Hoje Macau 21 JUN 2016 #3596

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terça-feira 21 de junho de 2016 • ANO Xv • Nº 3596

Director carlos morais josé

Festival de Carne

Cães danados

A Cara do regime Previdência diploma que não agrada a ninguém vai hoje a votos

A contribuição não obrigatória de 10% para o regime de previdência central parece não agradar nem a gregos nem a troianos. Se do lado dos patrões, há quem diga que

este não é o momento oportuno para implementar a lei, do lado de quem trabalha, pede-se a obrigatoriedade do diploma e põe-se em dúvida o efeito prático do regime.

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Grande Plano

Sin fong Garden

Diz adeus ao subsídio página 7

Jazz no D.Pedro V eventos

Cinco mestres Boi Luxo

h

opinão

Orlando Tânia dos Santos

grande plano


2 grande plano

Festival de Carne

Controvérsia e choque. São algumas das características atribuídas ao Festival de Carne de Cão na China. Mas os tempos são outros. Cada vez mais chineses apoiam o fim deste massacre. Defensores locais falam em mudança dos tempos

“Enquanto todo o resto do mundo se põe à apontar o dedo à China, deviam era pensar o que aconteceu aos animais que comem, como é que eles são criados e abatidos” Fátima Galvão representante da MASDAW

Defensores de animais acreditam em mudanças culturais

O pior amigo

C

omeça hoje e dura 10 dias. Chama-se Festival de Carne de Cão, acontece na cidade de Yulin, na província de Guangxi, e mata 10 mil cães em cinco dias. Polémico é uma das suas características. Em 2014, depois de muitos protestos em edições anteriores, a organização chegou mesmo a antecipar o festival, em uma semana, para que os protestos não invadissem as ruas. Nesse mesmo ano, um comunicado do Governo de Yulin explicava que não existia um festival organizado pelas autoridades. “Uma parte da população de Yulin tem o hábito do consumo de carne de cão e lichias no início do solstício de Verão, e por isso, tornou-se um costume popular nesta cidade”, pode ler-se no documento. O Governo frisava a sua independência na organização indicando que não existia um festival oficial. “Este tipo de actividades nunca foram realizadas pelo Governo ou por associações sociais. As nossas autoridades já lançaram projectos de regulação de carne, promovendo a matança civilizada (...) proibindo a matança pública (...) aumentando a fiscalização do roubo de cães (...)”, indicou na altura o Governo. Depois de milhares de assinaturas recolhidas por diversas petições internas e além fronteiras o Governo indicou que tinha “em conta essas manifestações” e iria esforçar-se “na supervisão” do então chamado costume popular.

Conta a história

Na sua origem, o Festival de Carne de Cão está relacionado com duas expressões idiomáticas chinesas: “no solstício de Inverno nasce o peixe, no solstício de Verão nasce o cão”, e “comer cão em solstício do Verão, desvia o vento do oeste”, sendo que vento do oeste é sinónimo de azar e doença. Ao comer carne de cão no solstício de Verão, os chineses acreditavam que o seu corpo e sistema imunitário

iriam ganhar defesas para qualquer doença possível. Reza ainda a história que segundo a Medicina Tradicional Chinesa se aconselha a população a comer carne de cão naqueles que são considerados os últimos dias de Inverno, pois o Verão está à porta. É ainda defendido que quem come carne de cão – alimento quente – está a equilibrar o yin e o yang [conceitos de taoísmo]. Nos últimos anos o festival tem atraído a atenção do mundo, e, do outro lado da moeda, mais turistas e apreciadores para a cidade. A agência noticiosa Xinhua indica, num artigo, que a atenção atraída pelos defensores dos animais tornou-se uma oportunidade de negócio para os próprios comerciantes locais. É que as atenções aumentaram o número de visitantes e de vendas dos próprios cães ainda vivos, para os salvar. A agência escreve ainda que o mercado dos cães disparou. Um dos casos mais conhecidos, em 2015, foi o de Yang Xiaoyun, uma mulher que para salvar 100 cães de serem comidos pagou mil dólares. Um jornal local indicava que a mulher, de 65 anos, levou os cães para sua casa, em Tianjin.

Novos ventos

Mas a mudança parece estar a acontecer. Um estudo pedido pela Sociedade de Prevenção aos Maus Tratos dos Animais (SPCA – sigla inglesa), de Pequim, indica que 64%, dos dois mil inquiridos, estão a favor do cancelamento do festival, sendo que 60% considera que este “costume popular” afecta “gravemente” a reputação internacional da China. A empresa contratada pelo estudo, inquiriu dois mil cidadãos, entre os 16 e 50 anos, de mil cidades chinesas e 500 aldeias. As entrevistas foram feitas pela internet, por telefone e na rua. Dos dados tornados agora públicos, cerca de 52% votaram a favor da proibição total do comércio de carne de cão. Do total

“Na própria China as autoridades já não acham piada nenhuma a este tipo de manifestação”

“Comer cão em solstício do Verão, desvia o vento do oeste (sinónimo de azar e doença)”

Albano Martins presidente da ANIMA

Crença chinesa


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do cão

64% de dois mil inquiridos, estão a favor do cancelamento do festival

dos entrevistados 70% indicou nunca ter comido carne de cão. O movimento de discórdia para com este comércio também se fez notar durante as sessões plenárias anuais da China deste ano, em que mais de 80 milhões de pessoas, através do voto online, concordaram com a proposta de Zheng Xiaohe, membro da Assembleia Popular Nacional da República Popular da China, relativamente à “sugestão de legislação para a proibição da entrada de carnes de cão e gato no mercado”. Zheng Zhishan, que assumiu o cargo no International Fund for Animal Welfare, em entrevista com a agência chinesa, referiu que, contrastando com a ideia de países estrangeiros, a maioria dos chineses “adoram animais e protegem-nos”, sendo que a grande parte desconhece sequer esse nicho de mercado de “roubo-transportação-matança-venda de cães e gatos”. O representante citou ainda um estudo feito em 2013, que indicava que 95% dos inquiridos “adoram animais” e “recusam-se ao consumo de animais de estimação”, considerando que “os animais devem ser protegidos”. Gao Guang, vice-secretário geral da Associação de Carne da China, chegou mesmo a afirmar que na “China não existe a indústria do cultivo do ‘cão comestível’”. “O consumo de carne de cão é caso raro na China”, afirmou à agência. O veterinário Liu Lang, também presidente da Associação das Clínicas dos Animais Pequenos de Pequim, afastou a possibilidade o cultivo de cães e gatos para consumo, sendo que, diz, é “algo que tem custos elevados, seja na alimentação ou vacinação”. “O período de cultivo também é muito longo”, apontou. Dados das autoridades chinesas mostram que o preço da carne de cão, entre 2011 e 2014, variou entre os sete yuan e os 23 yuan por quilo. “(...) mostrando que só com roubo dos animais de estimação é que se pode ganhar dinheiro”, pois o segundo os cálculos de Xia Shaofei, Director do Departamento da Clínica da Universidade de Agricultura da China, para este tipo de carne ser rentável deveria custar mais de 100 yuan por quilo.

Tendência evidente

Questionado sobre os últimos dados, Albano Martins, presidente da ANIMA - Sociedade Protectora dos Animais, diz que a tendência é cada vez mais a da proibição.

“Basta ver que ainda há muito pouco tempo, grupos de activistas pelos direitos dos animais pararam, com a ajuda da polícia, milhares de gatos que iam ser consumidos. A polícia prendeu os transportadores, eles foram presos. Isto significa que na própria China as autoridades já não acham piada nenhuma a este tipo de manifestação”, argumenta, frisando que este tipo de festival “já não tem sentido numa China que se está a modernizar”. Cada vez mais “a comunidade chinesa não aceita isto” e “é violenta para quem viola os direitos dos animais”. Albano Martins recorda uma manifestação que reuniu um milhão de pessoas na China contra este tipo de “costume”. A matança de animais domésticos, ou de estimação, “violenta os fundamentos humanísticos” e não existem razões culturais ou de necessidade, como por exemplo a fome, que justifiquem tal acto. “Não é cultural, nem para alimentação. Claro que durante a nossa história houve sempre pessoas que comeram animais, mas neste momento não tem razão de ser”, rematou.

Hipocrisia gratuita

Fátima Galvão, representante da MASDAW - Associação Protectora de Animais, mostra-se totalmente contra, mas aponta o dedo a todos aqueles que criticam este festival. “É evidente que para mim conseguir-se acabar com o festival é uma vitória. É lamentável que ainda não se tenha conseguido. No entanto, ao mesmo tempo, existe uma grande hipocrisia entre as pessoas. É que isto é uma questão cultural, enquanto todo o resto do mundo se põe à apontar o dedo à China, deviam era pensar o que aconteceu aos animais que comem, como é que eles são criados e abatidos”, acusa. É o bom comportamento que dá permissão à critica e por isso, Fátima Galvão afirma ser necessário consciencializar a população mundial do mal que se está a fazer aos animais de uma forma geral. Mudando isso, tudo muda, diz. Em reacção, Albano Martins assume que esta é uma discussão muito acesa, mas não tem dúvidas de uma coisa, “as sociedades vão caminhando cada vez mais contra o abate de animais que estão próximos do ser humano e que com ele conseguem estabelecer uma comunicação”. Filipa Araújo (com A.K.)

