Guerra e gás
Os preços do gás natural dispararam ontem em Macau. Os aumentos podem chegar até mais de 14% do custo actual. Segundo o Governo, a culpa é da conjuntura internacional, nomeadamente da invasão russa e consequentes sanções que fizeram aumentar também os preços nas regiões vizinhas da RAEM. A factura residencial deve subir em cerca de 7,5 patacas mensais.
Macau, “palco de constantes surpresas”
Porquê “Palavras Nómadas”?
O título reflecte as palavras espalhadas por todos os sítios por onde passou?
Ainda estive indecisa e inclinada para um outro título, que era “Mundos Adentro”. A ideia era transmitir o que fui conhecendo e aprendendo ao longo das minhas vivências no estrangeiro e das viagens feitas por vários continentes. Paralelamente, também há a presença de muitos escritores
que me vão acompanhando nas viagens e na vida. Talvez por isso, depois, acabei por preferir o título “Palavras Nómadas”, por ser simultaneamente mais poético e sintético. Sim, podemos dizer que contém as palavras espalhadas e espelhadas nos lugares por onde passei e aquelas que foram nascendo em mim, ao longo do tempo.
Como foi o processo de seleção de crónicas? Que mensagens quis passar ao leitor?
Os primeiros textos foram escritos pouco depois de chegar a Macau, em 2012, um pouco paralelamente ao livro “Floriram por engano as rosas bravas” [lançado no ano passado]. Estava novamente a viver uma experiência de emigração, embora muito diferente da anterior. Talvez por isso, senti vontade de escrever sobre coisas vividas no Uruguai, para relembrar outras situações e obstáculos ultrapassados. Fui fazendo alguns rascunhos, sem ter bem ideia do formato final que teriam. Foi apenas durante este último ano em Portugal, de licença, que lhes dei o formato definitivo, escrevi a maioria das crónicas e organizei-as. Queria que fossem 50, pois fiz 50 anos, e que percorressem as minhas vivências e travessias por múltiplos espaços pela vida. Aliás, o último texto talvez seja também esclarecedor. Quanto à mensagem que quero transmitir, creio que caberá ao leitor encontrá-la. Pode dar azo a várias mensagens e interpretações. O que quis, essencialmente, foi partilhar momentos, aprendizagens, a alegria e o interesse que sinto em descobrir novas realidades e universos diferentes.
Neste livro descrevem-se vários sentimentos sobre vários lugares. Qual é, para si, a crónica mais significativa?
Na verdade, não consigo eleger uma. Elas são variadas, há algumas mais divertidas, como é o caso de “O marido imaginário” ou “Pouca sorte com cabeleireiros”, mas outras mais sérias, embora em quase todas haja um bocadinho de humor, que considero um tempero essencial na vida. Todas foram baseadas em acontecimentos reais.
Ensinou português em vários lugares, nomeadamente na América do Sul e Macau. Como foi a experiência de ser docente em diferentes locais do mundo?
No Uruguai ensinei literatura portuguesa na Universidade da República Oriental e num centro de formação de professores. Foi uma experiência extraordinária. Nessa altura, tinha 29 anos, tinha acabado o mestrado, muitos dos alunos eram mais velhos que eu.
“A escrita foi algo que sacrifiquei durante muito tempo em detrimento do trabalho, da carreira académica. Mas, de repente, senti uma necessidade visceral de escrever.”
Aprendi imenso com eles, eram muito cultos, alguns já tinham tirado outras licenciaturas. Lembro-me de lermos alguns cantos de “Os Lusíadas” e alguns citarem de cor partes da “Eneida”, de Virgílio, onde surgiam semelhanças. As discussões enveredavam sempre por novos caminhos e mais profundos do que aquilo que eu esperava. Era verdadeiramente aliciante. Em Macau, os desafios foram diferentes, muito exigentes. Dei aulas na licenciatura, no mestrado e doutoramentos, orientei muitas teses. Encontrei, claro, também alunos muito bons
e interessados, outros menos, como sempre acontece. Se em Montevidéu havia a familiaridade do mundo ocidental, em Macau sempre me atraiu a diferença e o desafio que é estabelecer pontes entre culturas tão diferentes. Aliás, essa é a parte que mais encanta na divulgação do português no estrangeiro, sentir que em lugares distantes e universos culturais diferentes há interesse pela nossa língua e cultura e alimentar essa pequena chama. Acho que ensinar deve ser isso, tentar atear a chama do interesse, da curiosidade, pois sem ela ninguém aprende.
As crónicas ajudam a arrumar interiormente memórias de viagens e o seu significado?
Sim, sem dúvida, as crónicas ajudam a arrumar as memórias das viagens e das vivências que fui tendo. São uma forma de compreender o mundo e a vida. Aliás, a última tem como título “um nó para atar a vida”. No fundo, também é isso, a linha com que se cose a manta de retalhos que é a vida.
Nas crónicas sobre Macau descobrimos a novidade, o sentido de descoberta de um lugar?
Esses textos foram a minha forma de ir desvendando e conhecendo aquele universo tão particular. Macau é um lugar único no mundo, não há nada de equivalente. Trata-se de um palco de constantes surpresas. Muitas vezes, há uma grande discrepância entre a casca da aparência e o caroço da essência. Macau, como refere a pintora e escritora Fernanda Dias, é um “mapa esquivo”. A realidade é muito fluída, tudo muda constantemente, há fortes contrastes, paradoxos. A escrita pode ser o modo de tentar encontrar um sentido, de criar um espaço que possa ser habitado.
“Acredito que ninguém escreve sem ser antes um grande leitor, há sempre uma herança que integramos, assimilamos e transformamos depois.”
coisas perderam a importância que tinham anteriormente. Escrevo desde sempre, comecei a publicar livros em 1997, há 26 anos. Este é o décimo primeiro, sem contar com a participação em obras colectivas, mas ainda tenho um certo pudor e cuidado no uso da palavra “escritora”.
Esta obra faz referência a vários autores, portugueses e estrangeiros. São referências ao acaso ou são autores fundamentais para si na hora de escrever, de quem retirou referências?
“Muitas vezes, há uma grande discrepância entre a casca da aparência e o caroço da essência. Macau, como refere a pintora e escritora Fernanda Dias, é um ‘mapa esquivo.’”
Qual o significado de lançar esta obra no festival? É uma forma de assumir-se cada vez mais como escritora?
Foi uma oportunidade maravilhosa. A escrita foi algo que sacrifiquei durante muito tempo em detrimento do trabalho, da carreira académica. Mas, de repente, senti uma necessidade visceral de escrever. Ao mesmo tempo, outras
De entre os escritores citados, há realmente as duas situações. Há alguns que surgem ocasionalmente, e outros, a maioria talvez, são referências importantes, alguns trabalhados no contexto académico. O facto de ter um doutoramento em literatura comparada cimentou também o meu interesse por autores de outros países. Contudo, no contexto da literatura portuguesa, posso destacar, por exemplo, quatro autores que menciono. Miguel Torga, sobre o qual trabalhei na tese de doutoramento; José Rodrigues Miguéis, sobre o qual escrevi artigos e que li desde a adolescência; Maria Ondina Braga e Lídia Jorge. Estas duas últimas autoras, sobre as quais também trabalhei, abriram “clareiras” dentro de mim, a partir de duas dimensões: o olhar perante Macau e as outras culturas, no caso da Maria Ondina, e um reequacionar, um olhar mais profundo e analítico das minhas raízes, no caso de Lídia Jorge. Acredito que ninguém escreve sem ser antes um grande leitor, há sempre uma herança que integramos, assimilamos e transformamos depois.
O novo livro de Dora Nunes Gago foi lançado em Portugal no festival Correntes D’Escritas. A ex-docente da Universidade de Macau assume querer dedicarse cada vez mais à escrita, agora que atenuou um pouco o investimento na carreira académica.
“Palavras Nómadas” resulta do somatório de crónicas sobre lugares que visitou, incluindo Macau
“O facto de ter um doutoramento em literatura comparada cimentou também o meu interesse por autores de outros países.”Andreia Sofia Silva
Segundo o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, a medida abrange todos os residentes, incluindo os que não têm nacionalidade chinesa. O reconhecimento foi anunciado ontem em conferência de imprensa
OS detentores de cartas de condução de Macau, incluindo os residentes permanentes de nacionalidade estrangeira, vão poder conduzir na China continental a partir de 16 de Maio, anunciaram ontem as autoridades.
O director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, confirmou à Lusa que a
CARTAS DE CONDUÇÃO RECONHECIMENTO MÚTUO AVANÇA
A estrada do meio
dispensa de exame para o reconhecimento das cartas de condução de Macau inclui os residentes que não tenham a nacionalidade chinesa.
Mais de 2.200 pessoas que viviam em Macau nasceram em Portugal, segundo os resultados finais do Censos 2021.
Por outro lado, a última estimativa dada à Lusa pelo Consulado-geral de Portugal na região administrativa especial chinesa apontava para 170 mil portadores de passaporte português entre os residentes em Macau e em Hong Kong, sendo que o regime jurídico chinês não reconhece a dupla nacionalidade.
O acordo de reconhecimento recíproco de cartas de condução, divulgado ontem num comunicado conjunto com o Ministério da Segurança Pública chinês, foi assinado a 15 de Fevereiro, mas só entra em vigor a 16 de Maio.
No entanto, o acordo só permite aos residentes em Macau, incluindo os estrangeiros, conduzir, na China continental, automóveis
Odeputado Che Sai Wang considera que faltam oportunidades para os jovens qualificados integrarem os vários conselhos consultivos do Governo e fala da ausência de “concorrência leal”, na altura de serem escolhidos os membros.Aopinião faz parte de uma interpelação escrita divulgada ontem pelo legislador ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau.
Em causa, está uma outra interpelação de Abril de 2022, quando o Executivo foi questionado sobre as oportunidades de quadros qualificados não ligados às associações tradicionais integrarem os órgãos consultivos da RAEM.
Na altura, existia a esperança de que o Governo aceitasse os cur-
registados do outro lado da fronteira.
