Hoje Macau 21 SET 2016 #3661

Page 1

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

QUARTA-FEIRA 21 DE SETEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3661

MOP$10 SOFIA MOTA

LITERATURA

Macau na cidade branca EVENTOS

PUB

Os apelos de Melinda PÁGINA 5

TURISMO

RECEITAS PARA A CRISE GRANDE PLANO

TAIPA | PARQUE

Problema central PÁGINA 8

História do beijo JULIE O’YANG

h

FUNDAÇÃO MACAU EDUCAÇÃO É PRINCIPAL DESTINO DE APOIOS

PARTILHAS ´ ELASTICAS

Depois de cinco reforços orçamentais, a Fundação Macau (FM) decidiu apostar na Educação como destino de eleição na atribuição de apoios. O sector recebeu 57% do total dos mais de dois

mil milhões de patacas atribuídos pela FM em 2015. O restante financiamento foi distribuído por áreas diversas como a cultura, desporto, lazer ou instituições médicas, entre outras.

PÁGINA 9

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

GOVERNAÇÃO

hojemacau


2 GRANDE PLANO

TURISMO SECTOR HOTELEIRO ALERTA PARA QUEBRA NOS PREÇOS E MAIOR COMPETIÇÃO

PRESSOES NA SUITE ˜

O

sector hoteleiro afirma estar a passar por uma ligeira crise, numa altura em que os empreendimentos no Cotai vão sendo inaugurados aos poucos e há uma maior oferta em termos de quartos de hotel. O problema é que o número de turistas que pernoitam em Macau tem-se mantido igual, o que faz com que a elevada competição comece a chegar ao sector, algo que o obriga a baixar os preços. Dados divulgados esta semana mostram que as receitas dos hotéis baixaram em relação a 2014. Ontem, em mais uma reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico, alguns membros, que representam associações, expressaram os seus receios ao Governo. “Houve um aumento de 15% no número de quartos, mas o número total de visitantes que cá pernoitam permanece o mesmo. Verificámos uma descida bastante visível no preço dos quartos. Estamos preocupados que o número de quartos aumente, pois deverão ser mais quatro mil nos próximos meses. Com tanta oferta o preço dos hotéis pode descer e afectar o

sector”, referiu um dos membros. “Houve investimentos de milhões e milhões de patacas por parte dos hotéis, para conseguirem determinado número de visitantes, mas têm surgido muitas dificuldades, porque há mais concorrência e competitividade”, disse outro. Num encontro que serviu para apresentar os mais recentes projectos da tutela dos Assuntos Sociais e Cultura, os membros do Conselho apoiaram a renovação das Casas-Museu da Taipa, do Museu do Grande Prémio e ainda da povoação de Ka-Hó, defendendo que o turismo local precisa de maior diversidade para sair de uma situação de impasse. “O sector do turismo precisa de mais elementos e um conteúdo mais enriquecido. O Governo tem de lançar um calendário para que a população saiba o desenvolvimento dos trabalhos e para que Macau tenha uma maior competitividade”, afirmou outro representante. Quanto ao responsável pela Associação dos Hoteleiros de Macau, falou da necessidade de ter “um

“Houve investimentos de milhões e milhões de patacas por parte dos hotéis, para conseguirem determinado número de visitantes, mas têm surgido muitas dificuldades, porque há mais concorrência e competitividade” MEMBRO DO CONSELHO PARA O DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO

maior foco nos elementos culturais”. “Faltam novos elementos e esses três projectos estão de acordo com as necessidades de Macau.” Já outro membro do Conselho adiantou que também as pequenas empresas, nomeadamente o sector da restauração, estão a sofrer com este panorama. “Se o Governo conseguir trazer mais turistas ao centro da cidade só assim o sector pode beneficiar. Espero que os projectos avancem rapidamente para vermos os efeitos o mais depressa possível.”

“Se o Governo conseguir trazer mais turistas ao centro da cidade só assim o sector pode beneficiar”

Há uma ligeira crise a instalarse no sector hoteleiro e os alertas foram deixados ontem por presidentes de associações, na reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico. O excesso de oferta de quartos de hotel face ao igual número de turistas a pernoitar em Macau faz com que os preços estejam a baixar. Analistas falam, contudo, de uma crise passageira O próprio Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, admitiu que se não forem lançados novos projectos não haverá novos elementos turísticos, o que “significa que o sector do turismo vai recuar”.

UMA CRISE PASSAGEIRA

O economista Albano Martins confirma ao HM o panorama de elevada competição e de quebra de preços. “Vão aparecer mais hotéis, mais camas, e vai haver muito mais competição. Existindo mais oferta, e se a procura não crescer significativamente, o que vai acontecer é que os preços vão descendo até chegar a uma altura em que a crise se pode instalar. Mas isso vai depender do mercado, pela maneira como o Jogo vai reagir daqui a diante. Vamos ter de ver se o Jogo vai continuar a crescer ou se vai recuperar a partir do próximo ano. Vai haver ainda a oferta do MGM e do Lisboa Palace e a concorrência vai acontecer.” Contudo, o economista afirma que será uma crise passageira, com resolução a partir de

2018, data em que o empreendimento da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), o Lisboa Palace, deverá ser inaugurado. “Só a partir de 2018, altura em que se prevê uma expansão da economia de Macau, haverá efeitos directos e indirectos a nível dos hotéis. A verdade é que até lá (os hotéis) vão passar um mau bocado, porque há uma oferta brutal”, acrescentou. Se para o sector a queda dos preços constitui um problema, o mesmo não acontece com os hóspedes, defendeu o economista. “É bom que a concorrência se faça a preços mais baixos, porque todos sabem que os preços em Macau são altíssimos. Não vejo isso com grande preocupação, mas claro que as pessoas que estão no sector olham para a sua carteira. Mas quem está fora do sector olha para isso de forma perfeitamente natural. É o sinal de uma economia livre.”

QUEBRA SUAVE

Anthony Wong, docente de Turismo na Universidade Cidade de Macau (UCM), lembrou que a quebra nas receitas foi modesta, desvalorizando a existência de uma crise mais grave. “Penso ser razoável este ajustamento na indús-

“A única forma de aumentar as receitas e também a ocupação hoteleira prendese com a oferta de mais atracções turísticas”

“Existindo mais oferta, e se a procura não crescer significativamente, o que vai acontecer é que os preços vão descendo até chegar a uma altura em que a crise se pode instalar”

ANTHONY WONG DOCENTE DE TURISMO NA UCM

ALBANO MARTINS ECONOMISTA


3 hoje macau quarta-feira 21.9.2016 www.hojemacau.com.mo

HELENA DE SENNA FERNANDES DESVALORIZA QUEDA DAS RECEITAS

A

e fazer com que eles regressem. Haverá vários quartos de hotel a ser construídos nos próximos tempos e isso trará pressão no sector, porque a competição será muita. Albano Martins recorda que “é provável” que, com a nova oferta dos casinos, com os novos centros de diversão que estão a ser criados, as dormidas aumentem e possa haver uma melhoria. “O que é preciso é que haja gente a ficar mais tempo e não a entrar em Macau. A taxa de ocupação dos hotéis deverá cair nesta fase, o sector vai ter dificuldade e a única hipótese é baixarem os preços”, rematou o economista. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

OS NÚMEROS DA CRISE • Lucros de 2,76 mil milhões de patacas, menos 44,4% face a 2014

• O número de trabalhadores no sector também aumentou, sendo mais 14,7% face a 2014

• Segmento dos hotéis de quatro estrelas teve um prejuízo de 171 milhões de patacas, porque as receitas das novas unidades obtidas no ano passado foram inferiores às despesas desse ano, incluindo as operacionais anteriores à sua entrada em funcionamento

• Os turistas continuam a pernoitar, em média, uma noite em Macau

• Receitas do sector dos hotéis e similares chegaram às 26,04 mil milhões de patacas, menos 6,6% • Existe um total de 107 estabelecimentos hoteleiros, mais oito face a 2014

• Em Agosto, Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, disse esperar um aumento de turistas internacionais na ordem dos 10%, embora o número de turistas se deva manter igual aos anos anteriores, na ordem dos 30,7 milhões de pessoas. Os turistas da China registaram uma quebra de 0,4% nos primeiros seis meses do ano

GONÇALO LOBO PINHEIRO

TIAGO ALCÂNTARA

tria hoteleira. Teremos um número semelhante de turistas mas teremos mais quartos de hotel, então a oferta será superior à procura, é razoável que haja um decréscimo da taxa da ocupação e também dos lucros.” Tal como os representantes do sector, também o docente acredita que só com mais atracções é possível fazer com que os turistas pernoitem mais tempo no território. “A única forma de aumentar as receitas e também a ocupação hoteleira prende-se com a oferta de mais atracções turísticas. Então o primeiro desafio será aumentar as atracções turísticas, mas também será um desafio para operadores turísticos e hotéis manterem os hóspedes

directora dos Serviços de Turismo desvalorizou ontem a queda das receitas na hotelaria, destacando que está a aumentar o número de hóspedes e o tempo de estadia na cidade. “O número de hóspedes tem subido e o número de pessoas a pernoitar em Macau também subiu”, disse Helena de Senna Fernandes, sublinhando que em Junho e Julho deste ano, ao contrário do que é frequente, o número de turistas “que ficaram mais do que um dia em Macau” foi maior do que o de pessoas que visitaram a cidade em menos de 24 horas. Senna Fernandes sublinhou que abriram novos hotéis em Macau e, “com mais quartos disponíveis”, o preço dos quartos, naturalmente, baixa. “Ao mesmo tempo, a taxa média de ocupação está na ordem dos 80% (…). Se calhar estivemos muito acostumados a taxas de ocupação na ordem dos 90%, mas acho que não há muitos destinos no mundo que tenham este tipo de taxa de ocupação”, afirmou. “Tem de haver equilíbrio entre os preços dos quartos e a taxa de ocupação”, acrescentou, em declarações aos jornalistas à margem da apresentação da quinta edição do Fórum de Economia de Turismo Global de Macau.


4 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 21.9.2016

LISBOA PALACE RECONTRATA TRABALHADORES DESPEDIDOS

N

A sequência das manifestações por parte dos trabalhadores dos estaleiros do Lisboa Palace, que dizem ter sido demitidos injustamente, a operadora inverteu a medida e o responsável pela empreitada prometeu que iria recontratar estas pessoas. A celebração do novo contrato tem lugar hoje e o início de funções também.

A medida é tomada após uma reunião entre representantes da empreitada do Lisboa Palace e representantes da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), em que a deputada Ella Lei frisou, após o encontro e segundo comunicado divulgado à imprensa, que este caso veio demonstrar que o regime de contratação de traba-

ALEXIS TAM CRÍTICAS DEVEM-SE À “CAMPANHA ELEITORAL”

lhadores não residentes ainda tem muitos problemas. “Se o Governo mantiver a fraca supervisão que tem tido vai, com certeza, prejudicar os residentes, sobretudo nesta fase da economia do território, pelo que tanto o Executivo como a sociedade devem prestar uma atenção especial a estes assuntos”, remata a deputada.

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, disse ontem que as críticas de que tem vindo a ser alvo no âmbito de diversos projectos se devem ao facto do período de eleições legislativas se estar a aproximar. “Agora é a campanha eleitoral e as pessoas gostam de falar para atrair as atenções. Mas as pessoas são livres. Em todos os projectos tivemos resultados positivos”, disse o Secretário. Segundo a Rádio Macau, Alexis Tam falou à margem de uma visita feita à povoação de Ka-Hó, em Coloane, cuja recuperação deverá ser rápida. Na reunião de ontem do Conselho do Desenvolvimento Turístico ficou confirmado que a renovação de uma das casas deverá ser concluída este ano, sendo que as restantes três moradias da antiga leprosaria deverão ficar prontas no próximo ano.

Função Pública REVISÃO DO REGIME DE CARREIRAS DEIXA PREOCUPAÇÕES

Ajustar, mas com cautela Salário diferente para carreiras diferentes não é fonte de discórdia, mas o modo como a revisão do Regime das Carreiras dos Trabalhadores da Função Pública será feita já suscita dúvidas e sugestões. Agrupamentos de índices e prioridades ao alojamento são dicas deixadas por Chong Coc Veng e José Pereira Coutinho

A sugestão do presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa é de que seja tida em conta a situação de Hong Kong em que as carreiras são classificadas nas categorias de baixa, média e alta “ O Governo contrata trabalhadores com determinado índice e acaba por dar trabalho a estas pessoas com o exercício de funções de índice muito mais elevado”, diz, sugerindo que se juntem os índices em blocos.

