DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
TERÇA-FEIRA 22 DE MARÇO DE 2016 • ANO XV • Nº 3537 PUB
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
hojemacau
COLOANE
Nada na manga? PÁGINA 6
AL COMBATE À ENTRADA ILÍCITA DE DINHEIRO INTENSIFICA-SE
www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau
Bens te quero
O diploma que visa congelar os meios financeiros dirigidos ao financiamento do terrorismo foi já aprovado na generalidade. O Governo anuncia ainda estar
a rever a lei sobre os limites de dinheiro declarado nas fronteiras. Em vésperas de Macau voltar a ser avaliado por instâncias internacionais o cerco ao ilícito aperta-se.
PÁGINA 4
ANGELO R. LACUESTA
“CÉU” DA TERRA ENTREVISTA
JOGO
A hora das slots PÁGINA 8
h
Cervejas e modas PEDRO LYSTMANN
Cravos para Mao YAO FENG
LIXO
Portas para a selecção PÁGINA 9
ARTE
Suíços no Armazém EVENTOS
BRASIL
OPINIÃO
GRANDE PLANO
TÂNIA DOS SANTOS
A COISA AQUI TÁ PRETA
Factos no masculino
2 GRANDE PLANO
Quatro brasileiros a morar em Macau olham para a crise política do seu país com um misto de vergonha e pessimismo. A nomeação de Lula da Silva para a Casa Civil numa altura em que este é investigado no âmbito do processo de corrupção Lava Jato traz, garantem, uma imagem negativa num ano que o Brasil recebe os Jogos Olímpicos
BRASIL COMUNIDADE CRITICA NOMEAÇÃO DE LULA DA SILVA PARA CASA CIVIL
“O PAIS ESTA HISTERICO” ´
´
´
S
ÉRGIO Moro investiga o caso Lava Jato. Lula da Silva, antigo presidente do Brasil, é um dos nomes envolvidos num dos maiores casos de corrupção e branqueamento de capitais do país. Sérgio Moro autoriza a divulgação de escutas entre Dilma Rousseff, actual presidente do país, e Lula. Os brasileiros passam então a saber que Lula se vai candidatar à presidência em 2018 e que Dilma tenciona nomeá-lo ministro da Casa Civil, o que lhe dará imunidade nas investigações. A nomeação é travada. Este é o novelo político que o Brasil tem enfrentado nos últimos dias. Em Brasília, capital do país, milhares de manifestantes têm mostrado o seu desagrado ou apoio face à nomeação de Lula por Dilma. Em Macau, quatro brasileiros olham para a crise política do país com um misto de vergonha e indignação, mas sobretudo sem grande esperança em que haja alternativas, caso a destituição (impeachment) do Governo de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), vá para a frente. “Ele foi nomeado para fugir ao processo, é tudo uma farsa e chega a ser ridículo”, disse ao HM Jane Martins, presidente da Casa do Brasil em Macau. “Sinto vergonha do que estão fazendo, mas não deixo de ser brasileira nem de gostar do meu país”. Jane Martins nunca gostou de Lula da Silva, nem do PT, e quer o impeachment, apesar deste passo “depender muito da população. “Temos de lutar para tirar a Dilma do poder e acabar com esse partido, porque depois teremos mais quatro anos e um vai substituindo o outro”.
3 hoje macau terça-feira 22.3.2016 www.hojemacau.com.mo
“Sinto vergonha do que estão fazendo, mas não deixo de ser brasileira nem de gostar do meu país” JANE MARTINS PRESIDENTE DA CASA DO BRASIL EM MACAU
“Se o Lula é ou não corrupto, isso faz pouca diferença neste momento, porque a minha grande preocupação é que o Brasil está-se tornando num país cheio de fundamentalismos e as pessoas já não conseguem mais ter opiniões diversas” ROBERVAL TEIXEIRA DA SILVA PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
“As razões que me fizeram sair do Brasil são as mesmas que hoje, e afastam qualquer possibilidade de eu regressar: a corrupção, a falta de alternativa no panorama político e a constante instabilidade social e política” VANESSA AMARO PROFESSORA UNIVERSITÁRIA
“Estamos sem uma luz ao fundo do túnel. Não apenas com o PT, mas em todos os outros partidos, há uma grande corrupção” NATASHA FELLINI DOCENTE
Roberval Teixeira da Silva, professor universitário, não aponta o dedo. Não diz se Lula da Silva é ou não corrupto, mas prefere alertar para a mudança que está a acontecer em termos de opinião pública. “Essa foi uma escolha política errada que provocou muita histeria. O Brasil está histérico e isso faz com que as pessoas não pensem mais. Se o Lula é ou não corrupto, isso faz pouca diferença neste momento, porque a minha grande preocupação é que o Brasil está-se tornando num país cheio de fundamentalismos e as pessoas já não conseguem mais ter opiniões diversas. Quando tem uma opinião fica logo associado a uma tendência ou etiqueta. As pessoas já não conseguem mais dialogar, e não me lembro de crescer num ambiente desses.”
PRISÃO EM LISBOA NO ÂMBITO DO LAVA JATO
O
DAS AFRONTAS
Vanessa Amaro deixou São Paulo há uma década e meia e anos depois continua a não querer voltar. O episódio da nomeação de Lula da Silva é mais um dos factores que a faz querer ficar no estrangeiro. “As razões que me fizeram sair do Brasil são as mesmas que hoje, e afastam qualquer possibilidade de eu regressar: a corrupção, a falta de alternativa no panorama político e a constante instabilidade social e política. Considero a nomeação lamentável e entendo-a como uma afronta, já que foi tomada quando já havia uma forte tensão política e quando já eram conhecidas as suspeitas de corrupção sobre este governo. Portanto, a nomeação de Lula da Silva para o cargo de ministro da Casa Civil não deixa de levantar suspeição, e esta não é apenas uma crise política, mas sim uma crise da moral e da dignidade do país”, contou a professora universitária ao HM. Para Vanessa Amaro, os protestos que ocorreram mostram uma “maior consciência política, uma maior vontade de mudança, e uma posição de que as pessoas estão finalmente atentas no que se passa no poder”. Também Jane Martins fala do “amadurecimento” da sociedade. “O povo amadurece com estas crises, houve manifestações políticas, não houve violência nem intervenção militar, e esse é um amadurecimento.” Mas esperanças num melhor futuro político são poucas. “Se a deposição de Dilma for aprovada, haverá uma mudança óbvia, que inicialmente irá resgatar o país da deriva em que anda neste momento. Mas há melhores alternativas? Há partido naquele Brasil que consiga controlar o barco sem pôr todos a lucrarem?”, questionou Vanessa Amaro.
Também Roberval da Silva Teixeira não tem esperança noutros partidos políticos, caso o impeachment aconteça. “Vamos imaginar que a Dilma é derrubada. O que se coloca nesse lugar? Não tenho nenhuma visão ou escolha que me traria um pouco de esperança. É uma visão negra e escura que estou tendo agora. A única coisa boa que aconteceu foi no sábado, um movimento chamado democrático que foi à rua para mostrar que há outras pessoas pensando coisas diferentes.” “Acho que o Brasil tem estado numa crise há bastante tempo, e não sei qual a solução, porque em relação aos outros partidos, estamos sem uma luz ao fundo do túnel. Não apenas com o PT, mas em todos os outros partidos, há uma grande corrupção”, defendeu Natasha Fellini, docente, que reside em Macau desde os 17 anos. Uma sondagem publicada na Folha de São Paulo no último domingo revela que 68% dos entrevistados estão a favor do impeachment, número que tem vindo a aumentar desde Fevereiro.
UMA PIADA
No ano em que o Brasil se prepara para receber os Jogos Olímpicos, e dada a sua forte presença no seio dos BRICS, qual o impacto que esta crise política interna poderá ter?
“Neste momento a imagem do Brasil é uma piada, o mundo inteiro vê o Brasil como uma grande piada”, apontou Jane Martins. “Essa histeria vai criar uma imagem negativa do Brasil, e estamos com as olimpíadas quase chegando, vai haver uma imagem muito controversa”, disse Roberval Teixeira da Silva. Há, contudo, diferenças face a anteriores crises, defende o docente. “Nos anos 90 tivemos uma crise que expulsou montes de gente do Brasil. Depois o país começou a entrar numa situação mais estável e as pessoas começaram a não sair. Não sei se vai acontecer a mesma coisa, porque, de uma certa forma, as pessoas embora estejam histéricas, têm um espaço de reflexão maior e mais canais de informação. Acho que percebem que com essa crise tem uma grande mudança”, rematou. Radicados em Macau há dezenas de anos, regressar ao seu país é uma hipótese cada vez mais distante. “Tenho família lá mas não faço tenção de voltar tão cedo. Se houver uma crise muito grave trago a minha filha de volta, mas a minha família não está sendo afectada”, disse Jane Martins. “Em Macau há 15 anos e cada vez mais, com todos esses acontecimentos, fazem com que tenha cada vez menos a ideia de voltar para o país”, considerou Natasha Fellini. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
Ministério Público Federal brasileiro informou que o luso-brasileiro Raul Schmidt Felipe Junior, detido ontem em Portugal no âmbito da Operação Lava Jato, estava foragido desde Julho de 2015. Segundo um comunicado da mesma fonte, citada pela imprensa brasileira, a ordem de prisão foi expedida em Julho e o seu nome foi incluído no alerta de difusão da Interpol em Outubro. O cumprimento das medidas foi feito pela Polícia Judiciária portuguesa e pelo Ministério Público português, sendo que o Ministério Público Federal e da Polícia Federal acompanharam as diligências. “Raul Schmidt é brasileiro e também possui naturalidade portuguesa. O investigado vivia em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, e mudou-se para Portugal após o início da operação Lava Jato, em virtude da dupla nacionalidade”, informou o Ministério Público Federal. O Brasil dará agora início ao processo de extradição. De acordo com a Procuradoria brasileira, Raul Schmidt Felipe Junior é investigado pelo pagamento de subornos aos ex-directores da estatal petrolífera Renato de Souza Duque (Serviços), Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada (ambos da área Internacional). Os três estão presos no Brasil pela participação no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa instalado na Petrobrás. Raul Schmidt foi sócio do ex-director da Área Internacional da Petrobrás Jorge Zelada, condenado no mês passado a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção e branqueamento de capitais no âmbito da Operação Lava Jato. A Operação Lava Jato começou em Março de 2014 e é considerada uma das maiores investigações a actos de corrupção e branqueamento de capitais no Brasil. LUSA
4 POLÍTICA
hoje macau terça-feira 22.3.2016
CONGELAMENTO DE BENS APROVADO. VALORES A DECLARAR VÃO SER REVISTOS
Fronteiras mais apertadas
F
OI ontem aprovado, na generalidade, o Regime de Execução de Congelamento de Bens, que pretende dar poder ao Executivo para congelar meios financeiros que tenham como fim financiar o terrorismo ou armas de destruição maciça. A proposta tinha avançado com carácter urgente e foi aprovada por unanimidade pelos deputados da Assembleia Legislativa, no dia em que o Governo anunciou estar a rever os limites de dinheiro que tem de ser declarado nas fronteiras. O diploma surge no âmbito de resoluções adoptadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para o combate ao terrorismo e da proliferação de armas de destruição maciça, sendo que este ano Macau volta a ser avaliado pelas autoridades internacionais face à implementação de medidas para travar estas situações. O território ainda não tem uma forma eficaz de congelar os bens que possam ser utilizados para estes fins, como admitiu o Governo – autor da proposta de lei – na nota justificativa que acompanhou a entrada da lei no hemiciclo. E como foi também já referido em 2007 pela Asia Pacific Group e pelo Group Of International Finance Centre Supervisions.
NOVOS LIMITES
Ontem, o Executivo admitiu ainda a possibilidade de vir a rever os limites para a declaração de bens em numerário, como o dinheiro que entra e sai todos os dias da RAEM através das fronteiras. “Temos um grupo interdepartamental que assume o trabalho face a entradas e saídas de dinheiro e que desenvolveu um grande volume de trabalho, inclusive a necessidade de revisão da lei”, começou por dizer Debora Ng, directora do Gabinete de Informação Financeira (GIF), que frisou “não ser conveniente” revelar qual o montante definido para efeitos de fiscalização na entrada e saída de dinheiro em numerário. “Os Serviços de Alfândega têm um montante definido para efeitos de fiscalização e junto dos
GCS
Ainda falta analisar na especialidade e a entrada em vigor, mas Macau deu ontem o primeiro passo na aprovação de uma lei que permite o congelamento de bens que financiem o terrorismo. O Governo disse ainda que vai rever a lei sobre a declaração de entrada de dinheiro nas fronteiras
postos fronteiriços foram melhoradas as medidas para proceder a essa fiscalização. Agora, sobre a declaração de numerário, isso tem a ver com a revisão das leis e estamos, neste momento, a proceder aos respectivos trabalhos. Esperamos avançar em breve com o projecto de lei.” Já em 2013, Francis Tam, na altura Secretário para a Economia e Finanças, tinha falado nesta necessidade. Questionada pelo deputado José Pereira Coutinho sobre o facto de não existirem dados estatísticos sobre os valores das transacções, nem que identifiquem as pessoas que trazem dinheiro para Macau, a responsável do Governo
disse que “em casos de suspeitas, são informados os serviços competentes para acompanhamento”. Debora Ng assegurou ainda que existe uma base de dados que permite ao Executivo investigar eventuais casos de branqueamento de capitais.
