DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
SEXTA-FEIRA 23 DE SETEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3663
hojemacau
RÁDIO-TÁXIS
Licença para rodar PÁGINA 4
OPINIÃO
Viagem ao Ocidente Dá-me a cidade PAUL CHAN WAI CHI
ISABEL CASTRO
MONG-HÁ
Regresso ao trabalho PÁGINA 8
h
Cpt.Veiga e os piratas JOSÉ SIMÕES MORAIS
Muralha e papel
AUDITORIA | IACM
ANABELA CANAS
Recados maiores
CHARLES LANDRY
O PAI URBANO AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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EVENTOS
MOP$10
Falta de segurança, lixo acumulado, riscos para idosos e crianças. O relatório do Comissariado de Auditoria não poupa críticas ao IACM, acusando-o de falhas e desperdício de recursos na gestão dos espaços de lazer. GRANDE PLANO www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau
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AUDITORIA IACM PERMITE FALTA DE CONDIÇÕES E DE SEGURANÇA EM EQUIPAMENTOS
GRANDE PLANO
RECADOS DADOS “O IACM referiu que tinha introduzido um mecanismo da inspecção e reparação periódica que permitia detectar e acompanhar o mais cedo possível os problemas (...). Apesar disso, os resultados da auditoria mostraram que o mecanismo do IACM foi concebido e executado de forma deficiente e as acções de segurança não foram aplicadas conforme o estabelecido” “Sobre as instalações e equipamentos identificados em condições deficientes pelo CA, o IACM referiu que alguns dos problemas não tinham sido detectados aquando da sua inspecção. O CA considera que a detecção dos problemas aquando da inspecção é a responsabilidade básica do IACM.” “O IACM informou que tinha conhecimento de que algumas instalações e equipamentos estavam em condições deficientes, mas não foram feitas as reparações por estes não apresentarem risco imediato. No entanto, o CA não pode deixar de realçar que um certo número das instalações e equipamentos em condições deficientes apresentavam risco imediato.” “A presente auditoria detectou um elevado número de problemas respeitantes às instalações e equipamentos e às condições de higiene nas instalações municipais para fins de lazer, o que demonstrou que o IACM foi insuficiente na actividade de gestão, pondo em causa a segurança e a saúde pública e prejudicando a imagem de Macau junto dos cidadãos e visitantes.”
NÚMEROS
98,7 milhões de patacas
foi o valor total que o IACM gastou em 2015: a “gestão dos espaços verdes” custou milhões de patacas, a “reparação e manutenção” custou milhões, a “segurança” milhões, a “limpeza” milhões e a aquisição de equipamentos e aparelhos custou milhões de patacas
38,9
37,6 14,7 5,78
2,05
LAZER POR TERRA Apesar de gastos de quase cem milhões de patacas para todo o serviço de manutenção dos espaços verdes e equipamentos de lazer, o IACM não cumpriu os seus deveres: lixo, insegurança e falta de condições são algumas das críticas apontadas pelo Comissariado de Auditoria, que frisa ter havido “descuido” em diversos aspectos
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ESPERDÍCIO – de recursos e dinheiro -, falta de condições para os utentes e até riscos de segurança. Uma avaliação do Comissariado de Auditoria (CA) caracteriza assim as instalações de lazer de Macau. De zonas de descanso a parques desportivos, são diversos os locais que deveriam ser melhor geridos pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), mas que não o são, frisa o CA. “A presente auditoria detectou um elevado número de problemas respeitantes às instalações e equipamentos e às condições de higiene nas instalações municipais para fins de lazer, o que demonstrou que o IACM foi insuficiente na actividade de gestão, pondo em causa a segurança e a saúde pública e prejudicando a imagem de Macau junto dos cidadãos e visitantes.” Num relatório que não deixa de fora os detalhes de cada um dos locais que visitou, o Comissariado dirigido por Ho Veng On fala em problemas “constantes” e critica o facto de alguns problemas se estenderem por mais de um ano,
como é o caso das instalações e sinalizações perto dos Lagos Sai Van. “Desde há muito tempo, é uma noção comummente admitida pela comunidade que as instalações municipais construídas pelo Governo são seguras e fiáveis. No entanto, conforme mostram os resultados da Auditoria e devido à falta de atitude activa da entidade, um certo número de instalações e equipamentos comporta riscos de segurança, o que demonstrou o desvio da finalidade da criação das instalações municipais, colocando em destaque a actuação descuidada do [IACM]”, atira o CA, que pede que o Instituto pondere “a sério” os problemas apresentados para que haja resultados concretos. As situações acontecem por falta de iniciativa do próprio Instituto, tanto ao nível de gestão como de fiscalização, ainda que a responsabilidade dos utentes também não seja deixada de fora (ver caixa). “Em algumas instalações municipais geridas pelo IACM, as tarefas de reparação e limpeza são asseguradas pelos adjudicatários. Apesar disso, o IACM, enquanto entidade responsável pela gestão,
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SOCIAIS
INSTITUTO JUSTIFICA-SE E CONCORDA COM RELATÓRIO
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deve reforçar a supervisão no sentido de garantir o cumprimento das responsabilidades dos adjudicatários. Deve também aperfeiçoar o mecanismo de inspecção de modo a permitir uma intervenção mais activa na detecção de problemas e na execução das tarefas de reparação e limpeza, evitando, assim, a passividade na realização dos trabalhos e falta de acção no caso da detecção de problemas evidentes no dia-a-dia.”
COISAS DO PASSADO
Os avisos do CA não são de agora. Em 2014, por exemplo, o Comissariado foi à Praça dos Lagos Sai Van. Foi aqui que começou a avaliação ao IACM, que passou por uma dezena de outros espaços. “Todos os locais examinados apresentavam elevado número de problemas respeitantes às instalações e equipamentos e às condições de higiene”, indica o Comissariado, que salienta outros dois sítios além dos lagos onde os problemas são mais flagrantes: o Jardim do Mercado do Iao Hon e a Zona de Lazer do Jardim Nam Ou. O Comissariado fala em 30 problemas detectados pelo CA
nestes três locais. A maioria, 28 deles, “não foram detectados pelo IACM” e 11 deles “permaneceram sem melhorias até Março de 2016 apesar da comunicação do CA junto do IACM em Abril de 2014”. As instalações e equipamentos danificados com risco imediato não foram reparados atempadamente e “nem sequer” foram colocadas sinalizações de risco para evitar acidentes: as rupturas nos pisos superior e inferior da Praça do Lago Sai Van mantiveram-se, bem como os equipamentos desportivos “instáveis” e cheios de ferrugem do Iao Hon. E o lixo.
“Verificou-se que o lixo existente nas calçadas permaneceu sem recolha durante dias e o lixo existente nos espaços verdes e entre as pedras se manteve por recolher durante meses.”
DINHEIRO SEM SUPERVISÃO
O CA faz questão de referir que a construção das instalações já acarreta, por si só, “avultados custos do erário público” e diversos recursos: do IACM, das Obras Públicas, dos adjudicatários e dos trabalhadores. Mas, se a falta de atenção do IACM foi justificada por “falta de recursos” ou por não terem sido detectados os
UTENTES TAMBÉM SÃO RESPONSÁVEIS
A
pesar do Governo ser responsável por gerir e manter a limpeza das instalações municipais, também quem os usa tem a sua quota parte de responsabilidade. Os problemas de higiene “não têm origem no Governo”, recorda o CA, que frisa que a grande quantidade de lixo existente nas instalações municipais examinadas “foi abandonada indevidamente pelos utentes”. O aviso do CA vai, por isso, também para os cidadãos, mas o Instituto não escapa no que à promoção diz respeito. “O IACM deve reforçar a comunicação com os cidadãos e acompanhar seriamente as suas opiniões. Não deve adoptar uma atitude arrogante e deixar passar as opiniões da população, mas deve actuar com maior determinação no sentido de criar um ambiente de cooperação entre o Governo e a população e, em conjunto, manter as instalações públicas em condições limpas e agradáveis.”
problemas (ver texto secundário), houve algo que não faltou ao Instituto: dinheiro gasto para reparar precisamente o que estava mal. Serviços que o IACM pagou mas que não tiveram qualquer supervisão. Por exemplo, o Instituto gastou em 2015 mais de 98 milhões de patacas para aquisição de serviços de limpeza e gestão de espaços verdes das instalações municipais, onde não se incluem apenas estas. E este valor não inclui custos pagos pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental para os mesmos serviços. No relatório, o CA pede ao IACM que defina um mecanismo “eficiente” para “detectar atempadamente” os problemas existentes e para os resolver “definitivamente”. Outro dos pedidos prende-se com a reparação e substituição das instalações em condições “deficientes que apresentam riscos imediatos”. Mais ainda, o CA quer que o IACM “reforce a supervisão dos serviços adjudicados por forma a assegurar o cumprimento das responsabilidades de acordo com o contrato”. Joana Freitas
Joana.freitas@hojemacau.com.mo
O lado do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), as justificações para estes problemas dividem-se entre a falta de recursos, grande número de utentes e ausência de perigo imediato para os utilizadores. No relatório do Comissariado de Auditoria (CA), o IACM indica que não efectuou a actividade de gestão e reparação devidamente “pela insuficiência de recursos”, algo que o Comissariado considera que originou o desperdício dos seus esforços e das outras entidades envolvidas e prejudicou os avultados recursos públicos canalizados para a construção destes equipamentos. Outro dos fundamentos apresentados pelo IACM sobre o atraso na limpeza foi o elevado número de utentes e outro ainda o facto de não haver riscos imediatos em alguns casos.Algo com que o CA não concorda. “O IACM informou que tinha conhecimento de que algumas instalações e equipamentos estavam em condições deficientes, mas não foram feitas as reparações por estes não apresentarem risco imediato. No entanto, o CA não pode deixar de realçar que um certo número das instalações e equipamentos em condições deficientes apresentavam risco imediato”, pode ler-se no relatório. O IACM, que frisa terem sido recolhidas dez amostras de entre 132 jardins, parques e zonas de lazer sob a sua alçada, diz concordar com o relatório – e admite que vai elevar a limpeza e o tratamento atempado de problemas. “Este Instituto pretende integrar a gestão e manutenção das instalações municipais para fins de lazer no sistema de gestão a longo prazo e melhorar o desempenho no trabalho através da obtenção do Certificado Internacional de Gestão de Qualidade ISO”, indica. J.F.
4 POLÍTICA
hoje macau sexta-feira 23.9.2016
Vendas mas não só
IC vai abrir concursos para gestão de lojas da Casa de Vidro
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S entidades que vão ocupar algumas das lojas da chamada Casa de Vidro do Tap Seac vão ser escolhidas por concurso público. Isso mesmo confirma o Instituto Cultural (IC) ao HM, depois de ter sido questionado sobre a gestão do espaço. Cafés e livrarias estão nos planos. “Após a conclusão da modificação [do Centro Comercial], serão abertos concursos públicos para algumas lojas da Casa de Vidro, para que o sector cultural e criativo possa tirar partido do espaço e desenvolver os seus negócios”, refere o IC, acrescentando que “os concursos públicos relevantes serão abertos durante o ano de 2017”. O Centro Comercial será transformado num espaço multifuncional para as indústrias culturais e criativas, no qual os empresários destas indústrias poderão expor as suas obras, “criando uma atmosfera cultural e criativa
ligada às atracções do património mundial, às arquitecturas características e às entidades culturais”, relembra ainda o IC. Em 2014, o IC tinha referido que queria juntar ao espaço locais de lazer e confirma agora, ao HM, que esses planos continuam de pé. “Todo o espaço será projectado para lojas culturais e criativas e workshops mas também livrarias e instalações de restauração, entre outras.” O espaço tem estado vazio desde que ficou concluído em 2007, mas no próximo mês começam as obras de modificação, que compreendem cinco pisos, com uma área total de cerca de 5200 metros quadrados. A Companhia de Construção Urbana J & T Limitada é a responsável pelas obras e recebe 30,3 milhões de patacas pelo serviço. A remodelação deverá estar concluída no quarto trimestre de 2017, depois de começar no próximo mês. J.F.
EXIGIDA DATA PARA REVISÃO DA LEI DE HABITAÇÃO ECONÓMICA
HOJE MACAU
O deputado Au Kam San exige ao Governo uma data exacta para a revisão da Lei da Habitação Económica de forma a que se proceda à classificação da totalidade dos candidatos segundo as pontuações que têm. O deputado relembra ainda que as Comissões da Assembleia Legislativa (AL) vão mudar no próximo ano devido às eleições, pelo que a proposta de revisão deve ser entregue à AL o mais rapidamente possível sob risco de cair no abandono, diz.
Rádio-Táxis GOVERNO ASSINA CONTRATO COM NOVA EMPRESA
Em Abril, carros mil
Está assinado o contrato que vai trazer mais uma centena de rádio-táxis ao território. Começam a circular em 2017
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STÁ assinado o contrato entre o Governo e a Companhia de Serviços de Rádio Táxi Macau. A partir de Abril de 2017, novos veículos de transporte por chamada vão começar a circular no território, depois da empresa ter vencido o concurso público à frente de outra empresa dirigida por David Chow. Num comunicado ontem divulgado, o Executivo afirma que “assinou o contrato de indústria de transportes de passageiros em táxis especiais” ontem, na Direcção dos Serviços de Finanças. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, foi quem assinou o documento em representação do Governo,
para um serviço que é valido por oito anos. Ao que o HM apurou junto do Governo, David Chow não apresentou recurso da decisão da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), que optou por uma empresa que tinha sido, inicialmente, excluída. O empresário disse ao Jornal Tribuna de Macau que ponderava interpor recurso, mas contactado por diversas vezes pelo HM nunca respondeu. Já a DSAT confirma que não o houve. “Até agora, esta Direcção de Serviço não recebeu ne-
nhum recurso sobre a atribuição da concessão de licenças especiais de táxis”, indicou ontem a DSAT ao HM.