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


4 Política

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Sofia Mota

Ella Lei defende fecho do Canídromo

O

Cartório Governo acusado

de tomar decisão “à porta fechada”

Em defesa da irmandade O deputado Leong Veng Chai acusou o Governo de tomar uma decisão “à porta fechada” sobre a mudança do 1º Cartório Notarial das instalações da Santa Casa da Misericórdia, falando das pressões económicas sentidas pela instituição

O

número dois de José Pereira Coutinho na Assembleia Legislativa (AL) utilizou o período de antes da ordem do dia para acusar o Governo de baixa transparência no processo da saída do 1º Cartório Notarial das instalações da Santa Casa da Misericórdia (SCM). “O Governo tomou uma decisão com baixa transparência, à porta fechada e sem qualquer plano, auscultação ou esclarecimento, o que surpreendeu toda a população. Critico fortemente a actuacão do Governo, solicitando que este dê, o quanto antes, o esclarecimento necessário e não altere a situação actual”, referiu Leong Veng Chai. O contrato entre o Governo e a SCM prolonga-se até Dezembro

deste ano, sendo paga uma renda de 1,2 milhão de patacas. Conforme o HM noticiou, António José de Freitas, provedor da SCM, propôs duas vezes ao Governo uma diminuição da renda para 800 mil

“O Governo tomou uma decisão com baixa transparência, à porta fechada e sem qualquer plano, auscultação ou esclarecimento” Leong Veng Chai deputado

patacas mensais, mas não voltou a ser contactado nesse sentido. Para o deputado Leong Veng Chai, a saída do 1º Cartório Notarial, que funciona no Largo do Senado desde 1962, vai deixar a SCM numa difícil situação económica. “O Governo paga uma renda à SCM, o que é diferente dos pagamentos de rendas elevadas a órgãos privados. A SCM tem várias instituições dependentes, como lares de idosos, creches e instituições de caridade, tendo cerca de 150 trabalhadores. Apesar das despesas registadas no ano passado terem atingido 48 milhões de patacas, só recebeu apoio financeiro de 15 milhões, o que demonstra que a pressão do seu funcionamento é cada vez maior”, defendeu o membro do hemiciclo.

Do despesismo

Leong Veng Chai não deixou de lembrar os elevados valores que o Governo paga mensalmente a entidades privadas para albergar alguns serviços públicos. “As despesas com a locação de bens estão constantemente a aumentar. No ano passado essas despesas atingiram os mil e cem milhões de patacas, e isso deve-se ao facto do Governo não dispor de planeamento urbanístico, pois não reservou terrenos suficientes para a construção de edifícios para os serviços que presta. Muitas instalações são arrendadas em edifícios comerciais ou estão em funcionamento em escolas, o que, a longo prazo, afecta a imagem do próprio Governo e a dignidade dos trabalhadores da Função Pública”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

fecho do Canídromo foi um tema levantado ontem na Assembleia Legislativa (AL) pela deputada indirecta Ella Lei. Esta pediu o fecho das actuais instalações em prol da utilização do terreno em prol da população. “O Governo deve aproveitar o termo do contrato em regime de exclusividade das corridas de galgos e elaborar um plano de reutilização do respectivo terreno, a fim de permitir mais espaço para instalações comunitárias”, defendeu a deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Ella Lei frisou que as receitas das corridas de galgos tem sofrido quedas ano após ano. “O número de pessoas a apostar nas corridas de galgos diminuiu muito, havendo menos benefícios económicos e limitando as receitas do Governo. Os residentes têm estado à espera da concretização da saída do Jogo para longe dos bairros comunitários, portanto o Governo deve retirar essas corridas por razões

políticas, pelos benefícios económicos e pelas necessidades de vida da população”, defendeu. Segundo o Jornal Ou Mun, Paulo Martins Chan, director da Direcção da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), afirmou ter já recebido o relatório do Instituto para Estudo dos Jogos Comerciais da Universidade de Macau a propósito da manutenção ou eliminação do Canídromo da Yat Yuen. Segundo se lê na mesma nota, a DICJ está a estudar o relatório e espera chegar a uma conclusão antes do final do contrato de concessão, ou seja antes do final deste ano. Recorde-se que o contrato para a exploração do Canídromo terminou no último ano, tendo o Governo prolongado o acordo por mais um ano.

FM Au Kam San exige publicação de contas e diz que é um “clube VIP”

O

deputado Au Kam San voltou a questionar o Governo sobre a necessidade da Fundação Macau (FM) de publicitar as suas contas, frisando o facto da entidade nunca lhe ter concedido os documentos facultados sobre os subsídios concedidos à Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST). “A FM explicou-me que os documentos pertenciam à referida universidade privada, por isso não mos podia facultar, e sugeriu ainda que eu próprio enviasse um requerimento à universidade. Esses documentos são necessários para aquela universidade conseguir obter, a título de financiamento, junto da FM, centenas de milhões de patacas”, disse.

O deputado pró-democrata defendeu que a FM se tornou “num clube VIP dos titulares dos altos cargos políticos e magnatas da alta roda e das grandes associações”. “O mais absurdo é que, como as associações beneficiárias de financiamento em montante elevado são todas amiguinhas, não se faz nem se consegue fazer a fiscalização do uso do erário público. Não se sabe se existe corrupção ou fraude no uso deste dinheiro por parte destas associações, universidades privadas e hospitais beneficiários. Mas é quase certo que não são casos de fazer bom uso dos recursos”, ironizou. A.S.S.

Lai Chi Vun Pedida consulta pública sobre a zona

O deputado Lau Veng Seng considera que o Governo deve realizar uma consulta pública antes de avançar com o projecto de reabilitação da povoação de Lai Chi Vun, em Coloane. “Para que sejam alcançados os objectivos deste plano, isto é, a distribuição dos turistas e o aumento dos elementos turísticos, é necessário divulgar e aperfeiçoar o planeamento dos itinerários de visita. Se os visitantes do exterior começarem a chegar a Coloane, receia-se que isso possa causar inconvenientes aos seus residentes, ou até perturbar a tranquilidade de Coloane. A obtenção de um consenso destes residentes e uma realização de plenas consultas serão elementos muito importantes”, defendeu.


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Política

Previdência Maioria dos deputados contra. Governo acusado de pressionar empresas

Votação da contribuição não obrigatória para o regime de previdência central adiada para hoje. Kou Hoi In, deputado nomeado, acusou o Governo de estar a pressionar os empresários. Coutinho prometeu votar contra porque a proposta “não é carne nem é peixe”

O

s deputados começaram ontem a debater a contribuição não obrigatória de 10% para o regime de previdência central mas o debate revelou-se longo, o que obrigou o hemiciclo a adiar a votação na generalidade para hoje. A proposta não agradou à maioria dos deputados, já que, enquanto uns defendem um regime obrigatório, outros defendem que este não é o momento oportuno para as empresas. Kou Hoi In, deputado nomeado pelo Chefe do Executivo e representante do sector comercial, acusou o Governo de estar a

Gcs

Lei “não é carne nem é peixe”

pressionar os empresários. “Quero aqui esclarecer que a parte patronal não concorda. Atendendo à actual situação económica de Macau, que está numa fase de ajustamento, o Governo deve implementar planos para nos apoiar, mas só está a sobrecarregar mais as PME. O que o Governo está a fazer é sobrecarregar as despesas dos empresários e os custos das empresas.” Para o deputado nomeado, cabe ao Executivo continuar a custear o sistema de segurança social. “O Governo recebe muito dinheiro dos

impostos do Jogo, pode assumir responsabilidades e não perseguir os empresários. Daqui a três anos vai implementar o regime obrigatório? Será que nessa altura será oportuno fazer essa revisão? Creio que será melhor apresentar este regime (contribuição não obrigatória) daqui a três anos, porque agora a situação económica é má”, adiantou Kou Hoi In.

Contras garantidos

José Pereira Coutinho e o seu número dois, Leong Veng Chai, prometeram

Pedido reforço da lei para repatriamento de TNR

A

deputada Song Pek Kei exigiu ao Governo melhorias quanto ao mecanismo de repatriamento de trabalhadores não residentes (TNR) com o sudeste asiático, referindo que a continuação de trabalhadoras domésticas no território é um “problema de segurança pública”. “Prevê-se (lei das agências de emprego) que ‘finda a relação laboral, deve haver lugar, de imediato, ao repatriamento dos TNR’. Mas muitas trabalhadoras domésticas continuam em Macau, depois da recepção dos bilhetes de avião,

Gcs

Problemas de “segurança pública” para procurarem emprego, perturbando o funcionamento normal do mercado e provocando perigo para a segurança pública.”

Para quando?

A número três de Chan Meng Kam pede, por isso, que seja “amadurecido” o sistema actual e que se avance com a revisão do diploma das agências de emprego. “Como o regime de cooperação judiciária entre Macau e os países do sudeste asiático ainda não está amadurecido, e estão em falta os mecanismos regulamentadores de

repatriamento, as trabalhadoras domésticas infractoras não podem, ser sujeitas, a curto prazo, a repatriamento, e a baixa eficácia judiciária leva a parte patronal a

votar contra a proposta, por defenderem a implementação de contribuições obrigatórias. “Há sempre deputados de apelido Kou que estão contra as propostas de lei”, começou por acusar Coutinho. “O Governo tem de liderar este processo e esta proposta é inútil. Temos de aprender com Hong Kong, que tem um regime de contribuições obrigatórias há 14 anos. Vou votar contra esta solução, porque não é carne nem é peixe”, frisou. Coutinho defendeu ainda a criação de apoios financeiros para as PME que tenham dificuldades em fazer as contribuições para os seus empregados. “Em Hong Kong há empresas que também têm problemas em cumprir, mas o Governo continua a implementar a medida. Porque é que em Macau não se aplica? Se as PME têm dificuldades, o Governo tem dinheiro, há a Fundação Macau, então as PME podem ser subsidiadas.” Kwan Tsui Hang, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), criticou o facto de o Governo ter demorado oito anos para apresentar apenas uma proposta de contribuições não obrigatórias. “Claro que esta proposta vai sempre visar os interesses. O Governo tem de ser firme, porque as discussões nunca acabam.” “Estou preocupada se este regime vai surtir algum efeito na prática e após a aprovação do regime há muito trabalho a fazer”, acrescentou Kwan Tsui Hang, referindo-se à necessidade de atrair as empresas a contribuir para este regime. O deputado nomeado Fong Chi Keong também falou de uma

ficar perturbada. A resolução da situação caótica das trabalhadoras domésticas (…) tem sido exigida pela Assembleia Legislativa, e o Governo realçou que iria proceder à avaliação e revisão da lei, mas está ainda em falta a respectiva calendarização.” Song Pek Kei considera ainda necessário estabelecer um maior contacto com os consulados dos países com presença diplomática em Macau. “Proponho ao Governo que mantenha contactos estreitos com os consulados de vários países em Hong Kong e Macau, incluindo o Vietname, para reforçar a cooperação judiciária, acelerando a optimização dos processos de repatriamento de mão-de-obra infractora”, rematou. A.S.S.

lei que “não é carne nem é peixe”. “O Governo está a apresentar uma coisa que não é carne nem é peixe, ou é obrigatório ou não apresenta nenhum regime. Um regime não obrigatório não faz sentido nenhum. Por ser facultativo, podem não participar. As PME não vão participar. Mais vale continuar suspenso por mais oito anos”, apontou.

