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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 23 DE SETEMBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2460
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Susana Chou diz que recrutamento central não acaba com “cunhas”
SHITAO
PINTURA E INDIVIDUALISMO NA CHINA DO SÉCULO XVII
Mudar para ficar igual
A ex-presidente da Assembleia Legislativa Susana Chou sabe bem do que fala, depois de uma década a trabalhar com a função pública: o sistema de recrutamento central não vai acabar com as “cunhas” e a “cultura de compadrio”. O Executivo está simplesmente a tapar o sol com a peneira. > PÁGINA 4
Conduzir sem poluir
NOVOS CARROS ELÉCTRICOS PESAM NO BOLSO • PÁGINAS 8 E 9
O HOJE muda de casa
Bienal do Teatro Chinês
DRAMAS E RISOS DE UMA ÚNICA CHINA NOS PALCOS DE MACAU • PÁGINA 12
O Hoje Macau estará, a partir de domingo, numa nova morada:
Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Os contactos telefónicos mantêm-se: +853 2875 2401 (linha geral) e +853 2875 2405 (fax)
SEXTA-FEIRA 23.9.2011 www.hojemacau.com.mo
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ACTUAL
Mais de 100 mil crianças com menos de cinco anos morrem na China a cada ano
Sem cuidados de saúde
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UASE 300 mil crianças com menos de cinco anos morrem anualmente na China. Destas, 36% perecem em casa, devido à falta de acesso a cuidados de saúde, mostram as estatísticas. Ontem foi tornado público o relatório “Desenvolvimento da Saúde das Mulheres e Crianças”, o primeiro deste género, que revela que na lista das principais causas da mortalidade infantil estão o parto prematuro, doenças cardíacas congénitas e asfixia acidental. “A China continua a enfrentar grandes desafios
para reduzir o número de crianças que morrem e para melhorar o acesso aos cuidados de saúde”, frisou Qin Huaijin, director do Departamento da Saúde para mães e crianças do Ministério da Saúde da China. Em 2010, a taxa de mortalidade de crianças menores de cinco anos era de 1,64%, menos de 73% em 1991 e cerca de 60% em 2000, disse o responsável, atribuindo as alterações nas percentagens aos esforços do Governo Central em melhorar a saúde das crianças. Wen Chunmei, representante da Organização Mundial de Saúde na China,
afirmou que a China está em quinto lugar na lista dos países onde morrem mais crianças com menos de cinco anos, devido à sua imensa população. O responsável considera urgente alocar mais recursos em programas de intervenção, que permanecem limitados especialmente nas áreas rurais do continente. De acordo com as estatísticas do relatório, quase 12% das crianças chinesas que morrem antes de atingirem cinco anos não recebem qualquer tipo de tratamento devido a factores económicos, de transporte e até por falta de cuidado dos pais.
O fosso entre as áreas urbanas e rurais tem sido gradualmente melhorado, mas continua muito diferente, segundo afirma Qin Huaijin. O ano passado, sete em cada mil crianças morreram antes de fazerem meia década nas áreas urbanas, sendo esses dados nas áreas rurais superiores à morte de 20 por cada mil crianças. A obesidade entre as crianças é outra das preocupações, particularmente nas áreas urbanas, enquanto a anemia e a malnutrição afectam as crianças do campo. “ A capacidade de prestar cuidados de saúde nas áreas
rurais continua limitada, especialmente para mulheres grávidas e crianças”, frisou Qin Huaijin. Robert Scherpbier, um especialista em saúde de crianças e adolescentes da UNICEF relembra ainda
que, tendo em conta estas circunstâncias, é necessário dar-se especial atenção aos filhos dos trabalhadores migrantes, tanto os que acompanham os pais, como os que são deixados para trás, na terra natal.
DÍVIDA EUROPEIA COMPRADA PELA CHINA PODE TER SIDO SOBRESTIMADO
Quantos títulos tem o gigante? O VÍDEOS NA INTERNET EXPÕEM ALEGADOS PEDINTES COMO FRAUDES
Milionários mendigos U
M cidadão denunciou, num fórum popular na China – Mop. com -, uma alegada fraude levada a cabo por um milionário. O homem, que detém várias propriedades e carros, terá estado a pedir em frente a um centro comercial em Pequim, deitado no chão e simulando ser um mendigo. Outros utilizadores do fórum, que viram o vídeo onde aparece o alegado milionário, já disseram tê-lo visto a pedir muitas vezes, ajoelhado no chão e a murmurar para chamar a atenção das pessoas. O homem, que pede assim dinheiro aos transeuntes, tem ao seu lado uma outra pedinte, uma mulher que parece estar verdadeiramente doente.
“Não sabemos quanto ele ganha e não temos jurisdição legal para o multar”, disse um polícia relativamente ao milionário que fica em frente ao centro comercial. O post que já arrecadou 100 mil visitas, diz, contudo, que o homem ganha mais de quatro mil yuan por dia. A alegada fraude não se fica, no entanto, pelo centro comercial. Na estação de metro de Dongsishitao, também em Pequim, um outro utilizador do fórum disse ter visto uma mulher com uma criança, ambos deitados no chão a pedir, que começaram a correr quando viram as autoridades da estação dirigirem-se para eles.
montante de dívida europeia comprada pela China terá sido “sobrestimado” e “os números” habitualmente indicados, que variam entre 20 mil milhões e 60 mil milhões de dólares, “são apenas suposições”, diz um estudo europeu divulgado esta quarta-feira em Pequim. “Não podemos ter a certeza quanto à completa dimensão das aquisições de títulos do tesouro pela China. Embora a China divulgue o total das suas reservas em divisas, a composição dessas reservas é um segredo de Estado”, afirma o estudo, assinado por três investigadores do European Council on Foreign Relations (ECFR). Ao contrário dos Estados Unidos, “muito poucos países europeus” divulgam dados sobre as aquisições estrangeiras das suas dívidas soberanas e “esta dupla opacidade significa que os números acerca da carteira da China em euros não são mais do que suposições”, diz o estudo. O montante da dívida norte-americana detida pela China em 2010 teve apenas “um modesto declínio”, para 1,112 biliões de dólares, contrariando a ideia que o governo chinês estava a diversificar os seus investimentos, do
dólar para o euro, concluíram os investigadores do ECFR a partir dos números divulgados mensalmente pelo Departamento do Tesouro norte-americano. “Provavelmente, as compras de títulos de tesouro europeu (por parte da China) foram muito inferiores ao que a imprensa sugeriu”, somando só “15 mil milhões a 20 mil milhões de euros”, acrescenta o estudo, citando estimativas de um funcionário do Banco Central Europeu. As reservas da China em divisas – as maiores do mundo – atingiram 3,2 mil milhões de dólares em Junho passado, mais 30,3% que um ano antes, indicou o banco central chinês.
Segundo é normalmente referido nos meios ocidentais, 70% daquele montante está em dólares norte-americanos e 25% em euros. Há cerca de duas semanas, um artigo publicado no International Herald Tribune dizia que a China comprara o equivalente a “50.000 milhões a 60.000 milhões de dólares” de títulos em euros. “Não há nenhuma maneira de saber se a China tem 25% das suas reservas em euros”, concluiu o referido estudo. Até agora, o governo chinês nunca revelou o montante dos títulos do tesouro comprados a países europeus, limitando-se a reafirmar a “disposição de ajudar os países mais atingidos pela crise da divida soberana”. No caso da divida portuguesa, diplomatas europeus estimam que a China terá comprado “pelo menos 3.000 milhões de euros”, o que corresponderá a metade do que comprou a Espanha. O European Council on Foreign Relations, auto-intitulado “o primeiro think-tank pan-europeu”, foi criado em 2007 e a sua direcção inclui, entre outros, Javier Solana, Emma Bonino, Joschka Fischer e Timothy Garton Ash.
É pena mas a população de Macau não deixa de experimentar uma sensação de orfandade como se não houvesse ali alguém que realmente se interessa por nós, que se preocupa com o nosso crescimento, a nossa saúde, educação e qualidade de vida. Alguém, um governo, que parece já há algum tempo se ter demitido desse papel e agora gere negócios num país distante que se chama RAEM. Carlos Morais José, P. 19
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S bancos europeus estão a auscultar a Ásia na tentativa de pedir emprestado a particulares e a empresas bem capitalizadas, numa clara corrida para substituir fontes de recursos que estão a tornar-se mais difíceis e caras de obter. Em vez de fazerem empréstimos e fechar acordos, banqueiros da França, Itália e outros países receberam ordens para encontrar novas fontes de recursos. Embora estejam a obter algum sucesso, ainda não conseguiram captar o suficiente para compensar a diferença, o que cria problemas para os bancos financiarem activos. “A ordem da Europa agora é ir e encontrar dinheiro, e o máximo possível”, disse um alto executivo de um banco italiano. Este executivo acabou por ter algum sucesso com uma venda efectuada a uma instituição financeira japonesa, mas continuava a tentar a vender mais. “Os banqueiros que conseguem captar recursos na Ásia estão a receber os respectivos louros dos seus bancos”, disse. No Société Générale SA, os executivos dizem que têm captado depósitos de clientes empresariais antigos na região, especialmente de firmas de energia e outros recursos naturais. “Embora já estejamos a atrair depósitos de empresas, também estamos a renovar os esforços para atrair mais”, disse Ashley Wilkins, vice-directora do Banco Comercial e de Investimentos para a Ásia e Oceânia. O SocGen já disse, nos últimos dias, que o banco está à procura de fontes alternativas de financiamento, embora não esteja a enfrentar problemas para captar os recursos de que precisa. Há muito que os bancos europeus têm poucos depósitos em relação ao total de activos, e têm de compensar a diferença com
Bancos europeus vão buscar capital à Ásia
O bom vento do Oriente
empréstimos de curto prazo, principalmente com a venda de notas de curto prazo para fundos americanos de mercado monetário. Esses fundos, sob pressão de investidores preocupados com a crise de dívida soberana da Europa, já reduziram as suas aplicações em dívidas de bancos europeus em 20%, desde o segundo trimestre. Alguns bancos, como o holandês Rabobank Groep NV, informaram que estão a ficar mais cautelosos na concessão de empréstimos para os bancos rivais. Alguns bancos estão a apelar para o Banco Central Europeu que obtenha financiamentos e a pagar juros mais altos. Os credores dos bancos só estão dispostos a fazer empréstimos de curto prazo. O banco de investimentos japonês Nomura Holdings Inc. realizou um evento com bancos europeus como Lloyds Banking Group PLC, Dexia SA, Rabobank, Erste Group Bank AG, Nordea Bank AB e Danske Bank A/S, mais 124 investidores
asiáticos, para falar sobre investimentos. “A Ásia é onde está a maior parte do capital, por isso é aqui que temos de investir”, disse Mark Leahy, director de emissão de dívida na Ásia, excluindo o Japão, para a Nomura. Leahy afirmou que os bancos europeus estão a procurar principalmente os ricos empreendedores da região. Para os investidores asiáticos, o apelo é o rendimento, cuja porcentagem é de mais de 15% para os títulos de alguns bancos. O director de investimento de um banco privado multinacional na Ásia está já recomendou os seus clientes para que comprem dívidas híbridas, como títulos perpétuos, ou títulos sem data de vencimento emitidos pelo Société Générale e o Crédit Agricole SA. “A maioria dos investidores asiáticos está a adoptar a visão de que o euro vai sobreviver, e vendo a crise como uma oportunidade de compra, muito mais que os investidores europeus”, disse Ted Lord, director de obrigações
PROTESTO NA INTERNET CANCELA FESTIVAL NA CHINA E EVITA MASSACRE DE CÃES Depois de protestos de inúmeros internautas, o governo chinês cancelou a realização de um festival com 600 anos de tradição que era conhecido pela fartura de carne de cachorro, informaram nesta quarta-feira as autoridades da província de Zhejiang. Realizado sempre em outubro, na cidade de Qianxi, o festival despertou a revolta dos internautas por conta da crueldade com os cachorros, que eram sacrificados nas ruas em nome da celebração. “Justamente por este motivo, o governo optou por seu cancelamento”, disse o funcionário Zhang Jianhong à agência de notícias estatal “Xinhua”.
Depois que o massacre de cachorros foi parar na internet através de um vídeo, milhares de pessoas resolveram se manifestar contra a realização do evento. Segundo a história do festival, os cachorros de Qianxi foram sacrificados pelas tropas de Zhu Yuanzhang, fundador da dinastia Ming (1368-1644), antes que o mesmo tomasse a cidade. A intenção era evitar que os latidos estragassem os planos de ataque. Depois da conquista, as mesmas tropas promoveram um banquete com carne de cachorro. Assim, os habitantes da região começaram a adotar o costume para homenagear o imperador e sua esposa.
garantidas da Barclays Capital, filial do banco de investimentos do Barclays PLC. “O Barclays ajudou recentemente o Crédit Agricole a emitir 1250 mil milhões de patacas em obrigações garantidas que atraíram o interesse significativo de alguns bancos asiáticos”, acrescentou. Os bancos europeus, que têm tido dificuldade para emitir dívidas não garantidas, têm corrido para emitir obrigações garantidas, ou “covered bonds” — em essência, dívidas garantidas por activos bancários como hipotecas e outros empréstimos. Trata-se de um investimento mais conservador que outros tipos de dívidas bancárias porque os títulos são garantidos pelo banco e os seus activos. Se os bancos europeus não conseguirem levantar o capital necessário para financiar os seus activos, podem ser obrigados a vender esses mesmos activos. O BNP Paribas SA, numa tentativa de acabar com o nervosismo sobre o seu acesso ao capital, anunciou na semana passada que vai vender activos. Executivos de dois bancos europeus disseram, também, que tem estado a negociar com bancos da Ásia e Oceânia para lhes vender pacotes de empréstimos que eliminariam do seu balanço activos arriscados. Nesses casos, os bancos europeus teriam de continuar a administrar os activos e recebendo comissões dos compradores, porque os bancos asiáticos temem a sua falta de experiência em administrar esses tipos de activos, mas querem lucrar com a recuperação dos seus preços se a crise terminar. Alguns banqueiros já defenderam que os bancos franceses tentaram vender activos mas estavam a pedir preços no valor nominal da dívida ou quase isso. Se os compradores não estiverem dispostos a pagar esses preços, isso deixa os bancos, que provavelmente contabilizaram esses activos com valor quase nominal, com uma escolha difícil. Se venderem a preços menores terão de baixar o valor desses activos, mas se ficarem com eles, terão de enfrentar os seus próprios problemas de financiamento.