RECURSO DE SUCESSO
A Companhia de Serviços de Rádio Táxi foi aceite depois de ter interposto um recurso e, no início de Setembro, a DSAT informou que foi esta quem venceu o concurso por ter apresentado uma proposta mais razoável. A companhia pertence ao vice-presidente da Associação de Agências de Turismo e vai ser a responsável pelos cem
A empresa promete carros com internet, diversidade na forma de chamar os táxis e só cobra a chamada
rádio-táxis que vão recomeçar a circular no território, depois de um contrato rescindido com a Vang Iek. A empresa promete carros com internet, diversidade na forma de chamar os táxis e só cobra a chamada. No mínimo 50 veículos vão estar em circulação “no prazo de um ano desde a data do início da operação”, como indica um comunicado do Executivo. E a Companhia deve disponibilizar, pelo menos, cinco táxis acessíveis e dez táxis de grande porte para responder às exigências. A atribuição destas cem licenças especiais chega dois anos depois do Governo ter desfeito o contrato com a empresa Vang Iek, em Novembro de 2014. Joana Freitas
Joana.freitas@hojemacau.com.mo
5 POLÍTICA
hoje macau sexta-feira 23.9.2016
A Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau vai telefonar a três mil pessoas para saber o que pensam sobre o trabalho do Chefe do Executivo e dos Secretários. Há ainda perguntas sobre a possibilidade de aumento dos deputados directos na Assembleia Legislativa
ATFPM INQUÉRITO DE SATISFAÇÃO À POPULAÇÃO
A prova dos sete
FOCO NOS PRIVADOS
Apesar de ser um inquérito realizado pela ATFPM, o objectivo é ouvir mais os trabalhadores do sector privado, confirmou Rita Santos. “Vamos fazer o possível para que a maior percentagem (de inquiridos) não sejam os trabalhadores da Função Pública. Queremos ouvir mais os sócios que não sejam funcionários públicos e aqueles que, não sendo sócios, participam nas nossas actividades.”
“Q
UALa pontuação que dá aos trabalhos do Chefe do Executivo?”. “Concorda em aumentar o número de assentos dos deputados eleitos pela via directa?”. Estas são duas das sete questões que a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) vai colocar a três mil pessoas, quer sejam sócias ou não da Associação. Esse é o universo escolhido de um total de 40 mil contactos telefónicos que a ATFPM possui. O inquérito, cujos resultados deverão ser conhecidos daqui a um mês, visa ser “justo, imparcial” e representativo da população, disse o presidente da ATFPM e deputado directo, José Pereira Coutinho. “Na região vizinha temos 70 deputados no Conselho Legislativo (LegCo), dos quais 35 são eleitos pela via directa e outros 35 pela via indirecta. Não há deputados nomeados. E é por isso que queremos perguntar à sociedade, atendendo que no próximo ano vão ser feitas eleições legislativas, o que é que pensa sobre a possibilidade de elevarmos os números das eleições directas. Estou ansioso e curioso em saber qual vai ser o resultado final”, referiu. “No próximo ano vão ser as eleições e é por isso que queremos saber se o grupo de 14 deputados directos é ou não suficiente”, acrescentou Rita Santos, que irá coordenar o inquérito. “Será que o povo quer ver um crescimento gradual da democracia em Macau? Queremos que, com estes resultados, possa haver uma melhoria dos trabalhos dos Secretários”, disse ainda a presidente da mesa da assembleia-geral da ATFPM. Pereira Coutinho referiu ainda que este inquérito não trará qualquer influência ao processo de revisão da Lei Eleitoral, actualmente em curso, e frisa que tanto ele, como Leong Veng Chai, número dois no hemiciclo, estão completamente insatisfeitos pelo facto da Lei Eleitoral não propor um aumento de deputados pela via directa.
“Se calhar há muita gente em Macau que também está insatisfeita com o facto da nova lei não corresponder aos anseios e necessidades que Macau precisa em termos de deputados. Se formos comparar com as listas participantes em cada acto eleitoral desde o estabelecimento da RAEM chega-se rapidamente à conclusão de que há mais listas participantes”, referiu Pereira Coutinho.
“Queremos perguntar à sociedade, atendendo que no próximo ano vão ser feitas eleições legislativas, o que é que pensa sobre a possibilidade de elevarmos os números das eleições directas. Estou ansioso e curioso em saber qual vai ser o resultado final” PEREIRA COUTINHO PRESIDENTE DA ATFPM
RITA SANTOS SÓ É CANDIDATA SE TIVER CERTEZA DA ELEIÇÃO
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outinho espera por ela, o seu número dois pensa na reforma da política. Ela, Rita Santos, diz que só se candidata às eleições para a AL se tiver a certeza de ser eleita. “Ainda não é o tempo adequado para tomar essa decisão. Se tomar a decisão tenho de ter confiança de que posso entrar, se não, será um
grande risco. Não há uma tradição de menos corrupção nas eleições”, acusou Rita Santos, referindo que no mais recente Festival do Bolo Lunar houve oferta de lai-si por parte de associações. Coutinho referiu que “não há nenhuma lista”. “Estamos à espera que a doutora Rita decida. O meu colega (Leong
Veng Chai) está de férias e parece que se quer aposentar. Se esta senhora que está ao meu lado direito não der a palavra final, ele terá de regressar à base para continuar os serviços à comunidade. Cada um de nós está bem na vida e não precisamos do cargo de deputado para nada”, garantiu o actual deputado.
E há uma razão para isso. “Sabemos que os trabalhadores da Função Pública não se atrevem a falar dos seus superiores hierárquicos com medo de represálias. Quando o fazem são discriminados no emprego.” José Pereira Coutinho lembrou a alteração aos estatutos que a ATFPM realizou há cerca de seis anos, permitindo a entrada de sócios do sector privado. “É por isso que neste momento temos sócios da Função Pública e sócios das empresas privadas. Para além desses sócios ainda temos pessoas que não são sócias mas que gostam de participar nas nossas actividades, e que pagam mais por isso. Não excluímos nenhum sector da sociedade”, rematou. Depois de ouvir a opinião sobre o Chefe do Executivo e o seu Governo, a ATFPM deverá abordar os seus contactos no sentido de saber o que eles pensam sobre o desempenho dos tribunais e dos comissários da auditoria e corrupção. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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hoje macau sexta-feira 23.9.2016
Edital nº Processo nº Assunto Local
EDITAL
: 32/E-OI/2016 : 65/OI/2009/F : Início do procedimento de audiência pela infracção às disposições do Regulamento Geral da Construção Urbana (RGCU) : Estrada do Repouso n.º 76C, Edf. Weng Lok Kuok, fracção 5.º andar B (CRP: B5) e terraço sobrejacente à mesma, Macau.
Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/ SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados Ip Heng Keong e Chong Kam Lin, bem como o(s) dono(s) da obra e os utentes do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1.
Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as obras não autorizadas abaixo indicadas, as quais infringiram o disposto no n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (RGCU) de 21 de Agosto, alterado pela Lei n.º 6/99/M de 17 de Dezembro e pelo Regulamento Administrativo n.º 24/2009 de 3 de Agosto, pelo que as mesmas são consideradas ilegais: Obra 1.1
Construção de compartimento composto por paredes em alvenaria de tijolo e cobertura em chapa de zinco no terraço do edifício sobrejacente à fracção.
1.2
Instalação de gaiola metálica na parede exterior junto à fracção.
2.
Nestas circunstâncias e nos termos dos artigos 52.º e 65.º do RGCU, ordena aos infractores que procedam à demolição das obras ilegais referidas no ponto 1 e à reposição da parte afectada do edifício de acordo com o projecto aprovado por esta Direcção de Serviços, e informa que incorrem em infracção sancionável com multa de $1 000,00 a $20 000,00 patacas. 3. Nos termos dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os interessados podem apresentar a sua defesa por escrito e as demais provas para se pronunciarem sobre as questões que constituem objecto do procedimento, bem como requerer diligências complementares, no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. 4. No entanto, os interessados podem proceder à demolição da obra acima indicada por iniciativa própria, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar nesta DSSOPT o pedido de demolição das obras ilegais, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. 5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 15 de Setembro de 2016 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man
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7 hoje macau sexta-feira 23.9.2016
SOCIEDADE
Abalada de Rui Melo Médico Reumatologista foi afastado de vários hospitais em Portugal
O Metro Ligeiro PAINÉIS SOLARES DESCARTADOS PELO GIT
Caro e difícil
O caderno de encargos do Metro Ligeiro previa a instalação de painéis solares para a produção de energia, mas o projecto acabou por ser descartado pelo Governo devido à baixa popularidade e pouca “eficácia de custos”. O contrato de concessão com a CEM terá sido um dos factores
A
S 11 estações do segmento da Taipa poderiam vir a ter painéis solares para a produção de energia, mas tal não vai acontecer. O HM sabe que essa intenção constava no caderno de encargos do projecto, mas a vontade de enveredar por uma iniciativa mais amiga do ambiente acabou por cair por terra, confirmou o próprio Gabinete de Infra-estruturas de Transportes (GIT). “Na fase inicial da elaboração do projecto da linha da Taipa do Metro Ligeiro foi avaliada a possibilidade de introdução de instalação para geração de electricidade solar. No entanto, considerando o desenvolvimento da respectiva técnica, a popularidade e a eficácia de custos, entre outros factores, acabou por não ser colocada nas estações da linha da
Taipa”, disse o GIT numa resposta escrita enviada ao HM. Apesar disso, o Governo garante que as estações serão um sítio agradável para se estar e que se tentou, na mesma, reduzir o impacto ambiental do projecto. “Com o objectivo de poupar energia e proteger o ambiente, as estações localizadas na linha da Taipa do Metro Ligeiro foram projectadas por forma a criar um espaço aberto, tornando possíveis a ventilação e a iluminação naturais”, refere ainda a mesma resposta. O HM sabe ainda que o contrato de concessão da Companhia da Electricidade de Macau (CEM) foi um dos factores para a não instalação dos painéis solares, pelo facto da empresa ter a exclusividade da produção e fornecimento de energia. Confrontado com esta questão, o GIT nada disse sobre o assunto. Já a CEM
“Foi avaliada a possibilidade de introdução de instalação para geração de electricidade solar. No entanto, considerando o desenvolvimento da respectiva técnica, a popularidade e a eficácia de custos, entre outros factores, acabou por não ser colocada nas estações da linha da Taipa” GABINETE DE INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTES
confirmou que não teve, até à data, qualquer informação sobre a intenção de instalar painéis solares, referindo que o Governo só teria de contactar a concessionária após a referida instalação nas estações do Metro Ligeiro.
DA EXCLUSIVIDADE
Olhando para a revisão do “Contrato de concessão do exclusivo da produção, importação, exportação, transporte, distribuição e venda de energia eléctrica”, datado de 2007 e publicado em Boletim Oficial (BO), conclui-se que “durante o período de concessão, só a concessionária tem o direito de utilizar as vias públicas, bem como os respectivos subsolos, com o fim de fornecer energia eléctrica”. Contudo, são excepção “os casos autorizados pela RAEM, depois de ouvida a concessionária”. O mesmo documento revela que “o regime de exclusivo não abrange nem prejudica as instalações particulares que sejam ou venham a ser alimentadas por energia eléctrica de produção própria e as redes de distribuição para tracção eléctrica, desde que devidamente autorizadas pela RAEM”. O HM contactou ainda André Ritchie, antigo coordenador-adjunto do GIT, o qual não quis fazer comentários sobre este assunto. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
Centro Hospitalar Conde de São Januário não foi a única unidade de saúde a dispensar os serviços de Rui Melo, médico reumatologista cujo contrato de trabalho de um ano não foi renovado. Dois hospitais públicos em Portugal, nomeadamente o Hospital de Nossa Senhora da Assunção, em Seia, e a Unidade Hospitalar de Bragança também optaram por rescindir contrato com o médico brasileiro. A primeira saída deu-se há dez anos, segundo o jornal regional Porta da Estrela. A notícia dava conta do afastamento do único reumatologista do hospital de Seia, o qual tinha a cargo 600 doentes. Após um ano de trabalho, Rui Melo foi contactado pelo conselho de administração desse hospital, o qual o questionou sobre “as elevadas despesas com os tratamentos destes doentes”, escreveu o Porta da Estrela. A administração do hospital terá dito ao médico para não atender mais doentes fora da área do distrito de Seia, por questões orçamentais, sendo que este se recusou a fazê-lo. Pouco tempo depois, Rui Melo recebia uma carta a avisar da rescisão do contrato. À data, a saída de Rui Melo do hospital de Seia gerou protestos
por parte dos doentes, os quais desejavam a continuação do clínico, de quem diziam receber o melhor tratamento.
MAIS ACIMA
No caso de Bragança, a saída terá acontecido em 2012, pelo facto de Rui Melo alegadamente “aliciar” doentes seus a terem consultas na sua clínica privada, escreveu o jornal Correio da Manhã. O médico recusou essa acusação. “Nunca aliciei nenhum utente daquela região para a minha clínica privada, que dista a 230 quilómetros da Unidade Hospitalar de Bragança. O que me surpreende é a forma perversa como este tipo de calúnia. O objectivo daqueles é eliminar quem possa desestabilizar e ou os afrontar com qualidade humana e profissional”, referiu no seu esclarecimento ao jornal. Esta quarta-feira o director do São Januário, Kuok Cheong U, disse aos jornalistas que os serviços de Rui Melo já não eram necessários, pelo que foi decidida a rescisão do contrato de um ano. O serviço de reumatologia irá continuar a ser mantido por duas médicas. Até ao fecho desta edição não foi possível contactar Rui Melo para mais esclarecimentos. A.S.S.