POR DETECTAR
Pereira Coutinho, o único deputado que usou da palavra, notou ainda que não há equipamentos nas fronteiras que detectem “objectos”, como ouro ou diamantes, envolvidos em eventuais transacções. A responsável da GIF lembrou que foram criados, recentemente, canais de declaração de
“Sobre a declaração de numerário, isso tem a ver com a revisão das leis e estamos, neste momento, a proceder aos respectivos trabalhos. Esperamos avançar em breve com o projecto de lei” DEBORA NG DIRECTORA DO GABINETE DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA
bens e outros para quem não tem nada a declarar, sendo que estes “vão ser implementados em breve nos postos fronteiriços”. Quando entrar em vigor, a lei, que segue agora para análise na especialidade, vai permitir que Macau passe a poder impedir qualquer movimento, alteração ou transferência de bens a quem quer que esteja em Macau ou seja residente da RAEM, bem como as transferências feitas para, de ou através de Macau e que se suspeite poderem servir para financiar terrorismo. É ao Chefe do Executivo que cabe a decisão de congelar os bens, sendo este, contudo, ajudado por um grupo – a Comissão Coordenadora do Regime de Congelamento – que é, no entanto, escolhida por si. O sujeito lesado tem também direitos consagrados nesta proposta de lei, que passam, por exemplo, pelo direito à interposição de recurso da decisão de congelamento dos bens. Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
Lazer no mar
Governo vai lançar estudo sobre área oceânica ainda este ano
O
Governo vai iniciar este ano um estudo para investigar o ambiente marítimo e a área oceânica, a fim de aproveitar a gestão das águas marítimas para promover o turismo. A notícia foi avançada pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), em resposta a uma interpelação escrita do deputado Zhen Anting, que questionou se o Governo sobre um planeamento para a gestão das novas águas sob jurisdição da RAEM. Cheng Wai Tong, director substituto da DST, afirmou que, para aproveitar de forma eficaz os novos 85 quilómetros quadrados, o Governo vai iniciar um estudo cujo conteúdo tem a ver com uma investigação básica ao ambiente marítimo e um planeamento da área oceânica. “O Governo está a preparar os trabalhos da fase inicial e pode iniciar o estudo este ano”, avançou o responsável. Como a DST está a elaborar um “Planeamento Geral do Desenvolvimento do Sector de Turismo de Macau”, Cheng Wai Tong referiu que a equipa vai também analisar e estudar a gestão das águas marítimas para desenvolver produtos turísticos relacionados com o turismo marítimo. Cheng acrescentou que, actualmente, a DST está a estudar a criação de rotas de cruzeiros marítimos de lazer entre a península de Macau e as ilhas. Flora Fong
flora.fong@hojemacau.com.mo
AL APROVA CONTAS E ORÇAMENTO SUPLEMENTAR
Os deputados aprovaram ontem por unanimidade a Conta de Gerência da Assembleia Legislativa do ano de 2015, que dá conta de um orçamento de 166,7 milhões de patacas. No mesmo plenário, foi ainda aprovado um orçamento suplementar para funcionamento do hemiciclo – o primeiro -, no valor de 5,2 milhões de patacas, referente a saldos que transferiram do ano passado para este.
5 hoje macau terça-feira 22.3.2016
Estudos (demasiado) prolongados Pensões ilegais Deputados pressionam Governo sobre revisão da lei
A
Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública, da Assembleia Legislativa (AL), voltou a pressionar o Executivo quanto à necessidade de rever a lei sobre prestação ilegal de alojamento. Segundo o deputado Chan Meng Kam, que preside à Comissão, não há ainda nenhuma conclusão sobre a criminalização desse acto, mas a situação tem vindo a piorar. “Em finais de 2014 os representantes do Governo concordaram que existe a necessidade de rever a lei e durante este período a situação das pensões ilegais piorou bastante”, explicou. Esta não é a primeira vez que Chan Meng Kam diz que a situação está cada vez menos controlada e dados fornecidos na reunião de ontem dão conta da realização de 356 operações a pensões, sendo que 1118 foram alvo de fiscalização. Um total de 153 pensões foram seladas por um período de seis meses. As pensões ilegais concentram-se sobretudo nas zonas dos NAPE e da ZAPE, ou perto do Terminal Marítimo de Macau.
GCS
Deputados e Executivo voltaram a reunir ontem para analisar a revisão da lei sobre prestação ilegal de alojamento. Não há ainda decisão sobre a criminalização do acto, sendo que o Governo diz que ainda vai pensar na transferência de poderes da DST para a PSP. Mas a Comissão de deputados alerta que o problema piorou nos últimos anos
POLÍTICA
A ideia que o Governo tem vindo a debater nos últimos anos prende-se com a transferência dos poderes para aplicar a lei dos técnicos dos Serviços de Turismo (DST) para os agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP). “Os representantes do Governo afirmaram que vão tentar pensar na transferência de competências
para a aplicação da lei. A Comissão considera que a mudança do órgão de execução da lei é algo que tem de ser feito, porque sabemos que as pensões ilegais estão ligadas a crimes cometidos por máfias, tráfico de droga e prostituição e alojamento de pessoas com excesso de permanência”, explicou Chan Meng Kam, que também já tinha referido esta ideia anteriormente. Do lado do Governo, foi dito que as “medidas administrativas surtiram efeito”, tal como o corte do fornecimento de água e luz. Contudo, em dois anos, apenas 10% das pensões sancionadas pagaram a multa. “O Governo ainda vai realizar estudos sobre a matéria, mas não sabemos se, quando esse problema for criminalizado, os efeitos serão bons ou não. Sabemos que durante a execução da lei os responsáveis deparam-se com problemas”, disse o deputado, referindo-se aos técnicos da DST.
verno para acelerar os processos relativos à construção de hotéis e pensões de baixo custo. Actualmente há 27 projectos em curso de duas estrelas, os quais irão disponibilizar cerca de 700 quartos. “A Comissão está atenta à questão das pensões económicas e espera que a DST e os Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) acelerem o processo de apreciação dos pedidos para a construção de pensões económicas. Algumas pessoas dizem que quando querem abrir uma pensão económica demora quase sete anos a ter uma licença ou a ver o projecto construído. Se não houver pensões económicas as pessoas vão ter uma má imagem de Macau como destino turístico, porque não disponibilizamos alojamento a diferentes preços”, rematou Chan Meng Kam. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
SIM AOS HOTÉIS BARATOS
Chan Meng Kam garantiu ainda que foi feito um pedido ao Go-
PUB HM • 1ª VEZ • 22-3-16
HM • 1ª VEZ • 22-3-16
公告ANÚNCIO
ANÚNCIO
簡易執行裁判案 第 PC1-14-0620-COP-A 號 輕微民事案件法庭 Execução Sumária de Sentença n.º Juízo de Pequenas Causas Cíveis
Exequente: COMISSÃO DE GESTÃO DOS CONDOMINOS DOS EDIFÍCIO LEI CHEONG, com sede na Rua Ribeira do Patane n.º 117 a 121, Edifício Lei Cheong, Macau. Executado: CHAN FONG MAN, residente em Macau, na Rua da Ribeira do Patane n.º 117 a 121, Edifício Lei Cheong, 5 andar E, Macau. * Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto dos bens penhorados sobre que tenham garantia real e que são os seguintes: Bens penhorados I Dinheiro Saldo da conta no “Banco Industrial e Comercial da China (Macau), S.A.”: MOP37.563,65 (Trinta e Sete Mil, Quinhentas e Sessenta e Três Patacas e Sessenta e Cinco Avos), que se encontra depositado actualmente no “Banco Nacional Ultramarino, S.A.”, à ordem dos presentes autos. R.A.E.M., aos 11 de Março de 2016. *
Execução Por Custas CV3-13-0018-CEO-A
3º Juízo Cível
- EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO.------------------------ EXECUTADOS: WEI JIANXIN, LIU YANQIU e WEI LIU, com últimas residências conhecidas na Rua de Seng Tou, 146, Edifício Fa Seng-Lei Wai, r/c e Rua de Évora 278 a 366, Flower City Edifício Lei Mau, 28 AD, na Taipa, Macau, ora ausentes em parte incerta.---------------------------------------*** FAZ-SE SABER QUE, por este Juízo, correm éditos de TRINTA DIAS, contados da segunda e última publicação do anúncio, notificando os executados acima identificados, para no prazo de DEZ DIAS, decorrido que seja os dos éditos, deduzirem embargos de executado ou oposição às penhoras efectuadas em conta bancária, bem como requerer a substituição dos bens penhorados por outros de valor suficiente, nos termos do art. 820º do CPC, pelos fundamentos constantes da petição inicial que se encontra á disposição dos citandos neste Juízo.------------------------------------------------ A intervenção dos citanda nos autos implica a constituição de advogado – artº 74.º do Código Processo Civil de Macau.---------------------------------------------------------------RAEM, 09 de Março de 2016
Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo
www.hojemacau.com.mo
6 hoje macau terça-feira 22.3.2016
O Governo continua a ser acusado de não ser transparente na partilha de informações com o público, nomeadamente em situações como a da construção de um prédio no Alto de Coloane
AL GOVERNO CRITICADO POR ESCONDER INFORMAÇÕES
Truques na manga TIAGO ALCÂNTARA
POLÍTICA
O
S deputados do hemiciclo aproveitaram o plenário de ontem na Assembleia Legislativa para tecerem críticas ao Executivo, que acusam de tomar decisões às escondidas da população. O projecto do Alto de Coloane foi um dos exemplos mais apontados pelos deputados, com Chan Meng Kam a dizer mesmo que não entende por que razão o interesse público está a ser menos respeitado do que a privacidade da empresa. Também Si Ka Lon se atirou ao Governo. “Um dos pressupostos da boa governação é a transparência e simetria da informação. Além de saber o que a população pensa, talvez o mais importante seja o Governo deixar os residentes saberem o que os responsáveis fazem, onde estão a gastar o erá-
SEMPRE O MESMO CE
rio público e quais os respectivos resultados. Mesmo em relação às políticas menos bem-sucedidas ou suspensas, a população deve ser informada das causas, se se deve à
DEPUTADOS DESAFIAM CHUI SAI ON
N
g Kuok Cheong pediu ao Chefe do Executivo que entregue ao Conselho do Planeamento Urbanístico o projecto pensado para o Alto de Coloane, que pertence ao empresário Sio Tak Hong. O deputado relembra que Chui Sai On tem essa competência, que “não pode passar ao Secretário para as Obras Públicas”, e diz que só assim se pode perceber qual a opinião dos especialistas sobre esta construção, que deverá tapar algumas das montanhas de Coloane. A deputada Ella Lei questionou o Governo sobre se este considera que “os critérios adoptados na apreciação do projecto e os respectivos procedimentos são legais e razoáveis” e quer saber “porque é que o local em causa passa de zona com planeamento para zona sem limite a nível de altura”. A deputada diz que existem muitas dúvidas e pede para o Governo divulgar mais informações ao público, caracterizando ainda o Executivo como “inerte” face à protecção dos recursos ecológicos.
S
ONG Pek Kei lamentou ontem o que diz serem falta de critérios uniformes para proteger o património local com “valor histórico”. Falando a propósito da decidida demolição do antigo Hotel Estoril, a número dois de Chan Meng Kam no hemiciclo comparou a situação deste espaço com a da construção do Centro das Doenças Infecto-Contagiosas ao lado do São Januário. Song Pek kei, eleita por sufrágio directo, realçou o “valor histórico” com “características próprias” do edifício do antigo hotel, que o Governo quer “reconstruir”, para
“O Quartel foi classificado como monumento. Em 2014, o Governo divulgou poucas informações sobre as obras da primeira fase de ampliação e a população suspeitava que estivessem a ser feitas em segredo, resultando em conflitos. As obras da segunda fase geraram ainda mais conflitos, tendo um arquitecto português criticado o Governo por ser o primeiro a destruir monumentos.” Chan Meng Kam diz entender que “para desenvolver a cidade, há sempre demolições e construções de prédios”, mas diz não perceber, por exemplo, “porque é que não pode ser divulgado” o conteúdo do relatório do impacto ambiental do projecto no Alto de Coloane, que vai tapar as montanhas. “Afinal, entre a alegada privacidade, o interesse público e o direito à informação, o que é mais importante?”, indagou.
omissão de alguém ou a dificuldades reais”, começa por defender o número três de Chan Meng Kam. “Alguns incidentes nos últimos meses revelaram a insuficiência do Governo neste âmbito.” O deputado dá como exemplo o caso Pearl Horizon para dizer que o discurso do Governo passou de “caso merecedor de estudo e tratamento especial”, a “é necessário esperar pelo desfecho do processo judicial” e “nada mudou na decisão de proteger os promitentes-compradores”, sem nunca ter, contudo, tornado públicos os planos e medidas para a resolução do problema. Si Ka Lon refere-se, depois, ao projecto no Alto de Coloane para exemplificar situações em que o Governo passa a bola de organismo para organismo.
