preços subiram em 62 das 70 principais cidades chinesas. A cidade que registou o maior aumento, face ao ano anterior, foi Xiamen, na costa leste da China, com os preços a subirem 44,3%. Já em Xangai, o preço das casas aumentou 37,8%, nos últimos 12 meses, enquanto Shenzhen e Pequim, as outras grandes metrópoles chinesas, registaram um aumento de 37,3% e 25,8%, respectivamente.


luz de inverno

Boi Luxo

Filmes do século XXI

E

RA impossível isto não aparecer. Uma lista de filmes preferidos do século XXI. Saiu uma semelhante na BBC e esta, pessoal e necessariamente apenas produto da investigação pobre de um curioso, é inspirada nessa. Apresenta-se em ordem alfabética porque valorizar uns sobre outros seria quase impossível. Estas listas do século XXI introduzem, agora que já não há inocentes, um aviso. O de constatar que já estamos quase em 2017 e que, no meio de tantos filmes muito bons e filmes óptimos, já não há grandes filmes ou já não existe capacidade de espanto. O artigo que acompanha a lista da BBC argumenta que se vive uma época de ouro do cinema. A ideia nuclear que nele se descobre é a de que existe um número crescente de espectadores exigentes que se não contentam com o ubíquo blockbuster norte-americano. Dá-se (concordo) como exemplo The White Ribbon, de Haneke, um filme de art-house com um público muito vasto – porque é acessível mas também atraente a vários níveis. Outro argumento é o da diversidade de tipos de filmes existente, da animação japonesa ao noir californiano. Na lista que nesta página se apresenta há uma quantidade vasta de filmes onde se encontram temas e estilos não muito convencionais mas que mantêm um apelo a que será sensível um público alargado. Se The Turin Horse, Goodbye, Dragon Inn ou Instructions for a Light and Sound Machine não entram nesta classificação, Ida, Black Coal, Thin Ice ou The White Ribbon, entre muitos outros, conseguem-no. Outro argumento que tende a elogiar a riqueza do cinema contemporâneo é o da diversidade da sua origem (concordo). Na lista

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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que se mostra em baixo há autores de mais de 30 países diferentes, do Irão ao Mali, da Argentina à Palestina e à Tailândia (não foi intenção própria). Que estes filmes estejam acessíveis a um mero curioso e não apenas a um profissional que frequente festivais é prova de que a riqueza do cinema contemporâneo (muito ligada ao aparecimento das facilidades técnicas que o digital permite) é cada vez mais acessível. O que é irritante é que o cinema se pode estar a tornar numa espécie de coisa gira nesta época de coisas giras, produto da Wallpaperização e Monoclização do mundo, um mundo onde tudo é cool e tem design e pequenos cafézinhos como há em Taiwan e em Lisboa, um mundo de tapas, foodies, cocktails de assinatura, craft beer e suecos de barba. About Elly (Asghar Farhadi, 2009) Address Unknown (Kim Ki-duk, 2001) All About Lily Chou-Chou (Shunji Iwai, 2001) Amores Perros (Alejandro Inarritu, 2000) Amour Fou (Jessica Hausner, 2014) A Separation (Asghar Farhadi, 2011) Aurora (Cristi Puiu, 2010) Bad Guy (Kim Ki-duk, 2001) Bamako (Abderrahmane Sissako, 2006) Black Coal, Thin Ice (Diao Yinan, 2014) Blind Mountain (Li Yang, 2007) Blind Shaft (Li Yang, 2003) Brand Upon the Brain (Guy Maddin, 2006) Bullhead (Michael Roskam, 2011) Colossal Youth (Pedro Costa, 2006) Dark Water (Nakata Hideo, 2002) Devils on the Doorstep (Jiang Wen, 2000) Distant (Nuri Bilge Ceylan, 2002) Dogtooth (Yorgos Lanthimos, 2009) Downfall (Oliver Hirschbiegel, 2004)

