Hoje Macau 22 FEV 2016 #3758

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hojemacau

MOP$10

QUARTA-FEIRA 22 DE FEVEREIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3758

INSTITUTO DE ACÇÃO SOCIAL

HONG KONG | PENA DE TSANG ANUNCIADA HOJE

O facto Donald

Meio século a dar a mão PÁGINA 8

A questão migratória

OPINIÃO JORGE RODRIGUES SIMÃO

KAIFONG

Primazia no autocarro PÁGINA 7

h

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BLOOMBERG/GETTY IMAGES

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

Clássicos e espelhos JULIE O’YANG

Vencer a gravidade JOÃO PAULO COTRIM

ART BASEL

TEMPO DE INSTALAÇÕES

GRANDE PLANO

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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EVENTOS


2 GRANDE PLANO

É hoje anunciada a pena que Donald Tsang vai ter de cumprir, depois de, na semana passada, ter sido condenado por conduta indevida no exercício de funções. O facto de o ex-Chefe do Executivo ter sido considerado culpado não é bom para a política da região vizinha, numa altura em que são cada vez menos aqueles que acreditam no sistema Donald Tsang arrisca-se a sete anos na prisão. Comandou os destinos políticos de Hong Kong entre 2005 e 2012

DONALD TSANG DESTINO DO ANTIGO CHEFE DO EXECUTIVO É CONHECIDO HOJE

O PREGO˜ NO CAIXAO O

fenómeno não é exclusivo de Hong Kong, aponta o politólogo Edmund Cheng: “Tem acontecido o mesmo também em várias novas democracias da Ásia”. Quando termina o mandato político, chega a vez do mandado judicial. Foi assim em Taiwan, na Coreia do Sul há uma ex-Presidente a braços com a justiça, e em Hong Kong é aquilo que se sabe, com um processo que hoje entra numa nova fase. A justiça vai anunciar esta quarta-feira o que Donald Tsang terá de fazer para ressarcir a sociedade pela conduta indevida que teve enquanto Chefe do Executivo. O antigo líder do Governo foi condenado na passada sexta-feira mas, de forma diferente da de Macau – em que à condenação corresponde, de imediato, a pena a cumprir –, só agora é que o arguido vai ficar a saber o que o espera. Para já, passou pela experiência da detenção. “A sentença tem aspectos positivos e negativos”, analisa ao HM Edmund Cheng, professor da Universidade Baptista de Hong Kong. “Demonstra, pelo menos, que Hong Kong tem um sistema judicial independente, comparativamente com as jurisdições à volta.” O lado simpático de toda esta polémica fica por aqui. Para o politólogo, o facto de Donald Tsang ter sido condenado é preocupante em termos de opinião pública e estabilidade social. O académico faz uma viagem de 20 anos ao passado para falar do tempo em que o Reino Unido era soberano em Hong Kong. “Claro que se poderá dizer que, nos tempos do colonialismo, os problemas

não eram revelados”, admite. No entanto, não é essa a imagem que as pessoas têm. “Havia a imagem de que a Administração zelava pelo interesse público e não pelos interesses específicos de um grupo. É a percepção que existe”, afirma. “Sem dúvida que este processo é preocupante, porque tem um impacto negativo na confiança das pessoas em relação ao sistema. As pessoas pensam que o poder executivo é corrupto”, continua Edmund Cheng, que lamenta que Hong Kong tenha perdido o sistema de “check and balances” que outrora teve e que, entretanto, perdeu.

SISTEMA EM DETERIORAÇÃO

O politólogo não afasta a possibilidade de haver uma intervenção da justiça no dia em que o actual Chefe do Executivo, C.Y. Leung, deixar o poder. “Isto não é uma democracia, a responsabilização política não é feita enquanto os políticos estão no poder, pelo que é preciso esperar que abandonem os cargos”, vinca. O sistema político não tem suficientes mecanismos

High Court, tribunal

de fiscalização para ir garantindo que a governação decorre no mais rigoroso cumprimento da lei. O facto de Donald Tsang já não estar no poder não significa que a opinião pública olhe para todo este processo como algo que pertence ao passado. “De certeza que o campo pró-democrata vai utilizar o caso para questionar por que razão houve tanta corrupção depois da transferência de soberania. É porque o sistema actual só serve os interesses dos magnatas?”, lança Edmund Cheng, que recorda que Donald Tsang não é caso único em Hong Kong, apesar de ser o mais alto titular de um cargo político a ser condenado pelos tribunais da RAEHK. O antigo secretário-chefe Rafael Hui, lembra o politólogo, está neste momento na prisão, a cumprir pena por crimes de corrupção. “O mais importante é que estamos a falar de tecnocratas que foram educados e treinados durante o tempo colonial. Julgava-se que agiam de forma limpa. Mas estes tecnocratas foram autores de crimes desta natureza”, observa. “Isto levanta a questão se estas pessoas perderam qualidades durante estes anos ou se o sistema não tem uma forma eficaz de responsabilização.” Qualquer que seja a resposta, o tempo é de “incertezas e de desconfiança” no poder executivo de Hong Kong. Mais uma vez, a antiga colónia britânica e Macau apresentam características diferentes, mesmo quando em causa estão a corrupção e o abuso de poder. Edmund Cheng acredita que os processos judiciais da RAEM que envolvem figuras de relevo “têm que ver com rivalidades políticas”.


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Já na região vizinha, os casos em tribunal devem-se essencialmente “à deterioração do sistema, o que gera muita preocupação”.

TIRAR O LAÇO

Ontem, Donald Tsang tornou-se no primeiro líder do Governo de Hong Kong a passar uma noite sob detenção. O tribunal decidiu que deveria permanecer detido até se saber da pena que terá de cumprir, sendo que existe a convicção generalizada de que irá passar uns tempos atrás das grades. Num dos muitos artigos publicados sobre o assunto, o South China Morning Post não perdoa: “O antigo Chefe do Executivo Donald Tsang Yam-kuen em tempos jantou com empresários de sucesso em Macau e viajou em iates com magnatas, mas segunda-feira à noite bateu no fundo, ao dormir na ala prisional do Hospital Queen Elizabeth”, escrevia ontem o jornal. Tsang, de 72 anos, “trocou o fato e o laço, que faz parte da sua imagem, por um uniforme da prisão” na noite de segunda-feira, descreve ainda o matutino em língua inglesa, depois de um juiz ter decidido enviá-lo para o centro de máxima segurança de Lai Chi Kok e ter dado a entender ser pouco provável a determinação de uma pena suspensa. No entanto, pouco depois das 21h, foi levado para o hospital, por ter dito que não se estava a sentir bem. O antecessor de C.Y. Leung arrisca-se a sete anos na prisão. O júri de nove elementos entendeu que o antigo líder do Governo teve uma conduta indevida no exercício de funções, num processo que implicou a aprovação de três candidaturas da emissora de rádio Wave Media, entre 2010 e 2012, numa altura em que estava a negociar o arrendamento de uma penthouse em Shenzhen com o empresário Bill Wong Cho-bau, o principal accionista da estação. Tsang vai ser ainda julgado por um crime de corrupção, uma vez que o júri não conseguiu chegar a qualquer conclusão acerca deste ponto da acusação. Ainda não há nova data para o novo julgamento. A acusação acredita que o antigo Chefe do Executivo aceitou, como compensação pelas concessões à emissora de rádio, trabalhos de renovação da penthouse em Shenzhen, no valor de 3,35 milhões de dólares de Hong Kong.

AMIGOS HÁ MUITOS

A imprensa de Hong Kong relata que a advogada de defesa de Donald Tsang, Clare Montgomery, apelou a uma pena de curta duração, com pena suspensa, pedindo ao juiz que tenha em consideração

“De certeza que o campo pró-democrata vai utilizar o caso para questionar por que razão houve tanta corrupção depois da transferência de soberania.” “Sem dúvida que este processo é preocupante, porque tem um impacto negativo na confiança das pessoas em relação ao sistema. As pessoas pensam que o poder executivo é corrupto.” EDMUND CHENG POLITÓLOGO que a aprovação dos pedidos feitos pela Wave Media eram justificáveis. A defesa destacou ainda a quantidade de cartas de apoio a Tsang, escritas por aliados políticos mas também por adversários, incluindo os antigos secretários Carrie Lam e John Tsang, ambos candidatos a Chefe do Executivo nas eleições deste ano. “Teve uma vida dedicada ao serviço público e às pessoas de Hong Kong”, assinalou também Clare Montgomery. “Sir Donald Tsang foi o único Chefe do Executivo moderado, que teve disponibilidade para discutir com a oposição”, diz o politólogo Edmund Cheng. “Apesar de as acusações de corrupção não terem nada que ver com o seu legado político e a postura que adoptou, parece-me que será julgado em conformidade. Como é possível constatar, foram poucos os políticos e os media pró-regime que o defenderam antes e depois da decisão judicial, o que torna clara a mensagem política”, afirma ainda. O politólogo não quer com isto dizer que haja uma motivação política por detrás do processo, mas chega à conclusão de que “ser simpático para com a oposição não traz necessariamente protecção política durante a crise”. Donald Tsang comandou os destinos políticos de Hong Kong entre 2005 e 2012. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com


4 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 22.2.2017

Saúde com nova orgânica

Exigidas sanções para donos de terrenos desocupados

O Fumo ASSOCIAÇÃO QUER QUE PROMESSA DE ALEXIS TAM SEJA CUMPRIDA

Proibir é mesmo preciso A Associação dos Direitos dos Trabalhadores da Indústria do Jogo entregou ontem uma carta na sede do Governo em que pede que se mantenha a promessa de proibir na totalidade o fumo nos casinos. Cloee Chao exige que as doenças do fumo sejam consideradas doenças profissionais

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EPOIS de o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, ter mostrado abertura para a permanência das salas de fumo nos casinos, com padrões mais rígidos de instalação, começam agora a fazer-se sentir os primeiros ecos de contestação. Ontem, a Associação dos Direitos dos Trabalhadores da Indústria do Jogo, presidida por Cloee Chao, entregou uma carta na sede do Governo onde acusa as autoridades de não prestarem atenção à saúde dos trabalhadores.

“O secretário disse que a instalação de salas de fumo tem como objectivo proteger a nossa saúde, mas acho que isso não faz sentido”, apontou a responsável. Cloee Chao diz lamentar que o Executivo deixe para segundo plano a saúde dos trabalhadores dos casinos em prol da economia. “A Organização Mundial de Saúde afirmou de forma clara que não existem salas de fumo capazes de prevenir, na totalidade, os malefícios do tabaco”, acrescentou Cloee Chao, que espera ainda

PODER DO POVO A FAVOR DAS SALAS DE FUMO

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Associação Poder do Povo, presidida por Chan Kin Wa, diz-se contra a proibição total de fumo nos casinos. “Achamos que a indústria do jogo é parte fundamental da economia e não aceitamos quaisquer situações de prejuízo que possam ocorrer nesta área”, afirmou o responsável pela associação, citado num comunicado. Chan Kin Wa lembrou ainda os recentes casos de países que implementaram legislação na área do jogo e que viram a abertura de empreendimentos, pelo que, se for proibido o fumo nos casinos, tal irá trazer um grande impacto nas receitas.

Para a Poder do Povo, uma quebra do sector vai levar à perda de empregos para muitos trabalhadores, o que traz uma influência negativa em termos económicos. Por essa razão, a associação entende que as salas de fumo podem continuar a ser instaladas nos casinos para satisfazer as necessidades dos clientes. Nesse caso, a execução da lei será fundamental. “Para garantir a saúde dos trabalhadores e prevenir doenças causadas pelo fumo passivo, o mais importante é garantir a execução da lei”, frisou o presidente. A Poder do Povo sugere, assim, a implementação de fiscais durante

24 horas nos casinos, cujos salários devem ser suportados pelas operadoras de jogo. A associação questionou ainda o Governo se já existe uma preparação para a implementação do salário mínimo em todos os sectores laborais. A Poder do Povo diz concordar com o aumento do salário mínimo para as áreas da limpeza e segurança proposto pelo Governo, esperando que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) implemente o mais depressa possível essa política, com vista a cumprir a promessa já feita.

que o Governo “possa definir as doenças causadas pelo tabaco como sendo doenças do foro profissional”. “Nestes anos já sofremos muito com o fumo passivo, tivemos doenças e esperamos que as autoridades considerem estas situações como doenças profissionais”, referiu. Cloee Chao explicou que há muitos casos de cancro no seio dos trabalhadores do jogo, que conseguem obter apoio financeiro para o tratamento da doença, mas que, depois, aquando do regresso ao trabalho, podem ser alvo de reincidência da doença.

