Hoje Macau 21 ABR 2016 #3556

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MOP$10

QUINTA-FEIRA 21 DE ABRIL DE 2016 • ANO XV • Nº 3556

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

EDIFÍCIO DOENÇAS

Farpas na Assembleia PÁGINA 5

SOFIA MOTA

TASHI NORBU

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

TIBETE UNIVERSAL ENTREVISTA

METRO

Surrealizar por aqui PÁGINA 4

BARRA

COMÉRCIO EM BAIXA GRANDE PLANO

TIAGO ALCÂNTARA

HOSPITAL DAS ILHAS CONCLUSÃO INDEFINIDA

Prognóstico reservado PÁGINA 7

PENHORES

“Aplicações” desviadas PÁGINA 6

CPU

Decisões adiadas PÁGINA 8


2

BARRA

COMERCIANTES FALAM EM QUEBRA NO TURISMO POR CAUSA DE METRO

NEGOCIOS A MEIO GAS ´

FOTOS HOJE MACAU

GRANDE PLANO

´

O turismo na zona da Barra já viu melhores dias. Comerciantes queixam-se que as obras do metro ligeiro estão a afectar o negócio devido às mudanças nos acessos. No Templo de A-Má o incêndio pouco afectou o dia-a-dia, mas o número de excursões diminuiu

À

S três da tarde de uma terça-feira continua a cheirar a incenso assim que subimos as escadas do Templo de A-Má. Dois meses depois do incêndio que obrigou ao fecho de uma parte do Templo, os turistas continuam a ter interesse em visitar o espaço, mas a realidade é que o número de excursionistas tem vindo a diminuir na zona da Barra. Ao contrário do que se poderia pensar, a culpa não é totalmente do incêndio que aconteceu no Templo, como disseram ao HM vários comerciantes. É sim da quebra na economia e das obras que estão a ser realizadas no âmbito do projecto do metro ligeiro, as quais obrigaram à suspensão temporária dos autocarros de turismo. Vanda Rodrigues abriu há pouco tempo o restaurante Casa do Porco Preto e nota diferenças no dia-a-dia. “O incêndio não teve muito impacto no negócio, o que teve mais impacto foi a construção que estão a fazer. Ali houve uma mudança na paragem dos autocarros e isso teve mais impacto. No mês passado notámos menos turistas face aos meses de Janeiro e Fevereiro, mas isso também pode ter a ver com a diminuição das excursões”, contou ao HM. Para Vanda Rodrigues, o Governo deveria disponibilizar mais informações para quem quer visitar um dos sítios mais turísticos do território. “O Governo poderia notificar os donos dos restaurantes e dos negócios que estão na Barra. Devia avisar com antecedência as pessoas que trabalham nesta área através de um website, não apenas sobre o trânsito, mas também para os turistas. Eles devem ter uma

ideia do que está a acontecer, não só na Barra mas também em Macau. Os turistas não vão pesquisar se o local está em obras ou não, ou se está disponível para visitar.” Raimond Cheong, gerente do restaurante de comida macaense O

“O incêndio não teve muito impacto no negócio, o que teve mais impacto foi a construção que estão a fazer” VANDA RODRIGUES RESTAURANTE CASA DO PORCO PRETO

Litoral, também nota uma quebra no movimento de visitantes. “As construções não são convenientes nem para os turistas nem para os locais, que evitam passar nesta zona. Penso que há cerca de um mês sentimos uma diminuição dos turistas, também devido ao que aconteceu no Templo de A-Má. Sentimos uma certa quebra nos negócios. O Governo deveria dar mais informações sobre esta zona, deveria ponderar novos acessos para os visitantes e para os locais”, contou ao HM.

MENOS PARA VER

Na Rua de São Tiago da Barra, bem perto do Templo de A-Má, há muitas lojas abertas com os tradicionais biscoitos de amêndoa para

venda ou os incensos, mas nem um visitante se vislumbra. A responsável de uma mercearia, que não quis ser identificada, considera que a quebra do número de visitantes na zona não tem tanto a ver com

“O Governo deveria dar mais informações sobre esta zona, deveria ponderar novos acessos para os visitantes e para os locais” RAIMOND CHEONG RESTAURANTE O LITORAL


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Porta selada

Turistas queixam-se de falta de informações sobre incêndio em A-Má

U

o incêndio mas sim com a própria situação económica. “Quando há muitas excursões que visitam Hong Kong e Macau temos mais visitantes no Templo e nesta zona, mas são poucos os turistas que visitam a Barra sem estarem integrados em excursões. O negócio está a ser afectado porque há menos excursionistas, se compararmos com o início do ano passado, mas também por a economia não estar tão boa”, apontou. A responsável pela mercearia considera que se o Governo melhorar os acessos ao redor do Templo de A-Má isso poderá atrair mais turistas de forma independente. Ao lado da mercearia está Im, dona de um café que vende os célebres pastéis de nata. Im também

notou um decréscimo de visitas devido à quebra das excursões de turistas vindos da China. “Penso que o incêndio não afectou muito as visitas. Mesmo que haja uma zona fechada no Templo os turistas ainda podem ver outros sítios. A verdade é que os excursionistas são muito menos”, disse. Por norma, os guias deixam o seu grupo de turistas visitar o Templo durante 20 minutos, sobrando pouco

“A verdade é que os excursionistas são muito menos” IM DONA DE UM CAFÉ

para visitas ao redor. “A localização da minha loja não é muito boa. Não há muito para ver aqui”, referiu. Há 20 anos que o senhor Leong é o responsável pelo pequeno quiosque que vende bebidas e postais mesmo em frente ao Templo de A-Má. Este disse esperar que a zona do incêndio no Templo seja rapidamente recuperada, ainda que defenda que este incidente não trouxe consequências negativas para o turismo na zona, nem o seu pequeno negócio. “Só me apercebi que os tempos das visitas são mais curtos porque há menos para visitar.” Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

MA porta fechada com avisos em Chinês que remetem para a proibição de entrada. É assim, sem mais informações, que os turistas se deparam com a falta de acesso à zona do Templo de A-Má afectada por um incêndio há cerca de dois meses. Ao HM, foram vários os que se queixaram da falta de informações por parte da Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Angel San José, turista espanhol, tinha passado no posto de informação localizado no Senado nessa manhã, mas desconhecia o incidente. “Seria interessante publicar algumas informações”, disse. Kevin e Jenis, vindos da Nova Zelândia, mostraram-se surpreendidos quando o HM os informou de que ali tinha ocorrido um incêndio. “Deveriam dar informações sobre tudo o que aconteceu, independentemente dos estragos terem sido poucos. Deveriam manter as pessoas informadas. Seria importante para sabermos que não podemos visitar todas as partes do Templo.” Caso haja questões, é o segurança que, no local, informa os visitantes. “Apenas tivemos conhecimento da ocorrência de um incêndio graças ao guia que está aqui no Templo. Seria importante ter aqui informações porque as pessoas não sabem porque é que esta zona tem acesso interdito”, disse Sarah, turista australiana. Lim Ming acompanhava um grupo de turistas vindos da Indonésia e contou que apenas teve conhecimento do incidente pelos jornais. “Não sei exactamente o que aconteceu. A zona está fechada e penso que deveriam dar mais informações, porque é uma área que não podemos visitar.” O HM conversou com Cai, que visitava o Templo de A-Má acompanhada das as irmãs. Tal como os restantes visitantes, nada sabia sobre o ocorrido. “O incêndio não afectou a nossa vontade de visitar, porque o Templo é muito famoso. Se tivéssemos sabido antes que tinha havido um incêndio, teríamos vindo visitar porque tínhamos este interesse.” Junto à zona afectada pelo incêndio, um jovem casal vindo da província de Zhejiang, na China, resolveu visitar o Templo no âmbito de uma visita de

apenas um dia a Macau, depois de uma estadia em Hong Kong. “Estou um pouco desapontada”, disse ao HM a jovem de apelido Shao. “Não recebemos nenhuma informação do Governo, nem das agências de viagens, nem vimos nada na internet. Penso que seria melhor avisar os visitantes dos sítios que estão fechados e as razões para estarem fechados. Em Hong Kong muitos sítios também estavam fechados”, disse o jovem de apelido Lin.

SEM CUSTOS NEM DATAS

Ao HM, o Instituto Cultural (IC) confirmou que ainda não há uma data concreta para o início das obras de reparação. “O IC tem continuamente discutido com a Associação do Templo de A-Má sobre a relevante recuperação do Templo. Com o apoio e assistência da Associação de Estudo de Engenheiros Civil e Estrutural de Macau, está procedido a inspecção detalhada no âmbito da estrutura do pavilhão principal (Pavilhão Budista Zhengjiao Chanlin), de modo a elaborar um melhor plano de recuperação.” Também ainda não são conhecidos os custos do projecto. “O Templo irá fazer o cálculo do orçamento segundo o plano e assumir os custos de restauro. Após o plano da recuperação elaborado, as obras de recuperação serão realizadas imediatamente.” O HM tentou chegar à fala com Vicente O, da Associação do Templo de A-Má, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto. A.S.S./F.F.


4 POLÍTICA

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Metro Ligeiro CHAN MENG KAM ACUSA GOVERNO DE “SURREALISMO’’

Obra de Santa Engrácia O deputado Chan Meng Kam considera que a obra do metro ligeiro tem sido marcada por “episódios surrealistas’’, acusando o GIT de falta de profissionalismo e de criar situações “ambíguas”. Chan Meng Kam diz que a Mitsubishi pode fazer atrasar as obras dios surrealistas na construção do metro, se o GIT continuar com esta falta de profissionalismo, fugir às responsabilidades e não for decisivo, encarregando alguns empreiteiros de representar os interesses do proprietário, serão mais graves as vicissitudes do metro ligeiro”.

TIAGO ALCÂNTARA

O

projecto do metro ligeiro abriu ontem o período de interpelações antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa (AL), tendo o deputado Chan Meng Kam acusado o Governo de promover o ‘’surrealismo’’ no projecto. Apontando o dedo ao Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) e à própria Mitsubishi, empresa que está a construir as carruagens, o deputado disse temer mais atrasos. “Devido à falta de profissionalismo do GIT, e apesar de ser apenas adjudicatário responsável pelo fornecimento do material circundante do sistema, a Mitsubishi pode fazer atrasar a conclusão das obras de construção civil. A empresa já recebeu 700 milhões de patacas para guardar as carruagens e, em caso de atraso no projecto, é previsível haver mais indemnização. Face ao atraso, existe dualidade de critérios para com os empreiteiros”, disse o deputado na sua interpelação oral. Chan Meng Kam considerou ainda que “perante estes episó-

AMBIGUIDADES

“Devido à falta de profissionalismo do GIT, e apesar de ser apenas adjudicatário responsável pelo fornecimento do material circundante do sistema, a Mitsubishi pode fazer atrasar a conclusão das obras de construção civil” CHAN MENG KAM DEPUTADO

O deputado eleito pela via directa fala ainda da existência de situações “ambíguas”. “Em Outubro do ano passado a empresa construtora terá informado o GIT da conclusão da paragem do Terminal Marítimo da Taipa e, passado meio ano, também já se encontra quase terminada a do Aeroporto, mas ainda não há notícias sobre a vistoria final. Por que razão? O consórcio das três empresas construtoras é um dos empreiteiros do projecto, tal como a Mitsubishi (…) possuindo por isso o poder do comando absoluto. O metro ligeiro é novo para Macau e aproveitando o facto

“Serviços Públicos não têm vergonha” CCAC Deputados exigem mudanças na Função Pública

A

S falhas e ilegalidades cometidas pelos serviços públicos e denunciadas pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC) no seu último relatório de actividades levaram ontem três deputados da Assembleia Legislativa (AL) a pronunciar-se no período antes da ordem do dia. Para o deputado Si Ka Lon, “alguns serviços públicos não têm vergonha”, por se atreverem a “revelar os seus defeitos e a reconhecer os seus erros”, existindo outros que “negam e fogem dos problemas, sabem que erraram mas não pedem desculpa”. 
Para Si Ka Lon, o Governo deve incluir o critério “trabalhar nos termos da lei” na avaliação dos funcionários públicos. “Esta matéria não

aparece nos três critérios e 13 subcritérios de avaliação do actual Regime de Avaliação de Desempenho dos Dirigentes”, lembrou. O deputado referiu ainda que “há que cultivar a noção de que existem limites e implementar o regime de responsabilização”. Já a deputada Angela Leong alertou para a necessidade do Governo “assumir as responsabilidades por sua iniciativa e dar ouvidos as sugestões dos relatórios e detectar e resolver os problemas”, pedindo a revisão urgente do Regime de Aquisição de Bens e Serviços. “Verifica-se o aumento constante da aquisição de bens e serviços por parte de diversos [organismos]. Porém o diploma que regula

esta área já tem 30 anos e está obsoleto, por isso a sociedade tem apontado este domínio como um terreno propício à corrupção. A revisão do Regime já foi referida em 2014, mas ate ao momento não se concluiu.”

