Hoje Macau 21 JUL 2020 # 4572

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TERÇA-FEIRA 21 DE JULHO DE 2020 • ANO XIX • Nº4572

MOP$10 PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

CHEIAS NA CHINA

CONCESSÃO | TERRENOS

GRANDE PLANO

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POR ESSES RIOS ACIMA

EXCURSÕES LOCAIS

MACAU VISTO DE CIMA

METADE JÁ NO PAPO

ÚLTIMA

hojemacau

Antes de ser já o era A defesa de Jackson Chang apresentou documentos em tribunal que demonstram que o ex-presidente do IPIM fez denúncias por suspeita de ilegalidades antes de ser investigado. Em cinco anos, Chang fez 65 participações ao MP. A acusação argumenta que Jackson Chang não tinha outra hipótese e parte das denúncias ocorreram depois da intervenção do CCAC.

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21.7.2020 terça-feira

UM AZAR NUNCA´ VEM S0

CHINA MAIORES CHEIAS DOS ÚLTIMOS ANOS LEVAM XI A REUNIR POLITBURO

Domingo, dia em que foram elevados os alertas de cheias na zona do rio Huai, o Presidente Xi Jinping reuniu com o Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês para delinear estratégias de coordenação no combate às cheias. Com quase uma centena e meia de mortos e desaparecidos, estima-se que as cheias estejam a afectar a vida de 37 milhões de pessoas

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China está a atravessar uma grave crise ambiental e social devido às cheias que têm ocorrido nos últimos, consideradas as maiores dos últimos anos. A subida do nível das águas do rio Yangtze fez soar alarmes para a catástrofe responsável pela negra contabilidade de 141 mortos ou desaparecidos e afectado as vidas de 37 milhões de pessoas. Além dos riscos no rio Yangtze, o mais longo da Ásia, as autoridades estão também atentas à subida do nível das águas no rio Huai, que passa pelas províncias de Henan, Anhui e Jiangsu, com uma extensão de cerca de mil quilómetros. Trata-se ainda de um rio cujas águas circulam perto de zonas de agricultura e indústria. Segundo a Reuters, o alerta de inundação foi levantado este domingo.

Numa altura em que a China se depara com novos surtos de covid-19 no país (primeiro em Pequim, e agora na província de Xinjiang), as autoridades estão a delinear novas estratégias para combater os graves efeitos das cheias nas populações. Prova disso foi a reunião, que aconteceu este domingo, entre o Presidente chinês Xi Jinping e os membros do comité permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC). Segundo a Xinhua, a reunião serviu para o líder chinês “ordenar preparações a fim de prevenir e controlar as cheias de baixo e médio nível no rio Yangtze”. Xi Jinping “também deu instruções para a coordenação dos esforços de combate à pandemia com os trabalhos de controlo das cheias”, para que “os comités do partido e os governos de vários níveis salvem vidas e protejam as propriedades”. Desta forma, “o trabalho de prevenção da pandemia deve ser coordenado com o trabalho da prevenção de cheias a fim de evitar uma nova vaga do novo coronavírus”, foi dito no encontro. A Xinhua escreve ainda que a reunião serviu para chamar a atenção para algumas necessidades a nível de prevenção e combate a desastres naturais. É, portanto, necessário que o país “tire vantagens do envolvimento na prevenção dos desastres e do mecanismo de ajuda para reforçar a cooperação em todos os departamentos relevantes”. A China deve também tirar todo o partido “da experiência daqueles que estão envolvidos no combate às cheias”. A reunião serviu também para deixar sugestões aos especialistas nas áreas do ambiente e meteorologia.

As inundações forçaram à retirada de quase 2 milhões de pessoas em diferentes províncias do sul da China. As perdas directas atribuídas às inundações ascendem aos 49 mil milhões de yuan

“As previsões de hidrologia e meteorologia devem ser feitas no tempo correcto e de modo preciso. É essencial melhorar as previsões da ocorrência de desastres secundários, sobretudo chuvas torrenciais, tufões, cheias em zonas montanhosas e deslizamentos de terras, fazendo com que as previsões sejam acessíveis a todas as populações nas zonas rurais.”

EVITAR A POBREZA

Da reunião do Politburo do PCC foi destacada a necessidade de “garantir a segurança de infra-estruturas e assegurar respostas rápidas em caso de desastre a fim de minimizar todo o tipo de perdas”. Desta forma, “devem ser feitos esforços para recuperar a produtividade o mais cedo possível”, nomeadamente ao nível dos estragos causados no fornecimento de água e


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os máximos de capacidade dos reservatórios. Imagens aéreas divulgadas ontem pela Xinhua mostram fortes correntes de água a saírem as comportas do reservatório de água de Meishan, na zona de Jinzhai, na província de Anhui. “O nível da água no reservatório de Meishan subiu rapidamente devido à recente chuva forte, tendo o reservatório aumentado o alerta para a prevenção de inundações”, lê-se. No Lago Tai, que fica junto às províncias de Jiangsu e Zhejiang, os níveis de água já ultrapassam os níveis de segurança, segundo dados oficiais.

IMPACTO NA INDÚSTRIA

electricidade, nos transportes e telecomunicações, a fim de “facilitar a recuperação após os desastres”. No que diz respeito ao trabalho com a população, concluiu-se na reunião que “se deve avançar com o alívio da pobreza juntamente com o trabalho de reconstrução após o desastre para prevenir que populações caiam em situação de pobreza devido às cheias”. A elite política chinesa irá, então, incluir no 14º Plano Quinquenal, pensado para os anos de 2021 a 2025, medidas relacionadas com a capacidade de prevenção de desastres. Xi Jinping reuniu também com outros membros do Comité Central do PCC na sexta-feira sobre o mesmo assunto, e defendeu a necessidade de colocar as vidas e propriedades das pessoas em primeiro lugar. Segundo a Xinhua, Xi Jinping deixou

a ideia de que o PCC tem trabalhado nas medidas de reforço e combate às cheias ou outros desastres naturais desde Junho. O Presidente chinês falou “da importância do reforço da coordenação e cooperação uma vez que as quedas de água no rio Yangtze mantém-se fortes, enquanto que cheias relativamente graves podem ocorrer em outras áreas, incluindo em algumas zonas do rio Amarelo”.

O CAOS A SUL

As cheias estão a acontecer devido ao regresso das chuvas fortes no sul da China, que leva as águas do rio Yangtze a subir novamente depois das inundações sazonais. O alto nível de precipitação está a pressionar a maior barragem do mundo, Três Gargantas, que fica na província de Hubei. A Xinhua avançou que o nível de fluxo de água no re-

servatório das Três Gargantas atingiu, na sexta-feira, o valor recorde do ano, alcançando os 55.000 metros quadrados por segundo. Os afluentes do Yangtze quebraram já as suas margens em alguns lugares e, em Hubei, um helicóptero

As cheias na China estão também a provocar impactos negativos ao nível da produção industrial, sobretudo a que se destina ao fabrico de equipamentos e material de protecção de combate à covid-19

foi usado para atirar pedregulhos para bloquear a passagem da água. As inundações forçaram à retirada de quase dois milhões de pessoas em diferentes províncias do sul da China. As perdas directas atribuídas às inundações ascendem aos 49 mil milhões de yuan, de acordo com o ministério de Gestão de Emergências da China. As chuvas torrenciais causaram três deslizamentos de terra, na quinta-feira, numa cidade nas montanhas de Chongqing, deixando três mortos e três desaparecidos, informou a Xinhua. Inundações sazonais atingem todos os anos grande parte da China, sobretudo no centro e sul do país, mas este ano a dimensão foi superior ao alcançado nos anos anteriores. Até agora, as grandes cidades foram poupadas, mas as preocupações estão a aumentar sobre

Wuhan e outras metrópoles próximas, onde vivem dezenas de milhões de pessoas e onde surgiu o novo coronavírus. As piores inundações da China nos últimos anos foram em 1998, quando mais de 2.000 pessoas morreram e quase 3 milhões de casas foram destruídas ao longo do Yangtze. Na zona do rio Huai, cujo nível de alerta passou de 2 para 3 este domingo, há 10 reservatórios de água que atingiram níveis preocupantes de capacidade, bem acima dos 6.85 metros, segundo a Comissão do Rio Huai do Ministério dos Recursos Hídricos, escreve a Reuters. “As cheias estão a acontecer ao mesmo tempo no rio Yangtze, Huai e no Lago Tai… a situação é muito grave”, disse o ministro dos recursos hídricos que acrescentou que os níveis de água na região vão exceder

As cheias na China estão também a provocar impactos negativos ao nível da produção industrial, sobretudo no fabrico de equipamentos e material de protecção de combate à covid-19, uma vez que é difícil manter a produção em níveis normais e assegurar o fornecimento e transporte para outros países. A situação actual “está a criar outro bloqueio na forma como as PPE [máscaras cirúrgicas] estão a ir para os Estados Unidos - é a pior altura para isto acontecer, mas estamos a lidar com isso”, disse à Reuters Michael Einhorn, presidente da Dealmed, uma empresa de fornecimento e distribuição de material médico norte-americana. A Dealmed importa este tipo de produtos de cidades como Wuhan e regiões adjacentes. Nesta fase, os atrasos no fornecimento de produtos podem chegar às três semanas. Xiantao, em Wuhan, é um dos maiores fabricantes de materiais usados em máscaras cirúrgicas, ao ponto de um terço das exportações da China ser oriunda desta zona. As chuvas torrenciais e as cheias estão a causar um profundo impacto negativo no negócio. Além do impacto ambiental, social e industrial, as cheias vão afectar o PIB do país, já de si afectado pela crise do novo coronavírus. Analistas da Morgan Stanley, citados pela Reuters, falam de uma quebra de 0,4 a 0,8 pontos percentuais do PIB no quarto trimestre devido às cheias do rio Yangtze. Andreia Sofia Silva com agências andreia.silva@hojemacau.com.mo


