“GEOGRAFIA MUNDIAL” DE GIULIO ALENI
ADALBERTO TENREIRO
“GEOGRAFIA MUNDIAL” DE GIULIO ALENI
ADALBERTO TENREIRO
“A minha visita visa fortalecer a amizade, cooperação e paz”. As palavras são do Presidente chinês, Xi Jinping, na chegada a Moscovo para uma visita de três dias. Com a Ucrânia na agenda, a China insiste no diálogo para a resolução do conflito, rejeitando a via das armas. Putin já prometeu olhar para o plano de Pequim.
PÁGINAS 10-11
O analista Alidad Tash acredita que Macau não vai recuperar tão depressa os recursos humanos perdidos nas áreas do jogo e turismo nos últimos três anos, devido às medidas aplicadas que “assustaram muita gente”. Vitaly Umansky, outro analista, entende ser “crucial” a importação de quadros qualificados e a formação de locais. Os dois responsáveis participam em painéis sobre Macau naASEAN Gaming Summit, que decorre até amanhã em Manila
MACAU está ainda a sofrer consequências das medidas inflexíveis de combate à pandemia, e que trouxeram um grande impacto em matéria de recursos humanos. Com um súbito regresso à normalidade no rescaldo da política de covid zero, as empresas têm estado com dificuldade em encontrar funcionários, pois muitos dos trabalhadores não-residentes (TNR), qualificados ou não, deixaram o território para, possivelmente, não voltar.
Alidad Tash, analista de jogo que participa, entre hoje e amanhã em dois painéis sobre o sector dos casinos e da indústria de turismo de Macau, na ASEAN Gaming Summit, disse ao HM que “Macau assustou muita gente” e que é real o perigo dos TNR procurarem outros destinos mais atractivos em termos laborais.
“Concordo a 100 por cento [que muitos trabalhadores migrantes optem por ir para outro sítio]. Existem duas classes de trabalhadores. Os que precisam mesmo de trabalho e não se podem dar ao luxo de escolher aqui e ali, e os executivos e gestores, que preferem ir para um local mais seguro, como Singapura Qatar, ou Japão, que são destinos mais lógicos e menos restritivos. As pessoas estão ainda chocadas com o quão restrito o território foi em relação à política covid zero. Claro que isso será um desafio.”
Por sua vez, Vitaly Umansky, analista da Sanford C Bernstein que também participa no evento em Manila entende que a “realidade é que Macau vai precisar de mais trabalhadores”. “Com o objectivo de expansão para os visitantes não-chineses, será necessária a importação de mão-de-obra qualificada e formação para locais na ocupação
dos novos trabalhos. É crucial que o Governo se foque na expansão da força laboral estrangeira e isso será bastante importante para o crescimento do sector não-jogo.
Além disso, trazer mais mão-de-obra estrangeira deixará os locais livres para acederem a outro tipo de oportunidades”, adiantou ao HM.
Vitaly Umansky considera também que a “indústria hoteleira e de jogo estão estabelecidas há muito tempo e viradas para o crescimento de longo prazo”. “Os empregos para locais não serão uma questão com a redução do sector VIP e do número de junkets. Haverá muitas oportunidades de emprego para locais tanto no sector jogo como não-jogo em Macau”, frisou.
Burocracia aos molhos
Alidad Tash, que dirige a 2NT8, revela algum pessimismo e diz não prever “uma melhoria nesta área a
Em matéria de transportes, Vitaly Umansky gostaria de ver reguladas plataformas de transporte como a Uber, e optimizadas as ligações ao Aeroporto Internacional de Hong Kong e a Hengqin
curto prazo”. “O departamento de emigração de Macau não é conhecido pela rapidez e vão levar o seu tempo [na aprovação dos processos]. Muitos estrangeiros foram embora, porque, durante a pandemia, aumentaram os despedimentos. De repente, surgiu uma enorme pressão para voltar a contratar estas pessoas, mas vai demorar até que regressem. As pessoas não formam uma fila de espera para virem para Macau, China e Hong Kong”, disse.
O analista dá exemplos práticos de como, na labuta diária do turismo, a falta de funcionários faz com que se demore a voltar ao ritmo pré-pandemia. “Entre Macau e Hong Kong costumavam operar cerca de 20 ferries por dia, agora operam apenas nove. Porquê? Precisam encontrar funcionários para os ferries, há que os contratar de novo, processar os seus vistos de trabalho. Imagine quantos meses isso vai levar. A quantidade de empregadas domésticas necessárias para que os hotéis operem com total normalidade... é impossível fazer tudo isso num curto espaço de tempo. Mesmo com as linhas áreas, são necessárias mais rotas, e isso não é culpa do departamento de emigração. Teremos de esperar até ao final do ano, pelo menos, para voltar à normalidade em termos de infra-estruturas e recursos humanos.”
Sobre a dimensão do desemprego originado pelo desapareci-
mento do sector VIP, Alidad Tash entende que o mercado foi forçado a adaptar-se. “Os residentes não vão perder empregos e os casinos ajustaram-se. Nunca removeram ninguém, de forma forçada, dos
“Entre Macau e Hong Kong costumavam operar cerca de 20 ferries por dia, agora operam apenas 9 Precisam encontrar funcionários para os ferries, processar os seus vistos de trabalho. Imagine quantos meses isso vai levar.”
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restrito o território foi em relação à política covid zero. Claro que recuperar os recursos humanos será um desafio.”
ALIDAD TASH
seus postos de trabalho, mas deram-lhes opções no sector não-jogo, para se tornarem empregadas de limpeza, ou a reforma. Penso que esse não será um problema.”
Junkets: um único dígito Hoje, entre as 9h30 e 10h20, o painel da ASEAN Gaming Summit será dedicado ao tema “Jogo Asiático sem Junkets: O que se seguirá?”, enquanto amanhã, entre as 14h e as 14h40, será a vez de debater o sector do jogo e não-jogo em Macau. Além de Alidad Tash e Vitaly Umansky participam nestes painéis, como oradores e moderadores, Andy Choy, executivo de jogo independente, e Kelsey Wilhem, editor para a Ásia da publicação Asia Gaming Brief.
Convidado a comentar o sector do jogo VIP, Alidad Tash acredita que os junkets não vão desaparecer por completo, mas vão representar uma percentagem cada vez menor no panorama das receitas de jogo, com impacto para os impostos.
“Os junkets não vão desaparecer completamente, não vão chegar a zero, mas vão chegar à fasquia de um único dígito. Em 2019, representavam cerca de 33 por cento do mercado, um terço de todas as receitas do jogo provinha dos junkets, mas penso que, no futuro, vão chegar a um único dígito até dez por cento. À medida que os casinos vão desenvolvendo o mercado de massas e não-jogo, duas áreas que serão mais rentáveis [do que a área VIP], vão poder compensar as perdas do sector junket, que já não gera lucros, nos próximos dois a três anos. O Governo vai sofrer muito mais, porque 33 por cento representa 33 por cento em impostos sobre as receitas do jogo. Para os casinos, 33 por cento de receitas do sector junket são cerca de dez por cento em lucros, talvez 12 por cento. Então as operadoras vão perder menos porque vão ter lucros [de outro lado].”
O futuro passa por direccionar a mão-de-obra do sector VIP para o jogo de massas e entretenimento. Em relação à integração do território na Grande Baía e Zona de Cooperação de Macau e Guangdong em Hengqin, o analista prevê um reduzido impacto nas receitas do jogo.
“As áreas de Hengqin e da Grande Baía apenas vão afectar as actividades não-jogo. Essas zonas nunca terão jogo, nunca será permitido. Podem apenas influenciar no facto de que talvez mais pessoas venham até Macau participar nas actividades não-jogo. Ou talvez não haja mais desenvolvimento: todos da Grande Baía já podem viajar até Macau. Não é como uma província chinesa longe de Macau. Não é nada de novo e todos os que vivem nas cidades da Grande Baía já conhecem Macau há muitos anos. Então, em relação às receitas do jogo, não vejo que a Grande Baía traga algo de novo para Macau.”
Um dos objectivos traçados pelo Governo com o novo concurso público de atribuição de licenças de jogo passa pela captação de mais turistas estrangeiros. No entanto, os analistas entendem que será uma meta difícil de atingir a curto prazo.
“Os clientes da China têm sido uma primeira aposta devido à linguagem, cultura e proximidade. Os operadores de jogo têm capacidade para aumentar o número de visitantes estrangeiros e isso vai acontecer nos próximos anos, assumindo que as lacunas de recursos humanos e infra-estruturas serão corrigidas. No entanto, devido à proximidade, o cliente típico continuará a ser chinês”, explicou Vitaly Umansky. Já Alidad Tash disse que “será muito difícil atrair visitantes estrangeiros” e que os mesmos, provavelmente, nunca chegarão a ocupar uma fasquia de mercado acima de dez por cento.
Para o futuro, o que se pode esperar do mercado turístico? Vitaly Umansky salienta a necessidade de aumentar a oferta quartos de hotel, os locais de entretenimento, exposições e convenções, bem como “melhorar as infra-estruturas de transportes” para que se chegue “ao pleno potencial” que esta área pode ter.