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EUA CONDENADOS POR ACTUALIZAR AVIÕES DE TAIWAN O Governo chinês condenou ontem a decisão dos Estados Unidos em actualizarem a frota de aviões de combate F16 de Taiwan, alertando que as relações bilaterais e a recente aproximação militar entre os dois países podem ser prejudicadas. Num comunicado no sítio da Internet do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a China refere que o vice-ministro Zhang Zhijun convocou o embaixador norte-americano Gary Locke em Pequim para entregar um protesto. “A acção errada dos Estados Unidos vai, inevitavelmente, prejudicar as relações bilaterais bem como a cooperação e a troca de informações no campo militar e na área da segurança”, terá sublinhado o vice-ministro ao embaixador norte-americano. SOLDADOS NORTE-COREANOS SEM COMIDA Uma publicação sul-coreana noticiou na quartafeira que os soldados no nordeste da Coreia do Norte roubam os civis para comer, apesar dos benefícios vigentes para os militares, num sinal da degradação da situação alimentar no país. De acordo com o jornal digital Daily NK, citado pela agência noticiosa francesa AFP, a polícia militar foi destacada para as ruas da cidade de Hyesan (nordeste) para controlar a identidade dos soldados. O Daily NK é publicado por desertores na Coreia do Sul e apoia-se em testemunhos de norte-coreanos. Habitualmente, os soldados do Norte recebem uma ração alimentar diária de 800 gramas, que foi reduzida para 540 gramas, adiantou o Daily NK. “Eles têm fome e vão às quintas para roubar”, disse uma fonte citada pelo jornal. “As temperaturas baixam e o número de soldados desertores aumenta”, acrescentou. Uma escola militar de formação de motoristas em Hyesan distribui apenas 170 gramas de alimentos por dia, exemplificou a publicação. JOVENS CHINESES PREFEREM INTERNET A UM CARRO Um estudo sobre a força de trabalho internacional anunciado mundialmente nesta quarta-feira pela Cisco revela que um em cada três universitários e jovens profissionais (33%) considera a internet um recurso essencial para o ser humano, como ar, água, alimento e casa. O Cisco Connected Technology World Report de 2011 também mostra que mais da metade dos entrevistados não conseguiria viver sem a internet e a cita como uma “parte integrante de sua vida”. Em alguns casos, mais importante do que carros, namoro e saídas. A China e o Japão destacam-se na preferência de internet frente ao carro, com 85% e 84%, respectivamente. CHINA QUER MAIS COOPERAÇÃO COM EUA NAS RENOVÁVEIS O vice-primeiro-ministro chinês Li Keqiang, pediu ontem ao secretário norte-americano da Energia, Steven Chu, uma maior troca de ideias para aumentar a cooperação energética entre os dois países, principalmente no sector das renováveis. Steven Chu, de origem chinesa, afirmou numa reunião que manteve com Li Keqing em Pequim que os Estados Unidos concedem grande importância à cooperação energética com a China e que o sector será impulsionado aos vários níveis, desde o governamental ao empresarial. Já Li Keqiang, apontado como um forte ‘candidato’ a líder do Governo chinês, destacou, por sua vez, que a cooperação no sector não só aprofundará as relações bilaterais como ajudará ao crescimento global e do mercado energético.
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POLÍTICA
Ex-líder da AL critica recrutamento central como forma de acabar com o compadrio
Estão a tapar o sol com a peneira
cultura de compadrio”, recorda, pondo no entanto em causa que o recrutamento centralizado seja a melhor forma de ultrapassar as desvantagens do sistema de gestão de funcionários públicos. Tendo trabalhado na administração de empresas desde os anos 60 até ao ano de 1999, Susana Chou geriu ainda a AL durante mais 10 anos, onde trabalhou com funcionários públicos no dia-a-dia. Toda essa experiência levam a ex-líder da AL a concluir que, à superfície não existem grandes diferenças entre gerir empresas privadas ou instituições do sector público: a chave do sucesso para bem administrar assenta sempre numa boa gestão dos recursos humanos. Dito isto, Chou observa que a principal razão para a perpetuação da tal cultura de compadrio não tinha a ver com nenhum problema no sistema actual de recrutamento, mas sim na qualidade ética dos níveis de gestão que implementam o sistema. “Eles fazem tudo o que querem, ignoram o sistema e abusam do poder”, resumiu. A antiga parlamentar considera não haver sistemas perfeitos, nem “drogas mágicas” para curar todos
HOJE MACAU
Virginia Leung
virginia.leung@hojemacau.com.mo
S
USANA Chou voltou a atacar no seu popular blog. Desta vez, as suas críticas voltaram-se para a ideia de aplicar um sistema de recrutamento central para os funcionários do Governo – determinado em regulamento administrativo aprovado no mês passado –, como forma de combater o “favorecimento de parentes” e a “cultura de compadrio”. A antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL) considera que se trata de uma abordagem errada ao problema e que não o irá resolver. Na mais recente entrada do seu blog de opinião, Susana Chou reflecte sobre se seria ou não proveitoso para Macau se fosse instituído um sistema de recrutamento central para os funcionários públicos, lembrando que ainda trabalhava na AL quando ouviu pela primeira vez a intenção de implementar esse sistema. “Claro que eu não iria levantar nenhuma objecção a que o Governo estabelecesse boas medidas para acabar com as cunhas a familiares e a
os problemas administrativos. “Na visão do legislador, pode pensar-se que o recrutamento central poderia reduzir o problema das cunhas, mas penso que o efeito prático dessa medida não será assim tão grande. Isto porque o recrutamento central pode melhorar o problema na fase da contratação. Mas após o recrutamento, os funcionários públicos entram nos sectores e o problema do compadrio ainda não está resolvido”, explica. Além do mais, considera, o sistema centralizado pode levar a algumas erros de alocação de talentos. Por outro lado, para haver uma boa gestão dos departamentos públicos, é essencial corrigir a “atmosfera incorrecta” que reina “dentro da cabeça dos altos funcionários”. O problema da cultura de favorecimento e compadrio não é formado pelo sistema, mas sim pelo “típico reflexo da expansão do desejo de poder e egoísmo dos funcionários que detêm um grande poder”. Trata-se portanto de um problema de natureza humana e, mesmo que se consiga estabelecer um sistema à partida perfeito, uma vez que existe essa atmosfera equivocada, o sistema está condenado a falhar.
ASSOCIAÇÃO PRÓ-DEMOCRATA QUER SABER DETALHES DO ORÇAMENTO DA UNIVERSIDADE
Mais transparência, por favor M
AIOR clareza orçamental a respeito da construção do novo campus da Universidade de Macau (UMAC), na Ilha da Montanha, foi o apelo deixado ontem pela Associação Novo Macau Democrático (ANMD) numa reunião com Zhao Wei, reitor do estabelecimento de ensino superior. Os pró-democratas pedem tanto ao Governo como à universidade para que aumentem a transparência. “O reitor disse que isso era responsabilidade do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) e que a UMAC era apenas um utilizador, por isso pediu-nos para que consultássemos o
Governo”, revelou após o encontro Chiang Meng Hin, vice-presidente da ANMD, explicando que a reunião cobriu dois problemas principais: a infra-estrutura e as obras. De acordo com Chiang Meng Hin, o reitor terá dito que esperava ter o orçamento para a construção no próximo semestre e manifestado o desejo de que as obras estivessem concluídas em Setembro de 2013. O GDI, defendeu o dirigente da ANMD, deveria anunciar os montantes do orçamento o mais depressa possível e aumentar a transparência da construção dos edifícios e instalações. “Até agora,
a UMAC ainda não está a par do orçamento inicial”, assinalou, reiterando: “O Governo e a UMAC deveriam ambos aumentar a transparência orçamental”. Em jeito de balanço da reunião, Jason Chao, líder da ANMD, assinalou que foi dado maior ênfase à palavra “transparência”. Isto pelos democratas, porque da parte do responsável da UMAC, a palavra que mais se ouviu foi “consenso”. Se a UMAC tinha alguma medida prática em mente sobre como alcançar esse “consenso”, aí Zhao Wei mereceu uma crítica contundente de Jason Chao, por não ter dado nenhuma resposta directa a
essa questão. A maior parte das respostas do reitor, assinalou Chao, foi de “olhar para a frente”, coisas que só se poderão observar no futuro. O dirigente da ANMD prometeu, por isso, continuar a vigiar de perto a UMAC, para ver se as promessas serão cumpridas. “A respeito do orçamento”, referiu Jason Chao, “a UMAC está só a sacudir as responsabilidades para cima do Governo. O Governo disse que o orçamento era de seis mil milhões de patacas, mas não há documentos oficiais e esse valor foi apenas referido pelo secretário [das Obras Públicas] Lau [Si Io].” O dirigente da ANMD
observou que, se não houver um orçamento, o público não terá a hipótese de avaliar se o projecto está a ter uma derrapagem acima do razoável, e apelou ao Governo para que esclarecesse as dúvidas o mais depressa possível. Mas não só do novo campus se falou na reunião, com algumas questões académicas a serem também abordadas. “O reitor percebe que uma boa universidade não se faz só com um bom campus. No mundo, muitas universidades estabelecem planos de 20 anos para poderem se transformar de universidades regionais em internacionais e ele estabe-
leceu também essa meta”, conta Chiang Meng Hin. “Além disso, declarou que um dos seus objectivos era absorver os primeiros 20% de estudantes em Macau.” O responsável da ANMD defendeu que Macau “tirando partido da sua próspera economia, deveria estabelecer umas boas fundações para o seu ensino superior. À parte o hardware, o mais importante é o espírito humanístico e o pensamento independente, que não se pode ver num plano orçamental, mas todos vão acabar por ver com clareza. Além de ter um belo campus, espero que a UMAC possa ser uma universidade com alma.” – V.L.
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TUI DÁ RAZÃO AO GOVERNO EM CASO DE DESOCUPAÇÃO
Terrenos voltam a ser motivo de conflito Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
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M cidadão interpôs recurso contra o Chefe do Executivo no Tribunal de Última Instância (TUI), pedindo a suspensão de um despacho que ordenava a desocupação de um terreno em Coloane. O caso remonta a Maio deste ano, quando Chui Sai On autorizou a demolição de uma construção e remoção de objectos de um terreno, tendo o proprietário, posteriormente, que devolver o lote ao Governo da RAEM. O homem já tinha intentado acção no Tribunal de Segunda Instância (TSI), que lhe indeferiu o recurso em Julho. O cidadão, insatisfeito, voltou, agora, a interpor recurso no TUI. Ainda assim, sem sucesso, já que também esta entidade lhe negou provimento ao recurso. O tribunal considerou que o valor “histórico” da casa – alegação utilizada pelo dono da construção – seria apenas atribuído ao homem e à mulher e não ao sentido real de historicidade. “Se tal construção não encerra um qualquer lastro-histórico-cultural de relevo – como quiçá as Ruínas de S. Paulo ou o Farol da Guia, para ter referências de monumentos de Macau -, certo é que para o concorrente (...) tal local e tudo o que está implantado vale, certamente, como que historicamente para si”, pode ler-se no acórdão do TUI ontem divulgado. Para rever a propriedade, no poder do cidadão e da família há “dois terços de século”, o recorrente apoiou-se num dos artigos do Código de Processo Administrativo Contencioso para pedir que este despejo fosse considerado como “prejuízo de difícil reparação”, violador da Lei Básica na “inviolabilidade da dignidade humana”. No entanto, o tribunal entendeu que, mesmo demolida a casa, o recorrente não ficaria sem lugar onde habitar, pelo que a situação de prejuízo de difícil reparação não pode ser aplicada, nem mesmo que fosse real. “Não é que os mesmos se vissem privados de um resguardo sobre as suas cabeças, pois que fosse esse o critério a Administração estaria
habilitada a (...) de imediato efectivar toda e qualquer demolição, bastando-lhe remeter os até aí moradores para asilos e albergues públicos (...)”, escreve a conclusão do TUI. O requerente apresentou como factos ter nascido e residido desde sempre no terreno a ser desocupado, em Ká-Hó, tendo mandado construir um casa em 2009, que veio substituir a anterior. Mas nem o terreno teria licença para ser ocupado, nem a construção da obra foi autorizada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), tendo inclusive sido embargada pela entidade no mesmo ano da construção. Além disso, o homem não terá alegado factos verídicos que dessem como provado prejuízos irreparáveis, estando assim “a providência condenada ao insucesso”, pode ler-se no acórdão do processo. A justificação para ter sido negado provimento ao recurso é simples: “o requerente de alegar danos patrimoniais ou não, mas isso não basta (...), porque mesmo que o interessado sofra danos com a execução do acto administrativo pode (...) ser indemnizado dos prejuízos. E se esta não for suficiente pode intentar acção de indemnização para ressarcimento dos prejuízos”. Ou seja, só se os prejuízos não puderem ser satisfeitos com a utilização destes meios legais é que a lei pode suspender, neste caso, a demolição. O facto de o recorrente ter alegado motivos emocionais e lembranças que afectas à casa não foram suficientes para travar a acção da Administração, até porque, frisa o acórdão, a casa onde o homem nasceu foi demolida, sendo construída por outra e isso demonstra que o que traz as memórias ao requerente é o local. “O terreno não vai desaparecer com a demolição da casa”, pode ler-se no processo. Ainda que o homem tenha indicado não ter outra casa onde habitar em Macau, o tribunal afirmou que o requerente não provou isto. O recurso não teve qualquer provimento e o homem vai ter mesmo de devolver o terreno ao Executivo.
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SOCIEDADE
IAS promete mais oito locais de reabilitação de deficiência até 2015
Mais vagas para os deficientes Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
O
Instituto de Acção Social (IAS) já recebeu um total de 7476 pedidos de avaliação para a obtenção do cartão do tipo e grau de deficiência, contabilizando apenas os enviados até ao dia 15 deste mês. Segundo Iong Kong Io, presidente da entidade, 2361 pessoas já foram avaliadas, mas existem ainda mais de 4000 à espera. O cartão de tipo e grau de deficiência foi implementado pelo IAS este ano e visa atribuir benefícios aos portadores com incapacidades. Mas, se atendendo aos dados do IAS no que diz respeito ao pedido do cartão de avaliação de deficiência, podem contabilizar-se mais de 7000 cidadãos com este tipo de patologia no território, não são suficientes os equipamentos de reabilitação que existem. Iong Kong Io anunciou, por isso, a criação de mais locais deste tipo, para que se possa dar resposta às necessidades reais da população. Actualmente, existem 25 centros de reabilitação, o que origina 1400 vagas para portadores de deficiência. Este número, alerta o presidente do IAS, não é suficiente: “À medida
que a sociedade se vai desenvolvendo, a procura dos serviços por parte das pessoas com deficiência tem vindo a aumentar constantemente”, notou Iong Kong Io. O plano, referiu o responsável, é aproveitar a construção das habitações sociais ao longo destes cinco anos para criar mais “equi-
pamentos com diferentes serviços e mais vagas”. Assim, o Governo promete ampliar ou mudar o local de sete das instalações actuais para que estas recebam mais cidadãos com deficiência e construir mais oito locais deste género que prestem serviços diurnos e de residência. O projecto
está calendarizado para ter efeito a partir de agora e estar concluído em 2015 e prevê um aumento de 82,5% de vagas (um total de 2571 lugares). Nos locais estão inseridos não só centros de dia, mas oficinas de trabalho e centros de treino. Actualmente, a maioria destes
LEI DE BASES DA REABILITAÇÃO DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VAI SOFRER REVISÃO
Com calendário, mas sem mudanças certas É
a mudança na estrutura social, cultural e económica de Macau que vai dar o mote para a revisão da Lei de Bases de Reabilitação. O Instituto deAcção Social (IAS) anunciou ontem estar a recolher “opiniões preliminares” para alterar o regime que visa proteger direitos e regalias dos portadores com deficiência. O IAS acredita ser necessário adaptar o regulamento às “necessidades reais”, mas afirma não saber ainda quais os pontos essenciais a rever. “Estamos ainda na fase de ouvir as opiniões e ponderar pontos a serem revistos”, frisou Iong Kong Io, presidente da entidade. Publicada em 1999, a Lei de Bases foi, posteriormente, apoiada pela adopção da Convenção dos Direitos das Pessoas com Defici-
ência da ONU, em 2008. “A lei e a convenção estão interligadas e os mais de dez anos em que a lei está em vigor faz com que esta não seja adaptável à sociedade”, explicou Choi Sio Un, chefe do Departamento de Solidariedade Social do IAS. O responsável considera que uma revisão da lei é necessária
para que esta se apoie na Convenção, de forma a assegurar a resolução pela via jurídica de assuntos ligados aos direitos dos portadores de deficiência. “A revisão tem como objectivo estabelecer um quadro geral para a reabilitação e a reintegração social dos deficientes”, frisou Choi Sio Un.
Durante um mês, os especialistas da área da acção social vão debruçar-se sobre os pontos necessários a rever. Apesar de ainda não estarem previstas quaisquer alterações, há já calendário: a revisão vai demorar dois anos e a entrada em vigor da lei alterada está marcada para o fim de 2013 ou inícios de 2014. – J.F.