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21.7.2020 terça-feira

Esperar que chova Acordo de extradição entre Macau e Portugal parado, mas não suspenso

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LEI DE TERRAS GOVERNO RECUPEROU 41 TERRENOS ATÉ JUNHO

Mais de metade Dados da DSSOPT indicam que mais de metade dos terrenos em que houve declaração de caducidade da concessão foram recuperados pelo Governo. Trinta e três lotes estão actualmente em estado de despejo

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A maioria dos casos em que houve declaração de caducidade da concessão, os terrenos já reverteram para o Governo. De acordo com dados disponibilizados na página da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), actualizados em Junho, foram recuperados 41 terrenos, de entre 80 processos em que foi declarada a caducidade de concessão. Apenas dez por cento da totalidade dos processos não envolveu recurso contencioso. Três das áreas que reverteram a favor da RAEM foram reaproveitadas para instala-

ções: o edifício multifuncional do Governo, a construção do posto operacional provisório para o Corpo de Bombeiros e a construção de um edifício público. Para além disso, o terreno junto à Avenida Wai Long e estrada da Ponta da Cabrita foram destinados à construção de habitação pública. Nas Linhas de Acção Governativa, relativamente à pasta dos Transportes e Obras

Apenas dez por cento da totalidade dos processos não envolveu recurso contencioso

Públicas, foi apontado que o Governo estava a tentar encontrar terrenos não aproveitados que fossem adequados para actividades da comunidade, como campos desportivos ou parques de lazer. Na mesma altura, o Instituto para os Assuntos Municipais anunciou que planeava converter quatro terrenos abandonados na Avenida Marginal do Lam Mau em campos de futebol, manutenção física e outros espaços de lazer. A situação actual mostra alterações desde Setembro do ano passado, quando apenas 17 terrenos eram dados como recuperados. De resto, há ordens de despejo para 33 terrenos, e foi emitida uma licença de ocupação e há

cinco casos de seguimento de concessão.

18 CONCESSÕES SEM CONCURSO

Dos dados publicados pela DSSOPT consta ainda a lista de 18 terrenos cuja concessão foi atribuida sem concurso público. São utilizados para diferentes finalidades, desde uma subestação da CEM, cujo prémio é de cerca de seis milhões de patacas, a habitação para troca e alojamento temporário a cargo da Macau Renovação Urbana. Também se encontra na lista o terreno em Ká-Hó onde se localiza uma escola da Diocese de Macau, de concessão gratuita. Já em relação aos terrenos ocupados de forma provisória, mediante licença, foram poucas as variações: são 63, de acordo com dados actualizados pela DSSOPT em Abril. Os terrenos com maior dimensão têm ambos seis mil metros quadrados e localizam-se na Taipa. Mas há pelo menos 14 cuja dimensão é inferior a 20 metros quadrados. É o caso de um lote situado em Coloane, que tem apenas um metro quadrado, que serve para a instalação de uma estação base da rede de telecomunicações móveis. Salomé Fernandes

info@hojemacau.com.mo

S autoridades portuguesas continuam sem avançar com os trâmites burocráticos para promulgar o acordo de extradição dos infractores em fuga assinado em Maio do ano passado entre a RAEM e Portugal. Segundo o portal informativo Macau News Agency, o acordo está parado, mas não suspenso, apontou uma fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE). “O acordo em questão, assinado em Maio de 2019, está ainda a aguardar o desenvolvimento do processo de promulgação, com o quadro legal aplicado em Portugal.” O texto completo relativo ao acordo de extradição foi publicado em Boletim Oficial (BO), mas não está plenamente implementado. Em Portugal o acordo tem de passar pela discussão e aprovação na Assembleia da República (AR), além de passar também pelo crivo do Presidente da República. Só depois o documento é publicado em Diário da República. Fontes ouvidas pelo MNA indicam que o documento nem sequer chegou ao Conselho de Ministros.

OA CONTINUA CONTRA

Outra fonte ouvida pela MNA apontou que o processo está “congelado” porque o Governo não tem

maioria no parlamento e também por causa da recente implementação da lei da segurança nacional em Hong Kong. Do lado da RAEM, o Governo está a monitorar a situação junto das autoridades portuguesas, e aguarda o desenvolvimento do processo por parte do Governo de António Costa. O acordo assinado entre os dois governos não tem data de validade, pelo que se mantém activo, explicou uma fonte da secretaria para a Administração e Justiça, liderada pelo secretário André Cheong. Desta forma, Macau aguarda “a notificação da entrada em vigor [do acordo] do lado português”, para “estabelecer uma data para que o acordo entre em vigor na RAEM”. Assim que o acordo de extradição for aprovado na AR, deverá dar origem a uma renovada publicação no BO. O MNA questionou o consulado-geral de Portugal em Macau, que não quis fazer quaisquer comentários sobre esta matéria. Relativamente à posição do actual bastonário da Ordem dos Advogados (OA), em Portugal, Luís Menezes Leitão, é a mesma do seu antecessor, Guilherme Figueiredo. Neste sentido, a OA afirma “que naturalmente vai tentar sensibilizar os grupos parlamentares [na AR] para este problema”. A.S.S.


sociedade 5

terça-feira 21.7.2020

Os Serviços de Saúde fizeram um balanço positivo do início do plano de testes de ácido nucleico para trabalhadores dos casinos. Ao todo, já foram testadas 12 mil pessoas. Cloee Chao entregou uma petição a definir a despistagem como uma medida “superficial” e pediu o reforço de equipamentos de prevenção no interior dos casinos

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S trabalhadores dos casinos submetidos ao teste de ácido nucleico vão poder aproveitar a despistagem, realizada por motivos de trabalho, para passar as fronteiras. A novidade foi avançada ontem por Alvis Lo Iek Long, médico da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário. “Ao acumular um teste de ácido nucleico, por motivo de trabalho, e outro por motivos pessoais, iríamos sobrecarregar o nosso trabalho e, por isso, decidimos que os trabalhadores da linha da frente dos casinos que já fizeram o teste de ácido nucleico, podem consultar o seu código de saúde e, se o resultado aparecer negativo (…),

CASINOS TRABALHADORES PODEM APROVEITAR TESTE PARA CRUZAR FRONTEIRA

Mais nunca é demais rumo à província de Guangdong e vice-versa, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) passou a exigir a todos os visitantes dos casinos um teste negativo de ácido nucleico. Já os trabalhadores da linha de frente dos casinos, como croupiers e o pessoal da segurança, foram integrados no referido plano despistagem.

REFORÇAR EQUIPAMENTOS

podem aproveitá-lo para cruzar as fronteiras”, explicou Alvis Lo, por ocasião da conferência de imprensa sobre o novo tipo de coronavírus. O responsável adiantou ainda que o plano de testes aos trabalhadores dos casinos “tem corrido bem”, tendo já sido testados, ao todo, 12 mil pessoas, ao ritmo de quatro mil testes diários. Confrontado com o facto de terem sido registadas confusões durante a realização dos testes em alguns locais de trabalho, Alvis

Lo admitiu as ocorrências, mas explicou que o sucedido se deveu à afluência exagerada de pessoas aos locais. Isto, quando os Serviços de Saúde (SS) deram instruções

no sentido de “testar apenas 200 pessoas a cada 30 minutos”. Recorde-se que desde que foi anunciada a isenção de quarentena para quem vai de Macau

“Enquanto consomem comida e bebida oferecida pelos casinos, os jogadores vão tirar a máscara (...) muitos casinos no estrangeiro instalaram painéis de isolamento das mesas de jogo.” CLOEE CHAO ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU PARA OS DIREITOS DOS TRABALHADORES DO JOGO

DSEC NÚMERO DE VISITANTES CAIU 90 POR CENTO EM JUNHO

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número de visitantes que chegaram a Macau em Junho, caiu 90 por cento em termos anuais, para 22.556. Os dados foram divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). De acordo com o organismo, das 22.556 pessoas que visitaram Macau no mês passado, 13.205 eram excursionistas e 9.351 eram turistas. Quanto ao período médio de permanência do território, registou-se uma

subida para 1,4 dias, mais 0,2 dias relativamente a 2019. A maioria veio do Interior da China (93,4 por cento), correspondendo a 21.067 do número total de entradas em Macau no mês de Junho. Já em termos anuais, este é um registo inferior em 99,0 por cento. Destaque ainda para o facto de, entre estes, 11.235 visitantes serem oriundos das nove cidades da Grande Baía. Em Junho, visitaram ainda Macau 1.142 pessoas oriundas de Hong Kong e ainda 326 de Taiwan.

Reagindo à imposição do plano de testes, Cloee Chao, dirigente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, entregou ontem uma petição na sede da DICJ, a pedir um “reforço efectivo” dos equipamentos de protecção dos trabalhadores, como painéis de protecção contra gotículas nas mesas de jogo. “Enquanto consomem comida e bebida oferecida pelos casinos, os jogadores vão tirar a máscara, mastigando, bebendo e falando enquanto jogam. Neste momento, as gotículas podem atingir os funcionários, até mesmo ao nível dos olhos. Além disso, muitos casinos no estrangeiro instalaram painéis de isolamento das mesas de jogo”, explicou Cloee Chao. Contrapondo, sobre os testes aos trabalhadores dos casinos, a responsável considerou a medida “superficial” já que, para além de não proteger efectivamente os funcionários, muitos deles, estão ainda em regime de lay off. “De que serve fazer o teste agora, se só voltam a trabalhar daqui a dois ou três meses?”, questionou Cloee Chao.

