Hoje Macau 24 JAN 2016 #3740

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

TERÇA-FEIRA 24 DE JANEIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3740

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau

CASO HO CHIO MENG

MISTÉRIO DOS 14

KAIFONG ESTUDO ALERTA PARA PERIGOS DE TERRENOS VAZIOS

Males da terra

PÁGINA 7

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OPINIÃO

Mulheres

Excessiva burocracia e saúde pública em causa são as maiores preocupações dos Kaifong, que defendem ainda a apropriação temporária dos lotes vazios, pelas autoridades.

EPA

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ANO NOVO LUNAR

EM TRÂNSITO

TÂNIA DOS SANTOS

h Porto veste cinema Máquina lírica RUI FILIPE TORRES

PAULO JOSÉ MIRANDA

CHINA | INTERNET

VAMOS LÁ LIMPAR ISTO PÁGINA 12

ILHA VERDE

Em nome do convento PÁGINA 5

GRANDE PLANO

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São quase 400 os terrenos ao abandono na península de Macau. O mais recente estudo da associação dos Moradores denuncia várias deficiências na forma como o Governo lida com a matéria.

IPM | RELAÇÕES PÚBLICAS

Arte em banho-maria

MOP$10


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Por estes dias, há milhões de pessoas a viajar na China. E para a China. Apesar das alterações sociais da última década, o ano novo lunar continua a ser a principal festa da família e ninguém quer estar longe de casa. Mesmo que o regresso signifique passar dias em comboios ou na estrada

Estima-se que, diariamente, sejam feitas mais de

80 milhões de viagens até à próxima sexta-feira

ANO NOVO LUNAR

UM MUNDO EM N

ÃO deve ter mais de 20 anos e confessa que, na noite anterior à partida, não dormiu. É entrevistado pela Xinhua e conta que tem pela frente uma viagem de 41 horas. Vai de comboio ter com os pais, que “morreriam de saudades” se, por esta altura, não cumprisse o ritual da reunião familiar. O homem com quem a agência oficial conversa, logo de seguida, deve andar na casa dos 50. “Claro que tenho saudades de casa”, atira, com as malas na mão. Mostra para as câmaras o que transporta dentro de um saco. “Levo algumas frutas para a minha mãe, tudo importado”, diz, orgulhoso. “Ela já tem 80 anos e não tem dentes. Quero dar-lhe o que há de melhor.” Os dois entrevistados da Xinhua fazem parte de um grupo de milhões de pessoas que, nas vésperas do ano novo lunar, regressam à terra de origem. “Esta movimentação toda na China é a maior migração interna que se conhece da modernidade”, salienta Fernando Sales Lopes, historiador e mestre em Relações Interculturais. O modo como a China se desenvolveu nas últimas décadas, com o progressivo abandono das zonas rurais de pessoas que fugiram ao desemprego procurando trabalho nas áreas urbanas, contribuiu em muito para o fenómeno a que se assiste por estes dias. Aqueles que trabalham e vivem nas fábricas das zonas industriais do país voltam a casa, onde deixaram mulheres e filhos – às vezes, só os filhos. Números de Setembro do ano passado davam conta de que cerca de 61 milhões de crianças foram deixadas nas zonas rurais pelos pais que vão trabalhar nas grandes cidades. Depois há também os que estudam longe da terra natal e que regressam para a entrada do ano novo à mesa dos pais. A juntar ao grupo da migração, há ainda o da emigração. “Também se deslocam uns milhões do estrangeiro para irem para a China comemorar o ano novo com a família”, observa Sales Lopes. O ano novo lunar é também festejado fora do país. A data é assinalada em Singapura, na Malásia

e noutros países com comunidades chinesas significativas. Londres e São Francisco reivindicam ter as maiores comemorações fora da Ásia. Quase um sexto da população mundial vive em festa a passagem de ano.

TRANSPORTES DA PRIMAVERA

Voltemos à China. As autoridades previam para esta semana REUTERS

GRANDE PLANO

um dos grandes picos de viagem do “chunyun”, os 40 dias que compreendem o ano novo lunar e que, numa tradução literal, será qualquer coisa como “transporte da Primavera”. É durante esta semana que regressa a maior parte das pessoas que se encontra longe de casa. De acordo com as contas do Ministério dos Transportes,

estima-se que, diariamente, sejam feitas mais de 80 milhões de viagens até à próxima sexta-feira. Na semana passada – a primeira do “chunyun” –, tinham sido contabilizados 520 milhões, o que equivale a um aumento anual de 3,1 por cento. Os comboios continuam a ser o meio de transporte favorito, até porque é aquele que fica mais


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MOVIMENTO Quase

um sexto

da população mundial vive em festa a passagem de ano

em conta: houve um aumento de quase 22 por cento no número de bilhetes vendidos (61,7 milhões), ultrapassando assim alternativas como as viagens de autocarro ou de avião. Quanto aos fluxos rodoviários, o ministério diz que as viagens nas principais estradas do país devem aumentar entre oito a dez por cento a partir da próxima sexta-feira, dia

em que entra em vigor a suspensão temporária da cobrança de portagens. Até ao dia 2 de Fevereiro, os automóveis não pagam nas auto-estradas, o que faz com que haja um aumento do trânsito um pouco por toda a parte. Pequim, Tianjin, a província de Hebei, o Delta do Rio Yangtze e, mais perto de nós, o Delta do Rio das Pérolas serão as zonas onde vai ser mais difícil circular, segundo as previsões do ministério. A Comissão Nacional da Reforma e do Desenvolvimento acredita que, este ano, vão ser feitas 2,98 mil milhões de viagens durante o período entre 13 de Janeiro a 21 de Fevereiro, o que representa uma ligeira subida em relação ao ano passado.

MOMENTO DA RENOVAÇÃO

Na origem de toda esta movimentação na China está uma explicação de natureza cultural, uma noção cuja origem se perde no tempo. “É o ano novo, a festa da Primavera, é a renovação”, aponta Fernando Sales Lopes, traçando um paralelismo com o Natal. “Em todas as culturas é assim. O ano novo é sempre uma festa familiar. O nosso ano novo não é tão familiar quanto isso porque temos essa reunião da família uma semana antes, no Natal.” O ano novo chinês, acrescenta, “é uma Primavera, é preparar terras para a sementeira, é preparar tudo para o novo ano, para a abundância, é pedir tudo isso às divindades, pedir felicidade para a família e para que haja comida na mesa”. No tempo em que a China era mais rural, havia uma grande ligação à terra e isso percebia-se nos rituais associados à data. “Hoje uns estarão na terra, outros no meio urbano, e outros ainda estarão noutros sítios do mundo até porque, como sabemos, a emigração chinesa é muito grande”, salienta o investigador. A festa que aí vem “é um tempo também de respeito pelos ancestrais”. Tudo junto “leva a que seja a grande festa da comunidade chinesa”. O investigador, com obra sobre festividades chinesas, recorda que há outro momento

do calendário importante para a família: a Festa da Lua. Ainda assim, não chega aos calcanhares do ano novo. Os quilómetros que se percorrem, as horas que se passam dentro de um comboio, o tempo de espera nas estações, muitas vezes em condições precárias, explicam-se pelo valor que é atribuído à família na China. E isto apesar de, com o crescimento económico e um ritmo de vida cada vez mais acelerado, a organização social do país estar a sofrer mudanças com consequências também para a relação dentro dos próprios núcleos familiares. “A família na China é muito valorizada. As famílias chinesas acabam por saber mais quem são e de onde vêm do que nós”, explica Sales Lopes. “Nós sabemos quem foi o avô e o bisavô, alguns saberão o nome do tetravô mas perde-se a história da família. Nas famílias chinesas não é assim.”

“A família na China é muito valorizada. As famílias chinesas acabam por saber mais quem são e de onde vêm do que nós.” FERNANDO SALES LOPES INVESTIGADOR O culto dos antepassados faz com que haja uma grande ligação ao clã e isso acontece independentemente do estrato social. “Poderá parecer algo exclusivo dos ricos, mas não é. Toda a gente tem o seu clã, toda a gente descende de determinado indivíduo que é muito conhecido, ou não, é conhecido na família, mas isso é um factor de união”, vinca o investigador. “A família é um factor muito importante para os chineses, apesar de, às vezes, não parecer, porque a forma como o expressam em público

não é tão intensa como a nossa, com muitos beijinhos e abraços.”

OS 40 DIAS DE CONFUSÃO

De acordo com os arquivos da empresa pública de transportes ferroviários do país, a expressão “chunyun” surgiu pela primeira vez na imprensa chinesa em 1954, para descrever o trânsito intenso que, já à época, se verificava por esta altura do ano novo chinês. A China sofreu profundas mudanças desde então e também o modo como as autoridades lidam com o fenómeno da migração já não é o mesmo. “Lá vai o tempo em que o fim de ano chinês era comemorado em muito poucos dias. Aliás, era a única folga das pessoas, que trabalhavam o ano inteiro. Hoje é diferente”, diz Fernando Sales Lopes. A juntar à importância social da festa, está a questão económica, que não se deve apenas ao facto de o país ter uma classe média cada vez mais pujante. “AChina enveredou por uma economia de mercado há já alguns anos e, a determinada altura, foi necessário acelerar o consumo interno. A razão para o aparecimento das semanas douradas está aí, na economia. Era preciso que o povo circulasse todo pela China para fazer despesa, para comprar coisas para levar para a família”, explica o investigador. Sales Lopes ressalva que não se trata da componente mais importante do ano novo chinês, mas é um aspecto que não pode ser ignorado. Os dias que dura o “chunyun” contemporâneo é ainda uma tentativa de evitar um caos ainda maior nas estações de comboios, de camionagem, nos aeroportos e nas estradas. “Por aqui temos meia dúzia de dias, na China são 40, o que é um período importante para as pessoas poderem movimentar-se. É muita gente a viajar”, sublinha. A rede ferroviária de alta velocidade e as novas tecnologias vieram minimizar o impacto, “mas é na mesma uma certa confusão, porque são milhões e milhões de pessoas”. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com


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TIAGO ALCÂNTARA

TRABALHO QUESTIONADO DISCURSO CONTRA NÃO RESIDENTES

A Chan Chak Mo

S vozes da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) voltaram a falar do excesso de importação de trabalhadores e da ausência de dados, mas dois deputados ligados ao sector empresarial questionaram até que ponto é que o território tem excesso de mão-de-obra estrangeira. “Esta

notícia [mostrou uma folha] relata a detenção de sete trabalhadores ilegais que recebiam entre 10 a 12 mil yuan. Porque é que o empregador pagou um salário tão alto e ainda assim contratou ilegais? Porque não contratou locais? Temos ou não temos falta de trabalhadores?”, questionou Tsui Wai Kwan. Já o de-

putado Chan Chak Mo, empresário do sector da restauração, falou das dificuldades de contratação. “Mesmo quando preciso de quotas tenho de cumprir todas as formalidades e, mesmo assim, às vezes não consigo [as quotas necessárias]. Mesmo uma empregada de limpeza já ganha dez mil patacas num casino, e

Licenças especiais GOVERNO NEGA ILEGALIDADES, MAS VAI REVER A LEI DE TRÂNSITO

Tudo a andar sobre rodas

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Á anos que o diploma que emite as licenças especiais de condução está por rever, mas o processo só vai avançar em simultâneo com a lei de trânsito rodoviário. A garantia foi dada ontem por Luís Gageiro, subdirector dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). “Pretendemos introduzir algumas multas. A sociedade pede a alteração da lei de trânsito rodoviário e vamos ponderar, aquando da revisão do decreto-lei (das licenças especiais), alterar também o diploma”, disse ontem Luís Gageiro na Assembleia Legislativa (AL). “O actual decreto-lei só prevê duas situações e isso origina zonas cinzentas. Já preparámos a revisão deste diploma”, explicou. “Na altura [ano de 2012] foi tomada uma nova decisão e foi concluída uma redacção do diploma. As matérias reguladas são complexas e este diploma das licenças especiais é complementar à lei do trânsito, e não contém normas sancionatórias. A nossa ideia é definir normas sancionatórias. Pretendemos ainda introduzir um

ANTÓNIO FALCÃO

Os deputados afirmam que há motoristas não residentes a trabalhar em Macau com licenças especiais, mas o Governo nega. Ainda assim, o Executivo promete rever o regime das licenças especiais quando alterar a lei do trânsito rodoviário, por forma a aplicar sanções mais elevadas

mecanismo de quotas para evitar abusos”, adiantou Gageiro. A clarificação chegou em resposta à deputada Kwan Tsui Hang,

MUDANÇAS NA LEI DAS AGÊNCIAS DE EMPREGO AINDA ESTE ANO

N

um debate onde o excesso de importação de trabalhadores não residentes voltou a ser assunto de discussão, o Governo admitiu que a revisão da lei das agências de emprego poderá avançar ainda este ano. “Vamos lutar por tudo para que entre em processo legislativo ainda em 2017”, prometeu Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais. “Estamos a dialogar com o Conselho Permanente de Concertação Social para ver se, no futuro, as pessoas que cheguem a Macau como visitantes só possam ser contratadas da próxima vez que venham ao território.”

que avançou com uma interpelação junto do Governo que dá conta da existência de condutores em Macau a trabalhar ilegalmente na posse de licenças especiais. O Governo nega essa realidade, tendo apresentado o número de fiscalizações efectuadas desde 2009, ano em que as licenças especiais começaram a ser emitidas. Actualmente existem 863 licenças especiais emitidas. “Verificou-se que todos os veículos fiscalizados tiveram registos de entrada e saída de Macau, e que não se verificou qualquer situação de infracção”, explicou o responsável da Polícia de Segurança Pública (PSP).

