Hoje Macau 21 OUT 2020 #4634

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˜ DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

FAOM

QUARTA-FEIRA 21 DE OUTUBRO DE 2020 • ANO XX • Nº4635

Pratos limpos PÁGINA 5

COMÉRCIO

Aposta tripla PÁGINA 9

CHINA

Vacinas à experiência PÁGINA 13

OPINIÃO

Factos menstruais TÂNIA DOS SANTOS

hojemacau www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

ANOS

A morte é um acto solitário

Em tempo de pandemia, o número dos suicídios dispara. Macau segue a tendência global e vê os pedidos de apoio da linha da Cáritas crescerem 40%. Os suicídios são já 36, uma subida de 20%, face a 2019. A OMS considera provável o aumento crescente dos problemas de saúde mental, enquanto a pandemia ameaça não dar descanso à humanidade no futuro próximo. GRANDE PLANO

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MUDAR

NUNO MIGUEL GUEDES

ANDAR SOBRE AS ÁGUAS JOÃO PAULO COTRIM

DUELO AO SOL RUI FILIPE TORRES

MOP$10


2 grande plano

21.10.2020 quarta-feira

SUICÍDIO

AE MAIS PROFUNDA NTRE Janeiro e Setembro deste ano, o serviço de prevenção de suicídio/ esperança de vida – Cáritas Macau recebeu 190 chamadas de pessoas com ideias suicidas, registo que representa uma subida de 40 por cento. No primeiro semestre deste ano, as autoridades contabilizaram um total de 36 suicídios (26 homens e 10 mulheres), face aos 30 casos verificados no período homólogo de 2019, número que representou uma subida de 20 por cento. Entre os que terminaram a sua própria vida, contaram-se 30 residentes, enquanto os restantes seis foram identificados pelas autoridades como turistas. Segundo informação fornecida pelo Instituto de Acção Social (IAS) ao HM, durante o mesmo período, as chamadas para a linha SOS devido a “problemas relacionados com o estado emocional”, tiveram um incremento ainda maior (93 por cento), somando 898 contactos. Importa esclarecer que a linha da Cáritas, financiada pelo IAS, dá aconselhamento para outros tipos de casos e que os telefonemas relacionados com problemas emocionais ou tendências suicidas representaram 18,8 por cento de um universo de 5.755 contactos. Um estudo publicado na Nature no mês passado, que analisou taxas de suicídio face a ciclos económicos, estimou que se a pandemia da covid-19 resultar numa crise semelhante à de 2008 os casos podem aumentar cerca de 5 por cento em países com rendimentos médio/ altos. Isto a verificar-se a previsão mais optimista. O estudo indica que a maior probabilidade será uma

PEDIDOS DE APOIO ENTRE JANEIRO E SETEMBRO AUMENTARAM 40%, SEGUINDO TENDÊNCIA GLOBAL

A linha de prevenção de suicídio registou até Setembro, 190 pedidos de ajuda de pessoas que contemplavam terminar a própria vida, volume 40 por cento superior ao ano anterior. As chamadas devido a problemas emocionais aumentaram 93 por cento. Na primeira metade do ano, os suicídios em Macau aumentaram 20 por cento. O mesmo fenómeno está a ser reportado em todo o mundo, como mais um efeito da pandemia

crise à escala da Grande Depressão, o que se pode traduzir no aumento da taxa de suicídio na ordem dos 15 por cento, com os homens a constituírem o grupo de maior risco.

A primeira abordagem do IAS foi divulgar “informação referente não só à educação psicológica, mas também a temas como a alegria entre pais e filhos, alívio de pressão decorrente da educação dos filhos, ideia positiva, etc”

O trabalho, também publicado na revista Molecular Psychiatry, refere que o ponto de partida é positivo, uma vez que entre 1990 e 2016 a taxa de suicídio global caiu 32,7 por cento.

RISCO GLOBAL

Quando as medidas para prevenir a propagação da pandemia se generalizaram, a partir da primeira vaga de infecções que atingiu a Europa, a Organização Mundial de Saúde fez soar o alarme das repercussões para a saúde mental das vicissitudes originadas pela covid-19. “A situação actual, com isolamento, medo, incerteza e crise económica, pode causar distúrbios psicológicos”, alertava em Maio a responsável do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS, Dévora Kestel. A OMS considerou provável “um aumento a longo

prazo do número e gravidade dos problemas de saúde mental”, devido ao “imenso sofrimento de centenas de milhões de pessoas” e aos custos económicos e sociais a longo prazo para a população. Apesar dos riscos, as necessidades de saúde mental “não estão a receber a atenção necessária”, provavelmente devido à magnitude da crise, apontou o organismo internacional. A situação é agravada pelo facto de já haver falta de investimento e prevenção nessa área antes da chegada da pandemia. Para a OMS, os grupos de maior risco abrangem “o pessoal de saúde, por causa da ansiedade e do stress que estão a viver, crianças e adolescentes, mulheres em risco de violência doméstica, idosos, devido ao risco de serem infectados, e pessoas com condições mentais pré-existentes ou com outras

doenças, para quem é mais difícil continuar a receber tratamento”.

TRABALHO DE CAMPO

Normalmente, a publicação de dados estatísticos relativos a suicídios refere-se, pelo menos, ao ano transacto, algo que dificulta a percepção clara do fenómeno. No entanto, os especialistas dizem ter razões para temer o pior. Tal como em Macau, os números de chamadas para linhas de apoio registaram aumentos substanciais de pedidos de ajuda. Nos Estados Unidos, o volume habitual foi multiplicado por oito, de acordo com declarações prestadas por Sally Curtin, especialista em suicídios no Centro de Controlo de Doenças (CDC, na sigla em inglês), à The Economist. Em Hong Kong, Brenda Scofield, directora da Samaritans destacou à revista internacional o aumento das solicitações de jovens e da proporção dos casos de angústia extrema. Apesar de escassos, começam a surgir alguns

No primeiro semestre deste ano, as autoridades contabilizaram um total de 36 suicídios (26 homens e 10 mulheres), face aos 30 casos verificados no período homólogo de 2019, uma subida de 20 por cento

estudos preliminares sobre suicídios que, apesar de carecerem de confirmação, não pintam um retrato positivo da situação. O levantamento inicial, feito em Agosto, dos casos de suicídio no Japão mostrou uma subida anual de mais de 15 por cento, segundo reportado pelo Ministério da Saúde nipónico. No Nepal, as forças policiais revelaram que os casos de suicídio aumentaram um quinto, em relação ao mesmo período de 2019. O cenário traçado pelo Ministério da Saúde da Tailândia também não se afigura optimista, revelando que este ano 9 em cada 100 mil tailandeses decidiram terminar a própria vida, face a 6,6 no ano anterior. O The Economist enumera alguns exemplos históricos em que suicídios e epidemias seguiram vias paralelas. No Roma Antiga, o poeta Ovídio descreveu o outro lado de uma praga que assolou a capital imperial, que levou pessoas a enforcarem-se para “matar o medo da morte, usando a própria mão da morte”. A Gripe Espanhola de 1918, que se estima ter resultado em 50 milhões de mortos, coincidiu com o aumento de casos de suicídio na Europa de quase um terço, de acordo com um estudo académico do Centro de Pesquisa Esloveno para o Suicídio, da Universidade de Primorska. Mais recentemente, e mais próximo geograficamente, durante a crise da SARS, Hong Kong foi palco de um aumento similar de suicídios de idosos.

MÃO AMIGA

Voltando a Macau e ao ano de 2020, é necessário dar o contexto excepcional desta pandemia, em particular por obrigar ao isolamento


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quarta-feira 21.10.2020

A DOR A OMS considerou provável “um aumento a longo prazo do número e gravidade dos problemas de saúde mental”, devido ao “imenso sofrimento de centenas de milhões de pessoas” e aos custos económicos e sociais

forçado pelas medidas de prevenção, entre outras tantas restrições. Assim sendo, o IAS tem prestado apoio através de uma linha aberta durante 24 horas, desde o início do período de combate à epidemia. “Assistentes sociais, pessoal de aconselhamento psicológico, serviços de encaminhamento” foram disponibilizados para acudir “aos residentes emocionalmente perturbados, com o intuito de reduzir a pressão psicológica”. Em resposta ao HM, o IAS adiantou que “até ao dia 1 de Outubro, foram atendidas 547 chamadas telefónicas, das quais 89 foram pedidos de apoio emocional”. Quem está, ou vai estar, em quarentena obrigatória também tem um serviço de apoio. “Os indivíduos que se sujeitam à observação médica, o IAS, em cooperação com a equipa profissional do pessoal de aconselhamento psicológico da Universidade de Macau, começou, desde 3 de Fevereiro, a prestar aconselhamento”, por chamada ou videochamada, “para apoiar no alívio ao stress

emocional”. Este serviço foi solicitado por 40 pessoas, até agora.

VACINA EMOCIONAL

Em resposta ao HM, o IAS afirmou que desde os primeiros tempos, ainda antes de ser decretada como pandemia, a crise de saúde pública foi encarada como possível catalisador para problemas psicológicos. Nomeadamente, stress emocional decorrente de tensões no relacionamento familiar e da alienação motivada pelos confinamentos e distância social. O IAS encarou o combate às feridas invisíveis através do apoio de 36 instituições, regularmente subsidiadas, de serviço de apoio à família e à comunidade. A primeira abordagem foi o contacto com os residentes, com divulgação de “informação referente não só à educação psicológica, mas também a temas como a alegria entre pais e filhos, alívio de pressão decorrente da educação dos filhos, ideia positiva, etc”, explicou o IAS, acrescentando que foram divulgadas mensagens de capacidade de resistência, gratidão e atitude optimista. Os serviços liderados por Hon Wai declararam ainda a “necessidade de prestar atenção e carinho às famílias em situação vulnerável e aos indivíduos de alto risco”, sem definir estas categorias. Além de promover o carinho entre pessoas e familiares, o IAS aponta, sem entrar em detalhes, que também é necessário “prestar apoio a indivíduos e famílias com problemas emocionais e de suicídio, relativamente graves, no sentido de os ajudar, de forma célere, a gerir a crise e a proporcionar aconselhamento”. João Luz com agências info@hojemacau.com.mo


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21.10.2020 quarta-feira

que caso o fecho antecipado esteja “relacionado com pressões em torno de algumas fotografias da exposição”, que considera estar-se “perante algo de grave e um episódio preocupante que sinaliza uma erosão do espaço de liberdade de expressão”. O partido representado na Assembleia da República pelo deputado João Cotrim Figueiredo questiona ainda se o Ministério dos Negócios Estrangeiros “procurou esclarecer se o encerramento da mostra da World Press Photo na Casa de Portugal em Macau se ficou a dever a pressões políticas” e, se sim, de que forma o Governo português irá “protestar contra esta ingerência do regime chinês nos assuntos de Macau”.

ACORDOS EM CAUSA

WORLD PRESS PHOTO GOVERNO PORTUGUÊS QUESTIONADO SOBRE ENCERRAMENTO

Danos colaterais

Após terem proposto um voto para condenar pela actuação da China em Hong Kong, os liberais querem agora saber se existiram pressões políticas sobre a Casa de Portugal para encerrar a exposição de fotojornalismo

O

partido Iniciativa Liberal (IL) questionou o Governo de Portugal sobre o encerramento antecipado e “sem explicações concretas” da exposição World Press Photo na Casa Garden, evento organizada pela Casa de

Portugal, com o patrocínio da Fundação Macau. Na notícia sobre o fecho precoce da exposição, a Rádio Macau adiantava que o desfecho se tinha ficado a dever a pressões relacionadas com as fotos das manifestações de Hong Kong.