“Afinal, entre a alegada privacidade, o interesse público e o direito à informação, o que é mais importante?” CHAN MENG KAM Também Chan Meng Kam aproveitou o período de antes da ordem do dia para se debruçar sobre o mesmo assunto, referindo – além dos mesmos projectos – situações como a demolição do Quartel de S. Francisco.
Uns assim, outros assado aconteceu com o Hotel Estoril, o Governo siga “as regras da Lei da Salvaguarda do Património Cultural” e inicie “atempadamente o processo de avaliação do património”. E “para evitar que a avaliação apenas seja feita pelos serviços públicos”, defendeu que seja envolvida “uma terceira parte fiável”. A deputada relembrou que a construção do Centro de Doenças
Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
HOTEL ESTORIL PEDIDO MUSEU
Deputada diz haver duplicidade de critérios face a património
instalar no mesmo espaço um complexo de actividades de lazer e culturais para jovens. “Sugiro que o Governo aplique um critério uniforme e científico para avaliar o património cultural, divulgue mais informações e eleve a transparência da tomada de decisão, para o público perceber melhor”. A deputada pediu ainda que, em caso de “controvérsia social”, como
Chan Meng Kam relembra ainda que as LAG “de quase todos os anos” realçam a necessidade de elevar a transparência nas acções governativas e apela ao Governo que isto passe de apenas “promessas verbais”. O mesmo diz Si Ka Lon. “O próprio Chefe do Executivo, no início do mês, referiu que pretende aumentar a transparência da informação, permitindo maior participação da comunidade, o que demonstra que as autoridades estão conscientes dos seus problemas, só que até agora não houve nenhum avanço.” A falta de informações não é a única preocupação do número três de Chan Meng Kam no hemiciclo, que faz também menção aos diversos estudos – e “verbas avultadas” neles gastas. “Os resultados desses estudos devem também ser divulgados. Há serviços com gastos elevados em estudos ao longo dos anos e os respectivos relatórios não foram divulgados.”
levará à demolição de dois edifícios - por o Governo ter invocado “interesse público de relevância” e sem ter sido feita qualquer avaliação patrimonial - e referiu ainda o caso do Instituto Salesiano de Macau, em que o Governo decidiu que é preciso conservar a fachada, para apontar a duplicidade de critérios que considera haver. LUSA/HM
O
deputado Lau Veng Seng pediu ao Governo que o Executivo mantenha “as peculiaridades arquitectónicas” do Hotel Estoril, uma vez que vai demolir o edifício. O deputado, que falava ontem no plenário da AL, sugeriu ainda que se reserve “uma zona no novo complexo para servir de museu e de arquivo histórico”, que possa mostrar ao público a história do desenvolvimento do Hotel Estoril e da Freguesia de São Lázaro.
7 SOCIEDADE
hoje macau terça-feira 22.3.2016
HOSPITAL DA TAIPA QUASE DEZ MILHÕES PARA ESTACAS
RENOVADA COMISSÃO DE MAGISTRADO NO MP
Parte da construção de parte do Hospital da Taipa, oficialmente designado por Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, vai finalmente ter início com a adjudicação ao Laboratório de Engenharia Civil de Macau da empreitada das fundações por estacas do Edifício do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico. Os serviços vão custar 9,7 milhões de patacas.
O Chefe do Executivo, Chui Sai On, renovou a comissão do magistrado português António José de Sousa Ferreira Vidigal no Ministério Público, por um período de mais dois anos. O despacho foi publicado ontem em Boletim Oficial.
Edifício de Doenças MEIA CENTENA DE ASSOCIAÇÕES APOIAM GOVERNO
“Está tudo bem”
O novo Centro de Doenças Infecto-Contagiosas continua a causar divergências e ontem não foi excepção: enquanto cinquenta associações emitiram um anúncio onde apoiam a construção do prédio, os deputados continuam a dizer que não percebem algumas decisões
U
M conjunto de 51 associações de medicina, médicos, enfermeiros, terapeutas e farmacêuticos declarou-se a favor à construção do novo Centro de Doenças Infecto-Contagiosas, junto ao Centro Hospitalar Conde de São Januário. Deputados continuam, contudo, a contestar a decisão de alteração da altura máxima permitida. Numa declaração emitida no Jornal Ou Mun, as associações - incluindo a Associação Luso-Chinesa dos Enfermeiros de Macau, a Associação dos Médicos Hospitalares de Macau, Associação dos Mestres da Medicina Tradicional Chinesa de Macau e Associação dos Farmacêuticos de Macau - apontam que a construção do edifício é “inadiável” porque diferentes espécies desse tipo de doenças são de alta transmissão em todo o mundo e Macau “não pode sempre escapar por sorte”.
As associações defendem que a escolha da localização do edifício junto ao São Januário “é cientifica e razoável” e apelam que o Governo inicie a construção de imediato “para proteger a saúde da população e dos profissionais de saúde”.
ALTURAS QUE INCOMODAM
Por outro lado, os deputado Au Kam San, Chan Meng Kam e Ella Lei falaram no hemiciclo sobre a construção do novo edifício, nomeadamente face à altura permitida na zona, numa área de património.
O projecto tem sido ajustado devido precisamente a este problema: a conclusão dos trabalhos de design do edifício foi prevista para 2008, mas por causa da altura ultrapassar a cota altimétrica de protecção do Património Mundial, o plano acabou revisto. Contudo, os deputados mostram-se surpreendidos. “Segundo a planta de alinhamento de 2010, a cota altimétrica máxima permitida era de 52,5 metros. Porque é que o Instituto Cultural (IC) autorizou
estendê-la para 61,1 metros? A sua actuação suscitou dúvidas entre a população e é inevitável que as pessoas digam que ‘os governantes têm duas bocas’”, disse Chan Meng Kam. O deputado foi apoiado pelo colega Au Kam San, que referiu também, numa interpelação escrita, a mesma dúvida. “Suspeito que a altura do edifício violará o despacho que fixa as cotas altimétricas máximas. O edifício terá 44,2 metros e 61,1 metros acima do nível do mar, mas um despacho do Chefe do Executivo fixa que as cotas altimétricas máximas permitidas para a construção de edifícios nas zonas de imediações do Farol da Guia, são de 52,2 metros acima do nível do mar.” O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, garantiu ontem que a lei está a ser cumprida no projecto de construção e diz que a altura será de 44,2 metros. “Mas, uma vez que está a ser construída numa zona mais alta, vai atingir uma altitude de 61,1 metros. De certeza que vai ser mais baixo do que o hospital actual. Expliquei muito bem isso. Tudo está de acordo com as regras, com os regulamentos”, afirmou o Secretário. Flora Fong (com Joana Freitas) flora.fong@hojemacau.com.mo
Mensagens erróneas Engano da TDM leva alunos a pensar que aulas foram canceladas
U
MA confusão ontem entre mensagens da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e da TDM deram origem a que muitos alunos faltassem às aulas. A DSEJ assegura que não disse que as aulas estavam canceladas, mas uma notícia dada por engano no canal chinês da TDM dava conta que os estudantes das escolas primárias, secundárias e do ensino especial não precisavam de ir às aulas. A TDM já pediu desculpa no telejornal de ontem, mas a Associação Novo Macau enviou um comunicado onde critica o caso e pede até o despedimento do responsável da TDM. Devido à chuva intensa ontem de manhã, o canal chinês da TDM deu a notícia citando a DSEJ, sendo que vários pais – que não visitaram o site da DSEJ – foram enganados com a mensagem. Algumas escolas mandaram também alertas aos pais sobre o cancelamento. Trinta minutos depois de ter sido dada a notícia, o canal chinês declarou que esta será apenas um “ensaio”. Numa conferência de imprensa ontem à tarde, Leong Lai, directora da DSEJ, apresentou desculpas, mas sublinhou que o organismo não teve nenhuma culpa no caso, uma vez que este era um ensaio que acontece anualmente e que os órgãos envolvidos foram avisados disso mesmo. Segundo a DSEJ, foi enviado um alerta a 11 de Março que indicava que iria haver este ensaio. T.C.
PUB
EDITAL Edital nº : 4/E-OI/2016 Processo nº :403/OI/2014/F Assunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às disposições do Regulamento Geral da Construção Urbana (RGCU) Local :Rua de Xiamen n.º 18-G, Edf. Nam Fong (Bloco 2), fracção 6.º andar J (CRP: J6), Macau. Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados os proprietários da fracção 6.º andar J (CRP: J6) do edifício em epígrafe, KUOK SENG CHI e NG TAN TAN, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizou-se a obra não autorizada abaixo indicada, a qual infringiu o disposto no n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (RGCU) de 21 de Agosto, alterado pela Lei n.º 6/99/M de 17 de Dezembro e pelo Regulamento Administrativo n.º 24/2009 de 3 de Agosto, pelo que a mesma é considerada ilegal: Obra 1.1 Demolição de uma parte da parede exterior do edifício junto à varanda da fracção. 2. Nestas circunstâncias e nos termos dos artigos 52.º e 65.º do RGCU, ordena aos infractores que procedam à demolição da obra ilegal referida no ponto 1, e à reposição da parte afectada do edifício de acordo com o projecto aprovado por esta Direcção de Serviços, e informa que incorrem em infracção sancionável com multa de $1 000,00 a $20 000,00 patacas. 3. Nos termos dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os interessados podem apresentar a sua defesa por escrito e as demais provas para se pronunciar sobre as questões que constituem objecto do procedimento, bem como requerer diligências complementares, no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. 4. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 16 de Março de 2016 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man
COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS Aviso Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2015 nos termos do disposto na alínea c) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 31 de Março solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Wong, través do nº 85995343 ou 85995344 caso não recebam a mencionada notificação.
Direcção dos Serviços de Finanças, aos 15 de Março de 2016. O Presidente do Júri, Iong Kong Leong
8 SOCIEDADE
hoje macau terça-feira 22.3.2016
DOCA DOS PESCADORES VAI TER POSTO DE MIGRAÇÃO
A Doca dos Pescadores, de David Chow, vai ter um posto de migração. O anúncio é feito através de despacho publicado ontem em Boletim Oficial e assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo. O posto, que fica na Marina da Doca dos Pescadores, é apenas para “embarcações de recreio que entrem ou saiam da RAEM”, sendo que opera apenas “quando necessário”. A autorização para tal entra em vigor a 1 de Abril. Chui Sai On pode, de acordo com a lei, fixar por ordem executiva a natureza e os termos da instalação e funcionamento de novos postos de migração.
Sem hora marcada
Contribuições FSS promete relatório para este ano
A Jogo FAOM SUGERE PROMOÇÃO DO MERCADO DE SLOT-MACHINES
Toca a virar agulhas O número não é limitado pelo Governo e sofrem menos impacto quando há queda nas receitas. As slot-machines são, para a FAOM e para o proprietário da primeira sala VIP de máquinas, o futuro para o desenvolvimento do Jogo
A
Federação dasAssociações dos Operatórios de Macau (FAOM) sugeriu ontem ao Governo que Macau se foque no desenvolvimento e produção de slot-machines. O dono da primeira sala VIP em Macau que conta apenas com estas máquinas mostrou-se positivo face à ideia, que diz ser possível. Leong Sun Iok, Chefe do Departamento de Formação Profissional da FAOM, disse ao Jornal Ou Mun que, se o Governo quer desenvolver a diversificação económica, não pode ignorar o desenvolvimento do sector de jogo noutros âmbitos que não apenas as mesas. As slot-machines são o futuro, diz, e trazem menos impactos negativos. Por isso mesmo, Leong sugere que as operadoras invistam mais nestas máquinas, ainda que, diz, seja necessário permitir uma participação dos locais na sua fabricação.