8 SOCIEDADE
hoje macau sexta-feira 23.9.2016
JOCKEY CLUB APOSTAS MAIS À MÃO
O
novo sistema de apostas que entrou em vigor no Jockey Club a 3 de Setembro vai entrar na segunda fase de implementação, afirma um dos responsáveis do hipódromo, Kwan Weng Cheong, ao jornal do Cidadão. Neste momento já estão a ser instaladas máquinas automáticas de apostas dentro das instalações e nalguns postos fora do Jockey Club. Paralelamente, o hipódromo está a desenvolver uma aplicação móvel para os interessados que queiram fazer as suas apostas via telemóvel. A aplicação também tem a função de consulta e informação acerca das corridas de cavalos. Quanto ao caso recentemente noticiado acerca de um funcionário que terá administrado calmantes a um cavalo, o Jockey Club divulgou, em comunicado, que a acção foi registada pelo sistema de videovigilância das instalações e confirmado pelas análises ao sangue do animal. A qualificação deste cavalo para correr foi consequentemente cancelada e o funcionário despedido.
DIRECTORA DE SUPERVISÃO DE CASINO FORJOU CRÉDITOS DE APOSTAS
Mong Há CONSTRUÇÃO RECOMEÇA EM 2017 COM CUSTOS MAIS ALTOS
Está tudo resolvido
Com um orçamento mais alto, a segunda fase das obras de habitação pública e pavilhão de Mong Há vão recomeçar em 2017. O Governo assegura que resolveu os litígios com o empreiteiro original, mas não menciona a que preço
O
Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI) apresentou ontem o novo plano do Complexo Desportivo e da habitação pública de Mong Há, que deverá começar as obras no primeiro semestre do próximo ano. O organismo confirmou ao HM que o Governo conseguiu chegar a acordo com o empreiteiro que estava originalmente encarregue do projecto, a quem pagou parte das infra-estruturas construídas, e que lança agora um concurso público. As obras da 2ª fase da habitação social e do complexo desportivo de Mong Há foram suspensas há mais de quatro anos, por litígios entre o empreiteiro e o Governo. Agora, com concurso público aberto, o GDI prevê que
as obras recomecem no próximo ano e durem 1470 dias úteis. É estimado também que o custo total, devido à inflação, vá aumentar 20% comparando com o original, que foi de 685,4 milhões de patacas.
INCÓGNITAS FINANCEIRAS
Era a Companhia de Construção Hobbs a responsável pela construção, que assinou o contrato em 2011 e que deveria ter as obras prontas em 2014. O GDI admite que “o Governo já efectuou
pagamento sobre as despesas de construção efectivamente concluídas pelo empreiteiro original”, mas não adianta, ainda que questionado pelo HM, quanto é que foi esse valor. Lam Wai Hou, Chefe funcional de obras do GDI, também não revelou a quantidade de dinheiro envolvida no litígio com a ex-empreitada, mas garantiu que iria fornecer à comunicação social os conteúdos da resolução em breve. Foi através de uma terceira parte que o Governo “chegou
O GDI prevê que as obras recomecem no próximo ano e durem 1470 dias úteis. É estimado também que o custo total, devido à inflação, vá aumentar 20% comparando com o original, que foi de 685,4 milhões de patacas
a acordo sobre a resolução do contrato com o empreiteiro original”, tendo sido posteriormente revertido “o local de obra”. O GDI diz que a escolha dos materiais de construção já foi ajustado de forma a acabar com os problemas encontrados nas outras habitações públicas. No total foram entregues sete propostas para as obras e a vencedora terá de acabar o que ficou por fazer, que é quase toda a estrutura. A segunda fase da Mong Há tem uma área de construção total de 87.500 metros quadrados e vai contar com 37 pisos e 768 fracções, 512 são T2. Angela Ka
Info@hojemacau.com.mo
Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
O Jornal do Cidadão noticia na sua edição de ontem que a Polícia Judiciária (PJ) detectou um caso de burla informática. A directora de supervisão de um casino, juntamente com quatro homens do interior da China, terá forjado créditos de apostas entre Abril do ano passado e Setembro deste ano. Esse dinheiro terá sido então transferido para as contas bancárias dos seus alegados cúmplices em troca de quartos de hotel, cupões de comida e bilhetes de ferry. Os quatro homens terão vendido os prémios para fazer dinheiro. A PJ estima que a burla envolveu cerca de 800 mil dólares de Hong Kong. Enquanto que a directora e dois seus cúmplices já foram detidos, dois suspeitos permanecem em fuga. Os detidos, que estão já a ser investigados pelo Ministério Público, são suspeitos dos crimes de associação criminosa e burla informática.
ESCLARECIMENTO O HM vem por este meio esclarecer que a informação divulgada na notícia sobre o Museu do Grande Prémio sobre a possibilidade deste estar aberto ao público durante 24 horas não é verdadeira. Tratou-se de um erro de tradução, inimputável ao jornal e já confirmado com o porta-voz do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. O Secretário referiu apenas, na reunião do Conselho do Desenvolvimento Turístico, que o museu poderá ter um “horário alargado”. Aos leitores as nossas desculpas.
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DROGA PJ DETECTOU DETEVE TRÊS RESIDENTES LOCAIS
ENTENA SÓ UMA DAS VÍTIMAS ESTÁ NO HOSPITAL
A Polícia Judiciária (PJ) detectou um caso de venda de droga e deteve três residentes locais de cerca de 20 anos. Segundo o Jornal Ou Mun, a porta-voz da PJ referiu que, na semana passada, recebeu uma denúncia que indicava haver pessoas que traficaram drogas de Hong Kong para Macau. Na segunda-feira, durante uma investigação, a PJ encontrou os três suspeitos no terminal marítimo e deteve-os. Dois deles, um do sexo feminino, foram acusados de venda de droga. A terceira pessoa é acusada de consumo. O caso está sob investigação do Ministério Público.
A “Operação Trovoada 16” terminou com 1085 indivíduos a caminho do Ministério Público e com o enfâse na necessidade de reforço de fiscalização nos casinos, onde ocorre a grande maioria dos crimes de usura associados ao Jogo. O combate aos delitos relacionados com a droga é também prioridade das autoridades
E
M dois meses foram detectados 103 crimes associados ao sector do Jogo, e que compreendem essencialmente a usura, e mais 50 associados a burlas. De um total de 824 crimes distribuídos por 87 categorias, dez são directamente relacionadas com esta indústria, mas muitas há no que respeita a crimes violentos que podem ter a sua génese em dívidas mal paradas no sector. Os dados são resultado da Operação Trovoada 16 que envolveu as autoridades policiais das regiões de Guandong, Hong Kong e
SOCIEDADE
Só uma das vítimas do acidente que envolveu um autocarro de turismo na Rua da Entena se encontra ainda hospitalizada. É a mulher que estava em coma e que foi a vítima mais grave do acidente. Outros dos sete turistas (incluindo três pessoas que já receberam alta ontem) e quatro familiares acompanhantes permanecem em Macau. Entre os 44 turistas afectados, 36 já saíram da RAEM.
Operação Trovoada RESULTADOS “REFORÇAM NECESSIDADE” DE MAIS ACÇÕES EM CASINOS
Pára-raios para crimes Macau. A mega operação de combate a actividades criminosas decorreu durante dois meses, entre 22 de Julho e 21 de Setembro, e abrangeu dez áreas associadas a actividades criminosas. Não sendo os crimes do jogo cometidos no seio da sociedade, os números vêm constatar a necessidade de reforçar as acções de fiscalização nos casinos e nas zonas periféricas porque “acabam por afectar a sociedade”, referiu João Augusto da Rosa, Adjunto do Comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, na conferência de imprensa para a apresentação dos resultados. O encontro, que se baseou essencialmente em números, deu ainda a conhecer que foram encaminhados para o Ministério Público 1085 indivíduos e expulsas da RAEM 967 pessoas acusadas por “crimes diversos” (774), imigração ilegal, excesso de permanência ou porque a sua estadia não “se coaduna com a qualidade de turista”. Comparativamente aos valores apresentados no ano passado referentes à operação equivalente de combate ao crime, os números desceram, tanto em delitos como em agentes destacados. A justificação não é porque a criminalidade terá diminuído, mas sim porque o período de tempo foi menor. Em 2015 a “Trovoada” decorreu durante três meses e agora apenas dois e “por isso houve uma des-
débito, telemóveis, quatro motociclos e um veículo.
ESTUPEFACIENTES NO TOPO
“Não sendo os crimes do jogo cometidos no seio da sociedade, os números vêm constatar a necessidade de reforçar as acções de fiscalização nos casinos e nas zonas periféricas porque “acabam por afectar a sociedade” JOÃO AUGUSTO DA ROSA ADJUNTO DO COMANDANTE-GERAL DOS SERVIÇOS DE POLÍCIA UNITÁRIOS cida significativa de agentes disponibilizados e de casos descobertos”, justifica João Augusto da Rosa.
COACÇÕES E APREENSÕES
Quanto às medidas de coacção aplicadas aos en-
volvidos em actividades criminosas, 234 casos ficaram com termo de identidade e residência e 152 proibidos de entrar em casinos. Com pena de prisão imediata ficaram cinco indivíduos. Em números foram apreen-
didos quase cinco milhões de dólares de Hong Kong e quase 200 mil patacas. Ficaram ainda nas mãos das autoridades documentos falsos, notas falsas, armas, essencialmente facas e bastões extensíveis, cartões de
Dos artigos apreendidos, o topo da tabela vai para os estupefacientes com a retenção de cerca de 35 gramas de cocaína, 120 de ketamina e mais de 100 gr de Ice, uma metanfetamina. Outra apreensão de relevo foi a de “chá com leite”, uma nova droga que está a ganhar popularidade em Macau, com mais de cem gramas apreendidas. Questionado acerca do possíveis casos detectados na Escola Portuguesa de Macau (EPM), JoãoAugusto da Rosa garante que “não há dados de alunos da EPM associados a actividades criminosas nomeadamente associadas ao consumo de drogas”, salientando que este é um combate a ter permanentemente. No total, e sob a coordenação dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), o Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Polícia Judiciária (PJ) foram realizadas 760 acções de fiscalização que tiveram como alvo operações em casinos, casas de massagens e clubes nocturnos, bares, cafés, espaços de diversão e estabelecimentos hoteleiros. Paralelamente, foram reforçadas acções de identificação e verificação de viaturas bem como aumentados os patrulhamentos nos pontos mais críticos no que respeita à segurança. Sofia Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
10 CHINA
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Justiça ADVOGADO ESPECIALISTA EM DIREITOS HUMANOS CONDENADO
Com mão pesada O advogado Xia Lin, especialista em direitos humanos, foi acusado em 2014 de fraude e condenado agora a 12 anos de pena de prisão. A comunidade internacional e a sua defesa consideram a sentença demasiado pesada e um acto de repressão
U
M tribunal chinês condenou o causídico Lin a 12 anos de prisão, naquele que é o mais recente caso de repressão de defensores de direitos humanos no país, informou ontem a sua defesa. Xia ficou conhecido pela defesa do artista Ai Weiwei e do seu colega, também advogado na área dos direitos
humanos, Pu Zhiqiang, que foi detido após um seminário privado em que se discutiu o massacre de Tiananmen, em 1989. “O tribunal condenou Xia Lin a 12 anos de prisão por fraude”, disse o seu advogado, Dong Xikui, à agência AFP.