Executivo inflexível

Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, garantiu que o Governo tem que dar este primeiro passo. “A parte patronal diz que estamos com uma economia em queda, enquanto a parte laboral pede um regime obrigatório. Compreendemos que se lançarmos de imediato o regime obrigatório isso vai causar um grande impacto junto da parte patronal. A posição do Governo é para proteger os interesses e direitos da população.” Angela Leong, deputada directa e administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) disse ser “indispensável” a implementação do regime de contribuições obrigatórias e referiu que a maior parte das grandes empresas já tem os seus próprios benefícios sociais. “O Governo tem de mostrar a sua determinação. Muitas das concessionárias de Jogo activam essas medidas (de apoio social) mais cedo do que o Governo. A SJM, por exemplo, já implementou três dias de licença de paternidade.” Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Aprovadas mudanças à Lei do Comércio Externo

O hemiciclo aprovou ontem na especialidade as alterações à Lei do Comércio Externo, que visam uma melhor integração do sector das convenções e exposições na legislação. Nenhum deputado pediu a palavra, tendo a proposta de lei sido aprovada sem nenhum voto contra ou abstenção.


6 Sociedade

hoje macau terça-feira 21.6.2016

ETAR Pedida criação de estação na ilha da futura ponte

Primazia às águas O tratamento das águas residuais de Macau deve ser uma prioridade para o Governo. Associações sugerem que o Executivo construa uma ETAR na ilha artificial, mas há quem prefira que a de Macau seja melhorada

L

am U Tou, secretário da Associação Choi In Tong Sam, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), sugere que seja criada uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) na ilha artificial da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. A obra, diz, deve ser dividida em duas fases: uma primeira parte dedicada ao tratamento das águas de Macau e uma segunda para as águas nos novos terrenos urbanos. Segundo os últimos dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a ETAR de Macau indicaram que mais de 50% das águas residuais não receberam o tratamento biológico nos últimos seis anos, ou seja, só passaram por um processo de tratamento básico. O Governo afirmou, no Plano Quinquenal, ainda que planeia aumentar a capacidade deste tratamento em 10%. Lam U Tou considera que esta melhoria é insuficiente e não vai resolver o problema de tratamento de águas de

Macau. É por isso necessário, defende, construir uma nova ETAR, sendo o local sugerido o melhor espaço para receber essa construção. “O Governo, em 2011, abriu um concurso internacional para a ETAR de Macau. Neste momento as instalações da ETAR não estão adequadas ao desenvolvimento do mundo, estão obsoletas. É verdade que o Governo já se mostrou disponível para pensar na criação de mais uma ETAR, mas isto não é suficiente”, explicou o representante, em declarações ao Jornal Ou Mun. À mesma publicação Lam U Tou criticou o facto destas águas continuarem sem o tratamento correcto, influenciando a qualidade de vida em Macau. Em forma de sugestão, o membro da associação reforça a possibilidade da obra ser construída em duas fases, dando ao Governo espaço e tempo para a construção. Numa primeira fase, indica, o Governo deve concentrar-se nas águas residuais de Macau. A segunda dirá respeito às águas residuais dos novos aterros

urbanos, como por exemplo, a zona A onde está prevista a construção de uma habitação pública para residentes. “Isto é o mais razoável, e corresponde a um desenvolvimento a longo prazo na protecção ambiental”, apontou. No entanto é preciso, aponta, que o Governo arranje um mecanismo que permita evitar que os casos em tribunal - como é caso do processo em curso com a empresa CESL-Ásia - atrasem as obras.

despesas do tratamento das águas residuais. “Está a ser utilizado dinheiro do cofre público para as instalações da ETAR, no entanto cada vez mais existem águas residuais. O Governo sabe que não pode continuar a desembolsar, portanto, quem é que deve pagar?

O povo paga

Por sua vez, Joe Chan, líder da União Macau Green Student, considera que o prioritário é resolver a situação da ETAR de Macau, enquanto só existe esta. O Governo precisa, diz, promover as empresas para concorrerem às obras de reabilitação das instalações da ETAR. O Governo aponta deverá discutir esta questão com a China para receber o seu apoio. No então, diz, são os utilizadores deverão pagar por este. Na visão de Joe Chan é preciso incorporar nas tarifas do serviço de água, as

“Neste momento as instalações da ETAR não estão adequadas ao desenvolvimento do mundo, estão obsoletas” Lam U Tousecretário da Associação Choi In Tong Sam

Todos nós”, argumentou Joe Chan, indicando ainda que “Macau deve ter um sistema próprio para o tratamento das águas residuais”. Esta cobrança extra, diz, deve funcionar em duas fases. Num primeiro momento o Governo deve começar a cobrar ao sector industrial e comercial, e depois, numa segunda fase, cobrar aos residentes do território. Joe Chan, explicou ao Jornal do Cidadão, que o Governo não está a cumprir com a sua responsabilidade no tratamento correcto das águas e isso é claro. “Um relatório, publicado pelas autoridades chinesas, indicou que a qualidade das águas de Macau não é boa e que a principal razão é porque Macau não tem um bom processo de tratamento. Isto é claro. O Governo não está a fazer um bom trabalho”, rematou. Tomás Chio (revisto por F.A.) info@hojemacau.com.mo

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Arte urbana nos bairros

Creche da Santa Casa da Misericórdia de Macau

ADMITE: Educadora de Infância De língua materna Portuguesa De língua materna Inglesa Envie C.V. para creche@scmm.mo Mais informações TEL:2875 1986/7

A

deputada Angela Leong interpelou o Governo acerca da criação de uma zona para grafite nos bairros antigos enquanto atracção turística e cultural. Por outro lado pretende ainda a deputada saber se o Executivo considera aumentar os espaços de exposição dedicados à mostra regular de trabalhos dos alunos universitários da RAEM. Angela Leong sublinhou ainda o arrendamento por parte do Instituto dos Assuntos Cívicos e Municipais (IACM)de uma área

da Rua dos Mercadores que visava um espaço onde os artistas locais podiam fazer e mostrar as suas criações. No entanto, devolvida a área ao proprietário e a consequente utilização da mesma para outros fins, a deputada é da opinião de que Macau perdeu um espaço que combinava arte e criação através do grafite. Angela Leong relembra a existência de cidades que utilizam o grafite enquanto modo de promoção de zonas turísticas. Apesar do Lago Nam Van agora possuir uma zona dedicada a esta arte, o Governo poderá procurar outros espaços, nomeadamente bairros antigos como palco de grafite, defende, e deste modo revitalizar os mesmos. Por outro lado a deputada referiu os cursos de arte já leccionados pelas instituições de ensino superior de Macau indagando o Governo acerca do aumento ou não de espaços de exibição destes jovens em formação. T.C. (revisto por S.M.) info@hojemacau.com.mo

Ilegal apanhado de mota com contrabandista

Segundo o Jornal Ou Mun, um residente local de nome Wai, taxista de 29 anos, e um empresário do Interior da China, com 38 anos e de nome Lau, foram apanhados ao tentarem “despachar” um imigrante ilegal de volta para o continente. O sujeito tinha vindo a Macau jogar nos casinos e iria embarcar debaixo da Ponte da Amizade. O transporte foi feito de mota para não levantar suspeitas mas serviu de pouco, pois a polícia apanhou-os na Avenida de Kwong Tung, na Taipa. O serviço tinha custado 20 mil patacas ao ilegal que, confessou, já antes teria requisitado apoio semelhante. Segundo a PJ, a parelha “Wai-Lau” já andava neste tipo de actividade há cerca de seis meses.


7 hoje macau terça-feira 21.6.2016

Pedidas mais câmaras contra imigração ilegal

Segundo o jornal Ou Mun, Kong Shun Chun, director-executivo da Associação Promotora para o Desenvolvimento da Comunidade da Taipa (APDCT), pede mais câmaras de vigilância. O pedido é dirigido sobretudo aos estaleiros dos novos aterros e tem como objectivo um maior controlo da emigração ilegal. No último Seminário da APDCT os cidadãos salientaram o problema dos emigrantes ilegais que podem entrar em Macau através destes estaleiros visto os mesmos não possuírem iluminação ou segurança suficientes. A polícia já aumentou a frequência das patrulhas nestas zonas bem como a verificação de carros que possam parecer suspeitos. No entanto a comunidade considera que as medidas ainda não são suficientes para acabar com o problema.

