DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
SEGUNDA-FEIRA 21 DE NOVEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3700
SOFIA MOTA
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GCS
hojemacau
Nacao volante ˜
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FÉLIX DA COSTA E TIAGO MONTEIRO VENCEM NA GUIA
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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ESPECIAL GP
CANCRO
CÓDIGO PENAL
Programa Cerco ao de ataque assédio PÁGINA 7
PÁGINA 5
HONG KONG
OPINIÃO
Encaixe Salto quântico lusitano Cinema local JOSÉ RODRIGUES SIMÃO
GRANDE PLANO
RUI FILIPE TORRES
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2
HONG KONG PORTUGUESES PONDERAM CRIAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO
JEFF HALTRECHT
GRANDE PLANO
São jovens, com vidas organizadas e trabalhos sólidos. A comunidade portuguesa em Hong Kong é pequena, mas bem resolvida. O desemprego em Portugal contribuiu para um novo fluxo de emigração para a região vizinha. Procuram-se agora pontos de encontro
A ERA DOS SUB
Á
LVARO Monteiro está em Hong Kong há dois anos e meio e é um caso especial. Para começar, tem uma profissão que é, no mínimo, diferente: é treinador de esgrima. Depois, chegou à antiga colónia britânica através de Macau, o que não acontece com a maioria dos portugueses que, nos últimos anos, decidiram passar a viver aqui ao lado. Desde que Hong Kong é Hong Kong que há portugueses na região. As primeiras – e mais expressivas – vagas de emigração tiveram como ponto de partida o outro lado do Delta, em alturas atribuladas da vida política e social de Macau. A comunidade teve importância, ficou para a história de um território que se transformou em metrópole. Hoje, ainda se vive de um certo passado, mas há uma nova comunidade a nascer dentro da comunidade. São os sub-30, como lhes chama o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. Pelas contas de Vítor Sereno, há cerca de 30 mil cidadãos com passaporte português na antiga colónia britânica. “Mas imagino que, entre a comunidade expatriada e a comunidade tradicional, andem à roda dos 5000.” É no equilíbrio entre as duas comunidades que o cônsul-geral e o cônsul honorário, Ambrose So, desenvolvem o trabalho que
fazem na região vizinha. Tenta-se a aproximação entre as duas comunidades: a tradicional, com sede sobretudo no centenário Club Lusitano, e a expatriada, espalhada um pouco por toda a cidade, sem um ponto de encontro concreto.
DESTINO DE TRABALHO
Hong Kong apareceu na vida dos portugueses com quem o HM falou por motivos profissionais. Nem todos eles chegaram directamente de Lisboa, mas poucos são aqueles que fizeram as malas e aterraram com espírito de aventura. Voltamos a Álvaro Monteiro, que tropeçou em Hong Kong por causa de Macau. O treinador de esgrima tem cá a viver um dos melhores amigos. “Fui visitá-lo, estive um mês por cá, vim visitar Hong Kong e surgiu uma proposta de trabalho nessa altura. Foi por acaso”, conta. O acaso dura há mais de dois anos e é um acaso feliz: “Faço aquilo que sempre quis fazer e encontrei essa oportunidade aqui na Ásia. Na Europa, principalmente em Portugal, não é assim
tão fácil viver da esgrima. Por cá, está a crescer de uma forma muito interessante – em Hong Kong, na China, em Singapura, no Japão. É um mercado que está a crescer”. Marcos Melo Antunes viveu alguns meses em Macau há mais de uma década, mas passou por outros continentes antes de chegar a Hong Kong, onde está há já seis anos. A trabalhar numa multinacional, a região serve-lhe essencialmente de base. A empresa “precisava de reforçar a equipa na Ásia, estava em grande crescimento na China, no Japão e na Coreia, e utiliza Hong Kong como uma plataforma para lidar com esses países”, explica. A experiência “tem sido boa”, porque “Hong Kong oferece várias coisas que uma grande cidade cosmopolita oferece”, destaca. “Tem sido uma experiência interessante e intensa. Hong Kong, a par de outras grandes cidades como Nova Iorque ou Londres, é uma cidade com grande actividade e pode chegar-se facilmente a vários países aqui à volta.”
“Faço aquilo que sempre quis fazer e encontrei essa oportunidade aqui na Ásia. Na Europa, principalmente em Portugal, não é assim tão fácil viver da esgrima.” ÁLVARO MONTEIRO TREINADOR DE ESGRIMA
Melo Antunes corresponde ao perfil mais comum dos portugueses que, nos últimos anos, se mudaram para Hong Kong. Quando pisou a região na qualidade de representante do Estado português, há quase quatro anos, Vítor Sereno encontrou “uma comunidade expatriada muito ligada às profissões liberais”. “Houve um boom de emigração de Portugal pós-2010, 2011, muitos deles vieram para esta zona do mundo, adaptaram-se muito bem. Muitos deles estão na área da banca, do IT, na área financeira, nas grandes empresas multinacionais, e foi essa comunidade que eu vim encontrar”, descreve Vítor Sereno. Há seis anos, quando Marcos Melo Antunes saiu da Europa, “havia um pequeno grupo de portugueses, jovens empreendedores, muita gente ligada ao trading”. Havia também “pessoas que tinham vindo à procura da sua sorte – porque tinham ouvido dizer que havia pouco desemprego –, tinham vindo à procura de novas oportunidades e encontraram-nas aqui”. Não é “um grupo expressivo, mas são alguns”. Melo Antunes já viu pessoas a aterrar, outras a partir. “Algumas começam a chegar com o interesse das empresas chinesas na economia portuguesa, nas áreas da electricidade, dos transportes – há já portugueses ligados a essa área. Há também grupos portugueses, como a SONAE, que
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fizeram investimentos na China e que trouxeram pessoas para cá.”
UNS AQUI, OUTROS ALI
Em termos de vida social, Marco Melo Antunes relaciona-se com expatriados de vários locais, sendo que alguns deles são de Portugal. Já Álvaro Monteiro, o treinador de esgrima, conta que, neste momento, não tem nenhum contacto com portugueses – o único que conhecia e que o ajudou a adaptar-se à cidade mudou-se para o Médio Oriente. O círculo de amigos faz-se com pessoas de outras nacionalidades. Mathias Simão, osteopata, está em Hong Kong há cerca de dois anos. Chegou à cidade depois de um ano a viver na Malásia e, em termos profissionais, dificilmente podia estar melhor. “As pessoas em Hong Kong procuram a osteopatia. São das classes média-alta, alta, e estão preocupadas com tudo o que é a saúde e a forma física, pelo que estão bastante abertas à osteopatia.” A antiga colónia britânica tem ainda a vantagem de ter comunidades de língua inglesa, o que é importante para um profissional com um diploma do Reino Unido. Simão explica que se dá com “pessoas das mais diferentes origens”, uma realidade à qual esteve sempre habituado, até porque nasceu em França. “Há relativamente poucos portugueses. Estou à espera de integrar o Club Lusitano, mas
“Existe a vontade de que haja um sítio onde se possam encontrar, que saibam que, se forem ali, estão lá portugueses. Para algumas pessoas, seria uma solução muito válida.” GONÇALO FREY RAMOS GESTOR
a comunidade portuguesa está bastante dispersa.” É a pensar nesta realidade que Vítor Sereno gostaria que Hong Kong tivesse uma associação de portugueses, projecto que está já a ser pensado por Gonçalo Frey Ramos, o português deste texto com mais anos de casa: são quase 11 a residir na região. O cônsul-geral recua no tempo para uma contextualização: o primeiro contacto com Hong Kong, à chegada, mostrou-lhe “uma comunidade muito tradicional, muito respeitada, muito assente no Club Lusitano, criado em 1866, foi o segundo gentlemen’s club de Hong Kong”. Associado ao clube, destaca, “existem várias figuras – como o Comendador Sales, Sir Roger Lobo – que fizeram muito pelo nome de Portugal em Hong Kong, antes e depois do handover em 1997”. Acontece que a outra comunidade – a expatriada – “não se revê muito naqueles princípios”, explica. O Club Lusitano de que o osteopata
Mathias Simão está à espera tem ainda critérios de admissão que o tornam pouco acessível. “A primeira vez que festejei o Dia Nacional, percebi que havia outro tipo de comunidade, uma comunidade expatriada muito mais nova. Há aqui uma espécie de outra comunidade dentro desta comunidade e tentei aproximá-las.”
DESEJO DE ANO NOVO
Vítor Sereno acrescenta que, quase quatro anos depois e com uma mudança de direcção do Club Lusitano pelo meio, há hoje um maior contacto. Mas, ainda assim, faz falta um outro tipo de presença organizada. “Para 2017, tenho o desejo que se constitua a associação dos portugueses em Hong Kong e que esta associação se coordene com o Club Lusitano, mantendo esse lado tradicional, essa âncora. Que esta comunidade tradicional – que tem as suas raízes no Club Lusitano e a quem Portugal muito deve – se mescle com esta nova comunidade, que aparece todos os meses, todos os dias, e que
“Estão muito bem orientados. Normalmente, as empresas para onde vêm trabalhar oferecem bons contratos, a integração social é feita a priori, não é feita a posteriori com recurso ao consulado, à última hora.” VÍTOR SERENO CÔNSUL-GERAL DE PORTUGAL EM MACAU E HONG KONG
é constituída pelos sub-30, como lhes chamo”, aponta o diplomata. O cônsul esteve há pouco tempo num almoço com esta nova geração. “Éramos cerca de 100, entre senhoras grávidas, bebés a chorar, miúdos pequenos, uma grande algazarra que contrasta um bocadinho com o formalismo que existe no Club Lusitano. É entre formalismo e informalismo que devemos conformar a nossa comunidade em Hong Kong”, defende. Neste almoço esteve Gonçalo Frey Ramos, “o elemento agregador desta comunidade”, forma como Vítor Sereno descreve o jovem licenciado em Gestão, a trabalhar na área dos vinhos. Frey Ramos decidiu mudar-se para Hong Kong há mais de uma década, depois de um ano a viver em Xangai, onde esteve ao abrigo do então programa Contacto. “Em 2008 conheci a minha mulher. Curiosamente não é de Hong Kong, é japonesa, e entretanto tivemos duas filhas – a Maria e a Elena”, relata. Completamente integrado, conhece muitos portugueses, em especial os que chegaram nos últimos anos. “A comunidade portuguesa é muito diversa, há vários grupos de pessoas, mas que se relacionam todos bem”, diz o autor de uma página no Facebook destinada especialmente aos cidadãos portugueses residentes na região. Gonçalo Frey Ramos está a trabalhar na ideia da criação da associação de portugueses. “Há muita gente que não se revê no Club Lusitano, uma instituição bastante antiga que foi fundada numa altura em que a comunidade portuguesa tinha muita força e era uma das mais importantes”, afirma. “Hoje em dia, faz sentido [criar uma associação], porque não há nenhum sítio que acabe por juntar todos os portugueses”, diz. “Existe a vontade de que haja um sítio onde se possam encontrar, que saibam que, se forem ali, estão lá portugueses. Para algumas pessoas, seria uma solução muito válida.” Se tiver pernas para andar, a associação será constituída por elementos de uma comunidade muito bem resolvida. “Estão muito bem orientados. Normalmente, as empresas para onde vêm trabalhar oferecem bons contratos, a própria integração social deles e das famílias é feita a priori, não é feita a posteriori com recurso ao consulado, à última hora, ou ao consulado honorário”, explica o cônsul Vítor Sereno. Há um “vínculo histórico de seriedade e de competência” da comunidade portuguesa em Hong Kong que está para durar.Agora com a ajuda dos sub-30. Isabel Castro
isabel.castro@hojemacau.com.mo
MACAU DA SAUDADE
F
ICA a uma hora de viagem, mas não é um destino procurado com frequência pelos portugueses que vivem em Hong Kong. Macau serve, sobretudo, para matar saudades de casa. “Desde que estou cá em Hong Kong tenho tido pouco contacto com Macau. Pensava que, vivendo aqui, ia ter uma relação mais próxima”, admite Marcos Melo Antunes, que residiu no território durante alguns meses há mais de uma década. “A verdade é que as comunidades não se relacionam. Vou a Macau com amigos portugueses de quatro em quatro meses para uns jantares, vamos comer comida portuguesa. Tenho pessoas conhecidas em Macau mas que vejo muito raramente e os portugueses de Macau vêm a Hong Kong, mas não há uma relação muito forte entre os portugueses” das duas regiões. Melo Antunes, que trabalha numa multinacional na antiga colónia britânica há seis anos, relata que “os portugueses que chegam a Hong Kong têm curiosidade, vão visitar Macau”. Mas, acrescenta, “esperava uma maior relação, uma relação que não vejo, não sinto, não está presente”. Mathias Simão confirma a descrição de Marcos Melo Antunes: “Vou de vez em quando a Macau, uma vez de seis em seis meses, pela gastronomia portuguesa”. O osteopata confessa que, quando visitou o território pela primeira vez, ficou surpreendido com o facto de haver pouca gente a falar português. “Pelo que vejo aqui, Macau acaba por ser um destino, mas só de vez em quando, para comprar algo de Portugal ou para ir comer qualquer coisa. Não será um destino ao qual se vai com frequência.” Já Álvaro Monteiro, que começou a vida em Hong Kong depois de um mês de férias em Macau, faz uma visita mensal ao território. “É um bocadinho de Portugal aqui na Ásia, sinto mesmo isso. Dá para falar a língua, o que, para mim, é espectacular, porque estou sempre a falar inglês. Dá para comer comida portuguesa e estar com amigos”, descreve o treinador de esgrima.