NEGÓCIOS OPACOS

O deputado Ng Kuok Cheong acusou os serviços públicos de efectuarem “adjudicações à porta fechada”, resultando estas em conluio e troca de in-

teresses entre governantes e empresários e no desperdício constante do erário público. “Exorto o Governo a criar um mecanismo legal, submetendo obras, bens e serviços da Administração Pública à apreciação da AL a fim de esclarecer as decisões de adjudicação tomadas. Este mecanismo deve ser incluído num capítulo específico da Lei de Enquadramento Orçamental”, frisou novamente, depois de já ter feito este pedido inúmeras vezes anteriormente. Recorde-se que Lionel Leong já assegurou que pelo menos os limites máximos previstos no Regime de Aquisição de Bens e Serviços vão ser revistos, mas o Secretário para a Economia e Finanças não adiantou uma data. A.S.S.

da oficina não estar concluída e de [o transporte] começar a funcionar só daqui a três anos, o que a Mitsubishi mais deseja é exactamente esta situação de ambiguidade. Depois de conseguir 700 milhões de patacas para guardar as carruagens, o que irá acontecer se houver mais atrasos? O GIT, como responsável do projecto, não pode ter uma postura ambígua e tem de possuir o plano de como e quando vai fazer as últimas vistorias. A última vistoria cabe ao GIT e não à Mitsubishi e se esse princípio não for respeitado com rigor, o projecto do metro ligeiro vai resultar numa anedota ainda maior”, apontou. A conclusão do metro está adiada para 2019, data que também levanta dúvidas a Chan Meng Kam. O deputado considera que a sociedade suspeita da existência de problemas com as fundações do Parque de Materiais e Oficinas e diz que o GIT “tem fugido à questão”. “Desperdiçaram-se 85 milhões de patacas. Recentemente a concessionária efectuou remodelações às escondidas, mas não há segredo eterno e acabarão por ser reveladas”. Chan Meng Kam alerta ainda para a necessidade de abrir um novo concurso público para o parque de materiais e oficinas – algo já decidido pelo Governo - até Junho para que o projecto possa avançar. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

TURISMO GOVERNO COMEÇA CONSULTA PÚBLICA EM MAIO

H

ELENA de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST), garantiu que vai ser iniciada a partir de Maio uma consulta pública sobre o planeamento geral do desenvolvimento do turismo. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a consulta pública vai durar cerca de dois meses, sendo que as novas áreas marítimas também serão incluídas no documento de consulta. Helena de Senna Fernandes, que falou aos jornalistas no âmbito de uma visita oficial da DST a Seul, na Coreia do Sul, referiu que “os novos territórios marítimos são um novo elemento e representam uma nova condição para o turismo,

mas isso não influenciou a consulta. Esse facto já tinha sido tido em conta no estudo do futuro planeamento”. A DST ainda está a analisar a questão das viagens de barcos de recreio com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) e com as próprias empresas que operam este serviço, sendo que as novas conclusões deverão ser conhecidas no primeiro trimestre de 2017. T.C. (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo


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POLÍTICA

Edifício de Doenças GOVERNO VAI TER DE EXPLICAR PROJECTO NA AL

O espectáculo não pode parar GONÇALO LOBO PINHEIRO

O hemiciclo aprovou três propostas de debate sobre a construção do edifício de doenças infecto-contagiosas junto ao hospital Conde de São Januário. A discussão ficou marcada por algumas farpas lançadas a Pereira Coutinho

Alexis Tam

C

ONSTRUIR ao lado do Centro Hospitalar Conde de São Januário ou no Cotai, junto ao novo hospital? Porquê só avançar agora com um projecto com data de 2003? Estas são algumas perguntas às quais o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, terá de responder na Assembleia Legislativa (AL). Foram ontem aprovados três pedidos de debate - apresentados por Song Pek Kei, Si Ka Lon, Au Kam San e Leong Veng Chao - sobre a construção do edifício. A discussão acabou por ficar marcada por algumas farpas lançadas ao deputado José Pereira Coutinho, que apoiou publicamente o grupo de moradores que está contra a construção do edifício junto ao São Januário. “Há alguém que se arma em porta-voz dos funcionários públicos e actualmente temos mais de dois mil no hospital público. Porque é que essa pessoa continua a não concordar com a construção do edifício?”, questionou o deputado e médico Chan Iek Lap, que falou da falta de condições do actual andar do hospital destinado ao isolamento de doentes. “Estamos a falar de um tanque usado há 30 anos que não tem equipamentos. Se o seu filho estivesse naquele tanque, qual seria a opinião? Ninguém dá atenção aos profissionais de

saúde e as actuais instalações não cumprem as exigências mínimas, as condições são precárias. Os colegas que pedem o debate visitaram estas instalações mas ignoram as condições dos profissionais de saúde”, criticou Chan Iek Lap. “Não sei porque é que o meu colega disse essas palavras”, respondeu Pereira Coutinho, garantindo que é dada atenção aos profissionais de saúde. “Vai-me dizer que o meu colega Chan Meng Kam só se representa a ele próprio? Ele representa uma grande quantidade da população”, disse o deputado, fazendo referência ao debate pedido por Song Pek Kei e Si Ka Lon, parceiros políticos de Chan Meng Kam.

CALENDÁRIO QUESTIONADO

O Governo foi ainda acusado de incompetência por nunca ter avançado com o projecto do edifício, com data de 2003. “Também duvidamos porque é que desde 2003 nada foi feito. O que é que o Governo fez para salvaguardar os funcionários? Nestes anos o Governo falhou nas suas competências”, disse Song Pek Kei. Pereira Coutinho falou em falta de transparência. “Quando houve o surto de epidemia atípica o problema foi resolvido pondo as pessoas em Coloane.

Definir limites

O

Em termos práticos a utilidade do fundo comum de reserva funciona de forma independente. “É usado para suportar as despesas imprevistas, as despesas que tenham por fim evitar a perda, destruição ou deterioração das partes comuns”. O fundo especial serve para despesas “futuras” e “pequenas”. A questão é, aponta, “se a criação do fundo especial obriga a existência de uma conta bancária então porque não incluir ao fundo comum de reserva”? “O Governo diz que vai ponderar o fim deste fundo”, apontou.

HÁ LIMITES

O grupo de trabalho debateu-se ainda com a questão do montante do fundo comum de reserva. Actualmente o Código Civil determina que o “valor

de contribuição de condomínio para o fundo comum de reserva corresponde a, pelo menos, um décimo do montante das prestações periódicas”. “Segundo o actual Código, não há limite máximo para o fundo comum de reserva mas a maior parte dos membros da comissão considera haver necessidade de definir um limite máximo para este fundo”, explicou Chan Chak Mo. Este limite, indicou, servirá para limitar casos de “abuso de mobilização do dinheiro do fundo”.

MAIS ACHAS

O deputado Tsui Wai Kwan respondeu também a Pereira Coutinho, garantindo que o Governo não fez as coisas às escondidas, porque o assunto é discutido há muito tempo. “Não concordo quando diz que o Governo trabalhou à porta fechada, se não, não estaríamos a ter estes debates”. Ho Ion Sang defendeu que “a população compreende a necessidade do edifício, mas a sua localização tem gerado descontentamento e isso tem a ver com a falta de confiança em relação a governação e à ausência de credibilidade”. Centenas de moradores já se mostraram contra a construção do edifício. Alexis Tam, contudo, já disse publicamente, citado em comunicado, que queria que houvesse este debate no hemiciclo. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

APROVADA LEI SOBRE ESPÉCIES EM EXTINÇÃO

Condomínios Fundo especial pode acabar. Comissão pede tecto máximo

Governo pode acabar com o fundo especial relativamente à gestão dos condomínios. Apesar de não existir ainda uma decisão, a hipótese foi discutida na manhã de ontem entre a 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) e os representantes da Administração. “O Governo está a pensar em acabar com o artigo número 11, que diz respeito ao fundo especial”, explicou Chan Chak Mo, presidente da Comissão. A hipótese, conta, veio depois dos deputados questionarem a utilidade do mesmo fundo, sendo que já estará estipulado na proposta de lei do Regime Jurídico da Administração das Partes Comuns do Condomínio, no artigo 10º, um fundo comum de reserva.

Mas ‘the show must go on’ (o espectáculo tem de continuar, dito em Inglês). Num caso tão importante não houve consulta pública. Há falta de transparência e se os dirigentes públicos não forem sinceros vai ser um grande problema. Esta questão é falada desde 2003 mas agora parece um foguetão, tem de ser decidida logo”, frisou.

A proposta da Comissão sugere que este fundo não ultrapasse o dobro do montante indicado no orçamento. “Se as despesas anuais forem de dez milhões, então poderá ser de 20 milhões. Propusemos o dobro, mas este valor pode ser ajustado, de três ou quatro vezes. O Governo vai estudar”, indicou, sublinhando que a “assessoria da AL também está de acordo”. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Os deputados aprovaram na generalidade a proposta de Lei Sobre a Execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Ameaçadas de Extinção, que aumenta as multas para o contrabando destas espécies de cinco mil para até 500 mil patacas. A lei sobe agora para análise na especialidade.


6 SOCIEDADE

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TIAGO ALCÂNTARA

BOMBEIROS TÊM NOVO COMANDANTE O Chefe do Executivo nomeou o chefe principal do Corpo de Bombeiros (CB), Leong Iok Sam, para o cargo de comandante do organismo. A nomeação entrou em vigor ontem e é válida pelo período de um ano. O nomeado é graduado no posto funcional de chefemor. A nomeação, diz-se em despacho publicado no Boletim Oficial, fica a dever-se “à vacatura do cargo e respectiva necessidade de preenchimento, bem como à reconhecida competência profissional e aptidão para o exercício do cargo do nomeado”. Leong Iok Sam é licenciado em Engenharia de Protecção e Segurança Sapadores Bombeiros, tem o mestrado em Engenharia Electromecânica da Universidade de Macau e o 2.º Curso de Comando e Direcção da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau. Está no CB desde 1989 tendo-se iniciado na sua Divisão Operacional.

TURBOJET DOIS PELO PREÇO DE UM A Cotai Water Jet lançou uma série de promoções, cuja ideia geral é a de pagar um bilhete e receber outro grátis. A oferta é válida para a rota do Aeroporto, até ao dia 30 de Junho, sendo que os residentes de Macau têm ainda direito a um desconto de 30 patacas em todos os horários e classes. A outra promoção envolve anúncios da Direcção dos Serviços de Turismo e decorre entre os dias 4 e 10 de Maio, sendo que há mais informações detalhadas no sítio da empresa. As carreiras da TurboJet operam diariamente entre as 06h30 e as 03h00 com partidas a cada meia hora entre as 06h30 e as 23h30.

ALMIRANTE SÉRGIO COM PENSÃO DE DUAS ESTRELAS

Penhores CASAS DESVIAM 35 MILHÕES DE HKD DE RESIDENTES

Dore número dois?

Mais de uma dezena de residentes perderam dinheiro que tinham “investido” em quatro casas de penhores pertencentes a duas pessoas, que não se sabe onde estão

A

Polícia Judiciária (PJ) recebeu denúncias de 16 residentes de Macau que dizem ter perdido dinheiro que tinham colocado em várias casas de penhores para lucrar com os juros. Os residentes queixam-se de ter encontrado as lojas de portas fechadas e não ser possível contactar os proprietários. Segundo o Jornal Exmoo, a PJ recebeu as queixas durante o fim-de-semana passado. Os 16 residentes de Macau colocaram o seu dinheiro em quatro casas de penhores que pertencem a duas pessoas e ficam localizadas na ZAPE desde 2007. As casas oferecem este serviço para angariar clientes, permitindo aos investidores conseguirem juros

de 15 % - quando investem cem mil patacas, podem ganhar até 12 mil em juros durante um ano. Este tipo de investimento poderá violar o Regime Jurídico do Sistema Financeiro do território, pelo que o caso se assemelha em muito ao da Dore, a sala VIP do casino Wynn de onde foram desviados milhões de dólares de Hong Kong lá investidos por residentes. Contudo, as casas de penhores são considerados negócios parceiros dos casinos e, conforme o mesmo jornal, cerca

de 140 espaços destes ofereciam este tipo de serviços.

JUROS A VOAR

Os 16 lesados afirmaram à PJ que desde Fevereiro já não vinham a receber juros, mas não se tinham queixado porque assumiram que os proprietários teriam “problemas financeiros temporários”. Este mês tentaram negociar com os dois responsáveis das casas de penhores e perceberam que estes já não estavam mais contactáveis. De acordo com a

Os 16 residentes de Macau colocaram o seu dinheiro em quatro casas de penhores que pertencem a duas pessoas e ficam localizadas na ZAPE

PJ, o dinheiro envolvido será de mais de 35 milhões de dólares de Hong Kong e só o investimento de um dos lesados ascendeu aos 14 milhões. De acordo com o Regime Jurídico do Sistema Financeiro, todo aquele que, sem estar autorizado, exercer uma actividade de recepção de depósitos ou outros fundos reembolsáveis do público, com ou sem estipulação de juros, seja em nome próprio ou por conta alheia, será punido com prisão até dois anos. A PJ referiu que vai debater com a Autoridade Monetária de Macau sobre a eventual ilegalidade e diz que os dois homens poderão ser acusados de burla. Flora Fong (revisto por J.F.) flora.fong@hojemacau.com.mo

Uma nova pensão de duas estrelas vai nascer na Rua do Almirante Sérgio, depois de ter sido dada autorização à alteração de um projecto da empresa Ellsworth Macau Limitada. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, e assinado pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, a concessão do terreno foi revista. A empresa é titular do terreno de 235 metros quadrados por arrendamento, sendo que nele se encontram construídos prédios. Mas, “pretendendo proceder ao reaproveitamento do terreno” com a construção de um edifício de oito pisos para uma pensão de duas estrelas e comércio, a concessionária submeteu à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) em 2014 um pedido para modificar o aproveitamento do terreno. A autorização foi dada no ano passado. Vanessa Leung Wai Shan é a administradora da Ellsworth.