MAIS MEDIDAS ANTI-INFLAÇÃO SE NECESSÁRIO
Já estabeleceu o índice de risco social em 13,8%, em Abril deste ano, mas o IAS assegura tomar novas medidas, caso haja novo crescimento da taxa de inflação no território. Ainda assim, Iong Kong Io, presidente da entidade, afirma que “este índice pode suportar até 8% de inflação, uma vez que foi já calculado tendo em conta eventuais subidas”. A taxa de inflação em Macau está já em 4,89%. O IAS afirma, por isso, aumentar os apoios para os mais carenciados, em caso de necessidade. “Não negamos qualquer possibilidade de lançar novas medidas tendo em conta as necessidades da sociedade”, salientou Iong Kong Io. O índice de risco social (que apresenta a taxa da população que se encontra no limiar da pobreza) foi fixado pelo instituto com base num estudo do Instituto Politécnico de Macau, as finanças do Governo da RAEM, a taxa de desemprego e a inflação.
DIFICULDADES EM CONTRATAR PESSOAL
Iong Kong Io, presidente do IAS, admitiu ontem a possibilidade de ter de importar trabalhadores da área de segurança social, caso não haja suficientes profissionais no território. Ainda que a prioridade seja para os locais, como frisou o responsável, “a falta de recursos humanos é um mal que afecta muitas dos sectores de Macau”, pelo que a situação vai ser analisada pelo IAS “para que haja pessoal suficiente”. Ao longo de cinco anos vão ser construídos oito locais de reabilitação, o que implica mais profissionais. A formação dos funcionários é também um dos objectivos do IAS.
equipamentos encontram-se em Macau, mas o IAS assegura que as ilhas não estão esquecidas. Iong Kong Io assegura que “mesmo com o escasso número de vagas nos locais de reabilitação, todos os cidadãos deficientes podem beneficiar dos equipamentos”, mas aponta que “é necessário saber primeiro os tipos de deficiências existentes no território para responder às necessidades”. Pedidos a todo o gás Após a segunda reunião do ano da Comissão de Reabilitação do IAS, ontem no Centro Cultural, Iong Kong Io disse aos jornalistas “esperar que todos os pedidos de avaliação estejam terminados até ao final do ano”. O responsável assegura que vão ser mobilizadas mais pessoas para efectuar os trabalhos, de forma a que estes terminem até 30 de Dezembro. Até à primeira semana deste mês o IAS aceitou ainda pedidos para a obtenção do regime de subsídio de invalidez, que entrou em vigor em Agosto, com retroactivos aos anos de 2009/2010. Desde o dia 15 de Setembro, foram já 2088 os requerimentos para ter este apoio e 2019 os pedidos de retroactividade. “num período muito curto [de nove dias] foram efectuados muitos pedidos”, observou Iong Kong Io. A lei que permitiu financiar os cidadãos com deficiência aprovou ainda o seu acesso a cuidados de saúde gratuitos. Mas até agora foram apenas duas as pessoas que usufruíram deste apoio. Mais de 500 cidadãos têm o cartão IC (passe de desconto em transportes públicos), 887 possuem o passe temporário, enquanto aguardam pela avaliação do tipo de deficiência, e 124 são pessoas deficientes que têm o cartão IC de estudante.
MACAU EM CHONGQING PARA PROMOVER TURISMO
Representantes da Administração da Cultura, Desporto e Turismo de Shenzhen e da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) realizaram, na passada quarta-feira, em Chongqing uma promoção conjunta sobre as novidades dos recursos turísticos e roteiros das duas regiões, para impulsionar a cooperação e incrementar o diálogo entre os operadores turísticos das três cidades. Foi realizado um seminário, que contou com cerca de 90 participantes, entre os responsáveis do turismo das três regiões, aproveitando para promover a cooperação e o conhecimento, em relação à oferta turística de Shenzhen e Macau.
Lia Coelho
lia.coelho@hojemacau.com.mo
A
Ásia vista como um mercado crescente a nível académico, um continente que faltava na lista ou uma aposta num corpo estudantil multicultural foram algumas das razões que trouxeram ontem a Macau 12 representantes de várias universidades internacionais. Um convite por parte do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) bastou para despertar a curiosidade de algumas das instituições, que fazem parte da Associação das Escolas Profissionais (APSIA, em sigla inglesa), que têm como curso base as Relações Internacionais. Vieram de Singapura, França, Suíça e dos Estados Unidos da América (EUA) para prestar esclarecimentos sobre os cursos que ministram e para recrutar estudantes da RAEM. A APSIA é uma associação baseada no Estados Unidos, com 33 instituições de ensino superior associadas de todo o mundo. Na região quiseram promover os programas disponíveis e levar os alunos a candidatem-se. Porquê
DOZE UNIVERSIDADES PROMOVERAM ONTEM OS CURSOS EM MACAU
Ir estudar para fora vir à RAEM? “Porque há um grande interesse por parte dos alunos asiáticos para estudar fora, maioritariamente nos EUA, com a possibilidade de estudar dois anos, em inglês, com docentes internacionais”, contou Leigh Sloane, directora da APSIA. Jeffrey Carbone, representante da Universidade de Tufts, dos EUA, já conta com vários alunos oriundos da China e viu a oportunidade para vir ao território como uma aposta no recrutamento de alunos do ensino superior da RAEM. A instituição americana tem como principal critério de selecção a experiência profissional, mas conta também com um programa para recém-licenciados. “Seleccionamos os estudantes com base no currículo profissional. Os que saem das faculdades podem-se candidatar, mas iniciam os mestrados dois anos depois, porque assim podem
ter alguma experiência no mercado de trabalho”, explicou o representante da universidade de Tufts. São então as competências laborais que entram “em competição” na hora de ser admitido nesta universidade. Quem escolher estudar neste estabelecimento pode pedir apoio financeiro e ficar hospedado na residência do campus universitário americano. “Cerca de 95% dos alunos que pedem bolsa, conseguem”, explicou ainda Carbone. Da Europa, mais precisamente da Suíça, no currículo pede-se o nível académico e um perfil pessoal “interessante”, como disse Dominic Eggel, da Universidade de Genebra. A motivação para vir à região prendeu-se com o facto de haver uma cada vez maior mobilidade por parte dos estudantes chineses. “A Ásia é um mercado que tem vindo a evoluir a nível académico e notamos que os alunos
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AVISO COBRANÇA DO IMPOSTO COMPLEMENTAR DE RENDIMENTOS
Avisa-se os Srs. contribuintes que o referido Imposto é pago em 2 prestações, se for superior a MOP3,000.00, em Setembro e Novembro de cada ano. Se for não superior a MOP3,000.00, é pago numa única prestação, em Setembro de cada ano. O não pagamento da 1.ª prestação no mês de vencimento (Setembro) importa para além da cobrança de juros de mora e 3% de dívidas, o imediato vencimento da prestação vincenda. No mês de pagamento, se os contribuintes não tiverem ainda recebido o conhecimento de cobrança, agradecemos que se dirijam ao NÚCLEO DE INFORMAÇÕES FISCAIS, situado no r/c do Edifício “Finanças”, ao Centro de Atendimento Taipa ou ao Centro de Serviços da RAEM, trazendo consigo o conhecimento de cobrança ou fotocópia do ano anterior, para efeitos de emissão de 2.ª via do conhecimento de cobrança. 4. O pagamento da 1.ª ou única prestação pode ser efectuado, até ao último dia do mês de Setembro, nos seguintes locais: - Nas Recebedorias do Edifício “Finanças”, dos Centros de Atendimento Taipa ou do Centro de Serviços da RAEM; Os impostos/contribuições poderão ser pagos por intermédio de cartão de crédito ou de débito emitido pelo Banco da China ou Banco Nacional Ultramarino (incluindo “Maestro” e “UnionPay”). O montante total de pagamento não pode ser inferior a MOP200.00 (duzentas patacas), nem superior a MOP100 000,00 (cem mil patacas). O pagamento, através de cartão de crédito ou de débito, deve ser efectuado pelo montante total da dívida, sendo apenas permitido utilizar na operação um único cartão. - Nos balcões dos Bancos a seguir discriminados: Banco da China; Banco Comercial de Macau; Banco Delta Ásia; Banco Industrial e Comercial da China; Banco Luso Internacional; Banco Nacional Ultramarino; Banco Tai Fung e Banco Weng Hang. - Nas máquinas ATM da rede Jetco de Macau, assinaladas com a indicação «Jet payment»; - Por pagamento electrónico [“banca-on-line”], no Banco da China, no Banco Nacional Ultramarino ou no Banco Tai Fung, através dos endereços: www.bocmacau.com, www.bnu.com.mo e www.taifungbank.com, respectivamente; - Por pagamento telefónico “banca por telefone”, no Banco da China ou no Banco Tai Fung. 5. Se o pagamento for efectuado por meio de cheque, a data de emissão não poderá ser anterior, em mais de três dias, à da sua entrega nas Recebedorias da DSF, e deve ser emitido a favor da «Direcção dos Serviços de Finanças», nos termos das alíneas 2) e 3) do n.º 1 do Artigo 4.º do Regulamento Administrativo n.º 22/2008 da RAEM. Se o valor do cheque for igual ou superior a MOP50 000,00, deverá o mesmo ser visado, nos termos do alínea 4) do Artigo 5.º do Regulamento Administrativo acima mencionado. 6. Os contribuintes podem também efectuar o pagamento através do envio de ordem de caixa, de cheque bancário ou de cheque por correio registado para a Caixa Postal 3030. Note-se que não se pode enviar dinheiro, mas apenas ordem de caixa, cheque bancário ou cheque que deve incluir-se um envelope devidamente selado e endereçado ao próprio contribuinte, a fim de se enviar o respectivo conhecimento, comprovando o pagamento. Lembra-se que devem ser respeitadas as regras descritas no ponto 5, relativamente aos cheques. -- O envio para a caixa postal deve ser feito 5 dias úteis antes do termo do prazo de pagamento indicado no conhecimento de cobrança. 7. Nenhum dos métodos acima mencionados acarreta quaisquer encargos adicionais aos contribuintes pela prestação do serviço de cobrança. 8. Para a sua comodidade, evite pagar os impostos nos últimos dias do prazo. 1. 2. 3.
Aos 26 de Agosto de 2011.
O Director dos Serviços, Subst.º Iong Kong Leong
chineses têm vontade de estudar no estrangeiro”, afirmou o delegado daquela instituição suíça. Conhecida e com uma aposta num corpo de estudantes de diferentes nacionalidades, a Univer-
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7 sidade Kennedy de Harvard não quis deixar de marcar presença. “Faltava-nos apostar mais na Ásia. Este ano contamos com alunos de 93 países diferentes e queremos mais oriundos da China. É esta diversidade que nos tem vindo a construir como universidade”, referiu Alexandra Martinez, delegada da instituição americana. Há também uma bolsa, para ajudar os estudantes, atribuída consoante o mérito atingido pelos alunos. “Quanto mais competitivo o nível da pessoa for, maior será o valor do subsídio”, esclareceu Martinez. Com programas diversificados, os cursos podem ser frequentados por pessoas dos 23 aos 68 anos. Além do apoio disponibilizado durante o mestrado, a universidade tem um gabinete de recrutamento, que ajuda os alunos na procura de emprego. Unânime é a opinião de que estudar no estrangeiro é sempre uma mais-valia para qualquer pessoa. “Os estudantes podem partilhar ideias, culturas e ter um ambiente de aprendizagem diferente”, sublinhou Jeffrey Carbone.
MACAU MOSTRA-SE EM TAIYUAN
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SOCIEDADE
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De 26 a 28 deste mês vai ter lugar a 6.ª Expo de Investimento e Comércio da Região Central da China, no Centro de Transacção de Carvão da China, em Taiyuan. Macau vai marcar presença no certame, nos dias 25 e 26, com a deslocação de uma delegação empresarial chefiada pelo secretário para a Economia e Finanças da RAEM, Francis Tam, e organizada pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). Como no passado, será instalado o Pavilhão de Macau no recinto, ocupando um espaço de 310 metros quadrados, dividido em diversas áreas de negócios áreas, com o objectivo de promover os produtos e marcas da região.
Preços elevados de carros ecológicos podem ser entrave à compra
Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo
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UMA altura em que se fala tanto de protecção ambiental em Macau e para comemorar o Dia Mundial Sem Carros, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) fez ontem uma demonstração de veículos ecológicos. A expectativa é grande. Os veículos, um automóvel ligeiro e um motociclo, foram apresentados com a devida pompa e circunstância na praça do Tap Seac mas, de acordo com os responsáveis da DSPA, os veículos ecológicos podem não estar à mercê do comum
No Dia Mundial Sem Carros, a DSPA apresentou propostas de veículos ecológicos. Um automóvel e um motociclo que estão à venda pela quantia de 200 mil e 20 mil patacas, respectivamente. O preço avultado pode baixar depois de aprovada a alteração do Regulamento do Imposto sobre Veículos Motorizados que está na posse dos deputados na AL cidadão. “Apesar de bons para o ambiente, o preço destes veículos ainda está muito alto. Mas estamos muito optimistas até porque estamos a estudar critérios
GONÇALO LOBO PINHEIRO
Amigos do ambiente, inimigos da carteira
para limitar a importação de carros poluentes”, afirmou Alex Tang, responsável sénior da DSPA. De acordo com a DSPA, os modelos apresentados PUB
ontem podem custar 20 mil patacas, no caso do motociclo, e 400 mil patacas para o automóvel. Preços inflacionados para a bolsa de Macau quando comparados com os preços dos tradicionais veículos movidos a gasolina ou a gasóleo. Contudo, o Governo já fez saber que pretende alterar o Regulamento do Imposto sobre Veículos Motorizados e o documento já foi submetido à Assembleia Legislativa (AL) pelo Conselho Executivo.
Depois de aprovado na generalidade, os deputados vão agora, a seguir as férias, apreciar o documento que visa a alteração do Regulamento do Imposto sobre Veículos Motorizados. O grande objectivo é a introdução de veículos ecológicos no articulado e na vida dos cidadãos de Macau. Se a alteração for aprovada pelos legisladores, “os veículos ecológicos beneficiam de uma taxa reduzida correspondente a 50% do imposto (...) com limite de
60 mil patacas”, o que por si só pode representar uma grande ajuda na compra destes veículos. Em Macau circulam apenas três automóveis ecológicos. Três Mitsubishi iMiEV, um propriedade da DSPA, outro da CEM e ainda outro da empresa de aluguer de veículos Avis. “Ainda é pouco, assumo. Mas é um começo”, afirmou Alex Tang. Os motociclos já estão à venda há alguns meses. Circulam alguns pelo território mas a DSPA não conseguiu
CARITAS LANÇA ASSOCIAÇÃO PARA AJUDAR REFUGIADOS EM TODO O MUNDO Apesar de poucos procurarem asilo em Macau, a Caritas decidiu avançar com o estabelecimento de uma associação, que opera desde dia 15, para ajudar os refugiados não só no território, mas em todo o mundo. A associação tem como propósito apoiar os refugiados muito por via da cooperação com instituições homólogas de outras latitudes. Não obstante ter sido constituída muito recentemente, a Caritas já começou a trabalhar nesse sentido, com o secretário-geral a indicar que há dias já recebeu a visita de elementos de uma associação do Japão que presta apoio a refugiados precisamente para a troca de ideias.
dar um número certo de motas ecológicas que já calcorreiam as ruas de Macau.
UM PROBLEMA CHAMADO ENERGIA ELÉCTRICA
Outra questão que ainda requer alguma atenção por parte das autoridades é a quase inexistência de postos de abastecimento para estes veículos. Para já apenas existe um local no silo de automóveis da avenida de Almeida Ribeiro. “Temos de estudar bem essa situação e iremos planear sobre a instalação de equipamentos complementares”, assegurou Tang. Seja como for, na grande parte dos veículos as suas baterias podem ser removidas e carregadas em casa. Essa categoria engloba veículos ligeiros, que nos termos definidos por despacho do Chefe do Executivo, reúnem as normas ecológicas de emissão de gases poluentes.