MAIOR RESISTÊNCIA
O responsável relembra que os impostos do Jogo provêm de três
grandes áreas, que são o Baccarat das salas de VIP - que ocupa 55% - o Baccarat na zona de massas - com 33% - e as slot-machines, responsáveis por 5,1%. Mas, números relacionados com a queda dos impostos no último ano mostram que a percentagem de queda para as slot-machines foi mais pequena quando comparada com os outros – as máquinas fizeram menos 18%, enquanto os outros desceram 35% e 39%, respectivamente. “Isso testemunha que as máquinas sofreram menos impacto”,
diz Leong Sun Iok, que sugere que seja dada formação profissional aos residentes para fabricarem estas máquinas. E relembra: o aumento das mesas de jogo é controlado, “mas não há limite para o aumento das máquinas”. Zhang Zheng, o dono da primeira sala VIP só de slot-machines, operada pelo Grupo JJJ, concorda com a perspectiva e diz mesmo que espera que mais duas salas VIP deste tipo venham a ser criadas este ano. Tomás Chio
info@hojemacau.com.mo
A percentagem de queda para as slot-machines foi mais pequena quando comparada com os outros [Baccarat das salas de VIP e Baccarat na zona de massas] – as máquinas fizeram menos 18%, enquanto os outros desceram 35% e 39% respectivamente
PÓS anos de discussão no Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), representantes de patrões, empregados e Governo continuam a não se entender quanto ao aumento das contribuições para o Fundo de Segurança Social (FSS). À margem da primeira reunião do ano do CPCS, Iong Kong Io, presidente do FSS, apenas prometeu a entrega de um relatório com novos dados ao Governo este ano. “Para a contribuição de 90 patacas a sociedade já tem um consenso e, embora ainda haja opiniões diferentes em relação à proporção das contribuições, vamos continuar a fazer os trabalhos de negociação para atingir um consenso”, disse Iong Kong Io aos jornalistas. “Quanto ao montante de contribuição a diferença não é grande e não é fácil atingir um consenso, mas o Governo tem de tomar uma decisão e temos de ponderar vários factores. Temos de fazer recolha de mais dados estatísticos. Esperamos que possamos
encontrar um ponto de equilíbrio entre as partes. Este ano vamos continuar a envidar esforços e a ter em conta o desenvolvimento económico de Macau”, apontou. Iong Kong Io revelou ainda que os aumentos previstos nos subsídios e pensões para idosos e invalidez deverão representar mais 55 milhões de patacas. Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), nada adiantou sobre esta matéria. Para este ano o CPCS propõe-se continuar a discutir sobre a implementação do Regime de Trabalho a Tempo Parcial e as alterações a levar a cabo na Lei das Relações de Trabalho e na Lei de Contratação dos Trabalhadores Não-Residentes. O CPCS vai também continuar a analisar a implementação do salário mínimo para todos os trabalhadores e levar a cabo a discussão sobre o subsídio de alojamento dos TNR, entre outros diplomas. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
COTAI LANÇA DESCONTOS PARA VIAGEM ATÉ AEROPORTO
A
Cotai Water Jet anunciou ontem descontos para os portadores de bilhete de identidade de Macau, que passam agora a contar com um desconto de 30 patacas sobre as tarifas da Cotai no trajecto para o aeroporto e que também se aplicam aos passageiros de primeira classe. Os portadores de cartão de identidade de Macau podem ainda contar com um desconto de 20% nas restantes tarifas, enquanto parte do programa promocional “Macau Loves Locals”, mas apenas até 31 de Março. Para os adeptos do Facebook, entra ainda em vigor uma campanha com tempo limitado, de 22 a 28 de Março, em que o desconto está à distância de um clique na nova aplicação e introdução do endereço de email, para viagens
de um trajecto a serem efectuadas de 31 de Março a 30 de Abril. Por outro lado a companhia diz que também vai melhorar o serviço de check-in, para os passageiros que saem do Porto Exterior de Macau para o Aeroporto Internacional de Hong Kong e que têm voo na Cathay Pacific Airways, Dragonair ou Hong Kong Airlines, de forma a que a bagagem não seja preocupação a partir do momento de entrada no barco.
9 hoje macau terça-feira 22.3.2016
SOCIEDADE
CENTRO DE TRIAGEM DE RESÍDUOS NO FINAL DESTE ANO OU INÍCIO DE 2017
Lixo seleccionado
O novo centro de triagem para lixo da construção pode abrir portas ainda este ano, ou no início de 2017 e os materiais que forem seleccionados podem fazer chão nos novos aterros de Macau
O
novo centro de resíduos que vai ser construído pela Nam Yue deverá estar pronto no final deste ano ou início do próximo. É a previsão da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) que diz, numa resposta ao HM, que parte do material de construção considerado lixo vai ser utilizado nos novos aterros. “A DSPA iniciará, a curto prazo, na zona do aterro existente para resíduos de materiais de [obras], a construção da primeira fase das instalações de selecção”, começa por indicar o organismo, que afirma que estas instalações vão ter capacidade para tratamento de duas mil toneladas de resíduos diariamente. “Prevê-se que a construção dessas instalações [na Avenida do Aeroporto] esteja concluída no final de 2016 ou no início de 2017.” Em Dezembro do ano passado foi tornado público que a Nam Yue vai receber cerca de 362 milhões de patacas para desenhar e construir um espaço dedicado aos resíduos. Num despacho publicado em Boletim Oficial, o Governo dava conta que foi adjudicada à Agência Comercial e Industrial Nam Yue a execução de empreitada de concepção e construção desta, que é a “primeira fase da linha de produção da instalação de triagem de resíduos da construção de Macau”. Já tinha sido anunciado pelo Executivo que o volume destes resíduos aumentou significativamente e, em 2014, a então subdirectora da DSPA, Vong Man Hung, admitiu que o aterro para resíduos de materiais de construção da Avenida do Aeroporto tinha atingido o ponto de saturação. Nessa altura, a responsável disse também que as obras de construção das
instalações de triagem iriam arrancar em 2015, o que não aconteceu.
PERSPECTIVA DE MELHORAS
Na resposta ao HM, a DSPA assegura que este é “um dos projectos importantes do Governo”, para que seja realizado o tratamento dos materiais inertes resultantes da demolição e construção “através da cooperação regional”. A cooperação com Guangdong já acontece, mas com este novo local o Governo poderá melhorar a situação. “Os materiais inertes resultantes da demolição e construção devidamente seleccionados necessitam ser inspeccionados em primeiro lugar em Macau e [é preciso] confirmar a satisfação dos padrões de qualidade relativos à reutilização dos materiais. Tendo em consideração a calendarização dos novos aterros, prevê-se a reutilização de uma parte destes materiais nos aterros de Macau, sendo os restantes transportados para aterro em algumas áreas do interior da China.”
OUTROS DIPLOMAS
“Prevê-se que a construção dessas instalações [na Avenida do Aeroporto] esteja concluída no final de 2016 ou no início de 2017” RESPOSTA DA DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Além do centro de triagem, a situação dos resíduos de construção merece, neste momento, uma consulta pública levada a cabo pela DSPA, que prepara também um regime legal onde se propõe que o depósito de resíduos de materiais de construção nos aterros deixe de ser gratuito. De acordo com a DSPA, após a consulta pública vai fazer-se “a elaboração da proposta final, bem como o acompanhamento dos trabalhos de legislação posteriores, por forma a aperfeiçoar a gestão e as medidas de supervisão em relação aos resíduos de materiais de construção”. O organismo não adianta qualquer data para a elaboração deste diploma. Joana Freitas
Joana.freitas@hojemacau.com.mo
MAIS DE CEM MILHÕES PARA EMBALAGEM DE CINZAS
O Consórcio CCSC vai receber mais de cem milhões de patacas para a prestação de serviços de embalamento de cinzas volantes solidificadas, que saem da Central de Incineração de Resíduos Sólidos. Um anúncio ontem publicado em Boletim Oficial dá conta que as empresas vão ser pagas até 2019, num total de 101,8 milhões de patacas. A concessionário, que integra a empresa local Sinogal e a Sino Environmental Waste Services e opera a Central de Inceneração, costuma ver-lhe adjudicado este serviço, mas o valor aumentou de forma elevada face à última concessão, feita no ano passado e que abrangia também este ano, e que era de apenas 4,8 milhões de patacas.
TAXA DE INFLAÇÃO ATINGIU 4,36%
A taxa de inflação atingiu os 4,36% nos 12 meses terminados em Fevereiro em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu 4,36%, impulsionado sobretudo pelos aumentos nos preços de bebidas alcoólicas e tabaco (+23,77%) e habitação e combustíveis (+6,76%). Nos primeiros dois meses do ano, o IPC geral médio cresceu 3,85%, em termos anuais, enquanto só no mês de Fevereiro cresceu 3,88%. Em termos mensais, face a Janeiro, o índice registou uma subida de 0,96%. O IPC geral permite conhecer a influência da variação de preços na generalidade das famílias.
CENTROS DE SAÚDE GOVERNO NÃO QUER FUNCIONAMENTO 24H
Os centros de saúde não vão funcionar 24 horas. A hipótese chegou a ser avançada pouco tempo depois de o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, tomar posse, mas “a actual situação não justifica” uma alteração no funcionamento destas unidades, avança a Rádio Macau. “Os cidadãos podem conseguir consultas de uma forma mais fácil. Antigamente era só até, talvez, às 17h30. Mas, hoje em dia, no hospital, é até às 22h00 ou 23h00. Dos sete centros de saúde, quatro já estão a trabalhar até às 22h00 e três até às 20h00. Para já, mantemos este nível [de resposta]”, explicou Alexis Tam, à margem da reabertura do posto de saúde de Coloane. O Secretário diz, contudo, que o plano continua a ser objecto de estudo por parte do Governo.
10 ENTREVISTA
ANGELO R. LACUESTA ESCRITOR
O escritor que começou por ser poeta revela uma predisposição para o conto e diz-se incapaz de escrever sobre o amor quando diariamente as pessoas do seu país enfrentam dificuldades económicas. Angelo R. Lacuesta esteve em Macau a convite do Festival literário Rota das Letras, naquela que foi a primeira vez que se falou da literatura filipina. Lacuesta diz estar muito ligado à política do seu país, esperando mudanças na luta contra a pobreza e corrupção
“A história dos filipinos está cheia de drama”
Esta é a primeira vez que este Festival Literário aborda a literatura filipina. Como se sente a participar neste evento? Sinto-me muito sortudo por estar aqui, por ser o primeiro escritor a representar a literatura filipina. Vim com a minha mulher, que é poetisa (Mookie Katigbak-Lacuesta). É um festival impressionante, sempre ouvi falar de Macau como uma cidade de turismo, mas nunca pensei que pudesse ser uma cidade de encontro de literatura. Nas Filipinas também somos oriundos de várias culturas, americana e espanhola, e então existem algumas semelhanças com Macau. Aqui não existe apenas a cultura portuguesa mas há uma ligação com outras culturas asiáticas e é isso que considero ser especial e único.
Disse uma vez numa entrevista: “Sempre tive uma preferência por contos”. Que histórias pode transmitir num conto que não o pode fazer num romance? Adoro contos. Na verdade comecei como poeta, mas penso que os contos conseguem transmitir melhor as nossas histórias. Penso que é a melhor forma de contar a nossa própria história. O conto, comparando com o romance, é mais relevante, pode ler-se em menos de uma hora, carrega momentos enigmáticos e mistério. Um romance pode fazer muitas outras coisas, mas há algo de especial no conto. Como foi passar da poesia para o conto? Isto porque são géneros diferentes, mas podem ser semelhantes ao mesmo tempo.
“O conto, comparando com o romance, é mais relevante, pode ler-se em menos de uma hora, carrega momentos enigmáticos e mistério. Um romance pode fazer muitas outras coisas, mas há algo de especial no conto”
Sim. O que mais gosto no conto é que pode conter uma ideia poética, uma imagem. Contudo, a transição da escrita de poemas para os contos é muito difícil. Há muita dor envolvida. Sempre que tentei escrever um poema, acabei por escrever um conto, porque um poema não pode conter o drama de uma situação específica naquele momento. A história dos filipinos, por exemplo. Está cheia de drama, de realidade. É algo que a poesia não consegue expressar. Falando dos problemas económicos e sociais do seu país. É importante expressá-los na escrita? Absolutamente. É sempre dever de um artista reflectir sobre a sociedade onde está inserido e penso que posso falar sobre os problemas que a nossa sociedade enfrenta actualmente.
11 hoje macau terça-feira 22.3.2016
EDUARDO MARTINS
“É sempre dever de um artista reflectir sobre a sociedade onde está inserido. (...) Não posso escrever sobre amor quando estas histórias dramáticas estão a acontecer à frente dos meus olhos. Torna-se quase uma missão escrever sobre isso” toda a gente consiga ler e compreender. Para mim o mais efectivo na literatura é o sentimento. Quando escrevo, faço-o em Inglês, mas quando escrevo um guião para um filme, faço-o em Tagalog, para que todos o possam compreender e ver. E essa é a missão da literatura, para que todos percebam e criem as suas próprias batalhas contra as injustiças e desigualdade social. Se fizermos uma história para os pobres, para os filipinos que trabalham muito e não têm tempo para ler livros, nem dinheiro para os comprar... não vou dizer que escrevo por eles, mas escrevo para eles e é uma honra ser lido por eles.
