Hoje Macau 21 DEZ 2016 #3721

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

QUARTA-FEIRA 21 DE DEZEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3721

MOP$10

20 DE DEZEMBRO

VIRADOS PARA NORTE PÁGINA 4

OPINIÃO Outras guerras Casaco preto

hojemacau

RUI FLORES

ISABEL CASTRO

MINISTÉRIO PÚBLICO

É tudo relativo

h PÁGINA 5

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Língua suja

JOÃO PAULO COTRIM

Desejos em confronto JULIE O’YANG

ASTRONOMIA

O CÉU PODE ESPREITAR AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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EVENTOS

NATAL

Ser solidário

Apesar dos vastos recursos financeiros, a pobreza escondida também vive em Macau. Relatos dos que ajudam quem mais precisa em tempo de época festiva. GRANDE PLANO


2 GRANDE PLANO

O Natal é a época do ano dedicada à família, à troca de prendas, às mesas cheias de iguarias. Em Macau, apesar do pleno emprego e do vigoroso crescimento económico, há quem passe por dificuldades nesta quadra festiva. O HM ouviu algumas organizações que acodem a quem mais precisa

O próprio conceito de acção social evoluiu, “deixou de ser a esmola que se dava ao pobre”, explica António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia

NATAL SOLIDARIEDADE EM TEMPO DE QUADRA FESTIVA

CARENCIA NA TERRA DA ˆ ABUNDANCIA ˆ

D

AR e receber são dois verbos que dominam a quadra natalícia. Ao mesmo tempo é também a época do ano em que mais se sente a falta da proximidade da família e de uma consoada abundante. Macau vive numa bolha de prosperidade que relativiza o conceito de solidariedade. O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau, António José de Freitas, explica que como “a sociedade de Macau evoluiu muito, e como aqui a população é mais feliz, os benefícios sociais são vários”. O próprio conceito de acção social evoluiu, “deixou de ser a esmola que se dava ao pobre e cresceu para algo mais abrangente em termos de prestação de serviços”, explica. Ainda assim, existem pessoas em situações difíceis que recorrem aos serviços da Santa Casa para colmatar situações de carência. Foi nessa perspectiva que a instituição iniciou há quatro anos o projecto da distribuição de cabazes, de modo a ajudar famílias com baixos rendimentos. Apesar de trabalharem,

ficaram numa situação precária com a subida do custo de vida, normalmente aliada a outras circunstâncias difíceis. “O projecto de distribuição de cabazes visa sobretudo apoiar famílias que têm em casa idosos doentes, famílias monoparentais, com crianças deficientes, ou idosos que vivem sozinhos e desamparados”, revela o provedor. Este é um tipo de pobreza escondida. António José de Freitas chama-lhes agregados sanduíche, para designar os que recebem um pouco mais do limite que dá direito aos benefícios sociais do Instituto de Acção Social, ou outro apoio do Governo local. Apesar das dezenas de pedidos de auxílio que a Santa Casa recebe, a instituição não tem capacidade logística para fazer a triagem. É aí que entram em acção as associações dos Operários e dos Moradores, que submetem os pedidos de ajuda. De momento, o projecto dos cabazes apoia mensalmente cerca de 350 famílias. Neste âmbito, o provedor adianta que prestam auxílio a “um par de portugueses, mas a vastís-

sima maioria são chineses”. Facto que não é de estranhar, visto que a população de Macau é maioritariamente chinesa. No entanto, “a Santa Casa faz bem sem olhar a quem”, um princípio basilar da instituição nos quase 500 anos de acção no território. “Não interessa a nacionalidade, o credo ou a raça”, remata António Freitas.

CONSOADA ATRÁS DAS GRADES

Neste momento, o Estabelecimento Prisional de Macau tem dez reclusos portugueses, um número que cresceu nos últimos tempos, principalmente por processos ligados a estupefacientes. Apesar de estarem privados da liberdade, não estão esquecidos. Recentemente, os reclusos portugueses tiveram uma visita especial de representantes da Casa de Portugal em Macau. Um serviço que também é prestado pelo Consulado-Geral de Portugal na região. Além do calor humano, os serviços diplomáticos costumam levar os sabores que, normalmente, animam uma consoada portuguesa. Levar prendas de Natal pode ser mais complicado, “porque [os reclusos] têm

uma limitação de bens pessoais a possuir dentro de uma cadeia”, explica Ricardo Silva, chanceler do consulado. “Quando levamos uma prenda isso significa que têm de retirar algo que lhes pertence para fazerem a troca”, completa. No entanto, a melhor prenda é o calor humano. Quando um familiar se encontra com um recluso, a comunicação faz-se através de um vidro e um telefone, sem contacto. As visitas pela via diplomática obedecem a outras regras. “Temos uma sala especial aberta, onde posso dar um abraço, cumprimentar com um beijinho. É diferente, eu passo um calor, posso dar apoio moral.” As palavras são de Isabel Dias, coordenadora do serviço social do consulado. É um trabalho duro emocionalmente, “alguns reclusos choram nas primeiras visitas”, confessa. A funcionária da casa diplomática adianta que ela própria por vezes


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para o desastre. Há dois, três anos, ocorreram alguns casos de portugueses que vieram para Macau seduzidos pela fantasia da “árvore das patacas” e que acabaram a viver na rua. Isabel Dias explica que, mesmo com habilitações e domínio do chinês, “conseguir um BIR não é fácil, estabilizar a vida fica mais complicado”. Neste momento existe apenas uma pessoa em situação de carência e a receber auxílio. Trata-se de um homem de idade avançada que não consegue encontrar emprego, mas como tem BIR recebe subsídio de velhice pelo Governo local. Este fundo é atribuído a quem comprove que não tem capacidade para sobreviver, ou por motivo de doença, ou por não ter rede de apoio familiar. É o caso que o departamento de serviço social do consulado tem em mãos, tendo sido pedido um apoio ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. A terceira idade é, por excelência, uma fase da vida dada à vulnerabilidade. É neste âmbito que a Associação dos Aposentados de Macau (APOMAC) desenvolve a acção, principalmente nesta altura do ano. Com um serviço de apoio ao domicílio, e no espírito da época, as visitas têm sempre uma atenção especial. “Não vamos de mãos a abanar, há sempre uma prenda, seja um agasalho, uma peça de roupa, biscoitos, todos os anos levamos sempre algo diferente”, conta Jorge Fão, presidente da Assembleia-Geral da APOMAC. A instituição fornece consultas médicas em casa de quem precisa, sempre dentro das possibilidades que os recursos

se emociona. “Vieram-me lágrimas aos olhos na primeira vez que lá fui, sensibilizou-me ver aquela satisfação ao matar a saudade da comida portuguesa”, conta. Devido a uma odisseia burocrática, e à falta de recursos humanos do consulado, a festa de Natal acontecerá em Janeiro. Além dos afectos, estarão na ementa pastéis de bacalhau, rissóis, bolos e bebidas.

PRENDA AFECTIVA

Mas mesmo em liberdade a vida pode construir muros em redor do indivíduo. A migração é um factor de vulnerabilidade, terra nova, língua diferente e uma ideia errada de El Dorado podem ser a receita

“Ouvimos as pessoas, temos uma conversa frente a frente, mostramos simpatia e, com todo o carinho, procuramos acalmar as angústias dos idosos.” JORGE FÃO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA-GERAL DA APOMAC

“Vieram-me lágrimas aos olhos na primeira vez que fui [à prisão], sensibilizou-me ver aquela satisfação ao matar a saudade da comida portuguesa.” ISABEL DIAS COORDENADORA DO SERVIÇO SOCIAL DO CONSULADO limitados permitem. “Temos um espaço exíguo e funcionamos mais como um centro comunitário de apoio à terceira idade”, explica Fão. Neste caso, as maiores carências são de saúde e isolamento, porque nem sempre os familiares conseguem fazer um trabalho de acompanhamento permanente. Diz o antigo deputado que são casos dramáticos: “Sem a APOMAC estas pessoas viveriam situações de apuros”. A associação tem cerca de 1000 associados e, com os recursos disponíveis, as rondas domiciliárias de Natal começam logo em Outubro. “Em cada semana temos três dias de visitas, durante os quais vemos o maior número de associados que conseguimos. Ouvimos as pessoas, temos uma conversa frente a frente, mostramos simpatia e, com todo o carinho, procuramos acalmar as angústias dos idosos”, explica Jorge Fão. O dirigente salienta ainda que é necessária paixão, ou já teria abandonado a associação, até porque não é pêra doce e é uma actividade muito exigente. Mas o mais importante é meter mãos à obra e resolver os problemas das pessoas, tanto pode ser numa deslocação ao hospital, no cuidado médico, ou mesmo ao dar um abraço. Ajudar quem mais precisa, humanizar quem sofre. Seja um idoso acamado, um recluso desterrado, ou um trabalhador a braços com uma situação que lhe tire o tapete debaixo dos pés. Quem aquece um coração também recebe algo de volta. Não é, portanto, de estranhar que Isabel Dias tenha ficado amiga de algumas pessoas que ajudou nos momentos mais difíceis. Este é o espírito de Natal em acção. J.L.


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SOFIA MOTA

POLÍTICA

20 de Dezembro COOPERAÇÃO COM O CONTINENTE MARCA DISCURSO DE CHUI SAI ON

Um bom lar na Grande China Foram palavras viradas para Norte, com o Chefe do Executivo a defender a importância de Macau desempenhar o papel de plataforma de acordo com as políticas nacionais e a ideia “Uma faixa, uma rota”. Para os de cá, o líder do Governo deixou promessas de bem-estar

S

OLIDIFICAR Macau enquanto plataforma de acordo com o projecto “Uma faixa, uma rota” foi a ideia que marcou a intervenção de Chui Sai On na celebração oficial do 17.º Aniversário da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM). O objectivo, sublinhou o Chefe do Executivo, é responder “às necessidades nacionais e às vantagens específicas de Macau”. Na cerimónia que decorreu na manhã de ontem na

Torre de Macau, Chui Sai On salientou que o território está em fase de ajustamento económico, sendo que as perspectivas locais são encaradas com cautela. “Apesar das previsões para 2017 apontarem muitas incertezas na economia mundial, continuamos a encarar com optimismo cauteloso a perspectiva do desenvolvimento económico de Macau. Acreditamos que, no próximo ano, a economia local terá um desenvolvimento estável, e estamos confiantes de

que será alcançado um crescimento positivo”, afirmou o líder do Governo. Para desenvolver acções que façam convergir as políticas nacionais e as particularidades de Macau, Chui Sai On fez referência ao primeiro plano quinquenal do território. Com a iniciativa pretende-se,

“através de um planeamento de alto nível, projectar o quadro-geral do desenvolvimento socioeconómico local para os próximos cinco anos e serve de orientação para o desenvolvimento nos próximos tempos”, disse. O discurso não passou sem menção à recente visita

do primeiro-ministro, Li Keqiang, no âmbito da V Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Chui Sai On optou por destacar “a cooperação absoluta” com a China Continental. “Iremos,

“O desenvolvimento de iniciativas relacionadas [com a população] tem sido, desde sempre, uma das nossas prioridades governativas.”

de acordo com as necessidades do nosso país e com as vantagens específicas de Macau, articular estreitamente a construção do princípio “Um centro, uma plataforma” com a construção da “Uma faixa, uma rota”, apontou o Chefe do Executivo. Chui Sai On não deixou de sublinhar que o bem-estar da população é a sua maior prioridade: “O desenvolvimento de iniciativas relacionadas [com a população] tem sido, desde sempre, uma das nossas prioridades governativas”. O Chefe do Executivo sublinhou que vão continuar a ser feitos trabalhos “em benefício do bem-estar dos cidadãos, aperfeiçoando os diversos regimes, coordenando o planeamento urbano e a construção urbana, e atenuando os problemas quotidianos com que os cidadãos se deparam, designadamente o trânsito e a habitação, de forma a elevar o reconhecimento social de que Macau é um bom lar”. Sofia Mota