“A nossa ideia é definir normas sancionatórias. Pretendemos ainda introduzir um mecanismo de quotas para evitar abusos.” LUÍS GAGEIRO SUBDIRECTOR DOS ASSUNTOS DE TRÁFEGO

esta é a realidade. Conheço-a bem: todos os dias muda a situação para um empresário, e ninguém sabe quantos trabalhadores são precisos no próximo semestre, ou quantos restaurantes vão falir. Os deputados não conhecem a situação, pensem bem, se tivessem os seus negócios a situação seria difícil.” O subdirector admitiu, contudo, dificuldades na regulação dessa actividade. “Achamos que existem dificuldades na execução da lei, porque os veículos deixam Macau e isso dificulta a obtenção de provas. Queremos que a sociedade chegue a um consenso sobre as licenças especiais, estamos a trocar opiniões com o sector para chegar a esse consenso”, disse Luís Gageiro sem, no entanto, apresentar um calendário para o arranque do processo legislativo dos diplomas.

QUEM TEM RAZÃO?

Au Kam San refutou os esclarecimentos do Governo e garantiu que “há lacunas”. “Não temos um calendário, mas já oiço isso desde 2012. Estes motoristas agora já trabalham como ajudantes das concessionárias do jogo, que transportam jogadores da China para Macau. Estão a ocupar postos de trabalho que deveriam pertencer aos locais, já não transportam mercadorias e passageiros, mas sim jogadores dos casinos. Porque é que ao fim de sete anos esse trabalho ainda não está feito?”, questionou. Perante a existência de duas posições diferentes sobre o mesmo assunto, o deputado Tsui Wai Kwan questionou onde está, afinal, a razão no que às licenças especiais diz respeito. “A resposta do Governo diz-nos que foram efectuadas quase mil investigações e não foram detectadas ilegalidades. Porque há estas situações tão diferentes? Onde está a fonte do problema?”, questionou, sem ter obtido uma resposta concreta. Já o deputado José Pereira Coutinho lamentou a ausência do secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. “Sem a determinação do secretário para atingir o objectivo temos os dirigentes que se limitam a executar ordens superiores e não há nenhuma conclusão. Lamento que o secretário não esteja aqui, porque cada um responde à sua maneira, olhamos para os relógios e depois passamos para outra interpelação”, referiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


5 POLÍTICA

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Um pequeno pedaço

Indústrias Criativas já representam 0,6 por cento da economia

O

funcionamento do Fundo de Indústrias Culturais (FIC) e a aplicabilidade deste esquema esteve ontem em debate na Assembleia Legislativa. Alguns deputados consideram que, na prática, há muitos projectos que não conseguem apoio, bem como empresas que acabam por fechar, mas Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, garantiu que o FIC está no bom caminho. “Fizemos um relatório que mostra que as receitas do sector das indústrias culturais atingem os 2,2 milhões de patacas, o que reflecte que a indústria contribuiu bastante para a nossa economia, ocupando 0,6 por cento. Existem mais de mil empresas culturais e criativas, e penso que algumas têm uma vida difícil mas, segundo as regras da economia de mercado, essas empresas ainda conseguem sobreviver, estão confiantes e conseguem ver o futuro. Algumas têm lucros ideais”, afirmou Alexis Tam. “Há muita criatividade em Macau, mas há falta de mercado”, acrescentou. Desde Outubro de 2013 até ao momento, o FIC recebeu um total de 425 candidaturas, tendo sido financiados 88 projectos ligados a 30 sectores de actividade. O secretário falou de alguns exemplos de empresas de áreas como a banda desenhada e o design, que já têm os seus produtos no estrangeiro. O deputado Zheng Anting chamou a atenção para a necessidade de colocar todas as empresas ligadas ao mundo das artes num só local, tendo sugerido a Ilha da Montanha. Alexis Tam optou por responder que muitas das empresas poderão ficar situadas em locais como o antigo matadouro ou a Avenida Coronel Mesquita, aquando da sua renovação. Não foram, contudo, avançadas datas. “Não podemos ter um distrito cultural como o 798, porque Pequim é uma cidade muito grande. Temos muitas concepções para esses locais e vamos divulgar políticas, para que as empresas possam funcionar nestes locais. Podemos revitalizar os locais não aproveitados para permitir que a nossa indústria possa sobreviver, porque no mercado privado as rendas são elevadas”, concluiu Alexis Tam. A.S.S.

CRECHES ILEGAIS GOVERNO ASSUME QUE MULTAS SÃO BAIXAS

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, assumiu ontem na Assembleia Legislativa que os valores das multas a cobrar às creches que funcionam de forma ilegal são baixos. “As multas estão desajustadas e penso que se trata de um montante bastante irrisório. O nível de vida subiu e há margem para rever essas multas. O Instituto de Acção Social já reviu essa situação no que se refere às normas de funcionamento dos equipamentos sociais e vai haver uma revisão dos diplomas, porque entendemos que o montante das multas é muito baixo”, vincou. “Actualmente, há mais de 400 vagas que estão por satisfazer, mas quanto ao regime de licenciamento dos espaços de explicações, entendemos que há que disciplinar o sector”, aditou. Em três anos, o Governo recebeu 39 queixas referentes a creches ilegais, confirmou ainda o secretário da tutela, em resposta a uma interpelação da deputada Wong Kit Cheng.

Ilha Verde GOVERNO GARANTE PROTECÇÃO DE CONVENTO JESUÍTA

Pensar a utopia A propriedade da colina da Ilha Verde, onde se encontra um histórico convento jesuíta, continua por decidir em tribunal, mas o Governo promete revitalizar o espaço. Poderá mesmo ser criado um grupo interdepartamental para o efeito

P

OUCO ou nada mudou desde que o HM foi visitar uma colina na Ilha Verde, em 2012, que alberga um convento jesuíta degradado que servia de casa a trabalhadores da construção civil oriundos do Continente.

A propriedade do terreno continua por decidir em tribunal. Ainda assim, o Governo garantiu ontem na Assembleia Legislativa (AL) que vai levar a cabo a revitalização da colina e do convento, mesmo que isso signifique esperar alguns anos pela decisão do tribunal. “Em 2012 emitimos o nosso parecer para a conservação integral do convento. Houve um diálogo e com a clarificação do direito de propriedade podemos continuar a acompanhar o assunto”, apontou Guilherme Ung Vai Meng, que esteve presente no debate de ontem ainda como presidente do Instituto Cultural. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, acrescentou que “essa colina já pertence à lista de património e merece a protecção do Governo”, pelo que “não é necessário fazer mais classificações”. “Segundo informações que recebi, não sabemos ainda quem é o verdadeiro proprietário do terreno. Há moradores e até há pessoas que gerem o convento. O convento tem de ser preservado e não apenas a colina. As Obras Públicas

concordaram com a nossa opinião em relação à casamata de Coloane, que também tem de ser preservada”, adiantou Alexis Tam. O secretário garantiu mesmo que será criado um grupo interdepartamental para, no futuro, proceder à revitalização do espaço. “Os trabalhos envolvem diferentes serviços, de diferentes tutelas. Concordo que no futuro será necessária uma unidade interdepartamental para reforçar os trabalhos. Vamos estudar a situação com o Chefe do Executivo

“Não sabemos ainda quem é o verdadeiro proprietário do terreno. Há moradores e até há pessoas que gerem o convento.” ALEXIS TAM SECRETÁRIO PARA OS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA

para decidir qual será a entidade responsável pelo assunto”, concluiu.

PLANOS NO ESCURO

Por estar em causa um terreno de propriedade privada, os representantes do Governo fizeram-se acompanhar por membros da União Geral das Associações de Moradores (Kaifong), associação representada na AL pelo deputado Ho Ion Sang, o mesmo que levantou a questão do convento na Ilha Verde. Alguns deputados lembraram que há o risco de incêndio no local, tendo apelado a medidas mais concretas. “Como é que é possível pensar em planos para desenvolver essa zona se não sabem quem são os proprietários? Como é que se vão preservar essas árvores? Quem é que vai coordenar esta matéria?”, questionou Zheng Anting. Já Wong Kit Cheng, também ligada aos Kaifong, defendeu a implementação de um parque natural. “Muitos dizem que essa zona deve tornar-se um parque municipal e de lazer, e proteger por inteiro a colina”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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O antigo procurador da RAEM, arguido num processo a correr no Tribunal de Última Instância, entregou ontem uma lista com os nomes que recomendou para o Ministério Público. Já a testemunha do dia explicou porque é que não tocava em adjudicações, apesar de ser adjunta de Ho Chio Meng

SOCIEDADE

Justiça HO CHIO MENG ENTREGA AO TRIBUNAL LISTA DE RECOMENDAÇÕES

Catorze misteriosos nomes

É

uma das questões que mais polémica tem gerado e que hoje vai ser, de resto, debatida na Assembleia Legislativa, por implicar membros do Governo. De acordo com a Rádio Macau, que tem estado a acompanhar o julgamento, Ho Chio Meng entregou ontem ao Tribunal de Última Instância (TUI), onde está a ser julgado por mais de 1500 crimes, uma lista com 14 pessoas que diz ter recomendado para o Ministério Público (MP). Mais não se sabe sobre o assunto. O dia ficou marcado pelo depoimento da ex-chefe adjunta do Gabinete do Procurador. Elsa Cheang explicou ao colectivo de juízes que pediu para não ter qualquer intervenção nas decisões sobre a adjudicação de bens e serviços do MP, questão fulcral do julgamento. A testemunha acrescentou que a forma de contratação lhe causava “incómodo” e “transtorno”. Não obstante, manteve-se em funções e até recebeu um louvor do ex-procurador.

LOUVOR NA DESPEDIDA

A emissora recorda que Elsa Cheang foi notícia logo após a mudança de Governo ao ser despromovida pelo actual procurador, Ip Son Sang. A promoção, decidida por Ho Chio Meng dias antes de terminar o mandato, foi anulada por questões legais. O despacho de promoção foi assinado pelo então chefe do Gabinete do Procurador, António Lai, também ele arguido neste processo. Além da ascensão, Ho Chio Meng distinguiu Elsa Cheang com uma nota de louvor, publicada em Boletim Oficial, em que elogiou a “forma rigorosa, disciplinada, profissionalizada, séria e dedicada” como a adjunta exerceu funções. No entanto, nas declarações que ontem fez, Elsa Cheang deu conta

de divergências com a equipa de Ho Chio Meng, pouco tempo após a transferência. Em 2004, a chefe-adjunta escreveu uma carta ao então líder do MP a pedir escusa nas decisões sobre as contratações. O arguido é acusado de ter desviado 50 milhões de patacas, através de adjudicações a empresas detidas por familiares e pessoas próximas. Elsa Cheang disse a Ho Chio Meng que a forma como os contratos passaram a ser feitos lhe causava “transtorno” e “incómodo”. O mau estar tinha que ver com o facto de o ex-procurador ter criado uma equipa independente, com as mesmas funções do departamento financeiro do MP, para decidir das adjudicações e valores dos contratos. A adjunta de Ho Chio Meng afirmou que a sobreposição de funções causava “contradições”, contou a Rádio Macau, que recordou que houve já vários funcionários do MP que testemunharam que este

grupo paralelo ocultava informações relevantes para a liquidação das despesas correntes, como o custo real dos serviços adquiridos. A testemunha deu o exemplo dos gastos das viagens oficiais. Elsa Cheang garantiu que, por duas vezes, alertou António Lai para os preços “acima do valor de mercado” que estavam a ser cobrados. O ex-chefe de Gabinete de Ho Chio Meng terá dito à adjunta para não se envolver no assunto. A testemunha foi também ouvida sobre as alegadas contratações por ‘cunha’ para o Gabinete do Procurador – serão familiares e pessoas próximas de Ho Chio Meng. Elsa Cheang disse que

houve recomendações pessoais de António Lai, mas não concretizou.

TESTEMUNHA CONTRARIA HO CHIO MENG

Ainda antes do depoimento de Elsa Cheung, o MP continuou a tentar provar que Ho Chio Meng usou instalações oficiais para uso próprio e benefício de empresários próximos. Foi ouvido um funcionário do MP que lidou com matérias confidenciais e encontros secretos. A testemunha foi chefe do Departamento de Apoio Judiciário. Este serviço, como tinha já explicado Ho Chio Meng em audiência de julgamento, foi criado para facilitar a cooperação judiciária entre Macau e a China, face à ausência

Em 2004, a chefe-adjunta escreveu uma carta ao então líder do Ministério Público a pedir escusa nas decisões sobre as contratações

de acordos entre as duas partes em matéria penal. A testemunha referiu que “ajudava” na investigação de processos, e caso as autoridades da China Continental quisessem entrar em contacto com as partes envolvidas, organizaria um encontro, com natureza confidencial. Pela experiência deste funcionário, estas reuniões não decorriam nos espaços que Ho Chio Meng disse ter estabelecido para o efeito. Um dos exemplos é a chamada “sala de descanso para docentes” que, de acordo com a acusação, era antes usada pelo ex-procurador para serviços de massagem. A testemunha disse ainda que os dirigentes da China ficavam hospedados em hotéis e não na vivenda de Coloane que Ho Chio Meng diz ter arrendado para receber convidados do exterior. O ex-chefe de departamento ressalvou, no entanto, que havia outros serviços responsáveis pela recepção de convidados.