Do total de visitantes, 22.443 chegaram a Macau por via terrestre, dos quais 77,3 por cento por (17.344), entraram pelas Portas do Cerco. De avião chegaram apenas 113 visitantes. Fazendo as contas ao semestre, desde o início

do ano, chegaram a Macau 3.2 milhões de visitantes, menos 83,9 por cento, face aos primeiros seis meses de 2019. Os números de excursionistas e de turistas foram, respectivamente, 84 por cento e 83,7 por cento. Quanto à proveniência, entre Janeiro e Junho de 2020, a DSEC refere que o número de visitantes oriundos do Interior da China (2.339.589), de Hong Kong (652.522) e de Taiwan (81.628) diminuíram mais de 80 por cento face a 2019. P.A.

Pedro Arede e Nunu Wu info@hojemacau.com.mo

Comércio Volume de negócios na restauração aumentou em Maio A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostra que 17 por cento dos proprietários na restauração tiveram um aumento do volume de negócios em Maio, em termos anuais. A mudança é atribuída ao estímulo de mercado causado pelos cartões de consumo. Por outro lado, 73 por cento dos proprietários entrevistados registaram decréscimos. A subida foi apontada como significativa em 53 por cento dos restaurantes japoneses e coreanos, e 17 por cento dos restaurantes

chineses. Para Junho, as expectativas de um quarto dos entrevistados na restauração é o aumento ou estabilização do volume de negócios. Quanto ao comércio a retalho, 16 por cento dos entrevistados declararam aumentos homólogos nos negócios de Maio. Já a proporção dos supermercados manteve-se no mesmo nível de Abril. No entanto, houve áreas em que todos os retalhistas declararam diminuições: artigos de couro, relógios e joalharia, vestuário para adultos, e produtos de cosméticos e higiene.


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GONÇALO LOBO PINHEIRO

GALAXY DSAL ADMITE REVOGAR QUOTAS DE TNR

21.7.2020 terça-feira

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Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) admite revogar as quotas de trabalhadores não residentes (TNR) da Galaxy, caso verifique que a empresa lesou os direitos dos trabalhadores locais, entretanto despedidos. “Se detectar que a empresa prejudicou o direito ao emprego dos trabalhadores residentes devido à importação de trabalhadores não residentes, irão ser revogadas total ou parcialmente as quotas dos trabalhadores não residentes da mesma categoria profissional, a fim de garantir a prioridade e continuidade de emprego dos trabalhadores residentes”, pode ler-se numa nota emitida ontem pela DSAL. O caso veio a lume na semana passada, depois de mais de uma centena de trabalhadores locais terem protestado no estaleiro de obras da fase três do novo projecto do Hotel Galaxy, no Cotai. Em causa está o facto de os contratos que tinham para continuar afectos à fase quatro da obra, terem sido rescindidos, ao contrário do que terá acontecido com centenas de trabalhadores não residentes (TNR). No total, terão sido 350 os trabalhadores locais que viram o seu contrato rescindido. Na nota divulgada ontem, a DSAL reitera estar “muito atenta à situação”, de forma a garantir que os direitos dos trabalhadores não são afectados e que é prestada toda a assistência necessária, nomeadamente ao nível da sua reintegração laboral. P.A.

Funcionário da UM “Qual a razão para afectar agora, de forma tão grave o trabalho de investigação em curso? Se for preciso encomendar material, terei de pagar do meu próprio bolso?”

UM FUNCIONÁRIO ALERTA PARA CORTE DE DESPESAS “ULTRAJANTE”

Barato que sai caro

De acordo com um funcionário da Universidade de Macau, o orçamento para o departamento de investigação aprovado para este ano foi congelado e não pode ser usado. Ao mesmo tempo que as inscrições para o próximo ano lectivo crescem, o número de pessoal está a diminuir

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M funcionário da Universidade de Macau (UM) considerou “ultrajante” e “pouco racional” a gestão orçamental que está a ser feita pela instituição, dado que os cortes de despesa incidem sobre verbas previamente aprovadas. Além disso, citada pelo portal All About Macau na passada

sexta-feira, a mesma fonte refere ainda não compreender como estão previstos cortes ao nível do pessoal, quando o número de alunos inscritos para o próximo ano lectivo tem vindo a aumentar. “As verbas para este ano já foram aprovadas no ano passado e agora estão congeladas, impedindo a sua utilização. Se os fundos já foram

desbloqueados porque não podemos usá-los? Compreendo que no próximo ano o orçamento possa vir a ser reduzido, mas qual a razão para afectar agora, de forma tão grave o trabalho de investigação em curso? Se for preciso encomendar material, terei de pagar do meu próprio bolso?”, questionou o funcionário que não pretendeu ser identificado.

TNR CIDADÃOS VIETNAMITAS QUEREM APOIOS PARA SAIR DE MACAU

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ENG Ping, presidente da Associação dos Conterrâneos do Vietname de Macau, afirmou que há vários vietnamitas que estão em Macau por ainda não haver voos para voltar ao país de origem, noticiou o jornal Cidadão. A responsável apelou às autoridades para apoiarem estes cidadãos e providenciarem cuidados de saúde urgentes, indicando que com o impacto da pandemia, vários sócios da associação estão desempregados e doentes, e com falta recursos económicos. Mostrou-se

ainda preocupada com potenciais riscos para a segurança de Macau. A presidente indicou que há mais de 20 mil trabalhadores não residentes (TNR) vietnamitas em Macau, e uma lista de 400 pessoas que se registaram como casos especiais junto do Consulado do Vietname em Hong Kong. Têm como objectivo voltar para o país mais cedo. Na primeira metade do ano a associação recebeu mais de 50 pedidos de ajuda, a maioria sobre conflitos com

empregadores. Meng Ping mencionou que alguns empregadores não conseguem dar alojamento aos trabalhadores, pelo que estes TNR moram em locais com renda barata, mas mau ambiente. A presidente associativa indica que já pediu várias vezes ao Governo e às agências de emprego para terem em conta as condições de habitualidade em locais com grande densidade. Em resposta, foi-lhe dada a indicação de que a legislação não abrange condições para cuidar TNR com dificuldades.

Segundo o funcionário, a decisão de congelar o orçamento já aprovado chega mesmo a ter um efeito perverso, já que em vez de ajudar a equilibrar as contas da UM, vem criar mais problemas. “Não compreendo os efeitos práticos deste tipo de gestão. Se ao mesmo tempo que não nos permite poupar dinheiro, ainda contribui para diminuir a nossa eficiência porque razão estamos a fazer isto?”, sublinhou. Por outro lado, o funcionário considera “ultrajante” o facto de alguns departamentos da UM terem “reduzido drasticamente” o número de funcionários quando as necessidades até são maiores, dada a aplicação de medidas de prevenção epidémica e o aumento de inscrições de novos alunos. A decisão de dividir as turmas mais numerosas em várias salas de aula irá resultar, de acordo com a mesma fonte, na “sobrecarga para os funcionários” e numa “enorme falta de pessoal”. “Apesar de o número de inscrições estar a aumentar, a UM reduziu de forma pouco racional o seu orçamento e recursos humanos, o que tem contribuído para a sobrecarga dos trabalhadores. Considero que estas medidas não vão ao encontro dos pedidos do Chefe do Executivo e estão a prejudicar o interesse de todos os estudantes”.

SEM IMPACTO

Segundo o All About Macau, confrontada com a situação, a UM garantiu que a redução de despesas não irá afectar o normal funcionamento da instituição, “A economia de Macau foi profundamente afectada pela pandemia. A UM está comprometida em cooperar com a política de austeridade do Governo da RAEM para fazer face às dificuldades em conjunto com os residentes de Macau. A UM acredita que os cortes orçamentais não vão afectar a operacionalização global da Universidade”, referiu a UM na resposta. Pedro Arede e Nunu Wu info@hojemacau.com.mo


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terça-feira 21.7.2020

RESIDÊNCIA PANG CHUAN QUER ACELERAR ANÁLISE DE RENOVAÇÃO

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deputado Pang Chuan aponta que os pedidos de fixação de residência de técnicos especializados se têm “acumulado ao longo dos anos” e quer saber se o Governo tem planos ou calendário definidos para acelerar o seu tratamento. “Devido às suspeitas de corrupção envolvendo o ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), muitas pessoas que, nos últimos anos, obtiveram bilhete de identidade de residente não permanente através da política de imigração por fixação de residência de técnicos especializados não conseguiram renovar, a tempo, a autorização de residência”, lamenta, através de uma interpelação escrita. Para além do impacto no trabalho e vida quotidiana das pessoas, Pang Chuan indica que a situação também é prejudicial às empresas locais, devido à falta de recursos humanos. Comparando com as regiões vizinhas, o deputado considera que o mecanismo de importação de mão-de-obra qualificada “não é perfeito”, e descreve que “descura-se a importância dos quadros já importados, deixando preocupados os que podem pensar em vir a contribuir para o desenvolvimento de Macau”. Assim, apela à renovação os títulos de residência desses trabalhadores, e questiona se vão ser lançadas novas políticas para a importação de pessoal. S.F.