Muitas pessoas não podem falar por elas próprias, não têm capacidade de escrever por elas próprias. Temos uma enorme diferença entre ricos e pobres e os pobres não conseguem expressar-se. Então conseguimos compreendê-los melhor quando escrevemos sobre eles. E expomos as falhas da nossa sociedade. Não posso escrever sobre amor quando estas histórias dramáticas estão a acontecer à frente dos meus olhos. Torna-se quase uma missão escrever sobre isso. Essa diferença entre ricos e pobres faz com que muitos filipinos não tenham acesso à educação. Como é a relação da sociedade com a literatura? Um último sucesso da literatura a nível nacional deve ser algo que
“O facto de sermos religiosos faz com que muitas vezes não saibamos quebrar com os problemas da nossa sociedade. Se sofrermos, estamos a fazer bem, vamos para o céu. Eu prefiro dizer: “não vou sofrer mais, prefiro viver no céu aqui”
Como descreve o mercado literário nas Filipinas? Necessita de ser desenvolvido, de ter mais escritores? Absolutamente. A literatura está sempre em constrangimento consigo própria e com a sociedade desde sempre, especialmente num país como as Filipinas e numa sociedade como a nossa. Há um constrangimento para as pessoas que querem apenas escrever. Eu tenho um trabalho, tenho uma agência de publicidade, não consigo ser apenas escritor. Tenho de o fazer, apesar de me dar liberdade para escrever. É um paradoxo, porque se me tornar apenas escritor, fico pobre e perco essa liberdade. Vivemos num mundo digital, se pusermos fotografias no Facebook, as pessoas pensam que ganho dinheiro só por ir a festivais literários e não apreciam tanto a nossa escrita. Mas os meios digitais, e os filmes, são muito importantes, tal como a música. São canais para a literatura. As Filipinas são um dos países mais perigosos para os jornalistas. A censura é ainda algo visível? Tenho o maior respeito pelos jornalistas, que têm tido um trabalho mais difícil. Há muitos jornalistas assassinados nas Filipinas, mas isso é devido à política local. Não é uma questão de censura, quase não temos censura no nosso país. Está tudo relacionado com o crime ? É o crime, se alguém disser algo errado quase que existe a liberdade para matar essa pessoa. Esse é um
grande problema porque o resto da sociedade parece não se preocupar, não são jornalistas, e há esse constrangimento na nossa sociedade para deitar a verdade cá para fora e ir contra a corrupção, conspirações, os políticos locais. Mas a luta deve continuar e, por cada morte, pode ser que a sociedade comece a despertar para esse problema. As próximas eleições presidenciais poderão mudar algo? Sim e não. Começo por dizer que estou muito ligado à política. Não irá mudar nada, porque, em primeiro lugar, o que precisamos de alterar é a estrutura da sociedade, a diferença entre ricos e pobres, a nossa ideia de capitalismo. E talvez a ideia que as pessoas ainda têm em relação à corrupção. Sim. Para mim a ditadura é uma forma de corrupção, mas com o capitalismo é muito fácil ser-se corrupto. O nosso sistema político está preso à ideia de que é preciso ser-se rico para se ser presidente do país. Tivemos uma ditadura durante 30 anos, que abafou os media, torturou jornalistas e pessoas comuns. Hoje podemos dizer o que queremos no Facebook e fazemos queixas e temos a certeza de que os militares não vão bater à nossa porta. Não, o sistema político não vai mudar e ainda há o problema dos muitos ricos que estão a ganhar mais dinheiro e dos pobres que estão cada vez mais pobres. Mas penso que graças às redes sociais, à literatura e ao cinema, as pessoas estão a ficar mais conscientes dessa diferença social e de como podem mudar as coisas. A questão é os filipinos que estão a viver fora do país, como aqui e em Hong Kong: eles são uma das chaves para a mudança. Penso que as coisas vão melhorar. Também sou muito paciente. Levou aos países europeus 300 anos para terem uma democracia absoluta, então nós podemos esperar mais cem anos. Falando das comunidades filipinas em Macau e Hong Kong, há muitos casos de violação de direitos humanos. O Governo filipino deveria fazer algo em relação a estes casos? Sim. Acredito que o sucesso para a nossa sociedade e economia seria o facto de toda a gente poder ter um emprego e não ter que sofrer. Não é uma questão de sofrerem com os seus patrões, para ser honesto, conheço muitas pessoas que trabalham no estrangeiro e que são muito bem tratadas. E todos sabemos que se regressarem ao seu país vão fazer menos dinheiro e essa é outra forma de abuso. É responsabilidade do Governo filipino garantir que todos os trabalhadores no exterior vivem e trabalham em boas condições. O facto das pessoas terem de sair para trabalhar é um sinal de fraqueza da nossa sociedade, mas isso também acontece a uma escala global.
ENTREVISTA
Disse-me que não escreve sobre o amor, que escreve sobre questões do seu país. Qual o conto da sua autoria que melhor descreve as Filipinas? As minhas histórias mais afectivas são sobre os filipinos que estão no estrangeiro. E não são apenas sobre empregadas domésticas, são também sobre os filipinos que vivem na América, por exemplo. Temos uma relação muito difícil com a América, um país que nos ocupou, e o mundo sabe disso. Tenho uma história sobre um filipino que vai para a América, participar numa conferência, e procura uma pintura que quer muito ver, de Edward Hopper. Uma pintura muito americana, sobre a solidão. Então todas as noites esse filipino pensa em ir ver a pintura, até que um dia apanha um autocarro. Mas não percebe que a pintura não é o que ele quer ver. Isso diz muito sobre nós: sabemos onde queremos ir mas nunca sabemos o que queremos fazer.
“Não, o sistema político não vai mudar e ainda há o problema dos muitos ricos que estão a ganhar mais dinheiro e dos pobres que estão cada vez mais pobres” Os filipinos têm uma relação muito forte com a religião. Porquê? Cresci num ambiente católico, mas não me considero um católico praticante. Mas é algo raro. Enquanto escritores de repente tornamo-nos humanistas, mais existencialistas. Os filipinos esperam sempre que algo aconteça, depois da ditadura de [Ferdinando] Marcos e, neste momento, quando atravessamos uma difícil situação social. A riqueza nas Filipinas está numa fase de progresso, mas para muitos continua a ser difícil apanhar um autocarro para o trabalho, leva duas horas. Então é fácil ligarmo-nos a Deus. Mas o facto de sermos religiosos faz com que muitas vezes não saibamos quebrar com os problemas da nossa sociedade. Se sofrermos, estamos a fazer bem, vamos para o céu. Eu prefiro dizer: “não vou sofrer mais, prefiro viver no céu aqui”. Se as pessoas são religiosas, não há problema, mas deviam começar a compreender-se melhor. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
12 CHINA
hoje macau terça-feira 22.3.2016
PEQUIM E JACARTA ENFRENTAM-SE EM INCIDENTE PESQUEIRO
Águas agitadas
No sábado a Indonésia acusou a China de violar as suas águas territoriais depois de guardas costeiros chineses entrarem numa zona que Jacarta considera sua. Ontem, um emissário chinês apelou à Indonésia para que liberte os oito tripulantes do barco de pesca detido no confronto. O imbróglio passou-se junto às ilhas Natuna, numa zona disputada por vários países da região
A
PUB
ministra dos Negócios Estrangeiros indonésia, Retno Marsudi, apresentou uma reclamação junto do embaixador chinês, que convocou após o incidente, ocorrido no sábado nas ilhas Natuna, um arquipélago indonésio situado a norte da ilha de Bornéu. Segundo o Governo indonésio, os guardas costeiros chineses entraram na zona para irem buscar um barco chinês que tinha sido detido por uma patrulha indonésia quando pescava nas águas do arquipélago, considerado uma zona económica especial por Jacarta. “Expressamos o nosso mais firme protesto contra a violação, por parte de guardas costeiros chineses, dos direitos soberanos e da jurisdição da Indonésia”, disse Marsudi, após pedir explicações ao embaixador chinês, segundo o portal Detik. Segundo Jacarta, as autoridades indonésias terão sido travadas por navios da guarda costeira chinesa quando tentavam confiscar um barco de pesca chinês que “operava ilegalmente” próximo às ilhas Natunas, no Mar do Sul da China.
“TRADICIONALMENTE CHINESA”
Sun Weide, encarregado dos Negócios Estrangeiros da China em Jacarta, insistiu que o incidente ocorreu “numa zona piscatória tradicionalmente chinesa” mas Jacarta rejeita a reivindicação chinesa de quase todo o Mar do Sul da China, por incluir a zona económica exclusiva em volta das Natunas. Oito membros da embarcação de pesca foram detidos antes da guarda costeira chinesa intervir, revelou Sun,
apelando à sua libertação, após ter sido convocado pelo ministro das Pescas indonésio, Susi Pudjiastuti. O ministro dos Negócios Estrangeiros indonésio Retno Marsudi, que também convocou o emissário chinês - o embaixador encontra-se em Pequim - acusou os navios da guarda costeira chinesa de terem entrado em águas da Indonésia durante a detenção. “Houve uma violação por parte da guarda costeira da China dos direitos soberanos e jurisdição da Indonésia na zona económica exclusiva e na plataforma continental”, afirmou aos jornalistas. Retno apelou ainda a uma explicação por parte de Pequim sobre o incidente.
VICE-PRIMEIRO-MINISTRO OPTIMISTA QUANTO À ECONOMIA
A
economia chinesa está no caminho certo neste primeiro trimestre do ano e os principais indicadores económicos mostram sinais de melhora, disse no sábado o vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, conforme anuncia o Diário do Povo Online. Zhang disse que os indicadores, como o consumo de energia, emprego, investimento em activos fixos e receitas do governo foram positivos. “Se pudermos superar as dificuldades deste ano, as perspectivas serão mais brilhantes no próximo ano,” disse Zhang na cerimónia de abertura do Fórum de Desenvolvimento da China 2016, em Pequim. O fórum anual é uma plataforma de alto nível para oficiais chineses, líderes de organizações internacionais e a elite empresarial chinesa e internacional debaterem
as principais questões envolvendo a economia da China e do mundo. O vice-primeiro-ministro afirmou ainda que o governo vai tomar medidas para fortalecer a economia, oferecendo mais incentivos para as principais empresas nacionais pilares da economia do país. Zhang acrescentou que Pequim vai prevenir riscos financeiros e sistémicos. “O governo vai acelerar a reforma do sistema de regulamentação financeira para evitar o contágio nos mercados de acções, moeda, títulos e propriedade, ” disse Zhang. A troca de dívida dos governos locais também será promovida para resolver os riscos regionais e lidar com os problemas no mercado financeiro em concordância com a lei e os princípios orientadores do mercado, afirmou ainda o responsável governamental.
TEMPERATURA A SUBIR
A tensão no Mar do Sul da China tem aumentado nos últimos anos devido a conflitos e troca de acusações entre os vários governos que reclamam soberania na zona e que têm vindo a aumentar ali a sua presença militar. Em 2014, a Indonésia lançou uma dura campanha contra a pesca ilegal, que envolve afundar navios estrangeiros que pesquem sem permissão nas suas águas, após confiscar a embarcação e deter os tripulantes. Pequim insiste que tem direitos de soberania sobre a quase totalidade do Mar do Sul da China, uma via marítima estratégica pela qual passa um terço do petróleo negociado internacionalmente. Nos últimos meses, o “gigante” asiático tem construído ilhas artificias, aptas a receber instalações militares, em arquipélagos disputados, total ou parcialmente, pela China, Filipinas, Malásia, Taiwan, Vietname e Brunei.
DOIS CHINESES CONDENADOS A 30 ANOS DE PRISÃO POR TRÁFICO DE MARFIM
Um tribunal na Tanzânia sentenciou dois cidadãos chineses a 30 anos de prisão por caça e comércio ilegal de marfim. Segundo a imprensa do país, Xu Fujie, 31, e Huang Jin, 51, também receberam uma multa de cerca de 20 milhões de dólares. Os dois chineses foram condenados pela posse ilegal de mais de 700 dentes de elefantes. De acordo com o jornal, os seus advogados deverão entrar com um recurso. A sentença foi considerada uma das mais severas já aplicadas envolvendo o contrabando de marfim no país africano. A condenação ocorre apenas alguns meses após uma mulher chinesa também ter sido acusada pela Tanzânia de contrabandear marfim. Yang Fenglan, apelidada de “rainha do marfim”, é acusada de traficar dentes de elefante no valor de milhões de dólares. Yang ainda aguarda julgamento.
13 hoje macau terça-feira 22.3.2016
Ciberamigos
país para “criar um mundo melhor no ciberespaço”, revelou a agência.
Zuckerberg reúne-se com chefe de propaganda do PCC
O
fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, reuniu-se este fim de semana com o responsável pela propaganda do Partido Comunista Chinês (PCC), Liu Yunshan, salientando a sua aproximação a um dos raros países que bloqueia aquela rede social. O encontro ocorreu em Pequim, um dia após Zuckerberg ter gerado controvérsia ao publicar uma fotografia sua a correr junto à icónica praça de Tiananmen, apesar do alto nível de poluição que atingia a capital chinesa. Liu Yunshan é um dos sete membros do Comité Permanente do Politburo do PCC, a cúpula do poder na China. Segundo a agência oficial Xinhua, o dirigente chinês enalteceu a tecnologia “avançada” do Facebook e apelou à cooperação entre aquela rede social e as suas congéneres chinesas. Zuckerberg, que é casado com uma chinesa com nacionalidade norte-americana, destacou o progresso da China na área da internet e afirmou que trabalharia com o PUB
EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto
:36/E-BC/2016 :402/BC/2014/F :Início do procedimento de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) :Rua de Xiamen n.º 18-G, Edf. Nam Fong (Bloco 2), fracção 6.º andar J (CRP: J6), Macau.