8 SOCIEDADE

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IPM SUSPENDE LICENCIATURA EM RELAÇÕES PÚBLICAS DE ARTE

A carta e o desmentido O HM recebeu uma carta que dava conta da impossibilidade de inscrição no curso de Relações Públicas. O IPM confirmou que suspendeu as matrículas para o próximo ano, mas que o curso não será cancelado, prosseguindo as aulas sem problemas

PROFESSORES PARA MANTER

Outra das reclamações elencadas na carta anónima, que diz

representar os pais dos alunos do curso, prende-se com a suposta falta de transparência da administração do estabelecimento de ensino a lidar com esta matéria. O IPM responde declarando que falta de transparência “seria abrir inscrições para 2017/2018, sabendo-se que o curso não iria abrir”. Por parte da estudante que ouvimos, a aluna afirma que não foram contactados, que ninguém os informou pessoalmente. A mesma estudante adiantou ain-

da que não tentou falar com a administração por achar que “a decisão estava tomada e que não podiam fazer nada”. No entanto, o instituto garante que o curso não sofrerá perturbações. “Todos os recursos humanos que existem neste momento continuam a ser utilizados”, garante ao HM fonte da escola. No esclarecimento formal do IMP lê-se que o estabelecimento “possui recursos qualificados, humanos e materiais, para prosseguir a formação dos

“Não é verdade que haja intenção de encerrar o curso; é, apenas, uma suspensão, por ser esta a melhor forma de aumentar o número de estudantes.” INSTITUTO POLITÉCNICO DE MACAU TIAGO ALCÂNTARA

U

MA carta anónima chegou às redacções dos jornais dando conta da preocupação dos pais de estudantes que frequentam o curso em Relações Públicas de Arte. Em causa estava a impossibilidade de novas matrículas no próximo ano lectivo, algo que terá amedrontado alguns alunos. Em resposta à referida missiva, o Instituto Politécnico de Macau (IPM) fez um comunicado a alertar que “não é verdade que haja intenção de encerrar o curso; é, apenas, uma suspensão, por ser esta a melhor forma de aumentar o número de estudantes”. Acarta anónima também adiantava que chegaram aos ouvidos dos actuais estudantes que algumas disciplinas poderiam não voltar a ser leccionadas não só no próximo semestre, como nos anos vindouros. Fonte do IPM comentou ao HM que esta parte da carta está completamente errada. “A única coisa que é verdade é que em 2017/2018 não há candidaturas”, explicando ainda que “o IPM garante a todos os actuais estudantes a continuação dos cursos, assim como épocas de avaliação suplementares”. Também em comunicado, a instituição de ensino garante a possibilidade de retoma do curso quando este recomeçar a qualquer aluno que tenha ficado para trás, ou com cadeiras em atraso do primeiro ano. No entanto, entre alguns alunos as preocupações são muitas. “Estou muito nervosa com o futuro da minha carreira, porque se o curso for cancelado não sei se será levado a sério no mercado de trabalho. Conheço mais pessoas que também estão preocupadas, algumas que até já completaram o curso”, revela uma estudante que falou com o HM, mas que preferiu não ser identificada. Uma preocupação semelhante vem patente na carta anónima, onde se diz que “as incertezas quando à segurança da continuidade do curso trazem inseguranças nas futuras carreiras dos estudantes”.

actuais estudantes, com a qualidade que é sua característica”. Para a instituição de ensino, o que está em causa é uma descida substancial do número de estudantes inscritos no curso em questão. A procura da licenciatura diminuiu 64 por cento em relação aos últimos três anos, enquanto as matrículas caíram para metade. Acrescente-se ainda que “o sucesso nos exames de admissão foi muito baixo no último ano”, de acordo com o comunicado do IPM. A fonte do instituto ouvida pelo HM comentou ainda que “quando isto acontece num curso temos de parar para pensar, fazer uma restruturação e continuar, procurando tornar o curso mais apetecível, de forma a servir melhor a população”. João Luz

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CANAL DOS PATOS BARREIRA PARA GARANTIR LIMPEZA

Já está instalada uma barreira feita com rede de pesca na zona do Canal dos Patos. A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) explica, em comunicado, que o equipamento serve para “impedir a passagem de peixes mortos para o troço médio” do canal. Os peixes “fluíam juntamente com a água fluvial e os movimentos da maré alta”, pelo que a nova instalação irá diminuir “o impacto para o ambiente”. A DSPA confirma que, “a longo prazo, procederse-á a uma remodelação mais aprofundada do Canal dos Patos, aproveitando a ocasião da construção do posto fronteiriço de Qingmao”. A colocação da barreira partiu de uma investigação feita em parceria com as autoridades de Zhuhai. Há muito que esta zona, localizada na Ilha Verde, enfrenta problemas de poluição das águas.

PEARL HORIZON PROPRIETÁRIOS QUEREM TODOS À MESA

Os compradores de fracções no Pearl Horizon pediram ao Governo que organize um encontro em que estejam presentes representantes da Administração, da empresa que estava a construir o empreendimento e dos proprietários. O presidente da associação que representa os pequenos investidores diz que só assim se poderá chegar a uma solução para o impasse em que se encontra o processo. De acordo com o jornal Ou Mun, Kou Meng Pok recorda que “os proprietários estão a sofrer por causa do assunto”, acrescentando que “alguns ficaram doentes e morreram por pensarem demais no assunto”.

DESTINO MACAU RECEBEU MAIS TURISTAS EM 2016

Dados oficiais da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que o número de turistas aumentou, em termos anuais, 9,8 por cento no ano passado. O território recebeu 30.950 mil visitantes, sendo que mais de metade, 50,7 por cento, eram turistas. Em Dezembro, o território recebeu mais de 2,8 milhões de visitantes, o que representa, em termos anuais, um crescimento de 6,8 por cento, e 8,7 por cento em termos mensais. Quanto ao número de visitantes em excursões, houve uma quebra de 7,1 por cento em termos anuais, tendo-se registado pouco mais de 15 mil excursionistas. Em relação ao número de dias que os turistas ficaram em Macau, a média é de 1,2 dias, tendose registado um ligeiro aumento de 0,1 dias face a 2015. O número de visitantes oriundos da China (20.454.104) aumentou ligeiramente, 0,2 por cento, sendo que 44,1 por cento desses turistas vieram da província de Guangdong.


9 SOCIEDADE

hoje macau terça-feira 24.1.2017

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Á 390 terrenos vazios só na península de Macau. O número é dos Kaifong – a União Geral das Associações de Moradores de Macau fez um estudo sobre a matéria, à semelhança do que já tinha acontecido em 2013, e detectou vários problemas, sendo que vai agora apresentar uma série de sugestões às autoridades. Uma das questões que mais preocupa tem que ver com a saúde pública: os Kaifong não gostaram do que viram em 75 por cento dos terrenos que visitaram. Apesquisa foi feita entreAgosto e Dezembro do ano passado e permitiu ainda perceber que, do total de terras por aproveitar, 43 por cento pertencem a privados. Ho Veng Hong, que trabalha no gabinete dos Kaifong na zona norte, explicou que, com o relatório, se pretende perceber como estão a ser utilizados os recursos disponíveis.

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Direcção dos Serviços de Turismo (DST) deu ontem a conhecer o conjunto de preparativos “em várias frentes” para acolher os visitantes da semana dourada do ano novo lunar. As medidas entram em vigor na próxima sexta-feira e prolongam-se até ao dia 2. Entre outros aspectos, há novas regras para os autocarros de turismo. Vai ser activado o sistema de troca de informações

KAIFONG APRESENTAM ESTUDO SOBRE TERRENOS VAZIOS EM MACAU

Dar corda aos sapatos GCS

Os Moradores não estão satisfeitos com a forma como o Governo tem estado a lidar com os lotes vazios do território. Fizeram um novo estudo sobre a matéria e chegaram à conclusão que há demasiada burocracia. Os Serviços de Saúde também levaram um puxão de orelhas

Ao contrário do que aconteceu há três anos, quando os Moradores analisaram todo o território, desta vez concentraram-se apenas na península. O grupo responsável pelo trabalho visitou as zonas vazias e obteve dados junto de vários serviços públicos. Ao todo, foram passados a pente fino 495 locais.

E A SAÚDE PÚBLICA?

A grande conclusão da pesquisa tem que ver com a forma como a Administração lida com os terrenos vazios. Os Kaifong detectaram demasiada burocracia, um fenómeno que se explica com o facto de serem vários os serviços públicos que lidam com a matéria. “As autoridades demoram muito tempo”, afirmou o director do Comité dos

Assuntos Sociais da organização, Chan Ka Leong. “Em resposta a vários tipos de situações que podem acontecer, temos autoridades diferentes para tratar do assunto: as Obras Públicas, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, o Corpo de Bombeiros e os Serviços de Saúde”, contextualizou. “Entretanto, quando um desses serviços não se responsabiliza pelo caso que tem em mãos, transfere-o para outros serviços, o que faz com que o processo demore mais tempo.” O problema é que há questões que devem ser tratadas de forma urgente, por colocarem em causa a saúde pública. “Há casos que envolvem questões de higiene ou ambientais”, referiu.

“Os Kaifong são ainda do entendimento que as autoridades devem apropriar-se ‘temporariamente’ dos lotes que se encontram vazios de forma permanente.”

Propostas para evitar o caos Turismo adopta medidas para o ano novo lunar

turísticas com as autoridades de Guangdong, bem como reforçado o trabalho de fiscalização. Haverá uma actualização diária do número de entradas de visitantes do Interior da China e o total de visitantes registado nos postos fronteiriços no dia anterior, para referência do público.

A DST enviou cartas aos operadores turísticos a alertar sobre aspectos a ter em atenção para que quem visite Macau tenha uma boa experiência.Além disso, foi pedido às agências que ajudem a dividir o fluxo de visitantes e que prestem atenção às regras para a largada de passageiros

dos autocarros de turismo. Na Rua de D. Belchior Carneiro, só é possível parar para deixar turistas por determinado período de tempo e vai ser implementada uma zona exclusiva para peões em alguns troços da Rua do Volong. Depois, foram enviadas mensagens por telemóvel,

Chan Ka Leong disse ainda que, “de acordo com a lei, os Serviços de Saúde têm de assegurar a salubridade dos terrenos, quer sejam privados ou do Governo”. Mas, aponta o representante dos Moradores, “os Serviços de Saúde raramente fazem isso”. Apesquisa permitiu detectar limitações ao nível legal que os Kaifong gostariam de ver resolvidas, para que as autoridades possam tomar medidas rápidas para os terrenos vazios que coloquem em causa o interesse público. “Às vezes, não se consegue entrar imediatamente em contacto com o dono do terreno. O Governo deve criar uma série de medidas para que se possa tratar do problema nesse espaço e depois tentar, de novo, comunicar com o proprietário.”

ESVAZIAR O VAZIO

Os Kaifong são ainda do entendimento que as autoridades devem apropriar-se “temporariamente” dos lotes que se encontram vazios de forma permanente.Além disso, como no centro e na zona sul existem vários terrenos privados por aproveitar, “o Governo pode aumentar os impostos que são cobrados ou adquirir as parcelas que são adequadas para a utilização de construção de habitação pública, de modo a servir os cidadãos de Macau”. A Lei de Terras também foi chamada à colação, com os Moradores a defenderem que deve ser executada “de forma rigorosa”. Vítor Ng (com Isabel Castro) info@hojemacau.com.mo

sugerindo aos visitantes que se desloquem aos principais pontos de atracção turística fora do período de maior circulação de pessoas, de forma a dividir o fluxo de visitantes, para que seja minimizado o impacto no trânsito e na comunidade. Haverá também pessoal da DST destacado em dez pontos de Macau, para fornecer informações turísticas e indicações aos visitantes, dividindo o fluxo de pessoas. Quanto às medidas

para a acomodação, o Turismo recorda que já disponibiliza, na sua página electrónica, a tabela de preços das diferentes categorias de quartos de hotel e pensões em Macau. Durante o Festival da Primavera, a DST vai intensificar as inspecções nos principais pontos de atracção turística, postos fronteiriços e diferentes zonas da cidade, e promete combater, em conjunto com a Polícia de Segurança Pública, o alojamento ilegal.


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Catalyser POP ROCK MADE IN MACAU

Régis Bonvicino volta a publicar nos Estados Unidos

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E volta aos escaparates, o autor brasileiro repete a proeza de editar um livro de no mercado livreiro norte-americano. Esta é a segunda vez que Régis Bonvicino tem uma colectânea de poesia, “Além do Muro”, publicada nos Estados Unidos. A edição está a cargo da Green Integer. Este é um feito raro entre poetas do Brasil. A compilação reúne poemas dos três mais recentes livros do autor: “Estado Crítico” (2013, Hedra), “Página Órfã” (2007, Martins Fontes) e “Remorso do Cosmos” (2003, Ateliê Editorial). O livro reúne poemas traduzidos ao longo dos últimos 15 anos de publicações em revistas, assim como de poemas que nasceram de leituras que o poeta realizou nos Estados Unidos. Esta publicação ocorre mais de 16 anos após a primeira colectânea publicada em terras do Tio Sam, depois de “Sky-eclipse”, que abarcou um período anterior da sua obra. “Além do Muro” foi traduzido para o inglês pelos conceituados Charles Bernstein e Odile Cisneros, reunindo um total de 60 textos. É de salientar que Bernstein é um poeta

norte-americano de renome, um dos mais reputados críticos da especialidade, assim como o principal representante do movimento literário Language Poetry, que conheceu os seus tempos áureos nas décadas de 70 e 80. Régis Bonvicino, além de poeta, é tradutor, editor e crítico de literatura. De acordo com alguma crítica brasileira, é um dos autores mais consistentes da actual cena poética, além de ter conseguido muita projecção além-fronteiras. Também no campo da poesia publicou dois pequenos livros na década de 70, ainda muito jovem, “Bicho Papel” (1975) e “Régis Hotel” (1978), tendo a sua obra conhecido um período mais prolífero nas décadas de 80 e 90. O brasileiro tem também um livro editado em Portugal: “Lindero Nuevo Vedado”, publicado em 2002 pelas Edições Quasi. “Além do Muro” reúne alguns dos poemas de maior cariz político do autor paulista. Com uma linguagem plena de vitalidade, Bonvicino oscila entre a descrição de imagens avassaladoras de natureza e as duras realidades da industrialização em ambientes urbanos.