Na pergunta divulgada, a IL cita o director de exposições da Fundação da World Press Photo, Laurens Korteweg, que disse que as razões para o encerramento da exposição foram “pouco claras” e que a organização está “a acompanhar as notícias dos ‘media’ locais, nas

quais se sugere que pode ser o resultado de pressão externa sobre o conteúdo da exposição”. O documento cita ainda as preocupações da Associação de Imprensa em Língua Inglesa e Portuguesa de Macau (AIPIM), que “lamentou o encerramento” e afirmou

No sentido das perguntas enviadas, a IL procura saber se no caso de as pressões políticas serem confirmadas [como o motivo do encerramento] até que ponto “está em causa o cumprimento dos tratados celebrados” entre a República Portuguesa e a República Popular da China sobre a Região Administrativa Especial de Macau, assim como as próprias relações sino-portuguesas. Da mesma forma, a Iniciativa Liberal questiona se o Executivo português tem mecanismos “preparados para evitar que em Macau se verifique uma situação semelhante” à que tem acontecido há mais de um ano em Hong Kong. No documento, a IL diz que “tem vindo a alertar o Governo para a crescente intrusão da República Po-

A IL quer saber se no caso de as pressões políticas serem confirmadas [como o motivo do encerramento] até que ponto “está em causa o cumprimento dos tratados celebrados” entre Portugal e a China pular da China nos assuntos de outros países e regiões”. “Preocupa-nos sobretudo, à luz do que tem vindo a acontecer em Hong Kong, o destino de Macau, perante o que entendemos como uma pretensão da erosão do estatuto especial destes territórios por parte do governo chinês”, vincam os liberais. A força política já havia anteriormente avançado com um projecto de resolução na Assembleia República para condenar o tratamento dos direitos humanos por parte da China em Hong Kong e suspender o acordo de extradição entre Portugal e a RAEHK. A proposta foi recusada, na semana passada, pelos votos dos maiores partidos portugueses, Partido Socialista e Partido Social Democrata, e ainda do Partido Comunista Português e Partido Ecologista Os Verdes. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

VEÍCULOS PÚBLICOS AFASTADA HIPÓTESE DE CRIAR SUBUNIDADE DE GESTÃO

CIBERSEGURANÇA CHEFE DO EXECUTIVO ALERTA PARA “COMPLEXIDADE” DA “SEGURANÇA INTERNA E EXTERNA"

Chefe do Gabinete do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Cheong Chui Ling, revelou que não existem planos para a criação de uma subunidade de gestão de veículos oficiais sob a tutela da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego. A informação consta na resposta a uma interpelação escrita enviada por Sulu Sou a 11 de Setembro, onde o deputado demonstrou preocupação acerca da actual gestão dos veículos do Governo, sobretudo o facto de cada serviço actuar “à sua maneira”, que não corresponde com a “poupança de

Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, referiu à Comissão para a Cibersegurança ser necessária prevenção e actuação para “fazer face às exigências e à complexidade da situação da segurança interna e externa”. Ho Iat Seng referiu também que “a salvaguarda efectiva da cibersegurança é uma parte importante, para o Governo da RAEM, na defesa da segurança nacional, que enfrenta mudanças bruscas na conjuntura da segurança quer interna quer externa”. O governante, além de exigir a colaboração de todos os mem-

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recursos e a protecção ambiental” exigidas. Na resposta, o Governo avançou que para melhorar a eficácia da utilização da frota pública, encontra-se a promover a electronização do envio e recepção de documentos oficiais entre serviços públicos, para “reduzir significativamente a utilização de veículos oficiais para a circulação de correspondência”. Além disso, o gabinete do Secretário para as Obras Públicas admitiu que vai exigir que os serviços utilizem os veículos de forma adequada, por exemplo, através da partilha de veículos. P.A.

O

bros na elaboração do "Relatório Geral de Cibersegurança de 2020”, que vai servir de base para a Comissão definir as directrizes do próximo ano, traçou ainda quatro objectivos. Um deles passa pela elevação do trabalho

de cibersegurança ao “nível da segurança nacional”, além de ser necessário “ter em consideração a coordenação integrada e a criação do sistema e conhecer as necessidades e opiniões dos operadores e do público em geral, fornecendo-lhes assistência sempre que necessário”. Ho Iat Seng entende ser também importante “promover a participação de todos os sectores da sociedade no trabalho de cibersegurança, aumentando a atenção do público”, bem como "prevenir eventuais riscos, actuar realmente e não só por dever”.


política 5

quarta-feira 21.10.2020

IFT SEMINÁRIO FORTALECEU “COMPREENSÃO CORRECTA” DE IDENTIDADE

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vice-diretora-geral do Departamento de Assuntos Consulares do Gabinete do Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Li Yijun, foi oradora num seminário organizado pelo Instituto de Formação Turística (IFT) sobre os direitos e deveres dos residentes de Macau, a legislação da nacionalidade e serviços consulares. Em comunicado, o IFT descreve que a actividade “fortaleceu o seu sentido de pertença à sua própria identidade” e “a sua compreensão correcta da identidade dos residentes de Macau como cidadãos chineses”. Cerca de 100 estudantes participaram no evento, que decorreu na passada quinta-feira. Li Yijun apresentou os principais serviços consulares, dando exemplos de casos em que foi dada ajuda a cidadãos a viver em locais afectados por desastres naturais e por “turbulência” política. Além de dizer aos estudantes para estarem atentos aos riscos quando estão no exterior, aconselhou-os a obedecerem às leis do destino e a respeitar as religiões e costumes locais.

Nacionalismo Fu Ziying pediu mais amor a professores

O director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, Fu Ziying, teve um encontro com professores do ensino básico e recomendou que Macau se foque na criação de uma equipa de docentes altamente qualificada e com integridade política para promover um maior patriotismo. A informação sobre o encontro que decorreu na segunda-feira foi divulgada ontem pelo canal chinês da Rádio Macau. Na mesma ocasião, Fu considerou ainda que o sucesso da princípio “Um País, Dois Sistemas” em Macau se ficou a dever ao facto de a educação ter sido sempre desenvolvida na “direcção correcta”, o que fez com que o amor à pátria tivesse crescido e consolidado. Porém, os professores ficaram com um alerta de Fu: falta diversificar a economia. Neste sentido, o director do Gabinete disse contar com os professores para cultivarem talentos em diferentes áreas.

OPERÁRIOS LAM LON WAI QUER REDUÇÃO DO DESPERDÍCIO ALIMENTAR

Não há FAOM que não dê fartura

Macau tem de seguir as orientações do Presidente Xi e adoptar uma política de combate ao desperdício alimentar. É a ideia defendida pelo deputado Lam Lon Wai, que acusa o Governo de falta de medidas repressivas nesta área

O

deputado Lam Lon Wai defende que Macau deve inspirar-se em Xi Jinping e implementar a “Operação Prato Vazio”, ou seja, a política do Governo Central que tem como objectivo reduzir o desperdício alimentar. A posição foi tomada numa interpelação escrita em que o legislador procura saber as medidas adoptadas pelo Governo para combater um fenómeno antigo. “Há dias, o Presidente Xi Jinping deu instruções importantes para reprimir o desperdício de alimentos, afirmando que, apesar das boas colheitas anuais de produção alimentar na China, há que ter a consciência de alerta para

as crises de segurança alimentar e, neste ano, o impacto da Covid-19 no mundo deu o alarme”, começou por apontar. “Neste

“O Presidente Xi reiterou a necessidade de reprimir o desperdício de alimentos [...] Devemos reflectir profundamente e, com esforços conjuntos, reduzir o desperdício.” LAM LON WAI DEPUTADO

período especial, o Presidente Xi reiterou a necessidade de reprimir o desperdício de alimentos, salientando o problema da segurança alimentar, o que tem um significado enorme! Devemos reflectir profundamente e, com os esforços conjuntos, reduzir o desperdício”, apelou o deputado apoiado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Ainda de acordo com os dados apresentados por Lam, só no ano passado a quantidade diária de resíduos sólidos urbanos descartados por residente foi de 2,24 quilogramas, entre os quais 0,89 gramas foram desperdícios alimentares. Face a este número, que diz ser

mais elevado em comparação com Singapura, Hong Kong, Pequim, Cantão ou Xangai, Lam recusa que a responsabilidade esteja nos turistas e pede aos residentes que assumam culpas.

CRÍTICAS AO EXECUTIVO

Ao mesmo tempo, o deputado dos Operários criticou o Executivo por considerar que foi feito pouco para evitar o volume de desperdício: “Nos últimos anos, o Governo reforçou os trabalhos de tratamento dos resíduos alimentares e alcançou certos resultados. No entanto, não foram tomadas medidas para reprimir o desperdício alimentar, nem para promover a poupança de alimentos, e a sensibilização para a redução do desperdício”, atirou. Face a este cenário, o deputado quer saber como o Governo vai reforçar as acções de sensibilização de forma a “reprimir as necessidades irracionais de consumo e reduzir os desperdícios na mesa de jantar”. No mesmo sentido, Lam Lon Wai pergunta o que vai ser feito para que os empregados dos restaurantes sejam obrigados a alertar os clientes para a quantidade dos pratos servidos. Finalmente, o membro da FAOM quer ainda saber se a política contra o desperdício vai ser aplicada nos próprios serviços públicos. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


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21.10.2020 quarta-feira

AVISO COBRANÇA DO IMPOSTO PROFISSIONAL (DIFERENÇA DO ANO DE 2019) 1. Avisam-se os Srs. contribuintes que a única prestação do referido Imposto (diferença do ano de 2019) é cobrada durante o mês de Outubro. 2. No mês de pagamento, se os Srs. contribuintes não tiverem recebido o conhecimento de cobrança, agradece-se que se dirijam ao NÚCLEO DE INFORMAÇÕES FISCAIS, situado no r/c do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM ou ao Centro de Serviços da RAEM das Ilhas – Atendimento Fiscal, trazendo consigo o conhecimento de cobrança ou fotocópia do ano anterior, para efeitos de emissão de 2.ª via do entretanto extraviado. Por outro lado, podem recorrer aos quiosques desta Direcção dos Serviços para efectuarem a impressão de 2.ª via do conhecimento de cobrança pessoal. 3. O pagamento pode ser efectuado, até ao último dia do mês de Outubro, nos seguintes locais: - Nas Recebedorias do Edifício “Finanças”, do Edifício Long Cheng, do Centro de Serviços da RAEM, ou do Centro de Serviços da RAEM das Ilhas; Os impostos/contribuições podem ser pagos por intermédio de cartão de crédito ou de débito emitidos pelo Banco da China ou pelo Banco Nacional Ultramarino; pelos cartões de crédito e débito da UnionPay emitidos pelos estabelecimentos bancários de Macau, para cada pagamento só é permitida a utilização de um único cartão e o valor de pagamento depende do limite determinado pelo banco emissor. Pode-se, também, optar pelo pagamento através dos cartões “Quick Pass” e “MACAUpass”, sendo que o valor total de pagamento não pode ser superior a MOP$1.000,00; também se podem utilizar o BOCPay e o Tai Fung Pay, sendo o valor do pagamento conforme os termos e condições dos estabelecimentos bancários. - Nos balcões dos estabelecimentos bancários a seguir discriminados: Banco da China Banco Comercial de Macau Banco Delta Ásia Banco de Guangfa da China Banco Industrial e Comercial da China Banco Luso Internacional Banco Nacional Ultramarino Banco Tai Fung Banco OCBC Weng Hang Banco Well Link - Nas máquinas ATM da rede Jetco de Macau, assinaladas com a indicação <<Jet payment>>; - Nos seguintes estabelecimentos bancários, através de transacção electróncia: Banco da China* Banco Comercial de Macau Banco de Guangfa da China Banco Industrial e Comercial da China Banco Luso Internacional Banco Nacional Ultramarino* Banco Tai Fung Banco OCBC Weng Hang * Utilize a aplicação móvel (MACAU TAX) da DSF para digitalizar o QRcode do conhecimento de cobrança, para ligar-se à plataforma de pagamento móvel do banco em causa e efectuar o pagamento do imposto. - Por pagamento telefónico “banca por telefone” : Banco da China Banco Tai Fung 4. Se o pagamento for efetuado por meio de cheque, a data de emissão não pode ser anterior, em mais de três dias, à da sua entrega nas Recebedorias da DSF, devendo ser emitido a favor da <<Direcção dos Serviços de Finanças>>, nos termos das alíneas 2) e 3) do n.º 1 do Artigo 4.º do Regulamento Administrativo n.º 22/2008. Se o valor do cheque for igual ou superior a MOP$ 50.000,00, deve o mesmo ser visado, nos termos da alínea 4) do Artigo 5.º do Regulamento Administrativo acima mencionado. 5. Os contribuintes podem, também, efectuar o pagamento através do envio de ordem de caixa, cheque bancário ou cheque, por correio registado dirigido à Caixa Postal 3030. Deve ser incluído um envelope devidamente selado e endereçado ao próprio contribuinte, a fim de se poder enviar, posteriormente, o respectivo conhecimento comprovativo do pagamento. Não é aconselhável o envio de valores em numerário (notas e moedas metálicas). Note-se que devem ser respeitadas as regras descritas no ponto 4, relativamente aos cheques: - O envio para a caixa postal deve ser feito 5 dias úteis antes do termo do prazo de pagamento indicado no conhecimento de cobrança. 6. Nenhum dos métodos acima mencionados acarreta quaisquer encargos adicionais aos contribuintes pela prestação do serviço de cobrança. 7. Para a sua comodidade, evite pagar os impostos nos últimos dias do prazo. Aos, 30 de Setembro de 2020.

