DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
SEXTA-FEIRA 22 DE JULHO DE 2016 • ANO XV • Nº 3619
GONÇALO LOBO PINHEIRO
hojemacau
UNG VAI MENG
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Os edifícios são a alma de uma cidade
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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ENTREVISTA
LEI IDOSOS
CANÍDROMO
Espera Insólito deitado destino PÁGINA 4
PÁGINA 7
CCM | TEATRO
Humor em família EVENTOS
Piratas
JOSÉ SIMÕES MORAIS
Éter e anestesia ANABELA CANAS
h
OPINIÃO
Corrupção e panchões PAUL CHAN WAI CHI
2 ENTREVISTA
GUILHERME UNG VAI MENG PRESIDENTE DO INSTITUTO CULTURAL
A UNESCO pode vir a ter mais património classificado de Macau e as ruas do território vão encher-se de músicos, com licença para tocar. São algumas das ideias de Ung Vai Meng, que se diz satisfeito com o trabalho feito pelo património e com a lei que o regula Está como presidente do Instituto Cultural (IC) há muitos anos. Como avalia o trabalho que tem sido feito até agora? Entrei aqui a trabalhar em 1983. Sou presidente há seis, ou sete anos. Sinto-me feliz a trabalhar na área da cultura. Posso dizer que sou [testemunha] e vejo como o IC cresceu. Já vi muitos funcionários reformarem-se, até fiquei com alguma inveja (risos). Cresceu muito o IC, não só ao nível da quantidade, mas de qualidade. Este ano foi muito importante, com a entrada de pessoal [e departamentos] do IACM na nossa equipa. Agora temos mais de mil funcionários, 16 bibliotecas, muitos museus e galerias. É um espaço que cresceu e onde podemos encontrar [vários] recursos, é uma base cultural. O mais importante é a qualidade dos funcionários, sinto-me feliz por estar a trabalhar com eles. Dantes não tínhamos, por exemplo, profissionais de arqueologia, tínhamos de convidar pessoal de fora. Agora convidamos para nos ajudarem, mas somos nós quem inicia o trabalho, sem andar a pedir “por favor”. Dantes não tínhamos também pessoas que soubessem restaurar o património, agora temos. Há património que Macau tenha perdido por não saber como preservar? Macau é uma cidade com uma longa história e a lista de património foi logo elaborada em 1964. Nos anos 1970,
“Trabalhamos para ter mais património na UNESCO” uma equipa de escavação de Hong Kong descobriu alguns vestígios em Hac Sá, a iniciativa foi deles, sim, mas depois da transferência formamos a nossa equipa, em 2006 mais ou menos. Mas mal descobrimos vestígios arqueológicos, já nessa altura, preservamos o terreno. Como não reunimos as condições para expor estes vestígios, a melhor maneira foi deixar no local, por isso em Hac Sá existe um parque onde não há construções, para que isso pudesse ser preservado. Não perdemos nada, é uma forma de preservação diferente. É como o campo de futebol na Rua dos Estaleiros em Coloane. É para preservar, para futuramente podermos construir um museu ou espaço para exposição dos vestígios. Que não vai ser para já... Não nos pertence só a nós, também à futura geração. Não podemos aproveitar tudo agora, temos de deixar alguns para o futuro, para que eles possam aproveitar, até com melhores técnicas. Acha que há mais sítios em Macau onde se poderão encontrar este tipo de vestígios? Há mais. De certeza. Imagine debaixo da vila de Coloane... há outra vila, de há três mil anos atrás. Acho romântico, vivemos uma vida em cima, mas lá em baixo tinha outra, da era do Neolítico.Até encontrámos tanques industriais, tão engraçado. Sobre o património, quantos itens classificados é que Macau acumula neste momento? O conceito de património agora é diferente de antigamente. No século passado, o nosso conceito de 1956 era apenas de imóveis. Agora inclui património arqueológico e bens intangíveis. Imóveis temos 128. Quando e quantos vão entrar mais na lista? Este ano, antes de Dezembro. Nove vão ser classificados e depois desta classificação, vamos iniciar outro grupo.
O edifício da Rua da Barca, que sofreu demolição parcial, integra a lista? Não. Estamos ainda na fase final de análise da reparação, mas vamos ocupar-nos agora com o processo de classificação, deixando a reparação para mais tarde. Que nove integram esta primeira lista? As muralhas da cidade, que têm três secções, oArmazém do Boi e o Canil Municipal de Macau, por exemplo. São vários conjuntos, não só nove lugares específicos. Há muita gente que defende a inclusão da Escola Portuguesa de Macau (EPM). Devia entrar no património? Pessoalmente, acho que sim. É tão bonita. Mas está já pensada para entrar na segunda lista de imóveis? Estamos a deixar os colegas [do património] considerar. O meu colega, Wong Iat Cheong, Chefe da Divisão dos Estudos e Projectos pode falar disso. W.I.C.: Estamos sempre a considerar edifícios com potencial valor. Quando reunirmos suficientes opiniões [sobre isso] podemos iniciar o procedimento de classificação. Depois vamos ouvir o proprietário, o Conselho do Património Cultural e opiniões e decidimos se vai ou não ser classificado. Que outros edifícios é que o presidente poria na lista, se pudesse escolher? Aprendi a pintar desde muito pequeno, quando andava no liceu. E o meu professor levava-me para os locais para pintar, aí desenvolvi amor pelo património. Se me pergunta quais os imóveis que punha, não consigo enumerar todos. Macau do século XIX e XX era muito bonito. Anos 1970, muito mais bonito que é agora. (risos)
Não consegue escolher? Preservava todos os edifícios dessas eras? Se fosse possível (risos). Existe um preço na preservação do património cultural. Trabalho no Museu de Arte de Macau há dez anos e, às vezes, havia cidadãos que doavam relíquias ao museu. Não podemos aceitar todos, os que têm muito valor claro, mas alguns temos de desistir. Há que investir muitos recursos para a preservação. O mesmo acontece com o património. Na nossa lista de 128 itens há mais de 400 edifícios. Numa cidade tão pequena como esta, isto requer um esforço enorme, ainda que valha a pena, porque temos de preservar as características. Se não conseguirmos, é uma cidade igual às outras. Os edifícios de uma cidade são a alma dessa cidade.
“A preservação do património tem um preço, a ser pago pela sociedade Como se faz esse processo de separação? É resultado da inteligência e da sabedoria que vamos adquirindo, que já veio dos nossos antepassados e que temos de continuar a preservar. Macau é muito pequeno, só a península tem pouco mais de dez quilómetros quadrados e o Centro Histórico ocupa 1,2 desse espaço – 12% da península de Macau é património. Não existe só o Centro Histórico, existem imóveis que devem ser preservados fora dele. Temos de contribuir com muitos esforços, mas sinto-me satisfeito. É controverso escolher o que integrar na lista? É um trabalho conjunto. Como uma sociedade democrática é importante e normal a discussão. Mas o mais importante é que o processo seja aberto e público. Cabe ao IC fazer uma proposta.
A decisão não é do IC. Já sentiu que deveria ter entrado um imóvel na lista que acabou por não ser aprovado? Não, fico contente por existirem tantos, porque quando entrei no IC a trabalhar foi no departamento do património e naquela altura os meus colegas portugueses abriram uma janela para esta situação. Um arquitecto que trabalhava comigo marcava no mapa o património com cor vermelha e agora esses sítios são património. Passou por muitos processos e passou do papel [à realidade]. Sinto-me mais alegre agora, que toda a população pode entrar no processo. Naquela altura, a população não percebia porque é que se tinha de preservar casas arruinadas. Agora a população está mais informada. Mas continua a ser difícil negociar com os proprietários? Sim e testemunhei essa mudança de atitude da população. Muitos dos proprietários é que apoiam esta classificação. Claro que temos que gastar algum tempo para explicar o valor das coisas, a importância. Quando percebem essa importância, concordam com a nossa sugestão. Mas também existem pessoas indiferentes à nossa ideia e temos de seguir a lei, não podemos obrigar os outros a seguir a nossa vontade. Por exemplo, existe uma sala dentro do Templo de Na Tcha, perto das Ruínas, onde havia uma associação que se reunia lá, mas cedeu o espaço ao IC, que passou agora a ser o museu de Na Tcha. Mas o IC foi muito ganancioso (risos), porque quisemos mais, quisemos fazer escavações, porque é dos locais mais antigos da cidade. Eles deixaram, fizemos e percebemos que a forma da Igreja [de São Paulo] original não era original, era em cruz, como nas igrejas da Europa. Percebemos que as pessoas do igreja e de Na Tcha conviviam e a igreja não terminava, antes, no limite que agora termina. Mas isso só foi possível com a ajuda da associação.
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GONÇALO LOBO PINHEIRO
O IC disse numa resposta a uma interpelação que o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico estaria pronto em 2017. Em que consiste? W.I.C.: São as medidas previstas na Lei de Salvaguarda, como a manutenção das ruas com as características [antigas], controlo do enquadramento paisagístico, a preservação do contexto da zona e exigências sobre o restauro dos imóveis à forma original. Estão a pensar cortar no número de turistas na zona, por exemplo, ou no trânsito que chega ao Centro Histórico? W.I.C.: Este tipo de medidas tem de ser resolvido através de uma equipa interdepartamental, falamos de coisas mais concretas [sobre o património]. Mas não vão estar na agenda esse tipo de sugestões? W.I.C.: Na fase actual não podemos falar de forma concreta nesse tipo de medidas. O conteúdo será publicado em regulamento administrativo e se incluirmos essas são medidas se calhar é difícil de implementar. A Lei de Salvaguarda do Património foi aprovada em 2013 e o plano chega, se tudo correr bem, em 2017. Quatro anos depois, não está atrasado? W.I.C.: O Centro Histórico tem um espaço muito grande e implementar estas medidas vai afectar a vida
“Macau do século XIX e XX era muito bonito. Anos 1970, muito mais bonito que é agora” da população, por isso é que não podemos fazer tudo rápido, temos de pensar bem. Também estamos a aprender e a trabalhar ao mesmo tempo, aproveitando para aperfeiçoar estas medidas. Macau quer integrar mais património na UNESCO? É nosso desejo integrar mais património na UNESCO, claro. Aliás estamos a trabalhar nisto... Há algo concreto? Não podemos revelar ainda, porque estamos em trabalhos. Mas há possibilidade disso acontecer. Mas imóveis ou outros bens? Está a acontecer com o nosso arquivo e da Torre do Tombo, em Lisboa, estamos a desenvolver um projecto para nos candidatarmos à secção da Memória da UNESCO. Já conseguimos integrar nas Memórias da Ásia. No ano passado fomos à UNESCO fazer uma apresentação. Também trocámos ideias com representantes de Portugal, que nos disseram que, no futuro, se calhar vai candidatar a calçada portuguesa
como património mundial. Macau entra de certeza. Depois dos alertas da UNESCO, como é que está a situação de Macau com a organização? W.I.C.:Depois do incidente com o Farol da Guia, Macau tomou muitas medidas para [respeitar] o património, como regular alturas dos edifícios à volta. A lei também é uma resposta aos alertas da UNESCO. A UNESCO está satisfeita com o nosso trabalho. O grupo Root Planing criou uma petição para manter o Centro dos Toxicodependentes e o antigo armazém dos SS, ao lado do São Januário. Acha que aqueles edifícios têm realmente valor patrimonial? Têm um certo valor, mas perante um maior interesse público, decidimos não preservar, senão não era discutido no Conselho do Património. Por isso é que digo que a preservação do património tem um preço, a ser pago pela sociedade. Outra questão que tem sido levantada, e que levou um arquitecto a pedir a intervenção da UNESCO, é o muro feito no Quartel de São Francisco. São obras de melhoria e estou satisfeito, porque demoliram construções ilegais, que não eram originais. Antes, havia construções ilegais junto desse muro e está tudo preservado agora. A construção nova não pode
ser passada como antiga, porque se não, daqui para a frente não dá para distinguir o que foi construído antes e mais tarde. Serve também para demonstrar a nossa sabedoria. A obra foi bem feita? Foi. São compatíveis e estão em harmonia, as construções. Dá para distinguir o que é antigo e novo. Não queremos imitar. Há muitas imitações no Cotai.
O Festival Internacional de Música faz 30 anos, por isso estou muito agradecido pelo esforço de terem feito isto há 30 anos. Não se pode imaginar Macau há 30 anos, só com uma ponte, mas com um festival destes. É o mais antigo ao nível da Ásia. Vai ser especial e com muitas surpresas. Depois o Festival de Artes e o de Wushu. Fringe também é organizado por nós agora.
