Hoje Macau 23 NOV 2016 #3702

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10

QUARTA-FEIRA 23 DE NOVEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3702

hojemacau PIB SUBIDA AO FIM DE DOIS ANOS

SOUND & IMAGE

EVENTOS

LAG 2017

Perguntas sem resposta

h PÁGINAS 4-5

Engoliu um ovo Pele de um independente WANG CHONG

JOÃO PAULO COUTRIM

China tal como ela é JULIE O’YANG

TRANSASIA

Aterragem forçada? PÁGINA 9

Após dois anos de contracção, o Produto Interno Bruto voltou a crescer. A subida de 4%, entre Julho e Setembro

deste ano, deve-se sobretudo ao crescimento das exportações de serviços e ao investimento.

PÁGINA 8

ROHINGYA

A LEI DO MAIS FRACO

GRANDE PLANO

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CURTAS AOS MOLHOS

Depois da tempestade


2 GRANDE PLANO

MYANMAR CENTENAS DE ROHINGYA FOGEM PARA O BANGLADESH

A GENTE (OUTRA V As Nações Unidas dizem que é a minoria mais perseguida do mundo. Até ver, a comunidade internacional pouco faz para proteger os rohingya, muçulmanos a quem o Myanmar nega a cidadania. Há centenas de novo em fuga

É

um problema por resolver que, de vez em quando, salta para as agências internacionais de notícias. Depois de, nos últimos anos, centenas e centenas de rohingya terem morrido no mar, no jogo do empurra entre os países onde procuravam protecção, chegam agora informações sobre uma nova fuga, desta vez para o Bangladesh e para a China (ver texto nestas páginas). De acordo com informações divulgadas por organizações internacionais que trabalham na antiga Birmânia, centenas de muçulmanos da etnia mais perseguida do mundo fugiram para o Bangladesh nos últimos dias. Tentam escapar à nova onda de violência no noroeste do país, ataques que provocaram a morte a pelo menos 86 pessoas e que fizeram com que cerca de 30 mil tivessem de abandonar o local onde viviam. AReuters conta que um funcionário da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que preferiu não ser identificado, diz ter assistido à chegada de mais de 500 pessoas: entraram no campo da instituição nas montanhas, perto da fronteira. Trabalhadores de outras agências das Nações Unidas e jornalistas da agência nos campos de refugiados da OIM confirmam o testemunho. Os funcionários da ONU não dão números concretos, mas mostram-se preocupados com o fluxo inesperado de rohingya.

Os funcionários da ONU não dão números concretos, mas mostram-se preocupados com o fluxo inesperado de rohingya O banho de sangue no Myanmar é o mais grave desde que centenas de pessoas foram mortas em confrontos no estado de Rakhine, em 2012. Os acontecimentos dos últimos dias são ainda o maior teste, até agora, dos oito meses deAdministração deAung San Suu Kyi: a Nobel da Paz chegou ao poder com a promessa de resolver os problemas na região. Depois de um ataque, a 9 de Outubro, que matou nove agentes da polícia, o exército birmanês enviou homens para a zona que faz fronteira com o Bangladesh.

NÃO SE PASSA NADA

Moulavi Aziz Khan, de 60 anos, morador numa aldeia no norte de Rakhine, contou que deixou o Myanmar na semana passada, depois de os militares terem feito um cerco à casa onde vivia e a terem incendiado. “Na altura, fugi com as minhas quatro filhas e os meus três netos para uma montanha. Mais tarde, conseguimos atravessar a fronteira”, explicou.

CHINA RECEBEU TRÊS MIL REFUGIADOS

A

informação foi divulgada pelos órgãos estatais chineses: há mais de três mil pessoas do Myanmar que fugiram dos conflitos entre o Governo e os rebeldes e que entraram na China. Algumas bombas atingiram território nacional, causando estragos, mas não há vítimas mortais a registar. Porque não é a primeira vez que Pequim assiste a confrontos na fronteira com a antiga Birmânia, o exército chinês está em alerta, sendo que o

Governo Central pediu já que os dois lados do conflito resolvam o diferendo de forma pacífica. O China Daily relatava, na edição de ontem, que entre os três mil civis oriundos do Myanmar havia feridos que tinham sido levados para os hospitais da província de Yunnan, que partilha a fronteira com o Myanmar. “As autoridades chinesas responderam rapidamente e lidaram de forma apropriada com

a situação”, declarou ao jornal oficial um porta-voz da embaixada chinesa no Myanmar. A televisão estatal tinha já dado conta esta semana que caíram bombas em Wanding, um importante ponto da fronteira. Já o jornal Global Times acrescentou que um edifício do Governo tinha sido ligeiramente afectado. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China fala em, pelo menos, um cidadão chinês ferido.


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EZ) SEM CASA O exército e o Governo birmaneses negam as acusações dos residentes e dos grupos de direitos humanos, que alegam que há soldados que violaram mulheres rohingya, queimaram casas e mataram civis durante as operações em Rakhine. A Human Rights Watch, com sede em Nova Iorque, diz que as imagens de satélite recolhidas nos passados dias 10, 17 e 18 mostram 820 edifícios destruídos em cinco aldeias no norte de Rakhine, aumentando para 1250 o número calculado pela organização. O Governo do Myanmar tem refutado notícias anteriores que davam conta da fuga de civis da minoria étnica para o Bangladesh. Zaw Htay, porta-voz da Presidência e membro do recém-formado mecanismo de informação sobre Rakhine, diz que o Governo continua a investigar as reportagens que foram publicadas mas, até à data, diz não ter encontrado provas sobre as acusações referidas nas notícias.

O Governo birmanês nega que há soldados que violaram mulheres rohingya, queimaram casas e mataram civis

“Confirmámos com os militares e com a polícia se havia pessoas a fugir para o Bangladesh desde 9 de Outubro. Algumas pessoas fugiram das suas aldeias, mas foram levadas de novo por nós para o local de origem”, afirmou Zaw Htay. “Se acontecer alguma coisa desse género, vamos preocupar-nos e iremos continuar a investigar a situação. Não estamos a refutar todas as acusações... O nosso Governo investiga todas as alegações e descobre que algumas não são verdadeiras.” O exército birmanês declarou recentemente o estado de Rakhine como “zona de operações”. É lá que vivem os muçulmanos da minoria rohingya – as autoridades dizem estar a combater os insurgentes islamitas. A zona é vedada a jornalistas estrangeiros.

MÁ SORTE NASCER ROHINGYA

No Myanmar vivem 1,1 milhões de rohingya: são encarados pelas autoridades do país como sendo imigrantes ilegais do Bangladesh. Nos últimos anos, na tentativa de encontrarem abrigo noutros países, têm visto ser-lhes negado refúgio por várias nações de maioria budista. O Governo birmanês não lhes dá a cidadania e têm, por isso também, grande dificuldade em viajar. De acordo com as contas das Nações Unidas, os conflitos recentes terão causado 30 mil desalojados. As operações humanitárias – que consistem

QUE POVO É ESTE?

S

ão oficialmente apátridas há mais de 30 anos, apesar de estarem em Arakan – uma área que hoje faz parte do Myanmar – desde o séc. XVIII. As organizações de defesa dos direitos humanos dizem que a minoria muçulmana é altamente discriminada pelas autoridades birmanesas e as Nações Unidas confirmam: há já vários anos que os rohingya

aparecem no topo da lista dos mais perseguidos. O grande problema dos rohingya começou em 1982, com o golpe de Estado do general Ne Win, que deixou de fora da União da Birmânia a minoria muçulmana que vive no estado de Rakhine. Depois de décadas de opressão e marginalização, a lei da cidadania aprovada em 1982

declarou que os rohingya são oficialmente apátridas. Povo que vivia sobretudo da agricultura, tem tido dificuldades em manter os meios de subsistência. Seguidores fiéis do Islão, os rohingya mais velhos deixam crescer a barba e as mulheres usam hijab. As organizações de defesa dos direitos humanos dizem que as tradições e hábitos da mi-

noria étnica muçulmana têm sido ameaçados pela pressão feita pela maioria budista: a junta militar que governou o Myamar era altamente intolerante em relação aos hábitos dos rohingya, que tiveram, por exemplo, de adoptar nomes birmaneses. O facto de serem apátridas impede o acesso a uma série de serviços públicos, com desta-

que para a saúde e a educação: aos rohingya é impossível a frequência de uma instituição do ensino superior. As várias escolas de cariz religioso que educavam as crianças desta minoria conheceram, nos últimos anos, muitos obstáculos – de cortes no financiamento à falta de espaços –, pelo que existem poucos meios para garantir a educação básica.

Os conflitos recentes terão causado 30 mil desalojados. As operações humanitárias estão suspensas há mais de 40 dias na distribuição de alimentos e de dinheiro a mais de 150 mil pessoas – estão suspensas há mais de 40 dias. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) pediu ao Governo birmanês o acesso à zona de Rakhine. “A ideia é ajudá-los no local onde se encontram, de modo a que não tenham de atravessar a fronteira para o Bangladesh”, explicou à Reuters Vivian Tan, da ACNUR. “Se não conseguem apoio onde estão neste momento, vêem-se obrigados a fugir para outros países, como o Bangladesh. Apelamos também às autoridades do Bangladesh que honrem a sua longa tradição e que abram as fronteiras a estes refugiados”, rematou. HM (com agências)


4 POLÍTICA

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LAG DEPUTADOS PEDEM AVANÇOS NO REGIME DE RESPONSABILIZAÇÃO

Quando a cabeça não tem juízo Perante uma chuva de críticas, a Secretária para a Administração e Justiça admitiu ontem serem necessárias melhorias no sistema de responsabilização dos governantes e funcionários públicos. Ficou por confirmar quantos processos disciplinares já foram instaurados após os relatórios da Auditoria e do CCAC

O

quanto ao regime de responsabilização dos governantes, mas Sónia Chan, secretária da tutela, apenas admitiu que é necessário melhorar o sistema em vigor. “Temos de aperfeiçoar o regime de responsabilização e também o regime de avaliação e desempenho [dos funcioná-

não ser os ideais”, frisou Lau Veng Seng. Também a deputada nomeada Chan Hong abordou o assunto. “O Governo disse que iria criar um regime de responsabilização mas, neste momento, a sociedade pensa que o mais importante é como podemos concretizá-lo de forma eficaz. Segundo alguns peritos há deficiências no regime”, referiu.

QUANTOS PROCESSOS?