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SOCIEDADE
Delta do Rio das Pérolas aposta na cooperação com países lusófonos
Jiangxi pisca o olho a Macau Virginia Leung
virginia.leung@hojemacau.com.mo
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ACAU tem tudo a ganhar se apostar num desenvolvimento em complementaridade com a província chinesa de Jiangxi, defendeu Wang Xiaoping, vice-presidente do sub-conselho para Jiangxi do Conselho para a Promoção do Comércio Internacional da China, numa conferência de promoção. As duas partes devem por isso apostar no reforço da comunicação e cooperação, com Macau a assumir o papel de elo de ligação entre toda a região
do Pan-Delta do Rio das Pérolas e os países de expressão portuguesa. Com a sua riqueza histórico-cultural e impressionantes recursos turísticos, Macau é uma das economias de maior vitalidade na região Ásia-Pacífico, destacou Wang Xiaoping, durante a Conferência de Promoção da Cooperação Económica e Comercial Pan-Delta do Rio das Pérolas/Países Lusófonos”, que teve lugar em Nanchang, capital de Jiangxi. Para a responsável, Jiangxi e Macau poderiam aprender uma com a outra e implementar uma situação em que todos sairiam a ganhar, através de um aprofundamento
da reforma no sistema económico, desenvolvimento de logística moderna, promoção da cooperação para o desenvolvimento turístico, poupança de energia, redução de emissões e protecção ambiental, etc. A posição privilegiada da RAEM para se assumir como ponte com as nações que falam português foi também destacada na mesma conferência por Lau Kuan Va, vogal-executiva do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPCIM). “Com base em raízes históricas e nas diversificadas relações comerciais entre Macau e os 260 milhões de pessoas dos
países lusófonos, podemos prestar um serviço para que a indústria do Pan-Delta do Rio das Pérolas abra as portas desse mercado”, afirmou. A responsável garantiu que Macau estava empenhada em aproveitar as suas vantagens e características para exercer de forma vigorosa o seu papel de plataforma regional de serviços comerciais. Nesse campo, Macau comprometeu-se a fornecer de forma continuada serviços a empresas e investidores na região, bem como prestar assistência a empresas com vista ao alargamento ordenado da rede de negócios com o mercado dos países lusófonos.
MOBIZERO DE FORA?
Além da Mitsubishi, outros veículos esperam autorização para poderem circular em Macau. A Mobizero, que apresentou as suas propostas de veículos eléctricos na MIECF este ano, ainda aguarda a oficialização das suas viaturas. “Ainda estamos a averiguar se os carros dessa empresa respeitam os devidos critérios de segurança. Mas o processo está entregue à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT)”, revelou a DSPA. A directora da Mobizero em Macau, Maria José de Freitas, também confirmou que a situação está nas mãos da DSAT. “Estamos na expectativa desde Abril que as viaturas sejam oficializadas. Não tem sido um processo claro como desejaria e ainda não nos apercebemos que da parte do Governo haja uma política adequada, nomeadamente no que a postos de abastecimento e a gestão de baterias diz respeito. Está tudo muito cru”, referiu. A oferta da Mobizero é vasta - os carros produzidos na China podem ser adquiridos, caso sejam oficializados, com preços entre as 200 e as 350 mil patacas.
RECEITAS ATÉ AGOSTO SUPERIORES AO PREVISTO PARA 2011
Cofre cada vez mais gordo A
Administração de Macau encerrou os primeiros oito meses de 2011 com receitas superiores ao previsto para os 12 meses do ano, ao apurar 70.173 milhões de patacas, valores potenciados pelas receitas dos casinos. Com as receitas totais a subirem 44,9% – ligeiramente acima dos 100% em termos de execução – as receitas correntes da administração foram calculadas nos primeiros oito meses em 70.096,8 milhões de patacas, mais 45,2% face ao mesmo período de 2010 e uma execução de 99,9% do previsto. No campo das receitas correntes, os impostos directos sobre o sector do jogo – de 35% sobre a receita bruta apurada nas mesas de jogo – geraram
59.894,5 milhões de patacas correspondentes a um aumento homólogo de 46,4% e 101,2% da receita esperada para os 12 meses. Os impostos directos sobre o sector do jogo traduzem também 97,62% da totalidade dos impostos directos cobrados pela administração, 85,44% das receitas correntes e 85,35% das receitas totais do Governo. Em ritmo de crescimento estão também as despesas públicas, embora de forma muito menos acentuada com os primeiros oito meses a traduzirem um gasto total de 21.724,8 milhões de patacas, mais 4,8% do que entre Janeiro e Agosto de 2010 e com uma expressão de 41% na despesa prevista para todo o ano.
As despesas correntes – no valor de 19.387,6 milhões de patacas – estavam a subir 3,4% e cumpridas em 48,8% do previsto. Os Investimentos no Plano – com uma despesa prevista de 11.370 milhões de patacas estavam cumpridos apenas em 16,2% com uma despesa paga de 1.843,4 milhões de patacas, ainda assim mais 6,3% do que em igual período de 2010. Entre receitas e despesas, o saldo do orçamento de Macau para os primeiros oito meses de 2011 é positivo em 48.448,3 milhões de patacas, mais 74,8% do que entre Janeiro e Agosto de 2010 e a representar 283,4% do que foi previsto no orçamento como saldo final positivo para os 12 meses.
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ENTREVISTA
Luísa Machado Cerdeira, pró-reitora da Universidade de Lisboa
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EIO a Macau a convite do Instituto Politécnico (IPM), instituição de ensino local que criou dois novos doutoramentos ministrados em português (Língua e Cultura Portuguesas e Administração Pública), em ligação com a Universidade de Lisboa, onde Luísa Cerdeira é pró-reitora. Serão os primeiros doutoramentos de universidades estrangeiras a serem creditados. O contexto da visita desta académica, que entre outras distinções é especialista em “financiamento do ensino superior”, está basicamente relacionado com a cerimónia de entrega de diplomas aos alunos que terminaram os cursos no último ano lectivo do IPM. Qual o mais recente exemplo de trabalho conjunto entre a Universidade de Lisboa e o Politécnico de Macau? Assinámos um protocolo em Dezembro último e estamos a trabalhar há vários meses no sentido da abertura de dois novos cursos de doutoramento. Este trabalho conjunto levou a que o presidente do Instituto Politécnico de Macau convidasse o senhor reitor da Universidade de Lisboa. Como nesta altura foi impossível ao senhor reitor da Universidade de Lisboa deslocar-se a Macau, como ele tanta desejava, entendeuse que seria eu a vir, o que faço com imenso prazer, assistindo a uma cerimónia bonita, de grande significado, com centenas de jovens recebendo os seus diplomas. Os futuros doutoramentos a que se refere serão reconhecidos em Portugal e em Macau. Naturalmente. Registados pelas autoridades de Macau, a quem é entregue todo o dossier técnicocientífico. No fundo, o Instituto Politécnico sentiu necessidade de dar corpo a uma melhoria na qualificação especialmente dos docentes ligados à administração pública e também dos quadros que funcionam nessa área. Feznos a proposta e nós aceitámos com muito entusiasmo. Por outro lado, obviamente que a questão da língua e da cultura portuguesa é importante em vários lados do mundo, como também aqui na China, onde o número de universidades que ensinam língua portuguesa tem vindo a aumentar substancialmente, tal como o número de alunos.
GONÇALO LOBO PINHEIRO
“Há empenhamento da China em promover e
Por isso, a própria formação dos docentes que leccionam foi muito bem equacionada, daí estes doutoramentos. Como se sabe, o doutoramento é uma condição, é o grau exigido para a docência universitária reconhecida. Para quando a abertura desses cursos ao nível de doutoramento? Julgo que muito brevemente, Dezembro ou Janeiro. São os primeiros doutoramentos de universidades estrangeiras a serem creditados, estamos todos muitíssimo empenhados. Este trabalho conjunto entre a UL e o IPM abre caminho a outros projectos?
Posso dizer que há mais projectos. Brevemente, penso que em Janeiro, regressarei a Macau por uma semana para dar aulas num mestrado em Administração Pública que já está a funcionar, e porventura voltarei mais tarde quando o curso estiver ao nível de doutoramento. Terei um bocadinho mais de tempo para conhecer melhor esta realidade local que sempre me despertou grande interesse. Em Portugal também há um interesse crescente pela língua chinesa? É verdade que sim. Por exemplo, através do Instituto Confúcio que
tem tido um grande sucesso, há uma procura pela língua e pela cultura da China. Pode mesmo dizer-se que é um caso de sucesso. Na Universidade de Lisboa, de que posso melhor falar, os nossos cursos estão sempre cheios. Ao abrigo do protocolo assinado com o Instituto Confúcio, temos dois professores chineses. Há muito solicitação, realmente. Também por via desse protocolo, recebemos anualmente grupos de alunos chineses para aprendizagem da língua portuguesa; são alunos que vêm de universidades chinesas frequentar o último ano de aprendizagem na nossa universidade. Estamos conscientes que a China tem um grande empenho em promover e alargar o ensino da língua portuguesa. Da nossa parte, e sei que de outras instituições também, estamos completamente disponíveis a colaborar no sentido de continuar a levar por diante esse bom desafio. O número de alunos aumenta, o número de professores também. Como observa a qualificação dos professores? Estes doutoramentos resultam, em grande parte, do sentimento de que a expansão desses cursos requer progressiva qualificação do pessoal docente. O senhor presidente do Politécnico de Macau referiu-me o número crescente de professores, inclusive com uma particularidade, são professores muito jovens, com 27, 28 anos de idade que realmente necessitam de continuar a sua formação em termos metodológicos, de investigação científica e na própria produção de materiais destinados ao ensino da língua portuguesa. De resto, sei que o IPM, em colaboração com outras universidade do continente chinês, está a elaborar um conjunto de manuais, creio que seis, um já saiu, e também de um guião, precisamente destinados a serem um instrumento de trabalho, de apoio, a este já numeroso grupo de professores de língua portuguesa. Tudo isto é uma prova do interesse das autoridades de Pequim e de Macau, na difusão da língua. Para além dos sentimentos que nos unem, estamos a dar passos concretos; é pela educação e pela cultura que as relações melhor perduram.
Normalmente, fala-se das relações económicas. Talvez a propósito, como observa a vida das universidades em Portugal, com os anunciados cortes de 8,5%? E quem sabe acrescido de 2,5% de cativação, não apenas do que se recebe do Estado, mas ainda das receitas próprias das universidades, o que cria um duplo bloqueio e, do meu ponto de vista, de alguma maneira não ajuda a que as instituições se sintam motivadas a aumentar as suas próprias receitas. No fundo, um corte de 11%. Está a tentar-se que este último aspecto não se concretize. Obviamente que isto traz implicações sérias no próprio funcionamento académico.
“Temos jovens brilhantes em alguns casos que não conseguem aceder à carreira académica, de investigação. Digamos que em gerações anteriores seriam convidados a fazer a sua entrada, a sua progressão dentro do mundo académico, e hoje em dia, as limitações financeiras orçamentais, os constrangimentos que as instituições têm, impossibilitam contratar novos docentes, portanto darlhes essa oportunidade” Neste momento, qual o montante anual que a Universidade de Lisboa recebe do Orçamento do Estado? Recebe 81 milhões de euros. Em salários, a UL despende 95 a 96 milhões. O diferencial vem do valor das propinas dos estudantes. Temos ainda de somar os encargos fixos da água, electricidade, telefones, tudo isso que é incontornável. Realmente não existe grande possibilidade, com normalidade, de funcionarmos sem problemas. Vemos com bastante apreensão a situação do país. As universidades
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com Helder Fernando
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e alargar o ensino da Língua Portuguesa” compreendem que também têm que participar no esforço colectivo, mas pelo menos no respeitante às receitas próprias, nos deixem ter disponibilidade e capacidade para as nossas iniciativas. É curioso que, sendo especialista em “financiamento do ensino superior” e com obra publicada nesta matéria, esteja agora perante o facto consumado de desfinanciamento do ensino superior. Realmente. Mas não devemos ter os olhos somente no curto prazo. Nestes anos de democracia, Portugal fez um percurso que eu diria quase notável no que diz respeito à educação e no caso concreto ao ensino superior. Costumo dizer aos meus alunos para eles terem uma ideia, que entre 1965 e 1970, havia 24 mil alunos nas universidades, e apenas em três academias, Lisboa Porto e Coimbra. Hoje estamos próximo de 400 mil alunos. Maioritariamente no feminino. Maioritariamente no feminino! Também aqui houve inversão do processo. A emancipação da mulher em Portugal, e a sua participação em todas as actividades, e notoriamente no ensino, é uma realidade. Na maior parte dos cursos, a maioria são alunas. A democracia terminou com a expansão de um sistema elitista, onde geralmente só frequentavam as universidades os filhos das classes mais privilegiadas, para um sistema que aumentou profundamente a acessibilidade. Temos de registar o esforço de financiamento havido. Hoje em dia, o ensino superior público em Portugal é de cerca de 75%. Desde 1993/94, verificou-se que a preparação dos orçamentos não devia seguir o que era habitual na administração pública, no fundo o orçamento ser concebido com base no histórico do ano anterior. Foi então idealizada uma forma de financiamento com um conjunto de indicadores sobre número de alunos, etc., e foi sendo melhorada, nomeadamente pelos níveis de excelência dos centros de investigação, de qualificação do pessoal docente. Esse algoritmo calculava para cada instituição o que elas deviam ter. Assim foi acontecendo desde 1993, até o ministro do anterior governo
ter entendido não ser a melhor fórmula. Isto para dizer que apesar de tudo a autonomia, a responsabilidade de gestão das universidades públicas, foi sendo respeitada por um certo sistema de regulação na afectação de recursos. E como comenta este tempo de cortes? Costumo dizer que tivemos uma preparação prévia antes da crise da dívida pública, porque já em 2007 tivemos um corte nominal de 6,2% e pagámos como entidades patronais. Ou seja hoje em dia pagamos como entidade empregadora 15% para a caixa Geral de Aposentações. Isso deu um grande constrangimento nos recursos das universidades e dos politécnicos. O então ministro Mariano Gago fez um desafio às universidades no sentido de haver mais 100 mil diplomados, uma vez que o País necessita de continuar a qualificação da sua população activa. Ao mesmo tempo isso proporcionaria mais recursos para
os estabelecimentos de ensino superior. Assim estava a acontecer. Agora colocou-se esta nova situação conhecida, que irá alterar profundamente as realidades. Como é possível ultrapassar essas dificuldades? No próximo ano, se as receitas próprias dos estabelecimentos de ensino superior, os tais valores que arrecadamos das propinas e doutras formas, não forem tocadas com a tal cativação de 2,5%, julgo
que, no limite, conseguiremos viver. Mercê também da nossa boa gestão na UL, temos alguns saldos positivos do passado que podem funcionar como almofada para a actual situação em que nos encontramos. Mas, em anos futuros, julgo que poderá haver situações de entrada em verdadeira ruptura. Mesmo neste ano lectivo, a algumas instituições será difícil terminarem o ano com normalidade.