CHUI SAI ON CHEFE DO EXECUTIVO

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PEREIRA COUTINHO FLEXIBILIZAR PARA CIRCULAR

RITA SANTOS PORTUGUÊS ACIMA DE TUDO

um discurso de ocasião e virado para o futuro”, reagiu o deputado Pereira Coutinho ao HM após a cerimónia de celebração do 17.º aniversário da RAEM. Para Pereira Coutinho, “é evidente que a integração de Macau na China Continental é extremamente importante”. O início da circulação de carros entre Macau e a Ilha da Montanha é uma medida muito significativa para o deputado, no sentido do território “se virar mais para o exterior”. Pereira Coutinho não deixou de reiterar a importância que o Governo deve dar à função pública, às questões relacionadas com a saúde e com o trânsito, tendo em

ara Rita Santos, foi fundamental a referência do Chefe do Executivo à presença de Li Keqiang em Macau e às medidas que o Governo Central apontou para o território. “Entre essas medidas o meu grande desejo é que a nossa língua portuguesa seja utilizada plenamente”, disse ao HM. “Quando os nossos visitantes de língua portuguesa chegarem a Macau, o primeiro contacto a terem num táxi, por exemplo, deveria ser em português e respondido pelo condutor na mesma língua”, ilustrou a presidente da assembleia-geral da Associação de Trabalhadores

“É

conta as obras que estão a ser feitas em Macau. As medidas anunciadas na passada segunda-feira, para atenuar dos trabalhos nas vias são, para o deputado, insuficientes: “Não acredito que deixem de criar complicações e transtornos na vida das pessoas”. Para o deputado, a solução passa por investir em soluções de transporte entre Macau e o Continente. “Há muita gente a viver no interior da China e há muita gente que vem para Macau diariamente, portanto, há que flexibilizar a deslocação das pessoas. A livre circulação entre Macau e zonas do interior da China poderia atenuar a sobrecarga de trânsito local”, concluiu.

P

da Função Pública de Macau. As medidas a serem tomadas devem começar no ensino nos jardins-de-infância para que todas as crianças possam ter um contacto diário com a língua. Rita Santos justifica a pertinência deste ensino com o alargamento de oportunidades de emprego e com o facto de, através da língua portuguesa, as pessoas poderem vir a ter mais facilidade em aprender outros idiomas. Rita Santos mostrou-se ainda preocupada com as dificuldades sentidas pela população na questão da habitação, uma vez que os preços continuam “impossíveis”.


5 POLÍTICA

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O

procurado r de Macau, Ip Son Sang, relativizou ontem o caso de familiares de membros do Governo que foram recomendados para trabalhar no Ministério Público (MP), escusando, porém, revelar que cargos desempenham para evitar que sejam estigmatizados. “Não é conveniente indicar o cargo ou a posição concreta. (…) Penso que será melhor não identificar os colegas e funcionários para não lhes causar estigma”, afirmou Ip Son Sang, à margem da cerimónia do 17.º aniversário da transferência de administração. A história foi contada, no início da semana passada, em tribunal pelo antigo procurador, Ho Chio Meng, que, ao falar sobre a existência de funcionários com relações familiares entre si no seio do MP durante o seu julgamento, revelou que as duas secretárias de apelido Chan – numa referência a Florinda Chan e a Sónia Chan, respectivamente antiga e actual secretária para a Administração e Justiça – lhe telefonaram, recomendando familiares.

O

Terra de minudências Ip Son Sang rejeitou a ideia de que a imagem do MPtenha sido beliscada pela revelação de Ho Chio Meng, que liderou o organismo entre 1999 e 2014. “Nunca, nunca”, afirmou, garantindo ter “confiança” na equipa de magistrados, oficiais de justiça e funcionários administrativos. O actual procurador defendeu ainda que “vale a pena manter” a Comissão de Estudos do Sistema Jurídico-Criminal, quando questionado por que razão continua activa. A comissão em causa foi criada em Fevereiro de 2015 e Ho Chio Meng, na qualidade de procurador-adjunto, foi escolhido para a liderar, isto quando se encontrava já sob investigação do Comissariado contra a Corrupção. A designação para esse cargo na comissão, da qual é único membro, resultou na interpretação de que perdeu o estatuto de magistrado, o que permitiu que, em Fevereiro último, fosse colocado em prisão preventiva. O julgamento de Ho Chio Meng, acusado de mais de 1500 crimes, incluindo burla, abuso de poder, branqueamento de capitais e promoção ou fundação de associação criminosa, teve início no passado dia 9.

A EXIGÊNCIA DE CHAN

A revelação feita pelo antigo procurador, em sede de julgamento, sobre os telefonemas foi confirmada pela actual secretária. Sónia Chan reconheceu ter feito a controversa chamada em 2008 – altura em que desempenhava o cargo de coordenadora do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais, mas rejeitou qualquer “troca de interesses” ou ilegalidade, algo que reiterou ontem.

Sónia Chan

Macau é um território muito pequeno onde todos se conhecem, pelo que é “muito difícil” manter a distância, diz Chui Sai On acerca da polémica com Sónia Chan

“Não posso mudar o passado, mas no futuro vou exigir mais a mim própria”, disse aos jornalistas. Já o chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, evitou pronunciar-se sobre o caso: “Como o processo ainda está no tribunal – e temos de respeitar a independência judicial – não é conveniente estarmos a tecer comentários”. “Assim que terminar o procedimento, se quiserem retomar o assunto estarei ao vosso dispor”, prometeu. Em termos genéricos, Chui Sai On reconheceu haver preocupações relativamente a “injustiças” ou “por causa de relações” fami-

Lado a lado com as PME Lionel Leong garante acompanhamento do mercado laboral

O secretário frisou que não pretende ficar “de braços cruzados só porque as receitas do jogo e os dados económicos, dos últimos meses, registaram uma subiGCS

acompanhamento das pequenas e médias empresas (PME) e as alterações do mercado laboral estão a ser acompanhados de perto pelo Executivo. A ideia foi deixada ontem pelo secretário para Economia e Finanças, Lionel Leong, em declarações à margem da cerimónia de celebração do 17.º aniversário da transferência de administração. “Vamos reforçar o apoio às PME e também reforçar o trabalho de formação, de modo a manter a taxa de desemprego nos níveis mais baixos”, disse Lionel Leong.

MP PROCURADOR DE MACAU RELATIVIZA POLÉMICA DAS RECOMENDAÇÕES

GCS

Sónia Chan promete que vai ter mais cuidado. O sucessor de Ho Chio Meng desdramatiza o caso; Chui Sai On só fala dele depois do julgamento. Mas o Chefe do Executivo lembra que Macau é terra pequena onde todos se conhecem

da”. Apesar do crescimento verificado no ajustamento das receitas da principal indústria do território, Lionel Leong garantiu que os Serviços de Economia e os

Serviços para os Assuntos Laborais irão estar atentos ao mercado de trabalho. Os serviços sob a alçada da tutela de Leong vão ainda ser “os primeiros a deslocarem-se aos bairros comunitários para se inteirarem do ambiente de negócios existente”. Fazem parte das preocupações do Executivo o aumento das rendas e dos capitais relativos a recursos humanos, os prejuízos que as PME têm sofrido, o que está na origem da quebra do volume de negócios e a

liares ou próximas, mas recordou que Macau é um território muito pequeno onde todos se conhecem, pelo que é “muito difícil” manter a distância. “Não posso [ir] na rua [e] dizer: ‘Olha nos próximos cinco anos não te conheço’. Não posso fazer isso”, enfatizou. Chui Sai On revelou também estar a par da queixa que foi formalmente apresentada, que, garantiu, será tratada de acordo com os procedimentos.

promoção do plano de apoios actualmente em vigor. Relativamente à importação de motoristas profissionais, situação que tem sido alvo de polémica junto de certos sectores da população, o secretário recordou que a questão não é consensual, para dizer que “o Governo segue uma visão científica” e leva a cabo uma “contínua auscultação dos sectores comercial e laboral, por forma a encontrar uma resolução” para a questão. A decisão, garantiu, só será tomada depois do “devido estudo e análise”. Lionel Leong deixou a promessa de ouvir a sociedade de modo

a repensar a necessidade de importação de condutores do exterior. O secretário falou também dos planos para o Canídromo. “Com o fim do contracto, a Companhia de Corridas e Galgos de Macau (Yat Yuen) deve encontrar novas instalações para levar a cabo as suas operações e, para isso, apresentar o respectivo pedido aos serviços competentes e respeitar o plano urbanístico, sem pôr em causa a tranquilidade da população, assim como o respeito pelos padrões internacionais nas corridas de galgos”, afirmou. Sofia Mota

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6 POLÍTICA

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VEÍCULOS DE MACAU JÁ PODEM CIRCULAR NA ILHA DA MONTANHA

E a China aqui mais perto Os veículos de Macau já podem andar na Ilha da Montanha. A ligação foi oficialmente aberta ontem e contou com a presença de Wong Sio Chak. O secretário frisou que a cooperação com os vizinhos está ainda no início, mas é já um marco na promoção da competitividade regional

F

OI ontem oficialmente aberto o acesso de veículos de Macau à Ilha da Montanha. A cerimónia, que coincidiu com a comemoração do 17.º aniversário da transferência de administração, teve como representante ofi-

cial do Governo da RAEM o secretário para a Segurança. Para Wong Sio Chak, foi “uma medida muito bem ponderada”. A abertura da ligação rodoviária entre as duas zonas está ainda na primeira fase. O secretário explicou que poderão existir mais

etapas dependendo dos trabalhos que venham a ser feitos no aperfeiçoamento da ligação. O reforço da cooperação regional e o alcance de uma melhor ligação com os mercados do Interior da China e internacionais foram alguns dos aspectos sublinhados

pelo governante na cerimónia da entrada em circulação de veículos de Macau na Ilha da Montanha. O objectivo, reiterou, “é a ampliação de espaço de Macau, o fortalecimento de sinergias para o seu desenvolvimento e a promoção de uma diversificação moderada da economia local”. A abertura à circulação de veículos de Macau para este território da China Continental é fruto do incremento do mecanismo de cooperação entre a província de Guangdong, a cidade de Zhuhai e a RAEM. A ideia é promover “uma nova zona económica de classe mundial e uma comunidade

O prometido (não) é devido Ng Kuok Cheong organizou fórum para debater sufrágio universal

O

S deputados da ala pró-democrata, Au Kam San e Ng Kuok Cheong, voltam a insistir na eleição do Chefe do Executivo através de sufrágio universal. A medida, que tem vindo a ser proposta à Assembleia Legislativa (AL), foi ontem debatida numa acção promovida pela Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau. No fórum apresentado pela entidade da qual os deputados fazem parte, Ng Kuok Cheong recordou a promessa deixada pela secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, quando garantiu a

concepção dos órgãos municipais sem poder político até ao final do ano. “Faltam ainda dez dias e vamos ficar à espera”, referiu o deputado pró-democrata, que comparou a situação às promessas para a revisão da lei eleitoral. “Não é possível ser optimista. Tal como não vamos ter órgãos municipais até ao final do ano, também a prometida revisão eleitoral que permita a eleição por sufrágio universal do próximo Chefe do Executivo, em 2019, não está a acontecer”, disse. No dia em que se assinalou o 17º aniversário da transferência de administração, Ng Kuok Cheong

fez referência às manifestações de ontem, salientando os protestos contra a importação de mão-de-obra não residente. Porque “os motoristas reagiram agora para pressionar o Governo, a situação vai acalmar temporariamente”, acredita o deputado. No entanto, o pró-democrata alerta para o futuro. “Após a renovação das licenças de jogo, as entidades patronais vão querer impor-se para contratar mão-de-obra estrangeira”, apontou. Ng Kuok Cheong lamenta ainda que, “devido a razões históricas, a geração mais jovem de Macau e aqueles que não se manifestam

com uma qualidade de vida elevada”.