7 hoje macau quinta-feira 21.4.2016

SERVIÇOS DE SAÚDE DISTRIBUEM 18 MILHÕES EM TRÊS MESES

O

S Serviços de Saúde distribuíram quase 18,5 milhões de patacas nos primeiros três meses do ano, indica um despacho divulgado ontem em Boletim Oficial pelo orga-

nismo sobre os montantes entregues a particulares e a instituições no primeiro trimestre de 2016. O subsídio individual mais alto foi pago àAssociação de Beneficência Tung Sin Tong, sendo de 5,75 milhões de patacas como apoio a serviços de consulta externa e estomatologia infantil. Mas quem rece-

beu mais, pelo somatório de várias actividades, foi a Federação das Associações dos Operários de Macau com 7,67 milhões patacas repartidas entre apoios à Clínica dos Operários, ao Centro de Recuperação e para a prestação de cuidados de saúde domiciliários, relativo ao quarto trimestre do ano de 2015.

Destaque ainda para a Cruz Vermelha de Macau, que recebeu 1,04 milhões para o transporte de doentes. As parcelas menores variaram entre as 20 e as 30 mil patacas e foram geralmente entregues a profissionais de saúde para participações em estágios de clínica médica.

DENGUE MADE IN MACAU?

Os Serviços de Saúde (SS) confirmaram o aparecimento de dois casos de dengue no território e não estão certos se foram originados por aqui ou importados. Os casos são de dois trabalhadores não residentes. O primeiro foi detectado a 16 de Abril numa mulher, com 35 anos de idade, que trabalha num restaurante da Almirante Lacerda. O segundo foi diagnosticado num homem com 32 anos que trabalha num estaleiro de obras do Hotel Grand Lisboa Palace no Cotai, a 15 de Abril. Segundo os SS, “não é claro se os casos foram contraídos aqui mas sabe-se que duas semanas antes de apresentarem sintomas, ambos viajaram apenas entre Macau e Zhuhai e não para o exterior”. Na sequência, os SS voltam a alertar a população para necessidade de se proteger contra os mosquitos e eliminar as fontes geradoras dos insectos. Este ano, até ao momento e exceptuando estes dois novos casos, foram confirmados quatro casos de febre de dengue na RAEM, todos importados.

Hospital das Ilhas DESIGN DO COMPLEXO SOFRE ALTERAÇÕES. DATAS ADIADAS?

AUTOCARROS AJUSTES NOCTURNOS

Para as calendas A construção da primeira fase do novo hospital das ilhas deveria estar concluída no próximo ano, mas isso não vai acontecer. Agora, nem a data para a construção total – que era 2019 – pode vir a ser respeitada, já que o GDI admite não poder avançar com calendário porque o design está sob alteração

O

novo Complexo de Saúde das Ilhas pode não estar concluído em 2019 e não vai estar em 2017. O Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) disse numa resposta ao HM que parte da construção das fundações do novo hospital público já foram concluídas, mas a obra mais importante – o projecto do edifício hospitalar e do edifício de apoio logístico - está ainda na fase

de “alteração de design”. O organismo diz que só pode “estimar a data de conclusão mais tarde”, ainda que, no ano passado, os Serviços de Saúde tenham previsto que todo o trabalho de concepção dos projectos incluídos nesta primeira fase estivessem concluídos. Já anteriormente a deputada Wong Kit Cheng apresentou uma interpelação escrita questionando sobre os processos de construção dos seis edifícios do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, que fazem parte da obra da primeira fase. Ontem, voltou à carga e apresentou no período antes da ordem do dia do hemiciclo dúvidas sobre se o novo hospital estará pronto no prazo previsto. “Foram já abertos os concursos para o desenvolvimento das fundações do complexo hospitalar das ilhas e do respectivo edifício das instalações complementares, mas ainda não foram abertos os concursos para as restantes obras. A conclusão das obras estava prevista para 2017 e agora ‘vai lutar-se pela sua conclusão em 2018 ou 2019’. Duvida-se da sua conclusão em 2019”, frisou. O ano que vem era a data apontada para o projecto da primeira fase. Questionado pelo HM, o organismo afirma que a construção

A

das fundações por estacas do edifício de residência de funcionários e da faculdade de enfermagem já foram concluídas em Fevereiro deste ano, o que condiz com a previsão do Governo. Quanto à construção das fundações por estacas do Hospital e do Edifício de Apoio Logístico, a obra começou no final do ano passado e está em curso, mas a planta de design do projecto total está ainda a ser alvo de alterações.

PROGNÓSTICOS DUVIDOSOS

Questionado ainda sobre se tem confiança na conclusão de todas as obras da primeira fase dentro da data prometida, que seria 2017, o organismo admite que, como as plantas dos projectos pós-fundações de todos os edifícios do novo hospital ainda estão na fase de alteração, apenas se pode estimar a data de conclusão depois de se terminarem essas alterações das plantas. Segundo Wong Kit Cheng, em finais do passado mês de Dezembro o Governo afirmou que ainda não tinha procedido à abertura do concurso para o desenvolvimento das obras da super estrutura, por isso, não foi possível disponibilizar nem o orçamento nem a

O projecto do edifício hospitalar e do edifício de apoio logístico - está ainda na fase de “alteração de design” GABINETE DE DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS

SOCIEDADE

calendarização. “Trata-se de empurrar as responsabilidades de uns para os outros”, frisa a deputada. O GDI assegura agora que está ainda a fazer trabalhos da fase inicial do concurso público para a construção das fundações do edifício do laboratório, sen-

do que prevê que este abra no terceiro trimestre deste ano. Assim que estiver concluído este será o segundo hospital público de Macau. Flora Fong com A.S.S. (revisto por J.F.) flora.fong@hojemacau.com.mo

Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) resolveu criar mais uma carreira nocturna, a N6, e ajustar a N5 às quartas-feiras. Com a ideia de optimizar os serviços de transporte para a Universidade de Macau, a DSAT criou a carreira nocturna N6 entre o campus da Universidade na Ilha da Montanha e a vila da Taipa, sendo que esta está em funcionamento desde a meia-noite de ontem. A carreira nocturna N5, que parte de Seac Pai Van, vai ser alterada “de modo a rentabilizar os seus serviços”, informa a DSAT. A nova N6, com autocarro de médio porte, tem um percurso circular pelas artérias principais da Taipa, será operada pela Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (STCM) e parte do Terminal da Universidade de Macau a cada 20 minutos, entre a meia-noite e as seis da manhã. Também desde ontem à mesma hora, a N5 vê o seu percurso alargado devido ao volume de passageiros ter vindo a ser baixo. Agora passa também pelo COTAI e vai à Praça de Ferreira do Amaral para facilitar as deslocações dos moradores de Seac Pai Van, vila da Taipa e Jardins do Oceano. Vai passar a circular em duplo sentido, mas as partidas a mantêm-se a cada 15 minutos.


8 hoje macau quinta-feira 21.4.2016

HABITAÇÃO SEGUNDA OPORTUNIDADE PARA FAMÍLIAS CANDIDATAS

A

RNALDO Santos, presidente do Instituto de Habitação (IH), explicou que a possibilidade das 104 famílias, do primeiro grupo das 1900 escolhidas para atribuição de habitação económica, entregarem nos próximos 30 dias os documentos necessários é uma “segunda oportunidade”. “Eles entregaram as declarações, os documentos, e não condiziam com o que nós pedíamos. Demos uma segunda oportunidade para entregar os dados”, explicou, frisando que o Governo “não está a atrasar” o processo de atribuição das fracções. “Vamos dar esta segunda oportunidade, têm 30 dias para entregar”, reforçou, indicando ainda que o formulário, desta vez, é “mais detalhado”, para que os candidatos possam “fazer melhor as suas declarações”. O Governo, adianta, acredita que em Julho estes primeiros seleccionados possam passar à fase seguinte, a de escolha das fracções. “Até ao final do ano podemos pedir a todos, dos 1900, para entregarem as declarações”, indicou. Questionado ainda sobre o futuro daqueles agregados que prestaram declarações falsas o presidente afastou a hipótese. “É preciso avaliar caso a caso”, apontou. F.A.

MGM COM DESCIDA NAS RECEITAS A MGM encerrou o ano passado com receitas de 3,24 mil milhões de patacas, um decréscimo de 45,2% relativamente a 2014. A receita total do exercício da operadora ascendeu a 21,95 mil milhões de patacas, um decréscimo na ordem dos 36,1% face ao ano anterior, como indica o relatório de actividades da empresa ontem publicado em Boletim Oficial. Decréscimos foram apontados no segmento VIP, sendo que a receita das mesas de jogo foram de 364,95 mil milhões de patacas, menos 54,1% da receita gerada em 2014, e no jogo de massas as receitas desceram 20,7%, para 7,8 mil milhões. As receitas do Jogo têm descido desde o ano passado de forma consecutiva.

CPU OBRAS NO INSTITUTO SALESIANO E RAMAL DOS MOUROS SEM DECISÃO

Ou sim ou sopas As tão polémicas obras no Instituto Salesiano e a construção na zona do Ramal dos Mouros continuam sem decisões à vista. Depois de uma longa discussão, o CPU não chegou a conclusão alguma. O Vice-presidente impôs: na próxima reunião os membros têm de decidir

O

debate ocupou a tarde toda. O Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) reuniu, ontem, para discutir alguns dos projectos que o Governo tem em mãos, incluindo, dois dos mais polémicos: as obras de reconstrução do Instituto Salesiano e o futuro prédio, de 127 metros de altura, perto da zona do Ramal dos Mouros. Decisões? Nenhumas. Parece que o grupo de trabalho não consegue chegar a um consenso. “Eu acho que todas as opiniões que ouvimos são contra esta obra”, começou por defender o advogado e membro do grupo, Neto Valente, argumentando contra o vice-presidente do CPU, Leong Keng Seng que alegou indecisão por parte do grupo. “Não estou preocupado com a altura dos aviões (...) acho sim que está torre é monstra, é um desastre. Não há infra-estrutura que aguente a densidade de uma torre de 127 metros”, argumentou o advogado, relativamente à construção idealizada para a zona do Ramal dos Mouros. Para Neto Valente que se diz completamente “contra” esta

GOOGLE STREET VIEW

SOCIEDADE

Ramal dos Mouros

obra, é preciso ainda pedir “uma opinião à direcção do trânsito”, porque “isto vem agravar” a situação problemática de tráfego daquela zona. “Se se faz uma torre, como vem aqui proposto, isto vai impedir que no futuro se tome alguma medida contra o tráfego. É importante ouvirmos a direcção do trânsito”, disse. O advogado concordava assim com o arquitecto Rui Leão, que defendeu que a construção de um viaduto de apenas uma faixa vai prejudicar o tráfego, sendo que o trânsito irá estar sempre “entupido”. “Isto é descuidado (...) Estou completamente contra”, apontou. Para o arquitecto a planta apresentada é um motivo de preocupação. “Esta planta preocupa-me muito, é por causa deste tipo de plantas que é desastroso não termos um plano director e um de pormenor. (...) eu acho isto bastante grave”, apontou, frisando ainda que “houve um lapso na área de protecção da Guia, porque ela devia incluir esta zona”. Rui Leão alegou ainda que todo o edifício irá, devido à sua altura, fazer sombra em várias zonas. “O prédio faz sombra a todo o lote do colégio Dom Bosco e do cemitério”, apontou.

REZAS À PARTE

Neto Valente argumentou ainda que “se a preocupação é focar na

religião, não se deve misturar o negócio imobiliário com a religião”. “Eu preferia outra solução qualquer, uma compensação, mas não estragando aquela zona com uma torre que é apenas um negócio”, disse. A aposta na religião, passando pela construção de uma nova mesquita foi elogiada ainda por um membro do CPU, sendo que a torre não deveria estar incluída. “Concordo com a aposta até no turismo islâmico (...) concordo plenamente. Mas no complexo A1 [que se refere à torre de 127 metros] o que é isto? Com a construção pode haver perigo para a saúde (...) falta de circulação de ar”, explicou. A questão rodoviária foi também apontada pelo membro. Assim como as questões de acesso dos Bombeiros em caso de emergência. “Não se deve permitir 127 metros”, apontou.