“Estes doutoramentos resultam, em grande parte, do sentimento de que a expansão desses cursos requer progressiva qualificação do pessoal docente. O senhor presidente do Politécnico de Macau referiu-me o número crescente de professores, inclusive com uma particularidade, são professores muito jovens, com 27, 28 anos de idade que realmente necessitam de continuar a sua formação em termos metodológicos, de investigação científica e na própria produção de materiais destinados ao ensino da língua portuguesa”
O seu quotidiano, como docente e Pró-Reitora da Universidade de Lisboa é em grande parte vivido na proximidade de grande número de jovens. Muitos deles farão parte da tal “geração à rasca”? Julgo que as gerações efectivamente têm estado com muitas dificuldades. Utilizando a expressão agora tão comum, sentem-se bastante “à rasca”. É-lhes muito difícil ter um primeiro emprego, alguma estabilidade. Temos jovens brilhantes em alguns casos que não conseguem aceder à carreira académica, de investigação. Digamos que em gerações anteriores seriam convidados a fazer a sua entrada, a sua progressão dentro do mundo académico, e hoje em dia, as limitações financeiras orçamentais, os constrangimentos que as instituições têm, impossibilitam contratar novos docentes, portanto dar-lhes essa oportunidade. O senhor Reitor da Universidade de Lisboa, o Professor António da Nóvoa diz, e concordo completamente com ele, que um dos problemas estratégicos para as universidades portuguesas e para os institutos politécnicos, tem a ver com a renovação do corpo docente. Os organismos vivos têm de ter pessoas que pela sua experiência, pelo seu conhecimento, passem esse testemunho a novos docentes. Até há algum tempo os académicos só se jubilavam por volta dos 70 anos. O que agora aconteceu com as alterações no regime de segurança social e Caixa Geral de Aposentações, levou a que muitos optassem por retirar-se mais cedo, após o serviço mínimo, saindo por volta dos 60 ou 61 anos de idade. No meio académico há um tempo de passagem de testemunho que é necessário. Um mestre não é apenas o que ele transmite num livro ou numa sala de aulas, é também o trabalho diário de condução de investigação, ora isso pode perderse. A não entrada de sangue novo, digamos assim, na proporção que devia ser, é duplamente prejudicial para o sistema. Empobrece-se o nível da docência e não se dá oportunidade a muitos jovens de grande valor, de fazerem o seu percurso.
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CULTURA
Bienal de Teatro Chinês traz a Macau a companhia do Exército Popular de Libertação
Tragédias e comédias de uma só China Carlos Picassinos info@hojemacau.com.mo
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ARTILHA, eis a ideia que orienta a VIII edição do Festival de Teatro Chinês que, este ano, acontece em Macau entre 14 e 2O de Dezembro próximos. Partilha de recursos, de conhecimento, de experiências, de memórias, entre as companhias participantes, o público e os profissionais ligados ao meio artístico. Foi assim que ontem, em conferência de imprensa, Lawrence Lee e Eric Wong, responsáveis pelo evento de Macau, apresentaram este festival que, em modelo bienal, já desde 1996, vai rodando por cidades da China continental, Taiwan, Hong Kong e Macau. Com um orçamento
de 5,9 milhões de patacas, subordinado ao tema da água, e nove espectáculos, a edição deste ano, em Macau, pretende dar seguimento à ideia fundadora deste acontecimento cultural – aplicar, na prática, o debate académi-
Macau e as outras regiões envolvidas na expectativa de alcançarmos maior visibilidade”, disse Lawrence Lee, na apresentação de ontem. “Defendemos um conceito de sustentabilidade, de um uso amigável das novas
“Queremos criar o nosso próprio circuito, a nossa rede mas também permitir que outros beneficiem desse circuito tal como nós esperamos beneficiar do conhecimento gerado por outras redes e circuitos”, diz o director executivo, Eric Wong co que sempre acompanha a programação do festival. Daqui a noção de partilha mas também de intercâmbio. “Neste festival pretendemos aumentar a participação do público, dos grupos de teatro, e prosseguir também as trocas culturais entre
tecnologias, uma economia de recursos, e uma partilha de esforços”, prosseguiu. Também Eric Wong, na sua intervenção, sublinhou aquela ideia justificando-a, ainda, com a pequena escala do território de Macau e a necessidade que a geografia
impõe de partilhar recursos. “Aqui, a nossa relação, uns com os outros é muito próxima, e é esta proximidade entre os grupos e companhias que nós tentamos promover “, como factor de sustentabilidade social e cultural. “Queremos criar o nosso próprio circuito, a nossa rede mas também permitir que outros beneficiem desse circuito tal como nós esperamos beneficiar do conhecimento gerado por outras redes e circuitos”. A par do programa de espectáculos, o festival conta também com intensa actividade académica que deverá contar com seminários e workshops e a participação de docentes universitários e investigadores oriundos de Nova Iorque, Frankfurt, Singapura e de centros de estudos japoneses. Já a
partir de meados do próximo mês e até dia 20 de Dezembro, no âmbito do festival, deverá ter início um programa de formação, dirigido a profissionais oriundos do meio artístico, em áreas como a gestão, o marketing, a promoção e a organização de eventos culturais servindo esta edição do festival, e o trabalho das companhias teatrais, envolvido como casos de estudo privilegiados. O Festival de Teatro Chinês nasceu, originariamente, de um programa de intercâmbio teatral, ocorrido em Pequim, em 1996, com a intervenção de mais de duzentas companhias e grupos teatrais da China continental, de Hong Kong, Taiwan, Macau e de outras cidades. Uma ocasião em que a vertente académica
de discussão sobre questões ligadas ao mundo das artes e, em concreto, das artes cénicas, serviu de antecâmara a treze representações de peças teatrais. O sucesso da iniciativa levou os organizadores chineses a insistirem neste modelo teórico/ prático e avançar com uma bienal de teatro que deveria acontecer, rotativamente, por cada uma das regiões ali presentes, e assegurar um acompanhamento sazonal da produção teatral chinesa. Macau recebeu a bienal, pela primeira vez, há nove anos, em 2002, e volta agora, em 2011, a acolher o festival. Das nove companhias presentes, cinco são sediadas em Macau. Entre as restantes, destaca-se o Grupo de Teatro do Exército Popular de Libertação, com a peça “Nascer do Sol”.
Festival de Teatro Chinês de 14 a 20 de Dezembro
14. 12 Tainaner (Taiwan) | “K24” Centro Cultural de Macau
15. 12 Companhia de Teatro Hiu Koc (Macau) | “A Strange New Neighbor” Centro Cultural de Macau
16 e 17.12 Comuna de Pedra (Macau) | “Beyond the Misty Air” Blackbox do Teatro Hiu Koc
16 e 17.12 Cooperativa Distância Zero (Macau) | “Ten Years” Teatro dos Lavradores
17.12 Alice Theatre Laboratory (Hong Kong) | “Seven Boxes Possessed of Kafka” Centro Cultural de Macau
18.12 Escola de Artes Dramáticas da Universidade Normal de Shen Yang (China) | “Cao Yu’s Last Soliloquy” Teatro Clementina Leitão Brito
19.12 Teatro do Repertório da Juventude de Macau | “The Legendo of Lyra” Centro Cultural de Macau
20.12 Teatro Horizonte (Macau) | “Taboo Games of Youth” Teatro D. Pedro V
20.12 Companhia de Teatro do Exército Popular de Libertação (China) | “Sunrise/ Nascer do Sol” Centro Cultural de Macau
TRÊS DÉCADAS DEPOIS, OS R.E.M. CHEGAM AO FIM
SEXTA-FEIRA 23.9.2011
Os americanos R.E.M., um dos grupos rock mais conhecidos das últimas três décadas, anunciaram a separação. A informação está no site do grupo liderado pelo vocalista Michael Stipe. No comunicado o grupo agradece aos admiradores e diz que termina a actividade com grande sentido de gratidão pelo que conquistaram ao longo de trinta e um anos de carreira. O primeiro episódio a marcar a história dos R.E.M. remonta a Janeiro de 1980, ao interior de uma loja de discos, em Athens, no Estado da Georgia. Peter Buck, que trabalhava ali, e Michael Stipe, um cliente assíduo e devorador de artistas como Patti Smith, Velvet Underground e Television, descobriram que partilhavam preferências musicais.
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EPOIS do sucesso do primeiro salão no ano passado, a partir de 20 de Outubro, a associação Art for All (AFA), sob patrocínio da Fundação Oriente, abre o segundo Salão de Outono de arte contemporânea. Trata-se de uma iniciativa que pretende congregar, no mesmo espaço, artistas consagrados, e emergentes, e afirmar-se como evento privilegiado, no calendário de Macau, para coleccionadores locais e amantes da arte contemporânea. No ano passado, as vendas superaram as expectativas o que leva os responsáveis a admitir que começa a existir uma certa dinâmica neste campo, embora seja prematuro falar-se de um mercado de arte. Ainda assim, “a Fundação Oriente lançou-nos o repto de continuar com a iniciativa e organizarmos um segundo salão este ano”, diz ao Hoje Macau José Drummond, da direcção da AFA, no momento em que decorre um ‘open call’ aos artistas locais para participarem no evento de final de Outubro. “Mudamos de modelo, este ano. Decidimos fazer um ‘open call’ aos artistas de Macau e a partir do resultado saberemos que artistas e que obras é que vão estar presentes”. Tal como no ano passado, a projecto deste acontecimento insiste na ideia de um salão de arte à semelhança do que acontecia com os salões independentes de princípios do século XX. Com algumas variantes, porém. Não se persegue apenas a visibilidade pública, importa privilegiar o lado comercial mais característico das feiras de arte actuais “sendo que em Macau não há galerias”, ressalva, “e são os próprios artistas a serem ali representados”. Foi essa fragilidade local que acabou por contribuir para a surpresa do ano passado. “Houve vendas e não só no dia da inauguração como é mais costume, mas também nos dias seguintes, o que já não é hábito”, nota o artista que, com esta experiência no bolso, se
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Associação Art for All abre II Salão de Outono a 20 de Outubro
O mercado em construção aventura a dizer que “vai havendo algum mercado” se bem que não consolidado. “É claro que precisa de ser mais dinamizado, com mais eventos, tentar estabelecer maiores ligações a esta área o que me leva ao ponto de sempre: se houver mais possibilidades para os artistas locais se exporem não tenho quaisquer dúvidas de que haverá uma produção melhor. Só que enquanto essa dinâmica não se cirar”, observa, “é sempre muito
“Se houver mais possibilidades para os artistas locais se exporem não tenho quaisquer dúvidas de que haverá uma produção melhor”, afirma o responsável da Art for All
110 obras de trinta artistas locais, além de trabalhos de outros criadores menos conhecidos. Estiveram presentes propostas nas áreas da pintura, da escultura, do vídeo e da fotografia, entre outras, sendo que, no final, foram vendidos mais de um décimo das obras ali presentes. Num comunicado à imprensa, a AFA nota que “o salão de Outono criou uma plataforma para os artistas locais facilitando-lhes o intercâmbio e a troca de conhecimentos constituindo, além disso, uma boa oportunidade para os coleccionadores adquirirem a sua obra de arte preferida”.
difícil ao artista de Macau produzir e dar a ver obra”. Dos compradores não existe ainda um perfil. Trata-se, “essencialmente, daquele núcleo de pessoas que é frequente estarem nas inaugurações. Pessoas que, acredito, pensam que daqui a dez anos podem vir a tirar algum fruto do investimento que agora fizeram. Mas não há assim um perfil. Existem algumas empresas que investem em obras de arte”. Apesar de tudo, reitera Drummond, “notam-se algumas mudanças” face a anos anteriores. No ano passado, o primeiro salão contou com
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HM-2ª VEZ 23-09-11 Acção Ordinária
ANÚNCIO CV2-11-0037-CAO
2º Juízo Cível
AUTORA: ASSOCIAÇÃO DE PIEDADE E DE BENEFICÊNCIA “HÓNG-CHAN-KUAN-MIO”/“HONG KONG MIO”, com sede em Macau, na Rua de Sacadura Cabral, n.º 68, r/c. RÉUS: (i) IEONG WENG KUONG; (ii) SOCIEDADE DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO TRUST BENEVOLENT LIMITADA; (iii) HERDEIROS INCERTOS DE POU TAI VO; e (iv) DEMAIS INTERESSADOS INCERTOS. Correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do respectivo anúncio, citando HERDEIROS INCERTOS DE POU TAI VO, de nacionalidade chinesa, residente que foi em Macau em lugar que se desconhece; e DEMAIS INTERESSADOS INCERTOS para, no prazo de TRINTA DIAS, findo o dos éditos, contestarem, querendo, a presente Acção Ordinária, na qual a Autora formula os seguintes pedidos: a) seja declarado, para todos os efeitos legais, nomeadamente de registo que o prédio com os n.ºs 6 e 8 da Travessa do Pagode, com a área total de 185 m2, identificado nas plantas cadastrais juntas como docs. n.ºs 5 e 6 se encontra duplicadamente descrito na Conservatória do Registo Predial uma vez que se encontra descrito simultaneamente sob os n.ºs 698 e 1471; b) seja ordenada a prática de todos os actos de registo necessários ao cumprimento do disposto nos artigos 25.º, 77.º, 78.º e 79.º do Código do Registo Predial e que são nomeadamente os seguintes: (i) transcrição para descrição n.º 698 da cota de referência em vigor na descrição n.º 1471, relativa à inscrição n.º 13866, a fls. 435 do livro F43K de domínio directo a favor do Território de Macau; (ii) averbamento na descrição n.º 1471 da sua inutilização, com a indicação de que persiste relativamente ao imóvel a descrição n.º 698; (iii) averbamento na descrição n.º 698 da duplicação verificada, com a menção de que ficou inutilizada a descrição n.º 1471; (iv) actualização da descrição n.º 698, de acordo com as plantas cadastrais juntas como docs, n.ºs 5 e 6, no que se refere à respectiva numeração policial (n.ºs 6 e 8 da Travessa do Pagode); área (185 m2), composição (terreno para construção) e confrontações (NE – Travessa do Pagode n.º 4A (n.º 13367) e Rua Cinco de Outubro n.º 119D; SE – Travessa do Pagode; SW – Rua do Pagode n.ºs 11-11A (n.º 11259), n.ºs 13-13B (n.º 11260) e Travessa do Pagode n.º 10 (n.º 2867) e NW – Rua Cinco de Outubro n.ºs 121-123, Rua do Pagode n.ºs 9-9B (n.º 11478) e Rua Cinco de Outubro n.º 119D (Templo de Hong Kun); c) seja declarado que as parcelas A e B identificadas na planta cadastral junta como doc. n.º 6 e que respeitam à parte do Prédio com o n.º 8 da Travessa do Pagode não fazem parte da descrição nº 2867 e como tal ser ordenada a prática de todos os actos de registo necessários ao cumprimento do disposto no artigo 35.º do Código do Registo Predial, nomeadamente a eliminação da menção existente na descrição n.º 2867 ao n.º 8 da Travessa do Pagode; e d) a Autora seja declarada, para todos os efeitos legais, nomeadamente de registo, como a única titular do domínio útil do prédio com os n.ºs 6 e 8 da Travessa do Pagode (descrito sob os n.ºs 698 e 1471), com a área de 185 m2, identificado nas plantas cadastrais juntas como docs. n.ºs 5 e 6 e que tem as seguintes confrontações: - NE – Travessa do Pagode n.º 4A (n.º 13367) e Rua Cinco de Outubro n.º 119D; - SE – Travessa do Pagode; - SW – Rua do Pagode n.ºs 11-11A (n.º 11259), n.ºs 13-13B (n.º 11260) e Travessa do Pagode n.º 10 (n.º 2867); - NW – Rua Cinco de Outubro n.ºs 121-123, Rua do Pagode n.ºs 9-9B (n.º 11478) e Rua Cinco de Outubro n.º 119D (Templo de Hong Kun). Tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta secretaria à disposição dos citandos e, ainda que é obrigatória a constituição de advogado (art.º 74.º do C.P.C.M.), caso contestem. Em 12 de Setembro de 2011 na RAEM.