LIGEIRO PERDÃO
A polícia deteve Xia em Novembro de 2014, e mais PUB
Anúncio 【N.º 201609-2】 Torna-se público que, nos termos do artigo 29.º do Regulamento Administrativo n.º 5/2014 (Regulamentação da Lei do planeamento urbanístico), a DSSOPT vai procederse à recolha de opiniões dos interessados e da população respeitantes aos projectos de Planta de Condições Urbanísticas (PCU) elaborados para as zonas não abrangidas por plano de pormenor mas inseridas nos lotes abaixo indicados: ─ Processo N.º: 87A013, Avenida da República nos 58-60 – Macau; ─ Processo N.º: 91A244, Terreno junto à Rua de Évora e Rua de Coimbra (Baixa da Taipa-Lote BT44) – Taipa; ─ Processo N.º: 92A211, Avenida do Coronel Mesquita no 13 – Macau; ─ Processo N.º: 2009A017, Rua da Praia do Manduco no 5 e Beco de S. Roque nos 10-12 – Macau; ─ Processo N.º: 2011A085, Rua das Lorchas nos 87-91 – Macau; ─ Processo N.º: 2016A018, Rua do Patane nos 89-89A – Macau; ─ Processo N.º: 2016A029, Povoação do Interior nos 6-7 – Coloane; ─ Processo N.º: 2016A034, Rua do Matapau no 110 – Macau; ─ Processo N.º: 2016A036, Rua da Barca nº 62 – Macau. Para efeitos de referência, os projectos de PCU para as zonas dos lotes supracitados que não estão abrangidas por plano de pormenor já estão disponíveis para consulta no Departamento de Planeamento Urbanístico, situado na Estrada de D. Maria II n.º 33, 19º andar, Macau, e encontram-se afixados na Rede de Informação de Planeamento Urbanístico desta Direcção de Serviços (http://urbanplanning.dssopt.gov.mo). O período de recolha de opiniões tem a duração de 15 dias e decorre entre 27 de Setembro de 2016 e 11 de Outubro de 2016. Caso os interessados e a população queiram apresentar as opiniões sobre os referidos projectos de PCU de zona do território não abrangida por plano de pormenor, deverão preencher o formulário O011,o qual pode ser descarregado nos websites http:// urbanplanning.dssopt.gov.mo ou www.dssopt.gov.mo, ou levantado nesta Direcção de Serviços (Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau), podendo submetê-lo no período de recolha de opiniões através dos seguintes meios: ─ ─ ─ ─
Comparecendo pessoalmente: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau, durante o horário de expediente nos dias úteis Correio: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau (o prazo limite de entrega é contado a partir da data de envio indicada no carimbo do correio) Fax: 2834 0019 Email: pcu@dssopt.gov.mo
Serão consideradas as opiniões respeitantes aos projectos de PCU de zona do território não abrangida por plano de pormenor elaborados para os lotes, quando forem apresentadas de acordo com as exigências acima indicadas. Para mais informações podem pesquisar o website http://urbanplanning.dssopt.gov.mo e para qualquer informação adicional queiram contactar o Centro de Contacto desta Direcção de Serviços (8590 3800). Macau, aos 22 de Setembro de 2016 O Director da DSSOPT, Li Canfeng
tarde acusou-o de obter, através de fraude, 100 milhões de yuan para pagar dívidas de jogo, de acordo com um comunicado da defesa. O julgamento começou em Junho deste ano, em Pequim. “Declarámo-nos inocentes, mas o tribunal aceitou apenas parte da nossa defesa e reduziu o valor da fraude de mais de 100 milhões para 48 milhões”, indicou o seu advogado. O Presidente chinês, Xi Jinping, tem vindo a reforçar o controlo à sociedade civil desde que assumiu o poder em 2012, acabando com as possibilidades de activismo que tinham aberto nos últimos anos. Apesar
de inicialmente o Governo incidir sobre activistas políticos e pessoas envolvidas em campanhas por direitos humanos, tem cada vez mais focado a sua atenção nos profissionais legais que os representam. Só no ano passado as autoridades detiveram mais de 200 pessoas na chamada “repressão 709”, assim apelidada devido à data das detenções, 9 de Julho, incluindo advogados que aceitaram casos de direitos civis considerados sensíveis pelo Partido Comunista Chinês. Pu, o advogado detido por participar no evento sobre Tiananmen, recebeu uma pena suspensa de três anos
“A sentença é chocante, não apenas pela sua extensão, mas também porque foi aplicada a um advogado de direitos humanos que tem tentado proteger-se ao adoptar uma postura discreta e técnica no seu trabalho” MAYA WANG INVESTIGADORA DA HUMAN RIGHTS WATCH
de prisão em Dezembro por “incitar ódio étnico” e “gerar conflitos e problemas”. A sentença de Xia foi invulgarmente severa, e de acordo com Maya Wang, uma investigadora para a Ásia da organização de defesa dos direitos humanos da Human Rights Watch, vai “provocar um profundo arrepio à comunidade de advogados de direitos humanos que tem sido alvo de
repressão continuada pelo governo de Xi no último ano”, afirmando ainda “a sentença é chocante, não apenas pela sua extensão, mas também porque foi aplicada a um advogado de direitos humanos que tem tentado proteger-se ao adoptar uma postura discreta e técnica no seu trabalho”.
ESTRATÉGIA DE GLOBALIDADE DÁ BONS RESULTADOS
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aposta da China em investir além-fronteiras superou, em 2015, pela primeira vez, o valor investido por outros países na China, numa altura em que Pequim encoraja as aquisições no estrangeiro, como parte da transição para um novo modelo económico. A China investiu no total 145.000 milhões de dólares fora do país, no ano passado, um valor que
representa um crescimento homólogo de 18% e ultrapassa o valor do investimento directo estrangeiro no país, 135.6 mil milhões de dólares, segundo dados do ministério do Comércio chinês. O marco surge como resultado da “melhoria da capacidade nacional da China”, aprofundamento da cooperação e a estratégia de Pequim de encorajar empre-
sas chinesas a “tornarem-se globais”, lê-se no relatório do ministério. As empresas chinesas “têm de usar os recursos e mercados internacionais para se transformarem e actualizarem”, afirmou Zhang Xiangchen, porta-voz do ministério do Comércio. “Sentimos que as empresas estão agora interessadas em se internacionalizarem e procurarem activamente a integração
na inovação, manufactura e mercados globais”, acrescentou. A economia chinesa registou no ano passado o ritmo de crescimento mais baixo dos últimos 25 anos e tem continuado a abrandar à medida que Pequim enceta uma transformação do modelo económico, apostando no consumo e serviços como novos motores de crescimento.
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CHINA
H.K. MAIS DE 21.000 DETIDOS EM OPERAÇÃO CONTRA TRÍADES
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AIS de 21.000 pessoas foram detidas em Hong Kong numa campanha de combate ao crime organizado realizada nos últimos dois meses em conjunto com as polícias de Macau e da província chinesa de Guangdong, informou ontem a imprensa local. Adesignada “Operação Trovoada”, que todos os anos envolve agentes dos três territórios, levou a acções de fiscalização em mais de 3.000 locais, incluindo bares e espaços de entretenimento, e centros de jogos. Na operação deste ano, as forças de segurança reforçaram o combate às activida-
des de tráfico humano depois de observarem uma tendência de aumento destes crimes, disse o superintendente Brian Lowcock, citado pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK). Outras detenções estão relacionadas com crimes como tráfico de droga, branqueamento de capitais, e posse de armas. As autoridades apreenderam drogas como heroína e cocaína no valor de cerca de 70 milhões de dólares de Hong Kong (oito milhões de euros). Cerca de 70 pistolas de ar comprimido ilegalmente alteradas foram também apreendidas.
VALÊNCIA ABRE ESCOLA DE FUTEBOL EM XANGAI
O
Valência anunciou a criação da sua primeira escola de futebol na China, numa parceria com a empresa chinesa Growable Sports, por um período inicial de três anos. O Valencia CF Soccer School foi apresentado em Xangai, a ‘capital’económica da China, pelo presidente do clube espanhol, Layhoon Chan, e o ex-futebolista internacional chinês Sun Ji, fundador da Growable Sports. “Estamos felizes por colaborar com a Growable Sports, porque está focada em partilhar valores que o futebol pode ensinar aos nossos jovens e cultivar a paixão pelo desporto entre as crianças”, afirmou Chan. “Os seus valores estão muito alinhados com os da Academia VCF”, acrescentou o líder do clube espanhol, durante a apresentação da nova escola, que terá capacidade para acolher cerca de 2.000 alunos. Segundo o Valência, o programa da escola inclui o desenvolvimento de atletas do escalão juvenil, formação de treinadores, intercâmbios e a realização de jogos amigáveis. Trata-se de uma iniciativa já fomentada na China por outros emblemas europeus e antigas glórias do futebol, depois do país asiático ter anunciado a sua ambição em tornar-se uma potência futebolística. Em 2014, o antigo capitão da selecção portuguesa Luís Figo lançou uma academia da modalidade na China, que está hoje implementada em 16 cidades, empregando no total 60 treinadores portugueses. No conjunto, aAcademia Luís Figo conta com 5.000 alunos, crianças e adolescentes entre os quatro e 13 anos. No ano passado, o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, anunciou em Pequim a construção de 20 academias na China, até 2018. O Benfica abriu também, no ano passado, uma academia de futebol em Hangzhou, a capital da próspera província de Zhejiang, na costa leste da China.
Global Times ASSISTÊNCIA DO OCIDENTE A REFUGIADOS NÃO É SUPERIORIDADE MORAL
Mentes “arrogantes”
Pequim comprometeu-se, em sede da ONU, a doar 100 milhões de dólares para ajudar a crise dos refugiados, mas absteve-se de os receber no seu território. Ainda assim, criticou o discurso moralista do ocidente, a quem atribui a responsabilidade de vários conflitos que culminaram em vagas de refugiados
U
M jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) culpou os Estados Unidos da América e a Europa pela crise dos refugiados, argumentando que a assistência que prestam “não constitui uma prova de superioridade moral” acusando ainda que “com uma mentalidade arrogante, Europa e EUA precipitaram o Médio Oriente para adoptar uma democracia ao estilo ocidental, contribuindo para o fluxo de refugiados”, diz o Global Times, jornal do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC. Em editorial, a publicação sustenta que “estes países deviam sentir-se arrependidos” e não “moralmente superiores”, após terem “promovido guerras e
revoluções coloridas”, que “levaram povos ao desespero, sem outra opção que não fugir”. Durante uma cimeira promovida esta semana pelos EUA, na sede das Nações Unidas, os líderes dos 193 Estados-membros da organização aprovaram a Declaração de Nova Iorque, que pretende criar condições para um melhor tratamento dos refugiados e migrantes. Segundo Washing-
ton, 52 países e organizações comprometeram-se a “duplicar o número” de refugiados que acolheram no ano passado e a elevar o apoio em 4,5 mil milhões de dólares.
DEMOS O MELHOR
Pequim comprometeu-se a doar mais 100 milhões de dólares, um valor inferior ao anunciado pela maioria das
A publicação sustenta que “estes países deviam sentir-se arrependidos” e não “moralmente superiores”, após terem “promovido guerras e revoluções coloridas”, que “levaram povos ao desespero, sem outra opção que não fugir”
grandes economias, optando ainda por não receber refugiados. “A China fez o seu melhor e cumpriu com as suas responsabilidades”, defende o jornal, argumentando que Pequim “foi sempre contra intervenções no Médio Oriente e revoluções coloridas”, acrescentando que “o ocidente deve assumir a culpa pela sua incessante interferência em países não ocidentais”. Mais de 4,8 milhões de sírios deixaram o seu país devido à guerra, que já matou mais de 300.000 pessoas, desde Março de 2011. China e Rússia são os principais aliados do regime do presidente sírio, Bashar al Assad.
12 Cidade Criativa CHARLES LANDRY DÁ PALESTRA EM MACAU
A
partir de amanhã, dia 24, vão estar abertas as inscrições para a Maratona Internacional de Macau da Galaxy Entertainment. Organizada pelo Instituto do Desporto (ID) e pela Associação Geral de Atletismo de Macau, a corrida tem data marcada para o dia 4 de Dezembro. A Galaxy é a patrocinadora principal do evento com um montante total de 7,5 milhões de patacas. A maratona tem partida e chegada ao Estádio do Centro Desportivo Olímpico, com as provas da Maratona e Meia-Maratona a terem início às 6h00 e a Mini-Maratona 15 minutos depois. Este ano, no intuito de aumentar o número de participantes, foram aumentados os prémios pecuniários para 2,16 milhões de patacas a atribuir aos participantes das duas maiores provas. Os percursos das provas de Maratona e de Meia-Maratona envolvem a Ponte Governador Nobre de Carvalho, o Anim’Arte Nam Van, o Templo AMá e a Ponte de Sai Van. A distância do percurso da prova de Mini-Maratona foi aumentada para 5,5km. As vagas disponíveis são de 1400 para a Maratona, 3600 para a Meia-Maratona e cinco mil para a prova de Mini-Maratona, tendo este ano a organização disponibilizado mais duas mil vagas no total das provas face ao ano passado. As inscrições podem ser feitas online ou presencialmente a partir das 9h00 de amanhã e até domingo. Para fazer a candidatura presencialmente os atletas podem dirigir-se ao Fórum de Macau.
ESPACO COM IMAGI O final de Outubro traz a Macau o responsável pela criação do conceito de “cidade criativa”. Um espaço que confere a possibilidade de concepção do tecido urbano por aqueles que o habitam de uma forma sustentável e com recurso à imaginação
P
ORQUE a sustentabilidade urbana exige criatividade, a próxima edição deste ano das “Palestras de Mestres de Cultura” traz a Macau o britânico Charles Landry, considerado um referência internacional em desenvolvimento urbano e “pai do conceito de cidade criativa”.
INSTITUTO CULTURAL
ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA A MARATONA
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EVENTOS
Landry vai orientar a conversa “Macau: O Efeito Catalisador da Ambição e da Criatividade no Desenvolvimento Urbano Sustentável” , momento em que vai expor casos bem sucedidos de cidades culturais espalhadas um pouco por todo o mundo enquanto exemplo de “cidades criativas”. Para a construção e efectivação do conceito é “fundamental a ambição e a
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RECEITAS COM WOK • vários autores
Esta colecção de seis livros de culinária pretende dar a conhecer formas simples e eficazes de cozinhar de um modo rápido e saudável. Para além de três títulos dedicados à Carne, às Sopas e às Sobremesas, podemos ficar a conhecer alguma cozinha do mundo com os títulos consagrados à culinária italiana, à cozinha chinesa e às receitas com wok, grande frigideira com tampa presente em todos os lares de Macau e onde se preparam iguarias que exigem uma grande mistura de alimentos.
criatividade, a somar aos eventos culturais”, segundo o autor, que considera estes factores necessários à evolução urbana. Landry abre novas perspectivas para todos os interessados no estabelecimento de uma cidade criativa, viva e habitável.
UMA NOVA CONCEPÇÃO
Charles Landry é uma “autoridade internacionalmente re-
conhecida no que diz respeito à aplicação da imaginação e criatividade no desenvolvimento urbano”, como afirma um comunicado do Instituto Cultural, que apresenta o orador. Nos finais da década de 1980, Landry renovou o conceito de “Cidade Criativa” a propósito da capacidade de uma cidade gerar condições
que permitam às pessoas e organizações pensar, planear e agir com imaginação na resolução de problemas e na criação de oportunidades. Esta ideia, que se transformou num movimento global, levou a uma mudança na forma das cidades pensarem as capacidades e recursos urbanos. O autor tem trabalhado e proferido palestras em mais de
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GUIA DAS ESPECIARIAS • vários autores
Tudo o que precisa de saber sobre especiarias; História e origem das especiarias; Informações botânicas sobre as especiarias: características, localização e cultivo; Componentes e propriedades; Aplicação das especiarias na cozinha e na medicina; Misturas de especiarias mais importantes.