4 POLÍTICA
hoje macau segunda-feira 21.11.2016
Emprego CHUI SAI ON EM JINAN FALA DE OPORTUNIDADES EM MACAU
A visita depois da polémica O Chefe do Executivo realizou uma visita oficial à Universidade de Jinan, protagonista de uma recente polémica graças à concessão pela Fundação Macau de cem milhões de remimbi. Num encontro com estudantes, Chui Sai On garantiu que Macau continua a ter oportunidades de emprego para os recém-licenciados
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HUI Sai On voltou à universidade que, este ano, gerou um pedido para a sua saída do cargo por parte da Associação Novo Macau (ANM). Esquecido o episódio da concessão de cem milhões de remimbi à Universidade de Jinan, o Chefe do Executivo deslocou-se a Cantão para celebrar os 110 anos de existência da instituição de ensino superior que já formou muitos quadros de Macau. Segundo um comunicado oficial, o Chefe do Executivo reuniu-se com alunos e antigos estudantes de Macau e garantiu que o pequeno território continua a ter oportunidades de emprego para aqueles que acabam de se licenciar. Chui Sai On terá citado as estatísticas mais recentes, que provam que “os estudantes com licenciaturas de Macau ou que regressaram ao território depois de concluírem o seu curso no exterior, registaram, nos últimos anos, uma elevada taxa de emprego”. Para além disso, “para quem pretender continuar na área da investigação académica, o Chefe do Executivo lembrou que Macau tem hoje mais instituições de investigação do que antigamente, havendo mais oportunidades para a investigação ligada a assuntos académicos e sociais”. No mesmo encontro, Chui Sai On adiantou ainda que os dois primeiros empregos após o curso são importantes, “pois representam oportunidades para os recém-licenciados absorverem experiências de trabalho e ficarem a conhecer o que não se aprende nas escolas”. O Chefe do Executivo, que é vice-presidente do Conselho
Universidade de Jinan
Chui Sai On adiantou ainda que os dois primeiros empregos após o curso são importantes, “pois representam oportunidades para os recémlicenciados absorverem experiências de trabalho e ficarem a conhecer o que não se aprende nas escolas”
Geral da Universidade de Jinan, falou mesmo da sua própria experiência de entrada no mercado de trabalho. “Terminada a sua licenciatura (Chui Sai On estudou Gestão de Sanidade Urbana na Universidade do Estado da Califórnia, Sacramento), também não realizou o seu sonho, pois
a sua primeira preocupação era encontrar um emprego estável”, aponta o comunicado.
A CRISE NA CULTURA
Os alunos terão pedido a Chui Sai On para comentar o panorama das indústrias culturais e criativas no território. O Chefe do Executivo falou de um panorama de “crise”, que exige apoios financeiros do Governo. “Embora esta indústria tenha potencial, também enfrenta crises. Por isso, numa primeira fase, necessita de apoio e de ajuda do Governo”, lê-se na nota. “O Governo tem apostado bastantes recursos, criando serviços competentes para apoiar o desenvolvimento deste sector, que tem grande potencial, com o objectivo dos quadros qualificados locais poderem contribuir com a sua capacidade e competência”, lê-se ainda. O Chefe do Executivo comentou também qual o caminho para a concretização da diversificação económica de Macau. “O território está a caminhar para o desenvolvimento das indústrias culturais e criativas, da medicina chinesa tradicional, serviços de ponta, sistema financeiro com características próprias e convenções e exposições.” Sobre o desenvolvimento de “novos meios de comunicação social”, Chui Sai On confirmou que “as autoridades necessitam de elaborar políticas para articular e impulsionar o desenvolvimento nesta área”. O dinheiro concedido pela Fundação Macau (FM) terá servido para a construção de colégios residenciais para estudantes, bem como outras infra-estruturas. Em Maio deste ano a ANM pediu a demissão de Chui Sai On por este ser também presidente do conselho de curadores da FM. O Governo descartou sempre a existência de interesses por detrás dessa doação. “O Chefe do Executivo foi convidado para desempenhar as funções de vice-presidente do Conselho Geral da Universidade de Jinan, não recebendo qualquer remuneração ou interesses, pelo que não existe tráfico de influências, tal como tem sido acusado”, indicou, à data, um comunicado do Executivo. A.S.S.
URBANISMO PROJECTOS VÃO PASSAR A ESTAR ONLINE
L
I Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), confirmou à deputada Kwan Tsui Hang que “no futuro, findo o prazo de exposição dos planos urbanísticos,
os respectivos projectos serão mantidos na página electrónica da DSSOPT, a fim de facilitar a consulta do público”. Na resposta a uma interpelação escrita da deputada confirma-se ainda que o Governo irá estudar
novas formas de publicitar projectos urbanísticos. “Actualmente, apesar de não dispor de outras formas de publicitação, nomeadamente através de emissão de nota de imprensa ou de aviso, a DSSOPT irá ponderar
a adopção de outras formas de publicitação, de acordo com a situação”, adiantou Li Canfeng. “Em conformidade com o disposto na Lei de Terras, em caso de dispensa do concurso público, as
informações desta dispensa devem ser divulgadas ao público, através da página electrónica da DSSOPT. Em face do desenvolvimento da sociedade devem ser fixadas em outras formas de publicitação através do despacho
do Chefe do Executivo, a publicar em Boletim Oficial”, rematou o director das Obras Públicas. A.S.S.
5 hoje macau segunda-feira 21.11.2016
POLÍTICA
Código Penal GOVERNO QUER CRIMINALIZAR ASSÉDIO SEXUAL NA FORMA FÍSICA
Todos diferentes, todos iguais A revisão do Código Penal em relação aos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais deverá mesmo criminalizar o assédio sexual, mas apenas com actos físicos. Prevê-se ainda a igualdade de género nos crimes de violação, bem como a criminalização da prostituição e pornografia com menores
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UASE um ano depois de ter arrancado a consulta pública sobre o assunto, o Governo concluiu o relatório final sobre a revisão do Código Penal, relativa aos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais. A proposta do Governo visa a criminalização do assédio sexual, pretendendo “responsabilizar penalmente o agente que faça com que outra pessoa sofra ou realize, contra a sua vontade, consigo ou com outrem, contacto físico de natureza sexual”. Apesar de propor uma pena de prisão de um ano ou multa até 120 dias, o crime será semi-público e nem todos os tipos de importunação sexual serão punidos. “Somos da opinião que não é adequado criminalizar todos os tipos de actos de importunação sexual, podendo haver uma diferenciação na respectiva forma de resolução, optando-se pela criminalização dos actos de importunação sexual que envolvam contacto físico”, pode ler-se.
CASOS DE IGUALDADE
O Governo quer ainda acabar com o fim da diferenciação de género para os casos de violação, estando homem ou mulher em igualdade no caso de serem vítimas do crime. “Tendo como referência a tendência legislativa de vários países ou
regiões, como a Alemanha, Itália ou Taiwan, constatou-se que as normas que estipulavam que só as mulheres podiam ser vítimas do crime de violação já foram substituídas. Ao consultar a revisão de 1998 feita ao Código Penal português, constatou-se que também aí já não se faz uma diferenciação de género quanto ao agente do crime de violação”, pode ler-se no relatório. Contactado pelo HM, Anthony Lam, presidente daAssociaçãoArco-Íris, que luta pelos direitos da comunidade LGBT, aplaudiu esta iniciativa. “Acreditamos que este é um passo em frente para eliminar os estereótipos relacionados com o género.” Em relação à natureza do crime, os abusos sexuais continuam a ser um crime semi-público, a não ser que se tratem de violações cometidas contra vítimas que não tenham capacidade de resistência. Aí o crime será público. Ainda nos crimes de violação, o Governo propõe que o sexo oral passe a constituir um acto de violação. Até então o Código Penal previa que apenas actos com penetração, como a cópula ou o coito anal, seriam violação. O Executivo teve em conta “o grau de danosidade que o coito oral constrangido causa à vítima”, bem como o “facto de a gravidade deste acto ser idêntica à da cópula ou do coito anal”. O sexo oral passa assim a ser considerado crime de coacção se-
“Acreditamos que este é um passo em frente para eliminar os estereótipos relacionados com o género.” ANTHONY LAM PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO ARCO-ÍRIS xual, podendo ser punido, tal como os restantes actos de violação com penetração, com penas de prisão que vão dos três aos 12 anos. O Governo decidiu também considerar os actos de violação em grupo como sendo uma agravante do crime. “Concordamos que a violação em grupo possui um elevado grau de danosidade e um impacto físico e psicológico considerável na vítima, daí que a censura que recai sobre o agente
deve também ser acrescida”, lê-se no documento divulgado.
PUNIDO SEXO COM MENORES
A proposta cria ainda o crime de recurso a prostituição de menor, o qual visa as vítimas de prostituição com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos, “mediante pagamento ou contrapartida”. Este crime será público, prevendo-se penas de prisão de três a quatro anos, consoante a natureza do crime. Já o crime de pornografia de menor visa todos aqueles com idades inferiores a 18 anos “independentemente da relação que possuam com o agente” desse mesmo crime. Quanto à produção ou distribuição de material pornográfico com menores, as penas de prisão vão de um a cinco anos, enquanto aqueles que tentem lucrar com este tipo de negócio poderão ver a sua pena agravada até oito anos. Quem comprar material pornográfico com menores pode incorrer numa pena de prisão de um ano ou uma multa de 120 dias. Este será um crime público.