O

critério para o ajuste de salários dos diferentes níveis e carreiras da Função Pública é tarefa complicada para o Governo, considera o presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa, Chong Coc Veng. Ainda que não haja discordância da parte dos representantes dos trabalhadores do Governo face ao anunciado ajuste salarial. Em declarações feitas ontem ao jornal Ou Mun, Chong Coc Veng concorda que a base salarial seja concedida em conformidade com as competências que a função exige mas apela para que, antes da revisão do regime, se faça uma revisão a outros níveis nomeadamente

Macau, diz, em declarações ao HM, que a diferenciação das carreiras da Função Pública “é uma situação bastante complexa”, na medida em que a distinção da sua natureza e o trabalho efectivo que implicam não estão em concordância, o que tem permitido “a exploração dos trabalhadores nos últimos dez anos”.

CASAS PARA TODOS

no que respeita, por exemplo, ao subsídio de alojamento. Chon Coc Veng, que já foi chamado a dar opinião noutras alturas a convite dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), refere ainda que a chave para o sucesso das novas medidas é a uniformização destes subsídios para todos os tipos de carreiras. Pela sua experiência, e continuando com distinção, nomeadamente no que concerne o

alojamento, o descontentamento continuará a existir.

TRÊS NÍVEIS

A sugestão do presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa é de que seja tida em conta a situação de Hong Kong em que as carreiras são classificadas nas categorias de baixa, média e alta a fim de criar condições para o ajustamento salarial

de diferentes níveis. Desta forma, diz, o Executivo evita os problemas causados pelos aumentos conforme os índices, na medida em que aqueles que têm índices muito altos têm um aumento proporcional e os que estão em índices baixos tem um aumento muito diminuto sendo a diferença muito acentuada. Também José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de

Por outro lado, tanto Chon Coc Veng como Pereira Coutinho referem a situação do alojamento. O primeiro considera que o subsídio tem que ser aumentado e uniformizado, enquanto que Pereira Coutinho considera que “não é justo uns terem direito a casa e outros não” ao mesmo tempo que defende que a génese dos problemas está também nos regimes de desconto. O facto de uns receberem pelo regime de pensões e outros poderem receber pelo regime de previdência “é uma descriminação objectiva, nítida e pura por parte do Governo em relação aos trabalhadores”. Angela Ka (com S.M.) info@hojemacau.com.mo


5 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 21.9.2016

Melinda Chan É PRECISO CONCRETIZAR POLÍTICAS DE IMEDIATO

JORNAL CHINÊS ASSOCIA DECLÍNIO DAS RECEITAS COM CAMPANHA DE PEQUIM

O

principal jornal oficial chinês de língua inglesa, o China Daily, publicou ontem um artigo em que volta a associar directamente o declínio das receitas de jogo em Macau à campanha contra a corrupção lançada por Pequim. “A Las Vegas da Ásia começou a perder algum brilho desde 2014 (…), quando o combate contra a corrupção e extravagância, por parte de Pequim, aliado à economia da China em ‘corda bamba’, assustou os grandes apostadores, afastando-os para outros destinos de jogo regionais”, refere o China Daily, destacando que o Camboja surge como “um rival emergente”. As receitas do jogo encetaram em Junho de 2014 uma trajectória descendente, com o mês de Agosto a colocar termo a 26 meses conse-

cutivos de quedas anuais homólogas. Essa curva descendente – a mais longa de sempre – tem vindo a ser imputada por analistas a um cocktail de factores em que os efeitos da campanha anti-corrupção lançada por Pequim surgem à cabeça. No entanto, tal associação por parte da imprensa oficial chinesa tem sido muito pontual. Mesmo com uma forte queda de 34,3% em 2015, as receitas de jogo de Macau ainda são três vezes superiores às de Las Vegas, seis vezes superiores às de Singapura e dez vezes superiores às da Coreia do Sul e às Filipinas, segundo salienta o China Daily, citando o Chefe do Executivo, Chui Sai On. Na semana passada, a Fitch prognosticou uma diminuição de 5% das receitas dos casinos para o cômputo de 2016. LUSA/HM

PRIMEIRA PARTE DA TRIAGEM DE DIPLOMAS AINDA ESTE ANO

Está iniciado o trabalho preliminar para a triagem de diplomas por parte do Governo e dos grupos de trabalho da Assembleia Legislativa (AL), afirmou ontem a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, ao jornal Ou Mun, ao mesmo tempo que refere que a primeira parte da tarefa estará concluída ainda esta ano. A Secretária não divulgou o número de diplomas revogados mas referiu que ainda existem cerca de 600 leis anteriores à transferência e muitos outros a ter em conta após a mesma. Para a revisão de todos os diplomas e respectiva triagem, o Executivo irá agrupá-los em diferentes fases de acordo com as metas governamentais.

Não desvenda se vai ser novamente deputada à AL, mas tem propostas para algumas políticas de Macau: uma delas é a expansão do mercado para as PME. A outra é a concretização de políticas já prometidas

TIAGO ALCÂNTARA

Correr contra o tempo

M

AIS lares para idosos com serviços especiais e apoio às pequenas e médias empresas através do alargamento de mercado são algumas das propostas sugeridas pela deputada Melinda Chan para o futuro desenvolvimento do território. Numa entrevista concedida ao HM, a deputada não descortina o seu futuro na Assembeia Legislativa (AL), mas assegura estar pronta se os cidadãos precisarem dela. Para Chan, eleita directamente pela população para ocupar um assento no hemiciclo, há ainda muitas promessas que estão por cumprir e políticas que devem ser alargadas para se adaptarem às novas realidades. “Macau deve contar com mais lares para idosos que perderam a capacidade de cuidarem de si próprios e estes devem ser diferentes dos espaços para os idosos comuns. É preciso lares com cuidados mais específicos”, sugeriu Melinda Chan, referindo o aumento no número de idosos que sofrem de demência e Parkinson, doenças que ainda não são amplamente reconhecidas no território. Acabar com a falta de lares é uma das medidas que há muito tem vindo a ser prometida pelo Governo, mas que a deputada pede que seja realmente concretizada, visto Macau estar a demonstrar cada vez mais uma tendência crescente para o envelhecimento populacional. “Agora, os idosos precisam de ficar em listas de espera por mais de um ano para viver num lar”, apontou, relembrando que, muitas vezes, aqueles idosos que necessitam de tratamento especial 24 horas são recusados. “Antes deste grupo populacional se tornar ainda maior, o Governo deve ter já pensado um plano, com antecedência”, frisa.

APOIO ÀS PME

Outro dos cavalos de batalha de Melinda Chan são as pequenas e médias empresas. Ao HM, a deputada indica que,

por enquanto, não há uma medida mais eficaz do que o alargamento do mercado e aprovação de mais trabalhadores não residentes para as PME. Esta última vai contra aquilo que a maioria dos deputados tem vindo a pedir na AL: o corte de TNR. “Para conceder apoio às PME só se pode depender de políticas e essas são diferentes do apoio concedido aos grupos

Para Melinda Chan (...) há ainda muitas promessas que estão por cumprir e políticas que devem ser alargadas para se adaptarem às novas realidades

vulneráveis que ainda podem receber ajuda da sociedade e das organizações de caridade”, frisa. “As pequenas e médias empresas nunca são capazes de [concorrer] com as grandes, como os descontos que estas oferecem. E lutar pelo mercado que já está ocupado por estas [é difícil], pelo que, agora, a medida mais eficiente será abrir novos mercados e deixar as PME saírem de Macau, assim que puderem encontrar oportunidades.”

E AS ELEIÇÕES?

Questionada sobre uma recandidatura ao hemiciclo, no próximo, a deputada não desvenda detalhes. Melinda Chan diz apenas que “se os cidadãos quiserem que continue a prestar-lhes serviço, vai pensar nisso”. Mas por enquanto, afirma, ainda não consegue dizer ao certo se vai ou não recandidatar-se. “Ainda preciso de analisar”, indica. Angela Ka (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo


6 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 21.9.2016

Anúncio Concurso Público para «Empreitada de Construção de Fundações do Centro de Formação e Estágio de Atletas» 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12.

13.

14.

15.

16.

Entidade que põe a obra a concurso: Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas. Modalidade de concurso: concurso público. Local de execução da obra: parque de estacionamento da Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental de Macau junto à Rua de Ténis, Cotai. Objecto da Empreitada: Construção de fundações e dos maciços de encabeçamento de estacas do Centro de Formação e Estágio de Atletas. Prazo máximo de execução: 310 (trezentos e dez) dias de trabalho, sendo o prazo de execução da zona um de 230 (duzentos e trinta) dias (Indicado pelo concorrente; Deve consultar os pontos 7 e 8 do Preâmbulo do Programa de Concurso). Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso. Tipo de empreitada: a empreitada é por série de preços. Caução provisória: $10 000 000,00 (dez milhões de patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou segurocaução aprovado nos termos legais. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). Preço Base: não há. Condições de Admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido ou renovado a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido ou da renovação de inscrição. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Dia e hora limite: dia 11 de Outubro de 2016 (terça-feira), até às 17:00 horas. Local, dia e hora do acto público do concurso : Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, sala de reunião; Dia e hora: dia 12 de Outubro de 2016 (quarta-feira), pelas 9:30 horas. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. Local, hora e preço para obtenção da cópia e consulta do processo: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Hora: horário de expediente; Preço : $2 000,00 (duas mil patacas). Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação: - Preço da obra 48%; - Prazo de execução: 12% - Plano de trabalhos 18%; - Experiência e qualidade em obras 22%. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer na sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, a partir de 5 de Outubro de 2016, inclusive, e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 15 de Setembro de 2016. O Coordenador, Substituto Cheong Ka Lon

Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia Anúncio Faz-se saber que em relação ao concurso público para a execução da “OBRA DE REMODELAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DO ESCRITÓRIO”, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n° 36, II Série, de 7 de Setembro de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2° do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme as necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente no Serviços Administrativo e Financeiro do FDCT, sita na Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n° 411-417, Edf. “Dynasty Plaza” 9° andar, Macau. Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia, aos 15 de Setembro de 2016. Presidente do Conselho de Administração Ma Chi Ngai

Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo

www.hojemacau.com.mo


7 hoje macau quarta-feira 21.9.2016

SOCIEDADE

TIAGO ALCÂNTARA

Rodas contínuas Novo museu do Grande Prémio poderá vir a funcionar 24 horas por dia

O Turismo GOVERNO QUER ADAPTAR INDÚSTRIA ÀS NOVAS GERAÇÕES

Para além do jogo

O 5º Fórum de Economia de Turismo Global vai acontecer nos dias 15 e 16 de Outubro no Studio City e tem por tema “As Novas formas de Consumo- Transformar a Indústria Turística”. É a resposta do Governo à geração mais nova que procura novas rotas, tem novos interesses e um novo aliado: a internet

O

Governo quer adaptar a indústria às gerações mais novas. E vai começar já com a quinta edição do Fórum de Economia de Turismo Global, que acontece nos dias 15 e 16 de Outubro no Studio City. Numa conferência de imprensa que ontem decorreu, o Executivo centrou-se na necessidade que o turismo de Macau tem de se adaptar às novas necessidades de mercado. Uma nova geração de turistas emergiu e com ela a necessidade de novas respostas deste sector. Macau é conhecido pelos casinos, mas há muito mais para ver. “Macau não é só jogo”, disse Ip Peng Kin, chefe do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Para Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, e Pansy Ho secretária-geral do Fórum de Economia de Turismo Global, é esta nova mensagem que importa passar junto dos operadores e representantes turísticos que vão participar durante os dois dias do Fórum. “Vivemos numa época de revolução ao nível do consumo, com as novas gerações de consumidores a apresentarem grandes mudanças em relação aos padrões de consumo. Esta nova tendência tem um forte impacto na economia de turismo”, frisou Ip keng Kin. “E é por isso que é necessário adaptar os modelos de gestão desta importante indústria.” Na mesma linha de pensamento, Pansy Ho sublinhou que o ecossistema de consumo se trans-

formou, “passando do antigo modelo económico gerado pela oferta para um novo modelo económico orientado para o consumidor”. Esta edição, assegura, vai explorar como é que esta nova classe consumidora está a influenciar a indústria turística mundial e como é que os seus comportamentos de consumo e uso das novas tecnologias têm trazido mudanças sem precedentes para a indústria turística global.

PORTUGAL AUSENTE?