DEVAGAR SE VAI AO LONGE

Se para já a medida é tomada com cautela, o objectivo das

A ideia é promover “uma nova zona económica de classe mundial e uma comunidade com uma qualidade de vida elevada”, diz Wong Sio Chak

a favor de Pequim não consigam ascender politicamente”. No entanto, não deixa de se mostrar esperançoso num futuro diferente. “A sociedade vai mudar. Devem ocorrer reformas aos regimes no momento certo”, concluiu. Em Outubro, o deputado viu chumbada mais uma proposta de revisão eleitoral que previa a realização de sufrágio universal numa sessão de pedido de emissão de voto na AL. O pró-democrata contou com o apoio de Au Kam San e de José Pereira Coutinho mas, no momento de decisão, foram 24 votos contra o avanço da “moção” e apenas quatro a favor. Angela Ka (revisto por S.M.)

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próximas fases tem objectivos mais alargados. “Acreditamos que, no futuro, esta liberdade de circulação facilitará o intercâmbio das populações de ambos os territórios, aperfeiçoando a aquisição de recursos para o desenvolvimento regional, promovendo a cooperação de complementaridade de Guangdong-Macau, principalmente na economia de Zhuhai-Macau”, referiu o secretário. Em causa está o desejo de consolidar a cooperação, capacidade e competitividade regionais. Para já, nem todos os veículos com matrícula de Macau vão poder circular livremente na Ilha da Montanha – têm de ter permissão das autoridades. Wong Sio Chak promete novidades para breve, sabendo-se já que o processo se vai desenrolar em diferentes fases e que terão prioridade condutores com ligações a Hengqin. Sofia Mota

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CALÇADA DO GAIO UNESCO AINDA EM SILÊNCIO

A UNESCO ainda não entrou em contacto com o Governo de Macau, assegurou ontem Alexis Tam. Em declarações aos jornalistas a propósito do polémico edifício da Calçada do Gaio – projecto que foi recentemente discutido entre os responsáveis pela Associação Novo Macau e representantes da agência das Nações Unidas –, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura reiterou o que tem vindo a ser dito pelo Executivo. Tam recordou que as intenções do construtor foram aprovadas antes de serem emitidas as actuais normas para a construção em altura no local, tendo lembrado que o Governo da RAEM pediu orientações sobre o caso à Administração Nacional do Património Cultural. Ainda não houve qualquer resposta de Pequim.


7 PEARL HORIZON COMPRADORES LESADOS NÃO DESISTEM

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M grupo de pessoas que adquiriu fracções no empreendimento Pearl Horizon esteve ontem reunido junto à sede da Polytec, a empresa responsável pelo projecto. Trata-se do primeiro protesto organizado após uma conferência de imprensa em que os pequenos proprietários anunciaram que iam deixar de pagar os empréstimos contraídos aos bancos. Em declarações ao HM, Wang Dongmei, representante dos proprietários, referiu que, na passada segunda-feira, foi entregue uma petição ao Gabinete da Ligação do Governo Central em Macau, pedindo apoio na solução do problema. Questionada sobre se os bancos já reagiram à anunciada suspensão das prestações mensais dos empréstimos, Wang explicou que, “como os proprietários fa-

zem os pagamentos em alturas do mês diferentes”, o impacto ainda não é significativo. Assim sendo, acrescentou, até agora os bancos ainda não tomaram quaisquer medidas. A concentração de ontem serviu para contabilizar quantas pessoas já deixaram de pagar os empréstimos. Dos cerca de 500 participantes, mais de 100 já estão em falta para com as entidades bancárias. “Os proprietários não conseguem aguentar os empréstimos e também não sabem o que estão a pagar”, argumenta Wang Dongmei. A associação que junta os pequenos proprietários do Pearl Horizon diz que esta forma de protesto é para manter até o problema estar resolvido. As obras do empreendimento na Areia Preta estão suspensas há um ano. A.K.

ACIDENTE CHOQUE EM CADEIA NO COTAI FAZ 57 FERIDOS

GCS

Duas turistas da China Continental encontram-se em estado grave, na sequência de um aparatoso acidente que aconteceu ontem no Cotai, na estrada que separa o Galaxy da Broadway. Apesar da gravidade dos ferimentos, as informações disponíveis à hora de fecho desta edição indicavam que não corriam perigo de vida. De acordo com dados facultados pela PSP, o choque em cadeia causou 57 vítimas – 33 mulheres e 24 homens. Foram todas transportadas para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, que se viu obrigado a accionar um mecanismo de emergência. Entre os feridos há apenas dois residentes de Macau, sendo os restantes membros de duas excursões diferentes. O acidente envolveu dois autocarros de turismo e um veículo ligeiro. As causas ainda estão a ser apuradas pela polícia que desconfia, para já, que um dos autocarros não travou a tempo, originando o choque em cadeia.

SOCIEDADE

SOFIA MOTA

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20 de Dezembro CERCA DE 600 PESSOAS SAÍRAM ONTEM À RUA

Marcha das lamentações O número é da polícia: não chegaram a seis centenas as pessoas que saíram à rua neste aniversário de transferência de administração. As reivindicações não são novas. Os protestos foram pacíficos

D

IFERENTES palavras de ordem, mas todas elas antigas. Cerca de 600 pessoas marcharam ontem pela cidade, na já tradicional manifestação por altura do 20 de Dezembro. Os protestos, organizados por seis associações, partiram da zona norte da cidade, com destino à sede do Governo, onde chegaram de forma espaçada. Os manifestantes deixaram petições ao Executivo. Segundo dados da PSP, foram mobilizados 100 agentes para as manifestações, que decorreram de forma pacífica e seguiram o itinerário proposto. O grupo mais numeroso, e também um dos mais barulhentos, com várias pessoas a ‘baterem’ pratos, foi o da Associação Reunião Familiar de Macau, formado quase exclusivamente por pessoas idosas, que deixou ainda uma petição no Gabinete de Ligação do Governo Central. Trata-se dos pais dos chamados “filhos maiores” nas-

cidos na China. À data da apresentação do pedido para se reunirem com os pais, preenchiam os requisitos mas, durante a apreciação do requerimento, ultrapassaram a idade permitida para a autorização de fixação de residência em Macau. Lei Yok Lam, líder do grupo, voltou a pedir a autorização da fixação de residência no território dos filhos maiores que estes imigrantes deixaram no Interior da China. Outras cinco associações e dois cidadãos mobilizaram-se por motivos tão diferentes como em protesto contra a corrupção, para pedir aumentos salariais para a construção civil

As manifestações decorreram de forma pacífica e seguiram o itinerário proposto

e reivindicar restrições à importação de mão-de-obra, para exigir a demissão de dirigentes – entre elas a do secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong –, ou apelar para que haja mais habitação social nos novos aterros.

O DRAMA DOS MOTORISTAS

A Associação da Garantia dos Interesses de Emprego dos Operários Locais quer que seja definido um salário mínimo para o sector: 800 patacas diárias para os auxiliares de construção civil, e entre 1500 a 1700 patacas para os trabalhadores especializados. A este movimento juntou-se outra associação – a Poder do Povo – que teve como reivindicação principal do protesto de ontem a alteração ao modelo de eleição do Chefe do Executivo. Na carta que entregou ao Governo, salientaram-se ainda “as ameaças e a dificuldade de obtenção de emprego” sentidas pelos

operários de construção civil “devido aos trabalhadores não residentes”. Foi ainda expressa a “oposição firme” à importação de motoristas. Também a Associação de Activismo para a Democracia, a Associação de Armadores de Ferro e Aço, e a Associação da Linha da Frente dos Povos de Macau deixou palavras de ordem contra a contratação de condutores profissionais no exterior. O tema é, aliás, a razão pela qual é pedida a demissão de Lionel Leong, sendo que também se exigiu a saída do director dos Serviços para os Assuntos Laborais. “Segundo um estudo da Associação do Ramo de Transportes, existem actualmente 40 mil titulares de carta de condução de veículos ligeiros e oito mil com licença para conduzirem autocarros. Já são suficientes”, argumentou um dos organizadores do protesto. Angela Ka (com Lusa) info@hojemacau.com.mo


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REUTERS

Toca a pôr a máscara

Manto de poluição cobre Pequim e leva ao encerramento de escolas e voos cancelados

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ritmo de crescimento da economia chinesa vai abrandar para 6,5%, em 2017, e a moeda do país vai continuar a desvaloriza-se, face ao dólar norte-americano, previu na segunda-feira o principal instituto de pesquisa do país. A previsão surge depois de anunciados, no início deste mês, vários indicadores positivos para a segunda maior economia mundial. Contudo, a economia “continua a sofrer uma cada vez maior pressão negativa”, afirmou a Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS), citada pelo ‘site’ oficial china.org.cn. O instituto de pesquisa prevê ainda que o yuan, que atingiu este mês o valor mais baixo dos últimos oito anos - irá desvalorizar entre 3% e 5%, face ao dólar. A ACCS anunciou estas previsões durante uma conferência de imprensa, realizada anualmente, três dias após os líderes chineses se reunirem para debater assuntos chave da economia. Durante o encontro, que contou com a participação do Presidente chinês, Xi Jinping, os líderes prometeram resolver problemas urgentes da economia, sobretudo nos grupos estatais vistos como improdutivos, e no sector imobiliário, afectado por uma enorme ‘bolha’especulativa. No último ano, o ACCS previu que a economia iria crescer

Estudo ECONOMIA ABRANDARÁ PARA 6,5% EM 2017

Em ritmo brando As previsões da Academia Chinesa de Ciências Sociais apontam para o ritmo mais lento de crescimento da economia chinesa desde 1990 e para a contínua desvalorização do yuan, face ao dólar 6,7%, em 2016. Por enquanto, a previsão tem-se confirmado, com o ritmo de crescimento económico a fixar-se em 6,7%, o mais baixo desde o pico da crise financeira, ao longo de três trimestres consecutivos. Para o próximo ano, o ACCS prevê o ritmo mais lento da meta de crescimento definida por Pequim para o período entre 2015 e 2020 - entre 6,5 e 7%. Seria também o ritmo mais lento desde 1990, quando a economia do país cresceu 3,9%. Vários factores permitiram à China atingir a meta proposta

pelo Governo, incluindo um aumento do consumo interno, a recuperação no investimento em imobiliário e fortes gastos em infra-estruturas. As importações e exportações devem cair 9,5 e 7,2 por cento, respectivamente, durante este ano, face a 2015. As importações em Novembro superaram as expectativas, pondo fim a taxas homólogas negativas.

EM MUDANÇA

Pequim está a encetar uma transição no modelo de crescimento

O instituto de pesquisa [ACCS] prevê ainda que o yuan, que atingiu este mês o valor mais baixo dos últimos oito anos - irá desvalorizar entre 3% e 5%, face ao dólar

do país, visando maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações e investimento, que asseguraram três décadas de trepidante, mas “insustentável”, crescimento económico. O processo tem sido, no entanto, difícil. O aumento do consumo interno deve abrandar de 10 para 9,5%, em 2017, refere o ACCS. O país enfrenta ainda vários desafios, como excesso de capacidade de produção em empresas estatais obsoletas e fuga de capital. A eleição do norte-americano Donald Trump, que acusa a China de manipular a sua moeda e já prometeu aumentar os impostos sobre os produtos chineses, acarreta também instabilidade, tendo em conta que os Estados Unidos são o maior parceiro comercial do país asiático.