“Espero que Macau possa ter muitos espectáculos na rua. Já avistamos a luz ao fundo do túnel”
E licenças para os músicos tocarem nas ruas de Macau, vamos ter? Sim. Vamos esforçar-nos neste sentido, já temos um plano, tem que ser legal. Espero que depois Macau possa ter muitos espectáculos na rua. Já avistamos a luz ao fundo do túnel. (risos)
A Lei do Património é boa? É muito boa. É um instrumento forte, porque antes não conseguíamos proibir as demolições ou obras ilegais. Agora podemos. Atribui força ao IC para proteger o património. Os antigos pareceres do IC não eram vinculativos, agora são. Estou muito contente até poder participar na elaboração e implementação desta lei. Precisa de revisão? Não. Eventos culturais para Macau. Temos algo na manga, algum especial?
E uma exposição sua, enquanto pintor? Não. Desde que assumi a posição de director do MAM que parei de expor, por causa do conflito de interesses. Mas vou continuar a pintar. Sou diligente na pintura, como sou um funcionário diligente (risos). Está preparado para continuar à frente do IC? Sim, até quando estiver cansado, quando for um ‘bolo velho’ (risos). Sou o segundo ‘bolo velho’ do IC. Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
4 POLÍTICA
hoje macau sexta-feira 22.7.2016
Idosos GOVERNO ANUNCIA LEI NA AL PARA DEPOIS DO VERÃO
Um pouco mais de sol DEPUTADOS QUEREM REVISÃO DA LEI DE CONTRATAÇÃO DE TNR
HOJE MACAU
Os deputados criticaram ontem o Governo por estar a permitir a existência de casos onde os trabalhadores não-residentes não recebem salários, mas também pelo que consideram ser uma forma desleixada de autorização de pedidos de contratação. “Os locais servem para se apresentarem [ao serviço] só enquanto não há TNR”, queixava-se Au Kam San. “Depois, basta que lhes paguem 450 patacas ao dia, que estão já cumprir requisitos.” Song Pek Kei critica o que considera ser um incumprimento da lei, no sentido que o diploma obriga ao pagamento de cerca de 11 mil patacas, mas a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) autoriza contratações abaixo desse pagamento. Salário que a deputada relembra não ser actualizado desde 2005.
PETIÇÃO POR NÃO CONSEGUIR HABITAÇÃO ECONÓMICA
Um cidadão entregou ontem uma petição na Sede do Governo por não ter conseguido candidatarse a uma habitação económica. O homem, de apelido Ng, é de Macau, bem como a sua família, de mais quatro pessoas. Ng assegura trabalhar não só durante o dia a tempo inteiro, como de noite num horário parcial. O rendimento da família atinge um total de 14 mil patacas, mas o limite mínimo para que um agregado se possa candidatar é de 16 mil patacas, o que não permitiu a Ng e à sua família habilitar-se à fracção. O homem pediu ao Chefe do Executivo que diga ao Instituto de Habitação para voltar a apreciar a sua candidatura.
Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, acrescentou que “depois da férias de Verão, a proposta vai ser apresentada”. O diploma garante direito ao sustento, habitação e saúde, bem como cuidados ao domicílio. Ontem, não foram dados detalhes sobre se a proposta sofreu algum tipo de alteração ao projecto inicial, de 2010.
GCS
Em espera há vários anos, será agora que o diploma que protege os idosos vai ver a luz do dia
A
Lei de Bases dos Direitos e Garantias dos Idosos deverá chegar à Assembleia Legislativa (AL) depois das férias de Verão, dando entrada em Outubro. A data foi ontem avançada por Vong Yim Mui, presidente do Instituto de Acção Social (IAS). Este diploma já esteve “praticamente concluído” em 2012, antes de ir para duas rondas de consulta pública. Passou depois a estar “quase pronto” dois anos depois, mas até agora nada se sabe sobre a lei, que tinha seguido para análise em Junho de 2015. Ontem, num plenário da AL dedicado a responder aos deputados, Melinda Chan questionou o Governo sobre o assunto. Foi Vong Yim Mui quem apresentou dados. “A proposta está em fila de espera para o Conselho Executivo. O mais rápido possível vai dar entrada na AL, para análise dos deputados”, frisou. Alexis
PLANO COM MUDANÇAS
“A proposta está em fila de espera para o Conselho Executivo. O mais rápido possível vai dar entrada na AL, para análise dos deputados” ALEXIS TAM SECRETÁRIO PARA OS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA
Alexis Tam referiu ontem que a responsabilidade sobre a protecção aos idosos tem de ser também da família, não podendo o Governo “arcar com todos os custos”. A discussão sobre a falta de vagas em lares de idosos foi um dos pontos que regressou ao hemiciclo, com o Executivo a prometer fazer mais. O Secretário anunciou ainda que a Política do Mecanismo de Protecção dos Idosos e do Plano Decenal de Acção para os Serviços de Apoio a Idosos de 2016 a 2025, criado este ano, vai ser avaliada anualmente e não só. “Também será feita uma avaliação intermédia no quinto ano e um balanço de dez anos, no sentido de ajustar e actualizar a política, em consonância com as necessidades dos idosos e o desenvolvimento social.” O debate continua hoje. Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
LEI DE TERRAS RESOLVER COM ARBITRAGEM INDEPENDENTE
AMBIENTE FALTA AUTENTICAÇÃO DE PRODUTOS “VERDES”
A
M
S questões levantadas com a Lei de Terras poderiam ser resolvidas por um organismo de arbitragem. As declarações são de Rui Cunha à margem da conferência de imprensa que assinalou ontem a assinatura do protocolo de Colaboração entre a Fundação Rui Cunha e a Universidade de São José. O advogado não descarta a complexidade do caso bem como defende que o tribunal é o órgão supremo de decisão. No entanto e dadas as particularidades de que se reveste e do histórico da situação que considera ter tido falhas de ambos os lados da barricada, para Rui Cunha é “preferível que haja uma solução de consenso quanto à interpretação mais adequada da lei e
que tenha em conta o interesse público sem se proceder à espera de uma decisão do tribunal”. O tempo incerto que demoraria a recorrer a esta instância só traria “mais insegurança para os envolvidos e para a população”. Na sua opinião as “decisões de consenso são melhores porque são mais rápidas e podem ainda deixar claras eventuais soluções para o futuro” remata o advogado. S.M.
AK Soi Kun, deputado e director da Associação para a Protecção Ambiental Industrial, sugere a instauração de um sistema de autenticação dos produtos ditos amigos do ambiente. O deputado pronunciou-se num seminário em que participou e que tinha como finalidade a promoção da compra de produtos ecológicos, bem como o incentivo às políticas e práticas de reciclagem. Citado pelo Jornal Ou Mun, Mak Soi Kun afirma que o departamento de compras do Governo já está seguir uma política que leva em conta a protecção ambiental, mas “ainda está em falha a existência de um sistema para verificação dos produtos verdes”. A título de exemplo, o deputado refere os materiais de construção. “Como se define
um tijolo amigo do ambiente se a sua produção é causa de poluição secundária?”, interroga, ao mesmo tempo que admite a dificuldade em confirmar a fiscalização dos processo de manufactura. Mak Soi Kun espera que o Governo possa ter em conta as experiências das regiões vizinhas e realizar esforços no sentido de um desenvolvimento ecológico mais sustentável. O deputado diz que é necessária a implementação de uma norma de verificação da origem dos produtos amigos do ambiente, ao mesmo tempo que alerta para a necessidade de aumentar a competitividade e sustentabilidade das empresas no que concerne à protecção do ambiente, conferindo-se às empresas verdes mais prestígio. C.T./S.M.
5 hoje macau sexta-feira 22.7.2016
NG KUOK CHEONG INSISTE EM REVISÃO DE REGULAMENTO DA FUNDAÇÃO MACAU
PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO EM 2017
O deputado Ng Kuok Cheong levou ontem novamente ao plenário a questão da doação de cem milhões de yuan pela Fundação Macau à Universidade de Jinan. Apesar de Wu Zhiliang, presidente da Fundação, ter reiterado que a doação foi legal, os deputados pediram mais regimes e mais apertados. “O Governo deve rever o regime de impedimento”, frisou o deputado democrata. “A informação publicada pela FM mostra apenas o preço e o nome dos beneficiários, mas não o padrão para aprovar os pedidos. Se têm um sistema, então digam qual. Se não têm, criem”, continuou Melinda Chan. Leong Veng Chai quer que todos os montantes elevados passem pela aprovação da Assembleia Legislativa e Ng Kuok Cheong sugeriu mesmo a injecção de fundos da FM “em serviços mais úteis”, como os de apoio a idosos.
O relatório geral sobre o Plano de Desenvolvimento de Turismo estará concluído até à primeira metade de 2017. É o que diz Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, que anunciou ainda que até ao início de Julho foram recebidas cerca de 600 opiniões na consulta pública que termina hoje e teve duração de dois meses. A DST diz que as opiniões incidem principalmente nos produtos turísticos e na qualidade dos serviços.
Aleitamento GOVERNO PREPARA LEI PARA PROTEGER DIREITOS DAS MÃES
Naturalmente defendidas O Executivo prepara-se para criar uma legislação que regule os direitos das mães que amamentam e a publicidade feita ao leite em pó. Mais ainda, Alexis Tam disse ontem que a nova Lei das Relações Laborais poderá incluir um regime que deixe as mulheres sair do trabalho para amamentar
O
Governo está a preparar-se para criar uma lei que proteja os direitos das mulheres que optam por amamentar os filhos. O anúncio foi ontem feito por Alexis Tam, que disse ainda que está a ser pensada a inclusão de um horário de aleitamento na Lei das Relações Laborais. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura respondia a uma interpelação da deputada Wong Kit Cheng, que pedia mais acção do Governo face à dificuldade sentida pelas mães. Algo que a deputada já tem vindo a pedir desde 2014. “O Governo vai estudar a elaboração de uma legislação para regulamentar a criação de salas de amamentação e a intensificação de divulgação e promoção de aleitamento materno, de forma a poder assegurar o direito e os interesses das mulheres quanto ao aleitamento materno”, frisou Alexis Tam, que acrescentou ainda que a legislação vai também incluir padrões de “autorização da publicidade das fórmulas lácteas”. O aleitamento em Macau tem sido promovido pelo Executivo mais recentemente, porque não é um costume seguido normalmente pelas mulheres que foram mães e que optam pela alimentação através do leite em pó. A falta de salas de amamentação também não ajuda, mas Alexis Tam quer ver essa situação alterada e começou pela sua própria tutela.