DADOS NÃO BATEM CERTO

A responsável pela associação referiu que não concorda com os resultados dos inquéritos divulgados pelas operadoras de jogo, afirmando que as informações não correspondem à situação real. Isto porque as perguntas terão sido feitas de forma “confusa” a quem trabalha no sector, aponta Cloee Chao.

A responsável pela associação não concorda com os resultados dos inquéritos divulgados pelas operadoras de jogo, afirmando que as informações não correspondem à situação real

deputado Ho Ion Sang considera que o Governo deve proceder a uma alteração da estrutura orgânica dos Serviços de Saúde (SS), para que possam ser aplicadas sanções a quem possui terrenos e não leve a cabo a limpeza dos espaços. “Os serviços administrativos têm a responsabilidade de tratar das questões de salubridade ambiental; e em relação à salubridade ambiental dos terrenos de propriedade privada, segundo o decreto-lei 81/99/M, são atribuições dos SS a defesa da saúde e a prevenção da doença, com o dever de desenvolver os respectivos trabalhos”, assinala o deputado. “Vai o Governo aperfeiçoar o decreto-lei, aditando normas sancionatórias, em prol do impulsionamento dos proprietários dos terrenos para que cumpram as devidas responsabilidades?”, questionou o deputado ligado à União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM, ou Kaifong). Citando um estudo levado a cabo pelos Kaifong, sobre os terrenos desocupados, Ho Ion Sang referiu que “a situação de higiene” desses espaços “encontra-se em situação grave”. Tal “demonstra que o Governo não conseguiu desempenhar os devidos efeitos da fiscalização, mesmo quando tem essa competência”. Ho Ion Sang lembrou que uma das conclusões do estudo aponta para a existência de 293 terrenos, ou seja, 75,1 por cento, que estão “desocupados com problemas de higiene ambiental, devido a resíduos sólidos, ervas daninhas, estacionamento de viaturas e lixo”. Além disso, o deputado pretende saber quais são as medidas para potenciar o desenvolvimento dos terrenos junto dos concessionários. “Que medidas dispõe o Governo para fazer com que o proprietário acelere o aproveitamento dos terrenos? Relativamente a alguns terrenos de propriedade privada com maior dimensão, que reúnem condições para serem desenvolvidos e não têm planos de desenvolvimento, o Governo deve negociar com os respectivos proprietários e liderar os trabalhos, dando prioridade ao desenvolvimento daqueles terrenos em projectos de instalações sociais. Vai fazê-lo?”, questionou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

A associação realizou também questionários aos trabalhadores, cujos resultados são bem diferentes: 89 por cento dos inquiridos afirmam concordar com a proibição total do fumo nos casinos. Sobre a instalação de salas de fumo, há apenas 52 por cento que estão a favor, enquanto 38 por cento não tem qualquer posição sobre o assunto. Victor Ng (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo


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AL CHUI SAI PENG DISPONÍVEL PARA CONTINUAR COMO DEPUTADO

Tudo como antes

CHUI SAI PENG DEPUTADO Na cerimónia de abertura, realizada no Centro de Ciência de Macau, participaram diversas figuras do meio político local, tal como o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, e Ho Iat Seng, presidente da AL. Deputados como Chan Iek Lap, Dominic Sio e Lam Heong Sang, vice-presidente do hemiciclo, estiveram também presentes.

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OR vontade de José Chui Sai Peng, deputado eleito pela via indirecta, pouco ou nada vai mudar nas próximas eleições legislativas. À margem da segunda edição do Fórum de Inovação Colaborativa dos Dois Lados do Estreito, Hong Kong e Macau, o também engenheiro civil afirmou ter toda a disponibilidade para continuar no hemiciclo. “Sou eleito pelo sector empresarial e, se este achar que ainda sou útil na Assembleia Legislativa (AL), então estarei ao seu serviço”, apontou o deputado que, antes da actual legislatura, foi deputado nomeado pelo Chefe do Executivo. Convidado a fazer um balanço sobre o trabalho do hemiciclo, Chui Sai Peng afirmou que a Assembleia está “sempre a tentar servir os cidadãos”. “Temos muitas questões em discussão, esperamos que possamos reagir a tempo e aprovar as leis que sejam úteis”. “Toda a Assembleia está a trabalhar arduamente para criar uma atmosfera na qual Macau possa ser um bom lugar, governado com base na lei e em prol dos cidadãos”, disse ainda.

UMA HUB QUE DIVERSIFICA

Para Chui Sai Peng, o território poderia transformar-se numa hub de empresas ligadas ao ramo da tecnologia, conhecidas como startups, as quais estabeleceriam laços de cooperação com países e regiões vizinhas, sem esquecer Portugal. O deputado deu mesmo o exemplo da Fábrica das Startups, estabelecida em Lisboa. “O Governo já tem alguns planos para as startups, mas é preciso mais financiamento. Mais do que conceder um espaço [aos empresários] é importante providenciar conselhos e sugestões na área do marketing e gestão, por exemplo, criar uma rede de negócios. Investidores e pessoas

inovação enquanto presidente da direcção da Associação Promotora das Ciências e Tecnologias de Macau, que coordenou o evento em conjunto com o Governo e a Associação de Ciências e Tecnologia da China.

“Sou eleito pelo sector empresarial e, se este achar que ainda sou útil na Assembleia Legislativa, então estarei ao seu serviço.”

GONÇALO LOBO PINHEIRO

O deputado Chui Sai Peng afirma querer continuar na Assembleia Legislativa, caso o sector empresarial pelo qual é eleito assim o entenda. O também engenheiro civil espera que Macau se possa transformar numa plataforma de startups

POLÍTICA

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

LIONEL LEONG DEFENDE APOSTA NA INOVAÇÃO

N inovadoras podem juntar-se e criar algo em conjunto.” Para o deputado, a realização do fórum visa que jovens empresários e investidores possam criar algo em conjunto, em prol de uma economia diversificada. “Temos de encorajar mais acções de intercâmbio e eventos, e também investigação a

nível internacional, para que Macau possa ter uma maior diversificação para além do jogo, com a introdução deste novo elemento que é a ciência e a tecnologia.” “Temos 12 projectos de Hong Kong, Taiwan, Macau e China, que estão em competição. Os vencedores, e até mesmo os perdedores, têm a

oportunidade de mostrar o seu trabalho a empresas e a entidades que dão apoio financeiro. Os mais jovens podem obter mais fundos, porque é impossível pedir ao Governo que apoie tudo, porque não é algo comercial”, acrescentou Chui Sai Peng. O deputado participou ontem no fórum sobre tecnologia e

o discurso de abertura do Fórum de Inovação Colaborativa, o secretário para a Economia e Finanças falou da necessidade de apostar na inovação. “O Governo da RAEM defende vigorosamente que é necessário persistir na inovação e ter na mira uma inovação perfeita, para que ela assuma um papel preponderante no processo de desenvolvimento económico e social.” Além disso, Lionel Leong referiu que o Governo “atribui também grande importância à promoção da educação científica abrangente, insistindo na formação de recursos humanos como pilar da inovação”.

ECONOMIA MACAU CONTINUA À PROCURA DE TALENTOS

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Comissão de Desenvolvimento de Talentos está a fazer estudos sobre a procura de talentos no sector financeiro e no sector da construção. Esta foi uma das ideias deixadas na primeira reunião deste ano do grupo especializado de planeamento e avaliação da comissão, tendo sido feito um balanço do progresso das pesquisas em questão.

Durante a apresentação, o secretariado da comissão revelou que, com o objectivo de se encontrarem talentos nas áreas financeiras e da construção, foram atribuídas competências a instituições de ensino superior de Macau para a realização de estudos. Estes trabalhos têm conclusão prevista ainda durante 2017.

A Universidade da Cidade de Macau (UCM), uma das instituições responsáveis pelo estudo, apresentou a metodologia usada na elaboração do trabalho. Segundo os académicos da UCM, foram adoptados métodos como questionários, reuniões de grupo, entrevistas e análises científicas sobre o desenvolvimento económico dos sectores. As

destinatárias dos questionários em questão são as seis grandes associações de construtores civis, assim como as associações dos operários de construção civil. Outro ponto da agenda teve que ver com a elaboração do “Índice da escassez de talentos nos Cinco Grandes Sectores”. Para os postos de trabalho nos sectores que

apresentam escassez de talentos serão tidas em conta as habilitações académicas e profissionais, competência profissional, salário mensal e capacidade profissional. Estes são os requisitos elencados no estudo que os cidadãos que se queiram candidatar têm de preencher.


6 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 22.2.2017

AVISO Faz-se saber que, em relação ao concurso público para «Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas – Empreitada de construção do Instituto de Enfermagem», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 2, II Série, de 11 de Janeiro de 2017, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.2 do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta, durante o horário de expediente, no Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, sito na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, Macau. Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 14 de Fevereiro de 2017.

Aviso Nos termos do n.º4 do artigo 353º do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 87/89/M, de 21 de Dezembro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 62/98/M, de 28 de Dezembro, notifica-se o ex-guarda Nanda Bahadur Rai que, por despacho da Directora da DSC, Substituta, de 03 de Fevereiro de 2017, foi lhe aplicada a pena de cessação de contrato. Mais se notifica de que poderá recorrer da respectiva decisão no prazo de sessenta dias após a publicação do presente aviso. Direcção dos Serviços Correccionais, aos 15 de Fevereiro de 2017.

O Coordenador Chau Vai Man

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 8/P/17 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 7 de Fevereiro de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Um Sistema de Ecografia Ultrasónica aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 22 de Fevereiro de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP41,00 (quarenta e uma patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S.(www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 24 de Março de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 27 de Março de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP40.000,00 (quarenta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 16 de Fevereiro de 2017

O Director dos Serviços, Substituto Cheang Seng Ip

O Director da DSC Cheng Fong Meng

Anúncio Faz-se público que o Regulamento Administrativo n.°5/2017 (Seguro obrigatório de responsabilidade civil profissional dos prestadores de cuidados de saúde) vai entrar em vigor no dia 26 de Fevereiro de 2017. São obrigados a contrair este seguro todos os prestadores de serviços de saúde, pessoas singulares ou colectivas, que desenvolvam actividades de prevenção, diagnóstico, tratamento ou reabilitação na área da saúde no sector público ou privado, conforme o previsto no artigo 4.° do Regime jurídico do erro médico. Para inquirições, podem contactar a AMCM, durante o horário de trabalho, através das seguintes linhas telefónicas 83592265 / 83592221 / 83592236, ou durante os fins-de-semana ou feriados pelo telefone 66518453 (09H00-13H00 e 14H30-17H45), ou através do e-mail (dsg@amcm.gov.mo). Para mais informações, podem consultar o “website” da AMCM (www. amcm.gov.mo). Macau, aos 22 de Fevereiro de 2017.