EQUIM estava ontem coberto por um manto espesso e cinzento, com o nível de poluição dezoito vezes mais alto ao máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, resultando no encerramento de escolas e voos cancelados. As autoridades chinesas emitiram um alerta vermelho, que abrange mais de vinte cidades do norte do país e 460 milhões de pessoas, pelas estimativas da organização ambientalista Greenpeace. Na capital chinesa, a concentração de partículas PM2.5 - as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões - atinge os 450 microgramas por metro cúbico. Em várias cidades próximas a concentração das partículas superou os 500 microgramas e em Handan, na província de Hebei, chegou a atingir os 1.000. O nível máximo de concentração recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é 25 microgramas por metro cúbico. A imprensa estatal informou ainda que 169 voos com destino ou partida no Aeroporto Internacional de Pequim - o segundo mais movimentado do mundo foram cancelados. Partes do sexto anel, a mais longa estrada em torno de Pequim, foram também encerradas.

DE VAGA EM VAGA

À semelhança de outras alturas em que uma vaga de poluição atinge a cidade, os hospitais registaram um ‘boom’ no fluxo de crianças com problemas respiratórios e prepararam equipas para lidar com os casos de alergias. Fotografias difundidas pela imprensa chinesa mostram salas de espera cheias de pais com os filhos, cujas faces estão cobertas com máscaras antipoluição. A China sofre frequentemente das piores vagas de poluição no mundo, devido à alta dependência do país da queima de carvão para produção de energia e produção fabril. Pequim e outras cidades têm aprovado medidas para melhorar a qualidade do ar, substituindo o uso do carvão por gás natural. O país continua, porém, a ser o maior emissor de gases poluentes do mundo e o principal produtor e consumidor de carvão. Os governos locais, que se deparam com o aumento dos preços da energia, aumentaram este ano os limites de produção diária de carvão por várias vezes. Desde que o alerta foi emitido, na sexta-feira passada, mais de 700 empresas pararam a produção em Pequim, enquanto os automóveis particulares circulam alternadamente, de acordo com o último número da respectiva matrícula: um dia pares; noutro ímpares. Infantários e escolas de ensino básico e médio estão também aconselhadas pelo Governo a suspender as aulas e as empresas a adoptar “um horário de trabalho flexível”. O alerta vermelho, o mais alto de um sistema de quatro cores, dura até quarta-feira.


9 hoje macau quarta-feira 21.12.2016

HELICÓPTERO CIVIL DE SETE TONELADAS FAZ VOO INAUGURAL China apresentou ontem o seu primeiro helicóptero civil de sete toneladas, designado AC352, com um voo inaugural na cidade de Harbin, no nordeste do país, informou a imprensa oficial. Elaborado pela Corporação da Indústria de Aviação da China (AVIC, na sigla em inglês), o

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chinesas, para criar uma fábrica de montagem de helicópteros na cidade de Qingdao, nordeste da China. Na altura, o director da divisão de helicópteros da Airbus, Norbert Ducrot, afirmou que o país asiático “está destinado a ser o maior mercado” daquele tipo de aeronaves, nos próximos anos.

A China devolveu ontem aos Estados Unidos o drone submarino capturado na semana passada por um navio militar chinês, nas águas do Mar do Sul da China, num episódio que causou tensão entre os dois países. Segundo um comunicado emitido pelo Ministério de Defesa chinês, o aparelho foi devolvido ao meio- dia de ontem, depois de “negociações amigáveis” com Washington. O ministério afirmou no domingo que a captura do drone se deveu a motivos de segurança e confirmou que este seria devolvido depois do pedido do Pentágono.

MULHER DE ADVOGADO PROCESSA GABINETE DE SEGURANÇA

colorida - mas eu não sei sequer qual é a cor de uma revolução”, afirmou Li à agência France Presse, contando que a sua família se sente assustada e revoltada. “A única coisa que fiz foi ir à procura do meu marido, depois de ele ter desaparecido, e eles referem-se a esta normal reacção como ‘revolução colorida’, dizendo que é o equivalente a opor-me ao partido, ao governo e a toda a sociedade”, nota. Li Wenzu apresentou queixa no domingo e saberá dentro de uma semana se um tribunal de Pequim aceita ou rejeita o caso. Se Li fosse mesmo uma agente da revolução colorida, “porque não condená-la em tribunal, em vez de sujar a sua imagem deliberadamente” nas redes sociais, refere a queixa. Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2012, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.

aparelho é um bimotor com um peso máximo de 7,5 toneladas, que pode transportar até dezasseis passageiros. O responsável pelo projecto, Lu Weijian, disse que o helicóptero pode também ser utilizado em missões de resgate, operações da polícia ou assistência médica. Lu afirmou que os primeiros

esposa de um advogado chinês dos Direitos Humanos disse na segunda-feira que vai processar o gabinete de Segurança Pública da China, por ter sido acusada num vídeo de propaganda de fomentar uma “revolução colorida”. Wang Quanzhang, o marido de Li Wenzu, foi detido no Verão passado, após assumir vários casos envolvendo direitos civis e considerados sensíveis pelo Partido Comunista Chinês. O escritório de advogados onde trabalhava, o Fengrui, esteve no centro da “campanha 709” assim designada por ter ocorrido a 9 de Julho do ano passado - e que resultou na detenção de 200 pessoas. Um vídeo difundido na semana passada pelo gabinete chinês de Segurança Pública acusa os activistas de colaborarem com organizações internacionais, com o objectivo de minar a segurança nacional e fomentar uma “revolução colorida” contra o Governo. Por duas vezes, o vídeo utiliza imagens de Li, que apela à libertação do seu marido e outros detidos. O termo “colorida” é utilizado pelas autoridades chinesas para descrever as revoltas durante a primavera árabe no Médio Oriente. Recorrendo a imagens de refugiados sírios, o vídeo afirma: “As revoluções coloridas conseguiram converter muitos países em zonas de guerra e conflito, e as garras afiadas do diabo estão a tentar atingir também a China”. A mensagem refere-se às “forças estrangeiras” e os chineses que acusa de servirem como seus peões. As organizações não governamentais (ONG) estrangeiras são “representantes que visam estabelecer uma base social para a revolução colorida”, afirma. Os

PEQUIM DEVOLVE DRONE AOS ESTADOS UNIDOS

helicópteros serão entregues em 2018. A AVIC anunciou ainda planos para desenvolver helicópteros para cargas pesadas, de alta velocidade ou com hélices inclináveis. A indústria aeronáutica chinesa celebrou em Novembro passado a IX Feira Internacional da Aviação de Zhuhai, onde

mostrou os seus mais recentes progressos, como o caça furtivo J-20. Neste mesmo evento, a AVIC apresentou o helicóptero não tripulado AV500W, que pode incorporar armamento. Em Junho passado, a construtora aeronáutica europeia Airbus assinou um acordo com um consórcio de empresas

ASSOCIATED PRESS

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CHINA

A cor da revolta activistas na China continental e o movimento pró-democracia de Hong Kong são parte de uma conspiração para derrubar o Governo chinês, aponta. Entre as muitas “forças estrangeiras” incluídas no vídeo está o ex-embaixador dos Estados Unidos para a China Jon Huntsman, que

prediz que os jovens cibernautas chineses “vão derrubar a China”.

SUSTO E INDIGNAÇÃO

O filme mostra ainda imagens do julgamento de Zhou Shifeng, o director do escritório de advogados Fengrui, que foi condenado em Agosto passado a sete anos

de prisão por “subversão do poder do Estado”, e fotografias suas com diplomatas e jornalistas estrangeiros. “O vídeo difama desnecessariamente advogados dos Direitos Humanos, distorcendo deliberadamente a verdade, e chama-me a mim também uma agente da revolução

“A única coisa que fiz foi ir à procura do meu marido, depois de ele ter desaparecido, e eles referem-se a esta normal reacção como ‘revolução colorida’, dizendo que é o equivalente a opor-me ao partido, ao governo e a toda a sociedade.” LI WENZU ESPOSA DE UM ADVOGADO CHINÊS DOS DIREITOS HUMANOS


10 Astronomia TÂNIA SALES MARQUES FAZ APRESENTAÇÃO NO PLANETÁRIO

EVENTOS

VER O QUE ESTE CEU NA ´

É um convite para uma viagem. A astrónoma Tânia Sales Marques está na sextafeira no Centro de Ciência de Macau para explicar de que é feito este céu. A luz excessiva da cidade não deixa ver as estrelas, mas elas estão lá para serem vistas no planetário

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UANDO Tânia Sales Marques decidiu ser astrónoma, já não era possível ver estrelas em Macau. Mas o céu era limpo em Coloane – “nas montanhas”, como dizia em miúda. O Cotai era um istmo e estava longe de se mascarar de luzes. Tânia Sales Marques interrogava-se sobre o que estaria no céu, que estrelas eram aquelas, de que seriam feitas. É esta curiosidade que a astrónoma pretende despertar em quem for, na próxima sexta-feira, ao planetário do Centro de Ciência de Macau. De passagem pelo território, Tânia Sales Marques foi convidada para uma apresentação do céu de Macau, em moldes semelhantes aos dos shows que faz em Londres. Trata-se de uma oportunidade única para quem se interesse por astronomia ou simplesmente para aqueles que nunca foram ao planetário de Macau. As apresentações que decorrem no Centro de Ciência são feitas em chinês; a astrónoma vai mostrar o céu de Macau em inglês. A apresentação será feita para o público em geral, sendo que as crianças são bem-vindas. Ao HM, a astrónoma explica que vai usar o sistema digital do planetário – que “é muito bom” – para fazer uma apresentação do céu de Macau como estará na noite de 23 de Dezembro. “Começa com o céu e com o que é que se poderia ver se não houvesse poluição e as possíveis nuvens desse dia. Depois, vou levar o público a fazer uma viagem pelo espaço, em que falamos das coisas que estão lá, apesar

de não as conseguirmos ver com os nossos olhos”, diz. Tânia Sales Marques vai falar das constelações e dos planetas, e da mitologia associada ao tema. A viagem termina com “conceitos mais cosmológicos”. “O que decidi fazer, para haver uma espécie de narrativa, foi ligar os objectos de que vou falar à sua história observacional. Vou fazer uma ligação às

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA INOCENTE PARA ALÉM DE QUALQUER DÚVIDA • Carlos Cruz

“Leia este livro. Por favor. Esqueça quem é o autor e ponha-se no lugar dele. Apanhará um grande susto. Porque poderia muito bem ser. Verá a facilidade com que a ausência da presunção da inocência e, sobretudo, do benefício da dúvida, podem condenar um arguido muito antes de ter sido formalmente condenado. Este livro é a defesa de Carlos Cruz — a defesa que quase ninguém conhecia. O que pensávamos saber baseava-se em cabeçalhos bombásticos e reportagens aparentemente sérias que mais não fizeram do que demonstrar o imenso poder do mau jornalismo. (...) É um caso que a grande maioria das partes envolvidas gostaria que ficasse arrumado, para que não se lembrasse a fraca figura que fez. Os que mais quiseram falar são os que agora mais querem calar. Leia este livro, para poder respirar fundo. E por uma questão de justiça...” in prefácio de Miguel Esteves Cardoso

culturas e civilizações que descobriram ou observaram esses objectos”, diz. “Não sou historiadora, nem antropóloga, mas a ideia é aproveitar o sistema digital que o planetário tem para mostrar coisas que não conseguiríamos ver num planetário mais tradicional, e relacionar esses objectos à nossa posição, de tempo e espaço, mas também ligá-los

à linha comum do Homem que é olhar para o céu, ver as estrelas e pensar no que é aquilo.”