NG KUOK CHEONG APLAUDE
N
g Kuok Cheong e Au Kam San foram autores de um projecto de lei semelhante ao que está prestes a chegar ao hemiciclo. Ng Kuok Cheong defendeu ao HM que “o mais importante é que esta proposta chegue à AL”. “É essencial preencher a lacuna do crime de assédio. Com o preenchimento dessas lacunas essenciais, os pormenores poderão ser melhorados passo a passo. É importante rever os vazios existentes no Código Penal.”
A proposta do Governo visa a criminalização do assédio sexual, pretendendo “responsabilizar penalmente o agente que faça com que outra pessoa sofra ou realize, contra a sua vontade, consigo ou com outrem, contacto físico de natureza sexual.” O documento final da consulta pública revela ainda algumas mudanças ao nível do crime de lenocínio. Quem incitar ou facilitar a prostituição incorrerá no “crime de lenocínio qualificado”. É ainda proposta uma alteração da tipificação do crime de lenocínio”. Em declarações à imprensa, Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, confirmou que a proposta de revisão chega esta semana à AL. Andreia Sofia Silva (com A.K.) andreia.silva@hojemacau.com.mo
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hoje macau segunda-feira 21.11.2016
Horário da desmontagem das barreiras metálicas para o Grande Prémio de Macau Após o final das corridas, a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau inicia, durante as horas da madrugada, as obras de desmontagem das barreiras metálicas, e as primeiras obras vão ser concluídas na madrugada do dia seguinte das corridas, diminuindo os transtornos causados à população. Estima-se a conclusão das obras de desmonstagem, no dia 1 de Dezembro. Data
Hora
Local
(1) Desmontagem dos portões metálicos
21-24/11/2016
08:00 até 20:00
(2) Desmontagem das barreiras
21-26/11/2016
08:00 até 20:00
Desmontagem das barreiras metálicas desde a Avenida da Amizade até à Curva do Reservatório
24/11/2016-01/12/2016
08:00 até 20:00
Desmontagem das barreiras metálicas desde a Rua dos Pescadores até à Curva do Reservatório
26/11/2016-01/12/2016
08:00 até 20:00
Desmontagem das barreiras metálicas no troço inferior da Colina da Guia
metálicas junto aos portões metálicos
A Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau solicita a todos os condutores a melhor compreensão por eventuais transtornos causados, bem como o respeito pela sinalização provisória instalada e pelas instruções da Brigada de Trânsito. Para informações, é favor de ligar para o número de telefone: 2872 8482.
7 hoje macau segunda-feira 21.11.2016
O
S casos urgentes em que é necessário fazer uma colonoscopia são de imediato atendidos, garantem os Serviços de Saúde num comunicado à imprensa, em resposta a um esclarecimento pedido por um meio de comunicação social. “O Serviço de Gastroenterologia organiza de forma razoável as marcações de colonoscopia conforme a situação clínica de utentes. Nos
SERVIÇOS DE SAÚDE URGENTES NÃO ESPERAM
É o segundo cancro que mais mata no território. Os Serviços de Saúde apostam no diagnóstico numa fase inicial. Os testes são gratuitos e vão ser feitos por entidades privadas
casos de pedido urgente – por exemplo a obrigatoriedade de determinar a terapia para doenças com tumores ou o surgimento da grave hemorragia digestiva –, é activado o mecanismo de emergência, não necessitando de espera”, garante-se. De acordo com as indicações do Centro Hospitalar Conde de São Januário, as
situações em que não existe urgência são tratadas “em tempo razoável”: o prazo máximo de espera para marcação de colonoscopia “é inferior a um ano e meio”. Nos hospitais públicos de Hong Kong, sublinha o CHCSJ, o tempo máximo de espera é de cerca de dois anos. Acerca da marcação de colonoscopia de rotina, escreve-
-se ainda que o Serviço de Gastroenterologia do São Januário recebe todas as marcações provenientes dos diversos centros de saúde de Macau, das consultas externas e enfermarias de todas as especialidades da unidade hospitalar. Só este ano, 2755 marcaram o exame, registando-se um aumento de 263 pessoas em comparação com 2015. Na segunda metade deste ano, “na sala de endoscopia
SOCIEDADE digestiva do Serviço de Gastroenterologia do CHCSJ, já se implementou o prolongamento do tempo de prestação de serviços, melhorando significativamente o tempo de espera necessária para os casos de pedido não urgente”. Além disso, o São Januário planeou comprar mais uma máquina de colonoscopia no próximo ano e promete aumentar os recursos humanos que trabalham nesta especialidade.
Saúde LANÇADO PROGRAMA DE RASTREIO DO CANCRO COLORRECTAL
Antes que o mal cresça
O
S Serviços de Saúde de Macau lançaram um programa de rastreio do cancro colorrectal, o segundo mais comum e mortal na região, que tem como destinatários os residentes com idades entre os 60 e os 69 anos. Os Serviços de Saúde esperam que metade do universo de elegíveis (oito mil em 16 mil) adira ao programa que cobre as despesas com os exames. O rastreio desenrola-se em duas fases: a primeira prevê um exame de sangue oculto nas fezes, ao qual seguir-se-á uma colonoscopia no caso de o resultado ser positivo, explicou o chefe do Centro de Protecção e Controlo de Doenças dos Serviços de Saúde, Lam Chong, em conferência de imprensa. As colonoscopias não vão ser realizadas no Centro Hospitalar Conde de São Januário, mas em três unidades privadas chamadas a colaborar no programa de rastreio, de dois anos. O Governo estima gastar, por ano, nove milhões de patacas – com base na adesão esperada de oito mil residentes –, uma verba a ser distribuída pelos três hospitais privados consoante o número de exames levados a cabo, de acordo com Lam Chong. O médico-consultor do Serviço de Gastroenterologia, Ng Ka Kei, afirmou que o São Januário “não tem capacidade” ou “condições” para fazer mais exames, atendendo ao número de utentes que recebe naquela unidade.
Segundo o especialista, realizam-se no hospital público dez a 15 colonoscopias por dia (número que respeita apenas aos dias úteis e que exclui os casos urgentes).
DE 1947 A 1956
O programa divide o período de inscrição dos destinatários em duas fases. Os nascidos nos anos ímpares (1947, 1949, 1951, 1953 e 1955) podem inscrever-se até 31 de Outubro de 2017, enquanto os dos anos pares (1948, 1950, 1952, 1954 e 1956) o poderão fazer a partir de 1 de Novembro do próximo ano e até 31 de Outubro de 2018.
O intervalo etário foi definido com base na média das idades de incidência (67,5 anos) em Macau. Para serem elegíveis para o rastreio, além da idade, os residentes têm de cumprir requisitos como não terem realizado nenhuma colonoscopia nos últimos cinco anos, nem um exame de sangue oculto nas fezes nos últimos dois. O cancro do colorrectal é o segundo mais comum em Macau, a seguir ao de traqueia, brônquio e pulmões. Em 2014, pelos dados mais recentes dos Serviços de Saúde, foram registados 1598 novos casos de cancro em Macau, dos quais 253 de cancro colorrectal.
O cancro colorrectal figura também como o segundo mais mortal: 101 mortes em 2014, a seguir ao de traqueia, brônquio e pulmões, com 188.
O Governo estima gastar por ano nove milhões de patacas, uma verba a ser distribuída pelos três hospitais privados
Os Serviços de Saúde realizaram, no ano passado, o programa-piloto de rastreio deste tipo de cancro, abrindo mil vagas para a realização do exame de sangue oculto nas fezes: 995 residentes submeteram as amostras para o exame, que deu positivo em 107 casos, com 66 pessoas a precisarem de mais exames médicos. No final do procedimento, foram diagnosticados seis tumores malignos, três em fase avançada e outros tantos num estágio inicial.
8 SOCIEDADE
hoje macau segunda-feira 21.11.2016
Um casal que trabalha na Administração é acusado de ter enganado o Instituto de Habitação para conseguir comprar uma casa em Seac Pai Van. Os suspeitos não disseram que tinham um apartamento do outro lado da fronteira
O
caso foi descoberto porque o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) recebeu uma denúncia. Os dois funcionários públicos em causa são casados: um trabalha no Gabinete do Procurador e o outro no Instituto de Habitação (IH), a entidade que trata precisamente dos processos de atribuição de fracções construídas pelo Governo. De acordo com uma nota de imprensa do CCAC, os dois suspeitos são acusados de terem cometido os crimes de falsificação de documento e de burla de valor
A
CABARAM-SE, pelo menos para já, os dias em que os turistas gastavam menos nas visitas a Macau. De acordo com as estatísticas mais recentes sobre a matéria, no terceiro trimestre deste ano a despesa total dos visitantes – onde não se inclui o dinheiro deixado nos casinos – cifrou-se em 14,64 mil milhões de patacas. O valor representa um aumento de mais 17,4 por cento face ao trimestre homólogo de 2015 e termina os decréscimos homólogos que se verificaram nos últimos sete trimestres. A despesa total dos visitantes entre Julho e Setembro registou um acréscimo de 25,1 por cento em relação ao segundo trimestre deste ano. A despesa per capita situou-se em 1806 patacas, mais 17,3 por cento em termos anuais, sendo este o primeiro crescimento homólogo
CCAC DOIS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS SUSPEITOS DE BURLA
Zhuhai aqui tão perto consideravelmente elevado, por terem omitido, durante o processo de candidatura a uma habitação económica, que detinham um apartamento em Zhuhai. O casal é ainda acusado de ter prestado dolosamente falsas declarações na apresentação de declaração de bens patrimoniais e interesses, pelo que terá cometido o crime de falsas declarações, por inexactidão dos elementos fornecidos. Os factos ocorreram em 2013. O CCAC indica que a aquisição da casa em Zhuhai tinha sido feita pouco tempo antes do processo de candidatura ao IH. “Tendo conseguido enganar o Instituto de Habitação e passar na questão da verificação do património, os cônjuges compraram finalmente uma fracção de habitação económica situada em Seac Pai Van no valor de mais de 600 mil patacas”, lê-se no comunicado. No início deste ano, o comissariado recebeu uma denúncia sore o caso e pediu ao IH que verificasse, novamente, a candidatura em questão, tendo exigido aos dois funcionários públicos a apresentação de documentos comprovativos referentes a património no exterior.
Os dois funcionários públicos em causa são casados: um trabalha no Gabinete do Procurador e o outro no Instituto de Habitação
PROMESSA DE IH
Em reacção ao comunicado do CCAC, o Instituto de Habitação veio garantir que “está a prestar cuidada atenção” ao caso que envolve um dos seus trabalhadores e promete continuar a cooperar com a investigação. “Simultaneamente, o IH irá instaurar um processo de averiguações em relação às eventuais ilegalidades ou infracções disciplinares cometidas por este trabalhador, não pactuando com qualquer ilegalidade ou infracção disciplinar. Sempre que existam informações e provas suficientes de que alguém obteve uma habitação económica através de meios ilegais, irá ser instaurado, de imediato, o respectivo processo de acompanhamento”, diz o instituto em nota à imprensa.