CATALISADOR ˜ DE EMOCOES

FACEBOOK

À conquista das Américas

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EVENTOS

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OMO muitas bandas de rock, os Catalyser conheceram-se na escola secundária, um percurso habitual numa idade em que a identificação musical é muito importante. Nos últimos meses de liceu, em 2012, fizeram um pequeno concerto para os amigos, sem grandes ambições, que viria a ter repercussões pouco tempo depois. No fim do ano lectivo, o grupo de amigos que subiu a palco e que partilhava o amor pela música decidiu que chegara a altura de formar uma banda. Assim nasciam os Catalyser, nome inspirado no conceito químico que aprenderam numa aula de Ciências. “Queríamos que a nossa música fosse um catalisador entre

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA UM GRITO DE AMOR DESDE O CENTRO DO MUNDO • Kyoichi Katayama Sakutarô e Aki conhecem-se na escola. Ele é um jovem engenhoso e sarcástico. Ela é uma rapariga bonita e popular. O que de início é uma amizade cúmplice torna-se numa paixão arrebatadora. Um acontecimento trágico vem pôr à prova a força do amor que os une. Este é o romance japonês mais lido de todos os tempos no Japão, com mais de três milhões de exemplares vendidos.

pessoas, algo que promovesse a união, que incitasse, por isso escolhemos este nome”, conta Daniel, guitarrista da banda, que também trabalha com vídeo, principalmente em publicidade. A banda, inevitavelmente, foi influenciada pela cena cantopop de Hong Kong, como os Supper Moment. Este tipo de sonoridade é fortemente inspirado no pop chinês, assim como nas sonoridades pop de bandas que inundaram as MTV durante a década de 90. Dessa forma, não é de estranhar que o Ocidente musical também tenha chegado aos ouvidos e às influências dos Catalyser, como não podia deixar de ser. Bandas com projecção global como Green Day, Coldplay e Radiohead são alguns dos pontos de

conexão dos Catalyser com as sonoridades mais ocidentais.

REFLEXÕES EM DISCO

No ano passado, a banda reuniu as composições que tinha e foi para estúdio. O resultado foi um disco chamado “Reflections”, que projectou a banda para a cena cantopop de Macau. Com concertos tocados na rua, e para qualquer palco que os convide, a popularidade da banda cresceu, dentro da dimensão do território, com o seu nome a passar de boca em boca. Em 2015 ganharam o prémio de música da TDM, um evento que marcou a banda. “Foi um momento memorável, deixou-nos muito felizes, apesar de achar que havia outros melhores do que nós, foi algo que nos surpreendeu muito e

que não poderia ser conseguido sem a ajuda de outras bandas”, conta Daniel. O prémio deu-lhes alguma visibilidade, além de uma injecção de confiança para comporem algo mais arrojado. Em Setembro do ano passado, a banda mudou de rumo e passou a ter uma voz feminina, Iron. Uma mudança que não trouxe disrupção no sentido condutor que guia a sonoridade dos Catalyser. Apesar de ser uma banda de gente jovem, na casa dos 20 anos, o som tem alguns contornos maduros, principalmente no que toca aos arranjos. Com composições algo melancólicas e canções que evocam perda, a banda de Macau fez uma transição suave de uma voz masculina para a voz de Iron. A vocalista encaixou bem na sonoridade do conjunto, e sente-se como peixe na água em palco. Aliás, tocar ao vivo é algo que lhe enche a alma, em particular quando sente “que o público está a gostar da música”. “Apesar de todos enfrentarmos a nossas dificuldades, seguimos os nossos caminhos, porque a música é o catalisador das nossas vidas”, sintetiza a banda no seu canal deYoutube. João Luz (com Vítor Ng) info@hojemacau.com.mo

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

69 CONTOS URBANOS DE VÍCIOS PRIVADOS • Daniela Oliveira Contadas de forma descontraída, mas vividas com uma intensidade inebriante, as 69 histórias de Daniela Oliveira falam das vivências e devaneios característicos de uma sexualidade livre, sem preconceitos. Com princípio, meio e fim, homens e mulheres cruzam-se, trocam olhares e conversam antes de partilharem o prazer carnal. Um livro para ler com uma atitude positiva, que lhe proporcionará momentos de muito boa disposição ao relembrar um episódio vivido, uma confissão de uma amiga ou, quem sabe, um ímpeto secreto há muito contido.


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RES S

“Queríamos que a nossa música fosse um catalisador entre pessoas, algo que promovesse união, que incitasse, por isso escolhemos este nome”, conta Daniel, guitarrista da banda

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Numa cidade com pouco mercado para o pop rock, os Catalyser formaram-se a partir de um grupo de amigos de escola com uma paixão em comum: a música

EVENTOS

HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Fel-da-terra Nome botânico: Centaurium erythraea Rafn Sinonímia científica: Centaurium minus Moench; Centaurium umbellatum Gilib.; Erythraea centaurium (L.) Pers. Família: Gentianaceae. Nomes populares: Centáurea-menor. Com um caule frágil e quadrangular e ramos erectos, o Fel-da-terra, pode alcançar meio metro de altura. Apresenta folhas alongadas, verde-claras, as basais, maiores, formando uma roseta, e as caulinares mais pequenas; as flores, cor-de-rosa, dispõem-se em cachos terminais (corimbos). Nativo da Europa e Sudoeste Asiático, encontra-se actualmente nas regiões temperadas de todo o mundo. Tal como sugere o seu nome latino, fel terrae, trata-se duma planta de intenso amargor. Já o nome Centáurea tem origem na mitologia grega, numa alusão ao centauro Quíron, personagem meio homem meio cavalo, o mais distinto dos centauros e reputado curandeiro e naturalista, que se curou de uma ferida no pé provocada por uma flecha envenenada lançada por Hércules. Muito apreciado pelos Gauleses, o Fel-da-terra foi mencionado por Dioscórides e Plínio, e cultivado durante toda a Idade Média, sendo até hoje uma planta muito popular. Em fitoterapia são usadas as partes aéreas floridas. Composição Diversos princípios amargos, incluindo heterósidos de secoiridóides também presentes na Genciana (Gentiana lutea) (genciopicrósido, severósido, severtiamarina), flavonóides, xantonas, ácidos fenólicos, triterpenos, fitosteróis, sais minerais (magnésio, potássio), taninos, resinas, vestígios de óleo essencial e de alcalóides. Aroma suave, sabor intensamente amargo. Embora menos amarga que a Genciana, o Fel-da-terra partilha muitas das suas propriedades, sendo, por vezes, usado como seu sucedâneo. Acção terapêutica Considerada um tónico amargo, o Fel-da-terra é uma das melhores plantas para fortalecer a função digestiva, especialmente o estômago. O seu intenso sabor amargo estimula, por acção reflexa, as secreções digestivas (salivares, gástricas, biliares e pancreáticas), aumentando o apetite e a digestão química dos alimentos; por outro lado, estimula a motilidade gástrica facilitando a digestão mecânica. É ainda ligeiramente laxante, favorece a eliminação de gases e a expulsão de parasitas intestinais. É muito recomendado para a inapetência, anorexia, atonia

digestiva, gastrite crónica por falta de sucos, digestões pesadas ou difíceis, vómitos, flatulência, mau funcionamento ou inflamação da vesícula biliar e vermes intestinais. Está igualmente indicado nas afecções crónicas do fígado, por aumentar a produção de bílis, combater os radicais livres e a inflamação, e proteger este importante órgão dos danos provocados por substâncias tóxicas. Com propriedades tonificantes do organismo, esta erva combate a febre e é antibacteriana e anti-inflamatória, sendo empregue na gripe, malária e outas afecções febris, convalescença e anemia. Acalma a tosse na presença de catarro. Tem actividade diurética e depurativa, sendo benéfica em caso de edemas, hipertensão arterial, cálculos renais, gota, reumatismo e neuralgias. Tem ainda acção sedativa sobre o sistema nervoso central, sendo utilizada para o nervosismo, insónia e esgotamento nervoso. Reduz a taxa de glicose no sangue, beneficiando os diabéticos; também é usada para diminuir o colesterol sanguíneo. Outras propriedades Em uso externo, o Fel-da-terra, desinfecta, desinflama, cicatriza e favorece a cura de feridas e contusões. É útil para as feridas, úlceras, chagas, contusões, eczemas, blefaroconjuntivite, mastite, gota e reumatismo. Como tomar • Uso interno: Infusão das partes aéreas floridas: 1 colher de sobremesa por chávena de água fervente. Tomar 2 ou 3 chávenas por dia, meia hora antes das refeições, de preferência sem adoçar – tomar lentamente, para que produza maior efeito. Devido ao seu acentuado sabor amargo, a infusão pode ser aromatizada com outras plantas de sabor mais agradável. Também em ampolas, xarope e comprimidos, em simples ou fórmulas, para as afecções hepáticas e diabetes. O Fel-da-terra participa no fabrico de vermutes e outras bebidas licorosas usadas como aperitivo. • Uso externo: Decocção das partes aéreas floridas: 50 gramas por litro de água. Aplicar topicamente em lavagens e compressas. Precauções Não são conhecidas contra-indicações para a planta, nem efeitos secundários ou toxicidade para as doses terapêuticas. No entanto, devido aos constituintes amargos, deve ser evitada por lactantes e em caso de úlceras gastroduodenais. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


12 CHINA

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Internet LANÇADA CAMPANHA PARA PREVENIR ACESSO A PÁGINAS CENSURADAS

A grande limpeza em curso

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China anunciou uma campanha de 14 meses para eliminar servidores e combater o uso de VPN (Virtual Proxy Network), a única maneira de aceder aos milhares de ‘sites’ bloqueados pelas autoridades chinesas. O Grande Firewall da China permite censurar ‘sites’ como o Facebook, YouTube e Google. Nos últimos anos, foi aperfeiçoado, bloqueando selectivamente páginas com termos “sensíveis”, em vez de uma censura integral. Em Novembro passado, o poder legislativo chinês aprovou um projecto de lei que reforça os poderes do Governo para aceder a informação, obter registos de mensagens e bloquear a difusão de dados que considera ilegais. Várias empresas e cibernautas recorrem, porém, ao uso de VPN para aceder à Internet sem restrições. As empresas de telecomunicação ou servidores passarão a estar proibidas de configurar ou alugar linhas especiais como VPN sem aprovação oficial, disse no domingo o ministério da Informação e Tecnologia. A campanha de “limpeza” vai durar até Março de 2018, segundo um comunicado difundido pelo ministério.

ORDEM NA REDE

O anúncio surge dias após o Presidente chinês, Xi Jinping, ter defendido a globalização e denunciado o proteccionismo, num discurso no Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça. O líder chinês insistiu no compromisso da China em se abrir ao mundo. A oferta de serviços de acesso à Internet tem crescido rapidamente e “os primeiros sinais de desenvolvimento desordenado surgiram

UM SEXTO DOS CAMPOS DE GOLFE DO PAÍS ENCERRADOS

Pequim ordenou o encerramento de um sexto dos campos de golfe no país, desde 2011, revelou ontem o principal organismo chinês de planeamento económico, numa política que visa poupar solo arável e água. A agência noticiosa oficial Xinhua afirmou no domingo que os campos foram encerrados devido ao uso inapropriado de águas subterrâneas, terra arável ou terrenos em reservas naturais. As autoridades terão imposto ainda restrições em 65 outros campos, destaca a agência. A China proibiu a construção de novos campos de golfe em 2004. Nessa altura, por todo o país havia pouco mais de 200. A decisão visou proteger solo arável e recursos hídricos, mas o número de novos campos mais do que triplicou desde então. Os campos são construídos sob o disfarce de serem parques ou outros projectos, muitas vezes com a aprovação dos funcionários locais. Em 2015, o Partido Comunista Chinês proibiu os seus 88 milhões de membros de jogar golfe, parte de uma campanha anti-corrupção que interditou também banquetes e a aceitação ou oferta de prendas consideradas caras.

ELIMINADOS 19 EDIFÍCIOS EM DEZ SEGUNDOS

As empresas de telecomunicação ou servidores passarão a estar proibidas de configurar ou alugar linhas especiais como VPN sem aprovação oficial também, criando uma necessidade urgente de regulação”, afirmou o comunicado. As novas regras foram necessárias para “fortalecer a gestão da segurança da informação na Internet”, lê-se na mesma nota. Citado pelo jornal oficial Global Times,

Li Yi, especialista em tecnologias de informação, considerou as novas regulações “extremamente importantes”. Enquanto algumas multinacionais, como a Microsoft, necessitam de VPN para comunicar com as sedes localizadas

no estrangeiro, outras empresas e cibernautas “acedem a páginas electrónicas estrangeiras com intuitos ilegais”. Em 2015, um relatório do grupo de pesquisa Freedom House considerou que a China tem a Internet mais fechada em 65 países analisados, abaixo do Irão e da Síria. Dados oficiais divulgados este fim de semana revelam que o número de chineses ligados à Internet ultrapassou os 730 milhões no ano passado.

Na região central da China, mais precisamente na cidade chinesa de Wuhan, 19 edifícios de 12 andares foram eliminados através de uma explosão controlada que durou 10 segundos. Para a realização de explosão simultânea, foram espalhadas cinco toneladas de TNT numa área de 150 mil m² de cimento. A explosão dos edifícios de 12 andares aconteceu no dia 21 de Janeiro, comunica The Daily Mail. Na área, planeia-se construir um complexo de negócios que contará com um arranha-céus de 707 metros.