CURIOSOS À NASCENÇA

Como é que se ensina a olhar para um céu que não se vê e querer saber-se mais sobre de que é feito? Tânia Sales Marques acredita que nascemos todos com vontade de perceber o que está acima

de nós. Uma história bem contada pode ser o suficiente para despertar outro tipo de interesse, como aquele que a levou para uma universidade dos Estados Unidos para estudar astronomia. “Hoje olho para o céu intuitivamente, mas a verdade é que os astrónomos amadores olham mais”, afirma, fazendo referência às pessoas de Macau que, por exemplo,

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

A PINTORA DE XANGAI • Jennifer Cody Epstein

Baseado em factos reais, este livro de Jennifer Cody Epstein narra o percurso extraordinário de uma mulher – de uma vida de prostituição às galerias de arte de Xangai e de Paris. Com uma linguagem cativante e um ritmo narrativo seguro, contanos a história de Pan Yuliang, vendida na adolescência a um prostíbulo por um tio viciado em ópio e resgatada por um cliente, que a leva como concubina e lhe permite o acesso a um novo mundo sofisticado. O talento cedo se revela, transportando-a à Paris boémia dos anos 20. Mas amor e arte revelam-se incompatíveis e Pan compreende que terá de fazer uma escolha dolorosa.

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AO MOSTRA

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viajam até à China com os binóculos na mala a procura da escuridão. “Um astrónomo profissional acaba por se sentar em frente a um computador e vê números.” A viver em Londres, Tânia Sales Marques conta que, “para manter a curiosidade” que a levou a escolher a profissão, começou a trabalhar no planetário da cidade. “Apresento shows para crianças e adultos. Londres acaba por ser um bocado como Macau: não tem tanta poluição de luz, mas o tempo faz com que não se consigam ver as estrelas.” À semelhança do que vai fazer na sexta-feira, a apresentação no planetário londrino começa sempre com o céu em estado puro. “As pessoas sabem que é verdade, mas ao mesmo tempo não acreditam

“Espero que as pessoas, sobretudo as crianças, tenham vontade de explorar mais.” TÂNIA SALES MARQUES ASTRÓNOMA

no que estão a ver, porque é um céu fantástico. E isto mostra que as pessoas continuam a manter a curiosidade, que é quase intuitiva, que faz parte do ser humano, de sentir uma certa ligação ao espaço mesmo que não o veja”, constata. “Saem dos espectáculos com vontade de saberem mais sobre astronomia em termos gerais.” A experiência de Londres faz a astrónoma considerar que, na sexta-feira, terá uma boa oportunidade de “tentar tornar a ligação ao céu mais real”. “Espero que as pessoas, sobretudo as crianças, tenham vontade de explorar mais”, diz. A apresentação de Tânia Sales Marques começa às 17 horas. A entrada é livre. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com

hoje macau quarta-feira 21.12.2016

EVENTOS

HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Abrótano-fêmea NOME BOTÂNICO: SANTOLINACHAMAECYPARISSUS L. FAMÍLIA: ASTERACEAE (COMPOSITAE). NOMES POPULARES: ERVA-DAS-CONSTIPAÇÕES; GUARDA-ROUPA; PEQUENO-LIMONETE; ROQUETE-DOS-JARDINS; SANTOLINA. Nativo das regiões mediterrânicas, onde se encontra em estado silvestre nos rochedos e encostas áridas, o Abrótano-fêmea é muito cultivado como planta ornamental nos jardins, especialmente nas bordaduras dos canteiros, e nas hortas, formando pequenas sebes aromáticas e repelentes de pragas. Trata-se de um subarbusto lenhoso, que pode crescer até meio metro de altura, com caule espesso na base e diversos ramos erectos e pubescentes. Apresenta folhas vilosas, pequenas e estreitas, finamente divididas, de cor verde-acinzentada a cinzento-prateada, e flores em capítulos terminais, globosos, de um intenso amarelo-dourado. A sua capacidade de proteger a roupa das traças e outros insectos, esteve na origem do seu nome popular Guarda-roupa; para tal, os ramos secos da planta florida eram pendurados nos armários ou colocados em saquinhos de pano. Conhecido desde a Antiguidade, o Abrótano-fêmea foi usado pelos Gregos e Romanos, especialmente contra os vermes intestinais e também como insecticida. Nicholas Culpeper, médico e botânico inglês do século XVII, recomendou-o para o tratamento das irritações da pele, picadas e mordeduras venenosas. Actualmente, apesar das investigações terem comprovado algumas das suas propriedades, é uma planta pouco utilizada em fitoterapia. São usados os capítulos florais, ou as partes aéreas floridas, e o seu óleo essencial. Composição Óleo essencial (acetatos de bornilo e de isobornilo, alo-aromadendreno, cânfora, cineol, p-cimeno, pinenos, santolinenonas, 4-terpineol), flavonóides (apigenina e luteolina e seus derivados), ácidos fenólicos (cafeico, clorogénico, p-cumárico, vanílico), cumarinas (escopoletol, isofraxidina, umbeliferona), fitosteróis (daucosterol), taninos, lactonas sesquiterpénicas (artemisialactona) e resinas. Aroma peculiar, penetrante e intenso; sabor amargo, acre e aromático. Acção terapêutica O Abrótano-fêmea é anti-inflamatório, antiespasmódico e analgésico, tonifica o estômago e favorece a digestão, sendo muito útil nas perturbações digestivas como espasmos e cólicas gastrintestinais,

gastrites, digestões difíceis, aerofagia, flatulência, falta de apetite e anorexia. Além disso, é anti-séptico e combate bactérias, fungos, incluindo a Candida albicans, e vermes intestinais, sendo indicado nas infecções e infestações do tracto digestivo; é muito apreciado nas parasitoses das crianças, devido à sua grande tolerabilidade e agradável sabor. Também usada na constipação, gripe, faringite e bronquite, esta erva desinfecta as vias respiratórias e favorece a eliminação das mucosidades. É recomendada na fadiga por ter propriedades tónicas e estimulantes do organismo. As mulheres tomam-na para provocar a menstruação, quando em atraso, e atenuar as dores associadas; também pode ser utilizada na síndrome pré-menstrual e menopausa. Outras propriedades Usado externamente, o Abrótano-fêmea desinfecta, desinflama e suaviza a pele, favorece a cicatrização de feridas e a cura de contusões, sendo empregue em caso de feridas e úlceras, blefarite, conjuntivite, inflamações da boca e faringe, vulvovaginite, candidíase e dermatomicoses (infecções cutâneas provocadas por fungos). Os banhos de imersão com esta erva são relaxantes musculares e sedativos do sistema nervoso central. Como tomar • Uso interno: Infusão: 6 ou 7 capítulos florais ou 1 colher de sobremesa de partes aéreas floridas por chávena de água fervente, 10 minutos de infusão. Tomar 2 ou 3 chávenas por dia, depois das refeições. Nas afecções respiratórias adoçar com mel e tomar uma das chávenas ao deitar. Pó dos capítulos florais ou das partes aéreas floridas: 1 a 3 gramas por dia, em doses de 300 a 500 mg. Nos parasitas intestinais. • Uso externo: Infusão dos capítulos florais ou partes aéreas floridas: 20 gramas por litro de água fervente. Em bochechos e gargarejos, lavagens e compressas. Banho de imersão: fazer uma infusão com um punhado grande de capítulos florais, ou de partes aéreas floridas, por litro de água fervente e adicionar dois litros da infusão à água do banho. Em vez da infusão, podem ser adicionadas 10 a 20 gotas de óleo essencial. Precauções Não são conhecidas contra-indicações, nem efeitos adversos ou tóxicos da planta. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Cada época conhece grandes talentos e espíritos medíocres, discursos pertinentes e outros que não o são.

O exame dos livros – 7

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vulgo tem o hábito de venerar o passado e subestimar o presente, afirmando que os autores de hoje não têm o valor dos de ontem. No entanto, ontem e hoje em nada diferem, cada época conhece grandes talentos e espíritos medíocres, discursos pertinentes e outros que não o são. Venerar somente o passado, sem qualquer discernimento, é o mesmo que dizer que os Antigos eram mais sábios que os nossos contemporâneos. Mas, mesmo se Zou Boqi de Dongfan, Yuan Taibo e Yuan Wenshu de Linhuai, Wu Jungao e Zhou Changsheng de Guiji não chegaram a altos cargos ministeriais, tal não significa que não tenham dado prova de talento e inteligência notáveis, podendo ser considerados como verdadeiros heróis da escrita. O Yuan Si de Zou Boqi, o Yi zhangju de Yuan Taibo, o Xianming, de Yuan Wenshu, o Yue niu lu de Wu Jungbao, o Dongli de Zhou Changsheng nada devem às obras de Liu Xiang e de Yang Xiong. Os talentos podem ser mais ou menos profundos, mas isso vale para todas as épocas. No passado, como hoje, certos textos são pertinentes e outros não. Se Chen Zijiong e Yan Fang, de Guangling, o actual Conselheiro dos Mestres de Escrita Bang Gu, os Secretários do Terraço das Orquídeas Yang Zhong e Fu Yin não deixarm obra em capítulos e parágrafos, a sua poesia, as suas apologias, as suas memórias e os seus relatórios provam abastança

a qualidade da sua escrita: os seus poemas lembram os de Qu Yuan ou de Jia Yi, as suas memórias lembram as de Tang Lin ou de Gu Yong: a comparação revela que nada devem a estes últimos. É certo que não conhecem ainda a fama, mas cem gerações passaram e serão colocados a par de Liu Xiang ou Yang Xiong. Han Fei redigiu um tratado que Li Si utilizou na prática e Hou Puzi deu a conhecer a obra O Mistério Supremo de Yang Xiong. Li si foi condiscípulo de Han Fei e Hou Puzi viveu na mesma época de Yang Xiong. No entanto, souberam perceber o carácter excepcional das suas obras e o valor que delas se podia extrair. Não desdenharam aquelas obras pela sua falta de antiguidade, elogiando-as por aquilo que eram e não as subestimando sob pretexto de terem conhecido os seus autores. Ao contrário, admiravam sem reservas os textos que saiam do normal, assegurando-lhes assim uma imensa reputação. Yang Xiong transformou o “Lisao”, mas não o pode fazer por completo; encontrando coisas a redizer em muitas passagens, transformou e omitiu. Os Seis Catálogos contêm treze mil capítulos, mas mesmo não lendo tudo, podemos ter uma ideia do seu sentido geral e seleccionar algumas passagens que se desviam do bom senso, de modo a examiná-las e discuti-las. [NT – Diz a exegese que este último parágrafo parece não pertencer ao resto do texto, embora surja nas edições dos Discursos Ponderados] Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論 衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


13 hoje macau quarta-feira 21.12.2016

diário de um editor

FACEBOOK, LISBOA, 13 DEZEMBRO Nos terrenos da minha infância cresciam unas ervas esguias com tons de primavera e sabores invernosos. Depois das corridas e outras ocupações suadas, espremíamos o seu suco entre dentes. A sabedoria científica do bairro chamava-lhe azedas, mas a palavra não contém o arco-íris de sabores agridoces. Este poema-raio da Rita Taborda Duarte, que espremi, entre afazeres, soube-me a azeda. E fez chorar um gajo que nunca será mãe, e dificilmente será mulher, também pela razão simples de que tem saudades de filhos que não chegou a parir. «QUANDO A MULHER SE TRANSFORMOU MÃE // As mães,/ azedas,/ transformam em leite/ tudo aquilo em que tocaram e/ aflitas / escavam uma cova funda no coração do útero.// Todos os meses têm mênstruos férteis/ e povoam o mundo com as saudades / dos filhos/ que não chegaram/ a parir// Só depois/ puxam como Arianes loucas/ o cordão dos filhos entrançado/ na meada da infância/ – dobam-no até à raiz do tempo –/ e guardam no ventre desabitado/ o novelo de uma imensa solidão» EL CORTE INGLÉS, LISBOA, 13 DEZEMBRO Mais uma sala cheia para ouvir Helder Macedo lançar preciosas pistas de navegação no alteroso oceano que é a obra de Shakespeare. Outro espectáculo subtil da inteligência, não apenas na análise das quatro obras, centrada em um conceito (culpa, em Hamlet; nada, para Rei Lear; traição, em Otelo; bond, i.e., vínculo, título de dívida, e mais…, para O Mercador de Veneza), mas nas múltiplas articulações com os nossos dias. Interessa-me, aqui e para já, cometer a inconfidência da conversa ajantarada e avantajada. O Helder foi Secretário de Estado da Cultura de uma breve e exaltante experiência de governação, capitaneada pela carismática e saudosa Maria de Lurdes Pintasilgo, nos finais de 1970. Isso, de par com a sua posterior candidatura à Presidência da República, marcou o fim da minha infância, de complexa e azeda maneira. Tê-lo, à mesa, a testemunhar de um tempo que fez um nó no tempo, derrubou as paredes da sala e colocou-nos, também ao José Anjos e à Susana Santos, no meio de um filme, misto de Buñuel com Pasolini e pitada de Fellini. Muito do que agora se dá por adquirido na cultura de Estado, apesar das ameaças constantes, teve então gestos primordiais, que valia a pena revisitar. Como esse estranho episódio de interrupção da democracia por razões técnicas à maneira do canal