Contrabando Associações querem alertas junto dos estudantes

Os Serviços de Alfândega divulgaram que os casos recentes de cigarros contrabandeados envolveram estudantes transfronteiriços. Assim sendo, a União Geral das Associações de Moradores de Macau (UAGMM) pede o lançamento de campanhas contra o contrabando direccionadas a estudantes, noticiou o Ou Mun. A vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau, Leong Meng Ian, denunciou a utilização de estudantes para o contrabando de cigarros e acha que os pais, familiares mais velhos ou encarregados de educação devem servir de modelo. Além de sugerir o aumento das penas, quer que o Governo, associações e familiares deem mais atenção à saúde mental de crianças que foram detidas por contrabando. Já para a assistente social da UGAMM, Cheang I Ha, o Governo deve reforçar o intercâmbio de informações com as autoridades da China Continental e divulgar as penas e responsabilidade legal junto dos estudantes.

Mak, investigador do CCAC “Uma parte das participações foi feita depois da intervenção do CCAC. Nessa altura, já havia vestígios sobre alguns dos casos e ele (Jackson Chan, na foto) não tinha outra escolha que não fazer as participações”

IPIM JACKSON CHANG DENUNCIOU CASOS SUSPEITOS AO MINISTÉRIO PÚBLICO

A procissão vai no adro

A defesa do ex-presidente do IPIM mostrou ontem documentos em tribunal que provam que Jackson Chang fez denúncias sobre irregularidades referentes a períodos de fixação de residência ainda antes de ser investigado

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N T R E 2013 e 2018 Jackson Chang terá feito mais de 65 participações ao Ministério Público (MP) sobre suspeitas de ilegalidades relacionadas com processos de residência submetidos ao Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). Este é um dos argumentos que a defesa do ex-presidente do IPIM, liderada por Álvaro Rodrigues, está a utilizar para recusar o envolvimento de Chang na alegada associação criminosa liderada pelo empresário Ng Kuok Sao. Na audiência de ontem do julgamento esteve em foco o alegado papel que o ex-presidente do IPIM teria na associação criminosa. A defesa insistiu que não houve qualquer ligação entre Chang e a alegada associação, mas mesmo que houvesse, foi frisado, Chang apenas teria contribuído com “prejuízos”. Foi por esse motivo que Álvaro Rodrigues perguntou ao inspector do CCAC arrolado como testemunha, e identificado

como CH Mak, se sabia que Jackson Chang tinha feito mais de 65 participações entre 2013 e 2018 ao MP relacionadas com processos de fixação de residência. Além deste número, foram mostrados dois documentos das participações, uma contra um indivíduo com o nome Cai Qingshuang, datada de 2012, e outra contra Wang Wenlong, reportada a Fevereiro de 2016. Pelo menos um dos processos foi tratado por uma das empresas de Ng Kuok Sao.

IRENE LAU OUVIDA ESTA MANHÃ

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presidente do Conselho de Administração do IPIM, Irene Lau, vai ser ouvida esta manhã em tribunal. A responsável ainda esteve ontem no tribunal, mas como a audiência com a última testemunha do CCAC acabou por prolongar-se além das expectativas do tribunal e acabou por ser dispensada.

As datas também são consideradas importantes para a defesa, uma vez que o relatório do CCAC indica que a investigação a todo o processo começou nos finais de 2016 e início de 2017, como reconheceu o investigador ouvido ontem.

RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO

No entanto, o agente Mak argumentou que Jackson Chang terá actuado num dos casos porque tinha sido entregue uma denúncia anónima no IPIM, o que faria com que tivesse de agir face ao conhecimento dos subordinados. Por outro, o agente do CCAC apontou que Jackson Chang agiu por saber que estava a ser investigado. “Uma parte das participações foi feita depois da intervenção do CCAC. Nessa altura, já havia vestígios sobre alguns dos casos e ele não tinha outra escolha que não fazer as participações”, defendeu Mak. Por outro lado, a defesa focou o facto de Jackson Chang ser um subordinado de Ng Kuok Sao e Wu Shu Hua na associação

criminosa, mas não haver prova directa de ordens. O investigador foi confrontado com nove pedidos de fixação de residência e admitiu que em nenhum há provas directas de directrizes enviadas por Ng. Na mesma audiência, o investigador com o apelido Mak mostrou ainda várias trocas de mensagens através das aplicações móveis WeChat e WhatsApp entre Jackson Chang e a filha, Júlia Chang, que passava informações a Ng Kuok Sao. Segundo a tese da acusação a rede funcionava através da troca de informação entre Ng Kuok Sao, a secretária Irene Iu, que entrava em contacto com Júlia Chang, filha do ex-presidente do IPIM, que posteriormente falava com o pai. O investigador apontou ainda que Jackson Chang tinha consciência que a passagem de informação era ilegal, uma vez que pedia à filha e à mulher quando falassem dos assuntos relacionadas com residência evitassem a aplicação chinesa WeChat e optassem pelo WhatsApp. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


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21.7.2020 terça-feira

Triângulo dou Três curtas-metragens com a assinatura de Tracy Choi, Nancy Io e Emily Chan fazem parte da iniciativa “Femme Sessions”, que decorre esta quarta-feira no espaço Maus Hábitos, no Porto. O curador é Cheong Kin Man, que considera o trio de realizadoras os nomes mais importantes do cinema que se faz actualmente no território

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cinema de Macau vai estar em destaque esta quarta-feira na cidade do Porto, graças à iniciativa do espaço Maus Hábitos. O evento “Femme Sessions” vai contar com a exibição de três curtas-metragens da autoria de Tracy Choi, Emily Chan e Nancy Io, numa iniciativa que conta com a curadoria de Cheong Kin Man, natural de Macau e estudante de doutoramento na Universidade Livre de Berlim. Uma nota do espaço Maus Hábitos dá conta que “uma das maiores preocupações das cineastas macaenses pós-coloniais é maximizar a criatividade numa sociedade caracterizada pela auto-censura”. Nesse sentido, serão exibidos “três exemplos pertinentes que merecem atenção neste sentido”.

É o caso de “Um Amigo Meu”, realizada por Tracy Choi em 2013, um dos primeiros filmes LGBT de Macau. A história centra-se na bem-comportada Sin que testemunha uma situação de bullying na sua nova escola e ousa não expô-la. Vendo a vítima, Tong, a ser sempre tratada de maneira injusta, oferece-se para ajudar. Gradualmente, a amizade entre as duas cresce, no entanto, Sin tem medo de se envolver nos problemas de Tong. Desde então, tenta manter distância de Tong e ignora todo o bullying que testemunhou. É então que Sin mergulha num dilema moral. Tracy Choi é descrita pelos organizadores do evento como uma “brava cineasta que ganhou uma impressão positiva no público transregional”. Ao HM, a aclamada realizadora mostrou-se satisfeita

FOTOS SOFIA MARGARIDA MOTA

CINEMA TRÊS CURTAS DE MACAU EXIBIDAS AMANHÃ NO PORTO

por poder mostrar o seu trabalho na cidade do Porto. “Penso que é uma grande oportunidade para mostrarmos alguns filmes de Macau. É um prazer podermos mostrar estas curtas-metragens ao público.” Além da curta-metragem de Tracy Choi, os amantes de cinema do Porto poderão também ver “Projecto Miúdos”, realizado em 2016 por Nancy Io, e que conta a vivência de crianças num jardim de infância. Destaque também para “Até ao fim do mundo”, realizado

Doca dos Pescadores Inaugurado novo Centro de Exposições e Convenções Foi inaugurado, na sexta-feira, o novo Centro de Exposições e Convenções da Doca dos Pescadores, com capacidade máxima para receber três mil pessoas. No total, o novo centro tem uma área de 5,260 metros quadrados, além de três salas principais, cinco salas multifunções e duas salas VIP. Citada por um comunicado, a

direcção da Doca dos Pescadores dá conta que foi investida “uma grande quantidade de recursos, esforços e dinheiro no desenvolvimento do novo Centro de Exposições e Convenções, a fim de apoiar e promover a indústria dos eventos locais em Macau”. “A Doca dos Pescadores sempre procurou novas formas de

Emily Chan

Tracy Choi

desenvolver oportunidades para empreendedores locais. O novo Centro de Exposições e Convenções procura transformar-se num destino perfeito para o sector das convenções e exposições e providenciar aos profissionais do sector dos eventos uma oportunidade de crescimento”, acrescenta a mesma nota.

o ano passado por Emily Chan, e que se centra na possibilidade de 2012 ser o ano em que o mundo acaba. A personagem Zoe decide deixar Macau, mas, antes de partir, encontra um rapaz de quem gosta e decide caminhar com ele uma última vez. As curtas-metragens de Macau voltam a ser exibidas na sexta-feira, desta vez em Aveiro.

OS BONS EXEMPLOS

Ao HM, o curador da iniciativa explicou que escolheu estas três curtas-

-metragens por se tratar de um trio realizadoras de Macau “que são as mais importantes no presente”. “São cineastas reconhecidas a nível local e regional. Valorizo os méritos da Tracy [Choi] pelo sucesso obtido ao abordar as questões da comunidade LGBT no seu trabalho, numa sociedade que parece não estar ainda muito habituada ao tema. A Tracy consegue falar do ‘problema’ com a subtileza necessária numa realidade como a de Macau”, explicou Cheong Kin Man. Quanto a Nancy Io, “é a única das três realizadoras que começou a ter sucesso antes de estudar cinema”. Neste sentido, “é um exemplo de coragem para muitas pessoas de Macau que começam a filmar sem formação académica”. Cheong Kin Man denota que o cinema local tem sido mostrado em Portugal nos últimos anos, tendo dado como exemplo a apresentação, na Cinemateca Portuguesa, nos anos 90, de vários filmes em que Macau é retratada.