Conselho de Administração da Autoridade Monetária de Macau


7 hoje macau quarta-feira 22.2.2017

Tráfego KAIFONG APELAM A “PRIMAZIA DOS TRANSPORTES PÚBLICOS”

Via verde aos autocarros Ho Ion Sang pede medidas eficazes para um melhor funcionamento dos transportes públicos em Macau. Um planeamento geral, melhores condições para os trabalhadores do sector e uma avaliação real das necessidades da sociedade são algumas das sugestões deixadas pelo deputado

O

aperfeiçoamento do funcionamento dos transportes públicos é o tema de mais uma interpelação ao Executivo. O deputado Ho Ion Sang pede ao Governo que estabeleça medidas efectivas de modo a dar lugar à “primazia dos transportes públicos” em Macau. Para o tribuno, as acções que têm vindo a ser tomadas têm-se mostrado ineficazes e insuficientes. Os problemas continuam a manter-se e a acumular-se. “Os serviços de autocarros não correspondem à realidade da sociedade nem às suas expectativas, nomeadamente quanto à razoabilidade das carreiras, à insuficiência da sua frequência e ao longo tempo de espera pelo autocarro. Estes problemas não foram resolvidos com a entrada em funcionamento do novo modelo de serviços”, lê-se no documento. As situações de insuficiência são confirmadas em algarismos. “Em 2016, o número de passageiros de autocarros ultrapassou os 200 milhões e, diariamente, foram efectuados mais de 555 mil transportes de passageiros.” Paralelamente às deficiências dos transportes públicos, Ho Ion Sang frisa o aumento de

Ho Ion Sang questiona o Governo se já tem algum plano quanto ao futuro modelo de exploração de autocarros a adoptar

veículos e a desactualização do planeamento enquanto “factores desfavoráveis” à implementação eficaz da “primazia dos transportes públicos”.

DE UMA VEZ POR TODAS

O deputado não deixa de recordar as tentativas falhadas que o Executivo já terá tomado, desde 2011, de modo a optimizar o sistema público. As acções mostraram-se “sem resultado, não conseguindo alcançar os efeitos previstos, antes pelo contrário”. Com a implementação do modelo, uma das operadoras faliu e a detecção de ilegalidades por parte do Comissariado contra a Corrupção não tardou. Por outro lado, o dirigente dos Kaifong, associação que representa os moradores, alerta para o término dos contratos com as operadoras, sendo que questiona o Governo se já tem algum plano quanto ao futuro modelo de exploração de autocarros a adoptar. De modo a melhorar definitivamente a rede de transportes públicos, Ho Ion Sang apela ao Executivo que debruce mais a sua atenção sobre as reais necessidades da população, que proceda ao reforço de um planeamento geral da rede e crie condições de mobilidade acessível. Ao mesmo tempo, é necessária, dada a demanda, a criação de melhores condições de trabalho para os motoristas, de modo a atrair profissionais para o sector. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

SOCIEDADE

Olhares cirúrgicos

Substituídos 14 radares de controlo de velocidade

M

ACAU vai substituir os sistemas de radares de até 14 locais da cidade até 2018, para combater as transgressões ao sinal vermelho dos semáforos e o excesso de velocidade, informaram ontem os Serviços de Tráfego (DSAT). Macau tem, desde 2003, radares instalados em 25 cruzamentos da cidade, e o objectivo é substitui-los, faseadamente, por outros com tecnologia mais sofisticada. A primeira fase da substituição dos equipamentos pelos novos sistemas foi estimada em seis milhões de patacas. “O concurso público para a primeira fase do projecto de substituição dos radares termina no dia 28 de Março e depois [o vencedor] tem 360 dias para executar as instalações nas 13 ou 14 intersecções”, disse Leung Koi Sang, da divisão de equipamentos de tráfego da DSAT, acrescentando que a segunda fase deverá “ter início dentro de dois anos”. Após uma fase de teste, os primeiros dois sistemas instalados no centro da cidade – nos cruzamentos da Avenida da Praia Grande com a Avenida Almeida Ribeiro e a Avenida D. João IV – entram em funcionamento na próxima quinta-feira. Leung Koi Sang explicou que os novos equipamento são multifuncionais, servindo “tanto para o sistema de trânsito, como para a recolha de dados”. “Funcionam com base num sistema de monitorização, que produz imagens de maior qualidade, assim aumentando a eficácia para proceder à sua análise”, disse. Os novos equipamentos, “além da detecção [à passagem] do sinal vermelho”, também conseguem fazer “uma monitorização à velocidade dos veículos para detectar qualquer irregularidade no trânsito”. “O sistema também pode identificar as chapas de matrícula e pode calcular o número de veículos”, acrescentou, indicando que “só tira fotografias aos que excedem a velocidade”.

GENTE COM PÉ PESADO

Táxis podem esperar Criticado pedido para aumento da bandeirada

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OU Kun Pang, membro do Conselho Consultivo do Trânsito, disse estar contra o aumento da bandeirada dos táxis proposto pela Associação de Mútuo Auxílio dos Condutores de Táxi, uma vez que os cidadãos continuam a não estar satisfeitos com o serviço prestado. Citado pelo jornal Ou Mun, Kou Kun Pang adiantou ainda que não vê qualquer possibilidade de apoio da proposta de aumento da bandeirada das actuais 17 para 20 patacas, considerando-a “inadequada nesta fase”. Na visão do membro do conselho consultivo, dado os elevados níveis de

inflação que se registam, é inevitável um aumento dos custos. Kou Kun Pang sugere, assim, que os taxistas melhorem primeiro a qualidade do serviço prestado, para que possam exigir um aumento. Dessa forma, também os cidadãos vão aceitar a subida da bandeirada. O responsável também se mostra contra o aditamento de uma taxa de dez patacas no período do ano novo chinês, uma vez que os taxistas trabalham, por norma, no período de férias. Para Kou Kun Pang, um aumento iria causar reacções negativas junto da população, pelo que defende que se espere pelo consenso social.

Também citada pelo jornal Ou Mun, a deputada Melinda Chan apontou que o último aumento da bandeirada foi feito em 2014, considerando “compreensível” que o sector faça esse pedido, uma vez que as taxas dos veículos também sofreram aumentos por parte do Governo. Contudo, a deputada considera que, antes de exigirem aumentos, os taxistas têm de melhorar o serviço que prestam, para que os residentes considerem o pedido razoável. Para Melinda Chan, as autoridades devem reforçar a execução da lei. Sobre o aditamento de uma taxa especial no ano novo chinês, Melinda Chan acredita tratar-se de algo novo na sociedade e que, por isso, merece ser discutido.

Na apresentação aos jornalistas, a subcomissária da Polícia de Segurança Pública (PSP) Lei Kan disse que “em 2016 foram registados mais de dez mil casos de excesso de velocidade” e que só em Janeiro deste ano “foram aplicadas 1037 multas” pelo mesmo motivo. “Em 2016, o departamento de tráfego tratou de mais de 15 mil acidentes, dos quais mais de cinco mil envolveram condutores que não controlaram a velocidade e a distância entre veículos. [Estes casos] são cerca de 36 por cento entre todos os acidentes do ano”, acrescentou. O excesso de velocidade é punido com multas entre 600 e 10 mil patacas, enquanto o condutor que não respeitar o sinal vermelho no semáforo pode ser multado entre mil e cinco mil patacas, podendo a reincidência ser punida com o dobro da multa e inibição de condução.


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M aniversário de meio século é sempre de assinalar e celebrar. Daí não ser deslocado imaginar Alexis Tam a cantar num palco, acompanhado pelos directores dos principais serviços de acção social de Macau. Afinal, marcava-se o meio século de fundação do Instituto de Acção Social (IAS). Num discurso dirigido aos trabalhadores do sector, a quem agradeceu o empenho no trabalho realizado, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura referiu que, nos últimos 10 anos, o orçamento alocado ao sector aumentou 3,6 vezes. Em 2007, o IAS recebia uma verba na ordem dos 860 milhões de patacas. Este ano o orçamento do organismo é de aproximadamente 3,1 mil milhões de patacas. Durante igual período, o número de serviços desenvolvidos por instituições particulares, com apoio governativo, aumentou de 153 para os actuais 236. Neste capítulo, o crescimento foi de mais de 50 por cento. “O Governo de Macau tem vindo a incentivar as instituições particulares de solidariedade social a desenvolver acções filantrópicas e serviços sociais”, referiu Alexis Tam no discurso que abriu a cerimónia.

AS PRIORIDADES

Apesar do contexto de bonança económica existem assimetrias sociais que carecem de atenção. Macau precisa de “uma rede de apoio a pessoas desfavorecidas, sinalizar mais residentes necessitados e prestar-lhes apoio”, comentou Vong Yim Mui, presidente do IAS. Durante o seu discurso, a responsável máxima do ins-

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Assistência ACÇÃO SOCIAL MAIS QUE TRIPLICA ORÇAMENTO EM 10 ANOS

O jubileu de ouro

O Instituto de Acção Social de Macau celebra meio século. Durante a cerimónia de aniversário foram relevados os números referentes aos beneficiários do ano passado, assim como os orçamentos respectivos. Desde 2007, os serviços aumentaram o seu orçamento em 3,6 vezes tituto reiterou a necessidade de prosseguir o caminho de atribuição de subsídios, como o Plano de Apoio Alimentar de Curto Prazo, ou o Programa de Inclusão e Harmonia na Comunidade. No ano passado, o auxílio social chegou a mais de 4400 famílias, o que perfez cerca de 6900 pessoas que receberam um valor total na ordem dos 243 milhões de patacas. Mais de quatro mil pessoas beneficiaram de apoio alimentar através de um montante de cerca de 11 milhões de patacas. No que diz respeito aos beneficiários do subsídio

Em 2007 o Instituto de Acção Social recebia uma verba na ordem dos 860 milhões de patacas. Este ano o orçamento do organismo é de aproximadamente 3,1 mil milhões

para idosos, foram alocados 576 milhões de patacas para mais de 72 mil pessoas. Já os benefícios por invalidez foram, no total, de 108 milhões de patacas, chegando a mais de 9800 cidadãos. Vong Yim Mui destacou ainda que, entre Julho de 2014 e 2016, um total acumulado de 513 pessoas receberam o subsídio provisório de invalidez, totalizando um montante de 45 milhões de patacas.

GCS

SOCIEDADE

APOIO À FAMÍLIA

No seguimento da aprovação da legislação que regula a violência doméstica, os serviços do IAS apostam na melhoria da rede de serviços de apoio ao risco domiciliário. A prevenção e sensibilização para o flagelo da violência doméstica também é uma prioridade. Desde que a lei entrou em vigor, a 5 de Outubro, até ao final do ano foram comunicados por telefone aos serviços 492 incidentes. Destes casos, 109 foram considerados suspeitos de violência doméstica, mas depois de avaliação preliminar apenas 31 casos foram mesmo submetidos a “estudo e decisão”. No plano de apoio às crianças e aos jovens, a

presidente do IAS destacou que existem planos para a construção e ampliação de três creches. Até ao final de 2017 “Macau terá 56 creches que disponibilizarão um total de 10.480 vagas”. Este sector da acção social será reforçado com a elaboração do Plano Quinquenal dos Serviços de Creche (2018 a 2022).

No espectro etário oposto, o apoio a idosos, será criado o primeiro equipamento social de cuidados específicos e integrados para a terceira idade, aumentando em mais de 200 as vagas para lares de idosos. No total, prevê-se que as vagas cheguem às 1880 em 2017, espalhadas por 21 instituições.

No que diz respeito ao apoio às pessoas com deficiência, até ao fim do ano Macau terá 12 equipamentos de reabilitação que fornecem internamento, totalizando cerca de 910 vagas. Vong Yim Mui referiu ainda que, no que toca ao tratamento do vício do jogo, no ano passado 141 pessoas foram registadas como sofrendo deste transtorno, sendo que 351 indivíduos pediram o serviço de auto-exclusão que os proíbe de entrar em casinos. Os números que respeitam ao tratamento e prevenção da toxicodependência indicam que entre Janeiro e Junho do ano passado estavam registados no sistema como toxicodependentes 374 pessoas. Já os serviços de reinserção social, que apoiam pessoas que cumpriram penas de prisão, apoiaram 1042 pessoas. Fazendo as contas finais, durante o ano passado “os equipamentos sociais subsidiados e os serviços contaram com um total de 236 serviços, que envolveram 3352 trabalhadores beneficiários, o que perfez um total de apoio no valor de 120 milhões de patacas”, revelou a presidente da IAS. Estes foram os números avançados nos discursos feitos no almoço que comemorou os 50 anos do IAS. Reviu-se o passado recente, com olhos no futuro. Neste capítulo, Alexis Tam fez uma analogia no campo da botânica, comparando os sectores dos serviços sociais a oásis. A convicção do secretário é que se os oásis forem “cultivados com entusiasmo, certamente brotarão mais flores bonitas”.