Com uma lista de vários participantes ligados ao sector do Turismo de todo o mundo, destacou-se a ausência de Portugal. Helena de Senna Fernandes avançou que “foi dirigido um convite ao Ministério da Economia, que é quem tutela o Turismo, mas até ao momento não foi recebida qualquer confirmação”. China e França são os grandes convidados deste Fórum, com quem se pretende a troca de sinergias no sentido de trazer e levar turistas. “A China por ter capacidade de difundir três mil anos de história

e ser a cidade parceira do evento, com a Exposição das Cidades e Províncias Parceiras do Fórum. França porque continua a ser um importante pólo de atracção turística no mundo inteiro”, referiu a directora da DST. A cidade das luzes estará representada no Fórum com o tema “França: Arte e Cultura como impulsionadores do Turismo”. O Orçamento para esta edição é de 45 milhões de patacas, sendo que 21 milhões são pagos pelos operadores turísticos e os restantes divididos entre os patrocinadores, onde estão incluídas as operadoras de autocarros, empresas e casinos de Macau, disse Ip Peng Kin. O Governo tem como parceiros a Organização Mundial do Turismo e a Câmara do Turismo da China e do Centro de Pesquisa de Economia de Turismo Global. Durante a iniciativa será ainda lançado um guia com as atracções locais para facilitar a “venda” da RAEM aos operadores do turismo.

Fernandes, a apresentação do projecto e das actividades que este vai conter. “Teremos zonas de exposição para vários tipos de veículos e queremos adicionar mais espaços para a realização de actividades, como a projecção de filmes e zonas para as indústrias culturais e criativas. Também queremos abranger uma zona de actividades para pais e filhos. Gostaríamos de construir mais elevadores e escadas rolantes para facilitar o acesso”, apontou. Alexis Tam respondeu ainda às muitas críticas já feitas publicamente sobre o orçamento do novo museu, que custará 300 milhões de patacas. “Não vamos apenas renovar o museu mas todo o Centro de Actividades Turísticas, que se vai transformar num museu internacional, e por isso o orçamento tem esse valor. Já fizemos mais de 60 edições do Grande Prémio mas continuamos a ter um museu muito humilde”, concluiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Hoje Macau

info@hojemacau.com.mo

CEDÊNCIA DE VISTOS

Q

novo museu do Grande Prémio de Macau poderá vir a funcionar 24 horas por dia, prevendo-se a ocupação de todo o edifício do Centro de Actividades Turísticas. A garantia foi dada ontem pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, na reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico. “Temos a perspectiva de que o museu possa vir a funcionar 24 horas por dia, para que o público possa sentir a sua importância”, referiu o Secretário sobre o projecto anunciado recentemente e que terá cerca de 16 mil metros quadrados. Alexis Tam mostrou ainda abertura para a participação de nomes internacionais que já estiveram no Grande Prémio de Macau, para que possam contar e partilhar as suas histórias sobre as competições no território. A sugestão foi feita por um membro do Conselho. Coube à directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna

uestionado sobre a questão de facilitar a cedência de vistos com vista a fomentar a entrada de mais turistas no território, o chefe do Gabinete para os Assuntos Sociais e Cultura disse apenas que não se pode continuar a aumentar este tipo de entradas. “Não podemos aumentar a atribuição dos vistos porque existem limites e temos de aprender a conviver com isso”, frisou Ip Peng Kin. Ainda assim, fez saber “que estão a ser levadas a cabo conversações a esse respeito”, ainda que seja “preciso mais trabalho governamental”. A esse propósito foi salientada a “participação pela primeira vez de uma delegação de Cantão, com oficiais do turismo, para consolidar e facilitar a relação regional”, concluiu Ip Peng Kin.

SIMULACRO DE ACIDENTE MARÍTIMO FOI “UM SUCESSO”

Foi ontem realizado “com sucesso” um simulacro de incidente marítimo na entrada do Terminal do Porto Exterior. A inciativa contou com a participação de diversos serviços públicos e a TurboJET e a Cotai Waterjets. O simulacro contou ainda com a participação de 15 embarcações, 10 ambulâncias e 180 pessoas e durou cerca de uma hora e trinta minutos. Susana Wong, responsável da DSAMA, mostrou-se satisfeita pelo processo do simulacro, considerando que este atingiu os objetivos previstos, segundo um comunicado.


8 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 21.9.2016

KELSEY WILHELM

HOMEM FAZ AMEAÇAS COM SERINGA

Um homem do interior da China ameaçou, em dois casinos, outros apostadores com uma seringa que, alegou, continha sangue com o vírus da SIDA. Os casos aconteceram em casinos na ZAPE e o homem queria, segundo as autoridades, exigir aos outros jogadores que pagassem pelas suas apostas. O homem foi detido quando tentava ameaçar mais clientes noutro hotel da mesma zona. Ninguém foi atacado e o suspeito revelou à polícia que não é portador de SIDA, tendo utilizado uma seringa que continha sangue falso para ameaçar os outros apostadores. A polícia ainda está à espera do relatório ao teste de sangue. O detido de 27 anos já foi transferido para o Ministério Público para a investigação.

ASSOCIAÇÃO DIZ QUE NOVA BIBLIOTECA PODE TRAZER VITALIDADE CULTURAL

Wong Ka Fai, presidente da Associação para a Reinvenção de Estudos do Património Cultural, concorda com a decisão do Governo em transformar o antigo tribunal na nova Biblioteca Central. A Associação diz que, pelo facto de ficar no centro, o novo espaço pode ser articulado não só com a necessidade de leitura dos moradores da zona, mas também com o Centro Histórico e projectos culturais que a ele ficam próximos, como o Anim’Arte Nam Van e a C-SHOP. Tal, diz, contribui para mais um avanço na melhoria do ambiente artístico e cultural da zona. “Com a revitalização, o velho tribunal serve não só como um espaço de descanso dos cidadãos, mas atrai também mais a visita dos turistas à zona sul. Entrando na nova biblioteca, os turistas utilizam as instalações mas sentem também o contexto cultural histórico único de Macau.”

REAJUSTAMENTOS DE AUTOCARROS NO COTAI

Parque Central BOMBAS DA PISCINA RESPONSÁVEIS POR INUNDAÇÃO

Mais um ligeiro problema

A

inundação constante no parque de estacionamento do Parque Central da Taipa deve-se a problemas nas bombas de drenagem da água da piscina. A reparação, diz o Governo em comunicado, já foi feita, depois de uma avaria. “Relativamente à fuga de águas residuais na cave 2 do auto-silo do Parque Central da Taipa, após uma vistoria, verificou-se uma avaria das bombas para águas residuais da piscina, o que originou um entupimento causado pelos produtos higiénicos e outros produtos constituídos por materiais de tecidos”, começa por indicar a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “Deste modo, contactamos a entidade utente para acompanhar os

trabalhos de reparação das bombas para águas residuais, bem como esclarecer as observações referentes à manutenção e reparação quotidiana. Neste momento, ficaram concluídos os trabalhos de reparação pela entidade utente.”

SEMPRE A SOMAR

Esta é mais uma das polémicas a envolver o espaço, aberto há menos de três anos. Este ano, uma avaria no sistema de filtragem levou a piscina a encerrar temporariamente para a execução de “obras urgentes de reparação”. O ano passado, e depois de um relatório do Comissariado de Auditoria, Li Canfeng, director da DSSOPT, teve mesmo de pedir desculpa publicamente por causa dos problemas na construção do Parque e instalações. Na altura, foi criado um grupo de trabalho

inteiramente dedicado à fiscalização do espaço. Isto depois de, como avançado pelo HM, a abertura da piscina ter atrasado porque a Chon Tit, empresa responsável por toda a construção, estava a fazer alterações ao nível estético e da iluminação por “sugestões dos cidadãos”. Cidadãos que, contudo, ainda não tinham sequer estreado a piscina. A Sociedade de Investimentos e Fomento Imobiliário Chon Tit (Macau) chegou a ser visada pelo Governo devido a “falhas” na construção. Diversos deputados queixam-se da empresa, com capital do interior da China e cujo director foi condenado por estar envolvido no escândalo de corrupção Ao Man Long, por falhas de segurança. No comunicado agora enviado, o Governo não especifica se a entidade que fez a reparação

das bombas é a empresa ou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), mas assegura que, após tomada de conhecimento sobre as fugas de água através das bombas, tanto a Chon Tit como o IACM foram ao local. “Verificou-se que o entupimento foi causado pelos lixos, produtos constituídos por materiais de tecidos e produtos higiénicos, o que originou a avaria das mesmas e sem condições de funcionamento. Na sequência da análise, constatou-se que o motivo de avaria das referidas bombas para águas residuais se deve ao uso indevido. Além de contactar com a entidade utente para acompanhar os trabalhos de reparação, a DSSOPT entendeu que a mesma deve reforçar a manutenção e reparação”, remata. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

Face à conclusão sucessiva de instalações turísticas no Cotai, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) vai proceder ao ajustamento da localização de algumas paragens e à alteração da sua designação. Neste sentido, a paragem “Rotunda Flor de Lótus -2” será conhecida por “Est. do Istmo/Studio City”, a paragem “Av. da Nave Desportiva/Rotunda da U.C.T.” será deslocada para a frente numa distância aproximada de 250 metros e a paragem “Av. Dr. Henry Fok/Av. do Aeroporto” vai ficar fora do complexo turístico Wynn Palace, sito na Avenida Dr. Henry Fok, enquanto as paragens “Rotunda da U.C.T./M.U.S.T.”, “Rotunda do Istmo/C.O.D.”, “Av. da Nave Desportiva/Rotunda da U.C.T.” e “Av. Dr. Henry Fok/Av. do Aeroporto” passam a ser conhecidas, respectivamente, por “Av. Dr. Henry Fok/M.U.S.T.”, “Av. Dr. Henry Fok/C.O.D.”, “Av. da Nave Desportiva/Wynn Palace” e “Av. Dr. Henry Fok/Wynn Palace”. Em articulação com este ajustamento, a DSAT vai actualizar as informações dos autocarros na sua página electrónica.

MAIS PARAGENS PARA O 71

A carreira 71 vai ter mais quatro paragens, anunciou ontem a Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). A carreira faz ligação entre a Universidade de Macau e a Praça de Ferreira do Amaral e vai passar a contar com paragens na “Av. Marginal Flor de Lotus/ Broadway” e “Pousada Marina Infante”, com destino à Praça de Ferreira do Amaral, e nas “Av. M. Flor de Lotus/Galaxy-1” e “Av. M. Flor de Lotus/Galaxy-2”, quando circula em direcção à Universidade. A iniciativa tem como objectivo facilitar as deslocações entre as duas zonas.


9 hoje macau quarta-feira 21.9.2016

São milhões disponibilizados, tantos que mereceram cinco reforços orçamentais. No total dos financiamentos, mais de dois mil milhões de patacas saíram dos cofres do organismo, em 2015, mas o relatório da Fundação Macau assegura que mais de 50% dos apoios atribuídos foi para talentos e Educação

M

AIS de metade dos apoios financeiros da Fundação Macau (FM) foram, em 2015, para o sector da Educação. Dados do relatório anual da entidade apontam para a entrega de diversas bolsas de estudo e dinheiro para projectos de investigação, que não esqueceram alunos dos Países de Língua Portuguesa. Ao todo, a concessão de apoios financeiros da FM ascendeu aos 2,39 mil milhões de patacas. Mais de metade (57,04%) foram para projectos de “educação e investigação”, área a que se seguiu a cultura, desporto e lazer (com 17,37% dos pedidos) e acções filantrópicas e de voluntariado, que valeram 10,62% dos subsídios. Apoios internacionais e a indivíduos não chegaram sequer a 1%. No relatório analisado pelo HM, pode ver-se que a Fundação

Fundação Macau MAIS DE METADE DOS APOIOS PARA A EDUCAÇÃO

Dinheiro para a inteligência atribuiu 384 bolsas de estudo a alunos locais do ensino superior e a mais de 9800 estudantes dos ensinos primário e secundário. Ao todo, foram 53 milhões de patacas em bolsas de estudo, divididos em diferentes graus. Por exemplo, todos os 9883 estudantes do ensino básico que receberam apoios foi na forma de “bolsas de mérito”. Outros 150 receberam bolsas de mérito especiais e 94 estudantes foram agraciados com apoios para as licenciaturas que frequentam. Das 31 vagas disponibilizadas pela FM para subsídios para estudantes bilingues do curso de Direito Chinês – Português todas foram preenchidas, mas ao nível das bolsas para intercâmbio no exterior apenas 26 – de mais de 40 - foram atribuídas. Outro das secções para que a Fundação Macau atribui dinheiro é a continuação de estudos em Portugal para alunos que completem o ensino secundário. Em 2015, 82 das 148 vagas foram preenchidas. No ensino do Português houve ainda mais seis bolsas atribuídas para alunos que frequentaram as aulas de Língua Portuguesa do Instituto Português do Oriente e o concurso de eloquência de Português.