Enter the Void (Gaspar Noé, 2009) Film Socialism (Godard, 2010) Force Majeure (Ruben Ostlund, 2014) 4 Months, 3 Weeks and 2 Days (Cristian Mungiu, 2007) Girlhood (Céline Sciamma, 2014) Goodbye, Dragon Inn (Tsai Ming-liang, 2003) Hard to be a God (Alexei German, 2013) Holy Motors (Leos Carax, 2012) Hunger (Steve McQueen, 2008) I Am Love (Luca Guadagnino, 2009) Ichi the Killer (Takashi Miike, 2001) Ida (Pawel Pawlikowski, 2013) In Praise of Love (Godard, 2001) Instructions for a Light and Sound Machine (Peter Tscherkassky, 2005) In the Mood for Love (Wong Kar-wai, 2000) In Vanda’s Room (Pedro Costa, 2000) Japon (Carlos Reygadas, 2002) Kinatay (Brillante Mendoza, 2009) Le Quattro Volte (Michelangelo Frammartino, 2010) Locke (Steven Knight, 2013) Lourdes (Jessica Hausner, 2009) Love and Bruises (Lou Ye, 2011) Melancholia (Lars von Trier, 2011) Moonrak Transistor (Pen-Ek Ratanaruang, 2001) Mother (Bong Joon-ho, 2009) Mullholland Drive (David Lynch, 2001) My Winnipeg (Guy Maddin, 2007) Neighboring Sounds (Kleber Mendonça Filho, 2012) Nymphomaniac (Lars von Trier, 2013) Offside (Jafar Panahi, 2006) Old Boy (Park Chan-wook, 2003) Omar (Hani Abu-Assad, 2013) 1001 Nights (Miguel Gomes, 2015) Pieta (Kim Ki-duk, 2012) Pistol Opera (Seijun Suzuki, 2001)

Princess Raccoon (Seijun Suzuki, 2005) Shirley Visions of Reality (Gustav Deutsch, 2013) Skeletons (Nick Whitfield, 2010) Still Life (Jia Zhangke, 2006) Syndromes and a Century (Apichatpong Weerasethakul, 2006) Swirl (Clarissa Campolina and Helvécio Marins Jr., 2011) Tabu (Miguel Gomes, 2012) The Act of Killing (Joshua Oppenheimer, 2012) The Assassin (Hou Hsiao-hsien, 2015) The Buffalo Boy (Minh Nguyen-Vo, 2004) The City of God (Fernando Meirelles, 2002) The Forbidden Room (Guy Maddin, 2015) The Great Beauty (Paolo Sorrentino, 2013) The Great Ecstasy of Robert Carmichael (Thomas Clay, 2005) The Headless Woman (Lucrécia Martel, 2008) The Lives of Others (Florian Henckel von Donnersmark, 2006) The Return (Andrey Zvyagintsev, 2003) The Strange Case of Angelica (Manoel de Oliveira, 2010) The Turin Horse (Béla Tarr e Ágnes Hranitzky, 2011) The Wayward Cloud (Tsai Ming-liang, 2005) The White Ribbon (Michael Haneke, 2009) Thirst (Park Chan-wook, 2009) 13 Assassins (Takashi Miike, 2010) 3-Iron (Kim Ki-duk, 2004) Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives (Apichatpong Weerasethakul, 2010) Unknown Pleasures (Jia Zhangke, 2002) Untold Scandal (E J-yong, 2003) Venus in Fur (Roman Polanski, 2013) Vera Drake (Mike Leigh, 2004) Victoria (Sebastian Schipper, 2016) Winter Sleep (Nuri Bilge Ceylan, 2014) You Ain’t Seen Nothin’ Yet (Alain Resnais, 2012)