O deputado Ho Ion Sang quis saber quantos processos disciplinares já foram implementados aos governantes e funcionários públicos incumpridores. “Segundo os relatórios do Comissariado da Auditoria (CA) e do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) surgiram muitos problemas, com irregularidades graves. Os funcionários públicos

“Em relação aos relatórios do Comissariado da Auditoria e do Comissariado contra a Corrupção, o que fizeram as autoridades?” HO ION SANG DEPUTADO que cometeram esses erros não conheciam a legislação ou fugiram ao que está definido. O que será feito em termos de fiscalização? Em relação aos relatórios do CA e do CCAC, o que fizeram as autoridades? Instruíram pro-

cessos disciplinares, para que o pessoal envolvido venha a assumir responsabilidades?”, questionou. Sónia Chan não levou quaisquer informações ao hemiciclo, tendo prometido aos deputados “facultar os dados posteriormente”. Quanto ao processo de apresentação de queixas por parte dos funcionários públicos, a Secretária para a Administração e Justiça falou de um novo sistema que “será um complemento ao actual mecanismo”. “Temos normas para garantir o direito dos funcionários públicos e temos procedimentos para a acusação. Se os funcionários públicos entenderem que há irregularidades podem apresentar queixas através deste mecanismo, para aliviar a sua pressão”, rematou a governante. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

GCS

primeiro dia de debates sectoriais das Linhas de Acção Governativa (LAG) ficou marcado pela ausência de respostas concretas ou novidades na área da Administração e Justiça. A maioria dos deputados quis saber mais detalhes

rios públicos]”, disse ontem na Assembleia Legislativa (AL). “Temos de introduzir mais dados científicos e promover a avaliação por uma terceira entidade, para deixar que a sociedade conheça o desempenho dos serviços públicos. Não é fácil [fazer uma mudança], porque cada departamento tem os seus itens de avaliação. Em meados do próximo ano podemos ter uma versão preliminar e, no final de 2017, poderemos concluir o trabalho de consulta pública”, adiantou Sónia Chan. Vários deputados revelaram ter dúvidas quanto à eficácia do novo regime e da avaliação por uma terceira parte. “O Governo falou dessa medida nas LAG do ano passado mas, durante o processo de implementação, houve críticas porque não há confiança nessa terceira entidade. Os resultados podem

“O trabalho legislativo foi enorme” Deputados lembraram leis em atraso e pediram explicações

A

primeira crítica veio do deputado Ho Ion Sang, que preside à Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas da Assembleia Legislativa (AL). Há leis por entregar e muitas outras em análise na especialidade. “O relatório das Linhas de Acção Governativa prometia a entrega de oito propostas de lei, mas à data só foram entregues quatro. Em 2015 foi prometido

que seriam apresentadas quatro propostas, mas até à data muitas não foram sequer apresentadas. Vejo que cinco propostas serão entregues para o ano. As comissões permanentes estão cheias de propostas de lei, falta pouco para o termo da legislatura e queria saber como vão ser coordenados os trabalhos.” Depois foi Kwan Tsui Hang, que preside à 1ª Comissão Permanente. “O Governo não conseguiu

atingir os objectivos e penso que deve explicar porque é que não conseguiu entregar todas as propostas de lei conforme o plano. Em relação aos diplomas complementares continuam a não existir após a implementação das leis. Creio que deve haver um serviço próprio para coordenar todos os trabalhos, caso contrário vai ser difícil levar a cabo esses objectivos”, defendeu. Sónia Chan, Secretária da tutela, respondeu que são ne-

cessárias melhorias. “Concordo que há margem de melhoria em relação à coordenação e eficácia dos planos legislativos. Há leis que não são apresentadas devido a uma alteração das políticas legislativas e outros factores. Em relação a 2015, falta apresentar a proposta de revisão da lei dos táxis. Em 2016 tivemos um total de 11 propostas de lei. Às vezes é difícil ter conclusões a cem por cento, o trabalho legislativo foi enorme e vamos reforçar os nossos trabalhos.” Ainda assim, Sónia Chan respondeu mais tarde que “a capacidade de produção legislativa melhorou bastante”. A.S.S.

NÃO HÁ DATA PARA ACORDOS DE EXTRADIÇÃO

A assinatura de acordos de extradição teve datas anunciadas para a implementação, mas ontem a Secretária para a Administração e Justiça não conseguiu avançar um calendário concreto para a sua entrada em vigor. Sónia Chan disse apenas que, ao nível da cooperação penal, “verificam-se discrepâncias em termos do regime jurídico [com a China e Hong Kong]”, tendo admitido dificuldades “para conseguir encontrar um ponto em comum”. Para o próximo ano, o Governo promete “encetar a cooperação penal com a Coreia do Sul e a Mongólia”.


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LAG SÓNIA CHAN NÃO CLARIFICOU ELEIÇÃO DIRECTA PARA ÓRGÃOS MUNICIPAIS

Um estranho silêncio

A

N

G Kuok Cheong levou uma questão clara para o hemiciclo. “Podemos usar um regime de eleição directa ou criar órgãos municipais por zonas, como acontece em Hong Kong? Não temos de ter 18 órgãos como em Hong Kong, pois somos um território mais pequeno, mas devem ter a participação da população.” Apesar da pergunta directa, a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, não confirmou se a população poderá ou não, a partir de 2018, votar para eleger os membros dos referidos órgãos. “A Lei Básica de Macau é muito diferente da Lei Básica de Hong Kong nesta matéria. Aquando da constituição dos órgãos municipais, vamos seguir estritamente o que está na Lei Básica. Os órgãos vão ser criados e incumbidos pelo Governo para servir a população. Claro que vamos ter em conta a relação dos órgãos municipais com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Esperamos que até ao final deste ano possamos ter o documento de consulta.” O deputado do campo pró-democrata lembrou que

Ng Kuok Cheong

existem “vários mecanismos de consulta, mas não são eficazes, e isso tem que ver com o facto de os membros serem nomeados”. “Se os membros fossem eleitos pela população iriam ser responsáveis perante os cidadãos. Com o regime de órgãos municipais podemos ter um sistema de eleição directa”, insistiu.

CHEFE AO ALCANCE DE TODOS

Ng Kuok Cheong voltou a abordar a reforma do sistema político mas, desta vez, não abandonou a sala do plenário como fez perante o Chefe do Executivo na semana passada. Au Kam San pediu ao Governo para deixar de lado os “pretextos” que deixam o sufrágio universal fora das prioridades. “Se tudo continuar assim qualquer pessoa pode ser dirigente, incluindo uma pessoa estúpida. Só perante os desafios é que se vê a ca-

Função pública quase offline

Governo admite que tem de melhorar serviços electrónicos

TIAGO ALCÂNTARA

Os deputados do campo pró-democrata voltaram a exigir ao Governo que deixe de lado os “pretextos” para a implementação de um sistema democrático. Sónia Chan não respondeu se haverá ou não eleição directa dos membros dos futuros órgãos municipais sem poder político

POLÍTICA

pacidade. Para o Governo há vários pretextos para fugir à questão, como o ajustamento da economia. O Governo tem o direito de arrancar com este processo”, frisou o deputado. “O Chefe do Executivo foi o primeiro a fugir à questão”, lembrou Ng Kuok Cheong. “Espero que haja um sistema

“Se tudo continuar assim qualquer pessoa pode ser dirigente, incluindo uma pessoa estúpida. Só perante os desafios é que se vê a capacidade.” NG KUOK CHEONG DEPUTADO

de eleição directa. Quanto aos restantes conselhos consultivos devem ser introduzidos membros eleitos pelos diferentes sectores.” Sónia Chan garantiu que o actual sistema é para manter. “Neste mandato posicionamo-nos no sistema já existente e na estabilidade do nosso regime jurídico. Há que ter em conta a equidade, justiça e transparência para que as próximas eleições para a AL sejam realizadas da melhor forma. Em 2012 procedemos à revisão dos anexos I e II da Lei Básica, o que representa um avanço do nosso sistema político. Representa que o sistema actual está em consonância com o desenvolvimento de Macau”, concluiu a Secretária. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, disse ontem que 15 serviços públicos passam a funcionar apenas em plataformas online até ao final do ano, sendo que, em 2017, mais dez serviços públicos irão funcionar apenas na internet. Eddie Kou, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), adiantou ainda que até 2019 uma centena de serviços serão prestados online, sendo que mais de 70 “estarão a funcionar totalmente em plataformas electrónicas”. Ainda assim, o Governo admitiu que é preciso fazer mais e que Macau está bem atrás das restantes regiões e países. “Temos de dar um maior avanço ao Governo electrónico, temos de acelerar os trabalhos. Lançamos o processo relativo a 15 serviços este ano, no próximo ano serão lançados mais dez. Queremos criar maiores conveniências para a população”, disse Sónia Chan. Eddie Kou referiu que “houve progressos nos últimos anos, mas os trabalhos não satisfazem ainda os pedidos dos residentes.” Eddie Kou explicou que foi feita uma maior aposta nas plataformas online dos sistemas internos da Administração. “Não conseguimos definir os serviços externos tendo em conta as necessidades.” A importância da implementação de um sistema de governo electrónico foi um dos pontos mais discutidos no primeiro dia de debate no âmbito das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Administração e Justiça. Ella Lei referiu que “não se consegue fazer uma coordenação dos serviços públicos e isso tem vindo a impedir o desenvolvimento do governo electrónico. O Executivo não deve ter planos que, na prática, estão a violar os seus objectivos”, concluiu. A.S.S.

MERCADO DA TAIPA MANTÉM-SE, MAS VAI SER MELHOR

José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), confirmou ontem na Assembleia Legislativa (AL) que não há planos para a construção de um novo mercado na Taipa. “Não há condições para criar um novo mercado na Taipa, só vamos ponderar criar um mercado municipal nos novos aterros. Na Taipa, estamos neste momento a planear as instalações do mercado, para que possam ser optimizadas as condições. Com o aumento da população iremos criar um centro de compras e produtos em Seac Pai Van, para dar maiores facilidades aos moradores.”


6 PUBLICIDADE

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“Obra da Renovação do Sistema do Ar-condicionado no Edifício Chi Un do Instituto Politécnico de Macau – Elaboração do Projecto”

CONCURSO PÚBLICO N.º 06/DOA/2016

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 109/2016 (Reparação coerciva)

Faz-se público que, de acordo com o despacho de 11 de Novembro de 2016, do Exm.o Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto concurso público para a prestação de serviços de consultadoria sobre a elaboração do projecto para a obra de renovação do sistema de ar-condicionado no Edifício Chi Un do Instituto Politécnico de Macau.

Ng Wai Han, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, manda que se proceda, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º e do artigo 11.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008 – “Normas de funcionamento das acções inspectivas do trabalho”, conjugado com o artigo n.º 2 do artigo 72.º e n.º 2 do artigo 136.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, à notificação da transgressora do Auto de Notícia n.º 211/0708/2016, sociedade “Nest Beauty Macau, Limitada”, sita na Avenida da Praia Grande, n.º 759, 2.º andar, sala n.º 2006, Macau, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte ao da publicação do presente edital, proceder ao pagamento da multa aplicada, no referido auto, no valor de Mop$40.000,00 (quarenta mil patacas), por violação no disposto no n.º 2 do artigo 45º, n.º 3 do artigo 62.º, artigo 75.º e artigo 77.º, da Lei n.º 7/2008 – Lei das Relações de Trabalho, sendo punida ao abrigo da alínea 6) do n.º 1 do artigo 85.º e alíneas 2), 4) e 5) do n.º 3 do artigo 85.º da mesma Lei. Por outro lado, a transgressora também deve, no mesmo prazo, proceder ao pagamento da quantia em dívida às trabalhadoras Ng Pou I e Fan Un Kei, no valor de Mop$43.012,70 (quarenta e três mil e doze patacas e setenta avos), devendo ainda, nos 5 (cinco) dias subsequentes ao do termo do prazo acima referido, fazer prova dos pagamentos efectuados. A cópia do auto, a notificação, o mapa de apuramento da quantia em dívida às referidas trabalhadoras e as guias de depósito deverão ser levantados, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Inspecção do Trabalho da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sito na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, sendo facultada a consulta dos processos em causa (n.ºs 1358/2016 e 1809/2016).

1.

Entidade que põe o serviço a concurso: Instituto Politécnico de Macau.

2.

Modalidade de concurso: Concurso Público.

3.

Local do projecto: Edifício Chi Un do Instituto Politécnico de Macau, sito na Rua de Luís Gonzaga Gomes, em Macau.

4.

Objecto de concurso: prestação dos serviços de consultadoria sobre a elaboração do projecto de renovação do sistema do ar-condicionado dos Blocos A e B, Auditório e Galeria de Exibição do Edifício Chi Un do Instituto Politécnico de Macau.

5.

Prazo de execução: 120 dias, a contar do dia seguinte da data de notificação da adjudicação.

6.

Prazo de validade das propostas: 90 dias, a contar do dia seguinte à cerimónia do Acto Público do Concurso.

7.

Caução provisória: MOP40.000,00 (quarenta mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro no Serviço de Contabilidade e Tesouraria do Instituto Politécnico de Macau ou garantia bancária aprovada nos termos legais.

8.

Garantia definitiva: 10% do preço global da adjudicação (em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 4% das importâncias que o adjudicante tiver a receber, para juntamente com o valor da caução servirem de garantia ao cumprimento do contrato).

9.

Preço base: não há.

10.

Condições de admissão: entidade inscrita na DSSOPT na modalidade de elaboração de projectos.

11.

Local, data e hora do limite da apresentação das propostas: 11.1. Local: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luís Gonzaga Gomes, em Macau. Dia e hora do limite: 9 de Dezembro de 2016 (sexta-feira), antes das 17H30. 11.2. Em caso de encerramento dos serviços públicos da Região Administrativa Especial de Macau ao público em virtude de tempestade ou outras causas de força maior, a data e a hora para o termo do prazo de entrega das propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, na mesma hora.