TUDO ORIENTADO
“Pedi aos Serviços de Saúde (SS) a elaboração de orientações padronizadas quanto ao
equipamento e à gestão da sala de amamentação e exarei também um despacho exigindo a todos os serviços públicos da Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura a criação de salas de amamentação, quer nos locais de trabalho quer nos estabelecimentos de actividade pública”, frisou. Orientações que deverão estar concluídas “este ano”, mas que não são suficientes para Wong Kit Cheng, que
tinha ainda pedido à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) que incluísse um regime de amamentação aquando da revisão da Lei das Relações Laborais, actualmente em curso. Alexis Tam não deu certezas, mas disse que essa situação estava a ser ponderada. “Temos a mente aberta face a isso e, sobre [a criação de] um regime de horas para amamentação destinado a trabalhadoras
“O Governo vai estudar a elaboração de uma legislação para regulamentar a criação de salas de amamentação e a intensificação de divulgação e promoção de aleitamento materno” ALEXIS TAM SECRETÁRIO PARA OS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA
POLÍTICA
lactantes, a DSAL diz que vai recolher e ouvir um vasto leque de opiniões por parte do público e associações, incluindo a realização de uma consulta pública. O Governo manterá uma mente aberta sobre a alteração da lei e fará uma avaliação da situação real da sociedade.” A criação progressiva de salas de amamentação é outra das promessas de Tam, que assegura que os 15 serviços públicos a sua tutela dispõem, actualmente, de 42 salas de amamentação, prevendo-se a criação de mais 26 salas de amamentação ainda neste ano. Destas, 60 serão abertas ao público. O Secretário relembra até que a China, Taiwan e Hong Kong têm já leis ou recomendações que regulem estas situações. Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
Raro e corajoso
Democratas interpõem recurso para debate sobre Coloane
A
U Kam San e Ng Kuok Cheong interpuseram um recurso ao plenário depois da Mesa da Assembleia Legislativa ter rejeitado uma proposta de audição sobre um projecto de construção no pulmão da cidade. Esse raro recurso para o plenário da Assembleia Legislativa (AL), apresentado a 4 de Julho, ainda não tem data para ser apreciado. A iniciativa surge depois da proposta de audição que submeteram a 8 de Abril ter sido “liminarmente rejeitada” pelo presidente do hemiciclo, dias depois do plenário ter chumbado uma proposta para a realização de um debate relativo à proposta de audição sobre o projecto de construção de edifícios com cem metros de altura em Coloane. A 31 de Maio, os deputados apresentaram um recurso dessa decisão à Mesa, que, a 15 de Junho, o rejeitou. Os democratas decidiram então avançar com a apresentação de um recurso ao plenário, que esperam que seja “tratado com justiça”. “É de facto incrível que o poder de audição da Assembleia Legislativa nunca tenha sido exercido, desde o estabelecimento da RAEM”, refere o recurso. Para os deputados, “a composição da própria AL e a existência de demasiadas restrições e limitações inadequadas é que impedem” o hemiciclo de “cumprir este poder de grande importância”. “O objecto da audição que propomos tem também a ver com um problema de grande relevância, ao qual a sociedade está altamente atenta e até mesmo com a preservação da zona verde de Coloane”, salientam, recordando que, por via da audição, podem ser convocados membros do Governo e pessoas relacionadas a testemunhar e apresentar provas. Para os dois deputados, o facto de “lamentavelmente” os seus pares terem chumbado a proposta de debate sobre o assunto, resultado de “falta de informações e de uma votação apressada”, “torna ainda mais importante o mecanismo de audição”. O presidente da AL, Ho Iat Seng, rejeitou a proposta sob o fundamento de que “o poder de desencadear um processo de audição só pode ser exercido no âmbito das competências da AL” previstas na Lei Básica. LUSA/HM
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hoje macau sexta-feira 22.7.2016
7 hoje macau sexta-feira 22.7.2016
Canídromo GOVERNO DESCARTA ENCERRAMENTO E DÁ DOIS ANOS PARA MUDANÇA
Podem vir a ver o seu contrato renovado, mas têm de decidir se querem mudar de sítio ou fechar. É a decisão do Governo sobre a pista de corridas de galgos. O cenário não é o ideal, para a ANIMA, mas é quase uma certeza que o local vai fechar. Resta é saber o que vai acontecer aos cães que lá habitam
O
Governo deu dois anos à Yat Yuen para mudar o Canídromo de sítio. A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) optou por não obrigar a empresa a encerrar o espaço, como se previa, mas a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais mantém a esperança de que a decisão leve mesmo ao fecho do espaço das corridas de galgos. “O Governo notificou [a empresa] para proceder à relocalização do Canídromo, no prazo de dois anos a contar de dia 21 de Julho. Em consequência, a Yat Yuen terá de decidir no prazo de dois anos se termina a exploração da respectiva actividade ou se relocaliza a sua exploração”, explica a DICJ em comunicado. O organismo liderado por Paulo Chan afirma que, caso a empresa opte pela relocalização, terá de melhorar as condições de criação e tratamento dos gal-
L
gos e respeitar o programa de corridas, diminuindo o impacto “na vida quotidiana da sociedade”. Caso opte pelo encerramento, “fica responsável pelo pagamento de todas as indemnizações e compensações devidas aos respectivos trabalhadores por cessação dos contratos de trabalho, sendo ainda da sua responsabilidade o destino final dos galgos”.
DICJ
Mas ainda há esperança
-, como também porque o pedido da ANIMA ia no sentido de poder gerir o Canídromo assim que este encerrasse. Pedido que já tinha sido até feito ao Governo através de cartas enviadas a Chui Sai On e a Paulo Chan. O facto da empresa ter apenas dois anos
E AGORA?
O “destino final” dos galgos é o que está, neste momento, a preocupar a ANIMA, maior impulsionadora para o encerramento do local. A organização, entre outras associações de protecção animal locais, já se juntou a outros grupos internacionais para a adopção dos animais que ocupam neste momento o espaço do Canídromo. Contudo, esta situação dificulta o programa de adopção, não só porque os cães têm donos privados – prevendo-se que apenas 200 dos 700 possam arranjar uma nova família fora das corridas
AM Fat Iam, do Conselho do Património Cultural e presidente da Associação de História Educação de Macau, considera que o Governo deve ter em conta a possibilidade de construção de um parque histórico em Coloane. As declarações foram feitas ao jornal Ou Mun e sucedem-se às descobertas arqueológicas que remetem para a existência de vida humana em Macau há quatro mil anos. O conselheiro acha que a intenção do Governo – em manter o espaço fechado - é insuficiente, na medida em
“A Yat Yuen terá de decidir no prazo de dois anos se termina a exploração da respectiva actividade ou se relocaliza a sua exploração” DICJ
para resolver a situação é, para Albano Martins, presidente da ANIMA, um bom presságio para que o espaço feche, mas não para os animais. “É o beijo da morte para o Canídromo, mas também dos cães, que vão desaparecer todos, mês a mês. Ou mortos na pista, ou vendidos ao Vietname, China ou Paquistão”, disse ao HM, duvidando que estes possam ser entregues à ANIMA. Nos últimos tempos, tem sido levada a cabo uma campanha internacional pelo encerramento da pista considerada como “a mais mortal do mundo”, com Chui Sai On e a DICJ a receberem centenas de cartas por dia. Activistas conseguiram ainda que Macau deixasse de receber mais animais da Austrália e da Irlanda.
PORTAS QUASE FECHADAS
Os resultados das receitas do Canídromo ascenderam
Novo Coloane
Sugerido parque arqueológico para achados
que “só mencionou a manutenção do local e o arquivo das descobertas das escavações em locais apropriados”. Para o também dirigente associativo deveria ser criado um parque arqueológico em Coloane, para ligar os arredores do velho bairro a um conjunto em que seriam integradas as colinas, as áreas verdes, a zona litoral, as casas, templos e igrejas. Para o efeito,
Lam Fat Iam sugere a realização de um plano de florestação em grande escala que funcionaria ainda enquanto espaço cultural, histórico e ecológico completamente novo.
HISTÓRIA É IDENTIDADE
Lam Fat Iam considera as recentes descobertas como fonte de enriquecimento histórico da RAEM capazes de afirmar o senntido de
a quatro milhões de patacas no ano passado – o que um casino faz em horas – e testemunhas asseguram que quase não há público no local, como o HM também já teve oportunidade de testemunhar. Ainda assim, a DICJ considera que as corridas de galgos – que estão a ser banidas em quase todos os países – são um contributo “para o posicionamento da
“É o beijo da morte para o Canídromo, mas também dos cães, que vão desaparecer todos, mês a mês” ALBANO MARTINS PRESIDENTE DA ANIMA
identidade e consciência local dos residentes. Os achados vêm ainda reconhecer a importância de áreas de estudo como a arqueologia e a história do território, dando relevo às sugestões de docentes para aprofundamento de formações nestas áreas, frisa. Neste sentido, a Associação já está em negociações com universidades de relevo da China continental para a abertura de um mestrado nestas disciplinas, de modo a satisfazer as necessidades que cada vez mais se levantam. Angela Ka (revisto por S.M.) info@hojemacau.com.mo
SOCIEDADE RAEM como Centro de Lazer e para diversificar a economia”. A decisão de Paulo Chan teve como base um estudo feito pela Universidade de Macau, mas o director da DICJ coloca em cima da mesa a possibilidade de renovação do contrato, quando este chegar ao fim em Dezembro – 51 anos depois de ter sido assinado exclusivamente. “O estudo baseou-se num inquérito telefónico efectuado aleatoriamente aos residentes da RAEM e na recolha de sugestões através de inquérito (1031), junto dos comerciantes e residentes da zona do Canídromo. Do resultado do estudo verifica-se que existem diferentes opiniões da sociedade sobre a renovação ou não do contrato”, explica o comunicado, que diz que se as indicações dadas à Yat Yuen na melhoria do tratamento dos galgos e na mudança para um sítio onde haja menos impacto à vida da população “vão ser tidas em conta para o pedido da renovação da exploração”. Ainda assim, a ANIMA acredita que o local vai ter de fechar. “Acho que o Canídromo vai fechar. O Governo está a dar-lhes tempo para organizarem a casa e tratarem de fazer deslocar os animais para onde entenderem”, disse o presidente. O comunicado indica que a administradora da empresa, a também deputada e número um da SJM Angela Leong, “manifestou o seu respeito e comprometeu-se tomar uma decisão e proceder ao devido tratamento antes do prazo”. Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
ACÇÃO ANTI-PROSTITUIÇÃO DETÉM 18 PESSOAS
A PSP realizou uma operação de combate à prostituição no Bairro do Iao Hon, onde deteve 17 mulheres e um homem. Segundo o canal chinês da rádio Macau, a PSP continuou a operação após as detenções, com acções de intercepção de pessoas suspeitas nas ruas de acesso à zona.
8 SOCIEDADE
hoje macau sexta-feira 22.7.2016
USJ E FRC LANÇAM MESTRADOS E DOUTORAMENTOS DUPLAMENTE RECONHECIDOS
Mãos dadas pelo Direito
Governo quer elites sino-portuguesas bilingues
Foi ontem assinado um protocolo de colaboração entre a FRC e a USJ que estabelece a cooperação entre as duas instituições na área do Direito. Com a Universidade Católica a dar a mão e a criação do novo instituto da USJ, esta aliança permite abrir caminho para a possibilidade de mestrados e doutoramentos com duplo reconhecimento
A
Comissão de Desenvolvimento de Talentos pretende continuar com o aprofundar de relações de cooperação com a Universidade de Coimbra e a Universidade Nova de Lisboa de modo a proceder à formação de “elites sino-portuguesas bilingues”. A informação é dada em comunicado de imprensa referente à segunda reunião da comissão presidida por Lao Pun Lap. Para corresponder às exigências do desenvolvimento social, valorizar o papel de Macau como ponte de ligação entre a China e os países lusófonos e reforçar a capacidade de combinação de língua com a especialização dos quadros qualificados, a Comissão está empenhada na cooperação com as instituições portuguesas de ensino superior. O intuito é formar profissionais capazes de corresponder a elites sino-portuguesas (bilingues) em termos de capacidade profissional. Actualmente, a Comissão está a preparar, em colaboração com a Universidade de Coimbra, o Programa de apoio financeiro para frequência de mestrado, e abriu mais três vagas para bolsas de mestrado prestadas pela Comissão Técnica de Atribuição de Bolsas para Estudos Pós-Graduados (CTABE).
SOFIA MOTA
O
novo Instituto de Estudos Sociais e Jurídicos da Universidade de São José (USJ), que conta com a cooperação da Fundação Rui Cunha (FRC), pode vir a ser um dos passos para materializar a criação de mestrados e doutoramentos com duplo reconhecimento. A informação foi dada ontem, no dia em que as duas entidades assinaram um Protocolo de Cooperação. Se os mestrados já estavam na calha, os doutoramentos são agora também uma possibilidade, já que com este acordo e com a Universidade Católica portuguesa na retaguarda, a USJ abre caminho à possibilidade de estudos reconhecidos também em Portugal. Resta agora esperar pela aprovação da Lei do Ensino Superior para poder avançar com os respectivos procedimentos administrativos.
MESTRADO INTERNACIONAL
MAIS INVESTIGAÇÃO E PUBLICAÇÕES
A cooperação entre a FRC e a USJ foi formalizada com a assinatura do protocolo que acompanha a criação do Instituto de Estudos Sociais e
ANO NOVO, VIDA VELHA
A
inda não é desta que a Universidade de São José abre o ano lectivo com casa renovada. As novas instalações do estabelecimento de ensino já andam com um ano e três meses de atraso, como adianta o reitor Peter Stilwell. “Estamos na fase final do novo campus e continuamos em negociações”, afirma, enquanto garante que apesar das novas instalações não abrirem portas para receber o ano lectivo, estarão efectivamente em funcionamento Questionado acerca de possíveis indemnizações, Peter Stilwell refere que estão previstas em contrato sendo que é necessário averiguar as responsabilidades.
Mais formação para Macau
Jurídicos na USJ. O documento prevê a mútua colaboração em busca de “um Direito actuante e moderno enquanto disciplina dinâmica que é”, como afirma Rui Cunha, dirigente da FRC. Mais ainda, diz Peter Stilwell, reitor da USJ, o objectivo é afirmar o Direito enquanto disciplina “ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento”. Apesar do curso de Direito não fazer parte do plano de estudos da universidade, Peter Stilwell não deixa de referir a forte ligação do estabelecimento à disciplina, salientando não só o leccionar de cadeiras referentes ao Direito, como a integração de professores da área.
Com este acordo e com a Universidade Católica portuguesa na retaguarda, a USJ abre caminho à possibilidade de estudos reconhecidos também em Portugal
Direito é curso de referência. O Instituto em fase de criação pretende ser um núcleo de convergência do estudo e investigação na área do Direito e conta agora com a cooperação do Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau CRED-DM da FRC. Das actividades previstas, Rui Cunha salienta a co-organização de cursos de formação jurídica, colóquios e seminários. A investigação e publicação é ainda ponto forte desta aliança.