Sinais de pouca crise Visitantes voltam a gastar dinheiro em Macau
que se observou desde o segundo trimestre de 2014, destacam os Serviços de Estatística e Censos. Quanto à origem dos visitantes, a despesa per capita daqueles que são provenientes da China Continental
“Por um lado, os dois suspeitos afirmaram fraudulentamente, na declaração apresentada ao pessoal do IH, que não tinham nenhum imóvel em Zhuhai e, por outro lado, venderam rapidamente o imóvel em Zhuhai e requereram posteriormente às autoridades competentes do registo predial [da cidade vizinha] um documento para comprovar que não possuíam nenhum imóvel para declarar ao IH”, acusa o CCAC. Além disso, continua o organismo, o casal ocultou por duas vezes o apartamento em Zhuhai aquando da apresentação das declarações de bens patrimoniais e interesses em 2013 e em 2015. O caso já foi encaminhado para o Ministério Público.
chegou às 2100 patacas, mais 18,2 por cento em termos anuais, com as pessoas provenientes das províncias de Guangdong e de Fujian a gastarem agora mais. Os detentores de visto individual são aqueles que mais di-
nheiro deixam em Macau. Adespesa per capita dos turistas cifrou-se em 2809 patacas (mais 11,5 por cento, em termos anuais). As despesas per capita dos turistas da China Continental (3270 patacas), de Singapura (2870 patacas), de Hong Kong (1686 patacas) e de Taiwan (1997 patacas) aumentaram consideravelmente, com a Tailândia a bater recordes: uma expansão de 33,6 por cento. Os visitantes gastaram dinheiro, sobretudo, em compras (43,4 por cento), em alojamento (27,3 por cento) e em alimentação (21,3 por cento). Alimentos e doces, bem como produtos cosméticos e perfumes tiveram uma maior procura.
TRANSPORTES CONVENCEM MENOS
Os Serviços de Estatística e Censos divulgaram ainda os resultados do “Inquérito aos Comentários dos Vi-
sitantes” do terceiro trimestre deste ano, tendo chegado à conclusão de que 90,5 por cento dos visitantes ficaram satisfeitos com os serviços e as instalações dos hotéis. Destaque ainda para o facto de 85 por cento dos turistas terem elogiado os serviços prestados nas lojas; 83,5 por cento mostraram agrado com os estabelecimentos de jogo. Em contrapartida, verificou-se uma diminuição da satisfação com os transportes públicos: 67,4 por cento dos visitantes disseram não ter nada a apontar, o que equivale a um decréscimo de 3,3 pontos percentuais, em termos trimestrais. Quase 13 por cento dos turistas consideraram que estes serviços devem ser melhorados.
9 hoje macau segunda-feira 21.11.2016
Em cinco anos os números referentes aos acidentes de trabalho revelaram ser maiores do que as vítimas por acidentes de viação. Tanto os acidentes como as vítimas mortais são em maior número
O
número de mortos em acidentes de trabalho nos últimos cinco anos em Macau supera o de vítimas nas estradas, apesar de a taxa de sinistralidade ser menor, de acordo com dados compilados pela agência Lusa. Entre 2011 e 2015 foram registados 75.700 acidentes de viação com 78 mortos contra 35.450 acidentes de trabalho que resultaram em 99 vítimas mortais. No primeiro semestre do ano, ocorreram 7.425 acidentes de viação, mais do dobro relativamente aos 3.650 acidentes de trabalho, PUB
SOCIEDADE
O perigo é a minha profissão Número de acidentes de trabalho supera vítimas na estrada
mas o número de vítimas mortais foi menor: quatro contra nove. Como principais causas dos acidentes de viação surgem o “excesso de velocidade” e a “não-cedência de passagem nas passadeiras e cruzamentos”, segundo os dados da PSP. Macau – com uma área de pouco mais de 30 quilómetros quadrados, uma rede rodoviária estimada em 427 quilómetros e uma população de 647.700 pessoas no fim de 2015 – contava, no final de Setembro, com 249.013 veículos em circulação, dos quais mais de metade (52,3%) eram motociclos.
ALGUMAS RESERVAS
Os dados, compilados a partir das estatísticas da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Direcção dos Serviços de Assuntos Laborais (DSAL), indicam que, em média, por ano, entre 2011 e 2015, Macau registou 15 mortes nas estradas e 19 em acidentes laborais. De realçar, porém, que a DSAL faz uma ressalva relativamente às mortes causadas por acidentes de
trabalho nos últimos anos por os casos estarem ainda “na fase de investigação”. Assim, das 99 mortes registadas nos últimos cinco anos em acidentes laborais, a DSAL observa que 23 (11 em 2015; cinco em 2014 e sete em 2013) “podem eventualmente estar relacionadas com o estado de saúde das vítimas”, indicando que os dados serão revistos de acordo com as sentenças proferidas pelo tribunal. O mesmo sucede no que diz respeito aos primeiros seis meses
do ano, com a DSAL a indicar que o estado de saúde dos trabalhadores pode estar relacionado com sete das nove vítimas mortais contabilizadas. O número de feridos em acidentes de trabalho dos últimos cinco anos também ultrapassa o dos acidentes rodoviários. Entre 2011 e 2015 foram contabilizados 35.346 feridos em acidentes laborais, dos quais 283 ficaram permanentemente incapacitados de trabalhar, segundo dados da DSAL. Já nas estradas foram registados 26.727 feridos, dos quais 1.240
precisaram de internamento hospitalar, de acordo com a PSP. Só no primeiro semestre do ano, os acidentes de trabalho provocaram 3.614 feridos, com quatro pessoas a ficarem incapacitadas permanentemente; enquanto os sinistros nas estradas fizeram 2.272 feridos, dos quais 96 careceram de internamento hospitalar. Ontem assinalou-se o Dia Mundial em Memória das Vítimas das Estradas. HM/LUSA
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EVENTOS
É
“um festival diferente”, classifica José Drummond, um dos curadores, a par com Bianca Lei, de mais uma edição do festival dedicado ao vídeo experimental, o EXiM 2016. “É um festival diferente no sentido em que não tem candidaturas e os filmes projectados são uma escolha. É ainda um evento que tem como alvo o que se faz a nível experimental, como indica o próprio nome”, explica ao HM. Tem a direcção de Bianca Lei, que nesta edição divide com José Drummond a curadoria. “As projecções de Macau ficaram a cargo da Bianca Lei e eu com as de Portugal.” Na origem da iniciativa está a ideia de que cada ano seja dedicado a um país que irá dividir a participação com Macau. Esta edição é dedicada a Portugal. O critério de escolha das apresentações que vão acontecer no Armazém do Boi é essencialmente a diversidade. “Em vez de fazer três screenings semelhantes, a nossa aposta de imediato foi em ter uma sessão mais variada e ter uma maior diversidade de práticas, que pudesse, de alguma forma, fazer um bocadinho o panorama do que se tem feito nos últimos cinco ou dez anos com artistas realmente diferentes ou a trabalharem o vídeo de uma forma diferente”, explica José Drummond. A título de exemplo, o curador refere os trabalhos de Rui Calçada Bastos, José Carlos Teixeira, Bruno Campo e Carla Carreira e António Júlio Duarte.
A QUESTÃO DO FEMININO
O evento é marcado, após a sessão de abertura de sexta-feira que junta artistas locais e portugueses, por uma aposta no trabalho feito no feminino, com as projecções de Tatiana Macedo e de Mariana Viegas. A razão é, segundo o curador, a necessidade de dar mais espaço a que os trabalhos feitos por mulheres sejam apresentados. “Tenho insistido muito em que, de algum modo, a presença feminina se destaque, de modo a poder dar contextos associados a esse mundo que é particular”, explica. José Drummond considera que “as mulheres têm de ter mais espaço”. “Ainda não é suficiente porque, além do modo e sensibilidade de abordagem das mulheres ser especial, essas coisas têm de começar a ter a mesma presença e balanço
“É um festival diferente no sentido em que não tem candidaturas e os filmes projectados são uma escolha.” JOSÉ DRUMMOND CURADOR
Vídeo FESTIVAL EXPERIMENTAL COM EDIÇÃO DEDICADA A PORTUGAL
O eterno feminino
O EXiM 2016 olha para Portugal. O evento selecciona, em cada edição, um país ou região para poder mostrar o que de melhor na área do vídeo por lá se faz. Este ano traz de Portugal o vídeo experimental, com destaque para o trabalho feito no feminino também no vídeo para podermos ser mais justos”, diz. Ao falar das escolhas que fez, em particular para a edição de 2016 do EXiM, o curador explica “Mariana Viegas está a viver na Dinamarca e Tatiana Macedo tem estado numa residência em Berlim. Enquanto ponto de ligação é o facto de serem ambas artistas portuguesas que não estão no seu país”.
feminina está lá.” Para Drummond, “quando se vê um trabalho feito por uma mulher, percebe-se isso mesmo”. Mariana Viegas, segundo Drummond, já na sua obra fotográfica
PROGRAMA EXIM 2016 PORTUGAL AND MACAO EXPERIMENTAL VIDEO FESTIVAL LOCAL : ARMAZÉM DO BOI 25, 26 E 27 DE NOVEMBRO
ALÉM DA MULHER
As duas artistas partilham ainda o facto de terem trabalhado anteriormente em fotografia. Mas, no que respeita ao vídeo, apresentam abordagens nada semelhantes, apesar de nenhuma das duas se centrar na questão do género ou de assuntos relacionadas. “São trabalhos diferentes e o que acho curioso é que, no trabalho delas, não há uma tentação do feminino no sentido em que as artistas não demonstram preocupações mais directamente ligadas ao mundo das mulheres: a maternidade, por exemplo. No caso destas autoras isso não acontece, sendo que a sensibilidade
mostra uma paixão muito intensa de contraste entre ruínas e seres vivos. “O trabalho dela estabelece essa relação entre um espaço em geral de ruínas e a continuação de uma outra qualquer existência. Sem que se note
SEXTA-FEIRA
19:00 • Artistas: Natercia Chang Sio Weng, Joein Leong, Ella Lei, Yves Etienne Sonolet, Ray Chu, Carla Cabanas, Nuno Cera
SÁBADO
16:00 • Trabalhos de Tatiana Macedo e Mariana Viegas 19:00 • Trabalhos de Ray Sun Ruey Horng, Lei Cheok Mei, Ieong Kun Ieng , Suki Chan , Ivy Choeng , Fish Leong Ka Ian, Sam Kin Hang, Jack Yau, William Kwok, Napx, Leong Hou Un, Paula Lo, Natercia Chang Sio Weng e Ray Chu
DOMINGO
16:00 • Trabalhos de Nuno Cera, Bruno Ramos, José Carlos Teixeira, António Júlio Duarte, Carla Cabanas & Rui Calçada Bastos 19:00 • Trabalhos de José Maçãs de Carvalho
que seja forçado, há um olhar sobre a morte, sobre uma ideia qualquer de um apocalipse que, mesmo assim, deixará que continue a existência.” No entanto, “esta é uma leitura pessoal e feita no vazio”, salvaguarda o curador. O trabalho da Tatiana Macedo aparece como um trabalho “muito interessante” que pega no título de uma canção do Leonard Cohen – “Seems So Long Ago, Nancy”. É um vídeo de 45 minutos, é uma visão, sobre um museu em especial, o Tate Gallery, e é feito a partir do olhar dos seguranças e funcionários do espaço. “O protagonista não é o público ou as obras, mas sim as pessoas que trabalham no museu, aquelas pessoas que estão ali chateadas num canto, sentadas numa cadeira. É um trabalho com uma poética muito interessante na forma como aborda temas como o tédio e o vazio, é uma visão depurada do que é um museu a partir da perspectiva dessas pessoas.”