12.

Sessão de Esclarecimento: Os interessados podem assistir à sessão de esclarecimento na sala M603 do Edifício Meng Tak do IPM, no dia 28 de Novembro de 2016 (segunda-feira), pelas 10H00.

13.

Local, dia e hora do acto público do concurso: 13.1. Local: Sala A309 do Edifício Chi Un do IPM, Rua de Luís Gonzaga Gomes, R/C, Macau. Dia e hora: 12 de Dezembro de 2016 (segunda-feira), pelas 10H00. 13.2. Em caso de encerramento dos serviços de entidades públicas da RAEM por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público da abertura das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

14.

Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação:

Decorridos os prazos acima referidos, a falta de apresentação do documento comprovativo do pagamento das quantias acima mencionadas implica a remessa, nos termos legais, do respectivo auto ao órgão judicial. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 17 de Novembro de 2016. A Chefe do Departamento, Ng Wai Han

15.

- preço

50%

- experiência de serviço de mesmo tipo de elaboração do projecto

30%

- recursos humanos para execução do serviço

10%

- proposta técnica

10%

Local, hora e preço para exame do processo e obtenção da cópia do processo: Local: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luís Gonzaga Gomes, em Macau. Hora: de 2.ª feira a 5.ª feira das 09H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H45. 6.ª feira das 09H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30. Preço: MOP300,00 (trezentas patacas). Informações: 85996208, 85996228 ou 85996181. Macau, aos 21 de Novembro de 2016 O Presidente do Instituto, Lei Heong Iok


7 hoje macau quarta-feira 23.11.2016

SOCIEDADE

A noite dos empresários

Há 41 finalistas nos Business Awards

A Viaturas NOVOS CENTROS DE INSPECÇÕES A PARTIR DE SEGUNDA-FEIRA

Tudo sobre rodas

Carros e motos vão passar a ser inspeccionados em dois novos centros que começam a funcionar já na próxima segunda-feira. O Governo espera aumentar as inspecções de veículos das actuais 280 para 650

F

ORAM inaugurados ontem mas só começam a receber os primeiros carros na próxima segunda-feira. O centro de inspecções de veículos automóveis fica no Cotai e a estrutura equivalente para motociclos está localizada na Avenida 1º de Maio, na zona da Areia Preta. O centro de inspecções situado na Avenida do Comendador Ho Yin fechará portas no mesmo dia. Segundo um comunicado emitido pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), os dois centros estão equipados com 17 linhas de inspecção de veículos, sendo que o número diário de inspecções poderá passar das actuais 280 para as 650, o que vai “melhorar significativamente a eficácia dos trabalhos”.

A inauguração dos dois centros tem em consideração a redução do período de inspecções dos veículos, medida que entrará em vigor em Julho do próximo ano. “Devido ao aumento de equipamentos está previsto uma subida do número de novos veículos registados e de inspecções, sendo possível responder de forma mais positiva ao aumento decorrente da execução do encurtamento da periodicidade da inspecção obrigatória dos veículos.”

A DSAT promete também mais garantias de profissionalismo. “Registou-se um aumento do número total de linhas de inspecção e do número de veículos a ser inspeccionados em comparação com o número actual. Depois da entrada em funcionamento, poderá fornecer serviços de inspecção mais profissionais, em grande escala e sistemáticos.” De acordo com o Governo, o aumento da frequência de inspecções poderá contribuir para uma redução da

Os Serviços para os Assuntos de Tráfego prometem “serviços de inspecção mais profissionais, em grande escala e sistemáticos”

BURLA PROCURADOR DA RAEM INVESTIGA CASO DE FUNCIONÁRIO

As suspeitas foram divulgadas há já alguns dias pelo Comissariado contra a Corrupção, mas a reacção do procurador da RAEM, através de nota do seu gabinete, só chegou ontem. O responsável pelo Ministério Público adianta que foi instaurado um processo “por detectar uma suspeita de ocultação do facto de possuir um imóvel no Interior da China para aquisição fraudulenta de habitação económica por parte de um funcionário público” do gabinete do procurador. Explica-se ainda que, recebido o processo, o Ministério Público iniciou a investigação nos termos do direito penal, do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, “assim como de outros diplomas legais pertinentes”. De acordo com o CCAC, um casal de funcionários públicos é acusado de ter cometido os crimes de falsificação de documento e de burla de valor consideravelmente elevado, por ter omitido, durante o processo de candidatura a uma habitação económica, que detinha um apartamento em Zhuhai. Um dos suspeitos trabalha no Instituto de Habitação; o outro é funcionário do gabinete do procurador.

emissão dos gases poluentes para a atmosfera. “Face ao rápido desenvolvimento social de Macau, a emissão de gases de escapes dos veículos torna-se uma das fontes da poluição de Macau. Assim sendo, o Governo deve reforçar constantemente os trabalhos de inspecções de veículos”, aponta a DSAT. Actualmente, há mais de 60 mil veículos a circular nas estradas de Macau que estão sujeitos a uma inspecção periódica. Prevê-se que, com as novas regras a adoptar para o ano que vem, esse número aumente para o dobro. Daí que o actual centro de inspecções da Avenida do Comendador Ho Yin seja “incapaz de satisfazer as necessidades, tanto em termos de funções, como de espaço”. A.S.S.

FINANÇAS COMEÇOU A DEVOLUÇÃO DO IMPOSTO PROFISSIONAL Os Serviços de Finanças já deram início à restituição do imposto profissional cobrado no ano passado. Ao todo, há cerca de 70 mil contribuintes a quem vai ser devolvido o valor cobrado em excesso. Metade vai receber os valores em causa através de transferência bancária, numa das oito entidades associadas a este pagamento das Finanças. Os beneficiados vão ser informados da realização do depósito dos montantes, por mensagem ou email. Quanto às restantes pessoas que vão receber dinheiro, será enviado para casa o aviso da restituição, através de carta registada.

edição de 2016 dos Business Awards conta com 41 finalistas, adiantou ontem a Rádio Macau. A iniciativa, desenvolvida pelo grupo da revista Macau Business, tem como objectivo distinguir empresas e empresários. A emissora de língua portuguesa indicava que, entre os finalistas, há nomes de peso e duas grandes empresas estatais: o Banco da China e a Nam Kwong, finalistas na categoria de responsabilidade social. Este ano, há uma categoria nova: o Prémio de Grande Mérito. Nesta nova distinção, há um único vencedor e só será conhecido amanhã, durante a cerimónia de entrega dos prémios. “Não é por votação do júri, mas por escolha, e não há concorrência. É escolhido um grande vencedor”, explicou Paulo Azevedo, líder do grupo De Ficção. O prémio distingue “uma pessoa ou uma instituição com provas dadas na sua área de intervenção”. Na quarta edição dos Business Awards, há 11 categorias e 41 finalistas. Havia espaço para mais, mas Paulo Azevedo diz que a organização “está mais exigente”: quer tornar o evento “mais exclusivo” para ser “relevante”.

O fotógrafo Nuno Veloso, da Core Productions, é finalista na categoria “Jovem empresário”. Nos nomeados para empresários do ano, estão Kevin Ho, ligado a várias empresas e que foi notícia há pouco tempo pela compra de 30 por cento do grupo português Global Media, que detém o Diário de Notícias e a TSF. Ainda na lista encontra-se Afonso Chan, que deixou o Fórum Macau para liderar a primeira empresa do território em Moçambique. Sunny Ip, da agência Vang Kei Hong, ligada aos vinhos, é também finalista. A Sociedade de Jogos de Macau, o hotel Sheraton e a Melco Crown estão entre os finalistas do prémio de liderança. Na categoria das pequenas e médias empresas, destacam-se a pastelaria Elysée e a empresa de tecnologia Original Technology. PauloAzevedo salientou uma maior aproximação ao mundo empresarial chinês: “A grande evolução que sentimos e que nos deixa especialmente satisfeitos é que, inicialmente, tínhamos empresas relativamente novas mas, à medida que o tempo vai passando, estamos a ter participações já de empresas de referência, que têm décadas de presença – empresas tradicionais”.


8 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 23.11.2016

TIAGO ALCÂNTARA

SALÁRIO MÍNIMO GOVERNO QUER DISCUSSÃO EM BREVE

O secretário para Economia e Finanças, Lionel Leong, reiterou ontem que o Governo vai “promover a integração plena do salário mínimo em todos os sectores”, vincando que estão a ser feitos estudos e uma análise legislativa nesse sentido. As declarações do governante foram feitas à saída de uma reunião na Assembleia Legislativa. Questionado sobre o trabalho do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), Lionel Leong, referiu que existem um reconhecimento do valor da estrutura. Disse ainda esperar que o CPCS venha a debater, “na próxima reunião, a realizar o mais breve possível”, temas de “interesse comum”, entre eles a integração plena do salário mínimo em todos os sectores.

TABACO FUMO EM SALAS PROIBIDAS NO VENETIAN

Economia PIB AUMENTOU QUATRO POR CENTO NO TERCEIRO TRIMESTRE

O fim oficial da crise

A economia de Macau voltou a crescer ao fim de dois anos de contracção. O Produto Interno Bruto subiu quatro por cento entre Julho e Setembro

S

ÃO boas notícias para os mais pessimistas em relação ao estado da economia local: no terceiro trimestre deste ano, e quando comparando com o mesmo período de 2015, a economia voltou a crescer, com o PIB a aumentar quatro por cento. “Este crescimento positivo verificou-se pela primeira vez nos últimos dois anos devido aos ressurgimentos da subida das exportações de serviços e do investimento”, destacaram os Serviços de Estatística e Censos em nota à imprensa. Neste contexto, destaque para o aumento das exportações de serviços do jogo (0,2 por cento) e outros serviços turísticos (6,5 por cento), que ainda no trimestre anterior haviam caído 9,9 por cento e seis por cento, respectivamente, em relação a igual período do ano passado.

Segundo o mesmo comunicado, no terceiro trimestre deste ano, a formação bruta de capital fixo (investimento) cresceu 2,3 por cento, depois de ter caído 20 por cento nos três meses anteriores, comparando com 2015.

SORTE OU AZAR

Arrastado pela diminuição das receitas do jogo entre Junho de 2014 e Agosto deste ano, o PIB do território começou a cair no terceiro trimestre de 2014, ano em que, pela primeira vez desde

a transferência da administração, a economia local diminuiu (-1,2 por cento, pelos dados oficiais revistos publicados ontem). Em 2015, o PIB caiu 21,5 por cento e nos primeiro e segundo trimestres deste ano voltou a contrair-se 12,4 por cento e sete por cento, respectivamente, na comparação homóloga com 2015, segundo os dados revistos. Com o crescimento de quatro por cento no terceiro trimestre, no conjunto dos primeiros nove meses deste ano, o PIB de Macau

Este crescimento positivo verificou-se pela primeira vez nos últimos dois anos devido aos ressurgimentos da subida das exportações de serviços e do investimento

caiu 5,4 por cento, em relação ao mesmo período de 2015. O Fundo Monetário Internacional estimou no mês passado que o PIB de Macau iria cair 4,7 por cento este ano, uma contracção menor do que os 7,2 por cento que calculava em Abril, e que em 2017 cresça 0,2 por cento. O Governo prevê que as receitas dos casinos rondem os 200 mil milhões de patacas em 2017, na linha do estimado para este ano, e o crescimento “a um dígito” da economia. Apesar da recessão e da queda do jogo, a maior fonte das receitas públicas por causa dos impostos de 35 por cento sobre as receitas dos casinos, Macau continua a registar superavit nas contas públicas.

Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) deram ontem conta de irregularidades em espaços do Venetian onde não é autorizado o consumo de tabaco. De acordo com uma nota à imprensa, na sequência de uma denúncia, os SSM fizeram uma inspecção na passada quinta-feira, não tendo sido detectada qualquer infracção nos locais em causa. No entanto, numa vistoria surpresa realizada já esta semana, na segunda-feira, o cenário que os inspectores encontraram era diferente. “Na área financeira daquela sala, local onde é proibido fumar e onde existiam dísticos de proibição de fumar, a separação entre área de fumadores e não fumadores era efectuada apenas com uma cortina de pano, infringindo as normas de separação exigidas por lei”, contam. O Venetian arrisca-se agora a uma multa entre as 10 mil e as 100 mil patacas.