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A
edição deste ano do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) vai contar com a participação do jovem pianista de Macau Kuok-Wai Lio. Em colaboração com a Orquestra Filarmónica da China, o residente vai interpretar, “com o seu emotivo estilo musical e técnica exímia”, o Concerto para Piano e Orquestra n.º 20 em Ré Menor, K. 466 de W. A. Mozart, de acordo com o Instituto Cultural (IC). O concerto realiza-se no dia 7 de Outubro, pelas 20h00 no Centro Cultural de Macau. O pianista Kuok-Wai Lio nasceu em Macau em 1989, tendo iniciado os estudos de piano aos cinco anos de idade. Aos oito venceu o Prémio IC. Em 2005, foi distinguido com o 1º Prémio e com o Prémio Especial no âmbito do 6º Concurso Internacional de Piano Chopin da Ásia, em Tóquio, no Japão, vencendo ainda, em 2007, o 1º Prémio no Concurso Internacional de Concerto para Pianistas Fullbright, nos EUA. Aos poucos Kuok-Wai Lio tem vindo a afirmar-se na cena musical, tendo tido múltiplos sucessos internacionais no âmbito de vários concursos de piano.
Pianista de Macau toca com Orquestra Filarmónica da China Xincao e interpreta um repertório de fusão entre a Ópera de Pequim, a música clássica austro-alemã e a nova música tradicional da Hungria. Vários temas serão tocados, incluindo o prelúdio sinfónico de Qigang Chen, “Instants d’un Opéra de Pékin”, “que constitui uma extraordinária fusão entre Oriente e Ocidente, entrelaçando a música da Ópera de Pequim e a música sinfónica ocidental”, como indica a organização. “Um concerto diversificado que apresentará ao público uma elegante experiência musical e estilos musicais variados”, garante o IC. No dia 18 de Outubro é a vez de “Num Jardim Italiano - L’Accademia d’Amore por Les Arts Florissants”, um “concerto altamente aguardado” no âmbito do qual o maestro e cravista internacional William Christie irá dirigir o ensemble Les Arts Florissants e Le Jardin des Voix “para fazer renascer o mundo da música italiana antiga. O espectáculo está marcado para as 20h00 no CCM. Os bilhetes estão já disponíveis. HM
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FUSÃO MUSICAL
A Orquestra Filarmónica da China vai estar sobre a ordens do maestro Li
O 60 países, ajudando a mudar a forma de avaliar e aproveitar as possibilidades de reinventar as cidades. A sua “Tabela da Cidade Criativa” é um instrumento importante para aferir o ecossistema criativo de cada lugar. Das obras que publicou fazem parte títulos como “The Creative City: A Toolkit for Urban Innovators” ou “The Digitized City”.
A “Palestra de Mestres de Cultura” deste ano terá lugar no dia 30 de Outubro pelas 15h00 horas, no Salão de Convenções do Centro de Ciência de Macau. O evento conta com entrada livre mas os interessados deverão proceder à sua inscrição. Sofia Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
artista plástico Alexandre Farto, conhecido como Vhils, vai criar cinco murais em Newark, nos Estados Unidos, instalando uma das obras em cada um dos bairros da cidade que acolhem uma grande comunidade portuguesa. A iniciativa é do consulado de Portugal em Newark, liderado pelo Cônsul Pedro Olivera, pela Câmara Municipal da Cidade e pelo Museu de Newark. “Os parceiros deste projecto valorizam as manifestações artísticas como parte do crescimento e desenvolvimento da cidade e, nesse contexto, destacam a relevância desta intervenção de um dos maiores expoentes mundiais na arte pública”, disse a organização em comunicado. Para os responsáveis do projecto, esta parceria “constitui igualmente uma forma de reconhecimento da comunidade luso-americana” e do “seu contributo para a cidade.” A iniciativa foi formalizada ontem à noite, numa cerimónia em que esteve presente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Câmara Municipal de Newark, Ras Baraka. Alexandre Farto, de 28 anos, captou a atenção a ‘escavar’ muros com retra-
EVENTOS
Aqui há talento INSTITUTO CULTURAL
INACAO ˜
hoje macau sexta-feira 23.9.2016
Português de pinta Vhils cria murais em Newark
tos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já levou o artista a vários cantos do mundo, como Hong Kong.
LONGO PERCURSO
Vhils cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins, depois de não ter conseguido média para uma faculdade portuguesa. Esse ano ficaria também marcado pela colaboração com a banda irlandesa U2, para a qual criou um
vídeo incluído no projecto visual “Films of Innocence”, que foi editado em Dezembro de 2014, e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”. Em 2015, o trabalho de Vhils também chegou ao espaço, à Estação Espacial Internacional (EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes. No passado mês de Março, inaugurou a primeira exposição individual em Hong Kong, “Debris”, no topo do Pier 4, uma mostra que reflectiu a cidade e a identidade de quem nela habita para ver e, sobretudo, “sentir”. Paralelamente ao desenvolvimento da sua carreira criou, com a francesa Pauline Foessel, a plataforma Underdogs, projecto cultural que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, e exposições dentro de portas, em Lisboa. Este ano, recebeu o prémio personalidade do ano daAssociação da Imprensa Estrangeira em Portugal. LUSA/HM
MÚSICA CONCERTO PARA CELEBRAR IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
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ARA festejar o 67º aniversário da implantação da República Popular da China vai decorrer “O Concerto Global dos Artistas Chineses”, este ano subordinado ao tema “A Cultura da China”. A realizar-se pela primeira vez fora de Pequim, Macau vai
ser o palco escolhido para acolher as festividades da Associação Geral dos Chineses Ultramarinos. O concerto está marcado para amanhã, pelas 15h00, na Universidade de Macau. O “Concerto Global dos Artistas Chineses” assinala
a implantação da República Popular da China e esta é a terceira vez que se realiza, mas a primeira fora de Pequim. “Escolhemos Macau por entendermos que existem laços fortes com a revolução levada a cabo na China, como é o caso de Sun Yat-
-Sen, que durante a fase pré-revolucionária passou por Macau e para cá enviou a família. É uma espécie de homenagem que lhe prestamos, ao celebrar a data aqui”, referiu Xu Yuming, Director-Geral do Departamento de Publicidade do
Gabinete para os Assuntos dos Chineses Ultramarinos junto do conselho de Estado. “Até porque o evento assinala também o 150º Aniversário da figura histórica.” Este ano o cartaz está repleto de artistas que vêm dos quatro cantos do mundo. São
cem no total, provenientes de 40 países e regiões. A música será a tónica dos festejos contando com a participação da Orquestra Filarmónica Alemã, da Orquestra de Munique e de Singapura. Virá também o coro de Zhongshan, cidade natal de Sun Yat-Sen.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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O Capitão-mor Tristão Vaz da Veiga e a ajuda contra os piratas
“A
China iria fazer face, nos meados do século XVI, a um grave perigo vindo do mar; os ataques dos piratas japoneses, conhecidos pelo nome de Wokou (...), atingem a sua maior intensidade entre 1540 e 1565, e o período mais crítico situa-se nos anos 1553-1555, logo após os mais perigosos ataques dos Mongóis comandados por Altan Khan”, segundo Jacques Grenet, que refere a seguir, “O termo Wokou não deve ser tomado num sentido estrito, apesar de a maioria dos efectivos da pirataria ter sido constituído por Japoneses, dos finais do século XIV a princípios de XVI. Em verdade, é um pessoal cosmopolita, com actividades muito diversas, que se designa pelo termo geral de piratas: entre eles, encontram-se rônin (uma espécie de cavaleiros mercenários), dependentes dos daimyô Matsudaira, e antigos comerciantes e marinheiros das costas chinesas. Um dos chefes do Wokou nos meados do século XVI era um Chinês originário do Anhui chamado Wang Zhi. Grande negociante, ao mesmo tempo que pirata, faz comércio com o Japão, Luçon, Vietname, Sião e Malaca, entregando-se ao contrabando de enxofre, utilizado no fabrico de explosivos, de seda e de brocados. Instalado nas ilhas do Sul de Kyûshû, é tão temido que é conhecido pela alcunha de ‘rei que depura os mares’. Atraído ardilosamente a Hangzhou, aqui foi executado em 1557”. Por essa altura a pirataria estava sobretudo associada ao contrabando e já, muito antes, o terceiro imperador da dinastia Ming, Yong Le (1403-1424) para suster os ataques dos wokou tinha regulamentado as embaixadas japonesas; uma por cada dez anos e composta por dois barcos e 300 pessoas. Mas tal era o valor que os japoneses nutriam pelos preciosos produtos chineses, assim como a cultura que deles colhiam há mais de um milénio, que esse decénio custava a passar. Por vezes, nas embaixadas oficiais vinham mais barcos e tripulantes, outras enviadas antecipadamente eram recambiadas sem comerciar e daí a pirataria ressurgir, pois no mar se fazia o trato. Como refere Jacques Grenet, as “relações entre os Ming e o Japão
iriam quebrar-se a partir de 1522, ano em que o governo central, perante a recrudescência dos ataques dos piratas, decidiu pôr termo à atitude de tolerância que tinha adoptado durante a maior parte do século XV. No ano seguinte, estala em Ningbo uma disputa entre duas embaixadas japonesas, ambas pretendendo ser consideradas como oficiais. Aquela a quem as autoridades chinesas recusam o reconhecimento do seu carácter oficial pilha a cidade e as desordens encorajam os partidários de uma atitude firme. Em 1530, os japoneses deixam de ser autorizados a enviar embaixadas a Ningbo. Desde então, a pirataria faz rápidos progressos e o seu recrudescimento alarga-se à própria China. As principais bases dos piratas situam-se nas ilhas Zhoushan (Chusan), a nordeste das costas do Zhejiang, na região de Xiamen (Amoy) e de Quanzhou, na de Chaozhou, no Nordeste do Guangdong, bem como nas ilhas do Sul do arquipélago nipónico. Todas as costas chinesas são devas-
“Guangdong pede auxílio às forças militares de Macau e é um mercador rico, morador, que envia dois navios armados à sua custa; trata-se de Bartolomeu Vaz Ladeiro que tem um consórcio familiar com os sobrinhos Vicente Ladeiro e Sebastião Jorge e é um grande apoiante da Companhia de Jesus. A China posiciona-se como se esta ajuda defensiva do litoral do sul fosse uma obrigação de lealdade dos estrangeiros residentes” BEATRIZ BASTO DA SILVA
tadas desde o Norte do Shandong até ao Oeste do Guangdong, alongando-se as devastações uma centena de quilómetros pelo interior das terras”.
AJUDA PORTUGUESA CONTRA OS PIRATAS
“A defesa das costas é tão precária que a administração se vê obrigada a requisitar barcos de pesca. A contra-ofensiva só se começa a organizar depois das grandes devastações e massacres dos anos 15531555”, segundo Grenet que refere, o General Hu Zongxian restabeleceu a ordem na costa de Zhejiang em 1556 e no ano seguinte na da província de Fujian. Mas deve-se sobretudo a Yu Dayou (?-1587) e Qi Jiguang (1528-1587), no decurso dos anos 1560-1570 terem as costas ficado mais ou menos limpas de piratas. Jin Guo Ping, em Combates a Piratas e a Fixação Portuguesa em Macau, refere ter havido seis situações, entre 1547 e 1568, “que a pirataria levou os chineses a solicitar ajuda portuguesa, mas o factor ‘mais decisivo’ para aceitar o estabelecimento português de Macau foi a aquisição de âmbar cinzento”. Macau passou a ser a nova porta da China para o exterior, pois o anterior entreposto chinês mais ocidental desde 1433 era Malaca, então sobre governação do Sultão e em 1511 ocupada pelos portugueses. De Malaca, entraram os portugueses pelo Pacífico e apoiando-se da rede comercial explorada por mercadores do Sudeste Asiático, encontram-se a navegar de ilha em ilha em ‘veniaga’ ao longo da costa chinesa, até que lhes foi permitido fixarem-se em Macau. Situada numa pequena península no Sul da grande ilha de Hianshan, ou Hueng Chan (hoje Zhongshan), tornou-se Macau então a porta de entrada dos produtos estrangeiros e dos novos conhecimentos científicos provenientes da Europa. Segundo Bento de França, nos finais de 1556 navegava por aquelas costas um terrível pirata, Chan-si-lau a quem os portugueses, para agradar ao mandarim local, deram caça e acabaram com o seu reinado. Já Victor F. S. Sit refere, “Fernão Mendes Pinto acredita que foi em 1557, após terem ajudado as autoridades de Guangdong na supressão do grande corsário Ahmah, que os portugueses solicitaram à China a permissão do seu estabelecimento em Macau. Foi nesse ano que os portu-
gueses construíram pela primeira vez casas de habitação em Macau. Nos três anos anteriores a essa data, só puderam erguer cabanas provisórias exclusivamente para fins comerciais. Foi também nesse ano que o governo chinês enviou para Macau três altos funcionário, subordinados ao Sub-Comissário para a Defesa Marítima. Eram respectivamente o Superintendente de Macau (Ti-diao), com responsabilidades na administração, justiça e relações externas de Macau, o comissário para o combate à Pirataria (Bei-wo), encarregue também das patrulhas marítimas, e o Inspector de Segurança Pública (Xun-ji)”.