A EXPERIÊNCIA
As projecções encerram no serão de domingo com o trabalho de José Maçãs de Carvalho, que também faz a transição da fotografia para o vídeo, embora o trabalho que tem vido a desenvolver seja essencialmente marcado pelo carácter experimental. “Na fotografia de José Maçãs de Carvalho existe sempre um lado conceptual muito forte, enquanto no vídeo há uma tentativa de experimentar caminhos que o vídeo proporciona.” O autor tem várias pequenas peças em que apresenta coisas diferentes de como trabalhar este meio e, “ao longo da sua carreira, foi apontando caminhos diversos de como o fazer”.
12 CHINA
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Missão comprida
Nave tripulada regressa à Terra após um mês no espaço
D
DENUNCIADAS CARGAS INCOMPLETAS DE PETRÓLEO DE ANGOLA
O peso incerto
OIS astronautas chineses regressaram sexta-feira à Terra, após um mês no espaço, onde viveram e trabalharam no laboratório espacial Tiangong-2, a mais longa e a sexta missão tripulada da China, simbolizando o avanço do ambicioso programa espacial chinês. Numa manobra transmitida em directo pela televisão oficial chinesa CCTV, a nave tripulada pelos astronautas Jing Haipeng e Chen Dong tocou no solo terrestre às 14 horas. Antes de aterrar nas estepes da região da Mongólia Interior, norte da China, os dois homens permaneceram 30 dias no Tiangong-2, onde realizaram experiências científicas e preparam o funcionamento da futura estação espacial chinesa. Pequim quer pôr uma tripulação permanente no espaço até 2022, que está prevista operar ao longo de pelo menos uma década. O sucesso da missão “indica que o nosso programa espacial alcançou importantes novos progressos e é o mais recente feito na construção de um país voltado para a inovação e uma potência mundial na área da ciência e tecnologia”, afirmou numa mensagem o Comité Central do Partido Comunista Chinês.
“É o mais recente feito do povo chinês ao trepar ao topo do mundo”, refere a letra, lida pelo vice-primeiro-ministro Zhao Gaoli, desde o centro de controlo, em Pequim.
OBJECTIVO MARTE
Desde que colocou a primeira missão tripulado no espaço, há 13 anos, a China lançou duas estações espaciais, aterrou uma sonda em solo lunar e está agora a planear enviar uma missão tripulada à Lua. A construção das estações espaciais Tiangong tem como objectivo final colocar uma sonda em Marte até ao final da década. A China foi excluída da Estação Espacial Internacional (EEI), com base sobretudo em legislação dos Estados Unidos da América, que proíbe a cooperação com o país, e preocupações sobre o carácter militar do programa chinês. Pequim procura agora internacionalizar o seu próprio programa, financiando outros países para que realizem missões até ao Tiangong 2, que quando estiver completo terá um peso de 60 toneladas, bem menos do que a estação da EEI, que tem 420 toneladas.
Quase 90% dos carregamentos de petróleo provenientes do poço angolano de Saturno que chegaram a Huangdao, norte da China, nos primeiros dez meses do ano tinham peso a menos, noticiou a imprensa local
S
EGUNDO o maior jornal da província de Shandong, o Qi Lu Wan Bao, 45 dos 51 carregamentos provenientes de Saturno traziam menos carga do que o acordado, estando a perda para os compradores estimada em 2,21 milhões de dólares. No total, as encomendas oriundas daquele poço de águas ultra-profundas, situado no bloco 31, costa norte de Angola, apresentaram um défice de 7.690 toneladas, destaca o jornal, que cita a alfândega de Huangdao. No caso em que os carregamentos apresentaram maior irregularidade, o valor em falta ascende a 0,5% do total. A mesma fonte justifica o défice com a “densidade do petróleo acima do normal” e o “carregamento insuficiente no porto de carga”, estimando a perda para os compradores em 2,21 milhões de dólares. Situada na província de Shandong, a ilha de Huangdao é sede
de uma das principais refinarias do gigante estatal Sinopec no norte da China, e extremo de um dos oleodutos que fornece o nordeste chinês.
NO PÓDIO
Entre Janeiro e Outubro, Huangdao recebeu 3,6 milhões de toneladas de petróleo oriundos de Saturno, o que coloca o poço angolano entre o terceiro maior fornecedor, a seguir a Meery16, na Venezuela, e ESPO, na Rússia. As autoridades recomendaram aos importadores chineses que, ao
45 51 dos
carregamentos provenientes de Saturno traziam menos carga do que o acordado, estando a perda para os compradores estimada em 2,21 milhões de dólares
assinar o contrato de compra com o fornecedor angolano, devem identificar claramente o método de pesagem e realizar uma inspecção no porto de carga. O bloco 31 tem o petróleo mais barato produzido em Angola e já rendeu em receitas para o Estado, entre Janeiro e Setembro, 57.104 milhões de kwanzas (321 milhões de euros), segundo dados do Ministério das Finanças de Angola. É explorado por um consórcio que integra a BP (26,67% do capital), a Statoil (13,33%), a Sonangol Sinopec International (15%) e a estatal angolana Sonangol (45%), que é também operadora do bloco. Em Julho passado, Angola ultrapassou a Arábia Saudita e a Rússia e tornou-se no principal fornecedor de petróleo da China, segundo dados das Alfândegas chinesas. Em Agosto e Setembro, o país africano manteve aquela posição.
Cápsula de regresso aterra nas estepes da Mongólia
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PEQUIM ESPERA QUE REUNIÃO ENTRE TRUMP E SHINZO ABE NÃO PREJUDIQUE TERCEIROS
A
China disse sexta-feira esperar que a cooperação e o encontro bilateral entre o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e o presidente eleito dos Estados Unidos da América, Donald Trump, “não prejudiquem os interesses de terceiros”. “Esperamos que respeitem as preocupações em matéria de segurança das partes envolvidas na região e que a sua [cooperação] conduza à paz e estabilidade regional”, afirmou Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. Abe foi a personalidade estrangeira de mais alto nível a reunir-se com Trump desde que o magnata venceu as eleições nos EUA. Em declarações aos jornalistas após a reunião, na quinta-feira, Abe descreveu o encontro com Trump como franco e cordial, mas não disponibilizou pormenores sobre a conversa. O encontro aconteceu depois de, durante a campanha, Trump ter criticado países como o Japão pelos gastos que os Estados Unidos têm
de cobrir para assegurar a sua defesa. Trump chegou também a recomendar que o Japão e a Coreia do Sul obtenham armas nucleares para se protegerem das ameaças da Coreia do Norte. As relações entre Pequim e Tóquio vivem renovadas tensões em torno da soberania das ilhas Diaoyu, no mar da China Oriental. Pequim opõe-se também à instalação do sistema antimísseis norte-americano THAAD na península sul-coreana, que é apoiada por Tóquio. Durante a campanha, Trump foi também muito crítico do tratado comercial Transpacífico (TPP), que inclui o Japão e exclui a China, e ameaçou revê-lo quando chegar à Casa Branca. Geng afirmou que se está a estudar a hipótese do vice-primeiro-ministro chinês Wang Yang se reunir com a equipa de transição de Trump, entre os dias 21 e 23 de Novembro, quando participa da sétima comissão conjunta China-EUA para a economia e o comércio, em Washington.
XI JINPING RELAÇÃO COM EUA ATRAVESSA “PONTO DE VIRAGEM”
O
Presidente chinês, Xi Jinping, prevê que a relação do seu país com os Estados Unidos da América (EUA) atravesse um “ponto de viragem”, conforme afirmou no sábado, no início de um encontro com Barack Obama, em Lima. “Espero que os dois lados trabalhem juntos para se concentrarem na cooperação, gerirem as diferenças e fazerem com que a transição aconteça sem problemas e que a relação continue a desenvolver-se”, adiantou Xi Jinping, no início de uma reunião bilateral à margem da reunião anual das 21 economias da Ásia e do Pacífico (APEC). Sem se referir directamente ao Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, Xi Jinping disse esperar que exista uma “transição” sem complicações. “A relação entre os dois países é a mais consequente
no mundo. Acredito que uma relação construtiva entre os Estados Unidos não beneficia apenas os nossos povos, mas o mundo inteiro”, sublinhou, por seu lado, Barack Obama. O Presidente norte-americano disse esperar do encontro com o seu homólogo chinês uma conversa sincera sobre assuntos em que, todavia, diferem. Obama sublinhou que os Estados Unidos e a China asseguraram nos últimos anos uma associação efectiva para enfrentarem desafios globais como o crescimento, o desenvolvimento de armamento nuclear pelo Irão, a epidemia do ébola e a luta contra as alterações climatéricas. Tanto Obama como Xi Jinping reúniram-se este fim de semana com os líderes das outras 19 economias que integram a APEC, um grupo que representa 54% do Produto Interno Bruto (PIB) global.
INVESTIMENTO DIRECTO NO EXTERIOR AUMENTOU 53,3%
Aplicações móveis
A
S empresas chinesas investiram 145,96 mil milhões de dólares no exterior, entre Janeiro e Outubro, um aumento de 53,3%, face ao mesmo período de 2015, consolidando a posição da China como investidor externo. O valor supera o investimento directo estrangeiro na China, que nos primeiros dez meses do ano aumentou 4,2%, em termos homólogos, fixando-se nos 90.500 milhões de euros. Os dados do Ministério do Comércio chinês detalham que, em Outubro, o investimento feito pela China além-fronteiras subiu 48,4%, face ao mesmo mês de 2015, para 11,74 mil milhões dólares. Pequim tem encorajado as empresas do país a investir além-fronteiras,
como forma de assegurar matérias-primas e fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica. Os investimentos chineses chegaram a 162 países e regiões, tendo beneficiado sobretudo Hong Kong, os países do sudeste asiático e da União Europeia, Austrália, Estados Unidos da América, Rússia e Japão. Os EUA registaram a maior subida, com o capital chinês no país a registar um
aumento de 173,9%, nos primeiros dez meses do ano.
MUDANÇA DE RUMO
A tendência do investimento chinês tem-se também alterado nos últimos anos, com crescente preponderância do sector dos serviços e do consumo. Os números oficiais demonstram que, nos primeiros dez meses do ano, a maioria do montante de investimento chinês fora do país se dirigiu para os
serviços comerciais, retalho e manufactura. “Anteriormente dominado por grandes empresas estatais que procuravam ferro e cobre, o investimento chinês agora inclui conglomerados do sector privado que compram estúdios de cinema nos EUA e casas de moda na Europa, assim como empresas apoiadas pelo Estado a adquirir firmas no sector da tecnologia”, notou o banco HSBC em comunicado. A China é a segunda economia mundial, a seguir aos EUA, e a maior potência comercial. Nos últimos anos, Portugal tornou-se um dos principais destinos do investimento chinês na Europa, logo a seguir ao Reino Unido, Alemanha e França, num montante que já ultrapassou os 10.000 milhões de euros, segundo fontes portuguesas.