Sin Fong Sem acordo, atribuição de subsídio termina em Agosto

Acabou-se o que era doce O subsídio mensal atribuído aos moradores do Sin Fong Garden terminará no próximo mês de Agosto. O IAS indicou que houve consenso, ideia negada por um dos moradores que diz que só existiu um anúncio da decisão

“O Governo não quer continuar a responsabilizar-se pelo problema. Está a reduzir em tudo” Chao Ka Cheong morador do Sin Fong Garden

A Sangue São precisas 1400 doações por mês

Segundo o Centro de Transfusões de Sangue Macau precisa de, pelo menos, 1400 dadores de sangue por mês, ou seja, uma média 50 pessoas por dia, para conseguir satisfazer as necessidades dos hospitais de Macau. Em 2015, 3.164 doentes receberam sangue num total de 19.084 unidade e 12.794 cidadãos deram sangue. O apelo a mais doadores é, portanto, permanente.

u Chi Keung, vice-presidente do Instituto de Acção Social (IAS), afirmou ao Jornal Ou Mu, que o organismo vai parar de atribuir os subsídios aos moradores do Sin Fong Garden, a partir de Agosto. Apesar do fim deste apoio, o Governo vai continuar a ajudar os lesados com alojamentos temporários até a reconstrução do edifício terminar. Feitas as contas, o IAS já pagou 25 milhões de patacas em apoios aos moradores, desde a evacuação em 2012, devido ao risco de ruína. Proprietários de apartamentos de tipologia de dois quartos estavam desde então receber seis mil patacas mensais, e os proprietários de apartamentos com três quartos, nove mil patacas. O apoio monetário vai termi-

Dore Lesados pedem reunião com DICJ

O

s lesados da empresa de junkets Dore entregaram ontem uma petição à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) a solicitar uma reunião com Paulo Chan, director da entidade, uma vez que o advogado representante da Dore deu a conhecer as

sociedade

paragens no processo de reembolso às vitimas. Ip Kim Fong, porta-voz dos investidores, afirmou ontem ao HM que a petição pede uma reunião a Paulo Chan na sequência das afirmações do advogado da empresa de junkets ter dado a conhecer que

Wong Meng Sang, presidente do Conselho Administrativo do Sin

Fong Garden, questionado sobre a decisão do Governo, indicou, à publicação, que o IAS tinha reunido com os membros do conselho e moradores para tentar chegar a um consenso que agradasse a todos. As maiores preocupações abatem-se sobre a data da conclusão da reconstrução do prédio. Foi pedido ao Governo para que apresente um calendário de trabalho, o

a empresa não irá devolver parte do capital aos investidores lesados na medida em que considera que os lesados têm problemas nas suas contas bancárias. O representante admite ainda que estes casos ficarão temporariamente parados e que a empresa não entrará em contacto com eles. Ip Kim Fong adiantou ainda que as vítimas aguardam resposta da DICJ na

esperança que o Governo possa interceder junto da empresa de junkets no acelerar do processo e consequente devolução de dinheiro. A petição alerta também para a recusa por parte dos investidores em aceitar a possibilidade de não virem a recuperar o seu dinheiro, sendo portadores do recibo de depósito que prova o dinheiro deixado na sala VIP do casinho Wynn.

nar, mas, reforçou o responsável, os moradores despejados podem pedir alojamento temporário, sendo que até ao momento Au Chi Keung não sabe precisar se já foram recebidos pedidos ou não. “Alguns, mas não sei dizer um número”, explicou.

Longe, muito longe

mais depressa possível, para que os moradores não fiquem “muito tempo à espera”. Confrontado com as declarações de consenso, Chao Ka Cheong, morador do Sin Fong Garden, disse, ao HM, que embora o Governo tenha reunido não questionou os moradores sobre o fim do subsídio, indicando que os mesmos só o souberam depois de anunciado. “Não conseguimos fazer nada,” disse, “o Governo não quer continuar a responsabilizar-se pelo problema. Está a reduzir em tudo”. Quanto aos alojamentos temporários, Chao indica que o Governo “disse que não existe uma regulação para a solicitação dos alojamentos temporários”, sendo que só se pode guiar pela Lei da Habitação Social. “Isto faz com que pouca gente consiga alojamento temporário”, aponta. Recorde-se que está ainda a decorrer a acção judicial contra a empresa Companhia de Construção e Investimento Ho Chun Kei, responsável pela obra. Angela Ka (revisto por F.A.) info@hojemacau.com

Até Abril, mais de 40 lesados já tinham recebido o dinheiro gasto, sendo que cerca de 60 ainda não conseguiram recuperar o mesmo. O desvio financeiro cobre um montante de cerca de 300 milhões de dólares de Hong Kong e terá sido levado a cabo por uma funcionária da empresa. T.C. (revisto por S.M.) info@hojemacau.com


8 Blaine Whittaker em concerto no D. Pedro V

eventos

Venetian Aniversários de carreiras cantopop

S

ão duas as estrelas de Cantopop que vêm a Macau trazer as vozes proeminentes da vizinha Hong Kong. Por um lado, Shirley Kwan, vai ocupar o palco do Teatro do Venetian com o concerto “AN INTIMATE LIVE”. O espectáculo integra a comemoração dos 25 anos de carreira da cantora Cantopop que começou nos palcos em 89 com o trabalho “Happy Are Those In Love” após o qual contou com um lugar no estrelato pop cantonês. De originais a reinterpretações de clássicos é hoje, segundo a organização, uma das vozes mais apreciadas e já há muito ansiadas nos palcos de Macau. O evento tem lugar

a 9 de Julho às 20h00 e os bilhetes são postos à venda hoje com valores entre as 380 e as 980 patacas. A 23 de Julho à mesma hora é a vez de Andy Hui com o espectáculo “COME ON: PART TWO” no Cotai Arena. A digressão que vai passar pela RAEM arrancou em Maio com lotações esgotadas em Hong Kong. Para este espectáculo a organização adianta que espera um concerto cheio de dança à mistura em que o artista celebrará os clássicos que coleccionar em carreira desde 1986 ao mesmo tempo que comemora os trinta anos pelas lides da música. Os bilhetes já estão à venda com valores entre as 380 e 1180 patacas.

A

Palc de Ja

prendeu e colaborou com os maiores e vem agora a Macau. O Saxofonista Blaine Whittaker que tem no currículo participações com Marsalis, Coleman ou Herring, estará na próxima quinta-feira no palco do D.

À venda na Livraria Portuguesa Ansiedade, Como Enfrentar o Mal do Século • Augusto Cury

Este livro fala do mal do século. Muitos pensam que o mal do século é a depressão, mas aqui apresento outro mal, talvez mais grave, mas menos percetível: a ansiedade decorrente da Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Pensar é bom, pensar com lucidez é ótimo, porém pensar demais é uma bomba contra a saúde psíquica, o prazer de viver e a criatividade.

Pedro V e no dia seguinte num workshop aberto a todos os interessados. O Teatro D. Pedro V é o palco para o espectáculo do saxofonista australiano Blaine Whittaker na próxima quinta-feira às 20h00. O evento que conta com entrada gratuita traz

Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • mail@livrariaportuguesa.net

SOS Manipuladores • Margarida Vieitez, Fernando Mesquita

Uma pessoa que no trabalho, numa relação amorosa, familiar ou de amizade não o deixa ser quem é, o subjuga, coloca em causa a sua autoestima e suga a sua energia e prazer de viver é um manipulador. A mediadora familiar Margarida Vieitez e o psicólogo Fernando Mesquita, recorrendo a casos reais e a exercícios práticos, explicam-lhe tudo o que precisa de saber para evitar ou afastar estas pessoas da sua vida: os sinais a que deve estar atento, as estratégias de manipulação geralmente utilizadas e os comportamentos que deve ter para não se deixar «intoxicar».


9 hoje macau terça-feira 21.6.2016

eventos

hoje na chávena Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Digressão de posters passa pelo Centro de Design

co azz

a Macau uma referência do jazz internacional numa apresentação de “Strange Universe” o seu mais recente álbum. O concerto conta com o acompanhamento da “Universe Strange Band” e os seus músicos internacionais. Na guitarra estará Eugene Pao de Hong Kong, as teclas contam com Nicholas Boulouskos dos Estados Unidos, de França o baterista Laurent Robin e no baixo o também australiano Scott Dodd. O músico junta-se no dia seguinte aos interessados para um workshop a decorrer às 18h30 no Ace Music Center, na Avenida da Praia Grande.

Pelo mundo fora

Depois de se formar no Conservatório de Música de

Brisbane, na Austrália, o músico muda-se para Sidney e logo deu início a uma carreira brilhante. Começou por fazer parte do sexteto de James Morrison com o qual tocou cerca de dez anos. Da sua carreira contam múltiplas colaborações de sucesso: desde o acompanhamento do britânico Cliff Richard pela Austrália ao prosseguimento de estudos em Nova Iorque onde trabalhou com os lendários Wynton Marsalis, George Coleman ou Vincent Herring e passou por espaços consagrados ao jazz e ao blues como o Dakota Staten ou o Lennox Lounge em Harlem. Acompanha as estrelas de Jazz suecas, Nils Landgren e Anders Bergcrantz, passa pelo R&B na companhia de Mary Wilson e junta-se a Laura Fygi em digressão mundial . O Jazz e o blues são as suas referências, mas não descurou as boas relações musicais com a vizinha Hong Kong onde também desenvolveu carreira. Para além de tocar com a Orquestra Filarmónica local não deixou de colaborar com artistas pop cantonês e em mandarim, levando o seu nome e sucesso a outros públicos. Fazem parte do rol de estrelas regionais Jackie Cheung, Justin Lo, George Lam, Alex To, Kahlil ou Joey Yung. O espectáculo na RAEM integra a série “Early Summer Jazz Concert” 2016 promovida pela Fundação Rui Cunha .

“Color” 2016 é a exposição que ocupa o Centro de Design de Macau e que traz trabalhos de design asiático para uma mostra do que de melhor se faz no continente. Os trabalhos que integram “Color” 2016 têm origem num convite lançado pela Aliança Asiática de Design Gráfico a profissionais de renome. Dentro dos artistas que deram inicio à iniciativa contam-se nomes como o do japonês Kyoji Kotani, Kumnam Baik da Coreia do Sul ou Apex Lin Pang Soon de Taiwan e ainda trabalhos de profissionais de vários países asiáticos. Com o objectivo de criar posters sob o tema que dá nome à apresentação, a iniciativa representa a primeira exposição em digressão na Ásia em que cada país organiza e procede à curadoria dos trabalhos locais. Num total de 268 posters a exposição já passou pelo Japão e Coreia do Sul, e depois de Macau continuará viagem até Singapura, Taiwan e Xangai.