O Director dos Serviços Iong Kong Leong

Faz-se público que, por despacho da Exma. Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 9 de Outubro de 2020, se acha aberto o concurso de avaliação de competências profissionais ou funcionais, externo, do regime de gestão uniformizada, para preenchimento de dois lugares de técnico superior de 2.ª classe, 1.º escalão, área de informática, em regime de contrato administrativo de provimento, do Fundo de Segurança Social. As condições de candidatura podem ser consultadas no Boletim Oficial da RAEM, n.° 43, II Série, de 21 de Outubro de 2020 e estão disponíveis nas páginas electrónicas do FSS http://www.fss.gov.mo/ e dos SAFP http://www.safp.gov. mo/. Fundo de Segurança Social, aos 15 de Outubro de 2020. A Presidente do Conselho de Administração, substituta Chan Pou Wan

Anúncio Concurso Público para a Prestação de Serviços de Limpeza à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude nos anos de 2021 e 2022 1. Entidade adjudicante: Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. 2. Entidade que põe a prestação de serviços a concurso: Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). 3. Modalidade do concurso: Concurso público. 4. Objecto do concurso: Prestação de serviços de limpeza às Subunidades da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude. 5. Período de prestação de serviços: De Janeiro de 2021 a Dezembro de 2022. 6. Prazo de validade das propostas: É de noventa dias, a contar da data do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no programa do concurso. 7. Caução provisória: $320.000,00 (Trezentas e vinte mil patacas), a prestar mediante garantia bancária aprovada nos termos legais ou depósito em numerário, à ordem da DSEJ, no Banco Nacional Ultramarino (Conta n.º 9002501375). 8. Caução definitiva: 4% do preço total da adjudicação. 9. Preço base: Não há. 10. Condições de admissão: Ser empresário comercial, pessoa singular ou empresa, com registo comercial ou registo de início de actividade na RAEM, para o exercício de actividade de limpeza e, no mínimo, cinquenta trabalhadores de limpeza. 11. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: Secção de Arquivo e Expediente Geral da DSEJ, Avenida de D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar, Macau. Dia e hora limite (Nota 1): até às 12:00 horas do dia 16 de Novembro de 2020. (Nota 1): Em caso de encerramento da DSEJ na data e na hora limite, originalmente determinadas para a entrega das propostas, por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limite para a entrega das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. A data e a hora do acto público do concurso, originalmente determinadas no ponto 12, também serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte à data limite para a entrega das propostas. 12. Local, dia e hora do acto público do concurso: Local: Sala de reuniões, na sede da DSEJ, Avenida de D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar, Macau. Dia e hora (Nota 2): às 10:00 horas do dia 17 de Novembro de 2020. (Nota 2): Em caso de encerramento da DSEJ na data e na hora, originalmente determinados para o acto público do concurso, devido à ocorrência de tufão ou por motivos de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte Em conformidade com o disposto no artigo 27.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, os concorrentes ou os seus representantes legais devem estar presentes no acto público da abertura das propostas para esclarecer as dúvidas que, eventualmente, surjam relativas aos documentos constantes nas suas propostas ou apresentar reclamação se necessário. 13. Local, dia e hora para exame do processo e obtenção da cópia e outras observações: Local: Secção de Arquivo e Expediente Geral da DSEJ, Avenida de D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar, Macau. Dia: A partir da data de publicação do respectivo anúncio e até ao dia e hora do acto público do concurso. Hora: Dentro das horas de expediente. Outras observações: A obtenção da cópia do processo do concurso só é permitida através de uma das seguintes formas: apresentação da cópia do modelo M/8 (Contribuição Industrial - Conhecimento de Cobrança) ou da cópia do modelo M/1 (Contribuição Industrial - Declaração de Início de Actividade/Alterações) ou do carimbo da instituição e após o procedimento do respectivo registo. Além disso, o processo do concurso ainda pode ser obtido através da página electrónica da DSEJ (http://www.dsej.gov.mo). 14. Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação: ﹣ Preço: 60% ﹣ Plano de realização de serviços e o seu processo, número de pessoal de limpeza para o exercício, dias de trabalho, bem como o respectivo equipamento mecânico ou instrumentos: 20% ﹣ Experiência/qualidade dos respectivos serviços prestados: 10% ﹣ Organização, estrutura, dimensão e medidas de gestão da empresa: 10% Junção de esclarecimentos: 15. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes devem comparecer na sede da DSEJ, na Avenida de D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar, Macau, a partir da data da publicação do presente anúncio e até ao prazo para entrega das propostas do concurso público ou consultar a página electrónica da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (http://www.dsej.gov.mo), para tomarem conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Aos 15 de Outubro de 2020. O Director, Lou Pak Sang


sociedade 7

quarta-feira 21.10.2020

Coloane Realizado despejo de terreno na Estrada de Cheoc Van

A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) realizou ontem uma acção de despejo de um terreno com 7.454 metros quadrados situado em Coloane na Estrada de Cheoc Van, junto à Granja do Óscar. O terreno ocupado ilegalmente tinha edificações ilegais constituídas por tapumes e coberturas metálicas, contentores, andaimes, materiais de construção, máquinas e diversos objectos. O local estava também a ser utilizado para cultivo e plantação, segundo uma nota da DSSOPT.

Marginal da Taipa Ampliação da zona de lazer concluída em 2021

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) prevê concluir em 2021 a ampliação da zona de lazer da marginal da Taipa entre a ponte Governador Nobre de Carvalho em direcção à ponte da Amizade. A informação consta na resposta a uma interpelação do deputado Lei Chan U. “O IAM está a levar a cabo o concurso para a adjudicação da concepção da obra de ampliação da ciclovia da zona de lazer da marginal da Taipa desde a Ponte Governador Nobre de Carvalho em direcção à Ponte da Amizade, prevendo-se a conclusão da sua concepção em meados de 2021. A obra será efectuada em duas fases.” Além disso, o IAM está também a pesquisar informações sobre a viabilidade do projecto de junção da ciclovia “Flor de Lótus” com a ciclovia da zona de lazer da marginal da Taipa.

Novos aterros Admitidas 19 empresas para obras

Foram ontem admitidas 19 empresas no concurso público para a “Empreitada de construção dos arruamentos e da rede de drenagem no lado leste da Zona E1 dos Novos Aterros Urbanos”, tendo ficado de fora apenas uma empresa por falta de entrega de documentos dentro do prazo. Os preços das propostas variam entre 42,830 milhões e 62,36 milhões de patacas. As obras deverão arrancar no primeiro trimestre do próximo ano, com duração aproximada de oito meses. A empreitada consiste na construção de vias rodoviárias com um comprimento total de cerca de 1 500 metros, instalação do sistema de drenagem com colectores de água pluvial e de água residual com um comprimento total de cerca de 1 300 metros e pavimentação dos passeios e instalação de barreiras metálicas. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes afirma que a obra vai criar 60 postos de trabalho.

Philip Pang, promotor imobiliário “É difícil fazer isso em Hong Kong, onde o mercado imobiliário está dominado pelos grandes promotores. A competição [em Macau] também não é tão feroz.”

IMOBILIÁRIO PROMOTORES DE HK VIRAM-SE PARA “PECHINCHAS” DE MACAU

Quem arranha céus Os pequenos promotores imobiliários de Hong Kong estão a virar-se para Macau devido aos preços mais baixos e à menor competição no sector, segundo o South China Morning Post. Os riscos de investimento também são menores, apontam

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S elevados preços praticados no mercado imobiliário de Hong Kong estão a levar pequenos promotores imobiliários da região vizinha a procurar opções em Macau, onde os terrenos são mais baratos e há menos competição dada a pouca presença de promotores imobiliários internacionais, noticiou ontem o South China Morning Post (SCMP).

A Telok Real Estates Partners construiu oito empreendimentos residenciais em Macau desde 2006 e Philip Pang, partner da empresa, disse que, nesta fase, há um maior foco na construção de empreendimentos residenciais em regime de co-living ou hostels.ATelok tem, neste momento, três projectos em andamento no valor de 100 milhões de dólares americanos. “Os terrenos em Hong Kong podem facilmente custar 10 mil milhões de

dólares de Hong Kong, o que dá pouco espaço para os pequenos promotores, como nós, crescerem. Devido à fragmentação do mercado, podemos adquirir terrenos através de parcerias com proprietários para reduzir os riscos e os custos envolvidos. É difícil fazer isso em Hong Kong, onde o mercado imobiliário está dominado pelos grandes promotores. A competição [em Macau] também não é tão feroz - menos de cinco promotores de Hong Kong

estão activos em Macau”, disse Philip Pang.

APOSTA NO ONE OASIS

O SCMP ouviu também o testemunho da Arch Capital Management, um fundo imobiliário privado que tem investimentos no empreendimento One Oasis, em Seac Pai Van, graças a uma parceria com locais. “O empreendimento tem 4,500 fracções em 20 torres residenciais. Seria impossível para termos um projecto desta di-

mensão em Hong Kong”, explicou Richard Yue, responsável executivo e de investimentos da empresa. Richard Yue adiantou ao SCMP que “o investimento tem menos riscos em Macau”, além de que os custos relacionados com o terreno representam entre 40 a 50 por cento do investimento, comparando com 70 por cento em Hong Kong. As vendas de apartamentos no One Oasis baixaram desde o início da pandemia da covid-19, mas restam apenas algumas centenas de casas por venda. Os preços mantêm-se inalterados, sendo que uma casa neste empreendimento pode custar entre 10 a 12 mil patacas por pé quadrado. A Arch Capital pretende investir mais em Macau, apesar do território sofrer com a falta de novos terrenos, uma vez que, nos últimos cinco anos, o Governo não disponibilizou espaços para concessão ou venda, disse Richard Yue. Andreia Sofia Silva

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8 sociedade

21.10.2020 quarta-feira

PRIVACIDADE DETIDO POR FOTOGRAFAR E FILMAR ESTUDANTES ILICITAMENTE

Trajes de menores Um residente de Macau foi detido por suspeita do crime de gravações e fotografias ilícitas depois de uma estudante do ensino secundário ter apresentado queixa sobre o facto de ter sido perseguida e filmada no centro da cidade. À polícia, o homem admitiu ter um interesse particular por fotografar raparigas em uniformes

De acordo com um comunicado divulgado ontem pelos Serviços de Polícia Unitários (SPU) os resultados dos testes preliminares sobre a técnica de reconhecimento facial e das chapas de matrículas de veículos, alcançaram resultados “satisfatórios”. Segundo a mesma nota, ficou provado que as técnicas testadas em modo “background” reduziram ”o tempo de pesquisa (…) em relação à forma tradicional”, contribuindo para o “reforço e eficiência dos trabalhos policiais”. Devidamente autorizados pelo Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP), os testes passaram por introduzir dados de indivíduos ou veículos suspeitos (simulados) no servidor do ”background” (computador) para verificar eventuais correspondências com as gravações do sistema “Olhos no Céu”. Os testes começaram em Agosto, tendo sido seleccionadas 100 câmaras, ou seja, 50 para testes de reconhecimento facial e 50 para testes de chapas de matrícula.

e captar imagens de estudantes nas ruas sem o seu consentimento, o porta-voz da PJ partilhou que o homem, de apelido Li, disse ter um interesse particular por fotografar raparigas em uniformes. Depois de o caso ter sido transmitido à escola em questão, outras três estudantes apresentaram queixa às autoridades por terem sido vítimas da mesma situação. Após investigação, a polícia concluiu que as gravações ilícitas foram da responsabilidade do mesmo homem. Durante a conferência de imprensa, wo porta-voz da PJ revelou ainda que, através da “Rede de Comunicação com as Escolas” foram desde logo notificados os estabelecimentos de ensino da mesma zona, com o objectivo de investigar se existem mais vítimas.

Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada quinta-feira um homem de 27 anos, residente de Macau, por suspeita do crime de gravações e fotografias ilícitas. De acordo com informações reveladas ontem em conferência de imprensa, o homem admitiu ainda, não só ter cometido o crime, mas também que, desde 2018, costumava captar imagens de raparigas em uniforme. O caso começou a ser investigado após uma estudante do ensino

secundário ter apresentado queixa na polícia na passada terça-feira, onde reportou que, desde o final de Setembro, quando passava pelo centro de Macau depois das aulas, começou a suspeitar de um homem que a costumava seguir com o intuito de a filmar secretamente. Recebida a queixa, o suspeito viria a ser detido pela PJ depois de o identificar com a ajuda das câmaras de vigilância de algumas lojas localizadas no centro da cidade. Após a detenção, a PJ encontrou no telemóvel do suspeito cerca

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Inteligência limitada

sector dos taxistas está descontente com o novo taxímetro inteligente que tem de ser instalado nos veículos até 3 de Dezembro e apresentou uma queixa ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). Numa sessão de esclarecimento aos taxistas, relatada pelo Jornal do Cidadão, foram vários os agentes do sector que se queixaram de que o novo taxímetro digital perde o sinal de rede, o que faz com que em parte do trajecto não seja calculado no preço a cobrar. Segundo as queixas do presidente da Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau, Leng Sai Vai, não só este sector perdeu entre 70 e 80

Videovigilância Reconhecimento automatizado com resultados “satisfatórios”

de 3.000 imagens, sendo que a grande maioria das fotografias e vídeos, captadas sobretudo de trás e de perfil, apresentavam estudantes de uniforme, nenhuma delas, no entanto, revelando partes íntimas das raparigas. Além do dispositivo móvel, a polícia apreendeu ainda um computador na residência do suspeito. Contudo, neste caso, não foram encontradas imagens com o mesmo teor. Questionado pelos jornalistas sobre as motivações que levaram o residente de Macau a perseguir

Problemas com o novo taxímetro geram queixas no CCAC

por cento do volume de negócios com a pandemia, como agora é prejudicado com um taxímetro pouco preciso. Outra das queixas ouvidas na sessão, prendeu-se com um erro de cálculo do custo da viagem, que é afectado nos trajectos que envolvem a Ilha da Montanha ou a passagem pelas pontes. Segundo um taxista, identificado pelo jornal como de apelido Chan, este aspecto prejudica os taxistas e terá mesmo motivado a apresentação de uma queixa no

CCAC. O mesmo taxista defende o regresso ao taxímetro antigo.