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terça-feira 21.7.2020

urado “É evidente que o esforço dos cineastas locais e do Governo da RAEM têm gerado frutos aos quais Portugal começa a dar atenção. Mas temos de ser mais ambiciosos, porque [o cinema] de Macau permanece

“São cineastas reconhecidas a nível local e regional. Valorizo os méritos da Tracy [Choi] pelo sucesso obtido ao abordar as questões da comunidade LGBT no seu trabalho, numa sociedade que parece não estar ainda muito habituada ao tema.” CHEONG KIN MAN CURADOR

ainda pouco conhecido no resto da Europa”, frisou. Além desta mostra de cinema no Porto, Cheong Kin Man apresenta na Conferência Internacional de Cinema - Arte, Tecnologia, Comunicação (AVANCA - CINEMA 2020), em Aveiro, os textos académicos “O papel dos média culturais ‘subalternes’ nos povos ‘indígenas’ do mundo de língua chinesa: análise semântica, temas e traduções” e “Uma identidade reinterpretada: Notas sobre um antigo documentário e antigas pesquisas em redor da identidade macaense”. Segundo o autor, os textos “lançam a reflexão sobre o conceito de eurocentrismo, ao mesmo tempo que procuram valorizar Macau enquanto objecto pertinente para a investigação pós-colonial”. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

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21.7.2020 terça-feira

HONG KONG CANDIDATOS PRÓ-DEMOCRACIA CONTRA ADIAMENTO DAS ELEIÇÕES

A questão do tempo

Os candidatos pró-democracia de Hong Kong e o movimento responsável pelos maiores protestos em 2019 opuseram-se ao adiamento das eleições parlamentares e definiram como objectivo comum garantir mais de metade dos votos

A

S eleições estão agendadas para 6 de Setembro, mas responsáveis pró-Pequim estão a levantar a hipótese de a votação para o Conselho Legislativo ser adiada no território devido ao ressurgimento de casos associados ao novo coronavírus. “Opomo-nos ao adiamento das eleições para o Conselho Legislativo. O Governo deve é reflectir no falhanço dos trabalhos de prevenção da pandemia”, pode ler-se numa declaração conjunta dos candidatos e da Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH).

O documento surge uma semana após os partidos pró-democracia terem realizado primárias, algo que a China considerou como “uma provocação séria”, alertando que algumas das campanhas podem ter violado a nova lei de segurança nacional imposta ao território. "Esta é uma provocação séria contra o sistema eleitoral corrente",

segundo um comunicado do Gabinete de Ligação. Na declaração divulgada ontem, os subscritores manifestam a sua oposição ao Governo local e ao Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau e Hong Kong que procuram “reprimir as primárias”, “mostrando-se “solidários com os promotores das primárias ameaçadas”. Por outro lado, lembram que mais de 600 mil cidadãos participaram numa votação não oficial que consideram “legal e constitucional”. “Nas primárias, cada candidato é um concorrente, mas com a confiança dos 610.000 eleitores, todos são aliados PUB

e irmãos neste momento, lutando por mais de 35 anos do Conselho Legislativo, contra a tirania”, salienta-se na mesma nota.

BUSCA DA MAIORIA

Os candidatos e o movimento lançam ainda “um aviso” ao Partido Comunista Chinês: “um regime que atropela os direitos humanos provocará certamente a condenação de todo o mundo”. “Sem medo da repressão, unidos, a lutar por mais de metade do parlamento!”, concluiu-se na declaração conjunta. No mesmo dia, o activista Joshua Wong e um dos rostos mais conhecidos do campo pró-democracia de Hong Kong anunciou oficialmente a sua candidatura, ele que foi um actor proeminente nos protestos de 2014, acabando mesmo por ser detido e condenado. “Após a lei de segurança nacional, o risco para os candidatos eleitorais não é apenas de serem desqualificados, mas de serem expostos directamente a ameaças físicas e enviados para cumprir sentença numa prisão chinesa”, disse Wong em comunicado, sublinhando a responsabilidade de ter sido um dos candidatos mais votados nas primárias.

Perigo na fronteira nova

Surto de covid-19 alastra para a segunda maior cidade de Xinjiang

O

mais recente surto do novo coronavírus na China alastrou para a segunda maior cidade da região autónoma de Xinjiang, no extremo noroeste do país, revelaram ontem as autoridades. Um dos 17 novos casos anunciados ontem foi diagnosticado na cidade histórica de Kashgar, detalhou o governo regional. Os restantes casos foram diagnosticados em Urumqi, a capital da região, onde todos as outras infecções foram contabilizadas desde o início do surto, na semana passada. As autoridades de Urumqi aprovaram medidas de prevenção, como suspender o metropolitano local e cancelamento de centenas de voos. Xinjiang é uma região vasta, de montanhas e desertos, com baixa densidade populacional, ocupando uma área quase 18 vezes superior à de Portugal. A região que agora entra no mapa de infecções do novo tipo de coronavírus não foi afectada durante o pico do surto na China, nos meses de Fevereiro e Março. A região iniciou uma campanha maciça de testes para tentar conter o surto o mais rapidamente possível, noticiou a imprensa local.

APROVEITAMENTO DOENTIO

A China também revelou ontem que 5.370 pessoas

foram presas por crimes relacionados com o surto, entre Janeiro e Junho. Mais de 40 por cento foram acusadas de fraude, anunciaram as autoridades. Outros 15 por cento foram acusados de obstrução na aplicação da lei e outros de produzir e vender mercadorias falsas e de má qualidade, perturbar a ordem pública e transportar e vender espécies ameaçadas de extinção. Recorde-se que Pequim aprovou nova legislação para proteger animais selvagens após o surto, que pode ter tido origem em morcegos antes de contagiar seres humanos, por meio de uma espécie intermediária, possivelmente o pangolim. De acordo com os dados oficiais, desde o início da epidemia, a China registou 83.682 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 601 mil mortos e infectou mais de 14,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP). Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em Fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

Cinema Salas reabrem ao fim de meses de encerramento Várias cidades chinesas reabriram ontem os seus cinemas, que estiveram durante meses encerrados devido ao surto da covid-19, mas na condição de os espectadores usarem máscara e deixarem um assento de distância entre si. Em Xangai, Hanzhou e Guilin, onde o risco de infecção pelo novo coronavírus vírus é considerado baixo, as salas de cinema reabriram, e Pequim prepara-se para adoptar a mesma medida. Trabalhadores estavam a desinfectar e a polir as salas de cinema na capital chinesa. Espera-se que as conferências, exposições, eventos desportivos ou artísticos reabram também gradualmente, após serem sujeitos a avaliações de risco e mantendo as "medidas de prevenção necessárias", disse Chen Bei, vice-secretário geral do Governo de Pequim. A China alterna com os Estados Unidos na posição de maior mercado do mundo para as cadeias de cinema.


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terça-feira 21.7.2020

Índia Registados mais de 40 mil infectados, novo recorde diário

A Índia registou mais de 40 mil infectados com o novo coronavírus nas últimas 24 horas, um novo recorde no país, informaram ontem as autoridades. Os 40.425 novos casos elevaram o total de contágios na Índia para 1.118.043, dos quais 27.497 resultaram em mortes. O país, de 1,4 biliões de pessoas, realiza quase dez mil testes por milhão de pessoas. Mais de 300 mil amostras estão agora a ser testadas todos os dias, em comparação com apenas algumas centenas em Março. Com o aumento de infecções nas últimas semanas, os governos locais na Índia têm ordenado confinamentos focados em áreas de alto risco.

Japão Défice comercial de 2,2 mil milhões de euros em Junho

O Japão registou em Junho um défice comercial de 2,2 mil milhões de euros, informou ontem o Governo. O saldo negativo é inferior ao défice de Maio, mas contrasta com o excedente de 4,8 mil milhões de euros contabilizado em Junho de 2019, de acordo com dados publicados pelo Ministério das Finanças. Com a União Europeia, o seu terceiro parceiro comercial, o Japão registou um défice de 1,4 mil milhões de euros, mais 153,5 por cento do que o saldo negativo observado em Junho de 2019. Com o Brasil, o país asiático também viu o défice crescer 52,3 por cento, para 255,4 milhões de euros. Com a China, o seu maior parceiro comercial, os números indicam um défice de 1,2 mil milhões de euros, mais 10,3 por cento do que o saldo negativo obtido em Junho de 2019. Finalmente, com os Estados Unidos, o Japão obteve um excedente comercial de 1,02 mil milhões de euros, menos 81,4 por cento do que aquele verificado no mesmo período do ano anterior.

O Parlamento Nacional timorense aprovou ontem por unanimidade a nova lei anticorrupção que exige extensas declarações de bens e interesses, que ficarão online e serão tornadas públicas, a um amplo leque de responsáveis e quadros públicos

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projecto de lei de “medidas de prevenção e combate à corrupção” foi aprovado ontem na sessão do plenário antes de ser enviado para promulgação para o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo. A nova lei de “medidas de prevenção e combate à corrupção”, há vários anos na gaveta, permite, entre outros aspectos, a denúncia anónima de crimes, penas de três a 15 anos de prisão para corrupção passiva de agente público para acto ilícito, e até três anos para acto lícito. A corrupção activa de agente público é punida com

Um dos aspectos mais polémicos do debate na especialidade teve a ver com a questão da posse de riqueza injustificada, com a lei a prever penas até cinco anos de prisão para quem não consiga provar a natureza lícita da riqueza

TIMOR PARLAMENTO APROVA NOVA LEI ANTICORRUPÇÃO POR UNANIMIDADE

Passo em frente

por cada ano civil, 30 dias depois de findo o mandato e anualmente nos três anos seguintes ao fim do mandato.