Só para alguns
O território lançou em Janeiro uma licença que permite aos veículos particulares de Macau circular na província vizinha de Guangdong,
Lam Hin San desvalorizou ainda preocupações quanto a um eventual aumento do trânsito em Macau
Direito de admissão
Governo acusado de fechar a porta a jovens qualificados
rículos dos interessados dos vários quadrantes, antes de ser tomada uma decisão sobre as nomeações. No entanto, apesar das promessas, para Che Sai Wang nada mudou.
“Lamentamos que nem na constituição do Conselho Consultivo para Assuntos Municipais, no final de 2022, nem na composição do
Conselho Consultivo de Serviços Comunitários no início de 2023, se tenha cumprido o compromisso da RAEM”, apontou Che. “O Conselho Consultivo para Assuntos Municipais já era conhecido por ter uma lista de membros para o novo mandato antes do fim da fase de recrutamento aberto”, acusou.
Evitar repetições Neste contexto, o deputado fala de uma “ausência de concorrência leal”, e que o Governo criou um falso sentido de “esperança” de abertura na política. Agora, Che
mas que só está disponível para os titulares do salvo-conduto para deslocação ao Interior da China, um documento que só é atribuído a cidadãos chineses e não a estrangeiros.
Lam Hin San disse ontem, numa conferência de
quer explicações sobre os processos adoptados para nomear os conselheiros, principalmente no que diz respeito à falta de abertura para os jovens qualificados.
Che questiona ainda o Executivo sobre os planos para acabar com as nomeações repetidas, quando um membro faz parte de diferentes órgãos consultivos. Apesar da repetição das nomeações ser uma constante do Governo, o deputado aponta que a prática deixou de fazer sentido, porque Macau tem cada vez mais pessoas formadas em diferentes áreas, com um conhecimento específico.
Na interpelação, o deputado defende ainda a criação de uma lista com potenciais candidatos aos órgãos consultivos, com base na especialidade das pessoas. J.S.F.
imprensa, acreditar que a medida poderá “beneficiar mais de 200 mil titulares de cartas de condução de Macau” e que “haverá muitos jovens que se irão inscrever para testes de carta de condução”.
Quanto aos residentes da China continental, poderão conduzir automóveis ligeiros em Macau durante 14 dias sem qualquer restrição, devendo depois fazer um registo gratuito junto da Polícia de Segurança Pública para continuar a conduzir durante até um ano.
O director da DSAT disse que a medida irá facilitar visitas familiares transfronteiriças e promover a integração da Grande Baía, um projecto de Pequim para criar uma metrópole mundial que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong, numa região com cerca de 80 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) superior a um bilião de euros, semelhante ao PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.
Lam Hin San desvalorizou ainda preocupações quanto a um eventual aumento do trânsito em Macau, que recebe todos os anos milhões de turistas chineses, defendendo que “poucos visitantes” irão optar por conduzir na região administrativa especial.
Nova prisão Deputados com empreiteiro na mira
A presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças revelou ontem que os atrasos nas obras da nova prisão se devem à falta de iniciativa do empreiteiro na resolução dos problemas. As declarações foram prestadas por Wong Kit Cheng, e têm por base as explicações do Governo face às questões dos deputados. Perante esta postura, Wong admitiu que a comissão sugeriu que se apliquem as disposições e sanções legais previstas, designadamente para as empreitadas de obras públicas, para incentivar os responsáveis pelos trabalhos a resolverem por iniciativa própria os problemas encontrados no dia-a-dia. A abertura do Novo Estabelecimento Prisional de Coloane está prevista para 2024.
SAÚDE MENTAL 730 CASOS EM SEIS ANOS NO S. JANUÁRIO
Aequipa de serviços externos da especialidade de psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário tratou, entre 2016 e Dezembro de 2022, de 730 casos na área da saúde mental, sendo que 154 casos foram classificados como “casos ocultos na comunidade”.
Os dados são fornecidos pelos Serviços de Saúde de Macau (SSM) pelo seu director, Alvis Lo, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Ho Ion Sang. Os SSM prometem “continuar a avaliar as necessidades dos serviços, ajustando os recursos de acordo com as necessidades”.
A questão da saúde mental foi muito discutida no período da pandemia, face à ocorrência de vários casos de suicídio. Os SSM assumem que têm vindo a «prestar atenção à saúde mental e psicológica dos residentes» construindo uma rede de serviços composta por consultas e serviços comunitários, em parceria com associações.
Actualmente, existem oito centros em Macau a prestar consultas externas de saúde mental totalmente gratuitas para residentes. Além disso, os SSM têm enviado psiquiatras “para prestarem periodicamente serviços médicos especializados aos doentes mentais internados nos lares comunitários”. O Instituto de Acção Social (IAS) criou ainda quatro residências de apoio para portadores de deficiência intelectual e reabilitados de doença mental.
FEDERAÇÃO DE JUVENTUDE NOVA DIRECÇÃO APOSTA TUDO NO NACIONALISMO
São jovens e tradicionais
Na tomada de posse da nova direcção da Federação de Juventude de Macau, o presidente Alvis
Lo garantiu que a primeira prioridade da associação é ajudar a implementar o espírito do 20.º Congresso Nacional e promover o amor à pátria e Macau. Em segundo lugar, disse que são precisas soluções para problemas relacionados com emprego, estudos e condições de vida
necessidade de mão-de-obra qualificada no campo da investigação científica e à Ilha da Montanha como um local privilegiado para as gerações mais novas da RAEM integrarem-se no desenvolvimento nacional.
Miúdos e graúdos
DECORREU no domingo a cerimónia de tomada de posse da nova direcção da Federação de Juventude de Macau, liderada pelo director dos Serviços de Saúde Alvis Lo. Perante uma audiência de notáveis, entre os quais o Chefe do Executivo, o presidente da Assembleia Legislativa, o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da China em Macau e o director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Alvis Lo traçou os três pilares prioritários da actuação futura da Federação de Juventude de Macau.
Segundo uma publicação no Facebook da associação, Alvis Lo traçou como primeira prioridade “levar um vasto número de jovens a continuar o estudo para melhor compreender e implementar o espírito do ’20.º Congresso Nacional’,
e herdar e levar por diante a bela tradição de ‘amar o país e Macau’”. A segunda prioridade elencada pelo líder da associação é procurar resolver as dificuldades e desafios encontrados pelos jovens nos seus estudos, emprego, entraves ao empreendedorismo e acesso a habitação, de forma a criar as condições favoráveis ao sucesso da juventude de Macau.
Em terceiro lugar, Alvis Lo destacou a necessidade de os jovens de Macau aproveitarem as oportunidades surgidas na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin.
Num discurso proferido perante Carmen Maria Chung, Directora dos Serviços de Assuntos Jurídicos da Zona de Cooperação Aprofundada, o presidente da federação apontou à
Alvis Lo destacou ainda a necessidade de os jovens de Macau aproveitarem as oportunidades surgidas na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin
METRO CONCEDIDOS MAIS DE 2.600 PASSES “MAK MAK”
OGoverno atribuiu um total de 2.694 passes especiais de três dias para o metro ligeiro no âmbito do programa “Passe de Metro Ligeiro Mak Mak”, implementado em Agosto de 2021, suspenso devido à pandemia e retomado depois entre Abril e Outubro do ano passado.
Numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Lei Chan U, Chiang Ngoc Vai, director substituto da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), afirmou que este programa “permitiu que mais turistas realizassem viagens de metro ligeiro e visitassem mais zonas”, pelo que obteve “um certo efeito”. A própria empresa que gere o metro ligeiro adiantou, segundo a resposta ao deputado, que
“o plano de oferta [dos passes] facilitou a deslocação dos turistas de Macau, o que produziu um certo efeito positivo”.
Sobre o facto de o sistema do metro ligeiro vir a ser gerido por uma equipa com mais residentes de Macau, a DSAT disse que esse é um objectivo com o passar do tempo. “A MLM [Sociedade do Metro Ligeiro] começou a assumir gradualmente parte dos serviços de operação do metro ligeiro. Espera-se que através da localização e acumulação de experiências se possa formar, de forma gradual, uma equipa local que domine a operação ferroviária, a fim de concretizar o objectivo de operação autónoma do metro ligeiro no futuro”, lê-se na resposta.
A cerimónia de tomada de posse da nova direcção da Federação de Juventude de Macau, que decorreu no Centro de Convenções e Exposições da Doca dos Pescadores, foi oficializada pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e o director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Zheng Xincong. Participaram na cerimónia também o vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e ex-Chefe do Executivo Edmund Ho, e os deputados José Chui Sai Peng e Chui Sai Cheong. O evento decorre três dias depois de ter sido reportado que a Federação de Juventude de Macau submeteu ao Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas um relatório, que deveria ser independente, mas cuja a autoria foi atribuída à Direcção dos Serviços para os Assuntos da Justiça (DSAJ).
Apesar do desmentido do Governo, nos ficheiros em word submetidos pela associação de Alvis Lo e da Associação Geral das Mulheres a autoria que consta nos metadados dos ficheiros dos relatórios corresponde ao nome de uma funcionária da DSAJ. João Luz com Nunu Wu
Educação Escolas com regime de coordenação de avaliações
Kong Chi Meng, director da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), garantiu, em resposta a uma interpelação do deputado Ho Ion Sang, que todas as escolas de Macau já dispõem de “um mecanismo de organização e coordenação dos trabalhos de casa e de avaliações” dos alunos, no âmbito da entrada em vigor do “Sistema de avaliação do desempenho dos alunos”. Na resposta pode ler-se que, com este mecanismo, a DSEJD tem vindo a criar mais orientações e a apoiar as escolas na elaboração do “regulamento interno de avaliação do desempenho dos alunos”, além de verificar, em todos os anos lectivos, os regulamentos apresentados pelas escolas “a fim de fiscalizar a situação de implementação” do referido regime. A DSEDJ promete ainda “continuar a rever e a optimizar os currículos escolares, o ensino e a avaliação”, bem como a prestar atenção “ao desenvolvimento das literacias fundamentais dos alunos e à diversificação das experiências de aprendizagem”.