PARA TODOS

Os estudantes de fora não foram esquecidos: mais de uma dezena de pessoas de S. Tomé e Príncipe, Timor e Moçambique receberam apoios da Fundação, aos quais se juntaram 15 de Cabo Verde e Guiné Bissau. Para o interior da China foram quase uma centena de bolsas de estudo: a maioria (47) para cursos de licenciatura e para filhos de trabalhadores da indústria aeroespacial da China (33). O relatório mostra ainda que a FM assegurou mais apoios ao nível da Educação, ainda que lo-

NÚMEROS 2,762,468 mil milhões de patacas eram as receitas da FM no final de Dezembro de 2015, sendo que as despesas ascenderam quase ao total desse número: 2,762,253,200 mil milhões. As “necessidades” levaram a cinco “reforços orçamentais”, num total que ascendeu a mais de 600 milhões de patacas tigação, num valor que atingiu 46 milhões de patacas.

ANÁLISES TANTAS

gísticos. “Ter boas instalações de ensino e equipamentos modernos constitui uma das chaves para assegurar a qualidade e sucesso da aprendizagem escolar ou universitária. Assim, com vista a cooperar com a política do Governo, a FM tem vindo a atribuir subsídios a instituições de ensino de Macau para a realização de obras de ampliação e remodelação dos edifícios escolares e renovação das instalações e equipamentos de ensino, de modo a criar melhores condições na área da Educação. Em 2015, subsidiamos a construção de prédios para escolas dos ensinos, primário e secundário e a aquisição de novos equipamentos pedagógicos, no valor de 430 milhões de patacas”, indica a Fundação.

MUST TEM MAIS VAGAS PARA BOLSAS QUE DUAS PÚBLICAS

A

SOCIEDADE

Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST, na sigla inglesa) teve mais vagas para bolsas destinadas a alunos finalistas do que o Instituto Politécnico de Macau e o Instituto de Formação Turística. Dados de 2014 e 2015 mostram isso mesmo, ainda que não seja possível recuar mais. Por exemplo, em ambos os anos a Universidade de Macau

conseguiu dez vagas para “bolsas destinadas aos alunos finalistas com melhor aproveitamento escolar”, que foram totalmente preenchidas. A MUST conseguiu preencher seis das sete vagas abertas para si, enquanto o IPM preencheu seis das seis que tinha disponíveis e o IFT duas das quatro reservadas para os seus alunos.

Os apoios financeiros atribuídos a instituições privadas do ensino superior para a melhoria das instalações e equipamentos e construção dos campus foram no valor mais de 1,1 milhões de patacas, com a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Universidade São José e a Universidade da Cidade de Macau a liderar o grupo dos subsidiados. A FM apoiou ainda a aquisição conjunta de um banco de dados de acervos de biblioteca de nove instituições de ensino superior, algo que custou dez milhões de patacas. Num ano em que a palavra-chave para as políticas do Governo foram os talentos, a Fundação Macau focou-se também em projectos de formação de novos profissionais, tendo criado em 2014 os “Prémios para Talentos de Macau” destinados a premiar os residentes da RAEM que se distinguem em competições ou acções de abrangência nacional e/ ou internacional. Em 2015, foram atribuídos dez prémios destes. O organismo atribuiu ainda subsídios para apoiar mais de 140 projectos de estudos e inves-

A liderança divide-se entre dois Conselhos – o de Curadores e o de Administração. O Conselho de Curadores fez quatro reuniões para apreciar mais de uma centena de pedidos.Aprovou 82, que obrigaram ao pagamento de mais de 1,8 mil milhões de patacas. A este número juntam-se mais 67,3 milhões de patacas que foram atribuídos por aprovação do Conselho de Administração. Este grupo, que analisa os pedidos de subsídios superiores a 500 mil patacas, reuniu 55 vezes para apreciar 939 pedidos – aprovou 716. Em 2015, a FM assegura que continuou a reforçar os apoios atribuídos a instituições médicas, a lares de idosos e instituições de solidariedade social. Por exemplo, mais de 20 milhões de patacas foram para os hospitais privados e a Cruz Vermelha de Macau adquirirem equipamentos médicos e fazerem obras de manutenção. A FM é constantemente criticado pelos apoios que dá, especialmente porque muitos deles são atribuídos a entidades que também fazem parte do corpo da Fundação. O dinheiro da Fundação, recorde-se, vem directamente das receitas dos casinos, sendo que a entidade recebe cerca de 2% do total dos lucros do Jogo. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo


10 Literatura LISBOA RECEBE FÓRUM DO LIVRO DE MACAU

É preciso ter calma UM celebra Dia Internacional da Paz com filmes, palestras e meditação

M

ACAU celebra hoje o Dia Internacional da Paz, com uma série de eventos encabeçados pela Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de Macau (UM). A iniciativa, de nome “Paz Interior leva à Paz no Mundo”, reúne testemunhos, mostra de filmes e até meditação. Durante todo o dia, a partir das 10h30, alunos e público podem assistir a filmes sobre a história e actividades do Dia Internacional da Paz à volta do mundo, com um discurso de abertura da organizadora do evento, a professora Kim Hughes Wilhelm, da Faculdade de Artes e Humanidades da UM. Pelo auditório E21 da Faculdade, passará ainda o professor C. S. Liu, fundador do Colégio Residencial Chao Kuang Piu, e o professor V. K. Tripathi, convidado do Instituto de Tecnologia em Deli, na Índia, e cujo pai “era um seguidor próximo de Gandhi”. Ambos os académicos vão testemunhar as suas experiências sobre os movimentos de guerra e paz. Tambem Iu Vai Pan, anterior reitor da UM, está presente no evento para falar “da importância dos

estudos da paz” numa altura em que os alunos são vistos como cidadãos globais. A iniciativa continua com vídeos sobre a paz, que podem ser vistos ao 12h30, 14h30 e 17h30, sendo que o evento principal tem início às 19h00, quando Shri Kamlesh D. Patel, da Índia, lidera uma palestra seguida de uma hora de meditação, sob o tema “100 Corações a Meditar Pela Paz”. O Dia Internacional da Paz foi celebrado pela primeira vez em 1982 e, em 2013, a ONU dedicou o Dia à promoção da paz através da educação, de forma a reduzir a guerra. A ideia é, com este evento, fazer o mesmo. “Promover a paz não é apenas uma missão, mas um direito, pelo que a UM convida todos a juntar-se a esta iniciativa”, indica um comunicado enviado pela organizadora, que conta com o apoio do Departamento de Inglês, Centro de Língua Inglesa e Gabinete dos Assuntos dos Estudantes da UM. Uma cerimónia com velas conclui o evento, aberto a todos e com direito a estacionamento no parque da UM.

PAGINAS N ´

A capital portuguesa vai receber nove dias de literatura de Macau em Língua Portuguesa. O Fórum do Livro de Macau vai levar obras da terra, lançar livros e promover a literatura da RAEM em Lisboa, numa iniciativa da Associação Amigos do Livro, de Rogério Beltrão Coelho

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA TERRORISTAS APAIXONADOS • Ken Ballen Imagine um mundo onde os sonhos de um rapaz ditam o comportamento de guerreiros e militares em batalha, onde a morte é a única liberdade possível para o amor proibido de um jovem casal, onde o extremismo religioso, o ódio cego e a corrupção endémica se combinam para formar uma ideologia letal que pode manietar para sempre a vida de um ser humano. Com a ajuda das autoridades da Arábia Saudita e de vários jornalistas bem posicionados, Ballen entrevistou, durante cinco anos, mais de 100 antigos jihadistas. Esta pesquisa serviu de base a este livro, no qual o autor se concentrou no perfil de seis terroristas com vidas complexas e completamente diferentes, que expressaram os seus sonhos, as suas frustrações pessoais e o porquê da lealdade para com os líderes religiosos.

DUNCAN RAWLINSON

EVENTOS

É

“a maior acção de promoção de literatura nascida em Macau nos últimos trinta anos” e tem data marcada de 24 de Outubro a 3 de Novembro, em Lisboa. É o Fórum do Livro de Macau, uma iniciativa da Associação Amigos do Livro, liderada por Rogério Beltrão Coelho, e que pretende ser uma grande feira do livro com obras do território. Um evento “com todos os livros de Macau e sobre Macau em Língua Portuguesa”, afirmou o jornalista numa conferência de imprensa que apresentou ontem o evento e que decorreu na Fundação Rui Cunha.

O acontecimento foi dado a conhecer passo a passo e apresenta uma programação eclética e recheada numa iniciativa que, “em Portugal teve todo o apoio mas que em Macau sofreu de diversas dificuldades”, como afirma Beltrão Coelho. Se, na terra de Camões, os espaços foram cedidos gratuitamente e as portas se abriram, em Macau o orçamento ficou aquém do solicitado, o que “põe em causa” alguns dos objectivos do evento, nomeadamente o transporte de livros para Lisboa. O apoio solicitado ao Instituto Cultural (IC) foi de cerca de 400 mil patacas que se concretizaram em 119 mil.Aideia era “apenas cobrir as despe-

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

MISTER NORRIS MUDA DE COMBOIO • Christopher Isherwood Situado em Berlim, no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, este romance semiautobiográfico combina ficção e factos no relato das histórias – frequentemente pícaras – das extraordinárias personagens que animavam a efervescente cena boémia e artística daqueles anos: berlinenses e expatriados a viver no limite com a ameaça do terror político em pano de fundo.


11 hoje macau quarta-feira 21.9.2016

FACEBOOK

NA MALA

e Cultural”, do historiador António Aresta, é dado a conhecer no dia seguinte no Museu do Oriente e o mais recente livro de Carlos Morais José, “Arquivo das Confissões | Bernardo Vasques e a Inveja”, é apresentado por Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões, na Delegação Económica e Comercial de Macau, a 31 de Outubro.

ESCRITO EM CHINÊS

sas de deslocação e alojamento de oito pessoas, o lançamento dos três livros que está agendado durante o evento e o transporte dos livros que faltassem”. No entanto, esta baixa nos apoios, apesar de pôr em causa a chegada de alguns títulos, não condicionou aqueles que vão ser lançados, nem que seja “por teimosia” de Rogério Beltrão Coelho. Quanto às obras que deveriam estar a caminho, “levam-se na mala as que couberem”. No entanto, o presidente da Associação Amigos do Livro lamenta que o IC não tenha colaborado, visto ser a entidade competente para o fazer. Mas, diz, estando a obra feita poderá estar o caminho aberto para que no futuro

DJ ALDRIN ANIMA NOITE NO PACHA

se recorra a outro tipo de apoios. O objectivo é fazer com que este evento venha a ser regular e anual.

OBRAS A ESTREAR

Com uma programação abrangente, que se divide entre palestras e apresentações em diferentes espaços - dos quais se destacam a Delegação Económica e Comercial de Macau, o Centro Científico e Cultural de Macau, o Clube Militar Naval, a Fundação Casa de Macau, o Museu do Oriente e a Biblioteca Nacional de Portugal, o evento integra o lançamento de três livros. “Espíritos”, de Shee Va, é apresentado a 25 de Outubro por Beatriz Bastos da Silva. “Macau Histórico

O Pacha vai receber no próximo sábado o DJ Aldrin, considerado uma referência na música actual e um dos mais destacados Djs da Ásia. No vasto currículo do artista de Singapura encontram-se prémios como o de Melhor DJ, atribuído pelos leitores da revista I-S em 2013. Aldron foi o único asiático até ao início do milénio a ser apresentado como o DJ do mês e a ser nomeado para a categoria de Melhor DJ na Revista Muzik. Participações em inúmeros programas de rádio e nomeações para prémios tornaram-no presença obrigatória em qualquer pista de dança. Chegou a vez de Macau receber um “vizinho” talentoso e mundialmente conhecido. Citado por revistas como um dos nomes mais sonantes da actualidade, Aldrin vem animar a noite no Pacha no próximo sábado. A música começa a ecoar a partir das 22h00 e vai até às 6h00. Os bilhetes já se encontram à venda e custam cem patacas com uma bebida incluída.