RICO MISTÉRIO

três a dez anos de cadeia, tal como o crime de peculato, com penas que podem aumentar até 12 anos se o valor de cerca de quatro mil euros. Peculato de uso é punido com pena até dois anos de prisão, a mesma que é aplicada em casos de atentado ao direito de participação e à igualdade de candidatos em concurso de aprovisionamento, venda ou concessão. O diploma prevê penas até quatro anos de prisão por abuso de poder e de dois a oito anos para participação económica em negócio, agravada até 15 anos se os prejuízos do Estado forem cerca de nove mil euros. Casos de conflitos de interesses podem ser punidos com penas de prisão de dois a oito anos. No que toca ao sector privado, a lei prevê penas até oito anos para corrupção passiva, que podem ir até dez anos se os actos causarem uma distorção da concorrência ou prejuízo patrimonial a terceiros. A corrupção activa é punida com penas de dois a oito anos, agravada para três a dez anos. Um dos capítulos da lei que suscitou mais debate durante a especialidade tem a ver com o regime de declarações de bens e interesses, cujo objectivo é “detectar e prevenir conflitos de interesses” e monitorizar “aumentos significativos e injustificados no patrimó-

nio” de quem fica sujeito a declarações. As declarações abrangem a pessoa em causa, mas PUB

também familiares directos – cônjuge e filhos – e têm de ser apresentadas até 30 dias depois da tomada de posse,

O diploma entra em vigor 180 dias depois da publicação e nesse momento todos os abrangidos – ou seja, quem está actualmente em funções - terão de apresentar as respectivas declarações. Um dos aspectos mais polémicos do debate na especialidade teve a ver com a questão da posse de riqueza injustificada, com a lei a prever penas até cinco anos de prisão para quem não consiga provar a natureza lícita da riqueza, se esta for “significativamente superior aos seus rendimentos” durante o exercício de funções e nos três anos seguintes.


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21.7.2020 terça-feira

Nesta história apenas eu morro

Compositores e Intérpretes através dos Tempos Michel Reis

Gabriel Urbain Fauré (1845-1924)

O segundo quarteto com piano Quarteto com Piano No 2 em Sol menor, Op. 45

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OUCO se sabe sobre a história do Segundo Quarteto com Piano de Gabriel Fauré. Foi provavelmente composto durante os anos de 1885/86, logo após o compositor ter sido premiado com o “Prix Chartier” da Académie des Beaux Arts em 1885, por várias obras de câmara, entre as quais se incluía o Primeiro Quarteto com Piano, estreado em 1880. O Segundo Quarteto com Piano parece ter sido escrito porque Fauré estava interessado nas possibilidades do meio quarteto com piano. O estudioso de Fauré, Jean-Michel Nectoux, comenta que a escolha desta forma pouco usual mostrava o desejo do compositor explorar novos caminhos e ser independente. Nectoux acrescenta que havia ainda a vantagem de que o repertório clássico existente continha muito poucos quartetos com piano de primeira água à excepção dos de Mozart. O Segundo Quarteto é, sem dúvida, um dos pontos altos da sua produção de câmara e é difícil entender a razão pela qual este trabalho soberbamente lavrado e melodicamente generoso nunca conseguiu alcançar a popularidade do Primeiro Quarteto. Como na sua Segunda Sonata para Violino, Op. 108, os temas do primeiro andamento surgem inesperadamente de várias formas nos andamentos posteriores, mas o uso de referências cruzadas temáticas por Fauré é mais subtil, e menos melodramático do que nas chamadas obras cíclicas de Franz Liszt ou César Franck. A obra, dedicada ao maestro Hans von Bülow, foi estreada no dia 22 de Janeiro de 1887, na Société Nationale de Musique, por Guillaume Remy no violino, Louis van Waefelghem na viola, Jules Delsart no violoncelo e o compositor ao piano, e foi publicada pouco depois da estreia. O primeiro andamento do Quarteto com Piano No 2 em Sol menor, Op. 45, Allegro molto moderato, começa com uma melodia ardente tocada pelas cordas em uníssono, de cujos contornos derivam muitos temas subsequentes. Em

termos formais gerais, esse andamento assemelha-se ao Allegro de abertura do Primeiro Quarteto, mas aqui Fauré confere um peso maior à coda, que contém algum dos seus mais deslumbrantes sidesteps harmónicos. Os dois andamentos centrais estão em completo contraste: um invulgarmente violento Scherzo em Dó menor com um ofegante tema de piano sincopado é precedido por um sereno Adagio. A suave figura ondulante de piano que abre o andamento lento foi aparentemente inspirada pela recordação dos sinos que soavam à noitinha na vila de Cadirac, que Fauré ouvia frequentemente em criança.

Os dois andamentos centrais estão em completo contraste: um invulgarmente violento Scherzo em Dó menor com um ofegante tema de piano sincopado é precedido por um sereno Adagio Paixão e violência são novamente consentidas no finale, marcado Allegro molto. A energia inexorável deste andamento é bastante distinta de alguma outra obra de Fauré: até o finale do Primeiro Quarteto consegue ter algumas pausas ocasionais para reflexão. Por incrível que pareça, Fauré consegue manter algo em reserva para a coda: um crescendo electrizante, culminando em uma reafirmação maciça più mosso do segundo tema em Sol Maior. Os compassos finais são pura alegria. SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Gabriel Fauré: Piano Quartet No. 2 in G minor, Op. 45 • Emanuel Ax (piano), Isaac Stern (violin), Jaime Laredo (viola), Yo-Yo Ma (cello) – SONY Classical, 1993


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

terça-feira 21.7.2020

Paulo José Miranda

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A semana passada lemos o livro de Claudia Schneider, «Desentidade», que abordava vários modos de se viver a vida sendo outro ou outros. E, acerca destes mesmos temas, há um livro de uma outra escritora, a portuguesa Manuela Fava, recentemente falecida, cujo livro «No Futuro Não Vou Trabalhar» nos leva pela vida de uma mulher, Albertina, que vive numa cidade do interior de Portugal, Covilhã, e é funcionária pública num tribunal. Lemos à página 12: «Albertina vivia a pensar na reforma, no que irá fazer depois dos trabalhos forçados da prisão, da vida. Sentia que cumpria uma pena, o tempo de trabalho, e planeava o que fazer quando fosse libertada, quando alcançasse a reforma, no que iria fazer da vida, do tempo que lhe restasse. Detestava o seu trabalho, a sua vida, e deseja que o futuro chegasse rapidamente. Literalmente, não se importaria de trocar duas décadas pela chegada do futuro, da reforma.» Neste livro de Fava, estamos diante de uma personagem, a principal, que tem a consciência de que ela não é ela mesma, de um modo radical: vê a sua própria vida, a ser vivida dia a dia, como se estivesse presa. Sente-se prisioneira do trabalho que tem. Trabalho que são as grades que a impedem de ser livre. Lê-se à página 26: «À entrada dos campos de concentração nazis estava escrita a frase “o trabalho liberta”, não estava escrita a frase “sê quem quiseres ser” ou “procura ser quem és” ou “liberta-te do que querem fazer de ti” ou ainda “não deixes que usem o tempo que és em proveito de um estado alienante e mercantilista”. Aqueles que mais nos querem subjugar sabem bem que nada melhor do que o trabalho, que é uma forma de impor legalmente ao outro tarefas que o impeçam de fazer o que quer, para que nos esqueçamos de quem somos.» Independentemente do tom político que percorre todo o livro, aquilo que me parece ser o tom maior é a questão da distorção da identidade de Albertina, a de ter consciência de que está afastada de ser ela mesma, devido ao trabalho que exerce. A questão de não se ser quem se é, de não se conseguir ser quem se é e de que modo é que se pode saber isso ou pensar isso. E, no caso de Albertina, não se tratava de um «mau trabalho», como se usa dizer, um trabalho humilhante ou pouco recompensante. Não. Para Portugal, Albertina, sendo Secretária de Justiça, ganhava muito bem, bem mais de dois mil euros por mês, e o seu trabalho estava longe de ser humilhante. Mas era algo que não fazia qualquer sentido para ela. Acabou ali, naquele tribunal, depois de ter completado o mestrado em Filosofia.

Uma mulher no futuro JOE VANDELLO, MEN AT WORK

uma asa no além

E os filósofos eram as leituras que fazia fora do tempo de trabalho. Lê-se à página 54: «Filosofia e futuro começavam com a mesma letra e tinham a mesma cor no horizonte de Albertina, a cor da liberdade. O futuro liberta. O futuro é uma cor por pintar.» Podemos imaginar que esse também tenha sido o sentimento da autora, Manuela Fava, apesar de não ter sido Secretária de Justiça, mas professora de filosofia do secundário. Infelizmente morreu de acidente de viação aos 61 anos, em

2010, sem conseguir chegar ao tão ambicionado futuro. Morreu sem se libertar das grilhetas dos trabalhos forçados e ver pintada a cor desejada do futuro. A questão da alteridade forçada, em que alguém não consegue ser quem é devido a fazer todos os dias um trabalho de que não gosta, mas do qual precisa para sobreviver é o tema central do livro, como disse anteriormente. Albertina não é quem é, e sabe disso, porque o seu trabalho não a deixa ser. Evidentemente, a pergunta impõe-se, e Alberti-

“Neste livro de Manuela Fava, estamos diante de uma personagem, a principal, que tem a consciência de que ela não é ela mesma, de um modo radical: vê a sua própria vida, a ser vivida dia a dia, como se estivesse presa. Sente-se prisioneira do trabalho que tem. Trabalho que são as grades que a impedem de ser livre.”

