Hoje Macau 22 MAR 2016 #3778

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

QUARTA-FEIRA 22 DE MARÇO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3778

MOP$10

hojemacau TAXAS DE VEÍCULOS DEBATE CHUMBADO NA AL

SOMBRA NO SÓNAR EVENTOS

FÓRMULA RENAULT

Macau dá cartas PÁGINA 16

CARNE BRASILEIRA

O FIM DA PICANHA ÚLTIMA

PÁGINA 5 SOFIA MARGARIDA MOTA

Pénis e hvagina Leitor deh autores JULIE O’YANG

A ESSÊNCIA DA FÉ

ENTREVISTA

JOÃO PAULO COTRIM

TIMOR-LESTE

Habemus Presidente ÚLTIMA

INSTITUTO CULTURAL

TRIBUNOS CRÍTICOS PÁGINA 4

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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STEPHAN ROHTLIN

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CONVERSA ACABADA

DJ SHADOW


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STEPHAN ROTHLIN PRESIDENTE DO INSTITUTO MATEUS RICCI

Presidente do Instituto Ricci desde 2015, o académico e padre jesuíta fala esta sexta-feira numa palestra sobre a luta pela essência da fé. Stephan Rothlin acredita que a intolerância em relação às diferentes religiões tem aumentado, defendendo um maior diálogo para acabar com os conflitos. Na área educativa, Stephan Rothlin chama a atenção para a necessidade dos jovens de Macau estudarem mandarim e tentarem ir além das pequenas fronteiras do território

“Tem havido um aumento da intolerância” Esta sexta-feira vai falar da profundidade da fé e da luta pela sua essência, com base no filme “Silence”, de Martin Scorcese. Que ideias vai abordar? Há muitos anos que recorro a filmes para fazer uma espécie de referência a alguns problemas. Pretendo mostrar uma série de questões que estão relacionadas com a fé, com a missão. O filme fala da missão jesuíta [no Japão] que começou em Macau e fala de uma série de problemas que acontecem quando a religião é imposta num outro país. Não devemos impor uma religião estrangeira sem dar o nosso melhor para compreender a cultura local. É importante ter a consciência da cultura de cada um. Claro que essa consciência tem de ser formada pela virtude de Deus ou através do ensino da Igreja, mas sempre tendo em conta de que a cultura de cada um é algo sagrado. Sempre considerámos ser crucial, se queremos fazer essa incursão numa cultura, compreender o idioma local. Falando da China e do facto de ainda não possuir relações com a Igreja Católica. Acredita que com o Papa Francisco essa situação irá mudar nos próximos anos? O Papa Francisco, que é jesuíta, é muito influenciado por esta espécie de paixão pela China, que foi iniciada por Mateus Ricci. Certamente conhece todos os passos a tomar para se chegar a um acordo com a China. Refiro-me também a toda uma dinâmica diferente onde,

“Não devemos impor uma religião estrangeira sem dar o nosso melhor para compreender a cultura local.”

China e a Europa, temos bolsas de estudo e queremos lançar um jornal que estabelece uma comparação em termos de espiritualidade, inovação social e liderança moral. Tudo para que, através desse diálogo entre religiões, se possa encontrar uma forma de ultrapassar esse tipo de mentalidade.

na Europa, à excepção da Polónia e de Portugal, a Igreja está num profundo declínio, e há outras dinâmicas em países asiáticos como a China ou o Vietname, onde diferentes igrejas católicas atraem as pessoas. É através dessa dinâmica que o Papa vai tentar de tudo para chegar a uma espécie de acordo com o Governo chinês.

O Instituto Mateus Ricci vai mudar-se para as instalações da Universidade de São José. Quando é que esse processo de mudança vai ficar concluído? O nosso calendário baseia-se com o protocolo que assinámos com a universidade, segundo o qual mantemos uma cooperação, mas temos uma independência em termos legais. O nosso plano é concluir a mudança em Junho deste ano.

Actualmente as religiões estão em conflito em vários lugares do mundo, sobretudo na Europa. Estamos de facto a vivenciar uma guerra ideológica, na qual as pessoas deixaram de compreender a religião do outro e o seu papel? Nos últimos anos tem havido um aumento da intolerância. Sobretudo devido ao terrorismo, a imagem do Islão tem sido extremamente negativa, então tem aumentado o mútuo desrespeito. Claro que na Europa temos o tópico dominante dos refugiados. Nesse contexto, é ainda mais importante argumentar em prol do diálogo entre religiões, e essa é também a missão do Instituto Mateus Ricci. Temos esta entidade e uma história de ligação entre a

UM JESUÍTA COM A SUA MISSÃO

A

ntes de dirigir o Instituto Mateus Ricci, Stephan Rothlin esteve na China, onde, entre 1998 e 2002, dirigiu o Centro de Estudos Chineses em Pequim e foi professor convidado da Universidade de Renmin. Nascido na Suíça, Stephan Rothlin teve ainda uma experiência em Taipé, Taiwan, onde foi investigador na Universidade Católica Fu Jen. Voltaria à capital chinesa em 2005, onde foi presidente da consultora Rothlin International Management até 2013. Com este projecto, o também padre jesuíta desenvolveu trabalhos de consultadoria para empresas ao nível da responsabilidade social e corporativa, tanto no Continente, como em Hong Kong. No seu país natal, Stephan Rothlin estudou Economia na Universidade de Zurique e foi professor do Instituto de Gestão e Economia de Zurique.

SOFIA MARGARIDA MOTA

ENTREVISTA

Com este processo, o instituto vai ter um novo papel, mais predominante, na sociedade de Macau? Há planos para a organização de mais eventos? O meu antecessor deixou uma base bastante sólida, mas nunca podemos ficar no mesmo sítio. Queremos chegar a mais pessoas de Macau, Hong Kong e China, então o meu plano é continuar a cooperar com o Centro de Ensino à Distância da China, da Universidade de Economia e Comércio de Pequim, com o qual colaboro há muitos anos. O plano é instalar um centro para o ensino à distância, com cursos online, em Macau, já este ano. E esses cursos vão focar-se em que áreas? Temos esta missão de ensinar o português e o inglês com ligação aos negócios. Essa é também a missão que o Governo quer atingir. Claro que em primeiro lugar está o inglês, e temos esta ligação com os países de língua portuguesa, e aí promovemos o português. Com a base já criada teremos cursos na área do empreendedorismo. Macau é uma porta importante para a China e um lugar incrível em termos de multicul-

turalidade, e há que promover esse empreendedorismo, uma vez que para as gerações mais jovens é cada vez mais difícil encontrar emprego. Teremos cursos online que ensinam a criar um negócio ou relacionados com a ética no trabalho. É uma revolução ao nível educacional ter a oportunidade de chegar a pessoas que não conseguem pagar para ter mais educação. Quando diz que é mais difícil para os jovens encontrarem um


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série de vantagens. Macau tem um enorme desafio de levar a cabo uma melhoria de todas as universidades. A USJ, por exemplo, tem uma ligação à Europa e tem um enorme potencial. Penso que têm de ser feitos enormes esforços, ao nível da cooperação com este mundo altamente tecnológico. Deve ainda ser estimulado o pensamento crítico e criativo. A mentalidade de trabalhar na mesma empresa para sempre já não existe, já não funciona. As escolas católicas têm um impacto enorme a esse nível, maior do que na Europa. A começar com a escola primária, e há uma grande procura, deve haver essa aposta na educação e na inspiração dos alunos a esse nível.

“Teremos cursos online que ensinam a criar um negócio ou relacionados com a ética no trabalho. É uma revolução (...) chegar a pessoas que não conseguem pagar para ter mais educação.”

emprego, refere-se a Macau ou ao resto do mundo? Vivi cerca de 19 anos em Pequim e, hoje em dia, independentemente se o curso foi ou não feito numa universidade de prestígio, é uma dura batalha conseguir um trabalho. Em 1999 havia um milhão de graduados, hoje teremos cerca de nove milhões. Vejo essa realidade em Macau ou em Hong Kong também. No caso de Macau, essa dificuldade será maior, uma vez que

“Há muitas queixas das empresas, que consideram que os jovens não estão preparados para lidar com desafios diários.”

o sector do jogo tem vindo a decrescer? É sempre difícil prever, mas penso que sim. Se alguém tiver formação em Macau deveria ter sempre uma perspectiva internacional, e não apenas planear ficar para sempre no território. Sabemos que isso pode representar o paraíso (risos), mas também podem ficar perdidos no paraíso. Os casinos não garantem um desenvolvimento sustentável, pelo que temos visto nos últimos meses. Em primeiro

lugar, é necessário ir para a China aprender mandarim, mas também ter uma perspectiva face a Hong Kong, a Portugal e à Europa, para existir uma maior pressão para que [o território] tenha um papel internacional. Nesse sentido, o ensino superior necessita de amadurecer? Ensinei na Faculdade de Comércio e Economia da Universidade de Hong Kong e [o ensino superior do território] tem, de facto, uma

Acredita que os jovens de Macau perderam o interesse em estudar ciências sociais? Que razões pode apontar para isso? Por um lado, penso que as pessoas de facto não estão interessadas nessas áreas mas, por outro, também noto um grande interesse. Temos estudantes chineses e americanos, e se na Europa quase temos de pagar para que os alunos prestem atenção ao que dizemos, aqui podemos encontrar alunos muito mais motivados, e que reúnem dinheiro para estudar. Pode haver mais motivação até. Penso que os institutos de investigação têm de explicar melhor aquilo que têm para oferecer. Há os jovens que olham constantemente para o telemóvel e temos de saber como responder a este fenómeno. Temos de ser mais sofisticados para atrair a atenção desta geração. Na minha opinião, estes cursos online que queremos promover podem ajudar, mas é sempre necessário uma interacção. Macau tem este lado multicultural que pode ajudar a criar espírito critico e criativo. É preciso preparar as pessoas para entrarem no mercado de trabalho e há muitas queixas das empresas, que consideram que os jovens não estão preparados para lidar com desafios diários e para desafiar o seu espírito crítico. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

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HOJE MACAU

Ambiente desprezado

Deputados pedem ao Governo que dê o exemplo

A Relatório DEPUTADOS CRITICAM INSTITUTO CULTURAL E FALTA DE CONSEQUÊNCIAS

Nos reinos do nepotismo

Sem papas na língua, Ho Ion Sang e Song Pek Kei aproveitaram ontem o período de antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa para criticarem o modo como o Instituto Cultural se comportou no recrutamento de trabalhadores. Os deputados lamentam ainda que, na sequências das denúncias, nada aconteça

O

deputado Ho Ion Sang afirmou ontem, na Assembleia Legislativa, que a forma como é feito o recrutamento na função pública revela a existência de “reinos de nepotismo e tráfico de favores”. Durante o período de intervenções antes da ordem do dia, Ho Ion Sang usou da palavra para falar sobre o recente relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que detectou que o Instituto Cultural (IC) tem violado nos últimos anos as normas legais de recrutamento, apontando que muitas pessoas foram contratadas sob o regime de aquisição de serviços. Para o deputado, este é um problema transversal e preocupante: “Este tipo de recrutamento ilegal demonstra que existem reinos de nepotismo e tráfico de favores, o que suscita dúvidas entre os diferentes sectores sobre a imparcialidade do recrutamento na função pública, tratando-se, ao mesmo tempo, de um golpe crítico à credibilidade do Governo, que vai acarretar graves e negativos prejuízos”. Ho Ion Sang manifestou também preocupação com o facto de os relatórios do CCAC e do Comissariado de Auditoria, que surgem com relativa regularidade, não só sobre recrutamento de pessoal, não surtirem efeitos. “As recomendações e as instruções não produzem efeitos jurídicos, nem efeitos dissuasores, e como os custos do incumprimento das leis são baixos, resultam em sucessivas e constantes fugas à lei”, afirmou,

sublinhando a importância de “reprimir resolutamente a fraude à lei nos serviços públicos”.