PUB HM • 1ª VEZ • 21-11-16
ANÚNCIO
EDITAL Decisão final relativa à notificação de reparação de prédio em mau estado de conservação Edital n.º : 50/E-AR/2016 Processo n.º : 21/AR/2009/F Local : Prédio situado na Rua de Afonso de Albuquerque n.º 7, Macau. Li Canfeng, Director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, faz saber que ficam notificados os proprietários, inquilinos ou demais ocupantes do prédio acima indicado, do seguinte: Em conformidade com o Auto de Vistoria da Comissão de Vistoria constante do processo em curso nesta Direcção de Serviços, o prédio acima indicado encontra-se em estado de conservação, pelo que, nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (Regulamento Geral da Construção Urbana) de 21 de Agosto, foi instaurado um procedimento administrativo relativo à notificação da reparação do prédio acima indicado. No uso das competências delegadas pelo n.º 12) do artigo 5.º do Despacho n.º 04/ SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 25, II Série, de 24 de Junho de 2015 e por despacho de 7 de Março de 2016 do Chefe do Departamento de Urbanização da DSSOPT, Lai Weng Leong, foi homologado o Auto de Vistoria acima indicado. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 14 de Março de 2016, a audiência escrita dos interessados, mas não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a reparação do prédio acima indicado. Nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do RGCU e por meu despacho de 01 de N de 2016, ordeno aos interessados que procedam, no prazo de 60 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à reparação do prédio acima indicado. Para o efeito, de acordo com as disposições do RGCU, os interessados deverão apresentar nestes Serviços o Pedido da Aprovação de Projecto (de Alteração) da Obra de Reparação / Conservação, no prazo de 10 dias contados a partir da data da publicação do presente edital. O impresso do respectivo pedido está disponível na página electrónica da DSSOPT. Findo o prazo acima referido, caso os interessados não tenham dado cumprimento à respectiva ordem, esta Direcção de Serviços aplicar-lhes-á a multa prevista nos artigos 66.º e 67.º do RGCU. Na falta de pagamento voluntário da despesa, nos termos do n.º 1 do artigo 142.º do Código do Procedimento Administrativo, proceder-se-á à cobrança coerciva da quantia em dívida pela Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças. Nos termos do n.º 1 do artigo 59.º do RGCU e das competências delegadas pelos n.os 1 e 4 da Ordem Executiva n.º 113/2014, publicada no Boletim Oficial da RAEM, Número Extraordinário, I Série, de 20 de Dezembro de 2014, da decisão do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 15 dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 01 de Novembro de 2016
O Director dos Serviços Li Canfeng
Execução ordinária n.º
CV2-14-0134-CEO
號
2º Juízo Cível
Exequente: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA(MACAU) S.A. 【中國工商銀行(澳門) 股份有限公司】, com sede em Macau, na Avenida da Amizade, n,º 555 – Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. Executados: 1. TANG CHON KIT(鄧俊傑); e sua mulher 2. MELISSA JAYNE BARRATT TANG, ambos de nacionalidade chinesa, residentes em Macau, na Avenida Dr. Sun Yat Sen, n.º 23, - Edifício “Kingsville”, Bloco 1, R/C “I”. Nos autos supra identificados, foi designado o dia 09 de Dezembro de 2016, pelas 09:30 horas, neste Tribunal, para a venda por meio de propostas em carta fechada, do bem penhorado abaixo identificado. IMÓVEL A VENDER Verba nº. 1 Denominação da fracção autónoma: “R8”, 8º andar “R”. Situação: Em Macau, na Taipa, nºs 233 a 321 da Estrada Almirante Magalhães Correia, nºs 34 a 94 da Estrada Nordeste da Taipa, nºs 9 a 113 da Rua da Baía e nºs 1 a 74 do Beco da Baía. Fim: Para habitação. Número de matriz: nº. 040758 Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 8870, a fls. 276 do Livro B25. O valor da base da venda: MOP$3.777.120,00(Três Milhões, Setecentas e Setenta e Sete Mil, Cento e Vinte Patacas). Verba nº.2 Denominação da fracção autónoma: “Q8”, 8º andar “Q”. Situação: Em Macau, na Taipa, nºs 233 a 321 da Estrada Almirante Magalhães Correia, nºs 34 a 94 da Estrada Nordeste da Taipa, nºs 9 a 113 da Rua da Baía e nºs 1 a 74 do Beco da Baía. Fim: Para habitação. Número de matriz: nº. 040758 Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 8870, a fls. 276 do Livro B25. O valor da base da venda: MOP$3.777.120,00(Três Milhões, Setecentas e Setenta e Sete Mil, Cento e Vinte Patacas). O preço das propostas deve ser superior ao valor – base da venda acima indicado. *** Os interessados na compra devem entregar a sua proposta em carta fechada, com indicação nos envelopes das propostas, a seguinte expressão “proposta em carta fechada”, “2º Juízo Cível” e o “Processo Número: CV2-14-0134-CEO”, na Secção Central deste Tribunal, até o dia 07 de Dezembro de 2016, até 17: 45 horas, podendo os proponentes assistir ao acto da abertura das propostas. É fiel depositária a Sra. SUN FONG I, residente em Macau, na Estrada do Nordeste da Taipa, n.º 86, Jardim Hoi Wan, 8.º andar Q, Taipa, que está obrigada, durante o prazo dos edital e anúncio, a mostrar o bem imóvel a quem pretenda examiná-lo, podendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção. Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação do imóvel supra referidos podem, querendo, exercer o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite, nos termos do artº 787º do C.P.C.M. Macau, aos 15 de Novembro de 2016. *****
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração
YAO ZUI «Xu Huapin»
Continuação da Classificação dos Pintores Como é que um homem que nunca atravessou um ribeiro pode dizer que já atravessou o oceano? Quando vê algumas tartarugas ou peixes, ele dirá que já descobriu crocodilos e dragões. É inútil falar de pintura a este género de pessoas. Chen Si Wang1 disse: «A arte de composição literária foi iniciada por eruditos; a arte da pintura por homens hábeis.» Eles formaram duas correntes diferentes de acordo com as suas características e é difícil ter sucesso ao combinar as duas. Seguir os traços dos quadrados (ou seja, escrever em caracteres) é fácil, mas isto não requer nenhum conhecimento dos movimentos curvos (como na pintura), o que é difícil. Estimando o vento que sopra através do Vale de Xiang não nos permite perceber as correntes de água da Montanha Luliang2; mesmo quando se inicia com um bom princípio (cortes com a lamina), o final, o acabado pode permanecer obscuro. 3
1 - Cao Zhi (192-232), terceiro filho de Cao Cao, (Mengde, 155-220),penúltimo chanceler da dinastia Han oriental, predecessor do estado de Wei, ficou famoso pela sua proficiência na literatura e na poesia em particular. 2 - Cadeia montanhosa no centro da China dividindo o rio Fen, na face a oeste e sudoeste da Província de Shanxi, do Rio Amarelo (Huanghe). 3 - Osvald Sirén nota aqui uma referência a uma sentença de Du You (Wade-Giles, Tu Yu) comparando o início bem-sucedido de uma campanha com a separação de dois ou três nós de bambu. Du You (734-813) além de ter sido um alto funcionário, desempenhando importantes funções, tanto no governo central como nos governos
regionais durante a dinastia Tang, é o autor de uma enciclopédia escrita ao longo de pouco mais de trinta anos – Tongdian -colecionando uma variedade de assuntos desde financeiros, económicos, seleção de funcionários, sistemas de governo militar e judicial e divisão administrativa das várias dinastias. Segundo o historiador contemporâneo Bai Shouyi, «Algumas das suas perspectivas são incisivas e penetrantes mesmo em termos modernos.» (in An Outline History of China, Foreign Languages Press, Beijing, 1982, p. 229) É igualmente um dos mais proeminentes comentadores dos Treze Capítulos de Sunzi, e por esta via algumas das suas sentenças estão traduzidas em português (ver por exemplo, Sun Tzu, A Arte da Guerra, Publicações Europa-América, Mem Martins, 1993).
15 hoje macau segunda-feira 21.11.2016
cidade ecrã
Rui Filipe Torres
O
mundo contemporâneo vive numa afirmação dupla, por vezes paradoxal, entre local e global. O cinema mais localizado do que local é a indústria-arte do séc. XXI. Desde sempre viu a difusão internacional como o território de excelência sem esquecer a dimensão doméstica, ou dito de outra forma, o reconhecimento afectivo por parte do público do país de origem. A produção cinematográfica exige sempre técnicos, actores, realizadores e escritores especialistas de argumento nos países, ou locais, de produção. Mas exige também, por diferentes razões de decisores públicos, políticas próprias, pensamento institucional. Arte moderna por excelência, o cinema nasceu com a modernidade, seja enquanto meio de narração, seja enquanto território de experimentação, seja documental, ou cinema de publicidade, o cinema foi e é construtor de visões, comportamentos, atitudes, de formas de olhar o eu e o outro. Diz Deleuze, seguindo uma tradição que remonta a Ovídio nas “Metamorfoses”, que as imagens não são duplos das coisas mas as coisas em si mesmas. As imagens são propriamente as coisas do mundo, e se assim é, o cinema não é o nome de uma arte-indústria, “ é nome do mundo”1 É certo que o mundo não precisa cinema, ( o cinema tem 122 anos, é recente na sociedade humana), mas o homem precisa, a construção de narrativas, é determinante e necessária na construção do mundo humano. Macau, é actualmente um dos laboratórios de ensaio dos rápidos processos de mudança social que são vividos na grande China inventora do mais novo regime de organização política do Estado, que se consagra na formulação “um país, dois sistemas”. Por razões de identidade que resultam da sua particular história, é plataforma escolhido pela RPC para o desenvolvimento das relações económicas, políticas e culturais com os países do mundo lusofonia. Desde sempre Macau foi uma cidade porto, lugar de chegada, partida e abrigo, de duas zonas do mundo culturalmente diferenciados, a Europa e o Oriente. Em particular foi e é o lugar de excelência para encontro e conhecimento entre Portugal e a China. Esta característica é fundadora da identida-
JOÃO PEDRO RODRIGUES, JOÃO RUI GUERRA DA MATA, A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU
O cinema em Macau
de da cidade e continua relevante hoje, neste tempo de novas configurações das Dinâmicas Sociais Económicas e Geopolíticas. Vem isto a propósito dos continuados ensaios que são visíveis na direcção da construção de instrumentos que visam posicionar Macau enquanto cidade criativa, em que o cinema tem necessariamente um lugar a desempenhar. Também na actividade cinematográfica Macau pode desempenhar um lugar único em que Ocidente e Oriente se cruzam, misturam, recriam.