na fá-la a ela mesma, à página 78: «Sou eu a culpada de não fazer um trabalho que gosto? Será o operário fabril culpado de não fazer o trabalho que gosta? Ou é necessário à nossa sociedade que nós não sejamos quem somos? Que quer dizer ser quem se é? E quem não é quem é pode responder a esta pergunta? A resposta a esta pergunta pode ser feita teoricamente ou necessita de experiência? Eu que não sou quem sou, que sinto claramente ser a menos de mim mesma, de estar a desperdiçar a maioria do meu tempo, porque a fazer coisas que não me interessam e que me afastam de quem sou, talvez venha a saber a resposta no futuro, quando deixar de trabalhar.» No livro de Fava é muito claro – se bem que talvez ainda não tenha ficado claro neste texto – que o problema não é o trabalho em si, mas o trabalho que distorce aquele que o faz, o trabalho que aliena, atormenta, empobrece. De qualquer modo, Fava conhece os paradoxos deste pressuposto e escreve à página 79: «Mas quem faria os trabalhos que ninguém quer fazer? Como poderíamos resolver esse problema? Uma coisa é acreditarmos que há quem goste de fazer trabalho burocrático, outra coisa muito diferente é acreditarmos que há quem goste de viver debaixo do chão escavando a muitos metros de profundidade, no interior de uma mina. Quem, humano, pode ser quem é? Talvez acreditar em ser-se quem se é não passe do mesmo que acreditar em Deus.» Infelizmente por problemas com os herdeiros, continuamos sem ter acesso aos livros de Manuela Fava – 3 romances e 2 volumes de contos –, cujos exemplares editados pela já extinta Clorofórmio, continuam sem ser reeditados. Acerca deste romance que nos traz aqui hoje, escreveu o escritor Augusto Abelaira, também ele tão esquecido nos dias de hoje: «Madalena Fava é provavelmente a mais intrigante e instigante das novas escritoras portuguesas. Com uma imaginação sólida, um domínio da linguagem ao rés da sintaxe, uma capacidade reflexiva que nos remete para dentro, um dentro a que usualmente tendemos a fugir, Fava página a página destrói as nossas ilusões mais convictas, mostrando tratar-se apenas de convicções muito ilusórias.» «No Futuro Não Vou Trabalhar» é talvez o melhor livro de Fava, e um dos grandes livros da segunda metade do século XX português, mas o imaginário da escritora e capacidade reflexiva não acabam aqui. Aguardemos que os herdeiros resolvam a contenda, de modo a podermos ler esses livros, que tal como Albertina ainda aguardam a cor do futuro.


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1 34 6 7 4 56 6 3 7 44 1 21 5

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6 1 34 4 5 23 2 1 3 7 46 5 67 3

45 Cineteatro SALA 1

1 4 3 5 7 6 2

2 7 6 4 1 5 3

BEYOND THE DREAM [C] Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terrance Lau, Cecilia Choi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2

2 5 6 4 3 7 1

Um filme de: Todd Robinson Com: Sebastian Stan, William Hurt, Christopher Plummer 14.30,21.30

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS

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HUM

6 44 3 5 2 4 1 76

7 0 - 9 5 %´ •

EURO

Uma manifestante encara a polícia num protesto contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que está a se julgado por corrupção. A gestão da pandemia e a crise económica que Israel atravessa motivam o

1 3 5 6 7 4 2

7 4 1 2 5 6 3

5 6 7 3 2 1 4

6 2 4 5 1 3 7

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4 56 1 33 2 77 6

7 2 44 1 6 33 5

Um filme de: Setsuro Wakamatsu Com: Koichi Sato, Ken Watanabe 16.45, 19.00 SALA 3

SUMIKKOGURASHI:GOOD TO BE IN THE CORNER [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADA EM CHINÊS Um filme de: Mankyu 14.30, 16.00, 17.30, 19.45

LIGHT F MY LIFE [C]

Um filme de: Casey Affleek Com: Anna Pniowsky, Casey Afflek, Tom Bower, Elisabeth Moss 21.30

44

5 7 4 3 2 6 1

4 1 6 7 5 2 3

6 2 3 1 7 4 5

2 4 5 6 3 1 7

8.97

BAHT

0.25

YUAN

1.14

descontentamento popular. Netanyahu reagiu teorizando que os protestos são financiados com o dinheiro de Jeffrey Epstein, o magnata norte-americano que morreu na prisão, suspeito de crimes sexuais contra menores.

1 5 7 2 6 3 4

3 6 1 5 4 7 2

5 4 5 7 1 3 2 Samarcanda 6 2 3é um1romance 4 histó5 6 rico fictício que se divide em duas partes.5 Na primeira, 2 7 6a narrativa 2 1de 4 Maalouf foca o filósofo e poeta 7 7 2 e3como6escreveu 4 5 Omar Khayyám a sua poesia Rubaiyat, ao longo 3 2 da5 história 3 4do Império 5 7Seljúci6 1 da. Na segunda parte do livro, o 4 1 4 o período 3 2da 7 escritor6acompanha Revolução Constitucional Persa, 15 3 que decorreu 1 6entre219055a 1907, 7 3 através dos esforços da persona6 2 Benjamim Lesage para obter gem

6 7 3 1 2 5 4

C I N E M A

THE LAST FULL MEASURE [C]

FUKUSHIMA 50 [B]

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 42

3 2 4 6 1 1 7 5

PROBLEMA 43

S 5 U 1 6D3 O2 K 4 7U 43

3 1 2 7 4 5 6

31

7 3 2 4 1 5 6

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UM LIVRO HOJE

uma cópia 48 original da Rubaiyat de Khayyám. Uma obra que transmite a visão de Amin Maalouf sobre a identidade persa. João Santos Filipe

SAMARCANDA | AMIN MAALOUF (1988)

2 1 6 3 7 4 5 4 1 2 3 7 5 6 7 4 3 5 2 1 6 3 2 5 1 4 6 7 LIGHT OF 2 MY LIFE 1 6 46 5 4 3 7 5 6 7 2 1 4 3 6 2 1 7 57 31 4 2 6 7 4 6 5 3 2 1 João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 3 7 2 Propriedade 63 4Fábrica5de Notícias, 1 Lda Director Carlos Morais 2José Editores 3 4 7 6 1 5 Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José 2GonçaloRitaM.Tavares; 4 5 75 Gonçalo 2 Lobo 1Pinheiro; 6 Cabral; 7 Rui1Cascais;4Rui Filipe5Torres;3 2 Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; Miranda; Paulo Maia6 e Carmo;3 Taborda Duarte; Rosa Coutinho Sérgio Fonseca; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje www. Macau; hojemacau. 5 3 4 Morada 1 Lusa; 6GCS;Xinhua 2 Secretária 7 deredacção1ePublicidade 1 Madalena 5 da3Silva(publicidade@hojemacau.com.mo) 6 2 7 4 AssistentedemarketingVincentVongImpressãoTipografiaWelfare com.mo Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo 7 6 4


opinião 15

terça-feira 21.7.2020

macau visto de hong kong DAVID CHAN

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Salários da função pública

IA 17 deste mês, a comunicação social de Macau anunciou que o Governo não vai cortar os salários nem os benefícios dos funcionários públicos em 2021. André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, apelou a que as pessoas não dêm ouvidos aos rumores e que, em conjunto, combatam a epidemia e revitalizem a economia. Recentemente, circulou o boato de que o subsídio de Natal dos funcionários públicos não iria ser pago e que os salários iam sofrer cortes. Num quadro de grande recessão económica, muitos trabalhadores têm os salários reduzidos, outros os salários congelados, há ainda quem esteja de licença sem vencimento e quem tenha perdido o emprego. A crescente vaga de más notícias, combinada com a redução de despesas administrativas não essenciais, deu origem a uma série de conjecturas. As afirmações de André Cheong deram segurança aos funcionários públicos e serviram para acabar com as especulações. Em Macau, os salários dos funcionários públicos são determinados através da ponderação de quatro factores, de acordo com o parecer da “Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública”. O Governo decide a variação salarial da função pública para o ano seguinte, na segunda metade do ano em curso. A Comissão foi criada em 2012. Sob a alçada da Secretaria para a Administração e Justiça, tem 11 membros designados pelo Chefe do Executivo, entre os quais se encontram académicos, representantes da Câmara do Comércio de Macau, da Federação da Indústria e do Comércio de Macau, da Associação dos Profissionais de Saúde. Conta ainda com a participação de funcionários públicos aposentados, representantes de fraternidades, representantes do Instituto de Investigação em Administração, bem como do Serviços de Administração e Função Pública, etc. O mandato dos membros tem a duração de dois anos. Para se pronunciar sobre os salários do ano seguinte, a Comissão tem de ter em conta a situação financeira do Governo, as tendências dos salários do sector privado, a inflação e o parecer das organizações de funcionários públicos, antes de emitir a sua opinião e submetê-la ao Governo. Como não existe uma fórmula para ponderar estes quatro factores, de

forma a determinar os aumentos salariais, há quem diga que este sistema carece de transparência. Assim sendo, uma das soluções seria criar uma fórmula de cálculo em que cada um dos factores correspondesse a uma certa percentagem. Com um método de cálculo claro, seria mais fácil compreender os ajustes salariais da função pública doravante. A sociedade de Macau é muito sensível à questão dos aumentos salariais da função pública. A principal razão é porque se considera que os funcionários públicos são “Bem Pagos”. “Bem Pagos”, quer dizer ter salários mais elevados e mais benefícios do que os trabalhadores que desempenham funções semelhantes. A julgar pelo número de candidatos, podemos ver o quão atractiva é a Função Pública em Macau. Mas existe uma diferença entre “Aumentos Salariais” e ser “Bem Pago”. Os funcionários públicos são bem pagos, em parte porque estão sujeitos a um regime jurídico especial. Este tipo de restrições jurídicas são