EVENTOS

De modo a seguir o princípio de levar o que é escrito em Macau, o Fórum do livro leva a Lisboa a sugestão de obras escritas em Chinês criadas por autores contemporâneos e modernos do território. Para o efeito, o evento conta com a presença da académica Han Lili, para que sejam dados os passos essenciais. “Primeiro é necessário fazer um levantamento da literatura de Macau escrita em Chinês, depois é necessária a sua leitura e ter uma opinião acerca do seu valor “, afirma Beltrão Coelho, “para que depois seja suscitado o interesse de editoras que os queiram vir a publicar em Português”. Beltrão Coelho relembra ainda a necessidade de um “fundo de tradução” e diz que Macau deveria ocupar o lugar para que está talhado: corresponder a um centro, por excelência, de tradução de Chinês para Português. Mas tal só é possível, e à semelhança do que já existiu em tempos idos, caso exista um fundo de tradução para que as obras possam ser passadas de língua para língua. “Deveria existir uma verba para isso”, reafirma o jornalista e editor, porque “não faz sentido que tal não exista numa terra como esta”. O evento contará ainda com uma extensão em Coimbra a 5 e 6 de Outubro dirigida à área do Direito. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

TRIBUTO AO VINHO NO SOFITEL O hotel Sofitel lança hoje a quinta iniciativa “Sofitel Wine Days”, que visa promover o vinho francês através de uma série de iniciativas a acontecerem em todos os hotéis da cadeia, até ao final do mês. Este compromisso que a Sofitel assumiu há já cinco anos tem como objectivo apresentar novos vinhos, dar a conhecer novas marcas e fomentar o gosto por esta bebida tão característica de determinadas regiões da Europa.

ALBERGUE SCM CONTINUA COM “LANTERNAS DO COELHINHO”

A

PÓS o adiamento devido à ameaça de tufão no passado fim-de-semana dedicado ao festival do bolo lunar, as “lanternas do coelhinho” vão estar expostas no Albergue SCM a partir de hoje, dia da inauguração, pelas 18h30. O evento integra 28 lanternas exibidas ao longo das dez exposições com o mesmo nome. Em destaque está a apresentação ocorrida em Maio passado em Lisboa. Os artistas criaram as suas obras inspiradas na lanterna do coelho, a convite de Carlos Marreiros, e a concepção dos objectos combina técnicas tradicionais chinesas com a criatividade contemporânea. A proveniência dos criadores é a

mais diversa e entre as origens estão Macau, Hong Kong, China, Portugal, Holanda, Itália, Filipinas, França ou Tailândia. O público é ainda convidado a continuar o passeio pelas ruas do Bairro de S. Lázaro, decoradas com lanternas tradicionais já que, e à semelhança dos anos anteriores, serão distribuídas lanternas tradicionais do coelhinho às crianças e o tradicional bolo lunar. A iniciativa promovida pelo Albergue SCM já existe desde 2009 e nesta 11ª edição estreia-se além fronteiras com a exposição ocorrida em Lisboa com o objectivo de promover um maior intercâmbio artístico entre ocidente e oriente. S.M.

MÚSICA DA PESADA NO HIDDEN AGENDA DE HONG KONG

Vader

P

ARA quem gosta de música mais pesada e heavy metal, o Hidden Agenda, em Hong Kong, recebe amanhã um espectáculo que reúne um cartaz com três bandas deste estilo musical. O concerto está marcado para as 20h30. Os Vader vêm da Polónia e formaram-se em 1983. São os cabeça de cartaz deste evento. A música desta banda de Olsztyn já passou por vários géneros desde o speed metal, ao trash mas mantendo sempre a característica pesada e o som forte, a par da voz característica do vocalista, Wiwczarek, que é também guitarrista da banda. O nome dos Vader é inspirado na personagem de Darth Vader da

série de filmes Star Wars e a mensagem nas músicas é sobretudo anti-religiosa.De acordo com a revista Billboard, desde 2002 já venderam aproximadamente 500 mil discos em todo o mundo. Os Earth Roat vêm da Austrália e os membros da banda já integraram outros projectos musicais, até que em 2013 se reuniram para dar vida a este grupo. Um estilo igualmente pesado que se confirma no seu disco de lançamento em 2014, de nome “Dirt”. Do Japão vêm os Tyrant of Mary. Uma banda de trash fundada em 2006 e que conta com uma discografia que inclui “Nero”, lançado em 2008, “Hate” de 2012 e “Tyrant of Mary” do mesmo ano. Três bandas para ver amanhã no Hidden Agenda que entretanto se vai despedir do espaço onde está, mas promete abrir portas dentro em breve, num outro local. Os preços do concerto variam entre os 260 e os 330 dólares de Hong Kong. O estúdio fica em Kowloon.


12 CHINA

hoje macau quarta-feira 21.9.2016

A visita do dalai lama ao Parlamento Europeu (PE) não foi vista com bons olhos, e o aviso de que as relações entre Pequim e Bruxelas podem sair beliscadas foi feito pelo Ministro dos Negócios chinês, durante uma conferência na capital chinesa

Separatismo PEQUIM CRITICA VISITA DO DALAI LAMA AO PE

De candeias às avessas na vizinha Índia, na sequência de uma frustrada rebelião contra a administração chinesa, em 1959.

PELE DE CORDEIRO

A

China criticou na segunda-feira o Parlamento Europeu por ter recebido o dalai lama, o líder político e espiritual dos tibetanos, afirmando que aquela decisão poderá danificar as relações entre Bruxelas e Pequim. Durante as suas declarações em Estrasburgo, na semana passada, o líder religioso apelou à União Europeia para que “critique de forma construtiva” a China, na questão do Tibete. “A China opõe-se firmemente às acções equivocadas do Parlamento Europeu”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros Lu Kang, numa conferência de imprensa, em Pequim. Situada na cordilheira dos Himalaias, o Tibete é uma das regiões chinesas mais vulneráveis ao separatismo. O dalai lama vive exilado

“Desta vez, os líderes do Parlamento Europeu insistiram obstinadamente em adoptar a sua própria via e tomar a posição errada, prejudicando os interesses estratégicos da China e danificando seriamente a base política para os intercâmbios parlamentares bilaterais” LU KANG PORTA-VOZ DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

MILHÕES PARA AJUDA HUMANITÁRIA

A

Pequim pressiona com frequência entidades e líderes estrangeiros a não receberem o dalai lama, que em 1989 foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, acusando-o de ser um “lobo que veste como um monge” e procura a independência do Tibete, através de “terrorismo espiritual”. Lu lembrou que as relações entre a UE e a China estão a desenvolver-se rapidamente e que existe boa comunicação entre os dois lados, acrescentando: “Mas, desta vez, os líderes do Parlamento Europeu insistiram obstinadamente em adoptar a sua própria via e tomar a posição errada, prejudicando os interesses estratégicos da China e danificando seriamente a base política para os intercâmbios parlamentares bilaterais”. O dalai lama apelou aos políticos europeus para que façam uma crítica construtiva à China, na questão do Tibete, “numa altura em que os líderes chineses, até os mais ortodoxos neste aspecto, estão a enfrentar um dilema sobre como lidar com o problema”. No mês passado, o Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou a nomeação de um novo secretário-geral da organização no Tibete, Wu Yingjie, que substitiu Chen Quanguo, que abandona os seus cargos no comité central do PCC na região, por razões não detalhadas.

China prometeu avançar já com 100 milhões de dólares para ajuda humanitária aos refugiados. A declaração foi feita na segunda-feira, no decorrer da primeira Cimeira para os Refugiados e Migrantes nas Nações unidas(ONU). O primeiro-ministro Li Keqiang anunciou a disponibilização desse montante mas foi mais longe ao assumir a possibilidade de ser utilizado um fundo especial, criado entre a China e ONU, no valor de 100 milhões de dólares, para dar uma resposta internacional à crise de refugiados. “A China atribui uma grande importância e tem sido parte activa na solução desse tema”, disse Li durante o encontro. “Comprometemo-nos a compatibilizar nossas responsabilidades com nossas capacidades”, acrescentou. O primeiro-ministro anunciou 100 milhões de dólares em ajuda humanitária “além

das promessas anteriores” e disse que o seu governo estava a estudar a possibilidade de “reservar o Fundo para a Paz e o Desenvolvimento da China e da ONU para os países” que recebem refugiados. Nesta Cimeira participaram 193 Estados que prometeram tentar ajudar milhões de refugiados, numa tentativa para dar uma resposta à maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, mas não estabeleceram objectivos concretos. Essa declaração de intenções apenas os compromete a “proteger os direitos fundamentais de todos os refugiados e migrantes”, aumentar o apoio aos países que os acolhem e promover a educação das crianças refugiadas, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, durante a cerimónia de inauguração da primeira Cimeira da ONU dedicada às migrações.

FRANÇA REPATRIA FUNCIONÁRIO CHINÊS

A

França repatriou para a China um cidadão chinês suspeito de corrupção, pela primeira vez desde que os dois países assinaram um acordo de extradição, em 2015, anunciou ontem o Ministério da Segurança Pública chinês. A operação faz parte da campanha “Fox Hunt”, caça à raposa, anunciada pelo órgão anti-corrupção do Partido Comunista Chinês (PCC), contra funcionários do país que fugiram para o estrangeiro sob suspeita de corrupção. O detido identificado como Chen

era procurado pela polícia de Zhejiang, província na costa leste da China, por ter alegadamente desviado fundos públicos no valor de 20 milhões de yuan entre Fevereiro de 2009 e Maio de 2012. Em Março de 2013 fugiu para França, mas no ano seguinte a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) emitiu um alerta vermelho. O caso de Chen não é único uma vez que tanto a Espanha como a França já tinham tido o mesmo comportamento ao terem extraditado fugitivos chine-

ses que se encontravam no seu território. Lançada em 2015, a campanha “Fox Hunt” resultou até ao momento em 272 cidadãos chineses repatriados e 137 “persuadidos” a regressar à China, a partir de 61 países e regiões, segundo dados oficiais. A polícia chinesa enviou mais de 30 equipas de “caçadores de raposas”, assim se chamam as equipas especiais, além-fronteiras nos quais estão incluídos países como a Espanha, Equador, Peru, Madagáscar e a Tailândia, segundo a imprensa estatal.


na ordem do dia 热风

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

hoje macau quarta-feira 21.9.2016

13

Julie O’yang

Uma breve história do beijo “吻”之影史

E

STAVA eu hoje a surfar na Internet, quando me deparei com o beijo mais demorado da história do cinema: o filme - No final do Outono (2010), tem como protagonistas Hyun Bin, actor coreano, e Wei Tang, actriz chinesa, que se beijam longamente numa cena que dura dois minutos e meio. A China produziu o seu primeiro filme em 1905, 10 anos após os irmãos Lumière terem projectado, pela primeira vez, uma sequência de imagens em movimento para uma audiência que pagou para assistir. Nos 100 anos seguintes, foram realizados neste país pelo menos 7.000 filmes. Alguns deles marcaram a vida das pessoas e influenciaram a sua forma de olhar o mundo. Por volta de 1909, a China, com uma população de cerca de 400 milhões de almas, começou a ser vista como o maior mercado mundial para o cinema, mito que ainda hoje persiste. Em Xangai, o empresário russo-americano, Benjamin Brodsky, fundou a Asia Film Co., a primeira empresa chinesa produtora de filmes. Com o capital e os estúdios cedidos pela Asia Film Co., Zhang Shichuan e Zheng Zhengqiu, duas figuras de topo dos primeiros anos do cinema chinês, realizaram Dificuldades no Matrimónio (1913). É considerado o primeiro filme chinês de ficção. Na altura, não era permitido às mulheres representarem, nem no teatro, nem no cinema. Mas em menos de um ano, Yan Shanshan virou a comunidade artística chinesa do avesso, quando ingressou num mundo dominado por homens, e desempenhou o papel de uma jovem no filme Os Ciúmes de Chuang-tzu, produzido em Hong Kong. Mais tarde Brodsky levou o filme para os Estados Unidos, pelo que foi o primeiro filme chinês a ser visto no estrangeiro. É um facto que são as mulheres que continuam a mexer com o coração das audiências na China, e não os Kung Fus nem os Pandas. Um dia, um rapaz chamado Long que, quando era pequeno, só via pes-

soas a beijar-se nos filmes ocidentais, perguntou ao pai: “Porque é que os estrangeiros estão sempre aos beijos?” O pai respondeu, impaciente: “Porque são estrangeiros. Só os estrangeiros é que fazem isso.” Os tempos eram outros quando Long fez esta pergunta. É claro que as pessoas também se beijavam nos filmes chineses no início dos anos 30; as pessoas já se beijavam na literatura clássica! Nos anos 60, a Paramount encarnava a “luta de classes”. Considerava-se à época que beijar e abraçar eram comportamentos capitalistas e degenerados! Quero agora relembrar alguns momentos em que actores chineses se beijaram na tela. Em 1936, Fang Peiling realizou Metamorfose de Uma Rapariga. Neste filme, a protagonista feminina era uma rapariga que se vestia de rapaz desde pequenina, porque o avô queria ter um neto. Até que um dia uma amiga se apaixonou por “ele”. As duas raparigas