“A co-produção, (...) é seguramente uma das formas que mais pode contribuir para o desenvolvimento da actividade cinematográfica no território”
O já próximo Festival Internacional de Cinema de Macau começa com alguma turbulência com o abandono do consagrado director Marco Muller, no entanto, é de prever que o Festival se afirme relevante no quadro competitivo dos Festivais Internacionais de Cinema classe A. Contribuirá em muito para visibilidade internacional do território. Quanto ao seu impute no desenvolvimento da indústria cinematográfica em Macau terá também obviamente relevância, no entanto, olhando os quadros de apoio ao cinema actualmente desenhados, verifica-se a ausência de legislação pensada para a co-produção, seja com os países da Lusofonia ou de outras geografias. Os concursos públicos existentes têm a obrigatoriedade do estatuto difícil da residência na RAEM, se por um lado este fechamento parece não corresponder à especificidade de Macau enquanto lugar de encontro e abertura aos diferentes mundos do mundo, também não está de acordo
com o que o desenvolvimento da indústria cinematográfica no modelo de produção independente precisa, instrumentos facilitadores à co-produção. A co-produção, e talvez importe referir que há várias possibilidades de regular no interesse do desenvolvimento do cinema no território esses mecanismos, é seguramente uma das formas que mais pode contribuir para o desenvolvimento da actividade cinematográfica no território. Paralelamente parece igualmente interessante e possível a criação de uma licenciatura, embrionária de uma futura escola de cinema, na Universidade de Macau. São medidas estruturantes que cabem a quem pensa as estratégias de desenvolvimento da cidade, neste tempo que, como afirmou Elia Kazan em 1986, “os filmes são o diálogo do mundo de hoje”.
1 - Jacques Rancière, A Fábula Cinematográfica, edições Orfeu Negro ©2014, pág. 178,179
16 (F)UTILIDADES TEMPO
MUITO
hoje macau segunda-feira 21.11.2016
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NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente VAFA - SALÃO DE OUTONO Casa Garden
MIN
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27
HUM
80-95%
•
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8.45
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EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12) ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)
O CARTOON STEPH
PROBLEMA 124
UM FILME HOJE
SUDOKU
DE
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 123
C I N E M A
1.16
FENÓMENO EM QUATRO RODAS
EXPOSIÇÃO “O ARAUTO DOS TEMPOS: O POETA F. HUA-LIN” Academia Jao Tsung-I (até 13/11)
Cineteatro
YUAN
AQUI HÁ GATO
EXPOSIÇÃO “SE EU ESTIVESSE EM SÃO FRANCISCO/MACAU” Fundação Rui Cunha
EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11)
0.22
Perguntaram-me um dia destes porque é que o território pára para ver o Grande Prémio. Não sei dar uma resposta concreta, mas disse que, antes, Macau era como o Mónaco, um pequeno território perdido no meio da Europa. Quando Macau era o Mónaco (belo, pequeno, calmo e gracioso), as corridas de carros atraíam muitos visitantes e eram um acontecimento anual. Sobretudo os de Macau, macaenses e portugueses, vibravam com este evento desportivo. Há grandes estórias e memórias no seio da comunidade macaense sobre o Grande Prémio, as corridas que protagonizaram e os acidentes ocorridos com corredores famosos. O problema é que Macau já não é o Mónaco. O Mónaco, por seu turno, continua a ser o belo Mónaco. Macau recebe hoje um histórico evento quando já não tem infra-estruturas suficientes para o dia-a-dia da cidade. À medida que os anos passam isso começa a ser evidente, e não podemos ignorar o episódio do homem que tentou sair de um autocarro através do vidro. Se já mal cabemos nas ruas e pequenas estradas no meio de autocarros, carros, motas e autocarros de turismo nos restantes dias do ano, como fazemos quando temos o Grande Prémio? Ou não fazemos ou demoramos meio dia. Poderíamos ser o Mónaco se tivéssemos começado a controlar todo este trânsito há alguns anos. Hoje em dia começa a tornar-se insuportável, apesar da beleza, apesar da história, do fascínio. Pu Yi
O HOMEM QUE VIU O INFINITO | MATTHEW BROWN | 2015
Srinivasa Aiyangar Ramanujan foi um matemático nascido na Índia que revolucionou a disciplina e cujo talento para os números só foi reconhecido no Reino Unido, à época (início século XX) a metrópole de todo um império. Ramanujan descobriu fórmulas e equações sem formação académica, escrevendo no chão, a giz, e praticamente só vivia para a matemática. Um bom filme biográfico com as interpretações de Jeremy Irons e da estrela de “Quem quer ser milionário”, o actor indiano Dev Patel. Andreia Sofia Silva
FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM SALA 1
SALA 3
FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Makoto Shinkai 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
Filme de: Ron Howard Com: Tom Hanks, Felicity Jones, Irrfan Khan 14.15, 21.30
SALA 2
FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B] [3D]
YOUR NAME [B]
FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B] Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Erza Miller 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
INFERNO [B]
Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Erza Miller 16.30, 19.00
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17 hoje macau segunda-feira 21.11.2016
OPINIÃO
a canhota
Os custos por detrás da moda
DAVID FRANKEL, THE DEVIL WEARS PRADA (2006)
FA SEONG 花想
S
ENTI vergonha quando ouvi falar do termo “terceiro mundo” apenas esta semana. Quando o ouvi pela primeira vez, ainda pensei que se estaria a falar de um mundo fictício, oriundo de muitos filmes de ficção científica. Nunca aprendi sobre esses países de terceiro mundo ou sobre esse conceito na escola. Através de uma pesquisa rápida na internet fui percebendo como é composto o chamado terceiro mundo, com países que conhecem um menor desenvolvimento económico em vários continentes. O interesse por este conceito surgiu-me através da visualização de um documentário lançado no ano passado, chamado “The True Cost” do realizador britânicoAndrew Morgan. Este pretende chamar a atenção do público para o problema das más condições de trabalho de milhões de pessoas em todo o mundo, aquelas que estão nas fábricas de vestuário de grandes marcas. São habitantes da Índia, Sri Lanka ou Paquistão e produzem roupas com baixíssimos custos para as marcas, as quais são exportadas para os tais países de primeiro mundo, como os Estados Unidos, Canadá ou países europeus. As más condições de trabalho destas pessoas podem ser exemplificadas com a tragédia de Bengala, em 2013, quando um edifício em risco de ruir acabou mesmo por colapsar. Lá dentro operavam várias fábricas
“Este tipo de moda produzida em massa deveria servir para o usufruto de muitas pessoas que não são ricas e que não podem comprar alta costura. Deveria ser vantajosa para criar oportunidades de trabalho para os habitantes dos países menos desenvolvidos.” têxteis ilegais, onde eram obrigados a trabalhar milhares de pessoas. Morreram mais de mil trabalhadores, os que ocupavam os lugares mais baixos nas cadeias de produção. Este tipo de moda produzida em massa deveria servir para o usufruto de muitas pessoas que não são ricas e que não podem comprar alta costura. Deveria ser vantajosa para criar oportunidades de trabalho para os habitantes dos países menos desenvolvidos. Mas a realidade é que, para minimizar os custos de produção, os fabricantes ignoram os direitos humanos e pagam mal aos seus trabalhadores, não suportando as garantias a que têm direito, as horas de descanso, uma alimentação devida, um salário digno. Sinto-me culpada porque as grandes marcas responsáveis por esse problema são aquelas que eu e a maioria das pessoas em Macau e no mundo procuram. Multinacionais como a Zara ou a H&M vendem roupas a preços bastante acessíveis mas à custa de actos cruéis. Os trabalhadores ganham, na maioria das vezes, menos de cem dólares americanos por mês (sensivelmente mil patacas). É o outro lado do mundo e o consumismo deste lado. Talvez sejamos cúmplices da dureza de vida dos trabalhadores dessas fábricas. Macau e China são considerados ainda países ou regiões em desenvolvimento, apesar
dos enormes avanços económicos. Muitos têm uma vida de luxo como nos países desenvolvidos, sobretudo a nova geração. Todos compram vestidos luxuosos, telemóveis de última geração e calças de ganga de 500 patacas ou mais. E ninguém se arrepende disso. Quando compramos as roupas não vamos pensar “quem é que fez este casaco?”. Ou
“será que este trabalhador foi mal tratado?”. Como poderemos saber se por detrás dos nossos tecidos estão sangue e lágrimas e, ainda assim, vesti-los diariamente? Isso surgiu com a última revolução da moda, um novo movimento global que pede uma maior transparência por parte da indústria de moda e de quem a faz. Temos de pensar mais antes de comprarmos o nosso vestuário, temos de promover um trabalho mais sustentável nas fábricas. Agradecemos o facto de muitas marcas já prometeram melhorar as condições dos seus trabalhadores, mas só Deus saberá se isso é suficiente ou não para que estas pessoas tenham melhores vidas. Mais ninguém.