Ogás natural está mais caro em Macau desde ontem, com aumentos que variam entre 8,2 por cento e 14,3 por cento. A informação foi publicada no Boletim Oficial, através de um despacho assinado pelo Chefe do Executivo, e justificada com a realidade internacional.
“Recentemente, o preço de gás natural não só registou uma subida rápida no mercado internacional, mas também teve um aumento acentuado no mercado das regiões vizinhas em comparação com o período homólogo do ano passado, o que causou uma subida de cerca de 20 por cento no custo de aquisição de gás natural para abastecer Macau”, justificou mais tarde o Governo, através de um comunicado da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental.
Com a invasão russa da Ucrânia, e as sanções económicas aplicadas a uma economia que é das
GÁS NATURAL GOVERNO AUMENTA PREÇO DE VENDA EM 14%
A pesar no bolso
Os aumentos anunciados ontem fazem subir a factura dos clientes residenciais em cerca de 7,5 patacas por mês, aponta a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental. A subida é justificada com o “mercado internacional”
maiores em termos de produção de petróleo e gás natural, registou-se uma escalada do preço destas fontes de energia a nível internacional.
“Os preços de venda do gás natural a praticar nos quatro grupos de clientes tiveram subidas de
SAÚDE CRECHE COM CASOS COLECTIVAS DE GRIPE E GASTROENTRITE SEXTA-FEIRA
OS Serviços de Saúde (SS) detectaram, na última sexta-feira, um caso colectivo de gripe numa turma da creche da Associação Geral das Mulheres, situada na Rua Marginal do Lam Mau. Foram diagnosticadas com gripe três meninas com idades compreendidas entre dois e três anos. As crianças manifestaram sintomas de infecção do tracto respiratório superior como febre e corrimento nasal, entre outros sintomas. Algumas foram submetidas a diagnóstico e tratamento médico em instituições hospitalares, não tendo sido registados casos graves nem de internamento. A creche já procedeu a trabalhos de limpeza e desinfecção.
As autoridades identificaram ontem na mesma creche gerida pela Associação Geral das Mulheres um caso
cerca de 8 por cento a 14 por cento, respectivamente, sendo que, de entre eles, os clientes residenciais são os principais utentes de gás natural”, foi apontado. “Estima-se que a despesa resultante do consumo de gás natural aumente, em
colectivo de gastroenterite. Desta vez quatro bebés, três meninos e uma menina, com idades compreendidas entre os 15 e 17 meses, registaram sintomas de gastroenterite, como vómitos e diarreia. Algumas crianças infectadas recorreram a instituições médicas para tratamento. Não houve registo de casos graves ou outras complicações graves. Segundo uma nota dos SS, não se trata de um caso de gastroenterite alimentar tendo em conta as horas de refeições das crianças. De acordo com as horas de ocorrência da doença, os sintomas e o período de incubação, é provável que o agente patogénico esteja relacionado com uma infecção viral. Os SS dizem estar a acompanhar o caso. A.S.S.
média, 7,5 patacas mensalmente”, foi acrescentado.
Para todos os gostos
Em relação aos preços praticados, para os clientes residenciais o preço sobe 8,2 por cento, o que significa
um crescimento de 6,9998 patacas por metro cúbico para 7,5758 patacas por metro cúbico.
No caso dos clientes não residenciais, que não são considerados “grandes clientes” nem “clientes especiais”, o preço sobe 9 por cento de 6,4122 patacas por metro cúbico para 6,9882 patacas por metro cúbico.
Os “grandes clientes” têm um aumento de 9,1 por cento, de 6,3364 patacas por metro cúbico para 6,9124 por metro cúbico. Finalmente, os “clientes especiais” têm um aumento de 14,3 por cento para 4,5916 patacas por metro cúbico, quando até agora pagava 4,0156 patacas por metro cúbico.
Apesar de o gás ficar mais caro, a DSPA prometeu “supervisionar a colaboração activa por parte da companhia concessionária com a empresa abastecedora de gás natural a montante” para reduzir o custo e “aliviar o encargo sobre os residentes”. João Santos Filipe
COVID-19 VACINAÇÃO COM PROCESSO SIMPLIFICADO
Apartir de hoje, quem fizer marcação online para se vacinar contra a covid-19 não precisa preencher informações sobre a auto-avaliação de problemas de saúde, nem o consentimento informado.
A simplificação do processo de vacinação foi justificada pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus com a necessidade reconhecer a “segurança e eficácia das mais de 13 mil milhões de doses de vacinas contra a covid-19 administradas em todo o mundo”.
Com as alterações, para marcar a inoculação basta preencher os dados pessoais. No dia da administração da va-
cina, os profissionais de saúde procedem a uma avaliação pré-vacinação, que inclui a consulta sobre o historial de alergias e a situação actual de doença, entre outros, e posteriormente procedem à vacinação.
Desde o início do programa de vacinação em Macau, no
dia 9 de Fevereiro de 2021 até ontem tinham sido administradas mais de 1,67 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, segundo os dados oficiais. Mais de 90 por cento da população foi vacinada com duas doses.
Na mensagem de ontem do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus foi ainda deixado um apelo “aos idosos e às pessoas com doenças crónicas para que concluam com a maior brevidade possível o esquema vacinal primário contra a covid-19 e a administração da dose de reforço, a fim de reduzir o risco de ocorrência de casos graves, internamento e morte”.
Administração Receitas com quebra de 4,5 mil milhões
No primeiro mês do ano, o Governo amealhou 7,6 mil milhões de patacas em receitas, uma redução de 4,5 milhões de patacas, em relação ao ano passado. Os dados foram revelados pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF). Em Janeiro, a RAEM acumulou 1,6 mil milhões de patacas em receitas ligadas aos jogos de fortuna ou azar, uma redução face aos 3,6 milhões acumulados no primeiro mês do ano passado. A principal fonte de proveitos foi as outras receitas de capitais, que atingiram os 5 mil milhões de patacas. Também aqui houve uma diminuição face ao ano passado, quando o montante tinha sido de 7,5 mil milhões de patacas. A redução das receitas é acompanhada por menos despesas. Em Janeiro, a RAEM gastou 3,9 mil milhões de patacas, o que representa uma diminuição de 400 milhões de patacas face a Janeiro do ano passado.
Kingston Financial Saída da bolsa está mais perto
A Kingston Financial Group recebeu autorização para deixar de estar cotada na bolsa de Hong Kong a partir de 27 de Fevereiro, de acordo com um comunicado divulgado ontem junto dos investidores. A Kingston tem participações nos casinos Casa Real, na Península de Macau, e Grandview, na Taipa e conta com a empresa Active Dynamic como principal accionista. Esta companhia tem sede nas Ilhas Virgens Britânicas e é controlada pela empresária Pollyanna Chu. Desde Outubro do ano passado, que era conhecida a intenção da Active Dynamic de comprar as acções existentes da Kingston Financial Group, ao preço e 0,3 dólares de Hong Kong por acção, para retirar a empresa da bolsa. Os casinos-satélite Casa Real e Grandview são geridos através de uma parceria com a SJM Holdings.
HUBEI EX-GOVERNANTE ACUSADO DE GASTAR 40 MILHÕES EM JOGO
Aviso à navegação
Mei Yunnian apropriou-se de fundos públicos e fez empréstimos junto de subordinados para poder apostar nas mesas de Macau. Numa das viagens ao território, em dois dias, apenas dormiu três horas
campanha contra o jogo no Interior, em 2021. Nessa altura, não só a circulação entre o Interior e Macau foi amplamente restringida, com a justificação da política de zero casos de covid-19, como vários agentes dos junkets de Macau no Interior foram presos e condenados com penas de prisão.
Também na RAEM, e a reboque do que acontecia no outro lado da fronteira, a polícia decidiu avançar. As detenções de Alvin Chau, proprietário do grupo junket Suncity, e Levo Chan, ligado ao grupo Tak Chun, serviram para passar a mensagem de que a promoção do jogo no Interior nos moldes anteriores não iria voltar a ser autorizada.
Contudo, o vício de Mei Yunnian surge explicado como sendo mais profundo. Com a pandemia, o governante virou-se para o jogo online, passando as noites à frente do ecrã a jogar bacará. Na conta pessoal do casino online, o político tinha 18 milhões de renminbis.
O governante fez 112 visitas à RAEM durante as quais apostou cerca de 40 milhões de renminbis
Segundo os relatos da imprensa chinesa, Mei viciou-se no jogo em 2007, quando começar a apostar na lotaria. No entanto, a situação piorou durante uma viagem a Macau, quando foi exposto ao ambiente do jogo nos casinos. Segundo o responsável, o sentimento de “entusiasmo” nos casinos fez com que se deixasse viciar, ao ponto de se apropriar de fundos públicos e de pedir empréstimos de subordinados para poder apostar.
UM antigo governante de Hubei terá vindo a Macau, ao longo de 11 anos, e apostado cerca de 40 milhões de renminbis nas mesas dos casinos locais. A notícia foi avançada ontem por uma revista do Interior com ligações ao órgão de supervisão de corrupção de Pequim.
O ex-governante é identificado como Mei Yunnian e entre 2007 e 2018 foi subdirector do plano de de-
senvolvimento reformista da cidade de Yichang, na Província de Hubei. Terá também sido durante nessa altura que realizou várias deslocações secretas a Macau, para jogar.
Segundo a informação revelada no Interior, o governante fez 112 visitas à RAEM durante as quais apostou cerca de 40 milhões de renminbis. Contudo, as perdas nas mesas foram mais reduzidas, não indo além dos 5 milhões renminbis. Numa das deslocações a Macau, o
responsável terá dormido apenas
três horas em duas noites, para ficar mais tempo na mesa de jogo. Como consequência, quando foi para o Aeroporto de Zhuhai para regressar a casa, o governante adormeceu à espera do avião, tendo de ser acordado pelos trabalhadores do aeroporto para embarcar.
Outros tempos
As visitas foram realizadas antes de Macau ter sido alvo de uma
Desde Março do ano passado, que Mei Yunnian está a ser alvo de um processo disciplinar devido às suas acções relacionadas com o vício do jogo.