800 SISTEMAS INSTALADOS

Por sua vez, o representante da New Leader Tecnologia Informática (Macau), empresa responsável pelo novo sistema, Ngai Chi Kit, afirmou já ter comunicado o problema às operações de telecomunicações, de forma a encontrar soluções. Ngai disse ainda que cerca de 800 táxis instalaram o novo sistema de inteligente e que apenas receberam 12 queixas

Chat erótico Jovens chantageados recusam pagar 30 mil patacas

ESTÁ A GRAVAR

De acordo com a Polícia Judiciária (PJ) dois jovens foram chantageados com a publicação de vídeos captados durante a sua participação num chat erótico, onde se encontram sem roupa. Para evitar a divulgação do conteúdo, as vítimas teriam de pagar 30 mil patacas, montante que não chegou a ser transferido. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o caso aconteceu após os jovens conhecerem outras duas pessoas através de um canal de conversação da aplicação Line, acabando por conversar entre dois a quatro minutos, altura em que os vídeos terão sido captados.

O caso seguiu para o Ministério Público, onde o suspeito irá responder pelo crime de gravações e fotografias ilícitas, podendo vir a punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias. De acordo com a lei, o homem será acusado, caso fique provado que as fotografias e vídeos tenham sido captados “contra a vontade e fora dos casos permitidos pela lei”, mesmo em “eventos em que tenha legitimamente participado”. Pedro Arede

pedro.arede.hojemacau@gmail.com

por preços anormais. Entre as 12 queixas, apurou-se que três estavam relacionadas com uma má instalação do sistema. A New Leader Tecnologia Informática foi escolhida no final do ano passado para fornecer o sistema de gestão de táxis, por um período de oito anos, com um preço de 150 patacas por sistema instalado, a mais barata das propostas. Já o chefe da Divisão de Gestão de Transportes da Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego, Ho Chan Tou, garantiu que caso se confirme que os problemas se devem à concessionária, irá ser aplicada uma penalização. N.W. / J.S.F.

RÓMULO SANTOS

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A grande maioria das fotografias e vídeos, captadas maioritariamente de trás e de perfil, apresentavam estudantes de uniforme, nenhuma delas, no entanto, revelando partes íntimas das raparigas


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quarta-feira 21.10.2020

Idosos IAS promete mais 150 vagas em lares

Nos próximos dois anos, o Governo tem como objectivo aumentar em 150 as vagas disponíveis em lares de idosos, assim como aumentar em 130 as vagas em serviços diurnos de cuidados especiais. As metas foram reveladas pelo presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai. Em resposta a uma interpelação escrita do deputado Ho Ion Sang, foi ainda explicado que até Junho de 2020, 620 idosos, ou casais de idosos, viviam sozinhos em casa, e 6.000 agregados familiares necessitavam de cuidados especiais. Ainda para fazer face às necessidades da população, Hon Wai diz que actualmente Macau dispõe de sete equipas de serviços de cuidados domiciliários, seis centros diurnos de cuidados especiais, 10 centros diurnos para idosos e oito lares de idosos com acolhimento temporário.

AMCM SISTEMA QUE LIQUIDA EM TEMPO REAL HKD JÁ ESTÁ ACTIVO

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“Sistema de Liquidação Imediata em Tempo Real em Dólares de Hong Kong” (HKD RTGS), estabelecido pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM) entrou em funcionamento esta segunda-feira. Até ao momento aderiram ao sistema 28 bancos, que podem agora prestar aos seus clientes serviços de liquidação e transferência interbancária de fundos em dólares de Hong Kong (HKD). Segundo a AMCM, este sistema permite “reduzir o tempo necessário à realização de transferências interbancárias denominadas em HKD, criando assim condições indispensáveis para a chegada, no mesmo dia, destes fundos às contas”.

Lau Kei Fong, director do departamento de infra-estruturas financeiras e de tecnologia de informação da AMCM, referiu, citado por um comunicado, que o uso de HKD em Macau “é muito generalizado”, com o “número de transacções de valor elevado, liquidadas em HKD, a ser bastante considerável”. Os bancos estão isentos do pagamento de quaisquer custos com a ligação a este sistema, tendo sido processadas esta segunda-feira transacções no valor de 9,4 mil milhões de HKD. Lau Kei Fong adiantou ainda que foi reservada, aquando da criação do sistema “HKD RTGS”, um “interface”, que permite o estabelecimento, no futuro, de uma articulação com o sistema congénere de Hong Kong. O objectivo é promover “a interconexão entre mercados financeiros, contribuindo para a integração prática de Macau na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

COMÉRCIO ORÇAMENTO DE 50 MILHÕES PARA MIF, PLPEX E MFE

Um contributo virtual

Num ano marcado pela epidemia, a Feira Internacional de Macau e duas exposições que decorrem simultaneamente colocaram o foco nas actividades online. Em conjunto, os três eventos contam com um orçamento de 50 milhões de patacas

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25ª edição da Feira Internacional de Macau (MIF) arranca na quinta-feira, ao mesmo tempo que a Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa (PLPEX) e ainda a Exposição de Franquia de Macau (MFE). Os três eventos, que decorrem no Venetian até sábado, contam com um orçamento conjunto de cerca de 50 milhões de patacas e desenvolvem um conjunto de actividades através da internet. O presidente do IPIM, Benson Lau, reconheceu ontem que ao longo deste ano o novo tipo de coronavírus “provocou um enorme desafio” a todos os sectores. Em conferência de imprensa, disse que apesar de não se poder comparar o resultado desta edição com os anteriores, espera que a realização de três eventos em simultâneo consiga “um triplo efeito”. “O IPIM (Instituto de Promoção do Comércio e do In-

vestimento de Macau) adoptou o modo de integração online e offline e combinou a realização de exposições in loco com a transmissão ao vivo online, salões de exposição online e sessões de promoção online, ultrapassando assim os limites geográficos e espaciais”, disse Benson Lau. Esta edição dos três eventos ocupa 25 mil metros quadrados e conta com 1.200 expositores, que abrangem desde projectos de inovação tecnológica a serviços de consultoria profissional. Prevêem-se mais de mil expositores online, com

um total de 3.700 produtos nas salas virtuais, da China Continental, Portugal, Brasil, Canada, Singapura, Japão, Hong Kong e Macau. Benson Lau descreveu que “a situação de prevenção e combate à epidemia em várias regiões do estrangeiro apresenta-se ainda complexa e volátil”, mas que os empresários dos países de língua portuguesa e da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” podem assim interagir através de canais online. Vão ser instaladas bolsas de contactos em nuvem e uma sala de transmissão ao vivo no local

“O IPIM adoptou o modo de integração online e offline e combinou a realização de exposições in loco com a transmissão ao vivo online, salões de exposição online e sessões de promoção online, ultrapassando assim os limites geográficos e espaciais.” BENSON LAU PRESIDENTE DO IPIM

dos eventos, tendo as sessões de bolsas de contactos recebido mais de 450 marcações.

MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Na quinta-feira, dia 22, as três exposições destinam-se a profissionais, e nos dias 23 e 24 abrem ao público em geral. Quem passar pelos eventos tem de apresentar código de saúde, usar máscara e aceitar a medição de temperatura. A organização indicou que a iniciativa vai ser dividida em três zonas, cada uma limitada a 250 pessoas. Os três dias contam com mais de 50 fóruns, conferências e actividades de intercâmbio e promoção, incluindo a “17.ª Cimeira Mundial dos Empresários Chineses” e a “Actividade Promocional e Sessão de Bolsas de Contacto Alusivas aos Produtos de Vinho e Alimentares dos Países de Língua Portuguesa”. Salomé Fernandes

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De entre 52 projectos, foram seleccionados quatro para serem comissionadas pelo Centro Cultural de Macau. As produções abrangem vários temas, desde um espectáculo para bebés, a um musical que conta a história de pessoas a viver no Ikea

21.10.2020 quarta-feira

A caminho

IC QUATRO NOVAS PRODUÇÕES CONTAM COM APOIO DO CENTR

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Centro Cultural de Macau está a comissionar quatro novas produções, que foram escolhidas de uma lista de 52 projectos, comunicou o Instituto Cultural. Com um orçamento de cerca de dois milhões de patacas, a iniciativa apresenta-se como uma plataforma para criadores e associações artísticas, incentivando a produção local no âmbito das artes performativas. As produções escolhidas devem ser apresentadas em 2021 e 2022. Vão ser levados a palco em auditórios do Centro Cultural uma criação para bebés proposta

“Penso que o público de Macau está mais interessado na produção musical.” ANNETTE NG COREÓGRAFA

pela coreógrafa Choi Weng Teng e pela produtora CK Chan, uma produção dramática encenada por Harry Ng, bem como uma peça que será levada a cena pelo grupo de Dança Teatro MW, dirigido por Tracy Wong e Mao Wei. O grupo de trabalhos seleccionados inclui ainda um musical concebido por

Mok Keng Fong, EK Wong, Annette Ng e Mabina Choi. O regulamento do concurso definia que pelo menos metade dos membros criativos da produção deveriam ser residentes locais, e que os espectáculos deviam ter entre 60 e 120 minutos. Os serviços de apoio disponibilizados pelo Centro Cultural abrangem custos de produção até 490 mil patacas. As propostas foram submetidas no início do Verão, e a decisão final aprovada por um painel de júris. O objectivo da iniciativa passa por “enriquecer o panorama cultural com trabalhos que exalem vitalidade e relevância tanto para a sociedade como os tempos em que vivemos, providenciando oportunidades de desenvolvimento artístico para as companhias e artistas locais”, a par da oferta de novos produtos culturais.

DAR VIDA AOS ESPAÇOS

O musical que se encontra entre as propostas seleccionadas fala de personagens que vivem no Ikea. O guião é sobre quatro pessoas que estão em áreas diferentes, e aborda “como vivem as suas vidas, que problemas enfrentaram, e como se encontraram e decidiram viver secretamente em conjunto no Ikea”, explicou Annette Ng ao HM, apontando que o guião deve ficar completo no final do ano. A falta de dinheiro da população para comprar uma casa, e a reacção das pessoas às zonas de exposição na loja do Ikea, que exemplifica como se pode decorar os espaços, estiveram na origem da ideia. Nomeadamente por haver quem fique nas áreas de exposição das divisões das casas, aí se sente e durma.

“Penso que o público de Macau está mais interessado na produção musical (comparativamente à dança contemporânea ou espectáculo dramático) porque é muito mais divertido, com música, dança e um enredo agradável”, respondeu a coreógrafa. O grupo de teatro de dança MW foca-se na geração que se encontra entre os 25 e os 35 anos, e como enfrentar as dificuldades que surgem

MODA MACAU MUNHUB MOSTRA MODA PORTUGUESA EM FEIRA INTERNACIONAL 2020PLPEX

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MA empresa de Macau vai mostrar cinco marcas de moda portuguesas numa feira internacional no território, com o objectivo de dar oportunidade às novas designers, disse ontem à Lusa a organizadora. Clara Brito, co-fundadora da empresa de Macau Munhub, destacou que a Exposição de Produtos e Serviços dos

Países de Língua Portuguesa (2020PLPEX), que arranca na quinta-feira, servirá para “dar oportunidade para as designers mostrarem os seus trabalhos na China”. Sara França, Beatriz Julião, Marta Branco, Inês Botas, serão uma estreia “com sangue novo”, enquanto Gaura já colaborou com a empresa de Macau, explicou à Lusa.

Devido à pandemia da covid-19, as designers não vão poder marcar presença, devido às restrições fronteiriças à entrada em Macau. Neste contexto, a aposta deste ano estará centrada “no público local”, indicou Clara Brito. Os desfiles da Munhub terão lugar duas vezes por dia, durante os três dias da 2020PLPEX, detalhou.