Por outro lado, Stilwell vinca a colaboração que a instituição tem com a Universidade Católica Portuguesa onde o
info@hojemacau.com.mo
Sofia Mota
A Comissão pretende ainda implementar o Programa de apoio financeiro para frequência do curso de mestrado The Lisbon MBA International, oferecido pela Nova School of Business and Economics em parceria com a Católica Lisbon School of Business and Economics e em colaboração com o MIT. O programa é planeado para formar os profissionais de Macau na área de gestão de empresa. Durante a reunião, o secretariado da Comissão também reportou a situação do trabalho de acompanhamento da cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Foi ainda assunto em cima da mesa o trabalho desenvolvido pelo Programa Piloto do Regresso a Macau no Curto Prazo de Talentos de Macau no exterior e da construção da Plataforma de Informações e Serviços para o Regresso a Macau dos Residentes de Macau no exterior que continuam em acompanhamento. S.M.
MOTORISTAS PRECISAM-SE
Domingo é dia de recrutamento para motoristas de autocarros. As três empresas públicas de autocarros vão proceder a um processo para preencher 227 vagas para quem tenha carta de condução há três ou mais anos. Segundo o canal chinês da Rádio, a Nova Era indicou que 13% dos seus motoristas já têm mais de 60 anos e espera nesta iniciativa dotar a empresa de “sangue novo”.
9 hoje macau sexta-feira 22.7.2016
LECM FUNCIONÁRIOS PEDEM PARQUÍMETROS NO LOCAL DE TRABALHO
Não têm parque público e onde podiam estacionar antes agora já não podem. Mais de uma centena de trabalhadores do LECM estão desesperados por um lugar para pôr o carro, num local de trabalho isolado. O pedido à DSAT é simples: a implementação de alguns parquímetros na área
O
HOJE MACAU
Sem lugar para arrumar
S trabalhadores do Laboratório de Engenharia Civil de Macau (LECM) estão a ter problemas em encontrar um lugar para estacionar o carro devido à existência de veículos abandonados na Estrada da Ponta da Cabrita. A situação tem vindo a agravar-se e, apesar de terem enviado cartas ao Governo a pedir parquímetros, ainda não foi resolvida. O caso seria algo contornável, não fosse a localização do LECM. Em frente à Universidade de Ciência e Tecnologia, o laboratório – um dos mais requisitados para serviços do Governo – tem de um lado uma bomba de gasolina e a Rotunda do ISTMO e do outro a Ponta da Cabrita, uma rua a subir que vai dar ao Parque das Merendas e aos Serviços Meteorológicos e Geofísicos. No local, como referem os trabalhadores da instituição e como o HM pôde comprovar, não há um
parque de estacionamento público. Onde era dantes permitido estacionar está não só constantemente ocupado por carros abandonados, como também foi esta semana vedado pela polícia.
O
Sin Fong daqui a três anos
Conselho Administrativo do edifício Sin Fong Garden publicou ontem um anúncio para um concurso para a reconstrução do prédio, evacuado em 2012 por estar em risco de ruína. O comunicado, que listava os critérios para as empresas interessadas, foi publicado no jornal Ou Mun e prevê a duração dos trabalhos até três anos. As obras vão incluir “a demolição do prédio original de 30 pisos, com uma área de construção” de mais de 13 mil metros quadrados, a “construção do edifício com função residencial e industrial e estaciona-
“Chegámos a estacionar os carros dois quilómetros montanha acima, mas agora nem isso é possível. Por isso, o que pedimos é que coloquem lá parquímetros” PORTA-VOZ DOS TRABALHADORES
É neste local que os funcionários pedem para continuar a poder estacionar
“Nos locais onde era permitido estacionar estão agora a ser colocados sinais de proibição”, refere um dos porta-vozes dos trabalhadores. “Mudámos para aqui em 2009 e praticamente não havia carros. Como estamos isolados, não há bancos, não há sítios para comer e temos horários a cumprir, não podemos esperar por autocarros”, explica outra das porta-vozes, que adianta que as pessoas que vêm de Macau, por exemplo, precisam de mudar duas ou três vezes de autocarro. “Há até pessoal que tem crianças, vai levá-las à creche, vai pôr o carro a casa e apanha o autocarro.”
DÊEM-LHES PARQUES
Com as novas decisões do Governo em acabar com os parques “ilegais”,
onde havia carros abandonados ou à venda, o local – que tinha até espaço livre – começou a ficar inundado. “Com o decorrer do tempo, começou a encher-se de carros, de vendas, abandonados, até pessoas que têm mais do que um carro”, frisa o porta-voz. O HM conseguiu comprovar isso mesmo. “Os carros de instrução [que passam na Estrada] começaram a reclamar à DSAT e a PSP vinha cá multar. Até os nossos, porque com os lugares onde era permitido estacionar ocupados pelos veículos abandonados, começámos a pôr em cima da linha amarela, mas era a única solução.” O parque do LECM é pequeno demais para todos e é só para carros da empresa e, se restarem lugares, para as chefias. Esta semana, a
Aberto concurso para reconstrução do prédio
mento”. Só se admitem as “entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e com tempo de serviço não inferior a dez anos”. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, António Ferreira Hu, vice-presidente da Associação de Beneficência Tung Sin Tong, que adiantou as despesas para a reconstrução do Sin Fong Garden, “já entregou o projecto de demolição e reconstrução
à DSSOPT e, por enquanto, está-se à espera da abertura do concurso para a empreitada do projecto, estando previsto que a reconstrução vá demorar três anos”. O responsável acrescenta que os 50 milhões de patacas a título de adiantamento atribuídos pela Associação em Abril de 2014 podem ser utilizados em qualquer altura. “Sei que os proprietários devem estar já muito ansiosos por causa da recons-
trução. Entretanto, dado que a altura do prédio é de 30 pisos, o trabalho de demolição será difícil e prevê-se que vá demorar cerca de um ano e meio”, frisou, revelando também que os proprietários prometeram que
SOCIEDADE
PSP decidiu bloquear toda a zona – incluindo onde era permitido estacionar -, colocando sinais de proibição e de queda de pedras. Mas os funcionários do LECM têm uma solução, que já apresentaram até à DSAT. “Chegámos a estacionar os carros dois quilómetros montanha acima, mas agora nem isso é possível. Por isso, o que pedimos é que coloquem lá parquímetros. Não têm de ser grátis, claro, não nos importamos de pagar. Deverão ser de duas em duas horas, para que as pessoas que cá abandonam os carros não mandem alguém pôr moedas, como acontece agora, que vêm cá trocar carros por outros”, frisa. A situação afecta neste momento cerca de 160 pessoas, mas os funcionários – chineses e portugueses – pedem cerca de 60 lugares de estacionamento, até porque, tendo onde estacionar, “dão boleia uns aos outros”. A PSP colocou sinais de queda de pedras em algumas zonas, mas há outras, como o lado esquerdo de quem sobe pela Estrada da Ponta da Cabrita, onde as montanhas foram tratadas e o talude está seguro, como se pode ver no local. A DSAT tem um aviso a dizer que vai construir parques de estacionamento com parquímetro perto dos Serviços Meteorológicos e do Cemitério, mas estes locais ficam “a quilómetros” do LECM. A possibilidade de terem um parque a pagar reservado ao LECM era ideal, se a DSAT assim o decidisse, mas os trabalhadores não pedem mais do que “parquímetros pagos”. O HM tentou pedir esclarecimentos à DSAT, mas não recebeu qualquer resposta até ao fecho desta edição. Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
iriam reembolsar o dinheiro, o que vai ser discutido no futuro. Em 2012, veio à luz do dia que o edifício Sin Fong Garden estava em risco de ruína e 200 famílias foram obrigadas a sair das suas casas.Aatribuição do subsídios aos moradores do Sin Fong Garden vai terminar a partir de Agosto, mas o Governo garante que vai continuar a ajudar os lesados com alojamentos temporários até a reconstrução do edifício terminar. Angela Ka (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo
´ 10 CCM CLÁSSICO RUSSO PARA OS MAIS PEQUENOS
À PROCURA DE POETAS LUSÓFONOS
OONA TORGERSEN
EVENTOS
O
Concurso Literário para Jovens Poetas Lusófonos conta este ano com a sua segunda edição e está de propostas abertas até 31 de Outubro. A iniciativa criada em 2014 pelo poeta Samuel F. Pimenta, jovem português, foi pensada de modo a “colmatar um pouco essa brecha que existe no mercado no que diz respeito aos jovens autores”. Com o interesse da editora Livros de Ontem, o projecto avançou e deu início à selecção de poemas de 12 novos autores, entre os 18 e os 30 anos, que deram origem à antologia “Emergente – Novos Poetas Lusófonos”, avança o autor citado no Ponto Final. As candidaturas para esta edição já se encontram abertas e o desafio é lançado a qualquer interessado desde que escreva na língua de Camões. “O único critério é que os textos sejam escritos em Português. Temos conhecimento que hoje em dia não se expressa em Português só quem o aprendeu como língua materna. Abrimos a participação o máximo possível. Qualquer pessoa que escreva em Português pode concorrer. E é óbvio que as regiões de Macau, de Goa, da Galiza, inclusive, podem concorrer”, diz Samuel Pimenta citado na publicação, enquanto adianta que, de Macau, o projecto ainda não recebeu qualquer candidatura.
TEATRO EM FAMIL ´
Vem aí mais um fim-de-semana de teatro em família. A iniciativa “InspirARTE no Verão” traz, desta feita, um clássico russo dos anos 30, interpretado de todas as formas e sem palavras, para fazer rir miúdos e graúdos
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA
I
NSERIDO na iniciativa “InspirARTE no Verão”, o fim-de-semana traz ao pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) mais uma peça para os mais pequenos e toda a família. A produção que está em palco a 23 e 24 de Julho vem de S. Petersburgo e conta a história dos irmãos “Chook e Gek”. “Chook e Gek” é um espectáculo teatral em jeito de comédia que combina palhaços, marionetas e instalação de vídeo. A peça baseada num conto clássico de 1939, do autor russo Arkady Gaidar, conta as aventuras de dois irmãos que partem com a mãe rumo ao Norte longínquo para se encontrarem com o pai. Descrita como “uma peça alegre, engraçada e visualmente ado-
rável” pela crítica da imprensa internacional, “Chook e Gek” é concebida para miúdos a partir dos cinco anos. É um espectáculo feito em forma de convite para a descoberta da simplicidade das coisas, da sua força e beleza, ao mesmo tempo que puxa a mão dos mais velhos para um regresso momentâneo à infância.
TÉCNICAS IMORTAIS
A forma como os actores se movem e se interagem com a música e adereços proporciona ao público uma viagem no tempo onde o cinema mudo era rei e em que cabia à linguagem corporal um papel maior na representação. Se neste contexto a lembrança tem ligação directa a nomes como Charlie Chaplin ou Buster Keaton, num olhar
mais atento o público vê-se num palco que remonta à tradição dos mimos e palhaços russos celebrizados por Slava Polunin. Reconhecido como “o melhor palhaço do mundo”, Polunin foi o fundador da Escola de Teatro e Mímica TeatrLicedei, a mais conceituada escola de palhaços russa e que já marcou presença no CCM em 2008. O mestre palhaço descreve as suas criações como “teatro de magia ritual de pompa festiva, construído à base de rituais e movimentos, jogos e fantasias”. Actualmente é mote das produções teatrais modernas a utilização da fusão de novas formas de expressão com as expresses mais tradicionais. “Chook e Gek” não é excepção e junta ao teatro físico e à
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DO CONVENTO PARA A BIMBY • Vários
DIÁRIOS DE UM GANGSTER PORTUGUÊS + OFERTA EXCLUSIVA • André Rito
Com a Bimby, é simples preparar em casa os divinos doces conventuais e recuperar os sabores mais autênticos da doçaria tradicional portuguesa. Mais de 50 receitas inéditas para saborear com a família e amigos. As doces relíquias que os conventos nos deixaram como herança e que constituem uma das maiores riquezas gastronómicas dos nosso país, reúnem-se neste livro numa celebração à arte da boa gulodice.
Vitorino da Piedade Nunes foi um dos mais célebres cadastrados portugueses. Entre polícias e ladrões, advogados e guardas-prisionais, era conhecido por Dillinger, em alusão ao gangster da América dos anos 30. Poucos portugueses passaram tanto tempo atrás das grades como ele. Narrado com o ritmo absorvente de um romance, Diários de um Gangster Português reconstitui a vida de um bandido implacável mas fiel a uma certa ética. Um homem que, no fim, conseguiu cumprir o seu maior desejo: morrer em liberdade.
11 hoje macau sexta-feira 22.7.2016
EVENTOS
HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho
Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com
FOTÓGRAFO DÁ PRIMEIRO PASSO PARA PÔR MACAU NO BRASIL
LIA
mímica a técnica do palhaço, tudo entrelaçado com marionetas e novas tecnologias nesta adaptação do clássico de Arkady Gaidar.