Em matéria de transportes, Vitaly Umansky gostaria de ver reguladas plataformas de transporte como a Uber, e optimizadas as ligações ao Aeroporto Internacional de Hong Kong e a Hengqin.
“Um desenvolvimento chave a longo prazo tem de ser feito com o contínuo aumento da capacidade hoteleira, para que Macau possa ser um verdadeiro destino de jogo e não jogo”, rematou Vitaly Umansky. Andreia Sofia Silva
pessoas estão ainda chocadas
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FDCT aprova 214 projectos no valor de 353 milhões
UMA comitiva do Governo da RAEM visitou a província de Jiangxi neste fim-de-semana com o objectivo de acertar detalhes institucionais para reforçar a cooperação entre os dois territórios. Num comunicado divulgado na noite de domingo, o Gabinete de Comunicação Social indica que “Ho Iat Seng acredita que existe potencial de cooperação e espaço de desenvolvimento entre Jiangxi e Macau, em várias áreas, especialmente em turismo, ciência e tecnologia e medicina tradicional chinesa”.
Numa reunião com o secretário do Comité Provincial de Jiangxi do PCC, Yin Hong, e o governador da província de Jiangxi, Ye Jinchun, o Chefe do Executivo da RAEM “agradeceu o apoio de Jiangxi a Macau, no fornecimento de produtos agrícolas de alta qualidade”, referindo-se às trocas comerciais entre os dois territórios.
Por sua vez, Yin Hong destacou a cooperação estreita e o intercâmbio económico e comercial frequente entre Jiangxi e Macau. O responsável deixou o desejo de que o Governo da RAEM e o Gabinete de Ligação do Governo Central da RAEM continuem a apoiar o desenvolvimento da província, nomeadamente através da plataforma de ligação entre o Interior da China e os países de língua portuguesa para “ajudar as empresas da província a ‘irem além-fronteiras’”. Por outro lado,
o secretário do Comité Provincial salientou as “vantagens de Macau nos sectores financeiro moderno, comercial e logístico, e de serviços de qualidade” e a missão estratégica de “impulsionar mais empresas de excelência de Macau a desenvolverem-se em Jiangxi”.
Tecnologia verde Yin Hong, que também exerce o cargo de presidente do Comité Per-
manente da Assembleia Popular Provincial, sugeriu que ambos os territórios “explorem mais o mercado de fornecimento de produtos agrícolas de alta qualidade, desenvolvam a cooperação na cadeia da indústria da medicina tradicional chinesa, reforcem o intercâmbio de quadros qualificados na área de inovação e da ciência e tecnologia e reforcem a colaboração no âmbito da cultura e turismo”.
O secretário do Comité Provincial de Jiangxi do PCC espera o apoio do Executivo da RAEM, nomeadamente através da plataforma de ligação entre o Interior da China e os países de língua portuguesa, para “ajudar as empresas da província a ‘irem além-fronteiras’”
O director do Gabinete de Ligação, Zheng Xincong, que também participou no encontro, elogiou as autoridades de Jiangxi e afirmou que a economia e sociedade da província “alcançaram um forte desenvolvimento, sublinhando que em matéria de civilização ecológica estão entre os melhores do país, tendo um vasto futuro no desenvolvimento do sector de alta tecnologia”.
Após o encontro, foram assinados vários acordos de cooperação entre o Governo de Jiangxi, o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, o Governo da RAEM e as entidades competentes. João Luz
OFundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) aprovou, no ano passado, um total de 214 projectos de investigação no ensino superior no valor de 353 milhões de patacas, sendo que 90 por cento das áreas apoiadas dizem respeito à saúde, tecnologias da informação, engenharia e materiais. Segundo um comunicado, a FDCT diz ter melhorado o sistema de apoio financeiro a mestrandos e doutorandos, providenciando “apoio financeiro como orientação”. A ideia é “promover a investigação aplicada e a transformação dos resultados de investigação científica”, sempre com o foco na “cooperação indústria-universidade-investigação” e na inovação empresarial. Para este ano, a FDCT promete “reforçar ainda mais a capacidade dos resultados de investigação científica em atrair capital social e envidará todos os esforços por lançar grandes projectos específicos”. Ontem, foi apresentado o relatório anual por Chan Wan Hei, presidente do conselho de administração da FDCT, Cheang Kun Wai e Ip Kuai Lam.
Colher frutos
Um dos resultados do novo programa de financiamento, prende-se com o estabelecimento de contactos de 17 grupos de pessoas ligadas à área da investigação, universidade e indústria, no âmbito da plataforma de bolsas de contacto. Além disso, a FDCT aponta que “a operação da plataforma de investigação científica começou a dar frutos” pois “o Centro de I&D de Medicina Chinesa de Macau começou a cooperação com grandes empresas farmacêuticas tais como a Guangzhou Pharmaceutical Holdings Limited, a CR Sanjiu, a Xiangxue Pharmaceutical e Pien Tze Huang Pharmaceutical”. Foram, neste contexto, concretizados fundos investidos por empresas no valor de 30 milhões de patacas.
Para este ano, a FDCT promete apostar no “apoio financeiro como alavanca” para que se possa reforçar “a capacidade dos resultados da investigação científica em atrair o capital social”.
A
UMENTO das licenças de maternidade e paternidade e do montante do subsídio de natalidade devem ser medidas a explorar pelo Governo para inverter a tendência demográfica na RAEM, na óptica da deputada Wong Kit Cheng. A legisladora e vice-presidente da Associação
Geral das Mulheres de Macau está preocupada com a quebra da taxa de natalidade, que baixou para níveis que não eram vistos desde 1985, e espera que o Executivo de Ho Iat Seng dê resposta à crise demográfica. Para tal, sugere que o Governo estude a forma de inverter a situação, implementando
políticas nas áreas da saúde, educação, habitação e segurança social.
Wong Kit Seng, em declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, recordou que a medida temporária de pagamento de 14 dias de licença de maternidade termina no final deste ano, mas espera
que o Governo acelere a regularização do apoio, e que tente aproximar a duração da licença de maternidade ao que se pratica nas regiões vizinhas.
A presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau considera que a questão da natalidade não se prende
apenas com os elevados custos inerentes a ter e criar um filho, e que o Governo deve ponderar auxiliar instituições que providenciem serviços sociais, como creches. Importa referir que a associação presidida por Ng Sio Lai seria uma das potenciais beneficiárias de uma medida semelhante
pelo simples motivo de gerir várias creches e infantários no território.
A responsável acrescenta que o Executivo deveria aprovar incentivos fiscais para quem tem filhos e que as obrigações legais das empresas devem vincular em primeiro lugar as grandes companhias e concessionárias de jogo. J.L.
Em visita a Jiangxi, o Chefe do Executivo e as autoridades provinciais acertaram agulhas para reforçar a cooperação em áreas como o turismo, ciência, tecnologia e medicina tradicional chinesa. Ho Iat Seng agradeceu ao Governo local pelo fornecimento de produtos agrícolas de “alta qualidade”
O site da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) registou ontem problemas técnicos na versão em português, que impediu o acesso a informação. Quem visitasse o portal na manhã de ontem podia reparar que parte da informação tinha deixado de
constar na página de entrada. O mesmo problema não se verificou na versão em chinês do portal que esteve sempre operacional. O HM contactou a DSF sobre a situação, que justificou o ocorrido com “uma falha do sistema interno”. A DSF revelou
Che Sai Wang quer versão do Macau Pass para turistas
Odeputado Che Sai Wang defende a criação de uma aplicação da Macau Pass para turistas, no que entende ser um procedimento que vai facilitar a vida a visitantes internacionais. A posição foi tomada através de uma interpelação escrita partilhada ontem pelo deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).
O objectivo da medida é tornar possível carregar a aplicação com dinheiro em lojas locais, sem necessidade de associar a aplicação a uma conta bancária.
“Com vista a satisfazer [...] as necessidades de deslocação e viagem de turistas [...] o Governo deve ponderar criar uma plataforma electrónica ‘Macau Pass’, e colaborar com determinadas lojas no carregamento, para os visitantes poderem utilizar autocarros [...] através de requerimento simples e sem necessidade de passar por um processo complexo, como a vinculação de cartões bancários”, sustentou o deputado.
A opção por uma plataforma de fácil utilização, na perspectiva do deputado, visa também reduzir a utilização de plástico. No campo das preocupações ambientais, Che pergunta ao Executivo se tem planos para criar um circuito de reciclagem para cartões físicos.
“Governo deve ainda definir o plano de reciclagem dos cartões ‘Macau Pass’ recolhidos, de acordo com os materiais utilizados na sua produção. Vai fazê-lo?”, pergunta.