NINGUÉM É RESPONSÁVEL

Preocupação semelhante foi manifestada pela deputada Song Pek Kei, concluindo que o IC “não cumpriu os procedimentos legalmente definidos, praticando nepotismo”, mas, “como sempre”, o departamento “apenas manifestou que ia estudar e analisar seriamente o relatório do CCAC e adoptar medidas para evitar que casos semelhantes voltem a repetir-se”. “Não se vê nenhum acompanhamento nem investigação, e nenhum processo de responsabilização foi activado”, lamentou. Num relatório que resultou de uma investigação iniciada em Abril de 2016, o CCAC revelou que “descobriu que o IC recorreu ao modelo da aquisição de serviços para contornar sistematicamente o regime legal do recrutamento centralizado e do concurso público”.

Ho Ion Sang manifestou preocupação com o facto de os relatórios do CCAC e do Comissariado de Auditoria não surtirem efeitos

Entre 2010 e 2015, o número de trabalhadores contratados em regime de aquisição de serviços, quase duplicou, passando de 58 para 110, o que o IC justificou com o aumento do volume de trabalho nos últimos anos e com a escassez dos recursos humanos. “Sem a autorização do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura para a dispensa de concurso, o IC recrutou, por iniciativa própria, um grande número de trabalhadores em regime de aquisição de serviços sem a realização de concurso”, refere o relatório. O CCAC detectou problemas como “a falta de publicidade de informações sobre o recrutamento, métodos de selecção menos rigorosos e a suspeita de incumprimento do regime de impedimento”. Verificou também que “as informações sobre a intenção de recrutamento de pessoal do IC em regime de aquisição de serviços têm sido transmitidas somente dentro de um determinado círculo de indivíduos ou de familiares e amigos”. Na investigação, o CCAC constatou que “em concursos para recrutamentos de técnicos ou adjuntos-técnicos do IC foram contratados muitos trabalhadores que já tinham exercido funções no IC em regime de aquisição de serviços”. “Uma parte do pessoal em questão, aproveitando a sua experiência profissional no Instituto Cultural beneficiou desta vantagem nos concursos de ingresso naquele serviço. Tudo isto suscita inevitavelmente suspeitas sobre a justiça do processo de recrutamento”, observa.

protecção ambiental esteve ontem em destaque no período de antes da ordem do dia naAssembleia Legislativa (AL). Mak Soi Kun questionou o Executivo acerca do desprezo com que, considera, se trata esta matéria. Para o deputado, no que respeita a medidas verdes, “o Governo, que assume o papel de orientador, deve servir de modelo”. Tal não acontece e Mak Soi Kun dá exemplos: “Os serviços públicos, quando tiram fotocópias, não utilizam a frente e o verso da folha desperdiçando muito papel e muitos governantes não conseguem poupar energia, nem reduzir as emissões pois não partilham os veículos nas suas deslocações”. Por outro lado, o Executivo mantém uma presença assídua em feiras e exposições, como o Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau, de modo a aceder às mais recentes informações e tecnologias no sector, “mas nunca compram nada”, afirmou. As atitudes do Governo demonstram, sublinhou Mak Soi Kun, “que o Executivo continua a assumir uma atitude passiva neste âmbito”. O tribuno alerta também para a urgência nos apoios a “todos os que se dedicam à promoção da protecção ambiental”, bem como o incentivo à educação cívica. Também com os olhos postos no ambiente, Angela Leong alerta para a necessidade de esforços na área da reciclagem. “A reciclagem de recursos é um trabalho importante da protecção ambiental, trata-se de um sector que é a base de toda a indústria verde. No entanto, o apoio das autoridades tem sido sempre insuficiente”, disse. Em causa estão as dificuldades relativas aos veículos abandonados e a falta de espaço para os albergar. Por outro lado, a deputada salienta os resultados não satisfatórios relativos ao lixo doméstico e alimentar, que “ainda se encontram a um nível básico”. Angela Leong recorda as palavras do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, que “confessou que o trabalho da recolha e reciclagem em Macau é um fracasso e que os problemas existentes não foram devidamente identificados, não sendo suficientes, nem o trabalho de sensibilização nem as medidas complementares”. Sofia Margarida Mota

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AL DEBATE SOBRE TAXAS PARA VEÍCULOS FOI CHUMBADO

Voto de silêncio GCS

A proposta de debate do aumento das taxas para os veículos foi ontem chumbada na Assembleia Legislativa. Os votos dividiram-se mas, na maioria, os deputados consideram a medida positiva. Os que se mostraram a favor do debate entendem que é preciso ouvir a população

porque, sublinhou, quer que “o Governo vá ao hemiciclo justificar detalhadamente a medida”. Ng Kuok Cheong acha que é uma manobra de distracção. “Antes de 2019, o metro ligeiro não estará pronto e, como o próprio Governo considera os trabalhos insuficientes, decidiu avançar com uma medida e foi esta, sem ponderar a elaboração de uma proposta de lei.” A razão, afirmou, foi evitar possíveis críticas.

DIFICULDADES ACRESCIDAS

Na proposta de debate entregue à AL, Leong Veng Chai questionava se “este aumento é razoável”, esperando que “todos os deputados possam apresentar as suas opiniões, de modo a ir ao encontro da opinião pública e evitar suspeitas sobre a existência de transferência de interesses entre o Governo e as entidades privadas”.

CONTAS POSITIVAS

O

pedido de debate de Leong Veng Chai acerca do aumento das taxas administrativas e de remoção de veículos foi ontem recusado em sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL). A discussão em torno da medida, que entrou em vigor no passado dia 1 de Janeiro, dividiu o hemiciclo, sendo que a proposta acabou chumbada com 14 votos contra, 10 a favor e duas abstenções. Dos deputados que se manifestaram contra o debate da acção do Governo, Ma Chi Seng defendeu que representa um passo no combate ao estacionamento desregrado. Apesar de ser uma medida que “gerou reacções na sociedade, “há muitas vozes que entendem que, desta forma, se combate o fenómeno do estacionamento ilegal”, frisou. Já Vong Hin Fai apontou duas razões que o motivaram ao voto contra. Por um lado, a matéria já tinha sido alvo de interpelação, a 6 de Janeiro, e de resposta por parte da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Por outro, a medida não prejudica os residentes, diz. “Não vejo que a implementação prejudique os cidadãos e vou votar contra.” Na ala dos votos a favor, José Pereira Coutinho colocou-se ao lado do seu colega de bancada, o proponente Leong Veng Chai. Para o deputado, é necessário “perceber as razões que motivaram o Executivo a avançar com a medida”. “Ninguém é contra, mas é preciso perceber se a taxa aplicada é razoável”, disse. Pereira Coutinho defende que é preciso saber se o aumento em causa “reflecte a atenção do Executivo dada ao sofrimento dos residentes”, deixando no ar a questão se o Governo estará interessado em que

POLÍTICA

F

oram ontem aprovados os orçamentos da conta de gerência da Assembleia Legislativa (AL) relativa ao ano económico de 2016 e do respectivo projecto de simples deliberação do plenário, e o primeiro orçamento suplementar da AL relativo ao ano económico de 2017. Sem declarações por parte dos deputados do hemiciclo, foram ambos aprovados por unanimidade. O orçamento suplementar considera o aumento em 237 mil patacas, valor que representa a diferença entre o saldo positivo contabilizado em 737.960,20 patacas relativo ao ano passado e o orçamento privativo aprovado para o ano de 2017, com o montante de 500 mil patacas.

se fale dos motivos que levaram a um aumento tão significativo. O tribuno sublinhou ainda o facto de a implementação não ter levado em conta a opinião da população. “Será que o Governo pode abster-se da consulta pública?”, questiona, sendo que espera que “os governantes se justifiquem à AL e, principalmente, à população”. O deputado Au Kam San salientou que é uma acção polémica existindo quem a apoie e quem a conteste. O tribuno concorda que “o aumento exorbitante representa um encargo muito grande para a população e, como tal, deve ir a debate”. Para o pró-democrata, trata-se de uma medida que não evita infracções, até porque, disse,

“há centenas de milhares de veículos e apenas dezenas de milhares de lugares de estacionamento”.

A VOZ DO POVO

Já em declaração de voto, a deputada Ella Lei, que manifestou

“Há muitas vozes que entendem que, desta forma, se combate o fenómeno do estacionamento ilegal.” MA CHI SENG DEPUTADO

apoio à proposta de debate, afirmou que compreende a necessidade de controlo dos veículos. No entanto, alerta, “a maior falha do Governo foi a ausência de diálogo com a população e é nesse sentido que o Executivo tem de ter mais atenção.” Também Kwan Tsui Hang apelou a uma maior sensibilidade em relação aos desejos dos residentes. Apesar de achar a medida adequada, a deputada entende que o Executivo “tem realmente de fazer uma consulta pública para que a população esteja preparada para as decisões tomadas”. Por outro lado, e sob o ponto de vista dos utentes, Kwan Tsui Hang apontou a necessidade de utilização de menos veículos. A deputada votou a favor do debate

Para o deputado, a realização do debate com membros do Governo permitiria ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, “reunir amplamente os conhecimentos, a fim de tomar uma decisão resoluta”. “Os salários dos residentes não só não conseguem acompanhar a subida da inflação, como também vão ter de suportar a subida em flecha, cerca de 13 vezes, do valor das taxas, aumentando assim cada vez mais o custo de vida das famílias”, argumentava ainda o deputado na nota justificativa. Leong Veng Chai julga ainda que “a actual rede de trânsito é desequilibrada, os lugares de estacionamento são insuficientes e as taxas tiveram um aumento exagerado”. O deputado eleito por sufrágio universal sustentava igualmente que o Governo não melhorou a qualidade de vida da população, mas antes “aumentou as dificuldades dos cidadãos”. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


6 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 22.3.2017

ANÚNCIO VENDA EM HASTA PÚBLICA

Anúncio Concurso Público n.º 1/2017 Aquisição de Equipamentos de Informática De acordo com o disposto no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho e, ainda, de acordo com o Despacho da Exm.ª Senhora Secretária para a Administração e Justiça, de 13 de Março de 2017, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vem, em representação do adjudicante, proceder a concurso público para a “Aquisição de Equipamentos de Informática”.

Faz-se público que se vai realizar uma venda em hasta pública de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens que reverteram a favor da Região Administrativa Especial de Macau nos termos da lei ou que foram abatidos à carga pelos serviços públicos. Os locais, dias e horas marcadas para visualização dos bens agora colocados à venda, para efeitos de prestação da caução e da hasta pública propriamente dita, são os seguintes: Visualização dos bens 1. Sucata resultante de veículos, bens e sucata de bens Na tabela abaixo indicada encontram-se discriminados os lotes de sucata resultante de veículos, os lotes de bens e os lotes de sucata de bens, colocados à venda, bem como, a respectiva data, hora e local para visualização dos mesmos na presença de trabalhadores da Direcção dos Serviços de Finanças:

No. de lote VS01 MS01 (parte) VS02 (parte), VS03 MS02, MS03, BL01 (parte)

2. Serviço responsável pela realização do processo de concurso: Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP). 3. Modalidade do concurso: concurso público. 4. Objecto do concurso: fornecimento ao SAFP de “equipamentos de informática”, dividido em sete projectos. 5. Prazo de validade das propostas: não inferior a noventa dias, a contar da data do acto público do concurso. 6. Caução provisória: deve ser prestada por meio de depósito bancário ou por garantia bancária legal a favor do Governo da Região Administrativa Especial de Macau - Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, com uma caução provisória de MOP 90.000,00 (noventa mil patacas). 7. Caução definitiva: valor correspondente a 4% (quatro por cento) do preço global da adjudicação. 8. Condições de admissão: podem candidatar-se ao presente concurso as empresas que tenham sede ou escritórios na RAEM, explorem, total ou parcialmente, actividades de fornecimento de equipamentos, sistemas e serviços de informática e, comprovem ter cumprido as obrigações fiscais. 9. Todas as dúvidas sobre o Programa do Concurso e o Caderno de Encargos deste concurso público podem ser apresentadas de acordo com o determinado no mesmo Programa do Concurso.