COMPANHIA INDEPENDENTE
“Chook e Gek” é uma encenação levada a cabo pela Melting Point, um pequeno teatro de São Petersburgo. A companhia inspira-se no conceito de teatro independente e no sonho em
É um espectáculo feito em forma de convite para a descoberta da simplicidade das coisas, da sua força e beleza, ao mesmo tempo que puxa a mão dos mais velhos para um regresso momentâneo à infância
criar espectáculos não verbais em que a mímica e outras formas de expressão possam ocupar os palcos e representar a universalidade das encenações, adianta a organização. Alheios a todas estas influências, aos miúdos basta que se sentem e riam, apreciando um espectáculo que também foi elogiado pelo Festival Internacional de Teatro para Crianças e Jovens - “KORCZAK Festival” - como uma “combinação vanguardista de teatro e instalações vídeo”.
CONTINUA O VERÃO
Este Verão, o CCM apresenta uma série de produções distintas para miúdos de diversas idades levando ao palco alguns exemplos da força “ilimitada das artes teatrais”. Apesar dos avanços tecnológicos e vagas experimentais, a simplicidade permanece um elemento chave nas artes de palco, adianta a organização, sendo que a expressão física continua muito viva enquanto forma de entretenimento e comunicação. Sob o mote “InspirARTE no Verão” os palcos já receberam e continuarão a receber até final de Agosto um conjunto de espectáculos e workshops especialmente produzidos para inspirar bebés, miúdos e graúdos, numa série criada para o deleite de toda a família. No sábado, o espectáculo tem lugar às 19h30 e no domingo às 15h00 e os bilhetes têm o valor de 180 patacas. Sofia Mota
info@hojemacau.com.mo
Gonçalo Lobo Pinheiro dá a cara pela fotografia de Macau. Após a publicação, no ano passado, do livro “Macau 5.0”, que reúne um conjunto de fotos a preto e branco da vida de Macau, algumas dessas imagens foram pré-selecionadas para o 12.º Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco, no Brasil. “’Macau 5.0’ é uma obra documental da Macau contemporânea”, refere o autor no site que apresenta o livro que acompanha visualmente o quotidiano da RAEM. São cerca de 300 imagens a preto e branco que preenchem as 150 páginas e que contam com um prefácio de José Luís Peixoto.
EXPOSIÇÃO DE IEONG TAI MENG NO CENTRO UNESCO
Inaugura hoje a exposição de Ieong Tai Meng, artista de Macau que seleccionou cerca de 60 obras para expor. A exposição acontece no Centro UNESCO, tendo estreia marcada para as 18h30. Na mesma ocasião será lançada um álbum com obras do autor. A entrada é livre e a mostra fica patente até dia 28.
Ulmeiro Nome botânico: Ulmus minor Miller. e Ulmus procera Salisb. Sinonímia científica: U. minor: Ulmus campestris L.; Ulmus carpinifolia Gleditsch Suckow Família: Ulmaceae. Nomes populares: AVELANEIRABRAVA; LAMEGUEIRO; MOSQUEIRO; MOSQUETEIRO; NEGRILHO; OLMO; ULMEIROMENOR; ULMO. Nativo da Europa, o Ulmeiro é uma árvore que pode atingir mais de 30 metros de altura e 500 anos de idade. Apresenta tronco escuro e rugoso, com sulcos longitudinais e folhas ovadas de bordos serrados; as flores, hermafroditas, são de cor vermelho-escura, têm pedúnculos muito curtos e agrupam-se em inflorescências (fascículos) e, os frutos (sâmaras), com apenas uma semente, são alados, ou seja, encontram-se rodeados por uma membrana, favorecendo a sua dispersão pelo vento. Habita na orla dos bosques, vales frescos e margens dos cursos de água. Considerado como uma das melhores árvores de sombra, e já usado pelos Romanos para este efeito, o Ulmeiro é também cultivado como planta ornamental em parques e jardins. A sua madeira, avermelhada e resistente, é muito apreciada pelos marceneiros, tendo sido usada no fabrico de carros e peças de máquinas. Medicinalmente, é usado desde a Antiguidade, tendo sido referido pela primeira vez por Dioscórides, célebre médico grego do século I d.C. Em fitoterapia são usadas as cascas dos ramos de 2 ou 3 anos de idade, as flores e o carvão obtido da sua madeira. Composição Mucilagens de natureza urónica, taninos, fitosteróis (campesterol, citrostadienol, colesterol, beta-sitosterol), lactonas sesquiterpénicas, hemiceluloses, resina, minerais (potássio, silício) e oxalatos de cálcio. Inodoro, sabor amargo e mucilaginoso. Acção terapêutica Pelas propriedades adstringentes e emolientes, o Ulmeiro contrai e suaviza os tecidos, exercendo uma acção antidiarreica, cicatrizante e anti-inflamatória. É tradicionalmente usado nas diarreias e inflamações intestinais (enterites, colites). Tem ainda actividade expectorante, diurética, sudorífica, depurativa e tónica, sendo útil na constipação, tosse, febre, edemas, cistite, gota e reumatismo.
As flores são utilizadas na diabetes. O carvão é benéfico em caso de colite, fermentações intestinais e intoxicações. Usado externamente, o Ulmeiro hidrata, amacia e protege a pele, desinflama e cicatriza, sendo utilizado na acne, eczemas, inclusive com prurido, erupções cutâneas, furúnculos, herpes, feridas e úlceras, queimaduras e contusões. Pode ainda ser útil nas blefarites (terçolho), conjuntivites não infecciosas, faringites e leucorreia. Em cosmética é recomendado para as peles normais, peles inflamadas e como protector solar. Como tomar • Uso interno: Decocção das cascas: 1 colher de sobremesa por chávena de água, 5 minutos de fervura. Tomar 2 ou 3 chávenas por dia, depois das refeições. Em ampolas, xarope, tintura, cápsulas e comprimidos, o Ulmeiro integra diversas fórmulas para as afecções do sistema digestivo e, como depurativo, para as doenças degenerativas, afecções da pele e emagrecimento. Também a planta simples, em cápsulas. Infusão das flores: 1 colher de sobremesa por chávena de água fervente, 5 minutos de infusão. Tomar 2 chávenas por dia, meia hora antes das principais refeições. • Uso externo: Decocção das cascas: 20 a 30 gramas por litro de água, 10 minutos de fervura. Em lavagens, compressas, gargarejos e irrigações vaginais (filtrar bem a decocção). Banho de imersão: 200 gramas de cascas por litro de água, em decocção; adicionar à água do banho. Para suavizar a pele inflamada. Precauções Devido ao conteúdo em lactonas sesquiterpénicas e taninos, estimulantes do suco gástrico, o Ulmeiro está contra-indicado nas dispepsias hipersecretoras e úlcera gastroduodenal. Não são conhecidos efeitos secundários ou toxicidade nas posologias habitualmente prescritas. Devido aos taninos, pode interagir com sais de ferro e alcalóides. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde. Observações Por ser mais rico em mucilagens e conter menos taninos, o Ulmeiro-americano (Ulmus rubra Muhl. = Ulmus fulva Michx.) torna-se mais suavizante (emoliente) e menos agressivo do que o Ulmeiro. Por esta razão é, actualmente, mais utilizado, ampliando o seu espectro de indicações.
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hoje macau sexta-feira 22.7.2016
13 hoje macau sexta-feira 22.7.2016
CHINA
FUGA DE CAPITAIS DO PAÍS CONTINUA A ABRANDAR
Nós por cá todos bem
A
fuga de milhares de milhões de dólares para fora da China “abrandou bastante” no segundo trimestre deste ano, mostram estatísticas oficiais ontem divulgadas, e apesar da desvalorização, nos últimos meses, da moeda chinesa, o yuan. “A saída de capital abrandou gradualmente”, afirmou em conferência de imprensa Wang Chunying, porta-voz da Administração Estatal de Divisas Estrangeiras da China. Os dados revelam que os bancos chineses venderam mais 49 mil milhões de dólares, do que o que receberam, em moeda estrangeira, entre Abril e Junho. Trata-se de uma “redução acentuada”, face ao diferencial de 124,8 mil milhões de dólares, registado entre Janeiro e Março, apontou Wang.
“A saída de capital abrandou gradualmente”
MÊS A MÊS
Os dados mensais são ainda mais evidentes: em Junho, apenas 12,8
WANG CHUNYING ADMINISTRAÇÃO ESTATAL DE DIVISAS ESTRANGEIRAS DA CHINA
mil milhões de dólares deixaram o país, um valor muito inferior aos 54,4 mil milhões registados em Janeiro. A China tem registado uma massiva fuga de capital nos últimos anos, à medida que o crescimento económico do país abranda, aumentando a pressão sobre a sua moeda e tornando os activos avaliados em yuan menos atractivos. As autoridades aumentaram, entretanto, as restrições sobre a transferência de capitais além-fronteiras, incluindo a imposição de um limite anual para levantamentos fora do país, fixado em 100.000 yuan. Os bancos passaram também a ser obrigados a pagar um depósito de 20% em contratos a termo para venda de divisas estrangeiras, visando travar a especulação. O contrato a termo trata-se de um acordo entre duas partes para comprar ou vender um activo numa data futura a um preço acordado ontem. Wang insistiu que a saída de capital se deve, sobretudo, à “con-
tínua expansão do investimento além-fronteiras”, por empresas chinesas, e não “à retirada de capital externo da China”. As empresas chinesas protagonizaram nos últimos anos várias aquisições mediáticas no exterior. Em Agosto passado, a moeda chinesa recuou quase cinco por cento no espaço de uma semana, num movimento visto pelos analistas como forma de impulsionar as exportações, à medida que o crescimento económico abranda. A economia chinesa cresceu no ano passado 6,9%, o ritmo mais lento do último quarto de século. Na primeira metade deste ano a economia avançou 6,7%. As reservas em moeda estrangeira da China, as maiores do mundo, recuaram durante meses, até que em Junho recuperaram 13 mil milhões de dólares, para 3,21 biliões. Ainda assim, continuam 20% abaixo do pico de quatro biliões, atingido em 2014.
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PEQUIM LANÇA APEL0 A REPUBLICANOS DOS EUA PARA ACABAR COM ACUSAÇÕES
A
China apelou ontem ao Partido Republicano dos EUA para que “deixe de fazer acusações infundadas” contra o país, depois de conhecido o programa adoptado durante a convenção que nomeou Donald Trump candidato às presidenciais norte-americanas. “Esperamos que as partes implicadas deixem de fazer acusações infundadas contra a China e de interferir nos nossos assuntos domésticos”, sublinhou em comunicado Lu Kang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. Trump reiterou a sua opção em “impor os interesses norte-americanos nas relações comerciais com a China e rasgar em pedaços o Acordo Trans-Pacífico de Cooperação Económica (TPP)”, negociado durante o Governo de Barack Obama.
“Todas as facções políticas dos EUA deviam ver o desenvolvimento da China de forma objectiva e racional e entender correctamente os assuntos que emergem nas relações bilaterais”, afirmou Lu. O porta-voz criticou igualmente o Partido Republicano por ter acusado a China em assuntos relacionados com Taiwan, o Tibete e o Mar do Sul da China. E apelou à promoção de um “crescimento estável nas relações entre a China e os Estados Unidos da América, para que sirvam os interesses dos dois países e a paz e o desenvolvimento da região Ásia-Pacífico e do mundo”. “Ambas as partes deveriam seguir a direcção certa”, disse.
HM • 2ª VEZ • 22-7-16
MULTA DE 22 MILHÕES POR POLUIÇÃO EXCESSIVA
U
MA organização chinesa de defesa do ambiente ganhou um caso de interesse público contra um fabricante de vidro, que foi multado em mais de três milhões de dólares por poluição excessiva, informou ontem o tribunal. A Jinghua Group Zhenhua Decoration Glass Limited Company, que tem sede em Dezhou, na província de Shandong, leste do país, foi ordenada a pagar 22 milhões de yuan, pelo excesso de emissão de poluentes, e a pedir desculpas publicamente. O caso, iniciado pela organizaçãoAll-China Environment Federation (ACEF), em Março passado, foi o primeiro do género desde que a China aprovou uma lei de protecção ambiental no início de 2015. A normativa possibilita que grupos não oficiais iniciem processos judiciais tendo como base o interesse público. O fabricante em causa emitiu um excesso de cente-
nas de toneladas de dióxido de enxofre e óxido de azoto, face ao máximo permitido por lei, detalhou o tribunal. O Partido Comunista Chinês tem tentado combater a poluição com recurso a acções judiciais, mas os esforços têm sido dificultados pela corrupção e multas muito baixas. No segundo trimestre do ano, a qualidade do ar melhorou ligeiramente, na maior parte das cidades, face ao mesmo período do ano anterior, segundo um relatório da Greenpeace. Ainda assim, o nível de concentração das partículas PM 2,5 (as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões) ultrapassou o limite definido pelo Governo chinês - 35 microgramas por metro cúbico - em quase três quartos das 359 cidades avaliadas. A Organização Mundial do Comércio define 25 microgramas como o máximo recomendado.