Língua suja único de televisão, cometido pelo governo que se lhe seguiu, liderado por Sá Carneiro, com Vasco Pulido Valente no lugar de SEC e onde surge – nas Finanças, claro! – a sombria figura de Cavaco: cada uma das medidas tomadas pelo governo Pintassilgo foram suspensas, nalguns casos até ao nível do despacho. Um deles autorizava a reso-

“Defendo, como absolutamente basilar, o direito até à ofensa no contexto do humor, do jornalismo e da literatura. Tanto faz que candidata a guru de seita me exclua. Aindatenho a fraternidade.”

lução de problema eléctrico no Museu de Arte Popular, que acabou por estar na origem do célebre incêndio que destruiu preciosa obra colectiva (Vieira da Silva, Pomar, João Vieira, entre muitos outros), na qual se celebrava o primeiro aniversário da revolução. Shakespeare, sempre tão próximo. PASSEVITE, LISBOA, 17 DEZEMBRO A polémica que por aqui lavra confirma o peso das palavras. O Ricardo Araújo Pereira disse que hoje seria difícil hoje fazer uma velha rábula com «anões, coxos e mariconços», que incluía também vesgos, fanhosos e atrasados mentais. A provar que tinha razão, explodiu uma troca de argumentos muito interessante. Ou quase. Eduardo Pitta, no seu blogue (http://daliteratura.blogspot.pt/2016/12/rap.html) afirmou que «Ricardo Araújo Pereira lamenta não poder achincalhar os mariconços. Eu não sei o que é um mariconço.» Paulo

João Paulo Cotrim

Corte-Real, da Ilga, fez o curto-circuito aos crimes de ódio (http://jugular. blogs.sapo.pt/o-ricardo-araujo-pereira-e-umas-3933968). “Conhecendo a dinâmica dos crimes de ódio como conheço, também conheço a sua ligação aos insultos.” Hoje, no Expresso, a deputada Isabel Moreira acrescenta uma aula de ciência política. «Se achas mesmo que a liberdade de expressão não deve ter limites e que não devemos ceder à autocontenção do discurso, és de direita, sabias?». A liberdade, diz ela, embora com nuances, é valor de direita. A esquerda é mais igualdade. A pele das palavras muda e é divertido imaginar que as conseguiremos limpar até ficarem brilhantes de tão puras. Velho tornou-se depreciativo? Chamemos-lhe sénior. Demos-lhe mais anos de vida? Anão passou a magoar? Tratemo-lo por indivíduo desproporcional ou de baixíssima estatura. Com isso cresceu? Uma amiga contou-me da dificuldade que teve, ao longo de meses, em passar a tratar por clientes os deficientes com quem trabalha. A bem do rigor, foi banido o uso de utente, paciente, etc. Hesitei na palavra deficiente, mas melhora se a substituir por pessoa portadora de deficiência? Não creio que o combate vital à descriminação se resolva assim. E perigosa me parece esta deriva, em gente tão atenta aos detalhes da língua, que lê insulto no humor. Obviamente, o humorista não está livre de crítica e pode ignorá-la, mas também desaparecer por falta de graça. Ora uma das grandes conquistas da civilização, a duras expensas, foi a liberdade de expressão e do grito, por exemplo, no espaço polémico do desenho de humor, da caricatura. Como em inumeráveis atitudes e leis censórias, o argumento de defesa dos assassinos dos desenhadores do Charlie Hebdo foi a defesa da honra perante terrível ofensa, no caso, religiosa. Defendo, como absolutamente basilar, o direito até à ofensa no contexto do humor, do jornalismo e da literatura. Tanto faz que candidata a guru de seita me exclua. Ainda tenho a fraternidade. André Carrilho, que inaugurou exposição de brutais serigrafias (Uppercut, na Passevite, até 5 de Janeiro) feitas a partir dos seus cartoons (o que ilustra a crónica foi capa do DN na sequência do Charlie Hebdo), que se acautele: vai ter que emagrecer muito gordo, revestir muita careca e corrigir narinas. Ele tem histórias para contar. HORTA SECA, LISBOA, 18 DEZEMBRO Acabo de saber que, segundo um colega editor, as edições da abysmo são «apanascadas». Deu-me uma alegria redentora que nem vos conto.


14

h

cidade ecrã

Rui Filipe Torres1

A morte dos deuses é a morte da humanidade

17 DE DEZEMBRO DE 2016, LISBOA

O céu de chuva dos dias anteriores afastou-se e o dia chega com sol e no mar ondas vigorosas, alguém, em redacção de jornal prepara notas laudatórias para cronologias de morte anunciadas. A cidade vive nesta tarde uma morte profunda, inevitável como todas, por isso absolutamente inaceitável, marcada com o ferro de cronos, irremovível, doentia, miseravelmente fútil. Acresce que ao incontornável aperto do tempo, a companhia viu-se sujeita a contornos orçamentais que, no seu entendimento, não permitem a continuidade do seu projecto, “a intenção de construir um teatro de reflexão com uma função activa na realidade cultural portuguesa”. Ainda talvez incerto, torna-se provável que a Companhia Cornucópia tenha terminado nesta tarde a sua longa, única, brilhante, e inestimável carreira. Em actividade desde 1973, levou a cena, 126 criações, cerca de 5. 100 representações, algumas estreias mundiais, encenadores convidados, co-produções, dezenas de actores em palco. Entre outros escritores dramaturgos, William Shakespeare, Tchekov, Moliére, Genet, Pasolini, Strindberg, Holderlin, Brecht, Garcia Lorca, Gil Vicente, Camões, Almeida Garrett, António José da Silva, Botho Strauss, Samuel Beckett, Heiner Müller, Raul Brandão, Edward Bond, Rui Belo, Rainer Werner Fassbinder,

Arthur Schnitzler, Johann Wolfgang von Goethe, Aristófanes, Diderot, Voltaire, Marquês de Sade. Luís Miguel Cintra, visivelmente cansado e doente, é um gigante da cultura portuguesa do último quarto do século XX e deste início de do XXI. Actor com presença magnética, de profunda sensibilidade e investigador da alma humana, foi e é presença referencial na cinematografia de Manuel de Oliveira, e marco na investigação estética do teatro contemporâneo. A cidade empobrece, ficamos todos mais pobres, os que se revêem no projecto de criação e no talento do “Teatro do bairro alto” , e aqueles outros, e são

“A cidade empobrece, ficamos todos mais pobres, os que se revêem no projecto de criação e no talento do “Teatro do bairro alto” , e aqueles outros, e são muitos, demasiados talvez, que nada conhecem do homem nem da companhia de teatro.”

muitos, demasiados talvez, que nada conhecem do homem nem da companhia de teatro, ou mesmo aqueles que conhecendo, ou pensando conhecer, estão contra este teatro que nunca quis ser de efeito comercial fácil e alegria tautológica à construção da imbecilidade humana. São várias as vozes que pululam nos comentários nas redes sociais à notícia do fim da companhia, com afirmações tão esclarecidas como certamente quem as produz, de que se a companhia não consegue viver com o subsídio que lhe foi atribuído e com as receitas de bilheteira, deve fechar a porta, também ficam a perder a possibilidade de mais facilmente vir alguma a perceber qual a dimensão deste projecto na elevação do pensamento arcaico ao civilizacional, a relevância da cultura nas sociedades e nas relações entre povos e países. Entretanto, há outras vozes, sem dúvida mais sábias, e igualmente neste sábado 17 de Dezembro, surge a possibilidade de, talvez, a companhia poder resistir algum tempo mais, a possibilidade de Luís Miguel Cintra e Cristina Reis ( que há dezenas de anos assina o espaço cénico das sucessivas criações) se mantenham em actividade. Uma conversa em palco, improvisada, sem prévio ensaio, inesperada, e talvez auspiciosa. O Presidente da

República Portuguesa, Marcelo Rabelo de Sousa decidiu ir a palco, o ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, também o faz, é um texto em cada um é autor próprio. Luís Miguel Cintra tem esta conversa talvez anteriormente imaginada, mas não programada. Prova-o o cancelamento da visita agendada a Castelo Branco do Ministro da Cultura. Talvez que o problema do financiamento possa ser ultrapassada favoravelmente à continuação do teatro do Bairro Alto em função criativa, dando continuidade ao que tão brilhantemente tem feito; interrogar o homem sobre os seus anseios, medos, sonhos, fragilidades, grandezas. Ajudar-nos a perceber o que é afinal estar vivo em sociedade, o que somos e o que podemos ser. Talvez Lisboa não tenha ficado irremediavelmente mais pobre neste dia, ainda que seja breve e efémero, também o tempo dos mestres, todos ganhávamos com o esforço empenhado e consistente da tutela no anular, ou avançar no tempo, a perda. 1 - Cineasta. Licenciado em Ciências da Comunicação pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Mestrando em Desenvolvimento de Projecto Cinematográfico na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa. O texto não segue o novo acordo ortográfico.


15 hoje macau quarta-feira 21.12.2016

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

Desejos em confronto 中俄边境的一些镜头

N

O Verão de 2014, Davide Monteleone iniciou uma viagem ao longo da fronteira da Rússia com a China em busca de algo que fosse real e fizesse sentido. Nessa altura o fotógrafo italiano vivia em Moscovo há mais de uma década. As imagens dos locais remotos, capturadas pela sua objectiva, trazem-me à ideia as palavras de Marcel Proust: “Não conseguimos alterar a realidade em função dos nossos desejos, mas aos poucos os nossos desejos vão-se alterando.” Juntei aqui quatro fotografias cujo significado, tal como um desejo secreto sem pretensões a tornar-se realidade, não se altera nunca.

Réplica da Catedral de São Basílio. A original, mandada construir no séc. XVI por Ivan O Terrível, está na Praça Vermelha em Moscovo. A réplica que aparece na foto foi construída pelos chineses em Jalainur. As torres pintadas e as cúpulas em forma de cebola são ocas; dentro do edifício aloja-se um museu dedicado à Ciência.

Um vendedor de comida espera os clientes na margem do rio Songhua, em Harbin, sob as duas pontes ferroviárias - a velha e a nova - pertencentes à Linha Chinesa do Leste. A ponte antiga, à esquerda, foi construída pelos russos no início do séc. XX. A nova, à direita, foi construída pelos chineses.

Monteleone: “Num local remoto como este os russos ficam à espera que algo aconteça, ao passo que os chineses tentam fazer qualquer coisa.”

Yu Shi está a estudar em São Petersburgo para vir a ser padre ortodoxo. A foto foi tirada em Harbin, na China.

Passageiros no terminal ferroviário da cidade de Manzhouli, uma pequena cidade chinesa junto à fronteira com a Rússia.