No mesmo dia e espaço da 2020PLPEX decorrem ainda mais duas feiras: a 25.º Feira Internacional de Macau e a Exposição de Franquia de Macau 2020. Os três eventos ocupam uma área de 25 mil metros quadrados, com mais de 1.200 espaços de exposição de produtos. Também na quinta-feira, Macau vai organizar a Semana

Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa de forma 'online' e 'offline' para alargar o público e permitir que todos possam "experimentar as culturas sinolusófonas diversificadas". Com cerca de 40 apresentações culturais de 11 países e regiões, entre as quais Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Por-

tugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Goa, Damão e Diu, e Macau e China interior, o programa online terá início no dia 22 de Outubro, informou em comunicado o Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau), organizador do evento.


quarta-feira 21.10.2020

o do palco

eventos 11

RO CULTURAL

Lisboa Museu do Oriente acolhe obras de Macau

O Museu do Oriente, em Lisboa, tem patente, desde quinta-feira, dia 15, a exposição “A Terra Suspensa - Collective Exhibition of Macau Artists” [Exposição Colectiva de Artistas de Macau], e que reúne trabalhos de artistas como Eric Fok, Leong Chi Mou, Lam Seng e Wong Ka Long. O público poderá ver um total de 116 trabalhos de desenho, instalação, pintura a acrílico, fotografia e escultura, entre outros. O tema “A Terra Suspensa” remete para uma terra e um tempo que ficaram congelados no tempo, e os artistas colocaram nas suas obras as suas interpretações individuais da Macau do antes e depois da transição. A mostra conta também com o apoio da Macau Visual Art Student Zone na organização, sendo patrocinada pelo Instituto Cultural e pela Fundação Macau. “A Terra Suspensa” poderá ser visitada até ao dia 17 de Outubro do próximo ano.

FRC “Equador” e a relação com “Otello”, de Verdi

numa altura caracterizada tanto por força como fragilidade. Tracy Wong descreveu que se por um lado este intervalo de idades é uma “época dourada” em que tanto o corpo como a mente estão a ficar maduros, por outro lado surgem várias responsabilidades. “Enfrentam-se muitos problemas e é preciso fazer escolhas”, apontou a produtora. O espectáculo inclui nove dançarinos e um músico. Tracy Wong,

A Fundação Rui Cunha (FRC) realiza, esta quinta-feira, dia 22, a partir das 18h30, mais uma sessão da iniciativa “Ópera na Literatura”, desta vez sobre o livro “Equador”, do escritor e jornalista português Miguel Sousa Tavares e a ópera “Otello”, de Giuseppe Verdi. Os oradores serão Raul Pissarra e Adalberto Tenreiro, arquitecto. “De que fala este romance passado em S. Tomé e Príncipe, no final da Monarquia Portuguesa? Seguindo os passos do Governador do arquipélago ficamos a conhecer a paisagem tropical, as suas gentes e factos históricos. Segundo as palavras de Adalberto Tenreiro saberemos a sua relação com S. Tomé e Príncipe e a sua opinião relativamente ao Equador. Pode Equador ser considerado um mercado no panorama literário português? Que relação tem o Equador com a ópera?”, aponta um comunicado da FRC.

que vai coreografar e também dançar, explicou que o estilo escolhido para a música ao vivo foi rock porque a sua energia “é muito adequada” para a mensagem que se quer transmitir, que ainda assim aponta como sendo positiva.

Palestra José Rodrigues Miguéis homenageado

Salomé Fernandes

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EXPOSIÇÃO ESCULTURAS DE FENG XIAOFENG NO ARMAZÉM DO BOI

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Armazém do Boi inaugura esta sexta-feira uma nova exposição que é o resultado de uma residência artística de Feng Xiaofeng, e que estará patente até ao dia 6 de Dezembro. Feng Xiaofeng é um escultor que, nos últimos anos, tem apostado numa vertente multimédia para realizar

os seus trabalhos. Desta forma, o artista recorre a instrumentos musicais, instalações, sons, mobílias e outros objectos do dia-a-dia para criar as suas peças. Com esta metodologia, Feng Xiaofeng pretende “desconstruir os atributos e definições das suas peças, retirando o foco dos atribu-

tos originais dos objectos para, com várias linguagens artísticas, transformá-los em coisas com novas definições”. Através da exploração do som e das artes visuais, o artista “define a sua própria direcção artística com sons, tempo e imagem”. Na sua residência artística, Feng Xiaofeng

resolveu explorar sonoridades como a ópera local ou outros objectos através do movimento de um gravador, que permite gerar novos sons. “O artista grava o movimento e os sons em vídeo e compila o seu trabalho no formato de uma instalação vídeo. As esculturas de Feng Xiaofeng, as suas instala-

ções e trabalhos em vídeo constituem uma exploração, de uma maneira artística, de trajectórias sociais e de desenvolvimento que servem de ligação à sua imaginação do passado e do futuro”, lê-se numa nota divulgada pelo Armazém do Boi. A exposição, localizada na rua Volong, tem entrada gratuita.

A Fundação Rui Cunha (FRC) realiza uma palestra de homenagem ao escritor José Rodrigues Miguéis, intitulada “No ecrã do exílio: a Nova Iorque de Rodrigues Miguéis”. A sessão acontece na próxima terça-feira, dia 27, a partir das 18h30, e conta com a professora Dora Nunes Gago, da Universidade de Macau, como oradora. José Rodrigues Miguéis foi um dos maiores ficcionistas portugueses do séc. XX, tendo nascido em Lisboa em 1901. Falecido em Nova Iorque em 1980, José Rodrigues Miguéis foi expatriado e exilado durante vários anos, encontrando na emigração uma temática fecunda, que lhe permitiu desenvolver a análise de problemas sociais, numa perspectiva crítica despertada já na sua juventude e desenvolvida durante a vigência dos movimentos presencista (1927-1939) e neo-realista (anos 30 e 40).


12 china

21.10.2020 quarta-feira

ILHAS FIJI CHINA E TAIWAN TROCAM ACUSAÇÕES APÓS CONFRONTOS ENTRE FUNCIONÁRIOS

Diplomacia assertiva

Após os confrontos físicos no passado dia 8, que levaram diplomatas de ambos os lados ao hospital, as delegações de Pequim e Taiwan acusam-se agora mutuamente sobre a origem dos infelizes acontecimentos na recepção ao Dia Nacional de Taiwan nas Ilhas Fiji

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HINAe Taiwan trocaram acusações, na segunda-feira, sobre o confronto físico que envolveu diplomatas chineses e funcionários do Governo de Taiwan, durante a recepção do Dia Nacional de Taiwan, nas ilhas Fiji. Os dois lados confirmaram o incidente, ocorrido a 8 de Outubro, mas contestaram a versão um do outro. Um funcionário taiwanês foi levado para o hospital com um ferimento na cabeça. Um dos diplomatas chineses também ficou ferido. O confronto, que ilustra a crescente tensão entre Pequim e Taipé, eclodiu quando taiwaneses presentes no encontro tentaram impedir que diplomatas chineses tirassem fotos dos convidados na recepção, que perturbou o Dia Nacional de Taiwan, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros taiwanês. "Condenamos veementemente a violência contra o nosso diplomata nas Fiji, por PUB

Joseph Wu

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 30/P/20 Faz-se público que, por despacho da Ex.ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 29 de Setembro de 2020, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Material de Consumo Clínico para a Secção de Esterilização dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 21 de Outubro de 2020, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP47,00 (quarenta e sete patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov. mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 20 de Novembro de 2020. O acto público deste concurso terá lugar no dia 23 de Novembro de 2020, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP100.000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 14 de Outubro de 2020. O Director dos Serviços Lei Chin Ion

parte dos 'lobos guerreiros' incivilizados da China", acusou o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, na rede social Twitter. O termo 'lobo guerreiro' tem origem num dos filmes mais vistos de sempre na China e que representa a mudança da política externa do país para um estilo mais assertivo. O filme conta a história de um soldado chinês numa zona de guerra em África. "Taiwan é uma força do bem no mundo e não seremos intimidados", avisou Joseph Wu. Taiwan apresentou um protesto formal ao Governo das Fiji.

VERSÃO DE PEQUIM

A embaixada da China nas Fiji disse em comunicado que o relato de Taiwan era "inconsistente com os factos". A mesma fonte disse que um dos seus funcionários também ficou ferido. "Naquela mesma noite, a equipa do Escritório Comercial de Taipé nas Fiji agiu de forma provocadora contra a equipa da Embaixada da China, que estava a realizar as suas funções oficiais na área pública, fora do local do evento, e causaram ferimentos e danos a um diplomata chinês", lê-se na nota da embaixada. O lado chinês também criticou a celebração do Dia Nacional, dizendo que "viola o princípio de 'uma só China' e as regras e regulamentos relevantes do Governo das Fiji, com a tentativa de criar 'duas Chinas' ou 'uma China, uma Taiwan' internacionalmente".

Zhao Lijian

Para Pequim, o princípio de ‘uma só China' significa que a ilha de Taiwan faz parte da China. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, criticou as bandeiras e o bolo que o lado taiwanês exibiu.

“Condenamos veementemente a violência contra o nosso diplomata nas Fiji, por parte dos ‘lobos guerreiros’ incivilizados da China.” JOSEPH WU MNE DE TAIWAN

"O escritório comercial de Taipé nas Fiji, em 8 de Outubro, realizou flagrantemente um chamado evento de celebração nacional. A bandeira falsa foi exibida publicamente no local, e o bolo também estava marcado com o padrão dessa bandeira falsa", acusou em conferência de imprensa. Estas acções "violam gravemente o princípio de 'uma só China'". Taiwan é reconhecido como um Governo independente por apenas 15 nações, a maioria Estados pequenos e pobres, mas o seu Governo, democraticamente eleito, tem laços comerciais e informais extensos com muitos países.As Fiji reconhecem Pequim como o único Governo legítimo de toda a China desde 1975.

MAR DO SUL AUSTRÁLIA EM EXERCÍCIOS MILITARES COM EUA, JAPÃO E ÍNDIA

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Austrália vai participar, uma década depois, em exercícios militares no Mar do Sul da China, em Novembro, com os Estados Unidos, Índia e Japão, quando se intensificam as tensões diplomáticas e comerciais entre Camberra e Pequim. As manobras são "críticas para melhorar as capacidades marítimas da Austrália, criar interoperabilidade com os parceiros próximos e demonstrar (...) determinação colectiva em apoiar um Indo-Pacífico aberto e próspero", disse a ministra da Defesa australiana, Linda Reynolds, em comunicado. Os exercícios militares, iniciados em 1992 por Washington e Nova Deli, juntam este ano quatro potências indo-pacíficas, onde persistem as preocupações com a militarização da China e as disputas territoriais entre os países da região. Reynolds, que se encontrou com o homólogo japonês, Nobuo Kishi, em Tóquio, na segunda-feira, expressou "forte oposição a qualquer acção unilateral coerciva ou desestabilizadora que possa alterar o 'status quo' ou aumentar as tensões no Mar do Sul da China". Da mesma forma, a ministra australiana indicou que se opõe a qualquer tentativa de modificar o 'status quo' do Mar do Sul da China e reafirmou a importância da livre navegação na região estratégica em termos militares e comerciais, sem mencionar abertamente Pequim. O executivo de Camberra "acredita que a participação nas manobras militares vai fortalecer a capacidade da Índia, da Austrália, do Japão e dos Estados Unidos de trabalharem juntos para manter a paz e a estabilidade em toda a região", disse a chefe da diplomacia australiana, Marise Payne, citada no mesmo comunicado. Este ano, as relações entre Pequim e Camberra ficaram ainda mais tensas depois da Austrália lançar uma investigação independente sobre a origem da pandemia da covid-19. A China, por sua vez, suspendeu ou aumentou as tarifas sobre vários produtos importados do país oceânico.

Xangai Modelo 3 da Tesla vai ser vendido em Portugal

O fabricante norte-americano de veículos eléctricos Tesla vai começar a exportar o Modelo 3, que é fabricado na China, para a Europa, incluindo Portugal, a partir da próxima semana, informou ontem a imprensa local. O primeiro lote de veículos, fabricado em Xangai, sairá daquela cidade, na próxima terça-feira, com destino ao porto de Zeebrugge, na Bélgica. Portugal está entre os países onde estes veículos serão distribuídos. Espanha, Alemanha, França e Itália são os outros mercados. "Exportar para a Europa implica que o mercado europeu reconhece a qualidade dos Modelo 3 fabricados na China", disse o director de operações e fabrico da unidade de produção da Tesla em Xangai, Song Gang, citado pelo jornal Shine. A fábrica, que é a primeira da Tesla construída fora dos Estados Unidos, tem como objectivo produzir cerca de 150 mil unidades este ano.