HONG KONG BOMBA DA II GUERRA FAZ RETIRAR DE DEZENAS DE PESSOAS

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EZENAS de pessoas foram ontem retiradas após a descoberta de uma bomba da II Guerra Mundial no estaleiro de uma obra na antiga colónia britânica, perto do campus da Universidade de Hong Kong. Trabalhadores da construção civil e resi-

dentes de uma residência universitária foram retirados depois de uma bomba de 227 quilos, fabricada nos Estados Unidos, ter sido descoberta na estrada Pok Fu Lam, segundo a edição ‘online’ do jornal Apple Daily citada pela AFP. A bomba deverá ser detonada no local.

Bombas ou granadas por detonar são encontradas com frequência por caminhantes ou trabalhadores da construção civil na cidade, que foi palco de intensos confrontos entre as forças japonesas e as tropas britânicas em 1941. Os Estados Unidos e a

força aérea dos aliados bombardearam Hong Kong depois de a então colónia britânica ter sido ocupada pelos japoneses. No ano passado a polícia eliminou oito engenhos explosivos encontrados por uma pessoa que estava a percorrer um trilho.

Em 2014, a polícia detonou uma bomba que pesava quase uma tonelada, a maior até à data encontrada na cidade. A descoberta levou à retirada de mais de 2.000 pessoas.


13 hoje macau terça-feira 24.1.2017

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Governo chinês convidou ontem a nova administração dos Estados Unidos, encabeçada por Donald Trump, a combater em conjunto as alterações climáticas e sublinhou que todos os países devem cumprir com o Acordo de Paris. Hua Chunying, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, garantiu em conferência de imprensa que Pequim tem “mantido contacto” com o novo Executivo norte-americano. “A China está disposta a trabalhar com todas as partes, incluindo a nova Administração dos EUA, para continuar com o diálogo e a cooperação sobre a questão das alterações climáticas”, disse Hua. A porta-voz do ministério considerou o Acordo de Paris um “marco histórico”, que a China tem intenção de implementar nas suas políticas domésticas e quer promover no exterior. “É um feito que não foi fácil de alcançar. Todos os países deviam seguir a tendência, aproveitar a oportunidade, adoptar acções e implementar o acordo para benefício das gerações futuras”, referiu. Hua insistiu na vontade da China de trabalhar com Trump, apesar das críticas do Presidente norte-americano às políticas comerciais do país asiático ou a sua aproximação a Taiwan, que Pequim considera território seu e não uma entidade política soberana. “Estamos prontos para trabalhar com a nova Administração (dos Estados Unidos) de uma forma construtiva, para solucionar as nossas diferenças e evitar que perturbem as relações gerais entre os dois países”, afirmou a porta-voz.

TODOS A PERDER

Durante a campanha e já como Presidente eleito,

Ao trabalho

CHINA

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Pequim convida Trump a combater em conjunto alterações climáticas

Notificação Edital Chan Weng Hong, Presidente da Autoridade de Aviação Civil, faz saber que, tendo-se esgotado todas as tentativas de notificação pessoal, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n. º 57/99/M de 11 de Outubro, procede-se à notificação edital de (1) Lu Fuzhong, portador do Passaporte n. º E465xxxxx, emitido na República Popular da China, residente em (中國安徽省岳西縣), (2) Bian Shaobo portador do Passaporte n. º W455xxxxx, emitido na República Popular da China, residente em (中國天津市北辰區), (3) Lim Kian Kok portador do Passaporte n. º A317xxxxxx, emitido na Malasia, residente em 10150, Penang Malaysia, (4) Ji Yongchao portador do Passporte n. º E139xxxxx, emitido na República Popular da China, residente em (中國安徽省鳳陽縣), (5) Ying Tuhong portador do Passporte n. º E015xxxxx, emitido na República Popular da China, residente em (中國浙江省縉雲縣), (6) Ji Yijian portador do Passporte n. º E167xxxxx, emitido na República Popular da China, residente em (中國陝西省清邊縣), (7) Wan Changqi portador do Passporte n. º E482xxxxx, emitido na República Popular da China, residente em (中國江西省南昌市), (8) Wei Sheng portador do Passporte n. º E386xxxxx, emitido na República Popular da China, residente em (中國安徽省舒城縣), (9) Li Shaoyan portadora do Passporte n. º E783xxxxx, emitido na República Popular da China, residente em (中國珠海斗門) e (10) Xiong Guoping portador do Passaporte n. º e714xxxxx, emitido na República Popular da China, residente em (中國江西省南昌市) nos seguintes termos: (1) No processo instaurado a Lu Fuzhong, foi-lhe aplicado por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 22 de Abril de 2015, a multa no valor de cinco mil Patacas (MOP5.000,00), pela prática da infracção prevista e punida na alínea n.º 2) do n.º 1 do artigo 4. º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, por ter ficado provado por meio de prova testemunhal que o infractor, no dia 15 de Abril de 2015, fumou a bordo da aeronave da companhia aérea Air Macau com a matrícula NX876, conforme confirmado pelo relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) Ref. 715/2015/DPA, datado de 15 de Abril de 2015. (2) No processo instaurado a Bian Shaobo, foi-lhe aplicado por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 15 de Maio de 2015, a multa no valor de cinco mil Patacas (MOP5.000,00), pela prática da infracção prevista e punida na alínea n.º 2) do n.º 1 do artigo 4. º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, por ter ficado provado por meio de prova testemunhal que o infractor, no dia 7 de Maio de 2015, fumou a bordo da aeronave da companhia aérea Air Macau com a matrícula NX238, conforme confirmado pelo relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) Ref. 877/2015/DPA, datado de 7 de Maio de 2015. (3) No processo instaurado a Lim Kian Kok, foi-lhe aplicado por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 26 de Junho de 2015, a multa no valor de cinco mil Patacas (MOP5.000,00), pela prática da infracção prevista e punida na alínea n.º 2) do n.º 1 do artigo 4. º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, por ter ficado provado por meio de prova testemunhal que o infractor, no dia 12 de Junho de 2015, fumou a bordo da aeronave da companhia aérea Air Asia com a matrícula AK186, conforme confirmado pelo relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) Ref. 1167/2015/DPA, datado de 12 de Junho de 2015. (4) No processo instaurado a Ji Yongchao, foi-lhe aplicado por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 13 de Julho de 2015, a multa no valor de cinco mil Patacas (MOP5.000,00), pela prática da infracção prevista e punida na alínea n.º 4) do n.º 1 do artigo 4.º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, por ter ficado provado por meio de prova testemunhal que o infractor, no dia 7 de Julho de 2015, perturbou os membros da tripulação a bordo da aeronave da companhia aérea Air Macau com a matrícula NX875, desobedeceu a instruções legítimas do comandante da aeronave, ou de membros da tripulação, em nome do comandante da aeronave, com vista a manter a segurança da aeronave, das pessoas e bens a bordo ou a assegurar a ordem e a disciplina a bordo, conforme confirmado pelo relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) Ref. 1357/2015/ DPA, datado de 8 de Julho de 2015.

“Estamos prontos para trabalhar com a nova Administração (dos Estados Unidos) de uma forma construtiva, para solucionar as nossas diferenças e evitar que perturbem as relações gerais entre os dois países.” HUA CHUNYING PORTA-VOZ DO MNE CHINÊS Donald Trump culpou o país asiático de “manipulação da moeda”, ou “batotice”, e ameaçou taxar os produtos chineses em 45%. Alguns analistas consideram que poderá ocorrer uma guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta.

NATALIDADE SOBE 7,9% SEM POLÍTICA DO FILHO ÚNICO

“As guerras ou confrontações comerciais não produzirão vencedores, apenas prejudicarão os interesses de ambos e de todas as partes”, afirmou Hua, que instou Washington a resolver com Pequim as suas disputas e desacordos em matéria comercial.

A China registou, em 2016, o número mais alto de nascimentos este século, revelam dados oficiais, após o Governo ter posto fim à politica do “filho único”, permitindo a todos os casais ter um segundo filho.No total, nasceram 17,86 milhões de crianças no ano passado no país, um aumento de 7,9% face a 2015.Quase metade dos nascimentos ocorreram em famílias que já têm uma criança, anunciou no domingo a Comissão Nacional da Saúde e Planeamento Familiar. A proporção de nascimentos em casais que já tinham um filho aumentou de 30%, em 2013, para 45%, em 2016, detalhou o mesmo organismo, atribuindo o aumento à abolição da política “um casal, um filho”. Segundo estatísticas difundidas anteriormente, os novos bebés nasceram sobretudo na primeira metade do ano, antes da política ter influência. Além disso, 2016 foi o ano do Macaco, no calendário tradicional chinês, um signo considerado auspicioso para ter uma criança.

(5) No processo instaurado a Ying Tuhong, foi-lhe aplicado por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 24 de Novembro de 2015, a multa no valor de cinco mil Patacas (MOP5.000,00), pela prática da infracção prevista e punida na alínea n.º 2) do n.º 1 do artigo 4. º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, por ter ficado provado por meio de prova testemunhal que o infractor, no dia 14 de Novembro de 2015, fumou a bordo da aeronave da companhia aérea Air Macau com a matrícula NX875, conforme confirmado pelo relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) Ref. 2311/2015/ DPA, datado de 14 de Novembro de 2015. (6) No processo instaurado a Ji Yijian, foi-lhe aplicado por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 24 de Novembro de 2015, a multa no valor de cinco mil e cento e quarenta Patacas (MOP5.140,00), pela prática da infracção prevista e punida na alínea n.º 4) do n.º 1 do artigo 4. º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, por ter ficado provado por meio de prova testemunhal que o infractor, no dia 14 de Novembro de 2015, alterou sem autorização prévia o lugar atribuído a bordo da aeronave da companhia aérea Air Macau com a matrícula NX875, desobedeceu a instruções legítimas do comandante da aeronave, ou de membros da tripulação, em nome do comandante da aeronave, com vista a manter a segurança da aeronave, das pessoas e bens a bordo ou a assegurar a ordem e a disciplina a bordo, conforme confirmado pelo relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) Ref. 2312/2015/DPA, datado de 14 de Novembro de 2015. (7) No processo instaurado a Wan Changqi, foi-lhe aplicado por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 24 de Novembro de 2015, a multa no valor de nove mil e setecentas Patacas (MOP9.700,00), pela prática da infracção prevista e punida na alínea n.º 2) do n.º 1 do artigo 4. º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, por ter ficado provado por meio de prova testemunhal que o infractor, no dia 5 de Novembro de 2015, fumou a bordo da aeronave da companhia aérea Air Macau com a matrícula NX897, conforme confirmado pelo relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) Ref. 2264/2015/ DPA, datado de 6 de Novembro de 2015. (8) No processo instaurado a Wei Sheng, foi-lhe aplicado por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 5 de Abril de 2016, a multa no valor de nove mil e setecentas Patacas (MOP9.700,00), pela prática da infracção prevista e punida na alínea n.º 2) do n.º 1 do artigo 4. º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, por ter ficado provado por meio de prova testemunhal que o infractor, no dia 19 de Março de 2016, fumou a bordo da aeronave da companhia aérea Air Macau com a matrícula NX897, conforme confirmado pelo relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) Ref. 528/2016/ DPA, datado de 19 de Março de 2016. (9) No processo instaurado a Li Shaoyan, foi-lhe aplicada por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 14 de Junho de 2016, a multa no valor de nove mil e setecentas Patacas (MOP9.700,00), pela prática da infracção prevista e punida na alínea n.º 2) do n.º 1 do artigo 4. º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, por ter ficado provado por meio de prova testemunhal que o infractor, no dia 17 de Maio de 2016, fumou a bordo da aeronave da companhia aérea Jin Air com a matrícula LJ121, conforme confirmado pelo relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) Ref. 944/2016/DPA, datado de 17 de Maio de 2016. (10) No processo instaurado a Xiong Guoping, foi-lhe aplicado por decisão do Presidente da Autoridade de Aviação Civil, datada de 14 de Junho de 2016, a multa no valor de nove mil e setecentas Patacas (MOP9.700,00), pela prática da infracção prevista e punida na alínea n.º 2) do n.º 1 do artigo 4. º do Regulamento Administrativo n.º 31/2003, por ter ficado provado por meio de prova testemunhal que o infractor, no dia 2 de Junho de 2016, fumou a bordo da aeronave da companhia aérea Jet Star com a matrícula BL688, conforme confirmado pelo relatório da Polícia de Segurança Pública (Divisão do Aeroporto) Ref. 1046/2016/ DPA, datado de 3 de Junho de 2016. O pagamento das multas deverá ser efectuado nas instalações da Autoridade de Aviação Civil, sitas na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, 336-342, Centro Comercial Cheng Feng, 18º andar, em Macau, durante as horas normais de expediente, dentro do prazo de 30 dias a contar da data da publicação do presente edital. Nos casos em que foi prestada caução será a mesma declarada perdida a favor da Região Administrativa Especial de Macau caso o infractor não proceda ao pagamento voluntário da multa. Mais se notifica, que as decisões em causa são susceptíveis de recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, no prazo de 60 dias dias a contar da publicação do presente edital. Notifica-se ainda que o pagamento não efectuado dentro do prazo legal dará lugar a execução imediata da multa. E para constar, se lavrou o presente edital que vai se fixado nos lugares de estilo e publicado em dois jornais mais lidos da Região Administrativa Especial de Macau, um em língua chinesa, outro em língua portuguesa. Autoridade de Aviação Civil de Macau, aos 24 de Janeiro de 2016 O Presidente, Chan Weng Hong