Data de identificação

Horário (1)

Macau

27/03/2017

10:00am

Coloane

27/03/2017

3.00pm

Macau

28/03/2017

10.00am

BL01 (parte) B01 ` B02 Nota

1. Adjudicante: Secretária para a Administração e Justiça.

Local de armazenamento

Local (2) Edifício Veng Fu Shan Chuen (Rua da Penha, n.º 3 – 3C, Macau) Parque de estacionamento provisório para veículos abandonados (Estrada de Flor de Lotus, Coloane) Edifício Industrial Cheong Long (Ramal dos Mouros, n.º 11-21, Macau)

(1)

A visualização de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens inicia-se, impreterivelmente, quinze minutos após a hora marcada, não sendo disponibilizada uma outra oportunidade para o efeito. Os interessados devem providenciar meio de transporte para se deslocarem ao local de armazenamento de cada lote. (2) Para se dirigirem aos locais de armazenamento de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens, devem os interessados concentrar-se nos locais acima indicados. Não há lugar à visualização de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens no dia da realização da hasta pública, mas são projectadas fotografias dos mesmos através de computador. 2. As listas de bens podem ser consultadas na sobreloja do Edifício “Finanças”, ou na página electrónica desta Direcção dos Serviços (website:http:// www.dsf.gov.mo). As listas dos bens como descrição pormenorizada podem ser consultadas no 8.º andar do Edifício “Finanças”, sala 803. Prestação de caução

Período: Montante: Modo de prestação da caução:

Realização da Hasta Pública

Data: Horário:

Desde a data do anúncio até ao dia 29 de Março de 2017 $5,000.00 (cinco mil patacas) - Por depósito em numerário ou cheque, o qual será efectuado mediante a respectiva guia de depósito e paga em instituição bancária nela indicada. A referida guia de depósito será obtida na sala 803 do 8.º andar do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585; ou; - Por garantia bancária, de acordo com o modelo constante do anexo I das Condições de Venda.

Local:

30 de Março de 2017 (quinta-feira) às 09:00 horas – registo de presenças às 10:00 horas – início da hasta pública Auditório, na Cave do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585.

Consulta das Condições de Venda As condições de Venda podem ser: - obtidas na sala 803 do 8.º andar do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585; - consultadas na sobreloja do Edifício “Finanças”, ou na página electrónica da Direcção dos Serviços de Finanças (website: http://www.dsf.gov.mo). O Director dos Serviços Iong Kong Leong

10. Local, data e hora limite para entrega das propostas: Local:Balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, Edifício Administração Pública, n.º 162, r/c, Macau. Data e hora limite: Até às 17:30 horas do dia 11 de Abril de 2017 (não serão aceites propostas fora do prazo). 11. Local, data e hora do acto público: Local: Sala Polivalente do 4.º andar de Vicky Plaza, sito na Rua do Campo, n.os 188-198, Macau. Data e hora: 10:00 horas do dia 12 de Abril de 2017. 12. Local, data e hora para consulta do processo e obtenção da cópia do processo:

Anúncio Concurso Público «Serviços de segurança e de vigilância das garagens provisórias (paddock) e do auto-silo para as Edições 64.ª e 65.ª do Grande Prémio de Macau»

Local:Balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.o 162, Edifício Administração Pública, r/c, Macau.

Nos termos previstos no artigo 13.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o Despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 13 de Março de 2017, o Instituto do Desporto vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para os serviços de segurança e de vigilância das garagens provisórias (paddock) e do auto-silo para as Edições 64.ª e 65.ª Grande Prémio de Macau.

Data e hora: A partir da data da publicação do presente anúncio até à data limite para a entrega das propostas, durante o horário de expediente.

O prazo para a prestação dos serviços é conforme o estipulado no artigo 1 do Anexo V – Normas Técnicas do índice geral do processo de concurso.

Preço da cópia do processo: MOP 200,00 (duzentas patacas). 13. Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação: 13.1 Do 1.º ao 3.º projecto:

a)Preço (60 valores)

b)Grau de conformidade com as exigências de especificações (20 valores)

c)Grau de conformidade com as exigências inoperacionais (10 valores)

d) Prazo de entrega (10 valores)

13.2 Do 4.º ao 7.º projecto:

a) Preço (70 valores)

b)Grau de conformidade com as exigências de especificações (20 valores)

c) Prazo de entrega (10 valores)

14. Esclarecimentos adicionais: A partir da data da publicação do presente anúncio até à data limite para a entrega das propostas, os concorrentes podem, durante o horário de expediente, dirigir-se ao balcão do SAFP, sito na Rua do Campo, n.o 162, Edifício Administração Pública, r/c, Macau, ou visitar a página electrónica do SAFP (http://www.safp.gov.mo) para obter quaisquer eventuais esclarecimentos adicionais. Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, 16 de Março de 2017. O Director, Kou Peng Kuan

A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados podem dirigir-se ao balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, em Macau, no horário de expediente, das 9,00 às 13,00 e das 14,30 às 17,30 horas, para consulta do processo de concurso ou para obtenção da cópia do processo, mediante o pagamento de $ 500,00 (quinhentas) patacas. Podem ainda ser feita a transferência gratuita de ficheiros pela internet na área de download da página electrónica do Instituto do Desporto: www.sport.gov.mo. Os interessados devem comparecer na sede do Instituto do Desporto até à data limite para a apresentação das propostas para tomarem conhecimento sobre eventuais esclarecimentos adicionais. A sessão de esclarecimento deste concurso público terá lugar no dia 29 de Março de 2017, quarta-feira, pelas 10,00 horas, na sala de reuniões do Edifício do Grande Prémio, sito na Avenida da Amizade n.o 207, em Macau. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto na data e hora da sessão de esclarecimento acima mencionada, por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e hora estabelecidas para a sessão de esclarecimento serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. O prazo para a apresentação das propostas termina às 12,00 horas do dia 13 de Abril de 2017, quinta-feira, não sendo admitidas propostas fora do prazo. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto na data e hora limites para a apresentação das propostas acima mencionadas, por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a apresentação das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido, na sede do Instituto do Desporto, no endereço acima referido, acompanhada de uma caução provisória no valor de $ 64 000,00 (sessenta e quatro mil) patacas. Caso o concorrente opte pela garantia bancária, esta deve ser emitida por um estabelecimento bancário legalmente autorizado a exercer actividade na RAEM e à ordem do Fundo do Desporto ou efectuar um depósito em numerário ou em cheque (emitido a favor do Fundo do Desporto) na mesma quantia, a entregar na Divisão Financeira e Patrimonial sita na sede do Instituto do Desporto. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 18 de Abril de 2017, terça-feira, pelas 9,30 horas, no auditório da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, em Macau. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto na data e hora para o acto público de abertura das propostas acima mencionadas, por motivos de tufão ou por motivos de força maior, ou em caso de adiamento na data e hora limites para a apresentação das propostas por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público de abertura das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. As propostas são válidas durante 90 dias a contar da data da sua abertura. Instituto do Desporto, aos 22 de Março de 2017. O Presidente, Pun Weng Kun


7 hoje macau quarta-feira 22.3.2017

SOCIEDADE

Estudo ÍNDICES DE SATISFAÇÃO E CONFIANÇA LABORAIS SOBEM LIGEIRAMENTE

Um estudo do Instituto de Desenvolvimento Sustentado da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau revela que, em 2017, os trabalhadores estão mais satisfeitos e com confiança no mercado de trabalho. Porém, deixa um recado ao Governo para não esquecer quem tem salários mais baixos

A

satisfação a quem trabalha”, podia ser o slogan que dá nome à análise aos índices de satisfação e confiança da massa laboral de Macau em 2017. Essas são as conclusões que se tiram dos resultados do estudo do Instituto de Desenvolvimento Sustentado (IDS) da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Com as receitas do sector do jogo a voltarem a um registo ascendente desde a segunda metade do ano passado, o ambiente económico da região respondeu positivamente. A situação de emprego melhorou, as receitas que os residentes obtêm mantiveram um nível estável, de acordo com as informações citadas pelo IDS. O índice de confiança, que tem uma pontuação máxima de cinco pontos, situou-se nos 3.05

pontos, ligeiramente acima do nível “normal”. Em relação ao ano passado, este item subiu 0,1 por cento. Especificando, o registo da satisfação dos trabalhadores ficou nos 3.37 pontos, o que representou um crescimento de 0,03 por cento, ficando praticamente nos mesmos valores de 2016. Aliás, esta foi a tónica revelada pelos dados do IDS, que indicaram um ligeiro aumento dos graus de satisfação e confiança. Na indústria do jogo, os trabalhadores viram a sua confiança diminuir 0,2 por cento em 2017, em relação ao ano passado. Já o índice de satisfação registou uma subida ténue de 0,01 por cento. Aliás, é de salientar que os resultados que o estudo apurou em relação aos trabalhadores dos casinos é inferior ao restante universo laboral.

TIAGO ALCÂNTARA

Melhor ambiente de trabalho

A taxa de inflação de Macau fixou-se em 1,91 por cento nos 12 meses terminados em Fevereiro em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu impulsionado sobretudo pelos aumentos nas secções de bebidas alcoólicas e tabaco (mais 16,66 por cento), educação (mais 8,13 por cento) e transportes (mais 7,21 por cento). Só no mês passado, o IPC geral médio aumentou 0,37 por cento, comparando com o mesmo mês de 2016, mas desceu em relação ao mês anterior (menos 0,42 por cento). Nos primeiros dois meses do ano, o IPC subiu 1,06 por cento face ao período homólogo de 2016. A taxa de inflação de Macau em 2016 foi de 2,37 por cento, a mais baixa desde 2009, ano em que se fixou em 1,17 por cento. O IPC geral permite conhecer a influência da variação de preços na generalidade das famílias de Macau

TRABALHO MELCO ANUNCIA AUMENTO DE SALÁRIOS

DADOS COMPARADOS

O estudo do IDS revelou que 2015 teve um índice maior em termos de confiança dos trabalhadores; no entanto, neste ano houve o maior registo ao nível da satisfação. Neste capítulo, 2010 foi um ‘annus horribilis’ no que diz respeito ao contentamento no mercado de trabalho, com o índice a 3,22 por cento. Como seria de esperar, o estudo relaciona os índices estudados com o vigor do mercado de emprego de Macau. Como a economia do território depende fundamentalmente das receitas dos casinos, fica bastante susceptível a factores externos que afectem os lucros do jogo. Em 2017, o grau de satisfação dos trabalhadores dos casinos subiu 4,4 por cento em comparação com 2008, o que significa que as concessionárias reforçaram o tratamento e o desenvolvimento individual dos empregados, assim como a qualidade do trabalho. Uma das conclusões do estudo do IDS foi que se registaram melhorias no que toca às relações com os colegas, a não temer desemprego, à estabilidade no emprego nos próximos cinco anos e na relação com os

FEVEREIRO TAXA DE INFLAÇÃO VAI EM 1,91 POR CENTO

A

chefes. Ou seja, o ambiente de trabalho parece ter melhorado com a estabilidade e os relacionamentos interpessoais no local de trabalho.

Como a economia do território depende fundamentalmente das receitas dos casinos, fica bastante susceptível a factores externos que tenham impacto nos lucros do jogo

O índice de confiança dos trabalhadores revelou uma melhoria nas área da formação profissional e da aquisição de conhecimentos técnicos e pessoais, com subidas de, respectivamente, 11,2 por cento e 4,1 por cento, em comparação com 2008. Apesar das ligeiras melhorias, o IDS sugere ao Governo que preste atenção aos sectores da sociedade que auferem salários mais baixos, de forma aumentar a sua satisfação e confiança. Outra sugestão deixada pelo instituto prende-se com a qualidade do trabalho, ou seja, uma definição mais concreta de horários e volume de trabalho que permitam conjugar em harmonia o emprego e a família. Vítor Ng e João Luz

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operadora de jogo Melco Crown anunciou ontem que vai aumentar os vencimentos auferidos por todos os trabalhadores que não desempenhem cargos de chefia. As actualizações vão de 2,5 por cento a sete por cento, com os trabalhadores a tempo inteiro com os salários mais baixos – até 16 mil patacas – a serem os principais beneficiados da medida. Em comunicado, a empresa explica que, para aqueles que ganham mais de 16 mil patacas, os vencimentos vão subir 2,5 por cento. A Melco Crown destaca ainda que, além da revisão dos salários, desde 2014 que tem colocado em prática um programa de lealdade junto dos seus funcionários. Os trabalhadores abrangidos poderão receber um bónus no valor do salário por altura do Verão, sendo que aqueles que estão há mais de três anos ao serviço da operadora terão direito a seis meses de salário. Lawrence Ho, presidente da operadora, afirma que, apesar de o mercado estar a subir, “ainda não recuperou totalmente”. Não obstante, a empresa quer “oferecer salários competitivos para agradecer o apoio dado pelos funcionários”.