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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 638/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LIU ZHIHUA, portador do passaporte da RPC n.° E25750xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 47/DI-AI/2014 levantado pela DST a 20.04.2014, e por despacho da signatária de 14.11.2016, exarado no Relatório n.° 718/DI/2016, de 27.10.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Malaca n.° 172, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 11, 4.° andar F, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício Centro Hotline , 18.° andar, Macau.----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Novembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
18 OPINIÃO
hoje macau segunda-feira 21.11.2016
“A great shift towards the East is taking place. This really is a case of back to the future: as Laza Kekic points out, by 2050 Asia will account for more than half the world economy, which is what its share was back in 1820 and for centuries before that. This will profoundly affect everything from the environment to the balance of military power and the centre of gravity of the global economy.” Megachange: The World in 2050 D. Franklin and John Andrews
O
início do dia das eleições nos Estados Unidos foi marcado por dez baralhados inquéritos nacionais, em que oito davam a vitória a Hillary Clinton, um anunciava um empate e o último apostava na vitória de Donald Trump. No final da longa vigília, os embaraçados comentadores interrogavam-se de quem seriam os Secretários de Estado do candidato vencedor, quais seriam as grandes linhas de acção da sua futura gestão à frente dos destinos do país, de como seria a sua ligação com ambas as câmaras, após ter dado a vitória no Senado ao Partido Republicano, e como seria a sua relação dentro do mesmo partido, com a actual liderança que lhe virou as costas. Tudo são interrogações no que respeita a Donald Trump, mesmo em áreas onde se supõe conhecer o seu pensamento, como o tema dos imigrantes e as alianças comerciais e militares. O candidato dado por todos como derrotado, em uma campanha política de poucos meses, transformou o cenário político e dos partidos do país, podendo influenciar ainda mais, as principais correntes de pensamento da sociedade americana, ao longo dos próximos quatro anos, se as constelações não conspirarem, para que sejam oito anos. A partir de agora, existe uma nova forma de fazer política, outra maneira de compreender o funcionamento da democracia americana e do papel do país na cena global. Muitos serão os políticos que terão a tentação de seguir o seu exemplo e modelo. A campanha de Donald Trump, esteve ausente dos meios de comunicação tradicionais, e teve um orçamento muito menor que o do Partido Democrata. Teve como principal centro as redes sociais, o que talvez explique de certa forma, o impacto que conseguiu, e de algum modo tenha favorecido o facto de os meios de comunicação sociais tradicionais não terem observado com a agudeza necessária, o fenómeno Trump e o subestimaram. Fica por ver se a nova etapa implica o abandono de toda a pretensão de injectar seriedade e transcendência ao debate político americano, com o consequente efeito que terá sobre as instituições, e sobre a essência do conceito actual de democracia. O Partido Republicano pode ficar sob controlo do novo mandatário, fragmentar-se, ficar nas mãos de um rival de Trump, ou rejuvenescer com contributos de novos dirigentes. As consequências do fenómeno são perceptíveis, em outras latitudes. Muitos países europeus vêem o apogeu dos partidos de extrema-direita, que combatem os imigrantes, sem falar de todos os matizes do Brexit e da militância a favor do proteccionismo comercial
e contra os tratados globais, e talvez seja esta a verdadeira tragédia, ou seja, o modo de entender a política de Trump, começa a ser uma parte normal da cena quotidiana. As consequências do Brexit, decidido pelos votantes ingleses, foi um severo choque para a União Europeia (UE). A consagração presidencial de Donald Trump é a segunda violenta perturbação num curto período de tempo, uma verdadeira catástrofe como é denominada. A Alemanha é o único país com relevo, que resiste a um mundo que parece querer desabar. A unidade de acção transatlântica, que por mais de setenta e cinco anos foi a pedra angular da direcção do Ocidente, em todos os níveis, seja na defesa, comércio ou redução das alterações climáticas, parece estar a chegar ao fim. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi a salvaguarda Europeia contra o ameaçador expansionismo soviético, que parece renascer com o sonho imperial da Rússia liderado por Vladimir Putin. Se os Estados Unidos, como tem advertido Donald Trump, refugiar-se no isolacionismo mais extremo, estará muito em jogo, pois os europeus ficarão sós para conter a agressividade russa e os esforços realizados no Médio Oriente para acompanharem os Estados Unidos serão inúteis, bem como os mortos e as perdas sofridas no Iraque e no Afeganistão, sem esquecer o famoso tratado de livre comércio, entre ambos os lados do Atlântico. Os europeus encontram-se preocupados como não acontecia há muitas décadas. A vitória incontestável de Donald Trump nas eleições americanas veio certificar que vivemos uma era de transformações profundas e cíclicas, tal como sempre aconteceu na história da humanidade. As dramáticas descobertas científicas interromperam as práticas empresariais ou novas ordens sociais, como a Reforma e a Revolução Industrial, e alteraram fundamentalmente a vida das pessoas. Os tempos mais recentes, foram também palco de grandes mudanças. Os Estados Unidos, por exemplo, enfrentaram transformações substanciais na década de 1860 durante e após a Guerra Civil, e novamente na década de 1930, devido à Grande Depressão, e na década de 1960 com a promoção dos direitos civis, da libertação das mulheres e dos movimentos ambientais. Em um tempo relativamente curto, perturbações em larga escala alteraram a sociedade e a política e deixaram uma marca duradoura nessas eras. Existiram flutuações significativas, em várias épocas, nas políticas públicas ou nas atitudes dos cidadãos associadas à mudança social, política ou económica. Por exemplo, após um período de turbulência social e religiosa, uma proibição americana sobre a produção e venda de álcool foi adoptada a nível nacional, em 1920 e permaneceu em vigor até 1933. Após as mulheres se começarem a organizar politicamente no final do século XIX, os países ocidentais adoptaram gradualmente o sufrágio feminino, incluindo os Estados Unidos em 1920, por meio de uma emenda constitucional. Se reflectirmos na mudança dos costumes culturais, em relação a períodos anteriores, existiu uma dramática decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, em 1973, que legalizou o aborto em todo o país, que Donald Trump pretende reverter, para além da famigerada construção do vergonhoso muro entre a América e o México, e a expulsão ou deportação de três milhões de ilegais. Nunca é fácil separar
STEVEN ZAILLIAN, ALL THE KING’S MEN
O salto quântico (I)
19 hoje macau segunda-feira 21.11.2016
OPINIÃO perspectivas
JORGE RODRIGUES SIMÃO
as causas das consequências de transformações em grande escala. A mudança por vezes é caótica e multifacetada e, portanto, difícil de definir com precisão. É necessário observar por algum período de tempo, para analisar cuidadosamente o que está a mudar e quais as forças que estão a gerar as alterações mais substanciais. Todavia, através dos estudos de alguns casos, é possível esclarecer as grandes alterações que afectaram os assuntos globais e a política americana nas últimas décadas. A nível interno dos Estados Unidos, vemos profundas alterações na mudança de atitudes em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, tabagismo, legalização da maconha, desigualdade de rendimentos, terrorismo e segurança nas fronteiras.
“O termo “salto quântico”, emprestado dos físicos, passou a significar, popularmente, mudanças de grande escala que galgaram o conhecimento existente e introduziram novas formas de pensar. Os filósofos falam sobre “mudanças de paradigma” onde os modelos teóricos mudam drasticamente” A nível global, testemunhamos o surgimento e o colapso da “Primavera Árabe”, o ressurgimento do fanatismo religioso, a violência de actores não-estatais e as mudanças ao livre fluxo de pessoas, bens e serviços associados à globalização. O que acontece a nível mundial, por vezes, influencia a política interna dos países, ou vice-versa. O extremismo em um local pode provocar tensões em um lugar distante. Em uma era de comunicações globais e transmissão rápida de informações, eventos aparentemente pequenos podem repercutir em outros lugares, e tornarem-se um catalisador para mudanças dramáticas nos assuntos internos ou internacionais. O termo “salto quântico”, emprestado dos físicos, passou a significar, popularmente, mudanças de grande escala que galgaram o conhecimento existente e introduziram novas formas de pensar. Os filósofos falam sobre “mudanças de paradigma” onde os modelos teóricos mudam drasticamente. Os biólogos referem-se a modelos de “equilíbrio pontuado”, nos quais há um tempo de grande mudança seguido por períodos de equilíbrio. Os especialistas digitais enfatizam a “tecnologia disruptiva ou dominante no mercado” que desafia as velhas formas de produção e leva ao surgimento de empresas que tiram proveito, ou ajudam a criar novas realidades do mercado, ou melhor ligando o talento e a inovação que resulta em “startups” das indústrias culturais e criativas, que em muitos países abundam com êxito, e em outros não existem, perdendo tempo em filosofias e querelas sem consequência prática.
O Grande Prémio de Macau curiosamente representou o nosso dia-a-dia
segunda-feira 21.11.2016
Atlântido
DESCARRILAMENTO DE COMBOIO NA ÍNDIA FAZ 91 MORTOS
P
ELO menos 91 pessoas morreram e cerca de 80 ficaram feridas ontem num acidente ferroviário em que várias carruagens de um comboio descarrilaram no estado de Uttar Pradesh, norte da Índia. O acidente aconteceu durante a madrugada perto de Purwa, uma localidade próxima da cidade industrial de Kanpur, em que 14 carruagens se desprenderam.As primeiras notícias apontavam para 24 mortos, mas o número subiu, entretanto, para pelo menos 91. As causas do acidente ainda não foram apuradas. Equipas médicas estiveram no local a prestar assistência e os feridos em estado grave foram transportados para hospitais em Kanpur. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou, através da rede social Twitter,
que as suas preces estão com os feridos no “trágico acidente”, a quem desejou rápida recuperação. Arede ferroviária indiana é a quarta mais longa do mundo, com 65 mil quilómetros, atrás da dos Estados Unidos, Rússia e China, e conta com 1,3 milhões de funcionários e 12.500 comboios, transportando cerca de 23 milhões de passageiros por ano. Apesar de 80% da rede ter sido construída pelos britânicos durante a época colonial, grande parte dos fundos do sector são investidos na manutenção do traçado obsoleto. Segundo um estudo divulgado pelo Ministério das Ferrovias, o investimento em segurança seria fundamental, já que na última década aconteceram 1.522 acidentes em que morreram 2.331 pessoas.
FILIPINAS ONG CONTRA REGRESSO DA PENA DE MORTE
A
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Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) instou sábado o Governo das Filipinas a abandonar uma proposta de lei para restabelecer a pena capital, abolida no país há uma década. “Os deputados devem resistir à tentação de chegar à conclusão que o restabelecimento da pena de morte será um instrumento eficaz para combater a delinquência”, assinalou em comunicado o presidente da FIDH, Dimitris Christopoulos. A semana passada, um subcomité da câmara dos representantes filipina começou a debater sobre uma reforma judicial que permita reintroduzir a pena de morte para os que cometam “crimes atrozes”, sem precisar que crimes estariam tipificados. O Presidente filipino, Rodrigo Duterte, prometeu durante a campanha eleitoral restabelecer a pena capital para um amplo leque de crimes, incluindo os relacionados com as drogas. Desde a chegada ao Palácio de Malacanañg, no final de
Junho, Duterte iniciou uma campanha contra o tráfico e consumo de estupefacientes que resultou na morte de mais de 4.700 pessoas às mãos da polícia ou de “vigilantes”. O Presidente assinalou, durante a campanha, que a pena de morte também pode ser aplicada a pessoas consideradas culpadas de violação, sequestro ou roubo, se o crime resultar em vítimas mortais. “Além de promover uma atmosfera de ‘vigilância’ que levou ao homicídio ilegal de milhares de filipinos em nome da guerra contra as drogas, o Governo de Duterte apoia o restabelecimento da morte como punição do Estado”, sublinhou Rose Trajano, vice-presidente da FIDH. “É tempo de os deputados rejeitaram tal insensatez e reafirmarem o respeito pelos direitos humanos e pelo primado da lei como única maneira de avançar”, defendeu Trajano, que ocupa também o cargo de secretária-geral da Aliança dos Defensores de Direitos Humanos das Filipinas.
Seul PRESIDENTE TEVE “PAPEL CONSIDERÁVEL” EM CASO DE CORRUPÇÃO
Protagonista à força
A
Presidente da Coreia do Sul teve um papel “considerável” no escândalo de corrupção que envolve o Governo, anunciou ontem o Ministério Público de Seul, ao acusar formalmente uma amiga próxima de Park Geun-Hye e dois antigos assessores. “Com base nas provas recolhidas até agora (…) verificámos que a Presidente teve um papel de considerável colaboração em muitas das acusações envolvendo as [três] pessoas”, disse Lee Young-Ryeol, que lidera a investigação. O Ministério Público pretende questionar Park em breve, que apesar de ter imunidade pode ser investigada, disse Lee. “Devido à imunidade da Presidente em relação a procedimentos penais, presente no artigo 84.º da Constituição, não podemos acusar a Presidente. O gabinete para investigações especiais vai continuar a pressionar para uma investigação à Presidente com base neste entendimento”, afirmou. A amiga de longa data de Park, Choi Soon-sil, foi formalmente
acusada pelo Ministério Público sul-coreano ontem, por suspeitas de interferência com assuntos de Estado e intimidação de empresas públicas de modo a doarem dezenas de milhões de dólares a fundações que ela controlava. Milhares de pessoas têm-se manifestado a pedir a demissão da presidente sul-coreana. Choi Soon-sil, de 60 anos, está a ser investigada por alegadamente se ter apropriado de fundos públicos e exercido influência na política do país, apesar de não desempenhar qualquer cargo público. Foi detida preventivamente e mais tarde um tribunal de Seul aprovou formalmente um mandado de prisão,
O Ministério Público pretende questionar Park em breve, que apesar de ter imunidade pode ser investigada
sob a acusação de prática dos crimes de tentativa de fraude e de abuso de poder.
TENSÃO MÁXIMA
Este caso desencadeou a maior crise política que a Presidente Park enfrentou desde que assumiu o poder em 2013. A indignação dos sul-coreanos, incluindo de membros do seu partido, tem por base a ideia de que a Presidente foi manietada durante o seu mandato por Choi, a qual foi comparada pelos meios de comunicação social à figura de Rasputin. Uma recente sondagem nacional coloca a taxa de aprovação de Park nos 5% – o valor mais baixo alguma vez alcançado por um Presidente na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980 após décadas de ditadura militar. O mandato da Presidente termina dentro de 15 meses. Caso Park se demita antes, a lei determina que têm de ser realizadas eleições presidenciais no prazo de 60 dias.