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h Tragédia grega

V

AMOS começar hoje, e prolongar por algumas semanas, a viagem a uma outra forma de poesia, que nasceu e morreu na antiga Grécia: a tragédia. A tragédia é uma composição poética dramática, isto é, que mostra uma acção a acontecer, e não uma narrativa, como em Homero, ou um estado de espírito, uma intemporalidade, como em Safo. A tragédia tem as suas origens num culto ao deus Dionísio (deus que não pertence ao Olimpo, que cresceu nos bosques do monte de Nisa); as pessoas organizavam um coro e, com máscaras semelhantes a Sátiros, celebravam a embriaguez e o vinho novo, por toda a Ática, não só nos campos, e cantavam. Estes cantos eram em forma de ditirambos, que eram versos religiosos usados no culto de Dionísio. Mais tarde, este coro evolui para um jogo de voz e canto entre o Corifeu, chefe do coro, e o coro. Nesta forma, à qual se chamou de drama satírico, eram contadas histórias brejeiras, quotidianas e com uma linguagem vulgar. No seguimento disto, Téspis introduz pela primeira vez um personagem, destacado do coro. Não obstante, a tragédia assume a sua característica fundamental apenas quando a linguagem se eleva e os mitos deixam de referir exclusivamente Dionísio, passando a referir os de toda a mitologia, inserido assim o culto do herói, daquele que enfrenta os deuses e a adversidade enviada por eles. Trata-se, por conseguinte, da união entre os deuses Dionísio e Apolo. Dionísio pela dança e pelo excesso, Apolo pela linguagem e a elevação da mesma. A tragédia tinha de ter obrigatoriamente um coro e um, dois ou três actores, que se poderiam desdobrar em muitos mais personagens. Os actores apresentavam o rosto coberto por uma máscara, reflexo do personagem que representavam. A cena da tragédia conjugava dois temas heterogéneos: os mitos dos deuses e os mitos dos heróis, daqueles que cumpriam elevadas façanhas ou padeciam de duras penas cobertos de dignidade e glória. A tragédia encenava criações originais baseadas na mitologia, na história da cultura grega. Os elementos nucleares da tragédia eram três: 1) coro; 2) corifeu e 3) actores. 1) O coro era composto por 6, 12 ou 15 elementos, e estes eram chamados de coreutas. Após entrarem na “orquestra”, que é a área de dança no teatro, os coreutas cantam e dançam nesse espaço. Estes dançarinos-cantores eram em geral homens jovens que estavam em idade de entrar para o serviço militar. Não eram profissionais do teatro e daí a importância do tragediógrafo ser também o ensaiador do coro, muito embora os atenienses desde crianças fossem ensinados a cantar e dançar. O coro trágico quase não participa da acção, limitando-se apenas a comentá-la e expressando compaixão ou outros sentimentos pelos personagens. Algumas vezes também destaca o sentido religioso da acção e a intercala com preces. Por outro lado, simboliza o grupo – cidade ou exército – cuja sorte está ligada aos personagens. De todos os elementos do teatro grego, o coro é sem dúvida o mais estranho para o público moderno, embora tenha sido o núcleo inicial do teatro grego.

2) Corifeu: é um membro destacado do coro que pode cantar sozinho. Em geral tem três tipos de funções principais: a) exortar o coro à acção, a começar o canto; b) antecipar, ou resumir, as palavras do coro; c) representar o coro, dialogando com os actores. 3) Actores: representam deuses ou heróis. São em número muito reduzido. Na verdade, pode-se dizer que o teatro surge quando Téspis cria a figura do actor, isto é, o separa do coro e ele passa a dialogar com este. O número de actores sobe para dois com Ésquilo, e em seguida três, com Sófocles, embora esta alteração tenha sido contemporânea de Ésquilo, tendo este inclusivamente usado mais tarde nas suas tragédias o terceiro actor, nomeadamente na sua famosa Oresteia. É no diálogo entre os actores que se concentra quase a totalidade da acção dramática. Os três actores tinham nomes que revelam uma relação hierárquica: protagonista – primeiro actor; deuteragonista – segundo actor; e tritagonista – terceiro actor. Os actores têm a sua etimologia conectada com agón, isto é, a luta, o confronto, embora originalmente o termo se referisse à assembleia, a uma reunião em praça pública, na agora. Proto + agón + ista quer literalmente dizer o primeiro lutador a entrar em cena, a entrar na skenê, o lugar onde se representava, para enfrentar os deuses. O actor ou actores representavam na skenê e o coro cantava e dançava nas orchestra, recinto grande em frente da skenê e que era envolvido pelo theatron, o auditório onde o público se sentava. A “orquestra” era o espaço cénico em frente e abaixo do palco (onde na nossa ópera, hoje, ficam os músicos, ao que chamamos o lugar da orquestra). Por conseguinte, os agonistas eram aqueles que subiam ao palco para enfrentar os deuses. Passemos então agora a examinar a tragédia grega do ponto de vista da sua forma, quer na sua divisão em partes principais, quer na ocorrência de cenas típicas. É contudo extremamente importante não esquecermos o aspecto criativo e inovador dos autores trágicos, que os levava muitas vezes nas suas tragédias a romper com estas regras. Ao arrepio da ideia que uma leitura equivocada da Poética de Aristóteles disseminou desde o Renascimento, não havia uma norma que não pudesse ser quebrada. O objectivo dos tragediógrafos era vencer a competição e agradar ao público, e para isso usavam tanto o recurso da tradição quanto o da inovação. Mas veja-se a divisão da maioria das tragédias. 1. Prólogo: 
É a primeira cena antes da entrada do coro ou antes da primeira intervenção do coro. Trata-se de uma narrativa preliminar que visava introduzir o tema, que pode estar ou não presente numa tragédia. Os dramas antigos (séc. VI a.C.) e alguns de Ésquilo começavam sem prólogo, veja-se o caso de Os Persas e de As Suplicantes. No entanto, depois de As Suplicantes não temos nenhum outro exemplo de introdução puramente musical nas tragédias, como deveria ter sido na sua origem. Há vários tipos de prólogo: a) com apenas um actor, na forma de solilóquio ou monólogo – é o caso do Agamémnon, de Ésquilo, onde o solilóquio do vigia, que