ESCOLA CONTRA

A reconstrução do Instituto Salesiano continua a não agradar. Depois de na última reunião, os membros defenderem a preservação do estilo arquitectónico, exigindo limitações ao projecto de reconstrução, agora é o próprio instituto que parece não estar a favor. “Tenho aqui uma carta enviada pela escola, que há duas semanas

visitou [departamentos do Governo] e as opiniões da escola são que não concordam com quatro das condições [do projecto]”, explicou o representante das Obras Públicas. Sem concordar com novas mudanças, a escola, explicou o representante, já tinha garantido que ia “seguir todas as indicações e condicionantes impostas pelo Instituto Cultural (IC)”. “A escola fica na zona de protecção do centro histórico de Macau, todo o projecto tem que ser aprovado pelo IC, portanto como a escola já declarou que vai obedecer às regras impostas pelo IC, cabe a nós [CPU] fazer uma última edição”, explicou. Depois de um debate demorado entre os membros do grupo de trabalho, o arquitecto Rui Leão sugeriu, para facilitar o processo, que se crie, “de alguma maneira”, uma “avaliação que seja pontual, por zona”. “Que haja um faseamento da obra, para que a primeira fase [da obra] não fique pendente desta revisão e possa avançar [permitindo] resolver todas as questões logísticas da escola”, rematou.

“Na próxima reunião temos de chegar a uma conclusão” LEONG KENG SENG CPU Mak Soi Kun, membro e deputado da Assembleia Legislativa, não tem dúvidas “é o IC que se tem de manifestar e não nós [CPU]”. “Nós fazemos avaliação de planeamento urbanístico não de património”, frisou. As decisões, essas, só chegam na próxima reunião. “Na próxima reunião temos de chegar a uma conclusão”, afirmou o vice-presidente referindo-se pelo menos à construção do edifício de 127 metros na zona Ramal Mouros. Filipa Araújo

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9 hoje macau quinta-feira 21.4.2016

Casinos FAOM CRITICA SISTEMA DE FÉRIAS DOS FUNCIONÁRIOS

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Sentemo-nos à mesa

Direito ao descanso A

Canídromo ANIMA pede a TDM debate sobre galgos

Quatro empresas afirmam que as operadoras de Jogo não estão a respeitar o sistema de férias e compensações dos seus trabalhadores, pedindo uma revisão da Lei Laboral

neráveis quando têm de tirar as suas férias. Aparentemente há uma coordenação e negociação, mas na realidade as operadoras de Jogo dominam toda a situação”, acusou. “Ninguém sabe como vai ser a situação um ano depois, mas os funcionários são obrigados a escolher agora as férias do próximo ano. Quando acontecer uma emergência ou uma necessidade de mudança de férias, as operadoras podem aprovar ou reprovar, de acordo com a situação das operações da empresa. Isso faz com que os funcionários não descansem de forma flexível”, diz, acrescentando que considera que tirar férias com uma antecedência de três a seis meses seria mais razoável.

SEM AVISO

Q

UATRO associações de Jogo ligadas à Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM) apresentaram junto das operadoras de Jogo queixas que se referem ao facto destas não respeitarem os dias de férias e de descanso dos funcionários. As reivindicações foram apresentadas com base em denúncias feitas pelos trabalhadores, que se queixam de não ter recebido compensações apropriadas ou de terem sido obrigados a escolher as suas férias com um ano de antecedência. A Associação de Empregados das Empresas de Jogo de Macau, a Associação Sindical dos Trabalhadores da Sociedade de Jogos de Macau, a Associação dos Croupiers de Jogo de Macau e a Associação dos Chefes de Banca de Jogo de Macau realizaram ontem uma conferência de imprensa. Choi Kam Fu, responsável da primeira Associação, referiu que nos últimos dias recebeu queixas de funcionários de Jogo

sobre o incumprimento dos dias de descanso e férias. “Estamos numa situação em que os funcionários estão vul-

“Estamos numa situação em que os funcionários estão vulneráveis quando têm de tirar as suas férias. Aparentemente há uma coordenação e negociação, mas na realidade as operadoras de Jogo dominam toda a situação” CHOI KAM FU ASSOCIAÇÃO DE EMPREGADOS DAS EMPRESAS DE JOGO DE MACAU

Choi Kam Fu apontou ainda que mesmo os funcionários escolham as suas férias as operadoras avisam que podem ter de as cancelar devido à abertura de novos empreendimentos, sem que seja feita uma consulta prévia. As operadoras chegam a não aceitar atestados médicos como prova de que os funcionários usam as férias para descanso. Existem ainda problemas com a sobreposição das férias anuais com os feriados obrigatórios. Umas operadoras compensam os trabalhadores, outras não. “Há três ou quatro anos, a sobreposição de férias e de feriados era uma questão grave. Por exemplo, um funcionário tinha dez dias de férias anuais mas cinco estavam sobrepostos com feriados obrigatórios e não ganhava nenhuma compensação. A Direcção dos Serviços para Assuntos Laborais (DSAL) recebeu queixas e a situação melhorou. Mas ultimamente voltamos a receber queixas da mesma situação”, apontou Choi Kam Fu. Flora Fong (revisto por A.S.S.)

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ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais já oficializou o convite para um debate com o Canídromo e com a Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM) sobre os galgos. A intenção de debater as condições do espaço da Yat Yuen já tinha sido defendida ao HM por Albano Martins, presidente da ANIMA, mas foi esta semana que foram enviadas cartas a elementos-chave para participação neste debate. Ao canal em Inglês da TDM a ANIMA pediu ajuda para que fosse providenciado um espaço para o debate. “Estamos a oito meses do final da concessão do Canídromo, pelo que se torna importante que a comunidade possa ter uma visão mais aprofundada da importância da renovação ou não desse contrato”, começa por indicar Albano Martins na carta enviada à estação. “Pedimos que facilitem esses debates para a formação de uma opinião crítica sobre o assunto.” Para ser parte do debate foi convidada a responsável da APAAM, Josephine Lau, porque, diz a ANIMA, “prefere ouvir as vozes da indústria do que os colegas que olham para o bem-estar animal”, uma vez que a Associação tem defendido publicamente, e ao HM, que não concorda com todos os dados avançados quanto às mortes e más condições do espaço. Tanto a ANIMA, como vários média – onde se inclui uma cadeia australiana que entrou no Canídromo com uma câmara oculta – falam em mortes de animais que não vencem três corridas seguidas, falta de programas de adopção e maus tratos. O mesmo convite foi feito ao responsável da Yat Yuen, Lei

Chi Man, que a ANIMA acusa de nunca ter feito um programa de adopção. A empresa chegou a prometer o envio de um galgo para a organização, mas nunca aconteceu. “Durante quatro anos, apenas um galgo foi adoptado. Três foram enviados para o canil de Macau, que conseguiu adoptantes graças a esforços deles próprios e que deveriam ser feitos por vocês.” O caso do único galgo adoptado fez correr tinta nos jornais porque o animal terá sido adoptado pelo próprio veterinário do Canídromo, sendo que a ANIMA sempre suspeitou “que o animal esteja na clínica a servir para transfusões de sangue”. A adopção ocorreu depois de muitas críticas ao espaço.

FORA DA CORRIDA

Uma carta enviada ao Secretário que tutela o jogo, Lionel Leong, tece duras críticas, por este “nunca ter aceite” um encontro com a ANIMA, apesar de várias tentativas. A organização fala ainda de perdas de 298,8 milhões de patacas para os cofres da RAEM com a manutenção da pista, uma vez que a Yat Yuen tem um desconto especial nos impostos: em vez de pagar 40% como as operadoras, paga apenas 25%, até porque as suas receitas têm vindo a diminuir. Albano Martins fala ainda do estudo encomendado pelo Governo sobre a renovação da concessão do espaço e diz que a ANIMA nunca foi incluída nele. Recentemente, e depois do bloqueio da Austrália à exportação de galgos, a Irlanda mandou seis cães para Macau, algo que já levou à criação de uma petição para impedir que isto aconteça. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo


ENTREVISTA

TASHI NORBU

PINTOR

Tashi Norbu é um dos artistas presentes na exposição “Tibete Revelado”, que inaugura amanhã na Galeria iAOHiN. Nascido exilado no Butão e de ascendência tibetana, Norbu fala do seu percurso e da arte que pretende fazer o upgrade dos tradicionais thangka, uma linguagem universal

“Reencontrei uma prima minha do Butão que me disse que eu mesmo a dormir sonhava e mexia as mãos como se estivesse a desenhar. Já desenhava a sonhar”

“O meu trabalho ˜ ´ nao e ´ politico, ´ e cultura” Todas as carreiras têm um início. Como é que foi no seu caso o começo do gosto pela pintura? Nasci no exílio. Os meus pais foram para o Butão ainda eram crianças, com os meu avós. Nasci no Butão em 1974. Desde criança que sempre gostei de ver quadros e de desenhar. Há poucos anos reencontrei uma prima minha do Butão que me disse que eu mesmo a dormir sonhava e mexia as mãos como se estivesse a desenhar. Já desenhava a sonhar. Lembro-me também que passava o tempo a desenhar no chão, não havia livros de desenho ou de esboços e os cadernos que existiam era para escrever documentos e coisas importantes. Por isso, eu só tinha o chão para desenhar. Foi também nessa altura que o meu avô me disse que eu iria tornar-me um “Lhabri”, que quer dizer um pintor Thangka, ou pintor de Deus, e isso foi uma grande inspiração para mim. Na altura, fiquei surpreendido porque não sabia grande coisa do que era Arte e ainda hoje acho que esta foi uma situação que me inspirou para o futuro. E como é que começou efectivamente a aprendizagem? Depois do Butão fui para a Índia, para uma para uma escola normal tibetana, que também está na origem de ter feito o livro que lancei recentemente. De onde venho no Butão - e depois na Índia - não havia nenhuma arte contemporânea, lembro-me de ver a arte tradicional que se fazia e que era, para mim, tão aborrecida que não conseguia sequer ver o Buda. Lembro-me que um dia espreitei para o salão onde estavam os pintores e não conseguia ver

nada, eram demasiadas coisas, não era inspirador, para mim. Não havia lá nada. Nesta escola havia também um professor de desenho que só nos pedia para desenhar pássaros e coisas do género, para mim não havia nada naquilo. Aprendia mais até por mim, sentava-me e desenhava sem parar, aqui já em papel. Mais tarde entrei para o liceu, mas continuava sem inspiração exterior, tudo o que fazia vinha de mim. Depois comecei a desenhar na escola. Estava num dormitório e comecei a pintar as paredes de lá e a fazer outros desenhos. As pessoas começaram a querer os meus desenhos e mais tarde já me davam comida e outras coisas em troca deles. Digamos que viver como artista terá começado no liceu, o que foi muito engraçado. Depois também tinha o hábito de fazer retratos e toda a gente mos pedia. Mas o estudo de Artes mesmo é devido efectivamente à directora da escola onde andava que foi a primeira mulher a ser directora de uma escola tibetana. Era uma pessoa muito moderna, tendo sido convidada pelo Dalai Lama para trabalhar com ele. Mas ela gostava era de crianças e de ensinar, vindo a ser responsável pelo funcionamento de várias escolas naquela região. Esta directora foi uma influência muito importante para mim e foi ela que me quis mandar para uma escola de Arte na Índia. A ideia no início não me agradou, porque queria era estudar arte ocidental e não era possível ter aceder a ela na Índia. Já tinha então contacto com a arte ocidental... Sim, tinha. Quando andava no liceu tinha conseguido arranjar uma pequena colecção de livros que se

SOFIA MOTA

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chamava “Grandes artistas” e que era referente aos artistas ocidentais da Renascença como Miguel Ângelo, e era o trabalho deles a minha maior inspiração. Na arte do Renascimento o corpo tem movimento. Não era grande adepto de Van Gogh, Cézanne ou Monet, para mim era aborrecido. Gostava mesmo era da arte figurativa dos renascentistas, especialmente de Miguel Ângelo e de Da Vinci. Por exemplo, nos meus “Monges Voadores” (pintura em exposição) penso que se percebe bem a influência desses artistas. A pintura thangka para mim também era uma pintura parada, sem movimento, e eu queria era movimento. Estes artistas renovaram a arte antiga e eu queria fazer o mesmo com os thangkas tradicionais tibetanos. Sair do ouro e do detalhe e fazer o upgrade. Mas a sua formação também passou pelos thangka... Sim, a directora da minha escola

“No mundo da Arte em termos gerais, o próximo tópico de discussão será mesmo a arte do Tibete” acabou mesmo por me enviar para uma escola de arte na Índia. No início, não queria ir porque já tinha a minha inspiração da pequena colecção que possuía e pensei, sendo esses artistas da Europa, seria para aí que eu deveria ir, para a fonte da minha inspiração. Mas depois pensei que os thangka só existem no Tibete e também na Índia e foi quando achei que poderia ser uma oportunidade de estudar essa arte e foi isso que fiz. E acabou por ser a melhor coisa que fiz na minha vida. Porquê? O que foi que o fez mudar de opinião?


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ENTREVISTA

muita perguntas e isso faz com que eu também esteja mais ciente do meu papel. Neste momento continuo a estudar muito, não é que puxe o assunto da arte do Tibete, mas o mundo procura-o e precisa dele e penso que este será o maior tópico na arte nos próximos cinco a dez anos. Não só por causa do talento artístico mas devido a toda a filosofia que está por detrás dele. Enquanto que outras artes antigas já são exploradas no mundo, como a japonesa ou a coreana que também já passaram por transformações recentes, a nossa ainda continua antiga e ao mesmo tempo muito nova e desconhecida no mundo. Um novo diferente que também está a ser criado e que virá brevemente ao conhecimento geral. Sente que tem um papel nessa história? Se calhar sim. Por exemplo, convivo com cerca de dez ou 12 artistas do Tibete que também levam essa arte ao mundo, o que para mim é muito, mas que para o mundo são muito poucos. Acho que de alguma forma temos muita sorte por isso, mas por outro lado temos que ter muito cuidado na forma como lidamos com isso. Eu e os meus amigos tibetanos discutimos frequentemente este assunto, o que dizer e como. O Tibete é a fonte da sua arte. Já teve oportunidade de o conhecer? Nunca lá fui, mas gostava muito. Não sei como é o Tibete.