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quarta-feira 21.10.2020

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ERCA de 60 mil pessoas em vários países receberam vacinas experimentais chinesas contra a doença covid-19 no âmbito de quatro ensaios clínicos, avançou ontem um alto funcionário governamental chinês, assegurando que nenhum voluntário apresentou “efeitos adversos sérios”. "Os ensaios clínicos de fase 3 das quatro vacinas (chinesas) estão a avançar”, afirmou o sub-director do Departamento de Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência e da Tecnologia chinês, Tian Baoguo, em declarações à comunicação social, referindo que cerca de "60 mil voluntários receberam uma” das quatro potenciais vacinas contra a covid-19. “Os efeitos adversos são comuns e normais numa potencial vacina. Das 60 mil pessoas que receberam a vacina, algumas tiveram efeitos adversos leves, como inchaço na zona da administração da vacina ou febre, mas nenhum efeito secundário sério foi relatado”, assegurou o mesmo alto funcionário governamental. A fase 3 de testes clínicos é a última fase antes de uma vacina receber a aprovação das autoridades regulatórias. A China, onde o novo coronavírus (SARS-Cov-2) foi detectado pela primeira vez em Dezembro PUB

Injecções de esperança Governo diz ter testado vacinas em 60 mil pessoas “sem efeitos adversos sérios”

significativos na investigação sobre uma potencial vacina contra a doença covid-19, já matou mais de 1,1 milhões de pessoas em todo o mundo desde o final de Dezembro de 2019. Em todo o mundo, e até ao momento, existem mais de 40,4 milhões de casos de infecção pelo novo coronavírus. Vários fabricantes chineses estão na corrida para produzir uma va-

de 2019, praticamente erradicou a epidemia, registando sobretudo casos de infecção importados. A Comissão de Saúde da China informou ontem que o país diagnosticou 19 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior.

Desde o início da pandemia, a China registou 85.704 infetados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2. O gigante asiático está entre os países que registam avanços mais

“Das 60 mil pessoas que receberam a vacina, algumas tiveram efeitos adversos leves, como inchaço na zona da administração da vacina ou febre, mas nenhum efeito secundário sério foi relatado.” TIAN BAOGUO MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA CHINÊS

cina contra a covid-19, como é o caso das empresas Sinovac e Sinopharm.

AJUDA EXTERIOR

As duas farmacêuticas recorreram a outros países para realizar os testes clínicos em pessoas, nomeadamente o Brasil, Indonésia e a Turquia. Com a identificação na China de poucos novos casos diários de infecção, “as condições não estavam mais reunidas para conduzir um ensaio clínico de fase 3” no território chinês, esclareceu Tian Baoguo. Até à data, não existe nenhuma vacina operacional contra a covid-19, ou seja, nenhuma vacina recebeu a aprovação para uma distribuição comercial de grande escala. No entanto, as autoridades chinesas estão a autorizar a utilização de emergência de algumas destas vacinas experimentais. Desde Julho, no território chinês, centenas de milhares de pessoas que trabalham em sectores designados como de risco e essenciais, como os portos ou os hospitais, já foram vacinadas. Até ao final do ano, a China prevê ter capacidade para produzir 610 milhões de doses anuais de várias vacinas contra a covid-19. As autoridades chinesas antevêem que esta produção anual aumente para mais de mil milhões de doses até 2021.


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Divina Comédia Nuno Miguel Guedes

Mudemos de casa: porque é preciso Arrumar as dores de outra maneira, Certificarmo-nos da existência do corpo Em novos lençóis, voltar a ter ilusões, Lugar propício para a curiosidade De alguns que nos fazem acreditar Que a vida é um amplo anfiteatro Para as mãos. Portadas Abertas, Jorge Gomes Miranda

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OSTO muito do que escreves, a sério! Mas os temas são recorrentes: a mortalidade, a tristeza, o ódio a estes tempos...”. Caramba. Este amigo-leitor atento tem toda a razão. Quando mo disse apeteceu logo replicar com a citação do Nelson Rodrigues sobre o valor da obsessão. Mas, por definição, até isso seria naturalmente recorrente. Isto porque queria escrever sobre mudança, algo que perpassa muitos destes textos e foi explicitamente tratado há dezasseis semanas aqui mesmo. Então porquê outra vez?

21.10.2020 quarta-feira

O poema me

Mudar, outra vez

A resposta imediata e sorridente que o meu interlocutor recebeu nessa altura foi “sei lá”. Mas é mentira: sei porque aquilo sobre o que escrevo já está há muito no que quero ou não quero, no que acredito ou recuso. E um tipo, a partir de certa vida (podem dizer idade) vai ganhando coragem e alguma elegante impunidade (pronto, esta parte sou eu a sonhar o que gostaria de ser). Portanto: fazendo um exercício que sinceramente não gosto de fazer percebo que desde há muito tempo aborreço as pessoas com variações sobre os mesmos temas. Só que depois do pânico cruzo as pernas, reclino-me e fico quase confortado e incomodado com o provérbio que daí sai: é a vida. E é mas por vezes e sobre certos momentos podia oferecer um tempo para preparar certos mergulhos. Mas não: é agora, de apneia e aguenta esse fôlego. Está certo. De forma que aqui voltou algo que tanto temo como sei irreversível: a mudança. Para quem pensa como eu, o medo da mudança não é mais do que o medo

da perda – é por isso que o compromisso tem de a acompanhar, sob pena ficarmos sozinhos numa floresta nova e desconhecida. E neste olhar sobre a sociedade e a política que me rodeia percebo a urgência nesta prática. Ao que parece, não sou só eu: quando um candidato às presidenciais americanas – sim, esse, não o outro – pede explicitamente que as diferenças se unam e trabalhem para um bem comum – bom, isso nesta altura é mudança.

A melhor mudança é o que nos devolve o familiar. O que estimamos, quem estimamos. A vida trata do resto e apesar de nós: as perdas, os ganhos, as certezas

Então poderá ser a mudança um caminho para algo que já conhecemos e desejamos? Sim. Gosto muito destes dois versos de um novo poeta, André Osório: “Atravessar o tapete de casa /é um acto de recordação”. (Passagem, Observatório da Gravidade) E é isto, é exactamente isto: há uma melancolia desejada e inerente a quem regressa (e Osório, sendo admirador explícito de Larkin e de Heaney sabe-o bem). Mas quem regressa terá um dia partido e isso pode acontecer e acontece todos os dias. E o poeta nem sequer nos sugere direcções de entrada ou saída. Continua a bater certo. Isto para dizer que a melhor mudança é o que nos devolve o familiar. O que estimamos, quem estimamos. A vida trata do resto e apesar de nós: as perdas, os ganhos, as certezas. Aproximo-me de um desses momentos, outra vez, como tantas vezes me aconteceu. O pânico, a preguiça e a resistência são os mesmos. O medo já não: mudarei para aquilo que já conheço e quero.


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quarta-feira 21.10.2020

levará no tempo

Diário de um editor João Paulo Cotrim www.torpor.abysmo.pt

PALÁCIO PIMENTA, LISBOA, DOMINGO, 11 OUTUBRO Ignorando as recomendações sanitárias, visito a Feira Gráfica, versão novo normal de exposição de edições e sob o lema-manifesto, «continuar a editar!». A luz quente e precisa da tarde parece partir das salas do Pavilhão Branco, salomonicamente distribuídas pelo gosto e critério dos curadores, Emanuel Cameira, Filipa Valladares, Gonçalo Duarte e Xavier Almeida. «Os dois verbos que compõem o título – continuar e publicar –, quando juntos, supõem aliás duas tomadas de posição: a de não desistir e a de zelar por.» Perto de uma centena de projectos e presenças, ainda que não incluam tudo o que mexe nos interstícios, confirmam uma vitalidade que mastiga aos limites o objecto-livro, e nele absorve a ilustração, o desenho, a fotografia sob a batuta de design autoral forte. Como robusta se faz a afirmação (política, cultural, das muitas diferenças), apesar de aqui e ali ceder a modismos invariavelmente bacocos. Da abysmo constavam, escolhidas pelo Emanuel, as ilustrações do João [Maio Pinto] para «Os Grandes Animais», e as do Rui [Rasquinho] para «Aaron Klein». Além do rasgado retrato de Ramón pelo Rui [Garrido] – peça número 13, como não podia deixar de ser. Uns dias antes, participei em (quase) debate sobre os «constrangimentos e oportunidades» de publicar nestes tempos de pandemia. Nada de muito novo, até porque há anos fervemos em crise, neste país que, além de não ler, detesta os livros e o que eles significam. Projectos como este dizem-me que, apesar das diferenças e dos insultos, há quem teime em tocar a reunir as vozes e os instrumentos na banda da aldeia.

CASA DA CULTURA, SETÚBAL, SÁBADO, 17 OUTUBRO Antes que nos voltem a fechar, fui à beira Sado, margem de tantas casas, respirar

imagens. Até final de Novembro, por ali acontece mais uma edição da Festa da Ilustração, desta (quase) sem a minha intervenção. Logo cedo e na ressaca do ano passado, achei melhor excluir-me das tarefas de alinhamento e desafio, de arranjo e reclame. As contas de cinco edições fixaram uma fôrma que nem ela precisa de mim, nem eu preciso que me agrave o cansaço de fazer tudo e mais alguma coisa. Ou mais alguma coisa na vez de tudo. Que melhor maneira de começar do que pela surpresa? Na Casa da Avenida aparcou a homenagem ao João [de Azevedo], na qual se incluem os seus derradeiros originais, telas que ilustram meia dúzia de contos (quase) eróticos de Fernando Cabral Martins. «Taxi» (ed. Estuário) esteve para ter edição da abysmo, mas estacionamos muito e conduzimos devagar, sem portanto conseguir dar resposta veloz à maior parte das chamadas. Nem sempre me lembro de avisar que preciso antes construir o veículo em que nos deslocamos. Perdi já corridas imperdíveis, mas também ganhei paisagens ficando quieto. Certo é que me deslumbraram, mais do que no antes visto, estas passagens dos corpos nos pequenos paralelepípedos em movimento, cores fortes, perspectivas rasgadas, representações fluidas como as águas onde a vida se inscreve. Quem vai

ao volante quando nos atravessamos em andamento? Disse o mapa que o percurso deveria continuar para outra Casa, a irreconhecível da Cultura, contaminada pela doença dos tol(d)os que atacou a cidade com um decorativismo de vómito. Logo na montra se percebe que algo mexe no miolo. «Esta exposição só acontece na cabeça de cada um. E a cada dia, na Casa, o panorama do visível mudará. Estas formas estão vivas. À maneira de André da Loba (desenho algures na página), se recortasse em madeira colorida as palavras, para que explodissem em potência e clareza, depois de formas, traria de novo fluidez e somava-lhe luxúria. Mas seria difícil manter as letras quedas sem que logo começassem a recombinar-se: luxidez, luximas, formúria, formidez, fluimúria, fluxúria.» O André, nesta encantada «Chius, rangidos, frufrus», «expõe um laboratório onde apresenta, pela primeira vez com esta dimensão, os resultados da sua tentativa de compreender as estruturas da vida. A evolução destas formas conquistaram caminho sobre todos os terrenos como só a correnteza da água sabe fazer. Também no concreto da sua profissão, onde foi aplicando um vocabulário pessoalíssimo a cada solicitação, parecendo resposta libertária à sua própria intuição e curiosidade,

ANDRÉ LOBA

HORTA SECA, LISBOA, TERÇA, 13 OUTUBRO Na monda de qualquer texto costuma surgir flor orvalhada. No caso, na preparação dos fragmentos dedicados à investigação da natureza e outros problemas gerais, com o mano António [de Castro Caeiro], deparo-me com esta dúvida, farei parte dos do Teatro de Dionísio ou instalou-se o mau tempo nas nossas existências? «Porque são os artistas do Teatro de Dionísio, o mais das vezes, pessoas da pior espécie? Porque não tomam parte, de maneira nenhuma, daquilo que faz sentido ou da filosofia. Porque passam a maior parte das suas existências com as exigências da sua arte e porque passam tanto tempo em situações fora de controlo, por vezes até em grandes aflições. Ora tanto a perda de controlo como as aflições são elementos que constituem a precariedade.»