beijavam-se apenas no rosto, mas este beijo teve um grande impacto porque foi o primeiro da história do cinema chinês. Romance na Montanha Lushan, produzido em 1980, foi considerado num artigo da Agência France-Presse, como “representativo de uma nova tendência na moda e na filmografia chinesas”. De facto, este filme não trouxe nada de verdadeiramente novo, mas aos olhos das audiências chinesas de então, culturalmente esfomeadas, Romance na Montanha Lushan Mountain foi um festim. A heroína mudava de roupa dúzias de vezes no topo da montanha. Para além do guarda-roupa, Romance tocou o coração das pessoas por causa de um pequeno beijo. A jovem protagonista, de fato de banho, com um olhar selvagem, dizia ao rapaz, “És tão tonto, mas tão adorável,” e a seguir pressionava os lábios contra a sua face. Na altura isto era novidade absoluta. Embora o beijo estives-

se presente nos filmes feitos nos anos 30 e 40, depois de 1949, quando a República Popular da China foi fundada, estas manifestações de afecto foram erradicadas da tela. Romance trouxe-as de volta. Trinta anos mais tarde, Zhang Yu, actriz que desempenhou a protagonista, confessou: “Estava tão nervosa que não consegui encontrar os lábios dele. Porque a ideia era beijá-los nos lábios!” Antes de Romance, o filme Reflexos de Uma Vida, estreado em 1979, tentou quebrar o tabu do beijo no cinema pós-Revolução Cultural. Contudo, o realizador não se atreveu a mostrar o beijo na integra às audiências. Quando os dois jovens estavam quase a despedir-se com um beijo, a mãe da jovem subitamente abre a porta e.… adeus beijo. Desta forma o realizador escusou-se a críticas. Por fim, aqui vai o maior beijo da história do cinema. Desfrutem! bit.ly/2czeZBv


14

h

hoje macau quarta-feira 21.9.2016

WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Assim que uma cadela emprenha, escorraçam-na logo de suas casas.

Dos quatro interditos – 12 & 13

A

O norte do Rio Azul, as grávidas não têm de deixar suas casas: as gentes sabem que tais mulheres não representam nada de funesto. Mas assim que uma cadela emprenha, escorraçamna logo de suas casas, o que é inteiramente absurdo. Ao norte do Rio, impõe-se um tabu aos cães, mas não aos seres humanos, ao sul, faz-se o contrário. Ou seja, no que se refere aos interditos populares, deparamo-nos com as crenças mais variadas. Contudo, em que diferem, por fim, os homens dos cães, em que se distinguem o interior e o exterior das casas? Num caso, há repulsa e interdito, mas no outro não. Não há constância nenhuma nestes tabus populares! * * *

Quando a Lua está negra, ou seja, quando ocupa a mesma casa do Sol, contamos um mês. Ao oitavo dia, a Lua e o Sol separam-se e, então, falamos de “arco” lunar. Ao décimo quinto dia, o Sol e a Lua encontram-se em oposição e falamos de “Lua de face”; ao trigésimo dia, o Sol e a Lua reencontram-se na mesma casa e tornamos a falar de “Lua negra”. Mas, quer se trate de Lua negra, de Lua crescente ou de Lua cheia, não há qualquer diferença. O brilho da Lua e do Sol no último dia do mês não difere do que acontece no último dia do mês seguinte. Porquê então pretender que uma vez decorrido o mês é de novo fasto ver a gávida? Se anteriormente o facto de a encontrar era verdadeiramente nefasto, esperar pelo final do mês nada mudaria; e se fosse verdadeiramente fasto reencontrar as grávidas ao cabo de um mês, então tal seria o mesmo antes do fim do mês. Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


15 hoje macau quarta-feira 21.9.2016

TEMPO

MUITO

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente

MIN

23

MAX

30

HUM

55-90%

EURO

8.92

BAHT

EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/ QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10) EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10)

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 83

PROBLEMA 84

UM LIVRO HOJE

C I N E M A

SULLY SALA 1

S STORM [C]

FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: David Lam Com: Louis Koo, Julian Cheung, Vic Chou, Ada Choi 14.15, 16.00, 17.45, 21.45

TRAIN TO BUSAN [C]

FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yeon Sang-ho Com: Gong Yoo, Ma Domng-Seok, Choi Woo-sik 19.30 SALA 2

SULLY [B]

Filme de: Clint Eastwood, Aaron Eckhart Com: Tom Hanks 14.15, 16.00, 17.45, 21.30

SUDOKU

DE

Cineteatro

YUAN

1.19

CHINÊS SIMPLIFICADO E TRADICIONAL

EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTISTAS DE MACAU IACM (até 30/10)

EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10)

0.22 AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “INSPIRAÇÃO INOVADORA”, DE MAK KUONG WENG Jardim Lou Lim Iok (até 16/10)

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

(F)UTILIDADES

O Chinês simplificado - desde o seu lançamento em 1956 até hoje - já está plenamente implementado no interior da China, o que é uma forma criada pelo Governo da China para fomentar a alfabetização. Actualmente, apenas Hong Kong, Macau e Taiwan continuam a ensinar a forma tradicional desde a fase de ensino não superior e as duas formas de Chinês não são mutuamente ligadas, perceptíveis. Como a forma simplificada consegue facilitar (ahah) imenso a eficiência da escrita, está gradualmente a ganhar popularidade nas três regiões. Entretanto, há quem considere que a forma simplificada faz perder o verdadeiro significado dos caracteres chineses e recusa-se, por isso, a utilizá-la. Para mim, as linguagens e letras são somente transportes do pensamento, por si só não têm significado nenhum e o seu significado fica no seu conteúdo. Portanto, utilizo a forma simplificada e tradicional quando me apetece. Recentemente, um canal do interior da China contou que alguns alunos do departamento de Chinês de uma universidade de Hong Kong estão a queixar-se do facto que este ano vêm mais professores do interior da China que falam Mandarim e escrevem Chinês simplificado, considerando os alunos que estes estão a invadir a cultura do Cantonês e dos caracteres tradicionais. Eles têm as suas razões, mas se calhar aprender novos aspectos durante o ensino superior não é algo assim tão mau, até porque a forma tradicional e o Cantonês já estão completamente enraizados na mente. Pu Yi

“POMAR” (RODRIGO BARROS, ASSOCIAÇÃO DOS ALBERGUES NOCTURNOS DE LISBOA)

São donos de coisa nenhuma mas todas as noites têm direito a uma chave do cacifo para colocarem os seus parcos pertences. São sem-abrigo de Lisboa com vidas desestruturadas e que não se adaptam à sociedade. Todos eles têm uma história para contar, que já foi feliz mas que de repente se tornou numa tela pintada de negro. As vidas dos 40 homens que vivem neste albergue parecem estar longe, mas podiam, afinal de contas, ser as nossas. Um livro com edição de autor para reflectir sobre o mundo em que vivemos. Andreia Sofia Silva

AT CAFE 6 [B]

FALADO EM MANDARIM LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Neal Wu Com: Zijian Dong, Cherry Ngan, Lin Bohong, Ouyang Nini 19.30 SALA 3

NINE LIVES [A]

Filme de: Barry Sonnenfeld Com: Kevin Spacey, Jennifer Garner, Christopher Walken 14.15, 18.00, 19.45, 21.30

TRAIN TO BUSAN [C]

FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yeon Sang-ho Com: Gong Yoo, Ma Domng-Seok, Choi Woo-sik 15.50

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


16 OPINIÃO

hoje macau quarta-feira 21.9.2016

“At this year`s G20 Summit, held in east China`s Hangzhou on September 4 and 5, countering protectionism and stepping up international economic governance in the midst of globalization were among the hot topics for discussion. The setting of this agenda shows that the world`s major economies are all trying to safeguard and push forward economic globalization, which is regarded as the foundation for the integration and progress of human society.” Beijing Review, Vol.59 No.36 September 8, 2016

A

11.ª Cimeira das vinte maiores potências desenvolvidas e emergentes, a nível mundial, realizou-se entre 4 e 5 de Setembro de 2016, em Hangzhou, na República Popular da China. A China como país anfitrião da Cimeira teve a grande oportunidade de mostrar-se como uma potência global face aos principais líderes mundiais. O governo chinês preparou a cidade, famosa pelas ilhas que pontilham o seu Lago Oeste, encerrando a actividade de centenas de fábricas, para garantir um céu azul e implementou medidas de segurança rigorosas. O tema da Cimeira foi “Para uma economia mundial inovadora, dinamizada, interligada e inclusiva”. Os líderes dos países aprovaram a discussão centrada no reforço do crescimento do G-20, procura de políticas e conceitos de crescimento inovadores, construção de uma economia mundial aberta e garantia de que o crescimento económico beneficie todos os países e populações. Apesar dos líderes mundiais se encontrarem num momento de incerteza económica e fraco crescimento económico global, a ausência de uma crise urgente fazia acreditar que o encontro criasse poucos avanços em relação à 10.ª Cimeira do G-20 realizada em Antália, na Turquia, entre 15 e 16 de Novembro de 2015, que tinha como principais temas de agenda, dar uma resposta colectiva à crise dos refugiados, emprego, crescimento e investimento, bem como a questão do emprego dos jovens e a inclusão social, o combate à fraude e à evasão fiscais, a abertura comercial e as negociações da ONU em matéria de alterações climáticas. O G-20 é o grupo dos 20 países (G20), incluindo as dezanove maiores economias mundiais e a União Europeia (UE), que conjuntamente, representam 85 por cento do PIB mundial e dois terços da sua população. A Cimeira tratou primeiramente de política económica e financeira, mas

BRAD BIRD, TOMORROWLAND

A 11.ª Cimeira do G20 na China

para os líderes reunidos foi também, a oportunidade para sociabilizar e enfrentar os temas urgentes e sensíveis da agenda, desde as crises geopolíticas até às alterações climáticas. A primeira Cimeira do G-20 realizou-se em 1999, após o embate provocado pela crise financeira asiática, que mostrou a urgente necessidade de uma maior coordenação global. O Grupo dos 7 (G7), que constitui o exclusivo clube dos países mais desenvolvidos do mundo não inclui potências como o Brasil, China e Índia, que começavam a ter um papel cada vez mais importante na economia mundial. As Cimeiras no inicio eram encontros meramente técnicos entre ministros, mas após a crise sistémica global de 2008, passaram a ser ao nível dos líderes dos países, tentando prevenir o colapso do sistema financeiro global. Quanto aos sucessos alcançados não existe unanimidade, pois pode ser visto como algo de importante para coordenar as políticas económicas, ou pode ser entendido

como pouco mais que um grande palco de discursos e amena cavaqueira. O que seguramente se pode afirmar, é que as Cimeiras produziram uma longa lista de promessas. A Cimeira de 2015, na Turquia, foi pródiga, tendo os líderes dos países feitos cento e treze promessas sobre diversos temas, desde o corte de subsídios até ao aumento da ajuda aos refugiados, mas o fracasso da Cimeira no cumprimento das promessas do passado, aumentou as interrogações sobre a credibilidade das promessas no futuro. O estudo da Universidade de Toronto revelou que o cumprimento de treze promessas prioritárias feitas em 2015 era de cerca de 77 por cento. As previsões dos analistas para a Cimeira em Hangzhou, era da improbabilidade de ter algum resultado significativo. Sem nenhuma aguda crise que empurre à mudança, o sentimento geral de anti-globalização torna difícil para muitos líderes fazerem sérios compromissos. A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), advertiu

que o mundo enfrenta uma mistura potencialmente nociva de baixo crescimento a longo prazo e uma crescente desigualdade social, criando tentações políticas populistas e barreiras tarifárias mais elevadas. A Cimeira é um marco de referência para a China, desde que o mundo se direccionou ao país que está no centro do planeta Terra para sair da crise financeira de 2008, tendo o governo chinês advertido com crescente urgência, merecer ter um papel mais adequado à sua condição de segunda economia mundial. O G-20 é a maior e mais prestigiada Cimeira organizada pelo gigante asiático. Apesar de não ter sido uma entronização, o presidente chinês quis mostrar ao mundo e aos seus adversários políticos que a China é uma nação poderosa, capaz de assumir um papel de guia da economia mundial. Os países durante a Cimeira tentaram encontrar soluções para a revitalização da economia global. Os líderes dos países do G-20 tinham por objectivo reactivar a depri-