16 DESPORTO

N

hoje macau quarta-feira 21.12.2016

O passado domingo, na Exposição da Indústria de Desportos Motorizados em Xangai, foi apresentado o campeonato de carros de turismo TCR China Series que, antecipando-se à Comissão Organizadora do Grade Prémio de Macau, anunciou uma corrida para o Circuito da Guia em Novembro do próximo ano. A China segue as pisadas de outros países, como a Alemanha, Itália, Portugal ou Espanha, ou regiões, como o Benelux e Ásia, e terá o seu próprio campeonato que segue o regulamento técnico de sucesso do TCR International Series. A organização do TCR China estará a cargo da empresa Shanghai Lisheng Racing Co. Ltd, que pertence ao empresário Xia Qing, o promotor do influente Campeonato Chinês de Carros de Turismo (CTCC). Marcello Lotti, o pai do conceito TCR, esteve em Xangai a abençoar a iniciativa, agradecendo à “Shanghai Lisheng Racing por concretizar uma ideia que juntos vínhamos a perseguir há dois anos”. O calendário do TCR Asia, que arranca em Ordos, na Mongólia Interior, conta com dois eventos em Zhejiang, um deles com concomitância com o TCR Asia Series e outro com o TCR International Series, um evento no PUB

Ultrapassagem chinesa TCR China anuncia corrida no GP Macau

circuito de Fórmula 1 de Xangai e por uma corrida de resistência de 12 horas em Zhaoqing. Isto, para além da prova de Macau.

CORRIDA NA RAEM?

“Uma corrida extra campeonato e por convite será realizada em Macau”, diz o comunicado da organização do TCR China. Fontes ouvidas pelo HM clarificaram

que esta corrida não se “trata de certeza da Corrida da Guia”. A Shanghai Lisheng Racing, que goza de relações privilegiadas com a federação chinesa de desportos motorizados, conhece bem Macau, tendo nos últimos três anos colocado o seu troféu monomarca “Taça da Corrida Chinesa” no programa do Grande Prémio. Sobre qual corrida se trata, fonte próxima da

cenário pouco provável dado o congestionamento actual do programa do evento, como foi patente na última edição.

LEGADO NA REGIÃO

organização do campeonato disse ao HM que “haverá um anúncio com informação mais tarde”. Na apresentação de domingo os únicos detalhes conhecidos foram que a prova terá um treino-livre, uma qualificação e uma corrida de 60 km. Caso se materialize, esta corrida ou irá substituir uma das corridas do programa ou será uma prova adicionada ao programa,

Após dois anos a dar corpo à Corrida da Guia, o TCR International Series abandonará o Grande Prémio de Macau em 2017, abrindo espaço ao regresso do Campeonato do Mundo FIA de Turismos (WTCC). Contudo, Marcello Lotti, ex-CEO do WTCC, vê com bons olhos a continuidade do seu conceito que criou em qualquer uma das corridas de carros de turismo que enchem o programa do fim-de-semana prolongado do Grande Prémio. “Eu acho que o TCR encaixava perfeitamente”, disse Lotti ao HM durante o evento do passado mês de Novembro. “Se virmos quantos pilotos e equipas de Macau e Hong Kong já compraram carros da categoria TCR para correr no TCR Asia Series e noutros campeonatos locais, temos a resposta. De facto, 30% dos nossos concorrentes este ano na Corrida da Guia eram de Hong Kong ou Macau”. Sérgio Foseca

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17 hoje macau quarta-feira 21.12.2016

?

(F)UTILIDADES

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 18 MAX 22 HUM 75-95% • EURO 8.29 BAHT 0.22 YUAN 1.14

O QUE FAZER ESTA SEMANA Sexta-feira

EXPOSIÇÃO “ART FOR ALL , 9º ANIVERSÁRIO” Macau Art Garden (Até 22/01)

Diariamente

AQUI HÁ GATO

VIDA DE CÃO

EXPOSIÇÃO DE KRISTINA MAR E GERALDE ESTADIEU Creative Macau, (Até 30/12) EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT EXPOSIÇÃO “O TEMPO CORRE” DE LAI SIO KIT Casa Garden (Até 08/01) EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02) EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

PROBLEMA 144

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 143

Cineteatro

C I N E M A

ROUGE ONE: A STAR WAR STORY

Filme de: Gareth Edwards Com: Felicity Jones, Diego Luna, Ben Mendelsohn, Donnie Yen 14.15, 16.45, 19.15, 21.45

ALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Ryota Nakano Com: Rie Miyazawa, Joe Odagiri, Tori Matsuzaka, Hana Sugisaki 14.15, 19.15

SALA 2

SING [A]

SALA 1

ROUGE ONE: A STAR WAR STORY [B]

DEATH NOTE: LIGHT UP THE NEW WORLD [C] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Shinsuke Sato Com: Tatsuya Fujiwara, Kenichi Matsuyama, 14.15, 16.45, 19.15, 21.45 SALA 3

HER LOVE BOILS BATHWATER [B]

UM DISCO HOJE

Filme de: Gareth Edwards Com: Felicity Jones, Diego Luna, Ben Mendelsohn, Donnie Yen 21.30

TINDERSTICKS | CURTAINS

Talvez o expoente máximo do dramatismo na discografia dos Tinderstick, “Curtains” é um disco que pede um fato vestido, um copo de whisky e um coração partido. Um abuso de violinos que fazem deste um dos melhores da obra da banda britânica, de onde se destaca “Let’s Pretend”, “Buried Bones” em dueto com Ann Magnuson e “Another Night In”. Mas o disco é tão completo que é difícil escolher as melhores faixas. Além disso, provoca aquele fenómeno maravilhoso de as músicas preferidas irem mudando de mês para mês. “Curtains” é o terceiro disco dos Tindersticks, saiu para as bancas em 1997 mas continua actual. H.M.

FALADO EM CANTONENSE Filme de: Garth Jennings 16.30

ROUGE ONE: A STAR WAR STORY[3D] [B]

SUDOKU

DE

Deixem-me que vos fale do meu arqui-rival. O cão é um dos bichos mais desprovidos de classe, mesmo as Lassies desta vida e os São Bernardo, bestas que não saberiam apreciar o valor da altivez se esta viesse enrolada em bacon. Incompreensivelmente, os cães têm as maiores benesses nas relações com os humanos. Para já, que raio de estória é esta do melhor amigo do Homem? Só por serem afectuosos ao ponto da incontinência? Enfim, lambem-se uns aos outros, comem as próprias fezes, babam-se como se fosse um desporto, cheiram-se nos sítios do corpo mais inusitados como cumprimento social. O mais baixo nível de quadrúpede à face da Terra. Ainda assim, os humanos prestam vassalagem total a estes abanadores de cauda. Desde penteados, roupinhas para passear, chapéus, sapatos, um rol de mimos e luxos totalmente imerecidos... e, já agora, patéticos, que me fazem perder todo o respeito pelos homo sapiens. Mas o golpe de misericórdia é a veneração prestada às evacuações destes bichos, as necessidades que precisam de um passeio, e que são recolhidas como oferendas divinas. Vivem num estado de total dependência escatológica. Tenho uma previsão para o dia em que formos visitados por extraterrestres, por uma civilização avançada capaz de viagens intergalácticas. Quando virem um humano docilmente a apanhar fezes de cão na rua, quem acham que vão pensar que controla o planeta? Pu Yi

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

hoje macau quarta-feira 21.12.2016

dissonâncias

JOHN BADHAM, WARGAMES

Guerras de propaganda

N

ÃO se fala muito dele, não tem a visibilidade de um canal de televisão internacional como a BBC, a CNN ou mesmo a Russia Today, mas existe no serviço de acção externa da União Europeia (UE) um departamento que tem como função denunciar, contrariar e refutar a propaganda russa. Chama-se East StratCom Task Force – um nome que parece saído de um filme de espionagem, à boa maneira de James Bond. Imbuído de uma lógica que se assemelha à da Guerra Fria, produz duas newsletters por semana, Disinformation Digest e Disinformation Review, quer em inglês quer em russo, em que não apenas elenca aquelas que terão sido as notícias falsas da semana produzidas pela Rússia, como também reforça os pontos de vista da União sobre assuntos prementes. Esta semana, por exemplo, as publicações, distribuídas online, falavam da propaganda “desconstruída” em torno de Aleppo, e da campanha contra as ONGs em curso na Rússia. Como se viu durante a recente campanha eleitoral para a presidência dos Estados

Unidos da América (EUA), as notícias falsas vieram para ficar. Abundam nas redes sociais; no Facebook, por exemplo. Recordo-me particularmente de uma, posta a circular há pouco mais de seis meses, que iria arrumar com as hipóteses de António Guterres ser eleito secretário-geral das Nações Unidas. Tratava-se da alegada apresentação da candidatura de uma mulher – tal como preconizava o ainda secretário-geral Ban Ki-moon –, diplomata filipina, que receberia o apoio de toda a Ásia (China incluída). O pior destas “notícias”, melhor seria se lhes chamássemos boatos, é que são partilhadas e comentadas, passando a fazer parte do conhecimento comum de muitos cidadãos. São alcandoradas ao estatuto de facto. Como a suposta notícia de que Donald Trump teria dito há duas décadas, que a ser candidato presidencial sê-lo-ia pelo partido republicano – “informação” que seria desmentida mais tarde. A generalização destes boatos veio tornar a vida dos jornalistas ainda mais difícil. Não apenas os profissionais da comunicação social se vêem forçados a proceder à verificação de um número cada vez maior de alegados factos, como também vão ter de relatar amiúde a própria existência do boato. A divulgação de que ele corre nas redes sociais pode permitir uma melhor compreensão das narrativas que se pretendem fazer passar e da realidade que se procura construir, isto sem se ter a certeza sobre quem está por detrás do processo,

cuja origem é quase sempre impossível de determinar. Mais: os governos passaram a acusar-se uns aos outros – particularmente os Estados Unidos e a Europa, de um lado, e a Rússia, do outro – de “assaltos” informáticos e de ataques cibernéticos, com o objectivo claro de destruir a “imagem” do inimigo. É como se o Muro de Berlim não tivesse vindo abaixo. Contrariar a lógica de quem quer danificar a imagem de políticos da UE e afectar os valores que são tradicionalmente comuns a uma maioria dos Estados-membros não é uma tarefa fácil. Os ataques cibernéticos que se sucedem um pouco por todo o lado contribuem para ajudar a construir um inimigo – o que facilita a explicação da derrota. Foi assim nos EUA, tem sido assim nos países que se preparam para eleições em 2017, como a Alemanha, a França e a Holanda.