ANÚNCIO Declaração de Herança Vaga nº CV1-15-0029-CPE 1º Juízo Cível REQUERENTE: O MINISTÉRIO PÚBLICO.-----------------------FALECIDO: CHU KEI, solteiro, faleceu em 04 de Abril de 2015, titular do B.I.R.M. e com a última residência em Macau, no Asilo Betânia, das Caritas.-------------------------------------------------------------O 1.º JUÍZO CÍVEL DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M.:-----FAZ-SE SABER, por esta Secção, que começa a correr depois de finda a dilação de TRINTA DIAS, contada da data da fixação deste edital, citando quaisquer CREDORES DESCONHECIDOS do mesmo para, no prazo de QUINZE DIAS, findo o dos éditos, reclamarem os seus créditos, seguindo-se os demais trâmites do n.º 1 do art. 1033.º do C.P.C.-------------------------------------------------------Tribunal Judicial de Base da R.A.E.M., aos 13 de Julho de 2016.***
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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A POPULAÇÃO DO MAR E NAVEGAÇÕES
Piratas versus corsários
H
OUVE já na História os Povos do Mar, indo-europeus que devido à fome emigraram para o Próximo Oriente à conquista de terras férteis e no século XII a.n.E. o devastaram, sendo apenas derrotados pelos exércitos e forças navais do Faraó Ramsés III. Daqui se subentende a antiguidade do uso de embarcações para transporte. O nómada estar pelas águas vivendo em barcos, transforma a frota numa povoação e crescendo em número de embarcações compõem-se em armada, tornando-se assim uma cidade flutuante. E no início, tudo tinha partido do ver uma folha, ou um tronco, a flutuar levando algo em cima. Nessa ondulante sedentarização, de quem se viu pelas costas marítimas a retornar às oceânicas águas, cativando muitos a embarcar, primeiro como pescadores ou, depois de uma vida de pobreza no campo, seguirem como marinheiros, aventureiros e soldados, nos barcos do comércio. Muitos, degredados pelos sedentários, que os expulsavam das suas terras, eram embarcados para longínquas ilhas e pelas revoltas no mar se tornaram piratas e fizeram da água a sua terra. Com espelho no que acontecia em Portugal, segundo Oliveira Marques, “Em finais de Trezentos, a estrutura naval portuguesa acusava algumas centenas de marítimos, entre quadros e pessoal subalterno, possibilitando o lançamento das mais variadas empresas: guerra ofensiva, guerra defensiva, fossados de mar, corso, pirataria, empreendimentos comerciais, etc.”. O mesmo historiador refere ser o pirata “um fora de lei, um bandido do mar”, ao passo que o corsário “recebia autorização régia ou senhorial para atacar o adversário, pagando uma percentagem ao seu senhor, a quem muitas vezes a embarcação pertencia”, mas na prática ambas se confundiam com frequência. E onde há comércio marítimo existem piratas, sendo a pirataria um fenómeno muito antigo espalhado por todas as costas do mundo. O andar ao corso, muitas vezes patrocinado pelos governos, outras contra esses, em actos de pirataria assaltavam os barcos para aumentarem a sua frota naval, ficar com a mercadoria e vender os homens como escravos, ou resgatados por mui-
to dinheiro e interesses. A técnica de acostagem desenvolvida pelos piratas, mostra serem os barcos a primeira necessidade aos que expulsos para fora da sedentária sociedade, vão embarcados para o exílio e devido às insubordinação e revoltando-se tornam-se fora de lei. Acto que muitos mercadores e os roubados, sem produtos para trocar, recorreram e reconfortados com os fabulosos ganhos, entre si recriaram uma sociedade com as suas leis e princípios. Juntavam-se em torno de um líder, e normalmente o chefe dos piratas é quem nunca se rende e luta até ao fim. Interiormente traz nele uma revolta, ou um objectivo político para reconquistar o trono e nesse ideal consegue por a acreditar a terra da água e daí se faz a ética entre piratas. Ou como refúgio do fugir, que deu em estar, o nómada dos homens do Mar.
A ROTA MARÍTIMA
Pelos Caminhos Terrestres para Oeste, abertos no século II a.n.E. desde Chang’an (Xian, Shaanxi), ou dois séculos antes, de Sichuan pelos do Sudoeste, via Norte da Índia, os produtos, como a seda, chegavam à Ásia Central, onde os partos depois os vendiam aos romanos. Mas quando estes dois caminhos terrestres ficavam interrompidos, rejuvenescia a movimentação pela água e o comércio marítimo ganhava grandeza. Se no início, pelos portos de proximidade os produtos eram trocados e levados depois para paragens cada vez mais longínquas, atravessando do Pacífico para o Índico chegavam ao Mar Arábico. Usando a Rota do Incenso daí eram transportados por terra para o Mediterrâneo, o mar do Império Romano. Estonteados com tais produtos, para fugir aos partos, vão os romanos, com a ajuda do saber grego nos conhecimentos fenícios, navegar pelo Mar Vermelho e entrando directamente no Oceano Índico, usando as monções cruzaram-no até ao Sul do Subcontinente Indiano, onde, em contacto directo no século II comercializaram com juncos de mercadores chineses. Estes, navegando em sentido contrário, provinham do Pacífico, e em trato se fizeram as transacções; marfim, vidro, prata, ouro e pedras preciosas, trocadas por laca, seda,...
Este período narrado corresponde na China às dinastias Zhou do Leste, Qin (221-206 a.n.E.), Han (206 a.n.E.-220) e ao Reino Wu (229-280), até que em meados da dinastia Tang
Entre essas trezentas embarcações havia barcos jardins onde as hortas eram cuidadas para fornecer alimentos frescos à tripulação imperial
(618-907), devido ao fecho dos caminhos terrestres para Oeste, investiu-se na abertura de estaleiros navais e portos ao longo da costa chinesa onde chegavam cada vez mais comerciantes árabes, persas, indianos e de toda a costa e ilhas do Sudeste do Oceano Pacífico. Com o comércio marítimo em geométrico incremento, os piratas infestavam o mar ao redor de Lin’an (Hangzhou) quando em 1138 para aí se mudou a dinastia Song do Sul (11271279). Contava-se agora com a bússola marítima para navegar sem terra à vista e novos juncos, produto do desenvol-
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José Simões morais
vimento na construção naval, sendo criada uma poderosa força naval imperial, que patrulhava as costas, servindo muitos outros barcos para serem fretados pelos mercadores estrangeiros, fazendo assim o transporte via marítima dos produtos adquiridos na China até ao Golfo Pérsico. Com os mongóis, a paz voltou a abrir os Caminhos Terrestres do Oeste e pelos portos muitas famílias Han fugindo, emigraram para as costas do Oceano Índico, sendo nas administrações provinciais e locais substituídas por uigures e estrangeiros. Como o povo mongol não é do mar, quem tomou conta oficial dos barcos e do comércio pelas costas marítimas foram os persas e árabes, crentes do Islão.
NAVEGAÇÕES TRANSOCEÂNICAS
Já o primeiro imperador da dinastia Ming (1368-1644) investindo nos camponeses, retirou durante trinta anos a
China do mar e proibiu todas as embarcações de saírem do país. Desde a fundação desta dinastia Han “a grande preocupação era a defesa contra qualquer tentativa restauradora da dinastia derrubada, a Yuan e por esta razão, toda a defesa militar chinesa se concentrou no Norte, nas fronteiras com os Mongóis”, segundo Jin Guo Ping e Wu Zhiliang. Com o fim da dinastia dos mongóis, a China perdeu a estrada que a ligava pelo continente euro-asiático ao outro lado do mundo. E foi mais uma vez pelas rotas marítimas, que também a dinastia chinesa Ming conseguiu reabrir-se ao mundo entre 1405 e 1433. Directamente, sem terra à vista, usando a bússola marítima navegou milhares de milhas náuticas até à costa Leste de África. Às ordens de Yong Le (o Imperador Zhu Di, o terceiro da dinastia Ming) ocorreram seis, das sete viagens marítimas transcontinentais da armada do Almirante Zheng
Através desta medida de acomodação dos Portugueses em Macau, foram conseguidas, a nível militar, duas vitórias: a rápida repressão dos piratas chineses e o impedimento de qualquer ligação pública entre os Portugueses e os piratas japoneses He, eunuco muçulmano que para a primeira viagem contou com uma tripulação de 27800 homens, distribuída por sessenta e dois grandes juncos, os barcos do Tesouro e 255 embarcações mais pequenas, transportando mais de um milhão de toneladas de mercadoria, desde tecidos de seda, porcelana, chá e moedas de cobre. Entre essas trezentas embarcações havia barcos jardins onde as hortas eram cuidadas para fornecer alimentos frescos à tripulação imperial. Era uma visita de anúncio da nova dinastia na China aos tributários reinos e países suseranos, que se reconheciam vassalos pelo poder da erudição e qualidade artística dos produtos chineses. Apesar de haver algumas comunidades chinesas espalhadas até à Índia, Rui Manuel Loureiro refere que por volta de 1430, a dinastia Ming desencorajou “abertamente quaisquer ligações marítimas de chineses com o estrangeiro, instituindo penas severas para os infractores, que no entanto, nunca deixaram de se multiplicar”. Após as Sete Viagens Transcontinentais do Almirante Zheng He, a dinastia Ming voltou a fechar-se para o interior e abateu a sua armada costeira. Desprotegidas as costas marítimas, os mares da China voltaram a encher-se de piratas ainda antes dos portugueses entrarem no Oceano Pacífico.
A QUESTÃO DE MACAU
Os portugueses chegaram à China em 1513 e vieram integrados como mercadores tributários provenientes de Malaca, suseranos do Imperador da China, enquanto era sultanato. Episódio, que mais tarde actuará como lenha para a Embaixada de Tomé Pires, aliado aos desmandos de alguns portugueses, que sem se importar onde se encontravam, como piratas actuavam e assim engrossavam com os wako (piratas japoneses) a pirataria do Mar do Sul da China. Após duas batalhas
navais em que os barcos portugueses são derrotados pelos chineses, fica-lhes interdita Cantão, local das feiras de seda. Segundo Victor F. S. Sit, “Em 1522, o governo da dinastia Ming voltou a decretar a interdição do comércio marítimo. Foram fechados os portos, destruídos os navios e proibidas quaisquer saídas ao mar.” Nos primeiros anos da década de quarenta do século XVI, completamente fora de lei passaram os portugueses a navegar pelo Mar do Leste e aí, entre Zhejiang e Fujian, encontravam-se a negociar as sedas com os chineses e a transaccioná-la por prata aos japoneses, tendo a 23 de Setembro de 1543 os portugueses chegado pela primeira vez ao Japão, mais propriamente a Tanegashima. Desde 1550, o comércio português com o Japão tornou-se monopólio régio, feito pela Nau Preta, assim conhecida pelos japoneses. Para aí se realizava a viagem da Nau do Trato a partir de Goa, via Malaca e nas ilhas da província de Guangdong abastecia-se de seda. Trato ainda fora de lei, com chineses pelos deltas dos rios Xi e Zhu, ou nas ilhas de Sanchoão (Shangchuan) e como entreposto último, Lampacau (Langbai) de onde os mercadores portugueses se mudaram definitivamente para Macau em 1557. Já com a feira de Cantão aberta aos portugueses, chegava a seda a Macau e em preciosos tecidos era daí embarcada, para o Japão, ou Portugal. Assim “Macau começou a ser (em 1557) um entreposto para o comércio português entre Malaca e o Japão”, como referem Jin Guo Ping e Wu Zhiliang: “o desenvolvimento desse comércio traria, mais cedo ou mais tarde, a praga da pirataria a Macau e a Guangdong. Após a repressão de alguns grupos de piratas chineses nas águas de Guangdong e instalados os Portugueses em Macau, as autoridades de Guangdong começaram a tentar resolver o problema dos Japoneses. Antes de mais, uma autorização de residência concedida aos Portugueses em Macau poderia obrigá-los a não se associarem publicamente aos piratas japoneses. De facto, sem os fixar num lugar, como se poderia sujeitá-los à legislação chinesa? Mais tarde, seriam tomadas medidas legais para proibir os Portugueses de ter Japoneses ao seu serviço. Através desta medida de acomodação dos Portugueses em Macau, foram conseguidas, a nível militar, duas vitórias: a rápida repressão dos piratas chineses e o impedimento de qualquer ligação pública entre os Portugueses e os piratas japoneses”.