17 hoje macau quarta-feira 21.9.2016

OPINIÃO perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

mida economia mundial, pese a relutância de muitos países à globalização e as tensões territoriais da China com alguns dos seus vizinhos, terem ensombrado a Cimeira. A China queria projectar uma imagem de grande potência, segura de si e consolidada como segunda economia mundial. A Cimeira começou de forma auspiciosa a 3 de Setembro de 2016, com o anúncio conjunto do presidente chinês e americano de ratificar o histórico Tratado de Paris sobre o clima e que pode encorajar outros países a tomar idêntica atitude e acelerar a sua entrada em vigor. O Secretário-geral da ONU, que recebeu das mãos do presidente chinês e americano, os documentos oficiais de ratificação, salientou que se tratava de um passo histórico na luta contra as alterações climáticas. É de recordar que os Estados Unidos e a China são as duas economias mais poluidoras do mundo. Os problemas geopolíticos, incluindo a guerra na Síria ou as tensões no Mar da China Meridional poderiam afastar a

“Foi aprovado na Cimeira do G-20 de Hangzhou, reforçar o programa do G-20 para o crescimento, pôr em prática políticas e conceitos de crescimento inovadores, construir uma economia mundial aberta, garantir o crescimento económico que beneficie todos os países e pessoas, combater a crise migratória e de refugiados, lutar contra o terrorismo e as alterações climáticas”

abordagem das questões económicas pelo que ficaram à margem da Cimeira. A China tenta evitar a discussão acerca das suas ambições nesse mar, mas os seus vizinhos encontram-se preocupados pela recente construção na zona de infra-estruturas, que incluem pistas de aterragem em recifes e ilhotas que a China reclama, mas que os seus vizinhos as disputam. O Presidente do Conselho Europeu e o Presidente da Comissão Europeia expuseram numa carta conjunta enviada aos Chefes de Estado e de Governo dos Estados membros da UE, as principais questões que deviam ser tratadas na Cimeira, como o papel do G-20 face à crise internacional de refugiados, emprego, crescimento e investimento, transparência fiscal internacional e luta contra o financiamento do terrorismo, resiliência do sistema monetário e financeiro internacional, abertura do comércio e investimento, aplicação da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e ratificação do Tratado de Paris sobre alterações climáticas. O presidente dos Estados Unidos na primeira sessão plenária, afirmou que as economias crescem melhor quando todos participam desse crescimento, solicitando que fossem tomadas medidas que garantam a não aplicação de novas receitas proteccionistas e populistas. O presidente chinês por sua vez, manifestou-se contra o proteccionismo, dado considerar que o isolamento não ajudará nenhum país a sair da crise e face à tendência de alguns países mostrarem um comportamento contra a globalização, existe a necessidade de garantir uma economia global, aberta e inclusiva. É certo que a abertura económica conduz ao desenvolvimento e o isolamento ao atraso. A China tinha proposto na 10.ª Cimeira do G-20 realizar um diagnóstico de saúde da economia mundial, encontrar a melhor prescrição e trabalhar com todos os países membros no sentido de encontrar a forma de atacar os sintomas e a raiz do problema, que poderá materializar-se num “Plano Hangzhou”. O presidente chinês apostou em aproveitar o momento histórico que representam as novas tecnologias, tendo insistido que todos os países, devem trabalham em conjunto de forma a poderem maximizar os efeitos positivos da revolução tecnológica e minimizar, os seus aspectos negativos. O presidente chinês face às críticas por parte dos empresários europeus sobre as restrições que sofrem as empresas estrangeiras na China, insistiu que o seu país continuará no caminho da abertura e facilitará o acesso ao investimento. O Presidente do Conselho Europeu e o Presidente da Comissão Europeia tinham definido as prioridades da Cimeira como sendo o livre comércio, crise dos refugia-

dos, crescimento do emprego, estabilidade financeira e transparência fiscal. O G-20 tem de melhorar a forma de comunicação dos benefícios do livre comércio, e dar o empurrão político necessário para libertar a liberalização do comércio multilateral que está estagnada. O comunicado final da Cimeira referiu a crise migratória e de refugiados, tendo sido unanimemente acordado a necessidade de unir esforços à escala mundial para fazer frente às consequências, carências de protecção e causas profundas das crises. Fizeram um apelo a favor da necessidade de intensificar a ajuda humanitária e o realojamento dos refugiados. Quanto à luta contra o terrorismo, foi reafirmado a sua solidariedade e determinação, bem como o compromisso de combater o seu financiamento. A Cimeira também ressaltou, a importância da adesão, o mais breve possível, ao Tratado de Paris sobre alterações climáticas. As principais economias mundiais expressaram a sua determinação de usar todos os instrumentos políticos, incluindo a política monetária, fiscal e estrutural para alcançar um crescimento enérgico, sustentável, equilibrado e integrador, pondo em execução o “Plano de Acção de Hangzhou” e exortando a uma rápida e plena execução das estratégias de crescimento. A Cimeira prevê o inicio da cooperação em matéria de inovação, da nova revolução industrial e da economia digital. Os líderes aprovaram o plano geral do G-20 em matéria de crescimento inovador, incluindo medidas neste âmbito. Foi debatida a forma de como seguir a construção de um sistema financeiro aberto e flexível, apoiando a cooperação fiscal internacional. Foi acordado reforçar uma economia aberta e promover os benefícios do comércio e dos mercados abertos, assim como, a contribuição para a execução da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável. À margem da Cimeira o Presidente do Conselho Europeu e o Presidente da Comissão Europeia, reuniram-se com o presidente turco para discutir as relações entre a UE e a Turquia, referente à cooperação contínua em matéria de migração, denegrindo mais os princípios e valores constitucionais da Europa ao manterem diálogo com um ditador que tudo tem desrespeitado em matéria de direitos humanos, depois do falacioso golpe de estado. Assim, foi aprovado na Cimeira do G-20 de Hangzhou, reforçar o programa do G-20 para o crescimento, pôr em prática políticas e conceitos de crescimento inovadores, construir uma economia mundial aberta, garantir o crescimento económico que beneficie todos os países e pessoas, combater a crise migratória e de refugiados, lutar contra o terrorismo e as alterações climáticas. Ficou acordado que a 12.ª Cimeira do G-20 se realizará na Alemanha, em 2017.


18 OPINIÃO

hoje macau quarta-feira 21.9.2016

chá (muito) verde

Subtropical

FERNANDO ELOY | 义來

(final do episódio passado: “Talvez aguentasse mais um mês a andar, talvez mais, até aguentaria três se fosse poupadinho e soubesse preservar as energias. “Para trás mija a burra” dizia-lhe a mãe tantas vezes quando ele era criança. Sorriu com a lembrança e teve a certeza que ainda não era altura para desistir. Para além disso, o Outono estava para chegar e previam-se dias bons para caminhar”)

J

ACINTO caminhava há mais de uma semana. Talvez duas. Não tinha bem a certeza. O tempo ajudava mas para além disso nada mais contribuía para a sua esperança. Pouco faltava para o dia acabar e Jacinto resolveu procurar o abrigo de uma árvore parecida com tantas outras junto às quais tinha pernoitado em noites que já eram incontáveis. Os três que ainda lhe restavam há umas semanas atrás estavam agora reduzidos a apenas um o que não contribuía em nada para lhe animar o espírito. O desfiladeiro, esse, ali continuava como se não tivesse fim, largo e intransponível como sempre. Do outro lado, o lado onde julgava morar o seu destino sonhado e que um dia quase jurava ter visto antes da tempestade desabar, nunca mais tinha surgido no horizonte. Tal facto levava Jacinto a pensar que talvez tivesse sido uma ilusão. Ele quase podia jurar que o destino escondia-se para lá do desfiladeiro, mas provavelmente não tão perto como um dia lhe pareceu. Talvez o desfiladeiro fosse curvo e, ao acompanhá-lo, ele estivesse a afastar-se. As dúvidas sucediam-se, mas ele conforme podia lá as ia afastando para salvaguarda da sua própria sanidade. O mais estranho de tudo era não se lembrar da última vez que tinha encontrado alguém no caminho, como se estivesse para lá do fim do mundo num qualquer limbo da mente onde apenas ele e a sua obsessão viviam. Jacinto sonhava com o mar. Tinha saudades do sal e do ruído, da inconstância e da violência do fantástico reino de Neptuno, dos buracos nas rochas prenhes de vida, dos crustáceos deliciosos e das caminhadas que em criança fazia com o pai, praia fora, a sonhar com viagens para além mar, escutando atentamente as fantásticas histórias de piratas que ele lhe contava em tão vívidos detalhes que faziam a sua alma de criança vogar bem para além do seu corpo finito, bem para além das estrelas, numa sensação de possibilidades infinitas. Jacinto amava o mar e adorava barcos pois achava que água levava sempre a sítios fascinantes. “Desde que houvesse vento a favor”, pensou, pois neste momento sentia-

ANG LEE, LIFE OF PI

(EPISÓDIO IV)

“Jacinto amava o mar e adorava barcos pois achava que água levava sempre a sítios fascinantes. “Desde que houvesse vento a favor”, pensou, pois neste momento sentia-se como um marinheiro, sim, mas ilhado no mar alto após semanas de acalmia e com as reservas de água doce a extinguirem-se perigosamente” -se como um marinheiro, sim, mas ilhado no mar alto após semanas de acalmia e com as reservas de água doce a extinguirem-se perigosamente. Esse pensamento fê-lo estremecer, ou talvez fosse a mão que o abanava do seu torpor onírico avidamente alimentado pela ansiedade, pela fraqueza, pela falta de contacto humano, pelas dúvidas que teimosamente voltavam apesar de ele as afastar à varejada sempre que podia. Jacinto abriu os olhos para ver a cara de um homem fortemente tisnado pelo sol, a olhar para ele. Vestia trajes demasiado sofisticados para aquelas paragens, ou talvez fosse a comparação com os seus andrajos que lhe suscitaram a ideia. O homem olhava para ele de uma forma que Jacinto se recorda de parecer estranha, com uma atitude de quem o conhecia muito bem apesar de ele ser capaz de jurar nunca na vida o ter visto. A sensação aumentou quando o homem o chamou pelo nome. Queria saber que andava ele fazer por ali. Jacinto focou-se mais no estranho. As palavras teimavam em não lhe saltar da garganta talvez por espanto, talvez

por não falar haver muitos dias, talvez por ter perdido o treino, talvez por medo. Conforme o fixava, mudo, Jacinto lembrou-se, sem saber muito bem porquê, de um Rei Mago. Talvez fossem as vestes, talvez o porte, ou talvez a fosse a sua própria necessidade de se sentir menino, de se sentir acompanhado, ajudado. Analisando melhor, cedo percebeu que, a ser um Rei Mago, não era daqueles bonzinhos dos contos de Natal. Este apresentava um certo ar feroz, apesar do sorriso que lhe montava a expressão. Eram os olhos, aqueles olhos penetrantes que o fitavam, onde Jacinto pareceu notar uma certa inclemência e que o mantinham em estado de alerta. “Mas como diabo sabe ele o meu nome?” Essa questão que abafava todas as outras. Passado uns momentos que pareceram eternos, Jacinto conseguiu finalmente mexer as cordas vocais interrogando o estranho mas não obtendo mais do que o acentuar daquele misterioso sorriso. Os olhos dele, todavia, pareceram acalmar. “Vê-se que precisas de ajuda”, disse-lhe o estranho e, simultanea-

mente, abriu o saco que trazia a tiracolo e de lá tirou dois. “É o que tenho comigo e dou-te”. Jacinto não queria acreditar no que lhe estava a acontecer. Quem diabo seria aquele estranho que lhe estendia a mão daquela forma? Apesar de necessitado recusou a oferta, sabendo bem que quando a esmola é grande algo não bate certo mas o estranho insistiu de uma forma que acabou por se tornar irrecusável, sabendo Jacinto o que aqueles dois extra poderiam significar para a continuação da sua odisseia. Talvez tenha verbalizado o pensamento, talvez não, mas o estrangeiro respondeu-lhe dizendo-lhe que o fazia por saber que ele precisava e não esperava nada em troca, pelo menos não para já. “Há algo em ti que me obriga a fazer isto”, disse-lhe, perguntando-lhe se era ou não verdade que ele corria atrás do sonho. Jacinto, pasmado, não sabia muito bem que dizer, ou fazer, acabou por assentir e o estranho lá o foi confortando garantindo-lhe que de onde aqueles dois vieram mais viriam. Jacinto continuava desconfiado tentando perceber as razões do outro. “Queres saber de onde me vem a riqueza?”, perguntou-lhe o estranho. Jacinto assentiu com um menear de cabeça e o estranho respondeu-lhe sem rodeios: “Engano os incautos. Sou o que normalmente se chama um vigarista. A cupidez dos outros é o meu filão. É aí que me abasteço, é disso que vivo e vivo bem porque o mundo está cheio de gente assim.” Jacinto estava embasbacado com tanta franqueza. Quis saber mais porquês, que tinha ele para merecer tamanha generosidade de um estranho. “Ainda tens, sonhos” disse-lhe o estranho, “algo que há muito perdi e vejo em ti aquele que um dia me vai ajudar a voltar mim. Porque já percebi que não é a cupidez que te move e isso é raro. Eu sei que procuras a passagem para o outro lado deste desfiladeiro. Não sei se ela existe mas se não existir eu vou ajudar-te a construir a ponte. Voltaremos a encontrar-nos no caminho.” Jacinto acordou estremunhado, a noite ia alta e do estranho nem sinal. Interrogava-se se teria sonhado ou se algo teria mesmo acontecido. Acometido por um terror instantâneo, apalpou-se para perceber se estava inteiro mas nada de errado encontrou. Foi quando se lembrou de abrir a sacola, e eles ali estavam. Mais dois do que tinha no princípio daquele estranho dia.