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máquina lírica

durante a noite espera o sinal da vitória em Tróia, nos antecipa tanto as circunstâncias da como o próprio clima ansioso e opressivo da tragédia; b) com mais de um actor, em cena aberta com diálogo e acção – que é o caso de O Prometeu Agrilhoado, também de Ésquilo, onde a peça abre com Prometeu sendo agrilhoado por Hefesto, indicando também onde se situa a peça e quais as circunstâncias; mas também em Medeia, de Eurípedes, ocorre esse tipo de prólogo com mais acção, através do diálogo entre a ama e o preceptor. 

 2. Párodo: Inicialmente era a entrada do coro cantando e dançando na “orquestra” – por exemplo As Coéforas. Pode ser também a primeira ode do coro, pois este já estaria presente, em silêncio, desde o início da peça. Embora seja raro, acontece por exemplo em As Euménides. Mas o párado pode ser executado de vários modos: a) por todo o coro – que é o caso mais frequente, por exemplo, em Agamémnon, de Ésquilo; b) por dois semi-coros em sucessão – por exemplo, em As Suplicantes, de Eurípides; c) pelos membros individuais do coro em falas rápidas – por exemplo, em As Euménides. Ao invés de um párodo cantado exclusivamente pelo coro, podemos ainda encontrar em vários dramas um “diálogo lírico”, isto é, uma parte musical, entre coro e actores – por exemplo, em Prometeu Agrilhoado, de Ésquilo. Mas podemos encontrar esta escolha em muitas outras tragédias: Electra, Filoctetes e Édipo em Colono, de Sófocles; Reso, Medeia, Troianas, Héracles, Helena, Electra, e Efigénia em Tauris. Depois da sua entrada, o coro, em geral, fica presente durante toda a peça. São poucos os casos de saída de cena. Das peças que chegaram até nós, acontece apenas em As Euménides, Ájax, Helena, Alceste e Reso. O canto de retorno da orquestra é chamado de epipárodo. 

 3. Episódio: é a cena que acontece no palco, entre os cantos corais, sejam estásimos (ver adiante) ou diálogos líricos, em que participa no mínimo um actor. Os episódios podem variar muito de tamanho e de importância. Além dos actores, podem também participar figurantes. Estes distinguem-se dos actores pelo facto de não terem falas. Podem ocorrer diálogos de tipo actor-corifeu ou actor-actor, nos quais predominam as narrativas. Os solilóquios, contrariamente ao teatro posterior, são pouco frequentes, pois o coro em geral está sempre presente depois do párodo. Um exemplo de solilóquio, durante um episódio, encontramos no Ájax, de Sófocles. Em geral, as falas dos actores durante os episódios são recitadas e não cantadas. Em certos momentos, porém, as personagens podem ser levadas por suas paixões a uma performance musical, cantada. As partes cantadas nas tragédias encontravam-se diferenciadas pelas mudanças da métrica do verso em grego. Não obstante, e de modo geral, nas traduções essas diferenças são imperceptíveis. A actuação musical dos actores podia dar-se de duas maneiras: 1) Com coro – os chamados “diálogos líricos ou musicais”, usualmente cenas de profunda emoção (o “diálogo lírico” pode apresentar uma grande variedade de estrutura) – e que se subdividem em: a) 1 actor + coro, são em geral os mais antigos, predominante nas obras de Ésquilo, por exemplo no 1.º estásimo de Os Persas, onde ocorre um diálogo lírico entre o arauto e o coro; b) 2 ou 3 actores + coro – por exemplo As Coéforas e Ájax –, que poderiam ser lírico-epirremático, isto é, cantada pelo coro e recitada pelo actor; ou então – e