Citado pela imprensa do Interior, justificou os crimes com o facto de não ter estudado de forma suficiente “os regulamentos e as regras do partido” e admitiu ter de “engolir esta fruta amarga”, como resultado da sua ignorância.
João Santos Filipe
RESTAURAÇÃO ASSOCIAÇÃO QUALIDADE VERDE MARCA DEFENDE AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO
TENDO em conta que o número de turistas que entram em Macau continua elevado, passadas semanas depois do Ano Novo Chinês, o presidente da Associação de Qualidade Verde Marca entende que é oportuno dis-
cutir agora a possibilidade de aumento do salário mínimo.
Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, Aeson Lei afirmou esperar que o Governo lidere a discussão de forma gerar consenso entre patronato
e representantes de trabalhadores na Concertação Social.
Na óptica do representante, actualmente os salários praticados no sector da restauração são pouco superiores ao salá -
rio mínimo, com a maior escassez de recursos humanos a verificar-se em cargos como empregados de mesa, funcionários de limpeza, de cozinha e distribuidores de takeaway. Outro problema suscitado
por Aeson Lei, é a disparidade na captação de mão-de-obra entre grandes e pequenas empresas, apesar da diferença de salários oferecidos não ser muito grande, com as remunerações recebidas por residen -
tes a suplantar entre 10 e 20 por cento as recebidas por não-residentes. Para fazer face à falta trabalhadores, o dirigente associativo sugeriu a contratação a tempo parcial de idosos. N.W.
Mêncio e Xunzi e a o conceito de autonomia moral na
TANTO NA CHINA como no Ocidente, intelectuais e eruditos, de diferentes áreas do conhecimento, têm vindo a debater, há séculos, um dos temas mais discutidos na história do pensamento filosófico chinês: a oposição, que tem sido interpretada como contradição, entre a bondade inata da natureza humana defendida por Mêncio [孟子] (390-305 a. C.) e a doutrina de que a natureza humana é fundamentalmente má, segundo Xunzi [荀子] (310-219 a. C.), em polémica aberta com Mêncio. A dificuldade consiste em tentar conciliar, sob a mesma escola filosófica (o Confucionismo) duas concepções que são, aparentemente, tão radicais e divergentes. Embora, na doutrina que defende que a natureza humana é má, esta ideia não seja a fundamental, segundo o célebre comentador Qing [清] Wang Xianqian [王先謙] (1842-1918)1, mas tão somente a posição que ele adoptou em resposta a uma época de guerra e caos. E é, precisamente, nas possíveis interpretações daquela doutrina que os estudos mais significativos se têm debruçado, nos últimos anos.2 Mêncio é geralmente considerado um intuicionista, um idealista, com uma concepção optimista do homem, enquanto que Xunzi é apresentado em termos diametralmente opostos. É um racionalista, um pragmatista, o precursor de uma visão pessimista e o iniciador da tendência autoritarista que, segundo alguns, se iria tomar, mais tarde, num elemento particular do Confucionismo. Foi afirmado que Xunzi detinha maior autoridade e prestígio do que Mêncio, no início do período imperial. Apenas, durante as dinastias Tang [唐](618-907) e Song [ 宋] (960-1279), com o florescimento do Neo-Confucionismo, foi Mêncio venerado como sendo o único e autêntico intérprete do pensamento de Confúcio [孔子] (551-479 B. C.), enquanto Xunzi era referido como heterodoxo indigno. Esta interpretação condicionou muito os trabalhos subsequentes e tornou-se paradoxal na década de 70, durante a campanha crítica levada a cabo contra Lin Biao [ 林彪] e Confúcio. A campanha, desencadeada no 10° Congresso do Partido Comunista Chinês, em 1973 e orquestrada pelo então chamado Bando dos Quatro, rotulou Xunzi de Legalista, de acordo com a necessidade sentida, no momento, pelo Partido Comunista, de apresentar o Confucionismo e o Lega-
lismo como duas categorias distintas (reacção contra o progresso).3
Seguindo esta linha interpretativa, está a posição assumida, em meados dos anos 70, por Lin Yü-sheng, [林毓 生] segundo a qual há dois significados para ren 仁 (que normalmente é traduzimos por “humanidade, clemência, benevolência, virtude, etc.”) em Lunyu [ 論語] (os Analectos de Confúcio): 1) o uso convencional pré-Confucionista, indicando qualidade distintiva do homem, e significando “dignidade, humanidade”;2) a nova utilização por Confúcio que deu à palavra um “significado proteiforme” denotando “todas as virtudes morais assim como a mais elevada realização moral que um homem pode atingir na vida, através do esforço humano”.4 Por outras palavras, graças à mudança inovadora dentro da tradição, introduzida, pela primeira vez, por Confúcio, a palavra ren alterou implicitamente o seu significado de «dignidade, humanidade» para o derivativo ético «bondade»:
O conceito de ren, segundo Confúcio, implica uma noção de processo dinâmico ininterrupto da vida moral. [...] Posto que ren - excelência
moral - é o ponto mais alto do crescimento da natureza distintiva do homem, ren pode ser desenvolvido a partir do fluir da natureza do homem. Se um homem deseja atingir o ren, pode cultivá-lo e desenvolvê-lo em cada momento da sua vida. Certamente que este ren em evolução não atingiu o mais alto nível de excelência moral. Mas a excelência moral, mais do que uma mudança, é uma evolução da natureza característica do homem: cada estádio de desenvolvimento moral pode ser concebido como um estádio de excelência moral em potência, já que a afirmação de que «se quisermos o ren, percebemos que ele está mesmo ao nosso lado» [ Lunyu, 7.29]. Esta compreensão do conceito de ren em Confúcio, não significa que este filósofo tenha defendido de forma clara e explícita a ideia da bondade inata da natureza humana. Mas significa que o conceito de bondade inata do homem, de Mêncio é um desenvolvimento do pensamento de Confúcio. [...] Se adoptarmos um ponto de vista estritamente literal, podemos considerar Mêncio como o criador do conceito de bondade inata no homem (Mengzi [ 孟 子 ] 2A.6 e 6A.1-8). Contudo, se a minha explicação do conceito de ren em Confúcio é válida, então o conceito de bondade humana inata de Mêncio não foi tanto uma ideia original mas o desenvolvimento de uma noção implícita de Confúcio.5
O laço genético entre a doutrina de Confúcio e a teoria de Mêncio da bondade inata da natureza humana foi claramente estabelecida. Assim Li Yü-sheng afirma, como uma consequência lógica, que “embora Xunzi tenha adoptado muitos valores e objectivos de Confúcio, algumas das suas ideias como ponto de partida e seja geralmente olhado como filósofo Confucionista, o seu sistema filosófico é, se considerado como um todo, do ponto de vista deste ensaio estruturalmente incompatível com o de Confúcio”.6
A opinião de Philip J. Ivanhoe é diametralmente oposta a este ponto de vista. Recentemente, tem tratado de temas complexos tais com a origem do conhecimento do que é o Caminho (dao [道]) e como é que cada homem chega à sua percepção, para explorar a questão de como os mais antigos confucionistas pensavam sobre o modo como cada um atinge a moral. Por outras palavras, é o indivíduo capaz de descobrir o Ca-
minho por ele próprio, através de um processo de introspecção e reflexão, ou será o Caminho algo que o homem é incapaz de discernir, e que tem de ser aprendido através dum prolongado e difícil processo de aquisição de conhecimentos? O ponto fulcral da análise de Ivanhoe é a polaridade entre si [思] “pensar” e xue [學] “aprender”, que não é restrito à primeira fase da tradição confucionista, mas sim um fio condutor que corre através da especulação filosófica subsequente. Ivanhoe distingue entre duas linhas de pensamento diferentes: a primeira, baseada em Confúcio e Xunzi, enfatiza “a necessidade de nos submetermos à autoridade dos ritos e adquirirmos o conhecimento do Caminho através do estudo. Chega-se ao conhecimento do Caminho através da aprendizagem, pelo estudo do legado dos sábios”. 7 A segunda, baseada em Mêncio, dá ênfase «à autonomia moral de cada indivíduo». O homem nasce com «gérmens morais» dentro de si que podem servir de guias morais infalíveis. Estes «gérmens morais» são alimentados pelo sentimento de alegria espontânea que acompanha a contemplação da acção moral. E assim alimentados, evoluirão, naturalmente, em direcção a disposições morais elevadas e fortes. Assim, o auto-aperfeiçoamento é o desenvolvimento de uma moral interna que se descobre e nutre através do pensamento. Chega-se ao conhecimento do Caminho pela introspecção e reflexão”.8
Ivanhoe insiste nos laços evidentes entre o pensamento de Xunzi e de Confúcio, especialmente no papel fundamental que ambos atribuíram aos Clássicos, aos ritos e aos ensinamentos dos sábios. Por esta razão, a inevitável conclusão de que “Xunzi permaneceu fiel às características mais importantes da visão original do Confucionismo”. [Comparado com Mêncio], está mais perto da tradição confucionista ao enfatizar o papel central dos ritos e dos sábios.9 A atitude de Xunzi contrasta, por isso, com a de Mêncio que diminuiu o papel dos rituais e a sua importância no que diz respeito ao auto-aperfeiçoamento moral do indvíduo. Estes e outros aspectos do pensamento de Mêncio «representam um significativo avanço das ideias de Confúcio», afirma Ivanhoe.10
Estas afirmações são, importantes, se comparadas com as de Lin Yü-sheng. Elas parecem repropor o tema
a natureza humana: na antiga tradição confucionista
original com um vigor renovado: foi Mêncio o intérprete real e continuador dos pensamentos de Confúcio, como defende Lin Yü-sheng, ou Xunzi, como Ivanhoe insiste? De facto, em minha opinião, a verdadeira questão reside em saber se é correcto ou útil manter esta estrutura do problema. Eu penso que responder a esta questão é crucial para a compreensão de alguns aspectos fundamentais da filosofia ética confucionista, como foi expresso no debate sobre a natureza humana. Numerosas hipóteses e interpretações novas de certos aspectos ligados ao tema do conceito de autonomia moral nos primeiros tempos do confucionismo, apareceram nas últimas décadas. Elas sugerem uma reflexão mais imparcial do problema e torna possível a adopção de uma abordagem menos ideológica capaz de oferecer uma solução mais convincente para a aparente e, na minha opinião, inconsistente, contradição que parece estar presente dentro da escola Confucionista.