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cidade ecrã

ARTES, LETRAS E IDEIAS

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NTRE 20 de Fevereiro e 5 Março nas ruas adjacentes ao Teatro Municipal Rivoli, mas com franca probabilidade numa qualquer rua da cidade, centenas de pessoas vestem-se para ir ao cinema. Poucas vestem Prada ou Chanel, estão a caminho de uma das 96 sessões do 37º Festival Internacional de Cinema do Porto, e vestem heróis, ou anti-heróis do grande ecrã; “Eduardo Mãos de Tesoura”, “Freddy Krueger”, “Nosferatu”, “The Joker”, “Mulher Aranha”, para referir apenas alguns exemplos do vastíssimo guarda roupa/ícone(s) do cinema. O 37º FANTASPORTO reafirma a sua marca, fortíssima no circuito dos Festivais de cinema de género do mundo, com a presença confirmada de 125 filmes inéditos, (ante estreia nacional, ante estreia europeia, ante estreia internacional e em ante estreia mundial) O filme de abertura é “The Age of Shadows” de Jee-woon Kim, já passou na Selecção Oficial dos Festivais de Veneza e Toronto, teve o prémio do Melhor Filme do Festival de Filadélfia. É uma superprodução, e é o candidato aos Óscares pela Coreia do Sul, e um êxito de bilheteira no mercado asiático. O realizador, Jee-woon Kim, ganhou a 24ª edição FANTASPORTO (2004), com o filme “ A Tale of Two Sisters”. Na Selecção Oficial estarão 33 países, a concurso ou fora de competição. Todos os filmes novos abordam o modo como o real de hoje nos afecta, nomeadamente às guerras ( “Bloodlands “ da Albânia), o drama dos migrantes (“The Citizen”da Hungria), a realidade das mulheres muçulmanas face ao adultério ( “Sins of the Flesh”, do Egipto, produzido pelo celebrado Youssef Chahine) ou a realidade económica da Europa (o filme grego “Lines”). Reflexões também quanto à sustentabilidade do nosso futuro com o espanhol de ficção científica “ReAlive” ou o britânico-americano “Division 19”. Também presente a crítica social à burocracia com (“A Repartição do Tempo”, uma das maiores e mais divertidas superproduções do Brasil deste ano. Destaque ainda para um dos maiores realizadores mundiais do momento, o coreano e amigo multi-premiado do Fantasporto, Kim Ki Duk com “The Net” . Também coreano, e do meste da animé Yeon Sango, “Seoul Station” vai estar no ecrã do Rivoli.

Rui Filipe Torres1

O Porto veste cinema Os filmes portugueses em competição que fazem a sua estreia Mundial nesta edição do festival são as longas metragens ”A Ilha dos Cães” ,“A Floresta das Almas Perdidas” e “Comboio de Sal e Açúcar”. A longa-metragem “Rewind” produção suíça do português Pedro Joaquim,

É fácil perceber o prazer da cidade neste Festival que, com o património edificado e simbólico e o mundialmente conhecido vinho e rio Douro, que aqui a si mesmo se esquece no sal Atlântico, afirma de forma brilhante o Porto no mundo contemporâneo

também tem aqui a sua ante-estreia mundial. Destaque ainda para o Prémio de Cinema Português que vai novamente escolher o melhor filme e a melhor escola de cinema. Na programação, como é usual, fazem parte inúmeras curtas-metragens. Nas retrospectivas o destaque vai para o CINEMA DE ACÇÃO DE TAIWAN, organizada oficialmente pelo governo local de Taiwan, um conjunto de clássicos, muitos inéditos em Portugal. Igual destaque merece a retrospectiva do moderno CINEMA ARGENTINO , com, entre outros, os recentes “ El Ataud Blanco” e “ El Muerto Cuenta su Historia”. Nesta apresentação síntese, de referir ainda o programa especial de cruzamento com outras artes com um conjunto de conferências e workshops. O filme de encerramento, deste 37º festival Internacional de Cinema do Porto, actualmente classificado como um dos 10 melhores festivais independentes no mundo, ainda não está anunciado. O Festival vive de uma programação objecto de grande atenção, de uma

cidade e de um público muito particular. Um público de festival que vive intensamente a alegria partilhada de ver cinema na sala escura, exuberante, capaz de gritos, berros, falas para o ecrã, na melhor tradição dos afectos do grande público ao grande ecrã. Nas edições anteriores do festival foram muitos os nomes com destaque na cinematografia mundial presentes na cidade do Porto, aqui ficam alguns; Ben Kingsley, Luc Besson, David Lynch, Neil Jordan, Max von Sydow, Rosana Arquette, Danny Boyle, Serguei Paradjanov , Anthony Minguela, John Hurt, Pedro Almodóvar, Paul Anderson, Danny Boyle, James Cameron, Nick Cassavetes, Joel Coen, David Cronenberg, John Carpenter, Roland Emmerich, David Fincher, Terry Gilliam, Peter Greenaway, Michael Haneke, Peter Jackson, Takashi Miike, Anthony Minghella, Vincenzo Natali, Tim Robbins, Roberto Rodriguez, Ridley Scott, Quentin Tarantino, Guillermo del Toro, Lars von Trier ou Larry Wachowski. E muitas as retrospectivas, Jean Cocteau a Orson Welles, Vivente Aranda, Juan Luis Bunuel, Brian de Palma, Bigas Luna, Dario Argento, George Mélies, André Delvaux, Mario Bava, Terence Fisher, David Cronenberg, René Laloux, Tobe Hooper, Georges Franju, Luis Bunuel, Andrzej Zulawski, Paul Verhoeven, Harry Kumel, René Clair, Marcel Carné, John Waters, Andy Warhol, Leni Riefenstahl, Michele Soavi, David Lynch, Walt Disney, Alfred Hitchcock, , Mojica Marins, Nelson Pereira dos Santos, Jesus Franco, Alex Cox, Julien Temple, Oswaldo Caldeira, Hershell Gordon Lewis, Lucio Fulci, Christpher Lee, Takashi Miike, Sabu, Shynia Tsukamoto, Jean Renoir, Ed Wood , António de Macedo, José Fonseca e Costa, Fernando Lopes, não citando todas. É fácil perceber o prazer da cidade neste Festival que, com o património edificado e simbólico e o mundialmente conhecido vinho e rio Douro, que aqui a si mesmo se esquece no sal Atlântico, afirma de forma brilhante o Porto no mundo contemporâneo.www 1 - Cineasta. Licenciado em Ciências da Comunicação pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Mestrando em Desenvolvimento de Projecto Cinematográfico na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa. O texto não segue o novo acordo ortográfico.


15 hoje macau terça-feira 24.1.2017

máquina lírica

Paulo José Miranda

Tâmaras T

ÂMARAS (Douda Correria, 2016) é um livro que, logo pelo título, nos remete para outras geografias, para outras latitudes, outras paisagens, outras referências culturais a que não estamos habituados: Tel Aviv, Jerusalém, desertos, Talmud... O próprio fruto, Tâmaras, quer dizer em árabe “dedo de luz”. E embora o poema que dá título ao livro pareça estender-nos um tapete de leitura muito mais prosaico do que o significado da palavra em árabe, que também é língua oficial em Israel, país de onde vêm as tâmaras que o poeta come no seu poema, a verdade é que este dedo de luz está intrinsecamente ligado à poesia de João Paulo Esteves da Silva ou, pelo menos, a este seu livro. Escreve o poeta no final do terceiro poema do livro: “seguramos nestas ferramentas / que quase não existem / e fazemos coisas do outro mundo.” As coisas de outro mundo sugere uma separação, um corte entre um mundo e outro mundo, ou entre o humano e a natureza ou entre a arte e a vida. Esta separação existe para o poeta, como se pode ler em “Profecia mínima”, a separação entre um prelúdio em si bemol menor e a vida de um pardal: Quando menos se espera, começa a chover sobre a erva seca. O pardal pousa na soleira, sacode as penas, fica uns segundos a ouvir: - o prelúdio em si bemol menor do segundo caderno. Aparentemente, aquilo Não lhe prende a alma. Voa por entre as gotas grossas de Maio. Ainda que esta separação exista, ainda que ela aconteça, o advérbio “aparentemente”, no início da penúltima estrofe, ilumina a possibilidade de haver uma misteriosa e desconhecida ligação entre a alma do pardal e o prelúdio que se escuta. Tâmaras é um livro misteriosamente metafísico e anti-metafísico. Metafísico, porque mergulhado profundamente no mistério e na aceitação de que viver é um contínuo não se saber o que está a acontecer; anti-metafísico porque entende o “para além”

O livro vive também da irreconciliação entre os tempos que somos. E nestes tempos que somos, ainda a soma dos lugares aonde vamos sendo, muitas vezes nem sequer por ordem cronológica, ou sentidos sem cronologia, como no belíssimo “Tel Aviv”:

João Paulo Esteves da Silva

como inexistente e absurdo. Leia-se o poema “O filósofo”: “Hoje, / mudei as fraldas / ao meu mestre de filosofia. / Pairava no quarto um cheiro / levemente azedo / que não me incomodou. / Continuou a dar-me lições. / O eterno retorno existe; / é esta a opção; / se não quiseres, há outras, / por exemplo: / Confia no que não existe. Tenta não olhar para trás.” Aquele “confia no que não existe” atinge-nos como uma autêntica pedra. Podemos ler essa frase literalmente, metafisicamente, ou ironicamente, anti-metafisicamente. Por outro lado, confiar no que não existe não é somente confiar em Deus ou em teorias improváveis ou inexplicáveis. Confiar no que não existe é também confiar na vida que temos, isto é, no tempo que somos. Nós vemo-nos no futuro, ainda que o futuro seja um dia depois ou as próximas férias ou o próximo ano, embora esse dia não exista, embora esse cada um de nós lá, nesse dia, não exista, tal como o próprio poeta escreve, num poema quase no fim do livro, “Ainda outro fim”: “Sabes, acredito no futuro, / confio muito no que não existe”. O que faz deste livro uma enorme clareira de paradoxo. De um modo talvez melhor: este livro ilumina o paradoxo que somos, de um modo muito particular, não só pelas referências e um olhar quase estrangeiro, mas também pela aceitação em guerra, que se tem com a nossa situação, a deriva constante entre metafísica e anti-metafísica. Se se lê “confia no que não existe”, como ironia ou até sarcasmo, também se pode ler literalmente, como por exemplo no “Prólogo”, primeiro poema do livro, “Dentro dos sons / ouve-se sempre um chapinhar” ou ainda o verso já aqui lido, “fazemos coisas do outro mundo.” Que são mesmo de outro mundo, literalmente, pois a arte, a palavra, no fundo, a expressão humana é outro mundo em relação à natureza. Mais: a arte é outro mundo em relação a nós mesmos.

Não se explica o amor nem se é amor o amor Aqui sinto-me bem no sentido mais estúpido do termo talvez eu seja daqui ou então tenha sido feito para chegar aqui a estes pátios floridos e ao barulho do mar junto à janela Mas, se calhar, nem uma coisa nem outra e o sítio sem argumentos é o meu lugar fora do tempo lugar de todos os tempos Talvez o pó de estrelas mortas de que sou feito seja o mesmo pó do deserto que me irrita a garganta agora no oásis com amor Contas feitas há só uma coisa que sabemos, ainda que não se saiba bem, como tudo ou quase tudo do humano: o amor é um oásis. E uma vez mais o paradoxo ilumina-nos, pois o amor não se explica, nem sequer se é amor, mas ele é

um oásis, e isso é identificável; isso sabe-se, na garganta que não fica irritada com o deserto e com o deserto da vida. Não se explica o amor e nem se reduz o mesmo ao que quer que seja. O amor aparece como aquilo que faz sentido, o que confere sentido à existência, foi o que nos fez chegar aqui e o que nos mantém aqui. O tempo é um estado de consciência, ilumina-nos o poema “Estados Alterados de Consciência”: “A furgoneta deitada sobre o lado esquerdo, / rodopios, som de metal raspando o asfalto, / chispas, e o tempo pára. / Os segundos do acidente duram anos / (...)”. Já o sabíamos antes, com outros poemas lidos anteriormente, mas aqui a iluminação fica mais intensa, e o tempo vê-se melhor, como se ele fosse agora espaço, como se fosse, por exemplo, o gesto em que morre a infância: “Já o amigo a trair-me em plena batalha, / naquela última guerra de fisgas / com abrunhos, / aí sim, doeu que se fartou. / E a infância morreu.” (Início da última estrofe do poema anterior) No poema “Na colina” vemos a silhueta definida de como o poeta vê a vida, algo que podia ter sido ali, (...) mas não era ali. Aquilo que mais interessa ao poeta, tal como escreve num poema quase no início do livro, “Rua Barros Queirós”, “também eu, prefiro a vida”, parece a cada poema, a cada página ser um lugar fora do mundo à vista. A estrofe final do poema “Ainda outro fim” parece resumir as linhas de força deste livro, que temos tentado fazer ver: “Isto não vai durar muito / os dias acabam repetidamente / e quando nascem vêem cheios de noite. / Sempre gostei das tuas luzes escuras.” Podíamos usar para a vida o mesmo verso que o poeta brasileiro usou para o amor: a vida, isto, não dura muito, mas enquanto dura é infinita; para o bem e para o mal. Perpassa ao longo do livro uma ambiência ligeiramente estranha, como a própria vida de cada um para si mesmo. Deixo-vos agora com um último poema de João Paulo Esteves da Silva: Ano novo Voltamos ao princípio, com uvas, escolas, diospiros. O ano parte daqui, e recomeça. Deita-se mais o sol, o dia do perdão ressoa e paira sobre os outros dias. Algumas árvores vão ficar sem folhas. Não leves muito a sério as nossas falhas; inscreve-nos na vida.