9 hoje macau quarta-feira 23.11.2016

Dois acidentes acabaram com a reputação de uma companhia aérea com fracos padrões de segurança, que pondera agora encerrar a actividade. Desde o mês passado que a TransAsia tinha deixado de fazer ligações a Macau

A

notícia de que a transportadora aérea com sede em Taiwan tinha cancelado os voos programados para ontem foi conhecida logo pela manhã. Horas depois, já no final de uma reunião do conselho de administração da empresa, chegou a actualização da situação: os responsáveis pela companhia aérea decidiram dar início ao fim da actividade da TransAsia. Todos os voos foram suspensos.

Sem asas para voar TransAsia anuncia intenção de terminar operações

O fim à vista da TransAsia é um choque para os sectores da aviação e do turismo de Taiwan, bem como para o Governo da ilha. Sendo a terceira maior companhia aérea de Taipé, começou por garantir ligações entre os dois lados do Estreito. Depois, alargou as operações à região e a voos internacionais. A TransAsia voava diariamente para Macau, mas desde o mês passado que tinha deixado de oferecer o serviço. Ontem, ainda antes de anunciados os novos planos em torno da operadora, António Barros, director do Aeroporto Internacional de Macau, explicou ao HM que a empresa tinha anunciado a intenção de recomeçar as operações para o território a 1 de Dezembro. “Mas agora não sabemos mais nada. Não temos conhecimento oficial, apenas aquilo que vemos nas notícias.” Salientando que, apesar dos problemas de segurança que teve no passado, a TransAsia sempre operou normalmente em Macau, António Barros diz que a suspensão da companhia aérea não trará consequências para o aeroporto. “Há

outras companhias a operar no lugar dela, não temos tido impacto. Temos uma nova companhia a operar, a Far Eastern Air Transport, que vai começar precisamente voos para Kaohsiung, no início de Dezembro. O tráfego continua a ser o mesmo.”

CONTAS DIFÍCEIS

Nos seis trimestres anteriores a Setembro, a TransAsia acumulou

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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE SOLOS, OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES Aviso Avisa-se aos concorrentes do Concurso público para “Empreitada de concepção e construção do Complexo de Serviços para Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, que foram alteradas as fases e forma de avaliação previstas nos pontos 20.2 e 20.3 do respectivo caderno de encargos, os quais passam a ter o seguinte teor: 20.2 –

A ordenação dos 3 (três) primeiros concorrentes na 3.ª fase será efectuada em função das suas pontuações finais. Salvo o concorrente a quem é adjudicada a empreitada, é atribuída uma remuneração como contrapartida pela elaboração da proposta aos outros dois concorrentes, cabendo ao que obteve a melhor das duas pontuações o valor de MOP$300 000,00 (trezentas mil patacas) e ao outro o valor de MOP$200 000,00 (duzentas mil patacas). Após a atribuição da referida remuneração, os direitos de propriedade intelectual de todos os elementos elaborados pelos concorrentes pertencem ao dono da obra, ficando reservados para os projectistas apenas os direitos de natureza pessoal nos termos legais relativos aos direitos de autor.

20.3.1.3 – A 3.ª fase diz respeito à avaliação por parte da comissão de avaliação da parte técnica das propostas dos preços da obra propostos pelos concorrentes; 20.3.2.1 – A 1ª fase que diz respeito à parte técnica e a 2ª fase que diz respeito parte da concepção ocorrerão em simultâneo, os concorrentes que tenham obtido nas duas primeiras fases uma pontuação igual ou superior a 70 pontos é que serão admitidos à 3.ª fase de avaliação dos preços da obra; 20.3.2.2 – Após os procedimentos necessários, será publicada através de anúncio a data relativa ao acto público de abertura do invólucro onde consta o “preço da obra”, no sentido de se saberem os preços apresentados pelos concorrentes admitidos à 3ª fase; 20.3.2.3 – A avaliação dos preços da obra propostos pelos concorrentes admitidos à 3.ª fase será efectuada em função das suas pontuações máximas e mínimas obtidas na 2.ª fase, por exemplo, na 3.ª fase será atribuída a pontuação máxima da 2.ª fase à proposta que apresentou o menor preço da obra e atribuída a pontuação mínima da 2.ª fase à proposta que apresentou o maior preço da obra. As pontuações dos restantes preços serão calculadas de acordo com a proporção correspondente. A fórmula concreta de cálculo é a seguinte: MN Pontuação do preço da obra = MPontuação máxima na avaliação da parte de concepção entre os concorrentes admitidos à 3.ª fase – [(MPontuação máxima na avaliação da parte de concepção – MPontuação mínima na avaliação da parte de concepção entre os concorrentes admitidos à 3.ª fase)(PN Preço da obra – PPreço da obra mínimo entre os entre os concorrentes admitidos à 3.ª fase ) / (PPreço da obra máximo entre os concorrentes admitidos à 3.ª fase – PPreço da obra mínimo entre os concorrentes admitido à 3ª fase)]; concorrentes admitidos à 3.ª fase Calcula-se o MN Pontuação do preço da obra de acordo com fórmula acima referida. 20.3.2.4 – As pontuações finais obtidas pelos concorrentes admitidos à 3ª fase será a soma das pontuações obtidas nas 2.ª e 3.ª fases. O concorrente que tenha a pontuação final mais alta fica em primeiro lugar. A pontuação final acima mencionada será arredondada até à segunda casa decimal e caso a terceira casa decimal seja igual ou superior a 5, será arredondada à segunda casa decimal. Em caso de igualdade da pontuação final, a empreitada será adjudicada ao concorrente que obteve na 2.ª fase da parte de concepção a pontuação mais elevada. 20.3.3 – A ordenação dos 3 (três) primeiros concorrentes na 3.ª fase será efectuada em função das suas pontuações finais. Salvo o concorrente a quem é adjudicada a empreitada, é atribuída uma remuneração como contrapartida pela elaboração da proposta aos outros dois concorrentes, cabendo ao que obteve a melhor das duas pontuações o valor de MOP$300 000,00 (trezentas mil patacas) e ao outro o valor de MOP$200 000,00 (duzentas mil patacas). Após a atribuição da referida remuneração, os direitos de propriedade intelectual de todos os elementos elaborados pelos concorrentes pertencem ao dono da obra, ficando reservados para os projectistas apenas os direitos de natureza pessoal nos termos legais relativos aos direitos de autor. Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, aos 18 de Novembro de 2016. O Director de Serviços, Li Canfeng

sucessivos prejuízos. O negócio foi afectado por um acidente na ilha de Pengu, em 2014, e outro nos subúrbios de Taipé, em Fevereiro do ano passado, que causou 43 vítimas mortais. Fundada há 65 anos, a companhia aérea tinha como mercados principais a China Continental, o Sudeste Asiático e o Norte da Ásia.

SOCIEDADE

A suspensão dos voos anunciada ontem terá afectado cinco mil pessoas, com bilhete comprado para 84 ligações aéreas. A autoridade de aviação da ilha aplicou à empresa uma multa na ordem dos 730 mil dólares de Hong Kong. A TransAsia também pediu a suspensão da transacção de acções à bolsa de Taiwan, que aprovou a solicitação, mas penalizou a empresa por não ter organizado uma conferência de imprensa, tendo apenas enviado um comunicado. As autoridades tinham já anunciado que vão investigar a operadora por suspeitas de informação privilegiada. Na segunda-feira à tarde, o sistema de reservas da companhia aérea tinha deixado de funcionar, o que gerou especulação em torno do cancelamento de voos. A empresa começou por dizer que se tratava de um boato sem qualquer fundamento, mas acabou por admitir mais tarde que estaria um dia sem operar. A diminuição do número de turistas do Continente desde que Tsai Ing-wen assumiu a Presidência, em Maio passado, não tem ajudado ao equilíbrio financeiro da companhia. HM (com agências)


10

CURTAS SOUND & IMAGE CHALLENGE COM A MAIOR ADESÃO DE SEMPRE

EVENTOS

O Sound & Image Challenge volta a marcar o final do ano, desta feita com um número recorde de participações. A organização destaca não só a quantidade de filmes recebidos, como a qualidade que coloca a iniciativa local na corrida dos melhores festivais independentes do mundo

O

festival Sound & Image Challenge 2016 já tem cartaz e vai mostrar curtas-metragens entre 6 a 11 de Dezembro. A edição deste ano integra temas do quotidiano actual e, além das películas em competição, conta com filmes da China Continental, Taiwan, Macau, Singapura, Filipinas, Tailândia e Portugal, numa secção extra. No total são 64 curtas a ser exibidas no Teatro Dom Pedro V e 50 filmes que vão ocupar a tela da Cinemateca Paixão. Lúcia Lemos, responsável pela Creative Macau – a entidade organizadora do evento – mostra-se excepcionalmente satisfeita com a quantidade e a qualidade das curtas-metragens que foram recebidas pela entidade, tanto na secção extra, como para as secções “Shorts” e “Volume”. “Além das 1650 inscrições que deram entrada no Centro das Indústrias Criativas, a iniciativa conta ainda com 41 filmes, além dos candidatos”, sublinha. “Embora as curtas-metragens nas duas categorias

DO MUNDO PARA

de competição não devam exceder 15 ou 30 minutos, recebemos um número recorde de trabalhos vindos de todo o mundo”, diz Lúcia Lemos, na nota de apresentação do festival. A responsável frisa ainda a qualidade que marca a edição deste ano. “Gostaríamos de realçar a tremenda qualidade dos filmes que recebemos e de destacar o tratamento de temas globais actuais, como é o caso dos campos de refugiados em várias regiões do mundo”, menciona Lúcia Lemos na mesma nota. Fará também parte do programa uma masterclass e a participação de profissionais

A organização mostra-se excepcionalmente satisfeita com a quantidade e a qualidade das curtas-metragens

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

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HISTÓRIAS DE VER E ANDAR • Teolinda Gersão

A ÚLTIMA MISSÃO • José Manuel Barata-Feyo

“Histórias de Ver e Andar” foi o nome dado pelos árabes às narrativas de viagem, em épocas de descobrir mundos. Mas não é necessário ir longe para mudar de horizonte: o desconhecido mora ao lado, e também dentro da nossa porta. Reconhecê-lo – ou não – depende do modo de ver. E do modo de andar. «No fim de cada um destes contos descobriremos que a vida, a nossa própria vida, não estava exactamente no lugar que pensávamos. […] Teolinda sobe as escadas do banal quotidiano para alcançar a câmara escura do ser.» – Linda Santos Costa, Público.

Baseado em factos reais, esta é a história desconhecida do derradeiro herói do império português. O Serviço de Intervenção Rápida no Exterior (SIRE) nasceu durante a ditadura de Salazar para actuar clandestinamente em países que faziam fronteira com o império colonial português. De entre as missões especiais atribuídas aos seus “comandos”, uma delas foi levada a cabo pelo herói deste romance. Esta história nunca existiu, tal como o SIRE não existe. Oficialmente.


11 hoje macau quarta-feira 23.11.2016

A MACAU

ALBERGUE ORGANIZA WORKSHOP DE LANTERNAS

A

PROGRAMA 6 de Dezembro

D. Pedro V Cerimônia de Abertura – 19h

7 de Dezembro

Projecção de filmes extra com conversa depois da exibição – 14h às 22h Masterclass do realizador Cheng Liang – 19h

8 de Dezembro

Projecção dos filmes nomeados para a secção “Shorts” – 9h30 às 22h

9 de Dezembro:

Projecção dos filmes nomeados para a secção “Volume” com conversa depois da exibição – 14h às 15h Projecção de filmes extra com entrevistas após a exibição – 15h30 às 17h Cerimónia de gala de entrega de prémios – 19h às 21h30

10 de Dezembro

Cinemateca Paixão Projecção de filmes nomeados das secções “Shorts” e “Volume” – 14h às 22h

11 de Dezembro

Projecção de filmes extra – 14h às 15h30 Projecção de filmes nomeados da secção “Shorts” – 15h30 às 22h

do cinema. A master estará a cargo de Cheng Liang, que apresentará a sua curta-metragem “City of Black and White”, um filme composto por três histórias mudas.