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hoje macau quarta-feira 22.3.2017

Anúncio Concurso Público para «Empreitada de Remodelação de Equipamentos Sociais na Habitação Pública na Estrada Nordeste da Taipa» 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13.

Entidade que põe a obra a concurso: Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas. Modalidade de concurso: concurso público. Local de execução da obra: na Habitação Pública na Estrada Nordeste da Taipa. Objecto da Empreitada: Remodelação de equipamentos sociais. Prazo máximo de execução: 420 (quatrocentos e vinte) dias de trabalho (Indicado pelo concorrente; Deve consultar os pontos 7 e 8 do Preâmbulo do Programa de Concurso). Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de 90 (noventa) dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso. Tipo de empreitada: a empreitada é por série de preços. Caução provisória: $1 160 000,00 (um milhão, cento e sessenta mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou segurocaução aprovado nos termos legais. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). Preço Base: não há. Condições de Admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido ou renovado a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido ou da renovação de inscrição. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Dia e hora limite: dia 24 de Abril de 2017 (segunda-feira), até às 17:00 horas. Local, dia e hora do acto público do concurso: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, sala de reunião; Dia e hora: dia 25 de Abril de 2017 (terça-feira), pelas 9:30 horas. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. 14. Local, hora e preço para obtenção da cópia e consulta do processo: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Hora: horário de expediente; Preço: $ 2 000,00 (duas mil patacas). 15. Critérios de apreciação de propostas e respectiva proporção: - Preço da obra 50%; - Prazo de execução: 10% - Plano de trabalhos 18%; - Experiência e qualidade em obras 22%. 16. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer na sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, a partir de 13 de Abril de 2017, inclusive, e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 15 de Março de 2017. O Coordenador Chau Vai Man


9 hoje macau quarta-feira 22.3.2017

Ambiente mais internacional

Antigo secretário-geral adjunto da Nações Unidas presente na MIECF

SOCIEDADE

Segurança alimentar KAIFONG QUESTIONAM IMPORTAÇÕES

A importância do rótulo

CLIMATE HEROES

A União Geral das Associações de Moradores de Macau alerta para a possibilidade da existência de alimentos contaminados com radiações à venda no mercado. A entidade pede mais fiscalização e fala da existência de rótulos nas embalagens que não estão escritos nas línguas oficiais

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CHIM Steiner, antigo secretário-geral adjunto da Organização das Nações Unidas (ONU), vai estar em Macau para participar em mais uma edição do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla inglesa), que começa no próximo dia 30 de Março e termina a 1 de Abril. Um comunicado oficial aponta que Achim Steiner, que também foi director executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, será o “principal orador” do Fórum Verde da MIECF, falando sobre o tema “Desenvolvimento Verde Inovador para um Futuro Sustentável”. Actualmente a desempenhar funções como vice-presidente internacional do Conselho Chinês para a Cooperação Internacional em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Achim Steiner irá fazer uma análise aos “problemas ambientais que se colocam no âmbito da economia global, bem como aos desafios mais graves em termos de sustentabilidade ambiental”. O comunicado aponta também que Steiner se irá debruçar sobre “assuntos ligados às alte-

rações climáticas, as metas para um desenvolvimento sustentável e uma melhor utilização dos recursos naturais”. Além disso, o antigo secretário-geral adjunto da ONU irá “reflectir sobre o papel das políticas governamentais na promoção de uma economia verde, assim como sobre as implicações dessas políticas no desenvolvimento futuro de negócios, indústrias e mercados (incluindo inovações tecnológicas)”. Esta não é a primeira vez que é convidada uma personalidade de relevo para falar em Macau das alterações climáticas e de outras questões ambientais. Na MIECF já estiveram oradores como Subinay Nandy, na qualidade de director na China do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, ou ainda Peter J. Kalas, antigo ministro do Ambiente e assessor do Gabinete do Primeiro-Ministro da República Checa. Gro Harlem Brundtland, ex-primeira-ministra norueguesa e antiga presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (também designada como Comissão Brundtland), foi outra das convidadas.

segurança alimentar foi tema de uma conferência de imprensa promovida pela União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM, ou Kaifong), na qual esteve presente Chan Ka Leong, chefe da Comissão dos Assuntos Sociais da organização. Para os Kaifong, há alimentos contaminados com radiações que estão a ser importados para Macau, pelo que é sugerido que o Governo faça alterações ao regulamento administrativo aprovado em 2014, e que diz respeito aos limites máximos de radionuclídeos nos géneros alimentícios. Chan Ka Leong lamenta que as autoridades de Macau só examinem três tipos de substâncias de radionuclídeos, algo que, na sua visão, não cumpre os padrões internacionais. O responsável acredita que, como a maioria dos alimentos é importada de outros países, qualquer problema relacionado com a segurança alimentar nas regiões vizinhas vai atrair a atenção da sociedade. Os Kaifong estão preocupados com os alimentos importados do Japão, país que tem vindo a sofrer com acidentes nucleares. Referindo que as leis relacionadas com a segurança alimentar estão desactualizadas, Chan Ka Leong pede que haja uma maior fiscalização em relação aos alimentos produzidos no Japão. A título de exemplo, Chan Fong, outro membro da comissão dos Kaifong, falou da comercialização de um cereal japonês no mercado de Macau que terá sido produzido em zonas afectadas por radiações, e que foi testado pelas autoridades do Continente. A importação do cereal em questão já terá sido

proibida em Hong Kong e no interior da China.

LER PARA QUERER

O presidente da comissão dos Kaifong chama ainda a atenção para o facto de muitos rótulos das embalagens não estarem escritos

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nas duas línguas oficiais do território, nem sequer em inglês, algo que vai contra um decreto-lei implementado em 1992, que determina que a rotulagem de produtos deve ser feita numa das três línguas. Chan Ka Leong considera ainda que alguns rótulos não contêm informações completas sobre os ingredientes utilizados, sendo que muitos deles não revelam sequer o local de produção, mesmo no caso dos rótulos escritos em chinês. Por essa razão, os Kaifong sugerem a revisão do decreto-lei

respeitante à rotulagem de alimentos. O representante da UGAMM espera que o Governo aumente a frequência de testes, melhore as instalações e técnicas usadas para essa análise, e reforce a avaliação sobre os riscos de alguns alimentos. O responsável pede ainda que sejam divulgadas informações de forma imediata, de modo a informar melhor os cidadãos. Vítor Ng

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SHADOW

EVENTOS

Quase a celebrar 20 anos de carreira, DJ Shadow estreia-se em Hong Kong no próximo dia 1 de Abril. A antecipar o espectáculo com elevada componente visual que estreia no Sónar, deu uma entrevista à organização do festival onde revelou detalhes da sua infância e o que o inspira O que está a fazer hoje, além de dar entrevistas? Estou na minha casa, perto de São Francisco. Hoje acordei e ouvi alguns discos, depois respondi a emails, recebi chamadas e filmei uma entrevista para um documentário sobre caixas de ritmo. Depois almocei com a minha mulher, fui às compras e trabalhei na preparação de concertos e música. Depois de quatro discos e uma carreira de duas décadas, acha que o seu processo criativo mudou com os anos? A muitos níveis mantenho uma consistência no minha criação, especialmente naquilo que procuro alcançar na música e na ética de trabalho. Respeito produtores que são meticulosos na sua abordagem, aqueles que mergulham na música e revolucionam a ideia que as pessoas tinham

DERICK DAILY

DISC JOCKEY

A sombra aproxima-se de um estilo de som ou de instrumento. São esses que me inspiram. Claro que a tecnologia mudou ao longo dos anos, isso alimenta e guia a forma como penso na música e como posso manipular o som. Acho que é importante mergulhar na novidade, aprender um novo instrumento, ouvir música nova e desafiar as ideias que temos. Descobrir a linhagem musical e encontrar uma forma de unir os pontos. É importante manter a mente aberta. Tive a sorte de crescer

em simultâneo com o hip hop e assistir a algo que, ao início, era ignorado e que depois disparou para o mainstream. Há que manter a humildade e os ouvidos abertos. É dos DJs mais influentes da actualidade. Como consegue manter os pés no chão? É fácil, na realidade, é a música que me mantém. Cresci numa casa da classe trabalhadora, não havia ninguém na minha família no mundo do espectáculo. Foi um bom

ambiente que me mostrou que, para termos aquilo que queremos, é necessário trabalho duro. Tenho preocupações, como qualquer pessoa. Preocupações com dinheiro, a segurança da minha família, o que se passa no mundo da política. Sou, definitivamente, uma pessoa preocupada. A música é um mecanismo que me ajuda a resolver os problemas que vivo no dia-a-dia, o stress, ou mesmo situações emocionais.

Que música nova tem ouvido ultimamente? Todas as semanas gosto de me aventurar num disco novo. Acabei de arranjar o mais recente do Stormzy. O último disco que ouvi foi de Thundercat, que gosto bastante. Estou envolvido numa editora chamada Liquid Amber e recebemos muitas maquetes, há sempre algo novo para descobrir. Estamos a preparar, neste momento, o lançamento do novo disco de Noer The Boy.

Uma geração de fãs de Hong Kong chegou até ao seu som através da colaboração que teve com Wong Kar Wai no vídeo “Six Days”. Como foi trabalhar com o cineasta? Foi uma experiência espectacular, quando penso nisso ainda acho surreal. Desde que saí, pela primeira vez, dos Estados Unidos para ir em tournée, passei a considerar-me um cidadão do mundo. Tenho tido a sorte de viajar pelo mundo fora e de trabalhar com artistas talentosos


11 hoje macau quarta-feira 22.3.2017

EVENTOS

SUSTENTABILIDADE ALBERGUE ORGANIZA SEMINÁRIOS SOBRE ARQUITECTURA

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ACAU terá três dias dedicados à arquitectura e às técnicas de sustentabilidade. OAlbergue SCM, em parceria com a Associação dos Arquitectos de Macau (AAM) e a Associação dos Engenheiros de Macau (AEM), realiza três seminários nos próximos dias 27, 28 e 29. Os eventos realizam-se no Grand Hall do Instituto de Formação Turística (IFT) na Colina de Mong Ha, e serão conduzidos por Marco Imperadori, professor do Politecnico di Milano. Os seminários debruçam-se sobre temas como “Active House: a arquitectura e tecnologia para a sustentabili-

dade”, “Estruturas metálicas e estruturas em sanduíche” e “Estruturas e tecnologias de pré-fabricação em madeira”. O palestrante, Marco Imperadori, é professor universitário, investigador e designer, e tem um particular interesse na área dos edifícios energicamente eficientes, sistemas de construção e sustentabilidade. Marco Imperadori tem mestrado e doutoramento em engenharia civil pelo Politecnico di Milano e é professor convidado da Universidade de São José. As palestras serão conduzidas em inglês.

Desenhar com luz Daito Manabe e a beleza tecnológica no Sónar

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um pouco por toda a parte. Em 2002, eu e o meu agente começámos a pensar em pessoas com quem poderia colaborar. Disse-lhe que estava farto de velhos nomes e que queria fazer algo diferente, como trabalhar com um realizador de cinema, e o nome dele veio à baila. Nunca pensei que fosse realmente acontecer, mas apostámos forte. Recordo-me de ele ser bastante humilde nas mensagens que trocámos. O projecto era algo tão diferente do que estávamos, ambos, a fazer na altura. Sinceramente, não me parece que um realizador ocidental reagisse da forma como Wong Kar Wai reagiu e aceitasse colaborar comigo naqueles termos.