JANEIRO TAXA DE INFLAÇÃO DE MACAU SUBIU 2,20 POR CENTO

João Luz

info@hojemacau.com.mo

A taxa de inflação de Macau subiu 2,20 por cento nos 12 meses terminados em Janeiro em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, segundo dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu impulsionado sobretudo pelos aumentos nas secções de bebidas alcoólicas e tabaco (mais 19,10 por cento), educação (mais 8,26 por cento) e transportes (mais 7,17 por cento). Só em Janeiro, o IPC geral médio aumentou 1,76 por cento, comparando com o mesmo mês de 2016, e também aumentou face ao mês anterior (mais 1,44 por cento). A taxa de inflação de Macau foi de 2,37 por cento no ano passado, a mais baixa desde 2009, ano em que foi de 1,17 por cento.


9 hoje macau quarta-feira 22.2.2017

Quando deixou de ser procurador da RAEM, Ho Chio Meng passou a coordenar um grupo de estudos cujo trabalho se desconhece. Nem o actual Procurador, nem o Chefe do Executivo explicam o que faz a Comissão de Estudos do Sistema Jurídico-Criminal

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antigo procurador da RAEM deixou de ser coordenador da Comissão de Estudos do Sistema Jurídico-Criminal, cuja nomeação permitiu a sua prisão preventiva há quase um ano, desconhecendo-se a actividade da mesma desde que foi criada. PUB

Um mistério de trabalho Comissão coordenada por Ho Chio Meng sem actividade conhecida

Ho Chio Meng – que foi o chefe máximo do Ministério Público entre 1999 e Dezembro de 2014 – foi nomeado, na qualidade de procurador-adjunto, para exercer o cargo de coordenador da Comissão de Estudos do Sistema Jurídico-Criminal, em comissão de serviço, pelo período de dois anos, a qual cessou a 11 de Fevereiro. O entendimento do Tribunal de Última Instância, aquando do indeferimento do pedido de ‘habeas corpus’, foi o de que Ho Chio Meng, ao exercer funções, em regime de comissão de serviço, nos serviços da Administração Pública, deixou de ter a qualidade de magistrado, sendo antes funcionário público. O desempenho desse cargo na Comissão, da qual era, aliás, o único membro, possibilitou então a prisão preventiva de Ho Chio Meng, dado que a lei impede que um magistrado seja detido ou preso preventivamente antes de pronunciado ou de designado dia para a audiência, excepto em flagrante delito. Ho Chio Meng foi nomeado pelo Chefe do Executivo para

ou seja, durante dois anos – pela Comissão de Estudos do Sistema Jurídico-Criminal, que funciona sob superintendência do procurador, atendendo nomeadamente a que o até aqui coordenador – e único membro – se encontra preso preventivamente há quase um ano, mas não obteve resposta a essa questão.

CADEIRA VAZIA Ho Chio Meng

exercer o cargo de coordenador da então recém-criada Comissão de Estudos a partir de 11 de Fevereiro de 2015, quando já se encontrava sob investigação, dado que tinha sido ouvido pelo Comissariado Contra a Corrupção dias antes, ainda como procurador-adjunto, a 4 de Fevereiro de 2015. A Agência Lusa contactou o Gabinete do Procurador e o Gabinete do Chefe do Executivo para saber que trabalhos foram desenvolvidos até ao momento –

Segundo o despacho do Chefe do Executivo que a criou, em Fevereiro de 2015, a comissão em questão tem de “apresentar anualmente ao procurador um relatório global sobre a actividade desenvolvida”. Em Março de 2016, dias depois de Ho Chio Meng ter sido detido, Chui Sai On, afirmou, aos jornalistas, estar a aguardar um relatório por parte do actual procurador da RAEM, mas desconhece-se se foi elaborado. Nem o Gabinete do Procurador, nem o do Chefe do Executivo se pronunciaram sobre se foi entregue ou qual o eventual conteúdo quando questionados pela Lusa.

SOCIEDADE

A resposta recebida pela agência de notícias relativamente às perguntas colocadas a ambos confirma apenas que a comissão de serviço de Ho Chio Meng cessou automaticamente a 11 de Fevereiro e refere que se “aguarda ainda a análise e proposta do procurador”, Ip Son Sang, relativamente à escolha de uma pessoa para ocupar o referido cargo. À pergunta se Ho Chio Meng era remunerado – dado que esteve quase um ano dos dois da comissão de serviço em prisão preventiva e o despacho que o nomeou determinava remuneração e regalias correspondentes à sua categoria de origem, isto é, de procurador-adjunto –, a resposta foi: “Ao exercer as funções do coordenador da comissão, Ho Chio Meng auferia o vencimento nos termos da lei”. A Comissão de Estudos do Sistema Jurídico-Criminal, com a natureza de equipa de projecto, tem a duração previsível de três anos, eventualmente prorrogável. Ho Chio Meng está a ser julgado, desde 9 de Dezembro, no Tribunal de Última Instância, por mais de 1500 crimes, incluindo burla, abuso de poder, branqueamento de capitais e promoção ou fundação de associação criminosa.


10 CHINA

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NOVAS MEDIDAS CONTRA A COREIA DO NORTE A CAMINHO

No trilho internacional

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China afirmou ontem que continuará a adoptar medidas contra a Coreia do Norte, visando aplicar integralmente a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o programa nuclear e de mísseis balísticos de Pyongyang. Pequim suspendeu no fim-de-semana passado as importações de carvão a partir do país vizinho. Em conferência de imprensa, o ministro do Comércio chinês, Gao Hucheng, disse que a China “é séria” no cumprimento das suas obrigações internacionais, não tendo, porém, detalhado quais serão as novas medidas contra a Coreia do Norte. Pequim, o mais importante aliado de Pyongyang, cortou com um dos poucos canais que o regime de Kim Jong-un tem para obter divisas externas, ao proibir as compras de carvão do país, a partir de domingo passado e até ao final deste ano. Esta decisão inscreve-se na aplicação da resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em Novembro passado, segundo afirmaram num comunicado conjunto o Ministério do Comércio e a Administração Geral de Alfândegas da China. Em Dezembro passado, as importações chinesas de carvão da Coreia do Norte aumentaram, num fenómeno que Gao justificou com os “ciclos normais” de adaptação das políticas internacionais à legislação local.

SEM MARGEM PARA DÚVIDAS

O ministro insistiu que a seriedade da China na implementação da resolução do Conselho de Segurança “é inquestionável”.

DESCOBERTA NOVA MUTAÇÃO DO VÍRUS H7N9

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China descobriu uma nova mutação do vírus H7N9, considerada a mais mortífera das estirpes que causam a gripe das aves, sobretudo para aves vivas, não representando nova ameaça para os seres-humanos, informou ontem a imprensa estatal. A nova mutação, descoberta em Janeiro em duas pessoas contagiadas com H7N9, na província de Guangdong,”não torna o vírus mais contagioso para os humanos, neste momento”, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da China. Este organismo, que confirmou a descoberta e informou a Organização Mundial da Saúde, anunciou ainda que a nova estirpe foi detec-

tada em quatro aves de capoeira de Guangdong. O vírus H7N9 sofre frequentemente mutações. A China enfrenta o mais grave surto do vírus H7N9 dos últimos anos, com 88 mortos desde o início de 2017, mais 22 do que na totalidade de 2016, e 271 casos de contágio. Pequim ordenou o encerramento de mercados de aves vivas nas regiões centro e sul do país e a criação de centros para a prevenção e controlo do vírus em seres-humanos. A maioria dos casos ocorreu nos deltas do rio Yangtze e do rio das Pérolas, que inclui Macau e Hong Kong, regiões com condições meteorológicas propícias à transmissão do vírus, devido ao Inverno ameno e húmido.

MOBIKE RECEBE 283 MILHÕES DE EUROS PARA SE EXPANDIR

O ministro do Comércio chinês, Gao Hucheng, disse que a China “é séria” no cumprimento das suas obrigações internacionais, não tendo, porém, detalhado quais serão as novas medidas contra a Coreia do Norte A decisão surge depois do assassínio de Kim Jong-nam, irmão do líder da Coreia do Norte, na Malásia, mas o Ministério dos Negócios

Estrangeiros chinês recusou qualquer relação entre ambos os acontecimentos. Até há pouco tempo, as relações entre Pequim e Pyon-

PEQUIM APELA A WASHINGTON PARA QUE EVITE “GUERRA COMERCIAL” O ministro do Comércio da China, Gao Hucheng, apelou ontem aos Estados Unidos da América para que negoceiem as suas disputas com Pequim e evitem uma “guerra comercial”, que seria “prejudicial para ambos”. Instado a comentar a promessa do Presidente dos EUA, Donald Trump, de que vai aumentar os impostos sobre produtos importados da China, Gao disse que os governos dos dois países deviam trabalhar em conjunto para promover o comércio. Uma guerra comercial “não é uma opção”, afirmou Gao, apelando a Washington para que “resolva adequadamente” as disputas através do “diálogo e cooperação”. Trump prometeu durante a campanha eleitoral subir os impostos sobre as importações chinesas em 40%, mas ainda não tomou uma acção formal. O líder norte-americano acusa ainda a China de manipular o valor da sua moeda, com o objectivo de impulsionar as exportações, ao tornar os seus produtos mais baratos nos mercados externos.

gyang eram descritas como sendo de “unha com carne”. A insistência de Pyongyang num controverso programa nuclear levou, porém, Pequim a alinhar com a Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos da América e Rússia, condenando os testes com explosões atómicas do país vizinho. As duas nações mantêm, no entanto, laços diplomáticos e comerciais.

A

empresa chinesa Mobike, que gere um sistema de partilha de bicicletas, recebeu desde o início do ano mais de 300 milhões de dólares para se expandir além-fronteiras, informou ontem a imprensa local. A maioria do investimento é oriundo das empresas Singapore’s Temasek e Hillhouse Capital, segundo o presidente da firma, Wang Xiaofeng, antigo funcionário da plataforma de transportes Uber. O Mobike funciona através de um aplicativo móvel que permite desbloquear as bicicletas ao fazer a leitura do código QR. Depois de utilizar o veículo, o utilizador pode deixá-lo em qualquer ponto da cidade. Todas as bicicletas estão equipadas com um sis-

tema de GPS para que possam ser localizadas. A plataforma fornece também informações como a distância percorrida pelo utilizador ou as calorias queimadas durante a viagem. Wang anunciou que a empresa vai usar o dinheiro para explorar o mercado global e poder assim duplicar o seu modelo de negócio em outros países. O dinheiro será investido, sobretudo, no recrutamento de pessoal, construção de fábricas e na investigação e desenvolvimento. Segundo dados citados por Wang, as bicicletas Mobike estão já disponíveis em 21 cidades da China e os seus quase seis milhões de utilizadores realizaram até à data 200 milhões de viagens. Em Dezembro passado, a empresa rival, a Ofo, também chinesa, começou a operar nos Estados Unidos e Reino Unido.


na ordem do dia 热风

Julie O’yang

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Quatro clássicos, quatro espelhos 看中国人的四面镜子 O

S quatro clássicos chineses são: O Sonho da Câmara Vermelha ”红楼梦”, Viagem ao Ocidente “ 西游记”, Margem das Águas “ 水浒传” e Romance dos Três Reinos “三国演义”. Quatro romances. Quatro espelhos de uma realidade chinesa genuína e verdadeira. • O Sonho da Câmara Vermelha (publicado em1791) representa o bom gosto e a elegância. Através da poesia, da música e das palavras, a cultura clássica chinesa é apresentada nos seus mais variados aspectos: arquitectura, gastronomia, culto dos jardins e arte. Quem se considerasse um literato haveria de discutir O Sonho da Câmara Vermelha, o que faria dele um Hongist. O Presidente Mao Tsé Tung foi um Hongist. Há quem pense que a China poderia continuar a existir sem a Grande Muralha, mas não sem O Sonho da Câmara Vermelha. • Margem das Águas (compilado no séc. XIV) representa o culto chinês das boas maneiras, especialmente da virtude. Façamos o que deve ser feito. A ajuda deve ir para onde é precisa. A virtude é o pilar espiritual da cultura chinesa. Nenhum dos heróis de Margem das Águas dá importância aos bens materiais. Não podem ser comprados ou tentados, nem mesmo por belas mulheres.