Para melhor compreender as diferentes posições expressas por aqueles que trataram este tema, as suas motivações, argumentos subtis e os ob-
jectivos do debate, temos de partir do próprio Confúcio e explicar em que medida é que as doutrinas de Mêncio e Xunzi não são mais do que a representação de dois modos distintos de interpretar e reelaborar os ensinamentos do Mestre, contudo possíveis e coerentes. São duas correntes opostas, ainda que complementares, que se desenvolveram dentro da escola confucionista. A pluralidade de argumentos e opiniões entre discípulos, pode, em certa medida ser vista como um resultado das diferentes interpretações possíveis de alguns dos aspectos mais salientes da doutrina de Confúcio como se infere da leitura de Lunyu, a principal fonte disponível para nós. Esta obra que foi reunida, postumamente, por discípulos e seguidores de diferentes épocas, é considerada autêntica apenas em parte. É muito provável que uma versão, mais ampla do que a que chegou até nós, ou mesmo uma série de diferentes versões estivessem disponíveis nos séculos IV e III A. C. O textus receptus é bastante desorganizado na estrutura. Parece uma recolha desordenada de máximas, conversas e anedotas, muitas vezes privadas de contexto específico. O que se expõe é tão lacónico e o estilo tão básico, que são possíveis diferentes leituras. A natureza fragmentária e não-sistemática da compilação deu origem a uma grande colecção de obras de literatura exegética (e que não pára de aumentar) e à formação de correntes distintas de estudiosos em competição constante. De acordo com o filósofo Legalista Han Feizi [韩非子] (280-233 a. C.), dentro da escola Confucionista houve oito facções durante o século III a. C. 11. Deve-se também afirmar que Confúcio não lidou abertamente com a questão de avaliar a natureza humana tendo em vista o que é bom ou mau. Tanto quanto se pode retirar do Lunyu, ela só é mencionada uma ocasião para afirmar que [性相近 也,習相遠也] “os homens são parecidos na natureza, mas divergem uns dos outros na acção”.12
(Continua)
* Director da Secção de Sinologia e vice-presidente do Departamento de Estudos Hindus e ExtremoOrientais da Universidade de Veneza. Professor de Chinês Clássico, é membro das Associações Europeia e Italiana de Sinologia.
NOTAS
1 Ver o Prefácio ao Xunzi jijie [荀子集解] (Collected Commentaries ofthe Xungzi), 1891
2 Sobre o tema da natureza humana no antigo confucionismo existe uma extensa bibliografia. Para uma vista geral do tema, ver os meus dois volumes: La concezione della natura umana in Confucio e Mencio, Veneza, 1991, e Xunzi e il problema del male, Venezia, 1997
3 Esta visão do pensamento de Xunzi está presente nas duas principais correntes interpretativas, que estão representadas no Ocidente por, respectivamente, Homer H. Dubs e Antonio S. Cua, cujos trabalhos exerceram uma acentuada influência nos estudiosos e continuam a exercer. Dubs, autor do estudo "Mencius and Sündz on Human Nature" (Philosophy East and West, 6, 1956, pp. 213-222), é representativo do que Philip J. Ivanhoe refere como a corrente agostiniana na tradição confucionista: "Dubs argumenta que Xunzi acreditava que a natureza humana era essencialmente má e que, por isso, precisava de ser reprimida; e assim ele criou o slogan xing'e (que Dubs traduziu como "a natureza humana é má") para se opor ao compassivo Mêncio. Dubs vê esta proposta de Xunzi como iniciadora do tema do autoritarismo no pensamento chinês, um tema que Dubs vê como tendência dominante da tradição confucionista. Embora a sua análise seja merecedora de algum mérito, este aspecto da sua interpretação parece-me errada e enganadora. É injustificável atribuir a Xunzi, ou a algum outro pensador chinês antigo, o ponto de vista de que a nossa natureza, no todo ou em parte, é fundamentalmente e incorrigivelmente má. Não há nada no pensamento de Xunzi que se aproxime da noção agostiniana de pecado, entendido como rejeição deliberada da vontade de Deus. Não há sinais nos seus escritos que nos possam levar a pensar que ele acreditava que extraímos um prazer preverso em proceder mal. Isto é um ponto importante, pois que para fazer frente à teoria de Mêncio, como Dubs acredita que faz a teoria de Xunzi, este deveria ter dito exactamente isto." (Philip J. Ivanhoe, "Human Nature and Moral Understanding in Xunzi", International Philosophical Quarterly, 34, 1994, pp. 167-175:172).
Antonio S. Cua, por outro lado, que escreveu um número verdadeiramente espantoso de trabalhos sobre Xunzi (Fiz a listagem de todos eles em Xunzi e il problema del male, pp. 94-96) é considerado por Ivanhoe como sendo o expoente máximo da interpretação da componente pessimista: Essencialmente, os proponentes desta posição de que a teoria "pessimista" de Xunzi complementa a visão mais optimista de Mêncio sobre a natureza humana. Vêem Mêncio indicar prazenteiramente que o copo está meio cheio (ou seja nós já somos parcialmente bons), enquanto Xunzi taciturnamente foca o copo meio vazio (ou seja nós ainda somos meio-maus). Mêncio oferece-nos um ideal em direcção ao qual nos devemos esforçar
e que é visto como um encorajamento para desenvolvermos o que já há de bom em nós. Xunzi levanta restrições às nossas acções e avisa-nos para refrearmos as nossas tendências inatas para errar. Um traço crucial desta posição é a controvérsia de que estes dois pontos de vista são essencialmente o mesmo, diferendo apenas nos aspectos a que eles dão ênfase" (Ibid., pp. 172-173) Obviamente, Ivanhoe critica este tipo de abordagem, também porque ela "obscurece o optimismo profundo da posição de Xunzi" já que a diferença entre as teorias dos dois filósofos "não é de grau é de género" (Ibid., p.174).
4 Lin Yü-sheng ([林毓生]), "A Evolução do significado pré-confucionista de Jen ([仁]) e a concepção confucionista de Autonomia Moral", Monumenta Serica, 31, 1974-75, pp. 172-204:184. O sistema de transcrição, o pinyin [拼音] foi usado para uniformizar todas as citações ao longo do texto
5 Ibid., pp. 185-186.
6 Ibid., p. 172, nota de rodapé 2. Os itálicos são da responsabilidade do autor.
7 Philip J. Ivanhoe, "Thinking and Learning in Early Confucionism", Journal of Chinese Philosophy,17, 1990, pp.473-493:487.
8 Ibid., p.48
9 Ibid., p.486. Os itálicos são da responsabilidade do autor. Benjamin I. Schwartz defende uma tese semelhante: "A concepção de aprendizagem de Xunzi é muito próxima da dos Analectos e pelo menos neste aspecto parece estar mais próximo dos Analectos do que Mêncio. A aprendizagem no sentido literal é levada ao nível do sagrado. Envolve como em Confúcio muito mais do que o simples acumular de experiências. Fundamentalmente envolve a tarefa herculínea de refrear as forças anárquicas da natureza humana. Só pela exposição à verdadeira sabedoria corporizada na herança cultural se adquire este poder. Tem-se a sensação de que, apesar da insistência de Confúcio na "unidade" que sublinha toda a aprendizagem, ele teria certamente apreciado a ênfase que Xunzi deu à aprendizagem concreta, cumulativa e contínua e ficaria algo desconcertado pela "fácil" confiança de Mêncio no seu discernimento intuitivo. O conhecimento deve ser adquirido a partir do nada (Benjamin I. Scwartz, The world of thought in Anciente China, Cambridge, Mass., The Belknap Press Of Harvard University Press, 1985, p.297).
10 Philip J. Ivanhoe, "Thinking and learning in Early Confucionism", p.486. Os itálicos são da responsabilidade do autor.
11 HanFeizi,50
12 Lunyu, 17.2. Zigong um dos discípulos favoritos de Confúcio, confirma umas certas reticências não só sobre a própria questão, mas também sobre a sua possível relação com o Caminho do Céu: "Conseguimos ouvir falar da herança cultural do Mestre, mas não conseguimos ouvir falar do seu ponto de vista sobre a natureza humana e o Caminho para o Céu. (Ibid., 5.13).
a paz
Oprincipal responsável pela política externa chinesa assegurou este fim de semana que a China “sempre esteve do lado da paz e do diálogo”, num encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
UCRÂNIA WANG YI DIZ QUE PEQUIM “ESTÁ DO LADO DA PAZ”
Encontros pacíficos
Segundo um comunicado emitido pela diplomacia chinesa, Wang Yi, o chefe da política externa do Partido Comunista Chinês e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, disse a Kuleba que o país “está disposto a trabalhar com a comunidade internacional, para evitar uma maior deterioração da situação”.
Wang afirmou também que a China e a Ucrânia são “parceiros estratégicos” e agradeceu a Kiev pela “adesão ao princípio ‘Uma Só China’”. O reconhecimento daquele princípio, visto por Pequim como uma garantia da sua soberania sobre Taiwan, é tido como condição base para o estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e outros países.
O responsável chinês disse ter esperança de que as relações entre a China e a Ucrânia vão continuar a “desenvolver-se de forma constante”.
Kuleba declarou que “nenhum país quer tanto alcançar a paz como a Ucrânia” e que o Governo “atribui grande importância ao status internacional e à influência significativa da China”, segundo o comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
“Espero que a China continue a desempenhar um papel construtivo”, disse o ministro ucraniano.