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hoje macau terça-feira 24.1.2017

Amélia Vieira

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SCREVEMOS devagar, os dias são lentos, as estradas fugidias, as ausências gigantes. Estamos a ver passar a carruagem de um morto, o passeio fúnebre da vã glória de se ser mortal e, com todos os sinais num ar já farto daqueles que do chão desistem e tão de Inverno feitos, seguimos silenciosos o cortejo. Um encanto nostálgico fica destes dias em que engalanámos a morte de passeio e as vestes eram escuras como de abrigos estivéssemos envolvidos. Sem choro nem bonança, abraçamos o tempo do fim, que de finita estrutura nos mantemos atrás dos outros como uma esquálida água que perpassa. Os dias embriagados de um já quase luar de Janeiro, o das noites altas e esguias como catedrais, anunciam, sim, lá longe, a Primavera que sempre virá, os gatos em cio, as longas noites frias de quem tem nos sonhos a vida que não lhe é dada já viver no momento breve e, com toda a elegância de estirpes moribundas, seguimos o esquife. Frios como sombras, tristes sem saber porquê, pois que se tudo é demora na morte sempre certa, que silêncio é este que nos deixa tão sós? A morte aqui não é de assombro de suspeita ou de aflição: é um dote a mais na marca de um homem e quem nela tiver assento passeia-se entre avenidas e ruas espalhando o sossego da sua condição. Ele, que de alma nua e corpo inerte avança, não sabe da morada nem do estado das coisas que acontecem. Os cavalos são altos e belos e escoltam a sua natureza toda por entre a abnegação dos rostos ao redor. Para se ser feliz há que ser-se jovem e contar os dias para entrar de férias e ter aquele amor nos países a visitar e as noites com fundos sonos que insistem em entrar pelos dias dentro. Assim, somos felizes, temos o tempo da espera que se prevê sempre rápida, pois os jovens não gostam de esperar e este quase lá marca a tónica de uma vibrante expectativa e por isso todos ficam de lado na sua marcha lenta para não lhes inibirem os passos. Se um país fosse a enterrar ele seria como todos os senhores: um velho ser passeando-se entre as nossas vistas cansadas, um elemento cuja urna seria um sinal da Aliança, a Arca, tão móvel quanto vazia, pois que o seu mistério continua para além das paredes cerradas e do cumprimento de Deus. Seria uma tribo a transportá-la no deserto onde nela se fundou e criou a imagem do Santo dos Santos e

EDVARD MUNCH, DEATH IN THE SICKROOM, 1895

Todo este deserto

Do outro lado quem estaria à sua espera? Quem nos espera para sermos coroados? Na agnóstica República cumpriu-se o ritual da passagem e só não ouviu a voz de um além quem estava desprevenido nós, na retaguarda, sentiríamos a presença do eterno sem que nos fosse recordada a brevidade da vida, sem vontade andaríamos quilómetros para testemunhar o desejo de que dentro dos elementos fechados vai a união, que nunca sem a sua viseira conseguiríamos manter os cavalos que são os arlequins e guardiões bem amestrados, o que está dentro não se vê, passeia-se na mobilidade de uma essência sagrada cuja natureza deixámos de saber interpretar. Toda a nossa visão é um lastro bonito e triste sem entendimento prévio, pois que a guarda das coisas a algo ou a alguém nos emociona como um recanto privado e, sempre privados de argumentos, escutamos o que dizem saber os que mais pensam entender sem que tal explicação seja mais eloquente que a nossa inabilidade para trocar palavras diante da verdade bela e fria de um imenso adeus. Entramos na corrente ociosa do sentimento das coisas e, de tão filtradas as águas, há um canto finíssimo de uma vaga maresia... deve ser o Tejo espraiando-se entre as gentes... ou deve vir mais frio e

não sabe da dureza de o implantar. Está tudo assombrosamente envelhecido, parece que estamos aqui vai para milhares de anos, mas o calendário afirma que não, que a rotatividade ainda é muita e que estendidos como a morte na linha horizontal temos que desenrolar muitos anos. E tudo é subitamente horizontal, as linhas dos Jerónimos – as belas linhas – o rio, o tráfego... todos prestamos preito àquela morte em pedra que não nos espreita porque de uma vaga eternidade se mantém e esta curva suave para a recta adormecida é um pouco a arquitetura do nosso Fado que só levanta quando a dor acorda, gemendo então na vertical como um alto uivo. Os lobos estão nas suas florestas e elas são escassas, ao levantarem a boca para uivar à Lua cantam estranhas melodias que nos dizem inspirar até sonhos de belos machos Alfas espalhando o seu domínio: e quem no reduto mais estreito das suas fantasias não procurou o seu poder para se sentir protegido e amado como convém quando estamos frágeis? Na lassidão da morte ninguém entra. Todos somos o cortejo, o estilete com que

esculpimos a marcha, fazemos as últimas homenagens e vemos passar o significado das vidas que foram anunciadas, que pode muito bem deleitar as nossas já sem nenhuma anunciação. Ninguém se nos anuncia num devir breve e todos deslizamos para o nada, o tanque vazio das nossas lágrimas diz-nos que passamos o estertor do medo dela. Tudo está em paz, mas a paz não é redentora, a paz não mora na esperança da vida, ela silencia a sua força e contrai “dívidas” à felicidade do melhor de nós em turbilhão. Mas nós gostamos da paz, com ela parece-nos a linha mais comprida... os dias mais lentos... o amor menos agreste – a paixão... retirai-a: é fonte de aflições, de desamparos e ardores – o vício pode entrar desde que seja só vício e se, paradoxalmente, ninguém se agarrar a ele, da violência doméstica retenhamos apenas que não é amor - não, não é amor - é outra coisa que os lobos nos ajudariam a pensar. E com todo o deserto aberto para o povo, passa então entre manás a turba que fugida anda de Faraós agrestes e que de tanto já não poder andar se revolveram nas areias até nelas quase terem ficado por todas as gerações... Ao longe, a Terra Prometida, mas Moisés morreu ao vê-la... partiu Tábuas, gritou do cimo da montanha... Um homem não é de ferro e pode destruir o que lhe custou silêncios e padecimentos por caprichos muito humanos e tem esse imenso direito. Do outro lado quem estaria à sua espera? Quem nos espera para sermos coroados? Na agnóstica República cumpriu-se o ritual da passagem e só não ouviu a voz de um além quem estava desprevenido. Quem sabe se era de novo o nevoeiro! Quem nos diz que chegou Sebastião montado em inúmeros cavalos brancos que de crina em dias sem vento andava movendo o seu estandarte de imperturbável construtor de Desejados? Todos, algures, fôramos desejados e ninguém mais nos deseja... os nossos desejos são cordas lassas. Ficamos a ver como entrelaçamos as fachadas manuelinas para fazermos delas um nó tão apertado que parecemos não caber. E soltam-se os cabelos, o fio de Ariadne, a vontade de ser Penélope numa ilha muito ao largo... e que venha sim, que apareça Ulisses. E a noite chegou com o sarcófago nos Prazeres. Prazeres de vida eterna. O postigo está fechado. Janus, o senhor das duas caras, repousa enfim. Janeiro é um mês lindo.


17 hoje macau terça-feira 24.1.2017

TEMPO

MUITO

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

PALESTRA “O ANO NOVO CHINÊS - COSTUMES E TRADIÇÕES”, COM FERNANDO SALES LOPES Fundação Rui Cunha, 18h30

MIN

14

MAX

19

HUM

65-90%

EURO

8.57

BAHT

EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “I’M TOO SAD TO TELL YOU”, DE JOSÉ DRUMMOND Casa Garden, (Até 24/02) EXPOSIÇÃO “OBSERVAÇÕES”, DE MANUELA MARTINS Casa Garden (Até 04/02)

Cineteatro

C I N E M A

PROBLEMA 163

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 162

UM FILME HOJE

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

III FESTIVAL DE CINEMA DE MOÇAMBIQUE, Fundação Rui Cunha, 18h30 (Até 26/01)

YUAN

1.16

INSATISFAÇÃO

EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1

EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau

0.22 AQUI HÁ GATO

Diariamente

EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02)

(F)UTILIDADES

Hoje apetece-me cascar na mais irritante característica humana, além do despudorado amor por caninos: a eterna insatisfação. Não falo da angústia de querer mais e melhor, do desejo de superação, do poder de alcançar o longínquo. Não, falo da mesquinhez tacanha dos fracos de espírito. Nesta modalidade os portugueses são exímios, Cristianos Ronaldos do bota-abaixismo. Um dia fui apanhar sol no pêlo para uma esplanada solarenga. A temperatura estava boa, temperada como uma lata de whiskas, perfeita para me espreguiçar e me roçar em tudo o que é anguloso. Até que um rumor me chegou aos ouvidos. Queixume num dia de sol, a vir sorrateiro estragar-me a tarde. O vil prazer de ver o lado ranhoso da vida, polvilhado por estereótipos. Os filipinos são assim, os chineses são assado, isto está mal, aquilo está pior. Um rol de preconceitos desfiados ao ritmo de velhos hábitos colonialistas que, felizmente, pertencem cada vez mais ao passado. Sem qualquer espaço para auto-análise, ver o lado positivo de algo, compreender o que é diferente, aproveitar o sol, sorrir para um estranho. Nada, só negritude na alma. Uma ocupação injusta de espaço, um desperdício de oxigénio, um espinho encravado na minha boa disposição. Se estão mal, mudem-se. Mas aí reside o problema: não há lugar que acalme esta insatisfação constante, porque é o queixume que os move, que os faz sentir superiores, e aí reside a sua inferioridade. Pu Yi

COBAIN: MONTAGE OF HECK | BRETT MORGEN | 2015

Um documentário essencial para compreender uma das maiores figuras da história da música e do movimento grunge. Kurt Cobain tinha uma mente brilhante mas psicologicamente inconstante, tendo conseguido erguer uma das maiores bandas de todos os tempos. Um documentário fundamental que mostra o lado de Cobain como músico mas também como pai, e que deve ser visto por todos, independentemente de serem ou não fãs de Nirvana. Andreia Sofia Silva

A STREET CAT NAMED BOB SALA 1

SALA 3

Filme de: Denis Villeneuve Com: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

FALADO EN MANDARIM LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Simon Hung Com: Yuan Huang, Megan Lai, Darren Wang 14.30, 21.30

ARRIVAL [B]

SALA 2

A STREET CAT NAMED BOB [B] Filme de: Roger Spottiswoode Com: Luke Treadaway, Joanne Froggatt, Ruta Gedmintas 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

10000 MILES [B]

SING [A] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Garth Jennings 16.30, 19.30

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18 OPINIÃO

hoje macau terça-feira 24.1.2017

macau visto de hong kong DAVID CHAN

Directrizes para 2017 em Hong Kong BEN STILLER, THE SECRET LIFE OF WALTER MITTY

empregado podia ser compensado numa proporção de 2/3. Mas agora, o Governo pretende reduzi-la para 1/2. Seria criado um fundo governamental para ajudar ao pagamento destas indemnizações. Foi sugerido que este Fundo estaria operacional dentro de 10 anos. Passado este período, o patronato terá de suportar o pagamento das indemnizações e deixar de contar com ao Fundo de Providência Obrigatório. Mas a criação deste fundo governamental não é o suficiente para satisfazer a classe patronal. Alguns empresários alegam ter de pagar duas vezes pelos empregados. Estas queixas são facilmente compreensíveis. Quem mais sai a perder com estas medidas é o trabalhador, porque a indemnização será reduzida de uma proporção de 2/3 para 1/2.

Estas medidas previstas nas Linhas de Acção Governativa para o corrente ano, a serem implementadas, não agradarão nem a patrões nem a empregados

A

S linhas de acção do Governo de Hong Kong para 2017 foram anunciadas esta semana. Foi decidido o cancelamento do apoio do Fundo de Providência Obrigatório (Segurança Social) às empresas, para fins de indemnização de funcionários. Estas indemnizações poderiam efectuar-se ao abrigo do Long Service Payment - LSP (Compensação por termo de Contrato Prolongado) ou do Severance Payment – SP (Indemnização por Despedimento). Actualmente, tanto o empregador como o empregado contribuem com 5% do valor do salário para o FPO, entrando mensalmente neste Fundo um total de 10% do salário de cada pessoa, a ser aplicado na saúde e na reforma. Em Hong Kong as pessoas reformam-se aos 65 anos. O SP foi pensado para compensar pessoas que trabalham para a mesma entidade num mínimo de dois anos consecutivos e que são dispensadas por extinção do posto de trabalho, ou simplesmente demitidas.