Local
Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados os proprietários da fracção 6.º andar J (CRP: J6) do edifício em epígrafe, KUOK SENG CHI e NG TAN TAN, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização efectuada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima identificado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Obra
1.4
Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício junto à janela da fracção. (5 gaiolas no total) Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção. Fechamento do vão de janela da fracção com parede em alvenaria de tijolo. Fechamento da varanda da fracção com janela de vidro.
1.5
Instalação de portão metálico no corredor comum.
1.1 1.2 1.3
Infracção ao RSCI e motivo da demolição Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício. Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício. Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício. Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício. Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.
2.
Sendo os corredores comuns do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. Além disso as janelas e varandas são consideradas acessos em caso de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruídos com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.), de acordo com o disposto no n.º 12 do artigo 8.º. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e pontos de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.
3.
Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas, e nos termos do n.º 7 do mesmo artigo, a infracção ao disposto no n.º 12 do artigo 8.º, é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício.
4.
Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI.
5.
O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227).
RAEM, 16 de Março de 2016
CHINA
Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man
SONHOS CHINESES
Zuckerberg não oculta o seu desejo de alargar aquela rede social à China e algo que já demonstrou em várias ocasiões com ‘operações de charme’, como o discurso que proferiu em mandarim, no ano passado, numa prestigiada universidade chinesa. Durante a visita do Presidente chinês Xi Jinping aos EUA, em Setembro passado, deixou-se fotografar no seu escritório com o livro oficial do Presidente chinês, “A Governança da China”, pousado na sua secretária. A população ‘online’ da China atingiu os 688 milhões de pessoas em 2015, mas Pequim esforça-se para sufocar a liberdade criada pela internet através do “Grande Firewall da China”. Além do Facebook, aquele mecanismo censura ‘sites’ como o Youtube, Google e Twitter e importantes órgãos de comunicação social estrangeiros. Segunda maior economia do mundo, a seguir aos Estados Unidos da América, a China está, neste aspecto, ao nível da Coreia do Norte e do Irão, dois dos outros raros países cujos governos baniram o Facebook.
COMEÇOU A APANHA DO CHÁ Foi a 18 de Março, na Plantação de Chá de Qinggangling, no Distrito Autónomo da Etnia Tujia de Wufeng, na Província de Hubei que se assinalou o inicio das colheitas do chá deste ano com a realização de uma grande cerimónia a que assistiram milhares de visitantes. Famoso centro de produção de chá na China, Wufeng tem mais de 13 mil hectares de plantações que produzem cerca de 20 mil toneladas de chá por ano, com um valor total de 800 milhões de yuans.
14 hoje macau terça-feira 22.3.2016
TIAGO ALCÂNTARA
EVENTOS
Armazém do Boi FESTIVAL INTERNACIONAL DE ARTES PERFORMATIVAS DE REGRESSO
“Macau na construção de uma herança” é tema de palestra no Instituto Ricci
T
ERÁ lugar no próximo dia 29 de Março, às 18h30, a palestra “A construção de uma herança: cultura, agência local e a cidade” no instituto Ricci de Macau. Presidida por Stephan Rothlin S.J., director do instituto, e proferida por Sheyla Schuvartz Zandonai, investigadora do Departamento de Sociologia da Universidade de Macau e investigadora associada no Laboratoire Architecture Anthropologie (LAA), École Nationale Supérieure d’Architecture de Paris La Villette (França) desde 2014. A oradora é ainda conhecida pelos seus trabalhos na área do estudo das relações entre a transformação urbana e as políticas económicas do jogo e do turismo, bem com da emergência de práticas e discursos do lugar, herança e pertença em Macau. Esta apresentação tem subjacente a economia de Macau, que terá passado de um estado “arrastado” para um crescimento galopante com a entrada do século 21 e da liberalização do jogo. As forças de mercado aliadas à indústria do jogo vão não só aumentar o rendimento e o emprego, como também promover a ascensão do custo de vida e do turismo de massas,
num movimento de transformação tanto espacial como da moldura e dinâmica social, indica a organização.
DORES DE CRESCIMENTO
“Nesta transformação a posição dos moradores de Macau terá passado do entusiasmo inicial para o cepticismo e inquietação, ao mesmo tempo a que se assiste ao seu envolvimento em movimentos de descontentamento e contestação, ou mesmo de oposição ao poder dominante do jogo sobre a economia e sociedade de Macau”, pode ler-se. A palestra incide em como a herança e o património se tornaram um ponto importante enquanto agentes populares rumo à criação de uma outra imagem e experiência de Macau, mais distante do jogo e mais próxima da percepção e entendimento das pessoas acerca da sua cidade. Sob uma perspectiva etnográfica, esta palestra descreve e analisa algumas destas reacções promotoras de uma nova visão e uma nova construção de património por parte dos moradores da RAEM. A palestra será realizada em Inglês e tem entrada livre, sendo que está condicionada à reserva prévia de lugares.
FESTA COM SOTAQUE SUICO
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA
´
´
Cansado do jogo do azar
Vai ter lugar nos próximos dias 26 e 27 de Março mais uma edição do Festival Internacional de Artes Performativas de Macau, no Armazém do Boi, com a apresentação de obras vindas da Suíça
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
CARTAS DE CASANOVA • António Mega Ferreira
AS MULHERES DEVIAM VIR COM LIVRO DE INSTRUÇÕES • Manuel Jorge Marmelo
No verão de 1757, o aventureiro Giacomo Casanova, que se evadira pouco antes da prisão dos Piombi, em Veneza, desembarca em Lisboa. O espectáculo das ruínas provocadas pelo terramoto ultrapassa tudo aquilo que ele podia imaginar. Durante seis semanas, Casanova faz os possíveis por entender os portugueses. Exasperase e diverte-se, seduz e perde ao jogo, e encontra tempo para escrever seis cartas a cinco personagens importantes da sua vida. «Rien ne pourra faire que je ne me sois amusé» é a divisa que o guia. Mesmo em Lisboa. Mesmo depois do Grande Terramoto.
Canalizador, carpinteiro, pedreiro, pintor e mecânico-depequenos-electrodomésticos, Madureira é casado com duas mulheres e tem seis filhos. Na condição de faz-tudo conhece Maria Rosa, uma rapariga humilde que, após uma passagem atribulada pelas páginas policiais dos jornais, circula entre o submundo e a burguesia do Porto do final dos anos 1990. Transforma-se, assim, num espectador privilegiado (e mordaz) dos vícios sociais e do universo feminino, concluindo que as mulheres deviam vir com livro de instruções, mas também que o mundo todo necessitaria de ser deixado longe do alcance das crianças.
15 hoje macau terça-feira 22.3.2016
NYIMA LERAY
O
UM PROJECÇÃO DO FILME “TIMBUKTU”
Amanhã, pelas 18h30 é hora de ver “Timbuktu”, na Universidade de Macau. O premiado filme de Abderrahmane Sissako é uma produção franco-maliana que se desenrola na pequena cidade do Mali e que chega agora a Macau através do ciclo de cinema EUAP-M dentro do Festival Francófono organizado pelo Consulado Geral de França em Hong Kong e Macau. Longe do caos, nas dunas, Kidane leva uma vida tranquila com a mulher, a filha e o pequeno pastor Issan. Ao matar acidentalmente Amadou, o pescador que atacou a sua vaca preferida, Kidane deve enfrentar a lei dos ocupantes determinados em derrotar um Islão aberto e tolerante. Face à humilhação e aos maus tratos perpetuados por esses homens complexos, “Timbuktu” conta o combate silencioso e digno de mulheres e homens, o futuro incerto das crianças e a luta pela vida num momento de ocupação que marcou o fim da música, da alegria, da vida conhecida até então. A projecção conta com legendagem em Inglês e será seguida de uma tertúlia de discussão. A entrada é livre.
CLUBE C&C OS MILHÕES DO DESPORTO
O MIPAF apresenta-se como um dos maiores eventos anuais acolhidos pelo Armazém do Boi, trazendo a Macau artistas de reconhecimento internacional de modo a promover trocas criativas
Armazém do Boi organiza mais uma edição do Festival Internacional de Artes Performativas de Macau (MIPAF), sendo também, mais uma vez, o palco de um conjunto de espectáculos que, este ano, contam com a apresentação do trabalho de uma série de artistas contemporâneos suíços. Estes trazem o Espectro dos Sentidos - “Spectrum of SENSES - Swiss Window in Asia Performance Showcase”, numa colaboração com o Swiss Arts Council e curadoria de Stéphane Noël. Segundo o site da organização, estas encenações representam o cruzamento entre as artes visuais e performativas, em que seis grupos e artistas interpretam trabalhos situados entre a poesia e a política, o movimento e a estaticidade,
percorrendo territórios que, apesar de conhecidos, são ainda espaços inexplorados.
A
Mar de memórias
segunda criação sino-lusa da Amalgama e da Unitygate tem data marcada para os próximos dias 25 e 26 Março pelas 20h00, no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau. “Reflections” é um trabalho conjunto da “reconhecida” coreógrafa portuguesa Alexandra Battaglia e da directora artística local Stella Ho, que irão liderar os bailarinos de Portugal e Macau num caminho de cultura e lembrança. “Ambas têm mostrado um empenho especial no que abrange as trocas culturais entre Portugal e Macau sendo que,
EVENTOS
PLATAFORMA EXPERIMENTAL
Segundo Ann Hoi, co-curadora local deste projecto que falou ao jornal Ponto Final, será objectivo deste espaço “cultivar e reforçar o local como uma plataforma legítima para o intercâmbio de artistas internacionais das artes performativas”. Hoi considera ainda que o Armazém do Boi é o espaço indicado para a apresentação de trabalhos experimentais em coerência com o próprio espaço, uma vez que “é uma forma de arte que se apresenta como o mecanismo perfeito, para catalisar a tensão em torno da independência artística”. As hostes este ano têm entrada livre e abrem sábado, 26 de Março,
às 16h00 com a apresentação de “Vernissage” pela 2B Company. Às 15h00 é a vez de Alexandra Bachzetsis apresentar “Gold” e às 18h00 “Bain brisé” é interpretado por Yann Marussich. Domingo contará com “The Triumph of Fame” por Marie-Caroline Hominal, com apresentações de 15 minutos entre as 12h00 e as 15h30. Às 17h00 é a vez de “THIS IS A GALA”, performance levada a cabo por Martin Schick, sendo que
Unitygate Portugal, Macau e Taiwan unidos numa dança sem barreiras através deste projecto, pretendem representar as mesmas no seu trajecto já longo e assíduo, se bem que também muito diverso”, indica a organização. Na mira de uma terceira perspectiva foi ainda convidada a jovem coreógrafa de Taiwan Peng Hsiao-yin com a sua companhia Dancecology, cuja participação
se insere numa terceira visão da situação actual de Macau, dando ênfase às fronteiras da dança numa mescla de três espaços físicos. Segundo a organização, o espectáculo terá o intuito de “depurar a beleza e a tristeza do destino através da linguagem física numa reinterpretação das emoções e da memória e no ‘abraço’ que se
às 18h00 sobe ao palco “Más Distinguidas” com La Ribot. A edição termina com “Duchesses” por Marie-Caroline Hominal & François Chaignaud às 19h30. O MIPAF apresenta-se como um dos maiores eventos anuais acolhidos pelo Armazém do Boi, trazendo a Macau artistas de reconhecimento internacional de modo a promover trocas criativas. Esta edição conta ainda com o apoio do Instituto Cultural e da Fundação Macau.
estabelece entre os lugares que as preconizam”. Mais ainda, diz a organização, “é também a representação da purificação espiritual através da dança num reconhecimento interno de nós através do reflexo nos outros, inter-relacionados ou não. Esta viagem usa simbolicamente o movimento e o som para convidar todos a entrar pelo mar adentro, mar portador de memórias, o mar que une e separa.” Os bilhetes para o espectáculo já se encontram à venda e custam 120 patacas.
“Desporto – uma indústria de milhões” é o mote para uma palestra que tem lugar ao final de tarde de hoje, às 18h45, no Clube C&C, numa conversa conduzida por Fernando Vinhais Guedes. Segundo o próprio, constará neste espaço a abordagem do desporto enquanto indústria geradora de altos rendimentos, tendo como pilares três dos maiores acontecimentos desportivos mundiais: os Jogos Olímpicos, o campeonato mundial de futebol e a Fórmula 1. Fernando Vinhais Guedes é licenciado pelo Instituto Nacional de Educação Física (INEF) e conta com uma vida profissional intimamente ligada ao Desporto e à dinamização das suas instituições e iniciativas, contando ainda com a autoria em diversas publicações, entre elas a colaboração no livro “Olhares sobre o desporto”. A entrada é livre.