Paulo José Miranda

que era o mais comum em Ésquilo – o diálogo lírico propriamente dito, ou seja, coro e actores cantam juntamente. 
 2) A solo, “monodias”, ou em duetos, era uma forma mais comum em Sófocles e em Eurípides. Pois com a diminuição do papel do coro aumentou o espaço no drama para os actores, havendo uma transferência do interesse da “orquestra” para o palco. É uma das características fundamentais nas cenas de violenta paixão nas tragédias de Eurípides. 3) Vários actores: diálogo entre 2 ou 3 actores. Forma também muito frequente em Eurípides. Neste formato, um actor canta e o outro responde em récita; o coro pode também fazer uma intervenção musical isolada dentro de um episódio, mas não temos certeza se o coro inteiro cantava ou cantava apenas uma parte dele – veja-se em Prometeu Agrilhoado, 4º episódio. Nestes casos a extensão do coro é pequena dentro do episódio. 
O número dos episódios não era fixo, variava de 4 (Persas) a 7 (Édipo em Colono), mas a regra generalizada era que as tragédias fossem compostas por cinco episódios. 
 4. Estásimos: Eram os cantos e danças do coro na orquestra que separavam os episódios, marcando pausas na acção. Seu número é variável, em geral, de 2 a 5 estásimos por drama. A dança podia restringir-se a uma gesticulação enfática e era de carácter grave e trágico. Por vezes o coro podia apresentar um canto e uma dança mais viva, chamada de hipórquema, geralmente colocado antes da cena de catástrofe (ver adiante), para intensificá-la. Ao invés do estásimo, cantado exclusivamente pelo coro, poderiam ocorrer diálogos líricos com actores, como definidos acima no caso do párodo. No final de um episódio era muito comum a saída de actores para a skene, de forma a trocarem de roupas e de máscaras durante o estásimo, aproveitando esta pausa na acção. 5. Êxodo: Inicialmente, como seu nome indica, era simplesmente a saída do coro cantando e dançando ao final da peça, como por exemplo em As Suplicantes e em As Euménides. Posteriormente, com a diminuição gradual do papel do coro, passou a ser a última cena depois do último estásimo e que encerra o drama – por exemplo, no Agamémnon. Assim, com a diminuição do papel do coro no êxodo, este poderia ser apresentado de dois modos: a) num diálogo lírico entre o coro e os actores – como por exemplo em Os Persas; ou, b) com versos finais do corifeu – neste caso poderia haver nesta última cena uma fala final de um deus que seria o epílogo, e que era a forma mais comum nas tragédias de Eurípides. Vejamos então como era arquitectura geral, mais usual, das tragédias gregas no seu período áureo: PRÓLOGO (que faltava nas tragédias mais antigas) 

 PÁRODO 

 1º EPISÓDIO 

 1º ESTÁSIMO 

 2º EPISÓDIO 

 2º ESTÁSIMO 

 3º EPISÓDIO 

 3º ESTÁSIMO 

 4º EPISÓDIO 

 4º ESTÁSIMO 

 5º EPISÓDIO 

 ÊXODO 
 
 (continua)


18 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

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NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente

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HUM

55-90%

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BAHT

EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/ QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10) EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10)

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 82

PROBLEMA 83

UM FILME HOJE

C I N E M A

SULLY SALA 1

S STORM [C]

FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: David Lam Com: Louis Koo, Julian Cheung, Vic Chou, Ada Choi 14.15, 16.00, 17.45, 21.45

TRAIN TO BUSAN [C]

FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yeon Sang-ho Com: Gong Yoo, Ma Domng-Seok, Choi Woo-sik 19.30 SALA 2

SULLY [B]

Filme de: Clint Eastwood, Aaron Eckhart Com: Tom Hanks 14.15, 16.00, 17.45, 21.30

SUDOKU

DE

Cineteatro

1.19

FALTA DE ESPAÇO E OUTRAS HISTÓRIAS

EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTISTAS DE MACAU IACM (até 30/10)

EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10)

YUAN

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “INSPIRAÇÃO INOVADORA”, DE MAK KUONG WENG Jardim Lou Lim Iok (até 16/10)

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

0.22

Bem no meio onde Judas perdeu as botas, na China, existe um lugar sossegado perto de águas barrentas. Eu fui lá parar este fim-de-semana como que por acaso, à procura de qualquer coisa de novo. Fui e encontrei um lugar que parou no tempo: as mulheres de pés descalços vendem fruta e legumes num mercado improvisado, há um pequeníssimo museu do Partido e todos vivem em parcas condições nas suas casas, onde ainda restam alguns posters de Mao. Foi aí que encontrei casas mais modernas, muitas casas. Seguindo a linha da modernidade descobri ainda um café cuja dona me disse que aquele lugar serve para as casas de férias dos residentes de Macau com algum dinheiro. Não é Bali, nem sequer o portuguesíssimo Algarve, mas é um lugar pacato, com estradas de terra batida e, algures, um restaurante de marisco com os olhos postos no mar. Achei curioso. O dinheiro e a necessidade urgente de espaço levou residentes a comprarem ali casas para não ouvirem nem um pio relacionado com o turismo. Nada de sacos de bolos de amêndoas, nada de encontrões nas ruas, zero de agitação caótica. Ali até o céu é mais azul. Pu Yi