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h Exercícios de éter e anestesia N
OTAS e murmúrios de meio dia, meio noite. Meio de uma coisa e de outra. O que se é. Ser-se o que se é. Como uma receita. Claras em castelo bem firme e uma pitadinha de sal que se diz quanto baste. Quanto bastasse de leveza e peso medido. De brilho ou absorção de toda a luz. Um vidro translúcido, um cristal transparente e puro a transtornar a luz em cores, um veludo negro sem retorno. Da luz. E ser sólido e permeável. Transparente e velado. Arriscado e temente. E recobrir a realidade de coisas leves e etéreas. Vivas e serenas mas finas como velaturas de Leonardo. O mesmo que dissecava cadáveres. Para entender. Estas a revelar subtilmente e por sobreposição os volumes de forma suave. Aquelas, simplesmente, a afastar a nitidez excessiva. Que cega. A dor. Envolta numa poalha fina. Como partículas de luz. Ou palavras delicadas, uma música baixa. O marulhar de águas. Quanto de tumulto irreprimível se pode encerrar num silêncio. Quanto de emoção indómita se esconde na pele. Quanto de caos e angústia se desprendem para dentro como de um manto de conforto e equilíbrio. A pele. Essa camada-organismo vivo, reactiva, bela ou feia, lassa ou triunfante de densidade e brilho. Que respira inaudível, que se arrepia e cora. Que encerra o mundo sob a esfinge. A serenidade de um invólucro, a reter uma amálgama que se deve proteger da dispersão, da corrosão do olhar. A pele a conter, a suportar na sua elasticidade, a camuflar fenómenos alterosos que se sucedem como vagas em maré viva. Perigosos. Violentos dentro e fora. Há dias em que cada minuto é de uma urgência, uma inquietação uma incompletude. Certos dias de incerteza, é talvez o esquecimento com quem acordo. Fico ai interdita a olhá-lo, a querer ver mais nítido. A ver qual deles. Dos esquecimentos. Ali ao lado da cama. Do lado que não sei. O lado sem fundo em que me sento todos os dias antes de poisar os pés. E aqueles dias em que para baixo é o precipício sem se lhe ver o fim. E não lhe vejo os olhos. E do outro esquecimento, a mesma ausência o mesmo recorte o mesmo vulto denso imatérico e inacessível e em torno o espaço. O de sempre. De que não vejo os olhos. E aos pés da cama, talvez o anjo, o de sempre, também, sentado e pesado com as suas asas negras ave-
ludadas, assimétricas, desleixadas. É ali que um rasgo da luz já matinal lhe fere um ombro e de caminho uma asa. É por isso, mas também que a ferida lhe vem de dentro. A eterna fractura da queda. A intemporal mágoa da fuga. O incomportável peso de culpa. A inalcançável imperfeição que o esconde. As asas mal fechadas na esperança do voo. A quem não vejo os olhos. O voo. Os dias de certeza do não querer acordar e saber que há-de ser. O que há-de ser. Adiado pelo lençol branco puxado à força para cima dos olhos fechados, Fechados com força para não ver a obscuridade, a vencida obscuridade a criar a agitação do dia, da alma a precisar de mais sono. E mais atrás na obscuridade restante ainda o que mais não sei e o que mais gosto. Dois num. O primeiro, o segundo. A haver ouro será dito no final. Esse que não me vê e de que me escondo para que não se veja nos outros ali. Que não vejo ver que uns aos outros. Não ser o esquecimento conteúdo. Uma outra coisa. O esquecimento como forma e não como sentido. Uma capa de imaterialidade. Leve e sem indiferença. Como invólucro do estar. Exercícios de anestesia. Ou abusar genericamente da química do cérebro. Às vezes, simplesmente esticar um tempo em que sem saber porquê para além da química, de facto, sinto que este nada de especial faz sentido em si e assim. Por medo de outro tempo em que muito mais faça muito menos sentido. E me atropele tudo o que não quero ver. Não quero ver. Não quero ver. Dizia o peso do mundo. Sobre os ombros. E querer acelerar o passo a aliviar, a trocar as voltas e o equilíbrio do peso. Do mundo. Sobre os ombros doridos. As coisas e as coisas pequenas. Inerências gravitacionais. Pequenas poeiras em torno. Ínfimas e monstruosas em círculos. Sempre os círculos viciosos. Padrões. Cansada, sonhava com padrões. Cores e formas a suceder-se. Alucinogénias. As substâncias destiladas na alma. Aquele tempo indefinido de vigília já desamparada no sono. E as folhas desfolhadas sem descanso sobre as pálpebras já fechadas. Ou já dormidas mas entreabertas por força de uma confusão qualquer. Muscular. O cansaço de padrões. Como azulejos. Mas não estes. Rosto da cidade. Onde as águas escorregam difíceis de entrar. Sempre lavados de fresco como um sorriso novo, e os brilhos entre as flores estilizadas, mesmo envelhecidas, por partes. O brilho rico e eterno
aqui e ali a confundir o desgaste de uma pétala, uma voluta ou um trevo. Qualquer coisa de resiliente e feroz mesmo nos mais castigados. Feroz mas de alegria pura. E luz. E unidade. De longe não há imperfeição que destrua a ideia do todo. Naqueles mesmo, que o tempo começou a limar o vidro o contorno ou o desenho, e em que o fez com a arte do padrão, aqui e ali, numa alternância que configura o novo todo. Murmúrios. Lamentos alongados no espaço invisível e imensurado. Há uma poética nessas queixas não transparecidas, não limadas, não domesticadas. Que escolhem o lugar. Muros de encostar a fronte. E de lamentações. De tocar com as mãos. Muros vastos de compreensão muda. Pedras de tocar, gastas do fervor e tantos gestos. Tantas preces concentradas no tacto. Na fé, no desamparo de algo, de alguém, do mundo ou de ser simplesmente. E o ouvido. Um ouvido na pedra. O segredo. As palavras não ditas. Rústicas como preciosidades em bruto. Atiradas para um além que nem sempre é o mesmo ou mais do que o que transcende. Corpo e espaço confinado. De ser em si e extravasar. O necessário e escatológico reclamar, carpir, vociferar sem culpa nem perdão. A parte sombria que falta em todas as luzes. Que acentua a clareza com que a luz recorta as formas os sentidos, os volumes, e preenche os espaços em branco desse território árido da ilegibilidade. Do que se diz, deve ter-se sempre a noção da insuficiência das palavras que são falíveis e inválidas se esgotadas de sentir. De sensações que as tornem rotundas esponjas de onde se poderá beber uma realidade desocultada. Por pequenina que seja. Restos de uma saliva tanto mais doce quanto não é imposta. Um beijo não deve ser dado e recebido mas uma etapa qualquer entre duas apetências. Como um lamento. Sempre uma pequena ou grande loucura possível - um pequeníssimo elogio da loucura, um vector centrípeto, e sair do círculo vicioso. Da auto-piedade. Um gesto leve ou incisivo. Como um sacudir de mão sem desdém. Aquele gesto forte do flamenco. Desses pequenos ou grandes gestos, há-os destrutivos, mas há também os outros. E o segredo, na generosidade que se vira para si próprio como para os outros. O que se quer, e a coragem de sair dos territórios confortáveis, assumir a nulidade, descomplicar e desembrulhar cada momento como fosse ante-
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Anabela Canas
ANABELA CANAS
de tudo e de nada
rior à grande batalha, e a batalha de cumprir a vontade sem preguiça, um desafio que se conhece de frente sem substituir pelo comprazimento na impotência. Dançar algo ou alguém, como desenhar. Dançar no corpo contra a paralisia da mágoa. Sem a piedade de si. Antes gostar e não gostar. Que se nos atrapalhe a postura dos ombros com peso a mais do que o que ali cabe. Gostar ou não gostar. Mas não a pena. Da piedade. E já agora a espada. Ou flores. Flores em vez daquelas palavras difíceis que nos caem dos pensamentos irreprimíveis, imparáveis, e é bom que não acertem em nenhuma folha. Antes, que se entranhem na terra - e aí, fermentando sirvam de adubo - onde pertencem estar as matérias escatológicas. Estranha duplicidade que abarca, destino, última ressurreição, fim do homem ou do mundo, e o fim do processo digestivo. Tudo coisas que não quero saber. Que as palavras, como um êmbolo, premindo bem fundo, incisivas
ou veementes, injectam todas as dimensões do sentir, do pensar. Mas como o êmbolo de uma seringa, quando injectam ar, esse ar - vital, no entanto - matam. Poderosas e cirúrgicas como bisturis. Mas aí prefiro a espada, o florete. Duelos antigos combinados e justos. Corpos no espaço e que ganhe o melhor. Como se a vida fosse uma competição. De capa e espada. Mas antes o manto de uma certa leveza. Da fantasia. Do esquecimento. Aquele. Ainda o ar, vital. O éter, anestésico. Essa substância que filósofos, naturalistas e depois os físicos, acreditavam habitar todo o universo. Sem massa, volume. Indetectável e sem atrito. O caminho da luz. Volactil e conhecida dos alquimistas. Tão conhecida como inexistente. Mas na mitologia personifica o conceito de céu superior. O céu sem limites ou o ar elevado, puro e brilhante respirado pelos deuses. Oposto ao obscuro inalado por seres mortais. De um matrimónio nascem ter-
ra, céu e mar e de outro, dor, engano, fúria, altercação, luto, mentira, punição, esquecimento, medo e vários outros filhos de mau feitio. Mas a genealogia é contraditória mesmo nos deuses. Tanto são filhos como pais, como uma reciprocidade ambivalente e comum entre causas e efeitos. É a esse éter que aspiro respirar quando a escuridão e o peso me pesam. Esse éter que do grego significa queimar e tornar escuro como o breu da fuligem. Ou fazer luzir. A luz que queima. Iluminar até à incandescência. E ceifar dores da consciência e, da matéria já do fumo, deixá-las subir e evolar-se. Num território aéreo e longínquo. Leve e fluido. É a inviolável solidão não da matéria mas do etéreo. Do tudo tornado o nada invisível. E diz a Química: éter e ar misturados, um potencial explosivo. Misturas complexas. Como tudo na vida. Mesmo sob um manto leve e etéreo. É isso. Exercícios de éter e anestesia.
18 (F)UTILIDADES TEMPO
POUCO
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?
NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje
EXPOSIÇÃO DE NATÁLIA GROMICHO Casa Garden
Amanhã
MIN
28
MAX
33
HUM
60-90%
•
EURO
8.80
BAHT
FESTIVAL DE DANÇA – DESFILE Ruínas de S. Paulo, 17h30 EXIBIÇÃO “DANÇA JUVENIL PELA PAIXÃO DA ROTA DA SEDA” Praça do Tap Seac, 20h00
Diariamente
EXPOSIÇÃO “TRANSIENT”, DE SOFIA AREZ (ATÉ 23/07) Creative Macau
O CARTOON STEPH
ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017) EXPOSIÇÃO “VOICE ON PAPER”, DE PAPA OSMUBAL Fundação Rui Cunha (até 22/07) EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) SOLUÇÃO DO PROBLEMA 42
EXPOSIÇÃO “REMINESCENT – PORTUGAL MACAU” Galeria Dare to Dream (até 22/07) EXPOSIÇÃO “CNIDOSCOLUS QUERCIFOLIUS” - ALEXANDRE MARREIROS Museu de Arte de Macau (até 31/07) EXPOSIÇÃO “EXPOSIÇÃO DO 70º ANIVERSÁRIO” – HAN TIANHENG Centro Unesco de Macau – (até 07/08) EXPOSIÇÃO “COLOR” 2016 Centro de Design de Macau EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10)
Cineteatro
C I N E M A
SALA 1
STAR TREK BEYOND [3D] [B]
FALADO EM CANTONÊS Filme de: Andrew Stanton 14.15, 16.05, 17.55, 19.45
Filme de: Justin Lin Com: Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldana, Simon Pegg 19.15
FINDING DORY [A]
COLD WAR 2 [C] FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADO EM CHINÊSE INGLÊS Filme de: Longman Leung, Sunny Luk Com: Aaron Kwok, Tony Leung Ka Fai, Chow Yun Fat 21:30 SALA 2
STAR TREK BEYOND [B] Filme de: Justin Lin Com: Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldana, Simon Pegg 14.30, 16.45, 21:30
PROBLEMA 43
UM FILME HOJE
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)
EXPOSIÇÃO “DINOSSAUROS EM CARNE E OSSO” Centro de Ciência de Macau (até 11/09)
1.19
CONFLITO?