CHAPAS DE AGRADECIMENTO
Outro momento grave em que os chineses se viram forçados a pedir ajuda aos portugueses ocorreu em Abril de 1564 e a resolução de tão grave perturbação, criada pela rebelião interna na marinha imperial estacionada em Zhelin nos arredores de Cantão, coube à conjugação de esforços das autoridades militares de Guangdong e artilharia naval dos portugueses de Macau. A vitória sobre os rebeldes foi alcançada a 7 de Outubro em juncos chineses onde embarcaram soldados portugueses e ocorreu o combate em Dongguan. Episódio conhecido por Tropas Amotinadas em Zhelin. Por essa ajuda, no ano seguinte, os portugueses foram “brindados com chapas de um dos mandarins, aparentemente reconhecendo apenas os seus bons serviços e prometendo intercessão junto do Imperador para que fosse autorizada a entrada na China da missão diplomática de Diogo Pereira/Gil de Góis (1563-1565) e ainda, cumulativamente, terá sido dada à cidade, uma outra chapa, a título de recompensa, isentando-a do pagamento dos direitos alfandegários desse mesmo ano de 1565”, segundo Jorge dos Santos Alves em Os Primórdios do Estabelecimento dos Portugueses em Macau e esclarece Beatriz Basto da Silva, “os portugueses de Macau recebem um agradecimento formal pela ajuda prestada na luta contra a rebelião de 1564, mas não se livram de pagar 20.000 taéis de prata pela ancoragem dos seus navios, nem do foro do chão pelo uso da terra e do porto de Macau, que já vinha de 1559/1560 (500 taéis só para
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José Simões morais
o foro). Recebem ainda a promessa de, caso cumpram os direitos alfandegários, não lhes serem ‘tolhidos’ os mantimentos, antes ‘dobrados’. Trata-se do fecho e abertura das Portas do Cerco”. No entanto, “Yu Dayou, Comandante Regional de Guangdong, a despeito de ter recebido apoio naval dos portugueses, apercebendo-se do poder da sua artilharia, escreve (em 1565) e é de parecer que se deve acabar com a instalação dos portugueses em Haojing/Macau. Diz que os estrangeiros foram tolerados mas percebe-se que os considera um perigo para a zona, especialmente para Cantão, e sugere que
sejam banidos por forças chinesas do mar e da terra. Não é, no entanto, opinião unânime, já que o cantonense Huo Yuhsia é contrário à via militar e adepto da harmonia comercial desde que devidamente controlada”, (Cfr. Fok Kai Cheong - Estudos sobre a Instalação dos Portugueses em Macau), segundo Beatriz Basto da Silva e com ela seguindo, também Wu Guifang (fonte expressa em Wu Zhiliang, Segredos...) nesse ano “escreveu à Corte de Pequim sobre a ambição que os bárbaros do reino Folangi têm de querer estatuto de tributários da China, mas com isenção de impostos, o que não está na sua mão, pelo que pede
despacho. O assunto é premente, porque o comércio vem aliviar muito as despesas; os direitos comerciais são um rendimento a observar e “os bárbaros, quando revoltados, tornam-se perigosos”.
CAPITÃO-MOR TRISTÃO VAZ DA VEIGA
O contrabando confundia-se com a pirataria do litoral, quando em 1567 o governo imperial levantou a proibição de os chineses navegarem e fazerem comércio marítimo por conta própria. E continuando pela Cronologia da História de Macau de Beatriz Basto da Silva, em Julho de 1568 “A pirataria ataca directamente as
águas de Cantão. Tristão Vaz da Veiga, vindo da viagem ao Japão e Capitão-mor de Macau, domina-os; pouco depois socorre os mandarins cantonenses a seu pedido...” Já Gonçalo Mesquitela esclarece ter Tristão Vaz da Veiga recusado a oferta de D. Catarina pelos brilhantes serviços na Índia da capitania de Chaul, e em 1564 foram-lhe concedidas duas viagens à China e ao Japão, sendo ele Capitão-mor da primeira viagem Macau-Nagasaki. Essa viagem realizou-se entre 1566 e 1567 e no regresso do “Japão foi obrigado a invernar em Macau. Estava assim no porto do Nome de Deus, onde os portugueses estão na China em 12 de Junho de 1568, quando um pirata poderoso pretendeu atacar a cidade com cem velas, três a quatro mil homens e mil e quinhentas espingardas. O capitão-mor atacou-os, quando os piratas desembarcaram e repeliu-os quatro vezes. Acometida a nau, defendeu-a durante três dias, mas também os repeliu. Perdeu catorze defensores, entre os quais três portugueses, e contou cinquenta feridos. Depois de oito dias de luta, os mandarins de Cantão mandaram chapas a Tristão Vaz e ao pirata para acertarem pazes entre eles. O pirata foi para a ilha de Lamau conferenciar com os mandarins, entreteve-os com delongas e entretanto atacava Cantão, onde destruiu embarcações e os arrabaldes. Os portugueses prepararam-se para o novo ataque que esperavam sobre Macau. Construíram-se então as primeiras muralhas de defesa, até aí impedidas pelos mandarins, os quais, agora, perante as circunstâncias, não se opunham”. (...) “Durante a construção, outro pirata devastou a costa perto de Macau, pelo que os mandarins de Cantão pediram a Tristão Vaz que os combatesse, mandando-lhe alguns navios para isso. Além de que impediam a chegada de mantimentos a Macau. O capitão-mor embarcou, em quatro deles cinquenta portugueses, alguns cristãos chineses e escravos. Dos vinte e três navios dos piratas, onze foram tomados com muita gente e munições, fugindo os restantes”. Nos anos que se seguem, até 1570, segundo Beatriz Basto da Silva, “os piratas assolam de novo. Guangdong pede auxílio às forças militares de Macau e é um mercador rico, morador, que envia dois navios armados à sua custa; trata-se de Bartolomeu Vaz Ladeiro que tem um consórcio familiar com os sobrinhos Vicente Ladeiro e Sebastião Jorge e é um grande apoiante da Companhia de Jesus. A China posiciona-se como se esta ajuda defensiva do litoral do sul fosse uma obrigação de lealdade dos estrangeiros residentes”. Tristão Vaz da Veiga, um dos primeiros habitantes de Macau, vai pela segunda vez como Capitão-mor da Viagem ao Japão, a de 1570-1571.
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OS confins do meio. Este meu costume de revirar as pequenas coisas que me ficaram impressas a bold na memória. Sempre à procura da razão de ser assim. Mas sei. Mesmo quando não o sei, que fazem sentido. E que ficam porque cimentam. E como as fibras da memória, umas revivem ciclicamente, umas crescem, outras secam, pulverizam-se ou voam inteiras. Ou sintetizam-se, resumem-se, decrescem em complexidade de detalhes, simplificam-se a um ponto de minimalismo em que ficam para sempre. Um dia vi-me em Pequim. Sozinha numa aventura como outras de desafio dos limites, como de outras vezes. Aos vinte e poucos. Cumpridora como era em muitas coisas, precisava de equilibrar com intervalos possíveis de liberdade. Sobretudo aquela que se vê de dentro. Quando pode ser a única possível e total. Viajar sempre me foi penoso se não imbuindo o ir, de contornos absolutamente vagos, indefinidos e fora de todos os planos, horários e mapas. Planear, decidir. Diariamente. A pressão de tornar uma viajem, um tempo de eficácia. A produtividade, a ocupação minuciosa do tempo delimitado e finito a absorver o máximo de uma terra estranha. O crime de não chegar a ver um ícone fundamental. De perder tempo com coisas pequenas. De não ter ido. De não ter estado. De não ter visto. O que queria de uma viajem era muito outra coisa que me fazia sentir culpada de tão pouco que era. Lembro-me bem. Ainda sou assim. A história fica para depois, em casa. Uma outra viagem. Ali, só quero ir. E estar. E ir indo. E percorrer espaços que às vezes nem identifico. Perder-me. Não saber necessariamente onde estive. Parar ou não ao sabor de impressões mais veementes. E que ficam. E que chegam. Flanar. E ir por ali sem medir tempo e obrigações. Muitas vezes sem um rumo preciso. Só o do olhar. Ver. Ser atraída pelo desconhecido do ver. Só isso me parece diferente, livremente diferente de tudo o resto. A que me obrigo. Todos os dias. Menos esses. Aquela minha eterna condição de não querer acordar, de falhar muitas vezes os horários de tudo, de um nascer do sol maravilhoso nas montanhas de Taiwan, a um encontro em Nova Iorque, uma reunião na escola ou um avião. Quando eu viajava. Perdi coisas por atraso, de tanto nervosismo na impaciência da espera. Ou recusa de acordar. Já não sou assim. O desinteresse em acordar parece ter enraizado mesmo dentro do próprio sono,
fazendo indiferente a mudança de um estado a outro. Hoje é mais o frio. O do inverno, também. Que me faz encolher no conforto uterino da cama veementemente avessa a deixá-lo. Por isso, quando viajava só, tudo me era permitido sem remorso. Estar em Pequim, por poucos dias que fossem era em si a minha viagem. Estar, era o modelo perfeito. E percorrer a cidade naqueles autocarros a ranger de lataria, pejados de gente que parecia vinda de aldeias remotas ou das estepes frias e secas como a cidade, caras morenas e largas, de sorrisos imensos pejados de dentes metálicos a reluzir no colorido de tudo, e malares proeminentes, roupas de outros tempos e que pareciam de uma vida inteira, e eu ali com aqueles molhinhos de notas do mercado negro, pequeninas e muitas, adquiridas sei lá eu hoje como, que me diziam como usar a rir largamente do meu espanto, autocarros de que saía algures para ver uma coisa qualquer que no momento me prendia, sem saber muito bem onde estava, sem querer preocupar-me em saber. Um dia lá tentei madrugar. E mesmo assim a fazer-me atrasada numa manhã, sem querer, para vir dos confins do noroeste da cidade, para os confins do meio, a tempo de uma pequena viagem matinal à Grande Muralha. Isso desejava imenso. Atraso irremediável. Calcorreei a homérica avenida transversal à cidade. Uma parte, claro. Quarenta quilómetros de extensão, e muito espaço a distanciar cada hotel e as suas carrinhas de tour de cada outro hotel e as suas carrinhas de tour. E cada um a que chegava já dando por partida e perdida a carrinha. E isso, eu queria muito. Ir. Por fim Tiananmen, alguém explicou. Antes de Tiananmen. Meses. Quando para mim era ainda só a grande praça e não acontecimento. Por ali. É longe, pergunto e um encolher de ombros a pensar na escala da cidade acompanhou um hesitar nos talvez dez quilómetros. Não sei já se dez quilómetros à frente. Se não foram, pareceram. Quilómetros corridos a pé, e, no último minuto uma carrinha com meia dúzia, nem tanto, de turistas de outra China daquela imensa, e eu. Um par de rapazes de confins de outro interior daquela terra vasta, ou de uma outra China do norte e com a mesma curiosidade que eu. Um, calado e ausente. O outro, numa discreta e só depois entendida ânsia de comunicar. Espaçada, tanto, que só muito depois se constituiu em ritmo e padrão. Horas depois. A solidão espacial imensa das montanhas naquele ponto da grande muralha. Um frio negativo.
ANABELA CANAS
Grande muralha,
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de tudo e de nada
Anabela Canas
pequeno papel Uma foto, a única, tirada pelo rapaz chinês alto. Eu ali. Nunca lá voltarei talvez, e a emoção sobra até hoje. Um posto qualquer de apoio a turistas, recordações poucas e de que não precisava, e aqueles chapéus de pele, aquele vocabulário das montanhas, das estepes e do frio. Pele de coelho, talvez, e o muito frio. Pus e voltei a pôr. Não sei a dúvida que foi. E abalámos. Um bilhetinho, laboriosamente escrito ao longo de longos momentos e quilómetros. “Do you whant to buy that hat?”. Assim. Já tentara falar com ele, prestável e atento. Curioso e sóbrio. Mas não falava. Percebi antes que sabia, mas só muito depois, que ele só sabia inglês escrito. Tudo levava horas e a entender também isso. Não sei o que lhe respondi. Aí, já por escrito. Talvez que não tinha dinheiro. Talvez que voltava para um lugar de menos frio. Talvez que não queria nunca viver num sítio de tanto frio. Ou que não era importante. Ou então: como… já que havíamos partido do lugar. Talvez quisesse dizer-lhe simplesmente e para simplificar: Não, obrigada. Ou, de tão grata e surpreendida pelo empenho alongado no tempo por tão pouca coisa, não, obrigada, mesmo. E deixar para sempre a clarificação naquele acrescento, de como me senti desvanecida e grata, pelo seu enorme esforço em mobilizar aquelas poucas palavras mágicas, sinónimo de vontade de ajudar, de vontade de comunicar, de vontade de fazer o seu melhor, mesmo tendo passado o momento. Até hoje. Tão forte como a emoção do lugar em que estive, este pequeno detalhe. Que me vem sempre à memória com aquela fotografia. E um dia escrevi, no espanto da pequenez disto. De voltar a casa com tão poucas memórias. Tão pequenas. Tão grandes. A cidade enorme. O lago gelado. As montanhas. A Grande muralha. O pequeno papel. A pensar que, onde havia um verbo no presente, talvez um erro tivesse substituído o passado. O tempo passado. Do verbo certo. Talvez. Certo porque o tempo havia passado. O sentido, no momento inverosímil era no fundo indiferente. Se tivesse respondido sim talvez ele soubesse um outro local ou exprimisse a pena de um pequeno desígnio frustrado, o meu. Palavras difíceis. Sofridas mas esmeradas. Pequeninas. Poucas. Demais. Porque sobram até hoje. Desnecessárias, e assim mais valiosas. Por o serem. E o chapéu, esquecido na cor, para sempre aquele chapéu. Como se ainda lá estivesse. Como mágico. Aquele.
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TEMPO
MUITO
?
NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje VISUALIZAÇÃO DO FILME “OUT OF FRAME” Cinemateca Paixão, 15h00 VISUALIZAÇÃO DO FILME “REUNIFICATION” Cinemateca Paixão, 19h30
MIN
25
MAX
30
HUM
65-90%
•
EURO
8.98
BAHT
Domingo SUNSET SESSIONS COM MÚSICA Pacha Macau, a partir das 16h00 VISUALIZAÇÃO DO FILME “HAPPY HOUR” Cinemateca Paixão, 15h00
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTISTAS DE MACAU IACM (até 30/10) EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/ QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10) EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 85
EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10)
UM LIVRO HOJE
EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10)
Cineteatro
C I N E M A
EQUALS SALA 1
EQUALS [B]
Filme de: Drake Doremus Com: Kristen Stewart, Nicholas Hoult, Guy Pearce, Jacki Waever 14.15, 17.45, 21.30
NINE LIVES [A]
Filme de: Barry Sonnenfeld Com: Kevin Spacey, Jennifer Garner, Christopher Walken 16.05, 19.45 SALA 2
SULLY [B]
Filme de: Clint Eastwood, Aaron Eckhart Com: Tom Hanks 14.15, 16.00, 17.45, 21.45
TRAIN TO BUSAN [C]
FALADO EM COREANO LEGENDADO
PROBLEMA 86
EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yeon Sang-ho Com: Gong Yoo, Ma Domng-Seok, Choi Woo-sik 19.30
SUDOKU
DE
ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)
YUAN
1.19
EU BEM TENTO
CONCERTO DOS CHINESES ULTRAMARINOS Universidade de Macau, 15h00
EXPOSIÇÃO DE PINTURA “INSPIRAÇÃO INOVADORA”, DE MAK KUONG WENG Jardim Lou Lim Iok (até 16/10)
0.22 AQUI HÁ GATO
Amanhã
Diariamente
(F)UTILIDADES
Uma pessoa bem tenta não dizer mal de Macau e tal. Mas assim fica difícil. Como gato jornalista, há vezes em que me sinto mal ter quase sempre de escrever textos a criticar o nosso território. Há momentos em que, sem dúvida alguma, há críticas gratuitas – vêm sobretudo da nossa população, dos nossos ‘opinion makers’, de nós jornalistas. Mas caramba, Macau, tu realmente não dás uma de jeito. Ainda queremos elogiar e tal e depois, pimba, caem relatórios como este do Comissariado de Auditoria, que hoje publicamos nas páginas 2 e 3. É que nem coisas simples, mas para as quais foram gastos milhões e milhões, conseguem ser bem feitas. Tantas empresas a prestar serviço, tantos funcionários públicos, tantos departamentos: e não conseguem limpar as ervas, arranjar os aparelhos enferrujados e manter espaços de lazer, que são das poucas coisas que as pessoas ainda conseguem usar num sítio onde não há nada para fazer? Incrível. Só espero que agora, para não terem de cortar a relva, não decidam pôr cimento em todo o lado. Pu Yi
“THE SOIL WILL SAVE US” (KRISTIN OHLSON, 2014)
“Um assunto que deve ser preocupação de todos nós que não conseguimos escapar da Terra.” É assim que começa a apresentação do livro “The soil will save us”, onde Ohlson explica que as variações climáticas, a poluição do ar e da água, a qualidade alimentar, inclusive a obesidade, e todos os problemas como esses voltam à mesma questão: o solo. Este livro permite aos leitores repensar o que pode ser feito pelo solo que estamos a pisar e, ao mesmo tempo, como enfrentar o mais preocupante problema da Terra. Um guia sobre como cientistas, agricultores e “foodies” estão a curar o solo para salvar o planeta. Hoje Macau
SALA 3
BLAIR WITCH [C]
Filme de: Adam Wingard Com: James Allen McCune, Brandon Scott, Callie Hernandez 14.30, 18.00, 21.30
S STORM [C]
FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: David Lam Com: Louis Koo, Julian Cheung, Vic Chou, Ada Choi 16.15, 19.45
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20 OPINIÃO
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um grito no deserto
Viagem ao Ocidente STEVEN SPIELBERG, THE TERMINAL
(PARTE 2)
Q
UANDO regressei da peregrinação a Portugal, Espanha e França o meu trabalho sofreu alterações e Hong Kong estava ao rubro com a campanha eleitoral para o Conselho Legislativo. Nestas eleições, o lado que se opõe ao regime obteve dois terços dos assentos no Conselho e manteve o poder de veto nas votações sectorizadas. Em consequência desta votação, passou a haver mais lugares no Conselho Legislativo. Nestas eleições, os cidadãos de Hong Kong deram uma resposta clara às políticas de C.K. Leung, governar através da acção – ao mesmo tempo que enviaram uma mensagem explícita ao Governo Central, ou seja, pedir a substituição do Chefe do Executivo e dar início à reforma constitucional. O Governo Central tem de confiar nos habitantes de Hong Kong e estes têm de confiar no Governo Central, de forma a evitar um agravamento das relações entre a China e Hong Kong. Vivi a peregrinação a Fátima, Santiago e Lourdes como uma formação espiritual, nesta que foi uma viagem comemorativa do ano do “Jubileu da Misericórdia”, numa iniciativa da Diocese de Macau. A paz do Santuário de Fátima deu-me uma sensação de regresso a casa, em contraste com o ambiente frenético e barulhento que se vive na nossa cidade. De alguma forma fez-me regressar à Macau dos anos 60 e 70, como se tivesse recuperado algo há muito perdido, sentimento que não há dinheiro que compre. Infelizmente, Macau foi trocando
aos poucos a sua paz e tranquilidade por dinheiro fácil. Comparada com a jornada de 20 dias, ao longo de 800 Km, a viagem de três dias, e apenas 80, pelos Caminhos de Santiago, em Espanha, não foi nada por aí além. Mas, para os macaenses, que sempre têm vivido como ilhéus, esta viagem de três dias representou uma experiência inolvidável. Sob os cuidados do Padre Manuel Machado, a viagem decorreu sem sobressaltos, permitindo-nos experienciar o milagre da comunhão entre o Homem e a Natureza e redescobrir a pureza da fé ao percorrer os trilhos há muito calcorreados pelos antigos peregrinos. Ao fim da tarde, sentado perto da Catedral de Santiago, à espera do pôr do Sol, compreendi como podemos ser livres e senhores de nós próprios. Nesta altura, na Europa, os dias são mais longos e só jantámos por volta das 21h, numa cafetaria/snack-bar de uma
“A paz do Santuário de Fátima deu-me uma sensação de regresso a casa, em contraste com o ambiente frenético e barulhento que se vive na nossa cidade. De alguma forma fez-me regressar à Macau dos anos 60 e 70, como se tivesse recuperado algo há muito perdido, sentimento que não há dinheiro que compre”
estação de serviço. Tudo isto me fez lembrar do que havia antigamente em Macau e que agora não passa de uma recordação. O ambiente que se vive em Lourdes, é muito diferente do que se vive em Fátima, embora os dois locais sejam Santuários construídos para celebrar as aparições de Nossa Senhora. Lourdes encontra-se num circuito muito turístico e recebe inúmeros crentes em busca de cura para os seus males. Os voluntários recebem os peregrinos, reúnem-nos e preparam-nos para as cerimónias rituais. Embora houvesse uma fonte inesgotável de água santa, era preciso esperar numa fila três horas para poder mergulhar no liquido sagrado. Apesar da grande concentração de pessoas na gruta da Nossa Senhora de Lourdes, as acções praticadas e toda a serenidade envolvente permitiam que nos encontrássemos connosco próprios. A peregrinação de 20 dias chegou ao fim. Antes de viajar, estava preocupado com problemas de segurança que pudessem vir a ocorrer. Mas, depois do que vi, ouvi e experienciei, percebi que estava preocupado sem razão. Todas as pessoas que conheci eram amáveis e generosas. Apenas com três saudações, “Bom Dia, Hola Hola e Bonjour”, consegui conquistar a simpatia dos locais. Uma boa atitude e um comportamento apropriado, são as chaves para ganhar o respeito e a amizade dos outros. Quando regressei a Macau, esperavam-me alterações no trabalho e na minha vida pessoal. Os resultados da eleição para o Conselho Legislativo de Hong Kong, que teve lugar este mês, exprimem uma transição de poder da antiga para a nova geração. Em Macau, as eleições para a Assembleia Legislativa acontecerão em Setembro de 2017, mas isso é um assunto que discutiremos mais tarde. Ex-deputado e membro da Associação Novo Macau Democrático
PAUL CHAN WAI CHI
21 hoje macau sexta-feira 23.9.2016
OPINIÃO
contramão
ISABEL CASTRO
Dá-me a cidade
U
M fenómeno que acontece a quem tem filhos é começar a ver as coisas em várias dimensões. Quando um filho nasce – e sobretudo quando começa a andar –, os autores do pequeno ser ficam maiores e mais fortes, capazes de transportarem todos os quilos e preocupações do mundo, mas tornam-se também mais pequenos. Um metro de gente não vê o que um metro e sessenta ou um metro e oitenta vêem: há que flectir as pernas para se perceber o mundo que é apresentado aos descendentes. Aqueles que decidiram contribuir de forma activa para as estatísticas demográficas ganham ainda uma particular capacidade de análise do chão que sempre pisaram e que, de um dia para o outro, passa a ter uma enorme relevância: pés grandes não caem em pequenos buracos, nem tropeçam com facilidade em pisos desnivelados; já os pés pequenos têm uma particular inclinação para ajuntamentos de água e gigantes crateras no pavimento dos passeios. Quem decidiu multiplicar-se descobre ainda um inexplicável talento para detectar o perigo. Em Macau, esta apetência adquirida por via da parentalidade é uma canseira: o perigo está em muitos sítios quando se sai à rua acompanhado por alguém que ainda mal fala. Não é preciso ser-se especialista na matéria – os espaços públicos nesta cidade, com destaque para parques infantis e passeios, são uma miséria. Basta andar na rua com olhos de ver e com uma criança pela mão. O Comissariado da Auditoria chegou a semelhante conclusão e decidiu puxar as orelhas ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Num relatório ontem divulgado, diz-se, de forma resumida, que há um grande número de espaços públicos de lazer que representam um risco para a segurança e para a saúde pública. Gasta-se dinheiro em parques infantis e nos equipamentos desportivos, mas há desmazelo, falta manutenção, sobra lixo. Em suma: o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais não está a fazer o que devia para garantir as condições mínimas que estas áreas devem ter. É difícil encontrar uma explicação para o estado em que se encontram muitos dos equipamentos públicos da cidade, pela simples e nada imaginativa razão de que o dinheiro não é um problema. Não havendo falta de recursos, a situação em que se encontram os locais frequentados essencialmente por crianças e velhinhos poderá ser justificada pelo desleixo, pela ignorância, pela falta de capacidade para a concepção deste tipo de áreas, pelo não-querer-saber. Um fenómeno que acontece a quem tem filhos é a mudança do modo como se vive na
TERRENCE MALICK, THE TREE OF LIFE
isabelcorrreiadecastro@gmail.com
cidade. Mudam-se os horários e os percursos, as zonas que se viam ao longe, da janela de casa, passam a ser frequentadas com muita regularidade. E constata-se, de um modo quase doloroso, que as pessoas que vivem nesta cidade têm uma enorme falta de espaço. Não há parque público, infantil ou não, que não esteja pejado de gente. Não há uma nova área de lazer que não seja rapidamente procurada por pais ciclistas, filhos em triciclos, novos e menos novos que gostam de correr, de andar, de respirar qualquer coisa
que não seja o ar condicionado de casa e o cheiro dos casinos. Ao falhar na manutenção dos equipamentos públicos, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais comete um pecado maior: priva grande parte da população da aproximação a uma vida mais ou menos normal. Não é preciso ser-se especialista na matéria: googlem, senhores que decidem, googlem. Vejam o que se faz lá fora e leiam, por exemplo, as estatísticas assustadoras sobre acidentes com crianças em parques
Tenham cuidado: o povo é sereno e não se queixa, mas um dia destes há um azar dos grandes e alguém vos vai perguntar por que estava o baloiço enferrujado, o escorrega partido, a vedação incompleta
infantis. Tenham cuidado: o povo é sereno e não se queixa, mas um dia destes há um azar dos grandes e alguém vos vai perguntar por que estava o baloiço enferrujado, o escorrega partido, a vedação incompleta. Descompliquem: deixem os miúdos pisar a relva, voltem a plantá-la as vezes que for necessário, porque o cimento não é amigo de joelhos e narizes de tamanho XS. Invistam: limpem os parques, comprem caixotes do lixo, espalhem-nos pela cidade; nivelem os passeios feitos à pressa em aterros feitos à pressa, lembrem-se das rampas para que os acessos estejam garantidos a cadeiras de rodas e a carrinhos de bebés. Não queiram ser terceiro-mundistas, que o termo não vos fica bem e em nada combina com os fatos escuros, as gravatas e os automóveis de motorista fardado de branco. Modernizem-se e pensem, pensem só um bocadinho: a cidade é das pessoas e deve ser pensada para elas. A cidade é nossa.