Com a actual recessão económica, com trabalhadores estão confrontados com o congelamento de salários e com o desemprego. O sector privado não vai aumentar os salários de forma significativa

desnecessárias no sector privado, mas no serviço público são uma necessidade, e os funcionários são obrigados a obedecer-lhes. Por exemplo, a sociedade exige que os funcionários públicos tenham carácter nobre e integridade. Com tal, e de acordo com a Lei Básica, o Chefe do Executivo e os directores dos departamentos têm de declarar publicamente os seus bens, antes de assumirem o cargo. Outros altos funcionários são também obrigados a declarar os bens junto da Comissão contra a Corrupção e do Tribunal, em consonância com o sistema de declaração de propriedade do Governo de Macau. A declaração de bens pode ser supervisionada pelo Governo, mas também o pode ser pelo público em geral. Desta forma, os bens dos funcionários públicos podem ser consultados por todos. Diz-se que todos os funcionários públicos deviam ficar felizes por poderem declarar os seus bens; mas isto é uma questão de opinião e não se pode generalizar. No entanto, quando foi implementado o sistema de declaração de bens, o objectivo foi ficar a conhecê-los publicamente e não ficar a conhecer o sentimento dos seus proprietários. As entradas das salas de entretenimento e de jogo estão vedadas aos funcionários públicos, à excepção dos três primeiros dias de cada ano. Esta proibição garante a integridade dos servidores públicos, mas também os impede de se divertirem. Os funcionários públicos são responsáveis pela implementação das políticas governamentais. Na vida do dia a dia existem muitas normas estabelecidas. Cabe à função pública a responsabilida-

de de fazer com que o sistema funcione segundo as regras. Quanto melhor desempenhar a sua função, maior apreço terá o Governo. Se os funcionários públicos forem substituídos com frequência, e os novos não estiverem acostumados com os procedimentos, a imagem do Governo sofrerá danos. Pode afirmar-se que uma equipa estável de funcionários públicos é um factor importante para a estabilização da sociedade em geral. Como tal, o serviço público deve ser estável e com o menor grau de atrito possível. Uma das condições que garante um serviço estável é ser “Bem Pago”. No entanto, por serem “Bem Pagos”, os funcionários públicos são alvo de críticas. Com a actual recessão económica, com trabalhadores estão confrontados com o congelamento de salários e com o desemprego. O sector privado não vai aumentar os salários de forma significativa. A influência que esta situação vai ter no ajuste dos salários dos funcionários públicos no ano que vem, é sem dúvida um factor de preocupação social. A formulação e a implementação das políticas do Governo requerem o esforço dos servidores públicos. É evidente que estes dão as boas vindas aos aumentos salariais, mas de momento a sociedade não vai acolher necessariamente bem a decisão do Governo de aumentar a Função Pública. Para ter em linha de conta a opinião da população e simultâneamente manter o estatuto de funcionários públicos “Bem Pagos”, e equlibrar os dois factores “Bem Pago” e Aumento Salarial”, será necessária uma grande destreza e o resultado não vai poder agradar às duas partes.

Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


“A morte não tem nada de glorioso. Qualquer um pode morrer.” Johnny Rotten

terça-feira 21.7.2020

HONG KONG REINO UNIDO SUSPENDE TRATADO DE EXTRADIÇÃO

“ANTÓNIO” BATALHA LEGAL ENTRE CHEF E EMPRESA RESPONSÁVEL

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Reino Unido suspendeu ontem o tratado de extradição com Hong Kong em retaliação à nova lei de segurança imposta no antigo território britânico pela China, anunciou o ministro dos negócios Estrangeiros, Dominic Raab. A medida, com efeito imediato, foi anunciada no parlamento, juntamente com a extensão do embargo à venda de armas existente contra a China desde 1989, e que vai incluir outro tipo de equipamento que possa ser usado na repressão da população, como correntes ou granadas de fumo. “Não vamos considerar repor esta provisão [do tratado de extradição] a não ser que e até existirem salvaguardas claras e sólidas que evitem que a extradição do Reino Unido [para Hong Kong] seja usada indevidamente no âmbito da nova lei de segurança”, explicou. Segundo o ministro, “a imposição desta nova lei de segurança alterou de forma significativa expectativas importantes que suportam o tratado de extradição com Hong Kong, em particular porque permite à China assumir jurisdição sobre certos casos e julgar esses casos nos tribunais da China continental”. Raab reiterou também a preocupação com a violação dos direitos humanos contra os muçulmanos da minoria uigure em Xinjiang. “Nós queremos uma relação positiva com a China. Pela nossa parte, o Reino Unido vai trabalhar arduamente e em boa fé”, disse. Porém, acrescentou, as medidas anunciadas “são uma resposta razoável e proporcional ao fracasso da China em respeitar as obrigações internacionais com Hong Kong”. Raab acrescentou que as condições do novo visto de residência e acesso à cidadania para os habitantes de Hong Kong com passaporte britânico vão ser detalhadas esta semana pela ministra do Interior, Priti Patel.

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PALAVRA DO DIA

Desde que foi lançado, já se inscreveram no “Vamos! Macau!” mais de 87 mil residentes. No total, o plano contempla agora 25 roteiros

Voos domésticos Novos roteiros locais incluem viagens de helicóptero

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partir de quarta-feira, serão lançados 10 novos roteiros turísticos do programa de apoio ao sector do turismo “Vamos! Macau!”. Das novas excursões locais, anunciadas ontem pelo subdirector dos Serviços de Turismo (DST), Cheng Wai Tong, fazem parte viagens de helicóptero, excursões nocturnas por locais considerados património mundial e experiências gastronómicas. O custo das experiências vai das 18 às 398 patacas. Ao todo, foram adicionados aos 15 itinerários já contemplados no programa subsidiado pelo Governo, sete roteiros comunitários e três roteiros de lazer. Do primeiro grupo, além do voo de helicóptero, fazem agora parte, visitas ao centro de operações e oficina do Metro Ligeiro, exploração de aviões privados, excursões nocturnas pela natureza, mercados nocturnos na Doca dos

Pescadores e Largo do Senado, visitas à Torre de Macau e experiências em “laboratórios prioritários nacionais e bases de formação em competições electrónicas”. Os novos roteiros de lazer incluem excursões pelos locais inseridos na lista de património mundial, visitas ao jardim do Hotel Parisian e jantares buffet dedicados à gastronomia oriental e ocidental. Foi ainda revelado que, desde que o plano turístico foi lançado a 17 de Junho, já se inscreveram no programa mais de 87 mil residentes. No total, o plano “Vamos! Macau!” contempla agora 25 roteiros, 13 comunitários e 12 roteiros de lazer. Recorde-se que cada residente pode beneficiar de uma comparticipação até 560 patacas, sendo cada excursão subsidiada em 280 patacas.

GUIAS CRITICADOS

Em jeito de balanço até agora, Cheng Wai Tong apontou que o nível de satisfação de quem

participou nos roteiros locais é superior a 80 por cento. No entanto, ficaram prometidas melhorias para a nova fase, nomeadamente, quanto à qualidade dos guias turísticos. “Todos os pontos que analisámos obtiveram um nível de satisfação superior a 85 por cento. Quanto a queixas, além de algumas ao nível da organização inicial (...) recebemos reclamações sobre os guias turísticos. Isto porque são essencialmente os residentes locais que estão a participar nos roteiros e alguns deles conhecem melhor os locais do que os guias e tentam corrigi-los, afectando o nível de satisfação. Vamos tentar formar mais guias turísticos”, partilhou. Sobre a aplicação “Macau Ready Go!”, o responsável adiantou que já se inscreveram 641 empresas, responsáveis por divulgar mais de mil anúncios de promoções. Pedro Arede

info@hojemacau.com.mo

antigo chefe de cozinha do restaurante “António”, na Taipa, entrou em disputa legal com a empresa responsável pelo negócio, uma filial do grupo de investimento Sniper Capital, avançou ontem a Macau News Agency (MNA). A acção legal terá sido movida por António Neves Coelho depois de dois meses sem conseguir chegar a acordo com a empresa responsável. A Sniper Capital gere o restaurante através do Antonio Group Limited. O litígio diz respeito ao despedimento do chef e aos direitos de autor do restaurante. A MNA indica ainda que o grupo rescindiu o contrato alegando justa causa, apontando que o chef teve 118 dias de licença sem autorização, e que António Coelho apresentou queixa junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais. Um dos problemas apontados por António Coelho prende-se com os direitos de autor do logótipo do restaurante, que é a sua assinatura, afirmando que o grupo pediu para entregar esses direitos gratuitamente. O nome original do estabelecimento foi mantido depois da cessação da relação laboral, a 22 de Abril deste ano. Note-se que o restaurante foi estabelecido em 2007. Em 2018, o chefe tinha já aceite mudar o seu contrato de director culinário e director-geral, para embaixador culinário. Para além disso, indicou que não vai poder exercer as mesmas funções até Outubro, por causa de uma cláusula contratual. Mas depois disso espera abrir um restaurante com o seu nome. S.F.

Máscaras Novo plano de fornecimento começa hoje

Começa hoje a 19ª ronda do plano de fornecimento de máscaras. O plano de distribuição, que irá vigorar até ao dia 30 de Julho, é em tudo idêntico às rondas anteriores, tanto quanto aos locais de venda, como aos métodos de aquisição. Ou seja, cada pessoa pode comprar 10 máscaras por oito patacas. Estão também disponíveis máscaras infantis, sendo que cada criança tem direito a 10 máscaras ou cinco máscaras para crianças e cinco máscaras para adultos ou apenas a 10 máscaras para adultos. A revelação foi feita ontem pela médica Leong Iek Hou, por ocasião da conferência de imprensa sobre o novo tipo de coronavírus.


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