FILMES DO MUNDO

Os filmes selecionados para as competições “Shorts” e “Volume” vieram dos Estados Unidos, Europa, Médio Oriente, América do Sul, Sudeste Asiático, China e Macau o que, segundo Lúcia Lemos, “mostra que um número crescente de realizadores tem interesse por um festival de cariz independente e sem ser convencional”. Para a responsável, a adesão poderá ter que ver com as particularidades do território anfitrião: “Um festival pos-

sivelmente inspirado pelos sedutores 450 anos de história que Macau possui enquanto ponto de encontro entre o Oriente e o Ocidente”. Lúcia Lemos não deixa de mencionar o papel do cinema enquanto forma de comunicação. “O cinema é o tipo de entretenimento mais democrático, porque nos permite a ligação a outras culturas sem as invadirmos e tem o poder de mudar vidas alterando a percepção do mundo real”. O Festival Internacional Sound & Image Challenge tem como objectivo, nas palavras de organização, “tornar-se uma referência no âmbito de festivais deste género”. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

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CCB ELÍSIO SUMMAVIELLE SAÚDA CONTINUIDADE DO MUSEU BERARDO

O

presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), Elísio Summavielle, saudou ontem, em Lisboa, a renovação do acordo entre o Ministério da Cultura e o coleccionador José Berardo para manter o museu naquele complexo cultural por mais seis anos. “Saudamos o acordo. Vemos com bons olhos a continuidade da Fundação Berardo no CCB”, comentou o responsá-

EVENTOS

vel sobre a decisão de renovar um acordo que terminava em Dezembro deste ano, falando numa conferência de imprensa de apresentação da programação para 2017. De acordo com o gabinete do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, o acordo por mais seis anos, e com possibilidade de renovação, foi fechado na segunda-feira e será assinado na quarta-feira com o coleccionador Berardo.

O Museu Colecção Berardo abriu em 2007 com um acervo inicial de 862 obras da colecção de arte do empresário, cedidas ao Estado, e avaliadas nessa altura em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie’s. Celebrou nove anos em Junho passado, com mais de seis milhões de visitantes das exposições permanentes e temporárias, segundo dados do museu.

iniciativa começou em 2010 e desde então que se repete com frequência: está aí mais um workshop de construção de lanternas tradicionais no Albergue SCM. O atelier decorre entre 5 e 19 do próximo mês, as inscrições já estão abertas e terminam no próximo dia 30. Alfredo Ceynas é o instrutor do workshop. “As lanternas têm sido associadas às festividades tradicionais chinesas, como o Festival de Outono e o Festival das Lanternas”, aponta o Albergue SCM em nota à imprensa. “O valor destes objectos vai além da contribuição estética para o artesanato e o design,

simbolizando também a profundidade da cultura chinesa.” A organização destaca que, com a realização deste tipo de workshops, procura-se disponibilizar ao público uma plataforma de aprendizagem de uma técnica tradicional, para que possa ser preservada pelas gerações futuras. Alfredo Ceynas, o orientador deste programa, “tem muita experiência na produção de lanternas criativas e é capaz de construir, a partir de desenhos, diferentes tipos” de objectos. No workshop agora anunciado, vai ensinar a fazer a tradicional lanterna do coelhinho.

ARTE EM CAIXAS DE OVOS

É

inaugurada na próxima semana a exposição “Onlookers”, que junta 19 trabalhos em acrílico de Allen Wong. A iniciativa é da AFA e junta duas séries do artista plástico: “Journey to the West – Deities & Demons” e “Teapot”. Em nota à imprensa, a Art for All explica que os trabalhos exibidos nesta mostra são uma manifestação do “contexto de linguagem muito específico” de Allen Wong, que transforma objectos originalmente com outras utilizações. Quem passar pelo Art Garden entre o dia 30 deste mês e 18 de Novembro, fica com uma noção desta reutilização que o artista faz: os acrílicos na exposição são pintados em caixas de ovos. O material, disponível em qualquer supermercado e por norma deitado ao lixo, conhece uma nova vida nas mãos de Allen Wong.

“Nos últimos anos, tem estado a trabalhar com caixas de ovos de papel”, escreve a organização. “Para o artista, o renascimento e a criação deste objecto são possíveis.” A série “Teapot” é composta por trabalhos de Wong e por artistas com quem estudou, enquanto “Journey to the West – Deities & Demons” demonstra “o conflito entre a humanidade e a sociedade através da desconstrução das narrativas”. A AFA refere ainda que a obra que vai estar em exposição é “uma tentativa de representação da estética espiritual na pintura oriental, da perspectiva de um observador”. Allen Wong Soi Lon é professor de Arte em Macau. Expõe desde 2002. Do currículo do artista plástico fazem parte exposições individuais e colectivas na China Continental, Hong Kong, Singapura e Macau.


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hoje macau quarta-feira 23.11.2016

Anúncio do Concurso Público

ANÚNCIO VENDA EM HASTA PÚBLICA Faz-se público que se vai realizar uma venda em hasta pública de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens que reverteram a favor da Região Administrativa Especial de Macau nos termos da lei ou que foram abatidos à carga pelos serviços públicos. Os locais, dias e horas marcadas para visualização dos bens agora colocados à venda, para efeitos de prestação da caução e da hasta pública propriamente dita, são os seguintes: Visualização dos bens 1. Sucata resultante de veículos, bens e sucata de bens Na tabela abaixo indicada encontram-se discriminados os lotes de sucata resultante de veículos, os lotes de bens e os lotes de sucata de bens, colocados à venda, bem como, a respectiva data, hora e local para visualização dos mesmos na presença de trabalhadores da Direcção dos Serviços de Finanças: No. de lote Local de armazenamento Data de identificação VS01 `MS01 Coloane 28/11/2016 L01 (parte) L01 (parte) `L02 Macau 28/11/2016 B01

Horário (1) 10:00am 3:00 pm

Local (2) Parque de estacionamento provisório para veículos abandonados (Estrada de Flor de Lotus, Coloane) Edf. Industrial Cheong Long (Ramal dos Mouros, n.º 11-21, Macau)

Nota (1) A visualização de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens inicia-se, impreterivelmente, quinze minutos após a hora marcada, não sendo disponibilizada uma outra oportunidade para o efeito. Os interessados devem providenciar meio de transporte para se deslocarem ao local de armazenamento de cada lote. (2) Para se dirigirem aos locais de armazenamento de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens, devem os interessados concentrar-se nos locais acima indicados. Não há lugar à visualização de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens no dia da realização da hasta pública, mas são projectadas fotografias dos mesmos através do computador. 2. As listas de bens podem ser consultadas na sobreloja do Edifício “Finanças”, ou na página electrónica desta Direcção dos Serviços (website: http://www.dsf/gov.mo). As listas dos bens com descrição pormenorizada podem ser consultadas no 8.º andar do Edifício “Finanças”, sala 803. Prestação de caução Período:

Desde a data do anúncio até ao dia 29 de Novembro de 2016

Montante:

$5,000.00 (cinco mil patacas)

Modo de prestação da caução:

Realização da Hasta Pública

- -

Por depósito em numerário ou cheque, o qual será efectuado mediante a respectiva guia de depósito e paga em instituição bancária nela indicada. A referida guia de depósito será obtida na sala 803 do 8.º andar do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585; ou, Por garantia bancária, de acordo com o modelo constante do anexo I das Condições de Venda.

Data:

30 de Novembro de 2016 (quarta-feira)

Horário:

às 09:00 horas – registo de presenças às 10:00 horas – início da hasta pública

Local:

Auditório, na Cave do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585.

Consulta das Condições de Venda As Condições de Venda podem ser: - obtidas na sala 803 do 8.º andar do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585; - consultadas na sobreloja do Edifício “Finanças”, ou na página electrónica da Direcção dos Serviços de Finanças (website: http://www.dsf.gov.mo). A Directora dos Serviços, Subst.ª Chong Seng Sam

A Região Administrativa Especial de Macau convoca-se através do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, faz público que, de acordo com o despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 8 de Novembro de 2016 se encontra aberto o concurso público para adjudicação de “Prestação de Serviços de Consultadoria para o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo”. 1. Designação do Serviço Prestação dos Serviços de Consultadoria para o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo 2. Avaliação das propostas: 2.1 Preço : 20% 2.2 Experiência no Planeamento na Área de Emergência/Crises : 20% 2.3 Alertas de viagem e relatórios de incidentes: 15% 2.4 Experiência em Consultadoria de Crises: 25% 2.5 Experiência do concorrente na execução de trabalhos de natureza idêntica, assim como a experiência e qualificações dos funcionários a envolver na prestação de serviços ao GGCT: 20% 3. Local, dia e hora limite para apresentação das propostas: os Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n. 335-341, Edifício “Hot Line” 5.º andar, Macau, às 17:00 horas do dia 9 de de Janeiro de 2017. 4. Preço máximo do concurso: O preço máximo da prestação de serviço é de MOP720.000,00 (setecentas e vinte mil patacas) 5. Caução Provisória: O concorrente deve apresentar as propostas durante o horário de expediente antes da data limite e pagar a caução provisória no valor de MOP14.400,00 (catorze mil e quatrocentas patacas), que poderá ser prestada por 1) Depósito em numerário à ordem do “Fundo de Turismo” no Banco Nacional Ultramarino, com a designação “Fundo de Turismo”; 2) Garantia bancária; 3) Depósito em numerário, em ordem de caixa ou por cheque, emitidos à ordem do “Fundo de Turismo”, entregue à Divisão Financeira da Direcção dos Serviços de Turismo, com a designação “Fundo de Turismo” ; ou 4) Depósito bancário em transferência bancária para a conta do “Fundo de Turismo”, com o n.º 8003911119 do Banco Nacional Ultramarino. 6. Local, dia e hora do acto público: O acto público do concurso realizar-se-á no Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hot Line” 5.º andar, Macau, pelas 10:00 horas do dia 10 de Janeiro de 2017. De acordo com o artigo 27.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, os representantes legais dos concorrentes devem comparecer no acto público do concurso, para efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados ao concurso. Os representantes legais dos concorrentes poderão fazer-se representar por procurado devendo, neste caso, o procurador apresentar a procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto público do concurso. 7. Adiamento: Em caso de encerramento dos serviços públicos por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, e a data e a hora de abertura de propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora. 8. Processo do Concurso Público: 8.1 O Processo do Concurso Público encontra-se disponível para efeitos de consulta durante o horário normal de expediente, patente do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hot Line” 5.º andar, Macau. 8.2 Poderão consultar o website do GGCT (http://www.ggct.gov.mo) – e obter o Processo do Concurso Público mediante download do mesmo. Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, em Macau, aos 17 de Novembro de 2016. A Coordenadora, Maria Helena de Senna Fernandes

Anúncio Concurso Público para «Empreitada de Ampliação do Centro Hospitalar Conde de São Januário (1.ª Fase) – Obras de demolição de edificações – Zona 2» 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13.

14. 15. 16.