A extinção do posto de trabalho acontece quando: O empregador encerra, ou pretende encerrar, o negócio; O empregador cessa, ou pretende cessar, a actividade nas instalações onde o empregado prestava serviço; As expectativas do negócio relacionadas com a função que o empregado exerce cessam ou diminuem. “Despedimento” enquadra-se no ponto 3. Considera-se despedimento quando, o funcionário trabalha menos do que: metade dos dias normais de trabalho durante quatro semanas consecutivas; ou um terço dos dias normais de trabalho durante 26 semanas consecutivas. No entanto, se o empregado não receber o seu salário referente ao período mencionado, considera-se que foi despedido pelo patrão. O LSP é a garantia do trabalhador ao abrigo da Lei do Trabalho. Define-se como a compensação devida a quem tiver exercido funções numa empresa por um período mínimo de cinco anos consecutivos, sem que tenha havido justa causa para o despedimento nem extinção do posto de trabalho. Nestas

circunstâncias o empregador deverá indemnizar o funcionário, excepto se o funcionário: morrer, ou se se demitir por razões de saúde se reformar por ter atingido ou ultrapassado os 65 anos. Quer as indemnizações tenham por base o LSP ou o SP, o cálculo é feito a partir da seguinte formula: (média dos salários dos últimos meses x 2/3) x número total de anos de serviço= valor total da indemnização Antes do anúncio da Linhas de Acção Governativa para 2017, o valor acumulado nos Fundos LSP e SP provinha das contribuições sobre os salários. Ou seja, quando era necessário indemnizar o empregado o patrão não pagava do seu bolso, recorria sim a estes fundos da Segurança Social. Mas se as novas medidas forem implementadas os empregadores terão de pagar as compensações às suas custas. Estas medidas vão obviamente lesar os interesses da classe patronal. Para amenizar o conflito, o Governo da RAEHK avançou duas sugestões: Reduzir as indemnizações do trabalhador. Como já vimos, o

Não há dúvida que terminar com a contribuição da Segurança Social para estes Fundos compensatórios é uma boa medida. porque a inflação em Hong Kong é altíssima e desta forma as verbas da Segurança Social não poderiam de futuro vir a assegurar as pensões de reformas. Estas medidas previstas nas Linhas de Acção Governativa para o corrente ano, a serem implementadas, não agradarão nem a patrões nem a empregados. As verbas do Governo de Hong Kong provêm sobretudo das taxas sobre os salários, não existe uma actividade principal que lhe garanta rendimentos. Estas medidas que incidem sobre o emprego terão sérias consequências. Ao contrário de Macau, que tem como negócio central a indústria do jogo e que tem assegurada uma fonte de rendimento suficiente. Este é o mérito de um negócio único. Mas os negócios únicos têm um inconveniente. Se abrandarem, todos serão afectados. Provavelmente a única forma do Governo da RAEHK resolver esta situação é passar a participar nos p agamentos das indemnizações, através dum fundo governamental e não das contribuições para a Segurança Social. No entanto, se seguir por esse caminho, o Governo pode comprometer a sua situação financeira pois é sabido que o Governo de Hong Kong não é rico. Se a implementação destas medidas estiver em consonância com os princípios enunciados nas Linhas de Acção Governativa, pensamos que serão políticas bem-vindas. Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


19 hoje macau terça-feira 24.1.2017

sexanálise

A marcha das mulheres

SARAH GAVRON, SUFFRAGETTE

TÂNIA DOS SANTOS

N

INGUÉM sabe ao certo se se trata de um momento de catarse episódico ou de uma tendência ideológica em ascensão. No dia 21 de Janeiro convocaram-se as mulheres deste mundo para uma marcha que se pensava não ser mais necessária, mas ainda é. As senhoras com muitos anos de experiência andavam por lá com cartazes: ‘Não acredito que ainda tenho que manifestar-me por isto’. Porquê? Porque a maior potência mundial elegeu um Presidente que faz questionar certos valores contemporâneos. Tal como uma criança de 10 anos afirmou, ao ser entrevistada nas ruas de Washington DC, o Presidente eleito não dá o melhor exemplo de como as mulheres deverão ser tratadas. É-me difícil ficar indiferente a estas questões. São anos de luta e de consciencialização para que a desigualdade de género seja esmiuçada ao tutano e que desapareça de uma vez por todas. Surpresa das surpresas: ainda constitui um dos maiores desafios da humanidade. Se nos últimos 200 anos tem-se lutado por maior respeito e mais direitos para as mulheres, estas causas continuam a fazer sentido hoje em dia. Esta marcha das mulheres mostrou-nos que o activismo ainda existe, e que nós ainda temos armas para mostrarmo-nos descontentes. Fiquei muito comovida ao ver as imagens de gerações de mulheres acompanhadas pela família e amigos. Aviões e autocarros cheios de mulheres e homens com barretes cor-de-rosa de orelhinhas de gato em peregrinação

para um espectáculo de descontentamento social. Acreditar que as mulheres merecem um papel social diferente ao que é proposto hoje em dia e que merecem oportunidades para alcançarem tudo aquilo que quiserem, não é conversa especial de feministas. É uma conversa para todos aqueles que acreditam numa sociedade mais justa, igualitária e capaz de ser solidária. Ao mesmo tempo, foram expostas exigências que são praticamente universais. As mulheres têm direito a ser as senhoras donas do seu corpo, têm o direito a ter as mesmas oportunidades que todos, têm direito a serem tratadas com respeito. Mas se há temas que são claros como água, há outros que não são. Ser a favor da legalização do aborto é ser a favor da escolha de poder abortar: é ter o total controlo do nosso corpo, ter direito a informação reprodutiva e ao planeamento familiar. Penso que isso seja claro. Mas o que é que quer dizer ter as mesmas oportunidades? Em especial, o que significa respeitar as mulheres? Pela minha experiência, cada vez mais me apercebo que as opiniões divergem grandemente, apesar da causa ser a mesma. O cliché é de que tudo é relativo: mas é

O respeito passa por perceber que há tendências diferentes. O respeito é ouvir e escutar com atenção as necessidades e vivências não só de um grupo como um todo (neste caso, as mulheres), mas as necessidades individuais também

preciso ouvir com atenção as definições e redefinições que as pessoas fazem sobre o que é respeito, por exemplo. Isto é só um exercício de reflexão do dia-a-dia feminino. Mas se para a maioria é óbvio que é extremamente ofensivo um sujeito gostar de se vangloriar por poder agarrar uma mulher pela sua genitália, do que é que pensamos sobre homens que mandam piropos na rua ou que ficam especados a olhar só porque alguém está a usar uma mini-saia, por exemplo? Será que podemos falar de uma má objectificação feminina e de uma ‘boa’? Eu, por exemplo, mantenho uma posição muito clara de como gostava de ser respeitada, e isso passa por querer poder dançar numa discoteca em paz e não ser incomodada constantemente por homens, ou poder usar uma mini-saia porque está calor e porque me sinto bem assim, ‘boa’ objectificação feminina é coisa que para mim não existe. Contudo, quem sou eu para definir universalmente o que quer que seja? Há mulheres que gostam de sair à noite e de ser admiradas – pode ser bastante empoderador. Há quem goste de ser interpelada para que a sua beleza seja elogiada (com classe, não à construção civil). Há pessoas para todos os gostos. O respeito passa muito mais por aí, o respeito passa por perceber que há tendências diferentes. O respeito é ouvir e escutar com atenção as necessidades e vivências não só de um grupo como um todo (neste caso, as mulheres), mas as necessidades individuais também. Porque não existe uma fórmula perfeita para como estas coisas são vividas, mas é especialmente importante reconhecer estas idiossincrasias. Apesar de uma marcha ter o poder unificador de um conceito, de uma causa, ter a capacidade de lutar, de mostrar a força colectiva, nunca se esqueçam de cada uma de nós. Nós temos cores diferentes, ideias diferentes, experiências diferentes. Nós temos as pussies de ferro e ninguém nos vai parar.

OPINIÃO


Detrás da franja que lhe vela o rosto/Com seus olhos de amêndoa/vela o porto interior/Onde veio varar/por um certo Sol-posto/O junco em que a trazia o pescador.”

terça-feira 24.1.2017

Camilo Pessanha

Japão PROPOSTA LEGISLAÇÃO ESPECIAL PARA RENÚNCIA DE IMPERADOR

As voltas da sucessão

A

comis s ão encarregada pelo governo japonês de estudar a abdicação do imperador Akihito propôs ontem a criação de uma legislação especial para a renúncia, naquela que pode ser a primeira abdicação em dois séculos no país. Uma legislação especial, que se aplica apenas a uma parte de uma categoria (pessoa, coisa ou lugar), neste caso ao actual monarca, poderia evitar trâmites complicados para emendar a lei que rege a Casa Imperial, que não permite a sucessão em vida, ou possíveis intromissões políticas nas decisões do imperador. De acordo com a Constituição, o papel do imperador é simbólico. O relatório preliminar da comissão de seis peritos foi apresentado após nove sessões de deliberações, nas quais a ideia de estabelecer um sistema de abdicação permanente encontrou mais opositores do que defensores. O documento, difundido pela agência noticiosa japonesa Kyodo, cita a dificuldade em estabelecer as condições específicas para abdicar de futuros imperadores “por ser

difícil criar um sistema que possa impedir um imperador de ser obrigado a renunciar contra a sua vontade”, eventualmente condicionado pelo governo da altura Relativamente ao estabelecimento de um regente, para aliviar a carga do imperador, o relatório apresenta preocupações relativas à possibilidade de uma estrutura de poder dual. Esta posição é também a do governo do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que deverá apresentar uma proposta de lei,

em Abril, ao parlamento (Dieta), depois de a comissão elaborar o relatório final, em Março.

BRUSCAMENTE NO VERÃO PASSADO

No Verão de 2016, o imperador Akihito, de 83 anos, manifestou a vontade de abdicar depois de quase três décadas no “trono de crisântemo”, uma das mais antigas monarquias do mundo, devido à idade avançada e uma saúde enfraquecida. Se acontecer, a renúncia de Akihito será a primeira na linha

Se acontecer, a renúncia de Akihito será a primeira na linha de sucessão imperial desde 1817 O debate alargou-se a outras possíveis modificações, como permitir o acesso das mulheres ao “trono de crisântemo”, já que o herdeiro de Naruhito é a princesa Akio, de 15 anos. A aprovação de uma legislação especial deixará esta questão fora do debate.

DETIDAS 17 PESSOAS NA INDONÉSIA POR ALEGADA LIGAÇÃO AO EI

As autoridades da Indonésia detiveram 17 pessoas à chegada ao país provenientes da Turquia, consideradas suspeitas de terem ajudado o grupo radical Estado Islâmico na Síria, informou ontem a imprensa local. Os detidos, incluindo oito mulheres, foram interceptados no sábado no aeroporto de Jacarta por agentes de imigração e da unidade antiterroristas Densus 88, que os colocou sob custódia. “Ainda estão a ser investigados no (centro de detenção de) Kelapa Dua pela Densus 88”, disse o porta-voz da polícia, Awi Setiyono, ao diário The Jakarta Post.O director-geral da Imigração, Agung Sampurno, disse que as detenções são uma medida de rotina para pessoas procedentes de zonas em conflito, embora segundo o jornal a medida não tenha sido aplicada a outros indonésios que viajavam no mesmo voo. Nos últimos meses, a polícia indonésia reforçou a vigilância nos postos fronteiriços sobre pessoas que regressavam do Médio Oriente e já frustrou vários planos para cometer atentados no país.

SÍRIA REBELDES VÃO “CONTINUAR COMBATE” SE NEGOCIAÇÕES FRACASSAREM

CHINA PLANEIA LANÇAR NOVA SONDA LUNAR EM NOVEMBRO

O

A

S rebeldes sírios vão “continuar o combate” se as negociações com os representantes de Bashar al-Assad fracassarem em Astana, declarou um porta-voz da delegação rebelde nas conversações sobre a Síria que ontem começaram em Astana. “Se as negociações forem um êxito, somos pelas negociações. Se fracassem, infelizmente, não teremos outra escolha senão continuar o combate”, advertiu Usama Abu Zeid, um porta-voz da delegação dos rebeldes, em declarações à agência noticiosa France Presse (AFP). A posição dos rebeldes surgiu depois de terem recu-

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de sucessão imperial desde a do imperador Kokaku, em 1817. Os meios de comunicação japoneses tinham noticiado que o governo está a planear a renúncia de Akihito e a sucessão do filho mais velho, Naruhito, de 56 anos, a 1 de Janeiro de 2019.

sado participar em negociações directas, numa primeira sessão de conversações com o regime sírio. Até ao momento, desconhece-se se os rebeldes vão posteriormente participar em negociações directas com os representantes de Al-Assad, em Astana. A sessão de abertura das negociações de Astana podia ter sido a primeira negociação directa dos grupos rebeldes armados com os representantes do regime de Bashar al-Assad desde que o conflito começou em 2011. Os rebeldes afirmaram que as conversações - organi-

zadas pelo Irão e pela Rússia, que apoiam Damasco, e pela Turquia, aliada dos grupos insurgentes - pretendem reforçar a frágil trégua negociada por Moscovo e Ancara, no mês passado. Entretanto, o regime apresentou uma solução política “completa” para o conflito, que inclui a deposição das armas rebeldes em troca de uma amnistia. Mais de 300 mil pessoas foram mortas e mais de metade da população da Síria fugiu do país desde o início da guerra há quase seis anos, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

China planeia lançar, em finais de Novembro, a sua nova sonda lunar, a Chang E-5, a primeira projectada para regressar à Terra, informou a Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (CASC), citada pela imprensa oficial. Esta missão, que será também a primeira a recolher amostras de forma automatizada, cumpre-se quatro anos depois do lançamento da última sonda lunar chinesa, que cessou operações em Agosto passado. A Chang E-5 é composta por quatro módulos (de órbita, retorno, aluna-

gem e ascensão), com um peso total de 8,2 toneladas e partirá desde o centro espacial Wenchang, situado na província insular de Hainan (sul do país). A missão terá três fases: órbita em redor da lua, aterragem e regresso. Após recolher amostras, o módulo que aterrará na superfície lunar irá depositá-las numa cápsula que regressará à terra. A Chang E-5 será a quarta missão lunar da China, que está a preparar uma quinta, para 2018, com o nome Chang E 4 e destinada ao lado oculto da Lua.

Rússia e Estados Unidos enviaram várias missões à lua desde a década de 1960, mas a última alunagem antes da viagem da Chang E-3 - foi realizada em 1976, pela então União Soviética. O programa de exploração lunar chinês Chang E, nome de uma deusa que segundo uma lenda do país vive na Lua, lançou os seus primeiros dois satélites terrestres em 2007 e 2010.


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