Busca complexa
Durante a conferência, Wang Yi alertou que não há “soluções simples” para o conflito. “É preciso pensar
ECONOMIA BANCO CENTRAL MANTÉM TAXA DE JURO DE REFERÊNCIA EM 3,65 POR CENTO
OBanco Popular da China (banco central) anunciou ontem que vai manter a taxa de juro de referência em 3,65 por cento, inalterada desde a redução de cinco pontos base (0,05 pontos percentuais), realizada em Agosto.
Na actualização mensal, a instituição indicou que a taxa de referência para empréstimos (LPR, na sigla em inglês) se vai manter no nível actual, durante pelo menos um mês.
O indicador, estabelecido como referência para as taxas de juros em 2019, é usado para definir o preço dos novos empréstimos - geralmente para as empresas - e do crédito com juros variáveis, que está pendente de reembolso. O cálculo é realizado com base
nas contribuições para os preços de uma série de bancos - incluindo os pequenos credores que tendem a ter custos de financiamento mais elevados e maior exposição a empréstimos malparados - e visa reduzir os custos do crédito e apoiar a “economia real”. A LPR a cinco anos ou mais - a referência para o crédito à habitação - também não se alterou, mantendo-se nos 4,3 por cento, depois de ter sofrido também o último corte em agosto de 2022, de 15 pontos base (0,15 pontos percentuais).
O banco central confirmou assim as previsões da maioria dos analistas, que anteciparam que não haveria alterações nas principais taxas de juros da China este mês.
Guerra Negadas acusações de abastecimento de armas à Rússia
O Governo de Pequim negou ontem estar a ponderar fornecer armamento à Rússia para uso na ofensiva contra a Ucrânia, como acusou o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken. “Não aceitamos que os Estados Unidos apontem o dedo à relações entre a China e a Rússia e muito menos que exerçam pressão e coação”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim. Wang Wenbin acusou ainda os Estados Unidos de estar “a divulgar informações falsas”. “Quem não cessa de fornecer armas ao campo de batalha são os Estados Unidos, não a China. Os Estados Unidos não estão qualificados para dar ordens à China e nunca aceitaremos que os Estados Unidos ditem ou imponham a forma como devem ser as relações sino-russas”, disse ainda o mesmo porta-voz.
numa estrutura e a Europa tem que pensar sobre o papel autónomo e estratégico que pode desempenhar. Não importa o quão difícil seja a situação, não podemos deixar de procurar a paz”, afirmou.
Segundo o alto funcionário chinês, desde que a “crise” na Ucrânia começou, há quase um ano, a China sugeriu que a Rússia e a Ucrânia “se sentassem juntas à mesma mesa”, para chegar a uma “solução política” para o conflito.
Desde o início da guerra na Ucrânia, Pequim manteve uma posição ambígua na qual apelou ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e atenção às “preocupações legítimas de todos os países” em questões de segurança, numa referência à Rússia.
A comunidade internacional, por sua vez, pediu repetidamente ao país asiático que use o seu bom relacionamento com Moscovo para mediar o conflito.
Notificação n.º 1/DLA/DHAL/2023
(Aviso a proprietário de estabelecimento sobre a dedução de acusação e aplicação de sanção por infracção administrativa)
Considerando que não se revela possível notificar o interessado, por ofício ou outras formas, para efeitos de acusação a respeito do respectivo processo administrativo, nos termos do artigo 95.º do DecretoLei n.º 16/96/M, conjugado com os artigos 10.º e 58.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, notifico, pela presente, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, o seguinte proprietário de estabelecimento, do conteúdo da respectiva acusação, a fim de o Instituto tomar uma decisão final em relação ao processo de acusação actualmente em curso:
1. Por despacho da Vice-Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais do IAM, exarado em 14/11/2022, e de acordo com as disposições do n.º 2 do artigo 94.º do DecretoLei n.º 16/96/M, foi deduzida acusação contra SHARMA RAKESH KUMAR HARIRAM (Bilhete de Identidade de Residente de Hong Kong n.º K830XXX(X)), proprietário do “ESTABELECIMENTO DE COMIDAS MOTI MAHAL INDIAN FOOD”, sito na Rua Um do Bairro Iao Hon, n.º 54, Edf. Kat Cheong, r/c, BL. C, Macau. O facto ilícito que o auto de notícia n.º 210/DFHAL/DHAL/2021, de 11/3/2021, refere foi objecto de instrução de um processo, cujos resultados de averiguação constam do relatório elaborado pelo respectivo instrutor a 3 de Agosto de 2022.
Comprovados os actos que implicaram a modificação ilegal dos projectos aprovados anteriormente, executados pelo estabelecimento de comidas mencionado, constitui tal facto infracção ao disposto no artigo 19.º do Decreto-Lei n.º 16/96/M e, nos termos dos artigos 70.º e 84.º do mesmo Decreto-Lei, pode ser aplicada ao infractor uma multa de sete mil e quinhentas patacas (MOP 7.500,00) a quinze mil patacas (MOP 15.000,00), com a obrigação de requerer, junto da entidade competente, a legalização das alterações efectuadas, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual, caso não lhe haja dado cumprimento, pode ser-lhe ordenado o encerramento temporário do estabelecimento. Caso a modificação não seja aprovada, deve proceder à reconstituição do estabelecimento conforme os projectos aprovados dentro do prazo de 15 dias, findo o qual, caso não tenha havido reconstituição, este Instituto pode ordenar o encerramento definitivo. Em caso de não requerimento da legalização das alterações, deve efectuar, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, as devidas correcções e, caso a tal não proceda, pode ser-lhe ordenado o encerramento temporário do estabelecimento, até que os actos de infracção tenham sido corrigidos.
Nos termos do n.º 3 do artigo 95.º do Decreto-Lei 16/96/M, o aludido infractor poderá apresentar defesa escrita a respeito deste item de acusação e todas as provas admitidas pela legislação vigente, no Centro de Serviços ou nos Centros de Prestação de Serviços ao Público do Instituto para os Assuntos Municipais, dentro de 5 (cinco) dias úteis, contados a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação. A sua apresentação fora do prazo é considerada renúncia a esse direito.
Aos 03 de Fevereiro de 2023
O Chefe do Departamento do Higiene Ambiental e Licenciamento Fong Vai Seng
www. iam.gov.mo
Em reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, o diplomata chinês, Wang Yi, reiterou a posição da China de busca por soluções que visem alcançar
STARTUPS 928 CHALLENGE MUDA DE NOME PARA INCLUIR GUINÉ-EQUATORIAL
Um desafio a mais
O programa de empreendedorismo dirigido a startups e empresas criado em Macau, o “928 Challenge”, mudou de nome e passa a chamar-se “929 Challenge” devido à entrada da Guiné-Equatorial como membro permanente do Fórum Macau
CHAMAVA-SE
“Macau-928 Challenge” e passa agora a chamar-se “929 Challenge” [929 Desafio]. A mudança de nome do programa criado em Macau para promover o empreendedorismo entre a China e os países de língua portuguesa, já em vigor, está relacionada com a entrada da Guiné Equatorial como membro permanente do Fórum Macau, anunciada no ano passado. De frisar que a Guiné Equatorial faz também parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ao lado do Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Timor Leste, Portugal e São Tomé e Príncipe. O “929 Challenge” é um concurso para facilitar o acesso de empreendedores às oportunidades disponibilizadas pelo facto de Macau ser uma plataforma comercial e de serviços, fomentando a cooperação entre empresas chinesas e dos países de língua portuguesa. Esta iniciativa, criada por Marco Duarte Rizzolio e José Alves, director da Faculdade de Gestão da Universidade Cidade de Macau
Duarte
Marco
Rizzolio disse, sobre a mudança de nome do programa, que esta representa “o crescente número de países de língua portuguesa no mundo”Marco Duarte Rizzolio ANTONIO SANMARFUL
(UCM), é co-organizada pelo Fórum Macau e por uma série de universidades, nomeadamente a UCM, Universidade de Macau, Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Instituto de Estudos de Turismo de Macau, Universidade de São José, Universidade Politécnica Normal de Guangdong e Universidade de Estudos Estrangeiros de Guangdong.
Mudança imperativa Citado por um comunicado, Marco Duarte Rizzolio disse, sobre a mudança de nome do programa, que esta representa “o crescente número de países de língua portuguesa no mundo”.
“Esta mudança simboliza o nosso compromisso em promover os ecossistemas de empreendedorismo lusófono e aproximar pessoas que partilham o interesse em desenvolver negócios entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, acrescentou.
José Alves adiantou que esta alteração “reflecte a inclusão da Guiné Equatorial e a expansão do evento para uma comunidade mais diversificada: nove cidades na área da Grande Baía da China, duas regiões administrativas de Macau e Hong Kong e nove países de língua portuguesa”
Por sua vez, José Alves adiantou que esta alteração “reflecte a inclusão da Guiné Equatorial e a expansão do evento para uma comunidade mais diversificada: nove cidades na área da Grande Baía da China, duas regiões administrativas de Macau e Hong Kong e nove países de língua portuguesa”.
Sem as restrições da covid-19, o “929 Challenge” diz-se “pronto a criar novas oportunidades para o ecossistema de empreendedorismo GBA-PLP (Grande Baía da China e Países de Língua Portuguesa)”, disse ainda José Alves. A.S.S.
BAFTA “A OESTE NADA DE NOVO” E CATE BLANCHETT SÃO OS GRANDES VENCEDORES
Ofilme “A oeste nada de novo”, do alemão Edward Berger, foi distinguido na noite de domingo com seis prémios BAFTA, incluindo o de Melhor Filme, galardões que foram entregues numa cerimónia em Londres.
O drama épico alemão da plataforma Netflix sobre a Primeira Guerra Mundial foi o grande vencedor dos prémios da Academia Britânica de Cinema, triunfando nas categorias de Melhor Filme, Melhor Filme em Língua Não Inglesa, Melhor Realizador, Melhor Argumento Adaptado, Melhor Banda Sonora, Melhor Som e Melhor Fotografia. “A oeste nada de novo” estava nomeado em 14 categorias, tendo assim igualado “O tigre e o dragão” (2000), de Ang Lee, como o filme de língua não inglesa mais nomeado para estes prémios na história daAcademia Britânica das Artes de Cinema e Televisão (BAFTA na sigla original).