O legislador também está preocupado com os turistas que não utilizam todo o dinheiro que carregam no Macau Pass. Como tal, sugere que sejam instaladas máquinas nas fronteiras onde os turistas podem recuperar o dinheiro. “Quanto ao montante remanescente do “Macau Pass” dos turistas, o Governo deve ponderar a instalação de máquinas nos postos fronteiriços, para a recolha dos cartões e para os turistas poderem efectuar o reembolso automático do montante, no sentido de lhes prestar um serviço mais abrangente e detalhado, elevando a imagem de Macau como cidade turística”, afirmou. J.S.F.
ainda que a situação estava resolvida, por volta das 17h30, e que não havia vestígios de ataque informático. Ainda assim, a essa hora, quem tentasse aceder ao portal através do browser Chrome não conseguia aceder a grande parte da informação.
O Gabinete de Protecção de Dados Pessoais informou o HM que está a averiguar os procedimentos da companhia aérea Air Macau. Em causa está a exigência a potenciais clientes que facultem vários dados pessoais, inclusive o número de telefone, para poderem pesquisar
os voos disponíveis no portal da transportadora. Sem fornecer os dados pessoais, ou fazer registo, é impossível aceder às rotas disponibilizadas pela companhia. Estes procedimentos têm gerado várias queixas, inclusive nas redes sociais da companhia.
RON Lam apelou ao Governo para actualizar os regulamentos sobre os esquentadores e aplicar sanções aos técnicos que instalem equipamentos sem chaminé interna. A mensagem foi deixada através de interpelação escrita, em que o legislador alerta para os perigos provocados pelas práticas do passado.
Os esquentadores sem chaminé interna são particularmente perigosos, e estão proibidos em Hong Kong desde 2000, porque são propícios à concentração de monóxido de carbono, quando instalados num espaço exíguo ou pouco arejado.
No entanto, em Macau, Ron Lam indica que as autoridades têm sido menos exigentes com a segurança. A importação de equipamentos só foi implementada em 2010, e a venda permitida até 2017. Além disso, apenas em 2021 foi proibida a instalação destes equipamentos por técnicos especializados, mas não foram previstas quaisquer sanções para infractores.
Ron Lam critica as autoridades, porque apesar de haver uma proibição, na prática não há consequências para quem não respeita a regulamentação. “Que medidas as autoridades estão a adoptar para combater instalações ilegais?”, pergunta.
O deputado está ainda preocupado com a conduta do Governo, por não ter feito uma campanha a alertar contra os perigos destes produtos. Ron Lam defende que o Executivo deve lançar um plano para incentivar os proprietários a trocar os esquentadores.
“Têm mesmo intenção de aplicar alguma medida eficaz
no plano prático para proibir efectivamente os esquentadores sem chaminé e proteger a vida dos residentes?”, questionou.
Na interpelação, Ron Lam quer ainda que o Governo revele quantos acidentes e mortes houve nos últimos 20 anos relacionadas com esquentadores e envenenamentos por monóxido de carbono.
eficaz para proibir efectivamente os esquentadores sem chaminé e proteger a vida dos residentes?”
Ao nível dos técnicos especializados, o deputado defende que devem ser feitas provas de aquisição de conhecimentos básicos de segurança, ao contrário do que sucede actualmente, de forma a proteger a população.
O deputado argumenta que a utilização de esquentadores de forma insegura é um problema e, de acordo com os dados citados pelo legislador, fornecidos pelos Serviços de Saúde, entre 2015 e Março do ano passado foram registados 113 casos de envenenamento por monóxido de carbono que geraram quatro mortes. Também no início deste ano, um acidente na zona de centro da cidade, devido à libertação de monóxido de carbono, causou três mortes. João Santos Filipe
“Têm mesmo intenção de aplicar alguma medida
RON LAM DEPUTADO
O deputado Ron Lam apela ao Governo para lançar uma campanha que incentive residentes a trocar esquentadores sem chaminé interna, de forma a evitar mais mortes por inalação de monóxido de carbono
Um grupo de 30 pessoas, entre jovens e sacerdotes, da comunidade de língua portuguesa de Macau vai às Jornadas Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, anunciou a diocese do território. Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, as JMJ vão realizar-se entre 1 e 6 de Agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas. As principais cerimónias decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures. As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude. A edição deste ano, que será encerrada pelo Papa Francisco, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia da covid-19.
A empresa, anteriormente conhecida como Suncity, justificou as perdas com o fim da prestação de vários serviços relacionados com o sector das viagens e empreendimentos turísticos
OGrupo Let admite fechar as contas do ano passado com um prejuízo superior a 400 milhões de dólares de Hong Kong. O alerta foi deixado através de um comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong, pela empresa fundada por Alvin Chau e anteriormente denominada Suncity.
“O Grupo antecipa um prejuízo atribuível aos accionistas de aproximadamente 408,8 milhões de dólares de Hong Kong, comparável com o prejuízo atribuível aos accio-
nistas de aproximadamente 527,7 milhões de dólares de Hong Kong registado no ano que terminou em Dezembro de 2021”, pode ler-se no documento.
Os prejuízos são justificados “com a suspensão da oferta de produtos e serviços de viagem desde Dezembro de 2021”. Foi neste mês que o fundador do grupo e ex-director executivo, Alvin Chau, acabou por ser detido pela polícia de Macau. Em Janeiro do corrente ano, o empresário foi condenado a 18 anos de prisão,
em primeira instância, por exploração ilícita de jogo e chefia de sociedade secreta. A decisão foi alvo de recurso para o Tribunal de Segunda Instância.
Outro factor que afectou os resultados da empresa, foi a suspensão, em Abril de 2022, “do serviço de consultadoria relacionado com a hotelaria e exploração de empreendimentos turísticos”.
Melhorias no horizonte
Apesar da previsão de perdas de quase mil milhões de dólares de Hong Kong em dois anos, o grupo afirma que no início do corrente ano as receitas estão a crescer.
Para este crescimento estão a contribuir as receitas do casino Tigre de Cristal, em Vladivostok, na Rússia. “Embora as operações do grupo continuem a sofrer o impacto das políticas relacionadas com a Covid-19, do distanciamento social e das políticas de restrição de viagens, espera-se que o Grupo registe um aumento das receitas de 33,9 por cento, que se deve principalmente ao aumento da receita ligado ao empreendimento turístico na Federação Russa”, foi revelado.
Além dos negócios na Rússia, o grupo Let tem participações financeiras em países do sudeste asiático, como casinos no Vietname e nas Filipinas. João Santos Filipe
Otorneio de golfe Macau Open, que integra o circuito Asian Tour, vai regressar entre 12 e 15 de Outubro, após cinco anos de interrupção, de acordo com a organização.
A 20.ª edição do torneio de golfe tum total de 144 jogadores inscritos que competem por um prémio monetário
total de um milhão de dólares norte-americanos, de acordo com um comunicado daAsian Tour e da empresa ligada ao desporto IMG (International Management Group).
A concessionária de jogo
SJM Resorts vai ser a patrocinadora principal das próximas três edições, revelou ainda a nota, referindo que
o evento volta a realizar-se, este ano, em Coloane, no Macau Golf and Country Club, propriedade da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, empresa mãe da SJM.
“Historicamente tem sido um evento muito popular entre os nossos jogadores e sei que esta será uma notícia muito bem-vinda
para todos”, disse, citado no comunicado, o comissário e director-executivo da Asian Tour, Cho Minn Thant.
Também o Instituto do Desporto, através do presidente, Pun Weng Kun, apontou que “trazer de volta a Macau este torneio de golfe de longa duração tem sido uma prioridade importante”.
Já Daisy Ho, da SJM, notou que a operadora está “empenhada em trazer Macau para o palco mundial através da realização de eventos desportivos internacionais”.
“Como grande apoiante do ‘desporto + turismo’, pretendemos elevar a marca Macau como centro mundial de turismo e lazer, impulsionar
O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) anunciou a detenção de 10 prostitutas, que fez questão de fotografar nas ruas para partilha nas redes sociais. A foto da praxe, em que as prostitutas aparecem de costas, foi tirada na tarde de quinta-feira, durante uma operação na Zona Norte da cidade. Segundo os detalhes partilhados pela polícia, as mulheres cobravam cerca de 200 patacas por cliente. Para prestarem os serviços, as trabalhadoras arrendavam quartos em duas pensões ilegais, pelas quais pagavam 450 patacas por dia. Durante a operação, foi também detido um homem de 59 anos, residente de Macau, responsável pelos arrendamentos. Entre as prostitutas, oito são do Interior e duas do Vietname.
as chegadas internacionais e trazer benefícios económicos para a comunidade”, informou a empresária. Com uma forte da dependência da economia do sector do jogo, o Governo tem pedido às operadoras de jogo que diversifiquem a actividade, nomeadamente através do desporto.
Os prejuízos são justificados “com a suspensão da oferta de produtos e serviços de viagem desde Dezembro de 2021”
OS vendedores do mercado de rua no Fai Chi Kei que foram afectados por um incêndio de grandes proporções não estão satisfeitos com o volume de negócios, que dizem ter caído a pique, desde que foram obrigados a mudar para um local provisório. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o restauro das bancas que foram consumidas no incêndio do dia 8 de Janeiro, na Avenida do General Castelo Branco, deve estar concluído ainda este mês.
Os comerciantes alertam para os estragos na parede exterior do prédio adjacente ao pequeno mercado de rua, em particular com a tinta a “pelar”, o que. representa um perigo para a segurança.