Os heróis chineses têm um déficit de genes românticos. • Viagem ao Ocidente (publicado no séc. XVI) conta as aventuras de um monge budista e dos seus discípulos, mas não tem nada a ver com o Budismo. O sumo sacerdote do templo budista instiga as nossas personagens para uma corrida ao ouro, como faria qualquer “pecador” ganancioso e tomado de apetites vorazes. Não respeita o Taoísmo pois considera os monges taoistas desumanos e capazes de provocar o mal. Os chineses rejeitam todas as formas de religião. As convicções religiosas devem assumir forma palpável e trazer vantagens materiais. O romance também apresenta uma visão crítica, se não cínica, das qualidades chinesas; quem é (ou não) competente para o quê. • Romance dos Três Reinos (publicado em 1522) fala-nos da China como nação unificada. O romance ignora praticamente os acontecimentos do dia a dia, as relações familiares ou as questões éticas. O autor estava centrado na governação, ou seja, na sobrevivência da China como nação. A China acima de todas as coisas. Eu diria que, “aspirar pela paz e pela unidade” é uma componente essencial da psicologia chinesa, inscrita no ADN deste povo. A “Política de Uma Só China” não é uma invenção dos comunistas.


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WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

O jade pode ser misturado na massa de telhas, as pedras preciosas podem misturar-se com o saibro Fragmentos de “Autobiografia” – 5

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OR natureza, contentava-me com uma vida frugal, não ansiando por honras ou riqueza. Ao ser notado por um superior que me ofereceu uma rápida promoção, não sonhava ainda com um cargo mais importante; ignorado, degradado ou privado de emprego, injustamente tratado, não me afligia com a humildade da minha condição. Acontecia-me com frequência obter cargos na administração distrital e nunca os recusei, nem mesmo as tarefas mais ingratas. “Ter um alto ideal, mas agir sem discernimento; escolher cuidadosamente os seus amigos, mas mostrarse pouco exigente na sua carreira oficial – não será isso rebaixar-se, conduzir-se mal, dar um mau exemplo?” perguntam alguns. Mas não foi o melhor exemplo dado por Confúcio, que não recusava qualquer emprego, nunca se sentindo desolado apesar de ser apenas um pequeno funcionário a cargo do gado ou das colheitas, mas também não explodiu de alegria quando o nomearam ministro das obras públicas ou primeiro-ministro? Shun passou toda a sua vida a lavrar as terras do Monte Li, mas, quando Yao lhe cedeu o trono, aceitou-o como se tal fosse natural. A estes sábios pouco importou a baixeza da condição ou a ausência de promoções; por outro lado, preocupavam-se em conservar intactas virtude e reputação. O jade pode ser misturado na massa de telhas, as pedras preciosas podem misturar-se com o saibro: será que um homem de qualidade perde o seu valor por se misturar com as massas? Quando uma época sabe reconhecer os sábios, estes serão objecto de reverência independentemente da sua condição. Contudo, se não os sabe reconhecer, ignorálos-á mesmo que ocupem os mais altos cargos. Aquilo que conta é manter sempre a mesma conduta e uma virtude constante em todas as ocasiões. Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


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diário de um editor

João Paulo Cotrim

Vencer a gravidade POSSOLO, LISBOA, 11 FEVEREIRO Helder Macedo veio lançar o estimulante «Camões e Outros Contemporâneos» (Presença), mas ainda teve tempo de ir ao Obra Aberta (http://www.abysmo. pt/obra-aberta/) e à Escola de Escritas do mano Luís Carmelo, onde dissertou sobre a demanda que fez dele ensaísta, ficcionista e poeta. Demanda em busca de si, com passagem pelo Gelo e pelo Império, e do outro, sobretudo o obscuro feminino. Helder transporta-nos ao avesso dos orgânicos movimentos da inteligência que podemos ver em acção, putos fascinados na torre do relógio. Algumas traduções bíblicas, descobriu ele, investiam na palavra moça o sentido de alma. A outra luz se lê o «Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe», de Bernardim. De corpo e alma, partiu ela. De alma e coração, fico eu a ouver Helder Macedo. HORTA SECA, 13 FEVEREIRO A Companhia Nacional de Bailado, ainda sob direcção da Luísa Taveira, foi convidando um grupo heteróclito de poetas para dançar. Quer dizer, para se sentarem a ver. Chegou hoje a antologia de inéditos da temporada de 2016. O inevitável desequilíbrio em nada mancha a boa ideia, depositada agora nas cadeiras de quem arrisque deixar-se impressionar pelo sublime esforço. De Fernando Luís Sampaio, ressoam-me «as canções mais tristes/do meu tempo» (…) «Canções queimadas por mil vozes, onde a língua se precipita». E tocou-me a agreste melodia de Margarida Vale de Gato atirada à filha: «Peço de ti o que não te ocorre perguntar e tenho/ para te apontar este mundo cheio de lapsos, é certo./O mundo está cheio de mortos que não chegam/a cair, o mundo está cheio de mortos que são vivos/com pouca sede (…)» Pelo meu lado, lá consegui erguer a fio-de-prumo tristonhos versos, depois de horas no escuro a ver corpos erguer-se muito acima. De si e destes dias rasteiros. TEATRO NACIONAL, LISBOA, 14 FEVEREIRO Era questão de tempo. Estou sempre a perder o combate com a agenda e costumo atirar-me para cima dela na velha táctica de peso morto para suster a vaga de golpes, mas desta vez ultrapassei uma linha qualquer. Ontem vi-me à porta de um Nacional na semi-obscuridade das

tando vassalagem a Santa Gerturdes, esta representação do mistério em corações inflamados, o olhar desejando a luz, os lábios ardendo em oração. Ainda inebriado pelas visões, acabo em excelente companhia a usufruir de um divinal ensopado de pata-roxa, servido pelo castiço Luís Rebelo, n’A Casa do Peixe. Prosaicamente.

segundas-feiras. A conversa aprazada entre Carlos Fiolhais, Miguel Loureiro e Gonçalo Waddington, em torno de «O Nosso Desporto Preferido – Presente», há muito estava marcada para hoje, São Valentim. Como bem notou o arguto e divertidíssimo Carlos, melhor dia não haveria tendo em conta a proposta radical da peça para alcançar civilização de tipo superior: a abstinência sexual. Precisava, portanto, vencer, qual bailarino com a gravidade, a lei da física que me impedia de estar ao mesmo tempo em dois sítios diferentes, aqui e no lançamento do Helder. Não consegui, pelo que fiquei a ouvir o Miguel ler na perfeição excerto dos mais interrogativos, em páginas de torrencial poesia onde ecoam os gregos, essa natural raiz das coisas. A língua é desbragada e precipita-se. Uma cadeira arma-se em personagem principal. Temos deuses a insultar-se e um Michel, que só pode vir de Houellebecq. Ninguém como o Gonçalo usa em palco a ciência como instrumento de perguntar futuro, no caso a possibi-

lidade de livrar a espécie humana das necessidades básicas. O Carlos soltou leitura desconcertante e erudita, em torno do cientista enquanto ladrão do fogo dos deuses, que será hoje a decifração final do código genético. Mas também na qualidade de pateta aprendiz de feiticeiro. Em ciência, a utopia acaba quase sempre em distopia, disse ele que sabe. Na peça, a experiência tem tudo para acabar mal. Por aqui, a conversa continua: é uma tetralogia... CONVENTO DE JESUS, SETÚBAL, 15 FEVEREIRO Não tinha ainda atravessado estas portas manuelinas para o interior da justa recuperação de Carrilho da Graça, dado voltas ao claustro onde Zeca e tantos outros cantaram, mirado as gárgulas a quererem soltar-se dos calcários. Detalhes, neles se encontra Deus e um espinho da coroa de Cristo ou um osso de S. Sebastião. Queria tanto tempo para me perder! Somos senhores de grandes tesouros e deles tão pouco usufruímos. Perderia horas pres-

HORTA SECA, 16 FEVEREIRO Faz toda a diferença ver os originais do António Jorge Gonçalves para este seu livro que irradia «o esplendor dos corpos que dançam/Na órbita da morte», como escreve o Fernando Luís no seu poema. Em folhas de banal espessura e formato, desenhou a marcador em negativo. A cor acontece em folha separada com a transparência da aguarela. A combinação destes elementos aproxima a linguagem da gravura, mistura de tempos e tradições, fundo exacto para a dança da morte que coreografou. Cada imagem ganha peso de símbolo, abrindo para múltiplas leituras em jogo de espelhos. Mais um caso único, que merecia ser lido fora das fronteiras estritas do seu género. Na inauguração, tivemos casa cheia, sobretudo com as gargalhadas de Novo de Matos, o desenhador de bisturi que lhe salvou a vida. «A Minha Casa Não Tem Dentro», mas tem uma menina que desenha. E uma morte que anda com ela de comboio. Menina e morte as trouxeram de muito longe de regresso ao pai. S. LUIZ, LISBOA, 18 FEVEREIRO Nisto, estou em palco rodeado de crianças a perceber que as minhas histórias para as mais disparatadas infâncias nascem do esforço de tudo e mais alguma coisa em ser outra coisa. Outra coisa um pouco mais que tudo. No Poesia-me, da Inês Fonseca Santos, circulou como arrepio a perguntinha: que queres tu? Pois, se o pretexto era o «Querer Muito», que tanto deve ao camaleónico talento do André da Loba. Às tantas, sobrou para mim. Costumo dizer a verdade do «astronauta», que me acompanhou longe no tempo, mas naquele instante quis ser «bailarina». Sem que tivesse dado por isso, sentada aos meus pés estava uma querídissima, de tutu e tudo. Ofereceu-se para dar lições, que começaram finda a sessão, ainda em palco para não perder minuto. Aprendi as três posições principais, mas não o nome dela. Tolo.


´ ´ 14 Art Basel CHRISTO E KIAROSTAMI EM HONG KONG

EVENTOS

Março é o mês da terceira edição da Art Basel de Hong Kong. O programa já começa a ser conhecido e os destaques apontam para a presença de trabalhos de Christo e Abbas Kiarostami. O certame promete, acima de tudo, a diversidade e o foco na temática do tempo

O ANO DAS INSTA “Fiz a curadoria da selecção de instalações que incentivam os visitantes a interagir com cada peça, a fim de encontrarem as suas próprias interpretações.” ALEXIE GLASS-KANTOR CURADOR

Christo

I

NSTALAÇÕES, exposições e interactividade são três dos pilares de mais uma edição da Art Basel de Hong Kong. Com data marcada entre 23 e 25 de Março, a feira de arte, que se afirma já como uma das mais proeminentes da Ásia, não tem mãos a medir. As novidades começam com a estreia de Kabinett, bandeira estandarte da edição de 2017. A secção é uma das mais aclamadas do evento em Miami e a organização visa, com ela, lançar às galerias o desafio de exibirem trabalhos que, normalmente, estão fora da sua alçada. “Esta é uma forma de trazer mais conteúdo histórico e acrescentar

profundidade ao evento”, afirmam os responsáveis pelo evento. A ideia é apresentar projectos capazes de incluir tanto as criações individuais, como colectivas. Este ano, entre muitos nomes, sobressaem os do realizador iraniano Abbas Kiarostami ou do interventor na paisagem de origem búlgara Christo que, após dez anos afastado da criação artística, regressou em 2016 à produção. Para o certame, a organização promete a exibição de três obras raras que integram o trabalho “Christo: the essencial ideas”, a cargo da Galerie Gmurzynska. Kiarostami, que morreu no ano passado e deixou um lega-

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA COMPLETE CHAMBER MUSIC FOR VIOLIN • António Fragoso, Carlos Damas A morte de António Fragoso (1897 - 1918) com a idade de 21 anos, roubou um jovem de potencial extraordinário à arte da música nacional. As obras aqui apresentadas revelam um jovem compositor completamente ciente das grandes figuras musicais da época, a influência de Debussy e Fauré, por exemplo, pode ser detectada na Suite Romantique para violino e piano de 1916. Carlos Damas foi professor no Conservatório de Música de Macau, integrou a Orquestra de Macau e participou no Festival de Música de Macau, no Festival de Artes de Macau e no Quinto Festival de Artes da República Popular da China.

do muito para além do cinema, terá na vizinha Hong Kong uma exposição individual de fotografia. Os trabalhos fazem parte da “Snow Series” de 2002 e trazem imagens de um Irão natural “sob uma estética minimalista”, explica a organização. A exposição estará a cargo da Galeria Rossi & Rossi. Já do Oriente, a Art Basel vai lembrar o trabalho do artista chinês Sanyu com a apresentação de uma série de desenhos que retratam o contexto histórico do modernismo da China no início do séc. XX. No total são 19 projectos, “cuidadosamente curados”, que marcam o início do

Kabinnet na região vizinha. Os artistas a serem representados incluem ainda Etel Adnan, Cao Yu, Piero Dorazio, Candida Höfer, Kwon Young-Woo, Kit de Lee, Yuko Mohri, OSGEMEOS, Bettina Pousttchi, Qiu Xiaofei, SHIMURAbros, Song Ta, Keiichi Tanaami, Wang Qingsong, Ming Wong e Heimo Zobernig.