Depois do liceu fui então para a Escola de Arte de Dharamsala onde aprendi com um grande mestre thangka, que tinha vindo recentemente do Tibete e que era recomendado pelo próprio Dalai Lama. O seu nome era Ven Sangye Yeshi e ter estudado com ele foi muito positivo durante os cerca de sete anos que essa aprendizagem durou. Foi engraçado eu ter ido estudar Artes porque todos os meus colegas ingressaram na universidade e eu fui para uma escola de pintura e eles riam-se de mim. Na Índia, só se vai aprender Arte se não se for bom para mais nada. Eles pensavam que eu tinha sido um fracasso. Mas não, foi uma escolha minha e foi muito difícil, porque os nossos pais também esperam que sigamos outro tipo de carreiras. Após os sete anos em que estudei arte tibetana, fui para a Bélgica onde estudei arte ocidental. Depois disso, fiquei na Holanda, onde desenvolvi a minha carreira e onde também resido. Aqueles

anos que passei na Índia a aprender thangka foram realmente a melhor parte da minha carreira porque há milhões de pessoas a pintar arte ocidental, mas eu era o único que também sabia a arte thangka. E por causa disso, podia combinar ambas e, se não tivesse sido nessa altura, nunca mais poderia ter tanto tempo para a aprender, o que foi óptimo. Como é para si juntar a arte tradicional com a arte ocidental? Os meus estudos ocidentais são talvez os meios que encontrei para falar ao mundo. Com essa linguagem contemporânea utilizo uma forma de comunicar que se entende e o que eu coloco no interior são motivos tibetanos, mais precisamente no que respeita ao desenho ou à cor, ou padrão. Então, estes juntos conseguem comunicar com o mundo. O budismo tibetano neste momento é muito popular em todo o lado, especialmente no sentido

em que é uma filosofia que pode ser considerada benéfica para o mundo. É uma filosofia altamente académica que quer servir o mundo inteiro cujas imagens são representadas

“Não era grande adepto de Van Gogh, Cézanne ou Monet, para mim era aborrecido. Gostava mesmo era da arte figurativa dos renascentistas, especialmente de Miguel Ângelo e de Da Vinci”

pela pintura thangka. Eu estudei isso e, então, de alguma forma, também pretendo trazer essa parte artística da teoria budista que muitos não vêem. E quero trazer isto através da minha arte contemporânea, o que faz com que me sinta uma espécie de artista do Renascimento entre os tibetanos. Acho que sou um romântico, no fundo. O que pensa então acerca do conhecimento do mundo sobre a arte no Tibete? A arte tibetana é essencialmente a pintura thangka, feita nos últimos 2000 anos, o que significa que falar de arte contemporânea do Tibete ou thangka, neste sentido, é o mesmo. Penso que o início da arte tibetana contemporânea está a acontecer agora que está a chegar ao mundo. No mundo da Arte em termos gerais, o próximo tópico de discussão será mesmo a arte do Tibete. Nos últimos anos já se sente que as pessoas fazem

É a primeira vez que mostra o seu trabalho na China. O que representa para si? Acho que pode ser um bom começo. O meu trabalho não é político, é cultura. Sendo eu tibetano não poderia pintar de outra forma. Infelizmente ser tibetano muitas vezes já implica política. E acho que é muito bom estar a expor em solo chinês, enquanto artista exilado que veio de tão longe para mostrar o seu trabalho. As pessoas na China percebem o meu trabalho. Projectos futuros? Neste momento [estou focado] no livro que lancei recentemente que contém imagens de trabalhos meus dos últimos anos e que quero utilizar para ajudar no desenvolvimento da educação artística, essencialmente na Índia. É um livro que irei distribuir em todas as escola tibetanas e imprimimos cerca de sete mil para distribuir em todo o mundo. Não tive esta inspiração quando estudava, por isso vou fazer isso pelos que estão agora a estudar e sinto-me muito orgulhoso com isso. Em Setembro, Outubro e Novembro vou andar a dar palestras nas escolas tibetanas acerca de arte contemporânea. Hoje Macau

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12 EVENTOS

Tibete MESTRE THANGKA PELA PRIMEIRA VEZ

hoje macau quinta-feira 21.4.2016

A “Mamã” marca a hora

A primeira saída do mestre da arte thangka do Tibete Liben Tashi é para marcar presença na exposição “Tibete Revelado” em Macau, que inaugura amanhã na Galeria iAOHiN. Perante a “surpresa e a alegria”, Tashi salienta o orgulho e importância do seu trabalho enquanto forma de divulgação das especificidades que o compõem

É

hoje o primeiro dia do Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau (MIFVF, na sigla inglesa), que arranca pelas 19h30 com o filme “Mamã”, no Centro Cultural de Macau. “Mamã” é uma produção canadiana da autoria de Xavier Dolan que retrata a história de uma mãe viúva que dá por si a viver com um filho diagnosticado com hiperactividade e défice de atenção. Os dois mudam de cidade e tentam adaptar-se à nova vida, contando com a ajuda de uma vizinha. Ainda assim, as coisas não são fáceis e a mãe tem de enfrentar diversas crises de violência. Vencedor do Prémio do Júri em Cannes, em 2014, o filme de 138 minutos estreia em Macau hoje, antes de “De Longe”, a história de Lorenzo Vigas sobre dois homens que se encontram numa relação difícil ao mesmo tempo que enfrentam problemas de ordem social e pessoal. Um filme made in Venezuela e México que conta uma história de amor numa sociedade homofóbica e de famílias disfuncionais. Esta, que é a primeira película do realizador, foi vencedora

“Mamã”

do Leão de Ouro para Melhor Filme em Veneza, e passa no CCM amanhã, pelas 21h30.

SEMPRE A RODAR

O MIVFV continua sábado, desta vez com “Rapazes Bailarinos”, pelas 16h30, e “Se as Montanhas se Afastam”, pelas 21h30. Domingo é a vez de “Coração Canino”, pelas 16h30, e “A Façanha”, marcado para as 19h30. “Rapazes Bailarinos”, de Keneth Elvebakk, da Noruega, retrata a vida de três jovens que dançam Ballett e têm de enfrentar olhares críticos até chegarem ao ponto mais alto da sua carreira. O segundo filme marcado para amanhã, da autoria da chinesa Jia Zangke, retrata a paixão de dois homens por Tao, “a rapariga

mais bela da cidade”, que opta por se casar com o mais rico deles e com quem tem um filho. Mas a criança é afastada da mãe pelo pai, após uma separação, e parte para a Austrália, esquecendo-se de toda a sua vida anterior. “Se as Montanhas se Afastam”, de 126 minutos, conseguiu o Prémio de Melhor Guião Original no Festival de Cinema Cavalo Dourado, em Taiwan. “Coração Canino”, de Laurie Anderson, esposa do músico Lou Reed, fala da morte do artista, da mãe e da sua cadela. Um filme que explora “a relação pioneira que temos com os animais”, como indica a organização, ao mesmo tempo que “é também pessoal”. Já “A Façanha”, de Christian Zubert, conta a história de um homem com uma doença fatal que viaja, pela última vez, com o seu grupo de amigos. O Festival continua em Maio, com os Macau Indies e outros filmes internacionais. Os bilhetes custam 60 patacas e os filmes passam no pequeno auditório do CCM. Joana Freitas

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Made in Macau

Moda Paulo de Senna Fernandes vence em Itália

O

estilista macaense Paulo de Senna Fernandes venceu o prémio “Silver Prize” do concurso internacional A’ Design Award 2015-2016, que teve lugar em Itália. Num comunicado enviado aos média, Senna Fernandes explica que foram mais de dois mil os participantes. “Foi uma honra e sinto orgulho em ter competido num concurso de alto nível. Foram os famosos júris do mundo a avaliar os concorrentes e acharam que o meu vestido era um dos mais belos, revelando ser de alta costura por isso deram um valor de +4 e assim ganhei o Silver Prize”, indica. A apresentação de “Wonderful World”, tema escolhido por Paulo de Senna Fernandes, de um vestido preto

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA OS DEVORADORES DE LIVROS • António Victorino d’Almeida Quatro histórias, de entre treze, que marcam o regresso de um grande autor. Inspiradas no quotidiano, escritas com refinada ironia, apurado olhar social e, como não podia deixar de ser, com um humor único.

SOFIA MOTA

Cinema Festival Internacional arranca hoje

e vermelho ao estilo Oriental foi feita tendo em conta a vontade do estilista em “mostrar que em Macau há talentos e levar o nome da RAEM a todo o mundo”. Até porque, assegura, o também presidente da Associação Moda Macau acredita “ter capacidade de transformar uma cidade tão pequena numa ‘Fashion City’”. No comunicado, Paulo de Senna Fernandes frisa ser o único estilista da RAEM a procurar o reconhecimento de prémios internacionais, sendo este o seu nono prémio. “Desejo que o Governo possa dar mais apoio e que esta indústria da moda não pare.” Para vencer o prémio Silver, o júri valoriza o design a função da peça em conjunto com a facilidade de utilização.

L

IBEN Tashi é um mestre da arte tradicional dos thangka tibetanos e está em Macau, naquela que é a primeira vez em que sai do Tibete. Chega ao território para apresentar os seus trabalhos na exposição “Tibete Revelado” que inaugura amanhã na Galeria iAOHiN, pelas 18h00. O artista de 29 anos começou a sua aprendizagem quando tinha 13 - idade tibetana, que, como disse ao HM, seriam os 12 na contagem tradicional, uma vez que no Tibete no momento da nascença já se tem um ano. Nesta altura, e ao contrário dos seus contemporâneos, foi aprender com um mestre desta arte que não era um monge, mas sim um local de Rebgong, onde Tashi agora vive e desenvolve o seu trabalho. A sua dedicação aos thangka vem do amor pela cultura tibetana e pela sua comunidade, ao mesmo tempo que representa uma

forma de sobrevivência. Sendo a primeira vez que está fora da região, o artista menciona que ainda não teve tempo de detalhar as diferenças mais do que de forma geral e apontando a arquitectura ou o movimento das ruas como algumas delas. Ter a sua arte fora do Tibete não é novidade, visto os seus trabalhos já terem sido expostos várias vezes pelo mundo. Novidade é Tashi poder estar presente visto ser uma oportunidade para que o artista possa conviver com outras perspectivas e outros colegas e assim partilhar experiências e conhecimentos, concretizando um momento muito especial, como confessa ao HM.

PERPETUAR CONHECIMENTO

Acerca do papel da arte tibetana, o artista aponta a necessidade de a manter viva, sendo da maior importância este tipo de divulgação bem como o sucesso que com ela se tem registado. Alerta que neste

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

O MEU LIVRO DE MÚSICA • António Victorino d’Almeida • Ilustrações de Tiago Albuquerque «A invenção da visita a uma escola que obviamente não existe, mas que reflecte um universo muito peculiar, permitiu-me recriar uma série de situações que de algum modo já vivi e descrever a aventura, sempre fascinante de uma criação musical colectiva, só possível, naturalmente, depois de conquistar a confiança dos jovens auditores – que nem sempre é tarefa fácil.»


13 NA RAEM

hoje macau quinta-feira 21.4.2016

ARTE MILENAR NA GALERIA

A arte thangka em particular é tida pelo artista como uma forma especial e única de contar uma história e não pedaços da mesma, visto estas telas de rolo serem sempre a representação do todo momento há muitas minorias culturais no Tibete a morrer, sendo que esta exposição e este tipo de divulgação crescente representam uma forma de protecção da cultura tibetana no geral por possibilitar o acesso à mesma por cada vez mais pessoas. A arte thangka em particular é tida pelo artista como uma forma especial e única de contar uma história e não pedaços da mesma, visto estas telas de rolo serem sempre a representação do todo. Para o futuro está a vontade de continuar a estudar para que Tashi, agora também ele mestre que ensina, possa transmitir mais e melhores conhecimentos aos seus alunos, no desejo de perpetuação do conhecimento dos thangka. Hoje Macau

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AMADEO DE SOUZA CARDOSO NO GRAND PALAIS

A exposição dedicada a Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918), que reúne, no Grand Palais, em Paris, cerca de 250 obras em pintura, desenho e gravura e fotografia, numa redescoberta do artista, abriu ontem ao público, na capital francesa. «É a descoberta excepcional» de um artista que «teve um papel essencial nas vanguardas» da época, disse o director científico do Grand Palais, Laurent Salomé, na apresentação à imprensa da exposição de Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918), na passada segunda-feira. «É incrível imaginar que uma produção artística tão importante tenha caído no esquecimento. Em Portugal tem sido redescoberto, mas em França ainda não», sublinhou o também director científico dos museus nacionais franceses, acrescentando que, para o Grand Palais, «é um momento raro e uma oportunidade importante», poder apresentar as obras de Amadeo.