22 OPINIÃO
hoje macau sexta-feira 23.9.2016
a canhota
FA SEONG 花想
AHN SANG-HOON, BLIND
Todos conseguem, a menos que não queiram
A `
S vezes reclamamos com facilidade sobra as falhas, a incapacidade, o mau desempenho, ou pelo facto de não conseguirmos uma coisa que gostávamos de ter. É fácil cair na frustração, na rejeição e na desistência. Mas não nos devemos esquecer que não temos a pior vida do mundo e que há sempre alguém em piores condições do que nós. Nascer, crescer, brincar, estudar, trabalhar, são as etapas essenciais dos seres humanos. São tão fáceis e comuns, contudo, para os que sofrem de deficiência congénita, a partir do momento do nascimento, crescer já acarreta imensos esforços. A desigualdade entre pessoas ditas normais e portadores de deficiência existe em todo o mundo e Macau não escapa a essa realidade. A lentidão em aprender, a dificuldade de entrar em escolas como as outras crianças, o preconceito de outros, a pouca possibilidade de entrar no mercado de trabalho... Mas nem sempre existe apenas o lado triste. Uma reportagem local on-line “My Own Post” revelou que a primeira turma de educação especial para as crianças com deficiência visual foi aberta na Escola Primária Luso-Chinesa Sir Robert Ho Tung, onde é permitido que alunos normais e especiais estudem juntos. Três crianças com deficiência visual desde a nascença , com três anos de idade, foram à escola como os outros meninos no dia 1 de Setembro, o primeiro dia do novo ano lectivo. A única diferença é que eles não vêem e apenas conhecem os objectos através do toque. Mesmo assim, a inocência e a curiosidade não diminuem face à deficiência. Apesar de ser apenas um pequeno avanço na educação com portadores de deficiências visuais, os pais parecem estar satisfeitos com a organização da escola: cada aluno especial tem uma pessoa que o acompanha no estudo, e as condições são melhores do que quando andavam na Escola Kai Chi (da Associação de Apoio aos Deficientes Mentais de Macau) em que os pais precisavam de acompanhar os filhos a todas as aulas. Agora a pressão parental também está aliviada. Em Macau ainda não existe estimulação precoce nem treino para as crianças portadoras de deficiência visual, o que significa que as crianças com idades entre os 0 e os 3 anos não acedem a uma educação adequada. Desta forma podem vir a perder a totalidade ou parte da capacidade de aprendizagem.
Há alguns casos em que mesmo tendo três anos de idade, as crianças ainda não dizem uma palavra e outros que agem como se fossem bebés de meses. Com três anos só podem estudar com outras crianças também portadoras de deficiência e não têm, por exemplo, acesso ao ensino de língua inglesa, ao contrário dos meninos “normais”. Com esta turma inclusiva, as crianças passam a ter uma aprendizagem cognitiva em que podem, por exemplo, cantar, e fazer actividades em que não precisam da visão e que os integram com os colegas. Sempre que vejo o esforço das pessoas com mais dificuldades digo-me a mim mesma: não temos nenhuma razão para ser preguiçosos ou desistir facilmente, porque temos muito mais quando comparados com outras pessoas. Outro assunto que me impressionou recentemente foi o caso do fotógrafo oficial dos Jogos Olímpicos também portador de cegueira. João Maia da Silva, com 41 anos, sofreu uveíte quando tinha 28 anos e desde então não tem visão. João Maia da Silva desesperou até que começou a fotografar. Para ele, o acto de fotografar é uma oportunidade para expressar ideias e sentimentos sobre o mundo.
“Sempre que vejo o esforço das pessoas com mais dificuldades digo-me a mim mesma: não temos nenhuma razão para ser preguiçosos ou desistir facilmente, porque temos muito mais quando comparados com outras pessoas” Nós conhecemos o mundo pelos olhos, mas para João já não é essa a forma. “Para fotografar não é preciso usar os olhos, mas sim sentir com o coração, e dessa forma conseguir boas imagens”, afirmou. O fotógrafo, invisual, consegue tirar fotos através da audição da batida do coração, do som dos passos dos atletas e do ambiente e consegue ainda estimar distâncias. Em chinês há um provérbio que se usa muito: “Um minuto no palco custa dez anos de trabalhos anteriores”. Para conseguir fazer isso, João tem que se esforçar muito e gastou muito tempo de modo a conseguir retomar a sua vida, para se tornar uma pessoa com um dom especial. Ainda têm desculpas para se queixarem do azar ou da dureza da vida?
23 PERFIL
PHOEBE TONG
hoje macau sexta-feira 23.9.2016
PHOEBE TONG, ARTISTA
“Macau ainda não tem uma mente aberta”
P
HOEBE Tong estudava Marketing em Melbourne, na Austrália, e regressou há três anos ao lugar que a viu nascer. Formada em Artes, a jovem decidiu abrir caminho ao empreendedorismo e criou, para tal, uma página na rede social Facebook. “Tongbay Macau” oferece um serviço de desenho, caricaturas e retratos a quem quiser decorar a casa à sua maneira. A ida para a Austrália teve como base a opinião da família. Melbourne é uma das cidades mais conhecidas no que toca à Arte, confessa a jovem ao HM, e essa é uma das razões por que optou por ir para a terra dos cangurus. Entre a vida e o desenho, Phoebe deixa espaço para outras coisas de que gosta muito, como dançar. Mas o desenho está presente desde a sua infância e, durante os estudos na Austrália, a forma como a Arte era apresentada pelos seus colegas levou a jovem a abrir a mente. “Alguns amigos faziam espectáculos na rua e desenhavam caricaturas ou retratos. Achei interessante e comecei a fazer o mesmo”, explica, acrescentando que chegava
a fazer retratos simples em cinco minutos, entre os intervalos das aulas. “Como chegavam muitos turistas todos os dias àquela cidade, o ambiente artístico interessou-me imenso e comecei a oferecer serviços de desenho rápido na zona turística de Melbourne. Quando voltei a Macau, precisava de trabalhar, mas queria a continuar a desenhar, portanto criei a página na Facebook para receber os pedidos de desenho”, explica. Mas Phoebe tem outros desejos. Gostaria de introduzir esta cultura no território, ainda que afirme compreender que ser artista de rua é uma profissão menos popular por cá e a arte não é algo visto como principal em Macau. Ainda assim, Phoebe vai continuar, porque sente que as pessoas ficam “felizes por receber desenhos feitos à mão”. Algo que a jovem “adora” e vê como muito especial.
MOMENTOS ESPECIAIS
O sucesso, aparentemente, não se fez esperar. Phoebe recebeu vários pedidos locais,
mas também de fora, como Taiwan e Hong Kong e da Europa. Algo que, confessa, a surpreendeu muito, porque não previu que o feedback para o seu trabalho levasse a tanta agitação. Nos últimos três meses, recebeu centenas de pedidos. “Muitas pessoas até gostam de levar as minhas obras como um presente para os amigos finalistas das universidades”, diz, sorridente. Mas Phoebe destaca um dos pedido que foi o mais inesquecível: a cooperação com a Richmond Fellowship of Macau, uma associação social sem fins lucrativos. A jovem faz desenhos e ajuda os deficientes mentais que estão a receber tratamento na instituição a fazer flores secas, combinado as duas para vender como um presente. “Embora tivesse sido paga pelo trabalho, doei parte das receitas para esta associação social”, disse com satisfação. Outro dos pedidos que destaca é o de um fã de voleibol, que lhe pediu para fazer alguns cartazes para as jogadoras brasileiras durante o Grand Prix de Voleibol de Macau. A verdade é que os
cartazes de Phoebe chegaram às mãos das jogadoras.
E O FUTURO?
Como trabalha numa empresa grande, na qual é responsável de Marketing, Phoebe ainda divide o seu tempo entre a Arte e a vida profissional. Questionada sobre se pensa em deixar o trabalho para se dedicar a 100% ao mundo dos pincéis, a jovem define prioridades: viver os nossos sonhos é algo que os jovens pensam muito hoje em dia, diz, mas tem de se ganhar o pão. A solução é “encontrar um equilíbrio entre os interesses pessoais e a vida profissional”, deixando, por agora, o seu tempo livre para desenhar. Sobre a aceitação desta cultura como uma cultura de rua, Phoebe acha que Macau ainda não tem uma mente aberta suficiente. Falta promoção e um lugar onde possa, efectivamente, haver mostras de rua. Tomás Chio (revisto por J.F.) filipa.araujo@hojemacau.com.mo
“
Oh!/Gruta de Macau/solidão querida/Onde tão doces horas e tristeza/De saudade passei!/Gruta benigna/Que escutaste meus lânguidos suspiros/Que ouvistes minhas queixas namoradas!”
Almeida Garrett
sexta-feira 23.9.2016
OE2016 COSTA CONFIANTE QUE PORTUGAL TERÁ DÉFICE INFERIOR A 2,5%
C
EM mil patacas acrescem aos apoios para que os objectivos do Fórum do Livro de Macau em Lisboa sejam atingidos. A “ajuda” vem por parte da Santa Casa da Misericórdia de Macau e foi dada a conhecer por carta à associação promotora do evento, a “Amigos do Livro”. Segundo a associação este é um apoio que “vem contribuir, largamente, para a concretização do orçamento necessário à realização do Fórum do Livro de Macau em Lisboa”. O argumento que sustenta este apoio é explicado, e prende-se com o facto da Santa Casa assumir “a sua matriz cultural essencialmente portuguesa”, por um lado e por outro porque “não se trata de uma associação recém-criada” mas sim de uma entidade que tem dedicado mais de 30 anos à produção da “maior parte das edições de renome sobre a história, cronologia, cultura e iconografia de Macau, em Português, Chinês e Inglês.” As cem mil patacas anunciadas juntam-se às 119 mil cedidas pelo Instituto Cultural e que ficaram muito aquém das necessidades essenciais para a produção do Fórum. AAssociação Amigos do Livro aguarda ainda a resposta do apoio pedido a uma outra instituição de modo a garantir o orçamento indispensável. S.M.
Sim, sr. primeiro-ministro
O
primeiro-ministro manifestou-se ontem confiante que o défice deste ano, “com conforto”, será inferior a 2,5%, num discurso em que afirmou que o seu Governo, “depois do tempo das urgências”, entrou agora na resposta aos bloqueios estruturais. Posições assumidas por António Costa na abertura do primeiro debate quinzenal da presente legislatura, na Assembleia da República, ocasião em que aproveitou para destacar as previsões de várias instituições internacionais em relação ao processo de redução do défice em 2016 em Portugal. Na sua intervenção, o primeiro-ministro referiu que o défice deste ano “ficará claramente abaixo dos 3% do Produto Interno Bruto”. “E que com conforto estamos confiantes será inferior a 2,5%. Prometemos uma alternativa que respeitasse o nosso programa, as posições da maioria que apoia o Governo e os compromissos internacionais do nosso país - e é isso que estamos a cumprir, contrariando todos os catastrofismos semanais de quem já mais nada tem para dar, do que esperar o falhanço do país”, disse, aqui numa alusão crítica ao PSD e CDS-PP.
EM COMBATE
Após um breve balanço sobre dez meses de vida do seu executivo, António Costa referiu que o Governo “não está conformado”. “Sabemos que ainda há muito a fazer. Depois do tempo das urgências, é agora o tempo de vencer os bloqueios estruturais ao nosso desenvolvimento”, disse, apontando então os pilares do Programa Nacional de Reformas.
ENRIC VIVES-RUBIO
MAIS APOIOS PARA O FÓRUM DO LIVRO DE MACAU
Neste ponto, António Costa afirmou que as prioridades serão os combates às desigualdades e o reforço do Estado social, através de apostas na qualificação e conhecimento, na educação (com a generalização do pré-escolar a partir dos três anos) e no investimento na cultura e na ciência e a internacionalização das instituições de Ensino Superior. Como prioridades, o primeiro-ministro colocou ainda a recuperação do investimento, a capitalização das empresas e a promoção da inovação na economia. “Só essa dinâmica sustentará a trajectória de diversificação das exportações e de produção de bens e serviços com maior incorporação de valor acrescentado nacional,
CORRUPÇÃO CHEFE DA DSAT NEGA SUBORNO
ganhando competitividade com valor e não empobrecimento colectivo com baixos salários. Por isso, a nossa prioridade são os programas Indústria 4.0 e Startup Portugal”, disse.
PELA IGUALDADE
A seguir, no entanto, António Costa defendeu que uma economia competitiva e sustentável só é possível se houver “uma sociedade mais coesa e igualitária”. “A política de recuperação de rendimentos será continuada, quer por via do aumento das pensões, pela actualização do salário mínimo nacional e das prestações sociais, e pela redução do nível de fiscalidade. Garantimos, assim, melhores condições de vida para as
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Lou Ngai Wa, ex-chefe da Divisão de Gestão de Transportes da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) acusado de corrupção por ter alegadamente ajudado três empresas de auto-silos a obter a gestão de parques de estacionamento, negou ontem ter feito qualquer transferência de dinheiro para a sua “amante” no interior da China através de uma das empresas envolvidas. Depois de uma funcionária ter admitido que Lou Ngai Wa se deslocava à empresa para fazer transferências de dinheiro “de vez em quando”, sendo o valor das transferências entre as dez mil e as 300 mil patacas, o proprietário de uma das contas bancárias testemunhou que emprestou a conta a Lou Ngai Wa para o depósito de dinheiro proveniente das apostas de futebol, tendo recebido comissões em troca. O montante transferido está estimado em cerca de três a quatro milhões de yuan.
famílias portugueses, a valorização do trabalho e maior justiça social”, declarou. Entre as medidas no campo social, o primeiro-ministro voltou a salientar a intenção do Governo de avançar para a concessão da prestação única para a pessoa com deficiência e de concluir a rede de cobertura de médicos de família já no final do próximo ano. “Reforçaremos as políticas lançadas este ano na área da saúde, retomando a reforma dos cuidados continuados integrados e paliativos, e a reforma dos cuidados de saúde primários, garantindo que 2017 é, de uma vez por todas, o ano em que todos os portugueses terão um médico de família atribuído”, acrescentou.
EI TROPAS IRAQUIANAS TOMAM COMPLEXO DE AL SHIRQAT
As forças iraquianas conseguiram ontem recuperar o controlo do centro da cidade de Al Shirqat, no norte da província de Saladino, que estava nas mãos dos jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) desde Junho de 2014. Uma fonte de segurança de Saladino explicou que as tropas, com o apoio de milicianos tribais sunitas, retiraram aos extremistas o controlo do complexo governamental e içaram a bandeira iraquiana. Este complexo abriga a câmara municipal e outros edifícios administrativos, tal como a chefia da polícia, a sede dos serviços secretos e um hospital. Os bairros do leste da cidade ainda são palco de combates intermitentes, já que ali ainda restam alguns grupos de extremistas.