TEMPO ADENTRO

A abordagem do conceito de tempo marca ainda a edição deste ano. A informação, já adiantada pela organização do certame ao HM, é concretizada com a exibição de trabalhos em larga escala e marca a secção “Encontros”,

com a curadoria de Alexie Glass-Kantor. “Sendo o terceiro ano como curador da secção, quis explorar a relação entre o tempo e a experiência e, especificamente, de que forma o tempo se poderia relacionar com os encontros”, explica Glass-Kantor. A experiência não se fica pela simples exibição e vai rumo à relação com o público. O resultado é um conjunto de obras e instalações que permite a interacção. “Fiz a curadoria da selecção de instalações que incentivam os visitantes a interagir com cada peça, a fim de encontrarem as suas próprias interpretações”, lê-se em nota de imprensa.

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VIERAM COMO ANDORINHAS • William Maxwell Inteligente, subtil e soberbamente escrito, Vieram como andorinhas é um breve romance sobre um rapaz extremamente sensível crescendo numa cidade pacata no estado de Illinois. É um retrato poético e perspicaz de uma família burguesa americana enfrentando os problemas diários da vida durante a pandemia de gripe que matou milhões de pessoas no mundo em 1918-1919. O génio de Maxwell prende-se com a sua capacidade de exprimir emoções profundas e complexas através de observações simples e magnificamente descritas.


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ALACOES ˜

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Abbas Kiarostami

“Encontros” é um dos mais prestigiados sectores do evento e pretende ser “uma plataforma única de apresentação de instalações em grande escala que transcendem o conceito tradicional de uma feira de arte”. Este ano a secção integra 17 trabalhos, entre repetentes e estreantes, em que constam nomes como Rasheed Araeen, Katharina Grosse, Gonkar Gyatso, Joyce Ho, Hu Qingyan, Waqas Khan, Alicja Kwade, Dinh Q. Lê, Li Jinghu, Sanné Mestrom, Rirkrit Tiravanija and Wang Wei. Ainda dentro do programa conhecido até à data, e sob a alçada do “tempo”, está

DO MUNDO PARA HONG KONG

F

undada em 1970 por galeristas de Basileia, a Art Basel é responsável pela organização das exposições internacionais de arte contemporânea actualmente realizadas em Basileia, Miami e Hong Kong. O princípio do evento é a criação, em cada edição, de uma cooperação com as galerias da cidade anfitriã, em que a programação e produção são feitas sempre em conjunto com as entidades locais. Um exemplo é a Art Basel Cities, lançada em 2016, em que o trabalho é desenvolvido tendo em conta os conteúdos específicos de cada cidade. O objectivo é a criação de uma rede global com o contributo dos elementos culturais inerentes a cada lugar. Em Hong Kong, a Art Basel local veio substituir a ART HK e mostra, com mais uma edição, o sucesso do evento que junta artistas, indústria e público.

a apresentação de “Twenty five minutes older” do artista radicado em Hong Kong Kingsley Ng. A ideia é apresentar a cidade de “uma outra forma” através

de imagens capturadas nos icónicos eléctricos locais, acompanhadas com excertos de textos de Liu Yichang.

ORQUESTRA DE MACAU MÚSICA FORA DAS SALAS DE ESPECTÁCULO

A Orquestra de Macau tem dois concertos marcados para o próximo fim-de-semana que acontecem em locais onde, por norma, não se ouve música clássica. De acordo com uma nota do Instituto Cultural, a formação vai actuar na Galeria do Tap Seac e no Museu de Arte de Macau. O programa do primeiro concerto, agendado para as 18h de sextafeira, inclui duas obras para quarteto de cordas: o Divertimento em Fá Maior de Mozart e o Quarteto de Cordas em Si bemol Maior de Haydn. Os músicos tocam na Galeria do Tap Seac. No domingo, às 15h, chega a vez de se ouvir música no Museu de Arte de Macau. A orquestra vai apresentar o Quinteto de Sopros em Lá Maior, Op. 68 N.o 1 de Danzi, e ainda “Trois piéces bréves” de Ibert, “oferecendo aos aficionados de música requintadas actuações de música de câmara”, destaca a organização. Em ambos os concertos, a entrada é livre e os lugares serão distribuídos por ordem de chegada.

Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

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EVENTOS

HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Calêndula Nome botânico: Calendula officinalis L. Família: Asteraceae (Compositae). Nomes populares: BOAS-NOITES; CALÊNDULA-HORTENSE; MARAVILHA; MARAVILHAS; MARAVILHAS-BASTARDAS; MARAVILHAS-DOS-JARDINS. Inexistente de forma espontânea, a Calêndula parece ser uma criação hortense a partir de uma outra espécie silvestre, talvez a Calendula arvensis L. Trata-se de uma herbácea que pode alcançar meio metro de altura, de caules aveludados e ramificados, e folhas alongadas e carnosas; as flores, amarelas ou cor-de-laranja, são grandes e vistosas, brindando-nos com a sua beleza desde a manhã até ao final da tarde, momento em que se fecham até à manhã seguinte. O seu nome Calêndula deriva do latim calendas, o primeiro dia de cada mês, por florescer em qualquer mês do ano. Originária do Sul da Europa, é muito cultivada como ornamental nas regiões temperadas de todo o mundo. Conhecida como planta medicinal desde a Alta Idade Média, foi recomendada para a icterícia e perturbações da vesícula biliar, devido à cor das suas flores ser semelhante à da bílis. Estas indicações, baseadas na Teoria das Assinaturas defendida por Paracelso e outros médicos renascentistas, não são a sua principal utilização actual. Muito investigada, as suas flores constituem um remédio precioso! Composição Flavonóides (hiperósido, isorramnetina, quercetina, rutósido), quinonas, ácidos fenólicos (ácido salicílico), hidroxicumarina e elevado teor em fitosteróis e carotenóides (caroteno, licopeno, luteína, zeaxantina); contém ainda triterpenos, saponósidos triterpénicos (calendulósidos), mucilagens, resinas e óleo essencial. Acção terapêutica Actualmente quase só usada externamente, a Calêndula é um dos melhores vulnerários da flora europeia, ou seja, uma das melhores plantas para o tratamento de feridas e contusões. Para isso contribui a sua actividade anti-séptica, anti-inflamatória e cicatrizante, especialmente notável nas primeiras fases da evolução das feridas; além disso, combate diversas bactérias, vírus e fungos, favorece a reabsorção dos edemas reduzindo o inchaço e estimula a regeneração da pele diminuindo a formação de cicatrizes; tem também propriedades antialérgicas, reduz o prurido e suaviza a pele. É muito utilizada nas feridas, incluindo as infectadas ou de difícil cicatrização,

úlceras da pele ou varicosas, queimaduras, frieiras, contusões, picadas de insectos, fungos (pé de atleta), furúnculos, acne, eczemas e urticária. Inflamações da boca e faringe, conjuntivite, prurido ocular, mamilos doridos ou gretados das lactantes, vaginites e hemorróidas são outras das suas indicações. É igualmente usada em quistos sebáceos, fibroadenomas, calcificações na mama e nódulos linfáticos inflamados ou inchados. Remédio suave, a Calêndula é apropriada para os bebés e crianças, sendo útil para o tratamento da estomatite aftosa, eritema das fraldas ou outras afecções da pele e mucosas. Outras propriedades Antiulcerosa, esta erva favorece a cicatrização das úlceras gastroduodenais, sendo igualmente empregue nas gastrites, gastroenterites, vómitos e outros espasmos do tubo digestivo e parasitoses intestinais (lombrigas). Aumenta ainda a produção de bílis no fígado, um efeito útil em caso de congestão ou insuficiência hepática. Como tomar • Uso interno: Em ampolas, xarope e cápsulas, em fórmulas de plantas. A Calêndula é empregue como corante alimentar e sucedâneo do Açafrão. • Uso externo: Decocção das flores: 60 a 80 gramas por litro de água. Aplicar em bochechos e gargarejos, irrigações, lavagens e compressas. Em simples ou fórmulas, a Calêndula pode ser usada em tintura (diluída), loção, creme e pomada, gel lubrificante vaginal, spray nasal, vaporizador para boca e garganta e dentífrico. Receita – Óleo de Calêndula Deixar em maceração, durante 15 dias, 30 gramas de flores secas de Calêndula em meio litro de azeite ou óleo de Amêndoas-doces (deve adquirir uma cor avermelhada). Filtrar bem e conservar num frasco de vidro escuro. Excelente óleo cosmético, calmante e suavizante, para aplicar directamente sobre a pele, 2 ou 3 vezes por dia. Muito indicado para as peles sensíveis, secas e inflamadas, e no tratamento de queimaduras e eczemas. Também pode ser acrescentado à água do banho. Precauções Não são conhecidas contra-indicações, nem efeitos adversos, no entanto não deve ser ingerida durante a gravidez e lactação. Em pessoas sensíveis, a planta fresca pode produzir dermatites de contacto. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


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(F)UTILIDADES

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 16 MAX 20 HUM 80-98% • EURO 8.42 BAHT 0.22 YUAN 1.16

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje TEATRO MUSICAL – “THREE PHANTOMS” Parisian Theater - Até 26/3

Amanhã

AQUI HÁ GATO

APOCALIPSE MIAU

TEATRO | “THE CLEAN HOUSE” PELA ASSOCIAÇÃO TEATRO DE SONHO Centro Cultural de Macau - Até 26/02

Diariamente EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1 EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “I’M TOO SAD TO TELL YOU” DE JOSÉ DRUMMOND Casa Garden Até 24/02 EXPOSIÇÃO “ENTER PLEASE” DE CATHLEEN LAU Armazém do Boi Até 26/02 EXPOSIÇÃO “WHAT HAPPENED LAST NIGHT? DE TIFFANY TANG Armazém do Boi Até 26/2

PROBLEMA 182

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 181

UM DISCO HOJE Cineteatro

C I N E M A

A CURE FOR WELLNESS SALA 1

LOVE CONTRACTUALLY [B] FALADO EM CANTONÊS COM LEGENDAS EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Liu Guonan Com: Sammi Cheng, Joseph Chang 14.30, 16.15, 18.00, 21.45

Escolher um álbum de Serge Gainsbourg enquanto referência é impossível. Dos muitos temas compostos e interpretados pelo francês de voz rouca, cigarro na boca e copo de whisky a acompanhar os concertos, seria presunçoso apontar uma meia dúzia de canções como “as melhores”. Deixada a missão a cargo de outros, fica um já feito ”best of”. “Comme un Boomerang” foi lançado 20 anos após a morte do artista e é composto por 47 faixas. Um disco para ter e onde cabe, na medida do possível, a grande maioria dos temas com que Gainsbourg nos brindou. Sofia Mota