“THE LIFE AQUATIC” (WES ANDERSON, 2004)

Uma expedição pelo fundo do mar com uma equipa no mínimo caricata. Com Steve Zissou ao leme, uma bonita jornalista, uma esposa alienada e um piloto que diz ser filho do protagonista. Tudo marcado por interpretações de se lhe tirar o chapéu sob a direcção de Wes Anderson, estamos todos convidados a embarcar numa louca aventura em busca de um tubarão que pode ser inexistente. Mas a música também integra a viagem e a banda sonora está a cargo de Seu Jorge que, também tripulante, dá a conhecer as suas versões de uma série de temas do “Ziggy Stardust” de Bowie. Um filme para ver sempre que haja apetite de bom cinema, bons actores, boa música, tudo misturado em delírio de referência. Sofia Mota

AT CAFE 6 [B]

FALADO EM MANDARIM LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Neal Wu Com: Zijian Dong, Cherry Ngan, Lin Bohong, Ouyang Nini 19.30 SALA 3

NINE LIVES [A]

Filme de: Barry Sonnenfeld Com: Kevin Spacey, Jennifer Garner, Christopher Walken 14.15, 18.00, 19.45, 21.30

TRAIN TO BUSAN [C]

FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yeon Sang-ho Com: Gong Yoo, Ma Domng-Seok, Choi Woo-sik 15.50

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


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OPINIÃO

sexanálise

TÂNIA DOS SANTOS

arte de pompoar data uns 3000 anos e tem sido desenvolvida dentro de vários nichos culturais asiáticos - Índia, Japão, Tailândia e China – para desenvolver formas de prazer sexuais. Quem já foi à Tailândia lembra-se bem de ter sido insistentemente incomodado por senhores de tuk-tuk a soprar as palavras ‘ping-pong’ para os vossos ouvidos. Os interessados certamente que foram ver vaginas a atirar bolsas de ping-pong a distâncias incríveis, estas são vaginas com uma vida muito peculiar – até se viam vaginas fumadoras. As suas detentoras têm um controlo incrível da sua pélvis porque praticam o pompoarismo, e por isso conseguem entreter o público com todo um número de actividades - vaginais. Desenganam-se se acham que este é um tipo de actividade para os ‘escolhidos’ e que é um dom dos deuses do entretenimento sexual. A verdade é que com alguma prática, muito exercício e perseverança, qualquer detentor de uma vagina será capaz de praticar a arte de pompoar. Para quê? Pensarão vocês ‘Eu não a quero exibir truques vaginais tabagistas – nem atirar bolas de ping-pong a ninguém’. Claro, o objectivo não será a exibição (contudo, não há julgamento absolutamente nenhum se quiserem desenvolver a prática dessa forma), o objectivo será o de ter controlo sobre os vossos músculos pélvicos, desenvolve-los e fortificá-los, para um sistema reprodutor feminino mais saudável e feliz. Esta prática foi inicialmente desenvolvida para intensificar o prazer sexual. Quando se tem um controlo tão aprofundado do vosso interior feminino, poderão excitar um pénis sem ter que mexer as vossas ancas de uma forma agitada – o vosso interior e o vosso controlo sobre ele tratará disso – para além de que sentirão com mais detalhe tudo o que se passa dentro de vocês. O exotismo asiático contribuiu para que esta arte milenar se tornasse numa forma de entretenimento – mas houve quem entendesse o potencial médico e de prevenção. O Dr. Kegel adaptou alguns exercícios para o fortalecimento dos músculos pélvicos na prevenção de incontinência urinária, prolapso do útero ou da bexiga, que são problemas comuns de quem já tem uma certa idade. O pompoar traz, por isso, todas estas vantagens para a saúde, com esquemas de exercícios regulares, mas sobretudo, traz auto-reconhecimento. O nosso sistema reprodutor que ovula, menstrua,