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Maria Catarina Nunes in jornal i
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IZIA não perceber porque é que tantos jornalistas o queriam entrevistar, que um pintor deve mais pintar do que falar. Fumava cachimbo desde os 30 anos e tinha um desassossego que o obrigava a levantar cedo para se permitir (re)criar durante o dia e à noite deitar-se sentindo que viveu. Júlio Resende morreu ontem, aos 93 anos, em sua casa, no Lugar do Desenho, em Valbom, Gondomar. O seu corpo está em câmara ardente na igreja paroquial local. Missa de corpo presente hoje às 16h, funeral depois, no Cemitério de Valbom. O sentimento de ter vivido? Esse fica, mesmo para lá do dia da sua morte. Para muitos como o melhor pintor português de sempre. Júlio Resende era um homem inquieto, talvez insatisfeito, mas desassombrado. Trocava voltas nas conversas para fugir das comparações com outros artistas. Ao mesmo tempo, foi nessa ânsia de encontrar coisas que nunca se quis definir, porque o mistério é o sal da obra. Extensa. Trabalho de aranha, cauteloso, que simultaneamente respirava espontaneidade e leveza. Sem surpresas, ontem os elogios começaram a cair em catadupa. Cavaco Silva, Francisco José Viegas, Fernando Paulo, da Câmara de Gondomar, e tantos outros. “Mostrou sempre vontade de ser um artista o mais completo possível”, afirmou o crítico Rui Mário Gonçalves; “Um grande homem, um grande artista”, certificou o escultor José Rodrigues. Ou, nas palavras da pintora Graça Morais, sua aluna na Escola Superior de Belas-Artes no Porto: “Um grande mestre e artista. A melhor forma de o homenagear é vendo e mostrando os seus quadros”, sustenta.
O TRABALHO
Expor a sua obra é o que faz a Galeria Baganha, no Porto, espaço que representou o artista nos últimos três anos, e onde ainda estão patentes alguns dos seus quadros. Foi na Baganha que Resende fez a sua última exposição. Inaugurada em Maio, “In Media Res” era uma retrospectiva da obra que assinou nos últimos 20 anos: “Isto porque ele, no último ano de vida, pintou passando pelas fases todas das duas últimas décadas, como num flashback”, explicou o director artístico da galeria, Carlos Amaral. Algumas dessas peças ainda podem ser vistas em duas das salas do espaço na Rua do Bom Sucesso. As vozes próximas dizem que,
UMA CONVERSA SOBRE A REVOLUÇÃO CHINESA
Numa organização do Arquivo Histórico de Macau, organismo dependente do Instituto Cultural, realiza-se amanhã, no auditório do Museu de Macau, uma palestra subordinada ao tema “Aliança de Revolucionários: Seminário Comemorativo do Centenário da Revolução de 1911”. Especialistas do Continente, de Macau, Hong Kong e do exterior irão falar sobre o papel do território nos preparativos da rebelião e o impacto dos eventos. Destinado ao público em geral, especialistas e professores, que poderão querer integrar os materiais nas aulas e incentivar os alunos a visitarem a exposição “Pelo Povo – Sun Yat Sen e Macau”, patente ao público no Museu de Macau a partir do mesmo dia.
Júlio Resende
O mestre de todas as visões e mistérios Gostava de viagens e de fumar cachimbos. Mas da pintura, escapar seria proeza inalcançável. Morreu esta semana, aos 93 anos
mesmo com as mãos trémulas dos 93, Júlio Resende era extrovertido, com uma ideia fixa de excelência. O jornalista e historiador Germano Silva era um desses “grandes amigos”: “Ele vivia para a arte, tinha uma obsessão pela arte, pela perfeição, o que o levou à criação do Lugar do Desenho. Tinha imensos desenhos e, para que não se perdesse essa obsessão, criou esse espaço”, lembrou ontem. Conheceram-se frente à montra do “Primeiro de Janeiro” no Porto, ano sem precisão, e tornaram-se inseparáveis: “Era ele que decorava a redacção a pedido do Manuel Pinto de Azevedo, pois tinha criado para o jornal as figuras da banda-desenhada do ‘’Matulinho’’ e do ‘’Matulão’’, que transformavam aquelas montras numa atracção”, recorda o jornalista. Foi, aliás, na imprensa, como ilustrador no suplemente infantil do “Jornal de Notícias”, que o pintor começou por fazer carreira. Depois Resende ainda colaborou com outros jornais e foram as suas mãos (e olhos) que
transmitiram as ilustrações da obra de Fernando Namora, “Retalhos da Vida de Um Médico”, uma experiência a que se atirou anos depois, quando regressou a Portugal após uma longa estada em Paris.
O MUNDO E OS PRÉMIOS
Júlio Resende tinha 20 anos quando decidiu frequentar a licenciatura de pintura na Escola de Belas-Artes do Porto. Assim fez, e ali foi discípulo de Dórdio Gomes. Em 1944, um ano antes de se formar, apareceu pela primeira vez ao público na “Exposição dos Independentes”. Fecha o curso, em 1945, com a pintura “Os Fantoches” e bastou outro ano para que concretizasse a sua primeira exposição. Lugar escolhido? Lisboa. Júlio Resende parte para a capital e é aí que conhece Almada Negreiros. Parte daí e decide visitar Madrid, onde conhece a obra de Goya. Em 1948 chegou a Paris. Na cidade iluminada foi aprendiz de Duco de la Haix e de Otto Friez. Aprofunda-se na obra de Picasso e, de regresso a Portugal, mostra o
trabalho desenvolvido em França. A partir daqui não mais deixará de ser equiparado ao pintor espanhol. A sua obra passa a ser identificada como expressionista. Foi nesse ano, de regresso a Lisboa, que “Retalhos da Vida de Um Médico” ganhou direito de
publicação. Nessa altura, o artista plástico já apontava para o cubismo e aproxima-se da não figuração, da abstracção. Júlio Resende atravessou diversos estilos, pesquisas e encruzilhadas, mas sempre desenhou com frescura. A vida em Lisboa, Madrid e Paris dava- -lhe novas visões, outros mistérios, e talvez tenha sido essa uma das razões para que Cavaco Silva tenha dito ontem que Resende era “de vida inspirada e de vida inspiradora”. Mas por mais sede que tivesse de saber e de novas experiências, a cidade do Porto continuava a ser o lugar da raiz. Em 1951 o artista regressa às origens. Pintava o mar, as gentes desse mar, e foi nessa altura que venceu o prestigiado prémio especial na Bienal de Arte de S. Paulo, inaugurando uma série de prémios que se seguiriam nos anos seguintes. Logo em 1952, altura em que começou a dar aulas no ensino secundário, arrecadou o prémio da 7ª Exposição dos Artistas do Norte. Como professor, levou um novo espírito às aulas: “Ele tinha um gosto especial em levar os alunos para o exterior e colocá-los em contacto directo com as populações rurais”, lembrou Rui Mário Gonçalves. Durante a década de 60, Resende deu atenção às coisas da arquitectura e da decoração. Participou na decoração do Palácio da Justiça de Lisboa, com seis painéis Já no Porto, assinou painéis cerâmicos para o Hospital de São João e o portento que é Ribeira Negra, painel de azulejos junto à Ponte D. Luís.
ANOS ANTES
Era o ano de 1917. Faltava pouco para que Lenine derrubasse o governo russo provisório para fazer subir o socialista soviético. Pouco antes da Revolução Vermelha eclodir, a cauda da Europa via Júlio Resende nascer no Porto. Era o dia 23 de Outubro de 1917 e ninguém poderia imaginar que se seguiriam 93 anos de tintas, desenhos e espontaneidade rabiscada nas telas. Júlio Resende foi Portugal nas mais diversas apresentações. Expôs em Espanha, França, Noruega e Brasil, ou nas Bienais de S. Paulo, Veneza, Londres e Paris. Recebeu o Prémio Nacional de Pintura da Academia de Belas-Artes, e os de Armando de Basto, e de Sousa Cardoso. Foi nomeado Membro da Academia Real das Ciências, Letras e Belas-Artes Belgas, comendador de Mérito Civil de Espanha e distinguido com o prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte. Na sua autobiografia escreveu: “Queria efectivamente ser pintor”. Cumpriu tudo.
DESPORTO
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OCCIA, ténis de mesa, esgrima, natação e atletismo. Estas são as cinco modalidades nas quais os atletas paralímpicos de Macau deverão poder competir no âmbito dos Jogos da 14ª Paraolímpiada. A competição realiza-se na capital britânica entre 29 de Agosto e 9 de Setembro do próximo ano, mas a preparação para o evento já há muito faz mexer os atletas paraolímpicos da RAEM, que têm competido um pouco por todo o mundo em busca de um lugar ao sol por entre os cerca de cinco mil atletas que deverão disputar a prova. “Tem sido uma verdadeira maratona”, esclarece António Fernandes, presidente da Associação Recreativa dos Deficientes de Macau. “Os nossos atletas têm participado em eventos desportivos realizados um pouco por todo o lado para conseguir os mínimos de qualificação para a competição. Neste momento, por exemplo, há uma atleta da modalidade de esgrima em cadeira de rodas a competir em Itália num dos principais torneios europeus e no próximo mês é a vez dos atletas de atletismo e de ténis de mesa em cadeira de rodas tentarem a sorte nos Jogos Nacionais Escolares para atletas deficientes”, exemplifica o dirigente. Mesmo que os atletas do território não consigam resultados que lhes
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Macau com presença garantida nos Jogos Paraolímpicos de 2012
Oito lugares para Londres abram as portas à maior competição mundial de desporto adaptado (e a segunda maior do mundo, logo atrás dos Jogos Olímpicos), as cores de Macau deverão ainda assim poder marcar presença no evento através de um expediente alternativo, o dos convites directos endereçados pelo Comité Paraolímpico Internacional (CPI). A garantia foi dada a António Fernandes pelos responsáveis pelo organismo dirigido por Sir Philip Craven. O presidente da Associação Recreativa dos Deficientes de Macau participou em Londres, no início do mês, no segundo encontro de chefes de missão das delegações que deverão marcar presença nas Paraolímpiadas do próximo ano. “O objectivo dos nossos atletas é o de agarrarem uma oportunidade para competir nos Jogos através da via desportiva, mas se os resultados não o permitirem e os convites surgirem, esta é uma oportunidade que não vamos desperdiçar. Se os planos da organização se mantiverem, Macau deve poder competir nos jogos com sete ou oito atletas, mas a lista definitiva das vagas disponíveis só no final do corrente ano deverá ser divulgada”, explica Fernandes.
Enquanto a escolha da Comissão de Avaliação do Comité Paraolímpico Internacional não é revelada, os atletas do território vão continuar a tentar o apuramento directo nas provas referenciadas pelo CPI como provas de qualificação
para a 14.ª edição dos Jogos Paraolímpicos. Entre 10 e 20 de Outubro, dezassete representantes do território vão competir na edição de 2011 dos Jogos Nacionais Escolares para Atletas Deficientes. Os atletas da RAEM vão competir nas
modalidades de atletismo adaptado, xadrez chinês e ténis em cadeira de rodas. Para os jogadores que integram habitualmente a selecção de pingue-pongue adaptado, a competição continental é apenas uma das que lhes poderão escancarar
as portas das Paraolímpiadas de 2012. Até ao final do corrente ano, o colectivo do território deve competir ainda em provas em Taiwan, em Londres e na Coreia do Sul à procura de um bilhete de entrada no palco de todos os sonhos.
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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.º 404/AI/2011 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora NGUYEN THI QUY que, na sequência do Auto de Notícia n.º 19/DI-AI/2010, de 22.08.2010, levantado pela DST, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Rua de Malaca, Edifício Centro Internacional de Macau, Bloco 8, 6º andar B, bem como por despacho do signatário de 19.09.2011, exarado no Relatório n.º 2/DI/2011, de 07.09.2011, foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenado a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.º 1 do artigo 10.º e n.º 1 do artigo 15.º, todos da Lei n.º 3/2010.----------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado na Departamento do Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.º 1 do artigo 16.º dos Lei n.º 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.º 2 do artigo 16.º do mesmo diploma.-------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.º 2 do artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.º da Lei n.º 3/2010.----------------------------------------------------------Haverá lugar à execução imediata de decisão caso esta não seja impugnada. -----O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.ºs 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18º andar, Macau.-----------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 19 de Setembro de 2011.
O Director dos Serviços,
João Manuel Costa Antunes
O INSTITUTO INTERNACIONAL DE MACAU e O MOVIMENTO INTERNACIONAL DE CULTURAS, LÍNGUAS E LITERATURAS NEOLATINAS – FESTLATINO têm o prazer de convidar para o Seminário “A LÍNGUA PORTUGUESA NO CONTEXTO DO DIÁLOGO ENTRE A CHINA E O MUNDO LUSÓFONO” que decorrerá: - no dia 28, pelas 18H00, no auditório do IIM, e - no dia 29, pelas 11H00, na Escola Portuguesa, e das 15H00 às 19H30, no Anfiteatro n.º 2, 1.º andar, do Edifício Wu Chi, do Instituto Politécnico de Macau
Local: Instituto Internacional de Macau Rua de Berlim, Edf. Magnificent Court, 204 2.º andar, (NAPE) Telefone: 2875-1727 Fax: 2875-1797 E-mail: iim@iimacau.org.mo
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PERFIL VICTOR KUMAR | COREÓGRAFO
A chegada de Bollywood a Macau Patrícia Ferreira info@hojemacau.com.mo
Desde criança tinha um destino
prometedor com a dança e assim aconteceu. “O meu avô ao ver-me dançar aos meus três anos disse que iria ter sucesso na dança.” A vida de Victor Kumar mudou de rumo desde o primeiro contacto com a música e a dança. Nasceu na Índia há 24 anos e é actualmente coreógrafo profissional. “Posso dizer que a arte de dançar é o meu todo, em tudo o que faço a dança está sempre ao meu lado e foi assim que comecei a desenvolver mais e mais.” Graduou-se em 2007 na Universidade de Andhra em informática, mas sabia que não era entre os computadores que queria passar a vida. “Sempre soube que era destinado à dança, por isso sabia que embora o caminho fosse longo, a minha determinação e o meu objectivo seria de crescer nesse mundo.” Para mundo o rumo da sua vida era preciso voltar à escola. Por isso, Victor Kumar certificou-se em dança indiana e Bollywood, acabando por tirar também um diploma de professor em ‘freestyle’. Então, surgiu a vontade de viajar e de expressar em outros lados o seu talento. “Queria mostrar a beleza da arte de dançar e ser reconhecido noutras partes do mundo. Por isso escolhi Macau, que foi uma das minhas melhores decisões.” Cá chegou em 2008 e trazia na mala um objectivo muito bem definido: divulgar a cultura indiana através da dança. “Não sei o porquê de ter escolhido Macau. Acho que foi o destino.” Acabado de chegar ao território, não teve dificuldade nenhuma em integrar-se e diz mesmo que foi acolhido de braços abertos, o que serviu de impulso para progredir profissionalmente. “Apesar de ser uma cultura muito diferente e do choque inerente a tal, senti-me confiante no futuro. Nunca tinha problemas cá.” Começou logo a dar aulas de dança
ao estilo Bollywood, alargando de imediato a sua área de actuação. Passou então a ser professor de outras modalidades, como salsa, ‘jive’, ‘pop’, ‘hip-hop’, ‘freestyle’ e ‘moonwalk’. A fama veio logo a seguir e Victor ganhou o título do primeiro dançarino e coreógrafo profissional especializado em estilos indianos em Macau. “As pessoas começaram a chamar-me ‘o rei de Bollywood’”, conta entre risos. Além de ser professor, também já participou em diferentes competições de dança em Macau e entrou na peça “Saboroso nunca”, do grupo “Dóci Papiaçam”. Alargou ainda mais os horizontes a fazer actuações em Hong Kong, Malásia e Egipto. “Desde que consigas movimentar, podes dançar.” Esse é o lema do artista que se considera sortudo por poder compartilhar a sua paixão. Ainda afirmou que se sente satisfeito por saber que as pessoas apreciam o seu trabalho e pelo apoio que tem em tudo o que faz. “O apoio das pessoas é muito importante para a minha carreira, poder saber que há quem goste do que faço faz-me sentir realizado.” O desejo de crescer profissionalmente não parou por aí. Victor Kumar acabou por lançar a sua própria marca – a “Dancer Idol” -, que é mais uma forma de demonstrar como a dança faz parte de tudo na sua vida. “Escolhi esse nome porque queria criar algo único e significativo. O nome em si representa a minha paixão pela dança.” Deixar Macau não está nos planos, mas ficar também não. “Deixarei que o destino me conduza, não planeio o meu futuro.” Uma coisa é totalmente certa e clara para o coreógrafo: deixar a dança jamais. “O que me faz dançar é o mesmo que me faz expressar. Espero continuar a ter sucessos na minha carreira profissional e ser sempre apreciado pelo que faço, que é o meu fascínio e a minha paixão.”