Fu U On, da Associação de Beneficência e Assistência Mútua dos Moradores do Bairro Fai Chi Kei de Macau, indicou que os condóminos do prédio não chegaram a um consenso para a reparação, mas que a associação está a coordenar com todas as partes envolvidas para solucionar o problema.
O representante dos Kaifong sugere que as bancas devem ter equipamentos de combate a incêndio e vê com bons olhos o reforço da formação dos comerciantes para a prevenção de incêndios. Aliás, Fu U On considera que as autoridades deveriam estudar a possibilidade de os conhecimentos de prevenção e combate a incêndio fazerem parte dos requisitos de candidatura à licença.
Recorde-se que o incêndio no mercado de rua do Fai Chi Kei destruiu completamente 19 bancas, em cerca de meia hora, obrigando uma comerciante a ser conduzida ao hospital devido à inalação de fumo. J.L.
Na madrugada de domingo, um agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) foi parado na Rua de Évora, na Taipa, e detido quando conduzia um carro em contramão. O homem, de 36 anos, foi descoberto através de uma operação stop e, segundo o canal chinês da Rádio Macau, cheirava a álcool e recusou fazer o
teste do balão. No entanto, confessou ter bebido vinho num banquete de casamento. Face à recusa, o homem foi acusado do crime de desobediência, que implica uma pena de prisão que pode chegar aos dois anos. Em comunicado, o CPSP lamentou o ocorrido e informou que instaurou um processo disciplinar ao agente.
A Polícia Judiciária (PJ) lançou ontem mais um comunicado a alertar a população para ter cautela com diversos tipos de fraude detectados na comunidade. “Nos últimos dias, a PJ recebeu várias informações dos cidadãos que disseram ter recebido telefonemas de origem
desconhecida, dizendo-lhes que as suas encomendas não lhes podiam ser entregues por falta de dados, dados incompletos ou tarifas insuficientes. Depois foi-lhes pedido que fornecessem dados pessoais e do cartão crédito, remetendo-os para um link ou e-mail desconhecidos”,
indicaram as autoridades. Tendo em conta a alta tendência de casos de fraude cibernética e de telecomunicações, “a PJ apela veementemente a todos os sectores e à sociedade em geral para estarem atentos, bem como para ajudarem a polícia a divulgar as informações contra fraudes”.
UM médico especialista em oncologia do Centro Hospitalar Conde de São Januário considera que se perde muito tempo em Macau entre a detecção de sintomas e o tratamento de cancros do sangue, como o linfoma e a leucemia.
Yu Ming Sheng, clínico que trabalhava em Taiwan antes de vir para Macau, revela que entre a descoberta dos primeiros sintomas e o diagnóstico, segunda a prática local, podem decorrer três meses e entre o diagnóstico e o tratamento é frequente passar mais um trimestre.
O especialista em hematologia, que trata cancros do sangue, compara a lentidão administrativa de Macau à prontidão a que estava habituado em Taiwan, onde o tratamento pode começar menos de um mês depois da identificação de sintomas, e ser finalizado num prazo de seis meses.
Os reparos de Yu Ming Sheng foram feitos durante um workshop organizado pela Associação de Feliz Paraíso no fim-de-semana, que teve como objectivo promover o conhecimento e formas de prevenção de cancro entre a população de Macau.
Outro grande problema enfrentado pelos pacientes de doenças
oncológicas em Macau, é a impossibilidade realizar transplantes de medula óssea, opção que não existe no sistema de saúde local, em particular tendo em conta que o número de doentes com cancro tem aumentado nos últimos anos.
A falha no sistema de saúde obriga os pacientes que necessitam de transplante de medula óssea a serem transferidos para unidades hospitalares em Hong Kong, situação alterada durante a pandemia, com recurso a hospitais do Interior da China.
Neste aspecto, Yu Ming Sheng está esperançado que no Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas sejam disponibilizados serviços de transplante de medula óssea. Porém, o especialista alerta para a necessidade de formar equipas inteiras, não apenas médicos, mas também profissionais de enfermagem e de análises laboratoriais.
De acordo com dados avançados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, em 2022 registaram-se 3.004 mortes, uma subida de 684 óbitos face a 2021, com as autoridades a especificar que um dos factores que levou ao elevado número de óbitos foi o aumento de tumores malignos, que estiveram na origem de 970 óbitos. João Luz e Nunu Wu
Um médico especialista do Hospital São Januário alertou para a lentidão administrativa na oncologia em Macau, em particular nas doenças do sangue, que pode demorar meio ano entre a descoberta de sintomas e o tratamento. Yu Ming Sheng lamenta ainda não seja possível fazer transplantes de medula óssea em Macau
O especialista compara a lentidão administrativa em Macau à prontidão de Taiwan, onde o tratamento pode começar menos de um mês depois da identificação de sintomas, e ser finalizado num prazo de seis meses
(Continuação do publicado a 20-3-2023)
O Mapa de Ricci e o Texto de Aleni: Empreendimentos Sino-Europeus Este título diz-nos que podemos considerar Zhifang waiji como o produto final de um “empreendimento conjunto”, que envolveu académicos chineses e europeus e múltiplas fontes. Contudo, a bem da simplicidade, e seguindo as tradições sinológicas, continuaremos a designá-lo apenas por “o trabalho de Aleni”.
Podemos argumentar, que o mapa de Ricci, é outra criação híbrida e, portanto, um caso semelhante. O seu enquadramento metodológico, a disposição geográfica e a informação que contém sobre o Novo Mundo, Europa e África provêm na totalidade de fontes europeias. O segmento asiático é diferente: fornece muitos nomes geográficos então usados na China, seguindo assim as convenções chinesas. Também estão incluídas referências a locais fictícios, por exemplo, o “País dos Cães” (Gou guo 狗國 ) e o “País das Mulheres” (Nüren guo 女人國 ). Estes elementos ficticios eram usados pelos académicos chineses e já aparecem em textos muitos antigos como Shanhai jing 山海 經 , i.e., o famoso “Livro das Montanhas e Mares”, que tem raízes ancestrais. Ricci tinha bons motivos para marcar estes locais no seu mapa. Primeiro, ao fazê-lo, expressava o seu respeito pelas tradições chinesas. Segundo, agradava aos seus amigos chineses que ficariam com a impressão de que ele próprio não refutava completamente os seus pontos de vista e as suas tradições. Terceiro, presumivelmente estes elementos eram fonte de algum entretenimento. De facto, sentimo-nos tentados a afirmar que tanto Ricci como os seus amigos chineses tiveram a sua dose de divertimento quando adicionaram estes elementos fictícios ao mapa. Kunyu wanguo quantu tem claramente uma dimensão diplomática. A China, enquanto País Central, e o Oceano Pacífico são representados a meio do mapa. A distribuição dos mares e dos seus no-
ção não seja muito alongada, contém muitos elementos elogiosos e brevemente fala sobre a grandeza do Império Ming. Além disso, termina com uma lista de locais importantes que sistematicamente prestam tributo à Corte Ming. Neste ponto, o autor refere a geografia oficial do período Ming, Da Ming yitong zhi 大明 一統志 (1461). É uma forma evidente de se proteger de críticas. Também justifica a sua observação final, nomeadamente que os segmentos que se seguem à curta parte sobre a China, tratarão exclusivamente de locais fora da jurisdição do Zhifang 職方
Records of Lands outside the Jurisdiction of the Imperial Geographer. Paolo De Troia traduz por Geografia dei paesi stranieri della Cina
Mais algumas características de Zhifang waiji
mes é quase simétrica. O oceano junto à China tem o nome de Da Ming hai 大明 海, o “Mar do Grande Ming”. Perto das margens externas do mapa, encontram-se várias caixas com textos relacionados com astronomia. Estas descrições não são desprovidas de conceitos e termos tradicionais chineses, certamente para agradar aos amigos locais de Ricci.
Aleni seguiu os métodos de Ricci. Usou alguns topónimos chineses, tal como Ricci tinha feito. Tianzhu 天竺 (India), Sama’erhan 撒馬爾罕 (Samarcanda), Hulumosi 忽魯謨斯 (Órmuz), Sumendala 蘇門 答剌 (Sumatra / Samudra-Pasai), Zhaowa 爪哇 (Java), Boni 浡泥 (Brunei / Bornéu), and Lüsong 呂宋 (Luzon), são disso bons exemplos. Podemos realmente encontrar estes nomes em Kunyu wanguo quantu No entanto, Aleni modificou determinados topónimos. Assim, Dada(n) 韃靼 aparece no seu livro como Da’erda(n) 韃而靼 (Ta[r] tar). É possível que Yang Tingyun lhe tenha sugerido algumas destas alterações e transcrições ou que tenham sido tiradas das notas deixadas por Diogo de Pantoja e por Sabatino De Ursis.