KATE CLERE MCINTYRE, SARASWATI CLERE, YOGAWOMAN

A

Pompoar orgasma, lubrifica, limpa, produz muco, cria vida e mantém-na protegida durante nove meses, merece algum reconhecimento e atenção. Pompoar também é uma forma eficaz de preparação pré-gravidez e parto, estimulando elasticidade e força. Isto é quase como a revolução mindful da vagina, bem sei que corro o risco de soar new age, mas se cada vez mais se promovem exercícios para potenciar saúde e bem-estar através da meditação, na atenção no aqui e no agora, penso que as nossas partes íntimas começam a ser merecedoras de atenção focalizada que vai para além do coito. Não esquecendo, claro, que deveríamos perceber melhor a nossa própria fisionomia, como é que é composta e como é que funciona. Saber identificar as mucosas e o corrimento saudável e o não saudável, perceber quando ovulamos, perceber a nossa menstruação e saber atenuar a dor. Para quem já tem um controlo invejável das paredes pélvicas depois de muitos anos de pompoar fala de vantagens invejáveis em práticas sexuais – a solo ou com um parceiro – de uma flora vaginal restabelecida, de mais saúde e de um maior conforto no geral.

“Se cada vez mais se promovem exercícios para potenciar saúde e bem-estar através da meditação, na atenção no aqui e no agora, penso que as nossas partes íntimas começam a ser merecedoras de atenção focalizada que vai para além do coito” Os programas de práticas de pompoar são diversos e só precisam de perder uns minutos do vosso dia a treinar a vossa vagina com exercícios passivos ou activos, por vezes, com a ajuda de acessórios. Surpreendentemente, a internet tem alguma informação sobre pompoar, mas não muita. Para isso tenho que recomendar a Carmo Gê Pereira, com quem tive o grande privilégio de muito recentemente fazer um workshop de pompoarismo. A Carmo é uma educadora sexual para adultos que sempre recebeu práticas, ideias, conceitos e identidades sexuais de braços abertos – e partilha com os demais. Passem no site e desfrutem: carmogepereira. com. Se estão à procura de um novo hobby, porque não pompoar?

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“ Wong Man Cheung foi ontem nomeado vice-presidente-executivo, director financeiro e secretário da Macau Legend Development, tendo iniciado ontem o desempenho de funções. Wong Man Cheung vai substituir Laurence Yuen Chin Yau, que se demitiu também ontem das funções homólogas que desempenhava. O actual vice presidente executivo é detentor do grau de mestrado em Negócios pela Universidade Politécnica de Hong Kong e conta com mais de 20 anos de experiência na área das finanças.

REORGANIZADAS PARAGENS DE AUTOCARRO NA TAIPA

A

JOVEM DE HONG KONG TERÁ COMETIDO SUICÍDIO

O caso da morte do jovem residente de Hong Kong registado na manhã de domingo após queda da passagem aérea que serve a zona do Terminal Marítimo do Porto Exterior está a ser investigado pela Polícia Judiciária enquanto caso de presumível suicídio. Uma notícia adiantada ontem pela imprensa local dá a conhecer o caso de um jovem de 20 anos que terá caído daquela passagem aérea. Após notificado, por volta das 8h00, o Corpo de Bombeiros transportou o indivíduo para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, onde o jovem de Hong Kong veio a falecer vítima de ferimentos graves.

ARQUIVO HISTÓRICO VAI SER ALVO DE REMODELAÇÕES

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O Governo decidiu adjudicar à AD & C Engenharia e Construções Companhia Limitada as obras que serão feitas ao armazém exterior do Arquivo Histórico de Macau. Segundo um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, o projecto de remodelação vai custar acima dos 22 milhões de patacas, valor pago até 2017. Caberá ao Instituto Cultural o pagamento da referida verba.

terça-feira 20.9.2016

Jorge Arrimar

TIAGO ALCÂNTARA

MACAU LEGEND TEM CARA NOVA NA ADMINISTRAÇÃO

amagao envelhecido nas fachadas, mahjong / de bambu e seda nas balaustradas, / a ode / já se ouviu e se perdeu entre fumos de incenso, ali / ao virar da esquina, / num recorte de igreja e de pagode”