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SALA 1
[ ] Cinema
SEXTA-FEIRA 23.9.2011 www.hojemacau.com.mo
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SALA 3
INSIDIOUS [C] Um filme de: James Wan, Leigh Whannell Com: Patrick Wilson, Rose Byrne, Barbara Hershey 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 2
ONE DAY [B] Um filme de: Lone Scherfig Com: Emma Morley, Jim Sturgess, Patricia Clarkson 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
THE WHISTLEBLOWER [C] Um filme de: Larysa Kondracki Com: Rachel Weisz, Vanessa Redgrave 14.30, 16.30, 21.30
RISE OF THE PLANET OF THE APES [B] Um filme de: Rupert Wyatt Com: James Franco, Freida Pinto, John Lithgow 19.30
HORIZONTAIS: 1-Estão muito quentes. Atabafa. 2-Desejei ardentemente (Fig.). Têm cabimento ou lugar. 3-Era-Cristã (abrev.). Nivelado com rasoura. 4-Preceptora de crianças ilustres. Dar asas a. 5-Bárbaro. Composição em verso para ser cantada. 6-Pretexto, ocasião (Fig.). Tornar muito quente. Grito de dor. 7-Erga, levante. Espaço defeso, na frente dos edifícios. 8-Popa (Mar.). Criatura. 9-Ibéricas. 49 (Rom.). 10-Dia do aniversário. Notícia que corre publicamente, mais não confirmada. 11-Escavara. Planta que o mar arroja às praias (pl.). VERTICAIS: 1-Goste de. Que tem uma só forma para designar os sexos. 2-Peça com que se reforça um mastro fendido (Náut.). Ressonância. Sigla latina que indica data anterior à era cristã. 3-Doutor (abrev.). Imposto de Circulação (abrev.). Faz a edição de. 4-Equivocara-se. Levantar as abas de. 5-Geme, grita (Fig.). Gasta. A pessoa de quem se fala. 6-Descair o vento para sueste. 7-Cachaça de mau gosto (Bras.). Lareira. Parte que rodeia exteriormente a boca do chapéu. 8-Concede dons excepcionais. Espécie de pastel com recheio de carne ou peixe. 9-Cota, esmola (Fig.). Duas vogais. Prata (s.q.). 10-Germânio (s.q.). Nome de mulher. Nome de mulher. 11-Tereis amor. Tecido fino, espécie de escumilha (pl.)
SOLUÇÕES DO PROBLEMA HORIZONTAIS: 1-ARDEM. AFOGA. 2-MORRI. CABEM. 3-EC. RASADO. A. 4-AIA. U. ALAR. 5-E. CRUEL. ODE. 6-PE. ASSAR. AI. 7-ICE. ATRIO. S. 8-CODA. A. SER. 9-E. IBERAS. IL. 10-NATAL. BOATO. 11-OCARA. ALGAS. VERTICAIS: 1-AME. EPICENO. 2-ROCA. ECO. AC. 3-DR. IC. EDITA. 4-ERRARA. ABAR. 5-MIA. USA. ELA. 6-SUESTAR. 7-ACA. LAR. ABA. 8-FADA. RISSOL. 9-OBOLO. OE. AG. 10-GE. ADA. RITA. 11-AMAREIS. LOS.
REGRAS |
Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição SOLUÇÃO DO PROBLEMA DO DIA ANTERIOR
Su doku [ ] Cruzadas
(Com 20 casas pretas)
[Tele]visão www.macaucabletv.com TDM 13:00 13:30 14:30 19:00 19:30 20:25 20:35 21:00 22:00 22:58 23:00 23:30 01:45 02:15 RTPi 82 14:00 14:30 15:30 16:00 17:00 19:00 20:00 21:15 22:00 23:00
TDM News - Repetição Jornal das 24h RTPi DIRECTO Ásia Global (Repetição) Amanhecer Acontecimentos Históricos Telejornal Jornal da Tarde da RTPi JK Acontecimentos Históricos TDM News Sense and Sensibility (Sensibilidade e Bom Senso) Telejornal (Repetição) RTPi DIRECTO INFORMAÇÃO TDM Telejornal Madeira Um Lugar para Viver Com Ciência Bom Dia Portugal 7 Maravilhas da Gastronomia – Declaração Oficial Sagrada Família Jornal Da Tarde O Preço Certo Pai à Força Portugal no Coração
TVB PEARL 83 06:00 Bloomberg West 07:00 First Up 07:30 NBC Nightly News 08:00 Putonghua E-News 09:00 CCTV News - Live 10:00 Market Update 10:30 Inside the Stock Exchange 11:00 Market Update 11:30 Inside the Stock Exchange 11:32 Market Update 12:00 CCTV News – Live 13:30 Market Update 14:00 Inside the Stock Exchange 14:03 Market Update 15:58 Inside the Stock Exchange 16:00 Angelo Rules 16:30 Chuggington 16:55 Chuggington Badge Quest 17:00 Escape from Scorpion Island 17:30 Timmy Time 18:00 Putonghua News 18:10 Putonghua Financial Bulletin 18:15 Putonghua Weather Report 18:20 Financial Report 18:30 Green Challenge: Golfing World 19:00 Global Football 19:30 News At Seven-Thirty 19:50 Weather Report 19:55 Earth Live 20:00 Money Magazine 20:30 The Amazing Race 21:30 Weekend Blockbuster: Gone Baby Gone 22:30 Marketplace 22:35 Weekend Blockbuster: Gone Baby Gone 00:05 The CEO Connection and World Market Update 00:10 News Roundup 00:25 Earth Live 00:30 Dolce Vita 00:55 Project Runway 01:50 State of Style 02:15 European Art at the MET 02:30 Bloomberg Television 05:00 TVBS News 05:30 CCTV News ESPN 30 12:30 15:00 18:00 19:00 19:30 20:00 22:30 23:00 23:30
Ettu European Champions League Men (LIVE) WTA - Guangzhou (Delay) Baseball Tonight International 2011 FINA Aquatics World 2011 (LIVE) Sportscenter Asia (LIVE) Solheim Cup 2011 Day 1 Sportscenter Asia Football Asia 2011/12 Global Football 2011
21:00 23:00 23:30
(LIVE) FIA F1 World Championship - Practice Session 2 011 Singapore Grand Prix (Delay) Score Tonight Rugby World Cup 2011 Australia vs. USA
STAR MOVIES 40 12:40 Open Season 14:10 Aliens In The Attic 15:40 The Rebound 17:15 A Dangerous Man 18:55 The Imaginarium Of Doctor Parnassus 21:00 Letters To Juliet 22:50 The Sorcerer’S Apprentice 00:40 You Again HBO 41 12:00 Moonstruck 13:45 Charlie St. Cloud 15:30 The Bodyguard 17:35 The Truman Show 19:30 Watchmen 22:00 G.I. Joe: The Rise Of Cobra 00:00 Sleepers CINEMAX 42 12:30 14:30 16:00 17:30 19:00 20:15 21:45 22:00 00:25
Rocknrolla Death Wish 3 Horror Of Dracula The Bride Of Frankenstein Simon Sez Love And A Bullet Epad On Max 129 Year Of The Dragon American Ninja 3 Blood Hunt
MGM CHANNEL 43 13:00 Knightriders 15:15 True Heart 16:45 Charlie Chan and the Curse of the Dragon Queen 18:30 Miracle on Ice 21:00 In the Custody of Strangers 22:45 Jason’s Lyric 00:45 Crime and Punishment DISCOVERY CHANNEL 50 13:00 Mythbusters 14:00 Auction Hunters 14:30 First Time Filmmakers Vietnam 15:00 Mega Moves 16:00 Mega Builders 17:00 Dirty Jobs 18:00 How Its Made 18:30 How Do They Do It? 19:00 How Stuff Works 20:00 Extreme Forensics 21:00 Mythbusters 22:00 I (Almost) Got Away With It 23:00 Solved 00:00 Mythbusters
ANIMAL PLANET 52 13:00 Dark Days In Monkey City 13:30 Fooled By Nature 14:00 Nick Baker’s Weird Creatures II 15:00 Must Love Cats 16:00 Mekong: Soul Of A River 17:00 Animal Cops Phoenix 18:00 Meerkat Manor 19:00 The Jeff Corwin Experience 20:00 Fooled By Nature 21:00 Must Love Cats 22:00 Mekong: Soul Of A River 23:00 Animal Cops Phoenix 00:00 Meerkat Manor HISTORY CHANNEL 54 13:00 Modern Marvels 14:00 Death Masks 16:00 The Kennedys 18:00 Modern Marvels 19:00 UFO Hunters 20:00 Swamp People 21:00 American Restoration 22:00 9/11: The Days After 00:00 Shockwave BIOGRAPHY CHANNEL 55 13:00 I Survived 14:00 Hoarders 15:00 Private Chefs Of Beverly Hills 16:00 Trauma: Life In The E.R. 17:00 Flip This House 18:00 Sell This House 18:30 Billy The Exterminator 19:00 Hoarders 20:00 My Ghost Story 21:00 Celebrity Ghost Stories 22:00 Mas Selamat, The Fugitive Terrorist 23:00 Hoarders 00:00 I Survived AXN 62 12:15 13:05 14:00 14:55 15:45 16:35 17:25 18:15 19:10 20:05 20:35 21:05 22:00 22:55 23:50
CSI: Ny The Guardian Masters Of Illusion The Amazing Race CSI: Ny Ncis: Los Angeles Leverage Wipeout The Challenger Muaythai Criss Angel Mindfreak Ebuzz Leverage The Defenders Justified House
STAR WORLD 63 12:10 The Bachelorette 13:05 Switched At Birth 14:00 The Gates 14:55 Traffic Light 15:25 iTunes Festival 2011 16:20 Ugly Betty 17:15 Got To Dance UK 18:10 The Bachelorette 19:05 How I Met Your Mother 19:30 Traffic Light 20:00 Switched At Birth 20:55 The Gates 21:50 Glee 22:45 The Bachelorette 23:40 How I Met Your Mother 00:05 Switched At Birth
STAR SPORTS 31 12:00 Rugby World Cup 2011 South Africa vs. Namibia 14:00 Land Rover Burghley Horse Trials 2011 15:30 Inside Grand Prix 2011 15:50 Rugby World Cup 2011-Match Day Highlights 16:20 (LIVE) Rugby World Cup 2011 Australia vs. USA 18:30 V8 Supercars Championship 2011-Highlights 19:30 MotoGP World Championship 2011 - Highlights Gran Premio De Aragon 20:30 Ace 2011
NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 51 13:00 War Secrets: Italy’s Forgotten Invasion 14:00 Word Travels 15:00 Breakout 16:00 Outbreak Investigation 17:00 Caught In The Act 18:00 Fish Warrior 19:00 Seconds From Disaster 20:00 Killing Hitler 21:00 Hunter Hunted 22:00 Catacombs of Palermo 23:00 Taboo 00:00 Hunter Hunted
(MCTV 54) History Channel 16:00 THE KENNEDYS Informação Macau Cable TV
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OPINIÃO p er sp ect i va s
A lógica do desenvolvimento “O que proponho é muito simples: nada mais do que pensarmos no que estamos a fazer.” The Human Condition Hannah Arendt
S
ABEMOS que vivemos num mundo em crise. A crise sistémica global e as suas influências na falta de alimentos, na pobreza em massa, na fome, na inquietação e fragmentação social, complementada por episódios de guerra e revoluções com vista à deposição de governos ditatoriais e regimes militares, a exploração maciça dos povos e da natureza, o consumismo desenfreado, as catástrofes ambientais e o niilismo pós-moderno, são apenas alguns dos elementos visíveis que parecem estar inerentes a uma “Nova Ordem Mundial” (nem todos serão novos), que se desconhecem os contornos, mas que se podem adivinhar, ultrapassada que seja os ventos da maior catástrofe económico-financeira que o mundo moderno viveu. Novos abalos virão e farão desabar realidades que se consideram cimentadas, alterarão os mapas regionais de integração e desenvolvimento, e se estenderão aos continentes, regiões e países que têm vivido numa relativa e aparente acalmia. Novos conceitos terão de ser investigados, preparados e adaptados ao novo porvir ao qual nenhum país escapará. Ao mesmo tempo, os conhecimentos científicos e tecnológicos encontram-se globalmente disponíveis, a uma escala sem precedentes. Compete aos cientistas salvar o mundo da catástrofe, transformando-o num local em que todos os seus habitantes possam viver? A resposta não oferece dúvidas. Não existem soluções rápidas neste domínio, mas temos de enfrentar as questões se não quisermos ceder a uma tecnocracia hipócrita, por um lado, ou a um movimento anti-intelectual em princípio hostil a qualquer forma de ciência, por outro. A ciência moderna é um produto da cultura moderna ocidental, que por sua vez, ajudou a moldar a cultura moderna global. A ciência é, afinal, uma actividade humana, e são os seres humanos que produzem e aplicam o conhecimento científico, em interacção com o mundo material, quer se encontrem num ambiente natural, no preparado de uma experiência laboratorial ou nas páginas das revistas científicas. Nem os cientistas mais monomaníacos são o produto exclusivo da sua formação científica e do ambiente científico que os rodeia, também são membros da sociedade em que vivem e que lhes inculca um conjunto de valores culturais mais ou menos específicos. Defender esses valores está
implícito no trabalho científico em que os cientistas estão envolvidos, e que, ao apresentarem os seus conhecimentos científicos e os produtos que deles resultam, ajudam a reforçar os valores que interiorizaram. Ao falar-se em ciência moderna, quer-se referir à actividade científica e à organização institucional que se desenvolveu inicialmente na Europa, a partir da Revolução Francesa e da Revolução Industrial. Foi nesse período que os cientistas acorreram em massa aos laboratórios, passando a ser apoiados pelo Estado, estabeleceram fortes laços com a indústria e começaram a exercer uma influência significativa nos programas de acção social e estatal. Entre todas as formas de conhecimento, foi o científico que atingiu o mais alto estatuto. A ciência ganhou proeminência no sistema universitário em rápida expansão e secularizou-se. Antes, a ciência ou, mais precisamente, a filosofia da natureza, ocupava-se sobretudo do funcionamento do universo de Deus; os filósofos da natureza investigavam a natureza enquanto criação de Deus e regulada por leis escritas por Deus. Os seres humanos podiam contemplar a natureza e explorar os seus frutos, mas só Deus tinha a liberdade de estabelecer os termos em que a natureza funcionava e cedia os mesmos aos homens. No século XIX, a ciência passou a ocupar-se da compreensão e da manipulação da natureza, de pleno direito; fossem crentes ou não, os cientistas já não se referiam a Deus nas suas publicações, mas sim ao mundo natural e aos sistemas experimentais, cuja manipulação intencional revelava as características fundamentais da natureza. A intervenção e a manipulação são especificidades essenciais da ciência moderna. É, em primeiro lugar, pela intervenção
A lógica do desenvolvimento foi construída nos alicerces da ciência moderna e do moderno estadonação. E esteve também nas raízes de todo um espectro de movimentos políticos gerados no século XIX e no século XX, da democracia liberal ao comunismo, do socialismo ao darwinismo social experimental que a ciência moderna cria as suas representações da realidade. Os conceitos teóricos e os modelos ganham conteúdo quando funcionam sob condições específicas e dentro de limites preestabelecidos seleccionados pelo investigador; deste modo, os electrões, os micróbios, o ADN, entre outras situações, são visíveis e reais aos nossos olhos. Por outro lado, o conhecimento gerado pela ciência sai do laboratório para o mundo e é transformado em actividades específicas no domínio da ciência aplicada e da tecnologia. Embora a tecnologia possua uma história própria muito longa, a noção de ciência aplicada só ganhou corpo ao longo do século XIX. Vimos na ascensão da indústria química, da indústria agro-alimentar com os seus fertilizantes químicos, os primórdios das indústrias farmacêutica e alimentar, a telegrafia, a electrificação, entre muitas outras inovações. A partir de então, a ciência e a tecnologia têm-se interligado cada vez mais, e têm provocado impactos cada vez mais fortes na natureza e na sociedade, que mudaram, para melhor ou para pior, durante o processo. É claro que a utilização
Jorge Rodrigues Simão
dos recursos para benefício do homem é tão antiga como a própria humanidade. O vestuário, a construção de abrigos, o uso de utensílios, a agricultura, as fogueiras, a fermentação das uvas, a produção de queijo e tudo o mais, são meios a que os seres humanos recorrem há muito para introduzir o conforto e o prazer nas suas vidas e no ambiente que os rodeia. A novidade da ciência moderna e o seu casamento com a tecnologia, reside na utilização de teorias científicas como instrumentos de previsão, controlo e alteração da natureza. No decurso do processo, a sociedade humana não se contentou em explorar a natureza e passou a manipulá-la e, de facto, a alterá-la. Num número crescente de áreas científicas, o natural passou a ser apenas um entre muitos outros estados susceptíveis de ser produzidos. Foram as escolhas feitas em relação a esses estados susceptíveis de ser produzidos que ajudaram a criar o mundo em que vivemos. Esta revolução não se processou isoladamente, mas em contextos sociopolíticos específicos. A ciência moderna nasceu e passou a infância entre revoluções; a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e as revoluções de 1848 em França e nos estados alemães. Cresceu no seio dos movimentos nacionalistas unificadores do século XIX, que deram origem ao moderno estado-nação. No mesmo período, o poder político e económico começou a transitar das classes de proprietários da terra para os novos industriais e para uma classe média recém-profissionalizada e em expansão. Os novos cientistas pertenciam esmagadoramente à classe média profissionalizada, o que se reflectiu nos valores que adoptaram. Além disso, é curioso que os novos cientistas experimentais tinham acorrido ao laboratório, a par da corrida dos novos industriais às fábricas. A produção de conhecimento e de mercadorias transformaram-se. Um dos valores considerados fundamentais neste período foi a natureza do progresso, que era um conceito novo. Onde antes existira o equilíbrio natural, no século XIX tudo passou a estar em desenvolvimento; a sociedade, a economia, o conhecimento, a ciência, a vida na Terra e o próprio universo. Uma nova noção de conhecimento e bem-estar humanos, ambos em permanente evolução, tornou-se essencial para a teoria política e social, para a filosofia e para a ciência. A lógica do desenvolvimento foi construída nos alicerces da ciência moderna e do moderno estado-nação. E esteve também nas raízes de todo um espectro de movimentos políticos gerados no século XIX e no século XX, da democracia liberal ao comunismo, do socialismo ao darwinismo social.