Noutros casos, os Jesuítas inventaram novas designações para locais que já apareciam com um nome diferente em materiais mais antigos. Existe uma explicação simples para estas invenções: Nem os académicos chineses que assistiam os Jesuítas, nem os próprios Jesuíutas tinham conhecimento das primeiras designações. Podemos citar como exemplo as Ilhas Molucas. Ricci e Aleni chamavam-lhes Malugu 馬路古 (Ilhas Molucas), embora já tivessem sido “baptizadas” por Wang Dayuan 汪大淵 (a partir da primeira metade do século XIV) com o nome de Wenlaogu 文老古 Regressemos à dimensão diplomática do trabalho de Aleni. Esta dimensão manifesta-se de diversas formas. Como já foi mencionado, o primeiro juan ou capítulo é sobre a Ásia, e claro que o primeiro país a ser falado é a China. Embora a descri -
O termo zhifang revela uma escolha cuidadosa. É uma referência a um serviço responsável pelos assuntos externos. Na verdade, é um termo muito antigo que transporta o leitor à antiguidade chinesa. o uso de termos antigos é um sinal de conhecimento e de respeito pelo passado distante. Metaforicamente, abre portas, e legitima o autor para expressar os seus pontos de vista. Sob esta perspectiva, o título do livro de Aleni torna-se muito claro. Zhifang waiji fala sobre “no mundo não chinês”, i.e., sobre as esferas fora do controlo da China. Portanto, em ensaios ingleses, por vezes, o título é traduzido por
No entanto, a apresentação de Aleni não é totalmente consistente. A parte da China inclui as zonas tártaras como dependências no Império Ming, mas o segmento seguinte faz uma descrição do local. Talvez se possa desculpar a inclusão desta entrada no waiji Zhifang considerando o seguinte: Segundo Aleni, o território tártaro era enorme. Estendia-se desde as extremidades orientais da Europa até ao norte da China. Esta questão recorda-nos um problema que aflora em vários dos primeiros textos portugueses: os geógrafos da Europa do Sul sabiam muito pouco sobre a divisão política do Norte asiático. Circulavam mesmo rumores que o Sacro Império Romano se tinha estendido até a leste a ponto de ter tido acesso directo à orla ocidental da China.
O trecho de Aleni sobre Da’erda(n) também tem uma breve descrição do “País das Mulheres”, acima mencionado, e de Debaide 得白得 (Tibete). Outro nome, que
aparece neste trecho, é Dagangguo 大剛 國 (o “País do Grande Khan”). A descrição destes locais contém certos elementos que parecem derivar do relato de Magini e, indirectamente, até da obra de Marco Polo. No entanto, ninguém se interroga porque é que o Tibete, na altura, uma parte conhecida da China, aparece com um nome estrangeiro no texto de Aleni. Ao agrupar os territórios tártaros (uma dependência do Estado Ming), o País das Mulheres (um local fictício que recorrentemente surge no folclore chinês e europeu), e as terras altas do Himalaias – significa que pretendia passar uma mensagem política oculta nesta miscelânea geográfica?
Aqui podemos saltar para o segmento final do juan sobre a Ásia: Este segmento tem o título Dizhonghai zhudao 地中 海諸島 (Ilhas do Mediterrâneo), mas só descreve Ge’a (Ge’e) 哥阿 (Quio), Luodedao 羅得島 (Rodes) e Jibolidao 際波里島 (Chipre). No tempo de Aleni, estas ilhas encontravam-se sob o domínio Otomano; o que certamente explica o seu aparecimento no juan da Ásia. Existe um segundo segmento sobre as ilhas do Mediterrâneo. Aleni colocou-o no final do juan sobre a Europa. Além disso, o juan sobre a África e o juan da América também ter -
minam com uma parte sobre ilhas. Isto reforça a nossa impressão inicial, quando considerámos que Zhifang waiji é uma obra com uma forte componente marítima. Actualmente, os académicos chineses falam muito sobre haiyang wenxue
海洋文學 (literatura marítima) e sobre haiyang wenhua 海洋文化 (cultura marítima); encarado deste ponto de vista, talvez Zhifang waiji possa ser incluído uma destas categorias. No entanto, não nos podemos ficar por aqui. O juan da Europa começa com uma longa descrição deste continente e das suas características culturais. É dada muita ênfase ao sistema educativo. Refere que existem muitas escolas onde os alunos estudam shishu 史書 (História / textos históricos) e shiwen 詩文 (poesia e prosa, ou obras literárias), e onde aprendem a escrever ensaios. Também refere que existem exames frequentes. Aqui é usado o termo rushi 儒試 . Pode traduzir-se por “Exame confucionista”, ou talvez por “exame abrangente”. Aleni diz-nos, que os estudantes bem-sucedidos são admitidos em instituições de ensino superior. Os alunos mais brilhantes tornam-se professores. Estes trechos vão claramente ao encontro das expectativas chine -
sas. A ideia é mostrar que a Europa, tal como a China, valoriza a aprendizagem, especialmente na área das humanidades, or wenke 文科 , e que ambas as zonas desenvolveram sistemas eficientes para promover as questões culturais. Por outras palavras: a Europa e a China estão ao mesmo nível, ao contrário das regiões selvagens dos tártaros, de África e de outras partes do globo.
De longe, a secção mais alargada e mais elogiosa do juan europeu é sobre a Itália. Como seria de esperar, Aleni fala do seu próprio país com orgulho e com uma argumentação sólida. Itália é apresentada como o crème de la crème do continente europeu. As descrições da França e da Alemanha são muito mais breves. Relativamente a esta última, encontra-se uma observação interessante: Os soberanos de Yalemaniya 亞勒瑪尼亞 (Alemanha), quando são coroados, ficam dependentes do Papa de Roma. Ao ler estas passagens, os académicos chineses pensavam certamente no período Zhou, durante o qual o Império do Meio foi fragmentado em vários feudos. Provavelmente também se recordariam do sistema de tributos implementado pela Corte Ming: Com alguma frequência, o Imperador Ming reconhecia um Rei estrangeiro como o legítimo governante do seu país. Existem muitas referências a estes actos formais no Ming shilu 明實錄. Contudo, a dimensão do segmento sobre a Alemanha sugere que o Sacro Império era pequeno em comparação à China Imperial. Aleni tinha claramente de desvalorizar o Norte pouco hospitaleiro em favor do mundo mediterrânico.
Aleni continua dizendo que a Alemanha é um país frio. Diz ainda que os alemães são bons a aquecer as suas casas com poucos recursos e que são pessoas práticas. Uma visão do futuro? Uma previsão a longo prazo das atitudes infantis que podemos associar ao actual Governo de Berlim e ao Movimento dos Verdes?
Seja como for, Aleni é um homem do Sul. Colocou o segmento da Yixibaniya 以 西把尼亞 (Hispania), simbolicamente, no primo loco do juan da Europa e, ao mesmo tempo, este segmento é o segundo maior do capítulo. Curiosamente também, termina com a observação de que a Espanha teria muitas colónias: mais de vinte países grandes e mais de cem pequenos e médios (以 西把尼亞屬國大者二十餘,中下共百餘。 ).
O termo para colónias/dependências é shuguo 屬國, uma antiga expressão técnica encontrada em fontes chinesas tradicionais. Uma mensagem oculta que se poderia encontrar neste trecho seria a de que a Espanha é mais influente e tem mais poder do que a China, porque o segmento sobre as dependências desta última só lista oito estados tributários.
Fontes Seleccionadas
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A visita do Presidente chinês tem como objectivo reforçar os laços de amizade e cooperação entre as duas nações e promover caminhos para a paz através do diálogo
OPresidente chinês, Xi Jinping, desembarcou ontem na Rússia, onde vai reunir com o homólogo russo, Vladimir Putin, numa visita de Estado que visa reforçar a parceria entre os dois países.
“A minha visita à Rússia visa fortalecer a amizade, cooperação e paz”, escreveu Xi, num artigo publicado por um jornal russo, antes de desembarcar em Moscovo.
A visita surge num período de crescente isolamento de Putin no cenário internacional desde o início da guerra na Ucrânia. A viagem segue também o anúncio surpresa do restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita, após uma reunião, em Pequim, numa vitória diplomática para o governo de Xi.
O líder chinês mais forte das últimas décadas tem tentado projectar uma imagem de estadista global, à medida que reclama para a China um “papel central” na governação das questões internacionais.
“Uma maneira razoável de resolver a crise” pode ser encontrada se “todas as partes abraçarem a visão de uma segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável”, referiu Xi no
artigo publicado no jornal russo Russian Gazette.
Num plano para a paz, proposto no final de Fevereiro, Pequim destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, mas apelou também para o fim da “mentalidade da Guerra Fria”, numa crítica
implícita ao alargamento da NATO. A China pediu ainda o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia.
Manual de intenções
Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, através do seu porta-voz Wang Wenbin, indica que durante a visita Xi terá uma
profunda troca de pontos de vista com Putin sobre as relações bilaterais, bem como sobre as principais questões internacionais e regionais de interesse comum, promoverá a coordenação estratégica bilateral e a cooperação prática e injectará um novo ímpeto no desenvolvimento das relações bilaterais.
A reunião dá a ambos os líderes a oportunidade de mostrarem que têm “parceiros de peso” numa altura de relações tensas com Washington
A visita será uma jornada de amizade, o que aprofundará ainda mais a confiança e a compreensão mútuas entre a China e a Rússia e consolidará a base política e o apoio público à amizade entre os dois povos por gerações, disse Wang, citado pelo Diário do Povo.