Noël Dolla expõe vanguarda da pintura francesa

“Pregas e dobras 3” dá nome à exposição de Noël Dolla que inaugura a 24 de Junho na Galeria Tap Seac às 18h30, numa iniciativa integrada no French May. As 32 obras que vão estar ao dispor dos visitantes pretendem dar a conhecer ao público de Macau a arte contemporânea que se faz em França. O artista é o membro mais jovem do Grupo Suportes /Superfícies tendo participado no início dos anos 60 na nova fase do movimento de vanguarda, adianta a organização. Noël Dolla abandona o formato pictórico tradicional e passa a utilizar materiais prosaicos e a pintura abstracta como modo de representação das suas reflexões e estudos relativos à essência da pintura. A mostra estará patente até nove de Outubro e conta com entrada livre

HERA-TERRESTRE Curiosa esta planta: prostrada, produz caules rasteiros, por vezes, com mais de um metro de comprimento, fixados ao solo, em cada nó, por feixes de raízes fibrosas; dos caules nascem vários ramos, uns estéreis, igualmente prostrados e compridos, outros floridos e erectos atingindo 25 cm de altura, levemente pilosos. Os ramos erectos são providos de folhas pecioladas, aveludadas, recortadas e em forma de rim, dispostas aos pares, nas axilas das quais crescem lindas flores bilabiadas de cor violácea, por vezes branca ou rosada; o fruto é constituído por quatro aquénios ovais, lisos e castanhos (tetraquénio). Nativa da Europa (excepto região mediterrânica) e Ásia Ocidental, é também cultivada como ornamental. Uma das espécies mais usadas para clarificar e aromatizar a cerveja antes da utilização do Lúpulo no século XVI, a Hera-terrestre é ainda hoje empregue como aromatizante natural de alimentos. Enquanto planta medicinal, é conhecida desde a Idade Média, sendo muito apreciada por Santa Hildegarda (século XII) para o tratamento das afecções pulmonares e das feridas e contusões. Integra ainda a milenar medicina tradicional chinesa. Em fitoterapia, são usadas as partes aéreas floridas, da planta fresca ou seca. Composição Lactonas sesquiterpénicas (marrubiina), princípio amargo (glecomina), taninos, flavonóides (cimarósido, hiperósido, isoquercitrina), ácidos fenólicos (cafeico, clorogénico), saponósidos, resina, vestígios de óleo essencial (germacrano B, germacrano D, mentona, cis-ocimeno, pinocarvona, pulegona), hidratos de carbono, colina e sais minerais (potássio). Aroma agradável; sabor balsâmico e amargo. Acção terapêutica Excelente planta para a recuperação das mucosas do aparelho respiratório, a Hera-terrestre exerce uma acção tonificante e anti-inflamatória, ao mesmo tempo que fluidifica as mucosidades e facilita a sua expulsão, descongestionando as vias respiratórias; aumenta ainda a sudação, facilitando a eliminação das toxinas pela pele e contribuindo para a depuração do sangue e a descida da febre. É muito recomendada no tratamento da tosse e catarro, constipação, gripe, bronquite, asma, pneumonia e enfisema; pode ainda ser útil nas afecções dos ouvidos, nariz e garganta, como otites, sinusites

e faringites. Planta bem tolerada, pode ser administrada às crianças. Já foi usada na tuberculose (como adjuvante) e nos catarros pulmonares crónicos. Adstringente, esta erva desinflama as mucosas do tracto gastrintestinal reduzindo as secreções, tonifica o estômago, é antiulcerosa e antidiarreica; favorece a produção de bílis pelo fígado. Está indicada nas más digestões por falta de sucos gástricos, gastrite, colite, úlcera gastroduodenal, diarreia e disenteria, bem como em caso de icterícia e hepatite. Tem actividade diurética e anti-séptica urinária, sendo empregue na retenção de líquidos, inflamação da bexiga e cálculos urinários, gota, artrite e reumatismo. Também é usada nas dores (de cabeça, dentes, ouvidos e costas) pelas propriedades analgésicas. Outras propriedades Usada externamente, a Hera-terrestre favorece a cicatrização de feridas e a cura de contusões. Feridas de difícil cicatrização, úlceras, queimaduras, furúnculos, fístulas, inchaços, hemorróidas, dores de garganta e doenças de pele, como dermatites e psoríase, são outras das suas indicações. Como tomar Uso interno: Infusão das partes aéreas floridas: 1 colher de sobremesa por chávena de água fervente. Tomar 3 ou 4 chávenas por dia, depois das refeições. Nas afecções respiratórias, adoçar com mel. Suco da planta fresca: tomar 1 colherada, 3 vezes por dia. As folhas jovens, de sabor amargo, podem ser ingeridas cruas em saladas, adicionadas a sopas ou cozinhadas como os Espinafres. Uso externo: Decocção das partes aéreas floridas: 60 gramas por litro de água. Em compressas, lavagens e gargarejos. Precauções Não são conhecidos efeitos secundários nas dosagens habitualmente prescritas. Respeitar as posologias. Em doses elevadas, pode ocasionar irritação das mucosas do tracto gastrintestinal. Contra-indicada durante a gravidez, lactação e em caso de nefrose e epilepsia. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde. Ilustração: Jacob Sturm, em Deutschlands Flora in Abbildungen (1796), de Johann Georg Sturm (Wikimedia Commons)


10 China

hoje macau terça-feira 21.6.2016

Hong Kong Governo mostra preocupação no caso dos livreiros

Banco de investimento revê crescimento em baixa

O

China International Capital Corp. (CICC), um dos principais bancos de investimento da China, reviu ontem em baixa a previsão do crescimento do país, em 2016, de 6,9% para 6,7%, segundo a agência oficial Xinhua. O ajustamento “deve-se, sobretudo, a uma re-

cuperação da economia mundial mais lenta do que o previsto”, afirmou a instituição, em comunicado. A mesma nota refere que o índice de consumo deverá manter-se “estável”, enquanto “o investimento público deve crescer acima do investimento privado”. Já as exportações continuarão “débeis” na segunda metade do ano, devido “a incertezas políticas na Europa e nos Estados Unidos da América”. O CICC prevê ainda que a inflação se mantenha nos 1,9%, em 2016, com o índice de preços ao consumidor a registar uma tendência negativa nos próximos meses, antes de recuperar no final do ano. “Nós mantemos a nossa previsão de que as taxas de juro não sofrerão mais cortes, em 2016, e reduzimos a previsão de cortes no coeficiente de reservas obrigatórias de quatro para um”, lê-se no comunicado. pub

HM • 1ª vez • 21-6-16

ANÚNCIO Interdição

N.º CV1-16-0059-CPE

1.º Juízo Cível

-----REQUERENTE: O Ministério Público.---------------------------------------------REQUERIDO: Lau Sek Nam, nasceu a 06/10/1934 em Macau, filho de Lau Cheong e de Mok Fun, titular do B.I.R.M., residente em Macau “台山中街 338號逸麗花園第5座麗園閣3樓”.---------------------------------------------------

***

-----O MERITÍSSIMO JUIZ DO 1.º JUÍZO CÍVEL DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M.: -----------------------------------------------------FAZ SABER QUE, foi distribuída neste Tribunal, em 30 de Maio de 2016, uma Acção Especial de Interdição, com o número acima indicado, que

Em câmara lenta

Há muito se esperava que CY Leung dissesse alguma coisa sobre os livreiros raptados pela China. Finalmente, após Lam Chun-Win ter revelado à imprensa os pormenores do seu ordálio, o chefe prometeu rever o regime de notificações das autoridades da China às de Hong Kong e que, se for necessário, mandará funcionários acompanhar o caso no continente

O

chefe do Executivo de Hong Kong falou ontem pela primeira vez sobre a detenção na China de um dos livreiros desaparecidos em 2015 e assegurou que vai transmitir a Pequim a sua preocupação com o sucedido. Leung Chun-ying explicou que vai escrever ao Governo Central depois de Lam Wing-kee ter assegurado, na semana passada, que foi sequestrado por uma unidade de agentes chineses quando se encontrava em visita à cidade de Shenzhen e que foi detido durante oito meses, com todas as comunicações cortadas, informa a emissora pública RTHK. Lam assegurou que foi forçado a assinar um documento em que prescindia de um advogado ou de contactar familiares e que também foi obrigado a gravar uma confissão falsa para ser transmitida na televisão, em que dizia que tinha feito chegar livros proibidos à China. O Chefe do Executivo de Hong Kong, que regressou ontem de umas férias de nove dias, indicou também que será revisto o mecanismo através do qual as autoridades da China devem notificar as de Hong

O Chefe do Executivo de Hong Kong, (...) indicou também que será revisto o mecanismo através do qual as autoridades da China devem notificar as de Hong Kong sobre a detenção dos seus residentes noutras partes do país Kong sobre a detenção dos seus residentes noutras partes do país. Caso seja necessário, Leung garantiu que enviará funcionários do seu Governo para seguir o caso na China.

Cuidado com a China

Lam foi libertado sob a promessa de que voltaria

para entregar às autoridades chinesas um disco rígido com informação sobre os clientes da sua livraria, Causeway Bay. O livreiro decidiu não responder a esta exigência e optou por revelar, numa conferência de imprensa, as condições a que foi submetido durante os meses em que esteve detido.