Já esteve em Hong Kong. Qual é a impressão que tem da cidade? Estive em Hong Kong pela primeira vez em 1996. Recordo-me que é uma cidade muito cosmopolita e densa. Lembro-me vividamente dos andaimes de bambu em prédios altíssimos. Adoro cidades que tenham confluências culturais que se misturam. O que estou a achar excitante em relação a esta viagem é

que terei tempo para explorar a cidade. O que é que os espectadores do Sónar podem esperar deste espectáculo? O conceito visual é algo muito importante àquilo a que chamo “espectáculo”. Quero criar efeitos visuais que sejam conducentes com a música e que ajudem as pessoas a mergulhar no som. É uma experiência diferente

“O conceito visual é algo muito importante àquilo a que chamo ‘espectáculo’. Quero criar efeitos visuais que sejam conducentes com a música e que ajudem as pessoas a mergulhar no som.”

do simples djing, a minha abordagem é tentar montar um espectáculo, uma performance. Neste momento estou a fazer festivais e percebi que não sou o tipo de DJ que anda aos saltos, fuma cigarros e atira-se para a plateia. Não quero ser cool. Estou mais interessado em apresentar um espectáculo que enfeitice o público. Vamos apresentar um novo show em Hong Kong, temos estado a trabalho nele há mais de um ano. Estou confortável para dizer que é um grande espectáculo. Acho que vai resultar, espero que o público goste.

festival Sónar de Hong Kong vai ter um espectáculo raro no cartaz. Uma mistura da instalação digital de Daito Manabe que emprestará um enquadramento visual às paisagens sonoras de Nosaj Thing. Manabe ainda apresentará uma palestra no Sónar+D. Daito Manabe é um dos artistas digitais de reputação mundial. O japonês é um homem dos sete ofícios. Compositor, programador, designer, DJ, VJ e fundador da editora Rhizomatiks, é a personificação do artista multifacetado. O seu trabalho reflecte a interacção entre o corpo humano e a máquina, uma espécie de arte andróide. O nipónico participará num espectáculo com o músico e produtor americano Nosaj Thing, relançando uma colaboração que vem de trás. O público do Sónar terá o privilégio de ver ao vivo este trabalho em que a música e um palco inteiro se enchem de luz e formas, que se complementam. O espectáculo que será apresentado no SonarClub é uma coreografia tecnológica, onde figuras de luz dançam e

explodem ao som das batidas e melodias de Nosaj Thing. Daito Manabe é um dos artistas digitais de prestígio mundial, tendo colaborado com imensos artistas, chegando, inclusive, o seu compatriota Ryuichi Sakamoto. Os dois japoneses trabalharam juntos no projecto “LIFE – fluid, invisible, inaudible”, com Manabe a desempenhar o papel de engenheiro gráfico e designer. Esse projecto deixou em ambos a vontade de voltar a trabalhar em colaboração, algo que se veio a verificar em 2014. “Estávamos ambos interessados em criar novos tipos de música e vídeos tornando visível o que invisível”, explica Manabe em entrevista ao site do Sónar. Este foi o ponto de partida para o trabalho conjunto “City”. O influente homem dos sete ofícios digitais irá apresentar uma palestra no festival, onde irá discorrer acerca da forma como a música pode ser plástica e interactiva. “Vou falar sobre a forma como a música desempenha um papel importante na criação e na forma de a decifrar e relacionar com outros suportes”, releva o japonês. Os espectadores do festival Sónar terão a oportunidade de ter acesso a um artista que assume como meta de vida empurrar os limites da criação para territórios desconhecidos. Um verdadeiro experimentalista.


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hoje macau quarta-feira 22.3.2017

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 100/AI/2017

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 104/AI/2017

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor WONG, Ka Sing, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Hong Kong n.° C2544xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 22/DI-AI/2015 levantado pela DST a 25.02.2015, e por despacho da signatária de 17.03.2017, exarado no Relatório n.° 109/ DI/2017, de 28.02.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada em Macau, na Rua de Nagasaki n.° 50-A, Jardim San On, Bloco II, 14.° andar J onde se prestava alojamento ilegal.--------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora CHU THI PHUONG, portadora do passaporte do Vietnam n.° B4449xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 88/DI-AI/2015 levantado pela DST a 28.07.2015, e por despacho da signatária de 17.03.2017, exarado no Relatório n.° 113/DI/2017, de 28.02.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada em Macau, na Travessa da Amizade n.° 82, Centro Internacional de Macau, Bloco VII, 7.° andar F onde se prestava alojamento ilegal.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 17 de Março de 2017.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 17 de Março de 2017.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 151/AI/2017

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 152/AI/2017

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora YANG PING, portadora do Passaporte da RPC n.° E18763xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 85.1/DI-AI/2014 levantado pela DST a 16.07.2014, e por despacho da signatária de 17.03.2017, exarado no Relatório n.° 167/DI/2017, de 20.02.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida Doutor Mario Soares n.° 239, Edf. Va Iong, 14.° andar H.------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHOI KIN CHAN, portador do BIRP da RAEM n.° 73416xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 142/DI-AI/2014 levantado pela DST a 23.11.2014, e por despacho da signatária de 17.03.2017, exarado no Relatório n.° 168/DI/2017, de 20.02.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Largo da Cordoaria n.° 2F, Edf. Kong On, 2.° andar A, Macau onde se prestava alojamento ilegal.------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme o disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 17 de Março de 2017.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 17 de Março de 2017.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

ANÚNCIO Concurso Público n.° 003/SZVJ/2017 “Prestação de Serviços de Arborização e Manutenção de Zonas no Noroeste de Macau” Faz-se público que, por deliberação do Conselho de Administração do IACM, tomada em sessão de 3 de Março de 2017, se acha aberto o concurso público para a “Prestação de Serviços de Arborização e Manutenção de Zonas no Noroeste de Macau”. O Programa de Concurso e o Caderno de Encargos podem ser obtidos, durante os dias úteis e dentro do horário normal de expediente, no Núcleo de Expediente e Arquivo do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), sito na Avenida de Almeida Ribeiro n.º 163, r/c, Macau. O prazo para a entrega das propostas termina às 17:00 horas do dia 5 de Abril de 2017. Os concorrentes devem entregar as propostas e os documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IACM e prestar uma caução provisória. A Prestação de Serviços de Arborização e Manutenção de Zonas no Noroeste de Macau divide-se em duas zonas, a caução provisória de cada zona é de MOP15.000,00 (quinze mil patacas). A caução provisória deve ser entregue na Tesouraria da Divisão de Contabilidade e Assuntos Financeiros do IACM, sita no rés-do-chão do Edifício do IACM, por depósito em numerário, cheque ou garantia bancária, em nome do «Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais». O acto público do concurso realizar-se-á no Centro de Formação do IACM, sito na Avenida da Praia Grande, Edifício China Plaza, 6.º andar, pelas 15:00 horas do dia 6 de Abril de 2017. O IACM realizará uma sessão de esclarecimento que terá lugar às 10:00 horas do dia 24 de Março de 2017 no Centro de Formação do IACM. Aos 13 de Março de 2017. O Presidente do Conselho de Administração José Tavares WWW.IACM.GOV.MO

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 169/AI/2017 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LAM SOI KAI, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 50456xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 18/DI-AI/2015 levantado pela DST a 04.02.2015, e por despacho da signatária de 17.03.2017, exarado no Relatório n.° 190/DI/2017, de 04.02.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Kunming n.° 92, Phoenix Garden, 3.° andar H onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme o disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.---------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.--------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 17 de Março de 2017.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

Anúncio Faz-se saber que no concurso público n.o 9/P/17 para o «Fornecimento e Instalação de Arquivos Deslizantes Modulares», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 9, II Série, de 1 de Março de 2017, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 4.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, e também estão disponíveis no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Serviços de Saúde, aos 16 de Março de 2017

O Director dos Serviços Lei Chin Ion


13 hoje macau quarta-feira 22.3.2017

Hong Kong ACTIVISTA ACEITA PRISÃO POR AGREDIR POLÍCIAS

Caso encerrado

SETE CONTRA UM

JONATHAN WONG | SCMP

U

M activista dos protestos pró-democracia de 2014 em Hong Kong, que foi atacado por sete polícias condenados pela agressão, aceitou ontem a pena de cinco semanas de prisão por atacar as forças de segurança.

Ken Tsang, que trabalha na área da assistência social, renunciou à possibilidade de recorrer da decisão - de Maio de 2016 - que o condena a cinco semanas de prisão por ter agredido a polícia e resistido à detenção durante as manifestações de finais de 2014 na antiga colónia britânica.

Ken Tsang pode vir a tornar-se no primeiro recluso a votar na eleição para o chefe do Executivo de Hong Kong, marcada para domingo, dado que é um dos 1.194 membros do restrito colégio que vai escolher o líder do Governo

gurança da Região Administrativa Especial chinesa.

O activista apresentou-se ontem diante de um tribunal de Hong Kong, à entrada do qual se concentraram duas dezenas de manifestantes para expressar o seu apoio com guarda-chuvas amarelos – símbolo dos protestos pró-democracia – e uma dezena de simpatizantes das forças de se-

O caso de Tsang voltou à actualidade em 14 de Fevereiro quando um juiz de Hong Kong condenou a dois anos de prisão os sete polícias que o agrediram por ter atacado antes outros agentes da autoridade. O incidente teve lugar durante uma das noites mais violentas dos quase três meses de ocupação nas ruas e foi tornado público pelo canal de televisão local TVB que transmitiu no dia seguinte as imagens. As imagens de vídeo mostravam os sete agentes a arrastar Tsang, algemado, para longe da multidão, para um canto escuro num parque público, onde foi agredido. Um homem estava por cima do activista infligindo-lhe golpes enquanto três outros o pontapeavam repetidamente. Na gravação também se via Ken Tsang, então membro do Partido Cívico, um dos principais grupos políticos pró-democracia, a atirar um líquido – que o activista insiste que era água – contra polícias antes de ser agredido. Tsang tornou ontem pública a sua decisão de não recorrer da sentença através de um comunicado no Facebook: “Sei que algumas das coisas que fiz infringem a lei e tenho de ser responsável por isso – nunca o neguei”. Com esta condenação encerra-se outro dos casos que correm na justiça sobre a fase de desobediência civil em que degenerou o movimento que levou inúmeros activistas a

CHINA

sentarem-se no banco dos réus nos meses que seguiram ao fim dos protestos populares que tomaram as ruas de Hong Kong durante 79 dias. Agora, Ken Tsang pode vir a tornar-se no primeiro recluso a votar na eleição para o chefe do Executivo de Hong Kong, marcada para domingo, dado que é um dos 1.194 membros do restrito colégio que vai escolher o líder do Governo entre os três actuais candidatos ao cargo. Tsang, que integra o colégio eleitoral como representante do sector da assistência social, afirmou, citado pelos ‘media’ locais, que espera que as autoridades competentes o ajudem a exercer o seu direito de voto na cadeia.

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TAIWAN AVANÇA COM CONSTRUÇÃO DE SUBMARINOS E NAVIOS

T

AIWAN lançou ontem um projecto de concepção e construção de submarinos e navios de guerra numa cerimónia realizada na base naval de Tsoying, no sul da ilha, que contou com a presença da Presidente Tsai Ing-wen. Tsai presenciou a assinatura de um acordo de cooperação entre a Marinha, os estaleiros CSBC e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Chung-Shan para o desenvolvimento e construção de submarinos e navios militares. O projecto de construção de submarinos coincide com uma crescente retórica intimidatória por parte da China, tanto na frente política, para conseguir a união e combater a independência, como na militar, com o envio de barcos e aviões para as proximidades da ilha. Segundo um relatório do Ministério da Defesa, apresentado na quinta-feira no Parlamento, Taiwan planeia aumentar os seus gastos em Defesa, adquirir equipamentos bélicos avançados aos Estados Unidos

e intensificar o desenvolvimento de aviões, mísseis, submarinos e navios militares. O desenvolvimento da sua própria frota de submarinos é um ponto importante na política de Defesa da Presidente Tsai face à recusa por parte dos principais fabricantes mundiais de submergíveis em vendê-los à Formosa devido à oposição chinesa.APresidente taiwanesa quer aliar o desenvolvimento de armas ao avanço tecnológico de Taiwan, por via da cooperação com o sector privado, e também promover a criação de empregos. Actualmente, Taiwan dispõe de dois submarinos norte-americanos, relíquias da II Guerra Mundial, e de outros dois holandeses construídos no início da década de 1980. Taiwan espera contar com transferência de tecnologia norte-americana para o seu programa de desenvolvimento dos submarinos e navios militares, já que Washington é o principal fornecedor de equipamentos bélicos à ilha.