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19 ed i t or i a l Carlos Morais José
Os órfãos Ensina a antiga sabedoria chinesa que os governantes devem ter com os cidadãos uma forma de exercer o poder que, de algum modo, se aproxima de uma relação filial. Ora os pais normais, mesmo na China, querem o melhor para os seus filhos, protegê-los e merecer a sua confiança. Isto é o que ensina a antiga sabedoria chinesa mas aqui por Macau a escolaridade obrigatória tem dado poucos resultados. Vejamos. Que segurança nos outorga este governo no nosso quotidiano quando temos de nos defrontar com simples situações do dia-a-dia? Queremos alugar/comprar uma casa e estamos à mercê dos especuladores, dos contratos de vão-de-escada, daquilo que cada um entende por bem exigir. Queremos apanhar um táxi e somos basicamente ignorados por não termos cara de frequentador de sauna rápida. Queremos respirar ar puro e andam a preparar-se para tramar Coloane, enquanto dormem sobre a sobrepopulação de autocarros de casinos, queimadores empedernidos de gasóleo (era altura de um destes magnatas da jogatana ter brio nos bolsos e mudar toda a frota para veículos verdes). Queremos montar uma pequena empresa, sustento digno e harmonioso de uma família, e somos confrontados com rendas impossíveis, falta de planos reais de apoio e crescimento.
Queremos comida segura, fiscalizações sérias e efectivas, mas todos sabemos que Macau nem sequer está suficientemente dotado para exercer o indispensável controlo. E as indústrias ditas culturais? Que extraordinários incentivos se prometem nos discursos e no parlapié vário a que vamos, com gáudio, assistindo por aí. É como ouvir o pai falar do que não sabe e do que não vai fazer: deveras hilariante. E é pena. É pena mas a população de Macau não deixa de experimentar uma sensação de orfandade como se não houvesse ali alguém que realmente se interessa por nós, que se preocupa com o nosso crescimento, a nossa saúde, educação e qualidade de vida. Alguém, um governo, que parece já há algum tempo se ter demitido desse papel e agora gere negócios num país distante que se chama RAEM. Conhecem? Eu ouvi falar mas conheço mal. Também pudera: com o secretismo que o envolve, as várias cascas que o vestem, os diversos véus que o adornam, é difícil de conhecer, quanto mais compreender os fins, os objectivos, a fé. E cada vez o sinto mais distante das pessoas como se estas fossem uma maçada a quem se atira uma vez por ano uma esmola, a ver se deixam os negócios singrar na santa paz do dinheiro vivo ou morto. Afinal, para que precisa Macau de uma população, de um povo, de uma identidade?
Afinal, para que precisa Macau de uma população, de um povo, de uma identidade? Para alguns, bastariam casinos e turistas, talvez uma cidade construída de novo, com empregados escolhidos, evitando assim a maçada da História – que esta cidade exibe –, a chatice do povo – que por aqui há mais de 500 anos se arrasta –, este gasto de recursos que numa gigantesca girândola poderia financiar estes e outros voos especiais. Para alguns, bastariam casinos e turistas, talvez uma cidade construída de novo, com empregados escolhidos, evitando assim a maçada da História – que esta cidade exibe –, a chatice do povo – que por aqui há mais de 500 anos se arrasta –, este gasto de recursos que numa gigantesca girândola poderia financiar estes e outros voos especiais. Assim ninguém protestaria e estaria realizada a utopia da cidade em que governa o patrão, o lucro é a lei, a obediência a norma e se evita a família (agregado pouco produtivo). Ora enquanto o bate-estacas vai vem, folgam os ouvidos e a malta, órfã ou não, vai mas é habituando o corpinho à infâmia, à facilidade habitual. Que fazer, meu animal?, perguntarão prazenteiros. Nada, a sério, só o habitual.
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos M. Cordeiro; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
ca r t oon por Steff
ITÁLIA PAIS LUTAM PARA EXPULSAR FILHO DE CASA O costume italiano de ter os filhos em casa até bastante tarde chegou agora aos tribunais. Em Veneza, um casal contratou um advogado na tentativa de forçar filho de 41 anos a sair de casa. O casal explicou aos jornais locais que estavam “esgotados”. Actualmente ainda cozinham, lavam e passam a roupa do filho a ferro. “Não podemos continuar com isto”, explicou o pai. “A minha mulher sofre de stresse e teve que ser hospitalizada “, acrescentou. O filho “tem um bom trabalho, mas ainda vive em casa. E exige que suas roupas sejam lavadas e passadas e as suas refeições preparadas”, disse o advogado do casal, Andrea Camp, numa carta enviada ao filho, aconselhando-o a sair de casa dentro de seis dias ou enfrentará um processo judicial. TECNOLOGIA MUDAR DE CARA NUM SEGUNDO Um novo programa informático ‘substitui’ automaticamente o rosto de qualquer pessoa por outro, retirado de uma fotografia, por exemplo. A tecnologia foi desenvolvida por Artur Castro, um informático espanhol, e o vídeo de demonstração está a fazer furor na Internet. Artur Castro demonstra o que o seu ‘software’ é capaz de fazer com o seu rosto e as imagens de Paris Hilton Barack Obama, Mao Zedong, Michael Jackson, Steve Jobs e até Fidel Castro. Em alguns casos o efeito tem um estranho resultado. JAPÃO FURACÃO JÁ MATOU 10 Pelo menos dez pessoas morreram e cinco outras estão desaparecidas, entre as quais uma cidadã brasileira, na passagem do tufão “Roke” pelo Japão. A passagem do “Roke” obrigou também ao cancelamento de 624 voos e de inúmeros serviços ferroviários, incluindo o comboio de alta velocidade na linha entre Tóquio e Osaka que deixou 120 mil pessoas bloqueadas nas estações durante várias horas. Além dos mortos e desaparecidos, há 314 feridos nas 22 províncias afectadas pelos ventos fortes e chuvas torrenciais da tempestade. Os esforços das equipas de socorro estão agora concentrados na busca dos cinco desaparecidos, entre os quais Erika Inomata, de 34 anos, cidadã brasileira que foi arrastada pelas águas de um rio na localidade de Minobe, centro do país, na tarde de quarta-feira.
O BARBEAR DE ASSAD
Macau ajudou presidente da Sands a chegar ao topo
Adelson fica mais rico
O
presidente Las Vegas Sands, Sheldon Adelson, está entre as 10 pessoas mais ricas dos Estados Unidos, revelou ontem revista “Forbes”. O património líquido de Adelson cresceu cerca de 56 milhões de patacas este ano elevando a sua fortuna para os 1700 mil milhões de patacas, o que o fez subir cinco posições na lista actual. Parte desse aumento deveu-se ao bom desempenho da subsidiária Las Vegas Sands em Macau, a Sands China. Adelson, juntamente com Mark Zuckerberg, dono do Facebook, e George Soros, acumulou o maior ganho de dinheiro na lista deste ano dos 400 americanos mais ricos. Ainda relacionado com Macau, o maior accionista da MGM Resorts, Kirk Kerkorian, quedou-se na posição 117.ª da lista, com um património líquido 24 mil milhões de patacas. A MGM Resorts é o accionista maioritário da MGM China Holdings. Steve Wynn, presidente da Wynn Resorts, foi 130.º na lista da Forbes com um património líquido de 22 mil milhões de patacas. A sua ex-mulher, Elaine Wynn, também
está na lista ocupando o lugar 263.º com 13 mil milhões de patacas. Ambos beneficiaram dos bons resultados da subsidiária local da Wynn Resorts, Wynn Macau. O fundador da Microsoft, Bill Gates, encabeçou a lista pelo 18.º ano consecutivo com uma fortuna
avaliada em 465 mil milhões de patacas. Em segundo lugar ficou Warren Buffett com um património na ordem das 307 mil milhões de patacas. O administrador da Oracle, Larry Ellisson, completa o pódio com um património de 260 mil milhões de patacas. – G.L.P.
RECEITA BRUTA DO JOGO PODE SUBIR 50% Quem o afirmou foi Sheldon Adelson, presidente da Las Vegas Sands à Bloomberg. “Facilmente a receita bruta do jogo em Macau pode crescer 50% ou mais ainda este ano.” Até ao final de Agosto, a receita já chegou aos valores de aumento na ordem dos 47% para 173 mil milhões de patacas. Os casinos de Macau respiram saúde financeira e nos últimos dois meses a Sands China continuou a liderar o mercado com uma quota ponderada de 35,4%, segundo dados de um relatório da Associação de Estudo para Jogos de Macau. O mesmo documento coloca a SJM Holdings com 30,9% de quota e o grupo Galaxy com 17,3%. Seguem-se a Wynn Macau (6,3%), a MGM China (5,1) e a Melco Crown (4,9%), as únicas com quotas de mercado abaixo dos 10%.
AU KAM SAN PREOCUPADO COM A LIBERDADE DE IMPRENSA O deputado da Assembleia Legislativa (AL) Au Kam San mostrou-se, uma vez mais, preocupado com a liberdade de imprensa depois do incidente que ocorreu entre um jornalista e um agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), há uma semana. Contudo, o deputado revelou que ficou satisfeito pelo Comandante do CPSP ter admitido que a polícia não pode obstruir os moradores a fotografar na rua e que já foi aberta uma investigação interna para apurar a verdade. Apesar disso, Au Kam San criticou
aquilo que considera uma violação clara dos direitos das pessoas. “Parece que o agente ainda não aprendeu as leis e a obstrução ao jornalista é um abuso de poder inaceitável.” O deputado já endossou uma interpelação escrita ao Governo depois do incidente e da “errada interpretação da lei por parte dos agentes da polícia” que acusa de confundirem a cognição no sentido da lei. “Esta não familiarização com a lei pode ser extremamente perigosa e levará os moradores a perderem confiança na polícia”, criticou o deputado. – V.L.
SEXTA-FEIRA 23.9.2011 www.hojemacau.com.mo
LÍBIA ARMAS QUÍMICAS DESCOBERTAS As forças rebeldes líbias afirmam ter descoberto um arsenal de armas químicas em áreas do Sul do país capturadas nos últimos dias aos combatentes leais a Muammar Khadafi. O Conselho Nacional de Transição (CNT) garantiu ter tomado grande parte de Sheba, e o controlo total de Al-Jufra, um dos últimos bastiões do coronel, bem entrincheirado no deserto Sara, 700 quilómetros a sudeste da capital. É aqui que afirmam ter descoberto um armazenamento secreto de armas de destruição maciça. “A área total de Jufra – foinos dito que ficou libertada”, declarou o porta-voz Fathi Bashaagha ao jornalistas em Misurata, na quarta-feira à noite. “Havia um armazém de armas químicas e agora ele está sob controlo dos nossos combatentes”. NASA HOJE É DIA DE CHUVA DE SATÉLITE O satélite da Agência Espacial norte-americana (NASA), UARS, deverá cair na Terra hoje, de acordo com as mais recentes previsões da agência. “A entrada [do satélite na atmosfera terrestre] é esperada para a tarde de 23 de Setembro [noite em Macau]”, anunciou ontem a NASA em comunicado. No entanto, insiste, “ainda é demasiado cedo para prever a hora e o local” onde o satélite vai cair. Com o passar do tempo as “previsões vão sendo afinadas”. O UARS, acrónimo para Upper Atmosphere Research Sattelite (Satélite de Investigação da Atmosfera Superior), pesa 5668 quilos e a NASA estima que há 26 peças que vão sobreviver à entrada na atmosfera que ao todo pesam 532 quilos. A peça mais pesada terá 158,3 quilos. EUA TROY DAVIS EXECUTADO POR INJECÇÃO LETAL O norte-americano Troy Davis, condenado à morte pelo homicídio de um polícia em 1989, foi executado ontem com uma injecção letal na Geórgia, Estados Unidos, depois de várias tentativas de última hora para suspender a decisão. A execução, inicialmente prevista para quarta-feira, acabaria por se concretizar na madrugada de ontem após o Supremo Tribunal dos Estados Unidos ter recusado um apelo dos advogados. O caso de Davis era apresentado pela defesa como típico cidadão negro condenado injustamente pela morte de um branco, e reabriu o polémico debate sobre a aplicação da pena de morte nos Estados Unidos.