CY Leung explicou que a polícia local contactou Lam e afirmou que será garantida a sua segurança. O livreiro recusou pedir asilo político noutros países, segundo informou o deputado Albert Ho. Lam e outros quatro livreiros ligados à livraria Causeway Bay e à editora Mighty Current desapareceram entre Outubro e Dezembro do ano passado e reapareceram sob custódia das autoridades da China. Quatro deles foram libertados, mas Gui Minhai, que também tem passaporte sueco, continua nas mãos das autoridades depois de ter desaparecido na Tailândia. Numa entrevista ao South China Morning Post, Lam, o único que falou sobre o que aconteceu, disse que as autoridades chinesas planeiam condenar Gui entre Setembro e Dezembro deste ano e deixar os restantes “sem castigo”. Tudo indica que o que está em causa são os livros em que a editora de Gui se especializava, com detalhes da vida privada dos líderes chineses, incluindo o Presidente Xi Jinping, sobre quem estava a ser preparado um relato sobre as suas amantes, segundo especialistas consultados pela agência de notícias Efe.

o Ministério Público move contra Lau Sek Nam, a fim de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.------------------------------------------------------Tribunal Judicial de Base da R.A.E.M., 08 de Junho de 2016.----------------

***

Putin chega a pequim para a semana

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, efectuará, no próximo dia 25, uma visita oficial à China, durante a qual está previsto que assine uma série de acordos bilaterais, informou ontem o Kremlin. Putin e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, analisarão “passos concretos” para desenvolver a cooperação entre ambos os países, nos âmbitos do comércio e da economia, tecnologia e ciência humanitário e investimento, refere um comunicado da presidência russa. Os dois estadistas abordarão também assuntos chave da actualidade internacional, assim como a interacção de ambos os países dentro de organizações multilaterais e regionais, como a ONU, o G20 ou o grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O Presidente russo viajará para a China desde Taskent, a capital do Uzbequistão, onde se celebrará nos próximos dias 23 e 24 a cimeira anual da Organização para a Cooperação de Xangai (OCS). A OCS integra a China, o Cazaquistão, o Quirguistão, a Rússia, o Tajiquistão e o Uzbequistão.


11 hoje macau terça-feira 21.6.2016

China

Disputa de patentes ameaça Apple em Pequim

O bicho da maçã As ideias de expansão ilimitada da Apple na China sofreram mais um abalo. Depois da inibição aos serviços iBooks e iTunes Movies chega agora a proibição de vender Iphones 6 e 6S em Pequim, em virtude da queixa de uma pequena empresa de Shenzhen que acusa a Apple de... infracção de patentes. A decisão do tribunal é vista como mais um ataque às empresas ocidentais que operam no país

A

Shenzhen Baili, uma “startup” chinesa pouco conhecida, conseguiu proibir a venda do iPhone 6 e iPhone 6 Plus da Apple em Pequim na Justiça, devido a uma patente do design do smartphone. A Apple informou na sexta-feira que entrou com pedido de recurso e, enquanto ele tramita, as vendas não serão afectadas. A decisão é um exemplo dos desafios crescentes que as empresas ocidentais enfrentam na China, à medida que as empresas chinesas se transformam em concorrentes mais fortes e os reguladores aumentam a pressão para que as firmas estrangeiras se adaptem às regras de Pequim. A empresa que desafiou a Apple, a Shenzhen Baili, é quase desconhecida fora da China e nem sequer tem um website. Shenzhen Baili parece ser outro nome para a Digione, startup de smartphones mais conhecida, parecida com a Xiaomi, que fabrica telemóveis baratos. Não foi possível esclarecer a relação legal entre a Digione e a Shenzhen Baili, embora o mesmo homem, Xu Guoxiang, seja citado como presidente executivo das duas empresas e ambas apareçam nos documentos legais do caso. Xu foi director de

Rendas de casa disparam

marketing da fabricante chinesa Huawei Technologies antes de fundar a Digione em 2006, segundo a análise do seu perfil on-line. Em 2013, a empresa chinesa de internet Baidu tornou-se a maior investidora da Digione, segundo duas pessoas a par do assunto. O apoio de uma das empresas de tecnologia mais poderosas da China pode ajudar a explicar como uma startup pouco conhecida foi capaz de ganhar um caso de propriedade intelectual contra uma das empresas de tecnologia mais avançadas do mundo. O fundador da Baidu, Robin Li, é representante do comité de consultoria política do governo central.

Proteccionismo pode influenciar

A Apple vai enfrentar uma batalha dura neste caso, disse Edward Lehman, advogado de patentes de Pequim, porque já fracassou na tentativa de invalidar a patente da Shenzhen em 2015.

O escritório de propriedade intelectual municipal de Pequim concedeu a ordem de retirada dos iPhones do mercado à Shenzhen Baili, que se aplica somente a Pequim, depois de decidir que o iPhone 6 e o iPhone 6 Plus infringem sua patente, segundo comunicado do site do escritório datado de 19 de Maio. Não está claro quando é que o comunicado foi publicado on-line, pois apenas na semana passada foi detectado pelos média chineses. Uma recepcionista do escritório de propriedade intelectual de Pequim disse na sexta à noite que não havia ninguém disponível para responder a perguntas. Steve Milunovich, analista do banco suíço UBS, disse, em nota, que os receios em relação à proibição são “provavelmente exagerados”, mas salientou os riscos que a Apple enfrenta a longo prazo. “O governo pode decidir a favor de fornecedores locais.”

O que é nacional é bom

Com o governo do presidente Xi Jinping, a China adoptou uma visão mais rigorosa sobre tec-

“Ainda é relativamente raro que empresas chinesas ataquem rivais ocidentais com sucesso, mas vamos ver cada vez mais isso acontecer” Erick Robinson advogado especializado em patentes para a Ásia e Oceânia

Nas cidades chinesas de primeiro e segundo escalões, o aumento vertiginoso do preço das casas está a “sufocar” os mais jovens. Para manterem os empregos e ainda conseguirem apoiar as famílias, têm de alugar quartos. Porém, com o disparar do preço dos alugueres, tiveram de se mudar para cada vez mais longe do centro. Em Pequim, onde existe um elevado número de universidades, todos os anos sai uma grande quantidade de graduados que se querem estabelecer na cidade. De acordo com a CityRE Data, uma consultora chinesa do sector imobiliário, a média do aluguer na capital é a mais alta em toda a China. Em Pequim, a média de preços ronda os 71,24 yuans por mês e por metro quadrado, um crescimento de 13,46% face ao ano passado. A capital é seguida por Shanghai e Shenzhen, que registaram aumentos de 13,47% e 10,96% respectivamente.

nologia e conteúdo. As empresas chinesas estão a aprender a tirar vantagens do sistema interno de patentes ainda em amadurecimento, reivindicando patentes mesmo que não tenham sido elas as primeiras a desenvolver a tecnologia, diz Erick Robinson, advogado especializado em patentes para a Ásia e Oceânia da firma de advocacia Rouse China. “Ainda é relativamente raro que empresas chinesas ataquem rivais ocidentais com sucesso, mas vamos ver cada vez mais isso acontecer.”

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A decisão sobre as patentes é o mais recente desafio para a Apple na China, o seu maior mercado fora dos Estados Unidos. Depois de anos de crescimento rápido, as vendas de iPhones caíram na China no trimestre encerrado a 26 de Março, contribuindo para o primeiro declínio na receita trimestral da Apple em 13 anos. Em Abril, a China fechou os serviços iBooks e iTunes Movies da Apple, com os reguladores a afirmarem que não tinham as licenças necessárias, segundo fontes próximas. Wall Street Journal


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hoje macau terรงa-feira 21.6.2016

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luz de inverno

Boi Luxo

A propósito de cinco realizadores

U

M pouco em jeito de conclusão acho que Pasolini, Fassbinder e Bergman me bastavam. Juntando-se-lhes duas sensibilidades distantes geograficamente a este centro necessariamente europeu, Ray e Imamura. Em todos caberia o suficiente, a música e a poesia, a velocidade e o estrondo, a bondade e o corpo, um olhar distante e uma cítara e a dança. Todos me parecem autores que não guardariam um segredo se algum valor mais alto se levantasse. Esta gente, sim, é a minha pátria de pederastas e curas, cantoras e ladrões, mães corajosas e soldados, a Capadócia, Munique, Fårö, Calcutá, Aomori. Há num filme de Bergman duas pessoas vítimas de uma guerra civil que chega ao que eu penso ser a ilha de Fårö, a ilha onde o autor viveu grande parte da sua vida e cuja conotação bergmaniana continua a atrair forasteiros inclinados à sua memória e à meditação. Não é dos seus filmes mais conhecidos mas é daqueles que deixam uma marca subtil mas indelével. É um filme, como o da hora do lobo, que contém cenas que usamos constantemente como termo de comparação. Por vezes acontece algo e nós pensamos que é como num filme de Bergman (por exemplo) mesmo que não o consigamos identificar. Neste é a instabilidade dos dois membros do casal, o medo mal escondido de participar na guerra, um comprazimento na incompreensão e no conflito ou apenas o patinar das rodas de um velho Volvo numa estrada lamacenta.