HOJE NA CHÁVENA
Paula Bicho Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.comÉnula
Nome botânico: Inula helenium L.
Família: Asteraceae (Compositae)
Nomes populares: ÉNULACAMPANA; INULA; INULACAMPANA.
Originária do sudoeste da Europa e Ásia ocidental, a Énula é uma planta robusta e vigorosa que pode alcançar os 2 metros de altura. Apresenta folhas grandes e espessas, lanceoladas, e vistosas flores amarelas, liguladas na periferia e tubulosas ao centro, formando grandes capítulos.
Com quatro máscaras douradas, “Elvis”, de Baz Luhrmann, foi o segundo filme mais premiado da noite, vencendo nas categorias de Melhor Actor, para Austin Butler, Melhor Elenco, Melhor Guarda-Roupa e Melhor Caracterização. Cate Blanchett venceu o Bafta de Melhor Actriz Principal, pela interpretação em “Tár”, e nas categorias secundárias de representação foram distinguidos Kerry Condon e Barry Keoghan, pelos papéis que interpretam em “Os Espíritos de Inisherin”.
O grande perdedor da noite foi “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo”, que estava nomeado em dez categorias e levou para casa apenas uma máscara dourada, de Melhor Montagem. “Pinóquio”, de Guillermo del Toro, venceu na categoria de Melhor Filme de Animação e “Navalny”, de Daniel Roher, a de Melhor Documentário.
Fábrica de Panchões Alterações no horário
O Instituto Cultural (IC) anunciou ontem a mudança do horário de abertura da Panchões Iec Long, na vila da Taipa. Em comunicado, o IC informa que a fim de coordenar com os necessários trabalhos de manutenção regular do local, a Antiga Fábrica de Panchões Iec Long estará encerrada ao público às quartas-feiras, das 15:00 horas às 19:00 horas, a partir de 22 de Fevereiro. Mais informações, podem ser consultadas na página electrónica do IC em www.icm.gov.mo.
O seu nome latino helenium, faz alusão a Helena. Para a mitologia grega, a Énula surgiu das lágrimas de Helena, esposa de Menelau, cujo rapto originou a Guerra de Troia. Embora a lenda termine aqui, realça-nos a importância desta planta para a época. De facto, enquanto planta medicinal, a Énula tem uma história gloriosa, tendo sido elogiada por vários médicos, botânicos e naturalistas ao longo do tempo: Teofrasto, Dioscórides e Plínio na Antiguidade; Santa Hildegarda na Idade Média; Mattioli e Laguna no Renascimento. Foi ainda utilizada para combater a febre, na ausência da Quina. Em fitoterapia usam-se as raízes e rizomas.
Composição
Planta muito rica em inulina, a Énula contém ainda triterpenos, óleo essencial (helenina ou cânfora de Inula), compostos amargos, mucilagem, frutosanas, fitosteróis, azuleno, resina e sais minerais (potássio). Aroma canforado.
Ação terApêutiCA
Planta com ação eletiva sobre o sistema respiratório, a Énula suaviza e desinflama a vias respiratórias acalmando a tosse, fluidifica as mucosidades facilitando a expetoração e combate os espasmos e as alergias; é antibiótica, sendo eficaz in vitro contra o bacilo de Koch, bactéria causadora da tuberculose; aumenta a sudação favorecendo a eliminação das toxinas infecciosas e auxiliando a baixar a febre, ao mesmo tempo que estimula as defesas orgânicas e tonifica todo o organismo. É útil nas afeções respiratórias de origem infecciosa ou alérgica, acompanhando-se de tosse produtiva ou tosse seca e irritativa, como bronquite e asma; utilizada no tratamento da tuberculose antes do aparecimento dos antibióticos, pode ainda hoje oferecer os seus préstimos
como adjuvante. Erva segura, eficaz e bem tolerada, é especialmente indicada para crianças, idosos e pacientes debilitados ou convalescentes. Pelas propriedades tónicas e amargas, a Énula abre o apetite e tonifica o estômago favorecendo a digestão; aumenta a produção de bílis no fígado e estimula o seu esvaziamento pela vesícula. Falta de apetite, vómitos, gastrite, má digestão, perturbações do fígado e vesícula são outras das suas indicações. Esta planta tem ainda uma notável ação contra vermes e parasitas intestinais.
outrAs propriedAdes
Usada externamente, a Énula desinfeta, desinflama e favorece a cicatrização de feridas e a cura de contusões; tem sido empregue na acne, eczema, erupções cutâneas diversas, prurido e úlceras varicosas. Destrói fungos e parasitas que afetam a pele e o couro cabeludo o que justifica a sua utilização nas micoses, sarna e pediculose (infestação por piolhos).
Como tomAr
Uso interno:
• Decocção: 1 colher de sobremesa por chávena de água. Tomar 3 chávenas por dia. Pode adoçar-se com mel.
• Em tintura ou xarope, em fórmulas para as afeções respiratórias ou digestivas.
• As raízes cristalizadas podem ser ingeridas como um doce.
Uso externo:
• Decocção: 30 gramas por litro de água. Em lavagens ou compressas.
reCeitA – Vinho mediCinAl
Durante 7 dias, deixar em maceração 30 gramas de raízes de Énula pisadas e partidas aos pedaços em 60 gramas de álcool puro. Adicionar um litro de vinho branco generoso e deixar em maceração mais 10 dias. Filtrar e guardar em garrafa de vidro escuro, bem rolhada. Tomar 3 colheres de sopa por dia. Como tónico.
preCAuções
Não se aconselha a sua administração a grávidas e lactantes. Embora raramente, pode ocasionar reações alérgicas. Devido às lactonas sesquiterpénicas, doses elevadas podem originar vómitos e diarreia e, externamente, dermatites em peles sensíveis. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.
HM • 2ª vez • 21-2-23
ANÚNCIO
Insolvência n.º CV1-22-0004-CFI
REQUERENTE: COTAI MAGNIFIC VIEW – PROPERTY DEVELO PMENT COMPANY LIMITED registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.35062(SO), com sede em Macau, na Avenida de Lisboa, n.s 2 a 4, Hotel Lisboa, 9.º andar.---------------
REQUERIDO: TANG HING SING, casado, titular do passaporte n.º KJXX4XXX9, residência em Hong Kong, Flat D, 13/F, Block 7, City Gar den, 233 Electric Road, North Point.------------------------------------------------
-----FAZ-SE SABER, que nos autos de Insolvência acima identificados, foi, por sentença de 02 de Fevereiro de 2023, declarada em estado de Insolvência o requerido TANG HING SING, tendo sido fixado em 45 dias, contados da publicação do anúncio a que se refere o artigo 1089.º e n.º 2 do artigo 1140.º do C.P.C., no Boletim Oficial da R.A.E.M., o prazo para os credores reclama rem os seus créditos.-------------------------------------------------------------------
-----Tribunal Judicial de Base da R.A.E.M., aos 06 de Fevereiro de 2023.-----
A Cidade da Dor é um filme que aborda a história de Taiwan, desde o período da descolonização japonesa, o regresso à soberania chinesa, as tensões entre locais e o Governo Central e o início do período do Terror Branco. Com uma excelente performance do actor Tony Leung, que faz de mudo e surdo devido ao facto de não conseguir falar mandarim de forma convincente, a película é um hino à complexidade da ilha, que tem como expoente as várias línguas utilizadas como mandarim, o hokkien de Taiwan, o cantonês, o xangainês ou o japonês. João Santos Filipe
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo
Anúncio 【9/2023】
Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro e de acordo com as competências subdelegadas pela alínea 2) do n.º 6 do Despacho n.º 78/IH/2022, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 31, II Série, de 3 de Agosto de 2022, é notificado, por este meio, o candidato a habitação económica a seguir indicado:
Nome: PUN U MENG
N.º do boletim de inscrição: 78806
N.º do processo: 184/EAS/2017
Verificou-se que o candidato acima referido não apresentou os documentos necessários que lhe foram solicitados, para a apreciação, no prazo fixado, pelo que de acordo com a alínea d) do n.º 1 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 26/95/M, de 26 de Junho, e no uso das competências delegadas pela alínea 13) do n.º 1 do Despacho n.º 77/IH/2022, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 26, II Série, de 29 de Junho de 2022, a vice-presidente do Instituto de Habitação (IH), por despacho, de 29 de Julho de 2022, exarado na Proposta n.º 0660/DAJ/2019, decidiu excluir o supracitado candidato do concurso.
Caso não concorde com a decisão acima mencionada, pode apresentar reclamação à vice-presidente do IH, no prazo de 15 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio, não tendo a reclamação efeito suspensivo, nos termos dos artigos 148.º, 149.º e do n.º 2 do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro; ou pode interpor recurso contencioso, sem efeito suspensivo, para o Tribunal Administrativo, no prazo de 30 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro.
Instituto de Habitação, aos 17 de Fevereiro de 2023.
A Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos, Subst. a , Wu Lai Fong
PERIGO À SOLTA
A COMUNICAÇÃO social de Macau divulgou a semana passada uma notícia que despertou a tenção da comunidade. A polícia encontrou um estafeta de entregas de comida a conduzir embriagado e a caixa transportadora não estava bem presa à motorizada. O estafeta acabou por ser processado judicialmente.
O Regulamento do Trânsito Rodoviário estipula claramente as dimensões que devem ter os recipientes para transporte de encomendas nas motorizadas. De acordo com o terceiro parágrafo do artigo 45º, o comprimento da caixa de armazenamento não pode exceder o 1metro e 60cm, a largura não pode exceder 1m e 20cm e a altura também não pode ir além de 1m e 20cm; o peso da caixa não pode passar dos 50 quilos.
Se estas regras forem cumpridas, o veículo pode circular pelas ruas de Macau. Quaisquer alterações que a motorizada possa vir a sofrer posteriormente terão de ser aprovadas pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego. Depois da aprovação, o veículo está de novo em condições de voltar a circular.