EDITAL

Edital nº Processo nº Assunto

:10/E-OI/2017 : 117/OI/2010/F : Início de audiência pela infracção às disposições do Regulamento Geral da Construção Urbana (RGCU) Local : Istmo de Ferreira do Amaral n.º 60, Edf. Fong Nam, fracção 1.º andar A (CRP: A1), Macau. Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que fica notificada Chow On Nei, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as obras não autorizadas abaixo indicadas, as quais infringiram o disposto no n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (RGCU) de 21 de Agosto, alterado pela Lei n.º 6/99/M de 17 de Dezembro e pelo Regulamento Administrativo n.º 24/2009 de 3 de Agosto, pelo que as mesmas são consideradas ilegais: 1.1 1.2 2.

3.

4.

5.

:28/E-BC/2017 :328/BC/2016/F :Início do procedimento de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Local : Istmo de Ferreira do Amaral n.º 60, Edf. Fong Nam, fracção 1.º andar A (CRP: A1), Macau. Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que fica notificada Chow On Nei, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização efectuada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima identificado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Obra

1.1

Obra Instalação de uma pala metálica na parede exterior junto à fracção. Demolição da parede exterior e das janelas de vidro junto à fracção.

Nestas circunstâncias e nos termos dos artigos 52.º e 65.º do RGCU, conforme a situação das obras ilegais, ordena à infractora que proceda à demolição das obras ilegais referidas no ponto 1 e à reposição da parte afectada do edifício de acordo com o projecto aprovado por esta Direcção de Serviços, e informa que incorre em infracção sancionável com multa de $1 000,00 a $20 000,00 patacas. Nos termos dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, a interessada pode apresentar a sua defesa por escrito e as demais provas para se pronunciar sobre as questões que constituem objecto do procedimento, bem como requerer diligências complementares no ponto 4 abaixo indicado, no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. Deste modo, a interessada deve demolir as obras acima indicadas por sua iniciativa, mas deve apresentar nesta DSSOPT o respectivo pedido da demolição, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227).

RAEM, 14 de Março de 2017

Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion M

EDITAL

Edital n.º Processo n.º Assunto

1.2

2.

3. 4.

5.

Construção de um compartimento com cobertura metálica, cobertura em betão, paredes em alvenaria de tijolo, suporte metálico, pala metálica, gradeamento metálico e janelas de vidro no pódio junto à janela da fracção. Instalação de um portão metálico, gradeamento metálico e janelas de vidro e construção de paredes em alvenaria de tijolo na parede exterior junto à janela da fracção.

Infracção ao RSCI e motivo da demolição Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício. Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício.

As janelas acima referidas são consideradas pontos de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruídos com elementos fixos de acordo com o disposto no n.º 12 do artigo 8.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. Nos termos do n.º 7 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 12 do artigo 8.º é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, pode a interessada, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227).

RAEM, 14 de Março de 2017

Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

Palavras como pénis e vagina 珍爱生命

C

ELEBRAR a vida – Leituras Sobre Educação Sexual das Crianças (珍爱生命儿童性健康教育读 本) faz parte de um conjunto de livros publicados pela Universidade Normal de Pequim. Como o título sugere, são usados na educação sexual de crianças da escola primária. Recentemente livro foi alvo de acalorada discussão, depois de uma mãe de Hangzhou se ter vindo queixar no Weibo, uma rede social chinesa, de que o livro era demasiado explícito. A senhora tinha ouvido a filha ler algumas frases como “O papá põe o pénis dentro da vagina da mamã,” e “O esperma do papá entra no útero da mamã.” Embora alguns dos comentários ao post revelem que as pessoas acreditam que a educação sexual das crianças é importante, um grupo de pais indignados acharam que o livro era impróprio para os mais pequenos. Apelidaram-no de “banda desenhada pornográfica” por ter um “excesso de nudez”. O tom liberal do livro reflecte-se na exibição de imagens dos órgãos reprodutivos femininos e masculinos e também do acto sexual. “Você como pai, não fica chocado com isto?” perguntou a mãe que levantou esta polémica a um jornalista de Pequim durante uma entrevista. A identidade desta mãe é desconhecida. O primeiro texto sobre educação sexual apareceu em Shenzhen em 2003, mas foi rapidamente retirado dos currículos escolares. A educação sexual só se começou a difundir na China a partir de 2010, depois

Lições sobre a igualdade do género dadas actualmente na China

Num relatório de 2013 elaborado a partir de uma pesquisa interdisciplinar sobre a protecção a raparigas, Celebrar a vida foi citado como um exemplo para ajudar as crianças a estarem mais atentas aos predadores sexuais. Em 2014 foram reportados mais de 500 casos de abusos sexuais infantis

de Celebrar a vida – Leituras Sobre a Educação Sexual das Crianças ter sido introduzido para ensinar as crianças de uma escola primária do Distrito de Chaoyang. O autor, Liu Wenli, afirmou que, embora a educação sexual seja tão importante como a Língua ou a Matemática, a cultura tradicional chinesa considera desnecessária a sua introdução nos currículos escolares. As lições incluídas no livro versam temas como: O Pénis e a Vagina, a Homossexualidade, Igualdade de Género e, mais importante que tudo, o ensino de uma atitude progressiva. “A maior parte das pessoas sentem-se atraídas pelo sexo oposto, mas algumas sentem-se atraídas por pessoas do mesmo sexo. Este fenómeno é absolutamente normal,” afirma o professor e autor do livro. “Não devemos discriminar essas pessoas.” Para além de falar sobre as orientações hétero e homossexuais, o texto também menciona a bissexualidade. “Vocês já ouviram falar de uma celebridade que se assumiu como bissexual?” diz a rapariga. “O professor não nos disse? Algumas pessoas gostam de picante e de doce. Não temos de nos sentir chocados,” responde o amigo. Num relatório de 2013 elaborado a partir de uma pesquisa interdisciplinar sobre a protecção a raparigas, Celebrar a vida foi citado como um exemplo para ajudar as crianças a estarem mais atentas aos predadores sexuais. Em 2014 foram reportados mais de 500 casos de abusos sexuais infantis.


15 hoje macau quarta-feira 22.3.2017

diário de um editor

João Paulo Cotrim

Leitor de autores GRAÇA EZEQUIEL

EC.ON, LISBOA, 11 MARÇO Não devia dizê-lo tantas vezes em público, para manter aquele orvalho das primeiras madrugadas. Ou, pelo contrário, devia gritar esta fraterna ideia de que podemos cultivar comunidades, hortas dos simples nas traseiras de paraísos de onde seremos sempre expulsos. Descobri em Luís Carmelo um irmão que não sabia ter. Além das afinidades que fomos desvelando ou continuaremos tecendo e a tendência para o desvario, une-nos um estranho sentido prático, nem tanto natural, que se faz indispensável para trazer à cena as ideias que nos atormentam. Acrescente-se nele a planície da generosidade e o fulgor da dança. Aquela discreta, como convém, e esta extravagante, porque se pode. Qualquer pista, formal ou improvisada, se expande com as figuras geométricas que o Luís desenha com o corpo todo: inventou a geometria descritiva dançada. Nas últimas semanas, descontando a presença no Correntes D’Escritas, pude acompanhar de perto o mano Luís em três outras ocasiões, no El Corte Inglés, em dissertação integrada no ciclo «Este Livro que Escrevi», no lançamento do terceiro volume da trilogia, Sísifo, e hoje nesta sessão dos cursos Ícone, da sua activíssima Escola de Escritas. Sou testemunha do seu

brilhantismo. E da sua perplexidade ao contar, em preparação para hoje, 53 títulos dados à estampa (e mais de duas dezenas de inéditos), sobretudo no ensaio e no romance, mas com incursões, apenas exemplos, na poesia ou no conto. Bibliografia em badana é uma coisa, outra ver os volumes a construir sobre a mesa uma parede cronológica, a vida disposta de maneira que uma mão as puxe pela lombada e as leve aos olhos. Escusado será dizer que em poucos lugares se poderá ter tal experiência, que as livrarias há muito deixaram ter fundos, ainda assim afundando-se cada vez mais. Carmelo consegue, com um danado poder de síntese, afastar-se da sua obra, semi-cerrar os olhos, agitar os dedos da mão direita no mais longe do braço e dissertar com espantosa certeza. Acerca da circunstância concreta que despertou o desejo de escrita, uma dor ou um exercício, mais os meandros articulados de cada mecanismo, sem esquecer o óleo que une o conjunto para terminar numa conclusão, quase sempre questão em aberto. Por vezes, ferida aberta. Esta Trilogia de Sísifo ergue-se ponto cimeiro no dançado percurso do Luís Carmelo, que obedece, mais do que aos ritmos exteriores, a um rigor orgânico que propõe formas de contar caleidoscópicas, que busca capturar a

essência de cativantes personagens em movimento através de uma linguagem renovada, que acrescenta, com sombras, que não esconde o erótico labor da escrita. O fecho faz-se com um romance sobre a iniciação, construção literária que há muito fornece à vida a potência de uma explicação, um arrumo, ainda que instável, um sentido possível para os ziguezagues com que progredimos, não necessariamente em frente. Tive crónica na revista Ler, que levava por título «Este Livro e Não Outro», para mastigar a ideia de que a cada momento do vivido temos um livro, e não outro, que lhe corresponde. Por coincidir com experiência marcante será então cabalmente nosso, tal a árvore incorpora bicicleta esquecida encostada ao seu tronco. Reparo agora, tentando a virgindade de simples leitor, que este Sísifo se tornou paisagem actualíssima ao seu famigerado editor, que anda às voltas, sem saber se roda sobre si ou se se dirige em espiral para algures. ALDEIA DE PAIO PIRES, 18 MARÇO Um dos ensaios do mano Luís, Uma Infinita Voz (abysmo), foi dedicado ao Exercícios de Humano, do mano Paulo José Miranda, agora mesmo homenageado na sua aldeia, com comovente singeleza, em tarde soalheira, na

Sociedade Musical 5 de Outubro, pela mão da CoopA, de António Caeiro e Sérgio Gomes. Tentei dizê-lo atabalhoadamente: um regresso que nunca foi ausência. Por ser universal, as raízes do Paulo notam-se bem no que escreve. Momento central foi o testemunho do mano António de Castro Caeiro, um pouco antes das leituras do mano José Anjos. (Sorrio com a irritação que causará em alguns, mais dados à miséria e às comichões, esta luxuriante profusão de manos…). O próprio Paulo coligiu a antologia Resta Ainda Face (abysmo), seguida de ensaio, para a poesia de Helder Macedo, e este, em entrada para A Companion to Portuguese Literature (Tamesis Books), afirma que ele e António Cabrita «estão a destabilizar as reputações pronto a vestir». Manos que escrevem sobre manos, que se lêem a qualquer pretexto. Podia continuar puxando fios de rede que não pára de crescer, e cujas cores generosas me confortam. A identidade da literatura tem que arder nesta incessante procura do sentido e do cruzamento das noites de cada um. Portanto, não basta escrever. Antes gastar a vida assim, a tactear o não dito, a puxar o manto do silêncio. Portanto, a escrever. Ainda que isso nos facilite pouco a vida. Disse ali o mano António, para mais de meia centena de pessoas. «As suas palavras poéticas dependem de uma compreensão do sentido. E poucos têm como plano de fundo um domínio do pensamento ocidental para poder produzir uma abertura à dimensão em que o sentido acontece. Em que se compreende e não compreende, onde há ou não inteligibilidade. O debate pela palavra é o debate pela compreensão das situações em que não se compreende, não se consegue nem pode. Por isso muitas vezes parece haver uma impermeabilidade entre a poesia e a vida, como se houvesse duas e não se desse antes o caso de a vida enquanto tal existir na dependência da situação em que nos encontramos. Encontramonos continuamente, o mais das vezes e primariamente, sem qualquer necessidade de confronto com o sentido. O confronto com o sentido dá-se quando ele se esvazia, quando, a partir do seu próprio colapso, nos interroga, põe problemas, levanta questões e nos dificulta a vida.»