A LA LAND [B]

Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.15 SALA 3

Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 19.45

Filme de: Gore Verbinski Com: Dane DeHann, Mia Goth, Jason Isaacs 14.30, 21.12

SALA 2

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Chris Mckay 17.15, 19.15

Filme de: Chad Stahelski

BEST OF GAINSBOURG – “COMME UN BOOMERANG”

Com: Keanu Reeves, Ian Mcshane, Ruby Rose, Common 14.30, 16.45, 21.30

RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C]

JOHN WICK: CHAPTER TWO [C]

SUDOKU

DE

Peste negra, atropelamentos, ataques cardíacos, idade avançada, afogamento, catástrofes naturais, aborto espontâneo, cancro, tubarões, vírus e toda a morte microscópica. Não faltam causas de morte aos humanos, fabricados com tecidos moles, com órgãos vitais frágeis, armados com falíveis sistemas imunitários. Também da mente nasce o óbito em ideias suicidas que brotam do sofrimento, tédio, melancolia, da congénita queda para o abismo. A tudo isto se junta o homicídio, a que muitos autores de policiais adjectivam de “perfeito” quando executado com esmero e discrição. Os homens matam-se uns aos outros, como as gotas de chuva penetram na terra. Dinheiro, ciúme, poder, inveja, raiva e um bouquet de psicopatias podem levar ao assassinato. Por vezes fazem-no em larga escala, ao abrigo das mil e uma guerras que jamais acabam. Outras vezes é o Estado que pune capitalmente numa perspectiva de olho por olho, o famigerado estaticídio. Este é o reflexo directo do raciocínio envenenado, que foge à natural morte por sobrevivência, por caça que tinge de vermelho a escalada da cadeia alimentar. Os humanos jogam noutro patamar sangrento, extinguem vida com instinto inato, como reacção química inevitável que vincula destino traçado. Pelo caminho arrastam o planeta numa espiral de extinção, sem que venha um meteorito vingador, uma pandemia purificadora, uma inundação evangelizadora. Espera-se vingança, desforra, justiça, bênção em gume afiado na carótida da Humanidade. Pu Yi

A CURE FOR WELLNESS [C]

THE LEGO®BATMAN MOVIE [A]

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


24 OPINIÃO

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“Refugees are people who cannot assume protection by their own states. In many refugees crisis of the modern era, ethnicity has been one, if not the major criterion according to which people have been denied the protection of their own governments.” Ethnic conflict and refugees Kathleen Newland

O

S anos de 2014 e 2015 caracterizaram-se por uma crescente consciencialização nos círculos políticos, meios de comunicação e na sociedade civil global da situação dos imigrantes no mundo. Os relatos de centenas de pessoas a morrer em naufrágios no Mediterrâneo; milhares de refugiados a escalar cercas de arame farpado erigidas na Hungria; milhares a viverem em acampamentos, em Calais, esperando para fugir através do Canal para o Reino Unido e navios repletos de refugiados rohingyas a serem empurrados de volta ao mar no Sudeste Asiático, publicitou sobremaneira a extensão global da crise. A cobertura mediática, neste caso, não foi excessivamente sensacional e os dados confirmaram a escala sem precedentes da migração global. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, na altura liderado pelo actual Secretário-Geral, António Guterres, descobriu que catorze milhões de pessoas foram deslocadas pela guerra em 2014, o maior número em um único ano, desde a Segunda Guerra Mundial. A ONU, em 2014, registou cinquenta e nove milhões e quinhentas mil pessoas deslocadas em todo o mundo, quase o dobro de deslocados de 2005, constituindo o maior número de deslocados quantificados, e essa cifra nem sequer considera os milhões de pessoas que se deslocam por razões económicas ou ambientais, à procura de uma vida melhor para si e para a sua família. A nível global e de acordo com a Organização Internacional para as Migrações, cerca de quarenta mil pessoas morreram ao tentar atravessar uma fronteira entre 2005 e 2014. Trata-se de mortes de civis que perdem as suas vidas ao tentar deslocar-se de um lugar a outro e não de mortes militares. As crianças que morrem, têm protagonizado cenas dantescas, e nunca foi efectuado qualquer estudo acerca da responsabilidade que devem sentir os governos e os cidadãos dos países ricos por essas mortes de refugiados, ao tentarem atingir as fronteiras do mundo livre, para além dos habituais actos de comoção e consternação. Após séculos de práticas estatais destinadas a regular e a controlar o movimento de refugiados, porque razão tantas pessoas continuam a morrer nas margens dos Estados

JAN TROELL, THE EMIGRANTS

A questão

ditos modernos, civilizados e democráticos? Existe a ideia poderosa nos meios de comunicação sociais e nas sociedades ricas de que a violência nas fronteiras é inevitável, quando os países menos desenvolvidos e menos organizados se arremessam contra os países ricos e desenvolvidos do mundo. Tal versão das fronteiras é ilustrada na descrição dada pelo então candidato presidencial e actual presidente dos Estados Unidos, de rotular migrantes como criminosos, traficantes de drogas e estupradores e que pretende levar a sua promessa eleitoral a cabo, com a continuação da construção do muro da vergonha da América, que a separa do México, e a ser pago pelos mexicanos, pela recusa da entrada de cidadãos

de alguns países árabes que vivem conflitos armados e crises humanitárias, muitos deles provocados pelos Estados Unidos, e em programas de televisão como a das Guerras de Fronteira da National Geographic, que, como o título sugere, apresenta o México como uma zona de guerra onde os agentes da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos estão sob constantes ataques de traficantes de drogas, criminosos e grupos de crime organizado que invadem o país. Segundo esta perspectiva, continuar a endurecer e a proteger as fronteiras é necessário para conter a violência ilegal no outro lado, e construir muros e militarizar a fronteira são as únicas opções para proteger os cidadãos do país. As práticas adicionais

de segurança nas fronteiras, são descritas, como acções virtuosas que podem proteger os migrantes inocentes, de traficantes humanos, sem escrúpulos, que têm um desprezo irrestrito pela vida da sua carga humana. A resposta da União Europeia às mortes no Mediterrâneo demonstra esta lógica, ao sugerir que o problema pode ser resolvido utilizando a força militar contra os traficantes de seres humanos, destruindo os seus barcos e atacando os seus acampamentos. A brilhante estratégia, baseia-se no pressuposto de que a situação dos refugiados é estimulada principalmente pelos traficantes, não pelas condições nos países de origem dos imigrantes, ou pelas políticas de imigração restritivas dos países que não oferecem sis-


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OPINIÃO perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

migratória de 13 por cento da população que vivia no país, calculando que cerca de doze milhões permaneciam no país sem autorização legal. A Rússia encontrava-se na segunda posição com doze milhões e trezentas mil pessoas residentes nascidas no estrangeiro. A ONU relata que os Estados Unidos são o lar de mais de 19 por cento dos imigrantes do mundo e comprometer-se actualmente com a integração dos imigrantes é mais urgente do que nunca. O tamanho da população imigrante só obriga à tomada imediata de uma acção. O Pew Research Center refere que de 1990 a 2012, o número de imigrantes nos Estados Unidos aumentou mais de cinco vezes - 106 por cento, que a população nascida no país - 19 por cento, e em 2013, uma em cada quatro crianças no país viveu com pelo menos um pai imigrante.

Se os imigrantes não encontrarem sucesso nos Estados Unidos, o país também não o encontrará. As pesquisas de opinião sugerem que os americanos podem apoiar um esforço pro-activo para trazer os imigrantes de forma plena à vida cívica, económica e social dos Estados Unidos

temas seguros e organizados para pedidos de concessão do estatuto de refugiado e asilo, pelo que contesta a ideia de que as fronteiras são uma parte natural do mundo humano, e que a migração é impulsionada principalmente por traficantes e contrabandistas, pois em vez disso, a própria existência da fronteira produz a violência que a rodeia. A fronteira cria as descontinuidades económicas e jurisdicionais que passaram a ser vistas como suas características, proporcionando um ímpeto para o movimento de pessoas, bens, drogas, armas e dinheiro através delas. O endurecimento da fronteira através de novas práticas de segurança é a fonte da violência, não uma resposta. O então Presidente dos Estados Unidos, Barack

Obama, a 21 de Novembro de 2014, afirmou que o sucesso da América como nação, está enraizado no compromisso contínuo de acolher e integrar os recém-chegados no tecido do país. É importante que se desenvolva uma estratégia federal de integração de imigrantes, que seja inovadora e competitiva, com as de outras nações industrializadas, e apoie mecanismos para garantir que as diversas pessoas do país, contribuam para a sociedade com o seu máximo potencial. Os Estados Unidos são, de longe, o líder mundial no destino dos imigrantes. O Departamento do Censo dos Estados Unidos informou que em 2013, tinha registado um número olímpico de quarenta e um milhões e trezentos mil imigrantes, ou seja, mais

O número de imigrantes na sociedade americana é enorme pelo que é fácil concluir que se os imigrantes não prosperarem, então o país não crescerá e desenvolver-se-á. Os imigrantes nas duas últimas décadas instalaram-se em novas áreas do país, particularmente no Sul, e em novos tipos de comunidades, incluindo subúrbios e cidades rurais. Os professores, assistentes sociais, membros do clero e funcionários públicos em tais locais, tendem a ter pouca experiência com imigrantes da América Latina, Ásia ou África, cujas experiências, culturas e línguas nativas diferem das dos imigrantes europeus que chegaram ao país em gerações anteriores. A integração durante as grandes vagas migratórias anteriores, foi alcançada pelo Instituto de Política Migratória dos Estados Unidos e que denomina de mediação de instituições que não têm uma forte presença na sociedade americana, e que incluem sindicatos de trabalhadores e instrumentos dos partidos políticos, que concorrem pela adesão dos imigrantes e fornecem orientação, ligações sociais e um sentimento de pertença em novas comunidades. Ao contrário

de outras nações como a Austrália, alguns países da Europa Ocidental e o Canadá, que também recebem um número significativo de imigrantes, os Estados Unidos não têm uma política sistemática para ajudar os imigrantes a tornarem-se auto-suficientes, membros que plenamente contribuam para a sua nova sociedade. A política federal de imigração americana, em vez disso, tende a concentrar-se principalmente nas questões contenciosas de quem será permitido entrar, ficar e retornar. O governo federal não tem nenhuma instituição identificável, especificamente preocupada com a integração de imigrantes na sociedade. A integração dos imigrantes continua a ser uma reflexão tardia nas discussões sobre políticas e depende de escolas públicas, instituições religiosas, homens e mulheres de boa vontade e organizações sem fins lucrativos. Ainda que a integração de imigrantes seja tipicamente defendida por organizações progressistas, o movimento das pessoas de pés bem assentes no chão tem carácter não ideológico e evita atrair atenções, incluindo os directores de centros de inglês como segunda língua, membros da Câmara de Comércio, presidentes dos municípios, conselheiros municipais, líderes de comunidades religiosas e de organizações sem fins lucrativos. Talvez por isso o conceito e a prática da integração dos imigrantes tenham obtido o apoio de pensadores liberais e conservadores. Os defensores da integração imigrante há muito tempo trabalhavam amarrados a uma mensagem simples e não ideológica, apoiada por factos, que enfatizavam o destino compartilhado, como a saúde da economia e da democracia que depende dos imigrantes encontrarem sucesso, felicidade e compromisso nas suas comunidades e nos Estados Unidos a longo prazo, ou melhor, por outras palavras, dependiam uns dos outros. Se os imigrantes não encontrarem sucesso nos Estados Unidos, o país também não o encontrará. As pesquisas de opinião sugerem que os americanos podem apoiar um esforço pro-activo para trazer os imigrantes de forma plena à vida cívica, económica e social dos Estados Unidos. A pesquisa Gallup de 2013, descobriu que 88 por cento dos adultos auxiliavam os imigrantes indocumentados no caminho para a cidadania, desde que passem na verificação de antecedentes, aprendam Inglês e paguem uma taxa. A pesquisa Gallup de 2012 revelou que 72 por cento dos americanos concordaram que a imigração é um valor acrescentado para o país. As pequenas comunidades rurais e as pequenas cidades estão a mudar. Se forem dados aos jovens um local para progredir, crescer e realmente integrarem-se, e se forem criadas as oportunidades para todos à integração, será bom para as pessoas, para as comunidades e para a América, país de imigrantes cuja divisa é “E Pluribus Unum”, que o Presidente americano quer destruir com tresloucadas ideias e práticas de bloqueio à entrada de refugiados contrárias à história, natureza e essência dos Estados Unidos.