A visita de Xi à Rússia será uma viagem de cooperação para promover e aprofundar a sinergia entre a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e a União Económica Eurasiática e ajudar os dois países a alcançar os respectivos objectivos de desenvolvimento e revitalização.
A visita também será uma viagem para promover a paz, disse Wang, observando que a China e a Rússia, com base no não alinhamento, não confrontação e não ter como alvo terceiros, praticarão o verdadeiro multilateralismo, promoverão um mundo multipolar e uma maior democracia nas relações internacionais, melhorarão a governança global e contribuirão para o desenvolvimento e o progresso mundiais.
“A China continuará a defender sua posição objectiva e justa sobre a crise na Ucrânia e desempenhará um papel construtivo na promoção de negociações
Xi Jinping e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, vão discutir o plano proposto por Pequim para resolver o conflito na Ucrânia durante a visita do líder chinês a Moscovo, anunciou ontem o Kremlin. “Os tópicos abordados no plano [chinês] para a Ucrânia vão fazer parte das negociações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em conferência de imprensa. “A Ucrânia certamente estará na agenda” da reunião entre Xi e Putin, apontou. Peskov acrescentou que Putin vai explicar a Xi Jinping “minuciosamente” a posição de Moscovo sobre o conflito, para que o Presidente chinês possa “obter em primeira mão a visão que o lado russo tem do momento actual”.
de paz”, afirmou o porta-voz, segundo a publicação estatal.
“O propósito da política externa da China é manter a paz mundial e promover o desenvolvimento comum”, disse Wang, observando que, na questão da Ucrânia, a China sempre esteve do lado da paz e do diálogo, e do lado certo da história.
putas, enquanto atiçar as chamas e alimentar a luta, sanções unilaterais e pressão máxima só intensificarão as contradições e aumentarão as tensões, o que não está de acordo com os interesses e expectativas da maioria dos países do mundo”, disse.
Ao responder a uma pergunta sobre se a cimeira China-Rússia envolverá questões como fornecimento de vários tipos de assistência à Rússia pela China, Wang disse que a China sempre realizou uma cooperação económica e comercial normal com outros países, incluindo a Rússia, com base na igualdade e benefício mútuo.
nal Penal Internacional, com sede em Haia, ter acusado Putin de ser pessoalmente responsável pelo rapto de milhares de crianças da Ucrânia. Os governos que reconhecem a jurisdição do tribunal vão ser assim obrigados a deter Putin se ele visitar o seu país.
China e Rússia partilham uma fronteira com mais de quatro mil quilómetros de distância e Moscovo é um importante fornecedor de petróleo e gás para Pequim.
A China considera ainda a parceria com o país vizinho fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão.
AChina pediu ontem ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que evite “dois pesos e duas medidas”, depois de este ter emitido um mandado de prisão contra o Presidente russo, Vladimir Putin, por crimes de guerra.
“O TPI deve adoptar uma postura objectiva e imparcial, respeitar a imunidade jurídica dos chefes de Estado (...) e evitar a politização e a duplicidade de critérios”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, poucas horas antes do início da visita de Estado do Presidente da China, Xi Jinping, à Rússia.
O Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, acusou Putin de ser
pessoalmente responsável pelo rapto de milhares de crianças da Ucrânia. Os governos que reconhecem a jurisdição do tribunal vão ser assim obrigados a deter Putin se ele visitar o seu país.
Putin ainda não comentou o anúncio, mas o Kremlin rejeitou a medida e considerou-a “escandalosa e inaceitável”.
Questionado se o mandado de prisão contra Putin ou a sua viagem - relâmpago à cidade de Mariupol vai afectar a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Moscovo, o porta-voz limitou-se a responder que Pequim “sempre defendeu o diálogo e a negociação para resolver a crise ucraniana”.
O líder chinês chega a Moscovo um dia depois de Putin visitar a Ucrânia, pela primeira vez - especificamente o porto de Mariupol (mar de Azov), na região de Donetskdesde o início da invasão, em Fevereiro de 2022.
“A posição da China resume-se a apoiar as negociações de paz. Sempre acreditamos que o diálogo político é a única maneira de resolver conflitos e dis-
“A cooperação entre a China e a Rússia é franca e sincera, pelo benefício dos dois povos e pelo desenvolvimento do mundo, e está livre de interferência e coerção de terceiros”, afirmou o porta-voz do MNE chinês.
A reunião desta semana ocorre também após o Tribu-
A China voltou ontem a negar que tencione fornecer armamento à Rússia, depois de a imprensa norte-americana ter indicado que Pequim está a considerar enviar artilharia e munições para Moscovo. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, afirmou que “não é a China” que fornece armas, mas sim os Estados Unidos, e aconselhou Washington a “parar de colocar lenha na fogueira e apontar o dedo a outros países e coagi-los”. “Os Estados Unidos devem desempenhar um papel construtivo para encontrar uma solução política para o conflito na Ucrânia”, disse Wang, acrescentando que a “China sempre manteve uma posição objectiva e imparcial sobre a ‘questão’ ucraniana: exortar à paz e ao diálogo”.
do
PCP manifestou ontem expectativas positivas quanto ao encontro entre os Presidentes chinês e russo, salientando que “se há alguém que tem procurado soluções para a paz” na Ucrânia tem sido o regime de Pequim.
A reunião dá a ambos os líderes a oportunidade de mostrarem que têm “parceiros de peso” numa altura de relações tensas com Washington, disse Joseph Torigian, especialista em relações sino-russas na American University, em Washington, citado pela agência Associated Press. “A China pode sinalizar que, se as relações com os Estados Unidos continuarem a deteriorar-se, poderão fazer muito mais para ajudar a Rússia na sua guerra contra a Ucrânia”, apontou Torigian.
O presidente chinês, Xi Jinping, já desembarcou na Rússia, onde vai reunir hoje e na terça-feira com o homólogo russo, Vladimir Putin, numa visita de Estado que visa reforçar a parceria entre os dois países, e nos quais os dois chefes de Estado discutir o plano proposto por Pequim para resolver o conflito na Ucrânia (ver texto principal).
Questionado sobre estes encontros, à margem de uma conferência de imprensa do PCP sobre habitação, Paulo Raimundo considerou que “tudo o que seja abrir caminhos para a paz é positivo”.
“Se há coisa que acho que podemos afirmar com toda a certeza é que se há
alguém que tem procurado soluções para a paz e investir em caminhos para a paz, até com propostas concretas, tem sido o governo chinês, em particular o Presidente chinês”, afirmou.
O líder do PCP disse que, apesar de ser incerto o que vai acontecer nesse encontro, “seria positivo que esses planos no caminho da paz” estejam presentes, salientando que os povos já não precisam “de mais guerra, mais gasolina”.
PCP “SE HÁ ALGUÉM TEM PROCURADO SOLUÇÕES PARA A PAZ É O GOVERNO CHINÊS”
TPI CHINA PEDE QUE SE EVITE APLICAR PADRÕES DUPLOS
“A minha visita à Rússia visa fortalecer a amizade, cooperação e paz.”
XI JINPING PRESIDENTE CHINÊS
“A cooperação entre a China e a Rússia é franca e sincera, pelo benefício dos dois povos e pelo desenvolvimento do mundo, e está livre de interferência e coerção de terceiros.”
MNE CHINÊS
do o conceito de comida que, por exemplo, engloba as fachadas dos edifícios que têm restaurantes, ou mercearias desenhadas por estarem inseridas em desenhos maiores que fiz das ruas de Macau.
Que Macau poderemos encontrar nestes desenhos?
Temos uma Macau parcial, não toda a Macau. Há um viver antigo da cidade por entre restaurantes e cafés baratos com comida boa e tradicional, muitas vezes com mesas ao ar livre. [Surge] a comida tradicional de Yum Cha que há cada vez menos, e mesas ao ar livre que foram retiradas. Os desenhos são feitos nas áreas antigas ou muito antigas da cidade e são poucos os que são feitos em áreas com torres de apartamentos onde estão localizados os raros restaurantes de Yum Cha frequentados quase só por pessoas na terceira idade. São poucos os filhos ou netos destes comensais que vão a estes restaurantes. Quase não desenho as novas áreas urbanas e os restaurantes frequentados pelas novas gerações.
Porque decidiu expor os desenhos de forma circular na galeria, a cair do tecto?
Não tem uma exposição individual há algum tempo. Como surgiu a oportunidade de realizar esta mostra?