EVENTOS

FILME SOBRE AMOR POR HONG KONG NO GALAXY

“Already Tomorrow in Hong Kong”, filme de Emily Ting que junta na cidade que lhe dá nome uma designer de brinquedos a viver nos EUA e um americano, estreia hoje nos cinemas do Galaxy. “Numa corrida contra a o tempo”, apenas numa noite, os dois percorrem os encantos da cidade e contam uma história de amor. O filme foi já seleccionado para uma série de festivais de cinema.

USJ CIDADANIA PELA ARTE EM PALESTRA

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OB o mote da justiça social, diálogo cultural, cidadania e os desafios colocados às escolas e sociedades multiculturais com a criação de conflitos, preconceitos e tumultos, tem lugar na Universidade de S. José a palestra “Ensino da cidadania através da Arte”. Dirigida pela professora Susana Gonçalves e moderada pela Professora Ana Correia, a iniciativa, que acontece a 27 de Abril às 16h30, debruça-se no papel que a Arte pode ocupar no que respeita à educação para uma cidadania activa e diversa. Serão apresentados alguns projectos cujo conteúdo aborda comunidades de risco e mais vulneráveis, enquanto exemplos de como alguns artistas contemporâneos usam a arte como linguagem ao serviço da intervenção social e política. Susana Gonçalves é professora no Instituto Politécnico de Coimbra “e tem uma vasta carreira na área da investigação na educação, psicologia e comunicação intercultural”. Enquanto coordenadora de assuntos internacionais, tem trabalhado com equipas de todo o mundo no que respeita à educação comparativa, métodos de ensino proactivos e educação para uma cidadania activa e global.


14 CHINA

hoje macau quinta-feira 21.4.2016

A nós os nossos burlões

REDES SOCIAIS LIGAM PORTUGAL A TURISTAS CHINESES

Um processo de adição O Turismo português rendeuse às redes sociais chinesas. Adições ao Wechat onde estão quase 700 milhões de ávidos compradores chineses e uma página de Turismo de Portugal no Weibo são alguns dos fenómenos em curso. Afinal de contas, em 2013 foram 154 mil os chineses a visitarem o país e 60 milhões os euros gastos

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O fim de dois dias em Pequim, Maria Carapinha, directora-geral de um luxuoso hotel no Alentejo, ainda não sabe dizer adeus em chinês, mas já assimilou a importância das redes sociais na prospecção do mercado local. “Adiciona-me no ‘Wechat’!”, atira ao despedir-se da tradutora que a acompanhou durante uma sessão de encontros com operadores turísticos locais, organizada pelo Turismo de Portugal. O ‘Wechat’ tem 698 milhões de utilizadores, ilustrando a sua crescente penetração em quase todos os aspectos da vida na China. Nos transportes públicos ou no trabalho, em casa ou em espaços de lazer, muitos chineses passam boa parte do tempo ligados àquela aplicação. “É uma mudança radical” notou à agência Lusa Filipe Silva, vogal do conselho directivo do Turismo de Portugal. “O consumidor chinês tem uma propensão tremenda

Taiwan negoceia com Pequim futuro dos deportados do Quénia

Portugal é contemplado”, revelou Filipe Silva. No ano passado, 154 mil chineses visitaram Portugal, um acréscimo de 36% face a 2014, e gastaram 60 milhões de euros.

HISTÓRIA E COMPRAS

Atraídos sobretudo pelo “património histórico e compras”, compõem já o décimo principal mercado em Lisboa, e “são os que têm maior potencial de crescimento”, considerou o responsável. A estadia média de cerca de uma noite, no entanto, “ainda é relativamente baixa”. País mais populoso do planeta, com cerca de 1.375 milhões de habitantes, a China é hoje o maior emissor mundial de turistas, à frente dos Estados Unidos da América. Segundo estatísticas oficiais, cerca de 120 milhões de chineses viajaram para fora da China continental em 2015, num aumento de 19,5% em relação ao ano anterior. O crescente poder de compra dos chineses e maior facilidade em obter o visto para muitos países explicam o rápido aumento desta cifra 13 vezes superior, comparado a 1998.

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MA delegação do Governo de Taiwan chegou ontem a Pequim para negociar o futuro dos 45 taiwaneses deportados recentemente a partir do Quénia para a China, num episódio que Taipé classificou de “sequestro extrajudicial”. A delegação é encabeçada por Chen Wen-chi, alto funcionário do Ministério da Justiça de Taiwan. Os detidos fazem parte de uma rede de burlões da China continental e de Taiwan que a partir do país africano “se faziam passar por polícias, juízes e procuradores da China”. Segundo avançou ontem a agência oficial Xinhua, que cita o Ministério de Segurança Pública chinês, a visita cumpre com os acordos assinados entre China e Taiwan na luta conjunta contra o crime e assistência judicial mútua.

CONFLITOS QUE VÊM DE LONGE

Pequim e Taipé vivem um atrito desde 1949, quando após a guerra civil chinesa, com a vitória do Partido Comunista Chinês, o antigo governo nacionalista (Kuomintang) se refugiou na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China. O caso da detenção e deportação de cidadãos de Taiwan para a China suscitou um conflito legal, num momento de renovadas tensões devido à recente vitória eleitoral do partido pró-independência em Taiwan. Pequim defende que a decisão de solicitar ao Quénia a deportação dos suspeitos foi legítima, visto tratarem-se de “compatriotas” que “burlaram em milhões de dólares cidadãos em território chinês”. Em Taiwan, tanto o Kuomintang, partido mais afecto a Pequim, como a ainda oposição pró-independência, que assume o poder em Maio, consideraram que a deportação foi ilegal.

XANGAI EM PERMANÊNCIA para as redes sociais e novas tecnologias. E as empresas portuguesas têm de estar preparadas para este desafio”, explicou. Para Luís Filipe Silva, o turista oriundo da China já não “é o mesmo de há dez anos”, sendo hoje “bastante evoluído” e com “acesso a tecnologia e conteúdos que antes não eram possíveis”.

TURISMO PORTUGUÊS NO WEIBO

A pensar neste “novo paradigma”, o Turismo de Portugal passou a difundir conteúdo

promocional através do Sina Weibo (o Twitter chinês), que conta com mais de 230 milhões de utilizadores. Além de Pequim, as sessões de encontros com operadores turísticos locais repetem-se ao longo desta semana em Xangai, Chengdu, Guangzhou e Hong Kong, e contam com a participação de 13 empresas portuguesas. “Queremos inverter a tendência que existe, de visitas muito associadas a programas ibéricos, sobretudo para Espanha, e em que só residualmente

“O consumidor chinês tem uma propensão tremenda para as redes sociais e novas tecnologias. E as empresas portuguesas têm de estar preparadas para este desafio” LUSA FILIPE SILVA CONSELHO DIRECTIVO DO TURISMO DE PORTUGAL

A acompanhar este fluxo crescente, o Turismo de Portugal tem, desde 2014, uma representação permanente em Xangai. No ano passado, lançou uma campanha de promoção na China centrada na imagem de “C Luo” (Cristiano Ronaldo, em chinês), sob o lema “Portugal tem o melhor do mundo”. Entretanto, a partir deste mês, Portugal passou a contar com seis novos centros de atendimento de vistos no “gigante” asiático, distribuídos pelas cidades de Nanjing, Chengdu, Shenyang, Wuhan, Fuzhou e Guangzhou. “Hoje em dia os vistos são emitidos em 24 horas. Isso é algo reconhecido por todas as entidades com quem estivemos”, referiu o presidente do Turismo de Portugal, LuísAraújo, durante uma visita à China realizada no mês passado. João Pimenta Lusa

PEQUIM MEDEIA CONFLITO SÍRIO

O enviado especial da China para o conflito sírio, Xie Xiaoyuan, visitará em breve a Síria, Arábia Saudita, Irão e Rússia, visando encontrar uma solução política para o conflito, anunciou hoje fonte do Governo chinês. Xie, que participa actualmente, em Genebra, nas negociações para a paz no país árabe, viajará àquele conjunto de países em apoio aos esforços do representante das Nações Unidas para o conflito, Staffan de Mistura, que esta semana se reúne com o Governo e oposição da Síria. A China apoia os esforços realizados por Mistura e “deseja trabalhar com as partes envolvidas na procura de uma solução política para a questão síria”, assinalou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, citada pela imprensa oficial. Pequim tem alinhado com a posição russa no conflito, primeiro ao vetar as sanções aprovadas pela ONU contra o regime de Bachar al-Asad e mais tarde através do apoio manifestado às operações militares da Rússia em solo sírio.


15 CHINA

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S níveis de poluição atmosférica na região oeste da China subiram nos primeiros três meses do ano, enquanto a maioria das cidades do país ficaram aquém dos padrões nacionais, segundo um relatório ontem divulgado pela Greenpeace. O uso de carvão como fonte de energia é generalizado e emissões da indústria pesada cobrem regularmente as cidades chinesas num espesso manto de poluição. Segundo a organização ambientalista Greenpeace, as políticas adoptadas por Pequim conseguiram efectivamente alocar parte da poluição das cidades costeiras para outras áreas do país. Pequim “decretou várias normas para limitar a poluição no leste do país que tiveram o efeito indesejável de aumentar o investimento das indústrias mais poluentes nas áreas do centro e oeste, que não estão sujeitas ao mesmo controlo”, lê-se no relatório.

Greenpeace POLUIÇÃO AUMENTA A OESTE

O céu em cima da cabeça Com uma área quase 18 vezes superior à de Portugal, Xinjiang é palco de frequentes conflitos étnicos entre chineses da minoria étnica muçulmana Uigur e a maioria Han. A cidade mais poluída foi Kashgar, com uma média de 276,1 microgramas por metro cúbico, en-

tre Janeiro e Março, num acréscimo de 99% face ao mesmo período do ano passado. É um valor 27 vezes superior à média anual máxima recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - 25 microgramas por metro cúbico.

XINJIANG SOB PRESSÃO

As cinco cidades com mais elevados níveis de concentração de partículas PM2.5 - as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões - por metro cúbico, estão todas na Região Autónoma de Xinjiang, no extremo oeste do país.

O

magnata chinês Jack Ma, fundador e presidente do gigante de comércio electrónico Alibaba, afirmou ontem que a economia chinesa ultrapassará as dificuldades actuais e continuará a crescer a um ritmo “invejável” para o resto do mundo. A China enfrenta “entre três e cinco anos difíceis”, mas continuará a ter uma ‘performance’ “invejável para a maioria das outras grandes economias mundiais durante os próximos 15 ou 20 anos” assinalou.

PEQUIM E XANGAI MELHORAM

Já em Pequim os níveis recuaram 27%, para 67,7 microgramas por metro cúbico, enquanto em Xangai, “capital” económica do país, caíram 12% para 60 microgramas. No ano passado, 75% das novas licenças para centrais de produção eléctrica a carvão na China foram concedidas nas regiões centro e oeste do país, de acordo com dados do ministério de Protecção Ambiental. A poluição está associada a centenas de milhares de mortes prematuras na China e tornou-se nos últimos anos fonte de descontentamento popular, junto com a corrupção e desigualdade. Entre as 362 cidades testadas pela Greenpeace, o nível médio de

A gruta do Ali Babá Jack Ma prevê 20 anos de crescimento “invejável”

Em declarações ao South China Morning Post, o magnata apontou que “as indústrias tradicionais estão a sofrer”, mas que existe “um aumento do consumo interno, dos serviços e do sector da alta tecnologia, áreas que estão a absorver os novos talentos”. Símbolo do sucesso do sector privado chinês na última década, Jack Ma

sublinhou que o Governo do seu país está a encetar uma reestruturação da economia nacional, através de políticas monetárias e orientadas para a oferta. “Acredito que surgirão grandes empresas na China”, assinalou, admitindo que o abrandamento da economia nacional levou à retirada de alguns investidores estrangeiros, algo

(Pequim) “decretou várias normas para limitar a poluição no leste do país que tiveram o efeito indesejável de aumentar o investimento das indústrias mais poluentes nas áreas do centro e oeste”

Em Hotan, outra cidade da região de Xinjiang, o nível médio de concentração de partículas PM2.5 disparou 49%, em termos homólogos.

que, considera, poderá gerar novas oportunidades. A história provou que “quem investe no país durante momentos de dificuldade sempre obtém bons resultados”, apontou.

MANOBRA À TRANSATLÂNTICO

Ma falou também do abrandamento da economia chinesa, que cresceu, no último trimestre, ao ritmo mais

concentração de partículas PM2.5 fixou-se nos 60,7 microgramas por metro cúbico e 310 cidades excederam o padrão de qualidade nacional, fixado em 35 microgramas por metro cúbico.

lento desde 2009, e insistiu que “não existem razões para pensar que uma economia de tão grande dimensão possa crescer a taxas altas interminavelmente”. “Não é sequer bom que a China continue a crescer a essa velocidade”, defendeu o segundo homem mais rico do país, cuja empresa se tornou mediática após protagonizar a maior operação de entrada em bolsa de sempre em Wall Street (EUA). “Sendo a segunda maior economia mundial, a China é como um transatlântico que

teve de optar entre não desacelerar e afundar o barco ou desacelerar um pouco a fim de poder contornar”, ilustrou. Ma referiu ainda as vozes críticas que põem em dúvida as estatísticas oficiais sobre a economia chinesa e asseguram que o Produto Interno Bruto chinês não cresce em torno dos sete por cento, mas apenas cinco por cento. “Ainda que fosse apenas cinco por cento, não existe actualmente uma economia de tamanho semelhante a crescer a essa velocidade”, concluiu.