h artes, letras e ideias

hoje macau terça-feira 21.6.2016

13

Quem quiser perceber até que ponto a análise e a exposição dos conflitos sociais é interior ao mundo de Bergman pode ler Laterna Magica, o livro em que Bergman expõe uma longa lista de situações conflituosas com membros da família, mulheres a que se associou, amigos e relacionamentos profissionais. Mas não é obrigatório. Começa bem, com a possibilidade do pequeno Ingmar morrer de malnutrição, como se logo de início houvesse alguém a quem fosse imperioso atribuir culpa. Álcool e silêncios, os mesmos silêncios dos seus filmes, pardos, indecisos e um pouco antes de haver mistério. Nos seus filmes realistas uma das suas qualidades reside em se deter antes do mistério. Será tudo isto demasiadamente centrado nas suas obsessões pessoais? Sim, mas é esta fúria individualista que está na base da energia, da violência e da imensa nostalgia e sentido de desilusão que percorre o seu cinema e o torna belo. Este é um filme realista. Outros serão menos. Mas em todos a emoção estética é intensa porque em todos os registos aquilo que Bergman filma - quase sempre bem mas nem sempre – são partes de nós em cuja existência não queremos acreditar ou não queremos lembrar. Fassbinder faz o mesmo mas do realizador alemão já aqui se falou muitas vezes, insistindo-se na sua urgência e na sinceridade da exposição. Eu acho que os filmes de Bergman vão envelhecer mais depressa que os de Fassbinder. Isto é, vão continuar a ser admirados mas como objectos um pouco datados. A violência directa dos

diálogos de Fassbinder não vai deixar que isso aconteça tão depressa. Além disso, há muitos bocados de filmes do autor alemão que vão continuar a desagradar a muitos, enquanto que os de Bergman continuarão a ser recebidos com boa vontade, cada vez mais, com condescendência. Este é o meu corpo, este é o meu sangue. Se o cinema tivesse sido inventado muito antes seria provavelmente como o de Pasolini, apaixonado, com sentido do espectáculo, tocado pelo espírito santo ou outro pneuma de outro mundo. Este é o cinema que une os pobres ao céu, um que não se fará nunca mais, generoso como nenhum outro. Não há plano nenhum que Pasolini não tenha concebido como uma dádiva – pescador de homens. Fassbinder e Pasolini gostariam certamente de saber que os esperavam mortes com efeitos cinematográficos. Lembrei-me que todos estes realizadores acompanharam a sua carreira no cinema com outras actividades, Bergman e Fassbinder muito ligados ao teatro, Pasolini à poesia, à prosa e ao teatro também, Ray (nascido numa família com ligações às artes) à música e também à escrita e à caligrafia. Imamura dedicou, na sua juventude, energias ao teatro e à actividade política mas parece-me que mais para o fim se inclinou para a vida boa dos copos e do convívio com os amigos. O melhor filme autobiográfico de Imamura não foi ele que fez. Foi, sem o saber, Paulo Rocha. Nele, o velho japonês parece pouco interessado no interesse que Rocha e o mundo lhe dedicou e não terá percebido o que viam nele. Talvez por

esta razão estes autores parecem estar um pouco para lá do cinema. Este um pormenor muito amusant. Imamura parece não ter percebido, de início, que os retratos tribalistas do Japão que compôs têm um forte apelo universal. Daí o seu agora famoso espanto. A sabedoria de Imamura consiste em mostrar o modo como o ser comum se insere na sociedade e na grande complexidade do mundo. As suas figuras são sempre o ser das camadas baixas e, muitas vezes, o retrato é o da personagem marginal e criminosa. Imperfeitos sobreviventes. Todos estes realizadores, com a excepção de Pasolini, assassinado aos 53 anos com 12 filmes realizados, têm obras consideráveis, Ray e Fassbinder quase 40 filmes, Bergman perto de 50, Imamura mais de 20. São obras consideráveis, sólidas, consistentes, com poucos momentos baixos. Conhecer a obra de Ray é um privilégio elevado, a sua poética dos injustiçados difícil de igualar. Não me parece que seja possível fazer uma ideia do que é a riqueza do cinema sem pensar na sua contribuição. Ainda hoje Pather Panchali, seu primeiro filme, parece um milagre. Tal como Imamura, Ray mostra o lugar que ocupamos no grande estado das coisas e essa é uma contribuição de que poucos conseguem igualar. Eu sei que há muitos realizadores que faltam aqui, Godard, Resnais, Oliveira, Murnau, Buñuel, os russos, uns iranianos, Kurosawa, Dreyer, Fellini, Rossellini, etc., mas estes cinco constituem pilares suficientemente sólidos para fingir que se percebe o mundo e para se desejar o céu.


14 (F)utilidades tempo

hoje macau terça-feira 21.6.2016

?

nebulado

O que fazer esta semana Hoje

Filme“A Few Good Men” de Rob Reiner Casa Garden, 19h30

Quinta-feira

min

28

max

33

hum

65-90%

euro

9.063

baht

Música “Noite de piano” Fundação Rui Cunha, 20h00 Exposição “Pregas e dobras 3” de Noël Dolla Galeria Tap Seac, 18h30

Diariamente

Exposição “Unamed” e concerto de Sylvie Xing Chen Fundação Rui Cunha (até 25/06)

o cartoon steph

Exposição “Artes Visuais de Macau” Instituto Cultural (até 07/08) Exposição “Dinossauros em carne e osso” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) Exposição “Reminescent – Portugal Macau” Galeria Dare to Dream (até 22/07) Exposição “Cnidoscolus Quercifolius” - Alexandre Marreiros Museu de Arte de Macau (até 31/07)

Exposição “Color” 2016 Centro de Design de Macau

Cineteatro

C i n e m a

NOW YOU SEE ME 2 Sala 1

now you see me 2 [b] Filme de: Jon M. Chu Com: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Lizzy Caplan 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 Sala 2

Alice through the looking glass [b] Filme de: James Bobin Com: Johnny Depp, Anne Hathaway, Mia Wasikowska 14.30, 16.30, 21.30

Solução do problema 110

problema 111

Um Filme hoje

Sudoku

de

Exposição “Arts Fly” Broadway Macau (até 28/06)

Exposição “ Exposição do 70º Aniversário” - Han Tianheng Centro Unesco de Macau – (até 07/08)

1.21

Chupímetros

Sexta-feira

Exposição “Traços de Tinta sem Pincel” – Yang Yimo Centro Unesco de Macau – (até 21/06)

yuan

aqui há gato

Música - Blaine Whittaker D. Pedro V, 20h00

Exposição “Edgar Degas – Figures in Motion” MGM Macau

0.22

Não ando de carro. Ando a pé, de cesto, ou ao colo, portanto tudo o que tenha ver com carros, motos e afins passa-me um pouco ao lado. Isso não me impede, todavia, de cogitar sobre assuntos relacionados como foi a notícia recente de que a organização das Festas Populares em São Lázaro vai ter de pagar os parquímetros das ruas que estiverem fechadas durante as celebrações. Fiquei confuso. Na minha inocência felina, os parquímetros foram colocados não para que alguém possa apenas fazer dinheiro com eles, mas sim para inibir o uso excessivo de automóveis e permitir a rotação dos lugares de estacionamento. Ou seja, um serviço público. Na minha inocência felina, o lucro que possa advir aos concessionários seria apenas resultado da operação do sistema. Recolha de pagamentos, staff administrativo, aquisição de equipamento, taxa de serviço, e por aí fora. Um serviço prestado à cidade e, naturalmente, remunerado. Mas nunca uma actividade especulativa de maximização de lucro. Surpreendido fiquei quando a empresa gestora dos parquímetros na zona de São Lázaro ameaçou pedir à organização o pagamento das taxas não cobradas durante o período em que as ruas fiquem vedadas ao trânsito. Pareceu-me sui generis. Em primeiro lugar, se queriam pedir dinheiro a alguém deveria ser ao IACM que terá autorizado o encerramento das ruas ou à DSAT com quem terão o acordo. Mas, mesmo que vão à fonte clamar o mel a questão muda de tom? Vão clamar o quê? Lucros cessantes? Despesas incomensuráveis com o imobilizado? Quedas na bolsa de Hong Kong? Cabe na cabeça de alguém este pedido? A sério, ou apenas soa a estranho a mim por ser gato? Vocês acham normal? Afinal de contas os parquímetros são um negócio igual a um snack bar? Chupímetros, é o que eu acho.. Pu Yi

Uma história Simples (David Lynch, 1999)

David Lynch há muito que dispensa apresentações. Em 1999 sai “Uma história simples” que pelo titulo já levava a interrogações. O realizador até á data tinha como cartão de visita a complexidade dos seus filmes e de repente é isto: um filme tão simples quanto bonito e bem feito. Uma história baseada em acontecimentos reais que acompanha a viagem de Alvin Straight. Com 73 anos, o protagonista parte para uma viagem de mais de 500 km num cortador de relva para visitar o irmão que não vê há muito e que está gravemente doente. Uma interpretação de se lhe tirar o chapéu de Richard Farnsworth, uma banda sonora que nos leva a viajar com ele composta por Angelo Badamenti, uma fotografia exemplar de Freddie Francis numa viagem pelos Estados Unidos em que pensamos, sem ilusões, a chegada da morte e o valor das relações. Sofia Mota

Alice through the looking glass [b][3d] Filme de: James Bobin Com: Johnny Depp, Anne Hathaway, Mia Wasikowska 19.30 Sala 3

Warcraft: The Beginning [c] Filme de: Duncan Jones Com: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster 14.30, 16.45, 21.30

Warcraft: The Beginning [c][3d] Filme de: Duncan Jones Com: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster 19:15

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15 hoje macau terça-feira 21.6.2016

sexanálise

tânia dos santos

Orlando

O

Orlando em Orlando vai a uma discoteca à noite para dançar. O lugar chama-se Pulse e não discrimina nem rejeita ninguém. Esta foi a primeira ida à discoteca e não foi difícil para o Orlando adorar o ambiente, a música e as pessoas. Mas o Orlando em Orlando não estava à espera de presenciar o terror tão de perto, tão pessoalmente. Ninguém entende à primeira o que se passa. Uma discoteca, por definição, é um lugar barulhento, confuso e escuro. Quanto entra um homem a disparar com uma arma de fogo, o ruído dos tiros podiam ser parte da música. Mas não eram. Foi a tragédia na qual o Orlando de Orlando saiu ileso quando muitos foram fatalmente alvejados e outros ficaram em estado muito grave. Os olhos do mundo viraram-se para Orlando e para a pequena discoteca que viu o que nunca esperaria ver: medo, violência e morte. O resto vimos nós nas notícias. Mas o Orlando de Orlando é fictício, apesar de poder descrever qualquer sobrevivente desta fatídica noite de saída nocturna, à partida inofensiva. A discoteca Pulse é uma discoteca gay, frequentada por gays, simpatizantes, exploradores, pessoas que acreditam e respeitam a liberdade sexual de cada um. O atirador que