Domingo
EXPOSIÇÃO “ARTES VISUAIS DE MACAU” Instituto Cultural (até 07/08)
YUAN
AQUI HÁ GATO
CONCERTO DE ENCERRAMENTO ORQUESTRA CHINESA DE MACAU Teatro D. Pedro V, 20h00 Bilhetes a 60 patacas
EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES /QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10)
0.22
Anda para aí uma petição a mandar vir com o deputado Gabriel Tong dizendo que este não está a cumprir as suas funções por ter apresentado uma proposta de “clarificação” (como ele faz questão de dizer) da Lei de Terras. Sou gato, nem quero saber disso, mas concorde-se ou não com o tema da proposta do deputado dizer que ele não está a cumprir as suas funções é um bocado estúpido. E numa terra como esta ainda mais. Se formos dizer que os deputados não podem misturar a sua profissão normal com o seu papel de legislador, então quase todos os deputados da Assembleia têm de sair de lá. Então o homem – que não levou a questão para a Universidade onde é director – não há-de poder apresentar uma lei, porque cinco gatos pingados acham que ele está a denegrir a imagem dos advogados?? Quando os advogados são os que mais defendem a mudança desta lei? E quem é que está a misturar alhos com bugalhos? Ele ou os “alunos” que fazem uma petição a pedir o seu despedimento e que nem dão a cara? Então ele não tem de cumprir o seu papel de deputado, seja do nosso agrado ou não? Então para isso temos de impedir Angela Leong e Chan Meng Kam de falar de jogo e casinos. E temos de impedir todos os milhões de deputados ligados ao imobiliário de analisar leis sobre esse mercado... foi uma petição um bocado estúpida e que, apesar de não concordar com a ideia que Tong não está a alterar a lei, como ele diz, foi um bocado cobarde usarem um tema destes para aproveitarem atirar o barro à parede, para ver se colava. . Pu Yi
“GHOSTBUSTERS” (PAUL FEIG, 2016)
Gilbert e Yates são autoras de um livro sobre fantasmas, mas nunca tiveram sucesso com a obra. Uns anos depois, Yates vê-se a trabalhar como professor na Universidade de Columbia, onde continua a promover o seu livro. E é quando os fantasmas invadem Manhattan que o professor vê uma hipótese de vingar: faz uma equipa com mais dois amigos e começa a combater fantasmas. O filme “Ghostbusters” chega depois do sucesso da conhecida série norte-americana. Tomás Chio
SALA 3
GHOSTBUSTERS [B] Filme de: Paul Feig Com: Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon, Leslie Jones 14:30, 16.45, 21.30
GHOSTBUSTERS [3D] [B] Filme de: Paul Feig Com: Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon, Leslie Jones 19.15
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OPINIÃO
um grito no deserto
O
Corrupção, política e o caso da Fábrica de Panchões
Comissariado contra a Corrupção (CCAC) apresentou recentemente o “Relatório de investigação sobre o caso da permuta do terreno da Fábrica de Panchões Iec Long”. No relatório o Comissariado declarou que o acordo relativo à troca de terrenos entre o Governo e os proprietários da fábrica é inválido e que o “termo de compromisso” é uma violação da lei. O relatório provocou grande celeuma junto da população e o Secretário para os Transportes e Obras Públicas ordenou que a DSSOPT fizesse de imediato análise e seguimento detalhados da situação. De momento aguarda-se com grande expectativa a decisão do Chefe do Executivo sobre o assunto. Houve, no entanto, uma associação que já apelou ao Ministério Público para que as pessoas envolvidas no caso fossem investigadas. O caso reporta-se a 2000 e a DSSOPT (Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes) teve conhecimento do “termo de compromisso” relativo à permuta de terrenos, em Janeiro de 2001. Em Março de 2002, o Governo da RAEM aprovou a divisão de terrenos. Em 2006, o então Secretário para os Transportes e Obras Públicas autorizou a DSSOPT a assinar um acordo suplementar. Este processo envolveu ao longo dos anos funcionários do Governo altamente colocados, estando ainda em causa verbas que ascendem aos milhões de patacas. Do processo também constam grandes empresas e figuras de destaque com ligações ao Governo. Se estas figuras, funcionários e entidades vierem a ser investigados, este caso vai ser mais bombástico que o do célebre Ao Man Long! Segundo a Lei de Murphy, “qualquer coisa que possa correr mal, vai correr mal”. Prestemos agora atenção ao cenário político no momento em que o relatório da CCAC foi emitido: o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM passa por um processo de reestruturação, na China continental o combate à corrupção está na ordem do dia e, em Macau, é preciso não esquecer a iminência das eleições para a Assembleia Legislativa, marcadas para o próximo ano. Perante todos estes factores, o desenvolvimento do caso da permuta de terrenos é muito difícil de antever. É evidente, que o que se vier a apurar pode ter grande impacto em algumas das figuras que tencionam candidatar-se às próximas eleições.
QUENTIN TARANTINO, THE HATEFUL EIGHT (2015)
PAUL CHAN WAI CHI
“O desenvolvimento do caso da permuta de terrenos é muito difícil de antever. É evidente, que o que se vier a apurar pode ter grande impacto em algumas das figuras que tencionam candidatar-se às próximas eleições” De acordo com as declarações do deputado em funções, Fong Chi Keong, proferidas na sequência do seu discurso na Assembleia, o salário mensal dos deputados ronda as 70.000 patacas. Se compararmos esta verba com o investimento que alguns tiveram de fazer para
se candidatarem à Assembleia em 2013, percebe-se que gastaram mais do que ganharam, o que nos leva a perguntar porque é que alguns querem ser deputados, mesmo perdendo dinheiro? Claro que quando alguns empresários, empreendedores, ou pessoas de grandes recursos em geral, se tornam deputados, o salário da Assembleia não tem qualquer importância. Mas porque que gastariam o seu preciosíssimo tempo nas sessões da Assembleia Legislativa, a não ser pelo seu elevado sentido de patriotismo e amor por Macau? O relatório da CCAC demonstrou que nenhum dos actuais deputados se encontra na lista dos dignatários envolvidos no processo Iec Long. Mas, alguns dos representantes legislativos em funções tiveram o apoio financeiro de pessoas envolvidas. Por este motivo, assim que o relatório da CCAC se tornou público, alguns deputados começaram imediatamente a demarcar-se dos envolvidos no processo. Pelo contrá-
rio, outros deputados têm-se feito ouvir a favor da investigação, numa tentativa de erradicar da Assembleia quem só procura poder e ganhos pessoais. Dito de outra forma, a corrida eleitoral para as Legislativas de 2017 começou no momento em que a CCAC deu a conhecer o relatório sobre o processo Iec Long. É possível que o caso caia no esquecimento dentro de um ano, é possível que sofra novos desenvolvimentos após a investidura do novo Director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM. Para já, é também insondável de que forma irá o Chefe do Executivo de Macau lidar com os resultados do relatório. Estamos, portanto, perante muitas variáveis imprevisíveis no quadro das eleições de 2017 para a Assembleia Legislativa. Ex-deputado e membro da Associação Novo Macau Democrático
“
Da rosa do oriente / deixaste-me o perfume / e a cor evanescente / do sangue e do ciúme. / Ficou só o momento / de florir por engano / num verso muito lento / de Camilo Pessanha”
sexta-feira 22.7.2016
José Augusto Seabra
INFLAÇÃO A 3,67%
A taxa de inflação fixou-se nos 3,67% nos 12 meses terminados em Junho em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu impulsionado sobretudo pelos aumentos dos preços das bebidas alcoólicas e tabaco (38,09%) e da educação (7,96%). No primeiro semestre, o IPC geral médio cresceu 3,15% face aos primeiros seis meses do ano passado. Só em Junho, o IPC geral médio aumentou 2,26% face ao mesmo mês de 2015, devido sobretudo às rendas dos parques de estacionamento e à subida dos preços das refeições adquiridas fora de casa e do tabaco, segundo a DSEC. O indicador continuou a abrandar, já que o valor de Junho representa uma descida face ao registado em Maio (+2,64%).
IMPORTAÇÃO DE TABACO CAI 82%
O Gabinete do Secretário para a Segurança referiu numa resposta a uma interpelação que o volume de importação do tabaco nos primeiro cinco meses foi de cerca de três milhões de caixas. Em comparação com o período homólogo do ano passado registase uma diminuição em 82%. O facto corrobora a eficácia do aumento do imposto no controlo do tabagismo, adianta o Gabinete, que diz ainda ter existido um grande esforço por parte da Alfândega no controlo do tráfico do produto, com a detecção de 1690 casos.
MOURINHO ESPERA MAIS UM REFORÇO, MAS SEM CONFIRMAR POGBA
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treinador português José Mourinho admitiu ontem que o Manchester United precisa de mais um reforço antes do início da época, mas recusou confirmar se o alvo é o futebolista francês Paul Pogba. “Não confirmo, nem desminto. Não posso dizer”, começou por dizer Mourinho, em declarações prestadas na China, onde o Manchester United está em digressão de pré-época, justificando não ser correcto falar em jogadores de outras equipas. Mourinho lembrou que Pogba, de quem se diz que poderá estar a caminho dos ‘red devils’ por 120 milhões de euros, é jogador dos italianos da Juventus. “A única coisa que posso dizer é que a estru-
tura, os meus directores, fizeram um trabalho fantástico, com 75 por cento do que pedi”, referiu Mourinho, justificando ter pedido quatro ou cinco jogadores que precisava. O treinador português lembrou na conferência de imprensa as contratações de Ibrahimovic, Mikitharyan e Eric Bailly: “têm apenas 25 por cento por fazer até 31 de Agosto”. “Estamos calmos, estou confiante que o senhor Woodward [Ed Woodward, vice-presidente do Manchester United] conseguirá o jogador que queremos para termos um bom equilíbrio”, referiu, num momento em que se fala que o dirigente reunirá com Mino Raiola, empresário de Pogba.
F3 ESTATUTO DE TAÇA DO MUNDO PODE NÃO TRAZER MUDANÇAS
Pouco importa
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OM os anúncios milionários da renovação do Museu do Grande Prémio e do patrocinador da 63ª edição, à qual se alia um programa em todo igual ao do ano passado, os aspectos desportivos do evento do próximo mês de Novembro ficam por agora em segundo plano. Contudo, durante a conferência de imprensa do anúncio do patrocinador da prova deste ano, que será novamente o Suncity Grupo, Pun Weng Kun, Presidente do Instituto do Desporto, referiu um ponto importante: a organização que agora lidera tem “esperanças em aumentar a envergadura da corrida de Fórmula 3”, ambicionando o título de Taça do Mundo FIA. A prova de Fórmula 3 de Macau goza actualmente do estatuto de Taça Intercontinental FIA, algo sem semelhante na disciplina e em qualquer outra categoria de
monolugares. A passagem da prova a Taça do Mundo FIA, como acontece actualmente com a corrida da Taça GT Macau, pode na prática não significar qualquer mudança. Nuno Pinto, director desportivo da Prema Powerteam, equipa que venceu as últimas três edições desta corrida, antevê que esta mudança, a acontecer, “não trará grandes vantagens”. Isto porque “Macau já tem um estatuto muito elevado e é uma prova com um grande estatuto em termos internacionais”. Criada em 1983, a prova de Fórmula 3 ganhou maturidade ao longos dos anos e é hoje um evento incontornável no desporto motorizado mundial. Não é por acaso que ex-vencedores da prova, como António Félix da Costa, ou Daniel Juncadella, quiseram regressar, tendo mais a perder que a ganhar, pelo simples prazer de a disputar. “Macau é Macau, independentemente do campeonato
para qual pontua e ser denominado Taça Intercontinental ou Taça do Mundo. Para os pilotos e equipas não creio que fará grande diferença”, conclui o português que também é o treinador de pilotos da equipa patrocinada por Teddy Yip Jr.
FIA ESTUDA MINI-MUNDIAL
Entretanto, nos bastidores, a Federação Internacional do Automóvel e as equipas do Campeonato Europeu de Fórmula 3 estão a estudar a possibilidade de criar um campeonato do mundo com três provas, isto numa iniciativa que também inclui reduzir o número de eventos do actual campeonato europeu de dez para oito, com intuito de cortar nos custos anuais dos pilotos e equipas. A prova de final de ano no Circuito da Guia também faz parte desse plano que ainda está numa fase embrionária.
“Fala-se desta mudança, mas integrada numa ideia da FIA de ter um campeonato europeu com menos corridas e depois criar uma Taça do Mundo que integrará o Grande Prémio de Macau e mais uma ou duas provas especiais que irão compor esse segundo campeonato por assim dizer”, explicou Pinto ao HM. O Grande Prémio do território poderá pontuar para esse mini-campeonato, o que poderá ter pontos negativos, como por exemplo, os pilotos abdicarem da luta pelo triunfo para somarem preciosos pontos para o campeonato. Se este cenário acontecer, para Pinto “até tira um bocadinho de importância à vitória no Grande Prémio de Macau por si só”. Mas o responsável frisa: “vamos esperar mais um pouco para se ter uma definição mais clara sobre esta ideia para o futuro da Fórmula 3”. Sérgio Fonseca
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