LIVROS RAEM NA LITERATURA INFANTIL
O autor de livros para crianças mais vendido na China, Zheng Yuanjie, disse ao Business Daily que pretende escrever uma história baseada em Macau. O mesmo jornal informa ainda que Zheng pretende escrever uma série de cem contos de fadas localizados em várias partes do mundo. “Macau será o foco do sétimo livro da série”, disse. “Quando terminar de escrever estes livros, acho que as crianças no continente vão pedir aos pais para visitarem Macau, porque vou descrever a cidade como um lugar muito interessante para se estar”, disse ainda Zheng Yuanjie.
h
a revolta do emir
ARTES, LETRAS E IDEIAS
16
Pedro Lystmann
Cervejas III, preços e modas
H
OJE, dia 17 de Março, Dia de Saint Patrick, serve como desculpa para rodear a promessa de não compor mais um aborrecido artigo sobre cerveja. Anda a beber-se menos cerveja. As grandes marcas de bebidas, poderosíssimas, têm nestes últimos anos bombardeado os consumidores com a promoção de bebidas brancas até há bem pouco tempo consideradas proletárias. A recente promoção do gin, do vodka, do rum, da tequila e mesmo do whiskey norte-americano é um grande fenómeno de marketing. Esta poderosa onda publicitária faz esquecer que se trata, basicamente, de destilados simples. A esta tendência inventada pelo grande capital do álcool vem associada a dos craft spirits, bebidas brancas de pequenas marcas, que ilustra uma propensão contemporânea do primeiro mundo de rejeição das grandes marcas em favor de produtos locais e supostamente preparados com mais amor. Note-se que tal não acontece com bebidas mais complexas. Alguns destilados étnicos menos conhecidos, como o soju, a cachaça
ou algumas aqua vitae, passaram igualmente por uma fase de promoção social e lançamento alargado. Esta moda alegre acompanha a do renascimento do cocktail, do clássico ao orgânico ou ao molecular. As bebidas mais sérias, como o whisky, o brandi ou o armagnac, menos permeáveis a modas porque precisam de tempo para crescer, tornaram-se um grande negócio quando os asiáticos começaram, finalmente, a beber a sério. No mundo da cerveja, em que permanece o monopólio das lager pertença de grandes marcas desinteressantes, como a Heineken (marca directamente responsável pelos milhões de litros de cerveja de baixa qualidade que se bebe por todo o mundo, uma tendência relativamente recente e que resulta de um titânico golpe publicitário) ou a Carlsberg, insinuou-se mais ou menos timidamente a tendênca da craft beer que tem vindo a ter uma expressão cada vez mais perigosa em alguns mercados. Nos E.U.A., o maior mercado do mundo de cerveja e o segundo maior a nível do consumo, a craft beer tem uma cota muito grande. Mas o dia do santo irlandês* não consegue esquecer que o consumo de Guinness, uma cerveja irlandesa exemplar e ligada às comemorações do dia do santo, tem, nos E.U.A. e na Grã-Bretanha, decaído significativamente nos últimos 6 anos. Não é apenas esta marca irlandesa. Desde cerca de 2010 que o consumo de cerveja tem vindo a diminuir na Grã-Bretanha, na Irlanda e em vários países da Europa, vítima da competição do vinho e de bebidas brancas simples promovidas a um estatuto respeitável. Não estou a brincar. Há menos procura, a competição por parte de outras bebidas é feroz, o consumidor está mais sofisticado e o acesso a certos mercados é cada vez mais difícil. O mercado norte-americano estagnou, o alemão, francês e o do Reino Unido retraiu-se. Na Ásia, que bebe cerca de 30 a 35% da cerveja de todo o mundo, os números têm também vindo a baixar. GoEuro é um sítio de planeamento de viagens que oferece índices de preços de produtos e serviços que interessam ao turista – transporte em geral, trânsito urbano, alojamento e alimentação.
Exemplo: o índice dos hotéis mostra uma média de preços que inclui alojamento em 150 cidades - de hotéis de 5 estrelas a hostels. Os três lugares mais caros são Nova Iorque, St. Moritz e Macau (mesmo que se note que nesta última cidade o preço dos hotéis de 5 estrelas seja muito mais acessível que em muitas outras). As mais baratas são Sofia, Bulgária, Hammamet, na Tunísia e Tirana, na Albânia. Junta-se um índice minucioso de médias de preços em Airbnb (a Madeira é o segundo lugar mais barato); em estabelecimentos de 5 estrelas (Punta Cana o mais caro); de 1- 4 estrelas (Macau o quarto mais caro depois de N.Y., St. Moritz e Miami) e em hostels (Macau em décimo oitavo entre os mais caros). A parte dedicada aos transportes, comboio, avião e autocarro, é muito interessante. Em Portugal os transportes são mais caros do que em países em que estes são melhores, como a Alemanha, o Canadá, a Suécia, os E.U.A. ou a França. O índice da cerveja, que é o que verdadeiramente nos interessa, incide sobre 75 cidades. Mostra preços médios (1.) em supermercado, (2.) em bares e conclui (3.) com uma média. Acrescenta-se (4.) uma média anual de consumo per capita em litros e (5.) uma média anual de despesa per capita. 1. (em supermercado) Os sítios mais baratos são Sevilha (4.1 mop. Sempre preço médio por garrafa de 33cl. a partir daqui), Belgrado e Manila. Os mais caros são Oslo (27.5mop), Moscovo e Tóquio. 2. (em bar) Mais caro: Hong Kong (86.7 mop), Genebra e Tel Aviv. Mais barato: Bratislava (17.7 mop), Deli e Kiev. Todos a Bratislava este Verão, fica na Eslováquia. 3. (em média) As mais caras vendem-se em Genebra (50.4 mop), Hong Kong (49.2 mop) e Tel Aviv, e as mais baratas em Cracóvia (13.2 mop), Kiev e Bratislava. Outras cidades onde é caro beber cerveja são Oslo, N.Y., Singapura e Miami. 4. (média de litros anuais per capita) Onde se bebe mais é em antigas cida-
des comunistas, Bucareste (133 litros), Praga, Cracóvia e Varsóvia. Se pensarmos que a China e o Vietname mostram consumos muito elevados de cerveja pode estabelecer-se uma relação entre o comunismo e esta bebida. As cidades, entre este grupo de 75, onde o consumo per capita é mais baixo são o Cairo (4 litros), Deli e Abu Dabhi. Em Belgrado, Ho Chi Minh, Berlim, Frankfurt e Toronto também se bebe muito. 5. (média de despesa anual per capita) Onde se gasta mais dinheiro por ano é em Helsínquia (12.300 mop/ano), Sydney e N.Y.. Gasta-se menos no Cairo (199.6 mop/ano), Deli e Bali. Como já aqui foi dito em artigo de 2013, em Macau continua a não haver, com excepção do McSorley’s, que fica dentro de um centro comercial de péssimo gosto, um bar de hotel em que a selecção de cervejas não seja miserável. O único avanço nota-se no aparecimento, em alguns deles, de cerveja branca de marcas de ampla distribuição. Ao invés, abriram vários bares e lojas pela cidade em que a cerveja é a bebida nuclear. Já aqui se falou em alguns deles. Acrescente-se um na Rua da Erva chamado Agora, uma loja sita no Pátio de São Lázaro, junto de umas escadinhas por que se acede ao bairro de São Lázaro, que oferece espaço para sentar e beber, e o muito bem equipado bar Prem1er que fica no centro da Taipa.
* Que se comemorou, pela primeira vez, em Macau, com vários eventos. Na parada alusiva, muito internacional, participaram grupos de diferentes matrizes culturais: um rancho português, uma grupo de jovens asiáticas em jeito de espanholas, um grupo local de dança irlandesa, um de rock e um de street dance, uma associação local de Dança do Dragão e do Leão, um coro e solistas de uma escola internacional e até um grupo de 4 pipers chineses da Polícia de Hong Kong, tudo agraciado pela presença da Lord Mayor de Dublin, Críona Ní Dhálaig. Quem quiser saber mais sobre a Irlanda pode começar por ler o estimulante livro de Bede, A History of the English Church and People, uma obra de referência, escrita no século VIII, que logo no Livro I, Capítulo I, em que se fala da ausência de cobras na ilha da Irlanda (mesmo que Bede não atribua este sinal de pureza à acção do santo, como a lenda que o tornou famoso). Toda a ilha é retratada em termos das suas qualidades paradisíacas, não muito agreste de clima e abundante em leite, mel, vinhas, peixe, pássaros, veados e cabras.
17 hoje macau terça-feira 22.3.2016
Yao Feng
Texto e foto
Acrescentando uma frase de Mao Tse Tung à luz da Revolução dos Cravos “A revolução não é o convite para um jantar, a composição de uma obra literária, a pintura de um quadro ou a confecção de um bordado, ela não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa. A revolução é uma insurreição, é um acto de violência pelo qual uma classe derruba a outra.” No entanto, esta insurreição ou acto de violência nem sempre são obrigatoriamente sangrentos, tal como já aconteceu em Portugal. Será que a revolução também pode disparar cravos em vez de balas?
18 (F)UTILIDADES TEMPO
hoje macau terça-feira 22.3.2016
?
AGUACEIROS
O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje
EXPOSIÇÃO DE PINTURAS DE MONTANHA E ÁGUA DE LIU GUOYU Clube Militar, 18h30 (até 28/03) Entrada livre
MIN
16
MAX
20
HUM
85-99%
•
EURO
8.99
BAHT
PALESTRA SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COM LIONEL LI Universidade de Macau, 17h00 Entrada livre mas com registo EXPOSIÇÃO “O LUGAR ONDE O PATRIMÓNIO BRILHA – FOTOGRAFIAS SOBRE O CENTRO HISTÓRICO”, DE CHAN HIN IO Antigo tribunal, 18h30 Entrada livre
O CARTOON STEPH DE
FESTIVAL INTERNACIONAL DE ARTES PERFORMATIVAS DE MACAU Armazém do Boi, 16h00 Entrada livre “REFLEXOS”, ESPECTÁCULO DE DANÇA UNITYGATE E AMALGAMA Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes a 120 patacas
Domingo
FESTIVAL INTERNACIONAL DE ARTES PERFORMATIVAS DE MACAU Armazém do Boi, 12h00 Entrada livre
Diariamente
EXPOSIÇÃO “COLOUR EXCHANGE” (ATÉ 10/04) Casa Garden EXPOSIÇÃO “MA-BOA, LIS-CAU”, DE CHARLES CHAUDERLOT (ATÉ 19/03) Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau
Cineteatro
C I N E M A
KUNG FU PANDA 3 SALA 1
KUNG FU PANDA 3 [A]
FALADO EM CANTONÊS Filme de: Alessandro Carloni, Jennifer Yuh 14.15, 16.00, 19.30
KUNG FU PANDA 3 [3D][A]
FALADO EM CANTONÊS Filme de: Alessandro Carloni, Jennifer Yuh 17.45
GODS OF EGYPT [B]
Filme de: Alex Proyas Com: Nikolaj Coster-Waldau, Brenton Thwaites, Gerard Butler 21.30 SALA 2
THE DIVERGENT SERIES: ALLEGIANT [B] Filme de: Robert Schwentke Com: Shailene Woodley, Theo James, Jeff Daniels, Naome Watts,
Maggie Q 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 3
THE TAG ALONE [C]
FALADO EM MANDARIM LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Wei-Hao Cheng Com: River Huang, Wei-Ning Hsu 14.15, 18.00, 21.30
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 53
UM LIVRO HOJE
FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 16.00 Filme de: Babak Najafi Com: Gerard Butler, Aaron Eckhart, Morgan Freeman 19.30
Sempre ouvi dizer que estudar é bom, que nos torna melhores e mais inteligentes e todas essas coisas. Estudar ajuda, de facto, nem que seja a exercitar estes neurónios. Enquanto gato, sou sobretudo um ser observador, que reflecte sobre a vida de vez em quando. Serve tudo isto para explicar que, no outro dia, me pus a pensar que Macau é governada por um Executivo que estuda muito. Reflecte muito, talvez demasiado. Mas nem por isso a população vê resultados. Macau é talvez a única excepção no mundo a esse nível. É como um daqueles alunos que leva 20 anos para acabar o curso. Aqui neste pequeno território os governantes estudam muito, anos a fio, para depois, quando são questionados sobre a matéria, dizerem que ainda não chegaram a nenhuma conclusão. Macau parece ainda um desses alunos maus que, sempre que o ano lectivo acaba, mente aos pais a dizer que os professores lhe lixaram a vida e que, afinal, vai ter de andar mais um ano na universidade. O estudo nos corredores do Governo de Macau não compensa. Diria que serve para tapar o sol com a peneira, para adiar eternamente um assunto que não se quer ver resolvido, legislado. Pensem o que quiserem. Levar dez anos a pôr uma obra cá fora, outros tantos a decidir quem é que multa, não dá. Quem de facto estuda com afinco para passar todos os anos com distinção, sabe que as coisas assim não funcionam. Pu Yi
“THE ORPHAN MASTER’S SON” (ADAM JOHNSON, 2012)
Nem todos os livros que ganham o prémio Pullitzer são bons, mas Adam Johnson não brinca em serviço com “The Orphan Master’s Son”. Um livro que nos tenta fazer compreender o peso de um país fechado como a Coreia do Norte e nos faz relembrar, através de pessoas, como é que coisas tão banais podem ser uma revelação. Um livro que nos faz pensar como é voltar para um sítio que consideramos nosso, depois de estarmos num outro que tem tanto para oferecer. Adam Johnson mistura ficção com realidade, uma coisa que o próprio diz ser, no fundo, a nossa vida. Sem muitas descrições possíveis, a leitura é obrigatória para quem gosta de ficar preso a uma história, sem parar de virar páginas. Joana Freitas
ZOOTOPIA [A]
LONDON HAS FALLEN [C]
PROBLEMA 54
SUDOKU
Sábado
1.23
QUANDO O ESTUDO POUCO COMPENSA
Amanhã
“REFLEXOS”, ESPECTÁCULO DE DANÇA UNITYGATE E AMALGAMA Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes a 120 patacas
YUAN
AQUI HÁ GATO
PALESTRA “DESPORTO – UMA INDÚSTRIA DE MILHÕES”, COM FERNANDO VINHAIS GUEDES Clube C&C, 18h45 Entrada livre
Sexta-feira
0.22
www. hojemacau. com.mo
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
19 hoje macau terça-feira 22.3.2016
sexanálise
E
Outros factos
STES não são os segredos do sexo no masculino, esses deixo ao critério de cada um descobri-los a seu tempo. Os factos aqui descritos não são verídicos nem fictícios, mas uma aproximação científico-natural da anatomia masculina. O pénis, os testículos, o escroto, o prepúcio ou a próstata, elementos e respectivos processos dignos de atenção. O mundo para além da erecção e da ejaculação.