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ÓCIOSNEGÓCIOS

“O SANTOS, LOJA PORTUGUESA” JOANA FONSECA, PROPRIETÁRIA

Dos enlatados ao galo de Barcelos nível dos bordados, cerâmicas, olaria. Coisas que sejam artesanato português e que representem as diferentes regiões em Portugal”, adianta. “Neste momento estamos ainda a fazer um estudo de mercado e a tentar perceber o que as pessoas procuram em Macau. Temos outras ideias nas quais estamos a trabalhar, para trazer, por exemplo, biscoitos tradicionais e mel. Há uma gama de produtos que queremos ter aqui”, explicou uma das mentoras do projecto.

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Um dos mais famosos restaurantes portugueses na vila da Taipa emprestou o nome, e apenas isso, ao espaço “O Santos, loja portuguesa”. O projecto de Joana Fonseca e da Vino Veritas quis concentrar num só local tudo o que Portugal tem para oferecer de bom

O SUCESSO DAS CONSERVAS

Além dos habituais vinhos e queijos, as conservas de peixe têm feito sucesso no mercado chinês, sendo bastante procuradas por turistas. Na loja “O Santos” essa procura também se faz notar. “Uma das coisas que vendemos melhor são as conservas portuguesas”, refere Joana Fonseca.

“Temos souvenirs, como o galo de Barcelos. Temos também um andar só dedicado a vinhos.”

N

UM cantinho da vila da Taipa, todas as regiões de Portugal estão concentradas numa só. O projecto “O Santos, loja portuguesa” permite-nos ir de Norte a Sul e descobrir as iguarias, os vinhos e as lembranças vindos do outro lado do mundo. Joana Fonseca é uma das proprietárias, ao lado da empresa de importação Vino Veritas, e conta que o uso do nome do restaurante “O Santos” se deveu à longa amizade que mantém com Santos Pinto, o proprietário da tasca alentejana. “O restaurante e a loja são negócios diferentes e independentes. A loja adoptou o nome “O Santos” porque já é um nome estabelecido na vila da Taipa, então decidimos procurar o Santos e ver se nos emprestava o nome. Temos uma relação especial com ele e, estando aqui na vila da Taipa, achámos que seria o nome mais correcto”, explicou Joana Fonseca ao HM. A loja, aberta recentemente ao público, pretende ter uma mostra diversificada do

que é genuinamente português. “Temos souvenirs, como o galo de Barcelos, as imagens da Nossa Senhora de Fátima. Temos também um andar só dedicado a vinhos, onde as pessoas podem ter um atendimento personalizado.” A ideia inicial para o arranque do projecto foi o facto de os produtos portugueses existirem em toda a parte, mas estarem dispersos em lojas e restaurantes. “Muitas vezes, as pessoas procuram produtos portugueses na vila da Taipa e o que acaba por acontecer é que está tudo muito espalhado. As pessoas não têm noção da

gama de variedade de produtos que existem. Achámos então que seria boa ideia concentrar tudo no mesmo sítio e seria uma boa maneira de promover produtos portugueses em Macau.”

OLARIA E BORDADOS

Joana Fonseca frisa que há mais ideias para dinamizar a oferta de produtos. “Ainda estamos à procura de fornecedores e de produtos diferentes que ainda não existam em Macau. No futuro, vamos ter um terceiro andar que será dedicado apenas a artesanato e produtos portugueses ao

Ainda assim, “temos vendido um pouco de tudo”, adianta a empresária. “Quem tem mais interesse nos produtos são pessoas de Hong Kong e Macau, mas também temos pessoas da China e do Japão à procura de vinhos. O turista vai directamente ao galo de Barcelos ou às conservas e é mais nisso que temos apostado e também vendido.” Com presença apenas na vila da Taipa, o objectivo é que, no futuro, a península também possa ter a sua loja de produtos portugueses. “Neste momento vamos ver como corre a experiência na vila da Taipa, e qual a receptividade das pessoas em Macau e dos turistas. Mais tarde a extensão a Macau poderá ser uma possibilidade”, afirma Joana Fonseca, que garante que não é objectivo vender produtos da gastronomia macaense, apesar da ligação que existe a Portugal. “O objectivo da loja é mesmo concentrar-se em Portugal e nos produtos que o país tem para oferecer, além de o promover através dos seus produtos. Não há tanto a ideia de estabelecer uma ligação com os produtos macaenses”, remata. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


Air Macau, um avião que pouco gosta de sabão Atlântido

CHEFE DA SEGURANÇA LABORAL CONDENADO POR EXPLOSÕES EM TIANJIN

Um tribunal chinês condenou ontem a 15 anos de prisão o director da Administração Estatal de Segurança Laboral do país no período em que ocorreram as explosões na cidade de Tianjin, que fizeram 173 mortos. Yang Dongliang, que foi afastado do cargo após o acidente e expulso do Partido Comunista Chinês, foi condenado por aceitar subornos e desvio de fundos públicos.A explosão, ocorrida em Agosto de 2015, num armazém no porto de Tianjin, no nordeste do país, deveu-se ao armazenamento ilegal de químicos. Yang aceitou o veredicto e decidiu não recorrer da sentença. A China é o país que regista mais acidentes industriais fatais. A Organização Internacional do Trabalho estima que 20% das mortes causadas por acidentes laborais em todo o mundo ocorreram no país asiático.

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ONFRONTOS entre grupos de artes marciais timorenses e o uso de um tipo de arma banca conhecida como ‘rama ambon’, importada da Indonésia, causaram nos últimos três anos 24 mortos, 46 feridos graves e 23 ligeiros, segundo o Governo. A informação faz parte do relatório da comissão do Parlamento Nacional que analisou uma proposta de lei do Governo contra a violência de grupos de artes marciais, que têm causado problemas em Timor-Leste, e ainda o uso de várias armas brancas em diversos incidentes. Especialmente visados na proposta de lei estão os crimes de fabrico, importação, transporte, venda, cessão ou porte de ‘rama ambon’ - armas usadas em vários pontos do arquipélago indonésio. Trata-se de uma espécie de fisgas com que se lançam pequenas

Golpes fatais Confrontos em Timor-Leste entre grupos de artes marciais fazem 24 mortos em três anos flechas, lâminas ou setas e que chegaram a ser usadas em muitos incidentes nos últimos anos como prática de iniciação de jovens em grupos de artes marciais ou em confrontos entre grupos. Os dados referem que em 2014 se registaram 36 incidentes de violência envolvendo praticantes de vários grupos de artes marciais, que causaram 11 mortos, 17 feridos graves e oito ligeiros. Em 2015, os 26 incidentes registados causaram oito mortos, 15 feridos graves e três ligeiros e no ano passado houve a registar 29 incidentes

com cinco mortos, 14 feridos graves e 12 ligeiros.

LEI EM DEBATE

Longuinhos Monteiro, ministro do Interior, participou ontem no plenário no debate do diploma na generalidade, processo que começou com questões técnicas, nomeadamente o facto da comissão A do parlamento ter aprovado um texto substitutivo que vai muito além dos 15 artigos da proposta do Governo. Esse texto inclui vários capítulos de outras leis, incluindo a lei de segurança interna, o uso

VILLAS-BOAS ESTREIA-SE COM VITÓRIA NA FASE DE GRUPOS DA LCA

O Shanghai SIPG, equipa chinesa de futebol treinada pelo português André Villas-Boas, venceu ontem no reduto dos coreanos do FC Seul por 1-0, no primeiro jogo da fase de grupo da Liga dos Campeões asiática (LCA). O internacional brasileiro e antigo jogador do FC Porto Hulk marcou o único golo da partida, que se disputou na Coreia do Sul, aos 53 minutos. De fora das opções de André Villas-Boas ficou o central internacional português Ricardo Carvalho, de 38 anos, um dos reforços da equipa chinesa para a presente época. No SIPG, alinha ainda o médio brasileiro Óscar, que se tornou em Dezembro passado o jogador mais caro de sempre no futebol asiático, após o clube chinês ter pago 61 milhões de euros pela sua contratação aos ingleses do Chelsea. O FC Seul é um dos favoritos a conquistar a Liga dos Campeões da Ásia, depois de ter sido vicecampeão em 2013 e alcançado as meias-finais no ano passado.

quarta-feira 22.2.2017

de força e o regimento de armas e revoga ainda a lei existente das artes marciais, tendo o ministro explicado que o executivo não o contesta desde que “não substitua a ideia básica da proposta inicial”. “O importante é que a lei reflicta a nossa preocupação com o fabrico, importação, transporte e posse destas armas brancas e com as práticas ilícitas de artes marciais”, disse à Lusa Longuinhos Monteiro. O ministro explicou que não se trata de travar artes marciais reguladas e “até reconhecidas como desportos olímpicos” mas sim outras que “estão na ilegalidade e causam problemas” constantes. “Muitas situações que ocorrem têm origem em confrontos nas artes marciais”, recordou. A lei prevê penas de 3 a 6 anos para quem fabricar, importar, exportar, transportar, vender, ceder ou ter na sua posse armas brancas como a rama ambon, que aumentam para quatro a oito anos para quem usar as armas na prática de crimes. As penas são duplicadas em casos de serem cometidas por elementos das forças de segurança, do sector da justiça, funcionários públicos ou “elemento ou grupo de artes marciais ou de práticas rituais”. A prática ilícita de artes marciais é punida com pena de prisão até três anos, que aumenta até oito anos se for feita “com o objectivo de causar desordem social”, com a pena a dobrar para elementos das forças de segurança, do sector da justiça, funcionários públicos. “Não é aceitável que elementos das forças de segurança, funcionários públicos criem uma situação que viola a lei e a ordem pública”, afirmou Longuinhos Monteiro. O uso de uniformes ou símbolos relacionados com artes marciais ou rituais ilegalizados é punido com multas até 500 dólares.

ÍNDIA RESPONSÁVEIS DE CENTRO DE ADOPÇÃO DETIDOS POR SUSPEITA DE VENDA DE CRIANÇAS

A

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polícia indiana informou ontem que deteve os responsáveis por um centro de adopção por suspeita de venderem pelo menos 17 crianças a casais estrangeiros. Os investigadores disseram que as crianças, com idades entre seis meses e 14

anos, foram vendidas a casais da Europa, América e Ásia e por preços que variavam entre 12.000 a 23.000 dólares. Todas as crianças foram levadas para fora do país. A polícia de Bengala do Leste prendeu no fim-de-semana o responsável do

centro Bimala Sishu Griha, Chandana Chakraborty, e a sua assistente, Sonlai Mondal, depois de ter recebido informações da agência federal de adopção. “Nos últimos dois ou três anos, os responsáveis do centro venderam pelo menos 17 crianças”, disse um polícia

à agência de notícias francesa AFP sob condição de anonimato. “Vamos tentar entrar em contacto com os casais e esperamos mais detenções nos próximos dias”, referiu a mesma fonte. Um casal francês teria pagado 1,5 milhões de rupias

(23.000 dólares) por uma criança em 2015, de acordo com a mesma fonte. Os investigadores disseram que estavam a monitorar a instituição desde Junho, quando as autoridades encontraram discrepâncias nos registos, sendo que todas as

crianças de uma das casas da instituição foram realocadas. A Índia tem cerca de 30 milhões de órfãos, mas as regras que regem as adopções internacionais são estritas e as adopções domésticas são relativamente raras.


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