Estas medidas são efectivamente necessárias do ponto de vista da segurança. Se a caixa transportadora não estiver bem presa, e se soltar quando a motorizada está em andamento, pode pôr em perigo outros veículos. Se isso acontecer, o motociclista viola o artigo 67.º (1) da Lei do Trânsito Rodoviário, isto é, transportar objectos que possam afectar a condução e colocar em perigo pessoas e bens.
O ano passado em Taiwan, China, um estafeta de entregas de comida atou a caixa armazenadora com uma corda, à parte de trás do veículo. Quando estava em andamento, a corda soltou-se e ficou presa na mota de outro estafeta, o qual saltou imediatamente para a estrada para evitar um trágico acidente. Por aqui se pode ver como é perigoso circular com uma caixa transportadora que não esteja convenientemente presa ao veículo.
Este assunto merece uma análise mais detalhada. Se a caixa não estava correctamente colocada na motorizada porque tinha havido alterações temporárias que ainda não tinham sido aprovadas pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, estamos perante uma situação especial. A informação entregue pelo proprietário quando fez o seguro para o veículo não corresponde à realidade actual. A companhia seguradora possui os dados que lhe foram entregues antes da motorizada ter sido modificada. Se ocorrer um acidente, a companhia de seguros deve cobrir as despesas? Se a seguradora se recusar a pagar, o motorista deve ser indemnizado?
Claro que a melhor maneira de evitar problemas é obedecer à lei. A motorizada é
Basta olhar para as ruas de Macau, quantos estafetas em motocicletas vemos diariamente? Ter uma caixa de transporte em condições é algo que muita gente não consegue fazer
uma ferramenta que o estafeta utiliza para trabalhar e que lhe é fornecida pela entidade empregadora, a qual é responsável por manter o veículo nas condições exigidas pela lei e é obrigada a suportar todas as despesas que daí advêm. Se o estafeta usar um veículo próprio para fazer as entregas, deve acertar com a empresa que o emprega a divisão das despesas relacionadas com a instalação da caixa transportadora, para que possa vir a existir uma relação de trabalho harmoniosa.
Este incidente despertou a atenção das pessoas porque reflecte a situação geral da sociedade de Macau. Se a polícia processar com sucesso o estafeta e o tribunal decidir que usar fita ou corda para fixar a caixa de armazenamento é um acto ilegal porque é inseguro, os motociclistas sentem tudo isso como um inconveniente.
O inconveniente é aqui o grande problema. Basta olhar para as ruas de Macau, quantos estafetas em motocicletas vemos diariamente? Ter uma caixa de transporte em condições é algo que muita gente não consegue fazer. Além disso, mesmo que a caixa esteja bem instalada na parte de trás da motocicleta, se esta transportar um passageiro para além do condutor, o pendura vai achar que não tem espaço suficiente. O mesmo se pode passar com o motociclista. Em Macau, não existem suficientes zonas de estacionamento para estes veículos. Quando estão estacionadas, as motorizadas com caixas armazenadoras ocupam mais espaço. Os condutores têm de ter muita atenção para evitar colidir com outros motociclos, e isso também é muito inconveniente.
Todos devem cumprir a lei sem excepção. Este acontecimento deverá ser uma oportunidade para todas as partes interessadas pensarem na forma de encontrar um equilíbrio entre a conveniência e o cumprimento das leis e dos regulamentos. No entanto, a julgar pelo uso generalizado de motocicletas em Macau, este ponto de equilíbrio vai ser realmente difícil de alcançar.
Turismo Mais de 1,4 milhões de visitantes em Janeiro
Em Janeiro, o número de visitantes cresceu 101,3 por cento para 1,4 milhões, de acordo com os dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos. O aumento foi justificado com o “alívio das medidas antiepidémicas para a entrada em Macau” e os “feriados do Ano Novo Lunar”. Os números de turistas (816.199) e de excursionistas (581.549) subiram 234,5 por cento e 29,1 por cento, respectivamente, em termos anuais. O período médio de permanência dos visitantes foi de 1,6 dias, mais 0,3 dias, em termos anuais. O maior número de visitantes veio do Interior da China com 991.641 visitantes (mais 54,5 por cento, em termos anuais), dos quais 707.360 tinham visto individual, mais 321,6 por cento. Os números de visitantes de Hong Kong (356.958) e de Taiwan (18.868) subiram 704,3 por cento e 139,0 por cento, respectivamente, em termos anuais.
BOLSA MERCADOS RESPONSÁVEIS POR ANÁLISE DE ENTRADAS
Oregulador do mercado de acções da China vai delegar às praças financeiras do país a responsabilidade para analisarem a entrada em bolsa das empresas, a partir de Março, informou ontem o portal de notícias económicas Yicai.
De acordo com os novos regulamentos, a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC) vai desempenhar um papel de supervisão, focado em determinar se as empresas que se candidatam a entrar na bolsa cumprem com as leis nacionais e os regulamentos do sector.
Embora continue a ser o órgão máximo de decisão, as operações vão ser aprovadas ou rejeitadas de acordo com as recomendações dos mercados.
Esta alteração já foi testada desde 2019, no STAR Market da Bolsa de Valores de Xangai, um mercado destinado a empresas do ramo tecnológico. Em 2020, foi adicionado o ChiNext, um mercado semelhante em Shenzhen, e, em 2021, a nova Bolsa de Valores de Pequim, focada em pequenas e médias empresas.
Analistas citados pelo Yicai dizem que o regulamento reduzirá “significativamente” a possibilidade de as empresas terem os seus pedidos de abertura de capital nos mercados da China continental rejeitados.
No início do mês, o jornal digital privado Caixin explicou que o novo sistema vai dar aos investidores e mercados maior poder de decisão em fixar o valor das acções das empresas que pretendem captar recursos nesses mercados e também tornará o processo “mais transparente”.
COREIA DO NORTE DISPARADOS ONTEM MAIS DOIS MÍSSEIS DE CURTO ALCANCE
Longe da vista
Agressores proibidos de contactar vítimas de violência doméstica
DOIS homens indiciados pelo crime de violência doméstica foram constituídos arguidos e estão proibidos de contactar as vítimas sendo que, num dos casos, o Ministério Público (MP) decidiu ainda, como medida de coacção, proibir o suspeito de entrar na residência da vítima.
Num dos casos, o arguido e a vítima viviam juntos há muitos anos, tendo dois filhos menores. Segundo o inquérito de investigação, o homem agrediu a mulher “várias vezes no passado” e mais recentemente. Muitos dos actos de violência ocorreram à frente dos filhos. A mulher terá ficado “com ferimentos em várias partes do corpo”.
Outro caso, diz respeito a um homem que bateu na esposa grávida, sendo que o casal já tem uma filha com cerca de um ano. Segundo a nota divulgada pelo MP, “o arguido deu bofetadas à esposa grávida, tendo-a agredido por várias vezes no passado”. No mais recente episódio
violência, registado pelas autoridades policiais no passado dia 15, o homem, de apenas 25 anos de idade, terá dado socos na cabeça da esposa e no corpo da filha, de um ano e três meses de idade, pelo facto de esta estar a chorar, o que causou “ferimentos na cabeça, pescoço, cara e boca”. A esposa “após ter empregado todos os esforços para impedir a violência, pediu ajuda à polícia”.
O episódio aconteceu no Dia de São Valentim, 14 de
Fevereiro, estando a vítima grávida de apenas 20 semanas. O agressor, que trabalhava como empregado de mesa, foi detido na sua residência, situada na zona norte da península de Macau.
Denúncias precisam-se
Na mesma nota, o MP entende que a violência doméstica “pode causar um impacto grave tanto na relação mútua como na saúde corporal e mental dos elementos familiares, produzindo influências negativas que não se podem facilmente obliterar para o crescimento físico e psicológico dos menores enquanto ofendidos ou testemunhas de tal violência”. Desta forma, faz-se um apelo para que residentes e não residentes, “no caso de serem vítimas desta conduta ou conhecerem a sua existência, a denunciem de imediato à polícia ou ao MP”. Tudo para que sejam “protegidos os direitos e interesses legítimos da saúde física e mental dos ofendidos”.
ACoreia
do Norte disparou ontem dois mísseis balísticos de curto alcance, anunciou o exército sul-coreano, menos de 48 horas após os exercícios militares conjuntos entre Washington e Seul.
Inicialmente, os responsáveis militares da Coreia do Sul tinham apenas referido o lançamento de um míssil. “Os nossos militares detectaram dois mísseis balísticos de curto alcance disparados esta manhã a partir das zonas de Sukchon na província de Pyongan do Sul entre as 07:00 e as 07:01 (hora local)”, declarou o estado-maior sul-coreano.
Em simultâneo, a influente irmã do dirigente norte-coreano Kim Jong Un ameaçou ripostar aos exercícios militares conjuntos entre Seul e Washington.
“A utilização do Pacífico como campo de tiro depende [das acções] das forças americanas”, declarou Kim Yo Jong, em comunicado publicado pela agência oficial KCNA.
Yo Jong também ameaçou Seul e Washington com acções “equivalentes” após as manobras conjuntas que efectuaram no domingo com o envolvimento de bombardeiros estratégicos B-1, uma acção para responder ao lançamento na sexta-feira de um míssil balístico intercontinental de Pyongyang que no sábado se despenhou em águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) japonesa.
“Estamos ao corrente sobre a recente aceleração na península coreana dos movimentos de forças dos Estados Unidos com capacidade de ataques estratégicos”, acrescentou a dirigente norte-coreana.
Pyongyang ameaçou previamente com uma resposta “sem precedentes” às manobras militares anuais de primavera que Seul e Washington estão a preparar para Março, e que o regime qualificou de “preparativos para uma guerra de agressão”.
Na sexta-feira, a Coreia do Norte lançou o seu Hwasong-15 ICBM a partir da costa leste, no primeiro teste do género desde 01 de Janeiro, que caiu no mar do Japão.
“Jamais o sol vê a sombra.”
de
Faz-se um apelo para que residentes e não residentes, “no caso de serem vítimas desta conduta ou conhecerem a sua existência, a denunciem de imediato à polícia ou ao MP”