(no masculino)
NORMAN JEWISON, THE CINCINNATI KID
TÂNIA DOS SANTOS
SÉMEN
O líquido de cor leitosa e de consistência viscosa expelida aquando de um comum orgasmo masculino, também menos cientificamente denominado como esporra, é de surpreendentes características invisíveis a olhos nu. Segregação rica em mais de 30 substâncias, contém: nitrogénio, frutose, ácido láctico, ácido ascórbico, ácido cítrico, ácido úrico, vitamina B12, entre outros. Uma colher de chá de sémen constitui sensivelmente cinco calorias. Há quem diga ainda que é um anti-depressivo eficaz pelas propriedades estimulantes, e que quando aplicado na pele, pode resultar como um poderoso lifting. Um multifacetado super ‘alimento’, para além da sua aplicação mais usual, fecundar o óvulo com o seu potente jacto de dois a cinco milhões de espermatozóides. Estes campeões em natação são de uma resistência fora do normal, podem viver até sete dias no interior da mulher (cuidado senhoras que não querem engravidar, estes meninos podem esperar que o óvulo apareça para o fecundar) e numa hora são capazes de viajar 18 centímetros. Milhões destes rapazes lutam pela sobrevivência no ambiente hostil ao que o útero se propõe para que somente um possa chegar ao sítio certo na altura certa. Mas o trabalho de deslocação não é todo deles, o jacto ejaculatório da arma sexual pode chegar aos 45 quilómetros por hora, que lhes facilita bastante a vida. Parece absurdo, mas um só homem é capaz de armazenar esperma suficiente para engravidar todas as mulheres em idade fértil do planeta.
EXCITAÇÃO
Um homem excitado, de uma forma muito simples, traduz-se pela concentração de sangue no pénis. Dizem os especialistas que os nossos antepassados teriam tido uma ‘espinha’ para ajudar ao enrijecimento do dito cujo, agora basta um intenso fluxo sanguíneo para pô-lo erecto (por vezes com uma ligeira curva para a esquerda ou para a
direita). São vários os factores que preparam o pénis para a verticalidade, o mais recentemente descoberto, é o cheiro de abóbora. Prevê-se por isso uma explosão de produtos kinky inspirado em... abóboras. Para além do comum chocolate, morangos, piri-piri e ostras, a abóbora poderia tornar-se parte da dieta erótica. Há, contudo, outros sinais de excitação: os mamilos muito adorados como zonas erógenas em mulheres, podem sê-lo também nos homens. Dizem as estatísticas que 60% dos homens ficam erectos, igualmente, nos mamilos.
“São vários os factores que preparam o pénis para a verticalidade, o mais recentemente descoberto, é o cheiro de abóbora. Prevê-se por isso uma explosão de produtos kinky inspirado em... abóboras”
DIVERSIDADE ANATÓMICA
Há uma preocupação especialmente masculina pelo tamanho do seu instrumento. Dizem os estudos que os homens consideram o tamanho como o terceiro factor mais importante de atracção, enquanto que as mulheres o consideram em nono lugar. Por mais que se grite a sete ventos que o tamanho não interessa, o fascínio pelos centímetros é perpetuado pela pornografia com pénis especialmente generosos e a contínua falácia que quanto maior, mais preencherá uma vagina e, por isso, maior satisfação (a prova do contínuo desconhecimento da anatomia feminina). A preocupação pode ser tanta que se torna patológica, o síndrome ‘Koro’ resume-se a um medo desmedido de que o seu órgão sexual está continuamente a enco-
lher e que há-de desaparecer. Um síndrome com maior incidência em países do sudeste asiático, acredita-se que há predisposições em algumas especificidades culturais e respectivas crenças. Um mundo onde o falo continua a ser um símbolo de virilidade e poder, o seu desaparecimento é um atentado à própria existência da hegemonia masculina. Até os eunucos imperiais, mesmo que fisiologicamente desprovidos de um pénis, expunham os seus removidos membros em frascos nas suas prateleiras, para que a sua influência e poder não fosse contestada. Politiquices à parte, não deixa de ser um órgão que oferece felicidade e um pouco mais, para todos os envolvidos.
OPINIÃO
“ CURSO DE GESTÃO DAS ARTES NO IFT
O
Instituto de Formação Turística (IFT) vai, em conjunto com o Instituto Cultural (IC), abrir um programa de Certificação em Gestão de Artes Performativas e Eventos, já a partir do mês de Abril. O programa é desenhado com considerações teóricas e práticas para ir ao encontro da procura no sector do entretenimento que, em nota de imprensa, o IFT considera em rápido crescimento. A parte teórica do programa dará um conhecimento “contextual dos diferentes tipos, estéticas e questões das artes performativas tal como as teorias fundamentais da sua gestão”. O lado prático foca-se na constituição de equipas de estudantes como o necessário know-how e prática na produção e gestão de palcos e desenho de produção. O curso será ministrado por profissionais de Macau, Hong Kong e Singapura e tem uma duração de 189 horas, englobando “Introdução às Artes, Administração em Artes Performativas, Marketing de Artes Performativas, Gestão e Produção de Eventos, Gestão de Palco e Técnicas, Conceitos de Palco e Desenho de Som e Luz”. Com este programa, o IFT garante que os alunos com aproveitamento estarão habilitados a desempenharem um número variado de papéis no contexto das artes, nomeadamente administração, programação, produção e áreas técnicas. As inscrições estão abertas até quinta-feira.
o verde dos bambus mais altos é azul / ou então é o céu que pousa nos seus ramos.”
Eugénio de Andrade
China SUSPENSA LICENÇA DE DISTRIBUIDOR DE CINEMA
A ficção dos números
A
S autoridades chinesas suspenderam a licença do distribuidor de cinema Beijing Max Screen, após terem descoberto que falsificou os números de bilheteira e forjou milhares de exibições do filme de artes marciais Ip Man 3. O filme, que conta no elenco com o ex-campeão mundial de boxe Mike Tyson e o actor Donnie Yen, além de uma reprodução digital do falecido actor Bruce Lee, é o terceiro de uma trilogia dedicada à vida do mestre Wing Chun. Segundo os dados avançados anteriormente, o Ip Man 3 teria arrecadado 500 milhões de yuan
nos primeiros quatro dias após a sua estreia, ultrapassado a película Star Wars: O Despertar da Força. No entanto, o distribuidor terá comprado 56 milhões de yuan de bilhetes e forjado mais de 7.600 exibições, que reivindicou terem gerado 32 milhões de yuan, acusa a Administração Estatal para a Rádio, Filmes e Televisão da China. Aquele organismo ordenou a empresa para que suspendesse as suas actividades de distribuição por um mês, enquanto “rectifica as suas más práticas”, segundo anunciou no seu jornal oficial. A falsificação dos dados “causa sérios distúrbios no mercado
cinematográfico, prejudicando o ambiente para uma competição justa e a credibilidade da indústria de filmes como um todo”, acusou. A empresa listada na bolsa de Hong Kong, Shifang Holding, que tem o mesmo chefe executivo que a Beijing Max Screen, está intitulada de 55% dos benefícios económicos arrecadados pelo filme no continente chinês. No dia em que o Ip Man 3 atingiu o topo da bilheteira, as acções da empresa atingiram o pico dos últimos cinco anos ao se fixaram nos 3,60 Hong Kong dólares, mas desde então têm registado perdas abruptas.
PUB
possibilidade de organização de um Mundial de futebol na China aumentou consideravelmente após a parceria alcançada entre a Wanda e a FIFA, estimou ontem o presidente daquele grupo empresarial chinês. Wang Jialin, um dos homens mais ricos na China, considerou que a decisão do grupo em se tornar o principal patrocinador da FIFA “aumentará as hipóteses da China receber os direitos de organizadora se o governo chinês candidatar-se”. O empresário, que falou à agência noticiosa Xinhua, disse também estimar que, até final
MUST CONFIANÇA DOS TRABALHADORES CAIU 4%
Um inquérito levado a cabo pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) sobre o índice de confiança dos trabalhadores indica que os empregados estão menos confiantes. Foi divulgado ontem o resultado deste inquérito anual, o nono, pelo Instituto para o Desenvolvimento Sustentável desta instituição de ensino superior. O índice de confiança em 2016 é de 3.04 pontos numa escala entre 1 a 5, o que demonstra uma queda de 4% comparado com o ano passado. No entanto, o índice de satisfação é de 3.36 pontos, um aumento de 1.6%. O instituto considera que, mesmo com a mudança da economia de Macau e a queda das receitas de Jogo, os trabalhadores não perdem confiança nas empresas, mas sugere que estas e o Governo melhorem as condições de trabalho, distribuindo, por exemplo, os trabalhos de forma apropriada.
PEQUIM APLAUDE VISITA DE OBAMA A CUBA
GRUPO WANDA PARCERIA COM FIFA AUMENTA HIPÓTESE DE CHINA ORGANIZAR MUNDIAL
A
terça-feira 22.3.2016
do ano, mais três empresas chinesas serão parceiras de topo do organismo que gere o futebol mundial. O presidente chinês, Xi Jinping, também um adepto de futebol, terá interesse em candidatar o país à organização de um Mundial, apesar dos fracos resultados da selecção chinesa, 96.ª do ‘ranking’ da FIFA. O escândalo de corrupção que tem abalado a FIFA – organismo que elegeu recentemente o ítalo-suíço Gianni Infantino para a presidência -, após as suspeições que levaram ao afasta-
mento de Joseph Blatter, terão aberto a porta aos fundos chineses. “Aconteceu apenas porque muitos patrocinadores cancelaram os seus contratos e outros puderam entrar”, explicou Wang Jialin, em relação à oportunidade trazida agora para um investimento chinês. No acordo com a FIFA, o grupo Wanda terá direitos de patrocínio em todos as competições da FIFA e actividades até ao Mundial de 2030, mas os termos financeiros da parceria não foram revelados.
A China aplaudiu ontem a visita do Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, a Cuba, e apelou a Washington para que conclua “o mais brevemente possível” o levantamento do embargo contra aquele país.”Esperamos que as duas partes possam consolidar este ímpeto e, ao mesmo tempo, esperamos que os Estados Unidos acabem completamente com o seu bloqueio a Cuba, o mais breve possível”, afirmou a portavoz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying. “O melhoramento das relações serve os interesses dos dois países, assim como o interesse regional”, acrescentou, negando que a aproximação entre os dois países vá afectar os vínculos do “gigante” asiático com a América Latina. A porta-voz chinesa disse ainda que Pequim e Havana continuarão a consolidar a sua “amizade” e que a sua relação não será afectada por terceiros. Obama iniciou este domingo uma histórica visita oficial a Cuba, a primeira de um Presidente norte-americano à ilha em quase nove décadas.