16 DESPORTO

Q

UANDO há doze meses tentou realizar a sua primeira corrida de fórmulas, Leong Hon Chio, ou Charles Leong, foi barrado a participar. Na altura os seus catorze anos e a sua longa experiência de karting não eram suficientes para ser autorizado a correr no Campeonato da China de Fórmula 4. Doze meses passaram, e agora com 15 anos completos, o jovem piloto da RAEM venceu a sua primeira corrida de monolugares. Aliás, Leong fez uma “dobradinha” na prova de abertura do Campeonato Asiático de Fórmula Renault que se disputou no fim-de-semana transacto no Circuito Internacional de Zhuhai, precisamente o mesmo palco onde tinha sido impedido de realizar a sua estreia nas corridas de fórmulas, um feito ao alcance de muito poucos. “Foi um fim-de-semana perfeito para mim. A minha equipa deu-me um bom carro e tudo correu bem”, expressou o humilde representante PUB

hoje macau quarta-feira 22.3.2017

Leong dá nas vistas Jovem de Macau brilha no asiático de Fórmula Renault

da RAEM. Para além de ter vencido as duas corridas, Leong fez ainda a pole-position e bateu o recorde da

volta mais rápida de Fórmula Renault 2.0 ao circuito da cidade chinesa adjacente a Macau, ao rodar em 1m33.9s.

“Esta foi a minha primeira participação no asiático de Fórmula Renault. Comparando com as mi-

nhas anteriores corridas de karting e outros fórmulas, o Fórmula Renault é mais rápido, logo a pressão é maior e o desafio também”, disse à comunicação social o piloto do território que corre por uma equipa de Hong Kong. Leong vai completar a temporada asiática de Fórmula Renault 2.0, campeonato que tem até ao final do ano provas na Malásia, Tailândia, Xangai e Zhejiang, esperando que os bons resultados a alcançar este ano e um apoio do Governo de Macau lhe abra portas para uma oportunidade nos maiores palcos do automobilismo mundial. “Este ano estou a lançar as bases para o futuro, pois o meu objectivo é participar na Eurocup Fórmula Renault no próximo ano”, afirma com arrojo aquele que é unanimemente apontado como o melhor da última geração de pilotos de Macau.

ENTRETANTO EM ZHAOQING

Em Cantão, no primeiro fim-de-semana “GIC Chal-

“Foi um fim-de-semana perfeito para mim. A minha equipa deu-me um bom carro e tudo correu bem” CHARLES LEONG PILOTO lenge” da temporada, Rui Valente venceu à classe as duas corridas de “Sprint”, ambas de 15 voltas, e ficou em segundo da geral na prova de resistência de uma hora, em que fez dupla com Sérgio Lacerda. No Circuito Internacional de Guangdong, o piloto português radicado no território utilizou o Honda Integra DC5 e não o MINI Cooper S que irá conduzir nas provas de apuramento para o Grande Prémio de Macau no Verão. Sérgio Fonseca

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17 hoje macau quarta-feira 22.3.2017

OPINIÃO

MARIA RAMALHO in Público

ECENTEMENTE, em artigo neste jornal, referia-se o surgimento de explicações para o fenómeno Trump partindo de autores como Orwell ou Arendt, esquecendo-se aquele que porventura será o mais acutilante crítico da situação em que hoje nos encontramos, verdadeiro visionário que teve a coragem de iniciar a sua crítica exactamente quando nada o fazia prever, menos de cinco anos após a segunda guerra mundial, quando o mundo finalmente respirava de alívio e cedia às leis do mercado e às delícias do consumismo, tal criança se entrega deleitada aos doces depois de um violento castigo. Guy Debord não estava só, é certo, outros como ele empreenderam com igual coragem a mesma batalha que terá o seu auge no Maio de 68 e a sua maior esperança na Revolução de Abril (1). Se inicialmente Debord acreditava que a “critica teórica” e a “prática da agitação”, destinada a transformar as condições de uma vida ao serviço do império da servidão, seriam a via mais eficaz para alcançar a Revolução, os acontecimentos do pós 68 e o modo como se foi afirmando a “Sociedade do Espectáculo”, retiram-lhe, em grande medida, esse optimismo. Quando se fala de Guy Debord associa-se, de imediato a expressão “Sociedade do Espectáculo” limitando-se as análises a aspectos superficiais do conceito e da sua obra, uma obra que passa pela escrita, pelo cinema mas sobretudo pela acção, pois para ele o que realmente importava não era interpretar o mundo mas sim transformá-lo. Se olharmos hoje para o significado da mensagem contida no livro Comentários sobre a Sociedade do Espectáculo editado em 1988, que aprofunda o que dissera antes, é possível facilmente compreender o que actualmente se passa no mundo, sendo essa porventura a maior vitória de Debord, algo que irá soar para sempre, tal como acontece com as obras maiores. Se tivermos em conta como hoje “tudo o que era directamente vivido se afastou numa representação” com a proliferação de redes sociais e de dispositivos móveis adaptados pensados para levar esta lógica ao seu expoente máximo, e como tudo isto tem uma aceitação à escala planetária, é possível concluir que Debord tinha razão: o “espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens”. E é assim que se explica também o surgimento de Do-

PETER WEIR, THE TRUMAN SHOW

R

A era Trump(a) ou como Guy Debord tinha razão

nald Trump, exímio utilizador das técnicas de marketing político, da ascensão com base em negócios escuros, das redes sociais, da utilização de dispositivos móveis que tudo permitem, um produto do mundo do espectáculo televisivo onde ficou célebre com o reality show que abria ao som de money, money, money e acabava com ele, de dedo em riste, gritando You’re Fired! Diz Debord: “num mundo realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso” e o espectador alienado é assim o produto ideal desta sociedade pois “quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo”. O mundo real em que vivemos retrata-se assim na frase: “quando o reino autocrático da economia mercantil acedeu a um estatuto de soberania irresponsável é o conjunto das novas técnicas de governar que acompanham esta forma de reinar”. Segundo Debord, esta nova forma de governo obedece a cinco características essenciais: a renovação tecno-

O fim da História é um agradável repouso para todo o poder, pois desta forma garante o sucesso do conjunto das suas intenções ou pelo menos o ruído do sucesso

lógica incessante; a fusão entre a economia e o Estado; o segredo generalizado; o falso sem réplica e o perpétuo presente. Quanto à primeira constatação - Renovação tecnológica incessante - é óbvia a crença e a aposta absoluta sem qualquer hipótese de refutação ou crítica, nas chamadas novas tecnologias. Esta estratégia que é unanimemente apoiada tanto por políticos como pelo comum dos cidadãos, celebra efusivamente a ocupação do espaço público, dos museus, das escolas, dos jardins com wireless, écrans tácteis e outras maravilhas, de modo a tornar os “cidadãos mais capacitados”, facilitar o emprego sem escritório e responder assim às necessidades dos trabalhadores pois, ao mesmo tempo que ampliam a satisfação, aumentam a produtividade. E é assim que mansamente os “telefones inteligentes” vão invadindo o nosso mundo mas, mais grave, o mundo das crianças com o encolher de ombros dos pais que consideram esta uma forma natural de acompanhar os tempos modernos. Como disse Debord “quando ser absolutamente moderno se tornou uma lei especial proclamada pelo tirano, aquilo que o honesto escravo acima de tudo receia é que possam suspeitar de passadista”. A segunda realidade - fusão entre a economia e o Estado transformou-se de tal modo no discurso único que nada mais escapa e, mesmo que todos os cidadãos se desdobrassem em pagamento de impostos, nunca estes seriam suficientes para conter a sede imparável das Bolsas ou das agências de rating destinadas que estão a controlar as crises oportunas que surgiram antes e irão surgir sempre que algum governo se atreva

a contrariar o jogo, reforçando um Serviço Nacional de Saúde ali, ou um complemento de sobrevivência acolá. O “segredo generalizado” encontra-se, segundo Debord, como suporte do Espectáculo, sendo o elemento mais decisivo da sua forma de operar e as perseguições a todos os que se atrevam a denunciar este Segredo são conhecidas, assim como são os silêncios e a impunidade de certos crimes numa justiça a diferentes velocidades e desvairados critérios. O “falso sem réplica” corresponde ao já conhecido mundo das “pós-verdades”, do ruído informativo que anestesia e impede a busca do verdadeiro sentido das coisas, criando espaço para se poder afirmar como Debord o fez “que jamais a censura foi tão perfeita”. Antigamente, dizia Guy Debord, “conspirava-se contra a ordem estabelecida, agora conspira-se a seu favor”. Por último a ideia do “perpétuo presente” com a conclusão que “a primeira intenção do domínio espectacular é fazer desaparecer o conhecimento da História em geral”, organizando deste modo a ignorância. O fim da História é um agradável repouso para todo o poder, pois desta forma garante o sucesso do conjunto das suas intenções ou pelo menos o ruído do sucesso. “Todos os usurpadores quiseram sempre fazer esquecer que acabaram de chegar”. Apesar de um retrato negro e tão actual da sociedade, Debord não deixa de lançar algumas sementes de esperança para o futuro ao exaltar a beleza da passagem do tempo ou de como afinal “os rios das revoluções voltam onde começaram, para de novo fluírem”.


18 (F)UTILIDADES

hoje macau quarta-feira 22.3.2017

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TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 19 MAX 24 HUM 75-95% • EURO 8.65 BAHT 0.23 YUAN 1.16

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO | “ANSCHLAG BERLIM DESENHO DE CARTAZES DE BERLIM” Galeria Tap Seac

AQUI HÁ GATO

POLITICAMENTE INCORRECTO

EXPOSIÇÃO “TRACING LINERS”, DE JOÃO PALLA Casa Garden EXPOSIÇÃO “WORKS BY LEI CHEOK MEI” Armazém do Boi | Até 26/3 EXPOSIÇÃO “CONFUSION OF CONFUSIONS WORKS BY YOYO WONG” Armazém do Boi | Até 26/3 EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON oficinas Navais N.º1 | Até 23/4

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017) EXPOSIÇÃO “ENTRE O OLHAR E A ALUCINAÇÃO” DE JOÃO MIGUEL BARROS Creative Macau (Até 25/3)

PROBLEMA 2

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 1

UM DISCO HOJE Cineteatro

C I N E M A

KONG: SKULL ISLAND SALA 1

SALA 3

Filme de: Jordan Vogt-Roberts Com: Tim Hiddleston, Samuel L. Jackson, Brie Larson 14.30, 16.45, 21.30

Filme de: Colm McCarthy Com: Gemma Arterton, Sennia Nanua, Paddy Considine 14.30, 21.30

KONG: SKULL ISLAND [C]

KONG: SKULL ISLAND [C][3D] Filme de: Jordan Vogt-Roberts Com: Tim Hiddleston,Samuel L. Jackson, Brie Larson 19:15 SALA 2

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau

Há uma vitimização em curso, das mais perniciosas e peçonhentas que pode haver. Uma força mortal que se esconde e se torna mansa, cheia de queixumes e medo de igualdade, apavorados com simples conceitos de justiça social. Hoje sou um gato preocupado com a eficácia da propaganda da extrema-direita, que se queixa e precisa de um lugar de segurança para sonhar com velhas formas de controlo. Trucidados pelo holocausto da igualdade, massacrados pela luta contra o machismo, a homofobia. Aliás, que se entranhe esta noção: o choradinho do politicamente correcto esconde incorrecção política, histórica e moral. Durante a luta dos afro-americanos por igualdade esta turba também se insurgiu contra a supremacia negra que iria engolir o homem branco, esconderam-se atrás dos mesmos livros sagrados para justificar a segregação. Os judeus também, em tempos de corja, temidos como a maior ameaça. Há sempre o pavor de que a minoria retribua à violência. A projecção mais medricas e fraca de espírito onde se aloja o mais perigoso dos medos. Já não se pode chamar macaco a um negro? Já não se pode apedrejar um paneleiro? Já não se pode chamar puta a uma mulher divorciada? Na opinião desta muito sensível extrema-direita, a repugnância moral perante estas questões é a verdadeira opressão. Já não se pode ser racista abertamente sem arriscar um murro na tromba?! Nem mais, saúdo esse murro com garras afiadas, brindo a esse nariz partido, que o sangue corra justiceiro! Afio as garras... Pu Yi