Entidade que põe a obra a concurso: Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas. Modalidade de concurso: concurso público. Local de execução da obra: lote sudoeste do Centro Hospitalar Conde de São Januário de Macau. Objecto da empreitada: demolição de edificações existentes no lote. Prazo máximo de execução: 180 (cento e oitenta) dias de trabalho (Indicado pelo concorrente; Deve consultar os pontos 7 e 8 do Preâmbulo do Programa de Concurso). Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de 90 (noventa) dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso. Tipo de empreitada: a empreitada é por série de preços. Caução provisória: $400 000,00 (quatrocentas mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). Preço base: não há. Condições de admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido ou renovado a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido ou da renovação de inscrição. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Dia e hora limite: dia 13 de Dezembro de 2016 (Terça-feira), até às 17:00 horas. Local, dia e hora do acto público do concurso : Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, sala de reunião; Dia e hora: dia 14 de Dezembro de 2016 (Quarta-feira), pelas 9:30 horas. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. Local, hora e preço para obtenção da cópia e consulta do processo: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Hora: horário de expediente; Preço: MOP$500,00 (quinhentas patacas). Critérios de apreciação de propostas e respectivas proporções: - Preço da obra 60%; - Prazo de execução: 15% - Plano de trabalhos 10%; - Experiência e qualidade em obras 15%. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer na sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, a partir de 6 de Dezembro de 2016, inclusive, e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 17 de Novembro de 2016. O Coordenador Chau Vai Man

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 108/2016 (Solicitação de Comparência do Empregador) Nos termos das alíneas b) e c) do n.° 1 do artigo 6.° do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugadas com o artigo 58.° e n.° 2 do artigo 72.° do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o representante legal da sociedade “Companhia Criativo e Cultural Flugent, Limitada”, sita na Rua de S. Paulo, nºs 54-58B, Edf. “Mei Tai Grand Garden”, r/c, bloco “A”, Macau, para no prazo de quinze (15) dias, a contar do dia seguinte ao da publicação do presente edital, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.° andar, Macau, a fim de prestar declarações nos processos n.°s 3703/2016 e 3705/2016, provenientes das queixas apresentadas nestes Serviços, pelos trabalhadores JIANG YILING e SIN CHONG NGAI, relativamente às matérias de salário, descanso anual, aviso prévio e despedimento. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais — Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 16 de Novembro de 2016. A Chefe do Departamento, Ng Wai Han


13 CHINA

hoje macau quarta-feira 23.11.2016

PEQUIM DECLARA APOIO À INTEGRAÇÃO COMERCIAL

Vozes ao alto

A

China disse ontem apoiar uma maior integração na região Ásia Pacífico, após o anúncio do futuro Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que vai retirar o seu país do Acordo de Associação Transpacífico (TPP). O acordo, assinado a 4 de Fevereiro, depois de cinco anos de negociações, inclui os EUA, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietname e abrange 40% da economia mundial. Porém, não inclui a China, tendo sido entendido por Pequim como uma forma de conter a crescente influência económica do país no Pacífico. “Estamos abertos a todos os acordos que são positivos para a integração, a facilitação do comércio, a paz e a prosperidade na Ásia Pacífico”, disse ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang. O porta-voz recordou que na recente cimeira da APEC (Fórum de Cooperação

Económica Ásia Pacífico) os líderes do grupo concordaram em “aprofundar a integração económica e opor-se ao proteccionismo comercial”. Geng considerou que os futuros tratados devem evitar a segmentação - numa referência à exclusão da China do TPP - e apelou a que sejam cumpridas as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), de forma a manter vigente o sistema multilateral de comércio.

“Esperamos que todos os acordos se reforcem entre si, em vez de se debilitarem. Devemos evitar a segmentação dos acordos de livre comércio ou a sua politização” GENG SHUANG PORTA-VOZ DO MNE CHINÊS

“Esperamos que todos os acordos se reforcem entre si, em vez de se debilitarem. Devemos evitar a segmentação dos acordos de livre comércio ou a sua politização”, insistiu.

ENCRUZILHADA

O futuro Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na segunda-feira que vai retirar os EUA do Acordo de Associação Transpacífico quando chegar à Casa Branca por ser um “potencial desastre” para o país. Alguns países consideram avançar com o TPP mesmo sem a participação norte-americana, enquanto outros apontam para tratados alternativos, como o Acordo Integral Económico Regional (RCEP), que inclui a China e exclui os EUA. Geng lembrou que o RCEP não foi inicialmente proposto por Pequim, mas antes pelos dez países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que têm mantido as negociações. Pequim “espera que essas conversações possam produzir resultados em breve”, concluiu.

IDENTIFICADAS MAIS DE 2.000 EMPRESAS ESTATAIS “IMPRODUTIVAS”

A

China tem 2.041 empresas estatais que considera “improdutivas”, num total de activos avaliado em três biliões de yuan (cerca de 410.000 milhões de euros), avançou a revista Economic Observer. Trata-se de um valor equivalente a quase o dobro do Produto Interno Bruto português em activos que Pequim terá de reestruturar, detalha a revista, que cita o órgão do governo central que tutela os grupos estatais. Segundo a edição de ontem do jornal China Securities Journal, o Executivo chinês está a preparar uma lista das primeiras empresas que devem ser reestruturadas até ao final do ano sob um sistema de propriedade mista.

Os líderes chineses têm reafirmado a intenção de reformar os sectores mais tradicionais da economia, que sofrem de “problemas de competitividade e excesso de capacidade”, visando orientar os recursos para novos motores de crescimento. O primeiro lote de empresas que serão reestruturadas inclui os sectores energia, petróleo, gás natural, transporte ferroviário, aviação civil, telecomunicações e militar, revelou o China Securities Journal, que cita o porta-voz da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma. Em 2015, a economia chinesa cresceu 6,9%, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos.

CHOQUE EM CADEIA FAZ 17 MORTOS

Dezassete pessoas morreram e 37 ficaram feridas num choque em cadeia no norte da China, na província de Shanxi, na noite de segunda-feira. O acidente, num trecho da auto-estrada que liga Kunming, no sudoeste da China, a Pequim, envolveu 56 veículos e ficou a dever-se à chuva e à neve, informaram ontem as autoridades locais. Uma equipa constituída por polícias, bombeiros e médicos participou na operação de resgate, detalhou a mesma fonte, citada pela agência oficial Xinhua. A Organização Mundial de Saúde estima que os acidentes rodoviários matam todos os anos mais de 200.000 pessoas na China. PUB

EXTRACTO DE AVISO Faz-se público que, de harmonia com o despacho do Secretário para a Segurança, de 06 de Julho de 2016, se acha aberto o concurso comum abaixo indicado, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento: • Em regime de contrato administrativo de provimento, de um lugar de assistente técnico administrativo de 1.ª classe, 2.º escalão (área da oficina de serralharia), da carreira de assistente técnico administrativo da Direcção dos Serviços Correccionais (Concurso n.º 2016/I04/AP/ATA). O aviso do concurso encontra-se publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 47, II Série, de 23 de Novembro de 2016, com o prazo de inscrição entre 24 de Novembro e 13 de Dezembro de 2016. Os interessados podem consultar o referido aviso, dentro das horas de expediente, no Centro de Atendimento e Informação da Direcção dos Serviços Correccionais (endereço: Avenida da Praia Grande, China Plaza, 8.º andar “A”, Macau) ou no Website da Direcção dos Serviços Correccionais: www.dsc.gov.mo. Para qualquer esclarecimento, é favor entrar em contacto, nas horas de expediente, através do tel. n.ºs 8896 1293 ou 8896 1218, com os trabalhadores da Divisão de Recursos Humanos. O Director da DSC Cheng Fong Meng 14/ 11 / 2016

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE SOLOS, OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES Anúncio Faz-se saber que em relação ao concurso público para a execução da empreitada de “Empreitada de concepção e construção do Complexo de serviços para Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n° 42, II Série, de 19 de Outubro de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2° do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente no Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, n°33, 17° andar, Macau. Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, aos 18 de Novembro de 2016. O Director dos Serviços, Li Canfeng


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Engoliu um ovo posto por uma ave negra, enquanto se lavava à beira de um rio.

O exame dos livros – 3

[N

O final da época dos Reinos Combatentes] Gongsun Long redigiu o seu texto intitulado “Da brancura e da dureza”, um tratado no qual disseca as frases e palavras, dedicandose às expressões confusas; mas as suas eram investigações sem cabimento e de nenhuma utilidade à governação. No país de Qi, os três Zou redigiram obras vastas e insondáveis, mal fundamentadas e cheias de fórmulas espantosas. Quando olhamos para as obras de autores brilhantes, é frequente descobrirmos que se comprazem com discursos grandiloquentes e desbragados, obscuros e pomposos, sem demonstrações bem fundadas e sem conteúdo verificável. Ao invés, Shang Yang, primeiro-ministro de Qin, redigiu um tratado “Dos trabalhos e da guerra” e Guan Zhong, primeiro ministro de Qi, compôs o tratado “Do peso e da ligeireza”. As suas obras contribuíram para enriquecer o povo e o Estado, para reforçar o poder do seu soberano e enfraquecer o dos seus inimigos. Têm um valor diferente das de Gongsun Long e Zou Yan, embora o Grande Historiador lhes atribua o mesmo estatuto, o que só nos deixa perplexos. Zhang Yi e Su Qin foram contemporâneos. Por isso, Zhang Yi conheceu necessariamente, e em detalhe, as circunstâncias da morte de Su Qin: o Grande Historiador deveria ter preferido a sua versão dos factos e assim fixar os eventos de maneira correcta, em vez de descrever, sem qualquer explicação, as duas versões [NT – Uma afirma que foi apunhalado por um ministro rival; a outra, conta que foi executado quando descoberta a sua duplicidade política].

Será que a biografia de Su Qin não foi obra do Grande Historiador, mas sim de Zhang Shang, de Donghai, que também redigia biografias? De outra forma, como explicar tais contradicções? Segundo a “Tabela Genealógica das Três Dinastias”, os Cinco Imperadores e os Três Reis eram todos descendentes do Imperador Amarelo: teriam sido gerados em linha directa com aquele soberano e o seu nascimento não deve ser explicado pela intervenção de nenhum fluido celeste e milagroso. Porém, segundo a “Crónica do Reino dos Yin”, Xie teria nascido depois da sua mãe, Jiandi, engoliu um ovo posto por uma ave negra, enquanto se lavava à beira de um rio. Segundo a “Crónica dos Zhou”, Houji terá nascido depois da sua mãe, Jiangyuan, ter caminhado na pegada deixada por um gigante, enquanto passeava no campo – o que a fez engravidar e parir Houji. A “Tabela Genealógica” afirma que Xie e Houji eram descendentes do Imperador Amarelo, enquanto que as “Crónicas” nos explicam o seu nascimento por intervenção dos fluidos subtis de uma ave negra e de um gigante! Estas versões não podem ambas ser verdadeiras e, contudo, o Grande Historiador retoma-as sem discernimento. De notar que a esposa de um soberano jamais sairia assim por um campo, ou se lavaria num rio: estas histórias, que nos descrevem uma se lavando num rio e engolindo um ovo de uma ave negra e a outra passeando pelo campo e caminhando sobre pegadas de gigante não se coadunam com as regras de conduta da nobreza e confundem os espíritos no que respeita ao verdadeiro e ao falso. Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


15 hoje macau quarta-feira 23.11.2016

diário de um editor

João Paulo Cotrim

A pele de um independente HORTA SECA, LISBOA, 14 NOVEMBRO Mão amiga traz-me de S. Tomé e Príncipe umas barras de chocolate assinadas por Claudio Corallo. Não acho mesmo graça nenhuma à cada vez mais totalitária gourmetização das nossas vidas, mas o rolo compressor deixa despontar aqui e ali uma erva daninha. Como esta atenção aos produtos da terra e ao modo como dela os extraímos. Um chocolate extremamente amargo, que não esconde o sabor a chão, contém uma saborosa contradição. Rima com tanto destes meus dias… MYMOSA, LISBOA, 15 NOVEMBRO Circula por aí o catálogo Ilustração Portuguesa 2016, que reúne, em cerca de 400 páginas, trabalhos de quase uma centena de ilustradores, um deles o Rui Rasquinho, que sentou um pensativo Pessanha em descansativo cemitério. O regresso desta montra aconteceu a pretexto da Festa da Ilustração, de Setúbal, em cuja equipa, agora mesmo e depois de hesitações várias, acabo de manter-me. Continuo espantado com o luxuriante jardim de criatividade que esta linguagem cultiva e rega e apara entre nós. Apesar da seca criada pelos mercados e seus feiticeiros de algibeira. Tem sabor de enigma, o modo como continuam a desmultiplicar-se em projectos, a alimentar cursos, a ganhar prémios internacionais, a reinventar suportes como ecrãs ou paredes, a mastigar livros. Curiosamente, ou nem por isso, várias foram as imagens que tomaram o livro por tema, que tiveram origem em capas, que dançaram com o texto. O João Fazenda (autor da ilustração ao lado), parceiro de tantos riscos e querido amigo, foi um dos que mais converteu o bicho em metáfora: fez dele fruto e casa, rosto e partitura, mesa de cozinha e mais, muito mais. Que gosto dá flanar nesta cidade, feita de lombadas e guardas, de lombos e cortantes, de baixos-relevos e vernizes mate! Sempre em mate, que o brilho fere os olhos. HORTA SECA, LISBOA, 17 NOVEMBRO Orson Welles morreu sem o acabar. Ainda se consegue vislumbrar o que poderia ter sido. Terry Gillian há décadas que o persegue, e um documentário, que devia dizer dos bastidores, dá-

-nos perfume do impossível. Nenhum deles me parece capaz de se deixar amedrontar pelo suposto gigantismo da empresa, pela comprovada complexidade da personagem, menos ainda por tola maldição colada à pele de papel. Onde procurar, então, as razões para que soçobrem os filmes sobre o sempiterno D. Quixote? Tremo ao ler a notícia de que a Disney se vai atirar à bruta figura. O mais cruel aplainador de rugosidades da história da ficção cuspirá, estou em crer, um cavaleiro de desmedida sensaboria.

pode escolher a sua verdade. A democracia está cada vez mais fantasiosa, apesar de narrativa.