MÚSICA DA SEMANA

“SPACE ODDITY” (DAVID BOWIE, 1969) “This is Ground Control to Major Tom You’ve really made the grade And the papers want to know whose shirts you wear Now it’s time to leave the capsule if you dare This is Major Tom to Ground Control I’m stepping through the door And I’m floating in a most peculiar way And the stars look very different today”


19 hoje macau quarta-feira 21.9.2016

ÓCIOSNEGÓCIOS

“LOVING MACAU”, NEGÓCIO DE LEMBRANÇAS JOSEPHINE LAM, CO-FUNDADORA

“Macau inspirou-nos muito”

M

ACAU é pastéis de nata, é pauzinhos e dumplings em qualquer dim sum, é Ruínas de São Paulo, é espaços cheios de cultura e calçada portuguesa. Foi a pensar em tudo aquilo que preenchia as suas memórias, e também pelo amor que sente a este território, que Josephine Lam criou a “Loving Macau”, juntamente com mais sócios. Criada em Dezembro, só há cerca de dois meses é que esta empresa de pequenas lembranças começou a promover-se. Josephine Lam estudou Design no estrangeiro, mas quis voltar à terra que a viu nascer. Aqui encontrou um nicho de mercado. “Quando regressei percebi que havia falta de projectos de design que pudessem representar Macau. Então decidi criar algo que representasse melhor a nossa cidade.” Dessa ideia nasceram t-shirts, canecas e canetas com todos os elementos que representam a história e cultura tão características

procura fazer diferente com aquilo que existe há muito. Há pins para camisolas feitos com o tradicional pastel de nata e não faltam sequer pins com a imagem dos velhinhos autocarros da Transmac que antes povoavam a cidade. Há outros com a imagem de uma caixa de correio com a palavra em Português, que fica bem em qualquer camisola ou mochila.

LOVING MACAU

Josephine Lam juntou-se a uma pequena equipa de designers e juntos criaram a “Loving Macau”, que cria lembranças com os tradicionais símbolos de Macau e que tem inclusivamente a vertente de merchandising, vendendo para outras empresas ou clientes. T-shirts, canecas e canetas tentam mostrar a verdadeira Macau

“O mais importante para nós é produzirmos coisas a pensar nos locais, algo que os faça ficar orgulhosos e que os faça lembrar da infância. Algo que possam oferecer aos amigos”

de Macau. “Fomos buscar a inspiração a uma série de coisas. Macau inspirou-nos muito. Tentámos escolher os elementos mais icónicos, mas que não fossem os mais banais. Queríamos encontrar elementos que tivessem algum significado para nós, que nos fizessem lembrar a nossa infância, quando éramos jovens, quando apanhávamos o autocarro, por exemplo.” Apesar da equipa ser pequena, o sucesso tem sido muito, garantiu ao HM Josephine Lam. “Temos vindo a receber muito apoio da comunidade local e dos turistas. O mais importante para nós é produzirmos coisas a pensar nos locais,

algo que os faça ficar orgulhosos e que os faça lembrar da infância. Algo que possam oferecer aos amigos.” Com parceiros de negócio e designers, a “Loving Macau” trabalha ainda com vários colaboradores.Aideia é trazer sempre novas ideias e ir além da banalização deste tipo de produtos. “Temos colaboradores e até fotógrafos, mas adoramos trabalhar com todos aqueles que tenham sempre uma perspectiva mais criativa”, contou Josephine Lam.

EXPANSÃO É O CAMINHO

Um olhar sobre a loja online permite chegar à conclusão que a “Loving Macau”

Josephine Lam acredita ter criado um projecto pioneiro ao nível da criação de produtos de merchadising locais, com uma aposta na qualidade. “Em termos de merchandising acredito que somos pioneiros na área das lembranças, porque criámos algo do qual os locais também se podem orgulhar. Trabalhamos arduamente para que isso aconteça. As t-shirts são o produto que vendemos mais, sobretudo as que dizem ‘Macau’, porque somos pioneiros na criação de um t-shirt de alta qualidade que promover Macau de forma simples.” Ao criar este tipo de produtos, a “Loving Macau” acaba por estar a contar a história do seu território, tão cheia de coisas diferentes e semelhantes ao mesmo tempo. “Somos apenas uma empresa criativa que produz estes elementos sobre Macau. Tentamos ter sempre uma nova perspectiva sobre as coisas e ter uma mente criativa, a criatividade é muito importante para nós. Tentamos promover essa história que está por todo o lado, na cidade.” Para o futuro Josephine Lam pretende aumentar ainda mais a extensão do seu negócio. Sempre da maneira mais criativa e original possível. “Vamos continuar a expandir o nosso negócio e gostaríamos de fazer mais produtos e convidar mais mentes criativas para colaborarem connosco, para fazerem desta uma cidade mais bonita.” Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


António Graça de Abreu

ENTENA GOVERNO PROMOVE ENCONTRO ENTRE AGÊNCIA E VÍTIMAS

USJ PODE PENALIZAR CONSTRUTORA DO NOVO CAMPUS POR ATRASOS

A Universidade de São José (USJ) pode vir a penalizar a construtora responsável pelo novos campus da universidade, na Ilha Verde. A construção deveria estar concluída em Abril de 2015, mas ainda nada está pronto. À Rádio Macau, Peter Stilwell, reitor da USJ, diz que a instituição “tem legitimidade para penalizar a empresa”, até porque tem “uma leitura diferente” da das justificações dadas pela empresa. “A construtora justifica com atrasos na entrega de licenças, portanto coisas que se atrasam no circuito das Obras Públicas. As alterações no design não são nada de significativas. Eles apresentam essas justificações, mas nós temos outra leitura”, frisa à rádio. O caso não chegará a tribunal, diz o reitor, mas a verba acordada pode não vir a ser paga.

O

ONU SUSPENDE AJUDA HUMANITÁRIA NA SÍRIA

PUB

O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) anunciou, esta terça-feira, a suspensão de todas as operações humanitárias na Síria. A decisão foi tomada depois de um ataque contra um comboio humanitário, em Alepo, na segundafeira. «Por enquanto não temos uma visão global do que aconteceu, mas foi tomada a decisão de suspender, por enquanto, todas as operações humanitárias na região», afirmou, em conferência de imprensa, o porta-voz da OCHA, Jens Laerke. Na segunda-feira, pelo menos 18 camiões de um comboio de ajuda humanitária, organizado pela ONU e pelo Crescente Vermelho, foram atingidos por um bombardeamento, perto da cidade de Urum al Kubra, no norte da província de Alepo. O comboio levava mantimentos para 78 mil pessoas que estão isoladas em Urum al Kubra. As Nações Unidas ainda não confirmaram se há vítimas, mas o Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou que pelo menos 12 pessoas morreram, a maioria seriam motoristas dos camiões.

quarta-feira 21.9.2016

Bêbados de aventura, nos lábios do vento/Cruzámos três oceanos e inventámos a cidade”

Macau ABERTO CENTRO PARA TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIAS

Assalto aos vícios

A

Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) inaugurou ontem um novo centro para tratamento de dependências como droga, álcool e jogo, com capacidade para acolher um total de 80 pacientes. “É um projecto antigo. Na ARTM temos estado sempre lotados e havia necessidade de aumentar o espaço, a capacidade de apoio. É um projecto que vem desde há muito tempo, desde 2008 sensivelmente que o temos em mente, e agora finalmente concretizou-se”, explicou o presidente da ARTM, Augusto Nogueira. O centro tem capacidade para acolher 50 homens e 20 mulheres, estando reservadas dez camas para pessoas de ambos os sexos que “requeiram cuidados intensivos” ou que “estejam em grave situação de saúde”. Trata-se da primeira valência da ARTM – fundada há mais de década e meia – direccionada em particular para diferentes tipos de dependências, apesar de os vários centros da organização não-governamental

terem lidado no passado com casos de outras adições. “Já temos vindo a trabalhar com pessoas com dependência de álcool e uma ou outra com problemas de jogo, apenas não estávamos focalizados para isso e agora vamos estar”, sublinhou Augusto Nogueira à agência Lusa.

FRENTES DIVERSAS

Localizada em Ka-Hó, na ilha de Coloane, a nova unidade de reabilitação da ARTM conta com 28 funcionários, incluindo colaboradores que estiveram recentemente

“Já temos vindo a trabalhar com pessoas com dependência de álcool e uma ou outra com problemas de jogo, apenas não estávamos focalizados para isso e agora vamos estar”

na Austrália a receber “formação intensiva”. Das três dependências, Augusto Nogueira salienta que a droga constitui a que “exige maior atenção”, por ser aquela em que a organização que fundou e preside é “especializada” e por “requerer maior atenção, tanto a nível do tratamento como da prevenção”. Segundo dados do Sistema de Registo Central do Instituto deAcção Social (IAS) estavam referenciados, no final do ano passado, 617 toxicodependentes em Macau. Um número calculado com base na declaração voluntária de quem solicita ajuda, junto das instituições oficiais ou organizações não-governamentais, ou em dados da polícia ou dos tribunais, pelo que, como observa o presidente da ARTM, estima-se que “o número real seja superior”. A ARTM opera em diversas frentes, contando com centros ou unidades de tratamento, incluindo com metadona, além de um programa de distribuição ou recolha de seringas e serviços de aconselhamento e apoio e ainda prevenção e sensibilização.

Governo vai promover um encontro entre as vítimas do acidente com o autocarro de turismo na Rua da Entena e a agência de viagens de turismo responsável pela viagem a Macau. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e o Instituto de Acção Social (IAS) realizaram mais um encontro com os pequenos proprietários do Edifício Wa Keong, que ficou danificado com o impacto do autocarro, onde Helena de Senna Fernandes explicou os trabalhos a ser desenvolvidos. Adirectora da DST afirmou ainda que vai coordenar a realização de um encontro entre os proprietários e a agência de viagens proprietária do autocarro de turismo envolvido no incidente. O HM tentou junto de diversos serviços públicos do Governo saber qual a agência, mas nunca foi possível. Para os proprietários do Edifício Wa Keong, a restauração do edifício, apuramento da responsabilidade, compensação e medidas de trânsito na zona são as principais preocupações. O Governo assegura que se tem mantido a par da situação e informa que quatro turistas ainda permanecem hospitalizados. Quatro familiares estão ainda no território para acompanhar as vítimas ou em negociações com a agência de viagens e os restantes 36 turistas já deixaram Macau. Os familiares dos turistas feridos receberam alojamento através da agência de viagens. J.F.

CTM COM NOVOS SERVIÇOS DE ROAMING

A CTM lançou esta semana o serviço “Data Roaming Passport 10 Days” e introduziu mais 11 destinos para o serviço de “Data Roaming Passport 1 Day”. O primeiro serve para que os residentes clientes da CTM possam utilizar dados móveis na Europa, Américas, África, Ásia e Oceânia, em mais de 34 países, onde se inclui Portugal. O pacote está dividido em duas opções: 500MB e 1GB, a preços entre as 250 e as 400 patacas. Já o segundo, custa apenas 88 patacas. A CTM, recorde-se, vai diminuir as tarifas a partir de 1 de Outubro.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.