SPIRITUALIZED | “LADIES AND GENTLEMEN, WE ARE FLOATING IN SPACE”

Este é um dos melhores discos esquecidos dos anos 1990 e uma pérola fundamental do space-rock. Alvo de vasta aclamação crítica, “Ladies and Gentlemen” é como uma ópera rock, com pinceladas de blues, gospel, música sinfónica e psicadelismo. O disco conta com a participação do Balanescu Quartet, a London Community Gospel Choir e a lenda do blues de Nova Orleães Dr. John. Neste marco na discografia dos Spiritualized destacam-se “Come Together”, “Electricity” e “Cop Shoot Cop”. Este marco na carreira da banda de Jason Pierce faz 20 anos em Junho. João Luz

THE GIRL WITH ALL THE GIFTS [C]

SILENCE [B] Filme de: Martin Scorsese Com: Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson 16.15

SILENCE [B]

LA LA LAND [B]

Filme de: Martin Scorsese Com: Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson 14.30

Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.15

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau quarta-feira 22.3.2017

ÓCIOSNEGÓCIOS

FOOD TRUCK, ESPAÇO DE PRONTO-A-COMER PEDRO ESTEVES, FUNDADOR

Pedro Esteves orgulha-se de ter aberto a primeira roulotte de Macau que vende a típica bifana portuguesa. É certo que o veículo foi instalado dentro de uma loja comum, mas o engenho não roubou o lado tradicional dos petiscos portugueses

estranham que a Food Truck Company seja algo totalmente diferente de um café ou restaurante. “As pessoas de Hong Kong conhecem, mas as pessoas de Macau não percebem bem o que é isto, se é uma carrinha a sério. É verdadeira, mas não tem motor. Esta é a primeira roulotte em Macau, está é dentro de uma loja.” Os petiscos são muitos e variados. “Não há cá a nossa bifana, e a minha bifana é a mais parecida possível à bifana portuguesa. Uma simples costeleta de porco como as que fazem aqui não tem nada que ver. Vou fazer também hambúrgueres vegetarianos”, conta Pedro Esteves que, para já, é o único a gerir o negócio, a atender clientes e a trabalhar atrás do balcão. “Estou com problemas de mão-de-obra e quero ter locais. Não tenho mais ninguém para me ajudar e não é fácil fazer tudo. Tenho de tratar das compras, confecção da comida, atendimento ao público. É por isso que estou a fazer uma pré-abertura”, disse. Mas nem só de comida se faz este espaço. Isto porque o local onde funciona a Food Truck Company tem ainda expostos trabalhos do fotógrafo António Mil-Homens.

HOJE MACAU

“Quis ir buscar receitas antigas”

OS PETISCOS DE SEMPRE

C

OMER uma bifana ou um cachorro quente enquanto se bebe uma cerveja é comum em Portugal, sobretudo em feiras, festivais ou concertos. Em Macau, não há roulottes, nem a legislação permite a existência desse tipo de negócios nas ruas. Ainda assim, Pedro Esteves, há muito ligado ao sector da restauração, não desistiu da ideia. Assim que encontrou uma loja para arrendar na Rua dos Mercadores, soube que tinha o local certo para fundar a Food Truck Company. “Há muito tempo que queria ter uma roulotte na rua, mas isso não existe aqui. Então tive a oportunidade de abrir essa roulotte dentro de uma loja, tive de arrendar a loja para poder desenvolver o conceito. Temos bifanas, couratos, entremeadas, só produtos portugueses. Gostava que a lei mudasse e que fossem permitidos vendedores ambulantes, para podermos fazer isto na rua”, contou ao HM. Com a casa aberta apenas há algumas semanas, Pedro Esteves já nota o sucesso da sua ideia. “O negócio está a correr bem, tanto em termos de locais, como de turistas.” Apesar disso, muitos

Na carrinha improvisada há petiscos para todos os gostos, sem esquecer as cervejas, o café português e o chá chinês. “Quem entra aqui é como se estivesse a entrar dentro da cozinha”, assume Pedro Esteves. “A nossa gastronomia tem muita coisa por explorar. Nunca vi ninguém a fazer couratos em Macau. Quis ir buscar receitas antigas. Queria fazer uma casa de petiscos também, e aí ia buscar petiscos como morcela com ananás, peixinhos da horta, coisas que temos na nossa gastronomia que não existem em Macau. Porque pratos como arroz de pato ou amêijoas toda a gente tem”, defende. Esta não é a primeira vez que Pedro Esteves se aventura no mundo dos tachos e panelas. Há vários anos em Macau, o

“As pessoas de Hong Kong conhecem, mas as pessoas de Macau não percebem bem o que é isto. (...) É a primeira roulotte em Macau, está é dentro de uma loja.”

português já foi gerente de um restaurante português e chegou mesmo a viver na China, em Cantão. “No ano passado tive um projecto em São Lázaro, para fazer uma espécie de Bairro Alto, queria fazer um festival de caracóis também, mas a ideia acabou por não ir para a frente. Acabei por abrir apenas um supermercado, mas em São Lázaro, na altura, as coisas ainda estavam mortas e decidi fechar, pois iria perder dinheiro. Fiquei desempregado quase um ano e encontrei este negócio. Estou a começar do zero”, diz.

Na Food Truck não há mesas nem cadeiras, os clientes encostam-se ao balcão enquanto o cozinheiro pega na frigideira e prepara os petiscos que se comem à mão, com a ajuda do guardanapo. Em Macau ainda restam alguns vendilhões de comida, mas as regras mandam que, quem compra, pegue no ta-pao e vá conversar para outras paragens. Na Food Truck, tal como mandam os costumes portugueses, fica-se à conversa entre uma ou outra cerveja. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


Nam Sam, Taipa, vedada a deficientes e urgências. Atlântido

quarta-feira 22.3.2017

Escândalo MACAU SUSPENDE IMPORTAÇÕES DE CARNES PRODUZIDAS NO BRASIL DETIDOS DOIS SUSPEITOS DE ENTREGAREM ARMA A AGRESSOR EM ORLY

Dois homens foram detidos em França por alegadamente terem fornecido a arma ao homem que sábado foi abatido no aeroporto de Orly, em Paris, após roubar a arma a uma militar, informaram fontes judiciais, citadas pela agência EFE. Os dois suspeitos estavam a ser investigados desde domingo, após serem identificados graças a informações obtidas no telemóvel do agressor, identificado como Ziyed Ben Belgacem, e foram detidos na segunda-feira. Um dos suspeitos é um homem de 30 anos, detido por embriaguez num controlo rodoviário e suspeito de ter fornecido a arma ao agressor dias antes do incidente. O outro, de 43 anos, terá estado presente no momento da entrega da arma.

REAL MADRID PROCURA SUBSTITUTO PARA FÁBIO COENTRÃO

Os responsáveis do Real Madrid procuram já substituto para Fábio Coentrão, revela a edição desta terça-feira do jornal espanhol Marca. O internacional português tem ainda contrato com os merengues até Junho de 2019, mas conta apenas com três jogos na presente época, além de passar grande parte do tempo lesionado. Daí, o objectivo passa por tratar de transferir o jogador, trabalhando-se já num substituto que possa rivalizar com o brasileiro Marcelo, habitual titular no lado esquerdo da equipa orientada por Zidane.

F

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RANCISCO Guterres Lu-Olo foi eleito esta segunda-feira como Presidente da República em Timor-Leste, obtendo 57,08% dos votos válidos, à frente do segundo classificado, António da Conceição, com 32,47%, segundo dados finais provisórios. Quando estavam escrutinados 100% dos 696 centros de votação, Lu-Olo somou 294.938 votos, contra os 167.760 de António da Conceição, num sufrágio em que participaram 528.813 eleitores, ou 71,16% do total recenseado, segundo

Tempo de vacas magras é cedo para apontar a data em que a importação de carne brasileira voltará a ser autorizada no país. A porta-voz instou ainda Brasília a reforçar o controlo para garantir a segurança e fiabilidade dos produtos que vende na China.

USOS E ABUSOS

A

carne brasileira está proibida de entrar em Macau. A decisão do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), foi dada a conhecer ontem, numa nota enviada ao fim do dia à imprensa. O IACM diz estar “a acompanhar com especial atenção o incidente que envolve carne congelada originária do Brasil, tendo decidido suspender o tratamento de requerimentos para importação de carnes congeladas e refrigeradas daquele país.” A decisão surge na sequência do escândalo de falsificação dos prazos de validade das carnes, e da sua adulteração, o que levou a China, a Coreia e a União Europeia

a suspender qualquer importação do produto. A China pediu ontem ao Brasil transparência na investigação que está a desenvolver sobre fabricantes de carne que vendiam produtos contaminados para o exterior e um reforço do controlo sobre os alimentos exportados pelo país.

Entre as práticas, foi comprovado o uso de químicos para melhorar o aspecto das carnes, a falsificação de etiquetas com a data de validade ou a inclusão de alimentos não adequados para consumo na elaboração de enchidos

Sem surpresas

Lu-Olo eleito Presidente de Timor-Leste

o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE). Em terceiro, a grande distância dos dois primeiros, surge José Luís Guterres, que obteve 13.513 votos (2,62%), à frente de José Neves, que obteve 11.662 votos ou 2,26 por cento dos votos válidos (que totalizaram 516.727). Em quinto entre os oito candidatos surge Luís Tilman, que obteve 11.124 votos ou 2,15% do total, seguindo-se

António Maher Lopes, com 9.098 votos ou 1,76% do total. Nas últimas duas posições surgem Ângela Freitas, que obteve 4.353 votos ou 0,84%, e Amorim Vieira que se ficou pelos 4.279 votos ou 0,83%. Os seis candidatos menos votados somaram entre si 54.029 votos, ou 10,46% do total.

DOS NÚMEROS

“Esperamos que o Brasil leve a cabo uma minuciosa investigação, de forma aberta e transparente, e informe a China dos resultados”, afirmou a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying. Hua sublinhou que se trata de uma medida de “prevenção” e “temporária”, mas considerou que

Lu-Olo venceu em nove dos 12 municípios (Aileu, Baucau,

Bobonaro, Covalima, Díli, Lautem, Manatuto, Manufahi e Viqueque), com António da Conceição a vencer nos municípios de Ainaro, Ermera e Liquiçá e na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA). O Presidente eleito, que tomará posse a 20 de Maio, obteve o seu melhor resultado em Viqueque, na ponta leste do país, onde conseguiu 82,79% dos votos e o seu pior em Liquiçá, onde se ficou pelos 41,35%. Já António da Conceição registou a sua maior percentagem de apoio em Liquiçá (49,82%) e a pior em

A Coreia do Sul, o Chile e a União Europeia anunciaram também a suspensão das importações de carne produzida no Brasil, enquanto o Governo do Presidente Michel Temer tenta limitar o impacto do escândalo que afectou um dos sectores mais fortes da economia brasileira. De acordo com a polícia federal brasileira, funcionários públicos eram subornados por directores de empresas para darem aval a carnes com prazos de validade já ultrapassados e adulteradas. Entre as práticas, foi comprovado o uso de químicos para melhorar o aspecto das carnes, a falsificação de etiquetas com a data de validade ou a inclusão de alimentos não adequados para consumo na elaboração de enchidos. O IACM diz ainda que irá “notificar os importadores locais sobre a suspensão e alertar o sector para prestar atenção à origem dos produtos importados” e promete acompanhar o caso junto das autoridades brasileiras. J.C.M. com Lusa

Viqueque (9.67%). Lu-Olo venceu nos três centros de votação fora de Timor-Leste, obtendo 65,61% dos votos em Lisboa, 64% dos votos em Sydney e 47,88% em Darwin.

Os dados provisórios, que têm agora de ser validados oficialmente, mostram que Lu-Olo ficou acima dos 50% em sete dos 12 municípios do país e que António da Conceição não conseguiu a maioria absoluta em nenhuma região do país. A maior taxa de participação registou-se em Aileu, a sul de Díli, onde votaram 81,49% e a menor ocorreu em Manufahi, também a sul da capital, onde votaram apenas 68,05% dos eleitores inscritos.


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