Andar sobre as águas sem os condicionamentos que a prática da disciplina impõe. Em pano de fundo, um degradê. A subtileza deve representar-se assim, em suaves mudanças de tom, a começar no deslumbramento da descoberta inicial, aquela que muda a maneira de ver. (…) Cada ser, cada cor reflecte luz e pensamento em distintos comprimentos de onda. André da Loba criou uma oficina de escuta permanente. Não sei como ouve melhor, se com a mão, se com os olhos.» Levam-nos os passos à Lapsos, onde se recolhem «Ilustradores Ilustrados», vistos e revistos pelo João [Francisco Vilhena], e assim apresentados por este vosso criado: «Usando a sedução para fazer desaparecer a máquina, capturou retratos memoráveis dos criadores de irrequietas visões. Além do lado documental, que conserva fragmento de movediço tempo, cada ilustrador ilustrou-se. Com obsessões e fantasias, personagens e vultos referenciais, leituras e materiais do seu trabalho, simples estados de espírito. Vinte anos depois, oito desses autores, foram convidados a continuar o diálogo. E o fotógrafo voltou a estender a identidade como cenário, assombrando o tema com imagens-fortes: um pai faz-se papel de pintar, alguém acaricia um gato como se fosse a cor, um cachimbo torna-se ferramenta de investigação do olhar, há quem se veja apanhado em rede de atacadores dos sapatos-caminho, ela usa as unhas para desenhar gritos, ele afirma-se caçador de vírus, e por perto está o encantador de serpentes. Uma cartola parece conter as ideias que fogem de quem brinca com elas. Mesmo quando se esconde, o rosto apresenta-se enquanto palco maior. Os elementos são aparentes distrações, afinal atalhos para o essencial. Gente que não sabe andar sem um lápis.» No extremo da avenida, encontram-se o fulgor de Thomaz de Mello, mais um resgatado, pelo Jorge [Silva], ao pó do esquecimento. Estas recolhas são caixas de fósforos, coisa minúscula, mas que, risco após risco, iluminam múltiplos aspectos de obras que se voaram explícitas abaixo do radar, em artes aplicadas aos quotidianos mais anónimos, mas que teimam em fixar-se nas nossas memórias de meninos, que assim se cristalizam perante estes bonecos. Perdi-me em «Os Lusíadas» compostos que nem espelho daqueles anos de sessenta e setenta em que a noite não impedia a dança. Subimos à Gráfica, ruína ainda virgem e a tremer de potencial, memória industrial na carne da cidade, onde bem se emparceiraram a «Ilustração Portuguesa» e a «Prata da Casa», recolhas colectivas que se são faróis de enorme e diversa energia. Como se o miradouro vizinho abrisse vistas e horizontes ali, sob os ecos das máquinas de multiplicar palavras. E possibilidades.


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Duelo

Cidade ecrã Rui Filipe Torres*

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ERÇA-FEIRA, dia 20 tem logo pela manhã uma manifestação em frente da Assembleia da República. A razão, mais próxima, da convocação é proposta de alteração à lei do cinema em que, a propósito da recomendação diretiva europeia sobre a forma como as plataformas de exibição VOD (vídeo on demand) vão contribuir para as cinematografias nacionais em territórios da EU. A razão de fundo é estrutural e resulta da ineficácia do ICA - Instituto do Cinema e Audiovisual - enquanto líder das ações do poder político para o cinema dando cumprimento às políticas públicas para a atividade cinematográfica e audiovisual. Esta ineficácia resulta primeiramente da incapacidade do Estado nos últimos 40 anos em entender e atuar em consonância o que é o cinema e audiovisual nas sociedades da informação e comunicação (Castels, Manuel; A sociedade em rede; o poder da identidade; o fim do milénio)1, isto para nos remetermos ao período da normalização administrativa do regime da III República. Em território nacional raras foram as vezes em que o cinema chegou à agenda dos media por motivos positivos, salvo quando da presença do cinema português em festivais como Veneza, Cannes, Berlim, Toronto, Sundance, Roterdão, Locarno, Rio de Janeiro, S. Paulo, Shangai, Tokio, Istambul, ou outros de relevância equivalente, o que felizmente e apesar da inabilidade e incompetência dos decisores políticos, vem sendo habitual e com presença nos filmes premiados. As políticas públicas para o cinema trabalham sobre três atividades complementares e interligadas mas distintas do sector de atividade cinematográfica; produção, distribuição, exibição. O digital, os satélites e a internet vieram alterar significativamente as três áreas de trabalho, como é por todos constatável, mas e apesar da famosa “transição digital” nas comunicações de intenção dos sucessivos governos, no cinema e na legislação que o enquadra, de estrutural pouco tem sido mexido. A ser claro, o cinema como produtor necessário no diálogo contemporâneo como força construtora do mundo, como instrumento do soft power necessário e urgente a um pequeno estado como Portugal com forte identidade no mundo; o lugar do cinema na diplomacia cultural; a sua potencia e dimensão da nova economia digital; na criação de novos empregos no sector para os novos profissionais que saiem das escolas de artes e cinema; o lugar do cinema na coesão identitária e territorial nas aceleradas mudanças sociais contemporâneas, está longe das preocupações dos decisores políticos e até das preocupações de muitos do “fazedores” do cinema.

Duelo ao Sol ; King Vidor ,1946 ,Western

No recente estudo encomendado a António Costa Silva “visão estratégica para o plano de recuperação económica e social de Portugal 2020-2030”, o digital está obviamente presente e domina as percepções de futuro. É afirmado: “Hoje, no nosso planeta, temos cerca de dois mil e seiscentos milhões de máquinas, smartphones, computadores que estão interconectados e a estimativa é chegar a quarenta mil milhões em 2040. É um aumento de dezasseis vezes, e tudo isto vai exigir energia” .2 A sociedade ecrã, denominação com que vários autores caraterizam as sociedades atuais, transportou os filmes da sala escura para o bolso do casaco, para os transportes públicos, cafés, parques de

Verificando como o cinema tem vivido nos últimos 40 anos e o que é a sua potência em 2020, a criação da Ordem do Cinema, parece ser o instrumento necessário e aglutinador do sector para o desenvolvimento do cinema em Portugal

estacionamento, salas de espera, não se trata apenas de um aumento exponencial de ecrãs mas sobretudo de alterações de hábitos de consumo, bem como de oportunidades para sectores como o da atividade cinematográfica e audiovisual, dada a apetência para o crescimento do consumo por parte dos públicos; mas a esta afirmação o documento não chega. O plano no ponto 3.1.10 - Cultura, Serviços, Turismo e Comércio - da página cem à cento e quatro, a palavra cinema surge na frase : “A importância do sector da cultura no funcionamento das sociedades modernas é incontornável, pelas mais-valias e impactos que traz em termos de inovação e criatividade. Existe um conjunto de iniciativas do governo


ARTES, LETRAS E IDEIAS 17

quarta-feira 21.10.2020

ao Sol

para lidar com a situação de emergência vivida neste sector, que passa pelo apoio aos agentes culturais, e que deve ser reforçado para contemplar os produtores de bens culturais, nas áreas da música, literatura, teatro, cinema e artes plásticas”. Esta é a realidade da discussão pública sobre o cinema em Portugal. Temos é certo discussões nas páginas do FB ou em associações e núcleos de maior ou menor dimensão. Ainda hoje em Portugal para muitos a discussão é sobre a diversidade e pluralidade das obras, ou ainda sobre critérios de gosto impostos pelo Estado, discussão que é poeira para os olhos, conversa inútil, que promove um certo espetáculo de boxe ( sem a qualidade do grande filme Belarmino)3, em

se posicionam de um lado os lutadores do cinema “arthouse de qualidade” e do outro “ o cinema para o público ”, como se a questão cinema em Portugal se traduzisse nesta problemática. Sobre a manifestação desta terça feira demonstra o que todos reconhecem; a dificuldade de financiamento. Não oferece dúvida que as operadoras /plataformas de difusão e exibição na web devem pagar, tal como pagam os canais de difusão tradicionais, em função da publicidade que passam. Esta é uma das formas de financiamento do cinema e do audiovisual em Portugal e não há, além da inscrição de verbas diretas no orçamento de Estado, ou da criação de medidas articuladas entre diferentes ministérios,

ou outros incentivos de natureza fiscal, outras formas significativas de financiamento. Um dia, quando atividade tiver a centralidade que exige, complementarmente às formas de financiamento a partir das politicas públicas para o cinema, será também possível em Portugal o acesso ao capital de risco para montagem financeira dos projetos cinema. A forma como esta nova contribuição deve acontecer não tem de ser necessariamente esta ou aquela, desde que esta ou aquela, sirva de facto a criação cinematográfica - filmes e séries, em Portugal. O ICA, o instituto público que tem a finalidade de dar cumprimento às políticas públicas para o cinema, como sempre, não é líder na discussão, e tem ele próprio dificuldade em saber e propor que políticas públicas para o cinema. Aliás a própria tutela também dado que muito recentemente foi anunciado um estudo a uma empresa Inglesa sobre como devem ser a políticas públicas para o cinema de Portugal. Parece e é estranho, mas é uma notícia que não foi desmentida. A situação que há muito se mantém é a de um ICA que delega em alguns atores da atividade cinematográfica a decisão da efetivação da política pública para o cinema. Esta realidade, sejam produtores, realizadores, distribuidores, argumentistas, diretores de fotografia, atores, ou outros, é uma perversão e o abdicar do que lhe é próprio na sua competência e do contrato dos portugueses com os seus governos. É historicamente demonstrável, tem sido sempre isto sustentado com o paleio "democrático" de ouvir os "agentes" do sector que, convenhamos, em vários casos tem um pensamento sobre o papel do cinema nos estados contemporâneos, e em particular no caso de um pequeno estado como Portugal, se não nulo, muitas das vezes próximo da ignorância. Entretanto na alta administração do Estado Português, s a preocupação com outras matérias, facilmente lava as mãos e delega nas vozes que se conseguem fazer ouvir nas TVs e Imprensa. E o cinema lá vai andando aos empurrões 80% a baixo da sua potencia e até necessidade, na construção do tecido social, cultural, económico, do país. Dado o “estado de coisas” que o cinema português vive, é tempo de criar a Ordem do Cinema. No ordenamento jurídico português as Ordens Profissionais são caracterizadas como: “ associações profissionais particulares constituem-se para defender os interesses de um determinado grupo de pessoas e não estão sujeitas a qualquer tutela do Estado. As Ordens Profissionais prosseguem interesses públicos traduzidos na garantia de confiança nos exercícios profissionais, que envolvem especiais exigências de natureza científica, técnica e deontológica.

São associações públicas criadas pelo Estado por devolução de poderes (recebem do Estado poderes a ele pertencentes), e, por isso, a sua criação e organização é regulada pelo direito público e não pelo direito privado (embora certos aspectos do seu funcionamento possam ser regulados pelo direito privado). Integram a Administração do Estado (administração autónoma), participando da atividade administrativa. Estão sujeitas a uma tutela estadual mais ou menos intensa. As profissões ordenadas estão, por princípio, sujeitas a registo oficial dos seus membros, o qual tem uma função externa de publicidade e de proteção da boa fé dos cidadãos quanto à habilitação profissional. Não existe em Portugal uma lei-quadro das Ordens Profissionais (a criação de Ordens Profissionais tem resultado de diplomas legislativos avulsos). Porém, traço comum a todas elas é o seu interesse geral relevante, apertados preceitos deontológicos e estrutura disciplinar autónoma (as penas disciplinares podem ir até à interdição do exercício da atividade profissional). Segundo Diogo Freitas do Amaral que as Ordens Profissionais são associações públicas que: 1.º – Só podem ser constituídas para satisfação de necessidades específicas; 2.º– Gozam do privilégio da unicidade; 3.º – São de inscrição obrigatória; 4.º – Podem impor a quotização obrigatória a todos os seus membros; 5.º – Controlam o acesso à profissão do ponto de vista legal e deontológico; 6.º – Exercem poder disciplinar sobre os seus membros Verificando como o cinema tem vivido nos últimos 40 anos e o que é a sua potência em 2020, a criação da Ordem do Cinema, parece ser o instrumento necessário e aglutinador do sector para o desenvolvimento do cinema em Portugal.

1 - Trilogia editada pela Fundação Calouste Gulbenkian , serviço de educação e bolsas 2 - Costa Silva, António Costa “visão estratégica para o plano de recuperação económica e social de Portugal 2020-2030”, pág. 18 3 - Realização Fernando Lopes , 1064, 35 mm produção António da Cunha Telles, filme que cruz ficção e documentário.

* Cineasta, Jornalista. Doutorando em Estudos Artísticos - Estudos Fílmicos e da Imagem - FL -Universidade de Coimbra Mestre em Estudos Culturais Aplicados em Cinema - Desenvolvimento de Projecto Cinematográfico - ESTC Instituto Politécnico de Lisboa. Licenciado em Ciências da Comunicação - ISCSP - Universidade de Lisboa


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Mais de mil presos, incluindo alegados membros das Forças Democráticas Aliadas (ADF), escaparam da prisão de Beni, no conturbado leste

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da República Democrática do Congo (RDCongo), após um ataque atribuído àquele grupo armado, afirmaram ontem fontes administrativas e

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C I N E M A

Um filme de: Tate Taylor Com: Jessica Chastain, John Malkovich, Common, Greena Davis 14.30, 19.30, 21.30

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DORAEMON THE MOVIE: NOBITA’S NEW DINOSAUR [A] FALADO EM CANTONENSE Um filme de: Imai Kazuaki 16.45 SALA 2

FATIMA [B]

Um filme de: Marco Pontecorvo Com: Stephanie Gil, Sonia Braga, Joaquim de Almeida, Goran Visnjie 14.30, 16.45, 19.30

HOTEST THIEF [B] Um filme de: Mark Williams

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 45

2 7 6 4 2 1 5 3

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PROBLEMA 46

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policiais. “A prisão de Kangbayi foi atacada pela ADF”, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) o presidente interino da câmara

0.25

YUAN

1.19

de Beni, Muhindo Bwakanamaha. “Apenas cerca de 100 dos 1.455 reclusos não saíram da prisão”, acrescentou aquele responsável.