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 208/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora 夏道蓮, portadora do Bilhete de Identidade de Residente da P.R.C. n.° 34262619601230XXXX, que na sequência do Auto de Notícia n.° 20.1/DI-AI/2014, levantado pela DST a 12.02.2014, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 28.01.2016, exarado no Relatório n.° 47/DI/2015, de 13.01.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por suspeita de angariar pessoas com vista ao seu alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Bruxelas n.° 94, Praça Kin Heng Long - Edf. Kin Fu Kuok, 13.° andar AH.-----------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.-------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 2 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 31 de Março de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 19/P/16 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 1 de Abril de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento, Substituição e Ensaio do Sistema de Ar Condicionado VRV ao Centro de Saúde dos Jardins do Oceano dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 20 de Abril de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP42,00 (quarenta e duas patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Os concorrentes devem estar presentes no Centro de Saúde dos Jardins do Oceano, no dia 26 de Abril de 2016, às 15,00 horas para visita de estudo ao local da instalação dos equipamentos a que se destina o objecto deste concurso.

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 25 de Maio de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 26 de Maio de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional” do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP100 000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 14 de Abril de 2016 O Director dos Serviços Lei Chin Ion


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hoje macau quinta-feira 21.4.2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 166/AI/2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 167/AI/2016

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor JIANG BO, portador do Salvo-Conduto de dupla viagem da RPC n.° W79298xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 65.1/DIAI/2014 levantado pela DST a 11.06.2014, e por despacho da signatária de 30.03.2016, exarado no Relatório n.° 207/DI/2016, de 04.03.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida do Infante D. Henrique n.° 11, Edf. Kuan Fat Fa Yuen, 5.° andar B.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.---------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 30 de Março de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora BAI LIPING, portadora do Salvo-Conduto de dupla viagem da RPC n.° W82920xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 65.1/DI-AI/2014 levantado pela DST a 11.06.2014, e por despacho da signatária de 30.03.2016, exarado no Relatório n.° 208/DI/2016, de 04.03.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida do Infante D. Henrique n.° 11, Edf. Kuan Fat Fa Yuen, 5.° andar B.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 30 de Março de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 168/AI/2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 207/AI/2016

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora BAI LIPING, portadora do Salvo-Conduto de dupla viagem da RPC n.° W82920xxx, que, na sequência do Auto de Notícia n.° 65.2/ DI-AI/2014 levantado pela DST a 11.06.2014, e por despacho da signatária de 30.03.2016, exarado no Relatório n.° 209/DI/2016, de 04.03.2016, em conformidade com o disposto no n.° 2 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $20.000,00 (vinte mil patacas) por angariar pessoas com vista ao seu alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida do Infante D. Henrique n.° 11, Edf. Kuan Fat Fa Yuen, 5.° andar B.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.---------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 30 de Março de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora 夏道蓮, portadora do Bilhete de Identidade de Residente da P.R.C. n.° 34262619601230XXXX, que na sequência do Auto de Notícia n.° 20/DI-AI/2014, levantado pela DST a 12.02.2014, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 28.01.2016, exarado no Relatório n.° 46/DI/2016, de 13.01.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Bruxelas n.° 94, Praça Kin Heng Long - Edf. Kin Fu Kuok, 13.° andar AH.--------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.-----------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 31 de Março de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


fichas de leitura

Manuel Afonso Costa

O tempo e a estética S

ERÁ Mudança o romance de Vergílio Ferreira que assinala a mudança de campo, do Neorealismo para o Existencialismo. Mudança poderia muito bem ser até para tornar o título mais emblemático. Mas seria muito prematuro, pois é de 1949. Para mim, de facto, nem é nada prematuro. Vergílio Ferreira apresenta sinais da sua voz, a voz que triunfou, desde muito cedo, eu diria desde sempre, e a verdade é que se sente que em Mudança, alguma coisa muda ou começa a mudar. O romance foi escrito para ser exemplar do ponto de vista da estética dominante, mas a voz do autor, tudo leva a crer, começava a impor-se ao próprio autor. Seria muito interessante elaborar uma odisseia das vozes nas vozes de todos os autores. Tentar descobrir o que é na elaboração de uma obra é da ordem do inconsciente em luta contra as disposições intencionais e programáticas da vontade. No caso de Vergílio Ferreira, sabe-se, é o tempo, o modo como é tratada essa variável determinante e a memória da infância os vectores através dos quais se começam a minar os alicerces neo-realistas. Com o tempo aparecerão nas suas obras progressivamente a náusea, a angústia e o absurdo. Carlos, o personagem principal, oriundo de uma família desafogada e ele mesmo advogado, casa com uma jovem muito simples e muito prática, que é justamente aquilo que ele não é. Após a falência dos negócios do pai irá desencadear-se uma turbulência existencial que contudo começará por uma crise de marasmo e indolência. É a partir daqui que a vida de Carlos irá mudar radicalmente

Ferreira, Virgílio, Mudança, Quetzal, Lisboa, 2009 Descritores: Romance, Rotura, Suicídio, 263 p.:21 cm, ISBN: 9789725647745

promovida por um regresso ao interior de si mesmo e à consciência culpabilizadora. O suicídio desenha-se num horizonte não muito distante. A QUESTÃO DO ESTILO. Uma questão que atravessa, como já insinuei e aludi, a recepção da obra de Vergílio Ferreira é o tema da fidelidade estética. Mas se havia pouca paciência para ouvir os arautos das manhãs que cantam em plenos anos cinquenta e sessenta, imagine-se agora. As críticas estéticas rapidamente se tornavam ideológicas, naquela época,

VERGÍLIO FERREIRA nasceu na aldeia de Melo, no Distrito da Guarda a 28 de janeiro de 1916 e faleceu em Lisboa no dia 1 de Março de 1996. Formou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em Filologia Românica. Em 1942 começou a sua carreira como professor de Português, Latim e Grego. Em 1953 publicou a sua primeira colecção de contos, “A Face Sangrenta”. Em 1959 publicou a “Aparição”, livro com o qual ganhou o Prémio “Camilo Castelo Branco” da Sociedade Portuguesa de Escritores. Em 1984, foi eleito sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras. As suas obras vão do neo-realismo ao existencialismo. Considera-se geralmente que o romance Mudança assinala justamente a mudança de uma fase para outra. Na fase final da sua carreira pode-se dizer que Vergílio Ferreira tocou as fronteiras de um puro niilismo. Em 1992 foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa e além disso, recebeu o Prémio Camões, no mesmo ano. Obras principais: Mudança (1949), Manhã Submersa (1954), Aparição (1959), Para Sempre (1983), Até ao Fim (1987), Em Nome da Terra (1990) e Na tua Face (1993). O autor faleceu em 1996, em Lisboa. Deixou uma obra incompleta, Cartas a Sandra, que foi publicada após a sua morte. A partir de 1980 e até 1994 foram sendo publicados os seus diários, com a designação de Conta Corrente. Deve ainda salientar-se a publicação do conjunto de ensaios intitulado O Espaço do Invisível entre 1965 e 1987.

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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e portanto libelos contra a liberdade e a consciência e verdadeiros processos de intenções. Qualquer intelectual ou artista que não seguisse escrupulosamente as regras da cartilha dominante mergulhava imediatamente numa espécie de índex, agravado pelo facto de que esse índex continha censura não apenas política mas sobretudo ética e moral, pois para que o ostracismo fosse verosímil e justificável, impunha-se que ele fosse também uma condenação ao nível da consciência. Isso favoreceu uma ampla literatura a montante onde se inventariavam as taras sociais e mentais que favoreciam a traição. Só o marxismo era considerado um método científico e só o proletariado era considerado uma classe revolucionária e digna. A suspeita era portanto sempre lançada a priori sobre as bases pouco científicas do pensamento quando se tratava da cultura das ciências sociais e sobre o estatuto de classe quando se tratava da arte. Mas esta última análise não se aguentava por si e era reforçada por uma análise mais psicológica do que económica ou sociológica. Era aí que entravam os conceitos de pequena burguesia, tão na moda, assim como de má consciência e de superioridade moral. Vergílio Ferreira esteve debaixo de fogo como estiveram muitos outros sub-

metidos à lupa ideológica, porém travestida de ortodoxia científica. Não vou aqui deter-me na ingente questão da oposição estrutural entre ciência e ideologia desenvolvida de forma contrastiva por Althusser e Ricoeur, na mesma época e com uma larga história onde pesa sobretudo a obra de Karl Manhein. Diria apenas por agora que o clímax da ideologia reside no facto de ela se pretender uma ciência. Quando um pensamento que não pode ser senão ideológico se procura legitimar através da caução científica, pode-se dizer que esse pensamento atingiu o máximo estatuto ideológico que uma ideologia pode almejar. A ciência não aparece aqui como ciência mas apenas como má fé, ou seja de facto, agora sim, como má consciência. Esta pequena digressão serve apenas para dizer que não me interessa nada se a obra de Vergílio Ferreira evoluiu ou involuiu do neo-realismo para o existencialismo e, sobretudo a ser verdade essa trajectória, que também não me interessa saber em que momento a rotura deve ser assinalada. A maior prova da sua redundância e pouca seriedade reside no facto de que se referem várias obras para ser a charneira desse processo. Para uns o romance que assinala a transição, ou seja a traição, o desvio, etc. é Aparição, mas para outros é justamente Mudança e para alguns Manhã Submersa, e para outros ainda … e podia continuar. Depois há que considerar que o autor começa a desviar-se em romances que apesar de serem publicados depois começaram a ser escritos antes de Aparição, que é de 1969. Estou a referir-me ao Apelo da Noite e ao Cântico Final. Enfim, isso de facto interessa pouco, o que interessa mesmo é ler Vergílio Ferreira e começar a lê-lo com Mudança, não me parece nada mal. Deixem que vos diga uma coisa: do que eu gosto mesmo, e muito, em Vergílio Ferreira é da tetralogia final da sua obra, ou seja dos romances Para Sempre, Até ao Fim, Em Nome da Terra e Na Tua Face. Mas ler os anteriores será muito bom, uma vez que ainda ficaremos a apreciar mais o autor, a sua capacidade de superação permanente, até à morte. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 21 MAX 24 HUM 80-98% • EURO 9.09 BAHT 0.22 YUAN 1.23

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

AQUI HÁ GATO

FALTA DE SORRISO?

“MAMÔ - FESTIVAL INTERNACIONAL DE VÍDEO Centro Cultural de Macau, 19h30 Bilhetes a 60 patacas

“FROM AFAR” - FESTIVAL INTERNACIONAL DE VÍDEO Centro Cultural de Macau, 21h30 Bilhetes a 60 patacas

Amanhã

ABERTURA DA EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin, 18h00 Entrada livre

Sábado

O CARTOON STEPH DE

“THE BALLET BOYS” - FESTIVAL INTERNACIONAL DE VÍDEO Centro Cultural de Macau, 16h30 Bilhetes a 60 patacas “SE AS MONTANHAS SE AFASTAM” FESTIVAL INTERNACIONAL DE VÍDEO Centro Cultural de Macau, 21h30 Bilhetes a 60 patacas EXPOSIÇÃO E REVELAÇÃO DE FOTOGRAFIA COM CHAN WAI KWONG, Armazém do Boi, 15h00 às 18h00 Entrada livre

Diariamente

EXPOSIÇÃO “O SONHO DO PAVILHÃO VERMELHO”, DE ZHANG BIN Casa Garden (até 19/05) Entrada livre EXPOSIÇÃO DE DINOSSAUROS Centro de Ciência de Macau EXPOSIÇÃO “AS CORES DE MACAU”, DE CAI GUOJIE Fundação Rui Cunha (até dia 22) Entrada livre EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06) Entrada livre EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 12/06) Entrada livre

Cineteatro SALA 1

C I N E M A

BUDDY COPS [C]

Com: Mary Elizabeth Winstead, John Goodman 19.30

Filme de: Peter Chik Com: Bosco Wong, King Kong Li, Charmaine Fong 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3

SALA 2

THE BOY [C] Filme de: William Brent Bell Com: Laura Cohan, Rupert Evans 14.15, 16.00, 17.45, 21.30

10 CLOVERFIELD LANE [B] Filme de: Dan Trachtenberg

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 72

PROBLEMA 73

UM FILME HOJE

SUDOKU

APRESENTAÇÃO DO LIVRO “TERRITÓRIOS LUSÓFONOS”, DE JOÃO LOUREIRO Arquivo Histórico de Macau, 18h30 Entrada livre