Mulheres COMISSÃO REESTRUTURADA INCLUI CRIANÇAS

Novidades para breve

O

Governo vai avançar “em breve” com a reestruturação da Comissão dos Assuntos das Mulheres, que vai passar agora a incluir também os assuntos das crianças. É o que indica o Governo, numa resposta que surge depois de críticas da deputada Ella Lei, como noticiado ontem pelo HM. A Comissão estava parada desde Abril, depois de ter terminado o mandato dos membros que a compunham e, apesar de ter pertencido à Secretaria dos Assuntos Sociais e Cultura, vai agora estar sob alçada do Instituto de Acção Social (IAS). “Para se articular com [a política de] racionalização de quadros e simplificação administrativa, vai ser simplificada a estrutura administrativa de apoio. Não vai ser estabelecido um Secretariado para a respectiva Comissão, cabendo, portanto, ao IAS proporcionar à Comissão o apoio administrativo e financeiro”, começa por explicar o Executivo. “Relativamente ao regulamento administrativo que se destina à criação da Comissão Consultiva para os Assuntos das Mulheres e Crianças prevê-se que, em breve, vai ser submetido à apreciação do Conselho Administrativo.” Depois da aprovação do regulamento administrativo, o Governo

vai nomear “novos membros” para o grupo. A inclusão dos assuntos relativos aos direitos e interesses das crianças nas atribuições da Comissão dos Assuntos das Mulheres já tinha sido uma promessa feita por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. A adaptação, considera o Governo, ajuda a perceber as necessidades deste extracto populacional, podendo definir-se “políticas e medidas que possam defender os direitos e interesses das mulheres e crianças”. A Comissão vai continuar, contudo, a ser um órgão consultivo do Governo, o que significa que não tem qualquer poder vinculativo ou de decisão.

TRABALHOS EM CURSO

Questionado pelo HM sobre o balanço do trabalho do grupo – que tem apenas um relatório sobre a condição na mulher datado de 2012 como o mais recente trabalho e uma base de dados que deveria já ter sido implementada ainda em suspenso – o Governo assegura que o trabalho não parou. “Apesar dos membros terem o seu mandato cumprido, os trabalhos desta Comissão não ficaram por aí. Actualmente, estão em curso os trabalhos referentes ao estudo específico sobre a “Meta

de desenvolvimento das mulheres”, o qual se destina a propor objectivos que permitam apoiar continuamente o desenvolvimento dos assuntos inerentes às mulheres e apresentar estratégias viáveis”, assegura o IAS, que acrescenta que o estudo se baseia em “12 áreas de desenvolvimento” e inclui análises sobre os diplomas legais vigentes, o planeamento das políticas, medidas de benefícios e os diversos dados estatísticos que o Governo está a aplicar nas referidas áreas. “Também procedeu a uma avaliação sobre as necessidades sentidas pelas mulheres de Macau e a situação e dificuldades referentes à sua participação na sociedade. Ademais, com base neste estudo, foram seleccionadas e coligidas sete áreas que sejam adequadas para Macau estabelecer as metas de desenvolvimento das mulheres, as quais contam com: “formação educativa”, “manutenção de saúde”, “segurança”, “segurança social”, “economia”, “direito à participação e poder de decisão” e “média e cultura”.” Os trabalhos de estudo “estão ainda em curso”, vão ser auscultadas opiniões e depois vão definir-se “estratégias viáveis”. O trabalho, assegura o IAS, vai estar concluído em finais deste ano. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) vai reorganizar diversas paragens na Avenida Dr. Sun Yat Sen, na Taipa. A ideia é aliviar a pressão do trânsito e diminuir o número de autocarros parados na via. O ajustamento consiste na fusão das paragens “Av. Dr. Sun Yat Sen / Sam Ka” e “Edf. Chun Luen”, e a do “Largo Ouvidor Arriaga” com a “Jardim Dragão Precioso”, que “têm uma distância curta entre si”. Assim, os autocarros que paravam nas duas primeiras paragens passam a parar junto do Edifício Chun Luen e do Edifício Chun U Villa. Os que paravam nas duas últimas passam a recolher e deixar passageiros no Edifício Treasure Garden. “Isto serve para evitar o caos numa mesma paragem quando estão presentes todas as carreiras de autocarros”, indica a DSAT, que acrescenta que nas paragens “Chun Lai Garden” e “Edf. Great China Plaza” as carreiras com destinos à Praia de Hac-Sá e Universidade de Macau e as carreiras nocturnas vão fazer escala nestas duas localizações. As mudanças acontecem ainda no Parque Central da Taipa. As paragens “Guimarães/ Nova Taipa” e “Guimarães/R. Seng Tou” passam para próximo da passadeira junto do Parque Central e para a zona de embarque e desembarque de passageiros fora do Edifício Nova Park.


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