“O amor, aquele sentimento mais puro e que une as pessoas, tem que ganhar. É por amor que nos juntamos, é por amor que somos homossexuais, heterossexuais ou bissexuais” entrou ali dentro matou sem dó nem piedade por razões que ainda não são claras. Poderão ser sido razões ideológicas, psicológicas ou sociais. O comportamento social humano é assim, muito complexo, complexo demais para reduzir qualquer infeliz acto à tendência Trump-tizada que justificam comportamentos e pensamentos islamofóbicos. O atirador era, muito provavelmente, um homem com dificuldades psicológicas e emocionais que se desenvolveram ao longo dos anos, em combinação com uma ou outra pressão social por aceitação e bem-estar, e a cereja em cima do bolo, o fácil acesso a uma arma de fogo. Um criminoso carrega em si uma complexidade imensa de entendimento do mundo em que dá sentido a actos atrozes como este. Para este homem, o que é que seja que o tenha movido, o alvo seriam os homossexuais. O alvo foram as pessoas que amam livremente, fora da norma expectável homem – mulher e que muitos ainda julgam ‘imoral’ e pouco ‘natural’. Não consigo deixar de reparar que esta violência contra um grupo, é movida por um ódio incompreensível

que existe e que se generaliza a todos os membros afiliados. Os ‘gay,’ os ‘muçulmanos’, os ‘judeus’, os isto, os aquilo, os, os... São discursos e actos comunicativos que espalham uma norma onde é aceitável discriminar pessoas, só porque as percebemos como parte de um grupo diferente, desconhecido e pouco compreendido. A violência ainda existe contra os homossexuais, todos os dias, de todas as formas. A mais recente tendência preconceituosa onde julgam todos muçulmanos terroristas, cresce as olhos vistos. Isto tem que parar. Ultimamente que a comunicação social traz ao nosso conhecimento o que de horrível tem acontecido, o desespero e o stress colectivo e individual aumenta. E é perfeitamente normal, envolvermo-nos em ideias ainda mais rancorosas perpetuando a violência e a incompreensão é que não. O amor, aquele sentimento mais puro e que une as pessoas, tem que ganhar. É por amor que nos juntamos, é por amor que somos homossexuais, heterossexuais ou bissexuais. O amor vencerá se amarmos esta humanidade que mais parece podre de ideias generalistas, preconceituosas e discriminatórias. O Orlando foi à discoteca para conhecer alguém, para dar uns beijinhos, para sair umas quantas vezes e para se divertir. Celebrava-se a liberdade no amor quando, inesperadamente, o cenário mostrou-se uma banheira de sangue. O Orlando só queria ser feliz. O Orlando somos todos nós, nós pessoas que saímos e nos divertimos esperando unicamente uma valente ressaca no dia a seguir. O Orlando somos nós à procura do amor e a procurá-lo nos sítios que julgamos certos, com as pessoas certas. Nós somos todos Orlando, quer queiram, quer não.

opinião


“tocar / as tuas asas / a resposta / ao diálogo interdito / o espaço no rio / limitado pelas margens / a ânsia de liberdade / na tua voz / o grito.” Alberto Eduardo Estima de Oliveira

China ALDEIA DEMOCRÁTICA PROTESTA POR DETENÇÃO DO CHEFE

Os limites da democracia

M

ilhares de manifestantes apelaram no domingo à libertação do chefe local na localidade chinesa de Wukan, que em 2012 elegeu o comité de aldeia através de eleições por sufrágio directo, após uma rebelião popular, numa experiência inédita na China. Lin Zulian foi detido por alegado desvio de fundos públicos, dias após ter anunciado nas redes sociais que iria organizar uma petição ao governo local contra a apropriação ilegal de terras. No domingo, os manifestantes percorreram as ruas da aldeia, exigindo a libertação de Lin, segundo descreve a imprensa chinesa. Os manifestantes acreditam que as acusações contra Lin foram “fabricadas”, visando impedir a aldeia de avançar com a petição. Com 15.000 habitantes, aquela localidade costeira do sul da China foi notícia em 2012, quando protagonizou uma das mais celebradas experiências democráticas da China. Após uma rebelião popular, que culminou com a demissão dos líderes locais, acusados de corrupção, elegeu um novo comité de aldeia por sufrágio directo. Lin Zulian, que encabeçou os protestos, foi

terça-feira 21.6.2016

Lin Zulian foi detido por alegado desvio de fundos públicos, dias após ter anunciado nas redes sociais que iria organizar uma petição ao governo local contra a apropriação ilegal de terras nomeado chefe local com 6.205 votos, num total de 6.812 eleitores, substituindo um homem de negócios que era acusado de roubar terras para as vender a promotores. Em 2014, foi reeleito com 5.000 de 8.000 votos possíveis.

A culpa é dos estrangeiros Em editorial, um jornal oficial do Partido Comunista da China (PCC) considera ontem que o caso de Wukan foi “politizado” por observadores estrangeiros, que o “associaram à democracia de base e às relações entre autoridades e o povo”. “É uma visão simplista. O ponto crucial do problema

em Wukan são as disputas em torno das terras e propriedade”, escreve o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, órgão central do PCC. O jornal reconhece que os residentes em Wukan “não tinham confiança no comité anterior”, mas que “as disputas não podem ser resolvidas meramente através de meios democráticos”. “As disputas em Wukan serão eventualmente resol-

vidas de acordo com a lei e apenas as exigências legítimas dos aldeões poderão ser atendidas”, defende. Na China, um país onde o “papel dirigente” do PCC é um “princípio cardial”, só os comités de aldeia são escolhidos por sufrágio directo, em eleições competitivas. Em Wukan, no entanto, até à rebelião de 2011, os membros do comité eram escolhidos pelos dirigentes comunistas, à porta fechada.

Formatos TV importados sob censura

A

S autoridades chinesas, que já censuraram numerosos programas e séries de televisão estrangeiras, vão passar a exigir uma aprovação oficial às produções domésticas com formatos importados do exterior. Segundo a nova directiva da Administração Estatal de Imprensa, Publicações, Rádio, Cinema e Televisão, todos os canais de televisão devem submeter aqueles programas com dois meses de antecedência para aprovação. A medida, que entrará em vigor no dia 1 de Julho, tenta travar a tendência crescente das televisões locais, incluindo as oficiais, de ocupar boa parte da programação com produções em formatos importados, sobretudo na área dos ‘reality shows’.

“A voz da China”, conceito importado de uma produtora holandesa, ou o “Running Man”, originalmente da Coreia do Sul, são dois exemplos de programas deste género que conquistaram grande audiência nos últimos anos. As autoridades chinesas crêem, no entanto, que esta tendência está a prejudicar o sector nacional de produção, enquanto procuram programas com mais “características culturais chinesas”. “A dependência de formatos importados retira o incentivo aos produtores domésticos”, refere a directriz, explicando que “as audiências desejam assistir a mais programas originais chineses que sejam divertidos e promovam gostos saudáveis”.

ONU Mais de 65 milhões refugiados em todo o mundo

O número de pessoas deslocadas em todo o mundo passou pela primeira vez dos 60 milhões. De acordo com um relatório da agência da ONU para Refugiados (ACNUR), lançado esta segunda-feira, dia em que é comemorado o Dia Mundial do Refugiado, o número chegou aos 65,3 milhões no final de 2015. Portugal recebeu, até agora 370 refugiados. Este total inclui refugiados, deslocados internos e requerentes de asilo. O número aumentou quase 10% em relação ao registado em 2014, que foi de 59,5 milhões, e é considerado um recorde pela Acnur. A maioria, 40,8 milhões, são pessoas forçadas a sair de casas e deslocadas dentro dos seus países - são os deslocados internos; 21,3 milhões de pessoas fugiram para outros países, e são chamadas de refugiados; 3,2 milhões são requerentes de asilo em países industrializados. Aguardam resposta sobre pedido de refúgio.

Afeganistão Atentados EM CABUL E NO NORDESTE FAZEM 23 mortos

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ELO menos 23 pessoas, incluindo 14 nepaleses que trabalhavam para uma empresa de segurança, morreram ontem em três atentados quase simultâneos em Cabul e no nordeste do Afeganistão, os primeiros ataques desde que o governo dos Estados Unidos anunciou reforços contra os insurrectos. O primeiro atentado ocorreu às 6:00 locais e foi cometido por um homem-bomba

a pé contra um mini-autocarro na estrada que liga Jalalabad, a grande cidade do leste do país, a Cabul. O ataque deixou 14 mortos, todos nepaleses, segundo o ministério do Interior. Pouco depois, uma explosão à passagem de um comboio que transportava um representante provincial deixou um morto e quatro feridos, incluindo o político que era alvo, segundo o ministério do Interior.

Os nepaleses mortos no primeiro ataque trabalhavam para uma empresa que era responsável pela segurança da embaixada canadiana em Cabul. Um porta-voz talibã reivindicou os dois ataques na capital contra «as forças de agressão», os primeiros desta dimensão no Afeganistão desde o início do Ramadão, a 6 de Junho. «Esta manhã sacrificamos um ataque mártir contra guardas das forças de agressão,

que deixou 20 mortos e feridos», escreveu no WhatsApp o porta-voz, Zabihullah Mujahid, que prometeu divulgar outros pormenores posteriormente. Poucas horas depois, oito pessoas morreram e 18 ficaram feridas na explosão de uma moto-bomba na província afegã de Badajshan, nordeste do país, anunciaram as autoridades locais. Todas as vítimas são civis.


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