O relatório 2015-2016 sobre o índice de sorriso publicado pela Associação Mystery Shopper de Hong Kong colocou Macau no penúltimo lugar entre 60 regiões do mundo onde se sorri menos. Já Hong Kong ficou mesmo em último lugar. Mas, será ainda assim agradável que Macau tenha ficado um bocadinho mais à frente da região vizinha? Não, eu não consigo rir-me (ou sorrir sequer) com o resultado, porque as duas RAEs são muito diferentes. Como diz a expressão chinesa: quem anda apenas cem passos ri de quem anda apenas cinquenta. Eu olho para o relatório de duas formas: é verdade que em alguns restaurantes, supermercados e farmácias, os funcionários não sorriem – se calhar porque os trabalhos são os mesmos de sempre e repetem-se. Servir clientes não é significado de felicidade, receber o salário muito menos. Ainda assim, a realidade não deve ser vista neste relatório: há muitos restaurantes e lojas em Macau em que os funcionários ou donos são hospitaleiros e gostam de conversar com os clientes. Sorrisos dependem muito das pessoas. Macau é uma cidade turística e muitos trabalham nesta área. Só se todos conseguirem encontrar a sua felicidade no trabalho, é que Macau pode ter história no relatório. Pu Yi

“GHOST IN THE SHELL” (MAMORU OSHII, 1995)

Já com 21 anos, este fabuloso filme de animação bem podia ter sido feito hoje, tal o acerto da sua visão futurista, um original da banda desenhada com o mesmo nome de Masamune Shirow. Uma peça onde o “Puppet Master”, um ciberorganismo (?) entra ilegalmente na mente de humanóides, híbridos, meio gente, meio máquina. A personagem central é a da elusiva ciborgue Major Motoko Kusanagi, uma agente federal responsável pela caça ao ciberbandido. A acção desenrola-se numa imensa cidade, não referida no argumento, mas onde reconhecemos várias vistas, algumas extraordinárias, de Hong Kong. Também foi feita uma sequela (ao mesmo nível) e até Hollywood se prepara para por cá fora (finalmente) uma versão, com Scarlett Johansson no papel de Kusanagi. Manuel Nunes

MY WIFE IS A SUPERSTAR [C] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Shirley Yung Com: Annie Liu, Chau Pak Ho, Alex Lam, Jacky Chai 14.15, 16.05, 17:55, 21:45

ZOOTOPIA [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 19.45

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau quinta-feira 21.4.2016

bairro do oriente

Que cara de 25 de Abril é essa, pá?

F

ALTA menos de uma semana para que se assinale mais um aniversário do nosso “own private putsch”: o 25 de Abril, vulgo Revolução dos Cravos, que se assinala a...isso mesmo, acertaram – a 25 de Abril! (A propósito, ainda é feriado?). A tal Revolução, muito à maneira lusitana do “se me vou a ti fico todo partido”, foi feita sem derramamento de sangue, julgamentos sumários, fuzilamentos, guilhotinas e o diabo a sete, e ainda bem! Que selvagens, estes gajos que resolvem “limpar o sebo” a quem antes curvavam a espinha até quase bater com o nariz no chão. E pensando bem, que oportunistas, também. O que reza a História é que os tais capitães do mês corrente chegaram junto do manda-chuva de então, que curiosamente ostentava o mesmo nome próprio que o actual (facto preocupante, será?), e a conversa terá ocorrido mais ou menos nestes termos: - “Sr. Presidente do Conselho, vimos em nome do Movimentezasforssasarmadas...” - “Já sei, já sei, poupa-me essa conversa de comuna da treta, querem que eu dê de frosques, é isso?” - “Se não for pedir muito...” - “Tem mesmo de ser?” - “Bem, estão ali fora uns tipos com calças de boca-de-sino e com uma aparência de Cromagnons que apesar de não saberem muito bem ao que vêm, não estão com cara de quem lhe vem cantar o “Angola é nossa”, e sinceramente não me estava a apetecer nada ver como é por dentro o sr. Presidente do Conselho, por isso...” - “Claro, claro, compreendo. Além do mais essa alternativa entra em conflito com a minha agenda pessoal, onde o primeiro ponto passa por continuar vivinho da Silva. Pronto, vamos a isso, e como é, afinal?” - “Hmmm...Argentina ou Brasil?” - “Brasil, e isso pergunta-se? Agora despachem-se senão daqui a pouco nada se resolve sem que antes se façam plenários e votações e não sei que mais, e sinceramente não me apetece nada ter que aturar...ugh...’opiniões divergentes’”. E assim foi, só que em vez de viverem todos felizes “para sempre”, este período de tempo que costuma ser bem mais demorado, esgotou-se ao fim de alguns anos, e agora que estamos prestes a chegar aos 42 anos de núpcias com a democracia, esta está cada vez

MARIA DE MEDEIROS, CAPITÃES DE ABRIL

LEOCARDO

pior, a fazer lembrar a mãezinha dela, essa velhaca. Pode-se dizer que os Portugueses se estão a divorciar da democracia, por assim dizer, ou que esta “perdeu o gás”, ou “passou do prazo”, e seja qual for a analogia que se quiser usar, as coisas chegaram a tal ponto que há quem defenda que “antes era melhor” Antes, recordam-se? Quando se demorava um dia inteiro para chegar de Lisboa ao Porto e se morria de coisas tão corriqueiras como sarampo, ou de uma simples interrupção voluntária da gravidez? Claro que não, ora essa – a malta que diz que no tempo do tio Salazar “é que era” está só armada em esquisita. Querem chamar a atenção, com o a tipa que está no baile da paróquia a dançar com um tipo qualquer que conheceu dez minutos antes e passa em frente do marido umas dez vezes só porque ele está a conversar com outra. O diagnóstico não é tão complicado de se fazer, e não sendo eu propriamente uma autoridade na matéria, tenho uma teoria: os políticos passaram das marcas. Isso mesmo, e não é por acaso que deparamos com acontecimentos bizarros, como um “impeachment” da “presidenta” do Brasil, ou a divulgação dos tais “papéis do Panamá” – mal por mal, aqui em Macau o pior que aconteceu foi aparecerem uns relatórios médicos supostamente confidenciais espalhados por toda a Avenida Rodrigo Rodrigues. Falando sinceramente, o pessoal entende perfeitamente que isto da política é

“Agora que estamos prestes a chegar aos 42 anos de núpcias com a democracia, esta está cada vez pior, a fazer lembrar a mãezinha dela, essa velhaca” uma chatice, e que nem a brincar alguém vai nessa conversa de que os tipos estão ali no espírito do servidor dos interesses da nação, blá blá blá e mais não digo para não passar por pateta, mas epá, vamos lá a ver uma coisa, vejam lá se disfarçam, e fazem qualquer coisinha pelo povão. Saquem, pilhem, inscrevam-se já no próximo campeonato das evasões fiscais, comparem os sacos azuis para ver qual é o maior, tudo isso, mas façam qualquer coisinha pela malta primeiro. E depois a gente desculpa-vos, que é como quem diz, ofende a vossa cidadania mais a das vossas progenitoras – coisa que alivia, e se recomenda, até – e no fim vai votar outra vez em vocês, ou no vosso lado B, o instrumental. E não é assim que funciona a tal democracia? Feliz 25 de Abril a todos! Atenção: feliz, fe-liz. Vamos lá fazer uma carinha mais simpática para honrar os capitães, e que tal?

OPINIÃO


Sou / apenas / mas sou / quanto baste / Não busco o pleno / não serei o quase”

Cecília Jorge

quinta-feira 21.4.2016

MITSUBISHI ADMITE MANIPULAÇÃO DE TESTES DE EMISSÕES POLUENTE

O

Gás TRANSPORTADORAS RECLAMAM AJUDA DO GOVERNO

Cuidado com os químicos Cinco empresas que importam gás usado na construção civil afirmam que os custos de transporte quadruplicaram e pedem apoio ao Governo, exigindo um armazém provisório. A Nam Kwong e Nam Yue detêm o monopólio de transporte do produto

O

PUB

processo de transporte e importação de acetileno, um gás usado na construção civil, está a passar por dificuldades. O alerta foi dado por cinco empresas responsáveis pela importação deste produto, que publicaram um comunicado no jornal Ou Mun onde afirmam que os custos de transporte quadruplicaram, da parte das empresas Nam Kwong e Nam Yue. Pedem, por isso, ajuda ao Governo. Segundo o jornal All About Macau, as explosões ocorridas em Tianjin levaram os governos do interior da China a adoptar regras de transporte de substâncias perigosas mais rigorosas, sendo a Nam Kwong e a Nam Yue as únicas autorizadas a transportar acetileno. Desde o dia 16 deste mês que estas empresas terão quadruplicado os custos e os cinco importadores viram-se obri-

gados a pedir mais garrafas de acetileno de uma só vez para controlar as despesas. A carta refere também a falta de espaços de armazenamento em Macau. As empresas já terão feito apelos junto do Chefe do Executivo, Secretário para as Obras Públicas e Transportes e Comissão de Segurança dos Combustíveis, incluindo a Direcção dos Serviços de Economia. Contudo, nenhuma resposta chegou aos importadores. “O Governo do interior da China preocupa-se muito com este gás, mas parece que o Governo de Macau não se importa. Espero que o Governo possa responder

aos pedidos feitos pelo sector e disponibilizar um armazém de forma temporária para o armazenamento do acetileno”, referiu Ng, um importador. De frisar que o acetileno é mais perigoso do que o gás liquefeito do petróleo (GLP). “O sector pode adquirir seguros como forma de recompensa, caso haja um acidente”, acrescentou.

FORA DO ÂMBITO

Entretanto o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, já emitiu um comunicado onde afirma que o Governo dá grande atenção às substâncias perigosas, sendo que o Corpo de Bombeiros teve uma reunião com as cinco

“O Governo do interior da China preocupase muito com este gás, mas parece que o Governo de Macau não se importa” NG IMPORTADOR

empresas importadoras de gás na última sexta-feira, por forma a avaliar a situação do sector. A Comissão de Segurança dos Combustíveis respondeu ao jornal All About Macau que os acetilenos não entram no seu âmbito de actuação, mas apenas combustíveis como o GLP ou combustíveis para veículos. Cheng Chu Fai, secretário da Associação dos Consumidores das Companhias de Utilidade Pública de Macau, concorda com o estabelecimento de um armazém temporário para o sector. Ao Jornal do Cidadão, referiu que o Governo não tem dado atenção ao armazenamento das substâncias perigosas, falando da existência de práticas obsoletas. Lam U Tou, responsável da Associação Choi In Tong Sam, sugere que o Governo faça uma gestão uniforme do caso. Tomás Chio (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

fabricantes japonês de automóveis Mitsubishi Motors admitiu ontem ter manipulado testes de emissões poluentes em, pelo menos, 625.000 veículos, alguns dos quais construídos para a também nipónica Nissan. O anúncio surge numa altura em que a indústria automóvel tem sido sujeita a fiscalizações mais apertadas, depois de a alemã Volkswagen se ver envolvida num escândalo relacionado com fraudes nos testes de emissões. A Mitsubishi Motors caiu ontem mais de 15% na bolsa de Tóquio após anunciar uma conferência de imprensa para explicar as “irregularidades” nos controlos de emissões poluentes, a maior queda desde Julho de 2004. “Pedimos as maiores desculpas a todos os nosso clientes e outras partes afectadas”, declarou o presidente do grupo japonês, Tetsuto Aikawa, numa conferência de imprensa no Ministério dos Transportes. “O nosso cliente Nissan descobriu diferenças

entre os valores fornecidos e aqueles encontrados e pediu-nos para rever os valores”, disse a Mitsubishi num comunicado, acrescentando que decidiu parar a produção e as vendas dos modelos em questão. A Mitsubishi Motors, conhecida pelos seus modelos Outlander 4x4 e Pajero, fabrica cerca de um milhão de veículos por ano. Para o ano fiscal que terminou em Março de 2016, a empresa estima atingir um volume de negócios de 15,8 mil milhões de euros. Os resultados serão publicados a 27 de Abril. O caso lembra o escândalo que abalou a Volkswagen nos últimos meses, depois de o fabricante alemão admitir ter instalado em 11 milhões de carros um ‘software’ capaz de falsificar os valores das emissões poluentes dos motores a diesel. A Volkswagen arrisca-se agora a pagar milhões de euros em indemnizações e multas.

TRIBUNAL NEGA RECURSO A CROUPIER QUE FURTOU FICHAS

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M croupier acusado de peculato viu ser-lhe negado um recurso pelo Tribunal de Segunda Instância. O caso remonta a 2013, quando o homem furtou 91 vezes fichas do Casino Galaxy, que lhe valeram um total de 775 mil patacas. O Tribunal Judicial de Base condenou o réu pela prática de 91 crimes de peculato, na pena de um ano e três meses de prisão por cada. Em cúmulo jurídico, foi-lhe aplicada a pena de cinco anos. O homem recorreu, mas do TSI só conseguiu uma diminuição dos crimes de peculato –

que, ainda assim, lhe deu a mesma pena de prisão. “Pode-se dizer que os actos criminosos concretamente praticados durante cada período de serviço, independentemente do número de vezes da sua prática, foram dominados por uma mesma resolução criminosa subjectiva e devem ser considerados como um único acto criminoso (...). Deve o recorrente ser condenado pela prática de 16 crimes de peculato [porque] não se verifica a situação de crime continuado”, diz o TSI, que mantém a pena. J.F.


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