Esta e as três exposições individuais que fiz pertencem a um processo de organização dos desenhos que vou fazendo como passatempo. Em 1997 a exposição chamada “Diário” organizou todos os desenhos feitos até esse ano, a de 2006 teve os desenhos feitos em Itália durante os sete cursos de Verão feitos no Centro de Estudos Andrea Palladio, a de 2020 teve todos os desenhos feitos em Portugal. Meng Shu Shangyuan é a curadora desta exposição e é uma amiga minha, artista de Xangai, que ensina e pratica em Macau desde há muitos anos e com quem costumo dialogar sobre o que faço. Os desenhos em restaurantes são actos que por vezes faço na companhia de amigos. A Meng Shu conhecia esse meu ritual e aceitou os restaurantes como tema da exposição, expandin
Já há muitos anos que desenho muitas páginas em forma de círculos, formando panoramas, que depois imprimo e coloco em plástico transparente para serem colocados como planos em paredes. Numa exposição colectiva, realizada por volta de 2015, em que participei com dois desenhos, um do interior da capela da Guia, outro do exterior, onde se vê o Farol da Guia, expus o primeiro círculo, mas de um modo ainda demasiado complicado. Em Outubro do ano passado, numa outra exposição colectiva, foi usado o modo de expor os desenhos que agora repito [nesta mostra]. As salas de exposição da galeria 10 Fantasia são muito irregulares, pelo que os desenhos cilíndricos suspensos do tecto libertaram as paredes e deixaram as cortinas abertas, bem como as janelas para o exterior e as portadas para a generosa varanda. Assim, entra uma brisa na sala que coloca os cilindros num movimento delicioso. Os visitantes podem entrar e sair pela varanda e na sala de exposições, olhando para as grandes árvores exteriores ou para o espaço interior ocupado pelos cilindros.
Esta mostra contém desenhos que tem feito nos últimos anos, em jeito de diário. Que lugares ou pessoas podemos encontrar nestes esboços?
São poucos os desenhos expostos que estão terminados, mas caso não venham a ser finalizados também ficarão muito bem assim. Cada desenho tem muitas páginas feitas
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“1983 Food . Space 2023”, a exposição de desenhos do arquitecto Adalberto Tenreiro, pode ser vista na galeria 10 Fantasia, no bairro de São Lázaro, até ao próximo domingo. Radicado em Macau há muitos anos, o arquitecto expõe desenhos feitos em restaurantes onde se sente mais o pulsar da cidade antiga e das memórias de sítios peculiares
“No balançar entre o desenho e arquitectura, agora ocupo mais horas a desenhar, porque tenho menos trabalho profissional de arquitectura.”
ao longo dos anos, diria que desde há três, nove, 15 ou 31 anos, com 15 ou 45 minutos gastos em cada desenho. Por isso são desenhos antigos e recentes ao mesmo tempo. Na lista dos desenhos exposta na sala da galeria coloco-os por ordem do início da execução. Se tivesse usado a data da última vez em que foram retomados seriam quase todos trabalhos deste ano ou do ano passado. Todos nós vamos a cafés ou restaurantes várias vezes por dia, por isso é que é um tema trabalhado com muitas páginas. Em temas como espectáculos de música ou teatro os desenhos são feitos com menos páginas, ou tenho uma maior quantidade deles feitos numa só folha. Isso deve-se ao acto de ser menos assíduo, em mim, o prazer de assistir a espectáculos.
É importante para si desenhar com frequência, além do exercício habitual da arquitectura?
Rui Cunha (FRC) acolhe a partir de hoje, e até ao dia 1 de Abril, a “Exposição Anual da MYPA 2023”, em parceria com a Associação Juvenil de Gravura. Apresenta-se, assim, um conjunto de 31 peças de 15 artistas membros da Associação Juvenil de Gravura de Macau, com destaque para as monogravuras, com “diferentes aparências e expressões criativas”.
Numa nota divulgada pela FRC, pode ler-se que a gravura “tem desempenhado um papel importante nos intercâmbios culturais entre a China e o Ocidente e m Macau”. “Na história moderna, a tipografia, a gravura e a impressão litográfica foram introduzidas na China continental através de Macau. Até hoje, continua a influenciar a melhoria da tecnologia de impressão na China, ao mesmo tempo em que estimula o entusiasmo pela criação de gravuras”, revela o manifesto da exposição.
A Associação Juvenil de Gravura de Macau existe há mais de 20 anos. O objectivo desta associação é promover a arte gráfica
junto da geração mais jovem, através da realização de exposições, workshops, promoções na escola, e outras actividades, de forma a fomentar junto da população jovem de Macau uma compreensão mais profunda da gravura e descobrir os talentos do printmaking.
O manifesto da mostra fala ainda da gravura “como um tipo de meio artístico replicável, que é mais propício à comunicação do que a pintura, permitindo que mais pessoas apreciem o trabalho original em diferentes lugares ao mesmo tempo”.
No caso de Macau, a gravura criativa começou a surgir com mais frequência no final dos anos 80. “Passados mais de 30 anos, foi estabelecendo gradualmente um percurso de criação, tendo a gravura como eixo principal. Embora a rotogravura seja muito atraente, ela precisa de equipamentos profissionais para mostrar o seu efeito. No entanto, as impressões em relevo, o stencil e a monotipia não exigem equipamentos sofisticados, e ainda ostentam uma aparência única”, lê-se ainda.
Sinto que desenhar o que se considera em muita quantidade é para mim uma terapia. Outras pessoas praticam mais a leitura, ou desporto, ou preferem ainda cozinhar, gastando mais tempo nessas actividades que lhes estru-
turam o quotidiano. O desenhar confunde-se com a profissão de artista, mas onde ganho ou ganhava honorários é a fazer arquitectura. Na arquitectura alguns arquitectos desenham, outros não. Temos três exemplos de um extremo ao outro, que são o arquitecto e pintor Nadir Afonso, que trabalhou com Corbusier, construiu arquitectura de grande qualidade em Portugal e é famoso pela pintura que fez. Corbusier deixou uma arquitectura de referência mundial e uma pintura de qualidade de segunda linha. Existe uma foto de uma reunião de arquitectos famosos onde todos têm um lápis na mão à excepção do [Walter] Gropius, que privilegiava outras capacidades de conceber arquitectura sem passar pelo acto de desenhar. No balançar entre o desenho e arquitectura, agora ocupo mais horas a desenhar, porque tenho menos trabalho profissional de arquitectura. Andreia Sofia Silva
O (IC) decidiu criar dois novos locais para artistas de rua na antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na vila da Taipa, e no largo em frente ao Centro de Ciência de Macau, com o objectivo “de fortalecer a revitalização dos bairros comunitários, criar uma atmosfera cultural, proporcionar mais es -
paços de actuação aos profissionais das artes e promover actuações de rua de qualidade”. Os artistas começam a actuar nestes espaços a partir de sexta-feira, podendo fazê-lo entre as 10h e as 18h de sexta-feira a domingo e também nos dias feriados.
Actualmente, existem cinco locais no território onde
os artistas de rua podem actuar, no âmbito do “Programa Excursionando pelas Artes” lançado pelo IC em 2016. Até Fevereiro deste ano, mais de 1.200 artistas locais e não locais requereram o cartão para poder actuar, tendo mais de 170 mil espectadores assistido aos espectáculos do programa.
“Quase não desenho as novas áreas urbanas e os restaurantes frequentados pelas novas gerações.”
“Todos nós vamos a cafés ou restaurantes várias vezes por dia, por isso é que é um tema trabalhado com muitas páginas.”
Rami Malek é um nome consagrado nos dias que correm, depois de ter vencido o óscar de melhor actor pela interpretação de Freddie Mercury, no filme Bohemian Rhapsody. Contudo, já em 2010 o actor se destacava, mesmo não sendo uma das personagens principais, ao participar em The Pacific, uma série que acompanha a campanha de três “marines” norte-americanos no Pacífico, durante a II Guerra Mundial. Esta é mais um série sobre o conflito que mudou o mundo produzida por Steven Spielberg e Tom Hanks. João Santos Filipe
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A SEMANA passada foram publicadas duas notícias sobre reformas e pensões. A primeira debruçou-se sobre a proposta do Governo francês que visa a alteração do sistema de reformas. Recorrendo ao Artigo 49.3 da Constituição, o Governo aprovou a alteração do sistema de pensões sem a ter submetido ao escrutínio da Assembleia Nacional. Com esta alteração, a idade de reforma em França subiu dos 62 para os 64 anos. Além disso, para receber a pensão sem penalizações são necessários pelo menos 43 anos de descontos. Estas alterações revoltaram os franceses, que organizaram enormes manifestações de protesto. O Governo francês temia que se esta proposta passasse pela Assembleia Nacional não viesse a ser aprovada, por isso recorreu ao Artigo 49.3 para garantir a sua aprovação.
Embora a proposta de lei tenha sido aprovada, o Governo enfrenta uma moção de censura na Assembleia Nacional. Se a moção passar, o Presidente Macron corre o risco de demissão.
Aumentar a idade da reforma implica que as pessoas tenham menos tempo para desfrutar deste período das suas vidas. No entanto, o aumento da idade da reforma foi ditado por pressões financeiras. Digamos que o Governo passou a “batata quente” para os cidadãos. Esta manobra revoltou os franceses, o que é compreensível.
A reforma e as pensões de reforma não são apenas questões sociais, são também questões pessoais. A sociedade precisa de estabelecer um sistema de pensões eficaz para que possa existir ter um determinado fundo de previdência para a reforma. As pessoas também precisam de apostar em fundos de pensões privados para aumentar os seus rendimentos na reforma. Como o Governo só pode atribuir uma pensão para cobrir as despesas básicas, o restante rendimento terá de vir de fundos privados. Não é uma boa opção depender apenas do Governo para garantir o rendimento na idade da reforma.