HORTA SECA, LISBOA, 18 NOVEMBRO O Oxford Dictionary escolheu para palavra do ano post-truth, pós-verdade. Não era nova, mas a campanha presidencial norte-americana colocou-a nas nossas bocas. Pior, nas nossas vidas. Como se vivêssemos no universo Disney, «os factos objectivos influenciam menos a formação da opinião pública do que apelos à emoção e a crenças individuais.» Ouviremos cada vez mais gente aparentemente sã de espírito afirmar que Obama criou o ISIS, Hillary Clinton desdobrava-se em duas. Melhor: que em democracia, cada um

“Os dias ganharam novas rotinas, que a limpeza tem que ser constante. Tanto pó, tanta gordura vem do que vou vendo? A escrita destas linhas faz-me viver os assuntos de outra maneira. Mas tiro pó ou acrescento gordura?”

RUA NOVA DA TRINDADE, LISBOA, 19 NOVEMBRO Já apagaram os carris do eléctrico? Bem sei que não os arrancam, afogam-nos em alcatrão, atirando para o futuro a leitura daquelas linhas. Houve tempos em que couberam dois sentidos ali e gosto de imaginar o chá nas canecas a fazer-se pequeno mar durante uma passagem

simultânea. Dói-me não termos partilhado uma última refeição, que também as gostavas longas, mas talvez tivesse mesmo que ser assim, sem lugar para despedidas. A tua morte apanhou-me no torpor a que chamei, por fraqueza de vocabulário, férias. E agravou a crença de que talvez ainda possamos trocar umas ideias sobre o assunto, um qualquer: aguardente, pão, uma capa, a derradeira versão. A nossa última conversa foi ao telefone, quando resolveste saudar o aparecimento da abysmo da mais inusitada maneira: não queres comprar a Cotovia? Tinhas as contas feitas e os argumentos alinhados. Anos depois, percebo melhor que me querias poupar agruras. O preço era uma pequena fortuna, muito longe do que devia valer uma chancela admirável como a tua. Cuidei que brincavas, mas não. Era um preço de amigo. Demorei a perceber o gesto e só podes ter ficado sentido com a indiferença com que o recebi. Não foi por mal, foi por miséria. Quando a conversa acontecer, não voltaremos ao assunto, não vamos achatar o reencontro com conversa triste de ofício, sonharemos antes um empreendimento qualquer. Folgo em saber, pela Fernanda ainda agora, que as dores não te toldaram o sentido de humor. Chegaste com recorte de um jornal do Bombarral na mão. «Não quero a Servilusa. Detesto pequenos impérios. Já escolhi a funerária que vou querer.» No papel, anunciava-se, em corpo 12, a competência de 20 anos do gato-pingado, Carlos Nogueira: «Incontrolável em mim». Depois, em menor: «Decididamente fazer funerais é aquilo que eu mais gosto de fazer.» HORTA SECA, LISBOA, 20 NOVEMBRO Somos excessivamente narrativos. Por exemplo, o ter passado a usar óculos, horas depois de fazer 50 anos, parece indicar o sentido óbvio do inexorável desgaste dos materiais. Mudaria alguma coisa se tivesse sido antes da data? Não, mas assim ganhou a intensidade de um sinal. O objecto acomodou-se ao corpo, quase faz parte dele. Não sem resistência, que o primeiro par logo se desfez. Os dias ganharam novas rotinas, que a limpeza tem que ser constante. Tanto pó, tanta gordura vem do que vou vendo? A escrita destas linhas faz-me viver os assuntos de outra maneira. Mas tiro pó ou acrescento gordura?


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h

hoje macau quarta-feira 23.11.2016

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

A China tal como ela é 真实的中国 A

câmara de Michael Wolf é honesta, mas não é indelicada. Durante mais de vinte anos, o fotógrafo alemão abordou os seus temas com uma frescura que reflecte simultaneamente o passado e sugere o futuro. Tomemos como exemplo uma das suas muitas sequências conceptuais. A série de fotografias intitulada “Cadeiras Chinesas” não o fez cair nas boas graças da polícia chinesa, embora ele se tivesse esforçado por explicar que o seu trabalho era “inofensivo”. Mas, a polícia continuava a insistir que “prejudicava a imagem da China”. Não chegaram a prendê-lo, mas detiveram-no durante seis horas e confiscaram-lhe as fotos. Num contraste marcado entre a bizarria dos edifícios luxuosos e dos Centros Comerciais que inundam o País, as “Cadeiras Chinesas” inventariam todo o tipo de assentos que dão corpo ao humor e à sabedoria da cultura chinesa. Na minha opinião, estas “cadeiras” são a constância da China. Cada cadeira é um retrato de teimosia e determinação. Passam ao lado da moda, calmas, intimas e audaciosas: são a China como ela é. Nascido em Munique, Wolf cresceu nos Estados Unidos. Chegou a Hong

Kong em 1995. Se o leitor fizer uma visita ao seu website, pode ficar um pouco chocado com a obsessão pela separação e classificação, sob a batuta do rigor alemão. Em a “Fábrica de Brinquedos” percebemos que para haver uma infinidade de brinquedos são necessários inúmeros trabalhadores. Assistimos à “Verdadeira Toy Story”, numa fábrica de brinquedos chinesa: uma azáfama de trabalhadores, um ambiente abafado, e pilhas de brinquedos de plástico. Cerca de 75% dos brinquedos produzidos em todo o mundo são “Made in China”. São fabricados por gente real e não por máquinas. Durante a produção da série “Arte Falsa Real”, Wolf pediu a um falsificador de arte chinês que lhe pintasse os girassóis de Van Gogh. Obteve a seguinte resposta: “É muito simples. Com 400 pinceladas está feito!” Esta conversa decorreu na Dafen Artist Village (subúrbio artístico de Shenzhen), onde vários milhões de “quadros famosos” são produzidos anualmente para exportação. Um “artista” despachado consegue fazer 30 obras-primas por dia. Sim, claro, isto também é a China.


17 hoje macau quarta-feira 23.11.2016

TEMPO

C H U VA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente VAFA - SALÃO DE OUTONO Casa Garden

? MIN

15

MAX

22

HUM

80-98%

EURO

8.48

BAHT

EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12) ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

O CARTOON STEPH

PROBLEMA 126

UM LIVRO HOJE

SUDOKU

DE

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 125

C I N E M A

YUAN

1.16

UM GATO DAQUI

EXPOSIÇÃO “O ARAUTO DOS TEMPOS: O POETA F. HUA-LIN” Academia Jao Tsung-I (até 13/11)

Cineteatro

0.22

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “SE EU ESTIVESSE EM SÃO FRANCISCO/MACAU” Fundação Rui Cunha

EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11)

(F)UTILIDADES

Ninguém sabe de onde venho, eu não sei de onde venho, mas isso pouco me interessa. No meu cartão de gato há uma data de nascimento desconhecida e quem me adoptou desconhece quem eram os meus progenitores. Vivo nesta redacção há muitos dias e noites, não sei fazer as contas ao calendário, o que não me incomoda. Sou gato e vivo bem com a ignorância do tempo. Porque sou gato e sou pequenino – apesar de, nos últimos tempos, a idade me ter arredondado a barriga –, fujo pelas janelas mal fechadas durante a noite, quando os meus donos vão para casa, para junto dos gatos e gatas que são só deles. Fujo e entro por outras janelas aqui da vizinhança, vejo televisão às escondidas, ouço a conversa de outros bichos. Sou gato, mas não sou estúpido. Porque todos os dias ouço o que dizem aqui na redacção e o que se grita aí pelas ruas, sei onde vivo, apesar de não saber de onde venho. E sei que estão a chegar os dias em que, numa casa perto de um lago, uns quantos homens e algumas mulheres se juntam para falarem de muitas coisas que não me interessam. Muitos deles, todos os anos, gastam o tempo deles e dos outros a defenderem a expulsão de quem não é de cá. Eu, gato que não sou estúpido, não sei de onde vim, mas sei que sou daqui. Como muitos bichos e homens que vivem na terra: alguns sabem de onde vêm, outros nem por isso, mas sabem onde estão. Era bom que, um dia destes, pudessem também saber que há espaço para todos e que à noite, se quiserem, podem entrar pelas janelas e dormir em paz. Pu Yi

A GRANDE ARTE | RUBEM FONSECA

Há quem lhe chame o melhor escritor de policiais da actualidade, mas é muito mais do que isso: Rubem Fonseca é um exímio contador de histórias, um homem de escrita dura, mas apurada, capaz de prender o leitor do princípio ao fim. “A Grande Arte” é uma narrativa forte sobre um Brasil violento, sobre sexo, morte e ironia. Um livro que se lê e que não se perde nos corredores da memória. Hoje Macau

FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM SALA 1

SALA 3

FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Makoto Shinkai 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Filme de: Ron Howard Com: Tom Hanks, Felicity Jones, Irrfan Khan 14.15, 21.30

SALA 2

FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B] [3D]

YOUR NAME [B]

FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B] Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Erza Miller 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

INFERNO [B]

Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Erza Miller 16.30, 19.00

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

hoje macau quarta-feira 23.11.2016

FRANCISCO LOUÇÃ Esquerda.net

JAMES WHALE, FRANKENSTEIN 1931

Domesticar o Frankenstein, diga lá outra vez?

O

choque foi avassalador mas isso não desculpa tudo. Sim, é certo que nem as sondagens que adivinham tudo, nem os gurus comunicacionais que sabem tudo, nem os governantes que tudo articulam esperavam a vitória de Trump. Percebe-se porquê. Ele parece menos do que nada: sendo um comediante de televisão, não tem ares de ser parte dos beautiful people; sendo um empresário, é artificioso; sendo político, namora o grotesco. E no entanto ganhou, mobilizou uma conjugação eleitoral nada improvável e beneficiou da perda eleitoral do partido rival, virando os resultados onde isso ia virar o país. Fica então a pergunta que é o prémio de consolação: será Trump um epifenómeno? Ou, com mais prudência, seria um cometa breve se não fosse no Estado mais poderoso do mundo? Não, nem isso. Ele é poderoso e temível precisamente por ser um Frankenstein: é o resultado da construção de um personagem, monstruoso que seja, mas que foi produzido nos mais ousados laboratórios da política, os da desconfiança do futuro, os do líder providencial que traz o milagre e os das soluções fáceis que se baseiam no ódio pelos outros. Ele é por isso a contrapartida da globalização, pois é eleito pelos votos que a crise semeou, mas é também o homem da globalização, pois o seu programa imediato é mais um passo no neoliberalismo onde ele conta mesmo, na desregulação do sistema financeiro. A sua primeira prioridade programática, e que se pode vir a confirmar pelos nomes