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4 5 7 2 3 1 5 7 6 7 2 3 3 4 5 6 1 4 www. hojemacau. 1 6 2 com.mo 48

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Com: Liam Neeson, Kate Walsh, Jeffrey Donovan, Jai Courtney 21.45 SALA 3

GREENLAND [B]

Um filme de: Ric Roman Waugh Com: Gerard Butler, Morena Baccarin, Scott Glenn 14.15, 21.30

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THE CONFIDENCE MAN JP ESPISODE OF THE PRINCESS [B] FALADO EM JPONÊS LENGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Ryo Tanaka Com: Masami Nagasawa, Masahiro Higashide, Fumiyo Kobinata 16.30, 19.00

UM DOCUMENTÁRIO HOJE Não temos um planeta B e este documentário de David Attenbourough evidencia isso mesmo. A população mundial cresceu mais do que o previsto, à conta dos avanços da medicina e do aumento da esperança média de vida, mas isso significou um enorme impacto no meio ambiente. David Attenbourough explica as consequências de tudo isto de uma maneira simples e directa, dada as suas excelentes capacidades de comunicação. Um documentário realista mas, sobretudo, emotivo, que apesar do cenário catastrófico, apresenta alternativas para um futuro mais sustentável. Andreia Sofia Silva

DAVID ATTENBOROUGH | UMA VIDA NO NOSSO PLANETA | NETFLIX | 2020

1 3 2 6 4 5 6 7 2 1 4 3 AVA 6 4 5 1 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 7 6 1 2 Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; 3 Maia2e Carmo;7Rita Taborda 5 Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Namora; David Paulo Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 5 7 3 4 Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 19

quarta-feira 21.10.2020

sexanálise

TÂNIA DOS SANTOS

MA associação no Reino Unido estabeleceu que esta seria a semana da consciência ambienta-menstrual onde tentam incorporar vários temas que por aqui já vos trouxe ao longo do tempo: tabu, pobreza, inclusão e representação menstrual, e os seus efeitos no ambiente. A proposta é de que a menstruação, para além de sangue a sair por entre as pernas, seja uma questão de justiça social. Nós, humanos, perpetuamos práticas menstruais que não nos trazem muita saúde, nem física, emocional ou ambiental. As práticas desenvolvidas para ajudar a gerir a menstruação têm resultado em poluição. Os produtos como pensos e tampões descartáveis acabam no mar e em aterros sanitários. Não há praia com lixo que não tenha algum componente menstrual, e, dada a percentagem atroz de plástico na sua composição, estes objetos nunca vão desaparecer por completo. Um facto aleatório para o vosso conhecimento geral. Neste ano de 2020, em que sentimos tudo a mudar, a menstruação continua a ser uma preocupação de topo. O que devia ser tremendamente normal – os úteros sangram mensalmente -, continua a ser uma grande fonte de escárnio e nojo. Vi algures uma tira de BD que ilustrava a dificuldade em normalizar o sangue menstrual. Imaginem um tipo sentado no sofá a ver uma batalha sangrenta na televisão, está todo contente! Em outro momento, aparece um penso ensanguentado no ecrã, e com ele vem a expressão de horror do espectador. Padrões duplos, é o que é. Para umas situações o sangue é fixe, para outras é absolutamente intolerável. De quem é a culpa desta discriminação menstrual hedionda? Nossa, minha, tua, de todos. A educação menstrual está mais a cargo das empresas de comercialização de produtos do que de conversas familiares sem vieses comerciais. Empresas que retratam a menstruação como um líquido azul. Porque ainda hoje, ninguém diz que está com o período. Ensinou-me a minha mãe. Insinua-se que se está menstruada, com um código de morse, com olhares de “a ver se me faço entender”. Desconversa-se a menstruação porque o aceitamos como a norma, e há quem sinta a necessidade de se desculpar por sequer mencioná-la na comunicação social. Não se fala da menstruação como quem fala de queques, por exemplo. Se assim fosse estaríamos mais à vontade em trocar receitas (e factos!), ou discutir as melhores estratégias que nos trazem conforto durante dias de inchaço e dor, até aos produtos que usamos e queremos recomendar. Sabiam que a água ensanguentada, das lavagens dos

MENSTRUAL PERIOD IN POLITICAL HISTORY

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Factos menstruais

pensos e cuecas menstruais reutilizáveis, resulta numa água tão incrivelmente rica que podem regar as vossas plantas com ela? Outro facto menstrual que provavelmente não sabiam, e este, muito benéfico para o ambiente. Até acho que, a incapacidade de falar de menstruações como quem fala de um

Neste ano de 2020, em que sentimos tudo a mudar, a menstruação continua a ser uma preocupação de topo. O que devia ser tremendamente normal – os úteros sangram mensalmente -, continua a ser uma grande fonte de escárnio e nojo

bolo de arroz, e o uso massivo de produtos descartáveis, fizeram com que as pessoas menstruantes se desconectassem da sua menstruação. O que ela é e para onde vai? O plástico e a menstruação começaram a ter uma relação mais íntima, precisamente porque as pessoas queriam formas discretas de lidar com ela. Mas agora que vemos os pensos descartáveis (que podem ter 90% de plástico! Outro facto) a serem encontrados pelas praias do mundo, as pessoas mais ambientalmente conscientes ficaram com vontade de utilizar outros produtos: pensos reutilizáveis e copos menstruais. Com esta transformação vem outra transformação desejável: uma relação mais próxima com a menstruação, olhar o sangue de frente e aguentar todas as pressões que nos sinalizaram que podia ser nojento. Não vale a pena viver na pouca aceitação (social e individual) porque a menstruação é um facto inevitável da vida.


“Mais vale ser invejado que lastimado.” Heródoto

Lisboa Ai Weiwei na Cordoaria Nacional em Junho de 2021

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MA exposição com obras inéditas do artista e activista chinês Ai Weiwei, que juntará lado terreno e lado espiritual do autor, vai ser inaugurada a 4 de Junho de 2021, na Cordoaria Nacional, em Lisboa, anunciou ontem a produção. “Rapture” será o título desta exposição - a primeira individual do artista em Portugal - cujas obras originais estão a ser produzidas no país, explorando técnicas tradicionais locais, revisitadas por Ai Weiwei, revelou o artista numa conferência de imprensa, na presença do curador da mostra, Marcello Dantas, e do director da promotora Everything is New, Álvaro Covões. Esta mostra, que ocupará duas alas da Cordoaria até 28 de Novembro do próximo ano, também irá conter alguns dos trabalhos mais icónicos do artista, mundialmente conhecido pela oposição ao regime chinês e pelas mensagens no seu trabalho sobre questões fortemente políticas, e em defesa dos direitos humanos. “Estou aqui estabelecido há alguns meses, e a aprender com a cultura local e o artesanato”, disse Ai Weiwei, que tem trabalhado em Portugal, numa propriedade no Alentejo, onde o projecto está a ser desenvolvido. O título da exposição reúne duas dimensões da vida e obra do artista chinês: o seu lado carnal, ligado a uma dimensão terrena, de abordagem da realidade e da actualidade, do sensorial, do sequestro dos direitos e liberdades; e uma dimensão espiritual, ligada ao transcendente, à cultura, ao êxtase e à fantasia, como explicou o curador.

quarta-feira 21.10.2020

PALAVRA DO DIA

O outro lado da moeda Fortuna dos bilionários chineses no sector da internet com crescimento recorde em 2020

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S bilionários chineses, sobretudo do sector da Internet, registaram níveis recorde de criação de riqueza em 2020, ano marcado por uma profunda recessão na economia mundial devido à pandemia da covid-19. “O mundo nunca viu tanta riqueza ser criada no espaço de apenas um ano”, disse Rupert Hoogewerf, contabilista britânico que criou a Hurun Report In, considerada a Forbes chinesa. “Os empresários da China saíram-se muito melhor do que o esperado. Apesar da covid-19, as suas fortunas alcançaram níveis recorde de crescimento”, apontou. Com sede em Xangai, a “capital” financeira da China, a Hurun Report Inc publica anualmente uma lista dos mais ricos da China. A China, onde a pandemia do novo coronavírus começou em Dezembro passado, foi o primeiro país a tomar medidas de confinamento altamente restritivas, mas também o primeiro a reabrir, em Março, depois de o Partido Comunista ter declarado vitória no combate à doença. Os empresários chineses beneficiaram do retorno precoce da economia à normalidade, tendo conseguido conquistar quota de mercado a con-

Rupert Hoogewerf, criador da Hurun Report In “O mundo nunca viu tanta riqueza ser criada no espaço de apenas um ano.”

correntes estrangeiros que continuam a ser afectados pelas medidas de prevenção e controlo da doença. Foi sobretudo a economia digital da China que mais beneficiou da pandemia. Jack Ma, fundador do gigante do comércio electrónico Alibaba, manteve o estatuto de magnata mais rico da China este ano, à medida que o confinamento impulsionou o comércio e serviços ‘online’. A fortuna de Ma aumentou 45 por cento, em relação a 2019, para 58,8 mil milhões de dólares, segundo a Hurun Report Inc.

Se “os primeiros dois meses da epidemia eliminaram enormes quantidades de riqueza (...), a nova economia, impulsionada pela tecnologia digital, atingiu níveis sem precedentes desde Junho”, observou Rupert Hoogewerf, no relatório.

SOMA E SEGUE

Wang Xing, fundador da empresa de entrega de refeições Meituan, quadruplicou a sua fortuna este ano e converteu-se no 13.º homem mais rico da China. Richard Liu, chefe do gigante do comércio elec-

Volta a Itália João Almeida mantém camisola rosa O português João Almeida (Deceuninck-QuickStep) reforçou ontem a camisola rosa, numa 16.ª etapa da Volta a Itália em bicicleta ganha pelo esloveno Jan Tratnik (Bahrain-McLaren), resistente da fuga do dia. Tratnik, de 30 anos, cortou a meta ao cabo de 6:04.36 horas, necessários para percorrer os 229 quilómetros entre Udine e San Daniele del Friuli, sete segundos à frente do australiano Ben O’Connor (NTT),

segundo, e do italiano Enrico Battaglin (Bahrain-McLaren), terceiro a 1.14 minutos, todos eles integrantes da fuga do dia, que teve quase 30 elementos. Na luta pela geral, João Almeida atacou já na parte final do pelotão e ganhou dois segundos à concorrência, com dois homens da Sunweb como mais próximos perseguidores, o holandês Wilco Kelderman, em segundo a 17, e o australiano Jai Hindley, em terceiro a 2.58 minutos.

trónico JD.com, duplicou a sua fortuna, que se fixa agora nos 23,5 mil milhões de dólares, a 16.ª maior do país. A fortuna de Eric Yuan, da plataforma de videochamadas Zoom, que tem sede na Califórnia, subiu mais de 10 mil milhões de dólares, para 16,2 mil milhões de dólares. Os empresários do sector da saúde também beneficiaram: Jiang Rensheng, fundador da fabricante de vacinas Zhifei, triplicou a sua fortuna, estimada em 19,9 mil milhões de dólares, e ocupa agora o vigésimo lugar. “Houve mais riqueza criada este ano na China do que nos cinco anos anteriores combinados”, apesar da pandemia, descreveu a Hurun. Face à ascensão dos bilionários da Internet, o presidente do grupo Fosun, Guo Guangchang, de 53 anos, e que detém várias empresas em Portugal, caiu 27 lugares entre os mais ricos da China, para a 72.ª posição, detalhou a Hurun. A fortuna pessoal de Guo manteve-se inalterada, face ao ano anterior, nos 8.400 milhões de dólares (. O país asiático tem já mais bilionários do que os Estados Unidos. Ao todo, o país somou mais 257 bilionários do que no ano passado, somando agora 878, só na China continental, que exclui Macau e Hong Kong.

Tailândia Parlamento debate manifestações e exigências

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Governo da Tailândia decidiu ontem convocar uma sessão especial do parlamento, que será realizada nas próximas segunda e terça-feira, para debater as pressões políticas dos protestos antigovernamentais das últimas semanas. O pedido para a convocação da sessão foi feito, na segunda-feira, pelo presidente da Assembleia Nacional (câmara alta do parlamento), Chuan Leekpai, que disse que tanto o Governo como os partidos de oposição o apoiavam. O Governo tailandês tem enfrentado, todos os dias da última semana, manifestações que reuniram milhares de pessoas, na sua maioria estudantes, e que pedem a demissão do primeiro-ministro e reformas da Constituição e da monarquia. O Governo decretou estado de emergência “severo” em 15 de Outubro, no dia seguinte a um grande protesto no qual os manifestantes estiveram a poucos metros da comitiva da rainha Suthida e do príncipe Dipangkorn, o que foi considerado um gesto de rebelião sem precedentes. O decreto que impôs o estado de emergência, em vigor até 13 de Novembro, visa reprimir o movimento antigovernamental, que se tem desenvolvido de forma pacífica, e impedir a publicação de notícias que afectem a segurança nacional.


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