A outra notícia sobre este tema está relacionada com um estudo feito pela Universidade de Harvard. O estudo foi feito ao longo de 85 anos e foca-se no que os aposentados esperam da aposentadoria. A Universidade de Harvard iniciou esta pesquisa em 1938, e realizou entrevistas de reavaliação a cada dois anos, com 724 inquiridos. Os inquiridos indicaram que sentem sobretudo falta dos colegas de trabalho e das relações sociais que construíram ao longo das suas vidas activas.
Um dos entrevistados, Henry Keane, disse que depois da reforma, passou a trabalhar como voluntário numa organização sem fins lucrativos e que voltou a ter interesse na recuperação de móveis antigos, mas que sentia que ainda lhe faltava qualquer coisa. Mais tarde, quando já tinha 65 anos e voltou a ser entrevistado, Henry disse que precisava
A idade da reforma pode ser aumentada opcionalmente, por exemplo, dos 65 para os 70 anos, para que as pessoas possam escolher trabalhar até esta idade. Se desta forma as pessoas podem continuar a sentir-se valorizadas, e também resolver alguns problemas financeiros, porque não fazê-lo?
de um trabalho. Só tinha percebido depois de estar reformado que gostava de estar rodeado de pessoas. Henry deixou claro que considera o trabalho como o factor mais importante da sua vida.
A reforma do sistema de pensões em França e o estudo da Universidade de Harvard indicam que a reforma não envolve só questões financeiras, mas também questões de qualidade de vida. Prevê-se que Macau tenha uma população envelhecida em 2026. Presentemente, o Governo de Macau tem um sistema de pensões que garante a cobertura das despesas básicas. No entanto, o acesso a fundos privados só é possível ser feito com as poupanças individuais, não é feito através de um sistema social. Cada pessoa deverá preparar-se de acordo com a sua própria situação e a quantia aplicada também será variável. Como cada vez se reformam mais pessoas, cada vez haverá mais pensões que têm de ser pagas e os encargos financeiros do Governo de Macau também aumentarão. No caso de os fundos privados não serem obrigatórios, é duvidoso que todas as pessoas recorram a esta opção. A investigação da Universidade de Harvard sugere que os aposentados precisam de se sentir valorizados e que esse sentimento pode ser encontrado no trabalho. Por conseguinte, a idade da reforma pode ser aumentada opcionalmente, por exemplo, dos 65 para os 70 anos, para que as pessoas possam escolher trabalhar até esta idade. Se desta forma as pessoas podem continuar a sentir-se valorizadas, e também resolver alguns problemas financeiros, porque não fazê-lo?
Ma Ying-jeou visita a China na próxima semana, foi ontem anunciado, numa iniciativa descrita como uma tentativa para aliviar tensões entre Taipé e Pequim.
Ma liderou Taiwan num período de laços mais amigáveis com Pequim, mas deixou o cargo após uma polémica sobre um acordo comercial com a China, o qual não conseguiu ser aprovado, em resultado dos maiores protestos registados na ilha desde os anos de 1990.
O ex-governante vai visitar Nanjing, Wuhan e Changsha, bem como outras cidades, avançou o director da Fundação Ma Ying-jeou, Hsiao Hsu-tsen, numa conferência de imprensa em Taipé, indicando que Ma não vai a Pequim.
Ma, que é membro do Partido Nacionalista (Kuomingtang, na oposição), vai liderar uma delegação de académicos e estudantes, mas também de antigos responsáveis governamentais, de 27 de Março a 7 de Abril.
O gabinete da actual líder, Tsai Ing-wen, disse que Ma tinha informado sobre a iniciativa, e acrescentou esperar que “Ma, no papel de antigo chefe de Estado (...) possa mostrar o valor da democracia e da liberdade de Taiwan e a posição de igualdade e dignidade nos intercâmbios” entre os dois lados.
Durante o mandato de Ma, Taiwan e a China reforçaram os contactos. Ma negociou um pacto comercial com Pequim em 2010.
Oprimeiro-ministro tailandês, Prayut Chan-O-Cha, dissolveu ontem o Parlamento, uma medida que abre caminho para eleições parlamentares antecipadas, em Maio.
Esta votação, a segunda desde o golpe de 2014, deve ocorrer entre 45 e 60 dias após a dissolução do Parlamento. Provavelmente será marcada para 7 ou 14 de Maio, de acordo com a imprensa tailandesa.
O órgão encarregado de fiscalizar as eleições na Tailândia divulgará a data nos próximos dias.
A votação coloca o impopular Prayut, que chegou ao poder através de um golpe militar, contra a filha do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, um desafecto do Exército que apesar de um exílio de mais de
10 anos continua a animar a vida política tailandesa.
Prayut, de 68 anos, legitimado no poder em 2019 através de eleições legislativas polémicas, tem uma longevidade rara para um líder na Tailândia, cuja história política é repleta de golpes [12 bem-sucedidos desde o fim da monarquia absoluta em 1932].
A dois meses das eleições, Prayut está atrás do principal partido da oposição, Pheu Thai, que obteve metade das intenções de voto, contra 12 por cento para o partido do primeiro-ministro [United Thai Nation Party], segundo uma sondagem realizada com 2.000 pessoas e publicada no domingo.
A líder do partido de oposição, Paetongtarn Shinawatra, de 36 anos, é o novo rosto da
AChina confirmou ontem a morte de nove cidadãos chineses, num ataque ocorrido, este domingo, na República Centro-Africana, e pediu “punição severa” para os autores do crime.
O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês explicou, em comunicado, que o país “activou imediatamente um mecanismo consular de emergência” e que o Presidente, Xi Jinping, atribui “grande importância” a este incidente. Xi pediu “punição severa” e disse que a segurança dos cidadãos chineses deve ser garantida, de acordo com o ministério.
família cuja oposição ao poderoso Exército, autoproclamado defensor da monarquia, estrutura a vida política tailandesa há mais de vinte anos.
O seu pai Thaksin serviu como primeiro-ministro entre 2001 e 2006, antes de ser derrubado, enquanto a sua tia Yingluck liderou o governo de 2011 a 2014 até o golpe de Prayut.
O partido Move Forward [17 por cento das intenções de voto], a surpresa nas urnas em 2019 graças ao seu jovem eleitorado, espera capitalizar os eleitores que participaram nas manifestações pró-democracia em 2020.
O primeiro-ministro é indicado tanto pelos deputados quanto pelos 250 senadores, indicados pelo governo, que tendem a favorecer um candidato próximo aos militares.
Olíder norte-coreano Kim Jong-Un dirigiu durante dois dias exercícios militares “simulando um contra-ataque nuclear” e envolvendo um lançamento de míssil balístico equipado com uma “ogiva nuclear falsa”. A informação foi avançada domingo pela agência estatal da Coreia do Norte, KCNA, recebida em Seul.Kim Jong-Un afirmou-se satisfeito depois dos exercícios do fim de semana, segundo a KCNA.
Foi a quarta demonstração de força de Pyongyang numa semana, ao mesmo tempo que Seul e Washington conduzem os maiores exercícios militares conjuntos em cinco anos. A Coreia do Norte considera todos os exercícios do género
como ensaios para uma invasão do seu território e tem advertido repetidamente que responderá de forma “esmagadora”. “O míssil foi equipado com uma ogiva que simulava uma ogiva nuclear”, disse a KCNA.
Na quinta-feira, Pyongyang disparou um míssil balístico intercontinental (ICBM) Hwasong-17, o mais poderoso do seu arsenal, na presença do líder Kim Jong-Un e da filha, pouco antes de uma visita ao Japão do Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol.
Este foi o segundo teste ICBM de Pyongyang este ano, que a KCNA descreveu na altura como uma resposta aos exercícios militares “frenéticos” da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.
O ataque, que também causou ferimentos graves a dois cidadãos chineses, ocorreu numa mina administrada pela firma de capital chinês Gold Coast Group, a 25 quilómetros da cidade de Bambari. Um grupo de homens armados abriu fogo contra as instalações da empresa.
O ministério dos Negócios Estrangeiros alertou para um “risco extremamente alto” na República Centro-Africana, excepto na capital, Bangui, e pediu aos cidadãos chineses para serem “muito cautelosos”.
O ministério anunciou que vai pedir às embaixadas do país asiático em África que “tomem mais medidas para garantir a segurança dos cidadãos e das empresas chinesas”.
A República Centro-Africana sofre violência sistémica desde o final de 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes de maioria muçulmana - os Séléka - tomou Bangui e derrubou em Março de 2013 o Presidente, François Bozizé, após dez anos de governo (2003-2013), desencadeando uma guerra civil.
Nos últimos meses, foram registados vários ataques contra cidadãos chineses no exterior, o que levou as embaixadas do país a emitir alertas de segurança e realizar evacuações.
“Cala-te ou então diz coisas que valham mais que o silêncio.”
Pitágoras