“Será Trump um epifenómeno? Ou, com mais prudência, seria um cometa breve se não fosse no Estado mais poderoso do mundo? Não, nem isso. Ele é poderoso e temível precisamente por ser um Frankenstein” que circulam para dirigir as finanças, será o desmantelamento da modesta regulação Dodd-Frank, aprovada depois da crise do subprime. Não me digam portanto que não se trata mesmo da radicalização das soluções neoliberais, envelopadas em autoritarismo e conservadorismo tradicional, como tinha acontecido com Bush – e aliás com alguns dos mesmos personagens. Mas se é um Frankenstein, uma fabricação dos génios que saíram da garrafa, então foi imediatamente sugerido que pode ser domado. A ideia de o domesticar com uma inundação de bom senso governante e com conselheiros devotados à lei e à grei foi por isso enunciada logo que se descobriu que Trump tinha ganho. Nada acontecerá, o Pentágono, a Casa Branca e o Departamento de Estado porão tudo na linha, ouviu-se de seguida. Roubini foi dos que veio logo tranquilizar os “mercados”, que aliás não se excitaram particularmente com o anúncio do resultado eleitoral porque sabem do que a casa gasta e do que têm a ganhar. No Observador, rapidamente simpatizante de Trump,explicam-se as virtudes do seu programa que vai seduzindo as direitas europeias. Acontradição interna entre dois campos do partido republicano e a resistência

de alguns republicanos contra o arrivista pareciam ainda confortar esta ideia domesticante, reforçada quando Trump começou a preparar um governo bicéfalo, compondo entre os republicanos desavindos. Mas mais vale tirar daí a ideia. Esperar que o Frankenstein se reduza a uma voz do dono é uma ilusão desarmante, simplesmente porque o melhor é levar Trump a sério e deixar de tratar as suas peripécias como anedotas. Ele inaugura os contactos diplomáticos com um abraço a Farage e uma mensagem a Le Pen e alguns concluem que nem sabe com quem fala. Pois talvez não saiba, mas o facto é que despreza a Europa e é melhor levar isso a sério. Ele rodeia-se de lobistas e de aventureiros, como os seus familiares ou Giuliani ou Gringrich, e Washington ri-se e Berlim sorri, mas é assim que se compõem os poderes e é melhor levar isso a sério. O Frankenstein não vai render-se a um qualquer dono que vai resgatar a humanidade do pesadelo, simplesmente por que ele agora é o dono. Por isso, é mesmo com Trump que temos que nos haver. O que deixa dois problemas para lhe responder, sabendo que não pode ser domesticado e só pode ser vencido. Primeiro, enfrentar a globalização como o perigo que é, deixando de lado a conversa cúmplice de uma esquerda que fingiu confundir a agressiva liberdade da circulação de capitais com um internacionalismo proletário amigável e que, na Europa, empossou os intelectuais orgânicos com a lenda da “ideia europeia” traduzida em instituições inexpugnáveis. E, segundo, disputar os sectores populares que os fundamentalismos religiosos, as desidentidades e os pavores do futuro têm entregue aos populistas. Combater a globalização e conquistar as massas populares para uma alternativa fazem aliás parte da mesma acção, dado que tudo depende da viabilidade de objectivos comuns, de instituições comuns e de bens comuns.


19 hoje macau quarta-feira 23.11.2016

ÓCIOSNEGÓCIOS

IHOME MACAU, EMPRESA ONLINE DE DECORAÇÃO CHRISTY IEONG, FUNDADORA

“Queremos produtos de qualidade” Christy tirou partido da nacionalidade chinesa para começar a comprar produtos do outro lado da fronteira e montar um negócio que se distingue pelos baixos preços praticados. Juntamente com o namorado, a fundadora da IHome Macau quer tornar a decoração das casas da cidade mais bonita, mas com custos acessíveis

verdadeiro boom na China e a verdade é que poucos passam sem as conhecidas plataformas de comércio. Apesar dos problemas que muitas vezes este tipo de vendas acarreta, como os enganos feitos aos clientes em termos de preços e qualidade, Christy Ieong garante que na IHome Macau tudo é verdadeiro. “Colocamos algumas fotografias no Facebook e depois os clientes encomendam através de mensagens privadas. O cliente só paga quando vir o produto. Todas as fotografias são verdadeiras, o cliente não tem de se preocupar com a falsidade do produto ou com a falta de qualidade.” Nos próximos meses, a IHome quer tornar-se, tal como o nome indica, numa plataforma online em que todo o tipo de encomendas para a casa será possível, estando disponíveis para todas as carteiras.

Christy Ieong acredita que este negócio poderá satisfazer as necessidades daqueles que querem comprar bom, bonito e barato

A

IHome Macau recuperou algo que está na memória de todos, do tempo em que o yuan valia bem menos do que a pataca e ir a Zhuhai fazer compras era um passatempo para muitas famílias. A pensar nos tempos modernos, a IHome Macau pegou nessa ideia e colocou-a online: porque não ir buscar produtos ao continente e vendê-los em Macau? Assim começou o projecto. “Encomendamos os produtos da China e vendemos online para os clientes em Macau. Queremos manter os preços baixos porque vemos que as lojas em Macau vendem produtos muito caros, com uma qualidade muito baixa. Então queremos fazer o contrário: vender produtos de qualidade com preços mais baixos”, contou ao HM Christy Ieong, co-fundadora do projecto. Christy Ieong, que tem outro trabalho, numa operadora de jogo, acredita que este negócio poderá satisfazer as necessidades daqueles que querem comprar bom, bonito e barato, estando aqui tão perto de um grande mercado como é a China. “Eu e o meu namorado percebemos que a maioria das lojas não tem bons

produtos e que os funcionários não são educados, não atendem os clientes como deveriam atender. O serviço não é bom e os preços são elevadíssimos.” O arranque oficial deu-se em Setembro e a época natalícia será, sem dúvida, a aposta da IHome Macau para entrar a sério no mercado, ainda que esta seja uma empresa que apenas funciona online. Ieong não tem planos para a abertura de um espaço físico. “Começámos o negócio no mês passado e já tivemos os nossos primeiros clientes.

Para já, temos alguns produtos de Natal e talvez teremos de esperar para que as pessoas comecem a decorar as suas casas, porque até agora ainda não tivemos uma adesão massiva. Gostaria de arrancar com o negócio mais a sério no Natal, com a encomenda de produtos, e se tudo isto se tornar lucrativo gostaria de apostar noutro tipo de produtos para a casa.”

É TUDO VERDADEIRO

O comércio online tem sofrido um

“Depois do Natal podemos vender produtos como almofadas, coisas que habitualmente temos nas nossas casas, nas salas de estar ou na cozinha. Muitos dos supermercados e lojas que vendem estes produtos cobram preços elevados e com pouca variedade em termos de cores e formas.” Um olhar pela página da IHome pela rede social Facebook permite perceber que já há alguns clientes interessados nos produtos. Para já, estão apenas disponíveis todos aqueles produtos que fazem parte do nosso imaginário natalício, como meias do Pai Natal, bolas para decorar a árvore, tapetes e bonecos de decoração. Para os adquirir, basta fazer um comentário ou deixar uma mensagem privada. A IHome Macau garante entregas gratuitas para compras superiores a duas mil patacas, tanto para a península, como para a Taipa. O cliente paga em dinheiro quando recebe aquilo que encomendou. Andreia Sofia Silva (com S.M.) andreia.silva@hojemacau.com.mo


Com seu olhar/a terra/assim benzida/ficou ninho/refúgio da gente/que/só /em qualquer mar/ande perdida.”

António Correia

Portugal VAGA DE EMIGRAÇÃO NA RECTA FINAL

EXECUTIVO DA DAIMLER TRANSFERIDO POR INSULTAR CHINESES

U

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M responsável pelas operações na China da fabricante de automóveis Daimler, detentora da marca Mercedes-Benz, foi transferido após ter alegadamente insultado um grupo de chineses e usado gás pimenta, numa disputa por um lugar de estacionamento. “Vivo há um ano na China. A primeira coisa que aprendi aqui é: os chineses são todos uns cabrões”, terá dito Rainer Gaertner, director executivo da Daimler no país asiático. O homem alegadamente usou ainda gás pimenta para afastar um grupo de transeuntes que o confrontou. As palavras do executivo geraram milhares de comentários nas redes sociais chineses. “Todos os estrangeiros que não gostam da China devem ser postos fora do país, sem excepção”, comentou um utilizador no Sina Weibo, o Twitter chinês, reflectindo a opinião dominante entre os cibernautas. Outro reagiu assim: “Os chineses devem erguer o peito. A nossa nação é muito forte. Não estamos abaixo de ninguém”. Em comunicado, o grupo Daimler afirmou que o incidente é prejudicial para a empresa, independentemente do que Gaertner terá dito, e anunciou que o director será transferido para outro país. Aempresa afirma que resolveu a disputa de “forma amigável” com o condutor do outro veículo e que a polícia de Pequim resolveu encerrar o caso. A China é o maior mercado automóvel do mundo e, em 2015, foram vendidos 24,6 milhões de veículos no país - um recorde na história do sector automóvel.

O fim da partida?

O

secretário de Estado das Comunidades assegura que os dados mais recentes indicam uma estagnação na vontade portuguesa em emigrar. “Temos previsto apresentar as conclusões desse relatório no final do mês de Dezembro, pelo que não queria antecipar. Contudo, parece haver sinais que nos dão conta de que há, por um lado, uma certa estagnação nas saídas do país e, ao mesmo tempo, outros sinais - embora muito ténues - de vontade de regresso de alguns

quarta-feira 23.11.2016

cidadãos que saíram nos últimos anos”, disse à Renascença José Luís Carneiro. O secretário de Estado das Comunidades revela este dado no dia em que o Governo assina os primeiros protocolos com juntas

de freguesia para a criação de gabinetes de apoio ao emigrante. Questionado pela Renascença sobre esta matéria, Rui Pena Pires, coordenador científico do Observatório da Emigração, confirma que em 2015 os valores relativos à

Portugal acolheu, o ano passado, 29.896 imigrantes, mais 53,2% face ao anterior, mas viu partir 40.377 portugueses para residir estrangeiro, menos 18,5% do que em 2014

saída de portugueses para trabalhar no estrangeiro terão estagnado ou diminuído ligeiramente. “Tudo aponta para uma estabilização do fluxo num patamar muito elevado ou mesmo uma descida se, como tudo indica, a emigração para a Angola, em 2015, já tiver diminuído”, detalha. Os portugueses estão a emigrar menos, mas o saldo migratório continua negativo pelo quinto ano consecutivo, segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divulgadas em Outubro. Portugal acolheu, o ano passado, 29.896 imigrantes, mais 53,2% face ao anterior, mas viu partir 40.377 portugueses para residir estrangeiro, menos 18,5% do que em 2014. De acordo com os dados do INE, entre 2011 e 2015 saíram de Portugal, em média, quase 120 mil pessoas por ano.

SONDAGEM REVELA QUE 45% DOS TAILANDESES AGRIDE AS COMPANHEIRAS

M

AIS de 70% dos tailandeses trai as suas mulheres e 45% confessa que agride as suas companheiras, segundo os resultados de uma sondagem citada ontem pelo jornal Bangkok Post. A sondagem, realizada pela Fundação do Movimento de Homens e Mulheres Progressistas e pela Fundação Tailandesa para a Promoção da Saúde (ThaiHealth), incluiu entrevistas a 1.617 homens

entre 20 e 35 anos em Banguecoque e outras províncias. Usuma Ketthahak, especialista em igualdade de género da ThaiHealth, afirmou que 69% dos inquiridos disse sair com frequência para consumir álcool e que 42% reconheceu ter obrigado a sua parceira a ter relações sexuais enquanto estava embriagado. “Um em cada quatro [inquiridos] acredita que os homens ‘de verdade’ flirtam e bebem. Cerca de 14% diz

tornar-se violento porque tem ciúmes [e] alguns também acham que seria estúpido não se aproveitarem sexualmente [das suas companheiras] quando podem”, detalhou. Um terço dos entrevistados afirmou ainda que as mulheres casadas “pertencem” aos seus maridos. Usuma Ketthahak sublinhou que os resultados do estudo demonstram que há atitudes dos tailandeses relativamente às mulheres

que devem ser corrigidas e instou o Ministério da Educação a incluir nos currículos das escolas disciplinas que abordem a violência doméstica e a igualdade de género. As autoridades tailandesas iniciaram uma campanha intitulada “O homem pode parar a violência”, a propósito do Dia Internacional da Eliminação da Violência contra as Mulheres, que se assinala na próxima sexta-feira.


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