Os governos passaram a acusar-se uns aos outros de “assaltos” informáticos com o objectivo claro de destruir a “imagem” do inimigo. É como se o Muro de Berlim não tivesse vindo abaixo

RUI FLORES

ruiflores.hojemacau@gmail.com

Angela Merkel, por exemplo, disse há dias que vamos todos ter de nos habituar “a viver com eles”. E são quase impossíveis de confirmar de uma forma independente. Os jornalistas limitam-se a citar os porta-vozes dos governos que acusam outros da autoria de roubo de informação e da autoria de notícias falsas. De serem criminosos, portanto. Foi assim no rescaldo das eleições nos EUA, em que as autoridades norte-americanas apontaram o dedo à Rússia de Putin de ter estado na origem do furto de informação ao responsável pela campanha eleitoral de Hillary Clinton à presidência dos EUA, John Podesta. Sublinhe-se Putin, pois a acusação dos serviços secretos norte-americanos foi clara: um ataque desta ordem não poderia ter sido feito sem uma ordem expressa do Kremlin. Dada a incapacidade de a comunicação social provar a fiabilidade das afirmações postas a circular pelos governos – saber-se-á alguma vez se foi Putin quem ordenou o ataque ou se a fuga dos e-mails da campanha de Clinton, divulgados pelo Wikileaks, partiu de dentro da própria estrutura de apoio à antiga secretaria de Estado? –, esta nova guerra torna impossível ao cidadão comum acreditar no quer que seja. É como se de repente tivéssemos passado a viver num mundo de realidades paralelas, saltando de uma para outra ao ritmo do zapping televisivo ou dos sítios que frequentamos na internet. Saúda-se naturalmente a liberdade de escolha, a liberdade de informação. O problema é que a informação nunca foi pura nem foi nunca totalmente objectiva. A informação sempre foi e sempre será enformada por quem a produz e obedece a uma lógica que escapa, em muitos casos, quer ao jornalista quer ao leitor. É como se o trabalho jornalístico estivesse ferido de morte. Parece que os tempos em que era possível acreditar num ou noutro jornalista fazem já parte da história. Há muitos anos, o relato independente do jornalista em cenário de guerra era essencial para se ter uma visão menos contaminada do que se estava a passar. Agora, acreditar que é possível acreditar não ajuda muito, pois torna-nos em simples receptores de informação, como se o processo comunicacional se resumisse à administração de um vacina, na sequência da qual passássemos todos a pensar o mesmo. Este estado de coisas aproveita a quem? Numa primeira leitura, a Putin. Ao pôr em evidência os podres da democracia “ocidental”, o Presidente russo estaria não apenas a vingar-se pela divulgação dos Panama Papers, que, ao porem em evidência o modo de funcionar dos oligarcas russos, terão sido percepcionados no Kremlin como um ataque proveniente de Washington, mas também a sublinhar uma equivalência moral entre o “ocidente” e a Rússia. Todo este caldo de cultura – a incerteza, as instituições frágeis – seria o enquadramento perfeito para justificar uma liderança autoritária do tipo da de Putin. Mas esta é apenas a leitura que é feita por alguns analistas “ocidentais”.


19 hoje macau quarta-feira 21.12.2016

contramão

ISABEL CASTRO

O casaco preto JONATHAN GLAZER, UNDER THE SKIN

isabelcorrreiadecastro@gmail.com

L

EMBRO-ME tão bem. Estava frio, muito frio, e eu usava um casaco preto, o primeiro que comprei cá em Macau. Tinham-me dito que aqui estava sempre calor e, quando fiz a mala, só coube lá dentro o Verão. Na altura a Internet era uma coisa pequena e Macau, Macau tão longe, eram alguns textos sobre acontecimentos históricos e pouco mais, sem qualquer meteorologia. As televisões em Portugal, Portugal tão longe, mostravam ainda uma terra com uma água de tancares e tancareiras. Naquela manhã de frio, tanto frio, ouvi o hino da mãe pátria e assisti a bandeiras a subir ao vento, rostos cinzentos em vermelhos palanques, o verde RAEM, a festa sem sorrisos. As coisas oficiais não se prestam à felicidade. E eu estava ali porque me tinham dito para estar, porque estava a trabalhar, a pensar que chego sempre atrasada a tudo porque não nasci a tempo. A RAEM fazia dois anos. Eram tempos ainda de alguma incerteza, como de incertezas tinham sido alguns dos livros que se tinham publicado na antecipação de 1999. Em 2001, as incertezas

eram já diferentes, conseguia perceber que eram outras, mas isto tudo era frio, mesmo quando o Verão cabia na cidade. Havia um vento agreste que soprava de algumas bocas mais dadas a esgares do que a considerações políticas de alto nível. Entretanto o tempo passou e toda a gente se esqueceu de tudo, do medo, da novidade, dos primeiros dias, dos dias que seguiram aos primeiros dias. Eu, que tinha cá chegado sem saber ler nem escrever, tentava aprender as palavras da terra, quantas vezes em vão, com a sensação, no entanto, que podia deixar o casaco preto em casa, que o tempo estava a mudar, que agora era tudo mais normal. Que éramos todos mais normais. Os dias na cidade fizeram-se, à semelhança dos dias noutras cidades do mundo. Os anos atropelaram-se, a terra cresceu, eu nunca tinha visto terra a crescer, só conhecia terra onde crescem coisas. Eu ainda à procura de saber

Macau tem pressa em chegar a 2049, quer tudo ao mesmo tempo e não quer nada, não se sabe bem quem lhe traça o destino, quem lhe toca no rosto

ler e escrever, numa cidade tão arrebatadora, que nos esmaga na pequenez que se sente nos prédios, nas ruas, nas luzes. Em tudo o que, de um dia para o outro, se ergue em direcção ao céu. Um território que constrange de pequeno que é, mas que não pára, não deixa descansar, não deixa pensar porque tudo é demasiado rápido, era para ontem se faz favor. E de repente chegámos aqui, com certezas acumuladas sobre o que queremos e o que não queremos. E com dúvidas acumuladas também. Macau tem pressa em chegar a 2049, quer tudo ao mesmo tempo e não quer nada, não se sabe bem quem lhe traça o destino, quem lhe toca no rosto, quem lhe dá a mão. Macau não está quase a entrar em 2017, já voou no tempo, os 17 anos do passado são muitos mais, a memória é fraca, tão fraca, há quem fale na RAEM como se ela fosse Macau, a RAEM não é Macau, é só a RAEM. Temos certezas acumuladas e dúvidas acumuladas também. Das dívidas nem vale a pena falar: ninguém paga o que deve aos mortos, sobretudo quando fazem parte de um passado distante. O presente, de certa maneira, também já lá vai. Está tudo de olhos postos no que vai acontecer daqui a dois anos, quem são eles, quem é ele, mandas tu ou mando eu, 2049 está já aí e ninguém quer saber, o futuro pertence sempre a quem acha que manda mais.

OPINIÃO


O natal está cada vez mais comercial Atlântido

quarta-feira 21.12.2016

Turquia SEIS DETIDOS NO HOMICÍDIO DE EMBAIXADOR RUSSO

Ligados ao crime

BERLIM «CRIMINOSO PERIGOSO» PODE ESTAR EM FUGA

A polícia de Berlim avisou ontem que um «criminoso perigoso», suspeito de estar envolvido no atentado ao mercado de natal na capital alemã, pode ainda estar em fuga. Ainda não há mais pormenores sobre a identidade deste suspeito, de acordo com as agências de notícias internacionais. Na manhã de ontem, o chefe da polícia de Berlim, Klaus Kandt, admitiu «existirem dúvidas» sobre o envolvimento do detido suspeito de ter perpetrado o atentado contra um mercado de Natal.

EI EXTREMISTAS REIVINDICAM ATAQUE NA JORDÂNIA

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O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque perpetrado no domingo na cidade turística jordana de Karak que causou dez mortos, incluindo membros das forças de segurança e turistas, segundo um comunicado divulgado ontem na Internet. «Quatro soldados do califado -- mortos -- munidos com armas automáticas e granadas atacaram unidades da segurança da Jordânia e cidadãos de Estados da coligação cruzada na cidade de Karak na Jordânia», referiu o texto do grupo extremista, numa referência à coligação internacional que luta contra o EI na Síria e no Iraque. O ataque em Karak, a cerca de 120 quilómetros a sul de Amã, fez 10 mortos: sete polícias, dois civis jordanos e uma turista canadiana. O atentado, que visou uma esquadra da polícia e uma patrulha policial, fez igualmente 30 feridos.

A

S forças de segurança turcas detiveram seis pessoas no âmbito do caso do homicídio do embaixador russo Andrey Karlov na capital turca, informou ontem a estação NTV. O pai, a mãe e a irmã do alegado assassino, Mevlüt Mert Altintas, foram detidos durante a noite em Soka, cidade natal do atacante, situada no oeste da Turquia. Altintas era polícia e estava há dois anos e meio nas forças anti-motim. O jornal da oposição Hürriyet informou que uma das pessoas detidas é o companheiro de casa do alegado autor do crime em Ancara. Segundo a imprensa local, a polícia está a investigar a ligação entre o assassino e a organização do clérigo muçulmano Fethullah Gülen, auto-exilado nos Estados Unidos desde 1999 e que se converteu num crítico aberto do Presidente, e que

Ancara acusa de estar por detrás do fracassado golpe do passado 15 de Julho. Estes meios de comunicação referem que a escola de polícia em que Mevlüt Mert Altintas se formou tem ligações ao Fethullah Gülen.

EM SILÊNCIO

As autoridades turcas impuseram ontem um ‘blackout’ temporário sobre a cobertura do tiroteio do embaixador russo na Turquia, segundo a Associated Press (AP). A ordem que impede a cobertura dos factos, proíbe temporariamente as reportagens, imagens e comentários que não sejam feitos pelas autoridades oficiais, adianta a AP. Isto afecta toda a cobertura jornalística distribuída dentro de Turquia e os órgãos de comunicação social são aconselhados a procurar assessoria legal se pretenderem transmitir notícias para o próprio país.

O embaixador russo Andrei Karlov estava a discursar em Ancara, no âmbito de uma exposição de fotografia, quando um homem abriu fogo contra ele, e não resistiu aos ferimentos. Segundo testemunhas, o homem que disparou contra o embaixador russo gritou “Alepo” e “vingança” quando abriu fogo. Andrei Karlov, 62 anos, era embaixador na Turquia desde 2013. A cem metros do local do homicídio do embaixador russo, um homem abriu fogo ontem de madrugada em frente à embaixada dos Estados Unidos, antes de ser detido por guardas da segurança da delegação diplomática. Este incidente não causou vítimas. Os Estados Unidos e o Irão anunciaram o encerramento das respectivas embaixadas e consulados na Turquia durante o dia de ontem.

MOURINHO LEVA LINDELOF EM JANEIRO

Victor Lindelof está praticamente com os dois pés fora do Benfica e o destino é o Manchester United de José Mourinho. Luís Filipe Vieira esteve segundafeira em Inglaterra para finalizar o acordo com a administração do clube inglês e, segundo A BOLA, na SAD encarnada deverá entrar a verba de 45 milhões de euros pelo defesa central de 22 anos. Esta será a transferência mais cara de sempre do clube da Luz. O valor da operação financeira poderá, porém, ascender aos 60 milhões, referentes a prémios por objectivos. Além de Victor Lindelof, Manchester United e Benfica também falaram sobre Nélson Semedo. Mas Luís Filipe Vieira não está disposto a deixar sair outro defesa além do internacional sueco. Os clubes discutem já, no entanto, os termos de um entendimento que pode ficar selado em Janeiro, mas com o compromisso de o lateral-direito completar a actual temporada na Luz.

PEDIDO ALARGAMENTO DA ZONA DE BUSCA DO AVIÃO DA MALÁSIA AIRLINES

A

equipa de peritos que procura o avião da Malásia Airlines desaparecido em Março de 2014 recomendou o alargamento da zona de busca a outros 25.000 quilómetros quadrados no oceano Índico, informaram hoje fontes oficiais. O escritório australiano para a Segurança no Trans-

porte, que lidera as buscas, fez a proposta quando está prestes a terminar o mapeamento da zona de 120.000 quilómetros quadrados determinada inicialmente como prioritária. A operação, na qual também participam a China e Malásia, prevê concluir em Janeiro a busca desta zona remota, delimitada a

partir de sinais de satélite e correntes marítimas, sem que até à data tenham sido encontrados indícios do avião. AATSB propôs ampliar a zona de buscas depois de uma reunião em Novembro de especialistas para avaliar novamente os dados disponíveis – incluindo vários destroços localizados

em praias da parte oeste do Índico – e as hipóteses elaboradas a partir dessa informação. “Há um elevado grau de convicção de que a zona submarina identificada previamente na que até hoje se realizou a busca não contém o avião desaparecido”, disse a ATSB no seu mais recente relatório.

“Dada a eliminação desta área, os especialistas identificaram uma área de aproximadamente 25.000 quilómetros quadrados como a área com uma maior probabilidade de conter os restos do avião”, continuou. O avião que realizava o voo MH370 desapareceu a 8 de Março de 2014 com 239 pessoas a bordo.


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